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PARANÓIA OU MISTIFICAÇÃO Monteiro Lobato Estado de São Paulo 20121917 Há duas espécies de artistas Uma composta dos que vêm as coisas e em consequência fazem arte pura guardados os eternos ritmos da vida e adotados para a concretização das emoções estéticas os processos clássicos dos grandes mestres Quem trilha esta senda se tem gênio é Praxiteles na Grécia é Rafael na Itália é Reynolds na Inglaterra é Dürer na Alemanha é Zorn na Suécia é Rodin na França é Zuloaga na Espanha Se tem apenas talento vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno desses sóis imorredouros A outra espécie é formada dos que vêm anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência são frutos de fim de estação bichados ao nascedouro Estrelas cadentes brilham um instante as mais das vezes com a luz do escândalo e somemse logo nas trevas do esquecimento Embora se dêem como novos como precursores de uma arte a vir nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica nasceu como a paranóia e a mistificação De há muito que a estudam os psiquiatras em seus tratados documentandose nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios A única diferença reside em que nos manicômios essa arte é sincera produto lógico dos cérebros transtornados pelas mais estranhas psicoses e fora deles nas exposições públicas zabumbadas pela imprensa partidária mas não absorvidas pelo público que compra não há sinceridade nenhuma nem nenhuma lógica sendo tudo mistificação pura Todas as artes são regidas por princípios imutáveis leis fundamentais que não dependem da latitude nem do clima As medidas da proporção e do equilíbrio na forma ou na cor decorrem do que chamamos sentir Quando as coisas do mundo externo se transformam em impressões cerebrais sentimos Para que sintamos de maneira diversa cúbica ou futurista é forçoso ou que a harmonia do universo sofra completa alteração ou que o nosso cérebro esteja em desarranjo por virtude de algum grave destempero Enquanto a percepção sensorial se fizer no homem normalmente através da porta comum dos cinco sentidos um artista diante de um gato não poderá sentir senão um gato e é falsa a interpretação que o bichano fizer do totó um escaravelho ou um amontoado de cubos transparentes Estas considerações são provocadas pela exposição da sra Malfatti onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso Cia Essa artista possui um talento vigoroso fora do comum Poucas vezes através de uma obra torcida em má direção se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes Percebese de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é independente como é original como é inventiva em que alto grau possui umas tantas qualidades inatas das mais fecundas na construção duma sólida individualidade artística Entretanto seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna penetrou nos domínios de um impressionismo discutibilíssimo e pôs todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura Sejamos sinceros futurismo cubismo impressionismo e tutti quanti não passam de outros ramos da arte caricatural É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado Caricatura da cor caricatura da forma mas caricatura que não visa como a verdadeira ressaltar uma idéia mas sim desnortear aparvalhar atordoar a ingenuidade do espectador A fisionomia de quem sai de uma de tais exposições é das mais sugestivas Nenhuma impressão de prazer ou de beleza denunciam as caras em todas se lê o desapontamento de quem está incerto duvidoso de si próprio e dos outros incapaz de raciocinar e muito desconfiado de que o mistificaram grosseiramente Outros certos críticos sobretudo aproveitam a vasa para épater le bourgeois chocar o burguês Teorizam aquilo com grande dispêndio de palavreado técnico descobrem na tela intenções inacessíveis ao vulgo justificamnas com a independência de interpretação do artista a conclusão é que o público é uma besta e eles os entendidos um grupo genial de iniciados nas transcedências sublimes duma Estética Superior No fundo riemse uns dos outros o artista do crítico o crítico do pintor É mister que o público se ria de ambos Arte moderna eis o escudo a suprema justificação de qualquer borracheira Como se não fossem moderníssimos esse Rodin que acaba de falecer deixando após si uma esteira luminosa de mármores divinos esse André Zorn maravilhoso virtuose do desenho e da pintura esse Brangwyn gênio rembrandtesco da babilônia industrial que é Londres esse Paul Chabas mimoso poeta das manhãs das águas mansas e dos corpos femininos em botão Como se não fosse moderna moderníssima toda a legião atual de incomparáveis artistas do pincel da pena da águaforte da pontaseca que fazem da nossa época uma das mais fecundas em obras primas de quantas deixaram marcos de luz na história da humanidade Na exposição Malfatti figura ainda como justificativa da sua escola o trabalho de um mestre americano o cubista Bolynson É um carvão representando sabese disso porque o diz a nota explicativa uma figura em movimento Ali está entre os trabalhos da sra Malfatti em atitude de quem prega eu sou o ideal sou a obra prima julgue o público do resto tomandome a mim como ponto de referência Tenhamos a coragem de não ser pedantes aqueles gatafunhos não são uma figura em movimento foram isto sim um pedaço de carvão em movimento O sr Bolynson tomouo entre os dedos das mãos ou dos pés fechou os olhos e fêlo passear pela tela às tontas da direita para a esquerda de alto a baixo E se não fez assim se perdeu uma hora da sua vida puxando riscos de um lado para outro revelouse tolo e perdeu o tempo visto como o resultado seria absolutamente igual Já em Paris se fez uma curiosa experiência ataram uma brocha à cauda de um burro e puseramno de traseiro voltado para uma tela Com os movimentos da cauda do animal a brocha ia borrando um quadro A coisa fantasmagórica disso resultante foi exposta como um supremo arrojo da escola futurista e proclamada pelos mistificadores como verdadeira obra prima que só um ou outro raríssimo espírito de eleição poderia compreender Resultado o público afluiu embasbacou os iniciados rejubilaram e já havia pretendentes à compra da maravilha quando o truque foi desmascarado A pintura da sra Malfatti não é futurista de modo que estas palavras não se lhe endereçam em linha reta mas como agregou à sua exposição uma cubice queremos crer que tende para isso como para um ideal supremo Que nos perdoe a talentosa artista mas deixamos cá um dilema ou é um gênio o sr Bolynson e ficam riscadas desta classificação como insignes cavalgaduras cortes inteiras de mestres imortais de Leonardo a Rodin de Velazquez a Sorolla de Rembrandt a Whistler ou vice versa Porque é de todo impossível dar o nome de obra darte a duas coisas diametralmente opostas como por exemplo a Manhã de Setembro de Chabas e o carvão cubista do sr Bolynson Não fosse profunda a simpatia que nos inspira o belo talento da sra Malfatti e não viríamos aqui com esta série de considerações desagradáveis Como já deve ter ouvido numerosos elogios à sua nova atitude estética há de irritála como descortês impertinência a voz sincera que vem quebrar a harmonia do coro de lisonjas Entretanto se refletir um bocado verá que a lisonja mata e a sinceridade salva O verdadeiro amigo de um pintor não é aquele que o entontece de louvores sim o que lhe dá uma opinião sincera embora dura e lhe traduz chãmente sem reservas o que todos pensam dele por detrás Os homens têm o vezo de não tomar a sério as mulheres artistas Essa é a razão de as cumularem de amabilidades sempre que elas pedem opinião Tal cavalheirismo é falso e sobre falso nocivo Quantos talentos de primeira água não transviou não arrastou por maus caminhos o elogio incondicional e mentiroso Se víssemos na Sra Malfatti apenas a moça prendada que pinta como as há por aí às centenas calarnosíamos ou talvez lhe déssemos meia dúzia desses adjetivos bombons que a crítica açucarada tem sempre à mão em se tratando de moças Julgamola porém merecedora da alta homenagem que é ser tomada a sério e receber a respeito de sua arte uma opinião sinceríssima e valiosa pelo fato de ser o reflexo da opinião geral do público não idiota dos críticos não cretinos dos amadores normais dos seus colegas de cabeça não virada e até dos seus apologistas Dos seus apologistas sim dona Malfatti porque eles pensam deste modo por trás

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futurista é forçoso ou que a harmonia do universo sofra completa alteração ou que o nosso cérebro esteja em desarranjo por virtude de algum grave destempero Enquanto a percepção sensorial se fizer no homem normalmente através da porta comum dos cinco sentidos um artista diante de um gato não poderá sentir senão um gato e é falsa a interpretação que o bichano fizer do totó um escaravelho ou um amontoado de cubos transparentes Estas considerações são provocadas pela exposição da sra Malfatti onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso Cia Essa artista possui um talento vigoroso fora do comum Poucas vezes através de uma obra torcida em má direção se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes Percebese de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é independente como é original como é inventiva em que alto grau possui umas tantas qualidades inatas das mais fecundas na construção duma sólida individualidade artística Entretanto seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna penetrou nos domínios de um impressionismo discutibilíssimo e pôs todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura Sejamos sinceros futurismo cubismo impressionismo e tutti quanti não passam de outros ramos da arte caricatural É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado Caricatura da cor caricatura da forma mas caricatura que não visa como a verdadeira ressaltar uma idéia mas sim desnortear aparvalhar atordoar a ingenuidade do espectador A fisionomia de quem sai de uma de tais exposições é das mais sugestivas Nenhuma impressão de prazer ou de beleza denunciam as caras em todas se lê o desapontamento de quem está incerto duvidoso de si próprio e dos outros incapaz de raciocinar e muito desconfiado de que o mistificaram grosseiramente Outros certos críticos sobretudo aproveitam a vasa para épater le bourgeois chocar o burguês Teorizam aquilo com grande dispêndio de palavreado 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deixaram marcos de luz na história da humanidade Na exposição Malfatti figura ainda como justificativa da sua escola o trabalho de um mestre americano o cubista Bolynson É um carvão representando sabese disso porque o diz a nota explicativa uma figura em movimento Ali está entre os trabalhos da sra Malfatti em atitude de quem prega eu sou o ideal sou a obra prima julgue o público do resto tomandome a mim como ponto de referência Tenhamos a coragem de não ser pedantes aqueles gatafunhos não são uma figura em movimento foram isto sim um pedaço de carvão em movimento O sr Bolynson tomouo entre os dedos das mãos ou dos pés fechou os olhos e fêlo passear pela tela às tontas da direita para a esquerda de alto a baixo E se não fez assim se perdeu uma hora da sua vida puxando riscos de um lado para outro revelouse tolo e perdeu o tempo visto como o resultado seria absolutamente igual Já em Paris se fez uma curiosa experiência ataram uma brocha à cauda de um burro e puseramno de traseiro voltado para uma tela Com os movimentos da cauda do animal a brocha ia borrando um quadro A coisa fantasmagórica disso resultante foi exposta como um supremo arrojo da escola futurista e proclamada pelos mistificadores como verdadeira obra prima que só um ou outro raríssimo espírito de eleição poderia compreender Resultado o público afluiu embasbacou os iniciados rejubilaram e já havia pretendentes à compra da maravilha quando o truque foi desmascarado A pintura da sra Malfatti não é futurista de modo que estas palavras não se lhe endereçam em linha reta mas como agregou à sua exposição uma cubice queremos crer que tende para isso como para um ideal supremo Que nos perdoe a talentosa artista mas deixamos cá um dilema ou é um gênio o sr Bolynson e ficam riscadas desta classificação como insignes cavalgaduras cortes inteiras de mestres imortais de Leonardo a Rodin de Velazquez a Sorolla de Rembrandt a Whistler ou vice versa Porque é de todo impossível dar o nome de obra darte a duas coisas diametralmente opostas como por exemplo a Manhã de Setembro de Chabas e o carvão cubista do sr Bolynson Não fosse profunda a simpatia que nos inspira o belo talento da sra Malfatti e não viríamos aqui com esta série de considerações desagradáveis Como já deve ter ouvido numerosos elogios à sua nova atitude estética há de irritála como descortês impertinência a voz sincera que vem quebrar a harmonia do coro de lisonjas Entretanto se refletir um bocado verá que a lisonja mata e a sinceridade salva O verdadeiro amigo de um pintor não é aquele que o entontece de louvores sim o que lhe dá uma opinião sincera embora dura e lhe traduz chãmente sem reservas o que todos pensam dele por detrás Os homens têm o vezo de não tomar a sério as mulheres artistas Essa é a razão de as cumularem de amabilidades sempre que elas pedem opinião Tal cavalheirismo é falso e sobre falso nocivo Quantos talentos de primeira água não transviou não arrastou por maus caminhos o elogio incondicional e mentiroso 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