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Economia ·
Filosofia
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Platão Hipias Maior Trad de Carlos Alberto Nunes Editora da Universidade Federal do Pará 1980 I Oh O belo e sábio Hípias Há quanto tempo não vens a Atenas Hípias Exatamente Sócrates Porém da minha parte como reagido aos anjos e aos que nos precederam considero que elogios são mais do que aos dos nossos tempos para preitarme contra o clímax de dois vivos e de uma obra dos mortos Hípias Também não pois são muito ricos Hípias É o que Lacedemônios Sócrates às vezes não costumam tocar nas leis nem educar os filhos contras as normas estabelecidas Hípias Admito não que respeita a ser verdadeiramente mais legal Hípias Que letras amigo e que harmonia Hípias Não fora possível Sócrates Hípias E acreditas mesmo que ele se atreveria a negar que o belo não é o que disseste ou que não cairia no ridículo se tentasse fazêlo Hipías Quem poderia sustentar o contrário Sócrates Sócrates Se lhe concedermos esse ponto ele há de rir muito e nos dirá Lembraste Sócrates do que te perguntei Sem dúvida lhe diria é que vinha a ser o belo em si E sendo perguntado continuaria a respeito do belo saisme com um exemplo que segundo eu mesmo confessas é tão belo como feio Realmente lhe diria E agora amigo que me aconselhas a responderlhe Hipías Isso mesmo é o que eu penso se ele afirmar que em comparação com os deuses a raça dos homens não é bela só dirá a verdade Sócrates Mas nessa altura ele observaria Se eu houvesse perguntado de início o que é ao mesmo tempo belo e feio e tivesses respondido como agora estaria certa a resposta Mas o belo em si que ornada todas as coisas e as faz parecer belas quando lhes comunica seu próprio conceito ainda és de opinião que seja uma virgem ou um cavalo ou uma lira Hipías Ora Sócrates se isso que ele procura é muito fácil mostrarlhe o que seja o belo que adorna todas as coisas e as faz parecer belas quando lhes agrega Esse sujeito é mais do que inepto e nada entende das coisas belas Ele respondelhe O belo a respeito do qual me interrogas não é senão o ouro ele ficaria confuso e não persistiria em contestarte Todos nós sabemos que o objeto a que acrescentamos ouro por mais feio que fosse antes fica bonito como esse orna b admitido que Fídias é um grande artista ele voltaria a perguntar E acreditas que Fídias não conhecesse o belo a que te referes Ao que eu diria Como assim Por não haver feito de ouro continuaria nem os olhos de Atenas nem o resto do rosto os pés e as mãos para deixálos mais belos com esse ouro porém de marfim É evidente que ele erro por ignorância pois não sabia que tudo o que leva ouro fica mais belo Diante dessa pergunta Hipías que lhe responderíamos c Hipías Não é difícil Dirlhefamos que Fídias acertou pois o marfim segundo penso também é belo Sócrates Por que motivo então voltaria a perguntar não fez de parfim a parte medianas dos olhos porém de pedra e escolheu para isso aliás uma pedra muito parecida com o marfim Uma bela pedra não será bela Admitiremos isso Hipías Hipías Admitiremos desde que haja indicação para o seu emprego Sócrates E quando não houver indicação será feia Concordaríamos ou não d Hipías Sim não havendo indicação é feia Sócrates Sendo assim varão sábio voltaria a falar o marfim e o ouro deixam belas as coisas sempre que houver indicação como as deixam feias no caso contrário Negaremos ou afirmaremos que ele tem razão Hipías Afirmaremos que o que convém a cada coisa é o que as deixa belas Sócrates Então perguntarás Que convém mais à panela a que pouco nos referimos a bonita cheia de bons legumes uma colher de ouro ou uma da pâ que a figurei 291 colheras é a mais indicada para o legume e a marmita Talvez a de pau de figueira Deixa os legumes com mais aroma sem falarmos companheiro que não há perigo de quebrar a panela nem derramar o caldo e privar de um prato apetite os quais já se chamariam a saboreálo Com a de ouro isso poderia acontecer A meu ver devemos concluir que a colher de pau é mais indicada do que a de ouro a menos que penses de outra forma Hipías Sem dúvida é mais indicada Sócrates porém eu não conversaria com um indivíduo que apresentasse perguntas desse tipo Sócrates É como toda a razão amigo nem fica bem preocuparse com nomes tão vulgares em indivíduo como tu que vestes tão bonitas e com esses calçados e tão conhecido em toda a Hélade por sua sabedoria Porém nada me impede de ocuparme com um tipo de tal espécie Por isso continua a instruirme e responde por amor de mim Se a colher de pau de figueira dirá a outra pessoa convém mais do que a de ouro necessariamente terá de ser mais bela pois te estamos reconhecendo que ouro é mais conveniente e sempre mais belo Teremos então Hipías de admitir que a colher de pau é mais bonita do que a de ouro Hipías Ouves Sócrates que te apresentem uma definição do belo que te livre de tanta importunação Sócrates Como não Porém só depois de me dizeres o que deves responder a respeito das duas colheres a que me referi há pouco qual delas é a mais bonita e conveniente Hipías Se quisers responde que é a de pau Sócrates Agora podes falar e poderão dizerlhe isto Para essa resposta se eu disser que o belo é o ouro não haverá jeito de provarmos que o ouro é mais belo do que a pau de figueira E será qual é a outra diferença me bateria com razão se eu lhe desse aquela resposta Não irá também agredirme sem me ouvir Ou permitira que eu falasse Que queres dizer com isso Sócrates Sócrates dirlhei para não isso e de cada um modo de responderme dessa maneira Tuas respostas são por demais simplificadas e muito fazeis de refutar É preferir considerares que não te parece que o belo seja aquilo de que tratamos há pouco em nossas respostas quando afirmamos que o ouro é belo por conveniente e tudo quanto ele é se junta Investiga isso precisamente a conveniência em si mesma e sua natureza para ver se porventura não é isso o belo e quando pode ser útil e bem assim como feito tudo que for útil de cada vez faz as coisas parecerem mais do que são sem deixar que apareçam como são na realidade conhecimento do que seja o belo uma vez que o conveniente se nos revelou diferente do belo Sócrates Certo Hípias Que queres dizer com isso Sócrates essa definição poderá servirnos Hípias ou precisamos acrescentarlhe alguma coisa condições de saber se eu estou ou não brincando Bastádis responderes te explicar o que seguro espírito para te convençeres de que carece absolutamente de consistência Verás que jamais poderás darse o caso de virmos a possuir em comum uma qualidade que nem eu nem tu possuímos Hipias Perfeitamente Sócrates E por formarnos um par seguese que cada um de nós seja par Hipias De forma alguma Sócrates Então falando de força como disseste há pouco que cada um de nós seja o que os dois forem e também que o que cada um em particular ambos também terão de ser Hipias Sem dúvida Sócrates E serão belos por serem ambos prazer a cada um em particular E fosse o caso os demais prazeres não seriam menos belos do que esses dois pois não serão estes mesmos prazeres do que os primeiros é que ainda te lamentos desse ponto Hipias Como tu Sócrates Sócrates Fazeis muito bem Hípias pois desse modo nos livramos de ulteriores investigações Se o belo for isso não será belo o prazer da vista nem o do ouvido o fato de virem por meio da vista e do ouvido é o que faz ambos serem belos não cada um em particular to das belas maneiras de viver sendo como sou reconhecidamente ignorante visto não saber até mesmo o que venha a ser essa beleza De modo perguntame poderás saber se um discurso está bem ou mal composto ou seja o que for se não sabes o que seja o belo E sendo essa a tua situação achas mesmo que para ti é melhor viver do que morrer Como disse já me tem acontecido ouvir injúrias e representações de vós outros sofistas e também dele Talvez eu tenha mesmo de passar por tudo isso nem será de admirar que me seja de alguma utilidade Uma coisa pelo menos Hpias presumo haver aproveitado em vossa companhia imaginar que compreendo o significado do provérbio O belo é difícil
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Platão Hipias Maior Trad de Carlos Alberto Nunes Editora da Universidade Federal do Pará 1980 I Oh O belo e sábio Hípias Há quanto tempo não vens a Atenas Hípias Exatamente Sócrates Porém da minha parte como reagido aos anjos e aos que nos precederam considero que elogios são mais do que aos dos nossos tempos para preitarme contra o clímax de dois vivos e de uma obra dos mortos Hípias Também não pois são muito ricos Hípias É o que Lacedemônios Sócrates às vezes não costumam tocar nas leis nem educar os filhos contras as normas estabelecidas Hípias Admito não que respeita a ser verdadeiramente mais legal Hípias Que letras amigo e que harmonia Hípias Não fora possível Sócrates Hípias E acreditas mesmo que ele se atreveria a negar que o belo não é o que disseste ou que não cairia no ridículo se tentasse fazêlo Hipías Quem poderia sustentar o contrário Sócrates Sócrates Se lhe concedermos esse ponto ele há de rir muito e nos dirá Lembraste Sócrates do que te perguntei Sem dúvida lhe diria é que vinha a ser o belo em si E sendo perguntado continuaria a respeito do belo saisme com um exemplo que segundo eu mesmo confessas é tão belo como feio Realmente lhe diria E agora amigo que me aconselhas a responderlhe Hipías Isso mesmo é o que eu penso se ele afirmar que em comparação com os deuses a raça dos homens não é bela só dirá a verdade Sócrates Mas nessa altura ele observaria Se eu houvesse perguntado de início o que é ao mesmo tempo belo e feio e tivesses respondido como agora estaria certa a resposta Mas o belo em si que ornada todas as coisas e as faz parecer belas quando lhes comunica seu próprio conceito ainda és de opinião que seja uma virgem ou um cavalo ou uma lira Hipías Ora Sócrates se isso que ele procura é muito fácil mostrarlhe o que seja o belo que adorna todas as coisas e as faz parecer belas quando lhes agrega Esse sujeito é mais do que inepto e nada entende das coisas belas Ele respondelhe O belo a respeito do qual me interrogas não é senão o ouro ele ficaria confuso e não persistiria em contestarte Todos nós sabemos que o objeto a que acrescentamos ouro por mais feio que fosse antes fica bonito como esse orna b admitido que Fídias é um grande artista ele voltaria a perguntar E acreditas que Fídias não conhecesse o belo a que te referes Ao que eu diria Como assim Por não haver feito de ouro continuaria nem os olhos de Atenas nem o resto do rosto os pés e as mãos para deixálos mais belos com esse ouro porém de marfim É evidente que ele erro por ignorância pois não sabia que tudo o que leva ouro fica mais belo Diante dessa pergunta Hipías que lhe responderíamos c Hipías Não é difícil Dirlhefamos que Fídias acertou pois o marfim segundo penso também é belo Sócrates Por que motivo então voltaria a perguntar não fez de parfim a parte medianas dos olhos porém de pedra e escolheu para isso aliás uma pedra muito parecida com o marfim Uma bela pedra não será bela Admitiremos isso Hipías Hipías Admitiremos desde que haja indicação para o seu emprego Sócrates E quando não houver indicação será feia Concordaríamos ou não d Hipías Sim não havendo indicação é feia Sócrates Sendo assim varão sábio voltaria a falar o marfim e o ouro deixam belas as coisas sempre que houver indicação como as deixam feias no caso contrário Negaremos ou afirmaremos que ele tem razão Hipías Afirmaremos que o que convém a cada coisa é o que as deixa belas Sócrates Então perguntarás Que convém mais à panela a que pouco nos referimos a bonita cheia de bons legumes uma colher de ouro ou uma da pâ que a figurei 291 colheras é a mais indicada para o legume e a marmita Talvez a de pau de figueira Deixa os legumes com mais aroma sem falarmos companheiro que não há perigo de quebrar a panela nem derramar o caldo e privar de um prato apetite os quais já se chamariam a saboreálo Com a de ouro isso poderia acontecer A meu ver devemos concluir que a colher de pau é mais indicada do que a de ouro a menos que penses de outra forma Hipías Sem dúvida é mais indicada Sócrates porém eu não conversaria com um indivíduo que apresentasse perguntas desse tipo Sócrates É como toda a razão amigo nem fica bem preocuparse com nomes tão vulgares em indivíduo como tu que vestes tão bonitas e com esses calçados e tão conhecido em toda a Hélade por sua sabedoria Porém nada me impede de ocuparme com um tipo de tal espécie Por isso continua a instruirme e responde por amor de mim Se a colher de pau de figueira dirá a outra pessoa convém mais do que a de ouro necessariamente terá de ser mais bela pois te estamos reconhecendo que ouro é mais conveniente e sempre mais belo Teremos então Hipías de admitir que a colher de pau é mais bonita do que a de ouro Hipías Ouves Sócrates que te apresentem uma definição do belo que te livre de tanta importunação Sócrates Como não Porém só depois de me dizeres o que deves responder a respeito das duas colheres a que me referi há pouco qual delas é a mais bonita e conveniente Hipías Se quisers responde que é a de pau Sócrates Agora podes falar e poderão dizerlhe isto Para essa resposta se eu disser que o belo é o ouro não haverá jeito de provarmos que o ouro é mais belo do que a pau de figueira E será qual é a outra diferença me bateria com razão se eu lhe desse aquela resposta Não irá também agredirme sem me ouvir Ou permitira que eu falasse Que queres dizer com isso Sócrates Sócrates dirlhei para não isso e de cada um modo de responderme dessa maneira Tuas respostas são por demais simplificadas e muito fazeis de refutar É preferir considerares que não te parece que o belo seja aquilo de que tratamos há pouco em nossas respostas quando afirmamos que o ouro é belo por conveniente e tudo quanto ele é se junta Investiga isso precisamente a conveniência em si mesma e sua natureza para ver se porventura não é isso o belo e quando pode ser útil e bem assim como feito tudo que for útil de cada vez faz as coisas parecerem mais do que são sem deixar que apareçam como são na realidade conhecimento do que seja o belo uma vez que o conveniente se nos revelou diferente do belo Sócrates Certo Hípias Que queres dizer com isso Sócrates essa definição poderá servirnos Hípias ou precisamos acrescentarlhe alguma coisa condições de saber se eu estou ou não brincando Bastádis responderes te explicar o que seguro espírito para te convençeres de que carece absolutamente de consistência Verás que jamais poderás darse o caso de virmos a possuir em comum uma qualidade que nem eu nem tu possuímos Hipias Perfeitamente Sócrates E por formarnos um par seguese que cada um de nós seja par Hipias De forma alguma Sócrates Então falando de força como disseste há pouco que cada um de nós seja o que os dois forem e também que o que cada um em particular ambos também terão de ser Hipias Sem dúvida Sócrates E serão belos por serem ambos prazer a cada um em particular E fosse o caso os demais prazeres não seriam menos belos do que esses dois pois não serão estes mesmos prazeres do que os primeiros é que ainda te lamentos desse ponto Hipias Como tu Sócrates Sócrates Fazeis muito bem Hípias pois desse modo nos livramos de ulteriores investigações Se o belo for isso não será belo o prazer da vista nem o do ouvido o fato de virem por meio da vista e do ouvido é o que faz ambos serem belos não cada um em particular to das belas maneiras de viver sendo como sou reconhecidamente ignorante visto não saber até mesmo o que venha a ser essa beleza De modo perguntame poderás saber se um discurso está bem ou mal composto ou seja o que for se não sabes o que seja o belo E sendo essa a tua situação achas mesmo que para ti é melhor viver do que morrer Como disse já me tem acontecido ouvir injúrias e representações de vós outros sofistas e também dele Talvez eu tenha mesmo de passar por tudo isso nem será de admirar que me seja de alguma utilidade Uma coisa pelo menos Hpias presumo haver aproveitado em vossa companhia imaginar que compreendo o significado do provérbio O belo é difícil