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See discussions stats and author profiles for this publication at httpswwwresearchgatenetpublication357605937 Organizações e Sustentabilidade Amazon Organizations and Sustainability v Article in Amazônia Organizações e Sustentabilidade July 2021 DOI 1017648aosv10i22076 CITATIONS 0 READS 54 4 authors including Ítalo Carlos Soares do Nascimento Universidade Federal do Ceará 41 PUBLICATIONS 9 CITATIONS SEE PROFILE Caritsa Moreira Universidade Federal da Paraíba 39 PUBLICATIONS 10 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Caritsa Moreira on 05 January 2022 The user has requested enhancement of the downloaded file 218 AOS Amazônia Organizações e Sustentabilidade Amazon Organizations and Sustainability v 10 n 2 juldez 2021 p218244 DOI httpdxdoiorg1017648aosv10i22076 ISSN online 22388893 218 Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil Participation in High Management and Business Sustainability in Brazil Ricardo Bezerra de Amorim1 Ítalo Carlos Soares do Nascimento2 Geison Calyo Varela de Melo3 Caritsa Scartaty Moreira4 Resumo Respaldado pela Teoria dos Stakeholders o presente estudo tem como objetivo analisar a relação entre a participação feminina na alta gestão e a sustentabilidade empresarial a partir de uma análise realizada em 83 das 100 empresas listadas na B3 SA com maior valor de mercado de acordo com os dados do exercício de 2018 disponíveis na base Economática De natureza quantitativa a pesquisa utilizou técnicas da estatística descritiva da Análise de Correspondência Simples Anacor do teste de médias e da regressão logística A participação feminina é medida pela proporção do número de mulheres presentes no Conselho de Administração CA e na Diretoria Executiva DE em relação ao total de seus membros titulares enquanto a proxy da sustentabilidade empresarial é mensurada a partir da participação no Índice de Sustentabilidade Empresarial ISE A Anacor demonstrou que há uma associação entre a participação feminina no CA e a sustentabilidade empresarial entretanto não foi encontrada associação entre a participação feminina na DE com a sustentabilidade O teste de diferenças entre médias revelou que há diferenças signifi cativas entre as empresas sustentáveis e as não sustentáveis no que tange à variável participação feminina no CA o que foi ratifi cado mediante aplicação da regressão logística Destaquese que a participação feminina no CA e o tamanho da empresa são as variáveis com mais probabilidade de exercer essa correlação Com isso os resultados confi rmam os prognósticos da Teoria dos Stakeholders na medida em que sinaliza que a participação feminina nos órgãos de alta gestão promove resultados efetivos que atendam às necessidades dos acionistas e stakeholders Palavraschave Participação Feminina Conselho de Administração Diretoria Executiva Sustentabilidade Empresarial Abstract Supported by the Stakeholder Theory this study aims to analyze the relationship between female participation in top management and corporate sustainability based on an analysis carried out in 83 of the 100 companies listed on B3 SA with the highest market value according to with the data for the 2018 fi nancial year available on the Economática basis Of a quantitative nature the research used techniques of descriptive statistics Simple Correspondence Analysis Anacor the means test and logistic regression Female participation is measured by the proportion of the number of women present on the Board of Directors CA and on the Executive Board DE in relation to the total of its full members while the proxy for corporate sustainability is measured based on participation in the Index of Corporate Sustainability ISE Anacor has demonstrated that there is an association between female participation in the Board of Directors and corporate sustainability however no association was found between female participation in DE with sustainability The test of diff erences between means revealed that there are signifi cant diff erences between sustainable and unsustainable companies with respect to the variable female participation in the Board which was ratifi ed through the application of logistic regression It should be noted that female participation in the Board and the size of the company are the variables most likely to exercise this correlation With this the results confi rm the prognostications of the Stakeholder Theory insofar as it signals that female participation in top management bodies promotes eff ective results that meet the needs of shareholders and stakeholders Keywords Womens Participation Board of Directors Executive Board Corporate Sustainability Manuscript fi rst receivedRecebido em 22012020 Manuscript acceptedAprovado em 01052021 ¹ Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal Rural do SemiÁrido UFERSA Mossoró Rio Grande do Norte Brasil Email ricardobzamorimgmailcom ² Mestre em Administração e Controladoria Doutorando em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará PPACUFC Fortaleza Ceará Brasil Email italocarlos25gmailcom ³ Mestre em Administração e Controladoria Doutorando em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará PPACUFC Fortaleza Ceará Brasil Email geisoncalyohotmailcom ⁴ Mestra em Ciências Contábeis Doutoranda em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba PPGCC UFPB João Pessoa Paraíba Brasil Email caritsascarlatygmailcom 219 1 INTRODUÇÃO Com as mudanças na estrutura de capital identifi cada no ambiente globalizado ao longo dos anos as organizações se moldaram a esse novo cenário para se tornarem mais competitivas e assim melhorarem o seu desempenho Nesse sentido destacase a relevância de boas práticas de governança corporativa e da sustentabilidade empresarial no qual possibilitam notoriedade e longevidade dos negócios Guimarães Peixoto Carvalho 2017 Para isso o estudo da governança corporativa se justifi ca pois ela representa um conjunto de relações entre os acionistas conselho de administração diretoria executiva e os demais stakeholders cujo objetivo é viabilizar uma estrutura às companhias poderem alcançar uma maior efi ciência econômica e proporcionar um maior nível de confi ança dos investidores OECD 2004 A partir da década de 1950 o conceito de sustentabilidade foi desenvolvido em virtude das consequências dos testes nucleares onde acarretaram danos em regiões à quilômetros de distâncias por meio de chuvas radioativas Nos anos seguintes as discussões sobre sustentabilidade conquistaram adeptos da comunidade científi ca inclusive no campo midiático e governamental Nascimento 2012 Esses debates resultaram na elaboração de diversas conferências no qual reuniram representantes tanto de países desenvolvidos quanto de países em desenvolvimento com o intuito de debater estratégias para conciliar desenvolvimento econômico com a preservação ambiental ou seja a implementação de um conceito sobre desenvolvimento sustentável Cristófalo Akaki Abe Miraglia 2016 Mas o grande marco para a formação deste conceito foi com publicação em 1987 do documento Our Commom Future pela Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente CMMAD em que estabelece a defi nição de desenvolvimento sustentável Segundo Cristófalo et al 2016 este documento contempla as necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras No entanto esse tema só foi difundido com mais propriedade com a realização em 1992 da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento CNUMAD conhecida como Rio92 Consequentemente repercutindo no desempenho da governança corporativa de grandes empresas uma vez que os stakeholders incluindo acionistas pleitearam condutas que colaborassem com a resolução de questões ambientais e sociais Dyllick Hockerts 2002 Nesse aspecto entendese que sustentabilidade empresarial é um agrupamento de atividades que envolvem a relação da empresa não só com economia mas com a questão ambiental e social ou seja as corporações não podem focar sua performance apenas na área econômica Cristófalo et al 2016 dado que segundo o tripé de Elkington 2001 as companhias devem buscar um equilíbrio desses três fatores social ambiental e econômica Principalmente pelo fato de proporcionar captação de recursos fi nanceiros menos onerosa maior vantagem competitiva e melhoria da imagem das empresas Garcia Orsato 2013 220 Adicionalmente ao aperfeiçoamento e aumento do valor da companhia a longo prazo pois de acordo com a Teoria dos Stakeholders esta valorização e preocupação ambiental vai ao encontro com os interesses de toda sociedade no qual ela se relaciona Freeman 1984 Jensen 2001 Com o passar do tempo essas questões sobre desenvolvimento sustentável acabaram infl uenciando o mercado de ações no tocante ao surgimento de índices de empresas que baseiam sua gestão no tripé de Elkington 2001 Inicialmente surge em Nova Iorque o Dow Jones Sustainability Index DJSI em seguida em Londres o FTSE4Good em Joanesburgo o JSE e posteriormente o Índice de Sustentabilidade Empresarial ISE na Bolsa de Valores de São Paulo B3 O ISE tem a característica de promover um ambiente aos investidores analisarem o estágio de desenvolvimento sustentável com as demandas da sociedade Guimarães et al 2017 É importante destacar para um bom desempenho sustentável a atuação do conselho de administração e dos executivos nos postulados da governança corporativa pois um bom conselho administrativo é capaz de direcionar esforços para formulação de estratégias empresariais e de infl uenciar as decisões da diretoria executiva Westphal Zajac 1995 principalmente táticas para sustentabilidade empresarial enquanto que os diretores tem o papel de executar através de mecanismos gerenciais as determinações deliberadas no conselho administrativo Com isso para que um conselho desenvolva efi cazmente seu trabalho e desempenhe suas funções há de se destacar a sua independência Segundo Santos 2002 a independência do colegiado é um fator bastante decisivo e que contribui para boas práticas de Governança Adicionalmente a isso para que uma companhia esteja inserida no mais alto nível de Governança da B3 Novo Mercado é exigido uma independência de no mínimo de 20 dos conselheiros Analisando do ponto de vista da sua composição conforme o IBGC 2015 é fundamental a diversidade de conhecimentos experiências comportamentos aspectos culturais faixa etária e de gênero dos membros do conselho Inclusive determina que os diretores estabeleçam políticas que proporcionem às mulheres igualdade de oportunidades a posições de alta liderança na organização Mas para isso a qualidade da formação nesse caso a diversidade de gênero desses órgãos colegiados é de suma importância para o desdobramento das estratégias de governança Nesta perspectiva estudos estrangeiros declaram que a mulher possui mais perspicácias e dedicação que os homens com os princípios de governança Adams Ferreira 2009 Rutherfor 2001 Analisando os impactos na área de sustentabilidade a presença feminina tanto no conselho quanto na diretoria trouxe resultados relevantes para a companhia corroborando com as necessidades dos stakeholders Bigginns 1999 e evidenciando uma preocupação maior no nível de transparência das ações da empresa em relação ao meio ambiente Chang Mcllkenny 2015 Então tendo em vista a composição do conselho de administração com a diversidade de membros e a presença da mulher na alta gestão no tocante aos esforços para alcançar Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 221 Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil uma responsabilidade socioambiental emerge a seguinte questão de pesquisa Qual a relação entre a participação feminina na alta gestão e a sustentabilidade empresarial Com base nessa perspectiva este estudo tem como objetivo geral investigar a relação entre a participação feminina na alta gestão e a sustentabilidade empresarial A partir dos constructos Sustentabilidade Empresarial e Governança Corporativa o presente trabalho pretende contribuir com uma análise da relação da participação feminina nos órgãos colegiados representada pela diversidade de gênero no Conselho de Administração e na Alta Gestão com a sustentabilidade empresarial à luz da Teoria dos Stakeholders Dyllick Hockrts 2002 Andres Vallelado 2008 Consequentemente fomentar no meio acadêmico uma discussão e avanço sobre esta temática tendo em vista poucas pesquisas nacionais sobre essa relação da participação feminina no conselho quanto na diretoria Para o mercado é notória a crescente discussão sobre a sustentabilidade empresarial e quais são os fatores que corroboram para essas práticas no ambiente corporativo Entender a infl uência da diversidade de gênero no conselho de administração e na diretoria executiva é fundamental para as empresas que buscam crescimento competitividade e continuidade tendo em vista o engajamento com os seus diversos stakeholders Destarte do ponto de visto prático a pesquisa busca analisar se as empresas sustentáveis no qual se esforçam para manter valor em longo prazo Jensen 2001 buscam o aperfeiçoamento de boas práticas de governança IBGC 2015 por meio da diversidade de gênero nos órgãos colegiados contribuindo assim para a longevidade dos negócios e maximização do retorno aos acionistas e investidores 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21 Teoria dos Stakeholders A economia de muitos países durante o século XX passou por signifi cativas mudanças principalmente infl uenciada pelo dinamismo do comércio internacional e pela expansão das transações fi nanceiras a nível global Consequentemente as companhias remodelaram sua estrutura de capital devido ao crescimento muito intenso de suas atividades Nesse novo cenário surgiram muitos debates sobre o tema governança corporativa no tocante a dispersão do capital ou seja a separação entre a propriedade e a gestão da empresa Mazzioni Cofsevicz Moura Macêdo Kruger 2017 e também a divergência entre os interesses dos sócios e gestores Mac Lennan Semensato Oliva 2014 propiciando um confl ito de agência Dessa forma o estudo de Jensen e Meckling 1976 foi o marco inicial para minimizar o problema de agência pois havia um desalinhamento entre os objetivos do gestor agente e principal acionista decorrente da separação entre a propriedade e controle Então compete à governança solucionar esses confl itos dentro das organizações e alinhar os interesses desses agentes envolvidos para maximizar o valor da empresa e propiciar um maior retorno aos acionistas Corrêa Silva Pinheiro Melo 2015 222 Segundo Cheffi ns 2012 não há uma defi nição histórica defi nitiva para o conceito de Governança Corporativa GC e provavelmente não haverá uma devido à amplitude do tema No entanto buscamse algumas defi nições no sentido de esclarecer e conduzir o entendimento sobre GC Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa IBGC 2015 a GC pode ser entendida como um sistema em que as companhias são dirigidas monitoradas e incentivadas no qual envolve os principais órgãos de governança proprietários conselho de administração diretoria e demais órgãos de controle interno Na mesma linha de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários CVM 2002 governança é um conjunto de práticas que tem por objetivo aperfeiçoar o desempenho de uma companhia visto que essas ações protegem todas as partes interessadas tais como investidores empregados e credores Conforme La Porta LopezdeSilanes Shleifer Vishny 2000 a GC se trata de um conjunto de procedimentos que protegem os investidores externos da desapropriação decorrente das decisões dos gestores e sócios controladores Corrêa et al 2015 confi rmam as declarações de La Porta et al 2000 de que a boa governança tem a fi nalidade de impedir que os acionistas controladores expropriem os interesses dos sócios minoritários Como pode ser observado os autores apresentados evidenciam e justifi cam a importância da governança corporativa Amarante Diretti Silva 2015 Nesse contexto esta tem o objetivo de auxiliar a gestão da organização e assegurar que os interesses dos acionistas e demais stakeholders estejam alinhados com as estratégias e práticas da companhia inclusive o processo de decisão da empresa Mac Lennan et al 2014 Nascimento Pessoa Santos Vasconcelos 2018 Para uma melhor elucidação a respeito do poderio da GC Rahim e Alam 2013 declaram que a governança está relacionada a um regimento de decisão de negócios como um método de direcionamento de mecanismos internos organizacionais mediante a implantação de conjunto de regras no qual envolve costumes políticas e leis que induz a maneira como uma organização é comandada A governança se vincula com a organização em temos de processos regras e práticas nos quais as companhias são dirigidas e controladas com o objetivo de manter a equanimidade dos que tem algum interesse com ela Huyghebaert Wang 2012 Dentre as maneiras de manter as estratégias empresariais alinhadas com os objetivos dos acionistas destacase o papel do conselho administrativo entre os órgãos de GC pois este possibilita o direcionamento dos esforços para formulação de estratégias empresariais e de infl uenciar as decisões da diretoria executiva inclusive minimizar os confl itos de agência e conduzindo os anseios dos stakeholders para os interesses corporativos Westphal Zajac 1995 John Senbet 1998 Adicionalmente os confl itos não se enquadram apenas entre os administradores e acionistas envolve um amplo grupo de agentes stakeholders funcionários credores consumidores governo e sociedade Corrêa et al 2015 Assim um dos desafi os do conselho além de mitigar aquele confl ito é defi nir quais grupos devem ser levados em consideração nas formulações de suas estratégias empresariais Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 223 A Teoria dos Stakeholders teve seu marco de surgimento através dos estudos de Freeman 1984 no qual o autor preceitua que stakeholders é qualquer indivíduo ou grupo que possa infl uenciar a obtenção dos objetivos organizacionais ou que é infl uenciado pelo processo de buscas destes objetivos Para Lima Lima Ferreira Mafra 2017 esta teoria está relacionada com a preocupação da responsabilidade social das organizações pois estas necessitam justifi car sua atuação diante das pressões sociais Para Bazanini Silva Bazanini Biff Mendes 2018 stakeholders são todos os indivíduos grupos ou empresas que tenham alguma ligação com uma organização Nesse caso podese compreender que atuação das companhias não é apenas para atender aos anseios dos shareholders no entanto aos de toda sociedade que de forma direta ou indireta são impactadas por suas ações Nascimento et al 2018 Porém além dos papéis dos conselheiros nos quais já foram mencionados outro ponto a ser analisado para que um conselho desenvolva efi cazmente seu trabalho e desempenhe suas funções é sua independência Segundo Santos 2002 a independência do colegiado é um fator bastante decisivo e que contribui para boas práticas de governança Segundo Moura Almeida e Vecchia 2017 a efi cácia de um conselho administrativo é caracterizada por apresentar participação expressiva de diretores independentes externos à companhia e que um conselho é caracterizado de baixa qualidade quando é constituído em sua grande maioria por membros internos ou então por diretores externos que tenham alguma relação com controladores e gestores e presidido pelo diretorpresidente da companhia Pois diferentes de membros interno e externos um conselho com membros independes exercem melhor o monitoramento e controle dos gestores oportunistas Alves 2014 e são menos arriscados de problemas com membros de auto interesse e que possam ser infl uenciados por controladores e gestores Moura et al 2017 O próprio IBGC 2015 reforça a atuação de um conselho independente quando declara que os conselheiros devem proceder de forma técnica com isenção tanto emocional quanto fi nanceira e sem infl uência por ter ligações pessoais ou profi ssionais internas E por fi m sobre a independência para que as organizações estejam enquadradas entre as companhias que adotam as melhores práticas de governança e inseridas no mais alto nível da B3 Novo Mercado é exigido uma independência de no mínimo de 20 dos membros que compõe o conselheiro administrativo Santos 2002 Mas para que uma organização alcance os objetivos dos acionistas e demais stakeholders inclusive a efetivação das melhores práticas de governança é necessária uma atuação da diretoria executiva conforme postulados do conselho de administração uma vez que o conselho emite recomendações e orientações para diretoria executiva e gestores de alto escalão e coopera com a formulação estratégica mas não de executar Lazzaretti Godoi 2012 A diretoria é o órgão que tem a responsabilidade pela gestão da companhia ou seja elaborar e implementar processos operacionais e fi nanceiros inclusive a gestão de risco Por meios de mecanismos gerencias a diretoria executa as estratégias e as diretrizes Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 224 deliberadas pelo conselho e o mais importante a condução dos negócios de acordo com as determinações legais e políticas internas que está subordinada IBGG 2015 Deste modo o conselho de administração e a diretoria que são objetos deste estudo são fundamentais para implantação das melhores práticas de GC e por conseguinte a concretização não só dos interesses dos shareholders mas de todos os stakeholders que em muitas circunstâncias são os maiores espectadores dos resultados das companhias 22 Sustentabilidade Empresarial A noção do conceito de sustentabilidade parte do âmbito econômico ao longo do século XX em virtude da percepção de que o modelo de produção e de consumo não teria a possibilidade de sustentar o crescimento econômico Aliado ao conceito de sustentabili dade o termo desenvolvimento econômico sustentável ganha corpo por conta da limitação dos recursos naturais caso seja mantido o padrão depredatório Nascimento 2012 Cristó folo et al 2016 Um dos grandes motivos da preocupação do desenvolvimento sustentável está relacionado com a ocorrência de chuvas radioativas decorrente de testes nucleares a milhares quilômetros de distância Nascimento 2012 Silva Gomes 2019 Então com o intuito de discutir métodos para conciliar desenvolvimento econômico com a preservação ambiental ou seja a implementação de um conceito sobre desenvol vimento sustentável a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente CMMAD lança em 1987 o documento Our Commom Future que de acordo com Cristófalo et al 2016 este docu mento contempla as necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras Nesse contexto as empresas cada vez mais estão revendo suas atividades e mo difi cando sua maneira de produzir ou seja as empresas estão afastandose da visão tradi cional somente fi nanceira e adotando uma visão de maior responsabilidade social empre sarial consubstanciando estratégias que levem em consideração não apenas desempenho econômico sobretudo políticas práticas e decisões que impactem nos campos sociais e ambientais Nascimento et al 2018 Inclusive o IBGC 2015 preceitua quatros princípios básicos de GC que permeiam a melhores práticas para as companhias no qual repercute no nível de confi ança dos sha reholders quantos dos stakeholders Esse princípio é a responsabilidade corporativa em que seus agentes no estabelecimento de estratégias de negócios devem levar em conside ração vários aspectos fi nanceiro humano social ambiental para minimizar efeitos com os agentes que mantém algum relacionamento com a companhia IBGC 2015 Com isso as organizações passam a ter uma responsabilidade não só com seus sharehoders mas com vários grupos empregados sindicatos governos fornecedores e demais stakeholders Para Cristófalo et al 2016 as expectativas e perspectivas destes tornamse essenciais e consequentemente materializamse em indicadores de desem penho organizacionais Guimarães Peixoto e Carvalho 2017 corroboram Cristófalo et al 2016 pois eles declaram que os gestores elaboram e implementam as estratégias tendo Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 225 em vista os anseios de seus stakeholders em substituição da maximização dos direitos de determinados grupos Então conforme argumentos desses autores percebese a necessidade de alinha mento das estratégias corporativas com questões socioambientais Coelho et al 2018 Dessa forma a GC é capaz de redirecionar esforços para a sustentabilidade empresarial e consequentemente atenderem a todos os interessados Nascimento et al 2018 dado que de acordo com Guimarães et al 2017 o empenho das companhias em se tornarem sustentáveis será inúteis caso a temática sustentabilidade não for inserida na formulação das estratégias das políticas e processos da organização Com o passar dos anos foi necessário avaliar nas principais economias globais além do desempenho econômicofi nanceiro o desempenho das organizações em termos de sustentabilidade empresarial uma vez que os mercados de ações e a sociedade não possuíam formas de avaliação para suas tomadas de decisões Com isso o mercado fi nanceiro resolveu implementar através de organizações fi nanceiras ratings fundos de investimentos e indicadores com o intuito de encontrar um equilíbrio que envolvesse três fatores econômico social e ambiental mais conhecido como tripé de Elkington 2001 Eidt Coltre 2018 Elkington 2001 Nascimento et al 2018 Concernente ao termo tripé de Elkington 2001 o mesmo faz menção ao Triple Bottom Line ou seja o tripé da sustentabilidade econômico social e ambiental Para Elkington 2001 a sustentabilidade empresarial envolve um conjunto de práticas econo micamente viáveis socialmente justas e ecologicamente corretas Adicionalmente Eidt e Coltre 2018 declaram que por meio do Triple Bottom Line os stakeholders são capazes de avaliar as companhias de forma conjunta as dimensões econômicas sociais e ambientais Assim as principais bolsas do mundo implantaram carteiras teóricas constituídas por empresas que aderissem uma gestão corporativa baseada no Triple Bottom Line Desta feita o mercado de ações teria carteiras com índices de empresas sustentáveis mais co nhecidos como índices de sustentabilidade Para Eidt e Coltre 2018 os índices de susten tabilidade representam uma métrica para avaliação de informações específi cas pertinentes as três dimensões do desenvolvimento sustentável econômico social e ambiental Nesse contexto essas questões sobre desenvolvimento sustentável acabaram in fl uenciando o mercado de ações no tocante ao surgimento de índices de empresas que baseiam sua gestão no tripé de Elkington 2001 O primeiro índice de sustentabilidade surgiu em 1999 em Nova Iorque o Dow Jones Sustainability Index DJSI em seguida dois anos mais tarde em Londres surge o FTSE4Good no qual derivou do índice Financial Times Stock Exchange FTSE da GrãBretanha Consequentemente a onda de índices de sustentabilidade se espalha e chega aos países emergentes Em 2004 surge na bolsa de Johanesburgo o Socially Responsible Index SRI Um ano mais tarde surge na Bolsa de valores Mercadorias e Futuros BMFBovespa o Índice de Sustentabilidade Empresa rial ISE o primeiro índice de sustentabilidade da América Latina Cristófalo et al 2016 Nascimento et al 2018 Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 226 De acordo com Sousa e Zucco 2016 a quantidade de indicadores passou de zero em 1980 para dois em 1990 aumentando para 10 em 1995 em seguida salta para 30 aproximadamente durante os anos de 2000 a 2001 Diante do que foi exposto o surgimento de índices de sustentabilidade representa um incentivo para adoção de melhores práticas de sustentabilidade empresarial Cristófalo et al 2016 Mas para isso a GC exerce um papel muito importante para o desempenho das organizações no tocante ao atendimento das três dimensões do tripé de Elkington Adicionalmente para que a organização possa alcançar os objetivos econômicos sociais e sustentáveis a mesma deve ter um conselho administrativo composto por diversidades culturais experiências e de gênero IBGC 2015 uma vez que vários estudos destacam a participação feminina nos órgãos de alta gestão e os benefícios para a organização e stakeholders relacionados às melhores práticas Nascimento et al 2018 Além disso cabe ressaltar que a sustentabilidade empresarial pode também ser visualizada sob a ótica da Teoria do Disclosure também conhecida como Teoria da Divulga ção a qual possui como principal objetivo explicar o fenômeno da divulgação das informa ções fi nanceiras que neste caso ocorre de forma voluntária Verrecchia 2001 Dye 2001 Tal evidenciação ajuda na redução de possíveis incompatibilidades de informação entre as empresas e seus stakeholders constituindo uma das bases para as boas práticas de GC Salotti Vamamoto 2005 23 Diversidade de gênero nos órgãos colegiados e estudos empíricos anteriores Historicamente a participação feminina nos órgãos de alta gestão não evoluiu da mesma forma que sua inserção no mercado de trabalho Vaccari Beuren 2017 A inser ção do público feminino ocorreu no início da industrialização Miranda Fonseca Cappelle Mafra Moreira 2013 Porém o trabalho ofertado era menos qualifi cado e consequente mente elas ocupavam posições de menor reputação Miranda et al 2013 Existem alguns desafi os em que as mulheres enfrentam a frente de funções execu tivas o primeiro está relacionado da sua condição de ser mulher caso tenha que escolher homem ou mulher para cargos de gestão e o segundo o próprio preconceito da mulher em assumir o cargo de gestora de uma organização Teston Filippim 2016 Vaccari Beu ren 2017 Segundo Miranda et al 2013 aduzem que a gerência de organizações por mu lheres transpassa por difi culdades que deriva da própria função gerencial e por questões relacionadas ao gênero O mesmo autor cita algumas difi culdades e a inevitável articulação que a fi gura feminina tem com vários papeis sociais dentre eles o papel de mãe esposa dona de casa gestora assimetria de poder o preconceito e o fenômeno teto de vidro Concernente a esse fenômeno teto de vidro glass ceiling em inglês o mesmo representa uma espécie de barreira em que as mulheres encontram dentro das organiza ções na progressão de carreira em virtude do gênero feminino Para Lazzaretti e Godoi 2012 o teto de vidro é constituído por barreiras intransponíveis de procedimentos estru Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 227 turas relações de poder crenças e costumes que impossibilitariam o acesso das mulheres a posições de direção Apesar de ser um obstáculo invisível Santos Tanure Carvalho Neto 2014 afi rmam que esse fato simboliza uma barreira sutil mas ao mesmo tempo é forte devido não ser tão evidente no entanto difi culta a progressão feminina aos cargos de direção das empresas Como pode observar através desses autores a presença feminina em órgãos de alta gestão é escasso face aos limitadores expostos pelos mesmos autores sobretudo o fenô meno teto de vidro Nesse contexto Carvalho Neto Tanure e Andrade 2010 constataram essa discrepância ao entrevistarem 965 executivos de empresas brasileiras e detectaram que somente 222 23 mulheres estão no cargo de executiva Dessa forma é possível visualizar a desproporção entre homens e mulheres aos cargos de alta gestão Madalozzo 2011 com o intuito de investigar a probabilidade de uma mulher ocupar algum dos cargos mais elevados de uma companhia CEO do inglês Chief Executive Offi cer ou traduzindo Diretor Executivo a autora analisou 370 empresas listadas na pesquisa Empresas no Brasil no qual foi realizado pela Sensus Pesquisa e Consultoria no ano de 2007 e a mesma constatou que apenas 855 têm como seu CEO uma mulher Lazzaretti e Godoi 2012 analisaram o percentual de mulheres ocupando o cargo de presidente ou vicepresidente do conselho de administração em uma amostra de 410 empresas listada na B3 no ano de 2011 As autoras identifi caram que apenas 22 mulheres 54 ocupavam alguns desses dois cargos E considerando apenas o cargo de presiden te existem apenas 09 mulheres o que equivale a 22 Com esta perspectiva a composição tanto de um conselho administrativo quanto da diretoria é essencial para adoção das melhores práticas de governança corporativa Nas cimento et al 2018 tendo em vista que uma das responsabilidades deste conselho é a orientação geral defi nição das estratégias e monitoramento dos planos de ação da organi zação IBGC 2015 Mas para isso há de ressaltar a composição do conselho pelo fato de propiciar um maior incremento no valor da organização e que os membros possam ter maior completi tude de habilidades e diferentes concepções na formulação das estratégias empresariais Nascimento et al 2018 Adicionalmente a esse ponto de vista para Lazzaretti e Godoi 2012 a diversidade na composição do conselho por raça etnia idade nacionalidade formação educacional e experiência profi ssional pode ampliar o volume dos negócios e o desempenho Para Silva Júnior e Martins 2017 a diversidade melhora a criatividade e inovação inclusive uma melhor resolutividade de problemas e ainda segundo estes mesmos autores essas carac terísticas na alta administração é capaz de uma melhor compreensão das complexidades do ambiente e decisões mais acertadas No entanto quanto ao quesito gênero a participação feminina é positiva para as companhias em virtude das características comportamentais do gênero feminino pois es sas características que são comunicação empatia aversão ao risco entre outras podem Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 228 infl uenciar de maneira positiva a performance do conselho administrativo Silva et al 2017 Para Nascimento et al 2018 eles declaram que um dos principais benefícios da partici pação feminina no conselho se for comparado aos homens é que elas são habilidosas em facilitar processo de tomada de decisão e conduzir o conselho a diferentes perspectivas Diante dos benefícios mencionados acima sobre a participação feminina nos car gos de alta gestão e consequentemente na implantação das melhores práticas de go vernança alguns estudos analisaram se a presença feminina impacta positivamente o desempenho fi nanceiro e organizacional bem como a responsabilidade social e susten tabilidade corporativa Galbreath 2011 analisando se existe uma correlação da participação feminina no conselho de administração com a temática sustentabilidade corporativa de uma amostra de 151 empresas australianas listadas na Australian Securities Exchange ASX no período de 2005 a 2007 constatou que existe uma correlação positiva entre a diversidade de gênero na composição do conselho de administração e condutas relacionadas com a sustentabili dade organizacional Boulouta 2012 analisou 126 empresas que estão listadas dentre o grupo de empre sas Standard and Poors SP500 no período de 05 anos 19992003 para investigar se e como um conselho de administração com mulheres afeta o desempenho social corporativo CSP A autora constatou que existe uma relação positiva entre a diversidade de gênero no conselho com a performance social da organização Khan e Vieito 2013 analisando os dados de 1992 a 2004 de companhias ameri canas com CEO feminino com o objetivo de verifi car se estas companhias têm o mesmo desempenho de empresas com CEO masculino Com os achados constataram que orga nizações com CEO feminino apresentaram melhor desempenho e menor nível de risco de empresas dirigidas por CEO masculino evidenciando que a participação feminina no CEO impacta no desempenho das organizações Massaini Cepelhos Kayo Oliva 2014 observando os dados de 202 empresas listadas na B3 no primeiro trimestre de 2014 para verifi carem se a participação feminina na alta administração tem relação com desempenho fi nanceiro os mesmos constataram por meio do q de Tobin que a representação feminina na alta administração tem um efeito positivo no desempenho fi nanceiro da empresa Glass e Cook 2017 analisando os dados de todas as empresas da Fortune 500 de 2001 a 2010 para identifi car se e como o gênero do CEO e a composição de gênero do conselho de administração impactam a prática empresarial nas áreas de governança de senvolvimento de produtos e equidade Os autores constataram que existe uma correlação positiva a práticas empresariais e patrimoniais mais fortes de empresas com CEOs ou com diretorias com diferentes gêneros GarcíaSánchez SuárezFernández MartínezFerrero 2018 analisando uma amostra internacional de 273 empresas durante os anos de 2006 a 2014 com o objetivo de examinar a relação de diversidade de gênero no conselho e a qualidade do relatório de Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 229 sustentabilidade no sentido de gerenciamento desses resultados os autores constataram que um conselho com representatividade feminina apresenta um risco de manipulação dos relatórios de sustentabilidade baixo Nascimento et al 2018 com o objetivo de investigar a correlação entre a participa ção feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial analisaram os dados de 319 empresas listadas na B3 referente ao exercício social de 2016 Os mesmos autores constataram que existe uma correlação positiva entre a participação feminina no conselho e a sustentabilidade Destarte com base na revisão de literatura e nos estudos emperícos anteriores a temá tica diversidade de gênero nos orgão colegiados tem sido explorada tanto por autores nacionais quanto internacionais sob diversas perspectivas no entanto há poucos estudos nacionais sobre diversidade de gênero no conselho administrativo e também na diretoria correlacionada a sus tentabilidade principalmente estudos nacionais que verifi que a relação da diversidade quanto ao gênero na alta gestão e os efeitos desta diversidade na sustentabilidade das organizações Com isso seguindose as evidências apresentadas na literatura e à luz da Teoria dos Stakeholders levantase as seguinte hipótese a ser testada H1 Há uma relação positiva entre a participação feminina e a sustentabilidade empresarial Nascimento et al 2018 3 METODOLOGIA A pesquisa realizada neste estudo que tem como objetivo analisar a relação entre a participação feminina na alta gestão e a sustentabilidade empresarial em companhias listadas na B3 SA é classifi cada quanto aos seguintes aspectos i pela forma de abordagem do pro blema ii de acordo com seus objetivos e iii com base nos procedimentos técnicos utilizados O presente estudo classifi case quanto aos objetivos como uma pesquisa descritiva por traçar caraterísticas de um grupo específi co de empresas e por instituir uma relação entre variáveis neste caso participação feminina e sustentabilidade empresarial Quanto à coleta de dados tratase de uma pesquisa documental tendo em vista que os dados se encontram no website da B3 e na base de dados Economática e consequentemente necessitam ser organizados para receberem o devido tratamento analítico Concernente a abordagem do problema caracterizase como quantitativa para uma abordagem empírico analítica Gil 2010 Martins Theóphilo 2009 A população da pesquisa engloba as 100 empresas listadas na B3 SA com maior valor de mercado de acordo com dados extraídos da base Economática A amostra fi nal resultou em 83 empresas Para a seleção da amostra fi nal foi necessário excluir as empre sas do setor fi nanceiro como bancos companhias de seguro e investimentos em virtude das demonstrações destas apresentarem em comparação com a das companhias não fi nanceiras uma estrutura diferenciada especialmente no que diz respeito à estrutura de endividamento que é uma das variáveis de controle utilizadas na presente pesquisa Nas cimento et al 2018 Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 230 Os dados utilizados foram coletados do Formulário de Referência no qual estão disponíveis no website da B3 além de informações contidas no Índice de Sustentabilidade Empresarial ISE e de dados fi nanceiros na base Economática O período analisado foi com base no exercício social de 2018 e os dados foram coletados em 2019 Primeiramente recorreuse à análise de conteúdo aplicada aos documentos das empre sas em especial ao Formulário de Referência de onde foram extraídos os dados de participação feminina demandados na análise Com a análise de conteúdo informações suplementares são fornecidas ao pesquisador que percorre as fases de préanálise seleção do material exploração do material documentos tratamento dos resultados inferência e interpretação Bardin 2011 A variável independente constituinte da participação feminina suas métricas a fonte de coleta de dados e a base teórica para cada uma delas estão explícitas no Quadro 1 Quadro 1 Variável independente participação feminina Fonte Elaborado pelos autores Com a fi nalidade de atender o objetivo estabelecido a amostra foi distribuída em dois grupos I empresas sustentáveis empresas que participam do ISE II empresas não sustentáveis empresas que não participam do ISE Com isso foi possível mensu rar quais empresas atendem ao critério de sustentabilidade pois o ISE é uma técnica de análise comparativa de desempenho de empresas que o compõe em relação as demais empresas listadas na B3 no tocante à efi ciência econômica equilíbrio ambiental justiça social e governança corporativa Cristófalo et al 2016 Guimarães et al 2017 ISE 2018 Para a operacionalização da variável dependente sustentabilidade empresarial o Quadro 2 evidencia sua métrica a fonte de coleta de dados e a base teórica Quadro 2 Variável dependente sustentabilidade empresarial Fonte Elaborado pelos autores Foram incrementadas algumas medidas de controle para neutralizar efeitos que tam bém podem impactar a análise São as seguintes variáveis Tamanho logaritmo natural do Ativo Total e Endividamento ExigívelPatrimônio Líquido obtidas a partir de dados coleta dos na base Economática Participação no Novo Mercado NM e Presença de Comitê de Sustentabilidade obtidas a partir do FR e Carteiras do Índice de Governança Corporativa Cardoso De Luca Gallon 2014 Guimarães et al 2017 Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 231 Com o objetivo de responder satisfatoriamente ao questionamento indagado sobre o problema desta pesquisa foi elaborado o tratamento quantitativo dos dados recorrendose das seguintes técnicas estatísticas i testes de estatística descritiva com indicação de mé dia desviopadrão mínimo e máximo a ii Análise de Correspondência Simples Anacor o teste de diferenças entre médias e a regressão logística Inicialmente utilizouse a estatística descritiva com a indicação de valores máximos e mínimos médias e desviospadrão Logo após procedeuse a aplicação da Anacor no intuito de identifi car associações entre as variáveis propostas Segundo Fávero Belfi ore Silva e Chan 2009 a Anacor exibe as associações entre determinado conjunto de va riáveis em um mapa perceptual no qual se permite o exame da visualização de qualquer padrão nos dados Para esse objetivo a variável participação feminina é caracterizada nos seguintes níveis I sem participação II baixa participação III média participação e IV alta participação A sustentabilidade empresarial é caracterizada em dois grupos I empre sas sustentáveis e II empresas não sustentáveis Ressaltese também a utilização do teste de diferenças entre médias de MannWhit ney a fi m de se verifi car a existência de diferenças signifi cativas estatisticamente das variáveis utilizadas entre o grupo de empresas sustentáveis e o de empresas não sustentáveis quanto às variáveis da pesquisa Foi utilizado o teste de MannWhitney pois os testes KolmogorovS mirnov e Shapiro Wilk apontaram que os dados não apresentavam distribuição normal Em seguida para se verifi car quais variáveis indicam maior probabilidade de as em presas serem mais sustentáveis utilizouse a regressão logística que consiste em uma fer ramenta de análise multivariada que tem por objetivo segregar grupos variável dependen te considerando os efeitos das variáveis independentes na discriminação dos casos ob servados Minussi Damacena Ness 2002 Segundo Dias e Corrar 2009 a regressão logística tem algumas particularidades que a distinguem dos demais modelos de regressão A principal é a dicotomia que possui a variável dependente exigindo que o resultado das análises se associe às categorias como aceitar ou rejeitar positivo ou negativo Destaque se ainda que os resultados da variável dependente devem possibilitar interpretações em termos de probabilidade e não apenas a classifi cação em categorias Dias Corrar 2009 Assim foi empregado nesta pesquisa o seguinte modelo Equação 1 logit SUST β0 β1PFCA β2PFDE β3TAM β4 END β5 GC β6 CS ε 1 Em que SUST Sustentabilidade empresarial participação no ISE PFCA Distribuição da participação feminina no CA PFDE Distribuição da participação feminina na DE TAM Tamanho END Endividamento GC Participação no Novo Mercado CS Presença de Comitê de Sustentabilidade e ε Termo de Erro Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 232 Os dados foram organizados através do Microsoft Offi ce Excel e as análises foram processadas com o auxílio dos pacotes estatísticos Statistic Package for Social Sciences SPSS versão 220 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Para o alcance do objetivo geral inicialmente na Tabela 1 mostrase a distribuição quantitativa das empresas por grupo especifi cando para cada um o número de empresas que possuem membro feminino na composição do conselho de administração e na diretoria executiva Tabela 1 Distribuição de empresas por abrangência de membro feminino Fonte Dados da pesquisa Conforme Tabela 1 das 83 empresas da amostra 52 possuem membro feminino no conselho de administração 6265 No Grupo 1 Empresas não sustentáveis destacase que das 63 empresas apenas 35 possuem membro feminino no conselho o correspon dente a 5555 Com relação às 20 empresas do Grupo 2 Empresas sustentáveis 17 possuem mulheres no conselho de administração o que corresponde a 85 Dessa forma os dados revelam que as empresas com participação feminina são as que mais possuem membros femininos no conselho de administração Ainda concernente da participação fe minina no CA os dados mais uma vez evidenciam a alta participação das mulheres no Conselho Administrativo inclusive evidencia o aumento da participação feminina pois Nas cimento et al 2018 ao analisar empresas brasileiras no exercício social de 2016 consta tou que o percentual foi de 417 de mulheres que faziam parte do CA contra 6265 nos dados desta pesquisa Entretanto na diretoria executiva os resultados demonstram que no Grupo 1 há 32 mulheres no quadro de diretoria executiva o correspondente a 5079 uma proporção semelhante ao CA No Grupo 2 existe apenas 9 mulheres no quadro de diretoria executiva representando 45 ao passo que o quantitativo de mulheres no CA foi bem maior Esse resultado concernente à participação feminina na diretoria executiva confi rma com os re sultados da Madalozzo 2011 onde a autora constatou no ano de 2007 que a participação da mulher no cargo de CEO ainda é muito baixa Nesse sentido observase que continua a desproporção entre homens e mulheres nos cargos de alta gestão das companhias Logo em seguida com vistas ao alcance do objetivo procedeuse a estatística des critiva das variáveis analisadas por grupo empresarial Participação Tamanho Endivida mento Governança Corporativa e Comitê de Sustentabilidade Tabela 2 Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 233 Tabela 2 Estatística descritiva das variáveis Fonte Dados da pesquisa Para a variável participação feminina no CA na Tabela 2 verifi case em média uma maior participação entre empresas sustentáveis 1637 Já a média de participação feminina no CA das empresas não sustentáveis foi de 1092 Observase em média a presença de maior tamanho entre as empresas sustentáveis 1761 Quanto à estrutura de capital também se percebe maior endividamento entre as empresas sustentáveis 1595 Quanto a participação nos níveis diferenciados de Governança Corporativa verifi case a maior média do grupo de empresas sustentáveis 095 E por fi m quanto a presença de Comitê de Sustentabilidade nas companhias constatase também uma maior média no grupo de empresas sustentáveis 030 Entretanto quando observada a participação feminina na diretoria executiva constatase uma maior média nas empresas não sustentáveis mesmo que pouco representativa sendo de 1021 contra 995 das empresas sustentáveis Este resultado ratifi ca os estudos de Galbreath 2011 pois o mesmo identifi cou que o aumento da diversidade de gênero nos conselhos das companhias estava positivamente associado tanto ao crescimento econômico quanto à responsabilidade social no entanto o mesmo faz uma ressalva que as mulheres nos conselhos tendem a encontrar alguma resistência nos processos de tomada de decisão que poderiam limitar sua infl uência sobre resultados sustentáveis pressuposto este que sinaliza certa incoerência quando se verifi ca uma maior participação feminina com a governança e a presença do comitê de sustentabilidade conforme Tabela 2 Diante dos resultados positivos encontrados através da estatística descritiva logo em seguida para verifi car a associação entre a participação feminina e a sustentabilidade empresarial foi empregue a técnica de Análise de Correspondência Anacor Para tanto foi necessário categorizar as variáveis da pesquisa Assim categorizouse a participação feminina em quatro classes i Sem participação ii Baixa participação iii Média participação e iv Alta participação Quanto à sustentabilidade categorizouse em dois grupos i Não Sustentáveis e ii Sustentáveis Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 234 Após a realização desse procedimento realizouse o teste de QuiQuadrado para inferir acerca da relação entre as variáveis utilizadas na pesquisa atestando a viabilidade de aplicação da Anacor A Tabela 3 apresenta os resultados do teste de QuiQuadrado rea lizado para a análise de correspondência entre as variáveis participação feminina no CA e na DE e a sustentabilidade empresarial Tabela 3 Teste Quiquadrado Signifi cante a 1 Fonte Dados da pesquisa Notase a partir da Tabela 3 que os resultados indicam signifi cância estatística a um nível inferior a 1 para a associação entre a participação feminina no CA e a sustentabili dade empresarial Desse modo há indícios que levam a rejeição da hipótese nula de inde pendência das variáveis indicando a viabilidade de execução da Anacor Entretanto para a associação entre participação feminina na DE e a sustentabilidade os dados demonstram que não há signifi cância e portanto não se deve realizar a Anacor para essa relação Des ta forma na Tabela 4 mostrase o cruzamento da quantidade de observações referentes à participação feminina no CA e à sustentabilidade empresarial Tabela 4 Tabela cruzada entre participação feminina no CA e sustentabilidade empresarial Fonte Dados da pesquisa 2019 Notase que das 20 empresas sustentáveis a maioria está concentrada aos grupos bai xa e média participação 7 e 6 respectivamente Já as não sustentáveis das 63 mais da me tade estão concentradas à sem e baixa participação 28 e 19 Com isso analisando os valores totais da Tabela 4 podese inferir novamente que existe uma baixa participação feminina nos cargos de alta gestão uma vez que a maior concentração ocorreu em empresas sem e baixa participação 31 e 26 respectivamente corroborando com os achados de Lazzaretti e Godoi 2012 e Nascimento et al 2018 Cabe ressaltar que embora tenha sido encontrada uma baixa participação feminina o grupo de empresas sustáveis foi a que apresentou uma maior partici pação 4 conforme será apresentado mais adiante no mapa perceptual Figura 1 A Anacor possibilita a verifi cação de similaridades e diferenças entre as categorias analisadas bem como a construção do mapa perceptual o qual propicia a visualização das Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 235 relações entre as duas características em análise Dessa forma apresentase na Figura 1 o resultado da análise de correspondência por meio do mapa perceptual entre a participa ção feminina no CA e a sustentabilidade empresarial Figura 1 Mapa perceptual da associação entre a participação feminina no CA e a sus tentabilidade empresarial Fonte Dados da pesquisa 2019 No mapa da Figura 1 verifi case que as empresas sustentáveis estão associa das àquelas que possuem alta participação por sua vez as não sustentáveis tiveram associação com o grupo sem participação E por fi m as empresas com baixa e média participação feminina não apontaram associação com a sustentabilidade empresarial e não sustentável Em linhas gerais os dados sugerem uma associação positiva entre a participação feminina no CA e a sustentabilidade empresarial Esse resultado está alinhado com os achados da literatura Boulouta 2012 Galbreath 2011 Nascimento et al 2018 ao passo que sinaliza uma relação positiva entre os constructos analisados Em seguida para analisar diferenças signifi cativas entre as variáveis das empresas sustentáveis e as das não sustentáveis aplicouse o teste entre médias para amostras independentes de MannWhitney Tabela 5 Através dos testes de KolmogorovSmirnov e ShapiroWilk certifi couse que quase nenhuma das variáveis apresentou distribuição nor mal já que o pvalor dos testes foi inferior a 005 justifi candose assim a utilização do teste não paramétrico Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 236 Tabela 5 Teste não paramétrico de MannWhitney el Nota Signifi cante a 1 Signifi cante a 5 Fonte Dados da pesquisa Com base nos resultados exibidos na Tabela 5 notase que há diferenças signifi cativas entre as empresas sustentáveis e as não sustentáveis quanto à variável participação feminina no conselho de administração Ou seja os resultados sugerem que nas empresas sustentáveis ocorre uma maior participação feminina no conselho de administração Diferentemente não se constatou diferenças signifi cativas para aa variável participação feminina na diretoria executiva Além disso os resultados também demonstram diferenças estatisticamente signifi cantes para as variáveis tamanho e endividamento Desse modo foi delineada a regressão logística com o intuito de se comprovar a hipótese geral de que há uma relação positiva entre participação feminina na alta gestão e a sustentabilidade empresarial nas companhias de capital aberto brasileiras Na Tabela 6 dispõemse os resultados da regressão provenientes da Equação 1 Tabela 6 Regressão logística Sustentabilidade Empresarial Nota Signifi cante a 1 Signifi cante a 5 Fonte Dados da pesquisa Ainda na Tabela 6 verifi case que o poder explicativo baseado no Pseudo R² do modelo 1 é considerado baixo e que o modelo é signifi cante ao nível de 1 Desse modo o modelo é válido possibilitando a inferência de resultados Observase que a participação feminina e o tamanho da empresa são as variáveis com maior probabilidade de exercer correlação com a sustentabilidade empresarial indica da pela signifi cância ao nível de 5 e 1 respectivamente Desta forma quanto maior o Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 237 número de mulheres no conselho de administração da empresa maior a sua probabilidade de ser sustentável já que a variável participação feminina apresentou correlação positiva com a variável sustentabilidade empresarial Destaquese também que quanto maior o tamanho da empresa maior a sua probabilidade de ser sustentável devido à identifi cação de correlação positiva entre o tamanho e a sustentabilidade empresarial Destarte advogase que a diversidade de gênero na composição do conselho pode infl uenciar em boas práticas de GC principalmente no tocante ao desempenho de boas práticas de sustentabilidade empresarial Galbreath 2011 afi rma que uma maior diversida de de gênero no conselho de administração sugere que as mulheres aumentariam a con fi ança dos investidores que esperam maior responsabilidade transparência e dever moral dos diretores das empresas Para Silva Júnior e Martins 2017 a diversidade melhora a criatividade e inovação melhora a resolutividade de problemas Ainda segundo os autores essas características na alta administração é capaz de uma melhor compreensão das complexidades do ambiente e decisões mais acertadas Nesta mesma linha na pesquisa de Nascimento et al 2018 constatouse que um dos principais benefícios da participação feminina no conselho é que elas são habilidosas em facilitar processo de tomada de decisão Nesta perspectiva a sustentabilidade de uma empresa é determinada em grande parte pela medida em que ela considera os interesses de suas comunidades envolvidas Galbreath 2011 Com isso podese considerar que a presença da mulher nos cargos de alta gestão contribui para o bemestar dos stakeholders envolvidos na empresa uma vez que as mulheres são mais orientadas para apoiar e manter relacionamentos do que os homens e se concentram mais nas necessidades dos outros do que em suas próprias necessidades confi rmando os prognósticos da Teoria dos Stakeholders Galbreath 2011 Nascimento et al 2018 Dessa forma os resultados obtidos no presente estudo aceitam a hipótese geral de que no contexto de companhias brasileiras listadas na B3 há uma relação positiva entre a participação feminina e a sustentabilidade empresarial 5 CONCLUSÕES O conselho de administração e a diretoria executiva desempenham papel fundamen tal no direcionamento e monitoramento da adoção de boas práticas de governança corpo rativa Conforme evidenciado no presente estudo os stakeholders incluído os acionistas requerem das companhias condutas mais responsáveis sobretudo responsabilidade so cioambiental Nesse sentido alguns estudos revelaram que a diversidade conhecimentos experiências comportamentos aspectos culturais faixa etária e de gênero nos cargos de alta gestão podem infl uenciar positivamente na performance fi nanceira organizacional social e sustentável das empresas Destarte sob a ótica da Teoria dos Stakeholders bus couse analisar a relação entre a participação feminina no conselho de administração e na Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 238 diretoria executiva e a sustentabilidade empresarial em 83 companhias listadas na B3 Com base na análise descritiva os resultados sinalizam que a participação feminina no conselho de administração está mais presente nas empresas sustentáveis enquanto ausência da participação feminina está associada ao grupo de empresas não sustentáveis Ainda por meio da análise descritiva verifi couse uma baixa participação feminina na dire toria executiva A Análise de Correspondência Simples demonstrou que há uma associação entre a participação feminina no conselho de administração e a sustentabilidade empresarial entretanto não foi encontrada associação entre a participação feminina na diretoria com a sustentabilidade empresarial O teste de diferenças entre médias revelou que há diferenças signifi cativas entre as empresas sustentáveis e as não sustentáveis no que tange à variável participação femi nina no conselho de administração o que foi ratifi cado mediante aplicação da regressão logística Destaquese que a participação feminina no CA e o tamanho da empresa são as variáveis com mais probabilidade de exercer essa correlação Dessa forma os resultados aceitam a hipótese geral haja vista que trazem implicações para a compreensão da par ticipação feminina na alta gestão organizacional e para a sustentabilidade empresarial no mercado de capitais brasileiro Portanto notase que o aperfeiçoamento de boas práticas de governança corporati va efetivase cada vez mais com a diversidade de gênero nos órgãos de alta gestão haja vista que estes órgãos sãos capazes pela propositura e formulação das estratégias e pla nos de ações das companhias E a presença da mulher nos respectivos órgãos possibilita a transparência e compromisso com resultados não só econômicos mas principalmente ético social e sustentável Outro ponto que a pesquisa evidenciou é de que os órgãos de alta gestão perma necem como rótulo masculino principalmente nos cargos de diretoria executiva Nesse sentido indicando que a desigualdade de gênero ainda é latente embora estudos nacio nais e estrangeiros apontem resultados positivos da atuação feminina nos postulados da governança corporativa Ou seja a participação feminina nos respectivos órgãos é uma segurança razoável de resultados efetivos que atendam as necessidades dos acionistas e stakeholders Entendese que o estudo da diversidade do conselho de administração e da susten tabilidade empresarial proporciona refl exões sobre a busca pelo valor a longo prazo per mitindo assim visualizar a Teoria dos Stakeholders a qual sustenta que as empresas para garantir valor a longo prazo necessitam conciliar os interesses dos diversos stakeholders Ressaltese portanto a importância da sustentabilidade empresarial como estratégia para a melhoria da imagem e reputação das empresas captação vantajosa de recursos e maior vantagem competitiva Ressaltese que a correlação entre os dois construtos participação feminina e sustentabilidade empresarial foi vista tanto sob o enfoque teórico quanto sob o empí Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 239 rico na medida em que ao se confrontar as empresas sustentáveis com as não susten táveis identifi caramse diferenças signifi cantes no tocante à participação feminina no CA revelandose assim que as sustentáveis têm maior probabilidade de incluir membro feminino no conselho No entanto levando em consideração algumas limitações como poucos estudos na cionais recomendase para futuras pesquisas um maior aprofundamento nos constructos governança corporativa e sustentabilidade empresarial e ampliação da amostra no tocante a participação feminina de todas as empresas brasileiras listadas na B3 tendo em vista que a presente pesquisa analisou apenas as 100 empresas com maior valor de mercado da bol sa de valores brasileira Além disso recomendase a possibilidade de análise comparativa entre empresas de países em desenvolvimento e empresas de nações desenvolvidas REFERÊNCIAS Adams B R Ferreira D 2009 Women in the boardroom and their impact on gover nance and 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457497 Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 242 Madalozzo R 2011 CEOs e Composição do Conselho de Administração a falta de iden tifi cação pode ser motivo para existência de teto de vidro para mulheres no Brasil Revista de Administração Contemporânea 151 126137 Mac Lennan M L F Semensato B I Oliva F L 2015 Responsabilidade Social Em presarial classifi cação das instituições de ensino superior em reativas ou estratégicas sob a ótica da governança corporativa REGERevista de Gestão 224 457472 Martins G A Theóphilo C N 2009 Metodologia da investigação científi ca para ciên cias sociais aplicadas São Paulo Atlas Massaini S A Cepelhos V M Kayo E K Oliva F L 2014 Análise da representação feminina na alta administração e sua relação com o desempenho fi nanceiro da empre sa In Seminários em Administração XVII SEMEAD São Paulo Brasil Mazzioni S Cofsevicz C M Moura G D Macêdo F F R R Kruger S D 2017 Infl uência da Governança Corporativa na Evidenciação Voluntária de Informações de Natureza Socioambiental Revista Organizações em Contexto 1326 311338 Miranda A R A Fonseca F P Cappelle M C A Mafra F L N Moreira L B 2013 O exercício da gerência universitária por docentes mulheres Revista Pretexto 141 106123 Moura G D Almeida I X Vecchia L A D 2018 Infl uência da Independência do Con selho de Administração no Gerenciamento de Resultados Contabilidade Gestão e Go vernança 203 370391 Minussi J A Damacena C Ness Jr W L 2002 Um modelo de previsão de solvência utilizando regressão logística Revista de Administração Contemporânea 63 109 128 DOI httpsdoiorg101590S141565552002000300007 Nascimento I C S Pessoa A F P Santos A R S Vasconcelos A C 2018 Par ticipação Feminina no Conselho de Administração e a Sustentabilidade Empresarial Encontro da ANPAD Curitiba Brasil Nascimento E 2012 Trajetória da sustentabilidade do ambiental ao social do social ao econômico Estudos Avançados 2674 5164 Organization for Economic CoOperation and Development 2004 OECD Principles of Corporate Governance Paris OECD Rahim M M Alam S 2013 Convergence of Corporate Social Responsibility and Cor porate Governance in Weak Economies The case of Bangladesh Journal of Business Ethics l 114 Rutherford S 2001 Any diff erence An analysis of gender and divisional management styles in a large airline Gender Work Organization 83 326345 Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira 243 Santos G Z 2002 Independência do Conselho de Administração e sua relação com o desempenho da empresa Dissertação de Mestrado Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Brasil Santos C M M Tanure B Carvalho Neto A M 2014 Mulheres executivas brasilei ras O teto de vidro em questão Revista Administração em Diálogo 163 5675 Salotti B Yamamoto M Ensaio sobre a teoria da divulgação 2005 Brazilian Business Review 21 5370 Sousa F S Zucco A 2016 Índice de sustentabilidade empresarial ISE e geração de valor para os investidores Revista Capital Científi coEletrônica 141 105122 Silva Gomes M L Silva Rebouças L Varela de Melo G C Monteiro da Silva M N dos Santos S M 2019 Evidenciação dos custos e investimentos ambientais das em presas do setor de químicos da B3 Amazônia Organizações e Sustentabilidade 81 161181 Silva Júnior C P Martins O S 2017 Mulheres no Conselho Afetam o Desempenho Financeiro Uma Análise da Representação Feminina nas Empresas Listadas na BM FBovespa Sociedade Contabilidade e Gestão 121 6276 Teston S F Filippim E S 2016 Perspectivas e desafi os da Preparação de sucesso res para empresas familiares Revista de Administração Contemporânea 205 Vaccari N A D Beuren I M 2017 Participação Feminina na Governança Corporativa de Empresas Familiares Listadas na BMFBovespa Revista Evidenciação Contábil Finanças 51 113131 Verrecchia R E Essays on disclosure Journal of accounting and economics 3213 97 180 2001 DOI httpsdoiorg101016S0165410101000258 Westphal J D Zajac E J 1995 Who shall govern CEOboard power demographic similarity and new director selection Administrative Science Quarterly 401 6083 Dados dos autores Ricardo Bezerra de Amorim ORCID httporcidorg0000000291161664 Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal Rural do SemiÁrido UFERSA Mossoró Rio Grande do Norte Brasil Email ricardobzamorimgmailcom Ítalo Carlos Soares do Nascimento ORCID httpsorcidorg000000028151696X Mestre em Administração e Controladoria Doutorando em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará PPACUFC Fortaleza Ceará Brasil Email italocarlos25gmailcom Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil 244 Geison Calyo Varela de Melo ORCID httpsorcidorg0000000285204605 Mestre em Administração e Controladoria Doutorando em Administração e Controladoria pela Universidade Federal do Ceará PPACUFC Fortaleza Ceará Brasil Email geisoncalyohotmailcom Caritsa Scartaty Moreira ORCID httpsorcidorg0000000312439216 Mestra em Ciências Contábeis Doutoranda em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Paraíba PPGCCUFPB João Pessoa Paraíba Brasil Email caritsascarlaty gmailcom Como citar este artigo Amorim R B Nascimento Í C S Melo G C V Moreira C S 2021 Participação Feminina na Alta Gestão e a Sustentabilidade Empresarial no Brasil AOS Amazônia Organizações e Sustentabilidade 102 httpdxdoiorg1017648aosv10i22076 Ricardo Bezerra de Amorim Ítalo Carlos Soares do Nascimento Geison Calyo Varela de Melo Caritsa Scartaty Moreira View publication stats