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Comunicação e Expressão

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p Escola Superior de Propaganda e Markeung O o l 4 A1oc1içao cpt d 1i do os re11os desra edição reservados à d o e ntCJO Editora Pnsky Lt a Ed11ori 0 AJJiJrbicia Edirorial Rafael Valente Colaboradum Manolita Correia Lima Gisela Granjeiro da Silva Castro Maria Isabel Rodrigues Orofino Vandcr Cisaqut Capa estação design gráfico DUJgramaçtio Gustavo S Vilas Boas Preparação de uxro Adriana Teixeira Bd Ribeiro Rroisdo Lllian Aquino Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP Câmara Brasileira do Livro SP Brasil Dicionário de comunicação escolas teorias e autores organizadores Adilson Citelli et ai São Paulo Contexto 2014 Outros organizadores Christa Berger Maria Aparecida Baccega Maria lmmacolata Vassallo de Lopes Vera Veiga França ISBN 9788572448345 l Comunicação Dicionários 1 Citelli Adilson II Berger Christa III Baccega Maria Aparecida IV Lopes Maria lmmacolata Vassalo de V França Vera Veiga 1403578 CDD302203 Índice para catilogo sim mático 1 Comuniciçáo Dicionários Ciências sociais 302203 2014 EDITORA CONTEXTO Diretor editorial Jaimr Pimky Rua Dr Jos Elias 520 Alto da lapa 05083030 Sáo Paulo sr PAnx 11 3832 5838 concex101edi1oraconrex10combr wwweditoracontcxrocombr Referências rs N A ARRü Raul Un campo cartrado d fa f Ll r o e turo el esrud d 1xico Felafacs 1992 lo e la comunicación en America La t 1 una 1rAflü G lW z nc L ORIU Alberto Efe d A ftP n y rumand M 1 111 Amlrrra Latma estudo de três casos relevant V atte are Pesquisa teórica em Comunicaçtio 1 99 Tese Doutorado em Ciências da C es eron Matrelan e ManínBarbero Sao Pa 1 omunicação U u o n tARl Armand Multmac1011ats e sistemas d n1vers1dade de São Paulo l 1 e H ecomumraçao Ih Sío Paulo 1enc1as umanas 1976 os apare os ideológicos do imperialismo Com unicaçãomundo história das id d 1 e1as e as estraté p D oRfMAN Arie Para ler o Pato Don fd gias etrópolis Vozes 1994 9 d a comunicação de m 1 Paz e Terra 19 7 1 e 1972 assa eco on1al1smo Rio de Janeiro Comunicación y nueva hegemonia Peru C l d M h 1 e a ec Cedee 1981 M AlTELART IC e e História das Teorias da e Pensar as mídias São Paulo Loyola o1Caçao 2 ed São Paulo Loyola 1999 O Carnaval das imagens a ficção na n 5 ao Paulo Brasiliense 1989 PAULO FREIRE Venício A de Lima Paulo Freire falecido em 1997 permanece um dos intelectuais mais co nhecidos e celebrados tanto no Brasil quanto no exterior Suas obras foram traduzidas para os principais idiomas modernos e continuam sendo reeditadas e estudadas Embora tenha escrito apenas um pequeno ensaio especificamente sobre o rema da comunicação dialógica Freire representa uma fonte permanente de inspiração para os estudos de comunicação Nascido em Recife Pernambuco em 1921 de origem pobre sua família tinha arraigadas convicções religiosas Iniciou tardiamente sua educação formal e conseguiu se graduar em Direito Casouse pela primeira vez aos 23 anos com uma professora primária e logo descobriu na educação sua verdadeira vocação Em 1959 obteve um grau equivalente ao de doutor em História e Filosofia da Educação pela antiga Universidade de Recife Freire foi um homem profundamente marcado pelo seu lugar e pelo seu tempo nordestino religioso construiu sua visão de mundo influenciado pelo catolicismo radical dos anos 195060 pelos intelectuais ligados ao Ins tituto Superior de Estudos Brasileiros Iseb e pela prática dos movimentos 215 r 216 5 3 I 9551964 formalmente vinculad 1 Nesse insnruco d o d d ão popu ar d e ro com auronom1a a mm1strativa d e e uca1r 0 mas e ra e M scério da Educaça isáo nacionaldesenvolvimenrisra d ao 101 absorveu a v a esquisa e ensino Fr1r América Latina cnada ela ONU em 1948 p E onom1ca para d fll e Al v Cepal Com1ssao c 1 acraves o i os010 varo 1e1ra Pinr eia ex1srenc1a isra o sobretudo a míluen como proJeto nacional ser no mund e análises conceitos o incorporando as suas T do isso durante a polanzaçao ideológica da al çao e praxis u autenticidade iena La a e no Brasil aconteciam os movimento d Amenca cm s Guerra Fria e quan o na d am O golpe militar de 1964 d b e que anrece er pelas reformas e as uca educativa foi preso e exilado Viveu e por sua pra Por seu pensamento eríodo passou pela Bolívia foi consultor d 1964 a 1980 e neste p fora do Brasil e 1 e r em Harvard nos Estados Unidos e tra U d no Chi e proresso das Naçoes OI as dal d I eJas na Suíça De volta ao Brasil deu aulas e lho Mun l e gr balhou no onse e tário de Educação da Prefeitura de São Paulo U cam e na rucsP e ro1 secre na OI p d L E undina Viúvo I 986 casouse com a professora na adm101srraçao e uJZa r Ana Maria Araújo Freire em 1988 A COMUNICAÇÃO DIALÓGICA Talvez 0 conceito mais associado a Freire seja a ideia de conscientização ou O processo educativo através do qual o educando junto ao educador toma consciência descobre seu lugar no mundo e seu potencial de transformálo Na verdade esse conceito não foi criado por Freire mas pelo Iseb Nos escudos de comunicação já exilado no Chile Freire escreveu tensão ou comunicação 1969 no qual não só fez a crítica do extensionismo rural prática de transmitir pacotes tecnológicos a trabalhadores rurais com o objetivo de intro duzir inovações na agricultura como também construiu a fundamentação da comunicação dialógica Definiu comunicação como a coparticipação interlocução de sujeitos em torno do objeto que se quer conhecer Em textos anteriores como Educação como prática da liberdade 1967 sobretudo em Pedagogia do oprimido 1970 e pequenos ensaios esparsos desenvolveu suas reflexões sobre o diálogo e sobre os contextos concretos onde este ocorre historicamente Introduziu também os conceitos de cultura do silêncio e ação cultural para a liberdade A valoriza ção da capacidade humana de construir sua própria história através do conceiro antropológico de cultura combinada com a comunicação dialógica e a superação da cultura do silêncio na qual a maioria da população é impedida de expressar sua voz prevalenre durante toda a experiência colonial latinoamericana conscirui as bases da contribuição de Freire para os escudos da comunicaçáo Ernbora não tenha se dedicado à anál ise especifica da ainence mediada ou da comunicação d comunicaçao tecno Jogic e massa nas ela se refere Freue remete O leitor p poucas ocasioes em que a ara suas refle a do conhecimento eou a necessidade d xoes ancenores sobre a reon e se pensar ep l a1 dizer considerar a matriz dialogal como r I A iStemo ogicamence e ererencia norm cesso de comunicação seja ele mediado t l ativa para qualquer pro ecno ogicamence ou não INFLUÊNCIA CONTRIBUIÇÃO E A TRADIÇÃO FREIREANA No ensaio A pesquisa em comunicação na Amér L fu d d tca atma ao idenuficar o que chama de pais n a ores Chnsta Berger mencion l ª evanramenco realizado em 1992 entre 50 pesqmsadores que aponta Paulo Freir d A e como uma as cmco Principais mfluencias teoncas deste campo de estudo n ª regiao D a mesma forma autores amplamente reconhecidos e com vasta prod uçao no campo como O belga Armand Mattelart com experiência histórica no Chile dos anos 196070 e o espanholcolombiano Jesús MartínBarbero reconhecem a contribuição de Freire na construção de suas perspectivas teóricas Berger 2001 24177 No Brasil autores como Venício A de Lima José Marques de Melo Regina Festa e Cicilia Peruzzo além de toda urna nova geração empenhada na positivação do conceito de comunicação corno direito humano tentam estudar e preservar a tradição freireana Denise Cogo descreve a presença ativa das ideias de Freire em três áreas estudos e prática da comunicação rural comunicação alternativa eou popular comunitária e estudos culturais nas vertentes de pesquisa sobre o receptor ativo e a leitura crítica da mídia Nesta última área merecem registro especial suas ponderações acerca da importância fundadora de Freire para a tradição dos Estudos Culturais na América Latina Cogo 1999 2936 destaca que o entendimento das interrelações entre comunicação educação e cultura permitiu o desenvolvimento da vertente denominada de estudos culturais e comunicação que a partir da herança dos Escudos Culturais ingleses ganhou especificidade regional a partir do final da década de 1980 Sobretudo por meio do trabalho de investigadores como Jesús MartínBarbero Néstor García Candini e Guillermo Orozco Gómez cujas reflexões têm em comum o en tendimento da comunicação como fenômeno que não se esgota em conceitos como meios códigos e mensagens entre outros e cuja compreensão demanda olhares volcados para a cultura e cotidiano dos sujeitos como mediadores de sentidos no âmbito da recepção das mensagens 217 e 0 B m 5 m 218 cial da obra de Freire para os estud destaca o poten os de Outro autor que al mo é Eduardo Med1tsch que ern rática do 1orn is artigo comunicaçao e a P 0 para O compromisso com a prática publicado em 2008 chama a atença d P l Freire não era limitado por esta ou aq I O ensamenro e au O ue a P enrualmente se apoiava seu comprorn escola teórica em que ev d h isso da real com a real1da e umana que procur rimeiro era com a v1 al ava P sformar ou numa p avra com a prática compreender para rran M ditsch no entanto lembram não só das leituras reduci0 Tanto Cogo quanto e nistas e o apns1onamento no Jogo dos conceitos praucado no me10 acadêmico 111 as d bil ue se faz da obra fre1reana nos esrudos de comuniciri também da e apropnaçao q o Q ai d e u e e rato a contribuição das ideias de Freire para os estudos da co d municação e da cultura nos nossos ias De acordo com Clifford Chriscians um dos mais imporcantes pesquisadores dessa cradição nos Estados Unidos 1991 Freire é o principal representante con temporâneo da tradição teórica da comunicação como diálogo Se até recentemente esse modelo parecia inadequado para qualquer tipo de aplicação no contexto da chamada comunicacáo de massà unidirecional e centralizada hoje a nova mí dia reabre as possibilidades de um processo dialógico mediado pela tecnologia O modelo normativo construído por Freire ganha atualidade e passa a servir de ideal para a realização plena da comunicação humana em todos os seus níveis A tradição da comunicação como diálogo ganha renovada importância e potencializa a possibilidade da interação permanente e online no ato mesmo da comunicação Freire teorizou a comunicação interativa antes da revolução digital vale dizer antes da internet e de suas redes sociais Como ele mesmo sugere deve mos nos remeter às suas reflexões sobre a teoria do conhecimento base do conceito de comunicação como diálogo em obras como Extensão ou comunicação 1969 Pediigogia do oprimido 1970 Sobre a educação 1984 em coautoria com Sérgio Guimarães e Pedagogia da autonomia 1997 Lá encontramos uma referência normativa revitalizada criativa e desafiadora para pensar as novas tecnologias de comunicação e também sua regulação Existe um enorme potencial analítico embutido em alguns conceitos introduzidos por Freire que ainda não foram plenamente explorados Um exemplo eloquente é certamente o conceito de cultura do silêncio no qual fala da nossa herança colonial de mutismo e mais tarde da cultura do silêncio dos oprimidos impedidos de ter voz mergulhados na submissão pelo silêncio Freire recorre ao Pe Antonio Vieira no famoso Sermão da áo de Nossa Senhora pronunciado na B h 111srtÇulo XVII 1640 a ia amda na primeira metade do sec infans infante quer dizer o que não fal N 1 ª este estado 0 Bras1 muitos anos que foi a meu permaneceu ver a maior d O pior acidente que teve O Brasil ocaSiao e seus males em sua enfermd d i selhe a fala multas vezes se quis queix 1 ª e ro1 o tolher ar Justamente Pedir o remédio de seus males mas se 1h mu1tas vezes quis mpre L e afogo ai garganta ou o respeito ou a violência ai u as P avras na e se guma vez eh ai gemido aos ouvidos de quem O devera re d h egou gum me iar e egaram tamb vozes do poder e venceram os clamores d em as a razao Não seria essa uma forma histórica de censura n dd A b ª me 1 a em que a cul rura do stlenc10 nega a oa parte da população sua liberd d fu d ª e n amenral de palavra de se expresar E qem sena neste caso 0 censor As ideias de Fretre const1tuem a base teórica para a p d osmvaçao a comu nicação como direito humano fundamental A necessidade do desenvolvimento e da positivação de um d ue1to a comu nicação foi idetiflcad h ms de 40 ªos pelo francês Jean DArcy quando diretor de serviços aud10v1sua1s e de radio do Departamento de Informações Públicas das Nações Unidas em 1969 Fisher 1984 26 O famoso Relatório MacBride publicado pela Unesco 1983 287291 reconheceria pioneiramente 0 direito à comunicaçáo 11 anos depois Hoje em dia se considera que a comunicação é um aspecto dos direitos humanos Mas esse direito é cada vez mais concebido como o direito de comunicar passandose por cima do direito de receber comunicação ou de ser informado Acreditase que a comunicação seja um processo bidirecional cujos participantes individuais ou coletivos mantêm um diálogo demo crático e equilibrado Essa ideia de diálogo contraposta à de monólogo é a própria base de muitas das ideias atuais que levam ao reconhecimento de novos direitos humanos O direito à comunicação constitui um prolonga mento lógico do progresso constante em direção à liberdade e à democracia Tanto DArcy como O Relatório MacBride na verdade assumiam e con sagravam a perspectiva dialógica da comunicação que já havia sido elaborada por Freire do ponto de vista conceituai Freire diferenciase da tradição dialógica dominante ao recorrer ª raiz semântica da palavra comunicação e nela incluir a dimensão política da 219 220 igualdade da ausência de dominação A comnicação implica um diálogo d dos pelo obiero de conhecimento que por sua vez de entre su1e1ros me 1a d e do trabalho cotidiano Ao resmng1r a comunicação a corre a expenenc1a uma relação entre sujeitos necessariamente iguais rodª rlçao e oder fica excluída A comunicação passa a ser portanto por defimçao dialogica vale dizer de mão dupla contemplando ao mesmo tmpo 0 direto de informar e ser informado e o de acesso aos meios necessanos à plena liberdade de ex pressão O próprio conhecimento gerado pelo diáloo omunicativo só será verdadeiro e autêntico quando comprometido com a JUStLÇa eª transformação social Essa é a base do direito à comunicação Além de apresentar uma perspectiva única dentro da tradição da comu nicação dialógica de ser referência obrigatória para os escudos e a prática da comunicação rural da comunicação comunitária dos estudos culturais e da prática jornalística ideias e conceitos introduzidos por Freire continuam atuais e fonte de inspiração para os estudiosos e practitioners da comunicação Sua influência muitas vezes ocorre de forma difusa pela abrangência de suas reflexões centradas no imenso potencial humano de transformação criativa da realidade sobretudo na contemporaneidade quando as novas TICs Tec nologias da Informação e Comunicação oferecem um imenso potencial de in terarividade dialógica Referências BLRGR Christa A pesquisa em comunicação na América Latina ln H oLFELDT A et al Teorias da com1111icaçáo conceitos escolas e tendências Petrópolis Vozes 2001 CHRISTIANS Clifford Paulo Freires Emancipatory Straregy ln Prrr Joseph C Luco Elena eds The Technology of Discovery and the Discovery ofTechnology Blacksburg VA The Society for Philosophy and Technology 1991 Coco Denise Da comunicação rural aos escudos de audiência influência da obra de Paulo Freire no ensino e na pesquisa em comunicação social Rastros Revista do Ielusc Joinville SC v J n 1 1999 foHER Desmond O direito de comunicar expressão informação e liberdade São Paulo Brasiliense 1984 FREIRE Paulo Ed11cação como prática da liberdade Rio de Janeiro Paz e Terra 1971 1 ed 1967 Extensão ou comunimçáo Rio de Janeiro Paz e Terra 1971 1 ed 1969 Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1 977 1 ed 1970 L1w Venício A de Comunicação e cultura as ideias de Paulo Freire 2 ed rev e nova introd Prefácio de Ana Maria Freire São Paulo Fundação Perseu AbramoUnB 20 11 MtDIT5CH Eduard Paulo Freir e o estudo da mídia uma matriz abortada 2008 Disponível em http wwwboccub1ptpagmed1tscheduardopaulofreireestudomidiapdf Acesso em 31 ago2011 UN1sco Um muncw e muitas vozes comunicação e informação na nossa época Rio de Janeiro Editor1 cv 1983 1 ed 1980 V1r1RA Antônio Semão drl Visitaçtio dt Nossa Senhora Disponível cm lmpwwwbrasilianacombr obrasporbrasileportugalpagina 1291 Aceo em 18 dez 2013