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Trabalho SBE Refluxo GE apenas artigos a partir de 2018 apresentação no formato de roda de conversa citar as referências na apresentação elaborar relatório segundo orientação do professor 773 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 O câncer de esôfago uma revisão Elton Carlos de OLIVEIRABORGES1 Adriana Fernandes SILVA2 Amanda Monteiro das GRAÇAS3 Fabiano Freire Santos MELO4 Adler Andrade BARCELOS5 Seiji MYIATA6 1Graduando em Medicina pela UninCor eltonborgeshotmailcom 2Graduanda em Medicina pela UninCor drifernandesmggmailcom 3Graduanda em Medicina pela UninCor amandamontegrahotmailcom 4Graduando em Medicina pela UninCor incisivocityhotmailcom 5Graduando em Medicina pela UninCor adlerdrcom 6CirurgiãoOncologista professor da disciplina de Clínica Cirúrgica na UninCor seijisilvanaterracombr Recebido em 03052015 Aprovado em 14072015 Disponibilizado em 15072015 RESUMO O câncer de esôfago é um câncer relativamente incomum mas de prognóstico desfavorável associado ao alcoolismo tabagismo e chá mate em populações com menor nível socioeconômico OBJETIVO elaborar uma revisão bibliográfica sobre o câncer de esôfago dividida nos seguintes tópicos histórico sintomatologia classificação prognóstico e estadiamento epidemiologia distribuição geográfica e fatores de risco formas de diagnóstico e tratamento METODOLOGIA foram revisados 23 artigos publicados entre os anos de 2005 a 2015 por centros de pesquisa brasileiros de São Paulo Rio de Janeiro Minas Gerais e Rio Grande do Sul bem como internacionais RESULTADO o câncer no esôfago reúne sob o mesmo nome 20 diferentes histologias tumorais marcadas pelo estabelecimento de sintomas como disfagia odinofagia e perda de peso Três classificações foram usadas para a sua distinção e avaliação do estadiamento entre as quais a Classificação Macroscópica o Consenso de Paris e a Classificação de Vienna pTNM de maior complexidade e referência Alguns estudos sugeriram a associação de adenocarcinomas ao esôfago de Barrett e à doença do refluxo gastroesofágico assim como à neutralização medicamentosa do pH gástrico Não foi relatada associação entre esôfago de Barret e carcinoma epidermóide A sobrevivência após 5 anos é desapontadora variando conforme o tipo histológico e o estágio do tumor O sítio mais frequente é o terço médio A endoscopia digestiva alta com biópsia é o exame diagnóstico mais indicado A terapêutica mais utilizada é a neoadjuvante com combinação entre quimio e radioterapia para redução tumoral e melhor resultado na ressecção cirúrgica Palavraschave Câncer de Esôfago Adenocarcinoma Carcinoma Epidermóide Esôfago de Barret Disfagia ABSTRACT Esophageal cancer is a relatively uncommon cancer but the poor prognosis associated with alcoholism smoking and mate tea in populations with lower socioeconomic status OBJECTIVE To develop a literature review on esophageal cancer divided into the following topics history symptoms classification prognosis and staging epidemiology geographical distribution and risk factors forms of diagnosis and treatment METHODS we reviewed 23 articles published between the years 2005 to 2015 by Brazilian research centers of Sao Paulo Rio de Janeiro Minas Gerais and Rio Grande do Sul as well as international RESULT cancer of the esophagus brings together under the same name 20 different tumor histologies marked by the establishment of symptoms such as dysphagia odynophagia and weight loss Three classifications were used for their distinction and evaluation of staging including the Macroscopic Classification the Consensus of Paris and Vienna Classification pTNM more complex and reference Some studies have suggested the association adenocarcinomas of the Barretts esophagus and gastroesophageal reflux as well as to drug neutralization of gastric pH It was reported association between Barretts esophagus and squamous cell carcinoma The survival after five years is disappointing varying according to the histological type and tumor stage The most frequent site is the middle third Upper endoscopy with biopsy is the preferred diagnostic test The most widely used therapy is neoadjuvant with combination chemotherapy and radiation therapy for tumor reduction and better results of surgical resection Keywords Esophageal cancer Adenocarcinoma Carcinoma Epidermóide Barretts esophagus Squamous cell carcinoma Dysphagia 774 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 INTRODUÇÃO O câncer no esôfago apresenta 20 diferentes tipos histológicos dos quais o adenocarcinoma é o mais frequente 75 todos no entanto estão associados à disfagia e à perda de peso A porcentagem de pacientes que sobrevivem após cinco anos é desapontadora mas varia conforme a classificação do tumor 10 no carcinoma epidermóide tipo basalóide e 25 no sarcoma sinovial pode chegar entretanto a 95 no carcinoma de células escamosas em estágio inicial Este artigo tem como objetivo reunir uma síntese sobre tamanho mal a partir de artigos publicados entre os anos de 2005 a 2015 contemplando os seguintes tópicos 1 Histórico 2 Sintomatologia 3 Classificação Prognóstico e Estadiamento 4 Epidemiologia Distribuição Geográfica e Fatores de Risco 5 Formas de Diagnóstico e 6 Tratamento Foram analisadas publicações nos idiomas português e espanhol produzidas por universidades e centros de pesquisa brasileiros sediados nos Estados de São Paulo Rio de Janeiro Minas Gerais e Rio Grande do Sul além de centros de pesquisa de referência localizados em outras partes do mundo Histórico Na literatura analisada não foram encontradas referências históricas sobre o câncer no esôfago com exceção da citação de Garbino 2005 sobre o primeiro caso de carcinoma de esôfago tipo células pequenas publicado por Kelsen e colaboradores em 1980 Sintomatologia Em relação aos sintomas os exemplos mais detalhados foram dados pelos trabalhos de Ximenes Netto et al 2011 e 2012 Alencar et al 2012 e Cambruzzi et al 2013 sobre a manifestação de odinofagia dor durante a deglutição disfagia dificuldade para deglutição perda de peso dor torácica febre fadiga desidratação e alteração no timbre da voz a disfagia foi progressiva com necessária ingestão de líquidos durante a deglutição os vômitos pós prandiais de alimentos pouco digeridos ocorreram após 30 em média e o emagrecimento chegou a 10 kg em 4 meses No carcinoma epidermóide tipo basalóide os sintomas mais comuns foram a disfagia e a perda de peso havendo em mais da metade dos casos envolvimento linfonodal já no diagnóstico O mesmo pode crescer e atingir grandes proporções sem qualquer sintoma ou cursar com lesão cáustica acalasia doença diverticular ou do refluxo além de tosse e hematêmese XIMENES NETTO et al 775 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 2011 e 2012 CAMBRUZZI et al 2013 ALENCAR et al 2012 Classificações histológicas Estadiamento e Prognóstico Quanto às referências sobre classificações histológicas estadiamento e prognóstico as melhores foram encontradas em Queiroga e Pernambuco 2006 Seineldin e Seineldin 2007 Garrido 2011 Veas e Flisfisch 2011 Ximenes Netto et al 2011 Arantes 2012 Lacerda 2013 e Cambruzzi et al 2013 Segundo a Organização Mundial da Saúde os tumores malignos que acometem o esôfago subdividemse em 20 tipos quais sejam 1 carcinoma epidermóide tipo usual 2 carcinoma epidermóide com variantes 3 carcinoma basalóide 4 carcinosarcoma 5 carcinoma verrucoso 6 carcinoma tipo linfoepitelial 7 adenocarcinoma associado a esôfago de Barrett 8 carcinoma adenóide cístico 9 carcinoma misto epidermóideglandular e tumores compostos 10 carcinoma adenoescamoso 11 carcinoma mucoepidermóide 12 carcinoma de célula pequena 13 coriocarcinoma 14 tumores não epiteliais 15 leiomiosarcoma 16 rabdomiosarcoma 17 sarcoma de Kaposi 18 melanoma maligno 19 tumores secundários e 20 carcinoma epidermóide invasivo com achados macro e microscópicos OMS citado por XIMENES NETTO et al 2011 Queiroga e Pernambuco 2006 Veas e Flisfisch 2011 afirmam que o sítio mais frequente do câncer no esôfago é o terço médio sendo os terços superior e inferior entre si de percentual semelhante mas com tendência de aumento no terço inferior em função da crescente incidência de refluxo gastresofágico crônico e Esôfago de Barret EB Seineldin e Seineldin 2007 por outro lado defendem valores diferenciados de frequência de localização sendo 50 no terço médio 30 a 35 no terço inferior e apenas 1 no terço superior Para Cambruzzi et al 2013 o sítio mais comum é o terço inferior do esôfago podendo o carcinoma de células escamosas ocorrer em qualquer parte mas especialmente no terço médio e o inferior Cambruzzi et al 2013 ressaltou que o esôfago é um dos locais mais comuns de tumores de células granulares tumor de Abrikossoff no trato gastrointestinal sendo solitários incidentais de pequena lesão e crescimento lento Tumores múltiplos são encontrados em cerca de 10 dos casos e podem levar à obstrução Queiroga e Pernambuco 2006 classificaram histologicamente tais tumores em 1 carcinoma epidermóide ou escamoso e 2 adenocarcinoma o primeiro derivado do epitélio estratificado não queratinizado característico da mucosa normal do esôfago 776 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 tem como variantes o 11 carcinoma verrucoso o 12 carcinoma epidermóide tipo basilóide e o 13 carcinoma epidermóide sarcomatóide Já o 2 adenocarcinoma no interior do epitélio colunar displásico principalmente na junção esôfago gástricacárdia com refluxo gástrico crônico e metaplasia gástrica do epitélio além de aneuploidias e mutações do p53 mesmo antes da neoplasia se tornar detectável Suas variantes raras incluem o 21 carcinoma mucoepidermóide e o 22 carcinoma adenóidecístico De acordo com o Consenso de Paris citado por Arantes 2012 as lesões superficiais no esôfago apresentam 3 subtipos 1 protuso tipo 0I 2 plano tipo 0II e 3 escavado tipo 0III As lesões protusas são subclassificadas em 11 pediculada 0Ip 12 subpediculada 0Isp e 13 séssil 0Is No esôfago são mais frequentes as neoplasias superficiais planas subdivididas em 21 superficialmente elevadas em relação à mucosa adjacente IIA 22 planas IIB e 23 deprimidas IIC sendo raras as formas 1 protusa e 3 escavada Tais neoplasias podem ainda ser subdivididas segundo o grau de penetração transmural M1 corresponde ao epitélio e camada basal M2 à lâmina própria ou córion e M3 à muscular da mucosa O comprometimento da submucosa também pode ser subdividido em SM1 terço superior SM2 terço médio e SM3 terço inferior ARANTES 2012 Em relação à denominação histopatológica das neoplasias superficiais a recomendação atual é que seja adotada a normatização de terminologia proposta pela Classificação de Vienna pTNM p de patologia Na ausência de invasão da lâmina própria a lesão é denominada neoplasia intraepitelial de baixo ou alto grau além de in situ pTis Ocorrendo a invasão da lâmina própria a neoplasia esofagiana é denominada carcinoma intramucoso ou microinvasivo pT1m Em caso de infiltração da camada submucosa a neoplasia é considerada invasora pT1sm Devese destacar que o risco de metástase linfonodal em neoplasias superficiais é determinado pela profundidade de invasão da lesão na parede do órgão critério este que define a necessidade do tratamento endoscópico com fins curativos 1 se o acometimento é limitado ao epitélio M1 e à lâmina própria do esôfago M2 o risco de disseminação linfonodal é próximo a zero sendo a excisão local completa suficiente para a cura 2 se a lesão invade a musculares mucosa M3 e a porção superior da submucosa até a profundidade de 200ì SM1 o risco é de 9 a 19 3 se o tumor atinge focalmente as camadas M3SM1 com tamanho da lesão menor que 3cm inexiste invasão linfovascular e o acometimento da lâmina musculares mucosa tem largura inferior a 3mm o risco de metástase 777 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 linfonodal é muito baixo 15 4 em caso de infiltração acentuada da submucosa SM2 e SM3 metástases linfonodais ocorrem em 40 dos casos ARANTES et al 2012 Cambruzzi et al 2013 por sua vez focalizaram uma classificação na qual os tumores primários do esôfago com nódulo mal circunscrito firme e amarelopálido na submucosa são definidos segundo sua origem celular em epiteliais e não epiteliais benignos e malignos Afirmaram ainda que quase todos os cânceres de esôfago são carcinomas sendo raros os sarcomas já os tumores não epiteliais são de maioria benigna sobre tecido de estroma mesenquimal os tumores compostos são por sua vez tumores originados de forma separada em locais adjacentes que se fundem à medida que crescem invadindo um ao outro Em relação à extensão e classificação macroscópica Seineldin e Seineldin 2007 afirmaram que os cânceres de esôfago apresentam no diagnóstico tamanho entre 4 e 5 cm assim como três possíveis tipos macroscópicos de lesões 1 vegetantes os mamelões neoplásicos montículos proliferamse para o interior da luz alcançando considerável tamanho sobre ampla base e de bordas definidas a apresentação pedicular é improvável apesar de serem comuns pequenas excrescências polipóides nas margens na superfície nos focos de necrose são originadas crateras de diferentes extensões e profundidade 2 ulcerados os mamelões neoplásicos apresentam menor extensão que os vegetantes e forma de úlcera com bordas grossas evertidas e irregulares sobre fundo da cratera hemorrágico e escarpado toda a espessura de sua parede pode ser atravessada por crescimento tumoral e o diâmetro maior é orientado para o eixo longitudinal do esôfago 3 infiltrantes os mamelões caracterizamse por abundante estroma fibroso infiltrado em toda espessura da parede ou como ilhotas descontínuas circunferenciais pouco estendidas com calibre exterior pouco alterado de menor elasticidade e com finas verrucosidades a estenose é consequência do engrossamento parietal e da retração do tecido tumoral Embora possuam aspecto fibroso esses tumores costumam ser de desfavorável evolução Seineldin e Seineldin 2007 ressaltaram que em função da origem embrionária esofágica ser ectodérmica com 778 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 produção de epitélio pavimentoso estratificado a variedade cancerígena mais frequente é a epidermóide escamosa incidente entre 937 e 785 dos casos por implantação nas paredes esofágicas ou infiltração cefálica de tumor gástrico Queiroga e Pernambuco 2006 Veas e Flisfisch 2011 confirmaram o carcinoma epidermóide escamoso como o tipo mais frequente 75 exofítico ulcerado infiltrante de precoce invasão local e metástase à distância sendo o segundo tipo o adenocarcinoma no terço médio inferior mais associado ao Esôfago de Barret EB com rápida disseminação linfonodal e acentuada incidência em obesos carcinomas adenoescamosos melanomas ou sarcomas são infrequentes representando menos de 1 dos casos Já Ximenes Netto et al em revisão de 2011 assumiram como tipo mais frequente 75 o adenocarcinoma ao invés do carcinoma escamoso Garrido 2011 esclareceu que o carcinoma de células escamosas ocorre mais no nível do terço superior e médio enquanto que no terço inferior há predomínio de adenocarcinoma Para aumentar o dissenso Cambruzzi et al 2013 atribuíram ao carcinoma espinocelular o tipo mais comum dos tumores malignos do esôfago nos homens aos 60 anos de idade Ximenes Netto et al 2011 por sua vez assumiram o linfoma primário do esôfago como o tipo mais raro apresentando menos de 30 casos relatados na literatura mundial Sem uma etiologia identificada as infecções pelos vírus HIV e EpsteinBarr foram relatadas como os seus fatores de risco XIMENES 2008 e afirmadas como item no diagnóstico diferencial de HIVAIDS uma vez que pacientes HIV apresentam 104 vezes mais risco de linfoma de esôfago Tido por grande parte dos autores como o tipo mais frequente o carcinoma epidermóide segundo Seineldin e Seineldin 2007 é bem diferenciado com queratinização central e certa organização celular podendo ser moderadamente diferenciado os pobremente diferenciados apresentam polimorfismo celular hipercromatismo nuclear e elevado número de mitoses não sendo possível definir seu caráter epidermóide No tipo pseudosarcomatoso ou fusiforme variante do epidermóide são observadas células com aspecto de fuso semelhante aos sarcomas de outros sítios De acordo com Seineldin e Seineldin 2007 o adenocarcinoma tem por seu tempo origem associada a áreas de metaplasia intestinal ou ilhotas ectópicas de mucosa gástrica com variantes mucoepidermóide e adenocística Já os carcinomas precoces são raramente reconhecidos nos primeiros estágios sendo as lesões iniciais pequenas com erosão inespecífica placa queratótica e imagem polipóide o tipo papilar é menos frequente mas comprometer a camada muscular Garbino et al 2005 caracterizaram o 779 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 carcinoma de esôfago por pequenas células redondas ovais poligonais com núcleo hipercromático e escasso citoplasma dispostas em colunas e lâminas ou rosetas com grânulos neurosecretantes citoplasmáticos No esôfago são menos frequentes o carcinoma verrucoso o carcinoma epidermóide basalóide e as neoplasias não epiteliais como o tumor estromal gastrointestinal GIST e o melanoma maligno LACERDA 2013 De outro modo os tumores de caráter benigno são raros e grande parte das vezes assintomáticos com incidência maior entre os 30 e 59 anos de idade sendo o tumor mais frequente o leiomioma e o menos o fibroma o lipoma o hemangioma o neurofibroma e o tumor mesenquimatoso benigno GARRIDO 2011 CAMBRUZZI et al 2013 O fator prognóstico mais importante é o estadiamento baseado no sistema TNM destacado na Tabela I a seguir Nos pacientes em que o tumor não vai além da submucosa a sobrevida pode chegar a 70 comparado à sobrevivência de apenas 30 a 50 dos pacientes nos quais há invasão da musculares própria e adventícia XIMENES NETTO et al 2011 Tabela I Sistema TNM na classificação dos tumores malignos do esôfago Tumor primário T Linfonodos regionais N Metástases distantes Estadiamento por Grupos TX tumor primário não pode ser acessado NX linfonodos regionais não podem ser acessados MX metástases não podem ser acessadas Estágio 0 Tis N0 M0 T0 Sem evidência do tumor primário N0 linfonodos regionais não envolvidos M0 sem metástases distantes Estágio I T1 N0 M0 Tis Carcinoma in situdisplasia de alto grau N1 linfonodos regionais envolvidos M1 metástases distantes Estágio IIA T2T3 N0 MO T1 Tumor que invade a lâmina própria ou submucosa N1a 13 linfonodos envolvidos Para os tumores do esôfago torácico inferior Estágio IIB T1T2 N1 M0 T1a Tumor invade a lâmina própria N1b 47 linfonodos envolvidos M1 a metástases no tronco celíaco Estágio III T3 N1 M0 T1b Tumor invade a submucosa N1c 7 linfonodos envolvidos M1 b outros locais de metástases T4 Qualquer N M0 T2 Tumor invade a musculares própria Para os tumores do esôfago torácico superior Estágio IV Qualquer T Qualquer M M1 T3 Tumor invade a adventícia M1a Metástases nos linfonodos cervicais Estágio IV A Qualquer T Qualquer N M1a T4 Tumor invade estruturas adjacentes M1b 0utras metástases distantes Estágio IV B Qualquer T Qualquer N M1b Para os tumores do esôfago médio M1a não se aplica M1b Sem linfonodos regionais ou metástases distantes Fonte American Joint Committee on Cancer 2002 citado por Ximenes Netto et al 2011 780 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 A sobrevivência de um paciente após 5 anos em caso de carcinoma epidermóide tipo basalóide é de 10 a 15 XIMENES NETTO et al 2011 de sarcoma sinovial de 25 a 65 ARANTES et al 2012 ou incerta ALENCAR et al 2012 de carcinoma epidermóide escamoso de 30 a 40 XIMENES NETTO et al 2011 e no carcinoma de células escamosas em estágio inicial de até 95 Entretanto apesar do progresso nos últimos anos com o tratamento cirúrgico e ressecção completa Tercioti Junior et al 2011 afirmaram que a sobrevida a longo prazo é bastante desapontadora Para Arantes et al 2012 o prognóstico é reservado com taxa de sobrevida em 5 anos de apenas 15 e taxa de recidiva local de até 70 das vezes com metástases para o pulmão linfonodos e medula óssea Cambruzzi et al 2013 destacaram uma sobrevida uniformemente baixa com taxa em 5 anos inferior a 10 Epidemiologia Distribuição Geográfica e Fatores de Risco O câncer de esôfago é uma neoplasia maligna relativamente incomum e extremamente letal Acomete mais homens do que mulheres depois dos 50 anos de idade sendo maior a incidência aos 65 anos e níveis socioeconômicos mais baixos Na América do Norte e na Europa Ocidental a doença é muito mais comum em negros do que em brancos Uma característica interessante é a sua rara ocorrência antes dos 30 anos QUEIROGA e PERNAMBUCO 2006 WÜNSCH FILHO et al 2010 MELO et al 2012 O câncer de esôfago é o oitavo tipo de câncer mais incidente na população no mundo TERCIOTI JUNIOR et al 2011 A epidemiologia do câncer de esôfago especialmente do adenocarcinoma responsável por 75 de todos os casos esofágicos apresenta maior incidência no Ocidente especialmente nos países mais desenvolvidos com fatores de risco relacionados a estilo de vida assim como práticas culturais e médicas incluindo maior aporte de novos métodos de diagnóstico e tratamento O segundo tipo mais frequente o carcinoma epidermóide está mais associado a pessoas de baixa classe social e passado de álcool e fumo na parte sul do mar Cáspio Turquia Rússia e nordeste da China na Índia Sri Lanka Sudeste da África e nordeste da França varia entre 10 e 50 por 100000 pessoas no Brasil a maior prevalência se encontra no Rio Grande do Sul em função do uso de chá quente XIMENES NETTO et al 2011 O tabagismo e o alcoolismo atuam de forma sinérgica especialmente no tipo epidermóide aumentando o risco em 510 vezes comparado a não fumantes As 781 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 inúmeras substâncias químicas existentes no tabaco levam a mutações no gene p53 que induzem a carcinogênese mais cedo no tipo epidermóide do que no tipo adenocarcinomóide O alcoolismo associado ao tabagismo aumenta em 100 vezes o risco do tipo epidermóide o mesmo não sendo verdade para o adenocarcinoma no qual parece reduzir com o uso moderado do vinho XIMENES NETTO et al 2011 Entre as doenças associadas as mais citadas são a 1 tilose síndrome de Howel Evans hiperceratose da palma das mãos e planta dos pés com 100 de risco 2 acalasia e síndrome de PlummerVinson PattersonKelly disfagia póscricóide e deficiência de ferro todas associadas à lesão inflamatória crônica 3 ingestão de soda cáustica 4 bandas esofagianas e estenoses induzidas por irradiação 5 câncer de cabeça e pescoço e 6 infecção por HPV Papiloma Vírus Humano QUEIROGA e PERNAMBUCO 2006 XIMENES NETTO et al 2011 Além dos fatores anteriores Cambruzzi et al 2013 também destacaram como possíveis fatores etiológicos a deficiência alimentar a contaminação fúngica dos alimentos acalasia divertículo esofágico e doença celíaca além de esofagite crônica CAMBRUZZI et al 2013 Dentre todos estes fatores a história de carcinoma de células escamosas de vias aerodigestivas superiores VADS é o que guarda relação mais consistente com neoplasia sincrônica ou metacrônica de esôfago ARANTES et al 2012 O câncer de esôfago constitui a terceira causa de morte por câncer no sistema digestivo No Brasil em 2012 surgiram quase 10500 novos casos de câncer de esôfago 7770 em homens e 2650 em mulheres O carcinoma de células escamosas CCE de esôfago predomina nos homens 361 entre os 50 e 70 anos de vida com taxa de mortalidade no sul do Brasil de 143 homens e de 42 mulheres para cada 100000 habitante O carcinoma epidermóide tipo basalóide é altamente agressivo com prognóstico igual ou pior ao da variante epidermóide O carcinoma epidermóide tipo verrucoso é extremamente raro e afeta principalmente os homens em idade adulta 36 a 75 anos O carcinosarcoma representa 2 dos tumores malignos do esôfago e acomete predominantemente homens adultos jovens XIMENES NETTO et al 2011 Ximenes Netto et al 2011 assinalaram que mais de 95 dos tumores tipo adenocarcinoma estão associados ao esôfago de Barrett e à doença do refluxo gastroesofágico O chamado esôfago de Barrett EB é tido como precursor em até 70 dos casos ressecados de câncer da junção esofagogástrica e esôfago incidência descrita em 1 da população assintomática e em 10 daquela com refluxo gastresofagiano predominantemente em homens adultos 782 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 jovens brancos e obesos IMC 30 Kgm2 Não foi relatada associação entre EB e câncer epidermóide Alguns estudos demonstraram que o efeito da DRGE na gênese do adenocarcinoma é independente de outras variáveis tais como idade índice de massa corporal e tabagismo Antagonistas de receptores H2 e inibidores da bomba de prótons tem de forma significativa alterado o tratamento da úlcera péptica e da DRGE abordagem que altera e promove a proliferação bacteriana com a neutralização do pH gástrico o que pode estar por trás do aumento da incidência de adenocarcinoma O uso de ácido acetil salicílico AAS e drogas antiinflamatórias nãoesteroidais DAINE pode exercer um efeito protetor contra o desenvolvimento do adenocarcinoma do esôfago pela inibição de ciclooxigenases e prostaglandinas com a consequente alteração dos fatores de crescimento tumoral e aumento imunitário XIMENES NETTO et al 2011 Uma provável associação entre a colecistectomia e risco elevado de adenocarcinoma do esôfago possivelmente por uma toxicidade do refluxo duodenal na mucosa esofagiana também foi destacada QUEIROGA e PERNAMBUCO 2006 Formas de Diagnóstico Muitas são as formas de diagnóstico do câncer no esôfago encontrandose entre as quais o exame endoscópico com biópsia e citologia esfoliativa a tomografia computadorizada do tórax o PETScan com 18fluorodeoxiglicose Positron Emission Tomography a ultrassonografia endoscópica USE a toracoscopia e a laparoscopia No entanto de acordo com Ximenes Netto et al 2011 a melhor estratégia para o diagnóstico e subsequente tratamento do câncer de esôfago ainda não foi determinada porque a utilização de todas as técnicas disponíveis não é possível tendo em vista a escassez de recursos tanto do ponto de vista financeiro como humano O exame indicado inicialmente é a endoscopia digestiva alta com biópsia considerada sua capacidade de avaliar a localização extensão e natureza pedunculada do tumor elementos essenciais para a definição etiologia e o planejamento cirúrgico XIMENES NETTO et al 2011 Um esofagograma com contraste por sua vez possibilita a obtenção de imagens de estenose ou ulcerações no esôfago enquanto uma fibroendoscopia alta pode revelar massa friáveis ou ulceradas AYALA et al 2007 PLAZAS 2015 A tomografia computadorizada TC de tórax abdômen e pelve com contraste intravenoso flúordesoxiglicose F18 é a melhor tecnologia para avaliação de metástases distantes especialmente em linfonodos celíacos fígado pulmões e ossos além de estruturas vizinhas tais como aorta traqueia e coluna torácica AYALA et al 783 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 2007 XIMENES NETTO et al 2011 PLAZAS 2015 A ultrassonografia endoscópica USE pode predizer o estágio do tumor em 8090 dos pacientes além da extensão metastática até os nódulos linfáticos em 7080 dos pacientes A habilidade para detectar a invasão do nódulo linfóide regional tem aumentado com a realização da punção aspiração com agulha fina PAAF guiada por ultrassonografia endoscópica É o método mais utilizado para a determinação do estágio correto prognóstico e para identificar de forma adequada lesões superficiais as quais requerem somente tratamento cirúrgico AYALA et al 2007 PLAZAS 2015 A melhor alternativa no momento é o uso combinado da TCUSE seguido de biópsia por agulha fina se a TC for negativa para metástases distantes XIMENES NETTO et al 2011 Tratamento Em relação à terapêutica contra o câncer no esôfago a conduta mais utilizada tem sido a neoadjuvante combinando quimio e radioterapia seguida por cirurgia Neste tópico a maior parte das referências foi afirmada por Mata Llach e Bordas 2007 Merino 2010 Tercioti Junior 2011 e Ximenes Netto et al 2011 sendo o restante afirmado por Queiroga e Pernambuco 2006 Ayala et al 2007 Solari 2010 Arantes 2012 Henriques et al 2012 Tortosa 2012 Lacerda 2013 Petropoulos et al 2015 e Plazas 2015 além de Rubenstein e Shaheen 2015 A maioria dos casos de câncer de esôfago apresentase avançado localmente estando a metade dos doentes com micrometástases distantes não sendo portanto passível de cura Outros pacientes são inoperáveis não podendo ser levados à cirurgia De outro modo nos pacientes com indicação cirúrgica os tumores e linfonodos são ressecáveis e a reconstrução do trânsito esofágico possível QUEIROGA e PERNAMBUCO 2006 Uma possibilidade de tratamento é a monoterapia mas a maioria exige conduta multidisciplinar PLAZAS 2015 Os resultados obtidos com o uso único da radioterapia contra o câncer de esôfago têm sido ruins A sobrevida global em cinco anos de pacientes tratados pela radioterapia apenas tem variado entre 0 e 10 mas estes estudos incluem pacientes com estado geral comprometido o que provavelmente inclui pessoas com doença sistêmica Os melhores resultados foram obtidos nos portadores de tumores do tipo histológico epidermóide 5 cm que podem atingir 5 anos de sobrevida em até 17 dos casos Porém a maioria dos relatos incluem sobrevida menor do que 10 com tal modalidade de tratamento A radioterapia exclusiva deve ser reservada aos 784 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 pacientes intolerantes a outras formas de terapia XIMENES NETTO et al 2011 Da mesma forma a quimioterapia como forma exclusiva de tratamento do câncer de esôfago tem apresentado resultado limitado embora boa resposta radiográfica seja verificada em até metade dos pacientes após dois ou três ciclos de quimioterapia inclusive com melhora da disfagia Os novos medicamentos incluem a cisplatina o 5 fluorouracil e ainda mais recentemente paclitaxel taxotere e bleomicina XIMENES NETTO et al 2011 Diante de sintomas de obstrução são elevadas as possiblidades de que o câncer tenha invadido a camada muscular e haja metastatizado regionalmente ou à distância MERINO 2010 Assim o tratamento deve melhorar não só o controle local mas também distante do tumor por meio de tratamento neoadjuvante entre quimio radioterapia ou combinado antes da abordagem cirúrgica As vantagens da neoadjuvância são a 1 melhora da ressectabilidade pela diminuição do tumor 2 aumento da eficiência quimioterápica antes do rompimento do suprimento sanguíneo tumoral linfonodal 3 melhora do tratamento sistêmico antes da cirurgia 4 aumento da sensibilização das células tumorais pósquimioterápicos XIMENES NETTO et al 2011 A terapia neoadjuvante deve ser finalizada entre três a quatro semanas antes da cirurgia TERCIOTI JUNIOR 2011 Terciotti Junior 2011 Rubenstein e Shaheen 2015 Petropoulos et al 2015 defendem o tratamento neoadjuvante contra o câncer metastatizado mas afirmam que apesar dos recentes avanços o aumento global das taxas de sobrevivência não foi considerável ficando entre 5 a 15 apenas Em relação às desvantagens da terapia neoadjuvante devem ser destacados o retardo do procedimento cirúrgico edema e fibrose mediastinais dificultadores da operação acúmulo de secreções pulmonares no pré operatório com deterioração da ventilação pulmonar anemia e leucopenia O surgimento de fístula esôfagobrônquica é de baixa frequência TERCIOTI JUNIOR 2009 A cirurgia tem sido o mais sólido pilar no tratamento A esofagectomia requer laparotomia associada ou não à toracotomia Realizase também linfadenectomia regional AYALA et al 2007 TORTOSA 2012 Devido ao estreitamento infranqueável do esôfago pode ser necessária a realização de gastrostomia por via endoscópica ou cirúrgica PLAZAS 2015 A ressecção mais utilizada é a via transtorácica direita ou transhiatal Não existem estudos retrospectivos nem prospectivos que tendam para um dos dois procedimentos quanto à sobrevida mortalidade e morbidade SOLARI 2010 O tratamento endoscópico de 785 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 neoplasia superficial está indicado em caso de comprometimento em profundidade restrito às camadas M1 e M2 epitélio e lâmina própria extensão longitudinal máxima de 3cm assim como extensão lateral inferior a 34 da circunferência limite de quatro lesões As técnicas de ressecção são a mucosectomia ou dissecção endoscópica de submucosa DES além de ablação por terapia fotodinâmica plasma de argônio YAGlaser ou radiofrequência As modalidades ablativas não permitem análise histopatológica da lesão neoplásica erradicada necessária para avaliação da suficiência da intervenção endoscópica Logo os métodos ablativos não são indicados para o tratamento endoscópico do carcinoma de células escamosas do esôfago ARANTES 2012 A esofagectomia transhiatal é realizada por meio das vias de acesso abdominal e cervical O tempo abdominal é realizado por laparotomia no qual o estômago é preparado e tubulizado fazse a transecção mediana do diafragma e o esôfago médio distal é dissecado Procedese o tempo cervical por meio de incisão paralela à borda anterior do músculo esternocleidomastoideo Fazse a esternotomia em sentido longitudinal desde a fúrcula até ultrapassar o manúbrio e por conseguinte a secção óssea toma sentido transversal para a direita culminando em esternotomia com forma da letra L invertido HENRIQUES et al 2012 Técnicas minimamente invasivas têm sido utilizadas nos estágios iniciais do carcinoma esofágico para melhorar os resultados pós operatórios em casos de alta morbidade e mortalidade PETROPOULOS et al 2015 A radioterapia tem como maior meta o controle locorregional da doença na tentativa de preservar os órgãos durante a ressecção a laringe no câncer do esôfago cervical ou o estômago no câncer do esôfago distal TERCIOTI JUNIOR 2011 Na radioterapia radical exclusiva são utilizadas doses elevadas de 6070 Gy fracionadas em sessões de 182 Gy na radioterapia radical associada à quimioterapia concomitante as doses de radioterapia são menores entre 5460 Gy utilizandose Cisplatina 5 Fluorouracil e o Paclitaxel na radioterapia neoadjuvante com ou sem quimioterapia concomitante as doses oscilam entre 396432 Gy em frações de 18 Gy podendose elevar essa dose em caso da não realização de quimioterapia simultânea MERINO 2010 Em relação à quimioterapia Merino 2010 defende a combinação de vários fármacos entre os quais a Cisplatina e o 5 Fluorouracil os Taxanos também têm futuro promissor MERINO 2010 O tratamento químico da disfagia maligna ocorre a partir da administração de etanol ou polidocanol intratumoral produzindo necrose tumoral As experiências clínicas que avaliam esse procedimento são limitadas sendo necessário retratamento em 786 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 intervalos de 4 a 5 semanas MATA LLACH e BORDAS 2007 Outra possibilidade de tratamento é a terapia com alvo molecular específico na qual o receptor transmembrana de fator de crescimento do tipo tirosinaquinase codificado pelo oncogene HER2 é o alvo Encontrouse sua superexpressão entre 30 e 90 dos tumores esofágicos associandose ao aumento da invasão tumoral e pior prognóstico Utilizase o antiHER com anticorpos monoclonais cetuximabe e panitumumabe ou inibidores de receptor de tirosinaquinase gefitinibe e erlotinibe O anticorpo antiHER2 trastuzumabe combinado à quimioterapia cisplatina 5 furacil pode ser alternativa para pacientes com neoplasias da trato esofágicogástrico TEG possibilitando aos doentes com surperexpressão de HER2 maior sobrevida LACERDA 2013 Finalmente Mata Llach e Bordas 2007 apontam como escolha mais realista o tratamento paliativo para melhora da disfagia contra casos de câncer avançado sem possibilidade de cura ou diante de comorbidades muito forte destacando para tanto a radioterapia externa e endoluminal braquiterapia a quimiorradioterapia a dilatação esofágica a colocação de stent a cirurgia endoluminal além do tratamento com laser e terapia fotodinâmica Com o objetivo de alimentação e descompressão estomacal a gastrostomia endoscópica PEG também é recomendada No caso de fracasso da terapia paliativa ou de pacientes em que tal técnica não for factível a manutenção de suporte nutricional por sonda nasoentérica é a saída para adequada ingesta calórica MATA LLACH e BORDAS 2007 CONSIDERAÇÕES FINAIS Dos tópicos apresentados o que reuniu maior número de referências foi o Tratamento destacado de forma distinta ou complementar por 14 dos 23 artigos Em contrapartida o de menor número foi Histórico descrito de maneira limitada por apenas 1 referência Entre os periódicos o mais utilizado foi a Revista Colégio Brasileiro de Cirurgiões do Rio de Janeiro com 6 referências não tendo sido encontrado mais de um artigo em outra revista de mesmo título Como síntese podese afirmar que o câncer no esôfago reúne sob o mesmo nome 20 diferentes possibilidades histológicas todas associadas ao desenvolvimento de lesões tumorais mais ou menos agressivas mas marcadas pela disfagia odinofagia e perda de peso sobre as quais foram registradas contudo poucas referências históricas Nos artigos analisados foram encontradas três classificações usadas para a a distinção e 787 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 avaliação do estadiamento tumoral entre as quais a preconizada pelo 1 Consenso de Paris que diferencia as lesões segundo seu aspecto protuso plano ou escavado e as subclassifica em pediculada subpediculada e séssil a 2 Classificação Macroscópica que as divide em vegetante ulcerada ou infiltrante e a 3 Classificação de Vienna p TNM de maior complexidade e referência que avalia a profundidade do tumor Nos pacientes em que o tumor não vai além da submucosa a sobrevida pode chegar a 70 comparado à sobrevivência de apenas 30 a 50 dos pacientes nos quais há invasão da musculares própria e adventícia Epidemiologicamente o câncer de esôfago é uma neoplasia maligna relativamente incomum mas de prognóstico limitado que acomete mais homens negros acima dos 50 anos de idade e em piores níveis socioeconômicos No Brasil a maior prevalência é observada no Rio Grande do Sul em função do arriscado consumo de chá quente O tabagismo e o alcoolismo são outros fatores predisponentes assim como doenças como a tilose e a hiperceratose Alguns estudos sugeriram a associação de 95 dos adenocarcinomas ao esôfago de Barrett e à doença do refluxo gastro esofágico sendo o esôfago de Barrett EB mais observado em homens adultos jovens brancos e obesos IMC 30 Kgm2 Assinalaram também a possibilidade de que antagonistas de receptores H2 e inibidores da bomba de prótons ao promoverem a proliferação bacteriana sob neutralização do pH gástrico poderiam aumentar a incidência de adenocarcinoma O uso de ácido acetil salicílico AAS e drogas antiinflamatórias nãoesteroidais por seu modo poderiam proteger do adenocarcinoma ao inibirem as ciclooxigenases prostaglandinas e fatores de crescimento tumoral Do contrário não foi relatada associação entre esôfago de Barret e câncer epidermóide Quanto ao prognóstico a sobrevivência após 5 anos é desapontadora variando conforme o tipo histológico e o estágio do tumor Em uma classificação crescente de 4 diferentes tipos a sobrevida é de 10 a 65 destacando o carcinoma epidermóide tipo basalóide como a menor o sarcoma sinovial e o carcinoma epidermóide escamoso como intermediárias e o carcinoma de células escamosas como a maior O sítio mais frequente é o terço médio apresentando os terços superior e inferior entre si percentual semelhante mas com tendência de aumento no terço inferior em função da crescente incidência de refluxo gastresofágico crônico e Esôfago de Barret EB Outros autores defendem o terço médio com 50 da frequência o terço inferior com 30 a 35 e o terço superior com apenas 1 A maior parte dos autores confirma o tipo epidermóide ou escamoso como o mais incidente seguido pelo adenocarcinoma 788 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 outros invertem a mencionada ordem apontando o adenocarcinoma como o mais frequente seguido pelo carcinoma epidermóide ou escamoso o linfoma primário é o mais raro Entre as muitas formas de diagnóstico do câncer no esôfago encontramse o exame endoscópico com biópsia e citologia esfoliativa a tomografia computadorizada do tórax o PETScan com 18fluorodeoxiglicose Positron Emission Tomography a ultrassonografia endoscópica USE a toracoscopia e a laparoscopia destacandose a endoscopia digestiva alta com biópsia como o mais indicado inicialmente Para finalizar não se pode deixar de ressaltar a terapêutica contra o câncer no esôfago a respeito da qual existe ampla variedade de referências mas cuja conduta mais utilizada é a neoadjuvante que combina quimio e radioterapia em busca da redução tumoral para melhor e mais eficiente ressecção cirúrgica REFERÊNCIAS 1ALENCAR MHL BOLDRINI D COSTA AM OLIVEIRA ATT ATTAB CS Sarcoma sinovial primário do esôfago In Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Rio de Janeiro v 39 n 5 p 350 446 setout 2012 Disponível em httpwwwscielobrpdfrcbcv39n518pdf Acesso em 28 jun 2015 2ARANTES V PIÑEROS EAF YOSHIMURA K TOYONAGA T Avanços na abordagem do carcinoma precoce de esôfago In Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões v 39 n 6 p534 543 2012 Disponível em httpswwwcbcorgbrwp contentuploads201307revistano6 2012pdf Acesso em 28 jun 2015 3AYALA RN GRACIANI AR LÓPEZ CE MORANDO FR Cáncer de esófago revisión In Revista de Posgrado de la VIa Cátedra de Medicina Corrientes n 175 nov 2007 p 1721 Disponível em httpmedunneeduarrevistarevista1755 175pdf Acesso em 31 jun 2015 4BATISTA AARC PETROIANU A MACHADO ECM RIBEIRO VS Cânceres triplos de células escamosas do esôfago relato de caso In Revista Médica de Minas Gerais v 24 n4 p1859 2014 5BRAVO NETO GP SANTOS EG LOJA CAS VICTER FC NEVES MS PINTO MF CARVALHO CES Ressecções gástricas menores com linfadenectomia modificada em câncer gástrico precoce com linfonodo sentinela negativo In Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Rio de Janeiro v 39 n 3 p 171246 maijun 2012 6CAMBRUZZI E PRUINELLI R MILANI DM CRUZ RP CUNHA O CLIVATTI N Tumor esofágico de células granulares associado à carcinoma epidermóide relato de caso In ABCD Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva v 26 n 2 p 156158 2013 7GARBINO C RODRÍGUEZ R GONZÁLEZ S GERICK M Cáncer de esófago a células pequeñas comunicación de un caso clínico y revisión de la literatura In Revista Salud Militar 789 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 Montevideo v 20 n 1 2005 p 2733 Disponível em httpwwwrevistasaludmilitarcomuyVolu menesVol2020Articulos20PDFs120 20ONCOLOGIA20 20CC3A1ncer20de20esC3B3fa gopdf Acesso em 31 jun 2015 8GARRIDO PLR Epidemiología del cáncer de esófago en hospitales públicos de la comunidad autónoma de Madrid análisis de supervivência Tese Medicina Universidad Complutense de Madrid 2011 Disponível em httpeprintsucmes137311T30929pdf Acesso em 31 jun 2015 9HENRIQUES AC COSTA JUNIOR AS PIRES AC GODINHO CA WAISBERG J Esofagectomia transhiatal com esternotomia parcial In Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Rio de Janeiro v 39 n 5 p 350446 setout 2012 10LACERDA CF OLIVEIRA ATT GUIMARAES DP REIS RM Câncer de esôfago da clínica à biologia molecular In Revista Onco NovembroDezembro 2013 p 2630 Disponível em httprevistaoncocombrwp contentuploads201311esofagopdf Acesso em 31 mai 2015 11MATA A LLACH J BORDAS JM Cáncer de esófago Tratamiento paliativo del cáncer de esófago In Gastroenterología y Hepatología Continuada Barcelona v 6 n 2 marabril 2007 p 6871 Disponível em httpwwwghcontinuadacom contenidos pdfv6n2a398pdf001pdf Acesso em 31 jun 2015 12MERINO GA Braquiterapia endoluminal en el tratamiento del cáncer de esófago Santiago de Compostela 2010 Disponível em httpwwwsergasesdocsAvaliatCT2010 04braquitesofagopdf Acesso em 31 jun 2015 13PLAZAS JG Cáncer de esôfago In Revista de la Sociedad Espanõla de Oncología Médica 2015 Disponível em httpwwwseomorgeninformacionsobre elcancerinfotipos cancerdigestivoesofagoformatpdf Acesso em 31 jun 2015 14QUEIROGA RC PERNAMBUCO AP Câncer de esôfago epidemiologia diagnóstico e tratamento In Revista Brasileira de Cancerologia v 52 n 2 p 173178 2006 Disponível em httpwwwincagovbrrbcn52v02pdfrevi sao3pdf Acesso em 28 mai 2015 15SEINELDIN S SEINELDIN C Cáncer de esófago In Enciclopedia de Cirugía Digestiva 2007 t I184 p 119 Disponível em httpwwwsacd orgaruochentaycuatropdf Acesso em 31 jun 2015 16SEQUEIRA TZ BRENES AC Revisión bibliográfica de cáncer de esófago In Revista Médica de Costa Rica y Centroamerica San José v 69 n 604 2012 p 539544 Disponível em httpwwwbinassssacrrevistas rmcc604art18pdf Acesso em 31 jun 2015 17SOLARI CZ Enfermedades del esófago In Tópicos Selectos em Medicina Interna Gastroenterología 2010 p 138153 Disponível em httpwwwcmporgpedocumentoslibrosLib restsmiCap9Enfermedadesdelesofagopd f Acesso em 31 jun 2015 18TERCIOTI JUNIOR V LOPES LR COELHO NETO JS CARVALHEIRA JBC ANDREOLLO NA Eficácia local e complicações da terapêutica neoadjuvante no carcinoma epidermóide do esôfago radioterapia versus radioterapia associada à quimioterapia In Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões v 38 n 4 2011 790 Revista da Universidade Vale do Rio Verde Três Corações v 13 n1 p 773790 2015 19TORTOSA LG Esófago In CARRIELLO AH DEFLITTO JR In Cirugía bases clínicas y terapéuticas 1 ed La Plata 25 out 2012 p 793810 20VEAS R C FLISFISCH FH Cáncer esofágico In Revista Medicina y Humanidades Santiago v 3 n 12 p 3438 2011 Disponível em httpwww medicinayhumanidadescledicionesn12201 105CANCERESOFAGOpdf Acesso em 31 jun 2015 21WÜNSCH FILHO V MIRRA AP LÓPEZ RVM ANTUNES Tabagismo e câncer no Brasil evidências e perspectivas In Revista Brasileira de Epidemiologia São Paulo v 13 n 2 p 175187 2010 22XIMENES NETTO M FERNANDES FILHO R BRITO F Câncer de Esôfago In SBCT Org In Tópicos de Atualização em Cirurgia Torácica 1ed FMO 2011 v 1 p 474487 Disponível em httpwwwsbctorgbrpdflivrovirtualcance rdeesofagopdf Acesso em 02 jun 2015 23XIMENES NETTO M PIAUILINO MA OLIVEIRA HA VAZ NETO JP Linfoma esofágico primário In Revista do Colégio Brasileiro de Cirurgiões v 39 n 3 p 243246 2012 Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 1 de 11 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Recebido em 12021 Aceito em 12021 Publicado em 22021 Epidemiologia e fatores de risco associados às neoplasias gástricas uma revisão de literatura Epidemiology and risk factors associated with gastric neoplasms a literature review Epidemiología y factores de riesgo asociados a neoplasias gástricas una revisión de la literatura Victoria Haydée Deusdedith Neves1 David Martins da Silva Mello1 Manuela Azevedo Vieira1 Ingrid Cristiane Pereira Gomes2 Resumo Este artigo buscou analisar o perfil epidemiológico e os fatores de risco mais relevantes relacionados às neoplasias gástricas O estudo é uma revisão da literatura atual e foram inclusos 18 artigos da plataforma PUBMED utilizando os seguintes descritores stomach neoplasms risk factors epidemiology As pesquisas epidemiológicas afirmam que aproximadamente 1 milhão de casos novos sujam a cada ano e colocam esta afecção como a terceira causa de morte por câncer no mundo Os fatores de risco mais prevalentes foram idade avançada sexo masculino infecção por Helicobacter pylori tabagismo consumo de alimentos com alto teor de sódio e ingesta de bebidas alcoólicas Deste modo concluise que as neoplasias gástricas se constituem uma entidade nosológica de epidemiologia alarmante e decorre da interação de múltiplos fatores de risco sejam eles modificáveis ou relacionados aos hábitos de vida e por isso fazse essencial reconhecêlos a fim de prevenir ou ao menos diagnosticar precocemente tal condição clínica Palavraschave Neoplasias gástricas Fatores de risco Epidemiologia Abstract This article proposes de analyze the epidemiological profile and the most relavant risk factors related to gastric neoplasms This study is a review of the current literature and 18 articles from PUBMED were included by using the keywords stomach neoplasms risk factors epidemiology The epidemiological research claim that approximately 1 million new cases arise each year and put this disease the third cause of death by cancer in the world The most prevalent risk factors were advanced age male sex Helicobacter pylori infection smoking intake of salty foods and alcohol consumption Therefore it is possible to conclude that the gastric neoplasms constitutes a disease with alarming epidemiology e stems from the interaction between multiple factors whether modifiable or related to lifestyle habits so it is essential those are recognized in order to prevent or at least make an early diagnosis of this clinical condition Keywords Gastric neoplasms Risk factors Epidemiology Resumen Este artículo buscó analizar el perfil epidemiológico y los factores de riesgo más relevantes relacionados con las neoplasias gástricas El estudio es una revisión de la literatura actual y se incluyeron 18 artículos de la plataforma PUBMED utilizando los siguientes descriptores neoplasias estomacales factores 1 Universidade Tiradentes UNIT Aracaju SE Email victoriahdnevesoutlookcom 2 Universidade Federal de Sergipe UFS São Cristóvão SE Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 2 de 11 de riesgo epidemiología La investigación epidemiológica afirma que aproximadamente 1 millón de casos nuevos se ensucian cada año y colocan esta condición como la tercera causa principal de muerte por cáncer en el mundo Los factores de riesgo más prevalentes fueron la vejez el sexo masculino la infección por Helicobacter pylori el tabaquismo el consumo de alimentos con alto contenido de sodio y la ingestión de bebidas alcohólicas Por lo tanto se concluye que las neoplasias gástricas constituyen una entidad nosológica de epidemiología alarmante y son el resultado de la interacción de múltiples factores de riesgo ya sean modificables o relacionados con los hábitos de vida y por lo tanto es esencial reconocerlos para prevenir o al menos diagnosticar dicha condición clínica temprano Palabras clave Neoplasias gástricas Factores de riesgo Epidemiología INTRODUÇÃO O câncer gástrico constituise o quarto tipo mais comum de câncer nos homens e o quinto nas mulheres colocandoo como responsável por 68 das mortes por câncer no mundo FANG X et al 2015 Em números absolutos estimase que aproximadamente 990000 indivíduos são diagnosticados com câncer gástrico a cada ano e destes 738000 morrem pela doença CAVATORTA O et al 2018 No tangente ao sexo é uma desordem mais comum em homens numa proporção de aproximadamente 31 e fazse mais comum em indivíduos acima de 55 anos CAVATORTA O et al 2018 SONNENBERG WR 2017 De forma geral notase tendência atual à redução da incidência do câncer de estômago na maior parte do mundo no entanto as estatísticas concernentes ao tumor de cárdia continuam estáveis ou com predisposição ao aumento CAVATORTA O et al 2018 Esta dissemelhança provavelmente provém dos diferentes fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de tais neoplasias Os tumores de cárdia por exemplo não possuem a infecção pelo Helicobacter pylori como fator de risco mas sim a obesidade e a doença do refluxo gastroesofágico DRGE cujas incidências encontramse em exponencial crescimento CAVATORTA O et al 2018 Outrossim múltiplas pesquisas atestam o impacto dos hábitos dietéticos e comportamentais no desenvolvimento de tal enfermidade FANG X et al 2015 No Brasil o câncer de estômago ocupa o quarto lugar em prevalência de câncer entre os homens e o quinto entre as mulheres e devido ao diagnóstico tardio em aproximadamente 75 dos casos a taxa de sobrevivência decaiu nos últimos anos em contraste à tendência mundial Ainda são notadas diferenças estatísticas significativas entre as regiões com maiores taxas de mortalidade do Norte e Nordeste do País justificadas pelas disparidades socioeconômicas e de acesso à saúde BRAGA L et al 2019 As neoplasias de estômago possuem curso inicialmente silencioso de forma que o quadro clínico clássico manifestarseá apenas em estágios mais avançados da doença Dentre os sinais e sintomas mais comuns destacase a perda ponderal vista em 70 a 80 dos pacientes Ademais pode haver plenitude gástrica anorexia dispepsia e nos casos de tumores de junção gastroesofágica disfagia O exame clínico também é passível de alterações revelando massa epigástrica hepatomegalia icterícia ascite e ainda achados compatíveis com doença metastática tais como linfonodos de Virshow e da irmã Maria José e o sinal da prateleira de Blumer SONNENBERG WR 2017 Dentre os métodos diagnósticos o mais empregado é a endoscopia digestiva alta com biópsia O estadiamento por sua vez é realizado através da tomografia computadorizada TC de tórax abdome e pelve SONNENBERG WR 2017 A neoplasia de estômago possui tratamento complexo vez que depende da extensão e localização do tumor podendo ser empregadas modalidades cirúrgicas radioterápicas eou quimioterápicas No que concerne ao prognóstico este tende a ser reservado dado que devido à clínica inicialmente sutil o diagnóstico de tal condição mórbida fazse majoritariamente tardio SONNENBERG WR 2017 Esta revisão bibliográfica é fomentada pela observação da alta incidência das neoplasias gástricas a despeito do conhecimento de seus principais fatores de risco e por sua elevada morbimortalidade Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 3 de 11 características que a tornam um relevante problema de saúde pública O principal objetivo desta pesquisa foi identificar as características epidemiológicas prevalecentes das neoplasias gástricas assim como os principais fatores de risco a ela associados MÉTODOS O presente artigo é revisão integrativa da literatura com análise e síntese dos resultados observados A revisão em questão foi guiada pelo seguinte questionamento Qual o perfil epidemiológico das neoplasias gástricas e quais são os principais fatores de risco associados a esta enfermidade Foi realizada uma busca mediante base de dados do Medical Literature Analysis and Retrieval System Online MEDLINE por meio do mecanismo de busca Public Publisher MEDLINE PubMed Os descritores de interesse buscados através da ferramenta Medical Subject Headings MeSH foram stomach neoplasms risk factors e epidemiology os quais foram escolhidos com base na observação das principais características da temática abordadas em estudos prévios A estratégia de busca foi stomach neoplasms AND risk factors AND epidemiology Os critérios de inclusão utilizados para a seleção dos artigos foram artigos presentes na base de dados selecionada nas línguas português eou inglês e que foram publicados nos últimos 5 anos Os critérios de exclusão por sua vez foram os artigos em línguas diferentes das utilizadas pelo critério de inclusão os incompletos e os que ultrapassavam a data limite de 5 anos Figura 1 A busca foi realizada mediante acesso online dos artigos relevantes durante os meses de maio a agosto de 2020 com posterior análise do material coletado para a reunião das informações mais relevantes de cada publicação RESULTADOS E DISCUSSÃO Na presente revisão de literatura foram inclusos 20 artigos Durante a busca foram encontrados 5744 resultados com descarte de parte deles por não atenderem aos critérios propostos Os artigos selecionados e utilizados na confecção do presente artigo encontramse dispostos no Quadro 1 Figura 1 Fluxograma de critérios de inclusão e exclusão da pesquisa Fonte Neves VH et al 2020 Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 4 de 11 Percebese uma tendência mundial à redução da incidência das neoplasias gástricas numa taxa de aproximadamente 25 ao ano VENNEMAN K et al 2018 Tal decréscimo pode ser atribuído majoritariamente a dois grandes fatores 1 melhor preservação dos alimentos principalmente das frutas e vegetais e 2 redução da incidência do maior fator de risco a infecção por H pylori BALAKRISHNAN M et al 2017 Não obstante estas neoplasias ainda são fontes de grande morbimortalidade em todo o mundo VENNEMAN K et al 2018 A neoplasia de estômago é a terceira causa de morte por câncer no mundo em ambos os sexos VENERITO M et al 2018 Tais estatísticas resultam do diagnóstico usualmente tardio da doença tendo em vista o quadro clínico inicialmente oligossintomático e a dificuldade de identificação de lesões sutis por métodos endoscópicos CAVATORTA O et al 2018 Na América Latina a mortalidade por câncer gástrico é alta sendo isto retrato do baixo número de diagnósticos feitos em estágios precoces a exemplo do México local no qual apenas 25 dos casos da doença são diagnosticados ainda nesta fase RUÍZGARGIA E et al 2017 A taxa de sobrevida em cinco anos depende do estágio evolutivo da neoplasia nos cânceres precoces aproximase de 90 contra 20 nos casos avançados CHEN P et al 2019 Geograficamente percebese maior incidência na Ásia Oriental Europa Central e Oriental e América Central e do Sul Destes a primeira constituise a região mais afetada e em 2012 a China Japão e Coreia juntos concentraram 60 dos novos casos da doença Apesar da elevada incidência a mortalidade é significativamente menor que na América do Norte fato que provavelmente decorre do maior número de diagnósticos precoces naquela região apesar de diferenças biológicas do tumor também contribuírem para a estatística BALAKRISHNAN M et al 2017 Curado M et al 2019 observaram que no Brasil a maior incidência de adenocarcinoma gástrico é na cidade de Belém Outrossim a pesquisa em questão verificou tendência de redução da incidência em São Paulo em ambos sexos e em Fortaleza entre os homens Curado M et al 2019 ainda constataram que de forma geral a mortalidade por neoplasia de estômago está diminuindo no Brasil embora a incidência de tal doença tenha aumentado em Belém e Fortaleza dado que revela o reflexo do acesso desigual aos serviços de saúde entre as regiões brasileiras As neoplasias gástricas podem ser divididas segundo critérios anatômicos histopatológicos ou de evolução Anatomicamente podese dividilas em dois grandes grupos os tumores cárdicos e os não cárdicos Esta classificação fazse relevante pois cada um deles traz consigo características clinicoepidemiológicas próprias CAVATORTA O et al 2018 Do ponto de vista histológico os tumores podem ser classificados em intestinal ou difuso enquanto o primeiro possui forte associação com a infecção por H pylori o segundo costuma originarse de uma mucosa previamente normal relacionandose à obesidade status socioeconômico alto e tipo sanguíneo A HIRABAYASHI M et al 2019 Quanto à evolução tais neoplasias podem ser precoces quando limitadas à mucosa e ou submucosa e sem invasão linfonodal e avançadas caracterizadas pela invasão da muscular da mucosa ou planos mais profundos CAVATORTA O et al 2018 O adenocarcinoma é o tipo mais comum das neoplasias gástricas responsável por 9095 dos casos Outros tipos menos comuns são os linfomas leiomiossarcomas tumores neuroendócrinos e tumor estromal gastrointestinal CAVATORTA O et al 2018 Em sua pesquisa Cavatorta O et al 2018 dividiu os fatores de risco em nãomodificáveis e modificáveis No primeiro grupo encontramse idade avançada sexo masculino etnia história familiar e presença de síndromes hereditárias predisponentes O segundo por sua vez é formado majoritariamente por condições comportamentais tais como tabagismo consumo alcoólico exposição à radiação e infecção pela H pylori Os fatores de risco gerais observados na revisão realizada por Cavatorta O et al 2018 foram idade avançada sexo masculino tabagismo etnia branca e exposição à radiação No que concerne aos tumores de cárdia os mais relevantes foram a obesidade principalmente quando IMC 40 e a doença do refluxo gastroesofágico DRGE que acarretaram aumento do risco de 3 e 4 vezes respectivamente Os tumores gástricos nãocárdicos por sua vez mostraramse mais comuns na concomitância à infeção pelo H pylori e também relacionado ao consumo de comidas de alto teor sódico Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 5 de 11 A infecção por H pylori é considerada o maior fator de risco para a ocorrência de neoplasias gástricas VENERITO M et al 2018 As vias pelas quais tal condição predispõe à doença em questão ainda não foram completamente elucidadas mas sabese que se associa ao desenvolvimento de gastrite atrófica e metaplasia intestinal importantes lesões préneoplásicas Pesquisas ressaltam no entanto que o efeito carcinogênico de tal microrganismo é insuficiente para causar neoplasias na ausência de outros fatores e por isso a progressão carcinogênica é dependente de variáveis como cepa bacteriana resposta imune do hospedeiro e exposição a fatores ambientais VENNEMAN K et al 2018 BALAKRISHNAN M et al 2017 Dentre os fatores de virulência do microrganismo o gene CagA merece destaque visto que este interage com determinadas proteínas do hospedeiro induzindo alterações morfológicas que podem predispor alterações epigenéticas relacionadas à carcinogênese POOROLAJAL J et al 2020 Venneman K et al 2018 em revisão sistemática concluiu que as maiores taxas de infecção por H pylori foram encontradas na população mais velha e em relação ao sexo não foram encontradas diferenças significativas Corroborando com tal estudo Lee YC et al 2016 mediante metaanálise de 24 trabalhos observaram que os indivíduos nos quais a H pylori foi erradicada apresentaram menor incidência de neoplasia de estômago quando comparados aos que não receberam tal tratamento Ressaltase no entanto que literatura atual exibe resultados conflitantes embora muitos estudos sugiram redução do risco por meio desta intervenção SONNENBERG WR 2017 Além da infecção por H pylori alguns estudos apontam para a associação da neoplasia de estômago com o vírus EpsteinBarr EBV embora seu papel na patogênese permaneça desconhecido SONNENBERG WR 2017 O vírus em questão pertencente à família dos herpesvírus infecta 90 a 95 da população adulta mundial e encontrase associado a 1 de todos os cânceres com destaque especial aos linfomas de Hodgkin e Burkitt e carcinomas gástrico e nasofaríngeo BAKKALCI D et al 2020 Alguns estudos estimam que a associação com este vírus é de aproximadamente 10 tornando o câncer de estômago a neoplasia mais comumente associada ao EBV RUÍZGARGIA E et al 2017 BAKKALCI D et al 2020 Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 6 de 11 Quadro 1 Objetivos e principais resultados encontrados nos artigos selecionados Autor Objetivo de estudo Resultados Bakkalci D et al 2020 Avaliar quais os fatores de risco que contribuem para a ocorrência de cânceres associados ao EBV e comparar os resultados entre os tipos de neoplasias A etiologia dos cânceres associados ao EBV é complexa e multifatorial envolvendo características clínicas genéticas e ambientais Balakrishnan M et al 2017 Discutir as tendências globais na incidência do câncer de estômago e sua relação com fatores de risco e patogênese da doença Redução global da incidência de devido à melhora socioeconômica Queda da prevalência de infecção por H pylori reduziu a incidência de câncer gástrico Tabaco é fator de risco emergente Pobreza associase à maior incidência Braga L et al 2019 Avaliar a mortalidade por câncer de estômago no Brasil no período de 2000 a 2015 O câncer gástrico ainda é uma grande causa de morbimortalidade no Brasil Região Nordeste principalmente Ceará é uma região de alto risco para a doença Cavatorta O et al 2018 Analisar a epidemiologia do câncer gástrico e seus principais fatores de risco Fatores de risco modificáveis tabaco alcoolismo radiação infecção por Helicobacter pylori Fatores de risco não modificáveis idade avançada sexo masculino raça história familiar de câncer gástrico síndromes genéticas Chen P et al 2019 Determinar os fatores de risco sociodemográficos e suas associações com câncer gástrico Fatores de risco baixo status socioeconômico omissão do café damanhã vegetais em conserva alimentação excessiva não consumo de chá verde Curado MP et al 2019 Descrever incidência mortalidade e tendências do câncer gástrico em São Paulo Belém e Fortaleza no período de 1990 a 2012 Belém apresentou a maior incidência Tendência à redução da incidência em São Paulo e Fortaleza Tendência à redução da mortalidade por câncer gástrico em todas as cidades avaliadas Fang X et al 2015 Analisar a associação entre fatores dietéticos e o risco de câncer de estômago Fatores de risco alimentos com alto teor de sódio cerveja destilados Fatores protetores frutas vegetais brancos Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 7 de 11 Autor Objetivo de estudo Resultados Hirabayashi M et al 2019 Determinar a relação entre índice de massa corpórea IMC e risco de câncer gástrico através de um estudo de coorte prospectivo O risco de câncer gástrico aumenta em homens com IMC 27 kgm2 Lee YC et al 2016 Investigar os efeitos da erradicação do Helicobacter pylori na incidência de câncer gástrico A erradicação do H pylori associase à redução significativa da incidência do câncer de estômago Lope V et al 2016 Analisar a influência de fatores menstruais e reprodutivos no risco dos cânceres gástrico e colorretal Associação inversa entre idade no primeiro parto e risco de câncer gástrico Uso de anticoncepcional hormonal é fator protetor Terapia de reposição hormonal pósmenopausa é fator protetor Miao ZF et al 2017 Avaliar as evidências que relacionam diabetes mellitus à incidência e mortalidade por câncer gástrico através da análise de estudos de coorte Diabetes mellitus associouse à maior incidência e mortalidade por câncer gástrico especialmente em homens e 55 anos Mocellin S et al 2015 Analisar a associação entre variações do DNA e o risco de câncer gástrico Diversos biomarcadores e polimorfismos associados a maior risco de desenvolvimento de câncer gástrico foram identificados Poorolajal J et al 2020 Determinar fatores de risco comportamentais e dietéticos associados ao risco de câncer de estômago Fatores de risco infecção por H pylori tabagismo etilismo sobrepeso obesidade consumo de vegetais em conserva consumo de carne vermelha 4X semana e alto consumo de sal Fatores protetores atividade física consumo de frutas e vegetais 3X semana consumo de chá verde consumo de peixe 1X semana RuízGarcía E et al 2017 Analisar os fatores de risco e alterações moleculares associadas ao câncer gástrico Alta mortalidade por câncer gástrico na América Latina devido ao diagnóstico tardio Fatores de risco infecção por H pylori eou EBV tabaco álcool consumo de carnes vermelhas eou processadas dieta hiperssódica idade entre 50 e 70 anos Salvador I et al 2015 Avaliar os fatores de risco e fatores protetores para câncer metaplasia gástrica Fatores de risco consumo de alimentos reaquecidos 3X semana adição de sal em 50 dos alimentos Fatores protetores antiinflamatórios nãoesteroidais idade 58 anos tratamento para H pylori Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 8 de 11 Fonte Neves VH et al 2020 Autor Objetivo de estudo Resultados Sonnenberg W 2017 Discutir as características fundamentais das principais malignidades gastrointestinais cânceres esofágico gástrico e colorretal Tendência à queda da incidência de câncer gástrico nos Estados Unidos EUA devido à melhoria das condições sanitárias Não há screening para câncer de estômago nos EUA Venerito M et al 2016 Analisar os principais aspectos clínicos e epidemiológicos do câncer de estômago Linfoma de Hodgkin e anemia perniciosa relacionamse à gastrite autoimune e maior risco de câncer gástrico Associação entre consumo de carne vermelha e câncer gástrico Venerito M et al 2018 Avaliar a epidemiologia do câncer gástrico assim como suas estratégias de prevenção e tratamento A erradicação do H pylori reduziu significativamente o risco de tumores metacrônicos em pacientes submetidos à ressecção endoscópica de câncer gástrico precoce Aspirina relacionouse a menor risco de câncer de estômago Inibidores de bomba de prótons possui papel controverso na patogenia da doença em questão Venneman K et al 2018 Analisar a prevalência da infecção por H pylori na Europa e determinar a influência dos hábitos de vida na sua evolução para o câncer gástrico Maior incidência de infecção por H pylori na Europa Ocidental e Sul enquanto as menores taxas foram encontradas no Norte Europeu Fatores de risco tabagismo consumo de sal e carne vermelha Fatores de proteção consumo de frutas vegetais e vitaminas Fatores sem influência consumo de álcool atividade física Wennerström ECM et al 2017 Determinar se a extensão proximal da infecção por H pylori decorrente da supressão ácida implica em maior risco de câncer de estômago proximal Exposição moderada a drogas supressoras de ácido do estômago não se relacionou a maior risco de câncer gástrico proximal Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 9 de 11 Os fatores dietéticos possuem grande papel na etiopatogenia do câncer de estômago Em metaanálise de 76 estudos de coorte realizada por Fang X et al 2015 foi averiguado o impacto de múltiplos componentes dietéticos no risco de tal enfermidade Constatouse que o consumo de frutas e vegetais brancos é inversamente proporcional ao risco de neoplasias gástricas visto que a vitamina C abundante em tais alimentos não só reduz o dano oxidativo aos tecidos e à molécula de DNA mas também inibe o crescimento e colonização pela H pylori facilitando a penetração dos antibióticos na mucosa gástrica Ademais os estudos de Fang X et al 2015 observaram ainda que a doença em questão se correlaciona positivamente ao consumo de insumos com alto teor de sódio e bebidas alcoólicas principalmente destiladas Enquanto o consumo de sal associase a processos irritativos da mucosa gástrica gerando gastrite atrófica e alterações da síntese e proliferação celular o álcool induz a formação de espécies reativas de oxigênio considerados grandes mutagênicos A ingesta de café chá verde e outras bebidas no entanto não mostrou correlação significativa com o risco embora haja resultados díspares na literatura Corroborando com as estatísticas supracitadas a pesquisa de Venneman K et al 2018 associou o tabagismo assim como o consumo de carnes processadas e alimentos ricos em sódio ao maior risco de câncer de estômago nos pacientes infectados por H pylori Em relação ao consumo de álcool no entanto o estudo em questão encontrou resultados colidentes Venneman K et al 2018 ainda relacionou os tumores gástricos ao baixo status socioeconômico alta densidade populacional e más condições de higiene Outrossim foi constatado que o consumo de frutas vegetais e vitaminas acarretou em menor risco Poorolajal J et al 2020 através de revisão sistemática verificou que de fato o principal fator de risco associado ao câncer gástrico é a infecção por H pylori seguida do tabagismo que contribuiu para um aumento do risco em 61 Neste estudo ainda foi evidenciado que o etilismo aumenta o risco em 19 e o consumo de alimentos conservados em vinagre em 28 Outrossim o consumo de frutas e vegetais relacionouse a redução do risco em até 62 Assim como em outras pesquisas o consumo de café e chás verde e preto não influenciou o risco De modo a reforçar a influência dos fatores dietéticos na fisiopatogênese da doença Salvador I et al 2015 em estudo casocontrole conduzido em hospital em Quito no Equador encontraram como fatores de risco o consumo de comidas reaquecidas 3 vezes semana e a adição de sal em 50 dos alimentos Ademais tal pesquisa determinou que o uso de antiinflamatórios não esteroidais AINEs idade 58 anos e tratamento para a infeção por H pylori por sua vez possuíam papel protetor no desenvolvimento de tal enfermidade No estudo de casocontrole conduzido por Chen P et al 2019 envolvendo 523 portares de câncer de estômago e 523 indivíduos saudáveis foi verificado que os casos apresentavam maior prevalência de gastrite atrófica menor escolaridade e status socioeconômico e maior consumo de alimentos quentes e de alto teor sódico além de menor consumo de chá verde e tendência à maior ingesta alimentar e à omissão do caféda manhã Em relação ao estado civil observouse que os controles eram mais frequentemente casados ou em união estável Outrossim problemas familiares e traumas psicológicos associaramse positivamente à doença em questão Pesquisas ainda sugerem que o sobrepeso e a obesidade podem implicar em maior risco de neoplasia gástrica HIRABAYASHI M et al 2019 SONNENBERG WR 2017 Não obstante salientase que diante da discrepância observada em múltiplos estudos fazse necessária a realização de pesquisas mais longas a fim de determinar com precisão esta relação HIRABAYASHI M et al 2019 Miao ZF et al 2017 através da revisão de 22 estudos de coorte constataram que os pacientes portadores de diabetes tiveram risco igual ou levemente aumentado para o desenvolvimento de câncer de estômago e morte por tal afecção embora a literatura acerca da correlação entre tais condições clínicas traga resultados controversos O tratamento do linfoma de Hodgkin também já foi relacionado ao maior risco de neoplasias gastrointestinais principalmente nos pacientes tratados com a combinação de irradiação infradiafragmática e quimioterapia contendo procarbazina com índice de incidência padronizado SIR de 74 VENERITO M et Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 10 de 11 al 2016 Outra condição considerada fator predisponente para a ocorrência de câncer de estômago especialmente os nãocárdicos é a anemia perniciosa resultante de gastrite imunomediada VENERITO M et al 2016 O uso de determinados medicamentos também pode exercer papel relevante na etiopatogenia das neoplasias de estômago como no estudo de casocontrole de Lope V et al 2016 no qual verificouse que as mulheres usuárias de contraceptivos hormonais apresentaram menor risco de desenvolver câncer gástrico e embora a fisiopatologia envolvida nesta associação não seja completamente compreendida acreditase que esta guarde relação com o aumento da expressão do gene TTF inibição da expressão de oncogenes e redução da concentração ácida da bile Ressaltase no entanto que metaanálises conduzidas recentemente não indicaram a associação supracitada A exposição moderada a bloqueadores do receptor de histamina tipo2 H2 ou inibidores da bomba de prótons IBP no entanto não favoreceu o aparecimento de tumores proximais de forma que a controvérsia existente na literatura acerca da contribuição destes medicamentos para a carcinogênese permanece WENNERSTRÖM ECM et al 2017 Embora as neoplasias gástricas sejam majoritariamente de caráter esporádico 10 dos casos encontram se associados a agrupamentos familiares SONNENBERG WR 2017 e destas em 13 resultam de síndromes hereditárias tais como o câncer gástrico difuso hereditário polipose adenomatosa familiar síndrome de PeutzJeghers e também alguns polimorfismos de nucleotídeo único embora estes permaneçam controversos na literatura CAVATORTA O et al 2018 Mocellin S et al 2015 mediante revisão sistemática e metaanálise identificaram 11 biomarcadores de alta qualidade relacionados à susceptibilidade ao câncer de estômago MUC1 rs2070803 MTX1 rs2075570 PSCA rs2294008 PRKAA1 rs13361707 PLCE1 rs2274223 TGFBR2 rs3087465 PKLR rs3762272 PSCA rs2976392 GSTP1 rs1695 CASP8 rs3834129 e TNF rs1799724 além de outros polimorfismos genéticos cada um deles associado alguma variante do tumor CONSIDERAÇÕES FINAIS As neoplasias gástricas são afecções que apesar de estar sofrendo mudança do seu perfil epidemiológico com redução em sua incidência ainda se constituem um grave problema de saúde pública dado que é fonte de grande morbimortalidade Esta afecção decorre da complexa interação entre fatores de risco ambientais infecciosos e genéticos Dentre os fatores de risco os que se mostraram predominantes foram idade avançada sexo masculino infecção pela H pylori tabagismo consumo de alimentos com alto teor de sódio e ingesta alcoólica Outras condições também já foram implicadas mas com menores evidências na literatura Diante dos dados colhidos concluise que o reconhecimento dos fatores de risco fazse de suma importância para a prevenção e ou diagnóstico precoce dessa afecção a fim de possibilitar melhora do seu perfil epidemiológico atual REFERÊNCIAS 1 BAKKALCI D et al Risk factors for Epstein Barr virusassociated cancers a systematic review critical appraisal and mapping of the epidemiological evidence Journal of Global Health 2020 101 010405 2 BALAKRISHNAN M et al Changing trends in stomach cancer throughout the World Curr Gastroenterol Rep 2017 198 36 3 BRAGA L et al Unequal burden of mortality from gastric cancer in Brazil and its regions 20002015 Gastric Cancer 2019 224 675683 4 CAVATORTA O et al Epidemiology of gastric cancer and risk factors Acta Biomed 2018 898 8287 5 CHEN P et al Risk factors of gastric cancer in highrisk region of China a populationbased casecontrol study Asian Pacific Journal of Cancer Prevention 2019 203 775781 6 CURADO MP et al Disparities in epidemiological profile of gastric adenocarcinoma in selected cities of Brazil Asian Pacific Journal of Cancer Prevention 2019 208 22532258 7 FANG X et al Landscape of dietary factors associated with risk of gastric cancer A systematic review and dose response metaanalysis of prospective cohort studies European Journal of Cancer 2015 113 8 HIRABAYASHI M et al Effect of bodymass index on the risk of gastric cancer a populationbased cohort study in a Japanese population Cancer Epidemiology 2019 63 101622 Revista Eletrônica Acervo Científico Electronic Journal Scientific Collection ISSN 25957899 REACEJSC Vol 21 e6421 DOI httpsdoiorg1025248reace64212021 Página 11 de 11 9 LEE YC et al Association between Helicobacter pylori eradication and gastric cancer incidence a systematic review and metaanalysis Gastroenterology 2016 1505 11131124 10 LOPE V et al Menstrual and reproductive factors and risk of gastric and colorectal cancer in Spain Public Library of Science 2016 1011 0164620 11 MIAO ZF et al Diabetes mellitus and the risk of gastric cancer a metaanalysis of cohort studies Oncotarget 2017 827 4488144892 12 MOCELLIN S et al Genetic variation and gastric cancer risk a field synopsis and metaanalysis Gut 2015 648 12091219 13 POOROLAJAL J et al Risk factors for stomach cancer a systematic review and metaanalysis Epidemiology and Health 2020 42 2020004 14 RUÍZGARGIA E et al Gastric cancer in Latin America Scandinavian Journal of Gastroenterology 2017 532124 129 15 SALVADOR I et al Risk and protective factors for gastric metaplasia and cancer a hospitalbased casecontrol study in Ecuador 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