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Introdução à Economia

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Introdução Neste Capítulo você terá contato com os conceitos de microeconomia e com a Teoria dos Preços Você vai aprender os fatores que influenciam a composição do preço de venda dos produtos do ponto de vista da economia e da contabilidade Também vai estudar as principais teorias econômicas que formam os preços no mercado e a importância da demanda da oferta e da elasticidade Você ainda terá contato com o funcionamento de mecanismos de interferência no mercado por parte do governo e com a questão das estruturas do mercado O principal objetivo deste texto é lhe propiciar conhecimentos suficientes para que você tome decisões quando estiver diante de conjecturas mercadológicas ou financeiras especialmente quanto a questões de variação de oferta e demanda 1 Conceito de Microeconomia No primeiro Capítulo você aprendeu que a economia é a ciência que visa compreender o processo de alocação dos recursos escassos de modo a satisfazer as necessidades humanas Também constatou por meio do fluxo circular da renda que esse processo ocorre de maneira ininterrupta e por meio do estabelecimento de relações entre dois agentes econômicos firmas e famílias nos mercados de fatores de produção e de bens e serviços No entanto como já discutimos essas relações ocorrem estabelecendo um fluxo monetário Esse por sua vez se dá mediante o estabelecimento de preços quando nos referimos ao mercado de fatores o preço do trabalho por exemplo é o salário quando nos aludimos ao mercado de bens temos os preços dos produtos em si Agora você se pergunta como se estabelecem preços nos mercados através dessas relações Trazendo para uma visão mais prática por que mão de obra qualificada e rara tende a receber salários mais elevados Por que a água um bem tão essencial à vida é barata quando comparada a outros bens supérfluos Por que produtos diferenciados tendem a ter preços mais elevados Todos esses questionamentos que envolvem a formação de preços buscam na microeconomia seus fundamentos e respostas Mas para respondêlos precisamos nos voltar às relações entre os agentes entendendo como cada um toma suas decisões Daí estendemos à problemática microeconômica o processo decisório de cada agente econômico No mercado de bens e serviços as famílias assumem o papel de consumidoras enquanto as firmas são as ofertantesprodutoras Logo a microeconomia busca compreender a maneira como esses agentes se relacionam em diferentes estruturas de mercado1 de modo a formar preços Por exemplo não parece razoável supor que um monopólio tende a ter preços mais elevados do que os mercados concorrenciais Imagine por exemplo se você for comprar um cachorroquente em um show fechado onde há apenas uma barraca de comida Natural que o preço que você irá pagar seja mais elevado do que na saída do show onde haverá diversas barracas concorrendo entre si Por fim quando fizermos a análise da eficiência desse processo observaremos que naqueles mercados com preços mais elevados há menor acesso dos consumidores às mercadorias o que significa que menos necessidades estão sendo satisfeitas Em outras palavras será que podemos considerar a alocação dos recursos produtivos mais eficiente em estruturas de mercado mais concentradas Quais são as formas de intervenção do governo nesse processo de alocação Quando a intervenção resultará em maior eficiência Portanto segue um breve resumo das principais vertentes de estudo da microeconomia Figura 1 De que trata a microeconomia Fonte Autor Como o objetivo de qualquer ciência seja ela pura ou social é prever o comportamento dos fenômenos avaliados o intuito da teoria microeconômica está em fornecer um instrumental capaz de prever o comportamento dos agentes econômicos bem como os movimentos dos preços Para realizar esse processo os autores do chamado mainstream econômico se valem de teorias e modelos os quais são simplificações de uma realidade bastante complexa e utilizam um instrumental matemático para sua representação Você já deve ter notado isso através da construção da CPP Todo modelo exige que você molde as condições nas quais ele será testado ou seja os pressupostos nos quais irá se fundamentar a teoria apresentada Seguem portanto alguns dos pressupostos da análise microeconômica que utilizaremos ao longo da exposição do conteúdo deste Capítulo 11 Pressupostos básicos da análise microeco nômica 111 Coeteris PARIBUS e tudo o mais constante Imagine que você é um sorveteiro que atua na Praia da Enseada no Guarujá e precisa prever a quantidade de sorvetes de cada sabor que levará em seu carrinho Seu processo de previsão deverá levar em consideração diversos fatores que influenciam a demanda de sorvete quanto custa o meu sorvete Quanto custa o queijo coalho e o chá mate A praia estará cheia Está quente Está chovendo As pessoas preferem sorvetes de frutas ou de chocolate nessa região Enfim uma série de questionamentos lhe ajudará a prever a quantidade necessária para um dia de trabalho No entanto em termos científicos é absolutamente importante que você consiga detectar de maneira isolada quanto cada um desses eventos impactam sua demanda Por exemplo se estiver quente quanto mais sorvete eu vendo mantenho todos os outros fatores que afetam a minha demanda constantes Esse processo de isolar fenômenos para que se descubra a verdadeira relação de causaconsequência das variáveis é cientificamente chamado de coeteris paribus todo o restante permanecendo constante 112 Preços relativos Quando você precisa decidir se irá comprar suco ou refrigerante em uma refeição que esteja realizando fora de casa por exemplo você normalmente compara os preços e analisa suas preferências Por exemplo se você prefere refrigerante mas o suco está mais barato talvez escolha o suco Dessa forma suas decisões de compra em relação a um bem não dependem somente do preço dele e sim do preço de bens relacionados à sua escolha Nesse sentido o preço relativo que nada mais é do que o preço de um bem em relação a outro tem um papel muito mais importante para análise microeconômica do que o preço absoluto dos bens preço de uma mercadoria Outro exemplo prático desse tipo de análise se dá na seguinte situação se o preço da gasolina cair 15 e a queda for acompanhada também pelo preço do etanol ou seja o preço do etanol também cair 15 nada deverá acontecer no mercado Porém se apenas o preço da gasolina cair haverá uma redução automática na demanda do etanol e um consequente aumento na demanda da gasolina Nesse caso apesar de o preço do etanol se manter estável seu preço absoluto não aumentou e seu preço em relação à gasolina teve um aumento de 15 o que provocou a queda na demanda do produto 113 Princípio da racionalidade Agora que já compreendemos alguns pressupostos do processo analítico da microeconomia é de fundamental importância que fique estabelecido o que norteia o processo decisório dos agentes Nos exemplos abordados o que norteia a decisão de quantos sorvetes de cada sabor levar no carrinho O que faz com que você escolha suco no lugar de refrigerante Na medida em que o mainstream econômico fundamentase nos princípios filosóficos utilitaristas estabeleceremos que toda e qualquer decisão de um agente econômico sempre visará maximizar sua satisfação e minimizar o sofrimento Assim estaremos supondo que esse agente econômico é racional em suas escolhas Quando nos atemos à escolha do consumidor toda decisão visará maximizar sua satisfação com o consumo da mercadoria Esse processo de escolha que maximiza a satisfação por sua vez deverá ser moldado pelas preferências que este tem pelos bens bem como pela restrição orçamentária com que ele se defronta Quando aplicamos o princípio da racionalidade às firmas o processo decisório passa a visar à maximização dos lucros ou seja a definição de uma quantidade a ser produzida que torne o hiato entre receita e custo o maior possível Na prática observamos que muitas das decisões de curto prazo das firmas não maximizam o lucro Por exemplo você pode optar por reduzir lucros para conquistar uma parcela de mercado maior Ou ainda elevar custos no curto prazo para reformular o negócio e com isso elevar a lucratividade esperada no futuro De qualquer forma esse pressuposto parece bastante razoável para um cenário de longo prazo 2 Demanda Oferta e Equilíbrio de Mercado Você já parou para pensar como caracterizar um mercado De acordo com Pindyck e Rubinfeld 2006 p 7 o mercado é o grupo de compradores e vendedores que por meio de suas interações efetivas ou potenciais determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos Nesse sentido a oferta e a demanda são os principais fatores de influência do mercado Talvez existam poucas coisas que influenciem mais o nosso dia a dia do que a oferta e a demanda Elas influenciam desde o nível dos preços dos alimentos até os nossos salários ou o lucro das empresas bem como o volume da produção das empresas o volume das vendas e a velocidade de geração de empregos Mas o que significa demanda Demanda nada mais é do que a uma representação do quanto os consumidores desejam demandar de um bem para cada nível de preço específico A representação gráfica desse conceito é dada pela curva de demanda Trabalharemos melhor esses conceitos a seguir E o que significa oferta Se demanda é desejo de aquisição oferta é a disposição do produtor em produzir os bens para o mercado Naturalmente essa disposição em ofertar também tem uma relação direta com o preço do bem Nesse sentido sua representação gráfica é estabelecida por meio da curva de oferta Se as definições de oferta e demanda relacionam quantidades a serem demandadas eou ofertadas com os possíveis preços que o bem em questão pode ter a representação gráfica do mercado levará em conta essas duas variáveis para a sua composição Veremos a seguir com maior detalhe esses pontos 21 Demanda Agora que você já sabe ao menos superficialmente o que significam oferta e demanda e como esses elementos influenciam os estudos do mercado e nossa vida particularmente vamos aprofundálos mais e estabelecer a relação entre ambos Vamos iniciar pela demanda fator que está mais ligado a você enquanto consumidor Você age como consumidor toda vez que se dirige ao mercado para adquirir bens e serviços que deseja ou necessita Essa ação é corriqueira na nossa vida não é mesmo Você já viu anteriormente a definição de demanda mas é sempre bom reforçar A demanda é também chamada de procura porém é preciso levar em consideração que essa igualdade dos termos é válida quando encaramos a demanda como desejo de consumo e não como aquilo que é efetivamente demandado pois existe a procura apenas para consulta ou seja o consumidor manifesta o desejo de obter um determinado bem consulta as condições de aquisição e por uma série de razões não confirma a compra Todo consumidor tem a sua própria curva de demanda individual Por sua vez como um mercado é composto de um grupo de consumidores se somarmos as curvas de demanda individuais de todos eles chegaremos à curva de demanda do mercado Vamos compreender esses conceitos através de um exemplo prático Imagine que Maria tem o seguinte desejo de consumo de sorvete de casquinha para cada preço possível Tabela 1 Escala de demanda de sorvetes de casquinha de Maria Fonte MANKIW 2009 p 66 Figura 2 Curva de demanda de Maria Fonte MANKIW 2009 p 66 Conforme podemos observar existe uma relação inversa entre a procura e o preço do bem denominada Lei Geral da Demanda É evidente que a demanda de Maria por sorvete assim como de qualquer consumidor por qualquer bem não é influenciada somente pelo preço Seu desejo por adquirir sorvete muda com as estações do ano o que caracteriza a sazonalidade pelo local onde está talvez queira consumir mais sorvete na praia pelas suas preferências pela sua renda etc Dessa forma diversos estudos apontam que a demanda individual e de mercado de um bem é determinada da seguinte forma q d A ƒ P A P S P C R G qd AƒPAPSPCRG onde q d A qd A Quantidade procurada demandada do bem A em determinado período de tempo P A PA Preço do bem no período P S PS Preço do bem substituto no período P C PC Preço do bem complementar no período R Renda do consumidor no período G Gostos e preferências no período Para entender a demanda individual e suas variáveis vamos expor um outro exemplo imagine o caso de um colecionador de discos de vinil chamado Paulo Isso mesmo aqueles discos pretos que seus pais ou você mesmo dependendo da sua idade utilizavam para ouvir música Quais fatores influenciam a decisão de compra do colecionador Preço se o preço do disco aumentar por unidade provavelmente Paulo comprará menos discos Essa relação é dada pela Lei Geral da Demanda e é bastante intuitiva quanto mais barato o bem mais se demanda dele e viceversa Preço dos bens substitutos imagine que o preço do vinil não se alterou mas houve queda no preço do CD ou ainda houve uma flexibilização das leis de direito autoral de modo que está mais fácil e mais barato baixar música pela internet É natural que Paulo agora migre parte de sua renda que antes era destinada à aquisição de vinis para esses tipos de bens A magnitude dessa queda tem uma relação direta com a existência dos chamados bens subtitutos e a análise dos preços relativos Assim mesmo mantendo o preço do vinil constante o fato de um bem substituto estar mais barato pressiona para baixo a demanda desses Mas se a curva de demanda representa a procura para diferentes níveis de preços e nesse caso não tivemos alteração do preço do bem que estamos analisando a saber vinil como representamos esse evento graficamente Figura 3 Efeito da queda do preço do bem substituto Fonte Autor Preço dos bens complementares e se o preço das vitrolas diminuísse Provavelmente Paulo que é aficionado por vinis compraria mais vitrolas com diferentes características e ficaria mais ansioso por demandar mais vinis Nesse sentido quando houver uma queda no preço de um bem complementar bens que são consumidos conjuntamente ocorrerá uma elevação da demanda do bem analisado Assim como no caso do bem substituto graficamente ocorrerá um deslocamento da curva de demanda mas agora é preciso mostrar que houve elevação da demanda de vinil Isso significa que o sentido do deslocamento será para cima e para a direita Renda o que acontecerá com a demanda por discos de vinil se o colecionador perder o emprego Não precisa pensar muito Desempregado certamente deixará de comprar discos de vinil Se tiver sua renda diminuída por alguma razão a demanda pelos chamados bens normais também diminuirá Agora existem bens que terão sua demanda aumentada com a redução da renda dos consumidores São os chamados bens inferiores Imagine o uso do serviço de transporte coletivo Se as pessoas ficam desempregadas elas deixam de utilizar o carro particular ou táxi e passam a adotar o ônibus Gostos e preferências imagine que a paixão de Paulo por vinis veio antes de ele descobrir que esse tipo de bem é altamente poluidor2 Depois de ler o estudo que chegou a tais conclusões Paulo diminui seu desejo de compra tal evento também será representado por um deslocamento da curva de demanda Você saberia em qual sentido Vale lembrar que a economia não tenta explicar os gostos dos consumidores uma vez que isso pertence ao campo de estudo da psicologia e do marketing Mas é importante entender o que acontece no mercado em especial com a demanda quando os gostos mudam SAIBA MAIS Por que quando o preço dos computadores cai a demanda por softwares aumenta Por que quando o preço do café aumenta a demanda por chá também aumenta Agora que você já sabe como a demanda se comporta em relação ao comportamento do consumidor já está em condições de responder à seguinte propositura Qual a diferença entre o aumento da demanda e o aumento da quantidade demandada A demanda individual estabelece o quanto um único consumidor deseja demandar de um bem para cada possível preço Isso significa que a efetivação depende do estabelecimento de um nível de preços ou seja a quantidade demandada só ocorre depois de se estabelecer um preço para esse bem No exemplo apresentado de Maria vemos que quando o preço da casquinha chega a 300 Maria não está mais disposta a adquirir aquele bem Ou seja quando o preço é 300 a quantidade que Maria irá consumir é igual a zero Em compensação quando o preço for 150 Maria demandará 6 sorvetes No entanto será que podemos afirmar que essa relação entre desejo e efetivação de consumo deverá ser igual para todos os consumidores desse mercado Aqui entra em questão a distinção entre demanda individual e de mercado Conforme vemos na tabela 2 o João ainda demanda mesmo que apenas 1 unidade sorvete quando o preço é 300 Tabela 2 Demandas individuais e do mercado de sorvetes de casquinha Fonte Adaptado de MANKIW 2009 p 67 Figura 4 Curvas de demanda individual e de mercado Fonte Adaptado de MANKIW 2009 p 67 22 Oferta Mas existe também outro fator de influência do mercado tanto quanto a demanda a oferta A demanda trata dos consumidores e a oferta cuida dos fabricantes e vendedores Conforme discutimos inicialmente toda tomada de decisão do ofertante vem no sentido de maximizar o seu lucro O lucro π por sua vez é a diferença entre Receita Total R e Custo Total C π R C onde R P x Q onde Receita Total é o montante de unidades monetárias que decorre da venda do bem ou seja a quantidade vendida Q multiplicada pelo Preço P Se quanto maior o lucro maior a disposição em ofertar mercadorias temos que toda vez que o preço se eleva coeteris paribus há uma maior disposição em ofertar bens pois o lucro por unidade de produto aumenta A partir dessa lógica surge a Lei Geral da Oferta que estabelece uma relação direta entre preço e quantidade ofertada quando o preço de um bem aumenta a quantidade ofertada desse mesmo bem também aumenta e viceversa Assim graficamente teremos uma curva que relaciona preço e quantidade ofertada mas cujo formato é positivamente inclinado refletindo essa relação positiva entre as variáveis Tabela 3 Escala de oferta de sorvetes de casquinha Fonte MANKIW 2009 p 72 Figura 5 Curva de oferta de sorvetes de casquinha Fonte MANKIW 2009 p 72 Assim como a demanda a oferta tem seus determinantes q O A ƒ P A P i T E qO AƒPAPiTE onde qOA Quantidade ofertada do bem A em determinado período de tempo PA Preço do bem no período Pi Preço do insumosfatores de produção T Tecnologia E Expectativa futura Para que você entenda melhor imagine que é o diretor geral da Discos Copacabana um fabricante de discos de vinil O que iria determinar a quantidade de discos de vinil que você fosse produzir ou vender Você somente teria condições de responder a essa pergunta após analisar os determinantes citados da oferta Preço imagine que o preço do disco de vinil está elevado e proporcionando excelentes ganhos sob a forma de lucros Isso o incentivará a adquirir mais máquinas contratar mais operários e trabalhar initerruptamente no sentido de produzir mais e poder ofertar mais discos Mas se por alguma razão o preço do disco de vinil diminuir e o produto deixar de ser lucrativo isso fará com que você fique desestimulado a produzir e o levará a produzir cada vez menos até que o negócio se encerre Basicamente esta é a Lei da oferta Preço dos insumos é claro que para produzir discos você utiliza vários tipos de insumos vinil papel prensas prédio onde funciona a fábrica mão de obra dos funcionários etc Quando o preço de um desses insumos aumenta e a empresa não consegue repassar o aumento para o consumidor a operação se torna menos lucrativa e você menos motivado a produzir diminuindo assim a oferta Como representar isso graficamente Deslocando a curva de oferta Tecnologia o uso de equipamentos mais sofisticados aumenta a produtividade das empresas através da redução da dependência do homem nas etapas produtivas Esse aumento de produtividade se dá por meio da redução de custos e nesse caso vem acompanhado de um aumento da lucratividade Isso vai motivar a produzir mais aumentando a oferta dos discos Expectativas imagine que você de alguma forma identificou a possibilidade de aumento nos preços futuros do disco de vinil O que faria Poderia investir em melhorias da produtividade em capital para que possa reduzir ainda mais seus custos de produção de modo a ter um lucro futuro ainda melhor No entanto se você acreditar que esse mercado está fadado à estagnação talvez decida reduzir suas operações de modo a investir esses recursos em outra atividade mais promissora No caso exposto a diferença entre tecnologia e expectativa se dá em relação ao horizonte temporal A mudança tecnológica traz alterações no curto prazo no entanto uma decisão de investimento em tecnologia se refere a um horizonte temporal de longo prazo Assim como na demanda a oferta pode ser representada individualmente isto é por firmas ou pelo somatório das firmas compondo a oferta de mercado Imaginemos que no caso dos sorvetes uma determinada região seja abastecida pelas firmas Ben e Jerry Assim teremos Tabela 6 Escalas de oferta de Ben Jerry e mercado Fonte MANKIW 2009 p 73 Figura 6 Curvas de oferta individuais e de mercado Fonte MANKIW 2009 p 73 Até aqui você já aprendeu sobre oferta e demanda e tem plenas condições de entender como uma funciona em relação à outra bastando para tanto estabelecer um comparativo entre os fatores de influência de uma e de outra Mas em todos os casos estudados utilizamos o raciocínio da coeteris paribus ou seja fixamos todas as variáveis e analisamos apenas uma isoladamente Porém o mercado não se comporta dessa forma e todas as variáveis tanto da demanda quanto da oferta agem ao mesmo tempo Assim vale o conceito de oferta de mercado e demanda de mercado SAIBA MAIS Você acha que as mudanças na oferta e as mudanças na quantidade ofertada são a mesma coisa Você acha que o aumento da demanda e o aumento da quantidade demandada são a mesma coisa 23 Equilíbrio de mercado Sob um olhar mais superficial oferta e demanda parecem estar em lados opostos divergindo sempre Se o consumidor sempre estiver à procura do menor preço e o produtor sempre desejar o maior lucro como chegar a um meiotermo entre situações tão diferentes Se você colocar em um gráfico as curvas de demanda e de oferta o cruzamento das duas é o ponto de equilíbrio do mercado Observe que o ponto de cruzamento das duas curvas o ponto de equilíbrio reflete que os consumidores desejam adquirir exatamente as quantidades que os produtores estão dispostos a vender Nesse ponto não existe excesso ou escassez e sim convergência de desejos Figura 7 Equilíbrio de mercado de sorvetes de casquinha Fonte MANKIW 2009 p 76 Os preços são os responsáveis por carregar a economia ao ponto de equilíbrio de forma natural Quando existe excesso de oferta os vendedores com maiores volumes de estoques serão forçados a diminuir os preços para aumentar a concorrência pelos consumidores Por outro lado quando há excesso de demanda ou seja muitos consumidores procurando produtos escassos eles são obrigados a pagar mais para obtêlos Figura 8 Desequilíbrios de mercado Fonte Adaptado de MANKIW 2009 p 77 Temos aqui uma representação do conceito da mão invisível de Adam Smith que parece empurrar o mercado sem qualquer interferência do governo rumo ao ponto de equilíbrio não é mesmo Pois é essa mão invisível atende pelo nome de mecanismo de preços Mas nem tudo no mercado é festa Você precisa entender que o equilíbrio é muito volátil e qualquer detalhe pode tirar o mercado do equilíbrio Imagine se os consumidores tiverem um aumento de renda Isso será suficiente para desequilibrar o mercado SAIBA MAIS Você consegue representar graficamente o impacto para o equilbrio de mercado a saber preço e quantidade de uma alteração de cada um dos determinantes da oferta e da demanda estabelecendo a hipótese coeteris paribus 3 Interferência do Governo Os governos são capazes de afetar a economia através da formulação de políticas que afetam tanto a esfera microeconômica ou seja a decisão dos agentes e os mercados bem como a macroeconomia Com a missão de evitar o uso abusivo do poderio econômico de algumas empresas sobre o mercado o governo adota algumas ações que influem diretamente no equilíbrio da oferta e da demanda Naturalmente a demanda de mercado em baixa desmotiva o investimento diminuindo a oferta de mercado e gerando desemprego que por sua vez diminui ainda mais a demanda impulsionando a economia como um todo para uma espiral descendente Nessa situação o governo adota medidas de incentivo à demanda de mercado por exemplo a ampliação do crédito Esse fator por sua vez altera a renda disponível para consumo Ou seja reflete no deslocamento da curva de demanda No outro extremo do mercado o governo pode agir oferecendo subsídios para que o produtor se motive a investir aumentando assim a oferta Vamos abordar a seguir algumas formas de intervenção com foco no entendimento dessas ações no equilíbrio de mercado A partir dessa análise vamos compreender por que o mainstream econômico é a favor da intervenção mínima do Estado nos mercados competitivos mercados onde não há concentração 31 Políticas de controle de preços Visando atender aos anseios de um agente econômico firmas ou consumidores o governo pode estabelecer artificialmente o preço de um mercado por meio de medida provisória Dessa forma vamos avaliar os impactos do estabelecimento de preços máximos e mínimos 311 Preços mínimos Quando o governo estabelece a obrigatoriedade de um preço mínimo ele quer forçar o mercado a comprar uma determinada mercadoria a partir de um preço Na medida em que os preços flutuam quando há desequilíbrio entre oferta e demanda o estabelecimento de preços mínimos só fará sentido quando estes estiverem acima do preço de equilíbrio Para que você entenda o porquê imagine que o governo estabeleça um preço mínimo abaixo do preço de equilíbrio Nesse caso haverá excesso de demanda o que fará com que os produtores encontrem margem para elevar os preços Nesse sentido o preço tenderia naturalmente ao preço de equilíbrio No entanto se o governo estabelecer o preço mínimo acima do preço de equilíbrio haverá um excesso de oferta que não poderá ser resolvido pela queda dos preços Ou seja a imposição de um preço mínimo apesar de ajudar o lado do produtor tende a reduzir o acesso dos consumidores a esse bem gerando inclusive estoques que não conseguem ser escoados Vejamos este exemplo através de uma medida prática imposição de um salário mínimo Na medida em que salário é o preço da mão de obra vamos transpor o mercado de bens e serviços para o mercado de trabalho No mercado de trabalho os responsáveis pela oferta são os trabalhadores ao passo que a demanda é representada pelas firmas Imaginando que o salário de equilíbrio da nossa economia fictícia seja igual a 70000 Com esse salário o nível de emprego corresponde a 1500 postos de trabalho Visando melhorar as condições da classe trabalhadora o governo impõe um salário mínimo de 96500 Figura 9 Efeitos da imposição de salário mínimo no mercado de trabalho Fonte Adaptado de MANKIW 2009 p 121 Note que mesmo que a intenção fosse melhorar as condições da classe trabalhadora na realidade tal medida repercutiu em uma redução dos postos de trabalho pois agora as empresas estão empregando menos Para entendermos melhor vamos quebrar os impactos desse evento em dois No lado da oferta de trabalho temos uma elevação da disposição em trabalhar isso ocorreu pois uma parcela da população que antes optava por exemplo por estudar apenas agora quer trabalhar em função dos salários mais atrativos Concomitante a isso a elevação dos salários aumenta os custos de produção das firmas o que tende a diminuir a disposição em empregar Nesse sentido o número de postos de trabalho disponíveis se reduz Logo chegase à conclusão que a medida gerou na prática desemprego representado pela diferença entre oferta e demanda de trabalho 312 Preços máximos Conforme o raciocínio aplicado para o preço mínimo só faz sentido o governo estabelecer artificialmente um preço máximo se este se situar abaixo do preço de equilíbrio Imagine que o governo acredita que a escalada no preço dos aluguéis tem pressionado os custos de produção em diversos segmentos bem como o custo de vida da população o que tem pressionado a inflação dessa economia Visando controlar esse movimento o governo estabelece um preço máximo a ser cobrado pelos aluguéis Em um cenário de curto prazo como podemos observar na Figura 10 a oferta de imóveis não responde às alterações do preço Isso significa que o excesso de demanda de imóveis para alugar mediante a imposição do preço máximo é menor do que em um cenário de longo prazo Nesse horizonte temporal as pessoas podem se desfazer dos imóveis ou mesmo optar por não realizar novos lançamentos aplicando o capital em outras fontes de renda Isso significa que a manutenção desse tipo de medida tende a ser bastante desastrosa no longo prazo Figura 10 Impacto do preço máximo no mercado de imóveis para locação Fonte MANKIW 2009 p 118 SAIBA MAIS Ao longo da década de 1980 e início da década de 1990 o Brasil enfrentou uma grave espiral inflacionária O governo na ânsia de resolver o problema lançou uma série de planos econômicos Alguns desses planos como o Plano Cruzado estabelecia como medida de controle o congelamento de preços O resultado foi bastante desastroso com escassez de diversos produtos essenciais como a carne bovina Com base no instrumental teórico apresentado você consegue explicar por que isso aconteceu 4 Conceito de Elasticidade Quando os preços de um determinado produto sobem a demanda cai naturalmente e a oferta aumenta mas será que todos os produtos estão sujeitos a essas leis E a quantidade demandada cai com o aumento dos preços proporcionalmente para todos os produtos Vamos explicar melhor lembrase do colecionador de discos Você já sabe que um aumento no preço dos CDs diminui a quantidade demandada desse produto pelo colecionador Suponha que um aumento de preço nos CDs reduziu a quantidade demandada em 25 Agora suponha ainda que o colecionador de discos goste muito de pizza Será que um aumento no preço da pizza também causará uma redução da quantidade demandada de 25 Certamente você irá concluir que tanto a pizza quanto os CDs serão menos consumidos porém o impacto do aumento dos preços nos dois produtos causará efeitos diferentes nas quantidades demandadas Assim elasticidade é a medida da intensidade da reação dos consumidores e dos vendedores e produtores às alterações na oferta e na demanda É possível medir as respostas tanto dos consumidores quanto dos produtores para as variações de preços para a mudança da renda dos consumidores para as mudanças tecnológicas etc Em razão de existirem vários fatores que afetam a demanda e a oferta você vai encontrar diversas formas de calcular a elasticidade do mercado 41 Elasticidade Preço da demanda Através da Elasticidade Preço da demanda você conseguirá calcular a intensidade da mudança da quantidade demandada para cada alteração de preço dos produtos Você estará buscando a resposta para a questão se o preço da pizza e o preço do CD aumentarem 20 qual será a redução da quantidade demandada de cada produto individualmente O comportamento dos consumidores varia de um produto para outro isto é a Lei da Demanda não obedece ao mesmo perfil para todos os bens e serviços oferecidos pelo mercado existindo uma Elasticidade Preço da demanda para cada produto individualmente Determinar a elasticidade para um produto específico é uma tarefa relativamente fácil Basta você dividir o percentual da queda da quantidade demandada pela percentagem do aumento de preço Elasticidade Preço da demanda Epd QdP onde Qd variação percentual da quantidade demandada e P variação percentual do preço Se você considerar que o preço da pizza subiu de R 4000 para R 4800 e que os consumidores diminuíram suas compras de 10000 para 7000 unidades por mês então basta fazer os seguintes cálculos para encontrar a Elasticidade Preço da demanda para a pizza P 20 Q 30 Epd 3020 15 I Epd I 15 Portanto o valor da Elasticidade Preço da demanda para a pizza é 15 Observe que esse é um número puro pois não comporta unidade Mais do que isso na medida em que a Lei da Demanda estabelece um movimento inverso entre preço e quantidade o resultado final da Elasticidade Preço da demanda será sempre negativo razão pela qual sua análise deverá ser realizada em módulo Outra observação interessante é que o número da Elasticidade Preço da demanda é maior que 1 o que indica que a pizza é um produto elástico Se o número da Elasticidade Preço da demanda fosse menor que 1 indicaria que a pizza é um produto inelástico Como interpretamos esses números Toda vez que a variação percentual da quantidade for maior do que a variação percentual do preço o valor da elasticidade será maior do que 1 I Epd I 1 minha demanda responde mais do que proporcionalmente às alterações no preço Interpretação do valor Epd 15 a cada 10 de variação do meu preço a minha quantidade varia 15 Toda vez que variação percentual da quantidade for menor do que a variação percentual do preço o valor da elasticidade será menor do que 1 0 I Epd I 1 minha demanda responde menos do que proporcionalmente às alterações no preço Interpretação do valor Epd 05 a cada 10 de variação do meu preço a minha quantidade varia apenas 5 Toda vez que variação percentual da quantidade for exatamente igual à variação percentual do preço o valor da elasticidade será igual a 1 I Epd I 1 minha demanda responde proporcionalmente às alterações no preço Interpretação do valor Epd 1 a cada 10 de variação do meu preço a minha quantidade varia apenas 10 Toda vez que a minha demanda não responder às variações no preço o valor da elasticidade será igual a 0 I Epd I 0 minha demanda não responde às alterações nos preços Interpretação do valor Epd 1 a cada 10 de variação do meu preço a minha quantidade varia apenas 0 Toda vez que a variação percentual da quantidade for infinitamente maior do que a variação percentual do preço o valor da elasticidade tenderá ao I Epd I minha demanda responde muito intensamente aos preços Interpretação do valor Epd a cada 10 de variação do meu preço a minha quantidade varia infinitamente SAIBA MAIS Não deixe de pesquisar na bibliografia recomendada desta disciplina a representação gráfica dos diferentes tipos de elasticidade É interessante notar que cada uma delas traz uma implicação para o formato das curvas de demanda mais especificamente para a sua inclinação Como regra geral quanto mais elástica for a demanda mais próxima da horizontal estará a curva e quanto mais inelástica for a curva mais próxima da vertical estará a curva 411 Determinantes da Elasticidade Preço da demanda A magnitude da resposta da demanda em relação às alterações no preço ou seja a Elasticidade Preço da demanda depende de três fatores Disponibilidade de bens substitutos quando o bem é facilmente substituído por outro qualquer alteração nos preços faz com que os consumidores reduzam drasticamente as quantidade demandadas do bem Aqui cabe uma reflexão acerca da importância das estratégias de diferenciação quanto mais você torna o seu bem único menos sensível ao preço se torna a sua demanda Você consegue perceber Essencialidade do bem quanto mais essencial for o bem menores serão as respostas às variações nos preços Imagine por exemplo se o preço do sapato sobe É natural que haja uma redução da demanda No entanto se o preço da insulina subir os portadores de diabetes não poderão deixar de demandála Logo mesmo sem calcular a Elasticidade Preço da demanda de cada um dos mercados podemos afirmar com segurança que a insulina tem uma demanda mais inelástica do que os sapatos Importância do bem no orçamento do consumidor quanto maior o peso do bem no orçamento do consumidor maior tende a ser a elasticidade Vamos refletir sobre a Elasticidade Preço da demanda de automóveis Na medida em que o financiamento de um veículo automotor tende a comprometer uma parcela relativamente grande do salário de um consumidor a decisão de compra é mais facilmente influenciada pelo seu preço Se houver elevação talvez esse consumidor resolva aguardar os próximos meses para tomar a decisão de compra aguardando melhores condições Assim na medida em que bens duráveis costumam ser mais caros do que bens de consumo é possível inferir que eles são mais elásticos 42 Elasticidade Preço da oferta Por meio da Elasticidade Preço da oferta você conseguirá calcular a intensidade da mudança da quantidade ofertada para cada alteração de preço dos produtos Como você já sabe preços mais altos incentivam o produtor a aumentar a oferta mas será que o fornecedor de pizza reage da mesma forma que o fabricante de CDs com a alta dos preços O cálculo da Elasticidade Preço da oferta é semelhante ao cálculo da Elasticidade Preço da demanda porém segundo a Lei da Oferta o preço e a quantidade têm uma relação direta ou seja seu sinal será sempre positivo não havendo necessidade de análise em módulo Considere que o preço do CD aumentou de R 4000 para R 5000 e isso motivou os fabricantes a elevarem a oferta de 100000 para 130000 unidades por mês Agora basta você fazer os cálculos a seguir para obter o número da Elasticidade Preço da oferta P 25 Q 30 Eps 12 Você pode concluir que a produção de CDs é elástica em relação ao preço uma vez que apresenta um resultado ligeiramente superior a 1 As interpretações da Elasticidade Preço da oferta são iguais às da demanda lembrando que agora a perspectiva está no impacto na quantidade ofertada Figura 11 Elasticidade Preço da oferta Fonte Adaptado de CARVALHO 2015 43 Elasticidade Renda da Demanda Também é comum medir a intensidade da variação da demanda a partir das mudanças na renda do consumidor A esse tipo de medida se dá o nome de Elasticidade Renda da demanda Esse tipo de medida serve para você identificar se um bem é normal inferior ou de consumo saciado Bem normal demanda acompanha movimento da renda Se renda aumenta quantidade demandada também aumenta se renda diminui quantidade demandada também diminui Bem inferior demanda estabelece movimento contrário ao da renda Se renda aumenta quantidade demandada diminui se renda diminui quantidade demandada aumenta Bem de consumo saciado alterações na renda não alteram a demanda pelo bem Exemplo sal papel higiênico etc O processo de cálculo é o mesmo das elasticidades já apresentadas sendo sua base de cálculo Er QR onde R variação percentual da renda Logo teremos Quadro 1 Classificação dos bens de acordo com a elasticidaderenda da demanda Fonte Adaptado de CARVALHO 2015 44 Elasticidade Cruzada da Demanda A Elasticidade Cruzada da demanda serve para verificar o impacto na demanda de um bem em função das alterações no preço de um outro bem Portanto serve para identificar se um bem será substituto ou complementar em relação a outro Você se lembra da relação entre o CD e o disco de vinil Eles são produtos substitutos pois o consumidor pode optar por um ou outro quando resolve adquirir arquivos musicais Sendo assim passa a ser lógico que as variações no preço de um dos produto afetem também a demanda do outro produto E mais do que isso se a queda no preço do CD faz com que o preço do vinil fique relativamente mais caro o movimento da demanda de vinil acompanhará o sentido da alteração no preço do CD Isso sempre ocorrerá quando tivermos bens substitutos Vamos compreender essa relação através do cálculo da Elasticidade Cruzada da demanda Ep AB Δ EpAB onde Ep AB EpAB Elasticidade Cruzada da demanda do bem A Δ Q a Qa variação percentual na quantidade demandada do bem A e Δ P b Pb variação percentual no preço do bem B Conforme discutimos anteriormente uma redução dos preços do CD implicou uma queda na demanda de vinil Isso significa que as duas variações percentuais que entrarão na fórmula são negativas Quando se divide um número negativo por outro negativo o resultado final tende a ser positivo Como uma alteração no preço de um bem substituto gera o mesmo movimento na demanda do outro chegase à conclusão de que sempre que a Elasticidade Cruzada da demanda for positiva os bens em questão são substitutos Ep AB 0 EpAB0 bens substitutos No entanto quando os bens são complementares como o caso da vitrola e do vinil o sentido do movimento do preço de um impacta de maneira inversa a quantidade demandada do outro Considerando que o preço da vitrola caiu a demanda por essa aumenta se há mais vitrolas em circulação há mais demanda por vinil Ou seja a redução no preço da vitrola aumentou a demanda por vinis Portanto quando o sinal de um termo da divisão é negativo o outro será necessariamente positivo implicando uma Elasticidade Cruzada da demanda menor do que zero negativa Ep AB 0 EpAB0 bens complementares Assim o resultado da Elasticidade Cruzada da demanda nos auxilia identificar o tipo de relação que dois bens podem ter entre si 5 Produção e Custos A chamada Teoria da Oferta da Firma Individual é dividida em Teoria da Produção e Teoria dos Custos de Produção Essas teorias são fundamentais para a formação e a análise dos preços e para a alocação dos fatores de produção A Teoria da Produção estuda a relação técnica entre as quantidades produzidas e os fatores de produção enquanto a Teoria dos Custos de Produção foca o relacionamento entre as quantidades produzidas e os preços dos fatores de produção 51 Teoria da Produção Se você aprofundar uma pesquisa para entender melhor o que significa produção vai descobrir que todos os especialistas concordam em um ponto o conceito de produção é amplo e atinge todas as atividades humanas não se restringindo apenas às atividades industriais como pode parecer no primeiro instante Assim as atividades de serviços atividades financeiras atividades comerciais atividades agrícolas e outras atividades também são consideradas atividades de produção A produção de bens perpassa combinar insumos de produção em estruturas produtivas de modo a transformar insumos primários em bens finais A forma como os insumos são combinados constituem os métodos de produção que podem ser de mão de obra intensiva tecnologia intensiva capital intensivo etc O método de produção mais adequado é escolhido pela eficiência podendo ser esta com ênfase tecnológica ou econômica Um método é considerado tecnologicamente eficiente quando utiliza menos insumos que outros métodos para produzir quantidades de produtos ou serviços equivalentes Já um método é considerado economicamente eficiente quando produz as mesmas quantidades de produtos ou serviços e é mais barato que outros métodos ou seja os custos de produção são menores Ao produtor cabe decidir o que como e quando produzir tomando por base as necessidades manifestadas do mercado consumidor Assim poderá variar a quantidade de inputs e provocar a variação das quantidades de outputs obtidas Nesse momento entra em cena a Função de produção tida como a relação técnica entre a quantidade inputs fatores de produção e a quantidade de outputs produtos e serviços em um determinado período de tempo q ƒ LKT Onde q quantidade produzida por período de tempo L mão de obra utilizada por período de tempo K capital físico utilizado por período de tempo T área utilizada por período de tempo Para fins de simplificação adotaremos que a quantidade a ser produzida dependerá de combinações possíveis entre capital e trabalho somente 511 Horizonte temporal A definição de curto prazo e longo prazo não se dá de maneira linear entre os distintos mercados Por exemplo o que será um cenário de curto prazo para a Embraer e para a AmBev Você vende com a mesma facilidade bebidas e aeronaves O prazo para a entrega do produto final desses dois tipos de bens a partir da assinatura de um contrato é o mesmo Como já era de imaginar não podemos equalizar esses horizontes temporais simplesmente contando o tempo Por isso definiremos como curto prazo aquele cenário em que o tomador de decisão não consegue variar a quantidade de todos os insumos de produção dentro da função de produção sendo obrigado a manter ao menos uma constante Por exemplo dentro da perspectiva do horizonte temporal de cada organização nem AmBev nem Embraer conseguem construir uma fábrica nova no curto prazo portanto estaríamos supondo que em ambas o capital é mantido constante dentro da função de produção No entanto para elevar a produção é possível que se estabeleça um terceiro turno de trabalho nas suas fábricas Nesse sentido a produção se elevaria no curto prazo por meio da contratação de mais trabalhadores Vale ressaltar que o insumo que é fixo em um cenário de curto prazo não precisa ser necessariamente o capital conforme o exemplo exposto Peguemos como exemplo uma consultoria Se encararmos que uma unidade de capital físico de uma consultoria seja um notebook por exemplo você consegue elevar a quantidade de capital quase que instantaneamente No entanto o componente da função que exige um prazo maior para elevação é justamente o trabalho achar a mão de obra qualificada é mais difícil e demorado do que comprar o computador Em um cenário de longo prazo contudo as decisões preveem a possibilidade de alteração da quantidade de todos os insumos dentro da função de produção Ou seja podemos alterar a nossa capacidade de produção Tenha esses conceitos bem sedimentados pois eles dizem respeito tanto à Lei dos Rendimentos Decrescentes quanto à definição de Economia de Escala 512 Lei dos Rendimentos Decrescentes Antes que você mergulhe fundo na Lei dos Rendimentos Decrescentes é bom que três conceitos sejam analisados Produto Total Produtividade Média do Fator de Produção e Produtividade Marginal do Fator de Produção Produto Total quantidade a ser produzida em um cenário de curto prazo Produtividade Média do Fator de Produção PMe quanto cada unidade do insumo variável produz Se considerarmos o trabalho como insumo variável essa medida me diz o quanto cada unidade de trabalho3 gera de produto no processo produtivo Assim temos a produtividade expressa da seguinte forma PMeL qL onde PMeL produtividade média do trabalho q quantidade produzida L quantidade de trabalho e PMeK qK onde PMeK produtividade média do capital q quantidade produzida K quantidade de capital Produtividade Marginal do Fator medida que diz quanto a adição de uma unidade de insumo variável agrega no meu produto total Ou seja se eu quiser saber quanto elevarei minha produção ao contratar um funcionário a mais por exemplo terei de compreender a produtividade marginal desse trabalhador Algebricamente temos PMgL qL onde PMgL produtividade marginal do trabalho q variação da quantidade produzida L variação da quantidade de trabalho e PMgK qK onde PMgK produtividade marginal do capital q variação da quantidade produzida K variação da quantidade de capital Imaginando que nosso cenário de curto prazo é caracterizado pela quantidade fixa de máquinas ou seja capital ao passo que o insumo trabalho é variável você será confrontado com um dos principais conceitos da Teoria da Produção a Lei dos Rendimentos Decrescentes Por essa lei você não poderá aumentar indefinidamente um determinado fator de produção mantendose os demais fixos com o objetivo de aumentar cada vez mais os rendimentos Se você agir dessa forma perceberá que depois de algum tempo a situação se inverte e você terá rendimentos decrescentes com a curva dos rendimentos apontando para zero Ou seja não adianta você elevar indefinidamente a quantidade de trabalhadores a produtividade deles está associada diretamente à estrutura física do seu negócio Chega um dado momento que eles não têm mais condições de trabalho Imagine que você tem um quiosque de café expresso o capital representará a quantidade de máquinas de café expresso e o trabalho o número de atendentes Quando você contrata o primeiro atendente tem um ganho bastante expressivo de produção tanto o produto médio do trabalho quanto o marginal foram bastante positivos Essa contratação fez com que você passasse a vender 60 cafés por hora Empolgado resolveu contratar um segundo atendente Para sua surpresa esse segundo atendente adicionou 80 cafés por hora e agora você consegue servir em uma hora 140 cafés Isso significa que o produto marginal foi de 80 cafés e que na média cada atendente está servindo 70 cafés Você poderia pensar que essa elevação da produtividade marginal decorre de um recurso produtivo melhor ou seja de um trabalhador mais capacitado para executar sua função Vale ressaltar que a Teoria da Produção não prevê diferença na qualidade dos trabalhadores Esse resultado acima da média anterior decorreu da melhor especialização dos recursos produtivos enquanto você tinha somente um atendente ele precisava tirar o pedido e servir o café Com a contratação do segundo os recursos puderam se especializar de modo que agora um atendente somente retira pedidos e fica cada vez melhor nessa função ao passo que outro apenas serve conferindo ganhos de produtividade No entanto dada a limitação do espaço físico e das quantidades de máquinas de café disponíveis para operação é possível que a adição de um terceiro trabalhador implicasse uma desaceleração da produção ou seja continua crescendo mas a taxas cada vez menores Quando o produto marginal de um trabalhador começa a apresentar valores cada vez menores é que observamos a incidência da Lei dos Rendimentos Decrescentes Esse fenômeno ocorre do esgotamento do fator de produção variável em produzir rendimentos Você não pode contratar uma quantidade de pessoas indefinidamente com o propósito de aumentar a produção se não aumentar também os demais recursos Quando o produto marginal do insumo variável se tornar negativo teremos alcançado o valor máximo de produção da sua estrutura produtiva de modo que a adição de insumos variáveis gera queda no produto total É óbvio pressupor que em uma pequena ou até mesmo média empresa os diretores ou gerentes gerais jamais permitirão que a situação caminhe para o produto marginal negativo Investir em instalações e em equipamentos é uma excelente alternativa para recolocar os rendimentos em ascendência novamente Assim basta transformar mais um dos fatores de produção em fator variável 513 Rendimentos de escala Os rendimentos são calculados a partir das variações na quantidade produzida pela variação da quantidade utilizada de todos os fatores de produção disponíveis Nesse sentido a empresa consegue inferir a melhor estratégia de crescimento em função de sua tecnologia de produção Mas quais são as razões que determinam a geração dos rendimentos crescentes em escala Se você aprofundar uma pesquisa sobre o assunto irá identificar pelo menos dois bons motivos que geram rendimentos crescentes em escala Com o crescimento da empresa e consequente aumento dos volumes de produção tornase necessária maior especialização no trabalho Alguns fatores de produção são indivisíveis e quando a empresa adquire um novo equipamento ocorre um grande aumento da produção Assim impulsionadas pela tecnologia ou pelo próprio mercado as empresas procuram ganhar escala de produção auferindo rendimentos de escala que são classificados como determinado na Figura 12 Figura 12 Definição dos rendimentos Fonte VASCONCELLOS GARCIA 1998 6 Custos de Produção Conforme já discutimos anteriormente a maior parte dos dirigentes das empresas grandes ou pequenas toma suas decisões visando à maximização de lucros Se o lucro é a diferença entre Receita e Custos também podemos enxergar esse processo de maximização dos lucros através da minimização dos custos Se você conhecer os preços dos fatores de produção determinará com relativa facilidade o custo total de produção considerado ótimo para cada nível ou volume de produção Assim o custo total de produção é definido como o total dos gastos realizados pela empresa para utilizar uma combinação de fatores de produção e obter uma certa quantidade de produtos Assim os custos totais de produção podem ser subdivididos em duas classificações Custos fixos totais são todos aqueles que correspondem a parte dos custos totais que não dependem ou não variam em relação às quantidades produzidas ou vendidas Custos variáveis totais são todos aqueles que correspondem a parte dos custos totais que dependem ou variam em relação às quantidades produzidas ou vendidas Na Teoria da Produção os custos também são divididos em Custos totais de curto prazo são os custos incorridos pelo uso de fatores fixos e fatores variáveis na produção de uma quantidade de produtos Custos totais de longo prazo são os custos incorridos pelo uso unicamente de fatores variáveis na produção de uma quantidade de produtos Agora você saberia responder por que existe tanta classificação e reclassificação dos custos dessa forma O dinheiro sai da empresa sob a forma de pagamentos de fatores de produção sempre Essas respostas não são triviais os custos são divididos e subdivididos de várias formas para facilitar o empresário na tomada de decisão A isso tudo juntamse ainda os diversos pontos de vista que formam o conjunto de técnicas de gestão empresarial como a contabilidade a economia as finanças etc As principais diferenças entre os diversos tipos de visão dos custos de produção são a Custos de oportunidade versus custos contábeis Os custos contábeis são os chamados custos explícitos ou seja aqueles que envolvem um desembolso monetário e representam um gasto efetivo da empresa no esforço produtivo desde a aquisição de insumos e matériasprimas até o aluguel de imóveis para a produção Já os custos de oportunidade representam os valores dos insumos e matériasprimas usados no processo produtivo que não envolvem desembolso pois pertencem à empresa São os chamados custos implícitos e somente podem ser estimados para avaliar o que a empresa poderia ganhar se fizesse uso alternativo dos fatores de produção Os custos de oportunidade não podem ser contabilizados no balanço da empresa por exemplo o capital que fica parado no caixa da empresa deixando de render como se fosse aplicado no mercado financeiro Somente se você considerar os custos de oportunidade somados aos custos contábeis poderá ter ideia de quanto custa efetivamente para a sociedade o uso do recurso utilizado para a produção de bens e serviços b Externalidades As externalidades são os custos e benefícios impostos à sociedade como resultado da produção de bens e serviços pelas empresas ou alterações nos custos e despesas da empresa devido a fatores externos Quando uma empresa gera benefícios para as demais sem receber nada em troca atribui se o nome de externalidade positiva Imagine o que acontece quando uma grande loja de departamentos se instala em um local de comércio de bairro Toda a região acaba sendo valorizada não é mesmo A loja de departamentos trouxe um benefício para as demais lojas instaladas na região porém não recebeu nada em troca Mas existe também a externalidade negativa ou seja quando uma empresa cria custos para outras sem pagar um centavo por isso Por exemplo uma empresa que polui as águas de um rio e impõe custos à sociedade no tratamento daquela água para fins de consumo doméstico Essas externalidades são reequilibradas com a aplicação de políticas fiscais adequadas impondo multas ou subsídios sobre as fontes geradoras subsídios para as empresas geradoras de externalidades positivas e multas para as empresas geradoras de externalidades negativas c Custos versus despesas Apenas do ponto de vista contábil é que existe uma distinção rigorosa entre custos e despesas Para a contabilidade custos são gastos relativos a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços e despesas são gastos relativos a um bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas Os custos têm uma conotação totalmente identificada com a produção ao passo que as despesas estão mais associadas ao exercício social da empresa É possível classificar os custos em diretos e indiretos fixos e variáveis e as despesas em fixas e variáveis Você poderá verificar que alguns custos podem ser diretamente apropriados aos produtos bastando haver uma medida de consumo sendo estes classificados como custos diretos com relação aos produtos Outros realmente não oferecem condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação deve ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária por exemplo o aluguel a supervisão as chefias etc São os custos indiretos com relação aos produtos Observe que na Teoria Econômica não existem distinções tão acentuadas uma vez que para a economia o conceito de custo fixo envolve as despesas financeiras comerciais e administrativas 7 Maximização dos Lucros A Teoria Neoclássica propõe que as empresas tenham como objetivo maior a maximização do lucro entendendose por lucro a diferença entre os valores apurados com a venda dos produtos receita e os custos de produção gastos Com o objetivo de maximizar seus lucros a empresa escolhe o nível de produção mais adequado de tal forma que a diferença entre a receita total de vendas e o custo total de produção seja positiva e a maior possível Aqui cabe também o conceito de receita marginal que é definido como o acréscimo na receita total quando a empresa vende uma unidade adicional de produto O custo marginal segue a mesma lógica ou seja é o acréscimo no custo total de produção quando a empresa produz uma unidade adicional de seu produto Acompanhe o raciocínio da maximização dos lucros Imagine uma empresa com a produção posicionada de tal forma que a receita marginal seja maior que o custo marginal Nos casos em que isso acontece o empreendedor tem interesse em aumentar a produção pois um aumento de unidades produzidas representa um aumento nos seus lucros uma vez que a receita marginal é maior que o custo marginal De forma análoga o empreendedor irá diminuir a produção sempre que a receita marginal for menor que o custo marginal o que significa que cada unidade que deixa de ser produzida aumenta seu lucro uma vez que o custo marginal é maior que a receita marginal Consequentemente a melhor escolha ou seja a escolha que proporciona a operação da empresa com lucro máximo é aquela cuja receita marginal é igual ao custo marginal 8 Estruturas de Mercado Você deve estar preocupado com nosso estudo pois até o momento todas as suas conclusões foram tiradas dentro do mercado ideal porém isso nem sempre espelha a realidade Na verdade existem vários tipos de mercado e dentro deles as coisas acontecem de forma diferente especialmente as questões que influem no equilíbrio do mercado Entre os mercados mais conhecidos destacamse Concorrência perfeita tratase do modelo ideal o qual estamos estudando até aqui A formação do mercado de concorrência perfeita exige algumas premissas Grande número de produtores e consumidores essa premissa impossibilita que qualquer parte imponha preços ao mercado Os produtores não podem elevar os preços dos produtos impunemente pois se assim o fizerem estarão arriscando perder o cliente para a concorrência O consumidor perde a capacidade de pechinchar os preços pois existem muitos outros consumidores interessados no mesmo produto Os produtos são homogêneos não existem grandes diferenças entre os produtos ofertados por um ou outro produtor o que faz com que o preço seja o único diferencial de atração do consumidor Nível de informações disseminadas tanto o consumidor quanto o produtor possuem as mesmas informações sobre o produto e o mercado não sendo possível uma das partes levar vantagem sobre a outra pelo uso de informações privilegiadas Monopólio tratase de uma situação de mercado oposta à concorrência perfeita Nessa situação existe apenas um único produtor que controla e abastece todo o mercado Os consumidores somente decidem se compram ou renunciam ao produto Assim o produtor consegue se impor no mercado estabelecendo os preços fixando quantidades e buscando lucro máximo a despeito de satisfazer ou não às necessidades do consumidor A qualidade do produto também pode ficar prejudicada Na ocorrência de uma redução da demanda o produtor prefere reduzir a produção e manter os preços uma vez que o consumidor não tem alternativa por outros produtos Vários fatores permitem a criação de mercados monopolizados Monopólio natural a produção de alguns bens ou serviços requerem uso de capital intensivo ou seja grandes investimentos em infraestrutura e em contrapartida a característica social do bem ou serviço não permite a cobrança de preços elevados Assim somente uma escala muito elevada de produção e venda irá compensar os altos custos do capital investido Portanto se não houver garantia de mercado não aparecerão empreendedores dispostos a ofertar o bem ou serviço Essa é uma situação típica da distribuição de energia elétrica ou das companhias de saneamento básico Monopólio social ou político a sociedade por razões políticas estratégicas ou sociais outorga através de legislação a concessão de um monopólio para alguma empresa Um caso típico do Brasil é a Petrobras e o monopólio do setor petrolífero Monopólio de poder financeiro nesse caso empresas mais fortes montam um poderoso esquema de controle do mercado afastando os concorrentes e não incentivando novos entrantes pois ninguém se arrisca a penetrar nesse mercado Esse poder financeiro é tão forte que permite a uma empresa operar com preços inferiores aos custos de produção até afastar um concorrente quando o preço passa a ser estabelecido pela empresa monopolista Apesar de o monopólio causar danos para o consumidor sua existência é usada para justificar as regulamentações governamentais que envolvem desde políticas de preços até tarifas quantidades e qualidade No Brasil existem as agências reguladoras governamentais que têm a incumbência de fiscalizar as atividades das empresas prestadoras de serviços públicos privatizados O CADE por sua vez tem a missão de fiscalizar e impedir o exercício do poderio financeiro de algumas empresas evitando a monopolização do mercado Agora o monopólio pode se manifestar também na ponta do consumo Pode existir apenas um grande comprador que impõe sua política de compras aos seus fornecedores produtores e vendedores Esse mercado é denominado monopsonio com danos parecidos ao monopólio O comprador impõe preços desfavoráveis aos produtores exigências de qualidade impossíveis de serem atendidas pelos preços negociados prazos de entrega irreais quantidades que sufocam o produtor e ameaças de incorporação do produtor pelo comprador Isso também requer ação governamental no sentido de coibir os abusos de poderio econômico SAIBA MAIS Você já ouviu falar em John D Rockefeller Ele teve o monopólio do setor de petróleo nos Estados Unidos por meio da Standard Oil se estabelecendo como um dos empresários mais ricos de todo o mundo O poder econômico da Standard Oil foi tão elevado que motivou a criação da lei federal dos monopólios Oligopólio esta é uma situação intermediária entre o monopólio e a concorrência perfeita Aqui em vez de uma empresa dominar o mercado algumas poucas empresas o fazem definindo as políticas de preços praticadas por todas estabelecendo as mesmas quantidades ofertadas e a mesma qualidade As empresas participantes do oligopólio chegam mesmo a dividir o mercado entre si A indústria automobilística brasileira é um exemplo de mercado oligopolizado No caso do oligopólio para que as empresas estabeleçam o controle do mercado duas estratégias são seguidas Cartel as empresas entram em uma espécie de acordo dividindo o mercado evitando concorrência entre si e estabelecendo preço qualidades e quotas de produção para manter a oferta sob controle Esse tipo de ação oligopolista é expressamente proibido no Brasil e em muitos países Liderança de preços a empresa mais eficiente do oligopólio estabelece o preço que lhe proporcione a maior lucratividade e as demais empresas a seguem embora contabilizando taxas de lucro menores PRATIQUE Existe concorrência entre empresas oligopolistas Síntese Neste Capítulo você estudou microeconomia envolvendo desde os conceitos de demanda oferta e equilíbrio de mercado Você viu como funciona o mercado em termos de elasticidade e a influência da demanda e da oferta sobre a economia entendendo o comportamento dos consumidores e dos produtores Você verificou também o processo de formação dos preços e deve ter percebido que eles não são formados apenas a partir dos custos de produção mas também com base nas necessidades e desejos dos consumidores ou seja nos fatores geradores de demanda e ainda na capacidade produtiva das empresas e na adequação dos fatores de produção ao mercado o que interfere na oferta Você pôde perceber também que o equilíbrio é uma tendência do mercado onde vigora a concorrência plena muito embora o governo precise lançar mão de mecanismos de ajuste e fiscalização para coibir abusos por parte do poderio econômico concentrado Por fim você viu as questões relativas aos custos e à maximização dos lucros por parte das empresas que formam a base para a tomada de decisão quanto aos novos investimentos em infraestrutura e ao aumento da produção ou à redução dos investimentos em fatores de produção e consequente diminuição das quantidades produzidas É importante que você faça algumas reflexões sobre o material estudado principalmente nos assuntos destacados nos boxes de conteúdo Aconselho a releitura especialmente das dicas pois isso facilitará seu desempenho nos demais temas do curso e nos demais capítulos