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Introdução à Economia
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CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aulas II ECONOMIA REGIONAL E URBANA NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Problemática em economia regional e urbana Referências Ferreira 1989 Richardson 1982 Souza 1981 Monastério e Cavalcante 2008 Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo Economia Regional Conceito Objeto e Objetivos da Economia Regional Economia regional e economia urbana Teorias e Modelos da Economia Regional Problema Regional Principais conceitos relacionados à Economia Regional Economia Regional Conceito Ramo da Economia que estuda as relações que se estabelecem entre os agentes econômicos atendendo ao espaço em que se encontram e como esse espaço afeta a forma como se relacionam A Economia Regional surge da necessidade de colmatar uma lacuna no modelo neoclássico do equilíbrio geral dos mercados o qual não exige o elemento espaço para ter capacidade explicativa As desigualdades regionais em termos de riqueza e de rendimento per capita a polarização dos processos de urbanização e de industrialização o peso dos custos de transporte entre outros diversos fatores foram razões pertinentes das críticas efetuadas aos postulados da abordagem neoclássica Ao longo do tempo os adeptos da Economia Regional têm vindo a adotar três modalidades distintas de análise das consequências econômicas da dimensão espacial nomeadamente Abordagem linear Esta abordagem debruçase sobre os sistemas de transporte a localização das atividades econômicas e os recursos produtivos existentes mãodeobra matériasprimas De acordo com esta abordagem o espaço é um elemento de atrito entre dois pontos no fluxo de bens e fatores produtivos sendo que o grande objetivo é o de minimizar esse atrito sobretudo os custos de transporte sendo este uma função linear da distância Abordagem locativa dedicase ao estudo dos fatores que explicam a localização das atividades buscando a maximização do lucro Macroeconomia regional A macroeconomia regional é uma abordagem que estuda as variáveis macroeconômicas de uma região como o crescimento o emprego ou os preços comparandoas com as mesmas variáveis em outras regiões e no todo nacional Objeto e Objetivos da Economia Regional O grande objetivo das políticas de Economia Regional é o de conseguir um desenvolvimento econômico sustentável e equilibrado entre as diferentes regiões Nesse sentido a ênfase é colocada nos seguintes aspetos e objetivos Quais as indústrias a implantar prioritariamente em cada região de modo a proporcionar o crescimento econômico regional e a rentabilidade do investimento Que políticas assumir para aumentar o rendimento per capita e os níveis de emprego regionais de forma sustentada e equilibrada Como diversificar as atividades econômicas em cada região e como integrar essas atividades e empresas quer no interior da região quer com as demais regiões próximas Como efetuar o planeamento econômico de todo nacional a partir da agregação dos planeamentos regionais gerindo racionalmente os recursos disponíveis Como distribuir racionalmente as pessoas recursos produtivos e atividades pelo espaço nacional Economia regional e economia urbana O conceito de economia regional está intimamente ligado com o conceito de economia urbana A Economia Urbana coloca a ênfase nos espaços urbanos dedicandose ao estudo das dinâmicas nesses espaços numa perspectiva econômica A Economia Regional coloca a ênfase nos espaços regionais e nas suas dinâmicas econômicas incluindo o estudo e desenvolvimento de modelos de localização das famílias e das atividades econômicas no espaço urbano Cabe à disciplina de economia regional e urbana introduzir a dimensão espacial na análise dos fenómenos econômicos fornecendo conceitos métodos e técnicas de análise e dando ênfase à apresentação dos conceitos e à explicitação das hipóteses dos modelos Teorias e Modelos da Economia Regional São várias as teorias e modelos que contribuem para a Economia Regional entre os quais Teoria da localização Losch Teoria do multiplicador da base econômica Modelo inputoutput Programação matemática Teoria do crescimento regional Richardson Teoria do Pólo de crescimento Perroux Contabilidade regional Stone Modelos gravitacionais Análise espacial dos preços Teoria da difusão espacial de inovações tecnologia bens e serviços fatores de produção Problema Regional Macroeconomistas tendem a concordar na identificação dos problemas a serem combatidos inflação e desemprego Na Economia do Desenvolvimento a meta também é conhecida incrementar as condições de vida das populações dos países pobres Mas e na Economia Regional O que é exatamente o problema regional Ênfase na temporalidade As leis econômicas seriam universais Contudo as leis econômicas gerais têm de ser vistas criticamente e suas aplicações adaptadas à realidade de cada país e às fases históricas em que se encontram FERREIRA 1989 P45 Interessa compreender a relação entre o espaço vivido e a vida econômica Não é possível conceber nem existiria vida econômica sem território Assim o espaço geográfico é um dado tão incontornável como o tempo POLÉSE 1998 p17 Pergunta Que elementos compõem a problemática do espaço no contexto econômico Crescimento explosivo das cidades Migrações ruraisurbanas e intraurbana Concentração da atividade econômica Desequilíbrios regionais interregionais e intrarregionais Dificuldades para que sejam efetivadas ações voltadas ao desenvolvimento regional integrado Novas condições relativas à concorrência diante das redes Questões vinculadas ao meio ambiente Relações ruralurbano Algumas interrogações de Polése 1998 Porque é que as coisas ocorrem aqui e não no outro lado Toda a atividade econômica qualquer que seja a sua natureza acontece num sítio lugar mas porquê neste e não noutro Como explicar o comportamento espacial ou geográfico dos agentes empresas famílias investidores Por que é que as populações e as empresas se deslocam de uma região para outra Será possível explicar estes movimentos através da análise econômica Por que é que as indústrias se concentram numa determinada cidade ou num determinado bairro Será possível enunciar leiseconômicas para explicar as escolhas de localização das empresas e das pessoas Além das questões de ordem geral é possível juntar outras perguntas que penetram no campo da economia regional e também urbana eis alguns exemplos Por que existem cidades Quais os fundamentos econômicos da urbanização Por que é que muitas cidades sobretudo nos países em desenvolvimento não param de crescer apesar dos problemas de congestionamento e poluição Haverá uma lógica econômica para explicar o modo como as cidades se distribuem no território Como analisar a eficácia das intervenções públicas em matéria de desenvolvimento econômico regional Qual o impacto do progresso tecnológico sobre a localização das atividades econômicas Como explicar a forma física da cidade a distribuição das zonas residenciais Por que é que os terrenos são sistematicamente mais caros em certos bairros do que noutros Por que algumas regiões são mais favorecidas do que outras Por que surgem as disparidades regionais Estamos assistindo a movimentos de concentração ou desconcentração espacial De que modo a terceirização crescente das economias nacionais influencia os modelos de localização O que dizer do impacto das novas tecnologias de transporte e comunicação Principais conceitos relacionados à Economia Regional Espaço Região Território Espaço spatium visto como contínuo ou como intervalo no qual estão dispostos os corpos seguindo uma certa ordem neste vazio CASTRO GOMES e CORRÊA 2001 p51 Resultado de um processo de abstração independentemente desse processo ter seus procedimentos originados na matemática na psicologia na biologia ou em qualquer outra disciplina FERREIRA 1989 p 48 a estruturação do espaço como produto da articulação dos modos de produção depois como produto do desdobramento do capital monopolista baseado no desenvolvimento desigual aparece como produto das leis imanentes do materialismo histórico e mais particularmente da acumulação do capital LIPIETZ apud HESPANHOL 1996 Região a palavra região deriva do latim regere palavra composta pelo radical reg que deu origem a outras palavras como regente regência regra Regione nos tempos do Império Romano era a denominação utilizada para designar áreas que ainda que dispusessem de uma administração local estavam subordinadas às regras gerais e hegemônicas das magistraturas sediadas em Roma CASTRO GOMES e CORRÊA 2001 p50 nossa definição de região terá de ser extremamente geral podemos dizer que uma região é uma área delimitada de acordo com certos critérios teremos regiões diferentes segundo os critérios que decidirmos utilizar Não se pode falar numa região melhor nem numa melhor definição de certa região grifo do autor FRIEDMANN 1960 p33 ROLIM 1995 p50 citando CORAGGIO conclui uma vez decifrados os processos gerais de espacialidade de uma determinada sociedade é possível delimitar concretamente as suas regiões já que a entendemos como o locus de um determinado subprocesso social ou como uma área onde determinadas características tenham uma relativa homogeneidade Importa buscar diferentes usos correntes do conceito de região suas diferentes operacionalidades ou ainda diferentes recortes criados e suas respectivas instrumentalidades CASTRO GOMES e CORRÊA 2001 Para o IBGE São Paulo tem um deslocamento tão intenso que pode ser chamada de cidaderegião englobando 89 municípios e 11 arranjos populacionais somando 274 milhões de habitantes Território Conceito derivado do latim terra e torium etimologicamente significa terra pertencente a alguém Pertencente entretanto não se vincula necessariamente à propriedade da terra mas à sua apropriação CORRÊA 2002 p251 Corrêa 2002 p251 observa que território não é sinônimo de espaço ainda que para alguns ambas as palavras apresentem o mesmo significado Tem o ESTADO como traço fundamental Para Raffestin citado por Souza 2001 p96 o espaço é anterior ao território Assim o território é uma reordenação do espaço cuja ordem busca dentro dos sistemas informacionais um arranjo pertencente a uma cultura Nesse sentido esse território referese a um trabalho humano que se exerce sobre uma porção do espaço mas também a uma combinação complexa de forças e ações mecânicas psíquicas químicas orgânicas RAFFESTIN 2006 É possível ainda avançar na interpretação do território ao considerálo como um campo de forças uma teia ou rede de relações sociais que a par de sua complexidade interna define ao mesmo tempo um limite uma alteridade a diferença entre nós o grupo os membros da coletividade ou comunidade os insiders e os outros os de fora os estranhos os outsiders SOUZA 2001 Em sua dimensão teórica podese ainda acrescentar que los territórios no se definem por limites físicos seno por la manera cómo se produce en su interior la interaccion social ABRAMOVAY 2006 p2 CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aula III ECONOMIA REGIONAL E URBANA NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Noções introdutórias em economia urbana Referências Cap 4 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo ECONOMIA URBANA Introdução NASCIMENTO E CRESCIMENTO DAS CIDADES URBANIZAÇÃO DESENVOLVIMENTO E DEMOGRAFIA Urbanização Desenvolvimento econômico TENDÊNCIAS HISTÓRICAS ORIGENS ECONÔMICAS DA URBANIZAÇÃO Níveis de desenvolvimento e urbanização As estruturas de consumo Elasticidaderenda dos bens agrícolas O aumento da produtividade agrícola As desigualdades cidadecampo e o êxodo rural A URBANIZAÇÃO DOS PAÍSES EMERGENTES ECONOMIA URBANA Introdução Perguntas Por que nascem as cidades Qual é o papel das cidades no desenvolvimento dos territórios Há alguma configuração urbana típica Como podemos enfrentar os desafios dos grandes centros urbanos Em um mundo essencialmente urbano e onde cresce a cada ano a proporção da população que reside nas cidades esse é um dos principais desafios das grandes metrópoles a ser enfrentado pela sociedade de nosso tempo É necessário compreender como as aglomerações urbanas influenciam o desenvolvimento econômico e social e como se pode lidar com essa realidade tão complexa como a que se configura em uma área metropolitana NASCIMENTO E CRESCIMENTO DAS CIDADES Os fundamentos da urbanização são em grande parte econômicos Para haver urbanização são necessárias três condições Um incremento sustentável e prolongado da renda per capita Uma elasticidaderenda inferior à unidade para os produtos agrícolas A presença de economias de aglomeração para a produção de bens não agrícolas URBANIZAÇÃO DESENVOLVIMENTO E DEMOGRAFIA Urbanização A transição de uma sociedade rural para uma sociedade mais urbanizada Referese também ao crescimento mais acelerado da população urbana em comparação à população rural A taxa de urbanização mede o nível de urbanização em um dado momento e é a relação entre a população urbana e a população total Urbanização crescimento urbano ou crescimento da população urbana O termo crescimento urbano se refere ao aumento da população das cidades A população das cidades ou de uma cidade pode aumentar sem que no entanto haja incremento da taxa nacional de urbanização A dicotomia urbanorural está longe de ser claramente definida as cidades aumentam de tamanho e se expandem e estão cada vez mais próximas da paisagem rural Desenvolvimento econômico Um incremento sustentável e irreversível da renda per capita em termos reais O conceito de se renda ou produto nacional identifica com o Produto Nacional Bruto PNB ou Produto Interno Bruto PIB frequentemente utilizados na literatura Para identificar o nível de desenvolvimento de um país adotaremos indiferentemente PNB PIB ou renda per capita A renda per capita não retrata de que maneira ela é distribuída entre os habitantes do país Tendências históricas Nos últimos três séculos aproximadamente nosso planeta experimentou uma profunda transformação Do ponto de vista econômico a época moderna se caracteriza por um crescimento sem precedente da capacidade de produção dos habitantes do planeta graças ao uso dos novos conhecimentos na produção de bens e serviços Em menos de dois séculos a produção mundial de bens industriais foi multiplicada por mais de 200 BAIROCH 1988 A evolução da população do planeta é um excelente indicador da magnitude dessas mudanças Figura 41 O aumento foi impressionante sobretudo a partir de 1900 quando passou de 500 milhões para mais de sete bilhões na primeira década do século XXI Este crescimento demográfico é imputado principalmente pela diminuição nas taxas de mortalidade infantil e aumento da longevidade Ambos refletem o aumento da qualidade de vida e sobretudo do progresso tecnológico que marcou o desenvolvimento da agricultura da infraestrutura sanitária e da saúde Até pouco tempo a população do planeta era predominantemente rural ou ao menos vivia majoritariamente em pequenos povoados Menos de 10 da população mundial vivia em cidades de 20 mil habitantes ou mais em 1900 Figura 42 Pouco provável que houvesse cidades com mais de um milhão de habitantes antes da era moderna A urbanização no sentido que denominamos hoje em dia é um fenômeno muito recente JACOBS 1969 e 1984 Em 2009 foi o primeiro ano em que a população urbana ultrapassou a rural Isso deverá continuar a ocorrer de modo crescente nos próximos anos e a expectativa é chegarmos em 2030 com uma população mundial urbana em torno de 60 Figura 42 Na maioria dos países industrializados o principal período de crescimento urbano chegou ao seu fim As populações nacionais crescem pouco e as taxas de urbanização se aproximam de 80 o que não gera aumento da população urbana O crescimento das cidades se apresenta principalmente pelo deslocamento das atividades econômicas e da população entre cidades Por outro lado a maioria dos países em desenvolvimento e portanto a maior parte dos países da América Latina ainda continua na fase de urbanização e de crescimento urbano apesar de existirem distintas diferenças entre os países Como veremos a urbanização se faz sentir sobretudo nas primeiras fases do desenvolvimento Vêse claramente na Figura 43 a relação entre desenvolvimento e urbanização Os países mais urbanizados Estados Unidos Reino Unido Canadá Austrália ou os países mais desenvolvidos da União Europeia entre eles podemos incluir a Espanha são os que apresentam os mais altos níveis de urbanização Nos países da América Latina podemos observar uma realidade em transição com graus muito elevados de urbanização semelhantes às economias desenvolvidas além de muitos casos de países em processo de desenvolvimento África e Ásia mostram um outro lado com porcentagens da população urbana abaixo de 40 ORIGENS ECONÔMICAS DA URBANIZAÇÃO A urbanização é uma consequência inevitável do desenvolvimento econômico Até os dias atuais nenhum país escapou a essa lei Níveis de desenvolvimento e urbanização Os contínuos aumentos do produto ou renda por habitante provocam um processo de urbanização sobretudo nas fases iniciais de desenvolvimento Para altos níveis de desenvolvimento PIB per capita superior a 25000 dólares os níveis de urbanização dificilmente estão acima de 80 Exceto na maior parte da América Latina aonde um baixo nível de desenvolvimento PIB per capita inferior a 15000 dólares e níveis de urbanização em torno de 77 As estruturas de consumo O incremento de renda real por habitante gera mudanças relevantes como nas estruturas de consumo A estrutura da demanda nacional se modifica à medida que a renda aumenta Segundo a lei de EngelErnst Engel 1821 1896 a parte da renda destinada à alimentação diminui à medida que a renda aumenta É fácil compreender que a capacidade de consumo de alimentos tem um limite ao atingir determinada margem A lei de Engel se baseia nas capacidades fisiológicas humanas À medida que um país enriquece a proporção de produtos agrícolas na demanda nacional total se reduzirá Elasticidaderenda dos bens agrícolas A relação entre a variação em porcentagem da quantidade demandada e a variação em porcentagem da renda 𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 A lei de Engel nos diz que a elasticidade renda dos produtos agrícolas será geralmente inferior a 10 O aumento da produtividade agrícola Continuamos observar como o desenvolvimento econômico e a produtividade agrícola estão inter relacionados Os contínuos aumentos da renda real por habitante se fundamentam nos incrementos da produtividade por trabalhador tanto do setor agrícola como de outros setores Simplificando se antes eram necessários trinta trabalhadores e agora apenas um isso significa que a produtividade foi multiplicada por trinta O Quadro 42 apresenta o valor da produção agrícola por trabalhador em 2012 para vários países da América Latina e também para os mais ricos e mais pobres do planeta Vários elementos ocultam essas enormes diferenças da produtividade agrícola As diferentes intensidades no uso de fertilizantes ou tecnologias aplicadas à agricultura e também a industrialização da atividade agrícola são as principais explicações O impacto do aumento da produtividade agrícola aliado à evolução das estruturas de consumo se traduz na redução do emprego agrícola em relação ao emprego total do país Em poucas palavras a combinação de aumentos da produtividade no setor agrícola e também em outros setores com uma redução relativa de bens agrícolas produz movimentos da mão de obra agrícola para outros setores da economia As atividades não agrícolas obedecem as forças econômicas que favorecem a criação das cidades As desigualdades cidadecampo e o êxodo rural Os aumentos da renda provocam uma transferência progressiva da demanda para os produtos urbanos Esse deslocamento gera um incremento na demanda por terrenos urbanos repercutindo no preço do solo urbano A atração de mão de obra para a cidade se reflete em salários mais elevados na cidade que no campo Estes salários mais elevados e os movimentos migratórios que os acompanham são resultado de um contínuo processo de ajuste da população e das empresas na evolução da composição da demanda O processo continuará enquanto a renda refletida no nível dos salários for mais elevada na cidade do que no campo O Banco Mundial 1990 reforça que em quase todos os casos as pessoas que deixam o campo pela cidade aumentam sua renda As desigualdades entre a cidade e o campo não se limitam ao setor mercantil O acesso a serviços sociais educativos ou sanitários é muito mais fácil de ser coberto em um contexto urbano que em um ambiente rural Para que uma família do campo se mude para a cidade é preciso que a cidade ofereça um ganho que cubra os gastos de cada um de seus membros Se partirmos da hipótese de que o indivíduo não age por interesse próprio os movimentos cidadecampo devem ser interpretados como um índice de vida de nível superior que oferece a cidade Enquanto existir desigualdades continuará a ocorrer o êxodo rural e a urbanização A URBANIZAÇÃO DOS PAÍSES EMERGENTES As taxas de crescimento do nível de urbanização dos são países emergentes fundamentalmente semelhantes daquela que viveram os países que hoje são desenvolvidos ou industrializados Em geral os determinantes da localização e da realocação das empresas atuam de maneira similar em todos os países sem importar o nível de desenvolvimento Embora que o processo de urbanização sejam semelhantes existem algumas diferenças importantes entre os países emergentes e os países já industrializados A principal diferença entre a experiência recente dos países emergentes e a dos países industrializados é que o crescimento urbano assume maior amplitude e rapidez nos países que agora se desenvolvem As taxas de crescimento da população são muito mais altas pelo efeito das baixas taxas de mortalidade que são menores quando comparadas às dos países que se desenvolveram há mais de um século Quadro 44 Essa diferença percentual que separa os países em desenvolvimento daqueles que se desenvolveram em 1900 não pode ser explicada apenas pelas enormes diferenças de tamanho entre as cidades O progresso tecnológico teve um impacto não apenas sobre o ritmo de crescimento da população urbana mas também sobre o tamanho das cidades A tecnologia moderna permite existir cidades muito maiores que há um século A maioria das cidades de oito milhões de habitantes ou mais se encontra hoje em dia nos países em desenvolvimento Quadro 45 Ainda que a urbanização esteja fortemente relacionada ao processo de desenvolvimento não existe qualquer vínculo entre o tamanho da cidade e o nível de desenvolvimento de um país Resumindo as taxas de urbanização dos países emergentes não estão longe do crescimento normalmente associado ao desenvolvimento econômico A causa do progresso tecnológico sobretudo em relação à infraestrutura de saúde faz com que as cidades dos países emergentes atinjam ritmos de crescimento e tamanho sem precedentes Os países emergentes que devem enfrentar Entre os desafios especialmente nos primeiros momentos da urbanização como A concentração urbana isto é a concentração da população urbana em algumas aglomerações frequentemente faz disparar os preços do solo urbano nestas cidades e gera consequências socialmente inaceitáveis no plano da distribuição da riqueza e da renda acentuando as disparidades campocidade As mudanças institucionais para se adaptar às realidades urbanas são frequentemente difíceis de conduzir sobretudo no que concerne à administração local e à ocupação do solo As intervenções na área habitacional são continuadamente inundadas por ondas de novas populações urbanas fazendo com que as cidades em expansão enfrentem uma crise habitacional A importância de investimento público para a realização da infraestrutura urbana pode gerar problemas relativos à gestão macroeconômica da economia nacional Ademais as grandes cidades exercem pressões sobre os recursos do Estado dificultando a aplicação de políticas de descentralização Em toda parte a urbanização transforma profundamente a organização da sociedade das instituições políticas às estruturas econômicas e aos seus valores sociais Qualquer mudança como a urbanização implica custos CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aulas IV e V ECONOMIA REGIONAL E URBANA NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Noções introdutórias em economia regional Referências Cap 7 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo DA CIDADE À REGIÃO Introdução O CONCEITO DE REGIÃO EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE REGIÃO NA CIÊNCIA REGIONAL A fragilidade do conceito de região desde a origem da Ciência Regional A Economia na definição do conceito de região Comunidades geográficas regiões funcionais mercados locais de trabalho e áreas metropolitanas Economias externas e distritos industriais Economias e deseconomias de aglomeração a perspectiva da Nova Geografia Econômica UMA PROPOSTA DE REGIÕES ANALÍTICAS NO MARCO TEÓRICO CENTROPERIFERIA Por uma unidade básica de análise os sistemas locais de trabalho Reagrupando as unidades espaciais básicas em uma classificação regional As distâncias incrementais nos estudos empíricos SÍNTESE DO CAPÍTULO DA CIDADE À REGIÃO Introdução Ampliamos agora o conjunto do território para além da cidade a fim de compreender a sua especialização em função da localização e como aparecem e persistem as desigualdades entre regiões Enquanto o conceito de país ou cidade está claramente definido o conceito de região é muito difuso Uma região é uma parcela do território conforme algum critério Pode ser um critério de delimitação administrativa do espaço áreas funcionais regiões culturais linguísticas ou políticas etc O conceitochave de região é que diferente de nação há fronteiras O CONCEITO DE REGIÃO O conceito de região do ponto de vista econômico é muito diferente da concepção que a sociedade em geral pode ter O principal elemento distinto do conceito de região é sua abertura econômica A região diferente do território nacional não tem fronteiras no sentido econômico Os intercâmbios de bens e serviços ocorrem sem levar em consideração as fronteiras regionais A abertura econômica significa que a região como conceito absoluto não existe e suas fronteiras podem variar segundo as circunstâncias A única condição de sua existência como conceito econômico é seu pertencimento a um espaço econômico e político mais amplo Não é indispensável que a região tenha uma existência administrativa própria Porém sempre depende direta ou indiretamente de um governo superior Ex uma comunidade autônoma espanhola um departamento francês um estado brasileiro ou uma província argentina Não existe uma regra absoluta para definir os limites de uma região EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE REGIÃO NA CIÊNCIA REGIONAL A fragilidade do conceito de região desde a origem da Ciência Regional A existência de um campo multidisciplinar conhecido como Ciência Regional pode nos fazer supor que o conceito de região deva estar claramente delimitado Todavia a realidade é muito distinta Kant Humboldt e Hetter definiram a Geografia como a Ciência da divisão da terra em regiões Durante os séculos XVIII e XIX para facilitar seu estudo a região se converteu assim em uma ferramenta dos geógrafos para ir abarcando e estudando a totalidade do espaço Daí que os primeiros geógrafos deramse conta da dificuldade em delimitar o conceito de região na medida em que as variáveis que podiam ser utilizadas para definir as áreas regionais eram muito diversas dando lugar a distintas ideias Isto em realidade torna mais difícil convergir para um único conceito de região A Economia na definição do conceito de região No início do século XX temos importantes contribuições de Humboldt Weber e Von Thünen sobre a importância e interesse na disciplina Economia inclusive com critérios específicos da Ciência Econômica no modo de definir regiões homogêneas A ser visto posteriormente Comunidades geográficas regiões funcionais mercados locais de trabalho e áreas metropolitanas A Ciência Regional das diferentes disciplinas continua tentando encontrar diferentes modos de delimitar o conceito de região e os seus limites físicos Da combinação entre Geografia e Sociologia entre outras disciplinas deriva o conceito de comunidades geográficas espaços nos quais se produzem fortes interações sociais econômicas que geram identidades e características comuns Sobre a ideia básica de comunidades geográficas distintos autores definem conjuntos de elementos para delimitar o espaço surgindo a ideia de regiões funcionais Essas são regiões delimitadas à margem das fronteiras administrativas e construídas para atender a diversos fatores econômicos sociais culturais e geográficos Dentro desta linha surgem trabalhos importantes na Ciência Econômica no campo da Economia do Trabalho Tratamse dos autores que começaram a se preocupar em delimitar espaços geográficos no qual compartem um único mercado de trabalho local À medida que as cidades crescem e se expandem observamos como seus limites geográficos também se ampliam Aparecem as áreas metropolitanas que muitas vezes ocupam várias divisões administrativas Os habitantes desses espaços podem residir em um local diferente daquele onde trabalham dando lugar ao fenômeno cada vez mais comum denominado de commuting deslocamentos diários entre o lugar de residência e o local de trabalho Esta expansão da área metropolitana e suas implicações para coordenar políticas e ações locais faz com que seja necessário encontrar procedimentos para definir os limites do espaço no qual inclui a população que reside e trabalha o que se denomina de mercado de trabalho local Economias externas e distritos industriais Em 1890 Alfred Marshall em Principles of Economics apresenta o conceito de economias externas As relações das empresas que convivem em um mesmo local geram rendimentos crescentes que não podem ser explicados de dentro das empresas endogenamente mas da indústria setor e do lugar em que as distintas firmas similares se localizam O conceito de economias externas é fundamental na Economia Industrial mas também na Economia Urbana e Regional que o aplica de forma diferente ao enfoque clássico relativo às conexões entre o espaço e a atividade econômica Distrito industrial uma entidade socioterritorial que se caracteriza pela presença ativa tanto de uma comunidade de pessoas como de um conjunto de empresas em uma zona natural e historicamente determinada segundo BECATTINI 1991 Observemos que diferente de outros enfoques a visão de distritos industriais não necessariamente engloba todo o território uma vez que ao identificar sua presença e seus limites há espaços que podem não estar contidos em nenhum dos distritos industriais Evidentemente a chave para aplicar o conceito de distrito industrial a uma realidade empírica observável e analisável está em como delimitar seu perímetro A necessidade de partir de uma unidade territorial cuja extensão não se vê limitada por fronteiras administrativas e que pode mudar ao longo do tempo ajustase ao conceito de Sistema de Trabalho Local Economias e deseconomias de aglomeração a perspectiva da Nova Geografia Econômica O avanço da Nova Geografia Econômica NEG tornouse fundamental para o campo da Economia Urbana e Regional e da Economia Internacional A NEG aporta novos aspectos ao debate do conceito de região muito bem sintetizados por Behrens e Thisse 2007 Os modelos NEG em sua formulação mais simples propõem a existência de duas regiões centro e periferia A NEG se aprofunda em compreender as forças centrípetas que tendem a concentrar a atividade na região centro assim como as forças centrífugas que tendem a dispersála na região periférica Logicamente nem todas as atividades econômicas têm a mesma sensibilidade aos benefícios ou custos associados à aglomeração nem todas podem evitar entrar em fase de rendimentos marginais decrescentes Os setores mais intensivos em conhecimento e ou tecnologia e que requerem menos espaço para desenvolver suas atividades são os que mais se beneficiam da concentração e aglomeração e os que têm menos custos a suportar Ademais são setores onde a concentração e a escala podem afetar mais fortemente os rendimentos marginais retardando a chegada da fase decrescente Assim o saldo entre as forças centrípetas e centrífugas costuma ser nestes casos favorável aos processos centrípetos em outras palavras nestes setores se observarão fortes dinâmicas de concentração Por outro lado os setores mais tradicionais especialmente intensivos em mão de obra não qualificadas e que necessitam de amplos espaços para a atividade produtiva ou que tenham que transportar volumosas matérias primas ou produtos elaborados verão como o saldo se inclina em favor das forças centrífugas Nos lugares centrais vão se concentrar os setores mais avançados enquanto os lugares periféricos se especializarão em atividades mais tradicionais reforçando ou acentuando as desigualdades entre territórios Passar de uma formulação básica dos modelos NEG com duas regiões a um modelo mais complexo com n regiões não é uma tarefa fácil Um modelo com mais de duas regiões dificulta a percepção da realidade descrita nos modelos básicos pois podem existir regiões intermediárias e portanto interações mais complexas A visão da NEG aporta várias e novas dimensões à discussão sobre a definição do conceito de região como i A conexão entre o conceito de região para explicar as diferenças regionais existentes ii A possibilidade de classificações regionais que não apresentem contiguidade espacial mas características comuns geradoras de dinâmicas centrípetas ou centrífugas iii A concepção da região como uma unidade que interage economicamente com outras e cuja característica principal é a abertura econômica ausência de fronteiras à circulação de bens e serviços ou fatores produtivos UMA PROPOSTA DE REGIÕES ANALÍTICAS NO MARCO TEÓRICO CENTROPERIFERIA É evidente que o desafio fundamental consiste em encontrar uma proposta de classificação regional empiricamente aplicável que sintetize as distintas ênfases das propostas conceituais que vêm marcando o conceito de região Aqui se trata de fazer uma proposta sintetizadora que se apoia em três grandes linhas de investigação empírica desenvolvidas nos últimos 25 anos i A literatura sobre o modo de definir mercados de trabalho locais ii Uma proposta de classificação baseada no tamanho populacional e na distância em relação ao tamanho muito apropriada para captar os efeitos das economias de aglomeração iii O desenvolvimento recente do conceito de distâncias incrementais Por uma unidade básica de análise os sistemas locais de trabalho Na medida em que tratamos de definir um conceito de sobre a base das região delimitações científicas do espaço não seria coerente utilizar divisões administrativas por mais desagregada que fosse a dimensão espacial dos limites administrativos É importante que a unidade básica espacial esteja delimitada por contornos que assegurem homogeneidade comparabilidade e contexto mesmo se depois agregarmos em regiões com menor desagregação espacial No Quadro 71 apresentamos um resumo das distintas metodologias propostas para delimitar os sistemas locais de trabalho e utilizálos como unidade espacial básica Os sistemas locais de trabalho estão delimitados a partir da informação sobre a mobilidade residênciatrabalho de modo que seus limites estejam inseridos em uma área geográfica onde a maior parte da população vive e trabalha A delimitação desta área geográfica se estabelece aplicando um algoritmo O algoritmo parte da unidade administrativa municipal e dados de população ocupada residente população ocupada total e deslocamentos da residência para o local de trabalho para configurar o Sistema Local de SLT Trabalho Reagrupando as unidades espaciais básicas em uma classificação regional Uma vez definida a unidade espacial básica os sistemas locais de trabalho pode ser interessante para alguns tipos de trabalho agrupálos em unidades que permitam observar os efeitos da aglomeraçãourbanização e da distância para as grandes concentrações populacionais Há muitos modos de fazer um reagrupamento do espaço porém propomos uma classificação regional baseada nos aspectoschave da moderna Economia Urbana e Regional tamanho e distância em relação ao tamanho Conforme Mario Polèse alguns aspectos chave a considerar i A localização os distintos setores buscam se situar em lugares onde a acessibilidade a grandes mercados é grande e onde é possível existir uma intensa interação com os clientes ii O tamanho porque as dinâmicas setoriais e mais concretamente os setores mais avançados e intensivos em conhecimento e criatividade tendem a se localizar nas grandes áreas metropolitanas com fortes efeitos externos associados à aglomeração iii A proximidade o que implica que no caso de não poder estar em um lugar onde maximize mercado e tamanho ao menos deve estar o mais próximo a ele iv Os custos associados ao transporte e à localização custos de oportunidade de maneira que localizações não ótimas desse ponto de vista se veem penalizadas e acabam crescendo mais lentamente Uma classificação do espaço que leve em conta esses quatro aspectos identifica a importância das economias de aglomeração e da distância Em termos práticos as unidades estatísticas básicas os sistemas locais de trabalho ou algo similar podem se reagrupar em função do tamanho populacional e da distância Isto dá lugar a criadas como novas regiões analíticas conjuntos de unidades espaciais básicas com sentido econômico em uma perspectiva da Economia Urbana e Regional A Figura 71 apresenta uma representação hipotética de um espaço econômico nacional Cada parte quadriculada referese a uma unidade administrativa básica um município Alguns deles são agrupados nos quadrados da mesma cor em um único sistema local de trabalho Nesse espaço hipotético existe um lugar central ou uma grande metrópole próxima a quatro cidades de menor tamanho No entorno desses espaços urbanos existem unidades rurais que não alcançaram o tamanho mínimo para serem consideradas como espaços urbanos A partir desta representação hipotética do espaço podese apresentar a classificação a seguir Áreas metropolitanas as principais metrópoles do país com uma população superior à média segundo o sistema urbano nacional Essas áreas metropolitanas seriam formadas pelo centro urbano principal e toda a área de influência Sistema Local ou similar de Trabalho Áreas urbanas áreas com uma população mínima que permita considerálas como urbanizadas e que possam ser classificadas em distintos níveis segundo seu tamanho populacional Áreas rurais espaços com uma população inferior a determinado limite e que portanto seriam considerados como não urbanos O limite populacional se estabelece tendo em conta a estrutura urbana do país Não obstante normalmente se considera que esse limite seria no mínimo de 10000 habitantes Outra divisão de acordo com a posição das principais áreas metropolitanas Zonas centrais todas as áreas que estejam até uma hora de distância de uma área metropolitana Zonas periféricas todas as áreas que estejam situadas a mais de uma hora de distância de uma área metropolitana Aconselhase utilizar o limite de uma hora de distância por diversos fatores Porter 1990 e outros encontraram evidência de que uma hora de distância é o limite para se estabelecer relações profissionais entre clientes e fornecedores sem dificuldade Ao referirmos à uma hora de distância ao invés de uma distância linear implica que a zona central não esboça necessariamente um círculo ao redor da metrópole Na realidade a região central pode ser irregular dependendo das infraestruturas de transporte As distâncias incrementais nos estudos empíricos A proposta formulada anteriormente nos permite dispor de um conjunto de regiões que não apresenta contiguidade proximidade espacial mas uma forte homogeneidade em sua delimitação conceitual Essas regiões podem ser incorporadas à análise sob a forma de variáveis dicotômicas mas diferente de como são incorporadas nos modelos empíricos podemos usar como variável as distâncias incrementais Podemos medir a distância em relação a uma grande aglomeração como uma penalização para poder ter acesso a esses bens e serviços que existem nela Apenas as localidades de grande tamanho são capazes de oferecer uma gama variada de bens e serviços Se determinamos a distância a um lugar central considerandoo como uma cidade de mais de uma certa população garantindo que se trata de um lugar superior na hierarquia cometeremos um erro ao esquecer que em lugares de menor tamanho há certos serviços e bens embora nem todos Um modo de solucionar este problema é definindo um sistema de distâncias incrementais para cada tipo de cidade medindo primeiramente a distância até uma área urbana e depois desta a uma área metropolitana Figura 72 SÍNTESE DO CAPÍTULO Neste Capítulo apresentamos uma revisão da literatura sobre o conceito de região Os geógrafos e não os economistas estão sempre atentos à importância da delimitação regional e de como esta pode afetar drasticamente os resultados de uma investigação espacial Em muitos estudos da Economia Regional aceitase a divisão espacial do território que nos oferecem os dados estatísticos normalmente organizados por regiões político administrativas No entanto é importante estar ciente das limitações de uma análise se a delimitação regional empregada carece de sentido econômico A partir da revisão da literatura clássica e das contribuições mais recentes apresentamos uma proposta de classificação do espaço em regiões com sentido econômico A ideiachave que delimita nossas regiões está na construção de uma estrutura espacial que permita identificar com precisão os efeitos das economias de aglomeração Nossa classificação parte inicialmente da definição de um conjunto de unidades locais claramente homogêneas entre si e fortemente heterogêneas diante das demais Há diferentes modos de se chegar à delimitação das unidades básicas porém a maior parte delas se assenta na ideia de delimitar os espaços em que os residentes e trabalhadores estão inseridos Pela definição de Sistemas Locais de Trabalho identificase áreas locais que são mercados de trabalho plenamente integrados Sobre essas unidades básicas reagrupamos a informação em grupos de regiões por tamanho populacional e distância em relação ao tamanho Essas regiões não precisam atender ao requisito de contiguidade espacial São conjuntos de áreas locais similares entre si do ponto de vista da presença ou ausência de economias de aglomeração CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aula VI TEORIAS CLÁSSICAS DA LOCALIZAÇÃO E QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS Teorias clássicas de localização industrial Weber Referências Cap 2 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS LOCALIZAÇÃO E DIMENSÃO ESPACIAL O MODELO DE LOCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES INDUSTRIAIS DE WEBER Apresentando o modelo clássico de Weber Atualizando o modelo de Weber e reflexões gerais TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS A primeira aplicação por detrás da compreensão da relevância do espaço da distância e da centralidade na análise econômica está nos padrões de localização das empresas e mais amplamente na atividade econômica As primeiras teorias no campo da análise da economia espacial são as teorias da localização Elas são a base da teoria da renda da terra na qual se baseiam os primeiros modelos urbanos LOCALIZAÇÃO E DIMENSÃO ESPACIAL Geralmente as teorias da localização de uma empresa são formuladas em função de um espaço teórico abstrato frequentemente denominado espaço homogêneo cujas dimensões não são relevantes Uma teoria geral adequada deveria ser aplicável a todos os espaços pequenos ou grandes De maneira implícita os modelos tratados neste Capítulo se aplicam sobretudo a grandes territórios nacionais A questão da localização intraurbana será abordada no quinto Capítulo quando apresentaremos a conformação da forma urbana e da localização das atividades no centro da cidade Uma cidade no sentido econômico do termo forma uma zona integrada de mão de obra e de recursos humanos Não há razão para que para um mesmo trabalho os salários variem de um bairro para outro E portanto não há razão para que o preço da mão de obra apareça como um fator importante na decisão intraurbana de localização da empresa Mas o preço da mão de obra pode desempenhar um papel importante no momento em que se move de uma cidade ou de uma região para outra Esse mesmo raciocínio se aplica a outros fatores ou insumos capital informação matérias primas etc cujos custos podem variar de uma região ou de uma cidade para outra de um país para outro porém não em uma mesma região urbana ao menos de maneira importante A fronteira entre os dois níveis da análise espacial não é de difícil compreensão Frequentemente o leitor deverá julgar se um modelo se aplica realmente a um espaço em função dos postulados do modelo e de seu próprio conhecimento sobre o espaço As teorias da localização industrial a serem tratadas aqui se referem quase que exclusivamente às decisões de lugares dentro de espaços econômicos mais extensos de dimensão multirregional ou nacional O MODELO DE LOCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES INDUSTRIAIS DE WEBER Apresentando o modelo clássico de Weber O formulador das teorias econômicas de localização industrial foi o economista alemão Alfred Weber um clássico na literatura sobre esse tema A análise a seguir se inspira principalmente no modelo de Weber mas também nos escritos de Beckman 1968 Isard 1956 e Hoover 1948 que também são clássicos Os trabalhos desses autores vão além do campo da localização industrial pois abrangem o conjunto de atividades econômicas Tratase de compreender a geografia de unidades estabelecimentos dedicada à produção de objetos materiais o transporte do produto final o peso dos insumos materiais e as relações físicas da produção são fatores variáveis importantes Em qual lugar os custos de produção serão menores Como calculálos Em uma economia de mercado a empresa busca normalmente instalarse em um lugar onde os custos são menores Explicar a localização das empresas industriais significa calcular por que tal ou qual deslocamento é mais econômico que outro A centralização da produção pode gerar importantes benefícios Isto nos ajuda a compreender a existência das cidades mas não diz o por que de uma empresa preferir uma cidade ao invés de outra Por que certos lugares possuem mais vantagens de localização que outros Os postulados que definem o universo no qual são tomadas as decisões de localização A região é plana e sem obstáculos geográficos A localização dos insumos materiais é conhecida O mercadoalvo é conhecido A demanda é perfeitamente elástica Os custos de transporte são uma função linear da distância Os custos de mão de obra são dados e não variam de um lugar para outro As tecnologias a função de produção são conhecidas e fixas Suponhamos uma empresa que fabrica um produto final com dois elementos os demais insumos são pouco importantes nos custos de produção no sentido em que os custos não variam no espaço Ex uma planta do setor de siderurgia em que as duas matériasprimas são ferro F e carvão C Suponhamos que para cada insumo haja uma única jazida ou seja os pontos F e C respectivamente para ferro e carvão Estamos assim diante de um cenário econômico onde aparecem três pontos o mercado M e as jazidas de recursos naturais F e C Podemos representar o cenário como um triângulo de localização Figura 21 Onde se instalará a planta siderúrgica próxima do mercado junto aos recursos naturais ou em alguma parte entre os três pontos Consideremos a seguinte função de produção da empresa 𝐴 𝑓𝐹 𝐶 1 A quantidade de aço F quantidade F ferro necessária para a produção de A C quantidade C carvão necessária para produção de A ƒ estrutura da produção ou função de produção Condições técnicas de produção ƒ Suponhamos uma função de produção linear sem possibilidades de economias de escala ou de substituição de matériasprimas A é uma função fixa da quantidade de F e de C Os custos e as receitas são também funções lineares de A Suponhamos também que para produzir uma tonelada de aço considerando a tecnologia utilizada são necessárias 15 toneladas de ferro F e 12 toneladas de carvão C A função de produção ƒ é descrita da seguinte forma 𝐴 𝐹15 𝐶12 2 Sendo A1 O transporte necessário para fabricação e venda de A está incluído nos gastos de produção da mesma forma que outros insumos Recordemos que a demanda de A é perfeitamente elástica sem possibilidade de variação espacial Por que o preço oferecido por uma tonelada de aço seria diferente em Minas Gerais e no Rio de Janeiro Para produtos padronizados que são objeto de um comércio inter regional é perfeitamente realista supor que os preços não variam muito entre uma região e outra Os ganhos da empresa são maximizados no ponto de custo mínimo A função de custo da empresa distinguindo os custos de transporte relativos a cada insumo e a cada venda 𝑇 𝐹𝑢 𝐹𝑐 𝐶𝐶 𝐴𝑐 3 T custo total de produção de A em tonelada de aço c custo de transporte por unidade de produtomercadoria u preço unitário dos insumos É razoável considerar que os custos unitários de transporte dos insumos variam em função das unidades físicas de maneira que podemos substituir as unidades monetárias por unidades de peso substituir u por w Recordando que as taxas de transporte são uma função linear da distância 𝑇 𝐹𝑤𝑡𝑑 𝐶𝑤𝑡𝑑 𝐴𝑤𝑡𝑑 4 w peso do insumo ou venda por unidade vendida Aw 1 por definição t taxa da unidade de transporte tonelada por quilômetro por exemplo d distância em quilômetros ou outra unidade Definimos t como o custo de transporte de uma tonelada por quilômetro em 005 unidades monetárias e introduzimos agora na equação 4 as relações técnicas de produção 𝑇 1505𝑑 1205𝑑 105𝑑 5 A incógnita na fórmula 5 continua sendo a distância dos pontos F C e M Onde se localizará a empresa para minimizar T Para produzir uma tonelada de aço podemos deduzir da equação 5 que custará à empresa 0075 um por quilômetro para transportar o ferro contra 006 um para o carvão e 005 um para o produto final À empresa convém suprimir os custos mais elevados neste caso o transporte de ferro Assim a empresa minimizará seus custos localizandose próxima das minas de minério de ferro A menos que se incluam outros fatores a empresa se localizará normalmente no ponto F junto à mina de ferro Podemos concluir do que vimos até agora que a localização da empresa dependerá do que pesar mais na sua função de produção insumos ou vendas e também da importância relativa do seu custo de transporte Suponhamos ilustrativamente que o valor da taxa unitária de transporte t seja diferente para F C e A na equação 4 Se o valor de t for três vezes mais elevado para o produto ϐinal A que para F ou C o resultado será diferente Atualizando o modelo de Weber e reflexões gerais A análise feita até agora está restrita a uma série de postulados ou suposições apresentada anteriormente Dizer que os custos de transporte de um bem são elevados equivale a tratar o bem com pouca mobilidade geograficamente Quando os custos de transporte são infinitos tratase de um fator fixo para poder consumilo é necessário estar próximo a ele a terra é o melhor exemplo de fator fixo Agora uma primeira reflexão importante há muitos produtos finais que proporcionalmente custam mais caro transportar para um mesmo peso físico que os insumos pois são mais frágeis e mais perecíveis ou mesmo porque devem chegar rapidamente ao consumidor Ex a os jornais e as revistas b as padarias e as lanchonetes c a indústria da moda em certos casos modelos exclusivos Quanto menos padronizado for o produto final mais personalizado será o que supõe contatos frequentes com o consumidor o custo desses contatos é parte dos custos de transporte e portanto maior será a atração do mercado O modelo weberiano é útil para explicar a orientação geográfica das indústrias cujos processos de produção são dominados por alguns insumos e materiais Contudo as funções de produção das indústrias modernas são cada vez mais complexas É difícil que um fator realmente predomine sobre os demais e mais difícil ainda que o insumo determinante seja material ou tangível Ex fatores intangíveis informação externalidades de todo tipo etc O modelo weberiano proporciona um marco útil para compreender o impacto do progresso tecnológico nas tendências da localização industrial Ex a à medida que se tornam mais eficientes os métodos de produção a relação insumosvendas diminui menos árvores para produzir a mesma quantidade de papel b o progresso tecnológico multiplica as possibilidades de substituição O gás natural ou a hidroeletricidade substitui o carvão ou o petróleo o alumínio substitui o aço c a evolução das tecnologias de transporte pode modificar as relações de preço entre os insumos e assim certos lugares perdem suas vantagens naturais enquanto outros as adquirem Adicionamos agora outro postulado do modelo básico de Weber A existência de várias fontes de insumo Suponhamos sempre um único ponto de mercado B mas duas possíveis fontes X e Y para o mesmo insumo F Suponhamos também que o preço unitário de F sem transporte é de 600 unidades monetárias no ponto X e de 500 no ponto Y A entrega de uma unidade de F no mercado custa 200 um aos produtores situados em X e 500 um aos produtores situados em Y o que significa um preço do produto no mercado de 800 um para F proveniente de X e de 1000 um para F proveniente de Y Desta maneira os produtores situados em X assumirão o mercado de F pois o produto custa 200 um menos por unidade Outras variáveis podem ser introduzidas no processo de decisão da localização segundo as circunstâncias e condições locais Muitas vezes as decisões de localização partem de condições afetivas ou subjetivas Lugar de nascimento do proprietário Preferências culturais ou idioma Preferência decorrente de algum evento marcante etc Porém o resultado final da soma de todas essas decisões se deve tanto às regras de mercado como à racionalidade dos agentes econômicos Sobreviverão as empresas que tomarem a decisão de localização mais adequada Isto nos leva à questão da concorrência espacial Próximo passo O MODELO DE CONCORRÊNCIA ESPACIAL DE LÖSCH CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aula VII TEORIAS CLÁSSICAS DA LOCALIZAÇÃO E QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS Teorias clássicas de localização industrial LÖSCH e CHRISTALLER Referências Cap 2 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo O MODELO DE CONCORRÊNCIA ESPACIAL DE LÖSCH Concorrência espacial O efeito protetor do espaço Os obstáculos geográficos Certas empresas são mais eficientes que outras Impacto da melhoria dos meios de transporte e infraestrutura A TEORIA DOS LUGARES CENTRAIS DE CHRISTALLER Hierarquias de produtos e cidades Redes urbanas e áreas de influência Limites da teoria dos lugares centrais A LOCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS INTENSIVOS EM CONHECIMENTO Um modelo simples de localização de atividades intensivas em conhecimento Custos de comunicação Mão de obra especializada Possibilidades de substituição trabalho e insumos intangíveis Impacto de uma demanda não padronizada As atividades intensivas em conhecimento O MODELO DE CONCORRÊNCIA ESPACIAL DE LÖSCH Concorrência espacial A Figura 22 representa um corte transversal e um plano de um cenário econômico de três distintas empresas A B e C cada uma com uma curva de transporte TA TB e TC A área de mercado da empresa B está circundadaenvolta em cada um dos lados pelas outras duas empresas Assumimos que as três produzem o mesmo bem ou serviço e portanto concorrem entre si A partir do mérito do economista alemão August Lösch 1944 demonstrase que um local econômico normal incluindo os pontos de produção e as áreas mercado se desenvolve seguindo um padrão mesmo se não houver obstáculos geográficos ou fronteiras políticas A Figura 22 ilustra uma situação ideal de equilíbrio As suposições que estão implícitas são a Ausência de externalidades b Distribuição homogênea da demanda c Custos de produção comparáveis para todas as empresas P1 o que significa que as tecnologias são as mesmas em qualquer local d Custos de transporte como função linear da distância sobre todo o território As áreas de mercado das empresas são representadas por meio de hexágonos pois esta forma geométrica permite projetar uma área econômica de um território sem espaço vazio entre as áreas As fronteiras entre as áreas de mercado são os pontos de ligação entre as curvas de transporte i e j Tratase em princípio de um ótimo social sem lucros exorbitantes para as empresas Se tais lucros existirem um novo produtor poderá vir a se estabelecer para absorver parte do mercado oferecendo o produto a um preço inferior a P1 o que obrigaria os demais a se ajustarem ao novo preço A livre entrada é essencial para a eficiência dos mercados Em princípio todas as empresas acabarão produzindo quantidades que correspondem às condições ótimas 𝒄𝒖𝒔𝒕𝒐 𝒎𝒂𝒓𝒈𝒊𝒏𝒂𝒍 𝒄𝒖𝒔𝒕𝒐 𝒎é𝒅𝒊𝒐 𝒑𝒓𝒆ç𝒐 O efeito protetor do espaço O tamanho dos mercados depende de duas variáveis os custos de produção da empresa e os custos de transporte A divisão geográfica dos mercados é resultado da interação espacial isto é dos custos de transporte Na ausência de custos de transporte a concorrência seria perfeita pois nenhuma empresa desfrutaria de uma área protegida onde os custos totais fossem inferiores aos das demais empresas O impacto dos custos de interação espacial sobre os preços é análogo às tarifas agregase um custo às trocas Os obstáculos geográficos Dois pontos de produção C e D estão separados por montanhas C se encontra à margem de uma via navegável Figura 23 As fronteiras das áreas de mercado não adquirem a forma hexagonal os declives geográficos em princípio delimitam os limites As fronteiras das áreas de mercados estão delimitadas por isolinhas entrega de um produto O traçado das isolinhas define os pontos onde os preços do produto custos de produção custos de transporte são idênticos Tais linhas podem ser desenhadas ao redor de qualquer ponto de produção A presença de hidrovia permite a C estender se a Oeste e a Sul Se compararmos os dois locais de produção observamos que as empresas situadas no ponto C podem fabricar o produto a um custo menor que as empresas situadas em D pois têm a possibilidade de explorar as economias de escala proporcionadas pela existência de uma hidrovia Se não existissem as montanhas a divisão dos mercados seria em z onde as curvas hipotéticas de transporte TC e TD se cruzam As empresas localizadas em D teriam então um mercado bem restrito As montanhas porém com seu impacto sobre os custos de transporte curvas TD e TC fazem com que a divisão de mercado ocorra na realidade em w proporcionando aos produtores situados em D um mercado protegido O efeito da proteção das montanhas se mede pela distância entre z e w pelos ganhos benefícios provenientes desse mercado em suma uma renda de localização para os produtores situados em D Uma redução dos custos de transporte Figura 24 se traduziria em uma redução dos custos das mercadorias P1 a P2 Isso é semelhante ao impacto da redução das tarifas aduaneiras A redução dos custos de transporte não modificará a divisão dos mercados se a produtividade das empresas for a mesma Os pontos m e n representam a linha de divisão dos mercados Se todas as empresas fossem eficientes como vimos no ótimo social não haveria perdedores no sentido que nenhum produtor estará ameaçado pelas mudanças no custo de transporte O grande ganhador é o consumidor que pagará menos para obter o produto Certas empresas são mais eficientes que outras Neste caso uma redução dos custos de transporte pode ameaçar a existência das empresas menos eficientes Figura 25 Podese observar que os custos de produção no ponto C Pc são inferiores àqueles localizados em D O produtor situado em D no entanto mantém o mercado cuja fronteira se situa em m enquanto os custos de transporte permanecerem elevados curva T Se houver uma redução dos custos de transporte curva T as empresas de C estarão em condições de entregar o produto em todo o espaço do mercado de D a preços inferiores àqueles praticados em D até mesmo no local de produção D As empresas de D abandonarão o mercado Se a produção do bem é sensível às economias de escala que não foram aproveitadas por causa dos custos de transporte elevados o impacto sobre o preço será muito mais forte Uma vez mais o consumidor sairá ganhando porém agora à custa do desaparecimento de empresas em D Impacto da melhoria dos meios de transporte e infraestrutura Algumas conclusões sobre o impacto de melhoria dos meios de transporte e comunicação a em princípio favorecerá a concentração da produção em favor das empresas mais eficientes Mesmo se não houver custos de transporte toda a produção de um certo produto se concentrará no ponto mais eficiente desde que os rendimentos decrescentes e as deseconomias de aglomeração não sejam um obstáculo b a dimensão dos mercados e as condições de concorrência espacial serão constantemente modificadas Nenhum mercado está totalmente protegido do avanço das comunicações c haverá efeitos opostos se analisarmos sob o ponto de vista das empresas e dos trabalhadores ameaçados ou dos consumidores e das empresas em expansão Para o conjunto da sociedade se traduzirá em uma maior eficiência e especialização da produção Porém os ganhos de eficiência podem gerar custos sociais fechamento de fábricas mobilidade de mão de obra etc A TEORIA DOS LUGARES CENTRAIS DE CHRISTALLER Agora examinaremos uma economia baseada em uma gama diversificada de produtos bens e serviços em que cada uma tem sua própria função de produção O tamanho ótimo de um mercado será diferente de um produto para outro Perguntas Que forma deverá ter a organização espacial da economia Cada ramo de atividade terá sua própria organização espacial Surgirá um sistema espacial interrelacionado e interdependente O geógrafo alemão Walter Christaller 1935 observou que a distribuição das cidades no Sul da Alemanha não era ao acaso Ao contrário as cidades pareciam seguir uma rigorosa lógica matemática A partir das primeiras observações empíricas surge a noção de que as atividades econômicas e as populações se distribuem no espaço de maneira ordenada originando hierarquias redes ou sistemas urbanos Lösch mais tarde lançou os fundamentos econômicos ou teorias do modelo dos lugares centrais Seus pressupostos espaço homogêneo entrada livre ausência de distorções nos custos de produção etc A teoria dos lugares centrais é uma extensão dos modelos de concorrência espacial Hierarquias de produtos e cidades Por que razão alguns lugares são denominados de lugares centrais Sabemos que toda empresa busca normalmente localizarse no centro geográfico do mercado em função do princípio da centralidade As empresas cujas áreas de mercado são comparáveis se agrupam em um mesmo lugar para formar o que se denomina de lugar central Quanto maior a população e quanto mais clientes venham de locais distantes mais importante será o lugar central O resultado desse processo é uma hierarquia de lugares centrais de diferentes tamanhos O conceito de hierarquia se aplica sobretudo ao setor terciário comércio e demais serviços Assim a teoria dos lugares centrais se apresenta às vezes como uma teoria da localização de atividades terciárias em oposição às teorias da localização industrial A decisão de concentrar em um único lugar ou não a produção de um bem ou serviço é em grande parte resultado da intermediação entre economias de escala e custos de transporte Quanto mais importantes as economias de escala e mais baixos os custos de transporte maior a probabilidade de a produção se concentrar em apenas um lugar No caso de bens e serviços de consumo final muitas vezes o consumidor assume os custos de transporte sob a forma de deslocamentos O custo real dos deslocamentos incluindo o custo de oportunidade será afetado pela importância financeira da compra e pela frequência do consumo O consumidor estará disposto a se deslocar mais para adquirir certos produtos do que para adquirir outros Nem todos os bens e serviços têm a mesma importância portanto é possível hierarquizá los dado que certos bens ou serviços possuem nível superior ou seja estão na parte superior da hierarquia Um bem ou serviço de nível superior se caracteriza por um ou vários dos seguintes elementos a Importantes economias de escala nível elevado de mercado ou de produção b Consumo esporádico tratase frequentemente de um produto cujo custo é importante em relação à renda do consumidor c Baixos custos de transporte o custo será menor quanto mais o bem ou serviço não exigir constante deslocamento do consumidor d Disponibilidade do consumidor de percorrer se necessário grandes distâncias para adquirir o produto As características de b e d consumo esporádico e disponibilidade do consumidor de se deslocar estão fortemente relacionadas Ex Ao se desejar comprar um bem durável algo que não ocorre todos os meses um automóvel ou um refrigerador o consumidor estará disposto a percorrer maiores distâncias se for para obtêlo a menor preço O mesmo raciocínio se aplica a serviços escassos médicos especialistas advogados dentistas etc cuja qualidade muitas vezes é mais importante que o preço Para um bem ou serviço de nível inferior as relações se invertem reduzidas economias de escala consumo frequente o produto é barato elevados custos de transporte pouca disposição dos consumidores para se deslocar Ex Para adquirir pão uma compra cotidiana é pouco provável que o consumidor esteja disposto a ir muito distante Isto significa que se o consumo é frequente os custos de transporte são elevados outra evidência de que os elementos b c e d estão de fato interrelacionados Redes urbanas e áreas de influência As atividades de categoria semelhante se agrupam começando pelos produtos de hierarquia inferior cujas áreas de mercado são mais restritas para dar lugar a uma rede de pequenos lugares centrais Ex mercearia padaria posto de combustível lanchonete etc O seguinte nível da hierarquia dos lugares centrais composto de maiores aglomerações oferecerá todos os serviços anteriores mais certos serviços de nível superior Ex Cada lugar central de um dado nível nível A oferecerá todos os bens e serviços dos lugares centrais de nível inferior A a D mais aqueles do seu próprio nível O agrupamento das distintas áreas de mercado dá uma visão de conjunto em forma de redes de hexágonos sobrepostos Figura 26 A zona de influência da cidade que está na parte superior da hierarquia nível A na Figura 26 engloba o conjunto dos demais lugares centrais do sistema Esta cidade é também a única a oferecer os serviços mais especializados do nível superior Suponhamos que uma companhia de teatro cujas condições de produção para ser rentável deve atrair pelo menos mil espectadores por espetáculo que o preço mínimo do bilhete de entrada seja dado pelo mercado e que a taxa de presença no teatro seja de aproximadamente 11500 habitantes Suponhamos também que o público admita se deslocar até o teatro desde que a distância não seja superior a 200 quilômetros Dedução o teatro procurará se instalar no centro geográfico de uma zona em um raio de 200 quilômetros e que tenha uma população de pelo menos 5 milhões de habitantes O teatro necessariamente localizase em um nível superior da hierarquia urbana Ex uma padaria o consumidor não estará disposto a caminhar mais de um quilômetro para comprar pão ao preço corrente de mercado Dependendo da densidade populacional haverá padarias a cada intervalo de dois quilômetros Haverá padarias em todos os lugares centrais da hierarquia urbana do mais alto ao mais baixo nível Quanto mais elevado for o nível de serviços ofertados por um lugar central maior será a distância que separa este de outros lugares centrais de mesmo nível Podemos ver na Figura 26 que é maior a distância entre as cidades de nível B que entre as cidades de nível D Limites da teoria dos lugares centrais Existe uma hierarquia urbana em todos os países do mundo Esta nunca é perfeitamente igual ao modelo As hierarquias urbanas podem se desviar do modelo ideal por várias razões a A geografia do país rios montanhas etc está muito distante do modelo de superfície homogênea b Os obstáculos institucionais fronteiras administrativas ou culturais impedem a integração do espaço econômico do país c O poder de compra renda das famílias e as preferências de consumo não são homogêneas em todo o território d A localização das atividades comerciais instalações militares públicas instituições religiosas etc não funciona necessariamente conforme a lógica dos lugares centrais e O impacto das estruturas sobretudo de transporte sobre as decisões de localização f O impacto das economias ou deseconomias de aglomeração contrapõese ao modelo e g A indústria manufatureira não necessariamente respeita os modelos de localização conforme a teoria dos lugares centrais Isto também é válido para certas atividades terciárias avançadas Apesar de todos esses fatores de distorção as hierarquias urbanas não se desviam porém do modelo teórico A teoria dos lugares centrais nos apresenta uma espécie de modelo dos sistemas urbanos prérevolução industrial Implicitamente supõese que a função primordial de uma cidade para um território mais amplo é de centro do mercado de negócios e de serviços Isto ainda continua presente apesar do desenvolvimento das atividades industriais A teoria dos lugares centrais se aplica às atividades onde os custos de transporte limitam o tamanho do mercado No comércio varejista e de serviços pessoais o consumidor é quem internaliza os custos de transporte definindo assim os possíveis limites das áreas de mercado A necessidade de o consumidor ou produtor se deslocar aplicase também aos setores de atividades como saúde educação cultura bibliotecas teatros etc serviços financeiros restaurantes e distribuição comercial comércio atacadista O modelo dos lugares centrais não se aplica aos custos de produção de montagem ou de extração superiores aos custos de transporte do produto final nem se aplica facilmente aos produtos exportáveis em escala mundial ou a uma escala espacial além do sistema urbano A atividade se instalará onde seus custos de produção forem mais baixos e não necessariamente no centro do mercado como é o caso da indústria manufatureira e da indústria de minérios Não há razão para que a localização das indústrias têxteis ou automobilísticas por exemplo adotem um modelo hierárquico Por isso se diz às vezes que a teoria dos lugares centrais está limitada ao setor terciário Quanto mais sensível ao mercado for uma indústria quanto mais elevados forem os custos de transporte do produto final mais fiel será seu modelo de localização à teoria dos lugares centrais A LOCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS INTENSIVOS EM CONHECIMENTO O comércio dos serviços superiores intensivos em conhecimento e ou tecnologia não requer forçosamente o deslocamento do consumidor daí tornase difícil definir limites precisos das áreas de mercado dessas atividades Podese denominar de serviços das empresas serviços tecnológicos ou industriais serviços à produção ou intermediação já que se destinam em grande parte a outras empresas São denominados também de terciário superior serviços avançados ou serviços intensivos em conhecimento e ou tecnologia A categoria pode abarcar uma variedade de serviços à produção assessorias em gestão agências de publicidade agências bancárias seguradoras auditores e contabilistas serviços de informática e outros escritórios de assessoria técnica ou científica dentre outros Não é possível tratar este setor relativamente recente na economia recorrendo a teorias clássicas como a de localização industrial ou localização do setor terciário mais tradicional teoria dos lugares centrais Um modelo simples de localização de atividades intensivas em conhecimento Diferente de uma fábrica os insumos e as vendas do escritório são intangíveis Da mesma maneira que uma fábrica compra transforma e vende mercadorias podese dizer que um escritório de serviços compra transforma e vende informação e conhecimento Para o conhecimento ou a informação é mais apropriado denominarmos de custos de comunicação e ou transmissão em vez de custos de transporte Supondo que para o modelo de Weber nos encontremos diante de um problema de minimização de custos formulamos um modelo que se resume em uma equação simples 𝑇 𝑢𝐼 𝑐𝑙 𝑢𝐿 𝑟𝐿 𝑐𝐻 6 T custo total de produção de uma unidade vendida H H unidade vendida Ex uma hora de assessoria técnica l unidades de informação necessárias para a produção de H medidas em horahomem L unidades de mão de obra especializada necessárias para a produção de H medidas em horahomem u custo unitário do insumo em salários comissões etc c custo unitário de comunicação por hora por quilômetro em gastos com telecomunicações correio deslocamentos incluindo o custo de oportunidade dos deslocamentos e reuniões r custo unitário de recrutamento por horahomem do tempo destinado à pesquisa e manutenção de recursos humanos especializados A atividade intensiva em conhecimento para decidir sua localização buscará minimizar o valor de T Como na formulação weberiana do problema de localização industrial suponhamos que os elementos da equação 6 são os principais fatores que determinam as variações espaciais dos custos de produção Portanto as decisões de localização não seriam muito influenciadas por outros custos como aluguel do escritório demais custos de mão de obra custos de equipamento do escritório etc O modelo CoffeyPolèse postula resumidamente que a mão de obra especializada e a informação são os dois principais recursos escassos que orientam as decisões de localização das atividades intensivas em conhecimento O modelo destaca os insumos cujos custos podem variar de um ponto do espaço a outro enquanto na teoria dos lugares centrais se enfatiza o acesso ao mercado e à distribuição espacial da demanda Vejamos agora com mais detalhes os elementos da equação 6 Custos de comunicação Definimos a comunicação como o transporte da informação É possível imaginar diferentes meios de comunicação cada um com sua própria curva de custos em função da distância Os custos aumentam à medida que se passa do correio eletrônico ao telefone do telefone à videoconferência e finalmente à comunicação interpessoal direta pois são distintas formas de deslocamento Daí a inclinação da curva de custos de comunicação é muito sensível à frequência dos contatos interpessoais diretos Cada insumo do tipo I tem sua própria função de custo de comunicação O custo de oportunidade o tempo e outros custos não monetários representam a maior parte do custo real de comunicação Os economistas denominam também de custos de interação ao conjunto de custos psicológicos afetivos etc que os indivíduos ou grupos assumem para se comunicarem com a finalidade de realizar transações comerciais Os custos de comunicação são sensíveis às barreiras culturais ou sociológicas As barreiras linguísticas ou as diferenças de origem social ou nacional desempenham o mesmo papel para os custos de comunicação que os obstáculos físicos ou obstáculos geográficos para os custos de transporte Isto explica o porquê de o fluxo de relações terciárias superiores entre culturas similares mesmo idioma ser sempre muito superior às relações com culturas e idiomas diferentes Suponhamos uma empresa de desenvolvimento de programas computacionais software cujo principal insumo I seja constituído por conhecimentos em informática programação que possuem os engenheiros ou especialistas em informática localizados na cidade X e que o transporte de I implica elevados custos sob a forma de frequentes contatos interpessoais A empresa se sentirá atraída em se instalar na cidade X a fim de suprimir os custos de comunicação Mão de obra especializada A mão de obra denominada de especializada ou qualificada referese aos conhecimentos à experiência e à competência que lhes permitem assimilar armazenar e transformar informação A informação existe em mensagens computadores relatórios memórias dos discos rígidos livros etc mas especialmente na cabeça dos trabalhadores qualificados que se torna o conhecimento Na equação 6 a variável r representa o custo que deve assumir a empresa para atrair mão de obra especializada Este custo r é em princípio igual ao custo assumido pelas pessoas ao se deslocarem Como c r é também dado em função da distância e sensível às barreiras culturais e sociais As percepções e preferências dos trabalhadores e de suas famílias são importantes fatores de localização Quanto mais escasso for o insumo L pessoal altamente qualificado mais a empresa estará à mercê das percepções e preferências das pessoas que aí trabalham A qualidade do ambiente físico e humano tornase assim um fator chave da localização A mobilidade espacial do insumo L se distingue daquela dos insumos físicos em dois sentidos 1 Porque se trata em grande parte da livre mobilidade Daí decorre que o insumo L pode decidir ir embora 2 A degradação da qualidade de vida urbana ou a vontade de mudar de ambiente residencial pode ameaçar as vantagens comparativas de um setor terciário superior de uma cidade da mesma forma que o progresso tecnológico pode ameaçar o valor econômico de um recurso natural Os custos r que têm que assumir para atrair os insumos L para a região são mais elevados em um país que possua grandes diferenças regionais e fortes elos regionais Se o valor de r é muito elevado a empresa não terá outra opção a não ser se instalar na cidade onde está o insumo L Possibilidades de substituição trabalho e insumos intangíveis A empresa pode também decidir substituir L por I Ao invés de contratar um engenheiro pagará pela sua assessoria A possibilidade de substituição aumenta a flexibilidade espacial da empresa Na Figura 27 representamos de maneira esquemática as fronteiras de possibilidades de produção de uma empresa em função das possibilidades de substituição entre I e L Suponhamos a presença de duas cidades X e Y representadas respectivamente pelas curvas CD e AB com diferentes relações de custo entre elas A empresa pode produzir um nível equivalente 1000 unidades com duas combinações possíveis de insumos 92 unidades de I e 32 de L ponto z ou 46 unidades de I com 76 de L ponto w Ela escolherá um ponto entre essas combinações O custo unitário dos insumos nas duas cidades AB cidade X custos unitários de I e L são respectivamente de 20000 um e de 10000 um CD cidade Y o contrário de X Considerando os preços relativos a cidade X se especializará nas atividades do setor terciário mais intensivas em L e a cidade Y nas atividades mais intensivas em I Segundo a teoria das vantagens comparativas se os preços relativos são diferentes entre uma cidade e outra isso levaria à especialização das funções Em nosso exemplo a empresa será conveniente instalarse na cidade Y no ponto y levando em conta sua função de produção e os custos relativos em ambas as cidades Impacto de uma demanda não padronizada O insumo I é por definição mais flexível a empresa pode modificar seus atributos e fornecedores conforme suas necessidades A informação a diferença de um insumo ou a venda não é homogênea Para uma firma do setor terciário superior como um escritório de assessoria em gestão de empresas os atributos do produto H variam de um cliente a outro O produto se faz em parte sob medida segundo as necessidades do cliente Na equação 6 devemos considerar H como uma cesta de serviços mais ou menos padronizada e previsível de acordo com as circunstâncias Quanto menos padronizado seja H mais a empresa poderá substituir os insumos L pelos insumos I Uma vez que a demanda é mutável e ocasional não é rentável à firma conservar como empregados todos os recursos humanos necessários para fazer frente às distintas situações possíveis A terceirização isto é a compra de insumos tipo I costuma ser a solução menos custosa As empresas de serviços intensivos em conhecimento que respondem a uma demanda pouco padronizada tendem ceteris paribus a se instalarem em locais que minimizem os custos de I Este fator explica o porquê de os grandes escritórios de assessoria de as grandes instituições financeiras e de as demais empresas do setor terciário superior escolherem se instalar em uma grande cidade de um país e em geral naquela que se posiciona na parte superior da hierarquia urbana As atividades intensivas em conhecimento O triângulo de localização da Figura 28 sintetiza as opções que se oferecem a uma empresa de serviços avançados ou de incentivos em conhecimento Os pontos onde os custos de informação I trabalho qualificado L e acesso ao mercado M alcançam o menor nível Toda empresa de serviços empresariais ou avançados em geral está submetida a tensões pela atração desses três elementoschave No caso das atividades cujo serviço final é pouco sensível à distância mas cujos custos de produção são sensíveis à diversidade das terceirizadas diversidade relativa à informação o polo I será mais atrativo Tratase de serviços exportáveis Ex a as atividades informáticas de programação software os programas informáticos podem ser enviados sem problemas através das redes b a produção de filmes e programas de televisão os filmes ou programas também podem ser digitalizados e enviados quase que instantaneamente c as sociedades financeiras e de gestão de financiamento muitas de suas transações se realizam eletronicamente Para as empresas com maiores mercados os pontos de custo mínimo de I e de H são indiferentes na medida em que as cidades que oferecem uma maior variedade de serviços especializados são também as que oferecem o acesso mais eficiente aos mercados nacionais e internacionais L será o polo determinante nos casos em que a produção se assenta em fontes especializadas de mão de obra e portanto em que sejam escassas as possibilidades de substituição Ex pesquisa laboratórios É possível que para certas empresas uma única cidade ocupe o primeiro lugar nos três vértices do triângulo CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aulas IX e X TEORIAS CLÁSSICAS DA LOCALIZAÇÃO E QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS Teorias clássicas de localização industrial Referências Cap 3 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo EXTERNALIDADES E ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO PRODUÇÃO PRODUTIVIDADE E EXTERNALIDADES A representação das relações de produção Produtividade Produtividade agregada espacialmente urbana e regional Externalidades ou economias externas ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO ECONOMIAS DE LOCALIZAÇÃO OU AGRUPAMENTO Estimação da relevância das economias de localização ou agrupamento Por que a localizaçãoagrupamento produz efeitos positivos ECONOMIAS DE URBANIZAÇÃO Explicação das economias de urbanização Os serviços públicos e as infraestruturas AS LOCALIZAÇÕES DE SUCESSO Localizações que aproveitam simultaneamente dinâmicas de agrupamento e urbanização SÍNTESE DO CAPÍTULO EXTERNALIDADES E ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO Para designar as vantagens que as empresas tanto públicas como privadas obtêm ao se organizarem no espaço os economistas denominam de economias de aglomeração Tratase dos ganhos de produtividade atribuídos à aglomeração geográfica da população ou das atividades econômicas Uma vez que a origem desses ganhos de produtividade se localize fora das empresas em seu entorno empregase o termo economias de economias externas ou externalidades PRODUÇÃO PRODUTIVIDADE E EXTERNALIDADES A representação das relações de produção Para produzir uma quantidade Y um agente econômico empresa estabelecimento ou serviço público deve combinar vários fatores de produção A função de produção apresentase da seguinte forma 𝑄 𝑓𝐾 𝐿 𝑍 1 Q quantidade produzida K é o fator capital L é o fator trabalho e Z outro fator qualquer tecnologia conhecimentos terra etc Cada empresa tem sua própria função de produção que se apresenta de forma mais precisa na expressão geral 1 As funções de produção são mais ou menos complexas ou mais ou menos refinadas segundo as circunstâncias e a disponibilidade de dados A ideia básica no entanto é a mesma estabelecer uma relação matemática entre o número de unidades produzidas e o número de insumo Produtividade Em sua formulação mais simples tratase do número de unidades produzidas produção por insumo utilizado De acordo com a fórmula 1 a produtividade se mede da seguinte forma 𝑞 𝑄𝐾 𝐿 2 𝑞𝑘 𝑄𝐾 3 𝑞𝐿 𝑄𝐿 4 q produtividade global em relação aos dois fatores de produção 𝑞𝑘 produtividade do capital 𝑞𝐿 produtividade do trabalho Quantificar a produtividade apresenta também inúmeros problemas tanto pelo custo dos insumos input necessários para produzir como para os produtos output Muitas vezes é impossível encontrar uma medida satisfatória e homogênea para os distintos produtos de uma mesma firma Isto é sobretudo válido para as atividades do setor terciário Ex como medir o produto de uma escola de um hospital ou de um museu Como avaliar a produtividade desse tipo de atividade A maior parte dos estudos se limitam a utilizar dados monetários do valor da produção ou o nível de salários para determinar Q Podemos falar de ganhos de produtividade se Q crescer mais rapidamente que K ou L ou bem mais rapidamente que qualquer combinação de K e L Neste Capítulo trataremos de isolar os ganhos de produtividade atribuídos a uma causa particular a aglomeração geográfica da população e das atividades econômicas Para ilustrar o possível impacto de uma economia de aglomeração representamos a curva C1 como uma localização rural e a curva C2 como uma localização urbana A distância entre ambas as curvas para cada quantidade de produção representa o impacto das economias de aglomeração sobre a produtividade da empresa Por outro lado vimos que as economias internas de escala que dependem da tecnologia do estabelecimento são as que determinam a forma da curva No que se refere às economias externas a diminuição generalizada dos custos unitários curva C2 se traduzirá em uma maior produtividade dos fatores de produção capital e trabalho na cidade e portanto em receitas e salários mais elevados Produtividade agregada espacialmente urbana e regional Uma função agregada de produção reflete a agregação das funções de produção das diversas empresas e de outras atividades econômicas da região 𝑄𝑟 𝑓𝐾𝑟 𝐿𝑟 𝑍𝑟 5 Qr quantidade produzida ou produção agregada da região expressa frequentemente sob a forma de valor bruto da produção da região o PIB Kr quantidade de capital da região expressa quando existe pelo valor do estoque de capital Lr quantidade de trabalho da região expressa frequentemente pelo número de trabalhadores ou pelo número de horas de trabalho semanal ou mensal A estimação de uma função regional ou urbana da produção requer a existência de informaçõesdados sobre a produção em nível urbano ou regional e normalmente esse tipo de informaçãodado é muito escasso Graficamente qualquer incremento global da produtividade da região se traduzirá em um movimento para cima ou para a direita das fronteiras de possibilidades da produção Ex Com a mesma quantidade de insumos capital e trabalho a região A poderá produzir 1000 unidades de lã ao invés de 500 ou 600 unidades de trigo Figura 32 Este ganho de produtividade na produção de lã pode ser pelo maior domínio nas técnicas de criação das ovelhas Neste caso os ganhos de produtividade são explicados pelo progresso tecnológico ou pelo avanço do conhecimento O ganho regional de produtividade também poderia ser interpretado como uma economia de aglomeração se for decorrente da maior eficiência de um sistema de informação e de comercialização devido à aglomeração de agentes econômicos na cidade i Externalidades ou economias externas Tudo o que sucede ao nosso redor e de nossas ações tem um impacto sobre os custos e benefícios Cada local possui suas externalidades positivas e negativas Quando a externalidade é positiva tratamos de economia externa O conceito de externalidade é também um elemento central da economia do meio ambiente Neste aspecto as externalidades negativas as deseconomias externas contaminação engarrafamento etc são as que necessitam de maior atenção As economias externas têm sua origem nos fatores externos ao estabelecimento este último não assume totalmente os custos desses fatores decorrentes de certas vantagens Quando há uma economia interna a origem do ganho de produtividade é geralmente fácil de descobrir e medir A economia se deve a uma tecnologia interna à firma cujo impacto se reflete diretamente na evolução dos custos de produção O termo tecnologia inclui tanto o equipamento e as máquinas como também conhecimentos e a administração que são a base da atividade produtiva No caso das economias externas observase também um ganho de produtividade associada a uma certa localização porém nem sempre é possível detectar suas causas de uma forma precisa A origem desse ganho se situa fora do estabelecimento Se a localização x proporcionar um ganho de produtividade o estabelecimento estará em princípio disposto a pagar mais caro para se localizar nesse lugar o que acarretará pressão sobre os preços do solo O conceito de externalidade se aplica também à análise de lucro e despesas das famílias ou indivíduos O indivíduo X decide pintar sua casa e embelezar o jardim que se encontra na parte externa Isto beneficiar seu vizinho o indivíduo Y assim como todo o bairro tanto no plano estético como no valor de mercado das casas Para os moradores do bairro exceto X tratase de uma externalidade positiva de uma economia externa Supondo que os custos de melhoria serão assumidos pelo governo ou seja pelos contribuintes e não apenas pelos moradores do bairro A linha que separa as economias externas das economias internas não é clara Em um sistema que funcione perfeitamente os preços incluindo todos os impostos refletem o impacto das externalidades No entanto como as relações entre custos e benefícios são muitas vezes indiretas torna se difícil comprovar essa relação Avaliar de maneira justa as externalidades positivas ou negativas e leválas em conta no sistema de preços são dois grandes desafios da análise econômica atual ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO As economias de aglomeração são o conjunto de externalidades desencadeadas quando se tem uma concentração relevante de habitantes e empresas em um determinado lugar em uma cidade Evidentemente nem todas as atividades têm a mesma sensibilidade às economias de aglomeração Se a produtividade de uma atividade econômica aumenta em função do tamanho da cidade dizse que ela é sensível às economias de aglomeração O tamanho da cidade ou ainda a concentração de uma indústria na cidade são aceitos como prova da existência de economias de aglomeração sem que seja possível em geral comprovar precisamente as externalidades desencadeadas por essa aglomeração No Quadro 31 temse população nacional A e produção nacional B para alguns países emergentes Abstraindo outros fatores podemos tomar a relação B e A como indicador da produtividade relativa por trabalhador das zonas urbanas em comparação com regiões do país No caso do Brasil podemos observar que a contribuição da aglomeração urbana de São Paulo ao produto nacional do país 361 é três vezes mais elevada que a parte da população nacional 105 o que significa uma relação de 34 vezes entre esses valores As atividades econômicas localizadas em São Paulo são globalmente mais produtivas que as do resto do país pois produzem entrada mais elevada por habitante Um dos modelos mais interessante pela simplicidade foi desenvolvido pelo economista Antonio Ciccone O autor coloca a média da produtividade de uma área em função da densidade do emprego como uma medida do grau de urbanização inferindo que maior tamanho urbano implicaria em maior disponibilidade de diferentes tipos de emprego ou densidade de trabalhadores A partir disso estimou econometricamente esta relação para Alemanha Reino Unido França e Itália encontrando sempre uma relação positiva pois quando uma cidade dobra de tamanho incrementa a produtividade média entre 45 e 5 Este modelo foi aplicado a outros países e obteve resultados semelhantes com percentuais variando entre 3 e 6 de aumento na produtividade quando o tamanho urbano dobrava Como explicar a relação entre produtividade e tamanho urbano que as análises empíricas parecem demonstrar As economias de aglomeração podem tomar distintas formas estão agrupadas em duas categorias a As economias de localização ou agrupamento b As economias de urbanização ECONOMIAS DE LOCALIZAÇÃO OU AGRUPAMENTO As economias de localização ou agrupamento são o resultado da produtividade de uma indústria ou um conjunto de estabelecimentos conexos atribuídos à sua localização Indústria conjunto de estabelecimentos ou empresas de um mesmo ramo de atividade econômica Ex indústria petroleira indústria têxtil etc Os ganhos de produtividade são decorrentes do tamanho da indústria em uma dada localização Podem ser traçadas curvas de custos tanto para uma indústria como para uma empresa Figura 31 com uma única diferença tais curvas representam agora o efeito acumulado do conjunto de empresas que compõe a indústria Daí se obtém a função de produção agregada de uma indústria Estimação da relevância das economias de localização ou agrupamento Ao estimar a relevância das economias de localização Henderson 1988 isolou o tamanho urbano a fim de comprovar a existência de economias de escala externas decorrentes do tamanho das indústrias A análise de Henderson se resume em introduzir um terceiro fator de produção Z na equação base para captar o impacto do tamanho da indústria sobre a quantidade produzida Q Os coeficientes de Henderson Quadro 33 podem ser compreendidos como a relação entre o crescimento de Q e o crescimento do tamanho da indústria sem aumentar as unidades de capital K ou de trabalho L Os coeficientes podem também ser interpretados como a elasticidade da produção Q em relação ao tamanho Uma vez que os coeficientes são positivos e estatisticamente significativos a análise confirma a existência de economias de escala para as indústrias estudadas A análise de Henderson mostra também que o impacto das economias de escala externas varia segundo a indústria e o contexto O impacto do tamanho sobre a produção tende a diminuir quando a indústria alcança um certo nível em virtude da lei dos rendimentos decrescentes Portanto os ganhos mais importantes são obtidos nos primeiros períodos de expansão da indústria Por que a localizaçãoagrupamento produz efeitos positivos Tanto para uma indústria como para uma empresa individual são os custos fixos e as indivisibilidades que originam os rendimentos de escala Sendo esses custos fixos distribuídos entre os vários usuários As indivisibilidades são custos fixos afetados por uma condição adicional o equipamento e o bem ou serviço não podem existir antes de se alcançar certa dimensão Tratase assim de um objeto ou um serviço que não se divide em elementos menores Esta condição se baseia geralmente nos fatores tecnológicos ou físicos Ex não é possível comprar a metade de um automóvel ou de um cavalo nem utilizar a metade de um canal de um cais ou de uma represa A aglomeração geográfica das empresas de petroquímica pode ser atribuída em parte à possibilidade de se distribuir o custo de seus principais equipamentos oleodutos portos petroleiros etc entre os vários participantes Para designar o conjunto geográfico de estabelecimentos conexos desse tipo se denomina frequentemente de complexos industriais em que os produtos de uma firma são insumos para outra As economias de escala neste caso não dependem exclusivamente de compartilhar os custos fixos mas da redução dos custos de interação espacial e da multiplicação das possibilidades de troca A aglomeração geográfica torna possível a maximização dos ganhos da especialização resultantes das vantagens comparativas A concentração geográfica de uma indústria não se traduz forçosamente em maior tamanho das empresas Pelo contrário a relação parece ser inversa As cidades industriais e as zonas comerciais se caracterizam frequentemente por pequenas e médias empresas PME As economias de escala como vimos são próprias da indústria e não de empresas individuais A frequência e a diversidade das trocas são fatores importantes da aglomeração Para a indústria de confecção a demanda é variável e imprevisível pois os modelos e a moda mudam as preferências e os gostos individuais são distintos etc A empresa Ex a de roupas deve continuadamente modificar e adaptar sua produção Portanto a produção não é padronizada Ao empresário convém se localizar onde houver maior número de fornecedores para poder se necessário mudar rapidamente de fornecedor Sabemos que agrupar compras e transações significa uma economia de tempo para o consumidor e portanto em um maior número de clientes potenciais por comerciante no lugar central um movimento maior de escritórios de mercadorias e consequentemente na possibilidade de oferecer bens e serviços a menores preços As economias de escala podem ser significativas se os gastos de armazenamento por exemplo forem elementos importantes dos custos Outros ganhos de produtividade que devem ser classificados entre as economias de localização são a os ganhos de produtividade que um estabelecimento pode obter ao reduzir os custos de informação custos associados à inovação e adoção de novos métodos de produção e comercialização Ao se localizar próxima das empresas que pertencem ao mesmo setor de atividade a empresa maximiza as oportunidades de se manter a par das informações e inovações essenciais à indústria Ex as indústrias intensivas em informação o setor financeiro e as indústrias de alta tecnologia por exemplo b as economias devido à redução dos custos de recrutamento e formação da mão de obra As possibilidades de encontrar uma mão de obra competente e experiente são maiores em um local onde existam estabelecimentos do mesmo tipo c ao se localizar em um contexto onde há abundante mão de obra especializada e experiente a empresa maximiza a oportunidade da formação e experiência adquiridas pelos trabalhadores nos estabelecimentos concorrentes sem ter que pagar diretamente todo o custo Para a empresa tratase de uma externalidade positiva Ademais as trocas formais e informais de informação tendem a aumentar a produtividade global da mão de obra da indústria É provável que este último fator mais que qualquer outro explique a produtividade e também os salários mais elevados nas aglomerações urbanas ECONOMIAS DE URBANIZAÇÃO As economias de urbanização são economias externas que se beneficiam das indústrias pelo simples fato de se localizarem na cidade 𝑥 As economias de urbanização são internas à região porém externas em relação às empresas ou indústrias que dela se beneficiam Explicação das economias de urbanização As economias externas decorrentes das trocas da informação das possibilidades de recrutamento e formação da mão de obra e dos custos fixos são mais importantes quando aplicadas a um maior número de agentes econômicos O simples fato de um maior mercado de mão de obra facilitar o recrutamento de trabalhadores de todos os tipos e também maior acesso e rapidez da informação representa vantagens para a empresa Pensemos em uma empresa prestadora de serviços financeiros ou de assessoria em gestão empresarial Em ambos os casos a clientela possível pode variar muito de um ano para outro pois abrange uma série de indústrias e setores de atividade econômica A mão de obra especializada necessária para essas empresas abrange também diversas áreas e profissões contabilistas designers engenheiros arquitetos analistas financeiros administradores publicitários advogados economistas entre outros Na grande cidade as empresas desse tipo maximizam suas oportunidades de encontrar uma clientela que possa maximizar os custos de recrutamento e formação de mão de obra Ademais sabemos pelo princípio de centralidade que o estabelecimento procurará ceteris paribus se situar no centro de seu mercado fator que o leva à grande cidade em função do tamanho de seu mercado Os serviços públicos e as infraestruturas Os benefícios decorrentes da produção de bens públicos são um elementochave das economias de urbanização Grandes infraestruturas os portos rodovias água encanamento aeroportos esgoto e redes de energia elétrica Serviços a administração pública a educação a saúde a justiça e a segurança A eficiência desses serviços terá maior impacto na produtividade global da cidade Como limitar a um público ou a uma determinada clientela os benefícios resultantes das vias urbanas da segurança pública da conservação e limpeza dos locais públicos ou do controle da qualidade do ar Os serviços públicos e as infraestruturas são também sensíveis às economias de escala Ex A qualidade de um aeroporto porto marítimo ou rodovia apoia se em parte na frequência do serviço e na diversidade dos destinos que oferece No entanto frequência e diversidade dependem do tamanho do mercado Em resumo a qualidade do serviço médico ou do sistema de educação e o tamanho urbano estão muitas vezes associados AS LOCALIZAÇÕES DE SUCESSO Localizações que aproveitam simultaneamente dinâmicas de agrupamento e urbanização Buscamos analisar de modo independente as duas principais externalidades derivadas da aglomeração as economias de localização e as economias de urbanização tratando de compreender seus efeitos separadamente As indústrias buscam aproveitar simultaneamente ambas dando lugar a espaços dentro ou muito próximos de grandes aglomerações urbanas os quais produzem fortes concentrações de indústrias similares ou indústrias com intensas sinergias entre si Quando existe um espaço desse tipo acaba se tornando uma área muito exitosa com crescimentos superiores ao resto do território do qual fazem parte pois aproveitam todas as externalidades decorrentes da aglomeração Esses espaços são ainda mais exitosos quando se retiram os efeitos devido à globalização fenômeno que consiste essencialmente em uma integração crescente dos mercados de bens e serviços pela melhoria nas tecnologias de transporte e comunicações Isto é as fronteiras entre os países diminuem e geram assim um grande mercado mundial Para sobreviver neste contexto é necessário se especializar ao máximo buscando uma elevadíssima competitividade em uma determinada atividade A existência de espaços com fortes concentrações de uma indústria ou de indústrias similares facilita essa especialização independentemente do tamanho da empresa favorecida pelas economias de localização Ao mesmo tempo é necessário ter grande flexibilidade para responder às constantes mudanças das economias globalizadas e dominar todos os recursos complexos para ser bemsucedido Os espaços que combinam esses dois aspectos das economias de aglomeração são os que melhor funcionam no mundo globalizado atual SÍNTESE DO CAPÍTULO As economias de aglomeração proporcionam às empresas e à população vantagens que se traduzem em incrementos de produtividade e portanto maiores níveis de renda por habitante É difícil medir com precisão as economias de aglomeração pois se manifestam de inúmeras formas para a empresa e para as pessoas como acesso a melhores serviços de saúde melhor sistema de educação e infraestruturas mais baratas e também sob a forma de redes de informação e comunicação redes de troca e serviços públicos inexistentes no meio urbano Podese também atribuir às economias de aglomeração a possibilidade de se aproveitar as vantagens de especialização economias de escala externas e divisão do trabalho o que gera maior produtividade e flexibilidade operacional das empresas As aglomerações urbanas são portanto fonte de desenvolvimento crescimento e competitividade Vale lembrar que as cidades não geram apenas externalidades positivas É evidente que em uma grande cidade se concentram poluição tráfego e inúmeros outros problemas alguns de difícil gestão mas de importância vital
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CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aulas II ECONOMIA REGIONAL E URBANA NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Problemática em economia regional e urbana Referências Ferreira 1989 Richardson 1982 Souza 1981 Monastério e Cavalcante 2008 Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo Economia Regional Conceito Objeto e Objetivos da Economia Regional Economia regional e economia urbana Teorias e Modelos da Economia Regional Problema Regional Principais conceitos relacionados à Economia Regional Economia Regional Conceito Ramo da Economia que estuda as relações que se estabelecem entre os agentes econômicos atendendo ao espaço em que se encontram e como esse espaço afeta a forma como se relacionam A Economia Regional surge da necessidade de colmatar uma lacuna no modelo neoclássico do equilíbrio geral dos mercados o qual não exige o elemento espaço para ter capacidade explicativa As desigualdades regionais em termos de riqueza e de rendimento per capita a polarização dos processos de urbanização e de industrialização o peso dos custos de transporte entre outros diversos fatores foram razões pertinentes das críticas efetuadas aos postulados da abordagem neoclássica Ao longo do tempo os adeptos da Economia Regional têm vindo a adotar três modalidades distintas de análise das consequências econômicas da dimensão espacial nomeadamente Abordagem linear Esta abordagem debruçase sobre os sistemas de transporte a localização das atividades econômicas e os recursos produtivos existentes mãodeobra matériasprimas De acordo com esta abordagem o espaço é um elemento de atrito entre dois pontos no fluxo de bens e fatores produtivos sendo que o grande objetivo é o de minimizar esse atrito sobretudo os custos de transporte sendo este uma função linear da distância Abordagem locativa dedicase ao estudo dos fatores que explicam a localização das atividades buscando a maximização do lucro Macroeconomia regional A macroeconomia regional é uma abordagem que estuda as variáveis macroeconômicas de uma região como o crescimento o emprego ou os preços comparandoas com as mesmas variáveis em outras regiões e no todo nacional Objeto e Objetivos da Economia Regional O grande objetivo das políticas de Economia Regional é o de conseguir um desenvolvimento econômico sustentável e equilibrado entre as diferentes regiões Nesse sentido a ênfase é colocada nos seguintes aspetos e objetivos Quais as indústrias a implantar prioritariamente em cada região de modo a proporcionar o crescimento econômico regional e a rentabilidade do investimento Que políticas assumir para aumentar o rendimento per capita e os níveis de emprego regionais de forma sustentada e equilibrada Como diversificar as atividades econômicas em cada região e como integrar essas atividades e empresas quer no interior da região quer com as demais regiões próximas Como efetuar o planeamento econômico de todo nacional a partir da agregação dos planeamentos regionais gerindo racionalmente os recursos disponíveis Como distribuir racionalmente as pessoas recursos produtivos e atividades pelo espaço nacional Economia regional e economia urbana O conceito de economia regional está intimamente ligado com o conceito de economia urbana A Economia Urbana coloca a ênfase nos espaços urbanos dedicandose ao estudo das dinâmicas nesses espaços numa perspectiva econômica A Economia Regional coloca a ênfase nos espaços regionais e nas suas dinâmicas econômicas incluindo o estudo e desenvolvimento de modelos de localização das famílias e das atividades econômicas no espaço urbano Cabe à disciplina de economia regional e urbana introduzir a dimensão espacial na análise dos fenómenos econômicos fornecendo conceitos métodos e técnicas de análise e dando ênfase à apresentação dos conceitos e à explicitação das hipóteses dos modelos Teorias e Modelos da Economia Regional São várias as teorias e modelos que contribuem para a Economia Regional entre os quais Teoria da localização Losch Teoria do multiplicador da base econômica Modelo inputoutput Programação matemática Teoria do crescimento regional Richardson Teoria do Pólo de crescimento Perroux Contabilidade regional Stone Modelos gravitacionais Análise espacial dos preços Teoria da difusão espacial de inovações tecnologia bens e serviços fatores de produção Problema Regional Macroeconomistas tendem a concordar na identificação dos problemas a serem combatidos inflação e desemprego Na Economia do Desenvolvimento a meta também é conhecida incrementar as condições de vida das populações dos países pobres Mas e na Economia Regional O que é exatamente o problema regional Ênfase na temporalidade As leis econômicas seriam universais Contudo as leis econômicas gerais têm de ser vistas criticamente e suas aplicações adaptadas à realidade de cada país e às fases históricas em que se encontram FERREIRA 1989 P45 Interessa compreender a relação entre o espaço vivido e a vida econômica Não é possível conceber nem existiria vida econômica sem território Assim o espaço geográfico é um dado tão incontornável como o tempo POLÉSE 1998 p17 Pergunta Que elementos compõem a problemática do espaço no contexto econômico Crescimento explosivo das cidades Migrações ruraisurbanas e intraurbana Concentração da atividade econômica Desequilíbrios regionais interregionais e intrarregionais Dificuldades para que sejam efetivadas ações voltadas ao desenvolvimento regional integrado Novas condições relativas à concorrência diante das redes Questões vinculadas ao meio ambiente Relações ruralurbano Algumas interrogações de Polése 1998 Porque é que as coisas ocorrem aqui e não no outro lado Toda a atividade econômica qualquer que seja a sua natureza acontece num sítio lugar mas porquê neste e não noutro Como explicar o comportamento espacial ou geográfico dos agentes empresas famílias investidores Por que é que as populações e as empresas se deslocam de uma região para outra Será possível explicar estes movimentos através da análise econômica Por que é que as indústrias se concentram numa determinada cidade ou num determinado bairro Será possível enunciar leiseconômicas para explicar as escolhas de localização das empresas e das pessoas Além das questões de ordem geral é possível juntar outras perguntas que penetram no campo da economia regional e também urbana eis alguns exemplos Por que existem cidades Quais os fundamentos econômicos da urbanização Por que é que muitas cidades sobretudo nos países em desenvolvimento não param de crescer apesar dos problemas de congestionamento e poluição Haverá uma lógica econômica para explicar o modo como as cidades se distribuem no território Como analisar a eficácia das intervenções públicas em matéria de desenvolvimento econômico regional Qual o impacto do progresso tecnológico sobre a localização das atividades econômicas Como explicar a forma física da cidade a distribuição das zonas residenciais Por que é que os terrenos são sistematicamente mais caros em certos bairros do que noutros Por que algumas regiões são mais favorecidas do que outras Por que surgem as disparidades regionais Estamos assistindo a movimentos de concentração ou desconcentração espacial De que modo a terceirização crescente das economias nacionais influencia os modelos de localização O que dizer do impacto das novas tecnologias de transporte e comunicação Principais conceitos relacionados à Economia Regional Espaço Região Território Espaço spatium visto como contínuo ou como intervalo no qual estão dispostos os corpos seguindo uma certa ordem neste vazio CASTRO GOMES e CORRÊA 2001 p51 Resultado de um processo de abstração independentemente desse processo ter seus procedimentos originados na matemática na psicologia na biologia ou em qualquer outra disciplina FERREIRA 1989 p 48 a estruturação do espaço como produto da articulação dos modos de produção depois como produto do desdobramento do capital monopolista baseado no desenvolvimento desigual aparece como produto das leis imanentes do materialismo histórico e mais particularmente da acumulação do capital LIPIETZ apud HESPANHOL 1996 Região a palavra região deriva do latim regere palavra composta pelo radical reg que deu origem a outras palavras como regente regência regra Regione nos tempos do Império Romano era a denominação utilizada para designar áreas que ainda que dispusessem de uma administração local estavam subordinadas às regras gerais e hegemônicas das magistraturas sediadas em Roma CASTRO GOMES e CORRÊA 2001 p50 nossa definição de região terá de ser extremamente geral podemos dizer que uma região é uma área delimitada de acordo com certos critérios teremos regiões diferentes segundo os critérios que decidirmos utilizar Não se pode falar numa região melhor nem numa melhor definição de certa região grifo do autor FRIEDMANN 1960 p33 ROLIM 1995 p50 citando CORAGGIO conclui uma vez decifrados os processos gerais de espacialidade de uma determinada sociedade é possível delimitar concretamente as suas regiões já que a entendemos como o locus de um determinado subprocesso social ou como uma área onde determinadas características tenham uma relativa homogeneidade Importa buscar diferentes usos correntes do conceito de região suas diferentes operacionalidades ou ainda diferentes recortes criados e suas respectivas instrumentalidades CASTRO GOMES e CORRÊA 2001 Para o IBGE São Paulo tem um deslocamento tão intenso que pode ser chamada de cidaderegião englobando 89 municípios e 11 arranjos populacionais somando 274 milhões de habitantes Território Conceito derivado do latim terra e torium etimologicamente significa terra pertencente a alguém Pertencente entretanto não se vincula necessariamente à propriedade da terra mas à sua apropriação CORRÊA 2002 p251 Corrêa 2002 p251 observa que território não é sinônimo de espaço ainda que para alguns ambas as palavras apresentem o mesmo significado Tem o ESTADO como traço fundamental Para Raffestin citado por Souza 2001 p96 o espaço é anterior ao território Assim o território é uma reordenação do espaço cuja ordem busca dentro dos sistemas informacionais um arranjo pertencente a uma cultura Nesse sentido esse território referese a um trabalho humano que se exerce sobre uma porção do espaço mas também a uma combinação complexa de forças e ações mecânicas psíquicas químicas orgânicas RAFFESTIN 2006 É possível ainda avançar na interpretação do território ao considerálo como um campo de forças uma teia ou rede de relações sociais que a par de sua complexidade interna define ao mesmo tempo um limite uma alteridade a diferença entre nós o grupo os membros da coletividade ou comunidade os insiders e os outros os de fora os estranhos os outsiders SOUZA 2001 Em sua dimensão teórica podese ainda acrescentar que los territórios no se definem por limites físicos seno por la manera cómo se produce en su interior la interaccion social ABRAMOVAY 2006 p2 CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aula III ECONOMIA REGIONAL E URBANA NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Noções introdutórias em economia urbana Referências Cap 4 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo ECONOMIA URBANA Introdução NASCIMENTO E CRESCIMENTO DAS CIDADES URBANIZAÇÃO DESENVOLVIMENTO E DEMOGRAFIA Urbanização Desenvolvimento econômico TENDÊNCIAS HISTÓRICAS ORIGENS ECONÔMICAS DA URBANIZAÇÃO Níveis de desenvolvimento e urbanização As estruturas de consumo Elasticidaderenda dos bens agrícolas O aumento da produtividade agrícola As desigualdades cidadecampo e o êxodo rural A URBANIZAÇÃO DOS PAÍSES EMERGENTES ECONOMIA URBANA Introdução Perguntas Por que nascem as cidades Qual é o papel das cidades no desenvolvimento dos territórios Há alguma configuração urbana típica Como podemos enfrentar os desafios dos grandes centros urbanos Em um mundo essencialmente urbano e onde cresce a cada ano a proporção da população que reside nas cidades esse é um dos principais desafios das grandes metrópoles a ser enfrentado pela sociedade de nosso tempo É necessário compreender como as aglomerações urbanas influenciam o desenvolvimento econômico e social e como se pode lidar com essa realidade tão complexa como a que se configura em uma área metropolitana NASCIMENTO E CRESCIMENTO DAS CIDADES Os fundamentos da urbanização são em grande parte econômicos Para haver urbanização são necessárias três condições Um incremento sustentável e prolongado da renda per capita Uma elasticidaderenda inferior à unidade para os produtos agrícolas A presença de economias de aglomeração para a produção de bens não agrícolas URBANIZAÇÃO DESENVOLVIMENTO E DEMOGRAFIA Urbanização A transição de uma sociedade rural para uma sociedade mais urbanizada Referese também ao crescimento mais acelerado da população urbana em comparação à população rural A taxa de urbanização mede o nível de urbanização em um dado momento e é a relação entre a população urbana e a população total Urbanização crescimento urbano ou crescimento da população urbana O termo crescimento urbano se refere ao aumento da população das cidades A população das cidades ou de uma cidade pode aumentar sem que no entanto haja incremento da taxa nacional de urbanização A dicotomia urbanorural está longe de ser claramente definida as cidades aumentam de tamanho e se expandem e estão cada vez mais próximas da paisagem rural Desenvolvimento econômico Um incremento sustentável e irreversível da renda per capita em termos reais O conceito de se renda ou produto nacional identifica com o Produto Nacional Bruto PNB ou Produto Interno Bruto PIB frequentemente utilizados na literatura Para identificar o nível de desenvolvimento de um país adotaremos indiferentemente PNB PIB ou renda per capita A renda per capita não retrata de que maneira ela é distribuída entre os habitantes do país Tendências históricas Nos últimos três séculos aproximadamente nosso planeta experimentou uma profunda transformação Do ponto de vista econômico a época moderna se caracteriza por um crescimento sem precedente da capacidade de produção dos habitantes do planeta graças ao uso dos novos conhecimentos na produção de bens e serviços Em menos de dois séculos a produção mundial de bens industriais foi multiplicada por mais de 200 BAIROCH 1988 A evolução da população do planeta é um excelente indicador da magnitude dessas mudanças Figura 41 O aumento foi impressionante sobretudo a partir de 1900 quando passou de 500 milhões para mais de sete bilhões na primeira década do século XXI Este crescimento demográfico é imputado principalmente pela diminuição nas taxas de mortalidade infantil e aumento da longevidade Ambos refletem o aumento da qualidade de vida e sobretudo do progresso tecnológico que marcou o desenvolvimento da agricultura da infraestrutura sanitária e da saúde Até pouco tempo a população do planeta era predominantemente rural ou ao menos vivia majoritariamente em pequenos povoados Menos de 10 da população mundial vivia em cidades de 20 mil habitantes ou mais em 1900 Figura 42 Pouco provável que houvesse cidades com mais de um milhão de habitantes antes da era moderna A urbanização no sentido que denominamos hoje em dia é um fenômeno muito recente JACOBS 1969 e 1984 Em 2009 foi o primeiro ano em que a população urbana ultrapassou a rural Isso deverá continuar a ocorrer de modo crescente nos próximos anos e a expectativa é chegarmos em 2030 com uma população mundial urbana em torno de 60 Figura 42 Na maioria dos países industrializados o principal período de crescimento urbano chegou ao seu fim As populações nacionais crescem pouco e as taxas de urbanização se aproximam de 80 o que não gera aumento da população urbana O crescimento das cidades se apresenta principalmente pelo deslocamento das atividades econômicas e da população entre cidades Por outro lado a maioria dos países em desenvolvimento e portanto a maior parte dos países da América Latina ainda continua na fase de urbanização e de crescimento urbano apesar de existirem distintas diferenças entre os países Como veremos a urbanização se faz sentir sobretudo nas primeiras fases do desenvolvimento Vêse claramente na Figura 43 a relação entre desenvolvimento e urbanização Os países mais urbanizados Estados Unidos Reino Unido Canadá Austrália ou os países mais desenvolvidos da União Europeia entre eles podemos incluir a Espanha são os que apresentam os mais altos níveis de urbanização Nos países da América Latina podemos observar uma realidade em transição com graus muito elevados de urbanização semelhantes às economias desenvolvidas além de muitos casos de países em processo de desenvolvimento África e Ásia mostram um outro lado com porcentagens da população urbana abaixo de 40 ORIGENS ECONÔMICAS DA URBANIZAÇÃO A urbanização é uma consequência inevitável do desenvolvimento econômico Até os dias atuais nenhum país escapou a essa lei Níveis de desenvolvimento e urbanização Os contínuos aumentos do produto ou renda por habitante provocam um processo de urbanização sobretudo nas fases iniciais de desenvolvimento Para altos níveis de desenvolvimento PIB per capita superior a 25000 dólares os níveis de urbanização dificilmente estão acima de 80 Exceto na maior parte da América Latina aonde um baixo nível de desenvolvimento PIB per capita inferior a 15000 dólares e níveis de urbanização em torno de 77 As estruturas de consumo O incremento de renda real por habitante gera mudanças relevantes como nas estruturas de consumo A estrutura da demanda nacional se modifica à medida que a renda aumenta Segundo a lei de EngelErnst Engel 1821 1896 a parte da renda destinada à alimentação diminui à medida que a renda aumenta É fácil compreender que a capacidade de consumo de alimentos tem um limite ao atingir determinada margem A lei de Engel se baseia nas capacidades fisiológicas humanas À medida que um país enriquece a proporção de produtos agrícolas na demanda nacional total se reduzirá Elasticidaderenda dos bens agrícolas A relação entre a variação em porcentagem da quantidade demandada e a variação em porcentagem da renda 𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑉𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 A lei de Engel nos diz que a elasticidade renda dos produtos agrícolas será geralmente inferior a 10 O aumento da produtividade agrícola Continuamos observar como o desenvolvimento econômico e a produtividade agrícola estão inter relacionados Os contínuos aumentos da renda real por habitante se fundamentam nos incrementos da produtividade por trabalhador tanto do setor agrícola como de outros setores Simplificando se antes eram necessários trinta trabalhadores e agora apenas um isso significa que a produtividade foi multiplicada por trinta O Quadro 42 apresenta o valor da produção agrícola por trabalhador em 2012 para vários países da América Latina e também para os mais ricos e mais pobres do planeta Vários elementos ocultam essas enormes diferenças da produtividade agrícola As diferentes intensidades no uso de fertilizantes ou tecnologias aplicadas à agricultura e também a industrialização da atividade agrícola são as principais explicações O impacto do aumento da produtividade agrícola aliado à evolução das estruturas de consumo se traduz na redução do emprego agrícola em relação ao emprego total do país Em poucas palavras a combinação de aumentos da produtividade no setor agrícola e também em outros setores com uma redução relativa de bens agrícolas produz movimentos da mão de obra agrícola para outros setores da economia As atividades não agrícolas obedecem as forças econômicas que favorecem a criação das cidades As desigualdades cidadecampo e o êxodo rural Os aumentos da renda provocam uma transferência progressiva da demanda para os produtos urbanos Esse deslocamento gera um incremento na demanda por terrenos urbanos repercutindo no preço do solo urbano A atração de mão de obra para a cidade se reflete em salários mais elevados na cidade que no campo Estes salários mais elevados e os movimentos migratórios que os acompanham são resultado de um contínuo processo de ajuste da população e das empresas na evolução da composição da demanda O processo continuará enquanto a renda refletida no nível dos salários for mais elevada na cidade do que no campo O Banco Mundial 1990 reforça que em quase todos os casos as pessoas que deixam o campo pela cidade aumentam sua renda As desigualdades entre a cidade e o campo não se limitam ao setor mercantil O acesso a serviços sociais educativos ou sanitários é muito mais fácil de ser coberto em um contexto urbano que em um ambiente rural Para que uma família do campo se mude para a cidade é preciso que a cidade ofereça um ganho que cubra os gastos de cada um de seus membros Se partirmos da hipótese de que o indivíduo não age por interesse próprio os movimentos cidadecampo devem ser interpretados como um índice de vida de nível superior que oferece a cidade Enquanto existir desigualdades continuará a ocorrer o êxodo rural e a urbanização A URBANIZAÇÃO DOS PAÍSES EMERGENTES As taxas de crescimento do nível de urbanização dos são países emergentes fundamentalmente semelhantes daquela que viveram os países que hoje são desenvolvidos ou industrializados Em geral os determinantes da localização e da realocação das empresas atuam de maneira similar em todos os países sem importar o nível de desenvolvimento Embora que o processo de urbanização sejam semelhantes existem algumas diferenças importantes entre os países emergentes e os países já industrializados A principal diferença entre a experiência recente dos países emergentes e a dos países industrializados é que o crescimento urbano assume maior amplitude e rapidez nos países que agora se desenvolvem As taxas de crescimento da população são muito mais altas pelo efeito das baixas taxas de mortalidade que são menores quando comparadas às dos países que se desenvolveram há mais de um século Quadro 44 Essa diferença percentual que separa os países em desenvolvimento daqueles que se desenvolveram em 1900 não pode ser explicada apenas pelas enormes diferenças de tamanho entre as cidades O progresso tecnológico teve um impacto não apenas sobre o ritmo de crescimento da população urbana mas também sobre o tamanho das cidades A tecnologia moderna permite existir cidades muito maiores que há um século A maioria das cidades de oito milhões de habitantes ou mais se encontra hoje em dia nos países em desenvolvimento Quadro 45 Ainda que a urbanização esteja fortemente relacionada ao processo de desenvolvimento não existe qualquer vínculo entre o tamanho da cidade e o nível de desenvolvimento de um país Resumindo as taxas de urbanização dos países emergentes não estão longe do crescimento normalmente associado ao desenvolvimento econômico A causa do progresso tecnológico sobretudo em relação à infraestrutura de saúde faz com que as cidades dos países emergentes atinjam ritmos de crescimento e tamanho sem precedentes Os países emergentes que devem enfrentar Entre os desafios especialmente nos primeiros momentos da urbanização como A concentração urbana isto é a concentração da população urbana em algumas aglomerações frequentemente faz disparar os preços do solo urbano nestas cidades e gera consequências socialmente inaceitáveis no plano da distribuição da riqueza e da renda acentuando as disparidades campocidade As mudanças institucionais para se adaptar às realidades urbanas são frequentemente difíceis de conduzir sobretudo no que concerne à administração local e à ocupação do solo As intervenções na área habitacional são continuadamente inundadas por ondas de novas populações urbanas fazendo com que as cidades em expansão enfrentem uma crise habitacional A importância de investimento público para a realização da infraestrutura urbana pode gerar problemas relativos à gestão macroeconômica da economia nacional Ademais as grandes cidades exercem pressões sobre os recursos do Estado dificultando a aplicação de políticas de descentralização Em toda parte a urbanização transforma profundamente a organização da sociedade das instituições políticas às estruturas econômicas e aos seus valores sociais Qualquer mudança como a urbanização implica custos CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aulas IV e V ECONOMIA REGIONAL E URBANA NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Noções introdutórias em economia regional Referências Cap 7 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo DA CIDADE À REGIÃO Introdução O CONCEITO DE REGIÃO EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE REGIÃO NA CIÊNCIA REGIONAL A fragilidade do conceito de região desde a origem da Ciência Regional A Economia na definição do conceito de região Comunidades geográficas regiões funcionais mercados locais de trabalho e áreas metropolitanas Economias externas e distritos industriais Economias e deseconomias de aglomeração a perspectiva da Nova Geografia Econômica UMA PROPOSTA DE REGIÕES ANALÍTICAS NO MARCO TEÓRICO CENTROPERIFERIA Por uma unidade básica de análise os sistemas locais de trabalho Reagrupando as unidades espaciais básicas em uma classificação regional As distâncias incrementais nos estudos empíricos SÍNTESE DO CAPÍTULO DA CIDADE À REGIÃO Introdução Ampliamos agora o conjunto do território para além da cidade a fim de compreender a sua especialização em função da localização e como aparecem e persistem as desigualdades entre regiões Enquanto o conceito de país ou cidade está claramente definido o conceito de região é muito difuso Uma região é uma parcela do território conforme algum critério Pode ser um critério de delimitação administrativa do espaço áreas funcionais regiões culturais linguísticas ou políticas etc O conceitochave de região é que diferente de nação há fronteiras O CONCEITO DE REGIÃO O conceito de região do ponto de vista econômico é muito diferente da concepção que a sociedade em geral pode ter O principal elemento distinto do conceito de região é sua abertura econômica A região diferente do território nacional não tem fronteiras no sentido econômico Os intercâmbios de bens e serviços ocorrem sem levar em consideração as fronteiras regionais A abertura econômica significa que a região como conceito absoluto não existe e suas fronteiras podem variar segundo as circunstâncias A única condição de sua existência como conceito econômico é seu pertencimento a um espaço econômico e político mais amplo Não é indispensável que a região tenha uma existência administrativa própria Porém sempre depende direta ou indiretamente de um governo superior Ex uma comunidade autônoma espanhola um departamento francês um estado brasileiro ou uma província argentina Não existe uma regra absoluta para definir os limites de uma região EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE REGIÃO NA CIÊNCIA REGIONAL A fragilidade do conceito de região desde a origem da Ciência Regional A existência de um campo multidisciplinar conhecido como Ciência Regional pode nos fazer supor que o conceito de região deva estar claramente delimitado Todavia a realidade é muito distinta Kant Humboldt e Hetter definiram a Geografia como a Ciência da divisão da terra em regiões Durante os séculos XVIII e XIX para facilitar seu estudo a região se converteu assim em uma ferramenta dos geógrafos para ir abarcando e estudando a totalidade do espaço Daí que os primeiros geógrafos deramse conta da dificuldade em delimitar o conceito de região na medida em que as variáveis que podiam ser utilizadas para definir as áreas regionais eram muito diversas dando lugar a distintas ideias Isto em realidade torna mais difícil convergir para um único conceito de região A Economia na definição do conceito de região No início do século XX temos importantes contribuições de Humboldt Weber e Von Thünen sobre a importância e interesse na disciplina Economia inclusive com critérios específicos da Ciência Econômica no modo de definir regiões homogêneas A ser visto posteriormente Comunidades geográficas regiões funcionais mercados locais de trabalho e áreas metropolitanas A Ciência Regional das diferentes disciplinas continua tentando encontrar diferentes modos de delimitar o conceito de região e os seus limites físicos Da combinação entre Geografia e Sociologia entre outras disciplinas deriva o conceito de comunidades geográficas espaços nos quais se produzem fortes interações sociais econômicas que geram identidades e características comuns Sobre a ideia básica de comunidades geográficas distintos autores definem conjuntos de elementos para delimitar o espaço surgindo a ideia de regiões funcionais Essas são regiões delimitadas à margem das fronteiras administrativas e construídas para atender a diversos fatores econômicos sociais culturais e geográficos Dentro desta linha surgem trabalhos importantes na Ciência Econômica no campo da Economia do Trabalho Tratamse dos autores que começaram a se preocupar em delimitar espaços geográficos no qual compartem um único mercado de trabalho local À medida que as cidades crescem e se expandem observamos como seus limites geográficos também se ampliam Aparecem as áreas metropolitanas que muitas vezes ocupam várias divisões administrativas Os habitantes desses espaços podem residir em um local diferente daquele onde trabalham dando lugar ao fenômeno cada vez mais comum denominado de commuting deslocamentos diários entre o lugar de residência e o local de trabalho Esta expansão da área metropolitana e suas implicações para coordenar políticas e ações locais faz com que seja necessário encontrar procedimentos para definir os limites do espaço no qual inclui a população que reside e trabalha o que se denomina de mercado de trabalho local Economias externas e distritos industriais Em 1890 Alfred Marshall em Principles of Economics apresenta o conceito de economias externas As relações das empresas que convivem em um mesmo local geram rendimentos crescentes que não podem ser explicados de dentro das empresas endogenamente mas da indústria setor e do lugar em que as distintas firmas similares se localizam O conceito de economias externas é fundamental na Economia Industrial mas também na Economia Urbana e Regional que o aplica de forma diferente ao enfoque clássico relativo às conexões entre o espaço e a atividade econômica Distrito industrial uma entidade socioterritorial que se caracteriza pela presença ativa tanto de uma comunidade de pessoas como de um conjunto de empresas em uma zona natural e historicamente determinada segundo BECATTINI 1991 Observemos que diferente de outros enfoques a visão de distritos industriais não necessariamente engloba todo o território uma vez que ao identificar sua presença e seus limites há espaços que podem não estar contidos em nenhum dos distritos industriais Evidentemente a chave para aplicar o conceito de distrito industrial a uma realidade empírica observável e analisável está em como delimitar seu perímetro A necessidade de partir de uma unidade territorial cuja extensão não se vê limitada por fronteiras administrativas e que pode mudar ao longo do tempo ajustase ao conceito de Sistema de Trabalho Local Economias e deseconomias de aglomeração a perspectiva da Nova Geografia Econômica O avanço da Nova Geografia Econômica NEG tornouse fundamental para o campo da Economia Urbana e Regional e da Economia Internacional A NEG aporta novos aspectos ao debate do conceito de região muito bem sintetizados por Behrens e Thisse 2007 Os modelos NEG em sua formulação mais simples propõem a existência de duas regiões centro e periferia A NEG se aprofunda em compreender as forças centrípetas que tendem a concentrar a atividade na região centro assim como as forças centrífugas que tendem a dispersála na região periférica Logicamente nem todas as atividades econômicas têm a mesma sensibilidade aos benefícios ou custos associados à aglomeração nem todas podem evitar entrar em fase de rendimentos marginais decrescentes Os setores mais intensivos em conhecimento e ou tecnologia e que requerem menos espaço para desenvolver suas atividades são os que mais se beneficiam da concentração e aglomeração e os que têm menos custos a suportar Ademais são setores onde a concentração e a escala podem afetar mais fortemente os rendimentos marginais retardando a chegada da fase decrescente Assim o saldo entre as forças centrípetas e centrífugas costuma ser nestes casos favorável aos processos centrípetos em outras palavras nestes setores se observarão fortes dinâmicas de concentração Por outro lado os setores mais tradicionais especialmente intensivos em mão de obra não qualificadas e que necessitam de amplos espaços para a atividade produtiva ou que tenham que transportar volumosas matérias primas ou produtos elaborados verão como o saldo se inclina em favor das forças centrífugas Nos lugares centrais vão se concentrar os setores mais avançados enquanto os lugares periféricos se especializarão em atividades mais tradicionais reforçando ou acentuando as desigualdades entre territórios Passar de uma formulação básica dos modelos NEG com duas regiões a um modelo mais complexo com n regiões não é uma tarefa fácil Um modelo com mais de duas regiões dificulta a percepção da realidade descrita nos modelos básicos pois podem existir regiões intermediárias e portanto interações mais complexas A visão da NEG aporta várias e novas dimensões à discussão sobre a definição do conceito de região como i A conexão entre o conceito de região para explicar as diferenças regionais existentes ii A possibilidade de classificações regionais que não apresentem contiguidade espacial mas características comuns geradoras de dinâmicas centrípetas ou centrífugas iii A concepção da região como uma unidade que interage economicamente com outras e cuja característica principal é a abertura econômica ausência de fronteiras à circulação de bens e serviços ou fatores produtivos UMA PROPOSTA DE REGIÕES ANALÍTICAS NO MARCO TEÓRICO CENTROPERIFERIA É evidente que o desafio fundamental consiste em encontrar uma proposta de classificação regional empiricamente aplicável que sintetize as distintas ênfases das propostas conceituais que vêm marcando o conceito de região Aqui se trata de fazer uma proposta sintetizadora que se apoia em três grandes linhas de investigação empírica desenvolvidas nos últimos 25 anos i A literatura sobre o modo de definir mercados de trabalho locais ii Uma proposta de classificação baseada no tamanho populacional e na distância em relação ao tamanho muito apropriada para captar os efeitos das economias de aglomeração iii O desenvolvimento recente do conceito de distâncias incrementais Por uma unidade básica de análise os sistemas locais de trabalho Na medida em que tratamos de definir um conceito de sobre a base das região delimitações científicas do espaço não seria coerente utilizar divisões administrativas por mais desagregada que fosse a dimensão espacial dos limites administrativos É importante que a unidade básica espacial esteja delimitada por contornos que assegurem homogeneidade comparabilidade e contexto mesmo se depois agregarmos em regiões com menor desagregação espacial No Quadro 71 apresentamos um resumo das distintas metodologias propostas para delimitar os sistemas locais de trabalho e utilizálos como unidade espacial básica Os sistemas locais de trabalho estão delimitados a partir da informação sobre a mobilidade residênciatrabalho de modo que seus limites estejam inseridos em uma área geográfica onde a maior parte da população vive e trabalha A delimitação desta área geográfica se estabelece aplicando um algoritmo O algoritmo parte da unidade administrativa municipal e dados de população ocupada residente população ocupada total e deslocamentos da residência para o local de trabalho para configurar o Sistema Local de SLT Trabalho Reagrupando as unidades espaciais básicas em uma classificação regional Uma vez definida a unidade espacial básica os sistemas locais de trabalho pode ser interessante para alguns tipos de trabalho agrupálos em unidades que permitam observar os efeitos da aglomeraçãourbanização e da distância para as grandes concentrações populacionais Há muitos modos de fazer um reagrupamento do espaço porém propomos uma classificação regional baseada nos aspectoschave da moderna Economia Urbana e Regional tamanho e distância em relação ao tamanho Conforme Mario Polèse alguns aspectos chave a considerar i A localização os distintos setores buscam se situar em lugares onde a acessibilidade a grandes mercados é grande e onde é possível existir uma intensa interação com os clientes ii O tamanho porque as dinâmicas setoriais e mais concretamente os setores mais avançados e intensivos em conhecimento e criatividade tendem a se localizar nas grandes áreas metropolitanas com fortes efeitos externos associados à aglomeração iii A proximidade o que implica que no caso de não poder estar em um lugar onde maximize mercado e tamanho ao menos deve estar o mais próximo a ele iv Os custos associados ao transporte e à localização custos de oportunidade de maneira que localizações não ótimas desse ponto de vista se veem penalizadas e acabam crescendo mais lentamente Uma classificação do espaço que leve em conta esses quatro aspectos identifica a importância das economias de aglomeração e da distância Em termos práticos as unidades estatísticas básicas os sistemas locais de trabalho ou algo similar podem se reagrupar em função do tamanho populacional e da distância Isto dá lugar a criadas como novas regiões analíticas conjuntos de unidades espaciais básicas com sentido econômico em uma perspectiva da Economia Urbana e Regional A Figura 71 apresenta uma representação hipotética de um espaço econômico nacional Cada parte quadriculada referese a uma unidade administrativa básica um município Alguns deles são agrupados nos quadrados da mesma cor em um único sistema local de trabalho Nesse espaço hipotético existe um lugar central ou uma grande metrópole próxima a quatro cidades de menor tamanho No entorno desses espaços urbanos existem unidades rurais que não alcançaram o tamanho mínimo para serem consideradas como espaços urbanos A partir desta representação hipotética do espaço podese apresentar a classificação a seguir Áreas metropolitanas as principais metrópoles do país com uma população superior à média segundo o sistema urbano nacional Essas áreas metropolitanas seriam formadas pelo centro urbano principal e toda a área de influência Sistema Local ou similar de Trabalho Áreas urbanas áreas com uma população mínima que permita considerálas como urbanizadas e que possam ser classificadas em distintos níveis segundo seu tamanho populacional Áreas rurais espaços com uma população inferior a determinado limite e que portanto seriam considerados como não urbanos O limite populacional se estabelece tendo em conta a estrutura urbana do país Não obstante normalmente se considera que esse limite seria no mínimo de 10000 habitantes Outra divisão de acordo com a posição das principais áreas metropolitanas Zonas centrais todas as áreas que estejam até uma hora de distância de uma área metropolitana Zonas periféricas todas as áreas que estejam situadas a mais de uma hora de distância de uma área metropolitana Aconselhase utilizar o limite de uma hora de distância por diversos fatores Porter 1990 e outros encontraram evidência de que uma hora de distância é o limite para se estabelecer relações profissionais entre clientes e fornecedores sem dificuldade Ao referirmos à uma hora de distância ao invés de uma distância linear implica que a zona central não esboça necessariamente um círculo ao redor da metrópole Na realidade a região central pode ser irregular dependendo das infraestruturas de transporte As distâncias incrementais nos estudos empíricos A proposta formulada anteriormente nos permite dispor de um conjunto de regiões que não apresenta contiguidade proximidade espacial mas uma forte homogeneidade em sua delimitação conceitual Essas regiões podem ser incorporadas à análise sob a forma de variáveis dicotômicas mas diferente de como são incorporadas nos modelos empíricos podemos usar como variável as distâncias incrementais Podemos medir a distância em relação a uma grande aglomeração como uma penalização para poder ter acesso a esses bens e serviços que existem nela Apenas as localidades de grande tamanho são capazes de oferecer uma gama variada de bens e serviços Se determinamos a distância a um lugar central considerandoo como uma cidade de mais de uma certa população garantindo que se trata de um lugar superior na hierarquia cometeremos um erro ao esquecer que em lugares de menor tamanho há certos serviços e bens embora nem todos Um modo de solucionar este problema é definindo um sistema de distâncias incrementais para cada tipo de cidade medindo primeiramente a distância até uma área urbana e depois desta a uma área metropolitana Figura 72 SÍNTESE DO CAPÍTULO Neste Capítulo apresentamos uma revisão da literatura sobre o conceito de região Os geógrafos e não os economistas estão sempre atentos à importância da delimitação regional e de como esta pode afetar drasticamente os resultados de uma investigação espacial Em muitos estudos da Economia Regional aceitase a divisão espacial do território que nos oferecem os dados estatísticos normalmente organizados por regiões político administrativas No entanto é importante estar ciente das limitações de uma análise se a delimitação regional empregada carece de sentido econômico A partir da revisão da literatura clássica e das contribuições mais recentes apresentamos uma proposta de classificação do espaço em regiões com sentido econômico A ideiachave que delimita nossas regiões está na construção de uma estrutura espacial que permita identificar com precisão os efeitos das economias de aglomeração Nossa classificação parte inicialmente da definição de um conjunto de unidades locais claramente homogêneas entre si e fortemente heterogêneas diante das demais Há diferentes modos de se chegar à delimitação das unidades básicas porém a maior parte delas se assenta na ideia de delimitar os espaços em que os residentes e trabalhadores estão inseridos Pela definição de Sistemas Locais de Trabalho identificase áreas locais que são mercados de trabalho plenamente integrados Sobre essas unidades básicas reagrupamos a informação em grupos de regiões por tamanho populacional e distância em relação ao tamanho Essas regiões não precisam atender ao requisito de contiguidade espacial São conjuntos de áreas locais similares entre si do ponto de vista da presença ou ausência de economias de aglomeração CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aula VI TEORIAS CLÁSSICAS DA LOCALIZAÇÃO E QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS Teorias clássicas de localização industrial Weber Referências Cap 2 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS LOCALIZAÇÃO E DIMENSÃO ESPACIAL O MODELO DE LOCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES INDUSTRIAIS DE WEBER Apresentando o modelo clássico de Weber Atualizando o modelo de Weber e reflexões gerais TEORIAS DA LOCALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS A primeira aplicação por detrás da compreensão da relevância do espaço da distância e da centralidade na análise econômica está nos padrões de localização das empresas e mais amplamente na atividade econômica As primeiras teorias no campo da análise da economia espacial são as teorias da localização Elas são a base da teoria da renda da terra na qual se baseiam os primeiros modelos urbanos LOCALIZAÇÃO E DIMENSÃO ESPACIAL Geralmente as teorias da localização de uma empresa são formuladas em função de um espaço teórico abstrato frequentemente denominado espaço homogêneo cujas dimensões não são relevantes Uma teoria geral adequada deveria ser aplicável a todos os espaços pequenos ou grandes De maneira implícita os modelos tratados neste Capítulo se aplicam sobretudo a grandes territórios nacionais A questão da localização intraurbana será abordada no quinto Capítulo quando apresentaremos a conformação da forma urbana e da localização das atividades no centro da cidade Uma cidade no sentido econômico do termo forma uma zona integrada de mão de obra e de recursos humanos Não há razão para que para um mesmo trabalho os salários variem de um bairro para outro E portanto não há razão para que o preço da mão de obra apareça como um fator importante na decisão intraurbana de localização da empresa Mas o preço da mão de obra pode desempenhar um papel importante no momento em que se move de uma cidade ou de uma região para outra Esse mesmo raciocínio se aplica a outros fatores ou insumos capital informação matérias primas etc cujos custos podem variar de uma região ou de uma cidade para outra de um país para outro porém não em uma mesma região urbana ao menos de maneira importante A fronteira entre os dois níveis da análise espacial não é de difícil compreensão Frequentemente o leitor deverá julgar se um modelo se aplica realmente a um espaço em função dos postulados do modelo e de seu próprio conhecimento sobre o espaço As teorias da localização industrial a serem tratadas aqui se referem quase que exclusivamente às decisões de lugares dentro de espaços econômicos mais extensos de dimensão multirregional ou nacional O MODELO DE LOCALIZAÇÃO DE ATIVIDADES INDUSTRIAIS DE WEBER Apresentando o modelo clássico de Weber O formulador das teorias econômicas de localização industrial foi o economista alemão Alfred Weber um clássico na literatura sobre esse tema A análise a seguir se inspira principalmente no modelo de Weber mas também nos escritos de Beckman 1968 Isard 1956 e Hoover 1948 que também são clássicos Os trabalhos desses autores vão além do campo da localização industrial pois abrangem o conjunto de atividades econômicas Tratase de compreender a geografia de unidades estabelecimentos dedicada à produção de objetos materiais o transporte do produto final o peso dos insumos materiais e as relações físicas da produção são fatores variáveis importantes Em qual lugar os custos de produção serão menores Como calculálos Em uma economia de mercado a empresa busca normalmente instalarse em um lugar onde os custos são menores Explicar a localização das empresas industriais significa calcular por que tal ou qual deslocamento é mais econômico que outro A centralização da produção pode gerar importantes benefícios Isto nos ajuda a compreender a existência das cidades mas não diz o por que de uma empresa preferir uma cidade ao invés de outra Por que certos lugares possuem mais vantagens de localização que outros Os postulados que definem o universo no qual são tomadas as decisões de localização A região é plana e sem obstáculos geográficos A localização dos insumos materiais é conhecida O mercadoalvo é conhecido A demanda é perfeitamente elástica Os custos de transporte são uma função linear da distância Os custos de mão de obra são dados e não variam de um lugar para outro As tecnologias a função de produção são conhecidas e fixas Suponhamos uma empresa que fabrica um produto final com dois elementos os demais insumos são pouco importantes nos custos de produção no sentido em que os custos não variam no espaço Ex uma planta do setor de siderurgia em que as duas matériasprimas são ferro F e carvão C Suponhamos que para cada insumo haja uma única jazida ou seja os pontos F e C respectivamente para ferro e carvão Estamos assim diante de um cenário econômico onde aparecem três pontos o mercado M e as jazidas de recursos naturais F e C Podemos representar o cenário como um triângulo de localização Figura 21 Onde se instalará a planta siderúrgica próxima do mercado junto aos recursos naturais ou em alguma parte entre os três pontos Consideremos a seguinte função de produção da empresa 𝐴 𝑓𝐹 𝐶 1 A quantidade de aço F quantidade F ferro necessária para a produção de A C quantidade C carvão necessária para produção de A ƒ estrutura da produção ou função de produção Condições técnicas de produção ƒ Suponhamos uma função de produção linear sem possibilidades de economias de escala ou de substituição de matériasprimas A é uma função fixa da quantidade de F e de C Os custos e as receitas são também funções lineares de A Suponhamos também que para produzir uma tonelada de aço considerando a tecnologia utilizada são necessárias 15 toneladas de ferro F e 12 toneladas de carvão C A função de produção ƒ é descrita da seguinte forma 𝐴 𝐹15 𝐶12 2 Sendo A1 O transporte necessário para fabricação e venda de A está incluído nos gastos de produção da mesma forma que outros insumos Recordemos que a demanda de A é perfeitamente elástica sem possibilidade de variação espacial Por que o preço oferecido por uma tonelada de aço seria diferente em Minas Gerais e no Rio de Janeiro Para produtos padronizados que são objeto de um comércio inter regional é perfeitamente realista supor que os preços não variam muito entre uma região e outra Os ganhos da empresa são maximizados no ponto de custo mínimo A função de custo da empresa distinguindo os custos de transporte relativos a cada insumo e a cada venda 𝑇 𝐹𝑢 𝐹𝑐 𝐶𝐶 𝐴𝑐 3 T custo total de produção de A em tonelada de aço c custo de transporte por unidade de produtomercadoria u preço unitário dos insumos É razoável considerar que os custos unitários de transporte dos insumos variam em função das unidades físicas de maneira que podemos substituir as unidades monetárias por unidades de peso substituir u por w Recordando que as taxas de transporte são uma função linear da distância 𝑇 𝐹𝑤𝑡𝑑 𝐶𝑤𝑡𝑑 𝐴𝑤𝑡𝑑 4 w peso do insumo ou venda por unidade vendida Aw 1 por definição t taxa da unidade de transporte tonelada por quilômetro por exemplo d distância em quilômetros ou outra unidade Definimos t como o custo de transporte de uma tonelada por quilômetro em 005 unidades monetárias e introduzimos agora na equação 4 as relações técnicas de produção 𝑇 1505𝑑 1205𝑑 105𝑑 5 A incógnita na fórmula 5 continua sendo a distância dos pontos F C e M Onde se localizará a empresa para minimizar T Para produzir uma tonelada de aço podemos deduzir da equação 5 que custará à empresa 0075 um por quilômetro para transportar o ferro contra 006 um para o carvão e 005 um para o produto final À empresa convém suprimir os custos mais elevados neste caso o transporte de ferro Assim a empresa minimizará seus custos localizandose próxima das minas de minério de ferro A menos que se incluam outros fatores a empresa se localizará normalmente no ponto F junto à mina de ferro Podemos concluir do que vimos até agora que a localização da empresa dependerá do que pesar mais na sua função de produção insumos ou vendas e também da importância relativa do seu custo de transporte Suponhamos ilustrativamente que o valor da taxa unitária de transporte t seja diferente para F C e A na equação 4 Se o valor de t for três vezes mais elevado para o produto ϐinal A que para F ou C o resultado será diferente Atualizando o modelo de Weber e reflexões gerais A análise feita até agora está restrita a uma série de postulados ou suposições apresentada anteriormente Dizer que os custos de transporte de um bem são elevados equivale a tratar o bem com pouca mobilidade geograficamente Quando os custos de transporte são infinitos tratase de um fator fixo para poder consumilo é necessário estar próximo a ele a terra é o melhor exemplo de fator fixo Agora uma primeira reflexão importante há muitos produtos finais que proporcionalmente custam mais caro transportar para um mesmo peso físico que os insumos pois são mais frágeis e mais perecíveis ou mesmo porque devem chegar rapidamente ao consumidor Ex a os jornais e as revistas b as padarias e as lanchonetes c a indústria da moda em certos casos modelos exclusivos Quanto menos padronizado for o produto final mais personalizado será o que supõe contatos frequentes com o consumidor o custo desses contatos é parte dos custos de transporte e portanto maior será a atração do mercado O modelo weberiano é útil para explicar a orientação geográfica das indústrias cujos processos de produção são dominados por alguns insumos e materiais Contudo as funções de produção das indústrias modernas são cada vez mais complexas É difícil que um fator realmente predomine sobre os demais e mais difícil ainda que o insumo determinante seja material ou tangível Ex fatores intangíveis informação externalidades de todo tipo etc O modelo weberiano proporciona um marco útil para compreender o impacto do progresso tecnológico nas tendências da localização industrial Ex a à medida que se tornam mais eficientes os métodos de produção a relação insumosvendas diminui menos árvores para produzir a mesma quantidade de papel b o progresso tecnológico multiplica as possibilidades de substituição O gás natural ou a hidroeletricidade substitui o carvão ou o petróleo o alumínio substitui o aço c a evolução das tecnologias de transporte pode modificar as relações de preço entre os insumos e assim certos lugares perdem suas vantagens naturais enquanto outros as adquirem Adicionamos agora outro postulado do modelo básico de Weber A existência de várias fontes de insumo Suponhamos sempre um único ponto de mercado B mas duas possíveis fontes X e Y para o mesmo insumo F Suponhamos também que o preço unitário de F sem transporte é de 600 unidades monetárias no ponto X e de 500 no ponto Y A entrega de uma unidade de F no mercado custa 200 um aos produtores situados em X e 500 um aos produtores situados em Y o que significa um preço do produto no mercado de 800 um para F proveniente de X e de 1000 um para F proveniente de Y Desta maneira os produtores situados em X assumirão o mercado de F pois o produto custa 200 um menos por unidade Outras variáveis podem ser introduzidas no processo de decisão da localização segundo as circunstâncias e condições locais Muitas vezes as decisões de localização partem de condições afetivas ou subjetivas Lugar de nascimento do proprietário Preferências culturais ou idioma Preferência decorrente de algum evento marcante etc Porém o resultado final da soma de todas essas decisões se deve tanto às regras de mercado como à racionalidade dos agentes econômicos Sobreviverão as empresas que tomarem a decisão de localização mais adequada Isto nos leva à questão da concorrência espacial Próximo passo O MODELO DE CONCORRÊNCIA ESPACIAL DE LÖSCH CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aula VII TEORIAS CLÁSSICAS DA LOCALIZAÇÃO E QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS Teorias clássicas de localização industrial LÖSCH e CHRISTALLER Referências Cap 2 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo O MODELO DE CONCORRÊNCIA ESPACIAL DE LÖSCH Concorrência espacial O efeito protetor do espaço Os obstáculos geográficos Certas empresas são mais eficientes que outras Impacto da melhoria dos meios de transporte e infraestrutura A TEORIA DOS LUGARES CENTRAIS DE CHRISTALLER Hierarquias de produtos e cidades Redes urbanas e áreas de influência Limites da teoria dos lugares centrais A LOCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS INTENSIVOS EM CONHECIMENTO Um modelo simples de localização de atividades intensivas em conhecimento Custos de comunicação Mão de obra especializada Possibilidades de substituição trabalho e insumos intangíveis Impacto de uma demanda não padronizada As atividades intensivas em conhecimento O MODELO DE CONCORRÊNCIA ESPACIAL DE LÖSCH Concorrência espacial A Figura 22 representa um corte transversal e um plano de um cenário econômico de três distintas empresas A B e C cada uma com uma curva de transporte TA TB e TC A área de mercado da empresa B está circundadaenvolta em cada um dos lados pelas outras duas empresas Assumimos que as três produzem o mesmo bem ou serviço e portanto concorrem entre si A partir do mérito do economista alemão August Lösch 1944 demonstrase que um local econômico normal incluindo os pontos de produção e as áreas mercado se desenvolve seguindo um padrão mesmo se não houver obstáculos geográficos ou fronteiras políticas A Figura 22 ilustra uma situação ideal de equilíbrio As suposições que estão implícitas são a Ausência de externalidades b Distribuição homogênea da demanda c Custos de produção comparáveis para todas as empresas P1 o que significa que as tecnologias são as mesmas em qualquer local d Custos de transporte como função linear da distância sobre todo o território As áreas de mercado das empresas são representadas por meio de hexágonos pois esta forma geométrica permite projetar uma área econômica de um território sem espaço vazio entre as áreas As fronteiras entre as áreas de mercado são os pontos de ligação entre as curvas de transporte i e j Tratase em princípio de um ótimo social sem lucros exorbitantes para as empresas Se tais lucros existirem um novo produtor poderá vir a se estabelecer para absorver parte do mercado oferecendo o produto a um preço inferior a P1 o que obrigaria os demais a se ajustarem ao novo preço A livre entrada é essencial para a eficiência dos mercados Em princípio todas as empresas acabarão produzindo quantidades que correspondem às condições ótimas 𝒄𝒖𝒔𝒕𝒐 𝒎𝒂𝒓𝒈𝒊𝒏𝒂𝒍 𝒄𝒖𝒔𝒕𝒐 𝒎é𝒅𝒊𝒐 𝒑𝒓𝒆ç𝒐 O efeito protetor do espaço O tamanho dos mercados depende de duas variáveis os custos de produção da empresa e os custos de transporte A divisão geográfica dos mercados é resultado da interação espacial isto é dos custos de transporte Na ausência de custos de transporte a concorrência seria perfeita pois nenhuma empresa desfrutaria de uma área protegida onde os custos totais fossem inferiores aos das demais empresas O impacto dos custos de interação espacial sobre os preços é análogo às tarifas agregase um custo às trocas Os obstáculos geográficos Dois pontos de produção C e D estão separados por montanhas C se encontra à margem de uma via navegável Figura 23 As fronteiras das áreas de mercado não adquirem a forma hexagonal os declives geográficos em princípio delimitam os limites As fronteiras das áreas de mercados estão delimitadas por isolinhas entrega de um produto O traçado das isolinhas define os pontos onde os preços do produto custos de produção custos de transporte são idênticos Tais linhas podem ser desenhadas ao redor de qualquer ponto de produção A presença de hidrovia permite a C estender se a Oeste e a Sul Se compararmos os dois locais de produção observamos que as empresas situadas no ponto C podem fabricar o produto a um custo menor que as empresas situadas em D pois têm a possibilidade de explorar as economias de escala proporcionadas pela existência de uma hidrovia Se não existissem as montanhas a divisão dos mercados seria em z onde as curvas hipotéticas de transporte TC e TD se cruzam As empresas localizadas em D teriam então um mercado bem restrito As montanhas porém com seu impacto sobre os custos de transporte curvas TD e TC fazem com que a divisão de mercado ocorra na realidade em w proporcionando aos produtores situados em D um mercado protegido O efeito da proteção das montanhas se mede pela distância entre z e w pelos ganhos benefícios provenientes desse mercado em suma uma renda de localização para os produtores situados em D Uma redução dos custos de transporte Figura 24 se traduziria em uma redução dos custos das mercadorias P1 a P2 Isso é semelhante ao impacto da redução das tarifas aduaneiras A redução dos custos de transporte não modificará a divisão dos mercados se a produtividade das empresas for a mesma Os pontos m e n representam a linha de divisão dos mercados Se todas as empresas fossem eficientes como vimos no ótimo social não haveria perdedores no sentido que nenhum produtor estará ameaçado pelas mudanças no custo de transporte O grande ganhador é o consumidor que pagará menos para obter o produto Certas empresas são mais eficientes que outras Neste caso uma redução dos custos de transporte pode ameaçar a existência das empresas menos eficientes Figura 25 Podese observar que os custos de produção no ponto C Pc são inferiores àqueles localizados em D O produtor situado em D no entanto mantém o mercado cuja fronteira se situa em m enquanto os custos de transporte permanecerem elevados curva T Se houver uma redução dos custos de transporte curva T as empresas de C estarão em condições de entregar o produto em todo o espaço do mercado de D a preços inferiores àqueles praticados em D até mesmo no local de produção D As empresas de D abandonarão o mercado Se a produção do bem é sensível às economias de escala que não foram aproveitadas por causa dos custos de transporte elevados o impacto sobre o preço será muito mais forte Uma vez mais o consumidor sairá ganhando porém agora à custa do desaparecimento de empresas em D Impacto da melhoria dos meios de transporte e infraestrutura Algumas conclusões sobre o impacto de melhoria dos meios de transporte e comunicação a em princípio favorecerá a concentração da produção em favor das empresas mais eficientes Mesmo se não houver custos de transporte toda a produção de um certo produto se concentrará no ponto mais eficiente desde que os rendimentos decrescentes e as deseconomias de aglomeração não sejam um obstáculo b a dimensão dos mercados e as condições de concorrência espacial serão constantemente modificadas Nenhum mercado está totalmente protegido do avanço das comunicações c haverá efeitos opostos se analisarmos sob o ponto de vista das empresas e dos trabalhadores ameaçados ou dos consumidores e das empresas em expansão Para o conjunto da sociedade se traduzirá em uma maior eficiência e especialização da produção Porém os ganhos de eficiência podem gerar custos sociais fechamento de fábricas mobilidade de mão de obra etc A TEORIA DOS LUGARES CENTRAIS DE CHRISTALLER Agora examinaremos uma economia baseada em uma gama diversificada de produtos bens e serviços em que cada uma tem sua própria função de produção O tamanho ótimo de um mercado será diferente de um produto para outro Perguntas Que forma deverá ter a organização espacial da economia Cada ramo de atividade terá sua própria organização espacial Surgirá um sistema espacial interrelacionado e interdependente O geógrafo alemão Walter Christaller 1935 observou que a distribuição das cidades no Sul da Alemanha não era ao acaso Ao contrário as cidades pareciam seguir uma rigorosa lógica matemática A partir das primeiras observações empíricas surge a noção de que as atividades econômicas e as populações se distribuem no espaço de maneira ordenada originando hierarquias redes ou sistemas urbanos Lösch mais tarde lançou os fundamentos econômicos ou teorias do modelo dos lugares centrais Seus pressupostos espaço homogêneo entrada livre ausência de distorções nos custos de produção etc A teoria dos lugares centrais é uma extensão dos modelos de concorrência espacial Hierarquias de produtos e cidades Por que razão alguns lugares são denominados de lugares centrais Sabemos que toda empresa busca normalmente localizarse no centro geográfico do mercado em função do princípio da centralidade As empresas cujas áreas de mercado são comparáveis se agrupam em um mesmo lugar para formar o que se denomina de lugar central Quanto maior a população e quanto mais clientes venham de locais distantes mais importante será o lugar central O resultado desse processo é uma hierarquia de lugares centrais de diferentes tamanhos O conceito de hierarquia se aplica sobretudo ao setor terciário comércio e demais serviços Assim a teoria dos lugares centrais se apresenta às vezes como uma teoria da localização de atividades terciárias em oposição às teorias da localização industrial A decisão de concentrar em um único lugar ou não a produção de um bem ou serviço é em grande parte resultado da intermediação entre economias de escala e custos de transporte Quanto mais importantes as economias de escala e mais baixos os custos de transporte maior a probabilidade de a produção se concentrar em apenas um lugar No caso de bens e serviços de consumo final muitas vezes o consumidor assume os custos de transporte sob a forma de deslocamentos O custo real dos deslocamentos incluindo o custo de oportunidade será afetado pela importância financeira da compra e pela frequência do consumo O consumidor estará disposto a se deslocar mais para adquirir certos produtos do que para adquirir outros Nem todos os bens e serviços têm a mesma importância portanto é possível hierarquizá los dado que certos bens ou serviços possuem nível superior ou seja estão na parte superior da hierarquia Um bem ou serviço de nível superior se caracteriza por um ou vários dos seguintes elementos a Importantes economias de escala nível elevado de mercado ou de produção b Consumo esporádico tratase frequentemente de um produto cujo custo é importante em relação à renda do consumidor c Baixos custos de transporte o custo será menor quanto mais o bem ou serviço não exigir constante deslocamento do consumidor d Disponibilidade do consumidor de percorrer se necessário grandes distâncias para adquirir o produto As características de b e d consumo esporádico e disponibilidade do consumidor de se deslocar estão fortemente relacionadas Ex Ao se desejar comprar um bem durável algo que não ocorre todos os meses um automóvel ou um refrigerador o consumidor estará disposto a percorrer maiores distâncias se for para obtêlo a menor preço O mesmo raciocínio se aplica a serviços escassos médicos especialistas advogados dentistas etc cuja qualidade muitas vezes é mais importante que o preço Para um bem ou serviço de nível inferior as relações se invertem reduzidas economias de escala consumo frequente o produto é barato elevados custos de transporte pouca disposição dos consumidores para se deslocar Ex Para adquirir pão uma compra cotidiana é pouco provável que o consumidor esteja disposto a ir muito distante Isto significa que se o consumo é frequente os custos de transporte são elevados outra evidência de que os elementos b c e d estão de fato interrelacionados Redes urbanas e áreas de influência As atividades de categoria semelhante se agrupam começando pelos produtos de hierarquia inferior cujas áreas de mercado são mais restritas para dar lugar a uma rede de pequenos lugares centrais Ex mercearia padaria posto de combustível lanchonete etc O seguinte nível da hierarquia dos lugares centrais composto de maiores aglomerações oferecerá todos os serviços anteriores mais certos serviços de nível superior Ex Cada lugar central de um dado nível nível A oferecerá todos os bens e serviços dos lugares centrais de nível inferior A a D mais aqueles do seu próprio nível O agrupamento das distintas áreas de mercado dá uma visão de conjunto em forma de redes de hexágonos sobrepostos Figura 26 A zona de influência da cidade que está na parte superior da hierarquia nível A na Figura 26 engloba o conjunto dos demais lugares centrais do sistema Esta cidade é também a única a oferecer os serviços mais especializados do nível superior Suponhamos que uma companhia de teatro cujas condições de produção para ser rentável deve atrair pelo menos mil espectadores por espetáculo que o preço mínimo do bilhete de entrada seja dado pelo mercado e que a taxa de presença no teatro seja de aproximadamente 11500 habitantes Suponhamos também que o público admita se deslocar até o teatro desde que a distância não seja superior a 200 quilômetros Dedução o teatro procurará se instalar no centro geográfico de uma zona em um raio de 200 quilômetros e que tenha uma população de pelo menos 5 milhões de habitantes O teatro necessariamente localizase em um nível superior da hierarquia urbana Ex uma padaria o consumidor não estará disposto a caminhar mais de um quilômetro para comprar pão ao preço corrente de mercado Dependendo da densidade populacional haverá padarias a cada intervalo de dois quilômetros Haverá padarias em todos os lugares centrais da hierarquia urbana do mais alto ao mais baixo nível Quanto mais elevado for o nível de serviços ofertados por um lugar central maior será a distância que separa este de outros lugares centrais de mesmo nível Podemos ver na Figura 26 que é maior a distância entre as cidades de nível B que entre as cidades de nível D Limites da teoria dos lugares centrais Existe uma hierarquia urbana em todos os países do mundo Esta nunca é perfeitamente igual ao modelo As hierarquias urbanas podem se desviar do modelo ideal por várias razões a A geografia do país rios montanhas etc está muito distante do modelo de superfície homogênea b Os obstáculos institucionais fronteiras administrativas ou culturais impedem a integração do espaço econômico do país c O poder de compra renda das famílias e as preferências de consumo não são homogêneas em todo o território d A localização das atividades comerciais instalações militares públicas instituições religiosas etc não funciona necessariamente conforme a lógica dos lugares centrais e O impacto das estruturas sobretudo de transporte sobre as decisões de localização f O impacto das economias ou deseconomias de aglomeração contrapõese ao modelo e g A indústria manufatureira não necessariamente respeita os modelos de localização conforme a teoria dos lugares centrais Isto também é válido para certas atividades terciárias avançadas Apesar de todos esses fatores de distorção as hierarquias urbanas não se desviam porém do modelo teórico A teoria dos lugares centrais nos apresenta uma espécie de modelo dos sistemas urbanos prérevolução industrial Implicitamente supõese que a função primordial de uma cidade para um território mais amplo é de centro do mercado de negócios e de serviços Isto ainda continua presente apesar do desenvolvimento das atividades industriais A teoria dos lugares centrais se aplica às atividades onde os custos de transporte limitam o tamanho do mercado No comércio varejista e de serviços pessoais o consumidor é quem internaliza os custos de transporte definindo assim os possíveis limites das áreas de mercado A necessidade de o consumidor ou produtor se deslocar aplicase também aos setores de atividades como saúde educação cultura bibliotecas teatros etc serviços financeiros restaurantes e distribuição comercial comércio atacadista O modelo dos lugares centrais não se aplica aos custos de produção de montagem ou de extração superiores aos custos de transporte do produto final nem se aplica facilmente aos produtos exportáveis em escala mundial ou a uma escala espacial além do sistema urbano A atividade se instalará onde seus custos de produção forem mais baixos e não necessariamente no centro do mercado como é o caso da indústria manufatureira e da indústria de minérios Não há razão para que a localização das indústrias têxteis ou automobilísticas por exemplo adotem um modelo hierárquico Por isso se diz às vezes que a teoria dos lugares centrais está limitada ao setor terciário Quanto mais sensível ao mercado for uma indústria quanto mais elevados forem os custos de transporte do produto final mais fiel será seu modelo de localização à teoria dos lugares centrais A LOCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS INTENSIVOS EM CONHECIMENTO O comércio dos serviços superiores intensivos em conhecimento e ou tecnologia não requer forçosamente o deslocamento do consumidor daí tornase difícil definir limites precisos das áreas de mercado dessas atividades Podese denominar de serviços das empresas serviços tecnológicos ou industriais serviços à produção ou intermediação já que se destinam em grande parte a outras empresas São denominados também de terciário superior serviços avançados ou serviços intensivos em conhecimento e ou tecnologia A categoria pode abarcar uma variedade de serviços à produção assessorias em gestão agências de publicidade agências bancárias seguradoras auditores e contabilistas serviços de informática e outros escritórios de assessoria técnica ou científica dentre outros Não é possível tratar este setor relativamente recente na economia recorrendo a teorias clássicas como a de localização industrial ou localização do setor terciário mais tradicional teoria dos lugares centrais Um modelo simples de localização de atividades intensivas em conhecimento Diferente de uma fábrica os insumos e as vendas do escritório são intangíveis Da mesma maneira que uma fábrica compra transforma e vende mercadorias podese dizer que um escritório de serviços compra transforma e vende informação e conhecimento Para o conhecimento ou a informação é mais apropriado denominarmos de custos de comunicação e ou transmissão em vez de custos de transporte Supondo que para o modelo de Weber nos encontremos diante de um problema de minimização de custos formulamos um modelo que se resume em uma equação simples 𝑇 𝑢𝐼 𝑐𝑙 𝑢𝐿 𝑟𝐿 𝑐𝐻 6 T custo total de produção de uma unidade vendida H H unidade vendida Ex uma hora de assessoria técnica l unidades de informação necessárias para a produção de H medidas em horahomem L unidades de mão de obra especializada necessárias para a produção de H medidas em horahomem u custo unitário do insumo em salários comissões etc c custo unitário de comunicação por hora por quilômetro em gastos com telecomunicações correio deslocamentos incluindo o custo de oportunidade dos deslocamentos e reuniões r custo unitário de recrutamento por horahomem do tempo destinado à pesquisa e manutenção de recursos humanos especializados A atividade intensiva em conhecimento para decidir sua localização buscará minimizar o valor de T Como na formulação weberiana do problema de localização industrial suponhamos que os elementos da equação 6 são os principais fatores que determinam as variações espaciais dos custos de produção Portanto as decisões de localização não seriam muito influenciadas por outros custos como aluguel do escritório demais custos de mão de obra custos de equipamento do escritório etc O modelo CoffeyPolèse postula resumidamente que a mão de obra especializada e a informação são os dois principais recursos escassos que orientam as decisões de localização das atividades intensivas em conhecimento O modelo destaca os insumos cujos custos podem variar de um ponto do espaço a outro enquanto na teoria dos lugares centrais se enfatiza o acesso ao mercado e à distribuição espacial da demanda Vejamos agora com mais detalhes os elementos da equação 6 Custos de comunicação Definimos a comunicação como o transporte da informação É possível imaginar diferentes meios de comunicação cada um com sua própria curva de custos em função da distância Os custos aumentam à medida que se passa do correio eletrônico ao telefone do telefone à videoconferência e finalmente à comunicação interpessoal direta pois são distintas formas de deslocamento Daí a inclinação da curva de custos de comunicação é muito sensível à frequência dos contatos interpessoais diretos Cada insumo do tipo I tem sua própria função de custo de comunicação O custo de oportunidade o tempo e outros custos não monetários representam a maior parte do custo real de comunicação Os economistas denominam também de custos de interação ao conjunto de custos psicológicos afetivos etc que os indivíduos ou grupos assumem para se comunicarem com a finalidade de realizar transações comerciais Os custos de comunicação são sensíveis às barreiras culturais ou sociológicas As barreiras linguísticas ou as diferenças de origem social ou nacional desempenham o mesmo papel para os custos de comunicação que os obstáculos físicos ou obstáculos geográficos para os custos de transporte Isto explica o porquê de o fluxo de relações terciárias superiores entre culturas similares mesmo idioma ser sempre muito superior às relações com culturas e idiomas diferentes Suponhamos uma empresa de desenvolvimento de programas computacionais software cujo principal insumo I seja constituído por conhecimentos em informática programação que possuem os engenheiros ou especialistas em informática localizados na cidade X e que o transporte de I implica elevados custos sob a forma de frequentes contatos interpessoais A empresa se sentirá atraída em se instalar na cidade X a fim de suprimir os custos de comunicação Mão de obra especializada A mão de obra denominada de especializada ou qualificada referese aos conhecimentos à experiência e à competência que lhes permitem assimilar armazenar e transformar informação A informação existe em mensagens computadores relatórios memórias dos discos rígidos livros etc mas especialmente na cabeça dos trabalhadores qualificados que se torna o conhecimento Na equação 6 a variável r representa o custo que deve assumir a empresa para atrair mão de obra especializada Este custo r é em princípio igual ao custo assumido pelas pessoas ao se deslocarem Como c r é também dado em função da distância e sensível às barreiras culturais e sociais As percepções e preferências dos trabalhadores e de suas famílias são importantes fatores de localização Quanto mais escasso for o insumo L pessoal altamente qualificado mais a empresa estará à mercê das percepções e preferências das pessoas que aí trabalham A qualidade do ambiente físico e humano tornase assim um fator chave da localização A mobilidade espacial do insumo L se distingue daquela dos insumos físicos em dois sentidos 1 Porque se trata em grande parte da livre mobilidade Daí decorre que o insumo L pode decidir ir embora 2 A degradação da qualidade de vida urbana ou a vontade de mudar de ambiente residencial pode ameaçar as vantagens comparativas de um setor terciário superior de uma cidade da mesma forma que o progresso tecnológico pode ameaçar o valor econômico de um recurso natural Os custos r que têm que assumir para atrair os insumos L para a região são mais elevados em um país que possua grandes diferenças regionais e fortes elos regionais Se o valor de r é muito elevado a empresa não terá outra opção a não ser se instalar na cidade onde está o insumo L Possibilidades de substituição trabalho e insumos intangíveis A empresa pode também decidir substituir L por I Ao invés de contratar um engenheiro pagará pela sua assessoria A possibilidade de substituição aumenta a flexibilidade espacial da empresa Na Figura 27 representamos de maneira esquemática as fronteiras de possibilidades de produção de uma empresa em função das possibilidades de substituição entre I e L Suponhamos a presença de duas cidades X e Y representadas respectivamente pelas curvas CD e AB com diferentes relações de custo entre elas A empresa pode produzir um nível equivalente 1000 unidades com duas combinações possíveis de insumos 92 unidades de I e 32 de L ponto z ou 46 unidades de I com 76 de L ponto w Ela escolherá um ponto entre essas combinações O custo unitário dos insumos nas duas cidades AB cidade X custos unitários de I e L são respectivamente de 20000 um e de 10000 um CD cidade Y o contrário de X Considerando os preços relativos a cidade X se especializará nas atividades do setor terciário mais intensivas em L e a cidade Y nas atividades mais intensivas em I Segundo a teoria das vantagens comparativas se os preços relativos são diferentes entre uma cidade e outra isso levaria à especialização das funções Em nosso exemplo a empresa será conveniente instalarse na cidade Y no ponto y levando em conta sua função de produção e os custos relativos em ambas as cidades Impacto de uma demanda não padronizada O insumo I é por definição mais flexível a empresa pode modificar seus atributos e fornecedores conforme suas necessidades A informação a diferença de um insumo ou a venda não é homogênea Para uma firma do setor terciário superior como um escritório de assessoria em gestão de empresas os atributos do produto H variam de um cliente a outro O produto se faz em parte sob medida segundo as necessidades do cliente Na equação 6 devemos considerar H como uma cesta de serviços mais ou menos padronizada e previsível de acordo com as circunstâncias Quanto menos padronizado seja H mais a empresa poderá substituir os insumos L pelos insumos I Uma vez que a demanda é mutável e ocasional não é rentável à firma conservar como empregados todos os recursos humanos necessários para fazer frente às distintas situações possíveis A terceirização isto é a compra de insumos tipo I costuma ser a solução menos custosa As empresas de serviços intensivos em conhecimento que respondem a uma demanda pouco padronizada tendem ceteris paribus a se instalarem em locais que minimizem os custos de I Este fator explica o porquê de os grandes escritórios de assessoria de as grandes instituições financeiras e de as demais empresas do setor terciário superior escolherem se instalar em uma grande cidade de um país e em geral naquela que se posiciona na parte superior da hierarquia urbana As atividades intensivas em conhecimento O triângulo de localização da Figura 28 sintetiza as opções que se oferecem a uma empresa de serviços avançados ou de incentivos em conhecimento Os pontos onde os custos de informação I trabalho qualificado L e acesso ao mercado M alcançam o menor nível Toda empresa de serviços empresariais ou avançados em geral está submetida a tensões pela atração desses três elementoschave No caso das atividades cujo serviço final é pouco sensível à distância mas cujos custos de produção são sensíveis à diversidade das terceirizadas diversidade relativa à informação o polo I será mais atrativo Tratase de serviços exportáveis Ex a as atividades informáticas de programação software os programas informáticos podem ser enviados sem problemas através das redes b a produção de filmes e programas de televisão os filmes ou programas também podem ser digitalizados e enviados quase que instantaneamente c as sociedades financeiras e de gestão de financiamento muitas de suas transações se realizam eletronicamente Para as empresas com maiores mercados os pontos de custo mínimo de I e de H são indiferentes na medida em que as cidades que oferecem uma maior variedade de serviços especializados são também as que oferecem o acesso mais eficiente aos mercados nacionais e internacionais L será o polo determinante nos casos em que a produção se assenta em fontes especializadas de mão de obra e portanto em que sejam escassas as possibilidades de substituição Ex pesquisa laboratórios É possível que para certas empresas uma única cidade ocupe o primeiro lugar nos três vértices do triângulo CAMPUS CASCAVEL CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia regional e urbana Aulas IX e X TEORIAS CLÁSSICAS DA LOCALIZAÇÃO E QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS Teorias clássicas de localização industrial Referências Cap 3 Pires Morollón Gomes Polèse Prof Pierre Joseph NELCIDE Conteúdo do capítulo EXTERNALIDADES E ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO PRODUÇÃO PRODUTIVIDADE E EXTERNALIDADES A representação das relações de produção Produtividade Produtividade agregada espacialmente urbana e regional Externalidades ou economias externas ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO ECONOMIAS DE LOCALIZAÇÃO OU AGRUPAMENTO Estimação da relevância das economias de localização ou agrupamento Por que a localizaçãoagrupamento produz efeitos positivos ECONOMIAS DE URBANIZAÇÃO Explicação das economias de urbanização Os serviços públicos e as infraestruturas AS LOCALIZAÇÕES DE SUCESSO Localizações que aproveitam simultaneamente dinâmicas de agrupamento e urbanização SÍNTESE DO CAPÍTULO EXTERNALIDADES E ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO Para designar as vantagens que as empresas tanto públicas como privadas obtêm ao se organizarem no espaço os economistas denominam de economias de aglomeração Tratase dos ganhos de produtividade atribuídos à aglomeração geográfica da população ou das atividades econômicas Uma vez que a origem desses ganhos de produtividade se localize fora das empresas em seu entorno empregase o termo economias de economias externas ou externalidades PRODUÇÃO PRODUTIVIDADE E EXTERNALIDADES A representação das relações de produção Para produzir uma quantidade Y um agente econômico empresa estabelecimento ou serviço público deve combinar vários fatores de produção A função de produção apresentase da seguinte forma 𝑄 𝑓𝐾 𝐿 𝑍 1 Q quantidade produzida K é o fator capital L é o fator trabalho e Z outro fator qualquer tecnologia conhecimentos terra etc Cada empresa tem sua própria função de produção que se apresenta de forma mais precisa na expressão geral 1 As funções de produção são mais ou menos complexas ou mais ou menos refinadas segundo as circunstâncias e a disponibilidade de dados A ideia básica no entanto é a mesma estabelecer uma relação matemática entre o número de unidades produzidas e o número de insumo Produtividade Em sua formulação mais simples tratase do número de unidades produzidas produção por insumo utilizado De acordo com a fórmula 1 a produtividade se mede da seguinte forma 𝑞 𝑄𝐾 𝐿 2 𝑞𝑘 𝑄𝐾 3 𝑞𝐿 𝑄𝐿 4 q produtividade global em relação aos dois fatores de produção 𝑞𝑘 produtividade do capital 𝑞𝐿 produtividade do trabalho Quantificar a produtividade apresenta também inúmeros problemas tanto pelo custo dos insumos input necessários para produzir como para os produtos output Muitas vezes é impossível encontrar uma medida satisfatória e homogênea para os distintos produtos de uma mesma firma Isto é sobretudo válido para as atividades do setor terciário Ex como medir o produto de uma escola de um hospital ou de um museu Como avaliar a produtividade desse tipo de atividade A maior parte dos estudos se limitam a utilizar dados monetários do valor da produção ou o nível de salários para determinar Q Podemos falar de ganhos de produtividade se Q crescer mais rapidamente que K ou L ou bem mais rapidamente que qualquer combinação de K e L Neste Capítulo trataremos de isolar os ganhos de produtividade atribuídos a uma causa particular a aglomeração geográfica da população e das atividades econômicas Para ilustrar o possível impacto de uma economia de aglomeração representamos a curva C1 como uma localização rural e a curva C2 como uma localização urbana A distância entre ambas as curvas para cada quantidade de produção representa o impacto das economias de aglomeração sobre a produtividade da empresa Por outro lado vimos que as economias internas de escala que dependem da tecnologia do estabelecimento são as que determinam a forma da curva No que se refere às economias externas a diminuição generalizada dos custos unitários curva C2 se traduzirá em uma maior produtividade dos fatores de produção capital e trabalho na cidade e portanto em receitas e salários mais elevados Produtividade agregada espacialmente urbana e regional Uma função agregada de produção reflete a agregação das funções de produção das diversas empresas e de outras atividades econômicas da região 𝑄𝑟 𝑓𝐾𝑟 𝐿𝑟 𝑍𝑟 5 Qr quantidade produzida ou produção agregada da região expressa frequentemente sob a forma de valor bruto da produção da região o PIB Kr quantidade de capital da região expressa quando existe pelo valor do estoque de capital Lr quantidade de trabalho da região expressa frequentemente pelo número de trabalhadores ou pelo número de horas de trabalho semanal ou mensal A estimação de uma função regional ou urbana da produção requer a existência de informaçõesdados sobre a produção em nível urbano ou regional e normalmente esse tipo de informaçãodado é muito escasso Graficamente qualquer incremento global da produtividade da região se traduzirá em um movimento para cima ou para a direita das fronteiras de possibilidades da produção Ex Com a mesma quantidade de insumos capital e trabalho a região A poderá produzir 1000 unidades de lã ao invés de 500 ou 600 unidades de trigo Figura 32 Este ganho de produtividade na produção de lã pode ser pelo maior domínio nas técnicas de criação das ovelhas Neste caso os ganhos de produtividade são explicados pelo progresso tecnológico ou pelo avanço do conhecimento O ganho regional de produtividade também poderia ser interpretado como uma economia de aglomeração se for decorrente da maior eficiência de um sistema de informação e de comercialização devido à aglomeração de agentes econômicos na cidade i Externalidades ou economias externas Tudo o que sucede ao nosso redor e de nossas ações tem um impacto sobre os custos e benefícios Cada local possui suas externalidades positivas e negativas Quando a externalidade é positiva tratamos de economia externa O conceito de externalidade é também um elemento central da economia do meio ambiente Neste aspecto as externalidades negativas as deseconomias externas contaminação engarrafamento etc são as que necessitam de maior atenção As economias externas têm sua origem nos fatores externos ao estabelecimento este último não assume totalmente os custos desses fatores decorrentes de certas vantagens Quando há uma economia interna a origem do ganho de produtividade é geralmente fácil de descobrir e medir A economia se deve a uma tecnologia interna à firma cujo impacto se reflete diretamente na evolução dos custos de produção O termo tecnologia inclui tanto o equipamento e as máquinas como também conhecimentos e a administração que são a base da atividade produtiva No caso das economias externas observase também um ganho de produtividade associada a uma certa localização porém nem sempre é possível detectar suas causas de uma forma precisa A origem desse ganho se situa fora do estabelecimento Se a localização x proporcionar um ganho de produtividade o estabelecimento estará em princípio disposto a pagar mais caro para se localizar nesse lugar o que acarretará pressão sobre os preços do solo O conceito de externalidade se aplica também à análise de lucro e despesas das famílias ou indivíduos O indivíduo X decide pintar sua casa e embelezar o jardim que se encontra na parte externa Isto beneficiar seu vizinho o indivíduo Y assim como todo o bairro tanto no plano estético como no valor de mercado das casas Para os moradores do bairro exceto X tratase de uma externalidade positiva de uma economia externa Supondo que os custos de melhoria serão assumidos pelo governo ou seja pelos contribuintes e não apenas pelos moradores do bairro A linha que separa as economias externas das economias internas não é clara Em um sistema que funcione perfeitamente os preços incluindo todos os impostos refletem o impacto das externalidades No entanto como as relações entre custos e benefícios são muitas vezes indiretas torna se difícil comprovar essa relação Avaliar de maneira justa as externalidades positivas ou negativas e leválas em conta no sistema de preços são dois grandes desafios da análise econômica atual ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO As economias de aglomeração são o conjunto de externalidades desencadeadas quando se tem uma concentração relevante de habitantes e empresas em um determinado lugar em uma cidade Evidentemente nem todas as atividades têm a mesma sensibilidade às economias de aglomeração Se a produtividade de uma atividade econômica aumenta em função do tamanho da cidade dizse que ela é sensível às economias de aglomeração O tamanho da cidade ou ainda a concentração de uma indústria na cidade são aceitos como prova da existência de economias de aglomeração sem que seja possível em geral comprovar precisamente as externalidades desencadeadas por essa aglomeração No Quadro 31 temse população nacional A e produção nacional B para alguns países emergentes Abstraindo outros fatores podemos tomar a relação B e A como indicador da produtividade relativa por trabalhador das zonas urbanas em comparação com regiões do país No caso do Brasil podemos observar que a contribuição da aglomeração urbana de São Paulo ao produto nacional do país 361 é três vezes mais elevada que a parte da população nacional 105 o que significa uma relação de 34 vezes entre esses valores As atividades econômicas localizadas em São Paulo são globalmente mais produtivas que as do resto do país pois produzem entrada mais elevada por habitante Um dos modelos mais interessante pela simplicidade foi desenvolvido pelo economista Antonio Ciccone O autor coloca a média da produtividade de uma área em função da densidade do emprego como uma medida do grau de urbanização inferindo que maior tamanho urbano implicaria em maior disponibilidade de diferentes tipos de emprego ou densidade de trabalhadores A partir disso estimou econometricamente esta relação para Alemanha Reino Unido França e Itália encontrando sempre uma relação positiva pois quando uma cidade dobra de tamanho incrementa a produtividade média entre 45 e 5 Este modelo foi aplicado a outros países e obteve resultados semelhantes com percentuais variando entre 3 e 6 de aumento na produtividade quando o tamanho urbano dobrava Como explicar a relação entre produtividade e tamanho urbano que as análises empíricas parecem demonstrar As economias de aglomeração podem tomar distintas formas estão agrupadas em duas categorias a As economias de localização ou agrupamento b As economias de urbanização ECONOMIAS DE LOCALIZAÇÃO OU AGRUPAMENTO As economias de localização ou agrupamento são o resultado da produtividade de uma indústria ou um conjunto de estabelecimentos conexos atribuídos à sua localização Indústria conjunto de estabelecimentos ou empresas de um mesmo ramo de atividade econômica Ex indústria petroleira indústria têxtil etc Os ganhos de produtividade são decorrentes do tamanho da indústria em uma dada localização Podem ser traçadas curvas de custos tanto para uma indústria como para uma empresa Figura 31 com uma única diferença tais curvas representam agora o efeito acumulado do conjunto de empresas que compõe a indústria Daí se obtém a função de produção agregada de uma indústria Estimação da relevância das economias de localização ou agrupamento Ao estimar a relevância das economias de localização Henderson 1988 isolou o tamanho urbano a fim de comprovar a existência de economias de escala externas decorrentes do tamanho das indústrias A análise de Henderson se resume em introduzir um terceiro fator de produção Z na equação base para captar o impacto do tamanho da indústria sobre a quantidade produzida Q Os coeficientes de Henderson Quadro 33 podem ser compreendidos como a relação entre o crescimento de Q e o crescimento do tamanho da indústria sem aumentar as unidades de capital K ou de trabalho L Os coeficientes podem também ser interpretados como a elasticidade da produção Q em relação ao tamanho Uma vez que os coeficientes são positivos e estatisticamente significativos a análise confirma a existência de economias de escala para as indústrias estudadas A análise de Henderson mostra também que o impacto das economias de escala externas varia segundo a indústria e o contexto O impacto do tamanho sobre a produção tende a diminuir quando a indústria alcança um certo nível em virtude da lei dos rendimentos decrescentes Portanto os ganhos mais importantes são obtidos nos primeiros períodos de expansão da indústria Por que a localizaçãoagrupamento produz efeitos positivos Tanto para uma indústria como para uma empresa individual são os custos fixos e as indivisibilidades que originam os rendimentos de escala Sendo esses custos fixos distribuídos entre os vários usuários As indivisibilidades são custos fixos afetados por uma condição adicional o equipamento e o bem ou serviço não podem existir antes de se alcançar certa dimensão Tratase assim de um objeto ou um serviço que não se divide em elementos menores Esta condição se baseia geralmente nos fatores tecnológicos ou físicos Ex não é possível comprar a metade de um automóvel ou de um cavalo nem utilizar a metade de um canal de um cais ou de uma represa A aglomeração geográfica das empresas de petroquímica pode ser atribuída em parte à possibilidade de se distribuir o custo de seus principais equipamentos oleodutos portos petroleiros etc entre os vários participantes Para designar o conjunto geográfico de estabelecimentos conexos desse tipo se denomina frequentemente de complexos industriais em que os produtos de uma firma são insumos para outra As economias de escala neste caso não dependem exclusivamente de compartilhar os custos fixos mas da redução dos custos de interação espacial e da multiplicação das possibilidades de troca A aglomeração geográfica torna possível a maximização dos ganhos da especialização resultantes das vantagens comparativas A concentração geográfica de uma indústria não se traduz forçosamente em maior tamanho das empresas Pelo contrário a relação parece ser inversa As cidades industriais e as zonas comerciais se caracterizam frequentemente por pequenas e médias empresas PME As economias de escala como vimos são próprias da indústria e não de empresas individuais A frequência e a diversidade das trocas são fatores importantes da aglomeração Para a indústria de confecção a demanda é variável e imprevisível pois os modelos e a moda mudam as preferências e os gostos individuais são distintos etc A empresa Ex a de roupas deve continuadamente modificar e adaptar sua produção Portanto a produção não é padronizada Ao empresário convém se localizar onde houver maior número de fornecedores para poder se necessário mudar rapidamente de fornecedor Sabemos que agrupar compras e transações significa uma economia de tempo para o consumidor e portanto em um maior número de clientes potenciais por comerciante no lugar central um movimento maior de escritórios de mercadorias e consequentemente na possibilidade de oferecer bens e serviços a menores preços As economias de escala podem ser significativas se os gastos de armazenamento por exemplo forem elementos importantes dos custos Outros ganhos de produtividade que devem ser classificados entre as economias de localização são a os ganhos de produtividade que um estabelecimento pode obter ao reduzir os custos de informação custos associados à inovação e adoção de novos métodos de produção e comercialização Ao se localizar próxima das empresas que pertencem ao mesmo setor de atividade a empresa maximiza as oportunidades de se manter a par das informações e inovações essenciais à indústria Ex as indústrias intensivas em informação o setor financeiro e as indústrias de alta tecnologia por exemplo b as economias devido à redução dos custos de recrutamento e formação da mão de obra As possibilidades de encontrar uma mão de obra competente e experiente são maiores em um local onde existam estabelecimentos do mesmo tipo c ao se localizar em um contexto onde há abundante mão de obra especializada e experiente a empresa maximiza a oportunidade da formação e experiência adquiridas pelos trabalhadores nos estabelecimentos concorrentes sem ter que pagar diretamente todo o custo Para a empresa tratase de uma externalidade positiva Ademais as trocas formais e informais de informação tendem a aumentar a produtividade global da mão de obra da indústria É provável que este último fator mais que qualquer outro explique a produtividade e também os salários mais elevados nas aglomerações urbanas ECONOMIAS DE URBANIZAÇÃO As economias de urbanização são economias externas que se beneficiam das indústrias pelo simples fato de se localizarem na cidade 𝑥 As economias de urbanização são internas à região porém externas em relação às empresas ou indústrias que dela se beneficiam Explicação das economias de urbanização As economias externas decorrentes das trocas da informação das possibilidades de recrutamento e formação da mão de obra e dos custos fixos são mais importantes quando aplicadas a um maior número de agentes econômicos O simples fato de um maior mercado de mão de obra facilitar o recrutamento de trabalhadores de todos os tipos e também maior acesso e rapidez da informação representa vantagens para a empresa Pensemos em uma empresa prestadora de serviços financeiros ou de assessoria em gestão empresarial Em ambos os casos a clientela possível pode variar muito de um ano para outro pois abrange uma série de indústrias e setores de atividade econômica A mão de obra especializada necessária para essas empresas abrange também diversas áreas e profissões contabilistas designers engenheiros arquitetos analistas financeiros administradores publicitários advogados economistas entre outros Na grande cidade as empresas desse tipo maximizam suas oportunidades de encontrar uma clientela que possa maximizar os custos de recrutamento e formação de mão de obra Ademais sabemos pelo princípio de centralidade que o estabelecimento procurará ceteris paribus se situar no centro de seu mercado fator que o leva à grande cidade em função do tamanho de seu mercado Os serviços públicos e as infraestruturas Os benefícios decorrentes da produção de bens públicos são um elementochave das economias de urbanização Grandes infraestruturas os portos rodovias água encanamento aeroportos esgoto e redes de energia elétrica Serviços a administração pública a educação a saúde a justiça e a segurança A eficiência desses serviços terá maior impacto na produtividade global da cidade Como limitar a um público ou a uma determinada clientela os benefícios resultantes das vias urbanas da segurança pública da conservação e limpeza dos locais públicos ou do controle da qualidade do ar Os serviços públicos e as infraestruturas são também sensíveis às economias de escala Ex A qualidade de um aeroporto porto marítimo ou rodovia apoia se em parte na frequência do serviço e na diversidade dos destinos que oferece No entanto frequência e diversidade dependem do tamanho do mercado Em resumo a qualidade do serviço médico ou do sistema de educação e o tamanho urbano estão muitas vezes associados AS LOCALIZAÇÕES DE SUCESSO Localizações que aproveitam simultaneamente dinâmicas de agrupamento e urbanização Buscamos analisar de modo independente as duas principais externalidades derivadas da aglomeração as economias de localização e as economias de urbanização tratando de compreender seus efeitos separadamente As indústrias buscam aproveitar simultaneamente ambas dando lugar a espaços dentro ou muito próximos de grandes aglomerações urbanas os quais produzem fortes concentrações de indústrias similares ou indústrias com intensas sinergias entre si Quando existe um espaço desse tipo acaba se tornando uma área muito exitosa com crescimentos superiores ao resto do território do qual fazem parte pois aproveitam todas as externalidades decorrentes da aglomeração Esses espaços são ainda mais exitosos quando se retiram os efeitos devido à globalização fenômeno que consiste essencialmente em uma integração crescente dos mercados de bens e serviços pela melhoria nas tecnologias de transporte e comunicações Isto é as fronteiras entre os países diminuem e geram assim um grande mercado mundial Para sobreviver neste contexto é necessário se especializar ao máximo buscando uma elevadíssima competitividade em uma determinada atividade A existência de espaços com fortes concentrações de uma indústria ou de indústrias similares facilita essa especialização independentemente do tamanho da empresa favorecida pelas economias de localização Ao mesmo tempo é necessário ter grande flexibilidade para responder às constantes mudanças das economias globalizadas e dominar todos os recursos complexos para ser bemsucedido Os espaços que combinam esses dois aspectos das economias de aglomeração são os que melhor funcionam no mundo globalizado atual SÍNTESE DO CAPÍTULO As economias de aglomeração proporcionam às empresas e à população vantagens que se traduzem em incrementos de produtividade e portanto maiores níveis de renda por habitante É difícil medir com precisão as economias de aglomeração pois se manifestam de inúmeras formas para a empresa e para as pessoas como acesso a melhores serviços de saúde melhor sistema de educação e infraestruturas mais baratas e também sob a forma de redes de informação e comunicação redes de troca e serviços públicos inexistentes no meio urbano Podese também atribuir às economias de aglomeração a possibilidade de se aproveitar as vantagens de especialização economias de escala externas e divisão do trabalho o que gera maior produtividade e flexibilidade operacional das empresas As aglomerações urbanas são portanto fonte de desenvolvimento crescimento e competitividade Vale lembrar que as cidades não geram apenas externalidades positivas É evidente que em uma grande cidade se concentram poluição tráfego e inúmeros outros problemas alguns de difícil gestão mas de importância vital