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Psicologia ·

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Evento Pesquisa e Intervenção na interface Saúde Pública e Psicologia - Síntese\n\nTivemos uma palestra sobre a situação de uma população indígena que teve que se mudar pois uma hidrelétrica foi construída e isso os afetou de uma forma intensa, eles tiveram de se mudar e viver uma vida mais parecida com a nossa. E isso acentuou diversos impactos na vida deles e também na área onde foi construída a hidrelétrica, o local foi desmantelado e destruído.\n\nAlgumas partes da palestra me chamaram bastante a atenção, pois, a palestrante dizia que quando os indígenas se mudaram para as casas na cidade, não conseguiram se acostumar, para eles nada daqui fazia sentido pois eles tinham uma outra visão acerca do que era moradia, do que era viver, coisas que para nos fazem parte da nossa cultura, para eles não faz sentido.\n\nSe sentiam presos dentro daqueles “caixas de madeira” que nos da cidade chamamos de casa, tinham portas e janelas, enquanto eles não tinham nada disso, todos dormiam juntos, dividiam tudo e não tinham necessidade de fazer essa separação, diferentemente de nós que prezamos bastante pela individualidade.\n\nEla contou que muitos não conseguiram se acostumar ao vida de cidade e encontraram diversas dificuldades, pois era uma realidade muito diferente daquela vivenciada anteriormente, uma realidade que não fazia sentido, que não tinha como ser parte da vida deles, pois o sentido era totalmente outro. Lembro inclusive que ela dizia que na aldeia eles pegavam frutas para todos e compartilhavam, enquanto nos supermercados pegavam na maioria das vezes comida, enquanto eles simplesmente pegavam na natureza e dividiam entre si.\n\nFoi uma palestra que me abriu os olhos para essa situação, me mostrando uma realidade muito triste, que causa um sofrimento muito grande nessas pessoas que agora “do nada” precisam ressignificar suas vidas, porém, não sabem por onde começar, afinal, o local onde estão inseridas não fornece subsídios para isso, é tudo muito novo, porém não de uma forma boa.\n\nE é possível nos perguntar diante de uma situação como essa, o que um psicólogo pode fazer? Como pode ajudar. Em momentos como esse o que nos resta é a impotência de não conseguir possibilitar que essas pessoas voltem para suas casas de verdade, o lugar onde tudo faz sentido, então em momentos como esse o que nos resta é tentar ajudá-los a passar pelo processo de ressignificação de suas vivências, ajuda-los a tentar minimamente diminuir o sofrimento e seguir com uma vida razoavelmente aceitável, pelo menos, provavelmente será um processo longa e doloroso, mas é necessário começar de algum lugar.