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1 Desenhe o perfil topográfico da Paraíba e aponte os aspectos abaixo A Características geológicas B Compartimentos Geomorfológicos C CDiferenças altimétricas em proporção reservada no desenho 2 Caracterize cada uma das unidades geomorfológicas apresentadas MARIA GELZA R F DE CARVALHO ESTADO DA PARAÍBA Classificação Geomorfológica UFPbFUNAPE EDITORA UNIVERSITÁRIA ESTADO DA PARAÍBA Classificação Geomorfológica Niciona 235 1857 MARIA GELZA R F DE CARVALHO ESTADO DA PARAÍBA Classificação Geomorfológica UFPbFUNAPE EDITORA UNIVERSITÁRIA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA REITOR Prof Berilo Ramos Borba VICEREITOR Prof José Jackson Carneiro de Carvalho EDITORA UNIVERSITÁRIA Diretor Geral Prof Alarico Correia Neto Diretor de Planejamento e Produção José Marconi Azevedo de Almeida Diretor Comercial Renato Alves do Nascimento Direitos desta Edição reservados à EDITORA UNIVERSITÁRIAFUNAPE Campus Universitário 58000 João Pessoa Paraíba Impresso no Brasil Printed in Brazil Programação Visual Equipe Editora Universitária Capa Nivaldo S Araújo 55148133 C331e Carvalho Maria Gelza R F de Estado da Paraíba classificação geomorfológica João Pessoa Editora UniversitáriaUFPb 1982 72 p 1 GEOMORFOLOGIA PARAÍBA 2 ESCRITORES PARAIBANOS UFPbFPL Para ter um amigo é preciso antes de tudo ser um amigo Autor desconhecido AGRADECIMENTO O desenvolvimento deste trabalho só foi possível graças à presença amiga de Assis Maria Janete Gislaine Celeida e Rocco Ana e Moacyr Marceleuze Eduardo Para todos a minha gratidão Meu agradecimento também especial para o amigo Sérgio Tavares por suas sugestões e complementações indispensáveis SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 ABORDAGEM METODOLÓGICA E TÉCNICAS APLICADAS 11 CLASSIFICAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO ESTADO DA PARAÍBA 13 A Setor Oriental Úmido e Subúmido 15 As Formações Recifais 16 Baixada Litorânea 18 Baixo Planalto Costeiro 21 Planícies Aluviais 26 Chapadas 30 Depressão Sublitorânea 34 Esporões do Maciço da Borborema 35 Frente ou Escarpa Oriental da Borborema 38 B Setor Ocidental Subúmido e SemiÁrido 39 Superfície Aplainada do Maciço da Borborema 42 Maciços Residuais Serras e Inselbergues 45 Chapadas 49 Depressão do Curimataú 53 Pediplano Sertanejo 54 Depressão do rio do Peixe 56 CONCLUSÃO 60 BIBLIOGRAFIA 63 ANEXO 65 MAPA GEOMORFOLÓGICO DA PARAÍBA 69 1 INTRODUÇÃO Os aspectos geomorfológicos do Estado da Paraíba enfocados em diversos estudos e por diferentes autores vem merecendo a nosso ver uma reavaliação quanto à sua classificação Os estudos que proporcionam um conhecimento mais detalhado do relevo paraibano encontramse em sua maioria incluídos em pesquisas mais amplas sobre a geomorfologia do Nordeste Nos trabalhos específicos sobre o Estado aparecem classificações que definem as linhas mais gerais do seu relevo com explicações resumidas Em ambos os casos existe um aspecto discutível o uso de uma toponímia regional para classificar os fatos geomorfológicos A utilização de uma toponímia desta natureza não nos parece a mais indicada numa identificação científica No caso de um estudo geomorfológico por exemplo devemos reconhecer que muitos termos utilizados e fielmente entendidos em uma determinada região podem ter significado diverso ou apenas aparentado em outras Podem assim confundir ou tornarse mesmo incompreensível àqueles estudiosos menos ligados à geomorfologia dessa ou daquela região E quando se procura visualizar os fatos em um mapa geomorfológico tornase ainda mais conveniente o uso de uma terminologia específica da geomorfologia capaz por si só de oferecer de imediato e claramente uma boa identificação das formas de relevo representadas Em estudos sobre a Paraíba têm sido usados os termos Brejo Curimataú Tabuleiro Superfície dos Cariris para definir a sua morfologia Embora constituindo expressões amplamente divulgadas e já con 11 sagradas para classificar determinadas formas de relevo não traduzem fielmente a geomorfologia do Estado Falarse de Tabuleiro pode dar a entender que se fala ou do relevo ou da vegetação de cerrado igualmente assim conhecida localmente Se no Nordeste o termo brejo nos leva a identificar uma topografia elevada úmida em outras regiões brasileiras no Sudeste por exemplo o brejo identificase como uma área baixa alagada pantanosa E superfície dos Cariris Borborema etc não conceitua a não ser sensu latu qualquer forma de relevo específica necessitando de explicações paralelas À luz dessas observações é que nos portamos pela escolha de uma terminologia estritamente científica para conceituar os fatos geomorfológicos classificálos e representálos em um mapa Não discutimos a validade da terminologia regional e até local que sabemos assumir muitas vezes importância significativa no trato de determinados fatos científicos Apenas achamos que deve ser mencionada à guisa de esclarecimentos nas colocações paralelas que explicam os fatos classificados Analisamos um relevo já bem pesquisado a nível regional e assim nosso trabalho constitui acima de qualquer participação pessoal um apanhado geral de idéias emitidas por diferentes estudiosos em bibliografia já consagrada Não é portanto apenas o resultado de novas investigações que possam oferecer novos enfoques às origens do modelado do relevo nordestino eou paraibano Nossa contribuição se prende à tentativa de definir uma classificação geomorfológica específica para o Estado da Paraíba visualizada em um mapa com uma terminologia e legenda que facilitem a identificação das formas O resultado a que chegamos ainda que em etapa mais descritiva responde aos objetivos que comandaram essa pesquisa mas não é definitivo posto que pensamos em dar continuidade ao estudo partindo para uma representação geomorfológica mais rica em detalhes de formas e processos para cada unidade agora classificada Depois dessa etapa introdutória que busca um conhecimento melhor do espaço físico da Paraíba pretendemos junto com outros colegas do Departamento de Geociências definir um projeto de pesquisa cujo objetivo principal será o de avaliar os pontos negativos e positivos dos tipos de ocupação efetuados nesse espaço Esperamos que nosso esforço atual possa fundamentar novos trabalhos que propiciem maior dinâmica às investigações geográficas do nosso Estado 12 2 ABORDAGEM METODOLÓGICA E TÉCNICAS APLICADAS No presente trabalho utilizamos a bibliografia especializada documentação cartográfica e aerofotográfica devidamente discriminada no item pertinente Além do trabalho de gabinete realizamos viagens ao campo principalmente às áreas onde apenas a bibliografia e documentos não foram suficientemente esclarecedores de nossas dúvidas O mapa base em escala 1500000 contendo curvas de nível hidrografia e algumas cidades foi desenhado no Laboratório de Cartografia LABOCAR no Departamento de Geociências da UFPb a partir do mapa topográfico do IBGE 1970 Para ele transpomos nossas informações sobre o relevo Para representarmos as formas de relevo adotamos uma legenda capaz de permitir uma visualização clara dos aspectos geomorfológicos baseada na nossa própria experiência e em alguns casos apenas adaptada de outros autores Procuramos usar as curvas de nível para complementar muitas vezes a própria legenda como nas delimitações de áreas ou unidades geomorfológicas e ainda naqueles casos em que a hipsometria emprestava maior realce às formas como por exemplo nas serras e gargantas Na ausência das curvas de nível traduzimos a altitude por alguns pontos plotados nas regiões Para que o mapa não se apresentasse muito congestionado representamos somente a drenagem marcante das unidades geomorfológicas mapeadas No litoral procuramos colocar o maior número possível de rios de modo a caracterizar melhor as várzeas 13 3 CLASSIFICAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO ESTADO DA PARAÍBA Nossa classificação procura relacionar em suas linhas gerais as formas de relevo com a geologia e o clima Assim procuramos organizar os fatos geomorfológicos em dois grupos compreendidos pelos tipos climáticos mais significativos do Estado úmido subúmido e semiárido Chamamos de SETORES esses dois grupos destacados como Setor Oriental Úmido e Subúmido e Setor Ocidental Subúmido e Semiárido Como linha divisória entre eles consideramos a Frente Oriental do Maciço da Borborema desde a calha do rio Paraíba ao sul até as primeiras curvas de nível que ao norte evidenciam o vale do rio Curimataú Para cada um desses Setores discriminamos as áreas cristalinas e as áreas sedimentares às quais correspondem formas e processos específicos Ao descrevermos as formas de relevo classificadas conforme seu Setor de ocorrência tivemos que separar muitas vezes de um conjunto geral partes individualizadas cuja origem está interligada ao mesmo Sempre que isso ocorreu procuramos não deixar dúvidas quanto aos pontos em comum existentes entre eles Outras vezes aconteceu o contrário ou seja para dar uma continuidade mais objetiva aos aspectos de certas unidades geomorfológicas fugimos da ordem de classificação das mesmas A SETOR ORIENTAL ÚMIDO E SUBÚMIDO 1 Áreas sedimentares marinhas e flúviomarinhas 15 1a Formações Recifais 1b Baixada Litorânea praias restingas dunas mangues 2 Áreas sedimentares continentais 2a Baixo Planalto Costeiro superfície preservada e dissecada colinas residuais falésias 2b Planícies Aluviais 2c Chapadas 3 Áreas cristalinas 3a Depressão Sublitorânea 3b Esporões do Maciço da Borborema 3c Escarpas Orientais do Maciço da Borborema B SETOR OCIDENTAL SUBÚMIDO E SEMIÁRIDO 1 Áreas cristalinas 1a Superfície Aplainada do Maciço da Borborema 1b Maciços Residuais Serras e Inselbergs 1c Depressão Tectônica do Curimataú 1d Pediplano Sertanejo 2 Áreas sedimentares continentais 2a Chapadas 2b Depressão do rio do Peixe A SETOR ORIENTAL ÚMIDO E SUBÚMIDO Caracterizado por um clima quente com temperatura média anual entre 24º e 27ºC e chuvas de outonoinverno que alcançam 2000mm anuais no litoral graças à forte influência dos alíseos de sudeste o Setor oriental da Paraíba incluise sem dúvida em uma faixa de umidade elevada no caso do litoral de cerca de 80 A topografia interfere de modo significativo no clima condicionando diversificações climáticas no Setor como acontece com as Frentes elevadas do Maciço da Borborema e com a Depressão Sublitorânea 16 No primeiro caso já distanciada da costa a área apresenta uma pluviiosidade anual com índices entre 1300 e 1500mm próximos aos do litoral O fato se dá em virtude das chuvas orográficas que se distribuem principalmente entre janeiro e setembro Ali as escarpas situadas quase transversalmente aos ventos úmidos de sudeste provocam uma ascendência dos mesmos que resfriandose adiabaticamente condensamse originando precipitações abundantes nas encostas a barlavento e áreas próximas aumentando a umidade do ar que se aproxima dos 85 A altitude em torno de 600 metros determina temperaturas mais baixas com mínimas anuais entre 18 20 que podem diminuir atingindo índices inferiores aos 18 entre junho e agosto A faixa mais oriental do Estado e essa Escarpa apresentam uma cobertura vegetal do tipo florestal a Mata úmida costeira Mata Atlântica e a Mata úmida de altitude mata do Brejo esta última uma disjunção da primeira Ambas encontramse altamente descaracterizadas pelos desmatamentos contínuos e as raras formações secundárias podem oferecer ainda uma idéia relativa de sua exuberância primitiva Na Depressão Sublitorânea ocorre o inverso daquilo que acontece nas Frentes do Maciço Os ventos úmidos sofrem um descenso que mesmo pequeno favorece a diminuição da umidade numa pequena distância para 78 e da pluviosidade para os 800 mm anuais com temperaturas que variam entre 26 e 28 C caracterizando um clima subúmido bem refletido na sua vegetação de Agreste Essa vegetação é identificada por FERNANDES DE CARVALHO FA 1972 como uma comunidade de características xerófilas que mostra inúmeros pontos de contacto fisionômicos e até mesmo florísticos com a Caatinga dos Cariris De conformidade com esse autor a área da Depressão constituise numa descontinuidade climática e portanto ecológica e fitogeográfica dentro daquela sucessão normal e linear da vegetação que se observa por exemplo no vizinho estado de Pernambuco A ausência de discordâncias singulares na geomorfologia permite a passagem gradativa de mata úmida para mata seca desta para o Agreste e daí para a Caatinga A Depressão provoca uma ruptura desta linha sucessional por alterar os valores climáticos locais A história geomorfológica do Setor Oriental inclui episódios tectônicos oscilações climáticas e oscilações do nível do mar ocorridas ao longo do Cenozoico principalmente no Quaternário período durante o qual originouse a maior parte das suas feições morfológicas Rochas cristalinas e sedimentares foram e são modeladas em formas típicas por processos comandados pelo clima dominante Caracterizando o Setor Oriental Úmido e Subúmido destacamse as Formações Recifais a Baixada Litorânea o Baixo Planalto Costeiro as Planícies Aluviais e algumas Chapadas elevadas correspondentes às áreas sedimentares As Formações Recifais que aparecem na subzona marítima são comuns na costa paraibana com bons exemplos nas praias de Tambaú Bessa Cabedelo Barra de Mamanguape e Baía da Traição Aparecem no Estado os tipos arenítico e coralígeno A origem e idade dos recifes areníticos constituem um assunto polêmico Alguns estudiosos apontamno como um resultado da consolidação das areias cimentadas por carbonato de cálcio que corresponderiam a antigas linhas de praia BRANER 1904 Para OTTMANN citado por MORAIS 1969 os recifes de arenito correspondem à parte submarina da praia muito rica em calcáreo consolidada pelas diversas etapas de regressão marinha TRICART 1959 e MABEESONE 1964 discordam entre si com referência à idade dessas formações Para o primeiro elas tiveram origem no Dunkerquiano depois da regressão flandriana quando o mar retomando seu nível anterior retrabalhou os sedimentos depositados em piemonte sobre a plataforma O segundo autor atribui ao Holoceno a origem das formações recifais areníticas que segundo ele podem constituir mais de uma crista dispostas paralelamente e que emergem durante a maré baixa existindo alguns totalmente submersos e mais afastados da praia Mabeesone aponta como causa desse conjunto de crista uma transgressão por etapa com diminuição da velocidade de ascensão do nível do mar Os arrecifes se apresentam às vezes junto com formações coralíneas e neste caso estão sempre entre estes últimos e a praia Na Baía da Traição e Barra de Mamanguape os arrecifes aparecem em toda sua plenitude Na Barra de Mamanguape eles formam um extenso paredão com altitude aproximada de 3 metros quando emerso nas marés baixas por uma largura de aproximadamente 30 metros Foto nº 1 As formações coralíneas apresentam na sua face externa um contorno irregular em zigzag que os diferenciam dos arrecifes bem mais regulares Foto nº 1 Detalhe do recife arenítico da Barra de Mamanguape Foto Roseane Silva Na Paraíba conforme observações de FERNANDES DE CARVALHO FA Tese de doutoramento inédita os recifes coralíneos apresentamse numa forma quase retilínea o que leva o autor a concordar com BRANNER 1964 quando este considerando a forma retilínea dos recifes de corais entende que as estruturas coralíneas devem repousar sobre o arenito A largura dos cordões recifais vai desde alguns metros a 150 metros é um comprimento de algumas dezenas de metros até vários quilômetros Podem alcançar profundidades superiores a 60 metros como em Cabedelo ultrapassando assim o limite máximo das cotas batimétricas que permitem seu desenvolvimento A explicação desse fato está certamente ligada às variações do nível do mar no Quaternário CABRAL 1965 citado por FERNANDES DE CARVALHO FA Tese de doutoramento inédita dá como limite Norte da distribuição dos recifes coralíneos o município de CabedeloPB Incluída nesse limite está a formação recifal da Praia do Bessa analisada por FERNANDES DE CARVALHO FA na sua tese de doutoramento Segundo o autor a projeção da costa para dentro do mar que constitui a Ponta do Bessa é reflexo direto da existência do recife que funcionando como um quebramar natural pro tegea no geral sob a forma de um extenso alinhamento rochoso quase retilíneo colocandose praticamente paralelo à costa numa orientação aproximada NS Constitui um platô emergente durante a baixamar quase tocando a praia Estruturalmente apresenta uma vertente externa abrupta de contorno irregular com cerca de 34 metros de altura uma crista que corresponde à parte mais elevada do edifício recifal com aproximadamente 30 metros de largura constituída por corais e algas calcárias incrustantes com superfície muito erodida e elevandose cerca de 080 cm acima do nível 00 um platô recifal de forma arredondada que o afasta do padrão geral retilíneo o que implica numa mistura de disposição mais ou menos paralela da formação recifal com relação à direção geral da crista Esse platô tem a parte mais central emergente durante as marés de sizígia mais pronunciadas Não há vertente interna sendo gradual a passagem do nível rochoso para o sedimentar do mar interior A formação da praia do Bessa Foto no 2 apresentase com características morfológicas dignas de atenção extrema irregularidade do plano rochoso com cavidades grandes e pequenas gretas e protuberâncias difi Foto no 2 Formação recifal coralígena da Praia do Bessa em João PessoaPB Foto Assis Fernandes 20 cultando o caminhar sobre elas Os canais poças depressões túneis e cavernas são outros elementos que compõem essa formação A heterogeneidade oferecida por formas diversas de relevo como praias dunas planícies de restinga e mangues homogenizam a unidade geomorfológica identificada como Baixada Litorânea São terrenos sedimentares baixos entre 0 e 10 metros no geral formados recentemente Quaternário a partir de processos marinhos flúviomarinhos e eólicos que continuam recebendo a interferência direta ou indireta dos mesmos Na Paraíba a Baixada Litorânea principalmente ao sul de João Pessoa é caracterizada no geral por praias estreitas e arenosas que formam pequenas enseadas interrompidas pelo avanço do Baixo Planalto até o mar e pelos estuários dos rios consequentes que demandam o Atlântico As praias mais amplas aparecem no litoral norte onde o Baixo Planalto afastase da linha de costa Desde o limite com o Rio Grande do Norte até a foz do rio Mamanguape ocorrem de modo mais significativo as dunas formações arenosas originadas pela ação dos eventos de sudeste sobre as areias marinhas Nesse trecho alcançam relativa continuidade espacial aparecendo mais esparsas entre a Barra de Mamanguape e o rio Mirirí Na ponta de Lucena mais ao sul do Mirirí ocorrem dunas móveis baixas que recobrem em parte os cordões litorâneos Na Barra de Mamanguape as dunas ocorrem em dois alinhamentos paralelos que separam a praia da planície marinha O mais antigo constitui formações semifixa e fixa com altitude média de 1012 metros acima do nível do mar para as dunas mais elevadas e de 46 metros para as mais baixas apresentando declives acentuados em ambas as faces A face externa voltada para o mar encontrase coberta por vegetação rala de praia Gramíneas Salsa Pinheirinho e outras ervas que deixa grande parte do terreno exposto esses terrenos são constituídos por areias quartzozas de granulação média a fina remanejadas por rastejamento e pela ação eólica A cobertura vegetal descontínua e o material desagregado já facilitam a ação desses processos que se acentua em alguns locais devido a interferência do homem que traça caminhos sobre as dunas para um acesso mais curto até as praias Na face interior a vegetação é ainda rala com trechos exíguos de vegetação arbustiva O conjunto compreendido pela sucessão de dunas desse primeiro alinhamento forma topos colinosos muito irregulares também cobertos com vegetação rasteira de praia 21 O segundo alinhamento compreende uma formação em franco desenvolvimento que se coloca ao pé do anterior Apresenta altitude média entre 10 e 15 metros da crista à base medidos na face interna onde o declive é bem acentuado Na face a barlavento a inclinação é pequena e podese perceber uma superfície rugosa riple marks refletindo uma ação constante dos ventos de sudeste que emprestam mobilidade a esta forma de relevo litorânea Fotos no 3 e 4 Foto no 3 Detalhe do alinhamento de dunas mais altas que aparecem na Barra de Mamanguape PB Foto Roseane Silva Foto no 4 Alinhamento de dunas em Barra de Mamanguape PB Em primeiro plano aparece a base de dunas mais altas Em contato com elas aparecem as dunas mais recentes com inclinação suave para o mar Foto Roseane Silva 22 À altura de João Pessoa no estuário do rio Paraíba observase uma extensa área quase retilínea formada pela planície de restinga que de Cabedelo até as proximidades da praia de Manaíra em João Pessoa atinge cerca de 15 quilômetros Nesse estuário localizase a Ilha da Restinga que separa para leste o canal principal do rio onde está situado o Porto de Cabedelo e para oeste o canal do Forte Velho Uma planície de restinga bem menor que a de Cabedelo configurase no litoral sul em Pitimbu Essas planícies são formadas pela coalescência de cordões litorâneos apresentando uma superfície irregular com saliências e depressões estas últimas ora alongadas ora semicirculares correspondendo respectivamente às cristas dos cordões e às reentrâncias que ocorrem entre eles A altitude dessas planícies fica em média entre 3 e 8 metros Alguns terraços flúviomarinhos elevamse um pouco mais alcançando cotas de 1015 metros As áreas de depressões ocorrem em níveis no geral de 23 metros sendo muito comuns nas planícies de restinga Muitas dessas depressões constituem lagoas com água armazenada na época da chuva que perdura por muito tempo permitindo o desenvolvimento de algumas espécies de peixes e crustáceos Ainda são encontradas lagoas nas planícies de Manaíra e Bessa apesar dos aterros efetuados com vistas a loteamentos A Mata e os Campus de Restinga encontramse totalmente deformados pelas constantes derrubadas observandose como exemplo do antigo extrato arbóreo o cajueiro e o oitizeiro Uma exigua formação secundária ocupa trechos às margens da BR230 entre a praia do Bessa e Cabedelo É a planície de restinga de Cabedelo incluindo a do BessaManaíra Foto nº 5 que dá a maior amplitude à Baixada Litorânea A Baixada se estreita outra vez na Ponta de Tambaú João Pessoa e desaparece na Ponta do Cabo Branco reaparecendo de modo descontínuo sob a forma de praias pequenas restingas e mangues até o limite com Pernambuco Caracterizando toda Baixada Litorânea de norte a sul surgem nas desembocaduras dos rios as planícies de marés ou Mangues Constituemse áreas planas cujos solos se desenvolvem sob as influências das marés da vegetação de mangue e dos sedimentos continentais Apresentam teor elevado de sais e grande quantidade de sulfatos e enxofre Saturado de água e elementos ácidos é pobre em oxigênio sustentando uma vegetação típica adaptada a tal ambiente As raízes adventícias e as pneumatóforas são exemplos dessa adaptação O Manguezal com espécies dominantes como a Rizophora mangle 23 Foto nº 5 Detalhe da Planície de Restinga trecho BessaManaira Em 1º plano aparece a favela Beira Rio e ao fundo as 1ª s construções do loteamento urbano Foto Morais L mangue vermelho Avicenia tomentosa mangue siriuba Conocarpus erectus L mangue de botão e a Lagmculària raçemosa identifica muito bem esses setores flúviomarinhos Como estes terrenos estão diretamente influenciados pelos movimentos das marés eles emergem e imergem em 24 horas Os mangues mais expressivos em extensão correspondem àqueles situados nas desembocaduras dos rios Paraíba e Mamanguape Fotos nº 6 e 6a Na cidade de João Pessoa muitos mangues têm sido destruídos com vistas à exploração do calcáreo que ocorre sob eles Outras áreas de mangue restritas no estuário do rio Paraíba foram modificadas para loteamentos O desenvolvimento da cultura de peixes viveiros em pequenos rios levou o homem a barrar a entrada da água marinha provocando a destruição parcial e às vezes total do mangue desequilibrando o conjunto de processos de formação desse ambiente A destruição das áreas de mangue traz prejuízos muitas vezes bastante significativos à flora e fauna local com desequilíbrio ampliado para todo o ecossistema estuarino 24 Foto nº 6 Mangues no estuário do rio Paraíba Foto Moacyr Madruga Foto nº 6a Manguezal do Estuário do rio Paraíba Em primeiro plano cidade baixa de João Pessoa limitada pelo amplo estuário Foto Moacyr Madruga 25 O Baixo Planalto Costeiro as Planícies Aluviais e algumas Chapadas que se elevam a 500 600 metros constituem as formas modeladas em terrenos sedimentares de origem continental que aparecem no Setor Oriental Úmido e Subúmido O Baixo Planalto Costeiro formado pela deposição levada a efeito no Terciário depois do Oligoceno e até o Pleistoceno médio a partir da erosão do material desagregado do Maciço da Borborema em fases repetidas de resistasia constitui geologicamenteo Grupo Barreiras que repousa sobre o précambriano ou sobre o Cretáceo Com base nas análises de ANDRADE GO e BIGARELA J J 1964 podese caracterizar o Grupo Barreiras por duas formações Guararapes mais antiga e Riacho Morno superior acumuladas em duas épocas diversas de aplainamento A primeira compreende depósitos clásticos de granulação fina a grosseira pouco consolidados e mal selecionados Na deposição desses sedimentos atuaram processos do tipo corridas de areia que arrastavam em suspensão na massa grânulos e seixos A origem desses sedimentos relacionase com a ocorrência de uma flexura de amplo raio na faixa costeira inserida na categoria dos dobramentos da direção brasileira reativados no Cenozoico e a partir de processos cíclicos ou polifásicos ligados a condições climáticas alternadas semiáridas ou pelo menos tropicais severas e úmidas Esssa alternância explicaria a velocidade da erosão e da desnudação da área da fonte A formação Riacho Morno compreende sedimentos silticosargilosos e arenáceos mal selecionados com linhas de seixos sem estratificação Durante a deposição desses sedimentos ocorreram flutuações climáticas entre o clima úmido e o semiárido Existe para os autores citados correlação entre os sedimentos do Grupo Barreiras com fases de sedimentação na costa oriental do Nordeste Para ANDRADE e CALDAS LINS 1961 in ANDRADE GO e BIGARELA JJ 1964 a heterogeneidade da Barreiras corresponde a uma complexa tradução sedimentar de mais de um ciclo de erosão desencadeados por oscilações de nível de base sob condições climáticas desiguais no tempo e no espaço Esses depósitos comportamse como um grande glacis de acumulação alimentado por sucessivas fases de degradação do escudo brasileiro e da bacia sedimentar mesozoica do Apodi 26 Outros estudiosos como MABESOONE et alii 1972 discordam dessa interpretação para explicar a origem e composição do Grupo Barreiras Três formações comporiam esse pacote sedimentar costeiro Serra dos Martins oligomioceno Guararapes plioceno e Macaíba pleistoceno A primeira e a última de características fluviais e a Guararapes predominantemente influenciada por processos torrenciais Na origem dessa sedimentação combinaramse sem dúvida desequilíbrios tectônicos com variações climáticas que influenciaram fortemente no transporte do material correlativo da erosão e na acentuada dissecação de áreas entre a Borborema e o mar ALMEIDA FFM 1969 salienta que a ascensão epeirogênica que ocorreu principalmente no Plioceno e Pleistoceno acompanhada de intensa erosão provocou a sedimentação de um volume muito grande de detritos depositados nas áreas costeiras baixas situadas a norte do paral elo de 20S originando o Grupo Barreiras O autor admite que a idade dessa cobertura é pliocênica em determinados locais comprovada pelos fósseis encontrados pósmiocênica onde aparece recobrindo a Formação Pirabas mas ele adianta que deve ser bem mais antiga em outros setores correspondendo às primeiras fases do soerguimento Modelado nesses sedimentos destacase o Baixo Planalto de superfíce subestrutural semitubular com mergulho na direção NEE em amplitude de 60 a 90 quilômetros que marca nitidamente a morfologia costeira do Estado no sentido NS Alcança aproximadamente 60 quilômetros de leste para oeste com altitudes que vão aumentando no mesmo sentido de 3040 metros até 200 metros Esse planalto é recortado no sentido OL por rios quase paralelos entre si que o separam em compartimentos quadrangulares ora relativamente preservados ora intensamente dissecados A erosão do Baixo Planalto tem sido relacionada a uma fase regressiva do mar ou soerguimento da borda continental no Pleistoceno que teria ocasionado o aprofundamento da drenagem e a retomada de erosão dos rios Os rebordos ocidentais desse planalto apresentamse em cuestas pouco nítidas e limitam a Depressão cristalina sublitorânea com desníveis que atingem os 100 metros ou mais em alguns trechos desse contato Em alguns pontos na linha desse contato sedimentar cristalino surgem feições morfológicas distintasA unidade geral do Baixo Planalto disssecase em colinas residuais de topas semiaplainados e vertentes convexas que à primeira vista confundemse com algumas colinas em meialaranja da Depressão cristalina 27 As encostas de leste apresentamse como escarpas de até 45 de inclinação com altitudes entre 3040 metros em média constituindo falésias vivas e mortas raramente contínuas permitindo assim o escoamento das águas do interior Podese observar nas falésias as camadas alternadas de areia e silte além de cascalhos fracamente consolidados Uma destas falésias vivas constitui a Pontal do Cabo Branco em plena evolução recuando muito rapidamente por força da acentuada abrasão marinha no local A existência até hoje de locais com falésias vivas é explicada por ASSIS AD de 1977 como consequência dos falhamentos que facilitaram os movimentos de ascensão originando o basculamento de blocos O recuo rápido destas falésias é favorecido tanto pelos sedimentos argiloarenosos pouco consistentes como pela interferência antrópica Os desmatamentos e obras de construção estradas canais pluviais residências etc efetuados nessas áreas pouco estáveis contribuem fortemente para acelerar os processos erosivos Aos pés das falésias mais frequentemente das vivas são comuns os terraços de abrasão constituídos principalmente por blocos angulosos mais residentes originados da crosta laterítica óxido de ferro que ocorre no Grupo Barreiras Exemplos desses terraços podem ser observados nas praias de Cabo Branco Gramame Jacumã Foto no 7 Foto no 7 Em primeiro plano blocos do terraço de abrasão Ao fundo a falésia viva Foto Elpídio Navarro 28 As falésias mortas afastadas da costa atual indicam antigos limites costeiros Em alguns locais dependendo das modificações ambientais falésias mortas podem começar a sofrer nova atuação dos processos abrasivos É o que está ocorrendo na área de desembocadura do rio Miriri onde parte de algumas falésias estão sendo reativadas em conseqüência dos deslocamentos do leito fluvial Estes deslocamentos permitem uma nova ação das ondas sobre a escarpa que anteriormente encontravase em posição de abrigo à erosão marinha O modelado das vertentes desse Baixo Planalto Costeiro é variado Essas vertentes que se apresentam alongadas côncavas e predominantemente convexas são bem dissecadas com sulcos e ravinas alargadas pela ação do escoamento superficial pluvial e pela interferência humana Apresentamse algumas vezes lobuladas ou com festões devido aos entalhes fluviais caracterizando os grotões Estes coincidem quase sempre com áreas de cabeceiras cobertas com mata úmida e destacamse como alvéolos ou anfiteatros com declives acentuados Os vales que entalham o Baixo Planalto Costeiro são amplos de fundo chato com desenvolvimento de terraços As concreções lateríticas canga comuns na meia encosta atuam como camada impermeável onde surgem os aquíferos bem alimentados pela água que se infiltra facilmente pelos sedimentos porosos e permeáveis do planalto dando lugar em muitos pontos às fontes ou bicas Entre os rios Miriri e Mamanguape observamse escarpamentos nítidos que alcançam a planície fluvial já muito dissecados ou com um mínimo de dissecação Não são raros os movimentos de massa nas vertentes dos vales que entalham esse Baixo Planalto Ocorrem desmoronamentos e rastejamentos Ao longo da BR101 que liga João PessoaNatal e da BR230 de leste para oeste são comuns superfícies bem preservadas e relativamente extensas onde a semiplanura modificase em rampas apenas quando entalhada pelos vales Entre João PessoaMamanguape e entre a BR101 Barra de Mamanguape podemse observar esses trechos mais planos e mais preservados O nível altimétrico dos 100 metros identifica no geral as áreas mais elevadas preservadas Entre o rio Camaratuba e o Miriri ocorrem áreas de intensa dissecação mas é ao sul do rio Paraíba que o Baixo Planalto aparece retalhado por acentuada erosão denotando uma interferência cada vez mais clara daí para o sul dos climas úmidos e dos processos comandados pelos mesmos Na superfície semitabular aparecem de modo descontínuo camadas arenosas esbranquiçadas areia de tabuleiro compreendendo solos pobres lavados A origem dessas areias continua sem uma explicação definitiva embora na maioria dos estudos seja colocada como resultado de processos de lixiviação intensa ABSABER AN 1969 faz referência às dunas fósseis correlacionadas à última fase de clima seco na região Pleistoceno superior para delinear as primeiras explicações dessas coberturas arenosas que caracterizam a superfície dos Baixos Planaltos Costeiros Para o autor essas areias representariam manchas de dunas adelgaçadas Relacionada com esses solos arenoquartzosos distróficos desenvolvese uma vegetação herbáceoarbustiva o cerrado regionalmente conhecida como tabuleiro Alguns estudiosos relacionam essa formação vegetal a um período climático menos úmido que o atual admitindo a hipótese de uma retração do cerrado em favor da mata úmida Atualmente parece estar ocorrendo uma diminuição das áreas de mata com avanço das espécies de cerrado sobre elas em vista do acentuado e contínuo desmatamento que traz em conseqüência a degradação do solo e este sem condições de autoreconstituirse impede o desenvolvimento de uma vegetação de grande porte As áreas naturais de ocorrência da mata úmida coincidem sobretudo com as encostas úmidas e as várzeas onde predominam solos eutróficos No Baixo Planalto Costeiro ocorrem em associação os solos tipos Podzólicos vermelhoamarelo Latosol vermelhoamarelo distrófico e os arenoquartzosos A expansão recente da cultura canavieira em vista dos incentivos governamentais para o PróÁlcool tem modificado de modo sensível e rápido a paisagem natural do Baixo Planalto Costeiro Extensas porções de mata e de cerrado têm sido sacrificados pela implantação da monocultura da canadeaçúcar e instalação de Destilarias Foto nº 8 Cortando o Baixo Planalto Costeiro de oeste para leste aparecem alguns rios conseqüentes com nascentes situadas no Maciço da Borborema a 400600 metros de altitude Esses rios drenam as áreas ao longo das quais Foto nº 8 Baixo Planalto Costeiro Detalhe da Superfície mais preservada com vegetação degradada Foto Moacyr Madruga desenvolvemse as Várzeas ou Planícies Aluviais expressivas apenas no baixo curso dos rios estreitandose para o interior Esse entalhe fluvial ocorreu no Quaternário comandado por processos geomórficos associados às variações do nível de base glacieustático às flutuações climáticas correspondentes e aos movimentos tectônicos que ocasionaram falhas e fraturas O encaixamento da drenagem paralelo e subparalelo e a posição retilínea de alguns rios parecem confirmar a origem tectônica de alguns vales Para ABSABER 1968 a drenagem que secciona os planaltos costeiros encontrase encaixada a dezenas de metros abaixo da superfície dos mesmos Nos trechos mais próximos ao litoral o encaixamento foi maior e acompanhado pelo afogamento eustático e conseqüente formação das rias parcialmente colmatadas que ocorrem no litoral Esses elementos servem como apoio para que o autor afirme sobre as retomadas de erosão fluvial no Quaternário e o reafeiçoamento dos pediplanos As Planícies Aluviais de maior expressão correspondem as do rio Paraíba e do rio Mamanguape A várzea do Paraíba Fotos nº 9 9a apresenta largura variável em média 5 km É dissintétrica e marca a paisagem com formas bem específicas terraços bancos de areia diques marginais cordões fluviais Foto nº 9 Detalhe da Várzea do rio Paraíba Nível de terraço de 2 a 5 metros Foto Romeu Fernandes Foto nº 9a Várzea do rio Paraíba Ao fundo aparecem níveis de terraços de 2 a 5m e de 5 a 10m Foto Romeu Fernandes 32 Os terraços ocorrem em quatro níveis de 2 a 5 metros 5 a 10 metros 10 a 20 metros e de 20 a 40 metros em relação ao nível de base local talvegue do rio encontrandose os mais baixos níveis camuflados pelo plantio da canadeaçúcar Os níveis escalonados desses terraços representam para MABESOONE 1978 um novo ciclo polifásico As cheias mais violentas têm modificado o curso do rio Paraíba destruindo inclusive parte de algumas cidades localizadas na planície como Espírito Santo por exemplo A dinâmica fluvial é reativada a cada cheia As formas anteriormente modeladas pelos processos fluviais de acumulação são arrasadas pelas águas e os sedimentos carreado s e depositados ao longo do leito e planícies adjacentes A ação erosiva do rio se faz notar ainda pelo ataque no sopé dos barrancos de terraços mais antigos e até então protegidos da erosão com ocorrência de desabamentos Foto nº 10 A várzea do rio Paraíba corresponde a uma planície de afundamento tectônico um graben Próximo à cidade de Espírito Santo a calha do rio apresentase linear e estreita sendo comum afloramentos rochosos de filões de quartzo pegmatitos e migmatitos que seguem a direção brasileira SWNE Foto nº 10 Erosão de antigos terraços após enchente de 1980 visível à esquerda da foto Foto Romeu Fernandes 33 Na Planície do Mamanguape relativamente ampla no baixo curso aparecem alguns níveis de terraço à semelhança da várzea do Paraíba Nas vertentes que limitam essa planície do Mamanguape observamse sinais dos diastrofismos do Pleistoceno conforme explicações de estudiosos colocadas na Geografia e Ecologia da Paraíba 1980 as discordâncias da Formação Guararapes com bancos de grãos grosseiros de quartzo sobre as rochas metamórficas do Grupo Caicó e a ocorrência apenas na vertente sul de material de um terraço fluvial quaternário Outras várzeas que cortam o Baixo Planalto desenvolvemse em vales estreitos e alguns como os do Miriri e do Mumbaba expõem claramente sua origem estrutural São estreitos retilíneos e dissimiétricos Defendendo a hipótese de falhamentos ocorridos no Terciário Quaternário ASSIS AD de 1977 considera a relativa elevação do bloco norte do vale do Miriri com ocorrência do calcáreo Miriri do Maestrichtiano superior e que aflora na margem esquerda do rio adiantando que os terrenos encontrados ao sul do rio Miriri e ao norte do rio Paraíba constituem um bloco limitado por falhas As várzeas no geral são limitadas por vertentes convexas Ocorrem glacis às vezes mais conservados e outras vezes já muito retrabalhados por processos atuais Muitos deles confundemse com os terraços fluviais chegando até bem próximos do leito do rio Estes glacis teriam sido elaborados em um período mais seco com processos comandados pela ação mecânica que teria favorecido a deposição de areia grossa e cascalho Ao lado de um material fino silíticoargiloso ocorre nas várzeas um solo argiloso mais escuro massapé próprio ao cultivo da canadeaçúcar No Setor Oriental ocorrem sedimentos de idade referida como Terciária OligoMioceno coroando topos elevados da Frente escarpada do Maciço da Borborema Modeladas nesses depósitos destacamse Chapadas correspondentes a superfícies bem planas semihorizontais algumas com boa expressão areolar como as de Solânea e em Areia a de Chã do Jardim Foto nº 11 As condições ambientais comandadas pelo clima úmido permitiram uma alteração importante desse capeamento delgado que se apresenta de modo descontínuo mas ainda assim capaz de testemunhar a sua antiga disposição num espaço maior 34 Foto nº 11 Aspecto de uma Chapada em Solânea Foto Sérgio Tavares Os solos locais estão classificados como do tipo Latosol vermelhoamarelho distrófico Como um número mais significativo dessas Chapadas ocorre no Setor Ocidental Subúmido e Semiárido preferimos comentar a história evolutiva das mesmas quando das explicações das unidades geomorfológicas daquele Setor As áreas cristalinas do Setor Oriental Úmido e Subúmido onde destacamse as rochas bastante metamorfizadas do précambriano correspondem às feições morfológicas da Depressão Sublitorânea aos Esporões e à Frente Escarpada do Maciço da Borborema De conformidade com o Mapa Geológico da SUDENE 1972 os gnaisses e migmatitos rochas mais resistentes dominam o Setor Os xistos e filitos ocorrem nos vales contrapondose às rochas mais resistentes do précambriano A unidade geomorfológica identificada como Depressão Sublitorânea Foto no 12 alongase no sentido NS do Estado acompanhando a leste as cuestas pouco nítidas do Baixo Planalto Costeiro Ali seus limites são imprecisos por causa da erosão intensa nas encostas ocidentais do planalto A oeste os contrafortes que anunciam as escarpas abruptas do Maciço da Borborema dão um limite claro à Depressão 35 Foto nº 12 Depressão Sublitorânea Ao fundo observamse os primeiros esporões do Maciço da Borborema Foto Assis Fernandes Na forma de um corredor a Depressão contacta ao sul com as vertentes a sotavento da Serra do Pirauá limite com Pernambuco que apresenta altitudes médias de 400 metros Natuba Ao norte integrase harmonicamente com o vale do Curimataú alcançando deste modo o território norteriograndense FERNANDES DE CARVALHO FA 1972 A origem dessa Depressão embora não bem definida nos estudos efetivados até agora tem sido relacionada por diversos autores à exumação do cristalino pela retirada da cobertura detrítica terciária do Grupo Barreiras que deveria estenderse até o sopé do Maciço da Borborema Os rios consequentes de direção oesteleste teriam removido os sedimentos da zona de contato Muitos morros ou colinas sedimentares isoladas na Depressão como aquelas que aparecem na área drenada pelo rio Camaratuba com níveis altimétricos equivalentes ou próximos ao da superfície geral do Baixo Planalto parecem comprovar tal hipótese MATSUMOTO 1974 cita a ocorrência de estratos de areia eou cascalho do Barreiras sobre as rochas cristalinas e admite que pelo menos em parte a Depressão possui características de superfície de erosão residual formada antes do Grupo Barreiras 36 A superfície dissecada da Depressão Sublitorânea modelada em rochas gnaissicas e xistos apresentase como uma planície semicolinosa de topos semiarredondados e vertentes no geral convexas numa feição que se assemelha às áreas mamelonaras meialaranja descritas por ABSÁBER 1970 Essa feição do seu relevo pressupõe a ocorrência de um paleoclima úmido anterior à deposição dos sedimentos do Grupo Barreiras ocorrida em fase de semiaridez As cotas de altitude em relação ao nível do mar ficam em torno dos 100130 metros diminuindo para menos de 80 metros nos fundos de alguns vales Em relação ao nível de base local suas maiores elevações não ultrapassam os 50 metros Esse relevo deprimido corresponde à depressão periférica que na Paraíba circunda o Maciço da Borborema Pertenceria segundo MABESOONE 1978 ao aplainamento geral que modelou a superfície sertaneja apresentandose mais baixa que esta pela intensidade e concentração de processos erosivos em áreas baixas ao pé de escarpas altas Os vales da Depressão Sublitorânea são abertos e pouco profundos percorridos por rios temporários com destaque para o alto curso do rio Mamanguape e o médio Paraíba que drenam a região mas que não desenvolvem ali planícies expressivas A presença de depósitos lacustres rasos e material grosseiro encontrados em alguns locais municípios de Guarabira Alagoa Grande podem estar relacionados provavelmente a um represamento de drenagem e formação de lagos interiores nas fases de sua formação Tratandose de um setor onde as feições topográficas e características climáticas de subumidade condicionaram o desenvolvimento de uma vegetação do tipo Agreste Agreste Baixo Sublitorâneo FERNANDES DE CARVALHO FA 1972 o relevo da Depressão influenciado também por esses elementos evolui sob a ação de processos morfogenéticos mais ou menos próximos aos de uma área de transição As vertentes que configuram colinas mais próximas dos primeiros contrafortes da Borborema portanto com índices mais elevados de pluviosidade e umidade com inclinações variando em média entre 25 e 30 e no geral convexas denotam uma ação relativamente expressiva dos processos de decomposição química e do escoamento subsuperficial Nesse caso os solos 37 aparecem mais ou menos espessos com 8 10 metros de profundidade de cor vermelho claro e com stone lines em alguns Percebese no entanto para a maior extensão dessa unidade solos rasos pedregosos calhaus de quartzo uns rolados e outros angulosos e subangulosos e não raro com afloramentos que evidenciam o fraco desenvolvimento dos processos pedogenéticos A erosão do solo pode ser observada nas vertentes cobertas pela vegetação herbácea baixa predomínio de Gramínea utilizada para pastagem Ali ocorrem ravinas com profundidades entre 1020cm muitas delas em desenvolvimento A classificação de solos da Paraíba efetivada pela equipe da SUDENE em 1972 inclui os solos da Depressão Sublitorânea no tipo Bruno não cálcico planossólico pouco profundos ou rasos com erosão moderada que se acentua nas áreas cultivadas Além da pastagem natural para o gado os solos são utilizados com cultura do algodão herbáceo do feijão e do milho Nas proximidades com a Frente escarpada do Maciço da Borborema as altitudes médias dos 100 metros da Depressão Sublitorânea ampliamse para 200 300 metros modificando as feições daquela superfície semicolinosa Os primeiros contrafortes orientais da Borborema definemse na paisagem Ora como Esporões destacados e avançados na área deprimida ora ainda articulados com as vertentes orientais do Maciço esses contrafortes formam de sul a norte um alinhamento subparalelo de cristas truncado por falhas e que seguem a direção SWNE Esses contrafortes configuram o chamado piemonte da Borborema Apresentam vertentes convexas declivosas entre 25 e 32 que são em alguns casos desfeitas em patamares que amenizam a subida íngreme Os Esporões são normalmente chamados de serras como acontece com a Serra da Raiz ao norte com a Serra do Quirino ao centro e com as Serras de Uruçu e Boqueirão mais ao sul Pela proximidade com os alinhamentos mais elevados da escarpa principal e já sofrendo a influência do clima úmido daquela região esses setores apresentam expressiva atuação dos processos do intemperismo químico de finindo solos avermelhados com profundidades próximas e até um pouco superior aos 10 metros Esse alinhamento descontínuo atua como área de cabeceira de pequenas bacias hidrográficas de leste como a de Camaratuba e de alguns afluentes que compõem as bacias dos rios Mamanguape rios Guandu e Araçagi e Paraíba Dos 200 300 metros das serras formadas por seus contrafortes o Maciço da Borborema elevase para 600 metros de maneira relativamente abrupta em alinhamento na direção SWNE Definese na paisagem a sua Frente ou Escarpa Oriental que por interporse aos ventos úmidos de sudeste guarda sensíveis diferenças climáticas com a Depressão Sublitorânea e as Superfícies Aplainadas Elevadas mais interiores da Borborema É o domínio dos Brejos da Paraíba identificada por ABSÁBER 1969 como uma região morfoclimática tropical úmida com influências nítidas e importantes na formação dos seus solos vegetação e hidrologia A origem dessa Escarpa tem sido muito discutida MATSUMOTO 1974 considera que a possibilidade de uma origem tectônica para as escarpas orientais do Maciço da Borborema não pode ser abandonada O aspecto linear dessas escarpas não pode ser explicado apenas pela erosão Elas poderiam segundo o autor corresponder tanto a uma escarpa de falha como terem sido modeladas por interferência indireta do falhamento constituindo assim escarpas de linha de falha DRESCH 1958 citado por NOGUEIRA 1977 explica a origem a partir da flexura précretácea interpretandoa como uma falésia morta do mar do cretáceo superior e do paleoceno Essa interpretação toma como apoio o fato dessa escarpa não apresentar contatos nítidos com as séries de cobertura o que excluiria uma origem do tipo escarpa de falha ou de linha de falhas NOGUEIRA AAM 1978 salienta que os falhamentos e fraturas que acompanharam os arqueamentos no Nordeste são importantes na explicação das condições de alguns escarpamentos e adaptação da drenagem mas não podem definir escarpas de falhas pois as escarpas dos blocos elevados apresentam características de escarpas em linha de falhas ANDRADE GO de 1965 esclarece que deve ser considerada na tectônica de intumescência do núcleo nordestino uma migração de ondulações de grande raio de curvatura de SE para NO a partir do Atlântico sobre o saliente nordestino afirmando que uma escarpa tectônica de flexura inte riorizada e subparalela ao litoral pode ser evidenciada no trecho João PessoaCampina Grande via Ingá e João PessoaAreia via Alagoa Grande Muitos estudos que analisam o relevo nordestino salientam que os terrenos do précambriano sofreram reativações epirogênicas entre o Paleozóico e o Terciário originando a tectônica de ruptura Como resultado surgiram os grabens tipo vale dos rios Curimataú e Paraíba e as escarpas de falha como a escarpa oriental da Borborema que se apresenta com saliências e reentrâncias e onde a drenagem encaixada ora em baioneta ora em paralelismo testemunha o conjunto de falhas e fraturas locais Outros estudos concluem que para considerar como válida a hipótese de ser essa Frente da Borborema uma escarpa de erosão deverseia compreender a formação de um pediplano inclusive para a Depressão Sublitorânea ao longo da qual a escarpa continuou mantendo quase a mesma inclinação abrupta Diversos estudos de campo realizados por professores do Departamento de Geociências da UFPb dão como muito provável a ocorrência de um grande falhamento coincidente com a Frente Oriental da Borborema O trecho entre João Pessoa e Areia via Alagoa Grande mostra um acesso abrupto com ruptura razoavelmente nítida entre a escarpa e a depressão vizinha Atualmente esse escarpamento encontrase muito erodido pelos processos de vertente escoamento pluvial rastejamento e deslizamentos processos fluviais e ainda pela interferência antrópica que acelera os processos erosivos naturais O material é movimentado vertente abaixo propiciando a formação de depósitos de pé de vertente ou talude de detritos alguns retrabalhados de modo acentuado Estes depósitos camuflam até certo ponto o contato angular com a baixada Qualquer que seja sua origem a erosão natural e a ação antrópica tem papel predominante na sua evolução e essa escarpa encontrase já relativamente distanciada do alinhamento semiparalelo à costa formado por seus contrafortes As formações superficiais espessas demonstram o elevado grau de decomposição dos gnaisses e migmatitos que alí ocorrem No levantamento realizado pela SUDENE 1972 os solos da zona dos Brejos aparecem discriminados como Podzólicos vermelho amarelo equivalente eutrófico com A proeminente textura argilosa Em algumas áreas estes solos aparecem associados com os Litólicos eutróficos com A moderado textura média para pedregosa com substrato gnaisse e granito Nos municípios de Bananeiras e Solânea aparecem ainda os solos de terra roxa estruturada eutrófica Os solos podzólicos estão recobertos pela Mata úmida de altitude Mata de Brejo Nos locais onde eles se associam com os litólicos aparece a mata subcaducifólia facies seco encontrado no contato com a Caatinga e o Agreste A Escarpa Oriental do Maciço da Borborema Brejo paraibano tem feições bem específicas Seu traçado é regular com ruptura de relevo acentuada nos limites com a Depressão Sublitorânea Apresenta vertentes íngremes topos mais elevados ultrapassando os 600 metros alguns deles correspondendo às superfícies semihorizontais modeladas no capeamento detrítico terciário O clima úmido favorece uma rede de drenagem perene com intenso poder erosivo que festona seus bordos Na Frente Oriental do Maciço localizamse alguns formadores das bacias dos rios Paraíba Curimatau e Mamanguape principalmente deste último São os afluentes do Mamanguape os principais responsáveis pela intensa dissecção que modela as cristas dispostas paralelamente umas às outras caracterizando este relevo como o do tipo apalacheano Foto nº 13 Foto nº 13 Frente Oriental do Maciço da Borborema Área típica do Brejo paraibano Foto Assis Fernandes 41 Os vales profundos em V acompanham as linhas de falha responsáveis pela origem da escarpa oriental juntamente com os processos erosivos Mais para o interior os vales aparecem mais abertos em U com várzeas relativamente amplas propícias à agricultura B SETOR OCIDENTAL SUBÚMIDO E SEMIÁRIDO O Setor Ocidental é caracterizado predominantemente pelo clima BSh de Köppen ou semiárido que inclui extensa porção do Maciço da Borborema do Pediplano Sertanejo e as depressões que ali ocorrem Apresenta índices pluviométricos gerais entre 300 e 1000 mm anuais As massas de ar Em movimentadas pelos alíseos de sudeste favorecem a grande estabilidade do tempo nesse Setor No verão ocorrem chuvas escassas e irregulares consequentes dos avanços mais pronunciados da Ec com os deslocamentos da CIT para leste e sul As temperaturas médias anuais situamse entre 25º e 30º C e a umidade relativa varia na ordem de 50 a 70 conforme o local A evaporação é muito forte e interfere de maneira significativa nas componentes hídricas locais neutralizando em parte os efeitos das chuvas já irregulares e escassas A drenagem é intermitente sazonal exorreica e está representada pelas bacias hidrográficas dos rios Paraíba Curimataú Piranhas Espinharas Piancó e Peixe O caráter de semiaridez que identifica esse Setor não pode ser generalizado mesmo quando se trata dos pediplanos interiores sertões As nuances climáticas devem ser observadas para um melhor reconhecimento do ambiente ecológico dos processos geomórficos atuantes e conseqüentemente do melhor aproveitamento do meio pelo homem sem degradálo Ocorrem diversificações que vão do subúmido ao árido Os índices pluviométricos tipo de vegetação solo e formas de relevo foram observados na tentativa de apresentarmos uma subdivisão climática mais conforme com a realidade Entendemos que podem ser encontradas sem descer a menores detalhes as seguintes subregiões climáticas 1 Subregião árida com índices pluviométricos anuais inferiores a 400 mm domínio dos solos litólicos eutróficos e da Caatinga herbácea 2 Subregião semiárida com índices pluviométricos anuais entre 42 400 800 mm solos Brunos não cálcicos intermediários para Vertissolos e solos Litólicos com Caatinga predominantemente arbustiva 3 Subregião subúmida com índices pluviométricos anuais entre 800 1000 mm Latosolos e Podzólicos vermelho amarelo eutróficos com ocorrência da Mata Subcaducifólia de transição das Matas Sernanas e da Caatinga arbustivoarbórea Na primeira subregião estão incluídas as áreas mais secas situadas nas porções centrosul e setentrional da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema compreendidas nas áreas regionalmente conhecidas como Cariri Seridó e Curimataú São setores de alta insolação onde as temperaturas deveriam ser bem superiores às que ocorrem 23º 28º não fossem modificadas pelas altitudes entre 400600 metros e principalmente amenizadas pelos ventos de sul As precipitações anuais dificilmente ultrapassam os 400 mm e freqüentemente atingem índices inferiores a 300 mm As chuvas ocorrem durante 23 meses nas estações do inverno e verão As cidades de Cabaceiras Cariri e Barra de Santa Rosa Curimataú exemplificam muito bem essa subregião Elas juntamente com Acari no Seridó norterio grandense constituem o que se convencionou chamar de o triângulo mais seco do Brasil A aridez dessa subregião é muitas vezes acentuada por situações topográficas locais Alguns setores se colocam em posição de abrigo com relação aos ventos dominantes como o vale do Curimataú situado a sotavento das escarpas orientais da Borborema Brejo e portanto dos alíseos de SE e a sotavento das Serras ao Norte e também das influências da CIT Trechos do Cariri na altura de Cabaceiras estão colocadas a sotavento das Serras fronteiriças com Pernambuco que permitem uma diminuição da umidade dos alíseos de SE depois de favorecerem a queda de chuvas orográficas nas suas vertentes a barlavento no Estado vizinho Os solos muito pouco desenvolvidos são predominantemente rasos e pedregosos e a vegetação de Caatinga mostra a máxima adaptação à carência hídrica No chamado Seridó a Caatinga atinge um alto grau de empobrecimento constituindose praticamente de um estrato herbáceo quase contínuo de Panasco Aristida sp com esparsas touceiras de xiquexique e mirrados indivíduos bem separados entre si de Catingueira e Jurema FERNANDES DE CARVALHO FA 1978 No Cariri e Curimataú a Caatinga assemelhase em composição florística e fisionomia As espécies são na maioria caducifólias espinhosas 43 de folhas pequenas destacandose entre outras espécies o Mandacaru Cereus jamacaru Faveleiro Cnidosculus phyllacanthus Macambira Bromelia laciniosa Mart Pereiro Aspidosperma pyrifolium Mart Catingueira Caesalpínia pyramidalis XiqueXique Pilosocereus gounallei Weber etc Os índices pluviométricos situados no geral entre 400 800 mm anuais caracterizam as áreas de ocorrência do clima semiárido onde se incluem os pediplanos sertanejos distribuídos entre as cotas altimétricas dos 200 300 metros em média limitados pelas encostas ocidentais da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema e pelos alinhamentos das Serras fronteiriças com os Estados vizinhos Pernambuco Ceará e R G do Norte As chuvas distribuemse no verão e inverno dezembromarço e maioagosto As temperaturas médias anuais variam entre 21º e 28ºC e a umidade relativa fica entre 60 e 70 Os solos pedregosos e rasos mostram sem dúvida as consequências da degradação da Caatinga arbóreoarbustiva que dominava na área São solos já muito erodidos e sobre o quais pode atuar a erosão laminar e em sulcos provocando decapagem ravinamentos e pequenas voçorocas Na verdade são solos férteis com boa reserva de minerais de fácil decomposição mas de utilização agrícola limitada pela carência hídrica A subregião identificada como subúmida no Setor Ocidental inclui além da área de contato com os climas úmidos da Frente Oriental da Borborema Brejo ou seja o trecho norte da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema conhecido regionalmente como Agreste as demais áreas com índices de pluviosidade entre 800 e 1000mm como as serras sertanejas Estes locais alcançam normalmente 800900mm podendo atingir 1000mm em anos bons de chuva Os solos são relativamente espessos classificados como Latosol e Podzólico vermelho amarelo Os primeiros desenvolvemse sobre o capeamento terciário Serra dos Martins no entender de muitos estudiosos que recobre a superfície de algumas serras Araruna Cuité D Inês Teixeira Princeza Izabel etc apresentandose bem cultivados O Podzólico solo ferruginoso com Horizonte A pouco espesso mas de perfil profundo reflete uma maior umidade local coincidindo com as vertentes a barlavento servidas pelas chuvas orográficas onde a vegetação 44 adensase para uma formação de mata Matas Sernanas e Caatinga arbórea ambas muito degradadas atualmente A erosão desses solos é moderada com exceção das encostas íngremes onde tornase severa São comuns os solos Litólicos com afloramentos rochosos nas encostas a sotavento de muitas das Serras sertanejas A vegetação empobrece passando à arbustiva e mesmo à herbácea Geologicamente o Setor Ocidental relacionase com uma estrutura dominantemente cristalina que compõe o Escudo précambriano do Nordeste São rochas magmáticas e metamórficas representadas pelos gnaisses migmatitos xistos filitos e granitos As áreas de origem sedimentar estão significativamente representadas pela Bacia cretácica do rio do Peixe e pelos capeamentos Terciários que recobrem níveis elevados 400600 m ou que formam raros e baixos planaltos 100 metros em média nos limites com o Rio G do Norte município paraibano de Brejo do Cruz Ocorrem neste Setor formas de relevo bem delineadas na paisagem como a Depressão do Curimataú Depressão do rio do Peixe e o conjunto de Serras São no entanto o Maciço da Borborema no seu conjunto mais amplo e o Pediplano sertanejo as unidades geomorfológicas mais destacadas O Maciço da Borborema atua como um distribuidor de redes hidrográficas em todas as direções mas o traçado geral dos seus vales reflete a forte interferência das direções das linhas de fratura Com uma orientação geral LesteOeste estendese de Alagoas ao R G do Norte Na Paraíba o Maciço da Borborema apresentase fragmentado aparecendo na paisagem sob a forma de Escarpas amplas Superfícies Elevadas Aplainadas e ainda como Maciços Residuais pouco extensos representados pelas Serras e Inselbergues Sob qualquer dessas formas ele imprime características peculiares ao relevo paraibano De acordo com nossa classificação e mapeamento a Superfície Elevada Aplainada do Maciço estendese desde o leste salvaguardadas as cristas paralelas de sua escarpa oriental até os limites a oeste com os pediplanos sertanejos Esse último contato se dá com uma diferença altimétrica de 200 300 metros em média por meio de encostas muito erodidas por processos que são favorecidos pelas condições ambientais vegetação esparsa com solos semiexpostos A linha de escarpa apresentase tortuosa e entalhada profundamente pela drenagem como a do rio Farinha de vale embutido entre cristas de quartzitos e paredões de granitognaisse 45 A Superfície Elevada Aplainada da Borborema interrompese ao norte no vale tectônico do Curimataú e ao sul prolongase até a fronteira com Pernambuco onde vai encontrar os alinhamentos de cristas que se elevam a mais de 800 metros Sa das Umburanas e quebram a relativa monotonia da paisagem mais plana O conjunto morfológico formado por essa Superfície Elevada Aplainada de dois níveis altimétricos e feições distintas corresponde a uma ampla área planáltica O nível altimétrico entre 600 750 metros que domina o centronorte dessa unidade municípios de Remígio Esperança Areial Pocinhos Soledade Olivedos Juazeirinho Puxinanã etc constitui a altitude média atual dos restos de uma superfície mais elevada Inclinase para o sul em direção ao vale do rio Paraíba diminuindo de altitude e confundindose com o outro nível mais baixo em cotas altimétricas de 400 500 metros na altura de Campina Grande Esse segundo nível estendese pelos municípios de Queimadas Boqueirão São João do Cariri Sumé Monteiro Cabaceiras São João do Tigre etc e nele encontramse depósitos grosseiros originados a partir de climas secos Também ocorrem aí testemunhos do nível altimétrico mais elevado sob a forma de cristais alinhadas Os dois níveis constituem a Superfície Elevada Aplainada de maior expressão espacial no Estado englobando as áreas conhecidas por Agreste Cariri e Seridó Geomorfologicamente foram classificados como Superfície da Borborema o mais alto e Superfície dos Cariris o mais baixo equivalentes a dois níveis de aplainamento Foto nº 14 Estes dois níveis estão separados pelo Lineamento Paraíba que caracterizado por longas fraturas interferiu nas direções estruturais diferenciadas ao norte SSWNNE e ao sul EWENEWSW do mesmo Na porção centronorte que compreende o chamado Agreste paraibano área de contato com climas úmidos e semiáridos a Superfície Aplainada é menos ampla mas apresentase mais preservada que o seu setor sul Encontrase no seu conjunto dissecada por talvegues rasos e abertos que separa colinas de formas arredondadas e suaves MELO AST de 1979 Essa feição morfológica está bem caracterizada nas proximidades de Remígio Pocinhos e ao norte de Campina Grande Em alguns trechos do Norte no domínio geral dos 600 metros ocorrem áreas abaciadas escavadas nas soleiras rochosas com acumulação de água 46 Foto nº 14 Vista da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema Nível mais alto Foto Assis Fernandes no período de chuva formando lagoas ou tanques que apresentam profundidade variando entre 2 e 10 metros e diâmetro de até algumas centenas de metros o fundo desses tanques é argiloso muito impermeável contribuindo para a conservação de água mesmo na estiagem Nessa área surgem elevações rochosas de reduzida altura mas bem desenvolvidas em extensão como a Serra dos Borges ao sul de Juazeirinho No extremo norte na área de cabeceiras da Bacia do rio Curimataú o relevo da Superfície Aplainada é marcado por intensa dissecção encontrandose festonado em espigões rochosos Serra de Santa Luzia Serra da Caxexa com desníveis de mais de 200 metros para a Depressão do Curimataú Aparecem também colinas de vertentes convexas curtas e vales curtos abertos e secos As cotas altimétricas sofrem ligeira diminuição para 550 450 metros na área em que a erosão trabalha micaxistos caracterizando a superfície de erosão intermontana de Picuí Nas proximidades da cidade de Frei Martinho reaparecem áreas mais elevadas 500 600 m com topos recobertos por capeamento Terciário já muito erodidos Nos limites com o R G do Norte as vertentes íngremes formam vales profundos em V Nesse ponto a Superfí 47 cie Aplainada do Maciço da Borborema já abrange os terrenos circunvizinhos da alta bacia do rio Seridó e do seu afluente Carnaúba bem demarcada nos municípios de Frei Martinho ao norte Juazeirinho mais ao sul e Junco do Seridó a oeste Corresponde aos dobramentos do précambriano com orientação SSWNNE e onde os micaxistos e mica frágeis as fraturas transversais e os filões de pegmatitos ou de quartzo explicam a profunda dissecação do relevo por um sistema de erosão que aproveita as linhas estruturais É a área conhecida na Paraíba como sertão do Seridó Consideramos esse trecho do Seridó como um prolongamento para o norte das cotas que compõem o nível mais elevado 600700m da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema Suas altitudes gerais variando entre 550650 m em média estão bem longe das cotas dos 300 metros que configuram os Pediplanos Sertanejos É desse setor paraibano seridó que se alcança o verdadeiro sertão representado pelos pediplanos do Seridó norteriograndense a N e NW e do sertão da Paraíba a oeste É evidente que essa proximidade ou contato com o verdadeiro sertão pediplanado e a existência de uma superfície de erosão bem marcada emprestam feições diferentes a este segmento mas nem assim capazes de caracterizálo na Paraíba como uma unidade individualizada assim como acontece com o extenso pediplano sertanejo Seridó tão bem definido no Estado do R G do Norte Na porção sul a Superfície Elevada Aplainada encontrase muito dissecada pelos formadores da bacia hidrográfica do rio Paraíba Seus solos argilosos achamse muito sulcados pelos processos erosivos escoamento pluvial o que pode ser observado nos municípios de São João do Cariri Congo Serra Branca Cabaceiras e outros próximos Tomada em seu conjunto a Superfície Aplainada do Maciço da Borborema apresentase menos dissecada nesse trecho sul que ao norte caracterizando um relevo semicolinoso É nesta porção meridional que se destacam os dois arqueamentos do relevo um de direção NWSE origina os vales em baioneta dos riachos temporários o outro ortogonal e conforme as grandes direções tectônicas forma as cristas agudas como as que aparecem entre Camalaú Congo além de alinhamentos como os da Serra do Monte a sudeste de Boa Vista Nesse trecho sul da Superfície Aplainada destacase o importante entalhamento do rio Paraíba que forma uma rasa depressão intermontana em cotas altimétricas de 300 metros em um vale relativamente encaixado e estreito que margeia a linha de serras ao sul no limite com Pernambuco não entalhando o setor a montante de Boqueirão onde a Su 48 perfície aparece mais preservada O nível altimétrico das cristas que ali ocorrem superiores a 500 m indicam que a deformação póscretácea se fez por um soerguimento tendencial mais pronunciado do que em outros setores do vasto conjunto dômico regional A drenagem nesta unidade geomorfológica é caracterizada por rios temporários de regime torrencial durante o período chuvoso Em muitos lugares o padrão dendrítico modificase em um padrão retilíneo que reflete uma adaptação às linhas de falhas e fraturas que atingiram o Maciço da Borborema quando do seu soerguimento Os solos de modo geral são sensíveis à erosão e ao fenômeno de salinização não sendo muito cultivados O aproveitamento é mais para a pecuária extensiva Em vertentes mais íngremes os solos apresentamse rasos com afloramentos Ocorrem como tipos principais os Bruno não cálcicos solos Litólicos eutróficos e Solonetz solodizados Classificamos como Maciços Residuais na Paraíba os blocos individualizados separados do corpo geral e principal da Superfície Aplainada da Borborema por depressões tectônicas ou pediplanadas Alguns destes blocos constituem porções bem elevadas do relevo com altitudes médias entre 500 800 metros e com certa expressividade espacial na paisagem caracterizando as Serras paraibanas Outros blocos os Inselbergues definemse como morros já totalmente isolados que pontilham os baixos pediplanos sertanejos bem realçados na depressão de Patos ou como morros semiisolados unidos ainda por exígua superfície ao conjunto das serras locais Os Inselbergues apresentam alturas que variam entre 300 400 metros elevandose a 50 100 metros em média das baixadas pediplanadas Aparecem geralmente com topos agudos mas também como domos A ruptura com o pediplano é bem marcada muito embora os detritos depositados no sopé de suas encostas suavizem algumas vezes o contato anguloso Percebese nesse caso um segmento côncavo na vertente A presença desses Inselbergues considerados como resíduos de pediplanação atestaria condições de aridez superiores as que ocorrem atualmente MABESOONE 1978 considera as Serras um conjunto de inselbergues ainda não separados em unidades individuais constituídas de rochas resistentes ou formando divisa entre bacias fluviais 49 Os Inselbergues constituem segundo o autor citado acima formas isoladas separadas da planície por uma transição abrupta knick com topo agudo ou pouco arredondado ABSÁBER 1969 explicando as superfícies elevadas da Borborema esclarece que o topo de pequenos maciços ou cristas alinhadas são indistintamente denominadas de serras na toponímia regional Entendemos que as Serras paraibanas constituem na realidade projeções individualizadas e espacialmente reduzidas daqueles níveis altimétricos que formam a Superfície Aplainada do Maciço da Borborema Estão dispostas numa sucessão de cristas com direção principal coincidente com a direção brasileira situadas em níveis altimétricos gerais da ordem de 500 800 metros Os movimentos epirogênicos e a tectônica quebrável que afetaram o conjunto da Borborema assim como processos litológicos e morfoclimáticos devem ser levados em conta na explicação dos diferentes níveis de altura destas Serras As Serras que aparecem em níveis entre 600 800 metros Teixeira Araruna Cuité Baixa Verde etc podem ser consideradas como ramificações pertencentes ao nível mais elevado da Borborema Superfície da Borborema e aquelas entre 400 500 metros como pertencentes ao nível mais baixo Superfície Cariris No entanto devese salientar que essas altitudes podem ter sido em alguns casos rebaixadas por processos erosivos de climas úmidos e subúmidos Serra de Araruna de Cuité de Natuba etc e outras podem ter sido mais preservadas pela menor interferência local dos ventos úmidos de sudeste Teixeira P Izabel Monte Horebe etc O conjunto formado pela Serra de Teixeira disposta em sentido LesteOeste apresenta uma linha de escarpa muito íngreme com desníveis da ordem de até 500 metros na face voltada para o pediplano sertanejo Alguns autores em estudo realizado pela SUDENE 1972 explicam a formação desse maciço residual a partir de uma erosão diferencial entre as rochas xistosas do pediplano e as graníticas do maciço admitindo entretanto a hipótese de que ela corresponde a uma linha de falha se considerado o seu traçado regular e o acentuado desnível de sua encosta norte Na superfície desta Serra ocorrem blocos graníticos matacões que formam os mares de pedra ou caos de blocos Apresenta altitude média de 700 metros e a saliência do Pico do Jabre a 1010 metros acima do nível do mar ponto culminante do Estado Também as Serras de Monte Horebe exibem características de falhamento com linhas retilíneas O conjunto das Serras de Araruna caracterizam um horst evidenciado pelo contraste com o graben do Curimataú As Serras paraibanas na maioria constituídas principalmente de granito eou gnaisses imprimem modificações no quadro climático regional ou local em vista da disposição perpendicular às correntes aéreas dominantes Todas elas assumem características de subumidade conseqüentes das chuvas orográficas dentro do quadro geral do Setor semiárido Essa feição subúmida é realçada nas encostas a barlavento com modificações nítidas na vegetação na temperatura nos solos e nos processos atuantes A presença de solos mais profundos do tipo Podzólico vermelhoamarelo nas encostas sugere condições mais favoráveis aos processos pedogenéticos Explorandoos surgem as Matas Serranas uma vegetação subcaducifólia com fácies mais úmido nos setores de umidade mais elevada bem contrastante com a Caatinga arbustiva ou herbácea das áreas áridas e semiáridas vizinhas Em geral nas Serras mais úmidas de NE e SE ocorrem depósitos de pé de vertente acumulados por deslizamentos esporádicos ou queda de barreiras Nas Serras situadas em trechos menos úmidos e nos Inselbergues são comuns os matacões ao longo das encostas principalmente nas encostas a sotavento que ao se desagregarem tombam formando um cone de dejeto com detritos muito grosseiros Ocorrem nessas vertentes os Litossolos apresentando películas superficiais de alteração contígua aos leitos rochosos Algumas Serras paraibanas correspondem a testemunhos de superfícies mais antigas e mais elevadas Considerando as explicações de ABSÁBER 1969 sobre a origem de tais superfícies tentamos mapear algumas delas na Paraíba O autor reconhece para o Nordeste quatro pequenos setores topográficos da Borborema que asilam restos de superfícies de cimeira mais antigas e mais elevadas Serra do Triunfo Serra do Gigante Maciço residual de Garanhuns PE o Pico do Jabre e formas residuais análogas da Serra do Teixeira PB Esses setores apresentam diferenças entre si como conseqüência das deformações ocasionadas pelo soerguimento em abóbada acentuadas pela tectônica quebrável do póscretácico Os verdadeiros remanescentes da superfície de cimeira mais antiga estariam segundo o autor situados na porção sulsudoeste da Borborema representados pelo Maciço de Garanhuns e Serra do Gigante que se comportam como um relevo desdobrado acima da superfície de cimeira espacialmente mais desenvolvida eou como maciços inselbergues de cumiada que permaneceram a cavaleiro da superfície mais baixa e ampla dos altos da Borborema Esta última adquire feições de cimeira nas cristas centrais da Borborema Serra de Queimadas Brejos paraibanos Serra de Teixeira e áreas adjacentes consideradas como um desdobramento das cimeiras mais antigas ABSÁBER dá como altitude média para as cimeiras o nível entre 850 900 metros explicando que a interferência dos climas úmidos ou subúmidos rebaixaram muito os elevados maciços residuais regionais permanecendo alguns mais preservados porquanto menos influenciados pelos ventos úmidos de SE Pode ser que as Serras que aparecem ao sul do entalhe do rio Paraíba como as de Acai e Jararaca a mais de 800 metros e alguns alinhamentos residuais com cotas de até 1000 metros destacados acima da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema Serra de Carnoió mereçam estudos mais detalhados capazes de considerálos ou não desdobramentos das superfícies de cimeira mais antigas Ao nosso ver refletem um avanço em território paraibano dos níveis de cimeira mais elevados que ABSÁBER cita para o Estado de Pernambuco podendo corresponder a topos aplainados de cristas salientes ou divisores mantidos pelas rochas graníticas e gnaissicas A partir do estudo dessas antigas superfícies de cimeira o autor propõe uma esquematização da história geomorfológica da região NE entendendo que a As superfícies de cimeira mais elevadas constituem formas residuais de antigos maciços que antecederam a sedimentação cretácea de idade provavelmente triascretácico inferior b Outras superfícies parecem setores da superfície précretácica alçados por arquamento e falhamento c Outras correspondem a relevos residuais poupados pelos processos atuais de pediplanação As Serras da Paraíba incluídas no Setor Ocidental bem como algumas superfícies elevadas do Setor Oriental já mencionadas anteriormente apresentam restos de um capeamento detrítico tido como equivalente aos depósi tos da Série Serra dos Martins de idade definida como oligomiocena e explicado por alguns autores MABESOONE 1972 como sendo a base do Grupo Barreira Em estudos sobre esses capeamentos autores como ANDRADE GO 1964 e DRESH 1957 in ABSÁBER 1969 negamse a correlacionar tais depósitos com aqueles pertencentes ao Grupo Barreira ABSÁBER 1969 sugere que até uma datação mais precisa da Série Serra dos Martins é preferível adotar a seguinte interpretação os depósitos detríticos que coroam os alinhamentos de serras que vão desde Martins até as Serras João do Vale e de Santana constitui um conjunto de testemunhos de uma bacia homogênea cuja disposição é aproximadamente lesteoeste denotando a direção geral do eixo principal da bacia antiga não obstante as várias deformações que afetaram consequêntes do soerguimento Essa bacia situada no interior de um compartimento deprimido representaria o bolsão detrítico de uma ação pediplanadora que se estendeu desde a paleocuesta do Apodi até áreas que hoje estão no centro da Borborema paraibana Se os remanescentes dessa bacia encontramse situados na garupa extremosetentrional do bombeamento regional da Borborema é por conta das elevações dóricas oligomiocênicas posteriores às primeiras deformações cretácicas que reincidiram no conjunto tectônico regional Também o delgado capeamento que aparece em TeixeiraJabre é colocado pelo autor como oriundo do extravasamento da sedimentação detrítica da bacia principal situada na área de MartinsSantana Esses detritos teriam recoberto o conjunto de pedimentos formados pela pediplanação penecontemporânea da bacia de MartinsSantana para oeste e sul até a fronteira ParaíbaPernambuco As coberturas detríticas foram laterizadas nas fases de transição climática e transformadas em crostas ferruginosas resistentes Esse capeamento encontrase em níveis diferentes Cuité620 m Teixeira750800 m Santana700 m separando bacias hidrográficas divergentes O fato é explicado por ABSÁBER a partir das deformações ocasionadas pelo soerguimento em abóbada e pela ação da tectônica quebrável complementar posteriores à formação da crosta laterítica Na verdade esses capeamentos são restos de uma cobertura antiga mais contínua e mais extensa Esses sedimentos imprimem uma feição semihorizontal tabular aos topos de algumas Serras normalmente alinhadas em cristas de topos relativamente agudos Destacamse na paisagem como Chapadas elevadas algumas 53 exibindo superfícies mais ou menos extensas como as que aparecem nas Serras de Cuité Araruna Foto nº 15 Bom Bocadinho Teixeira e outras apenas como exíguos coroamentos dificultando o seu mapeamento A partir desses capeamentos desenvolvemse os solos classificados como Latossolos vermelhoamarelo eutrófico pobres em reservas de nutrientes às plantas sendo necessária a adubação São bem aproveitados com culturas de feijão agave mandioca milho Constituindose em um entalhamento vigoroso da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema a Depressão do Curimataú pode ser entendida como mais um dos seus compartimentos Foto nº 15 Serra de Araruna Ao fundo aparecem formas horizontais modeladas no capeamento sedimentar Foto Gelza Carvalho As expressivas diferenças altimétricas que a Depressão apresenta em relação aos setores vizinhos elevados Escarpa Oriental Brejos e Serras contíguas ao norte e que imprimem a este enclave um destaque significativo em termos de morfologia clima e vegetação levamnos a classificálo como uma unidade geomorfológica individual Esta unidade apresentase como uma área deprimida com altitude média de 300 350 metros e desníveis da ordem de até 300 metros entre a baixada e os topos mais elevados das Serras vizinhas Foto nº 16 54 Foto nº 16 Depressão do Curimataú Foto Assis Fernandes Geologicamente é explicada como um ambiente de tectonismo por ruptura que teria originado falhas sendo estas últimas responsáveis pela orientação da drenagem local Os formadores da bacia hidrográfica do Curimataú festonam a encosta setentrional da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema convergindo para um vale estreito e encaixado Em alguns trechos entre a Serra de D Inês e as Chapadas de Solânea aparecem gargantas quase retilíneas O relevo mais geral dessa Depressão estruturada em micaxistos é mais ou menos do tipo colinoso cujas elevações apresentam topos de planos a arredondados A evolução das encostas se dá principalmente pelo desmantelamento mecânico do material que pode ser removido de modo mais acentuado dependendo da intensidade do escoamento superficial Este vale posicionase a sotavento do curso dos alísos de sudeste e igualmente em posição de abrigo das massas de ar da CIT o que lhe acentua o caráter de semiaridez Está incluído na subregião de clima árido com trechos na subregião semiárida com um valor médio anual de pluviosidade de 327mm com meses mais chuvosos sem ultrapassar os 75mm A média das temperaturas máximas é de 27ºC e a umidade relativa de 75 55 A cobertura vegetal refletindo essas ásperas condições climáticas assume a composição e fisionomia típica da Caatinga constituindo a metade superior da Depressão do Curimataú um avanço em direção ao litoral do domínio da vegetação xerófila das regiões áridas mais ocidentais Constitui na realidade um prolongamento para nordeste do quadro botânico da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema o Cariri Domina uma vegetação esparsa espinhosa na maioria caducifólia destacandose entre outras espécies a Macambira Bromelia laciniosa Caroá Neoglaziovia varieqata Mz XiqueXique Pilosocereus gounellei Weber Facheiro Pilosocereus piauhiensis O solo é raso pedregoso com muitos afloramentos do cristalino Foi classificado pela SUDENE 1972 como Litólico fase pedregosa substrato gnaissegranito prestandose muito pouco à agricultura sendo mais utilizado para a criação extensiva Na maioria expostos etes solos favorecem a atuação do escoamento superficial quando dos períodos de chuva Os limites da unidade classificada como Pediplano Sertanejo são bem nítidos na Paraíba e podem ser bem observados na Carta Topográfica 1500000 IBGE 1970 que serviu de base para a elaboração do mapa de relevo que ora analisamos As linhas principais das encostas ocidentais da Superfície Aplainada do Maciço da Borborema constituem o limite oriental do Pediplano Sertanejo Elas atingem as baixadas dos 300 200 metros por desníveis acentuados como os de Santa Luzia São Mamede ao norte e por corredores estreitos como o que aparece no município de Passagem O conjunto de Serras fronteiriças ao sul Teixeira P Izabel S Gonçalo Braga etc oeste e norte Branca Boiada João do Vale interrompem em ruptura de relevo na maioria acentuada os plainos semiáridos do sertão paraibano O Pediplano Sertanejo constitui numa visão mais geral um relevo plano a semicolinoso que sofre ainda um ativo processo de desnudação com remanejamento dos detritos realizado pela drenagem intermitente dos rios que compõem principalmente a bacia hidrográfica do Piranhas Na porção mais plana dessa superfície ocorrem elevações moderadas em média 50 metros entre o topo e a base com topos arredondados e vertentes com declives na maioria inferiores a 10 Em detalhe destacamse feições do relevo que expressam uma origem a partir dos grandes fraturamentos que compõem o Lineamento Paraíba e os relevos residuais Inselbergues cujas cristas estão 56 separadas das terras baixas por vertentes íngremes e por nítida ruptura de declive Foto no 17 As depressões que formam o Pediplano Sertanejo embutidas entre a linha de cristas distribuemse ao longo dos rios formadores da bacia do Piranhas que nasce nas Serras paraibanas de oeste toma a direção NE e continua pelo Rio Grande do Norte Uma das baixadas mais conhecidas a de Patos é constituída pelo rio Espinharas que modela com seus afluentes uma ampla superfície semiplana à altura da cidade de Patos que se estreita depois até encontrar o açude situado entre Serra Negra do Norte e a Serra das Melancias O pediplano de Patos com altitude média de 250 metros encontrase bem caracterizado nas proximidades do núcleo urbano avançando até Malta e Condado a noroeste por entre as Serras do Melado consideradas por estudiosos como um extenso inselbergue de perfil alongado que obedece às estruturas geológicas São freqüentes os inselbergues que pontilham essa superfície de Patos Foto no 17 Pediplano Sertanejo detalhe da baixada semiplana limitada pelas vertentes Íngremes dos Inselbergues Foto Paulo Lima 57 Para sudeste dessa cidade os falhamentos que orientam o vale tectônico do rio Farinha modelam o corredor de Passagem destacandose as vertentes escarpadas dos quartzitos locais Na direção oeste de Condado e de Catingueira alcançase uma outra depressão expressiva em níveis altimétricos entre 250 300 m que acompanha todo rio Piancó a partir da sua alta bacia nas serras próximas de Conceição SW e nas serras próximas a Aguiar W confundindose para o norte com a depressão do rio Piranhas O relevo geral da depressão do rio Piancó apresentase em colinas onde a dissecção mais ou menos acentuada expressa as inúmeras fraturas transversais que aí correm e que também correspondem às do Lineamento Paraíba Surgem alguns blocos montanhosos de escarpamento abrupto nas proximidades de Coremas entre alguns dos quais o rio Piancó foi represado formando o açude de Coremas A depressão formada pelo rio Piranhas de origem tectônica apresenta corredores estreitos orientados de W para E situados entre linhas de falha sul de São José de Piranhas e escarpas retilíneas como as da serra granítica de Monte Horebe que alcança mais de 600 metros na fronteira com o Ceará O açude Engenheiro Ávidos ocupa o fundo de um cruzamento de dois sistemas de direções tectônicas que determinam as feições de seus bordos e que constituem o terminal a oeste do Lineamento Paraíba Dos corredores estreitos o vale alargase para o norte à altura do açude de São Gonçalo onde os processos modeladores do relevo trabalham diferentemente rochas do Grupo Caicó onde predominam os gnaisses e os xistos com ocorrências locais de anfibólitos e faixas de quartzitos Erosões sucessivas arrasaram os dobramentos alinhados de W E podendose perceber alguns testemunhos como a Serra que se alonga a este de Nazarezinho A partir daí o rio Piranhas toma a direção SWNE com altitudes abaixo dos 200 metros contornando ao sul a bacia cretácica do rio do Peixe e apresentando daí para a frente até o R G do Norte uma sucessão de calhas ora alongadas nas direções WSWENE ora mais curtas com direções SSWNNE Para elas confluem os rios Piancó e Jericó Riacho da Onça e o Riacho MataFome A depressão do Piranhas alcança na extremidade NorteNordeste Catolé do Rocha Brejo do Cruz Belém do B do Cruz em setores já afastados do leito principal altitudes baixas menos de 200 m excetuandose algumas serras B do Cruz João do Vale e sofre modificações nas suas feições morfológicas Uma paisagem de baixo planalto de superfície multiconvexa 58 coberta com matacões residuais define o relevo principal da área Aqui as fraturas secundárias conforme o dobramento principal SWNE ou transversais orientaram as erosões sucessivas sobre rochas mais resistentes e isolaram no meio da superfície os inselbergues O setor é formado por um conjunto de bacia de erosão baixo rio Piancó Riacho dos Cavalos Riacho S Bento que se reúnem ao longo do vale do rio Piranhas assemelhandose àquele que ocorre no Seridó norte riograndense Nas proximidades da vila S José do Riacho do Baião encontramse testemunhos de sedimentos tidos como da Série Serra dos Martins em altitudes de apenas 100 metros Relacionandose esse nível baixo com os elevados a 500 metros na Serra João do Vale e com aqueles situados a mais de 700 metros na fronteira com Pernambuco ao sul igualmente capeados com o mesmo tipo de sedimento podese considerar como provável uma reativação tectônica vigorosa no mioceno Analisando as superfícies sertanejas ABSÁBER 1969 começa por considerar o nível da pediplanação moderna descartando definitivamente a hipótese de que os terrenos cristalinos dos sertões possam representar um peneplano in situ Adianta que são muitos os pediplanos sertanejos que foram recortados sob a forma de superfícies de eversão a algumas dezenas de metros abaixo das superfícies fósseis em exumação citando como exemplo mais notável de eversão os pediplanos sertanejos do noroeste do Ceará Um reentalhamento generalizado da superfície précretácica proporcionou o entalhe regional dos pediplanos sertanejos o que pode ser comprovado no Nordeste inclusive na Paraíba pela presença dos rios superimpostos à cobertura cretácea antiga Esses rios entalharam profundamente as cristas quartzíticas fixando níveis de base mais baixos para a extensão dos fenômenos de pediplanação exorreica Assim o nível da superfície précretácica foi ultrapassado pelos efeitos da pediplanação moderna O autor faz referências ainda aos processos que remodelaram os pediplanos sertanejos durante o Quaternário As retomadas de erosão fluvial linear do Quaternário foram muito fracas no interior ao contrário do litoral Mas podese constatar que a feição morfológica apresentada atualmente pela superfície sertaneja é resultante de reaplainaçöes e remodelações areolares da superfície formada anteriormente neogênica pliocênica Assim podem ser consideradas as superfícies embutidas de idade recente que culminaram com novas fases de pedi 59 mentaçâo e ainda os terraços fluviais que recobriram esses pedimentos em fase ainda mais recente Ocorrem ainda paleopavimentos detríticos modernos do Pleistoceno inferior ou Pleistoceno acompanhando a topografia das colinas modeladas abaixo da superfície neogênica e que comprovam esse reafeiçoamento Quaternário dos pediplanos sertanejos As sucessivas retomadas de pedimentação do Quaternário representativas de climas mais secos alternadas com fases mais úmidas com atuação um pouco mais acentuada da erosão linear e de processos areolares úmidos podem responder pelo rebaixamento pouco nítido da superfície sertaneja Situada no extremo oeste do Estado mais precisamente entre as coordenadas 3830 e 3810 W e 650 S a Bacia sedimentar do rio do Peixe diferenciase do vasto pediplano que a circunda mais por sua origem do que pelas feições gerais que apresenta à primeira vista Foto nº 18 A área está definida como uma Depressão formada a partir de um estádio de reativação do sistema de falhas onde depositaramse sedimentos continentais contemporâneos do movimento tectônico sedimento mesoclástico Posteriormente teria ocorrido em período tranqüilo uma fase de sedimentação microclástica em ambiente de água mais ou menos estagna Foto nº 18 Depressão do rio do Peixe Ao fundo Serras cristalinas fazem limite com a Bacia Sedimentar Município de Sousa Foto Ana Glória Lima 60 em formas de lagos e pântanos e novamente uma intensificação dos movimentos tectônicos com sedimentação mesoclástica A evolução da Bacia está situada entre o Jurássico Superior até o Cretáceo Inferior entre 12 e 15 milhões de anos Correspondendo à sua história evolutiva são consideradas três Formações Antenor Navarro Sousa e Piranhas ABSÁBER 1969 explica que apesar da superfície précretácica ter sido ultrapassada em centenas de metros pelos efeitos da pediplanação moderna alguns sedimentos cretácicos e triássicos permaneceram encravados localmente no dorso pediplanado das formações précambrianas regionais Este seria o caso segundo o autor da Depressão do rio do Peixe que possui o assoalho mais baixo que o nível médio dos pediplanos sertanejos Esta Bacia terseia formado por falhas regionais póscretácicas Sua forma é alongada com cerca de 75 km2 de comprimento entre Pombal PB e Umarí CE e com 20 km de largura no trecho mais amplo Apresenta na porção mediana um estreitamento com aproximadamente 3 km de largura no sentido NESE coincidente com uma linha de falha A Depressão do rio do Peixe situada em cotas gerais de 200 metros colocase pouco mais baixa que os pediplanos vizinhos com desníveis no geral de 50 metros As diferenças mais significativas estão relacionadas com aqueles trechos onde os limites da Depressão coincidem com Serras ou Inselbergues que se orientam de NE para SW ao norte e de E para W ao sul Nesse caso a área deprimida apresenta desníveis nítidos até o topo dos alinhamentos cristalinos da ordem de 200 metros em média Apresentase como uma baixada relativamente plana com mergulho para o sul onde as saliências estão constituídas por colinas de baixa amplitude Das bordas para o centro da Bacia a superfície aparece inclinada definindo uma forma de relevo do tipo pedimento ou glacis descontínuos e dissecados Os processos pedogenéticos comandados por um clima quente com carência de água atuando em calcário argilitos folhelos e siltitos oliváceos com carbonato de cálcio originaram solos do tipo Vertissol Solonetz solodizado Litólicos eutróficos e Aluviais eutróficos ocupados pela vegetação de Caatinga Evidentemente podem ser encontradas diferenciações no tipo da Caatinga que no geral apresentase com pequeno porte e pouco densa 61 A Caatinga arbórea pode ser encontrada nos trechos menos secos que geralmente coincidem com as áreas próximas às Serras vizinhas Existiriam indícios de uma antiga vegetação representativa de uma fase mais úmida ou menos seca que a atual mas tais vestígios são raros por conta das modificações acentuadas que o homem imprimiu à cobertura vegetal As atuais condições de clima e solo estão bem refletidas na Caatinga hiperxerófita que domina nessa Depressão sedimentar 4 CONCLUSÃO As investigações levadas a efeito com o objetivo principal de classificação e mapeamento geomorfológico do Estado da Paraíba permitiramnos avaliar e concluir sobre os seguintes pontos a Existe a necessidade de análises mais profundas capazes de precisar a origem e idade de muitas das formas de relevo que caracterizam o espaço paraibano Alguns dos mais renomados estudiosos que se preocuparam em investigar a evolução do relevo nordestino ainda apresentam discordâncias sobre a origem e a idade de alguns fatos regionais Como exemplos temos as diferentes opiniões sobre a origem e idade das Formações que constituem o Grupo Barreiras onde modelouse o Baixo Planalto Costeiro e sobre a idade dos capeamentos sedimentares que coroam muitas das Serras paraibanas b As nuances topográficas existentes tanto no Setor Oriental Úmido como no Setor Ocidental Semiárido imprimem modificações locais no clima dominante capazes de influenciar significativamente nos tipos de vegetação e de solos É o caso por exemplo das Serras subúmidas que se destacam nos plainos semiáridos dos sertões e da Superfície elevada da Borborema Também as depressões corredores e vertentes a sotavento atuam como modificadores das condições climáticas gerais acentuando em muitos casos as características de aridez local c Não obstante as diferenças topográficas a utilização do solo se define quase sempre conforme o relevo e o clima dominantes d A tradição agrícola do homem do campo passada de pai para filho permite uma utilização do espaço até certo ponto racional quando considerados apenas os traços gerais de clima solo e relevo e As nuances morfológicas climáticas botânicas e pedológicas apresentadas por algumas Unidades Geomorfológicas nem sempre são respeitadas quando entra em jogo a implantação de grandes projetos agrícolas eou agroindustriais Essa constatação nos conduzirá necessariamente à busca de um conhecimento cada vez mais completo do espaço físico paraibano e daí para uma avaliação e posicionamento críticos sobre o uso que se faz deste espaço PERFIL TOPOGRÁFICO DA PARAÍBA O perfil topográfico da Paraíba apresenta uma diversidade de características geológicas e geomorfológicas com variações altimétricas significativas A Paraíba está localizada na região Nordeste do Brasil com uma área de aproximadamente 56000 km² Sua geologia é marcada pela presença de rochas antigas como gnaisses e granitos que compõem o embasamento cristalino da região Características geológicas A geologia da Paraíba é dominada pelo embasamento cristalino composto por rochas ígneas e metamórficas como gnaisses e granitos Essas rochas são antigas datando do período PréCambriano e são responsáveis pela formação do relevo acidentado e da paisagem característica da região Compartimentos Geomorfológicos A Paraíba pode ser dividida em três principais compartimentos geomorfológicos o Planalto da Borborema a Depressão Sertaneja e a Zona da Mata O Planalto da Borborema é uma formação de origem cristalina caracterizada por terrenos elevados com altitudes que variam de 300 a 1000 metros É uma região de relevo bastante acidentado com vales profundos e escarpas íngremes A Depressão Sertaneja é uma região de baixa altitude com altitudes que variam de 200 a 500 metros É uma área de relevo suavemente ondulado com solos mais rasos e clima semiárido A Zona da Mata é uma faixa estreita de terras baixas ao longo do litoral com altitudes que variam de 0 a 300 metros É uma região de relevo suavemente ondulado com solos férteis e clima tropical úmido Diferenças altimétricas O perfil topográfico da Paraíba mostra diferenças altimétricas significativas entre os diferentes compartimentos geomorfológicos A região da Borborema por exemplo apresenta elevações que podem ultrapassar os 1000 metros enquanto a Depressão Sertaneja e a Zona da Mata têm altitudes mais baixas entre 0 e 500 metros Essas diferenças altimétricas são representativas das características geológicas e geomorfológicas únicas da Paraíba Caracterização das unidades geomorfológicas Planalto da Borborema Caracterizase por ser uma região de relevo elevado com altitudes que variam de 300 a 1000 metros É uma área de grande importância para a biodiversidade com uma vegetação característica de caatinga e campos rupestres Apresenta solos rasos e pedregosos sendo uma região propensa à erosão Depressão Sertaneja É uma região de baixa altitude com altitudes entre 200 e 500 metros Apresenta um relevo suavemente ondulado com solos mais rasos e menos férteis O clima é semiárido com chuvas escassas e irregulares sendo uma região propensa à desertificação Zona da Mata É uma faixa estreita de terras baixas ao longo do litoral com altitudes que variam de 0 a 300 metros É uma região de relevo suavemente ondulado com solos férteis e clima tropical úmido Apresenta uma vegetação exuberante com grande diversidade de espécies vegetais e animais Essas unidades geomorfológicas da Paraíba refletem a complexidade e diversidade da paisagem e dos recursos naturais presentes no estado influenciando diretamente na ocupação humana e nas atividades econômicas desenvolvidas em cada região