Fundamentos das Ciências Sociais - Online - Aula 03

FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS\nAULA 3\nA ANÁLISE ANTROPOLÓGICA DA CULTURA FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS\nAula 3: A Análise Antropológica da Cultura\nObjetivo desta Aula\n1) Explicar o conceito de cultura como objeto de estudo filosófico da análise antropológica.\n2) Analisar a cultura como elemento condicionador da visão do mundo.\n3) Descobrir as práticas antropológicas utilizadas para categorizar comportamentos culturais.\n4) Demonstrar a importância do princípio de relativismo cultural, em contraposição ao etnocentrismo.\n\nMoura, S. (2014). Livro Didático de Fundamentos das Ciências Sociais, Estado de S. Rio de Janeiro, p. 31-48. FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS\nAula 3: A Análise Antropológica da Cultura\nINTRODUÇÃO\n\nFalar não tem cultura! Sicrano é muito culto! O governo não investe em cultura!\n\nAcima temos exemplo de maneira que utilizamos a palavra cultura no nosso dia a dia, em quanto instrução, saber, etc. Mas esta é apenas uma maneira de utilizar a palavra cultura.\n\nPortanto o objeto de investigação da Antropologia consiste – nos “usos e abusos” do conceito de cultura e suas implicações na vida social. Compreender estes “usos e abusos” é o objetivo desta aula. Antes de começarmos, responda: O que é \"cultura\" para você? O conceito de cultura é uma preocupação intensa atualmente em diversas áreas do pensamento humano, no entanto a Antropologia é a área por excelência de debate sobre esta questão. O primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura foi Edward Tylor que, em Primitive Culture, formulou a seguinte definição: \"Cultura é aquele complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade.\" Uma definição mais contemporânea foi dada por Clifford Geertz em 1993 em A interpretação das Culturas: \"Cultura é um conjunto de signos simbólicos, que se sabe, têm um conjunto de constelações – planos, recepções, instruções – para governar o comportamento.\" Diversidade Cultural Lembra que na Aula 1 tratamos brevemente sobre diversidade cultural? Vamos agora explorar um pouco mais esse conceito. Primeiramente vamos relembrar seu significado: desde sempre os homens se preocuparam em entender por que outros possuem hábitos alimentares, formas de vestir e, de forma familiar, afastamento ou assemelhança diferentemente entre si. Essa multiplicidade de formas de vida é a noção de \"diversidade cultural\". Foi a partir da descoberta do \"Novo Mundo\", nos séculos XV e XVI, que os europeus se depararam com modos de vida completamente distintos dos seus, e passaram a elaborar mais intensamente interpretações sobre esses povos e seus costumes. É fundamental termos em mente que o impacto e a estranheza se deram dos dois lados. Os grupos não europeus também se espantavam com os ofetentes que chegava até eles desembarcando em suas praias e tomando posse de seu território. Infelizmente não temos muitos relatos dos povos não europeus para conhecê-los a visão que eles tinham dos brancos. Existem relatos espaçados, como o de povos que, à morte de um europeu em combate, colocavam seu corpo dentro de um rio e esperavam uma decomposição para ver se eram pessoas como eles. O olhar eurocêntrico sobre a cultura\nMas de onde surge a preocupação com o tema da cultura? Vamos posicionar nosso olhar. Toda construção científica nasce na Europa. A reflexão teórico-científica sobre a humanidade se inicia neste ambiente e nesta perspectiva. Logo, a noção de ser humano é referendada por referências humanas e sociais do homem europeu e da sociedade europeia.\n\nNo entanto, a partir dos esforços de conquistas de outros continentes, os europeus \"encontraram\" com \"seres\" diferentes e solicitaram para caracterizá-los, trazendo muitas vezes a necessidade de produzir e se reconhecer: sendo seres semelhantes \"humanos\".\n\nA relação com argumentos humanos de localidades até então desconhecidas como as que não denominamos África, América, Austrália, fez com que surgissem as questões que consideramos baseadas nas raízes de tantas características pessoais de uma mesma espécie. O movimento pré-científico, que dominou o campo da diversidade cultural até o século XVIII, é aquele que associava entre conceito de \"diferente\" ou como humano, como eram como humano, provido de desperdício de alma, bem ou mau selvagem, etc.\n\nNa ótica dos europeus, estes \"mais selvagens\" eram vistos como perigosos, mais próximos aos animais, brutos, inibidos de estuddos de relacionamento, primitivos, com uma inteligência retida, fluídos pela magia, enfim, seres limitados que precisavam ser \"civilizados\" pela cultura europeia.