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Cursos Gerais ·
Metodologia da Pesquisa
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autora KAREN FERNANDA BORTOLOTI 1ª edição SESES rio de janeiro 2015 METODOGIA DA PESQUISA Conselho editorial solange moura roberto paes gladis linhares karen fernanda bortoloti marcia mitie maemura Autora do original karen fernanda bortoloti Projeto editorial roberto paes Coordenação de produção gladis linhares Coordenação de produção EaD karen fernanda bortoloti Projeto gráfico paulo vitor bastos Diagramação bfs media Revisão linguística roseli cantalogo couto Imagem de capa kzlkurt80 dreamstimecom Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia e gravação ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora Copyright seses 2015 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação cip B739m Bortoloti Karen Metodologia da pesquisa Karen Bortoloti Rio de Janeiro SESES 2015 192 p il isbn 9788555480362 1 Metodologia 2 Ciência 3 Pesquisa 4Produção científica I SESES II Estácio cdd 0014 Diretoria de Ensino Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo 83 bloco F Campus João Uchôa Rio Comprido Rio de Janeiro rj cep 20261063 Sumário Prefácio 7 1 A Pesquisa e o Conhecimento Científico 9 Objetivos 10 11 O Conhecimento e seus níveis 11 111 Níveis de conhecimento 14 12 Desenvolvimento científico 22 Atividades 47 Reflexão 48 Referências bibliográficas 48 2 O Problema Científico e os Tipos de Pesquisa 51 Objetivos 52 21 A escolha do tema e importância de sua delimitação 53 22 A problematização do tema 57 23 A construção de hipóteses e as questões norteadoras 62 24 Construção da fundamentação teórica 64 25 Tipos de pesquisa 66 251 Tipos de pesquisa segundo os objetivos 69 252 Tipos de pesquisa segundo os procedimentos de coleta e as fontes de informação 71 253 Tipos de pesquisa segundo a natureza dos dados ou abordagem do problema 76 Atividades 78 Reflexão 78 Referências bibliográficas 78 3 A Redação Científica 81 Objetivos 82 31 A linguagem da pesquisa 83 32 A Redação Científica 85 321 Impessoalidade 85 322 Objetividade 86 323 Clareza 86 324 Precisão 87 325 Modéstia e cortesia 87 33 A leitura condição indispensável para os trabalhos acadêmicos 88 34 Fichamento 91 341 Fichário Bibliográfico 93 342 Plano de leitura 94 35 Resumo 95 36 Resenha 96 37 Artigo 97 38 Monografia 98 39 Apresentação de trabalhos acadêmicos 100 Atividades 100 Reflexão 100 Referências bibliográficas 101 4 O Projeto de Pesquisa 103 Objetivos 104 41 Constituição do projeto de pesquisa 105 42 A importância do projeto de pesquisa 107 43 Construção e estrutura do projeto de pesquisa 109 431 Dados de identificação 111 432 Justificativa 111 433 Problema de pesquisa e objetivos 112 434 Hipótese 113 435 Metodologia da pesquisa 114 436 Cronograma de execução 115 437 Referências 116 44 O método científico 117 441 Método Científico e Método Racional 119 442 Os muitos discursos sobre o método 120 45 As técnicas 125 451 Observação 128 452 Descrição 131 453 Comparação 131 454 Análise e síntese 132 455 Experimentação 133 456 Técnicas de abordagem 134 457 Dedução 135 458 Indução 137 459 Intuição 138 4510 Inferência 139 4511 Técnicas de Coleta de dados 139 4512 Entrevista 140 4513 Questionário 143 Atividades 145 Reflexão 145 Referências bibliográficas 148 5 O Trabalho de Conclusão de Curso 151 Objetivos 152 51 Trabalho de Conclusão de Curso TCC 153 52 Ética e pesquisa científica 155 521 Plágio 160 53 Formatação do trabalho 163 54 A Estrutura Textual da Pesquisa 166 541 Elementos prétextuais 168 542 Elementos textuais 170 543 Elementos póstextuais 171 55 Normas para Citação 172 551 Sistema numérico 175 552 Sistema autordata 176 56 Normas para Referência 177 Atividades 180 Reflexão 181 Referências bibliográficas 182 Gabarito 183 7 Prefácio Prezadosas alunosas Ao iniciarmos as discussões sobre a metodologia da pesquisa e a sua importân cia para alunos e pesquisadores de todos os níveis e áreas sempre surgem questões como o que conhecimento O que é ciência O que é método Qual método eu devo escolher Qual a conduta mais correta para a apresentação dos resultados da pes quisa Como eu faço uma referência Como eu estruturo um projeto de pesquisa Sabemos que o caminho a ser percorrido na estruturação do conhecimento não é fácil Especialmente os alunos de graduação e pósgraduação precisam organi zar os conhecimentos pertinentes a sua área de estudo para que possam munidos desses instrumentos aprender pela pesquisa e contribuir para o desenvolvimento científico O conteúdo expresso nessa disciplina pretende apresentar as noções necessá rias ao desenvolvimento do trabalho científico auxiliar na organização dos tópicos de um projeto de pesquisa discutir a linguagem própria do campo da ciência re fletir sobre a conduta científica enfim colaborar para a superação das dificuldades iniciais dos alunos no percurso da pesquisa O livro está dividido em cinco capítulos que abordam questões teóricas como os diferentes tipos de conhecimento e a ética na ciência e questões relacionadas a prática da pesquisa como por exemplo a melhor maneira de planejar uma pesqui sa e qual o tipo mais pertinente para o problema selecionado Bons estudos A Pesquisa e o Conhecimento Científico 1 10 capítulo 1 Para iniciarmos a nossa reflexão acerca da pesquisa cientifica neste primei ro capítulo vamos entender o que é conhecimento que é fundamental para compreendermos o que é e qual a importância da metodologia da pesquisa e quais os seus tipos para que possamos entender a estruturação da ciência o seu desenvolvimento ao longo da história e porque alcançou o status do qual desfruta atualmente em nossas vidas OBJETIVOS Analisar e compreender os diferentes tipos de conhecimento e suas principais características Observar como as diversas formas de conhecimento estão presentes em nossas atividades cotidianas Examinar como os tipos de conhecimentos estão relacionados e são igualmente impor tantes para o desenvolvimento científico Compreender a história das ciências Analisar a divisão e classificação das ciências capítulo 1 11 11 O Conhecimento e seus níveis O conhecimento deve ser compreendido como um processo dinâmico inacabado e em constante transformação e adaptação Ao relacionarse com o meio o homem faz uso de diversas formas de conhecimento e por meio dessas formas ele transforma o mun do ao mesmo tempo em que é transformado Como veremos mais adiante a ciência é uma das formas de conhecimento com características próprias como a possibilidade de ser verificada e comprovada por outros O que é o conhecimento Essa com certeza é uma das principais perguntas dos estudantes e pesquisadores quanto iniciam ou aprofundam os estudos da metodologia ou metodologias científicas O homem desde os seus primórdios preocupouse em conhecer e buscar explicações sobre a natureza e sua apropriação sobre ela Ao analisar a palavra francesa para conhecer temse connaissance que significa nascer naissance com con logo se concluí que o conhecimento é passado de geração a geração tornandose parte da cultura e da história de uma sociedade O conhecimento humano é o resultado da atividade do pensamento e este indica a diferença entre os homens e os demais animais Sem dúvida é a capacidade de conhecer de buscar respostas e soluções que caracteriza a condição humana que facilita a organização de sua vida Sendo o conhecimento meio para organizar e facilitar a vida a compreen são do processo de conhecer é importante para permitir o desenvolvimento humano E no intuito de compreender essa atividade humana à qual denomi namos conhecimento os estudiosos da Teoria do Conhecimento identificam os elementos que o compõem demonstram os processos pelos quais os conhe cimentos se realizam apontam as espécies e graus do conhecimento Para estudar a ciência que é uma forma organizada do conhecimento com vistas ao desenvolvimento humano é necessário termos algumas noções sobre ao ato de conhecer Em todo conhecimento estão presentes dois elementos o sujeito que busca o conhecimento que é a consciência o Eu pensante sujei to que conhece cognoscente e o objeto ou coisa que se quer conhecer objeto cognoscível Por essa razão é que se afirma ser o conhecimento uma repre sentação que o sujeito faz de um determinado objeto TELLES JR 1981 p78 12 capítulo 1 Os meios pelos quais um objeto é representado pelo sujeito que o conhece dependem do instrumento empregado para produzilos O homem dispõe de duas espécies de instrumentos cognitivos para alcançar o conhecimento os seus órgãos sensoriais e sua inteligência No ato de conhecer o sujeito tende para o objeto esta tendência é chamada de intencionalidade do conhecimento que consiste em sair o sujeito de si para o campo de referência do objeto a fim de captálo mediante um pensa mento por este ato cognoscitivo o sujeito traz psiquicamente ou seja por meio de sensações percepções imagens ideias juízos para dentro de si o objeto O objeto uma vez parte da consciência do sujeito produz neste uma modificação pois resulta no sujeito um novo pensamento Diante do exposto devemos destacar que três são os elementos necessários para que haja verdadeiramente conhecimento Assim três elementos são ne cessários para que haja conhecimento 1 Sujeito aquele que conhece 2 Objeto aquilo que o sujeito investiga 3 Imagem mental ideia ou conceito que resultam da interação entre su jeito e objeto e que passa a subjetividade daquele que conhece ERIC BRODER VAN DYKE DREAMSTIMECOM capítulo 1 13 Conhecer é pois representar uma coisa ou objeto É a operação imanente1 pela qual um sujeito pensante representa um objeto É o ato de tornar um obje to presente à imaginação ou à inteligência É o ato de sentir perceber imaginar ou pensar um objeto Em suma o conhecimento é a apreensão intelectual do objeto Um problema crucial que foi inicialmente posto pelo pensamento filosó fico é como explicar o que é conhecimento humano Precisamos iniciar pelo exame da capacidade humana de conhecer pelo entendimento ou sujeito do conhecimento A teoria do conhecimento voltase para a relação entre o pen samento e as coisas a consciência interior e a realidade exterior o entendi mento e a realidade em suma o sujeito e o objeto do conhecimento É a relação entre o sujeito e o objeto percebido que irá constituir o elemento a ser pesquisa do e se transformar num conhecimento científico Todo conhecimento está baseado num préconhecimento em herança cultu ral tradições em pontos de partida ligados a visões subjetivas Pode parecer es peculativo afirmar a necessidade de um préconhecimento mas não é a partir do momento que constatamos que o homem na sua existência vive rodeado de fenô menos que ainda não foram percebido e muito menos explicados por ele Porém a partir da sua percepção ele passa a questionálo e assim iniciase o questiona mento a observacao e a pesquisa e da pesquisa a construção do conhecimento Os primeiros filósofos gregos dedicavamse a um conjunto de indagações principais Por quê e como as coisas existem O que é o mundo Qual a origem da natureza e quais são as causas de sua transformação A essas indagações tinham como resposta que conhecer e alcançar o idên tico imutável Nossos sentidos nos oferecem imagens de um mundo em in cessante mudança num fluxo perpétuo onde nada permanece idêntico a si mesmo onde tudo se torna o contrário em si mesmo o dia vira noite o peque no vira grande o grande diminui o frio se aquece o líquido vira vapor ou vira sólido MONDIN 1985 O conhecimento pode ser definido como sendo a manifestação da consci ênciadeconhecer é a consciência de conhecimento simplificando dizse que o conhecimento existe quando a pessoa ultrapassa o dado vivido explican doo É o sujeito que percebeu o objeto buscou informações pesquisou sobre o mesmo e agora é capaz de explicar a sua origem estrutura funções entre outros 1 Imanente que existe sempre em um dado objeto e inseparável dele 14 capítulo 1 Após nossos estudos sobre o Conhecimento Humano vamos tratar dos ní veis de conhecimento Porém é fundamental compreendermos que a divisão dos níveis de conhecimento não é rígida os limites entre eles nao são claros e até mesmo questionáveis uma vez que não há espaço para por exemplo as artes e as denominadas pseudociências como a astrologia Assim essa divisão não deve ser tomada a ferro e fogo MATTAR 2008 É sempre bom destacar que a ciência também é uma construção que revela nossas suposições acerca do que se está construindo Podemos destacar três tipos de supo sições Ontológicas dizem respeito à própria essência dos fenômenos investigados Epistemológicas estão referidas ao conhecimento em si e na forma como pode ser transmitido Relativas à natureza humana dizem respeito à visão que se tem do homem 111 Níveis de conhecimento Como podemos chegar a conclusões tidas como verdadeiras Até que ponto este conhecimento é verdadeiro Partindo destes questionamentos passare mos a verificar os Níveis de Conhecimento dividindoos em quatro Conhecimento Popular Empírico ou Sensível Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso ou Teológico Conhecimento Científico Conhecimento Popular Empírico ou Sensível Também conhecido como senso comum é o tipo de conhecimento que todo indivíduo desenvolve a partir do contato direto e contidiano com a realidade O conhecimento popular está centrado nos sentidos do homem e na sua per cepção do mundo dos fenômenos no seu cotidiano sem respostas científicas É obra do acaso É a percepção que o ser humano tem das coisas da natureza mundo que o rodeiam Como exemplo podemos citar aquilo fenômenos ob capítulo 1 15 jetos que descobrimos todos os dias quando passamos pelo mesmo lugar Um dia é um risco na calçada um detalhe em uma casa uma flor uma árvore que antes não havíamos percebido É basicamente desenvolvido por meio dos sen tidos e sem a intenção de de ser profundo e sistemático Para o conhecimento sensível a sensação pressupõe um fato físico que é a ação do objeto sensível sobre o órgão que sente através do meio Mas o fato fí sico transformase em psíquico na sensação propriamente dita em virtude da faculdade e atividade sensitivas O sentido recebe as qualidades materiais sem a matéria delas da mesma maneira que a argila recebe a impressão do artesão em sua matéria Finalmente o conhecimento popular não tem a característica da confiabi lidade que marca como veremos o conhecimento científico porque não segue um método científico não tem seus resultados divulgados e nem é submetido a julgamentos Conhecimento Filosófico Antes de mais nada é importante definirmos a palavra filosofia a qual foi criada por Pitágoras philos significa amigo e sophia significa sabedoria Em sua interação com a natureza o homem acumula diversos conhecimen tos ocorrendo desde a antiguidade até os dias de hoje É o conhecimento re sultado da reflexão do pensar sobre determinado fenômeno Tem como centro a filosofia o pensamento e não o rigor técnico científico na sua obtenção O ato de conhecer faz do homem um ser diferente dos demais uma vez que tal ato permite dominar a natureza e fugir de sua submissão Ao contrário dos de mais animais como as abelhas cuja organização da colmeia considera apenas a sobrevivência da espécie os homens podem dominar a natureza que o circunda Todavia o Conhecimento só é compreensível perceptível através do sujeito cognoscente aquele que conhece o objeto aquilo que é conhecido e a ideia que se constrói do objeto O indivíduo que conhece é quem determina o conhe cimento o objeto é aquilo que será conhecido e a ideia ou imagem é a interpre tação do objeto pelo sujeito Assim o sujeito cognoscente apropriase de certo modo do objeto Sendo a realidade tão complexa o homem para apropriarse dela deve re ceber então os outros tipos de conhecimento o Teológico o Científico e o Sensível 16 capítulo 1 O conhecimento filosófico busca compreender a realidade em seu contexto mais uni versal não havendo soluções definitivas para uma série significativa de questões To davia a filosofia habilita o homem a usar suas faculdades para compreender melhor o sentido da vida A título de exemplo enquanto o biólogo cientista questiona os dados sen síveis do ser humano como a célula o DNA o filósofo questiona o homem como um todo e se pergunta Quem é o homem De onde ele vem Para onde ele vai Quais são seus elementos constitutivos fundamentais Os principais problemas da filosofia são problema cosmológico do mundo problema gnosiológico do conhecimento problema epistemológico questiona a ciência problema antropológico do homem problema metafísico ou ontológico do SER e de sua origem problema ético do bem e do mal problema político da sociedade problema estético da arte problema pedagógico da educação problema linguístico filosofia da linguagem problema jurídico filosofia do direito Na filosofia além de estudar as reflexões dos pensadores do passado colo camse as novas questões que surgem na atualidade por exemplo o sentido da técnica os aspectos éticos da globalização ou da engenharia genética A filosofia deve ser compreendida como a ciênciamãe da qual foram gradativamen te separandose formas de pensar e métodos que mais tarde se especializaram e se tornaram independentes e que atualmente consideramos ciências Mas mesmo hoje essas diferenças que separariam o conhecimento filosófico dos outros campos de co nhecimento não são sempre claras MATTAR 2008 p03 capítulo 1 17 Conhecimento Religioso ou Teológico A palavra Teologia é de origem grega Theos significa Deus e Logos quer dizer tratado discurso ou seja conhecimento comparado de Deus ou ainda ciência que nos ensina sobre Deus A Teologia segundo Platão e Aristóteles é a doutria da Deidade das coisas divinas Portanto o que funda o conhecimento religioso é a fé Esses conhecimentos na verdade não são concebidos pelo Homem mas a ele revelados por Deus Este tipo de conhecimento tem suas explicações centradas em Deus que analisa e interpreta as coisas do mundo As verdadesreligiosas estão registradas nos livros sagrados ou são reveladas pelos deuses ou outros seres espiri tuais por meio de alguns iluminados santos e profetas Essas verdades são em geral tidas como definitivas e nãopermitem revisão mediante a reflexão ou a experiência Na realidade podemos compreender o conhecimento teológico com a in terpretação dos fenômenos da natureza através da fé das verdades reveladas da relação entre espírito e matéria corpo e alma Por ser um conhecimento re velado pela fé divina ou crença religiosa não pode por sua origemser confir mado ou negado dependendo da formação moral e das crenças de cada indiví duo para ser confirmado ou não São exemplos de conhecimento teológico Acreditar que alguém foi curado por um milagre divino Acreditar em reencarnação Acreditar no espiritismo O conhecimento religioso não pode ser sancionado ou negado ao contrário do que ocorre no conhecimento científico justamente porque pautase em conjecturas revela das pelo sobrenatural e portanto sagradas e valorativas Conhecimento Científico CONEXÃO Indicação de filme A ilha do doutor Moreau 1977 EUA Don Taylor Ficção sobre a ideia do cientista como criador à semelhança de Deus 18 capítulo 1 Asssim como o conhecimento filosófico o conhecimento científico é racio nal porém tem a pretensão de ser sistemático e de revelar aspectos da realida de O conhecimento científico é aquele construído através da pesquisa siste matizada organizada que utilizando métodos próprios chega a um resultado comprovado que é o chamado de conhecimento científico Podemos afirmar que o conhecimento científico é aquele construído atra vés da investigaçãopesquisa sistematizada organizada que utilizando méto dos claros e próprios chega a um resultado comprovado que é o conhecimen to científico O conhecimento científico ao contrário do que muitas pessoas pensam vai além do empírico pois preocupase não só com os efeitos mas principalmente com causas e leis Ocorre de forma lenta pois é um processo contínuo de construção com um complexo de pesquisa análise elaborações e síntese Na definição comum ciência indica conhecimento por derivar da pala vra latina scientia oriunda de scire ou seja conhecer saber Porém filosofi camente apenas é ciência apenas os conhecimentos exatos certos ordenados e conexos A ciência é assim composta por enunciados constatações que tem como principal objetivo a difusão de informações verdadeiras sobre o que exis te existiu ou existirá Logo o conhecimento científico é aquele que busca dar às suas constatações um caráter estritamente descritivo genérico comprovado e sistematizado Para sintetizar podemos elencar as seguintes características do conheci mento científico SABER METÓDICO O método científico garante a validade de um deter minado conhecimento uma vez que o método indica o caminho do pensamento na construção da ciência SABER SISTEMÁTICO O conhecimento científico deve apresentar coerência entre as constatações apresentadas com seu objeto e com as diferentes operações da tarefa de conhecer capítulo 1 19 A investigação científica se dedica com base em métodos altamente especializados à solução de problemas rigorosamente formulados Para lidar com contextos problemáti cos claramente delimitados a pesquisa elabora com inventividade hipóteses e teorias OLIVA 2003 p 48 Historicamente como destaca Marilena Chauí as principais concepções de ciência ou ideais de cientificidade são a racionalista a empirista e a construti vista CHAUÍ 2006 RACIONALISTA dos gregos até o século XVII Apresenta como modelo de objetividade a matemática a realidade é matemática e afir ma que a ciência é sempre um conhecimento racional dedu tivo e demonstrativo como a matemática O objeto científico é uma representação intelectual universal necessária e ver dadeira das coisas representadas e corresponde à própria realidade porque esta é racional e inteligível em si mesma é portanto uma concepção hipotéticadedutiva EMPIRISTA da medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX Adota o modelo de objetividade da medicina grega e da his tória natural do século XVII entendendo a ciência como a interpretação dos fatos baseada em observações e expe rimentos pois os experimentos oferecem a definição dos objetos suas propriedades e suas leis de funcionamento Possuindo assim uma visão hipotético indutiva CONSTRUTIVISTA Não acredita que os experimentos representem a realidade mas apresentem arcabouços e modelos de funcionamento dessa realidade explicando os fenômenos estudados Não almeja portanto apresentar uma verdade incondicional 20 capítulo 1 Pensamento científico É objetivo isola o individual e procura estruturas universais Procura medidas padrões critérios de avaliação e comparação para coisas que pa recem diferentes É homogêneo busca leis gerais para a explicação dos fenômenos É diferenciador ao fazer distinções Não estabelece relações causais de forma aleatória Surpreendese com a regularidade a frequência a repetição e procura destacar o extraordinário Mostrar que pelo conhecimento o homem pode libertarse de preconceitos e superstições Busca constantemente a renovação Resulta de um trabalho paciente de investigação e de pesquisa racional aberto a mudanças e afastado dos dogmas Ao contrário do que muitos pensam a ciência não é única podemos dividí la em ciências formais e ciências empíricas ou ainda em ciências humanas biológicas e exatas As ciências formais não analisam objetos empíricos pois suas hipóteses não estão submetidas a sentença dos fatos e dos procedimentos experimentais os procedimentos empregados são de natureza dedutiva2 As ciências empíri cas estudam fenômenos que são direta ou indiretamente observáveis por meio de métodos quantitativos ou qualitativos O primeiro grupo inclui a lógica e a matemática que não possuem objeto de estudo empírico ou real mas ao con trário analisam basicamente os números e as formas de raciocínio Já o segun do grupo abrange todas as ciências naturais e humanas que tomam a natureza e o ser humano como seus objetos de estudo De um lado as ciências formais utilizariam como seu método básico a de monstração de outro lado as ciências denominadas empíricas utilizarseiam especialmente da sensação e da observação Enquanto as ciências empíricas estariam submetidas à evolução temporal de seus objetos de estudo o tempo não seria uma variável importante para as ciências formais 2 Dedutivo raciocínio que nos permite tirar de uma ou várias proposições uma conclusão que delas decorre logicamente capítulo 1 21 Outro modelo procura separar as ciências em três grandes gupos exatas biológicas e humanas As ciências exatas seriam todas as que tivessem a mate mática como seu pilar básico As ciências biológicas teriam como seu objeto de estudo a natureza e o ser humano em seus aspectos biológicos As chamadas ciências humanas teriam o ser humano como seu objeto de estudo mas da óti ca sociológica Todavia como vivemos numa época de interdisciplinaridade em que justa mente essas divisões entre as disciplinas científicas são cotidianamente ques tionadas de pontos de vista práticos e teóricos é mais importante traçar pon tos de aproximação e comunicação entre as diferentes ciências do que procurar estabelecer com rigidez as barreiras que as separariam 1 Conhecimento sensível senso comumconhecimento popular Objeto campo de análise um pouco de tudo Método como se analisa de maneira assistemática sem método 2 Conhecimento científico Objeto analisa os fenômenos sensíveis para descobrir suas leis Método observação sistemática e quando possível a experimentação 3 Conhecimento filosófico Objeto questiona todas as coisas procurando saber sua essência o que é sua ori gem de onde vem seu destino para onde vai seu sentido por quê Método só o raciocínio 4 Conhecimento teológico religioso Objeto os dados da fé Método a integração entre a fé e a razão CONEXÃO httpwwwespacoacademicocombr03131cmatoshtm 22 capítulo 1 12 Desenvolvimento científico A ciência como a conhecemos hoje é uma criação dos últimos quatrocentos ou trezentos anos Foi elaborada no mundo e pelo mundo que estabilizou sua forma aproximadamente em 1660 quando o continente europeu assistiu ao fi nal de longas guerras religiosas e se estabeleceu num cotidiano de exploração comercial e industrial Há muitas opções a serem consideradas quando buscamos a análise do de senvolvimento científico ou seja a compreensão da história das ciências apre sentar os principais nomes no progresso da ciência destacar os trabalhos e os livros mais importantes estudar o avanço das teorias científicas e sua refuta ção elencar as principais invenções técnicas e analisar o desenvolvimento dos instrumentos utilizados nas ciências listar as descobertas científicas abordar a história dos métodos científicos focar o estudo nas mudanças dos paradig mas científicos atentar para a centralidade da continuidade ou descontinui dade no desenvolvimento das ciências ressaltar o contexto das descobertas e traçar a história do discurso sobre a ciência e sobre o método científico Porém nosso objetivo é situar historicamente alguns desses elementos Antiguidade Como observamos anteriormente o que comumente denominamos ciência é uma das formas que o homem elaborou para tentar compreender e dar algu mas explicações sobre o mundo Assim como a religião a filosofia a arte e o senso comum também são instrumentos na busca dessas explicações A ciência começou antes mesmo de os homens desenvolverem atividades que hoje conhecemos por ciência começou quando os homens familiariza ramse com fenômenos naturais como o vento as chuvas e o calor passando a utilizar ossos e pedras como instrumentos para facilitar as atividades cotidia nas e gradativamente fabricaram esses instrumentos e passaram a transfor mar a natureza que os cercava e começou a indagar essa natureza e a si mesmo nesse momento o domínio do fogo talvez tenha sido o maior avanço técnico Assim antes de falarmos do berço da civilização ocidental vamos falar um pouco da ciência daqueles que foram os responsáveis pelas ciências anti gas Vamos analisar as civilizações egípcia mesopotâmica hebraica fenícia indiana e chinesa Esta opção ou seleção analítica devese ao fato de as duas capítulo 1 23 primeiras terem feito as ciências mais antigas que conhecemos e as ciências da Índia e da China apesar de menos antigas que as do Oriente Próximo pare cerem ser totalmente independentes quanto à origem e ao desenvolvimento Durante milhares de anos homens e mulheres viveram em comunidades nas quais não havia desigualdade entre as pessoas e não existia propriedade privada ou seja as terras e as riquezas pertenciam a todos não havia nenhum tipo de privilégio A propriedade era coletiva tudo era dividido igualmente en tre os membros da comunidade não existia nem o meu nem o seu mas sim o nosso O termo comunidade lembra que havia uma cooperação mui to grande entre todos os indivíduos A palavra primitiva ao contrário do que muitos imaginam não quer dizer atrasada ou inferior mas apenas que eram sociedades mais simples organizadas pelos primeiros seres humanos repre sentando uma outra maneira de viver tão interessante e rica como a nossa O que é importante ressaltar a respeito das comunidades primitivas é que nem todas se transformaram da mesma maneira e nem todas se dissolveram ou como preferem alguns alcançaram a civilização A história humana apre senta múltiplas possibilidades pois não há caminho único na História Alguns historiadores por exemplo qualificam as comunidades indígenas do Brasil como comunidades primitivas todavia não podemos esquecer que cada co munidade indígena tinha suas próprias características culturais O afamado Egito deixou para os historiadores algumas informações rele vantes para a compreensão de sua ciência e educação Nessa civilização os conhecimentos eram transmitidos sem que questionamentos fossem levan tados e não havia uma preocupação com questões teóricas de demonstração nem de princípios ou leis científicas Em virtude do controle de um Estado cen tralizador e teocrático a transmissão do saber era restrita a poucos os sacer dotes Esses sacerdotes representavam o grupo intelectual de uma sociedade hierárquica E a ciência egípcia O povo egípcio atingiu um nível cientifico elevado se comparado a civilizações do mesmo período O transporte e o vestuário foram facilitados em virtude da criação da roda raiada do barco a vela e do surgimento do tear A aritmética era desenvolvida e utilizavam uma numeração decimal A agrimensura ensejou o desenvolvimento da geometria ALFONSOGOLDFARB 1995 24 capítulo 1 Com relação à medicina há papiros que detalham explicações sobre o parto a purificação da parturiente e esterilidade das mulheres CHASSOT 1994 p 21 Os astrônomos egípcios identificaram inúmeras constelações mas a astronomia era tida como algo prático e nãoespeculativo por exemplo não estavam preo cupados com a posição da Lua em relação ao sol mas a observavam para marcar a passagem do tempo E por último o que lembramos assim que falamos dos egípcios as pirâmides que sem dúvida foram elaboradas com sofisticadas téc nicas de construção e gerenciamento do batalhão de operários CONEXÃO httpwwwfascinioegitosh06compiramideshtm A Mesopotâmia é uma região de planícies no Oriente Médio atual Iraque entre os rios Tigre e Eufrates A cheia que fertilizava as terras das proximidades desses rios facilitou a ocupação dessa localidade Para que a permanência fosse mais cômoda os povos que se fixaram nessa região realizaram inúmeras obras hidráulicas como diques e canais de irrigação Na Mesopotâmia religião era politeísta e caminhava lado a lado com a polí tica Os sacerdotes eram funcionários do Estado os templos religiosos tinham terras e cobravam impostos das famílias que trabalhavam nelas A região não foi como o Egito constituída por um só povo mas por sucessivos povos que se revezaram no comando os sumérios os semitas os assírios e os babilônios Temos poucas informações sobre os métodos educativos da civilização meso potâmica O que podemos afirmar com certo grau de certeza é que como no Egito dada à função da religião centralíssima era a função social dos sacerdo tes e também de sua formação escolar De início predominava a educação doméstica posteriormente foram criadas escolas públicas com a intenção de impor os valores aos povos conquistados Essa escola pública com o tempo deu origem ao primeiro ensino superior de que se tem notícia na história que denominamos Universidade Palatina da Babilônia Uma das contribuições mais notáveis da civilização babilônica uma das que ocupou a região foi a criação do Código de Hamurábi O código era um conjunto de leis que determinavam como deveriam viver os habitantes do rei no A principal idéia do código era a do olho por olho dente por dente capítulo 1 25 A escrita uma das criações mais importantes da cultura humana e significa tiva para o desenvolvimento da ciência abstrata foi também uma contribuição legada por esse povo A escrita cuneiforme era silábica cada símbolo represen tava uma silaba e não alfabética como a que utilizamos hoje Os povos da mesopotâmia desenvolveram medidas sistêmicas de tempo co nhecimento das estações desenvolvimento da agricultura relógio solar e calen dários em que o ano tinha 360 dias foram parte das contribuições Esses povos também foram responsáveis pela observação aparente do sol e dos planetas com preendendo o universo como uma caixa fechada cujo fundo era a terra Servindo se da astronomia na medicina juntamente com os conhecimentos científicos de plantas para o preparo de remédios identificavam e tratavam doenças Os fenícios foram grandes comerciantes e navegadores o que facilitou con tato com diversos povos e o desenvolvimento da construção naval No sistema numeral e no calendário receberam influências de seus vizinhos mesopotâ mios e a partir desse contato foram responsáveis pela elaboração da primeira escrita alfabética o que foi uma grande contribuição tendo em vista as cente nas de símbolos das escritas silábicas cuneiforme e hieroglífica Os hebreus também denominados israelitas ou judeus eram descenden tes de um antigo povo semita3 da região da Arábia Eram nômades e estavam em constante busca de um local adequado para vier O processo de sedentari zação ocorreu na região da Palestina após expulsarem os povos que habitavam o local hoje onde está o estado de Israel A característica mais marcante da civilização hebraica foi sempre a religião Para começar eram monoteístas ou seja acreditavam em um único Deus que tinha criado o mundo e todas as coisas Na Bíblia estão os principais manda mentos da religião judaica e a história do povo hebreu Acerca da ciência he braica quase todas as referências estão na bíblia pois os pergaminhos hebreus não se preservaram Em Israel desenvolveram dois sistemas de numeração um decimal originário da prática de contar com os dedos e um sexagesimal origi nário da Babilônia Até hoje o calendário judaico baseiase no ciclo lunar com 354 dias ou me lhor doze lunações e que para se adaptar ao ano solar tem numero variável de dias Apesar de o povo hebreu não ter deixado nenhum tratado médico pode mos encontrar na bíblia muitas normas de higiene que objetivavam melhorar a qualidade de vida 3 Semita indivíduo dos semitas família etnográfica que abrange hebreus assírios arameus e árabes 26 capítulo 1 Já na Índia floresceu uma civilização por volta de 2000 aC às margens dos rios Indo e Ganges uma civilização com imponentes cidades que superavam a Babilônia com grande desenvolvimento urbano e elevado estagio de higiene pública Se nas civilizações que vimos até aqui as divisões de classe foram mar cantes na Índia essa separação foi ainda mais forte pois a sociedade indiana sempre esteve dividida em castas fechadas com mínimas probabilidades de mobilidade Há indícios de que a aritmética hindu que se usava no século III aC tinha um sistema de numeração do qual derivou o que utilizamos hoje com a denomi nação de numeração arábica que provavelmente foi assimilada pelos árabes através dos gregos que o teriam recebido dos hindus CHASSOT 1994 p26 No vale do rio Hoangô ou Rio Amarelo desde o terceiro milênio aC fixou e se desenvolveu uma civilização agrícola neolítica em função das características geográficas Uma das mais tradicionais culturas da história a civilização chi nesa mantém sem grandes mudanças até os dias de hoje muito de sua cultura antiga A religião como nas demais civilizações orientais favoreceu a separa ção entre a população e os governados É inevitável que a educação também reproduzisse esse caráter conservador voltado para a transmissão da sabedoria contida nos livros clássicos opondo cultura e trabalhoA escrita e a metalurgia desenvolveramse por volta do século XIV aC sendo os fatos e os feitos regis trados pelos escribas reais que ganharam prestígio e freqüentavam escolas CHASSOT 1994 p27 A matemática chinesa era muito desenvolvida e havia instrumentos para re alizar cálculos preciso como o ábaco utilizado até hoje e que fora incorporado pela cultura ocidental Outro aspecto da ciência chinesa que até o momento surpreende é a farmacopéia Os chineses sempre cultivaram um grande nume ro de plantas e descreviam os produtos úteis inúteis e prejudiciais dos três rei nos Existem vagas informações a respeito de transformações de metais e sobre a influência do vento sobre os mesmos Contudo foi na Grécia ou a partir dela cuja cultura serviu de base para a estruturação do que denominamos ciência moderna que encontramos as pri meiras tentativas de racionalização do universo pois a cultura grega mostrou se suficientemente livre para integrar a realidade O pensamento racional surge simultaneamente com a escrita e diminui a importância que a memória e a tradição oral tinham para as sociedades mí ticas A demonstração por meio da razão e da experiência vai aos poucos capítulo 1 27 adquirindo mais valor que o poder de revelação mitológico A observação da realidade passa a ser mais importante que a história dos deuses Portanto cos tumamos dizer que a ciência surgiu na Grécia Antiga apesar de as civilizações anteriores à grega como enfatizamos anteriormente já apresentarem conside ráveis realizações científicas Os primeiros pensadores gregos os chamados présocráticos tinham como objetivo a construção de uma cosmologia4 que substituísse a antiga cosmolo gia baseada nos mitos Assim tentaram descobrir com base na razão e não na mitologia a substância primordial existente em todos os seres Pretendiam na verdade encontrar a matéria prima de que seriam feitas todas as coisas in clusive o homem os présocráticos ao observarem a realidade e questionarem acerca da matéria concluíram que o universo era constituído por uma substân cia básica ou substância fundamental Contudo cada um desses pensadores escolheu uma substância como fundamental água fogo e ar tiveram um gran de número de defensores A cidade de Mileto capital da Jônia na costa da Ásia Menor foi provavel mente no século VI aC o berço da ciência grega bem como de suas primeiras escolas de arquitetura e literatura Apesar dos progressos especialmente na Astronomia Medicina e Matemática na existia na antiguidade uma disciplina intelectual com os mes mos métodos e as mesmas delimitações da ciência moderna não havia uma correspondência com o que hoje conhecemos como ciência Os temas dessas disciplinas pertenciam todos à filosofia natural e portanto a um projeto filo sófico mais amplo Idade Média É muito comum a caracterização da Idade Média como a Idade das Trevas ou Escuridão de mil anos na verdade essa classificação foi elaborada pelos ho mens renascentistas5 que desejavam atribuir para si a construção dos sistemas de pensamento do mundo para isso criaram a ideia de que a Idade Média fora um período de trevas sem nenhuma produção do conhecimento apenas de obscurantismo 4 Cosmologia explicação racional e sistemática das características do universo 5 A própria denominação Idade Média foi inventada pelos intelectuais do Renascimento 28 capítulo 1 Todavia o que ocorreu no Ocidente durante o período que os renascentistas denominaram medieval foi a organização de uma nova sociedade baseada na posse de terras onde os servos trabalhavam duro e ganhavam apenas uma par te da produçãomas a Idade Média é muito mais do que o feudalismo europeu A Idade Média representou a época de formação das modernas nações e lín guas de institucionalização da Igreja católica bem como do surgimento das ra ízes que posteriormente sustentariam a organização do capitalismo No Oriente houve um grande progresso técnico e cultural que se espalhou pelo Ocidente O mundo islâmico indiano chinês e de outros povos foi pontilhado por descober tas significantes que iam dos algarismos ao astrolábio à pólvora ao papel aos medicamentos ao aço à bússola e muito mais Gradativamente todas essas ino vações proporcionaram novas possibilidades materiais ao homem No século XIII as cidades voltaram a ser importantes na Europa O desen volvimento urbano estimulou a vida intelectual e o triunfo de uma nova ins tituição a Universidade Surgiram universidades como as de Bolonha Itália Oxford Inglaterra e Paris França instituições que eram protegidas tanto pela Igreja como pelos grandes Senhores Feudais Mas o que é que se estudava nas universidades Medicina Direito Teologia Filosofia As ciências da natureza não eram muito desenvolvidas e pratica mente só repetiam o que os gregos e os árabes já tinham dito Distinguiamse dois níveis de estudo num primeiro nível correspondendo ao ensino médio atual aprendiase retórica gramática lógica aritmética música geometria e astronomia Era preciso também analisar certo número de livros de autores variados Depois podiase optar por um curso literalmente superior Artes Teologia Direito ou Medicina Os cursos eram ministrados em Latim a língua internacional da Europa na época O método de ensino era chamado de Escolástico os alunos estudavam o tex to de um grande autor faziam comentários sobre ele e debatiam Entretanto nesses debates ninguém questionava o que esses autores diziam a autoridade deles era absoluta É por isso que séculos mais tarde a escolástica foi conside rada uma forma de estudo dogmática bitolada O período medieval também teve o mérito de organizar o conteúdo da Filosofia grega e islâmica assim como o cristianismo além de ter realizado uma importante avaliação crítica da Filosofia aristotélica A instituição das escolas e universidades como lar para essa síntese é uma das suas principais capítulo 1 29 conquistas A partir disso as universidades apresentavam uma novidade aos poucos a vida intelectual ia deixando de ser totalmente ligada à Igreja O pensa mento estava ganhando autonomia em relação à religião Renascimento Renascimento ou Renascença como preferem alguns historiadores foi o de senvolvimento de uma cultura que deixava para traz o domínio imposto pela Igreja Católica durante o período medieval e que tinha um caráter predomi nantemente humanista ou seja colocava novamente o homem e suas obras no centro das atenções6 Dizemos Renascimento porque foi nessa época que o racionalismo pro posto pela cultura clássica foi revalorizada o homem não queria mais ver tudo através dos olhos de Deus queria retomar a direção de sua vida A noção de pe cado foi minimizada e a moralidade redefinida o corpo por exemplo não foi mais visto como algo sagrado e inviolável favorecendo o retorno da anatomia e das experiências de uma forma geral Os renascentistas preocupavamse com a vida não queria mais contemplar a morte O renascentista tinha consciência de que conhecer era poder pois o conhecimento possibilitava descobrir inven tar e produzir Uma característica que define bem o Renascimento é o individualismo em oposição ao coletivismo medieval a partir desse momento o indivíduo deveria buscar sozinho a satisfação de seus desejos Geograficamente o Renascimento cultural teve início na região onde hoje está a Itália isso ocorreu principalmen te porque foi nessa localidade que o comércio e a vida urbana retomaram sua importância Profundas mudanças ocorreram na Europa entre o final da Idade Média e o início da Idade Moderna a intensificação da vida urbana da economia e do comércio o enriquecimento da burguesia e o fortalecimento do poder dos mo narcas Esse foi também o período das grandes navegações da elaboração das novas técnicas de exploração agrícola e mineral da difusão do uso da arma de fogo da imprensa de novos tipos de papel e de tintas do desenvolvimento da matemática da geometria da cartografia e da medicina 6 Antropocentrismo Antropocentrismo do grego antropos homem Visão de mundo em que o ser humano ocupa a posição central no universo oposição ao Teocentrismo medieval que colocava Deus em lugar de destaque 30 capítulo 1 Essas mudanças despertaram como não poderia deixar de ser novas ideias a respeito da natureza e do ser humano Pensadores denominados humanis tas7 acreditavam que o homem com a educação adequada seria capaz de do minar o seu destino controlar e transformar a natureza Essa nova concepção de mundo chamada de Antropocentrismo se opunha aos valores medievais atribuindo ao homem e não mais à vontade de Deus a responsabilidade por suas conquistas e fracassos Os pensadores desse período não se limitaram em fazer renascer os tex tos grecoromanos buscaram também melhorar a sociedade em que viviam o inglês Thomas Morus por exemplo imaginou em sua obra Utopia 1516 uma sociedade ideal baseada na igualdade e na tolerância O holandês Erasmo de Rotterdam criticou os costumes e os abusos da Igreja Católica em seu livro Elogio da Loucura 1511 O italiano Nicolau Maquiavel na sua obra O Príncipe 1513 estudou como se toma se conserva e se perde o poder O francês Rabelais em seus livros Pantagruel 1532 e Gargântua 1534 defendeu a idéia de que os homens deviam se guiar apenas pelas leis da natureza O que devemos ressaltar é que os humanistas mesmo discordando e criti cando a Igreja Católica não eram ateus mas cristãos que desejavam reinterpre tar as mensagens bíblicas todavia muitos deles foram perseguidos ou conde nados por suas idéias Os detalhes da natureza retratados pelo perfeccionismo dos artistas renas centistas como Dürere Botticelli são importante legado para a biologia espe cialmente para a botânica A medicina que durante a Idade Média não teve progresso foi favorecida pelo poder das universidades e pela experimentação na anatomia que não mais sofria com as imposições religiosas A química na Renascença teve ainda mesmo que pareça contraditório forte influência da alquimia especialmente com Paracelso que também era médico A alquimia prestou significativa colaboração nas técnicas de metalurgia e de minera ção os primeiros ramos da química a contribuir para os aperfeiçoamentos tecnológicos CHASSOT 1994 p 91 7 Humanista erudito dos séculos XV e XVI conhecedor das línguas e literaturas antigas consideradas então fundamentais para o conhecimento do ser humano capítulo 1 31 A física não teve um desenvolvimento significativo nesse período limitan dose a estudos de magnetismo mecânica e alguns trabalhos de óptica A ma temática foi dentre todas as ciências a que teve maior desenvolvimento espe cialmente em virtude da redescoberta dos textos de Euclides que ofereceram soluções para os problemas com os quais se defrontavam os construtores de catedrais e os geógrafos a serviço das expedições de navegadores Na astronomia que podemos classificar como précopernicana o alemão Nicolau de Cusa fez considerações importantes que mesmo não sendo adota das no ensino da astronomia que continuou seguindo os ensinamentos aritoté licoptolomaicos podem ser compreendidas como revolucionárias Nicolau de Cusa afirmava a Terra e se movia não em uma órbita mas com um movimento aparente e que existia vida em outras partes do universo que não a Terra Século XVII A Organização da Ciência Moderna O século XVII foi um momento de lutas de batalhas sangrentas de revoltas de idéias rearticulação em que a identidade do Estado Moderno se configurou A burguesia enriqueceu e se fortaleceu politicamente surgiram às fábricas local onde a mente do homem trabalhador foi remodelada Foi decisivo para o de senvolvimento cultural pois nesse período os resquícios dos tempos medievais foram abolidos definitivamente resolvendo problemas que os séculos anterio res haviam criado como o afastamento da teoria e da prática Nicolau Copérnico 1473 1543 O polonês que pode ser considerado contemporâneo da Renascença e que presenciou ao longo de seus setenta anos a chegada de Colombo a América Magalhães circundar a terra Vasco da Gama chega à Índia Lutero iniciar a Reforma Protestante dentre tantos outros feitos que mesmo recebendo uma educação que o direcionaria para a vida religiosa voltou seu interesse para a astronomia Por volta de 1513 construiu ao lado de sua igreja uma torre sem teto que utilizava como observatório embora dispusesse de poucos instrumentos de ob servação astronômica uma vez que o telescópio foi elaborado quase um século utilizava um relógio de sol um tríquetro aparelho triangular que fora elabora do pelo próprio Copérnico e um astrolábio esfera com anéis verticais e hori zontais Copérnico tinha conhecimento dos estudos de Aristóteles e Ptolomeu 32 capítulo 1 mas estava mais interessado nos estudos de Aristarco de Samos do século III aC que afirmava que a Terra girava em torno do seu eixo diariamente Em 1539 com o auxilio do matemático Rheticus Copérnico publicou a Narratio Prima Primeiro Relato obra que apresenta suas revolucionárias te orias sobre o universo cuja diferença é colocar o Sol e não mais a Terra no centro do universo mas o universo assim como em Aristóteles é apresentado como finito enquadrado pelas estrelas fixas Bruno Brahe e Kepler As teorias copernicanas que vimos anteriormente lenta e gradualmente foram sendo aceitas e influenciaram as investigações de três contemporâneos Giordano Bruno 1548 1600 Tycho Brahe 1546 1601 e Johannes Kepler 1571 1630 que preparam as ramificações decisivas de Galileu e Newton Giordano Bruno aderiu as idéias de Copérnico porém com ressalvas Propôs mu danças e criticou a sua recusa ao hermetismo8 Mesmo não sendo astrônomo físico ou matemático defendeu a ideia de um universo infinito rejeitando o aristotelismo Bruno publicou livros e difundiu suas ideias despertando a ira da Igreja Católica ao copernicanismo o que o fez fugir para a Suíça onde também teve problemas com o calvinismo Foi preso pela inquisição julgado e como não se retratou foi condenado a fogueira por negar a divindade de Jesus Cristo e por realizar magias diabólicas CONEXÃO Indicação de filme Giordano Bruno Giuliano Mondalto 1973 Tycho Brahe o primeiro nome nórdico que aparece na história da constru ção do conhecimento foi um jovem que iniciou seus estudos universitários aos treze anos construiu aparelhos para observação astronômica e propôs corre ções as tabelas astronômicas então existentes rompendo também com a tra dição aristotélica As proposições apresentadas pelo jovem pesquisador foram apoiadas pela passagem de um cometa em 1577 que abalou as crenças popu lares e o fez renegar definitivamente concepções aristotélicas entre elas a das esferas celestes observando que o cometa se deslocava através das supostas 8 Hermetismo Fechado de compreensão muito difícil capítulo 1 33 esferas celestes Permaneceu na cidade Praga até a sua morte e recebeu um en terro digno de um príncipe algo raro para pensadores ousados em um período de imposições e perseguições religiosas Johannes Kepler discípulo de Brahe abandonou a igreja luterana ao conhe cer e aderir as idéias de Copérnico praticando além da astronomia a astrologia Kepler reformulou as concepções de Copérnico Brahe e outros sobre o uni verso apresentando uma proposta que seria assumida pela ciência a partir de então A máquina passa a ser o modelo explicativo da natureza e do corpo hu mano e Deus admirado como o construtor e o operador desse engenho Galileu Galilei e o Heliocentrismo Galileu Galilei 1564 1642é considerado um dos criadores da ciência mo derna desde criança acolheu com grande entusiasmo as novas idéias Apesar de ter freqüentado o Colégio Jesuíta de Florença e ter iniciado estudos de me dicina em Pisa suas inclinações eram para à matemática à mecânica e à hi drostática9Utilizouse do telescópio para refutar as concepções aristotélicas de universo e negar o que se pregava nas igrejas No entanto devemos destacar que a obra de Galileu não se limitou apenas a elaboração de uma física mais teórica mas estendeuse a elaboração de instru mentos úteis como a bomba para fazer subir água e um compasso geométrico que fora produzido em grande escala com um detalhado manual de instruções Suas críticas ao sistema geocêntrico e a defesa das idéias copernicanas abri ram caminho para o desenvolvimento da física moderna e da astronomia Em 1633 Galileu Galilei foi preso pela Inquisição pois suas afirmações eram con trárias a concepção tradicional do universo Após inúmeros torturantes interro gatórios não teve saída humilhado retratouse perante a Igreja Francis Bacon 1561 1626 Bacon nasceu em Londres e pertencia a uma família de nobres onde rece beu uma educação para ingressar na carreira política e projetarse nos cargos públicos dedicouse a filosofia sendo autor de diversas obras cujas principais são Ensaio Novum Organum e A Grande restauração Em A grande restaura ção afirma que para se conhecer a natureza é necessário observar acumular os fatos classificálos e determinar as suas causas 9 Hidrostática é a parte da física que estuda as forças exercidas por e sobre fluidos em repouso 34 capítulo 1 Francis Bacon foi um dos preconizadores do Método Indutivo de investiga ção científica realização de experimentos dos quais se tiram conclusões que serão testadas por novos experimentos Via no conhecimento científico um importante instrumento para o controle da realidade Criou assim o lema saber é poder que revela uma firme disposição de fazer dos conhecimentos científicos um instrumento prático de controle da realidade Para Bacon o mais importante seria valorizar a pesquisa experimental bus cando resultados práticos e objetivos para a humanidade Para isso porém era necessário primeiramente desbloquear a mente dos cientistas levando os a libertarse de noções distorcidas de preconceitos e de maus hábitos de pensamento Todavia não aceitou o copernicanismo apresentando argumentos contrá rios a concepção heliocêntrica do universo Embora não tenha sido cientista sua contribuição é significativa em virtude da valorização da experiência e da experimentação Bacon é um pensador que acredita no progresso O conhecimento se desenvolve na medida em que adotamos o método correto a experiência como guiaos antigos representavam a infância da humanidade e a modernidade significa uma nova fase Sua importância e influencia derivam dessa defesa da modernidade de um modelo de ciência ativa prática e aplicada e de um pensamento critico que deve combater superstições e preconceitos permitindo assim o progresso de nosso conhecimento e o aperfeiçoamento da condição humana A razão instrumental defendida por Bacon e sua glorificação da técnica serão fortemente questionadas na filosofia contemporânea porém em sua época Bacon teve uma importância fundamental no sentido da ruptura com a tradição MARCONDES 2007 p 184 TEORIA DOS ÍDOLOS Para Bacon a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental tendo em vista pro porcionar resultados objetivos para o homem Mas para isso era necessário que os cientistas se libertassem daquilo que denominava ídolos isto é falsas noções precon ceitos e maus hábitos mentais Em sua obra Novo organum Francis Bacon destaca quatro gêneros de ídolos que bloqueiam a mente humana e prejudicam a ciência capítulo 1 35 1 Ídolos da tribo as falsas noções provenientes das próprias limitações da natu reza da espécie humana 2 Ídolos da caverna as falsas noções do ser humano como indivíduo alusão ao mito da caverna de Platão 3 Ídolos do mercado ou do foro as falsas noções provenientes da linguagem e da comunicação 4 Ídolos do teatro as falsas noções provenientes das concepções filosóficas científicas e culturais vigentes COTRIM Gilberto Fundamentos da filosofia história e grandes temas 16ª ed São Paulo Saraiva 2006 p135 John Locke 16321704 O inglês John Locke estudou na universidade de Oxford e apesar do grande interesse por diversas áreas como a química a filosofia e a teologia graduouse em medicina mas mesmo assim exerceu significativa influencia em seu tem po Durante o período em que estudava em Oxford a efervescência do período o fez decepcionarse com as ideias de Aristóteles e com a escolástica medieval e entrar em contato com o pensamento de Bacon e Descartes e também ingres sou no universo político A partir dessas experiências elaborou suas ideias e construiu sua obra espe cialmente a partir do livro Ensaio acerca do entendimento humano onde com bate a doutrina que pregava a existência de ideias inatas no homem Para Locke a mente humana no momento do nascimento é uma tábua rasa um papel em branco sem nenhuma idéia ou conhecimento previamente existente O filóso fo inglês defende que as ideias que possuímos são todas adquiridas ao longo da vida a partir do exercícios da experiência sensível e da reflexão intelectual Com essa afirmação Locke resgatava a tese empirista de que nada há em nossa mente que não tenha origem no mundo sensível por meio dos sentidos e da reflexão Assim a reflexão seria o sentido interno do homem que se desenvolve en quanto a mente se debruça sobre si mesma analisando suas próprias opera ções A partir de ideias básicas a mente avança em direção a ideias cada vez mais complexas Contudo para Locke de qualquer maneira a mente sempre tem o auxílio do mundo exterior do universo sensível admitindo que nem todo 36 capítulo 1 o conhecimento limitase à experiência sensível Considerava o conhecimento matemático válido em termos lógicos apesar de não ter como base a experiên cia sensível Nesse sentido Locke não era um empirista radica René Descartes 1596 1650 Descartes nasceu em La Haye na França pertencente a uma família burguesa pode estudar em um dos mais renomado colégio da época o La Fleche onde recebeu uma tradicional educação jesuítica Para muitos autores é considerado o pai da Filosofia Moderna Criou o Princípio da Dúvida Metódica afirmando que para se chegar à ver dade era necessário colocar em dúvida todos os conhecimentos e através de um questionamento rigoroso chegar à conclusão da existência de algo na realida de de que se pudesse ter certeza Dessa forma Descartes colocou em dúvida tudo o que podia perceber através dos sentidos todos os conceitos acerca de to das as coisas materiais e tudo o que pudesse ser conteúdo de seu pensamento Feito isso proclamou a única verdade isenta de qualquer dúvida meus pen samentos existem E em seguida observou que a existência desses pensamen tos se confundia com a essência da sua própria existência como ser pensante Disso decorreu a célebre afirmação de Descarte Penso logo existo Seria essa a verdade absolutamente certa e por isso deveria ser tomada como princípio de toda a filosofia Dessa forma de compreender a realidade podemos concluir que para Descartes a consciência pensamento é mais certa que a existência O existir é colocado como conseqüência do pensar Devido a essa convicção Descartes foi um racionalista convicto Recomendava que desconfiássemos das percep ções sensoriais pois essas seriam responsáveis pelos erros do conhecimento humano Descartes da mesma forma que Galileu acreditava que o conhecimento do universo só seria possível para aqueles que conhecessem a sua estrutura mate mática Dizia ele não admito como verdadeiro o que não possa ser deduzido com a clareza de uma demonstração matemática de noções de cuja verdade não podemos duvidar DESCARTES apud CAPRA 1977 p 53 A disposição de Descartes em descrever matematicamente a natureza o levou a importantes descobertas associando relações numéricas ao estudo das curvas criou a geometria analítica importante recurso utilizado em larga capítulo 1 37 escala no estudo dos movimentos dos corpos tornando possível extraordiná rios avanços no campo da física e da astronomia Descartes criou importante método cujo objetivo foi orientar para a melhor forma de se chegar à verdade científica um método analítico que decompondo pensamento em suas partes constituintes buscava recompôlo novamente em ordem lógica Para esse pensador a mente era anterior e superior à matéria separandoas e caracterizandoas como duas coisas essencialmente diferentes Nada há no conceito de corpo que pertença à mente e nada na idéia de mente que pertença ao corpo DESCARTES apud CAPRA 1977 p 55 O MÉTODO CARTESIANO Da sua obra Discurso do Método podemos destacar quatro regras básicas considera das por Descartes capazes de conduzir o espírito na busca da verdade 1 Regra da evidência só aceitar algo como verdadeiro desde que seja absoluta mente evidente por sua clareza e distinção Estas idéias claras e distintas Descartes as encontra na sua própria atividade mental independente das percepções sensoriais ex ternas Isso faz Descartes propor a existência de idéias inatas idéias cujas estrutu ras já nascemos com elas que são plenamente racionais Exemplo dessas idéias as idéias matemáticas as noções gerais de extensão e movimento a idéia de infinito etc o exemplo mãos célebre de idéia inata está expresso na fórmula Penso logo existo 2 Regra de análise dividir cada uma das dificuldades surgidas em tantas partes quantas forem necessárias para resolvêlas melhor 3 Regra da síntese ordenar o raciocínio indo dos problemas mais simples para os mais complexos 4 Regra da enumeração realizar verificações completas e gerais para ter abso luta segurança de que nenhum aspecto do problema foi omitido COTRIM Gilberto Fundamentos da filosofia História e grandes temas 16ª ed São Paulo Saraiva 2006 p 140 38 capítulo 1 RACIONALISMO EMPIRISMO DESCARTES LOCKE Defendia a tese de que além do conheci mento pela experiência sensível há prin cipalmente o conhecimento pela razão O racionalismo realça a importância do conhe cimento pela razão isto é enfatiza a existên cia de idéias fundadoras do conhecimento Defendia a tese de que em última análise a origem fundamental do co nhecimento está na experiência sen sível A experiência sensível seria a fonte das idéias Baruch Espinosa 1632 1677 O holandês Espinosa pertencia a uma família judia e após ser excomungado perdera o direito aos bens da família Aprendeu o oficio de polidor de lentes e viveu desse trabalho morrendo com o pulmão cheio de pó de vidro Espinosa desenvolveu um racionalismo radical que tinha como principal característica a crítica às superstições religiosa políticas e filosóficas Para combater essas superstições em sua origem Espinosa escreveu a Ética texto no qual busca provar como numa demonstração geométrica a natureza racional de Deus que se manifesta em todas as coisas Deus imanente Desse modo Deus não está fora do universo nem dentro do universo ele é o próprio universo No interior desse entendimento racionalista não há lugar para a trgédia nem mistérios tudo se torna compreensível à luz da razão COTRIM 2006 p 141 Isacc Newton 1642 1727 Desde muito jovem o símbolo da Revolução Cientifica o inglês Isacc Newton envolveuse com instrumentos mecânicos e observações da natureza Afastado da Universidade de Cambridge pela peste bubônica que assolou a Europa foi para a sua aldeia natal e fez três descobertas fundamentais capítulo 1 39 1 O método matemático das fluxões ou cálculo diferencial 2 A lei da composição da luz base para o sistema cientifico da óptica 3 A lei da gravitação universa que está na maioria das vezes associada ao folclórico episódio da queda da maçã quando Newton estava descansando O seu mais importante livro Princípios Matemáticos de Filosofia Natural comumente referido como Principia fora publicado apenas em 1687 após in sistentes pedidos A ciência apresentada por Newton era uma ciência prática que fornecia meios de agir no mundo de prever e transformar o curso dos processos de conceber dispositivos próprios para utilizar e explorar forças e recursos ma teriais da natureza Os conceitos dinâmicos que introduziu foram aquisições definitivas na história das ciências o que pode ser exemplificado com as leis e fórmulas que levam o seu nome caso ímpar em relação a qualquer outro nome em toda a história da ciência A Ciência e a Revolução Industrial Ao estudarmos a Revolução Industrial essa grande realização do homem mo derno devemos notar a profunda interpelação entre o desenvolvimento do co nhecimento e a industrialização A indústria indubitavelmente foi impulsionada pelos avanços científicos e simultaneamente ensejou que a ciência pudesse crescer ainda mais A grande Revolução ocorreu realmente com o advento da máquina a vapor que substituía a força muscular de recurso limitado e desigual Essa foi talvez a mais decisiva interferência da ciência no processo de industrialização passando o conceito de energia a ser o elemento unificador entre a ciência e a indústria Robert Boyle 1627 1691 O inglês Robert Boyle foi físico químico e filosofo apresentou a lei de com pressibilidade dos gases que fora também descoberta independentemente por Mariote Boyle estudou ainda o efeito da pressão atmosférica sobre o pon to de ebulição da água distinguiu mistura de composto e foi o primeiro a apre sentar a noção de elementos CHASOT 1994 p 119 40 capítulo 1 A principal obra de Boyle é O químico cético publicada em 1661 sem dúvi da as contribuições do pai da química foram decisivas para os trabalhos de Lavoisier cuja história confundese com a do final do século XVIII o século da Revolução Industrial e da Revolução Francesa Antoine Laurent de Lavoisier 1743 1794 Cientista que pode ser considerado um exemplo do Iluminismo ao propor uma nova química baseada na observação na experimentação e no racionalis mo pois a química podia criar os seus próprios objetos na laboratório não im portando como os corpos haviam sido criados e desprezava o estudo da natureza A obra de Lavoisier mesmo tendo a química como uma atividade secun dária por ser funcionário do governo definiu implicitamente os problemas e métodos legítimos de um campo de investigações para sucessivas gerações de pesquisadores afirmando que em toda combustão há união da substância com o ar vital renegando a hipótese flogística que predominara até então Século XIX O século XIX foi significativo para a ciência foi o momento da retomada do mo delo atômico de Demócrito por Dalton de consolidação da física e da química e de crescimento e emancipação de outras ciências como a biologia a psicolo gia e as ciências sociais Depois da derrota de Napoleão Bonaparte as potências européias reuniram se no Congresso de Viena 1815 para restaurar a velha ordem do Antigo Regime Todavia quanto mais a indústria se desenvolvia e cresciam as cidades mais for tes ficavam a burguesia os intelectuais e os operários que eram forças sociais que rejeitavam as tentativas de retornar ao Antigo Regime Em 18201830 e 1848 estouraram diversas revoluções em nome dos ideais políticos do liberalismo e do nacionalismo fazendo desse período um dos mais violentos da história A urbanização o crescimento das indústrias e do capitalismo exigia uma nova postura da educação e maior qualificação da mãodeobra as escolas po litécnicas foram criadas na tentativa de suprir essa demanda profissional O Estado começou a intervir mais diretamente no sistema educacional para esta belecer a escola elementar universal laica gratuita e obrigatória As discussões sobre os métodos ganharam campo mais fértil capítulo 1 41 O século XIX representou o período de consolidação da burguesia enquanto camada social liderante e de luta dos trabalhadores contra a dominação dessa camada Assistimos nesse período ao surgimento das ideologias que sustenta ram as criticas ao liberalismo burguês como o socialismo utópico Proudhon o anarquismo Bakunin e o socialismo científico Marx e Engels John Dalton 1766 1844 Dalton retomou como destacamos no século XIX a teoria atômica apresen tada 23 séculos antes pelos atomistas gregos Demócrito e Leucipo explicou as propriedades dos gases e indo além propôs que esses deveriam ser formados por átomos que seriam diferentes apenas no tamanho Como esse avanço apresentado por Dalton Mendeleiev 1834 1907 pode estabelecer a classificação periódica dos elementos sendo esse desde então um notável e útil instrumento para se entender a química Todavia apenas es ses nomes não são suficiente para traduzir o quanto a química foi excepcional nesse período merecendo um estudo mais detalhado o que não cabe no âm bito desse trabalho Charles Darwin e a sobrevivência dos mais aptos Dentre os nomes que simbolizam o século XIX nenhum foi tão polêmico e ridicularizado como o do inglês Charles Darwin 1809 1882 responsável pela mudança na compreensão do passado dos seres vivosApós ser convidado para integrar a expedição do navio Beagle o jovem Darwin abandonou os estudos em Cambridge e por cinco anos viveu o que classificou de acontecimento mais importante de sua vida Nesse período realizou coletas de animais e plantas fósseis e vivos terrestres e marinhos Como naturalista estudou a floresta tropical brasileira o pampa argentino a vegetação andina os desertos australianos as formações geológicas da Terra do Fogo e do Taiti as ilhas desflorestadas do Cabo verde CHASSOT 1994 p 136 42 capítulo 1 Todavia as observações mais expressivas para a elaboração de sua teoria fo ram realizadas nas Ilhas Galápagos localizadas no sudeste do oceano Pacífico onde pode analisar os animais e ao comparálos aos animais existentes no continente sul americano constatou que os animais da ilha apresentavam ca racterísticas diferentes o que segundo Darwin indicava processos evolutivos divergentes influenciados pelas especificidades do ambiente Em 1844 após muitos leituras análises de esqueletos de aves domesticas e comparações publicou A origem das espécies onde explicava o aparecimento e o desaparecimento das espécies porque surgiam e se transformavam com o passar do tempo Observou que muitas vezes ocorriam transformações tão radicais que provocavam adaptações o que Darwin classificou como seleção natural ou sobrevivência dos mais aptos Com Darwin o universo dos seres vivos foi colocado dentro dos domínios da ciência da lei natural Porém as inegáveis contribuições de Darwin para a biologia a psicologia e as ciências sociais foram mal utilizadas com o objetivo de justificar a ideia de uma raça superior suprema sobre as demais O chamado Darwinismo Social conduziu a barbáries que marcaram a história da humanidade como por exemplo o holocausto Auguste Comte 17981857 Para designar sua linha de pensamento filosófico marcada pelo culto à ciên cia e pela soberania do método científico Comte adotou o termo Positivismo Um dos temas centrais da filosofia de Comte é a imperiosa necessidade de reor ganização da sociedade em todos os seus aspectos Não se tratava entretan to de uma proposta de revolução nas instituições mas de uma regeneração das opiniões e dos costumes uma verdadeira reestruturação intelectual Na obra de Auguste Comte destacamse três partes fundamentais A Lei dos Três Estados a sua classificação das ciências e a sua proposta de refor ma intelectual da sociedade A Lei dos Três Estados Comte aponta três estados distintos no processo de evolução histórica e cul tural da sociedade capítulo 1 43 ESTADO TEOLÓGICO OU FICTÍCIO a aquisição de conhecimentos sobre o mundo é media da por agentes sobrenaturais pelos dogmas da fé e por Deus Deus é apresentado como referência princi pal para a compreensão das coisas e dos fenômenos ESTADO METAFÍSICO OU ABSTRATO apresentase como modificação do primeiro estado negandoo em parte Os agentes sobrenaturais foram substituídos por forças abstratas inerentes aos dife rentes seres do mundo ESTADO POSITIVO OU CIENTÍFICO o homem passa a ser o regente da vida social Atra vés do raciocínio e da observação busca conhecer as coisas através da compreensão e suas leis efetivas Segundo ele o estado positivo se caracteriza pelo reco nhecimento de que somente se pode considerar real o conhecimento baseado em fatos observados O objetivo de seu método positivo era a busca de leis gerais que regessem os fenômenos naturais Seria esse segundo ele o grande ideal de todas as ci ências De posse do conhecimento A classificação das ciências Segundo Comte as ciências se classificam em função de sua complexidade Hierarquicamente coloca num crescendo partindo da mais simples e geral para a mais complexa e específica a Matemática a Astronomia a Física a Quí mica a Biologia e a Sociologia Para ele essa deveria ser a ordem no domínio do conhecimento pelo ho mem de ciência Não entendia como uma pessoa poderia se dedicar ao estudo de fenômenos complexos sem ter aprendido com as formas mais simples o que seria por exemplo uma lei uma observação uma classificação 44 capítulo 1 Reforma da Sociedade Quanto à reforma da sociedade Comte propunha três etapas a reorganização intelectual seguida da reorganização moral e por fim a reorganização polí tica sendo que a grande tarefa que se colocava para a filosofia positiva era o restabelecimento da ordem da sociedade capitalista da qual era entusiasta ar gumentando a favor da manutenção das relações de exploração dos proletários pelos capitalistas e defensores de um corpo de idéias a serem difundidas na sociedade que legitimasse a divisão do trabalho em intelectual de um lado e prático e mecânico de outro Século XX O século XX foi sem dúvida rico em experiências e teoriasModelos e teorias encontraram respaldo teórico no socialismo que ganhava força desde o início do século e nas novas perspectivas de responsabilidade coletiva peculiares ao século XX Para muitos pensadores tornavase cada vez mais evidente a necessidade de dar vida ao progresso tecnológico redimensionandoo em termos mais hu manos O empirismo científico o darwinismo social e o capitalismo levavam apenas à opressão do povo O sistema científico vigente é compreendido por essas correntes como um meio utilizado pelo capitalismo para manter o prole tariado sob sujeição No final do século varias forças socialistas religiosas e ético científicas se unem para conduzir à construção de uma nova sociedade em que o proces so educativo desempenhe papel totalmente daquele que desempenhava no passado Albert Einstein 1879 1955 Em 1905 Einstein publicou três artigos que impactaram significativamente a comunidade científica No primeiro texto Einstein explica o efeito fotoelétri co derrubando o conceito de propagação da luz No segundo artigo apresenta va como resolver experimentalmente a questão da relatividade dos átomos E no último texto altera a ideia comum de tempo e espaço Nascia assim uma nova ordem na ciência que exigia uma nova forma de pensar capítulo 1 45 Pouco tempo depois das teorias de Einstein Rutherford 1871 1937 ela borou um modelo mais consistente para o átomo segundo o qual um átomo possuía um núcleo com elétrons girando ao seu redor Rutherford que a prin cipio estudou a radioatividade foi o responsável pela nomenclatura dos três primeiros tipos de emissões raios alfa beta e radiações gama Além dessa no menclatura o neozelandês concebeu a ideia de que deveria ocorrer uma trans mutação de elementos quando da emissão radioativa Em 1912 entrou em cena o dinamarquês Niels Bohr 1885 1962 apresen tou um modelo atômico que conservava a estrutura planetária de Rutherford e incorporava o conceito de energia de Planck eram os primeiros passos da Teoria Quântica Bachelard e as rupturas epistemológicas Como observamos ao longo da história da ciência gradativamente os cien tistasou um grupo de cientistas perceberam que as teorias métodos técnicas conceitos e instrumentos não são mais capazes de responder determinadas questões e encontramse como classificou o filósofo Gaston Bachelard 1884 1962 diante de um obstáculo epistemológico A existência desse obstáculo epistemológico novas teorias métodos e téc nicas que conseqüentemente influenciem todo o campo de conhecimento Dessa forma uma nova concepção científica emerge incorporando novos co nhecimentos e desconsiderando parte ou todos os elaborados anteriormente Assim podemos concluir que de acordo com Bachelard a ciência caminha por saltos que se caracterizam pela recusa dos pressupostos e métodos que orientavam a pesquisa anterior sustentando os erros estabelecidos pois esses pressupostos e métodos atuavam como obstáculos ao avanço do conhecimen to Esses obstáculos podem ser devidos a hábitos socioculturais cristalizados a dogmatização de teorias que freiam o desenvolvimento da ciência Um exem plo de ruptura epistemológica é o da física quântica e da teoria da relatividade que formularam uma nova maneira de conceber o espaço e o tempo como res posta aos obstáculos representados pela física newtoniana que não dava conta de explicar certos fenômenos 46 capítulo 1 Thomas Kuhn as revoluções científicas Ao contrário de Bachelard Thomas Khun 1922 1996 filósofo da ciência afir ma que a história da ciência é estruturada sempre através de descontinuidades e rupturas radicais Para o autor esses momentos de ruptura e de elaboração de novas teorias devem ser considerados momentos de revolução científica como por exem plo quando Darwin publicou a sua teoria da evolução das espécies Em seu livro A estrutura das revoluções científicas 1962 sustenta a tese de que a ciência se desen volve durante certo tempo a partir da aceitação por parte da comunidade científica de um conjunto de teses pressupostos e categorias que formam o seu paradigma Quando as teorias se tornam um modelo de conhecimento temos segun do Kuhn um paradigma científico que é um conjunto de normas e tradições dentro do qual a ciência se nove durante um determinado período e em certo contexto cultural A esses momentos onde não há crise Kuhn classifica de ciência normal que é aquela que se desenvolve dentro de certo paradigma acumulando dados e instrumentos em seu interior pois o trabalho científico acontece sempre no interior de um paradigma estabelecido e aceito pela comunidade científica Para apresentar respostas os pesquisadores utilizam as teorias métodos e téc nicas previstas pelo paradigma A contraposição portanto a ciência normal temos a revolução científica Assim Kuhn afirma que a ciência percorre um caminho linear mas por sal tos ou revoluções Rejeita portanto a ideia então vigente de que o progresso cientifico ocorreria com o tempo e com o acumulo de conhecimentos em lu gar dessa concepção de progresso cientifico afirma que o verdadeiro progresso ocorreria toda vez que um novo paradigma ou novas teorias e métodos fossem capazes de solucionar um número maior de problemas do que os precedentes e de fazer mais e melhores previsões Popper e a falsificação Outro filósofo da ciência do século XX que teorizou sobre as novas concep ções científicas foi Karl Popper 1902 1994 Popper afirmava que as trans formações científicas são uma conseqüência da concepção da verdade como coerência teórica e propõe que uma teoria científica seja sempre avaliada pela possibilidade de ser falsificada capítulo 1 47 Cria portanto a noção de falsificação afirmando que uma teoria deveria ser considerada boa e válida se seus métodos e teorias possam ser falseados Quanto mais aberta estiver a fatos novos que possam tornar falsos os princípios e conceitos em que se baseava melhor será uma ciência Popper sustentava que falseabilidade deveria ser o critério utilizado para a avaliação das teorias cientificas o que garantiria a ideia de progresso cientifico uma vez que a mesma ciência que vai sendo aprimorada por fatos novos que a falsificam A maioria dos filósofos da ciência entre os quais Kuhn demonstrou o absurdo da po sição de Popper De fato dizem eles jamais houve um único caso em que uma teoria pudesse ser falsificada por fatos científicos Jamais houve um único caso em que um fato novo garantisse a coerência de uma teoria bastando impor a ela mudanças totais Cada vez que novos fatos provocaram verdadeiras e grandes mudanças teóricas essas mudanças não foram feitas com o objetivo de abandonálas por uma outra O papel do fato cientifico não é o de falsear ou falsificar uma teoria mas o de provocar o surgimen to de uma nova teoria verdadeira É verdadeiro e não o falso que guia o cientista seja a verdade entendida como correspondência entre ideia e coisa seja entendida como coerência interna das idéias CHAUÍ 2006 p 226 Karl Popper é considerado por muitos o filósofo mais influente do século XX a tema tizar a ciência Foi também um filósofo social e político de estatura considerável um grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo ATIVIDADES 01 Explique o que era o Teocentrismo medieval e suas implicações para o desenvolvimento da ciência 02 Reflita e relacione Iluminismo burguesia e ciência 48 capítulo 1 REFLEXÃO Para encerarmos essa nossa primeira unidade ainda se faz necessária lembrarmos que outra discussão ao redor do problema do conhecimento está ligada à possibilidade ou não de o homem atingir a certeza Assim distinguimos duas tendências principais o dogmatismo e o ceticismo Dogmatismo do grego dogmatikós significa o que se funda em princípios ou o que é relativo a uma doutrina Dogmatismo é a doutrina segundo a qual é possível atingir a certeza Apesar de associarmos o termo à religião ele pode estar presente em outras áreas como a política Na realidade quando o dogmatismo atinge o campo nãoreligioso passa a designar as verdades inquestionáveis o indivíduo de posse de uma verdade fixase nela e abdica de continuar a busca por outras verdades A palavra ceticismo vem do grego sképsis que significa investigação procura O cético tanto procura e pondera que acaba concluindo nos casos mais radicais pela impossibilidade do conhecimento Nas tendências mais moderadas mesmo que seja impossível alcançar uma certeza a busca não deve ser abandonada Alguns filósofos ao questionarem expressões dogmáticas do saber e ao criticarem a aceitação apressada de algumas certezas acabam adotando posturas céticas mas não po dem ser classificados como céticos pois fazem apenas questionamentos e críticas valorizan do a busca e o abandono da aceitação cega LEITURA KUHN Thomas A estrutura das revoluções científicas São Paulo Perspectiva2007 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALFONSOGOLDFARB Ana Maria O que é História da Ciência São Paulo Brasiliense 1995 BRAGA Marco GUERRA Andreia REIS José Claudio Breve história da ciência moderna Volume 1 Convergências de Saberes Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003 CAPRA Fritjof O ponto de mutação São Paulo Edgard Blücher 1977 CHARLOT Bernard Da relação com o saber elementos para uma teoria Trad B Magne Porto Alegre Artmed 2000 CHASSOT Attico A ciência através dos tempos São Paulo Moderna 1994 capítulo 1 49 CHAUÍ Marilena Convite à Filosofia 13ª Ed São Paulo Ática 2006 COTRIM Gilberto Fundamentos da filosofia história e grandes temas 16ª ed São Paulo Saraiva 2006 CYRINO H PENHA C Filosofia hoje 2 ed Campinas Papirus 1992 DINIZ Maria Helena Compêndio de introdução à ciência do Direito 5 ed São Paulo Saraiva 1993 KUHN Thomas A estrutura das revoluções científicas São Paulo Perspectiva 2007 MARCONDES Danilo Introdução à história da filosofia 10 ed São Paulo Zahar 2007 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Metodologia do trabalho científico São PauloAtlas 2010 MATTAR João Metodologia científica na era da informática 3 ed São Paulo Saraiva 2008 MONDIN Battista Introdução à Filosofia problemas sistemas autores e obras 16ª Ed São Paulo Paulus 2006 OLIVA Alberto Filosofia da Ciência Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003 RUIZ João Alváro Metodologia científica guia para eficiência nos estudos São Paulo Atlas 2010 TELLES Jr Goffredo Tratado da conseqüência São Paulo Saraiva 1981 O Problema Científico e os Tipos de Pesquisa 2 52 capítulo 2 Alguém já disse que perguntar para um estudante que tipo de pesquisa ele pretende fazer é uma maneira de examinar a confusão que há na cabeça de muitos alunos em relação a esse assunto tal o desconhecimento que existe sobre como se pode classificar um tipo de pesquisa GONSALVES 2001 p 64 Verdadeiramente aí mora parte do enigma para se levar adiante um projeto de pesquisa ou para adequar a forma final do trabalho à natureza da pesquisa que foi proposta Por isso mesmo você vai estudar como as pesqui sas podem ser classificadas a partir de diferentes critérios conhecendo as pectos importantes para a estruturação da pesquisa e o seu desenvolvimento OBJETIVOS Analisar a importância da escolha do tema para a estrutura da pesquisa Compreender a problematizarão do tema Analisar o significado da construção de hipóteses para o desenvolvimento da pesquisa Conhecer os critérios utilizados para classificação das pesquisas Compreender os aspectos e características de cada tipo de pesquisa Avaliar as implicações da classificação e tipificação das pesquisas no desenvolvimento de trabalhos acadêmicos e científicos capítulo 2 53 21 A escolha do tema e importância de sua delimitação Na construção do projeto de pesquisa um primeiro momento deve ser dedicado à seleção do tema Apesar de na apresentação formal do projeto apareça primeira mente como item mais comum a justificativa você deve entender que para se che gar até a justificativa do tema ou o problema de pesquisa primeiramente é preciso escolher o tema e delimitálo Assim a construção do projeto de pesquisa pode ser ligeiramente diferente da forma de apresentação desse projeto Por enquanto o importante é você compreender que uma etapa fundamental é a escolha do tema É importante esclarecer a diferença entre tema e temática O tema pode ser definido como o problema circunscrito aquilo que compõe o foco e o objetivo da pesquisa O tema deve antes de tudo ser viável não adianta escolher um tema aparentemente atraente cuja viabilidade seja questionável Principalmente para o pesquisador iniciante o bom tema é aquele consi derado interessante eou relevante mas que seja principalmente plausível A temática por sua vez envolve uma área mais extensa e abarca o tema Assim é imprescindível encontrar uma casa que possa ser bem analisada na qual tenhamos acesso possamos localizar dados a seu respeito e principalmente tenhamos interesse legítimo de a compreendermos melhor A escolha ou seleção do tema tem a ver com o que você vai pesquisar É muito comum o estudante ficar embaraçado com tantas possibilidades de temas ou ao contrário ficar angustiado com a ausência de um tema que lhe motive Saber por onde começar uma pesquisa definindo o seu tema é um verdadeiro dilema para muitos Algumas dicas podem ajudar nessa hora Veja se alguma delas lhe parece oportuna a O tema pode nascer da observação atenta do cotidiano a partir do di recionamento do para circunstâncias e assuntos que podem revelar problemas ou temas interessantes b A escolha do tema pode relacionarse com a experiência do estágio curricular ou com a vida profissional por meio de vivências de situações que merecem ser investigadas e compreendidas mais detidamente Às vezes uma 54 capítulo 2 lacuna na formação profissional ou um problema importante na experiência profissional que não pôde ser compreendido e estudado mais rigorosamente podem motivar a escolha do tema GONSALVES 2001 p 28 Dizemos que um tema é importante quando está de alguma forma ligado a uma questão crucial que polariza ou afeta um segmento substancial da sociedade Um tema pode tam bém ser importante se estiver ligado a uma questão teórica que vem merecendo atenção continuada na literatura especializada A situação mais delicada e difícil teria a ver com os temas novos que a ninguém preocupam seja teórica ou praticamente mas que contêm o potencial de virem a interessar ou afetar muita gente CASTRO 2006 p61 c O contato com estudiosos pesquisadores especialistas professores e tutores de modo individual ou em situações coletivas como em eventos cien tíficos e acadêmicos pode proporcionar reflexões e identificação de temas relevantes d O estudo e a leitura de livros do contexto acadêmico podem oferecer algumas questões ou indicar assuntos que ainda precisam ser analisador ou aprofundados e O tema também pode surgir da criatividade da descoberta repentina e al gumas vezes casual de um problema a ser investigado GONSALVES 2001 p 27 Outra observação ou sugestão tem a ver com o aproveitamento da própria experiência que o estudante tem ao longo do seu curso O tema pode surgir da identificação que o aluno tem com determinada disciplina ou mesmo da facili dade e interesse que ele tem em relação a um assunto que já lhe parece familiar Isso é relevante porque a dificuldade inicial na escolha do tema pode ser di minuída quando se considera que o tema a ser selecionado deve indicar uma área de interesse a ser investigada ou seja a área de interesse pode ser identi ficada pela vontade motivação e envolvimento do aluno com determinada dis ciplina assunto ou aula GONSALVES 2001 p 27 Além do seu interesse e critério pessoal na escolha do tema é importante considerar o contexto de seu curso e a forma pela qual a pesquisa será organiza da Quando um trabalho de conclusão de curso TCC por exemplo é realizado em grupo as considerações sobre a escolha do tema devem se dar num contex to de cooperação e planejamento colaborativo capítulo 2 55 Quando a escolha do tema se dá num projeto de pesquisa no contexto de um curso de PósGraduação é importante levar em conta a área de especialização do curso e do estudante Assim a seleção do tema deve ter alguma aderência ou aproximação em relação à área do curso e à formação teórica ou profissional do estudante Essas considerações também podem ser pertinentes no contexto dos cursos de Graduação na elaboração do projeto de pesquisa do TCC É preciso levar em conta as linhas de pesquisa que são estabelecidas em cada curso A escolha do tema a partir das linhas de pesquisa que são oferecidas pode ajudar bastante na definição do tema CASTRO 2006 De qualquer forma lembrese sempre que a escolha de um tema implica a eliminação de outros temas que tenham surgido e por alguma razão devem ser evitados Selecionar um tema e nele se fixar dandolhe prioridade deve ser o resultado de critérios de seleção como os que já foram apontados aqui Considere ainda que o tema escolhido deve corresponder a um assunto que necessita de melhores definições melhor precisão e clareza do que já exis te sobre ele Por isso verifique se o tema é adequado à sua capacidade e à sua formação correspondendo a possibilidades e recursos de que você dispõe Por exemplo na escolha do tema devese levar em conta o material bibliográfico que deve ser suficiente e estar disponível CERVO BERVIAN 2002 p 82 Critérios para a escolha de um tema de pesquisa Importância o tema deve aproximarse de um problema relevantepara a ciência ou que afeta a sociedade Originalidade o tema deve ter a capacidade de surpreender a comunidade científica não basta não ter sido estudado previamente Viabilidade O pesquisador deve questionarse a respeito do tempo que tem para concluir a pesquisa acerca da base teórica que dispõe para a análise e sobre o seu domínio das ferramentas necessárias para a conclusão da pesquisa Figura 21 Esquema referente aos critérios para a seleção de um tema de pesquisa 56 capítulo 2 A delimitação do tema é um momento fundamental para o projeto de pes quisa por se tratar da caracterização daquilo que vai ser pesquisado ou estuda do Assim o tema da pesquisa deve ser problematizado antes de se partir para a pesquisa propriamente dita ou seja é preciso ter uma ideia clara do problema a ser resolvido Comumente a escolha do tema recai sobre um assunto muito extenso e complexo o que pode impedir o estudo mais aprofundado ou a proposição de objetivos mais realistas e adequados Isso deve ser evitado Porém mesmo diante de uma escolha de um tema adequado se faz necessária a delimitação desse tema O que você deve entender é que não basta escolher um bom tema Também é preciso delimitálo E o que é delimitar um tema Uma resposta inicial é a seguinte delimitar o tema é selecionar um tópico ou parte a ser focalizada CERVO BERVIAN 2002 p 82 Outra é definir o tempo o local o espaço e o tamanho do objeto do que se pretende pesquisar Um bom tema de pesquisa deve despertar interesse tanto pela importância do assunto quanto pela possibilidade de realização e aprofundamento do mesmo Para Marconi Lakatos 1996 apud DIEHL TATIN 2004 p 90 delimitar o tema equivale a estabelecer limites para a investigação Esses limites podem se referir a três aspectos a Ao assunto com a escolha de um tópico a fim de evitar que este se tor ne muito extenso ou muito complexo b À extensão nem sempre se pode abranger todo o âmbito em que o fato se desenrola especialmente se for uma pesquisa realizada ao término da graduação c A diversos fatores meios humanos econômicos e de exigibilidade de pra zo os quais podem restringir seu campo de ação DIEHL TATIN 2004 p 90 Dois procedimentos podem auxiliar na delimitação do tema de pesquisa O primeiro procedimento diz respeito à divisão do tema em suas partes constitutivas ou seja desdobrar o tema em partes O segundo procedimen to corresponde à definição dos termos ou partes do tema ou seja enumerar os elementos que constituem ou explicam os conceitos envolvidos no tema CERVO BERVIAN 2002 p 82 capítulo 2 57 Esses dois procedimentos no entanto podem não ser suficientes Cervo e Bervian 2002 p 83 sugerem por exemplo que alguns temas podem ser deli mitados a partir da fixação de certar circunstâncias como tempo e espaço Isso quer dizer que o tema poderia ser delimitado por meio da indicação do quadro histórico e geográfico em cujos limites o tema se localiza Além disso uma possibilidade de delimitar o tema é focalizálo a partir do ponto de vista ou área em que o tema se insere Desse modo um tema pode receber um tratamento histórico filosófico estatístico etc Não se pode esquecer que o trabalho de delimitação do tema precisa estar apoiado na experiência e no conhecimento do estudante a respeito do assunto com o qual irá trabalhar Por isso mesmo é preciso fazer um levantamento bibliográfico inicial sobre o tema mapeando as diferentes contribuições expressas em livros periódicos e outras fontes de consulta Isso não quer dizer que você vá reunir toda a literatura sobre o assunto escolhido mas implica reunir as contribuições mais relevantes sobre o tema selecionado GONSALVES 2001 p 27 Portanto é de suma importância que o tema esteja vinculado a uma área de conhecimento com a qual o alunopesquisador já tenha alguma intimidade intelectual sobre a qual já tenha alguma leitura específica e que de alguma forma esteja vinculada à carreira profissional que esteja planejando para um futuro próximo Após a escolha e delimitação do tema chega o momento de você compreen der o próximo passo na construção do projeto de pesquisa estabelecer o pro blema de pesquisa ou objeto de estudo 22 A problematização do tema Um problema científico é uma questão que justifica uma pesquisa ou a investigação por meio de métodos comuns à ciência Escolhido do tema e delimitado o seu escopo a fase seguinte é a transfor mação do tema em um problema de pesquisa Mas o que é um problema de pesquisa Problema de pesquisa é uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática para qual se deve encontrar uma resposta 58 capítulo 2 uma solução O problema de pesquisa pode ser entendido como uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática para a qual se deve encontrar uma solução CERVO BERVIAN 2002 p 84 Um problema é assim uma dificuldade detectada ou mesmo uma curiosi dade que pode ter surgido tanto por razões objetivas quanto subjetivas Alguns problemas no entanto não permitem investigação científica Afirmações como Estudar em uma escola grande é melhor que em uma escola pequena ou Para as crianças tornaremse adultos mais felizes a metodologia de ensino X é melhor que a Y têm pouco ou nenhum significado para um pesquisador uma vez que envolvem julgamentos de valor e tornase praticamente impossí vel testálas empiricamente Ao propor o problema de pesquisa você estará fazendo na verdade um es forço de reflexão e até mesmo uso da curiosidade para descobrir os problemas que o tema envolve identificar as dificuldades que ele sugere formular pergun tas ou levantar hipóteses abrindo portas para poder penetrar no terreno do conhecimento científico CERVO BERVIAN 2002 p 84 Partindo de uma revisão bibliográfica na qual você identifica as principais contribuições teóricas sobre o tema escolhido e da sua própria reflexão o pro blema de pesquisa pode ser redigido de forma interrogativa clara precisa e objetiva A pergunta ou o problema de pesquisa devem ser formulados de tal forma que haja possibilidade de um encaminhamento ou resposta a partir da própria pesquisa que será desenvolvida CERVO BERVIAN 2002 p 84 É comum o aluno ou pesquisador encontrar diversos problemas aparente mente viáveis e interessantes mas ele deve ser criterioso na escolha pois de um problema bem escolhido resultará uma ou mais perguntas de pesquisa pertinentes para o desenvolvimento da pesquisa Da mesma forma problemas mal definidos podem gerar objetivos imprecisos que resultarão em resultados inconsistentes Portanto a delimitação do problema deve ser vista como parte crucial do projeto É importante entender que formular um problema de pesquisa não corres ponde simplesmente à proposição de uma pergunta prática que resulta numa resposta relacionada com a ação Enquanto tema permanecer apenas no nível do discurso não teremos ini ciado a investigação científica propriamente dita Assim escolhido o tema este deve ser questionado pelo pesquisador que deve transformálo em problema de pesquisa a partir de seu esforço reflexivo de sua curiosidade Descobrir capítulo 2 59 os problemas que o tema envolve compreender as dificuldades que ele suge re formular perguntas ou levantar hipóteses relevantes é na verdade abrir a porta através da qual o pesquisador pode adentrar no terreno do conhecimento científico Devese redigir de forma interrogativa precisa clara e objetiva o questiona mento cuja solução viável possa ser alcançada pela pesquisa proposta As per guntas de pesquisa podem variar podem partir da observação de objetos fato ou fenômeno ou ainda de uma série deles é possível perguntar se seguem sem pre o mesmo padrão ou se por vezes os resultados alcançados são diferentes se existe a possibilidade de explicar os processos Perguntas devem ser formadas de tal forma que haja possibilidade de respostas utilizando a pesquisa Desse modo perguntas do tipo Como fazer para melhorar o transporte urbano O que pode ser feito para melhorar a distribuição de renda ou Como aumentar a produtividade no trabalho correspondem a problemas que poderiam ser resolvidos por meio de ações no âmbito de algumas áreas do conhecimento KERLINGER 1980 p 33 A ciência ofereceria elementos para resolvêlos mas essas questões em si não se constituiriam em problemas cien tíficos já que são problemas que não indagam como são as coisas suas causas e consequências mas indagam acerca de como fazer e isto é apenas instrumen tal operacional NASCIMENTO 2005 p 6566 Para exemplificar o que foi dito anteriormente considere novamente as per guntas que foram propostas no parágrafo anterior insuficientes para se constituí rem num problema de pesquisa e as questões a seguir Existe relação entre o uso do transporte coletivo e o nível de estresse de um determinado grupo de moradores da periferia A produtividade no trabalho está correlacionada com o nível de sa tisfação com a empresa Qual a influência da concentração de renda e os índices de violência Essas perguntas tiveram variáveis acrescidas que estabelecem rela ções tornandoas problemas de pesquisa NASCIMENTO 2005 p 66 Veja agora a exemplificação sobre o que é um problema de pesquisa ofere cida por Laville Dionne 1999 p 87 Os autores sugerem um problema para ser analisado sobre três diferentes ângulos a fim de se identificar aquela ques tão que é verdadeiramente um problema de pesquisa 60 capítulo 2 I O casamento sendo a principal causa do divórcio deverseia interditálo II O casamento é uma instituição divina cujos laços não deveriam jamais ser rompidos III O aumento da indiferença amorosa entre cônjuges é o que causa o divórcio As três afirmações apontam para diferentes abordagens A primeira afirma ção revela uma mera opinião e sobre mera opinião não se constrói pesquisa A segunda proposição é de natureza religiosa e como tal acreditase ou não no que está afirmado não servindo para objetivos científicos A terceira afirma ção é a única que permite levantamento de dados e pode se constituir num provável problema de pesquisa NASCIMENTO 2005 p 66 Gil 2004 p57 destaca que o problema de pesquisa é sempre melhor for mulado na forma de uma pergunta Assim em vez de propor como problema As estratégias de ensino nas escolas de 2 Grau ele sugere que o problema seja elaborado na forma da pergunta a seguir Que estratégias de ensino são adotadas na escola de 2 Grau O autor ainda enfatiza que o problema deve ser delimitado a uma dimensão viável Desse modo propor um problema do tipo O que leva os jovens ao alcoolismo torna a pesquisa inviável tal a quan tidade de fatores que podem determinar esse fenômeno além do fato de que muitos dos fatores já foram bem estudados O problema então deveria ser co locado em outros termos tornandoo mais específico A partir disso podemos concluir que nunca se passa diretamente da esco lha do tema à coleta de dados quais as vantagens da formulação do problema são inegáveis Formular o problema delimita qual o tipo de resposta deve ser procurado conduz o pesquisador a uma reflexão benéfica e proveitosa sobre o assunto estudado auxilia na elaboração de roteiros para o início do levanta mento bibliográfico e da coleta de dados BARROS e LEHFELD 2007 Uma vez formulado o problema as próximas fases da pesquisa devem ser previstas para se ter certeza de sua viabilidade por meio de técnicas existentes sugerese que o pesquisador elabore um plano provisório assunto Esse plano servirá de guia o dia que posteriormente será adaptado a marcha da pesquisa modificando se em razão dos resultados parciais ou definitivos da mesma capítulo 2 61 O problema de investigação é áquela dúvida é aquela pergunta que não consegue ser respondida com o conhecimento disponível O homem usa as teorias produzidas pela ciência para compreender explicar descrever os fatos existentes e mesmo prever os futuros Domina o conhecimento e o utiliza como rede para compreender e explicar o mundo Há contudo fatos que essas teorias não conseguem explicar Nesses casos levantamse perguntas dúvidas que estão sem resposta no quadro do conhecimento disponível Ou então à luz de novos referenciais teóricos questionase a confiabilidade daquelas teorias enquanto explicações válidas para determinados casos percebendo nelas inconsistências ou lacunas que devem ser corrigidas ou eliminadas Diz Popper 1978 p14 cada problema surge da descoberta de que algo não está em ordem com o nosso suposto conhecimento ou examinado logicamente da descoberta de uma contradição interna entre nosso suposto conhecimento e os fatos O problema teórico de investigação portanto surge da crise do conhecimento disponível enquanto modelo teórico insuficiente para explicar os fatos A ciência não é a mera observação de fenômenos Identificase à luz de um conheci mento disponível problemas decorrentes dos fenômenos A percepção de problemas é uma percepção impregnada de fundo teórico Um fato em si mesmo não tem relevância alguma não diz nada Ele passa a ter relevância pertinência quando relacionado a um problema a uma dúvida a uma questão que precisa de resposta Apenas isso justifica uma investigação Só quem conhece é capaz de se propor problemas À medida que cresce a ciência que evolui o seu conhecimento com teorias mais amplas cresce também a capacidade de o homem perceber problemas As teorias científicas iluminam o caminho do pesquisa dor A percepção de problemas está diretamente relacionada ao uso de teorias Sem elas ele se torna cego e incapaz de perceber as dificuldades que estão no seu caminho Identificado o problema o investigador começa a conjeturar sobre as possíveis so luções que poderiam explicálo Esse momento depende quase que exclusivamente da competência do investigador do domínio das teorias relacionadas à dúvida da ca pacidade criativa de propor ideias que sirvam de hipóteses de soluções provisórias que deverão ser confrontadas com os dados empíricos por meio de uma testagem Nessa fase os mais diversos fatores poderão influenciálo na produção das explica ções Há dezenas de formas heurísticas Não há um único caminho O domínio do co nhecimento teórico disponível é fundamental e habilita melhor o investigador Não se pode porém afirmar que as hipóteses são deduções logicamente inferidas das teorias 62 capítulo 2 A lógica auxilia o pesquisador a colocar em ordem as ideias mas não pode ser enca rada como instrumento de descoberta A imaginação e a criatividade exercem papel fundamental no processo de elaboração das hipóteses pois é através delas que se rompe a forma usual de perceber as relações que há entre os diferentes fenômenos e se propõe novas relações percebendo novos problemas e novas soluções O contexto de descoberta opera num nível experimental O sistema explicativo forma lizado através das teorias é resultado da tentativa de o pesquisador propor um modelo teórico de uma possível ordem que pode haver por trás dos fenômenos Operar no nível experimental é trabalhar com conjecturas com palpites com suspeitas com hipóteses com pistas que são criadas construídas elaboradas no nível da imaginação que utiliza as crenças e os conhecimentos teóricos já existentes como uma e não única das bases de sustentação dessas possíveis hipóteses O experimento ocorre em primeiro lugar no cérebro do investigador Os passos de uma pesquisa são o resultado de um planejamento elaborado pelo pesquisador para testar hipóteses construídas como so lução de um problema A ciência atual reconhece que não há regras para o contexto de descoberta assim como não há para a arte A atividade do cientista se assemelha à do artista Caminhos os mais variados podem ser seguidos pelos diversos pesquisadores para produzir uma explicação KÖCHE José Carlos Fundamentos de metodologia científica teoria da ciência e prática da pesquisa 19 ed Petrópolis RJ Vozes 1997 p 7172 23 A construção de hipóteses e as questões norteadoras A grosso modo podemos dizer que a hipótese consiste em supor alguma ver dade ou explicação que se busca Falando em linguagem científica a hipótese equivale a suposição posteriormente com provável ou delegável a cerca da verdade ou falsidade dos fatos que se pretende explicar A hipótese pode ser a suposição de uma causa ou de uma lei que visa explicar provisoriamente um capítulo 2 63 fenômeno até que os fatos a venham contradizer ou ratificar Metaforicamente podemos comparar as hipóteses andaimes que desaparecem quando o edifício está pronto finalizado As hipóteses têm uma função prática quando orientam o estudantepes quisador na direção da causa provável ou da lei que se busca ou uma função teórica quando coordenam ou completam os resultados obtidos previamente organizando os em um conjunto completo de fatos e fenômenos com a finali dade de facilitar a sua compreensão e também o estudo realizado A hipótese tem o poder de indicar e iluminar o caminho a ser seguido Demo 2000 p 162 apresenta três tipos de hipótese i um chute preliminar seguindo um faro uma intuição que poderá ser posteriormente comprovado ou rejeitado ii pode orientar o trabalho em uma direção que consideramos promissora permitindo selecionar bibliografia definição da metodologia a ser empregada busca de dados iii aponta para algum problema que gostaríamos de solucionar ou compreender melhor ou seja uma pergunta que merece uma resposta ou um objetivo ainda não explorado Mas como podemos chegar a hipóteses que sejam interessantes e plausí veis Um requisito primordial é algum conhecimento prévio sobre o assunto obtido através de leituras discussões ou participação em eventos acadêmicos que permita o acesso a conceitos e polêmicas que nos auxiliarão na formulação de perguntas e suas possíveis respostas hipóteses Quanto às regras ou caminhos que podemos seguir para obter hipóteses es tes são variáveis porque podemos obter hipóteses por dedução de resultados já conhecidos ou pela experiência Nesse caso as hipóteses são indutivas se a se a suposta causa do fenômeno for um de seus antecedentes que parece apresen tar todas as características de antecedente casual e são analógicas quando ins piradas por certa semelhanças entre o fato ou fenômeno que se quer explicar e outros já previamente conhecido Praticamente podemos afirmar que não há regras claras para descobrir as hipóteses mas há condições que ajudam na descoberta como próprio curso da pesquisa analogia abdução e as reflexões Cabe destacar que apesar da certa facilidade ao elaborar as hipóteses de vemos considerar o que é hipótese não deve contradizer nenhuma verdade já feita ou explicada deve ser simples e deve ser sugerida e verificável pelos fatos jamais inventadas 64 capítulo 2 É impraticável e sobretudo arriscado sair chutando hipóteses de trabalho sem alguma noção do espaço teórico porque podemos estar deixandonos levar por aquilo que con seguimos ver no momento não por aquilo que a discussão já coloca superou acentua Ajuda também o olhar crítico e indagativo sobre a realidade pois quem anda de olhos abertos certamente vê mais e melhor Uma coisa é passar pela vida sem a perceber outra é ficar sempre perguntando por ela seja quando estamos estudando seja quando estamos andando pela rua Por fim ajuda também a imaginação que à falta de relevos os inventa por vezes demais por vezes o suficiente para vermos melhor a imagina ção funciona tanto melhor quanto maior for o interesse e mesmo a paixão pelo tema DEMO 2000 p 162 Com o objetivo de direcionar o esforço e aclarar o tema formulamos hipó teses as quais nos mostram onde queremos chegar o que queremos mostrar testar ou descobrir Uma hipótese aponta uma suspeita um palpite acerca de um dado fenômeno o qual ao longo do percurso pode ser confirmado ou refutado As hipóteses têm relação direta com as perguntas formuladas e defi nem o tema com mais precisão permitindo decisões mais conscientes sobre o que pesquisar o que ler que dados coletar etc Hipóteses mal formuladas ou inexistentes podem levar o pesquisador a se perder no trabalho utilizando seu tempo e esforço de forma improdutiva As hipóteses Não devem contradizer nenhuma verdade já aceita ou explicada Devem ser simples o pesquisador deve selecionar sempre a que lhe parecer menos complicada Deve ser sugerida e verificável pelos fatos 24 Construção da fundamentação teórica Para desenvolver a fundamentação teórica de um trabalho científico não bas ta você simples e despretensiosamente apresenta uma lista de autores para di zer o que foi dito por cada um como uma verdadeira colcha de retalhos ou um capítulo 2 65 mosaico de vidro É indispensável construir uma base teórica significativa que justifique e dê embasamento ao trabalho Mazzotti 1992 aponta os principais tipos de revisão bibliográfica que devem ser evitados em trabalhos científicos sejam eles para fins acadêmicos ou profissionais SUMMA tipo de revisão em que o autor apresenta um resumo de toda a produção científica sobre o tema ARQUEOLÓGICO tipo de revisão muito exaustiva semelhante à anterior distinguindo se desta pela ênfase na visão diacrônica e g se o assunto estiver relacionado com a educação física o autor considera importante recorrer até à Grécia e assim por diante PATCHWORK colagem de conceitos pesquisas e afirmações de diversos autores sem um fio condutor capaz de guiar o leitor Ausência de sistemati zação SUSPENSE não se consegue perceber a ligação dos fatos ou ideias apresen tadas com o tema do estudo ou seja não se consegue perceber aonde é que o autor quer chegar ROCOCÓ utilização de elementos decorativos que tentam atribuir alguma elegância a dados irrelevantes CADERNO B texto que procura tratar os assuntos até os mais complexos de forma ligeira sem aprofundamento COQUETEL TEÓRICO de forma a atender à indisciplina dos dados apelase a todos os autores disponíveis APÊNDICE INÚTIL Depois de apresentar a revisão da literatura nenhuma das pesqui sas ou relações teóricas são utilizadas na interpretação dos dados ou em qualquer outra parte do estudo MONÁSTICO estudos ou trabalhos mortificantes destinados ao silêncio e ao isola mento nunca tendo menos de 300 páginas CRONISTA SOCIAL o autor arranja sempre uma forma de citar quem está na moda seja nacional seja estrangeiro COLONIZADO X XENÓFOBO colonizado baseiase exclusivamente em autores estrangeiros ignorando a produção científica nacional sobre o tema Xenófobo não é utilizado qualquer tipo de literatura estrangeira mesmo quando a produção nacional é insuficiente OFF THE RECORDS tilização de expressões como sabese muitos autores entre ou tras sem existir a possibilidade de confirmar a veracidade dos dados ou ideias apresentadas VENTRÍLOQUO o autor só fala pela boca dos outros e g Segundo Beltrano Fu lano afirma Sucessão monótona de afirmações sem comparações entre elas análises críticas ou tomadas de posição Em um trabalho científico alguns cuidados devem ser tomados no momen to de elaboração e apresentação da revisão da literatura A relação entre as pesquisas citadas Os verbos utilizados pelo autor nas citações 66 capítulo 2 Justificação da presença dos textos citados Explicitar em que momentos somos nós ou outros autores a construir o texto Fazer as referências bibliográficas corretamente Não fazer juízos de valor dos autores e das suas ideias Ser imparcial nas citações dos autores CONEXÃO Leia na íntegra o texto Arevisão da bibliografia em teses e dissertações meus tipos ines quecíveis de Alda Judith AlvesMazzotti httpwwwfccorgbrpesquisapublicacoescp arquivos916pdf 25 Tipos de pesquisa Após analisarmos a estruturação do problema que será tratado durante uma pesquisa é fundamental compreendermos quais são os tipos de pesquisa pos síveis para o tratamento dos problemas científicos Espécies de pesquisa científica Há diversas espécies de pesquisa científica Quando determinado problema é pouco conhecido ou seja quando se pode ainda não foram definidas estamos diante de uma pesquisa exploratória O objetivo da pesquisa exploratória consiste numa caracte rização inicial do problema e sua classificação e de sua definição Constitui o primeiro estágio de toda pesquisa científica e não tem o objetivo de resolver imediatamente o problema mas caracterizálo e apresentálo à comunidade científica A pesquisa teórica tem por objetivo desenvolver generalizações definir leis mais amplas estruturar sistemas e modelos teóricos relacionar hipóteses gerar novas hipóteses por força da dedução lógica Além disso supõe grande capacidade de reflexão e de síntese a par do espírito de criatividade A pesquisa aplicada tomar certas leis ou teorias mais amplas como ponto de partida e tem por objetivo investigar comprovar ou rejeitar hipóteses sugeridas pelos modelos teóricos capítulo 2 67 Dizer que uma pesquisa é bibliográfica descritiva ou experimental não é uma questão meramente de classificação ou uma formalidade no trabalho científico em função de exigências que são encontradas por exemplo nos ma nuais de TCC Trabalho de Conclusão de Curso A necessidade de denominar o tipo de pesquisa que se quer realizar ou de explicitar o tipo de investigação que deu base a um trabalho acadêmico não é apenas protocolar Na verdade definir essa questão é um modo de tornar clara a natureza da pesquisa que foi realizada e de revelar como os objetivos e as metodologias orientaram o traba lho desenvolvido Você precisa perceber que a definição do tipo de pesquisa não é algo gratui to nem uma espécie de rótulo ou etiqueta que se deve colocar no trabalho É importante você lembrar que a pesquisa é uma atividade voltada para a so lução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de processos científicos Por isso a pesquisa parte de uma dúvida ou problema e com o uso do método científico busca uma resposta ou solução CERVO BERVIAN 2002 p 63 O interesse ou a curiosidade pelo saber leva então o estudante ou o pes quisador a investigar a realidade sob os mais diversificados aspectos e dimen sões Assim poderá haver investigações abordagens e busca pelo saber com diferentes níveis de aprofundamento e com enfoques específicos de acordo com o que será estudado os objetivos propostos e até mesmo a experiência e qualificação do pesquisador Tudo isso conduz a diferentes tipos de pesquisa CERVO BERVIAN 2002 p 6465 Cervo Bervian p 65 2002 afirmam que cada tipo de pesquisa possui além do núcleo comum de procedimentos suas peculiaridades próprias Em meio à diversidade de tipos de pesquisa os autores chamam a atenção para a distinção entre a pesquisa pura e a pesquisa aplicada A pesquisa pura ou básica tem como meta o saber por meio de uma busca para satisfazer a necessidade intelectual pelo conhecimento A pesquisa apli cada é movida pela necessidade de uma contribuição para fins práticos com busca de soluções para problemas concretos Essas modalidades de pesquisa não seriam excludentes ou opostas já que a pesquisa pura busca a atualiza ção de conhecimentos para tomada de posição enquanto a pesquisa aplicada pretende além disso transformar em ação concreta os resultados de seu tra balho CERVO BERVIAN 2002 p 6465 68 capítulo 2 Essa distinção entre pesquisa pura ou básica e pesquisa aplicada tem o objetivo de mostrar a você uma classificação inicial que pode ser feita indepen dentemente dos vários tipos de pesquisa que serão apresentados a seguir Antes porém de listarmos os tipos de pesquisa convém alertálo sobre o fato de que a classificação que será utilizada aqui é o resultado da síntese dos tipos de pesquisa apresentados em diversos autores que estudam o assunto Ainda que você possa encontrar nos livros e autores de metodologia cien tífica uma classificação relativamente estável sobre os tipos de pesquisa não há exatamente um consenso que estabeleça um número definitivo e uma tipo logia fixa da classificação das pesquisas No entanto é bastante comum se es tabelecer no mínimo três tipos básicos de pesquisa relacionados com o pro cedimento geral da pesquisa a saber bibliográfica descritiva e experimental CERVO BERVIAN 2002 p 65 Quando se amplia a perspectiva dos procedimentos e aspectos relacionados com a pesquisa além da aplicação de diferentes critérios em sua classificação temse um número bem maior de tipos de pesquisa De acordo com alguns autores como Gonsalves 2001 p 64 é possível pro por um quadro de classificação dos tipos de pesquisa a partir de critérios como os objetivos os procedimentos de coleta as fontes de informação e a natureza dos dados Confira uma síntese dessa classificação na tabela a seguir TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO OS OBJETIVOS TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO OS PROCEDIMENTOS DE COLETA TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO AS FONTES DE INFORMAÇÃO TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO A NATUREZA DOS DADOS Exploratória Descritiva Experimental Explicativa Experimento Levantamento Estudo de caso Bibliográfica Documental Participativa Campo Laboratório Bibliográfica Documental Quantitativa Qualitativa capítulo 2 69 Acompanhe agora uma breve exposição das características de cada tipo de pesquisa de acordo com os critérios apresentados no quadro anterior 251 Tipos de pesquisa segundo os objetivos Usar os objetivos como critério para identificar o tipo de pesquisa implica in dagar sobre as metas as finalidades e o tipo de resultado esperado Alguns objetivos podem ser considerados mais conceituais outros podem ser mais descritivos GONSALVES 2001 p 65 A classificação a partir dos objetivos da pesquisa pode ser muito proveitosa para estabelecer o marco teórico ou seja para possibilitar uma aproximação conceitual DIEHL TATIN 2004 p 53 Tomando os objetivos gerais como critério de classificação há autores como Gil 1996 que identificam pelo menos dois tipos de pesquisa a exploratória e a descritiva É possível no entanto ampliar essa classificação e incluir a pesquisa experimental e a pesquisa explicativa como fazem outros autores GONSALVES 2001 p 66 Esses quatro tipos de pesquisa não precisam ser entendidos como necessariamente excludentes ainda que apresentem suas distinções Pesquisa exploratória É o tipo de pesquisa que oferece uma aproximação inicial do objeto de estudo visando dar mais familiaridade diante de um fenômeno ou assunto a ser pes quisado ou ainda objetivando uma nova percepção dele ou a descoberta de novas ideias Para Gonsalves 2001 p 65 a pesquisa exploratória tem como caracterís tica o desenvolvimento e esclarecimento de ideias com o objetivo de oferecer uma panorâmica uma primeira aproximação a um determinado fenômeno que é pouco explorado Por isso esse tipo de pesquisa também é denominado pesquisa base já que oferece dados elementares que dão suporte para a rea lização de estudos mais aprofundados sobre o tema Diehl Tatin 2004 p 5354 definem a pesquisa exploratória como aquela que proporciona maior familiaridade com o problema com vistas a tornálo mais explícito ou a construir hipóteses Eles identificam alguns procedimen tos comuns a esse tipo de pesquisa como o levantamento bibliográfico a re alização de entrevistas com pessoas que possuem experiência prática com o problema pesquisado e a análise de exemplos que estimulem a compreensão 70 capítulo 2 De acordo com Diehl Tatin 2004 p 54 dois exemplos de pesquisa explo ratória seriam 1 Estudo comparativo da forma tributária do imposto de renda das pessoas jurídicas e 2 Análise da capacidade de transferência das estraté gias e comunicações do mercado doméstico para os mercados externos A pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer des cobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma Essa pesquisa requer um planejamento bastante flexível para possibilitar a con sideração dos mais diversos aspectos de um problema ou de uma situação Recomendase o estudo exploratório quando há pouco conhecimento sobre o problema a ser estudado CERVO BERVIAN 2002 p 65 Pesquisa Descritiva A pesquisa descritiva voltase para o levantamento das características de um objeto de estudo Ela pode ser definida como a pesquisa que observa registra analisa e correlaciona fatos ou fenômenos variáveis sem manipulálos É um tipo de pesquisa que procura descobrir com a precisão possível a frequência com que um fenômeno ocorre sua relação e conexão com outros sua natureza e características CERVO BERVIAN 2002 p 66 Para Diehl Tatin 2004 p 5354 a pesquisa descritiva objetiva a descri ção das características de determinada população ou fenômeno ou então o es tabelecimento de relações entre variáveis Uma das características principais desse tipo de pesquisa seria a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados tais como questionário e observação sistemática Podese dizer que a pesquisa descritiva em suas diversas formas trabalha sobre dados e fatos colhidos da própria realidade CERVO BERVIAN 2002 p 67 De acordo com Diehl Tatin 2004 p 54 dois exemplos de pesquisa descri tiva seriam 1 Auditoria contábil do balanço patrimonial da empresa X e 2 Levantamento sobre o clima organizacional Gonsalves 2001 p 65 classifica como pesquisa descritiva aquelas que atualizam as características de um grupo social nível de atendimento do sis tema educacional como também aquelas que pretendem descobrir a existên cia de relações entre variáveis Esse tipo de pesquisa não estaria interessado no porquê nas fontes do fenômeno mas estaria preocupado em apresentar suas características capítulo 2 71 Pesquisa Experimental A pesquisa experimental está voltada para a experimentação ou verificação de um fenômeno ou de fatos que podem ser reproduzidos de forma controlada a fim de se evidenciar as relações entre os fatos e as teorias Esse tipo de pes quisa implica a observação sistemática dos resultados para estabelecer corre lações entre os efeitos e as suas causas GONSALVES 2001 p 66 Para Cervo e Bervian 2002 p 68 a pesquisa experimental apresenta como característica a manipulação direta das variáveis relacionadas com o objeto de estudo Essa manipulação das variáveis possibilita o estudo da relação en tre causas e efeitos de um determinado fenômeno Assim a pesquisa experi mental por meio da interferência direta na realidade em função da manipula ção de variáveis procura dizer de que modo ou por que causas o fenômeno é produzido Pesquisa Explicativa A pesquisa explicativa procura identificar os fatores que contribuem para ocor rência de desenvolvimento de um determinado fenômeno Buscamse aqui as fontes as razões das coisas GONSALVES 2001 p 66 Apesar de alguns auto res fazerem essa distinção entre a pesquisa explicativa e as demais em função de prevalecer a explicação da causa ou da razão de determinado fenômeno é preciso dizer que toda pesquisa comporta algum grau de explicação Daí que a pesquisa explicativa pode conviver com os tipos de pesquisa já apresentados 252 Tipos de pesquisa segundo os procedimentos de coleta e as fontes de informação Esta classificação está relacionada com as fontes e o procedimento metodoló gico utilizado na coleta Diz respeito às questões que envolvem a previsão e o modo de coleta de dados além da interpretação dos dados Para alguns autores como Diehl Tatin 2004 p 58 tomando como prin cipal elemento de identificação a coleta de dados podemse definir dois gran des grupos de pesquisa aquelas que se valem das chamadas fontes de papel e aquelas cujos dados são fornecidos por pessoas Se ampliarmos a compre ensão das fontes para os suportes materiais que vão além do papel como os 72 capítulo 2 suportes digitais e para os laboratórios ou experimentos teremos então os se guintes tipos de pesquisa de acordo com as fontes de informação pesquisa de campo de laboratório bibliográfica e documental A natureza das fontes de informação Em relação à natureza das fontes a pesquisa de campo é aquela que bus ca a informação diretamente com a população pesquisada exigindo do pes quisador o deslocamento até o espaço onde o fenômeno ocorre ou ocorreu GONSALVES 2001 p 66 PESQUISA DE LABORATÓRIO referese à fonte obtida em experimentos ou procedimentos desenvolvidos em laboratório PESQUISA BIBLIOGRÁFICA corresponde à natureza da fonte que se caracteriza por ma teriais elaborados por diversos autores consistindo em livros teses enciclopédias almanaques dicionários revistas e arti gos científicos seja no suporte impresso ou digital PESQUISA DOCUMENTAL referese à fonte que consiste em materiais que não receberam tratamento analítico ou ainda podem ser reelaborados de acordo com o objetivo do trabalho DIEHL TATIN 2004 p 59 Con forme Severino 2007 p 122 a fonte documental não se limita aos documentos impressos mas incluem jornais fotos filmes gravações documentos legais que ainda não tiveram nenhum tratamento analítico e que são matériaprima a partir da qual o pesquisador vai desenvolver sua investigação e análise E se deve acrescentar que boa parte dos documentos hoje está disponível em meios eletrônicos podendo ser acessada pela Internet Após considerar a natureza das fontes nesses quatro tipos de pesquisa apresentados você deve atentar para os tipos de pesquisa levando em conta o critério procedimentos de coleta ou seja a metodologia envolvida na coleta dos dados a partir das fontes mencionadas Note que alguns tipos de pesquisa capítulo 2 73 têm denominações coincidentes pois se utiliza a mesma designação para a na tureza da fonte e o tipo de procedimento na coleta de dados Os procedimentos de coleta Em relação aos procedimentos de coleta você encontra os seguintes tipos de pesquisa bibliográfica documental experimento levantamento estudo de caso e participativa a Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica em relação aos procedimentos de coleta caracte rizase pela metodologia que elege a fonte bibliográfica como recurso para ex plicar um problema conhecer e analisar as contribuições sobre determinando assunto ou dominar o estado da arte sobre um tema Embora quase todas as pesquisas impliquem estudos e trabalhos que envolvam o uso de uma bibliografia há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas DIEHL TATIN 2004 p 58 Assim é apropriado denomi nar uma pesquisa como bibliográfica quando os estudos análises e procedimen tos metodológicos estão predominantemente circunscritos à fonte bibliográfica b Pesquisa documental A pesquisa documental em relação aos procedimentos de coleta é assim denominada quando os estudos as investigações as análises e os procedimen tos metodológicos estão predominantemente circunscritos à fonte documen tal ou seja a documentos c Pesquisa de levantamento A pesquisa de levantamento é assim classificada em relação aos procedi mentos de coleta tendo alguma correspondência com a pesquisa de campo tipo de pesquisa relacionado com a natureza da fonte A pesquisa de levanta mento pode ser caracterizada pelo questionamento direto das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer O procedimento se dá pela solicitação de informações a um grupo significativo de indivíduos acerca do problema es tudado para em seguida mediante análise quantitativa obterse as conclusões correspondentes aos dados coletados DIEHL TATIN 2004 p 59 74 capítulo 2 Se o levantamento é feito recolhendose informações de todos os integran tes do universo pesquisado temse um censo O censo pode ser muito útil pois oferece informações gerais sobre as populações trazendo grande contribuição por exemplo para as investigações sociais DIEHL TATIN 2004 p 59 Como vantagens da pesquisa de levantamento Diehl Tatin 2004 p 59 enu meram conhecimento direto da realidade economia e rapidez e possibilidade de quantificação Como limitações apontam ênfase nos aspectos perceptivos redu zida profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais e limitada apreen são do processo de mudança Assim os levantamentos seriam mais adequados para estudos descritivos sendo indicados para o estudo de opiniões e atitudes mas pouco úteis no estudo de problemas que se referem a relações e estruturas sociais complexas Como temas e exemplos desse tipo de pesquisa enumeram 1 Perfil dos escritórios de contabilidade da região X 2 Pesquisa mercadológi ca para telefonia móvel celular d Pesquisa estudo de caso Estudo de caso é o tipo de pesquisa que se volta para um caso particular uma unidade significativa considerada suficiente para análise de um fenôme no GONSALVES 2001 p 66 É caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos obje tos de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento tarefa que pode ficar inviável utilizandose outros tipos de procedimentos Como método de pesquisa por exemplo na área das ciências sociais aplicadas o estudo de caso pode ser definido como um conjunto de dados que descrevem uma fase ou a totalidade do processo social de uma unidade em suas diversas relações internas e em suas fixações culturais quer essa unidade seja uma pessoa uma família um profissional uma instituição social uma comunidade ou uma na ção DIEHL TATIN 2004 p 59 Como vantagens do estudo de caso Diehl Tatin 2004 p 59 enumeram o estímulo a novas descobertas a ênfase na totalidade e a simplicidade dos procedimentos Como limitação apontam dificuldade de generalização dos resultados obtidos Como temas e exemplos desse tipo de pesquisa enume ram pelo menos dois exemplos 1 Influência da política de administração de recursos humanos sobre o nível de satisfação do quadro funcional da empresa X 2 Cultura organizacional e perfil gerencial na empresa X capítulo 2 75 e Pesquisa participativa Pode ser entendida como a pesquisa que propõe a efetiva participação da população pesquisada no processo de geração de conhecimento que é consi derado um processo formativo GONSALVES 2001 p 67 A pesquisa participante e a pesquisaação seriam integrantes dessa moda lidade de pesquisa Alguns autores fazem uma distinção entre esses dois tipos de pesquisa A pesquisaação seria uma pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e na qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de forma cooperativa ou partici pativa DIEHL TATIN 2004 p 62 A pesquisa participante também se caracteriza pela interação entre os pes quisadores e os membros das situações investigadas Além disso ela se mos tra bastante comprometida com a minimização da relação entre dirigentes e dirigidos e por essa razão temse voltado notadamente para a investigação junto a grupos desfavorecidos tais como os constituídos por operários campo neses índios etc DIEHL TATIN 2004 p 62 f Pesquisa experimento A pesquisa experimento é assim classificada em relação aos procedimentos de coleta e corresponde à pesquisa de laboratório tipo de pesquisa relaciona do com a natureza da fonte Isso quer dizer que pesquisas de natureza experi mental costumam acontecer no contexto de laboratório A pesquisa experimento pode ser entendida como o tipo de pesquisa que se vale do uso de aparelhos e de instrumentos graças aos diversos recursos tecno lógicos ou de procedimentos apropriados e capazes de tornar perceptíveis as relações existentes entre as variáveis envolvidas no objeto de estudo CERVO BERVIAN 2002 p 68 Na área das ciências sociais aplicadas a pesquisa experimento encontraria correspondência na chamada pesquisa expostfacto designação usada por al guns autores para se referir a um experimento que se realiza depois dos fa tos Para Diehl Tatin 2004 p 59 nesse caso não se trata rigorosamente de um experimento posto que o pesquisador não tem controle sobre as variáveis No entanto os procedimentos lógicos de delineamento expostfacto são 76 capítulo 2 semelhantes aos dos experimentos propriamente ditos Assim esse tipo de pesquisa tomaria como experimentais situações que se desenvolveram natu ralmente e trabalhase sobre elas como se estivessem submetidas a controles 253 Tipos de pesquisa segundo a natureza dos dados ou abordagem do problema A partir da natureza dos dados obtidos nos procedimentos de coleta e da forma pela qual se faz a abordagem do problema que é o objeto de estudo temse a pesquisa qualitativa ou a pesquisa quantitativa Esses dois tipos de pesquisa geralmente recebem um tratamento dicotô mico Ainda que apresentem diferentes ênfases e abordagens há autores que preferem vislumbrar a possibilidade de o pesquisador lançar mão de um trata mento tanto qualitativo quanto quantitativo em relação à natureza dos dados e à abordagem que será feita Pesquisa quantitativa A pesquisa quantitativa remete ao uso da quantificação na coleta e no trata mento de dados ou informações valendose de técnicas estatísticas percen tual média desviopadrão coeficiente de correlação análise de regressão etc com o objetivo de alcançar resultados e evitar distorções de análise e de inter pretação possibilitando uma margem de segurança maior quanto às inferên cias e conclusões DIEHL TATIN 2004 p 51 A pesquisa quantitativa corresponde então à explanação das causa valen dose de medidas objetivas testando hipóteses utilizandose basicamente da estatística Alguns autores e pesquisadores no entanto criticam o uso inade quado da abordagem quantitativa em pesquisas na área das ciências humanas ou sociais afirmando que acaba se transformando a vida social em números GONSALVES 2001 p 68 Diehl Tatin 2004 p 51 identificam alguns tipos de pesquisas com abor dagem quantitativa nos estudos de correlação de variáveis os quais por meio de técnicas estatísticas de correlação procuram especificar seu grau de rela ção e o modo como estão operando podendo também indicar possíveis fato res causais a serem testados em estudos experimentais Os estudos compa rativos causais também se enquadrariam nas pesquisas quantitativas pois o capítulo 2 77 pesquisador parte dos efeitos observados para descobrir seus antecedentes Como exemplos de pesquisa quantitativa Diehl Tatin 2004 p 51 citam dois exemplos 1 Custo agrícola nas culturas de soja e milho 2 Estudo da viabi lidade econômicofinanceira da implantação de um indústria de compotas Pesquisa qualitativa A pesquisa qualitativa é uma abordagem que está voltada para a compreensão e a interpretação do fenômeno os dos dados obtidos considerando o significado que os outros atribuem às suas práticas GONSALVES 2001 p 68 Na pesquisa qualitativa é possível descrever a complexidade de determinado problema e a interação de certas variáveis Podese compreender e classificar os processos dinâmicos vividos por grupos sociais contribuir no processo de mudança de dado grupo e possibilitar em maior nível de profundidade o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos DIEHL TATIN 2004 p 52 De acordo com Patrício et al apud DIEHL TATIN 2004 p 52 as princi pais características das pesquisas qualitativas são a a coleta dos dados é realizada preferencialmente nos contexto em que os fenômenos são construídos b os dados são analisados de preferência durante o próprio levantamen to deles c os estudos são em forma descritiva com ênfase na compreensão e na interpretação a partir dos significados dos próprios sujeitos e de outras refe rências afins da literatura d a teoria é elaborada por meio de dados empíricos a fim de ser aper feiçoada com a leitura de outros autores no entanto os estudos qualitativos podem partir de categorias preexistentes e é fundamental a interação entre pesquisador e pesquisado o que requer o aperfeiçoamento de habilidades comunicacionais por parte do pesquisador f os modelos qualitativo e quantitativo podem ser complementares pois é possível uma integração entre dados qualitativos e quantitativos 78 capítulo 2 ATIVIDADES 01 Dê algumas razões pelas quais se justifica estabelecer o tipo de pesquisa num projeto ou trabalho de investigação científica 02 Como você distingue a pesquisa quantitativa da pesquisa qualitativa Por que seria pos sível a complementaridade entre essas duas modalidades de pesquisa REFLEXÃO Você viu neste capítulo que a pesquisa pode assumir diversas formas e tipos a partir dos objetivos dos procedimentos das fontes e das abordagens da investigação que será rea lizada Estabelecer o tipo de pesquisa que se vai desenvolver no entanto pode ser mera formalidade se a preocupação for apenas denominar ou rotular o trabalho tornandose algo despropositado Definir o tipo de pesquisa deve ser na verdade um modo de se certificar a respeito das abordagens dos enfoques dos níveis de aprofundamento dos objetivos e das metodologias da nossa pesquisa tornando explícitos os procedimentos e a modalidade do nosso trabalho LEITURA MAZOTTI Alda Judith Alves A revisão da bibliografia em teses e dissertações meus tipos inesquecíveis Cadernos de Pesquisa São Paulo n81 maio de 1992 pp 5360 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROSAidil Jesus da Silveira LEHFELD Neide Aparecida de Souza Fundamentos da metodologia científica 3 ed São Paulo Pearson 2007 CASTRO Claudio de Moura A prática da pesquisa 2 ed São Paulo Pearson 2006 CERVO Amado L BERVIAN Pedro A Metodologia científica 5 ed São Paulo Prentice Hall 2002 DEMO Pedro Metodologia do conhecimento científico São Paulo Editora Atlas 2000 DIEHL Astor A TATIN Denise C Pesquisa em ciências sociais aplicadas métodos e técnicas São Paulo Prentice Hall 2004 capítulo 2 79 GIL Antonio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2004 GONSALVES Elisa P Iniciação à pesquisa científica São Paulo Alínea Editora 2001 KERLINGER F N Metodologia da pesquisa em ciências sociais um tratamento conceitual São Paulo EPUEDUSP 1980 KÖCHE José Carlos Fundamentos de metodologia científica teoria da ciência e prática da pesquisa 19 ed PetrópolisRJ Vozes 1997 LAVILLE Christian DIONNE Jean A construção do saber manual de metodologia em ciências humanas Porto Alegre ArtmedEditora da UFMG 1999 MAZOTTI Alda Judith Alves A revisão da bibliografia em teses e dissertações meus tipos inesquecíveis Cadernos de Pesquisa São Paulo n81 maio de 1992 pp 5360 NASCIMENTO Dinalva M Metodologia do trabalho científico Rio de Janeiro Forense 2005 SEVERINO Antônio Joaquim Metodologia do trabalho científico 23 ed São Paulo Cortez 2007 3 A Redação Científica 82 capítulo 3 É comum os estudantes de graduação e pósgraduação confessarem certo desconforto diante dos aspectos formais de uma pesquisa Discutem sobre a obrigação de seguir a risca tantas normas ao elaborarem seus trabalhos Os aspectos formais da liguagem tornamse uma séria dificuldade que em al guns casos se transforma num obstáculo quase intransponível Mas é preciso entender que a normalização e as estruturas até certo ponto rígidas do tra balho acadêmico e científico se justificam pela necessidade de tornar clara objetiva e rigorosa a pesquisa e também a sua apresentação Por isso neste capítulo você vai estudar aspectos da linguagem do texto científico os ele mentos que compõem a estrutura da pesquisa e sua apresentação OBJETIVOS Conhecer aspectos formais e estruturais da elaboração e apresentação da pesquisa Compreender a linguagem da pesquisa e da comunidade acadêmicocientífica Analisar as principais características da redação científica capítulo 3 83 31 A linguagem da pesquisa Ao realizarmos uma pesquisa nos valemos de fontes de informação que mui tas vezes se encontram em livros teses e artigos A leitura desses textos revela uma linguagem própria do meio acadêmicocientífico marcada por maior ob jetividade precisão rigor e complexidade Para alguns estudantes esse tipo de linguagem causa certo estranhamento e se constitui até mesmo em desafio para a compreensão mais rápida e fácil das ideias do autor Mas deixando de lado certos exageros de formalismo e o academicismo de alguns autores é preciso compreender que a linguagem e o formato dos textos acadêmicos e científicos seguem um propósito não sendo simplesmente um capricho ou pedantismo de intelectuais As ideias originais de um autor as propostas que nascem de profundas re flexões ou as conclusões de uma pesquisa desenvolvida por um estudante não se destinam a princípio à comunicação informal de um batepapo ao texto descomprometido de um blog pessoal ou a ficarem guardadas em nossa estan te particular ou em alguma pasta de arquivos perdida de nosso computador O que produzimos a partir de uma pesquisa é comunicado em livros teses monografias ou artigos Esses textos portanto possuem uma linguagem e for mato próprios Isso se deve pelo menos a três aspectos ou razões presentes no texto acadêmico a Tratam de um tipo de saber específico O saber de que esses textos tra tam é o conhecimento científico que possui linguagem e método distintos de textos que lidam com algum assunto a partir de abordagens do senso comum da religião ou mesmo da linguagem jornalística b Destinamse a uma comunidade de leitores com características pró prias São textos que se destinam à comunidade científica a estudantes que buscam o conhecimento rigoroso e científico ou a leitores que têm expectativas em relação ao aprofundamento de um tema c Respondem a funções ou objetivos próprios São textos que respondem à função de divulgação e aceso da produção acadêmicocientífica e ao objetivo de contribuir para o conhecimento a discussão a crítica a reflexão e a reelabo ração do pensamento científico 84 capítulo 3 Tudo isso aponta para a necessidade de uma linguagem apropriada na pro dução e comunicação do conhecimento Tomanik 2004 p 116 lembra que a linguagem da pesquisa deve ser mais estável mais fria e disciplinada para garantir a qualidade de sua comunicação normalmente baseada em informa ções mais claras e precisas do que as da comunicação cotidiana Por isso um passo importante na elaboração e apresentação dos resultados ou do texto da pesquisa diz respeito à adequação da linguagem empregada Você precisa considerar duas perguntas básicas ao comunicar os resulta dos de sua pesquisa e ao elaborar o texto de seu artigo ou sua monografia 1 Para quem estou escrevendo 2 Por que estou escrevendo A partir dessas indagações você deve levar em conta algumas considerações pertinentes baseadas nas reflexões de Tomanik 2004 p 127132 a Não escrever para você mesmo b A avaliação do texto deve ser feita por membros do grupo a qual ele se destina pois o autor ou quem está escrevendo não é o melhor crítico de sua obra c É preciso ter certeza de que você conhece os termos que está utili zando que as palavras que utiliza não são apenas enfeites aparência de conhecimento d Você deve ter cuidado com a clareza das frases que elabora além de evi tar conceitos sobre os quais não tenha domínio especialmente aqueles de sua própria área e É prudente não alterar termos ou trocar palavras aleatoriamente pois a mudança de uma palavra na definição de um conceito pode alterar substan cialmente seu significado f Manter a preocupação com a clareza pode evitar a elaboração de textos pretensiosos e fúteis em que a pobreza de conteúdo procura se ocultar sob a forma de um discurso rebuscado e hermético TOMANIK 2004 p 127132 Após essas ponderações é bom considerar outra pergunta que deve nortear a produção acadêmica e científica em qual veículo será divulgada ou publicada minha pesquisa capítulo 3 85 Essa pergunta remete às normas técnicas e editoriais das revistas ou dos periódicos aos regulamentos dos programas de PósGraduação ou aos manu ais de TCC dos cursos de Graduação Isso quer dizer que a comunicação dos resultados da pesquisa deve se sujeitar às orientações e normas do veículo ou da instituição aos quais se destina o trabalho de pesquisa Essa constatação aponta para a necessidade de elaborar a pesquisa dentro dos parâmetros da redação científica 32 A Redação Científica As características da redação científica devem estar presentes tanto no texto do projeto de pesquisa quanto na própria comunicação dos resultados da pesqui sa seja na forma de relatório artigo ou monografia A linguagem da redação científica deve ser lógica objetiva direta clara correta imparcial concisa e impessoal O vocabulário deve ser adequado ao contexto acadêmico e particularmente à área de conhecimento da pesquisa Entre essas características vale a pena explicar e exemplificar algumas delas 321 Impessoalidade A impessoalidade não deve ser confundida com falta de envolvimento do pes quisador ou com indiferença A impessoalidade na linguagem corresponde ao caráter impessoal que deve predominar no trabalho científico embora elemen tos de subjetividade não estejam de todo ausentes no processo Por isso recomendase redigir os textos do trabalho científico na terceira pes soa evitando as referências pessoais como meu artigo meu relatório ou minha monografia Nesses casos são mais apropriadas expressões como o presente ar tigo este relatório ou esta monografia Isso no entanto não quer dizer que você deve deixar de assumir a autoria de ideias originais argumentos inovadores ou teses polêmicas quando necessário Outra recomendação é evitar o uso do pronome nós para indicar impessoalidade embora essa construção acabe apare cendo quando se trata de marcar os resultados obtidos pessoalmente com uma pesquisa somos de opinião que julgamos que chegamos à conclusão de que deduzimos que etc CERVO BERVIAN 2007 p 129 86 capítulo 3 322 Objetividade A objetividade característica fundamental da redação científica é resultado da própria natureza da ciência Assim como a linguagem impessoal a objeti vidade na linguagem deve evitar no discurso científico pontos de vista pesso ais que deixem transparecer impressões subjetivas não fundadas sobre dados concretos Por isso expressões como eu penso pareceme parece ser e ou tras violam frequentemente o princípio da objetividade indicando raciocínio subjetivo Do mesmo modo é preciso evitar as palavras que dão margem a in terpretações subjetivas CERVO BERVIAN 2007 p 129 Para ilustrar características da linguagem científica como a objetividade a precisão e a isenção de qualquer ambiguidade Cervo Bervian 2002 p 129 oferecem os seguintes exemplos Linguagem subjetiva a sala estava suja Linguagem objetiva o entrevistado enquanto falava deixou cair as cinzas do seu ci garro no chão Viamse restos de cigarros apagados e fragmentos de papel pelo chão Linguagem subjetiva a sala era grande e espaçosa Linguagem objetiva a sala media 12 m de comprimento e 8 m de largura 323 Clareza A clareza é indispensável na organização das ideias ao longo da pesquisa e se tor na a primeira condição para uma boa redação científica É preciso exprimir clara e organizadamente o pensamento considerando que para isso é necessário ter assimilado o assunto em todas as suas dimensões em seu conjunto como tam bém em cada uma de suas partes ou dificuldades Desse modo pensamento e expressão são interdependentes ninguém pode exprimir em termos claros uma ideia ainda confusa em sua mente CERVO BERVIAN 2007 p 129 Quando for redigir a comunicação ou apresentação da sua pesquisa lembre que tudo que for escrito deve ser perfeitamente compreensível pelo leitor ou seja este não deve ter nenhuma dificuldade para entender o texto Para que isso ocorra uma boa recomendação é você ler cuidadosamente o que escreveu como se fosse o próprio leitor capítulo 3 87 324 Precisão A linguagem científica deve ser informativa e técnica distinguindose da lin guagem coloquial e da literária A escrita científica afastase do discurso retó rico que pretende persuadir por meio da atuação sobre a vontade das pessoas como por exemplos os textos publicitários e do discurso com função expres siva que se caracteriza pela subjetividade e demonstração de aspectos pesso ais Por isso a linguagem científica é firmada em dados concretos a partir dos quais analisa compara e sintetiza argumenta induz ou deduz e conclui Em vez de subjetiva e persuasiva ela é objetiva e apoiase em argumentos de ordem cognoscitiva e racional CERVO BERVIAN 2007 p 131 Essas observações devem levar você a perceber que a linguagem científica deve ser caracterizada pela precisão As palavras as figuras os gráficos as tabelas entre outros elementos devem ser precisos e interpretados pelo leitor sem dificuldades 325 Modéstia e cortesia A modéstia também deve acompanhar os trabalhos científicos já que ao adqui rir conhecimentos profundos no setor de seu estudo específico o pesquisador não deve transmitilos com ares de autoridade absoluta Na realidade a pesqui sa deve se impor por si mesma Assim a linguagem deve se limitar à descrição dos passos da pesquisa e à transmissão de seus resultados testemunhando intrinsecamente a modéstia e a cortesia essenciais a um bom trabalho A finalidade da pesquisa é expressar e não impressionar Para sintetizar as observações sobre a linguagem científica vale a pena conferir o qua dro que Cervo Bervian 2007 p 133 propõem A linguagem científica Exigências Deformações Impessoal Pessoal Objetiva Subjetiva ambígua Modesta e cortês Arrogante dogmática Informativa Persuasiva expressiva Clara e distinta Confusa equívoca 88 capítulo 3 A linguagem científica Exigências Deformações Própria ou concreta Figurada Técnica Comum Frases simples e curtas Frases longas e complexas 33 A leitura condição indispensável para os trabalhos acadêmicos Na vida acadêmica e na pesquisa científica a leitura é uma atividade indispen sável A leitura é uma técnica que ajuda na organização do saber universalmen te acumulado e dos estudos realizados É também uma atividade de reflexão e de reelaboração de ideias e de saberes Sem leitura não se faz pesquisa pois tudo começa com a leitura e fazer pesquisa pressupõe leitura leitura leitura NASCIMENTO 2005 p 29 Se você estiver convencido da importância da leitura que não deve ser es porádica ou eventual então precisa saber que a leitura cumpre propósitos dife rentes em relação aos trabalhos acadêmicos Isso implica dizer que é possível identificar alguns tipos de leitura em função dos objetivos ou propósitos no processo de construção do conhecimento e de realização de uma pesquisa A leitura de reconhecimento é o primeiro tipo de leitura que você deve consi derar aqui Ela é uma leitura realizada pelo estudante ou pesquisador para fa zer os primeiros contatos selecionar tomar decisões NASCIMENTO 2005 p 29 Essa leitura também é denominada leitura seletiva É a leitura que leva ao reconhecimento do terreno sendo uma forma de mapear inicialmente as possibilidades ou indicações de leituras posteriores e mais aprofundadas Desse modo a leitura de reconhecimento é como uma panorâmica das possibilidades de leituras que você tem diante de si É uma leitura fragmentada de informações e trechos de vários documentos ou livros a fim de selecionar ou definir quais textos merecerão realmente uma leitura cuidadosa e extensa capítulo 3 89 A leitura de reconhecimento ou leitura seletiva é então uma estratégia para lidar com a diversidade de informações e as variadas possibilidades de leitura que surgem diante do tema que você escolheu para estudar ou pesquisar Tratase desse modo de uma situação na qual você precisa decidir sobre a leitura apurada de um livro ponderar se ele vai ajudar ou não no tema a ser pesquisado escolher quais livros você vai tomar emprestado da biblioteca quais títulos você vai comprar numa livraria ou na Internet diante da escassez de recursos ou quais arquivos você vai baixar e imprimir para ler com calma e atenção NASCIMENTO 2005 p 29 Na leitura de reconhecimento não há tempo para se alongar no exame dos textos Tratase de uma leitura para orientar escolhas de obras e fontes que serão examinadas com mais tempo posteriormente Assim podem ser muito úteis as recomendações a seguir a Observe a capa e a contracapa pois elas dizem bastante do livro em alguns casos chega a existir nestes espaços um rápido comentário sobre os ob jetivos da obra e o modo como ela foi construída NASCIMENTO 2005 p 29 b A orelha do livro também pode trazer indicações e elementos importan tes sobre o texto c O índice ou sumário podem ajudar também revelando os tópicos trata dos na obra e até alguns aspectos teóricos e metodológicos d Se os elementos anteriores não forem suficientes para uma visão da obra e decisão sobre sua leitura integral ou não faça uma leitura da introdu ção e conclusão porque elas contemplam em destaque os elementos mais es clarecedores da obra consultada NASCIMENTO 2005 p 30 e No caso de artigos publicados em revistas impressas ou eletrônicas leia atentamente o resumo e confira o editorial da revista procurando informa ções sobre o artigo que possa lhe interessar Levem em conta que essas recomendações se aplicam à leitura de reconheci mento ou seletiva com o objetivo de definir quais obras ou textos serão lidos inte gralmente Na verdade a leitura de reconhecimento é uma leitura superficial ape sar de ajudar na aproximação e conhecimento da obra mesmo sem se aprofundar em sua leitura Por isso como a superficialidade não deve ser a tônica de nenhu ma investigação científica é importante a realização de um outro tipo de leitura no processo de aquisição e apropriação de saber NASCIMENTO 2005 p 30 90 capítulo 3 A leitura analítica é o passo seguinte A leitura analítica se caracteriza pelo detalhamento e pela busca dos elemen tos mais significativos do texto O objetivo da leitura analítica deve ser a seleção dos aspectos mais importantes da obra que auxiliarão no processo de apropria ção do saber historicamente acumulado NASCIMENTO 2005 p 30 Mais adiante você poderá verificar que o resumo e o fichamento contri buem para a realização da leitura analítica e o registro de seus resultados A leitura crítica é outra face do trabalho de compreensão de uma obra ou um texto A leitura crítica parte do pressuposto de que para a elaboração de um tra balho se faz essencial não apenas a tomada de posse das ideias contidas nas obras lidas mas que também implica acrescentar ao conhecimento existente a contribuição daquele que produz uma obra nova Isso quer dizer que é ne cessária a reflexão crítica e pessoal a partir do que foi lido e trabalhado na fase preparatória da investigação NASCIMENTO 2005 p 30 Essa leitura crítica pode contribuir bastante para a fundamentação do trabalho que será realizado A resenha é uma modalidade de trabalho acadêmico que se vale principalmen te da leitura crítica Cervo Bervian 2002 p 9899 se referem a essa última etapa usando a de signação leitura interpretativa A leitura interpretativa implicaria três tipos de julgamento a partir da obra ou texto lido O primeiro julgamento levaria em conta as intenções do autor e o tema do texto para saber o que realmente o autor afirma e quais as informações e contri buições que ele oferece Essa postura consistiria então numa crítica objetiva das hipóteses teses e conclusões do autor a fim de se ter uma base para o traba lho que será desenvolvido O segundo julgamento seria a partir da relação entre o que o autor afirma e os problemas da pesquisa ou do trabalho O julgamento das ideias do livro ou do texto é feito em função dos propósitos do pesquisador para que seja aplica do no encaminhamento dos problemas propostos na pesquisa O terceiro julgamento é feito em função do critério de verdade ou seja o leitor ou pesquisador deve ter uma dúvida metódica que o leve a lidar com toda afirmação que carece de provas como algo provisório e um ponto de referência nunca como uma conclusão definitiva capítulo 3 91 A análise e o julgamento a partir da leitura devem conduzir então ao traba lho de síntese e de aplicação das ideias que se mostrarem válidas e úteis para o desenvolvimento da pesquisa ou do trabalho acadêmico Após essas observações sobre a leitura é oportuno tratar dos tipos de traba lhos acadêmicos Como selecionar o que ler O título de um livro é a primeira informação que temos sobre o seu conteúdo todavia não deve ser o único critério de escolha para sua leitura Devemos examinar detalha damente o livro com título interessa à primeira vista devemos verificar nome do autor analisar o seu currículo ler a orelha do livro o índice analisar a documentação e as citações ao pé das páginas utilizada para a elaboração do livro assim como verificar a editora a data a edição ele rapidamente o prefácio A convergência de alimentos ajuda a selecionar o que ler Todo estudante deveria interessar se pela construção de uma pequena biblioteca pes soal de obras selecionadas os livros são sua ferramenta de trabalho a partir do momen to que desejam elaborar uma pesquisa O primeiro passo é de crise os livros citados pelos professores como indispensáveis ou fundamentais para determinadas disciplinas de seu curso em seguida as obras mais amplas e mais especializadas dentro da área profissional ou do interesse particular de cada um RUIZ 2008 34 Fichamento Os fichamentos podem ser um excelente recurso para não se perder os dados bibliográficos as anotações de aula ou os apontamentos decorrentes de uma leitura Os dados bibliográficos as anotações e os apontamentos contidos num fi chamento são como uma memória exterior pois quando bem organizados eles até podem se constituir em uma minibiblioteca para uso pessoal CERVO BERVIAN 2002 p 92 Com os editores de texto e os recursos presentes num computador ou ta blet o fichamento pode ganhar versatilidade e se tornar muito mais disponível para consulta 92 capítulo 3 Ao realizar um fichamento elaborando e registrando as anotações apon tamentos e dados sempre considere a necessidade de precisão e clareza pois ao voltar aos registros tempos depois é preciso reconhecer o sentido e a valida de do que foi escrito mesmo diante do esquecimento natural decorrente do tempo Leve em conta que os apontamentos e as anotações de uma leitura devem conter dados que permitam encontrar ou acessar rapidamente a fonte original Também é imprescindível realizar as anotações e os apontamentos a partir da distinção entre o que é essencial e o que é acessório Os fichamentos devem apresentar ideias gerais mais do que ideias ou detalhes particulares que podem ser conferidos no acesso à fonte ou ao texto original SALVADOR 1970 apud CERVO BERVIAN 2002 p 93 Confira mais algumas dicas baseadas em outras recomendações feitas por Cervo Bervian 2002 p 9394 a Procure aproveitar no seu fichamento as anotações e dados que real mente importam ao seu trabalho ou pesquisa b Registre aquilo que pode contribuir para o encaminhamento de seu problema de pesquisa c Não seja precipitado e ansioso na anotação de dados e apontamentos na leitura de um livro d Procure percorrer toda parte de um texto para evitar anotações de da dos que são irrelevantes ou que serão desenvolvidos mais adiante e Anote as páginas ou endereços eletrônicos correspondentes às infor mações que você registra f Para que você não corra o risco de cometer plágio coloque sempre en tre aspas frases ou trechos anotados que forem copiados literalmente do texto consultado O fichamento deve funcionar assim como um guia bibliográfico ou guia de leitura que permite retomar e recuperar os dados anotações e apontamentos decorrentes do estudo de uma obra ou mesmo da assistência a uma aula ou conferência Em relação aos modelos de fichamento deve haver certa liberdade para você escolher aquele que se mostrar mais adequado aos seus propósitos ou às suas preferências capítulo 3 93 De qualquer modo considere que elaborar uma ficha não é algo tão comum entre muitos estudantes É preciso paciência disciplina e disposição para se dedicar à leitura de uma obra e às anotações dela decorrentes A preguiça cos tuma ser forte inimiga de um bom fichamento Mas aqueles estudantes que re alizam essa tarefa que pode ser um tanto enfadonha acabam comprovando a utilidade do fichamento no momento da organização e da redação do trabalho acadêmico e da pesquisa científica CONEXÃO httpmonografiasbrasilescolacomregrasabnttipostrabalhosacademicosfichamentohtm 341 Fichário Bibliográfico Um dos primeiros passos para a elaboração do projeto de pesquisa é o levanta mento bibliográfico completo ou o mais completo possível Para realizar esse levantamento o pesquisador deverá consultar catálogos anuários biográficos repertórios bibliográficos gerais e especializados e também resenhas bibliográ ficas Nessas fontes o pesquisador encontrar a não ser referência à bibliografia existente na área de interesse da sua pesquisa mas também resumos críticas e apanhados que poderão ser fechados com grande vantagem RUIZ 2008 p68 Cada um dos livros artigos documentos ou textos deverá ser lançado em uma ficha cada ficha receberá uma só referência e deverá mencionar um au tor o título da obra o número da edição o local da edição o nome da editora a data como no exemplo DESCARTES R O discurso do método Rio de Janeiro Edições de Ouro 1965 Não auxilia o trabalho posterior do pesquisados lançar na primeira face da ficha bibliográfica algo além do nome do autor no alto a esquerda título da obra ou artigo e as demais informações já mencionadas Todavia é aconselhá vel e prático anotar no verso da ficha onde encontrar a obra fichada bem com a transcrição de alguns elementos observados durante a leitura ou em resenhas e súmulas de apreciação crítica 94 capítulo 3 342 Plano de leitura Para que o fichamento atenda o seu objetivo é importante que o fichário bi bliográfico seja o mais amplo e completo possível para auxiliar na leitura do que deve ser examinado com mais atenção para a construção do projeto de pes quisa e para a estruturação da pesquisa em si Cabe destacar que a leitura das referencias que foram elencadas no fichário deve obedecer para o sucesso do trabalho uma ordem que segundo Ruiz 2008 é 1 Iniciar a leitura e o fichamento pelas obras mais gerais e posteriormen te passar para a análise de obras mais especializadas artigos monografias dissertações teses Essa tática auxilia porque as obras mais gerais garantem ao pesquisador uma visão mais geral do tema estudado indicam fontes e bi bliografia fazem referencia a teorias discordantes que podem justificar o apro fundamento no problema e podem sugerir hipóteses dignas de maior análise Geralmente essa bibliografia presta subsídios importantes para melhor en tendimento das fontes e da bibliografia especializada RUIZ 2008 p69 2 Começar a leitura pelas produções mais recentes sobre o tema em análise e só depois passar para as mais antigas Pode parecer evidente uma vez que as obras mais atuaus devem completar ou mesmo superar as mais antigas todavia cabe des tacar que como há obras que são consideradas clássicos em determinadas áreas há obras cujo conteúdo possuí validade como por exemple alguns tratado jurídicos 3 Iniciar a leitura e fichamento pela bibliografia e só depois trabalhar com as fontes pois as bibliografia deve funcionar como uma espécie de pro pedêutica de curso preparatório para a compreensão das fontes sobre o tema Deste modo após a definição do projeto de pesquisa chega o momento da análise da documentação da busca de fontes e de bibliografia especializada sobre o tema da pesquisa e da organização do fichário bibliográfico que irá recebendo acréscimos durante o desenvolvimento do trabalho É relevante ini ciálo e mantêlo em perfeita ordem Preparado o fichário bibliográfico básico organizase o plano de leitura em conformidade com as normas que acabamos de analisar Ao conjunto deste trabalho de busca e de descoberta dáse o nome de heurística capítulo 3 95 35 Resumo A elaboração de resumos é técnica igualmente relevante para a confecção de trabalhos científicos Assim como ocorre com a noção de fichamento tam bém há nuances nas definições de resumo Ramos 2009 p 155 define o resumo como um pequeno texto que destaca as ideias do textobase logo mantendo fidelidade às mesmas Medeiros o define uma síntese das ideias relevantes selecionadas de forma articulada Na maioria das definições está contida a ideia básica de apresentação concisa dos pontos relevantes de um documentotexto Para Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi apud CHATT 2014 o resumo é a apresentação de uma síntese bem clara e concisa das ideias principais da obra ou texto tendo como características não ser um sumário ou índice das partes que compõem a obra mas sim a exposição abreviada das ideias não é transcrição ou seja o resumo deve ser realizado com as próprias palavras do leitor não deve ser extenso como dito deve apresentar as ideias principais e não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra afinal a redação do resumo deve conter o essencial do texto Comumente são identificados três tipos de resumo resumo indicativo re sumo informativo e resumo crítico O resumo indicativo corresponde apenas a referências e indicações do tex tobase sem que sejam registrados dados qualitativos e quantitativos Tratase de um esquema ou mapa que poderá oferecer informações básicas e de identi ficação do texto original O resumo informativo corresponde ao registro conciso das informações mais importantes contidas num textobase O resumo crítico é geralmente identificado com a resenha sendo uma ou tra designação para a própria resenha CONEXÃO Para visualizar modelos de resumos e dicas para sua elaboração confira o link a seguir httpobjetoseducacionais2mecgovbrbitstreamhandlemec16231indexhtml sequence10 96 capítulo 3 36 Resenha CONEXÃO Confira alguns exemplos e modelos de resenhas nos links a seguir httpwwwlendoorg modelosderesenhaexemplos httpwwwpucrsbrgptresenhaphp É muito comum entre os estudantes a confusão entre resenha e resumo pois a resenha corresponde podemos assim dizer a um resumo É necessário pois esclarecer que a resenha não é meramente um resumo A resenha a des peito de ser um trabalho de síntese e de extração ultrapassa os limites de um resumo indicativo ou informativo pois traz uma análise ou apreciação da obra ou do texto Alguns autores até fazem distinção entre resenha informativa que seria um resumo informativo e resenha crítica que comporta uma análise ou julgamento explícito da obra A ABNT NBR 60282003 associa a resenha ao resumo crítico e as revistas científicas que publicam resenhas apresentam normas especificas para a di vulgação desse tipo de trabalho Diante disso quando o professor solicita uma resenha é bom verificar exa tamente o que o professor deseja com a resenha Geralmente ao solicitar uma resenha o professor está considerando uma modalidade de resenha que tam bém é denominada como já foi dito anteriormente de resenha crítica Assim ao elaborar uma resenha tenha em mente pelo menos duas tarefas realizar uma síntese da obra ou do texto e elaborar uma apreciação crítica dessa obra A crítica pode ser externa e interna A crítica externa ressalta a importância da obra no seu contexto histórico social cultural e filosófico e a crítica interna se dedica ao exame do conteúdo da obra julgandoo GONSALVES 2001 p 44 Algumas recomendações práticas podem ser úteis na elaboração da resenha Ao ler o textobase aquele que você vai resenhar faça anotações em núcle os do tipo passagens profundas pontos obscuros novidade repetição Destaque com cuidado a tese central que o autor está desenvolvendo Acompanhe a sua argumentação Essa apreciação tornará o seu julgamento mais denso e criterioso SALOMON 1991 p 137apud GONSALVES 2001 capítulo 3 97 A ABNT NBR 60282003 associa a resenha ao resumo crítico e as revistas científicas que publicam resenhas apresentam normas específicas para a apresentação desse tipo de trabalho 37 Artigo Artigo pode ser definido como texto com autoria declarada que apresenta e discute ideias métodos técnicas processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento destinado à divulgação por meio de periódicos Há cursos de graduação e pósgraduação que optam pelo Trabalho de Conclusão de Curso na forma de artigo permitindo que o trabalho acadêmico seja apresentado num formato mais conciso e próximo das publicações dos pe riódicos acadêmicos e científicos Se esse for o seu caso leve em conta que o artigo tem uma delimitação ou extensão que não permite se estender muito no tema ou objeto de estudo dife rentemente de uma monografia Mas o que é um artigo Segundo a ABNT o artigo científico é parte de uma publicação com autoria declarada que apresenta e discute ideias métodos técnicas processos e resul tados nas diversas áreas do conhecimento NBR 6022 2003 p2 Podemos compreender o artigo como uma síntese dos resultados de inves tigações ou estudos realizados a respeito de uma questão É a maneira mais sucinta de divulgar as questões investigadas o referencial teórico utilizado a metodologia utilizada as conclusões ou resultados alcançados e as principais dificuldades encontradas no processo de investigação ou na análise de uma pergunta de pesquisa É muito comum definir ou caracterizar o artigo científico em original e de revisão O denominado artigo original corresponde a textos que são decorren tes de trabalhos de pesquisa com a apresentação de resultados dados originais de descobertas análises do que foi estudado dentre outros O artigo de revisão equivale a uma síntese crítica sobre informações e conhecimentos a respeito de determinado tema a partir do levantamento e análise de bibliografia pertinente 98 capítulo 3 permitindo a indicação de metodologias ou perspectivas de continuidade dos estudos em determinada linha de pesquisa Esse tipo de artigo contribui para a avaliação análise e síntese de trabalhos e resultados de pesquisa já publicados Marconi e Lakatos 2010 destacam que também é possível caracterizar os artigos científicos em 1 não se constituem em matéria de um livro 2 são publicados em revistas ou periódicos especializados 3 por serem completos permitem ao leitor repetir a experiência No caso de produção do artigo para publicação em um periódico especifi co você deve sempre considerar as orientações e normas que são dadas pela revista ou jornal Quando o artigo for uma exigência ou forma de apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso TCC siga as normas e orientações de seu curso geralmente encontradas em um Manual específico CONEXÃO Para mais orientações sobre a elaboração do artigo veja as dicas no link a seguir httpwwwartigocientificocombrArtigoCientificopdf 38 Monografia A monografia é um trabalho acadêmicocientífico exigido comumente na con clusão de cursos ou mesmo de disciplinas tanto da graduação quanto da pós graduação A principal característica de uma monografia está no tratamento e aprofundamento de um determinado tema destacandose por ser um traba lho rigoroso que sistematiza observações críticas e reflexões feitas pelo aluno GONSALVES 2001 p 20 CONEXÃO Algumas dicas interessantes podem ser encontradas no link a seguir httpraefgvbrsites raefgvbrfilesfileparafazermonografiapdf capítulo 3 99 A monografia não pode ser confundida com a mera reunião de trechos reco lhidos de livros artigos teses e textos da Internet numa espécie de colcha de retalhos repleta de citações ou até mesmo cópias sem qualquer contribuição do próprio autor ou aluno É importante você perceber que a monografia possui algumas característi cas que permitem identificála como um trabalho relevante e adequado ao con texto acadêmico tais como a a monografia se constitui num trabalho escrito e organizado de forma sistemática e completa b trata de um tema específico c é um estudo minucioso ou detalhado de um objeto d aborda esse objeto em profundidade e não em alcance e tem uma metodologia científica f mostra ser uma contribuição pessoal para o estudo de determinado assunto ou o de senvolvimento da ciência LAKATOS e MARCONI 2010 p 152 Uma das preocupações comuns em relação à monografia tem a ver com a sua extensão Convém você considerar que a extensão do texto ou conteúdo da mo nografia não é a coisa mais importante Na verdade você deve ter em mente que a monografia serve ao propósito de aprofundar ou desenvolver um aspecto dos muitos que integram um determinado assunto GONSALVES 2001 p 20 Antonio Joaquim Severino 2010 p 104 afirma que a monografia se ca racteriza mais pela unicidade e delimitação do tema e pela profundidade do tratamento do que por sua eventual extensão generalidade ou valor didático Assim o tamanho da monografia pode variar e o foco deve ser sempre a quali dade e não a quantidade A monografia pode apresentar pequenas variações na sua organização ou estrutura mas basicamente ela é constituída de uma introdução um desenvol vimento e uma conclusão A introdução nas monografias deve ordenar com clareza o tema da pes quisa considerando dois aspectos o assunto que será tratado a ideia geral situando e delimitando o problema justificando o tema definindo os termos e indicando o percurso metodológico e o modo como ele será desenvolvido ou seja as ideias mais importante a distribuição e os objetivos dos capítulos GONSALVES 2001 p 22 O desenvolvimento deve elucidar discutir e evidenciar as ideias do traba lho sendo organizado em partes ou capítulos que devem dar clareza e equilí brio no tratamento do assunto Na conclusão você deve retomar de forma breve as ideias expostas ao longo do trabalho estabelecendo algumas relações entre elas e apresentando as considerações finais GONSALVES 2001 pp 2223 100 capítulo 3 39 Apresentação de trabalhos acadêmicos É muito importante se preparar para a apresentação oral de sua monografia ou artigo quando for esse o caso Nos cursos de PósGraduação especialmente os na modalidade a distância diante da necessidade de apresentação ou defesa oral do trabalho são usadas tecnologias de comunicação como a videoconfe rência que permitem a interação online entre o aluno e os professores exami nadores ou avaliadores Cuidados com a postura o uso da voz a utilização de recursos audiovisuais e a relação com os examinadores devem ser levados em conta Assim além das orientações específicas que você encontra no guia o manual de TCC de seu cur so confira algumas dicas e sugestões para apresentação oral de trabalhos nos links abaixo CONEXÃO httpwwwpraticadapesquisacombr201009apresentacaodetrabalhoacademicohtml httpwwwpolitocombrportuguesartigophpidnivel12idnivel2150id Topico200 ATIVIDADES 01 De que modo o fichamento o resumo ou a resenha podem ajudar na pesquisa ou nos estudos 02 Procure elaborar um fichamento e uma resenha de um livro que você tenha lido ou es teja lendo atualmente REFLEXÃO Você aprendeu neste capítulo que a pesquisa e a comunicação de seus resultados devem considerar as convenções e os padrões estabelecidos no contexto acadêmicocientífico su jeitandose à normalização técnica recomendada pela instituição de ensino Viu que as nor mas e orientações referentes à formatação e à apresentação da pesquisa podem contribuir capítulo 3 101 para garantir a clareza a precisão o rigor e a objetividade da produção científica Desse modo a redação científica que caracteriza o texto de um artigo ou monografia por exemplo deve possuir características que pre cisam ser levadas em conta para que a trans missão da informação e a sua compreensão por parte do leitor sejam eficazes E nesse caso é sempre bom considerar que o leitor na maioria das vezes pertence ao público interno à própria comunidade acadêmica ou científica Porém nem sempre você escreverá para seus pares pesquisadores professores e estu dantes pois é possível que o público leitor seja externo sendo inclusive formado por leigos que tenham interesse no assunto Assim se faz necessário seguir as recomendações que você viu aqui e escrever seu trabalho numa linguagem clara e bem cuidada LEITURA RAMOS A Metodologia da pesquisa científica como uma monografia pode abrir o horizonte do conhecimento São Paulo Atlas 2009 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 6022 informação e documentação artigo em publicação periódica científica impressao apresentação Rio de janeiro 2003 NBR 6028 informação e documentação resumo apresentação Rio de janeiro 2003 CERVO Amado L BERVIAN Pedro A Metodologia científica 5 Ed São Paulo Pearson 2002 CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino SILVA Roberto da Metodologia científica 6 ed São Paulo Pearson 2007 CHATT Cidinei Bogo A Importância das Técnicas da Leitura Fichamento Resumo e Resenha na Produção de Textos TécnicoCientíficos Universo Jurídico Disponível em httpujnovaprolink combrdoutrina7154aimportanciadastecnicasdaleiturafichamentoresumoeresenhana producaodetextostecnicocientificos Acesso e 27 mai 2014 GONSALVES Elisa P Iniciação à pesquisa científica São Paulo Alínea Editora 2001 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Metodologia do trabalho científico São PauloAtlas 2010 NASCIMENTO Dinalva M Metodologia do trabalho científico Rio de Janeiro Forense 2005 102 capítulo 3 RAMOS Albenides Metodologia da pesquisa científica como uma monografia pode abrir o horizonte do conhecimento São Paulo Atlas 2009 RUIZ João Álvaro Metodologia científica Guia para eficiência nos estudos 6 ed São Paulo Atlas 2008 SEVERINO Antonio Joaquim Metodologia do trabalho científico São Paulo Cortez 2010 TOMANIK Eduardo A O olhar no espelho conversas sobre a pesquisa em Ciências Sociais Maringá EDUEM 2004 4 O Projeto de Pesquisa 104 capítulo 4 Podemos comparar o desenvolvimento de uma pesquisa científica com a construção de um edifício uma casa por exemplo e o projeto de pesquisa com a planta dessa construção Para muitos pesquisadores a elaboração do projeto de pesquisa é um momento decisivo para a pesquisa pois este será o guia que orientará os principais passos a serem dados rumo a conclusão do trabalho Assim diante das decisões que devem ser tomadas para o desenvolvimento da pesquisa ou da elaboração de um trabalho de conclusão de curso não se pode esquecer a importância da organização do projeto de pesquisa Por isso você estudará neste capítulo como se constrói um projeto de pesquisa conhe cendo as principais características do planejamento que deve ser feito e refle tindo sobre as recomendações para a realização de um trabalho de investigação no contexto acadêmico e científico CONEXÃO Um projeto de pesquisa é na realidade um plano intenções que o alunopesquisador am biciona desenvolver em seu trabalho científico No Projeto de Pesquisa é feita a escolha do tema a indicação de suas delimitações no que tange ao espaço em que será desenvolvida a pesquisa OBJETIVOS Refletir sobre a importância e a utilidade do planejamento na pesquisa Distinguir os elementos constituintes de um projeto de pesquisa Compreender os elementos envolvidos no desenvolvimento da pesquisa Compreender a importância do método científico para a estruturação das ciências Compreender o que são técnicas de pesquisa Analisar as técnicas de coleta de dados Avaliar as técnicas de abordagem em pesquisa capítulo 4 105 41 Constituição do projeto de pesquisa Ninguém pode esperar retirar do nada um projeto de pesquisa ele sempre deve ter seu processo normal de nascimento Naturalmente opção por determina da assunto o antecede Seria esta opção as primeiras leituras da bibliografia ge nérica os primeiros questionamentos as progressivas delimitações do assunto e a definição da compreensão e da extensão dos termos da proposição enuncia tiva do tema A rigor não foi traçado ainda o primeiro projeto de pesquisa mas ele já está em processo de gestação O passo seguinte é a conversão do tema em problema pois a pesquisa só tem sentido quando se desenvolve na procura da solução para um determina do problema A clara e nunciação do problema induzirá consequentemente a reflexão e prefixação de hipóteses Feito isto enunciação da hipótese é que determinará os critérios para a leitura da bibliografia e para a tomada de apon tamentos de passagens relevantes para confirmação ou não das hipóteses Em suma os elementos que deverão ser destacados no primeiro projeto de pesquisa ação 4 anunciação do tema 5 definição dos conceitos 6 indicação clara da extensão dos conceitos 7 indicação de circunstâncias para completar a delimitação da pesquisa ou seja o tempo o espaço instrumentos 8 explicitação da ideia principal tirada do tema bem como dos porme nores que pareçam importantes 9 ponderação sobre objetivos e sobre o alcance da pesquisa previsão do tempo disponível para o seu desenvolvimento e estabelecimento de condições de viabilidade 10 definição das fases posteriores e cronograma para o seu cumprimento dentro das reais possibilidades do pesquisador ou do grupo de pesquisa RUIZ 2008 106 capítulo 4 A definição dos termos Os termos se tornam mais claros e compreensivos ao serem definidos Definir é fazer conhecer o conceito que temos a respeito de alguma coisa é dizer o que a coisa é sob o ponto de vista da nossa compreensão Evidentemente para que a nossa definição seja certa e verdadeira é condição imprescindível que o nosso conceito da coisa es teja de acordo com o que ela realmente é Assim tanto mais estaremos aptos a fazer definições corretas quanto melhor conhecermos e compreendermos o que desejamos definir Uma das exigências muito importantes para realizarmos uma pesquisa é estu darmos com profundidade e experienciarmos o tema a fim de que as nossas definições sejam corretas Quando definimos dizemos o que a coisa é separandoa do que não é Podemos definir assíduo à Igreja como assistir aos cultos com determinada regularidade Assim estamos dizendo o que a coisa é Não entra nessa definição nada que se relacione com a presença ou ausência de bondade para com os filhos a felicidade conjugal a honestidade ou desonestidade de práticas comerciais etc o que a coisa não é Entretanto diz Hayakawa ao afirmarse que alguém é assíduo à Igreja logo se vincula ao indivíduo uma série de conotações que não lhe pertencem como ser bom cristão bom cristão sugere fidelidade à mulher e ao lar bondade para com os filhos honestidade aos negócios etc Ora separando o que a coisa é do que a coisa não é isto é deixando fora as conotações que não lhe pertencem podemos identificar no mundo extensional sem enganos os indivíduos aos quais devemos aplicar o conceito Assim por exemplo se definirmos assíduo à Igreja como assistir aos cultos com determinada regularidade sabemos que o conceito convém a Pedro José Emen garda e Pacômio embora Pedro tenha severidade excessiva com os filhos José seja desonesto nos seus negócios Emengarda cometa adultério e Pacômio seja alcoólatra Entretanto nenhuma destas conotações pertence ao conceito De fato severo com os filhos desonesto nos negócios cometer adultério e ser alcoólatra são cono tações que não pertencem ao conceito assíduo à Igreja A definição de um conceito serve portanto para tornar claras e reconhecíveis suas características separandoas de conotações que não lhe pertencem Pascal enunciou três regras para uma boa definição a não deixar qualquer ideia obscura sem definir b empregar na definição apenas termos suficientemente claros por si mesmos ou já definidos não incluir portanto na definição a palavra que se quer definir isto é não explicar a palavra pela própria palavra e nunca definir o termo pelo seu contrário capítulo 4 107 c nunca pretender tudo definir porque a definição é essencialmente uma análise de vendo necessariamente deterse nos elementos simples suficientemente claros por si Não existem regras padronizadas para alguém saber com certeza quais os termos que devem ser selecionados para definição Isto depende do discernimento do pesqui sador Mas alguns pontos podem ser indicados como sugestão por exemplo tentar ler o que escrevemos com os olhos dos outros isto é como os outros poderiam ler e com preender É bom lembrarmonos dos esforços que fizemos para chegar a entender certos termos que hoje nos parecem simples e claros mas que antigamente nos pareciam obscuros e confusos Precisamos ainda levar em consideração a divergência relativa a certas palavras e expressões cujos significados são discutíveis de acordo com as teorias áreas de conhecimento etc Será de grande valor além da nossa reflexão pessoal e au tocrítica consultarmos determinadas pessoas especializadas ou entendidas no assunto e outras que por algum motivo mais sério julgamos poderem ser úteis e nos ajudarem RUDIO Franz Victor Introdução ao projeto de pesquisa científica 23 ed Petrópolis RJ Vozes 1998 p 2933 42 A importância do projeto de pesquisa Você já sabe que o projeto de pesquisa pode ser comparado à planta para cons trução de uma casa ou a um guia que orienta os passos que precisam ser dados em determinada empreitada Assim como precisamos de um planejamento para uma viagem mais longa a pesquisa requer a elaboração de um projeto para sua realização Você pode entender o projeto de pesquisa como uma expressão es crita desse planejamento como uma espécie de documento que revela uma série de decisões que você tomou para seguir viagem GONSALVES 2001 p 10 Isso mostra que o projeto de pesquisa não é propriamente o resultado da pes quisa ou mesmo sua elaboração completa Assim como a planta de construção não é a própria casa nem o planejamento de uma viagem se constitui na experiência propriamente dita de sair por aí o projeto de pesquisa não se confunde com a pró pria pesquisa que precisa ser desenvolvida O projeto de pesquisa deve ser tomado como um roteiro ou guia do que se pretende realizar o que não diminui sua impor tância ou elimina seu caráter indispensável para o desenvolvimento da pesquisa 108 capítulo 4 É importante você considerar que o momento de elaboração do projeto de pesquisa pode ser muito significativo e rico pois é a ocasião em que você se dá conta da necessidade de ser criativo e ousado ao mesmo tempo em que precisa ser organizado e sensato nas propostas e decisões sobre o que vai pesquisar Quando se planeja uma viagem o planejamento acaba revelando os desejos e sonhos para com aquela experiência Do mesmo modo ao planejar a pesqui sa por meio de um projeto você tem que lidar com suas expectativas e vontades em relação ao trabalho que precisa desenvolver Por isso estabelecer um rotei ro para a pesquisa é algo que pode ser considerado criativo e uma expressão de sua vontade disposição e capacidade para desenvolver um trabalho Apesar de o projeto de pesquisa ser fundamental e funcionar como um ro teiro préestabelecido e rigorosamente elaborado devese reconhecer que o projeto não é imutável ao contrário o caminho percorrido ao longo da pesquisa acaba por imprimirlhe novas características novos aspectos colocando novas exigências para o investigador GONSALVES 2001 p 10 Isso mostra que o de senvolvimento da pesquisa pode confirmar ou não as decisões os desejos os so nhos e os propósitos contidos no projeto de pesquisa Como afirma Gonsalves 2001 p 11 o processo de investigação pela sua riqueza transforma o sonho por vezes reduzindoo por vezes ampliando mais ainda os seus horizontes Se até aqui você tem lido sobre o projeto de pesquisa como preponderan temente um momento criativo e de manifestação de desejos sobre o que se vai pesquisar é bom adiantar logo que a elaboração do projeto de pesquisa não para nos aspectos subjetivos ou pessoais do estudante ou pesquisador Na verdade ainda que o projeto seja uma apresentação organizada do con junto de decisões que você tomou em relação à investigação científica que pre tende empreender ele é também resultado de conhecimentos metodológicos que possibilitam tanto a elaboração do projeto quanto o desenvolvimento da pesquisa Assim o projeto precisa ser eficiente coerente e bem fundamentado possuindo uma redação adequada pois se trata de um documento escrito a própria materialização de um planejamento GONSALVES 2001 p 10 Todas essas observações podem ajudar a identificar o projeto de pesquisa como um instrumento de ação que contribui para orientar e conduzir os estudos e as investigações Diferentemente do que muita gente pensa ele não precisa ser um estorvo ou um grande problema que dificulta a tarefa de desenvolver um trabalho acadêmico e científico capítulo 4 109 O projeto pode ser uma experiência de aprendizagem coletiva a partir da comunicação com seus professores ou seu orientador e em função da troca de experiência com colegas Esse diálogo com professores e colegas aliado à expo sição de seu projeto pode leválo a descobrir novas possibilidades e a lidar com possíveis dificuldades Além disso o exercício de elaboração do projeto tem uma finalidade pedagógica pois ele dá a oportunidade de trabalhar com algu mas regras do jogo científico levandoo a aprender a lidar com elas de algum modo GONSALVES 2001 p 13 Muitos alunos mesmo reconhecendo a importância do projeto de pesqui sa questionam em quais situações se deve elaborar esse documento Em três situações o estudantepesquisador será compelido a elaborar e apresentar um projeto de pesquisa como prérequisito para o desenvolvimento de sua carreira acadêmica e profissional 1 Caso pretenda ingressar em um programa de pósgraduação strictu senso seja em nível de mestrado ou doutorado 2 Se como estudante de curso de graduação pretender ingressar em um grupo de pesquisa ou pleitear uma bolsa de iniciação científica 3 Pretender concorrer a editais abertos por institutos ou fundações que tradicionalmente mantêm programas de bolsas de estudo 43 Construção e estrutura do projeto de pesquisa Não há uma forma única de se organizar um projeto de pesquisa ou de apresen tar sua estrutura Uma estrutura básica que comumente é utilizada para apresentar os itens de um projeto de pesquisa contém os seguintes elementos justificativa problema objeti vos metodologia cronograma e bibliografia Há variações dessa estrutura clássica mas de qualquer modo você deve entender que os itens da estrutura do projeto de pesquisa correspondem a algumas indagações que você deve responder ou estão re lacionados com aspectos indispensáveis para a realização de sua pesquisa Deslandes 1996 apud GONSALVES 2001 p 14 sugere que um projeto de pesquisa deve responder a pelo menos sete perguntas 110 capítulo 4 a O que pesquisar Essa pergunta corresponde à definição do problema às hipóteses que serão consideradas e a base teórica e conceitual da pesquisa b Por que pesquisar Tratase de uma pergunta relacionada com a justificativa da pesquisa ou seja a razão pela qual se escolheu determinado tema c Para que pesquisar É uma pergunta que se refere aos objetivos da pesquisa aos propósitos do estudo que será desenvolvido d Como pesquisar Essa pergunta está vinculada à metodologia aos procedimentos que serão tomados ao longo da pesquisa e Quando pesquisar Tratase de estabelecer o cronograma da pesquisa f Com quais recursos Essa é uma pergunta importante quando a pesquisa exige gastos e investi mentos pois ela se refere ao orçamento da pesquisa g Quem pesquisa A última pergunta está relacionada com a equipe de trabalho com os pes quisadores e o orientador Esse núcleo básico de um projeto de pesquisa como já foi dito poderá ter apresentações diversas De todo modo será oferecida uma sequência que você poderá seguir para estruturar elaborar e apresentar seu projeto de pesquisa 1 Dados de identificação contendo o título do projeto e dados do aluno pesquisador 2 Justificativa 3 Problema de pesquisa e objetivos com item em separado para o objeti vo geral e os objetivos específicos capítulo 4 111 4 Hipótese 5 Metodologia da pesquisa 6 Cronograma de execução 7 Referências já consultadas 431 Dados de identificação Além do título provisório do artigo que deve ser claro conciso e conter indica ções do problema ou tópico a ser tratado nos dados de identificação você deve rá identificarse apresentando seu nome a qual curso está vinculado o nome do orientador da pesquisa e também a linha de pesquisa a qual o projeto está vinculado 432 Justificativa A justificativa dentro do projeto de pesquisa deve discorrer sobre as razões pelas quais pretende desenvolver o projeto informar se há conhecimento sobre o assunto e escla recer como o artigo pode contribuir para o avanço do tema escolhido A justificativa no projeto de pesquisa corresponde à explicitação da relevân cia que seu objeto de estudo tem ou seja é uma forma de responder a pergun tas do tipo Por que escolhi esse tema O tema que escolhi é importante Que motivos o justificam nos planos teórico e prático Qual é a relação do tema e ou problema formulado com o contexto social Que contribuição posso ofere cer com esse estudo GONSALVES 2001 p 56 Desse modo você pode perceber que a justificativa para pesquisar um tema pode ser dada em função de vários motivos como razões de ordem pessoal econômica social filosófica ideológica política institucional histórica edu cacional entre outras NASCIMENTO 2005 p 71 112 capítulo 4 433 Problema de pesquisa e objetivos O aluno deverá formular uma pergunta de pesquisa como já discutimos ante riormente a qual dirá o que o investigador quer apreender O objetivo é criar uma pergunta de pesquisa importante e que pode ser desenvolvida em um pla no factível e válido tanto para o aluno quanto para o orientador PERGUNTA DE PESQUISA é a questão que pretende discutir sendo colocada na forma interrogativa OBJETIVO DA PESQUISA nada mais é que a pergunta de pesquisa descrita na forma afirmativa Os objetivos da pesquisa consistem naquilo que se pretende com a investiga ção ou seja as metas que você quer alcançar ao terminar sua pesquisa Por isso os objetivos estão relacionados com o que você pretende atingir servindo para dar uma direção ou norte ao seu trabalho de pesquisa GONSALVES 2001 p 56 Definir os objetivos é um momento importante na construção do projeto de pes quisa pois os objetivos remetem ao problema de pesquisa e conduzem também à definição dos procedimentos metodológicos que deverão ser adotados Assim deve haver uma coerência entre a delimitação do tema e do problema de pesquisa o esta belecimento dos objetivos e a escolha dos procedimentos metodológicos Isso quer dizer que você precisará redigir os objetivos do projeto de pesquisa procurando man ter relação e coerência entre as partes do projeto GONSALVES 2001 p 56 Lembrese no entanto que o objetivo da pesquisa não se confunde com a metodologia pois o objetivo é o que se pretende atingir enquanto a metodolo gia corresponde ao que será feito para atingir o objetivo Muitos autores fazem distinção entre objetivos gerais e específicos O objetivo geral corresponde à questão principal da pesquisa revelando o que se pretende alcançar com a sua realização Pode ser amplo e desmembrado em objetivos específicos Os objetivos específicos são objetivos secundários intermediários e instrumen tais Eles estão relacionados com a questão principal e definem aspectos mais es pecíficos que contribuem para alcançar o objetivo geral GONSALVES 2001 p 56 capítulo 4 113 Algumas recomendações práticas podem ser úteis na definição e redação dos objetivos Gonsalves 2001 p 56 lembra que os objetivos devem ser reais e atingíveis isto é representam de fato a execução das atividades manifestan dose de forma concreta e possível dentro do tempo disponível Acrescenta que os objetivos podem ser iniciados por um verbo no infinitivo como definir identificar verificar examinar descrever avaliar etc Para exemplificar a definição dos objetivos é interessante você considerar os exemplos que Gonsalves 2001 p 56 oferece a partir de Santos 1999 p 6465 na citação a seguir que apesar de longa merece ser lida com atenção Vamos supor que o seu objetivo geral seja o de analisar se o limão é eficaz no combate aos resfriados Como você já fez uma revisão bibliográfica inicial tem algumas pistas de elementos que podem ajudar a resolver o problema Por exemplo você já sabe que alguns aspectos são importantes nessa pesquisa como o vírus do resfriado os componentes químicos do limão as reações do vírus do resfriado aos componentes químicos do limão Essa é a fase de nominada levantamento dos aspectos componentes importantes do proble ma SANTOS 1999 p 64 Feito isso você passará para a segunda fase que é a transformação de cada um dos aspectos escolhidos em um objetivo colocando um verbo no início do enunciado que indique a atividade que você pretende re alizar Exemplo examinar o vírus do resfriado identificar os componentes químicos do limão A partir daí duas tarefas são propostas A primeira a de verificar a suficiência dos objetivos específicos propostos isto é você deve se perguntar se o conjunto dos objetivos que você definiu é suficiente para que você atinja o objetivo geral A segunda tarefa é a de decidir sobre a melhor se quência lógica ou seja você deve ter o cuidado de estabelecer quais os assun tos que precedem a outros SANTOS 1999 p 65 GONSALVES 2001 p 58 434 Hipótese Em um projeto de pesquisa a apresentação das hipóteses é opcional assim caso o seu projeto apresente hipóteses elas devem aparecer na sequência do texto As hipóteses como analisamos anteriormente anunciam respos tas possíveis à pergunta de pesquisa e servem como eixo norteador dessa reso lução São os pressupostos iniciais do trabalho 114 capítulo 4 435 Metodologia da pesquisa Para alcançar os objetivos propostos no projeto de pesquisa é preciso esta belecer um caminho definir um percurso metodológico que consiste em procedimentos técnicas referenciais teóricos e processos de construção do conhecimento Gonsalves 2001 p 62 lembra que a metodologia pode ser entendida como o caminho e o instrumental para abordar aspectos do real podendo incluir concepções teóricas técnicas de pesquisa e a criatividade do pesquisador Acrescenta que na parte referente à metodologia é preciso explicitar os proce dimentos que se pretende utilizar na produção dos dados entrevista questio nário dentre outros deixando claro qual procedimento foi escolhido e por que ele é o mais adequado Diehl Tatin 2004 p 98 sugerem os seguintes itens para descrever os pro cedimentos ou metodologia da pesquisa a Delinear a pesquisa você deve definir o tipo de pesquisa que será rea lizada para atingir seu objetivo geral Desse modo a pesquisa pode ser classifi cada quanto ao objetivo à fonte de informação os procedimentos de coleta e natureza dos dados b População e amostra a população1 precisa ser descrita de forma bem completa incluindo as características que interessam ao tema da pesquisa A amostra inclui sua descrição e a do processo para selecionála assim como as informações sobre seu tamanho e as formas utilizadas para determinálo c Coleta de dados referese à definição dos instrumentos entrevistas questionários observação dos dados primários e secundários da preparação e do procedimento de aplicação d Análise dos dados quando a pesquisa for quantitativa devese especifi car o tratamento se a pesquisa for qualitativa devese definir o procedimento e Definição dos termos e variáveis corresponde a definições gerais e ope racionais das variáveis relacionadas com a problemática do estudo DIEHL TATIN 2004 p 98 1 População ou universo é um conjunto de elementos que podem ser mesurados em relação às variáveis que se pretende levantar podendo a população ser formada por pessoas famílias empresas ou outros elementos de acordo com os objetivos da pesquisa Amostra corresponde a uma porção ou parcela dessa população que foi selecionada DIEHL TATIN 2004 p 98 capítulo 4 115 Um aspecto que deve ser salientado aqui diz respeito à coleta e análise de dados Na coleta de dados conforme o tipo de pesquisa que for desenvolvida você deve escolher técnicas que permitam a observação a inquirição ou a análise de documentos Diante da natureza da sua investigação por exemplo você poderá interrogar pessoas ou analisar documentos Entre as técnicas ou formas de co leta de dados as mais comuns são observação entrevista questionário teste e análise documental NASCIMENTO 2005 p 122 A análise de dados possui um caráter explicativo e procura estabelecer as relações que podem existir entre o dado pesquisado e outros fenômenos NASCIMENTO 2005 p 134 A análise de dados pode ser empreendida em três níveis a Interpretação verificação das relações entre variáveis independente e dependente e da variável interveniente anterior à dependente e posterior à in dependente a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno variável dependente b Explicação esclarecimento sobre a origem da variável dependente ne cessidade de encontrar a variável antecedente anterior às variáveis indepen dente e dependente c Especificação explicitação sobre até que ponto as relações entre as variáveis independente e dependente são válidas como onde e quando OLIVEIRA apud NASCIMENTO 2005 p 134 436 Cronograma de execução Um bom planejamento não pode deixar de lado a questão do tempo No projeto de pesquisa é importante indicar o tempo necessário para o desenvolvimento da pesquisa explicitando os prazos e o tempo de cada fase da pesquisa A partir do cronograma você pode visualizar as diversas etapas e compro missos relacionados com a pesquisa Lembrese que o cronograma deve respei tar os prazos estabelecidos pela instituição Quando for o caso não deixe de avaliar os custos da pesquisa e incluir os recursos humanos e materiais que serão necessários para sua realização 116 capítulo 4 437 Referências Ao final o projeto de pesquisa deve trazer as indicações bibliográficas para a realização da pesquisa bem como as obras consultadas para a própria elabo ração do projeto As normas da ABNT e as recomendações da instituição de ensino devem sempre ser seguidas rigorosamente No próximo capítulo você pode consultar algumas recomendações sobre a elaboração das referências bibliográficas A formatação do projeto de pesquisa fonte espaçamentos margens etc segue as mesmas normas aplicadas aos trabalhos acadêmicos e serão analisa dos no próximo capítulo Veja abaixo os principais tópicos que compõem um projeto de pesquisa Itens do projeto de pesquisa Escolha do tema Delimitação do tema Justificativa do tema Revisão da literatura Formulação do problema Enunciado da hipótese Definição operacional das variáveis Amostragem capítulo 4 117 Instrumentos Procedimentos Análise dos dados Discussão dos resultados Neste capítulo analisamos os principais tópicos que estão presentes em projetos de pesquisa Verificamos que na fase de preparação para uma pesquisa é opcional a for mulação de uma ou mais hipóteses Uma hipótese representa uma estratégia de orde namento e direcionamento e ela não decide a tese formulada uma vez que o principal é a argumentação e o referencial teórico capazes de sustentar ou rejeitar a hipótese No entanto a hipótese nos fornece inspiração e orientação além de contribuir para a formulação de perguntas pertinentes Pense nisso 44 O método científico Agora que você já sabe quais os caminhos deve seguir para estruturar com su cesso o seu projeto de pesquisa é o momento de entender o que é o método científico e qual a sua importância para desenvolvimento da ciência e tam bém para o seu trabalho Desde os primórdios da humanidade a preocupação do homem em com preender e dominar a natureza é significativa Ao analisarmos o termo francês conhecer temse connaissance que significa nascer naissance com con logo notase que o entendimento inicial do ato de conhecer foi de algo capaz de ser transmitido através das gerações tornandose parte da cultura e da história de uma sociedade 118 capítulo 4 Para conhecer os homens interpretam a realidade e colocam um pouco de si nesta interpretação assim percebemos que Desde os primórdios da huma nidade a preocupação do homem em compreender e dominar a natureza é sig nificativa Ao analisarmos o termo francês conhecer temse connaissance que significa nascer naissance com con logo notase que o entendimento inicial do ato de conhecer foi de algo capaz de ser transmitido através das gerações tornandose parte da cultura e da história de uma sociedade O processo de construção do conhecimento é algo muito dinâmico tendo se para cada novo fato uma nova análise sempre repleta das experiências ante riores Assim a procura pela compreensão de si e do mundo circundante levou o homem a trilhar caminhos diversos que ao longo do tempo construíram as diretrizes do que hoje denominamos ciência A construção dessa compressão da natureza ocorreu por meio de experiên cias do cotidiano que levavam ao desenvolvimento de habilidades para lidar com as situações cotidianas Quando não conseguia dominar determinados fe nômenos o homem atribuíalhes causas sobrenaturais elaborando um conhe cimento abstrato a respeito daquilo que não podia ser explicado materialmen te Assim o conhecimento foi se dividindo como verificamos anteriormente Notamos portanto que a ciência é uma necessidade do ser humano e que é através dela que o homem busca o constante aperfeiçoamento e a compreensão do mundo que o rodeia Todavia essa compressão não ocorre aleatoriamente como nos primórdios necessita de ações sistemáticas analíticas e críticas ne cessita do que denominamos método Método são etapas organizadas que precisam ser cumpridas durante a investigação científica ou para alcançar determinado fim O Método indica O QUE fazer Técnica é a modo de realizar de forma mais hábil A técnica indica COMO fazer O termo método significa caminho ou processo racional para atingir um dado fim procedimentos racionais que buscam atingir um objetivo determi nado Agir com um dado método supõe uma prévia análise dos objetivos que se pretendem atingir as situações a enfrentar assim como dos recursos e o tempo disponíveis e por último das várias alternativas possíveis Tratase portanto de uma ação planeada baseada num quadro de procedimentos sistematizados e previamente conhecidos capítulo 4 119 Definição de Método O termo método designa a ordem a ser seguida nos diferentes processos que são ne cessários para se chegar a determinado fim ou resultado Em outras palavras método pode ser entendido como um procedimento regular explícito e que pode ser repetido a fim de se conseguir algo material ou conceitual É importante ressaltar que o método é apenas um meio de acesso são a inteligência e a reflexão que descobrem o que os fatos realmente são Assim o método científico tem a intenção de descobrir a realidade dos fatos e estes ao ser descobertos devem guiar o uso do método É oportuno portanto distinguir os conceitos de método e processo Método pode ser entendido como o procedimento sistemático o dispositivo ordenado em plano geral Por sua vez o processo a técnica é a aplicação do plano metodológi co e a forma específica de executálo Podese afirmar que a relação existente entre método e processo é similar à que existe entre estratégia e tática O processo está portanto subordinado ao método 441 Método Científico e Método Racional O método científico tem como principal finalidade conduzir a respostas ser um meio de acesso seguindo para isso o caminho da dúvida sistemática me tódica Mesmo em ciências sociais campo que parece mais árido para a busca de métodos estes devem ser aplicados de maneira a expressar a preocupação com o que é e não com o que se pensa que deve ser Todas as investigações pesquisas partem de algum problema sentido ou observado de tal modo que não se pode prosseguir a menos que se selecione a matéria a ser tratada Essa seleção por sua vez não deve ser aleatória requer ao menos uma hipótese ou pressuposição que vai orientar e também delimitar o assunto a ser pesquisado Daí o conjunto de processos ou etapas de que se serve o método científico tais como a observação e a coleta de todas as informações possíveis a hipótese que procura explicar as observações experimentação que garante ao método também o nome de método experimental a indução da lei que fornece a explicação ou o resultado de todo o trabalho de pesquisa e a teoria que insere o assunto tratado em um contexto mais extenso CHARLOT2000 120 capítulo 4 O método científico utilizase da observação da descrição da comparação da análise e da síntese além dos artifícios intelectuais mentais da dedução e da indução comuns a todos os tipos de investigação racional ou experimental Em síntese o método é ordenado sistematizado e possuí um plano geral sen do empregado para apreciar os méritos de uma pesquisa É pertinente para aprofundar a discussão proposta separar método da técnica e desfazer um equívoco presente nas análises de muitos pesquisadores especialmen te os iniciantes A técnica nada mais é do que a aplicação do plano metodológico é a forma de executar sendo a auxiliar imprescindível e subordinada ao método Há ainda um ponto que merece nossa atenção nesse momento de nosso es tudo é o método racional O método racional também é considerado científico apesar de os assuntos a que se aplica não serem reais fatos ou fenômenos sus cetíveis de comprovação experimental As disciplinas que o empregam como as da área da filosofia nem por este motivo deixam de ser verdadeiras ciências Todo o método esta sujeito ao objetivo da investigação por exemplo a filo sofia tem por objeto de estudo as coisas irreais ou inexistentes questiona a rea lidade Por isso o ponto de partida do método racional é a observação dessa re alidade ou a aceitação de certas proposições evidentes princípios ou axiomas para posteriormente prosseguir por dedução ou por indução em virtude das exigências lógicas e racionais CHARLOT 2000 Mediante o método racional que também se desdobra em diversas técnicas cientificas como a observação a analise a comparação e a síntese e técnicas de pensamento como a indução a dedução a hipótese e a teoria procurase interpretar a realidade quanto a sua origem natureza destino e significado no contexto geral Buscase através do método racional obter uma compreensão e uma con cepção mais amplas sobre o ser humano sobre a vida sobre o mundo que nos circunda sobre o ser Essa cosmovisão a qual conduz a investigação racional não pode ser testada ou nem ao menos comprovada experimentalmente e é essa possibilidade de comprovar ou não as hipóteses que distingue o método experimental científico em sentido restrito do método racional 442 Os muitos discursos sobre o método Como observamos na análise histórica do método científico os rigores aplicam se necessariamente ao produto final quanto é apresentado para apreciação e crítica Ao longo do percurso todavia o método científico é mais livre mais sol capítulo 4 121 to podendo até mesmo ser tido como uma arte um artesanato mesmo o que permite as variações de estilo de estratégias de busca por respostas Podemos dizer isso porque nessa fase ou seja durante o percurso o pesquisador não precisa prestar contas o que ocorre no momento da avaliação do método que é por ele aplicado Assim mesmo parecendo paradoxal diante do que estudamos até aqui o mé todo científico que parece algo rígido por tratar das regras disciplinares da ciência possui significados muito amplos Em alguns métodos por exemplo é a estatís tica elementar começando com a média e o desvio padrão não ultrapassando os rudimentos de teoria das probabilidades em outro caso encontramos questões de epistemologia Esses exemplos meramente ilustram a elasticidade do termo Mas onde estaria então o ponto de convergência entre os que pesquisam portanto utilizam os métodos e os que pensam sobre os métodos os filósofos da ciência Este ponto de encontro é a metodologia cuja função é ajudarnos a entender não apenas os produtos da pesquisa científica mas também o pró prio processo de elaboração do conhecimento A Metodologia Científica A complexidade do método científico fez dele uma disciplina específica chamada me todologia Metodologia Científica é a disciplina dos métodos de conhecer dos métodos de buscar conhecimento é uma maneira de pensar para chegar as respostas para a solução de um dado problema O método científico é compreendido como o conjunto de artifícios orientados por uma habilidade crítica e criadora focada na construção da ciência a pesquisa constitui seu principal instrumento ou meio de acesso Barros e Lehfeld 2007 afirmam que a metodologia não busca soluções mas selecio na os modos de encontrálas integrando os conhecimentos a respeito dos métodos em vigor nas diferentes disciplinas científicas ou filosóficas A disciplina metodologia científica teria como principal função a apresentação e o exame de diretrizes aptas a instrumentar estudantes e pesquisadores no que tange a estudar e aprender Essa disciplina está pois voltada a assessorar e colaborar com o crescimento intelectual do alunopesquisador para a formação de um compromisso científico frente à reali dade Metodologia científica não é portanto um amontoado de técnicas embora elas devam existir mas sim uma disciplina que está sempre a serviço de uma proposta de conhecimento Estruturase para que o conhecimento desenvolva os papéis que lhe são impostos frente às necessidades culturais e científicas 122 capítulo 4 Metodologia é a preocupação instrumental cuida dos procedimentos das ferramentas dos caminhos Não deve ser compreendida como uma disciplina auxiliar ao processo de estruturação do conhecimento mas como uma discipli na fundamental para o amadurecimento científico para a promoção do espíri to crítico capaz de revisar o trajeto feito e preparar o por fazer A metodologia científica delimita a criatividade do pesquisador e a sua potencialidade no es paço de pesquisa de trabalho Usualmente a metodologia pode ser compreendida basicamente em duas vertentes mais tradicionais A mais comum é aquela que deriva da teoria do conhecimento e centrase no esforço de transmitir uma iniciação aos proce dimentos lógicos do saber geralmente voltada para a questão da causalidade dos princípios formais da identidade da objetividade da dedução e da indução DEMO 2009 A outra vertente é a que está próxima da sociologia do conheci mento que acentua mais o débito social da ciência mas sem desprezar a outra Tratase na verdade de uma acentuação preferência e por isso não pode subs tituir a outra Deste modo não afirmamos que um trabalho é mais importante que outro porque está calcado mais na ótica sociológica ou na teoria do conhe cimento pois o que realmente interessa é a pesquisa sendo importante apenas que os pesquisadores reconheçam a existência de propostas ligadas ou não aos procedimentos lógicos e epistemológicos Alerta As sugestões metodológicas são importantes a medida que favorecem a criação da pesquisa Não devem passar à finalidade em sim exceto se for o caso de um metodó logo profissional A inestimável contribuição da metodologia para a formação científi ca pode abortar se tornarse obsessão de quem apenas constrói caminhos mas não chega a nada O cientista criativo é tanto capaz de fazer um trabalho como manda o figurino formal dentro da ordenação prevista como é capaz de começar pelo fim de não citar ninguém de afirmar o contrário do que todo mundo espera de buscar espaços ilógicos para a invenção etc DEMO 2009 p22 Optamos pois em discutir a questão do método daí falarmos em discursos sobre método a partir da dicotomia entre a dimensão afirmativa ou positiva e a dimensão negativa do método capítulo 4 123 A dimensão positiva é o método como um mapa da estrada a ser trilhada no curso da pesquisa A negativa é ver o método como um controle de qualidade do produto final isto é a pesquisa São coisas diferentes e cada um tem o seu lugar CASTRO 2006 p32 A dimensão científica do método ainda segundo Castro diz respeito às instruções de como proceder como fazer a pesquisa por onde começar e qual a sequência deve ser seguida para que os objetivos sejam satisfatoriamente atingidos CONEXÃO Por que utilizamos um Método A opção por um método viabiliza a redução das interferências pessoais emocionais eou culturais que podem aparecer na observação e experimentação dos fenômenos em estudo Saiba mais em httpwwwuniscbrportaluploadcomarquivo metodologiacientificapdf Essa dimensão fica mais clara quando abordamos a controvérsia método indutivo versus método dedutivo ou seja partir da observação para criar a teo ria ou começar com as teorias e verificar se o mundo é apresentado por elas É nessas instruções de como proceder na ciência que encontramos mais frequen temente desacordo e controvérsia não somente em relação às questões da téc nica mas também quanto à própria relevância das questões metodológicas CASTRO 2006 p32 Parece complexo porém tornouse consenso que há um vaivém entre os dois lados e alguns autores afirmam que não iniciamos uma pesquisa com fa tos nem com deduções apenas com hipóteses que guiam nossa investigação a fim de garantir a ordem dos fatos John Dewey por exemplo nega esses dois ca minhos anteriores dedutivo e indutivo e afirma que é preciso sempre começar com um questionamento uma pergunta Diante do exposto é importante destacar que pode existir estilos pessoais de investigação alguns pesquisadores são mais indutivos alguns mesclam dedução e indução porém jamais partem do nada do zero para a realização de suas pesquisas Sempre se chega a um problema conhecendo os dados que foram usadosanalisados em pesquisas anteriores as teorias que explicam fe 124 capítulo 4 nômenos semelhantes Assim um pesquisador dedutivo não ignora os dados existentes pois já verificou aspectos semelhantes e um pesquisador indutivo já leu os livros ou artigos científicos que abordam as teorias pertinentes O de dutivo analisa as teorias e posteriormente vai atrás dos dados e o indutivo vai observar analisar os dados deixando que a realidade vá sugerindo os rumos que tomará suas formulações teóricas notamos que a ciência se faz na gangorra entre a indução e a dedução não há ciência sem as elucidações que estruturam o que é observado e não há ciência sem o retorno ao mundo real observado Em cada fase de uma pesquisa o método vai se impondo sobre o pesquisa dor em cada fase da investigação o método que melhor se adapta ao problema Todavia é importante enfatizar que não é possível selecionar método e tema de pesquisa concomitantemente pois uma vez selecionado o método como o qual nos sentimos mais à vontade para trabalhar fica limitada a escolha dos temas de pesquisa Não é aceitável no processo de elaboração do conhecimento cien tífico é escolher um objeto de pesquisa e tratálo de forma metodologicamente imprópria CASTRO 2006 O uso de métodos equivocados compromete signi ficativamente ou mesmo inviabiliza os resultados da pesquisa Por exemplo se o tema de pesquisa se presta a um tratamento quantitativo insistir no uso de um método qualitativo é um erro letal Chega um momento da pesquisa que não cabe mais o gosto ou a afinidade do pesquisador simplesmente o proble ma exige um determinado tipo de método Repetindo somos livres para escolher o método com o qual nos sentimos mais con fortáveis Podemos também escolher o problema com que vamos trabalhar mas não podemos escolher os dois ao mesmo tempo Em boa medida o problema impõe o método Se quisermos ficar no método de nossa preferência pode ser preciso mudar de problema CASTRO 2006 p35 Analisamos até aqui o que chamamos de dimensão positiva do método mas o oposto a dimensão negativa do método A dimensão negativa seria o conjun to de regras que se constituem no controle de qualidade do produto final de capítulo 4 125 forma mais impositiva de caráter mais imperativo É a face do método que nos descreve o que não podemos fazer e o que somos sujeitados a fazer para que os resultados da pesquisa tenham validade científica Agora faz sentindo falarmos em dimensão negativa do método Sim por que todas as grandes pesquisas passaram por testes resistindo positivamente a eles O método usado para a realização da pesquisa deve então permitir ao pesquisador não apenas chegar a resultados válidos mas também permitir a percepção de falhas na construção destes resultados ou teorias Além do cami nho a ser seguido o método deve garantir que uma dada proposição científica resista as tentativas de derrubála CASTRO 2006 45 As técnicas Até aqui discutimos os diversos discursos sobre o método agora após o percur so feito é o momento de compreendermos quais são as técnicas utilizadas para a efetivação do método Isso mesmo o método concretizase com o conjunto de etapas que devem ser cumpridas para a realização da pesquisa e que configu ram as técnicas SEVERINO 2010 Os objetivos a serem alcançados pela pesquisa determinam o tipo de méto do que a ser empregado o experimental ou o racional que empregam técnicas específicas ou comuns a ambos para o desenvolvimento sistemático do traba lho de pesquisa Como a maior parte das técnicas que compõem o método cien tífico e racional é comum embora seja necessária a adaptação aos objetivos de cada investigação as técnicas que vamos analisar aqui estão ligadas ao método experimental e indiretamente também ao método racional Portanto cada pesquisa tem sua metodologia e exige o uso de técnicas es pecificas para a aquisição dos dados Selecionado o método as técnicas a se rem usadas serão consequentemente selecionadas em conformidade com os objetivos da investigação científica ANDRADE 2010 Uma pesquisa pode ser realizada apenas com a aplicação de questionários outra pode exigir o uso da entrevista da observação direta e da pesquisa de campo O mais importante é adequar as técnicas às características da pesquisa que se pretende realizar sempre tendo em vista que a coleta bem feita dos dados facilita significativa mente o desenvolvimento da pesquisa 126 capítulo 4 Mas o que exatamente são as técnicas As técnicas para a concretização do método são os procedimentos científicos utilizados por uma ciência em suas pesquisas As técnicas em uma ciência são os meios corretos para a execução das operações de tal ciência devendo o pesquisador pertencente a esse grupo dominar certas técnicas utilizadas para poder trabalhar Assim há técnicas associadas a certos testes de laboratório à coleta de informações a partir da observação do comportamento humano em determinada situação como den tro do espaço escolar por exemplo técnicas para a realização de entrevistas dentre outras Todavia é importante esclarecer que existem técnicas que são compartilhadas por diversas ciências são procedimentos comuns a diversas áreas do conhecimento Existe pois um conjunto de técnicas basicamente análogo para todas as ci ências que compreende um número de procedimentos aplicações científicas ou operações que perpassam qualquer tipo de pesquisa pois auxiliam sempre na formulação de questões ou levantamento de hipóteses na observação no re gistro cuidadoso dos dados observados e na construção de explicações CERVO BERVIAN SILVA 2007 p30 Essas técnicas são a observação a descrição a comparação a análise a síntese a experimentação as técnicas de abordagem e também as técnicas de coleta de dados e contribuem para o desenvolvimento da pesquisa porque são utilizadas para Formular questões e elencar hipóteses Realizar observação e medidas Registrar e ordenar os dados observados para responder aos questiona mentos levantados pela pesquisa Elaborar explicações ou rever conclusões ideias ou opiniões que estejam em desacordo com as observações realizadas Estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvam condições semelhantes Antecipar que dadas certas condições podese esperar que surjam certas relações Analisaremos ao longo desse capítulo cada uma dessas técnicas capítulo 4 127 Veja como esta autora Inês Lacerda Araújo apresenta a discussão sobre o método e a técnica Os métodos têm alcance mais amplo que as técnicas Técnicas são processos definidos e delimitados que servem para atingir conhecimentos úteis servem de guias para a prá tica de modo geral podendo servir ainda a propósitos específicos de cada ciência tais como mensuração uso de instrumentos modos de agir na coleta de dados emprego de questionários levantamentos estatísticos projeções gráficas etc Já os métodos dependem de regras gerais cujo emprego capacita a avaliar aceitar ou rejeitar o conjunto bastante amplo das técnicas O método como indica a palavra é um caminho um conjunto de regras e procedimentos comuns a várias ciências que permitem obter explicações descrições e compreensão sendo a compreensão mais adequada para as ciências humanas Tendo em vista este objetivo o método poderá ser o da observação e da descrição o da experimentação o da construção de sistemas formais e modelos explicativos o de levantamento e teste de hipóteses com explica ções através de leis eou teorias Todos eles têm caráter dedutivo indutivo ou ambos Do emprego de um ou mais destes métodos resultam conhecimentos acerca de um determinado recorte da realidade suscetíveis de algum tipo de validação seja o simples teste empírico seja o confronto crítico de hipóteses e teorias Da relação entre ciência e técnica resultam avanços formidáveis tanto para uma como para outra A técnica algumas vezes provém da ciência outras vezes é a ciência que é devedora dos aparatos técnicos que favorecem medidas cada vez mais detalhadas e observações cada vez mais precisas Da técnica da mensuração de solos nasceu por exemplo a geometria e da máquina a vapor nasceram os elaborados conceitos da termodinâmica Mais recentemente a ciência passou a ter seus conhecimentos teóricos aplicados e o resultado disto é a tecnologia moderna que outra coisa não é senão a pura pesquisa científica aplicada A ciência não tem no entanto a sofisticação da técnica A ciência nasce antes de obs táculos de problemas que a observação atenta e a experimentação rigorosa detectam como fatos incompatíveis com as científicas vigentes ARAÚJO Inês Lacerda Introdução à filosofia da ciência 2 ed Curitiba Ed da UFPR 1998 pp 1516 128 capítulo 4 451 Observação A observação de importância capital nas ciências é a aplicação dos sentidos físicos a um determinado objeto para obter uma informação clara e precisa é a visualização de um evento ou fenômeno Essa observação deve ser realizada re petidas vezes para obter o maior número de detalhes sendo realizada portan to com a maior precisão possível Para garantir a sua validade científica uma observação deve ser planejada e não apresentada como uma serie de curiosida des registrada metodicamente relacionada a proposições gerais estar sujeita a verificação e controles de validade e precisão atender a um ou mais objetivos da pesquisa afastarse o máximo possível da subjetividade MARCONI LAKA TOS 2010 A observação deve ser usada como técnica de pesquisa quanto o pesquisa dor tem conhecimento prévio do ambiente onde realizará a observação tem tempo condições competência e capacitação para processar uma observação possui condições de acompanhar de perto a alvo da observação consegue identificar as reações do indivíduo ou grupo em seu ambiente e especialmen te quando as informações a serem levantadas forem difíceis de identificar atra vés de perguntas ou entrevistas Toda observação para ter validade acadêmica deve ser registrada no mo mento mais próximo observação para garantir maior acuidade Durante o re gistro ou transcrição o pesquisadorobservador deve deixar bem aparente as diferentes informações coletadas como as falas as citações e as observações pessoais O registro pode ser feito em papel pequeno fichário folhas avulsas ou um material que mantenha junto todo o conjunto de observações para fazer consultas às informações já obtidas sempre que necessário destacando que toda transcrição da observação deve conter uma parte descritiva e uma parte reflexiva De acordo com a necessidade e a forma como é executada a observação científica pode assumir diferentes formas podendo ser OBSERVAÇÃO ASSISTEMÁTICA NÃO ESTRUTURADA é a observação sem o emprego de técnica ou instru mento sem planejamento e sem quesitos observacio nais previamente estabelecidos Consiste em coletar e anotar os fatos ou fenômenos sem a utilização de meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas capítulo 4 129 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA ESTRUTURADA é a observação planejada ou controlada tem como características o uso de anotações e o controle do tempo e da periodicidade recorrendo também ao uso de recursos técnicos mecânicos e eletrônicos É re alizada em condições controladas para atender es pecificamente a propósitos anteriormente definidos OBSERVAÇÃO NÃO PARTICIPANTE ocorre quando o pesquisador tem contato com o fenômeno ou comunidade observado mas não se envolve com o objeto de observação permanece de fora executando apenas o papel de expectador OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE ocorre quando o observador se envolve com objeto de pesquisa passando a fazer parte dele Esse tipo de observação auxilia o pesquisador a conquistar a confiança de quem é observado OBSERVAÇÃO INDIVIDUAL ocorre quando em virtude de situações impostas pela pesquisa o observador realiza a pesquisa indivi dualmente e submete ao objeto de pesquisa ao crivo de seus próprios conhecimentos dada a inexistência de controles externos OBSERVAÇÃO EM EQUIPE ocorre quando um mesmo objeto de pesquisa é simultaneamente observado por diversas pessoas com o mesmo propósito no mesmo tempo e lugar ou em tempos e lugares distintos OBSERVAÇÃO EM LABORATÓRIO esse tipo de observação tem caráter artificial porém é crucial para o isolamento do objeto pesquisado afastando as interferências externas e favorecendo a análise dos mecanismos internos de funcionamento do objeto 130 capítulo 4 TIPOS DE OBSERVAÇÃO OBSERVAÇÃO ASSISTEMÁTICA Não há planejamento e controle OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA Existe planejamento ocorre em condi ções controladas para corresponder a propósitos préestabelecidos OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE O observador se envolve com o objeto de pesquisa OBSERVAÇÃO NÃO PARTICIPANTE O pesquisador presencia o fato mas não participa OBSERVAÇÃO INDIVIDUAL Realizada por um único pesquisador OBSERVAÇÃO EM EQUIPE Feita por um grupo de pesquisadores OBSERVAÇÃO EM LABORATÓRIO Todos os eventos e condições são con troladas porém o pesquisador não inter fere na ordem dos eventos VANTAGENS DA OBSERVAÇÃO Chegar mais perto das perspectivas dos sujeitos Ser útil para descobrir aspectos novos de um problema Importante quando não existir uma base teórica sólida que oriente a coleta de dados Permite a coleta de dados em situações em que formas de comunicação são impossíveis Possibilita meio direto e satisfatório para estudar uma ampla variedade de fenômenos capítulo 4 131 Exige menos do observador do que outras técnicas Depende menos da introspecção ou da reflexão Permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas ou de questionários LIMITAÇÕES DA OBSERVAÇÃO O pesquisador pode provocar alterações no comportamento do grupo observado O observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no pesquisador favorecendo a interpretação pessoal juízo de valor Envolvimento que leva a uma visão distorcida ou a uma representação parcial da realidade Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador A duração dos acontecimentos é variável dificultando a coleta de dados Vários aspectos da vida cotidiana particular podem não ser acessíveis ao pesquisador 452 Descrição Como notamos ao analisarmos a técnica da observação esta não é suficiente para construir o conhecimento cientifico necessita para isso da do registro processo que configura a técnica científica da descrição MARCONI LAKATOS 2010 Inicialmente a descrição constitui a habilidade de fazer com que o outro compreenda aquilo que o pesquisador observou Assim a descrição deve ser clara e precisa para que o interlocutor ou leitor seja capaz de visualizar men talmente exatamente aquilo que o observador viu no momento e local em que realizou sua observação A descrição serve ainda para descrever metodologicamente cada um dos passos dados na realização da pesquisa e na aplicação das técnicas pertinentes 453 Comparação A comparação como técnica científica é aplicável quando houver dois ou mais termos ou elementos com as mesmas propriedades gerais ou características particulares abstraindo as semelhanças e destacando as diferenças CERVO BERVIAN SILVA 2007 132 capítulo 4 A comparação para ter validade científica deve estar sempre acompanhada da análise e da síntese como veremos posteriormente porque esses são passos fundamentais para a identificação das propriedades gerais e das características particulares de cada um dos termos ou elementos comparados 454 Análise e síntese A análise e a síntese são procedimentos distintos mas inseparáveis por esse motivo e por serem fundamentais a pesquisa científica serão abordados em um mesmo tópico de nosso material O termo análise vem do grego analyein que significa quebrar e é exatamen te isso que a análise faz desagrega um determinado problema ou fenômeno em partes menores e estuda cada uma das peças de forma independente das outras peças para compreender o todo JAPIASSÚMARCONDES 2006 A análise é o procedimento pelo qual explicamos de maneira sensata um determinado conjunto complexo como por exemplo um fato histórico Deve ser compreendida como a operação mental ou experimental que decompõe um todo em tantas partes quanto possível A síntese por sua vez é a reconstituição do todo antes decomposto para na análise é o processo que vai do mais simples para o menos simples Sem a aná lise o conhecimento é apresentado de maneira confusa e superficial e sem a síntese consequentemente inacabado incompleto A análise e a síntese podem ser experimentais ou racionais Experimentais são análises e sínteses que operam sobre seres ou fenômenos concretos e são o cerne da experiência científica na pesquisa laboratorial A análise e a síntese racionais ocorrem sobre ideias e verdades mais ou me nos gerais e não sobre indivíduos e fenômenos A análise racional consiste em reduzir o problema proposto a outro mais simples já solucionado A síntese racional parte de um princípio geral mais simples e dele deduz por via de con seqüência a solução almejada A análise e a síntese racionais só podem ser feitas mentalmente e são comumente utilizadas na filosofia e na matemática SEVERINO 2010 capítulo 4 133 455 Experimentação A experimentação é o conjunto de processos usados para verificar através de experimentos as hipóteses levantadas é a etapa em que o cientista realiza ex periências para comprovar ou negar a validade das hipóteses que apenas serão validadas se após a repetição da experiência os resultados obtidos forem os mesmos A experimentação difere da observação porque obedece a uma dire triz e não porque implica a intervenção do pesquisador A ação de experimentar é um método científico que averigua as relações causais entre as variáveis ou procura validar uma hipótese Um experimento é o fundamento da abordagem empírica para a aquisição de dados sobre a reali dade objetiva e é usado tanto nas ciências biológicas e naturais como nas ciên cias sociais Um experimento pode ser desenhado para encontrar soluções para questões práticos e também para comprovar ou refutar pressupostos teóricos Galileu Galilei que atribuiu à experimentação papel essencial na construção do conhe cimento científico o de legitimar suposições hipóteses Dependendo da perspectiva filosófica uma experiência pode conduzir a uma melhor compreensão do mundo físico ou apenas a uma ajuda na ampliação do conhecimento da realidade objetiva A principal ideia das técnicas de experimentação é a de que sendo uma hi pótese o estabelecimento de uma relação de causa e efeito ou de antecedente e conseqüente entre dois fenômenos devese descobrir se realmente B efeito ou conseqüência varia a cada vez que se faz varia A causa ou antecedente e se A e B variam da mesma maneira e nas mesmas proporções Notamos a presença do principio do determinismo que se apresenta da seguinte forma nas mes mas circunstancias as mesmas causas produzem os mesmos efeitos ou as leis da natureza são fixas e constantes CERVO BERVIAN SILVA 2007 p39 A experimentação supervisionada também denominada de científica e a que nos interessa aqui ocorre quanto o pesquisador ou grupo de pesquisado res ligados a uma mesmo projeto de pesquisa realiza um experimento ou teste através do uso de um determinado método Geralmente a experimentação científica compara os resultados obtidos a partir de uma amostra experimental contra uma amostra de controle que é pratica mente idêntica ao da amostra experimental exceto para um aspecto cujo efeito está sendo testado a variável independente 134 capítulo 4 A experimentação científica pode ser de dois tipos a experimentação em campo e a experimentação em laboratório Nos experimentos realizados em campo todos os eventos são realizados em ambiente externo e portanto não controlado e os dados são registrados a partir das reações resultantes das va riáveis que o pesquisador introduz no experimento Já na experimentação em laboratório o ambiente para a realização da experiência é controlado e todas as variáveis são controladas e introduzidas pelo pesquisador Francis Bacon como estudamos anteriormente pode ser considerado um dos principais cientistas a sistematizar a experimentação ao organizar o méto do das coincidências constantes BARROS LEHFELD 2007 Posteriormente Stuart Mill apresentou um número significativo de combinações que podem conduzir a causa determinando do aparecimento dos fenômenos apresentan do assim os métodos de exclusão que se baseiam em regras fundamentais CONEXÃO httpwwwcobeaorgbr 456 Técnicas de abordagem Estudamos até aqui as diferenças entre métodos e técnicas de pesquisa agora é preciso estabelecer a distinção entre indução dedução intuição e inferência uma vez que a opção por uma delas está diretamente ligada à escolha do méto do e de suas técnicas A indução e a dedução não são métodos científicos propriamente ditos São mais ade quadamente caracterizados como forma de abordagem de um tema formas de racio cínio ou de argumentação e como tais são formas de orientar a reflexão e não de simples produção de pensamentos CERVO BERVIAN SILVA 2007 p42 capítulo 4 135 457 Dedução A dedução ou método dedutivo tem suas raízes históricas na obra do filósofo grego Aristóteles ficando por isso também conhecida como lógica aristotéli ca A palavra dedução vem do latim deducara conduzir a partir de JAPIASSÚ MARCONDES 2006 A dedução é uma argumentação que explicita verdades particulares que es tão em verdades universais O ponto inicial é a o antecedente que afirma uma verdade universal e o ponto de chegada é o conseqüente que afirma uma verda de particular ou não tão geral contida implicitamente no primeiro Em um argumento dedutivo correto o que está dito na conclusão é extraído das premissas para sermos mais claros um argumento dedutivo correto tem uma conclusão inferida necessariamente de suas premissas A dedução na re alidade apenas organiza o conhecimento já adquirido Contudo devemos ob servar que sempre fazemos deduções e é preciso averiguar quando são válidas ou inválidas Cientificamente a dedução conduz o pesquisador do conhecido ao desco nhecido com pouco margem de erro porém o seu alcance é limitado porque a conclusão como vimos não pode possuir conteúdos que excedam o que estão nas premissas A lógica aristotélica A ciência lógica foi descoberta pelos gregos todavia não podemos dizer que o pensa mento lógico não existisse antes deles este é tão antigo quanto o ato de pensar pois toda imaginação fértil é controlada por regras de lógica A Aristóteles cabe o mérito de ter iniciado o estudo orgânico das regras lógicas Aristóteles foi o primeiro a tratar a lógica com rigor avançado especialmente na obra Analíticos Nessa obra o filósofo faz uma análise do pensamento nas suas partes integrantes Essa e outras obras sobre o assunto forma denominadas posteriormente e em conjunto Órganon que signifi ca instrumento instrumento para se pensar corretamente Todavia devemos lembrar novamente que o próprio Aristóteles não utilizou a palavra lógica que só foi forjada tempos depois Apesar disso a lógica seria para seu precursor não uma disciplina teórica mas sim um instrumento de para as ciências daí o nome Órganon instrumento para as ciências pensarem corretamente 136 capítulo 4 De acordo com Marilena Chauí a lógica aristotélica como ficou posteriormente conhe cida apresenta as seguintes características Instrumental é o instrumento do pensamento e da linguagem para pensar e dizer corretamente a fim de verificar a correção do que está sendo pensado e dito Formal não se ocupa com os conteúdos pensados ou com os objetos referidos pelo pensamento mas apenas com a forma pura e geral dos pensamentos expressos por meio da linguagem Propedêutica ou preliminar é o que devemos conhecer antes de iniciar uma inves tigação científica ou filosófica pois somente ela pode indicar os procedimentos mé todos raciocínios demonstrações que devemos empregar para cada modalidade de conhecimento Normativa fornece princípios leis regras e normas que todo pensamento deve se guir se quiser ser verdadeiro Doutrina da prova estabelece as condições e os fundamentos necessários de todas as demonstrações Dada uma hipótese permite verificar as conseqüências necessárias que dela decorrem dada uma conclusão permite verificar se é verdadeira ou falsa Geral e atemporal as formas do pensamento seus princípios e suas leis não de pendem do tempo e do lugar nem das pessoas e circunstancias mas são universais necessárias imutáveis CHAUÍ 2006 p 108 Acreditamos que o mérito principal desse importante filósofo grego foi ter fixado com exatidão as regras da argumentação dedutiva na forma do silogismo O silogismo método de dedução de uma conclusão por meio de duas premissas pos suí três proposições duas primeiras que são chamadas premissas e a terceira deno minada conclusão As três proposições são construídas apenas três termos denomi nados médio maior e menor O termo médio aparece duas vezes nas premissas mas não na conclusão O termo maior e o termo menor figuram nas premissas e na conclusão O maior está presente na premissa maior e o menor na premissa menor Por exemplo no silogismo todos os homens são racionais Sócrates é homem logo Sócrates é racional Termo médio Homem Termo maior Racional Termo menor Sócrates capítulo 4 137 As premissas etimologicamente que foram colocadas antes são as hipóteses ini ciais a partir das quais tiramos as conclusões A hipótese ou proposição é tudo o que pode ser afirmado ou negado Por exemplo Todo gato é mamífero ou Animal não é mineral As proposições hipóteses podem ser verdadeiras ou falsas e os argumentos dizemos que são válidos ou inválidos Uma proposição pode ser considerada verdadeira quando corresponde ao fato que expressa e um argumento é válido quando sua con clusão é conseqüência lógica de suas premissas 458 Indução O método indutivo estruturouse com a filosofia moderna e foi bravamente defendido pelos empiristas como Bacon Hobbes Locke Hume segundo os quais o verdadeiro conhecimento é fundamentado na experiência sem levar em consideração princípios estabelecidos A indução trata de problemas em píricos e a generalização deve ser constatada a partir da observação de casos concretos satisfatoriamente confirmadores da realidade As conclusões são prováveis não contidas nas premissas A indução percorre um caminho contrário a dedução ou seja na indução o raciocínio estabelece uma conexão ascendente do particular para o geral do efeito para as causas sendo as condições particulares que levam às teorias e leis gerais A indução não nos fornece as certezas do procedimento dedutivo mas apenas probabilidades exigindo assim verificação observação eou expe rimentação ARANHA MARTINS 2003 Essas exigências contribuem para que ciência refine o seu espírito experi mental pois são as inferências não dedutivas que fazem a ciência arriscar e portanto saltar avançando Para que ocorra indução é necessário que as ob servações sejam muitas e repetidas sob ampla variedade de situações É totalmente possível um argumento indutivo não ser verdadeiro porém as suas premissas podem ser verdadeiras e ainda assim não haver contradição Isso ocorre quando há uma ou mais proposição de observação hipótese logi camente possível mas inconsistente isto é se essas premissas forem apresen tadas como verdadeiras terminando por falsificar o argumento 138 capítulo 4 Apesar da aparente fragilidade da indução que não alcança o rigor do raciocínio dedu tivo tratase de uma forma muito fecunda de pensar responsável pela fundamentação de grande parte dos nossos conhecimentos na vida diária e de grande valia nas ciên cias experimentais Além disso todas as previsões têm base na indução ou seja no raciocínio que partindo de alguns casos da experiência presente nos faz inferir que o mesmo poderá ocorrer mais tarde ARANHA MARTINS 2003 p104 Em suma na indução a conclusão está para as premissas como o todo está para as partes Terra Marte e Vênus são planetas São planetas que não brilham com luz própria Logo os planetas não brilham com luz própria 459 Intuição A palavra intuição significa ver por dentro mas apesar de um significado claro o seu conceito pode variar de acordo com a corrente do pensamento Por exem plo para o grego Platão existiriam quatro níveis de conhecimento do inferior ao superior sendo estes a crença a opinião o raciocínio e a intuição CHAUÍ 2006 Kant compreendia a intuição como o conhecimento que se relaciona imediatamente com os objetos A intuição sempre foi e continua sendo um conceito polêmico dentro das ciências porque está no campo da subjetividade uma vez que para uma in tuição ser aceita é necessário que o indivíduo tenha um conhecimento prévio e que também tenha observado registrado analisado além de possuir certa dose de criatividade Percebemos então que a intuição é algo que pode ser desenvolvido através do estudo da leitura da participação cultural porque é uma condensação de conhecimentos anteriores capítulo 4 139 4510 Inferência A inferência é definida como a operação intelectual pela qual se passa de uma verdade a outra julgada tal em razão de sua conexão com a primeira é o pro cesso pela qual concluímos algo por meio de um raciocínio a dedução por exemplo é uma inferência JAPIASSÚMARCONDES 2006 Portanto inferir é chegar a uma conclusão a partir de juízos anteriores O conceito de inferência é muito importante para quem deseja entender o fenô meno da compreensão uma vez que são as proposições cognitivas que se reorga nizam para construir proposições novas a partir de informações que o pesquisador encontrou no texto na observação de uma situação na análise de um experimento Cabe destacar que a inferência não deve ser compreendida como sinônimo de ra ciocínio pois a inferência possui um sentido mais abrangente que raciocínio As inferências podem ser de dois tipos as inferências imediatas e as infe rências mediatas A inferência imediata é aquela que extrai de uma única pro posição outra proposição à qual se atribui o valor de verdade ou falsidade sen do obtida por meio da oposição ou da conversão A inferência mediata consiste na apresentação da conclusão obtida a partir de duas ou mais proposições Este segundo tipo de inferência ainda ser subdividido inferências analógicas infe rências indutivas e inferências dedutivas A inferência como se vê é uma operação mental que leva a concluir algo a partir de certos dados antecedentes É uma extensão do conhecimento É uma passagem do conhecido ao não conhecido Implica uma espécie de salto dos dados estabelecidos e verdades aceitas para novas verdades com elas relacionadas Esse salto ou passagem recebe sua justifica ção da validade do antecedente e da continuidade lógica que a inteligência crê descobrir entre os fenômenos implicados e os fenômenos novos A essa transposição do conhecido ao desconhecido dáse também o nome de ilação CERVO BERVIAN SILVA 2007 p50 4511 Técnicas de Coleta de dados As pesquisas com destaque para as pesquisas de tipo descritivo devem con templar em seu planejamento a delicada tarefa de coleta dos dados que corres ponde a uma fase intermediária da pesquisa 140 capítulo 4 A coleta de dados ocorre na fase intermediária porque deve ser feita após a escolha e a delimitação do tema a formulação do problema de pesquisa o esclarecimento dos objetivos o agrupamento dos dados e a identificação das variais envolvidas Essa fase intermediária da pesquisa envolve passos como a determinação da população a ser analisada a elaboração do instrumento que será utilizado para a coleta de dados programação dessa coleta e o treinamento quando ne cessários dos auxiliares que também trabalharão na coleta dos dados Os instrumentos de coleta de dados mais utilizados que analisaremos a se guir são a entrevista e o questionário 4512 Entrevista CONEXÃO httpwwwemteseufscbr3art5pdf Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciências Sociais A entrevista ao contrário do que muitos acreditam não é uma simples conversas mas uma técnica de coleta de dados que pautase em uma conversa orientada com o objetivo de recolher por meio do interrogatório do informan te dados para a pesquisa É uma técnica que possibilita a abordagem de as suntos pessoais íntimos complexos e pode ser usada para aprofundar pontos apontados por outras técnicas de coleta Objetivos da entrevista como técnica de coleta de dados Obtenção de informações sobre determinado assunto ou problema Averiguação de fatos Determinação de opiniões Determinação de sentimentos Descoberta de planos de ação capítulo 4 141 Apesar da flexibilidade apresentada a coleta de dados por meio da entrevis ta exige do pesquisador muito cuidado no processo de seleção e treinamento dos entrevistadores porque o sucesso desta técnica está diretamente relacio nado com a relação entrevistador e entrevistado Para que os objetivos sejam alcançados o entrevistador deve saber observar e saber buscar algo de preciso necessita ter uma malícia para compreender o entrevistado Adequada para o desenvolvimento de levantamentos sociais a pesquisa tem como vantagens à agilidade não exige exaustiva preparação dos pesquisa dores possibilita a análise estatística dos dados através das respostas padroni zadas porém sua limitação é o fato de não possuir um maior aprofundamento em perguntas préfixadas Para maior êxito devemse observar algumas pontos fundamentais como a forma como será feito o contato inicial entre entrevistador e entrevistado como serão formuladas as perguntas se serão utilizados estímulos a respostas com pletas e quais serão esses como serão registradas as respostas quando e como deverá ser encerrada a entrevista As pesquisas utilizadas para a coleta de dados que servirão para a estrutura ção de um trabalho acadêmico pode ser padronizadas ou estruturadas ou não estruturadas A pesquisa padronizada é aquela que segue um roteiro prévio já a entrevista não estruturada é mais informal mas dividise em focalizada que possui um roteiro com alguns tópicos clínica para analisar sentimentos e rea ções não dirigida que garante liberdade total ao entrevistado e painel que usa a repetição de perguntas para estudar mudanças de opiniões ANDRADE 2010 Vantagens da entrevista Coleta imediata da informação Pode atingir pessoas com qualquer nível de instrução Fornece uma amostragem muito melhor da população geral Maior flexibilidade pois o entrevistador pode esclarecer dúvidas do entrevistado Maior oportunidade de avaliar condutas Oportunidade para obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais Os dados podem ser quantificados e submetidos a tratamento estatístico 142 capítulo 4 Limitações da entrevista Dificuldade de expressão e comunicação Fornecimento de respostas falsas por razões conscientes e inconscientes Dificuldades do entrevistado em responder ou por falta de cultura ou por problemas psicológicos O entrevistado pode ser influenciado pelo entrevistador Custos de treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas Ocupa muito tempo e é difícil de ser realizada Dicas para o bom desenvolvimento da entrevista QUEM SERÁ ENTREVISTADO Busque indivíduos que verdadeiramente possuam as infor mações eou conhecimentos que satisfaçam as necessi dades de sua pesquisa PLANO DA ENTREVISTA Elabore com antecedência as perguntas elencando a or dem em que devem ser respondidas PRÉTESTE Realize a entrevista previamente elaborada com alguém que poderá fazer uma crítica de sua atitude antes de se encontrar com os entrevistados de sua escolha DURANTE A ENTREVISTA Estabeleça uma relação amistosa Não demonstre incerteza ou entusiasmo diante do en trevistado para que tais comportamentos não prejudi quem a relação entre entrevistador e entrevistado Deixe que as questões surjam espontaneamente evi tando que a entrevista assuma o aspecto de um inquérito ou de um questionário oral capítulo 4 143 DURANTE A ENTREVISTA Seja objetivo para evitar que a entrevista fique cansativa Interaja com o entrevistado para que ele não sinta que está falando sozinho Anote imediatamente as informações do entrevistado sem deixar que ele fique esperando sua próxima inquiri ção enquanto você anota Caso opte pelo uso de um gravador não se esqueça de solicitar a permissão do entrevistado para tal Lembrese que o uso do gravador pode inibir o entre vistado RELATÓRIO Mesmo quanto optar pelo uso de um gravador faça antes de transcrever a entrevista um relatório CONEXÃO A entrevista em situação de pesquisa acadêmica reflexões numa perspectiva discursiva httpcpd1ufmtbrmeelarquivosartigos24pdf 4513 Questionário O questionário é uma técnica de coleta de dados em que o pesquisador apre senta questões por escrito às pessoas que compõem a população estudada ten do por objetivo principal o conhecimento de opiniões crenças sentimentos interesses expectativas etc Também conhecido como enquête agrupamento de testemunhos sobre determinado assunto tese quando a pesquisa é psico lógica ou formulário impresso com campos para anotação de dados o ques tionário é a técnica mais utilizada porque possibilita medir com mais exatidão o que se deseja para a pesquisa 144 capítulo 4 As perguntas de um questionário dependem da natureza da informação que se deseja coletar do nível sociocultural da população que será interrogada Para que os objetivos sejam satisfatoriamente atingidos e o questionário não se torne um mero adereço dentro da pesquisa as questões devem ser bem re digidas e traduzir os objetivos da pesquisa para isso ao elaborar as questões o pesquisador precisa considerar a forma o conteúdo a escolha a formulação a quantidade a ordem e as deformações O pesquisador que utilizar o questionário para sua coleta de dados jamais poderá desconsiderar que o conteúdo da resposta está diretamente relaciona do com a maneira como foi formulada cada uma das perguntas e também do interesse do interrogado em relação ao tema Para garantir o sucesso da aplicação dos questionários os pesquisadores devem elaborar uma introdução ao questionário ou uma carta separada infor mando os objetivos da pesquisa qual a entidade pesquisadora as razões desse estudo e como as questões poderão ser respondidas Antes de aplicar o questionário o pesquisador individualmente ou com seu grupo de pesquisa deve testar a aplicação das questões para identificar falhas como falta de clareza na redação complexidade presença de questões desne cessidade ou fora de contexto constrangimento ao informante exaustão den tre outras e também para assegurar validade e precisão de um questionário Essa verificação prévia é denominada préteste e comumente é aplicado em grupo de 10 a 20 pessoas com as mesmas características da população que se pretende pesquisar Após a aplicação do préteste os participantes devem ser questionados acerca de suas impressões e dificuldades no momento de realiza ção do questionário CERVO BERVIAN SILVA 2007 Vantagens do questionário Possibilita atingir um grande número de pessoas Poucos gastos com pessoal porque não exige treinamento especifico Garante o anonimato das respostas As respostas podem ser dadas em qualquer momento Os pesquisados não são influenciados pelo pesquisador capítulo 4 145 Limitações do questionário Exclui os indivíduos analfabetos Impede o auxílio a esclarecimentos Não favorece o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido Podem perderse ou não serem respondidos por completo Número limitado de perguntas Os itens podem ter significado diferente para cada pesquisado ATIVIDADES 03 Durante uma visita à biblioteca examinar as obras voltadas para a pesquisa e seus métodos e técnicas Por meio da verificação do índice avaliar se ensinam ferramentas para conduzir as pesquisa ou se tratam dos problemas de controlar a qualidade dos resultados Nos livros que tratam de ambos selecionar os capítulos correspondentes a cada fase REFLEXÃO Texto 1 Elaboração do projeto de pesquisa O projeto das pesquisas descritivas experimental deve conter informações sobre diver sos aspectos do trabalho tais como Tipo de pesquisa Delimitação do assunto com o tópico ou enfoque a ser estudado Objetivos com a indicação do que se pretende alcançar com a pesquisa Justificativa que envolva a delimitação do problema análise de situação que o projeto pretende modificar e uma demonstração de como a modificará Revisão da literatura referente à questão Formulação do problema indicando a questão ou dúvida a ser esclarecida Hipótese que é a tentativa de explicação do problema levantado Definição operacional das variáveis da hipótese com a indicação das variáveis de controle População e amostragem com sua descrição e indicação dos critérios para sua constituição 146 capítulo 4 Instrumentos da pesquisa e como serão aplicados na coleta de dados Procedimentos para constituição ou não de grupo de controle e com relação a como serão conduzidos a coleta é o registro das informações Análise dos dados em que se fará a comparação e confronto dos dados e das provas des tinadas a comprovar ou a rejeitar a hipótese Discussão dos resultados que possibilite a interpretação e à generalização dos resultados a partir da análise dos dados Orçamento com previsão de despesas com pessoal materiais e serviços Cronograma de execução com a indicação do escalonamento no tempo de todas as fases e tarefas da pesquisa Conclusão e observações sobre o projeto Anexos com as normas e os instrumentos de coleta de dados de acompanhamento de avaliação e controle Bibliografia referente ao assunto de pesquisa Tudo deve ser estudado e planejado para que as fases da pesquisa se processem nor malmente sem riscos de surpresas desagradáveis O projeto de pesquisa é muitas vezes a garantia de seu êxito Evidentemente o projeto de pesquisa pode ser modificado adaptando se às novas contingências Ele será sempre motivo de tranquilidade para o pesquisador além de testemunhar seu espírito sistemático e à sua força de vontade Todo pesquisador deve desenvolver a capacidade de elaborar projetos de pesquisa pelo menos para atender a seus interesses pessoais ou do grupo em que está inserido As instituições de fomento à pesquisa tanto públicas como privadas possuem geral mente um roteiro próprio com instruções específicas para montagem e apresentação do projeto de pesquisa que pretendem obter esse tipo de financiamento O interessado deve então se orientar pelo modelo relevante Veja no companion website alguns exemplos esco lhidos para você se cadastrar nas instituições de fomento à pesquisa e apresentar projetos Não raro ocorre porém que a elaboração do projeto sobretudo quando se trata de pes quisas importantes seja confiada aos técnicos em planejamento que fazem parte dos institutos de pesquisa e planejamento Nossas universidades em boa hora procuram um criar órgãos que têm entre outras finalidades fornecer assistência direta aos estudantes incentivandoos e orientando os seus passos na pesquisa Veja no companion website alguns exemplos de roteiro de projetos exigidos por programas de pós graduação de universidades brasileiras CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino SILVA Roberto da Metodologia científica 6ed São Paulo Pearson 2007 pp6970 capítulo 4 147 Texto 2 O Jogo da Ciência A compreensão mais corrente entre os pesquisadores é a de que na investigação cien tífica devese percorrer um caminho que exija um esforço na descoberta da coisa em si que é o desconhecido Isso significa que você deve partir das impressões primeiras sobre um determinado fenômeno e buscar conhecer seu núcleo a sua essência Nesses termos dois momentos podem ser destacados no processo de conhecimento na investigação científica O primeiro é o da aproximação imediata ao fenômeno estudado que é formada pelas impressões que temos a partir do nosso cotidiano Nesse terreno es tamos diante das formas fenomênicas da realidade ou seja estamos nos deparando com o que está diante do nosso nariz não precisamos fazer muito esforço para enxergar Esse é o mundo fenomênico o mundo das aparências ou como diz Kosik 1985 o mundo da pseudoconcreticidade Mas por que pseudoconcreticidade Porque é o que parece mas não é Você vê um fe nômeno que não se mostra por inteiro revelase parcialmente aos seus olhos escondendo partes ou detalhes O que está escondido é compreendido como a essência o concreto o que você precisa descobrir Aio estaria o jogo da ciência elucidar como os elementos fenomênicos e essenciais se relaciona se interpenetram Na atualidade diante da crise de paradigmas algumas desconfianças estão sendo se meadas sobre o clássico entendimento ocidental da relação aparênciaessência que secun dariza a imagem o aparente É importante sublinhar que o mundo contemporâneo tem sido cenário de mudanças na organização social das descobertas da microinformática ao genoma passando pelas diver sas e novas formas de convivência social que são expressões de uma sociabilidade que encarna uma emoção compartilhada e que orienta a vontade individual é possível enxergar elementos de uma cultura nascente O ritmo acelerado As imagens do cotidiano são rápidas quase invisíveis pois não exi gem compreensão Parece que as imagens não têm tempo E é justamente diante do sen timento de urgência do domínio do instantâneo que convém uma abertura de espírito para compreender o mundo lentamente A estratégia da lentidão remete a um vetor epistemológico que privilegia a apresen tação do mundo a emergência de uma atitude mais narrativa que descrevam que emita paradoxos É preciso cultivar portanto um espírito contemplativo para ouvir a musica que está para nascer 148 capítulo 4 Neste cenário a observação do mundo não se preta à conclusão nem mesmo à mania classificatória própria do pensamento moderno É preciso afirmar uma postura mais respei tosa com as múltiplas experiências da vida cotidiana distanciada das noções afirmadas pela Razão Moderna É no interior desse debate que emerge o movimento instituinte que tende a modificar as regras da ciência a aparência não é um dado a ser ultrapassado ela é considerada em si já que como disse Novalis o exterior é um interior elevado a estado de mistério É certo que algumas pessoas tendem a reagir às novas concepções com misoneísmo isto é com hostilidade a inovação à mudança Por certo é cômodo entrincheirarse por trás de um método universal desencarnado Mas é sempre bom lembrar da belíssima passagem de Hegel que afirma que a filosofia somente toma uma forma quando a realidade terminou o seu processo de formação não no início do crepúsculo que a coruja de Minerva alça vôo Pense nisso Gonsalves Elisa Pereira Iniciação à pesquisa científica 4 Ed Campinas Alínea 2007 pp5153 LEITURA BACHELARD Gaston A formação do espírito científico Contribuição para uma psicanálise do conhecimento Rio de Janeiro Contraponto 1996 RUDIO Franz Victor Introdução ao projeto de pesquisa científica 23 ed Petrópolis RJ Vozes 1998 p 2933 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE Maria Margarida de Introdução à metodologia do trabalho científico 10 ed São Paulo Atlas 2010 ARANHA Maria Lucia de Arruda MARTINS Maria Helena Pires Filosofando 3 ed São Paulo Moderna 2003 ARAÚJO Inês Lacerda Introdução à filosofia da ciência 2 ed Curitiba Ed da UFPR 1998 BACHELARD Gaston A formação do espírito científico Contribuição para uma psicanálise do conhecimento Rio de Janeiro Contraponto 1996 capítulo 4 149 BARROSAidil Jesus da Silveira LEHFELD Neide Aparecida de Souza Fundamentos da metodologia científica 3 ed São Paulo Pearson 2007 CASTRO Claudio de Moura A prática da pesquisa 2 ed São Paulo Pearson 2006 CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino SILVA Roberto da Metodologia científica 6 ed São Paulo Pearson 2007 CHARLOT Bernard Da relação com o saber elementos para uma teoria Trad B Magne Porto Alegre Artmed2000 CHAUÍ Marilena Convite à Filosofia 13 ed São Paulo Ática 2006 DEMO Pedro Introdução à metodologia da ciência São Paulo Atlas 2009 DIEHL Astor A TATIN Denise C Pesquisa em ciências sociais aplicadas métodos e técnicas São Paulo Prentice Hall 2004 GONSALVES Elisa P Iniciação à pesquisa científica São Paulo Alínea Editora 2001 JAPIASSÚ Hilton MARCONDES Danilo Dicionário básico de filosofia 4 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2006 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Metodologia do trabalho científico São PauloAtlas 2010 NASCIMENTO Dinalva M Metodologia do trabalho científico Rio de Janeiro Forense 2005 RUDIO Franz Victor Introdução ao projeto de pesquisa científica 23 ed Petrópolis RJ Vozes 1998 RUIZ João Álvaro Metodologia científica Guia para eficiência nos estudos 6 ed São Paulo Atlas 2008 SANTOS Antônio Raimundo dos Metodologia científica a construção do conhecimento Rio de Janeiro DP A 1999 SEVERINO A J Metodologia do trabalho científico São Paulo Cortez 2010 5 O Trabalho de Conclusão de Curso 152 capítulo 5 Um dos objetivos deste livro de Metodologia da Pesquisa é apresentar ele mentos teóricos para a futura elaboração do trabalho de conclusão de curso TCC ou seja fornecer instrumental para a prática de pesquisa em si Assim veremos neste último capítulo algumas das características do temido e inevitável Trabalho de Conclusão de Curso TCC e informações relevantes para a elaboração da pesquisa OBJETIVOS Discutir as principais características de um do Trabalho de Conclusão de Curso TCC Analisar o que é plágio e suas implicações Compreender as implicações a aplicações da normalização e padronização da investigação científica e da comunicação dos resultados da pesquisa Aplicar adequadamente as normas referentes à pesquisa científica e à apresentação de trabalhos acadêmicos capítulo 5 153 51 Trabalho de Conclusão de Curso TCC O trabalho de conclusão de curso TCC pode ser realizado pelos estudantes que estão terminando um curso de graduação de especialização ou de aperfeiçoa mento O principal objetivo deste trabalho acadêmicocientífico é a divulgação dos dados obtidos analisados e registrados permitindo a outros pesquisadores utilizar as informações ali compiladas como fontes de pesquisa capazes de nor tear futuros trabalhos facilitando a recuperação no diferentes sistemas de infor mação utilizados Apresenta o fruto de estudo devendo expressar conhecimento do assunto abordado que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina ou conjunto de disciplinas curso programa e outros ABNTNBR 14724 2011 De acordo com Barquero 1979 p 1625 apud OLIVEIRA 1999 p 237238 podemos analisar o trabalho de conclusão de curso especialmente o de gradu ação como a Elaborar um trabalho de conclusão de curso não é Repetir o que já foi dito por outro sem se apresentar nada de novo ou em relação ao enfoque ao desenvolvimento ou às conclusões Responder a uma espécie de questionário não é executar um trabalho se melhante ao que se faz em um exame ou deveres escolares Manifestar meras opiniões pessoais sem fundamentálas com dados comprobatórios logicamente correlacionados e embasados em raciocínio Expor ideias demasiado abstratas alheias tanto aos pensamentos preo cupações conhecimentos ou desejos pessoais do autor da monografia como de sua particular maturidade psicológica e intelectual Manifestar uma erudição livresca citando frases irrelevantes não perti nentes e malassimiladas ou desenvolver paráfrases sem conteúdo ou distan ciadas da particular experiência de cada caso b Na realidade podemos afirmar que trabalho de conclusão de curso é Um trabalho que observa e acumula observações Organiza essas informações e observações Procura relações e regularidades que podem haver entre elas Indaga sobre os seus porquês 154 capítulo 5 Utiliza de forma inteligente as leituras e as experiências para comprovação Comunica aos demais seus resultados c A s afirmações científicas componentes do trabalho de conclusão de curso expressam uma descoberta verdadeira apresentam provas Para muitos é a comprovação que distingue o cientí fico daquele que não é Em consequência podese afirmar que a maior arte de uma investigação científica consiste na procura de provas conclusivas pretendem ser objetivas ou seja independentes do pesquisador que as apresenta qualquer outro investigador deve poder encontrar o mesmo re sultado isto é verificar as afirmações ou com o seu trabalho refutálas ou modificálas possuem uma formulação geral A ciência procura classifica e relaciona fatos ou fenômenos com a intenção de encontrar os princípios gerais que os governam sãogeralmente sistemáticas portanto ordenadas segundo princípios lógicos expõe interpretações e relações entre os fatosfenômenos assim como suas regularidades Divisão do corpo do trabalho Não é apenas em virtude de sua extensão mas especialmente em virtude da multiplici dade de elementos que podem resultar da primeira análise do tema o corpo do trabalho deve ser dividido em partes com capítulos subtítulos ou itens Não há uma norma de divisão que deva ser seguida para todos os trabalhos acadê micos Na realidade a divisão adequada ao seu trabalho surge da própria natureza É muito correto esperar que o esquema do trabalho surja dele mesmo e é artificial e incorreto forçar o trabalho a enquadrarse em uma divisão pronto Podemos afirmar que a única norma que pode contribuir aos interesses dos pesquisa dores é a da ordem e da clareza assim divida o trabalho no menor numero de partes possível subdividindo cada o menos possível Dessa forma se o trabalho puder dividido em duas partes no o divida em três todavia se a divisão natural atinge cinco capítulos divida o texto em cinco capítulos O título de cada uma das partes capítulos ou itens capítulo 5 155 devem sempre apresentar de forma clara direta e precisa a ideia central neles contida Além disso todas as partes devem estar articuladas logicamente a partir da ideia prin cipal que gera a visão hamoniosa e quilibrada do todo RUIZ 2008 p76 52 Ética e pesquisa científica CONEXÃO Dica de filme Epidemia EUA 1995 Wolfgang Petersen A epistemologia1 da ciência contemporânea tem conduzido à compreensão da atividade científica como um processo que aceita falhas Esse questiona mento tem jogado uma luz mais forte sobre conhecimento científico e eviden ciado cada vez mais os seus meandros A ética e as questões a ela relacionadas estão cada vez mais se tornando foco de interesse em diversas áreas da atividade humana Os elementos desenvol vidos a partir de conhecimentos científicos trazem avanços resolvem proble mas e repercutem na qualidade de vida porém a cada problema solucionado surgem indagações éticas relacionadas aos meios utilizados para a solução do problema seus desdobramentos BARROS LEHFELD 2007 A biologia molecular descobrindo a origem da vida abalou os alicerces dos mitos das religiões da sabedora tradicional e dos valores humanos Por isso mesmo sugere questões sem precedentes para a ética a começar pelo fato de que na sociedade contemporânea a pesquisa científicotecnológica e suas aplicações não dependem da vontade e da decisão de indivíduos mas sim de grandes corporações empresariais e das instituições militares CHAUI 2006 p 341 1 Disciplina que tem a ciência como objeto de estudo 156 capítulo 5 Deste modo nos deparamos com as questões éticas relacionadas à pesquisa científica e seus resultados Acreditamos que essas questões podem ser anali sadas sob dois ângulos o primeiro relacionase aos impactos da utilização dos conhecimentos científicos na vida cotidiana o segundo referese aos meios de aquisição do conhecimento dentro da comunidade científica Quanto aos impactos da pesquisa científica na vida humana há questões éticas como a solução apresentada respeita o indivíduo em seus aspectos físi co moral e psicológico Respeita a sua autonomia Preserva os seus direitos Garante a sua liberdade Já em relação aos caminhos selecionados para a aqui sição do conhecimento as questões éticas indagam sobre a conduta e atitude do cientista ou de sua comunidade O pesquisador teve atitude ética de respeito aos sujeitos envolvidos na pesquisa Os dados usados são seguros Foi fiel aos dados conseguidos Há referências às fontes de informação Algum dado foi produzido Os meios para a aquisição do conhecimento científico têm suscitado nas últimas décadas uma quantidade significativa de questões éticas nos ambien tes de produção científica Os debates foram tão inflamados que conduziram a fundação de órgãos de avaliação da pesquisa científica sob o ponto de vista ético No Brasil atualmente todas as instituições de ensino e pesquisa devem possuir um Comitê de Ética em Pesquisa devidamente registrado no governo federal e toda pesquisa que necessite ou não de financiamento deve subme terse ao referido comitê O Comitê de Ética em Pesquisa avalia todas as pes quisas que envolvam não apenas animais ou estejam relacionadas a aspectos físicosclínicos mas também para pesquisas que possam causar algum dano moral ou psicológico ao sujeito participante É pertinente destacar que ainda são recentes os esforços para a adoção de procedimentos éticos na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas isso se con firma ao verificarmos que a maioria das discussões sobre a ética na pesquisa vêm das Ciências Biológicas Encontramos muitos livros por exemplo sobre ética e biossegurança e mesmo os Comitês de Ética em Pesquisa são compos tos por cientistas das áreas saúde Porém entre os pesquisadores das Ciências Sociais e Humanas ampliase gradativamente o debate e o interesse pelas ques tões e dilemas éticos inerentes à prática de pesquisa SOUZA2003 Alguns aspectos e temas da conduta humana são comuns às diversas áreas do conhecimento no que tange a ética como por exemplo o cuidado no trato dos dados da pesquisa o respeito à integridade do corpo humano e a busca capítulo 5 157 do conhecimento como ferramenta de utilidade coletiva Contudo as Ciências Humanas e Sociais têm já na sua escrita um ambiente de intensa reflexão éti ca em virtude do significativo valor que se dá ao texto como apontamento das ideias como peça de organização do pensamento e como meio de comunica ção e difusão dos saberes elaborados A produção científica e a ética em pesquisa A Regulamentação Brasileira de Ética em Pesquisa em Seres Humanos data de 1996 quan do em 10 de outubro o então ministro de Saúde Prof Dr Adib Jatene assinou a Resolução 19696 que veio para atualizar as Resoluções 124688 do Conselho Federal de Medicina e a 0188 do Conselho Nacional de Saúde A partir daquela data novas resoluções foram incluídas destacandose a 24097 estabelecendo a obrigatoriedade de um representante dos USUÁRIOS nos Comitês de Ética em Pesquisa CEP ainda 25197 estabelecendo regras para experiências com novos fármacos a 29299 organizando as pesquisas que têm coordenação multicêntrica e internacional a 30300 estipulando os conceitos válidos para estudos que envolvem a reprodução humana a 30400 para com as pesquisas que utilizam povos indígenas e a 34004 para os estudos incluindo genética humana A resolução 19696 tem um texto muito prático e abrangente estabelece a composição dos comitês multidisciplinaridade atribuições organização mandato etc cria a Comis são Nacional de Ética em Pesquisa CONEP que regulamenta no âmbito nacional as pesquisas de temas como SIDA genética e reprodução humana e novos fármacos Em 2001 estabeleceuse o Sistema de Informação Nacional sobre Ética em Pesquisa SIS NEP onde estão cadastrados todos os projetos que deram entrada em um CEP já oficia lizado Esses projetos podem ser localizados emwwwsaudegovbrsisneppesquisador Os CEP estão preparados para orientar na confecção do projeto de pesquisa e na elabo ração de um termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE que estejam de acordo com a Resolução 19696O avanço da produção científica brasileira catalogado pela base de dados da ISI Institute for Scientific Information revela um crescimento expressi vo Na década de 60 foram publicados em média 52 artigosano em 1970 foram 64 ar tigos 0019 da produção mundial Em 2001 a produção brasileira catalogada naquela base de dados foi de 10555 artigos completos 76 vezes maior do que a produção média mundial A partir de então ocupamos posição destacada no ranking da produção científi ca mundial como 18 da lista os EUA em 1 respondem por 34 da produção mundial Luiz Carlos Duarte de Miranda ACBCRJ Disponível em wwwscielobrpdfrcbcv33n6v33n6a13pdf 158 capítulo 5 Atualmente as agências financiadoras da pesquisa científica e organizações e comitês de ética em pesquisa resumiram em três os principais problemas que comprometem a conduta no meio científico essa trilogia da impostura científi ca seria composta pela mentira pela falsificação e pelo plágio GOLDIM 2000 A mentira deve ser compreendida como o ato através do qual um emissor dissi mula aquilo que ele reconhece como verdadeiro tentando fazer com que o ou vinteleitor aceite ou acredite ser verdadeiro algo que é sabidamente falso É a intenção de dizer o falso sendo portanto moralmente condenável JAPIASSÚ MARCONDES 2006 A falsificação ocorre quanto o estudioso afirma ou teori za sobre algo que não corresponde à realidade ou seja que não pode ser con firmado Mas não está relacionada com a falseabilidade criada como critério metodológico por Karl Popper e o plagio sobre o qual discutiremos detalhada mente é a apresentação o um trabalho ou obra intelectual de outro autor O site wwworihhsgov criado pelo governo dos Estados Unidos para inves tigar os casos de má conduta científica e também controlar a pesquisa apre senta alguns casos recentes de fraudes assumidas por cientistas renomados em vários países São casos de pesquisadores ou grupos de pesquisadores que falsificaram dados cometeram plágio não analisaram dados contrários a tra balhos anteriores ou simplesmente não documentaram suas pesquisas Mas quais são os impactos de condutas irresponsáveis Os impactos da má conduta no meio científico e na sociedade são muitos descrédito do público na pesquisa científica desconfiança entre pesquisadores prejuízo dos investi mentos feitos problemas físico psicológicos e morais aos sujeitos participan tes Esses impactos são muito evidentes porque existe uma conexão direta ou indireta de praticamente todo conhecimento científico relativamente a deci sões tomadas pelos cientistas quer individualmente quer dentro de sua comu nidade científica decisões essas que frequentemente estão ligadas a agentes sociais econômicos políticos e religiosos O que hoje efetivamente é investigado pela ciência atende cada vez mais aos interesses de um número significativo de pessoas que de alguma forma participam das decisões que são tomadas durante o processo de elaboração dos resultados e virtualmente sob o alcance das responsabilidades morais e éti cas desses resultados Apesar dessas conseqüências a maioria da população não tem consciência das implicações que a ética científica tem em suas vidas uma vez que a pes quisa científica está cada vez mais direcionada para atender aos mais diversos capítulo 5 159 interesses e não está afastada do resto da sociedade muito pelo contrário Há um equivoco em relação aos rumos da pesquisa científica pois estes não são di tados pela comunidade científica mas pela sociedade pelas e seus interesses muitas vezes diversos e conflitantes GOLDIM 2000 Uma das características mais novas da ciência está em que as pesquisas cientificas passaram a fazer parte das forcas produtivas da sociedade isto e da economia A auto mação a informatização a telecomunicação determinam formas de poder econômico modos de organizar o trabalho industrial e os serviços criam profissões e ocupações novas destroem profissões e ocupações antigas introduzem a velocidade na produ ção de mercadorias e em sua distribuição e consumo modificando padrões industriais comerciais e estilos de vida A ciência tornouse parte integrante e indispensável da atividade econômica Tornouse agente econômico e político CHAUÍ 2006 p 239 Ao contrário do que se possa acreditar a ocorrência de condutas irresponsá veis na comunidade científica não é de modo algum um ou problema ou falha da Ciência em si mas é uma deficiência do indivíduo pesquisador neste caso dos cientistas que compromete sua condição moral e ética Todavia felizmen te prevalecem aqueles que edificaram com uma conduta ética um conceito de respeito e credibilidade Ainda há o predomínio da trilogia da verdade clareza e honestidade mas uma vitória que precisa ser mantida e ter sua vantagem am pliada para o bem e defesa do nosso próprio futuro Enquanto pesquisadores ou futuros pesquisadores devemos nos manter atentos pois é muito difícil sustentar a imparcialidade no processo de elabora ção do conhecimento e a manutenção dessa imparcialidade é crucial para que permaneçamos distantes de condutas pouco éticas e não comprometermos progresso do conhecimento científico Como surge a autoria O autor aquele que elabora uma obra e nela estampa o sue nome é um personagem moderno resultado da construção histórica do que chamamos de autoria pois a ideia de autor é relativamente recente Na Grécia antiga por exemplo não existia a figura do autor e as criações eram atribuí das às divindades nem mesmo os poetas assinavam versos que cantavam 160 capítulo 5 Os gregos antigos acreditavam que os poetas possuíam uma onisciência divina es creviam sob a inspiração das musas Criando a partir daí a ideia de inspiração pois os poetas compunham em uma espécie de transe Notamos que não havia entre os gregos antigos a ideia de propriedade sobre aquilo que se escreve No período medieval a noção de autor ainda não ficou bem definida pois os textos são marcados pelo comentário pela escrita grupal e pelo continuísmo O Renascimento abre as portas para autores artistas criadores e com essa abertura atrelada ao processo de indus trialização da literatura nos séculos posteriores emerge o autor como proprietário de sua obra Nascem nesse período as noções de literatura e de escritor FOUCAULT 2001 521 Plágio CONEXÃO O crime de plágio e suas variações no ambiente acadêmicO Alexandre Gazetta Simões httpwwwambitojuridicocombrsiteindexphpnlinkrevistaartigosleituraartigo id11057 Vamos falar sobre o plágio para encerrar a nossa discussão sobre a ética e a ciência porque a experiência acadêmica vem comprovando que esta prática é mais comum na realização de trabalhos científicos do que professores e insti tuições de ensino e pesquisa possam imaginar Mas o que afinal é considerado plágio É preciso compreender que o plá gio acadêmico ocorre quanto o autor retira seja de livros artigos dissertações teses impressos ou digitais ideias conceitos fórmulas frases ou trechos de outro autor sem lhe dar o devido crédito sem metodologicamente falando citálo e referenciálo como fonte de pesquisa O plágio não é apenas uma cópia sequencial porque nem sempre o plagia dor reproduz na íntegra o conteúdo original da obra de outrem É um pouco mais sutil é um aproveitamento do conteúdo plagiado com aparência distinta da essência da obra original é uma reprodução dissimulada ardilosa e tam bém criminosa Portanto o plágio pode ocorrer em partes com a alteração de alguns fragmentos caracterizandose por uma similaridade exagerada capítulo 5 161 Em conformidade com o Código Penal Brasileiro mais precisamente no Título que aborda os Crimes Contra a Propriedade Intelectual encontramos a previsão de crime de violação de direito autoral em redação dada pela pela Lei nº 10695 de 1º72003 O artigo 184 destaca que Violar direito autoral Pena detenção de 3 três meses a 1 um ano ou multa httpwwwplanaltogovbrccivil03decretoleidel2848htm A linha que divide a o plágio e citação é muito tênue porém o pesquisador deve apresentar claramente suas referências pois um erro no momento de re ferenciar as citações feitas pode caracterizar plágio e causar problemas aquele que está expondo seu trabalho Essa atenção não é exagerada pois é fundamen tal para discernir um crime de uma mera citação Na elaboração de trabalhos acadêmicos os trechos reproduzidos as cha madas citações diretas devem sempre ser apresentados entre aspas quando a citação não ultrapassar três linhas no trabalho ou em destaque com um recuo de 4 cm da margem esquerda letra menor que a usada no corpo do texto e com espaçamento simples entrelinhas O uso desses recursos que são normatiza dos colaboram para que o avaliador ou o leitor do texto científicoacadêmico reconheça facilmente o que é cópia Citação direta Assunção 2006 acredita que as novas posturas organizacionais vie ram para ficar e afirma que a visão geral da prática de gestão organizacional deve ser concebida como um processo comprometido com a conquista de resultados diferen ciados por meio de ações simultâneas em toda a organização baseada em um modelo plenamente adequado aos objetivos estratégicos definidos p 13 Porém para garantir a autenticidade do trabalho as reproduções literais ou seja transcrição de texto devem ser exceção e reservadas para conceitos ge rais ideias essenciais e explicações teóricas ou técnicas que ficam mais nítidas da forma como foram escritas por seu idealizador O melhor mesmo é usar a citação indireta que é a escrita dos textos ou das ideias consultadas com as próprias palavras mas não omitindo o autor e a obra que traz originalmente as ideias citando e inserindo na lista de referências uti lizadas para a elaboração do trabalho As citações indiretas podem ser feitas 162 capítulo 5 por meio de paráfrase que é um texto que torna mais claro e objetivo aquilo que é dito por outro autor É portanto a reescritura de um texto já existente como uma tradução dentro da própria língua com os devidos créditos Citação indireta Para resultados mais eficazes de gestão que leve em consideração questões ambientais são propostas ações que alterem de forma significativa o modo como a organização educacional é gerenciada Assunção 2006 p 17 afirma que Os administradores estão em busca de orientação sobre novas formas de organizar e gerir as organizações Reduzir o impacto de suas organizações sobre o meio ambiente é neces sário para vencer esse desafio Como estabelecer prioridades sistematicamente e como criar um plano de ação para implementar melhorias ou um programa de redução de risco ambiental diretrizes abrangentes e práticas para a nova era de responsabilidade social e ética nos negócios se faz premente Observamos que os modelos nos quais baseiamse os métodos e ferramentas de gestão em relação ao meio ambiente são inadequados Passaremos agora para uma análise mais pormenorizada sobre os fatores externos que levam diversas organizações educacionais a tomar determinadas medidas admi nistrativas Através do uso da paráfrase em seus trabalhos o pesquisador além de demons trar uma conduta ética apresenta maturidade ao extrair de um texto as ideias essenciais e as reescrever em forma de síntese crítica utilizando regras de apaga mento que é a eliminação de informações desnecessárias e substituição acrescen tando informações novas e relevantes que estavam ausentes no texto original Texto Original Portanto a gestão organizacional deve ser concebida como um processo comprome tido com a conquista de resultados diferenciados por meio de ações simultâneas em toda a organização baseada em um modelo plenamente adequado aos objetivos estra tégicos definidos pela empresa Paráfrase De acordo com Assunção 2006 a gestão organizacional precisa ser entendida como um processo que visa resultados específicos Para tanto ela propõe ações simultâneas em toda a organização que levem em consideração os objetivos estratégicos previa mente definidos capítulo 5 163 Vimos o que o plágio e como evitálo mas qual seria a causa dessa práti ca muitas vezes equivocada Podemos afirmar que um dos principais motivos que conduz especialmente alunos de graduação e pósgraduação a comete rem o plágio em diferentes tipos de trabalho acadêmico é a dificuldade em ela borar um texto próprio e a crença de que uma pesquisa é a transcrição literal de outros textos A partir do ensino fundamental e médio alcançando o nível universitário na graduação e até na pósgraduação o estudante é condicionado a desrespeitar a autoria São as célebres compilações de enciclopédias e agora de sites eletrônicos a que crianças e adolescentes com a conivência dos mestres denominam de pesquisas São os tam bém conhecidos trabalhos de equipe onde alunos assinam trabalhos redigidos por um ou dois dos colegas sob o olhar do professor coberto com espessa venda São semi nários enganosos e infrutíferos TARGINO 2010 p 36 Para desfazer esse equívoco muitas vezes arraigado nos estudantes desde a es cola básica é preciso esclarecer que para a elaboração de trabalhos acadêmicos não apenas os relacionados à conclusão de curso o autor deve apresentar o texto com suas próprias palavras mas sempre embasado em fontes originais utilizando para isso todo o instrumental fornecido pela disciplina de metodologia científica CONEXÃO Plágio quando a cópia vira crime httpwwwstjgovbrportalstjpublicacaoenginewsp tmparea398tmptexto106317 53 Formatação do trabalho CONEXÃO Para conhecer mais sobre o sistema de normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT visite a página oficial do orgão wwwabntorgbr 164 capítulo 5 Um trabalho acadêmico é um texto que serve para comunicar resultados de pesquisas e deve seguir as orientações normativas dos trabalhos acadêmi cos observandose em especial a NBR 60232002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT Ao redigir sua pesquisa enquanto pesquisador deve proceder como se es tivesse preparando os originais de um livro a serem enviados para uma editora Cabe destacar que a qualquer professor ou examinador causará boa impressão inicial um trabalho bem cuidado também no que diz respeito a seus aspectos gráficos O papel deve ser de boa qualidade branco e do tamanho conhecido como A4 O texto deve ser digitado utilizando o espaço previsto pela ABNT A margem superior do papel deve ter três centímetros a inferior um e meio a margem esquerda deve ter três centímetro a margem direita deve ter dois centímetros Lembrando que estas distancias devem ser mantidas uniformemente O quadro a seguir apresenta resumidamente quais elementos devem ser seguidos para que a apresentação gráfica do trabalho seja satisfatória PAPEL Branco A4 21cm x 297 cm FONTE Arial ou Times New Roman cor preta PARÁGRAFO O deslocamento da primeira linha de cada parágrafo é de 15 da margem esquerda Não separar os parágrafos com espaço e evi tar deixar uma única linha isolada no início ou no final de uma pági na O texto deve estar com mar gem justificada TAMANHO DA FONTE PARA O TEXTO 12 capítulo 5 165 ESPAÇAMENTO DAS ENTRELINHAS PARA O TEXTO 15 ESPAÇAMENTO DAS ENTRELINHAS PARA NOTAS DE RODAPÉ REFERÊNCIAS LEGENDAS DAS ILUSTRAÇÕES E DAS TABELAS FICHA CATALOGRÁFICA NATUREZA DO TRABALHO OBJETIVO NOME DA INSTITUIÇÃO A QUE É SUBMETIDA E ÁREA DE CONCENTRAÇÃO Espaço simples CITAÇÕES DE MAIS DE TRÊS LINHAS Espaço simples fonte 11 recuo de 4cm da margem esquerda ESPAÇAMENTO ENTRE TÍTULOS E TEXTO Separados por dois espaços 15 ESPAÇAMENTO ENTRE TÍTULOS DAS SUBSEÇÕES E TEXTO Separados por dois espaços 15 MARGENS Superior e esquerda 3 cm Inferior e direita 2 cm NÚMERO DE PÁGINA Em arábico no canto superior di reito Contase a partir da folha de rosto de forma sequencial porém indicase a numeração a partir da Introdução Caso existam apêndi ce e anexo a numeração segue de maneira contínua 166 capítulo 5 NUMERAÇÃO PROGRESSIVA PARA AS SEÇÕES Seção primária 1 Seção secundária 11 Seção terciária 111 Seção quaternária 1111 DESTAQUES DAS SEÇÕES Seção primária Letras maiúscu las em negrito fonte 16 Seção secundária Letras maiús culas sem negrito fonte 14 ali nhado à esquerda Seção terciária Primeira letra em maiúscula demais minúsculas fonte 14 alinhado à esquerda Seção quaternária Primeira letra em maiúscula demais minúscu las fonte 14 em itálico alinhado à esquerda Fonte Elaborado pelo autor 54 A Estrutura Textual da Pesquisa Os resultados ou a apresentação da pesquisa podem darse na forma de relató rio artigo monografia dissertação ou tese Esses trabalhos apresentam igual mente características científicas e se distinguem apenas em alguns aspectos formais Um artigo por exemplo terá uma extensão bem menor do que a de uma monografia além de dispensar alguns elementos que devem ser preserva dos no texto mais extenso da monografia Ainda que não haja um modelo único para esses tipos de trabalho é comum a instituição de ensino estabelecer normas e orientações para sua elaboração e apresentação Geralmente as normas e os procedimentos estão baseados nas publicações da ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas com as alte rações que a instituição julga convenientes De qualquer modo há uma estru tura recomendada para o trabalho acadêmico que compreende partes prétex tuais textuais e póstextuais DIEHL TATIN 2004 p 98 capítulo 5 167 Conforme o tipo de trabalho essas partes da estrutura da apresentação da pesquisa terá uma ou outra variação No artigo por exemplo não teremos como elemento prétextual a capa ou a folha de rosto enquanto na monografia a capa e a folha de rosto são alguns dos itens obrigatórios entre os elementos prétextuais A estrutura de trabalhos científicos como trabalhos de conclusão de curso TCC dissertações de mestrado e teses de doutorado compreende sempre uma parte externa e uma interna A parte externa é formada pela capa e pela lom bada sendo essa última opcional e a parte interna composta por elementos prétextuais que antecedem texto elementos textuais que são os conteúdos principais do trabalho e os elementos póstextuais que sucedem o texto prin cipal e complementam o trabalho A capa um componente importante da parte externa de seu trabalho por ser além de proteção do trabalho a parte que traz como bem destaca a ABNT NBR 14724 as informações indispensáveis à sua identificação ABNTNBR 14724 2011 A capa não deve ser numerada e nem considerada na contagem das paginas que compõem o trabalho sua apresentação prioritariamente deve ser em capa dura Na tabela a seguir exibimos a ordem de apresentação dos elementos da capa ELEMENTOS APRESENTAÇÃO GRÁFICA Identificação da instituição Nome do curso O espaçamento das informações que identificam a instituição em que o trabalho foi desenvolvido deve ser de 15 a fonte 12 as letras maiúsculas em ne grito e centralizadas Localização parte superior da folha Nome do autor O nome do autor do trabalho deve ser colocado na parte superior da folha entre o título e nome do cur so com espaçamento 15 fonte 12 em letra maiús cula em negrito 168 capítulo 5 ELEMENTOS APRESENTAÇÃO GRÁFICA Título Centralizado em espaçamento 15 fonte 12 em maiúsculo negrito Subtítulo quando houver Centralizado em espaçamento 15 fonte 12 em maiúsculo negrito Localizado após ou abaixo do título precedido de dois pontos Local cidade UF Centralizado em espaçamento 15 fonte 12 em maiúsculo negrito Localizado na parte inferior da folha Ano de depósito da entrega Centralizado em espaçamento 15 fonte 12 em maiúsculo negrito Localizado na parte inferior da folha abaixo do local Fonte Produção da autora 541 Elementos prétextuais Essa parte corresponde aos elementos que antecedem o texto por isso ela é designada como prétextual Esses elementos prétextuais apresentam infor mações que contribuem para a identificação da pesquisa e a própria utilização ou divulgação do trabalho De modo geral os elementos prétextuais são capa lombada folha de rosto folha de aprovação dedicatória agradecimentos epígrafe resumo na língua vernácula e em língua estrangeira lista de ilustra ções lista de tabelas lista de abreviaturas e siglas lista de símbolos e sumário DIEHL TATIN 2004 p 106 Alguns desses elementos podem ser opcionais como a lombada a dedica tória e os agradecimentos Outros elementos serão inseridos quando os itens corresponderem ao que for apresentado no conteúdo do trabalho como as lis tas de ilustrações ou de tabelas capítulo 5 169 Além disso como você já leu aqui um artigo dispensa elementos prétextu ais como capa lombada folha de rosto dedicatória agradeci mentos e sumá rio No entanto o artigo como requisito para realização do TCC apresentará em sua primeira página dados de identificação como título autores orienta dor curso local resumo e palavraschave Se o artigo for enviado para publi cação em algum periódico os elementos prétextuais poderão sofrer alguma alteração de acordo com as normas editorias e de publicação da revista De qualquer modo você deve sempre seguir as instruções que são apresen tadas nos Manuais de TCC ou nas normas editoriais do periódico no qual seu trabalho será publicado Nesses materiais você encontrará detalhes formais sobre a elaboração a redação e o formato de cada elemento prétextual que se fizer necessário Vale lembrar no entanto que na capa de uma monografia ou na primeira pági na de um artigo o título é um item que deve ser redigido de forma clara e precisa identificando o seu conteúdo e possibilitando a indexação e recuperação da in formação O subtítulo por sua vez quando houver deve ser precedido de dois pontos evidenciando a sua subordinação ao título NBR 14724 2011 p 6 Entre os elementos prétextuais o resumo é um item que merece ain da alguns comentários dada a dificuldade que muitos apresentam na sua elaboração O resumo deve dar uma visão rápida e clara do conteúdo e das conclusões do trabalho constituindose em uma sequência de frases concisas e objetivas e não em uma simples enumeração de tópicos DIEHL TATIN 2004 p 114 O resumo pode destacar ou informar o tema a finalidade a metodologia empregada e os resultados da pesquisa O resumo deve sempre ser redigido em parágrafo único sem recuo em relação à margem esquerda no seu início e em espaçamento simples Não se recomenda usar citações no resumo nem se es tender em demasia Nos artigos o resumo deve conter entre 100 e 250 palavras Nas monografias dissertações e teses o resumo deve conter entre 150 e 500 palavras Acompanhando o resumo as palavraschave são recomendadas para efeito de indexação As palavraschave devem se limitar a no máximo cinco e no mínimo três palavras O resumo em língua estrangeira pode ser obrigatório em vários casos como nas publicações em periódicos Na verdade a publicação da ABNT NBR 147242011 em sua terceira edição estabelece como obrigatórios tanto o resumo em língua vernácula quanto o resumo em língua estrangeira para apresentação dos trabalhos acadêmicos 170 capítulo 5 542 Elementos textuais Essa parte consiste basicamente no próprio trabalho uma vez que corresponde ao conteúdo que será exposto Geralmente os elementos textuais consistem na introdução desenvolvimento e conclusão O texto no entanto será organizado em função do tipo de trabalho Assim no caso de uma monografia o texto será apresentado em partes que podem ser organizadas em capítulos seções subseções e alíneas por exemplo Também há a possibilidade de uma divisão do texto em três partes temáticas organizandose por exemplo em primeira parte histórico e contextualização do problema segunda parte fundamentação e discussão teórica e terceira parte análise CERVO BERVIAN 2002 p 142143 De qualquer modo a introdução o desenvolvimento e a conclusão serão os elementos textuais fundamentais no trabalho científico A introdução corresponde à parte do texto na qual devem constar a apresen tação e a delimitação do assunto tratado bem como a identificação e a justificati va do problema e os objetivos da pesquisa DIEHL TATIN 2004 p 121 No artigo a introdução pode se ater à exposição da finalidade do artigo e à metodologia utilizada para alcançar os objetivos Em função da limitação do espaço a introdução no artigo precisa não se estender muito ao apresentar o tema ou objeto de estudo o problema e os objetivos da pesquisa a abordagem ou o ponto de vista sob os quais o assunto foi tratado e a justificativa O desenvolvimento consiste na parte mais extensa do trabalho e pode ser or ganizado em capítulos seções e subseções nas monografias por exemplo e em seções e subseções nos artigos A divisão da parte que corresponde ao desen volvimento deve levar em conta as recomendações do orientador e das normas da instituição É recomendado em geral que o desenvolvimento apresente um conteúdo que dê conta de aspectos relacionados com a revisão da literatura o contexto a metodologia e a discussão de resultados Num artigo o desenvolvimento voltase para o tratamento da matéria ou as sunto de modo abrangente e objetivo O desenvolvimento pode corresponder a uma breve referência ao esquema teórico bem como à apresentação e à análi se dos resultados relativos ao estudo DIEHL TATIN 2004 p 129 A conclusão ou as considerações finais também fazem parte dos elemen tos textuais A conclusão precisa ser fundamentada no texto conter deduções lógicas e corresponder aos objetivos da pesquisa com ênfase no alcance e capítulo 5 171 nas consequências de suas contribuições bem como no seu possível mérito DIEHL TATIN 2004 p 121 É bom considerar ainda que A conclusão não é uma ideia nova um pormenor ou apêndice que se acrescenta ao trabalho não é tampouco um simples resumo do mesmo O assunto anunciado e de senvolvido desemboca na conclusão decorrência lógica e natural de tudo que a prece de A conclusão é portanto um resumo marcante dos argumentos principais é síntese interpretativa dos elementos dispersos pelo trabalho ponto de chegada das deduções lógicas baseadas no desenvolvimento CERVO BERVIAN 2002 p 146 No artigo as considerações finais ou conclusão podem consistir numa bre ve análise do que foi apresentado destacando os resultados obtidos em face dos objetivos propostos DIEHL TATIN 2004 p 129 A conclusão é a foz da pesquisa é o ponto para o qual convergem os passos da análise da discussão da demonstração á busca de incorporação em um todo maior A conclu são deve ser breve deve ser preparada pelo corpo do trabalho e nascer espontanea mente dele como seu coroamento esperado e previsto ao longo do exame de tudo o que a precede RUIZ 2008 p 76 543 Elementos póstextuais Os elementos póstextuais embora tenham relação com o texto são apresen tados após a parte textual Geralmente são dispostos na seguinte ordem re ferências bibliográficas glossário apêndices e anexos DIEHL TATIN 2004 p 122 Nos artigos é comum constar entre os elementos póstextuais além da referência e de possíveis anexos o resumo traduzido ou abstract e as pala vraschave em língua estrangeira quando recomendado por normas editorias de periódicos As referências são elementos que permitem a identificação das fontes e dos documentos utilizados no trabalho Todas as obras citadas ou mencionadas no texto devem constar nas referências ao final seguindose as normas da ABNT e as recomendações dos manuais de TCC 172 capítulo 5 O glossário deve constar entre os elementos póstextuais quando houver quantidade significativa de palavras utilizadas ao longo do texto que carecem de explicação ou de terem seu significado exposto com precisão Os apêndices são elaborados pelo próprio autor do trabalho sendo subsí dios ou suportes que ilustram ou esclarecem aspectos apresentados no texto mas que não são essenciais Os anexos consistem em textos ou documentos não elaborados pelo autor do trabalho mas que podem ser úteis na ilustração comprovação ou funda mentação de aspectos ou itens apresentados no texto 55 Normas para Citação Um recurso largamente utilizado no trabalho acadêmico e na pesquisa cien tífica diz respeito ao argumento de autoridade ou uso de documentos ideias e subsídios de outros autores para dar base ao que se afirma ou defende Esse recurso consiste em apoiarse nas contribuições teóricas ou no pensamento de autores que são autoridade no tema ou assunto tratado Desse modo o traba lho acadêmico e científico se vale de citações para dar base à pesquisa que se realiza De acordo com Norma da ABNT a citação pode ser definida como Menção no texto de uma informação extraída de outra fonte NBR 14724 2011 p 2 As citações devem ser apresentadas conforme a Norma da ABNT NBR 105202002 Cervo Bervian 2002 p 151 classificam as citações em relação aos aspec tos externos em formais conceituais e mistas As citações formais são aquelas nas quais se transcrevem fielmente as pa lavras textuais de outrem As citações conceituais se caracterizam por sínteses pessoais que reproduzem fielmente as ideias de outrem As citações mistas acontecem se na síntese de um texto se inserem alguns termos ou expressões textuais tirados de documentos CERVO BERVIAN 2002 p 151 Em relação ao documento consultado as citações podem ser diretas e indiretas a A citação direta é a transcrição ou cópia literal de parte do texto de ou tro autor DIEHL TATIN 2004 p 134135 Portanto a citação direta é a trans crição textual de parte da obra do autor consultado NBR 10520 2002 p 2 capítulo 5 173 b A citação indireta é a transcrição livre do texto do autor consultado constituindose numa reconstrução da ideia original DIEHL TATIN 2004 p 134135 Portanto a citação indireta é um trecho ou texto baseado na obra do autor consultado NBR 10520 2002 p 2 1 Não é interessante fazer o uso seguido de citações Sempre que as fizer comente as antes ou depois no texto 2 Não termine seu texto com citações 3 Sempre utilize o itálico como destaque gráfico para palavras e expressões em outro idioma As citações diretas podem ser classificadas em citações breve e longa e de vem seguir algumas normas como a Citação breve citação direta de até três devendo ser transcrita no cor po do texto entre aspas e com a indicação da fonte A indicação pode ser por referência simplificada colocando o sobrenome do autor e a data da obra junto à citação ou por referência completa com os dados bibliográficos completos em nota de rodapé ou após o final do texto Exemplo 1 Conforme Cervo Bervian 2002 p 151 as citações são comumente utili zadas em trabalhos acadêmicos com dois propósitos distintos mostrar erudi ção por parte de quem escreve ou utilizar a autoridade acadêmica e científica de renomados autores Exemplo 2 Devese atentar para o fato de que as citações são comumente utilizadas em trabalhos acadêmicos com dois propósitos distintos mostrar erudição por parte de quem escreve ou utilizar a autoridade acadêmica e científica de reno mados autores CERVO BERVIAN 2002 p 152 b Citação longa citação direta com quatro ou mais linhas devendo ser transcrita sem aspas e em parágrafo próprio o qual deve ter recuo de 4 cm da margem esquerda com letra menor do que a do corpo do texto e em espaça mento simples A referência também deve ser feita junto à citação 174 capítulo 5 A tradição acadêmica e editorial brasileira adota dois tipos de referência para as cita ções Quando a indicação bibliográfica é colocada logo em seguida à citação antes do ponto final tratase de citação no estilo autordata ou americano Quando se usa após a última palavra da citação um número de referência para remeter à nota de rodapé tratase de citação no estilo sistema de chamada ou francês Qualquer que seja sua opção utilize apenas um dos estilos do começo ao fim do texto CERVO BERVIAN 2002 p 152 Outra recomendação importante diz respeito à chamada citação de citação Citação de citação é a citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original Nesse caso devese utilizar a expressão latina apud que quer dizer citado por conforme segundo NBR 10520 2002 p 1 Exemplo 1 De acordo com Chiavenato 2000 apud DIEHL TATIN 2004 p 134 as empresas são organizações sociais que utilizam recursos para atingir objeti vos e podem ser empresas lucrativas ou não lucrativas Exemplo 2 É preciso considerar que as empresas são organizações sociais que utili zam recursos para atingir objetivos podendo ser empresas lucrativas ou não lucrativas CHIAVENATO 2000 apud DIEHL TATIN 2004 p 134 Note que sempre que for feita a referência com o sobrenome do autor e a data é preciso colocar os dados bibliográficos completos na referência ao final do trabalho Aliás as normas e recomendações sobre as referências bibliográfi cas é o próximo e último item deste capítulo As transcrições devem receber destaque aspas ou destaque gráfico diminuição da fonte sendo que as transcrições devem ser colocadas entre aspas duplas e a trans crição dentro de outra é indicada por aspas simples 1 As transcrições até três linhas são inseridas no corpo do texto e acima de três linhas em parágrafos isolados com recuo de 4 cm da margem da esquerda com letra menor que a do texto utilizado sem aspas e espaçamento entrelinhas simples capítulo 5 175 2 Os pontos indicadores de supressões e acréscimos devem ser postos entre col chetes 3 A omissão em citação somente poderá ser usada se não alterar o sentido do texto ou da frase e deve ser indicada pelo uso de reticências entre colchetes 4 Para destacar palavras ou frases usase o grifo negrito seguido da expres são grifo nosso entre parênteses 5 As incorreções e incoerências são indicadas pela expressão sic entre colche tes logo após a ocorrência 6 Quando se tratar de um texto que foi traduzido pelo autor acadêmico que está escrevendo o trabalho incluir a expressão tradução nossa entre parênteses 7 Em caso de citações subsequentes de uma mesma obra podese adotar a refe renciação de maneira abreviada desde que não existam referências intercaladas de outras obras do mesmo autor Veja quais são Idem mesmo autor Id Ibidem na mesma obra Ibid Loco citato no lugar citado loc cit Passim aqui e ali em diversas passagens passim Confira confronte cf Sequentia seguinte ou que se segue et seq Apud citado por conforme segundo apud 551 Sistema numérico Neste sistema a indicação da fonte é feita por uma numeração única e conse cutiva em algarismo arábico remetendo à lista de referências ao final do tra balho do capítulo ou parte dele na mesma ordem em que aparecem no texto Não se inicia a numeração das citações a cada página O sistema numérico não deve ser utilizado quando há notas de rodapé A indicação da numeração pode ser feita entre parênteses alinhada ao texto ou situada pouco acima da linha do texto em expoente à linha deste após pontuação que fecha a citação Exemplos Como disse Clarice Lispector apesar de temos que continuar vivendo 15 Como disse Clarice Lispector apesar de temos que continuar vivendo15 176 capítulo 5 552 Sistema autordata Neste sistema a indicação da fonte é feita pela apresentação do sobrenome de cada autor ou pelo nome da entidade responsável até o primeiro sinal de pontuação seguidos da data da publicação do documento e das páginas da citação no caso de citação direta separados por vírgula e entre parênteses Exemplos No texto A chamada pandectística havia sido a forma particular pela qual o direito romano fora integrado no século XIX na Alemanha em particular LOPES 2000 p 225 Na lista de referências LOPES José Reinaldo de Lima O direito na histó ria São Paulo Max Limonad 2000 No texto Merriam e Caffarella 1991 observam que a localização de recur sos tem papel crucial no processo de aprendizagem autodirigida Na lista de referências MERRIAM S CAFFARELLA R Learning In Adulthood a comprehensive guide San Francisco JosseyBass 1991 Quando os nomes dos autores instituiçãoções responsáveleis es tiverem incluídos na sentença indicase a data entre parênteses acrescida das páginas se a citação for direta Exemplos Em Teatro Aberto 1963 relatase a emergência do teatro do absurdo Em Morais 1955 p 32 assinala a presença de concreções de bauxita no Rio Cricon As informações de data e de página para o caso de citação literal devem sempre vir acompanhadas do nome do autor quando ele aparecer no texto quando não aparecer no final da sentença Quando o documento citado não tiver autoria colocase a primeira palavra do título reticências vírgula o ano e a página para o caso de citação literal Devese utilizar o sistema autordata para as citações no texto e as notas de rodapé para as notas explicativas As notas de rodapé podem ser conforme os itens abaixo e devem ser alinhadas a partir da segunda linha da mesma nota abaixo da primeira letra capítulo 5 177 da primeira palavra de forma a destacar o expoente e sem espaço entre elas e com fonte menor 10 Todas as notas deverão ser numeradas sequencialmente e aparecer no pé de página da respectiva folha em que consta a nota As informações nunca de verão passar para as próximas folhas Exemplos 1 Vejase como exemplo desse tipo de abordagem o estudo de Netzer 1976 2 Encontramos esse tipo de perspectiva na 2a parte do verbete referido na nota anterior em grande parte do estudo de Rahner 1962 56 Normas para Referência CONEXÃO Acesse a Norma da ABNT NBR 60232002 que orienta a elaboração de referências no link httpwwwcchufvbrrevistapdfs10520Citaspdf A referência é definida pela ABNT NBR 147242011 em sua terceira edição como conjunto padronizado de elementos descritivos retirados de um docu mento que permite sua identificação individual Essa norma confirma que as referências ao final do trabalho devem ser separadas entre si por um espa ço simples em branco O título que indica as referências deve ser sem indica tivo numérico e dispensa o adjetivo bibliográficas NBR 14724 2011 p 310 As referências se constituem em elemento obrigatório e devem ser elabora das conforme a ABNT NBR 60232002 NBR 14724 2011 p 9 A referência bibliográfica pode aparecer 1 Inteiramente incluída no texto 2 Parte no texto parte em nota de rodapé 3 Em nota de rodapé ou de fim de texto 4 Em lista bibliográfica sinalética ou analítica 5 Encabeçando resumos ou recensões resenhas 178 capítulo 5 Você deve sempre consultar a NBR 60232002 para sanar dúvidas e obter orientações seguras e detalhadas sobre a elaboração de referências de livros monografias teses artigos de revistas e jornais textos da internet vídeos fil mes etc Essa Norma da ABNT traz definições importantes dos tipos de documentos que você pode utilizar para realizar uma pesquisa e como fazer a sua referência dando orientações e oferecendo vários exemplos de como redigir a referência completa Tipos de documentos que podem ser utilizados para a realização de pesquisas e devem ser referenciados Categoria Material Livros Livro monografias teses dissertações TCC Periódicos Revistas jornais Documentos jurídicos Acórdãos decisões e sentenças das cortes ou tribunais leis decretos portarias jurisprudência doutrina Documentos eletrônicos obtidos em meio legível por computador Internet CDROM email imagens filmes DVDs ou fitas de vídeo Documento iconográfico Fotografia desenho Documento cartográfico Mapa globo plantas Documento sonoro e musical CD fita cassete disco partituras As referências devem possuir os elementos essenciais e podem também apresentar elementos complementares Esses elementos devem ser retirados do próprio documento mas quando isso não for possível utilizamse outras fontes de informação indicandose os dados assim obtidos entre colchetes NBR 6023 2002 p 2 Os elementos essenciais se constituem nas informações indispensáveis à identificação do documento Os elementos essenciais estão estritamente vinculados ao suporte documental e variam portanto conforme o tipo NBR 6023 2002 p 2 capítulo 5 179 Os elementos complementares são as informações que acrescentadas aos elementos essenciais permitem melhor caracterizar os documentos NBR 6023 2002 p 2 Ao elaborar a referência de livros a ordem básica é apresentar os seguintes elementos essenciais Autor título subtítulo quando houver edição quando houver local editora e data de publicação O autor deve ser introduzido pelo último sobrenome em letras maiúsculas seguido de seu prenome e outros sobrenomes abreviados ou não O título deve ser marcado em negrito ou em itálico mas é preciso manter a uniformidade dessa marca na elaboração das referências não devendo variar entre uma e ou tra O título deve ser reproduzido como consta no original porém apenas a pri meira palavra deve conter inicial maiúscula salvo em caso de nome próprio Quando houver subtítulo este deve ser separado do título por doispontos O título separase do local pelo uso do ponto e o local por sua vez separase da editora por doispontos A editora separase da data por vírgula terminando com ponto final NBR 6023 2002 p 35 Exemplos IUDÍCIBUS Sérgio de Análise de balanços análise da liquidez e do endivida mento análise do giro rentabilidade e alavancagem financeira 6ed São Pau lo Atlas 1995 SANTOS P G História do Brasil Rio de Janeiro Saberes 1998 SILVA Júlio C Notícias de minha terra 2 ed São Paulo Edições Modelo 1978 Como já informado anteriormente devemse incluir nas referências apenas as obras que são citadas no texto Exemplos Um autor ALMEIDA A F Português básico gramática redação e textos 3 ed São Paulo Atlas 1992 Dois autores MARTINS D S ZILBERKNOP L S Português instrumental de acordo com as atuais normas da ABNT 24ed Porto Alegre Sagra Luzzatto 2003 Três autores RIESMAN D GLAZER N DENNEY R A Multidão solitária um estu do da mudança do caráter americano São Paulo Perspectiva 1971 180 capítulo 5 Mais de três autores ADAMS R N et al Mudança social na América Latina Rio de Janeiro Zahar 1967 Artigo de periódico TOURINHO NETO F C Dano ambiental Consulex Revista Jurídica Brasília DF v 1 n 1 p 1823 fev 1997 Jornal NAVES P Lagos andinos dão banho de beleza Folha de S Paulo São Paulo 28 jun 1999 Folha Turismo Caderno 8 p 13 Artigo da Internet CASTRO Daniel Análise redes saem vitoriosas com padrão japo nês de TV digital Folha de S Paulo São Paulo 8 mar 2006 Folha Dinheiro Disponí vel em httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u105780shtml Acesso em 10 mar 2015 Você deve levar em conta que há diversas variantes nos dados das obras que pode rão ser utilizadas para sua pesquisa Por isso é indispensável lançar mão das orien tações contidas na Norma da ABNT Entre as orientações você vai encontrar aquelas que estabelecem a forma correta de se fazer referência de documentos como artigos imagens ou filmes em meios eletrônicos Internet DVD CDROM etc ATIVIDADES 01 Quais são as publicações da ABNT que oferecem orientação para normalização de cita ções e referências no trabalho acadêmicocientífico 02 Mencione alguns aspectos que devem ser considerados na escolha do tema Diante das possíveis dificuldades que você pode encontrar na escolha do tema qual dos aspectos mencionados lhe parece mais relevante 03 Tome um projeto de pesquisa ou uma monografia que você terá que fazer Aplique as regras apresentadas anteriormente para seu planejamento Redija cada tópico de acordo com o que você já sabe sobre ele 04 Para Albert Einstein o pensamento científico tem o olho aguçado para métodos e instru mentos mas é cego quanto a fins e valores Você concorda com essa afirmação Explique capítulo 5 181 REFLEXÃO A postura científica é antes de tudo uma atitude ou disposição subjetiva do pesquisador que busca soluções sérias com métodos adequados para o problema que enfrenta Essa postura não é inata na pessoa ao contrário é forjada ao longo da vida à custa de muito esforço e de uma série de exercícios Ela pode e deve ser aprendida A postura científica na prática é expressão de uma consciência crítica objetiva racional A consciência crítica levará o pesquisador a aperfeiçoar seu julgamento e a desenvolver discernimento capacitandoo a distinguir e a separar o essencial do superficial o principal do secundário Criticar é julgar distinguir discernir analisar para melhor poder avaliar os elementos componentes da questão A crítica assim entendida não tem nada de negativa É antes uma tomada de posição no sentido de impedir a aceitação do que é fácil e superficial O crítico só admite o que é suscetível de prova A consciência objetiva por sua vez implica o rompimento corajoso com as posições subjetivas pessoais e mal fundamentadas do conhecimento vulgar Para conquistar a obje tividade científica é necessário libertarse da visão subjetiva de mundo arraigada na própria organização biológica e psicológica do sujeito e ainda influenciada pelo meio social A objetividade é a condição básica da ciência O que vale não é o que algum cientista imagina ou pensa mas aquilo que realmente é Isso porque a ciência não é literatura A obje tividade torna o trabalho científico impessoal a ponto de desaparecer por exemplo a pessoa do pesquisador Só interessam o problema e a solução Qualquer um pode repetir a mesma experiência em qualquer tempo e o resultado será sempre o mesmo porque independe das disposições subjetivas Nada impede que um pesquisador parta de suas próprias experiências de vida obser vações ou reflexões para formular um problema de pesquisa ou enunciar suas hipóteses explicativas mas a verdade última e final deriva da pesquisa da análise das informações e dos dados e da ponderação sobre o que é específico de sua experiência e o que pode ser generalizado para objetos fatos ou fenômenos análogos A objetividade da postura científica não aceita meias soluções ou soluções apenas baseadas nas experiências ou reflexões pes soais O eu acho eu creio eu penso não satisfazem a objetividade do saber Finalmente a postura científica implica ações racionais As razoes explicativas de uma ques tão só podem ser intelectuais ou racionais As razões que a razão desconhece as razões da arbitrariedade do sentimento e do coração nada explicam nem justificam no campo da ciência CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino SILVA Roberto da Metodologia científica 7ed São Paulo Pearson 2007 182 capítulo 5 LEITURA OLIVEIRA Sílvio Luiz de Tratado de metodologia científica projetos de pesquisa TGI TCC monografias dissertações e teses São Paulo Pioneira 1999 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 6023 Informação e documentação Referências Elaboração Rio de janeiro 2002 NBR 10520 informação e documentação citações em documentos elaboração Rio de janeiro 2002 NBR 14724 informação e documentação trabalhos acadêmicos apresentação 3 ed Rio de Janeiro 2011 BARROSAidil Jesus da Silveira LEHFELD Neide Aparecida de Souza Fundamentos da metodologia científica 3 ed São Paulo Pearson 2007 CERVO Amado L BERVIAN Pedro A Metodologia científica 5 Ed São Paulo Pearson 2002 CHAUÍ Marilena Convite à Filosofia 13 ed São Paulo Ática 2006 DIEHL Astor A TATIN Denise C Pesquisa em ciências sociais aplicadas métodos e técnicas São Paulo Pearson 2004 GOLDIM José Roberto Rompendo os limites entre ciência e ética Episteme Porto Alegre n 10 2000 pp 3137 JAPIASSÚ Hilton MARCONDES Danilo Dicionário básico de filosofia 4 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2006 OLIVEIRA Sílvio Luiz de Tratado de metodologia científica projetos de pesquisa TGI TCC monografias dissertações e teses São Paulo Pioneira 1999 RUIZ João Álvaro Metodologia científica Guia para eficiência nos estudos 6 ed São Paulo Atlas 2008 SOUZA Carlos F Mathias Direito Autoral 2 ed Brasília Brasília Jurídica 2003 TARGINO Maria das Graças Produção intelectual produção científica produção acadêmica facetas de uma mesma moeda In CURTY Renata Gonçalves Org Produção intelectual no ambiente acadêmico Londrina UELCIN 2010 capítulo 5 183 GABARITO Capítulo 1 01 O aluno deve explicar que o Teocentrismo era a busca de todas as respostas em Deus em detrimento da razão o que impedia o desenvolvimento cientifico ao impedir que as res postas não fossem mediadas pela justificativa religiosa 02 O iluminismo foi uma das marcas mais importantes do século XVIII também conhecido como século das luzes Luzes significavam nesse momento o poder da razão humana de in terpretar e reorganizar o mundo Na economia o liberalismo representava as aspirações da burguesia desejosa de gerenciar seus negócios sem a intervenção do Estado mercantilista Na política as ideias liberais opunhamse ao absolutismo Rousseau retomou a discussão do contrato social numa perspectiva menos elitista e mais democrática Na moral também se bus cavam novas formas laicas que possibilitassem a naturalização do comportamento humano Na religião vemos o abandono dos dogmas e fanatismos e a busca de uma religião natural A educação se desvinculava da religião pregavase a modernização do país através do progresso científico e pela difusão do saber dos pensadores modernos através do incentivo da educação pública ou seja a escola defendida nesse período histórico deveria ser leiga e livre independente de privilégios de classe Esses pressupostos sugeriam a defesa de algu mas ideias que nem sempre foram colocadas em prática Educação ao encargo do Estado Obrigatoriedade e gratuidade do ensino elementar instrução pública Nacionalismo Ênfase nas línguas vernáculas em detrimento ao latim Orientação pratica voltada para as ciências técnicas e ofícios não mais privilegiando o estudo exclusivamente humanístico Capítulo 2 01 Ao estabelecer o tipo de pesquisa que será adotado o aluno pode consequentemente estabelecer como mais facilidade em seu projeto de pesquisa o objetivo a fonte de informa ções os procedimentos de coleta e natureza dos dados 02 Resposta pessoal 184 capítulo 5 Capítulo 3 01 O aluno deve entender que o fichamento o resumo e a resenha podem ser um excelente recurso para não se perder os dados bibliográficos as anotações de aula ou os apontamen tos decorrentes de uma leitura Os dados bibliográficos as anotações e os apontamentos contidos nestes documentos devem ser considerados como uma memória exterior pois quando bem organizados eles até podem se constituir uma minibiblioteca para uso pessoal CERVO BERVIAN 2002 p 92 02 Resposta pessoal Capítulo 4 01 Resposta pessoal Capítulo 5 01 O aluno deve indicar que são NBR 6023 NBR 10520 e NBR 14724 02 Na construção do projeto de pesquisa um primeiro momento deve ser dedicado à se leção do tema a O tema pode nascer da observação atenta do cotidiano a partir do direcionamento do para circunstâncias e assuntos que podem revelar problemas ou temas interes santes b A escolha do tema pode relacionarse com a experiência do estágio curricular ou com a vida profissional por meio de vivências de situações que merecem ser inves tigadas e compreendidas mais detidamente Às vezes uma lacuna na formação profissional ou um problema importante na experiência profissional que não pôde ser compreendido e estudado mais rigorosamente podem motivar a escolha do tema GONSALVES 2001 p 28 c O contato com estudiosos pesquisadores especialistas professores e tutores de modo individual ou em situações coletivas como em eventos científicos e acadêmi cos pode proporcionar reflexões e identificação de temas relevantes d O estudo e a leitura de livros do contexto acadêmico podem oferecer algumas questões ou indicar assuntos que ainda precisam ser analisador ou aprofundados e O tema também pode surgir da criatividade da descoberta repentina e algumas vezes casual de um problema a ser investigado GONSALVES 2001 p 27 03 Resposta pessoal 04 Resposta pessoal
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autora KAREN FERNANDA BORTOLOTI 1ª edição SESES rio de janeiro 2015 METODOGIA DA PESQUISA Conselho editorial solange moura roberto paes gladis linhares karen fernanda bortoloti marcia mitie maemura Autora do original karen fernanda bortoloti Projeto editorial roberto paes Coordenação de produção gladis linhares Coordenação de produção EaD karen fernanda bortoloti Projeto gráfico paulo vitor bastos Diagramação bfs media Revisão linguística roseli cantalogo couto Imagem de capa kzlkurt80 dreamstimecom Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios eletrônico ou mecânico incluindo fotocópia e gravação ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora Copyright seses 2015 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação cip B739m Bortoloti Karen Metodologia da pesquisa Karen Bortoloti Rio de Janeiro SESES 2015 192 p il isbn 9788555480362 1 Metodologia 2 Ciência 3 Pesquisa 4Produção científica I SESES II Estácio cdd 0014 Diretoria de Ensino Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo 83 bloco F Campus João Uchôa Rio Comprido Rio de Janeiro rj cep 20261063 Sumário Prefácio 7 1 A Pesquisa e o Conhecimento Científico 9 Objetivos 10 11 O Conhecimento e seus níveis 11 111 Níveis de conhecimento 14 12 Desenvolvimento científico 22 Atividades 47 Reflexão 48 Referências bibliográficas 48 2 O Problema Científico e os Tipos de Pesquisa 51 Objetivos 52 21 A escolha do tema e importância de sua delimitação 53 22 A problematização do tema 57 23 A construção de hipóteses e as questões norteadoras 62 24 Construção da fundamentação teórica 64 25 Tipos de pesquisa 66 251 Tipos de pesquisa segundo os objetivos 69 252 Tipos de pesquisa segundo os procedimentos de coleta e as fontes de informação 71 253 Tipos de pesquisa segundo a natureza dos dados ou abordagem do problema 76 Atividades 78 Reflexão 78 Referências bibliográficas 78 3 A Redação Científica 81 Objetivos 82 31 A linguagem da pesquisa 83 32 A Redação Científica 85 321 Impessoalidade 85 322 Objetividade 86 323 Clareza 86 324 Precisão 87 325 Modéstia e cortesia 87 33 A leitura condição indispensável para os trabalhos acadêmicos 88 34 Fichamento 91 341 Fichário Bibliográfico 93 342 Plano de leitura 94 35 Resumo 95 36 Resenha 96 37 Artigo 97 38 Monografia 98 39 Apresentação de trabalhos acadêmicos 100 Atividades 100 Reflexão 100 Referências bibliográficas 101 4 O Projeto de Pesquisa 103 Objetivos 104 41 Constituição do projeto de pesquisa 105 42 A importância do projeto de pesquisa 107 43 Construção e estrutura do projeto de pesquisa 109 431 Dados de identificação 111 432 Justificativa 111 433 Problema de pesquisa e objetivos 112 434 Hipótese 113 435 Metodologia da pesquisa 114 436 Cronograma de execução 115 437 Referências 116 44 O método científico 117 441 Método Científico e Método Racional 119 442 Os muitos discursos sobre o método 120 45 As técnicas 125 451 Observação 128 452 Descrição 131 453 Comparação 131 454 Análise e síntese 132 455 Experimentação 133 456 Técnicas de abordagem 134 457 Dedução 135 458 Indução 137 459 Intuição 138 4510 Inferência 139 4511 Técnicas de Coleta de dados 139 4512 Entrevista 140 4513 Questionário 143 Atividades 145 Reflexão 145 Referências bibliográficas 148 5 O Trabalho de Conclusão de Curso 151 Objetivos 152 51 Trabalho de Conclusão de Curso TCC 153 52 Ética e pesquisa científica 155 521 Plágio 160 53 Formatação do trabalho 163 54 A Estrutura Textual da Pesquisa 166 541 Elementos prétextuais 168 542 Elementos textuais 170 543 Elementos póstextuais 171 55 Normas para Citação 172 551 Sistema numérico 175 552 Sistema autordata 176 56 Normas para Referência 177 Atividades 180 Reflexão 181 Referências bibliográficas 182 Gabarito 183 7 Prefácio Prezadosas alunosas Ao iniciarmos as discussões sobre a metodologia da pesquisa e a sua importân cia para alunos e pesquisadores de todos os níveis e áreas sempre surgem questões como o que conhecimento O que é ciência O que é método Qual método eu devo escolher Qual a conduta mais correta para a apresentação dos resultados da pes quisa Como eu faço uma referência Como eu estruturo um projeto de pesquisa Sabemos que o caminho a ser percorrido na estruturação do conhecimento não é fácil Especialmente os alunos de graduação e pósgraduação precisam organi zar os conhecimentos pertinentes a sua área de estudo para que possam munidos desses instrumentos aprender pela pesquisa e contribuir para o desenvolvimento científico O conteúdo expresso nessa disciplina pretende apresentar as noções necessá rias ao desenvolvimento do trabalho científico auxiliar na organização dos tópicos de um projeto de pesquisa discutir a linguagem própria do campo da ciência re fletir sobre a conduta científica enfim colaborar para a superação das dificuldades iniciais dos alunos no percurso da pesquisa O livro está dividido em cinco capítulos que abordam questões teóricas como os diferentes tipos de conhecimento e a ética na ciência e questões relacionadas a prática da pesquisa como por exemplo a melhor maneira de planejar uma pesqui sa e qual o tipo mais pertinente para o problema selecionado Bons estudos A Pesquisa e o Conhecimento Científico 1 10 capítulo 1 Para iniciarmos a nossa reflexão acerca da pesquisa cientifica neste primei ro capítulo vamos entender o que é conhecimento que é fundamental para compreendermos o que é e qual a importância da metodologia da pesquisa e quais os seus tipos para que possamos entender a estruturação da ciência o seu desenvolvimento ao longo da história e porque alcançou o status do qual desfruta atualmente em nossas vidas OBJETIVOS Analisar e compreender os diferentes tipos de conhecimento e suas principais características Observar como as diversas formas de conhecimento estão presentes em nossas atividades cotidianas Examinar como os tipos de conhecimentos estão relacionados e são igualmente impor tantes para o desenvolvimento científico Compreender a história das ciências Analisar a divisão e classificação das ciências capítulo 1 11 11 O Conhecimento e seus níveis O conhecimento deve ser compreendido como um processo dinâmico inacabado e em constante transformação e adaptação Ao relacionarse com o meio o homem faz uso de diversas formas de conhecimento e por meio dessas formas ele transforma o mun do ao mesmo tempo em que é transformado Como veremos mais adiante a ciência é uma das formas de conhecimento com características próprias como a possibilidade de ser verificada e comprovada por outros O que é o conhecimento Essa com certeza é uma das principais perguntas dos estudantes e pesquisadores quanto iniciam ou aprofundam os estudos da metodologia ou metodologias científicas O homem desde os seus primórdios preocupouse em conhecer e buscar explicações sobre a natureza e sua apropriação sobre ela Ao analisar a palavra francesa para conhecer temse connaissance que significa nascer naissance com con logo se concluí que o conhecimento é passado de geração a geração tornandose parte da cultura e da história de uma sociedade O conhecimento humano é o resultado da atividade do pensamento e este indica a diferença entre os homens e os demais animais Sem dúvida é a capacidade de conhecer de buscar respostas e soluções que caracteriza a condição humana que facilita a organização de sua vida Sendo o conhecimento meio para organizar e facilitar a vida a compreen são do processo de conhecer é importante para permitir o desenvolvimento humano E no intuito de compreender essa atividade humana à qual denomi namos conhecimento os estudiosos da Teoria do Conhecimento identificam os elementos que o compõem demonstram os processos pelos quais os conhe cimentos se realizam apontam as espécies e graus do conhecimento Para estudar a ciência que é uma forma organizada do conhecimento com vistas ao desenvolvimento humano é necessário termos algumas noções sobre ao ato de conhecer Em todo conhecimento estão presentes dois elementos o sujeito que busca o conhecimento que é a consciência o Eu pensante sujei to que conhece cognoscente e o objeto ou coisa que se quer conhecer objeto cognoscível Por essa razão é que se afirma ser o conhecimento uma repre sentação que o sujeito faz de um determinado objeto TELLES JR 1981 p78 12 capítulo 1 Os meios pelos quais um objeto é representado pelo sujeito que o conhece dependem do instrumento empregado para produzilos O homem dispõe de duas espécies de instrumentos cognitivos para alcançar o conhecimento os seus órgãos sensoriais e sua inteligência No ato de conhecer o sujeito tende para o objeto esta tendência é chamada de intencionalidade do conhecimento que consiste em sair o sujeito de si para o campo de referência do objeto a fim de captálo mediante um pensa mento por este ato cognoscitivo o sujeito traz psiquicamente ou seja por meio de sensações percepções imagens ideias juízos para dentro de si o objeto O objeto uma vez parte da consciência do sujeito produz neste uma modificação pois resulta no sujeito um novo pensamento Diante do exposto devemos destacar que três são os elementos necessários para que haja verdadeiramente conhecimento Assim três elementos são ne cessários para que haja conhecimento 1 Sujeito aquele que conhece 2 Objeto aquilo que o sujeito investiga 3 Imagem mental ideia ou conceito que resultam da interação entre su jeito e objeto e que passa a subjetividade daquele que conhece ERIC BRODER VAN DYKE DREAMSTIMECOM capítulo 1 13 Conhecer é pois representar uma coisa ou objeto É a operação imanente1 pela qual um sujeito pensante representa um objeto É o ato de tornar um obje to presente à imaginação ou à inteligência É o ato de sentir perceber imaginar ou pensar um objeto Em suma o conhecimento é a apreensão intelectual do objeto Um problema crucial que foi inicialmente posto pelo pensamento filosó fico é como explicar o que é conhecimento humano Precisamos iniciar pelo exame da capacidade humana de conhecer pelo entendimento ou sujeito do conhecimento A teoria do conhecimento voltase para a relação entre o pen samento e as coisas a consciência interior e a realidade exterior o entendi mento e a realidade em suma o sujeito e o objeto do conhecimento É a relação entre o sujeito e o objeto percebido que irá constituir o elemento a ser pesquisa do e se transformar num conhecimento científico Todo conhecimento está baseado num préconhecimento em herança cultu ral tradições em pontos de partida ligados a visões subjetivas Pode parecer es peculativo afirmar a necessidade de um préconhecimento mas não é a partir do momento que constatamos que o homem na sua existência vive rodeado de fenô menos que ainda não foram percebido e muito menos explicados por ele Porém a partir da sua percepção ele passa a questionálo e assim iniciase o questiona mento a observacao e a pesquisa e da pesquisa a construção do conhecimento Os primeiros filósofos gregos dedicavamse a um conjunto de indagações principais Por quê e como as coisas existem O que é o mundo Qual a origem da natureza e quais são as causas de sua transformação A essas indagações tinham como resposta que conhecer e alcançar o idên tico imutável Nossos sentidos nos oferecem imagens de um mundo em in cessante mudança num fluxo perpétuo onde nada permanece idêntico a si mesmo onde tudo se torna o contrário em si mesmo o dia vira noite o peque no vira grande o grande diminui o frio se aquece o líquido vira vapor ou vira sólido MONDIN 1985 O conhecimento pode ser definido como sendo a manifestação da consci ênciadeconhecer é a consciência de conhecimento simplificando dizse que o conhecimento existe quando a pessoa ultrapassa o dado vivido explican doo É o sujeito que percebeu o objeto buscou informações pesquisou sobre o mesmo e agora é capaz de explicar a sua origem estrutura funções entre outros 1 Imanente que existe sempre em um dado objeto e inseparável dele 14 capítulo 1 Após nossos estudos sobre o Conhecimento Humano vamos tratar dos ní veis de conhecimento Porém é fundamental compreendermos que a divisão dos níveis de conhecimento não é rígida os limites entre eles nao são claros e até mesmo questionáveis uma vez que não há espaço para por exemplo as artes e as denominadas pseudociências como a astrologia Assim essa divisão não deve ser tomada a ferro e fogo MATTAR 2008 É sempre bom destacar que a ciência também é uma construção que revela nossas suposições acerca do que se está construindo Podemos destacar três tipos de supo sições Ontológicas dizem respeito à própria essência dos fenômenos investigados Epistemológicas estão referidas ao conhecimento em si e na forma como pode ser transmitido Relativas à natureza humana dizem respeito à visão que se tem do homem 111 Níveis de conhecimento Como podemos chegar a conclusões tidas como verdadeiras Até que ponto este conhecimento é verdadeiro Partindo destes questionamentos passare mos a verificar os Níveis de Conhecimento dividindoos em quatro Conhecimento Popular Empírico ou Sensível Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso ou Teológico Conhecimento Científico Conhecimento Popular Empírico ou Sensível Também conhecido como senso comum é o tipo de conhecimento que todo indivíduo desenvolve a partir do contato direto e contidiano com a realidade O conhecimento popular está centrado nos sentidos do homem e na sua per cepção do mundo dos fenômenos no seu cotidiano sem respostas científicas É obra do acaso É a percepção que o ser humano tem das coisas da natureza mundo que o rodeiam Como exemplo podemos citar aquilo fenômenos ob capítulo 1 15 jetos que descobrimos todos os dias quando passamos pelo mesmo lugar Um dia é um risco na calçada um detalhe em uma casa uma flor uma árvore que antes não havíamos percebido É basicamente desenvolvido por meio dos sen tidos e sem a intenção de de ser profundo e sistemático Para o conhecimento sensível a sensação pressupõe um fato físico que é a ação do objeto sensível sobre o órgão que sente através do meio Mas o fato fí sico transformase em psíquico na sensação propriamente dita em virtude da faculdade e atividade sensitivas O sentido recebe as qualidades materiais sem a matéria delas da mesma maneira que a argila recebe a impressão do artesão em sua matéria Finalmente o conhecimento popular não tem a característica da confiabi lidade que marca como veremos o conhecimento científico porque não segue um método científico não tem seus resultados divulgados e nem é submetido a julgamentos Conhecimento Filosófico Antes de mais nada é importante definirmos a palavra filosofia a qual foi criada por Pitágoras philos significa amigo e sophia significa sabedoria Em sua interação com a natureza o homem acumula diversos conhecimen tos ocorrendo desde a antiguidade até os dias de hoje É o conhecimento re sultado da reflexão do pensar sobre determinado fenômeno Tem como centro a filosofia o pensamento e não o rigor técnico científico na sua obtenção O ato de conhecer faz do homem um ser diferente dos demais uma vez que tal ato permite dominar a natureza e fugir de sua submissão Ao contrário dos de mais animais como as abelhas cuja organização da colmeia considera apenas a sobrevivência da espécie os homens podem dominar a natureza que o circunda Todavia o Conhecimento só é compreensível perceptível através do sujeito cognoscente aquele que conhece o objeto aquilo que é conhecido e a ideia que se constrói do objeto O indivíduo que conhece é quem determina o conhe cimento o objeto é aquilo que será conhecido e a ideia ou imagem é a interpre tação do objeto pelo sujeito Assim o sujeito cognoscente apropriase de certo modo do objeto Sendo a realidade tão complexa o homem para apropriarse dela deve re ceber então os outros tipos de conhecimento o Teológico o Científico e o Sensível 16 capítulo 1 O conhecimento filosófico busca compreender a realidade em seu contexto mais uni versal não havendo soluções definitivas para uma série significativa de questões To davia a filosofia habilita o homem a usar suas faculdades para compreender melhor o sentido da vida A título de exemplo enquanto o biólogo cientista questiona os dados sen síveis do ser humano como a célula o DNA o filósofo questiona o homem como um todo e se pergunta Quem é o homem De onde ele vem Para onde ele vai Quais são seus elementos constitutivos fundamentais Os principais problemas da filosofia são problema cosmológico do mundo problema gnosiológico do conhecimento problema epistemológico questiona a ciência problema antropológico do homem problema metafísico ou ontológico do SER e de sua origem problema ético do bem e do mal problema político da sociedade problema estético da arte problema pedagógico da educação problema linguístico filosofia da linguagem problema jurídico filosofia do direito Na filosofia além de estudar as reflexões dos pensadores do passado colo camse as novas questões que surgem na atualidade por exemplo o sentido da técnica os aspectos éticos da globalização ou da engenharia genética A filosofia deve ser compreendida como a ciênciamãe da qual foram gradativamen te separandose formas de pensar e métodos que mais tarde se especializaram e se tornaram independentes e que atualmente consideramos ciências Mas mesmo hoje essas diferenças que separariam o conhecimento filosófico dos outros campos de co nhecimento não são sempre claras MATTAR 2008 p03 capítulo 1 17 Conhecimento Religioso ou Teológico A palavra Teologia é de origem grega Theos significa Deus e Logos quer dizer tratado discurso ou seja conhecimento comparado de Deus ou ainda ciência que nos ensina sobre Deus A Teologia segundo Platão e Aristóteles é a doutria da Deidade das coisas divinas Portanto o que funda o conhecimento religioso é a fé Esses conhecimentos na verdade não são concebidos pelo Homem mas a ele revelados por Deus Este tipo de conhecimento tem suas explicações centradas em Deus que analisa e interpreta as coisas do mundo As verdadesreligiosas estão registradas nos livros sagrados ou são reveladas pelos deuses ou outros seres espiri tuais por meio de alguns iluminados santos e profetas Essas verdades são em geral tidas como definitivas e nãopermitem revisão mediante a reflexão ou a experiência Na realidade podemos compreender o conhecimento teológico com a in terpretação dos fenômenos da natureza através da fé das verdades reveladas da relação entre espírito e matéria corpo e alma Por ser um conhecimento re velado pela fé divina ou crença religiosa não pode por sua origemser confir mado ou negado dependendo da formação moral e das crenças de cada indiví duo para ser confirmado ou não São exemplos de conhecimento teológico Acreditar que alguém foi curado por um milagre divino Acreditar em reencarnação Acreditar no espiritismo O conhecimento religioso não pode ser sancionado ou negado ao contrário do que ocorre no conhecimento científico justamente porque pautase em conjecturas revela das pelo sobrenatural e portanto sagradas e valorativas Conhecimento Científico CONEXÃO Indicação de filme A ilha do doutor Moreau 1977 EUA Don Taylor Ficção sobre a ideia do cientista como criador à semelhança de Deus 18 capítulo 1 Asssim como o conhecimento filosófico o conhecimento científico é racio nal porém tem a pretensão de ser sistemático e de revelar aspectos da realida de O conhecimento científico é aquele construído através da pesquisa siste matizada organizada que utilizando métodos próprios chega a um resultado comprovado que é o chamado de conhecimento científico Podemos afirmar que o conhecimento científico é aquele construído atra vés da investigaçãopesquisa sistematizada organizada que utilizando méto dos claros e próprios chega a um resultado comprovado que é o conhecimen to científico O conhecimento científico ao contrário do que muitas pessoas pensam vai além do empírico pois preocupase não só com os efeitos mas principalmente com causas e leis Ocorre de forma lenta pois é um processo contínuo de construção com um complexo de pesquisa análise elaborações e síntese Na definição comum ciência indica conhecimento por derivar da pala vra latina scientia oriunda de scire ou seja conhecer saber Porém filosofi camente apenas é ciência apenas os conhecimentos exatos certos ordenados e conexos A ciência é assim composta por enunciados constatações que tem como principal objetivo a difusão de informações verdadeiras sobre o que exis te existiu ou existirá Logo o conhecimento científico é aquele que busca dar às suas constatações um caráter estritamente descritivo genérico comprovado e sistematizado Para sintetizar podemos elencar as seguintes características do conheci mento científico SABER METÓDICO O método científico garante a validade de um deter minado conhecimento uma vez que o método indica o caminho do pensamento na construção da ciência SABER SISTEMÁTICO O conhecimento científico deve apresentar coerência entre as constatações apresentadas com seu objeto e com as diferentes operações da tarefa de conhecer capítulo 1 19 A investigação científica se dedica com base em métodos altamente especializados à solução de problemas rigorosamente formulados Para lidar com contextos problemáti cos claramente delimitados a pesquisa elabora com inventividade hipóteses e teorias OLIVA 2003 p 48 Historicamente como destaca Marilena Chauí as principais concepções de ciência ou ideais de cientificidade são a racionalista a empirista e a construti vista CHAUÍ 2006 RACIONALISTA dos gregos até o século XVII Apresenta como modelo de objetividade a matemática a realidade é matemática e afir ma que a ciência é sempre um conhecimento racional dedu tivo e demonstrativo como a matemática O objeto científico é uma representação intelectual universal necessária e ver dadeira das coisas representadas e corresponde à própria realidade porque esta é racional e inteligível em si mesma é portanto uma concepção hipotéticadedutiva EMPIRISTA da medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX Adota o modelo de objetividade da medicina grega e da his tória natural do século XVII entendendo a ciência como a interpretação dos fatos baseada em observações e expe rimentos pois os experimentos oferecem a definição dos objetos suas propriedades e suas leis de funcionamento Possuindo assim uma visão hipotético indutiva CONSTRUTIVISTA Não acredita que os experimentos representem a realidade mas apresentem arcabouços e modelos de funcionamento dessa realidade explicando os fenômenos estudados Não almeja portanto apresentar uma verdade incondicional 20 capítulo 1 Pensamento científico É objetivo isola o individual e procura estruturas universais Procura medidas padrões critérios de avaliação e comparação para coisas que pa recem diferentes É homogêneo busca leis gerais para a explicação dos fenômenos É diferenciador ao fazer distinções Não estabelece relações causais de forma aleatória Surpreendese com a regularidade a frequência a repetição e procura destacar o extraordinário Mostrar que pelo conhecimento o homem pode libertarse de preconceitos e superstições Busca constantemente a renovação Resulta de um trabalho paciente de investigação e de pesquisa racional aberto a mudanças e afastado dos dogmas Ao contrário do que muitos pensam a ciência não é única podemos dividí la em ciências formais e ciências empíricas ou ainda em ciências humanas biológicas e exatas As ciências formais não analisam objetos empíricos pois suas hipóteses não estão submetidas a sentença dos fatos e dos procedimentos experimentais os procedimentos empregados são de natureza dedutiva2 As ciências empíri cas estudam fenômenos que são direta ou indiretamente observáveis por meio de métodos quantitativos ou qualitativos O primeiro grupo inclui a lógica e a matemática que não possuem objeto de estudo empírico ou real mas ao con trário analisam basicamente os números e as formas de raciocínio Já o segun do grupo abrange todas as ciências naturais e humanas que tomam a natureza e o ser humano como seus objetos de estudo De um lado as ciências formais utilizariam como seu método básico a de monstração de outro lado as ciências denominadas empíricas utilizarseiam especialmente da sensação e da observação Enquanto as ciências empíricas estariam submetidas à evolução temporal de seus objetos de estudo o tempo não seria uma variável importante para as ciências formais 2 Dedutivo raciocínio que nos permite tirar de uma ou várias proposições uma conclusão que delas decorre logicamente capítulo 1 21 Outro modelo procura separar as ciências em três grandes gupos exatas biológicas e humanas As ciências exatas seriam todas as que tivessem a mate mática como seu pilar básico As ciências biológicas teriam como seu objeto de estudo a natureza e o ser humano em seus aspectos biológicos As chamadas ciências humanas teriam o ser humano como seu objeto de estudo mas da óti ca sociológica Todavia como vivemos numa época de interdisciplinaridade em que justa mente essas divisões entre as disciplinas científicas são cotidianamente ques tionadas de pontos de vista práticos e teóricos é mais importante traçar pon tos de aproximação e comunicação entre as diferentes ciências do que procurar estabelecer com rigidez as barreiras que as separariam 1 Conhecimento sensível senso comumconhecimento popular Objeto campo de análise um pouco de tudo Método como se analisa de maneira assistemática sem método 2 Conhecimento científico Objeto analisa os fenômenos sensíveis para descobrir suas leis Método observação sistemática e quando possível a experimentação 3 Conhecimento filosófico Objeto questiona todas as coisas procurando saber sua essência o que é sua ori gem de onde vem seu destino para onde vai seu sentido por quê Método só o raciocínio 4 Conhecimento teológico religioso Objeto os dados da fé Método a integração entre a fé e a razão CONEXÃO httpwwwespacoacademicocombr03131cmatoshtm 22 capítulo 1 12 Desenvolvimento científico A ciência como a conhecemos hoje é uma criação dos últimos quatrocentos ou trezentos anos Foi elaborada no mundo e pelo mundo que estabilizou sua forma aproximadamente em 1660 quando o continente europeu assistiu ao fi nal de longas guerras religiosas e se estabeleceu num cotidiano de exploração comercial e industrial Há muitas opções a serem consideradas quando buscamos a análise do de senvolvimento científico ou seja a compreensão da história das ciências apre sentar os principais nomes no progresso da ciência destacar os trabalhos e os livros mais importantes estudar o avanço das teorias científicas e sua refuta ção elencar as principais invenções técnicas e analisar o desenvolvimento dos instrumentos utilizados nas ciências listar as descobertas científicas abordar a história dos métodos científicos focar o estudo nas mudanças dos paradig mas científicos atentar para a centralidade da continuidade ou descontinui dade no desenvolvimento das ciências ressaltar o contexto das descobertas e traçar a história do discurso sobre a ciência e sobre o método científico Porém nosso objetivo é situar historicamente alguns desses elementos Antiguidade Como observamos anteriormente o que comumente denominamos ciência é uma das formas que o homem elaborou para tentar compreender e dar algu mas explicações sobre o mundo Assim como a religião a filosofia a arte e o senso comum também são instrumentos na busca dessas explicações A ciência começou antes mesmo de os homens desenvolverem atividades que hoje conhecemos por ciência começou quando os homens familiariza ramse com fenômenos naturais como o vento as chuvas e o calor passando a utilizar ossos e pedras como instrumentos para facilitar as atividades cotidia nas e gradativamente fabricaram esses instrumentos e passaram a transfor mar a natureza que os cercava e começou a indagar essa natureza e a si mesmo nesse momento o domínio do fogo talvez tenha sido o maior avanço técnico Assim antes de falarmos do berço da civilização ocidental vamos falar um pouco da ciência daqueles que foram os responsáveis pelas ciências anti gas Vamos analisar as civilizações egípcia mesopotâmica hebraica fenícia indiana e chinesa Esta opção ou seleção analítica devese ao fato de as duas capítulo 1 23 primeiras terem feito as ciências mais antigas que conhecemos e as ciências da Índia e da China apesar de menos antigas que as do Oriente Próximo pare cerem ser totalmente independentes quanto à origem e ao desenvolvimento Durante milhares de anos homens e mulheres viveram em comunidades nas quais não havia desigualdade entre as pessoas e não existia propriedade privada ou seja as terras e as riquezas pertenciam a todos não havia nenhum tipo de privilégio A propriedade era coletiva tudo era dividido igualmente en tre os membros da comunidade não existia nem o meu nem o seu mas sim o nosso O termo comunidade lembra que havia uma cooperação mui to grande entre todos os indivíduos A palavra primitiva ao contrário do que muitos imaginam não quer dizer atrasada ou inferior mas apenas que eram sociedades mais simples organizadas pelos primeiros seres humanos repre sentando uma outra maneira de viver tão interessante e rica como a nossa O que é importante ressaltar a respeito das comunidades primitivas é que nem todas se transformaram da mesma maneira e nem todas se dissolveram ou como preferem alguns alcançaram a civilização A história humana apre senta múltiplas possibilidades pois não há caminho único na História Alguns historiadores por exemplo qualificam as comunidades indígenas do Brasil como comunidades primitivas todavia não podemos esquecer que cada co munidade indígena tinha suas próprias características culturais O afamado Egito deixou para os historiadores algumas informações rele vantes para a compreensão de sua ciência e educação Nessa civilização os conhecimentos eram transmitidos sem que questionamentos fossem levan tados e não havia uma preocupação com questões teóricas de demonstração nem de princípios ou leis científicas Em virtude do controle de um Estado cen tralizador e teocrático a transmissão do saber era restrita a poucos os sacer dotes Esses sacerdotes representavam o grupo intelectual de uma sociedade hierárquica E a ciência egípcia O povo egípcio atingiu um nível cientifico elevado se comparado a civilizações do mesmo período O transporte e o vestuário foram facilitados em virtude da criação da roda raiada do barco a vela e do surgimento do tear A aritmética era desenvolvida e utilizavam uma numeração decimal A agrimensura ensejou o desenvolvimento da geometria ALFONSOGOLDFARB 1995 24 capítulo 1 Com relação à medicina há papiros que detalham explicações sobre o parto a purificação da parturiente e esterilidade das mulheres CHASSOT 1994 p 21 Os astrônomos egípcios identificaram inúmeras constelações mas a astronomia era tida como algo prático e nãoespeculativo por exemplo não estavam preo cupados com a posição da Lua em relação ao sol mas a observavam para marcar a passagem do tempo E por último o que lembramos assim que falamos dos egípcios as pirâmides que sem dúvida foram elaboradas com sofisticadas téc nicas de construção e gerenciamento do batalhão de operários CONEXÃO httpwwwfascinioegitosh06compiramideshtm A Mesopotâmia é uma região de planícies no Oriente Médio atual Iraque entre os rios Tigre e Eufrates A cheia que fertilizava as terras das proximidades desses rios facilitou a ocupação dessa localidade Para que a permanência fosse mais cômoda os povos que se fixaram nessa região realizaram inúmeras obras hidráulicas como diques e canais de irrigação Na Mesopotâmia religião era politeísta e caminhava lado a lado com a polí tica Os sacerdotes eram funcionários do Estado os templos religiosos tinham terras e cobravam impostos das famílias que trabalhavam nelas A região não foi como o Egito constituída por um só povo mas por sucessivos povos que se revezaram no comando os sumérios os semitas os assírios e os babilônios Temos poucas informações sobre os métodos educativos da civilização meso potâmica O que podemos afirmar com certo grau de certeza é que como no Egito dada à função da religião centralíssima era a função social dos sacerdo tes e também de sua formação escolar De início predominava a educação doméstica posteriormente foram criadas escolas públicas com a intenção de impor os valores aos povos conquistados Essa escola pública com o tempo deu origem ao primeiro ensino superior de que se tem notícia na história que denominamos Universidade Palatina da Babilônia Uma das contribuições mais notáveis da civilização babilônica uma das que ocupou a região foi a criação do Código de Hamurábi O código era um conjunto de leis que determinavam como deveriam viver os habitantes do rei no A principal idéia do código era a do olho por olho dente por dente capítulo 1 25 A escrita uma das criações mais importantes da cultura humana e significa tiva para o desenvolvimento da ciência abstrata foi também uma contribuição legada por esse povo A escrita cuneiforme era silábica cada símbolo represen tava uma silaba e não alfabética como a que utilizamos hoje Os povos da mesopotâmia desenvolveram medidas sistêmicas de tempo co nhecimento das estações desenvolvimento da agricultura relógio solar e calen dários em que o ano tinha 360 dias foram parte das contribuições Esses povos também foram responsáveis pela observação aparente do sol e dos planetas com preendendo o universo como uma caixa fechada cujo fundo era a terra Servindo se da astronomia na medicina juntamente com os conhecimentos científicos de plantas para o preparo de remédios identificavam e tratavam doenças Os fenícios foram grandes comerciantes e navegadores o que facilitou con tato com diversos povos e o desenvolvimento da construção naval No sistema numeral e no calendário receberam influências de seus vizinhos mesopotâ mios e a partir desse contato foram responsáveis pela elaboração da primeira escrita alfabética o que foi uma grande contribuição tendo em vista as cente nas de símbolos das escritas silábicas cuneiforme e hieroglífica Os hebreus também denominados israelitas ou judeus eram descenden tes de um antigo povo semita3 da região da Arábia Eram nômades e estavam em constante busca de um local adequado para vier O processo de sedentari zação ocorreu na região da Palestina após expulsarem os povos que habitavam o local hoje onde está o estado de Israel A característica mais marcante da civilização hebraica foi sempre a religião Para começar eram monoteístas ou seja acreditavam em um único Deus que tinha criado o mundo e todas as coisas Na Bíblia estão os principais manda mentos da religião judaica e a história do povo hebreu Acerca da ciência he braica quase todas as referências estão na bíblia pois os pergaminhos hebreus não se preservaram Em Israel desenvolveram dois sistemas de numeração um decimal originário da prática de contar com os dedos e um sexagesimal origi nário da Babilônia Até hoje o calendário judaico baseiase no ciclo lunar com 354 dias ou me lhor doze lunações e que para se adaptar ao ano solar tem numero variável de dias Apesar de o povo hebreu não ter deixado nenhum tratado médico pode mos encontrar na bíblia muitas normas de higiene que objetivavam melhorar a qualidade de vida 3 Semita indivíduo dos semitas família etnográfica que abrange hebreus assírios arameus e árabes 26 capítulo 1 Já na Índia floresceu uma civilização por volta de 2000 aC às margens dos rios Indo e Ganges uma civilização com imponentes cidades que superavam a Babilônia com grande desenvolvimento urbano e elevado estagio de higiene pública Se nas civilizações que vimos até aqui as divisões de classe foram mar cantes na Índia essa separação foi ainda mais forte pois a sociedade indiana sempre esteve dividida em castas fechadas com mínimas probabilidades de mobilidade Há indícios de que a aritmética hindu que se usava no século III aC tinha um sistema de numeração do qual derivou o que utilizamos hoje com a denomi nação de numeração arábica que provavelmente foi assimilada pelos árabes através dos gregos que o teriam recebido dos hindus CHASSOT 1994 p26 No vale do rio Hoangô ou Rio Amarelo desde o terceiro milênio aC fixou e se desenvolveu uma civilização agrícola neolítica em função das características geográficas Uma das mais tradicionais culturas da história a civilização chi nesa mantém sem grandes mudanças até os dias de hoje muito de sua cultura antiga A religião como nas demais civilizações orientais favoreceu a separa ção entre a população e os governados É inevitável que a educação também reproduzisse esse caráter conservador voltado para a transmissão da sabedoria contida nos livros clássicos opondo cultura e trabalhoA escrita e a metalurgia desenvolveramse por volta do século XIV aC sendo os fatos e os feitos regis trados pelos escribas reais que ganharam prestígio e freqüentavam escolas CHASSOT 1994 p27 A matemática chinesa era muito desenvolvida e havia instrumentos para re alizar cálculos preciso como o ábaco utilizado até hoje e que fora incorporado pela cultura ocidental Outro aspecto da ciência chinesa que até o momento surpreende é a farmacopéia Os chineses sempre cultivaram um grande nume ro de plantas e descreviam os produtos úteis inúteis e prejudiciais dos três rei nos Existem vagas informações a respeito de transformações de metais e sobre a influência do vento sobre os mesmos Contudo foi na Grécia ou a partir dela cuja cultura serviu de base para a estruturação do que denominamos ciência moderna que encontramos as pri meiras tentativas de racionalização do universo pois a cultura grega mostrou se suficientemente livre para integrar a realidade O pensamento racional surge simultaneamente com a escrita e diminui a importância que a memória e a tradição oral tinham para as sociedades mí ticas A demonstração por meio da razão e da experiência vai aos poucos capítulo 1 27 adquirindo mais valor que o poder de revelação mitológico A observação da realidade passa a ser mais importante que a história dos deuses Portanto cos tumamos dizer que a ciência surgiu na Grécia Antiga apesar de as civilizações anteriores à grega como enfatizamos anteriormente já apresentarem conside ráveis realizações científicas Os primeiros pensadores gregos os chamados présocráticos tinham como objetivo a construção de uma cosmologia4 que substituísse a antiga cosmolo gia baseada nos mitos Assim tentaram descobrir com base na razão e não na mitologia a substância primordial existente em todos os seres Pretendiam na verdade encontrar a matéria prima de que seriam feitas todas as coisas in clusive o homem os présocráticos ao observarem a realidade e questionarem acerca da matéria concluíram que o universo era constituído por uma substân cia básica ou substância fundamental Contudo cada um desses pensadores escolheu uma substância como fundamental água fogo e ar tiveram um gran de número de defensores A cidade de Mileto capital da Jônia na costa da Ásia Menor foi provavel mente no século VI aC o berço da ciência grega bem como de suas primeiras escolas de arquitetura e literatura Apesar dos progressos especialmente na Astronomia Medicina e Matemática na existia na antiguidade uma disciplina intelectual com os mes mos métodos e as mesmas delimitações da ciência moderna não havia uma correspondência com o que hoje conhecemos como ciência Os temas dessas disciplinas pertenciam todos à filosofia natural e portanto a um projeto filo sófico mais amplo Idade Média É muito comum a caracterização da Idade Média como a Idade das Trevas ou Escuridão de mil anos na verdade essa classificação foi elaborada pelos ho mens renascentistas5 que desejavam atribuir para si a construção dos sistemas de pensamento do mundo para isso criaram a ideia de que a Idade Média fora um período de trevas sem nenhuma produção do conhecimento apenas de obscurantismo 4 Cosmologia explicação racional e sistemática das características do universo 5 A própria denominação Idade Média foi inventada pelos intelectuais do Renascimento 28 capítulo 1 Todavia o que ocorreu no Ocidente durante o período que os renascentistas denominaram medieval foi a organização de uma nova sociedade baseada na posse de terras onde os servos trabalhavam duro e ganhavam apenas uma par te da produçãomas a Idade Média é muito mais do que o feudalismo europeu A Idade Média representou a época de formação das modernas nações e lín guas de institucionalização da Igreja católica bem como do surgimento das ra ízes que posteriormente sustentariam a organização do capitalismo No Oriente houve um grande progresso técnico e cultural que se espalhou pelo Ocidente O mundo islâmico indiano chinês e de outros povos foi pontilhado por descober tas significantes que iam dos algarismos ao astrolábio à pólvora ao papel aos medicamentos ao aço à bússola e muito mais Gradativamente todas essas ino vações proporcionaram novas possibilidades materiais ao homem No século XIII as cidades voltaram a ser importantes na Europa O desen volvimento urbano estimulou a vida intelectual e o triunfo de uma nova ins tituição a Universidade Surgiram universidades como as de Bolonha Itália Oxford Inglaterra e Paris França instituições que eram protegidas tanto pela Igreja como pelos grandes Senhores Feudais Mas o que é que se estudava nas universidades Medicina Direito Teologia Filosofia As ciências da natureza não eram muito desenvolvidas e pratica mente só repetiam o que os gregos e os árabes já tinham dito Distinguiamse dois níveis de estudo num primeiro nível correspondendo ao ensino médio atual aprendiase retórica gramática lógica aritmética música geometria e astronomia Era preciso também analisar certo número de livros de autores variados Depois podiase optar por um curso literalmente superior Artes Teologia Direito ou Medicina Os cursos eram ministrados em Latim a língua internacional da Europa na época O método de ensino era chamado de Escolástico os alunos estudavam o tex to de um grande autor faziam comentários sobre ele e debatiam Entretanto nesses debates ninguém questionava o que esses autores diziam a autoridade deles era absoluta É por isso que séculos mais tarde a escolástica foi conside rada uma forma de estudo dogmática bitolada O período medieval também teve o mérito de organizar o conteúdo da Filosofia grega e islâmica assim como o cristianismo além de ter realizado uma importante avaliação crítica da Filosofia aristotélica A instituição das escolas e universidades como lar para essa síntese é uma das suas principais capítulo 1 29 conquistas A partir disso as universidades apresentavam uma novidade aos poucos a vida intelectual ia deixando de ser totalmente ligada à Igreja O pensa mento estava ganhando autonomia em relação à religião Renascimento Renascimento ou Renascença como preferem alguns historiadores foi o de senvolvimento de uma cultura que deixava para traz o domínio imposto pela Igreja Católica durante o período medieval e que tinha um caráter predomi nantemente humanista ou seja colocava novamente o homem e suas obras no centro das atenções6 Dizemos Renascimento porque foi nessa época que o racionalismo pro posto pela cultura clássica foi revalorizada o homem não queria mais ver tudo através dos olhos de Deus queria retomar a direção de sua vida A noção de pe cado foi minimizada e a moralidade redefinida o corpo por exemplo não foi mais visto como algo sagrado e inviolável favorecendo o retorno da anatomia e das experiências de uma forma geral Os renascentistas preocupavamse com a vida não queria mais contemplar a morte O renascentista tinha consciência de que conhecer era poder pois o conhecimento possibilitava descobrir inven tar e produzir Uma característica que define bem o Renascimento é o individualismo em oposição ao coletivismo medieval a partir desse momento o indivíduo deveria buscar sozinho a satisfação de seus desejos Geograficamente o Renascimento cultural teve início na região onde hoje está a Itália isso ocorreu principalmen te porque foi nessa localidade que o comércio e a vida urbana retomaram sua importância Profundas mudanças ocorreram na Europa entre o final da Idade Média e o início da Idade Moderna a intensificação da vida urbana da economia e do comércio o enriquecimento da burguesia e o fortalecimento do poder dos mo narcas Esse foi também o período das grandes navegações da elaboração das novas técnicas de exploração agrícola e mineral da difusão do uso da arma de fogo da imprensa de novos tipos de papel e de tintas do desenvolvimento da matemática da geometria da cartografia e da medicina 6 Antropocentrismo Antropocentrismo do grego antropos homem Visão de mundo em que o ser humano ocupa a posição central no universo oposição ao Teocentrismo medieval que colocava Deus em lugar de destaque 30 capítulo 1 Essas mudanças despertaram como não poderia deixar de ser novas ideias a respeito da natureza e do ser humano Pensadores denominados humanis tas7 acreditavam que o homem com a educação adequada seria capaz de do minar o seu destino controlar e transformar a natureza Essa nova concepção de mundo chamada de Antropocentrismo se opunha aos valores medievais atribuindo ao homem e não mais à vontade de Deus a responsabilidade por suas conquistas e fracassos Os pensadores desse período não se limitaram em fazer renascer os tex tos grecoromanos buscaram também melhorar a sociedade em que viviam o inglês Thomas Morus por exemplo imaginou em sua obra Utopia 1516 uma sociedade ideal baseada na igualdade e na tolerância O holandês Erasmo de Rotterdam criticou os costumes e os abusos da Igreja Católica em seu livro Elogio da Loucura 1511 O italiano Nicolau Maquiavel na sua obra O Príncipe 1513 estudou como se toma se conserva e se perde o poder O francês Rabelais em seus livros Pantagruel 1532 e Gargântua 1534 defendeu a idéia de que os homens deviam se guiar apenas pelas leis da natureza O que devemos ressaltar é que os humanistas mesmo discordando e criti cando a Igreja Católica não eram ateus mas cristãos que desejavam reinterpre tar as mensagens bíblicas todavia muitos deles foram perseguidos ou conde nados por suas idéias Os detalhes da natureza retratados pelo perfeccionismo dos artistas renas centistas como Dürere Botticelli são importante legado para a biologia espe cialmente para a botânica A medicina que durante a Idade Média não teve progresso foi favorecida pelo poder das universidades e pela experimentação na anatomia que não mais sofria com as imposições religiosas A química na Renascença teve ainda mesmo que pareça contraditório forte influência da alquimia especialmente com Paracelso que também era médico A alquimia prestou significativa colaboração nas técnicas de metalurgia e de minera ção os primeiros ramos da química a contribuir para os aperfeiçoamentos tecnológicos CHASSOT 1994 p 91 7 Humanista erudito dos séculos XV e XVI conhecedor das línguas e literaturas antigas consideradas então fundamentais para o conhecimento do ser humano capítulo 1 31 A física não teve um desenvolvimento significativo nesse período limitan dose a estudos de magnetismo mecânica e alguns trabalhos de óptica A ma temática foi dentre todas as ciências a que teve maior desenvolvimento espe cialmente em virtude da redescoberta dos textos de Euclides que ofereceram soluções para os problemas com os quais se defrontavam os construtores de catedrais e os geógrafos a serviço das expedições de navegadores Na astronomia que podemos classificar como précopernicana o alemão Nicolau de Cusa fez considerações importantes que mesmo não sendo adota das no ensino da astronomia que continuou seguindo os ensinamentos aritoté licoptolomaicos podem ser compreendidas como revolucionárias Nicolau de Cusa afirmava a Terra e se movia não em uma órbita mas com um movimento aparente e que existia vida em outras partes do universo que não a Terra Século XVII A Organização da Ciência Moderna O século XVII foi um momento de lutas de batalhas sangrentas de revoltas de idéias rearticulação em que a identidade do Estado Moderno se configurou A burguesia enriqueceu e se fortaleceu politicamente surgiram às fábricas local onde a mente do homem trabalhador foi remodelada Foi decisivo para o de senvolvimento cultural pois nesse período os resquícios dos tempos medievais foram abolidos definitivamente resolvendo problemas que os séculos anterio res haviam criado como o afastamento da teoria e da prática Nicolau Copérnico 1473 1543 O polonês que pode ser considerado contemporâneo da Renascença e que presenciou ao longo de seus setenta anos a chegada de Colombo a América Magalhães circundar a terra Vasco da Gama chega à Índia Lutero iniciar a Reforma Protestante dentre tantos outros feitos que mesmo recebendo uma educação que o direcionaria para a vida religiosa voltou seu interesse para a astronomia Por volta de 1513 construiu ao lado de sua igreja uma torre sem teto que utilizava como observatório embora dispusesse de poucos instrumentos de ob servação astronômica uma vez que o telescópio foi elaborado quase um século utilizava um relógio de sol um tríquetro aparelho triangular que fora elabora do pelo próprio Copérnico e um astrolábio esfera com anéis verticais e hori zontais Copérnico tinha conhecimento dos estudos de Aristóteles e Ptolomeu 32 capítulo 1 mas estava mais interessado nos estudos de Aristarco de Samos do século III aC que afirmava que a Terra girava em torno do seu eixo diariamente Em 1539 com o auxilio do matemático Rheticus Copérnico publicou a Narratio Prima Primeiro Relato obra que apresenta suas revolucionárias te orias sobre o universo cuja diferença é colocar o Sol e não mais a Terra no centro do universo mas o universo assim como em Aristóteles é apresentado como finito enquadrado pelas estrelas fixas Bruno Brahe e Kepler As teorias copernicanas que vimos anteriormente lenta e gradualmente foram sendo aceitas e influenciaram as investigações de três contemporâneos Giordano Bruno 1548 1600 Tycho Brahe 1546 1601 e Johannes Kepler 1571 1630 que preparam as ramificações decisivas de Galileu e Newton Giordano Bruno aderiu as idéias de Copérnico porém com ressalvas Propôs mu danças e criticou a sua recusa ao hermetismo8 Mesmo não sendo astrônomo físico ou matemático defendeu a ideia de um universo infinito rejeitando o aristotelismo Bruno publicou livros e difundiu suas ideias despertando a ira da Igreja Católica ao copernicanismo o que o fez fugir para a Suíça onde também teve problemas com o calvinismo Foi preso pela inquisição julgado e como não se retratou foi condenado a fogueira por negar a divindade de Jesus Cristo e por realizar magias diabólicas CONEXÃO Indicação de filme Giordano Bruno Giuliano Mondalto 1973 Tycho Brahe o primeiro nome nórdico que aparece na história da constru ção do conhecimento foi um jovem que iniciou seus estudos universitários aos treze anos construiu aparelhos para observação astronômica e propôs corre ções as tabelas astronômicas então existentes rompendo também com a tra dição aristotélica As proposições apresentadas pelo jovem pesquisador foram apoiadas pela passagem de um cometa em 1577 que abalou as crenças popu lares e o fez renegar definitivamente concepções aristotélicas entre elas a das esferas celestes observando que o cometa se deslocava através das supostas 8 Hermetismo Fechado de compreensão muito difícil capítulo 1 33 esferas celestes Permaneceu na cidade Praga até a sua morte e recebeu um en terro digno de um príncipe algo raro para pensadores ousados em um período de imposições e perseguições religiosas Johannes Kepler discípulo de Brahe abandonou a igreja luterana ao conhe cer e aderir as idéias de Copérnico praticando além da astronomia a astrologia Kepler reformulou as concepções de Copérnico Brahe e outros sobre o uni verso apresentando uma proposta que seria assumida pela ciência a partir de então A máquina passa a ser o modelo explicativo da natureza e do corpo hu mano e Deus admirado como o construtor e o operador desse engenho Galileu Galilei e o Heliocentrismo Galileu Galilei 1564 1642é considerado um dos criadores da ciência mo derna desde criança acolheu com grande entusiasmo as novas idéias Apesar de ter freqüentado o Colégio Jesuíta de Florença e ter iniciado estudos de me dicina em Pisa suas inclinações eram para à matemática à mecânica e à hi drostática9Utilizouse do telescópio para refutar as concepções aristotélicas de universo e negar o que se pregava nas igrejas No entanto devemos destacar que a obra de Galileu não se limitou apenas a elaboração de uma física mais teórica mas estendeuse a elaboração de instru mentos úteis como a bomba para fazer subir água e um compasso geométrico que fora produzido em grande escala com um detalhado manual de instruções Suas críticas ao sistema geocêntrico e a defesa das idéias copernicanas abri ram caminho para o desenvolvimento da física moderna e da astronomia Em 1633 Galileu Galilei foi preso pela Inquisição pois suas afirmações eram con trárias a concepção tradicional do universo Após inúmeros torturantes interro gatórios não teve saída humilhado retratouse perante a Igreja Francis Bacon 1561 1626 Bacon nasceu em Londres e pertencia a uma família de nobres onde rece beu uma educação para ingressar na carreira política e projetarse nos cargos públicos dedicouse a filosofia sendo autor de diversas obras cujas principais são Ensaio Novum Organum e A Grande restauração Em A grande restaura ção afirma que para se conhecer a natureza é necessário observar acumular os fatos classificálos e determinar as suas causas 9 Hidrostática é a parte da física que estuda as forças exercidas por e sobre fluidos em repouso 34 capítulo 1 Francis Bacon foi um dos preconizadores do Método Indutivo de investiga ção científica realização de experimentos dos quais se tiram conclusões que serão testadas por novos experimentos Via no conhecimento científico um importante instrumento para o controle da realidade Criou assim o lema saber é poder que revela uma firme disposição de fazer dos conhecimentos científicos um instrumento prático de controle da realidade Para Bacon o mais importante seria valorizar a pesquisa experimental bus cando resultados práticos e objetivos para a humanidade Para isso porém era necessário primeiramente desbloquear a mente dos cientistas levando os a libertarse de noções distorcidas de preconceitos e de maus hábitos de pensamento Todavia não aceitou o copernicanismo apresentando argumentos contrá rios a concepção heliocêntrica do universo Embora não tenha sido cientista sua contribuição é significativa em virtude da valorização da experiência e da experimentação Bacon é um pensador que acredita no progresso O conhecimento se desenvolve na medida em que adotamos o método correto a experiência como guiaos antigos representavam a infância da humanidade e a modernidade significa uma nova fase Sua importância e influencia derivam dessa defesa da modernidade de um modelo de ciência ativa prática e aplicada e de um pensamento critico que deve combater superstições e preconceitos permitindo assim o progresso de nosso conhecimento e o aperfeiçoamento da condição humana A razão instrumental defendida por Bacon e sua glorificação da técnica serão fortemente questionadas na filosofia contemporânea porém em sua época Bacon teve uma importância fundamental no sentido da ruptura com a tradição MARCONDES 2007 p 184 TEORIA DOS ÍDOLOS Para Bacon a ciência deveria valorizar a pesquisa experimental tendo em vista pro porcionar resultados objetivos para o homem Mas para isso era necessário que os cientistas se libertassem daquilo que denominava ídolos isto é falsas noções precon ceitos e maus hábitos mentais Em sua obra Novo organum Francis Bacon destaca quatro gêneros de ídolos que bloqueiam a mente humana e prejudicam a ciência capítulo 1 35 1 Ídolos da tribo as falsas noções provenientes das próprias limitações da natu reza da espécie humana 2 Ídolos da caverna as falsas noções do ser humano como indivíduo alusão ao mito da caverna de Platão 3 Ídolos do mercado ou do foro as falsas noções provenientes da linguagem e da comunicação 4 Ídolos do teatro as falsas noções provenientes das concepções filosóficas científicas e culturais vigentes COTRIM Gilberto Fundamentos da filosofia história e grandes temas 16ª ed São Paulo Saraiva 2006 p135 John Locke 16321704 O inglês John Locke estudou na universidade de Oxford e apesar do grande interesse por diversas áreas como a química a filosofia e a teologia graduouse em medicina mas mesmo assim exerceu significativa influencia em seu tem po Durante o período em que estudava em Oxford a efervescência do período o fez decepcionarse com as ideias de Aristóteles e com a escolástica medieval e entrar em contato com o pensamento de Bacon e Descartes e também ingres sou no universo político A partir dessas experiências elaborou suas ideias e construiu sua obra espe cialmente a partir do livro Ensaio acerca do entendimento humano onde com bate a doutrina que pregava a existência de ideias inatas no homem Para Locke a mente humana no momento do nascimento é uma tábua rasa um papel em branco sem nenhuma idéia ou conhecimento previamente existente O filóso fo inglês defende que as ideias que possuímos são todas adquiridas ao longo da vida a partir do exercícios da experiência sensível e da reflexão intelectual Com essa afirmação Locke resgatava a tese empirista de que nada há em nossa mente que não tenha origem no mundo sensível por meio dos sentidos e da reflexão Assim a reflexão seria o sentido interno do homem que se desenvolve en quanto a mente se debruça sobre si mesma analisando suas próprias opera ções A partir de ideias básicas a mente avança em direção a ideias cada vez mais complexas Contudo para Locke de qualquer maneira a mente sempre tem o auxílio do mundo exterior do universo sensível admitindo que nem todo 36 capítulo 1 o conhecimento limitase à experiência sensível Considerava o conhecimento matemático válido em termos lógicos apesar de não ter como base a experiên cia sensível Nesse sentido Locke não era um empirista radica René Descartes 1596 1650 Descartes nasceu em La Haye na França pertencente a uma família burguesa pode estudar em um dos mais renomado colégio da época o La Fleche onde recebeu uma tradicional educação jesuítica Para muitos autores é considerado o pai da Filosofia Moderna Criou o Princípio da Dúvida Metódica afirmando que para se chegar à ver dade era necessário colocar em dúvida todos os conhecimentos e através de um questionamento rigoroso chegar à conclusão da existência de algo na realida de de que se pudesse ter certeza Dessa forma Descartes colocou em dúvida tudo o que podia perceber através dos sentidos todos os conceitos acerca de to das as coisas materiais e tudo o que pudesse ser conteúdo de seu pensamento Feito isso proclamou a única verdade isenta de qualquer dúvida meus pen samentos existem E em seguida observou que a existência desses pensamen tos se confundia com a essência da sua própria existência como ser pensante Disso decorreu a célebre afirmação de Descarte Penso logo existo Seria essa a verdade absolutamente certa e por isso deveria ser tomada como princípio de toda a filosofia Dessa forma de compreender a realidade podemos concluir que para Descartes a consciência pensamento é mais certa que a existência O existir é colocado como conseqüência do pensar Devido a essa convicção Descartes foi um racionalista convicto Recomendava que desconfiássemos das percep ções sensoriais pois essas seriam responsáveis pelos erros do conhecimento humano Descartes da mesma forma que Galileu acreditava que o conhecimento do universo só seria possível para aqueles que conhecessem a sua estrutura mate mática Dizia ele não admito como verdadeiro o que não possa ser deduzido com a clareza de uma demonstração matemática de noções de cuja verdade não podemos duvidar DESCARTES apud CAPRA 1977 p 53 A disposição de Descartes em descrever matematicamente a natureza o levou a importantes descobertas associando relações numéricas ao estudo das curvas criou a geometria analítica importante recurso utilizado em larga capítulo 1 37 escala no estudo dos movimentos dos corpos tornando possível extraordiná rios avanços no campo da física e da astronomia Descartes criou importante método cujo objetivo foi orientar para a melhor forma de se chegar à verdade científica um método analítico que decompondo pensamento em suas partes constituintes buscava recompôlo novamente em ordem lógica Para esse pensador a mente era anterior e superior à matéria separandoas e caracterizandoas como duas coisas essencialmente diferentes Nada há no conceito de corpo que pertença à mente e nada na idéia de mente que pertença ao corpo DESCARTES apud CAPRA 1977 p 55 O MÉTODO CARTESIANO Da sua obra Discurso do Método podemos destacar quatro regras básicas considera das por Descartes capazes de conduzir o espírito na busca da verdade 1 Regra da evidência só aceitar algo como verdadeiro desde que seja absoluta mente evidente por sua clareza e distinção Estas idéias claras e distintas Descartes as encontra na sua própria atividade mental independente das percepções sensoriais ex ternas Isso faz Descartes propor a existência de idéias inatas idéias cujas estrutu ras já nascemos com elas que são plenamente racionais Exemplo dessas idéias as idéias matemáticas as noções gerais de extensão e movimento a idéia de infinito etc o exemplo mãos célebre de idéia inata está expresso na fórmula Penso logo existo 2 Regra de análise dividir cada uma das dificuldades surgidas em tantas partes quantas forem necessárias para resolvêlas melhor 3 Regra da síntese ordenar o raciocínio indo dos problemas mais simples para os mais complexos 4 Regra da enumeração realizar verificações completas e gerais para ter abso luta segurança de que nenhum aspecto do problema foi omitido COTRIM Gilberto Fundamentos da filosofia História e grandes temas 16ª ed São Paulo Saraiva 2006 p 140 38 capítulo 1 RACIONALISMO EMPIRISMO DESCARTES LOCKE Defendia a tese de que além do conheci mento pela experiência sensível há prin cipalmente o conhecimento pela razão O racionalismo realça a importância do conhe cimento pela razão isto é enfatiza a existên cia de idéias fundadoras do conhecimento Defendia a tese de que em última análise a origem fundamental do co nhecimento está na experiência sen sível A experiência sensível seria a fonte das idéias Baruch Espinosa 1632 1677 O holandês Espinosa pertencia a uma família judia e após ser excomungado perdera o direito aos bens da família Aprendeu o oficio de polidor de lentes e viveu desse trabalho morrendo com o pulmão cheio de pó de vidro Espinosa desenvolveu um racionalismo radical que tinha como principal característica a crítica às superstições religiosa políticas e filosóficas Para combater essas superstições em sua origem Espinosa escreveu a Ética texto no qual busca provar como numa demonstração geométrica a natureza racional de Deus que se manifesta em todas as coisas Deus imanente Desse modo Deus não está fora do universo nem dentro do universo ele é o próprio universo No interior desse entendimento racionalista não há lugar para a trgédia nem mistérios tudo se torna compreensível à luz da razão COTRIM 2006 p 141 Isacc Newton 1642 1727 Desde muito jovem o símbolo da Revolução Cientifica o inglês Isacc Newton envolveuse com instrumentos mecânicos e observações da natureza Afastado da Universidade de Cambridge pela peste bubônica que assolou a Europa foi para a sua aldeia natal e fez três descobertas fundamentais capítulo 1 39 1 O método matemático das fluxões ou cálculo diferencial 2 A lei da composição da luz base para o sistema cientifico da óptica 3 A lei da gravitação universa que está na maioria das vezes associada ao folclórico episódio da queda da maçã quando Newton estava descansando O seu mais importante livro Princípios Matemáticos de Filosofia Natural comumente referido como Principia fora publicado apenas em 1687 após in sistentes pedidos A ciência apresentada por Newton era uma ciência prática que fornecia meios de agir no mundo de prever e transformar o curso dos processos de conceber dispositivos próprios para utilizar e explorar forças e recursos ma teriais da natureza Os conceitos dinâmicos que introduziu foram aquisições definitivas na história das ciências o que pode ser exemplificado com as leis e fórmulas que levam o seu nome caso ímpar em relação a qualquer outro nome em toda a história da ciência A Ciência e a Revolução Industrial Ao estudarmos a Revolução Industrial essa grande realização do homem mo derno devemos notar a profunda interpelação entre o desenvolvimento do co nhecimento e a industrialização A indústria indubitavelmente foi impulsionada pelos avanços científicos e simultaneamente ensejou que a ciência pudesse crescer ainda mais A grande Revolução ocorreu realmente com o advento da máquina a vapor que substituía a força muscular de recurso limitado e desigual Essa foi talvez a mais decisiva interferência da ciência no processo de industrialização passando o conceito de energia a ser o elemento unificador entre a ciência e a indústria Robert Boyle 1627 1691 O inglês Robert Boyle foi físico químico e filosofo apresentou a lei de com pressibilidade dos gases que fora também descoberta independentemente por Mariote Boyle estudou ainda o efeito da pressão atmosférica sobre o pon to de ebulição da água distinguiu mistura de composto e foi o primeiro a apre sentar a noção de elementos CHASOT 1994 p 119 40 capítulo 1 A principal obra de Boyle é O químico cético publicada em 1661 sem dúvi da as contribuições do pai da química foram decisivas para os trabalhos de Lavoisier cuja história confundese com a do final do século XVIII o século da Revolução Industrial e da Revolução Francesa Antoine Laurent de Lavoisier 1743 1794 Cientista que pode ser considerado um exemplo do Iluminismo ao propor uma nova química baseada na observação na experimentação e no racionalis mo pois a química podia criar os seus próprios objetos na laboratório não im portando como os corpos haviam sido criados e desprezava o estudo da natureza A obra de Lavoisier mesmo tendo a química como uma atividade secun dária por ser funcionário do governo definiu implicitamente os problemas e métodos legítimos de um campo de investigações para sucessivas gerações de pesquisadores afirmando que em toda combustão há união da substância com o ar vital renegando a hipótese flogística que predominara até então Século XIX O século XIX foi significativo para a ciência foi o momento da retomada do mo delo atômico de Demócrito por Dalton de consolidação da física e da química e de crescimento e emancipação de outras ciências como a biologia a psicolo gia e as ciências sociais Depois da derrota de Napoleão Bonaparte as potências européias reuniram se no Congresso de Viena 1815 para restaurar a velha ordem do Antigo Regime Todavia quanto mais a indústria se desenvolvia e cresciam as cidades mais for tes ficavam a burguesia os intelectuais e os operários que eram forças sociais que rejeitavam as tentativas de retornar ao Antigo Regime Em 18201830 e 1848 estouraram diversas revoluções em nome dos ideais políticos do liberalismo e do nacionalismo fazendo desse período um dos mais violentos da história A urbanização o crescimento das indústrias e do capitalismo exigia uma nova postura da educação e maior qualificação da mãodeobra as escolas po litécnicas foram criadas na tentativa de suprir essa demanda profissional O Estado começou a intervir mais diretamente no sistema educacional para esta belecer a escola elementar universal laica gratuita e obrigatória As discussões sobre os métodos ganharam campo mais fértil capítulo 1 41 O século XIX representou o período de consolidação da burguesia enquanto camada social liderante e de luta dos trabalhadores contra a dominação dessa camada Assistimos nesse período ao surgimento das ideologias que sustenta ram as criticas ao liberalismo burguês como o socialismo utópico Proudhon o anarquismo Bakunin e o socialismo científico Marx e Engels John Dalton 1766 1844 Dalton retomou como destacamos no século XIX a teoria atômica apresen tada 23 séculos antes pelos atomistas gregos Demócrito e Leucipo explicou as propriedades dos gases e indo além propôs que esses deveriam ser formados por átomos que seriam diferentes apenas no tamanho Como esse avanço apresentado por Dalton Mendeleiev 1834 1907 pode estabelecer a classificação periódica dos elementos sendo esse desde então um notável e útil instrumento para se entender a química Todavia apenas es ses nomes não são suficiente para traduzir o quanto a química foi excepcional nesse período merecendo um estudo mais detalhado o que não cabe no âm bito desse trabalho Charles Darwin e a sobrevivência dos mais aptos Dentre os nomes que simbolizam o século XIX nenhum foi tão polêmico e ridicularizado como o do inglês Charles Darwin 1809 1882 responsável pela mudança na compreensão do passado dos seres vivosApós ser convidado para integrar a expedição do navio Beagle o jovem Darwin abandonou os estudos em Cambridge e por cinco anos viveu o que classificou de acontecimento mais importante de sua vida Nesse período realizou coletas de animais e plantas fósseis e vivos terrestres e marinhos Como naturalista estudou a floresta tropical brasileira o pampa argentino a vegetação andina os desertos australianos as formações geológicas da Terra do Fogo e do Taiti as ilhas desflorestadas do Cabo verde CHASSOT 1994 p 136 42 capítulo 1 Todavia as observações mais expressivas para a elaboração de sua teoria fo ram realizadas nas Ilhas Galápagos localizadas no sudeste do oceano Pacífico onde pode analisar os animais e ao comparálos aos animais existentes no continente sul americano constatou que os animais da ilha apresentavam ca racterísticas diferentes o que segundo Darwin indicava processos evolutivos divergentes influenciados pelas especificidades do ambiente Em 1844 após muitos leituras análises de esqueletos de aves domesticas e comparações publicou A origem das espécies onde explicava o aparecimento e o desaparecimento das espécies porque surgiam e se transformavam com o passar do tempo Observou que muitas vezes ocorriam transformações tão radicais que provocavam adaptações o que Darwin classificou como seleção natural ou sobrevivência dos mais aptos Com Darwin o universo dos seres vivos foi colocado dentro dos domínios da ciência da lei natural Porém as inegáveis contribuições de Darwin para a biologia a psicologia e as ciências sociais foram mal utilizadas com o objetivo de justificar a ideia de uma raça superior suprema sobre as demais O chamado Darwinismo Social conduziu a barbáries que marcaram a história da humanidade como por exemplo o holocausto Auguste Comte 17981857 Para designar sua linha de pensamento filosófico marcada pelo culto à ciên cia e pela soberania do método científico Comte adotou o termo Positivismo Um dos temas centrais da filosofia de Comte é a imperiosa necessidade de reor ganização da sociedade em todos os seus aspectos Não se tratava entretan to de uma proposta de revolução nas instituições mas de uma regeneração das opiniões e dos costumes uma verdadeira reestruturação intelectual Na obra de Auguste Comte destacamse três partes fundamentais A Lei dos Três Estados a sua classificação das ciências e a sua proposta de refor ma intelectual da sociedade A Lei dos Três Estados Comte aponta três estados distintos no processo de evolução histórica e cul tural da sociedade capítulo 1 43 ESTADO TEOLÓGICO OU FICTÍCIO a aquisição de conhecimentos sobre o mundo é media da por agentes sobrenaturais pelos dogmas da fé e por Deus Deus é apresentado como referência princi pal para a compreensão das coisas e dos fenômenos ESTADO METAFÍSICO OU ABSTRATO apresentase como modificação do primeiro estado negandoo em parte Os agentes sobrenaturais foram substituídos por forças abstratas inerentes aos dife rentes seres do mundo ESTADO POSITIVO OU CIENTÍFICO o homem passa a ser o regente da vida social Atra vés do raciocínio e da observação busca conhecer as coisas através da compreensão e suas leis efetivas Segundo ele o estado positivo se caracteriza pelo reco nhecimento de que somente se pode considerar real o conhecimento baseado em fatos observados O objetivo de seu método positivo era a busca de leis gerais que regessem os fenômenos naturais Seria esse segundo ele o grande ideal de todas as ci ências De posse do conhecimento A classificação das ciências Segundo Comte as ciências se classificam em função de sua complexidade Hierarquicamente coloca num crescendo partindo da mais simples e geral para a mais complexa e específica a Matemática a Astronomia a Física a Quí mica a Biologia e a Sociologia Para ele essa deveria ser a ordem no domínio do conhecimento pelo ho mem de ciência Não entendia como uma pessoa poderia se dedicar ao estudo de fenômenos complexos sem ter aprendido com as formas mais simples o que seria por exemplo uma lei uma observação uma classificação 44 capítulo 1 Reforma da Sociedade Quanto à reforma da sociedade Comte propunha três etapas a reorganização intelectual seguida da reorganização moral e por fim a reorganização polí tica sendo que a grande tarefa que se colocava para a filosofia positiva era o restabelecimento da ordem da sociedade capitalista da qual era entusiasta ar gumentando a favor da manutenção das relações de exploração dos proletários pelos capitalistas e defensores de um corpo de idéias a serem difundidas na sociedade que legitimasse a divisão do trabalho em intelectual de um lado e prático e mecânico de outro Século XX O século XX foi sem dúvida rico em experiências e teoriasModelos e teorias encontraram respaldo teórico no socialismo que ganhava força desde o início do século e nas novas perspectivas de responsabilidade coletiva peculiares ao século XX Para muitos pensadores tornavase cada vez mais evidente a necessidade de dar vida ao progresso tecnológico redimensionandoo em termos mais hu manos O empirismo científico o darwinismo social e o capitalismo levavam apenas à opressão do povo O sistema científico vigente é compreendido por essas correntes como um meio utilizado pelo capitalismo para manter o prole tariado sob sujeição No final do século varias forças socialistas religiosas e ético científicas se unem para conduzir à construção de uma nova sociedade em que o proces so educativo desempenhe papel totalmente daquele que desempenhava no passado Albert Einstein 1879 1955 Em 1905 Einstein publicou três artigos que impactaram significativamente a comunidade científica No primeiro texto Einstein explica o efeito fotoelétri co derrubando o conceito de propagação da luz No segundo artigo apresenta va como resolver experimentalmente a questão da relatividade dos átomos E no último texto altera a ideia comum de tempo e espaço Nascia assim uma nova ordem na ciência que exigia uma nova forma de pensar capítulo 1 45 Pouco tempo depois das teorias de Einstein Rutherford 1871 1937 ela borou um modelo mais consistente para o átomo segundo o qual um átomo possuía um núcleo com elétrons girando ao seu redor Rutherford que a prin cipio estudou a radioatividade foi o responsável pela nomenclatura dos três primeiros tipos de emissões raios alfa beta e radiações gama Além dessa no menclatura o neozelandês concebeu a ideia de que deveria ocorrer uma trans mutação de elementos quando da emissão radioativa Em 1912 entrou em cena o dinamarquês Niels Bohr 1885 1962 apresen tou um modelo atômico que conservava a estrutura planetária de Rutherford e incorporava o conceito de energia de Planck eram os primeiros passos da Teoria Quântica Bachelard e as rupturas epistemológicas Como observamos ao longo da história da ciência gradativamente os cien tistasou um grupo de cientistas perceberam que as teorias métodos técnicas conceitos e instrumentos não são mais capazes de responder determinadas questões e encontramse como classificou o filósofo Gaston Bachelard 1884 1962 diante de um obstáculo epistemológico A existência desse obstáculo epistemológico novas teorias métodos e téc nicas que conseqüentemente influenciem todo o campo de conhecimento Dessa forma uma nova concepção científica emerge incorporando novos co nhecimentos e desconsiderando parte ou todos os elaborados anteriormente Assim podemos concluir que de acordo com Bachelard a ciência caminha por saltos que se caracterizam pela recusa dos pressupostos e métodos que orientavam a pesquisa anterior sustentando os erros estabelecidos pois esses pressupostos e métodos atuavam como obstáculos ao avanço do conhecimen to Esses obstáculos podem ser devidos a hábitos socioculturais cristalizados a dogmatização de teorias que freiam o desenvolvimento da ciência Um exem plo de ruptura epistemológica é o da física quântica e da teoria da relatividade que formularam uma nova maneira de conceber o espaço e o tempo como res posta aos obstáculos representados pela física newtoniana que não dava conta de explicar certos fenômenos 46 capítulo 1 Thomas Kuhn as revoluções científicas Ao contrário de Bachelard Thomas Khun 1922 1996 filósofo da ciência afir ma que a história da ciência é estruturada sempre através de descontinuidades e rupturas radicais Para o autor esses momentos de ruptura e de elaboração de novas teorias devem ser considerados momentos de revolução científica como por exem plo quando Darwin publicou a sua teoria da evolução das espécies Em seu livro A estrutura das revoluções científicas 1962 sustenta a tese de que a ciência se desen volve durante certo tempo a partir da aceitação por parte da comunidade científica de um conjunto de teses pressupostos e categorias que formam o seu paradigma Quando as teorias se tornam um modelo de conhecimento temos segun do Kuhn um paradigma científico que é um conjunto de normas e tradições dentro do qual a ciência se nove durante um determinado período e em certo contexto cultural A esses momentos onde não há crise Kuhn classifica de ciência normal que é aquela que se desenvolve dentro de certo paradigma acumulando dados e instrumentos em seu interior pois o trabalho científico acontece sempre no interior de um paradigma estabelecido e aceito pela comunidade científica Para apresentar respostas os pesquisadores utilizam as teorias métodos e téc nicas previstas pelo paradigma A contraposição portanto a ciência normal temos a revolução científica Assim Kuhn afirma que a ciência percorre um caminho linear mas por sal tos ou revoluções Rejeita portanto a ideia então vigente de que o progresso cientifico ocorreria com o tempo e com o acumulo de conhecimentos em lu gar dessa concepção de progresso cientifico afirma que o verdadeiro progresso ocorreria toda vez que um novo paradigma ou novas teorias e métodos fossem capazes de solucionar um número maior de problemas do que os precedentes e de fazer mais e melhores previsões Popper e a falsificação Outro filósofo da ciência do século XX que teorizou sobre as novas concep ções científicas foi Karl Popper 1902 1994 Popper afirmava que as trans formações científicas são uma conseqüência da concepção da verdade como coerência teórica e propõe que uma teoria científica seja sempre avaliada pela possibilidade de ser falsificada capítulo 1 47 Cria portanto a noção de falsificação afirmando que uma teoria deveria ser considerada boa e válida se seus métodos e teorias possam ser falseados Quanto mais aberta estiver a fatos novos que possam tornar falsos os princípios e conceitos em que se baseava melhor será uma ciência Popper sustentava que falseabilidade deveria ser o critério utilizado para a avaliação das teorias cientificas o que garantiria a ideia de progresso cientifico uma vez que a mesma ciência que vai sendo aprimorada por fatos novos que a falsificam A maioria dos filósofos da ciência entre os quais Kuhn demonstrou o absurdo da po sição de Popper De fato dizem eles jamais houve um único caso em que uma teoria pudesse ser falsificada por fatos científicos Jamais houve um único caso em que um fato novo garantisse a coerência de uma teoria bastando impor a ela mudanças totais Cada vez que novos fatos provocaram verdadeiras e grandes mudanças teóricas essas mudanças não foram feitas com o objetivo de abandonálas por uma outra O papel do fato cientifico não é o de falsear ou falsificar uma teoria mas o de provocar o surgimen to de uma nova teoria verdadeira É verdadeiro e não o falso que guia o cientista seja a verdade entendida como correspondência entre ideia e coisa seja entendida como coerência interna das idéias CHAUÍ 2006 p 226 Karl Popper é considerado por muitos o filósofo mais influente do século XX a tema tizar a ciência Foi também um filósofo social e político de estatura considerável um grande defensor da democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo ATIVIDADES 01 Explique o que era o Teocentrismo medieval e suas implicações para o desenvolvimento da ciência 02 Reflita e relacione Iluminismo burguesia e ciência 48 capítulo 1 REFLEXÃO Para encerarmos essa nossa primeira unidade ainda se faz necessária lembrarmos que outra discussão ao redor do problema do conhecimento está ligada à possibilidade ou não de o homem atingir a certeza Assim distinguimos duas tendências principais o dogmatismo e o ceticismo Dogmatismo do grego dogmatikós significa o que se funda em princípios ou o que é relativo a uma doutrina Dogmatismo é a doutrina segundo a qual é possível atingir a certeza Apesar de associarmos o termo à religião ele pode estar presente em outras áreas como a política Na realidade quando o dogmatismo atinge o campo nãoreligioso passa a designar as verdades inquestionáveis o indivíduo de posse de uma verdade fixase nela e abdica de continuar a busca por outras verdades A palavra ceticismo vem do grego sképsis que significa investigação procura O cético tanto procura e pondera que acaba concluindo nos casos mais radicais pela impossibilidade do conhecimento Nas tendências mais moderadas mesmo que seja impossível alcançar uma certeza a busca não deve ser abandonada Alguns filósofos ao questionarem expressões dogmáticas do saber e ao criticarem a aceitação apressada de algumas certezas acabam adotando posturas céticas mas não po dem ser classificados como céticos pois fazem apenas questionamentos e críticas valorizan do a busca e o abandono da aceitação cega LEITURA KUHN Thomas A estrutura das revoluções científicas São Paulo Perspectiva2007 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALFONSOGOLDFARB Ana Maria O que é História da Ciência São Paulo Brasiliense 1995 BRAGA Marco GUERRA Andreia REIS José Claudio Breve história da ciência moderna Volume 1 Convergências de Saberes Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003 CAPRA Fritjof O ponto de mutação São Paulo Edgard Blücher 1977 CHARLOT Bernard Da relação com o saber elementos para uma teoria Trad B Magne Porto Alegre Artmed 2000 CHASSOT Attico A ciência através dos tempos São Paulo Moderna 1994 capítulo 1 49 CHAUÍ Marilena Convite à Filosofia 13ª Ed São Paulo Ática 2006 COTRIM Gilberto Fundamentos da filosofia história e grandes temas 16ª ed São Paulo Saraiva 2006 CYRINO H PENHA C Filosofia hoje 2 ed Campinas Papirus 1992 DINIZ Maria Helena Compêndio de introdução à ciência do Direito 5 ed São Paulo Saraiva 1993 KUHN Thomas A estrutura das revoluções científicas São Paulo Perspectiva 2007 MARCONDES Danilo Introdução à história da filosofia 10 ed São Paulo Zahar 2007 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Metodologia do trabalho científico São PauloAtlas 2010 MATTAR João Metodologia científica na era da informática 3 ed São Paulo Saraiva 2008 MONDIN Battista Introdução à Filosofia problemas sistemas autores e obras 16ª Ed São Paulo Paulus 2006 OLIVA Alberto Filosofia da Ciência Rio de Janeiro Jorge Zahar 2003 RUIZ João Alváro Metodologia científica guia para eficiência nos estudos São Paulo Atlas 2010 TELLES Jr Goffredo Tratado da conseqüência São Paulo Saraiva 1981 O Problema Científico e os Tipos de Pesquisa 2 52 capítulo 2 Alguém já disse que perguntar para um estudante que tipo de pesquisa ele pretende fazer é uma maneira de examinar a confusão que há na cabeça de muitos alunos em relação a esse assunto tal o desconhecimento que existe sobre como se pode classificar um tipo de pesquisa GONSALVES 2001 p 64 Verdadeiramente aí mora parte do enigma para se levar adiante um projeto de pesquisa ou para adequar a forma final do trabalho à natureza da pesquisa que foi proposta Por isso mesmo você vai estudar como as pesqui sas podem ser classificadas a partir de diferentes critérios conhecendo as pectos importantes para a estruturação da pesquisa e o seu desenvolvimento OBJETIVOS Analisar a importância da escolha do tema para a estrutura da pesquisa Compreender a problematizarão do tema Analisar o significado da construção de hipóteses para o desenvolvimento da pesquisa Conhecer os critérios utilizados para classificação das pesquisas Compreender os aspectos e características de cada tipo de pesquisa Avaliar as implicações da classificação e tipificação das pesquisas no desenvolvimento de trabalhos acadêmicos e científicos capítulo 2 53 21 A escolha do tema e importância de sua delimitação Na construção do projeto de pesquisa um primeiro momento deve ser dedicado à seleção do tema Apesar de na apresentação formal do projeto apareça primeira mente como item mais comum a justificativa você deve entender que para se che gar até a justificativa do tema ou o problema de pesquisa primeiramente é preciso escolher o tema e delimitálo Assim a construção do projeto de pesquisa pode ser ligeiramente diferente da forma de apresentação desse projeto Por enquanto o importante é você compreender que uma etapa fundamental é a escolha do tema É importante esclarecer a diferença entre tema e temática O tema pode ser definido como o problema circunscrito aquilo que compõe o foco e o objetivo da pesquisa O tema deve antes de tudo ser viável não adianta escolher um tema aparentemente atraente cuja viabilidade seja questionável Principalmente para o pesquisador iniciante o bom tema é aquele consi derado interessante eou relevante mas que seja principalmente plausível A temática por sua vez envolve uma área mais extensa e abarca o tema Assim é imprescindível encontrar uma casa que possa ser bem analisada na qual tenhamos acesso possamos localizar dados a seu respeito e principalmente tenhamos interesse legítimo de a compreendermos melhor A escolha ou seleção do tema tem a ver com o que você vai pesquisar É muito comum o estudante ficar embaraçado com tantas possibilidades de temas ou ao contrário ficar angustiado com a ausência de um tema que lhe motive Saber por onde começar uma pesquisa definindo o seu tema é um verdadeiro dilema para muitos Algumas dicas podem ajudar nessa hora Veja se alguma delas lhe parece oportuna a O tema pode nascer da observação atenta do cotidiano a partir do di recionamento do para circunstâncias e assuntos que podem revelar problemas ou temas interessantes b A escolha do tema pode relacionarse com a experiência do estágio curricular ou com a vida profissional por meio de vivências de situações que merecem ser investigadas e compreendidas mais detidamente Às vezes uma 54 capítulo 2 lacuna na formação profissional ou um problema importante na experiência profissional que não pôde ser compreendido e estudado mais rigorosamente podem motivar a escolha do tema GONSALVES 2001 p 28 Dizemos que um tema é importante quando está de alguma forma ligado a uma questão crucial que polariza ou afeta um segmento substancial da sociedade Um tema pode tam bém ser importante se estiver ligado a uma questão teórica que vem merecendo atenção continuada na literatura especializada A situação mais delicada e difícil teria a ver com os temas novos que a ninguém preocupam seja teórica ou praticamente mas que contêm o potencial de virem a interessar ou afetar muita gente CASTRO 2006 p61 c O contato com estudiosos pesquisadores especialistas professores e tutores de modo individual ou em situações coletivas como em eventos cien tíficos e acadêmicos pode proporcionar reflexões e identificação de temas relevantes d O estudo e a leitura de livros do contexto acadêmico podem oferecer algumas questões ou indicar assuntos que ainda precisam ser analisador ou aprofundados e O tema também pode surgir da criatividade da descoberta repentina e al gumas vezes casual de um problema a ser investigado GONSALVES 2001 p 27 Outra observação ou sugestão tem a ver com o aproveitamento da própria experiência que o estudante tem ao longo do seu curso O tema pode surgir da identificação que o aluno tem com determinada disciplina ou mesmo da facili dade e interesse que ele tem em relação a um assunto que já lhe parece familiar Isso é relevante porque a dificuldade inicial na escolha do tema pode ser di minuída quando se considera que o tema a ser selecionado deve indicar uma área de interesse a ser investigada ou seja a área de interesse pode ser identi ficada pela vontade motivação e envolvimento do aluno com determinada dis ciplina assunto ou aula GONSALVES 2001 p 27 Além do seu interesse e critério pessoal na escolha do tema é importante considerar o contexto de seu curso e a forma pela qual a pesquisa será organiza da Quando um trabalho de conclusão de curso TCC por exemplo é realizado em grupo as considerações sobre a escolha do tema devem se dar num contex to de cooperação e planejamento colaborativo capítulo 2 55 Quando a escolha do tema se dá num projeto de pesquisa no contexto de um curso de PósGraduação é importante levar em conta a área de especialização do curso e do estudante Assim a seleção do tema deve ter alguma aderência ou aproximação em relação à área do curso e à formação teórica ou profissional do estudante Essas considerações também podem ser pertinentes no contexto dos cursos de Graduação na elaboração do projeto de pesquisa do TCC É preciso levar em conta as linhas de pesquisa que são estabelecidas em cada curso A escolha do tema a partir das linhas de pesquisa que são oferecidas pode ajudar bastante na definição do tema CASTRO 2006 De qualquer forma lembrese sempre que a escolha de um tema implica a eliminação de outros temas que tenham surgido e por alguma razão devem ser evitados Selecionar um tema e nele se fixar dandolhe prioridade deve ser o resultado de critérios de seleção como os que já foram apontados aqui Considere ainda que o tema escolhido deve corresponder a um assunto que necessita de melhores definições melhor precisão e clareza do que já exis te sobre ele Por isso verifique se o tema é adequado à sua capacidade e à sua formação correspondendo a possibilidades e recursos de que você dispõe Por exemplo na escolha do tema devese levar em conta o material bibliográfico que deve ser suficiente e estar disponível CERVO BERVIAN 2002 p 82 Critérios para a escolha de um tema de pesquisa Importância o tema deve aproximarse de um problema relevantepara a ciência ou que afeta a sociedade Originalidade o tema deve ter a capacidade de surpreender a comunidade científica não basta não ter sido estudado previamente Viabilidade O pesquisador deve questionarse a respeito do tempo que tem para concluir a pesquisa acerca da base teórica que dispõe para a análise e sobre o seu domínio das ferramentas necessárias para a conclusão da pesquisa Figura 21 Esquema referente aos critérios para a seleção de um tema de pesquisa 56 capítulo 2 A delimitação do tema é um momento fundamental para o projeto de pes quisa por se tratar da caracterização daquilo que vai ser pesquisado ou estuda do Assim o tema da pesquisa deve ser problematizado antes de se partir para a pesquisa propriamente dita ou seja é preciso ter uma ideia clara do problema a ser resolvido Comumente a escolha do tema recai sobre um assunto muito extenso e complexo o que pode impedir o estudo mais aprofundado ou a proposição de objetivos mais realistas e adequados Isso deve ser evitado Porém mesmo diante de uma escolha de um tema adequado se faz necessária a delimitação desse tema O que você deve entender é que não basta escolher um bom tema Também é preciso delimitálo E o que é delimitar um tema Uma resposta inicial é a seguinte delimitar o tema é selecionar um tópico ou parte a ser focalizada CERVO BERVIAN 2002 p 82 Outra é definir o tempo o local o espaço e o tamanho do objeto do que se pretende pesquisar Um bom tema de pesquisa deve despertar interesse tanto pela importância do assunto quanto pela possibilidade de realização e aprofundamento do mesmo Para Marconi Lakatos 1996 apud DIEHL TATIN 2004 p 90 delimitar o tema equivale a estabelecer limites para a investigação Esses limites podem se referir a três aspectos a Ao assunto com a escolha de um tópico a fim de evitar que este se tor ne muito extenso ou muito complexo b À extensão nem sempre se pode abranger todo o âmbito em que o fato se desenrola especialmente se for uma pesquisa realizada ao término da graduação c A diversos fatores meios humanos econômicos e de exigibilidade de pra zo os quais podem restringir seu campo de ação DIEHL TATIN 2004 p 90 Dois procedimentos podem auxiliar na delimitação do tema de pesquisa O primeiro procedimento diz respeito à divisão do tema em suas partes constitutivas ou seja desdobrar o tema em partes O segundo procedimen to corresponde à definição dos termos ou partes do tema ou seja enumerar os elementos que constituem ou explicam os conceitos envolvidos no tema CERVO BERVIAN 2002 p 82 capítulo 2 57 Esses dois procedimentos no entanto podem não ser suficientes Cervo e Bervian 2002 p 83 sugerem por exemplo que alguns temas podem ser deli mitados a partir da fixação de certar circunstâncias como tempo e espaço Isso quer dizer que o tema poderia ser delimitado por meio da indicação do quadro histórico e geográfico em cujos limites o tema se localiza Além disso uma possibilidade de delimitar o tema é focalizálo a partir do ponto de vista ou área em que o tema se insere Desse modo um tema pode receber um tratamento histórico filosófico estatístico etc Não se pode esquecer que o trabalho de delimitação do tema precisa estar apoiado na experiência e no conhecimento do estudante a respeito do assunto com o qual irá trabalhar Por isso mesmo é preciso fazer um levantamento bibliográfico inicial sobre o tema mapeando as diferentes contribuições expressas em livros periódicos e outras fontes de consulta Isso não quer dizer que você vá reunir toda a literatura sobre o assunto escolhido mas implica reunir as contribuições mais relevantes sobre o tema selecionado GONSALVES 2001 p 27 Portanto é de suma importância que o tema esteja vinculado a uma área de conhecimento com a qual o alunopesquisador já tenha alguma intimidade intelectual sobre a qual já tenha alguma leitura específica e que de alguma forma esteja vinculada à carreira profissional que esteja planejando para um futuro próximo Após a escolha e delimitação do tema chega o momento de você compreen der o próximo passo na construção do projeto de pesquisa estabelecer o pro blema de pesquisa ou objeto de estudo 22 A problematização do tema Um problema científico é uma questão que justifica uma pesquisa ou a investigação por meio de métodos comuns à ciência Escolhido do tema e delimitado o seu escopo a fase seguinte é a transfor mação do tema em um problema de pesquisa Mas o que é um problema de pesquisa Problema de pesquisa é uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática para qual se deve encontrar uma resposta 58 capítulo 2 uma solução O problema de pesquisa pode ser entendido como uma questão que envolve intrinsecamente uma dificuldade teórica ou prática para a qual se deve encontrar uma solução CERVO BERVIAN 2002 p 84 Um problema é assim uma dificuldade detectada ou mesmo uma curiosi dade que pode ter surgido tanto por razões objetivas quanto subjetivas Alguns problemas no entanto não permitem investigação científica Afirmações como Estudar em uma escola grande é melhor que em uma escola pequena ou Para as crianças tornaremse adultos mais felizes a metodologia de ensino X é melhor que a Y têm pouco ou nenhum significado para um pesquisador uma vez que envolvem julgamentos de valor e tornase praticamente impossí vel testálas empiricamente Ao propor o problema de pesquisa você estará fazendo na verdade um es forço de reflexão e até mesmo uso da curiosidade para descobrir os problemas que o tema envolve identificar as dificuldades que ele sugere formular pergun tas ou levantar hipóteses abrindo portas para poder penetrar no terreno do conhecimento científico CERVO BERVIAN 2002 p 84 Partindo de uma revisão bibliográfica na qual você identifica as principais contribuições teóricas sobre o tema escolhido e da sua própria reflexão o pro blema de pesquisa pode ser redigido de forma interrogativa clara precisa e objetiva A pergunta ou o problema de pesquisa devem ser formulados de tal forma que haja possibilidade de um encaminhamento ou resposta a partir da própria pesquisa que será desenvolvida CERVO BERVIAN 2002 p 84 É comum o aluno ou pesquisador encontrar diversos problemas aparente mente viáveis e interessantes mas ele deve ser criterioso na escolha pois de um problema bem escolhido resultará uma ou mais perguntas de pesquisa pertinentes para o desenvolvimento da pesquisa Da mesma forma problemas mal definidos podem gerar objetivos imprecisos que resultarão em resultados inconsistentes Portanto a delimitação do problema deve ser vista como parte crucial do projeto É importante entender que formular um problema de pesquisa não corres ponde simplesmente à proposição de uma pergunta prática que resulta numa resposta relacionada com a ação Enquanto tema permanecer apenas no nível do discurso não teremos ini ciado a investigação científica propriamente dita Assim escolhido o tema este deve ser questionado pelo pesquisador que deve transformálo em problema de pesquisa a partir de seu esforço reflexivo de sua curiosidade Descobrir capítulo 2 59 os problemas que o tema envolve compreender as dificuldades que ele suge re formular perguntas ou levantar hipóteses relevantes é na verdade abrir a porta através da qual o pesquisador pode adentrar no terreno do conhecimento científico Devese redigir de forma interrogativa precisa clara e objetiva o questiona mento cuja solução viável possa ser alcançada pela pesquisa proposta As per guntas de pesquisa podem variar podem partir da observação de objetos fato ou fenômeno ou ainda de uma série deles é possível perguntar se seguem sem pre o mesmo padrão ou se por vezes os resultados alcançados são diferentes se existe a possibilidade de explicar os processos Perguntas devem ser formadas de tal forma que haja possibilidade de respostas utilizando a pesquisa Desse modo perguntas do tipo Como fazer para melhorar o transporte urbano O que pode ser feito para melhorar a distribuição de renda ou Como aumentar a produtividade no trabalho correspondem a problemas que poderiam ser resolvidos por meio de ações no âmbito de algumas áreas do conhecimento KERLINGER 1980 p 33 A ciência ofereceria elementos para resolvêlos mas essas questões em si não se constituiriam em problemas cien tíficos já que são problemas que não indagam como são as coisas suas causas e consequências mas indagam acerca de como fazer e isto é apenas instrumen tal operacional NASCIMENTO 2005 p 6566 Para exemplificar o que foi dito anteriormente considere novamente as per guntas que foram propostas no parágrafo anterior insuficientes para se constituí rem num problema de pesquisa e as questões a seguir Existe relação entre o uso do transporte coletivo e o nível de estresse de um determinado grupo de moradores da periferia A produtividade no trabalho está correlacionada com o nível de sa tisfação com a empresa Qual a influência da concentração de renda e os índices de violência Essas perguntas tiveram variáveis acrescidas que estabelecem rela ções tornandoas problemas de pesquisa NASCIMENTO 2005 p 66 Veja agora a exemplificação sobre o que é um problema de pesquisa ofere cida por Laville Dionne 1999 p 87 Os autores sugerem um problema para ser analisado sobre três diferentes ângulos a fim de se identificar aquela ques tão que é verdadeiramente um problema de pesquisa 60 capítulo 2 I O casamento sendo a principal causa do divórcio deverseia interditálo II O casamento é uma instituição divina cujos laços não deveriam jamais ser rompidos III O aumento da indiferença amorosa entre cônjuges é o que causa o divórcio As três afirmações apontam para diferentes abordagens A primeira afirma ção revela uma mera opinião e sobre mera opinião não se constrói pesquisa A segunda proposição é de natureza religiosa e como tal acreditase ou não no que está afirmado não servindo para objetivos científicos A terceira afirma ção é a única que permite levantamento de dados e pode se constituir num provável problema de pesquisa NASCIMENTO 2005 p 66 Gil 2004 p57 destaca que o problema de pesquisa é sempre melhor for mulado na forma de uma pergunta Assim em vez de propor como problema As estratégias de ensino nas escolas de 2 Grau ele sugere que o problema seja elaborado na forma da pergunta a seguir Que estratégias de ensino são adotadas na escola de 2 Grau O autor ainda enfatiza que o problema deve ser delimitado a uma dimensão viável Desse modo propor um problema do tipo O que leva os jovens ao alcoolismo torna a pesquisa inviável tal a quan tidade de fatores que podem determinar esse fenômeno além do fato de que muitos dos fatores já foram bem estudados O problema então deveria ser co locado em outros termos tornandoo mais específico A partir disso podemos concluir que nunca se passa diretamente da esco lha do tema à coleta de dados quais as vantagens da formulação do problema são inegáveis Formular o problema delimita qual o tipo de resposta deve ser procurado conduz o pesquisador a uma reflexão benéfica e proveitosa sobre o assunto estudado auxilia na elaboração de roteiros para o início do levanta mento bibliográfico e da coleta de dados BARROS e LEHFELD 2007 Uma vez formulado o problema as próximas fases da pesquisa devem ser previstas para se ter certeza de sua viabilidade por meio de técnicas existentes sugerese que o pesquisador elabore um plano provisório assunto Esse plano servirá de guia o dia que posteriormente será adaptado a marcha da pesquisa modificando se em razão dos resultados parciais ou definitivos da mesma capítulo 2 61 O problema de investigação é áquela dúvida é aquela pergunta que não consegue ser respondida com o conhecimento disponível O homem usa as teorias produzidas pela ciência para compreender explicar descrever os fatos existentes e mesmo prever os futuros Domina o conhecimento e o utiliza como rede para compreender e explicar o mundo Há contudo fatos que essas teorias não conseguem explicar Nesses casos levantamse perguntas dúvidas que estão sem resposta no quadro do conhecimento disponível Ou então à luz de novos referenciais teóricos questionase a confiabilidade daquelas teorias enquanto explicações válidas para determinados casos percebendo nelas inconsistências ou lacunas que devem ser corrigidas ou eliminadas Diz Popper 1978 p14 cada problema surge da descoberta de que algo não está em ordem com o nosso suposto conhecimento ou examinado logicamente da descoberta de uma contradição interna entre nosso suposto conhecimento e os fatos O problema teórico de investigação portanto surge da crise do conhecimento disponível enquanto modelo teórico insuficiente para explicar os fatos A ciência não é a mera observação de fenômenos Identificase à luz de um conheci mento disponível problemas decorrentes dos fenômenos A percepção de problemas é uma percepção impregnada de fundo teórico Um fato em si mesmo não tem relevância alguma não diz nada Ele passa a ter relevância pertinência quando relacionado a um problema a uma dúvida a uma questão que precisa de resposta Apenas isso justifica uma investigação Só quem conhece é capaz de se propor problemas À medida que cresce a ciência que evolui o seu conhecimento com teorias mais amplas cresce também a capacidade de o homem perceber problemas As teorias científicas iluminam o caminho do pesquisa dor A percepção de problemas está diretamente relacionada ao uso de teorias Sem elas ele se torna cego e incapaz de perceber as dificuldades que estão no seu caminho Identificado o problema o investigador começa a conjeturar sobre as possíveis so luções que poderiam explicálo Esse momento depende quase que exclusivamente da competência do investigador do domínio das teorias relacionadas à dúvida da ca pacidade criativa de propor ideias que sirvam de hipóteses de soluções provisórias que deverão ser confrontadas com os dados empíricos por meio de uma testagem Nessa fase os mais diversos fatores poderão influenciálo na produção das explica ções Há dezenas de formas heurísticas Não há um único caminho O domínio do co nhecimento teórico disponível é fundamental e habilita melhor o investigador Não se pode porém afirmar que as hipóteses são deduções logicamente inferidas das teorias 62 capítulo 2 A lógica auxilia o pesquisador a colocar em ordem as ideias mas não pode ser enca rada como instrumento de descoberta A imaginação e a criatividade exercem papel fundamental no processo de elaboração das hipóteses pois é através delas que se rompe a forma usual de perceber as relações que há entre os diferentes fenômenos e se propõe novas relações percebendo novos problemas e novas soluções O contexto de descoberta opera num nível experimental O sistema explicativo forma lizado através das teorias é resultado da tentativa de o pesquisador propor um modelo teórico de uma possível ordem que pode haver por trás dos fenômenos Operar no nível experimental é trabalhar com conjecturas com palpites com suspeitas com hipóteses com pistas que são criadas construídas elaboradas no nível da imaginação que utiliza as crenças e os conhecimentos teóricos já existentes como uma e não única das bases de sustentação dessas possíveis hipóteses O experimento ocorre em primeiro lugar no cérebro do investigador Os passos de uma pesquisa são o resultado de um planejamento elaborado pelo pesquisador para testar hipóteses construídas como so lução de um problema A ciência atual reconhece que não há regras para o contexto de descoberta assim como não há para a arte A atividade do cientista se assemelha à do artista Caminhos os mais variados podem ser seguidos pelos diversos pesquisadores para produzir uma explicação KÖCHE José Carlos Fundamentos de metodologia científica teoria da ciência e prática da pesquisa 19 ed Petrópolis RJ Vozes 1997 p 7172 23 A construção de hipóteses e as questões norteadoras A grosso modo podemos dizer que a hipótese consiste em supor alguma ver dade ou explicação que se busca Falando em linguagem científica a hipótese equivale a suposição posteriormente com provável ou delegável a cerca da verdade ou falsidade dos fatos que se pretende explicar A hipótese pode ser a suposição de uma causa ou de uma lei que visa explicar provisoriamente um capítulo 2 63 fenômeno até que os fatos a venham contradizer ou ratificar Metaforicamente podemos comparar as hipóteses andaimes que desaparecem quando o edifício está pronto finalizado As hipóteses têm uma função prática quando orientam o estudantepes quisador na direção da causa provável ou da lei que se busca ou uma função teórica quando coordenam ou completam os resultados obtidos previamente organizando os em um conjunto completo de fatos e fenômenos com a finali dade de facilitar a sua compreensão e também o estudo realizado A hipótese tem o poder de indicar e iluminar o caminho a ser seguido Demo 2000 p 162 apresenta três tipos de hipótese i um chute preliminar seguindo um faro uma intuição que poderá ser posteriormente comprovado ou rejeitado ii pode orientar o trabalho em uma direção que consideramos promissora permitindo selecionar bibliografia definição da metodologia a ser empregada busca de dados iii aponta para algum problema que gostaríamos de solucionar ou compreender melhor ou seja uma pergunta que merece uma resposta ou um objetivo ainda não explorado Mas como podemos chegar a hipóteses que sejam interessantes e plausí veis Um requisito primordial é algum conhecimento prévio sobre o assunto obtido através de leituras discussões ou participação em eventos acadêmicos que permita o acesso a conceitos e polêmicas que nos auxiliarão na formulação de perguntas e suas possíveis respostas hipóteses Quanto às regras ou caminhos que podemos seguir para obter hipóteses es tes são variáveis porque podemos obter hipóteses por dedução de resultados já conhecidos ou pela experiência Nesse caso as hipóteses são indutivas se a se a suposta causa do fenômeno for um de seus antecedentes que parece apresen tar todas as características de antecedente casual e são analógicas quando ins piradas por certa semelhanças entre o fato ou fenômeno que se quer explicar e outros já previamente conhecido Praticamente podemos afirmar que não há regras claras para descobrir as hipóteses mas há condições que ajudam na descoberta como próprio curso da pesquisa analogia abdução e as reflexões Cabe destacar que apesar da certa facilidade ao elaborar as hipóteses de vemos considerar o que é hipótese não deve contradizer nenhuma verdade já feita ou explicada deve ser simples e deve ser sugerida e verificável pelos fatos jamais inventadas 64 capítulo 2 É impraticável e sobretudo arriscado sair chutando hipóteses de trabalho sem alguma noção do espaço teórico porque podemos estar deixandonos levar por aquilo que con seguimos ver no momento não por aquilo que a discussão já coloca superou acentua Ajuda também o olhar crítico e indagativo sobre a realidade pois quem anda de olhos abertos certamente vê mais e melhor Uma coisa é passar pela vida sem a perceber outra é ficar sempre perguntando por ela seja quando estamos estudando seja quando estamos andando pela rua Por fim ajuda também a imaginação que à falta de relevos os inventa por vezes demais por vezes o suficiente para vermos melhor a imagina ção funciona tanto melhor quanto maior for o interesse e mesmo a paixão pelo tema DEMO 2000 p 162 Com o objetivo de direcionar o esforço e aclarar o tema formulamos hipó teses as quais nos mostram onde queremos chegar o que queremos mostrar testar ou descobrir Uma hipótese aponta uma suspeita um palpite acerca de um dado fenômeno o qual ao longo do percurso pode ser confirmado ou refutado As hipóteses têm relação direta com as perguntas formuladas e defi nem o tema com mais precisão permitindo decisões mais conscientes sobre o que pesquisar o que ler que dados coletar etc Hipóteses mal formuladas ou inexistentes podem levar o pesquisador a se perder no trabalho utilizando seu tempo e esforço de forma improdutiva As hipóteses Não devem contradizer nenhuma verdade já aceita ou explicada Devem ser simples o pesquisador deve selecionar sempre a que lhe parecer menos complicada Deve ser sugerida e verificável pelos fatos 24 Construção da fundamentação teórica Para desenvolver a fundamentação teórica de um trabalho científico não bas ta você simples e despretensiosamente apresenta uma lista de autores para di zer o que foi dito por cada um como uma verdadeira colcha de retalhos ou um capítulo 2 65 mosaico de vidro É indispensável construir uma base teórica significativa que justifique e dê embasamento ao trabalho Mazzotti 1992 aponta os principais tipos de revisão bibliográfica que devem ser evitados em trabalhos científicos sejam eles para fins acadêmicos ou profissionais SUMMA tipo de revisão em que o autor apresenta um resumo de toda a produção científica sobre o tema ARQUEOLÓGICO tipo de revisão muito exaustiva semelhante à anterior distinguindo se desta pela ênfase na visão diacrônica e g se o assunto estiver relacionado com a educação física o autor considera importante recorrer até à Grécia e assim por diante PATCHWORK colagem de conceitos pesquisas e afirmações de diversos autores sem um fio condutor capaz de guiar o leitor Ausência de sistemati zação SUSPENSE não se consegue perceber a ligação dos fatos ou ideias apresen tadas com o tema do estudo ou seja não se consegue perceber aonde é que o autor quer chegar ROCOCÓ utilização de elementos decorativos que tentam atribuir alguma elegância a dados irrelevantes CADERNO B texto que procura tratar os assuntos até os mais complexos de forma ligeira sem aprofundamento COQUETEL TEÓRICO de forma a atender à indisciplina dos dados apelase a todos os autores disponíveis APÊNDICE INÚTIL Depois de apresentar a revisão da literatura nenhuma das pesqui sas ou relações teóricas são utilizadas na interpretação dos dados ou em qualquer outra parte do estudo MONÁSTICO estudos ou trabalhos mortificantes destinados ao silêncio e ao isola mento nunca tendo menos de 300 páginas CRONISTA SOCIAL o autor arranja sempre uma forma de citar quem está na moda seja nacional seja estrangeiro COLONIZADO X XENÓFOBO colonizado baseiase exclusivamente em autores estrangeiros ignorando a produção científica nacional sobre o tema Xenófobo não é utilizado qualquer tipo de literatura estrangeira mesmo quando a produção nacional é insuficiente OFF THE RECORDS tilização de expressões como sabese muitos autores entre ou tras sem existir a possibilidade de confirmar a veracidade dos dados ou ideias apresentadas VENTRÍLOQUO o autor só fala pela boca dos outros e g Segundo Beltrano Fu lano afirma Sucessão monótona de afirmações sem comparações entre elas análises críticas ou tomadas de posição Em um trabalho científico alguns cuidados devem ser tomados no momen to de elaboração e apresentação da revisão da literatura A relação entre as pesquisas citadas Os verbos utilizados pelo autor nas citações 66 capítulo 2 Justificação da presença dos textos citados Explicitar em que momentos somos nós ou outros autores a construir o texto Fazer as referências bibliográficas corretamente Não fazer juízos de valor dos autores e das suas ideias Ser imparcial nas citações dos autores CONEXÃO Leia na íntegra o texto Arevisão da bibliografia em teses e dissertações meus tipos ines quecíveis de Alda Judith AlvesMazzotti httpwwwfccorgbrpesquisapublicacoescp arquivos916pdf 25 Tipos de pesquisa Após analisarmos a estruturação do problema que será tratado durante uma pesquisa é fundamental compreendermos quais são os tipos de pesquisa pos síveis para o tratamento dos problemas científicos Espécies de pesquisa científica Há diversas espécies de pesquisa científica Quando determinado problema é pouco conhecido ou seja quando se pode ainda não foram definidas estamos diante de uma pesquisa exploratória O objetivo da pesquisa exploratória consiste numa caracte rização inicial do problema e sua classificação e de sua definição Constitui o primeiro estágio de toda pesquisa científica e não tem o objetivo de resolver imediatamente o problema mas caracterizálo e apresentálo à comunidade científica A pesquisa teórica tem por objetivo desenvolver generalizações definir leis mais amplas estruturar sistemas e modelos teóricos relacionar hipóteses gerar novas hipóteses por força da dedução lógica Além disso supõe grande capacidade de reflexão e de síntese a par do espírito de criatividade A pesquisa aplicada tomar certas leis ou teorias mais amplas como ponto de partida e tem por objetivo investigar comprovar ou rejeitar hipóteses sugeridas pelos modelos teóricos capítulo 2 67 Dizer que uma pesquisa é bibliográfica descritiva ou experimental não é uma questão meramente de classificação ou uma formalidade no trabalho científico em função de exigências que são encontradas por exemplo nos ma nuais de TCC Trabalho de Conclusão de Curso A necessidade de denominar o tipo de pesquisa que se quer realizar ou de explicitar o tipo de investigação que deu base a um trabalho acadêmico não é apenas protocolar Na verdade definir essa questão é um modo de tornar clara a natureza da pesquisa que foi realizada e de revelar como os objetivos e as metodologias orientaram o traba lho desenvolvido Você precisa perceber que a definição do tipo de pesquisa não é algo gratui to nem uma espécie de rótulo ou etiqueta que se deve colocar no trabalho É importante você lembrar que a pesquisa é uma atividade voltada para a so lução de problemas teóricos ou práticos com o emprego de processos científicos Por isso a pesquisa parte de uma dúvida ou problema e com o uso do método científico busca uma resposta ou solução CERVO BERVIAN 2002 p 63 O interesse ou a curiosidade pelo saber leva então o estudante ou o pes quisador a investigar a realidade sob os mais diversificados aspectos e dimen sões Assim poderá haver investigações abordagens e busca pelo saber com diferentes níveis de aprofundamento e com enfoques específicos de acordo com o que será estudado os objetivos propostos e até mesmo a experiência e qualificação do pesquisador Tudo isso conduz a diferentes tipos de pesquisa CERVO BERVIAN 2002 p 6465 Cervo Bervian p 65 2002 afirmam que cada tipo de pesquisa possui além do núcleo comum de procedimentos suas peculiaridades próprias Em meio à diversidade de tipos de pesquisa os autores chamam a atenção para a distinção entre a pesquisa pura e a pesquisa aplicada A pesquisa pura ou básica tem como meta o saber por meio de uma busca para satisfazer a necessidade intelectual pelo conhecimento A pesquisa apli cada é movida pela necessidade de uma contribuição para fins práticos com busca de soluções para problemas concretos Essas modalidades de pesquisa não seriam excludentes ou opostas já que a pesquisa pura busca a atualiza ção de conhecimentos para tomada de posição enquanto a pesquisa aplicada pretende além disso transformar em ação concreta os resultados de seu tra balho CERVO BERVIAN 2002 p 6465 68 capítulo 2 Essa distinção entre pesquisa pura ou básica e pesquisa aplicada tem o objetivo de mostrar a você uma classificação inicial que pode ser feita indepen dentemente dos vários tipos de pesquisa que serão apresentados a seguir Antes porém de listarmos os tipos de pesquisa convém alertálo sobre o fato de que a classificação que será utilizada aqui é o resultado da síntese dos tipos de pesquisa apresentados em diversos autores que estudam o assunto Ainda que você possa encontrar nos livros e autores de metodologia cien tífica uma classificação relativamente estável sobre os tipos de pesquisa não há exatamente um consenso que estabeleça um número definitivo e uma tipo logia fixa da classificação das pesquisas No entanto é bastante comum se es tabelecer no mínimo três tipos básicos de pesquisa relacionados com o pro cedimento geral da pesquisa a saber bibliográfica descritiva e experimental CERVO BERVIAN 2002 p 65 Quando se amplia a perspectiva dos procedimentos e aspectos relacionados com a pesquisa além da aplicação de diferentes critérios em sua classificação temse um número bem maior de tipos de pesquisa De acordo com alguns autores como Gonsalves 2001 p 64 é possível pro por um quadro de classificação dos tipos de pesquisa a partir de critérios como os objetivos os procedimentos de coleta as fontes de informação e a natureza dos dados Confira uma síntese dessa classificação na tabela a seguir TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO OS OBJETIVOS TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO OS PROCEDIMENTOS DE COLETA TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO AS FONTES DE INFORMAÇÃO TIPOS DE PESQUISA SEGUNDO A NATUREZA DOS DADOS Exploratória Descritiva Experimental Explicativa Experimento Levantamento Estudo de caso Bibliográfica Documental Participativa Campo Laboratório Bibliográfica Documental Quantitativa Qualitativa capítulo 2 69 Acompanhe agora uma breve exposição das características de cada tipo de pesquisa de acordo com os critérios apresentados no quadro anterior 251 Tipos de pesquisa segundo os objetivos Usar os objetivos como critério para identificar o tipo de pesquisa implica in dagar sobre as metas as finalidades e o tipo de resultado esperado Alguns objetivos podem ser considerados mais conceituais outros podem ser mais descritivos GONSALVES 2001 p 65 A classificação a partir dos objetivos da pesquisa pode ser muito proveitosa para estabelecer o marco teórico ou seja para possibilitar uma aproximação conceitual DIEHL TATIN 2004 p 53 Tomando os objetivos gerais como critério de classificação há autores como Gil 1996 que identificam pelo menos dois tipos de pesquisa a exploratória e a descritiva É possível no entanto ampliar essa classificação e incluir a pesquisa experimental e a pesquisa explicativa como fazem outros autores GONSALVES 2001 p 66 Esses quatro tipos de pesquisa não precisam ser entendidos como necessariamente excludentes ainda que apresentem suas distinções Pesquisa exploratória É o tipo de pesquisa que oferece uma aproximação inicial do objeto de estudo visando dar mais familiaridade diante de um fenômeno ou assunto a ser pes quisado ou ainda objetivando uma nova percepção dele ou a descoberta de novas ideias Para Gonsalves 2001 p 65 a pesquisa exploratória tem como caracterís tica o desenvolvimento e esclarecimento de ideias com o objetivo de oferecer uma panorâmica uma primeira aproximação a um determinado fenômeno que é pouco explorado Por isso esse tipo de pesquisa também é denominado pesquisa base já que oferece dados elementares que dão suporte para a rea lização de estudos mais aprofundados sobre o tema Diehl Tatin 2004 p 5354 definem a pesquisa exploratória como aquela que proporciona maior familiaridade com o problema com vistas a tornálo mais explícito ou a construir hipóteses Eles identificam alguns procedimen tos comuns a esse tipo de pesquisa como o levantamento bibliográfico a re alização de entrevistas com pessoas que possuem experiência prática com o problema pesquisado e a análise de exemplos que estimulem a compreensão 70 capítulo 2 De acordo com Diehl Tatin 2004 p 54 dois exemplos de pesquisa explo ratória seriam 1 Estudo comparativo da forma tributária do imposto de renda das pessoas jurídicas e 2 Análise da capacidade de transferência das estraté gias e comunicações do mercado doméstico para os mercados externos A pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação e quer des cobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma Essa pesquisa requer um planejamento bastante flexível para possibilitar a con sideração dos mais diversos aspectos de um problema ou de uma situação Recomendase o estudo exploratório quando há pouco conhecimento sobre o problema a ser estudado CERVO BERVIAN 2002 p 65 Pesquisa Descritiva A pesquisa descritiva voltase para o levantamento das características de um objeto de estudo Ela pode ser definida como a pesquisa que observa registra analisa e correlaciona fatos ou fenômenos variáveis sem manipulálos É um tipo de pesquisa que procura descobrir com a precisão possível a frequência com que um fenômeno ocorre sua relação e conexão com outros sua natureza e características CERVO BERVIAN 2002 p 66 Para Diehl Tatin 2004 p 5354 a pesquisa descritiva objetiva a descri ção das características de determinada população ou fenômeno ou então o es tabelecimento de relações entre variáveis Uma das características principais desse tipo de pesquisa seria a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados tais como questionário e observação sistemática Podese dizer que a pesquisa descritiva em suas diversas formas trabalha sobre dados e fatos colhidos da própria realidade CERVO BERVIAN 2002 p 67 De acordo com Diehl Tatin 2004 p 54 dois exemplos de pesquisa descri tiva seriam 1 Auditoria contábil do balanço patrimonial da empresa X e 2 Levantamento sobre o clima organizacional Gonsalves 2001 p 65 classifica como pesquisa descritiva aquelas que atualizam as características de um grupo social nível de atendimento do sis tema educacional como também aquelas que pretendem descobrir a existên cia de relações entre variáveis Esse tipo de pesquisa não estaria interessado no porquê nas fontes do fenômeno mas estaria preocupado em apresentar suas características capítulo 2 71 Pesquisa Experimental A pesquisa experimental está voltada para a experimentação ou verificação de um fenômeno ou de fatos que podem ser reproduzidos de forma controlada a fim de se evidenciar as relações entre os fatos e as teorias Esse tipo de pes quisa implica a observação sistemática dos resultados para estabelecer corre lações entre os efeitos e as suas causas GONSALVES 2001 p 66 Para Cervo e Bervian 2002 p 68 a pesquisa experimental apresenta como característica a manipulação direta das variáveis relacionadas com o objeto de estudo Essa manipulação das variáveis possibilita o estudo da relação en tre causas e efeitos de um determinado fenômeno Assim a pesquisa experi mental por meio da interferência direta na realidade em função da manipula ção de variáveis procura dizer de que modo ou por que causas o fenômeno é produzido Pesquisa Explicativa A pesquisa explicativa procura identificar os fatores que contribuem para ocor rência de desenvolvimento de um determinado fenômeno Buscamse aqui as fontes as razões das coisas GONSALVES 2001 p 66 Apesar de alguns auto res fazerem essa distinção entre a pesquisa explicativa e as demais em função de prevalecer a explicação da causa ou da razão de determinado fenômeno é preciso dizer que toda pesquisa comporta algum grau de explicação Daí que a pesquisa explicativa pode conviver com os tipos de pesquisa já apresentados 252 Tipos de pesquisa segundo os procedimentos de coleta e as fontes de informação Esta classificação está relacionada com as fontes e o procedimento metodoló gico utilizado na coleta Diz respeito às questões que envolvem a previsão e o modo de coleta de dados além da interpretação dos dados Para alguns autores como Diehl Tatin 2004 p 58 tomando como prin cipal elemento de identificação a coleta de dados podemse definir dois gran des grupos de pesquisa aquelas que se valem das chamadas fontes de papel e aquelas cujos dados são fornecidos por pessoas Se ampliarmos a compre ensão das fontes para os suportes materiais que vão além do papel como os 72 capítulo 2 suportes digitais e para os laboratórios ou experimentos teremos então os se guintes tipos de pesquisa de acordo com as fontes de informação pesquisa de campo de laboratório bibliográfica e documental A natureza das fontes de informação Em relação à natureza das fontes a pesquisa de campo é aquela que bus ca a informação diretamente com a população pesquisada exigindo do pes quisador o deslocamento até o espaço onde o fenômeno ocorre ou ocorreu GONSALVES 2001 p 66 PESQUISA DE LABORATÓRIO referese à fonte obtida em experimentos ou procedimentos desenvolvidos em laboratório PESQUISA BIBLIOGRÁFICA corresponde à natureza da fonte que se caracteriza por ma teriais elaborados por diversos autores consistindo em livros teses enciclopédias almanaques dicionários revistas e arti gos científicos seja no suporte impresso ou digital PESQUISA DOCUMENTAL referese à fonte que consiste em materiais que não receberam tratamento analítico ou ainda podem ser reelaborados de acordo com o objetivo do trabalho DIEHL TATIN 2004 p 59 Con forme Severino 2007 p 122 a fonte documental não se limita aos documentos impressos mas incluem jornais fotos filmes gravações documentos legais que ainda não tiveram nenhum tratamento analítico e que são matériaprima a partir da qual o pesquisador vai desenvolver sua investigação e análise E se deve acrescentar que boa parte dos documentos hoje está disponível em meios eletrônicos podendo ser acessada pela Internet Após considerar a natureza das fontes nesses quatro tipos de pesquisa apresentados você deve atentar para os tipos de pesquisa levando em conta o critério procedimentos de coleta ou seja a metodologia envolvida na coleta dos dados a partir das fontes mencionadas Note que alguns tipos de pesquisa capítulo 2 73 têm denominações coincidentes pois se utiliza a mesma designação para a na tureza da fonte e o tipo de procedimento na coleta de dados Os procedimentos de coleta Em relação aos procedimentos de coleta você encontra os seguintes tipos de pesquisa bibliográfica documental experimento levantamento estudo de caso e participativa a Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica em relação aos procedimentos de coleta caracte rizase pela metodologia que elege a fonte bibliográfica como recurso para ex plicar um problema conhecer e analisar as contribuições sobre determinando assunto ou dominar o estado da arte sobre um tema Embora quase todas as pesquisas impliquem estudos e trabalhos que envolvam o uso de uma bibliografia há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas DIEHL TATIN 2004 p 58 Assim é apropriado denomi nar uma pesquisa como bibliográfica quando os estudos análises e procedimen tos metodológicos estão predominantemente circunscritos à fonte bibliográfica b Pesquisa documental A pesquisa documental em relação aos procedimentos de coleta é assim denominada quando os estudos as investigações as análises e os procedimen tos metodológicos estão predominantemente circunscritos à fonte documen tal ou seja a documentos c Pesquisa de levantamento A pesquisa de levantamento é assim classificada em relação aos procedi mentos de coleta tendo alguma correspondência com a pesquisa de campo tipo de pesquisa relacionado com a natureza da fonte A pesquisa de levanta mento pode ser caracterizada pelo questionamento direto das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer O procedimento se dá pela solicitação de informações a um grupo significativo de indivíduos acerca do problema es tudado para em seguida mediante análise quantitativa obterse as conclusões correspondentes aos dados coletados DIEHL TATIN 2004 p 59 74 capítulo 2 Se o levantamento é feito recolhendose informações de todos os integran tes do universo pesquisado temse um censo O censo pode ser muito útil pois oferece informações gerais sobre as populações trazendo grande contribuição por exemplo para as investigações sociais DIEHL TATIN 2004 p 59 Como vantagens da pesquisa de levantamento Diehl Tatin 2004 p 59 enu meram conhecimento direto da realidade economia e rapidez e possibilidade de quantificação Como limitações apontam ênfase nos aspectos perceptivos redu zida profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais e limitada apreen são do processo de mudança Assim os levantamentos seriam mais adequados para estudos descritivos sendo indicados para o estudo de opiniões e atitudes mas pouco úteis no estudo de problemas que se referem a relações e estruturas sociais complexas Como temas e exemplos desse tipo de pesquisa enumeram 1 Perfil dos escritórios de contabilidade da região X 2 Pesquisa mercadológi ca para telefonia móvel celular d Pesquisa estudo de caso Estudo de caso é o tipo de pesquisa que se volta para um caso particular uma unidade significativa considerada suficiente para análise de um fenôme no GONSALVES 2001 p 66 É caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos obje tos de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento tarefa que pode ficar inviável utilizandose outros tipos de procedimentos Como método de pesquisa por exemplo na área das ciências sociais aplicadas o estudo de caso pode ser definido como um conjunto de dados que descrevem uma fase ou a totalidade do processo social de uma unidade em suas diversas relações internas e em suas fixações culturais quer essa unidade seja uma pessoa uma família um profissional uma instituição social uma comunidade ou uma na ção DIEHL TATIN 2004 p 59 Como vantagens do estudo de caso Diehl Tatin 2004 p 59 enumeram o estímulo a novas descobertas a ênfase na totalidade e a simplicidade dos procedimentos Como limitação apontam dificuldade de generalização dos resultados obtidos Como temas e exemplos desse tipo de pesquisa enume ram pelo menos dois exemplos 1 Influência da política de administração de recursos humanos sobre o nível de satisfação do quadro funcional da empresa X 2 Cultura organizacional e perfil gerencial na empresa X capítulo 2 75 e Pesquisa participativa Pode ser entendida como a pesquisa que propõe a efetiva participação da população pesquisada no processo de geração de conhecimento que é consi derado um processo formativo GONSALVES 2001 p 67 A pesquisa participante e a pesquisaação seriam integrantes dessa moda lidade de pesquisa Alguns autores fazem uma distinção entre esses dois tipos de pesquisa A pesquisaação seria uma pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e na qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de forma cooperativa ou partici pativa DIEHL TATIN 2004 p 62 A pesquisa participante também se caracteriza pela interação entre os pes quisadores e os membros das situações investigadas Além disso ela se mos tra bastante comprometida com a minimização da relação entre dirigentes e dirigidos e por essa razão temse voltado notadamente para a investigação junto a grupos desfavorecidos tais como os constituídos por operários campo neses índios etc DIEHL TATIN 2004 p 62 f Pesquisa experimento A pesquisa experimento é assim classificada em relação aos procedimentos de coleta e corresponde à pesquisa de laboratório tipo de pesquisa relaciona do com a natureza da fonte Isso quer dizer que pesquisas de natureza experi mental costumam acontecer no contexto de laboratório A pesquisa experimento pode ser entendida como o tipo de pesquisa que se vale do uso de aparelhos e de instrumentos graças aos diversos recursos tecno lógicos ou de procedimentos apropriados e capazes de tornar perceptíveis as relações existentes entre as variáveis envolvidas no objeto de estudo CERVO BERVIAN 2002 p 68 Na área das ciências sociais aplicadas a pesquisa experimento encontraria correspondência na chamada pesquisa expostfacto designação usada por al guns autores para se referir a um experimento que se realiza depois dos fa tos Para Diehl Tatin 2004 p 59 nesse caso não se trata rigorosamente de um experimento posto que o pesquisador não tem controle sobre as variáveis No entanto os procedimentos lógicos de delineamento expostfacto são 76 capítulo 2 semelhantes aos dos experimentos propriamente ditos Assim esse tipo de pesquisa tomaria como experimentais situações que se desenvolveram natu ralmente e trabalhase sobre elas como se estivessem submetidas a controles 253 Tipos de pesquisa segundo a natureza dos dados ou abordagem do problema A partir da natureza dos dados obtidos nos procedimentos de coleta e da forma pela qual se faz a abordagem do problema que é o objeto de estudo temse a pesquisa qualitativa ou a pesquisa quantitativa Esses dois tipos de pesquisa geralmente recebem um tratamento dicotô mico Ainda que apresentem diferentes ênfases e abordagens há autores que preferem vislumbrar a possibilidade de o pesquisador lançar mão de um trata mento tanto qualitativo quanto quantitativo em relação à natureza dos dados e à abordagem que será feita Pesquisa quantitativa A pesquisa quantitativa remete ao uso da quantificação na coleta e no trata mento de dados ou informações valendose de técnicas estatísticas percen tual média desviopadrão coeficiente de correlação análise de regressão etc com o objetivo de alcançar resultados e evitar distorções de análise e de inter pretação possibilitando uma margem de segurança maior quanto às inferên cias e conclusões DIEHL TATIN 2004 p 51 A pesquisa quantitativa corresponde então à explanação das causa valen dose de medidas objetivas testando hipóteses utilizandose basicamente da estatística Alguns autores e pesquisadores no entanto criticam o uso inade quado da abordagem quantitativa em pesquisas na área das ciências humanas ou sociais afirmando que acaba se transformando a vida social em números GONSALVES 2001 p 68 Diehl Tatin 2004 p 51 identificam alguns tipos de pesquisas com abor dagem quantitativa nos estudos de correlação de variáveis os quais por meio de técnicas estatísticas de correlação procuram especificar seu grau de rela ção e o modo como estão operando podendo também indicar possíveis fato res causais a serem testados em estudos experimentais Os estudos compa rativos causais também se enquadrariam nas pesquisas quantitativas pois o capítulo 2 77 pesquisador parte dos efeitos observados para descobrir seus antecedentes Como exemplos de pesquisa quantitativa Diehl Tatin 2004 p 51 citam dois exemplos 1 Custo agrícola nas culturas de soja e milho 2 Estudo da viabi lidade econômicofinanceira da implantação de um indústria de compotas Pesquisa qualitativa A pesquisa qualitativa é uma abordagem que está voltada para a compreensão e a interpretação do fenômeno os dos dados obtidos considerando o significado que os outros atribuem às suas práticas GONSALVES 2001 p 68 Na pesquisa qualitativa é possível descrever a complexidade de determinado problema e a interação de certas variáveis Podese compreender e classificar os processos dinâmicos vividos por grupos sociais contribuir no processo de mudança de dado grupo e possibilitar em maior nível de profundidade o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos DIEHL TATIN 2004 p 52 De acordo com Patrício et al apud DIEHL TATIN 2004 p 52 as princi pais características das pesquisas qualitativas são a a coleta dos dados é realizada preferencialmente nos contexto em que os fenômenos são construídos b os dados são analisados de preferência durante o próprio levantamen to deles c os estudos são em forma descritiva com ênfase na compreensão e na interpretação a partir dos significados dos próprios sujeitos e de outras refe rências afins da literatura d a teoria é elaborada por meio de dados empíricos a fim de ser aper feiçoada com a leitura de outros autores no entanto os estudos qualitativos podem partir de categorias preexistentes e é fundamental a interação entre pesquisador e pesquisado o que requer o aperfeiçoamento de habilidades comunicacionais por parte do pesquisador f os modelos qualitativo e quantitativo podem ser complementares pois é possível uma integração entre dados qualitativos e quantitativos 78 capítulo 2 ATIVIDADES 01 Dê algumas razões pelas quais se justifica estabelecer o tipo de pesquisa num projeto ou trabalho de investigação científica 02 Como você distingue a pesquisa quantitativa da pesquisa qualitativa Por que seria pos sível a complementaridade entre essas duas modalidades de pesquisa REFLEXÃO Você viu neste capítulo que a pesquisa pode assumir diversas formas e tipos a partir dos objetivos dos procedimentos das fontes e das abordagens da investigação que será rea lizada Estabelecer o tipo de pesquisa que se vai desenvolver no entanto pode ser mera formalidade se a preocupação for apenas denominar ou rotular o trabalho tornandose algo despropositado Definir o tipo de pesquisa deve ser na verdade um modo de se certificar a respeito das abordagens dos enfoques dos níveis de aprofundamento dos objetivos e das metodologias da nossa pesquisa tornando explícitos os procedimentos e a modalidade do nosso trabalho LEITURA MAZOTTI Alda Judith Alves A revisão da bibliografia em teses e dissertações meus tipos inesquecíveis Cadernos de Pesquisa São Paulo n81 maio de 1992 pp 5360 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROSAidil Jesus da Silveira LEHFELD Neide Aparecida de Souza Fundamentos da metodologia científica 3 ed São Paulo Pearson 2007 CASTRO Claudio de Moura A prática da pesquisa 2 ed São Paulo Pearson 2006 CERVO Amado L BERVIAN Pedro A Metodologia científica 5 ed São Paulo Prentice Hall 2002 DEMO Pedro Metodologia do conhecimento científico São Paulo Editora Atlas 2000 DIEHL Astor A TATIN Denise C Pesquisa em ciências sociais aplicadas métodos e técnicas São Paulo Prentice Hall 2004 capítulo 2 79 GIL Antonio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed São Paulo Atlas 2004 GONSALVES Elisa P Iniciação à pesquisa científica São Paulo Alínea Editora 2001 KERLINGER F N Metodologia da pesquisa em ciências sociais um tratamento conceitual São Paulo EPUEDUSP 1980 KÖCHE José Carlos Fundamentos de metodologia científica teoria da ciência e prática da pesquisa 19 ed PetrópolisRJ Vozes 1997 LAVILLE Christian DIONNE Jean A construção do saber manual de metodologia em ciências humanas Porto Alegre ArtmedEditora da UFMG 1999 MAZOTTI Alda Judith Alves A revisão da bibliografia em teses e dissertações meus tipos inesquecíveis Cadernos de Pesquisa São Paulo n81 maio de 1992 pp 5360 NASCIMENTO Dinalva M Metodologia do trabalho científico Rio de Janeiro Forense 2005 SEVERINO Antônio Joaquim Metodologia do trabalho científico 23 ed São Paulo Cortez 2007 3 A Redação Científica 82 capítulo 3 É comum os estudantes de graduação e pósgraduação confessarem certo desconforto diante dos aspectos formais de uma pesquisa Discutem sobre a obrigação de seguir a risca tantas normas ao elaborarem seus trabalhos Os aspectos formais da liguagem tornamse uma séria dificuldade que em al guns casos se transforma num obstáculo quase intransponível Mas é preciso entender que a normalização e as estruturas até certo ponto rígidas do tra balho acadêmico e científico se justificam pela necessidade de tornar clara objetiva e rigorosa a pesquisa e também a sua apresentação Por isso neste capítulo você vai estudar aspectos da linguagem do texto científico os ele mentos que compõem a estrutura da pesquisa e sua apresentação OBJETIVOS Conhecer aspectos formais e estruturais da elaboração e apresentação da pesquisa Compreender a linguagem da pesquisa e da comunidade acadêmicocientífica Analisar as principais características da redação científica capítulo 3 83 31 A linguagem da pesquisa Ao realizarmos uma pesquisa nos valemos de fontes de informação que mui tas vezes se encontram em livros teses e artigos A leitura desses textos revela uma linguagem própria do meio acadêmicocientífico marcada por maior ob jetividade precisão rigor e complexidade Para alguns estudantes esse tipo de linguagem causa certo estranhamento e se constitui até mesmo em desafio para a compreensão mais rápida e fácil das ideias do autor Mas deixando de lado certos exageros de formalismo e o academicismo de alguns autores é preciso compreender que a linguagem e o formato dos textos acadêmicos e científicos seguem um propósito não sendo simplesmente um capricho ou pedantismo de intelectuais As ideias originais de um autor as propostas que nascem de profundas re flexões ou as conclusões de uma pesquisa desenvolvida por um estudante não se destinam a princípio à comunicação informal de um batepapo ao texto descomprometido de um blog pessoal ou a ficarem guardadas em nossa estan te particular ou em alguma pasta de arquivos perdida de nosso computador O que produzimos a partir de uma pesquisa é comunicado em livros teses monografias ou artigos Esses textos portanto possuem uma linguagem e for mato próprios Isso se deve pelo menos a três aspectos ou razões presentes no texto acadêmico a Tratam de um tipo de saber específico O saber de que esses textos tra tam é o conhecimento científico que possui linguagem e método distintos de textos que lidam com algum assunto a partir de abordagens do senso comum da religião ou mesmo da linguagem jornalística b Destinamse a uma comunidade de leitores com características pró prias São textos que se destinam à comunidade científica a estudantes que buscam o conhecimento rigoroso e científico ou a leitores que têm expectativas em relação ao aprofundamento de um tema c Respondem a funções ou objetivos próprios São textos que respondem à função de divulgação e aceso da produção acadêmicocientífica e ao objetivo de contribuir para o conhecimento a discussão a crítica a reflexão e a reelabo ração do pensamento científico 84 capítulo 3 Tudo isso aponta para a necessidade de uma linguagem apropriada na pro dução e comunicação do conhecimento Tomanik 2004 p 116 lembra que a linguagem da pesquisa deve ser mais estável mais fria e disciplinada para garantir a qualidade de sua comunicação normalmente baseada em informa ções mais claras e precisas do que as da comunicação cotidiana Por isso um passo importante na elaboração e apresentação dos resultados ou do texto da pesquisa diz respeito à adequação da linguagem empregada Você precisa considerar duas perguntas básicas ao comunicar os resulta dos de sua pesquisa e ao elaborar o texto de seu artigo ou sua monografia 1 Para quem estou escrevendo 2 Por que estou escrevendo A partir dessas indagações você deve levar em conta algumas considerações pertinentes baseadas nas reflexões de Tomanik 2004 p 127132 a Não escrever para você mesmo b A avaliação do texto deve ser feita por membros do grupo a qual ele se destina pois o autor ou quem está escrevendo não é o melhor crítico de sua obra c É preciso ter certeza de que você conhece os termos que está utili zando que as palavras que utiliza não são apenas enfeites aparência de conhecimento d Você deve ter cuidado com a clareza das frases que elabora além de evi tar conceitos sobre os quais não tenha domínio especialmente aqueles de sua própria área e É prudente não alterar termos ou trocar palavras aleatoriamente pois a mudança de uma palavra na definição de um conceito pode alterar substan cialmente seu significado f Manter a preocupação com a clareza pode evitar a elaboração de textos pretensiosos e fúteis em que a pobreza de conteúdo procura se ocultar sob a forma de um discurso rebuscado e hermético TOMANIK 2004 p 127132 Após essas ponderações é bom considerar outra pergunta que deve nortear a produção acadêmica e científica em qual veículo será divulgada ou publicada minha pesquisa capítulo 3 85 Essa pergunta remete às normas técnicas e editoriais das revistas ou dos periódicos aos regulamentos dos programas de PósGraduação ou aos manu ais de TCC dos cursos de Graduação Isso quer dizer que a comunicação dos resultados da pesquisa deve se sujeitar às orientações e normas do veículo ou da instituição aos quais se destina o trabalho de pesquisa Essa constatação aponta para a necessidade de elaborar a pesquisa dentro dos parâmetros da redação científica 32 A Redação Científica As características da redação científica devem estar presentes tanto no texto do projeto de pesquisa quanto na própria comunicação dos resultados da pesqui sa seja na forma de relatório artigo ou monografia A linguagem da redação científica deve ser lógica objetiva direta clara correta imparcial concisa e impessoal O vocabulário deve ser adequado ao contexto acadêmico e particularmente à área de conhecimento da pesquisa Entre essas características vale a pena explicar e exemplificar algumas delas 321 Impessoalidade A impessoalidade não deve ser confundida com falta de envolvimento do pes quisador ou com indiferença A impessoalidade na linguagem corresponde ao caráter impessoal que deve predominar no trabalho científico embora elemen tos de subjetividade não estejam de todo ausentes no processo Por isso recomendase redigir os textos do trabalho científico na terceira pes soa evitando as referências pessoais como meu artigo meu relatório ou minha monografia Nesses casos são mais apropriadas expressões como o presente ar tigo este relatório ou esta monografia Isso no entanto não quer dizer que você deve deixar de assumir a autoria de ideias originais argumentos inovadores ou teses polêmicas quando necessário Outra recomendação é evitar o uso do pronome nós para indicar impessoalidade embora essa construção acabe apare cendo quando se trata de marcar os resultados obtidos pessoalmente com uma pesquisa somos de opinião que julgamos que chegamos à conclusão de que deduzimos que etc CERVO BERVIAN 2007 p 129 86 capítulo 3 322 Objetividade A objetividade característica fundamental da redação científica é resultado da própria natureza da ciência Assim como a linguagem impessoal a objeti vidade na linguagem deve evitar no discurso científico pontos de vista pesso ais que deixem transparecer impressões subjetivas não fundadas sobre dados concretos Por isso expressões como eu penso pareceme parece ser e ou tras violam frequentemente o princípio da objetividade indicando raciocínio subjetivo Do mesmo modo é preciso evitar as palavras que dão margem a in terpretações subjetivas CERVO BERVIAN 2007 p 129 Para ilustrar características da linguagem científica como a objetividade a precisão e a isenção de qualquer ambiguidade Cervo Bervian 2002 p 129 oferecem os seguintes exemplos Linguagem subjetiva a sala estava suja Linguagem objetiva o entrevistado enquanto falava deixou cair as cinzas do seu ci garro no chão Viamse restos de cigarros apagados e fragmentos de papel pelo chão Linguagem subjetiva a sala era grande e espaçosa Linguagem objetiva a sala media 12 m de comprimento e 8 m de largura 323 Clareza A clareza é indispensável na organização das ideias ao longo da pesquisa e se tor na a primeira condição para uma boa redação científica É preciso exprimir clara e organizadamente o pensamento considerando que para isso é necessário ter assimilado o assunto em todas as suas dimensões em seu conjunto como tam bém em cada uma de suas partes ou dificuldades Desse modo pensamento e expressão são interdependentes ninguém pode exprimir em termos claros uma ideia ainda confusa em sua mente CERVO BERVIAN 2007 p 129 Quando for redigir a comunicação ou apresentação da sua pesquisa lembre que tudo que for escrito deve ser perfeitamente compreensível pelo leitor ou seja este não deve ter nenhuma dificuldade para entender o texto Para que isso ocorra uma boa recomendação é você ler cuidadosamente o que escreveu como se fosse o próprio leitor capítulo 3 87 324 Precisão A linguagem científica deve ser informativa e técnica distinguindose da lin guagem coloquial e da literária A escrita científica afastase do discurso retó rico que pretende persuadir por meio da atuação sobre a vontade das pessoas como por exemplos os textos publicitários e do discurso com função expres siva que se caracteriza pela subjetividade e demonstração de aspectos pesso ais Por isso a linguagem científica é firmada em dados concretos a partir dos quais analisa compara e sintetiza argumenta induz ou deduz e conclui Em vez de subjetiva e persuasiva ela é objetiva e apoiase em argumentos de ordem cognoscitiva e racional CERVO BERVIAN 2007 p 131 Essas observações devem levar você a perceber que a linguagem científica deve ser caracterizada pela precisão As palavras as figuras os gráficos as tabelas entre outros elementos devem ser precisos e interpretados pelo leitor sem dificuldades 325 Modéstia e cortesia A modéstia também deve acompanhar os trabalhos científicos já que ao adqui rir conhecimentos profundos no setor de seu estudo específico o pesquisador não deve transmitilos com ares de autoridade absoluta Na realidade a pesqui sa deve se impor por si mesma Assim a linguagem deve se limitar à descrição dos passos da pesquisa e à transmissão de seus resultados testemunhando intrinsecamente a modéstia e a cortesia essenciais a um bom trabalho A finalidade da pesquisa é expressar e não impressionar Para sintetizar as observações sobre a linguagem científica vale a pena conferir o qua dro que Cervo Bervian 2007 p 133 propõem A linguagem científica Exigências Deformações Impessoal Pessoal Objetiva Subjetiva ambígua Modesta e cortês Arrogante dogmática Informativa Persuasiva expressiva Clara e distinta Confusa equívoca 88 capítulo 3 A linguagem científica Exigências Deformações Própria ou concreta Figurada Técnica Comum Frases simples e curtas Frases longas e complexas 33 A leitura condição indispensável para os trabalhos acadêmicos Na vida acadêmica e na pesquisa científica a leitura é uma atividade indispen sável A leitura é uma técnica que ajuda na organização do saber universalmen te acumulado e dos estudos realizados É também uma atividade de reflexão e de reelaboração de ideias e de saberes Sem leitura não se faz pesquisa pois tudo começa com a leitura e fazer pesquisa pressupõe leitura leitura leitura NASCIMENTO 2005 p 29 Se você estiver convencido da importância da leitura que não deve ser es porádica ou eventual então precisa saber que a leitura cumpre propósitos dife rentes em relação aos trabalhos acadêmicos Isso implica dizer que é possível identificar alguns tipos de leitura em função dos objetivos ou propósitos no processo de construção do conhecimento e de realização de uma pesquisa A leitura de reconhecimento é o primeiro tipo de leitura que você deve consi derar aqui Ela é uma leitura realizada pelo estudante ou pesquisador para fa zer os primeiros contatos selecionar tomar decisões NASCIMENTO 2005 p 29 Essa leitura também é denominada leitura seletiva É a leitura que leva ao reconhecimento do terreno sendo uma forma de mapear inicialmente as possibilidades ou indicações de leituras posteriores e mais aprofundadas Desse modo a leitura de reconhecimento é como uma panorâmica das possibilidades de leituras que você tem diante de si É uma leitura fragmentada de informações e trechos de vários documentos ou livros a fim de selecionar ou definir quais textos merecerão realmente uma leitura cuidadosa e extensa capítulo 3 89 A leitura de reconhecimento ou leitura seletiva é então uma estratégia para lidar com a diversidade de informações e as variadas possibilidades de leitura que surgem diante do tema que você escolheu para estudar ou pesquisar Tratase desse modo de uma situação na qual você precisa decidir sobre a leitura apurada de um livro ponderar se ele vai ajudar ou não no tema a ser pesquisado escolher quais livros você vai tomar emprestado da biblioteca quais títulos você vai comprar numa livraria ou na Internet diante da escassez de recursos ou quais arquivos você vai baixar e imprimir para ler com calma e atenção NASCIMENTO 2005 p 29 Na leitura de reconhecimento não há tempo para se alongar no exame dos textos Tratase de uma leitura para orientar escolhas de obras e fontes que serão examinadas com mais tempo posteriormente Assim podem ser muito úteis as recomendações a seguir a Observe a capa e a contracapa pois elas dizem bastante do livro em alguns casos chega a existir nestes espaços um rápido comentário sobre os ob jetivos da obra e o modo como ela foi construída NASCIMENTO 2005 p 29 b A orelha do livro também pode trazer indicações e elementos importan tes sobre o texto c O índice ou sumário podem ajudar também revelando os tópicos trata dos na obra e até alguns aspectos teóricos e metodológicos d Se os elementos anteriores não forem suficientes para uma visão da obra e decisão sobre sua leitura integral ou não faça uma leitura da introdu ção e conclusão porque elas contemplam em destaque os elementos mais es clarecedores da obra consultada NASCIMENTO 2005 p 30 e No caso de artigos publicados em revistas impressas ou eletrônicas leia atentamente o resumo e confira o editorial da revista procurando informa ções sobre o artigo que possa lhe interessar Levem em conta que essas recomendações se aplicam à leitura de reconheci mento ou seletiva com o objetivo de definir quais obras ou textos serão lidos inte gralmente Na verdade a leitura de reconhecimento é uma leitura superficial ape sar de ajudar na aproximação e conhecimento da obra mesmo sem se aprofundar em sua leitura Por isso como a superficialidade não deve ser a tônica de nenhu ma investigação científica é importante a realização de um outro tipo de leitura no processo de aquisição e apropriação de saber NASCIMENTO 2005 p 30 90 capítulo 3 A leitura analítica é o passo seguinte A leitura analítica se caracteriza pelo detalhamento e pela busca dos elemen tos mais significativos do texto O objetivo da leitura analítica deve ser a seleção dos aspectos mais importantes da obra que auxiliarão no processo de apropria ção do saber historicamente acumulado NASCIMENTO 2005 p 30 Mais adiante você poderá verificar que o resumo e o fichamento contri buem para a realização da leitura analítica e o registro de seus resultados A leitura crítica é outra face do trabalho de compreensão de uma obra ou um texto A leitura crítica parte do pressuposto de que para a elaboração de um tra balho se faz essencial não apenas a tomada de posse das ideias contidas nas obras lidas mas que também implica acrescentar ao conhecimento existente a contribuição daquele que produz uma obra nova Isso quer dizer que é ne cessária a reflexão crítica e pessoal a partir do que foi lido e trabalhado na fase preparatória da investigação NASCIMENTO 2005 p 30 Essa leitura crítica pode contribuir bastante para a fundamentação do trabalho que será realizado A resenha é uma modalidade de trabalho acadêmico que se vale principalmen te da leitura crítica Cervo Bervian 2002 p 9899 se referem a essa última etapa usando a de signação leitura interpretativa A leitura interpretativa implicaria três tipos de julgamento a partir da obra ou texto lido O primeiro julgamento levaria em conta as intenções do autor e o tema do texto para saber o que realmente o autor afirma e quais as informações e contri buições que ele oferece Essa postura consistiria então numa crítica objetiva das hipóteses teses e conclusões do autor a fim de se ter uma base para o traba lho que será desenvolvido O segundo julgamento seria a partir da relação entre o que o autor afirma e os problemas da pesquisa ou do trabalho O julgamento das ideias do livro ou do texto é feito em função dos propósitos do pesquisador para que seja aplica do no encaminhamento dos problemas propostos na pesquisa O terceiro julgamento é feito em função do critério de verdade ou seja o leitor ou pesquisador deve ter uma dúvida metódica que o leve a lidar com toda afirmação que carece de provas como algo provisório e um ponto de referência nunca como uma conclusão definitiva capítulo 3 91 A análise e o julgamento a partir da leitura devem conduzir então ao traba lho de síntese e de aplicação das ideias que se mostrarem válidas e úteis para o desenvolvimento da pesquisa ou do trabalho acadêmico Após essas observações sobre a leitura é oportuno tratar dos tipos de traba lhos acadêmicos Como selecionar o que ler O título de um livro é a primeira informação que temos sobre o seu conteúdo todavia não deve ser o único critério de escolha para sua leitura Devemos examinar detalha damente o livro com título interessa à primeira vista devemos verificar nome do autor analisar o seu currículo ler a orelha do livro o índice analisar a documentação e as citações ao pé das páginas utilizada para a elaboração do livro assim como verificar a editora a data a edição ele rapidamente o prefácio A convergência de alimentos ajuda a selecionar o que ler Todo estudante deveria interessar se pela construção de uma pequena biblioteca pes soal de obras selecionadas os livros são sua ferramenta de trabalho a partir do momen to que desejam elaborar uma pesquisa O primeiro passo é de crise os livros citados pelos professores como indispensáveis ou fundamentais para determinadas disciplinas de seu curso em seguida as obras mais amplas e mais especializadas dentro da área profissional ou do interesse particular de cada um RUIZ 2008 34 Fichamento Os fichamentos podem ser um excelente recurso para não se perder os dados bibliográficos as anotações de aula ou os apontamentos decorrentes de uma leitura Os dados bibliográficos as anotações e os apontamentos contidos num fi chamento são como uma memória exterior pois quando bem organizados eles até podem se constituir em uma minibiblioteca para uso pessoal CERVO BERVIAN 2002 p 92 Com os editores de texto e os recursos presentes num computador ou ta blet o fichamento pode ganhar versatilidade e se tornar muito mais disponível para consulta 92 capítulo 3 Ao realizar um fichamento elaborando e registrando as anotações apon tamentos e dados sempre considere a necessidade de precisão e clareza pois ao voltar aos registros tempos depois é preciso reconhecer o sentido e a valida de do que foi escrito mesmo diante do esquecimento natural decorrente do tempo Leve em conta que os apontamentos e as anotações de uma leitura devem conter dados que permitam encontrar ou acessar rapidamente a fonte original Também é imprescindível realizar as anotações e os apontamentos a partir da distinção entre o que é essencial e o que é acessório Os fichamentos devem apresentar ideias gerais mais do que ideias ou detalhes particulares que podem ser conferidos no acesso à fonte ou ao texto original SALVADOR 1970 apud CERVO BERVIAN 2002 p 93 Confira mais algumas dicas baseadas em outras recomendações feitas por Cervo Bervian 2002 p 9394 a Procure aproveitar no seu fichamento as anotações e dados que real mente importam ao seu trabalho ou pesquisa b Registre aquilo que pode contribuir para o encaminhamento de seu problema de pesquisa c Não seja precipitado e ansioso na anotação de dados e apontamentos na leitura de um livro d Procure percorrer toda parte de um texto para evitar anotações de da dos que são irrelevantes ou que serão desenvolvidos mais adiante e Anote as páginas ou endereços eletrônicos correspondentes às infor mações que você registra f Para que você não corra o risco de cometer plágio coloque sempre en tre aspas frases ou trechos anotados que forem copiados literalmente do texto consultado O fichamento deve funcionar assim como um guia bibliográfico ou guia de leitura que permite retomar e recuperar os dados anotações e apontamentos decorrentes do estudo de uma obra ou mesmo da assistência a uma aula ou conferência Em relação aos modelos de fichamento deve haver certa liberdade para você escolher aquele que se mostrar mais adequado aos seus propósitos ou às suas preferências capítulo 3 93 De qualquer modo considere que elaborar uma ficha não é algo tão comum entre muitos estudantes É preciso paciência disciplina e disposição para se dedicar à leitura de uma obra e às anotações dela decorrentes A preguiça cos tuma ser forte inimiga de um bom fichamento Mas aqueles estudantes que re alizam essa tarefa que pode ser um tanto enfadonha acabam comprovando a utilidade do fichamento no momento da organização e da redação do trabalho acadêmico e da pesquisa científica CONEXÃO httpmonografiasbrasilescolacomregrasabnttipostrabalhosacademicosfichamentohtm 341 Fichário Bibliográfico Um dos primeiros passos para a elaboração do projeto de pesquisa é o levanta mento bibliográfico completo ou o mais completo possível Para realizar esse levantamento o pesquisador deverá consultar catálogos anuários biográficos repertórios bibliográficos gerais e especializados e também resenhas bibliográ ficas Nessas fontes o pesquisador encontrar a não ser referência à bibliografia existente na área de interesse da sua pesquisa mas também resumos críticas e apanhados que poderão ser fechados com grande vantagem RUIZ 2008 p68 Cada um dos livros artigos documentos ou textos deverá ser lançado em uma ficha cada ficha receberá uma só referência e deverá mencionar um au tor o título da obra o número da edição o local da edição o nome da editora a data como no exemplo DESCARTES R O discurso do método Rio de Janeiro Edições de Ouro 1965 Não auxilia o trabalho posterior do pesquisados lançar na primeira face da ficha bibliográfica algo além do nome do autor no alto a esquerda título da obra ou artigo e as demais informações já mencionadas Todavia é aconselhá vel e prático anotar no verso da ficha onde encontrar a obra fichada bem com a transcrição de alguns elementos observados durante a leitura ou em resenhas e súmulas de apreciação crítica 94 capítulo 3 342 Plano de leitura Para que o fichamento atenda o seu objetivo é importante que o fichário bi bliográfico seja o mais amplo e completo possível para auxiliar na leitura do que deve ser examinado com mais atenção para a construção do projeto de pes quisa e para a estruturação da pesquisa em si Cabe destacar que a leitura das referencias que foram elencadas no fichário deve obedecer para o sucesso do trabalho uma ordem que segundo Ruiz 2008 é 1 Iniciar a leitura e o fichamento pelas obras mais gerais e posteriormen te passar para a análise de obras mais especializadas artigos monografias dissertações teses Essa tática auxilia porque as obras mais gerais garantem ao pesquisador uma visão mais geral do tema estudado indicam fontes e bi bliografia fazem referencia a teorias discordantes que podem justificar o apro fundamento no problema e podem sugerir hipóteses dignas de maior análise Geralmente essa bibliografia presta subsídios importantes para melhor en tendimento das fontes e da bibliografia especializada RUIZ 2008 p69 2 Começar a leitura pelas produções mais recentes sobre o tema em análise e só depois passar para as mais antigas Pode parecer evidente uma vez que as obras mais atuaus devem completar ou mesmo superar as mais antigas todavia cabe des tacar que como há obras que são consideradas clássicos em determinadas áreas há obras cujo conteúdo possuí validade como por exemple alguns tratado jurídicos 3 Iniciar a leitura e fichamento pela bibliografia e só depois trabalhar com as fontes pois as bibliografia deve funcionar como uma espécie de pro pedêutica de curso preparatório para a compreensão das fontes sobre o tema Deste modo após a definição do projeto de pesquisa chega o momento da análise da documentação da busca de fontes e de bibliografia especializada sobre o tema da pesquisa e da organização do fichário bibliográfico que irá recebendo acréscimos durante o desenvolvimento do trabalho É relevante ini ciálo e mantêlo em perfeita ordem Preparado o fichário bibliográfico básico organizase o plano de leitura em conformidade com as normas que acabamos de analisar Ao conjunto deste trabalho de busca e de descoberta dáse o nome de heurística capítulo 3 95 35 Resumo A elaboração de resumos é técnica igualmente relevante para a confecção de trabalhos científicos Assim como ocorre com a noção de fichamento tam bém há nuances nas definições de resumo Ramos 2009 p 155 define o resumo como um pequeno texto que destaca as ideias do textobase logo mantendo fidelidade às mesmas Medeiros o define uma síntese das ideias relevantes selecionadas de forma articulada Na maioria das definições está contida a ideia básica de apresentação concisa dos pontos relevantes de um documentotexto Para Eva Maria Lakatos e Marina de Andrade Marconi apud CHATT 2014 o resumo é a apresentação de uma síntese bem clara e concisa das ideias principais da obra ou texto tendo como características não ser um sumário ou índice das partes que compõem a obra mas sim a exposição abreviada das ideias não é transcrição ou seja o resumo deve ser realizado com as próprias palavras do leitor não deve ser extenso como dito deve apresentar as ideias principais e não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra afinal a redação do resumo deve conter o essencial do texto Comumente são identificados três tipos de resumo resumo indicativo re sumo informativo e resumo crítico O resumo indicativo corresponde apenas a referências e indicações do tex tobase sem que sejam registrados dados qualitativos e quantitativos Tratase de um esquema ou mapa que poderá oferecer informações básicas e de identi ficação do texto original O resumo informativo corresponde ao registro conciso das informações mais importantes contidas num textobase O resumo crítico é geralmente identificado com a resenha sendo uma ou tra designação para a própria resenha CONEXÃO Para visualizar modelos de resumos e dicas para sua elaboração confira o link a seguir httpobjetoseducacionais2mecgovbrbitstreamhandlemec16231indexhtml sequence10 96 capítulo 3 36 Resenha CONEXÃO Confira alguns exemplos e modelos de resenhas nos links a seguir httpwwwlendoorg modelosderesenhaexemplos httpwwwpucrsbrgptresenhaphp É muito comum entre os estudantes a confusão entre resenha e resumo pois a resenha corresponde podemos assim dizer a um resumo É necessário pois esclarecer que a resenha não é meramente um resumo A resenha a des peito de ser um trabalho de síntese e de extração ultrapassa os limites de um resumo indicativo ou informativo pois traz uma análise ou apreciação da obra ou do texto Alguns autores até fazem distinção entre resenha informativa que seria um resumo informativo e resenha crítica que comporta uma análise ou julgamento explícito da obra A ABNT NBR 60282003 associa a resenha ao resumo crítico e as revistas científicas que publicam resenhas apresentam normas especificas para a di vulgação desse tipo de trabalho Diante disso quando o professor solicita uma resenha é bom verificar exa tamente o que o professor deseja com a resenha Geralmente ao solicitar uma resenha o professor está considerando uma modalidade de resenha que tam bém é denominada como já foi dito anteriormente de resenha crítica Assim ao elaborar uma resenha tenha em mente pelo menos duas tarefas realizar uma síntese da obra ou do texto e elaborar uma apreciação crítica dessa obra A crítica pode ser externa e interna A crítica externa ressalta a importância da obra no seu contexto histórico social cultural e filosófico e a crítica interna se dedica ao exame do conteúdo da obra julgandoo GONSALVES 2001 p 44 Algumas recomendações práticas podem ser úteis na elaboração da resenha Ao ler o textobase aquele que você vai resenhar faça anotações em núcle os do tipo passagens profundas pontos obscuros novidade repetição Destaque com cuidado a tese central que o autor está desenvolvendo Acompanhe a sua argumentação Essa apreciação tornará o seu julgamento mais denso e criterioso SALOMON 1991 p 137apud GONSALVES 2001 capítulo 3 97 A ABNT NBR 60282003 associa a resenha ao resumo crítico e as revistas científicas que publicam resenhas apresentam normas específicas para a apresentação desse tipo de trabalho 37 Artigo Artigo pode ser definido como texto com autoria declarada que apresenta e discute ideias métodos técnicas processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento destinado à divulgação por meio de periódicos Há cursos de graduação e pósgraduação que optam pelo Trabalho de Conclusão de Curso na forma de artigo permitindo que o trabalho acadêmico seja apresentado num formato mais conciso e próximo das publicações dos pe riódicos acadêmicos e científicos Se esse for o seu caso leve em conta que o artigo tem uma delimitação ou extensão que não permite se estender muito no tema ou objeto de estudo dife rentemente de uma monografia Mas o que é um artigo Segundo a ABNT o artigo científico é parte de uma publicação com autoria declarada que apresenta e discute ideias métodos técnicas processos e resul tados nas diversas áreas do conhecimento NBR 6022 2003 p2 Podemos compreender o artigo como uma síntese dos resultados de inves tigações ou estudos realizados a respeito de uma questão É a maneira mais sucinta de divulgar as questões investigadas o referencial teórico utilizado a metodologia utilizada as conclusões ou resultados alcançados e as principais dificuldades encontradas no processo de investigação ou na análise de uma pergunta de pesquisa É muito comum definir ou caracterizar o artigo científico em original e de revisão O denominado artigo original corresponde a textos que são decorren tes de trabalhos de pesquisa com a apresentação de resultados dados originais de descobertas análises do que foi estudado dentre outros O artigo de revisão equivale a uma síntese crítica sobre informações e conhecimentos a respeito de determinado tema a partir do levantamento e análise de bibliografia pertinente 98 capítulo 3 permitindo a indicação de metodologias ou perspectivas de continuidade dos estudos em determinada linha de pesquisa Esse tipo de artigo contribui para a avaliação análise e síntese de trabalhos e resultados de pesquisa já publicados Marconi e Lakatos 2010 destacam que também é possível caracterizar os artigos científicos em 1 não se constituem em matéria de um livro 2 são publicados em revistas ou periódicos especializados 3 por serem completos permitem ao leitor repetir a experiência No caso de produção do artigo para publicação em um periódico especifi co você deve sempre considerar as orientações e normas que são dadas pela revista ou jornal Quando o artigo for uma exigência ou forma de apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso TCC siga as normas e orientações de seu curso geralmente encontradas em um Manual específico CONEXÃO Para mais orientações sobre a elaboração do artigo veja as dicas no link a seguir httpwwwartigocientificocombrArtigoCientificopdf 38 Monografia A monografia é um trabalho acadêmicocientífico exigido comumente na con clusão de cursos ou mesmo de disciplinas tanto da graduação quanto da pós graduação A principal característica de uma monografia está no tratamento e aprofundamento de um determinado tema destacandose por ser um traba lho rigoroso que sistematiza observações críticas e reflexões feitas pelo aluno GONSALVES 2001 p 20 CONEXÃO Algumas dicas interessantes podem ser encontradas no link a seguir httpraefgvbrsites raefgvbrfilesfileparafazermonografiapdf capítulo 3 99 A monografia não pode ser confundida com a mera reunião de trechos reco lhidos de livros artigos teses e textos da Internet numa espécie de colcha de retalhos repleta de citações ou até mesmo cópias sem qualquer contribuição do próprio autor ou aluno É importante você perceber que a monografia possui algumas característi cas que permitem identificála como um trabalho relevante e adequado ao con texto acadêmico tais como a a monografia se constitui num trabalho escrito e organizado de forma sistemática e completa b trata de um tema específico c é um estudo minucioso ou detalhado de um objeto d aborda esse objeto em profundidade e não em alcance e tem uma metodologia científica f mostra ser uma contribuição pessoal para o estudo de determinado assunto ou o de senvolvimento da ciência LAKATOS e MARCONI 2010 p 152 Uma das preocupações comuns em relação à monografia tem a ver com a sua extensão Convém você considerar que a extensão do texto ou conteúdo da mo nografia não é a coisa mais importante Na verdade você deve ter em mente que a monografia serve ao propósito de aprofundar ou desenvolver um aspecto dos muitos que integram um determinado assunto GONSALVES 2001 p 20 Antonio Joaquim Severino 2010 p 104 afirma que a monografia se ca racteriza mais pela unicidade e delimitação do tema e pela profundidade do tratamento do que por sua eventual extensão generalidade ou valor didático Assim o tamanho da monografia pode variar e o foco deve ser sempre a quali dade e não a quantidade A monografia pode apresentar pequenas variações na sua organização ou estrutura mas basicamente ela é constituída de uma introdução um desenvol vimento e uma conclusão A introdução nas monografias deve ordenar com clareza o tema da pes quisa considerando dois aspectos o assunto que será tratado a ideia geral situando e delimitando o problema justificando o tema definindo os termos e indicando o percurso metodológico e o modo como ele será desenvolvido ou seja as ideias mais importante a distribuição e os objetivos dos capítulos GONSALVES 2001 p 22 O desenvolvimento deve elucidar discutir e evidenciar as ideias do traba lho sendo organizado em partes ou capítulos que devem dar clareza e equilí brio no tratamento do assunto Na conclusão você deve retomar de forma breve as ideias expostas ao longo do trabalho estabelecendo algumas relações entre elas e apresentando as considerações finais GONSALVES 2001 pp 2223 100 capítulo 3 39 Apresentação de trabalhos acadêmicos É muito importante se preparar para a apresentação oral de sua monografia ou artigo quando for esse o caso Nos cursos de PósGraduação especialmente os na modalidade a distância diante da necessidade de apresentação ou defesa oral do trabalho são usadas tecnologias de comunicação como a videoconfe rência que permitem a interação online entre o aluno e os professores exami nadores ou avaliadores Cuidados com a postura o uso da voz a utilização de recursos audiovisuais e a relação com os examinadores devem ser levados em conta Assim além das orientações específicas que você encontra no guia o manual de TCC de seu cur so confira algumas dicas e sugestões para apresentação oral de trabalhos nos links abaixo CONEXÃO httpwwwpraticadapesquisacombr201009apresentacaodetrabalhoacademicohtml httpwwwpolitocombrportuguesartigophpidnivel12idnivel2150id Topico200 ATIVIDADES 01 De que modo o fichamento o resumo ou a resenha podem ajudar na pesquisa ou nos estudos 02 Procure elaborar um fichamento e uma resenha de um livro que você tenha lido ou es teja lendo atualmente REFLEXÃO Você aprendeu neste capítulo que a pesquisa e a comunicação de seus resultados devem considerar as convenções e os padrões estabelecidos no contexto acadêmicocientífico su jeitandose à normalização técnica recomendada pela instituição de ensino Viu que as nor mas e orientações referentes à formatação e à apresentação da pesquisa podem contribuir capítulo 3 101 para garantir a clareza a precisão o rigor e a objetividade da produção científica Desse modo a redação científica que caracteriza o texto de um artigo ou monografia por exemplo deve possuir características que pre cisam ser levadas em conta para que a trans missão da informação e a sua compreensão por parte do leitor sejam eficazes E nesse caso é sempre bom considerar que o leitor na maioria das vezes pertence ao público interno à própria comunidade acadêmica ou científica Porém nem sempre você escreverá para seus pares pesquisadores professores e estu dantes pois é possível que o público leitor seja externo sendo inclusive formado por leigos que tenham interesse no assunto Assim se faz necessário seguir as recomendações que você viu aqui e escrever seu trabalho numa linguagem clara e bem cuidada LEITURA RAMOS A Metodologia da pesquisa científica como uma monografia pode abrir o horizonte do conhecimento São Paulo Atlas 2009 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 6022 informação e documentação artigo em publicação periódica científica impressao apresentação Rio de janeiro 2003 NBR 6028 informação e documentação resumo apresentação Rio de janeiro 2003 CERVO Amado L BERVIAN Pedro A Metodologia científica 5 Ed São Paulo Pearson 2002 CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino SILVA Roberto da Metodologia científica 6 ed São Paulo Pearson 2007 CHATT Cidinei Bogo A Importância das Técnicas da Leitura Fichamento Resumo e Resenha na Produção de Textos TécnicoCientíficos Universo Jurídico Disponível em httpujnovaprolink combrdoutrina7154aimportanciadastecnicasdaleiturafichamentoresumoeresenhana producaodetextostecnicocientificos Acesso e 27 mai 2014 GONSALVES Elisa P Iniciação à pesquisa científica São Paulo Alínea Editora 2001 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Metodologia do trabalho científico São PauloAtlas 2010 NASCIMENTO Dinalva M Metodologia do trabalho científico Rio de Janeiro Forense 2005 102 capítulo 3 RAMOS Albenides Metodologia da pesquisa científica como uma monografia pode abrir o horizonte do conhecimento São Paulo Atlas 2009 RUIZ João Álvaro Metodologia científica Guia para eficiência nos estudos 6 ed São Paulo Atlas 2008 SEVERINO Antonio Joaquim Metodologia do trabalho científico São Paulo Cortez 2010 TOMANIK Eduardo A O olhar no espelho conversas sobre a pesquisa em Ciências Sociais Maringá EDUEM 2004 4 O Projeto de Pesquisa 104 capítulo 4 Podemos comparar o desenvolvimento de uma pesquisa científica com a construção de um edifício uma casa por exemplo e o projeto de pesquisa com a planta dessa construção Para muitos pesquisadores a elaboração do projeto de pesquisa é um momento decisivo para a pesquisa pois este será o guia que orientará os principais passos a serem dados rumo a conclusão do trabalho Assim diante das decisões que devem ser tomadas para o desenvolvimento da pesquisa ou da elaboração de um trabalho de conclusão de curso não se pode esquecer a importância da organização do projeto de pesquisa Por isso você estudará neste capítulo como se constrói um projeto de pesquisa conhe cendo as principais características do planejamento que deve ser feito e refle tindo sobre as recomendações para a realização de um trabalho de investigação no contexto acadêmico e científico CONEXÃO Um projeto de pesquisa é na realidade um plano intenções que o alunopesquisador am biciona desenvolver em seu trabalho científico No Projeto de Pesquisa é feita a escolha do tema a indicação de suas delimitações no que tange ao espaço em que será desenvolvida a pesquisa OBJETIVOS Refletir sobre a importância e a utilidade do planejamento na pesquisa Distinguir os elementos constituintes de um projeto de pesquisa Compreender os elementos envolvidos no desenvolvimento da pesquisa Compreender a importância do método científico para a estruturação das ciências Compreender o que são técnicas de pesquisa Analisar as técnicas de coleta de dados Avaliar as técnicas de abordagem em pesquisa capítulo 4 105 41 Constituição do projeto de pesquisa Ninguém pode esperar retirar do nada um projeto de pesquisa ele sempre deve ter seu processo normal de nascimento Naturalmente opção por determina da assunto o antecede Seria esta opção as primeiras leituras da bibliografia ge nérica os primeiros questionamentos as progressivas delimitações do assunto e a definição da compreensão e da extensão dos termos da proposição enuncia tiva do tema A rigor não foi traçado ainda o primeiro projeto de pesquisa mas ele já está em processo de gestação O passo seguinte é a conversão do tema em problema pois a pesquisa só tem sentido quando se desenvolve na procura da solução para um determina do problema A clara e nunciação do problema induzirá consequentemente a reflexão e prefixação de hipóteses Feito isto enunciação da hipótese é que determinará os critérios para a leitura da bibliografia e para a tomada de apon tamentos de passagens relevantes para confirmação ou não das hipóteses Em suma os elementos que deverão ser destacados no primeiro projeto de pesquisa ação 4 anunciação do tema 5 definição dos conceitos 6 indicação clara da extensão dos conceitos 7 indicação de circunstâncias para completar a delimitação da pesquisa ou seja o tempo o espaço instrumentos 8 explicitação da ideia principal tirada do tema bem como dos porme nores que pareçam importantes 9 ponderação sobre objetivos e sobre o alcance da pesquisa previsão do tempo disponível para o seu desenvolvimento e estabelecimento de condições de viabilidade 10 definição das fases posteriores e cronograma para o seu cumprimento dentro das reais possibilidades do pesquisador ou do grupo de pesquisa RUIZ 2008 106 capítulo 4 A definição dos termos Os termos se tornam mais claros e compreensivos ao serem definidos Definir é fazer conhecer o conceito que temos a respeito de alguma coisa é dizer o que a coisa é sob o ponto de vista da nossa compreensão Evidentemente para que a nossa definição seja certa e verdadeira é condição imprescindível que o nosso conceito da coisa es teja de acordo com o que ela realmente é Assim tanto mais estaremos aptos a fazer definições corretas quanto melhor conhecermos e compreendermos o que desejamos definir Uma das exigências muito importantes para realizarmos uma pesquisa é estu darmos com profundidade e experienciarmos o tema a fim de que as nossas definições sejam corretas Quando definimos dizemos o que a coisa é separandoa do que não é Podemos definir assíduo à Igreja como assistir aos cultos com determinada regularidade Assim estamos dizendo o que a coisa é Não entra nessa definição nada que se relacione com a presença ou ausência de bondade para com os filhos a felicidade conjugal a honestidade ou desonestidade de práticas comerciais etc o que a coisa não é Entretanto diz Hayakawa ao afirmarse que alguém é assíduo à Igreja logo se vincula ao indivíduo uma série de conotações que não lhe pertencem como ser bom cristão bom cristão sugere fidelidade à mulher e ao lar bondade para com os filhos honestidade aos negócios etc Ora separando o que a coisa é do que a coisa não é isto é deixando fora as conotações que não lhe pertencem podemos identificar no mundo extensional sem enganos os indivíduos aos quais devemos aplicar o conceito Assim por exemplo se definirmos assíduo à Igreja como assistir aos cultos com determinada regularidade sabemos que o conceito convém a Pedro José Emen garda e Pacômio embora Pedro tenha severidade excessiva com os filhos José seja desonesto nos seus negócios Emengarda cometa adultério e Pacômio seja alcoólatra Entretanto nenhuma destas conotações pertence ao conceito De fato severo com os filhos desonesto nos negócios cometer adultério e ser alcoólatra são cono tações que não pertencem ao conceito assíduo à Igreja A definição de um conceito serve portanto para tornar claras e reconhecíveis suas características separandoas de conotações que não lhe pertencem Pascal enunciou três regras para uma boa definição a não deixar qualquer ideia obscura sem definir b empregar na definição apenas termos suficientemente claros por si mesmos ou já definidos não incluir portanto na definição a palavra que se quer definir isto é não explicar a palavra pela própria palavra e nunca definir o termo pelo seu contrário capítulo 4 107 c nunca pretender tudo definir porque a definição é essencialmente uma análise de vendo necessariamente deterse nos elementos simples suficientemente claros por si Não existem regras padronizadas para alguém saber com certeza quais os termos que devem ser selecionados para definição Isto depende do discernimento do pesqui sador Mas alguns pontos podem ser indicados como sugestão por exemplo tentar ler o que escrevemos com os olhos dos outros isto é como os outros poderiam ler e com preender É bom lembrarmonos dos esforços que fizemos para chegar a entender certos termos que hoje nos parecem simples e claros mas que antigamente nos pareciam obscuros e confusos Precisamos ainda levar em consideração a divergência relativa a certas palavras e expressões cujos significados são discutíveis de acordo com as teorias áreas de conhecimento etc Será de grande valor além da nossa reflexão pessoal e au tocrítica consultarmos determinadas pessoas especializadas ou entendidas no assunto e outras que por algum motivo mais sério julgamos poderem ser úteis e nos ajudarem RUDIO Franz Victor Introdução ao projeto de pesquisa científica 23 ed Petrópolis RJ Vozes 1998 p 2933 42 A importância do projeto de pesquisa Você já sabe que o projeto de pesquisa pode ser comparado à planta para cons trução de uma casa ou a um guia que orienta os passos que precisam ser dados em determinada empreitada Assim como precisamos de um planejamento para uma viagem mais longa a pesquisa requer a elaboração de um projeto para sua realização Você pode entender o projeto de pesquisa como uma expressão es crita desse planejamento como uma espécie de documento que revela uma série de decisões que você tomou para seguir viagem GONSALVES 2001 p 10 Isso mostra que o projeto de pesquisa não é propriamente o resultado da pes quisa ou mesmo sua elaboração completa Assim como a planta de construção não é a própria casa nem o planejamento de uma viagem se constitui na experiência propriamente dita de sair por aí o projeto de pesquisa não se confunde com a pró pria pesquisa que precisa ser desenvolvida O projeto de pesquisa deve ser tomado como um roteiro ou guia do que se pretende realizar o que não diminui sua impor tância ou elimina seu caráter indispensável para o desenvolvimento da pesquisa 108 capítulo 4 É importante você considerar que o momento de elaboração do projeto de pesquisa pode ser muito significativo e rico pois é a ocasião em que você se dá conta da necessidade de ser criativo e ousado ao mesmo tempo em que precisa ser organizado e sensato nas propostas e decisões sobre o que vai pesquisar Quando se planeja uma viagem o planejamento acaba revelando os desejos e sonhos para com aquela experiência Do mesmo modo ao planejar a pesqui sa por meio de um projeto você tem que lidar com suas expectativas e vontades em relação ao trabalho que precisa desenvolver Por isso estabelecer um rotei ro para a pesquisa é algo que pode ser considerado criativo e uma expressão de sua vontade disposição e capacidade para desenvolver um trabalho Apesar de o projeto de pesquisa ser fundamental e funcionar como um ro teiro préestabelecido e rigorosamente elaborado devese reconhecer que o projeto não é imutável ao contrário o caminho percorrido ao longo da pesquisa acaba por imprimirlhe novas características novos aspectos colocando novas exigências para o investigador GONSALVES 2001 p 10 Isso mostra que o de senvolvimento da pesquisa pode confirmar ou não as decisões os desejos os so nhos e os propósitos contidos no projeto de pesquisa Como afirma Gonsalves 2001 p 11 o processo de investigação pela sua riqueza transforma o sonho por vezes reduzindoo por vezes ampliando mais ainda os seus horizontes Se até aqui você tem lido sobre o projeto de pesquisa como preponderan temente um momento criativo e de manifestação de desejos sobre o que se vai pesquisar é bom adiantar logo que a elaboração do projeto de pesquisa não para nos aspectos subjetivos ou pessoais do estudante ou pesquisador Na verdade ainda que o projeto seja uma apresentação organizada do con junto de decisões que você tomou em relação à investigação científica que pre tende empreender ele é também resultado de conhecimentos metodológicos que possibilitam tanto a elaboração do projeto quanto o desenvolvimento da pesquisa Assim o projeto precisa ser eficiente coerente e bem fundamentado possuindo uma redação adequada pois se trata de um documento escrito a própria materialização de um planejamento GONSALVES 2001 p 10 Todas essas observações podem ajudar a identificar o projeto de pesquisa como um instrumento de ação que contribui para orientar e conduzir os estudos e as investigações Diferentemente do que muita gente pensa ele não precisa ser um estorvo ou um grande problema que dificulta a tarefa de desenvolver um trabalho acadêmico e científico capítulo 4 109 O projeto pode ser uma experiência de aprendizagem coletiva a partir da comunicação com seus professores ou seu orientador e em função da troca de experiência com colegas Esse diálogo com professores e colegas aliado à expo sição de seu projeto pode leválo a descobrir novas possibilidades e a lidar com possíveis dificuldades Além disso o exercício de elaboração do projeto tem uma finalidade pedagógica pois ele dá a oportunidade de trabalhar com algu mas regras do jogo científico levandoo a aprender a lidar com elas de algum modo GONSALVES 2001 p 13 Muitos alunos mesmo reconhecendo a importância do projeto de pesqui sa questionam em quais situações se deve elaborar esse documento Em três situações o estudantepesquisador será compelido a elaborar e apresentar um projeto de pesquisa como prérequisito para o desenvolvimento de sua carreira acadêmica e profissional 1 Caso pretenda ingressar em um programa de pósgraduação strictu senso seja em nível de mestrado ou doutorado 2 Se como estudante de curso de graduação pretender ingressar em um grupo de pesquisa ou pleitear uma bolsa de iniciação científica 3 Pretender concorrer a editais abertos por institutos ou fundações que tradicionalmente mantêm programas de bolsas de estudo 43 Construção e estrutura do projeto de pesquisa Não há uma forma única de se organizar um projeto de pesquisa ou de apresen tar sua estrutura Uma estrutura básica que comumente é utilizada para apresentar os itens de um projeto de pesquisa contém os seguintes elementos justificativa problema objeti vos metodologia cronograma e bibliografia Há variações dessa estrutura clássica mas de qualquer modo você deve entender que os itens da estrutura do projeto de pesquisa correspondem a algumas indagações que você deve responder ou estão re lacionados com aspectos indispensáveis para a realização de sua pesquisa Deslandes 1996 apud GONSALVES 2001 p 14 sugere que um projeto de pesquisa deve responder a pelo menos sete perguntas 110 capítulo 4 a O que pesquisar Essa pergunta corresponde à definição do problema às hipóteses que serão consideradas e a base teórica e conceitual da pesquisa b Por que pesquisar Tratase de uma pergunta relacionada com a justificativa da pesquisa ou seja a razão pela qual se escolheu determinado tema c Para que pesquisar É uma pergunta que se refere aos objetivos da pesquisa aos propósitos do estudo que será desenvolvido d Como pesquisar Essa pergunta está vinculada à metodologia aos procedimentos que serão tomados ao longo da pesquisa e Quando pesquisar Tratase de estabelecer o cronograma da pesquisa f Com quais recursos Essa é uma pergunta importante quando a pesquisa exige gastos e investi mentos pois ela se refere ao orçamento da pesquisa g Quem pesquisa A última pergunta está relacionada com a equipe de trabalho com os pes quisadores e o orientador Esse núcleo básico de um projeto de pesquisa como já foi dito poderá ter apresentações diversas De todo modo será oferecida uma sequência que você poderá seguir para estruturar elaborar e apresentar seu projeto de pesquisa 1 Dados de identificação contendo o título do projeto e dados do aluno pesquisador 2 Justificativa 3 Problema de pesquisa e objetivos com item em separado para o objeti vo geral e os objetivos específicos capítulo 4 111 4 Hipótese 5 Metodologia da pesquisa 6 Cronograma de execução 7 Referências já consultadas 431 Dados de identificação Além do título provisório do artigo que deve ser claro conciso e conter indica ções do problema ou tópico a ser tratado nos dados de identificação você deve rá identificarse apresentando seu nome a qual curso está vinculado o nome do orientador da pesquisa e também a linha de pesquisa a qual o projeto está vinculado 432 Justificativa A justificativa dentro do projeto de pesquisa deve discorrer sobre as razões pelas quais pretende desenvolver o projeto informar se há conhecimento sobre o assunto e escla recer como o artigo pode contribuir para o avanço do tema escolhido A justificativa no projeto de pesquisa corresponde à explicitação da relevân cia que seu objeto de estudo tem ou seja é uma forma de responder a pergun tas do tipo Por que escolhi esse tema O tema que escolhi é importante Que motivos o justificam nos planos teórico e prático Qual é a relação do tema e ou problema formulado com o contexto social Que contribuição posso ofere cer com esse estudo GONSALVES 2001 p 56 Desse modo você pode perceber que a justificativa para pesquisar um tema pode ser dada em função de vários motivos como razões de ordem pessoal econômica social filosófica ideológica política institucional histórica edu cacional entre outras NASCIMENTO 2005 p 71 112 capítulo 4 433 Problema de pesquisa e objetivos O aluno deverá formular uma pergunta de pesquisa como já discutimos ante riormente a qual dirá o que o investigador quer apreender O objetivo é criar uma pergunta de pesquisa importante e que pode ser desenvolvida em um pla no factível e válido tanto para o aluno quanto para o orientador PERGUNTA DE PESQUISA é a questão que pretende discutir sendo colocada na forma interrogativa OBJETIVO DA PESQUISA nada mais é que a pergunta de pesquisa descrita na forma afirmativa Os objetivos da pesquisa consistem naquilo que se pretende com a investiga ção ou seja as metas que você quer alcançar ao terminar sua pesquisa Por isso os objetivos estão relacionados com o que você pretende atingir servindo para dar uma direção ou norte ao seu trabalho de pesquisa GONSALVES 2001 p 56 Definir os objetivos é um momento importante na construção do projeto de pes quisa pois os objetivos remetem ao problema de pesquisa e conduzem também à definição dos procedimentos metodológicos que deverão ser adotados Assim deve haver uma coerência entre a delimitação do tema e do problema de pesquisa o esta belecimento dos objetivos e a escolha dos procedimentos metodológicos Isso quer dizer que você precisará redigir os objetivos do projeto de pesquisa procurando man ter relação e coerência entre as partes do projeto GONSALVES 2001 p 56 Lembrese no entanto que o objetivo da pesquisa não se confunde com a metodologia pois o objetivo é o que se pretende atingir enquanto a metodolo gia corresponde ao que será feito para atingir o objetivo Muitos autores fazem distinção entre objetivos gerais e específicos O objetivo geral corresponde à questão principal da pesquisa revelando o que se pretende alcançar com a sua realização Pode ser amplo e desmembrado em objetivos específicos Os objetivos específicos são objetivos secundários intermediários e instrumen tais Eles estão relacionados com a questão principal e definem aspectos mais es pecíficos que contribuem para alcançar o objetivo geral GONSALVES 2001 p 56 capítulo 4 113 Algumas recomendações práticas podem ser úteis na definição e redação dos objetivos Gonsalves 2001 p 56 lembra que os objetivos devem ser reais e atingíveis isto é representam de fato a execução das atividades manifestan dose de forma concreta e possível dentro do tempo disponível Acrescenta que os objetivos podem ser iniciados por um verbo no infinitivo como definir identificar verificar examinar descrever avaliar etc Para exemplificar a definição dos objetivos é interessante você considerar os exemplos que Gonsalves 2001 p 56 oferece a partir de Santos 1999 p 6465 na citação a seguir que apesar de longa merece ser lida com atenção Vamos supor que o seu objetivo geral seja o de analisar se o limão é eficaz no combate aos resfriados Como você já fez uma revisão bibliográfica inicial tem algumas pistas de elementos que podem ajudar a resolver o problema Por exemplo você já sabe que alguns aspectos são importantes nessa pesquisa como o vírus do resfriado os componentes químicos do limão as reações do vírus do resfriado aos componentes químicos do limão Essa é a fase de nominada levantamento dos aspectos componentes importantes do proble ma SANTOS 1999 p 64 Feito isso você passará para a segunda fase que é a transformação de cada um dos aspectos escolhidos em um objetivo colocando um verbo no início do enunciado que indique a atividade que você pretende re alizar Exemplo examinar o vírus do resfriado identificar os componentes químicos do limão A partir daí duas tarefas são propostas A primeira a de verificar a suficiência dos objetivos específicos propostos isto é você deve se perguntar se o conjunto dos objetivos que você definiu é suficiente para que você atinja o objetivo geral A segunda tarefa é a de decidir sobre a melhor se quência lógica ou seja você deve ter o cuidado de estabelecer quais os assun tos que precedem a outros SANTOS 1999 p 65 GONSALVES 2001 p 58 434 Hipótese Em um projeto de pesquisa a apresentação das hipóteses é opcional assim caso o seu projeto apresente hipóteses elas devem aparecer na sequência do texto As hipóteses como analisamos anteriormente anunciam respos tas possíveis à pergunta de pesquisa e servem como eixo norteador dessa reso lução São os pressupostos iniciais do trabalho 114 capítulo 4 435 Metodologia da pesquisa Para alcançar os objetivos propostos no projeto de pesquisa é preciso esta belecer um caminho definir um percurso metodológico que consiste em procedimentos técnicas referenciais teóricos e processos de construção do conhecimento Gonsalves 2001 p 62 lembra que a metodologia pode ser entendida como o caminho e o instrumental para abordar aspectos do real podendo incluir concepções teóricas técnicas de pesquisa e a criatividade do pesquisador Acrescenta que na parte referente à metodologia é preciso explicitar os proce dimentos que se pretende utilizar na produção dos dados entrevista questio nário dentre outros deixando claro qual procedimento foi escolhido e por que ele é o mais adequado Diehl Tatin 2004 p 98 sugerem os seguintes itens para descrever os pro cedimentos ou metodologia da pesquisa a Delinear a pesquisa você deve definir o tipo de pesquisa que será rea lizada para atingir seu objetivo geral Desse modo a pesquisa pode ser classifi cada quanto ao objetivo à fonte de informação os procedimentos de coleta e natureza dos dados b População e amostra a população1 precisa ser descrita de forma bem completa incluindo as características que interessam ao tema da pesquisa A amostra inclui sua descrição e a do processo para selecionála assim como as informações sobre seu tamanho e as formas utilizadas para determinálo c Coleta de dados referese à definição dos instrumentos entrevistas questionários observação dos dados primários e secundários da preparação e do procedimento de aplicação d Análise dos dados quando a pesquisa for quantitativa devese especifi car o tratamento se a pesquisa for qualitativa devese definir o procedimento e Definição dos termos e variáveis corresponde a definições gerais e ope racionais das variáveis relacionadas com a problemática do estudo DIEHL TATIN 2004 p 98 1 População ou universo é um conjunto de elementos que podem ser mesurados em relação às variáveis que se pretende levantar podendo a população ser formada por pessoas famílias empresas ou outros elementos de acordo com os objetivos da pesquisa Amostra corresponde a uma porção ou parcela dessa população que foi selecionada DIEHL TATIN 2004 p 98 capítulo 4 115 Um aspecto que deve ser salientado aqui diz respeito à coleta e análise de dados Na coleta de dados conforme o tipo de pesquisa que for desenvolvida você deve escolher técnicas que permitam a observação a inquirição ou a análise de documentos Diante da natureza da sua investigação por exemplo você poderá interrogar pessoas ou analisar documentos Entre as técnicas ou formas de co leta de dados as mais comuns são observação entrevista questionário teste e análise documental NASCIMENTO 2005 p 122 A análise de dados possui um caráter explicativo e procura estabelecer as relações que podem existir entre o dado pesquisado e outros fenômenos NASCIMENTO 2005 p 134 A análise de dados pode ser empreendida em três níveis a Interpretação verificação das relações entre variáveis independente e dependente e da variável interveniente anterior à dependente e posterior à in dependente a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno variável dependente b Explicação esclarecimento sobre a origem da variável dependente ne cessidade de encontrar a variável antecedente anterior às variáveis indepen dente e dependente c Especificação explicitação sobre até que ponto as relações entre as variáveis independente e dependente são válidas como onde e quando OLIVEIRA apud NASCIMENTO 2005 p 134 436 Cronograma de execução Um bom planejamento não pode deixar de lado a questão do tempo No projeto de pesquisa é importante indicar o tempo necessário para o desenvolvimento da pesquisa explicitando os prazos e o tempo de cada fase da pesquisa A partir do cronograma você pode visualizar as diversas etapas e compro missos relacionados com a pesquisa Lembrese que o cronograma deve respei tar os prazos estabelecidos pela instituição Quando for o caso não deixe de avaliar os custos da pesquisa e incluir os recursos humanos e materiais que serão necessários para sua realização 116 capítulo 4 437 Referências Ao final o projeto de pesquisa deve trazer as indicações bibliográficas para a realização da pesquisa bem como as obras consultadas para a própria elabo ração do projeto As normas da ABNT e as recomendações da instituição de ensino devem sempre ser seguidas rigorosamente No próximo capítulo você pode consultar algumas recomendações sobre a elaboração das referências bibliográficas A formatação do projeto de pesquisa fonte espaçamentos margens etc segue as mesmas normas aplicadas aos trabalhos acadêmicos e serão analisa dos no próximo capítulo Veja abaixo os principais tópicos que compõem um projeto de pesquisa Itens do projeto de pesquisa Escolha do tema Delimitação do tema Justificativa do tema Revisão da literatura Formulação do problema Enunciado da hipótese Definição operacional das variáveis Amostragem capítulo 4 117 Instrumentos Procedimentos Análise dos dados Discussão dos resultados Neste capítulo analisamos os principais tópicos que estão presentes em projetos de pesquisa Verificamos que na fase de preparação para uma pesquisa é opcional a for mulação de uma ou mais hipóteses Uma hipótese representa uma estratégia de orde namento e direcionamento e ela não decide a tese formulada uma vez que o principal é a argumentação e o referencial teórico capazes de sustentar ou rejeitar a hipótese No entanto a hipótese nos fornece inspiração e orientação além de contribuir para a formulação de perguntas pertinentes Pense nisso 44 O método científico Agora que você já sabe quais os caminhos deve seguir para estruturar com su cesso o seu projeto de pesquisa é o momento de entender o que é o método científico e qual a sua importância para desenvolvimento da ciência e tam bém para o seu trabalho Desde os primórdios da humanidade a preocupação do homem em com preender e dominar a natureza é significativa Ao analisarmos o termo francês conhecer temse connaissance que significa nascer naissance com con logo notase que o entendimento inicial do ato de conhecer foi de algo capaz de ser transmitido através das gerações tornandose parte da cultura e da história de uma sociedade 118 capítulo 4 Para conhecer os homens interpretam a realidade e colocam um pouco de si nesta interpretação assim percebemos que Desde os primórdios da huma nidade a preocupação do homem em compreender e dominar a natureza é sig nificativa Ao analisarmos o termo francês conhecer temse connaissance que significa nascer naissance com con logo notase que o entendimento inicial do ato de conhecer foi de algo capaz de ser transmitido através das gerações tornandose parte da cultura e da história de uma sociedade O processo de construção do conhecimento é algo muito dinâmico tendo se para cada novo fato uma nova análise sempre repleta das experiências ante riores Assim a procura pela compreensão de si e do mundo circundante levou o homem a trilhar caminhos diversos que ao longo do tempo construíram as diretrizes do que hoje denominamos ciência A construção dessa compressão da natureza ocorreu por meio de experiên cias do cotidiano que levavam ao desenvolvimento de habilidades para lidar com as situações cotidianas Quando não conseguia dominar determinados fe nômenos o homem atribuíalhes causas sobrenaturais elaborando um conhe cimento abstrato a respeito daquilo que não podia ser explicado materialmen te Assim o conhecimento foi se dividindo como verificamos anteriormente Notamos portanto que a ciência é uma necessidade do ser humano e que é através dela que o homem busca o constante aperfeiçoamento e a compreensão do mundo que o rodeia Todavia essa compressão não ocorre aleatoriamente como nos primórdios necessita de ações sistemáticas analíticas e críticas ne cessita do que denominamos método Método são etapas organizadas que precisam ser cumpridas durante a investigação científica ou para alcançar determinado fim O Método indica O QUE fazer Técnica é a modo de realizar de forma mais hábil A técnica indica COMO fazer O termo método significa caminho ou processo racional para atingir um dado fim procedimentos racionais que buscam atingir um objetivo determi nado Agir com um dado método supõe uma prévia análise dos objetivos que se pretendem atingir as situações a enfrentar assim como dos recursos e o tempo disponíveis e por último das várias alternativas possíveis Tratase portanto de uma ação planeada baseada num quadro de procedimentos sistematizados e previamente conhecidos capítulo 4 119 Definição de Método O termo método designa a ordem a ser seguida nos diferentes processos que são ne cessários para se chegar a determinado fim ou resultado Em outras palavras método pode ser entendido como um procedimento regular explícito e que pode ser repetido a fim de se conseguir algo material ou conceitual É importante ressaltar que o método é apenas um meio de acesso são a inteligência e a reflexão que descobrem o que os fatos realmente são Assim o método científico tem a intenção de descobrir a realidade dos fatos e estes ao ser descobertos devem guiar o uso do método É oportuno portanto distinguir os conceitos de método e processo Método pode ser entendido como o procedimento sistemático o dispositivo ordenado em plano geral Por sua vez o processo a técnica é a aplicação do plano metodológi co e a forma específica de executálo Podese afirmar que a relação existente entre método e processo é similar à que existe entre estratégia e tática O processo está portanto subordinado ao método 441 Método Científico e Método Racional O método científico tem como principal finalidade conduzir a respostas ser um meio de acesso seguindo para isso o caminho da dúvida sistemática me tódica Mesmo em ciências sociais campo que parece mais árido para a busca de métodos estes devem ser aplicados de maneira a expressar a preocupação com o que é e não com o que se pensa que deve ser Todas as investigações pesquisas partem de algum problema sentido ou observado de tal modo que não se pode prosseguir a menos que se selecione a matéria a ser tratada Essa seleção por sua vez não deve ser aleatória requer ao menos uma hipótese ou pressuposição que vai orientar e também delimitar o assunto a ser pesquisado Daí o conjunto de processos ou etapas de que se serve o método científico tais como a observação e a coleta de todas as informações possíveis a hipótese que procura explicar as observações experimentação que garante ao método também o nome de método experimental a indução da lei que fornece a explicação ou o resultado de todo o trabalho de pesquisa e a teoria que insere o assunto tratado em um contexto mais extenso CHARLOT2000 120 capítulo 4 O método científico utilizase da observação da descrição da comparação da análise e da síntese além dos artifícios intelectuais mentais da dedução e da indução comuns a todos os tipos de investigação racional ou experimental Em síntese o método é ordenado sistematizado e possuí um plano geral sen do empregado para apreciar os méritos de uma pesquisa É pertinente para aprofundar a discussão proposta separar método da técnica e desfazer um equívoco presente nas análises de muitos pesquisadores especialmen te os iniciantes A técnica nada mais é do que a aplicação do plano metodológico é a forma de executar sendo a auxiliar imprescindível e subordinada ao método Há ainda um ponto que merece nossa atenção nesse momento de nosso es tudo é o método racional O método racional também é considerado científico apesar de os assuntos a que se aplica não serem reais fatos ou fenômenos sus cetíveis de comprovação experimental As disciplinas que o empregam como as da área da filosofia nem por este motivo deixam de ser verdadeiras ciências Todo o método esta sujeito ao objetivo da investigação por exemplo a filo sofia tem por objeto de estudo as coisas irreais ou inexistentes questiona a rea lidade Por isso o ponto de partida do método racional é a observação dessa re alidade ou a aceitação de certas proposições evidentes princípios ou axiomas para posteriormente prosseguir por dedução ou por indução em virtude das exigências lógicas e racionais CHARLOT 2000 Mediante o método racional que também se desdobra em diversas técnicas cientificas como a observação a analise a comparação e a síntese e técnicas de pensamento como a indução a dedução a hipótese e a teoria procurase interpretar a realidade quanto a sua origem natureza destino e significado no contexto geral Buscase através do método racional obter uma compreensão e uma con cepção mais amplas sobre o ser humano sobre a vida sobre o mundo que nos circunda sobre o ser Essa cosmovisão a qual conduz a investigação racional não pode ser testada ou nem ao menos comprovada experimentalmente e é essa possibilidade de comprovar ou não as hipóteses que distingue o método experimental científico em sentido restrito do método racional 442 Os muitos discursos sobre o método Como observamos na análise histórica do método científico os rigores aplicam se necessariamente ao produto final quanto é apresentado para apreciação e crítica Ao longo do percurso todavia o método científico é mais livre mais sol capítulo 4 121 to podendo até mesmo ser tido como uma arte um artesanato mesmo o que permite as variações de estilo de estratégias de busca por respostas Podemos dizer isso porque nessa fase ou seja durante o percurso o pesquisador não precisa prestar contas o que ocorre no momento da avaliação do método que é por ele aplicado Assim mesmo parecendo paradoxal diante do que estudamos até aqui o mé todo científico que parece algo rígido por tratar das regras disciplinares da ciência possui significados muito amplos Em alguns métodos por exemplo é a estatís tica elementar começando com a média e o desvio padrão não ultrapassando os rudimentos de teoria das probabilidades em outro caso encontramos questões de epistemologia Esses exemplos meramente ilustram a elasticidade do termo Mas onde estaria então o ponto de convergência entre os que pesquisam portanto utilizam os métodos e os que pensam sobre os métodos os filósofos da ciência Este ponto de encontro é a metodologia cuja função é ajudarnos a entender não apenas os produtos da pesquisa científica mas também o pró prio processo de elaboração do conhecimento A Metodologia Científica A complexidade do método científico fez dele uma disciplina específica chamada me todologia Metodologia Científica é a disciplina dos métodos de conhecer dos métodos de buscar conhecimento é uma maneira de pensar para chegar as respostas para a solução de um dado problema O método científico é compreendido como o conjunto de artifícios orientados por uma habilidade crítica e criadora focada na construção da ciência a pesquisa constitui seu principal instrumento ou meio de acesso Barros e Lehfeld 2007 afirmam que a metodologia não busca soluções mas selecio na os modos de encontrálas integrando os conhecimentos a respeito dos métodos em vigor nas diferentes disciplinas científicas ou filosóficas A disciplina metodologia científica teria como principal função a apresentação e o exame de diretrizes aptas a instrumentar estudantes e pesquisadores no que tange a estudar e aprender Essa disciplina está pois voltada a assessorar e colaborar com o crescimento intelectual do alunopesquisador para a formação de um compromisso científico frente à reali dade Metodologia científica não é portanto um amontoado de técnicas embora elas devam existir mas sim uma disciplina que está sempre a serviço de uma proposta de conhecimento Estruturase para que o conhecimento desenvolva os papéis que lhe são impostos frente às necessidades culturais e científicas 122 capítulo 4 Metodologia é a preocupação instrumental cuida dos procedimentos das ferramentas dos caminhos Não deve ser compreendida como uma disciplina auxiliar ao processo de estruturação do conhecimento mas como uma discipli na fundamental para o amadurecimento científico para a promoção do espíri to crítico capaz de revisar o trajeto feito e preparar o por fazer A metodologia científica delimita a criatividade do pesquisador e a sua potencialidade no es paço de pesquisa de trabalho Usualmente a metodologia pode ser compreendida basicamente em duas vertentes mais tradicionais A mais comum é aquela que deriva da teoria do conhecimento e centrase no esforço de transmitir uma iniciação aos proce dimentos lógicos do saber geralmente voltada para a questão da causalidade dos princípios formais da identidade da objetividade da dedução e da indução DEMO 2009 A outra vertente é a que está próxima da sociologia do conheci mento que acentua mais o débito social da ciência mas sem desprezar a outra Tratase na verdade de uma acentuação preferência e por isso não pode subs tituir a outra Deste modo não afirmamos que um trabalho é mais importante que outro porque está calcado mais na ótica sociológica ou na teoria do conhe cimento pois o que realmente interessa é a pesquisa sendo importante apenas que os pesquisadores reconheçam a existência de propostas ligadas ou não aos procedimentos lógicos e epistemológicos Alerta As sugestões metodológicas são importantes a medida que favorecem a criação da pesquisa Não devem passar à finalidade em sim exceto se for o caso de um metodó logo profissional A inestimável contribuição da metodologia para a formação científi ca pode abortar se tornarse obsessão de quem apenas constrói caminhos mas não chega a nada O cientista criativo é tanto capaz de fazer um trabalho como manda o figurino formal dentro da ordenação prevista como é capaz de começar pelo fim de não citar ninguém de afirmar o contrário do que todo mundo espera de buscar espaços ilógicos para a invenção etc DEMO 2009 p22 Optamos pois em discutir a questão do método daí falarmos em discursos sobre método a partir da dicotomia entre a dimensão afirmativa ou positiva e a dimensão negativa do método capítulo 4 123 A dimensão positiva é o método como um mapa da estrada a ser trilhada no curso da pesquisa A negativa é ver o método como um controle de qualidade do produto final isto é a pesquisa São coisas diferentes e cada um tem o seu lugar CASTRO 2006 p32 A dimensão científica do método ainda segundo Castro diz respeito às instruções de como proceder como fazer a pesquisa por onde começar e qual a sequência deve ser seguida para que os objetivos sejam satisfatoriamente atingidos CONEXÃO Por que utilizamos um Método A opção por um método viabiliza a redução das interferências pessoais emocionais eou culturais que podem aparecer na observação e experimentação dos fenômenos em estudo Saiba mais em httpwwwuniscbrportaluploadcomarquivo metodologiacientificapdf Essa dimensão fica mais clara quando abordamos a controvérsia método indutivo versus método dedutivo ou seja partir da observação para criar a teo ria ou começar com as teorias e verificar se o mundo é apresentado por elas É nessas instruções de como proceder na ciência que encontramos mais frequen temente desacordo e controvérsia não somente em relação às questões da téc nica mas também quanto à própria relevância das questões metodológicas CASTRO 2006 p32 Parece complexo porém tornouse consenso que há um vaivém entre os dois lados e alguns autores afirmam que não iniciamos uma pesquisa com fa tos nem com deduções apenas com hipóteses que guiam nossa investigação a fim de garantir a ordem dos fatos John Dewey por exemplo nega esses dois ca minhos anteriores dedutivo e indutivo e afirma que é preciso sempre começar com um questionamento uma pergunta Diante do exposto é importante destacar que pode existir estilos pessoais de investigação alguns pesquisadores são mais indutivos alguns mesclam dedução e indução porém jamais partem do nada do zero para a realização de suas pesquisas Sempre se chega a um problema conhecendo os dados que foram usadosanalisados em pesquisas anteriores as teorias que explicam fe 124 capítulo 4 nômenos semelhantes Assim um pesquisador dedutivo não ignora os dados existentes pois já verificou aspectos semelhantes e um pesquisador indutivo já leu os livros ou artigos científicos que abordam as teorias pertinentes O de dutivo analisa as teorias e posteriormente vai atrás dos dados e o indutivo vai observar analisar os dados deixando que a realidade vá sugerindo os rumos que tomará suas formulações teóricas notamos que a ciência se faz na gangorra entre a indução e a dedução não há ciência sem as elucidações que estruturam o que é observado e não há ciência sem o retorno ao mundo real observado Em cada fase de uma pesquisa o método vai se impondo sobre o pesquisa dor em cada fase da investigação o método que melhor se adapta ao problema Todavia é importante enfatizar que não é possível selecionar método e tema de pesquisa concomitantemente pois uma vez selecionado o método como o qual nos sentimos mais à vontade para trabalhar fica limitada a escolha dos temas de pesquisa Não é aceitável no processo de elaboração do conhecimento cien tífico é escolher um objeto de pesquisa e tratálo de forma metodologicamente imprópria CASTRO 2006 O uso de métodos equivocados compromete signi ficativamente ou mesmo inviabiliza os resultados da pesquisa Por exemplo se o tema de pesquisa se presta a um tratamento quantitativo insistir no uso de um método qualitativo é um erro letal Chega um momento da pesquisa que não cabe mais o gosto ou a afinidade do pesquisador simplesmente o proble ma exige um determinado tipo de método Repetindo somos livres para escolher o método com o qual nos sentimos mais con fortáveis Podemos também escolher o problema com que vamos trabalhar mas não podemos escolher os dois ao mesmo tempo Em boa medida o problema impõe o método Se quisermos ficar no método de nossa preferência pode ser preciso mudar de problema CASTRO 2006 p35 Analisamos até aqui o que chamamos de dimensão positiva do método mas o oposto a dimensão negativa do método A dimensão negativa seria o conjun to de regras que se constituem no controle de qualidade do produto final de capítulo 4 125 forma mais impositiva de caráter mais imperativo É a face do método que nos descreve o que não podemos fazer e o que somos sujeitados a fazer para que os resultados da pesquisa tenham validade científica Agora faz sentindo falarmos em dimensão negativa do método Sim por que todas as grandes pesquisas passaram por testes resistindo positivamente a eles O método usado para a realização da pesquisa deve então permitir ao pesquisador não apenas chegar a resultados válidos mas também permitir a percepção de falhas na construção destes resultados ou teorias Além do cami nho a ser seguido o método deve garantir que uma dada proposição científica resista as tentativas de derrubála CASTRO 2006 45 As técnicas Até aqui discutimos os diversos discursos sobre o método agora após o percur so feito é o momento de compreendermos quais são as técnicas utilizadas para a efetivação do método Isso mesmo o método concretizase com o conjunto de etapas que devem ser cumpridas para a realização da pesquisa e que configu ram as técnicas SEVERINO 2010 Os objetivos a serem alcançados pela pesquisa determinam o tipo de méto do que a ser empregado o experimental ou o racional que empregam técnicas específicas ou comuns a ambos para o desenvolvimento sistemático do traba lho de pesquisa Como a maior parte das técnicas que compõem o método cien tífico e racional é comum embora seja necessária a adaptação aos objetivos de cada investigação as técnicas que vamos analisar aqui estão ligadas ao método experimental e indiretamente também ao método racional Portanto cada pesquisa tem sua metodologia e exige o uso de técnicas es pecificas para a aquisição dos dados Selecionado o método as técnicas a se rem usadas serão consequentemente selecionadas em conformidade com os objetivos da investigação científica ANDRADE 2010 Uma pesquisa pode ser realizada apenas com a aplicação de questionários outra pode exigir o uso da entrevista da observação direta e da pesquisa de campo O mais importante é adequar as técnicas às características da pesquisa que se pretende realizar sempre tendo em vista que a coleta bem feita dos dados facilita significativa mente o desenvolvimento da pesquisa 126 capítulo 4 Mas o que exatamente são as técnicas As técnicas para a concretização do método são os procedimentos científicos utilizados por uma ciência em suas pesquisas As técnicas em uma ciência são os meios corretos para a execução das operações de tal ciência devendo o pesquisador pertencente a esse grupo dominar certas técnicas utilizadas para poder trabalhar Assim há técnicas associadas a certos testes de laboratório à coleta de informações a partir da observação do comportamento humano em determinada situação como den tro do espaço escolar por exemplo técnicas para a realização de entrevistas dentre outras Todavia é importante esclarecer que existem técnicas que são compartilhadas por diversas ciências são procedimentos comuns a diversas áreas do conhecimento Existe pois um conjunto de técnicas basicamente análogo para todas as ci ências que compreende um número de procedimentos aplicações científicas ou operações que perpassam qualquer tipo de pesquisa pois auxiliam sempre na formulação de questões ou levantamento de hipóteses na observação no re gistro cuidadoso dos dados observados e na construção de explicações CERVO BERVIAN SILVA 2007 p30 Essas técnicas são a observação a descrição a comparação a análise a síntese a experimentação as técnicas de abordagem e também as técnicas de coleta de dados e contribuem para o desenvolvimento da pesquisa porque são utilizadas para Formular questões e elencar hipóteses Realizar observação e medidas Registrar e ordenar os dados observados para responder aos questiona mentos levantados pela pesquisa Elaborar explicações ou rever conclusões ideias ou opiniões que estejam em desacordo com as observações realizadas Estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvam condições semelhantes Antecipar que dadas certas condições podese esperar que surjam certas relações Analisaremos ao longo desse capítulo cada uma dessas técnicas capítulo 4 127 Veja como esta autora Inês Lacerda Araújo apresenta a discussão sobre o método e a técnica Os métodos têm alcance mais amplo que as técnicas Técnicas são processos definidos e delimitados que servem para atingir conhecimentos úteis servem de guias para a prá tica de modo geral podendo servir ainda a propósitos específicos de cada ciência tais como mensuração uso de instrumentos modos de agir na coleta de dados emprego de questionários levantamentos estatísticos projeções gráficas etc Já os métodos dependem de regras gerais cujo emprego capacita a avaliar aceitar ou rejeitar o conjunto bastante amplo das técnicas O método como indica a palavra é um caminho um conjunto de regras e procedimentos comuns a várias ciências que permitem obter explicações descrições e compreensão sendo a compreensão mais adequada para as ciências humanas Tendo em vista este objetivo o método poderá ser o da observação e da descrição o da experimentação o da construção de sistemas formais e modelos explicativos o de levantamento e teste de hipóteses com explica ções através de leis eou teorias Todos eles têm caráter dedutivo indutivo ou ambos Do emprego de um ou mais destes métodos resultam conhecimentos acerca de um determinado recorte da realidade suscetíveis de algum tipo de validação seja o simples teste empírico seja o confronto crítico de hipóteses e teorias Da relação entre ciência e técnica resultam avanços formidáveis tanto para uma como para outra A técnica algumas vezes provém da ciência outras vezes é a ciência que é devedora dos aparatos técnicos que favorecem medidas cada vez mais detalhadas e observações cada vez mais precisas Da técnica da mensuração de solos nasceu por exemplo a geometria e da máquina a vapor nasceram os elaborados conceitos da termodinâmica Mais recentemente a ciência passou a ter seus conhecimentos teóricos aplicados e o resultado disto é a tecnologia moderna que outra coisa não é senão a pura pesquisa científica aplicada A ciência não tem no entanto a sofisticação da técnica A ciência nasce antes de obs táculos de problemas que a observação atenta e a experimentação rigorosa detectam como fatos incompatíveis com as científicas vigentes ARAÚJO Inês Lacerda Introdução à filosofia da ciência 2 ed Curitiba Ed da UFPR 1998 pp 1516 128 capítulo 4 451 Observação A observação de importância capital nas ciências é a aplicação dos sentidos físicos a um determinado objeto para obter uma informação clara e precisa é a visualização de um evento ou fenômeno Essa observação deve ser realizada re petidas vezes para obter o maior número de detalhes sendo realizada portan to com a maior precisão possível Para garantir a sua validade científica uma observação deve ser planejada e não apresentada como uma serie de curiosida des registrada metodicamente relacionada a proposições gerais estar sujeita a verificação e controles de validade e precisão atender a um ou mais objetivos da pesquisa afastarse o máximo possível da subjetividade MARCONI LAKA TOS 2010 A observação deve ser usada como técnica de pesquisa quanto o pesquisa dor tem conhecimento prévio do ambiente onde realizará a observação tem tempo condições competência e capacitação para processar uma observação possui condições de acompanhar de perto a alvo da observação consegue identificar as reações do indivíduo ou grupo em seu ambiente e especialmen te quando as informações a serem levantadas forem difíceis de identificar atra vés de perguntas ou entrevistas Toda observação para ter validade acadêmica deve ser registrada no mo mento mais próximo observação para garantir maior acuidade Durante o re gistro ou transcrição o pesquisadorobservador deve deixar bem aparente as diferentes informações coletadas como as falas as citações e as observações pessoais O registro pode ser feito em papel pequeno fichário folhas avulsas ou um material que mantenha junto todo o conjunto de observações para fazer consultas às informações já obtidas sempre que necessário destacando que toda transcrição da observação deve conter uma parte descritiva e uma parte reflexiva De acordo com a necessidade e a forma como é executada a observação científica pode assumir diferentes formas podendo ser OBSERVAÇÃO ASSISTEMÁTICA NÃO ESTRUTURADA é a observação sem o emprego de técnica ou instru mento sem planejamento e sem quesitos observacio nais previamente estabelecidos Consiste em coletar e anotar os fatos ou fenômenos sem a utilização de meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas capítulo 4 129 OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA ESTRUTURADA é a observação planejada ou controlada tem como características o uso de anotações e o controle do tempo e da periodicidade recorrendo também ao uso de recursos técnicos mecânicos e eletrônicos É re alizada em condições controladas para atender es pecificamente a propósitos anteriormente definidos OBSERVAÇÃO NÃO PARTICIPANTE ocorre quando o pesquisador tem contato com o fenômeno ou comunidade observado mas não se envolve com o objeto de observação permanece de fora executando apenas o papel de expectador OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE ocorre quando o observador se envolve com objeto de pesquisa passando a fazer parte dele Esse tipo de observação auxilia o pesquisador a conquistar a confiança de quem é observado OBSERVAÇÃO INDIVIDUAL ocorre quando em virtude de situações impostas pela pesquisa o observador realiza a pesquisa indivi dualmente e submete ao objeto de pesquisa ao crivo de seus próprios conhecimentos dada a inexistência de controles externos OBSERVAÇÃO EM EQUIPE ocorre quando um mesmo objeto de pesquisa é simultaneamente observado por diversas pessoas com o mesmo propósito no mesmo tempo e lugar ou em tempos e lugares distintos OBSERVAÇÃO EM LABORATÓRIO esse tipo de observação tem caráter artificial porém é crucial para o isolamento do objeto pesquisado afastando as interferências externas e favorecendo a análise dos mecanismos internos de funcionamento do objeto 130 capítulo 4 TIPOS DE OBSERVAÇÃO OBSERVAÇÃO ASSISTEMÁTICA Não há planejamento e controle OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA Existe planejamento ocorre em condi ções controladas para corresponder a propósitos préestabelecidos OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE O observador se envolve com o objeto de pesquisa OBSERVAÇÃO NÃO PARTICIPANTE O pesquisador presencia o fato mas não participa OBSERVAÇÃO INDIVIDUAL Realizada por um único pesquisador OBSERVAÇÃO EM EQUIPE Feita por um grupo de pesquisadores OBSERVAÇÃO EM LABORATÓRIO Todos os eventos e condições são con troladas porém o pesquisador não inter fere na ordem dos eventos VANTAGENS DA OBSERVAÇÃO Chegar mais perto das perspectivas dos sujeitos Ser útil para descobrir aspectos novos de um problema Importante quando não existir uma base teórica sólida que oriente a coleta de dados Permite a coleta de dados em situações em que formas de comunicação são impossíveis Possibilita meio direto e satisfatório para estudar uma ampla variedade de fenômenos capítulo 4 131 Exige menos do observador do que outras técnicas Depende menos da introspecção ou da reflexão Permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas ou de questionários LIMITAÇÕES DA OBSERVAÇÃO O pesquisador pode provocar alterações no comportamento do grupo observado O observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no pesquisador favorecendo a interpretação pessoal juízo de valor Envolvimento que leva a uma visão distorcida ou a uma representação parcial da realidade Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador A duração dos acontecimentos é variável dificultando a coleta de dados Vários aspectos da vida cotidiana particular podem não ser acessíveis ao pesquisador 452 Descrição Como notamos ao analisarmos a técnica da observação esta não é suficiente para construir o conhecimento cientifico necessita para isso da do registro processo que configura a técnica científica da descrição MARCONI LAKATOS 2010 Inicialmente a descrição constitui a habilidade de fazer com que o outro compreenda aquilo que o pesquisador observou Assim a descrição deve ser clara e precisa para que o interlocutor ou leitor seja capaz de visualizar men talmente exatamente aquilo que o observador viu no momento e local em que realizou sua observação A descrição serve ainda para descrever metodologicamente cada um dos passos dados na realização da pesquisa e na aplicação das técnicas pertinentes 453 Comparação A comparação como técnica científica é aplicável quando houver dois ou mais termos ou elementos com as mesmas propriedades gerais ou características particulares abstraindo as semelhanças e destacando as diferenças CERVO BERVIAN SILVA 2007 132 capítulo 4 A comparação para ter validade científica deve estar sempre acompanhada da análise e da síntese como veremos posteriormente porque esses são passos fundamentais para a identificação das propriedades gerais e das características particulares de cada um dos termos ou elementos comparados 454 Análise e síntese A análise e a síntese são procedimentos distintos mas inseparáveis por esse motivo e por serem fundamentais a pesquisa científica serão abordados em um mesmo tópico de nosso material O termo análise vem do grego analyein que significa quebrar e é exatamen te isso que a análise faz desagrega um determinado problema ou fenômeno em partes menores e estuda cada uma das peças de forma independente das outras peças para compreender o todo JAPIASSÚMARCONDES 2006 A análise é o procedimento pelo qual explicamos de maneira sensata um determinado conjunto complexo como por exemplo um fato histórico Deve ser compreendida como a operação mental ou experimental que decompõe um todo em tantas partes quanto possível A síntese por sua vez é a reconstituição do todo antes decomposto para na análise é o processo que vai do mais simples para o menos simples Sem a aná lise o conhecimento é apresentado de maneira confusa e superficial e sem a síntese consequentemente inacabado incompleto A análise e a síntese podem ser experimentais ou racionais Experimentais são análises e sínteses que operam sobre seres ou fenômenos concretos e são o cerne da experiência científica na pesquisa laboratorial A análise e a síntese racionais ocorrem sobre ideias e verdades mais ou me nos gerais e não sobre indivíduos e fenômenos A análise racional consiste em reduzir o problema proposto a outro mais simples já solucionado A síntese racional parte de um princípio geral mais simples e dele deduz por via de con seqüência a solução almejada A análise e a síntese racionais só podem ser feitas mentalmente e são comumente utilizadas na filosofia e na matemática SEVERINO 2010 capítulo 4 133 455 Experimentação A experimentação é o conjunto de processos usados para verificar através de experimentos as hipóteses levantadas é a etapa em que o cientista realiza ex periências para comprovar ou negar a validade das hipóteses que apenas serão validadas se após a repetição da experiência os resultados obtidos forem os mesmos A experimentação difere da observação porque obedece a uma dire triz e não porque implica a intervenção do pesquisador A ação de experimentar é um método científico que averigua as relações causais entre as variáveis ou procura validar uma hipótese Um experimento é o fundamento da abordagem empírica para a aquisição de dados sobre a reali dade objetiva e é usado tanto nas ciências biológicas e naturais como nas ciên cias sociais Um experimento pode ser desenhado para encontrar soluções para questões práticos e também para comprovar ou refutar pressupostos teóricos Galileu Galilei que atribuiu à experimentação papel essencial na construção do conhe cimento científico o de legitimar suposições hipóteses Dependendo da perspectiva filosófica uma experiência pode conduzir a uma melhor compreensão do mundo físico ou apenas a uma ajuda na ampliação do conhecimento da realidade objetiva A principal ideia das técnicas de experimentação é a de que sendo uma hi pótese o estabelecimento de uma relação de causa e efeito ou de antecedente e conseqüente entre dois fenômenos devese descobrir se realmente B efeito ou conseqüência varia a cada vez que se faz varia A causa ou antecedente e se A e B variam da mesma maneira e nas mesmas proporções Notamos a presença do principio do determinismo que se apresenta da seguinte forma nas mes mas circunstancias as mesmas causas produzem os mesmos efeitos ou as leis da natureza são fixas e constantes CERVO BERVIAN SILVA 2007 p39 A experimentação supervisionada também denominada de científica e a que nos interessa aqui ocorre quanto o pesquisador ou grupo de pesquisado res ligados a uma mesmo projeto de pesquisa realiza um experimento ou teste através do uso de um determinado método Geralmente a experimentação científica compara os resultados obtidos a partir de uma amostra experimental contra uma amostra de controle que é pratica mente idêntica ao da amostra experimental exceto para um aspecto cujo efeito está sendo testado a variável independente 134 capítulo 4 A experimentação científica pode ser de dois tipos a experimentação em campo e a experimentação em laboratório Nos experimentos realizados em campo todos os eventos são realizados em ambiente externo e portanto não controlado e os dados são registrados a partir das reações resultantes das va riáveis que o pesquisador introduz no experimento Já na experimentação em laboratório o ambiente para a realização da experiência é controlado e todas as variáveis são controladas e introduzidas pelo pesquisador Francis Bacon como estudamos anteriormente pode ser considerado um dos principais cientistas a sistematizar a experimentação ao organizar o méto do das coincidências constantes BARROS LEHFELD 2007 Posteriormente Stuart Mill apresentou um número significativo de combinações que podem conduzir a causa determinando do aparecimento dos fenômenos apresentan do assim os métodos de exclusão que se baseiam em regras fundamentais CONEXÃO httpwwwcobeaorgbr 456 Técnicas de abordagem Estudamos até aqui as diferenças entre métodos e técnicas de pesquisa agora é preciso estabelecer a distinção entre indução dedução intuição e inferência uma vez que a opção por uma delas está diretamente ligada à escolha do méto do e de suas técnicas A indução e a dedução não são métodos científicos propriamente ditos São mais ade quadamente caracterizados como forma de abordagem de um tema formas de racio cínio ou de argumentação e como tais são formas de orientar a reflexão e não de simples produção de pensamentos CERVO BERVIAN SILVA 2007 p42 capítulo 4 135 457 Dedução A dedução ou método dedutivo tem suas raízes históricas na obra do filósofo grego Aristóteles ficando por isso também conhecida como lógica aristotéli ca A palavra dedução vem do latim deducara conduzir a partir de JAPIASSÚ MARCONDES 2006 A dedução é uma argumentação que explicita verdades particulares que es tão em verdades universais O ponto inicial é a o antecedente que afirma uma verdade universal e o ponto de chegada é o conseqüente que afirma uma verda de particular ou não tão geral contida implicitamente no primeiro Em um argumento dedutivo correto o que está dito na conclusão é extraído das premissas para sermos mais claros um argumento dedutivo correto tem uma conclusão inferida necessariamente de suas premissas A dedução na re alidade apenas organiza o conhecimento já adquirido Contudo devemos ob servar que sempre fazemos deduções e é preciso averiguar quando são válidas ou inválidas Cientificamente a dedução conduz o pesquisador do conhecido ao desco nhecido com pouco margem de erro porém o seu alcance é limitado porque a conclusão como vimos não pode possuir conteúdos que excedam o que estão nas premissas A lógica aristotélica A ciência lógica foi descoberta pelos gregos todavia não podemos dizer que o pensa mento lógico não existisse antes deles este é tão antigo quanto o ato de pensar pois toda imaginação fértil é controlada por regras de lógica A Aristóteles cabe o mérito de ter iniciado o estudo orgânico das regras lógicas Aristóteles foi o primeiro a tratar a lógica com rigor avançado especialmente na obra Analíticos Nessa obra o filósofo faz uma análise do pensamento nas suas partes integrantes Essa e outras obras sobre o assunto forma denominadas posteriormente e em conjunto Órganon que signifi ca instrumento instrumento para se pensar corretamente Todavia devemos lembrar novamente que o próprio Aristóteles não utilizou a palavra lógica que só foi forjada tempos depois Apesar disso a lógica seria para seu precursor não uma disciplina teórica mas sim um instrumento de para as ciências daí o nome Órganon instrumento para as ciências pensarem corretamente 136 capítulo 4 De acordo com Marilena Chauí a lógica aristotélica como ficou posteriormente conhe cida apresenta as seguintes características Instrumental é o instrumento do pensamento e da linguagem para pensar e dizer corretamente a fim de verificar a correção do que está sendo pensado e dito Formal não se ocupa com os conteúdos pensados ou com os objetos referidos pelo pensamento mas apenas com a forma pura e geral dos pensamentos expressos por meio da linguagem Propedêutica ou preliminar é o que devemos conhecer antes de iniciar uma inves tigação científica ou filosófica pois somente ela pode indicar os procedimentos mé todos raciocínios demonstrações que devemos empregar para cada modalidade de conhecimento Normativa fornece princípios leis regras e normas que todo pensamento deve se guir se quiser ser verdadeiro Doutrina da prova estabelece as condições e os fundamentos necessários de todas as demonstrações Dada uma hipótese permite verificar as conseqüências necessárias que dela decorrem dada uma conclusão permite verificar se é verdadeira ou falsa Geral e atemporal as formas do pensamento seus princípios e suas leis não de pendem do tempo e do lugar nem das pessoas e circunstancias mas são universais necessárias imutáveis CHAUÍ 2006 p 108 Acreditamos que o mérito principal desse importante filósofo grego foi ter fixado com exatidão as regras da argumentação dedutiva na forma do silogismo O silogismo método de dedução de uma conclusão por meio de duas premissas pos suí três proposições duas primeiras que são chamadas premissas e a terceira deno minada conclusão As três proposições são construídas apenas três termos denomi nados médio maior e menor O termo médio aparece duas vezes nas premissas mas não na conclusão O termo maior e o termo menor figuram nas premissas e na conclusão O maior está presente na premissa maior e o menor na premissa menor Por exemplo no silogismo todos os homens são racionais Sócrates é homem logo Sócrates é racional Termo médio Homem Termo maior Racional Termo menor Sócrates capítulo 4 137 As premissas etimologicamente que foram colocadas antes são as hipóteses ini ciais a partir das quais tiramos as conclusões A hipótese ou proposição é tudo o que pode ser afirmado ou negado Por exemplo Todo gato é mamífero ou Animal não é mineral As proposições hipóteses podem ser verdadeiras ou falsas e os argumentos dizemos que são válidos ou inválidos Uma proposição pode ser considerada verdadeira quando corresponde ao fato que expressa e um argumento é válido quando sua con clusão é conseqüência lógica de suas premissas 458 Indução O método indutivo estruturouse com a filosofia moderna e foi bravamente defendido pelos empiristas como Bacon Hobbes Locke Hume segundo os quais o verdadeiro conhecimento é fundamentado na experiência sem levar em consideração princípios estabelecidos A indução trata de problemas em píricos e a generalização deve ser constatada a partir da observação de casos concretos satisfatoriamente confirmadores da realidade As conclusões são prováveis não contidas nas premissas A indução percorre um caminho contrário a dedução ou seja na indução o raciocínio estabelece uma conexão ascendente do particular para o geral do efeito para as causas sendo as condições particulares que levam às teorias e leis gerais A indução não nos fornece as certezas do procedimento dedutivo mas apenas probabilidades exigindo assim verificação observação eou expe rimentação ARANHA MARTINS 2003 Essas exigências contribuem para que ciência refine o seu espírito experi mental pois são as inferências não dedutivas que fazem a ciência arriscar e portanto saltar avançando Para que ocorra indução é necessário que as ob servações sejam muitas e repetidas sob ampla variedade de situações É totalmente possível um argumento indutivo não ser verdadeiro porém as suas premissas podem ser verdadeiras e ainda assim não haver contradição Isso ocorre quando há uma ou mais proposição de observação hipótese logi camente possível mas inconsistente isto é se essas premissas forem apresen tadas como verdadeiras terminando por falsificar o argumento 138 capítulo 4 Apesar da aparente fragilidade da indução que não alcança o rigor do raciocínio dedu tivo tratase de uma forma muito fecunda de pensar responsável pela fundamentação de grande parte dos nossos conhecimentos na vida diária e de grande valia nas ciên cias experimentais Além disso todas as previsões têm base na indução ou seja no raciocínio que partindo de alguns casos da experiência presente nos faz inferir que o mesmo poderá ocorrer mais tarde ARANHA MARTINS 2003 p104 Em suma na indução a conclusão está para as premissas como o todo está para as partes Terra Marte e Vênus são planetas São planetas que não brilham com luz própria Logo os planetas não brilham com luz própria 459 Intuição A palavra intuição significa ver por dentro mas apesar de um significado claro o seu conceito pode variar de acordo com a corrente do pensamento Por exem plo para o grego Platão existiriam quatro níveis de conhecimento do inferior ao superior sendo estes a crença a opinião o raciocínio e a intuição CHAUÍ 2006 Kant compreendia a intuição como o conhecimento que se relaciona imediatamente com os objetos A intuição sempre foi e continua sendo um conceito polêmico dentro das ciências porque está no campo da subjetividade uma vez que para uma in tuição ser aceita é necessário que o indivíduo tenha um conhecimento prévio e que também tenha observado registrado analisado além de possuir certa dose de criatividade Percebemos então que a intuição é algo que pode ser desenvolvido através do estudo da leitura da participação cultural porque é uma condensação de conhecimentos anteriores capítulo 4 139 4510 Inferência A inferência é definida como a operação intelectual pela qual se passa de uma verdade a outra julgada tal em razão de sua conexão com a primeira é o pro cesso pela qual concluímos algo por meio de um raciocínio a dedução por exemplo é uma inferência JAPIASSÚMARCONDES 2006 Portanto inferir é chegar a uma conclusão a partir de juízos anteriores O conceito de inferência é muito importante para quem deseja entender o fenô meno da compreensão uma vez que são as proposições cognitivas que se reorga nizam para construir proposições novas a partir de informações que o pesquisador encontrou no texto na observação de uma situação na análise de um experimento Cabe destacar que a inferência não deve ser compreendida como sinônimo de ra ciocínio pois a inferência possui um sentido mais abrangente que raciocínio As inferências podem ser de dois tipos as inferências imediatas e as infe rências mediatas A inferência imediata é aquela que extrai de uma única pro posição outra proposição à qual se atribui o valor de verdade ou falsidade sen do obtida por meio da oposição ou da conversão A inferência mediata consiste na apresentação da conclusão obtida a partir de duas ou mais proposições Este segundo tipo de inferência ainda ser subdividido inferências analógicas infe rências indutivas e inferências dedutivas A inferência como se vê é uma operação mental que leva a concluir algo a partir de certos dados antecedentes É uma extensão do conhecimento É uma passagem do conhecido ao não conhecido Implica uma espécie de salto dos dados estabelecidos e verdades aceitas para novas verdades com elas relacionadas Esse salto ou passagem recebe sua justifica ção da validade do antecedente e da continuidade lógica que a inteligência crê descobrir entre os fenômenos implicados e os fenômenos novos A essa transposição do conhecido ao desconhecido dáse também o nome de ilação CERVO BERVIAN SILVA 2007 p50 4511 Técnicas de Coleta de dados As pesquisas com destaque para as pesquisas de tipo descritivo devem con templar em seu planejamento a delicada tarefa de coleta dos dados que corres ponde a uma fase intermediária da pesquisa 140 capítulo 4 A coleta de dados ocorre na fase intermediária porque deve ser feita após a escolha e a delimitação do tema a formulação do problema de pesquisa o esclarecimento dos objetivos o agrupamento dos dados e a identificação das variais envolvidas Essa fase intermediária da pesquisa envolve passos como a determinação da população a ser analisada a elaboração do instrumento que será utilizado para a coleta de dados programação dessa coleta e o treinamento quando ne cessários dos auxiliares que também trabalharão na coleta dos dados Os instrumentos de coleta de dados mais utilizados que analisaremos a se guir são a entrevista e o questionário 4512 Entrevista CONEXÃO httpwwwemteseufscbr3art5pdf Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciências Sociais A entrevista ao contrário do que muitos acreditam não é uma simples conversas mas uma técnica de coleta de dados que pautase em uma conversa orientada com o objetivo de recolher por meio do interrogatório do informan te dados para a pesquisa É uma técnica que possibilita a abordagem de as suntos pessoais íntimos complexos e pode ser usada para aprofundar pontos apontados por outras técnicas de coleta Objetivos da entrevista como técnica de coleta de dados Obtenção de informações sobre determinado assunto ou problema Averiguação de fatos Determinação de opiniões Determinação de sentimentos Descoberta de planos de ação capítulo 4 141 Apesar da flexibilidade apresentada a coleta de dados por meio da entrevis ta exige do pesquisador muito cuidado no processo de seleção e treinamento dos entrevistadores porque o sucesso desta técnica está diretamente relacio nado com a relação entrevistador e entrevistado Para que os objetivos sejam alcançados o entrevistador deve saber observar e saber buscar algo de preciso necessita ter uma malícia para compreender o entrevistado Adequada para o desenvolvimento de levantamentos sociais a pesquisa tem como vantagens à agilidade não exige exaustiva preparação dos pesquisa dores possibilita a análise estatística dos dados através das respostas padroni zadas porém sua limitação é o fato de não possuir um maior aprofundamento em perguntas préfixadas Para maior êxito devemse observar algumas pontos fundamentais como a forma como será feito o contato inicial entre entrevistador e entrevistado como serão formuladas as perguntas se serão utilizados estímulos a respostas com pletas e quais serão esses como serão registradas as respostas quando e como deverá ser encerrada a entrevista As pesquisas utilizadas para a coleta de dados que servirão para a estrutura ção de um trabalho acadêmico pode ser padronizadas ou estruturadas ou não estruturadas A pesquisa padronizada é aquela que segue um roteiro prévio já a entrevista não estruturada é mais informal mas dividise em focalizada que possui um roteiro com alguns tópicos clínica para analisar sentimentos e rea ções não dirigida que garante liberdade total ao entrevistado e painel que usa a repetição de perguntas para estudar mudanças de opiniões ANDRADE 2010 Vantagens da entrevista Coleta imediata da informação Pode atingir pessoas com qualquer nível de instrução Fornece uma amostragem muito melhor da população geral Maior flexibilidade pois o entrevistador pode esclarecer dúvidas do entrevistado Maior oportunidade de avaliar condutas Oportunidade para obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais Os dados podem ser quantificados e submetidos a tratamento estatístico 142 capítulo 4 Limitações da entrevista Dificuldade de expressão e comunicação Fornecimento de respostas falsas por razões conscientes e inconscientes Dificuldades do entrevistado em responder ou por falta de cultura ou por problemas psicológicos O entrevistado pode ser influenciado pelo entrevistador Custos de treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas Ocupa muito tempo e é difícil de ser realizada Dicas para o bom desenvolvimento da entrevista QUEM SERÁ ENTREVISTADO Busque indivíduos que verdadeiramente possuam as infor mações eou conhecimentos que satisfaçam as necessi dades de sua pesquisa PLANO DA ENTREVISTA Elabore com antecedência as perguntas elencando a or dem em que devem ser respondidas PRÉTESTE Realize a entrevista previamente elaborada com alguém que poderá fazer uma crítica de sua atitude antes de se encontrar com os entrevistados de sua escolha DURANTE A ENTREVISTA Estabeleça uma relação amistosa Não demonstre incerteza ou entusiasmo diante do en trevistado para que tais comportamentos não prejudi quem a relação entre entrevistador e entrevistado Deixe que as questões surjam espontaneamente evi tando que a entrevista assuma o aspecto de um inquérito ou de um questionário oral capítulo 4 143 DURANTE A ENTREVISTA Seja objetivo para evitar que a entrevista fique cansativa Interaja com o entrevistado para que ele não sinta que está falando sozinho Anote imediatamente as informações do entrevistado sem deixar que ele fique esperando sua próxima inquiri ção enquanto você anota Caso opte pelo uso de um gravador não se esqueça de solicitar a permissão do entrevistado para tal Lembrese que o uso do gravador pode inibir o entre vistado RELATÓRIO Mesmo quanto optar pelo uso de um gravador faça antes de transcrever a entrevista um relatório CONEXÃO A entrevista em situação de pesquisa acadêmica reflexões numa perspectiva discursiva httpcpd1ufmtbrmeelarquivosartigos24pdf 4513 Questionário O questionário é uma técnica de coleta de dados em que o pesquisador apre senta questões por escrito às pessoas que compõem a população estudada ten do por objetivo principal o conhecimento de opiniões crenças sentimentos interesses expectativas etc Também conhecido como enquête agrupamento de testemunhos sobre determinado assunto tese quando a pesquisa é psico lógica ou formulário impresso com campos para anotação de dados o ques tionário é a técnica mais utilizada porque possibilita medir com mais exatidão o que se deseja para a pesquisa 144 capítulo 4 As perguntas de um questionário dependem da natureza da informação que se deseja coletar do nível sociocultural da população que será interrogada Para que os objetivos sejam satisfatoriamente atingidos e o questionário não se torne um mero adereço dentro da pesquisa as questões devem ser bem re digidas e traduzir os objetivos da pesquisa para isso ao elaborar as questões o pesquisador precisa considerar a forma o conteúdo a escolha a formulação a quantidade a ordem e as deformações O pesquisador que utilizar o questionário para sua coleta de dados jamais poderá desconsiderar que o conteúdo da resposta está diretamente relaciona do com a maneira como foi formulada cada uma das perguntas e também do interesse do interrogado em relação ao tema Para garantir o sucesso da aplicação dos questionários os pesquisadores devem elaborar uma introdução ao questionário ou uma carta separada infor mando os objetivos da pesquisa qual a entidade pesquisadora as razões desse estudo e como as questões poderão ser respondidas Antes de aplicar o questionário o pesquisador individualmente ou com seu grupo de pesquisa deve testar a aplicação das questões para identificar falhas como falta de clareza na redação complexidade presença de questões desne cessidade ou fora de contexto constrangimento ao informante exaustão den tre outras e também para assegurar validade e precisão de um questionário Essa verificação prévia é denominada préteste e comumente é aplicado em grupo de 10 a 20 pessoas com as mesmas características da população que se pretende pesquisar Após a aplicação do préteste os participantes devem ser questionados acerca de suas impressões e dificuldades no momento de realiza ção do questionário CERVO BERVIAN SILVA 2007 Vantagens do questionário Possibilita atingir um grande número de pessoas Poucos gastos com pessoal porque não exige treinamento especifico Garante o anonimato das respostas As respostas podem ser dadas em qualquer momento Os pesquisados não são influenciados pelo pesquisador capítulo 4 145 Limitações do questionário Exclui os indivíduos analfabetos Impede o auxílio a esclarecimentos Não favorece o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido Podem perderse ou não serem respondidos por completo Número limitado de perguntas Os itens podem ter significado diferente para cada pesquisado ATIVIDADES 03 Durante uma visita à biblioteca examinar as obras voltadas para a pesquisa e seus métodos e técnicas Por meio da verificação do índice avaliar se ensinam ferramentas para conduzir as pesquisa ou se tratam dos problemas de controlar a qualidade dos resultados Nos livros que tratam de ambos selecionar os capítulos correspondentes a cada fase REFLEXÃO Texto 1 Elaboração do projeto de pesquisa O projeto das pesquisas descritivas experimental deve conter informações sobre diver sos aspectos do trabalho tais como Tipo de pesquisa Delimitação do assunto com o tópico ou enfoque a ser estudado Objetivos com a indicação do que se pretende alcançar com a pesquisa Justificativa que envolva a delimitação do problema análise de situação que o projeto pretende modificar e uma demonstração de como a modificará Revisão da literatura referente à questão Formulação do problema indicando a questão ou dúvida a ser esclarecida Hipótese que é a tentativa de explicação do problema levantado Definição operacional das variáveis da hipótese com a indicação das variáveis de controle População e amostragem com sua descrição e indicação dos critérios para sua constituição 146 capítulo 4 Instrumentos da pesquisa e como serão aplicados na coleta de dados Procedimentos para constituição ou não de grupo de controle e com relação a como serão conduzidos a coleta é o registro das informações Análise dos dados em que se fará a comparação e confronto dos dados e das provas des tinadas a comprovar ou a rejeitar a hipótese Discussão dos resultados que possibilite a interpretação e à generalização dos resultados a partir da análise dos dados Orçamento com previsão de despesas com pessoal materiais e serviços Cronograma de execução com a indicação do escalonamento no tempo de todas as fases e tarefas da pesquisa Conclusão e observações sobre o projeto Anexos com as normas e os instrumentos de coleta de dados de acompanhamento de avaliação e controle Bibliografia referente ao assunto de pesquisa Tudo deve ser estudado e planejado para que as fases da pesquisa se processem nor malmente sem riscos de surpresas desagradáveis O projeto de pesquisa é muitas vezes a garantia de seu êxito Evidentemente o projeto de pesquisa pode ser modificado adaptando se às novas contingências Ele será sempre motivo de tranquilidade para o pesquisador além de testemunhar seu espírito sistemático e à sua força de vontade Todo pesquisador deve desenvolver a capacidade de elaborar projetos de pesquisa pelo menos para atender a seus interesses pessoais ou do grupo em que está inserido As instituições de fomento à pesquisa tanto públicas como privadas possuem geral mente um roteiro próprio com instruções específicas para montagem e apresentação do projeto de pesquisa que pretendem obter esse tipo de financiamento O interessado deve então se orientar pelo modelo relevante Veja no companion website alguns exemplos esco lhidos para você se cadastrar nas instituições de fomento à pesquisa e apresentar projetos Não raro ocorre porém que a elaboração do projeto sobretudo quando se trata de pes quisas importantes seja confiada aos técnicos em planejamento que fazem parte dos institutos de pesquisa e planejamento Nossas universidades em boa hora procuram um criar órgãos que têm entre outras finalidades fornecer assistência direta aos estudantes incentivandoos e orientando os seus passos na pesquisa Veja no companion website alguns exemplos de roteiro de projetos exigidos por programas de pós graduação de universidades brasileiras CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino SILVA Roberto da Metodologia científica 6ed São Paulo Pearson 2007 pp6970 capítulo 4 147 Texto 2 O Jogo da Ciência A compreensão mais corrente entre os pesquisadores é a de que na investigação cien tífica devese percorrer um caminho que exija um esforço na descoberta da coisa em si que é o desconhecido Isso significa que você deve partir das impressões primeiras sobre um determinado fenômeno e buscar conhecer seu núcleo a sua essência Nesses termos dois momentos podem ser destacados no processo de conhecimento na investigação científica O primeiro é o da aproximação imediata ao fenômeno estudado que é formada pelas impressões que temos a partir do nosso cotidiano Nesse terreno es tamos diante das formas fenomênicas da realidade ou seja estamos nos deparando com o que está diante do nosso nariz não precisamos fazer muito esforço para enxergar Esse é o mundo fenomênico o mundo das aparências ou como diz Kosik 1985 o mundo da pseudoconcreticidade Mas por que pseudoconcreticidade Porque é o que parece mas não é Você vê um fe nômeno que não se mostra por inteiro revelase parcialmente aos seus olhos escondendo partes ou detalhes O que está escondido é compreendido como a essência o concreto o que você precisa descobrir Aio estaria o jogo da ciência elucidar como os elementos fenomênicos e essenciais se relaciona se interpenetram Na atualidade diante da crise de paradigmas algumas desconfianças estão sendo se meadas sobre o clássico entendimento ocidental da relação aparênciaessência que secun dariza a imagem o aparente É importante sublinhar que o mundo contemporâneo tem sido cenário de mudanças na organização social das descobertas da microinformática ao genoma passando pelas diver sas e novas formas de convivência social que são expressões de uma sociabilidade que encarna uma emoção compartilhada e que orienta a vontade individual é possível enxergar elementos de uma cultura nascente O ritmo acelerado As imagens do cotidiano são rápidas quase invisíveis pois não exi gem compreensão Parece que as imagens não têm tempo E é justamente diante do sen timento de urgência do domínio do instantâneo que convém uma abertura de espírito para compreender o mundo lentamente A estratégia da lentidão remete a um vetor epistemológico que privilegia a apresen tação do mundo a emergência de uma atitude mais narrativa que descrevam que emita paradoxos É preciso cultivar portanto um espírito contemplativo para ouvir a musica que está para nascer 148 capítulo 4 Neste cenário a observação do mundo não se preta à conclusão nem mesmo à mania classificatória própria do pensamento moderno É preciso afirmar uma postura mais respei tosa com as múltiplas experiências da vida cotidiana distanciada das noções afirmadas pela Razão Moderna É no interior desse debate que emerge o movimento instituinte que tende a modificar as regras da ciência a aparência não é um dado a ser ultrapassado ela é considerada em si já que como disse Novalis o exterior é um interior elevado a estado de mistério É certo que algumas pessoas tendem a reagir às novas concepções com misoneísmo isto é com hostilidade a inovação à mudança Por certo é cômodo entrincheirarse por trás de um método universal desencarnado Mas é sempre bom lembrar da belíssima passagem de Hegel que afirma que a filosofia somente toma uma forma quando a realidade terminou o seu processo de formação não no início do crepúsculo que a coruja de Minerva alça vôo Pense nisso Gonsalves Elisa Pereira Iniciação à pesquisa científica 4 Ed Campinas Alínea 2007 pp5153 LEITURA BACHELARD Gaston A formação do espírito científico Contribuição para uma psicanálise do conhecimento Rio de Janeiro Contraponto 1996 RUDIO Franz Victor Introdução ao projeto de pesquisa científica 23 ed Petrópolis RJ Vozes 1998 p 2933 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE Maria Margarida de Introdução à metodologia do trabalho científico 10 ed São Paulo Atlas 2010 ARANHA Maria Lucia de Arruda MARTINS Maria Helena Pires Filosofando 3 ed São Paulo Moderna 2003 ARAÚJO Inês Lacerda Introdução à filosofia da ciência 2 ed Curitiba Ed da UFPR 1998 BACHELARD Gaston A formação do espírito científico Contribuição para uma psicanálise do conhecimento Rio de Janeiro Contraponto 1996 capítulo 4 149 BARROSAidil Jesus da Silveira LEHFELD Neide Aparecida de Souza Fundamentos da metodologia científica 3 ed São Paulo Pearson 2007 CASTRO Claudio de Moura A prática da pesquisa 2 ed São Paulo Pearson 2006 CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino SILVA Roberto da Metodologia científica 6 ed São Paulo Pearson 2007 CHARLOT Bernard Da relação com o saber elementos para uma teoria Trad B Magne Porto Alegre Artmed2000 CHAUÍ Marilena Convite à Filosofia 13 ed São Paulo Ática 2006 DEMO Pedro Introdução à metodologia da ciência São Paulo Atlas 2009 DIEHL Astor A TATIN Denise C Pesquisa em ciências sociais aplicadas métodos e técnicas São Paulo Prentice Hall 2004 GONSALVES Elisa P Iniciação à pesquisa científica São Paulo Alínea Editora 2001 JAPIASSÚ Hilton MARCONDES Danilo Dicionário básico de filosofia 4 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2006 MARCONI Marina de Andrade LAKATOS Eva Maria Metodologia do trabalho científico São PauloAtlas 2010 NASCIMENTO Dinalva M Metodologia do trabalho científico Rio de Janeiro Forense 2005 RUDIO Franz Victor Introdução ao projeto de pesquisa científica 23 ed Petrópolis RJ Vozes 1998 RUIZ João Álvaro Metodologia científica Guia para eficiência nos estudos 6 ed São Paulo Atlas 2008 SANTOS Antônio Raimundo dos Metodologia científica a construção do conhecimento Rio de Janeiro DP A 1999 SEVERINO A J Metodologia do trabalho científico São Paulo Cortez 2010 5 O Trabalho de Conclusão de Curso 152 capítulo 5 Um dos objetivos deste livro de Metodologia da Pesquisa é apresentar ele mentos teóricos para a futura elaboração do trabalho de conclusão de curso TCC ou seja fornecer instrumental para a prática de pesquisa em si Assim veremos neste último capítulo algumas das características do temido e inevitável Trabalho de Conclusão de Curso TCC e informações relevantes para a elaboração da pesquisa OBJETIVOS Discutir as principais características de um do Trabalho de Conclusão de Curso TCC Analisar o que é plágio e suas implicações Compreender as implicações a aplicações da normalização e padronização da investigação científica e da comunicação dos resultados da pesquisa Aplicar adequadamente as normas referentes à pesquisa científica e à apresentação de trabalhos acadêmicos capítulo 5 153 51 Trabalho de Conclusão de Curso TCC O trabalho de conclusão de curso TCC pode ser realizado pelos estudantes que estão terminando um curso de graduação de especialização ou de aperfeiçoa mento O principal objetivo deste trabalho acadêmicocientífico é a divulgação dos dados obtidos analisados e registrados permitindo a outros pesquisadores utilizar as informações ali compiladas como fontes de pesquisa capazes de nor tear futuros trabalhos facilitando a recuperação no diferentes sistemas de infor mação utilizados Apresenta o fruto de estudo devendo expressar conhecimento do assunto abordado que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina ou conjunto de disciplinas curso programa e outros ABNTNBR 14724 2011 De acordo com Barquero 1979 p 1625 apud OLIVEIRA 1999 p 237238 podemos analisar o trabalho de conclusão de curso especialmente o de gradu ação como a Elaborar um trabalho de conclusão de curso não é Repetir o que já foi dito por outro sem se apresentar nada de novo ou em relação ao enfoque ao desenvolvimento ou às conclusões Responder a uma espécie de questionário não é executar um trabalho se melhante ao que se faz em um exame ou deveres escolares Manifestar meras opiniões pessoais sem fundamentálas com dados comprobatórios logicamente correlacionados e embasados em raciocínio Expor ideias demasiado abstratas alheias tanto aos pensamentos preo cupações conhecimentos ou desejos pessoais do autor da monografia como de sua particular maturidade psicológica e intelectual Manifestar uma erudição livresca citando frases irrelevantes não perti nentes e malassimiladas ou desenvolver paráfrases sem conteúdo ou distan ciadas da particular experiência de cada caso b Na realidade podemos afirmar que trabalho de conclusão de curso é Um trabalho que observa e acumula observações Organiza essas informações e observações Procura relações e regularidades que podem haver entre elas Indaga sobre os seus porquês 154 capítulo 5 Utiliza de forma inteligente as leituras e as experiências para comprovação Comunica aos demais seus resultados c A s afirmações científicas componentes do trabalho de conclusão de curso expressam uma descoberta verdadeira apresentam provas Para muitos é a comprovação que distingue o cientí fico daquele que não é Em consequência podese afirmar que a maior arte de uma investigação científica consiste na procura de provas conclusivas pretendem ser objetivas ou seja independentes do pesquisador que as apresenta qualquer outro investigador deve poder encontrar o mesmo re sultado isto é verificar as afirmações ou com o seu trabalho refutálas ou modificálas possuem uma formulação geral A ciência procura classifica e relaciona fatos ou fenômenos com a intenção de encontrar os princípios gerais que os governam sãogeralmente sistemáticas portanto ordenadas segundo princípios lógicos expõe interpretações e relações entre os fatosfenômenos assim como suas regularidades Divisão do corpo do trabalho Não é apenas em virtude de sua extensão mas especialmente em virtude da multiplici dade de elementos que podem resultar da primeira análise do tema o corpo do trabalho deve ser dividido em partes com capítulos subtítulos ou itens Não há uma norma de divisão que deva ser seguida para todos os trabalhos acadê micos Na realidade a divisão adequada ao seu trabalho surge da própria natureza É muito correto esperar que o esquema do trabalho surja dele mesmo e é artificial e incorreto forçar o trabalho a enquadrarse em uma divisão pronto Podemos afirmar que a única norma que pode contribuir aos interesses dos pesquisa dores é a da ordem e da clareza assim divida o trabalho no menor numero de partes possível subdividindo cada o menos possível Dessa forma se o trabalho puder dividido em duas partes no o divida em três todavia se a divisão natural atinge cinco capítulos divida o texto em cinco capítulos O título de cada uma das partes capítulos ou itens capítulo 5 155 devem sempre apresentar de forma clara direta e precisa a ideia central neles contida Além disso todas as partes devem estar articuladas logicamente a partir da ideia prin cipal que gera a visão hamoniosa e quilibrada do todo RUIZ 2008 p76 52 Ética e pesquisa científica CONEXÃO Dica de filme Epidemia EUA 1995 Wolfgang Petersen A epistemologia1 da ciência contemporânea tem conduzido à compreensão da atividade científica como um processo que aceita falhas Esse questiona mento tem jogado uma luz mais forte sobre conhecimento científico e eviden ciado cada vez mais os seus meandros A ética e as questões a ela relacionadas estão cada vez mais se tornando foco de interesse em diversas áreas da atividade humana Os elementos desenvol vidos a partir de conhecimentos científicos trazem avanços resolvem proble mas e repercutem na qualidade de vida porém a cada problema solucionado surgem indagações éticas relacionadas aos meios utilizados para a solução do problema seus desdobramentos BARROS LEHFELD 2007 A biologia molecular descobrindo a origem da vida abalou os alicerces dos mitos das religiões da sabedora tradicional e dos valores humanos Por isso mesmo sugere questões sem precedentes para a ética a começar pelo fato de que na sociedade contemporânea a pesquisa científicotecnológica e suas aplicações não dependem da vontade e da decisão de indivíduos mas sim de grandes corporações empresariais e das instituições militares CHAUI 2006 p 341 1 Disciplina que tem a ciência como objeto de estudo 156 capítulo 5 Deste modo nos deparamos com as questões éticas relacionadas à pesquisa científica e seus resultados Acreditamos que essas questões podem ser anali sadas sob dois ângulos o primeiro relacionase aos impactos da utilização dos conhecimentos científicos na vida cotidiana o segundo referese aos meios de aquisição do conhecimento dentro da comunidade científica Quanto aos impactos da pesquisa científica na vida humana há questões éticas como a solução apresentada respeita o indivíduo em seus aspectos físi co moral e psicológico Respeita a sua autonomia Preserva os seus direitos Garante a sua liberdade Já em relação aos caminhos selecionados para a aqui sição do conhecimento as questões éticas indagam sobre a conduta e atitude do cientista ou de sua comunidade O pesquisador teve atitude ética de respeito aos sujeitos envolvidos na pesquisa Os dados usados são seguros Foi fiel aos dados conseguidos Há referências às fontes de informação Algum dado foi produzido Os meios para a aquisição do conhecimento científico têm suscitado nas últimas décadas uma quantidade significativa de questões éticas nos ambien tes de produção científica Os debates foram tão inflamados que conduziram a fundação de órgãos de avaliação da pesquisa científica sob o ponto de vista ético No Brasil atualmente todas as instituições de ensino e pesquisa devem possuir um Comitê de Ética em Pesquisa devidamente registrado no governo federal e toda pesquisa que necessite ou não de financiamento deve subme terse ao referido comitê O Comitê de Ética em Pesquisa avalia todas as pes quisas que envolvam não apenas animais ou estejam relacionadas a aspectos físicosclínicos mas também para pesquisas que possam causar algum dano moral ou psicológico ao sujeito participante É pertinente destacar que ainda são recentes os esforços para a adoção de procedimentos éticos na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas isso se con firma ao verificarmos que a maioria das discussões sobre a ética na pesquisa vêm das Ciências Biológicas Encontramos muitos livros por exemplo sobre ética e biossegurança e mesmo os Comitês de Ética em Pesquisa são compos tos por cientistas das áreas saúde Porém entre os pesquisadores das Ciências Sociais e Humanas ampliase gradativamente o debate e o interesse pelas ques tões e dilemas éticos inerentes à prática de pesquisa SOUZA2003 Alguns aspectos e temas da conduta humana são comuns às diversas áreas do conhecimento no que tange a ética como por exemplo o cuidado no trato dos dados da pesquisa o respeito à integridade do corpo humano e a busca capítulo 5 157 do conhecimento como ferramenta de utilidade coletiva Contudo as Ciências Humanas e Sociais têm já na sua escrita um ambiente de intensa reflexão éti ca em virtude do significativo valor que se dá ao texto como apontamento das ideias como peça de organização do pensamento e como meio de comunica ção e difusão dos saberes elaborados A produção científica e a ética em pesquisa A Regulamentação Brasileira de Ética em Pesquisa em Seres Humanos data de 1996 quan do em 10 de outubro o então ministro de Saúde Prof Dr Adib Jatene assinou a Resolução 19696 que veio para atualizar as Resoluções 124688 do Conselho Federal de Medicina e a 0188 do Conselho Nacional de Saúde A partir daquela data novas resoluções foram incluídas destacandose a 24097 estabelecendo a obrigatoriedade de um representante dos USUÁRIOS nos Comitês de Ética em Pesquisa CEP ainda 25197 estabelecendo regras para experiências com novos fármacos a 29299 organizando as pesquisas que têm coordenação multicêntrica e internacional a 30300 estipulando os conceitos válidos para estudos que envolvem a reprodução humana a 30400 para com as pesquisas que utilizam povos indígenas e a 34004 para os estudos incluindo genética humana A resolução 19696 tem um texto muito prático e abrangente estabelece a composição dos comitês multidisciplinaridade atribuições organização mandato etc cria a Comis são Nacional de Ética em Pesquisa CONEP que regulamenta no âmbito nacional as pesquisas de temas como SIDA genética e reprodução humana e novos fármacos Em 2001 estabeleceuse o Sistema de Informação Nacional sobre Ética em Pesquisa SIS NEP onde estão cadastrados todos os projetos que deram entrada em um CEP já oficia lizado Esses projetos podem ser localizados emwwwsaudegovbrsisneppesquisador Os CEP estão preparados para orientar na confecção do projeto de pesquisa e na elabo ração de um termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE que estejam de acordo com a Resolução 19696O avanço da produção científica brasileira catalogado pela base de dados da ISI Institute for Scientific Information revela um crescimento expressi vo Na década de 60 foram publicados em média 52 artigosano em 1970 foram 64 ar tigos 0019 da produção mundial Em 2001 a produção brasileira catalogada naquela base de dados foi de 10555 artigos completos 76 vezes maior do que a produção média mundial A partir de então ocupamos posição destacada no ranking da produção científi ca mundial como 18 da lista os EUA em 1 respondem por 34 da produção mundial Luiz Carlos Duarte de Miranda ACBCRJ Disponível em wwwscielobrpdfrcbcv33n6v33n6a13pdf 158 capítulo 5 Atualmente as agências financiadoras da pesquisa científica e organizações e comitês de ética em pesquisa resumiram em três os principais problemas que comprometem a conduta no meio científico essa trilogia da impostura científi ca seria composta pela mentira pela falsificação e pelo plágio GOLDIM 2000 A mentira deve ser compreendida como o ato através do qual um emissor dissi mula aquilo que ele reconhece como verdadeiro tentando fazer com que o ou vinteleitor aceite ou acredite ser verdadeiro algo que é sabidamente falso É a intenção de dizer o falso sendo portanto moralmente condenável JAPIASSÚ MARCONDES 2006 A falsificação ocorre quanto o estudioso afirma ou teori za sobre algo que não corresponde à realidade ou seja que não pode ser con firmado Mas não está relacionada com a falseabilidade criada como critério metodológico por Karl Popper e o plagio sobre o qual discutiremos detalhada mente é a apresentação o um trabalho ou obra intelectual de outro autor O site wwworihhsgov criado pelo governo dos Estados Unidos para inves tigar os casos de má conduta científica e também controlar a pesquisa apre senta alguns casos recentes de fraudes assumidas por cientistas renomados em vários países São casos de pesquisadores ou grupos de pesquisadores que falsificaram dados cometeram plágio não analisaram dados contrários a tra balhos anteriores ou simplesmente não documentaram suas pesquisas Mas quais são os impactos de condutas irresponsáveis Os impactos da má conduta no meio científico e na sociedade são muitos descrédito do público na pesquisa científica desconfiança entre pesquisadores prejuízo dos investi mentos feitos problemas físico psicológicos e morais aos sujeitos participan tes Esses impactos são muito evidentes porque existe uma conexão direta ou indireta de praticamente todo conhecimento científico relativamente a deci sões tomadas pelos cientistas quer individualmente quer dentro de sua comu nidade científica decisões essas que frequentemente estão ligadas a agentes sociais econômicos políticos e religiosos O que hoje efetivamente é investigado pela ciência atende cada vez mais aos interesses de um número significativo de pessoas que de alguma forma participam das decisões que são tomadas durante o processo de elaboração dos resultados e virtualmente sob o alcance das responsabilidades morais e éti cas desses resultados Apesar dessas conseqüências a maioria da população não tem consciência das implicações que a ética científica tem em suas vidas uma vez que a pes quisa científica está cada vez mais direcionada para atender aos mais diversos capítulo 5 159 interesses e não está afastada do resto da sociedade muito pelo contrário Há um equivoco em relação aos rumos da pesquisa científica pois estes não são di tados pela comunidade científica mas pela sociedade pelas e seus interesses muitas vezes diversos e conflitantes GOLDIM 2000 Uma das características mais novas da ciência está em que as pesquisas cientificas passaram a fazer parte das forcas produtivas da sociedade isto e da economia A auto mação a informatização a telecomunicação determinam formas de poder econômico modos de organizar o trabalho industrial e os serviços criam profissões e ocupações novas destroem profissões e ocupações antigas introduzem a velocidade na produ ção de mercadorias e em sua distribuição e consumo modificando padrões industriais comerciais e estilos de vida A ciência tornouse parte integrante e indispensável da atividade econômica Tornouse agente econômico e político CHAUÍ 2006 p 239 Ao contrário do que se possa acreditar a ocorrência de condutas irresponsá veis na comunidade científica não é de modo algum um ou problema ou falha da Ciência em si mas é uma deficiência do indivíduo pesquisador neste caso dos cientistas que compromete sua condição moral e ética Todavia felizmen te prevalecem aqueles que edificaram com uma conduta ética um conceito de respeito e credibilidade Ainda há o predomínio da trilogia da verdade clareza e honestidade mas uma vitória que precisa ser mantida e ter sua vantagem am pliada para o bem e defesa do nosso próprio futuro Enquanto pesquisadores ou futuros pesquisadores devemos nos manter atentos pois é muito difícil sustentar a imparcialidade no processo de elabora ção do conhecimento e a manutenção dessa imparcialidade é crucial para que permaneçamos distantes de condutas pouco éticas e não comprometermos progresso do conhecimento científico Como surge a autoria O autor aquele que elabora uma obra e nela estampa o sue nome é um personagem moderno resultado da construção histórica do que chamamos de autoria pois a ideia de autor é relativamente recente Na Grécia antiga por exemplo não existia a figura do autor e as criações eram atribuí das às divindades nem mesmo os poetas assinavam versos que cantavam 160 capítulo 5 Os gregos antigos acreditavam que os poetas possuíam uma onisciência divina es creviam sob a inspiração das musas Criando a partir daí a ideia de inspiração pois os poetas compunham em uma espécie de transe Notamos que não havia entre os gregos antigos a ideia de propriedade sobre aquilo que se escreve No período medieval a noção de autor ainda não ficou bem definida pois os textos são marcados pelo comentário pela escrita grupal e pelo continuísmo O Renascimento abre as portas para autores artistas criadores e com essa abertura atrelada ao processo de indus trialização da literatura nos séculos posteriores emerge o autor como proprietário de sua obra Nascem nesse período as noções de literatura e de escritor FOUCAULT 2001 521 Plágio CONEXÃO O crime de plágio e suas variações no ambiente acadêmicO Alexandre Gazetta Simões httpwwwambitojuridicocombrsiteindexphpnlinkrevistaartigosleituraartigo id11057 Vamos falar sobre o plágio para encerrar a nossa discussão sobre a ética e a ciência porque a experiência acadêmica vem comprovando que esta prática é mais comum na realização de trabalhos científicos do que professores e insti tuições de ensino e pesquisa possam imaginar Mas o que afinal é considerado plágio É preciso compreender que o plá gio acadêmico ocorre quanto o autor retira seja de livros artigos dissertações teses impressos ou digitais ideias conceitos fórmulas frases ou trechos de outro autor sem lhe dar o devido crédito sem metodologicamente falando citálo e referenciálo como fonte de pesquisa O plágio não é apenas uma cópia sequencial porque nem sempre o plagia dor reproduz na íntegra o conteúdo original da obra de outrem É um pouco mais sutil é um aproveitamento do conteúdo plagiado com aparência distinta da essência da obra original é uma reprodução dissimulada ardilosa e tam bém criminosa Portanto o plágio pode ocorrer em partes com a alteração de alguns fragmentos caracterizandose por uma similaridade exagerada capítulo 5 161 Em conformidade com o Código Penal Brasileiro mais precisamente no Título que aborda os Crimes Contra a Propriedade Intelectual encontramos a previsão de crime de violação de direito autoral em redação dada pela pela Lei nº 10695 de 1º72003 O artigo 184 destaca que Violar direito autoral Pena detenção de 3 três meses a 1 um ano ou multa httpwwwplanaltogovbrccivil03decretoleidel2848htm A linha que divide a o plágio e citação é muito tênue porém o pesquisador deve apresentar claramente suas referências pois um erro no momento de re ferenciar as citações feitas pode caracterizar plágio e causar problemas aquele que está expondo seu trabalho Essa atenção não é exagerada pois é fundamen tal para discernir um crime de uma mera citação Na elaboração de trabalhos acadêmicos os trechos reproduzidos as cha madas citações diretas devem sempre ser apresentados entre aspas quando a citação não ultrapassar três linhas no trabalho ou em destaque com um recuo de 4 cm da margem esquerda letra menor que a usada no corpo do texto e com espaçamento simples entrelinhas O uso desses recursos que são normatiza dos colaboram para que o avaliador ou o leitor do texto científicoacadêmico reconheça facilmente o que é cópia Citação direta Assunção 2006 acredita que as novas posturas organizacionais vie ram para ficar e afirma que a visão geral da prática de gestão organizacional deve ser concebida como um processo comprometido com a conquista de resultados diferen ciados por meio de ações simultâneas em toda a organização baseada em um modelo plenamente adequado aos objetivos estratégicos definidos p 13 Porém para garantir a autenticidade do trabalho as reproduções literais ou seja transcrição de texto devem ser exceção e reservadas para conceitos ge rais ideias essenciais e explicações teóricas ou técnicas que ficam mais nítidas da forma como foram escritas por seu idealizador O melhor mesmo é usar a citação indireta que é a escrita dos textos ou das ideias consultadas com as próprias palavras mas não omitindo o autor e a obra que traz originalmente as ideias citando e inserindo na lista de referências uti lizadas para a elaboração do trabalho As citações indiretas podem ser feitas 162 capítulo 5 por meio de paráfrase que é um texto que torna mais claro e objetivo aquilo que é dito por outro autor É portanto a reescritura de um texto já existente como uma tradução dentro da própria língua com os devidos créditos Citação indireta Para resultados mais eficazes de gestão que leve em consideração questões ambientais são propostas ações que alterem de forma significativa o modo como a organização educacional é gerenciada Assunção 2006 p 17 afirma que Os administradores estão em busca de orientação sobre novas formas de organizar e gerir as organizações Reduzir o impacto de suas organizações sobre o meio ambiente é neces sário para vencer esse desafio Como estabelecer prioridades sistematicamente e como criar um plano de ação para implementar melhorias ou um programa de redução de risco ambiental diretrizes abrangentes e práticas para a nova era de responsabilidade social e ética nos negócios se faz premente Observamos que os modelos nos quais baseiamse os métodos e ferramentas de gestão em relação ao meio ambiente são inadequados Passaremos agora para uma análise mais pormenorizada sobre os fatores externos que levam diversas organizações educacionais a tomar determinadas medidas admi nistrativas Através do uso da paráfrase em seus trabalhos o pesquisador além de demons trar uma conduta ética apresenta maturidade ao extrair de um texto as ideias essenciais e as reescrever em forma de síntese crítica utilizando regras de apaga mento que é a eliminação de informações desnecessárias e substituição acrescen tando informações novas e relevantes que estavam ausentes no texto original Texto Original Portanto a gestão organizacional deve ser concebida como um processo comprome tido com a conquista de resultados diferenciados por meio de ações simultâneas em toda a organização baseada em um modelo plenamente adequado aos objetivos estra tégicos definidos pela empresa Paráfrase De acordo com Assunção 2006 a gestão organizacional precisa ser entendida como um processo que visa resultados específicos Para tanto ela propõe ações simultâneas em toda a organização que levem em consideração os objetivos estratégicos previa mente definidos capítulo 5 163 Vimos o que o plágio e como evitálo mas qual seria a causa dessa práti ca muitas vezes equivocada Podemos afirmar que um dos principais motivos que conduz especialmente alunos de graduação e pósgraduação a comete rem o plágio em diferentes tipos de trabalho acadêmico é a dificuldade em ela borar um texto próprio e a crença de que uma pesquisa é a transcrição literal de outros textos A partir do ensino fundamental e médio alcançando o nível universitário na graduação e até na pósgraduação o estudante é condicionado a desrespeitar a autoria São as célebres compilações de enciclopédias e agora de sites eletrônicos a que crianças e adolescentes com a conivência dos mestres denominam de pesquisas São os tam bém conhecidos trabalhos de equipe onde alunos assinam trabalhos redigidos por um ou dois dos colegas sob o olhar do professor coberto com espessa venda São semi nários enganosos e infrutíferos TARGINO 2010 p 36 Para desfazer esse equívoco muitas vezes arraigado nos estudantes desde a es cola básica é preciso esclarecer que para a elaboração de trabalhos acadêmicos não apenas os relacionados à conclusão de curso o autor deve apresentar o texto com suas próprias palavras mas sempre embasado em fontes originais utilizando para isso todo o instrumental fornecido pela disciplina de metodologia científica CONEXÃO Plágio quando a cópia vira crime httpwwwstjgovbrportalstjpublicacaoenginewsp tmparea398tmptexto106317 53 Formatação do trabalho CONEXÃO Para conhecer mais sobre o sistema de normalização da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT visite a página oficial do orgão wwwabntorgbr 164 capítulo 5 Um trabalho acadêmico é um texto que serve para comunicar resultados de pesquisas e deve seguir as orientações normativas dos trabalhos acadêmi cos observandose em especial a NBR 60232002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT Ao redigir sua pesquisa enquanto pesquisador deve proceder como se es tivesse preparando os originais de um livro a serem enviados para uma editora Cabe destacar que a qualquer professor ou examinador causará boa impressão inicial um trabalho bem cuidado também no que diz respeito a seus aspectos gráficos O papel deve ser de boa qualidade branco e do tamanho conhecido como A4 O texto deve ser digitado utilizando o espaço previsto pela ABNT A margem superior do papel deve ter três centímetros a inferior um e meio a margem esquerda deve ter três centímetro a margem direita deve ter dois centímetros Lembrando que estas distancias devem ser mantidas uniformemente O quadro a seguir apresenta resumidamente quais elementos devem ser seguidos para que a apresentação gráfica do trabalho seja satisfatória PAPEL Branco A4 21cm x 297 cm FONTE Arial ou Times New Roman cor preta PARÁGRAFO O deslocamento da primeira linha de cada parágrafo é de 15 da margem esquerda Não separar os parágrafos com espaço e evi tar deixar uma única linha isolada no início ou no final de uma pági na O texto deve estar com mar gem justificada TAMANHO DA FONTE PARA O TEXTO 12 capítulo 5 165 ESPAÇAMENTO DAS ENTRELINHAS PARA O TEXTO 15 ESPAÇAMENTO DAS ENTRELINHAS PARA NOTAS DE RODAPÉ REFERÊNCIAS LEGENDAS DAS ILUSTRAÇÕES E DAS TABELAS FICHA CATALOGRÁFICA NATUREZA DO TRABALHO OBJETIVO NOME DA INSTITUIÇÃO A QUE É SUBMETIDA E ÁREA DE CONCENTRAÇÃO Espaço simples CITAÇÕES DE MAIS DE TRÊS LINHAS Espaço simples fonte 11 recuo de 4cm da margem esquerda ESPAÇAMENTO ENTRE TÍTULOS E TEXTO Separados por dois espaços 15 ESPAÇAMENTO ENTRE TÍTULOS DAS SUBSEÇÕES E TEXTO Separados por dois espaços 15 MARGENS Superior e esquerda 3 cm Inferior e direita 2 cm NÚMERO DE PÁGINA Em arábico no canto superior di reito Contase a partir da folha de rosto de forma sequencial porém indicase a numeração a partir da Introdução Caso existam apêndi ce e anexo a numeração segue de maneira contínua 166 capítulo 5 NUMERAÇÃO PROGRESSIVA PARA AS SEÇÕES Seção primária 1 Seção secundária 11 Seção terciária 111 Seção quaternária 1111 DESTAQUES DAS SEÇÕES Seção primária Letras maiúscu las em negrito fonte 16 Seção secundária Letras maiús culas sem negrito fonte 14 ali nhado à esquerda Seção terciária Primeira letra em maiúscula demais minúsculas fonte 14 alinhado à esquerda Seção quaternária Primeira letra em maiúscula demais minúscu las fonte 14 em itálico alinhado à esquerda Fonte Elaborado pelo autor 54 A Estrutura Textual da Pesquisa Os resultados ou a apresentação da pesquisa podem darse na forma de relató rio artigo monografia dissertação ou tese Esses trabalhos apresentam igual mente características científicas e se distinguem apenas em alguns aspectos formais Um artigo por exemplo terá uma extensão bem menor do que a de uma monografia além de dispensar alguns elementos que devem ser preserva dos no texto mais extenso da monografia Ainda que não haja um modelo único para esses tipos de trabalho é comum a instituição de ensino estabelecer normas e orientações para sua elaboração e apresentação Geralmente as normas e os procedimentos estão baseados nas publicações da ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas com as alte rações que a instituição julga convenientes De qualquer modo há uma estru tura recomendada para o trabalho acadêmico que compreende partes prétex tuais textuais e póstextuais DIEHL TATIN 2004 p 98 capítulo 5 167 Conforme o tipo de trabalho essas partes da estrutura da apresentação da pesquisa terá uma ou outra variação No artigo por exemplo não teremos como elemento prétextual a capa ou a folha de rosto enquanto na monografia a capa e a folha de rosto são alguns dos itens obrigatórios entre os elementos prétextuais A estrutura de trabalhos científicos como trabalhos de conclusão de curso TCC dissertações de mestrado e teses de doutorado compreende sempre uma parte externa e uma interna A parte externa é formada pela capa e pela lom bada sendo essa última opcional e a parte interna composta por elementos prétextuais que antecedem texto elementos textuais que são os conteúdos principais do trabalho e os elementos póstextuais que sucedem o texto prin cipal e complementam o trabalho A capa um componente importante da parte externa de seu trabalho por ser além de proteção do trabalho a parte que traz como bem destaca a ABNT NBR 14724 as informações indispensáveis à sua identificação ABNTNBR 14724 2011 A capa não deve ser numerada e nem considerada na contagem das paginas que compõem o trabalho sua apresentação prioritariamente deve ser em capa dura Na tabela a seguir exibimos a ordem de apresentação dos elementos da capa ELEMENTOS APRESENTAÇÃO GRÁFICA Identificação da instituição Nome do curso O espaçamento das informações que identificam a instituição em que o trabalho foi desenvolvido deve ser de 15 a fonte 12 as letras maiúsculas em ne grito e centralizadas Localização parte superior da folha Nome do autor O nome do autor do trabalho deve ser colocado na parte superior da folha entre o título e nome do cur so com espaçamento 15 fonte 12 em letra maiús cula em negrito 168 capítulo 5 ELEMENTOS APRESENTAÇÃO GRÁFICA Título Centralizado em espaçamento 15 fonte 12 em maiúsculo negrito Subtítulo quando houver Centralizado em espaçamento 15 fonte 12 em maiúsculo negrito Localizado após ou abaixo do título precedido de dois pontos Local cidade UF Centralizado em espaçamento 15 fonte 12 em maiúsculo negrito Localizado na parte inferior da folha Ano de depósito da entrega Centralizado em espaçamento 15 fonte 12 em maiúsculo negrito Localizado na parte inferior da folha abaixo do local Fonte Produção da autora 541 Elementos prétextuais Essa parte corresponde aos elementos que antecedem o texto por isso ela é designada como prétextual Esses elementos prétextuais apresentam infor mações que contribuem para a identificação da pesquisa e a própria utilização ou divulgação do trabalho De modo geral os elementos prétextuais são capa lombada folha de rosto folha de aprovação dedicatória agradecimentos epígrafe resumo na língua vernácula e em língua estrangeira lista de ilustra ções lista de tabelas lista de abreviaturas e siglas lista de símbolos e sumário DIEHL TATIN 2004 p 106 Alguns desses elementos podem ser opcionais como a lombada a dedica tória e os agradecimentos Outros elementos serão inseridos quando os itens corresponderem ao que for apresentado no conteúdo do trabalho como as lis tas de ilustrações ou de tabelas capítulo 5 169 Além disso como você já leu aqui um artigo dispensa elementos prétextu ais como capa lombada folha de rosto dedicatória agradeci mentos e sumá rio No entanto o artigo como requisito para realização do TCC apresentará em sua primeira página dados de identificação como título autores orienta dor curso local resumo e palavraschave Se o artigo for enviado para publi cação em algum periódico os elementos prétextuais poderão sofrer alguma alteração de acordo com as normas editorias e de publicação da revista De qualquer modo você deve sempre seguir as instruções que são apresen tadas nos Manuais de TCC ou nas normas editoriais do periódico no qual seu trabalho será publicado Nesses materiais você encontrará detalhes formais sobre a elaboração a redação e o formato de cada elemento prétextual que se fizer necessário Vale lembrar no entanto que na capa de uma monografia ou na primeira pági na de um artigo o título é um item que deve ser redigido de forma clara e precisa identificando o seu conteúdo e possibilitando a indexação e recuperação da in formação O subtítulo por sua vez quando houver deve ser precedido de dois pontos evidenciando a sua subordinação ao título NBR 14724 2011 p 6 Entre os elementos prétextuais o resumo é um item que merece ain da alguns comentários dada a dificuldade que muitos apresentam na sua elaboração O resumo deve dar uma visão rápida e clara do conteúdo e das conclusões do trabalho constituindose em uma sequência de frases concisas e objetivas e não em uma simples enumeração de tópicos DIEHL TATIN 2004 p 114 O resumo pode destacar ou informar o tema a finalidade a metodologia empregada e os resultados da pesquisa O resumo deve sempre ser redigido em parágrafo único sem recuo em relação à margem esquerda no seu início e em espaçamento simples Não se recomenda usar citações no resumo nem se es tender em demasia Nos artigos o resumo deve conter entre 100 e 250 palavras Nas monografias dissertações e teses o resumo deve conter entre 150 e 500 palavras Acompanhando o resumo as palavraschave são recomendadas para efeito de indexação As palavraschave devem se limitar a no máximo cinco e no mínimo três palavras O resumo em língua estrangeira pode ser obrigatório em vários casos como nas publicações em periódicos Na verdade a publicação da ABNT NBR 147242011 em sua terceira edição estabelece como obrigatórios tanto o resumo em língua vernácula quanto o resumo em língua estrangeira para apresentação dos trabalhos acadêmicos 170 capítulo 5 542 Elementos textuais Essa parte consiste basicamente no próprio trabalho uma vez que corresponde ao conteúdo que será exposto Geralmente os elementos textuais consistem na introdução desenvolvimento e conclusão O texto no entanto será organizado em função do tipo de trabalho Assim no caso de uma monografia o texto será apresentado em partes que podem ser organizadas em capítulos seções subseções e alíneas por exemplo Também há a possibilidade de uma divisão do texto em três partes temáticas organizandose por exemplo em primeira parte histórico e contextualização do problema segunda parte fundamentação e discussão teórica e terceira parte análise CERVO BERVIAN 2002 p 142143 De qualquer modo a introdução o desenvolvimento e a conclusão serão os elementos textuais fundamentais no trabalho científico A introdução corresponde à parte do texto na qual devem constar a apresen tação e a delimitação do assunto tratado bem como a identificação e a justificati va do problema e os objetivos da pesquisa DIEHL TATIN 2004 p 121 No artigo a introdução pode se ater à exposição da finalidade do artigo e à metodologia utilizada para alcançar os objetivos Em função da limitação do espaço a introdução no artigo precisa não se estender muito ao apresentar o tema ou objeto de estudo o problema e os objetivos da pesquisa a abordagem ou o ponto de vista sob os quais o assunto foi tratado e a justificativa O desenvolvimento consiste na parte mais extensa do trabalho e pode ser or ganizado em capítulos seções e subseções nas monografias por exemplo e em seções e subseções nos artigos A divisão da parte que corresponde ao desen volvimento deve levar em conta as recomendações do orientador e das normas da instituição É recomendado em geral que o desenvolvimento apresente um conteúdo que dê conta de aspectos relacionados com a revisão da literatura o contexto a metodologia e a discussão de resultados Num artigo o desenvolvimento voltase para o tratamento da matéria ou as sunto de modo abrangente e objetivo O desenvolvimento pode corresponder a uma breve referência ao esquema teórico bem como à apresentação e à análi se dos resultados relativos ao estudo DIEHL TATIN 2004 p 129 A conclusão ou as considerações finais também fazem parte dos elemen tos textuais A conclusão precisa ser fundamentada no texto conter deduções lógicas e corresponder aos objetivos da pesquisa com ênfase no alcance e capítulo 5 171 nas consequências de suas contribuições bem como no seu possível mérito DIEHL TATIN 2004 p 121 É bom considerar ainda que A conclusão não é uma ideia nova um pormenor ou apêndice que se acrescenta ao trabalho não é tampouco um simples resumo do mesmo O assunto anunciado e de senvolvido desemboca na conclusão decorrência lógica e natural de tudo que a prece de A conclusão é portanto um resumo marcante dos argumentos principais é síntese interpretativa dos elementos dispersos pelo trabalho ponto de chegada das deduções lógicas baseadas no desenvolvimento CERVO BERVIAN 2002 p 146 No artigo as considerações finais ou conclusão podem consistir numa bre ve análise do que foi apresentado destacando os resultados obtidos em face dos objetivos propostos DIEHL TATIN 2004 p 129 A conclusão é a foz da pesquisa é o ponto para o qual convergem os passos da análise da discussão da demonstração á busca de incorporação em um todo maior A conclu são deve ser breve deve ser preparada pelo corpo do trabalho e nascer espontanea mente dele como seu coroamento esperado e previsto ao longo do exame de tudo o que a precede RUIZ 2008 p 76 543 Elementos póstextuais Os elementos póstextuais embora tenham relação com o texto são apresen tados após a parte textual Geralmente são dispostos na seguinte ordem re ferências bibliográficas glossário apêndices e anexos DIEHL TATIN 2004 p 122 Nos artigos é comum constar entre os elementos póstextuais além da referência e de possíveis anexos o resumo traduzido ou abstract e as pala vraschave em língua estrangeira quando recomendado por normas editorias de periódicos As referências são elementos que permitem a identificação das fontes e dos documentos utilizados no trabalho Todas as obras citadas ou mencionadas no texto devem constar nas referências ao final seguindose as normas da ABNT e as recomendações dos manuais de TCC 172 capítulo 5 O glossário deve constar entre os elementos póstextuais quando houver quantidade significativa de palavras utilizadas ao longo do texto que carecem de explicação ou de terem seu significado exposto com precisão Os apêndices são elaborados pelo próprio autor do trabalho sendo subsí dios ou suportes que ilustram ou esclarecem aspectos apresentados no texto mas que não são essenciais Os anexos consistem em textos ou documentos não elaborados pelo autor do trabalho mas que podem ser úteis na ilustração comprovação ou funda mentação de aspectos ou itens apresentados no texto 55 Normas para Citação Um recurso largamente utilizado no trabalho acadêmico e na pesquisa cien tífica diz respeito ao argumento de autoridade ou uso de documentos ideias e subsídios de outros autores para dar base ao que se afirma ou defende Esse recurso consiste em apoiarse nas contribuições teóricas ou no pensamento de autores que são autoridade no tema ou assunto tratado Desse modo o traba lho acadêmico e científico se vale de citações para dar base à pesquisa que se realiza De acordo com Norma da ABNT a citação pode ser definida como Menção no texto de uma informação extraída de outra fonte NBR 14724 2011 p 2 As citações devem ser apresentadas conforme a Norma da ABNT NBR 105202002 Cervo Bervian 2002 p 151 classificam as citações em relação aos aspec tos externos em formais conceituais e mistas As citações formais são aquelas nas quais se transcrevem fielmente as pa lavras textuais de outrem As citações conceituais se caracterizam por sínteses pessoais que reproduzem fielmente as ideias de outrem As citações mistas acontecem se na síntese de um texto se inserem alguns termos ou expressões textuais tirados de documentos CERVO BERVIAN 2002 p 151 Em relação ao documento consultado as citações podem ser diretas e indiretas a A citação direta é a transcrição ou cópia literal de parte do texto de ou tro autor DIEHL TATIN 2004 p 134135 Portanto a citação direta é a trans crição textual de parte da obra do autor consultado NBR 10520 2002 p 2 capítulo 5 173 b A citação indireta é a transcrição livre do texto do autor consultado constituindose numa reconstrução da ideia original DIEHL TATIN 2004 p 134135 Portanto a citação indireta é um trecho ou texto baseado na obra do autor consultado NBR 10520 2002 p 2 1 Não é interessante fazer o uso seguido de citações Sempre que as fizer comente as antes ou depois no texto 2 Não termine seu texto com citações 3 Sempre utilize o itálico como destaque gráfico para palavras e expressões em outro idioma As citações diretas podem ser classificadas em citações breve e longa e de vem seguir algumas normas como a Citação breve citação direta de até três devendo ser transcrita no cor po do texto entre aspas e com a indicação da fonte A indicação pode ser por referência simplificada colocando o sobrenome do autor e a data da obra junto à citação ou por referência completa com os dados bibliográficos completos em nota de rodapé ou após o final do texto Exemplo 1 Conforme Cervo Bervian 2002 p 151 as citações são comumente utili zadas em trabalhos acadêmicos com dois propósitos distintos mostrar erudi ção por parte de quem escreve ou utilizar a autoridade acadêmica e científica de renomados autores Exemplo 2 Devese atentar para o fato de que as citações são comumente utilizadas em trabalhos acadêmicos com dois propósitos distintos mostrar erudição por parte de quem escreve ou utilizar a autoridade acadêmica e científica de reno mados autores CERVO BERVIAN 2002 p 152 b Citação longa citação direta com quatro ou mais linhas devendo ser transcrita sem aspas e em parágrafo próprio o qual deve ter recuo de 4 cm da margem esquerda com letra menor do que a do corpo do texto e em espaça mento simples A referência também deve ser feita junto à citação 174 capítulo 5 A tradição acadêmica e editorial brasileira adota dois tipos de referência para as cita ções Quando a indicação bibliográfica é colocada logo em seguida à citação antes do ponto final tratase de citação no estilo autordata ou americano Quando se usa após a última palavra da citação um número de referência para remeter à nota de rodapé tratase de citação no estilo sistema de chamada ou francês Qualquer que seja sua opção utilize apenas um dos estilos do começo ao fim do texto CERVO BERVIAN 2002 p 152 Outra recomendação importante diz respeito à chamada citação de citação Citação de citação é a citação direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original Nesse caso devese utilizar a expressão latina apud que quer dizer citado por conforme segundo NBR 10520 2002 p 1 Exemplo 1 De acordo com Chiavenato 2000 apud DIEHL TATIN 2004 p 134 as empresas são organizações sociais que utilizam recursos para atingir objeti vos e podem ser empresas lucrativas ou não lucrativas Exemplo 2 É preciso considerar que as empresas são organizações sociais que utili zam recursos para atingir objetivos podendo ser empresas lucrativas ou não lucrativas CHIAVENATO 2000 apud DIEHL TATIN 2004 p 134 Note que sempre que for feita a referência com o sobrenome do autor e a data é preciso colocar os dados bibliográficos completos na referência ao final do trabalho Aliás as normas e recomendações sobre as referências bibliográfi cas é o próximo e último item deste capítulo As transcrições devem receber destaque aspas ou destaque gráfico diminuição da fonte sendo que as transcrições devem ser colocadas entre aspas duplas e a trans crição dentro de outra é indicada por aspas simples 1 As transcrições até três linhas são inseridas no corpo do texto e acima de três linhas em parágrafos isolados com recuo de 4 cm da margem da esquerda com letra menor que a do texto utilizado sem aspas e espaçamento entrelinhas simples capítulo 5 175 2 Os pontos indicadores de supressões e acréscimos devem ser postos entre col chetes 3 A omissão em citação somente poderá ser usada se não alterar o sentido do texto ou da frase e deve ser indicada pelo uso de reticências entre colchetes 4 Para destacar palavras ou frases usase o grifo negrito seguido da expres são grifo nosso entre parênteses 5 As incorreções e incoerências são indicadas pela expressão sic entre colche tes logo após a ocorrência 6 Quando se tratar de um texto que foi traduzido pelo autor acadêmico que está escrevendo o trabalho incluir a expressão tradução nossa entre parênteses 7 Em caso de citações subsequentes de uma mesma obra podese adotar a refe renciação de maneira abreviada desde que não existam referências intercaladas de outras obras do mesmo autor Veja quais são Idem mesmo autor Id Ibidem na mesma obra Ibid Loco citato no lugar citado loc cit Passim aqui e ali em diversas passagens passim Confira confronte cf Sequentia seguinte ou que se segue et seq Apud citado por conforme segundo apud 551 Sistema numérico Neste sistema a indicação da fonte é feita por uma numeração única e conse cutiva em algarismo arábico remetendo à lista de referências ao final do tra balho do capítulo ou parte dele na mesma ordem em que aparecem no texto Não se inicia a numeração das citações a cada página O sistema numérico não deve ser utilizado quando há notas de rodapé A indicação da numeração pode ser feita entre parênteses alinhada ao texto ou situada pouco acima da linha do texto em expoente à linha deste após pontuação que fecha a citação Exemplos Como disse Clarice Lispector apesar de temos que continuar vivendo 15 Como disse Clarice Lispector apesar de temos que continuar vivendo15 176 capítulo 5 552 Sistema autordata Neste sistema a indicação da fonte é feita pela apresentação do sobrenome de cada autor ou pelo nome da entidade responsável até o primeiro sinal de pontuação seguidos da data da publicação do documento e das páginas da citação no caso de citação direta separados por vírgula e entre parênteses Exemplos No texto A chamada pandectística havia sido a forma particular pela qual o direito romano fora integrado no século XIX na Alemanha em particular LOPES 2000 p 225 Na lista de referências LOPES José Reinaldo de Lima O direito na histó ria São Paulo Max Limonad 2000 No texto Merriam e Caffarella 1991 observam que a localização de recur sos tem papel crucial no processo de aprendizagem autodirigida Na lista de referências MERRIAM S CAFFARELLA R Learning In Adulthood a comprehensive guide San Francisco JosseyBass 1991 Quando os nomes dos autores instituiçãoções responsáveleis es tiverem incluídos na sentença indicase a data entre parênteses acrescida das páginas se a citação for direta Exemplos Em Teatro Aberto 1963 relatase a emergência do teatro do absurdo Em Morais 1955 p 32 assinala a presença de concreções de bauxita no Rio Cricon As informações de data e de página para o caso de citação literal devem sempre vir acompanhadas do nome do autor quando ele aparecer no texto quando não aparecer no final da sentença Quando o documento citado não tiver autoria colocase a primeira palavra do título reticências vírgula o ano e a página para o caso de citação literal Devese utilizar o sistema autordata para as citações no texto e as notas de rodapé para as notas explicativas As notas de rodapé podem ser conforme os itens abaixo e devem ser alinhadas a partir da segunda linha da mesma nota abaixo da primeira letra capítulo 5 177 da primeira palavra de forma a destacar o expoente e sem espaço entre elas e com fonte menor 10 Todas as notas deverão ser numeradas sequencialmente e aparecer no pé de página da respectiva folha em que consta a nota As informações nunca de verão passar para as próximas folhas Exemplos 1 Vejase como exemplo desse tipo de abordagem o estudo de Netzer 1976 2 Encontramos esse tipo de perspectiva na 2a parte do verbete referido na nota anterior em grande parte do estudo de Rahner 1962 56 Normas para Referência CONEXÃO Acesse a Norma da ABNT NBR 60232002 que orienta a elaboração de referências no link httpwwwcchufvbrrevistapdfs10520Citaspdf A referência é definida pela ABNT NBR 147242011 em sua terceira edição como conjunto padronizado de elementos descritivos retirados de um docu mento que permite sua identificação individual Essa norma confirma que as referências ao final do trabalho devem ser separadas entre si por um espa ço simples em branco O título que indica as referências deve ser sem indica tivo numérico e dispensa o adjetivo bibliográficas NBR 14724 2011 p 310 As referências se constituem em elemento obrigatório e devem ser elabora das conforme a ABNT NBR 60232002 NBR 14724 2011 p 9 A referência bibliográfica pode aparecer 1 Inteiramente incluída no texto 2 Parte no texto parte em nota de rodapé 3 Em nota de rodapé ou de fim de texto 4 Em lista bibliográfica sinalética ou analítica 5 Encabeçando resumos ou recensões resenhas 178 capítulo 5 Você deve sempre consultar a NBR 60232002 para sanar dúvidas e obter orientações seguras e detalhadas sobre a elaboração de referências de livros monografias teses artigos de revistas e jornais textos da internet vídeos fil mes etc Essa Norma da ABNT traz definições importantes dos tipos de documentos que você pode utilizar para realizar uma pesquisa e como fazer a sua referência dando orientações e oferecendo vários exemplos de como redigir a referência completa Tipos de documentos que podem ser utilizados para a realização de pesquisas e devem ser referenciados Categoria Material Livros Livro monografias teses dissertações TCC Periódicos Revistas jornais Documentos jurídicos Acórdãos decisões e sentenças das cortes ou tribunais leis decretos portarias jurisprudência doutrina Documentos eletrônicos obtidos em meio legível por computador Internet CDROM email imagens filmes DVDs ou fitas de vídeo Documento iconográfico Fotografia desenho Documento cartográfico Mapa globo plantas Documento sonoro e musical CD fita cassete disco partituras As referências devem possuir os elementos essenciais e podem também apresentar elementos complementares Esses elementos devem ser retirados do próprio documento mas quando isso não for possível utilizamse outras fontes de informação indicandose os dados assim obtidos entre colchetes NBR 6023 2002 p 2 Os elementos essenciais se constituem nas informações indispensáveis à identificação do documento Os elementos essenciais estão estritamente vinculados ao suporte documental e variam portanto conforme o tipo NBR 6023 2002 p 2 capítulo 5 179 Os elementos complementares são as informações que acrescentadas aos elementos essenciais permitem melhor caracterizar os documentos NBR 6023 2002 p 2 Ao elaborar a referência de livros a ordem básica é apresentar os seguintes elementos essenciais Autor título subtítulo quando houver edição quando houver local editora e data de publicação O autor deve ser introduzido pelo último sobrenome em letras maiúsculas seguido de seu prenome e outros sobrenomes abreviados ou não O título deve ser marcado em negrito ou em itálico mas é preciso manter a uniformidade dessa marca na elaboração das referências não devendo variar entre uma e ou tra O título deve ser reproduzido como consta no original porém apenas a pri meira palavra deve conter inicial maiúscula salvo em caso de nome próprio Quando houver subtítulo este deve ser separado do título por doispontos O título separase do local pelo uso do ponto e o local por sua vez separase da editora por doispontos A editora separase da data por vírgula terminando com ponto final NBR 6023 2002 p 35 Exemplos IUDÍCIBUS Sérgio de Análise de balanços análise da liquidez e do endivida mento análise do giro rentabilidade e alavancagem financeira 6ed São Pau lo Atlas 1995 SANTOS P G História do Brasil Rio de Janeiro Saberes 1998 SILVA Júlio C Notícias de minha terra 2 ed São Paulo Edições Modelo 1978 Como já informado anteriormente devemse incluir nas referências apenas as obras que são citadas no texto Exemplos Um autor ALMEIDA A F Português básico gramática redação e textos 3 ed São Paulo Atlas 1992 Dois autores MARTINS D S ZILBERKNOP L S Português instrumental de acordo com as atuais normas da ABNT 24ed Porto Alegre Sagra Luzzatto 2003 Três autores RIESMAN D GLAZER N DENNEY R A Multidão solitária um estu do da mudança do caráter americano São Paulo Perspectiva 1971 180 capítulo 5 Mais de três autores ADAMS R N et al Mudança social na América Latina Rio de Janeiro Zahar 1967 Artigo de periódico TOURINHO NETO F C Dano ambiental Consulex Revista Jurídica Brasília DF v 1 n 1 p 1823 fev 1997 Jornal NAVES P Lagos andinos dão banho de beleza Folha de S Paulo São Paulo 28 jun 1999 Folha Turismo Caderno 8 p 13 Artigo da Internet CASTRO Daniel Análise redes saem vitoriosas com padrão japo nês de TV digital Folha de S Paulo São Paulo 8 mar 2006 Folha Dinheiro Disponí vel em httpwww1folhauolcombrfolhadinheiroult91u105780shtml Acesso em 10 mar 2015 Você deve levar em conta que há diversas variantes nos dados das obras que pode rão ser utilizadas para sua pesquisa Por isso é indispensável lançar mão das orien tações contidas na Norma da ABNT Entre as orientações você vai encontrar aquelas que estabelecem a forma correta de se fazer referência de documentos como artigos imagens ou filmes em meios eletrônicos Internet DVD CDROM etc ATIVIDADES 01 Quais são as publicações da ABNT que oferecem orientação para normalização de cita ções e referências no trabalho acadêmicocientífico 02 Mencione alguns aspectos que devem ser considerados na escolha do tema Diante das possíveis dificuldades que você pode encontrar na escolha do tema qual dos aspectos mencionados lhe parece mais relevante 03 Tome um projeto de pesquisa ou uma monografia que você terá que fazer Aplique as regras apresentadas anteriormente para seu planejamento Redija cada tópico de acordo com o que você já sabe sobre ele 04 Para Albert Einstein o pensamento científico tem o olho aguçado para métodos e instru mentos mas é cego quanto a fins e valores Você concorda com essa afirmação Explique capítulo 5 181 REFLEXÃO A postura científica é antes de tudo uma atitude ou disposição subjetiva do pesquisador que busca soluções sérias com métodos adequados para o problema que enfrenta Essa postura não é inata na pessoa ao contrário é forjada ao longo da vida à custa de muito esforço e de uma série de exercícios Ela pode e deve ser aprendida A postura científica na prática é expressão de uma consciência crítica objetiva racional A consciência crítica levará o pesquisador a aperfeiçoar seu julgamento e a desenvolver discernimento capacitandoo a distinguir e a separar o essencial do superficial o principal do secundário Criticar é julgar distinguir discernir analisar para melhor poder avaliar os elementos componentes da questão A crítica assim entendida não tem nada de negativa É antes uma tomada de posição no sentido de impedir a aceitação do que é fácil e superficial O crítico só admite o que é suscetível de prova A consciência objetiva por sua vez implica o rompimento corajoso com as posições subjetivas pessoais e mal fundamentadas do conhecimento vulgar Para conquistar a obje tividade científica é necessário libertarse da visão subjetiva de mundo arraigada na própria organização biológica e psicológica do sujeito e ainda influenciada pelo meio social A objetividade é a condição básica da ciência O que vale não é o que algum cientista imagina ou pensa mas aquilo que realmente é Isso porque a ciência não é literatura A obje tividade torna o trabalho científico impessoal a ponto de desaparecer por exemplo a pessoa do pesquisador Só interessam o problema e a solução Qualquer um pode repetir a mesma experiência em qualquer tempo e o resultado será sempre o mesmo porque independe das disposições subjetivas Nada impede que um pesquisador parta de suas próprias experiências de vida obser vações ou reflexões para formular um problema de pesquisa ou enunciar suas hipóteses explicativas mas a verdade última e final deriva da pesquisa da análise das informações e dos dados e da ponderação sobre o que é específico de sua experiência e o que pode ser generalizado para objetos fatos ou fenômenos análogos A objetividade da postura científica não aceita meias soluções ou soluções apenas baseadas nas experiências ou reflexões pes soais O eu acho eu creio eu penso não satisfazem a objetividade do saber Finalmente a postura científica implica ações racionais As razoes explicativas de uma ques tão só podem ser intelectuais ou racionais As razões que a razão desconhece as razões da arbitrariedade do sentimento e do coração nada explicam nem justificam no campo da ciência CERVO Amado Luiz BERVIAN Pedro Alcino SILVA Roberto da Metodologia científica 7ed São Paulo Pearson 2007 182 capítulo 5 LEITURA OLIVEIRA Sílvio Luiz de Tratado de metodologia científica projetos de pesquisa TGI TCC monografias dissertações e teses São Paulo Pioneira 1999 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 6023 Informação e documentação Referências Elaboração Rio de janeiro 2002 NBR 10520 informação e documentação citações em documentos elaboração Rio de janeiro 2002 NBR 14724 informação e documentação trabalhos acadêmicos apresentação 3 ed Rio de Janeiro 2011 BARROSAidil Jesus da Silveira LEHFELD Neide Aparecida de Souza Fundamentos da metodologia científica 3 ed São Paulo Pearson 2007 CERVO Amado L BERVIAN Pedro A Metodologia científica 5 Ed São Paulo Pearson 2002 CHAUÍ Marilena Convite à Filosofia 13 ed São Paulo Ática 2006 DIEHL Astor A TATIN Denise C Pesquisa em ciências sociais aplicadas métodos e técnicas São Paulo Pearson 2004 GOLDIM José Roberto Rompendo os limites entre ciência e ética Episteme Porto Alegre n 10 2000 pp 3137 JAPIASSÚ Hilton MARCONDES Danilo Dicionário básico de filosofia 4 ed Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2006 OLIVEIRA Sílvio Luiz de Tratado de metodologia científica projetos de pesquisa TGI TCC monografias dissertações e teses São Paulo Pioneira 1999 RUIZ João Álvaro Metodologia científica Guia para eficiência nos estudos 6 ed São Paulo Atlas 2008 SOUZA Carlos F Mathias Direito Autoral 2 ed Brasília Brasília Jurídica 2003 TARGINO Maria das Graças Produção intelectual produção científica produção acadêmica facetas de uma mesma moeda In CURTY Renata Gonçalves Org Produção intelectual no ambiente acadêmico Londrina UELCIN 2010 capítulo 5 183 GABARITO Capítulo 1 01 O aluno deve explicar que o Teocentrismo era a busca de todas as respostas em Deus em detrimento da razão o que impedia o desenvolvimento cientifico ao impedir que as res postas não fossem mediadas pela justificativa religiosa 02 O iluminismo foi uma das marcas mais importantes do século XVIII também conhecido como século das luzes Luzes significavam nesse momento o poder da razão humana de in terpretar e reorganizar o mundo Na economia o liberalismo representava as aspirações da burguesia desejosa de gerenciar seus negócios sem a intervenção do Estado mercantilista Na política as ideias liberais opunhamse ao absolutismo Rousseau retomou a discussão do contrato social numa perspectiva menos elitista e mais democrática Na moral também se bus cavam novas formas laicas que possibilitassem a naturalização do comportamento humano Na religião vemos o abandono dos dogmas e fanatismos e a busca de uma religião natural A educação se desvinculava da religião pregavase a modernização do país através do progresso científico e pela difusão do saber dos pensadores modernos através do incentivo da educação pública ou seja a escola defendida nesse período histórico deveria ser leiga e livre independente de privilégios de classe Esses pressupostos sugeriam a defesa de algu mas ideias que nem sempre foram colocadas em prática Educação ao encargo do Estado Obrigatoriedade e gratuidade do ensino elementar instrução pública Nacionalismo Ênfase nas línguas vernáculas em detrimento ao latim Orientação pratica voltada para as ciências técnicas e ofícios não mais privilegiando o estudo exclusivamente humanístico Capítulo 2 01 Ao estabelecer o tipo de pesquisa que será adotado o aluno pode consequentemente estabelecer como mais facilidade em seu projeto de pesquisa o objetivo a fonte de informa ções os procedimentos de coleta e natureza dos dados 02 Resposta pessoal 184 capítulo 5 Capítulo 3 01 O aluno deve entender que o fichamento o resumo e a resenha podem ser um excelente recurso para não se perder os dados bibliográficos as anotações de aula ou os apontamen tos decorrentes de uma leitura Os dados bibliográficos as anotações e os apontamentos contidos nestes documentos devem ser considerados como uma memória exterior pois quando bem organizados eles até podem se constituir uma minibiblioteca para uso pessoal CERVO BERVIAN 2002 p 92 02 Resposta pessoal Capítulo 4 01 Resposta pessoal Capítulo 5 01 O aluno deve indicar que são NBR 6023 NBR 10520 e NBR 14724 02 Na construção do projeto de pesquisa um primeiro momento deve ser dedicado à se leção do tema a O tema pode nascer da observação atenta do cotidiano a partir do direcionamento do para circunstâncias e assuntos que podem revelar problemas ou temas interes santes b A escolha do tema pode relacionarse com a experiência do estágio curricular ou com a vida profissional por meio de vivências de situações que merecem ser inves tigadas e compreendidas mais detidamente Às vezes uma lacuna na formação profissional ou um problema importante na experiência profissional que não pôde ser compreendido e estudado mais rigorosamente podem motivar a escolha do tema GONSALVES 2001 p 28 c O contato com estudiosos pesquisadores especialistas professores e tutores de modo individual ou em situações coletivas como em eventos científicos e acadêmi cos pode proporcionar reflexões e identificação de temas relevantes d O estudo e a leitura de livros do contexto acadêmico podem oferecer algumas questões ou indicar assuntos que ainda precisam ser analisador ou aprofundados e O tema também pode surgir da criatividade da descoberta repentina e algumas vezes casual de um problema a ser investigado GONSALVES 2001 p 27 03 Resposta pessoal 04 Resposta pessoal