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Texto de pré-visualização
Temas da Área de Enfermagem Apresentação Elaboração de Materiais Instrucionais para Educação à Distância do Programa de Saúde da Família A Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo EEUSP através do Núcleo de Apoio às Atividades de Cultura e Extensão Assistência de Enfermagem em Saúde Coletiva NACEAENSC estabeleceu uma profícua parceria junto ao Instituto para o Desenvolvimento da Saúde IDS que resultou na elaboração de material didático para apoiar os processos de capacitação de enfermeiros que atuam no Programa de Saúde da Família PSF A missão da EEUSP no projeto foi contribuir para o processo de divulgação de conhecimentos através da produção de textos pedagógicos de circulação nacional voltados para o fortalecimento das práticas de enfermagem em nível local de saúde necessário para o efetivo avanço da implementação do SUS Apesar do entendimento de que a construção de um novo modelo assistencial não se restringe às transformações na prática de uma única categoria profissional os textos foram dirigidos aos enfermeiros entendendose que em várias situações os mesmos podem ser utilizados pela equipe como um todo no planejamento da atenção às famílias adscritas Esse aspecto é fundamental sobretudo na proposta do Programa de Saúde da Família na qual o trabalho em equipe é um dos eixos fundamentais na estruturação das novas práticas Pautouse no entendimento do PSF como um projeto de reorganização da atenção básica dos serviços de saúde que pode se configurar na articulação dos modelos tecnoassistenciais que abarcam a prática clínica informada pelo instrumental epidemiológico à EEUSP cabe o desenvolvimento de 34 temas relacionados às intervenções de Enfermagem no PSF e aos processos de assistir e gerenciar com enfoque sobre indivíduos famílias e coletivo resgatandose a operacionalização do cuidado na perspectiva da promoção da saúde Este material não esgota a complexidade da operacionalização do cuidado no nível local de atenção à saúde porém se constitui num ponto de partida Outro aspecto que merece destaque é a possibilidade de atualizações futuras do material ora disponibilizado e ainda a inclusão de outras temáticas não abordadas nessa primeira versão O desenvolvimento do material contou com o envolvimento de docentes de todos os departamentos da EEUSP para sistematizar o conhecimento resultante de pesquisas nas diversas áreas de conhecimentos da enfermagem com o intuito de subsidiar a prática dos enfermeiros na perspectiva da construção da assistência integral em saúde Profa Dra Anna Maria Chiesa Profa Dra Elizabeth Fujimori Profa Dra Lislaine Aparecida Fracolli Coordenadoras do Projeto na EEUSP Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Outros Canais Vídeos Mapa do Site Manual do Site Ficha Técnica Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Outros Canais Vídeos Mapa do Site Manual do Site Ficha Técnica Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Outros Canais Vídeos Mapa do Site Manual do Site Ficha Técnica Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Outros Canais Vídeos Mapa do Site Manual do Site Ficha Técnica Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Outros Canais Vídeos Mapa do Site Manual do Site Ficha Técnica Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Lislaine Aparecida Fracolli1 Maria Rita Bertolozzi1 Última Atualização 9262001 50510 AM 1 ProfessoraDoutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo O que é a saúde e a doença Várias definições têm sido utilizadas nos meios técnico e científico na atualidade Mas primeiramente é necessário deixar claro que a concepção de saúdedoença está diretamente atrelada à forma como o ser humano no decorrer de sua existência foi se apropriando da natureza para transformála buscando o atendimento às suas necessidades Um outro ponto a ser destacado é o fato de que a concepção de saúdedoença dá suporte aos projetos de intervenção sobre a realidade Em outras palavras a prática cotidiana de assistência junto aos indivíduos e aos grupos sociais é orientada pela visão que se tem de saúde doença vida trabalho e assim por diante A concepção mais integral que diz respeito à associação entre as condições sociais e a produção da saúde ganhou nova força em meados da década de 70 sobretudo na América Latina palco do desenvolvimento de processos de exclusão social devido à adoção de determinadas políticas de ordens econômica e social Como resposta a essa situação na qual a maioria das populações exibe condições cada vez mais precárias em termos de acesso ao consumo uma vez que despojadas progressivamente de emprego e de salários dignos desenvolvese o embrião latente da denominada Medicina Social que permanecera mascarada pelo advento da era bacteriológica Fruto desse pensar que buscava uma compreensão diferenciada dos fenômenos sociais e inclusive de saúde consolidase o desenvolvimento da Teoria da Determinação Social do Processo SaúdeDoença que busca relacionar a forma como a sociedade está organizada às manifestações de saúde ou de doença E o que isso quer dizer Significa que a saúdedoença compõe momentos de um processo maior que se refere à vida das pessoas que por sua vez está intrinsecamente ligada ao potencial que elas têm ao acesso às necessidades para viver a vida seja a moradia a alimentação a educação a saúde o lazer etc Ter acesso numa sociedade como a brasileira depende da inserção no sistema de produção ou seja do local que a pessoa ocupa no trabalho Assim a depender da inserção no sistema de produção poderseá dispor de possibilidades maiores ou menores para o consumo Poratanto verificase que a saúdedoença depende em última instância do lugar que se ocupa na sociedade Evidentemente que não se estão deixando de lado as características particulares de cada ser humano conformadas através do genótipo fenótipo Assim a vida humana é forjada tanto na dimensão de processos que causam danos como daqueles que protegem as pessoas Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Maria Rita Bertolozzi 1 Lislaine Aparecida Fracolli1 Última Atualização 9262001 72910 AM 1 ProfessoraDoutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo O que são Perfis Epidemiológicos Historicamente o conhecimento epidemiológico tem sido aplicado no controle de saúde das populações Segundo FONSECA BERTOLOZZI 1997 a palavra epidemiologia significa etimologicamente ciência do que ocorre se abate sobre o povo O desenvolvimento de ações voltadas ao controle de saúde do coletivo e não somente do corpo individual acompanhou a redefinição progressiva da medicina como prática social Um marco nessa redefinição das práticas da medicina e da epidemiologia foi a Revolução Industrial pois até então a medicina era a prática dominante em saúde voltada primordialmente ao atendimento do corpo individual O Estado capitalista instaurado para responder às exigências do capital passou a preocuparse em vigiar as condições de saúde das populações pois estava interessado no controle e na reprodução da força de trabalho absolutamente necessários para garantir o processo de acumulação capitalista É importante considerar que a epidemiologia e as correntes de pensamento emergentes nessa época influenciaram a enfermagem Segundo FONSECA BERTOLOZZI 1997 Florence Nightingale teve uma importante contribuição para o redirecionamento da enfermagem com base no conhecimento epidemiológico da época e isso pode ser evidenciado quando Florence concebe a doença como um esforço da natureza para restaurar a saúde e a ação da enfermagem como sendo a de favorecer esse processo reparativo mediante o uso do ar puro da luz e do calor da limpeza do repouso e da dieta com um mínimo dispêndio das energias vitais do paciente de modo a mantêlo nas melhores condições para que a natureza pudesse nele agir FONSECA BERTOLOZZI apud CASTRO1997 Essas autoras consideram ainda que Florence construiu a enfermagem visando a manutenção de condições ótimas para a recuperação da saúde enfatizando a atenção individual embora desde o início de seu trabalho na Guerra da Criméia tenha baseado suas ações na observação do coletivo ao estudar as condições em que viviam os soldados feridos que segundo a mesma matavam muito mais que os próprios ferimentos de combate A visão de Florence sobre o processo saúdedoença conforme FONSECA BERTOLOZZI 1997 constituíase como um misto de várias concepções e seu livro foi reconhecido por líderes da ciência médicosanitária como um trabalho muito importante pois em sua essência revela a visão da autora sobre as necessidades de limpeza do ar da água das pessoas das roupas e dos ambientes além da iluminação do silêncio e da ordenação do dormitório do doente Tanto a Medicina Social quanto a Saúde Pública valeramse do conhecimento epidemiológico para realizar as ações de controle da saúde do coletivo uma vez que desde o seu nascimento a Epidemiologia como disciplina básica para a operacionalização dos projetos de intervenção se propôs a estudar a distribuição e os determinantes das doenças e dos agravos que desigualmente atingem a sociedade Os movimentos sociais de 1968 que contestavam o processo de exploração capitalista e buscavam uma forma de organização das sociedades que promovesse a justiça social reavivaram os projetos político e ideológico em que se fundamenta a Teoria da Determinação Social do Processo SaúdeDoença à luz da qual o processo saúdedoença da coletividade é entendido como sendo o modo específico pelo qual ocorre nos grupos o processo biológico de desgaste e reprodução destacando como momentos particulares a presença de um funcionamento biológico diferente com conseqüências para o desenvolvimento regular das atividades quotidianas isto é o surgimento da doença LAURELL 1983 Surgem então os primeiros estudos que impulsionaram a constituição do novo conhecimento epidemiológico e que conformaram a Epidemiologia Social Apoiado no valioso instrumental da Epidemiologia Clássica o campo da Epidemiologia Crítica que se associou à constituição do campo da Saúde Coletiva fundamentouse na compreensão de saúde e doença que coloca no centro da explicação dos determinantes da saúde o trabalho a produção capitalista e a ele subordinado a vida o consumo sob o comando do processo de acumulação capitalista Contrária à explicação meramente biológica do processo saúdedoença a Teoria da Determinação Social do Processo SaúdeDoença declara que os processos construtores e destrutivos da saúde processos de fortalecimento e de desgaste portanto os determinantes da saúde e da doença são parte dos processos de integração do homem no trabalho formas de trabalhar e na vida formas de viver Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Profa Dra Margareth Angelo1 Profa Dra Regina Szylit Bousso2 Última Atualização 9262001 72900 AM 1 Prof Titular da EEUSP Coordenadora do Grupo de Estudos de Enfermagem da Família 2 Prof Doutor da EEUSP Membro do Grupo de Estudos de Enfermagem da Família Introdução A família como unidade de cuidado é a perspectiva que dá sentido ao processo de trabalho do Programa de Saúde da Família PSF Esta perspectiva tem as seguintes características 1 Requer que se defina família 2 A assistência está voltada à experiência da família ao longo do tempo ou seja considera a sua história pregressa atual e se preocupa come o futuro do grupo familiar 3 É dirigida à família cujos membros encontramse tanto sadios como doentes 4 O sistema familiar é influenciado por qualquer mudança de seus membros 5 Reconhece que a pessoa mais sintomática doente da família pode mudar com o tempo 6 Considera os relacionamentos entre os membros da família e reconhece que em algumas situações todos os indivíduos e o grupo familiar não atingirão o máximo de saúde simultaneamente 7 Busca focalizar as forças dos membros da família e do grupo familiar para promover o apoio mútuo e o crescimento quando possível 8 Considera os contextos cultural e da comunidade do grupo familiar na facilitação da relações entre a família e a comunidade 9 Implica no profissional interagir com a família O que é família É uma palavra que desperta diferentes imagens Dependendo da área Sociologia Biologia Direito por exemplo e das variáveis selecionadas ambiental cultural social ou religiosa entre outras podemse focalizar aspectos específicos da família o que resulta em uma gama muito ampla de definições possíveis No entanto para fins operacionais de processo de trabalho e de comunicação é fundamental que uma definição seja adotada e partilhada pelos membros da equipe Assim podese considerar a família como um sistema ou uma unidade cujos membros podem ou não estar relacionados ou viver juntos pode conter ou não crianças sendo elas de um único pai ou não Nela existe um compromisso e um vínculo entre os seus membros e as funções de cuidado da unidade consistem em proteção alimentação e socialização O aspecto relevante desses atributos é que eles permitem que sejam incluídas na definição as várias formas de constituição familiar prevalentes na sociedade Ainda em relação ao aspecto operacional a definição deve também considerar as crenças da família sobre sua concepção de família Assim é fundamental perguntar quem a família considera ser família ainda que o PSF só cadastre os componentes de famílias que residirem na área de abrangência Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Profa Dra Regina Szylit Bousso1 Profa Dra Margareth Angelo2 Última Atualização 9262001 72848 AM 1 Prof Doutor da EEUSP Membro do Grupo de Estudos de Enfermagem da Família 2 Prof Titular da EEUSP Coordenadora do Grupo de Estudos de Enfermagem da Família Em nossa realidade o atendimento a uma família sempre se dá em função do surgimento de uma doença em um de seus membros Raramente olhamos a família como um grupo de pessoas que necessita de uma intervenção seja por dificuldades de relacionamentos surgidos por exemplo em função da doença ou simplesmente por estarem sofrendo com o surgimento da doença em um de seus integrantes Na saúde da família devese olhála de maneira a compreender o problema particular da doença numa abordagem que contemple o seu contexto É preciso perguntar Como a família está vivendo a chegada da doença Quais foram as mudanças na família desde que o indivíduo ficou doente Quem está sofrendo mais com a doença Assim para trabalhar na perspectiva de família é necessário acreditar que a doença é uma experiência que envolve toda a família Esse pressuposto permite que os enfermeiros pensem e envolvam todos os seus membros na sua assistência O processo de cuidar da família pode ser entendido como uma metodologia de ação baseada em um referencial teórico isto é o enfermeiro tem de ser competente em acessar e intervir com as famílias num relacionamento cooperativo profissionalfamília tendo como base uma fundamentação teórica Para tanto deve aliar os conhecimentos científico e tecnológico às habilidades de observação comunicação e intuição Objetivos da Intervenção O cuidado na saúde da família tem como objetivo a promoção da saúde através da mudança A proposta é ajudar a família a criar novas formas de interação para lidar com a doença dando novos significados para a experiência de doença Devese conhecer por exemplo o que a família pensa sobre o que causou a doença e as possibilidades de cura a fim de ajudar a família a modificar crenças que dificultam a implementação de estratégias para lidar com o cuidado da pessoa que está doente Estratégicas As estratégias devem ser no sentido não só de conhecer o impacto da doença sobre a família mas também de investigar como as interações entre os seus membros influenciam no desenvolvimento do processo de saúde e doença 1 Utilizar um modelo de avaliação e intervenção É importante que na prática clínica com famílias os enfermeiros adotem uma estrutura conceitual para basear sua avaliação de família Considerando a dinâmica de trabalho do Programa de Saúde da Família no qual o enfermeiro deve atender a mil famílias o uso de alguma estrutura conceitual facilita a síntese dos dados da família elucidando as dificuldades e as facilidades da família em relação à experiência com a doença O uso de estruturas conceituais facilita na organização dos dados direcionando o foco de intervenção O modelo de avaliação aqui sugerido é composto de fundamentações teóricas de várias disciplinas e que resultou em uma estrutura multidimensional com três grandes categorias relacionadas à família estrutural de desenvolvimento e funcional CFAM 1984 Os aspectos mais importantes da avaliação estrutural que podem ser explorados referemse a Avaliação Estrutural da Família O que perguntar Quem faz parte da família Como se dá o relacionamento entre os membros da família Quem se relaciona melhor com quem dentro da família Como é o relacionamento da família com o meio igreja escola centros comunitários A avaliação estrutural da família é importante pois a partir dela estamos também explorando a definição que a família tem de família e os princípios que fundamentam sua organização buscando informações a respeito do que é esperado de cada um de seus membros como qual o papel do homem da mulher e da criança para cada família e o que esperam de cada um Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Maria Helena Trench Ciampone1 Marina Peduzzi2 Última Atualização 9262001 73224 AM 1 Enfermeira LivreDocente junto ao Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da USP 2 Enfermeira Professora Doutora junto ao Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da USP Considerações Iniciais O PSF concebido como um projeto de reorganização da atenção básica à saúde que busca a articulação de modelos tecnoassistenciais que abarcam a prática clínica segundo a lógica da epidemiologia social necessita repensar os modelos de gerenciamento dos serviços bem como as ferramentas de gestão dentre essas o planejamento Acreditase que para atingir o grau de mudanças necessárias em uma dada realidade local conforme proposto na concepção do PSF com base na adscrição de clientela no reconhecimento das necessidades da população local e na coresponsabilização da atenção aos indivíduos às famílias aos grupos sociais e ao ambiente há de se desenvolver a capacidade de coordenar os recursos disponíveis setoriais ou extrasetoriais Para tanto sabese que a participação dos diferentes atores envolvidos no processo é fundamental particularmente a participação da população o que vai ao encontro das premissas básicas do planejamento estratégico Na perspectiva da saúde da família cabe à enfermagem como desafio básico redefinir sua prática assistencial gerencial e de ensino com base principalmente na epidemiologia crítica e no modelo de atenção integral à saúde Nesse sentido o planejamento estratégico passa a ser um instrumento precioso para a construção dessa prática inovadora na dupla face do trabalho da enfermagem ou seja tanto na dimensão do cuidado de enfermagem quanto do gerenciamento do cuidado Afirmase a importância da participação de todos os atores sociais envolvidos nos problemas mapeados na realidade em nível local requerida na visão do planejamento estratégico bem como a conscientização de todos os profissionais de saúde incluindo os enfermeiros de que o planejamento consiste em uma ferramenta de gestão fundamentalmente éticopolítica e comunicativa não se restringindo à dimensão técnica Estes são alguns dos pontos fundamentais que devem alavancar mudanças na capacitação profissional para a implementação de um modelo assistencial e gerencial aderente à proposta do Programa de Saúde da Família O planejamento estratégico condizente com a teoria da determinação social do processo saúdedoença que é contemplada na atual política de saúde exige que a consciência ingênua seja suplantada pela consciência crítica da realidade o que se daria também pela possibilidade de participação ampla que o planejamento estratégico requer Por meio do processo participativo a população empoderase para tomar decisões e estabelecer prioridades buscando parcerias na resolução de seus problemas na perspectiva de que os avanços no setor saúde ocorram articuladamente às possibilidades de transformação geral da sociedade rumo a um projeto de emancipação de todos os cidadãos BREILH 1991 refere que o território onde se realiza a vida e são gerados os transtornos de saúde não é apenas um espaço estático que opera como um imenso suporte para a vida social Isto quer dizer que a geografia não é frente à saúde um simples continente de climas contaminações vetores e equipamentos mas sim um espaço historicamente estruturado no qual se expressam as condições benéficas e destrutivas da organização social Segundo SANTOS 1990 o espaço enquanto suporte biológico dos grupos humanos e das suas atividades é reconhecido pela geografia crítica como resultado da produção sendo historicamente determinado de acordo com a sucessão de modos de produção onde o trabalho é a categoria central que explica as relações do homem com a natureza Portanto a proposta de criação de Programas de Atenção à Saúde aplicados indistintamente em todo território nacional sem levar em consideração as especificidades de demanda nos diferentes espaços e territórios geográficos e principalmente sem considerar os diferentes potenciais de benefícios e riscos de cada grupo homogêneo constituiu o escopo de diferentes propostas e planos de saúde idealizados Estes planos ideais são concebidos em um cenário onde as múltiplas variáveis do processo saúdedoença são tomadas como equivalentes desconsiderando a complexa dinâmica existente entre os fatores envolvidos que como dissemos não são equivalentes mas sim conflitantes e contraditórios O modelo do planejamento normativo proposto nos anos 60 supunha que o planejador conhecesse e controlasse todas as leis que regulam o funcionamento do objeto a ser planejado Assim seria possível elaborar um único plano predizendo a solução ótima para os problemas mapeados como se estes tivessem um comportamento uniforme na população Os resultados do plano dependeriam nessa lógica apenas do conhecimento técnico daqueles que iriam operacionalizar as ações eliminandose do planejamento a esfera do político Esse modelo de planejamento corresponde ao que MATUS chamou de modelo determinístico Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Lúcia Yasuko Izumi Nichiata1 Lislaine Aparecida Fracolli2 Última Atualização 9262001 73202 AM 1 Profa Assistente do Depto Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Profa Dra do Depto Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP A evolução histórica dos Sistemas de Informação em Saúde A implantação do Programa de Saúde da Família PSF pelo Ministério da Saúde MS como uma estratégia de construção de um novo modelo assistencial que tenha por princípios a descentralização municipalização integralidade e qualidade das ações tem como parte indissociável a descentralização da produção das informações em saúde A produção das informações em saúde de forma ágil atualizada completa e fidedigna vem se conformando num importante instrumento de controle social do Sistema Único de Saúde SUS na medida em que possibilita à população o acompanhamento e a avaliação das atividades dos serviços de saúde Isso também é válido para a análise das prioridades políticas a partir dos perfis epidemiológicos de determinada localidade e principalmente para a fiscalização da aplicação dos recursos públicos destinados à área social conformando se numa estratégia para a operacionalização do SUS O ponto de partida para a construção da informação em saúde é o conhecimento sobre o coletivo de famílias que residem numa dada localidade e a identificação das necessidades de saúde das mesmas A construção de informações em saúde segue as seguintes etapas Gerarobter dados Analisar dados Produzir informações sobre necessidades de saúde Organizar o processo de trabalho da equipe de PSF Intervir nas necessidades de saúde Para dar conta da etapa de gerar informações é preciso dispor de dados demográficos tais como tamanho das famílias número de filhos parentes tipos de família casal com ou sem filhos e com ou sem parentes pessoa sozinha caracterização do chefe de família etc características dos seus membros sexo idade ocupação grau de escolaridade condições habitacionais das famílias disponibilidade de alimento habitação abastecimento de água e rede de esgoto inserção das pessoas no mercado de trabalho renda e patrimônio familiar e outros dados que se fizerem necessários dados relativos aos agravos de saúde que incidem sobre os indivíduosfamílias principalmente os perfis de morbidade e mortalidade da região dados sobre a organização dos serviços de saúde e os recursos sociais da região onde o PSF se inscreve particularmente no que diz respeito ao acesso à cobertura e à efetividade dos mesmos As principais fontes disponíveis para obtenção desses dados são G Os censos demográficos realizados a cada 10 anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística httpwwwibgegovbr G Os Sistemas de Informação Nacional Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde SIPACS Sistema de Informação de Atenção Básica SIAB Sistema de Sistema de Informações sobre Mortalidade SIM Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos SINASC Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde SAISUS Sistema de Informações Hospitalares SIHSUS Sistema de Informações do Programa de Agentes Comunitários de Saúde SIPACS Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional SISVAN e o Sistema Nacional de Imunizações SIPNI httpwwwdatasusgovbr G Os relatórios de estudos realizados por instituições de pesquisa e ensino das secretarias de governo bemestar social agricultura trabalho etc de organizações não governamentais e religiosas de conselhos profissionais COREN COFEN CRM etc do IBGE Pesquisa Brasileira por Amostragem de Domicílios PNAD e da própria equipe de saúde da família httpwwwseadegovbr Passase a discutir agora a forma como o SIAB se conforma num instrumento de informação das equipes do PSF importante sobre os pontos de vista de planejamento e avaliação do trabalho das mesmas e também de controle social sobre o SUS Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Anna Maria Chiesa1 Maria De La Ó Ramallo Veríssimo2 Última Atualização 9262001 73140 AM 1 Enfermeira Professora Doutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Enfermeira Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP Introdução A prática educativa em saúde não é uma proposição recente Na Europa desde o século XVIII eram elaborados almanaques populares visando difundir cuidados higiênicos a serem praticados por gestantes incentivo para o cuidado com as crianças e medidas de controle das epidemias Houve sempre uma tendência em estruturar as ações educativas no sentido de ampliar informações da população em geral sobre as principais doenças enfatizando inúmeras recomendações sobre comportamentos certos ou errados relacionados à vivência das doenças e à sua prevenção Ao longo do tempo podemos observar diversas formas de interpretar e explicar a ocorrência das doenças que influenciam também a forma de se estruturar as intervenções no âmbito da educação em saúde Apesar disso a organização das ações educativas ainda na atualidade demonstra fragilidade na sua operacionalização aliada à falta de discussão mais aprofundada sobre os referenciais teóricos mais adequados para sua estruturação nos diferentes modelos assistenciais adotados Associado a esse aspecto destacase a vigência predominante nos serviços brasileiros de saúde de um modelo assistencial que privilegia as ações curativas e centrase no atendimento médico segundo uma visão estritamente biológica do processo saúdedoença Esse modelo condiciona a prática educativa a ações que visam modificar práticas dos indivíduos consideradas inadequadas pelos profissionais mediante a prescrição de tratamentos condutas e mudanças de comportamento Nesse modelo ainda quando se propõem atividades chamadas participativas particularmente a formação de grupos sua organização prevê prioritariamente aulas ou palestras praticamente inexistindo espaço para outras manifestações que não sejam dúvidas pontuais a serem respondidas pelos profissionais Em alguns trabalhos realizados junto à clientela atendida nos serviços públicos de saúde constatouse a enorme lacuna de informações da população atendida acerca do seu processo patológico das alternativas terapêuticas que haviam sido colocadas e também sobre as perspectivas futuras em função do agravo vivenciado Em muitas situações a falta de conhecimento por parte da clientela dos serviços acarreta inúmeros problemas relacionados ao abandono de tratamento uso incorreto de medicações e ainda a procura excessiva de serviços Esse panorama revela que a assistência à saúde prestada nas instituições públicas não tem um caráter educativo emancipador incorporado no seu bojo pois está mais fortemente centrada na atenção curativa e no atendimento chamado queixaconduta Além disso nas atividades ditas educativas como as palestras está presente a idéia de que a doença se deve principalmente à falta de cuidado e ao desleixo da população com a sua saúde deixando a vítima com sentimento de culpa pelo problema que apresenta Dessa maneira as práticas educativas servem para mediatizar a dominação exercida pelos serviços de saúde já que se limitam à simples passagem de informação para a população sobre determinados procedimentos com caráter coercitivo onde se evidencia um traço autoritário e prescritivo apesar da intencionalidade expressa de difusão de informações visando a melhoria da qualidade de vida A interação comunicativa também é prejudicada em decorrência das diferenças social e cultural dos profissionais universitários e alguns segmentos da população encontrandose uma prática a partir de ordens ao invés de conselhos argumentados Com isso o distanciamento tornase ainda mais acentuado e as barreiras parecem intransponíveis Como um último aspecto a ser destacado é comum os profissionais desvalorizarem os momentos educativos no seu processo de trabalho reconhecendo como intervenção somente a realização de procedimentos complexos que utilizam equipamentos com algum grau de sofisticação tecnológica Como resultado dessa prática dentre outros problemas foram identificados os seguintes baixa vinculação da população aos serviços de saúde baixa adesão aos programas e tratamentos e frustração dos profissionais de saúde No presente texto não serão discutidas as razões históricas e estruturais da organização dos serviços de saúde que fazem com que a realidade se apresente dessa forma mas buscadas alternativas para superar os problemas descritos sobretudo no que diz respeito à interação profissionalcliente e estratégias educativas para o desenvolvimento de grupos Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Renata Ferreira Takahashi1 Maria Amélia de Campos Oliveira1 Última Atualização 9262001 73102 AM 1 Professor Doutor Escola de Enfermagem da USP Introdução A visita domiciliária VD é um instrumento de intervenção fundamental da estratégia de Saúde da Família utilizado pelos integrantes das equipes de saúde para conhecer as condições de vida e saúde das famílias sob sua responsabilidade Para isso devem utilizar suas habilidades e competências não apenas para o cadastramento dessas famílias mas também e principalmente para a identificação de suas características sociais condições de vida e trabalho e epidemiológicas seus problemas de saúde e vulnerabilidade aos agravos de saúde A caracterização das condições de vida e trabalho dessas famílias permite compor os perfis de reprodução e produção respectivamente os quais por sua vez permitirão conhecer grupos distintos no território homogêneos em função dessas características identificadas As condições de saúde a vulnerabilidade aos agravos e as condições protetoras comporão perfis epidemiológicos desses mesmos grupos sociais Certamente tal caracterização não se esgota na visita domiciliária pois todos os momentos de intervenção junto a essas famílias permitem aprimorar a captação desses dados Entretanto por se dar no domicílio a visitação possobilita compreender parte da dinâmica das relações familiares A visita domiciliária só se configura como parte do arsenal de intervenções de que dispõem as equipes de saúde da família quando planejada e sistematizada De outra forma configura uma mera atividade social A territorialidade proposta na estratégia de Saúde da Família deverá eliminar um dos principais impedimentos para a implantação de Programas de Visita Domiciliária em serviços de saúde que é a disponibilidade de um meio de transporte para o profissional realizar essa atividade Conceito e finalidade A VD constitui uma atividade utilizada com o intuito de subsidiar a intervenção no processo saúdedoença de indivíduos ou o planejamento de ações visando a promoção de saúde da coletividade A sua execução ocorre no local de moradia dos usuários dos Serviços de Saúde e obedece uma sistematização prévia Ela possibilita ao profissional conhecer o contexto de vida do usuário do serviço de saúde e a constatação in loco das reais condições de habitação bem como a identificação das relações familiares Além disso facilita o planejamento da assistência por permitir o reconhecimento dos recursos que a família dispõe Pode ainda contribuir para a melhoria do vínculo entre o profissional e o usuário pois a VD é interpretada freqüentemente como uma atenção diferenciada advinda do Serviço de Saúde Objetivos Eles devem ser estabelecidos considerando os motivos da sua solicitação e estar em consonância com a finalidade para a qual a atividade foi proposta Pressupostos Os pressupostos que orientam a VD são G nem toda ida ao domicílio do usuário pode ser considerada uma VD G para ser considerada uma VD tal atividade deve compreender um conjunto de ações sistematizadas que se iniciam antes e continuam após o ato de visitar o usuário no domicílio G a sua execução pressupõe o uso das técnicas de entrevista e de observação sistematizada G a realização da VD requer um profissional habilitado e com capacitação específica G na elaboração dos objetivos da VD é necessário considerar os limites e as possibilidades do saber específico do profissionaltécnico que a executará G a relação entre o profissional e o usuário deve estar pautada nos princípios da participação da responsabilidade compartilhada do respeito mútuo crenças e valores relacionados ao processo saúdedoença e da construção conjunta da intervenção no processo saúdedoença G podem existir diferenças sócioculturais e educacionais entre os profissionais e os usuários dos Serviços de Saúde que devem ser consideradas no planejamento e na execução da VD G a intervenção no processo saúdedoença pode ou não ser uma ação integrante da VD Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Elma Lourdes Campos Pavone Zoboli1 Cleide Lavieri Martins2 Paulo Antonio de Carvalho Fortes3 Última Atualização 9262001 73016 AM 1 Enfermeira Professor Assistente da Escola de Enfermagem da USP 2 Enfermeira Professor Doutor da Faculdade de Saúde Pública USP 3 Médico Professor Livre Docente Associado da Faculdade de Saúde Pública USP O Programa de Saúde da Família PSF apresentase como estratégia de reorganização da atenção à saúde que se caracteriza por um modelo centrado no usuário demandando das equipes a incorporação de discussões acerca da necessidade de humanizar a assistência médicosanitária em nosso país Humanizar significa reconhecer as pessoas que buscam nos serviços de saúde a resolução de suas necessidades de saúde como sujeitos de direitos é observar cada pessoa e cada família em sua singularidade em suas necessidades específicas com sua história particular com seus valores crenças e desejos ampliando as possibilidades para que possam exercer sua autonomia Qualquer pessoa independente de sua idade tendo condições intelectuais e psicológicas para apreciar a natureza e as conseqüências de um ato ou proposta de assistência à sua saúde deve ter oportunidade de tomar decisões sobre questões relacionadas à sua saúde ou seja poder agir como pessoa autônoma Autonomia4 relacionase com tomada de decisão Por pessoa autônoma compreendese aquela que tem condições para deliberar decidir entre as alternativas que lhe são apresentadas podendo atuar conforme a escolha por ela feita Ser autônomo não equivale a ser respeitado como agente autônomo Para os profissionais de saúde respeitar o usuário como agente autônomo quer dizer no mínimo ser capaz de acatar o direito de ele ter opiniões próprias fazer escolhas e agir de acordo com seus valores e crenças lembrando que muitas vezes suas opções podem discordar das indicações técnicas É essencial um respeito ativo que ultrapasse os limites da não intervenção nos assuntos alheios e busque assegurar as condições necessárias para que as escolhas ocorram autonomamente minimizando as circunstâncias que dificultam ou impedem o exercício da autonomia Muitas ações autônomas somente são possíveis com a cooperação ativa de outros a fim de se vislumbrarem as opções viáveis Por isso considerase que para a modificação expressiva do modelo assistencial e a garantia da humanização das relações entre os componentes da equipe de Saúde da Família é preciso que esta esteja imbuída quanto ao respeito à autonomia dos usuários que devem ser estimulados a compartilhar das decisões que digam respeito à sua pessoa família comunidade As decisões devem ser livres e esclarecidas fundamentadas em adequada e compreendida informação para que possam aceitar ou recusar ao que lhes é proposto A transformação do modelo assistencial e a humanização do atendimento requerem que seja garantido o direito à informação do usuário A informação é o elemento vital para que o usuário possa tomar decisões Todos os integrantes da equipe de Saúde da Família quer sejam enfermeiros auxiliares de enfermagem médicos ou agentes comunitários devem estar conscientes da responsabilidade individual de esclarecer os usuários sobre questões que lhes são mais afeitas assim como cabe aos gestores dos Programas criarem condições para o estabelecimento de uma cultura institucional de informação e comunicação que leve em conta as condições socioculturais de cada comunidade atendida As informações fornecidas não necessitam ser exaustivas ou apresentadas em linguajar técnicocientífico Basta que elas sejam simples aproximativas inteligíveis leais respeitosas e suficientes para garantir a autonomia dos usuários nas escolhas e nos atos Desta forma além de considerar a compreensão intelectual cultural e psicológica do usuário a fim de que as informações sejam fornecidas dentro de padrões acessíveis as equipes de saúde de família devem levar em conta também os objetivos e o contexto específico de cada situação Na prática da assistência à saúde é comum a utilização da autoridade profissional para favorecer ou perpetuar a dependência dos usuários em lugar de promover sua autonomia Entretanto compreendemos que é exatamente a relação de confiança existente entre os profissionais de saúde e os usuários que determina a obrigatoriedade de respeitar a autonomia destes incluindo o dever de conversar e exporlhes a informação de maneira compreensível Convém lembrarmos que essa relação de confiança no Programa de Saúde da Família é reforçada pelo vínculo e responsabilização que decorrem da adscrição das famílias de determinada região a uma equipe específica 4 Autonomia do grego autos próprio e nomos regra autoridade lei norma é o poder da pessoa para tomar decisões quanto aos assuntos que afetam sua vida sua saúde sua integridade físicopsíquica e suas relações sociais Referese à capacidade do ser humano de decidir sobre o que é bom ou que é seu bem estar de acordo com seus valores suas expectativas suas necessidades suas prioridades e suas crenças FORTES 1998 p 37 Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Moneda Oliveira Ribeiro1 Última Atualização 9262001 72940 AM 1 Enfermeira Prof Dr do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Email monedauspcombr Introdução O tema da exclusão social tem cunho histórico e geográfico Um grupo social está excluído segundo determinada delimitação geográfica ou em relação à estrutura e conjuntura econômica e social do país a que pertence No Brasil esse tema está relacionado principalmente à situação de pobreza Cidadãos nessa condição constituem grupos em exclusão social porque se encontram em situação de risco pessoal e social Essa expressão é empregada para referirse às pessoas famílias e comunidades excluídas das políticas sociais básicas ou de primeira linha trabalho educação saúde habitação alimentação o que lhes confere a condição de subcidadãos ou cidadãos de segunda classe COMPANHIA 1994 Segundo as disposições gerais da Lei orgânica nº8080 de 190990 art 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício 1 O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças ou de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção proteção e recuperação Entretanto conforme está explicitado no referido artigo A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes entre outros a alimentação a moradia o saneamento básico o meio ambiente o trabalho a renda a educação o transporte o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País Assim os determinantes sociais que condicionam a saúde dos cidadãos constituem fatores de risco à sua saúde Por isso a situação de exclusão a que esse texto se refere diz respeito aos indivíduos cujos direitos sociais quando violados colocam em risco sua saúde e a qualidade de vida de sua família O reconhecimento da saúde como um direito de cidadania que expressa a qualidade de vida implica mudanças nos serviços de saúde e na atuação do profissional de saúde Este precisa incluir em sua rotina de trabalho ações que estreitem a relação entre a equipe de saúde e a comunidade É preciso intervir sobre os fatores de risco a que a população está exposta Tal empenho demanda ações em interação com os recursos que a comunidade dispõe e os serviços públicos locais Conselho Tutelar Escola Igreja etc A proposta desse texto está relacionado ao programa do enfoque de risco desenvolvido pela OMS desde 1978 e aplicado à saúde maternoinfantil Nesse enfoque buscase identificar grupos sociais com maior risco de adoecer e morrer com a finalidade de controlar e eliminar os fatores de risco Estes podem ser biológicos ambientais comportamentais relacionados com a atenção à saúde socioculturais e econômicos VALENZUELA BENGUIGUI 1997 A finalidade desse texto é restringir a questão de risco à saúde referente ao item relacionado aos fatores socioeconômicos apenas e ampliar a questão à saúde de toda a família além do enfoque maternoinfantil Definindo o processo de trabalho O processo do trabalho consiste em avaliar a necessidade mais urgente de grupos específicos e organizar o serviço de saúde conforme as prioridades identificadas Consiste em uma espécie de prontosocorro ou prontoatendimento às famílias que correm risco de ter sua saúde comprometida por problemas sociais decorrente da situação de exclusão O trabalho precisa ser organizado em passos A primeira etapa é avaliar a necessidade de atenção de grupos específicos a segunda é estabelecer prioridades de saúde e a terceira é elaborar intervenções para promoção proteção ou recuperação da saúde As informações podem ser coletadas por meio de entrevista com o usuário do serviço mas é recomendável realizar visita domiciliária para obter informações mais precisas e fidedignas As informações devem ser coletadas para planejar práticas de educação em saúde e aprimorar a qualidade do atendimento É necessário organizar um roteiro de entrevista e de observação para a VD conforme as peculiaridades locais Evidentemente os roteiros poderão ter variações para regiões distintas Por exemplo indivíduos da zona urbana que no inverno tomam ônibus lotados e fechados estão sujeitos a infestações respiratórias por outro lado há os da zona rural que usam transporte aberto mas correm risco de acidente por falta de segurança do veículo Em ambos os casos o roteiro deve contemplar questões para identificar se os membros da família estão sujeitos a alguma dessas situações de risco ou seja se estão submetidos a situações de risco por aglomerações ou se estão sujeitos a acidentes por transporte impróprio Seja quais forem as peculiaridades regionais as informações básicas para identificar indivíduos em situação de risco à saúde precisam ser relacionadas aos determinantes sociais para serem identificadas como famílias em situação de exclusão social Além disso é preciso não perder de vista o objetivo dos programas de âmbitos nacional no caso o Programa de Saúde da Família e internacional metas dos Programas da OPAS e da OMS como por exemplo a Declaração Mundial sobre a Sobrevivência a Proteção e o Desenvolvimento da Criança bem como o Plano de Ação para esse fim no decênio de 1990 BRASIL 1996 O incentivo à participação da comunidade no reconhecimento dos determinantes de risco aos indivíduos possibilita maior sucesso nos resultados pretendidos porque permite maior conscientização sobre sua realidade aumenta a solidariedade entre os indivíduos da comunidade busca soluções alternativas e tenta conquistar direitos violados Qualquer proposta de intervenção deve considerar hábitos e valores da região local Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Sonia Maria Junqueira Vasconcellos de Oliveira1 Emília Saito1 Última Atualização 9262001 73434 AM 1 Enfermeira Prof Dr da Escola de Enfermagem USP Objetivos Subsidiar a assistência de enfermagem à gestante e identificar riscos materno e fetal durante a gravidez A gravidez e o parto constituemse em eventos essencialmente fisiológicos na vida da mulher No entanto caracterizamse por provocar variadas e profundas alterações físicas e emocionais na mulher o que requer um acompanhamento contínuo por parte da família e dos profissionais de saúde A avaliação de risco não é uma medida a ser utilizada uma única vez mas um procedimento continuado ao longo da gestação e do trabalho de parto A qualquer momento complicações precoces podem tornarse aparentes induzindo a decisão de encaminhar a mãe a um nível mais complexo de assistência Assistência prénatal É competência da equipe de saúde acolher a gestante e a família desde o primeiro contato na unidade de saúde ou na própria comunidade O termo acolhimento deve ser considerado na abordagem da grávida como o significado que a gestação tem para ela e sua família uma vez que é nessa fase que se inicia o desenvolvimento do vínculo afetivo com o novo ser Nesse sentido devem ser valorizadas as emoções os sentimentos e as histórias relatadas pela mulher e seu parceiro de forma a individualizar e a contextualizar a assistência pré natal Para tanto recomendase utilizar estratégias como a escuta aberta sem julgamentos e sem preconceitos e o diálogo franco permitindo à mulher falar de sua intimidade com segurança expressar sua dúvidas e necessidades possibilitando assim o estabelecimento e o fortalecimento do vínculo profissionalcliente Diagnóstico da gravidez O Ministério da Saúde preconiza o diagnóstico da gravidez por meio dos seguintes passos O diagnóstico da gravidez é presumido por meio de queixas tais como náuseas e vômitos sensibilidade mamária polaciúria e constipação e mais tardiamente pelo aumento do volume abdominal O exame vaginal também possibilita a detecção da gravidez mediante o achado de alterações quanto a consistência do colo uterino que se torna bastante amolecido lembrando à consistência de lábios ao invés de cartilagem Após a 8a semana observase coloração arroxeada do vestíbulo e da parede anterior da vagina devido à congestão venosa local O diagnóstico laboratorial da gravidez é baseado no encontro do hormônio gonadototrófico coriônico na urina ou no sangue materno sendo que o exame do sangue da mulher permite o diagnóstico precoce da gravidez pois esta pode ser confirmada 10 dias após a sua fecundação ou seja quatro dias antes da falha menstrual Em geral nas unidades básicas é realizado o exame de urina após duas a três semanas do atraso menstrual Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autor Neide de Souza Praça1 Última Atualização 10252001 53206 AM 1 Enfermeira Obstétrica Professor Doutor do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo As infecções do trato reprodutivo feminino originamse nos genitais externos vagina e colo do útero podendo ascender até o útero trompas e ovários A maior parte das infecções que acometem estas áreas é transmitida por relações sexuais e caracteriza as Doenças Sexualmente Transmissíveis DST As quais por sua vez são um dos importantes fatores de risco para a infecção pelo HIV As infecções do trato reprodutivo envolvem lesões ou ferimentos abertos ulcerações ou irritações localizadas na pele e mucosas que facilitam a penetração do HIV nos tecidos e em seguida na corrente sanguínea Instalandose nesta região o vírus da AIDS pode viver nas células e se replicar aumentando assim a quantidade de HIV presente no aparelho reprodutivo feminino bem como aumentar o risco de sua transmissão para o parceiro As várias infecções do trato reprodutivo podem interagir com o HIV e desta interação resulta a potencialização mútua pois G A presença de infecção do trato reprodutivo aumenta a chance da mulher adquirir e transmitir HIV sexualmente G A presença de HIV aumenta a chance de a mulher adquirir e transmitir algumas infecções do trato reprodutivo bem como faz com que algumas infecções aí localizadas tornemse mais sérias e difíceis de tratar e G O HIV pode progredir mais rapidamente caso certas infecções do trato reprodutivo estiverem presentes É necessário portanto se considerar a relação entre a infecção pelo HIV e por outros agentes causadores de DST Estas são altamente prevalentes em nosso meio e podem acarretar sérios danos à saúde da mulher Eis algumas razões pelas quais as infecções do trato reprodutivo facilitam a penetração do HIV pela relação sexual desprotegida com um parceiro infectado Úlceras quando presentes levam à perda da proteção tegumentar local Verrugas causam friabilidade da mucosa levando à formação de microfissuras nesse tecido Ectrópios e mínimas lesões traumáticas da mucosa vaginal formam uma solução de continuidade entre o ambiente vaginal e a circulação sanguínea A mulher climatérica por deficiência hormonal apresenta o epitélio vaginal mais delgado e por conseqüência é mais suscetível às infecções do trato reprodutivo A seguir serão apresentadas as principais Doenças Sexualmente Transmissíveis As manifestações próprias de cada condição e a assistência de enfermagem específica também constarão dessa apresentação Cabe destacar que na seqüência serão elencados os procedimentos que deverão ser adotados para todos os casos DOENÇAS ULCEROSAS São DST que causam úlceras ou feridas nas áreas genital anal e vaginal Há amplas evidências de que sua presença facilita grandemente a transmissão do HIV As lesões que provocam afetam a função imunológica e são mais graves e difíceis de tratar em indivíduos com HIV Cabe destaque para a sífilis doença ulcerosa cuja média de prevalência entre as mulheres grávidas no Brasil é estimada pelo Ministério da Saúde entre 35 a 4 Outro dado a se considerar é o índice de mortalidade por sífilis congênita no período de 1979 a 1990 que variou de 70 a 100 por milhão de nascidos vivos sendo maior o número de casos nas regiões Norte e Nordeste QUADRO I Doença Herpes Genital Agente Causador Herpes vírus HSV1 ou HSV2 Forma de Contágio G Contato cutâneomucoso com paciente portador de lesão na presença de solução de continuidade G Contato com fluidos G Secreção cervical uretral eou salivar de indivíduos assintomáticos Sinais e Sintomas G Cachos de vesículas na área genital G febre cefaléia dor muscular eou dor localizada ardência eou dor ao urinar parestesias adenopatias regionais dolorosas ínguas G evolução para erosão dos cachos de vesículas G possível sobreinfecção das lesões G mucosa cérvicovaginal com aspecto eritematoso com edema e com erosões dolorosas G Podem ocorrer recidivas com cacho único de vesículas que involui espontaneamente em 4 a 7 dias Assistência de Enfermagem G limpeza local das lesões com solução fisiológica ou água boricada a 3 p alívio G fazer seguimento da mulher a cada 3 dias até a involução completa das lesões Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Isília Aparecida Silva1 Amélia Fumiko Kimura2 Última Atualização 9262001 73348 AM 1 Enfermeira Prof Associado Escola de Enfermagem USP 2 Enfermeira Prof Dr Escola de Enfermagem USP Assistência à mulher no período puerperal Conceito O puerpério é considerado o período do ciclo grávidopuerperal em que o organismo materno retorna a suas condições prégravídicas e é caracterizado pelas regressões das modificações locais e sistêmicas que foram provocadas pela gravidez O seu início se dá logo após a expulsão total da placenta e das membranas e tem a duração de cerca de seis semanas Puerpério imediato inicia logo após a saída da placenta e dura aproximadamente duas horas Puerpério mediato desde o puerpério imediato até o 10o dia em que ocorre a regressão das modificações nos órgãos genitais ocasião em que deve ocorrer a Visita Domiciliar da enfermeira Por volta do 100 dia o útero já regrediu em seu tamanho e se encontra na cavidade pélvica A loquiação produto originário principalmente da ferida placentária descamação e sangue apresentase em quantidade moderada para escassa e amarelada A partir desse período instalase o puerpério tardio que se estende do 110 dia até o reinício dos ciclos menstruais em mulheres que não estão lactando Para aquelas que mantêm a lactação o período pode variar de seis a oito semanas período no qual a loquiação se torna progressivamente serosa ou branca Exame físico da puérpera A assistência de qualidade à puérpera não deve prescindir do exame físico geral e específico cuidadoso e coleta de informações para o planejamento das ações da equipe Exame físico geral Sinais vitais Pulso no período mediato o pulso deve estar na freqüência normal anotar freqüência e características do pulso cheio fino rítmico arrítmico3 Temperatura deve manterse em níveis normais Caso a puérpera apresente temperatura acima de 37o C observar fatores ambientais tais como agasalho em demasia ambientes nãoventilados Descartandose esses fatores investigar condições de mamas que podem estar cheias ou ingurgitadas ou então infecção que na puérpera mais freqüentemente se instala em útero mamas trato urinário e respiratório Pressão arterial Verificar a pressão arterial em decúbito lateral D Deve estar em níveis normais até o 5o dia pósparto Exame físico específico Exame das mamas Mamilos verificar a o tipo protruso plano umbilicado em casos de mamilos não protrusos observar como está ocorrendo a amamentação e indicar exercícios de protrusão mamilar3 e b observar as condições de mamilo como presença de lesões feridas escoriações bolhas e sangramento a sucção do RN e as condições de amamentação descritas a seguir Sinais de ingurgitamento palpar as mamas e verificar pontos ou regiões endurecidas que podem estar doloridas ou não Nesses casos se houver dificuldade de drenagem do leite devese massagear com as pontas dos dedos em um movimento de vibração sobre as regiões afetadas e então ordenhar a mama de preferência manualmente até o ponto em que a mulher referir alívio dos sintomas Verificação da involução uterina no período até por volta de 10 dias pósparto o útero apresentase localizado na região intrapélvica sendo possível palpar o fundo uterino que deve estar contraído Verificação das condições de cicatrização da ferida cirúrgica4 Episiorrafia ou incisão abdominal Verificação do aspecto e quantidade da loquiação Considerase aspectos quanto à cor odor e quantidade segundo já características já descritas 3 Exercícios indicados no prénatal 4 Segundo parâmetros de rotina de exame de ferida cirúrgica tanto para abdominal como para perineal Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Emília Saito1 Sonia Maria Junqueira Vasconcellos de Oliveira1 Última Atualização 9262001 73530 AM 1 Enfermeira Prof Dr Escola de Enfermagem USP Objetivos Subsidiar a assistência de enfermagem à parturiente e ao recémnascido na primeira hora de vida identificar riscos maternos e fetais durante o trabalho de parto e o parto e executar o parto sem distócia em situações de emergência A Organização Mundial da Saúde OMS define como parto normal aquele de início espontâneo baixo risco no início do trabalho de parto permanecendo assim durante todo o processo até o nascimento O recémnascido geralmente em posição cefálica tem entre 37 e 42 semanas completas de gestação Segundo a OMS o parto normal é um processo natural e consequentemente não deve sofrer interferência no seu curso No Brasil a grande maioria dos partos ocorre nos hospitais mas a mortalidade materna representa ainda um problema na medida em que a taxa é de cerca de 6 dos óbitos de mulheres de 10 a 49 anos De acordo com a legislação do Exercício Profissional do Enfermeiro LEI no 7498 de 25 de junho de 1986 compete a esse profissional como integrante da equipe de saúde a execução de assistência obstétrica em situação de emergência e execução do parto sem distórcia Sinais e sintomas do trabalho de parto 1 Período premonitório antecede o verdadeiro trabalho de parto Característica G mais nítido nas primíparas G ocorre entre a 38a e 40a semana G descida do fundo uterino o que melhora a sensação de plenitude gástrica após as refeições G aumenta a compressão do baixo ventre causando sensação de peso G polaciúria G disúria G dores lombares G eliminação de muco cervical mesclado de sangue Conduta G repouso G idade gestacional IG ou a 37 semanas aguardar o franco trabalho de parto G IG que 37 semanas encaminhar para o serviço pois a mulher poderá entrar em trabalho de parto prematuro 2 Período de dilatação trabalho de parto Característica G início presença de no mínimo duas contrações uterinas dor de parto em 10 minutos G término ao exame físico percebese no toque vaginal o colo uterino completamente dilatado 10cm G aumento gradativo da intensidade duração e número das contrações uterinas em 10 minutos G formação da bolsa das águas ou há perda de líquido amniótico G dilatação e esvaecimento do colo uterino G progressão do feto pela pelve G duração menor em multípara média 6 horas em relação às primíparas 12 horas Conduta G encaminhar a parturiente a uma casa de parto ou maternidade referência considerando a dilatação cervical evolução do trabalho de parto meio de transporte disponível distância até a maternidade para determinar a urgência G IG que 37 semanas encaminhar com urgência ao hospital devido ao risco de nascimento prematuro G IG ou a 37 semanas e se não houver possibilidade de encaminhamento a serviços de saúde adotar as condutas descritas a seguir Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Roselena Bazilli Bergamasco1 Amélia Fumiko Kimura1 Última Atualização 9262001 73504 AM 1 Enfermeira Professor Doutor do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Objetivo Subsidiar o desenvolvimento das ações de enfermagem na promoção e recuperação da saúde da mulher A atenção integral à saúde da mulher compreende a assistência em todas as fases do curso da vida O cuidado de enfermagem à mulher é baseado na habilidade da enfermeira em definir os sintomas e compreender o seu significado no processo saúdedoença O aumento da expectativa de vida da mulher e as modificações de hábitos de vida as necessidades de saúde da mulher por mudanças do padrão demográfico apontam para a necessidade de uma adequada capacitação dos profissionais de saúde para responder às necessidades de saúde da população Estruturar a prática de enfermagem na saúde da mulher baseiase em três premissas 1 Os problemas apresentados por um determinado grupo populacional feminino estão intrinsicamente relacionados às suas experiências pessoais e expectativas futuras bem como aos estilos de vida que por sua vez são condicionados pelos aspectos sociais e culturais em que este grupo se insere 2 A função primária da enfermagem é manter e cuidar da mulher nos episódios em que ela necessita de atenção à saúde 3 As mulheres têm direito ao acesso aos serviços de saúde que por sua vez necessitam responder de forma eficiente e efetiva às demandas de saúde Para efetivar o processo de assistir em enfermagem é necessário o cumprimento de fases distintas Fases Ações 1 Avaliação da clientela Coletar dados relativos a G problemas individuais da mulher G os problemas de saúde emergentes ou potenciais sob a perspectiva da própria cliente Considerar G os dados do diagnóstico de territorialização G problemas trazidos pelos agentes de saúde em suas visitas G os motivos que levaram as mulheres a procurarem atendimento fora dos programas G as demandas de outras instituições que atuam na área de abrangência da Unidade de Saúde da Família Utilizar as seguintes estratégias para a obtenção dos dados G a entrevista anamnese G o exame físico G a observação do contexto familiar e das relações sociais Atenção A enfermeira examina os dados obtidos e compartilha suas impressões do diagnóstico de enfermagem com a mulher ajudandoa a analisar estas informações considerando também a percepção da mulher para o estabelecimento do diagnóstico 2 Intervenção de enfermagem A enfermeira é a facilitadora e colaboradora para que a mulher desenvolva habilidades para desempenhar o autocuidado não somente para ajustarse mas para transformar a sua condição de saúde O atendimento deve ser baseado na adequação das ações sistematizadas através de protocolos para o grupo populacional A intervenção pode ser estruturada a partir de G consulta de enfermagem G visitas domicilires G grupos educativos e G ações na comunidade 3 Análise da intervenção de enfermagem As interações entre o cliente e o enfermeiro são processos dinâmicos e demandam uma capacitação e o desenvolvimento de habilidades que instrumentalizam o profissional para uma adequada assistência de enfermagem Estas habilidades referemse a G comunicação G avaliação dos valores pessoais que afetam o seu desempenho como enfermeiro G a tomada de decisões G a ajuda prestada ao cliente para que o mesmo tome suas decisões G ser capaz de estabeler um relacionamento de confiança com o cliente G manter relação empática e G desenvolver metas terapêuticas mutuamente aceitáveis Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Magda Andrade Rezende1 Elizabeth Fujimori2 Última Atualização 9262001 73858 AM 1 Professora Doutora do Depto de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP 2 Professora Associada do Depto de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP Este texto destinase a apresentar situações práticas encontradas no cotidiano ao serem estimuladas a amamentação e alimentação infantil Sabese que a transmissão de informações do profissional de saúde para a pessoa que cuida da criança mãe ou outro familiar não acontece de modo uniforme e nem é fácil O uso da informação por sua vez não acontece automaticamente a pessoa que as recebe precisa atribuirlhes um significado a fim de efetivamente incorporálas e assim mudar seu comportamento Deste modo as ações de promoção à saúde tornamse importante ferramenta de trabalho para o enfermeiro Aleitamento Materno O bebê deve ser alimentado com leite humano durante os primeiros seis meses de vida na medida do possível Para tanto é necessário trabalhar junto à mãe desde a fase do pré natal no sentido de apoiála na futura amamentação As ações de apoio devem continuar durante os meses seguintes É importante lembrar que a amamentação é mediada pela psiquê e que eventos mediados pelo psiquismo não podem ser prescritos pois não dependem da vontade do indivíduo O que se pode fazer então é criar situações de apoio à mãe para que amamente Assim não podemos fazêla sentirse sobrecarregada emocionalmente pois isso diminui as chances que ela tem de amamentar Por exemplo quando se diz que basta que a mãe se esforce e tenha interesse para que a amamentação aconteça estamos ignorando uma série de problemas que ela enfrenta a dificuldade de adaptação nos primeiros dias após o parto a época em que retorna ao serviço o momento em que a criança começa a ingerir outros alimentos o surgimento dos primeiros dentes da criança entre outros REZENDE FOGLIANO 1999 Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho CLT em seu art 396 a nutriz tem direito a amamentar seu bebê durante sua jornada de trabalho Para tanto deve ter dois intervalos de 30 minutos cada um até que o bebê complete 6 seis meses Quando a saúde do bebê exigir este período de seis meses pode ser dilatado a critério da autoridade de saúde competente Tradicionalmente o serviço médico do INSS é que vem tendo a competência de conceder autorizações Quando há berçário no local de trabalho o tempo de amamentação aumenta REZENDE 1992 Preparo da mãe para a amamentação durante o período de gestação É importante que o profissional de saúde não julgue a mãe em nenhuma fase do processo de ajudála a amamentar Assim a relação entre gestante e enfermeiro deve compreender 1 Exploração das expectativas crenças e experiências anteriores da gestante a respeito de amamentação Por exemplo a mãe pode ser de uma família em que poucas ou nenhuma mulher conseguiu amamentar Assim ela pode acreditar que é de uma família na qual as mulheres não produzem leite 2 Informações sobre preparo das mamas para amamentação a técnica de amamentação propriamente dita reconhecimento da apojadura e do ingurgitamento e condutas frente a estes 3 Disponibilidade para eliminar dúvidas a respeito de amamentação mesmo que pareçam muito simples e banais Por exemplo ela pode acreditar que comer determinados alimentos vai causar mal ao bebê Uma crença destas deve ser respeitada caso o contato com a gestante ainda seja recente caso disséssemos a ela que isto não tem fundamento ela possivelmente não acreditaria pois ainda somos estranhos para ela Nosso conhecimento não vai ser aceito por ela devido ao fato de ser cientificamente testado mas sim porque ela acredita em nós E para que a confiança se estabeleça é necessário um certo tempo Ao se transmitir estas informações é preciso ter sempre em mente que a transmissão de informações é a última etapa de um processo estabelecido entre a mãe e o enfermeiro Antes de transmitir as informações o enfermeiro tem de se mostrar como uma pessoa que está ali para ajudar e não julgar Esta é a base de um vínculo de confiança entre ambos indispensável para que as ações de educação em saúde tenham efeito Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Maria De La Ó Ramallo Veríssimo1 Cecília Helena de Siqueira Sigaud2 Última Atualização 9262001 73838 AM 1 Enfermeira Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 2 Enfermeira Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Esse texto aborda os cuidados de enfermagem que podem ser prescritos pela enfermeira para o atendimento da criança com agravo respiratório agudo no domicílio As ações aqui descritas respondem às necessidades da maior parte das crianças que apresentam algum problema respiratório promovendo seu bemestar e evitando a piora do quadro Agravos respiratórios na infância Aproximadamente metade das crianças que demandam os serviços de saúde apresentam algum sintoma respiratório como tosse coriza dificuldade para respirar chiado no peito dor de garganta ou ouvido associados ou não a malestar geral febre e inapetência Portanto os profissionais de saúde precisam estar aptos para avaliálas de forma a detectar agravos precocemente e instituir os tratamentos apropriados evitando piora do quadro com seqüelas e até morte Assim todas as crianças que demandam o serviço de saúde ainda que não seja por uma queixa respiratória devem ser avaliadas quanto à presença de tosse ou dificuldade para respirar conforme preconizado na estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância AIDPI Para tanto é possível que seja necessário reorganizar o serviço de saúde de tal forma que todos os atendimentos contemplem ações de manejo de casos bem como de prevenção e promoção à saúde Magnitude dos agravos respiratórios na infância Dentre os agravos respiratórios na infância destacamse as infecções geralmente divididas em dois grandes grupos 1 aquelas que acometem o trato respiratório superior rinofaringite viral amigdalite otite e sinusite 2 as do trato respiratório inferior pneumonia bronquiolite Ao lado das infecções respiratórias encontramse também as doenças chiadoras asma bronquite As doenças respiratórias causam a morte de mais de dois milhões de crianças por ano em todo o mundo na sua maioria menores de um ano vivendo em regiões pobres No Brasil os problemas respiratórios principalmente a pneumonia causam 223 das mortes de crianças de 1 a 4 anos ocupando o primeiro lugar entre as causas de morte e compreendem mais de 50 das causas de internação hospitalar nesta faixa etária Nos prontossocorros e postos de saúde entre 30 e 50 das crianças atendidas apresentam algum sintoma respiratório De cada quatro com problemas respiratórios três têm apenas resfriados que embora de menor gravidade causam malestar pois provocam febre tosse dor ou dificuldade para respirar e inapetência Outro problema associado é o uso freqüente de medicamentos desnecessários e até prejudiciais Ações de enfermagem para o cuidado da criança com IRA A estratégia AIDPI propõe o manejo padrão dos casos de crianças com tosse ou dificuldade para respirar que envolve a avaliação e classificação do problema bem como as condutas terapêuticas correspondentes As enfermeiras capacitadas para a aplicação da estratégia estão habilitadas a implementar todas as ações preconizadas inclusive as terapias medicamentosas uma vez que se trata de um protocolo de atenção de casos No conjunto das ações são enfatizadas as práticas de cuidados domiciliares que visam a prevenção do agravamento dos quadros e que devem ser observadas de forma a atender todas as crianças que apresentam algum sintoma respiratório A seguir expomos esse conteúdo acrescido de outros cuidados que também contribuem para a recuperação da criança De forma a prestar um melhor cuidado à criança devese ter como uma das principais preocupações identificar a compreensão da mãe ou cuidador em relação à situação de saúde da criança incluindo o que é o agravo o porquê dos sintomas os fatores que podem têlo desencadeado e agravado bem como suas idéias relativas ao enfrentamento do problema A partir daí é importante reforçar o conhecimento correto e esclarecer questões equivocadas e suas dúvidas Com base neste conhecimento compartilhado profissional e cuidador podem estabelecer quais ações são necessárias e possíveis para a realização do cuidado da criança Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Cecília Helena de Siqueira Sigaud1 Magda Andrade Rezende2 Última Atualização 1172001 105636 AM 1 Professor Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP São Paulo capital 2 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP São Paulo capital Através deste documento pretendese apresentar informações sobre o cuidado da criança com diarréia aguda e desidratação entendido como as ações voltadas para o manejo dos casos além das medidas de promoção à saúde e prevenção do problema Definese diarréia aguda enquanto uma doença caracterizada pela perda de água e eletrólitos que resulta no aumento do volume e da freqüência das evacuações e diminuição da consistência das fezes apresentando algumas vezes muco e sangue disenteria A maioria dos episódios de diarréia aguda é provocada por um agente infeccioso e dura menos de 2 semanas É um processo autolimitado que em geral não necessita tratamento medicamentoso As complicações mais freqüentemente associadas às doenças diarréicas são as septicemias e meningites Magnitude do Problema No panorama nacional as doenças diarréicas ocupam o terceiro lugar entre as causas de mortalidade em crianças de 1 a 4 anos passando à segunda posição na faixa etária de menores de 1 ano Entretanto há diferenças consideráveis entre as diversas regiões do país Assim na Região Nordeste o risco de morte por diarréia chega a ser de 4 a 5 vezes maior que na Região Sul representando cerca de 30 do total de mortes no primeiro ano de vida A situação da diarréia em crianças continua grave em algumas localidades de nosso país Assim um levantamento epidemiológico recente realizado em Fortaleza CE detectou um índice de 55 de causa de mortalidade por diarréia em um grupo de crianças entre 7 dias e 23 meses As doenças diarréicas juntamente com as infecções respiratórias agudas IRA e a desnutrição constituemse nas principais causas de morbidade e mortalidade infantis na região das Américas seja isoladamente ou em conjunto com outras moléstias infecciosas tais como tuberculose malária dengue e outras preveníveis por imunização Dada a importância que tais doenças assumem no perfil de morbimortalidade infantil em 1996 a Organização Mundial da Saúde OMS juntamente com a Organização Pan Americana da Saúde OPAS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF propuseram a estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância AIDPI visando o seu controle através do manejo padrão de casos Valendose de critérios padronizados de avaliação classificação e tratamento esta proposta permite que seja utilizada por profissionais médicos e nãomédicos o que fortalece a capacidade resolutiva do nível primário de saúde A estratégia AIDPI tem como objetivos específicos a redução da mortalidade por doenças prevalentes em menores de 5 anos a redução da incidência e gravidade dos casos e a melhoria da qualidade de atendimento à criança nos serviços Preconiza uma avaliação global das crianças possibilitando a detecção de problemas que não tenham motivado a sua ida ao serviço Inclui ainda ações de vigilância e de promoção à saúde que incrementam a integralidade de atenção à saúde infantil Finalmente ao colocar ao alcance da população tecnologias de diagnóstico e tratamento alcança maior eqüidade no acesso à atenção de saúde BENGUIGUI 1997 MINISTÉRIO DA SAÚDE 1999 ORGANI ZACIÓN2000 Cabe destacar que as crianças oriundas de famílias que vivem em condições socioeconômicas desfavoráveis em situação de pobreza e miséria estão sujeitas a um maior risco de adoecimento e morte por diarréia Isto ocorre porque esta situação de vida em geral reúne vários dos fatores que expõem a criança e a tornam vulnerável tais como menor grau de escolarização materna piores condições de moradia precário saneamento básico do meio menor acesso aos serviços de saúde elevado número de crianças menores de 5 anos na casa entre outros Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Elizabeth Fujimori 1 Magda Andrade Rezende 2 Última Atualização 9262001 74014 AM 1 Professora Associada do Depto de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Professora Doutora do Depto de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP Introdução Considerando que a alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para a promoção proteção e recuperação da saúde o controle das principais deficiências nutricionais é uma forma de conhecer e vigiar o estado geral de saúde Embora sejam inúmeros os problemas inerentes à alimentação e à nutrição especialmente nos países onde as condições ambientais são desfavoráveis como é o caso de nosso país em termos de saúde coletiva algumas deficiências nutricionais como a desnutrição energéticoprotéica e as anemias assumem configuração de importância epidemiológica na infância em função da velocidade do processo de crescimento e desenvolvimento e sua associação com o processo saúdedoença Ainda que a erradicação completa das deficiências nutricionais dependa da própria erradicação dos grandes contrastes econômicos e sociais gerados e mantidos pelo processo de produção e distribuição de bens e serviços algumas intervenções próprias do setor saúde podem contribuir para a melhoria do quadro dessas deficiências Assim sendo a finalidade deste texto é abordar esses dois problemas nutricionais comuns na infância bem como suas causas básicas e cuidados pertinentes para seu controle de forma a motivar e capacitar os enfermeiros em conceitos e técnicas atuais para que possam efetivamente incorporar essas ações na prática diária da atenção primária Atuação da Enfermagem na Desnutrição EnergéticoProtéica DEP A DEP como problema de saúde coletiva Estimativas do Fundo das Nações Unidas Unicef 1998 indicam que a desnutrição está envolvida com mais de 50 dos casos de morte de crianças em todo o mundo proporção essa jamais alcançada por qualquer outra doença infecciosa desde a Peste Negra No Brasil não há como se obter tal estimativa com exatidão dada a cobertura desigual dos serviços de saúde e daí das estatísticas além da tendência dos próprios serviços e profissionais de saúde não verem a desnutrição como causa de doença e morte provavelmente em decorrência do seu forte componente social BITTENCOURT e MAGALHÃES 1995 Mesmo assim os dados sistematizados por esses autores revelam que no Brasil em 1989 morreuse por desnutrição no primeiro ano de vida 134 vezes mais que nos EUA Quanto à prevalência da desnutrição no período de quinze anos que separa os dois únicos levantamentos nacionais que permitiram dimensionar o problema em nosso meio ENDEF 197475 e PNSN 1989 verificouse redução na taxa global de desnutrição em menores de cinco anos passando de 184 para 71 com 154 de desnutrição crônica altura idade e 2 de desnutrição aguda pesoaltura MONTEIRO et al 1992 A redução no entanto ocorreu de forma diferenciada entre as regiões brasileiras e as regiões Norte e Nordeste apesar da redução significativa na prevalência da desnutrição ainda apresentam quadros semelhantes aos de alguns países da África BITTENCOURT e MAGALHÃES 1995 Principais causas determinantes da desnutrição Numa população normal existem indivíduos naturalmente magros ou baixos devido à constituição genética porém a proporção desses indivíduos em uma população sadia é muito pequena isto é cerca de 25 Portanto quando o número de crianças baixas eou magras é elevado certamente existem fatores que estão impedindo o pleno desenvolvimento do potencial genético Basicamente os fatores determinantes da desnutrição são de ordem nutricional relacionados à falta de alimentos ou desconhecimento de práticas alimentares adequadas e ou de morbidade principalmente as infecções repetidas que diminuem o apetite e aumentam a demanda energética A falta de alimentação adequada pode alterar o crescimento de forma reversível ou irreversível Se a restrição nutricional ocorrer por pouco tempo os déficits de peso e altura serão menos acentuados podendo ser corrigidos pela alimentação adequada com recuperação da defasagem e retorno à curva de crescimento normal Por outro lado se a inadequação alimentar for grave e prolongada incidindo desde a fase intrauterina os retardos no crescimento são mais acentuados e dificilmente recuperados mesmo com uma suplementação alimentar adequada O capítulo Promoção do aleitamento materno e da alimentação da criança apresenta os grupos de alimentos bem como a forma que os alimentos devem ser introduzidos e oferecidos à criança A recorrência de doenças infecciosas por sua vez pode provocar desnutrição e atraso no crescimento independentemente da disponibilidade de alimento através da anorexia aceleração do metabolismo eou aumento das perdas de nutrientes Pode também agravar um quadro de desnutrição em crianças já nutricionalmente deficientes o que por sua vez aumenta a incidência a gravidade e a duração dos processos infecciosos prolongando o tempo de internação e podendo resultar em seqüelas para o desenvolvimento mental Este círculo vicioso culmina no efeito adverso mais devastador que é a morte Como a desnutrição pode se manifestar através do baixo peso ao nascer menos de 2500g e do déficit do crescimento nos primeiros anos de vida inadequação dos índices altura idade pesoidade e pesoaltura destacamse no quadro abaixo passos importantes para sua detecção precoce e manejo adequado Prevenção do baixo peso ao nascer Monitorização do crescimento Deve ser feito mediante cuidados prénatais adequados já assinalados em capítulo específico Tem como objetivo detectar precocemente a desnutrição podendo ser diagnosticada facilmente através da verificação do peso e altura e avaliação da adequação do ganho de peso gestacional O acompanhamento constante do crescimento físico deve ser feito através da antropometria Tem por fim conhecer o estado nutricional e detectar precocemente eventuais desvios possibilitando vigiar o estado geral de saúde da criança Fonte Baseado em EUCLYDES 1997 Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Elaine Buchhorn Cintra Damião1 Lisabelle Mariano Rossato Abéde1 Última Atualização 9262001 74124 AM 1 Profa Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP Área de Enfermagem Pediátrica Membro do GEENF Grupo de Estudos em Enfermagem da Família As doenças crônicas afetam a criança como pessoa e a sua família como sistema de maneira intensa e sem retorno já que a doença não é um evento transitório Tornase necessário esclarecer como as várias doenças crônicas se manifestam ao longo do curso da enfermidade e como isto afeta o ciclo de vida da criança e da família a fim de que se possa avaliar e compreender como a família vivencia a situação de doença crônica da criança e propor uma intervenção de enfermagem baseada nas necessidades da criança e da família Primeiramente podese classificar a doença crônica em quatro grandes grupos e quais as reações mais comuns da família Quadro 1 Quadro 1 Classificação das doenças crônicas e reações da família DESCRIÇÃO REAÇÕES DA FAMÍLIA INÍCIO Início abrupto doença de aparecimento clínico súbito diabetes juvenil Início gradual doença que apresenta início insidioso são exemplos asma e artrite reumatóide juvenil fibrose cística do pâncreas As doenças de início agudo exigem da família uma rápida mobilização e capacidade de administrar a crise Este tipo de doença permite que a família tenha mais tempo para lidar com as mudanças trazidas pela doença tendo um período maior de ajustamento CURSO Progressiva tornase mais grave com o correr do tempo a incapacidade desenvolvese de modo gradual e progressivo Ex câncer diabetes juvenil artrite reumatóide juvenil Constante o evento inicial acomete a pessoa com posterior estabilização A fase crônica é caracterizada por alguma seqüela tornando a mudança semipermanente Ex trauma com paralisia Reincidente ou Episódica alternância entre períodos de pouca sintomatologia com outros de exacerbação Ex câncer em remissão asma Aqui além dos períodos de alívio serem mínimos novas demandas de cuidado são continuamente acrescidas à rotina familiar podendo levála à exaustão Após a fase inicial de choque e desorientação da família ela tende a adaptar se à situação de doença criando estratégias que melhor se adeqüem à sua dinâmica familiar Muitas vezes a família consegue manter uma rotina normal O seu sofrimento está relacionado à freqüência das fases de crise e nãocrise bem como à incerteza de não poder prever quando será a próxima crise CONSEQÜÊNCIAS Não encurtam a vida são as doenças que geralmente não afetam o número de anos de vida da criança Ex a artrite reumatóide Intermediário são doenças imprevisíveis Ex diabetes juvenil e asma severa Encurtam a vida são doenças progressivas e fatais Ex câncer metastático fibrose cística do pâncreas A extensão com que a doença crônica pode encurtar a vida da criança ou mesmo levála à morte é uma das grandes preocupações da família Nas situações em que as doenças não ameaçam a vida da criança de forma iminente como asma diabetes juvenil e artrite reumatóide juvenil as famílias podem tornarse superprotetoras e as crianças acabam obtendo grandes ganhos secundários em termos de atenção privilégios e afeto Nas situações em que a doença ameaça a vida a família pode apresentar uma tendência à tristeza e à perda antecipada INCAPACITAÇÃO Danos de movimento a doença causa dificuldades de motricidade e mobilidade da criança Ex artrite reumatóide juvenil Danos à produção de energia asma diabetes juvenil câncer fibrose cística do pâncreas A família ajustase às situações limitantes dependendo do grau da incapacidade e quão repentinamente ela acorreu Na artrite reumatóide juvenil por ex a família possui mais tempo para adaptarse e criar estratégias para conviver com as deficiências da criança doente Uma outra dimensão da doença crônica referese às suas três fases temporais fase de crise fase crônica e fase terminal Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Maria De La Ó Ramallo Veríssimo1 Última Atualização 9262001 74104 AM 1 Enfermeira Professoraassistente do Departamento de Enfermagem Maternoinfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP Email mdlorveruspbr Muitos problemas de saúde não podem ser resolvidos no interior do sistema de saúde exigindo cada vez mais ações intersetoriais A violência urbana por exemplo é a causa de mortalidade que mais cresce consumindo volume importante dos recursos do sistema de saúde sendo que esse setor tem limitadas condições de agir sobre suas causas Por essa razão a ótica da promoção da saúde na concepção dos sistemas de vigilância propõe o reconhecimento dos determinantes da saúde e dos caminhos de ação possíveis os quais geralmente demandam o envolvimento de outros setores governamentais e da sociedade Os profissionais da área da saúde podem atuar e influenciar todos os campos de ação da promoção da saúde que são desenvolver políticas públicas saudáveis criar ambientes saudáveis fortalecer a ação comunitária desenvolver habilidades pessoais e reorientar os serviços de saúde Para tanto o volume de ações a serem discutidas é imenso Nesse texto foi feito um recorte e optouse por apresentar algumas ações referentes aos dois últimos campos que podem ser realizadas individualmente pela enfermeira em seus contatos com crianças e famílias para a promoção da saúde infantil sem perder de vista que tais ações são complementares e devem ser aliadas a intervenções nas demais esferas As ações propostas podem também ser encaminhadas junto a outras instituições que cuidam de crianças como as creches e préescolas Ações de enfermagem para a promoção da saúde infantil As ações de enfermagem devem delinearse com base nos perfis epidemiológicos da população infantil no território abrangido pela unidade de saúde e na identificação de riscos potenciais Têm como objetivo influir no processo saúdedoença infantil fortalecendo as ações dos usuáriosfamílias que concorrem para a saúde da criança e superar os riscos potenciais Na busca de seu objetivo a priorização do atendimento às crianças expostas aos maiores riscos identificadas pelo instrumental do modelo epidemiológico garante a eqüidade da atenção No Brasil a diarréia as infecções respiratórias agudas a desnutrição e anemia as doenças imunopreveníveis e em algumas localidades a malária ainda se constituem como os principais agravos para as crianças menores de 5 anos Por essa razão as ações básicas de saúde que compreendem o controle das IRAs e das doenças diarréicas o acompanhamento do crescimento e o incentivo ao aleitamento materno e às imunizações continuam sendo as principais intervenções Atualmente a estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância AIDPI combina todas essas ações num modelo de atendimento global à criança2 1 Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento A situação de crescimento e desenvolvimento CD da criança é o principal indicador de suas condições de saúde Portanto a promoção da saúde infantil compreende todas as ações diretas e indiretas que favorecem a criança atinjir seu potencial de CD No que diz respeito a ações diretas que competem à enfermeira destacase o acompanhamento do CD o qual contempla a avaliação do CD e a educação em saúde a qual consiste em atuar junto aos pais e cuidadores infantis bem como às próprias crianças mantendo ou promovendo a aquisição de competência para atender as necessidades da criança que incluem comunicação higiene imunizações sono nutrição quantidade qualidade hábitos afeto segurança jogosbrincadeiras sexualidade cuidados dentários disciplina e autoestima Para promover a expressão saudável de todas essas dimensões da infância compete à enfermeira G Compreender essas funções para as diferentes crianças em diferentes idades e estágios do desenvolvimento e compartilhar essa compreensão com a família e cuidadores G Assegurar que as famílias fiquem conscientes de todos os serviços de saúde disponíveis sobre os tratamentos e procedimentos tomem parte no cuidado à criança e sejam estimuladas a manter ou mudar as práticas de saúde existentes G Usar sua capacidade profissional para apoiar a criança e a família a enfrentar as situações e os desafios do processo saúdedoença 2 Para informações sobre a estratégia AIDPI ver capítulo sobre assistência de enfermagem à criança com diarréia aguda e desidratação Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos2 Última Atualização 9262001 74216 AM 1 Extraído do capítulo Santos VLCG Avanços tecnológicos no tratamento de feridas e algumas aplicações em domicílio In Duarte YAO Diogo MJE Atendimento domiciliar um enfoque gerontológico 1ed Atheneu São Paulo 265306 2000 2 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica da Escola de Enfermagem da USP Enfermeira Estomaterapeuta 1 INTRODUÇÃO Em fins do século XX e transição para o 3º milênio muito se tem enfocado acerca do cuidado avançado em saúde estando certamente entre as áreas por ele abrangidas o cuidado em feridas desde os seus aspectos preventivos até os terapêuticos O profundo desenvolvimento na área celular nas três últimas décadas tem levado os profissionais de saúde que atuam na prevenção e tratamento de feridas a uma revisão dos conceitos e procedimentos tradicionais muitos dos quais empregados desde a Antigüidade e acima de tudo ao reconhecimento de que a lesão é apenas um aspecto de um todo holístico que é o ser humano Esse motivo exige atuação interdisciplinar através de intervenções integradas e sistematizadas fundamentadas em um processo de tomada de decisão que almejam como resultado final a restauração tissular com o melhor resultado estético e funcional Para tanto é fundamental que sempre tenhamos em mente que cada paciente e cada ferida são únicos Este capítulo tem como objetivos rever alguns aspectos sobre as feridas desde os conceituais àqueles do tratamento considerados básicos para as intervenções no domicílio 2 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS Existem inúmeros conceitos definições e formas de classificação de feridas De um ponto de vista mais genérico as feridas podem ser definidas como rupturas das estruturas anatômica e funcional normais do corpo Para outros autores elas são resultantes de um dano para o tegumento ou estruturas inferiores que pode ou não resultar em perda da integridade mas que leva ao comprometimento de função fisiológica tissular Quanto à classificação das feridas embora bastante variável constitui importante forma de sistematização necessária para o processo de avaliação e registro Assim o tempo de reparação tissular pode ser um dos tipos de classificação e consiste em agudas e crônicas As feridas agudas são oriundas de cirurgias ou traumas cuja reparação ocorre em tempo adequado e seqüência ordenada sem complicações levando à restauração da integridade anatômica e funcional as crônicas contrariamente são aquelas que não são reparadas em tempo esperado e apresentam complicações Outra forma de classificação referese à extensão do dano tissular onde há a descrição anatômica e definição da profundidade das paredes tissulares envolvidas Engloba a ferida superficial erosão ou destruição limitada à superfície epidérmica ex bolha a ferida com perda parcial de tecido ou de espessura parcial ou de densidade parcial restrita à epiderme e porção superior da derme ex área doadora para enxertia úlcera de pressão estágio II perda total de tecido ou espessura total ou densidade total em que há perda ou destruição de epiderme derme e subcutâneo podendo invadir ainda músculos tendões e ossos ex úlcera de pressão estágio III ou IV Este tem sido bastante empregado atualmente Além dessas há ainda as chamadas respostas primárias e secundárias da pele a diversos estímulos agressivos que constituem na realidade as causas básicas das lesões quais sejam fatores mecânicos químicos vasculares infecciosos alérgicos térmicos radiativos e outros Cada tipo de estímulo origina uma única reação característica na pele como eritema mácula pápula vesícula erosão ou úlcera As reações primárias podem evoluir para as secundárias isto é das respostas sem ruptura para aquelas com ruptura de integridade da pele respectivamente Krasner e Van Rijswijk propõem um algoritmo para classificação de feridas que envolvem duas grandes categorias a primeira relacionase às causas de lesão cirúrgicas e não cirúrgicas enquanto a segunda ao tempo de reparação agudas e crônicas Ao associálas inclui os aspectos de profundidade e perda tissular Figura 1 Algoritmo para classificação de feridas Fonte Van Rijswijk L Wound assessment and documentation In Krasner D Kane D Chronic wound care a clinical source book for healthcare professionals 2ed Health Management Publications Wayne Cap4 p18 1997b Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Professora Doutora Ana Cristina Mancussi e Faro1 Última Atualização 9262001 74158 AM 1 Professor Associado do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica da Escola de Enfermagem da USP Av Dr Enéas de Carvalho Aguiar 419 Cerqueira César São PauloSP CEP03054000 email da autora rafacrisuspbr A finalidade deste texto é discorrer sobre os seguintes conceitos autonomia dependência e independência deficiência incapacidade e desvantagem No entanto para compreendêlos melhor quanto à sua aplicabilidade na prática junto ao indivíduo família e comunidade alguns dados epidemiológicos serão abordados Os dados geradores de deficiências incapacidades e desvantagem podem ser analisados sob dois aspectos O primeiro deles referese à importância das causas externas acidentes e violências fontes geradoras de mortes e de vítimas com seqüelas muitas vezes irreversíveis Podemse citar os acidentes de trânsito homicídios afogamentos quedas de altura envenenamentos e suicídios entre tantos outros sem especificação de origem que ocasionam vítimas fatais ou seqüelas importantes Ainda neste aspecto há influências regionais geográficas sazonais e socioculturais atuando direta e indiretamente nas fontes geradoras de limites seja a instalação de deficiências incapacidades bem como a perda da autonomia Vale citar que o Brasil é um país continental de clima tropical com muitos rios lagos e costa litorânea expressiva ocasionando acidentes com água Também enquanto pólo econômico na região sudeste intensifica a migração o movimento de emprego e desemprego o choque cultural e a heterogeneidade a violência urbana e a superpopulação Tais características desenham causas externas e mostram o ferimento por arma de fogo FAF acidentes de trânsito quedas da construção civil acidentes domésticos outros acidentes de trabalho vitimando inúmeras pessoas desestruturando famílias e onerando a todos da sociedade O segundo aspecto que se refere aos dados geradores de deficiências e incapacidades bem como desvantagem e sobretudo perda da autonomia são as causas nãotraumáticas e neste aspecto estamos considerando o envelhecimento populacional com maior e melhor expectativa e qualidade de vida a tecnologia assistencial multi e interdisciplinar na atenção às doenças crônicas e degenerativas no controle e na prevenção das mesmas Considerando as conseqüências dos traumas e a importância do controle e da prevenção de violências e complicações bem como dos estudos para o controle de doenças congênitas por parte da bioengenharia e genética é necessário ampliar o conhecimento sobre seqüelas para melhor avaliar e utilizar os termos corretamente Quanto ao envelhecimento populacional cumprenos apenas reiterar que em breve o Brasil ocupará uma posição de destaque quanto ao número de pessoas idosas no País Tratase de uma explosão do número de pessoas idosas facilmente observável ao nosso redor nas ruas e nos serviços de saúde No processo de envelhecimento aparecem as doenças crônicas caracterizadas sobretudo pela hipertensão arterial diabetes doenças reumáticas etc Autonomia dependência e independência são conceitos que vêm sendo mais amplamente discutidos pelos profissionais da área de saúde que atuam junto à pessoa idosa mas vale lembrar que a pessoa adulta também merece atenção pelos dados apresentados anteriormente Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Silvia Regina Secoli1 Última Atualização 9262001 74312 AM 1 Enfermeira Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Médicocirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 1 Introdução A crescente morbimortalidade do câncer indicada nas estatísticas brasileiras 2º causa de morte o alto custo do tratamento suas repercussões no sistema de saúde e a interferência na qualidade de vida do indivíduo apontam aos profissionais da saúde que são necessários o estabelecimento de estratégias de intervenção no processo doença e maior capacitação dos recursos humanos para atuarem de modo competente principalmente no âmbito domiciliário Câncer é o termo aplicado a um conjunto de mais de 100 doenças que se caracterizam pelo processo de multiplicação celular desordenado e capacidade de invasão para outras regiões e tecidos O processo fisiopatológico iniciase quando uma determinada população de células sofre transformações no material genético contido no núcleo ácido desoxirribonucléico DNA dando origem a descendentes insensíveis aos mecanismos reguladores do crescimento e divisão celular normal Sabese que 80 dos tipos de câncer estão relacionados ao tipo de dieta ao hábito de fumar eou consumir álcool ao consumo de alguns medicamentos ao tipo de ocupação a exposição prolongada ao sol aos poluentes atmosféricos e a alguns tipos de agentes infecciosos Diante dessas considerações e da complexidade do tema optouse por discutir neste capítulo os princípios dos tipos de tratamento as ações educativas do enfermeiro no controle do câncer e subsídios teóricopráticos para intervenções de enfermagem frente aos sinais e sintomas mais freqüentes decorrentes da doença e do tratamento Estas manifestações clínicas são causas freqüentes de importante limitação das atividades de vida diária desconforto e sofrimento do doente e da família 2 Modalidades de tratamento Apesar do câncer representar um problema de saúde pública em âmbito mundial a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes têm aumentado e vários fatores contribuíram para isso o diagnóstico precoce a descoberta de novos medicamentos e a abordagem terapêutica multidisciplinar O plano terapêutico do doente com câncer é estabelecido após o diagnóstico e o estadiamento do tumor considerandose o grau de comprometimento do estado geral do indivíduo e as modalidades de tratamento disponíveis cirurgia quimioterapia radioterapia bioterapia hormonioterapia e transplante de medula óssea Atualmente são utilizados esses tratamentos de modo isolado ou em conjunto com o objetivo de reduzir a massa tumoral atuar sobre as células malignas circulantes diminuir os riscos de incidência progressão e recidiva da doença e melhorar as condições imunológicas do paciente O conhecimento dos princípios das modalidades terapêuticas oferece aos profissionais subsídios para prever as complicações e instituir medidas imediatas nas manifestações que oferecem risco para a vida do doente A cirurgia é abordagem terapêutica mais antiga de combate ao câncer e visa remover de forma mecânica o tumor ou parte dele com o objetivo de diagnosticar biópsias prevenir nos casos de doenças précancerosas curar paliar estadiar ressecar metástases e reconstruir A quimioterapia é uma estratégia que visa tratar a doença de modo sistêmico Utilizase de agentes antineoplásicos que interferem nas funções e na reprodução celular com o objetivo de causar a destruição das células malignas Os antineoplásicos não possuem toxicidade seletiva para as células malignas desta forma atingem também células sadias dos tecidos de rápida proliferação Por este motivo são obrigatórios períodos de interrupção da quimioterapia para recuperação do doente visto que para o tratamento são necessárias doses repetidas de antineoplásicos durante longos períodos A radioterapia utiliza radiação ionizante proveniente de aparelhos por exemplo bomba de cobalto ou de materiais radiativos por ex Césio137 Irídio192 para destruir as células malignas A bioterapia emprega agentes chamados Modificadores de Resposta Biológica MRB para modificar o funcionamento do sistema imune imunidade celular ou humoral do paciente e produzir efeito antitumoral através de ação estimulante ou supressora Os agentes utilizados como MRB incluem as interleucinas os interferons os fatores estimulantes de crescimento de colônias os anticorpos monoclonais o Bacilo CalmetteGuerin BCG o levamisol e os indutores de diferenciação celular A hormonioterapia é uma estratégia clínica para tratar os tumores hormôniodependentes em que o bloqueio da produção de determinados hormônios através de medicamentos específicos pode reduzir o hormônio responsável pelo crescimento do tumor O transplante de medula óssea TMO visa tratar a doença através da substituição da medula óssea doente pela sadia e restabelecer assim a função medular normal O preparo para o TMO compreende a realização de quimioterapia fase de condicionamento e em alguns casos a radioterapia no corpo inteiro A fase subseqüente é a infusão da medula óssea que pode ser obtida de doador geneticamente similar ao receptor alogênico de doador gêmeo idêntico do receptor singênico ou do próprio receptor após o prétratamento da medula doente autólogo Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Angela M G Pierin1 Décio Mion Jr2 Última Atualização 9262001 74254 AM 1 Professora Livre Docente da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 2 Professor Livre Docente Da Disciplina de Nefrologia da faculdade de Medicina da universidade de São Paulo A hipertensão arterial como problema de saúde pública A hipertensão arterial é uma doença de natureza multifatorial caracterizada pela elevação da pressão arterial freqüentemente associada a alterações metabólicas e hormonais e fenômenos tróficos Acomete um grande número de pessoas cerca de 15 a 20 da população adulta chegando a 50 nos idosos Atinge mais pessoas do sexo masculino até 4550 anos e a partir desta faixa a prevalência é maior nas mulheres Tende a ser mais prevalente entre negros e também naqueles com história familiar para hipertensão Em crianças e adolescentes também aparece de maneira considerável A hipertensão arterial é considerada um dos principais fatores de risco cárdio e cerebrovasculares A presença de hipertensão duplica o risco cardiovascular Além disto a hipertensão é o primeiro fator de risco para acidente vascular cerebral Ademais cerca de 90 das pessoas em estágio final de doença renal têm história de hipertensão Ressaltase ainda o alto custo social em nosso meio pois a hipertensão é responsável por cerca de 40 dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo ao trabalho Em face dessas considerações salientase a importância de que todos os profissionais da área da saúde devam concentrar esforços na prevenção através da adoção de hábitos de vida saudáveis na detecção precoce da doença por meio da medida regular da pressão arterial e uma vez identificada a doença o controle adequado corrigindo ou evitando complicações A identificação da hipertensão arterial A hipertensão arterial é uma doença praticamente assintomática e a sua identificação se faz através da medida da pressão arterial Valores persistentemente iguais ou maiores do que 140 mmHg para a pressão sistólica eou 90 mm Hg para a diastólica são considerados hipertensão O Quadro 1 apresenta a classificação dos níveis da pressão arterial para pessoas adultas Em crianças e adolescentes por meio de tabelas classificase a pressão arterial em função do percentil de estatura idade e sexo Para valores abaixo do percentil 90 normotensão entre 9095 normal limítrofe e acima do percentil 95 hipertensão Quadro 1 Classificação diagnóstica da hipertensão arterial 18 anos III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial 1998 III CBHA Pressão Arterial mm Hg Diastólica Sistólica Classificação 85 130 Normal 8589 130139 Normal Limítrofe 9099 140159 Hipertensão Leve estágio 1 100109 160179 Hipertensão Moderada estágio 2 110 180 Hipertensão Grave estágio 3 90 140 Hipertensão Sistólica Isolada O diagnóstico da hipertensão baseiase no achado de níveis acima da normalidade através da medida da pressão arterial pelo método indireto em pelo menos duas ou mais visitas no mínimo duas medidas em cada vez na posição sentada eou deitada e na primeira avaliação nos dois braços Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Sonia Aurora Alves Grossi1 Última Atualização 9262001 74240 AM 1 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Médicocirúrgica da Escola de Enfermagem da USP 1 Introdução O diabetes mellitus é uma doença que exige toda uma vida de comportamentos especiais de autocuidado para que a glicemia seja mantida o mais próximo possível da normalidadeSMELTZER BARE 1993 O controle inadequado do diabetes ao longo dos anos da doença representa ameaça à vida do paciente pois favorece a precocidade e o risco aumentado de doenças coronarianas acidentes vasculares cerebrais retinopatia nefropatia insuficiência vascular periférica neuropatia periférica neuropatia autonômica e morte prematura entre outras O impacto do diabetes mellitus como um sério problema de saúde pública está no fato de que a maioria das complicações crônicas inerentes à doença é altamente incapacitante para a realização das atividades diárias e produtivas compromete a qualidade de vida e o tratamento das mesmas e é extremamente oneroso para o sistema de saúde Evidências a partir de observações clínicas epidemiológicas e bioquímicas demonstradas por dois dos estudos prospectivos mais significantes em diabetes DCCT 1993 e UKPDS 1998 indicam que a manutenção de parâmetros glicêmicos e da pressão arterial próximos à normalidade podem reduzir a incidência e a severidade das complicações neuropáticas macro e microvasculares Os resultados desses estudos salientaram a necessidade de expansão de equipes de cuidado à saúde médicos especialistas e educadores em diabetes entre outros maior esforço profissional na educação em diabetes melhor relacionamento entre especialistas e cuidadores além de planejamento de recursos financeiros Evidenciaram também que os benefícios a longo prazo de ter diabéticos com melhor qualidade de vida mais produtivos e com menos complicações compensariam os custos com o rígido controle A obtenção de bom controle metabólico ao longo da vida não é fácil pois o diabetes é uma doença imprevisível e também porque cada pessoa responde de maneira diferente ao tratamento Assim sendo e considerando que 99 dos cuidados diários necessários ao tratamento do diabetes são realizados pelo paciente ou familiar a educação assume importância fundamental na terapêutica e na integração do diabético na sociedade como reconhece a Organização Mundial da Saúde 2 Educação para o manejo do diabetes mellitus Esculpida em uma pedra em frente à Clínica Joslin construída em 1955 em Boston encontrase a inscrição que refletiu a convicção de Elliot P Joslin A Educação não é somente parte do tratamento do diabetes é o próprio tratamento A importância da educação no manejo do diabetes é reconhecida desde a década de 20 tornouse formal como experiência pioneira na clínica Joslin em 1930 foi oficializada em alguns países a partir da década de 70 mas foi nas décadas de 80 e 90 que a equipe de saúde passou a acreditar na educação como forma de obtenção de controle metabólico mais adequado A educação em diabetes é importante porque permite que os pacientes se sintam melhor propicia um melhor controle metabólico favorece o decréscimo dos custos com o tratamento e protege contra a prática profissional inadequada O cuidar em diabetes na perspectiva de rígido controle glicêmico está tendo necessidade de redirecionamento Assim sendo o programa educativo em diabetes deve ter como objetivos Educação em diabetes Objetivos G Aumentar os conhecimentos sobre diabetes G Desenvolver habilidades para o autocuidado G Estimular a mudança de comportamento G Oferecer suporte para o manejo dos problemas diários decorrentes da doença G Prevenir as complicações agudas e crônicas da doença A educação de pessoas com diabetes deve ser pensada com um processo onde se consiga proporcionar à elas experiências que influenciem sua compreensão suas atitudes e suas práticas relacionadas ao viver com diabetes Desta forma pontuaremos a seguir o que acreditamos constituamse competências de todo educador em diabetes Competências do educador em diabetes G Avaliação do déficit de conhecimento e dos aspectos psicossociais G Desenvolvimento de habilidades de sobrevivência G Educação continuada aprofundada e atualizada G Adoção de estratégias de mudança de comportamento Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Cibele Andrucioli de Mattos Pimenta1 Última Atualização 9262001 74432 AM 1 Enfermeira Professora LivreDocente do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Esse capítulo é síntese do livro Dor manual clínico de enfermagem de autoria de Pimenta CAM e colaboração de Secoli SR Garcia DM Calil AM Kurita GP Gutierrez BAO e Martins LMM Dor é uma das principais causas de procura pelo sistema de saúde Quando não controlada é descrita como responsável pelo aumento da ocorrência ou agravamento de complicações especialmente pósoperatórias e póstraumáticas pelo prolongamento das internações por aumento dos custos e pela menor satisfação do doente com os tratamentos Está entre as principais causas de sofrimento desgaste físico psíquico e social prejuízo às atividades de vida diária piora da qualidade de vida absenteísmo ao trabalho licenças médicas aposentadoria por doença indenizações trabalhistas e baixa produtividade em condições crônicas Disto resulta a importância de se preparar os profissionais de saúde para lidarem com o tema 1 DOR Conceitos Básicos Dor foi conceituada pela Associação Internacional para Estudos da Dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano tecidual real ou potencial ou descrita em termos de tais danos Cada indivíduo aprende a utilizar este termo através de suas experiências anteriores Dessa definição corroborase que a relação lesão tecidual e dor não é exclusiva ou direta e que na experiência dolorosa aspectos sensitivos emocionais e culturais estão imbricados de modo indissociável Depreendese ainda que dor é sempre uma experiência subjetiva que pode ser compartilhada a partir do relato de quem a sente A dor pode ser classificada em aguda crônica neuropática e nociceptiva A dor aguda está relacionada a afecções traumáticas infecciosas ou inflamatórias há expectativa de desaparecimento após a cura de lesão a delimitação têmporoespacial é precisa há respostas neurovegetativas associadas elevação ou diminuição da pressão arterial taqui ou bradicardia taqui ou bradipnéia entre outras ansiedade e agitação psicomotora Essas respostas são freqüentes e têm a função biológica de alertar o organismo sobre a agressão A dor crônica é aquela que persiste após o tempo razoável para a cura de uma lesão ou que está associada a processos patológicos crônicos que causam dor contínua ou recorrente Não tem mais a função biológica de alerta geralmente não há respostas neurovegetativas associadas ao sintoma é mal delimitada no tempo e no espaço e ansiedade e depressão são respostas emocionais freqüentemente associadas ao quadro É de controle mais difícil e muitas vezes não se observa relação entre a existência e a magnitude de lesão tecidual e a queixa de dor A dor crônica é causa de inúmeros afastamentos do trabalho de ônus ao sistema de saúde e à sociedade e de sofrimento ao indivíduo e à sua família São exemplos de dor crônica dores oncológicas lombalgias cefaléias lesões por esforços repetitivos fibromialgia neuropatia dolorosa diabética e dor pósherpes zoster entre outras Dor neuropática decorre de lesão parcial ou total de vias sensitivas do sistema nervoso periférico ou central como nos casos de neuropatia dolorosa diabética neuralgia do trigêmio dor após acidente vascular cerebral invasão de nervos ou plexos por tumores etc Dor nociceptiva é aquela decorrente da elevada síntese de substâncias inflamatórias algiogênicasque geram dor como nos casos de cortes fraturas infecções etc Dor mista é aquela em que há elementos neuropáticos e nociceptivos É comum nas dores oncológicas O tratamento da dor neuropática e nociceptiva apresenta diferenças Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Yeda Aparecida de Oliveira Duarte1 Última Atualização 9262001 74548 AM 1 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgico da EEUSP O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e que adquire características muito peculiares em nosso país dada a velocidade com que vem se instalando Estimativas apontam para uma cifra de 32 a 33 milhões de pessoas com mais de 60 anos2 no ano de 2025 Antes denominado um país de jovens hoje o Brasil já pode ser considerado um País estruturalmente envelhecido segundo padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde Desta forma é fundamental que as pessoas em geral e os profissionais de saúde em especial compreendam o processo de envelhecimento e suas peculiaridades de forma a direcionarem seus esforços na construção de um futuro digno e humano a todos Dentre as muitas definições de envelhecimento temos utilizado a citada por BABB e adotada pela OPAS na qual envelhecer é um processo seqüencial individual acumulativo irreversível não patológico de deterioração de um organismo maduro próprio a todos os membros de uma espécie de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e portanto aumente sua possibilidade de morte Desta definição ressaltamse alguns pontos 1o o envelhecimento é um processo e assim sendo é algo que vai sendo construído no transcorrer da existência humana Não ficaremos velhos aos 60 70 ou 80 anos estamos envelhecendo a cada dia porém dificilmente isto é aceito pelas pessoas em virtude de mitos e esteriótipos socialmente impostos que colocam o velho como uma seção à parte da sociedade para a qual só gera ônus uma vez que já não faz mais parte do mercado produtivo Estas imposições sociais são tão expressivas que na maioria das vezes as pessoas se referem aos idosos como aqueles que têm pelo menos 15 anos mais que elas independente da idade que as mesmas possuem É interessante no entanto relembrar que só não ficará idoso ou velho o indivíduo que morrer jovem o que sem dúvida não é anseio nem das pessoas e tampouco da ciência que há muito vem trabalhando para prolongar os anos de existência do ser humano 2o envelhecer é um processo fisiológico e natural pelo qual todos os seres vivos passam e é sem dúvida a maior fase do desenvolvimento humano Nascemos crescemos e amadurecemos deste momento até a nossa morte passamos a vida toda envelhecendo Nesta fase várias alterações fisiológicas ocorrerão de modo mais ou menos acentuado e com velocidades variáveis entre as diferentes pessoas geralmente relacionados a variáveis pessoais Tais alterações têm por característica principal a diminuição progressiva de nossa reserva funcional Isto significa dizer que um organismo envelhecido em condições normais poderá sobreviver adequadamente porém quando submetido a situações de estresse físico emocional etc pode apresentar dificuldades em manter sua homeostase manifestando assim sobrecarga funcional que pode culminar em processos patológicos O conhecimento e a compreensão de tais alterações são fundamentais para evitar dois grandes equívocos assistências citadas por JACOB Fo onde G sinais e sintomas próprios da senescência são equivocadamente atribuídos a doenças determinando a realização de exames e tratamentos desnecessários Nada mais é do que diagnosticar o envelhecimento como doença G todas as alterações encontradas em um idoso são erroneamente atribuídas ao seu envelhecimento natural impedindo a detecção de processos patológicos passíveis de tratamento eou cura Neste capítulo buscase discorrer sobre alguns aspectos do processo de envelhecimento e suas conseqüências e refletir sobre o cuidado com a pessoa idosa 2 Segundo a Lei no 884294 que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso em seu capI art 2o considera se idoso para efeitos desta lei a pessoa maior de 60 anos de idade Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Profa Dra Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira1 Profa Dra Luciana de Almeida Colvero2 Última Atualização 9262001 74804 AM 1 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrico da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 2 Professora Assistente do departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrico da escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Introdução O processo de construção do Sistema Único de Saúde regulamentado pela Constituição de 1998 e por leis complementares no campo da saúde tem como pressupostos básicos os princípios da universalização da integralidade da descentralização e a participação popular O fato apresentado colocanos diante da constatação que houve avanços na legislação do setor porém o mesmo não pode ser evidenciado na prática efetiva dos serviços de atenção à saúde da população O modelo de assistência que predomina no País tem suas práticas centradas no atendimento terciário e que tem o hospital como meio e fim do cuidado aos indivíduos que sofrem agravos à saúde Considerando a realidade apresentada o Ministério da Saúde em 1994 instituiu um novo modelo de atenção à saúde da população que busca a reorientação do modelo tradicional vigente o qual está centrado no Programa de Saúde da Família Segundo COSTA NETO 2000 A estratégia de Saúde da Família propõe uma nova dinâmica para a estruturação dos serviços de saúde bem como para a sua relação com a comunidade e entre os diversos níveis de complexidade reconhecendo a saúde como um direito de cidadania e expressa pela qualidade de vida Esta estratégia tem como premissa básica a vigilância à saúde e o enfoque de risco como metodologia que orienta os trabalhos tendo em vista o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis procurando adequálos às reais necessidades da população Desta forma a família foi eleita em seu contexto sociocultural como núcleo básico no atendimento à saúde Para dar conta desse novo objeto de atenção está em questão a importância de que o enfermeiro e toda a equipe de saúde perceba a multicausalidade dos agravos à saúde sejam eles de ordem física mental ou social tanto individual como coletivo tendo sempre em vista os indivíduos como sujeitoscidadãos em seu meio ambiente e em seu contexto sociofamiliar Estas importantes mudanças no sistema de saúde do País no momento atual caracterizam um cenário privilegiado para implementação de transformações significativas das práticas e saberes na área de Saúde Mental Afinal são quatrocentos milhões de pessoas que sofrem hoje no mundo de perturbações mentais e neurológicas ou problemas psicológicos Além do sofrimento e da falta de cuidados essas pessoas vivenciam o estigma a vergonha e a exclusão e com muita freqüência a morte OPAS 2000 No Brasil segundo ALVES et al 1994 a prevalência global de transtornos mentais na população brasileira está estimada em 20 Pesquisas epidemiológicas realizadas em cidades brasileiras de diferentes regiões encontram prevalências de demanda por cuidado psiquiátrico que variam de 34 Brasília e Porto Alegre e 19 São Paulo dados que ainda são representativos nos dias de hoje Em face do exposto entendese a pertinência da apresentação de alguns aspectos relevantes que estão a nortear o campo da saúde mental buscando contribuir para articulação da díade proposta Saúde Mental no Programa de Saúde da Família Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Luciana Colvero1 Yeda Aparecida de Oliveira Duarte2 Última Atualização 9262001 74750 AM 1 Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP 2 Enfermeira Professora Doutora do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica da Escola de Enfermagem da USP Um fato relevante para a prática assistencial contemporânea do enfermeiro é o aumento da demanda por atendimento psiquiátrico nos serviços de saúde de pessoas acima de 60 anos Diante deste fato não se pode desconsiderar que a habilitação e preparação de técnicos de nível superior para o cuidado geral do idoso particularmente quanto ao seu universo psicológico é uma das tarefas necessárias e primordiais para os próximos anos em todos os países notadamente no Brasil Isto se dá em conseqüência do expressivo envelhecimento populacional fenômeno este universal O Brasil inserindose no contexto mundial apresentou um processo de crescimento populacional que se tornou mais notável até o Censo de 1970 De lá para cá as expectativas de crescimento anual elevado não se concretizaram e o que se pode observar é que houve um decréscimo dessas taxas chegando à cifra de 16 ao ano Censo 2001 com menos nascimentos e acentuada redução da mortalidade infantil diminuição da fecundidade e aumento da expectativa de vida tendo por conseqüência o envelhecimento populacional Até o ano de 2025 teremos a 6ª maior população idosa do mundo Porém será nítida a queda do padrão de vida dos cidadãos muitos dos quais já vivem espremidos em favelas nos grandes centros urbanos ou nas periferias das cidades vivendo na base da chamada economia informal A rapidez com que esse fenômeno vem ocorrendo levanos a indagar se o País conseguirá se adaptar e efetuar mudanças que favoreçam a instalação de condições mínimas e fundamentais para um envelhecimento saudável de forma a assistir adequadamente a esta população quando de seu adoecimento Buscandose alertar os profissionais da área de saúde para a triste questão das pessoas idosas portadoras de distúrbios psiquiátricos elaboramos este texto com a intenção também de contribuir para a orientação e facilitação do diaadia daqueles que diretamente cuidam destas pessoas Evidenciouse que esse grupo populacional se tornará nas próximas décadas um dos maiores problemas de saúde pública em nosso meio o que já ocorre nos países mais desenvolvidos Dentre os distúrbios psiquiátricos que mais estão associados ao envelhecimento daremos destaque às síndromes demenciais e em especial ao denominado mal de Alzheimer As síndromes demenciais caracterizamse por um empobrecimento progressivo de todos os processos psíquicos cognitivos e afetivos É decorrente de doença cerebral difusa crônica que afeta principalmente o córtex dos hemisférios cerebrais e também subcorticais e tem em geral um curso progressivo É uma síndrome de disfunção adquirida e persistente que compromete ao menos três das seguintes atividades mentais linguagem memória capacidade visoespacial personalidade cognição julgamento e solução de problemas Estimase uma prevalência de 1 a 2 entre os idosos com 60 anos 3 a 9 entre os de 65 e mais anos taxa esta que se duplica a cada 5 anos até alcançar a cifra de 32 na faixa de 85 anos quando tende a se estabilizar Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Ana Luisa Aranha e Silva1 Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira2 Última Atualização 9262001 74734 AM 1 Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP O acometimento de doença mental no membro de um núcleo familiar tende a se transformar numa realidade permeada por sofrimento e dor Tal evento representa uma crise que é expressa pela gravidade de sua manifestação e devida ao longo tempo de duração dos sintomas os fracassos sociais dos pacientes as dificuldades de comunicação e interação produzindo no portador individual e nos familiares vivências de frustração e desespero e um convite para um progressivo isolamento da vida comunitária MELMAN 1998 Este quadro desalentador evidencia entre outros um sentimento de culpa dos pais em relação aos filhos e destes com relação aos pais Via de regra os prestadores de assistência também responsabilizam os familiares como os produtores de relações conflitivas e adoecedoras Estrutura familiar e as ações em saúde O núcleo familiar ou família nuclear2 ocidental moderna é responsável pela educação formação identificação e ajuste de qualquer desvio ou transtorno dos filhos A ruptura de expectativas que tendem à normalidade nascer crescer estudar namorar casar procriar ter emprego estável constitui um fator de angústia e sofrimento Esta condição caracteriza as sociedades industriais que nasceram no final do século XVIII na consolidação do modo capitalista de produção ARIÉS 1981 cuja referência de normalidade é a capacidade das pessoas estarem incluídas no jogo das trocas sociais isto é aderidas ao sistema produtivo Coerente ao processo de responsabilização e nuclearização da família as intervenções junto aos familiares de portadores de doença mental vêm sendo construídas implementadas e definidas pelo viés da normatização ou desvio pela culpabilização ou indiferença institucional pelo isolamento profilático por meio da internação psiquiátrica ou isolamento social via abandono Sob a égide da ciência positiva o olhar prevalente para o fenômeno do adoecimento mental focaliza os sintomas conflitos problemas na comunicação as desabilidades efetivas cognitivas laborativas e relacionais ou seja nesses duzentos anos de psiquiatria a assistência ao doente individual tem reservado pouco espaço para a incorporação e implicação afetiva ou operativa dos familiares no decurso do tratamento de seu ente consangüíneo Isto porque o modelo hospitalar hegemônico no ocidente reforça a necessidade do isolamento da doença e conseqüentemente do seu portador para melhor observála estudála e tratála Este é o projeto psiquiátrico e o seu objeto de intervenção a doença SILVA et al 2000 Coerentemente ao isolamento da doença aderese o isolamento do sujeito doente o seu afastamento do núcleo de referência familiar o empobrecimento das relações e a dificuldade de experimentar vivências enriquecedoras Tal mecanismo retroalimenta um velho mito no campo da saúde mental que é a suposta acomodação dos familiares frente ao sofrimento mental ou a sua autodesobrigação frente ao tratamento assim como a desobrigação autorizada pela instituição prestadora de assistência uma vez que a impede de acessar o intramuros hospitalar uma roda viciosa e viciada que tende à manutenção do estatuto da culpa e abandono A psiquiatria tem contribuído muito no campo da pesquisa psicofarmacêutica Entretanto após tratar a doença restam o doente o póscrise a vida cotidiana a convivência em casa com a vizinhança o jeito bizarro de ser e viver a dificuldade na obtenção ou manutenção de trabalho a impossibilidade de lazer etc O manejo das situações onde tal humanidade da populaçãoalvo está a descoberto pode buscar amparo num campo ampliado da concepção do processo saúdedoença mental e seu tratamento Este é o campo psicossocial 2 Família nuclear é um tipo de estrutura familiar vista nas sociedades industrializadas e consiste de duas gerações pais e filhos TAYLOR 1992 Nas sociedades complexas cresce o número de grupos humanos que não atendem aos critérios dos vínculos legais ou consangüíneos tradicionais e que identificamse como famílias TAYLOR 1992 Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Lislaine Aparecida Fracolli1 Lúcia Yasuko Izumi Nichiata2 Última Atualização 9262001 75602 AM 1 Profa Dra do Depto Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Profa Assistente do Depto Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP Neste texto será abordada a intervenção do enfermeiro junto às Doenças Transmissíveis através das concepções da Vigilância Epidemiológica As intervenções serão desenvolvidas a partir de um exercício pedagógico baseado no material Treinamento Básico de Vigilância Epidemiológica TBVE do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo O Ministério da Saúde disponibilizou o Guia de Vigilância Epidemiológica Brasil 1998 no site httpwwwfnsgovbr Este guia contém as ações e atividades relativas ao desenvolvimento da Vigilância Epidemiológica das Doenças de Notificação Compulsória de interesse nacional 1 Este exercício constituise em um estudo de caso desencadeado a partir da ocorrência de uma doença transmissível num dado território e as ações de Vigilância Epidemiológica VE que devem ser desenvolvidas Descrição da situação avaliando a ocorrência de um surto de febre tifóide Numa segundafeira 15 de junho durante visita domiciliária a uma família você identifica que um dos seus membros está acamado bastante abatido referindose estar com mal estar cefaléia e febre desde sábado Ao discutir o caso com a agente comunitária da sua área a mesma relata que outras pessoas da região também estão apresentando um quadro semelhante Sem outras informações o que você deve fazer Procurar obter mais informações sobre os sinais e sintomas que as pessoas vêm apresentando e tentar identificar que doença seria essa na tentativa de confirmar se estaria ocorrendo um surto A agente comunitária acompanha você a uma visita domiciliária às cinco famílias que segundo ela tinham pessoas com sintomas semelhantes Nessa visita você obteve as seguintes informações G todas as pessoas com sintomas tinham participado de uma festa junina do bairro dia 1º de junho G duas pessoas foram atendidas no hospital regional dia 14 de junho com um importante comprometimento do estado geral com um quadro clínico claramente infeccioso dos quais foram colhidas amostras de sangue para a realização de exames hemograma e hemocultura Quais outras informações você deveria pesquisar Das pessoas internadas o resultado dos exames laboratoriais e as informações da ficha de atendimento hospitalar com hipótese diagnóstica e condutas Das pessoas nãointernadas data de início dos sintomas se procurou atendimento em algum serviço de saúde se fez exames laboratoriais e quais foram seus resultados Além desses dados sobre idade sexo ocupação e condições de habitação bem como outras informações que você julgar pertinente para a caracterização da doença As informações que você coletou dos prontuários de internação e das entrevistas estão resumidas no Quadro I Na Unidade de saúde entre as pessoas agendadas para a consulta de enfermagem no dia 15 de junho você atendeu duas outras que apresentavam os mesmos sintomas malestar cefaléia e febre identificados na visita domiciliária realizada pela manhã Na consulta de enfermagem você obtém a informação de que estes pacientes apresentavam estes sintomas há três dias e também tinham participado da festa junina Você incluiria estes dois casos junto aos demais descritos no quadro I Quais as hipóteses diagnósticas poderiam ser levantadas a partir do quadro clínico de todas essas pessoas Quadro I Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Renata Ferreira Takahashi1 Maria Amélia de Campos Oliveira2 Última Atualização 9262001 75548 AM 1 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP O conceito e a finalidade da Vigilância Epidemiológica Segundo o Ministério da Saúde a Vigilância Epidemiológica VE compreende o conjunto de atividades que proporcionam as informações indispensáveis para conhecer detectar ou prever qualquer mudança nos determinantes e condicionantes do processo saúdedoença com a finalidade de recomendar e executar as medidas de prevenção controle e tratamento das doenças As transformações históricas do conceito da Vigilância Epidemiológica Desde a década de 50 a prática da VE vem sendo continuamente reformulada Inicialmente a VE caracterizouse pela observação sistemática e ativa da ocorrência de determinadas doenças transmissíveis em indivíduos através de ações voltadas mais para a vigilância das pessoas do que dos fatores de risco ou para os condicionantesdeterminantes dos agravos à saúde As ações compreendiam a quarentena e o isolamento dos doentes e seus contatos Na metade da década de 60 o conceito de VE foi ampliado passando a ter como foco de ação não só o indivíduo mas também a coletividade Gradativamente foi incorporando ações de monitoramento avaliação pesquisa e intervenção através do desenvolvimento das campanhas e dos programas de erradicação das doenças transmissíveis Foi nessa época que o registro dos dados sobre a doença passou a fazer parte da VE tornando possível conhecer a maneira como as doenças ocorriam O seu conceito sofreu uma revisão ainda mais abrangente na década seguinte com a criação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica que apesar de estar voltado principalmente para o controle de doenças transmissíveis de notificação compulsória passou a incluir também outros tipos de agravos Na proposta de tal Sistema era nítida a divisão entre as ações coletivas e de caráter preventivo atribuídas à saúde pública e as ações individuais e curativas associadas ao complexo médicohospitalar como se as últimas estivessem situadas à margem desse Sistema Foram definidas a finalidade as funções e as atividades integrantes da VE que passou a ser concebida como um conjunto de atividades que permite reunir a informação indispensável para conhecer em todo momento o comportamento ou história natural da doença detectar ou prever qualquer mudança que possa ocorrer por alterações dos fatores condicionantes com o fim de recomendar oportunamente sobre bases firmes as medidas indicadas eficientes que levem à prevenção e ao controle da doença A Vigilância Epidemiológica no SUS A reformulação do Sistema Único de Saúde que ocorreu durante toda a década de 80 culminou com a aprovação da Lei Orgânica da Saúde Lei no8080 em 1990 em que a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes entre outros a alimentação a moradia o saneamento básico o meio ambiente o trabalho a renda a educação o transporte o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país A incorporação do conceito ampliado de saúde ao SUS demandou uma readequação do conceito de VE e foi a partir daí que as doenças transmissíveis deixaram de ser o único objeto da VE tendo sido incorporados os seus determinantes e também as condições que influenciam a sua ocorrência e manifestação Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Renata Ferreira Takahashi1 Maria Amélia de Campos Oliveira1 Última Atualização 3102004 122620 PM 1 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP A origem do conceito de vulnerabilidade e sua utilização na saúde O conceito de vulnerabilidade nasceu na área dos Direitos Humanos tendo sido incorporado ao campo da saúde a partir dos trabalhos realizados na Escola de Saúde Pública de Harvard por Mann sobre a aids Para compreender como se deu tal incorporação é necessário recuperar a trajetória histórica dessa epidemia a partir dos anos 80 A identificação dos primeiros casos em pessoas que já eram discriminadas socialmente homossexuais usuários de drogas associada ao medo de uma doença desconhecida levou à ampla disseminação do conceito de grupo de risco para a aids o que contribuiu para que a síndrome fosse pensada como uma doença do outro As primeiras campanhas de prevenção além de serem insuficientes para evitar a disseminação da doença estimularam o preconceito e a discriminação O avanço do conhecimento sobre a síndrome na segunda metade da década de 80 e a maior disseminação de informações aliada à pressão exercida por aqueles considerados grupos de risco cooperaram para a emergência de um outro conceito conhecido como comportamento de risco Sem dúvida houve uma evolução na concepção pois estimulava a adoção individual de medidas de prevenção e propiciou a explicitação da suscetibilidade coletiva isto é a noção de que todos são suscetíveis Por outro lado foi nesse período que se intensificou a atribuição de culpa àqueles que eram infectados e se acentuou a percepção dos limites das intervenções que encaminhavam para uma mudança de comportamento na dependência apenas de um dado conhecimento e do desejo de mudança No final desse período começou a ficar mais evidente a ocorrência da síndrome nos grupos socialmente mais vulneráveis como os pobres as mulheres e os jovens Na última década concretizaramse avanços significativos na terapêutica e nos recursos para o diagnóstico da infecção e para deter sua evolução No entanto apesar dos benefícios dos novos instrumentos disponíveis para o controle da epidemia este não foi alcançado Por outro lado propostas envolvendo intervenções de alcance social e estrutural foram fortalecidas e passaram a ser vistas como fundamentais para o alcance desse objetivo Em seus trabalhos Mann e colaboradores 1993 passaram a utilizar o conceito de vulnerabilidade e a elaborar indicadores para avaliar o grau dessa vulnerabilidade à infecção e ao adoecimento pelo HIV considerando três planos interdependentes de determinação Com base nesses estudos podese dizer que o conceito de vulnerabilidade busca avaliar a suscetibilidade de indivíduos ou grupos a um determinado agravo à saúde Na vulnerabilidade individual considerase o conhecimento acerca do agravo e a existência de comportamentos que oportunizam a ocorrência da infecção Devese compreender que os comportamentos não são determinados apenas pela ação voluntária da pessoa mas especialmente pela sua capacidade de incorporar ou melhor de aplicar o conhecimento que possui transformando o comportamento que a torna suscetível ao agravo Orientam este grau de vulnerabilidade pressupostos de que qualquer pessoa é vulnerável ao HIV os meios que a pessoa dispõe para se proteger determinam sua vulnerabilidade quanto maior o amparo social e a assistência à saúde menor será sua vulnerabilidade a vulnerabilidade é determinada por condições cognitivas acesso à informação reconhecimento da suscetibilidade e da eficácia das formas de prevenção comportamentais desejo e capacidade de modificar comportamentos que definem a suscetibilidade e sociais acesso a recursos e capacidade de adotar comportamentos de proteção Na vulnerabilidade programática levase em conta o acesso aos serviços de saúde a forma de organização desses serviços o vínculo que os usuários dos serviços possuem com o profissional as ações preconizadas para a prevenção e o controle do agravo e os recursos sociais existentes na área de abrangência do serviço de saúde Na vulnerabilidade social avaliase a dimensão social do adoecimento utilizandose indicadores capazes de revelar o perfil da população da área de abrangência no que se refere ao acesso à informação rádio e TV gastos com serviços sociais e de saúde acesso aos serviços de saúde coeficiente de mortalidade de crianças menores de cinco anos a situação da mulher o índice de desenvolvimento humano e relação entre gastos com educação e saúde Avaliando a vulnerabilidade A avaliação da vulnerabilidade visa responder algumas questões Qual é a vulnerabilidade ao agravo do grupo social descrevaa O que fazer para diminuir a vulnerabilidade das pessoas ao agravo O que já foi realizado Até que ponto a vulnerabilidade pode ser diminuída Como diminuir essa vulnerabilidade através de atividades que provoquem mudanças nos serviços sociais e de saúde existentes na área de abrangência Como diminuir a vulnerabilidade através mediante de atividades que provoquem mudanças sociais no espaço geossocial do grupo Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde
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Temas da Área de Enfermagem Apresentação Elaboração de Materiais Instrucionais para Educação à Distância do Programa de Saúde da Família A Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo EEUSP através do Núcleo de Apoio às Atividades de Cultura e Extensão Assistência de Enfermagem em Saúde Coletiva NACEAENSC estabeleceu uma profícua parceria junto ao Instituto para o Desenvolvimento da Saúde IDS que resultou na elaboração de material didático para apoiar os processos de capacitação de enfermeiros que atuam no Programa de Saúde da Família PSF A missão da EEUSP no projeto foi contribuir para o processo de divulgação de conhecimentos através da produção de textos pedagógicos de circulação nacional voltados para o fortalecimento das práticas de enfermagem em nível local de saúde necessário para o efetivo avanço da implementação do SUS Apesar do entendimento de que a construção de um novo modelo assistencial não se restringe às transformações na prática de uma única categoria profissional os textos foram dirigidos aos enfermeiros entendendose que em várias situações os mesmos podem ser utilizados pela equipe como um todo no planejamento da atenção às famílias adscritas Esse aspecto é fundamental sobretudo na proposta do Programa de Saúde da Família na qual o trabalho em equipe é um dos eixos fundamentais na estruturação das novas práticas Pautouse no entendimento do PSF como um projeto de reorganização da atenção básica dos serviços de saúde que pode se configurar na articulação dos modelos tecnoassistenciais que abarcam a prática clínica informada pelo instrumental epidemiológico à EEUSP cabe o desenvolvimento de 34 temas relacionados às intervenções de Enfermagem no PSF e aos processos de assistir e gerenciar com enfoque sobre indivíduos famílias e coletivo resgatandose a operacionalização do cuidado na perspectiva da promoção da saúde Este material não esgota a complexidade da operacionalização do cuidado no nível local de atenção à saúde porém se constitui num ponto de partida Outro aspecto que merece destaque é a possibilidade de atualizações futuras do material ora disponibilizado e ainda a inclusão de outras temáticas não abordadas nessa primeira versão O desenvolvimento do material contou com o envolvimento de docentes de todos os departamentos da EEUSP para sistematizar o conhecimento resultante de pesquisas nas diversas áreas de conhecimentos da enfermagem com o intuito de subsidiar a prática dos enfermeiros na perspectiva da construção da assistência integral em saúde Profa Dra Anna Maria Chiesa Profa Dra Elizabeth Fujimori Profa Dra Lislaine Aparecida Fracolli Coordenadoras do Projeto na EEUSP Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Outros Canais Vídeos Mapa do Site Manual do Site Ficha Técnica Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Outros Canais Vídeos Mapa do Site Manual do 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atendimento às suas necessidades Um outro ponto a ser destacado é o fato de que a concepção de saúdedoença dá suporte aos projetos de intervenção sobre a realidade Em outras palavras a prática cotidiana de assistência junto aos indivíduos e aos grupos sociais é orientada pela visão que se tem de saúde doença vida trabalho e assim por diante A concepção mais integral que diz respeito à associação entre as condições sociais e a produção da saúde ganhou nova força em meados da década de 70 sobretudo na América Latina palco do desenvolvimento de processos de exclusão social devido à adoção de determinadas políticas de ordens econômica e social Como resposta a essa situação na qual a maioria das populações exibe condições cada vez mais precárias em termos de acesso ao consumo uma vez que despojadas progressivamente de emprego e de salários dignos desenvolvese o embrião latente da denominada Medicina Social que permanecera mascarada pelo advento da era bacteriológica Fruto desse pensar que buscava uma compreensão diferenciada dos fenômenos sociais e inclusive de saúde consolidase o desenvolvimento da Teoria da Determinação Social do Processo SaúdeDoença que busca relacionar a forma como a sociedade está organizada às manifestações de saúde ou de doença E o que isso quer dizer Significa que a saúdedoença compõe momentos de um processo maior que se refere à vida das pessoas que por sua vez está intrinsecamente ligada ao potencial que elas têm ao acesso às necessidades para viver a vida seja a moradia a alimentação a educação a saúde o lazer etc Ter acesso numa sociedade como a brasileira depende da inserção no sistema de produção ou seja do local que a pessoa ocupa no trabalho Assim a depender da inserção no sistema de produção poderseá dispor de possibilidades maiores ou menores para o consumo Poratanto verificase que a saúdedoença depende em última instância do lugar que se ocupa na sociedade Evidentemente que não se estão deixando de lado as características particulares de cada ser humano conformadas através do genótipo fenótipo Assim a vida humana é forjada tanto na dimensão de processos que causam danos como daqueles que protegem as pessoas Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Maria Rita Bertolozzi 1 Lislaine Aparecida Fracolli1 Última Atualização 9262001 72910 AM 1 ProfessoraDoutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo O que são Perfis Epidemiológicos Historicamente o conhecimento epidemiológico tem sido aplicado no controle de saúde das populações Segundo FONSECA BERTOLOZZI 1997 a palavra epidemiologia significa etimologicamente ciência do que ocorre se abate sobre o povo O desenvolvimento de ações voltadas ao controle de saúde do coletivo e não somente do corpo individual acompanhou a redefinição progressiva da medicina como prática social Um marco nessa redefinição das práticas da medicina e da epidemiologia foi a Revolução Industrial pois até então a medicina era a prática dominante em saúde voltada primordialmente ao atendimento do corpo individual O Estado capitalista instaurado para responder às exigências do capital passou a preocuparse em vigiar as condições de saúde das populações pois estava interessado no controle e na reprodução da força de trabalho absolutamente necessários para garantir o processo de acumulação capitalista É importante considerar que a epidemiologia e as correntes de pensamento emergentes nessa época influenciaram a enfermagem Segundo FONSECA BERTOLOZZI 1997 Florence Nightingale teve uma importante contribuição para o redirecionamento da enfermagem com base no conhecimento epidemiológico da época e isso pode ser evidenciado quando Florence concebe a doença como um esforço da natureza para restaurar a saúde e a ação da enfermagem como sendo a de favorecer esse processo reparativo mediante o uso do ar puro da luz e do calor da limpeza do repouso e da dieta com um mínimo dispêndio das energias vitais do paciente de modo a mantêlo nas melhores condições para que a natureza pudesse nele agir FONSECA BERTOLOZZI apud CASTRO1997 Essas autoras consideram ainda que Florence construiu a enfermagem visando a manutenção de condições ótimas para a recuperação da saúde enfatizando a atenção individual embora desde o início de seu trabalho na Guerra da Criméia tenha baseado suas ações na observação do coletivo ao estudar as condições em que viviam os soldados feridos que segundo a mesma matavam muito mais que os próprios ferimentos de combate A visão de Florence sobre o processo saúdedoença conforme FONSECA BERTOLOZZI 1997 constituíase como um misto de várias concepções e seu livro foi reconhecido por líderes da ciência médicosanitária como um trabalho muito importante pois em sua essência revela a visão da autora sobre as necessidades de limpeza do ar da água das pessoas das roupas e dos ambientes além da iluminação do silêncio e da ordenação do dormitório do doente Tanto a Medicina Social quanto a Saúde Pública valeramse do conhecimento epidemiológico para realizar as ações de controle da saúde do coletivo uma vez que desde o seu nascimento a Epidemiologia como disciplina básica para a operacionalização dos projetos de intervenção se propôs a estudar a distribuição e os determinantes das doenças e dos agravos que desigualmente atingem a sociedade Os movimentos sociais de 1968 que contestavam o processo de exploração capitalista e buscavam uma forma de organização das sociedades que promovesse a justiça social reavivaram os projetos político e ideológico em que se fundamenta a Teoria da Determinação Social do Processo SaúdeDoença à luz da qual o processo saúdedoença da coletividade é entendido como sendo o modo específico pelo qual ocorre nos grupos o processo biológico de desgaste e reprodução destacando como momentos particulares a presença de um funcionamento biológico diferente com conseqüências para o desenvolvimento regular das atividades quotidianas isto é o surgimento da doença LAURELL 1983 Surgem então os primeiros estudos que impulsionaram a constituição do novo conhecimento epidemiológico e que conformaram a Epidemiologia Social Apoiado no valioso instrumental da Epidemiologia Clássica o campo da Epidemiologia Crítica que se associou à constituição do campo da Saúde Coletiva fundamentouse na compreensão de saúde e doença que coloca no centro da explicação dos determinantes da saúde o trabalho a produção capitalista e a ele subordinado a vida o consumo sob o comando do processo de acumulação capitalista Contrária à explicação meramente biológica do processo saúdedoença a Teoria da Determinação Social do Processo SaúdeDoença declara que os processos construtores e destrutivos da saúde processos de fortalecimento e de desgaste portanto os determinantes da saúde e da doença são parte dos processos de integração do homem no trabalho formas de trabalhar e na vida formas de viver Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Profa Dra Margareth Angelo1 Profa Dra Regina Szylit Bousso2 Última Atualização 9262001 72900 AM 1 Prof Titular da EEUSP Coordenadora do Grupo de Estudos de Enfermagem da Família 2 Prof Doutor da EEUSP Membro do Grupo de Estudos de Enfermagem da Família Introdução A família como unidade de cuidado é a perspectiva que dá sentido ao processo de trabalho do Programa de Saúde da Família PSF Esta perspectiva tem as seguintes características 1 Requer que se defina família 2 A assistência está voltada à experiência da família ao longo do tempo ou seja considera a sua história pregressa atual e se preocupa come o futuro do grupo familiar 3 É dirigida à família cujos membros encontramse tanto sadios como doentes 4 O sistema familiar é influenciado por qualquer mudança de seus membros 5 Reconhece que a pessoa mais sintomática doente da família pode mudar com o tempo 6 Considera os relacionamentos entre os membros da família e reconhece que em algumas situações todos os indivíduos e o grupo familiar não atingirão o máximo de saúde simultaneamente 7 Busca focalizar as forças dos membros da família e do grupo familiar para promover o apoio mútuo e o crescimento quando possível 8 Considera os contextos cultural e da comunidade do grupo familiar na facilitação da relações entre a família e a comunidade 9 Implica no profissional interagir com a família O que é família É uma palavra que desperta diferentes imagens Dependendo da área Sociologia Biologia Direito por exemplo e das variáveis selecionadas ambiental cultural social ou religiosa entre outras podemse focalizar aspectos específicos da família o que resulta em uma gama muito ampla de definições possíveis No entanto para fins operacionais de processo de trabalho e de comunicação é fundamental que uma definição seja adotada e partilhada pelos membros da equipe Assim podese considerar a família como um sistema ou uma unidade cujos membros podem ou não estar relacionados ou viver juntos pode conter ou não crianças sendo elas de um único pai ou não Nela existe um compromisso e um vínculo entre os seus membros e as funções de cuidado da unidade consistem em proteção alimentação e socialização O aspecto relevante desses atributos é que eles permitem que sejam incluídas na definição as várias formas de constituição familiar prevalentes na sociedade Ainda em relação ao aspecto operacional a definição deve também considerar as crenças da família sobre sua concepção de família Assim é fundamental perguntar quem a família considera ser família ainda que o PSF só cadastre os componentes de famílias que residirem na área de abrangência Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Profa Dra Regina Szylit Bousso1 Profa Dra Margareth Angelo2 Última Atualização 9262001 72848 AM 1 Prof Doutor da EEUSP Membro do Grupo de Estudos de Enfermagem da Família 2 Prof Titular da EEUSP Coordenadora do Grupo de Estudos de Enfermagem da Família Em nossa realidade o atendimento a uma família sempre se dá em função do surgimento de uma doença em um de seus membros Raramente olhamos a família como um grupo de pessoas que necessita de uma intervenção seja por dificuldades de relacionamentos surgidos por exemplo em função da doença ou simplesmente por estarem sofrendo com o surgimento da doença em um de seus integrantes Na saúde da família devese olhála de maneira a compreender o problema particular da doença numa abordagem que contemple o seu contexto É preciso perguntar Como a família está vivendo a chegada da doença Quais foram as mudanças na família desde que o indivíduo ficou doente Quem está sofrendo mais com a doença Assim para trabalhar na perspectiva de família é necessário acreditar que a doença é uma experiência que envolve toda a família Esse pressuposto permite que os enfermeiros pensem e envolvam todos os seus membros na sua assistência O processo de cuidar da família pode ser entendido como uma metodologia de ação baseada em um referencial teórico isto é o enfermeiro tem de ser competente em acessar e intervir com as famílias num relacionamento cooperativo profissionalfamília tendo como base uma fundamentação teórica Para tanto deve aliar os conhecimentos científico e tecnológico às habilidades de observação comunicação e intuição Objetivos da Intervenção O cuidado na saúde da família tem como objetivo a promoção da saúde através da mudança A proposta é ajudar a família a criar novas formas de interação para lidar com a doença dando novos significados para a experiência de doença Devese conhecer por exemplo o que a família pensa sobre o que causou a doença e as possibilidades de cura a fim de ajudar a família a modificar crenças que dificultam a implementação de estratégias para lidar com o cuidado da pessoa que está doente Estratégicas As estratégias devem ser no sentido não só de conhecer o impacto da doença sobre a família mas também de investigar como as interações entre os seus membros influenciam no desenvolvimento do processo de saúde e doença 1 Utilizar um modelo de avaliação e intervenção É importante que na prática clínica com famílias os enfermeiros adotem uma estrutura conceitual para basear sua avaliação de família Considerando a dinâmica de trabalho do Programa de Saúde da Família no qual o enfermeiro deve atender a mil famílias o uso de alguma estrutura conceitual facilita a síntese dos dados da família elucidando as dificuldades e as facilidades da família em relação à experiência com a doença O uso de estruturas conceituais facilita na organização dos dados direcionando o foco de intervenção O modelo de avaliação aqui sugerido é composto de fundamentações teóricas de várias disciplinas e que resultou em uma estrutura multidimensional com três grandes categorias relacionadas à família estrutural de desenvolvimento e funcional CFAM 1984 Os aspectos mais importantes da avaliação estrutural que podem ser explorados referemse a Avaliação Estrutural da Família O que perguntar Quem faz parte da família Como se dá o relacionamento entre os membros da família Quem se relaciona melhor com quem dentro da família Como é o relacionamento da família com o meio igreja escola centros comunitários A avaliação estrutural da família é importante pois a partir dela estamos também explorando a definição que a família tem de família e os princípios que fundamentam sua organização buscando informações a respeito do que é esperado de cada um de seus membros como qual o papel do homem da mulher e da criança para cada família e o que esperam de cada um Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Maria Helena Trench Ciampone1 Marina Peduzzi2 Última Atualização 9262001 73224 AM 1 Enfermeira LivreDocente junto ao Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da USP 2 Enfermeira Professora Doutora junto ao Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da USP Considerações Iniciais O PSF concebido como um projeto de reorganização da atenção básica à saúde que busca a articulação de modelos tecnoassistenciais que abarcam a prática clínica segundo a lógica da epidemiologia social necessita repensar os modelos de gerenciamento dos serviços bem como as ferramentas de gestão dentre essas o planejamento Acreditase que para atingir o grau de mudanças necessárias em uma dada realidade local conforme proposto na concepção do PSF com base na adscrição de clientela no reconhecimento das necessidades da população local e na coresponsabilização da atenção aos indivíduos às famílias aos grupos sociais e ao ambiente há de se desenvolver a capacidade de coordenar os recursos disponíveis setoriais ou extrasetoriais Para tanto sabese que a participação dos diferentes atores envolvidos no processo é fundamental particularmente a participação da população o que vai ao encontro das premissas básicas do planejamento estratégico Na perspectiva da saúde da família cabe à enfermagem como desafio básico redefinir sua prática assistencial gerencial e de ensino com base principalmente na epidemiologia crítica e no modelo de atenção integral à saúde Nesse sentido o planejamento estratégico passa a ser um instrumento precioso para a construção dessa prática inovadora na dupla face do trabalho da enfermagem ou seja tanto na dimensão do cuidado de enfermagem quanto do gerenciamento do cuidado Afirmase a importância da participação de todos os atores sociais envolvidos nos problemas mapeados na realidade em nível local requerida na visão do planejamento estratégico bem como a conscientização de todos os profissionais de saúde incluindo os enfermeiros de que o planejamento consiste em uma ferramenta de gestão fundamentalmente éticopolítica e comunicativa não se restringindo à dimensão técnica Estes são alguns dos pontos fundamentais que devem alavancar mudanças na capacitação profissional para a implementação de um modelo assistencial e gerencial aderente à proposta do Programa de Saúde da Família O planejamento estratégico condizente com a teoria da determinação social do processo saúdedoença que é contemplada na atual política de saúde exige que a consciência ingênua seja suplantada pela consciência crítica da realidade o que se daria também pela possibilidade de participação ampla que o planejamento estratégico requer Por meio do processo participativo a população empoderase para tomar decisões e estabelecer prioridades buscando parcerias na resolução de seus problemas na perspectiva de que os avanços no setor saúde ocorram articuladamente às possibilidades de transformação geral da sociedade rumo a um projeto de emancipação de todos os cidadãos BREILH 1991 refere que o território onde se realiza a vida e são gerados os transtornos de saúde não é apenas um espaço estático que opera como um imenso suporte para a vida social Isto quer dizer que a geografia não é frente à saúde um simples continente de climas contaminações vetores e equipamentos mas sim um espaço historicamente estruturado no qual se expressam as condições benéficas e destrutivas da organização social Segundo SANTOS 1990 o espaço enquanto suporte biológico dos grupos humanos e das suas atividades é reconhecido pela geografia crítica como resultado da produção sendo historicamente determinado de acordo com a sucessão de modos de produção onde o trabalho é a categoria central que explica as relações do homem com a natureza Portanto a proposta de criação de Programas de Atenção à Saúde aplicados indistintamente em todo território nacional sem levar em consideração as especificidades de demanda nos diferentes espaços e territórios geográficos e principalmente sem considerar os diferentes potenciais de benefícios e riscos de cada grupo homogêneo constituiu o escopo de diferentes propostas e planos de saúde idealizados Estes planos ideais são concebidos em um cenário onde as múltiplas variáveis do processo saúdedoença são tomadas como equivalentes desconsiderando a complexa dinâmica existente entre os fatores envolvidos que como dissemos não são equivalentes mas sim conflitantes e contraditórios O modelo do planejamento normativo proposto nos anos 60 supunha que o planejador conhecesse e controlasse todas as leis que regulam o funcionamento do objeto a ser planejado Assim seria possível elaborar um único plano predizendo a solução ótima para os problemas mapeados como se estes tivessem um comportamento uniforme na população Os resultados do plano dependeriam nessa lógica apenas do conhecimento técnico daqueles que iriam operacionalizar as ações eliminandose do planejamento a esfera do político Esse modelo de planejamento corresponde ao que MATUS chamou de modelo determinístico Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Lúcia Yasuko Izumi Nichiata1 Lislaine Aparecida Fracolli2 Última Atualização 9262001 73202 AM 1 Profa Assistente do Depto Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Profa Dra do Depto Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP A evolução histórica dos Sistemas de Informação em Saúde A implantação do Programa de Saúde da Família PSF pelo Ministério da Saúde MS como uma estratégia de construção de um novo modelo assistencial que tenha por princípios a descentralização municipalização integralidade e qualidade das ações tem como parte indissociável a descentralização da produção das informações em saúde A produção das informações em saúde de forma ágil atualizada completa e fidedigna vem se conformando num importante instrumento de controle social do Sistema Único de Saúde SUS na medida em que possibilita à população o acompanhamento e a avaliação das atividades dos serviços de saúde Isso também é válido para a análise das prioridades políticas a partir dos perfis epidemiológicos de determinada localidade e principalmente para a fiscalização da aplicação dos recursos públicos destinados à área social conformando se numa estratégia para a operacionalização do SUS O ponto de partida para a construção da informação em saúde é o conhecimento sobre o coletivo de famílias que residem numa dada localidade e a identificação das necessidades de saúde das mesmas A construção de informações em saúde segue as seguintes etapas Gerarobter dados Analisar dados Produzir informações sobre necessidades de saúde Organizar o processo de trabalho da equipe de PSF Intervir nas necessidades de saúde Para dar conta da etapa de gerar informações é preciso dispor de dados demográficos tais como tamanho das famílias número de filhos parentes tipos de família casal com ou sem filhos e com ou sem parentes pessoa sozinha caracterização do chefe de família etc características dos seus membros sexo idade ocupação grau de escolaridade condições habitacionais das famílias disponibilidade de alimento habitação abastecimento de água e rede de esgoto inserção das pessoas no mercado de trabalho renda e patrimônio familiar e outros dados que se fizerem necessários dados relativos aos agravos de saúde que incidem sobre os indivíduosfamílias principalmente os perfis de morbidade e mortalidade da região dados sobre a organização dos serviços de saúde e os recursos sociais da região onde o PSF se inscreve particularmente no que diz respeito ao acesso à cobertura e à efetividade dos mesmos As principais fontes disponíveis para obtenção desses dados são G Os censos demográficos realizados a cada 10 anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística httpwwwibgegovbr G Os Sistemas de Informação Nacional Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde SIPACS Sistema de Informação de Atenção Básica SIAB Sistema de Sistema de Informações sobre Mortalidade SIM Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos SINASC Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde SAISUS Sistema de Informações Hospitalares SIHSUS Sistema de Informações do Programa de Agentes Comunitários de Saúde SIPACS Sistema de Informações de Vigilância Alimentar e Nutricional SISVAN e o Sistema Nacional de Imunizações SIPNI httpwwwdatasusgovbr G Os relatórios de estudos realizados por instituições de pesquisa e ensino das secretarias de governo bemestar social agricultura trabalho etc de organizações não governamentais e religiosas de conselhos profissionais COREN COFEN CRM etc do IBGE Pesquisa Brasileira por Amostragem de Domicílios PNAD e da própria equipe de saúde da família httpwwwseadegovbr Passase a discutir agora a forma como o SIAB se conforma num instrumento de informação das equipes do PSF importante sobre os pontos de vista de planejamento e avaliação do trabalho das mesmas e também de controle social sobre o SUS Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Anna Maria Chiesa1 Maria De La Ó Ramallo Veríssimo2 Última Atualização 9262001 73140 AM 1 Enfermeira Professora Doutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Enfermeira Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP Introdução A prática educativa em saúde não é uma proposição recente Na Europa desde o século XVIII eram elaborados almanaques populares visando difundir cuidados higiênicos a serem praticados por gestantes incentivo para o cuidado com as crianças e medidas de controle das epidemias Houve sempre uma tendência em estruturar as ações educativas no sentido de ampliar informações da população em geral sobre as principais doenças enfatizando inúmeras recomendações sobre comportamentos certos ou errados relacionados à vivência das doenças e à sua prevenção Ao longo do tempo podemos observar diversas formas de interpretar e explicar a ocorrência das doenças que influenciam também a forma de se estruturar as intervenções no âmbito da educação em saúde Apesar disso a organização das ações educativas ainda na atualidade demonstra fragilidade na sua operacionalização aliada à falta de discussão mais aprofundada sobre os referenciais teóricos mais adequados para sua estruturação nos diferentes modelos assistenciais adotados Associado a esse aspecto destacase a vigência predominante nos serviços brasileiros de saúde de um modelo assistencial que privilegia as ações curativas e centrase no atendimento médico segundo uma visão estritamente biológica do processo saúdedoença Esse modelo condiciona a prática educativa a ações que visam modificar práticas dos indivíduos consideradas inadequadas pelos profissionais mediante a prescrição de tratamentos condutas e mudanças de comportamento Nesse modelo ainda quando se propõem atividades chamadas participativas particularmente a formação de grupos sua organização prevê prioritariamente aulas ou palestras praticamente inexistindo espaço para outras manifestações que não sejam dúvidas pontuais a serem respondidas pelos profissionais Em alguns trabalhos realizados junto à clientela atendida nos serviços públicos de saúde constatouse a enorme lacuna de informações da população atendida acerca do seu processo patológico das alternativas terapêuticas que haviam sido colocadas e também sobre as perspectivas futuras em função do agravo vivenciado Em muitas situações a falta de conhecimento por parte da clientela dos serviços acarreta inúmeros problemas relacionados ao abandono de tratamento uso incorreto de medicações e ainda a procura excessiva de serviços Esse panorama revela que a assistência à saúde prestada nas instituições públicas não tem um caráter educativo emancipador incorporado no seu bojo pois está mais fortemente centrada na atenção curativa e no atendimento chamado queixaconduta Além disso nas atividades ditas educativas como as palestras está presente a idéia de que a doença se deve principalmente à falta de cuidado e ao desleixo da população com a sua saúde deixando a vítima com sentimento de culpa pelo problema que apresenta Dessa maneira as práticas educativas servem para mediatizar a dominação exercida pelos serviços de saúde já que se limitam à simples passagem de informação para a população sobre determinados procedimentos com caráter coercitivo onde se evidencia um traço autoritário e prescritivo apesar da intencionalidade expressa de difusão de informações visando a melhoria da qualidade de vida A interação comunicativa também é prejudicada em decorrência das diferenças social e cultural dos profissionais universitários e alguns segmentos da população encontrandose uma prática a partir de ordens ao invés de conselhos argumentados Com isso o distanciamento tornase ainda mais acentuado e as barreiras parecem intransponíveis Como um último aspecto a ser destacado é comum os profissionais desvalorizarem os momentos educativos no seu processo de trabalho reconhecendo como intervenção somente a realização de procedimentos complexos que utilizam equipamentos com algum grau de sofisticação tecnológica Como resultado dessa prática dentre outros problemas foram identificados os seguintes baixa vinculação da população aos serviços de saúde baixa adesão aos programas e tratamentos e frustração dos profissionais de saúde No presente texto não serão discutidas as razões históricas e estruturais da organização dos serviços de saúde que fazem com que a realidade se apresente dessa forma mas buscadas alternativas para superar os problemas descritos sobretudo no que diz respeito à interação profissionalcliente e estratégias educativas para o desenvolvimento de grupos Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Renata Ferreira Takahashi1 Maria Amélia de Campos Oliveira1 Última Atualização 9262001 73102 AM 1 Professor Doutor Escola de Enfermagem da USP Introdução A visita domiciliária VD é um instrumento de intervenção fundamental da estratégia de Saúde da Família utilizado pelos integrantes das equipes de saúde para conhecer as condições de vida e saúde das famílias sob sua responsabilidade Para isso devem utilizar suas habilidades e competências não apenas para o cadastramento dessas famílias mas também e principalmente para a identificação de suas características sociais condições de vida e trabalho e epidemiológicas seus problemas de saúde e vulnerabilidade aos agravos de saúde A caracterização das condições de vida e trabalho dessas famílias permite compor os perfis de reprodução e produção respectivamente os quais por sua vez permitirão conhecer grupos distintos no território homogêneos em função dessas características identificadas As condições de saúde a vulnerabilidade aos agravos e as condições protetoras comporão perfis epidemiológicos desses mesmos grupos sociais Certamente tal caracterização não se esgota na visita domiciliária pois todos os momentos de intervenção junto a essas famílias permitem aprimorar a captação desses dados Entretanto por se dar no domicílio a visitação possobilita compreender parte da dinâmica das relações familiares A visita domiciliária só se configura como parte do arsenal de intervenções de que dispõem as equipes de saúde da família quando planejada e sistematizada De outra forma configura uma mera atividade social A territorialidade proposta na estratégia de Saúde da Família deverá eliminar um dos principais impedimentos para a implantação de Programas de Visita Domiciliária em serviços de saúde que é a disponibilidade de um meio de transporte para o profissional realizar essa atividade Conceito e finalidade A VD constitui uma atividade utilizada com o intuito de subsidiar a intervenção no processo saúdedoença de indivíduos ou o planejamento de ações visando a promoção de saúde da coletividade A sua execução ocorre no local de moradia dos usuários dos Serviços de Saúde e obedece uma sistematização prévia Ela possibilita ao profissional conhecer o contexto de vida do usuário do serviço de saúde e a constatação in loco das reais condições de habitação bem como a identificação das relações familiares Além disso facilita o planejamento da assistência por permitir o reconhecimento dos recursos que a família dispõe Pode ainda contribuir para a melhoria do vínculo entre o profissional e o usuário pois a VD é interpretada freqüentemente como uma atenção diferenciada advinda do Serviço de Saúde Objetivos Eles devem ser estabelecidos considerando os motivos da sua solicitação e estar em consonância com a finalidade para a qual a atividade foi proposta Pressupostos Os pressupostos que orientam a VD são G nem toda ida ao domicílio do usuário pode ser considerada uma VD G para ser considerada uma VD tal atividade deve compreender um conjunto de ações sistematizadas que se iniciam antes e continuam após o ato de visitar o usuário no domicílio G a sua execução pressupõe o uso das técnicas de entrevista e de observação sistematizada G a realização da VD requer um profissional habilitado e com capacitação específica G na elaboração dos objetivos da VD é necessário considerar os limites e as possibilidades do saber específico do profissionaltécnico que a executará G a relação entre o profissional e o usuário deve estar pautada nos princípios da participação da responsabilidade compartilhada do respeito mútuo crenças e valores relacionados ao processo saúdedoença e da construção conjunta da intervenção no processo saúdedoença G podem existir diferenças sócioculturais e educacionais entre os profissionais e os usuários dos Serviços de Saúde que devem ser consideradas no planejamento e na execução da VD G a intervenção no processo saúdedoença pode ou não ser uma ação integrante da VD Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Elma Lourdes Campos Pavone Zoboli1 Cleide Lavieri Martins2 Paulo Antonio de Carvalho Fortes3 Última Atualização 9262001 73016 AM 1 Enfermeira Professor Assistente da Escola de Enfermagem da USP 2 Enfermeira Professor Doutor da Faculdade de Saúde Pública USP 3 Médico Professor Livre Docente Associado da Faculdade de Saúde Pública USP O Programa de Saúde da Família PSF apresentase como estratégia de reorganização da atenção à saúde que se caracteriza por um modelo centrado no usuário demandando das equipes a incorporação de discussões acerca da necessidade de humanizar a assistência médicosanitária em nosso país Humanizar significa reconhecer as pessoas que buscam nos serviços de saúde a resolução de suas necessidades de saúde como sujeitos de direitos é observar cada pessoa e cada família em sua singularidade em suas necessidades específicas com sua história particular com seus valores crenças e desejos ampliando as possibilidades para que possam exercer sua autonomia Qualquer pessoa independente de sua idade tendo condições intelectuais e psicológicas para apreciar a natureza e as conseqüências de um ato ou proposta de assistência à sua saúde deve ter oportunidade de tomar decisões sobre questões relacionadas à sua saúde ou seja poder agir como pessoa autônoma Autonomia4 relacionase com tomada de decisão Por pessoa autônoma compreendese aquela que tem condições para deliberar decidir entre as alternativas que lhe são apresentadas podendo atuar conforme a escolha por ela feita Ser autônomo não equivale a ser respeitado como agente autônomo Para os profissionais de saúde respeitar o usuário como agente autônomo quer dizer no mínimo ser capaz de acatar o direito de ele ter opiniões próprias fazer escolhas e agir de acordo com seus valores e crenças lembrando que muitas vezes suas opções podem discordar das indicações técnicas É essencial um respeito ativo que ultrapasse os limites da não intervenção nos assuntos alheios e busque assegurar as condições necessárias para que as escolhas ocorram autonomamente minimizando as circunstâncias que dificultam ou impedem o exercício da autonomia Muitas ações autônomas somente são possíveis com a cooperação ativa de outros a fim de se vislumbrarem as opções viáveis Por isso considerase que para a modificação expressiva do modelo assistencial e a garantia da humanização das relações entre os componentes da equipe de Saúde da Família é preciso que esta esteja imbuída quanto ao respeito à autonomia dos usuários que devem ser estimulados a compartilhar das decisões que digam respeito à sua pessoa família comunidade As decisões devem ser livres e esclarecidas fundamentadas em adequada e compreendida informação para que possam aceitar ou recusar ao que lhes é proposto A transformação do modelo assistencial e a humanização do atendimento requerem que seja garantido o direito à informação do usuário A informação é o elemento vital para que o usuário possa tomar decisões Todos os integrantes da equipe de Saúde da Família quer sejam enfermeiros auxiliares de enfermagem médicos ou agentes comunitários devem estar conscientes da responsabilidade individual de esclarecer os usuários sobre questões que lhes são mais afeitas assim como cabe aos gestores dos Programas criarem condições para o estabelecimento de uma cultura institucional de informação e comunicação que leve em conta as condições socioculturais de cada comunidade atendida As informações fornecidas não necessitam ser exaustivas ou apresentadas em linguajar técnicocientífico Basta que elas sejam simples aproximativas inteligíveis leais respeitosas e suficientes para garantir a autonomia dos usuários nas escolhas e nos atos Desta forma além de considerar a compreensão intelectual cultural e psicológica do usuário a fim de que as informações sejam fornecidas dentro de padrões acessíveis as equipes de saúde de família devem levar em conta também os objetivos e o contexto específico de cada situação Na prática da assistência à saúde é comum a utilização da autoridade profissional para favorecer ou perpetuar a dependência dos usuários em lugar de promover sua autonomia Entretanto compreendemos que é exatamente a relação de confiança existente entre os profissionais de saúde e os usuários que determina a obrigatoriedade de respeitar a autonomia destes incluindo o dever de conversar e exporlhes a informação de maneira compreensível Convém lembrarmos que essa relação de confiança no Programa de Saúde da Família é reforçada pelo vínculo e responsabilização que decorrem da adscrição das famílias de determinada região a uma equipe específica 4 Autonomia do grego autos próprio e nomos regra autoridade lei norma é o poder da pessoa para tomar decisões quanto aos assuntos que afetam sua vida sua saúde sua integridade físicopsíquica e suas relações sociais Referese à capacidade do ser humano de decidir sobre o que é bom ou que é seu bem estar de acordo com seus valores suas expectativas suas necessidades suas prioridades e suas crenças FORTES 1998 p 37 Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Moneda Oliveira Ribeiro1 Última Atualização 9262001 72940 AM 1 Enfermeira Prof Dr do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Email monedauspcombr Introdução O tema da exclusão social tem cunho histórico e geográfico Um grupo social está excluído segundo determinada delimitação geográfica ou em relação à estrutura e conjuntura econômica e social do país a que pertence No Brasil esse tema está relacionado principalmente à situação de pobreza Cidadãos nessa condição constituem grupos em exclusão social porque se encontram em situação de risco pessoal e social Essa expressão é empregada para referirse às pessoas famílias e comunidades excluídas das políticas sociais básicas ou de primeira linha trabalho educação saúde habitação alimentação o que lhes confere a condição de subcidadãos ou cidadãos de segunda classe COMPANHIA 1994 Segundo as disposições gerais da Lei orgânica nº8080 de 190990 art 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício 1 O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças ou de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção proteção e recuperação Entretanto conforme está explicitado no referido artigo A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes entre outros a alimentação a moradia o saneamento básico o meio ambiente o trabalho a renda a educação o transporte o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País Assim os determinantes sociais que condicionam a saúde dos cidadãos constituem fatores de risco à sua saúde Por isso a situação de exclusão a que esse texto se refere diz respeito aos indivíduos cujos direitos sociais quando violados colocam em risco sua saúde e a qualidade de vida de sua família O reconhecimento da saúde como um direito de cidadania que expressa a qualidade de vida implica mudanças nos serviços de saúde e na atuação do profissional de saúde Este precisa incluir em sua rotina de trabalho ações que estreitem a relação entre a equipe de saúde e a comunidade É preciso intervir sobre os fatores de risco a que a população está exposta Tal empenho demanda ações em interação com os recursos que a comunidade dispõe e os serviços públicos locais Conselho Tutelar Escola Igreja etc A proposta desse texto está relacionado ao programa do enfoque de risco desenvolvido pela OMS desde 1978 e aplicado à saúde maternoinfantil Nesse enfoque buscase identificar grupos sociais com maior risco de adoecer e morrer com a finalidade de controlar e eliminar os fatores de risco Estes podem ser biológicos ambientais comportamentais relacionados com a atenção à saúde socioculturais e econômicos VALENZUELA BENGUIGUI 1997 A finalidade desse texto é restringir a questão de risco à saúde referente ao item relacionado aos fatores socioeconômicos apenas e ampliar a questão à saúde de toda a família além do enfoque maternoinfantil Definindo o processo de trabalho O processo do trabalho consiste em avaliar a necessidade mais urgente de grupos específicos e organizar o serviço de saúde conforme as prioridades identificadas Consiste em uma espécie de prontosocorro ou prontoatendimento às famílias que correm risco de ter sua saúde comprometida por problemas sociais decorrente da situação de exclusão O trabalho precisa ser organizado em passos A primeira etapa é avaliar a necessidade de atenção de grupos específicos a segunda é estabelecer prioridades de saúde e a terceira é elaborar intervenções para promoção proteção ou recuperação da saúde As informações podem ser coletadas por meio de entrevista com o usuário do serviço mas é recomendável realizar visita domiciliária para obter informações mais precisas e fidedignas As informações devem ser coletadas para planejar práticas de educação em saúde e aprimorar a qualidade do atendimento É necessário organizar um roteiro de entrevista e de observação para a VD conforme as peculiaridades locais Evidentemente os roteiros poderão ter variações para regiões distintas Por exemplo indivíduos da zona urbana que no inverno tomam ônibus lotados e fechados estão sujeitos a infestações respiratórias por outro lado há os da zona rural que usam transporte aberto mas correm risco de acidente por falta de segurança do veículo Em ambos os casos o roteiro deve contemplar questões para identificar se os membros da família estão sujeitos a alguma dessas situações de risco ou seja se estão submetidos a situações de risco por aglomerações ou se estão sujeitos a acidentes por transporte impróprio Seja quais forem as peculiaridades regionais as informações básicas para identificar indivíduos em situação de risco à saúde precisam ser relacionadas aos determinantes sociais para serem identificadas como famílias em situação de exclusão social Além disso é preciso não perder de vista o objetivo dos programas de âmbitos nacional no caso o Programa de Saúde da Família e internacional metas dos Programas da OPAS e da OMS como por exemplo a Declaração Mundial sobre a Sobrevivência a Proteção e o Desenvolvimento da Criança bem como o Plano de Ação para esse fim no decênio de 1990 BRASIL 1996 O incentivo à participação da comunidade no reconhecimento dos determinantes de risco aos indivíduos possibilita maior sucesso nos resultados pretendidos porque permite maior conscientização sobre sua realidade aumenta a solidariedade entre os indivíduos da comunidade busca soluções alternativas e tenta conquistar direitos violados Qualquer proposta de intervenção deve considerar hábitos e valores da região local Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Sonia Maria Junqueira Vasconcellos de Oliveira1 Emília Saito1 Última Atualização 9262001 73434 AM 1 Enfermeira Prof Dr da Escola de Enfermagem USP Objetivos Subsidiar a assistência de enfermagem à gestante e identificar riscos materno e fetal durante a gravidez A gravidez e o parto constituemse em eventos essencialmente fisiológicos na vida da mulher No entanto caracterizamse por provocar variadas e profundas alterações físicas e emocionais na mulher o que requer um acompanhamento contínuo por parte da família e dos profissionais de saúde A avaliação de risco não é uma medida a ser utilizada uma única vez mas um procedimento continuado ao longo da gestação e do trabalho de parto A qualquer momento complicações precoces podem tornarse aparentes induzindo a decisão de encaminhar a mãe a um nível mais complexo de assistência Assistência prénatal É competência da equipe de saúde acolher a gestante e a família desde o primeiro contato na unidade de saúde ou na própria comunidade O termo acolhimento deve ser considerado na abordagem da grávida como o significado que a gestação tem para ela e sua família uma vez que é nessa fase que se inicia o desenvolvimento do vínculo afetivo com o novo ser Nesse sentido devem ser valorizadas as emoções os sentimentos e as histórias relatadas pela mulher e seu parceiro de forma a individualizar e a contextualizar a assistência pré natal Para tanto recomendase utilizar estratégias como a escuta aberta sem julgamentos e sem preconceitos e o diálogo franco permitindo à mulher falar de sua intimidade com segurança expressar sua dúvidas e necessidades possibilitando assim o estabelecimento e o fortalecimento do vínculo profissionalcliente Diagnóstico da gravidez O Ministério da Saúde preconiza o diagnóstico da gravidez por meio dos seguintes passos O diagnóstico da gravidez é presumido por meio de queixas tais como náuseas e vômitos sensibilidade mamária polaciúria e constipação e mais tardiamente pelo aumento do volume abdominal O exame vaginal também possibilita a detecção da gravidez mediante o achado de alterações quanto a consistência do colo uterino que se torna bastante amolecido lembrando à consistência de lábios ao invés de cartilagem Após a 8a semana observase coloração arroxeada do vestíbulo e da parede anterior da vagina devido à congestão venosa local O diagnóstico laboratorial da gravidez é baseado no encontro do hormônio gonadototrófico coriônico na urina ou no sangue materno sendo que o exame do sangue da mulher permite o diagnóstico precoce da gravidez pois esta pode ser confirmada 10 dias após a sua fecundação ou seja quatro dias antes da falha menstrual Em geral nas unidades básicas é realizado o exame de urina após duas a três semanas do atraso menstrual Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autor Neide de Souza Praça1 Última Atualização 10252001 53206 AM 1 Enfermeira Obstétrica Professor Doutor do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo As infecções do trato reprodutivo feminino originamse nos genitais externos vagina e colo do útero podendo ascender até o útero trompas e ovários A maior parte das infecções que acometem estas áreas é transmitida por relações sexuais e caracteriza as Doenças Sexualmente Transmissíveis DST As quais por sua vez são um dos importantes fatores de risco para a infecção pelo HIV As infecções do trato reprodutivo envolvem lesões ou ferimentos abertos ulcerações ou irritações localizadas na pele e mucosas que facilitam a penetração do HIV nos tecidos e em seguida na corrente sanguínea Instalandose nesta região o vírus da AIDS pode viver nas células e se replicar aumentando assim a quantidade de HIV presente no aparelho reprodutivo feminino bem como aumentar o risco de sua transmissão para o parceiro As várias infecções do trato reprodutivo podem interagir com o HIV e desta interação resulta a potencialização mútua pois G A presença de infecção do trato reprodutivo aumenta a chance da mulher adquirir e transmitir HIV sexualmente G A presença de HIV aumenta a chance de a mulher adquirir e transmitir algumas infecções do trato reprodutivo bem como faz com que algumas infecções aí localizadas tornemse mais sérias e difíceis de tratar e G O HIV pode progredir mais rapidamente caso certas infecções do trato reprodutivo estiverem presentes É necessário portanto se considerar a relação entre a infecção pelo HIV e por outros agentes causadores de DST Estas são altamente prevalentes em nosso meio e podem acarretar sérios danos à saúde da mulher Eis algumas razões pelas quais as infecções do trato reprodutivo facilitam a penetração do HIV pela relação sexual desprotegida com um parceiro infectado Úlceras quando presentes levam à perda da proteção tegumentar local Verrugas causam friabilidade da mucosa levando à formação de microfissuras nesse tecido Ectrópios e mínimas lesões traumáticas da mucosa vaginal formam uma solução de continuidade entre o ambiente vaginal e a circulação sanguínea A mulher climatérica por deficiência hormonal apresenta o epitélio vaginal mais delgado e por conseqüência é mais suscetível às infecções do trato reprodutivo A seguir serão apresentadas as principais Doenças Sexualmente Transmissíveis As manifestações próprias de cada condição e a assistência de enfermagem específica também constarão dessa apresentação Cabe destacar que na seqüência serão elencados os procedimentos que deverão ser adotados para todos os casos DOENÇAS ULCEROSAS São DST que causam úlceras ou feridas nas áreas genital anal e vaginal Há amplas evidências de que sua presença facilita grandemente a transmissão do HIV As lesões que provocam afetam a função imunológica e são mais graves e difíceis de tratar em indivíduos com HIV Cabe destaque para a sífilis doença ulcerosa cuja média de prevalência entre as mulheres grávidas no Brasil é estimada pelo Ministério da Saúde entre 35 a 4 Outro dado a se considerar é o índice de mortalidade por sífilis congênita no período de 1979 a 1990 que variou de 70 a 100 por milhão de nascidos vivos sendo maior o número de casos nas regiões Norte e Nordeste QUADRO I Doença Herpes Genital Agente Causador Herpes vírus HSV1 ou HSV2 Forma de Contágio G Contato cutâneomucoso com paciente portador de lesão na presença de solução de continuidade G Contato com fluidos G Secreção cervical uretral eou salivar de indivíduos assintomáticos Sinais e Sintomas G Cachos de vesículas na área genital G febre cefaléia dor muscular eou dor localizada ardência eou dor ao urinar parestesias adenopatias regionais dolorosas ínguas G evolução para erosão dos cachos de vesículas G possível sobreinfecção das lesões G mucosa cérvicovaginal com aspecto eritematoso com edema e com erosões dolorosas G Podem ocorrer recidivas com cacho único de vesículas que involui espontaneamente em 4 a 7 dias Assistência de Enfermagem G limpeza local das lesões com solução fisiológica ou água boricada a 3 p alívio G fazer seguimento da mulher a cada 3 dias até a involução completa das lesões Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Isília Aparecida Silva1 Amélia Fumiko Kimura2 Última Atualização 9262001 73348 AM 1 Enfermeira Prof Associado Escola de Enfermagem USP 2 Enfermeira Prof Dr Escola de Enfermagem USP Assistência à mulher no período puerperal Conceito O puerpério é considerado o período do ciclo grávidopuerperal em que o organismo materno retorna a suas condições prégravídicas e é caracterizado pelas regressões das modificações locais e sistêmicas que foram provocadas pela gravidez O seu início se dá logo após a expulsão total da placenta e das membranas e tem a duração de cerca de seis semanas Puerpério imediato inicia logo após a saída da placenta e dura aproximadamente duas horas Puerpério mediato desde o puerpério imediato até o 10o dia em que ocorre a regressão das modificações nos órgãos genitais ocasião em que deve ocorrer a Visita Domiciliar da enfermeira Por volta do 100 dia o útero já regrediu em seu tamanho e se encontra na cavidade pélvica A loquiação produto originário principalmente da ferida placentária descamação e sangue apresentase em quantidade moderada para escassa e amarelada A partir desse período instalase o puerpério tardio que se estende do 110 dia até o reinício dos ciclos menstruais em mulheres que não estão lactando Para aquelas que mantêm a lactação o período pode variar de seis a oito semanas período no qual a loquiação se torna progressivamente serosa ou branca Exame físico da puérpera A assistência de qualidade à puérpera não deve prescindir do exame físico geral e específico cuidadoso e coleta de informações para o planejamento das ações da equipe Exame físico geral Sinais vitais Pulso no período mediato o pulso deve estar na freqüência normal anotar freqüência e características do pulso cheio fino rítmico arrítmico3 Temperatura deve manterse em níveis normais Caso a puérpera apresente temperatura acima de 37o C observar fatores ambientais tais como agasalho em demasia ambientes nãoventilados Descartandose esses fatores investigar condições de mamas que podem estar cheias ou ingurgitadas ou então infecção que na puérpera mais freqüentemente se instala em útero mamas trato urinário e respiratório Pressão arterial Verificar a pressão arterial em decúbito lateral D Deve estar em níveis normais até o 5o dia pósparto Exame físico específico Exame das mamas Mamilos verificar a o tipo protruso plano umbilicado em casos de mamilos não protrusos observar como está ocorrendo a amamentação e indicar exercícios de protrusão mamilar3 e b observar as condições de mamilo como presença de lesões feridas escoriações bolhas e sangramento a sucção do RN e as condições de amamentação descritas a seguir Sinais de ingurgitamento palpar as mamas e verificar pontos ou regiões endurecidas que podem estar doloridas ou não Nesses casos se houver dificuldade de drenagem do leite devese massagear com as pontas dos dedos em um movimento de vibração sobre as regiões afetadas e então ordenhar a mama de preferência manualmente até o ponto em que a mulher referir alívio dos sintomas Verificação da involução uterina no período até por volta de 10 dias pósparto o útero apresentase localizado na região intrapélvica sendo possível palpar o fundo uterino que deve estar contraído Verificação das condições de cicatrização da ferida cirúrgica4 Episiorrafia ou incisão abdominal Verificação do aspecto e quantidade da loquiação Considerase aspectos quanto à cor odor e quantidade segundo já características já descritas 3 Exercícios indicados no prénatal 4 Segundo parâmetros de rotina de exame de ferida cirúrgica tanto para abdominal como para perineal Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Emília Saito1 Sonia Maria Junqueira Vasconcellos de Oliveira1 Última Atualização 9262001 73530 AM 1 Enfermeira Prof Dr Escola de Enfermagem USP Objetivos Subsidiar a assistência de enfermagem à parturiente e ao recémnascido na primeira hora de vida identificar riscos maternos e fetais durante o trabalho de parto e o parto e executar o parto sem distócia em situações de emergência A Organização Mundial da Saúde OMS define como parto normal aquele de início espontâneo baixo risco no início do trabalho de parto permanecendo assim durante todo o processo até o nascimento O recémnascido geralmente em posição cefálica tem entre 37 e 42 semanas completas de gestação Segundo a OMS o parto normal é um processo natural e consequentemente não deve sofrer interferência no seu curso No Brasil a grande maioria dos partos ocorre nos hospitais mas a mortalidade materna representa ainda um problema na medida em que a taxa é de cerca de 6 dos óbitos de mulheres de 10 a 49 anos De acordo com a legislação do Exercício Profissional do Enfermeiro LEI no 7498 de 25 de junho de 1986 compete a esse profissional como integrante da equipe de saúde a execução de assistência obstétrica em situação de emergência e execução do parto sem distórcia Sinais e sintomas do trabalho de parto 1 Período premonitório antecede o verdadeiro trabalho de parto Característica G mais nítido nas primíparas G ocorre entre a 38a e 40a semana G descida do fundo uterino o que melhora a sensação de plenitude gástrica após as refeições G aumenta a compressão do baixo ventre causando sensação de peso G polaciúria G disúria G dores lombares G eliminação de muco cervical mesclado de sangue Conduta G repouso G idade gestacional IG ou a 37 semanas aguardar o franco trabalho de parto G IG que 37 semanas encaminhar para o serviço pois a mulher poderá entrar em trabalho de parto prematuro 2 Período de dilatação trabalho de parto Característica G início presença de no mínimo duas contrações uterinas dor de parto em 10 minutos G término ao exame físico percebese no toque vaginal o colo uterino completamente dilatado 10cm G aumento gradativo da intensidade duração e número das contrações uterinas em 10 minutos G formação da bolsa das águas ou há perda de líquido amniótico G dilatação e esvaecimento do colo uterino G progressão do feto pela pelve G duração menor em multípara média 6 horas em relação às primíparas 12 horas Conduta G encaminhar a parturiente a uma casa de parto ou maternidade referência considerando a dilatação cervical evolução do trabalho de parto meio de transporte disponível distância até a maternidade para determinar a urgência G IG que 37 semanas encaminhar com urgência ao hospital devido ao risco de nascimento prematuro G IG ou a 37 semanas e se não houver possibilidade de encaminhamento a serviços de saúde adotar as condutas descritas a seguir Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Roselena Bazilli Bergamasco1 Amélia Fumiko Kimura1 Última Atualização 9262001 73504 AM 1 Enfermeira Professor Doutor do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Objetivo Subsidiar o desenvolvimento das ações de enfermagem na promoção e recuperação da saúde da mulher A atenção integral à saúde da mulher compreende a assistência em todas as fases do curso da vida O cuidado de enfermagem à mulher é baseado na habilidade da enfermeira em definir os sintomas e compreender o seu significado no processo saúdedoença O aumento da expectativa de vida da mulher e as modificações de hábitos de vida as necessidades de saúde da mulher por mudanças do padrão demográfico apontam para a necessidade de uma adequada capacitação dos profissionais de saúde para responder às necessidades de saúde da população Estruturar a prática de enfermagem na saúde da mulher baseiase em três premissas 1 Os problemas apresentados por um determinado grupo populacional feminino estão intrinsicamente relacionados às suas experiências pessoais e expectativas futuras bem como aos estilos de vida que por sua vez são condicionados pelos aspectos sociais e culturais em que este grupo se insere 2 A função primária da enfermagem é manter e cuidar da mulher nos episódios em que ela necessita de atenção à saúde 3 As mulheres têm direito ao acesso aos serviços de saúde que por sua vez necessitam responder de forma eficiente e efetiva às demandas de saúde Para efetivar o processo de assistir em enfermagem é necessário o cumprimento de fases distintas Fases Ações 1 Avaliação da clientela Coletar dados relativos a G problemas individuais da mulher G os problemas de saúde emergentes ou potenciais sob a perspectiva da própria cliente Considerar G os dados do diagnóstico de territorialização G problemas trazidos pelos agentes de saúde em suas visitas G os motivos que levaram as mulheres a procurarem atendimento fora dos programas G as demandas de outras instituições que atuam na área de abrangência da Unidade de Saúde da Família Utilizar as seguintes estratégias para a obtenção dos dados G a entrevista anamnese G o exame físico G a observação do contexto familiar e das relações sociais Atenção A enfermeira examina os dados obtidos e compartilha suas impressões do diagnóstico de enfermagem com a mulher ajudandoa a analisar estas informações considerando também a percepção da mulher para o estabelecimento do diagnóstico 2 Intervenção de enfermagem A enfermeira é a facilitadora e colaboradora para que a mulher desenvolva habilidades para desempenhar o autocuidado não somente para ajustarse mas para transformar a sua condição de saúde O atendimento deve ser baseado na adequação das ações sistematizadas através de protocolos para o grupo populacional A intervenção pode ser estruturada a partir de G consulta de enfermagem G visitas domicilires G grupos educativos e G ações na comunidade 3 Análise da intervenção de enfermagem As interações entre o cliente e o enfermeiro são processos dinâmicos e demandam uma capacitação e o desenvolvimento de habilidades que instrumentalizam o profissional para uma adequada assistência de enfermagem Estas habilidades referemse a G comunicação G avaliação dos valores pessoais que afetam o seu desempenho como enfermeiro G a tomada de decisões G a ajuda prestada ao cliente para que o mesmo tome suas decisões G ser capaz de estabeler um relacionamento de confiança com o cliente G manter relação empática e G desenvolver metas terapêuticas mutuamente aceitáveis Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Magda Andrade Rezende1 Elizabeth Fujimori2 Última Atualização 9262001 73858 AM 1 Professora Doutora do Depto de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP 2 Professora Associada do Depto de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP Este texto destinase a apresentar situações práticas encontradas no cotidiano ao serem estimuladas a amamentação e alimentação infantil Sabese que a transmissão de informações do profissional de saúde para a pessoa que cuida da criança mãe ou outro familiar não acontece de modo uniforme e nem é fácil O uso da informação por sua vez não acontece automaticamente a pessoa que as recebe precisa atribuirlhes um significado a fim de efetivamente incorporálas e assim mudar seu comportamento Deste modo as ações de promoção à saúde tornamse importante ferramenta de trabalho para o enfermeiro Aleitamento Materno O bebê deve ser alimentado com leite humano durante os primeiros seis meses de vida na medida do possível Para tanto é necessário trabalhar junto à mãe desde a fase do pré natal no sentido de apoiála na futura amamentação As ações de apoio devem continuar durante os meses seguintes É importante lembrar que a amamentação é mediada pela psiquê e que eventos mediados pelo psiquismo não podem ser prescritos pois não dependem da vontade do indivíduo O que se pode fazer então é criar situações de apoio à mãe para que amamente Assim não podemos fazêla sentirse sobrecarregada emocionalmente pois isso diminui as chances que ela tem de amamentar Por exemplo quando se diz que basta que a mãe se esforce e tenha interesse para que a amamentação aconteça estamos ignorando uma série de problemas que ela enfrenta a dificuldade de adaptação nos primeiros dias após o parto a época em que retorna ao serviço o momento em que a criança começa a ingerir outros alimentos o surgimento dos primeiros dentes da criança entre outros REZENDE FOGLIANO 1999 Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho CLT em seu art 396 a nutriz tem direito a amamentar seu bebê durante sua jornada de trabalho Para tanto deve ter dois intervalos de 30 minutos cada um até que o bebê complete 6 seis meses Quando a saúde do bebê exigir este período de seis meses pode ser dilatado a critério da autoridade de saúde competente Tradicionalmente o serviço médico do INSS é que vem tendo a competência de conceder autorizações Quando há berçário no local de trabalho o tempo de amamentação aumenta REZENDE 1992 Preparo da mãe para a amamentação durante o período de gestação É importante que o profissional de saúde não julgue a mãe em nenhuma fase do processo de ajudála a amamentar Assim a relação entre gestante e enfermeiro deve compreender 1 Exploração das expectativas crenças e experiências anteriores da gestante a respeito de amamentação Por exemplo a mãe pode ser de uma família em que poucas ou nenhuma mulher conseguiu amamentar Assim ela pode acreditar que é de uma família na qual as mulheres não produzem leite 2 Informações sobre preparo das mamas para amamentação a técnica de amamentação propriamente dita reconhecimento da apojadura e do ingurgitamento e condutas frente a estes 3 Disponibilidade para eliminar dúvidas a respeito de amamentação mesmo que pareçam muito simples e banais Por exemplo ela pode acreditar que comer determinados alimentos vai causar mal ao bebê Uma crença destas deve ser respeitada caso o contato com a gestante ainda seja recente caso disséssemos a ela que isto não tem fundamento ela possivelmente não acreditaria pois ainda somos estranhos para ela Nosso conhecimento não vai ser aceito por ela devido ao fato de ser cientificamente testado mas sim porque ela acredita em nós E para que a confiança se estabeleça é necessário um certo tempo Ao se transmitir estas informações é preciso ter sempre em mente que a transmissão de informações é a última etapa de um processo estabelecido entre a mãe e o enfermeiro Antes de transmitir as informações o enfermeiro tem de se mostrar como uma pessoa que está ali para ajudar e não julgar Esta é a base de um vínculo de confiança entre ambos indispensável para que as ações de educação em saúde tenham efeito Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Maria De La Ó Ramallo Veríssimo1 Cecília Helena de Siqueira Sigaud2 Última Atualização 9262001 73838 AM 1 Enfermeira Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 2 Enfermeira Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Esse texto aborda os cuidados de enfermagem que podem ser prescritos pela enfermeira para o atendimento da criança com agravo respiratório agudo no domicílio As ações aqui descritas respondem às necessidades da maior parte das crianças que apresentam algum problema respiratório promovendo seu bemestar e evitando a piora do quadro Agravos respiratórios na infância Aproximadamente metade das crianças que demandam os serviços de saúde apresentam algum sintoma respiratório como tosse coriza dificuldade para respirar chiado no peito dor de garganta ou ouvido associados ou não a malestar geral febre e inapetência Portanto os profissionais de saúde precisam estar aptos para avaliálas de forma a detectar agravos precocemente e instituir os tratamentos apropriados evitando piora do quadro com seqüelas e até morte Assim todas as crianças que demandam o serviço de saúde ainda que não seja por uma queixa respiratória devem ser avaliadas quanto à presença de tosse ou dificuldade para respirar conforme preconizado na estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância AIDPI Para tanto é possível que seja necessário reorganizar o serviço de saúde de tal forma que todos os atendimentos contemplem ações de manejo de casos bem como de prevenção e promoção à saúde Magnitude dos agravos respiratórios na infância Dentre os agravos respiratórios na infância destacamse as infecções geralmente divididas em dois grandes grupos 1 aquelas que acometem o trato respiratório superior rinofaringite viral amigdalite otite e sinusite 2 as do trato respiratório inferior pneumonia bronquiolite Ao lado das infecções respiratórias encontramse também as doenças chiadoras asma bronquite As doenças respiratórias causam a morte de mais de dois milhões de crianças por ano em todo o mundo na sua maioria menores de um ano vivendo em regiões pobres No Brasil os problemas respiratórios principalmente a pneumonia causam 223 das mortes de crianças de 1 a 4 anos ocupando o primeiro lugar entre as causas de morte e compreendem mais de 50 das causas de internação hospitalar nesta faixa etária Nos prontossocorros e postos de saúde entre 30 e 50 das crianças atendidas apresentam algum sintoma respiratório De cada quatro com problemas respiratórios três têm apenas resfriados que embora de menor gravidade causam malestar pois provocam febre tosse dor ou dificuldade para respirar e inapetência Outro problema associado é o uso freqüente de medicamentos desnecessários e até prejudiciais Ações de enfermagem para o cuidado da criança com IRA A estratégia AIDPI propõe o manejo padrão dos casos de crianças com tosse ou dificuldade para respirar que envolve a avaliação e classificação do problema bem como as condutas terapêuticas correspondentes As enfermeiras capacitadas para a aplicação da estratégia estão habilitadas a implementar todas as ações preconizadas inclusive as terapias medicamentosas uma vez que se trata de um protocolo de atenção de casos No conjunto das ações são enfatizadas as práticas de cuidados domiciliares que visam a prevenção do agravamento dos quadros e que devem ser observadas de forma a atender todas as crianças que apresentam algum sintoma respiratório A seguir expomos esse conteúdo acrescido de outros cuidados que também contribuem para a recuperação da criança De forma a prestar um melhor cuidado à criança devese ter como uma das principais preocupações identificar a compreensão da mãe ou cuidador em relação à situação de saúde da criança incluindo o que é o agravo o porquê dos sintomas os fatores que podem têlo desencadeado e agravado bem como suas idéias relativas ao enfrentamento do problema A partir daí é importante reforçar o conhecimento correto e esclarecer questões equivocadas e suas dúvidas Com base neste conhecimento compartilhado profissional e cuidador podem estabelecer quais ações são necessárias e possíveis para a realização do cuidado da criança Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Cecília Helena de Siqueira Sigaud1 Magda Andrade Rezende2 Última Atualização 1172001 105636 AM 1 Professor Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP São Paulo capital 2 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP São Paulo capital Através deste documento pretendese apresentar informações sobre o cuidado da criança com diarréia aguda e desidratação entendido como as ações voltadas para o manejo dos casos além das medidas de promoção à saúde e prevenção do problema Definese diarréia aguda enquanto uma doença caracterizada pela perda de água e eletrólitos que resulta no aumento do volume e da freqüência das evacuações e diminuição da consistência das fezes apresentando algumas vezes muco e sangue disenteria A maioria dos episódios de diarréia aguda é provocada por um agente infeccioso e dura menos de 2 semanas É um processo autolimitado que em geral não necessita tratamento medicamentoso As complicações mais freqüentemente associadas às doenças diarréicas são as septicemias e meningites Magnitude do Problema No panorama nacional as doenças diarréicas ocupam o terceiro lugar entre as causas de mortalidade em crianças de 1 a 4 anos passando à segunda posição na faixa etária de menores de 1 ano Entretanto há diferenças consideráveis entre as diversas regiões do país Assim na Região Nordeste o risco de morte por diarréia chega a ser de 4 a 5 vezes maior que na Região Sul representando cerca de 30 do total de mortes no primeiro ano de vida A situação da diarréia em crianças continua grave em algumas localidades de nosso país Assim um levantamento epidemiológico recente realizado em Fortaleza CE detectou um índice de 55 de causa de mortalidade por diarréia em um grupo de crianças entre 7 dias e 23 meses As doenças diarréicas juntamente com as infecções respiratórias agudas IRA e a desnutrição constituemse nas principais causas de morbidade e mortalidade infantis na região das Américas seja isoladamente ou em conjunto com outras moléstias infecciosas tais como tuberculose malária dengue e outras preveníveis por imunização Dada a importância que tais doenças assumem no perfil de morbimortalidade infantil em 1996 a Organização Mundial da Saúde OMS juntamente com a Organização Pan Americana da Saúde OPAS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância UNICEF propuseram a estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância AIDPI visando o seu controle através do manejo padrão de casos Valendose de critérios padronizados de avaliação classificação e tratamento esta proposta permite que seja utilizada por profissionais médicos e nãomédicos o que fortalece a capacidade resolutiva do nível primário de saúde A estratégia AIDPI tem como objetivos específicos a redução da mortalidade por doenças prevalentes em menores de 5 anos a redução da incidência e gravidade dos casos e a melhoria da qualidade de atendimento à criança nos serviços Preconiza uma avaliação global das crianças possibilitando a detecção de problemas que não tenham motivado a sua ida ao serviço Inclui ainda ações de vigilância e de promoção à saúde que incrementam a integralidade de atenção à saúde infantil Finalmente ao colocar ao alcance da população tecnologias de diagnóstico e tratamento alcança maior eqüidade no acesso à atenção de saúde BENGUIGUI 1997 MINISTÉRIO DA SAÚDE 1999 ORGANI ZACIÓN2000 Cabe destacar que as crianças oriundas de famílias que vivem em condições socioeconômicas desfavoráveis em situação de pobreza e miséria estão sujeitas a um maior risco de adoecimento e morte por diarréia Isto ocorre porque esta situação de vida em geral reúne vários dos fatores que expõem a criança e a tornam vulnerável tais como menor grau de escolarização materna piores condições de moradia precário saneamento básico do meio menor acesso aos serviços de saúde elevado número de crianças menores de 5 anos na casa entre outros Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Elizabeth Fujimori 1 Magda Andrade Rezende 2 Última Atualização 9262001 74014 AM 1 Professora Associada do Depto de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Professora Doutora do Depto de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP Introdução Considerando que a alimentação e a nutrição constituem requisitos básicos para a promoção proteção e recuperação da saúde o controle das principais deficiências nutricionais é uma forma de conhecer e vigiar o estado geral de saúde Embora sejam inúmeros os problemas inerentes à alimentação e à nutrição especialmente nos países onde as condições ambientais são desfavoráveis como é o caso de nosso país em termos de saúde coletiva algumas deficiências nutricionais como a desnutrição energéticoprotéica e as anemias assumem configuração de importância epidemiológica na infância em função da velocidade do processo de crescimento e desenvolvimento e sua associação com o processo saúdedoença Ainda que a erradicação completa das deficiências nutricionais dependa da própria erradicação dos grandes contrastes econômicos e sociais gerados e mantidos pelo processo de produção e distribuição de bens e serviços algumas intervenções próprias do setor saúde podem contribuir para a melhoria do quadro dessas deficiências Assim sendo a finalidade deste texto é abordar esses dois problemas nutricionais comuns na infância bem como suas causas básicas e cuidados pertinentes para seu controle de forma a motivar e capacitar os enfermeiros em conceitos e técnicas atuais para que possam efetivamente incorporar essas ações na prática diária da atenção primária Atuação da Enfermagem na Desnutrição EnergéticoProtéica DEP A DEP como problema de saúde coletiva Estimativas do Fundo das Nações Unidas Unicef 1998 indicam que a desnutrição está envolvida com mais de 50 dos casos de morte de crianças em todo o mundo proporção essa jamais alcançada por qualquer outra doença infecciosa desde a Peste Negra No Brasil não há como se obter tal estimativa com exatidão dada a cobertura desigual dos serviços de saúde e daí das estatísticas além da tendência dos próprios serviços e profissionais de saúde não verem a desnutrição como causa de doença e morte provavelmente em decorrência do seu forte componente social BITTENCOURT e MAGALHÃES 1995 Mesmo assim os dados sistematizados por esses autores revelam que no Brasil em 1989 morreuse por desnutrição no primeiro ano de vida 134 vezes mais que nos EUA Quanto à prevalência da desnutrição no período de quinze anos que separa os dois únicos levantamentos nacionais que permitiram dimensionar o problema em nosso meio ENDEF 197475 e PNSN 1989 verificouse redução na taxa global de desnutrição em menores de cinco anos passando de 184 para 71 com 154 de desnutrição crônica altura idade e 2 de desnutrição aguda pesoaltura MONTEIRO et al 1992 A redução no entanto ocorreu de forma diferenciada entre as regiões brasileiras e as regiões Norte e Nordeste apesar da redução significativa na prevalência da desnutrição ainda apresentam quadros semelhantes aos de alguns países da África BITTENCOURT e MAGALHÃES 1995 Principais causas determinantes da desnutrição Numa população normal existem indivíduos naturalmente magros ou baixos devido à constituição genética porém a proporção desses indivíduos em uma população sadia é muito pequena isto é cerca de 25 Portanto quando o número de crianças baixas eou magras é elevado certamente existem fatores que estão impedindo o pleno desenvolvimento do potencial genético Basicamente os fatores determinantes da desnutrição são de ordem nutricional relacionados à falta de alimentos ou desconhecimento de práticas alimentares adequadas e ou de morbidade principalmente as infecções repetidas que diminuem o apetite e aumentam a demanda energética A falta de alimentação adequada pode alterar o crescimento de forma reversível ou irreversível Se a restrição nutricional ocorrer por pouco tempo os déficits de peso e altura serão menos acentuados podendo ser corrigidos pela alimentação adequada com recuperação da defasagem e retorno à curva de crescimento normal Por outro lado se a inadequação alimentar for grave e prolongada incidindo desde a fase intrauterina os retardos no crescimento são mais acentuados e dificilmente recuperados mesmo com uma suplementação alimentar adequada O capítulo Promoção do aleitamento materno e da alimentação da criança apresenta os grupos de alimentos bem como a forma que os alimentos devem ser introduzidos e oferecidos à criança A recorrência de doenças infecciosas por sua vez pode provocar desnutrição e atraso no crescimento independentemente da disponibilidade de alimento através da anorexia aceleração do metabolismo eou aumento das perdas de nutrientes Pode também agravar um quadro de desnutrição em crianças já nutricionalmente deficientes o que por sua vez aumenta a incidência a gravidade e a duração dos processos infecciosos prolongando o tempo de internação e podendo resultar em seqüelas para o desenvolvimento mental Este círculo vicioso culmina no efeito adverso mais devastador que é a morte Como a desnutrição pode se manifestar através do baixo peso ao nascer menos de 2500g e do déficit do crescimento nos primeiros anos de vida inadequação dos índices altura idade pesoidade e pesoaltura destacamse no quadro abaixo passos importantes para sua detecção precoce e manejo adequado Prevenção do baixo peso ao nascer Monitorização do crescimento Deve ser feito mediante cuidados prénatais adequados já assinalados em capítulo específico Tem como objetivo detectar precocemente a desnutrição podendo ser diagnosticada facilmente através da verificação do peso e altura e avaliação da adequação do ganho de peso gestacional O acompanhamento constante do crescimento físico deve ser feito através da antropometria Tem por fim conhecer o estado nutricional e detectar precocemente eventuais desvios possibilitando vigiar o estado geral de saúde da criança Fonte Baseado em EUCLYDES 1997 Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Elaine Buchhorn Cintra Damião1 Lisabelle Mariano Rossato Abéde1 Última Atualização 9262001 74124 AM 1 Profa Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP Área de Enfermagem Pediátrica Membro do GEENF Grupo de Estudos em Enfermagem da Família As doenças crônicas afetam a criança como pessoa e a sua família como sistema de maneira intensa e sem retorno já que a doença não é um evento transitório Tornase necessário esclarecer como as várias doenças crônicas se manifestam ao longo do curso da enfermidade e como isto afeta o ciclo de vida da criança e da família a fim de que se possa avaliar e compreender como a família vivencia a situação de doença crônica da criança e propor uma intervenção de enfermagem baseada nas necessidades da criança e da família Primeiramente podese classificar a doença crônica em quatro grandes grupos e quais as reações mais comuns da família Quadro 1 Quadro 1 Classificação das doenças crônicas e reações da família DESCRIÇÃO REAÇÕES DA FAMÍLIA INÍCIO Início abrupto doença de aparecimento clínico súbito diabetes juvenil Início gradual doença que apresenta início insidioso são exemplos asma e artrite reumatóide juvenil fibrose cística do pâncreas As doenças de início agudo exigem da família uma rápida mobilização e capacidade de administrar a crise Este tipo de doença permite que a família tenha mais tempo para lidar com as mudanças trazidas pela doença tendo um período maior de ajustamento CURSO Progressiva tornase mais grave com o correr do tempo a incapacidade desenvolvese de modo gradual e progressivo Ex câncer diabetes juvenil artrite reumatóide juvenil Constante o evento inicial acomete a pessoa com posterior estabilização A fase crônica é caracterizada por alguma seqüela tornando a mudança semipermanente Ex trauma com paralisia Reincidente ou Episódica alternância entre períodos de pouca sintomatologia com outros de exacerbação Ex câncer em remissão asma Aqui além dos períodos de alívio serem mínimos novas demandas de cuidado são continuamente acrescidas à rotina familiar podendo levála à exaustão Após a fase inicial de choque e desorientação da família ela tende a adaptar se à situação de doença criando estratégias que melhor se adeqüem à sua dinâmica familiar Muitas vezes a família consegue manter uma rotina normal O seu sofrimento está relacionado à freqüência das fases de crise e nãocrise bem como à incerteza de não poder prever quando será a próxima crise CONSEQÜÊNCIAS Não encurtam a vida são as doenças que geralmente não afetam o número de anos de vida da criança Ex a artrite reumatóide Intermediário são doenças imprevisíveis Ex diabetes juvenil e asma severa Encurtam a vida são doenças progressivas e fatais Ex câncer metastático fibrose cística do pâncreas A extensão com que a doença crônica pode encurtar a vida da criança ou mesmo levála à morte é uma das grandes preocupações da família Nas situações em que as doenças não ameaçam a vida da criança de forma iminente como asma diabetes juvenil e artrite reumatóide juvenil as famílias podem tornarse superprotetoras e as crianças acabam obtendo grandes ganhos secundários em termos de atenção privilégios e afeto Nas situações em que a doença ameaça a vida a família pode apresentar uma tendência à tristeza e à perda antecipada INCAPACITAÇÃO Danos de movimento a doença causa dificuldades de motricidade e mobilidade da criança Ex artrite reumatóide juvenil Danos à produção de energia asma diabetes juvenil câncer fibrose cística do pâncreas A família ajustase às situações limitantes dependendo do grau da incapacidade e quão repentinamente ela acorreu Na artrite reumatóide juvenil por ex a família possui mais tempo para adaptarse e criar estratégias para conviver com as deficiências da criança doente Uma outra dimensão da doença crônica referese às suas três fases temporais fase de crise fase crônica e fase terminal Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Maria De La Ó Ramallo Veríssimo1 Última Atualização 9262001 74104 AM 1 Enfermeira Professoraassistente do Departamento de Enfermagem Maternoinfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP Email mdlorveruspbr Muitos problemas de saúde não podem ser resolvidos no interior do sistema de saúde exigindo cada vez mais ações intersetoriais A violência urbana por exemplo é a causa de mortalidade que mais cresce consumindo volume importante dos recursos do sistema de saúde sendo que esse setor tem limitadas condições de agir sobre suas causas Por essa razão a ótica da promoção da saúde na concepção dos sistemas de vigilância propõe o reconhecimento dos determinantes da saúde e dos caminhos de ação possíveis os quais geralmente demandam o envolvimento de outros setores governamentais e da sociedade Os profissionais da área da saúde podem atuar e influenciar todos os campos de ação da promoção da saúde que são desenvolver políticas públicas saudáveis criar ambientes saudáveis fortalecer a ação comunitária desenvolver habilidades pessoais e reorientar os serviços de saúde Para tanto o volume de ações a serem discutidas é imenso Nesse texto foi feito um recorte e optouse por apresentar algumas ações referentes aos dois últimos campos que podem ser realizadas individualmente pela enfermeira em seus contatos com crianças e famílias para a promoção da saúde infantil sem perder de vista que tais ações são complementares e devem ser aliadas a intervenções nas demais esferas As ações propostas podem também ser encaminhadas junto a outras instituições que cuidam de crianças como as creches e préescolas Ações de enfermagem para a promoção da saúde infantil As ações de enfermagem devem delinearse com base nos perfis epidemiológicos da população infantil no território abrangido pela unidade de saúde e na identificação de riscos potenciais Têm como objetivo influir no processo saúdedoença infantil fortalecendo as ações dos usuáriosfamílias que concorrem para a saúde da criança e superar os riscos potenciais Na busca de seu objetivo a priorização do atendimento às crianças expostas aos maiores riscos identificadas pelo instrumental do modelo epidemiológico garante a eqüidade da atenção No Brasil a diarréia as infecções respiratórias agudas a desnutrição e anemia as doenças imunopreveníveis e em algumas localidades a malária ainda se constituem como os principais agravos para as crianças menores de 5 anos Por essa razão as ações básicas de saúde que compreendem o controle das IRAs e das doenças diarréicas o acompanhamento do crescimento e o incentivo ao aleitamento materno e às imunizações continuam sendo as principais intervenções Atualmente a estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância AIDPI combina todas essas ações num modelo de atendimento global à criança2 1 Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento A situação de crescimento e desenvolvimento CD da criança é o principal indicador de suas condições de saúde Portanto a promoção da saúde infantil compreende todas as ações diretas e indiretas que favorecem a criança atinjir seu potencial de CD No que diz respeito a ações diretas que competem à enfermeira destacase o acompanhamento do CD o qual contempla a avaliação do CD e a educação em saúde a qual consiste em atuar junto aos pais e cuidadores infantis bem como às próprias crianças mantendo ou promovendo a aquisição de competência para atender as necessidades da criança que incluem comunicação higiene imunizações sono nutrição quantidade qualidade hábitos afeto segurança jogosbrincadeiras sexualidade cuidados dentários disciplina e autoestima Para promover a expressão saudável de todas essas dimensões da infância compete à enfermeira G Compreender essas funções para as diferentes crianças em diferentes idades e estágios do desenvolvimento e compartilhar essa compreensão com a família e cuidadores G Assegurar que as famílias fiquem conscientes de todos os serviços de saúde disponíveis sobre os tratamentos e procedimentos tomem parte no cuidado à criança e sejam estimuladas a manter ou mudar as práticas de saúde existentes G Usar sua capacidade profissional para apoiar a criança e a família a enfrentar as situações e os desafios do processo saúdedoença 2 Para informações sobre a estratégia AIDPI ver capítulo sobre assistência de enfermagem à criança com diarréia aguda e desidratação Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos2 Última Atualização 9262001 74216 AM 1 Extraído do capítulo Santos VLCG Avanços tecnológicos no tratamento de feridas e algumas aplicações em domicílio In Duarte YAO Diogo MJE Atendimento domiciliar um enfoque gerontológico 1ed Atheneu São Paulo 265306 2000 2 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica da Escola de Enfermagem da USP Enfermeira Estomaterapeuta 1 INTRODUÇÃO Em fins do século XX e transição para o 3º milênio muito se tem enfocado acerca do cuidado avançado em saúde estando certamente entre as áreas por ele abrangidas o cuidado em feridas desde os seus aspectos preventivos até os terapêuticos O profundo desenvolvimento na área celular nas três últimas décadas tem levado os profissionais de saúde que atuam na prevenção e tratamento de feridas a uma revisão dos conceitos e procedimentos tradicionais muitos dos quais empregados desde a Antigüidade e acima de tudo ao reconhecimento de que a lesão é apenas um aspecto de um todo holístico que é o ser humano Esse motivo exige atuação interdisciplinar através de intervenções integradas e sistematizadas fundamentadas em um processo de tomada de decisão que almejam como resultado final a restauração tissular com o melhor resultado estético e funcional Para tanto é fundamental que sempre tenhamos em mente que cada paciente e cada ferida são únicos Este capítulo tem como objetivos rever alguns aspectos sobre as feridas desde os conceituais àqueles do tratamento considerados básicos para as intervenções no domicílio 2 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS Existem inúmeros conceitos definições e formas de classificação de feridas De um ponto de vista mais genérico as feridas podem ser definidas como rupturas das estruturas anatômica e funcional normais do corpo Para outros autores elas são resultantes de um dano para o tegumento ou estruturas inferiores que pode ou não resultar em perda da integridade mas que leva ao comprometimento de função fisiológica tissular Quanto à classificação das feridas embora bastante variável constitui importante forma de sistematização necessária para o processo de avaliação e registro Assim o tempo de reparação tissular pode ser um dos tipos de classificação e consiste em agudas e crônicas As feridas agudas são oriundas de cirurgias ou traumas cuja reparação ocorre em tempo adequado e seqüência ordenada sem complicações levando à restauração da integridade anatômica e funcional as crônicas contrariamente são aquelas que não são reparadas em tempo esperado e apresentam complicações Outra forma de classificação referese à extensão do dano tissular onde há a descrição anatômica e definição da profundidade das paredes tissulares envolvidas Engloba a ferida superficial erosão ou destruição limitada à superfície epidérmica ex bolha a ferida com perda parcial de tecido ou de espessura parcial ou de densidade parcial restrita à epiderme e porção superior da derme ex área doadora para enxertia úlcera de pressão estágio II perda total de tecido ou espessura total ou densidade total em que há perda ou destruição de epiderme derme e subcutâneo podendo invadir ainda músculos tendões e ossos ex úlcera de pressão estágio III ou IV Este tem sido bastante empregado atualmente Além dessas há ainda as chamadas respostas primárias e secundárias da pele a diversos estímulos agressivos que constituem na realidade as causas básicas das lesões quais sejam fatores mecânicos químicos vasculares infecciosos alérgicos térmicos radiativos e outros Cada tipo de estímulo origina uma única reação característica na pele como eritema mácula pápula vesícula erosão ou úlcera As reações primárias podem evoluir para as secundárias isto é das respostas sem ruptura para aquelas com ruptura de integridade da pele respectivamente Krasner e Van Rijswijk propõem um algoritmo para classificação de feridas que envolvem duas grandes categorias a primeira relacionase às causas de lesão cirúrgicas e não cirúrgicas enquanto a segunda ao tempo de reparação agudas e crônicas Ao associálas inclui os aspectos de profundidade e perda tissular Figura 1 Algoritmo para classificação de feridas Fonte Van Rijswijk L Wound assessment and documentation In Krasner D Kane D Chronic wound care a clinical source book for healthcare professionals 2ed Health Management Publications Wayne Cap4 p18 1997b Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Professora Doutora Ana Cristina Mancussi e Faro1 Última Atualização 9262001 74158 AM 1 Professor Associado do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica da Escola de Enfermagem da USP Av Dr Enéas de Carvalho Aguiar 419 Cerqueira César São PauloSP CEP03054000 email da autora rafacrisuspbr A finalidade deste texto é discorrer sobre os seguintes conceitos autonomia dependência e independência deficiência incapacidade e desvantagem No entanto para compreendêlos melhor quanto à sua aplicabilidade na prática junto ao indivíduo família e comunidade alguns dados epidemiológicos serão abordados Os dados geradores de deficiências incapacidades e desvantagem podem ser analisados sob dois aspectos O primeiro deles referese à importância das causas externas acidentes e violências fontes geradoras de mortes e de vítimas com seqüelas muitas vezes irreversíveis Podemse citar os acidentes de trânsito homicídios afogamentos quedas de altura envenenamentos e suicídios entre tantos outros sem especificação de origem que ocasionam vítimas fatais ou seqüelas importantes Ainda neste aspecto há influências regionais geográficas sazonais e socioculturais atuando direta e indiretamente nas fontes geradoras de limites seja a instalação de deficiências incapacidades bem como a perda da autonomia Vale citar que o Brasil é um país continental de clima tropical com muitos rios lagos e costa litorânea expressiva ocasionando acidentes com água Também enquanto pólo econômico na região sudeste intensifica a migração o movimento de emprego e desemprego o choque cultural e a heterogeneidade a violência urbana e a superpopulação Tais características desenham causas externas e mostram o ferimento por arma de fogo FAF acidentes de trânsito quedas da construção civil acidentes domésticos outros acidentes de trabalho vitimando inúmeras pessoas desestruturando famílias e onerando a todos da sociedade O segundo aspecto que se refere aos dados geradores de deficiências e incapacidades bem como desvantagem e sobretudo perda da autonomia são as causas nãotraumáticas e neste aspecto estamos considerando o envelhecimento populacional com maior e melhor expectativa e qualidade de vida a tecnologia assistencial multi e interdisciplinar na atenção às doenças crônicas e degenerativas no controle e na prevenção das mesmas Considerando as conseqüências dos traumas e a importância do controle e da prevenção de violências e complicações bem como dos estudos para o controle de doenças congênitas por parte da bioengenharia e genética é necessário ampliar o conhecimento sobre seqüelas para melhor avaliar e utilizar os termos corretamente Quanto ao envelhecimento populacional cumprenos apenas reiterar que em breve o Brasil ocupará uma posição de destaque quanto ao número de pessoas idosas no País Tratase de uma explosão do número de pessoas idosas facilmente observável ao nosso redor nas ruas e nos serviços de saúde No processo de envelhecimento aparecem as doenças crônicas caracterizadas sobretudo pela hipertensão arterial diabetes doenças reumáticas etc Autonomia dependência e independência são conceitos que vêm sendo mais amplamente discutidos pelos profissionais da área de saúde que atuam junto à pessoa idosa mas vale lembrar que a pessoa adulta também merece atenção pelos dados apresentados anteriormente Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Silvia Regina Secoli1 Última Atualização 9262001 74312 AM 1 Enfermeira Professora Assistente do Departamento de Enfermagem Médicocirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 1 Introdução A crescente morbimortalidade do câncer indicada nas estatísticas brasileiras 2º causa de morte o alto custo do tratamento suas repercussões no sistema de saúde e a interferência na qualidade de vida do indivíduo apontam aos profissionais da saúde que são necessários o estabelecimento de estratégias de intervenção no processo doença e maior capacitação dos recursos humanos para atuarem de modo competente principalmente no âmbito domiciliário Câncer é o termo aplicado a um conjunto de mais de 100 doenças que se caracterizam pelo processo de multiplicação celular desordenado e capacidade de invasão para outras regiões e tecidos O processo fisiopatológico iniciase quando uma determinada população de células sofre transformações no material genético contido no núcleo ácido desoxirribonucléico DNA dando origem a descendentes insensíveis aos mecanismos reguladores do crescimento e divisão celular normal Sabese que 80 dos tipos de câncer estão relacionados ao tipo de dieta ao hábito de fumar eou consumir álcool ao consumo de alguns medicamentos ao tipo de ocupação a exposição prolongada ao sol aos poluentes atmosféricos e a alguns tipos de agentes infecciosos Diante dessas considerações e da complexidade do tema optouse por discutir neste capítulo os princípios dos tipos de tratamento as ações educativas do enfermeiro no controle do câncer e subsídios teóricopráticos para intervenções de enfermagem frente aos sinais e sintomas mais freqüentes decorrentes da doença e do tratamento Estas manifestações clínicas são causas freqüentes de importante limitação das atividades de vida diária desconforto e sofrimento do doente e da família 2 Modalidades de tratamento Apesar do câncer representar um problema de saúde pública em âmbito mundial a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes têm aumentado e vários fatores contribuíram para isso o diagnóstico precoce a descoberta de novos medicamentos e a abordagem terapêutica multidisciplinar O plano terapêutico do doente com câncer é estabelecido após o diagnóstico e o estadiamento do tumor considerandose o grau de comprometimento do estado geral do indivíduo e as modalidades de tratamento disponíveis cirurgia quimioterapia radioterapia bioterapia hormonioterapia e transplante de medula óssea Atualmente são utilizados esses tratamentos de modo isolado ou em conjunto com o objetivo de reduzir a massa tumoral atuar sobre as células malignas circulantes diminuir os riscos de incidência progressão e recidiva da doença e melhorar as condições imunológicas do paciente O conhecimento dos princípios das modalidades terapêuticas oferece aos profissionais subsídios para prever as complicações e instituir medidas imediatas nas manifestações que oferecem risco para a vida do doente A cirurgia é abordagem terapêutica mais antiga de combate ao câncer e visa remover de forma mecânica o tumor ou parte dele com o objetivo de diagnosticar biópsias prevenir nos casos de doenças précancerosas curar paliar estadiar ressecar metástases e reconstruir A quimioterapia é uma estratégia que visa tratar a doença de modo sistêmico Utilizase de agentes antineoplásicos que interferem nas funções e na reprodução celular com o objetivo de causar a destruição das células malignas Os antineoplásicos não possuem toxicidade seletiva para as células malignas desta forma atingem também células sadias dos tecidos de rápida proliferação Por este motivo são obrigatórios períodos de interrupção da quimioterapia para recuperação do doente visto que para o tratamento são necessárias doses repetidas de antineoplásicos durante longos períodos A radioterapia utiliza radiação ionizante proveniente de aparelhos por exemplo bomba de cobalto ou de materiais radiativos por ex Césio137 Irídio192 para destruir as células malignas A bioterapia emprega agentes chamados Modificadores de Resposta Biológica MRB para modificar o funcionamento do sistema imune imunidade celular ou humoral do paciente e produzir efeito antitumoral através de ação estimulante ou supressora Os agentes utilizados como MRB incluem as interleucinas os interferons os fatores estimulantes de crescimento de colônias os anticorpos monoclonais o Bacilo CalmetteGuerin BCG o levamisol e os indutores de diferenciação celular A hormonioterapia é uma estratégia clínica para tratar os tumores hormôniodependentes em que o bloqueio da produção de determinados hormônios através de medicamentos específicos pode reduzir o hormônio responsável pelo crescimento do tumor O transplante de medula óssea TMO visa tratar a doença através da substituição da medula óssea doente pela sadia e restabelecer assim a função medular normal O preparo para o TMO compreende a realização de quimioterapia fase de condicionamento e em alguns casos a radioterapia no corpo inteiro A fase subseqüente é a infusão da medula óssea que pode ser obtida de doador geneticamente similar ao receptor alogênico de doador gêmeo idêntico do receptor singênico ou do próprio receptor após o prétratamento da medula doente autólogo Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Angela M G Pierin1 Décio Mion Jr2 Última Atualização 9262001 74254 AM 1 Professora Livre Docente da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 2 Professor Livre Docente Da Disciplina de Nefrologia da faculdade de Medicina da universidade de São Paulo A hipertensão arterial como problema de saúde pública A hipertensão arterial é uma doença de natureza multifatorial caracterizada pela elevação da pressão arterial freqüentemente associada a alterações metabólicas e hormonais e fenômenos tróficos Acomete um grande número de pessoas cerca de 15 a 20 da população adulta chegando a 50 nos idosos Atinge mais pessoas do sexo masculino até 4550 anos e a partir desta faixa a prevalência é maior nas mulheres Tende a ser mais prevalente entre negros e também naqueles com história familiar para hipertensão Em crianças e adolescentes também aparece de maneira considerável A hipertensão arterial é considerada um dos principais fatores de risco cárdio e cerebrovasculares A presença de hipertensão duplica o risco cardiovascular Além disto a hipertensão é o primeiro fator de risco para acidente vascular cerebral Ademais cerca de 90 das pessoas em estágio final de doença renal têm história de hipertensão Ressaltase ainda o alto custo social em nosso meio pois a hipertensão é responsável por cerca de 40 dos casos de aposentadoria precoce e absenteísmo ao trabalho Em face dessas considerações salientase a importância de que todos os profissionais da área da saúde devam concentrar esforços na prevenção através da adoção de hábitos de vida saudáveis na detecção precoce da doença por meio da medida regular da pressão arterial e uma vez identificada a doença o controle adequado corrigindo ou evitando complicações A identificação da hipertensão arterial A hipertensão arterial é uma doença praticamente assintomática e a sua identificação se faz através da medida da pressão arterial Valores persistentemente iguais ou maiores do que 140 mmHg para a pressão sistólica eou 90 mm Hg para a diastólica são considerados hipertensão O Quadro 1 apresenta a classificação dos níveis da pressão arterial para pessoas adultas Em crianças e adolescentes por meio de tabelas classificase a pressão arterial em função do percentil de estatura idade e sexo Para valores abaixo do percentil 90 normotensão entre 9095 normal limítrofe e acima do percentil 95 hipertensão Quadro 1 Classificação diagnóstica da hipertensão arterial 18 anos III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial 1998 III CBHA Pressão Arterial mm Hg Diastólica Sistólica Classificação 85 130 Normal 8589 130139 Normal Limítrofe 9099 140159 Hipertensão Leve estágio 1 100109 160179 Hipertensão Moderada estágio 2 110 180 Hipertensão Grave estágio 3 90 140 Hipertensão Sistólica Isolada O diagnóstico da hipertensão baseiase no achado de níveis acima da normalidade através da medida da pressão arterial pelo método indireto em pelo menos duas ou mais visitas no mínimo duas medidas em cada vez na posição sentada eou deitada e na primeira avaliação nos dois braços Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Sonia Aurora Alves Grossi1 Última Atualização 9262001 74240 AM 1 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem Médicocirúrgica da Escola de Enfermagem da USP 1 Introdução O diabetes mellitus é uma doença que exige toda uma vida de comportamentos especiais de autocuidado para que a glicemia seja mantida o mais próximo possível da normalidadeSMELTZER BARE 1993 O controle inadequado do diabetes ao longo dos anos da doença representa ameaça à vida do paciente pois favorece a precocidade e o risco aumentado de doenças coronarianas acidentes vasculares cerebrais retinopatia nefropatia insuficiência vascular periférica neuropatia periférica neuropatia autonômica e morte prematura entre outras O impacto do diabetes mellitus como um sério problema de saúde pública está no fato de que a maioria das complicações crônicas inerentes à doença é altamente incapacitante para a realização das atividades diárias e produtivas compromete a qualidade de vida e o tratamento das mesmas e é extremamente oneroso para o sistema de saúde Evidências a partir de observações clínicas epidemiológicas e bioquímicas demonstradas por dois dos estudos prospectivos mais significantes em diabetes DCCT 1993 e UKPDS 1998 indicam que a manutenção de parâmetros glicêmicos e da pressão arterial próximos à normalidade podem reduzir a incidência e a severidade das complicações neuropáticas macro e microvasculares Os resultados desses estudos salientaram a necessidade de expansão de equipes de cuidado à saúde médicos especialistas e educadores em diabetes entre outros maior esforço profissional na educação em diabetes melhor relacionamento entre especialistas e cuidadores além de planejamento de recursos financeiros Evidenciaram também que os benefícios a longo prazo de ter diabéticos com melhor qualidade de vida mais produtivos e com menos complicações compensariam os custos com o rígido controle A obtenção de bom controle metabólico ao longo da vida não é fácil pois o diabetes é uma doença imprevisível e também porque cada pessoa responde de maneira diferente ao tratamento Assim sendo e considerando que 99 dos cuidados diários necessários ao tratamento do diabetes são realizados pelo paciente ou familiar a educação assume importância fundamental na terapêutica e na integração do diabético na sociedade como reconhece a Organização Mundial da Saúde 2 Educação para o manejo do diabetes mellitus Esculpida em uma pedra em frente à Clínica Joslin construída em 1955 em Boston encontrase a inscrição que refletiu a convicção de Elliot P Joslin A Educação não é somente parte do tratamento do diabetes é o próprio tratamento A importância da educação no manejo do diabetes é reconhecida desde a década de 20 tornouse formal como experiência pioneira na clínica Joslin em 1930 foi oficializada em alguns países a partir da década de 70 mas foi nas décadas de 80 e 90 que a equipe de saúde passou a acreditar na educação como forma de obtenção de controle metabólico mais adequado A educação em diabetes é importante porque permite que os pacientes se sintam melhor propicia um melhor controle metabólico favorece o decréscimo dos custos com o tratamento e protege contra a prática profissional inadequada O cuidar em diabetes na perspectiva de rígido controle glicêmico está tendo necessidade de redirecionamento Assim sendo o programa educativo em diabetes deve ter como objetivos Educação em diabetes Objetivos G Aumentar os conhecimentos sobre diabetes G Desenvolver habilidades para o autocuidado G Estimular a mudança de comportamento G Oferecer suporte para o manejo dos problemas diários decorrentes da doença G Prevenir as complicações agudas e crônicas da doença A educação de pessoas com diabetes deve ser pensada com um processo onde se consiga proporcionar à elas experiências que influenciem sua compreensão suas atitudes e suas práticas relacionadas ao viver com diabetes Desta forma pontuaremos a seguir o que acreditamos constituamse competências de todo educador em diabetes Competências do educador em diabetes G Avaliação do déficit de conhecimento e dos aspectos psicossociais G Desenvolvimento de habilidades de sobrevivência G Educação continuada aprofundada e atualizada G Adoção de estratégias de mudança de comportamento Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Cibele Andrucioli de Mattos Pimenta1 Última Atualização 9262001 74432 AM 1 Enfermeira Professora LivreDocente do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Esse capítulo é síntese do livro Dor manual clínico de enfermagem de autoria de Pimenta CAM e colaboração de Secoli SR Garcia DM Calil AM Kurita GP Gutierrez BAO e Martins LMM Dor é uma das principais causas de procura pelo sistema de saúde Quando não controlada é descrita como responsável pelo aumento da ocorrência ou agravamento de complicações especialmente pósoperatórias e póstraumáticas pelo prolongamento das internações por aumento dos custos e pela menor satisfação do doente com os tratamentos Está entre as principais causas de sofrimento desgaste físico psíquico e social prejuízo às atividades de vida diária piora da qualidade de vida absenteísmo ao trabalho licenças médicas aposentadoria por doença indenizações trabalhistas e baixa produtividade em condições crônicas Disto resulta a importância de se preparar os profissionais de saúde para lidarem com o tema 1 DOR Conceitos Básicos Dor foi conceituada pela Associação Internacional para Estudos da Dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano tecidual real ou potencial ou descrita em termos de tais danos Cada indivíduo aprende a utilizar este termo através de suas experiências anteriores Dessa definição corroborase que a relação lesão tecidual e dor não é exclusiva ou direta e que na experiência dolorosa aspectos sensitivos emocionais e culturais estão imbricados de modo indissociável Depreendese ainda que dor é sempre uma experiência subjetiva que pode ser compartilhada a partir do relato de quem a sente A dor pode ser classificada em aguda crônica neuropática e nociceptiva A dor aguda está relacionada a afecções traumáticas infecciosas ou inflamatórias há expectativa de desaparecimento após a cura de lesão a delimitação têmporoespacial é precisa há respostas neurovegetativas associadas elevação ou diminuição da pressão arterial taqui ou bradicardia taqui ou bradipnéia entre outras ansiedade e agitação psicomotora Essas respostas são freqüentes e têm a função biológica de alertar o organismo sobre a agressão A dor crônica é aquela que persiste após o tempo razoável para a cura de uma lesão ou que está associada a processos patológicos crônicos que causam dor contínua ou recorrente Não tem mais a função biológica de alerta geralmente não há respostas neurovegetativas associadas ao sintoma é mal delimitada no tempo e no espaço e ansiedade e depressão são respostas emocionais freqüentemente associadas ao quadro É de controle mais difícil e muitas vezes não se observa relação entre a existência e a magnitude de lesão tecidual e a queixa de dor A dor crônica é causa de inúmeros afastamentos do trabalho de ônus ao sistema de saúde e à sociedade e de sofrimento ao indivíduo e à sua família São exemplos de dor crônica dores oncológicas lombalgias cefaléias lesões por esforços repetitivos fibromialgia neuropatia dolorosa diabética e dor pósherpes zoster entre outras Dor neuropática decorre de lesão parcial ou total de vias sensitivas do sistema nervoso periférico ou central como nos casos de neuropatia dolorosa diabética neuralgia do trigêmio dor após acidente vascular cerebral invasão de nervos ou plexos por tumores etc Dor nociceptiva é aquela decorrente da elevada síntese de substâncias inflamatórias algiogênicasque geram dor como nos casos de cortes fraturas infecções etc Dor mista é aquela em que há elementos neuropáticos e nociceptivos É comum nas dores oncológicas O tratamento da dor neuropática e nociceptiva apresenta diferenças Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Yeda Aparecida de Oliveira Duarte1 Última Atualização 9262001 74548 AM 1 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgico da EEUSP O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e que adquire características muito peculiares em nosso país dada a velocidade com que vem se instalando Estimativas apontam para uma cifra de 32 a 33 milhões de pessoas com mais de 60 anos2 no ano de 2025 Antes denominado um país de jovens hoje o Brasil já pode ser considerado um País estruturalmente envelhecido segundo padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde Desta forma é fundamental que as pessoas em geral e os profissionais de saúde em especial compreendam o processo de envelhecimento e suas peculiaridades de forma a direcionarem seus esforços na construção de um futuro digno e humano a todos Dentre as muitas definições de envelhecimento temos utilizado a citada por BABB e adotada pela OPAS na qual envelhecer é um processo seqüencial individual acumulativo irreversível não patológico de deterioração de um organismo maduro próprio a todos os membros de uma espécie de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e portanto aumente sua possibilidade de morte Desta definição ressaltamse alguns pontos 1o o envelhecimento é um processo e assim sendo é algo que vai sendo construído no transcorrer da existência humana Não ficaremos velhos aos 60 70 ou 80 anos estamos envelhecendo a cada dia porém dificilmente isto é aceito pelas pessoas em virtude de mitos e esteriótipos socialmente impostos que colocam o velho como uma seção à parte da sociedade para a qual só gera ônus uma vez que já não faz mais parte do mercado produtivo Estas imposições sociais são tão expressivas que na maioria das vezes as pessoas se referem aos idosos como aqueles que têm pelo menos 15 anos mais que elas independente da idade que as mesmas possuem É interessante no entanto relembrar que só não ficará idoso ou velho o indivíduo que morrer jovem o que sem dúvida não é anseio nem das pessoas e tampouco da ciência que há muito vem trabalhando para prolongar os anos de existência do ser humano 2o envelhecer é um processo fisiológico e natural pelo qual todos os seres vivos passam e é sem dúvida a maior fase do desenvolvimento humano Nascemos crescemos e amadurecemos deste momento até a nossa morte passamos a vida toda envelhecendo Nesta fase várias alterações fisiológicas ocorrerão de modo mais ou menos acentuado e com velocidades variáveis entre as diferentes pessoas geralmente relacionados a variáveis pessoais Tais alterações têm por característica principal a diminuição progressiva de nossa reserva funcional Isto significa dizer que um organismo envelhecido em condições normais poderá sobreviver adequadamente porém quando submetido a situações de estresse físico emocional etc pode apresentar dificuldades em manter sua homeostase manifestando assim sobrecarga funcional que pode culminar em processos patológicos O conhecimento e a compreensão de tais alterações são fundamentais para evitar dois grandes equívocos assistências citadas por JACOB Fo onde G sinais e sintomas próprios da senescência são equivocadamente atribuídos a doenças determinando a realização de exames e tratamentos desnecessários Nada mais é do que diagnosticar o envelhecimento como doença G todas as alterações encontradas em um idoso são erroneamente atribuídas ao seu envelhecimento natural impedindo a detecção de processos patológicos passíveis de tratamento eou cura Neste capítulo buscase discorrer sobre alguns aspectos do processo de envelhecimento e suas conseqüências e refletir sobre o cuidado com a pessoa idosa 2 Segundo a Lei no 884294 que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso em seu capI art 2o considera se idoso para efeitos desta lei a pessoa maior de 60 anos de idade Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Profa Dra Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira1 Profa Dra Luciana de Almeida Colvero2 Última Atualização 9262001 74804 AM 1 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrico da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo 2 Professora Assistente do departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrico da escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo Introdução O processo de construção do Sistema Único de Saúde regulamentado pela Constituição de 1998 e por leis complementares no campo da saúde tem como pressupostos básicos os princípios da universalização da integralidade da descentralização e a participação popular O fato apresentado colocanos diante da constatação que houve avanços na legislação do setor porém o mesmo não pode ser evidenciado na prática efetiva dos serviços de atenção à saúde da população O modelo de assistência que predomina no País tem suas práticas centradas no atendimento terciário e que tem o hospital como meio e fim do cuidado aos indivíduos que sofrem agravos à saúde Considerando a realidade apresentada o Ministério da Saúde em 1994 instituiu um novo modelo de atenção à saúde da população que busca a reorientação do modelo tradicional vigente o qual está centrado no Programa de Saúde da Família Segundo COSTA NETO 2000 A estratégia de Saúde da Família propõe uma nova dinâmica para a estruturação dos serviços de saúde bem como para a sua relação com a comunidade e entre os diversos níveis de complexidade reconhecendo a saúde como um direito de cidadania e expressa pela qualidade de vida Esta estratégia tem como premissa básica a vigilância à saúde e o enfoque de risco como metodologia que orienta os trabalhos tendo em vista o melhor aproveitamento dos recursos disponíveis procurando adequálos às reais necessidades da população Desta forma a família foi eleita em seu contexto sociocultural como núcleo básico no atendimento à saúde Para dar conta desse novo objeto de atenção está em questão a importância de que o enfermeiro e toda a equipe de saúde perceba a multicausalidade dos agravos à saúde sejam eles de ordem física mental ou social tanto individual como coletivo tendo sempre em vista os indivíduos como sujeitoscidadãos em seu meio ambiente e em seu contexto sociofamiliar Estas importantes mudanças no sistema de saúde do País no momento atual caracterizam um cenário privilegiado para implementação de transformações significativas das práticas e saberes na área de Saúde Mental Afinal são quatrocentos milhões de pessoas que sofrem hoje no mundo de perturbações mentais e neurológicas ou problemas psicológicos Além do sofrimento e da falta de cuidados essas pessoas vivenciam o estigma a vergonha e a exclusão e com muita freqüência a morte OPAS 2000 No Brasil segundo ALVES et al 1994 a prevalência global de transtornos mentais na população brasileira está estimada em 20 Pesquisas epidemiológicas realizadas em cidades brasileiras de diferentes regiões encontram prevalências de demanda por cuidado psiquiátrico que variam de 34 Brasília e Porto Alegre e 19 São Paulo dados que ainda são representativos nos dias de hoje Em face do exposto entendese a pertinência da apresentação de alguns aspectos relevantes que estão a nortear o campo da saúde mental buscando contribuir para articulação da díade proposta Saúde Mental no Programa de Saúde da Família Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Luciana Colvero1 Yeda Aparecida de Oliveira Duarte2 Última Atualização 9262001 74750 AM 1 Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP 2 Enfermeira Professora Doutora do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica da Escola de Enfermagem da USP Um fato relevante para a prática assistencial contemporânea do enfermeiro é o aumento da demanda por atendimento psiquiátrico nos serviços de saúde de pessoas acima de 60 anos Diante deste fato não se pode desconsiderar que a habilitação e preparação de técnicos de nível superior para o cuidado geral do idoso particularmente quanto ao seu universo psicológico é uma das tarefas necessárias e primordiais para os próximos anos em todos os países notadamente no Brasil Isto se dá em conseqüência do expressivo envelhecimento populacional fenômeno este universal O Brasil inserindose no contexto mundial apresentou um processo de crescimento populacional que se tornou mais notável até o Censo de 1970 De lá para cá as expectativas de crescimento anual elevado não se concretizaram e o que se pode observar é que houve um decréscimo dessas taxas chegando à cifra de 16 ao ano Censo 2001 com menos nascimentos e acentuada redução da mortalidade infantil diminuição da fecundidade e aumento da expectativa de vida tendo por conseqüência o envelhecimento populacional Até o ano de 2025 teremos a 6ª maior população idosa do mundo Porém será nítida a queda do padrão de vida dos cidadãos muitos dos quais já vivem espremidos em favelas nos grandes centros urbanos ou nas periferias das cidades vivendo na base da chamada economia informal A rapidez com que esse fenômeno vem ocorrendo levanos a indagar se o País conseguirá se adaptar e efetuar mudanças que favoreçam a instalação de condições mínimas e fundamentais para um envelhecimento saudável de forma a assistir adequadamente a esta população quando de seu adoecimento Buscandose alertar os profissionais da área de saúde para a triste questão das pessoas idosas portadoras de distúrbios psiquiátricos elaboramos este texto com a intenção também de contribuir para a orientação e facilitação do diaadia daqueles que diretamente cuidam destas pessoas Evidenciouse que esse grupo populacional se tornará nas próximas décadas um dos maiores problemas de saúde pública em nosso meio o que já ocorre nos países mais desenvolvidos Dentre os distúrbios psiquiátricos que mais estão associados ao envelhecimento daremos destaque às síndromes demenciais e em especial ao denominado mal de Alzheimer As síndromes demenciais caracterizamse por um empobrecimento progressivo de todos os processos psíquicos cognitivos e afetivos É decorrente de doença cerebral difusa crônica que afeta principalmente o córtex dos hemisférios cerebrais e também subcorticais e tem em geral um curso progressivo É uma síndrome de disfunção adquirida e persistente que compromete ao menos três das seguintes atividades mentais linguagem memória capacidade visoespacial personalidade cognição julgamento e solução de problemas Estimase uma prevalência de 1 a 2 entre os idosos com 60 anos 3 a 9 entre os de 65 e mais anos taxa esta que se duplica a cada 5 anos até alcançar a cifra de 32 na faixa de 85 anos quando tende a se estabilizar Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Ana Luisa Aranha e Silva1 Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira2 Última Atualização 9262001 74734 AM 1 Professora Assistente do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem MaternoInfantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da USP O acometimento de doença mental no membro de um núcleo familiar tende a se transformar numa realidade permeada por sofrimento e dor Tal evento representa uma crise que é expressa pela gravidade de sua manifestação e devida ao longo tempo de duração dos sintomas os fracassos sociais dos pacientes as dificuldades de comunicação e interação produzindo no portador individual e nos familiares vivências de frustração e desespero e um convite para um progressivo isolamento da vida comunitária MELMAN 1998 Este quadro desalentador evidencia entre outros um sentimento de culpa dos pais em relação aos filhos e destes com relação aos pais Via de regra os prestadores de assistência também responsabilizam os familiares como os produtores de relações conflitivas e adoecedoras Estrutura familiar e as ações em saúde O núcleo familiar ou família nuclear2 ocidental moderna é responsável pela educação formação identificação e ajuste de qualquer desvio ou transtorno dos filhos A ruptura de expectativas que tendem à normalidade nascer crescer estudar namorar casar procriar ter emprego estável constitui um fator de angústia e sofrimento Esta condição caracteriza as sociedades industriais que nasceram no final do século XVIII na consolidação do modo capitalista de produção ARIÉS 1981 cuja referência de normalidade é a capacidade das pessoas estarem incluídas no jogo das trocas sociais isto é aderidas ao sistema produtivo Coerente ao processo de responsabilização e nuclearização da família as intervenções junto aos familiares de portadores de doença mental vêm sendo construídas implementadas e definidas pelo viés da normatização ou desvio pela culpabilização ou indiferença institucional pelo isolamento profilático por meio da internação psiquiátrica ou isolamento social via abandono Sob a égide da ciência positiva o olhar prevalente para o fenômeno do adoecimento mental focaliza os sintomas conflitos problemas na comunicação as desabilidades efetivas cognitivas laborativas e relacionais ou seja nesses duzentos anos de psiquiatria a assistência ao doente individual tem reservado pouco espaço para a incorporação e implicação afetiva ou operativa dos familiares no decurso do tratamento de seu ente consangüíneo Isto porque o modelo hospitalar hegemônico no ocidente reforça a necessidade do isolamento da doença e conseqüentemente do seu portador para melhor observála estudála e tratála Este é o projeto psiquiátrico e o seu objeto de intervenção a doença SILVA et al 2000 Coerentemente ao isolamento da doença aderese o isolamento do sujeito doente o seu afastamento do núcleo de referência familiar o empobrecimento das relações e a dificuldade de experimentar vivências enriquecedoras Tal mecanismo retroalimenta um velho mito no campo da saúde mental que é a suposta acomodação dos familiares frente ao sofrimento mental ou a sua autodesobrigação frente ao tratamento assim como a desobrigação autorizada pela instituição prestadora de assistência uma vez que a impede de acessar o intramuros hospitalar uma roda viciosa e viciada que tende à manutenção do estatuto da culpa e abandono A psiquiatria tem contribuído muito no campo da pesquisa psicofarmacêutica Entretanto após tratar a doença restam o doente o póscrise a vida cotidiana a convivência em casa com a vizinhança o jeito bizarro de ser e viver a dificuldade na obtenção ou manutenção de trabalho a impossibilidade de lazer etc O manejo das situações onde tal humanidade da populaçãoalvo está a descoberto pode buscar amparo num campo ampliado da concepção do processo saúdedoença mental e seu tratamento Este é o campo psicossocial 2 Família nuclear é um tipo de estrutura familiar vista nas sociedades industrializadas e consiste de duas gerações pais e filhos TAYLOR 1992 Nas sociedades complexas cresce o número de grupos humanos que não atendem aos critérios dos vínculos legais ou consangüíneos tradicionais e que identificamse como famílias TAYLOR 1992 Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Lislaine Aparecida Fracolli1 Lúcia Yasuko Izumi Nichiata2 Última Atualização 9262001 75602 AM 1 Profa Dra do Depto Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Profa Assistente do Depto Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP Neste texto será abordada a intervenção do enfermeiro junto às Doenças Transmissíveis através das concepções da Vigilância Epidemiológica As intervenções serão desenvolvidas a partir de um exercício pedagógico baseado no material Treinamento Básico de Vigilância Epidemiológica TBVE do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo O Ministério da Saúde disponibilizou o Guia de Vigilância Epidemiológica Brasil 1998 no site httpwwwfnsgovbr Este guia contém as ações e atividades relativas ao desenvolvimento da Vigilância Epidemiológica das Doenças de Notificação Compulsória de interesse nacional 1 Este exercício constituise em um estudo de caso desencadeado a partir da ocorrência de uma doença transmissível num dado território e as ações de Vigilância Epidemiológica VE que devem ser desenvolvidas Descrição da situação avaliando a ocorrência de um surto de febre tifóide Numa segundafeira 15 de junho durante visita domiciliária a uma família você identifica que um dos seus membros está acamado bastante abatido referindose estar com mal estar cefaléia e febre desde sábado Ao discutir o caso com a agente comunitária da sua área a mesma relata que outras pessoas da região também estão apresentando um quadro semelhante Sem outras informações o que você deve fazer Procurar obter mais informações sobre os sinais e sintomas que as pessoas vêm apresentando e tentar identificar que doença seria essa na tentativa de confirmar se estaria ocorrendo um surto A agente comunitária acompanha você a uma visita domiciliária às cinco famílias que segundo ela tinham pessoas com sintomas semelhantes Nessa visita você obteve as seguintes informações G todas as pessoas com sintomas tinham participado de uma festa junina do bairro dia 1º de junho G duas pessoas foram atendidas no hospital regional dia 14 de junho com um importante comprometimento do estado geral com um quadro clínico claramente infeccioso dos quais foram colhidas amostras de sangue para a realização de exames hemograma e hemocultura Quais outras informações você deveria pesquisar Das pessoas internadas o resultado dos exames laboratoriais e as informações da ficha de atendimento hospitalar com hipótese diagnóstica e condutas Das pessoas nãointernadas data de início dos sintomas se procurou atendimento em algum serviço de saúde se fez exames laboratoriais e quais foram seus resultados Além desses dados sobre idade sexo ocupação e condições de habitação bem como outras informações que você julgar pertinente para a caracterização da doença As informações que você coletou dos prontuários de internação e das entrevistas estão resumidas no Quadro I Na Unidade de saúde entre as pessoas agendadas para a consulta de enfermagem no dia 15 de junho você atendeu duas outras que apresentavam os mesmos sintomas malestar cefaléia e febre identificados na visita domiciliária realizada pela manhã Na consulta de enfermagem você obtém a informação de que estes pacientes apresentavam estes sintomas há três dias e também tinham participado da festa junina Você incluiria estes dois casos junto aos demais descritos no quadro I Quais as hipóteses diagnósticas poderiam ser levantadas a partir do quadro clínico de todas essas pessoas Quadro I Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Renata Ferreira Takahashi1 Maria Amélia de Campos Oliveira2 Última Atualização 9262001 75548 AM 1 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP 2 Professora Doutora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP O conceito e a finalidade da Vigilância Epidemiológica Segundo o Ministério da Saúde a Vigilância Epidemiológica VE compreende o conjunto de atividades que proporcionam as informações indispensáveis para conhecer detectar ou prever qualquer mudança nos determinantes e condicionantes do processo saúdedoença com a finalidade de recomendar e executar as medidas de prevenção controle e tratamento das doenças As transformações históricas do conceito da Vigilância Epidemiológica Desde a década de 50 a prática da VE vem sendo continuamente reformulada Inicialmente a VE caracterizouse pela observação sistemática e ativa da ocorrência de determinadas doenças transmissíveis em indivíduos através de ações voltadas mais para a vigilância das pessoas do que dos fatores de risco ou para os condicionantesdeterminantes dos agravos à saúde As ações compreendiam a quarentena e o isolamento dos doentes e seus contatos Na metade da década de 60 o conceito de VE foi ampliado passando a ter como foco de ação não só o indivíduo mas também a coletividade Gradativamente foi incorporando ações de monitoramento avaliação pesquisa e intervenção através do desenvolvimento das campanhas e dos programas de erradicação das doenças transmissíveis Foi nessa época que o registro dos dados sobre a doença passou a fazer parte da VE tornando possível conhecer a maneira como as doenças ocorriam O seu conceito sofreu uma revisão ainda mais abrangente na década seguinte com a criação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica que apesar de estar voltado principalmente para o controle de doenças transmissíveis de notificação compulsória passou a incluir também outros tipos de agravos Na proposta de tal Sistema era nítida a divisão entre as ações coletivas e de caráter preventivo atribuídas à saúde pública e as ações individuais e curativas associadas ao complexo médicohospitalar como se as últimas estivessem situadas à margem desse Sistema Foram definidas a finalidade as funções e as atividades integrantes da VE que passou a ser concebida como um conjunto de atividades que permite reunir a informação indispensável para conhecer em todo momento o comportamento ou história natural da doença detectar ou prever qualquer mudança que possa ocorrer por alterações dos fatores condicionantes com o fim de recomendar oportunamente sobre bases firmes as medidas indicadas eficientes que levem à prevenção e ao controle da doença A Vigilância Epidemiológica no SUS A reformulação do Sistema Único de Saúde que ocorreu durante toda a década de 80 culminou com a aprovação da Lei Orgânica da Saúde Lei no8080 em 1990 em que a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes entre outros a alimentação a moradia o saneamento básico o meio ambiente o trabalho a renda a educação o transporte o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país A incorporação do conceito ampliado de saúde ao SUS demandou uma readequação do conceito de VE e foi a partir daí que as doenças transmissíveis deixaram de ser o único objeto da VE tendo sido incorporados os seus determinantes e também as condições que influenciam a sua ocorrência e manifestação Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde Teste de AutoAvaliação Fórum de Discussão Envie para um amigo Autores Renata Ferreira Takahashi1 Maria Amélia de Campos Oliveira1 Última Atualização 3102004 122620 PM 1 Professor Doutor do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva da Escola de Enfermagem da USP A origem do conceito de vulnerabilidade e sua utilização na saúde O conceito de vulnerabilidade nasceu na área dos Direitos Humanos tendo sido incorporado ao campo da saúde a partir dos trabalhos realizados na Escola de Saúde Pública de Harvard por Mann sobre a aids Para compreender como se deu tal incorporação é necessário recuperar a trajetória histórica dessa epidemia a partir dos anos 80 A identificação dos primeiros casos em pessoas que já eram discriminadas socialmente homossexuais usuários de drogas associada ao medo de uma doença desconhecida levou à ampla disseminação do conceito de grupo de risco para a aids o que contribuiu para que a síndrome fosse pensada como uma doença do outro As primeiras campanhas de prevenção além de serem insuficientes para evitar a disseminação da doença estimularam o preconceito e a discriminação O avanço do conhecimento sobre a síndrome na segunda metade da década de 80 e a maior disseminação de informações aliada à pressão exercida por aqueles considerados grupos de risco cooperaram para a emergência de um outro conceito conhecido como comportamento de risco Sem dúvida houve uma evolução na concepção pois estimulava a adoção individual de medidas de prevenção e propiciou a explicitação da suscetibilidade coletiva isto é a noção de que todos são suscetíveis Por outro lado foi nesse período que se intensificou a atribuição de culpa àqueles que eram infectados e se acentuou a percepção dos limites das intervenções que encaminhavam para uma mudança de comportamento na dependência apenas de um dado conhecimento e do desejo de mudança No final desse período começou a ficar mais evidente a ocorrência da síndrome nos grupos socialmente mais vulneráveis como os pobres as mulheres e os jovens Na última década concretizaramse avanços significativos na terapêutica e nos recursos para o diagnóstico da infecção e para deter sua evolução No entanto apesar dos benefícios dos novos instrumentos disponíveis para o controle da epidemia este não foi alcançado Por outro lado propostas envolvendo intervenções de alcance social e estrutural foram fortalecidas e passaram a ser vistas como fundamentais para o alcance desse objetivo Em seus trabalhos Mann e colaboradores 1993 passaram a utilizar o conceito de vulnerabilidade e a elaborar indicadores para avaliar o grau dessa vulnerabilidade à infecção e ao adoecimento pelo HIV considerando três planos interdependentes de determinação Com base nesses estudos podese dizer que o conceito de vulnerabilidade busca avaliar a suscetibilidade de indivíduos ou grupos a um determinado agravo à saúde Na vulnerabilidade individual considerase o conhecimento acerca do agravo e a existência de comportamentos que oportunizam a ocorrência da infecção Devese compreender que os comportamentos não são determinados apenas pela ação voluntária da pessoa mas especialmente pela sua capacidade de incorporar ou melhor de aplicar o conhecimento que possui transformando o comportamento que a torna suscetível ao agravo Orientam este grau de vulnerabilidade pressupostos de que qualquer pessoa é vulnerável ao HIV os meios que a pessoa dispõe para se proteger determinam sua vulnerabilidade quanto maior o amparo social e a assistência à saúde menor será sua vulnerabilidade a vulnerabilidade é determinada por condições cognitivas acesso à informação reconhecimento da suscetibilidade e da eficácia das formas de prevenção comportamentais desejo e capacidade de modificar comportamentos que definem a suscetibilidade e sociais acesso a recursos e capacidade de adotar comportamentos de proteção Na vulnerabilidade programática levase em conta o acesso aos serviços de saúde a forma de organização desses serviços o vínculo que os usuários dos serviços possuem com o profissional as ações preconizadas para a prevenção e o controle do agravo e os recursos sociais existentes na área de abrangência do serviço de saúde Na vulnerabilidade social avaliase a dimensão social do adoecimento utilizandose indicadores capazes de revelar o perfil da população da área de abrangência no que se refere ao acesso à informação rádio e TV gastos com serviços sociais e de saúde acesso aos serviços de saúde coeficiente de mortalidade de crianças menores de cinco anos a situação da mulher o índice de desenvolvimento humano e relação entre gastos com educação e saúde Avaliando a vulnerabilidade A avaliação da vulnerabilidade visa responder algumas questões Qual é a vulnerabilidade ao agravo do grupo social descrevaa O que fazer para diminuir a vulnerabilidade das pessoas ao agravo O que já foi realizado Até que ponto a vulnerabilidade pode ser diminuída Como diminuir essa vulnerabilidade através de atividades que provoquem mudanças nos serviços sociais e de saúde existentes na área de abrangência Como diminuir a vulnerabilidade através mediante de atividades que provoquem mudanças sociais no espaço geossocial do grupo Copyright 2001 IDS Instituto para o Desenvolvimento da Saúde