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Relações Internacionais ·

Economia Política

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Carlos A Medeiros Franklin Serrano Padrões monetários internacionais e crescimento Introdução A tendência natural do capitalismo desregulado é a crescente polariza ção e a divergencia entre laxas de crescimento do produto c níveis de renda per capita dos diferentes países1 Esta tendência ao desenvolvimento desi gua decorre dos efeitos cumulativos das enormes assimetrias entre os países centrais e os periféricos Estas assimetrias dizem respeito fundamen talmente a três aspectos a saber a o poder militar b o controle da moeda e finanças internacionais e c o controle sobre a tecnologia e o progresso técnico Cardoso de Mello 1997 Tais assimetrias que também se reproduzem ainda que em menor grau entre os países desenvolvidos podem gerar fortes efeitos cumulati vos corno a facilidade de forjar alianças e expandir o poder político e diplo mático que vêm do poderio militar a maior liquidez e segurança que a Os aurores agradecem o apoio financeiro do CNPq a Carlos Pinkusfcld Bastos pela revi sao c comentários e a Maria Malea pela assistência à pesquisa 1 Para urna ronce ortodoxa ver Barro e aIayMartn 1991 rm que dados sobre o supos to puzzle para os ncoclássicos ia não convergencia da renda percapáa entre países e re giões são apresentados Notcsc que a evidencia de convergencia parcial dentro de regiões muito integradas como os diversos estados dos liUA ou países da Europa Ocidental no pósguerra não contraria a proposição de que o capitalismo desregulado rende a divergir pois nestas regiões a atuação do Estado ou Estados fot evidentemente fundamental A menos de outras qualificações seguimos ueste texto a definição de Cardoso de Mello para quem tres elementos caracterizam a periferia a narureza dinamicamente dependente do sistema produtivo a fragilidade monetaria e financeira externa a subordinação políti comilitar Cardoso de Mello iy97 p 18 19 Carlos A Medeiros c Franklit Serrano moeda c os ativos financeiros do centro principalmente os do país que emi te a moeda internacional naturalmente proporcionam aos detentores de capital de iodos os países e os retornos crescentes de escala e aprendiza do que decorrem do controle da tecnologia e dos mercados internacionais Dessa forma tanto a ampliação ou mudança na hierarquia dos países do centro quanto o crescimento acelerado e mesmo a diminuição significa tiva do atraso relativo dos países da periferia são processos que pouco ou nada têm de automáticos ou naturais e dependem fundamentalmente de estrategias internas de desenvolvimento dos Estados nacionais Por outro lado precisamente pelas assimetrias mencionadas acima o resultado final de tais projetos está tortemenre associado em cada período histórico as suas condições externas Nosso ponto de partida é o de que em cada momento da evolução do sistema monetário internacional com a exceção dentro de certos limites do país central que emite a rnoeda dominante em todos os demais países que tentam se desenvolver o papel dos condicionantes externos aparece de forma objetiva no faro de que estes têm sempre que enfrentar e resolver o seu problema de balanço de pagamentos Nossa hipótese central é a de que a amplitude dos espaços e oportuni dades para o crescimento desses países em cada período histórico está liga da a dois determinantes fundamentais da natureza da restrição externa por eles enfrentada i as características gerais do regime monetario internacio nal e em particular a forma pela qual o país central opera o padrão mone tario internacional ii a orientação geopolítica das poténcias dominantes O país que emite a moeda de curso internacional por nao estar direca mente sujeito à restrição de balança de pagamentos cumpre um papel fundamental no controle da expansão da demanda efetiva e da liquidez internacional ver Triffin 1972 influenciando a divisão internacional do trabalho de forma decisiva tanto pela criação c expansão dos merca dos internacionais quanto pela viabilização de seu financiamento ver Prebisch 1949 Por outro lado a forma c a direção que a criação de mercados e a expan são da integração financeira comandada pelo país central assumirem serão influenciadas pela situação geopolítica internacional principalmente no que diz respeito às rivalidades e à natureza dos conflitos entre as principáis potências internacionais Vamos usar a seguinte cronologia de regimes monetarios internacionais 1 O padrão ourolibra de 1819 até 1914 2 A tentativa de retorno ao padrão ourolibra do fim da Primeira Guer ra até os anos 30 J 20 PADRÕES MONETARIOS INTERNACIONAIS F CRESCIMFNI ü 3 O padrão ourodólar do fim da Segunda Guerra até 1971 4 O período de crisc entro 197 1 e 1979 5 O padrão dólar flexível de L980 até os dias de hoje Na seção 2 resumimos brevemente algumas das características principais de cada um destes regimes Na seção 3 discutimos esquemáticamente a rela ção entre o centro e a restrição externa da periferia no padrão ourolibra e em sua crise regimes 1 c 2 acima Fazemos o mesmo para o ourodólar e sua cri se regimes 3 e 4 na seção 4 e para o atual padrão dólar flexível regime 5 na seção 5 A seção 5 apresenta breves observações Finais 2 A evolução do sistema monetário internacional O primeiro período 18191914 corresponde ao padrão ourolibra quando a libra era a moedachave para as transações internacionais Nesse períodogrosso m odo a Inglaterra mantém a paridade de sua moeda em re lação ao ouro tem crescente déficit comercial em termos de mercadorias que é compensado em grande parte por superávits cm serviços nãoíatures como fretes e seguros e a renda líquida recebida de seus ativos no exterior de tai forma que não ocorrem déficits em conta corrente durante este perío do a Inglaterra mantém superávits em conta corrente os déficits só começam a aparecer depois do início da Primeira Guerra Mundial ver Kcnwood e Iougheed 1982 Apesar dos superávits em conta corrente a Inglaterra tem déficits globais na balança de pagamentos devido ao grande montante de in vestimentos diretos e empréstimos ao exterior Estes déficits não envolvem nenhuma perda de ouro pois dada a posição internacional da libra como ativo de reserva a Inglaterra financia com facilidade todo o seu déficit de ba lança de pagamentos causado pela saída de capital de longo prazo receben do as aplicações de curto prazo do resto do mundo Nesse sistema é importante ressaltar que por conta do protecionismo dos ganhos de produtividade dos outros países que se industrializam França Alemanha EUA e também do câmbio fixo inglês os crescentes déficits de mercadorias da GrãBretanha com seus parceiros que se industrializam são compensados não apenas pelos serviços nâofatores e renda dos seus ativos externos mas também pelo grande saído de mercadorias positivo com as co lônias particularmente no que diz respeito àíndia ver De Ceceo 1984 5 5 Nocese que como cm Kindleberger 19S7 estamos definindo o saldo da balança de pa gamentos do país que emite a moeda internacional como igual á variação de ouro mais vari ação dc ativos externos de curto prazo ver Serrano 1999 121 Carlos A Medeiros e FianWin Serrano N o segundo período que se inicia no final da Primeira Guerra vemos que esse sistema já não funciona adequadamente De um lado o antigo país central dominante a Inglaterra passa a incorrer em déficits na conta cór reme perde inclusive o saldo comercial positivo com a India De outro há o retorno à conversibilidade feito à paridade antiga a despeito das diferen ças de inflação durante a Primeira Guerra e da mudança de paridade dc vá rios outros países Esse retorno à velha paridade foi muito criticado por Kcynes mas do ponto de vista dos interesses financeiros como relembra Hicks 1989 fazia sentido para manter a idéia de que a libra de faro era as good as gokr Como se sabe esse retorno é um fracasso dada a perda de competitivi dade industrial inglesa e as mudanças na situação internacional Desde as últimas décadas do século X IX os demais países industriais impõem grada tivamente crescentes obstáculos às saídas de capital de curto prao em dire ção a Londres numa tendência que se acelera muito fortcinente a partir da Primeira Guerra Estes elementos somados aos déficits em conta corrente observados tanto na Inglaterra quanto nos demais países europeus com os EUA em vários anos a partir da Primeira Guerra e aos pagamentos de repa rações dos perdedores da guerra fazem com que o ouro nas décadas de 20 e 30 vá fluindo cada vez mais em uma única direção os EUA Além das características estruturais distintas a política econômica americana na época tornava impossível a este país cumprir o papel desem penhado pela Inglaterra no período anterior Ao longo deste período os EUA obtêm vultosos saldos positivos tanto na conta corrente inclusive na balança comercial na conta de mercadorias quanto na conta de capitais atraindo cada vez mais o ouro do resto do mundo Para piorar a situação nos anos 30 os EUA aumentam suas tarifas sobem a taxa de juros e depois ainda desvalorizam o câmbio lançando o mundo na Grande Depressão Depois da Segunda Guerra temos o período do padrão ourodólar de Bretton Woods Nesse período que vai aré 1971 o preço oficial do ouro em dólar é mantido fixo e o dólar substitui de vez a libra como a moedachave nas transações internacionais No início do período os EUA têm saldo co mercial e em conta corrente positivo mas a Guerra Fria faz com que via ajuda externa e através de empréstimos e investimento direto os FAJA re nham crescentes déficits na balança de pagamentos Ao longo do tempo com a reconstrução dos demais países capitalistas centrais incentivada e fi nanciada pelos próprios americanos os saldos comerciais e de conta cor rente dos EUA são reduzidos continuamente até se tornarem negativos em 1971 Ao longo da década de 60 vai ficando claro para o governo america no que um realinhamento cambial se torna necessário para desacelerar o declínio relativo da competitividade dos EUA 122 PADRÕES MONETÁRIOS INTERNACIONAIS h CRESCIMENTO No entanto a desvalorização do dólar dentro das regras do sistema isto é via aumento do preço do dólar em ouro não era desejável para os americanos pois havia o risco de que tal mudança gerasse uma fuga genera lizada do dólar para o ouro Se isto ocorresse haveria o perigo de que a res trição do balanço de pagamentos que não existia para os FUA nessa época da mesma forma que não existia para a Inglaterra no período do padrão ou rolibra até a Primeira Guerra voltasse a existir à medida que pagamen tos internacionais passassem a ser feitos cada vez mais diretamente em ouro em vez de dólar Por outro lado os demais países centrais recusaram a proposta dos EUA de um movimento coordenado de valorização das moedas dos outros paí ses que simultaneamente deveríam reduzir o preço oficial do ouro em suas respectivas moedas Além disso estes países insistiam cm propostas de re forma que diminuiríam a importância do dólar na economia internacional aumentando o papel do ouro eou dos Direitos Especiais de Saquever So lomon 1982 Nesse contexto de impasse a solução encontrada pelos EUA para con ciliar a preservação do papel internacional do dólar com seu desejo de des valorizar o câmbio foi decretar unilaicralmente a inconversibilidade do dólar em ouro em 1971 como preparação para a iniciativa americana de desvalorização do dólar que começa em 1973 ver Parboni 1981 A decisão americana de desmontar unilateralmente o sistema de Bret ton Woods faz a economia mundial capitalista entrar num período de gran de turbulência A nova situação de inconversibilidade e flexibilização das taxas de câm bio dos países centrais gerou grandes ondas especulativas num contexto em que a demanda efetiva e a liquidez internacional cresciam impulsiona das tanto pela expansão acelerada da economia americana quanto pela ex pansão do circuito offshore do eurodóíar O acirramento das rivalidades entre os Estados capitalistas e a comple xa situação geopolítica da década de 1970 naturalmente contribuíram para ampliar essa instabilidade sistêmica Além disso na medida em que as taxas de juros americanas eram manti das relativamente baixas para operar a desvalorização do dólar ficando ne gativas em termos reais se desenvolveu uma enorme onda especulativa de commoditie que culmina nos choques do petróleo levando a uma explo são inflacionária jamais vista em tempos de paz nos países centrais Esse movimento especulativo sem dúvida foi ampliado pelo fato de que diversos países ainda mantinham restrições a fluxos de capital especu lativo externo de curto prazo que eram parte integrante do antigo sistema de Bretton Woods apesar da flexibilidade das taxas de câmbio o que torna Cirios A Medeiros C Kranklin Serrano va especular com comtnodities uma maneira indireta de fazer especulação cambial ver Biasco 1979 No final de 1979 ocorre urna nova e decisiva guinada na política monetá ria americana com o choque dos juros de Volcker presidente do FFD à épo ca As taxas de uros nominais e reais atingem níveis sem precedentes e são acompanhadas por uma onda de inovações e desrcgulaçâo financeiras que desde então vem espalhando por todo o mundo a combinação entre enormes fluxos de capitais de curto prazo c a volatilidade de juros c taxas de cambio Com essa política a bolha de preços de commodities e a inflação inter nacional são debeladas Os BUA a partir de então retomam progressiva mente o controle do sistema monetáriolinanceiro internacional ver Tavares 1985 Os demais países centráis finalmente convencidos da futi lidade de questionar a centralidade do dólar no novo sistema passam a acei tar um novo padrão monetário internacional o padrão dólar flexível Nesse novo padrão o dólar continua sendo a moeda internacional So que agora finalmente lire das duas limitações que tanto o padrão ou rolibra quanto o ourodólar impunham aos países que emitiam a moe dachave a saber a necessidade de manter o cambio fixo para evitar a fuga para o ouro e de evitar déficits na coma corrente para inibir reduções nas reservas de ouro do país central ver Serrano 1999 No amal padrão dólar flexível os EUA podem incorrer em déficits glo bais na balança de pagamentos e financiálos com ativos denominados em sua própria moeda como nos outros padrões anteriormente citados Além disso a ausencia de conversibilidade em ouro dá ao dólar a liberdade de va riar por sua iniciativa unilateral a paridade cm relação às moedas dos outros países conforme sua conveniencia através de mudanças nas taxa de juros americanas Isso é verdade tanto para valorizar o dólar período 8085 e 9599 quanto para desvalorizádo período 8595 No último caso não há mais por que temer urna fuga para o ouro pois o novo padrão dólar flexível é internamente fiduciario baseado na premissa de que um dólar isasgood 75 one dollar premissa ancorada no poder do Estado e da economia ame ricana no mundo unipolar pósGuerra Tria O dólar é o meio de pagamento internacional a unidade de coma nos contratos e nos preços dos mercados internacionais e também naturalmente a principal reserva de valor Flutuações na paridade do dólar com as outras moedas tem efeito apenas nas outras moedas que perdem competitividade quando se valorizam e so frem pressões inflacionárias quando se desvalorizam cm relação ao dólar A 1 herdade para fazer flutuar o dólar é assim uma das vantagens do padrão dó lar flexível permitindo que os EUA não tenham que perder competitivi dade real em nome da manutenção de sua preeminencia financeira PADKÓFS MONH1 ÁRIOS INTERNACIONAIS t CRESCIMENTO A outra vantagem para os EUA da ausencia de conversibilidade em ouro é a eliminação completa da sua restrição externa Agora os EUA podem in correr também em déficits em conta corrente permanentes sem precisar se preocupar com o faro de que seu passivo externo líquido está aumentando urna vez que este passivo externo é composto de obrigações denomina das na própria moeda americana e não conversíveis em mais nada desapa rece o problema da redução das reservas em ouro quando ocorrem déficits em coma corrente ver Serrano 1999 O padrâodólar flexível que Nixon e Kissinger tentaram implantar nos turbulentos anos 70 e que se torna uma realidade a partir dos anos 80 per mite então que os EUA incorram em déficits de conta corrente permanen tes tanto é assim que a economia americana tem tido déficits em conta corrente em quase todos os anos desde 1971 exceto em 7376 e 8081 Nesse sistema todo o valor dos déficits americanos tanto em coma corren te quanto na balança de pagamentos na medida que os pagamentos inter nacionais são realizados em dólar é total e automaticamente financiado por um influxo de capital de curto prazo idéntico ao aumento das reservas dos outros países que necessariamente se quiserem participar da econo mia monetaria capitalista internacional têm que aceitar simplesmente acu mular títulos em dólar em geral a própria dívida pública americana Em seu último livro Hicks 1989 percebeu que os EUA a partir do ini cio dos anos 80 haviam tomado para si a responsabilidade de ser a moeda internacional c portanto corretameme passaram a manter uma atitude passiva em relação ao resultado de sua balança de pagamentos No entanto Hicks se pergunta se esse papel pode ser desempenhado sa tisfatoriamente por uma moeda fraca como o dólar Por fraca Hicks quer dizer apenas que essa é a moeda de um país que tende a déficits crôni cos na conta corrente A resposta a essa dúvida parece ser afirmativa uma vez que a vitória americana na Guerra Fria garantiu o sucesso da desmonet i zaçào definitiva do ouro e a redução da capacidade de contestação da lide rança americana por parte dos outros Estados nacionais capitalistas 3 Crescimento do padrão ourolibra 31 Dois padrões de crescimento As condições gerais estabelecidas pelo padrão monetário libraouro permitiram dois processos de desenvolvimento o industrializante lidera do pelo Estado e centrado na formação expansão e proteção do mercado interno e o desenvolvimento para fora complementar à estrutura pro dutiva inglesa c baseado na produção especializada de commodities A pos I2S Orlos A Medeiros t iranklm Serrano sibilidade de copiar técnicas estabelecer unilateralmente controles de capital e erigir barreiras tarifarias no primeiro caso e o investimento dire to británico nos países periféricos com condições especiais para produção de alimentos e matériasprimas no outro responderam pelas trajetórias mais bemsucedidas de crescimento No entanto a maioria dos países em particular nos continentes asiático e africano permaneceu à margem de ambos os processos de desenvolvimento 32 O modelo agrárioexportador e o desenvolvimento para fora Em relação aos países que se inserem e se desenvolvem através da ex portação de alimentos e matériasprimas a questão central foi amplamente examinada por Prebisch 1949 tendo em vista a assimetria e a dependência do movimento cíclico do centro principal apenas em circunstâncias muito particulares pode um crescimento puxado pelas exportações se afirmar como motor do desenvolvimento como de fato ocorreu em países como Argentina Canadá Austrália Nova Zelândia ou Noruega e Dinamarca O ajustamento cíclico da balança de pagamentos inglesa via variações na taxa dc juros se por um lado permitia à Inglaterra financiar suas contas ex ternas com tranqüilidade por outro lado impunha aos países agrá rioexportadores da periferia uma forte instabilidade cíclica Triffin 1972 Na fase de auge cíclico tanto o déficit comercial quanto os investimen tos diretos e empréstimos da Inglaterra ao exterior aumentavam Nesse momento para evitar a saída de ouro a Inglaterra aumentava suas taxas de juros o que levava a uma diminuição no crescimento da criação de crédito na Inglaterra engrandes entradas de capital atraído pelos jurosingleses Isso levava à reversão do ciclo e à diminuição do déficit comercial tan to via diminuição do quantum importado como também pela queda simul tânea dos preços das matériasprimas e alimentos importados Assim para a Inglaterra a variação da taxa de juros permitia tatuo o financiamento quanto o amortecimento das flutuações cíclicas de sua balança de paga mentos global pois as mudanças na conta de capitais tendiam a compensar os movimentos na balança comercial No entanto na periferia este mesmo movimento tinha o efeito exata mente inverso ou seja de exacerbar a instabilidade cíclica Na fase ascen dente do ciclo esses países se deparavam com demanda forte por seus produtos de exportação termos de trocas favoráveis juros externos bai xos e amplos influxos de capital externo Por outro lado na fase descen dente sofriam simultaneamente um choque negativo de demanda por exportações queda nos termos de troca aumentos na taxa de juros exter na além de tendência à saída de capital atraído pelos juros altos ingleses e pelo risco de crise cambial na periferia 126 PADRÕES MONETARIOS INTERNACIONAIS F CRESCIMENTO Nesse contexto duas condições eram necessárias para que os países agrárioexportadores a despeito da instabilidade conseguissem equacio nar seus problemas de balança de pagamentos A primeira enfatizada por Prebisch 1949 era a existência de grande complementaridade entre a eco nomia periférica e a internacional c em particular a economia inglesa que garantia uma demanda crescente por suas exportações A segunda condi ção dizia respeito à integração financeira com o centro e Londres em parti cular Devido à instabilidade cíclica e à fragilidade externa da periferia era necessário que nas fases recessivas os países conseguissem financiamento externo em quantias suficientes para se manterem integrados no sistema até a próxima reversão do ciclo Por outro lado o m aior ou m enor sucesso do m odelo agrá rioexportador na promoção do desenvolvimento econômico no contexto do século X IX dependia não apenas dessas condições externas favoráveis mas também de uma dimensão interna que se expressa no quanto os impul sos dinâmicos do setor exportador da economia se transmitiam para o seu conjunto Furtado 1970 Do pomo de vista da Inglaterra c demais países centrais a lógica c dinâmi ca do investimento direto e dos empréstimos aos Estados periféricos basea vase no controle das fontes de alimentos e matériasprimas e formação de mercados para a indústria Desse modo o que põe em marcha o desarrollo hasta fuera ou export ledgrowth dos países periféricos do século X IX é o acesso a esse financiamento viabilizando a construção da infraestrutura ex portadora e a obtenção de equilíbrio no balanço de pagamentos Assim de cerro modo as dimensões externas e internas com frequência se entrecruzavam pois a integração do complexo exportador tanto para fora quanto para dentro da econom ia periférica dependia da in fraestrutura de transportes e esta do financiamento internacional O aces so a este financiamento enormemente facilitado no caso das Colônias formais e informais c a qualidade das terras diferenciavam os Estados na cionais periféricos em seus esforços de integração na economia mundial Num pólo afirmavamse as áreas de planície de países como Argentina Canadá Austrália Nova Zelândia verdadeiras extensões da agricultura européia plenamente integradas às finanças e ao comércio internacional Esses países puderam crescer a taxas elevadas induzidas pelo grande dina mismo nas exportações Num outro plano afirmavasc um diversificado conjunto de países periféricos na Europa central na América Latina na Asia cuja dinâmica exportadora e cujo tipo de integração financeira eram incapazes de impulsionar suas economias a taxas elevadas de crescimento No caso dos países da Europa Central a concorrência com a agricultura das áreas de planície exacerbada no início do século X X levou a baixas ta xas de crescimento Carlos A Medeiros c Franldin Serrano 33 O déficit de atenção c a industrialização tardia Lm relação ao extraordinário processo de industrialização tardia ocor rido em diversos países e que levou no caso da Alemanha c dos EUA não apenas à convergencia de renda mas também à própria ultrapassagem da Inglaterra é importante perguntar por que a Inglaterra com os imensos recursos especialmente financeiros mas também industrial e navalmili tar que possuía c com sua grande influência política praticou o i vrecomércio de forma isolada entre os países mais desenvolvidos e displicentemente tolerou o protecionismo e o desenvolvimento dos siste mas financeiros nacionais dos demais cedendo sua liderança industrial e tecnológica permitindo o processo de industrialização liderado pelo Esta do e voltado para o mercado interno Como relata Hirschman 1984 Burkc referindose ao tratamento in glés na colonização dos EUA considerava que teria havido nesse período uma negligência sábia e saudável Em parte o que Hirschman chama em geral dc déficit de atenção ocorria devido ao controle por Londres da moeda e das finanças mundiais Como salienta Hobsbawm 1978 p 141 durante o auge da liderança inglesa na segunda metade do século o mesmo processo que debilitava a produção britânicao surgimento dc no vas potências industriais a diminuição do poder de competição britânico fortalecia o triunfo das finanças e do comércio do país A Inglaterra cobria seu déficit comercial com os novos países industriais através de grande su perávit de rendimentos na conta de serviços nãofatores como transporte seguros etc e também através da renda líquida recebida do exterior pois ainda era o maior credor do mundo Os fios da trama do comércio e das li quidações financeiras mundiais corriam por Londres e cada vez mais pois somente Londres podia tapar os buracos que se abriam nela Hobsbawm 1978 P 141 Além disso devese ressaltar a importância estratégica da Índia e de ou tros territórios do imperio inglês onde ao contrário do resto do mundo a Inglaterra possuía amplo superávit comercial e administrava politicamente em seu favor e sem nenhum déficit de atenção as relações comerciais c financeiras A índia era essencial para a Inglaterra não apenas como o gran de mercado para os têxteis ingleses mas essencialmente porque o grande superávit que a índia possuía com o mundo cm particular com a China era repassado para a Inglaterra em função do seu déficit comercial bilateral e das home cbarges Progressivamente com a proximidade do novo século a Para uma análise das discinras políticas de proteção no período ver Shaffaedi Í199S 12S PADRÕES MONETARIOS l f RN ACIONAIS E CRESCIMENTO Inglaterra tornavase cada vez mais dependente da índia para seu superávit na coma corrente De Ceceo 1984 1987 Até o final do século as estratégias rivais possuíam alguns elementos de complementaridade com a dinâmica financeira inglesa A rivalidade de fato começa a ultrapassar a complementaridade à medida que os capitalis mos nacionais e relativamente fechados dos EUA e da Alemanha conquis tam mercados externos A afirmação de centros financeiros fora da City londrina e a oferta de financiamento privado c público aos importadores de bens manufaturados alemães c norteamericanos iniciam uma crescente ri validade a qual a Inglaterra não mais poderia displicentemente ignorar Com efeito a expansão dos bancos dc investimento entre os principais competidores da Inglaterra se deu de forma articulada com a expansão eco nômica e política desses países de forma a assegurar mercados externos França e Alemanha financiaram dívidas públicas nos países mais atrasados da Europa com destaque para a Rússia o maior recipiente de investimento na Europa bem como marcaram sua presença na América Latina com in vestimentos em infraestrutura e indústria A Alemanha transformase rapidamente de nação devedora em nação credora Também os EUA de longe o maior recipiente de investimento ex terno passaram a investir fortemente no Canadá e na América Latina desde a segunda metade do século X IX Entre os principais receptores de investimento direto em termos per ca pita no período destacamse Austrália Nova Zelândia e Canadá e na Euro pa os países escandinavos A lógica desses investimentos estava associada ao acesso às fontes de matériasprimas e alimentos Era justamente entre es ses países da América Latina da Asia e da Africa que a Inglaterra mantinha sua supremacia financeira Em sua análise do capitalismo alemão Hilferding 1973 tinha claro que a produtividade de determinada indústria dependia do tamanho do seu mercado Desse modo se o protecionismo tal como praticado na Europa no final do século X IX diminuía extraordinariamente as vantagens das na ções pequenas por outro lado aumentava as vantagens das economias grandes como a Alemanha Estas beneficiavamse da concentração de capi tal e da monopolização estimuladas pela proteção A proteção e os meca nismos estatais de promoção industrial permitiam aos conglomerados nacionais maior poder de competição por lhes assegurar um mercado de escala suficientemente grande Quanto maior o mercado interno maiores os benelicios decorrentes da conglomeração e quanto mais avançado esse processo maior o poder de concorrência desses conglomerados no merca do mundial Com o Zolverein a Alemanha inaugurava o que modernamen te é descrito como política comercial estratégica na qual a preservação Í29 Carlos A Medeiros e Fratklul Serrino do mercado doméstico para as empresas ñas industrias cm que existem eco nomias de escala é um meio essencial de redução de custos e promoção das exportações A estrategia alemã era proteger o seu mercado interno e ao mesmo tempo criar condições de conquistar o mercado europeu A exportação decapitais quer sob a forma de investimento direto quer sob a forma de crédito resultava dos esforços de expansão do mercado para as empresas alemãs A expansão das exportações depende do financia mento aos novos mercados e da capacidade de exportação desenvolvida nesses países Como vimos acima este segundo aspecto tinha sua base no século X IX na complementaridade entre manufaturas e matériasprimas tal como a estabelecida pela Inglaterra e considerada estrategicamente in dispensável pela Alemanha Protegidos por barreiras tarifárias e naturais e auxiliados pela extensão de seu mercado interno os EUA deslancham na segunda metade do século X IX um inédito processo de industrialização que além de contar com as novas instituições financeiras e empresariais que caracterizavam a indus trialização tardia européia e com produção farra de ouro na Califórnia apresentava uma integração com sua agricultura de alta produtividade sem qualquer paralelo na Europa Fora dos EUA a concorrência pelo acesso aos mercados supridores de ma tériasprimas era com efeito decisiva para a expansão dos novos países indus triais tanto para os europeus quanto para o Japão c está na base do acirramento dos conflitos entres os Estados do centro na era do imperialismo conflitos estes que contribuíram decisivamente para a situação de instabilidade geopolítica que levou à Primeira Guerra e ao fim do padrão ourolibra Será precisamente a montagem de redes comerciais e de pagamentos dos EUA e da Alemanha em torno de suas periferias que minará a função da Ingla terra de centro financeiro c entreposto mercantil da economia mundial Com a transformação dos EUA cm exportadores líquidos de manufaturas e com o crescimento acelerado das exportações alemãs para a Europa a circu lação da liquidez internacional começa a deixar de obedecer às característi cas historicamente montadas pela Inglaterra e que serviram de base para o sistema de pagamentos baseado no padrão ourolibra De Ceceo 1987 34 A crise do crescimento para fora e o processo dc substituição de im portações Depois da Primeira Guerra Mundial e particularmente a partir da Grande Depressão as duas condições externas que permitiam a alguns paí ses agrárioexportadores crescer a taxas aceleradas deixam de ter validade Em primeiro lugar a progressiva substituição da Inglaterra pelos Estados Unidos como a principal economia do mundo o novo centro cíclico prin PADRÕES MONK PARIOS INTERNACIONAIS E CRESCIMEN TO cipal de Prebisch desfaz em grande parte a complementaridade entre es tas economias periféricas c o centro pois a economia americana não apenas tinha um coeficiente global de importações muito mais baixo do que a Inglaterra como também era altamente competitiva justamente na produ ção de alimentos e matériasprimas Por outro lado a seqüência de crises e dificuldades financeiras que mar cam a abortada tentativa de restabelecer o padrão ourolibra nos anos 20 acaba a partir da década de 30 por desmontar a integração financeira da periferia com o centro pela insolvencia generalizada dos países periféricos diante do colapso do comércio internacional c dos preços das commodities Assim países latinoamericanos como Argentina e Brasil que aderiram ao novo padrão ourolíbra em 1927 e em 1926 respectivamente tiveram que romper com este sistema e desvalorizar suas moedas em alguns poucos anos em 1929 a Argentina abandona o padrão e em 1930 o Brasil O protecionismo a autarquia e a substituição de importações foram urna resposta natural e praticamcntc inevitável a essas mudanças que se configuram numa brutal redução na capacidade de importar da periferia e numa situação de escassez de divisas permanente agora uma escassez de dólares e nao de libras Fsse processo forçado de substituição de importações e racionamento de divisas na América Latina impulsiona a economia latinoamericana que consegue crescer razoavelmente dos anos 3 0 até o fim da Segunda Guerra Em um primeiro momento a restrição externa absoluta como a que se afirmou nesses anos somada ã relativa facilidade de substituir uma ampla faixa de bens de consumo de tecnologia simples exerceu um efeito positivo ao permitir um desvio de demanda dos fornecedores estrangeiros paraos produtores nacionais No entanto as possibilidades de se manter um padrão de crescimento a longo prazo baseado nesse processo natural ou espontâneo são muito limi tadas A medida que o processo avança e com ele a indusrrialização e as ne cessidades de importação de bens de capital e insumos tornamse cada vez mais difíceis ulteriores reduções no coeficiente de importação Como apoma Tavares 1964 p 45 Se por exemplo seconcmuar substituindo apenas iu s faixas de bens finais de consumo a pauta pode vir a ficar praricamente comprometida com as importações necessárias à manutenção da produção corrente sem deixar margem suficiente para a entrada de novos produros e em particular dos bens de capitais indispen sáveis à expansão da capacidade produtiva Para evitar que isso ocorra c indispensável que se comece bastante cedo a substituição em novas faixas sobretudo de produtos intermediá rios c bens dc capital antes que a rigidez excessiva dn pauta comprometa a própria conti nuidade do processo J3J Carlos A Medeiros c Franklin Serrano Assim o desenvolvimento industrial no segundo pósguerra dos países periféricos latinoamericanos inais dinámicos como o Brasil ou o México não poderá se limitar a essa substituição espontânea de importações na me dida em que o planejamento da industrialização se mostra essencial para a continuidade do processo Dessa forma a industrialização destes países passará a ser para dentro isto é liderada pelo Estado e explícitamente voltada para o crescimento do mercado interno Ncssc novo processo como veremos adiante a promoção de exportações e o próprio retorno do financiamento internacional são fatores que permitiram o afrouxamento da restrição externa ao crescimento 4 Crescimento no padrão ourodólar 41 A Guerra Eria o keynesianismo e o desenvolvimento a convite O período que começa a partir do final da Segunda Guerra se caracteri za por dois elementos principais Em primeiro lugar surge como conflito geopolítico fundamental a concorrência entre dois sistemas económicos antagónicos liderados pelos EUA e pela URSS Esse conflito passa a subor dinar a concorrência entre os Estados nacionais capitalistas tanto pelos mercados quanto pelo poder O segundo aspecto essencial é a afirmação da supremacia industrial comercial financeira e militar dos EUA sobre as de mais economias do bloco capitalista Como peça importante nesse último aspecto criouse um sistema monetario internacional supervisionado por instituições como o FMI e o Bird subordinados ao controle e aos interesses americanos Hstabelecese assim um contexto inteiramente novo e que altera pro fundamente as características das condições externas gerais do crescimento acelerado e de acesso de países capitalistas ao mcio de pagamento interna cional nesse momento o dólar americano a sua posição estratégica no contexto da Guerra Fria Nos anos do pósguerra os EUA incorreram em déficits globais cm sua balança de pagamentos pois seus déficits da conta de capital excediam o sen superávit comercial e na balança de t ransações correntes que no ime diato pósguerra são bastante elevados mas vão se reduzindo progressiva mente Os déficits na coma de capital se devem à grande ajuda externa hntrtr 1938 e 1944 o P1B americano cresceu cerca de 114 aumentando de forma inédita a distância entre os FAJA e os demais países Como o conjumo de inovações básicas do perío do estava associado à economia de guerra a liderança americana na produção de armamen tos ampliou intensamente as diferenças tecnológicas entre esta economía e as demais 132 PADRÕES MONETÁRIOS INTERNACIONAIS F CRESCIMENTO econômica e militar americana aos países estratégicos em particular à Alemanha c ao Japão e posteriormente à Coréia e Formosa e à substancial saída de investimento direto dos EUA nos anos 50 e 60 Circunstâncias especiais como a abertura unilateral do mercado ameri cano a manutenção de taxas de câmbio desvalorizadas favoráveis à com petitividade dos aliados dentro do sistema de Bretton Woods tolerância com políticas de proteção tarifária e nãotaritaria missões de ajuda técnica e o forre estímulo à expansão das multinacionais americanas ajudaram a aliviar a restrição externa nesses países Isto permitiu aos países europeus e ao Japão rapidamente a adoção de um regime de conversibilidade ao dó lar e viabilizou uma onda de supostos milagres nacionais de reconstrução eou crescimento econômico Devido à forma como o sistemaourodólar estava sendo administrado o kcvnesianismo expansivo voltado à obtenção do pleno emprego na eco nomia americana pôde se generalizar aos demais países capitalistas mais desenvolvidos O quadro geopolítico que resulta da revolução chinesa per mitiu a proliferação de distintos estilos nacionais de capitalismo Em parti cular essas condições externas favoráveis tornaram possíveis processos dc industrialização acelerada liderados pelo Estado e baseados em estruturas de conglomerados nacionais como os keiretsu japoneses e os conzern ale mães Os casos de desenvolvimento mais rápidos e bemsucedidos a come çar pelo Japão foram os que combinaram exportação de manufaturas com produção local e subsidiada de bens de capital além de estrito controle es tatal sobre o setor financeiro e os fluxos dc capital No pósguerra o acesso ao mercado americano e ao financiamento in ternacional criou para os países aliados as condições externas para o cresci mento acelerado Assim podemos caracterizar como desenvolvimento a convite a estratégia americana de não apenas permitir como também em vários casos promover deliberadamente o desenvolvimento econômico dos países aliados nas regiões de maior importância estratégica para o con flito com a URSS Tendo em vista a situação do imediato pósguerra o esforço exporta dor era absolutamente central para os países europeus fe para a denotada Alemanha em particular e o Japão ern razão de suas necessidades elevadas de importações matériaprima e bens de capital e de sua situação de crôni ca escassez de dólares A formação de reservas necessárias à sustentação dos compromissos assinados cm Bretton Woods aos quais o Japão aderiu tardíamente apenas em 1952 dependia do acesso às doações e emprésti A expressão desenvolvimento a convire éde Wallerstein ver Arrighi 1994 e para este autor diz respeito ao convite ao desenvolvimento feito por grandes empresas a pequemis países Xo presente trabalho estamos usando a mesma expressão com um sentido total mente diverso Carlos A Medeiros c Praoldin Serrano mos americanos e da capacidade de exportar Do pomo de vista dos HIJA a expansão das reservas e das exportações dos seus aliados bem como a re construção da economia regional na Europa Ocidental e no sudeste Asiáti co era percebida como essencial para o crescimento da economia mundial e para a construção de uma ordem econômica internacional que pudesse isolar o bloco soviético Eslava claro que esta ordem deveria ser montada a partir da afirmação do dólar como a moeda internacional 42 Os convidados A partir da Guerra da C oréiacom scu extraordinario impulso às expor tações de manufaturas alemas e japonesas a performance económica dos aliados foi fortcmeme condicionada pelos interesses estratégicos dos EUA No caso da Alemanha a prioridade dos EUA era apoiar um processo de reconstrução de forma concomitante com a construção da Comunidade Européia A dinámica deste processo inicialmente induzido pelos EUA es tava centrada num amplo crescimento do comércio europeu na conversi bilidade das moedas e ainda que de forma nacionalmente diferenciada nos investimentos diretos das grandes empresas americanas Progressivamente a Alemanha recuperava o seu peso na economia européia afirmandose nas exportações de bens de capital e produtos químicos ao mesmo tempo em que promove por seu dinamismo o crescimento das exportações industriais de países como a Itália e a Holanda Como a Alemanha possuía uma taxa de crescimento maior do que a do restante da Europa ocidental o déficit co mercial que a maioria dos países europeus possuía com esse país não neu tralizava o crescimento regional A alta taxa de crescimento da economia e das importações alemãs junto com as baixas taxas de juros e ampla disponi bilidade de crédito comercial iniraregional fa partir da introdução da con versibilidade das principais moedas européias em 1959 permitia que estes déficits fossem financiados com facilidade O milagre japonês do pósguerra como descrito por 1 suru 1992 e Halevi 1998 ilustra muito bem o desenvolvimento a convite induzido A busca desse objetivo a partir do Plano Marshall requeria a desativação da área da libra que recebe seu golpe dc misericórdia com sua desvalorização forcada cm 1949 De taco ao contrário dos demais países que desejavam desvalorizar suas moedas cm relação ao dólar por motivos de competitividade a Inglaterra relutava cm fazêlo pois ainda mantinha a ilu são dc que a libra crem amente tivesse um papel como umas Jas duas key curretteies moeda de reserva como havia sido combinado em Brccton Woods A desvalorização da libra cm 50 acabou ocorrendo de qualquer jeito c foi seguida por uma serie de desvalorizações que aumentaram a competitividade externa de 25 outros países De Ceceo 19r9 Nus anos 60 os déficits comerciais americanos com a Furopa c a expansão dos investi mentos diretos contribuíram para um relaxamento ainda maior da restrição externa dos países europeus Halevi 1998 PADRÕES MONETÁRIOS INTERNACIONAIS E CRESCIMENTO pela Guerra Fria A part ir da Guerra da Coréia cm 1950 a estratégia ameri cana cm relação ao Japão muda radicalmente ver Torres Filho 1999 As indenizações de guerra foram perdoadas o desmonte dos zalbatsu foi in terrompido e as encomendas dos EUA impulsionaram a indústria de má quinas e a automobilística que passam a crescer a uma velocidade acelerada Com os ganhos de produtividade daí derivados a taxa de câm bio nominal de 360 ienes por dólar começou a representar uma taxa real de câmbio bastante desvalorizada contribuindo para um grande crescimento das exportações manufatureiras Em relação aos países do sudeste da Asia a política dos FUA passou a scr a de construir uma dinâmica economia regional em torno do Japão A dimi nuição das elevadas transferências unilaterais americanas para a Coréia do Sul e para Taiwan com a manutenção de elevadas taxas de crescimento regio nais só seria possível com a criação de urn amplo mercado externo para a exportação dessas economias e amplo acesso ao financiamento internacio nal A abertura do mercado americano e a construção de uma economia re gional fazia parte dessa estratégia Halevi 1998 A partir da segunda metade dos anos 60 a Coréia do Sul e Taiwan atra vés de agressiva política industríale comercial seguem o caminho percorri do pelo Japão penetrando no mercado americano com exportações de têxteis e produtos industriais de baixo valor unitário no momento em que o Japão deslocavase para produtos de maior valor unitário For sua particularidade política a de ser um rival ativo na Guerra Fria e nos anos 70 um país rival da União Soviética a China obteve nos anos 70 o apoio americano para o seu projeto de modernização e industrialização e contou como o Japão a Coréia ou Taiwan contaram nas décadas anterio res com a abertura unilateral do mercado americano como a principal fon te de divisas Conforme será observado em outro capítulo deste livro a China foi o último dos convidados Medeiros 1999 43 A América Latina Distante das áreas mais quentes da Guerra Fria as condições externas para a região eram bem menos favoráveis ao prosseguimento da industriali zação Na América Latina não houve nem Plano Marshall nem projeto de construção de economia regional apoiado pela ajuda c por acesso privile giado aos mercados dos EUA A ajuda externa só começa com a Aliança par a o Progresso depois do susto da revolução cubana e mesmo assim em quantidades insuficientes para as necessidades dos países maiores Assim o financiamento externo da região tornouse muito dependente da expansão do investimento direto das multinacionais americanas e européias Como este se concentrava em setores voltados para o mercado interno acabaram Orlos A Medeiros Frankliit Serrano rendo como apontavam Prebisch 1964 e Kalecki 1972 um efeito líqui do negativo em termos de divisas O crescimento da capacidade de impor tar ficou assim fortemente dependente da performance exportadora de cadapaís que ainda teve de enfrentar o protecionismo dos países centráis íi importante confrontar desse ângulo os casos da Argentina e do Brasil A questão do baixo desenvolvimento do setor de bens de capital neste pri meiro país e sua incapacidade de prosseguir urn processo industrializante deveramsc tanto a urna menor capacidade de planejamento do governo política de compra de crédito tributaria e de alocação de divisas quanto a uma também menor disponibilidade de divisas maior coeficiente de im portações e menor receita de exportações Sob este último aspecto devese salientar que no pósguerra ao longo dos anos 5 0 os termos de troca foram muito mais favoráveis ao Brasil do que à Argentina lavares 1964 Na década seguinte a expansão dos investimentos diretos e a partir de meados dos anos 60 a exportação de manufaturas diferenciaram o Brasil no contexto regional A economia brasileira além de ter registrado taxas de crescimento muito mais elevadas tanto nos anos 50 quanto nos anos 60 apresentou um coeficiente de importações muito mais baixo do que o ar gentino A diferença específica devese a uma maior diversificação da estru tura produtiva ao tamanho do mercado interno e o rápido desdobramento da substituição de importações para um processo mais amplo e planejado de industrialização com promoção de exportações Assim na segunda me tade dos anos 60 o Brasil iniciava um rápido processo de diversificação das exportações em direção a produtos manufaturados da mesma forma que fizeram nesse mesmo momento a Coréia do Sul e o Taiwan ainda que em contextos regionais basrante diversos 44 O fim do padrão ourodólar c as respostas da Alemanha e do Japão Os anos 70 são caracterizados pelo crescimento da inflação internacio nal pelo desmonte do regime de taxas de câmbio fixas porém reajustáreis de Breiton Woods pela redução do crescimento nos países centrais e poste rior mudança do compromisso keynesíano do pleno emprego O dólar se desvaloriza em relação ao iene e ao marco e ocorre forte elevação dos pre ços relativos do petróleo e das matériasprimas Destacamse também a ex pansão acelerada do crédito privado decorrente da internacionalização dos bancos americanos e do mercado de eurodólares a expansão extra ordinária da renda petroleira e a reestruturação industrial c deslocamento de capitais alemães e japoneses em suas respectivas áreas de expansão Com suas taxas de câmbio valorizadas iniciase já nos anos 70 tanto na Alemanha quanto no Japão um movimento de reestruturação industrial visando uma especialização na produção e exportação de manufaturas de 130 PADROFS M O N tíARIOS IN TERNACIONAIS F CRESCIMENTO maior valor unitário A redução do crescimento econômico nesses dois paí ses de forma a manter o excedente na balança comercial e financiar a saída de capital para áreas periféricas acirra a rivalidade comercial e financeira numa dimensão inédita desde o pósguerra Tavares 1993a A resposta alemã conduz a uma nítida contração no crescimento econô mico na Europa O principal fator ajui é a crescente dependência da Euro pa em relação à expansão da demanda efetiva na Alemanha que age como o centro cíclico principal da região A assimetria entre a Alemanha e o resto da Europa continental resulta da baixa participação das exportações de cada país nas importações alemãs e na alta participação das importações alemãs na exportação de cada país Desse modo se a Alemanha eleva o seu nível de atividade induz uma expansão em toda a Europa transmitindo este impulso a cada país tomado isoladamente Se ao contrário como se deu nos anos 70 um dos demais países tenta reativar sua economia visando recuperar o nível de atividade e emprego a expansão leva mediatamente a dificuldades externas pois as importações crescem muito mais que as ex portações ver Parboni 1979 e 1 lalcvi 1998 Esse fenômeno não ocorreu no Leste Asiático pelo fato de que nesta re gião a fonte de demanda final para as exportações regionais eram os ELLA e não o Japão cujo comércio com os demais países da região sempre foi supe ravitário e era durante os anos 50 e 60 relativamente pequeno e pouco di námico ver Rowthorn 1996 Bagchi 1987 e Halevi 1998 45 O eurodólar e o desenvolvímemismo Osanos 70 testemunharam muito mais do que na década anterior uma aceleração da industrialização do crescimento econômico e da exportação de manufaturas dos países em desenvolvimento Com efeito a taxa de cresci mento média dos países em desenvolvimento ultrapassa a dos países desen volvidos numa proporção muito mais ampla do que nas décadas anteriores em parte também pela redução das taxas de crescimento do centro Os casos mais impressionantes foram Brasil e M éxico na América Lati na e no sudeste asiático Coréia e Taiwan Em particular no Brasil e na Co réia o acesso ao financiamento internacional privado permitiu que o Estado deslocasse o processo de industrialização para setores menos com plementares às estratégias privadas das grandes empresas transnacionais c Quando o Japão aciona nos anos Q uma estrategia de subcontrataçáo c investimento na Coréia Formosa HongKong e ngapura dc forma a compensar os novos custos decor rentes da valorização cambial e devação do preço das marcriasprimas niuac um proces so triangular combinando a oferta dc bens de capital c investimentos externos japoneses com a demanda extern americana c que foi responsável pela extraordinária taxa de cresci mento dessas economias a partir desses anos 13 7 Curios A Medeiros e Fonklin Serrano Estas em particular na América Latina viabilizaram nos anos 50 c 60 em mcio a protunda restrição externa o prosseguimento da industrialização através da produção local de bens padronizados cjá tongamente difundidos nos mercados dos países centrais Contudo a abundancia de financiamen to externo nos anos 70 permite aos Estados desen vol vi mentistas desses dois países completar a industrialização incorporando os setores de bens de ca pital e insumos necessários à uma base industrial integrada Ao lado da elevação dos preços relativos das principais convnodittes exportadas o fator decisivo para a aceleração do crescimento econômico dos países não produtores de petróleo foi o forte aumento em suas dividas externas estimuladas por baixas taxas de uros em dólar ainda que com o fjm das taxas de cambio fixas os riscos fossem elevados devido ao novo sis tema de empréstimos a taxas de juros re ajustáveis No caso de alguns países corno no Brasil por exemplo estes riscos foram substancial menee amplia dos por urna política de manter diferenciais de juros entre taxas internas e externas o que levou a um endividamento bruto muito maior que o neces sário para pagar a conta do petróleo e as importações necessárias à trajetó ria de crescimento o que fica evidenciado pelo forte acúmulo de reservas internacionais nesse período ver Cruz 1995 É importante sublinhar que a despeito dos esforços do FM I na direção da liberalização total dos movimentos de capitais como nos casos do Cone Sul e na Turquia tanto os convidados quanto os não convidados como o Brasil mantiveram nos anos 70 esses fluxos sob fortes controles nacionais de forma a preservar seus interesses estratégicos Tanto na Co réia quanto na China ou no Brasil o controle sobre os fluxos de capitais era indispensável sobretudo em condições de alto endividamento para o con trole doméstico da raxa de cambio e da balança de pagamentos 5 Crescimento no padrão dólar flexível 51 O dólar flexível a desregulação financeira e o finí da Guerra Fria A década de 70 termina com uma mudança radical na orientação estra tégica americana a partir da indicação de Paul Volcker para o ITl e da elei ção de Ronald Reagan para presidente logo em seguida A nova estrategia americana tinha por objetivos explícitos1 vencer a Guerra Fria enquadrar os países aliados e retomar a liderança do bloco capitalista Adicionalmen te propunhase reduzir gastos sociais e combater os sindicatos Visava tam bém controlar os organismos internacionais como o FMI Bird e a própria 1 11 Tão explícitos que poucos na época acreditavam que seriam levados realmente a serio Para uma exceção ver Tavares 1985 PADROFs MONETARIOS INTERNACIONAIS f CRESCIMENTO ONU de forma mais adequada aos interesses americanos enfraquecendo as tendências mulcilateralistas ou até terceiromundistas que ganharam al guma força nos turbulentos anos 70 além de retomar o projeto Ni xonKissinger que havia perdido fôlego após Watergate Quase vinte anos depois podemos verificar que a estratégia foi extremamente bemsucedida em seus vários aspectos A década de 80 se inicia com um aumento sem precedentes em tempos de paz dos gastos militares americanos que se integrava à estratégia de confronto com a URSS e com um renovado convite ao desenvolvimento da China convite este que visava ampliar as divergências dentro do bloco so cialista Ao mesmo tempo ocorre o choque dos juros e se inicia nos EUA e na Inglaterra um processo de dcsregulação e inovações financeiras que os EUA a partir de então farão o possível para difundir no resto dos países cen trais nos anos 80 e na periferia rebatizada de emergente nos anos 90 O choque dos juros leva a recessão mundial e abre um período de valorização do dólar que dura aré 85 A subida recorde dos juros e a recessão internacio nal derrubam os voláteis preços internacionais dascommodities Fste fator junto com a queda dos preços de exportação em dólar provocada pela des valorização das moedas dos principais países supridores do mercado inter nacional dc produtos industriais gera choques de oferta positivos que desaceleram a inflação americana c internacional Esse processo leva os EUA a grandes déficits comerciais e à atração de grandes fluxos de capital buscando os altos juros e a renovada segurança da moeda americana A contrapartida desse movimento no lado da perife ria é uma crise financeira sem precedentes a qual coloca a America Latina os países socialistas c a Africa em grandes dificuldades A partir de 85 com a inflação já sob controle a política cambial ameri cana muda de orientação e o acordo do Plaza marca o início de um longo período de desvalorização do dólar perante as moedas dos demais países centrais que com algumas idase vindas dura até 95 Nessa nova desvalori zação do dólar as pressões especulativas e inflacionárias que marcaram a desvalorização nos anos 70 são eliminadas Em parte porque os EUA conse guem através da cooperação forçada dos demais países centrais que a que da do dólar se dê simultaneamente com uma política de redução gradual dos níveis nominais das taxas de juros americanas de forma a não acender novamente os mercados de conmoáities o que foi possível pela manu tenção entre os países desenvolvidos de taxas de juros altas o suficiente para viabilizar a desvalorização do dólar Data deste período também o colapso dos preços do petróleo que ainda se mantinham elevados por conta da guerra IráIraque Além disso os preços internacionais em dólar dos pro dutos industriais não sofrem pressão altista nesse período pois os ELA pas í í9 Carlos A Medeiros c Frankhn Serrano sam a ser supridos cada vez mais pelos países asiáticos em desenvolvimento agora incluindo a China tendo o dólar não se desvalorizado em relação a este grupo de países como um todo mas apenas em relação às moedas euro péias e ao iene Nesse período a economia americana cresce moderadamente mas a japonesa começa a se desacelerar fortemente puxada pela diminuição da taxa de crescimento c pela perda de rentabilidade de suas exportações de vido à impossibilidade de responder à nova valorização via aumento de produtividade A essa dificuldade se soma mais um fator a crescente con corrência dos demais países asiáticos a qual impede o Japão de repassar aos preços de exportação em dólar os efeitos da nova valorização cambial Por seu turno a economia européia com problemas fiscais causados pe los juros altos e com as moedas valorizadas se mantém numa trajetória de baixo crescimento e alto desemprego Finalmente a partir de 95 e até os dias de hoje há uma nova inversão na política cambial americana e o dólar novamence se valoriza cm relação às moedas européias e ao iene Essa última guinada transforma as tendências de baixa inflação internacional em uma tendência de deflação aberta tanto de commodities quanto de preços por atacado internacionais1 tendência esta que se agrava no final da década com os efeitos sobre os preços inter nacionais em dólar das commodities das desvalorizações sucessivas em relação ao dólar das moedas dos países asiáricos Rússia e Brasil O padrão dólar flexível se configura assim como um regime macroe conômico decrescimento moderado nos EUA e muito baixo nos demais pa íses avançados com taxas de inflação bastante reduzidas e com grande piora nos termos de troca das com modities em geral inclusive petróleo 52 A globalização financeira e os mercados emergentes Ao longo desse período dc várias mudanças no valor do dólar a políti ca comercial americana foi endurecendo gradualmente com todos seus parceiros comerciais inclusive com os antigos convidados Fsie movi mento se acelera bastante a partir da década de 90 depois do desmonte da URSS e do fim da Guerra Fria Na atual fase do padrão dólar flexível os EUA tanto diretamente quanto através de sua influência em organismos in ternacionais como a OM C têm de forma sistemática agido na tentativa de O aumento do déficit comercia americano amortece a desaceleração da economia mun dial c sc mostra necessário tanto para evitar danos ainda maiores ao Japão uma ve que os EUA obtiveram codas as concessões que desejavam ver Torres Filho 1997 quanco para tornar viável a passagem das principais economias européias para o curo 1 4 0 PADRÕES MONETARIOS INTERNACIONAIS t CKESCiMENT O reduzir déficits comerciais bilaterais preservar suas velhas indústrias aço e suco de laranja por exemplo e obter concessões c abertura dc mercados para os seus setores de indústrias e serviços mais dinâmicos nos quais cies têm grande superioridade competitiva informática entretenimento etc O baixo crescimento da demanda efetiva os termos dc troca desfavorá veis e o endurecimento da política comercial dos EUA e dos países da União Européia criam uma situação na qual embora o comércio mundial conti nue a crescer moderadamente mais do que o produto mundial os mercados de exportação para os países em desenvolvimento apresentam baixo cresci mento e concorrência muito acirrada Em relação aos investimentos d i retos que a partir de 80 crescem a taxas excepcionais predominaram os fluxos entre países desenvolvidos p ex investimentos japoneses e europeus nos EUA e investimentos entre os paí ses da União Européia ou então em conjunto de países em desenvolvimen to na Asia e cada vez mais na China Esses investimentos estiveram ligados inicialmente à integração crescente destes países aos fluxos de comércio in ternacional e posteriormente seguindo a expansão dos mercados internos desta região Ao mesmo tempo a crescente desregulação financeira torna aparente mente fácil para todos os países inclusive os periféricos que haviam sido excluídos do circuito internacional desde a crise da divida externa no início dos anos 80 financiarem déficits em conta corrente através dos mercados linancciros internacionais de curto prazo principalmente investimentos de portafólio e não tanto via crédito bancário De fato a partir do início dos anos 90 se retoma a expansão acelerada de fluxos de capitais para a pe riferia que a despeito de inúmeras crises se mantém com grandes flutua ções durante toda a década A situação da balança de pagamentos dos países periféricos no atual pa drão dólar flexível se mostra bastante peculiar De um lado como vimos acima em termos de balança comercial as tendências são bastante desfavo ráveis pois ao contrário da expansão dos anos 70 agora o crescimento do volume das exportações é baixo os termos de troca pioraram e a pressão do centro para o aumento das importações da periferia é bastante forte Por outro lado pela coma dc capitais ficou ainda mais fácil comparando com os anos 70 atrair vultosos fluxos de capital Agravando essa contradição em geral a facilidade de captar o montan te de capital atraído é tanto maior quanto mais o país periférico ou merca do emergente pratique políticas de abertura financeira políticas que invariavelmente levam à valorização cambial e à perda de competitividade Dessa forma ampliasc ainda mais o descompasso entre a enorme massa de passivos em moeda estrangeira e as reais possibilidades de crescimento da 141 Carlos A Medeiros e FrankJm Serrano capacidade de pagamento do serviço gerado por estes passivos que inevitá vel mente requer a rápida expansão do valor em dólar das exportações É importante ressaltar que esse problema náo pode ser resolvido através de uma mudança na forma dos fluxos de capitais atraídos Evidente mente quanto mais a economia financeiramente abena atrair capital especu lativo de curto prazo mais sujeita estará a crises de liquidez ex tern a N o entanto mesmo que os fluxos de capitais para a periferia se constituíssem in teiramente de investimento direto a fragilidade externa estrutural não seria necessariamente reduzida pois conforme assinalado por Prebisch 1964 e Kalecki 1972 e mais reccntcmetue por Kregel 1996 o investimento dire ro a não ser que esteja em expansão contínua e diretamente conectado com a expansão das exportações ou substituição de importações não gera efei tos de longo prazo positivos para a balança de pagamentos Dentro desse quadro e a despeito da grande instabilidade se observa claramente que têm melhor performance em termos de crescimento os paí ses em desenvolvimento que conseguiram em vários casos enquanto con seguiram resistir à tentação da e às pressões para a abertura financeira descontrolada mantendo algum tipo de controle principalmente sobre a entrada de capitais e que preservaram políticas cambiais c industriais de promoção de exportações em outras palavras os países nos quais o adven to da chamada globalização financeira não conduziu ou enquanto não conduziu ao abandono da estrategia do desenvolvimentismo Chile pós anos 80 China países asiáticos até o final dos anos 80 Estes temas serão desenvolvidos nos itens que se seguem 53 Auge e declínio do crescimento na Asia A política americana de reafirmação do dólar como moeda reserva provocou um amplo movimento de reestruturação e mudança do padrão de desenvolvimento do Japão envolvendo a abertura financeira e interna cionalização dos grandes bancos e empresas japoneses e a construção de uma ampla rede de comércio e investimento na região do sudeste asiático agora incluindo uma segunda geração de países como Malásia Indonésia Tailândia e Eilipinas Asean4 Como conseqüência desse processo as ex portações de capitais japoneses ao longo dos anos 80 e sobretudo após o i Coaic aponta Kregei 19961 sc a conta de capitais do país c abena mesmo o capital pro veniente cíe mvestimenco direto pode rápida c facilmente se transformar cm capitai especu lan vo o que enfraquece a idéia de que o financiamento via investimento direto permitiría diminuir muito a exposição da economia a movimentos dc especulação cambial c crises de liquidez externa 142 PADKÜ1 MONETÁRIOS INTERNACIONAIS E CRESCIMENTO acordo Plaza em 1985 sobrepujaram em dinamismo as exportações de bens e serviços Com a súbita e profunda valorização do iene em 1985 e com a pressão americana para a abertura financeira e internacionalização da sua moeda o Japão transformase no principal investidor internacional Esse processo conduziu a um elevado dinamismo na economia regional asiática ver Medeiros 1997 Como o Japão manteve com todos os países com exceção da China um superávit comercial e na balança de transações correntes foi o elevado su perávit comercial que as economias do sudeste da Asia mantiveram com os demais países da OCDE em particular com os EUA que permitiu a obten ção de divisas necessárias à importação de bens de capital japoneses sem in correr em elevado endividamento externo A estratégia japonesa e posteriormente a dos 4 tigres em relação aos países da Asean4 e à China contribuiu para a promoção das exportações des ses países Ao deslocar a pauta de suas exportações para os EUA e demais paí ses da OCDE especializandose na produção de bens industriais de maior valor unitário o Japão propiciou aos países de menor grau de desenvolvi mento a ocupação de sua antiga posição de exportador daqueles bens ao mercado americano4 Esse processo deu impulso a um extraordinário cres cimento do comércio asiático com os países da OCDE e sobretudo do comér cio regional responsável pelas elevadas taxas de crescimento do produto interno durante roda a década dc 1980 e a primeira metade dos anos 90 Com a desvalorização do dólar em relação ao iene mas não em relação ao conjunto das demais moedas asiáticas que mantêm a paridade com o dó lar até 97 em 1985 o Japão transformado no maior investidor internacio nal no final da década desloca seus investimentos industriais cada vez mais para a Ásia Produzir para exportação nessas regiões era nesse período mui to mais barato pois como vimos acima inicialmente o dólar não se des valorizou em relação às moedas das economias desta região como um todo Assim de 85 a 95 uma parcela importante dos elevados superávits na ba lança de transações correntes japonesa era transformada em investimento direto na Ásia 11 A triangulação entre o Japão o principal supridor de bens de capital as economias do sudeste asiático c os EUA na função dc gerador dc demanda final já se iniciara na década anterior mas foi acelerada fortcmcncc nos anos 80 particularmente anos 85 ver Medei ros 1997 A partir dc 1988 esse movimento sc estende a outros países da Asia Com o inicio de uma tendência de valorização parcial das moedas da Coréia e dc Taiwan cm relação ao dólar e com o crescimento das exportações dos países da segunda geração Indonésia Malásia e Filipinas e em particular da China os investimentos diretos oriundos dc UongKong Cingapura e Taiwan ampliam a dinámica construída pelas grandes empresas japonesas 143 Carlos A Medeiros e Franklin Serrano A partir do final dos anos 80 os EUA começam a reduzir o ritmo de ab sorção das exportações oriundas da Asia e iniciam urna persistente promo ção de suas exportações na região Por outro lado a recessão japonesa ampliou o já elevado superávit comercial do Japão com o sudeste e sudoeste asiático com a exceção da China A relação entre as variações do superávit japonês e os investimentos diretos nos países da Asean4 voltados às expor tações começou por se desfazer e a dinâmica triangular do desenvolvimen to asiát ico a sofrer descontinuidade pois começa a ocorrer também na Asia uma discrepância entre a abundancia de recursos externos e o ritmo de crescimento das exportações Os bancos japoneses ampliaram fortemente sua presença nos países hospedeiros dos investimentos diretos das corporações nipônicas A ex pansão do crédito principalmente em dólares cresceu a taxas muito eleva das em países como Coréia Tailândia Malásia Indonésia Filipinas e ao contrário dos fluxos de capitais dos anos 80 não mais possuía uma íntima conexão com as exportações A expansão do financiamento externo foi mobilizada nos primeiros anos da década pela desregulação e liberalização financeira praticada por esses países A Coréia em 1988 sob pressão americana liberalizou o câmbio e rela xou os mecanismos de controle de capital A adesão a um regime de maior mobilidade de capitais levou a uma forte expansão de endividamento de curto prazo em moeda externa principalmente em dólares Processos semelhantes de abertura financeira se espalharam na Asia com duas notáveis exceções a China que manteve o iuanc inconversível e desvalorizado em relação ao dólar e Taiwan que conservou os seus mecanis mos tradicionais de controle de capital Com o preço das principais cotnmo dities industriais denominados em dólar a entrada da China como grande exportador no mercado mundial ao lado da expansão de Taiwan como grande fornecedor de chips no mercado americano provocou elevada e ge neralizada queda de preços de bens manufaturados de baixo valor unitário em particular dos semicondutores afetando especialmente a Coréia Fm 1995 com a desvalorização do iene em relação ao dólar ecom as de mais moedas seguindo a valorização do dólar a economia regional e os me canismos de sua sustentação se desfazem Ampliaramse os déficits desses países com o Japão novamente a exceção é a China e na maioria deles ex cluindo a China que manteve isoladamente amplo excedente em transações correntes c Taiwan aumentou o déficit global de transações correntes Fmbora nessas condições a desaceleração do crescimento regional tos se inevitável para explicar a crise cambial que se seguiu foi importante não a magnitude destes déficits relativamente baixos se comparados com os da América L atinae sima mudança na estrutura de seu financiamento No 144 PADRÕES MONETARIOS INTERNACIONAIS F CRESCIMENTO caso da Coréia c nos países do Asean4 os passivos externos de curto prazo cm relação às reservas disponíveis cresceram rapidamente A fragilidade fi nanceira revelouse de forma plena com o colapso financeiro de 1997 ini ciado pela decisão da Tailândia de romper com o regime cambial vigente ver Medeiros 1998 54 A América Latina do ajuste exportador ao ajuste importador Com a moratória mexicana de 1982 a América Latina se viu privada de fontes externas de financiamento ao mesmo tempo em que os termos de troca se deterioram os juros internacionais sobem e a demanda por suas exportações se retrai com a recessão mundial Esse conjunto de fatores le vou a região a uma severa e prolongada crise de balanço de pagamentos De um modo geral a resposta regional à crise externa baseouse no controle recessivo e administrativo das importações e na promoção das ex portações através de agressivas políticas cambiais Estas políticas levaram a um forte crescimento das exportações e simultaneamente à estagnação eco nômica e à explosão inflacionária Este ajuste externo interrompeu no Bra sil e no México a estratégia desenvolvimentista de industrialização Notável exceção ocorreu no Chile c de certa forma na Colômbia que a partir de 1985 combinou uma estratégia de promoção e diversificação das exportações do setor privado baseada em recursos naturais e crescimento dos gastos públicos O crescimento foi financiado tanto por créditos no Chile de Binochet os créditos internacionais não foram racionados como nos demais países pelo menos a partir de 1983 quanto pela melhoria dos cernios de troca devido à elevação do preço do cobre ver Tavares 1993b Com a economia européia em recessão no início dos anos 80 a contra partida ao déficit dos serviços de fatores e à saída de capitais da América La tina foi o crescimento do superávit comercial da região com os EUA Assim por razões distintas às das dinâmicas economias asiáticas que expandiam intensamente suas exportações para os EUA também as economias lati noamericanas no limiar da inadimplência encontravam no mercado americano a única forma dc obtenção de divisas Como o objetivo era servir à dívida e não aumentar a capacidade de importar que permaneceu repri mida durante toda a década a contrapartida ao impulso exportador foi o baixo crescimento e a alta inflação A abundância de liquidez internacional decorrente dos processos de desregulação financeira e de securitizaçào das dívidas externas ocorrida no início dos anos 90 levou os países latinoamericanos a uma mudança ra dical no seu padrão de financiamento externo De uma estratégia voltada ao crescimento das exportações desvalorização cambial c compressão das Carlos A Medí iros c Franklin Serrano importações responsável pela estagnação e inflação dos anos SO pas souse a uma estratégia voltada à obtenção de crescentes fluxos de capitais externos de forma a deslocar a restrição externa controlar a inflação e in tegrar os mercados financeiros domésticos aos circuitos financeiros inter nacionais Com a exceção do Chile que não permite a valorização cambial excessiva e impõe controle à entrada de capitais e da Colômbia as maiores economias da América Latina aderiam finalmente ao fracassado modelo do Cone Sul tal como havia sido praticado na Argentina e Chile no final dos anos 70 h Com a abertura comercial e financeira e com a estabilização da taxa nominal de cambio agora acompanhada de ampla desindexação países como a Argentina o M éxico e o Brasil tornaramse grandes recepto res dos abundantes fluxos internacionais de capitais especulativos No entanto esta integração financeira não se materializou num retor no ao antigo padrão agrárioexportador de crescimento para fora Pelo contrário o resultado foi que os fluxos de capitais viabilizaram um grande ajuste importador Com o relaxamento dos controles sobre as importações e com a retomada ainda que moderada do crescimento econômico a América Latina realizou um amplo ajuste importador favorecendo essen cialmente as exportações americanas ver Medeiros 1997 Com o fim das estratégias nacionais desenvolvimentistas e com a sobrevalorização cam bial das moedas domésticas decorrente do enorme influxo de capitais atra ídos pelo amplo diferencial entre juros internos e externos que estão na base dessas políticas as exportações estagnaram Delfim Netto 1998 com exceção daquelas integradas aos circuitos das grandes empresas multi nacionais como notoriamente as das maquiladoras mexicanas A crise do Cone Sul do início dos anos 80 a mexicana de 1994 bem como a dos países asiáticos afirmamse simultaneamente como uma crise de balanço de pagamentos c uma crise financeira decorrentes ambas da li beralização financeira e do ajuste importador Quanto menor a taxa de crescimento das exportações maior o crescimento do coeficiente de im portações e paradoxalmente quanto maiores os fluxos de capital já atraí qnicialmentc o Chile e a Argentina inauguraram no l inal dos anos 0 um modelo de inser ção inrcrnacional pelo qual estes dois países puseram cm prática enere 1 c 1982 uma po lítica cie fixação da taxa nominal de câmbio sem desindexar a economia precedida por ampla abertura comercial c financeira O rápido crescimento dos passivos externos num momento cm que as taxas de juros internacionais elevavamse a níveis sem precedentes tornou o sistema financeiro domestico inteiramente insolvente A resposta em ambos os países foi a estatizaçáo da dívida externa o controle das importações e a desvalorização da taxa de câmbio No caso ehileno a solução foi ainda mais radical com a própria esiatização dc entidades bancárias 4 6 PADRÕES MONETARIOS IN i ERNACIONAIS E CRESCIMENTO dos menor é ã taxa de crescimento compatível com asustemabilidade deste padrão dc financiamento externo1 SS Inserção externa e perspectivas para a economia brasileira No caso brasileiro diante do colapso da demanda c dos preços em dó lar de nossas exportações e da contração da oferta de capitais decorrentes da crise russa de 98 foi feita uma última tentativa de sustentar o regime cambial valorizado através de acordo preventivo com o Fundo A decisão brasileira posterior de desvalorizar o câmbio devido à contínua saída de ca pitais e ao esgotamento das reservas gerou grande confusão e atritos com o FMI Apesar disso em conjunto com a política macroeconômicacontra cionista ajudou a reduzir rapidamente as importações Depois da troca parcial de equipe e da permissão do Fundo de usar os recursos do acordo para estabilizar o câmbio com a conseqüente recuperação dc linhas de cré dito no exterior o Bacen foi forçado a começar a lazer rápidas reduções nas altíssimas taxas dc juros internas de modo a evitar uma entrada excessiva de capitais X o entanto as exportações não se recuperaram por conta da baixa demanda externa termos de troca desfavoráveis e dificuldades de fi nanciamento da exportação Nesse contexto continua dominante a idéia de que o problema é como captar cada vez mais eou melhores recursos externos e se fortalece em alguns meios a proposta do currency board conselho da moeda para uma dolarizaçáo definitiva Aparentemente seus defensores entendem que a do larização definitiva reduziria o risco cambial e atrairía muito mais capital externo particularmente através da desnacionalização do sistema bancá rio que segundo esta visão forçaria o FFD a garantir a liquidez do nosso sistema financeiro internacionalizado E curioso embora sintomático que essa proposta volte à tona exata mente agora quando ela se torna irrelevante por duas razões principais Em primeiro lugar a crise argentina diante da desvalorização brasileira dei xa mais do que claro que o currency board ao fixar o câmbio nominal não elimina e sim agrava a contradição básica entre exportar pouco e captar r Para o caso brasileiro ver Serrano 1998 A idéia difundida de que captar recursos exter nos sempre é bom c que quanto mais for captado melhor parre de arraigadas confusões primeiro entre fluxos de capirais c poupança externa esquecendo que o fluxo de capi tais pode simplesmente aumentar as reservas c depois da noção dc que o aumento da poupança externa que c simplesmente o déficit en conta corrente contribui diretamen te para aumentar os gastos em investimento do país receptor esquecendo que cm qualquer economia monetária c o investimento que determina o valor do total das poupanças Uma critica detalhada a estas confusões se encontra crr Serrano 1999b Carlos A Medeiros c Franklin Serrano muito1 Em segundo lugar as autoridades americanas c do FMI deram di versas declarações oficiais cujos argumentos foram repetidos em seguida pela equipe económica brasileira de que os EUA não darão apoio oficial a essa idéia1 Felizmente ao contrário de economias muito pequenas e sem urna base industrial integrada e completa a economia brasileira com scu grande mercado interno é perteitameme capaz de crescer para dentro com bai xa capacidade de importar em vez de estagnar para tora com abundan cia de capital externo Assim não parecem existir obstáculos técnicos à possibilidade de retomar algum crescimento á medida que em conjunto com políticas de promoção de exportações e racionalização da nova substi tuição de importações fossem controladas ao menos as entradas de capital e não fosse permitida a volta da sobre valorização cambial Podemos afir mar com alguma certeza que algum movimento nessa direção ainda que provavelmente parcial relutante c insuficiente será imposto pelos fatos 6 Observações finais Procuramos neste trabalho apresentar uma primeira versão de um es quema analítico que nos permite mostrar como em diferentes regimes mo netários os problem as da balança de pagam entos desafiaram e condicionaram os padrões e estratégias de desenvolvimento dos países que não emitem a moeda internacional Como vimos acima no padrão ou rolibra a conquista de mercados externos via industrialização tardia de um lado e via crescimento para fora tlc outro foram estratégias que a despei to de profundas diferenças estruturais visavam contornar as restrições e aproveitar as oportunidades impostas pela forma de agir do país que emitia a moeda internacional que Prebisch chama de centro cíclico principal Na crise deste padrão no entreguerras algumas econom ias agrá rioexportadoras foram forçadas pela Grande Depressão a entrar num pro cesso de industrialização via substituição de importações pela escassez crônica de divisas No período posterior à Segunda Guerra o acesso ao mercado americano c a ajuda externa viabilizaram estratégias de induscria O mini6oo póscstabiliacão argentino financiado por capitais externos pi se esgota va cm 94 quando o Brasii liberalizando o comércio do Mcrcosul e valorizando sua moeda ressuscitou as exportações c o crescimento argentino Notcsc que de nada adianta tentar associar ã questão da Alca o apoio americano ao cur rency boartL pois o léxico está no Naft a há anos c não foi criado por conta disso nenhum currency voará ligando o peso ao dólar 14 PADRÕES MONP1 ÁRIOS INTERNACIONAIS Y CRESCIMENTO lizacão acelerada cm áreas geopolíticas importantes Na ausência de um pa drão ordenado e definido como nos anos 70 a abundância de liquidez internacional foi importante para a diferenciação da periferia quando se completa a industrialização de países como o Brasil e Coréia A partir de 79 e sobretudo com os EUA livres das condicionalidades geopolíticas após o colapso da URSS os problemas de balanço de pagamentos da periferia c as condições de sua superação são fortemente alterados Com muito mais graus de liberdade do que a Inglaterra do século X IX e do período de Bret ton Woods os EUA se libertam de qualquer restrição externa enquanto esta acaba se impondo aos demais países Isto ocorre porque ao contrário da Inglaterra do século X IX não há déficit de atenção nem complementa ridade estrutural com a periferia c ao contrário do pósguerra não há mais convidados Assim a liberalização comercial e financeira proposta a ro dos e aceita com entusiasmo pelas elites locais leva ao resultado paradoxal de que a multiplicação de fontes e for mas de financiamento externo em vez de afrouxar a restrição externa ao crescimento acaba por provocar forte expansão dos passivos externos brutos c depois líquidos movida primor dialmente não pelas necessidades de financiamento das importações neces sárias ao desenvolvim ento mas sim por ganhos de especulação e arbitragem financeira possibilitados por políticas de sustentação de dife renciais excessivos de juros externos e internos associados a taxas de câm bio completamente descoladas das condições de competitividade R e f e r e n c i a s b i b l io g r á f i c a s Akrighi G 1996 0 longo século XX Contraponto Rio de Janeiro Editora Unesp Eão Paulo 1996 BacíCHI AK 1987 East Asian Capitalism An Introduction ire Political Economy vol 3 number2 1987 Roma 1987 Barro R e SaiAYMARTIN 1995 Economic Growth McGrawIIill 1995 Rí ASCO S 1979Lhtjlazwne nei paee capitalistici industrializan Feltrinelli 1979 CARDOSODK M ELLO JM 1997 Prólogo in TAVARES íMC e FlORI JL íorg Poder edinheivoUma econom ia política da globalização Vozes Petrópolis 1997 Cruz P l 1995 Endividamento externo e transferência de recursos reais ao exterior Xora economia vol 5 n 1 agosto 1995 149