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Cursos Gerais ·

Contabilidade Empresarial

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DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS O objetivo básico da Contabilidade é prestar informações econômicas financeiras sociais e ambientais sobre as condições da empresa Para cumprir essa missão é necessário reunir documentos compro batórios das operações efetuadas e registrálas por meio do método das partidas dobradas Em seguida devese sumarizar as informações para comunicálas aos usuários por meio de demonstrações contábeis também denominadas demonstrações financeiras Mas como são esses demonstrativos Como eles são elaborados Esse é o principal ponto de estudo nesta unidade 04 OBJETIVOS DA UNIDADE Identificar os principais demonstrativos contábeis e financeiros obrigatórios Apresentar a composição das contas contábeis e a estrutura de informação que cada demonstrativo requer TÓPICOS DESTA UNIDADE 41 BALANÇO PATRIMONIAL 42 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO 43 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 44 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA RESUMO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 Contabilidade Básica 41 BALANÇO PATRIMONIAL O primeiro demonstrativo contábil que vamos analisar é o balanço patri monial Esse demonstrativo é sem dúvida o mais famoso e conhecido dos relatórios que a contabilidade apresenta Já o estudamos anterior mente Nesta unidade porém examinaremos detalhadamente cada par te de sua estrutura para melhor compreender os critérios de classifica ção das contas e a razão para registrálas em cada grupo de contas Nesse momento é fundamental recuperar algumas informações Os componentes patrimoniais são ativo passivo e patrimônio líquido Os ativos e os passivos são divididos em circulante identifican do curto prazo e não circulante representando o longo prazo O patrimônio líquido não apresenta qualquer subdivisão Nossa referência de estudos nesta unidade terá como base os componen tes patrimoniais e a forma como são divididos circulante e não circulante 411 ATIVO CIRCULANTE No ativo circulante classificamse as contas que apresentam alta liqui dez ou seja que podem ser rapidamente convertidas em dinheiro 2 Contabilidade Básica 3 Contabilidade Básica UNIDADE4 Aliás esse é o principal critério de classificação das contas em todo o ativo o grau de liquidez Quanto mais rápida a conversão de uma conta em dinheiro mais líquida ela é e portanto mais acima na configuração do balanço patrimonial ela deve ficar Nesse sentido se considerarmos por exemplo as contas mercadorias e máquinas veremos que a conta mercadorias é mais líquida do que a conta máquinas É por essa razão que mercadorias é uma conta do ativo circulante e máquinas uma conta do ativo não circulante Há uma razão bastante simples para identificálas dessa maneira mer cadoria é adquirida para ser vendida Nesse caso esperase que ela fique pouco tempo estocada na empresa Quanto mais rápido a merca doria for vendida melhor porque representa entrada de recursos rece bimento de dinheiro Por sua vez a máquina não é adquirida para ser vendida e sim para ser usada Sendo assim esperase que ela perma neça bastante tempo na empresa e se essa condição se realizar ela irá demorar bastante para ser convertida em dinheiro As contas do ativo circulante podem variar de acordo com o ramo de atividade da empresa No entanto as principais contas presentes nos balanços patrimoniais das empresas são Caixa e equivalentes de caixa Clientes contas a receber e outros valores a receber Estoque de mercadorias Despesas pagas antecipadamente Caixa representa dinheiro em espécie presente fisicamente na empresa guardado em um cofre numa gaveta ou mesmo na caixa registradora Mas se o dinheiro estiver depositado numa conta corrente em um ban co Ainda assim ele será considerado como caixa A resposta é não Ele será considerado um equivalente de caixa O mesmo ocorre com as apli cações financeiras como CDB RDB e poupança O Pronunciamento Técnico nº 3 do Comitê de Pronunciamentos Contá beis CPC que trata da demonstração dos fluxos de caixa em seu item 6 define equivalentes de caixa como aplicações financeiras de curto prazo de alta liquidez que são prontamente conversíveis em montante conhe cido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor CPC 03 2018 Tanto o caixa quanto os seus equivalentes são as contas mais líquidas presentes no balanço patrimonial e por essa razão devem ser as primei ras a ganhar destaque CDB significa Certificado de Depósito Bancário RDB significa Recibo de Depósito Bancário Juntamente com a Caderneta de Poupança representam aplicações de curto prazo que as empresas realizam a fim de obter algum rendimento ao invés de deixar o dinheiro parado na contacorrente SAIBA MAIS 4 Contabilidade Básica UNIDADE4 Um segundo grupo de contas importante e sempre presente no ativo circulante são os valores a receber As empresas costumam distinguir esses valores a receber da seguinte forma Clientes valores a receber pelas vendas de mercadorias a prazo Contas a receber valores a receber pela venda de outros ativos que não representam mercadorias Essa divisão é importante porque é necessário identificar valores a re ceber provenientes das vendas de mercadorias e produtos que repre sentam o objeto de negócio da empresa e portanto são constantes daqueles outros valores a receber que são eventuais Uma terceira conta presente no ativo circulante são os estoques de mercadorias Quando a ati vidade empresarial é do ramo comercial ou industrial essa é a conta que sem sombra de dúvi das apresenta o maior valor entre as contas do ativo circulante Ela reúne todos os produtos nego ciados pela empresa Diante da diversidade de gêneros de pro dutos essa conta pode reunir va riados tipos de mercadorias que certamente serão convertidas em dinheiro tão logo sejam vendidas 412 ATIVO NÃO CIRCULANTE O ativo não circulante do balanço patrimonial apresenta quatro subgru pos a saber Realizável a longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível No subgrupo realizável a longo prazo registramse os direitos ou seja os valores a receber de longo prazo Nesse caso se uma empresa vender algum produto em 36 prestações por exemplo é evidente que as últimas prestações demorarão bastante para serem convertidas em dinheiro Por essa razão elas devem ser classificadas no realizável a longo prazo Fonte Shutterstock 5 Contabilidade Básica UNIDADE4 O Brasil tem a cultura de compra e venda de produtos a prazo Com o passar do tempo os prazos tornaramse mais alongados Mercadorias de menor porte podem ser vendidas em 12 e até 15 prestações Produtos mais caros como veículos por exemplo em até 72 vezes Por essa razão o subgrupo realizável a longo prazo passou a ser bastante utilizado no Brasil o que não acontece em países onde inexiste essa tradição de compras e vendas com prazos tão longos de pagamento FIQUE LIGADO O subgrupo do ativo não circulante que vem logo após o realizável a longo prazo é o investimento Para melhor explicálo é importante analisarmos também o terceiro subgrupo do ativo não circulante o ativo imobilizado Ambos representam ativos tangíveis ou seja ativos físicos e visíveis A diferença básica é que no grupo dos investimentos reúnemse aqueles ativos que a empresa adquire e não os utiliza para o curso de suas ativi dades Por outro lado classificamse no imobilizado aqueles ativos que são necessários às atividades operacionais e regulares da empresa Nesse sentido teríamos o seguinte Se uma empresa adquire uma obra de arte e uma máquina deve regis trar a primeira no subgrupo investimento afinal ela não precisa da obra de arte para realizar suas atividades Por outro lado a máquina deve ser registrada no imobilizado pelo simples fato de que a máquina é parte fundamental da fabricação de produtos que serão vendidos Como fabri car produtos sem máquina específica para isso Alguns ativos podem dependendo da situação e da utilização ser clas sificados em um ou outro grupo Se por exemplo a companhia tem dois imóveis no primeiro fica a sede da empresa e no segundo há salas co merciais que estão alugadas Nesse caso o primeiro imóvel deve ser classificado no imobilizado Afinal a empresa funciona e realiza as suas atividades naquele local Já o segundo imóvel deve ser classificado no subgrupo investimento visto que não está sendo utilizado nas atividades normais da empresa porém gera receitas para a empresa Sendo assim podese identificar as principais contas presentes em cada um dos subgrupos do ativo não circulante 6 Contabilidade Básica UNIDADE4 INVESTIMENTOS Obras de arte terrenos imóveis não destinados às atividades opera cionais da empresa ações de outras empresas IMOBILIZADO Veículos máquinas equipamentos móveis utensílios computadores etc O último subgrupo do ativo não circulante reúne os ativos intangíveis ou seja aqueles ativos que segundo definição do Pronunciamento nº 4 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC ativo intangível em seu item 8 são ativos não monetários identificáveis e sem substância física CPC 04 2018 Ainda segundo o CPC nº 4 ativo monetário é aquele representado por dinheiro ou por direitos a serem recebidos em uma quantia fixa ou deter minável de dinheiro CPC 04 2018 As principais contas presentes no subgrupo do ativo intangível são MARCAS Símbolos de identificação de uma empresa ou de um produto PATENTES DE INVENÇÃO Documentos que comprovam a invenção de algum processo de pro dução produto ou processo de trabalho e que garantem a possibi lidade de cobrar valores a um terceiro caso esse resolva utilizálos SOFTWARES Programas de computador que facilitam processos de trabalho e de produção CONTRATOS DE CONCESSÃO Acordos que garantem ao seu possuidor a exploração de alguma atividade pedágio em rodovias exploração de minérios cobranças por transporte etc 413 PASSIVO Nesse grupo de contas do balanço patrimonial reúnemse as obrigações da empresa Se as obrigações forem de curto prazo elas devem ser clas sificadas no passivo circulante Caso contrário devem ser evidenciadas no passivo não circulante Independentemente do prazo de pagamento das obrigações curto ou longo as dívidas podem ser categorizadas nos seguintes grupos 7 Contabilidade Básica UNIDADE4 OBRIGAÇÕES COMERCIAIS Dívidas assumidas pela companhia com outras empresas em função da compra de mercadorias eou de outros ativos As contas mais co muns são fornecedores e contas a pagar OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS Valores a pagar diretamente aos trabalhadores salários a pagar ou ao governo mas em favor dos trabalhadores encargos sociais a pa gar Em relação a esses encargos eles estão previstos na Consolida ção das Leis do Trabalho CLT Os encargos sociais mais representa tivos são a Previdência Social direito social previsto na Constituição Federal para cobertura de eventos de doença proteção à materni dade e pensão por morte e o Fundo De Garantia Sobre Tempo de Serviço FGTS depósito mensal feito pela empresa num percentual de 8 do salário base OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS Valores a pagar dos tributos devidos pela empresa em função de suas atividades Os principais tributos devidos pelas empresas têm como fato gerador a venda e o lucro Dentre eles temos Fato gerador venda Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Contribuição para Finalidade Social COFINS Programa de Integração de Social PIS Fato gerador lucro Imposto de Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL SAIBA MAIS OBRIGAÇÕES FINANCEIRAS Dívidas assumidas com bancos e demais instituições financeiras rela tivas a empréstimos e financiamentos 8 Contabilidade Básica UNIDADE4 414 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Nessa parte do balanço patrimonial reúnemse as contas que denotam a re lação da empresa pessoa jurídica com as pessoas físicas que a formaram Nela registrase inicialmente o capital social que é a parcela inicial dos investimentos dos sócios ou acionistas na empresa Após a realização das suas atividades os lucros ou prejuízos apurados também passam a fazer parte do patrimônio líquido O lucro apurado pela empresa pode apresentar de modo geral três des tinos possíveis 1 Distribuição de dividendos aos acionistas ou seja a parcela que é oferecida pela empresa aos sócios ou acionistas em função dos lucros apurados 2 Constituição de reservas ou seja retenção dos lucros apurados 3 Incorporação ao capital social quando o dinheiro é reinvestido na própria empresa concedendo um número maior de ações para cada acionista O que causa aumento ou redução do patrimônio líquido é o resultado do confronto entre receitas e despesas Porém receitas e despesas não fazem parte do balanço patrimonial Elas são evidenciadas na demons tração do resultado do exercício tema da próxima subunidade 42 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Para medir o desempenho da empresa num determinado período a melhor maneira de fazêlo é analisar a demonstração do resultado do exercício Esse demonstrativo reúne as receitas auferidas pela empresa e as despesas por ela realizadas É do confronto entre as receitas e as despesas que a empresa apura o lucro ou o prejuízo do período Esse demonstrativo já foi estudado anteriormente Mas nesse momento vamos adicionar informações importantes a seu respeito Antes porém vamos relembrar a estrutura do demonstrativo 9 Contabilidade Básica UNIDADE4 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA RESULTADO BRUTO DESPESAS OPERACIONAIS ADMINISTRATIVAS DESPESAS OPERACIONAIS COM VENDAS OU OUTRAS RECEITAS E DESPESAS OPERACIONAIS RESULTADO ANTES DAS DESPESAS E RECEITAS FINANCEIRAS OU RESULTADO LÍQUIDO FINANCEIRO RESULTADO ANTES DOS TRIBUTOS SOBRE O LUCRO IRPJ E CSLL RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Além disso é preciso recuperar também uma condição básica da relação entre receitas e despesas RECEITAS DESPESAS LUCRO DESPESAS RECEITAS PREJUÍZO Feitas essas considerações é preciso observar que a demonstração do resultado do exercício pode ser bastante útil para as tomadas de decisão gerencial pelos seguintes aspectos Informe sobre as condições de compra da empresa Informe sobre os gastos operacionais da empresa Informes sobre o impacto das operações financeiras nas ativi dades operacionais Sobre o primeiro tópico é preciso considerar que o custo da merca doria vendida CMV representa o valor que foi gasto pela empresa ao adquirir produtos para revenda ou os insumos para a fabricação dos produtos de venda Nesse sentido é importante ob servar que ao adquirir uma mer cadoria ela deve ser classificada Fonte Shutterstock 10 Contabilidade Básica UNIDADE4 no balanço patrimonial no grupo de contas do ativo circulante pelo seu custo de aquisição As mercadorias só deixarão o ativo quando forem vendidas e nesse caso o valor desse custo é registrado na demons tração do resultado na conta de CMVA comparação entre o quanto foi ganho pela venda das mercadorias após as deduções de tributos sobre venda e o quanto foi gasto para a sua aquisição representa o primeiro e mais geral confronto entre receitas e despesas Achase com isso o lucro bruto Podese verificar o desempenho da empresa nesse caso pelo seu cri tério de compras ou pela sua margem geral de venda Sabese que uma boa venda se inicia com uma boa compra Comprar bem significa com prar em condições favoráveis seja no valor monetário seja nas formas e prazos de pagamento É evidente que para uma completa avaliação da condição de compra é preciso considerar outras variáveis econômicas e financeiras mas em todo caso a comparação entre receita líquida e custo pago representa ainda que de forma superficial uma boa avaliação O segundo aspecto destacado na demonstração do resultado do exercí cio e que é fundamental para a tomada de decisão gerencial diz respei to aos gastos operacionais Dentre os vários aspectos que se pode considerar nessa questão buscase responder às seguintes questões Os gastos estão compatíveis com as receitas geradas É possível reduzir esses gastos sem perda de qualidade dos serviços Há algum tipo de desperdício de tempo de valor de trabalho que se possa evitar Tais questões são fundamentais para uma completa análise do desem penho operacional da empresa É evidente que para a empresa gerar receitas ela necessita incorrer em alguns gastos Mas é também funda mental avaliar se o sacrifício de arcar com determinada despesa com pensa o esforço realizado e se realmente gera receitas 11 Contabilidade Básica UNIDADE4 Materialidade é um conceito contábil que indica a relação custobenefício Às vezes o custo para gerar uma informação ou para se apurar detalhadamente o valor de uma conta é tão alto não vale a pena o esforço empreendido Os benefícios são muito pequenos em face de todo gasto de tempo de pessoas envolvidas no processo e mesmo de dinheiro aplicado Mas para chegar a essa conclusão é preciso uma análise criteriosa da situação E para que a análise seja consistente é preciso colher dados e informações da contabilidade É possível perceber como a contabilidade é útil para a tomada de decisões gerenciais FIQUE LIGADO O terceiro aspecto obtido dos dados da demonstração do resultado do exercício são os informes sobre o impacto das operações financeiras nas atividades operacionais O contexto brasileiro é tradicionalmente de juros bastante altos Por ou tro lado os empréstimos as linhas de crédito e demais fontes financeiras de financiamento são largamente utilizadas pelas empresas no seu dia a dia operacional Além disso as compras e vendas a prazo e com período muitas vezes longo para pagamentos e recebimentos fazem com que haja incidência de juros e de descontos financeiros nas operações É fundamental que as empresas acompanhem os valores despendidos ou obtidos nessas operações financeiras Afinal apesar de não representar a atividadefim da organização elas podem apresentar um impacto significativo em seus resultados Como você pôde observar esses três aspectos condições de compra gastos operacionais e resultado das operações financeiras são infor mações importantes para avaliar o desempenho da empresa Tais infor mações estão evidenciadas na DRE no intuito de se apurar o lucro ou prejuízo em determinado período e esse resultado pode ser ampliado ou diminuído em função do desempenho que a empresa apresenta e que está apresentado de forma resumida e sistematizada na demonstração Ao final temse outra decisão importante o que fazer com o resultado líquido apurado na demonstração do resultado do exercício 12 Contabilidade Básica UNIDADE4 Tratase de uma decisão dos acionistas Mas seja como for ela precisa ser evidenciada Por essa razão é que se apresenta a demonstração das mutações do patrimônio líquido DMPL que é o demonstrativo que pas saremos a estudar agora 43 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO A demonstração das mutações do patrimônio líquido DMPL tem um ob jetivo bastante específico evidenciar a movimentação das contas do patri mônio líquido durante um exercício social Tratase sucintamente do saldo de cada conta no início e no final do exercício A movimentação dessa conta é impactada pelo resultado apurado na DRE Imaginando que a empresa apurou um lucro líquido ela pode de forma geral oferecer três destinos para esse lucro conforme o quadro a seguir TRÊS DESTINAÇÕES POSSÍVEIS PARA O LUCRO LÍQUIDO DA EMPRESA DISTRIBUIÇÃO AOS ACIONISTAS POR MEIO DE DIVIDENDOS LUCRO RETENÇÃO DOS GANHOS PARA FINS ESPECÍFICOS POR MEIO DE RESERVAS DE LUCRO REINVESTIMENTO NA EMPRESA POR MEIO DA INCORPORAÇÃO AO CAPITAL SOCIAL Fonte Ulysses 2017 QUADRO 29 13 Contabilidade Básica UNIDADE4 Esses três destinos podem ser utilizados em um mesmo exercício social É preciso apenas que se determine o valor que será destinado para cada um Há que se observar no entanto a legislação societária Por exemplo a empresa não pode distribuir aos acionistas todo o seu lu cro em forma de dividendos A lei obriga que 5 do lucro líquido apurado no exercício deve ser retido na empresa É uma reserva prevista em lei que portanto é denominada reserva legal Por outro lado a empresa não pode reter 100 do lucro e não fazer qualquer distribuição de dividendos aos acionistas A lei determina que ao menos 25 do lucro apurado deve ser distribuído aos acionistas São os dividendos mínimos obrigatórios Em relação às reservas de lucro além da reserva legal que é obrigatória uma empresa pode ter também outra reserva prevista em seu estatuto social que é a reserva estatutária Se o estatuto da empresa dispuser sobre a existência de uma reserva estatutária a administração da empre sa é obrigada a seguir o que determina o estatuto Excetuando essas duas reservas a legal e a estatutária que têm per centuais e definições claras sobre sua retenção e devem ser cumpridas as demais reservas são mais livres e flexíveis e sua criação depende da vontade dos sócios ou acionistas da empresa Elas são constituídas em assembleia por decisão da maioria As principais reservas geralmente constituídas pelas empresas são RESERVA PARA EXPANSÃO Constituída quando a empresa pretende realizar um investimento específico e cria um fundo para esse fim Podem ser criadas simulta neamente várias reservas para investimentos diferentes RESERVA PARA CONTINGÊNCIAS Contingência é algo inesperado e sobre o qual a empresa não tem controle É um incêndio ou uma enchente que pode danificar ou mes mo inabilitar produtos e outros ativos da empresa Se for do interesse dos acionistas é possível constituir uma reserva para cobrir even tuais prejuízos causados por essas situações inesperadas RESERVA DE LUCROS A REALIZAR Já estudamos que o lucro é o resultado positivo do confronto entre receitas e despesas Receita Despesas Já estudamos também que a contabilidade trabalha pelo regime de competência e nesse caso uma venda realizada no mês de maio a ser recebida somente em agosto é registrada no mês de maio mês do fato gerador do Estatuto Social é um documento oficial da empresa em que estão descritas a estrutura e composição da organização os principais deveres e obrigações da entidade suas funções suas formas de controle e acompanhamento das ações enfim a orientação básica e fundamental da companhia FIQUE LIGADO 14 Contabilidade Básica UNIDADE4 evento Nesse caso eu já tenho a receita mas ainda não tenho o dinheiro caixa que só chegará aos cofres da empresa em agosto Essa é a ideia do lucro a realizar ou seja a receita já foi feita e o lucro já foi apurado mas ele ainda não se transformou em dinheiro A com panhia pode criar uma reserva com essa parte dos recursos que ain da não foram convertidos em dinheiro para que quando eles chega rem seja dado outro destino A primeira conta que aparece no patrimônio líquido de qualquer empresa é o capital social O ca pital social é subscrito quando os sócios assumem o compromisso formal de participação na socieda de O capital social é integraliza do quando há a efetiva entrega do dinheiro para a empresa É a con firmação do compromisso assumi do Se uma parte do compromisso ainda não foi saldada então temos o capital social a integralizar Seja como for o capital social é sempre a primeira conta a estar presente no grupo do patrimônio líquido No patrimônio líquido existem ainda outras contas como as reservas de capital o ajuste de avaliação patrimonial as ações em tesouraria e eventualmente o prejuízo acumulado Entretanto tais contas aparecem no patrimônio líquido somente em situações muito específicas que não serão tratadas aqui Enfatizaremos em nosso estudo as contas mais co muns ou seja o capital social as reservas de lucro e os dividendos que nesse caso nem representam uma conta do patrimônio líquido e sim uma conta do passivo circulante Para compreendermos melhor a composição e estrutura da DMPL vamos analisar o exemplo a seguir Uma companhia apresentou no final do Ano A em seu balanço patrimo nial a seguinte composição do patrimônio líquido Capital social integralizado R 18000000 Reserva Legal R 1000000 Reserva para expansão R 4000000 Durante o ano B a companhia teve um lucro de R 24000000 No final do ano decidiu fazer a seguinte distribuição dos lucros após evidente Fonte Shutterstock 15 Contabilidade Básica UNIDADE4 mente separar o valor devido da reserva legal ou seja 5 desse total como determina a legislação A distribuição foi a seguinte 25 para dividendos 25 para incorporação ao capital social e 50 para reservas para expansão A DMPL foi elaborada como segue QUADRO 30 DMPL DA COMPANHIA CAPITAL SOCIAL RESERVAS DE LUCRO LUCRO ACUMULADO TOTAL LEGAL EXPANSÃO ESTATUTÁRIA SALDO INICIAL ANO B 180000 10000 40000 0 0 230000 LUCRO LÍQUIDO DO PERÍODO 240000 240000 RESERVA LEGAL 12000 12000 RESERVA ESTATUTÁRIA RESERVA PARA EXPANSÃO 114000 114000 INCORPORAÇÃO AO CAPITAL SOCIAL 57000 57000 DIVIDENDOS A DISTRIBUIR 57000 57000 SALDO FINAL ANO B 237000 22000 154000 0 0 413000 Fonte Ulysses 2017 A estrutura da DMPL é formada por linhas e colunas Nas linhas des crevemse os eventos Nas colunas as contas do patrimônio líquido É preciso relacionar linhas com colunas A primeira tarefa ao preencher a DMPL é encontrar o saldo final do PL no ano anterior Esse saldo final do ano anterior é efetivamente o saldo inicial do ano seguinte Em nosso exemplo o ano B A esse saldo ini cial devese acrescentar o lucro do período que aparece duas vezes na demonstração na coluna de lucro acumulado e no total visto que esse valor não estava presente no início do período mas foi resultado das atividades da empresa ao longo do ano Em seguida é necessário entender quais foram as decisões sobre o lucro tomadas em assembleia Observe que a primeira coisa a fazer é separar a reserva legal pois essa é compulsória Fazse necessário portanto separar 5 do lucro e destinála à coluna de reserva legal Observe que 16 Contabilidade Básica UNIDADE4 os R 1200000 foram retirados da coluna de lucro e lançados na coluna de reserva legal Tudo isso na linha correspondente à reserva legal O que a empresa dispõe agora para fazer a distribuição A resposta a essa pergunta é de fundamental importância porque dela dependem os valores seguintes A equação é a seguinte Lucro líquido apurado no período R 24000000 reserva legal R 1200000 Valor disponível para distribuição R 22800000 O valor que a companhia dispõe para a distribuição é R 22800000 e é dele que se deve retirar os percentuais definidos em assembleia a saber 25 para dividendos e para a incorporação ao capital social cujo valor totaliza R 5700000 e 50 para as reservas para expansão num total de R 11400000 É importante observar que os valores relativos à incorporação ao capital social e às reservas para expansão não aumentaram nem diminuíram o total do patrimônio líquido visto que houve apenas uma troca de valores entre as contas do patrimônio líquido Nesse caso apenas se diminuiu o valor do lucro e os acrescentou nas respectivas contas No entanto em relação aos dividendos eles diminuem a conta de lucros e também diminuem o patrimônio líquido visto que seu valor deverá ser evi denciado no passivo circulante Portanto o valor sai do PL e vai para outro grupo ou seja o passivo numa conta denominada dividendos a distribuir As demonstrações contábeis têm o intuito de informar a usuários sobre as condições da empresa Com a DMPL isso não é diferente Tomando o exemplo que utilizamos um usuário pode querer saber mas que investimento é esse que a empresa quer fazer e que separa praticamente a metade de seu lucro anual para ele Tal informação não é possível de ser dada apenas com o demonstrativo Por essa razão fazse necessária a construção de textos adicionais explicativos sobre o que representam esses investimentos São as denominadas notas explicativas que devem considerar não somente a DMPL mas todos os demonstrativos contábeis Eles são parte integrante das demonstrações Para saber mais consulte Manual de contabilidade societária de Iudícibus et al 2010 SAIBA MAIS 17 Contabilidade Básica UNIDADE4 44 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA Há uma diferença primordial entre a demonstração dos fluxos de caixa DFC e os demais demonstrativos contábeis que estudamos anterior mente Até agora todos os demonstrativos balanço patrimonial BP demonstração do resultado do exercício DRE e por último a demons tração das mutações do patrimônio líquido DMPL são elaborados com base no regime de competência princípio básico da contabilidade que já estudamos segundo o qual as despesas e receitas devem ser regis tradas no momento em que elas ocorrem independentemente de haver pagamento ou recebimento na data Já a demonstração dos fluxos de caixa até como o seu próprio título sugere trabalha sob o regime de caixa Dessa forma só deve constar nessa demonstração aquilo que foi pago ou recebido Nesse caso se uma empresa vendeu um produto a prazo e ainda não recebeu o valor devido ela nada deve preencher na DFC A movimenta ção só irá ocorrer quando houver a respectiva entrada de dinheiro nos cofres da empresa Outra questão importante diz res peito à elaboração da DFC Ela só pode ser construída e completa mente elaborada caso os demais demonstrativos já estejam finali zados Em outras palavras só é possível elaborar a DFC depois que os outros demonstrativos já estiverem prontos O objetivo básico da DFC é apre sentar a movimentação financeira da empresa ao longo do período Em síntese tentase explicar de forma sistematizada de onde vie ram os recursos que a empresa utilizou durante o exercício social para a efetivação de suas atividades e onde eles foram aplicados ou seja qual o destino dado a esses recursos Fonte Shutterstock 18 Contabilidade Básica UNIDADE4 Para garantir a sistematização dessa análise e atender ao seu objetivo básico a DFC apresenta três fluxos Fluxo operacional Fluxo de investimentos Fluxo de financiamento Vamos analisar esses fluxos separadamente 441 FLUXO OPERACIONAL Nesse fluxo apresentamse as entradas e saídas de dinheiro aplicadas nas atividades rotineiras da empresa ou seja no seu trabalho do dia a dia O fluxo operacional lida portanto com as atividades de curto prazo Diariamente a empresa faz pagamentos e recebimentos realiza compras e vendas Em se tratando de uma empresa comercial por exemplo num único dia pode vender um produto que estava estocado na loja pode receber novos produtos que foram comprados e pode solicitar novos produtos Afinal esse é o processo operacional de uma empresa comer cial comprar produtos e armazenálos até a sua venda Sendo assim o fluxo operacional está relacionado com o ativo circulante com o passivo circulante ambos no balanço patrimonial e com as recei tas e despesas operacionais destacadas na demonstração do resultado As principais informações que o fluxo de caixa operacional deve fornecer respondem aos seguintes questionamentos Quanto a empresa recebeu pelas vendas efetuadas no período Quanto a empresa pagou pelas compras realizadas no período Quanto a empresa pagou de despesas administrativas e com vendas para a realização de suas atividades A empresa realizou empréstimos fez pagamentos ou obteve recebimentos relativos à compra e venda de ativos não desti nados à venda Essas informações são fundamentais para uma análise avaliativa das deci sões gerenciais que foram tomadas em função das atividades de curto prazo 442 FLUXO DE INVESTIMENTOS Diferentemente do fluxo operacional o fluxo de investimentos está dire tamente relacionado às atividades de longo prazo E como se trata de in 19 Contabilidade Básica UNIDADE4 vestimentos relacionase com o ativo não circulante principalmente no que tange à movimentação ocorrida nos investimentos no imobilizado e no intangível no período Não devemos esquecer que é no ativo não circulante que se concentram as condições estruturais e operativas da empresa Afinal é nele que se encontram máquinas computadores veículos e demais ativos necessá rios à realização das atividades da empresa E ainda os investimentos de longo prazo e os ativos intangíveis que também assumem essa carac terística de permanência por um período superior a um exercício social Nesse sentido o ativo não circulante concentra as condições econômi cas da empresa Um gestor não pode se preocupar apenas com questões emergentes e de curto prazo Há que se pensar no longo prazo também Afinal as má quinas que a empresa dispõe hoje podem ficar obsoletas os softwares precisam ser atualizados os investimentos talvez requeiram novos dire cionamentos enfim são muitas as possibilidades Não é prudente pen sar nessas possibilidades somente quando elas ocorrerem é preciso antecipar essas questões e isso só se consegue com planejamento Nesse sentido o fluxo de caixa de investimentos apresenta uma boa medida da relação de investimen tos aplicados ou direcionados ao longo prazo As principais informações do flu xo de investimentos estão rela cionadas às compras e vendas de ativos de longo prazo e de vem relacionarse aos subgrupos do ativo não circulante no balan ço patrimonial INVESTIMENTOS Quanto se pagou por novos investimentos e quanto se recebeu pela eventual venda deles IMOBILIZADO Quanto se pagou pelos ativos de produção eou de serviços neces sários para as atividades administrativas e quanto se recebeu pela sua eventual venda Fonte Shutterstock 20 Contabilidade Básica UNIDADE4 INTANGÍVEL Quanto se pagou pela compra ou pela construção de ativos visto que alguns intangíveis podem ser gerados internamente e quanto se recebeu pelas eventuais vendas ou concessões realizadas 443 FLUXO DE FINANCIAMENTO De onde vieram os recursos aplicados na empresa Já estudamos ante riormente que as fontes de recursos estão no passivo e no patrimônio líquido O primeiro corresponde a fontes externas e incluem emprésti mos financiamentos bancários eou governamentais Já os últimos rela cionamse a fontes internas ou seja o dinheiro dos sócios ou acionistas e quase sempre ocorrem por meio de aportes de recursos no capital social da empresa Porém tanto para um quanto para outro é preciso que se dê retorno a eles Os empréstimos e financiamentos devem ser pagos e o dinheiro investido pelos acionistas deve retornar a eles por meio de dividendos Sendo assim o fluxo de caixa de financiamento evidencia quanto a em presa recebeu por eventuais empréstimos e financiamentos que tenha realizado e por novos aportes de capital social feito pelos acionistas Em contrapartida deve evidenciar também quanto foi pago pelos emprésti mos e financiamentos assumidos e também quanto foi pago aos acionis tas a título de dividendos 444 MÉTODOS DE ELABORAÇÃO DA DFC A demonstração dos fluxos de caixa pode ser elaborada por dois méto dos o direto e o indireto A mudança porém ocorre somente em um dos fluxos mais precisamente no fluxo operacional Os fluxos de investimen to e de financiamento são rigorosamente iguais independentemente do método adotado pela empresa para realizar a DFC A mudança ocorre apenas no fluxo de caixa operacional Para explicarmos melhor a diferença vamos apresentar um exemplo de elaboração da DFC e utilizaremos os dois métodos Como estudamos para a DFC ser elaborada é preciso que o balanço patrimonial e a de monstração do resultado do exercício estejam prontas Veja a seguir 21 Contabilidade Básica UNIDADE4 EXEMPLO DE ELABORAÇÃO DA DFC BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO ANO 2 ANO 1 Circulante Caixa 4500000 1000000 Clientes 4000000 2500000 Estoques 3000000 1500000 Não Circulante Imobilizado Imóveis 10000000 5000000 Veículos 5000000 6000000 Móveis e utensílios 4000000 4000000 Depreciação Acumulada 1000000 500000 TOTAL DO ATIVO 29500000 19500000 PASSIVO Circulante Fornecedores 9000000 6000000 Financiamentos governamentais 1000000 2000000 Financiamentos bancários 10000000 6000000 IRPJ a pagar 1000000 0 Dividendos a distribuir 1500000 0 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital 6000000 5500000 Reservas de Lucro 1000000 0 TOTAL DO PASSIVO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 295000 195000 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ANO 2 Receita de Vendas 200000 Custo das Mercadorias Vendidas 80000 Lucro Bruto 120000 Despesas Operacionais Administrativas e Gerais 50000 Com Vendas 30000 QUADRO 31 22 Contabilidade Básica UNIDADE4 Depreciação 5000 85000 resultado antes dos tributos sobre o lucro 35000 Tributos sobre o lucro 10000 Lucro Líquido do Exercício 25000 Fonte Ulysses 2017 4441 FLUXO OPERACIONAL MÉTODO DIRETO A primeira informação a ser conhecida no fluxo operacional é o quanto a empresa recebeu pelas vendas Nesse caso é necessário seguir a se guinte fórmula Receita de vendas clientes ano 2 clientes ano 1 ou seja 20000000 4000000 25000 18500000 De forma semelhante é importante saber o quanto a empresa pagou pe las compras efetuadas No entanto como não temos o valor de compras no balanço e na DRE temos que encontrálo utilizando a seguinte fórmula Compras CMV estoque inicial estoque final fornecedores ano 2 fornecedores ano 1 ou seja Compras 8000000 3000000 1500000 9000000 6000000 6500000 Após saber que a empresa recebeu R 18500000 em dinheiro pelas vendas efetuadas e pagou R 6500000 a empresa ficou com um saldo de R 12000000 No entanto para realizar as suas atividades também precisa arcar com despesas e essas estão descritas na DRE Nesse de monstrativo verificamos que o total das despesas administrativas é de R 5000000 e das despesas com vendas de R 3000000 Sendo assim temse o seguinte 23 Contabilidade Básica UNIDADE4 Entrada de caixa pelo recebimento das vendas 18500000 Saídas de caixa pelos pagamentos de Compras de mercadorias 6500000 Despesa administrativas 5000000 Despesas comerciais 3000000 Saldo de caixa do fluxo operacional 4000000 Como se pode observar pelo método direto considerase o valor das informações evidenciadas nos demonstrativos contábeis BP e DRE 4442 FLUXO OPERACIONAL MÉTODO INDIRETO Pelo método indireto a primeira informação a fazer é igualar o lucro com o caixa Devemos lembrar que o BP e a DRE trabalham com base no re gime de competência mas a DFC com base no regime de caixa Nesse caso algumas despesas podem não diminuir o caixa Por exemplo o IRPJ que consta na DRE ainda não foi pago pois consta um IRPJ a pagar no passivo circulante Da mesma forma a depreciação também não deduz o caixa Assim temos que somálos ao lucro para que esse fique igual ao valor do caixa Lucro líquido do exercício 2500000 IRPJ 1000000 depreciação 500000 Lucro ajustado 4000000 Após o ajuste é preciso verificar a variação das contas do ativo e do pas sivo circulante que fazem parte do fluxo operacional Eles serão acres centados ao lucro ajustado Olhando os valores dos anos 1 e 2 temos Clientes o ano 2 é maior que o ano 1 em 15000 Estoque o ano 2 é maior que o ano 1 em 15000 Logo devese reduzir o valor de R 3000000 visto que se a conta clien tes aumentou foi porque a empresa vendeu mais a prazo e portanto não recebeu ainda o dinheiro Da mesma forma se os estoques aumentaram foi porque os produtos não foram vendidos e por conseguinte não fo ram convertidos em dinheiro De forma semelhante agora no lado do passivo a conta de fornecedo res aumentou em R 3000000 era R 6000000 no ano 1 e passou para R 9000000 no ano 2 Nesse caso a empresa se beneficiou visto 24 Contabilidade Básica UNIDADE4 que fez mais compras a prazo e por essa razão não houve necessidade de despender recursos Nesse caso teríamos 1500000 de clientes 1500000 de estoques 3000000 de fornecedores 0 Portanto não há valor a se acrescentar ao saldo do lucro ajustado Nesse caso o resultado do fluxo operacional é R 4000000 que representa o mesmo resultado alcançado no fluxo operacional feito pelo método direto 4443 FLUXOS DE INVESTIMENTOS E DE FINANCIAMENTOS Somente o fluxo operacional apresenta diferenças de cálculo e composição de acordo com o método direto ou indireto utilizado pela empresa para a elaboração do fluxo de caixa Os fluxos de investimentos e de financiamen tos são rigorosamente iguais independentemente do método utilizado Como vimos o fluxo de investimento contempla o ativo não circulante que no nosso exemplo contém a composição a seguir COMPOSIÇÃO DO FLUXO DE INVESTIMENTO ANO 2 ANO 1 IMÓVEIS 10000000 5000000 VEÍCULOS 5000000 6000000 MÓVEIS E UTENSÍLIOS 4000000 4000000 Fonte Ulysses 2017 Como se vê as três contas apresentam situações diferentes A pri meira aumentou do ano 1 para o ano 2 a segunda diminuiu e a ter ceira mantevese inalterada O impacto na DFC também é diferente Se a conta de imóveis aumentou no balanço patrimonial foi porque a empresa adquiriu novos imóveis E para tanto teve que despender recursos saída de dinheiro para a aquisição Logo no fluxo de caixa seu valor será negativo QUADRO 32 25 Contabilidade Básica UNIDADE4 Já a conta de veículos apresentou uma redução Nesse caso a empre sa vendeu um de seus veículos e portanto recebeu dinheiro caso não tenha vendido a prazo Por essa razão no fluxo de caixa seu valor será positivo A terceira conta permaneceu com o mesmo valor Logo não houve ven da nem compra e por conseguinte não fará parte do fluxo de caixa visto que não apresentou qualquer movimentação financeira Nesse caso o fluxo de caixa seria assim apresentado Fluxo de investimentos saída de recursos para aquisição de imóveis 5000000 entrada de recursos pela venda de veículos 1000000 Saldo final do fluxo de caixa de investimentos 4000000 O fluxo de financiamento no exemplo apresentado reúne duas contas no passivo circulante e uma conta no patrimônio líquido que apresentam impacto financeiro As contas seriam as seguintes CONTAS DO FLUXO DE FINANCIAMENTO PASSIVO ANO 2 ANO 1 Financiamentos governamentais 1000000 2000000 Financiamentos bancários 10000000 6000000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital 6000000 5500000 Como o passivo e o patrimônio líquido representam as obrigações da empresa a relação da movimentação no balanço patrimonial é direta mente proporcional à movimentação do fluxo de caixa Dessa forma como os financiamentos governamentais diminuíram a empresa fez o pagamento devido e portanto foram utilizados recursos da empresa ou seja saiu dinheiro para pagamento De maneira oposta os financiamentos bancários aumentaram Desse modo a empresa adquiriu empréstimos recebeu dinheiro No fluxo de caixa haverá um aumento O mesmo ocorre com a conta capital social do patrimônio líquido Sendo assim a composição do fluxo de financiamen to é a seguinte QUADRO 33 26 Contabilidade Básica UNIDADE4 Fluxo de financiamentos saída de recursos para pagamento de financiamentos governamentais 1000000 entrada de recursos pela aquisição de financiamentos bancários 4000000 integralização de capital social 500000 Saldo final do fluxo de caixa de financiamentos 3500000 Se somarmos o resultado dos três fluxos teríamos o seguinte Fluxo operacional 4000000 Fluxo de investimentos 4000000 Fluxo de financiamento 3500000 Total dos fluxos 3500000 Observação o fluxo operacional é o mesmo obtido pelo método direto ou indireto O resultado dos três fluxos é exatamente a diferença do saldo de cai xa entre os anos 1 e 2 do balanço patrimonial Confirmando no balanço patrimonial o saldo de caixa do ano 1 é R1000000 e do ano 2 R 4500000 Houve portanto um aumento de R3500000 27 Contabilidade Básica 4 RESUMO Nesta unidade estudamos a composição e a estrutura dos principais de monstrativos contábeis a fim de demonstrar as informações contábeis e financeiras que podem ser extraídas de cada um deles Em relação ao balanço patrimonial verificamos seus principais grupos de contas e os critérios de classificação das contas em cada uma de suas partes De igual modo analisamos a estrutura da demonstração do resultado do exercício e sua forma sistemática de apuração do lucro ou prejuízo do período de forma geral bruta operacional e líquida Em seguida estudamos a demonstração das mutações do patrimônio lí quido identificando seu objetivo e sua forma de evidenciação a partir da identificação dos destinos possíveis do resultado apurado na demonstra ção do resultado do exercício Por fim na demonstração dos fluxos de caixa destacamos os dois méto dos de elaboração o direto e o indireto e também apresentamos os três fluxos que são evidenciados na demonstração a saber os fluxos opera cional de investimentos e de financiamentos 28 Contabilidade Básica REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COELHO Claudio Ulysses Ferreira LINS Luiz dos Santos Teoria da Con tabilidade abordagem contextual histórica e gerencial São Paulo Atlas 2010 COELHO Claudio Ulysses Ferreira LINS Luiz dos Santos SIQUEIRA José Ricardo Maia de Fundamentos de Contabilidade estrutura clas sificação e análise uma proposta interativa São Paulo Cengage Lear ning 2007 CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis Pronunciamento Técnico nº 3 03092010 Disponível em httpwwwcpcorgbrCPCDocumen tosEmitidosPronunciamentosPronunciamentoId34 Acesso em 7 fev 2018 CPC Comitê de Pronunciamentos Contáveis Pronunciamento Técnico nº 4 05112010 Disponível em httpwwwcpcorgbrCPCDocumen tosEmitidosPronunciamentosPronunciamentoId35 Acesso em 7 fev 2018 IUDÍCIBUS Sergio de MARTINS Eliseu GELBCKE Ernesto Rubens SANTOS Ariovaldo dos Manual de Contabilidade Societária São Pau lo Atlas 2010 BRAGA H R Demonstrações Contábeis Estrutura Análise e Inter pretação São Paulo Atlas 2007 COSTA J A Contabilidade de Seguros As experiências no Brasil e no Mercosul em comparação com as Normas Propostas pelo IASB Rio de Janeiro Funenseg 2005 EQUIPE DE PROFESSORES DA FEAUSP Contabilidade Introdutória 11 ed São Paulo Atlas 2010 29 Contabilidade Básica REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IUDÍCIBUS S MARTINS E BENSGELBCKE E Manual de Contabilida de das sociedades por ações aplicável às demais sociedades 7 ed São Paulo FipecafiAtlas 2007 MARION J C Análise das Demonstrações Contábeis 4 ed São Paulo Atlas 2007 MYHR A E MARKHAM J J Operações regulamentação e contabili dade de seguros Rio de Janeiro Funenseg 2006 Livrotexto e cader no de exercícios SOUZA S Seguros contabilidade atuária e auditoria São Paulo Sarai va 2007 Edição revista SILVA J C Práticas Contábeis das Operações de Seguros Rio de Ja neiro Funenseg 2005 ens