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138 RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 PARTICIPAÇÃO FEMININA NO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL FEMALE PARTICIPATION ON THE BOARD OF DIRECTORS AND ITS INFLUENCE ON CORPORATE SUSTAINABILITY ÍTALO CARLOS SOARES DO NASCIMENTO Universidade Federal do Ceará UFC Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará UFC Orcid httpsorcidorg000000028151696X Email italocarlos25gmailcom Endereço Av da Universidade 2431 Benfica FortalezaCE CEP 60020180 ADRIANO FLECK DE PAULA PESSOA Universidade Federal do Ceará UFC Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará UFC Orcid httpsorcidorg0000000218465944 Email adrianofleckuolcombr ALESSANDRA CARVALHO DE VASCONCELOS Professora da Universidade Federal do Ceará UFC Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Orcid httpsorcidorg0000000264805620 Email alevasconcelosufcgmailcom MÁRCIA MARTINS MENDES DE LUCA Professora da Universidade Federal do Ceará UFC Doutora em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo USP Orcid httpsorcidorg0000000299955637 Email marciammdelucagmailcom Submissão 14042020 Revisão 26102020 Aceite 11012021 Publicação 01032021 DOI httpdxdoiorg1022277rgov14i25381 RESUMO Fundamentado na Teoria dos Stakeholders investigase a correlação entre a participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial em 319 companhias listadas na B3 De natureza quantitativa a pesquisa descritiva utilizou o teste de diferenças entre médias a análise de correspondência múltipla e a regressão logística A participação feminina é medida pela proporção do número de mulheres presentes no conselho em relação ao total de seus membros titulares enquanto a proxy da sustentabilidade empresarial é mensurada a partir da participação da empresa em índices ou rankings de sustentabilidade Os resultados indicam que as empresas sustentáveis são as que mais incluem mulheres no conselho de administração Entretanto os achados sugerem que a participação feminina ainda é baixa corroborando estudos empíricos estrangeiros Ao se confrontar as empresas sustentáveis com as demais identificaramse diferenças significantes no tocante à participação feminina no conselho de administração permitindose concluir com base na análise de regressão logística que as empresas sustentáveis têm maior probabilidade de incluir mulheres no órgão colegiado alinhandose aos preceitos da Teoria dos Stakeholders ao apontar que as mulheres têm uma maior preocupação com a sustentabilidade empresarial Palavraschave Teoria dos Stakeholders Participação feminina Conselho de administração Sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional UNOCHAPECÓUDESC ISSN 19836635 DOI httpdxdoiorg1022277rgov14i2 139 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 ABSTRACT Based on the Stakeholders Theory this study investigates the correlation between female participation in the board of directors and corporate sustainability within 319 companies listed in B3 Brazil Stock Exchange and OvertheCounter Market This paper is a quantitative research Descriptive research is used as well as the test of differences between means the analysis of multiple correspondence and the logistic regression Female participation is measured by the proportion of women on the board in relation to all members while the proxy for corporate sustainability is measured by the companys participation in sustainability indexes or rankings The results show that sustainable companies are the ones that most include women on the board Despite this the findings suggest that female participation is still low and this supports foreign empirical studies To confront sustainable companies with others significant differences were identified regarding the female participation in the board of directors allowing to conclude based on logistic regression analysis that sustainable companies are more likely to include women in the board of directors according to the Stakeholder Theory and concluding that women have a greater concern for corporate sustainability Keywords Stakeholder Theory Female participation Board of Directors Corporate sustainability 1 INTRODUÇÃO A governança corporativa compreendida como um sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas monitoradas e incentivadas envolvendo os relacionamentos entre sócios conselho de administração diretoria órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas IBGC 2015 deve se importar cada dia mais com a sustentabilidade empresarial e a adoção de boas práticas GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 HUSSAIN RIGONI ORIJI 2018 No entanto as políticas organizacionais que abrangem essas dimensões são onerosas e não produzem efeitos diretos nos resultados razão pela qual nem sempre são prioridades para os executivos KOEHN 2013 Em vista disso o conselho de administração considerado o principal órgão de governança que existe em todas as empresas de capital aberto de caráter deliberativo e integrado por profissionais eleitos pelos acionistas ROSSETTI ANDRADE 2014 desempenha o importante papel de direcionar a estratégia empresarial e influenciar as decisões dos executivos WESTPHAL ZAJAC 1995 Dentre essas estratégias destacase a sustentabilidade empresarial entendida como um conjunto de atividades que envolvem a relação da empresa com o ambiente com a economia e com a sociedade baseada no tripé de Elkington 2001 sendo esta a definição adotada pelo presente estudo Cabe ressaltar que desde a década de 1970 os problemas sociais e ambientais passaram a ter um peso maior em termos de políticas públicas e exigências para as empresas além da questão econômica ACKERMAN 1975 MCDONALD PUXTY 1979 Foi nessa década que o conceito de sustentabilidade passou a ser desenvolvido como uma forma de encontrar um equilíbrio entre valores econômicos ambientais e sociais formando o conhecido tripé de Elkington 2001 tripé da sustentabilidade a partir da primeira conferência da Organização das Nações Unidas ONU sobre o homem e o meio ambiente DE LUCA et al 2014 Apesar de desde então já ser possível identificar exigências legais pelos menos nos EUA e em países da Europa para as empresas somente após a segunda conferência da ONU sobre o tema a 140 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Rio 1992 é que essa questão ganhou destaque mundial passando a ter importância para a governança de grandes empresas pois os stakeholders incluindo acionistas e consumidores passaram a cobrar práticas que ajudassem a resolver essas questões ambientais e sociais DYLLICK HOCKERTS 2002 Com grande interesse pela questão as principais bolsas de valores do mundo como as de Nova Iorque Londres e São Paulo criaram índices baseados nessas três dimensões econômica social e ambiental Dow Jones Sustainability Index DJSI FTSE4Good e Índice de Sustentabilidade Empresarial ISE respectivamente A importância dessa questão fora a preocupação ambiental e social também passa pelo próprio valor da empresa que está cada dia mais relacionado com o interesse de toda a comunidade envolvida com as suas atividades conforme preceitua a Teoria dos Stakeholders JENSEN 2002 a qual sustenta que as empresas para garantir valor em longo prazo necessitaram conciliar os interesses dos acionistas com empregados clientes fornecedores e da comunidade GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 Além disso sob a ótica da Teoria dos Stakeholders a organização é um sistema de grupo de stakeholders e sua continuidade está atrelada à capacidade que tem de cumprir sua finalidade econômica e social gerando valor ou riqueza CLARKSON 1995 Nesse contexto o conselho de administração desempenha o papel de assessoramento sobre a governança corporativa para que esta possa de fato monitorar e controlar além do desempenho econômico da organização suas ações voltadas para a sustentabilidade KOLK 2008 Assim a qualidade da composição do conselho de administração revelase fundamental para o desenvolvimento de estratégias organizacionais no sentido de valorizar a empresa perante o mercado e a sociedade Neste sentido o IBGC 2015 recomenda que um bom conselho de administração deve ser composto levandose em consideração a diversidade de conhecimentos experiências comportamentos aspectos culturais faixa etária e de gênero Especificamente no que diz respeito a diversidade de gênero recomendase que a diretoria estabeleça e divulgue políticas que propiciem igualdade de oportunidades para o acesso de mulheres a posições de alta liderança na organização Dessa forma alguns estudiosos estrangeiros trazem evidências empíricas de que os conselhos de administração com maior participação feminina tratam a sustentabilidade de uma forma diferenciada com a sua melhor promoção BOULOUTA 2012 BYRON POST 2016 GALBREATH 2011 GLASS COOK INGERSOLL 2015 MAHMOOD et al 2018 SIAL et al 2018 Outros estudos demonstram que as mulheres integrantes de conselho de administração exercem maior impacto na performance e na governança corporativa da organização já que apresentam melhor empenho e diferentes percepções em comparação com os homens ADAMS FERREIRA 2009 GLASS COOK 2018 NISIYAMA NAKAMURA 2018 PLETZER et al 2015 YAP 2017 e porque representam melhor as necessidades de todos os stakeholders BIGGINS 1999 Considerandose que os membros do conselho de administração desempenham o papel de direcionar esforços de responsabilidade social e ambiental com o objetivo de atender aos diversos stakeholders da organização CARRASCO et al 2015 e seguindose as evidências teóricas apresentadas emerge a seguinte questãoproblema qual a correlação entre a participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial em companhias listadas na B3 Destarte o estudo tem como objetivo geral investigar a correlação entre a participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial em companhias listadas na bolsa de valores brasileira Adicionalmente buscou se verificar a associação entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa 141 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Para o alcance dos objetivos aqui delineados foi realizada uma pesquisa descritiva aplicandose o teste de diferenças entre médias a análise de correspondência múltipla e a regressão logística com base nos dados do exercício social de 2016 extraídos da base Economática e do Formulário de Referência de 319 empresas listadas na B3 além de informações contidas em índices e rankings de sustentabilidade A sinergia entre os dois construtos participação feminina no conselho de administração e sustentabilidade empresarial evidenciada especialmente em pesquisas estrangeiras tem demonstrado a relevância deste debate Além disso o estudo tem como base os preceitos da Teoria dos Stakeholders segundo a qual a organização deve se preocupar não só com o shareholders mas também com os diferentes grupos envolvidos e seus interesses específicos DONALDSON PRESTON 1995 Destarte esta pesquisa justificase por abordar temática atual relevante e ainda pouco explorada em âmbito nacional Esperase assim contribuir para o aprofundamento e o avanço da discussão dessas questões no meio acadêmico trazendo novas constatações e procurando preencher lacunas ainda existentes especialmente no contexto brasileiro por se tratar de um país emergente e considerandose que a maioria das pesquisas já realizadas se deram em países desenvolvidos diferenciandose portanto dos estudos anteriores ao demonstrar como se dá a participação feminina na alta gestão de companhias brasileiras e a sua influência na sustentabilidade empresarial Para o mercado é notória a crescente discussão sobre a sustentabilidade empresarial e quais são os fatores que corroboram para essas práticas no ambiente corporativo Entender a influência da diversidade do conselho de administração especialmente no tocante a diversidade de gênero como parte desse processo é fundamental para as empresas que buscam crescimento competitividade e continuidade tendo em vista o engajamento com os seus diversos stakeholders Destarte com o estudo pretendese avaliar se a presença de mulheres no conselho de administração de organizações brasileiras contribui para o desenvolvimento de boas práticas voltadas para a sustentabilidade 2 REFERENCIAL TEÓRICO 21 GOVERNANÇA E SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL Dentre suas várias funções a governança corporativa serve também para assessorar a gestão da organização e garantir que suas estratégias e práticas estejam de acordo com os proprietários e interessados JOHNSON GREENING 1999 FONSECA SILVEIRA 2016 Para os objetivos desta pesquisa considerase a governança corporativa como um sistema de valores e padrões de comportamento segundo o qual as empresas têm responsabilidade tanto quanto aos seus objetivos de negócios como em relação aos interesses dos diversos stakeholders COIMBRA 2011 A governança como sistema de valores e padrões de comportamento remete aos quatro princípios ou valores fundamentais transparência equidade prestação de contas e responsabilidade corporativa entendida como a incorporação de considerações sociais e ambientais na definição dos negócios e operações IBGC 2015 e com isso a companhia consegue obter credibilidade atrair capital e se diferenciar no mercado FERREIRA 2004 Notase que a percepção de valor da empresa supera o seu resultado econômico envolvendo os meios que ela utiliza para tal e o impacto no ambiente e nos envolvidos LAZONICK OSULLIVAN 2000 142 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 A cada dia que passa mais empresas estão deixando de lado a tradicional visão apenas financeira para adotar uma abordagem que englobe as dimensões social e ambiental atendendo ao tripé da sustentabilidade empresarial segundo a qual as suas políticas práticas e decisões devem levar em conta não só o desempenho econômico mas também as consequências sociais e ambientais de suas atividades KAKABADSE 2007 SPEZAMIGLIO GALINA CALIA 2016 Dessa forma as ações voltadas para a sustentabilidade são influenciadas pela governança por meio de seus mecanismos internos e esta deve direcionar as estratégias da organização para atenderem a todos os interessados HUMPHRIES WHELAN 2017 KOLK 2008 Dentre esses mecanismos destacase o conselho de administração principal órgão da governança capaz de monitorar as ações dos gestores além de mitigar os conflitos de agência trazendo os interesses dos stakeholders para os objetivos corporativos JOHN SENBET 1998 O conselho tem por objetivo principal viabilizar a maximização do retorno dos investimentos para o que desenvolve e implementa estratégias como a prospecção de novos negócios e a criação de vantagens competitivas com foco no longo prazo ADAMS HERMALIN WEISBACH 2010 Dentre suas funções destacamse a normativa direcionamento da organização a administrativa a fiscalização e o controle IBGC 2015 A partir da década de 1970 a sustentabilidade se tornou temática relevante passando a compor a pauta do planejamento de governos empresas ONGs e organismos internacionais DYLLICK HOCKERTS 2002 Apesar de sua complexa conceituação a sustentabilidade ficou conhecida como um conjunto de práticas que compreendem o equilíbrio entre os impactos econômicos sociais e ambientais FRANCO et al 2015 formando o chamado tripé de Elkington 2001 Independentemente de até hoje muitas dessas práticas ainda não serem exigidas por lei a Teoria dos Stakeholders fundamenta que as organizações devem adotar práticas que atendam não apenas aos interesses dos shareholders mas também aos de toda a sociedade que pode vir a ser impactada por ações irresponsáveis DONALDSON PRESTON 1995 Ou seja os gestores devem tomar suas decisões respeitando o bemestar dos stakeholders pois estes não são apenas meios para um fim empresarial FREEMAN MCVEA 2001 A Teoria dos Stakeholders se interessa pela natureza das relações entre a organização e seus stakeholders em termos de processos e resultados e ao processo de tomada de decisões dos gestores irresponsáveis DONALDSON PRESTON 1995 Sob a ótica da referida teoria o objetivo corporativo deve ser estabelecido como uma função voltada para o equilíbrio e a satisfação dos interesses de todos os públicos envolvidos com a firma MACHADO FILHO 2006 Logo a existência de longo prazo das empresas depende do suporte e da aprovação dos stakeholders JENSEN 2002 A Teoria dos Stakeholders defende ainda que as organizações atendam às demandas mais relevantes das partes interessadas mas que tenham como funçãoobjetivo a maximização de valor em longoprazo Nesse contexto visualizase a sustentabilidade empresarial que envolve as frentes econômica social e ambiental GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 Como forma de mensurar a sustentabilidade empresarial uma série de índices rankings e recomendações foi criada por diversas organizações nacionais e estrangeiras ONGs e bolsas de valores Dentre esses índices destacase o Dow Jones Sustainability Index DJSI Lançado em 1999 pela bolsa de valores de Nova Iorque o DJSI alia desempenho econômico social e ambiental e passou a indicar as principais organizações sustentáveis dos EUA KNOEPFEL 2001 143 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Dois anos após a criação do DJSI surgiu o FTSE4Good que derivou do índice Financial Times Stock Exchange FTSE da GrãBretanha do grupo de comunicação que edita o jornal Financial Times o qual incorporou dados de países de várias regiões como América Ásia e Europa Seguindo essa tendência em 2004 foi criado o primeiro índice de sustentabilidade de um país emergente o Socially Responsible Index SRI da bolsa de valores de Johanesburgo GUAY DOH SINCLAIR 2004 Em 2005 surge no Brasil o Índice de Sustentabilidade Empresarial ISE da Bolsa de Valores Mercadorias e Futuros BMFBovespa com metodologia e produção a cargo da Fundação Getúlio Vargas Para participar do ISE a empresa deve cumprir algumas condições sendo requisito obrigatório que sua ação seja uma das 200 com maior liquidez da bolsa de valores Deve também responder um questionário com quesitos relacionados à sustentabilidade da organização Até 40 empresas podem fazer parte do ISE durante todo o ano seguinte quando são selecionadas novas companhias para atualização do ranking MACHADO MACHADO CORRAR 2009 Paralelamente ao ISE a BMFBovespa agora denominada B3 S A Brasil Bolsa Balcão em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES criou um índice de sustentabilidade o Índice Carbono Eficiente ICO2 reunindo as companhias participantes do índice IBrX50 que aceitaram participar dessa iniciativa adotando práticas transparentes com relação a suas emissões de gases de efeito estufa B3 2017 Além dos índices destacase também o Guia Exame de Sustentabilidade que publica o ranking das empresas que adotam as mais avançadas práticas sustentáveis no Brasil FURLAN 2013 para a análise de sustentabilidade organizacional A Exame também publica o ranking das maiores e melhores empresas brasileiras Apesar de ser mais orientado para a dimensão econômica esse índice utiliza diversos critérios incluindo os de sustentabilidade Destaquese também o ranking das 150 melhores empresas para trabalhar da revista Você SA que ressalta a questão social já que seu critério de enquadramento considera principalmente itens e vantagens do ponto de vista do trabalhador Desse modo a governança corporativa desempenha importante papel para a adoção de práticas de sustentabilidade Para que a empresa obtenha um bom desempenho corporativo e possa de fato atender a todas as dimensões do tripé Elkington deve ter um conselho de administração independente e com diversidade ECCLES SALTZMAN 2011 A maioria dos estudos sobre o conselho de administração ressalta a importância do perfil dos seus membros Além disso alguns estudos principalmente de autores estrangeiros têm destacado o papel das mulheres na alta gestão organizacional como meio de diferenciação e ganho em termos de práticas institucionais mais aceitas pelos stakeholders NIELSEN HUSE 2010 22 PARTICIPAÇÃO FEMININA NO CA E A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL O conselho de administração é o defensor das boas práticas de governança como também o responsável pela orientação geral definição da estratégia e monitoramento dos planos de ação da organização IBGC 2015 BORBA et al 2019 O órgão também participa das decisões mais importantes na empresa HENDRY KIEL 2004 Destarte exerce poder substancial e responsabilidade na supervisão da empresa exercendo influência na estratégia que por sua vez afeta o desempenho corporativo FAMA JENSEN 1983 Por isso é importante dispor de membros capacitados e comprometidos Além disso ressaltase a composição do conselho como fator de valorização da empresa pois há uma 144 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 maior complementariedade de habilidades e diferentes enfoques entre os membros ANCA GABALDON 2014 FERREROFERRERO FERNÁNDEZIZQUIERDO MUÑOZTORRES 2015 Dessa forma buscase uma diversidade na composição do conselho que pode ser de independência gênero e nacionalidade dos seus membros HARODEROSARIO et al 2017 Ressaltese que o Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa IBGC 2015 recomenda uma maior diversidade na composição do conselho Quanto ao gênero destaque se como uma das principais vantagens que as mulheres são capazes de facilitar o processo decisório e trazer diferentes perspectivas para o conselho em comparação com aquele formado apenas por homens ROSE 2007 Alguns estudos indicaram que as mulheres possuem outras percepções e melhor empenho do que os homens ADAMS FERREIRA 2009 ARAYDDI DAH JIZI 2016 KARTIKEYAN PRIYADARSHINI 2017 Outros mostram que as mulheres possuem maior sentimento altruístico o que implica um comportamento organizacional mais sociável e preocupado com outros indivíduos enquanto os homens são mais individualistas e competitivos CAPPELLE et al 2004 GILLIGAN 1982 Isso posto é de se acreditar que as mulheres têm maior preocupação com os interesses dos stakeholders e não apenas com os dos shareholders diferentemente dos homens que focam mais em seus próprios interesses BIGGINS 1999 GROSSER MOON 2005 Considerandose que a sustentabilidade é exigida pelos stakeholders quando não legalmente e é adotada nas práticas e planejamento da organização DYLLICK HOCKERTS 2002 LINNENLUECKE GRIFFITHS 2010 essa preocupação também passa a fazer parte da governança corporativa Conforme evidenciado o conselho de administração constitui parte vital para a adoção das boas práticas Como também foi abordado a diversidade do conselho pode ser benéfica para tal finalidade Apesar da escassez de pesquisas nacionais acerca desse relacionamento alguns estudos estrangeiros comprovam que há uma correlação positiva entre mulheres no conselho de administração e a adoção de práticas de sustentabilidade por parte da organização A maioria desses estudos adotou como base a Teoria dos Stakeholders Galbreath 2011 por exemplo correlacionou a participação de mulheres no conselho de administração com as questões de sustentabilidade corporativa após analisar 151 empresas australianas no período de 2005 a 2007 e seus dados de sustentabilidade crescimento econômico gastos com redução de impactos ambientais negativos e RSC com a participação feminina no conselho de administração O estudo sugere que há uma correlação positiva entre uma maior diversidade de gêneros na composição do conselho de administração e as políticas de sustentabilidade da organização Isso implica um melhor relacionamento com stakeholders com aumento da accountability e intensificação e melhoria das condutas éticas Boulouta 2012 examinou como um conselho de administração com mulheres afeta a performance social da empresa Para isso foram analisadas 126 empresas com ações negociadas na bolsa de valores de Nova Iorque pertencentes ao SP500 por um período de cinco anos Como conclusão a autora indicou que há uma correlação positiva entre a maior diversidade de gêneros no conselho mais mulheres e ações sociais por parte da empresa FernandezFeijoo Romero e RuizBlanco 2014 investigaram a relação entre a divulgação de relatórios de sustentabilidade e a existência de pelo menos três mulheres no conselho de administração Os resultados demonstram que em países com uma maior proporção de conselhos com pelo menos três mulheres os níveis de divulgação de relatórios de sustentabilidade são mais altos Glass Cook e Ingerssoll 2015 analisaram os efeitos da performance ambiental de 500 empresas dos EUA em relação à participação de mulheres no conselho de administração e na diretoria por um período de 10 anos Os autores concluíram 145 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 que a empresa cuja participação feminina no conselho e na diretoria é maior que a dos homens possui uma forte correlação com as práticas voltadas para a sustentabilidade RodríguezAriza et al 2016 realizaram um estudo com 550 empresas internacionais no período de 2004 a 2010 com o objetivo de comparar o papel da mulher em cargos de alta gestão em empresas familiares e não familiares no tocante à promoção de práticas sustentáveis Apesar de a maioria dos estudos associarem a presença feminina nos órgãos colegiados com maior comprometimento socialmente responsável os resultados encontrados demonstraram que em empresas familiares o compromisso com a RSC não varia significativamente com a presença de mulheres no conselho pois elas tendem a se comportar de acordo com a orientação da família Destaquese também o estudo de BenAmar Chang e Mcilkenny 2017 envolvendo empresas do Canadá Foram analisadas 541 companhias listadas na bolsa de valores de Toronto entre 2008 e 2014 e sua correlação entre iniciativas de sustentabilidade e participação feminina Para isso adotouse como proxy para sustentabilidade o disclosure voluntário sobre dados de emissão de gases de efeito estufa Concluiuse que quando há mulheres no conselho de administração da empresa há uma maior divulgação voluntária de dados sobre sustentabilidade assim como uma maior preocupação com todos os stakeholders Gallén e Peraita 2017 investigaram a influência da feminilidade na divulgação de informações de sustentabilidade com base nas diretrizes da Global Reporting Initiative GRI em um contexto de países desenvolvidos Para tanto foram utilizadas três medidas da divulgação de informações de RSC por país os relatórios GRI por milhão de habitantes os relatórios GRI do nível de aplicação e a porcentagem de relatórios GRI com garantia externa Os resultados mostram que os países com maior orientação para a feminilidade fornecem maior número de relatórios de sustentabilidade Jizi 2017 usando uma amostra de 350 empresas com ações negociadas na bolsa de valores de Londres no período 20072012 examinou como a composição da diretoria e do conselho de administração correlacionase com a divulgação social e ambiental da empresa bem como com a implementação de políticas sociais Os resultados apontam que uma maior independência do conselho de administração facilita a transmissão da imagem da boa cidadania da empresa através do aumento da consciência social Os resultados também mostram que a participação das mulheres no conselho de administração afeta favoravelmente o engajamento e os relatórios de sustentabilidade bem como o estabelecimento de políticas éticas Pathak e Pattanayak 2018 examinaram a importância da diversidade de gênero nos conselhos de administração da Índia à luz da recente reforma regulatória introduzida na Lei das Empresas de 2013 que determinava a presença de pelo menos uma mulher nos conselhos de administração de todas as empresas listas em bolsa de valores Em linhas gerais os resultados apontam para uma relação positiva entre a presença feminina nos conselhos e o retorno sobre os ativos e uma relação negativa sobre o custo do patrimônio líquido Mahmood et al 2018 buscaram compreender o impacto da governança corporativa nas divulgações de sustentabilidade nas 100 maiores empresas listadas na Bolsa de Valores do Paquistão no período de 2012 a 2015 Os achados do estudo permitiram concluir que um grande conselho de administração composto por uma diretoria feminina e possuindo um comitê de Responsabilidade Social Empresarial é mais capaz de verificar e controlar as decisões de gestão em relação às questões de sustentabilidade 146 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 GarcíaSánchez SuarézFernández e MartínezFerrero 2018 examinaram a relação entre a diversidade do conselho em termos de diferenças de gênero e a qualidade do relato de sustentabilidade medido por vários aspectos equilíbrio concisão clareza comparabilidade e confiabilidade das informações Com os achados os autores evidenciaram que conselhos com maior representatividade feminina diminuem o risco na divulgação da sustentabilidade No contexto chinês Sial et al 2018 analisaram se a RSC atua como mediadora na relação entre a diversidade de gênero da diretoria e o desempenho da empresa Os resultados mostram que a diversidade de gênero na diretoria é positivamente correlacionada com o desempenho da empresa e a RSC media a relação entre a diversidade de gênero da diretoria e o desempenho das empresas chinesas Chams e GarcíaBlandón 2019 examinaram a associação entre os determinantes do conselho de administração e o desempenho sustentável Com base nos índices Dow Jones Sustainability DJSI e Standard and Poors Global Broad Market SP Global BMI com uma amostra correspondente de 478 empresas multinacionais os resultados revelam uma relação significativa e positiva entre sustentabilidade e tamanho do conselho diversidade de gênero idade média dos conselheiros e número de comitês Memon Akram e Abbas 2020 analisaram o impacto dos diferentes papeis da participação feminina em alcançar a sustentabilidade financeira e o alcance das instituições de micro finanças de 114 países no período de 1999 a 2017 Os resultados indicam que a participação feminina tem mais impacto no alcance do que na sustentabilidade financeira trazendo implicações para a formulação de estratégia de mercadoalvo recrutamento e estratégia de estilo de liderança para o setor de micro finanças para alcançar a redução da pobreza igualdade de gênero e empoderamento das mulheres Destarte à luz da Teoria dos Stakeholders e com base nas recomendações da literatura levantase a seguinte hipótese H1 No Brasil uma maior participação feminina no conselho de administração é positivamente correlacionada com a sustentabilidade empresarial 3 METODOLOGIA 31 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA AMOSTRA E COLETA DE DADOS Quanto aos objetivos tratase de pesquisa descritiva por delinear as características de um grupo específico de empresas e por estabelecer correlações entre duas variáveis participação feminina e sustentabilidade empresarial Quanto ao problema caracterizase como quantitativa com abordagem empíricoanalítica No que tange à coleta dos dados tratase de pesquisa documental A população da pesquisa reúne todas as 444 empresas listadas na B3 em 7 de novembro de 2017 Na seleção da amostra foram excluídas as empresas do setor financeiro bancos companhias de seguros e de investimentos devido ao fato de suas demonstrações contábeis apresentarem uma estrutura diferenciada em comparação com as das empresas não financeiras de modo que sua inclusão no grupo sob análise poderia vir a comprometer a validade e a consistência dos resultados A adoção desse critério se justifica na medida em que o endividamento constitui uma das variáveis de controle do estudo sendo portanto excluído da amostra o setor financeiro por apresentar características peculiares quanto à estrutura de capital Após essa exclusão bem como de empresas que não apresentaram os dados necessários para a pesquisa a amostra ficou definida em 319 empresas 147 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Foram utilizados dados oriundos das Demonstrações Financeiras Padronizadas e do Formulário Referência disponibilizados no website da B3 além de informações contidas em índices e rankings de sustentabilidade Os dados referemse ao exercício social de 2016 tendo sido coletados em novembro de 2017 Inicialmente recorreuse à análise de conteúdo do Formulário de Referência de onde se extraíram os dados de participação feminina Por meio da análise de conteúdo algumas informações suplementares são fornecidas ao pesquisador que percorre as fases de préanálise seleção do material exploração do material documentos tratamento dos resultados inferência e interpretação BARDIN 2011 Para atender ao objetivo proposto a amostra foi distribuída em dois grupos a empresas sustentáveis com base na participação em pelo menos um dos índices de sustentabilidade da B3 ISE e ICO2 CARVALHAL TAVARES 2013 GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 LAMEIRA et al 2013 ou em rankings de sustentabilidade edições de 2017 com base em informações de 2016 a saber Guia Exame de Sustentabilidade Guia Exame Maiores e Melhores Empresas do Brasil 150 Melhores Empresas Para Trabalhar Você SA Ranking Imprensa As Empresas Mais Sustentáveis Segundo a Mídia e Ranking Merco Monitor Empresarial de Reputação Corporativa e b empresas não sustentáveis A escolha dos índices e rankings deuse por distintas perspectivas de análise cada uma compreendendo pelo menos uma das dimensões de sustentabilidade ambiental econômica e social DAVIES et al 2003 Destarte a sustentabilidade de cada empresa é mensurada a partir de sua participação em pelo menos um dos dois índices da bolsa de valores brasileira ou de um dos cinco rankings mencionados sendo esses os índices e rankings mais utilizados em pesquisas nacionais CARDOSO DE LUCA GALLON 2014 DOMENICO et al 2015 LIMA et al 2015 LOPES et al 2017 A Tabela 1 expõe a distribuição dos dois grupos considerados na pesquisa por setor de atuação de acordo com a classificação setorial da B3 Tabela 1 Distribuição da amostra do estudo por setor de atuação Setor Grupo 1 Empresas sustentáveis Grupo 2 Empresas não sustentáveis Total Bens industriais 10 57 67 Consumo cíclico 14 65 79 Consumo não cíclico 10 18 28 Materiais básicos 11 19 30 Petróleo gás e biocombustíveis 2 4 6 Saúde 2 15 17 Tecnologia da informação 1 7 8 Telecomunicações 4 2 6 Utilidade pública 18 49 67 Outros 11 11 Total 72 247 319 Fonte dados da pesquisa 2019 A partir da Tabela 1 observase que 72 empresas pertencem ao Grupo 1 Empresas sustentáveis enquanto 247 pertencem ao Grupo 2 Empresas não sustentáveis Verificase também que o setor Utilidade pública reúne 18 empresas no Grupo 1 sendo o segmento com o maior número de empresas sustentáveis seguido do Consumo cíclico com 14 Para a operacionalização das variáveis a participação feminina é medida pela proporção de representação feminina no conselho de administração número de mulheres presentes no conselho dividido pelo total de membros BOULOUTA 2012 GALBREATH 2011 GLASS COOK INGERSOLL 2015 Foram ainda incrementadas algumas medidas de controle para neutralizar efeitos que podem impactar a análise São as variáveis Tamanho logaritmo 148 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 natural do valor do Ativo e Endividamento Exigível Patrimônio Líquido obtidos a partir de dados coletados na base Economática Setor de atuação Participação no Novo Mercado e Presença de Comitê de Sustentabilidade obtidos a partir do Formulário de Referência e de Carteiras do Índice de Governança Corporativa CARDOSO DE LUCA GALLON 2014 CARVALHAL DA SILVA CHIEN 2013 GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 LAMEIRA et al 2013 LOPES et al 2017 32 TRATAMENTO DOS DADOS Com o intuito de responder à questão suscitada nesta investigação e de atender aos seus objetivos os dados foram analisados por meio das seguintes técnicas estatísticas teste de diferenças entre médias análise de correspondência múltipla e regressão logística Para atingir o objetivo geral inicialmente utilizouse a estatística descritiva com a indicação de valores máximos e mínimos médias e desviospadrão Ressaltese também a utilização do teste de diferenças entre médias de MannWhitney a fim de se verificar a existência de diferenças significativas estatisticamente das variáveis utilizadas entre o grupo de empresas sustentáveis e o de empresas não sustentáveis quanto à participação feminina Foi utilizado o teste de MannWhitney pois os testes KolmogorovSmirnov e Shapiro Wilk apontaram que os dados não apresentavam distribuição normal Em seguida para se verificar quais variáveis indicam maior probabilidade de as empresas serem mais sustentáveis utilizouse a regressão logística que consiste em uma ferramenta de análise multivariada que tem por objetivo segregar grupos variável dependente considerando os efeitos das variáveis independentes na discriminação dos casos observados MINUSSI DAMACENA NESS 2002 Segundo Dias e Corrar 2009 a regressão logística tem algumas particularidades que a distinguem dos demais modelos de regressão A principal é a dicotomia que possui a variável dependente exigindo que o resultado das análises se associe às categorias como aceitar ou rejeitar positivo ou negativo Destaquese ainda que os resultados da variável dependente devem possibilitar interpretações em termos de probabilidade e não apenas a classificação em categorias DIAS CORRAR 2009 Assim foi empregado nesta pesquisa o seguinte modelo Equação 1 logit SUST β0 β1PF β2TAM β3END β4 ST β5 NM β6 CS ε 1 Em que SUST Participação em índices ou rankings de sustentabilidade empresarial PF Distribuição da participação feminina TAM Tamanho END Endividamento ST Setor de atuação NM Participação no Novo Mercado CS Presença de Comitê de Sustentabilidade e ε Termo de Erro A variável dependente sustentabilidade empresarial é dicotômica dummy sendo atribuído o valor 0 zero para as empresas não sustentáveis aquelas sem participação em índices eou rankings de sustentabilidade e o valor 1 um para as empresas sustentáveis A variável independente constituinte da participação feminina sua métrica a fonte de coleta dos dados e a base teórica estão demonstradas no Quadro 1 149 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Quadro 1 Operacionalização da variável independente participação feminina Variável Métrica Fonte de coleta Fundamentação Participação Feminina Proporção do número de mulheres presentes no conselho dividido pelo número total de membros Formulário de Referência Boulouta 2012 Galbreath 2011 Carrasco et al 2015 Glass Cook e Ingersoll 2015 Humphries e Whelan 2017 Silva Júnior e Martins 2017 Fonte elaborado pelos autores 2019 Para atender ao objetivo adicional de verificar a associação entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa utilizouse a análise de correspondência múltipla Segundo Fávero et al 2009 essa análise exibe as associações entre determinado conjunto de variáveis em um mapa perceptual no qual se permite o exame da visualização de qualquer padrão nos dados Para esse objetivo a variável participação feminina é caracterizada nos seguintes níveis sem participação baixa participação média participação e alta participação A sustentabilidade empresarial é caracterizada em dois grupos empresas sustentáveis e empresas não sustentáveis A governança corporativa por sua vez é analisada pelos segmentos de listagem da B3 Mercado Tradicional Nível 1 Nível 2 e Novo Mercado 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A Tabela 2 mostra a distribuição quantitativa das empresas por grupo especificando para cada grupo o número de empresas que possuem membro feminino na composição do conselho de administração Tabela 2 Distribuição de empresas por abrangência de membro feminino no conselho Grupo de empresas Participação feminina no conselho de administração Nº de empresas Nº de empresas com membro feminino no conselho Proporção Grupo 1 Empresas sustentáveis 72 46 639 Grupo 2 Empresas não sustentáveis 247 87 352 Total 319 133 Fonte dados da pesquisa 2019 Conforme pode ser observado na Tabela 2 das 319 empresas da amostra 133 possuem membro feminino no conselho de administração 417 No Grupo 1 Empresas sustentáveis destacase que das 72 empresas 46 possuem membro feminino no conselho o correspondente a 639 Com relação às 247 empresas do Grupo 2 Empresas não sustentáveis 87 possuem mulheres no conselho de administração o que corresponde a 352 Dessa forma os dados revelam que as empresas sustentáveis são as que mais possuem membros femininos no conselho de administração alinhandose aos achados da literatura GALBREATH 2011 GARCÍASÁNCHEZ SUARÉZFERNÁNDEZ MARTÍNEZFERRERO 2018 A Tabela 3 apresenta o ranking das empresas sustentáveis com maior participação feminina no conselho de administração com indicação dos respectivos setores de atuação 150 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Tabela 3 Ranking das empresas sustentáveis com maior participação feminina no conselho de administração Empresa Participação feminina no conselho de administração Setor de atuação Nº de mulheres Total de membros Proporção Magazine Luíza 3 7 429 Consumo cíclico Copel 3 8 375 Utilidade pública Cosern 3 9 333 Utilidade pública Coelba 2 7 286 Utilidade pública CCR S A 5 20 250 Bens industriais Lojas Renner 2 8 250 Consumo cíclico Duratex 3 13 231 Materiais básicos Elektro Redes 2 9 222 Utilidade pública Natura 2 9 222 Consumo não cíclico Tim 2 9 222 Telecomunicações Total 27 99 Fonte dados da pesquisa 2019 Como mostra a Tabela 3 a Magazine Luíza foi a empresa campeã do ranking com a maior participação feminina no conselho de administração 429 Conforme pode ainda ser observado mesmo considerandose as empresas com as maiores participações a maioria delas apresenta entre duas e três mulheres no conselho Esse resultado vai de encontro ao estudo de Boulouta 2012 que ao examinar como um conselho de administração com mulheres afeta a performance social da empresa com ações negociadas na bolsa de Nova Iorque considerou na composição da amostra as empresas com pelo menos três mulheres no conselho Entretanto segundo a autora com essa condição a amostra ficou pouco representativa e limitada impedindo a realização da análise portanto diante dessa limitação a análise contemplou todas as empresas com pelo menos uma mulher no conselho de administração Cabe destacar também que a Copel a Cosern e a Coelba segunda terceira e quarta colocadas respectivamente pertencem ao setor Utilidade Pública além da Elektro Redes oitava colocada também atuante nesse segmento Destarte o setor Utilidade Pública foi o que apresentou o maior número de empresas sustentáveis com maior participação feminina no conselho de administração corroborando achados anteriores tais como o estudo de Tonolli Rover e Ferreira 2017 ao concluírem que o setor utilidade pública é o mais representativo das empresas participantes do ISE seguido do setor financeiro e Lima et al 2015 ao identificarem que o setor utilidade pública é o mais sustentável Uma das possíveis explicações é a obrigatoriedade deste setor no que tange à divulgação de suas informações de natureza socioambiental tendo em vista que desde 1998 a Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL recomenda que estas organizações publiquem a Demonstração do Valor Adicionado e o Balanço Social tornando esta publicação obrigatória a partir de 2003 para as empresas deste setor Na sequência foi realizado o teste QuiQuadrado para se analisar a associação entre as variáveis participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa objetivo adicional com o intuito de atestar a viabilidade da aplicação e execução da Análise Múltipla de Correspondência ACM A Tabela 4 apresenta os resultados do teste Qui quadrado realizado para cada análise de correspondência 151 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Tabela 4 Teste Quiquadrado Correspondência Teste QuiQuadrado Estatística Sig Participação Feminina X Sustentabilidade Empresarial 30185 0000 Participação Feminina X Governança Corporativa 28888 0001 Nota Significante a 1 Fonte dados da pesquisa 2019 Notase a partir da Tabela 4 que os resultados indicam significância estatística a um nível inferior a 1 Observada a significância dos resultados analisase a associação entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa a partir do mapa perceptual Figura 1 No mapa da Figura 1 verificase que as empresas sem participação feminina no conselho de administração estão associadas ao grupo daquelas não sustentáveis e não listadas em nenhum segmento diferenciado de governança da B3 Destaquese também que as empresas com baixa participação feminina estão associadas ao grupo das sustentáveis e ao segmento Nível 2 da B3 Por sua vez as empresas com média participação estão associadas ao segmento Novo Mercado da B3 porém sem demonstrar proximidade com os grupos de empresas sustentáveis e não sustentáveis Por fim as empresas com alta participação não apontaram associação com nenhum dos grupos empresariais considerados nem com os segmentos de governança corporativa Figura 1 Mapa perceptual da associação entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa Fonte dados da pesquisa 2019 Em linhas gerais os dados sugerem uma associação positiva entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa A baixa participação feminina é explicada por estudos empíricos como os de Boulouta 2012 Gallén e Peraita 2017 Jizi 2017 e Viviers MansKemp e Fawceet 2017 que também constataram uma baixa representatividade feminina nos conselhos Por outro lado notase que as empresas não sustentáveis são as que não possuem participação feminina nem são listadas nos níveis 152 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 diferenciados de governança corporativa Com isso podese considerar que a adoção de melhores práticas de governança corporativa contribui para o bemestar de todos os stakeholders envolvidos com a empresa GÓIS et al 2017 e por conseguinte converge para uma maior preocupação com as políticas de sustentabilidade da organização conforme sinalizado por alguns autores estrangeiros DYLLICK HOCKERTS 2002 LINNENLUECKE GRIFFITHS 2010 Para o alcance do objetivo geral primeiramente procedeuse à estatística descritiva das variáveis por grupo empresarial Tabela 5 com exceção do setor de atuação ST participação no Novo Mercado NM e presença de comitê de sustentabilidade CS que são variáveis dummy na regressão logística Tabela 5 Estatística descritiva das variáveis Variável Média Desvio padrão Mínimo Máximo Coeficiente de Variação Participação Feminina Sustentáveis 01031 01035 00000 04286 0011 Não Sustentáveis 00857 01511 00000 10000 0023 Tamanho Sustentáveis 209664 40665 98702 274140 16537 Não Sustentáveis 152372 38041 70951 243273 14472 Endividamento Sustentáveis 38090 45305 35037 213455 20526 Não Sustentáveis 79047 1693897 26487454 1660036 28692888 Fonte dados da pesquisa 2019 Na Tabela 5 verificase uma maior presença feminina no conselho no grupo de empresas sustentáveis 103 Já a participação feminina nas empresas não sustentáveis foi de 86 Observase a presença de maior tamanho entre as empresas sustentáveis Grupo 1 Quanto à estrutura de capital notase maior endividamento entre as empresas não sustentáveis Com isso constatase que no geral as empresas sustentáveis são maiores e menos endividadas Verificase também que para a variável participação feminina a dispersão de dados indicada pelo desviopadrão e pelo coeficiente de variação é menor nas empresas sustentáveis do que nas não sustentáveis indicando que a variação da participação de membros femininos no conselho de administração é menor nesse grupo de empresas Ressaltese que das 72 empresas sustentáveis apenas 25 não possuem membro feminino 25 possuem um membro 10 possuem dois membros e 9 possuem três mulheres no conselho sendo esses os valores mais expressivos Esse achado corrobora os resultados encontrados em outros países segundo os quais as companhias sustentáveis possuem em média entre uma e três mulheres no conselho de administração BOULOUTA 2012 GALBREATH 2011 GLASS COOK INGERSOLL 2015 Cabe salientar que o valor máximo da variável participação feminina de 100 foi observado no grupo de empresas não sustentáveis mais especificamente na Nordon Indústrias Metalúrgicas S A que possui um único membro em seu conselho sendo este por sua vez do gênero feminino Das 247 empresas não sustentáveis 158 não apresentam membro feminino 52 possuem apenas um e 25 possuem dois em seu conselho sendo esses os números mais expressivos Destarte constatase que no contexto geral das companhias brasileiras de capital aberto o grupo de empresas sustentáveis é o que apresenta o maior número de mulheres no conselho de administração Para analisar diferenças significativas entre as variáveis das empresas sustentáveis e as das não sustentáveis aplicouse o teste entre médias para amostras independentes de MannWhitney Tabela 6 Através dos testes de KolmogorovSmirnov e ShapiroWilk certificouse que quase nenhuma das variáveis apresentou distribuição normal já que o p 153 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 valor dos testes foi inferior a 005 justificandose assim a utilização do teste não paramétrico Tabela 6 Teste não paramétrico de MannWhitney Participação Feminina Nº de empresas Mann Whitney Wilcoxon W Z Asymp Sig 2tailed Grupo 1 Empresas Sustentáveis Grupo 2 Empresas Não Sustentáveis 72 69405 375685 3147 0002 247 Nota Significante a 1 Fonte dados da pesquisa 2019 Com base nos resultados exibidos na Tabela 6 notase que há diferenças significativas entre as empresas sustentáveis e as não sustentáveis quanto à variável participação feminina Ou seja os resultados sugerem que nas empresas sustentáveis ocorre uma maior participação feminina no conselho de administração Esse resultado corrobora os achados da literatura estrangeira os quais apontam para uma correlação positiva entre uma maior participação feminina no conselho e melhores práticas eou políticas de sustentabilidade empresarial BOULOUTA 2012 GALBREATH 2011 GALLÉN PERAITA 2017 GLASS COOK 2018 JIZI 2017 MAHMOOD et al 2018 SIAL et al 2018 Desse modo foi delineada a regressão logística com o intuito de se comprovar a hipótese geral de que no Brasil uma maior participação feminina no conselho de administração é positivamente correlacionada com a maior sustentabilidade empresarial Na Tabela 7 dispõemse os resultados da regressão provenientes da Equação 1 Tabela 7 Regressão logística sustentabilidade empresarial Variável LR Qui2 Pseudo R2 Sig N 12443 03652 000 319 Coef Erropadrão Z Sig Participação Feminina 09677 03484 278 0005 Tamanho 02950 00428 688 0000 Endividamento 00007 01157 065 0517 Novo Mercado 01045 03631 029 0773 Setor de Atuação 02921 03828 076 0445 Comitê de Sustentabilidade 24875 05827 427 0000 Constante 71599 08480 844 0000 Nota Significante a 1 Fonte dados da pesquisa 2019 Ainda na Tabela 7 verificase que o poder explicativo baseado no Pseudo R² do modelo 1 é considerado baixo e que o modelo é significante ao nível de 1 Desse modo o modelo é válido possibilitando a inferência de resultados Observase que a participação feminina o tamanho e a presença de comitê de sustentabilidade são as variáveis com maior probabilidade de exercer correlação com a sustentabilidade empresarial indicada pela significância ao nível de 1 Destarte quanto maior o número de mulheres no conselho de administração da empresa maior a sua probabilidade de ser sustentável já que a variável participação feminina apresentou correlação positiva com a variável sustentabilidade empresarial Destaquese também que quanto maior o tamanho da empresa maior a sua probabilidade de ser sustentável devido à identificação de correlação positiva entre o tamanho e a sustentabilidade empresarial Por sua vez a presença de comitê de sustentabilidade também indica maior probabilidade de a empresa ser sustentável já que foi encontrada uma correlação positiva entre as variáveis comitê de sustentabilidade e sustentabilidade empresarial 154 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Esse resultado é corroborado por diversos estudos incluindo os de BemAmar et al 2015 Boulouta 2012 Galbreath 2011 Gallén e Peraita 2017 Glass e Cook 2018 Jizi 2017 Mahmood et al 2018 e Sial et al 2018 os quais indicam uma correlação positiva entre participação feminina na composição do conselho de administração e adoção de políticas de sustentabilidade Vale ressaltar que os citados autores também utilizaram a variável de controle tamanho mensurada pelo logaritmo natural do valor do Ativo confirmada como positiva nesta pesquisa Já a correlação positiva entre a presença de comitê de sustentabilidade e a sustentabilidade empresarial foi igualmente evidenciada em estudos anteriores como por exemplo os de Bomfim Teixeita e Monte 2015 e Michelon e Parbonetti 2012 Cabe destacar que pela ótica da Teoria dos Stakeholders as mulheres têm uma maior preocupação com os interesses dos stakeholders e não apenas com os dos shareholders diferentemente dos homens que focam mais em seus próprios interesses BIGGINS 1999 GROSSER MOON 2005 Ressaltese ainda que a maioria dos estudos anteriores que constataram a relação entre a participação feminina no conselho e a sustentabilidade empresarial utilizaram a Teoria dos Stakeholders como sustentação teórica tais como Galbreath 2011 e Memon Akram e Abbas 2020 Sob a ótica da referida teoria os gestores formulam e implementam suas estratégias visando à satisfação de seus stakeholders em vez de maximizarem os direitos de um único grupo em detrimento dos demais Portanto as mulheres integrantes de conselho de administração exercem maior impacto na governança corporativa da organização já que apresentam melhor empenho e diferentes percepções em comparação com os homens notadamente por possuírem sentimento altruístico e senso de coletividade ADAMS FERREIRA 2009 GLASS COOK 2018 NISIYAMA NAKAMURA 2018 PLETZER et al 2015 YAP 2017 representando melhor as necessidades de todos os stakeholders BIGGINS 1999 confirmando portanto os prognósticos da Teoria dos Stakeholders Podese afirmar por conseguinte que as empresas listadas na B3 com maior participação feminina no conselho de administração revelam maior probabilidade para a sustentabilidade empresarial considerandose a amostra e o exercício em análise Dessa forma os resultados obtidos no presente estudo aceitam a hipótese geral de que no Brasil uma maior participação feminina no conselho de administração é positivamente correlacionada com a sustentabilidade empresarial 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por ser o principal órgão de governança corporativa o conselho de administração desempenha papel fundamental no direcionamento e monitoramento das políticas organizacionais Conforme mencionado ao longo das últimas décadas a sociedade passou a demandar mais atenção no tratamento da sustentabilidade empresarial por parte das organizações Alguns estudos mostraram a influência que a diversidade de independência gênero e nacionalidade na composição do conselho exerce em questões como performance e até mesmo na questão socioambiental Com base na Teoria dos Stakeholders analisouse a correlação entre a participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial em 319 companhias listadas na B3 Por meio da análise descritiva verificouse que as empresas sustentáveis as que participam de índices ou rankings de sustentabilidade são as que possuem mais mulheres no conselho de administração Entretanto os resultados revelam que a participação feminina nas empresas da amostra é baixa corroborando achados empíricos de estudiosos 155 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 estrangeiros Ainda por meio da análise descritiva notouse as empresas dos setores Utilidade Pública e Consumo Cíclico são as que possuem mais mulheres no conselho Em linhas gerais os resultados da análise de correspondência múltipla confirmaram a associação positiva entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa Assim afirmase que a adoção de melhores práticas de governança contribui para o bemestar dos stakeholders envolvidos com a organização e por conseguinte converge para uma maior preocupação com as políticas de sustentabilidade empresarial O teste de diferenças entre médias revelou que há diferenças significativas entre as empresas sustentáveis e as não sustentáveis no que tange à variável participação feminina o que foi ratificado mediante aplicação da regressão logística Destaquese que a participação feminina o tamanho e a presença de comitê de sustentabilidade são as variáveis com mais probabilidade de exercer essa correlação Dessa forma os resultados aceitam a hipótese geral haja vista que trazem implicações para a compreensão da participação feminina na alta gestão organizacional e para a sustentabilidade empresarial no mercado de capitais brasileiro Entendese que o estudo da diversidade do conselho de administração e da sustentabilidade empresarial proporciona reflexões sobre a busca pelo valor a longo prazo permitindo assim visualizar a Teoria dos Stakeholders a qual sustenta que as empresas para garantir valor a longo prazo necessitam conciliar os interesses dos diversos stakeholders Ressaltese portanto a importância da sustentabilidade empresarial como estratégia para a melhoria da imagem e reputação das empresas captação vantajosa de recursos e maior vantagem competitiva Além disso ressaltese a importância da diversidade do conselho de administração representada neste estudo especialmente pela participação feminina como recurso estratégico contribuindo para o crescimento competitividade e longevidade dos negócios haja vista os benefícios proporcionados através da participação feminina em cargos de alta gestão observada tanto nesta pesquisa no contexto brasileiro país em desenvolvimento como também em países desenvolvidos notadamente percebida em estudos estrangeiros Destarte pela ótica da Teoria dos Stakeholders esta pesquisa especialmente para o caso das empresas brasileiras sinaliza que as mulheres têm uma maior preocupação com os interesses de todos os stakeholders e não apenas com os dos shareholders diferentemente dos homens que focam mais em seus próprios interesses seguindo as recomendações da literatura estrangeira Ressaltese que a correlação entre os dois construtos participação feminina e sustentabilidade empresarial foi vista tanto sob o enfoque teórico quanto sob o empírico na medida em que ao se confrontar as empresas sustentáveis com as não sustentáveis identificaramse diferenças significantes no tocante à participação feminina revelandose assim que as sustentáveis têm maior probabilidade de incluir membro feminino no conselho Verificase uma escassez de estudos nacionais acerca dessa temática e as pesquisas encontradas são incipientes havendo portanto a necessidade de maior aprofundamento no assunto A pesquisa avança nos campos teórico e prático porém algumas limitações podem ser apontadas razão pela qual sugerese uma reflexão para futuras pesquisas tanto quanto à influência de uma maior participação feminina nos conselhos como em relação às práticas sustentáveis e de governança corporativa em especial quanto ao uso de outras medidas e ampliação de variáveis Apesar da dificuldade de se obter métricas que refletissem a contrapartida socioambiental conseguiuse por meio da participação em índices e rankings de sustentabilidade um grupo de 72 empresas sustentáveis dentre as 319 da amostra 156 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 O presente estudo cobre apenas um período podendo ser replicado em um lapso temporal maior suscitando inferência acerca do efeito temporal dos dados Destaquese ainda a possibilidade de análise comparativa entre empresas de países em desenvolvimento e empresas de nações desenvolvidas REFERÊNCIAS ACKERMAN R W The social challenge to business Cambridge MA Harvard University Press 1975 ADAMS B R FERREIRA D Women in the boardroom and their impact on governance and performance Journal of Financial Economics Amsterdam v 94 n 1 p 291309 2009 DOI httpsdoiorg101016jjfineco200810007 ADAMS B R HERMALIN B WEISBACH M The role of boards of directors in corporate governance a conceptual framework and survey Journal of Economic Literature United States v 48 n 1 p 58107 2010 DOI httpsdoiorg101257jel48158 ANCA C GABALDON P The media impact of board member appointments in Spanishlisted companies A gender perspective Journal of Business Ethics Berlin v 122 n 3 p 425438 2014 DOI httpsdoiorg101007s1055101317681 ARAYSSI M DAH M JIZI M Women on boards 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terceiros evidências entre empresas brasileiras de capital aberto REAd Revista Eletrônica de Administração Porto Alegre v 83 n 1 p 106133 2016 DOI httpdxdoiorg1015901413231101616201662739 159 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 FRANCO I T TEIXEIRA M G AZEVEDO D B MOURALEITE R C A inserção da temática de sustentabilidade na formação de futuros gestores Como os professores se deparam com o assunto Administração Ensino e Pesquisa Rio de Janeiro v 16 n 3 p 571607 2015 DOI httpsdoiorg1013058raep2015v16n3284 FREEMAN R E MCVEA J A stakeholder approach to strategic management The Blackwell Handbook of Strategic Management Virginia p 183201 2001 DOI httpsdoiorg102139ssrn263511 FURLAN F O sinal que vem das ruas Guia Exame de Sustentabilidade 2013 São Paulo Editora Abril 2013 GALBREATH J Are there genderrelated influences on corporate sustainability A study of women on boards 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httpsdoiorg101023BBUSI00000331121146169 GUIMARÃES T M PEIXOTO F M CARVALHO L Sustentabilidade empresarial e governança corporativa Uma análise da relação do ISE da BMFBovespa com a compensação dos gestores de empresas brasileiras Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade Brasília v 11 n 2 p 134149 2017 DOI httpsdoiorg1017524repecv11i21418 HARODEROSARIO A GÁLVEZRODRÍGUEZ M D M SÁEZMARTÍN A CABAPÉREZ C El rol del consejo de administración en la ética empresarial en países de Latinoamérica Revista de Administração de Empresas São Paulo v 57 n 5 p 426438 2017 DOI httpdxdoiorg101590s0034759020170502 HENDRY K KIEL G C The role of the board in firm strategy Integrating agency and organizational control perspectives Corporate Governance An International Review New Jersey v 12 n 4 p 500520 2004 DOI httpsdoiorg101111j1467 8683200400390x HUMPHRIES S A WHELAN C National culture and corporate governance codes Corporate Governance The International Journal of Business in Society Bingley v 17 n 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C DE LUCA M M M GÓIS A D VASCONCELOS A C Disclosure socioambiental reputação corporativa e criação de valor nas empresas listadas na BMFBovespa Revista Ambiente Contábil Natal v 9 n 1 p 364382 2017 MACHADO FILHO C P Responsabilidade social e governança o debate e as implicações responsabilidade social instituições governança e reputação São Paulo Pioneira Thomson Learning 2006 MACHADO M R MACHADO M A V CORRAR L J Desempenho do Índice de Sustentabilidade Empresarial ISE da bolsa de valores de São Paulo Revista Universo Contábil Blumenau v 5 n 2 p 2438 2009 DOI httpdxdoiorg104270ruc20095 162 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 MAHMOOD Z KOUSER R ALI W AHMAD Z SALMAN T Does corporate governance affect sustainability disclosure A mixed methods study Sustainability New York v 10 n 1 p 120 2018 DOI httpsdoiorg103390su10010207 MCDONALD D PUXTY A G An inducementcontribution approach to corporate financial reporting Accounting Organizations Society Amsterdam v 4 n 12 p 5365 1979 DOI httpsdoiorg1010160361368279900072 MEMON A AKRAM W ABBAS G Women participation in achieving sustainability of microfinance institutions MFIs Journal of Sustainable Finance Investment Cambridge v 21 n 2 p 119 2020 DOI httpsdoiorg1010802043079520201790959 MICHELON G PARBONETTI A The effect of corporate governance on sustainability disclosure Journal of Management Governance New York v 16 n 3 p 477509 2012 DOI httpsdoiorg101007s1099701091603 MINUSSI J A DAMACENA C NESS JR W L Um modelo de previsão de solvência utilizando regressão logística Revista de Administração Contemporânea Maringá v 6 n 3 p 109128 2002 DOI httpsdoiorg101590S141565552002000300007 NIELSEN S HUSE M The contribution of women on boards of directors Going beyond the surface Corporate Governance An International Review New Jersey v 18 n 2 p 136 148 2010 DOI 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Competitividade inovação e sustentabilidade uma interrelação por meio da sistematização da literatura REAd Revista Eletrônica de Administração Porto Alegre v 84 n 2 p 363393 2016 DOI httpsdoiorg1015901413231100916201662887 TONOLLI B B ROVER S FERREIRA D D M Influência dos investimentos ambientais e dos indicadores econômicofinanceiros na seleção de empresas para compor o índice de sustentabilidade empresarial ISE Revista Catarinense da Ciência Contábil Florianópolis v 16 n 48 p 6985 2017 DOI httpdxdoiorg101693022377662rcccv16n482315 VIVIERS S MANSKEMP N FAWCETT R Mechanisms to promote board gender diversity in South Africa Acta Commercii New York v 17 n 1 p 110 2017 DOI httpsdoiorg104102acv17i1489 WESTPHAL J D ZAJAC E J Who shall govern CEOboard power demographic similarity and new director selection Administrative Science Quarterly Cambridge v 40 n 1 p 60 83 1995 DOI httpsdoiorg1023072393700 YAP I CHAN S ZAINUDIN R Gender diversity and firms financial performance in Malaysia Asian Academy of Management Journal of Accounting and Finance Asia v 13 n1 p 4162 2017 DOI httpsdoiorg1021315aamjaf20171312
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Texto de pré-visualização
138 RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 PARTICIPAÇÃO FEMININA NO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO E A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL FEMALE PARTICIPATION ON THE BOARD OF DIRECTORS AND ITS INFLUENCE ON CORPORATE SUSTAINABILITY ÍTALO CARLOS SOARES DO NASCIMENTO Universidade Federal do Ceará UFC Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará UFC Orcid httpsorcidorg000000028151696X Email italocarlos25gmailcom Endereço Av da Universidade 2431 Benfica FortalezaCE CEP 60020180 ADRIANO FLECK DE PAULA PESSOA Universidade Federal do Ceará UFC Mestre em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará UFC Orcid httpsorcidorg0000000218465944 Email adrianofleckuolcombr ALESSANDRA CARVALHO DE VASCONCELOS Professora da Universidade Federal do Ceará UFC Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Orcid httpsorcidorg0000000264805620 Email alevasconcelosufcgmailcom MÁRCIA MARTINS MENDES DE LUCA Professora da Universidade Federal do Ceará UFC Doutora em Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo USP Orcid httpsorcidorg0000000299955637 Email marciammdelucagmailcom Submissão 14042020 Revisão 26102020 Aceite 11012021 Publicação 01032021 DOI httpdxdoiorg1022277rgov14i25381 RESUMO Fundamentado na Teoria dos Stakeholders investigase a correlação entre a participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial em 319 companhias listadas na B3 De natureza quantitativa a pesquisa descritiva utilizou o teste de diferenças entre médias a análise de correspondência múltipla e a regressão logística A participação feminina é medida pela proporção do número de mulheres presentes no conselho em relação ao total de seus membros titulares enquanto a proxy da sustentabilidade empresarial é mensurada a partir da participação da empresa em índices ou rankings de sustentabilidade Os resultados indicam que as empresas sustentáveis são as que mais incluem mulheres no conselho de administração Entretanto os achados sugerem que a participação feminina ainda é baixa corroborando estudos empíricos estrangeiros Ao se confrontar as empresas sustentáveis com as demais identificaramse diferenças significantes no tocante à participação feminina no conselho de administração permitindose concluir com base na análise de regressão logística que as empresas sustentáveis têm maior probabilidade de incluir mulheres no órgão colegiado alinhandose aos preceitos da Teoria dos Stakeholders ao apontar que as mulheres têm uma maior preocupação com a sustentabilidade empresarial Palavraschave Teoria dos Stakeholders Participação feminina Conselho de administração Sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional UNOCHAPECÓUDESC ISSN 19836635 DOI httpdxdoiorg1022277rgov14i2 139 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 ABSTRACT Based on the Stakeholders Theory this study investigates the correlation between female participation in the board of directors and corporate sustainability within 319 companies listed in B3 Brazil Stock Exchange and OvertheCounter Market This paper is a quantitative research Descriptive research is used as well as the test of differences between means the analysis of multiple correspondence and the logistic regression Female participation is measured by the proportion of women on the board in relation to all members while the proxy for corporate sustainability is measured by the companys participation in sustainability indexes or rankings The results show that sustainable companies are the ones that most include women on the board Despite this the findings suggest that female participation is still low and this supports foreign empirical studies To confront sustainable companies with others significant differences were identified regarding the female participation in the board of directors allowing to conclude based on logistic regression analysis that sustainable companies are more likely to include women in the board of directors according to the Stakeholder Theory and concluding that women have a greater concern for corporate sustainability Keywords Stakeholder Theory Female participation Board of Directors Corporate sustainability 1 INTRODUÇÃO A governança corporativa compreendida como um sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas monitoradas e incentivadas envolvendo os relacionamentos entre sócios conselho de administração diretoria órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas IBGC 2015 deve se importar cada dia mais com a sustentabilidade empresarial e a adoção de boas práticas GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 HUSSAIN RIGONI ORIJI 2018 No entanto as políticas organizacionais que abrangem essas dimensões são onerosas e não produzem efeitos diretos nos resultados razão pela qual nem sempre são prioridades para os executivos KOEHN 2013 Em vista disso o conselho de administração considerado o principal órgão de governança que existe em todas as empresas de capital aberto de caráter deliberativo e integrado por profissionais eleitos pelos acionistas ROSSETTI ANDRADE 2014 desempenha o importante papel de direcionar a estratégia empresarial e influenciar as decisões dos executivos WESTPHAL ZAJAC 1995 Dentre essas estratégias destacase a sustentabilidade empresarial entendida como um conjunto de atividades que envolvem a relação da empresa com o ambiente com a economia e com a sociedade baseada no tripé de Elkington 2001 sendo esta a definição adotada pelo presente estudo Cabe ressaltar que desde a década de 1970 os problemas sociais e ambientais passaram a ter um peso maior em termos de políticas públicas e exigências para as empresas além da questão econômica ACKERMAN 1975 MCDONALD PUXTY 1979 Foi nessa década que o conceito de sustentabilidade passou a ser desenvolvido como uma forma de encontrar um equilíbrio entre valores econômicos ambientais e sociais formando o conhecido tripé de Elkington 2001 tripé da sustentabilidade a partir da primeira conferência da Organização das Nações Unidas ONU sobre o homem e o meio ambiente DE LUCA et al 2014 Apesar de desde então já ser possível identificar exigências legais pelos menos nos EUA e em países da Europa para as empresas somente após a segunda conferência da ONU sobre o tema a 140 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Rio 1992 é que essa questão ganhou destaque mundial passando a ter importância para a governança de grandes empresas pois os stakeholders incluindo acionistas e consumidores passaram a cobrar práticas que ajudassem a resolver essas questões ambientais e sociais DYLLICK HOCKERTS 2002 Com grande interesse pela questão as principais bolsas de valores do mundo como as de Nova Iorque Londres e São Paulo criaram índices baseados nessas três dimensões econômica social e ambiental Dow Jones Sustainability Index DJSI FTSE4Good e Índice de Sustentabilidade Empresarial ISE respectivamente A importância dessa questão fora a preocupação ambiental e social também passa pelo próprio valor da empresa que está cada dia mais relacionado com o interesse de toda a comunidade envolvida com as suas atividades conforme preceitua a Teoria dos Stakeholders JENSEN 2002 a qual sustenta que as empresas para garantir valor em longo prazo necessitaram conciliar os interesses dos acionistas com empregados clientes fornecedores e da comunidade GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 Além disso sob a ótica da Teoria dos Stakeholders a organização é um sistema de grupo de stakeholders e sua continuidade está atrelada à capacidade que tem de cumprir sua finalidade econômica e social gerando valor ou riqueza CLARKSON 1995 Nesse contexto o conselho de administração desempenha o papel de assessoramento sobre a governança corporativa para que esta possa de fato monitorar e controlar além do desempenho econômico da organização suas ações voltadas para a sustentabilidade KOLK 2008 Assim a qualidade da composição do conselho de administração revelase fundamental para o desenvolvimento de estratégias organizacionais no sentido de valorizar a empresa perante o mercado e a sociedade Neste sentido o IBGC 2015 recomenda que um bom conselho de administração deve ser composto levandose em consideração a diversidade de conhecimentos experiências comportamentos aspectos culturais faixa etária e de gênero Especificamente no que diz respeito a diversidade de gênero recomendase que a diretoria estabeleça e divulgue políticas que propiciem igualdade de oportunidades para o acesso de mulheres a posições de alta liderança na organização Dessa forma alguns estudiosos estrangeiros trazem evidências empíricas de que os conselhos de administração com maior participação feminina tratam a sustentabilidade de uma forma diferenciada com a sua melhor promoção BOULOUTA 2012 BYRON POST 2016 GALBREATH 2011 GLASS COOK INGERSOLL 2015 MAHMOOD et al 2018 SIAL et al 2018 Outros estudos demonstram que as mulheres integrantes de conselho de administração exercem maior impacto na performance e na governança corporativa da organização já que apresentam melhor empenho e diferentes percepções em comparação com os homens ADAMS FERREIRA 2009 GLASS COOK 2018 NISIYAMA NAKAMURA 2018 PLETZER et al 2015 YAP 2017 e porque representam melhor as necessidades de todos os stakeholders BIGGINS 1999 Considerandose que os membros do conselho de administração desempenham o papel de direcionar esforços de responsabilidade social e ambiental com o objetivo de atender aos diversos stakeholders da organização CARRASCO et al 2015 e seguindose as evidências teóricas apresentadas emerge a seguinte questãoproblema qual a correlação entre a participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial em companhias listadas na B3 Destarte o estudo tem como objetivo geral investigar a correlação entre a participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial em companhias listadas na bolsa de valores brasileira Adicionalmente buscou se verificar a associação entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa 141 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Para o alcance dos objetivos aqui delineados foi realizada uma pesquisa descritiva aplicandose o teste de diferenças entre médias a análise de correspondência múltipla e a regressão logística com base nos dados do exercício social de 2016 extraídos da base Economática e do Formulário de Referência de 319 empresas listadas na B3 além de informações contidas em índices e rankings de sustentabilidade A sinergia entre os dois construtos participação feminina no conselho de administração e sustentabilidade empresarial evidenciada especialmente em pesquisas estrangeiras tem demonstrado a relevância deste debate Além disso o estudo tem como base os preceitos da Teoria dos Stakeholders segundo a qual a organização deve se preocupar não só com o shareholders mas também com os diferentes grupos envolvidos e seus interesses específicos DONALDSON PRESTON 1995 Destarte esta pesquisa justificase por abordar temática atual relevante e ainda pouco explorada em âmbito nacional Esperase assim contribuir para o aprofundamento e o avanço da discussão dessas questões no meio acadêmico trazendo novas constatações e procurando preencher lacunas ainda existentes especialmente no contexto brasileiro por se tratar de um país emergente e considerandose que a maioria das pesquisas já realizadas se deram em países desenvolvidos diferenciandose portanto dos estudos anteriores ao demonstrar como se dá a participação feminina na alta gestão de companhias brasileiras e a sua influência na sustentabilidade empresarial Para o mercado é notória a crescente discussão sobre a sustentabilidade empresarial e quais são os fatores que corroboram para essas práticas no ambiente corporativo Entender a influência da diversidade do conselho de administração especialmente no tocante a diversidade de gênero como parte desse processo é fundamental para as empresas que buscam crescimento competitividade e continuidade tendo em vista o engajamento com os seus diversos stakeholders Destarte com o estudo pretendese avaliar se a presença de mulheres no conselho de administração de organizações brasileiras contribui para o desenvolvimento de boas práticas voltadas para a sustentabilidade 2 REFERENCIAL TEÓRICO 21 GOVERNANÇA E SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL Dentre suas várias funções a governança corporativa serve também para assessorar a gestão da organização e garantir que suas estratégias e práticas estejam de acordo com os proprietários e interessados JOHNSON GREENING 1999 FONSECA SILVEIRA 2016 Para os objetivos desta pesquisa considerase a governança corporativa como um sistema de valores e padrões de comportamento segundo o qual as empresas têm responsabilidade tanto quanto aos seus objetivos de negócios como em relação aos interesses dos diversos stakeholders COIMBRA 2011 A governança como sistema de valores e padrões de comportamento remete aos quatro princípios ou valores fundamentais transparência equidade prestação de contas e responsabilidade corporativa entendida como a incorporação de considerações sociais e ambientais na definição dos negócios e operações IBGC 2015 e com isso a companhia consegue obter credibilidade atrair capital e se diferenciar no mercado FERREIRA 2004 Notase que a percepção de valor da empresa supera o seu resultado econômico envolvendo os meios que ela utiliza para tal e o impacto no ambiente e nos envolvidos LAZONICK OSULLIVAN 2000 142 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 A cada dia que passa mais empresas estão deixando de lado a tradicional visão apenas financeira para adotar uma abordagem que englobe as dimensões social e ambiental atendendo ao tripé da sustentabilidade empresarial segundo a qual as suas políticas práticas e decisões devem levar em conta não só o desempenho econômico mas também as consequências sociais e ambientais de suas atividades KAKABADSE 2007 SPEZAMIGLIO GALINA CALIA 2016 Dessa forma as ações voltadas para a sustentabilidade são influenciadas pela governança por meio de seus mecanismos internos e esta deve direcionar as estratégias da organização para atenderem a todos os interessados HUMPHRIES WHELAN 2017 KOLK 2008 Dentre esses mecanismos destacase o conselho de administração principal órgão da governança capaz de monitorar as ações dos gestores além de mitigar os conflitos de agência trazendo os interesses dos stakeholders para os objetivos corporativos JOHN SENBET 1998 O conselho tem por objetivo principal viabilizar a maximização do retorno dos investimentos para o que desenvolve e implementa estratégias como a prospecção de novos negócios e a criação de vantagens competitivas com foco no longo prazo ADAMS HERMALIN WEISBACH 2010 Dentre suas funções destacamse a normativa direcionamento da organização a administrativa a fiscalização e o controle IBGC 2015 A partir da década de 1970 a sustentabilidade se tornou temática relevante passando a compor a pauta do planejamento de governos empresas ONGs e organismos internacionais DYLLICK HOCKERTS 2002 Apesar de sua complexa conceituação a sustentabilidade ficou conhecida como um conjunto de práticas que compreendem o equilíbrio entre os impactos econômicos sociais e ambientais FRANCO et al 2015 formando o chamado tripé de Elkington 2001 Independentemente de até hoje muitas dessas práticas ainda não serem exigidas por lei a Teoria dos Stakeholders fundamenta que as organizações devem adotar práticas que atendam não apenas aos interesses dos shareholders mas também aos de toda a sociedade que pode vir a ser impactada por ações irresponsáveis DONALDSON PRESTON 1995 Ou seja os gestores devem tomar suas decisões respeitando o bemestar dos stakeholders pois estes não são apenas meios para um fim empresarial FREEMAN MCVEA 2001 A Teoria dos Stakeholders se interessa pela natureza das relações entre a organização e seus stakeholders em termos de processos e resultados e ao processo de tomada de decisões dos gestores irresponsáveis DONALDSON PRESTON 1995 Sob a ótica da referida teoria o objetivo corporativo deve ser estabelecido como uma função voltada para o equilíbrio e a satisfação dos interesses de todos os públicos envolvidos com a firma MACHADO FILHO 2006 Logo a existência de longo prazo das empresas depende do suporte e da aprovação dos stakeholders JENSEN 2002 A Teoria dos Stakeholders defende ainda que as organizações atendam às demandas mais relevantes das partes interessadas mas que tenham como funçãoobjetivo a maximização de valor em longoprazo Nesse contexto visualizase a sustentabilidade empresarial que envolve as frentes econômica social e ambiental GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 Como forma de mensurar a sustentabilidade empresarial uma série de índices rankings e recomendações foi criada por diversas organizações nacionais e estrangeiras ONGs e bolsas de valores Dentre esses índices destacase o Dow Jones Sustainability Index DJSI Lançado em 1999 pela bolsa de valores de Nova Iorque o DJSI alia desempenho econômico social e ambiental e passou a indicar as principais organizações sustentáveis dos EUA KNOEPFEL 2001 143 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Dois anos após a criação do DJSI surgiu o FTSE4Good que derivou do índice Financial Times Stock Exchange FTSE da GrãBretanha do grupo de comunicação que edita o jornal Financial Times o qual incorporou dados de países de várias regiões como América Ásia e Europa Seguindo essa tendência em 2004 foi criado o primeiro índice de sustentabilidade de um país emergente o Socially Responsible Index SRI da bolsa de valores de Johanesburgo GUAY DOH SINCLAIR 2004 Em 2005 surge no Brasil o Índice de Sustentabilidade Empresarial ISE da Bolsa de Valores Mercadorias e Futuros BMFBovespa com metodologia e produção a cargo da Fundação Getúlio Vargas Para participar do ISE a empresa deve cumprir algumas condições sendo requisito obrigatório que sua ação seja uma das 200 com maior liquidez da bolsa de valores Deve também responder um questionário com quesitos relacionados à sustentabilidade da organização Até 40 empresas podem fazer parte do ISE durante todo o ano seguinte quando são selecionadas novas companhias para atualização do ranking MACHADO MACHADO CORRAR 2009 Paralelamente ao ISE a BMFBovespa agora denominada B3 S A Brasil Bolsa Balcão em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES criou um índice de sustentabilidade o Índice Carbono Eficiente ICO2 reunindo as companhias participantes do índice IBrX50 que aceitaram participar dessa iniciativa adotando práticas transparentes com relação a suas emissões de gases de efeito estufa B3 2017 Além dos índices destacase também o Guia Exame de Sustentabilidade que publica o ranking das empresas que adotam as mais avançadas práticas sustentáveis no Brasil FURLAN 2013 para a análise de sustentabilidade organizacional A Exame também publica o ranking das maiores e melhores empresas brasileiras Apesar de ser mais orientado para a dimensão econômica esse índice utiliza diversos critérios incluindo os de sustentabilidade Destaquese também o ranking das 150 melhores empresas para trabalhar da revista Você SA que ressalta a questão social já que seu critério de enquadramento considera principalmente itens e vantagens do ponto de vista do trabalhador Desse modo a governança corporativa desempenha importante papel para a adoção de práticas de sustentabilidade Para que a empresa obtenha um bom desempenho corporativo e possa de fato atender a todas as dimensões do tripé Elkington deve ter um conselho de administração independente e com diversidade ECCLES SALTZMAN 2011 A maioria dos estudos sobre o conselho de administração ressalta a importância do perfil dos seus membros Além disso alguns estudos principalmente de autores estrangeiros têm destacado o papel das mulheres na alta gestão organizacional como meio de diferenciação e ganho em termos de práticas institucionais mais aceitas pelos stakeholders NIELSEN HUSE 2010 22 PARTICIPAÇÃO FEMININA NO CA E A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL O conselho de administração é o defensor das boas práticas de governança como também o responsável pela orientação geral definição da estratégia e monitoramento dos planos de ação da organização IBGC 2015 BORBA et al 2019 O órgão também participa das decisões mais importantes na empresa HENDRY KIEL 2004 Destarte exerce poder substancial e responsabilidade na supervisão da empresa exercendo influência na estratégia que por sua vez afeta o desempenho corporativo FAMA JENSEN 1983 Por isso é importante dispor de membros capacitados e comprometidos Além disso ressaltase a composição do conselho como fator de valorização da empresa pois há uma 144 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 maior complementariedade de habilidades e diferentes enfoques entre os membros ANCA GABALDON 2014 FERREROFERRERO FERNÁNDEZIZQUIERDO MUÑOZTORRES 2015 Dessa forma buscase uma diversidade na composição do conselho que pode ser de independência gênero e nacionalidade dos seus membros HARODEROSARIO et al 2017 Ressaltese que o Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa IBGC 2015 recomenda uma maior diversidade na composição do conselho Quanto ao gênero destaque se como uma das principais vantagens que as mulheres são capazes de facilitar o processo decisório e trazer diferentes perspectivas para o conselho em comparação com aquele formado apenas por homens ROSE 2007 Alguns estudos indicaram que as mulheres possuem outras percepções e melhor empenho do que os homens ADAMS FERREIRA 2009 ARAYDDI DAH JIZI 2016 KARTIKEYAN PRIYADARSHINI 2017 Outros mostram que as mulheres possuem maior sentimento altruístico o que implica um comportamento organizacional mais sociável e preocupado com outros indivíduos enquanto os homens são mais individualistas e competitivos CAPPELLE et al 2004 GILLIGAN 1982 Isso posto é de se acreditar que as mulheres têm maior preocupação com os interesses dos stakeholders e não apenas com os dos shareholders diferentemente dos homens que focam mais em seus próprios interesses BIGGINS 1999 GROSSER MOON 2005 Considerandose que a sustentabilidade é exigida pelos stakeholders quando não legalmente e é adotada nas práticas e planejamento da organização DYLLICK HOCKERTS 2002 LINNENLUECKE GRIFFITHS 2010 essa preocupação também passa a fazer parte da governança corporativa Conforme evidenciado o conselho de administração constitui parte vital para a adoção das boas práticas Como também foi abordado a diversidade do conselho pode ser benéfica para tal finalidade Apesar da escassez de pesquisas nacionais acerca desse relacionamento alguns estudos estrangeiros comprovam que há uma correlação positiva entre mulheres no conselho de administração e a adoção de práticas de sustentabilidade por parte da organização A maioria desses estudos adotou como base a Teoria dos Stakeholders Galbreath 2011 por exemplo correlacionou a participação de mulheres no conselho de administração com as questões de sustentabilidade corporativa após analisar 151 empresas australianas no período de 2005 a 2007 e seus dados de sustentabilidade crescimento econômico gastos com redução de impactos ambientais negativos e RSC com a participação feminina no conselho de administração O estudo sugere que há uma correlação positiva entre uma maior diversidade de gêneros na composição do conselho de administração e as políticas de sustentabilidade da organização Isso implica um melhor relacionamento com stakeholders com aumento da accountability e intensificação e melhoria das condutas éticas Boulouta 2012 examinou como um conselho de administração com mulheres afeta a performance social da empresa Para isso foram analisadas 126 empresas com ações negociadas na bolsa de valores de Nova Iorque pertencentes ao SP500 por um período de cinco anos Como conclusão a autora indicou que há uma correlação positiva entre a maior diversidade de gêneros no conselho mais mulheres e ações sociais por parte da empresa FernandezFeijoo Romero e RuizBlanco 2014 investigaram a relação entre a divulgação de relatórios de sustentabilidade e a existência de pelo menos três mulheres no conselho de administração Os resultados demonstram que em países com uma maior proporção de conselhos com pelo menos três mulheres os níveis de divulgação de relatórios de sustentabilidade são mais altos Glass Cook e Ingerssoll 2015 analisaram os efeitos da performance ambiental de 500 empresas dos EUA em relação à participação de mulheres no conselho de administração e na diretoria por um período de 10 anos Os autores concluíram 145 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 que a empresa cuja participação feminina no conselho e na diretoria é maior que a dos homens possui uma forte correlação com as práticas voltadas para a sustentabilidade RodríguezAriza et al 2016 realizaram um estudo com 550 empresas internacionais no período de 2004 a 2010 com o objetivo de comparar o papel da mulher em cargos de alta gestão em empresas familiares e não familiares no tocante à promoção de práticas sustentáveis Apesar de a maioria dos estudos associarem a presença feminina nos órgãos colegiados com maior comprometimento socialmente responsável os resultados encontrados demonstraram que em empresas familiares o compromisso com a RSC não varia significativamente com a presença de mulheres no conselho pois elas tendem a se comportar de acordo com a orientação da família Destaquese também o estudo de BenAmar Chang e Mcilkenny 2017 envolvendo empresas do Canadá Foram analisadas 541 companhias listadas na bolsa de valores de Toronto entre 2008 e 2014 e sua correlação entre iniciativas de sustentabilidade e participação feminina Para isso adotouse como proxy para sustentabilidade o disclosure voluntário sobre dados de emissão de gases de efeito estufa Concluiuse que quando há mulheres no conselho de administração da empresa há uma maior divulgação voluntária de dados sobre sustentabilidade assim como uma maior preocupação com todos os stakeholders Gallén e Peraita 2017 investigaram a influência da feminilidade na divulgação de informações de sustentabilidade com base nas diretrizes da Global Reporting Initiative GRI em um contexto de países desenvolvidos Para tanto foram utilizadas três medidas da divulgação de informações de RSC por país os relatórios GRI por milhão de habitantes os relatórios GRI do nível de aplicação e a porcentagem de relatórios GRI com garantia externa Os resultados mostram que os países com maior orientação para a feminilidade fornecem maior número de relatórios de sustentabilidade Jizi 2017 usando uma amostra de 350 empresas com ações negociadas na bolsa de valores de Londres no período 20072012 examinou como a composição da diretoria e do conselho de administração correlacionase com a divulgação social e ambiental da empresa bem como com a implementação de políticas sociais Os resultados apontam que uma maior independência do conselho de administração facilita a transmissão da imagem da boa cidadania da empresa através do aumento da consciência social Os resultados também mostram que a participação das mulheres no conselho de administração afeta favoravelmente o engajamento e os relatórios de sustentabilidade bem como o estabelecimento de políticas éticas Pathak e Pattanayak 2018 examinaram a importância da diversidade de gênero nos conselhos de administração da Índia à luz da recente reforma regulatória introduzida na Lei das Empresas de 2013 que determinava a presença de pelo menos uma mulher nos conselhos de administração de todas as empresas listas em bolsa de valores Em linhas gerais os resultados apontam para uma relação positiva entre a presença feminina nos conselhos e o retorno sobre os ativos e uma relação negativa sobre o custo do patrimônio líquido Mahmood et al 2018 buscaram compreender o impacto da governança corporativa nas divulgações de sustentabilidade nas 100 maiores empresas listadas na Bolsa de Valores do Paquistão no período de 2012 a 2015 Os achados do estudo permitiram concluir que um grande conselho de administração composto por uma diretoria feminina e possuindo um comitê de Responsabilidade Social Empresarial é mais capaz de verificar e controlar as decisões de gestão em relação às questões de sustentabilidade 146 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 GarcíaSánchez SuarézFernández e MartínezFerrero 2018 examinaram a relação entre a diversidade do conselho em termos de diferenças de gênero e a qualidade do relato de sustentabilidade medido por vários aspectos equilíbrio concisão clareza comparabilidade e confiabilidade das informações Com os achados os autores evidenciaram que conselhos com maior representatividade feminina diminuem o risco na divulgação da sustentabilidade No contexto chinês Sial et al 2018 analisaram se a RSC atua como mediadora na relação entre a diversidade de gênero da diretoria e o desempenho da empresa Os resultados mostram que a diversidade de gênero na diretoria é positivamente correlacionada com o desempenho da empresa e a RSC media a relação entre a diversidade de gênero da diretoria e o desempenho das empresas chinesas Chams e GarcíaBlandón 2019 examinaram a associação entre os determinantes do conselho de administração e o desempenho sustentável Com base nos índices Dow Jones Sustainability DJSI e Standard and Poors Global Broad Market SP Global BMI com uma amostra correspondente de 478 empresas multinacionais os resultados revelam uma relação significativa e positiva entre sustentabilidade e tamanho do conselho diversidade de gênero idade média dos conselheiros e número de comitês Memon Akram e Abbas 2020 analisaram o impacto dos diferentes papeis da participação feminina em alcançar a sustentabilidade financeira e o alcance das instituições de micro finanças de 114 países no período de 1999 a 2017 Os resultados indicam que a participação feminina tem mais impacto no alcance do que na sustentabilidade financeira trazendo implicações para a formulação de estratégia de mercadoalvo recrutamento e estratégia de estilo de liderança para o setor de micro finanças para alcançar a redução da pobreza igualdade de gênero e empoderamento das mulheres Destarte à luz da Teoria dos Stakeholders e com base nas recomendações da literatura levantase a seguinte hipótese H1 No Brasil uma maior participação feminina no conselho de administração é positivamente correlacionada com a sustentabilidade empresarial 3 METODOLOGIA 31 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA AMOSTRA E COLETA DE DADOS Quanto aos objetivos tratase de pesquisa descritiva por delinear as características de um grupo específico de empresas e por estabelecer correlações entre duas variáveis participação feminina e sustentabilidade empresarial Quanto ao problema caracterizase como quantitativa com abordagem empíricoanalítica No que tange à coleta dos dados tratase de pesquisa documental A população da pesquisa reúne todas as 444 empresas listadas na B3 em 7 de novembro de 2017 Na seleção da amostra foram excluídas as empresas do setor financeiro bancos companhias de seguros e de investimentos devido ao fato de suas demonstrações contábeis apresentarem uma estrutura diferenciada em comparação com as das empresas não financeiras de modo que sua inclusão no grupo sob análise poderia vir a comprometer a validade e a consistência dos resultados A adoção desse critério se justifica na medida em que o endividamento constitui uma das variáveis de controle do estudo sendo portanto excluído da amostra o setor financeiro por apresentar características peculiares quanto à estrutura de capital Após essa exclusão bem como de empresas que não apresentaram os dados necessários para a pesquisa a amostra ficou definida em 319 empresas 147 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Foram utilizados dados oriundos das Demonstrações Financeiras Padronizadas e do Formulário Referência disponibilizados no website da B3 além de informações contidas em índices e rankings de sustentabilidade Os dados referemse ao exercício social de 2016 tendo sido coletados em novembro de 2017 Inicialmente recorreuse à análise de conteúdo do Formulário de Referência de onde se extraíram os dados de participação feminina Por meio da análise de conteúdo algumas informações suplementares são fornecidas ao pesquisador que percorre as fases de préanálise seleção do material exploração do material documentos tratamento dos resultados inferência e interpretação BARDIN 2011 Para atender ao objetivo proposto a amostra foi distribuída em dois grupos a empresas sustentáveis com base na participação em pelo menos um dos índices de sustentabilidade da B3 ISE e ICO2 CARVALHAL TAVARES 2013 GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 LAMEIRA et al 2013 ou em rankings de sustentabilidade edições de 2017 com base em informações de 2016 a saber Guia Exame de Sustentabilidade Guia Exame Maiores e Melhores Empresas do Brasil 150 Melhores Empresas Para Trabalhar Você SA Ranking Imprensa As Empresas Mais Sustentáveis Segundo a Mídia e Ranking Merco Monitor Empresarial de Reputação Corporativa e b empresas não sustentáveis A escolha dos índices e rankings deuse por distintas perspectivas de análise cada uma compreendendo pelo menos uma das dimensões de sustentabilidade ambiental econômica e social DAVIES et al 2003 Destarte a sustentabilidade de cada empresa é mensurada a partir de sua participação em pelo menos um dos dois índices da bolsa de valores brasileira ou de um dos cinco rankings mencionados sendo esses os índices e rankings mais utilizados em pesquisas nacionais CARDOSO DE LUCA GALLON 2014 DOMENICO et al 2015 LIMA et al 2015 LOPES et al 2017 A Tabela 1 expõe a distribuição dos dois grupos considerados na pesquisa por setor de atuação de acordo com a classificação setorial da B3 Tabela 1 Distribuição da amostra do estudo por setor de atuação Setor Grupo 1 Empresas sustentáveis Grupo 2 Empresas não sustentáveis Total Bens industriais 10 57 67 Consumo cíclico 14 65 79 Consumo não cíclico 10 18 28 Materiais básicos 11 19 30 Petróleo gás e biocombustíveis 2 4 6 Saúde 2 15 17 Tecnologia da informação 1 7 8 Telecomunicações 4 2 6 Utilidade pública 18 49 67 Outros 11 11 Total 72 247 319 Fonte dados da pesquisa 2019 A partir da Tabela 1 observase que 72 empresas pertencem ao Grupo 1 Empresas sustentáveis enquanto 247 pertencem ao Grupo 2 Empresas não sustentáveis Verificase também que o setor Utilidade pública reúne 18 empresas no Grupo 1 sendo o segmento com o maior número de empresas sustentáveis seguido do Consumo cíclico com 14 Para a operacionalização das variáveis a participação feminina é medida pela proporção de representação feminina no conselho de administração número de mulheres presentes no conselho dividido pelo total de membros BOULOUTA 2012 GALBREATH 2011 GLASS COOK INGERSOLL 2015 Foram ainda incrementadas algumas medidas de controle para neutralizar efeitos que podem impactar a análise São as variáveis Tamanho logaritmo 148 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 natural do valor do Ativo e Endividamento Exigível Patrimônio Líquido obtidos a partir de dados coletados na base Economática Setor de atuação Participação no Novo Mercado e Presença de Comitê de Sustentabilidade obtidos a partir do Formulário de Referência e de Carteiras do Índice de Governança Corporativa CARDOSO DE LUCA GALLON 2014 CARVALHAL DA SILVA CHIEN 2013 GUIMARÃES PEIXOTO CARVALHO 2017 LAMEIRA et al 2013 LOPES et al 2017 32 TRATAMENTO DOS DADOS Com o intuito de responder à questão suscitada nesta investigação e de atender aos seus objetivos os dados foram analisados por meio das seguintes técnicas estatísticas teste de diferenças entre médias análise de correspondência múltipla e regressão logística Para atingir o objetivo geral inicialmente utilizouse a estatística descritiva com a indicação de valores máximos e mínimos médias e desviospadrão Ressaltese também a utilização do teste de diferenças entre médias de MannWhitney a fim de se verificar a existência de diferenças significativas estatisticamente das variáveis utilizadas entre o grupo de empresas sustentáveis e o de empresas não sustentáveis quanto à participação feminina Foi utilizado o teste de MannWhitney pois os testes KolmogorovSmirnov e Shapiro Wilk apontaram que os dados não apresentavam distribuição normal Em seguida para se verificar quais variáveis indicam maior probabilidade de as empresas serem mais sustentáveis utilizouse a regressão logística que consiste em uma ferramenta de análise multivariada que tem por objetivo segregar grupos variável dependente considerando os efeitos das variáveis independentes na discriminação dos casos observados MINUSSI DAMACENA NESS 2002 Segundo Dias e Corrar 2009 a regressão logística tem algumas particularidades que a distinguem dos demais modelos de regressão A principal é a dicotomia que possui a variável dependente exigindo que o resultado das análises se associe às categorias como aceitar ou rejeitar positivo ou negativo Destaquese ainda que os resultados da variável dependente devem possibilitar interpretações em termos de probabilidade e não apenas a classificação em categorias DIAS CORRAR 2009 Assim foi empregado nesta pesquisa o seguinte modelo Equação 1 logit SUST β0 β1PF β2TAM β3END β4 ST β5 NM β6 CS ε 1 Em que SUST Participação em índices ou rankings de sustentabilidade empresarial PF Distribuição da participação feminina TAM Tamanho END Endividamento ST Setor de atuação NM Participação no Novo Mercado CS Presença de Comitê de Sustentabilidade e ε Termo de Erro A variável dependente sustentabilidade empresarial é dicotômica dummy sendo atribuído o valor 0 zero para as empresas não sustentáveis aquelas sem participação em índices eou rankings de sustentabilidade e o valor 1 um para as empresas sustentáveis A variável independente constituinte da participação feminina sua métrica a fonte de coleta dos dados e a base teórica estão demonstradas no Quadro 1 149 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Quadro 1 Operacionalização da variável independente participação feminina Variável Métrica Fonte de coleta Fundamentação Participação Feminina Proporção do número de mulheres presentes no conselho dividido pelo número total de membros Formulário de Referência Boulouta 2012 Galbreath 2011 Carrasco et al 2015 Glass Cook e Ingersoll 2015 Humphries e Whelan 2017 Silva Júnior e Martins 2017 Fonte elaborado pelos autores 2019 Para atender ao objetivo adicional de verificar a associação entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa utilizouse a análise de correspondência múltipla Segundo Fávero et al 2009 essa análise exibe as associações entre determinado conjunto de variáveis em um mapa perceptual no qual se permite o exame da visualização de qualquer padrão nos dados Para esse objetivo a variável participação feminina é caracterizada nos seguintes níveis sem participação baixa participação média participação e alta participação A sustentabilidade empresarial é caracterizada em dois grupos empresas sustentáveis e empresas não sustentáveis A governança corporativa por sua vez é analisada pelos segmentos de listagem da B3 Mercado Tradicional Nível 1 Nível 2 e Novo Mercado 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A Tabela 2 mostra a distribuição quantitativa das empresas por grupo especificando para cada grupo o número de empresas que possuem membro feminino na composição do conselho de administração Tabela 2 Distribuição de empresas por abrangência de membro feminino no conselho Grupo de empresas Participação feminina no conselho de administração Nº de empresas Nº de empresas com membro feminino no conselho Proporção Grupo 1 Empresas sustentáveis 72 46 639 Grupo 2 Empresas não sustentáveis 247 87 352 Total 319 133 Fonte dados da pesquisa 2019 Conforme pode ser observado na Tabela 2 das 319 empresas da amostra 133 possuem membro feminino no conselho de administração 417 No Grupo 1 Empresas sustentáveis destacase que das 72 empresas 46 possuem membro feminino no conselho o correspondente a 639 Com relação às 247 empresas do Grupo 2 Empresas não sustentáveis 87 possuem mulheres no conselho de administração o que corresponde a 352 Dessa forma os dados revelam que as empresas sustentáveis são as que mais possuem membros femininos no conselho de administração alinhandose aos achados da literatura GALBREATH 2011 GARCÍASÁNCHEZ SUARÉZFERNÁNDEZ MARTÍNEZFERRERO 2018 A Tabela 3 apresenta o ranking das empresas sustentáveis com maior participação feminina no conselho de administração com indicação dos respectivos setores de atuação 150 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Tabela 3 Ranking das empresas sustentáveis com maior participação feminina no conselho de administração Empresa Participação feminina no conselho de administração Setor de atuação Nº de mulheres Total de membros Proporção Magazine Luíza 3 7 429 Consumo cíclico Copel 3 8 375 Utilidade pública Cosern 3 9 333 Utilidade pública Coelba 2 7 286 Utilidade pública CCR S A 5 20 250 Bens industriais Lojas Renner 2 8 250 Consumo cíclico Duratex 3 13 231 Materiais básicos Elektro Redes 2 9 222 Utilidade pública Natura 2 9 222 Consumo não cíclico Tim 2 9 222 Telecomunicações Total 27 99 Fonte dados da pesquisa 2019 Como mostra a Tabela 3 a Magazine Luíza foi a empresa campeã do ranking com a maior participação feminina no conselho de administração 429 Conforme pode ainda ser observado mesmo considerandose as empresas com as maiores participações a maioria delas apresenta entre duas e três mulheres no conselho Esse resultado vai de encontro ao estudo de Boulouta 2012 que ao examinar como um conselho de administração com mulheres afeta a performance social da empresa com ações negociadas na bolsa de Nova Iorque considerou na composição da amostra as empresas com pelo menos três mulheres no conselho Entretanto segundo a autora com essa condição a amostra ficou pouco representativa e limitada impedindo a realização da análise portanto diante dessa limitação a análise contemplou todas as empresas com pelo menos uma mulher no conselho de administração Cabe destacar também que a Copel a Cosern e a Coelba segunda terceira e quarta colocadas respectivamente pertencem ao setor Utilidade Pública além da Elektro Redes oitava colocada também atuante nesse segmento Destarte o setor Utilidade Pública foi o que apresentou o maior número de empresas sustentáveis com maior participação feminina no conselho de administração corroborando achados anteriores tais como o estudo de Tonolli Rover e Ferreira 2017 ao concluírem que o setor utilidade pública é o mais representativo das empresas participantes do ISE seguido do setor financeiro e Lima et al 2015 ao identificarem que o setor utilidade pública é o mais sustentável Uma das possíveis explicações é a obrigatoriedade deste setor no que tange à divulgação de suas informações de natureza socioambiental tendo em vista que desde 1998 a Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL recomenda que estas organizações publiquem a Demonstração do Valor Adicionado e o Balanço Social tornando esta publicação obrigatória a partir de 2003 para as empresas deste setor Na sequência foi realizado o teste QuiQuadrado para se analisar a associação entre as variáveis participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa objetivo adicional com o intuito de atestar a viabilidade da aplicação e execução da Análise Múltipla de Correspondência ACM A Tabela 4 apresenta os resultados do teste Qui quadrado realizado para cada análise de correspondência 151 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Tabela 4 Teste Quiquadrado Correspondência Teste QuiQuadrado Estatística Sig Participação Feminina X Sustentabilidade Empresarial 30185 0000 Participação Feminina X Governança Corporativa 28888 0001 Nota Significante a 1 Fonte dados da pesquisa 2019 Notase a partir da Tabela 4 que os resultados indicam significância estatística a um nível inferior a 1 Observada a significância dos resultados analisase a associação entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa a partir do mapa perceptual Figura 1 No mapa da Figura 1 verificase que as empresas sem participação feminina no conselho de administração estão associadas ao grupo daquelas não sustentáveis e não listadas em nenhum segmento diferenciado de governança da B3 Destaquese também que as empresas com baixa participação feminina estão associadas ao grupo das sustentáveis e ao segmento Nível 2 da B3 Por sua vez as empresas com média participação estão associadas ao segmento Novo Mercado da B3 porém sem demonstrar proximidade com os grupos de empresas sustentáveis e não sustentáveis Por fim as empresas com alta participação não apontaram associação com nenhum dos grupos empresariais considerados nem com os segmentos de governança corporativa Figura 1 Mapa perceptual da associação entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa Fonte dados da pesquisa 2019 Em linhas gerais os dados sugerem uma associação positiva entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa A baixa participação feminina é explicada por estudos empíricos como os de Boulouta 2012 Gallén e Peraita 2017 Jizi 2017 e Viviers MansKemp e Fawceet 2017 que também constataram uma baixa representatividade feminina nos conselhos Por outro lado notase que as empresas não sustentáveis são as que não possuem participação feminina nem são listadas nos níveis 152 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 diferenciados de governança corporativa Com isso podese considerar que a adoção de melhores práticas de governança corporativa contribui para o bemestar de todos os stakeholders envolvidos com a empresa GÓIS et al 2017 e por conseguinte converge para uma maior preocupação com as políticas de sustentabilidade da organização conforme sinalizado por alguns autores estrangeiros DYLLICK HOCKERTS 2002 LINNENLUECKE GRIFFITHS 2010 Para o alcance do objetivo geral primeiramente procedeuse à estatística descritiva das variáveis por grupo empresarial Tabela 5 com exceção do setor de atuação ST participação no Novo Mercado NM e presença de comitê de sustentabilidade CS que são variáveis dummy na regressão logística Tabela 5 Estatística descritiva das variáveis Variável Média Desvio padrão Mínimo Máximo Coeficiente de Variação Participação Feminina Sustentáveis 01031 01035 00000 04286 0011 Não Sustentáveis 00857 01511 00000 10000 0023 Tamanho Sustentáveis 209664 40665 98702 274140 16537 Não Sustentáveis 152372 38041 70951 243273 14472 Endividamento Sustentáveis 38090 45305 35037 213455 20526 Não Sustentáveis 79047 1693897 26487454 1660036 28692888 Fonte dados da pesquisa 2019 Na Tabela 5 verificase uma maior presença feminina no conselho no grupo de empresas sustentáveis 103 Já a participação feminina nas empresas não sustentáveis foi de 86 Observase a presença de maior tamanho entre as empresas sustentáveis Grupo 1 Quanto à estrutura de capital notase maior endividamento entre as empresas não sustentáveis Com isso constatase que no geral as empresas sustentáveis são maiores e menos endividadas Verificase também que para a variável participação feminina a dispersão de dados indicada pelo desviopadrão e pelo coeficiente de variação é menor nas empresas sustentáveis do que nas não sustentáveis indicando que a variação da participação de membros femininos no conselho de administração é menor nesse grupo de empresas Ressaltese que das 72 empresas sustentáveis apenas 25 não possuem membro feminino 25 possuem um membro 10 possuem dois membros e 9 possuem três mulheres no conselho sendo esses os valores mais expressivos Esse achado corrobora os resultados encontrados em outros países segundo os quais as companhias sustentáveis possuem em média entre uma e três mulheres no conselho de administração BOULOUTA 2012 GALBREATH 2011 GLASS COOK INGERSOLL 2015 Cabe salientar que o valor máximo da variável participação feminina de 100 foi observado no grupo de empresas não sustentáveis mais especificamente na Nordon Indústrias Metalúrgicas S A que possui um único membro em seu conselho sendo este por sua vez do gênero feminino Das 247 empresas não sustentáveis 158 não apresentam membro feminino 52 possuem apenas um e 25 possuem dois em seu conselho sendo esses os números mais expressivos Destarte constatase que no contexto geral das companhias brasileiras de capital aberto o grupo de empresas sustentáveis é o que apresenta o maior número de mulheres no conselho de administração Para analisar diferenças significativas entre as variáveis das empresas sustentáveis e as das não sustentáveis aplicouse o teste entre médias para amostras independentes de MannWhitney Tabela 6 Através dos testes de KolmogorovSmirnov e ShapiroWilk certificouse que quase nenhuma das variáveis apresentou distribuição normal já que o p 153 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 valor dos testes foi inferior a 005 justificandose assim a utilização do teste não paramétrico Tabela 6 Teste não paramétrico de MannWhitney Participação Feminina Nº de empresas Mann Whitney Wilcoxon W Z Asymp Sig 2tailed Grupo 1 Empresas Sustentáveis Grupo 2 Empresas Não Sustentáveis 72 69405 375685 3147 0002 247 Nota Significante a 1 Fonte dados da pesquisa 2019 Com base nos resultados exibidos na Tabela 6 notase que há diferenças significativas entre as empresas sustentáveis e as não sustentáveis quanto à variável participação feminina Ou seja os resultados sugerem que nas empresas sustentáveis ocorre uma maior participação feminina no conselho de administração Esse resultado corrobora os achados da literatura estrangeira os quais apontam para uma correlação positiva entre uma maior participação feminina no conselho e melhores práticas eou políticas de sustentabilidade empresarial BOULOUTA 2012 GALBREATH 2011 GALLÉN PERAITA 2017 GLASS COOK 2018 JIZI 2017 MAHMOOD et al 2018 SIAL et al 2018 Desse modo foi delineada a regressão logística com o intuito de se comprovar a hipótese geral de que no Brasil uma maior participação feminina no conselho de administração é positivamente correlacionada com a maior sustentabilidade empresarial Na Tabela 7 dispõemse os resultados da regressão provenientes da Equação 1 Tabela 7 Regressão logística sustentabilidade empresarial Variável LR Qui2 Pseudo R2 Sig N 12443 03652 000 319 Coef Erropadrão Z Sig Participação Feminina 09677 03484 278 0005 Tamanho 02950 00428 688 0000 Endividamento 00007 01157 065 0517 Novo Mercado 01045 03631 029 0773 Setor de Atuação 02921 03828 076 0445 Comitê de Sustentabilidade 24875 05827 427 0000 Constante 71599 08480 844 0000 Nota Significante a 1 Fonte dados da pesquisa 2019 Ainda na Tabela 7 verificase que o poder explicativo baseado no Pseudo R² do modelo 1 é considerado baixo e que o modelo é significante ao nível de 1 Desse modo o modelo é válido possibilitando a inferência de resultados Observase que a participação feminina o tamanho e a presença de comitê de sustentabilidade são as variáveis com maior probabilidade de exercer correlação com a sustentabilidade empresarial indicada pela significância ao nível de 1 Destarte quanto maior o número de mulheres no conselho de administração da empresa maior a sua probabilidade de ser sustentável já que a variável participação feminina apresentou correlação positiva com a variável sustentabilidade empresarial Destaquese também que quanto maior o tamanho da empresa maior a sua probabilidade de ser sustentável devido à identificação de correlação positiva entre o tamanho e a sustentabilidade empresarial Por sua vez a presença de comitê de sustentabilidade também indica maior probabilidade de a empresa ser sustentável já que foi encontrada uma correlação positiva entre as variáveis comitê de sustentabilidade e sustentabilidade empresarial 154 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 Esse resultado é corroborado por diversos estudos incluindo os de BemAmar et al 2015 Boulouta 2012 Galbreath 2011 Gallén e Peraita 2017 Glass e Cook 2018 Jizi 2017 Mahmood et al 2018 e Sial et al 2018 os quais indicam uma correlação positiva entre participação feminina na composição do conselho de administração e adoção de políticas de sustentabilidade Vale ressaltar que os citados autores também utilizaram a variável de controle tamanho mensurada pelo logaritmo natural do valor do Ativo confirmada como positiva nesta pesquisa Já a correlação positiva entre a presença de comitê de sustentabilidade e a sustentabilidade empresarial foi igualmente evidenciada em estudos anteriores como por exemplo os de Bomfim Teixeita e Monte 2015 e Michelon e Parbonetti 2012 Cabe destacar que pela ótica da Teoria dos Stakeholders as mulheres têm uma maior preocupação com os interesses dos stakeholders e não apenas com os dos shareholders diferentemente dos homens que focam mais em seus próprios interesses BIGGINS 1999 GROSSER MOON 2005 Ressaltese ainda que a maioria dos estudos anteriores que constataram a relação entre a participação feminina no conselho e a sustentabilidade empresarial utilizaram a Teoria dos Stakeholders como sustentação teórica tais como Galbreath 2011 e Memon Akram e Abbas 2020 Sob a ótica da referida teoria os gestores formulam e implementam suas estratégias visando à satisfação de seus stakeholders em vez de maximizarem os direitos de um único grupo em detrimento dos demais Portanto as mulheres integrantes de conselho de administração exercem maior impacto na governança corporativa da organização já que apresentam melhor empenho e diferentes percepções em comparação com os homens notadamente por possuírem sentimento altruístico e senso de coletividade ADAMS FERREIRA 2009 GLASS COOK 2018 NISIYAMA NAKAMURA 2018 PLETZER et al 2015 YAP 2017 representando melhor as necessidades de todos os stakeholders BIGGINS 1999 confirmando portanto os prognósticos da Teoria dos Stakeholders Podese afirmar por conseguinte que as empresas listadas na B3 com maior participação feminina no conselho de administração revelam maior probabilidade para a sustentabilidade empresarial considerandose a amostra e o exercício em análise Dessa forma os resultados obtidos no presente estudo aceitam a hipótese geral de que no Brasil uma maior participação feminina no conselho de administração é positivamente correlacionada com a sustentabilidade empresarial 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por ser o principal órgão de governança corporativa o conselho de administração desempenha papel fundamental no direcionamento e monitoramento das políticas organizacionais Conforme mencionado ao longo das últimas décadas a sociedade passou a demandar mais atenção no tratamento da sustentabilidade empresarial por parte das organizações Alguns estudos mostraram a influência que a diversidade de independência gênero e nacionalidade na composição do conselho exerce em questões como performance e até mesmo na questão socioambiental Com base na Teoria dos Stakeholders analisouse a correlação entre a participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial em 319 companhias listadas na B3 Por meio da análise descritiva verificouse que as empresas sustentáveis as que participam de índices ou rankings de sustentabilidade são as que possuem mais mulheres no conselho de administração Entretanto os resultados revelam que a participação feminina nas empresas da amostra é baixa corroborando achados empíricos de estudiosos 155 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 estrangeiros Ainda por meio da análise descritiva notouse as empresas dos setores Utilidade Pública e Consumo Cíclico são as que possuem mais mulheres no conselho Em linhas gerais os resultados da análise de correspondência múltipla confirmaram a associação positiva entre participação feminina sustentabilidade empresarial e governança corporativa Assim afirmase que a adoção de melhores práticas de governança contribui para o bemestar dos stakeholders envolvidos com a organização e por conseguinte converge para uma maior preocupação com as políticas de sustentabilidade empresarial O teste de diferenças entre médias revelou que há diferenças significativas entre as empresas sustentáveis e as não sustentáveis no que tange à variável participação feminina o que foi ratificado mediante aplicação da regressão logística Destaquese que a participação feminina o tamanho e a presença de comitê de sustentabilidade são as variáveis com mais probabilidade de exercer essa correlação Dessa forma os resultados aceitam a hipótese geral haja vista que trazem implicações para a compreensão da participação feminina na alta gestão organizacional e para a sustentabilidade empresarial no mercado de capitais brasileiro Entendese que o estudo da diversidade do conselho de administração e da sustentabilidade empresarial proporciona reflexões sobre a busca pelo valor a longo prazo permitindo assim visualizar a Teoria dos Stakeholders a qual sustenta que as empresas para garantir valor a longo prazo necessitam conciliar os interesses dos diversos stakeholders Ressaltese portanto a importância da sustentabilidade empresarial como estratégia para a melhoria da imagem e reputação das empresas captação vantajosa de recursos e maior vantagem competitiva Além disso ressaltese a importância da diversidade do conselho de administração representada neste estudo especialmente pela participação feminina como recurso estratégico contribuindo para o crescimento competitividade e longevidade dos negócios haja vista os benefícios proporcionados através da participação feminina em cargos de alta gestão observada tanto nesta pesquisa no contexto brasileiro país em desenvolvimento como também em países desenvolvidos notadamente percebida em estudos estrangeiros Destarte pela ótica da Teoria dos Stakeholders esta pesquisa especialmente para o caso das empresas brasileiras sinaliza que as mulheres têm uma maior preocupação com os interesses de todos os stakeholders e não apenas com os dos shareholders diferentemente dos homens que focam mais em seus próprios interesses seguindo as recomendações da literatura estrangeira Ressaltese que a correlação entre os dois construtos participação feminina e sustentabilidade empresarial foi vista tanto sob o enfoque teórico quanto sob o empírico na medida em que ao se confrontar as empresas sustentáveis com as não sustentáveis identificaramse diferenças significantes no tocante à participação feminina revelandose assim que as sustentáveis têm maior probabilidade de incluir membro feminino no conselho Verificase uma escassez de estudos nacionais acerca dessa temática e as pesquisas encontradas são incipientes havendo portanto a necessidade de maior aprofundamento no assunto A pesquisa avança nos campos teórico e prático porém algumas limitações podem ser apontadas razão pela qual sugerese uma reflexão para futuras pesquisas tanto quanto à influência de uma maior participação feminina nos conselhos como em relação às práticas sustentáveis e de governança corporativa em especial quanto ao uso de outras medidas e ampliação de variáveis Apesar da dificuldade de se obter métricas que refletissem a contrapartida socioambiental conseguiuse por meio da participação em índices e rankings de sustentabilidade um grupo de 72 empresas sustentáveis dentre as 319 da amostra 156 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 O presente estudo cobre apenas um período podendo ser replicado em um lapso temporal maior suscitando inferência acerca do efeito temporal dos dados Destaquese ainda a possibilidade de análise comparativa entre empresas de países em desenvolvimento e empresas de nações desenvolvidas REFERÊNCIAS ACKERMAN R W The social challenge to business Cambridge MA Harvard University Press 1975 ADAMS B R FERREIRA D Women in the boardroom and their impact on governance and performance Journal of Financial Economics Amsterdam v 94 n 1 p 291309 2009 DOI httpsdoiorg101016jjfineco200810007 ADAMS B R HERMALIN B WEISBACH M The role of boards of directors in corporate governance a conceptual framework and survey Journal of Economic Literature United States v 48 n 1 p 58107 2010 DOI httpsdoiorg101257jel48158 ANCA C GABALDON P The media impact of board member appointments in Spanishlisted companies A gender perspective Journal of Business Ethics Berlin v 122 n 3 p 425438 2014 DOI httpsdoiorg101007s1055101317681 ARAYSSI M DAH M JIZI M Women on boards 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C DE LUCA M M M GÓIS A D VASCONCELOS A C Disclosure socioambiental reputação corporativa e criação de valor nas empresas listadas na BMFBovespa Revista Ambiente Contábil Natal v 9 n 1 p 364382 2017 MACHADO FILHO C P Responsabilidade social e governança o debate e as implicações responsabilidade social instituições governança e reputação São Paulo Pioneira Thomson Learning 2006 MACHADO M R MACHADO M A V CORRAR L J Desempenho do Índice de Sustentabilidade Empresarial ISE da bolsa de valores de São Paulo Revista Universo Contábil Blumenau v 5 n 2 p 2438 2009 DOI httpdxdoiorg104270ruc20095 162 Ítalo Carlos Soares do Nascimento Adriano Fleck de Paula Pessoa Alessandra Carvalho de Vasconcelos e Márcia Martins Mendes de Luca RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 MAHMOOD Z KOUSER R ALI W AHMAD Z SALMAN T Does corporate governance affect sustainability disclosure A mixed methods study Sustainability New York v 10 n 1 p 120 2018 DOI httpsdoiorg103390su10010207 MCDONALD D PUXTY A G An inducementcontribution approach to corporate financial reporting Accounting Organizations Society Amsterdam v 4 n 12 p 5365 1979 DOI httpsdoiorg1010160361368279900072 MEMON A AKRAM W ABBAS G Women participation in achieving sustainability of microfinance institutions MFIs Journal of Sustainable Finance Investment Cambridge v 21 n 2 p 119 2020 DOI httpsdoiorg1010802043079520201790959 MICHELON G PARBONETTI A The effect of corporate governance on sustainability disclosure Journal of Management Governance New York v 16 n 3 p 477509 2012 DOI httpsdoiorg101007s1099701091603 MINUSSI J A DAMACENA C NESS JR W L Um modelo de previsão de solvência utilizando regressão logística Revista de Administração Contemporânea Maringá v 6 n 3 p 109128 2002 DOI httpsdoiorg101590S141565552002000300007 NIELSEN S HUSE M The contribution of women on boards of directors Going beyond the surface Corporate Governance An International Review New Jersey v 18 n 2 p 136 148 2010 DOI 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firm performance The Danish evidence Corporate Governance New Jersey v 15 n 2 p 404413 2007 DOI httpsdoiorg101111j14678683200700570x 163 Participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial RGO Revista Gestão Organizacional Chapecó v 14 n 2 p 138163 maioago 2021 ROSSETTI J P ANDRADE A J P Governança corporativa fundamentos desenvolvimento e tendências 7 ed São Paulo Atlas 2014 SIAL M ZHENG C CHERIAN J GULZAR M A THU P A KHAN T KHOUNG N V Does corporate social responsibility mediate the relation between boardroom gender diversity and firm performance of Chinese listed companies Sustainability New York v 10 n 10 p 118 2018 DOI httpsdoiorg103390su10103591 SILVA JÚNIOR C P MARTINS O Mulheres no conselho afetam o desempenho financeiro Uma análise da representação feminina nas empresas listadas na BMFBOVESPA Sociedade Contabilidade e Gestão Rio de Janeiro v 12 n 1 p 6276 2017 DOI httpsdoiorg1021446scgufrjv12i113398 SPEZAMIGLIO B S GALINA S V R CALIA R C Competitividade inovação e sustentabilidade uma interrelação por meio da sistematização da literatura REAd Revista Eletrônica de Administração Porto Alegre v 84 n 2 p 363393 2016 DOI httpsdoiorg1015901413231100916201662887 TONOLLI B B ROVER S FERREIRA D D M Influência dos investimentos ambientais e dos indicadores econômicofinanceiros na seleção de empresas para compor o índice de sustentabilidade empresarial ISE Revista Catarinense da Ciência Contábil Florianópolis v 16 n 48 p 6985 2017 DOI httpdxdoiorg101693022377662rcccv16n482315 VIVIERS S MANSKEMP N FAWCETT R Mechanisms to promote board gender diversity in South Africa Acta Commercii New York v 17 n 1 p 110 2017 DOI httpsdoiorg104102acv17i1489 WESTPHAL J D ZAJAC E J Who shall govern CEOboard power demographic similarity and new director selection Administrative Science Quarterly Cambridge v 40 n 1 p 60 83 1995 DOI httpsdoiorg1023072393700 YAP I CHAN S ZAINUDIN R Gender diversity and firms financial performance in Malaysia Asian 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