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Como citar este artigo Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP Implementation of the eSUS Primary Care system Impact on the routine of Primary Health Care professionals Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 Access dia mês ano Available in URL DOI httpdxdoiorg1015901518834541743447 Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 DOI 1015901518834541743447 wwweerpuspbrrlae Artigo extraído da tese de doutorado dupla titulação Experiências dos profissionais com o uso do sistema eSUS Atenção Básica apresentada à Universidade de São Paulo Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Centro Colaborador da OPASOMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem Ribeirão Preto SP Brasil e à Universidad Autónoma de Madrid Faculdad de Medicina Madrid Espanha O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil CAPES Código de Financiamento 001 e com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP Processo 2018123769 Brasil 1 Universidade de São Paulo Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Centro Colaborador da OPASOMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem Ribeirão Preto SP Brasil 2 Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES Brasil 3 Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil 4 Universidad Autónoma de Madrid Faculdad de Medicina Madrid Espanha Implantação do sistema eSUS Atenção Básica impacto no cotidiano dos profissionais da Atenção Primária à Saúde Tatiele Estefâni Schönholzer12 httpsorcidorg0000000242948807 Ione Carvalho Pinto1 httpsorcidorg0000000175415591 Fabiana Costa Machado Zacharias13 httpsorcidorg0000000311506114 Rodrigo André Cuevas Gaete1 httpsorcidorg0000000286895428 Maria Del Pilar SerranoGallardo4 httpsorcidorg0000000251636821 Objetivo compreender como se tem processado a implantação do sistema eSUS Atenção Básica e seu impacto no cotidiano das equipes de saúde Método pesquisa qualitativa realizada em um município do interior do estado de São Paulo com profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde e utilizam o sistema eSUS Atenção Básica como ferramenta de trabalho Utilizaramse entrevistas semiestruturadas e análise temática dos dados com abordagem trifásica de Kotter Resultados foram entrevistados 17 profissionais enfermeiros médicos odontólogos e agentes comunitários A implantação do eSUS Atenção Básica e seu impacto no cotidiano das equipes de saúde foram compreendidos em termos da implantação obrigatória fragilidades para a implantação como ausência de disponibilização de recursos materiais e implícita imposição para uso do sistema frágil capacitação para a implantação e aprendendo com a experiência Conclusão observouse um processo de incentivo danoso conduzido sob a perspectiva de pressão institucional utilização do sistema para justificar o trabalho realizado e em contrapartida houve a criação de mecanismos de aprendizagem colaborativa entre as equipes Descritores Políticas de Saúde Atenção Primária à Saúde Sistema de Informação em Saúde Registros Eletrônicos de Saúde Gestão em Saúde Sistema Único de Saúde Artigo Original wwweerpuspbrrlae 2 Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 Introdução A informação no setor saúde ampara o planejamento processo decisório e implementação das políticas públicas todavia limitações relacionadas à permanência de registros de dados manuais dificuldades de acesso a equipamentos de informática e a deficiente capacitação de recursos humanos podem impactar negativamente na sua operacionalização1 A falta de habilidade pode ser vista como barreira no cotidiano dos profissionais quando se trata de manter a qualidade dos dados seja por falta de habilidade seja por restrição de tempo2 Esses impactos negativos podem ser minimizados por meio da percepção dos profissionais sobre os fatores de qualidade do sistema de informação e por motivação para utilizálo3 Sendo que é essencial atentarse à interação entre as demandas do profissional a tecnologia e o contexto pretendido4 Na saúde as mudanças são reconhecidamente importantes contudo são entremeadas de desafios em virtude da complexidade administrativa desse setor sendo que para que a implementação de qualquer mudança seja bemsucedida há necessidade das organizações de saúde terem condições para gerenciar tal processo Há aspectos que podem ser citados como impeditivos para a implantação de sistemas de informação informatizados no Brasil como impasses no decorrer da implantação dificuldades no preparo dos profissionais bem como a deficiência da estrutura organizacional5 Nesse processo de implantação elementos como visão habilidades incentivo recursos e plano de ação conduzem a uma real mudança porém a ausência de um desses elementos no processo pode causar sentimentos como ansiedade confusão e frustração6 No Brasil as informações são utilizadas como instrumento para a gestão do Sistema Único de Saúde SUS relacionado à vigilância em saúde acompanhamento de produção e transferência financeira podendo dar destaque à gestão administrativa e distanciandose muitas vezes das necessidades dos serviços de saúde7 Até 2013 era utilizado na Atenção Primária à Saúde APS o Sistema de Informação da Atenção Básica SIAB porém não havia estrutura para responder às necessidades da população Sendo assim foi pensada uma nova estratégia para atendêlas com a instituição do eSUS Atenção Básica eSUS AB Essa implantação trouxe mudanças tanto nos serviços de saúde a exemplo de novas tecnologias quanto nas formas de coleta processamento e uso das informações no processo de cuidado e gestão por meio do eSUS AB com foco na gestão local e o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica SISAB com foco na gestão municipal estadual e federal8 Atualmente 728 das Unidades Básicas de Saúde UBS dos municípios do Brasil possuem o sistema eSUS AB implantado sendo que 439 utilizam Coleta de Dados Simplificada CDS e 29 utilizam o Prontuário Eletrônico do Cidadão PEC9 Na implantação de sistemas de informação são necessários estrutura e suporte técnico para apoiar o processo e mesmo quando disponibilizados podem ainda ocorrer entraves em nível local O critério do Ministério da Saúde para determinar se as UBS utilizam o sistema é o envio de dados para o SISAB entretanto não há informações ou análises sobre o real cenário de implantação e tampouco como o processo foi inserido e percebido pelos profissionais Dessa forma neste estudo tevese como objetivo compreender o processo de implantação do sistema eSUS AB e seu impacto no cotidiano das equipes de saúde Método Tratase de pesquisa qualitativa realizada em município com população aproximada de 25 mil habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano IDH alto entre 07 e 0810 no interior do estado de São Paulo em 2018 A rede de saúde do município é composta de sete equipes de estratégias de saúde da família um pronto atendimento um serviço de atenção domiciliar um centro de atendimento odontológico especializado um ambulatório de especialidades e um Centro de Atenção Psicossocial CAPS O cenário de estudo foi composto por seis estratégias de saúde da família que possuíam o sistema eSUS AB com PEC implantado localizadas em três em zonas periféricas e três zonas centrais da cidade A população do estudo foi composta de 17 profissionais da equipe de saúde enfermeiros agentes comunitários de saúde odontólogos médicos e técnicos de enfermagem que possuíam experiência de utilização do sistema eSUS AB de seis meses no mínimo e mostraram se abertos ao diálogo selecionados por conveniência Foi utilizado como critério a repetição e saturação dos dados para determinar o número de entrevistas e no mínimo dois profissionais por categoria11 A pesquisa foi desenvolvida pela autora principal que possuía experiência prévia em coleta e análise de dados qualitativos não possuindo vínculo interpessoal com os participantes do estudo Houve contato prévio com o campo e com os participantes por meio de visitas para apresentação do projeto realização de entrevistas piloto e agendamento para a coleta de dados Utilizou se roteiro de entrevista semiestruturado para a coleta wwweerpuspbrrlae 3 Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP de dados em ambiente privativo disponibilizado pelos gestores das UBS As entrevistas foram estimadas em até 60 minutos gravadas em dois dispositivos de áudio simultaneamente As questões das entrevistas abordaram o processo de implantação do sistema eSUS AB As entrevistas foram transcritas na íntegra codificadas conforme a sequência em que foram realizadas e identificadas considerando se a localização em que as UBS estavam inseridas Zona Central ZC e Zona Periférica ZP seguido da categoria profissional e número ordinal Para tratamento dos dados provenientes das entrevistas utilizouse análise temática contemplando as etapas familiarização com os dados geração de códigos iniciais pesquisa revisão definição e nome dos temas e produção do relatório12 Após transcritas com auxílio do editor de texto Google Docs por meio da ferramenta digitador por voz as entrevistas foram codificadas de acordo com a categoria profissional e número ordinal e a partir disso iniciouse a leitura do material transcrito com a inserção de comentários registrados pela pesquisadora na medida em que os verbetes lhe chamavam a atenção Na sequência deuse a elaboração dos códigos iniciais e posteriormente a fase de agrupamento e ou separação dos mesmos12 Os códigos iniciais foram inseridos no editor de texto Word em uma página em branco para verificar a possibilidade de agrupamento entre eles buscandose sempre garantir a correlação entre as informações Posteriormente os potenciais temas foram transferidos para folha de papel e com recurso de canetas coloridas e papéis adesivos construiuse a lista e revisão dos temas e por fim chegouse ao tema central Foi utilizada como referencial a gestão da mudança na saúde que incorpora a abordagem trifásica de Kotter8 A abordagem trifásica de Kotter para gestão de mudança é baseada em três fases distintas gerar clima para a mudança engajar e capacitar a organização e implementar e sustentar a mudança Esse modelo direcionado à saúde pode ser usado para planejar mudanças na forma de cuidar dos pacientes até mudanças no uso de tecnologias para proporcionar mais segurança e qualidade8 Durante o processo de análise para conferir credibilidade consistência e confirmabilidade foi realizada discussão entre os membros do grupo de pesquisa bem como a devolutiva aos participantes O Projeto de Pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo sob Protocolo CAAE 73772817300005393 atendendo às Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos aprovadas pela Resolução do Conselho Nacional de Saúde 46612 Resultados Participaram do estudo quatro agentes comunitários de saúde quatro enfermeiros três médicos quatro odontólogos e dois técnicos de enfermagem Desses 15 88 eram do sexo feminino 2 22 do sexo masculino com média de idade de 35 anos variando de 29 a 51 anos 12 70 possuíam ensino superior completo e cinco 30 ensino médio completo encontrandose em atividade nas UBS de 1 a 17 anos com média de 67 anos de trabalho Para análise dos dados das entrevistas o material codificado possibilitou observar na organização das falas que os temas evidenciados se referem ao processo de implantação Dessa forma há quatro categorias a saber Implantação obrigatória Tem que implementar Fragilidades para a implantação do sistema Frágil capacitação para se conseguir a implantação e Aprendendo com a experiência Implantação obrigatória Tem que implementar Nas unidades de saúde da APS a pressão institucional para a implantação da Estratégia eSUS AB culminou na implantação e uso obrigatório do sistema de informação Eles falaram a partir do mês que vem precisa usar o eSUS E aí jogaram assim ZPENF03 Só falaram meio assim jogando medo tem que fazer tem que aprender foi assim ZCDEN01 Essa pressão gerou dois segmentos um positivo refletido como a concretização para o funcionamento do processo de registro envio processamento e devolutiva das informações para cumprir o seu propósito e o negativo evidenciado pelo não planejamento do processo que culminou em uma implantação acelerada para cumprir os prazos estabelecidos para efetivo uso e envio dos dados Os profissionais que vivenciaram essa fase a descrevem de maneira negativa Eu não lembro mais o ano mas foi de um mês para o outro E assim eles deixaram para última hora então apresentaram para nós mais ou menos Então em um mês a gente jogou todos no computador e foi aquela briga em um mês a gente atacou registrou a área toda então assim revezamos entre nós aqui ZPACS04 Não teve muito tempo já foi falando e a gente teve que correr com os cadastros mudando rápido assim acho que faltou um pouco de tempo ZPACS01 Fragilidades para a implantação do sistema A ausência de disponibilização de recursos materiais permeou a experiência dos profissionais de saúde na fase de implantação e de uso do sistema eSUS AB wwweerpuspbrrlae 4 Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 A dificuldade no começo foi a falta de internet porque assim tinha dias que tinha tinha dias que não mas hoje não hoje a internet é difícil o dia que não tem internet ZPENF04 No começo teve um pouco de briga porque eram duas equipes antigamente a UBS A e a B então eles discutiam em relação à escala de computador que um ficava mais que o outro aí prejudicava para passar a produção digitar fichas ZCENF02 Sobre processo de implantação outro ponto importante a se destacar é que não veio incorporado de engajamento da equipe a respeito da importância da Estratégia e do sistema eSUS AB e sim de implícita imposição para que os profissionais iniciassem o registro Sabe aquela coisa assim Tem que tem que implementar Só que assim tem esse tempo aí parece que a pessoa aproveitou esse tempo para não passar implantar e aí faltava um mês para passar vamos fazer senão vai perder verba ZPACS04 Eles falaram assim bom vocês tem que melhorar o número de atendimentos Tal lugar tem muito atendimento tal lugar tem menos para comparar as unidades sabe Mas só ZCMED01 Frágil capacitação para se conseguir a implantação As narrativas dos participantes acerca da ausência de capacitação suficiente e adequada anterior ou durante o processo de implantação evidenciam dúvidas sobre como utilizar o sistema eSUS AB em toda a sua potencialidade escassez do entendimento do propósito da Estratégia bem como da sua relevância para a APS Além disso foram relatadas tentativas de capacitação contudo identificadas como insuficientes para sanar as dúvidas gerando impasse para registrar os dados no novo sistema Veio um moço pedindo para a gente não estar saindo da unidade que ele ia estar passando para explicar o eSUS e a gente ficou o dia inteiro na unidade o dia todo aí chegou e a gente até questionou que nosso horário é das sete horas da manhã até as quatro horas da tarde ele chegou aqui 15h55 da tarde Nosso serviço é no horário que a gente está aqui depois a gente quer ir embora Então como ele chegou 15h55h a gente simplesmente assinou a folha e foi embora ZPACS04 A gente não teve um treinamento nem nada foi uma coisa assim bem basicão e falaram tem que fazer isso isso e isso Aí as dúvidas a gente foi tirando ao longo do dia a dia conforme fui usando Mas eu não consigo assim que eu tenho dúvidas ainda ZPENF03 Os profissionais expuseram dificuldades provenientes dessa pseudocapacitação concomitante às atualizações do sistema Houve atualizações desde a implantação do sistema eSUS AB 20 até o momento da realização das entrevistas eSUS AB 30 Isso somado à ausência de capacitação deixa os profissionais imbuídos em dúvidas que se acumulam a cada versão Eles chamaram explicaram eu acho que não foi todo mundo junto foi enfermeiro e auxiliar primeiro e depois os agentes de saúde mas assim teve poucas vezes Aí depois mudou aí depois que mudou também não me explicou então assim os agentes de saúde acabam tendo muita dificuldade durante o dia a dia ZPENF04 Porque eu acho assim parece que ele eSUS AB de tempo em tempo não sei se é de mês em mês ele dá uma modificação Para melhor eu acho ZPACS04 Se o eSUS igual agora o sisprenatal não vai existir mais vai ser tudo no eSUS então eu acho que eles deveriam investir mais nessa capacitação eles estão expandindo sistema ZCENF02 As dúvidas recorrentes geraram nos odontólogos insegurança e desconfiança quanto ao sistema Eu tenho os atendimentos só que tudo guardado e todo dia 30 eu imprimo um relatório também de tudo que foi atendido Eu gosto de arquivar ZCDEN02 Geralmente trava o sistema ou a internet falha Então eu não confio 100 Então eu prefiro ter no papel anotado tudo certinho E eu não jogo fora esse que foi anotado é arquivado comigo E para minha sorte porque há pouco tempo foi feito um levantamento dos procedimentos realizados e veio muito abaixo do que eu tinha realizado Então mais um motivo para eu continuar fazendo essa situação de colocar no papel e na ficha porque uma maneira de eu me resguardar ZPDEN04 Frente à ausência de suporte técnico para capacitação de novos profissionais e atualizações recorrentes foi acrescida ao enfermeiro gestor da unidade e a alguns ACS que possuíam conhecimentos e habilidades com o uso de tecnologias a função de capacitador Eu não sei acho que muito bem jogado assim sabe a gente que teve que aprender Tanto é que entra médico eles não têm uma capacitação para para usar o eSUS a gente como enfermeira é que tem que ficar lá ó faz assim não não é uma parte que a gente usa e não é nem dá nossa responsabilidade ficar treinando médico ou outros profissionais ZPENF03 Eu sinto que chega um período do mês que eles os agentes eles ficam pressionados de ter que jogar a produção e a enfermeira fica sobrecarregada por ter que ficar pedindo Sobre enfermagem e auxiliar enfim eu sinto também porque isso acaba dificultando lentifica o trabalho dela enfermeira porque a pessoa não sabe mexer tanto assim na parte de computador depende de outra ZCMED01 Aprendendo com a experiência Ao se perceberem imersos nesse processo descrito anteriormente associado com a utilização do novo sistema para realização do seu trabalho os profissionais desenvolveram ao longo do tempo mecanismos de wwweerpuspbrrlae 5 Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP aprendizagem seja esse individual seja cooperativo dentro da mesma unidade ou entre as unidades de saúde A princípio ninguém sabia nada do eSUS Nós fomos aprendendo sozinhos basicamente Eu tinha um colega que trabalhava comigo que entendia de informática a gente foi entendendo e ensinando os outros colegas também ZCACS02 A gente vai perguntando aqui uma para outra A gente não tem tem um rapaz para te falar a verdade que chama nome e ele é agente de saúde nome da UBS que dizem que ele gosta muito dessa situação da informática e ele vai achando alguma saída Então já houve uma situação ou duas que eu perguntei para ele ZPDEN04 Quem me explicou como que usa foi a médica anterior que estava Um dia a gente estava junto aqui e ela explicou mais ou menos como usa ZPMED03 Ao contrário do antigo sistema de informação SIAB o sistema eSUS AB permite interação dos profissionais devido sua interface o que viabilizou a descentralização do trabalho reduzindo a responsabilidade quanto à produção da equipe como também a diminuição da carga do profissional de enfermagem que em grande maioria assumia o papel de reunir as fichas de atendimento da equipe e registrar no SIAB A gente está bem mais em contato Eu acho mais fácil Esse SIAB a gente preenchia a folha aqui uma folha branca a enfermeira passava e ficava ficava por isso mesmo então eu acho que esse aqui a gente tem mais acesso do que esse SIAB ZCDEN02 Você gastava mais um dia Você tinha que passar todos os agentes de saúde de auxiliar eu acho que agora cada um faz o seu eu acho que isso assim cada um é responsável Porque querendo ou não eles acabam sendo responsáveis pela produção deles porque não era Assim fazia ou não fazia quem ia passar era eu mesmo E até quem iria responder era eu mesma então eu achei que isso ajudou bastante ZPENF04 O SIAB não era a gente que alimentava a gente simplesmente mandava a produção para o coordenador e ele alimentava o SIAB A gente nunca fez essa alimentação direta Entendeu Então eu acho Não deixa de ser tipo um controle mas uma situação mais íntima da gente com com a alimentação Isso eu achei legal ZPDEN04 Mesmo utilizando mecanismos paralelos de aprendizagem notase a não implementação do sistema e uso das informações como elemento de qualificação do cuidado mas sim como prestação de contasjustificativa para os gestores A gente tem que fazer uma referência que a gente está ali lidando do que a gente está fazendo aqui De certa forma uma prestação de contas para uma organização financeira e de para saber exatamente o que está se gastando quanto que é necessário contribuir no serviço Então eu acho que é nesse sentido ZPDEN03 Para saúde Não para eles lá governo para a geração de renda para nós não Um controle uma como que eu vou falar Organização da unidade ZCTE011 Para a gente poder registrar as informações que a gente tem dos pacientes pra poder ter uma forma quantitativa também qualitativa das coisas que a gente faz para poder ficar registrado tanto questões de informações sociais geográficas entre outras coisas e também procedimentos que a gente tem para o ministério saber quanto que ele gasta com tudo isso e também em relação às informações da população mesmo ZCENF01 Discussão Em 2018 o município estudado estava com situação do Sistema com PEC implantado diante dos dados do Ministério da Saúde jan2019 além disso estava entre os municípios da região com maior volume de dados enviados ao SISAB O clima de mudança durante a implantação do sistema sustentado pela primeira fase de Kotter gerou sentimentos de desapontamento e confusão nos profissionais diante das falhas ocorridas durante o processo de aceitação e utilização do sistema Essas dificuldades já foram identificadas na implantação de outros sistemas de informação da Atenção Primária no Brasil13 Além disso a verticalização das políticas e normativas14 pode contradizer as ações em nível local Nesse caso tal verticalização foi permeada de aspectos obrigatórios e punitivos que reverberam principalmente na esfera municipal15 influenciando o processo de gestão de mudança Quando se trata de gestão da mudança está previsto estabelecer metas contudo apenas estipular datas não concretiza processos A falta de planejamento ficou evidenciada ao se comparar o período de implantação no município ante os prazos estipulados pelo MS para implantação da Estratégia eSUS AB iniciada em agosto de 2013 com o primeiro prazo em julho de 2014 o segundo prazo em dezembro de 2015 com interrupção de repasse de verbas agendado a partir de abril de 2016816 Com amparo da segunda fase de Kotter o engajamento e a capacitação dos profissionais foram evidenciados por ausência de habilidade em utilizar o sistema devido à não capacitação de recursos materiais que na perspectiva dos profissionais tornou frustrante o processo da mudança Em outros cenários houve a mesma dificuldade quanto à capacitação dos profissionais para uso do sistema eSUS AB sendo essas capacitações determinadas como ineficientes1718 Considerando experiências de implantação internacionais o treinamento impacta positivamente na experiência dos profissionais bem como no conhecimento wwweerpuspbrrlae 6 Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 para gerenciar o processo de implantação e na transição entre os sistemas1920 Em complemento a isso um estudo mostra que fazer uso dos aspectos da gestão da mudança durante a implantação de um prontuário eletrônico melhora a transformação digital no serviço de saúde21 Na tentativa de sustentar as mudanças como proposto na terceira fase de Kotter os profissionais desenvolveram redes de aprendizagem colaborativa entre os membros das equipes e entre as UBS Considera se o trabalho de equipe na saúde como maneira de se relacionar dentro de um processo de grupo no qual ocorrem trocas de saberes e interesses formando uma rede de relações entre pessoas22 Os mecanismos de aprendizagem incorporaram troca de saberes entre os profissionais da mesma equipe ou em grupos para compartilhamento de mensagens sendo relatados como fundamentais para a utilização do sistema e consequentemente para o desenvolvimento do trabalho dos profissionais durante o inicio de envio dos dados para o SISAB Em outro estudo realizado em Minas Gerais foi evidenciada também a colaboração entre os colegas com uso de grupo em multiplataforma de mensagens instantâneas relacionadas ao sistema eSUS AB15 Cabe refletir que mesmo sendo a cooperação para o aprendizado um ponto positivo há preocupação com a fidedignidade do que é repassado entre os colegas a diversidade de maneiras de registrar e o entendimento sobre a proposta do sistema para a gestão e qualificação do cuidado Esses fatores podem gerar respectivamente inconsistências e falta de integridade nos registros inseridos pelos profissionais no prontuário eletrônico bem como afetar a qualidade da informação23 Como limitante deste estudo destacase a não inclusão dos profissionais integrantes das comissões responsáveis pela implantação no cenário do estudo o que permitiria uma compreensão ampliada desse processo Todavia este estudo contribui como ferramenta de gestão para os órgãos gestores no processo de mudança na saúde como o da implantação do sistema eSUS AB e o impacto no cotidiano das equipes de saúde Conclusão Observouse um processo de implantação iniciado com sentimentos de confusão e desapontamento Pode se evidenciar a ausência de visão habilidade e recursos além de um processo de incentivo danoso conduzido sob a perspectiva de pressão institucional associado à possível ausência de planejamento Em contrapartida a partir das experiências e para suprir as necessidades de ausência de habilidade da utilização do sistema foram criados mecanismos de aprendizagem colaborativa Essas experiências compartilhadas podem ser direcionadas em ações mais assertivas pelos órgãos gestores ante a implantação do sistema eSUS AB como melhoria na formação dos usuários garantia dos recursos necessários de infraestrutura e fornecimento de suporte visando garantir a qualidade do sistema da informação e do serviço de saúde A avaliação periódica da situação de implantação e uso do sistema no Brasil é necessária pois além de ser uma realidade emergente pode auxiliar na melhoria das políticas para alcançar os objetivos da Estratégia eSUS AB e sua cobertura nacional Referências 1 Lemos C Chaves L Azevedo AL Hospital information systems in the SUS integrative research review REE 2010121 doi httpsdoiorg105216reev12i15233 2 Ghosh A Mccarthy S Halcomb E Perceptions of primary care staff on a regional data quality intervention in Australian general practice a qualitative study BMC Fam Pract 201617150 doi 101186s1287501604458 3 Owusu Kwateng K Charity A Kenneth AOA Adoption of health information systems Health professionals perspective Int J Healthc Manag 2019117 doi 1010802047970020191672004 4 van der Kleij RM Kasteleyn MJ Meijer E Bonten TN Houwink EJ Teichert M et al SERIES eHealth in primary care Part 1 Concepts conditions and challenges Eur J Gen Pract 201925417989 doi 1010801381478820191658190 5 Branco MAF Health information systems at the local level Cad Saúde Pública 199612226770 doi httpdxdoi org101590S0102311X1996000200016 6 Campbell RJ Change management in health care Health Care Manag 20082712339 doi 10109701 hcm000028502879762a1 7 Giovanella L Escorel S Lobato LDVC Carvalho Noronha J Carvalho AI organizadores Políticas e sistema de saúde no Brasil Rio de Janeiro Editora FIOCRUZ 2012 8 Brasil Ministério da Saúde Departamento de Atenção Básica Portaria nº 1412 de 10 de julho de 2013 Institui o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica SISAB Internet Diário Oficial da União 11 jul 2013 Acesso 18 dez 2019 Disponível em httpbvsmssaude govbrbvssaudelegisgm2013 prt141210072013html 9 Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Atenção Primária à Saúde Painel de indicadores da Atenção Primária à Saúde Homepage 2020 Acesso 29 set 2020 Disponível em httpssisapssaudegovbrpainelsaps 10 Pinto DGC Costa MAC Marques MLC O índice de desenvolvimento humano municipal brasileiro Internet wwweerpuspbrrlae 7 Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP Recebido 20072020 Aceito 29102020 Copyright 2021 Revista LatinoAmericana de Enfermagem Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença Creative Commons CC BY Esta licença permite que outros distribuam remixem adaptem e criem a partir do seu trabalho mesmo para fins comerciais desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados Autor correspondente Ione Carvalho Pinto Email ionecarveerpuspbr httpsorcidorg0000000175415591 Editora Associada Sueli Aparecida Frari Galera 7 Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP 2013 Acesso 29 set 2020 Disponível em http repositorioipeagovbrhandle110582375 11 Fontanella BJ Luchesi BM Saidel MG Ricas J Turato ER Melo DG Sampling in qualitative research a proposal for procedures to detect theoretical saturation Cad Saude Publica 201127238894 doi 101590S0102 311X2011000200020 12 Braun V Clarke V Using thematic analysis in psychology Qual Res Psychol 20063277101 doi 1011911478088706qp063oa 13 Oliveira VC Azevedo Guimarães EA Perez G Zacharias FCM Cavalcante RB Gontijo TL et al Factors related to the adoption of the Brazilian National Immunization Program Information System BMC Health Serv Res 20207591 10 doi httpsdoiorg101186s1291302005631613 14 Bylund S Malqvist M Peter N Herzig van Wees S Negotiating social norms the legacy of vertical health initiatives and contradicting health policies a qualitative study of health professionals perceptions and attitudes of providing adolescent sexual and reproductive health care in Arusha and Kilimanjaro region Tanzania Global Health Action 20201311775992 doi httpsdoiorg10108 01654971620201775992 15 Cavalcante RB Esteves CJS Gontijo TL Brito MJM Guimarães EAA Actornetworks and their influences on the informatization of Primary Healthcare in Brazil Interface Botucatu 201923e180364 doi httpdxdoi org101590interface180364 16 Brasil Ministério da Saúde Portaria nº 1113 de 31 de julho de 2015 Altera o 3º do art 3º da Portaria nº 1412 GMMS de 10 de julho de 2013 que institui o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica SISAB Internet 2013 Acesso 18 dez 2019 Disponível em httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2015 prt111331072015html 17 Astolfo S Kehrig RT The implementation process of an integrated strategy of Health Information System SIS in the Health Primary Care APS The experience of the eSUS AB in Mato Grosso Brazil Rev Saude Coletiva UEFS 20177181 doi 1013102rscdauefsv7i11169 18 Oliveira AEC Lima IMB Nascimento JA Coelho HFC SSR Implementation of eSUS AB in Sanitary District IV of João Pessoa PB experience report Saude Debate 2016401092128 doi 10159001031104201610917 19 ODonnell A Kaner E Shaw C Haighton Primary care physicians attitudes to the adoption of electronic medical records a systematic review and evidence synthesis using the clinical adoption framework BMC Med Inform Decis Mak 201818101 doi 101186s129110180703x 20 Sligo J Gauld R Roberts V Villa L A literature review for largescale health information system project planning implementation and evaluation Int J Med Inform 2017978697 doi 101016jijmedinf201609007 21 Auguste J Applying Kotters 8step process for leading change to the digital transformation of an orthopedic surgical practice group in Toronto Canada J Health Med Informat 201343129 doi 104172215774201000129 22 Peduzzi M Agreli H F Teamwork and collaborative practice in Primary Health Care Interface Botucatu 201822Supl 2152534 doi httpdxdoiorg1015901807 576220170827 23 Tilahun B Fritz F Modeling antecedents of electronic medical record system implementation success in low resource setting hospitals BMC Med Inform Decis Mak 20151516170 doi 101186s1291101501920 Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Maria Del Pilar SerranoGallardo Obtenção de dados Tatiele Estefâni Schönholzer Fabiana Costa Machado Zacharias Análise e interpretação de dados Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Fabiana Costa Machado Zacharias Rodrigo André Cuevas Gaete Maria Del Pilar SerranoGallardo Análise estatística Tatiele Estefâni Schönholzer Obtenção de financiamento Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Redação do manuscrito Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Fabiana Costa Machado Zacharias Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Fabiana Costa Machado Zacharias Maria Del Pilar SerranoGallardo Todos os autores aprovaram a versão final do texto Conflito de interesse os autores declararam que não há conflito de interesse
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Como citar este artigo Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP Implementation of the eSUS Primary Care system Impact on the routine of Primary Health Care professionals Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 Access dia mês ano Available in URL DOI httpdxdoiorg1015901518834541743447 Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 DOI 1015901518834541743447 wwweerpuspbrrlae Artigo extraído da tese de doutorado dupla titulação Experiências dos profissionais com o uso do sistema eSUS Atenção Básica apresentada à Universidade de São Paulo Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Centro Colaborador da OPASOMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem Ribeirão Preto SP Brasil e à Universidad Autónoma de Madrid Faculdad de Medicina Madrid Espanha O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Brasil CAPES Código de Financiamento 001 e com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP Processo 2018123769 Brasil 1 Universidade de São Paulo Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Centro Colaborador da OPASOMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem Ribeirão Preto SP Brasil 2 Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES Brasil 3 Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil 4 Universidad Autónoma de Madrid Faculdad de Medicina Madrid Espanha Implantação do sistema eSUS Atenção Básica impacto no cotidiano dos profissionais da Atenção Primária à Saúde Tatiele Estefâni Schönholzer12 httpsorcidorg0000000242948807 Ione Carvalho Pinto1 httpsorcidorg0000000175415591 Fabiana Costa Machado Zacharias13 httpsorcidorg0000000311506114 Rodrigo André Cuevas Gaete1 httpsorcidorg0000000286895428 Maria Del Pilar SerranoGallardo4 httpsorcidorg0000000251636821 Objetivo compreender como se tem processado a implantação do sistema eSUS Atenção Básica e seu impacto no cotidiano das equipes de saúde Método pesquisa qualitativa realizada em um município do interior do estado de São Paulo com profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde e utilizam o sistema eSUS Atenção Básica como ferramenta de trabalho Utilizaramse entrevistas semiestruturadas e análise temática dos dados com abordagem trifásica de Kotter Resultados foram entrevistados 17 profissionais enfermeiros médicos odontólogos e agentes comunitários A implantação do eSUS Atenção Básica e seu impacto no cotidiano das equipes de saúde foram compreendidos em termos da implantação obrigatória fragilidades para a implantação como ausência de disponibilização de recursos materiais e implícita imposição para uso do sistema frágil capacitação para a implantação e aprendendo com a experiência Conclusão observouse um processo de incentivo danoso conduzido sob a perspectiva de pressão institucional utilização do sistema para justificar o trabalho realizado e em contrapartida houve a criação de mecanismos de aprendizagem colaborativa entre as equipes Descritores Políticas de Saúde Atenção Primária à Saúde Sistema de Informação em Saúde Registros Eletrônicos de Saúde Gestão em Saúde Sistema Único de Saúde Artigo Original wwweerpuspbrrlae 2 Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 Introdução A informação no setor saúde ampara o planejamento processo decisório e implementação das políticas públicas todavia limitações relacionadas à permanência de registros de dados manuais dificuldades de acesso a equipamentos de informática e a deficiente capacitação de recursos humanos podem impactar negativamente na sua operacionalização1 A falta de habilidade pode ser vista como barreira no cotidiano dos profissionais quando se trata de manter a qualidade dos dados seja por falta de habilidade seja por restrição de tempo2 Esses impactos negativos podem ser minimizados por meio da percepção dos profissionais sobre os fatores de qualidade do sistema de informação e por motivação para utilizálo3 Sendo que é essencial atentarse à interação entre as demandas do profissional a tecnologia e o contexto pretendido4 Na saúde as mudanças são reconhecidamente importantes contudo são entremeadas de desafios em virtude da complexidade administrativa desse setor sendo que para que a implementação de qualquer mudança seja bemsucedida há necessidade das organizações de saúde terem condições para gerenciar tal processo Há aspectos que podem ser citados como impeditivos para a implantação de sistemas de informação informatizados no Brasil como impasses no decorrer da implantação dificuldades no preparo dos profissionais bem como a deficiência da estrutura organizacional5 Nesse processo de implantação elementos como visão habilidades incentivo recursos e plano de ação conduzem a uma real mudança porém a ausência de um desses elementos no processo pode causar sentimentos como ansiedade confusão e frustração6 No Brasil as informações são utilizadas como instrumento para a gestão do Sistema Único de Saúde SUS relacionado à vigilância em saúde acompanhamento de produção e transferência financeira podendo dar destaque à gestão administrativa e distanciandose muitas vezes das necessidades dos serviços de saúde7 Até 2013 era utilizado na Atenção Primária à Saúde APS o Sistema de Informação da Atenção Básica SIAB porém não havia estrutura para responder às necessidades da população Sendo assim foi pensada uma nova estratégia para atendêlas com a instituição do eSUS Atenção Básica eSUS AB Essa implantação trouxe mudanças tanto nos serviços de saúde a exemplo de novas tecnologias quanto nas formas de coleta processamento e uso das informações no processo de cuidado e gestão por meio do eSUS AB com foco na gestão local e o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica SISAB com foco na gestão municipal estadual e federal8 Atualmente 728 das Unidades Básicas de Saúde UBS dos municípios do Brasil possuem o sistema eSUS AB implantado sendo que 439 utilizam Coleta de Dados Simplificada CDS e 29 utilizam o Prontuário Eletrônico do Cidadão PEC9 Na implantação de sistemas de informação são necessários estrutura e suporte técnico para apoiar o processo e mesmo quando disponibilizados podem ainda ocorrer entraves em nível local O critério do Ministério da Saúde para determinar se as UBS utilizam o sistema é o envio de dados para o SISAB entretanto não há informações ou análises sobre o real cenário de implantação e tampouco como o processo foi inserido e percebido pelos profissionais Dessa forma neste estudo tevese como objetivo compreender o processo de implantação do sistema eSUS AB e seu impacto no cotidiano das equipes de saúde Método Tratase de pesquisa qualitativa realizada em município com população aproximada de 25 mil habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano IDH alto entre 07 e 0810 no interior do estado de São Paulo em 2018 A rede de saúde do município é composta de sete equipes de estratégias de saúde da família um pronto atendimento um serviço de atenção domiciliar um centro de atendimento odontológico especializado um ambulatório de especialidades e um Centro de Atenção Psicossocial CAPS O cenário de estudo foi composto por seis estratégias de saúde da família que possuíam o sistema eSUS AB com PEC implantado localizadas em três em zonas periféricas e três zonas centrais da cidade A população do estudo foi composta de 17 profissionais da equipe de saúde enfermeiros agentes comunitários de saúde odontólogos médicos e técnicos de enfermagem que possuíam experiência de utilização do sistema eSUS AB de seis meses no mínimo e mostraram se abertos ao diálogo selecionados por conveniência Foi utilizado como critério a repetição e saturação dos dados para determinar o número de entrevistas e no mínimo dois profissionais por categoria11 A pesquisa foi desenvolvida pela autora principal que possuía experiência prévia em coleta e análise de dados qualitativos não possuindo vínculo interpessoal com os participantes do estudo Houve contato prévio com o campo e com os participantes por meio de visitas para apresentação do projeto realização de entrevistas piloto e agendamento para a coleta de dados Utilizou se roteiro de entrevista semiestruturado para a coleta wwweerpuspbrrlae 3 Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP de dados em ambiente privativo disponibilizado pelos gestores das UBS As entrevistas foram estimadas em até 60 minutos gravadas em dois dispositivos de áudio simultaneamente As questões das entrevistas abordaram o processo de implantação do sistema eSUS AB As entrevistas foram transcritas na íntegra codificadas conforme a sequência em que foram realizadas e identificadas considerando se a localização em que as UBS estavam inseridas Zona Central ZC e Zona Periférica ZP seguido da categoria profissional e número ordinal Para tratamento dos dados provenientes das entrevistas utilizouse análise temática contemplando as etapas familiarização com os dados geração de códigos iniciais pesquisa revisão definição e nome dos temas e produção do relatório12 Após transcritas com auxílio do editor de texto Google Docs por meio da ferramenta digitador por voz as entrevistas foram codificadas de acordo com a categoria profissional e número ordinal e a partir disso iniciouse a leitura do material transcrito com a inserção de comentários registrados pela pesquisadora na medida em que os verbetes lhe chamavam a atenção Na sequência deuse a elaboração dos códigos iniciais e posteriormente a fase de agrupamento e ou separação dos mesmos12 Os códigos iniciais foram inseridos no editor de texto Word em uma página em branco para verificar a possibilidade de agrupamento entre eles buscandose sempre garantir a correlação entre as informações Posteriormente os potenciais temas foram transferidos para folha de papel e com recurso de canetas coloridas e papéis adesivos construiuse a lista e revisão dos temas e por fim chegouse ao tema central Foi utilizada como referencial a gestão da mudança na saúde que incorpora a abordagem trifásica de Kotter8 A abordagem trifásica de Kotter para gestão de mudança é baseada em três fases distintas gerar clima para a mudança engajar e capacitar a organização e implementar e sustentar a mudança Esse modelo direcionado à saúde pode ser usado para planejar mudanças na forma de cuidar dos pacientes até mudanças no uso de tecnologias para proporcionar mais segurança e qualidade8 Durante o processo de análise para conferir credibilidade consistência e confirmabilidade foi realizada discussão entre os membros do grupo de pesquisa bem como a devolutiva aos participantes O Projeto de Pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo sob Protocolo CAAE 73772817300005393 atendendo às Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos aprovadas pela Resolução do Conselho Nacional de Saúde 46612 Resultados Participaram do estudo quatro agentes comunitários de saúde quatro enfermeiros três médicos quatro odontólogos e dois técnicos de enfermagem Desses 15 88 eram do sexo feminino 2 22 do sexo masculino com média de idade de 35 anos variando de 29 a 51 anos 12 70 possuíam ensino superior completo e cinco 30 ensino médio completo encontrandose em atividade nas UBS de 1 a 17 anos com média de 67 anos de trabalho Para análise dos dados das entrevistas o material codificado possibilitou observar na organização das falas que os temas evidenciados se referem ao processo de implantação Dessa forma há quatro categorias a saber Implantação obrigatória Tem que implementar Fragilidades para a implantação do sistema Frágil capacitação para se conseguir a implantação e Aprendendo com a experiência Implantação obrigatória Tem que implementar Nas unidades de saúde da APS a pressão institucional para a implantação da Estratégia eSUS AB culminou na implantação e uso obrigatório do sistema de informação Eles falaram a partir do mês que vem precisa usar o eSUS E aí jogaram assim ZPENF03 Só falaram meio assim jogando medo tem que fazer tem que aprender foi assim ZCDEN01 Essa pressão gerou dois segmentos um positivo refletido como a concretização para o funcionamento do processo de registro envio processamento e devolutiva das informações para cumprir o seu propósito e o negativo evidenciado pelo não planejamento do processo que culminou em uma implantação acelerada para cumprir os prazos estabelecidos para efetivo uso e envio dos dados Os profissionais que vivenciaram essa fase a descrevem de maneira negativa Eu não lembro mais o ano mas foi de um mês para o outro E assim eles deixaram para última hora então apresentaram para nós mais ou menos Então em um mês a gente jogou todos no computador e foi aquela briga em um mês a gente atacou registrou a área toda então assim revezamos entre nós aqui ZPACS04 Não teve muito tempo já foi falando e a gente teve que correr com os cadastros mudando rápido assim acho que faltou um pouco de tempo ZPACS01 Fragilidades para a implantação do sistema A ausência de disponibilização de recursos materiais permeou a experiência dos profissionais de saúde na fase de implantação e de uso do sistema eSUS AB wwweerpuspbrrlae 4 Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 A dificuldade no começo foi a falta de internet porque assim tinha dias que tinha tinha dias que não mas hoje não hoje a internet é difícil o dia que não tem internet ZPENF04 No começo teve um pouco de briga porque eram duas equipes antigamente a UBS A e a B então eles discutiam em relação à escala de computador que um ficava mais que o outro aí prejudicava para passar a produção digitar fichas ZCENF02 Sobre processo de implantação outro ponto importante a se destacar é que não veio incorporado de engajamento da equipe a respeito da importância da Estratégia e do sistema eSUS AB e sim de implícita imposição para que os profissionais iniciassem o registro Sabe aquela coisa assim Tem que tem que implementar Só que assim tem esse tempo aí parece que a pessoa aproveitou esse tempo para não passar implantar e aí faltava um mês para passar vamos fazer senão vai perder verba ZPACS04 Eles falaram assim bom vocês tem que melhorar o número de atendimentos Tal lugar tem muito atendimento tal lugar tem menos para comparar as unidades sabe Mas só ZCMED01 Frágil capacitação para se conseguir a implantação As narrativas dos participantes acerca da ausência de capacitação suficiente e adequada anterior ou durante o processo de implantação evidenciam dúvidas sobre como utilizar o sistema eSUS AB em toda a sua potencialidade escassez do entendimento do propósito da Estratégia bem como da sua relevância para a APS Além disso foram relatadas tentativas de capacitação contudo identificadas como insuficientes para sanar as dúvidas gerando impasse para registrar os dados no novo sistema Veio um moço pedindo para a gente não estar saindo da unidade que ele ia estar passando para explicar o eSUS e a gente ficou o dia inteiro na unidade o dia todo aí chegou e a gente até questionou que nosso horário é das sete horas da manhã até as quatro horas da tarde ele chegou aqui 15h55 da tarde Nosso serviço é no horário que a gente está aqui depois a gente quer ir embora Então como ele chegou 15h55h a gente simplesmente assinou a folha e foi embora ZPACS04 A gente não teve um treinamento nem nada foi uma coisa assim bem basicão e falaram tem que fazer isso isso e isso Aí as dúvidas a gente foi tirando ao longo do dia a dia conforme fui usando Mas eu não consigo assim que eu tenho dúvidas ainda ZPENF03 Os profissionais expuseram dificuldades provenientes dessa pseudocapacitação concomitante às atualizações do sistema Houve atualizações desde a implantação do sistema eSUS AB 20 até o momento da realização das entrevistas eSUS AB 30 Isso somado à ausência de capacitação deixa os profissionais imbuídos em dúvidas que se acumulam a cada versão Eles chamaram explicaram eu acho que não foi todo mundo junto foi enfermeiro e auxiliar primeiro e depois os agentes de saúde mas assim teve poucas vezes Aí depois mudou aí depois que mudou também não me explicou então assim os agentes de saúde acabam tendo muita dificuldade durante o dia a dia ZPENF04 Porque eu acho assim parece que ele eSUS AB de tempo em tempo não sei se é de mês em mês ele dá uma modificação Para melhor eu acho ZPACS04 Se o eSUS igual agora o sisprenatal não vai existir mais vai ser tudo no eSUS então eu acho que eles deveriam investir mais nessa capacitação eles estão expandindo sistema ZCENF02 As dúvidas recorrentes geraram nos odontólogos insegurança e desconfiança quanto ao sistema Eu tenho os atendimentos só que tudo guardado e todo dia 30 eu imprimo um relatório também de tudo que foi atendido Eu gosto de arquivar ZCDEN02 Geralmente trava o sistema ou a internet falha Então eu não confio 100 Então eu prefiro ter no papel anotado tudo certinho E eu não jogo fora esse que foi anotado é arquivado comigo E para minha sorte porque há pouco tempo foi feito um levantamento dos procedimentos realizados e veio muito abaixo do que eu tinha realizado Então mais um motivo para eu continuar fazendo essa situação de colocar no papel e na ficha porque uma maneira de eu me resguardar ZPDEN04 Frente à ausência de suporte técnico para capacitação de novos profissionais e atualizações recorrentes foi acrescida ao enfermeiro gestor da unidade e a alguns ACS que possuíam conhecimentos e habilidades com o uso de tecnologias a função de capacitador Eu não sei acho que muito bem jogado assim sabe a gente que teve que aprender Tanto é que entra médico eles não têm uma capacitação para para usar o eSUS a gente como enfermeira é que tem que ficar lá ó faz assim não não é uma parte que a gente usa e não é nem dá nossa responsabilidade ficar treinando médico ou outros profissionais ZPENF03 Eu sinto que chega um período do mês que eles os agentes eles ficam pressionados de ter que jogar a produção e a enfermeira fica sobrecarregada por ter que ficar pedindo Sobre enfermagem e auxiliar enfim eu sinto também porque isso acaba dificultando lentifica o trabalho dela enfermeira porque a pessoa não sabe mexer tanto assim na parte de computador depende de outra ZCMED01 Aprendendo com a experiência Ao se perceberem imersos nesse processo descrito anteriormente associado com a utilização do novo sistema para realização do seu trabalho os profissionais desenvolveram ao longo do tempo mecanismos de wwweerpuspbrrlae 5 Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP aprendizagem seja esse individual seja cooperativo dentro da mesma unidade ou entre as unidades de saúde A princípio ninguém sabia nada do eSUS Nós fomos aprendendo sozinhos basicamente Eu tinha um colega que trabalhava comigo que entendia de informática a gente foi entendendo e ensinando os outros colegas também ZCACS02 A gente vai perguntando aqui uma para outra A gente não tem tem um rapaz para te falar a verdade que chama nome e ele é agente de saúde nome da UBS que dizem que ele gosta muito dessa situação da informática e ele vai achando alguma saída Então já houve uma situação ou duas que eu perguntei para ele ZPDEN04 Quem me explicou como que usa foi a médica anterior que estava Um dia a gente estava junto aqui e ela explicou mais ou menos como usa ZPMED03 Ao contrário do antigo sistema de informação SIAB o sistema eSUS AB permite interação dos profissionais devido sua interface o que viabilizou a descentralização do trabalho reduzindo a responsabilidade quanto à produção da equipe como também a diminuição da carga do profissional de enfermagem que em grande maioria assumia o papel de reunir as fichas de atendimento da equipe e registrar no SIAB A gente está bem mais em contato Eu acho mais fácil Esse SIAB a gente preenchia a folha aqui uma folha branca a enfermeira passava e ficava ficava por isso mesmo então eu acho que esse aqui a gente tem mais acesso do que esse SIAB ZCDEN02 Você gastava mais um dia Você tinha que passar todos os agentes de saúde de auxiliar eu acho que agora cada um faz o seu eu acho que isso assim cada um é responsável Porque querendo ou não eles acabam sendo responsáveis pela produção deles porque não era Assim fazia ou não fazia quem ia passar era eu mesmo E até quem iria responder era eu mesma então eu achei que isso ajudou bastante ZPENF04 O SIAB não era a gente que alimentava a gente simplesmente mandava a produção para o coordenador e ele alimentava o SIAB A gente nunca fez essa alimentação direta Entendeu Então eu acho Não deixa de ser tipo um controle mas uma situação mais íntima da gente com com a alimentação Isso eu achei legal ZPDEN04 Mesmo utilizando mecanismos paralelos de aprendizagem notase a não implementação do sistema e uso das informações como elemento de qualificação do cuidado mas sim como prestação de contasjustificativa para os gestores A gente tem que fazer uma referência que a gente está ali lidando do que a gente está fazendo aqui De certa forma uma prestação de contas para uma organização financeira e de para saber exatamente o que está se gastando quanto que é necessário contribuir no serviço Então eu acho que é nesse sentido ZPDEN03 Para saúde Não para eles lá governo para a geração de renda para nós não Um controle uma como que eu vou falar Organização da unidade ZCTE011 Para a gente poder registrar as informações que a gente tem dos pacientes pra poder ter uma forma quantitativa também qualitativa das coisas que a gente faz para poder ficar registrado tanto questões de informações sociais geográficas entre outras coisas e também procedimentos que a gente tem para o ministério saber quanto que ele gasta com tudo isso e também em relação às informações da população mesmo ZCENF01 Discussão Em 2018 o município estudado estava com situação do Sistema com PEC implantado diante dos dados do Ministério da Saúde jan2019 além disso estava entre os municípios da região com maior volume de dados enviados ao SISAB O clima de mudança durante a implantação do sistema sustentado pela primeira fase de Kotter gerou sentimentos de desapontamento e confusão nos profissionais diante das falhas ocorridas durante o processo de aceitação e utilização do sistema Essas dificuldades já foram identificadas na implantação de outros sistemas de informação da Atenção Primária no Brasil13 Além disso a verticalização das políticas e normativas14 pode contradizer as ações em nível local Nesse caso tal verticalização foi permeada de aspectos obrigatórios e punitivos que reverberam principalmente na esfera municipal15 influenciando o processo de gestão de mudança Quando se trata de gestão da mudança está previsto estabelecer metas contudo apenas estipular datas não concretiza processos A falta de planejamento ficou evidenciada ao se comparar o período de implantação no município ante os prazos estipulados pelo MS para implantação da Estratégia eSUS AB iniciada em agosto de 2013 com o primeiro prazo em julho de 2014 o segundo prazo em dezembro de 2015 com interrupção de repasse de verbas agendado a partir de abril de 2016816 Com amparo da segunda fase de Kotter o engajamento e a capacitação dos profissionais foram evidenciados por ausência de habilidade em utilizar o sistema devido à não capacitação de recursos materiais que na perspectiva dos profissionais tornou frustrante o processo da mudança Em outros cenários houve a mesma dificuldade quanto à capacitação dos profissionais para uso do sistema eSUS AB sendo essas capacitações determinadas como ineficientes1718 Considerando experiências de implantação internacionais o treinamento impacta positivamente na experiência dos profissionais bem como no conhecimento wwweerpuspbrrlae 6 Rev LatinoAm Enfermagem 202129e3447 para gerenciar o processo de implantação e na transição entre os sistemas1920 Em complemento a isso um estudo mostra que fazer uso dos aspectos da gestão da mudança durante a implantação de um prontuário eletrônico melhora a transformação digital no serviço de saúde21 Na tentativa de sustentar as mudanças como proposto na terceira fase de Kotter os profissionais desenvolveram redes de aprendizagem colaborativa entre os membros das equipes e entre as UBS Considera se o trabalho de equipe na saúde como maneira de se relacionar dentro de um processo de grupo no qual ocorrem trocas de saberes e interesses formando uma rede de relações entre pessoas22 Os mecanismos de aprendizagem incorporaram troca de saberes entre os profissionais da mesma equipe ou em grupos para compartilhamento de mensagens sendo relatados como fundamentais para a utilização do sistema e consequentemente para o desenvolvimento do trabalho dos profissionais durante o inicio de envio dos dados para o SISAB Em outro estudo realizado em Minas Gerais foi evidenciada também a colaboração entre os colegas com uso de grupo em multiplataforma de mensagens instantâneas relacionadas ao sistema eSUS AB15 Cabe refletir que mesmo sendo a cooperação para o aprendizado um ponto positivo há preocupação com a fidedignidade do que é repassado entre os colegas a diversidade de maneiras de registrar e o entendimento sobre a proposta do sistema para a gestão e qualificação do cuidado Esses fatores podem gerar respectivamente inconsistências e falta de integridade nos registros inseridos pelos profissionais no prontuário eletrônico bem como afetar a qualidade da informação23 Como limitante deste estudo destacase a não inclusão dos profissionais integrantes das comissões responsáveis pela implantação no cenário do estudo o que permitiria uma compreensão ampliada desse processo Todavia este estudo contribui como ferramenta de gestão para os órgãos gestores no processo de mudança na saúde como o da implantação do sistema eSUS AB e o impacto no cotidiano das equipes de saúde Conclusão Observouse um processo de implantação iniciado com sentimentos de confusão e desapontamento Pode se evidenciar a ausência de visão habilidade e recursos além de um processo de incentivo danoso conduzido sob a perspectiva de pressão institucional associado à possível ausência de planejamento Em contrapartida a partir das experiências e para suprir as necessidades de ausência de habilidade da utilização do sistema foram criados mecanismos de aprendizagem colaborativa Essas experiências compartilhadas podem ser direcionadas em ações mais assertivas pelos órgãos gestores ante a implantação do sistema eSUS AB como melhoria na formação dos usuários garantia dos recursos necessários de infraestrutura e fornecimento de suporte visando garantir a qualidade do sistema da informação e do serviço de saúde A avaliação periódica da situação de implantação e uso do sistema no Brasil é necessária pois além de ser uma realidade emergente pode auxiliar na melhoria das políticas para alcançar os objetivos da Estratégia eSUS AB e sua cobertura nacional Referências 1 Lemos C Chaves L Azevedo AL Hospital information systems in the SUS integrative research review REE 2010121 doi httpsdoiorg105216reev12i15233 2 Ghosh A Mccarthy S Halcomb E Perceptions of primary care staff on a regional data quality intervention in Australian general practice a qualitative study BMC Fam Pract 201617150 doi 101186s1287501604458 3 Owusu Kwateng K Charity A Kenneth AOA Adoption of health information systems Health professionals perspective Int J Healthc Manag 2019117 doi 1010802047970020191672004 4 van der Kleij RM Kasteleyn MJ Meijer E Bonten TN Houwink EJ Teichert M et al SERIES eHealth in primary care Part 1 Concepts conditions and challenges Eur J Gen Pract 201925417989 doi 1010801381478820191658190 5 Branco MAF Health information systems at the local level Cad Saúde Pública 199612226770 doi httpdxdoi org101590S0102311X1996000200016 6 Campbell RJ Change management in health care Health Care Manag 20082712339 doi 10109701 hcm000028502879762a1 7 Giovanella L Escorel S Lobato LDVC Carvalho Noronha J Carvalho AI organizadores Políticas e sistema de saúde no Brasil Rio de Janeiro Editora FIOCRUZ 2012 8 Brasil Ministério da Saúde Departamento de Atenção Básica Portaria nº 1412 de 10 de julho de 2013 Institui o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica SISAB Internet Diário Oficial da União 11 jul 2013 Acesso 18 dez 2019 Disponível em httpbvsmssaude govbrbvssaudelegisgm2013 prt141210072013html 9 Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Atenção Primária à Saúde Painel de indicadores da Atenção Primária à Saúde Homepage 2020 Acesso 29 set 2020 Disponível em httpssisapssaudegovbrpainelsaps 10 Pinto DGC Costa MAC Marques MLC O índice de desenvolvimento humano municipal brasileiro Internet wwweerpuspbrrlae 7 Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP Recebido 20072020 Aceito 29102020 Copyright 2021 Revista LatinoAmericana de Enfermagem Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença Creative Commons CC BY Esta licença permite que outros distribuam remixem adaptem e criem a partir do seu trabalho mesmo para fins comerciais desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados Autor correspondente Ione Carvalho Pinto Email ionecarveerpuspbr httpsorcidorg0000000175415591 Editora Associada Sueli Aparecida Frari Galera 7 Schönholzer TE Pinto IC Zacharias FCM Gaete RAC SerranoGallardo MDP 2013 Acesso 29 set 2020 Disponível em http repositorioipeagovbrhandle110582375 11 Fontanella BJ Luchesi BM Saidel MG Ricas J Turato ER Melo DG Sampling in qualitative research a proposal for procedures to detect theoretical saturation Cad Saude Publica 201127238894 doi 101590S0102 311X2011000200020 12 Braun V Clarke V Using thematic analysis in psychology Qual Res Psychol 20063277101 doi 1011911478088706qp063oa 13 Oliveira VC Azevedo Guimarães EA Perez G Zacharias FCM Cavalcante RB Gontijo TL et al Factors related to the adoption of the Brazilian National Immunization Program Information System BMC Health Serv Res 20207591 10 doi httpsdoiorg101186s1291302005631613 14 Bylund S Malqvist M Peter N Herzig van Wees S Negotiating social norms the legacy of vertical health initiatives and contradicting health policies a qualitative study of health professionals perceptions and attitudes of providing adolescent sexual and reproductive health care in Arusha and Kilimanjaro region Tanzania Global Health Action 20201311775992 doi httpsdoiorg10108 01654971620201775992 15 Cavalcante RB Esteves CJS Gontijo TL Brito MJM Guimarães EAA Actornetworks and their influences on the informatization of Primary Healthcare in Brazil Interface Botucatu 201923e180364 doi httpdxdoi org101590interface180364 16 Brasil Ministério da Saúde Portaria nº 1113 de 31 de julho de 2015 Altera o 3º do art 3º da Portaria nº 1412 GMMS de 10 de julho de 2013 que institui o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica SISAB Internet 2013 Acesso 18 dez 2019 Disponível em httpbvsmssaudegovbrbvssaudelegisgm2015 prt111331072015html 17 Astolfo S Kehrig RT The implementation process of an integrated strategy of Health Information System SIS in the Health Primary Care APS The experience of the eSUS AB in Mato Grosso Brazil Rev Saude Coletiva UEFS 20177181 doi 1013102rscdauefsv7i11169 18 Oliveira AEC Lima IMB Nascimento JA Coelho HFC SSR Implementation of eSUS AB in Sanitary District IV of João Pessoa PB experience report Saude Debate 2016401092128 doi 10159001031104201610917 19 ODonnell A Kaner E Shaw C Haighton Primary care physicians attitudes to the adoption of electronic medical records a systematic review and evidence synthesis using the clinical adoption framework BMC Med Inform Decis Mak 201818101 doi 101186s129110180703x 20 Sligo J Gauld R Roberts V Villa L A literature review for largescale health information system project planning implementation and evaluation Int J Med Inform 2017978697 doi 101016jijmedinf201609007 21 Auguste J Applying Kotters 8step process for leading change to the digital transformation of an orthopedic surgical practice group in Toronto Canada J Health Med Informat 201343129 doi 104172215774201000129 22 Peduzzi M Agreli H F Teamwork and collaborative practice in Primary Health Care Interface Botucatu 201822Supl 2152534 doi httpdxdoiorg1015901807 576220170827 23 Tilahun B Fritz F Modeling antecedents of electronic medical record system implementation success in low resource setting hospitals BMC Med Inform Decis Mak 20151516170 doi 101186s1291101501920 Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Maria Del Pilar SerranoGallardo Obtenção de dados Tatiele Estefâni Schönholzer Fabiana Costa Machado Zacharias Análise e interpretação de dados Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Fabiana Costa Machado Zacharias Rodrigo André Cuevas Gaete Maria Del Pilar SerranoGallardo Análise estatística Tatiele Estefâni Schönholzer Obtenção de financiamento Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Redação do manuscrito Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Fabiana Costa Machado Zacharias Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante Tatiele Estefâni Schönholzer Ione Carvalho Pinto Fabiana Costa Machado Zacharias Maria Del Pilar SerranoGallardo Todos os autores aprovaram a versão final do texto Conflito de interesse os autores declararam que não há conflito de interesse