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1 INTRODUÇÃO A endometriose compreende uma patologia inflamatória crônica e benigna que afeta cerca de 10 de mulheres entre a menarca e a menopausa no decorrer do período reprodutivo Adilbayeva Kunz 2024 Tem como característica a presença e acúmulo de tecido endometrial incluindo glândulas e estromas fora da cavidade uterina ocorrendo a indução da inflação crônica Yela et al 2023 Os órgãos lesionados frequentemente pela presença de focos endometriais são os ovários trompas uterinas e o peritônio em que reveste a cavidade pélvica Adilbayeva Kunz 2024 Entretanto os endometriomas pode comprometer também o intestino delgado e grosso sistema excretor e em casos raros podem afetarem estruturas distantes como o pericárdio pulmões e o sistema nervoso central Tsamantioti Mahdy 2023 A endometriose é classificada em três subtipos que são essenciais varia de acordo com a profundidade da infiltração das lesões e a localização podendo ser superficial ovariana e profunda A superficial é descrita por leões isoladas localizadas na superfície do peritônio sendo a principal manifestação da doença Imperiale et al 2023 A endometriose ovariana se manifesta por meio da formação de cistos denominados endometriomas resultante do tecido ectópico nos ovários constantemente associados à infertilidade A forma profunda da endometriose acontece quando os implantes endometrióticos adentram mais de 5mm abaixo da superfície peritonial afetado órgãos como a bexiga intestino e ligamentos pélvicos Imperiale et al 2023 Barnard et al 2024 As manifestações clínicas frequentes compreendem dor pélvica crônica acentuada dismenorreia intensa dor vulvovaginal comprometimento da fertilidade alterações intestinais e dor durante a relação sexual Ressaltase que a gravidade dos sintomas não apresenta relação direta com o grau de acometimento da enfermidade sendo possível a ausência de sintomas Allaire et al 2023 De acordo com a Organização Mundial de Saúde OMS a endometriose afeta aproximadamente 180 milhões de mulheres em todo o mundo sendo estimado cerca de 7 milhões no Brasil ou seja 1 a cada 10 mulheres em idade reprodutiva sofrem com essa patologia GOV 2023 Entre janeiro de 2012 a outubro de 2023 foram registrados 66775 diagnósticos A faixa etária mais recorrente é de mulheres entre 40 a 49 anos pois normalmente a endometriose possui diagnóstico tardio Cardoso et al 2024 3 DESENVOLVIMENTO 31 Relato de caso 32 Revisão Bibliográfica 321 Etiologia da endometriose A etiologia da endometriose não é completamente estabelecida pois acreditase que a doença tenha múltiplos fatores envolvidos em sua origem Entre as hipóteses mais aceitas se destaca a teoria da menstruação retrógrada proposta por Sampson que sugere que células do endométrio retornam retrogradamente pelas tubas uterinas e se implantam em locais fora do útero contribuindo para o desenvolvimento das lesões endometrióticas Cousins et al 2023 Embora a menstruação retrógrada ocorra em muitas mulheres apenas uma pequena porcentagem desenvolve endometriose sugerindo a existência de fatores adicionais que predispõem certas mulheres à doença Alterações na imunidade como a incapacidade do sistema imunológico de reconhecer e destruir o tecido endometrial ectópico têm sido implicadas na patogênese da endometriose Correia 2024 Fatores ambientais e ocupacionais também contribuem na etiologia da endometriose ao elevar o risco de desenvolvimento A exposição a substâncias químicas poluentes pode provocar a alterações celulares que favorece a formação das lesões endometriais evidenciando a origem multifatorial da patologia Caporossi et al 2021 322 Fisiopatologia A endometriose é caracterizada por implantes endometrióticos fora da cavidade uterina influenciada por fatores hormonais imunológicos e neurológicos Saunders et al 2021 O tecido heterotópico demonstra resistência à progesterona o que reduz a ação inibitória desse hormônio permitindo seu crescimento e manutenção Ademais as lesões produzem estrogênio localmente induzindo a persistência da doença Taylor et al 2021 A produção aumentada de estrogênio mantém a proliferação celular a inflamação local e a sobrevivência das lesões ectópicas As lesões apresentam desbalanço nos receptores de estrogênio com maior expressão de ERß nas células estromais em relação ao endométrio eutopico favorecendo a proliferação e reduzindo a apoptose equando a expressão de ERα é menor modificando a regulação do ciclo celular e a resposta tecidual A atividade elevada das aromatases contribui para a produção local de estrogênio permitinfo que as células mantenham um microambiente hormonal favorável de forma autônoma Alterações epigenéticas com modificações na metilação do DNA participam da manutenção desse padrão de expressão dos receptores e da atividade estrogênica aumentada Chantalat et al 2020 A existência desse tecido fora do útero estimula uma resposta inflamatória crônica impulsionando as células do sistema imunológico que liberam mediadores inflamatórios desenvolvendo angiogênese e algia Saunders et al 2021 Taylor et al 2021 A relação entre o sistema nervoso e imunológico contribui para um estado doloroso crônico e progressão da endometriose Saunders et al 2021 A resposta imunológica sofre alterações que viabilizam a existência do tecido ectópico pois células como macrófagos e células natural killer NK exibem função comprometida na eliminação dessas lesões Symons et al 2018 Os macrófagos dispõem um papel importante na manutenção e crescimento das lesões O recrutamento contínuo de monócitos e a alteração da composição dos macrófagos peritoneais alimentam a progressão da doença Macrófagos derivados do endométrio e monócitos promovem o crescimento das lesões enquanto a substituição dos macrófagos residentes por monócitos limita a formação das lesões A atenuação dos macrófagos endometriais diminui o tamanho das lesões apontando que a origem dessas células estimula a inflamação local Hogg et al 2021 Os receptores tolllike TLRs colaboram para a resposta inflamatória crônica pois identificam sinais de perigo e ativam vias que aumentam a produção de citocinas inflamatórias No tecido distópico a expressão alterada desses receptores propicia a conservação da inflamação e contribui para a permanência do tecido fora do útero Azevedo et al 2021 O estado inflamatório contínuo aciona vias que aumentam a produção de citocinas e promovem a formação de novos vasos sanguíneos e remodelação tecidual mantendo o crescimento das lesões Symons et al 2018 A ativação frequente da resposta imune modifica o microambiente local favorecendo a progressão da doença Figura 2 Azevedo et al 2021 Portanto a fisiopatologia da endometriose abrange resistência hormonal combinada à resposta imunológica alterada juntamente com a inflamação crônica alterações vasculares e nervosas permanece com a doença ativa e em evolução Saunders et al 2021 Taylor et al 2021 323 Diagnóstico O reconhecimento da endometriose envolve uma abordagem complexa que une avaliação clínica exames de imagem e em certas situações um procedimento cirúrgico A anamnese detalhada e o exame físico são fases iniciais importantes mas não bastam para assegurar a existência da doença Chen et al 2025 O método de imagem predominantemente utilizado em um primeiro momento é a ultrassonografia transvaginal dada sua facilidade de acesso e capacidade efetiva de identificar endometriomas e lesões mais profundas Em contrapartida a ressonância magnética fornece imagens mais pormenorizadas revelandose notavelmente útil na identificação de lesões situadas em áreas de difícil visualização ou em casos de suspeita de endometriose profunda com caráter infiltrativo Chauhan et al 2022 A paciente realizou diversos exames de imagem dentre eles uma ressonância magnética em 2019 após algumas cirurgias realizadas de endometriose O marcador tumoral CA125 serve como um complemento aos exames não invasivos para diagnosticar a endometriose Ele tem maior sensibilidade em estágios avançados da doença mas é limitado nas fases iniciais Por isso o CA125 pode ser usado para rastrear pessoas com chance de ter a doença em um estágio mais desenvolvido mas não é o bastante para descartar o diagnóstico em casos iniciais ou com poucos sintomas Hirsch et al 2016 Como foi relatado pela paciente o CA125 foi realizado com resultado alterado Figura 3 Apesar dos avanços nos métodos de imagem a laparoscopia permanece como o procedimento definitivo utilizado para a confirmação do diagnóstico da endometriose Figura x por possibilitar a observação direta das lesões e a coleta de material para análise histopatológica Chen et al 2025 No entanto por ser um procedimento invasivo a laparoscopia só deve ser indicada com base em critérios clínicos claros Ela é geralmente utilizada quando os sintomas persistem ou quando os exames menos invasivos não trazem resultados definitivos Edi Cheng 2022 Contudo diagnosticar a endometriose exige uma combinação de avaliação clínica exames de imagem e se necessário a laparoscopia Marcadores como o CA125 ainda têm um papel limitado nesse processo É fundamental encontrar formas de diagnóstico menos invasivas e mais precisas para identificar a doença cedo Isso permite um tratamento mais eficaz e melhora o acompanhamento dos casos Chen et al 2025 Chauhan et al 2022 Hirsch et al 2016 324 Tratamento medicamentoso A endometriose é uma doença crônica e sem cura sendo necessário que o tratamento seja individualizado considerando os sintomas idade e desejo de gestação da paciente As terapias hormonais estão entre as principais opções terapêuticas e têm como objetivo bloquear a menstruação promovendo um estado hipoestrogênico semelhante à menopausa Zondervan et al 2020 Kalaitzopoulos et al 2021 Os fármacos mais comumente utilizados incluem progestinas agonistas e antagonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas GnRH contraceptivos orais combinados e antiinflamatórios não esteroidais AINEs Bedaiwy et al 2017 As progestinas atuam suprimindo o eixo hipotálamohipófiseovário reduzindo os níveis de FSH e LH e promovendo anovulação além disso exercem efeito hipoestrogênico que inibe angiogênese modula a resposta inflamatória e induz apoptose em células endometrióticas contribuindo para o controle da doença Mitchell et al 2022 Os agonistas de GnRH por sua vez causam inicialmente uma estimulação dos receptores hipofisários com aumento transitório de LH e FSH mas seu uso contínuo leva à dessensibilização e consequente supressão da produção de estrogênio favorecendo a regressão das lesões Luna Russo et al 2020 Os antagonistas de GnRH agem de forma distinta bloqueando diretamente os receptores hipofisários o que promove uma queda imediata dos níveis de gonadotrofinas e estrogênio sem causar o pico inicial típico dos agonistas Donnez et al 2020 Os contraceptivos orais combinados são eficazes para reduzir a dor pélvica e a dismenorreia além de impedir o crescimento de lesões endometrióticas Brown et al 2018 Já os AINEs são amplamente prescritos para o alívio sintomático da dor e da inflamação associadas à endometriose Zondervan et al 2018 325 Infertilidade A Organização Mundial da Saúde OMS define a infertilidade como a impossibilidade de conceber após um ano ou mais de relações sexuais regulares e desprotegidas Essa condição se subdivide em dois tipos primária quando nunca houve uma gravidez e secundária quando uma gestação anterior ocorreu independentemente do seu resultado Entre as causas femininas da infertilidade sobressaem os distúrbios de ovulação como a síndrome dos ovários policísticos alterações hormonais como hipotireoidismo e hiperprolactinemia e problemas estruturais incluindo obstruções nas tubas uterinas decorrentes de infecções além de patologias uterinas como miomas e endometriose Organização Mundial da Saúde 2024 Fatores ligados ao estilo de vida como obesidade ingestão de álcool e tabagismo também podem impactar negativamente a fertilidade A infertilidade é reconhecida como uma condição que afeta o sistema reprodutivo comprometendo não apenas a saúde física mas também o equilíbrio emocional e social de milhões de indivíduos globalmente Estimase que uma em cada seis pessoas em idade fértil enfrentará essa adversidade em algum momento da vida Organização Mundial da Saúde 2024 A endometriose compromete a fertilidade devido a processos inflamatórios e modificações anatômicas incluindo aderências e alterações na arquitetura pélvica que dificultam a fertilização e a fixação do embrião Van Gestel et al 2024 Além disso a inflamação crônica e as disfunções hormonais relacionadas impactam a qualidade dos ovócitos a capacidade de receptividade do endométrio e a própria estrutura reprodutiva Isso dificulta a ovulação a fertilização e a fixação do embrião tornando essencial uma conduta personalizada em razão da ampla gama de manifestações clínicas que as pacientes podem apresentar Bonavina Taylor 2022 A inflamação causada pelas lesões compromete também o desenvolvimento folicular e a receptividade endometrial dificultando a concepção e reforçando a necessidade de compreender esses mecanismos para aprimorar as estratégias diagnósticas e terapêuticas Rathod et al 2024 Alterações no endométrio incluindo inflamação crônica e desequilíbrios hormonais prejudicam a expressão gênica necessária para a implantação embrionária reduzindo a janela de receptividade do útero e contribuindo para a infertilidade em mulheres com endometriose Racca et al 2024 A retirada cirúrgica das lesões por laparoscopia pode reduzir a inflamação e elevar as chances de gestação tanto natural quanto por meio de técnicas de reprodução assistida Isso acontece porque o procedimento restaura a anatomia pélvica e atenua os impactos inflamatórios Essa intervenção é aconselhada para casos mais profundos embora sejam precisos mais estudos para definir o momento e o protocolo mais adequados para a cirurgia Hamilton et al 2023 No entanto é crucial considerar que a cirurgia pode afetar a reserva ovariana Por isso a fertilização in vitro surge como uma alternativa praticável principalmente para pacientes com obstrução nas tubas uterinas ou que não obtiveram sucesso com tratamentos prévios A decisão entre cirurgia e fertilização dependerá da idade da paciente da severidade da doença e do seu histórico clínico Sokteang et al 2024 A fertilização in vitro FIV é uma opção de tratamento bastante eficaz para mulheres com endometriose que enfrentam dificuldades para engravidar Estudos mostram que as taxas de sucesso da FIV em mulheres com essa condição geralmente são semelhantes às de quem não tem endometriose especialmente quando a reserva ovariana ainda está preservada Benlioglu et al 2025 No entanto a presença de endometriomas e cirurgias laparoscópicas podem afetar essa reserva reduzindo o número de óvulos disponíveis para o procedimento La Marca et al 2025 Por isso para mulheres jovens ou que precisarem passar por várias cirurgias nos ovários a preservação da fertilidade como a criopreservação de óvulos pode ser uma boa alternativa Além disso escolher o melhor momento para fazer a FIV depende de fatores como a idade da paciente a gravidade da endometriose e a condição dos ovários sempre com acompanhamento de um especialista Para aumentar as chances de sucesso é importante avaliar cuidadosamente todas essas variáveis antes de decidir o momento ideal para realizar o procedimento Benlioglu et al 2025 REFERÊNCIAS ADILBAYEVA A KUNZ J Pathogenesis of endometriosis and endometriosis associated cancers International journal of molecular sciences v 25 n 14 p 7624 2024 ALLAIRE C BEDAIWY M A YONG P J Diagnosis and management of endometriosis Canadian Medical Association Journal v 195 n 10 p E363 E371 14 mar 2023 BARNARD M E et al Endometriosis typology and ovarian cancer risk JAMA the journal of the American Medical Association v 332 n 6 p 482489 2024 BEDAIWY M A et al Medical management of endometriosis in patients with chronic pelvic pain Seminars in reproductive medicine v 35 n 1 p 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nervoso central Tsamantioti Mahdy 2023 A doença é classificada em três formas principais variando de acordo com a profundidade de infiltrações de lesões e sua localização que podem ser superficial ovariana e profunda A endometriose superficial corresponde a lesões localizadas na superfície do peritônio sendo a manifestação mais comum A variante ovariana é caracterizada pela formação de endometriomas frequentemente associados à infertilidade Já a endometriose profunda envolve infiltrações superiores a 5 mm abaixo do peritônio podendo comprometer órgãos como bexiga intestino e ligamentos pélvicos Imperiale et al 2023 Barnard et al 2024 A endometriose é difícil de diagnosticar devido ao quadro clínico apresenta grande variabilidade Os sintomas mais comuns incluem dor pélvica crônica dismenorreia intensa dor durante a relação sexual disfunções intestinais e infertilidade É necessário ressaltar que a intensidade dos sintomas não se relaciona diretamente à extensão da doença havendo casos assintomáticos Allaire Bedaiwy Yong 2023 Dados da Organização Mundial da Saúde OMS estimam que cerca de 180 milhões de mulheres em todo o mundo convivam com a endometriose No Brasil cerca de 7 milhões de mulheres no Brasil em idade fértil sofrem com a condição ou seja uma em cada dez GOV 2023 Entre 2012 e 2023 foram registrados mais de 66 mil casos no país sendo a faixa etária de 40 a 49 anos a mais diagnosticada o que evidencia a ocorrência frequente de diagnósticos tardios Cardoso et al 2024 3 DESENVOLVIMENTO 31 Relato de caso 32 Revisão Bibliográfica 321 Etiologia da endometriose A etiologia da endometriose é complexa e multifatorial não havendo consenso absoluto sobre sua etiologia A teoria mais aceita é a da menstruação retrógrada proposta por Sampson segundo a qual as células endometriais retornam pelas tubas uterinas e implantamse em sítios ectópicos favorecendo o surgimento das lesões Cousins et al 2023 Todavia como a menstruação retrógrada ocorre em grande parte das mulheres mas apenas algumas desenvolvem a doença entendese que outros fatores contribuem para sua instalação Alterações imunológicas que reduzem a capacidade de eliminação do tecido ectópico são consideradas mecanismos relevantes Correia 2024 Além disso a exposição a poluentes e agentes ambientais também tem sido associada ao aumento da suscetibilidade uma vez que pode induzir modificações celulares que favorecem a progressão da doença Caporossi et al 2021 322 Fisiopatologia A endometriose caracterizase pela presença de implantes endometrióticos fora da cavidade uterina cuja manutenção está associada a fatores hormonais imunológicos e neurológicos Saunders et al 2021 O tecido ectópico apresenta resistência à ação da progesterona reduzindo o efeito inibitório desse hormônio e favorecendo o crescimento e a persistência das lesões Além disso essas lesões possuem capacidade de produzir estrogênio localmente o que perpetua a atividade proliferativa e inflamatória da doença Taylor et al 2021 O excesso de estrogênio estimula a sobrevivência celular a angiogênese e o processo inflamatório ao mesmo tempo em que a desregulação dos receptores hormonais contribui para esse cenário há maior expressão de ERß nas células estromais em comparação ao endométrio eutópico estimulando a proliferação e inibindo a apoptose enquanto a expressão reduzida de ERα altera o ciclo celular e a resposta tecidual A elevada atividade das aromatases intensifica a produção local de estrogênio criando um microambiente hormonal autônomo Ademais alterações epigenéticas como modificações na metilação do DNA participam da manutenção desse perfil de expressão e da atividade estrogênica exacerbada Chantalat et al 2020 A presença desse tecido ectópico desencadeia uma resposta inflamatória crônica marcada pela ativação de células imunes e pela liberação de mediadores inflamatórios que favorecem a angiogênese e a dor Saunders et al 2021 Taylor et al 2021 A interação entre os sistemas imunológico e nervoso desempenha papel fundamental na cronificação da dor e na progressão da endometriose Saunders et al 2021 Nesse contexto observa se também disfunção imunológica com macrófagos e células natural killer NK apresentando atividade comprometida na eliminação das lesões ectópicas Symons et al 2018 Os macrófagos em especial exercem função central na manutenção e crescimento das lesões O recrutamento contínuo de monócitos e a modificação do perfil dos macrófagos peritoneais favorecem a progressão da doença Macrófagos derivados do endométrio e monócitos estimulam o desenvolvimento das lesões enquanto a substituição dos macrófagos residentes por monócitos limita sua formação Evidências indicam que a redução de macrófagos endometriais diminui o tamanho das lesões sugerindo que sua origem contribui para a inflamação local Hogg et al 2021 Outro mecanismo associado envolve os receptores tolllike TLRs que detectam sinais de perigo e ativam cascatas responsáveis pelo aumento da produção de citocinas inflamatórias No tecido ectópico a expressão alterada dos TLRs reforça a inflamação crônica e auxilia na permanência do tecido fora do útero Azevedo et al 2021 Esse estado inflamatório persistente estimula vias relacionadas à produção de citocinas neovascularização e remodelação tecidual fatores que asseguram a progressão da doença Symons et al 2018 Dessa forma a fisiopatologia da endometriose é sustentada por um conjunto de mecanismos interdependentes envolvendo resistência hormonal alterações imunológicas inflamação crônica remodelação vascular e modificações neuronais que em conjunto mantêm a doença em atividade Saunders et al 2021 Taylor et al 2021 323 Diagnóstico O diagnóstico da endometriose exige uma abordagem multifatorial que combina dados clínicos métodos de imagem e em situações específicas procedimentos cirúrgicos A anamnese minuciosa e o exame físico inicial são etapas indispensáveis pois permitem levantar hipóteses diagnósticas e direcionar os exames complementares Entretanto essas etapas isoladamente não são suficientes para confirmar a presença da doença já que os sintomas podem se sobrepor a outras condições ginecológicas e gastrointestinais Chen et al 2025 Entre os exames de imagem a ultrassonografia transvaginal é considerada a primeira linha de investigação Tratase de um método amplamente acessível de baixo custo e com boa sensibilidade para detectar endometriomas e nódulos de endometriose profunda No entanto sua acurácia depende da experiência do examinador A ressonância magnética por sua vez oferece maior detalhamento anatômico sendo mais indicada em casos de suspeita de lesões infiltrativas em regiões de difícil visualização ou para o planejamento cirúrgico quando já há confirmação clínica da doença No caso da paciente relatada a realização de ressonância magnética em 2019 após procedimentos cirúrgicos prévios possibilitou avaliar a extensão das recidivas Chauhan et al 2022 O marcador tumoral CA125 é frequentemente utilizado como exame complementar especialmente em protocolos de rastreio e monitoramento Ele apresenta maior sensibilidade em estágios avançados da endometriose em que há comprometimento extenso do tecido pélvico Contudo apresenta baixa especificidade pois pode estar elevado em outras condições como miomas doença inflamatória pélvica e até em processos fisiológicos como a menstruação Dessa forma seu uso isolado não é recomendado para diagnóstico precoce Ainda assim valores aumentados de CA125 podem reforçar a suspeita clínica como ocorreu na paciente estudada cujo exame evidenciou alterações significativas Hirsch et al 2016 Apesar do avanço nas técnicas de imagem e do uso de biomarcadores a laparoscopia diagnóstica continua sendo considerada o padrãoouro para confirmação da endometriose Esse procedimento permite a inspeção direta da cavidade pélvica a identificação precisa das lesões e a coleta de biópsias para análise histopatológica garantindo a confirmação definitiva da doença Contudo por se tratar de um método invasivo a indicação deve ser criteriosa sendo geralmente reservada para situações em que os sintomas persistem há falha terapêutica ou os exames de imagem não fornecem informações conclusivas Seu uso deve portanto equilibrar riscos e benefícios para a paciente Chen et al 2025 Edi Cheng 2022 Resumindo a acurácia diagnóstica da endometriose depende da integração entre dados clínicos exames de imagem e quando necessário métodos invasivos como a laparoscopia Embora o CA125 e outras ferramentas de rastreamento tenham utilidade complementar ainda carecem de maior sensibilidade nos estágios iniciais da doença Por isso a busca por métodos menos invasivos e mais específicos representa um desafio atual cujo objetivo é favorecer o diagnóstico precoce otimizar o manejo clínico e reduzir os impactos funcionais e reprodutivos da endometriose Chen et al 2025 Chauhan et al 2022 Hirsch et al 2016 324 Tratamento medicamentoso A endometriose é uma doença crônica e sem cura sendo necessário que o tratamento seja individualizado considerando os sintomas idade e desejo de gestação da paciente As terapias hormonais estão entre as principais opções terapêuticas e têm como objetivo bloquear a menstruação promovendo um estado hipoestrogênico semelhante à menopausa Zondervan et al 2020 Kalaitzopoulos et al 2021 Os fármacos mais comumente utilizados incluem progestinas agonistas e antagonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas GnRH contraceptivos orais combinados e antiinflamatórios não esteroidais AINEs Bedaiwy et al 2017 As progestinas atuam suprimindo o eixo hipotálamohipófiseovário reduzindo os níveis de FSH e LH e promovendo anovulação além disso exercem efeito hipoestrogênico que inibe angiogênese modula a resposta inflamatória e induz apoptose em células endometrióticas contribuindo para o controle da doença Mitchell et al 2022 Os agonistas de GnRH por sua vez causam inicialmente uma estimulação dos receptores hipofisários com aumento transitório de LH e FSH mas seu uso contínuo leva à dessensibilização e consequente supressão da produção de estrogênio favorecendo a regressão das lesões Luna Russo et al 2020 Os antagonistas de GnRH agem de forma distinta bloqueando diretamente os receptores hipofisários o que promove uma queda imediata dos níveis de gonadotrofinas e estrogênio sem causar o pico inicial típico dos agonistas Donnez et al 2020 Os contraceptivos orais combinados são eficazes para reduzir a dor pélvica e a dismenorreia além de impedir o crescimento de lesões endometrióticas Brown et al 2018 Já os AINEs são amplamente prescritos para o alívio sintomático da dor e da inflamação associadas à endometriose Zondervan et al 2018 325 Infertilidade A endometriose é uma enfermidade crônica e de caráter incurável exigindo que a conduta terapêutica seja individualizada conforme a gravidade dos sintomas a idade da paciente e seu desejo reprodutivo As abordagens hormonais representam a base do tratamento com o objetivo de induzir um estado hipoestrogênico semelhante à menopausa suprimindo a menstruação e consequentemente o desenvolvimento das lesões Zondervan et al 2020 Kalaitzopoulos et al 2021 Entre as opções disponíveis destacamse as progestinas os agonistas e antagonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas GnRH os contraceptivos orais combinados e os antiinflamatórios não esteroidais AINEs frequentemente utilizados em associação ou de maneira sequencial a depender da resposta clínica Bedaiwy et al 2017 As progestinas agem suprimindo o eixo hipotálamohipófiseovário com redução nos níveis de FSH e LH e consequente anovulação Além disso exercem efeito antiproliferativo por meio da diminuição da angiogênese da modulação de mediadores inflamatórios e da indução de apoptose em células endometrióticas favorecendo o controle da progressão da doença Mitchell et al 2022 Enquanto os agonistas de GnRH embora inicialmente provoquem um aumento transitório de gonadotrofinas devido à estimulação hipofisária levam à dessensibilização dos receptores e posterior supressão da produção estrogênica o que resulta na regressão das lesões Luna Russo et al 2020 Os antagonistas de GnRH por sua vez apresentam a vantagem de bloquear imediatamente os receptores hipofisários promovendo queda abrupta de estrogênio sem o efeito de flareup observado com os agonistas tornando os uma alternativa promissora no manejo clínico Donnez et al 2020 Os contraceptivos orais combinados amplamente prescritos reduzem a dor pélvica crônica e a dismenorreia além de prevenir o crescimento de novos implantes endometrióticos Brown et al 2018 Por fim os AINEs permanecem como recurso complementar sendo utilizados para o alívio sintomático da dor e da inflamação decorrentes da doença Zondervan et al 2018 20 Paul Dirac was trying to solve the puzzle Electron waves have a symmetric equation Schrödingers equation but electron spins are asymmetric The solution came from Diracs equation Bispinor which unified relativity and quantum theory producing this prediction In addition to electrons there are positrons This discovery kickstarted the field of particle physics 21 Symmetry and physics Diracs strategies have been hugely successful in physics the symmetry and beauty of equations guide you towards new laws of nature and to the discovery of new particles and forces John Wheeler Physicists are in the business of finding new symmetries in nature Part of a theorys beauty comes from its symmetries they underpin the laws of physics and have important implications for their solutions To study symmetries physicists transform space time and fields looking for those transformations that leave the laws of this World unchanged Physicists use various mathematical tools notably groups to capture the idea of symmetry 22 A few examples of symmetries Continuous rotational symmetry About physical space the laws of physics are unchanged if you rotate the whole system Time translation symmetry The laws of physics are the same at all times they dont change with when you perform the experiment Parity reflection symmetry The laws of physics are the same in a mirror image Eg left and right hands are symmetric They are said to have opposite parity Gauge symmetries Two fields that differ by a simple phase factor mean the same physical state This idea is central to quantum mechanics Parity symmetry reversed when parity violated in weak interactions at microscopic level This led to new physics understanding See pp 5456 Mathematical groups describe the rules governing symmetries with symmetries forming specific groups Symmetries and associated groups guide physicists to formulate theories and understand fundamental forces and particles Beautiful insights can arises from this approach which connects abstract mathematics to physical reality Paul Diracs work exemplifies the power of symmetry reasoning in particle physics REFERÊNCIAS ADILBAYEVA A KUNZ J Pathogenesis of endometriosis and endometriosis associated cancers International journal of molecular sciences v 25 n 14 p 7624 2024 ALLAIRE C BEDAIWY M A YONG P J Diagnosis and management of endometriosis Canadian Medical Association Journal v 195 n 10 p E363 E371 14 mar 2023 BARNARD M E et al Endometriosis typology and ovarian cancer risk JAMA the journal of the American Medical Association v 332 n 6 p 482489 2024 BEDAIWY M A et al Medical management of endometriosis in patients with chronic pelvic pain Seminars in reproductive medicine v 35 n 1 p 3853 2017 BENLIOGLU C TELEK S B ATA B Reproductive outcomes in infertile women with endometriosis undergoing assisted reproductive technology Gynecologic and obstetric investigation p 17 2025 BONAVINA G TAYLOR H S Endometriosisassociated infertility From pathophysiology to tailored treatment Frontiers in endocrinology v 13 p 1020827 2022 BROWN J et al Oral contraceptives for pain associated with endometriosis Cochrane database of systematic reviews v 5 n 5 p CD001019 2018 CAPOROSSI L et al From environmental to possible occupational exposure to risk factors What role do they play in the etiology of endometriosis International journal of environmental research and public health v 18 n 2 p 532 2021 CARDOSO W C et al Análise das características clínicoepidemiológicas da endometriose no Brasil Research Society and Development v 13 n 4 p e11813445586 2024 CHANTALAT E et al Estrogen receptors and endometriosis International journal of molecular sciences v 21 n 8 p 2815 2020a CHAUHAN S et al Endometriosis A review of clinical diagnosis treatment and pathogenesis Cureus v 14 n 9 p e28864 2022 CHEN Y WASEEM S LUO L Advances in the diagnosis and management of endometriosis A comprehensive review Pathology research and practice v 266 n 155813 p 155813 2025 CORREIA Anaína Queiroz Palhares et al Endometrioseaspectos epidemiológicos fisiopatológicos e manejo terapêutico Brazilian Journal of Health Review v 7 n 2 p e68194e68194 2024 COUSINS F L et al New concepts on the etiology of endometriosis The journal of obstetrics and gynaecology research v 49 n 4 p 10901105 2023 DE AZEVEDO B C MANSUR F PODGAEC S A systematic review of tolllike receptors in endometriosis Archives of gynecology and obstetrics v 304 n 2 p 309316 2021 Dia Internacional da Luta contra a endometriose conheça os sintomas e tratamentos da doença Disponível em httpssaudedfgovbrwebguestwdia internacionaldalutacontraaendometrioseconheC3A7aossintomase tratamentosdadoenC3A7a Acesso em 21 mai 2025 DONNEZ J et al Treatment of endometriosisassociated pain with linzagolix an oral gonadotropinreleasing hormoneantagonist a randomized clinical trial Fertility and sterility v 114 n 1 p 4455 2020 EDI R CHENG T Endometriosis Evaluation and treatment American family physician v 106 n 4 p 397404 2022 HAMILTON K M et al Surgical management of endometriosis to optimize fertility Current opinion in obstetrics gynecology v 35 n 4 p 389394 2023 HIRSCH M et al Diagnostic accuracy of cancer antigen 125 for endometriosis a systematic review and metaanalysis BJOG an international journal of obstetrics and gynaecology v 123 n 11 p 17611768 2016 HOGG C et al Macrophages inhibit and enhance endometriosis depending on their origin Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America v 118 n 6 p e2013776118 2021 HORNE A W MISSMER S A Pathophysiology diagnosis and management of endometriosis BMJ Clinical research ed v 379 p e070750 2022 IMPERIALE L et al Three types of endometriosis Pathogenesis diagnosis and treatment State of the art Journal of clinical medicine v 12 n 3 p 994 2023 Infertility Disponível em httpswwwwhointnewsroomfactsheetsdetailinfertility Acesso em 21 mai 2025 LA MARCA A et al Fertility preservation in women with endometriosis Human reproduction open v 2025 n 2 p hoaf012 2025 KALAITZOPOULOS D R et al Treatment of endometriosis a review with comparison of 8 guidelines BMC womens health v 21 n 1 p 397 2021 LUNA RUSSO M A CHALIF J N FALCONE T Clinical management of endometriosis Minerva ginecologica v 72 n 2 p 106118 2020 MITCHELL JB CHETTY S KATHRADA F Progestins in the symptomatic management of endometriosis a metaanalysis on their effectiveness and safety BMC womens health v 22 n 1 p 526 2022 RACCA A et al Endometrial receptivity in women with endometriosis Best practice research Clinical obstetrics gynaecology v 92 n 102438 p 102438 2024 RATHOD S SHANOO A ACHARYA N Endometriosis A comprehensive exploration of inflammatory mechanisms and fertility implications Cureus v 16 n 8 p e66128 2024 SAUNDERS P T K HORNE A W Endometriosis Etiology pathobiology and therapeutic prospects Cell v 184 n 11 p 28072824 2021 SOKTEANG S et al Clinical management of infertility associated with endometriosis Journal dobstetrique et gynecologie du Canada Journal of obstetrics and gynaecology Canada v 46 n 6 p 102409 2024 SYMONS L K et al The immunopathophysiology of endometriosis Trends in molecular medicine v 24 n 9 p 748762 2018 TAYLOR H S KOTLYAR A M FLORES V A Endometriosis is a chronic systemic disease clinical challenges and novel innovations Lancet v 397 n 10276 p 839 852 2021 TSAMANTIOTI E S MAHDY H Endometriosis Em StatPearls Treasure Island FL StatPearls Publishing 2025 VAN GESTEL H et al The prevalence of endometriosis in unexplained infertility a systematic review Reproductive biomedicine online v 49 n 3 p 103848 2024 YELA D A et al Correlation between anatomopathological aspects and pelvic pain in women with deep infiltrating endometriosis Revista brasileira de ginecologia e obstetricia revista da Federacao Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetricia v 45 n 12 p e770e774 2023 ZONDERVAN K T et al Endometriosis Nature reviews Disease primers v 4 n 1 p 9 2018 ZONDERVAN K T BECKER C M MISSMER S A Endometriosis The New England journal of medicine v 382 n 13 p 12441256 2020
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1 INTRODUÇÃO A endometriose compreende uma patologia inflamatória crônica e benigna que afeta cerca de 10 de mulheres entre a menarca e a menopausa no decorrer do período reprodutivo Adilbayeva Kunz 2024 Tem como característica a presença e acúmulo de tecido endometrial incluindo glândulas e estromas fora da cavidade uterina ocorrendo a indução da inflação crônica Yela et al 2023 Os órgãos lesionados frequentemente pela presença de focos endometriais são os ovários trompas uterinas e o peritônio em que reveste a cavidade pélvica Adilbayeva Kunz 2024 Entretanto os endometriomas pode comprometer também o intestino delgado e grosso sistema excretor e em casos raros podem afetarem estruturas distantes como o pericárdio pulmões e o sistema nervoso central Tsamantioti Mahdy 2023 A endometriose é classificada em três subtipos que são essenciais varia de acordo com a profundidade da infiltração das lesões e a localização podendo ser superficial ovariana e profunda A superficial é descrita por leões isoladas localizadas na superfície do peritônio sendo a principal manifestação da doença Imperiale et al 2023 A endometriose ovariana se manifesta por meio da formação de cistos denominados endometriomas resultante do tecido ectópico nos ovários constantemente associados à infertilidade A forma profunda da endometriose acontece quando os implantes endometrióticos adentram mais de 5mm abaixo da superfície peritonial afetado órgãos como a bexiga intestino e ligamentos pélvicos Imperiale et al 2023 Barnard et al 2024 As manifestações clínicas frequentes compreendem dor pélvica crônica acentuada dismenorreia intensa dor vulvovaginal comprometimento da fertilidade alterações intestinais e dor durante a relação sexual Ressaltase que a gravidade dos sintomas não apresenta relação direta com o grau de acometimento da enfermidade sendo possível a ausência de sintomas Allaire et al 2023 De acordo com a Organização Mundial de Saúde OMS a endometriose afeta aproximadamente 180 milhões de mulheres em todo o mundo sendo estimado cerca de 7 milhões no Brasil ou seja 1 a cada 10 mulheres em idade reprodutiva sofrem com essa patologia GOV 2023 Entre janeiro de 2012 a outubro de 2023 foram registrados 66775 diagnósticos A faixa etária mais recorrente é de mulheres entre 40 a 49 anos pois normalmente a endometriose possui diagnóstico tardio Cardoso et al 2024 3 DESENVOLVIMENTO 31 Relato de caso 32 Revisão Bibliográfica 321 Etiologia da endometriose A etiologia da endometriose não é completamente estabelecida pois acreditase que a doença tenha múltiplos fatores envolvidos em sua origem Entre as hipóteses mais aceitas se destaca a teoria da menstruação retrógrada proposta por Sampson que sugere que células do endométrio retornam retrogradamente pelas tubas uterinas e se implantam em locais fora do útero contribuindo para o desenvolvimento das lesões endometrióticas Cousins et al 2023 Embora a menstruação retrógrada ocorra em muitas mulheres apenas uma pequena porcentagem desenvolve endometriose sugerindo a existência de fatores adicionais que predispõem certas mulheres à doença Alterações na imunidade como a incapacidade do sistema imunológico de reconhecer e destruir o tecido endometrial ectópico têm sido implicadas na patogênese da endometriose Correia 2024 Fatores ambientais e ocupacionais também contribuem na etiologia da endometriose ao elevar o risco de desenvolvimento A exposição a substâncias químicas poluentes pode provocar a alterações celulares que favorece a formação das lesões endometriais evidenciando a origem multifatorial da patologia Caporossi et al 2021 322 Fisiopatologia A endometriose é caracterizada por implantes endometrióticos fora da cavidade uterina influenciada por fatores hormonais imunológicos e neurológicos Saunders et al 2021 O tecido heterotópico demonstra resistência à progesterona o que reduz a ação inibitória desse hormônio permitindo seu crescimento e manutenção Ademais as lesões produzem estrogênio localmente induzindo a persistência da doença Taylor et al 2021 A produção aumentada de estrogênio mantém a proliferação celular a inflamação local e a sobrevivência das lesões ectópicas As lesões apresentam desbalanço nos receptores de estrogênio com maior expressão de ERß nas células estromais em relação ao endométrio eutopico favorecendo a proliferação e reduzindo a apoptose equando a expressão de ERα é menor modificando a regulação do ciclo celular e a resposta tecidual A atividade elevada das aromatases contribui para a produção local de estrogênio permitinfo que as células mantenham um microambiente hormonal favorável de forma autônoma Alterações epigenéticas com modificações na metilação do DNA participam da manutenção desse padrão de expressão dos receptores e da atividade estrogênica aumentada Chantalat et al 2020 A existência desse tecido fora do útero estimula uma resposta inflamatória crônica impulsionando as células do sistema imunológico que liberam mediadores inflamatórios desenvolvendo angiogênese e algia Saunders et al 2021 Taylor et al 2021 A relação entre o sistema nervoso e imunológico contribui para um estado doloroso crônico e progressão da endometriose Saunders et al 2021 A resposta imunológica sofre alterações que viabilizam a existência do tecido ectópico pois células como macrófagos e células natural killer NK exibem função comprometida na eliminação dessas lesões Symons et al 2018 Os macrófagos dispõem um papel importante na manutenção e crescimento das lesões O recrutamento contínuo de monócitos e a alteração da composição dos macrófagos peritoneais alimentam a progressão da doença Macrófagos derivados do endométrio e monócitos promovem o crescimento das lesões enquanto a substituição dos macrófagos residentes por monócitos limita a formação das lesões A atenuação dos macrófagos endometriais diminui o tamanho das lesões apontando que a origem dessas células estimula a inflamação local Hogg et al 2021 Os receptores tolllike TLRs colaboram para a resposta inflamatória crônica pois identificam sinais de perigo e ativam vias que aumentam a produção de citocinas inflamatórias No tecido distópico a expressão alterada desses receptores propicia a conservação da inflamação e contribui para a permanência do tecido fora do útero Azevedo et al 2021 O estado inflamatório contínuo aciona vias que aumentam a produção de citocinas e promovem a formação de novos vasos sanguíneos e remodelação tecidual mantendo o crescimento das lesões Symons et al 2018 A ativação frequente da resposta imune modifica o microambiente local favorecendo a progressão da doença Figura 2 Azevedo et al 2021 Portanto a fisiopatologia da endometriose abrange resistência hormonal combinada à resposta imunológica alterada juntamente com a inflamação crônica alterações vasculares e nervosas permanece com a doença ativa e em evolução Saunders et al 2021 Taylor et al 2021 323 Diagnóstico O reconhecimento da endometriose envolve uma abordagem complexa que une avaliação clínica exames de imagem e em certas situações um procedimento cirúrgico A anamnese detalhada e o exame físico são fases iniciais importantes mas não bastam para assegurar a existência da doença Chen et al 2025 O método de imagem predominantemente utilizado em um primeiro momento é a ultrassonografia transvaginal dada sua facilidade de acesso e capacidade efetiva de identificar endometriomas e lesões mais profundas Em contrapartida a ressonância magnética fornece imagens mais pormenorizadas revelandose notavelmente útil na identificação de lesões situadas em áreas de difícil visualização ou em casos de suspeita de endometriose profunda com caráter infiltrativo Chauhan et al 2022 A paciente realizou diversos exames de imagem dentre eles uma ressonância magnética em 2019 após algumas cirurgias realizadas de endometriose O marcador tumoral CA125 serve como um complemento aos exames não invasivos para diagnosticar a endometriose Ele tem maior sensibilidade em estágios avançados da doença mas é limitado nas fases iniciais Por isso o CA125 pode ser usado para rastrear pessoas com chance de ter a doença em um estágio mais desenvolvido mas não é o bastante para descartar o diagnóstico em casos iniciais ou com poucos sintomas Hirsch et al 2016 Como foi relatado pela paciente o CA125 foi realizado com resultado alterado Figura 3 Apesar dos avanços nos métodos de imagem a laparoscopia permanece como o procedimento definitivo utilizado para a confirmação do diagnóstico da endometriose Figura x por possibilitar a observação direta das lesões e a coleta de material para análise histopatológica Chen et al 2025 No entanto por ser um procedimento invasivo a laparoscopia só deve ser indicada com base em critérios clínicos claros Ela é geralmente utilizada quando os sintomas persistem ou quando os exames menos invasivos não trazem resultados definitivos Edi Cheng 2022 Contudo diagnosticar a endometriose exige uma combinação de avaliação clínica exames de imagem e se necessário a laparoscopia Marcadores como o CA125 ainda têm um papel limitado nesse processo É fundamental encontrar formas de diagnóstico menos invasivas e mais precisas para identificar a doença cedo Isso permite um tratamento mais eficaz e melhora o acompanhamento dos casos Chen et al 2025 Chauhan et al 2022 Hirsch et al 2016 324 Tratamento medicamentoso A endometriose é uma doença crônica e sem cura sendo necessário que o tratamento seja individualizado considerando os sintomas idade e desejo de gestação da paciente As terapias hormonais estão entre as principais opções terapêuticas e têm como objetivo bloquear a menstruação promovendo um estado hipoestrogênico semelhante à menopausa Zondervan et al 2020 Kalaitzopoulos et al 2021 Os fármacos mais comumente utilizados incluem progestinas agonistas e antagonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas GnRH contraceptivos orais combinados e antiinflamatórios não esteroidais AINEs Bedaiwy et al 2017 As progestinas atuam suprimindo o eixo hipotálamohipófiseovário reduzindo os níveis de FSH e LH e promovendo anovulação além disso exercem efeito hipoestrogênico que inibe angiogênese modula a resposta inflamatória e induz apoptose em células endometrióticas contribuindo para o controle da doença Mitchell et al 2022 Os agonistas de GnRH por sua vez causam inicialmente uma estimulação dos receptores hipofisários com aumento transitório de LH e FSH mas seu uso contínuo leva à dessensibilização e consequente supressão da produção de estrogênio favorecendo a regressão das lesões Luna Russo et al 2020 Os antagonistas de GnRH agem de forma distinta bloqueando diretamente os receptores hipofisários o que promove uma queda imediata dos níveis de gonadotrofinas e estrogênio sem causar o pico inicial típico dos agonistas Donnez et al 2020 Os contraceptivos orais combinados são eficazes para reduzir a dor pélvica e a dismenorreia além de impedir o crescimento de lesões endometrióticas Brown et al 2018 Já os AINEs são amplamente prescritos para o alívio sintomático da dor e da inflamação associadas à endometriose Zondervan et al 2018 325 Infertilidade A Organização Mundial da Saúde OMS define a infertilidade como a impossibilidade de conceber após um ano ou mais de relações sexuais regulares e desprotegidas Essa condição se subdivide em dois tipos primária quando nunca houve uma gravidez e secundária quando uma gestação anterior ocorreu independentemente do seu resultado Entre as causas femininas da infertilidade sobressaem os distúrbios de ovulação como a síndrome dos ovários policísticos alterações hormonais como hipotireoidismo e hiperprolactinemia e problemas estruturais incluindo obstruções nas tubas uterinas decorrentes de infecções além de patologias uterinas como miomas e endometriose Organização Mundial da Saúde 2024 Fatores ligados ao estilo de vida como obesidade ingestão de álcool e tabagismo também podem impactar negativamente a fertilidade A infertilidade é reconhecida como uma condição que afeta o sistema reprodutivo comprometendo não apenas a saúde física mas também o equilíbrio emocional e social de milhões de indivíduos globalmente Estimase que uma em cada seis pessoas em idade fértil enfrentará essa adversidade em algum momento da vida Organização Mundial da Saúde 2024 A endometriose compromete a fertilidade devido a processos inflamatórios e modificações anatômicas incluindo aderências e alterações na arquitetura pélvica que dificultam a fertilização e a fixação do embrião Van Gestel et al 2024 Além disso a inflamação crônica e as disfunções hormonais relacionadas impactam a qualidade dos ovócitos a capacidade de receptividade do endométrio e a própria estrutura reprodutiva Isso dificulta a ovulação a fertilização e a fixação do embrião tornando essencial uma conduta personalizada em razão da ampla gama de manifestações clínicas que as pacientes podem apresentar Bonavina Taylor 2022 A inflamação causada pelas lesões compromete também o desenvolvimento folicular e a receptividade endometrial dificultando a concepção e reforçando a necessidade de compreender esses mecanismos para aprimorar as estratégias diagnósticas e terapêuticas Rathod et al 2024 Alterações no endométrio incluindo inflamação crônica e desequilíbrios hormonais prejudicam a expressão gênica necessária para a implantação embrionária reduzindo a janela de receptividade do útero e contribuindo para a infertilidade em mulheres com endometriose Racca et al 2024 A retirada cirúrgica das lesões por laparoscopia pode reduzir a inflamação e elevar as chances de gestação tanto natural quanto por meio de técnicas de reprodução assistida Isso acontece porque o procedimento restaura a anatomia pélvica e atenua os impactos inflamatórios Essa intervenção é aconselhada para casos mais profundos embora sejam precisos mais estudos para definir o momento e o protocolo mais adequados para a cirurgia Hamilton et al 2023 No entanto é crucial considerar que a cirurgia pode afetar a reserva ovariana Por isso a fertilização in vitro surge como uma alternativa praticável principalmente para pacientes com obstrução nas tubas uterinas ou que não obtiveram sucesso com tratamentos prévios A decisão entre cirurgia e fertilização dependerá da idade da paciente da severidade da doença e do seu histórico clínico Sokteang et al 2024 A fertilização in vitro FIV é uma opção de tratamento bastante eficaz para mulheres com endometriose que enfrentam dificuldades para engravidar Estudos mostram que as taxas de sucesso da FIV em mulheres com essa condição geralmente são semelhantes às de quem não tem endometriose especialmente quando a reserva ovariana ainda está preservada Benlioglu et al 2025 No entanto a presença de endometriomas e cirurgias laparoscópicas podem afetar essa reserva reduzindo o número de óvulos disponíveis para o procedimento La Marca et al 2025 Por isso para mulheres jovens ou que precisarem passar por várias cirurgias nos ovários a preservação da fertilidade como a criopreservação de óvulos pode ser uma boa alternativa Além disso escolher o melhor momento para fazer a FIV depende de fatores como a idade da paciente a gravidade da endometriose e a condição dos ovários sempre com acompanhamento de um especialista Para aumentar as chances de sucesso é importante avaliar cuidadosamente todas essas variáveis antes de decidir o momento ideal para realizar o procedimento Benlioglu et al 2025 REFERÊNCIAS ADILBAYEVA A KUNZ J Pathogenesis of endometriosis and endometriosis associated cancers International journal of molecular sciences v 25 n 14 p 7624 2024 ALLAIRE C BEDAIWY M A YONG P J Diagnosis and management of endometriosis Canadian Medical Association Journal v 195 n 10 p E363 E371 14 mar 2023 BARNARD M E et al Endometriosis typology and ovarian cancer risk JAMA the journal of the American Medical Association v 332 n 6 p 482489 2024 BEDAIWY M A et al Medical management of endometriosis in patients with chronic pelvic pain Seminars in reproductive medicine v 35 n 1 p 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Endometriosis A review of clinical diagnosis treatment and pathogenesis Cureus v 14 n 9 p e28864 2022 CHEN Y WASEEM S LUO L Advances in the diagnosis and management of endometriosis A comprehensive review Pathology research and practice v 266 n 155813 p 155813 2025 CORREIA Anaína Queiroz Palhares et al Endometrioseaspectos epidemiológicos fisiopatológicos e manejo terapêutico Brazilian Journal of Health Review v 7 n 2 p e68194e68194 2024 COUSINS F L et al New concepts on the etiology of endometriosis The journal of obstetrics and gynaecology research v 49 n 4 p 10901105 2023 DE AZEVEDO B C MANSUR F PODGAEC S A systematic review of tolllike receptors in endometriosis Archives of gynecology and obstetrics v 304 n 2 p 309316 2021 Dia Internacional da Luta contra a endometriose conheça os sintomas e tratamentos da doença Disponível em httpssaudedfgovbrwebguestwdia internacionaldalutacontraaendometrioseconheC3A7aossintomase tratamentosdadoenC3A7a Acesso em 21 mai 2025 DONNEZ J et al Treatment of endometriosisassociated pain with linzagolix an oral gonadotropinreleasing hormoneantagonist a randomized clinical trial Fertility and sterility v 114 n 1 p 4455 2020 EDI R CHENG T Endometriosis Evaluation and treatment American family physician v 106 n 4 p 397404 2022 HAMILTON K M et al Surgical management of endometriosis to optimize fertility Current opinion in obstetrics gynecology v 35 n 4 p 389394 2023 HIRSCH M et al Diagnostic accuracy of cancer antigen 125 for endometriosis a systematic review and metaanalysis BJOG an international journal of obstetrics and gynaecology v 123 n 11 p 17611768 2016 HOGG C et al Macrophages inhibit and enhance endometriosis depending on their origin Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America v 118 n 6 p e2013776118 2021 HORNE A W MISSMER S A Pathophysiology diagnosis and management of endometriosis BMJ Clinical research ed v 379 p e070750 2022 IMPERIALE L et al Three types of endometriosis Pathogenesis diagnosis and treatment State of the art Journal of clinical medicine v 12 n 3 p 994 2023 Infertility Disponível em httpswwwwhointnewsroomfactsheetsdetailinfertility Acesso em 21 mai 2025 LA MARCA A et al Fertility preservation in women with endometriosis Human reproduction open v 2025 n 2 p hoaf012 2025 KALAITZOPOULOS D R et al Treatment of endometriosis a review with comparison of 8 guidelines BMC womens health v 21 n 1 p 397 2021 LUNA RUSSO M A CHALIF J N FALCONE T Clinical management of endometriosis Minerva ginecologica v 72 n 2 p 106118 2020 MITCHELL JB CHETTY S KATHRADA F Progestins in the symptomatic management of endometriosis a metaanalysis on their effectiveness and safety BMC womens health v 22 n 1 p 526 2022 RACCA A et al Endometrial receptivity in women with endometriosis Best practice research Clinical obstetrics gynaecology v 92 n 102438 p 102438 2024 RATHOD S SHANOO A ACHARYA N Endometriosis A comprehensive exploration of inflammatory mechanisms and fertility implications Cureus v 16 n 8 p e66128 2024 SAUNDERS P T K HORNE A W Endometriosis Etiology pathobiology and therapeutic prospects Cell v 184 n 11 p 28072824 2021 SOKTEANG S et al Clinical management of infertility associated with endometriosis Journal dobstetrique et gynecologie du Canada Journal of obstetrics and gynaecology Canada v 46 n 6 p 102409 2024 SYMONS L K et al The immunopathophysiology of endometriosis Trends in molecular medicine v 24 n 9 p 748762 2018 TAYLOR H S KOTLYAR A M FLORES V A Endometriosis is a chronic systemic disease clinical challenges and novel innovations Lancet v 397 n 10276 p 839 852 2021 TSAMANTIOTI E S MAHDY H Endometriosis Em StatPearls Treasure Island FL StatPearls Publishing 2025 VAN GESTEL H et al The prevalence of endometriosis in unexplained infertility a systematic review Reproductive biomedicine online v 49 n 3 p 103848 2024 YELA D A et al Correlation between anatomopathological aspects and pelvic pain in women with deep infiltrating endometriosis Revista brasileira de ginecologia e obstetricia revista da Federacao Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetricia v 45 n 12 p e770e774 2023 ZONDERVAN K T et al Endometriosis Nature reviews Disease primers v 4 n 1 p 9 2018 ZONDERVAN K T BECKER C M MISSMER S A Endometriosis The New England journal of medicine v 382 n 13 p 12441256 2020 1 INTRODUÇÃO A endometriose constitui uma enfermidade de caráter inflamatório crônico que afeta entre 5 e 10 das mulheres em idade reprodutiva desde a menarca até a menopausa Adilbayeva Kunz 2024 Sua principal característica é a presença de tecido endometrial ectópico incluindo glândulas e estroma fora da cavidade uterina o que desencadeia inflamação persistente Yela et al 2023 As lesões acometem com maior frequência os ovários as tubas uterinas e o peritônio pélvico Adilbayeva Kunz 2024 Porém casos mais graves podem comprometer o intestino o sistema urinário e raramente estruturas mais distantes como pulmões pericárdio e sistema nervoso central Tsamantioti Mahdy 2023 A doença é classificada em três formas principais variando de acordo com a profundidade de infiltrações de lesões e sua localização que podem ser superficial ovariana e profunda A endometriose superficial corresponde a lesões localizadas na superfície do peritônio sendo a manifestação mais comum A variante ovariana é caracterizada pela formação de endometriomas frequentemente associados à infertilidade Já a endometriose profunda envolve infiltrações superiores a 5 mm abaixo do peritônio podendo comprometer órgãos como bexiga intestino e ligamentos pélvicos Imperiale et al 2023 Barnard et al 2024 A endometriose é difícil de diagnosticar devido ao quadro clínico apresenta grande variabilidade Os sintomas mais comuns incluem dor pélvica crônica dismenorreia intensa dor durante a relação sexual disfunções intestinais e infertilidade É necessário ressaltar que a intensidade dos sintomas não se relaciona diretamente à extensão da doença havendo casos assintomáticos Allaire Bedaiwy Yong 2023 Dados da Organização Mundial da Saúde OMS estimam que cerca de 180 milhões de mulheres em todo o mundo convivam com a endometriose No Brasil cerca de 7 milhões de mulheres no Brasil em idade fértil sofrem com a condição ou seja uma em cada dez GOV 2023 Entre 2012 e 2023 foram registrados mais de 66 mil casos no país sendo a faixa etária de 40 a 49 anos a mais diagnosticada o que evidencia a ocorrência frequente de diagnósticos tardios Cardoso et al 2024 3 DESENVOLVIMENTO 31 Relato de caso 32 Revisão Bibliográfica 321 Etiologia da endometriose A etiologia da endometriose é complexa e multifatorial não havendo consenso absoluto sobre sua etiologia A teoria mais aceita é a da menstruação retrógrada proposta por Sampson segundo a qual as células endometriais retornam pelas tubas uterinas e implantamse em sítios ectópicos favorecendo o surgimento das lesões Cousins et al 2023 Todavia como a menstruação retrógrada ocorre em grande parte das mulheres mas apenas algumas desenvolvem a doença entendese que outros fatores contribuem para sua instalação Alterações imunológicas que reduzem a capacidade de eliminação do tecido ectópico são consideradas mecanismos relevantes Correia 2024 Além disso a exposição a poluentes e agentes ambientais também tem sido associada ao aumento da suscetibilidade uma vez que pode induzir modificações celulares que favorecem a progressão da doença Caporossi et al 2021 322 Fisiopatologia A endometriose caracterizase pela presença de implantes endometrióticos fora da cavidade uterina cuja manutenção está associada a fatores hormonais imunológicos e neurológicos Saunders et al 2021 O tecido ectópico apresenta resistência à ação da progesterona reduzindo o efeito inibitório desse hormônio e favorecendo o crescimento e a persistência das lesões Além disso essas lesões possuem capacidade de produzir estrogênio localmente o que perpetua a atividade proliferativa e inflamatória da doença Taylor et al 2021 O excesso de estrogênio estimula a sobrevivência celular a angiogênese e o processo inflamatório ao mesmo tempo em que a desregulação dos receptores hormonais contribui para esse cenário há maior expressão de ERß nas células estromais em comparação ao endométrio eutópico estimulando a proliferação e inibindo a apoptose enquanto a expressão reduzida de ERα altera o ciclo celular e a resposta tecidual A elevada atividade das aromatases intensifica a produção local de estrogênio criando um microambiente hormonal autônomo Ademais alterações epigenéticas como modificações na metilação do DNA participam da manutenção desse perfil de expressão e da atividade estrogênica exacerbada Chantalat et al 2020 A presença desse tecido ectópico desencadeia uma resposta inflamatória crônica marcada pela ativação de células imunes e pela liberação de mediadores inflamatórios que favorecem a angiogênese e a dor Saunders et al 2021 Taylor et al 2021 A interação entre os sistemas imunológico e nervoso desempenha papel fundamental na cronificação da dor e na progressão da endometriose Saunders et al 2021 Nesse contexto observa se também disfunção imunológica com macrófagos e células natural killer NK apresentando atividade comprometida na eliminação das lesões ectópicas Symons et al 2018 Os macrófagos em especial exercem função central na manutenção e crescimento das lesões O recrutamento contínuo de monócitos e a modificação do perfil dos macrófagos peritoneais favorecem a progressão da doença Macrófagos derivados do endométrio e monócitos estimulam o desenvolvimento das lesões enquanto a substituição dos macrófagos residentes por monócitos limita sua formação Evidências indicam que a redução de macrófagos endometriais diminui o tamanho das lesões sugerindo que sua origem contribui para a inflamação local Hogg et al 2021 Outro mecanismo associado envolve os receptores tolllike TLRs que detectam sinais de perigo e ativam cascatas responsáveis pelo aumento da produção de citocinas inflamatórias No tecido ectópico a expressão alterada dos TLRs reforça a inflamação crônica e auxilia na permanência do tecido fora do útero Azevedo et al 2021 Esse estado inflamatório persistente estimula vias relacionadas à produção de citocinas neovascularização e remodelação tecidual fatores que asseguram a progressão da doença Symons et al 2018 Dessa forma a fisiopatologia da endometriose é sustentada por um conjunto de mecanismos interdependentes envolvendo resistência hormonal alterações imunológicas inflamação crônica remodelação vascular e modificações neuronais que em conjunto mantêm a doença em atividade Saunders et al 2021 Taylor et al 2021 323 Diagnóstico O diagnóstico da endometriose exige uma abordagem multifatorial que combina dados clínicos métodos de imagem e em situações específicas procedimentos cirúrgicos A anamnese minuciosa e o exame físico inicial são etapas indispensáveis pois permitem levantar hipóteses diagnósticas e direcionar os exames complementares Entretanto essas etapas isoladamente não são suficientes para confirmar a presença da doença já que os sintomas podem se sobrepor a outras condições ginecológicas e gastrointestinais Chen et al 2025 Entre os exames de imagem a ultrassonografia transvaginal é considerada a primeira linha de investigação Tratase de um método amplamente acessível de baixo custo e com boa sensibilidade para detectar endometriomas e nódulos de endometriose profunda No entanto sua acurácia depende da experiência do examinador A ressonância magnética por sua vez oferece maior detalhamento anatômico sendo mais indicada em casos de suspeita de lesões infiltrativas em regiões de difícil visualização ou para o planejamento cirúrgico quando já há confirmação clínica da doença No caso da paciente relatada a realização de ressonância magnética em 2019 após procedimentos cirúrgicos prévios possibilitou avaliar a extensão das recidivas Chauhan et al 2022 O marcador tumoral CA125 é frequentemente utilizado como exame complementar especialmente em protocolos de rastreio e monitoramento Ele apresenta maior sensibilidade em estágios avançados da endometriose em que há comprometimento extenso do tecido pélvico Contudo apresenta baixa especificidade pois pode estar elevado em outras condições como miomas doença inflamatória pélvica e até em processos fisiológicos como a menstruação Dessa forma seu uso isolado não é recomendado para diagnóstico precoce Ainda assim valores aumentados de CA125 podem reforçar a suspeita clínica como ocorreu na paciente estudada cujo exame evidenciou alterações significativas Hirsch et al 2016 Apesar do avanço nas técnicas de imagem e do uso de biomarcadores a laparoscopia diagnóstica continua sendo considerada o padrãoouro para confirmação da endometriose Esse procedimento permite a inspeção direta da cavidade pélvica a identificação precisa das lesões e a coleta de biópsias para análise histopatológica garantindo a confirmação definitiva da doença Contudo por se tratar de um método invasivo a indicação deve ser criteriosa sendo geralmente reservada para situações em que os sintomas persistem há falha terapêutica ou os exames de imagem não fornecem informações conclusivas Seu uso deve portanto equilibrar riscos e benefícios para a paciente Chen et al 2025 Edi Cheng 2022 Resumindo a acurácia diagnóstica da endometriose depende da integração entre dados clínicos exames de imagem e quando necessário métodos invasivos como a laparoscopia Embora o CA125 e outras ferramentas de rastreamento tenham utilidade complementar ainda carecem de maior sensibilidade nos estágios iniciais da doença Por isso a busca por métodos menos invasivos e mais específicos representa um desafio atual cujo objetivo é favorecer o diagnóstico precoce otimizar o manejo clínico e reduzir os impactos funcionais e reprodutivos da endometriose Chen et al 2025 Chauhan et al 2022 Hirsch et al 2016 324 Tratamento medicamentoso A endometriose é uma doença crônica e sem cura sendo necessário que o tratamento seja individualizado considerando os sintomas idade e desejo de gestação da paciente As terapias hormonais estão entre as principais opções terapêuticas e têm como objetivo bloquear a menstruação promovendo um estado hipoestrogênico semelhante à menopausa Zondervan et al 2020 Kalaitzopoulos et al 2021 Os fármacos mais comumente utilizados incluem progestinas agonistas e antagonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas GnRH contraceptivos orais combinados e antiinflamatórios não esteroidais AINEs Bedaiwy et al 2017 As progestinas atuam suprimindo o eixo hipotálamohipófiseovário reduzindo os níveis de FSH e LH e promovendo anovulação além disso exercem efeito hipoestrogênico que inibe angiogênese modula a resposta inflamatória e induz apoptose em células endometrióticas contribuindo para o controle da doença Mitchell et al 2022 Os agonistas de GnRH por sua vez causam inicialmente uma estimulação dos receptores hipofisários com aumento transitório de LH e FSH mas seu uso contínuo leva à dessensibilização e consequente supressão da produção de estrogênio favorecendo a regressão das lesões Luna Russo et al 2020 Os antagonistas de GnRH agem de forma distinta bloqueando diretamente os receptores hipofisários o que promove uma queda imediata dos níveis de gonadotrofinas e estrogênio sem causar o pico inicial típico dos agonistas Donnez et al 2020 Os contraceptivos orais combinados são eficazes para reduzir a dor pélvica e a dismenorreia além de impedir o crescimento de lesões endometrióticas Brown et al 2018 Já os AINEs são amplamente prescritos para o alívio sintomático da dor e da inflamação associadas à endometriose Zondervan et al 2018 325 Infertilidade A endometriose é uma enfermidade crônica e de caráter incurável exigindo que a conduta terapêutica seja individualizada conforme a gravidade dos sintomas a idade da paciente e seu desejo reprodutivo As abordagens hormonais representam a base do tratamento com o objetivo de induzir um estado hipoestrogênico semelhante à menopausa suprimindo a menstruação e consequentemente o desenvolvimento das lesões Zondervan et al 2020 Kalaitzopoulos et al 2021 Entre as opções disponíveis destacamse as progestinas os agonistas e antagonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas GnRH os contraceptivos orais combinados e os antiinflamatórios não esteroidais AINEs frequentemente utilizados em associação ou de maneira sequencial a depender da resposta clínica Bedaiwy et al 2017 As progestinas agem suprimindo o eixo hipotálamohipófiseovário com redução nos níveis de FSH e LH e consequente anovulação Além disso exercem efeito antiproliferativo por meio da diminuição da angiogênese da modulação de mediadores inflamatórios e da indução de apoptose em células endometrióticas favorecendo o controle da progressão da doença Mitchell et al 2022 Enquanto os agonistas de GnRH embora inicialmente provoquem um aumento transitório de gonadotrofinas devido à estimulação hipofisária levam à dessensibilização dos receptores e posterior supressão da produção estrogênica o que resulta na regressão das lesões Luna Russo et al 2020 Os antagonistas de GnRH por sua vez apresentam a vantagem de bloquear imediatamente os receptores hipofisários promovendo queda abrupta de estrogênio sem o efeito de flareup observado com os agonistas tornando os uma alternativa promissora no manejo clínico Donnez et al 2020 Os contraceptivos orais combinados amplamente prescritos reduzem a dor pélvica crônica e a dismenorreia além de prevenir o crescimento de novos implantes endometrióticos Brown et al 2018 Por fim os AINEs permanecem como recurso complementar sendo utilizados para o alívio sintomático da dor e da inflamação decorrentes da doença Zondervan et al 2018 20 Paul Dirac was trying to solve the puzzle Electron waves have a symmetric equation Schrödingers equation but electron spins are asymmetric The solution came from Diracs equation Bispinor which unified relativity and quantum theory producing this prediction In addition to electrons there are positrons This discovery kickstarted the field of particle physics 21 Symmetry and physics Diracs strategies have been hugely successful in physics the symmetry and beauty of equations guide you towards new laws of nature and to the discovery of new particles and forces John Wheeler Physicists are in the business of finding new symmetries in nature Part of a theorys beauty comes from its symmetries they underpin the laws of physics and have important implications for their solutions To study symmetries physicists transform space time and fields looking for those transformations that leave the laws of this World unchanged Physicists use various mathematical tools notably groups to capture the idea of symmetry 22 A few examples of symmetries Continuous rotational symmetry About physical space the laws of physics are unchanged if you rotate the whole system Time translation symmetry The laws of physics are the same at all times they dont change with when you perform the experiment Parity reflection symmetry The laws of physics are the same in a mirror image Eg left and right hands are symmetric They are said to have opposite parity Gauge symmetries Two fields that differ by a simple phase factor mean the same physical state This idea is central to quantum mechanics Parity symmetry reversed when parity violated in weak interactions at microscopic level This led to new physics understanding See pp 5456 Mathematical groups describe the rules governing symmetries with symmetries forming specific groups Symmetries and associated groups guide physicists to formulate theories and understand fundamental forces and particles Beautiful insights can arises from this approach which connects abstract mathematics to physical reality Paul Diracs work exemplifies the power of symmetry reasoning in particle physics REFERÊNCIAS ADILBAYEVA A KUNZ J Pathogenesis of endometriosis and endometriosis associated cancers International journal of molecular sciences v 25 n 14 p 7624 2024 ALLAIRE C BEDAIWY M A YONG P J Diagnosis and management of endometriosis Canadian Medical Association Journal v 195 n 10 p E363 E371 14 mar 2023 BARNARD M E et al Endometriosis typology and ovarian cancer risk JAMA the journal of the American Medical Association v 332 n 6 p 482489 2024 BEDAIWY M A et al Medical management of endometriosis in patients with chronic pelvic pain Seminars in reproductive medicine v 35 n 1 p 3853 2017 BENLIOGLU C TELEK S B ATA B Reproductive outcomes in infertile women with endometriosis undergoing assisted reproductive technology Gynecologic and obstetric investigation p 17 2025 BONAVINA G TAYLOR H S Endometriosisassociated infertility From pathophysiology to tailored treatment Frontiers in endocrinology v 13 p 1020827 2022 BROWN J et al Oral contraceptives for pain associated with endometriosis Cochrane database of systematic reviews v 5 n 5 p CD001019 2018 CAPOROSSI L et al From environmental to possible 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