·
Relações Internacionais ·
Ciências Políticas
Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora
Recomendado para você
29
A Nova Guerra Contra o Terror: Reflexões sobre os Eventos de 11 de Setembro
Ciências Políticas
UNILA
40
Análise Conceitual do Orientalismo e Conflitos no Oriente
Ciências Políticas
UNILA
1
Links para Documentos Importantes sobre Comércio e Estudos
Ciências Políticas
UNILA
2
Orientalismo: Definição e Impactos na Percepção
Ciências Políticas
UNILA
22
O Maranhão e a Falsa Euforia do Fim da Época Colonial
Ciências Políticas
UNILA
1
Síntese dos Conceitos de Orientalismo e Passado Histórico-Cultural do Grande Oriente Médio
Ciências Políticas
UNILA
6
Impacto Internacional da Pandemia de 2020: Uma Análise Estratégica
Ciências Políticas
UNILA
1
Operação de Resgate de Crianças Judaicas na Ucrânia e Conflitos na Síria
Ciências Políticas
UNILA
29
O Giro Decolonial na América Latina: Modernidade-Colonialidade e suas Implicações
Ciências Políticas
UNILA
10
Análise do Oriente Médio: Origens Históricas dos Conflitos
Ciências Políticas
UNILA
Texto de pré-visualização
Prefácio Quando era criança uma das minhas posses mais queridas era um grande mapamúndi Ele ficava dependurado na parede ao lado da minha cama e eu o observava toda noite antes de dormir Em pouco tempo sabia de cor os nomes e a localização de cada país suas capitais oceanos e mares e os rios que corriam por eles e também os nomes das grandes cadeias de montanhas e desertos escritos num imponente itálico vibrando de aventura e perigos Já adolescente sentia um desconforto com o foco geográfico sempre muito estreito das minhas aulas na escola que se resumiam apenas à Europa Ocidental e aos Estados Unidos e deixavam a maior parte do resto do mundo intocada Ensinavase algo a respeito dos romanos na Bretanha da conquista normanda de 1066 Henrique VIII e os Tudor a Guerra de Independência Norte Americana a industrialização da era vitoriana a batalha do Somme e a ascensão e queda da Alemanha nazista Olhava meu mapa e via que tínhamos passado em silêncio por imensas regiões do mundo Quando completei catorze anos meus pais me deram um livro do antropólogo Eric Wolf que acendeu o estopim A história preguiçosa e aceita da civilização escreve Wolf é aquela em que a Grécia Antiga gerou Roma Roma gerou a Europa cristã a Europa cristã gerou o Renascimento o Renascimento o Iluminismo o Iluminismo a democracia política e a Revolução Industrial A indústria por sua vez cruzou com a democracia e produziu os Estados Unidos que incorporaram os direitos à vida à liberdade e à busca da felicidade1 Reconheci de imediato que era exatamente essa a história que haviam me contado o mantra do triunfo político cultural e moral do Ocidente Mas era um relato falho havia maneiras alternativas de olhar para a história que não envolviam tratar o passado sob o enfoque dos vencedores da história recente Fui fisgado De repente ficou óbvio que as regiões que não nos eram ensinadas haviam se perdido sufocadas pela insistente história da ascensão da Europa Pedi que meu pai me levasse para ver o MapaMúndi Hereford que colocava Jerusalém como seu foco e ponto médio com a Inglaterra e demais países ocidentais deslocados para o lado absolutamente irrelevantes Quando li sobre geógrafos árabes cujas obras eram acompanhadas por mapas que pareciam de cabeça para baixo e que colocavam o mar Cáspio no centro fiquei atônito como também fiquei ao descobrir um importante mapa medieval turco em Istambul que tinha no centro uma cidade chamada Balāsāghūn da qual eu nem sequer ouvira falar que não aparecia em nenhum mapa cuja localização era incerta até recentemente e que no entanto já havia sido considerada o centro do mundo2 Queria saber mais sobre a Rússia e a Ásia Central sobre a Pérsia e a Mesopotâmia Queria entender as origens do cristianismo quando visto a partir da Ásia e também como os cruzados viam as pessoas que viviam nas grandes cidades da Idade Média Constantinopla Jerusalém Bagdá e Cairo por exemplo queria aprender sobre os grandes impérios do Leste sobre os mongóis e suas conquistas e compreender de que modo as duas guerras mundiais eram entendidas quando olhadas não a partir de Flandres ou do front oriental mas do Afeganistão e da Índia Assim foi muito auspicioso ter a oportunidade de aprender russo na escola onde fui ensinado por Dick Haddon um homem brilhante que trabalhou nos serviços de inteligência da Marinha e acreditava que a maneira de compreender a língua russa e a dusha ou alma do país era por meio de sua cintilante literatura e música folclórica Me senti mais afortunado ainda quando ele se ofereceu para dar aulas de árabe a quem tivesse interesse apresentando a uma meia dúzia de alunos a cultura e a história islâmica e mergulhandonos na beleza do árabe clássico Essas línguas ajudaram a desvendar um mundo que estava à espera de ser descoberto ou como logo compreendi ser redescoberto por alguns de nós no Ocidente Hoje dáse muita atenção a avaliar o provável impacto do rápido crescimento econômico da China onde se prevê que a demanda por bens de luxo irá quadruplicar na próxima década ou acompanhar a mudança social na Índia onde as pessoas que têm acesso a celular superam em número as que dispõem de privada com descarga3 Mas nenhum desses dois países oferece um ponto de vista privilegiado para enxergar o passado do mundo e seu presente Na realidade durante milênios a região entre o Oriente e o Ocidente ligando a Europa ao oceano Pacífico foi a que constituiu o eixo em torno do qual girava o globo O ponto médio entre Leste e Oeste que em linhas gerais estendese das praias orientais do Mediterrâneo e do mar Negro até o Himalaia pode parecer uma posição pouco promissora para se avaliar o mundo a partir dela A região hoje abriga Estados que evocam o exótico e o periférico como o Cazaquistão e o Uzbequistão o Quirguistão e o Turcomenistão o Tadjiquistão e os países do Cáucaso é uma região associada a regimes instáveis violentos e que representam uma ameaça à segurança internacional como Afeganistão Irã Iraque e Síria ou malversados nas melhores práticas da democracia como Rússia e Azerbaidjão No conjunto parece ser uma região de estados falidos ou em vias de falir conduzidos por ditadores que conseguem maiorias inconcebivelmente altas em eleições nacionais e cujas famílias e amigos controlam vastos interesses comerciais são donos de imensos ativos e exercem grande poder político São lugares com índices baixos em direitos humanos onde a liberdade de expressão em questões de fé consciência e sexualidade é limitada e onde a mídia é controlada4 Embora tais países possam parecer desertos para nós não são áreas desconectadas ou locais obscuros devastados Na realidade a ponte entre Oriente e Ocidente constitui a própria encruzilhada da civilização Longe de estarem à margem dos assuntos globais esses países estão bem no seu centro como têm estado desde o início da história Foi aqui que a civilização nasceu e onde muitos acreditam que a humanidade foi criada no Jardim do Éden plantado pelo Senhor Deus com toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento que acreditavase estar localizado nos ricos campos entre o Tigre e o Eufrates5 Foi nessa ponte entre Oriente e Ocidente que grandes metrópoles se estabeleceram há cerca de 5 mil anos onde as cidades de Harapa e Mohenjodaro no vale do Indo eram maravilhas do mundo antigo com populações que chegavam a dezenas de milhares e ruas ligadas a um sofisticado sistema de esgotos que não teria rival na Europa por milhares de anos6 Outros grandes centros da civilização como Babilônia Nínive Uruk e Acad na Mesopotâmia eram famosos por sua grandiosidade e inovação arquitetônica Um geógrafo chinês escrevendo há mais de dois milênios observou que os habitantes da Báctria centrada no rio Oxus e hoje localizada no norte do Afeganistão eram legendários negociadores e comerciantes sua capital abrigava um mercado onde uma imensa gama de produtos era comprada e vendida proveniente de vários locais distantes7 Essa região é onde as grandes religiões do mundo ganharam vida onde judaísmo cristianismo islamismo budismo e hinduísmo abriram caminho aos empurrões É o caldeirão onde grupos linguísticos competiam onde línguas indoeuropeias semíticas e sinotibetanas insinuavamse entre aqueles que falavam altaico túrquico e caucasiano É onde grandes impérios surgiram e entraram em colapso onde os efeitos dos choques entre culturas e rivais eram sentidos a milhares de quilômetros de distância A partir dessa posição abriramse novas maneiras de enxergar o passado e descortinouse um mundo profundamente interconectado onde o que ocorria num continente tinha impacto em outro onde as repercussões do que acontecia nas estepes da Ásia Central podiam ser sentidas no Norte da África onde eventos em Bagdá ressoavam na Escandinávia onde descobertas nas Américas alteravam os preços de produtos na China e criavam um surto na demanda dos mercados de cavalos no norte da Índia Esses abalos eram transmitidos ao longo de uma rede que se abre em todas as direções em rotas por onde peregrinos e guerreiros nômades e mercadores viajaram bens e produtos foram comprados e vendidos e ideias foram intercambiadas adaptadas e refinadas Tais rotas levaram não só prosperidade mas também morte e violência doenças e desastres No final do século XIX essa ampla rede de conexões recebeu um nome dado por um eminente geólogo alemão Ferdinand von Richthofen tio do exímio piloto da Primeira Guerra Mundial o Barão Vermelho que desde então se firmou Seidenstraßen Rotas da Seda8 Essas trilhas são como o sistema nervoso central do mundo ligando povos e lugares mas ficam sob a pele invisíveis a olho nu Assim como a anatomia explica de que forma o corpo funciona compreender essas conexões nos permite entender como o mundo opera No entanto apesar da importância dessa parte do mundo ela tem sido esquecida pela corrente principal da história Em parte isso se deve ao que tem sido chamado de orientalismo a visão estridente predominantemente negativa do Oriente como subdesenvolvido e inferior ao Ocidente e portanto não merecedor de um estudo sério9 Mas também decorre do fato de que a narrativa do passado tornouse tão dominante e bem estabelecida que não há lugar para uma região que há muito tempo é vista como periférica em relação à história da ascensão da Europa e da sociedade ocidental Hoje Jalalabad e Herat no Afeganistão Faluja e Mosul no Iraque ou Homs e Alepo na Síria parecem sinônimos de fundamentalismo religioso e violência sectária O presente varreu o passado vão longe os dias em que o nome Cabul despertava imagens de jardins plantados e cuidados pelo grande Bābur fundador do Império mogol na Índia O BaghiWafa Jardim da Fidelidade incluía um tanque rodeado de laranjeiras e romãzeiras e uma campina de trevos dos quais Bābur era extremamente orgulhoso Esta é a melhor parte do jardim uma visão belíssima quando as laranjas ganham cor Sem dúvida este jardim tem uma localização admirável10 Do mesmo modo as impressões modernas a respeito do Irã têm obscurecido as glórias de sua história mais distante quando seus predecessores persas eram sinônimo de bom gosto em tudo desde as frutas servidas no jantar aos impressionantes retratos em miniatura produzidos por seus legendários artistas ou ao papel sobre o qual os eruditos escreviam Uma obra de belíssima confecção escrita por Simi Nīshāpūrī um bibliotecário de Mashad no leste do Irã por volta de 1400 registra em meticulosos detalhes o conselho de um amante dos livros que compartilhava sua paixão Qualquer um que pense em escrever recomendava ele de modo solene deve ser informado de que o melhor papel para caligrafia é produzido em Damasco Bagdá ou Samarcanda Papel de outros lugares em geral é tosco mancha e é impermanente Tenha em mente adverte ele que vale a pena dar ao papel um leve matiz antes de aplicarlhe a tinta porque o branco ofusca os olhos e os melhores exemplos caligráficos que temos observado são feitos todos sobre papel matizado11 Lugares cujos nomes estão quase esquecidos eram antes proeminentes como Merv descrita por um geógrafo do século X como uma cidade encantadora refinada elegante brilhante ampla e agradável e como a mãe do mundo ou Rayy não distante da moderna Teerã que para outro escritor mais ou menos da mesma época era tão gloriosa que merecia ser considerada a noiva da Terra e a mais bela criação do mundo12 Pontuando a espinha da Ásia essas cidades eram ligadas como pérolas conectando o Pacífico ao Mediterrâneo Centros urbanos incentivavamse mutuamente com as rivalidades entre governantes e elites dando lugar a arquiteturas cada vez mais ambiciosas e a monumentos espetaculares Bibliotecas locais de culto igrejas e observatórios de escala imensa assim como influências culturais diversas pontuavam a região ligando Constantinopla a Damasco Isfahan Samarcanda Cabul e Kashgar Cidades como essas tornaramse sede de eruditos brilhantes que fizeram avançar as fronteiras de suas disciplinas Conhecemos hoje apenas um punhado deles homens como Ibn Sīnā mais conhecido como Avicena alBīrūnī e alKhwārizmi gigantes nas áreas de astronomia e medicina mas havia muitos outros Durante séculos antes dos primórdios da era moderna os centros intelectuais de excelência do mundo as Oxford e Cambridge as Harvard e Yale não ficavam na Europa ou no Ocidente mas em Bagdá e Balkh Bactro Bucara e Samarcanda Havia boas razões para que as culturas cidades e povos que viviam ao longo das Rotas da Seda se desenvolvessem e avançassem à medida que comerciavam e trocavam ideias aprendiam e emprestavam umas das outras estimulando mais avanços em filosofia ciência idiomas e na religião O progresso era essencial como sabia muito bem há mais de 2 mil anos um dos governantes do reino de Zhao no nordeste da China Talento para seguir os caminhos de ontem declarou o rei Wuling em 307 aC não é suficiente para melhorar o mundo de hoje13 Líderes do passado entendiam o quanto era importante ficar em dia com a própria época Mas o manto do progresso deslocouse no início do período moderno como resultado de duas grandes expedições marítimas no final do século XV No decorrer de seis anos na década de 1490 foram lançadas as bases de uma grande ruptura no ritmo de sistemas de intercâmbio consagrados Primeiro Cristóvão Colombo cruzou o Atlântico abrindo caminho para duas enormes massas de terra até então intocadas e ligandoas à Europa e a locais além dela depois poucos anos mais tarde Vasco da Gama conseguiu contornar a ponta sul da África continuando dali até a Índia abrindo com isso novas rotas marítimas As descobertas alteraram padrões de interação e comércio e efetuaram uma notável mudança no centro de gravidade político e econômico do mundo Repentinamente a Europa Ocidental foi transformada e deixou sua posição de região periférica para se tornar o fulcro de uma onda de comunicação transporte e de um sistema de comércio abrangentes num único golpe tornouse o novo ponto médio entre Oriente e Ocidente A ascensão da Europa disparou uma feroz batalha por poder e pelo controle do passado À medida que os rivais se posicionavam um em relação ao outro a história foi sendo remodelada para enfatizar eventos temas e ideias que pudessem ser usados nos confrontos ideológicos travados com furor ao lado da luta para obter recursos e controlar as rotas marítimas Foram erguidos bustos de políticos e generais destacados vestindo togas para fazê los parecer heróis romanos do passado novos edifícios magníficos construídos em grandioso estilo clássico apropriaramse das glórias do mundo antigo como se Deslocamento do Progresso Colombo Vasco de Gama Batalha pelo controle do passado fossem seus antecedentes diretos A história foi distorcida e manipulada para criar uma insistente narrativa na qual a ascensão do Ocidente era não só natural e inevitável mas uma continuação do que havia ocorrido antes Muitas histórias me fizeram olhar para o passado sob uma ótica diferente Mas uma delas se destaca Segundo a mitologia grega Zeus o pai dos deuses soltou duas águias uma em cada canto da Terra e ordenou que voassem para se encontrar Uma pedra sagrada o ônfalo omphalos o umbigo do mundo foi colocada no ponto em que se encontraram para permitir a comunicação com o divino Aprendi mais tarde que o conceito dessa pedra tem sido há muito tempo uma fonte de fascínio para filósofos e psicanalistas14 Lembro que fiquei olhando para o meu mapa da primeira vez que ouvi essa história tentando imaginar onde as águias teriam se encontrado Imaginei que uma teria partido das praias do Atlântico ocidental e a outra da costa do Pacífico na China indo para o interior O local preciso mudava dependendo de onde eu colocasse meus dedos para começar a medir distâncias iguais de leste a oeste Mas sempre terminava em algum ponto entre o mar Negro e as montanhas do Himalaia Eu ficava acordado à noite ponderando a respeito do mapa na parede do meu quarto das águias de Zeus e da história de uma região que nunca era mencionada nos livros que eu lia e que não tinha nome Não faz muito tempo os europeus dividiram a Ásia em três grandes zonas o Oriente Próximo o Oriente Médio e o Extremo Oriente Mas sempre que eu ouvia falar ou lia sobre problemas contemporâneos enquanto crescia parecia que a segunda dessas zonas o Oriente Médio havia mudado de sentido e até de lugar sendo usado para se referir a Israel Palestina e à área em volta e ocasionalmente ao Golfo Pérsico E eu não conseguia entender por que continuavam me falando da importância do Mediterrâneo como berço da civilização quando parecia tão óbvio que não era ali que a civilização havia de fato sido forjada O verdadeiro cadinho o Mediterrâneo no sentido literal o centro do mundo não era um mar separando a Europa do Norte da África mas ficava bem no centro da Ásia Minha esperança é que eu possa encorajar outras pessoas a estudar os povos e lugares que têm sido ignorados durante gerações ao colocar novas questões e abrir novas áreas de pesquisa Espero estimular que novas questões sejam levantadas a respeito do passado e que os truísmos sejam desafiados e investigados detidamente Acima de tudo espero inspirar aqueles que lerem este livro a olhar a história de uma nova maneira Worcester College Oxford Abril de 2015 1 A criação da Rota da Seda Desde os primórdios dos tempos o centro da Ásia é onde os impérios foram criados As terras baixas de aluvião da Mesopotâmia alimentadas pelos rios Tigre e Eufrates forneceram a base da própria civilização pois foi nessa região que as primeiras aldeias e cidades se formaram A agricultura sistematizada desenvolveuse na Mesopotâmia e por todo o Crescente Fértil uma faixa de terras altamente produtivas com acesso a água em abundância estendendose do Golfo Pérsico ao litoral do Mediterrâneo Foi aqui que algumas das primeiras leis codificadas foram disseminadas há cerca de 4 mil anos por Hamurábi rei da Babilônia que detalhou as obrigações de seus súditos e definiu pesadas punições pelas transgressões1 Embora muitos reinos e impérios tenham surgido desse cadinho o maior de todos foi o dos persas Expandindose rapidamente no século VI aC a partir de uma terra situada no atual sul do Irã os persas dominaram seus vizinhos alcançaram as praias do Egeu conquistaram o Egito e expandiramse para leste até o Himalaia Seu sucesso deveuse muito à sua abertura a julgar pelo relato do historiador grego Heródoto Os persas são muito propensos a adotar costumes estrangeiros Os persas se dispunham a abandonar o próprio estilo de
Envie sua pergunta para a IA e receba a resposta na hora
Recomendado para você
29
A Nova Guerra Contra o Terror: Reflexões sobre os Eventos de 11 de Setembro
Ciências Políticas
UNILA
40
Análise Conceitual do Orientalismo e Conflitos no Oriente
Ciências Políticas
UNILA
1
Links para Documentos Importantes sobre Comércio e Estudos
Ciências Políticas
UNILA
2
Orientalismo: Definição e Impactos na Percepção
Ciências Políticas
UNILA
22
O Maranhão e a Falsa Euforia do Fim da Época Colonial
Ciências Políticas
UNILA
1
Síntese dos Conceitos de Orientalismo e Passado Histórico-Cultural do Grande Oriente Médio
Ciências Políticas
UNILA
6
Impacto Internacional da Pandemia de 2020: Uma Análise Estratégica
Ciências Políticas
UNILA
1
Operação de Resgate de Crianças Judaicas na Ucrânia e Conflitos na Síria
Ciências Políticas
UNILA
29
O Giro Decolonial na América Latina: Modernidade-Colonialidade e suas Implicações
Ciências Políticas
UNILA
10
Análise do Oriente Médio: Origens Históricas dos Conflitos
Ciências Políticas
UNILA
Texto de pré-visualização
Prefácio Quando era criança uma das minhas posses mais queridas era um grande mapamúndi Ele ficava dependurado na parede ao lado da minha cama e eu o observava toda noite antes de dormir Em pouco tempo sabia de cor os nomes e a localização de cada país suas capitais oceanos e mares e os rios que corriam por eles e também os nomes das grandes cadeias de montanhas e desertos escritos num imponente itálico vibrando de aventura e perigos Já adolescente sentia um desconforto com o foco geográfico sempre muito estreito das minhas aulas na escola que se resumiam apenas à Europa Ocidental e aos Estados Unidos e deixavam a maior parte do resto do mundo intocada Ensinavase algo a respeito dos romanos na Bretanha da conquista normanda de 1066 Henrique VIII e os Tudor a Guerra de Independência Norte Americana a industrialização da era vitoriana a batalha do Somme e a ascensão e queda da Alemanha nazista Olhava meu mapa e via que tínhamos passado em silêncio por imensas regiões do mundo Quando completei catorze anos meus pais me deram um livro do antropólogo Eric Wolf que acendeu o estopim A história preguiçosa e aceita da civilização escreve Wolf é aquela em que a Grécia Antiga gerou Roma Roma gerou a Europa cristã a Europa cristã gerou o Renascimento o Renascimento o Iluminismo o Iluminismo a democracia política e a Revolução Industrial A indústria por sua vez cruzou com a democracia e produziu os Estados Unidos que incorporaram os direitos à vida à liberdade e à busca da felicidade1 Reconheci de imediato que era exatamente essa a história que haviam me contado o mantra do triunfo político cultural e moral do Ocidente Mas era um relato falho havia maneiras alternativas de olhar para a história que não envolviam tratar o passado sob o enfoque dos vencedores da história recente Fui fisgado De repente ficou óbvio que as regiões que não nos eram ensinadas haviam se perdido sufocadas pela insistente história da ascensão da Europa Pedi que meu pai me levasse para ver o MapaMúndi Hereford que colocava Jerusalém como seu foco e ponto médio com a Inglaterra e demais países ocidentais deslocados para o lado absolutamente irrelevantes Quando li sobre geógrafos árabes cujas obras eram acompanhadas por mapas que pareciam de cabeça para baixo e que colocavam o mar Cáspio no centro fiquei atônito como também fiquei ao descobrir um importante mapa medieval turco em Istambul que tinha no centro uma cidade chamada Balāsāghūn da qual eu nem sequer ouvira falar que não aparecia em nenhum mapa cuja localização era incerta até recentemente e que no entanto já havia sido considerada o centro do mundo2 Queria saber mais sobre a Rússia e a Ásia Central sobre a Pérsia e a Mesopotâmia Queria entender as origens do cristianismo quando visto a partir da Ásia e também como os cruzados viam as pessoas que viviam nas grandes cidades da Idade Média Constantinopla Jerusalém Bagdá e Cairo por exemplo queria aprender sobre os grandes impérios do Leste sobre os mongóis e suas conquistas e compreender de que modo as duas guerras mundiais eram entendidas quando olhadas não a partir de Flandres ou do front oriental mas do Afeganistão e da Índia Assim foi muito auspicioso ter a oportunidade de aprender russo na escola onde fui ensinado por Dick Haddon um homem brilhante que trabalhou nos serviços de inteligência da Marinha e acreditava que a maneira de compreender a língua russa e a dusha ou alma do país era por meio de sua cintilante literatura e música folclórica Me senti mais afortunado ainda quando ele se ofereceu para dar aulas de árabe a quem tivesse interesse apresentando a uma meia dúzia de alunos a cultura e a história islâmica e mergulhandonos na beleza do árabe clássico Essas línguas ajudaram a desvendar um mundo que estava à espera de ser descoberto ou como logo compreendi ser redescoberto por alguns de nós no Ocidente Hoje dáse muita atenção a avaliar o provável impacto do rápido crescimento econômico da China onde se prevê que a demanda por bens de luxo irá quadruplicar na próxima década ou acompanhar a mudança social na Índia onde as pessoas que têm acesso a celular superam em número as que dispõem de privada com descarga3 Mas nenhum desses dois países oferece um ponto de vista privilegiado para enxergar o passado do mundo e seu presente Na realidade durante milênios a região entre o Oriente e o Ocidente ligando a Europa ao oceano Pacífico foi a que constituiu o eixo em torno do qual girava o globo O ponto médio entre Leste e Oeste que em linhas gerais estendese das praias orientais do Mediterrâneo e do mar Negro até o Himalaia pode parecer uma posição pouco promissora para se avaliar o mundo a partir dela A região hoje abriga Estados que evocam o exótico e o periférico como o Cazaquistão e o Uzbequistão o Quirguistão e o Turcomenistão o Tadjiquistão e os países do Cáucaso é uma região associada a regimes instáveis violentos e que representam uma ameaça à segurança internacional como Afeganistão Irã Iraque e Síria ou malversados nas melhores práticas da democracia como Rússia e Azerbaidjão No conjunto parece ser uma região de estados falidos ou em vias de falir conduzidos por ditadores que conseguem maiorias inconcebivelmente altas em eleições nacionais e cujas famílias e amigos controlam vastos interesses comerciais são donos de imensos ativos e exercem grande poder político São lugares com índices baixos em direitos humanos onde a liberdade de expressão em questões de fé consciência e sexualidade é limitada e onde a mídia é controlada4 Embora tais países possam parecer desertos para nós não são áreas desconectadas ou locais obscuros devastados Na realidade a ponte entre Oriente e Ocidente constitui a própria encruzilhada da civilização Longe de estarem à margem dos assuntos globais esses países estão bem no seu centro como têm estado desde o início da história Foi aqui que a civilização nasceu e onde muitos acreditam que a humanidade foi criada no Jardim do Éden plantado pelo Senhor Deus com toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento que acreditavase estar localizado nos ricos campos entre o Tigre e o Eufrates5 Foi nessa ponte entre Oriente e Ocidente que grandes metrópoles se estabeleceram há cerca de 5 mil anos onde as cidades de Harapa e Mohenjodaro no vale do Indo eram maravilhas do mundo antigo com populações que chegavam a dezenas de milhares e ruas ligadas a um sofisticado sistema de esgotos que não teria rival na Europa por milhares de anos6 Outros grandes centros da civilização como Babilônia Nínive Uruk e Acad na Mesopotâmia eram famosos por sua grandiosidade e inovação arquitetônica Um geógrafo chinês escrevendo há mais de dois milênios observou que os habitantes da Báctria centrada no rio Oxus e hoje localizada no norte do Afeganistão eram legendários negociadores e comerciantes sua capital abrigava um mercado onde uma imensa gama de produtos era comprada e vendida proveniente de vários locais distantes7 Essa região é onde as grandes religiões do mundo ganharam vida onde judaísmo cristianismo islamismo budismo e hinduísmo abriram caminho aos empurrões É o caldeirão onde grupos linguísticos competiam onde línguas indoeuropeias semíticas e sinotibetanas insinuavamse entre aqueles que falavam altaico túrquico e caucasiano É onde grandes impérios surgiram e entraram em colapso onde os efeitos dos choques entre culturas e rivais eram sentidos a milhares de quilômetros de distância A partir dessa posição abriramse novas maneiras de enxergar o passado e descortinouse um mundo profundamente interconectado onde o que ocorria num continente tinha impacto em outro onde as repercussões do que acontecia nas estepes da Ásia Central podiam ser sentidas no Norte da África onde eventos em Bagdá ressoavam na Escandinávia onde descobertas nas Américas alteravam os preços de produtos na China e criavam um surto na demanda dos mercados de cavalos no norte da Índia Esses abalos eram transmitidos ao longo de uma rede que se abre em todas as direções em rotas por onde peregrinos e guerreiros nômades e mercadores viajaram bens e produtos foram comprados e vendidos e ideias foram intercambiadas adaptadas e refinadas Tais rotas levaram não só prosperidade mas também morte e violência doenças e desastres No final do século XIX essa ampla rede de conexões recebeu um nome dado por um eminente geólogo alemão Ferdinand von Richthofen tio do exímio piloto da Primeira Guerra Mundial o Barão Vermelho que desde então se firmou Seidenstraßen Rotas da Seda8 Essas trilhas são como o sistema nervoso central do mundo ligando povos e lugares mas ficam sob a pele invisíveis a olho nu Assim como a anatomia explica de que forma o corpo funciona compreender essas conexões nos permite entender como o mundo opera No entanto apesar da importância dessa parte do mundo ela tem sido esquecida pela corrente principal da história Em parte isso se deve ao que tem sido chamado de orientalismo a visão estridente predominantemente negativa do Oriente como subdesenvolvido e inferior ao Ocidente e portanto não merecedor de um estudo sério9 Mas também decorre do fato de que a narrativa do passado tornouse tão dominante e bem estabelecida que não há lugar para uma região que há muito tempo é vista como periférica em relação à história da ascensão da Europa e da sociedade ocidental Hoje Jalalabad e Herat no Afeganistão Faluja e Mosul no Iraque ou Homs e Alepo na Síria parecem sinônimos de fundamentalismo religioso e violência sectária O presente varreu o passado vão longe os dias em que o nome Cabul despertava imagens de jardins plantados e cuidados pelo grande Bābur fundador do Império mogol na Índia O BaghiWafa Jardim da Fidelidade incluía um tanque rodeado de laranjeiras e romãzeiras e uma campina de trevos dos quais Bābur era extremamente orgulhoso Esta é a melhor parte do jardim uma visão belíssima quando as laranjas ganham cor Sem dúvida este jardim tem uma localização admirável10 Do mesmo modo as impressões modernas a respeito do Irã têm obscurecido as glórias de sua história mais distante quando seus predecessores persas eram sinônimo de bom gosto em tudo desde as frutas servidas no jantar aos impressionantes retratos em miniatura produzidos por seus legendários artistas ou ao papel sobre o qual os eruditos escreviam Uma obra de belíssima confecção escrita por Simi Nīshāpūrī um bibliotecário de Mashad no leste do Irã por volta de 1400 registra em meticulosos detalhes o conselho de um amante dos livros que compartilhava sua paixão Qualquer um que pense em escrever recomendava ele de modo solene deve ser informado de que o melhor papel para caligrafia é produzido em Damasco Bagdá ou Samarcanda Papel de outros lugares em geral é tosco mancha e é impermanente Tenha em mente adverte ele que vale a pena dar ao papel um leve matiz antes de aplicarlhe a tinta porque o branco ofusca os olhos e os melhores exemplos caligráficos que temos observado são feitos todos sobre papel matizado11 Lugares cujos nomes estão quase esquecidos eram antes proeminentes como Merv descrita por um geógrafo do século X como uma cidade encantadora refinada elegante brilhante ampla e agradável e como a mãe do mundo ou Rayy não distante da moderna Teerã que para outro escritor mais ou menos da mesma época era tão gloriosa que merecia ser considerada a noiva da Terra e a mais bela criação do mundo12 Pontuando a espinha da Ásia essas cidades eram ligadas como pérolas conectando o Pacífico ao Mediterrâneo Centros urbanos incentivavamse mutuamente com as rivalidades entre governantes e elites dando lugar a arquiteturas cada vez mais ambiciosas e a monumentos espetaculares Bibliotecas locais de culto igrejas e observatórios de escala imensa assim como influências culturais diversas pontuavam a região ligando Constantinopla a Damasco Isfahan Samarcanda Cabul e Kashgar Cidades como essas tornaramse sede de eruditos brilhantes que fizeram avançar as fronteiras de suas disciplinas Conhecemos hoje apenas um punhado deles homens como Ibn Sīnā mais conhecido como Avicena alBīrūnī e alKhwārizmi gigantes nas áreas de astronomia e medicina mas havia muitos outros Durante séculos antes dos primórdios da era moderna os centros intelectuais de excelência do mundo as Oxford e Cambridge as Harvard e Yale não ficavam na Europa ou no Ocidente mas em Bagdá e Balkh Bactro Bucara e Samarcanda Havia boas razões para que as culturas cidades e povos que viviam ao longo das Rotas da Seda se desenvolvessem e avançassem à medida que comerciavam e trocavam ideias aprendiam e emprestavam umas das outras estimulando mais avanços em filosofia ciência idiomas e na religião O progresso era essencial como sabia muito bem há mais de 2 mil anos um dos governantes do reino de Zhao no nordeste da China Talento para seguir os caminhos de ontem declarou o rei Wuling em 307 aC não é suficiente para melhorar o mundo de hoje13 Líderes do passado entendiam o quanto era importante ficar em dia com a própria época Mas o manto do progresso deslocouse no início do período moderno como resultado de duas grandes expedições marítimas no final do século XV No decorrer de seis anos na década de 1490 foram lançadas as bases de uma grande ruptura no ritmo de sistemas de intercâmbio consagrados Primeiro Cristóvão Colombo cruzou o Atlântico abrindo caminho para duas enormes massas de terra até então intocadas e ligandoas à Europa e a locais além dela depois poucos anos mais tarde Vasco da Gama conseguiu contornar a ponta sul da África continuando dali até a Índia abrindo com isso novas rotas marítimas As descobertas alteraram padrões de interação e comércio e efetuaram uma notável mudança no centro de gravidade político e econômico do mundo Repentinamente a Europa Ocidental foi transformada e deixou sua posição de região periférica para se tornar o fulcro de uma onda de comunicação transporte e de um sistema de comércio abrangentes num único golpe tornouse o novo ponto médio entre Oriente e Ocidente A ascensão da Europa disparou uma feroz batalha por poder e pelo controle do passado À medida que os rivais se posicionavam um em relação ao outro a história foi sendo remodelada para enfatizar eventos temas e ideias que pudessem ser usados nos confrontos ideológicos travados com furor ao lado da luta para obter recursos e controlar as rotas marítimas Foram erguidos bustos de políticos e generais destacados vestindo togas para fazê los parecer heróis romanos do passado novos edifícios magníficos construídos em grandioso estilo clássico apropriaramse das glórias do mundo antigo como se Deslocamento do Progresso Colombo Vasco de Gama Batalha pelo controle do passado fossem seus antecedentes diretos A história foi distorcida e manipulada para criar uma insistente narrativa na qual a ascensão do Ocidente era não só natural e inevitável mas uma continuação do que havia ocorrido antes Muitas histórias me fizeram olhar para o passado sob uma ótica diferente Mas uma delas se destaca Segundo a mitologia grega Zeus o pai dos deuses soltou duas águias uma em cada canto da Terra e ordenou que voassem para se encontrar Uma pedra sagrada o ônfalo omphalos o umbigo do mundo foi colocada no ponto em que se encontraram para permitir a comunicação com o divino Aprendi mais tarde que o conceito dessa pedra tem sido há muito tempo uma fonte de fascínio para filósofos e psicanalistas14 Lembro que fiquei olhando para o meu mapa da primeira vez que ouvi essa história tentando imaginar onde as águias teriam se encontrado Imaginei que uma teria partido das praias do Atlântico ocidental e a outra da costa do Pacífico na China indo para o interior O local preciso mudava dependendo de onde eu colocasse meus dedos para começar a medir distâncias iguais de leste a oeste Mas sempre terminava em algum ponto entre o mar Negro e as montanhas do Himalaia Eu ficava acordado à noite ponderando a respeito do mapa na parede do meu quarto das águias de Zeus e da história de uma região que nunca era mencionada nos livros que eu lia e que não tinha nome Não faz muito tempo os europeus dividiram a Ásia em três grandes zonas o Oriente Próximo o Oriente Médio e o Extremo Oriente Mas sempre que eu ouvia falar ou lia sobre problemas contemporâneos enquanto crescia parecia que a segunda dessas zonas o Oriente Médio havia mudado de sentido e até de lugar sendo usado para se referir a Israel Palestina e à área em volta e ocasionalmente ao Golfo Pérsico E eu não conseguia entender por que continuavam me falando da importância do Mediterrâneo como berço da civilização quando parecia tão óbvio que não era ali que a civilização havia de fato sido forjada O verdadeiro cadinho o Mediterrâneo no sentido literal o centro do mundo não era um mar separando a Europa do Norte da África mas ficava bem no centro da Ásia Minha esperança é que eu possa encorajar outras pessoas a estudar os povos e lugares que têm sido ignorados durante gerações ao colocar novas questões e abrir novas áreas de pesquisa Espero estimular que novas questões sejam levantadas a respeito do passado e que os truísmos sejam desafiados e investigados detidamente Acima de tudo espero inspirar aqueles que lerem este livro a olhar a história de uma nova maneira Worcester College Oxford Abril de 2015 1 A criação da Rota da Seda Desde os primórdios dos tempos o centro da Ásia é onde os impérios foram criados As terras baixas de aluvião da Mesopotâmia alimentadas pelos rios Tigre e Eufrates forneceram a base da própria civilização pois foi nessa região que as primeiras aldeias e cidades se formaram A agricultura sistematizada desenvolveuse na Mesopotâmia e por todo o Crescente Fértil uma faixa de terras altamente produtivas com acesso a água em abundância estendendose do Golfo Pérsico ao litoral do Mediterrâneo Foi aqui que algumas das primeiras leis codificadas foram disseminadas há cerca de 4 mil anos por Hamurábi rei da Babilônia que detalhou as obrigações de seus súditos e definiu pesadas punições pelas transgressões1 Embora muitos reinos e impérios tenham surgido desse cadinho o maior de todos foi o dos persas Expandindose rapidamente no século VI aC a partir de uma terra situada no atual sul do Irã os persas dominaram seus vizinhos alcançaram as praias do Egeu conquistaram o Egito e expandiramse para leste até o Himalaia Seu sucesso deveuse muito à sua abertura a julgar pelo relato do historiador grego Heródoto Os persas são muito propensos a adotar costumes estrangeiros Os persas se dispunham a abandonar o próprio estilo de