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Texto de pré-visualização

VITOR MARILONE CIDRAL DA COSTA DO AMARAL TRILHANDO A HISTÓRIA DE JOINVILLE EM JOGO DIDÁTICO IMIGRAÇÃO E PRESENÇA DE MUÇULMANOS NO TEMPO PRESENTE 20172024 Projeto apresentado ao Curso de Mestrado Profissional em Ensino de História PROFHistória da Universidade Federal do Paraná Orientador Prof Dr Clóvis Mendes Gruner CURITIBA 2024 TRILHANDO A HISTÓRIA DE JOINVILLE EM JOGO DIDÁTICO IMIGRAÇÃO E PRESENÇA DE MUÇULMANOS NO TEMPO PRESENTE 20172024 Vitor Marilone Cidral da Costa do Amaral1 Clóvis Mendes Gruner2 RESUMO O presente trabalho de pesquisa desenvolvido no âmbito do Mestrado Profissional em Ensino de História da UFPR visa historicizar por meio da leitura historiográfica da análise documental e da metodologia da História Oral a presença de imigrantes muçulmanos no tempo presente e que residem no município de Joinville norte de Santa Catarina Para tanto este estudo se propõe em explorar as histórias de vida dos imigrantes que frequentam o Centro Islâmico de Joinville a partir da noção da identidade e da memória destacando suas contribuições para a cultura local a religião a economia além de responder algumas questões como origem trabalho acolhimento e intolerância religiosa Além disso com as informações obtidas pela pesquisa pretendese criar um jogo analógico na plataforma Canva no formato de tabuleiro e cartas para ser utilizado nas aulas de história como um material didático pedagógico para abordar a temática O jogo didático proposto neste trabalho serve como uma ferramenta educacional inovadora permitindo aos educandos aprender de forma envolvente e enfatizando a importância da diversidade cultural na formação da identidade da cidade A pesquisa aborda a relevância do jogo didático como estratégia pedagógica conectando as gerações mais jovens à história e cultura regionais enquanto promove discussões dentro da aula sobre interculturalidade O trabalho é orientado pelo prof Dr Clóvis Gruner na linha de pesquisa em Linguagens e Narrativas Históricas produção e difusão O objetivo da linha de pesquisa é produzir materiais destinados ao uso educativo considerando também as possibilidades de difusão científica da História Palavraschave muçulmanos imigração Joinville ensino de história 1 Estudante do Mestrado Profissional em Ensino de História pela Universidade Federal do Paraná UFPR Licenciado em História pela Universidade da Região de Joinville Univille 2018 2 Professor do Programa de PósGraduação em História e do Mestrado Profissional em Ensino de História pela Universidade Federal do Paraná Doutor em História pela Universidade Federal do Paraná UFPR 2012 SUMÁRIO 2 REFERENCIAL TEÓRICO8 3 METODOLOGIA12 4 CRONOGRAMA17 REFERÊNCIAS18 ALBERTI Verena Fontes Orais histórias dentro da história In PINSKY Carla Bassanezi org Fontes históricas 2 ed São Paulo Contexto 2008 p 15520218 AMARAL Vitor Marilone Cidral da Costa do Direitos Humanos nas aulas de ensino religioso relatos de uma experiência pedagógica In CECCHETTI Elcio SIMONI Josiane Crusaro Org Ensino religioso não confessional múltiplos olhares 1edSão Leopoldo Oikos Editora 2019 p 14215018 KOEHLER Lucas Fé e imigração muçulmanos celebram o Ramadã no Centro Islâmico de Joinville O município Joinville Publicado em 03 mai 2021 Disponível em httpsomunicipiojoinvillecomfe eimigracaomuculmanoscelebramoramadanocentroislamicodejoinville Acesso em 02 ago 202319 1 INTRODUÇÃO Trilhando a história de Joinville em jogo didático imigração e presença de muçulmanos no tempo presente 20172024 busca historicizar a presença de imigrantes muçulmanos que residem no município de Joinville em Santa Catarina identificando suas origens e identidades nacionais suas histórias de vida sua cultura e informações que permitam entender as causas internas e externas de encontrarem neste canto do mundo um lugar para viver Além disso este trabalho têm como objetivos enfatizar a importância cultural religiosa e econômica de africanos e asiáticos muçulmanos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville considerando a importância dela na formação da identidade da cidade na atualidade Conforme informações publicadas em um jornal local por meio eletrônico o local reúne pessoas vindas de países como Senegal Moçambique Marrocos Paquistão e Síria Para levantar informações sobre os membros da mesquita pretendese aplicar um questionário online e utilizar a metodologia da história oral Com as informações coletadas durante a pesquisa pretendese criar um jogo analógico de tabuleiro e cartas na plataforma Canva com o intuito de abordar a temática na sala de aula de forma lúdica contribuindo para um ensino mais dinâmico e que ao mesmo tempo permita problematizar na aula de história o tempo presente partindo das experiências dos imigrantes muçulmanos que residem na cidade de Joinville por meio de suas histórias de vida A pesquisa aborda a relevância do jogo didático como estratégia pedagógica conectando as gerações mais jovens à história e a cultura regional enquanto promove a tolerância intercultural e a problematizar a trajetória de vida de imigrantes muçulmanos em uma cidade que enaltece uma cultura dominantemente germânica O presente projeto tem um caráter qualitativo e esperase a partir dos resultados com a pesquisa contribuir com a historiografia local com o programa do Mestrado Profissional em Ensino de História e com a educação pública de Joinville a partir de um material didático neste caso o jogo de tabuleiro e cartas que deverá estar disponível online para professores e professoras utilizarem em suas aulas O trabalho é orientado pelo prof Dr Clóvis Gruner na linha de pesquisa em Linguagens e Narrativas Históricas produção e difusão O objetivo da linha de pesquisa é produzir materiais destinados ao uso educativo considerando também as possibilidades de difusão científica da História 11 PROBLEMA De que forma as discussões realizadas a partir da pesquisa histórica devem contribuir para entender o que significa ser um imigrante mçulmano em Joinville no tempo presente 12 OBJETIVOS 121 Objetivo geral Discutir o papel do tempo presente no ensino da história e trazer reflexões sobre a memória e a identidade contidas nas histórias de vidas de imigrantes muçulmanos em Joinville 122 Objetivos específicos Problematizar o preconceito e a intolerância religiosa e étnica na cidade de Joinville a partir dos relatos dos membros do Centro Islâmico de Joinville e da análise de documentos Valorizar e entender a presença do islamismo na cidade de Joinville Desenvolver e construir um jogo didáticopedagógico sobre a história da cidade de Joinville e que abarque a presença de imigrantes muçulmanos no formato de tabuleiro e cartas Contribuir com o ensino de história por meio da elaboração de um material didático 13 JUSTIFICATIVA O presente trabalho busca contribuir com o Mestrado Profissional em Ensino de História com o ensino de história na cidade de Joinville e com a pesquisa histórica por meio da metodologia da história oral sobre o fenômeno da imigração de estrangeiros muçulmanos em Joinville no tempo presente Para tanto algumas perguntas são necessárias para nortear este trabalho tais como Quais contribuições a pesquisa histórica pode trazer para entender as experiências dos estrangeiros muçulmanos na cidade e entender esse fenômeno do ponto de vista cultural político e econômico O Centro islâmico abriga adeptos de várias correntes do islamismo ou de uma corrente mais específica como xiita e sunita Sobre o islamismo em Joinville existem tensões Quantas famílias de muçulmanos estrangeiro vivem na cidade De que forma a construção de um jogo didáticopedagógico no formato de tabuleiro e cartas construído por meio da pesquisa e da coleta de dados sobre imigrantes estrangeiros muçulmanos em Joinville poderá contribuir com o ensino da história da cidade no tempo presente Para responder a essas perguntas e outras que possam aparecer durante a pesquisa esse projeto se fundamenta em fontes de natureza diversa como as documentais como artigos de jornais e entrevistas e que devem auxiliar na interpretação das fontes orais a partir das histórias de vida da memória e da identidade Sobre o recorte temporal deste trabalho isso se dá pelo fato de que a primeira mesquita criada na cidade por exemplo só foi inaugurada oficialmente no ano de 2017 e desde aquele ano recebeu membros de diferentes partes do continente africano e asiático tendo como líder o Sheik Abubacar Juma natural de Moçambique Conforme um artigo publicado no jornal eletrônico O Município Joinville no ano de 2021 O Centro Islâmico da cidade é local de encontro de pessoas nascidas em Senegal Guiné Moçambique Tunísia Marrocos Egito e Benin Além de países asiáticos como Índia Paquistão Síria e até meses atrás da Jordânia KOEHLER 2021 Como não existem publicações e pesquisas especificamente sobre os muçulmanos no município o trabalho terá uma importância tanto do ponto de vista científico coletar informações sobre os imigrantes muçulmanos na cidade como do ponto de vista didático pedagógico visto que como produto final do Mestrado Profissional em Ensino de História será criar um jogo de tabuleiros e cartas com as informações levantadas e que serão compartilhadas no ensino público como material didático para o processo de ensino aprendizagem Além disso o objetivo de trabalhar com a temática vai além de entender a origem nacional dos imigrantes que residem na cidade e as causas externas que os trouxeram até aqui É também abordar e entender as tensões que enfrentam no município os discursos de ódio e de intolerância religiosa que muitos muçulmanos sofrem ou sofreram em Joinville seja pela religião seja pela origem nacional ou identidade étnica Em 2018 através de um trabalho didáticopedagógico realizado com turmas do nono ano do fundamental anos finais na disciplina de ensino religioso e que envolvia o uso e a interpretação de fontes de natureza diversa alguns estudantes tiveram por exemplo que analisar e debater sobre um caso de violência contra integrantes do Centro Islâmico de Joinville e que havia sido publicado em um artigo de jornal O artigo continha o depoimento de uma mulher joinvilense que ao casar com um imigrante muçulmano e a partir disso usar o véu sofreu preconceito nas ruas da cidade sendo ela chamada de mulherbomba AMARAL 2019 MORRIESEN 2017 Na época o candidato à presidência da República Jair Bolsonaro apresentou discursos de ódio de toda natureza contra imigrantes seguindo uma estratégia política que Donald Trump tinha com muçulmanos e latinoamericanos As falas do então candidato aqui no Brasil gerou ecos e podiam então ser percebidos com atitudes de intolerância contra os muçulmanos presentes na cidade A partir da experiência citada acima durante a trajetória no primeiro semestre do Mestrado profissional em Ensino de História surgiu a ideia de dar continuidade ao tema Para tanto tornouse necessário esmiuçarse no campo da história e da historiografia e em referências no campo teóricometodológico sobre a importância de discutir o papel do tempo presente no ensino da história e trazer reflexões sobre a memória e a identidade contidas nas histórias de vidas 2 REFERENCIAL TEÓRICO A presente seção apresenta a revisão da literatura deste trabalho destacando o papel dos jogos para um ensino da história mais dinâmico e divertido e ao mesmo tempo aborda a presença dos imigrantes muçulmanos que residem em Joinville por meio das fontes documentais como os jornais 21 JOGOS DE TABULEIROS E CARTAS E O ENSINO DE HISTÓRIA Gostaria de começar este texto com algumas perguntas É possível ensinar e aprender história jogando Como fazêlo Como seria possível desenvolver habilidades e competências de ensinoaprendizagem a partir dos jogos É possível fazer com que os educandos se envolvam com temas históricos que aparentemente sejam tão abstratos e longe de suas realidades por meio de um jogo Como desenvolver e construir um jogo didáticopedagógico sobre a presença de muçulmanos na cidade de Joinville no tempo presente no formato de tabuleiro e cartas Essas perguntas são essenciais para o direcionamento desta pesquisa Para respondê las será realizada a leitura bibliográfica de autores que problematizam os jogos no ensino de história a partir de exemplos concretos e também os jogos como um aspecto da cultura humana Neste campo destacamse autores como Johan Huizinga Homo Ludens o jogo como elemento da cultura 2000 Marcello Paniz Giacomoni Nilton Mullet Pereira org Jogos e ensino de história 2018 e Mariana F da C Thompson Flores org Cartas tabuleiros e cartelas os jogos no ensino e aprendizagem de história 2019 e Carla Beatriz Meinerz Jogar com a História na sala de aula 2018 Para começar a responder as perguntas acima é importante definir o que é um jogo O jogo pode ser entendido como uma prática cultural presente em todas as sociedades humanas ao longo do tempo Para Huizinga 2000 o jogo é um fenômeno cultural realizado por prazer De acordo com Carla Beatriz Meinerz 2018 p73 sobre os jogos no ensino compreendemos o jogo como prática cultural que pressupõe a interação social e exploramos essa temática a partir do reconhecimento do potencial presente na apropriação do lúdico em experimentações pedagógicas Em outras palavras jogar e brincar ou seja usar o lúdico para ensinar e aprender história também é importante e contribui para o desenvolvimento de aulas mais significativas Sobre ensinar e aprender história a partir dos jogos Nilton Mullet Pereira e Marcello Paniz Giacomoni 2018 deixam importantes reflexões Para os autores aprender eou ensinar não são ações isoladas mas sim momentos convergentes entre si Quer dizer que o aprender não significa incorporar novos conteúdos mas estar aberto a novos encontros PEREIRA GIACOMINI 2018 p 11 A aula de História é compreendida como espaço de interação e de experimentação lugar pensado e organizado para a realização de múltiplas e diferenciadas aprendizagens em que o jogar é admitido e valorizado MEINERZ 2018 p 74 No que diz respeito às aprendizagens significativas em história este trabalho se pauta no trabalho de Fernando Seffner 2018 p 35 que afirma que a diversidade precisa habitar também o terreno das atividades de um professor de história pois não existe possibilidade de aprendizagens significativas se o professor ficar limitado ao livro didático ainda que o livro seja bom SEFFNER 2018 O aluno como qualquer outro ser humano não é apenas leitor e escritor mas percebe a realidade e a expressa através de numerosos outros canais SEFFNER 2018 p 42 o jogo é feito para brincar e brincando também se aprende Ainda que seja difícil prever todos os resultados de um jogo sua prática implica ganhos cognitivos que podem se relacionar às aprendizagens escolares ANTONI ZALLA 2018 p114 Em relação ao tempo presente no ensino de história o historiador Daniel Pinha 2017 coloca que é uma ferramenta importante para a compreensão da história uma vez que permite ao estudante relacionar os fatos históricos com sua própria realidade e contexto social No entanto o autor destaca que é preciso ter cuidado para não reduzir a história a uma mera justificativa para o presente ignorando a complexidade dos processos históricos 22 IMIGRANTES MUÇULMANOS EM JOINVILLE E EM SANTA CATARINA Quem são os muçulmanos que vivem em Joinville O que é ser um muçulmano Para responder tais perguntas começo o texto trazendo uma passagem da obra escrita por Alberto Jorge Simões Mansur e intitulada árabes das origens à expansão Para o autor o muçulmano é o crente do islamismo A palavra vem do árabe muslim e significa o resignado MANSUR 2002 p 20 Nesse sentido e na perspectiva deste trabalho os muçulmanos são todos aqueles e aquelas pessoas que seguem a religião islâmica sejam seus praticantes estrangeiros ou não Conforme mencionado anteriormente têmse no Centro Islâmico de Joinville praticantes do islamismo pessoas que são naturais de Joinville e até mesmo de países africanos e asiáticos Referente ao islamismo religião praticada pelos muçulmanos O termo vem da palavra islam que significa a submissão à vontade de Deus Tratase de uma religião com forte influência do monoteísmo judaíco e cristão Para os muçulmanos o islamismo é professado como verdade MANSUR 2022 p19 Conforme Gabriel Mathias Soares 2012 p 49 em sua dissertação do mestrado e intitulado Trajetórias migratórias e construções identitárias de palestinos em Santa Catarina traz uma passagem da entrevista de um imigrante palestino em que afirma que na cidade de Joinville veio apenas um palestino para viver De acordo com o mesmo autor isto se deve em parte à própria complexidade do tema da identidade palestina além das poucas famílias vivendo no estado SOARES 2011 p01 Em um artigo publicado no ano de 2021 em um jornal local por meio digital e intitulado Fé e imigração muçulmanos celebram o Ramadã no Centro Islâmico de Joinville o autor aborda algumas questões pertinentes sobre os imigrantes muçulmanos na cidade que é justamente sobre o preconceito Em uma entrevista realizada com o líder da mesquita o sheikh conta que já ministrou cursos em que era o único negro estrangeiro e muçulmano na sala O preconceito é uma realidade ser islâmico no Brasil aumenta a possibilidade de sofrer isso KOEHLER 2021 Ainda conforme o líder da mesquita destaca que os islâmicos não estão ou não são apenas da Arábia Saudita Essa fala é importante pois nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe KOEHLER 2021 O líder ainda se queixa da descriminação racial pelo fato de serem imigrantes e negros e que são todos colocados como haitianos Ele pontua que nem todo negro é da África assim como o Haiti não fica no continente africano KOEHLER 2021 Esse tipo de visão distorcida sobre os muçulmanos e sobre as pessoas que vivem no Oriente Médio além de preconceituoso é resultado da falta de informação e do medo decorrente muitas vezes de opiniões políticas e dos efeitos da própria globalização e até mesmo resultados de fake news na internet induzindo a população ao erro Importante salientar que na época o expresidente da República Jair Bolsonaro realizou falas que contribuíram com o medo e o preconceito em relação aos imigrantes em especial os muçulmanos do Oriente Médio e venezuelanos Ao invés de soluções Bolsonaro optou por encontrar os culpados pela crise econômica e a falta de emprego no Brasil culpando os imigrantes Conforme Mendes e Menezes 2019 p303 Uma guinada regressiva na política do Estado brasileiro para as migrações marca o início do mandato presidencial de Jair Messias Bolsonaro Conforme os autores ainda em 2015 quando era deputado federal Bolsonaro qualificou os migrantes e refugiados que chegam no Brasil como ameaça e escória do mundo MENDES MENEZES 2019 p303 Para entender as questões mencionadas acima esse trabalho traz algumas reflexões do sociólogo Zygmunt Bauman e das ciências sociais em relação aos discursos de ódio por políticos que querem fechar suas fronteiras com muros e que resultam no preconceito no medo e na insegurança que a população tem com os imigrantes e refugiados estrangeiros Ainda que as reflexões de Bauman estejam preocupadas em entender este fenômeno da anti imigração no contexto da Europa podese fazer uma relação com o contexto brasileiro visto que na época Jair Bolsonaro se apropriou de discursos parecidos com a de governos da extrema direita na Europa como a do primeiroministro Viktor Orbán da Hungria e conhecido por promover políticas antiimigração ROTHIER MAZUI 2022 Para Bauman Não se pode deixar de notar que o súbito e copioso aparecimento de estranhos em nossas ruas não foi causado por nós nem está sob o nosso controle Ninguém nos consultou ninguém pediu nossa anuência Não admira que as sucessivas ondas de novos imigrantes sejam percebidas como ressentimento como recordando Bertolt Brecht precursores de más noticias Eles são personificações do colapso da ordem o que quer que consideremos a ordem um estado de coisas em que as relações entre causas e efeitos são estáveis e portanto compreensíveis e previsíveis permitindo aos que fazem parte dela saber como proceder de uma ordem que perdeu sua força impositiva BAUMAN 2017 sp Em outras palavras podese afirmar que os imigrantes muçulmanos que residem em Joinville são duplamente vítimas seja por problemas políticos e religiosos em seus países de origem e inerentes às suas vidas interesses políticos econômicos e ou sociais E embora tenham deixado seus países de origem em busca de uma vida melhor neste novo mundo continuam a sofrer pela fala de políticos que buscam culpabilizálos Em relação ao papel da memória e da identidade presentes nas histórias de vida e que será importante para entender o papel da metodologia da história oral neste trabalho será usado como referencial os textos do Michael Pollak Memória e Identidade Social 1992 e Memória Esquecimento Silêncio 1989 Para o autor é possível interpretar a história oral a partir da noção da memória e que esta se constitui individual e coletivo por acontecimentos personagens e lugares Para o autor a Memória não é algo estático mas sofre interferências externas e conjunturais Em síntese as narrativas orais que são usadas como fontes nas pesquisas históricas e no ensino da história estão sujeitas a questionamentos e seus usos podem problematizar questões relativas ao tempo presente principalmente no ensino de história como a presença de imigrantes muçulmanos na cidade de Joinville 3 METODOLOGIA A metodologia é a parte do projeto que engloba e descreve todos os procedimentos os métodos as técnicas os materiais a definição da amostrauniverso e a forma de organização e análise dos dados que serão empregados no decorrer da pesquisa MACHADO et al 2022 p 112 Com a pesquisa buscase a partir dela explicar e entender a importância dos jogos de tabuleiros e cartas no ensino da história e ao mesmo tempo historicizar a presença de imigrantes muçulmanos na cidade de Joinville e que frequentam o Centro Islâmico da cidade Para tanto serão adotados diferentes procedimentos como a pesquisa bibliográfica a aplicação de um questionário a realização de entrevistas por meio da metodologia da história oral e a análise de documentos 31 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA A pesquisa e a revisão bibliográfica é uma etapa bastante importante para o andamento da pesquisa A pesquisa bibliográfica é o levantamento ou revisão de obras publicadas sobre a teoria que irá direcionar o trabalho científico o que necessita uma dedicação estudo e análise pelo pesquisador que irá executar o trabalho científico SOUSA OLIVEIRA ALVES 2021 p 66 De modo geral a pesquisa bibliográfica deverá auxiliar no processo de escrita da dissertação devendo contribuir por exemplo na fundamentação teóricametodológica sobre os jogos no ensino da história o tempo presente e a entender o papel da memória e da identidade contidas nas histórias de vida 32 QUESTIONÁRIO No primeiro semestre do ano de dois mil e vinte e quatro 2024 será aplicado um questionário para os imigrantes muçulmanos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville responder O objetivo é coletar informações qualitativas e quantitativas referente à origem a identidade a religião o trabalho entre outros O questionário é um procedimento de coleta de dados comumente utilizado em pesquisas na área das ciências humanas e sociais constituindose por uma série ordenada de perguntas e que devem ser respondidas pelos participantes da pesquisa RAMOS et al 2019 A elaboração do questionário parte dos objetivos porém precisa também considerar o limite em extensão e em finalidade pois não pode ser muito longo e causar fadiga e desinteresse RAMOS et al 2019 p 07 Ainda de acordo com Ramos et al 2019 p 04 é importante que o instrumento escolhido deve servir para coletar de maneira mais adequada possível as informações necessárias para sua posterior análise de dados visando atender aos objetivos definidos A construção de um questionário enquanto um procedimento técnico requer uma série de cuidados como constatação de sua eficácia determinação da forma e do conteúdo das questões quantidade e ordenação das questões construção das alternativas apresentação do questionário e préteste RAMOS et al 2019 No questionário serão levantadas questões como a origem e a identidade nacional dos imigrantes muçulmanos o tempo que estão vivendo na cidade de Joinville os motivos externos e internos que os trouxeram ao município e outras informações como trabalho e seus olhares sobre a cidade Por fim a elaboração do questionário será pensado de modo a alcançar os objetivos da pesquisa levando em consideração o cuidado e a ética em todo o processo de coleta das informações contribuindo com a pesquisa histórica e com a historiografia 33 HISTÓRIA ORAL A História Oral pode ser definida como uma metodologia interdisciplinar e que consiste em realizar entrevistas com indivíduos que participaram de ou testemunharam acontecimentos e conjunturas do passado e do presente ALBERTI 2008 p 155 Essa metodologia e que mobiliza a realização de entrevistas são produzidas no contexto de projetos de pesquisa que determinam quantas e quais pessoas entrevistar o que e como perguntar bem como que destino será dado ao material produzido ALBERTI 2008 p 155 De acordo com Alberti 2008 p 156 sobre a metodologia da história oral considerase 1948 o marco do início da História oral moderna Nesse ano quando foi inventado o gravador a fita formouse o Columbia University Oral History Research Office programa de História oral da Universidade de Columbia A metodologia da história oral será adotada neste trabalho de modo a escutar os sujeitos da pesquisa reconhecendo a existência de múltiplas histórias neste caso as histórias e as memórias dos imigrantes muçulmanos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville Essa metodologia irá fornecer as técnicas necessárias para a execução das entrevistas com os membros da mesquita e interpretar as fontes orais Sobre a importância dessa metodologia na pesquisa histórica e nas ciências humanas em especial para dar voz aos grupos e atores sociais que são negligenciados pela história oficial Alberti 2008 p 158 pontua que Não há dúvida de que a possibilidade de registrar a vivência de grupos cujas histórias dificilmente eram estudadas representou um avanço para as disciplinas das Ciências Humanas Mas seu reconhecimento só foi possível após amplo movimento de transformação dessas ciências que com o tempo deixaram de pensar em termos de uma única história ou identidade nacional para reconhecer a existência de múltiplas histórias memórias e identidades em uma sociedade Alguns anos se passaram até que as potencialidades do novo método fossem aceitas e incorporadas às práticas académicas Essa resistência se deveu em parte à própria forma como eram realizadas as pesquisas que utilizavam a História oral A história oral portanto é uma metodologia de pesquisa amplamente utilizada nas ciências humanas e incorporada às práticas acadêmicas no Brasil há décadas Seu uso nesta pesquisa será importante para coletar informações objetivas e subjetivas através da memória da identidade e das histórias de vida dos imigrantes africanos e asiáticos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville Importante salientar que esse trabalho embora venha a utilizar as fontes orais será realizado de modo a assegurar o direito do entrevistado a sua proteção seguindo as diretrizes éticas e as normativas vigentes por meio da submissão do trabalho ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Paraná Sabese que é uma tarefa com muitas responsabilidades compromissos e desafios necessitando tempo e respeito De acordo com Alessandro Portelli 1997 p 13 os historiadores orais têm a responsabilidade não só de obedecer a normas confiáveis quando coligem informações como também de respeitálas quando chegam a conclusões e fazem interpretações correspondam ou não a seus desejos e expectativas Conforme Alessandro Portelli 2016 p 10 Quando falamos de história oral entretanto também nos referimos a algo mais específico Mais do que uma ferramenta adicional por vezes secundária na panóplia do historiador as fontes orais são utilizadas como o eixo de um outro tipo de trabalho histórico no qual questões ligadas a memória narrativa subjetividade e diálogo moldam a própria agenda do historiador Quando é este o caso o uso crítico das fontes orais requer abordagens e procedimentos específicos adequados à sua natureza e forma particulares Ao contrário da maioria dos documentos históricos as fontes orais não são encontradas mas cocriadas pelo historiador Elas não existiriam sob a forma em que existem sem a presença o estímulo e o papel ativo do historiador na entrevista feita em campo Fontes orais são geradas em uma troca dialógica a entrevista literalmente uma troca de olhares Nessa troca perguntas e respostas não vão necessariamente em uma única direção A agenda do historiador deve corresponder à agenda do narrador mas o que o historiador quer saber pode não necessariamente coincidir com o que o narrador quer contar Refletir sobre as fontes orais sem levar em conta o papel da memória e da identidade seria negligenciar o potencial deste tipo de fonte e todas as problemáticas que perpassam o seu uso na pesquisa e na construção do conhecimento histórico A memória enquanto uma construção pessoal e coletiva sofre com flutuações temporais portanto precisa ser interrogada como qualquer outra fonte ou documento usado pelos historiadores e professores de história Para Michael Pollak 1992 p 05 às fontes orais são fragmentos da memória e que esta por sua vez é um elemento constituinte do sentimento de identidade tanto individual como coletiva Nesse sentido as fontes orais ou seja as histórias de vida de uma pessoa ou grupo a partir da memória e da identidade podem e devem ser usadas nas aulas de história para uma aprendizagem mais significativa e que permita os educandos dessa aprendizagem questionar e refletir sobre o tempo presente no caso deste trabalho sobre a presença árabe muçulmana em Joinville E embora seus usos possam ser questionados todo e qualquer outro documento também está sujeito a questionamentos De acordo com Pollak 1992 p08 Se a memória é socialmente construída é óbvio que toda documentação também o é Para mim não há diferença fundamental entre fonte escrita e fonte oral A crítica da fonte tal como todo historiador aprende a fazer deve a meu ver ser aplicada a fontes de tudo quanto é tipo Desse ponto de vista a fonte oral é exatamente comparável a fonte escrita Nem a fonte escrita pode ser tomada tal e qual ela se apresenta Maia 2020 afirma que as fontes de informações como os relatos são organizadas para serem analisadas e interpretadas Os resultados devem passar por três momentos descrição análise e interpretação De acordo com Ana Cláudia Bortolozzi Maia 2020 p 35 DESCRIÇÃO apresenta os relatos de modo fiel apenas apresenta a transcrição dos relatos em tabelas ou quadros ANÁLISE agrupa os relatos buscando relações entre as partes organiza e categoriza os relatos por meio de uma técnica por exemplo análise de conteúdo INTERPRETAÇÃO buscar o sentido dos relatos evidencia a sua compreensão relaciona tais categorias com a literatura para responder o problema de pesquisa Por fim esperase que as fontes orais por meio da metodologia da história oral venha a contribuir para uma história mais completa sobre a presença dos imigrantes muçulmanos em Joinville e a alcançar os objetivos da pesquisa que para além de criar um jogo é também historicizar e entender as histórias de vidas dos integrantes do Centro Islâmico de Joinville 34 ANÁLISE DOCUMENTAL Historiadores trabalham com fontes afirmava a historiadora Carla Bassanezi Pinsky no livro Fontes Históricas publicado pela editora Contexto em 2009 As fontes que podem ser documentos entrevistas capítulos de livros entre outros passam pelo rigor metodológico do historiador e uma vez interrogada por eles poderá subsidiar uma série de informações e assim contribuir com a narrativa histórica e a escrita da história No decorrer da pesquisa será realizado a análise e a utilização de diferentes fontes históricas destacando as fontes documentais como as entrevistas e os artigos de jornais sem desconsiderar a leitura bibliográfica atualizada sobre o tema Conforme Carla B Pinsky 2009 p 08 A bibliografia cuidadosamente selecionada colabora como referência atualizada para aqueles que pretendem se aprofundar no assunto No que diz respeito às fontes documentais serão utilizados os artigos de jornais publicados por meio eletrônico Os artigos de jornais são importantes documentos que podem e devem ser utilizados pelos historiadores e professores de história Embora tenham a função de informar ou seja não foram produzidas especificamente para se tornarem fontes históricas Com o devido rigor metodológico contribui para a escrita da história É pelo exercício da escrita da história que procuramos dar sentido ao conjunto de documentos que reunidos permitem ordenar um passado trazer vestígios desse passado vivido por uma memória coletiva de um determinado grupo social SOUZA GIACOMONI 2021 p140 Os documentos são registros preservados e resguardados que possibilitam aos pesquisadores das ciências humanas e sociais compreender analisar e refletir sobre as dimensões do tempo do social do cultural e de tantos outros fatores ligados a um determinado contexto histórico CELLARD 2008 SOUZA GIACOMONI 2021 Referente às fontes orais como salientado no tópico anterior 33 é um documento que deve ser interrogado como qualquer outro pelos historiadores É o historiador que vai dar sentido às narrativas orais 4 CRONOGRAMA Atividades 2023 2024 2025 Realização das disciplinas x x Leitura e escrita do projeto x Aplicação do questionário x Entrevista oral e transcrição x Organização e análise dos resultados x Escrita de capítulos para qualificação x Revisão e alterações da banca x x Defesa x 5 BIBLIOGRAFIA ESPINOLA Claudia Voigt O véu que des cobre etnografia da comunidade árabe muçulmana em Florianópolis Dissertação Mestrado Florianópolis UFSC 2005 NASSER FILHO Omar O crescente e a estrela na Terra dos Pinheirais Tese Doutorado Curitiba UFPR 2006 OLIC Nelson Basic Oriente Médio uma região de conflitos São Paulo Moderna 1991 SAID Edward W Cultura e imperialismo Tradução Denise Bottmann 1 ed São Paulo Companhia de Bolso 2011 Orientalismo o Oriente como invenção do Ocidente Tradução Rosaura Eichenberg 1 ed São Paulo Companhia de Bolso 2007 POLLAK Michael Memória e Identidade Social Estudos Históricos Rio de Janeiro vol 5 n 10 1992 Memória Esquecimento Silêncio Estudos Históricos Rio de Janeiro vol 2 n 3 1989 p 315 SOARES Gabriel Mathias Trajetórias migratórias e construções identitárias de palestinos em Santa Catarina 2012 Dissertação Mestrado em Estudos Árabes São Paulo USP 2013 THOMPSON Paul Richard A voz do passado história oral São Paulo Paz e Terra 1998 YAZBEK Mustafa Palestinos em busca da pátria 2 ed São Paulo Ática 2002 REFERÊNCIAS ALBERTI Verena Fontes Orais histórias dentro da história In PINSKY Carla Bassanezi org Fontes históricas 2 ed São Paulo Contexto 2008 p 155202 AMARAL Vitor Marilone Cidral da Costa do Direitos Humanos nas aulas de ensino religioso relatos de uma experiência pedagógica In CECCHETTI Elcio SIMONI Josiane Crusaro Org Ensino religioso não confessional múltiplos olhares 1edSão Leopoldo Oikos Editora 2019 p 142150 ANTONI Edson ZALLA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação de aprendizagens em história In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 BAUMAN Zygmunt Estranhos à nossa porta Tradução Carlos Alberto Medeiros 1 ed Rio de Janeiro Zahar 2017 HUIZINGA Johan Homo Ludens São Paulo Perspectiva 2000 KOEHLER Lucas Fé e imigração muçulmanos celebram o Ramadã no Centro Islâmico de Joinville O município Joinville Publicado em 03 mai 2021 Disponível em httpsomunicipiojoinvillecomfeeimigracaomuculmanoscelebramoramadanocentro islamicodejoinville Acesso em 02 ago 2023 MACHADO Vilma et al Manual de normalização de documentos científicos de acordo com as normas da ABNT Curitiba Ed UFPR 2022 Disponível em httpswwwprppgufprbrsiteppgletraswpcontentuploadssites65202208sugestaopara preprojetopdf Acesso em 19 set 2023 MAIA Ana Cláudia Bortolozzi Questionário e entrevista na pesquisa qualitativa elaboração aplicação e análise de conteúdo Manual Didático São Carlos Pedro João Editores 2020 MANSUR Alberto Jorge Simões Árabes das origens à expansão Curitiba Nova Didática 2002 Coleção Revisitando a História MEINERZ Carla Beatriz Jogar com a História na sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 7386 MENDES José Sacchetta Ramos MENEZES Fábio Bensabath Bezerra de Política migratória no Brasil de Jair Bolsonaro perigo estrangeiro e retorno à ideologia de segurança nacional Cadernos do CEAS Revista Crítica de Humanidades Salvador n 247 maiago 2019 p 302321 MORRIESEN Cláudia Joinville ganha primeira sala de orações e dá inicio ao Centro Islâmico A Notícia Publicado em 24 fev 2017 Disponível em httpanoticiaclicrbscombrscgeraljoinvillenoticia201702joinvilleganhaprimeirasala deoracoesedainicioaocentroislamico9729809html Acesso em 01 ago 2018 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o Caos os jogos no Ensino de História cap 1 In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 POLLAK Michael Memória e Identidade Social Estudos Históricos Rio de Janeiro vol 5 n 10 1992 PORTELLI Alessandro História oral uma relação dialógica In História oral como arte da escuta São Paulo Letra e Voz 2016 p 926 Tentando aprender um pouquinho Algumas reflexões sobre a ética na História Oral Projeto História São Paulo vol 15 1997 Disponível em httpsrevistaspucspbrindexphprevpharticleview112158223 Acesso em 25 set 2023 RAMOS Daniela Karine et al Elaboração de questionários algumas contribuições Research Society and Development vol 8 n 3 2019 Disponível em httpswwwredalycorgjournal5606560662194041560662194041pdf Acesso em 26 set 2023 ROTHIER Bianca MAZUI Guilherme Bolsonaro chama Orbán de irmão e destaca afinidade nos costumes Deus pátria família GloboNews G1 Publicado em 17 fev 2022 Disponível em httpsg1globocompoliticanoticia20220217bolsonaroeorban assinamacordosembudapesteghtml Acesso em 27 out 2023 SEFFNER Fernando Aprendizagens significativas em História critérios de construção para atividades em sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 3546 SILVA Daniel Pinha O lugar do tempo presente na aula de história limites e possibilidades Revista Tempo e Argumento Florianópolis v9 n20 p99 129 janabr 2017 janabr 2017 SOARES Gabriel Mathias A imigração palestina em Santa Catarina Anais do XXVI Simpósio Nacional de História ANPUH São Paulo julho 2011 Disponível em httpwwwsnh2011anpuhorgresourcesanais141300878259ARQUIVOANPUHpdf Acesso em 07 jun 2023 Trajetórias migratórias e construções identitárias de palestinos em Santa Catarina 2012 93 f Dissertação Mestrado em Estudos Árabes Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas São Paulo 2012 Disponível em httpswwwtesesuspbrtesesdisponiveis88159tde11062013095527ptbrphp Acesso em 05 jun 2023 SOUSA Angélica Silva de OLIVEIRA Guilherme Saramago de ALVES Laís Hilário A pesquisa bibliográfica princípios e fundamentos Cadernos da Fucamp v 20 n43 2021 p 6483 SOUZA José Edimar de GIACOMONI Cristian Análise documental como ferramenta metodológica em história da educação um olhar para pesquisas locais Cadernos CERU v 32 n 1 p 139156 2021 APÊNDICE 1 QUESTIONÁRIO 1 Identificação a Nome completo b Origem identidade nacional c Idade 2 Perguntas a Qual motivo o trouxe à cidade de Joinville b Qual corrente do islâmismo você segue I Xiita II Sunita Outros c Qual trabalhofunção você exerce na cidade de Joinville d Você veio sozinho para a cidade de Joinville ou acompanhado de familiares ou amigos e Você já enfrentou alguma situação de preconceito religioso ou de origem nacional na cidade de Joinville f Você foi bem recebido na cidade g Como é ser muçulmanoa em uma cidade majoritariamente cristã h Você já morou em outra cidade do Brasil antes de Joinville Qual i Para você O que significa ser um imigrante em Joinville CAPÍTULO 2 A PRESENÇA DE IMIGRANTES MUÇULMANOS EM JOINVILLESC 20172024 Por mais óbvio que isso seja os seres humanos habitam um lugar comum o Planeta Terra É i 1 A Diversidade do Mundo Muçulmano O mundo muçulmano é um mosaico de culturas etnias e tradições que se estende por diversos continentes A crença no Islã com seus pilares e princípios fundamentais une essa vasta comunidade No entanto a expressão mundo muçulmano não implica em homogeneidade Como afirma o sociólogo egípcio Saad Eddin Ibrahim 2000 a diversidade é a característica fundamental do mundo islâmico e a unidade é construída sobre a diversidade Essa diversidade se manifesta em diferentes interpretações do Corão em diversas escolas jurídicas madhhabs e em uma ampla gama de práticas religiosas e sociais 2 Islamismo Religião e Política A relação entre o Islã e a política é um tema complexo e controverso Para muitos muçulmanos a religião não se limita à esfera pessoal mas permeia todos os aspectos da vida incluindo a política O filósofo político palestino Tariq Ramadan 2009 argumenta que o Islã oferece um quadro moral e ético para a organização da sociedade e que os muçulmanos têm o dever de construir uma sociedade justa e equitativa baseada nos princípios islâmicos No entanto a forma como essa relação se manifesta varia significativamente entre os diferentes países muçulmanos 3 O Papel do Corão O Corão é o livro sagrado do Islã e a principal fonte de orientação para os muçulmanos Ele contém os ensinamentos de Deus revelados ao profeta Maomé A interpretação do Corão é uma atividade complexa e contínua e diferentes estudiosos islâmicos oferecem leituras distintas do texto sagrado Como afirma o teólogo egípcio Yusuf alQaradawi 2001 o Corão é uma fonte de inspiração e orientação mas não um manual de leis detalhado para todas as situações 4 A Sharia e a Lei A sharia é a lei islâmica derivada do Corão da Sunnah tradição profética e do ijma consenso dos estudiosos A aplicação da sharia varia significativamente entre os diferentes países muçulmanos Em alguns países a sharia é a principal fonte de legislação enquanto em outros ela coexiste com sistemas jurídicos seculares A filósofa marroquina Fatima Mernissi 1991 argumenta que a interpretação da sharia tem sido frequentemente utilizada para justificar a opressão das mulheres e a discriminação de minorias 5 O Sufismo O sufismo é uma dimensão mística do Islã que enfatiza a busca pela experiência direta de Deus Os sufis buscam a perfeição espiritual através de práticas como a dhikr repetição de invocações a salat oração e a tariqa caminho espiritual O sufismo tem desempenhado um papel importante na história do Islã e muitos dos maiores poetas e filósofos islâmicos foram sufis O escritor egípcio Taha Hussein 1953 descreveu o sufismo como uma das mais belas expressões da alma islâmica 6 O Modernismo Islâmico O modernismo islâmico é um movimento intelectual que busca conciliar os valores do Islã com os desafios da modernidade Os modernistas islâmicos argumentam que o Islã não é incompatível com a ciência a democracia e os direitos humanos O filósofo paquistanês Muhammad Iqbal 1930 foi um dos principais pensadores do modernismo islâmico defendendo a necessidade de uma renovação intelectual e espiritual do Islã 7 O Fundamentalismo Islâmico O fundamentalismo islâmico é um movimento que busca uma volta aos princípios puros do Islã rejeitando as influências estrangeiras e a modernização Os fundamentalistas islâmicos interpretam o Corão de forma literal e defendem a aplicação rigorosa da sharia O teólogo egípcio Sayyid Qutb 1964 foi um dos principais ideólogos do fundamentalismo islâmico 8 O Islã e o Ocidente As relações entre o Islã e o Ocidente são marcadas por uma longa história de conflitos e cooperação A percepção mútua entre as duas civilizações tem sido influenciada por fatores políticos econômicos e culturais O escritor turco Orhan Pamuk 2005 explorou as complexidades dessas relações em seus romances destacando a importância do diálogo intercultural 9 As Mulheres no Islã O papel das mulheres no Islã é um tema controverso e complexo As interpretações sobre os direitos e deveres das mulheres variam significativamente entre as diferentes escolas jurídicas e as diversas culturas muçulmanas A feminista egípcia Nawal El Saadawi 1980 criticou as interpretações patriarcais do Islã e defendeu a igualdade de gênero 10 O Futuro do Islã O futuro do Islã é incerto e dependerá de diversos fatores como as mudanças demográficas os conflitos políticos o desenvolvimento econômico e as transformações culturais É fundamental promover o diálogo intercultural e o respeito mútuo entre as diferentes religiões e culturas Como afirmou o filósofo libanês Hassan Hanafi 1999 o futuro do Islã depende da capacidade dos muçulmanos de se adaptarem aos desafios da modernidade sem perder suas identidades Observação Para cada parágrafo você pode substituir as citações por outras de sua preferência buscando autores e obras que se encaixem melhor no seu tema de pesquisa Além disso é importante que você verifique as referências bibliográficas para garantir a precisão das informações Sugestões de autores e obras Seyyed Hossein Nasr Um Sufi e filósofo iraniano que escreveu sobre a espiritualidade islâmica e a modernidade Amina Wadud Uma teóloga feminista que oferece novas interpretações do Corão Tariq Ramadan Um intelectual islâmico que busca conciliar o Islã com os valores da democracia e dos direitos humanos Fatima Mernissi Uma socióloga marroquina que estudou a condição das mulheres no Islã Joinville é uma cidade localizada no litoral norte de Santa Catarina e conforme os dados recentes do IBGE no ano de 2022 possuía uma população estimada em 616317 pessoas Deste total cerca de sendo a cidade mais populosa do estado A cidade foi fundada oficialmente em 1851 quando imigrantes germânicos chegaram por aqui trazendo suas crenças e costumes Ao menos foi dessa forma que foi construída a história oficial da cidade Refletir sobre a presença dos imigrantes muçulmanos em uma cidade do interior de Santa Catarina não é uma tarefa fácil mas estou disposto a assumir o desafio Este trabalho se depara com a complexidade de lidar com povos de origens nacionais e identidades étnicas tão diversas o que o torna enriquecedor mas também apresenta desafios como lidar com a complexidade das fontes históricas sobre o tema seja pela sua escassez seja pela sua forma no sentido de ser o mais Como também as histórias de vida das pessoas que escolheram este canto do Brasil para viver e a escassez de fontes documentais para Uma dessas limitações é a escassez de fontes historiográficas dedicadas exclusivamente à análise da presença muçulmana em Joinville Além disso as discussões e abordagens delineadas neste capítulo refletem mesmo que não intencionalmente uma visão ocidental sobre os muçulmanos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville É relevante destacar que este estudo conta com a contribuição direta de alguns imigrantes muçulmanos que generosamente se dispuseram a participar da pesquisa Suas identidades serão preservadas ao longo deste trabalho mas suas perspectivas serão trazidas à tona fazendo a escuta por meio da metodologia da história oral Joinville é uma cidade localizada no litoral norte de Santa Catarina e oficialmente foi fundada em 1851 quando imigrantes germânicos chegaram por aqui trazendo suas crenças e costumes Ao menos foi dessa forma que foi construída a história oficial da cidade anto do ponto de vista metodológico visto que carece de fontes documentais e historigráficas sobre o tema Gostaria de começar este segundo capítulo fazendo algumas perguntas e por meio das respostas que farei sobre elas esboçar sobre este capítulo Digo esboçar não porque o farei de qualquer jeito sem o devido rigor das metodologias que constituen a ciẽncia histórica mas por entender que as respostas e a pesquisa histórica sobre a presença de muçulmanos na cidade de Joinville contidas aqui ainda são escassaz e não revelam toda a diversidade de saberes e narrativas sobre os diferentes imigrantes que praticam a religião isl um saber histórico sobre a presença de muçulmanos na cidade de Joinville Quem são os muçulmanos que vivem em Joinville O que é ser um muçulmano Para responder tais perguntas começo o texto trazendo uma passagem da obra escrita por Alberto Jorge Simões Mansur e intitulada árabes das origens à expansão Para o autor o muçulmano é o crente do islamismo A palavra vem do árabe muslim e significa o resignado MANSUR 2002 p 20 Nesse sentido e na perspectiva deste trabalho os muçulmanos são todos aqueles e aquelas pessoas que seguem a religião islâmica sejam seus praticantes estrangeiros ou não Conforme mencionado anteriormente têmse no Centro Islâmico de Joinville praticantes do islamismo pessoas que são naturais de Joinville e até mesmo de países africanos e asiáticos Referente ao islamismo religião praticada pelos muçulmanos O termo vem da palavra islam que significa a submissão à vontade de Deus Tratase de uma religião com forte influência do monoteísmo judaíco e cristão Para os muçulmanos o islamismo é professado como verdade MANSUR 2022 p19 Conforme Gabriel Mathias Soares 2012 p 49 em sua dissertação do mestrado e intitulado Trajetórias migratórias e construções identitárias de palestinos em Santa Catarina traz uma passagem da entrevista de um imigrante palestino em que afirma que na cidade de Joinville veio apenas um palestino para viver De acordo com o mesmo autor isto se deve em parte à própria complexidade do tema da identidade palestina além das poucas famílias vivendo no estado SOARES 2011 p01 Em um artigo publicado no ano de 2021 em um jornal local por meio digital e intitulado Fé e imigração muçulmanos celebram o Ramadã no Centro Islâmico de Joinville o autor aborda algumas questões pertinentes sobre os imigrantes muçulmanos na cidade que é justamente sobre o preconceito Em uma entrevista realizada com o líder da mesquita o sheikh conta que já ministrou cursos em que era o único negro estrangeiro e muçulmano na sala O preconceito é uma realidade ser islâmico no Brasil aumenta a possibilidade de sofrer isso KOEHLER 2021 Ainda conforme o líder da mesquita destaca que os islâmicos não estão ou não são apenas da Arábia Saudita Essa fala é importante pois nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe KOEHLER 2021 O líder ainda se queixa da descriminação racial pelo fato de serem imigrantes e negros e que são todos colocados como haitianos Ele pontua que nem todo negro é da África assim como o Haiti não fica no continente africano KOEHLER 2021 Esse tipo de visão distorcida sobre os muçulmanos e sobre as pessoas que vivem no Oriente Médio além de preconceituoso é resultado da falta de informação e do medo decorrente muitas vezes de opiniões políticas e dos efeitos da própria globalização e até mesmo resultados de fake news na internet induzindo a população ao erro Importante salientar que na época o expresidente da República Jair Bolsonaro realizou falas que contribuíram com o medo e o preconceito em relação aos imigrantes em especial os muçulmanos do Oriente Médio e venezuelanos Ao invés de soluções Bolsonaro optou por encontrar os culpados pela crise econômica e a falta de emprego no Brasil culpando os imigrantes Conforme Mendes e Menezes 2019 p303 Uma guinada regressiva na política do Estado brasileiro para as migrações marca o início do mandato presidencial de Jair Messias Bolsonaro Conforme os autores ainda em 2015 quando era deputado federal Bolsonaro qualificou os migrantes e refugiados que chegam no Brasil como ameaça e escória do mundo MENDES MENEZES 2019 p303 Para entender as questões mencionadas acima esse trabalho traz algumas reflexões do sociólogo Zygmunt Bauman e das ciências sociais em relação aos discursos de ódio por políticos que querem fechar suas fronteiras com muros e que resultam no preconceito no medo e na insegurança que a população tem com os imigrantes e refugiados estrangeiros Ainda que as reflexões de Bauman estejam preocupadas em entender este fenômeno da antiimigração no contexto da Europa podese fazer uma relação com o contexto brasileiro visto que na época Jair Bolsonaro se apropriou de discursos parecidos com a de governos da extrema direita na Europa como a do primeiroministro Viktor Orbán da Hungria e conhecido por promover políticas anti imigração ROTHIER MAZUI 2022 Para Bauman Não se pode deixar de notar que o súbito e copioso aparecimento de estranhos em nossas ruas não foi causado por nós nem está sob o nosso controle Ninguém nos consultou ninguém pediu nossa anuência Não admira que as sucessivas ondas de novos imigrantes sejam percebidas como ressentimento como recordando Bertolt Brecht precursores de más noticias Eles são personificações do colapso da ordem o que quer que consideremos a ordem um estado de coisas em que as relações entre causas e efeitos são estáveis e portanto compreensíveis e previsíveis permitindo aos que fazem parte dela saber como proceder de uma ordem que perdeu sua força impositiva BAUMAN 2017 sp Em outras palavras podese afirmar que os imigrantes muçulmanos que residem em Joinville são duplamente vítimas seja por problemas políticos e religiosos em seus países de origem e inerentes às suas vidas interesses políticos econômicos e ou sociais E embora tenham deixado seus países de origem em busca de uma vida melhor neste novo mundo continuam a sofrer pela fala de políticos que buscam culpabilizálos Em relação ao papel da memória e da identidade presentes nas histórias de vida e que será importante para entender o papel da metodologia da história oral neste trabalho será usado como referencial os textos do Michael Pollak Memória e Identidade Social 1992 e Memória Esquecimento Silêncio 1989 Para o autor é possível interpretar a história oral a partir da noção da memória e que esta se constitui individual e coletivo por acontecimentos personagens e lugares Para o autor a Memória não é algo estático mas sofre interferências externas e conjunturais Em síntese as narrativas orais que são usadas como fontes nas pesquisas históricas e no ensino da história estão sujeitas a questionamentos e seus usos podem problematizar questões relativas ao tempo presente principalmente no ensino de história como a presença de imigrantes muçulmanos na cidade de Joinville CAPÍTULO 1 O LUGAR DO JOGO DE TABULEIRO E CARTAS NO ENSINO DE HISTÓRIA A aula de História é assim compreendida como espaço de interação e de experimentação lugar pensado e organizado para a realização de múltiplas e diferenciadas aprendizagens em que o jogar é admitido e valorizado Carla Beatriz Meinerz1 O presente capítulo nasce do interesse pessoal em construir um material didáticopedagógico que oportunize dentro da sala de aula e no componente curricular de História o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas a compreensão contextualização sistematização e reflexão sobre a presença de imigrantes muçulmanos na história recente da cidade de Joinville região norte de Santa Catarina No que diz respeito ao material didáticopedagógico escolhido optouse pelo desenvolvimento de um jogo de tabuleiro e cartas como ferramenta divertida e lúdica para a construção do conhecimento histórico em sala de aula mas sem deixar de mobilizar as fontes históricas essenciais para a formação dos educandos e o ofício do professor de história QuaFalar sobre a utilização de jogos didáticos não é uma tarefa fácil seja O objetivo principal deste capítulo é apresentar e destacar a relevância da utilização de jogos didáticos Jogar na aula de História é um belo exercício amoroso Uma vez que o jogo pressupõe uma entrega ao movimento absoluto da brincadeira e que jogar implica um deslocamento Um deslocamento do espaço da ordem das medidas dos horários das imposições disciplinares da avaliação das provas numa palavra da obrigação PEREIRA GIACOMONI 2018 p14152 Nesse ato de jogar os estudantes estão na origem dos conceitos pois que ali no 1 Carla Beatriz Meinerz 2018 p74 2 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o caos os jogos no Ensino de História In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 ato conceitos históricos se gestam e passam a dar forma à vida aos modos de vida aos antigos presentes p15 O jogo no ensino de história foi pensado de modo a permitir a interação entre os estudantes e entre estudantes e o conhecimento histórico já produzido sobre o tema Essa interação social entre os educandos com um jogo no ensino de história permite criar um vínculo bastante positivo em relação às aprendizagens dos sujeitos da educação por meio do seu envolvimento com a aula e com a proposta de ensino bem como com a circulação de saberes e o desenvolvimento de competências socioemocionais Conforme MEINERZ 2018 p 7475 Um dos aspectos que podemos ressaltar sobre os jogos em diferentes culturas e tempos é a sua relação com a construção da interação social vinculada à emoção e à subjetividade Ao valorizarmos a emoção e o encantamento como elementos importantes nas relações sociais e nos processos próprios de construção do conhecimento seja ele científico escolar ou do senso comum tendemos a incorporar o jogar em nossos modos de fazer não apenas como elemento menor ou ornamental mas como prática cultural importante para a circulação de saberes Como podemos observar na citação acima da professora e historiadora Carla Beatriz Meinerz o jogo no ensino de história é um recurso didáticopedagógico necessário para a construção e circulação dos diferentes saberes mas também por permitir a interação social entre os educandos por meio da emoção e do encantamento Seu uso como recurso pedagógico pode agenciar elementos da memória afetiva estabelecendo pontes entre a experiência socialmente adquirida e os saberes formais oportunizando espaço de ação e criação ANTONI ZALIA 2018 p113 O jogo como recurso didático é também uma forma de superar o modelo tradicional de ensino embora muitas vezes seja negligenciado nas práticas pedagógicas Nos últimos anos têm se cada vez mais proposto e analisado práticas de ensino que busquem construir aprendizagens significativas a partir de situações de interação Nesse sentido os jogos de tabuleiros e cartas têm sido pensados e utilizados como estratégia de transmissão e construção do conhecimento que permite essa interação entre os estudantes e o conhecimento histórico ANTONI ZALIA 2018 Aprendizagens significativas em História embora seja um tema controverso e ao mesmo tempo fundamental há de se concordar que a memorização não se constitui em aprendizagens significativas na disciplina de História embora muitos ainda consideram como importante critério na hora das avaliações SEFFNER 2018 p33 O professor de história precisa diversificar suas práticas de ensino aprendizagem Isso não significa que a leitura de textos ou o uso do livro didático seja descartado Mas que ao longo de sua trajetória profissional a diversidade de práticas seja um hábito A introdução de um jogo de tabuleiro e cartas pode por exemplo ser adotado como uma metodologia que permite um equilíbrio entre o conteúdo histórico e a diversão dos educandos De acordo com Giacomoni 2018 p 01 O jogo é uma via de equilíbrio Equilíbrio entre o sério e a brincadeira entre as regras e o acaso entre os objetivos pedagógicos e o desejo do aluno entre a indução do professor e a liberdade dos alunos Conforme Seffner 2018 p42 A diversidade precisa habitar também o terreno das atividades Aula de História não pode ser apenas leitura e cópia O aluno como qualquer outro ser humano não é apenas leitor e escritor mas percebe a realidade e a expressa através de numerosos outros canais Entretanto deve ficar ressaltado que a leitura de textos e documentos e a escrita de variados tipos de textos são fundamentais em nossa área Importante salientar que a inclusão e a utilização dos jogos no ensino de história não devem ser pensadas como um remédio a resolver os problemas estruturais do sistema educacional e de preencher lacunas ainda não fechadas no que diz respeito às aprendizagens em história como a memória histórica e a noção de tempo tampouco acreditar que o modelo tradicional não tenha um valor importante na formação dos sujeitos da educação Mas entender o jogo que pode ou não ser de tabuleiro e cartas como uma ferramenta disponível para os professores diversificarem suas práticas no ensino de história de experimentar outras possibilidades por meio do lúdico e da brincadeira Conforme argumenta Carla Beatriz Meinerz 2018 p74 Argumentamos a favor da inclusão de situações didáticas constituídas a partir do uso de jogos de tabuleiro nos planejamentos e nos processos de ensinar História na Educação Básica Incluir significa fazer também somar diversificar a ação jamais substituir propostas já existentes embora possamos fazer a crítica das bases interativas das mesmas ou tornar o jogo uma espécie de receita milagrosa para garantir o aprendizado e o desejo dos alunos em estudar História O ato de educar envolve processos em que não temos garantias do resultado porém construímos propostas e investimentos que incidem sobre razões e emoções que nos mobilizam A utilização de jogos no ensino de História tanto em formatos analógicos quanto digitais representa uma tendência promissora para a construção de uma educação mais significativa e engajadora Ao articular o conhecimento histórico com elementos lúdicos essas metodologias ativas contribuem para o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida em sociedade como o pensamento crítico a colaboração e a resolução de problemas Nesse sentido a gamificação emerge como uma ferramenta potencial para a melhoria da qualidade do ensino de História na Educação Básica promovendo uma aprendizagem mais ativa e reflexiva Qual a função do jogo na escola De que forma o jogo pode contribuir o jogo é feito para brincar e brincando também se aprende Ainda que seja difícil prever todos os resultados de um jogo sua prática implica ganhos cognitivos que podem se relacionar às aprendizagens escolares p114 Características fundamentais do jogo Todo jogo possui tempo e espaço delimitados o que é conhecido previamente ou aceito tacitamente pelos jogadores p114 O espaço deve comportar a dinâmica específica do jogo o cumprimento das regras a resolução dos desafios o papel dos jogadores etc possibilitando a interação e a organização p114 O jogo precisa ter objetivos Apesar de toda organização necessária a imprevisibilidade nunca será abolida como um dos elementos constitutivos do jogo Toda ação mesmo que ordenada por um conjunto estabelecido de regras abre uma gama de possibilidades de reação e a cada escolha redefine continuamente seus resultados sendo necessária a contingente atenção de todos os jogadores em cada novo lance p115 Narrativo ou não todo jogo é uma ficção encenada em tempo real e portanto irreproduzível em suas especificidades Mas é uma possibilidade de expressão mimética da realidade o que implica seleção recomposição e ressignificação de elementos do cotidiano presente ou histórico em um ato acordado de fingir Reconhecer e compreender os sentidos que se encontram presentes na ficção é portanto tarefa do participante que mesmo engajado na fabulação precisa analisar aspectos do mundo real p115 Todas essas características oportunizam à sala de aula diversos aspectos que podem ser observados pelo professor durante o acompanhamento e avaliação do desenvolvimento das aprendizagens do estudante Há muitas relações possíveis entre a estrutura de composição e reprodução dos jogos e os conteúdos procedimentais atitudinais e conceituais que a escola persegue em seu currículo formal A organização do grupo para realizar as tarefas escolares a criação de estratégias para resolver problemas a compreensão da alteridade e a articulação dos diferentes pontos de vista a cooperação a solidariedade além de noções como tempo e espaço e conceitos específicos desenvolvidos em cada proposta p115 O jogo e a história A discussão sobre o uso do jogo no ensino de História é indissociável do debate sobre a natureza desta área do conhecimento e sua inserção na educação básica p117 1 a História é o estudo da experiência humana em sua dimensão temporal nas interrelações entre passado e presente 2 uma das funções da escola é promover o acesso aos saberes historicamente acumulados e socialmente valorizados O patrimônio e o conhecimento histórico se apresentam nas sociedades contemporâneas como conteúdos indispensáveis para o pleno exercício da cidadania De um lado a manipulação qualificada do passado permite o acesso a diversos bens culturais a meios especializados e a determinados estratos intelectuais políticos e sociais de outro é um saber cognitivamente instrumental pois desenvolve ferramentas de leitura e compreensão do mundo aplicáveis a contextos diferenciados Aprender História é portanto um duplo direito a um conhecimento culturalmente almejado e a procedimentos e instrumentos necessários para agir consciente e criticamente em sociedade p117 Tal relação tem determinado a construção de propostas de ensino de História na escola básica expresso pela articulação entre conteúdos e competências específicas sendo que uma de suas manifestações na legislação instrui que ao estudar a disciplina os alunos deverão ser capazes de Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais em diversos tempos e espaços em suas manifestações culturais econômicas políticas reconhecendo diferenças e semelhanças entre eles Reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas presentes em sua realidade e em outras comunidades próximas ou distantes no tempo e no espaço Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade reconhecendoa como um direito dos povos e indivíduos e como elemento do fortalecimento da democracia Para potencializar o aproveitamento do jogo em termos de conhecimento histórico além de selecionar os tópicos de estudo e os conteúdos conceituais o professor deve ter em mente quais habilidades e competências estão relacionadas a eles Isto permitirá maior domínio do processo de construção do jogo uma reflexão cuidadosa sobre seu uso e uma avaliação adequada dos objetivos alcançados p118 3 3 ANTONI Edson ZALIA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação O que pode ser jogar com a História em sala de aula duplo sentido 1 por um lado o jogo no aspecto experimental e concreto da ludicidade 2 por outro o jogo em sua face metafórica enquanto relação epistemológica com o pensar científico no campo da História e da Educação Compreendemos o jogo como prática cultural que pressupõe a interação social o exploramos essa temática a partir do reconhecimento do potencial presente na apropriação do lúdico em experimentações pedagógicas de construção do conhecimento histórico na escola justamente pela capacidade de criar vínculos entre os pares jovens estudantes e de ambos com os saberes e lazeres que circulam dentro e fora da sala de aula p73 Reconhecer o lúdico como elemento educativo potencializador no campo do Ensino de História O jogo como interação social e experimentação e que circulam saberes e fazeres diversos alguns motivos para jogar na vida e na aula da História Ao experimentarmos o jogo como prática potencializadora dos processos de ensino e aprendizagem do conhecimento histórico reconhecemos que o encantamento e a estética devem compor nosso universo de proposição como professores a ciência assim como a vida em sociedade é tensionada a construir novas práticas culturais interagindo numa perspectiva dialógica com o senso comum p76 No caso específico do jogar em sala de aula defendemos o tipo de interação dialógica tanto do ponto de vista discursivo quanto do ponto de vista social O de aprendizagens em História In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet org Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 professor é convidado a desenvolver a habilidade de construir jogos em que as práticas de diálogo intelectual e afetivo são fundamentais Nesse processo o professor faz escolhas adapta cria recorta tanto formas de jogar quanto conteúdos para o jogo convencido da ideia de que a pesquisa e a docência podem alimentarse mutuamente p76 Escolher criar pensar fazer amigos e inimigos cooperar desenvolver habilidades construir conceitos e conhecimentos interagir socialmente e discursivamente trocar saberes respeitar ou questionar regramentos manter tradições são alguns motivos que nos fazem defender a criação de situações didáticas em que o jogo seja central no Ensino de História Ele porém não se encerra em si mesmo Faz parte de um processo de planejamento que pode prever desde exposições argumentativas do professor sobre o conteúdo do jogo até pesquisas dos estudantes sempre com o pressuposto de que a intervenção do professor como mediador é fundamental Essencial também é que o jogo comporte o elemento da liberdade e da diversão uma vez que jogar é coisa que não se repete de forma produtiva porque tem o componente do acaso da escolha indissociável do sujeito que joga p76 Parece que professores e estudantes de História ao aceitarem a tarefa de construir um jogo na escola estão dispondose a aprimorar sua capacidade de escolher demonstrando aprendizados nessa ciência de viver O lúdico proporciona igualmente a liberdade de arriscarse e errar experiência importante para a aprendizagem dos alunos uma vez que as consequências do erro nunca vai além do jogo p77 a Jogos de tabuleiro Os jogos de tabuleiro compreendidos dentro do horizonte dos jogos de mesa parecem ser aqueles mais próximos da utilização em sala de aula especialmente porque demandam recursos ao alcance da comunidade escolar Reiteramos que no mercado brasileiro de brinquedos encontramos mais possibilidades de adaptação de jogos de tabuleiro por exemplo do que entretenimentos pedagógicos específicos para o ensino de história Quando lidamos de forma mais complexa com as diversas possibilidades do jogar podemos também nos aventurar através da criação de regramentos e formatações vinculadas à indeterminação e às surpresas dos caminhos que o lúdico proporciona Nesse caso a experimentação pode levar trajetórias diversas e nem sempre o final é previsível ou vinculado ao acaso p78 79 Quem aprende ao jogar com a História na sala de aula Propomos finalmente pensar o jogo numa perspectiva metodológica educativa pressupondo que o fundamental está no processo de criação de situações pedagógicas contrariamente à concepção instrumental que prevê resultados únicos e determinados para a aplicação de procedimentos didáticos específicos p84 Quando tematizam o valor do jogo no Ensino de História pensamos que não se trata apenas de criar e depois aplicar uma boa estratégia pedagógica ou ainda aplicar algum recurso melhor do que os tantos já experimentados nas últimas décadas Importa o fato de que através da opção metodológica que inclui o jogo decidimos acerca de como pensar e agir em determinados contextos que nos desafiam no Ensino de História Para isso o planejamento é fundamental Ele deve evidenciar as escolhas do professor p 84 Na proposição do jogo é preciso planejar forma e conteúdo destacandose estratégias de 1 criação de ambientes de estudo individuais e grupais 2 organização propositiva de ambientes interativos com previsão do exercício do escutarcompreender e do falarargumentar com desenvolvimento de lideranças e de regramentos 3 desenvolvimento dos espaços à criatividade e imaginação educação ética e estética 4 proposição de recortes temáticos e conceituais p84 Planejar é uma das tarefas do professor mas qual é o papel do educador no momento do jogo Deixar brincar claro Intervir 4 É possível encontrar o tempo dos alunos e permitirlhes gostar ou se encantar com uma aula de História p09 Como seria possível levar os alunos a se envolver com um conteúdo aparentemente tão abstrato e tão distante das realidades vividas p09 Como provocar encontros na aula de História de modo que o gosto e o envolvimento por conteúdos tão distantes no tempo e no espaço possam permitir a aprendizagem p10 A arte na aula de História seria uma espécie de arte do encontro que se apresenta como uma cisão onde não há o um do aluno identidade perfil tipo ou característica e o outro do professor definido estabelecido identificado mas uma porção de indefinição onde o encontro pode se dar sem a necessidade do horário da disciplina dos ditados ou dos exercícios Tratase de um encontro que não impõe a marca do tempo disciplinar que não define os resultados ou a produtividade esperada p0910 Uma aula de História poderia ser um nãolugar de encontros onde os pontos de repouso se constituem em breves desacelerações necessárias à criação de conceitos históricos ou à problematização de conteúdos bem como ao exercício da escrita e da leitura p10 Uma tentativa comum de resposta é oferecida sob forte influência de teorias psicológicas da aprendizagem que argumentam sobre o distanciamento temporal e por vezes espacial dos conteúdos das disciplinas de História Ou seja seria de difícil compreensão o conteúdo da história Tal distanciamento seria um fator de desânimo e desgosto pela aula de História e que o encantamento viria pela 4 MEINERZ Carla Beatriz Jogar com a História na sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet org Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 7386 potencialidade de o ensino conseguir estabelecer relações entre o conteúdo ensinado e a própria história vivida dos estudantes p10 Aprender e conhecer são elementos distintos Quando falamos em conhecimento no ensino de História estamos tratando de reconhecimentos da apreensão de elementos formais como as causas de uma revolução e a definição de um ou vários conceitos Este reconhecimento é uma etapa importante da aula de História necessário para o acúmulo de informações e de saberes para a compreensão da realidade histórica p11 aprender consiste em entrar em encontros no ponto onde as coisas ainda não aparecem como individualidades senão como um nãoestado de puro movimento de puro impulso de vida A aprendizagem se dá nessa précondição do que existe nessa préfixação no movimento que gera os pontos fixos uma vez que aí é possível encontrar o espírito em seu absoluto movimento p11 o aprender eou ensinar não são ações isoladas mas sim momentos convergentes entre si Quer dizer que o aprender não significa incorporar novos conteúdos mas estar aberto a novos encontros e se deixar provocar pelos signos emitidos pelas coisas pelas pessoas Aprender é um modo de se desprender p1112 Só se aprende o que não se sabe logo o exercício da aprendizagem é uma atitude criativa O estudo da História como um modo de propiciar aprendizagens e de provocar acontecimentos é o que pode permitir como resultado o pensar historicamente pensar historicamente não consiste simplesmente em dispor fatos numa linha de tempo Pensar historicamente é disporse em abertura é constituir uma subjetividade como abertura o que se realiza como um exercício de padecimento e amor diante de um passado sempre reconstruído é se desprender das determinações do presente num deslocamento que toma o passado como a absoluta abertura uma contínua fenda que se deixa interpretar na direção de constituição de futuros no lugar incerto do eu outro na esteira imprevisível de criação de novos modos de vida p13 Pensar historicamente é colocarse no lado do aberto quando um contato com a história é ao mesmo tempo em favor de um futuro um exercício de esquecimento p1314 Uma aula de História seria um lugar onde há indivíduos à espreita A uma espera passiva de algo sempre a acontecer A aprovação desses encontros que permitem a aprendizagem não se constitui também em algo do cotidiano são clarões que se acendem e apagam por força do contato com a passagem donde não há nenhuma parada nenhum repouso nenhuma forma Pensemos desse modo que inúmeras estratégias podem provocar aprendizagem na aula de História Mas pensemos numa em particular o jogo p14 O jogo CITAÇÃO IMPORTANTE Pensemos outra cena da sala de aula em que os alunos estão reunidos participando de um jogo de tabuleiro criado pelo professor com uma dinâmica de leitura de cartas sendo que as respostas às questões existentes nas cartas levam a uma dinâmica de dados o aluno que vencer nos dados coloca uma das suas peças no tabuleiro O jogo é sobre a centralização do poder dos reis e cada aluno representa um grupo social envolvido no processo e os alunos sabem de antemão quais poderes o rei necessita para centralizar o poder p15 Acontece que conforme o jogo se desenvolve em um dos tabuleiros os grupos com mais peças no tabuleiro são justamente os Senhores Feudais e a Igreja Os alunos que jogam com esses grupos fazem questão de chamar o professor depois de terem cercado os domínios do rei com essas peças Naquela realidade abstrata espaço do imprevisível fundada por um tabuleiro e algumas peças eles próprios fizeram História e sabem disso Percorreram a dupla função do jogo p16 1 uma luta por alguma coisa2 a representação de alguma coisa O jogo tem por natureza um ambiente instável Apud Huizinga 2000 p14 Em diversos momentos no ensino nunca possuímos a garantia plena do aprendizado isto é vencer o conteúdo através de aulas expositivas exercícios e outros métodos mais tradicionais mesmo que absolutamente importantes dentro do cotidiano do ensino não significa a formação de aprendizagens significativas p17 O jogo cria ordem e é ele próprio ordem em sentido pleno e a desobediência a essa ordem corrompe o jogo retirando completamente o sentido de sua existência p17 A ordem é garantida pelas regras que determinam aquilo que vale no mundo temporário construído pelo jogo p17 Mas as regras carregam outra dinâmica essencial à História Todo indivíduo vive cercado por um contexto histórico que o condiciona permitindo certas ações e negandolhe outras Essas são também as regras dentro de um jogo algumas jogadas são permitidas outras não No entanto tal qual no contexto histórico em alguns casos podem haver reconfigurações da mesma forma como as regras de determinados jogos podem modificarse p175 INTRODUÇÃO Aprendizagens significativas em História é tema controverso e ao mesmo tempo fundamental todos concordam que a memorização não se constitui em 5 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o caos os jogos no Ensino de História In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 aprendizagens significativas na disciplina de História embora muitos ainda consideram como importante critério na hora das avaliações p33 Reminiscências Mais do que nomes datas e acontecimentos o professor deve propiciar ao aluno a compreensão de como se estrutura uma dada situação seja ela de revolução eleição descoberta invasão guerras de variados tipos modos de viver de trabalhar a terra de estabelecer moedas e de comerciar com outras regiões etc É a partir de questões do mundo de hoje que o professor orienta seus alunos no estudo de situações do passado Isto implica o reconhecimento no mundo de hoje de situações de guerra de estabelecimento de diretrizes econômicas p 36 Os acontecimentos contemporâneos por mais que nos espantem não são uma completa novidade pois se olharmos a história da humanidade encontraremos ações ou situações com algum grau de semelhança Por outro lado também não são a repetição de atos do passado e tampouco são previsíveis p37 Adiantamos já aqui o primeiro critério para reconhecer o que estamos denominando de aprendizagens significativas em História ela serve para modificar de alguma forma impressões e opiniões que o indivíduo tem a respeito da situação presente p37 Um vício comum nas propostas de ensino que pretendem partir dos interesses dos alunos é ficarem presas a estes interesses ou considerarem estes interesses como a mais pura expressão da verdade dos alunos sem problematizálos As opiniões interesses e pontos de vista dos alunos são proposições a serem discutidas em sala de aula e refletem no mais das vezes os elementos culturais presentes no ambiente familiar na mídia e em outros grupos de convívio dos alunos p38 Estabelecendo critérios Uma determinada atividade na aula de História tem chances de oportunizar aprendizagens significativas ao aluno se nela estiver colocada uma clara preocupação em operar com conceitos e nomeações O professor precisa entender que sempre será melhor permanecer um bimestre inteiro num determinado tema do que sair correndo e tocar de forma superficial uma grande quantidade de acontecimentos históricos p39 Não existe possibilidade de aprendizagem significativa se ficamos limitados a um único livro didático mesmo que este livro seja muito bom Inevitavelmente passamos a ideia de que toda a história está contida ali p42 A diversidade precisa habitar também o terreno das atividades e este é o quinto critério que nos permite reconhecer uma aprendizagem significativa Aula de História não pode ser apenas leitura e cópia O aluno como qualquer outro ser humano não é apenas leitor e escritor mas percebe a realidade e a expressa através de numerosos outros canais Entretanto deve ficar ressaltado que a leitura de textos e documentos é a escrita de variados tipos de textos são fundamentais em nossa área p 42 Cada um de nós constrói sua identidade a partir de um intercâmbio intenso com o meio ambiente culturalmente organizado Daí extraímos dois componentes importantes de uma situação de aprendizagem significativa em História O primeiro deles é não esquecer nunca que uma das tarefas da aula de História é possibilitar que o aluno se interrogue sobre sua própria historicidade inserida aí sua estrutura familiar a sociedade ao qual pertence o país o estado etc a aprendizagem mais significativa produzida pelo ensino de História na escola fundamental é fazer com que o aluno se capacite a realizar uma reflexão de natureza histórica acerca de si e do mundo que o rodeia p43 uma proposta de trabalho que vise aprendizagens significativas precisa buscar o desenvolvimento de competências e habilidades que se manifestam na formação de um aluno que apresente domínio de leitura e da escrita capacidade de fazer cálculos e de resolver problemas capacidade de analisar sintetizar e interpretar dados fatos e situações capacidade de compreender e atuar em seu entorno social competência para receber criticamente os meios de comunicação capacidade para localizar acessar e usar melhor a informação acumulada p44 O trabalho integrado com outras disciplinas é por fim um objetivo que deve ser buscado não apenas pela História mas por todas as disciplinas O aluno precisa perceber que a História não explica tudo mas ele necessita de outras disciplinas e pode REFERÊNCIAS ANTONI Edson ZALLA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação de aprendizagens em história In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 HUIZINGA Johan Homo Ludens São Paulo Perspectiva 2000 MEINERZ Carla Beatriz Jogar com a História na sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 7386 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o Caos os jogos no Ensino de História cap 1 In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 SEFFNER Fernando Aprendizagens significativas em História critérios de construção para atividades em sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 3546 SILVA Daniel Pinha O lugar do tempo presente na aula de história limites e possibilidades Revista Tempo e Argumento Florianópolis v9 n20 p99 129 janabr 2017 janabr 2017 CAPÍTULO 1 O LUGAR DO JOGO DE TABULEIRO E CARTAS NO ENSINO DE HISTÓRIA A aula de História é assim compreendida como espaço de interação e de experimentação lugar pensado e organizado para a realização de múltiplas e diferenciadas aprendizagens em que o jogar é admitido e valorizado Carla Beatriz Meinerz1 O presente capítulo nasce do interesse pessoal em construir um material didáticopedagógico que oportunize dentro da sala de aula e no componente curricular de História o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à compreensão contextualização sistematização e reflexão sobre a presença de imigrantes muçulmanos na história recente da cidade de Joinville região norte de Santa Catarina Para tal optouse pelo desenvolvimento de um jogo de tabuleiro e cartas como ferramenta lúdica e divertida para a construção do conhecimento histórico em sala de aula mobilizando fontes históricas essenciais para a formação dos educandos e o ofício do professor de história O objetivo principal deste capítulo é apresentar e destacar a relevância da utilização de jogos didáticos 11 A Relevância do Jogo no Ensino de História Jogar na aula de História é um belo exercício amoroso pois o ato de jogar se estabelece como uma atividade que ultrapassa a simples brincadeira sendo uma prática que exige entrega completa ao movimento contínuo da ludicidade O que por sua vez promove um deslocamento que não se restringe apenas ao espaço físico da sala de aula mas também ao espaço simbólico rompendo com a ordem preestabelecida das disciplinas com as medidas rígidas do currículo tradicional com os horários fixos que delimitam o tempo escolar e com as imposições disciplinares que tantas vezes limitam a criatividade e a liberdade do educando sendo esse deslocamento fundamental para que o ensino de História se aproxime da vivência concreta dos estudantes que ao participarem ativamente do jogo experimentam a aprendizagem histórica de uma forma prática envolvente e transformadora 1 Carla Beatriz Meinerz 2018 p74 PEREIRA GIACOMONI 2018 p14152 De modo que nesse processo os conceitos históricos se gestam de forma orgânica fluindo naturalmente e passando a dar forma à vida influenciando os modos de viver e ressignificando o que antes era apenas conteúdo teórico tornando os antigos presentes em uma experiência significativa e imersiva Além disso o jogo entendido como uma prática cultural de relevância inestimável oportuniza um ambiente propício para a interação social pois cria um espaço em que os educandos podem se relacionar de maneira colaborativa desenvolvendo não apenas competências cognitivas mas também socioemocionais o que contribui diretamente para a construção da cidadania uma vez que o ambiente lúdico do jogo propicia o desenvolvimento de valores essenciais como a tolerância a cooperação e o respeito à diversidade sendo este um dos maiores desafios do ensino de História contemporâneo pois é por meio dessas interações que se desenvolve o pensamento crítico necessário para compreender e agir conscientemente no mundo BELINTANE 2024 p45 E neste sentido o jogo permite a coordenação de diferentes pontos de vista desafiando o educando a adotar novas perspectivas a questionar suas próprias crenças e a desenvolver estratégias colaborativas fundamentais para a compreensão histórica Esse exercício dialógico e reflexivo proporcionado pela dinâmica do jogo facilita a internalização de conceitos temporais e históricos essenciais pois os alunos ao serem instigados a tomar decisões e enfrentar desafios vivenciam o processo histórico de forma prática e significativa Internalizando conhecimentos de maneira muito mais eficaz do que nas práticas pedagógicas tradicionais demonstrando assim que o jogo longe de ser apenas um recurso didático complementar assume o papel central na formação crítica e cidadã dos sujeitos da educação 12 O Jogo e a Circulação de Saberes O jogo no ensino de História foi concebido de modo a proporcionar uma interação dinâmica e significativa entre os estudantes e o conhecimento histórico já produzido sobre o tema estabelecendo um ambiente em que o ato de aprender se 2 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o caos os jogos no Ensino de História In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 transforma em uma experiência social rica e envolvente onde o processo de ensino aprendizagem se torna mais fluido e interativo pois essa interação social é essencial para criar vínculos positivos e duradouros entre os sujeitos da educação Uma vez que o conhecimento histórico ao ser abordado de forma lúdica e participativa deixa de ser apenas um conteúdo estático e passa a ser um elemento vivo passível de ressignificações e novas interpretações MEINERZ 2018 p7475 Um dos aspectos que podemos ressaltar sobre os jogos em diferentes culturas e tempos é a sua relação com a construção da interação social vinculada à emoção e à subjetividade Ao valorizarmos a emoção e o encantamento como elementos importantes nas relações sociais e nos processos próprios de construção do conhecimento seja ele científico escolar ou do senso comum tendemos a incorporar o jogar em nossos modos de fazer não apenas como elemento menor ou ornamental mas como prática cultural importante para a circulação de saberes O que amplia as possibilidades de aprendizagem ao permitir que os educandos compartilhem suas próprias experiências e percepções favorecendo a construção de uma visão crítica e contextualizada da História tornando o ambiente escolar um espaço de troca contínua de saberes e vivências Além disso a emoção e o encantamento elementos fundamentais para um processo de aprendizagem significativo são intensamente potencializados pelo uso de jogos em sala de aula visto que a ludicidade presente nos jogos estabelece pontes entre as experiências sociais dos estudantes e os saberes formais necessários para a formação acadêmica e cidadã ANTONI ZALIA 2018 p113 O que evidencia que a prática pedagógica mediada pelo jogo não se restringe apenas à assimilação de conteúdos históricos mas envolve também o despertar do interesse e da curiosidade dos alunos promovendo um ambiente de aprendizado mais dinâmico prazeroso e efetivo onde a afetividade e o prazer em aprender desempenham um papel crucial na internalização do conhecimento pois ao estabelecer essas pontes O jogo tornase um recurso didático que articula a memória afetiva dos educandos com os conteúdos formais criando um espaço propício para o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais Como enfatizado por Gomes e Ulbricht 2024 os jogos de tabuleiro se destacam como ferramentas extremamente eficazes para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais visto que ao analisarem diversas pesquisas em uma revisão de literatura observaram que os jogos cumprem com excelência os objetivos pedagógicos propostos demonstrando ser instrumentos eficazes no processo de ensino aprendizagem GOMES ULBRICHT 2024 p22 Essa eficácia reside justamente na capacidade que os jogos possuem de transformar o ambiente escolar em um espaço de colaboração estratégia e tomada de decisão onde os alunos ao interagirem entre si e com o conteúdo histórico desenvolvem habilidades essenciais Como o pensamento crítico a resolução de problemas e a capacidade de trabalhar em equipe sendo que essas habilidades são fundamentais para a formação integral dos sujeitos da educação pois contribuem para a construção de cidadãos mais críticos reflexivos e preparados para atuar de forma consciente na sociedade contemporânea o que reforça ainda mais a importância do jogo como um recurso pedagógico central no ensino de História 13 Superando o Ensino Tradicional Os jogos de tabuleiro e cartas têm sido cada vez mais utilizados como estratégia inovadora e eficaz de transmissão e construção do conhecimento histórico Visto que eles se apresentam como ferramentas pedagógicas capazes de romper com as barreiras impostas pelo modelo tradicional de ensino o qual muitas vezes se caracteriza por práticas centradas na memorização de datas eventos e personagens limitando o desenvolvimento do pensamento crítico e da capacidade analítica dos estudantes Sendo que os jogos ao contrário proporcionam um ambiente de aprendizagem que privilegia a participação ativa a colaboração e o envolvimento emocional dos educandos o que torna o processo de ensino mais dinâmico envolvente e significativo SEFFNER 2018 p33 Pois ao interagirem com as dinâmicas propostas pelos jogos os alunos são instigados a assumir papéis tomar decisões e refletir sobre as consequências de suas escolhas experiências essas que os aproximam de uma compreensão mais profunda e contextualizada dos processos históricos Além disso os jogos oferecem uma oportunidade singular para a superação do ensino tradicional na medida em que eles promovem a construção de aprendizagens significativas por meio de situações de interação Em que o conhecimento histórico deixa de ser transmitido de forma unidirecional e passa a ser construído de forma colaborativa com base nas interações entre os estudantes e entre estes e o conteúdo o que favorece o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais Como a argumentação a resolução de problemas e o pensamento estratégico tornando o ambiente escolar um espaço onde o aprender e o ensinar se dão de maneira dialógica e participativa pois é justamente nessa troca de experiências opiniões e estratégias que o conhecimento se constrói de forma sólida e duradoura promovendo não apenas a assimilação do conteúdo histórico mas também a formação de cidadãos críticos autônomos e preparados para atuar de forma consciente e responsável na sociedade contemporânea GIACOMONI 2018 p01 Conforme Seffner 2018 p42 A diversidade precisa habitar também o terreno das atividades Aula de História não pode ser apenas leitura e cópia O aluno como qualquer outro ser humano não é apenas leitor e escritor mas percebe a realidade e a expressa através de numerosos outros canais Entretanto deve ficar ressaltado que a leitura de textos e documentos e a escrita de variados tipos de textos são fundamentais em nossa área Outro aspecto relevante a ser destacado é o fato de que o jogo representa um equilíbrio entre o conteúdo histórico e a diversão fator esse que facilita significativamente o envolvimento dos alunos pois ao associarem o ato de aprender a uma experiência prazerosa e lúdica os educandos se sentem mais motivados e engajados O que contribui para a criação de um ambiente escolar mais leve acolhedor e propício ao desenvolvimento da aprendizagem sendo que essa combinação entre o sério e a brincadeira entre o conhecimento formal e a ludicidade permite aos estudantes vivenciarem a História de forma prática e interativa compreendendoa não apenas como um conjunto de fatos passados Mas como um campo de saber que dialoga diretamente com suas vidas experiências e contextos o que amplia as possibilidades de aprendizagem e torna o ensino de História uma experiência verdadeiramente transformadora capaz de despertar nos educandos o interesse pela pesquisa pela investigação e pela reflexão crítica aspectos esses fundamentais para a formação integral e emancipadora do sujeito 14 Características Fundamentais do Jogo no Ensino de História Segundo Huizinga 2000 todo jogo possui tempo e espaço delimitados objetivos claros e regras que garantem a ordem e a dinâmica do processo pois essas características são fundamentais para a estruturação de qualquer atividade lúdica e educativa Uma vez que delimitam os parâmetros dentro dos quais o jogo se desenvolve e proporcionam um ambiente seguro e organizado para a exploração do conhecimento histórico HUIZINGA 2000 p114115 e é justamente essa delimitação que permite aos participantes se entregarem plenamente ao universo ficcional criado pelo jogo experienciando realidades alternativas onde conceitos históricos podem ser vivenciados explorados e compreendidos de maneira prática e significativa O que estimula não apenas o desenvolvimento de competências cognitivas mas também socioemocionais além de impulsionar a criatividade e a imaginação elementos essenciais para a formação integral dos sujeitos da educação Entre as características fundamentais do jogo destacamse alguns elementos que são indispensáveis para a sua eficácia pedagógica no ensino de História pois todo jogo possui tempo e espaço delimitados Sendo esses aspectos conhecidos previamente ou aceitos tacitamente pelos jogadores HUIZINGA 2000 p114 e essa delimitação temporal e espacial é o que confere ao jogo sua estrutura básica pois estabelece o ambiente e o período durante os quais a experiência lúdica acontecerá o que é essencial para a organização das dinâmicas educativas Além disso o espaço onde o jogo ocorre deve comportar a dinâmica específica de sua execução devendo ser adequado para o cumprimento das regras estabelecidas a resolução dos desafios propostos e o exercício dos papéis desempenhados pelos jogadores O que possibilita a interação e a organização necessárias para o pleno desenvolvimento da atividade criando um ambiente propício para o compartilhamento de experiências e saberes onde a cooperação e a socialização são incentivadas de forma natural e significativa Outro aspecto fundamental é que o jogo precisa ter objetivos claros e bem definidos pois é por meio desses objetivos que os participantes são motivados a engajarse na atividade e a buscar soluções para os desafios apresentados o que estimula o desenvolvimento de competências como a tomada de decisão O pensamento estratégico e a resolução de problemas habilidades essas que são essenciais para o processo de aprendizagem histórica pois permitem aos educandos estabelecerem conexões entre os conteúdos abordados e suas próprias experiências e realidades além disso apesar de toda a organização necessária para a execução de um jogo A imprevisibilidade nunca será abolida como um dos elementos constitutivos dessa prática pois toda ação realizada dentro do universo lúdico mesmo que orientada por um conjunto estabelecido de regras abre uma gama de possibilidades de reação e interpretação sendo necessário portanto que todos os jogadores estejam atentos e preparados para lidar com as mudanças e surpresas que surgirem a cada nova jogada o que faz com que cada partida seja uma experiência única e irrepetível HUIZINGA 2000 p115 Narrativo ou não todo jogo pode ser compreendido como uma ficção encenada em tempo real o que o torna irreproduzível em suas especificidades pois cada nova sessão de jogo implica um processo de seleção recomposição e ressignificação de elementos do cotidiano sejam eles presentes ou históricos em um ato acordado de fingir onde os participantes mesmo engajados na fabulação do universo lúdico Precisam ser capazes de reconhecer e compreender os sentidos que se encontram presentes na narrativa encenada o que exige um esforço analítico e interpretativo que se assemelha ao processo de investigação histórica Pois assim como o historiador precisa analisar documentos fontes e contextos para reconstruir o passado o jogador também precisa interpretar os elementos apresentados no jogo para tomar decisões e avançar na dinâmica proposta HUIZINGA 2000 p115 Essas características oportunizam à sala de aula uma série de aspectos que podem ser observados e trabalhados pelo professor durante o acompanhamento e avaliação do desenvolvimento das aprendizagens do estudante pois há inúmeras relações possíveis entre a estrutura de composição e reprodução dos jogos e os conteúdos procedimentais atitudinais e conceituais que a escola persegue em seu currículo formal O que torna o uso do jogo no ensino de História uma prática altamente enriquecedora e eficaz pois a organização do grupo para realizar as tarefas escolares a criação de estratégias para resolver problemas a compreensão da alteridade e a articulação dos diferentes pontos de vista Além da promoção da cooperação da solidariedade e do desenvolvimento de noções fundamentais como tempo e espaço são apenas algumas das competências que podem ser desenvolvidas e fortalecidas por meio dessa prática pedagógica destacandose portanto o jogo como uma ferramenta indispensável para a formação integral e crítica dos sujeitos da educação promovendo não apenas o aprendizado dos conteúdos históricos mas também o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida em sociedade 15 A Construção do Conhecimento Histórico Aprender História é um direito fundamental que abrange tanto o acesso ao conhecimento cultural historicamente acumulado quanto à apropriação de procedimentos necessários para agir de forma crítica e consciente em sociedade Pois a História enquanto área do conhecimento assume um papel essencial na formação de cidadãos que compreendem a dinâmica social e os processos que moldam as relações humanas ao longo do tempo SEFFNER 2018 p117 E nesse sentido os jogos desempenham um papel relevante no processo de ensino aprendizagem uma vez que permitem aos alunos explorar conceitos históricos de forma interativa Relacionando diferentes tempos e espaços e proporcionando uma experiência de aprendizagem que vai além da memorização de datas e eventos transformando o conhecimento histórico em algo vivido sentido e compreendido de maneira significativa A discussão sobre o uso do jogo no ensino de História é indissociável do debate sobre a natureza desta área do conhecimento e sua inserção na educação básica pois ao tratar do estudo da experiência humana em sua dimensão temporal A História busca estabelecer interrelações entre o passado e o presente promovendo um entendimento mais profundo sobre as transformações sociais e culturais que ocorreram e continuam a ocorrer ao longo do tempo Sendo uma das funções essenciais da escola promover o acesso a esses saberes historicamente acumulados e socialmente valorizados pois o patrimônio e o conhecimento histórico se apresentam nas sociedades contemporâneas como conteúdos indispensáveis para o pleno exercício da cidadania o que evidencia a importância da adoção de metodologias ativas e interativas como o uso de jogos no processo de ensino p1173 3 ANTONI Edson ZALIA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação de aprendizagens em História In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet org Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 Os jogos promovem a construção do conhecimento histórico ao possibilitar que os alunos experimentem de forma prática e dinâmica a manipulação qualificada do passado o que lhes permite acessar diversos bens culturais Compreender meios especializados e transitar entre diferentes estratos intelectuais políticos e sociais pois o conhecimento histórico além de representar um bem culturalmente almejado também possui um caráter cognitivo e instrumental pois desenvolve ferramentas de leitura e compreensão do mundo aplicáveis a contextos diferenciados o que faz com que aprender História se configure como um duplo direito por um lado o acesso a um conhecimento culturalmente valorizado e por outro a apropriação de procedimentos e instrumentos necessários para agir de forma crítica e consciente em sociedade Conforme discutido por Belintane 2024 os jogos incentivam o desenvolvimento de categorias temporais como a noção de sucessão simultaneidade e duração além de fomentar a tolerância e promover uma abordagem reflexiva e cooperativa no ensino de História pois ao interagirem com os elementos presentes no jogo Os alunos são levados a estabelecer relações entre diferentes épocas e contextos identificando mudanças e permanências nas vivências humanas e desenvolvendo uma visão crítica sobre as dinâmicas sociais políticas e culturais que influenciam a formação das sociedades contemporâneas BELINTANE 2024 p49 O que potencializa a compreensão histórica ao permitir que os educandos reflitam sobre as semelhanças e diferenças entre o passado e o presente bem como sobre os desafios e possibilidades que se apresentam para o futuro A construção do conhecimento histórico por meio dos jogos também está relacionada ao desenvolvimento de competências e habilidades específicas sendo que uma das manifestações dessa abordagem na legislação educacional instrui que ao estudar a disciplina de História Os alunos deverão ser capazes de conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais em diversos tempos e espaços reconhecendo mudanças e permanências em suas vivências e valorizando o patrimônio sociocultural e a diversidade Reconhecendoa como um direito dos povos e indivíduos e como elemento fundamental para o fortalecimento da democracia pois essas competências são essenciais para a formação de cidadãos críticos reflexivos e comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e democrática Para potencializar o aproveitamento do jogo em termos de construção do conhecimento histórico é essencial que o professor ao planejar e implementar essa metodologia Selecione cuidadosamente os tópicos de estudo e os conteúdos conceituais que serão abordados pois essa seleção permitirá maior domínio do processo de construção do jogo e possibilitará uma reflexão cuidadosa sobre seu uso Além de uma avaliação adequada dos objetivos pedagógicos alcançados o que faz do jogo não apenas um recurso didático complementar Mas uma ferramenta central e indispensável no processo de ensino de História pois ao promover um ambiente de aprendizagem colaborativo reflexivo e interativo o jogo contribui de forma significativa para a formação integral dos sujeitos da educação fortalecendo a capacidade de análise crítica e a compreensão das complexidades que permeiam a construção histórica das sociedades 16 Planejamento e Implementação de Jogos Didáticos O planejamento cuidadoso do uso de jogos em sala de aula é essencial e inegociável pois representa o alicerce sobre o qual todo o processo de ensino aprendizagem se estrutura e se desenvolve de forma significativa A construção de um ambiente de aprendizagem que favoreça o uso de jogos didáticos requer que o professor compreenda profundamente o contexto educacional em que está inserido identificando os conteúdos relevantes os interesses dos estudantes os recursos disponíveis e sobretudo as competências e habilidades que se pretende desenvolver Essa análise inicial é fundamental pois ao selecionar conteúdos relevantes e definir as competências a serem trabalhadas o professor poderá planejar atividades que verdadeiramente dialoguem com a realidade dos estudantes permitindo que o jogo se torne não apenas um recurso complementar mas parte integrante e estratégica do processo de ensino Conforme Meinerz 2018 p74 o professor deve adaptar o jogo às necessidades específicas da turma considerando os diferentes perfis ritmos e estilos de aprendizagem pois cada detalhe desse planejamento tem o potencial de transformar uma atividade lúdica em uma poderosa ferramenta pedagógica que estimula o pensamento crítico a cooperação e o engajamento dos educandos É fundamental destacar que o jogo deve ser tratado como parte essencial do processo de ensino e não como uma atividade isolada ou meramente recreativa Belintane 2024 p53 ressalta que o jogo deve promover a coordenação de ações interindividuais e a reflexão crítica pois ao interagirem em um ambiente lúdico os alunos são incentivados a pensar de forma colaborativa e a desenvolver estratégias que considerem diferentes pontos de vista Assim o jogo se torna um espaço de construção coletiva do conhecimento em que as relações sociais e as experiências individuais se entrelaçam para promover um aprendizado mais profundo e significativo Nesse contexto surge uma reflexão essencial o que pode ser jogar com a História em sala de aula Essa pergunta nos conduz a uma compreensão do ato de jogar em seu duplo sentido de um lado o jogo enquanto prática experimental e concreta da ludicidade em que os estudantes vivenciam conceitos históricos em um ambiente seguro e acolhedor de outro o jogo em sua face metafórica como relação epistemológica com o pensar científico onde o ato de jogar se transforma em uma prática investigativa que instiga os alunos a questionarem analisarem e ressignificarem o conhecimento histórico estabelecendo vínculos entre o passado e o presente p73 Compreendemos o jogo como uma prática cultural que pressupõe a interação social e o compartilhamento de saberes e fazeres diversos criando um ambiente de aprendizagem onde o conhecimento circula e se constrói coletivamente Ao experimentarmos o jogo como prática potencializadora dos processos de ensino e aprendizagem do conhecimento histórico reconhecemos que o encantamento e a estética devem compor o universo de proposição do professor pois a ciência assim como a vida em sociedade é constantemente tensionada a construir novas práticas culturais que interagem de forma dialógica com o senso comum p76 Nesse processo o professor precisa desenvolver a habilidade de construir jogos que promovam práticas de diálogo intelectual e afetivo adaptando criando e recortando tanto as formas de jogar quanto os conteúdos abordados Essa capacidade de adaptação e criatividade é fundamental pois permite ao professor explorar as múltiplas possibilidades pedagógicas que o jogo oferece ampliando as oportunidades de aprendizagem e promovendo a construção de aprendizagens significativas e duradouras Além disso ao planejar e implementar jogos didáticos o professor deve considerar estratégias que contemplem a criação de ambientes de estudo individuais e grupais a organização propositiva de ambientes interativos com previsão do exercício do escutar compreender e argumentar o desenvolvimento de espaços que estimulem a criatividade a imaginação a ética e a estética e a proposição de recortes temáticos e conceituais p84 Esses elementos são essenciais para que o jogo cumpra sua função educativa de forma plena promovendo a construção de um ambiente de aprendizagem colaborativo reflexivo e transformador É importante salientar que o planejamento do uso de jogos em sala de aula deve evidenciar as escolhas do professor que ao decidir incorporar o lúdico em suas práticas pedagógicas assume o compromisso de construir propostas didáticas que dialoguem com as necessidades e interesses dos estudantes promovendo encontros significativos entre o conteúdo histórico e a vivência dos educandos O papel do educador no momento do jogo também merece destaque pois o professor deve atuar como mediador do processo de aprendizagem intervindo de forma estratégica quando necessário mas sobretudo permitindo que os alunos explorem livremente as possibilidades oferecidas pelo jogo É nesse espaço de liberdade e experimentação que o aprendizado se concretiza de forma significativa permitindo aos estudantes desenvolver habilidades fundamentais para a vida em sociedade como a tomada de decisão a resolução de problemas a cooperação e o pensamento crítico O jogo ao propiciar um ambiente instável e imprevisível onde cada ação abre uma gama de possibilidades de reação e interpretação desafia os alunos a lidarem com a incerteza e a tomarem decisões em tempo real habilidades essas que são essenciais para a formação de cidadãos críticos e autônomos Huizinga 2000 p114115 Em suma o planejamento e a implementação de jogos didáticos no ensino de História requerem uma abordagem cuidadosa e intencional que valorize o potencial do lúdico como elemento educativo promova a construção de ambientes de aprendizagem interativos e colaborativos e incentive a formação de sujeitos críticos reflexivos e comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e democrática É nesse processo de planejamento e execução que o jogo se revela como uma ferramenta pedagógica indispensável capaz de transformar o ensino de História em uma experiência verdadeiramente significativa e transformadora para os estudantes proporcionandolhes não apenas o aprendizado dos conteúdos históricos mas também o desenvolvimento de competências essenciais para a vida em sociedade como o pensamento crítico a empatia a cooperação e a capacidade de atuar de forma consciente e responsável no mundo em que vivem CONCLUSÃO Ao longo deste capítulo foi possível perceber que o uso de jogos de tabuleiro e cartas no ensino de História representa uma abordagem pedagógica inovadora e transformadora que transcende a simples transmissão de conteúdos e promove uma aprendizagem significativa e engajadora A aula de História compreendida como um espaço de interação e experimentação tornase um ambiente dinâmico e estimulante quando o lúdico é incorporado como estratégia didática O jogo nesse contexto não apenas diverte mas também educa pois possibilita o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais tais como o pensamento crítico a empatia a cooperação e a capacidade de tomada de decisão habilidades estas que são indispensáveis para a formação de cidadãos conscientes e atuantes na sociedade contemporânea A relevância do jogo no ensino de História foi amplamente discutida destacandose sua capacidade de promover o deslocamento do espaço disciplinar tradicional abrindo caminho para novas formas de aprendizagem que valorizam a experiência o encantamento e a emoção O jogo enquanto prática cultural e ferramenta pedagógica cria um ambiente em que conceitos históricos se gestam e passam a dar forma à vida e aos modos de viver Essa prática favorece a circulação de saberes e estabelece pontes entre a experiência socialmente adquirida e os saberes formais possibilitando aos educandos compreenderem e contextualizarem o conhecimento histórico de maneira significativa Além disso o jogo desempenha um papel fundamental na construção do conhecimento histórico ao permitir que os estudantes explorem e internalizem conceitos temporais e históricos essenciais Por meio da interação social proporcionada pelo jogo os educandos vivenciam experiências que os ajudam a reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas a respeitar a diversidade sociocultural e a valorizar o patrimônio histórico Dessa forma o jogo se configura como um recurso didático que não apenas enriquece o ensino de História mas também contribui para o desenvolvimento de uma consciência crítica e reflexiva indispensável para o pleno exercício da cidadania A implementação eficaz dos jogos didáticos em sala de aula como discutido neste capítulo requer um planejamento cuidadoso e intencional por parte do professor É imprescindível que o docente selecione conteúdos relevantes defina as competências a serem desenvolvidas e adapte o jogo às necessidades da turma promovendo um ambiente de aprendizagem colaborativo e reflexivo O papel do professor como mediador é essencial para garantir que o jogo cumpra sua função educativa proporcionando aos estudantes um espaço de liberdade e experimentação onde o aprendizado se concretiza de forma significativa Em conclusão a utilização de jogos de tabuleiro e cartas no ensino de História não deve ser vista como uma solução mágica para os desafios educacionais mas sim como uma ferramenta poderosa que quando integrada de forma planejada e estratégica tem o potencial de transformar a prática pedagógica tornando a aprendizagem mais envolvente significativa e prazerosa O jogo ao articular o conhecimento histórico com elementos lúdicos contribui para o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida em sociedade promovendo uma educação mais ativa reflexiva e humanizadora Assim o capítulo 1 estabelece as bases para compreendermos que o ensino de História enriquecido pela ludicidade pode ser um processo fascinante e transformador capaz de despertar nos educandos o desejo de aprender de refletir criticamente sobre o mundo e de atuar de forma responsável e ética em sua construção REFERÊNCIAS ANTONI Edson ZALLA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação de aprendizagens em história In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 BELINTANE Maria A O Jogo como um instrumento de trabalho no ensino de História Educação Unisinos v28 2024 GOMES Bianca Antonio ULBRICHT Vania Ribas Os jogos de tabuleiro e seu uso na educação uma revisão integrativa de literatura Educação Unisinos v28 2024 HUIZINGA Johan Homo Ludens São Paulo Perspectiva 2000 MEINERZ Carla Beatriz Jogar com a História na sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 7386 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o Caos os jogos no Ensino de História In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 SEFFNER Fernando Aprendizagens significativas em História critérios de construção para atividades em sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 3546 SILVA Daniel Pinha O lugar do tempo presente na aula de história limites e possibilidades Revista Tempo e Argumento Florianópolis v9 n20 p99 129 janabr 2017 janabr 2017 INTRODUÇÃO O presente trabalho intitulado Trilhando a História de Joinville em Jogo Didático Imigração e Presença de Muçulmanos no Tempo Presente 20172024 tem como objetivo central historicizar a presença de imigrantes muçulmanos que residem no município de Joinville localizado no norte do estado de Santa Catarina Essa abordagem propõe compreender as trajetórias de vida desses imigrantes suas identidades culturais religiosas e econômicas além de investigar os fatores internos e externos que motivaram sua vinda a esta região A análise será realizada por meio de leitura historiográfica análise documental e principalmente pela metodologia da História Oral permitindo assim que as vozes desses indivíduos sejam registradas e analisadas sob a perspectiva da memória e da identidade Joinville tradicionalmente reconhecida por sua herança cultural de predominância germânica tornouse nas últimas décadas um espaço de acolhimento para diversas comunidades imigrantes Entre elas destacamse grupos de origem muçulmana provenientes de países como Senegal Moçambique Marrocos Paquistão e Síria que encontram no Centro Islâmico de Joinville um local de convivência religiosa e cultural A partir dessa constatação este estudo propõe investigar como essas comunidades se inserem no contexto sociocultural local contribuindo para a formação da identidade joinvilense contemporânea A pesquisa buscará respostas para questões relacionadas à origem ao trabalho ao processo de acolhimento e à intolerância religiosa enfrentada por esses grupos Além da abordagem histórica e cultural o trabalho também se propõe a desenvolver um material didáticopedagógico inovador um jogo analógico em formato de tabuleiro e cartas elaborado na plataforma Canva Este recurso tem como finalidade abordar de maneira lúdica e interativa a temática da imigração muçulmana em Joinville no ambiente escolar O jogo didático servirá como uma ferramenta educacional que visa proporcionar aos estudantes um aprendizado envolvente promovendo a valorização da diversidade cultural e fomentando discussões sobre interculturalidade no contexto do ensino de história Ao explorar narrativas de vida e questões relacionadas à tolerância religiosa e étnica o jogo proporcionará um ambiente de aprendizagem dinâmica e reflexiva conectando as gerações mais jovens às complexidades históricas e culturais da cidade O presente projeto de caráter qualitativo alinhase à linha de pesquisa em Linguagens e Narrativas Históricas Produção e Difusão do Mestrado Profissional em Ensino de História da Universidade Federal do Paraná UFPR sob orientação do Prof Dr Clóvis Mendes Gruner Essa linha de pesquisa visa produzir materiais destinados ao uso educativo e considera as possibilidades de difusão científica da História Assim esperase que o produto final deste estudo o jogo didático contribua não apenas para a historiografia local mas também para o ensino público de Joinville servindo como um recurso pedagógico acessível para professores e estudantes interessados em compreender a diversidade cultural e religiosa presente na cidade

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Texto de pré-visualização

VITOR MARILONE CIDRAL DA COSTA DO AMARAL TRILHANDO A HISTÓRIA DE JOINVILLE EM JOGO DIDÁTICO IMIGRAÇÃO E PRESENÇA DE MUÇULMANOS NO TEMPO PRESENTE 20172024 Projeto apresentado ao Curso de Mestrado Profissional em Ensino de História PROFHistória da Universidade Federal do Paraná Orientador Prof Dr Clóvis Mendes Gruner CURITIBA 2024 TRILHANDO A HISTÓRIA DE JOINVILLE EM JOGO DIDÁTICO IMIGRAÇÃO E PRESENÇA DE MUÇULMANOS NO TEMPO PRESENTE 20172024 Vitor Marilone Cidral da Costa do Amaral1 Clóvis Mendes Gruner2 RESUMO O presente trabalho de pesquisa desenvolvido no âmbito do Mestrado Profissional em Ensino de História da UFPR visa historicizar por meio da leitura historiográfica da análise documental e da metodologia da História Oral a presença de imigrantes muçulmanos no tempo presente e que residem no município de Joinville norte de Santa Catarina Para tanto este estudo se propõe em explorar as histórias de vida dos imigrantes que frequentam o Centro Islâmico de Joinville a partir da noção da identidade e da memória destacando suas contribuições para a cultura local a religião a economia além de responder algumas questões como origem trabalho acolhimento e intolerância religiosa Além disso com as informações obtidas pela pesquisa pretendese criar um jogo analógico na plataforma Canva no formato de tabuleiro e cartas para ser utilizado nas aulas de história como um material didático pedagógico para abordar a temática O jogo didático proposto neste trabalho serve como uma ferramenta educacional inovadora permitindo aos educandos aprender de forma envolvente e enfatizando a importância da diversidade cultural na formação da identidade da cidade A pesquisa aborda a relevância do jogo didático como estratégia pedagógica conectando as gerações mais jovens à história e cultura regionais enquanto promove discussões dentro da aula sobre interculturalidade O trabalho é orientado pelo prof Dr Clóvis Gruner na linha de pesquisa em Linguagens e Narrativas Históricas produção e difusão O objetivo da linha de pesquisa é produzir materiais destinados ao uso educativo considerando também as possibilidades de difusão científica da História Palavraschave muçulmanos imigração Joinville ensino de história 1 Estudante do Mestrado Profissional em Ensino de História pela Universidade Federal do Paraná UFPR Licenciado em História pela Universidade da Região de Joinville Univille 2018 2 Professor do Programa de PósGraduação em História e do Mestrado Profissional em Ensino de História pela Universidade Federal do Paraná Doutor em História pela Universidade Federal do Paraná UFPR 2012 SUMÁRIO 2 REFERENCIAL TEÓRICO8 3 METODOLOGIA12 4 CRONOGRAMA17 REFERÊNCIAS18 ALBERTI Verena Fontes Orais histórias dentro da história In PINSKY Carla Bassanezi org Fontes históricas 2 ed São Paulo Contexto 2008 p 15520218 AMARAL Vitor Marilone Cidral da Costa do Direitos Humanos nas aulas de ensino religioso relatos de uma experiência pedagógica In CECCHETTI Elcio SIMONI Josiane Crusaro Org Ensino religioso não confessional múltiplos olhares 1edSão Leopoldo Oikos Editora 2019 p 14215018 KOEHLER Lucas Fé e imigração muçulmanos celebram o Ramadã no Centro Islâmico de Joinville O município Joinville Publicado em 03 mai 2021 Disponível em httpsomunicipiojoinvillecomfe eimigracaomuculmanoscelebramoramadanocentroislamicodejoinville Acesso em 02 ago 202319 1 INTRODUÇÃO Trilhando a história de Joinville em jogo didático imigração e presença de muçulmanos no tempo presente 20172024 busca historicizar a presença de imigrantes muçulmanos que residem no município de Joinville em Santa Catarina identificando suas origens e identidades nacionais suas histórias de vida sua cultura e informações que permitam entender as causas internas e externas de encontrarem neste canto do mundo um lugar para viver Além disso este trabalho têm como objetivos enfatizar a importância cultural religiosa e econômica de africanos e asiáticos muçulmanos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville considerando a importância dela na formação da identidade da cidade na atualidade Conforme informações publicadas em um jornal local por meio eletrônico o local reúne pessoas vindas de países como Senegal Moçambique Marrocos Paquistão e Síria Para levantar informações sobre os membros da mesquita pretendese aplicar um questionário online e utilizar a metodologia da história oral Com as informações coletadas durante a pesquisa pretendese criar um jogo analógico de tabuleiro e cartas na plataforma Canva com o intuito de abordar a temática na sala de aula de forma lúdica contribuindo para um ensino mais dinâmico e que ao mesmo tempo permita problematizar na aula de história o tempo presente partindo das experiências dos imigrantes muçulmanos que residem na cidade de Joinville por meio de suas histórias de vida A pesquisa aborda a relevância do jogo didático como estratégia pedagógica conectando as gerações mais jovens à história e a cultura regional enquanto promove a tolerância intercultural e a problematizar a trajetória de vida de imigrantes muçulmanos em uma cidade que enaltece uma cultura dominantemente germânica O presente projeto tem um caráter qualitativo e esperase a partir dos resultados com a pesquisa contribuir com a historiografia local com o programa do Mestrado Profissional em Ensino de História e com a educação pública de Joinville a partir de um material didático neste caso o jogo de tabuleiro e cartas que deverá estar disponível online para professores e professoras utilizarem em suas aulas O trabalho é orientado pelo prof Dr Clóvis Gruner na linha de pesquisa em Linguagens e Narrativas Históricas produção e difusão O objetivo da linha de pesquisa é produzir materiais destinados ao uso educativo considerando também as possibilidades de difusão científica da História 11 PROBLEMA De que forma as discussões realizadas a partir da pesquisa histórica devem contribuir para entender o que significa ser um imigrante mçulmano em Joinville no tempo presente 12 OBJETIVOS 121 Objetivo geral Discutir o papel do tempo presente no ensino da história e trazer reflexões sobre a memória e a identidade contidas nas histórias de vidas de imigrantes muçulmanos em Joinville 122 Objetivos específicos Problematizar o preconceito e a intolerância religiosa e étnica na cidade de Joinville a partir dos relatos dos membros do Centro Islâmico de Joinville e da análise de documentos Valorizar e entender a presença do islamismo na cidade de Joinville Desenvolver e construir um jogo didáticopedagógico sobre a história da cidade de Joinville e que abarque a presença de imigrantes muçulmanos no formato de tabuleiro e cartas Contribuir com o ensino de história por meio da elaboração de um material didático 13 JUSTIFICATIVA O presente trabalho busca contribuir com o Mestrado Profissional em Ensino de História com o ensino de história na cidade de Joinville e com a pesquisa histórica por meio da metodologia da história oral sobre o fenômeno da imigração de estrangeiros muçulmanos em Joinville no tempo presente Para tanto algumas perguntas são necessárias para nortear este trabalho tais como Quais contribuições a pesquisa histórica pode trazer para entender as experiências dos estrangeiros muçulmanos na cidade e entender esse fenômeno do ponto de vista cultural político e econômico O Centro islâmico abriga adeptos de várias correntes do islamismo ou de uma corrente mais específica como xiita e sunita Sobre o islamismo em Joinville existem tensões Quantas famílias de muçulmanos estrangeiro vivem na cidade De que forma a construção de um jogo didáticopedagógico no formato de tabuleiro e cartas construído por meio da pesquisa e da coleta de dados sobre imigrantes estrangeiros muçulmanos em Joinville poderá contribuir com o ensino da história da cidade no tempo presente Para responder a essas perguntas e outras que possam aparecer durante a pesquisa esse projeto se fundamenta em fontes de natureza diversa como as documentais como artigos de jornais e entrevistas e que devem auxiliar na interpretação das fontes orais a partir das histórias de vida da memória e da identidade Sobre o recorte temporal deste trabalho isso se dá pelo fato de que a primeira mesquita criada na cidade por exemplo só foi inaugurada oficialmente no ano de 2017 e desde aquele ano recebeu membros de diferentes partes do continente africano e asiático tendo como líder o Sheik Abubacar Juma natural de Moçambique Conforme um artigo publicado no jornal eletrônico O Município Joinville no ano de 2021 O Centro Islâmico da cidade é local de encontro de pessoas nascidas em Senegal Guiné Moçambique Tunísia Marrocos Egito e Benin Além de países asiáticos como Índia Paquistão Síria e até meses atrás da Jordânia KOEHLER 2021 Como não existem publicações e pesquisas especificamente sobre os muçulmanos no município o trabalho terá uma importância tanto do ponto de vista científico coletar informações sobre os imigrantes muçulmanos na cidade como do ponto de vista didático pedagógico visto que como produto final do Mestrado Profissional em Ensino de História será criar um jogo de tabuleiros e cartas com as informações levantadas e que serão compartilhadas no ensino público como material didático para o processo de ensino aprendizagem Além disso o objetivo de trabalhar com a temática vai além de entender a origem nacional dos imigrantes que residem na cidade e as causas externas que os trouxeram até aqui É também abordar e entender as tensões que enfrentam no município os discursos de ódio e de intolerância religiosa que muitos muçulmanos sofrem ou sofreram em Joinville seja pela religião seja pela origem nacional ou identidade étnica Em 2018 através de um trabalho didáticopedagógico realizado com turmas do nono ano do fundamental anos finais na disciplina de ensino religioso e que envolvia o uso e a interpretação de fontes de natureza diversa alguns estudantes tiveram por exemplo que analisar e debater sobre um caso de violência contra integrantes do Centro Islâmico de Joinville e que havia sido publicado em um artigo de jornal O artigo continha o depoimento de uma mulher joinvilense que ao casar com um imigrante muçulmano e a partir disso usar o véu sofreu preconceito nas ruas da cidade sendo ela chamada de mulherbomba AMARAL 2019 MORRIESEN 2017 Na época o candidato à presidência da República Jair Bolsonaro apresentou discursos de ódio de toda natureza contra imigrantes seguindo uma estratégia política que Donald Trump tinha com muçulmanos e latinoamericanos As falas do então candidato aqui no Brasil gerou ecos e podiam então ser percebidos com atitudes de intolerância contra os muçulmanos presentes na cidade A partir da experiência citada acima durante a trajetória no primeiro semestre do Mestrado profissional em Ensino de História surgiu a ideia de dar continuidade ao tema Para tanto tornouse necessário esmiuçarse no campo da história e da historiografia e em referências no campo teóricometodológico sobre a importância de discutir o papel do tempo presente no ensino da história e trazer reflexões sobre a memória e a identidade contidas nas histórias de vidas 2 REFERENCIAL TEÓRICO A presente seção apresenta a revisão da literatura deste trabalho destacando o papel dos jogos para um ensino da história mais dinâmico e divertido e ao mesmo tempo aborda a presença dos imigrantes muçulmanos que residem em Joinville por meio das fontes documentais como os jornais 21 JOGOS DE TABULEIROS E CARTAS E O ENSINO DE HISTÓRIA Gostaria de começar este texto com algumas perguntas É possível ensinar e aprender história jogando Como fazêlo Como seria possível desenvolver habilidades e competências de ensinoaprendizagem a partir dos jogos É possível fazer com que os educandos se envolvam com temas históricos que aparentemente sejam tão abstratos e longe de suas realidades por meio de um jogo Como desenvolver e construir um jogo didáticopedagógico sobre a presença de muçulmanos na cidade de Joinville no tempo presente no formato de tabuleiro e cartas Essas perguntas são essenciais para o direcionamento desta pesquisa Para respondê las será realizada a leitura bibliográfica de autores que problematizam os jogos no ensino de história a partir de exemplos concretos e também os jogos como um aspecto da cultura humana Neste campo destacamse autores como Johan Huizinga Homo Ludens o jogo como elemento da cultura 2000 Marcello Paniz Giacomoni Nilton Mullet Pereira org Jogos e ensino de história 2018 e Mariana F da C Thompson Flores org Cartas tabuleiros e cartelas os jogos no ensino e aprendizagem de história 2019 e Carla Beatriz Meinerz Jogar com a História na sala de aula 2018 Para começar a responder as perguntas acima é importante definir o que é um jogo O jogo pode ser entendido como uma prática cultural presente em todas as sociedades humanas ao longo do tempo Para Huizinga 2000 o jogo é um fenômeno cultural realizado por prazer De acordo com Carla Beatriz Meinerz 2018 p73 sobre os jogos no ensino compreendemos o jogo como prática cultural que pressupõe a interação social e exploramos essa temática a partir do reconhecimento do potencial presente na apropriação do lúdico em experimentações pedagógicas Em outras palavras jogar e brincar ou seja usar o lúdico para ensinar e aprender história também é importante e contribui para o desenvolvimento de aulas mais significativas Sobre ensinar e aprender história a partir dos jogos Nilton Mullet Pereira e Marcello Paniz Giacomoni 2018 deixam importantes reflexões Para os autores aprender eou ensinar não são ações isoladas mas sim momentos convergentes entre si Quer dizer que o aprender não significa incorporar novos conteúdos mas estar aberto a novos encontros PEREIRA GIACOMINI 2018 p 11 A aula de História é compreendida como espaço de interação e de experimentação lugar pensado e organizado para a realização de múltiplas e diferenciadas aprendizagens em que o jogar é admitido e valorizado MEINERZ 2018 p 74 No que diz respeito às aprendizagens significativas em história este trabalho se pauta no trabalho de Fernando Seffner 2018 p 35 que afirma que a diversidade precisa habitar também o terreno das atividades de um professor de história pois não existe possibilidade de aprendizagens significativas se o professor ficar limitado ao livro didático ainda que o livro seja bom SEFFNER 2018 O aluno como qualquer outro ser humano não é apenas leitor e escritor mas percebe a realidade e a expressa através de numerosos outros canais SEFFNER 2018 p 42 o jogo é feito para brincar e brincando também se aprende Ainda que seja difícil prever todos os resultados de um jogo sua prática implica ganhos cognitivos que podem se relacionar às aprendizagens escolares ANTONI ZALLA 2018 p114 Em relação ao tempo presente no ensino de história o historiador Daniel Pinha 2017 coloca que é uma ferramenta importante para a compreensão da história uma vez que permite ao estudante relacionar os fatos históricos com sua própria realidade e contexto social No entanto o autor destaca que é preciso ter cuidado para não reduzir a história a uma mera justificativa para o presente ignorando a complexidade dos processos históricos 22 IMIGRANTES MUÇULMANOS EM JOINVILLE E EM SANTA CATARINA Quem são os muçulmanos que vivem em Joinville O que é ser um muçulmano Para responder tais perguntas começo o texto trazendo uma passagem da obra escrita por Alberto Jorge Simões Mansur e intitulada árabes das origens à expansão Para o autor o muçulmano é o crente do islamismo A palavra vem do árabe muslim e significa o resignado MANSUR 2002 p 20 Nesse sentido e na perspectiva deste trabalho os muçulmanos são todos aqueles e aquelas pessoas que seguem a religião islâmica sejam seus praticantes estrangeiros ou não Conforme mencionado anteriormente têmse no Centro Islâmico de Joinville praticantes do islamismo pessoas que são naturais de Joinville e até mesmo de países africanos e asiáticos Referente ao islamismo religião praticada pelos muçulmanos O termo vem da palavra islam que significa a submissão à vontade de Deus Tratase de uma religião com forte influência do monoteísmo judaíco e cristão Para os muçulmanos o islamismo é professado como verdade MANSUR 2022 p19 Conforme Gabriel Mathias Soares 2012 p 49 em sua dissertação do mestrado e intitulado Trajetórias migratórias e construções identitárias de palestinos em Santa Catarina traz uma passagem da entrevista de um imigrante palestino em que afirma que na cidade de Joinville veio apenas um palestino para viver De acordo com o mesmo autor isto se deve em parte à própria complexidade do tema da identidade palestina além das poucas famílias vivendo no estado SOARES 2011 p01 Em um artigo publicado no ano de 2021 em um jornal local por meio digital e intitulado Fé e imigração muçulmanos celebram o Ramadã no Centro Islâmico de Joinville o autor aborda algumas questões pertinentes sobre os imigrantes muçulmanos na cidade que é justamente sobre o preconceito Em uma entrevista realizada com o líder da mesquita o sheikh conta que já ministrou cursos em que era o único negro estrangeiro e muçulmano na sala O preconceito é uma realidade ser islâmico no Brasil aumenta a possibilidade de sofrer isso KOEHLER 2021 Ainda conforme o líder da mesquita destaca que os islâmicos não estão ou não são apenas da Arábia Saudita Essa fala é importante pois nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe KOEHLER 2021 O líder ainda se queixa da descriminação racial pelo fato de serem imigrantes e negros e que são todos colocados como haitianos Ele pontua que nem todo negro é da África assim como o Haiti não fica no continente africano KOEHLER 2021 Esse tipo de visão distorcida sobre os muçulmanos e sobre as pessoas que vivem no Oriente Médio além de preconceituoso é resultado da falta de informação e do medo decorrente muitas vezes de opiniões políticas e dos efeitos da própria globalização e até mesmo resultados de fake news na internet induzindo a população ao erro Importante salientar que na época o expresidente da República Jair Bolsonaro realizou falas que contribuíram com o medo e o preconceito em relação aos imigrantes em especial os muçulmanos do Oriente Médio e venezuelanos Ao invés de soluções Bolsonaro optou por encontrar os culpados pela crise econômica e a falta de emprego no Brasil culpando os imigrantes Conforme Mendes e Menezes 2019 p303 Uma guinada regressiva na política do Estado brasileiro para as migrações marca o início do mandato presidencial de Jair Messias Bolsonaro Conforme os autores ainda em 2015 quando era deputado federal Bolsonaro qualificou os migrantes e refugiados que chegam no Brasil como ameaça e escória do mundo MENDES MENEZES 2019 p303 Para entender as questões mencionadas acima esse trabalho traz algumas reflexões do sociólogo Zygmunt Bauman e das ciências sociais em relação aos discursos de ódio por políticos que querem fechar suas fronteiras com muros e que resultam no preconceito no medo e na insegurança que a população tem com os imigrantes e refugiados estrangeiros Ainda que as reflexões de Bauman estejam preocupadas em entender este fenômeno da anti imigração no contexto da Europa podese fazer uma relação com o contexto brasileiro visto que na época Jair Bolsonaro se apropriou de discursos parecidos com a de governos da extrema direita na Europa como a do primeiroministro Viktor Orbán da Hungria e conhecido por promover políticas antiimigração ROTHIER MAZUI 2022 Para Bauman Não se pode deixar de notar que o súbito e copioso aparecimento de estranhos em nossas ruas não foi causado por nós nem está sob o nosso controle Ninguém nos consultou ninguém pediu nossa anuência Não admira que as sucessivas ondas de novos imigrantes sejam percebidas como ressentimento como recordando Bertolt Brecht precursores de más noticias Eles são personificações do colapso da ordem o que quer que consideremos a ordem um estado de coisas em que as relações entre causas e efeitos são estáveis e portanto compreensíveis e previsíveis permitindo aos que fazem parte dela saber como proceder de uma ordem que perdeu sua força impositiva BAUMAN 2017 sp Em outras palavras podese afirmar que os imigrantes muçulmanos que residem em Joinville são duplamente vítimas seja por problemas políticos e religiosos em seus países de origem e inerentes às suas vidas interesses políticos econômicos e ou sociais E embora tenham deixado seus países de origem em busca de uma vida melhor neste novo mundo continuam a sofrer pela fala de políticos que buscam culpabilizálos Em relação ao papel da memória e da identidade presentes nas histórias de vida e que será importante para entender o papel da metodologia da história oral neste trabalho será usado como referencial os textos do Michael Pollak Memória e Identidade Social 1992 e Memória Esquecimento Silêncio 1989 Para o autor é possível interpretar a história oral a partir da noção da memória e que esta se constitui individual e coletivo por acontecimentos personagens e lugares Para o autor a Memória não é algo estático mas sofre interferências externas e conjunturais Em síntese as narrativas orais que são usadas como fontes nas pesquisas históricas e no ensino da história estão sujeitas a questionamentos e seus usos podem problematizar questões relativas ao tempo presente principalmente no ensino de história como a presença de imigrantes muçulmanos na cidade de Joinville 3 METODOLOGIA A metodologia é a parte do projeto que engloba e descreve todos os procedimentos os métodos as técnicas os materiais a definição da amostrauniverso e a forma de organização e análise dos dados que serão empregados no decorrer da pesquisa MACHADO et al 2022 p 112 Com a pesquisa buscase a partir dela explicar e entender a importância dos jogos de tabuleiros e cartas no ensino da história e ao mesmo tempo historicizar a presença de imigrantes muçulmanos na cidade de Joinville e que frequentam o Centro Islâmico da cidade Para tanto serão adotados diferentes procedimentos como a pesquisa bibliográfica a aplicação de um questionário a realização de entrevistas por meio da metodologia da história oral e a análise de documentos 31 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA A pesquisa e a revisão bibliográfica é uma etapa bastante importante para o andamento da pesquisa A pesquisa bibliográfica é o levantamento ou revisão de obras publicadas sobre a teoria que irá direcionar o trabalho científico o que necessita uma dedicação estudo e análise pelo pesquisador que irá executar o trabalho científico SOUSA OLIVEIRA ALVES 2021 p 66 De modo geral a pesquisa bibliográfica deverá auxiliar no processo de escrita da dissertação devendo contribuir por exemplo na fundamentação teóricametodológica sobre os jogos no ensino da história o tempo presente e a entender o papel da memória e da identidade contidas nas histórias de vida 32 QUESTIONÁRIO No primeiro semestre do ano de dois mil e vinte e quatro 2024 será aplicado um questionário para os imigrantes muçulmanos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville responder O objetivo é coletar informações qualitativas e quantitativas referente à origem a identidade a religião o trabalho entre outros O questionário é um procedimento de coleta de dados comumente utilizado em pesquisas na área das ciências humanas e sociais constituindose por uma série ordenada de perguntas e que devem ser respondidas pelos participantes da pesquisa RAMOS et al 2019 A elaboração do questionário parte dos objetivos porém precisa também considerar o limite em extensão e em finalidade pois não pode ser muito longo e causar fadiga e desinteresse RAMOS et al 2019 p 07 Ainda de acordo com Ramos et al 2019 p 04 é importante que o instrumento escolhido deve servir para coletar de maneira mais adequada possível as informações necessárias para sua posterior análise de dados visando atender aos objetivos definidos A construção de um questionário enquanto um procedimento técnico requer uma série de cuidados como constatação de sua eficácia determinação da forma e do conteúdo das questões quantidade e ordenação das questões construção das alternativas apresentação do questionário e préteste RAMOS et al 2019 No questionário serão levantadas questões como a origem e a identidade nacional dos imigrantes muçulmanos o tempo que estão vivendo na cidade de Joinville os motivos externos e internos que os trouxeram ao município e outras informações como trabalho e seus olhares sobre a cidade Por fim a elaboração do questionário será pensado de modo a alcançar os objetivos da pesquisa levando em consideração o cuidado e a ética em todo o processo de coleta das informações contribuindo com a pesquisa histórica e com a historiografia 33 HISTÓRIA ORAL A História Oral pode ser definida como uma metodologia interdisciplinar e que consiste em realizar entrevistas com indivíduos que participaram de ou testemunharam acontecimentos e conjunturas do passado e do presente ALBERTI 2008 p 155 Essa metodologia e que mobiliza a realização de entrevistas são produzidas no contexto de projetos de pesquisa que determinam quantas e quais pessoas entrevistar o que e como perguntar bem como que destino será dado ao material produzido ALBERTI 2008 p 155 De acordo com Alberti 2008 p 156 sobre a metodologia da história oral considerase 1948 o marco do início da História oral moderna Nesse ano quando foi inventado o gravador a fita formouse o Columbia University Oral History Research Office programa de História oral da Universidade de Columbia A metodologia da história oral será adotada neste trabalho de modo a escutar os sujeitos da pesquisa reconhecendo a existência de múltiplas histórias neste caso as histórias e as memórias dos imigrantes muçulmanos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville Essa metodologia irá fornecer as técnicas necessárias para a execução das entrevistas com os membros da mesquita e interpretar as fontes orais Sobre a importância dessa metodologia na pesquisa histórica e nas ciências humanas em especial para dar voz aos grupos e atores sociais que são negligenciados pela história oficial Alberti 2008 p 158 pontua que Não há dúvida de que a possibilidade de registrar a vivência de grupos cujas histórias dificilmente eram estudadas representou um avanço para as disciplinas das Ciências Humanas Mas seu reconhecimento só foi possível após amplo movimento de transformação dessas ciências que com o tempo deixaram de pensar em termos de uma única história ou identidade nacional para reconhecer a existência de múltiplas histórias memórias e identidades em uma sociedade Alguns anos se passaram até que as potencialidades do novo método fossem aceitas e incorporadas às práticas académicas Essa resistência se deveu em parte à própria forma como eram realizadas as pesquisas que utilizavam a História oral A história oral portanto é uma metodologia de pesquisa amplamente utilizada nas ciências humanas e incorporada às práticas acadêmicas no Brasil há décadas Seu uso nesta pesquisa será importante para coletar informações objetivas e subjetivas através da memória da identidade e das histórias de vida dos imigrantes africanos e asiáticos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville Importante salientar que esse trabalho embora venha a utilizar as fontes orais será realizado de modo a assegurar o direito do entrevistado a sua proteção seguindo as diretrizes éticas e as normativas vigentes por meio da submissão do trabalho ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Paraná Sabese que é uma tarefa com muitas responsabilidades compromissos e desafios necessitando tempo e respeito De acordo com Alessandro Portelli 1997 p 13 os historiadores orais têm a responsabilidade não só de obedecer a normas confiáveis quando coligem informações como também de respeitálas quando chegam a conclusões e fazem interpretações correspondam ou não a seus desejos e expectativas Conforme Alessandro Portelli 2016 p 10 Quando falamos de história oral entretanto também nos referimos a algo mais específico Mais do que uma ferramenta adicional por vezes secundária na panóplia do historiador as fontes orais são utilizadas como o eixo de um outro tipo de trabalho histórico no qual questões ligadas a memória narrativa subjetividade e diálogo moldam a própria agenda do historiador Quando é este o caso o uso crítico das fontes orais requer abordagens e procedimentos específicos adequados à sua natureza e forma particulares Ao contrário da maioria dos documentos históricos as fontes orais não são encontradas mas cocriadas pelo historiador Elas não existiriam sob a forma em que existem sem a presença o estímulo e o papel ativo do historiador na entrevista feita em campo Fontes orais são geradas em uma troca dialógica a entrevista literalmente uma troca de olhares Nessa troca perguntas e respostas não vão necessariamente em uma única direção A agenda do historiador deve corresponder à agenda do narrador mas o que o historiador quer saber pode não necessariamente coincidir com o que o narrador quer contar Refletir sobre as fontes orais sem levar em conta o papel da memória e da identidade seria negligenciar o potencial deste tipo de fonte e todas as problemáticas que perpassam o seu uso na pesquisa e na construção do conhecimento histórico A memória enquanto uma construção pessoal e coletiva sofre com flutuações temporais portanto precisa ser interrogada como qualquer outra fonte ou documento usado pelos historiadores e professores de história Para Michael Pollak 1992 p 05 às fontes orais são fragmentos da memória e que esta por sua vez é um elemento constituinte do sentimento de identidade tanto individual como coletiva Nesse sentido as fontes orais ou seja as histórias de vida de uma pessoa ou grupo a partir da memória e da identidade podem e devem ser usadas nas aulas de história para uma aprendizagem mais significativa e que permita os educandos dessa aprendizagem questionar e refletir sobre o tempo presente no caso deste trabalho sobre a presença árabe muçulmana em Joinville E embora seus usos possam ser questionados todo e qualquer outro documento também está sujeito a questionamentos De acordo com Pollak 1992 p08 Se a memória é socialmente construída é óbvio que toda documentação também o é Para mim não há diferença fundamental entre fonte escrita e fonte oral A crítica da fonte tal como todo historiador aprende a fazer deve a meu ver ser aplicada a fontes de tudo quanto é tipo Desse ponto de vista a fonte oral é exatamente comparável a fonte escrita Nem a fonte escrita pode ser tomada tal e qual ela se apresenta Maia 2020 afirma que as fontes de informações como os relatos são organizadas para serem analisadas e interpretadas Os resultados devem passar por três momentos descrição análise e interpretação De acordo com Ana Cláudia Bortolozzi Maia 2020 p 35 DESCRIÇÃO apresenta os relatos de modo fiel apenas apresenta a transcrição dos relatos em tabelas ou quadros ANÁLISE agrupa os relatos buscando relações entre as partes organiza e categoriza os relatos por meio de uma técnica por exemplo análise de conteúdo INTERPRETAÇÃO buscar o sentido dos relatos evidencia a sua compreensão relaciona tais categorias com a literatura para responder o problema de pesquisa Por fim esperase que as fontes orais por meio da metodologia da história oral venha a contribuir para uma história mais completa sobre a presença dos imigrantes muçulmanos em Joinville e a alcançar os objetivos da pesquisa que para além de criar um jogo é também historicizar e entender as histórias de vidas dos integrantes do Centro Islâmico de Joinville 34 ANÁLISE DOCUMENTAL Historiadores trabalham com fontes afirmava a historiadora Carla Bassanezi Pinsky no livro Fontes Históricas publicado pela editora Contexto em 2009 As fontes que podem ser documentos entrevistas capítulos de livros entre outros passam pelo rigor metodológico do historiador e uma vez interrogada por eles poderá subsidiar uma série de informações e assim contribuir com a narrativa histórica e a escrita da história No decorrer da pesquisa será realizado a análise e a utilização de diferentes fontes históricas destacando as fontes documentais como as entrevistas e os artigos de jornais sem desconsiderar a leitura bibliográfica atualizada sobre o tema Conforme Carla B Pinsky 2009 p 08 A bibliografia cuidadosamente selecionada colabora como referência atualizada para aqueles que pretendem se aprofundar no assunto No que diz respeito às fontes documentais serão utilizados os artigos de jornais publicados por meio eletrônico Os artigos de jornais são importantes documentos que podem e devem ser utilizados pelos historiadores e professores de história Embora tenham a função de informar ou seja não foram produzidas especificamente para se tornarem fontes históricas Com o devido rigor metodológico contribui para a escrita da história É pelo exercício da escrita da história que procuramos dar sentido ao conjunto de documentos que reunidos permitem ordenar um passado trazer vestígios desse passado vivido por uma memória coletiva de um determinado grupo social SOUZA GIACOMONI 2021 p140 Os documentos são registros preservados e resguardados que possibilitam aos pesquisadores das ciências humanas e sociais compreender analisar e refletir sobre as dimensões do tempo do social do cultural e de tantos outros fatores ligados a um determinado contexto histórico CELLARD 2008 SOUZA GIACOMONI 2021 Referente às fontes orais como salientado no tópico anterior 33 é um documento que deve ser interrogado como qualquer outro pelos historiadores É o historiador que vai dar sentido às narrativas orais 4 CRONOGRAMA Atividades 2023 2024 2025 Realização das disciplinas x x Leitura e escrita do projeto x Aplicação do questionário x Entrevista oral e transcrição x Organização e análise dos resultados x Escrita de capítulos para qualificação x Revisão e alterações da banca x x Defesa x 5 BIBLIOGRAFIA ESPINOLA Claudia Voigt O véu que des cobre etnografia da comunidade árabe muçulmana em Florianópolis Dissertação Mestrado Florianópolis UFSC 2005 NASSER FILHO Omar O crescente e a estrela na Terra dos Pinheirais Tese Doutorado Curitiba UFPR 2006 OLIC Nelson Basic Oriente Médio uma região de conflitos São Paulo Moderna 1991 SAID Edward W Cultura e imperialismo Tradução Denise Bottmann 1 ed São Paulo Companhia de Bolso 2011 Orientalismo o Oriente como invenção do Ocidente Tradução Rosaura Eichenberg 1 ed São Paulo Companhia de Bolso 2007 POLLAK Michael Memória e Identidade Social Estudos Históricos Rio de Janeiro vol 5 n 10 1992 Memória Esquecimento Silêncio Estudos Históricos Rio de Janeiro vol 2 n 3 1989 p 315 SOARES Gabriel Mathias Trajetórias migratórias e construções identitárias de palestinos em Santa Catarina 2012 Dissertação Mestrado em Estudos Árabes São Paulo USP 2013 THOMPSON Paul Richard A voz do passado história oral São Paulo Paz e Terra 1998 YAZBEK Mustafa Palestinos em busca da pátria 2 ed São Paulo Ática 2002 REFERÊNCIAS ALBERTI Verena Fontes Orais histórias dentro da história In PINSKY Carla Bassanezi org Fontes históricas 2 ed São Paulo Contexto 2008 p 155202 AMARAL Vitor Marilone Cidral da Costa do Direitos Humanos nas aulas de ensino religioso relatos de uma experiência pedagógica In CECCHETTI Elcio SIMONI Josiane Crusaro Org Ensino religioso não confessional múltiplos olhares 1edSão Leopoldo Oikos Editora 2019 p 142150 ANTONI Edson ZALLA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação de aprendizagens em história In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 BAUMAN Zygmunt Estranhos à nossa porta Tradução Carlos Alberto Medeiros 1 ed Rio de Janeiro Zahar 2017 HUIZINGA Johan Homo Ludens São Paulo Perspectiva 2000 KOEHLER Lucas Fé e imigração muçulmanos celebram o Ramadã no Centro Islâmico de Joinville O município Joinville Publicado em 03 mai 2021 Disponível em httpsomunicipiojoinvillecomfeeimigracaomuculmanoscelebramoramadanocentro islamicodejoinville Acesso em 02 ago 2023 MACHADO Vilma et al Manual de normalização de documentos científicos de acordo com as normas da ABNT Curitiba Ed UFPR 2022 Disponível em httpswwwprppgufprbrsiteppgletraswpcontentuploadssites65202208sugestaopara preprojetopdf Acesso em 19 set 2023 MAIA Ana Cláudia Bortolozzi Questionário e entrevista na pesquisa qualitativa elaboração aplicação e análise de conteúdo Manual Didático São Carlos Pedro João Editores 2020 MANSUR Alberto Jorge Simões Árabes das origens à expansão Curitiba Nova Didática 2002 Coleção Revisitando a História MEINERZ Carla Beatriz Jogar com a História na sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 7386 MENDES José Sacchetta Ramos MENEZES Fábio Bensabath Bezerra de Política migratória no Brasil de Jair Bolsonaro perigo estrangeiro e retorno à ideologia de segurança nacional Cadernos do CEAS Revista Crítica de Humanidades Salvador n 247 maiago 2019 p 302321 MORRIESEN Cláudia Joinville ganha primeira sala de orações e dá inicio ao Centro Islâmico A Notícia Publicado em 24 fev 2017 Disponível em httpanoticiaclicrbscombrscgeraljoinvillenoticia201702joinvilleganhaprimeirasala deoracoesedainicioaocentroislamico9729809html Acesso em 01 ago 2018 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o Caos os jogos no Ensino de História cap 1 In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 POLLAK Michael Memória e Identidade Social Estudos Históricos Rio de Janeiro vol 5 n 10 1992 PORTELLI Alessandro História oral uma relação dialógica In História oral como arte da escuta São Paulo Letra e Voz 2016 p 926 Tentando aprender um pouquinho Algumas reflexões sobre a ética na História Oral Projeto História São Paulo vol 15 1997 Disponível em httpsrevistaspucspbrindexphprevpharticleview112158223 Acesso em 25 set 2023 RAMOS Daniela Karine et al Elaboração de questionários algumas contribuições Research Society and Development vol 8 n 3 2019 Disponível em httpswwwredalycorgjournal5606560662194041560662194041pdf Acesso em 26 set 2023 ROTHIER Bianca MAZUI Guilherme Bolsonaro chama Orbán de irmão e destaca afinidade nos costumes Deus pátria família GloboNews G1 Publicado em 17 fev 2022 Disponível em httpsg1globocompoliticanoticia20220217bolsonaroeorban assinamacordosembudapesteghtml Acesso em 27 out 2023 SEFFNER Fernando Aprendizagens significativas em História critérios de construção para atividades em sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 3546 SILVA Daniel Pinha O lugar do tempo presente na aula de história limites e possibilidades Revista Tempo e Argumento Florianópolis v9 n20 p99 129 janabr 2017 janabr 2017 SOARES Gabriel Mathias A imigração palestina em Santa Catarina Anais do XXVI Simpósio Nacional de História ANPUH São Paulo julho 2011 Disponível em httpwwwsnh2011anpuhorgresourcesanais141300878259ARQUIVOANPUHpdf Acesso em 07 jun 2023 Trajetórias migratórias e construções identitárias de palestinos em Santa Catarina 2012 93 f Dissertação Mestrado em Estudos Árabes Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas São Paulo 2012 Disponível em httpswwwtesesuspbrtesesdisponiveis88159tde11062013095527ptbrphp Acesso em 05 jun 2023 SOUSA Angélica Silva de OLIVEIRA Guilherme Saramago de ALVES Laís Hilário A pesquisa bibliográfica princípios e fundamentos Cadernos da Fucamp v 20 n43 2021 p 6483 SOUZA José Edimar de GIACOMONI Cristian Análise documental como ferramenta metodológica em história da educação um olhar para pesquisas locais Cadernos CERU v 32 n 1 p 139156 2021 APÊNDICE 1 QUESTIONÁRIO 1 Identificação a Nome completo b Origem identidade nacional c Idade 2 Perguntas a Qual motivo o trouxe à cidade de Joinville b Qual corrente do islâmismo você segue I Xiita II Sunita Outros c Qual trabalhofunção você exerce na cidade de Joinville d Você veio sozinho para a cidade de Joinville ou acompanhado de familiares ou amigos e Você já enfrentou alguma situação de preconceito religioso ou de origem nacional na cidade de Joinville f Você foi bem recebido na cidade g Como é ser muçulmanoa em uma cidade majoritariamente cristã h Você já morou em outra cidade do Brasil antes de Joinville Qual i Para você O que significa ser um imigrante em Joinville CAPÍTULO 2 A PRESENÇA DE IMIGRANTES MUÇULMANOS EM JOINVILLESC 20172024 Por mais óbvio que isso seja os seres humanos habitam um lugar comum o Planeta Terra É i 1 A Diversidade do Mundo Muçulmano O mundo muçulmano é um mosaico de culturas etnias e tradições que se estende por diversos continentes A crença no Islã com seus pilares e princípios fundamentais une essa vasta comunidade No entanto a expressão mundo muçulmano não implica em homogeneidade Como afirma o sociólogo egípcio Saad Eddin Ibrahim 2000 a diversidade é a característica fundamental do mundo islâmico e a unidade é construída sobre a diversidade Essa diversidade se manifesta em diferentes interpretações do Corão em diversas escolas jurídicas madhhabs e em uma ampla gama de práticas religiosas e sociais 2 Islamismo Religião e Política A relação entre o Islã e a política é um tema complexo e controverso Para muitos muçulmanos a religião não se limita à esfera pessoal mas permeia todos os aspectos da vida incluindo a política O filósofo político palestino Tariq Ramadan 2009 argumenta que o Islã oferece um quadro moral e ético para a organização da sociedade e que os muçulmanos têm o dever de construir uma sociedade justa e equitativa baseada nos princípios islâmicos No entanto a forma como essa relação se manifesta varia significativamente entre os diferentes países muçulmanos 3 O Papel do Corão O Corão é o livro sagrado do Islã e a principal fonte de orientação para os muçulmanos Ele contém os ensinamentos de Deus revelados ao profeta Maomé A interpretação do Corão é uma atividade complexa e contínua e diferentes estudiosos islâmicos oferecem leituras distintas do texto sagrado Como afirma o teólogo egípcio Yusuf alQaradawi 2001 o Corão é uma fonte de inspiração e orientação mas não um manual de leis detalhado para todas as situações 4 A Sharia e a Lei A sharia é a lei islâmica derivada do Corão da Sunnah tradição profética e do ijma consenso dos estudiosos A aplicação da sharia varia significativamente entre os diferentes países muçulmanos Em alguns países a sharia é a principal fonte de legislação enquanto em outros ela coexiste com sistemas jurídicos seculares A filósofa marroquina Fatima Mernissi 1991 argumenta que a interpretação da sharia tem sido frequentemente utilizada para justificar a opressão das mulheres e a discriminação de minorias 5 O Sufismo O sufismo é uma dimensão mística do Islã que enfatiza a busca pela experiência direta de Deus Os sufis buscam a perfeição espiritual através de práticas como a dhikr repetição de invocações a salat oração e a tariqa caminho espiritual O sufismo tem desempenhado um papel importante na história do Islã e muitos dos maiores poetas e filósofos islâmicos foram sufis O escritor egípcio Taha Hussein 1953 descreveu o sufismo como uma das mais belas expressões da alma islâmica 6 O Modernismo Islâmico O modernismo islâmico é um movimento intelectual que busca conciliar os valores do Islã com os desafios da modernidade Os modernistas islâmicos argumentam que o Islã não é incompatível com a ciência a democracia e os direitos humanos O filósofo paquistanês Muhammad Iqbal 1930 foi um dos principais pensadores do modernismo islâmico defendendo a necessidade de uma renovação intelectual e espiritual do Islã 7 O Fundamentalismo Islâmico O fundamentalismo islâmico é um movimento que busca uma volta aos princípios puros do Islã rejeitando as influências estrangeiras e a modernização Os fundamentalistas islâmicos interpretam o Corão de forma literal e defendem a aplicação rigorosa da sharia O teólogo egípcio Sayyid Qutb 1964 foi um dos principais ideólogos do fundamentalismo islâmico 8 O Islã e o Ocidente As relações entre o Islã e o Ocidente são marcadas por uma longa história de conflitos e cooperação A percepção mútua entre as duas civilizações tem sido influenciada por fatores políticos econômicos e culturais O escritor turco Orhan Pamuk 2005 explorou as complexidades dessas relações em seus romances destacando a importância do diálogo intercultural 9 As Mulheres no Islã O papel das mulheres no Islã é um tema controverso e complexo As interpretações sobre os direitos e deveres das mulheres variam significativamente entre as diferentes escolas jurídicas e as diversas culturas muçulmanas A feminista egípcia Nawal El Saadawi 1980 criticou as interpretações patriarcais do Islã e defendeu a igualdade de gênero 10 O Futuro do Islã O futuro do Islã é incerto e dependerá de diversos fatores como as mudanças demográficas os conflitos políticos o desenvolvimento econômico e as transformações culturais É fundamental promover o diálogo intercultural e o respeito mútuo entre as diferentes religiões e culturas Como afirmou o filósofo libanês Hassan Hanafi 1999 o futuro do Islã depende da capacidade dos muçulmanos de se adaptarem aos desafios da modernidade sem perder suas identidades Observação Para cada parágrafo você pode substituir as citações por outras de sua preferência buscando autores e obras que se encaixem melhor no seu tema de pesquisa Além disso é importante que você verifique as referências bibliográficas para garantir a precisão das informações Sugestões de autores e obras Seyyed Hossein Nasr Um Sufi e filósofo iraniano que escreveu sobre a espiritualidade islâmica e a modernidade Amina Wadud Uma teóloga feminista que oferece novas interpretações do Corão Tariq Ramadan Um intelectual islâmico que busca conciliar o Islã com os valores da democracia e dos direitos humanos Fatima Mernissi Uma socióloga marroquina que estudou a condição das mulheres no Islã Joinville é uma cidade localizada no litoral norte de Santa Catarina e conforme os dados recentes do IBGE no ano de 2022 possuía uma população estimada em 616317 pessoas Deste total cerca de sendo a cidade mais populosa do estado A cidade foi fundada oficialmente em 1851 quando imigrantes germânicos chegaram por aqui trazendo suas crenças e costumes Ao menos foi dessa forma que foi construída a história oficial da cidade Refletir sobre a presença dos imigrantes muçulmanos em uma cidade do interior de Santa Catarina não é uma tarefa fácil mas estou disposto a assumir o desafio Este trabalho se depara com a complexidade de lidar com povos de origens nacionais e identidades étnicas tão diversas o que o torna enriquecedor mas também apresenta desafios como lidar com a complexidade das fontes históricas sobre o tema seja pela sua escassez seja pela sua forma no sentido de ser o mais Como também as histórias de vida das pessoas que escolheram este canto do Brasil para viver e a escassez de fontes documentais para Uma dessas limitações é a escassez de fontes historiográficas dedicadas exclusivamente à análise da presença muçulmana em Joinville Além disso as discussões e abordagens delineadas neste capítulo refletem mesmo que não intencionalmente uma visão ocidental sobre os muçulmanos que frequentam o Centro Islâmico de Joinville É relevante destacar que este estudo conta com a contribuição direta de alguns imigrantes muçulmanos que generosamente se dispuseram a participar da pesquisa Suas identidades serão preservadas ao longo deste trabalho mas suas perspectivas serão trazidas à tona fazendo a escuta por meio da metodologia da história oral Joinville é uma cidade localizada no litoral norte de Santa Catarina e oficialmente foi fundada em 1851 quando imigrantes germânicos chegaram por aqui trazendo suas crenças e costumes Ao menos foi dessa forma que foi construída a história oficial da cidade anto do ponto de vista metodológico visto que carece de fontes documentais e historigráficas sobre o tema Gostaria de começar este segundo capítulo fazendo algumas perguntas e por meio das respostas que farei sobre elas esboçar sobre este capítulo Digo esboçar não porque o farei de qualquer jeito sem o devido rigor das metodologias que constituen a ciẽncia histórica mas por entender que as respostas e a pesquisa histórica sobre a presença de muçulmanos na cidade de Joinville contidas aqui ainda são escassaz e não revelam toda a diversidade de saberes e narrativas sobre os diferentes imigrantes que praticam a religião isl um saber histórico sobre a presença de muçulmanos na cidade de Joinville Quem são os muçulmanos que vivem em Joinville O que é ser um muçulmano Para responder tais perguntas começo o texto trazendo uma passagem da obra escrita por Alberto Jorge Simões Mansur e intitulada árabes das origens à expansão Para o autor o muçulmano é o crente do islamismo A palavra vem do árabe muslim e significa o resignado MANSUR 2002 p 20 Nesse sentido e na perspectiva deste trabalho os muçulmanos são todos aqueles e aquelas pessoas que seguem a religião islâmica sejam seus praticantes estrangeiros ou não Conforme mencionado anteriormente têmse no Centro Islâmico de Joinville praticantes do islamismo pessoas que são naturais de Joinville e até mesmo de países africanos e asiáticos Referente ao islamismo religião praticada pelos muçulmanos O termo vem da palavra islam que significa a submissão à vontade de Deus Tratase de uma religião com forte influência do monoteísmo judaíco e cristão Para os muçulmanos o islamismo é professado como verdade MANSUR 2022 p19 Conforme Gabriel Mathias Soares 2012 p 49 em sua dissertação do mestrado e intitulado Trajetórias migratórias e construções identitárias de palestinos em Santa Catarina traz uma passagem da entrevista de um imigrante palestino em que afirma que na cidade de Joinville veio apenas um palestino para viver De acordo com o mesmo autor isto se deve em parte à própria complexidade do tema da identidade palestina além das poucas famílias vivendo no estado SOARES 2011 p01 Em um artigo publicado no ano de 2021 em um jornal local por meio digital e intitulado Fé e imigração muçulmanos celebram o Ramadã no Centro Islâmico de Joinville o autor aborda algumas questões pertinentes sobre os imigrantes muçulmanos na cidade que é justamente sobre o preconceito Em uma entrevista realizada com o líder da mesquita o sheikh conta que já ministrou cursos em que era o único negro estrangeiro e muçulmano na sala O preconceito é uma realidade ser islâmico no Brasil aumenta a possibilidade de sofrer isso KOEHLER 2021 Ainda conforme o líder da mesquita destaca que os islâmicos não estão ou não são apenas da Arábia Saudita Essa fala é importante pois nem todo árabe é muçulmano e nem todo muçulmano é árabe KOEHLER 2021 O líder ainda se queixa da descriminação racial pelo fato de serem imigrantes e negros e que são todos colocados como haitianos Ele pontua que nem todo negro é da África assim como o Haiti não fica no continente africano KOEHLER 2021 Esse tipo de visão distorcida sobre os muçulmanos e sobre as pessoas que vivem no Oriente Médio além de preconceituoso é resultado da falta de informação e do medo decorrente muitas vezes de opiniões políticas e dos efeitos da própria globalização e até mesmo resultados de fake news na internet induzindo a população ao erro Importante salientar que na época o expresidente da República Jair Bolsonaro realizou falas que contribuíram com o medo e o preconceito em relação aos imigrantes em especial os muçulmanos do Oriente Médio e venezuelanos Ao invés de soluções Bolsonaro optou por encontrar os culpados pela crise econômica e a falta de emprego no Brasil culpando os imigrantes Conforme Mendes e Menezes 2019 p303 Uma guinada regressiva na política do Estado brasileiro para as migrações marca o início do mandato presidencial de Jair Messias Bolsonaro Conforme os autores ainda em 2015 quando era deputado federal Bolsonaro qualificou os migrantes e refugiados que chegam no Brasil como ameaça e escória do mundo MENDES MENEZES 2019 p303 Para entender as questões mencionadas acima esse trabalho traz algumas reflexões do sociólogo Zygmunt Bauman e das ciências sociais em relação aos discursos de ódio por políticos que querem fechar suas fronteiras com muros e que resultam no preconceito no medo e na insegurança que a população tem com os imigrantes e refugiados estrangeiros Ainda que as reflexões de Bauman estejam preocupadas em entender este fenômeno da antiimigração no contexto da Europa podese fazer uma relação com o contexto brasileiro visto que na época Jair Bolsonaro se apropriou de discursos parecidos com a de governos da extrema direita na Europa como a do primeiroministro Viktor Orbán da Hungria e conhecido por promover políticas anti imigração ROTHIER MAZUI 2022 Para Bauman Não se pode deixar de notar que o súbito e copioso aparecimento de estranhos em nossas ruas não foi causado por nós nem está sob o nosso controle Ninguém nos consultou ninguém pediu nossa anuência Não admira que as sucessivas ondas de novos imigrantes sejam percebidas como ressentimento como recordando Bertolt Brecht precursores de más noticias Eles são personificações do colapso da ordem o que quer que consideremos a ordem um estado de coisas em que as relações entre causas e efeitos são estáveis e portanto compreensíveis e previsíveis permitindo aos que fazem parte dela saber como proceder de uma ordem que perdeu sua força impositiva BAUMAN 2017 sp Em outras palavras podese afirmar que os imigrantes muçulmanos que residem em Joinville são duplamente vítimas seja por problemas políticos e religiosos em seus países de origem e inerentes às suas vidas interesses políticos econômicos e ou sociais E embora tenham deixado seus países de origem em busca de uma vida melhor neste novo mundo continuam a sofrer pela fala de políticos que buscam culpabilizálos Em relação ao papel da memória e da identidade presentes nas histórias de vida e que será importante para entender o papel da metodologia da história oral neste trabalho será usado como referencial os textos do Michael Pollak Memória e Identidade Social 1992 e Memória Esquecimento Silêncio 1989 Para o autor é possível interpretar a história oral a partir da noção da memória e que esta se constitui individual e coletivo por acontecimentos personagens e lugares Para o autor a Memória não é algo estático mas sofre interferências externas e conjunturais Em síntese as narrativas orais que são usadas como fontes nas pesquisas históricas e no ensino da história estão sujeitas a questionamentos e seus usos podem problematizar questões relativas ao tempo presente principalmente no ensino de história como a presença de imigrantes muçulmanos na cidade de Joinville CAPÍTULO 1 O LUGAR DO JOGO DE TABULEIRO E CARTAS NO ENSINO DE HISTÓRIA A aula de História é assim compreendida como espaço de interação e de experimentação lugar pensado e organizado para a realização de múltiplas e diferenciadas aprendizagens em que o jogar é admitido e valorizado Carla Beatriz Meinerz1 O presente capítulo nasce do interesse pessoal em construir um material didáticopedagógico que oportunize dentro da sala de aula e no componente curricular de História o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas a compreensão contextualização sistematização e reflexão sobre a presença de imigrantes muçulmanos na história recente da cidade de Joinville região norte de Santa Catarina No que diz respeito ao material didáticopedagógico escolhido optouse pelo desenvolvimento de um jogo de tabuleiro e cartas como ferramenta divertida e lúdica para a construção do conhecimento histórico em sala de aula mas sem deixar de mobilizar as fontes históricas essenciais para a formação dos educandos e o ofício do professor de história QuaFalar sobre a utilização de jogos didáticos não é uma tarefa fácil seja O objetivo principal deste capítulo é apresentar e destacar a relevância da utilização de jogos didáticos Jogar na aula de História é um belo exercício amoroso Uma vez que o jogo pressupõe uma entrega ao movimento absoluto da brincadeira e que jogar implica um deslocamento Um deslocamento do espaço da ordem das medidas dos horários das imposições disciplinares da avaliação das provas numa palavra da obrigação PEREIRA GIACOMONI 2018 p14152 Nesse ato de jogar os estudantes estão na origem dos conceitos pois que ali no 1 Carla Beatriz Meinerz 2018 p74 2 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o caos os jogos no Ensino de História In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 ato conceitos históricos se gestam e passam a dar forma à vida aos modos de vida aos antigos presentes p15 O jogo no ensino de história foi pensado de modo a permitir a interação entre os estudantes e entre estudantes e o conhecimento histórico já produzido sobre o tema Essa interação social entre os educandos com um jogo no ensino de história permite criar um vínculo bastante positivo em relação às aprendizagens dos sujeitos da educação por meio do seu envolvimento com a aula e com a proposta de ensino bem como com a circulação de saberes e o desenvolvimento de competências socioemocionais Conforme MEINERZ 2018 p 7475 Um dos aspectos que podemos ressaltar sobre os jogos em diferentes culturas e tempos é a sua relação com a construção da interação social vinculada à emoção e à subjetividade Ao valorizarmos a emoção e o encantamento como elementos importantes nas relações sociais e nos processos próprios de construção do conhecimento seja ele científico escolar ou do senso comum tendemos a incorporar o jogar em nossos modos de fazer não apenas como elemento menor ou ornamental mas como prática cultural importante para a circulação de saberes Como podemos observar na citação acima da professora e historiadora Carla Beatriz Meinerz o jogo no ensino de história é um recurso didáticopedagógico necessário para a construção e circulação dos diferentes saberes mas também por permitir a interação social entre os educandos por meio da emoção e do encantamento Seu uso como recurso pedagógico pode agenciar elementos da memória afetiva estabelecendo pontes entre a experiência socialmente adquirida e os saberes formais oportunizando espaço de ação e criação ANTONI ZALIA 2018 p113 O jogo como recurso didático é também uma forma de superar o modelo tradicional de ensino embora muitas vezes seja negligenciado nas práticas pedagógicas Nos últimos anos têm se cada vez mais proposto e analisado práticas de ensino que busquem construir aprendizagens significativas a partir de situações de interação Nesse sentido os jogos de tabuleiros e cartas têm sido pensados e utilizados como estratégia de transmissão e construção do conhecimento que permite essa interação entre os estudantes e o conhecimento histórico ANTONI ZALIA 2018 Aprendizagens significativas em História embora seja um tema controverso e ao mesmo tempo fundamental há de se concordar que a memorização não se constitui em aprendizagens significativas na disciplina de História embora muitos ainda consideram como importante critério na hora das avaliações SEFFNER 2018 p33 O professor de história precisa diversificar suas práticas de ensino aprendizagem Isso não significa que a leitura de textos ou o uso do livro didático seja descartado Mas que ao longo de sua trajetória profissional a diversidade de práticas seja um hábito A introdução de um jogo de tabuleiro e cartas pode por exemplo ser adotado como uma metodologia que permite um equilíbrio entre o conteúdo histórico e a diversão dos educandos De acordo com Giacomoni 2018 p 01 O jogo é uma via de equilíbrio Equilíbrio entre o sério e a brincadeira entre as regras e o acaso entre os objetivos pedagógicos e o desejo do aluno entre a indução do professor e a liberdade dos alunos Conforme Seffner 2018 p42 A diversidade precisa habitar também o terreno das atividades Aula de História não pode ser apenas leitura e cópia O aluno como qualquer outro ser humano não é apenas leitor e escritor mas percebe a realidade e a expressa através de numerosos outros canais Entretanto deve ficar ressaltado que a leitura de textos e documentos e a escrita de variados tipos de textos são fundamentais em nossa área Importante salientar que a inclusão e a utilização dos jogos no ensino de história não devem ser pensadas como um remédio a resolver os problemas estruturais do sistema educacional e de preencher lacunas ainda não fechadas no que diz respeito às aprendizagens em história como a memória histórica e a noção de tempo tampouco acreditar que o modelo tradicional não tenha um valor importante na formação dos sujeitos da educação Mas entender o jogo que pode ou não ser de tabuleiro e cartas como uma ferramenta disponível para os professores diversificarem suas práticas no ensino de história de experimentar outras possibilidades por meio do lúdico e da brincadeira Conforme argumenta Carla Beatriz Meinerz 2018 p74 Argumentamos a favor da inclusão de situações didáticas constituídas a partir do uso de jogos de tabuleiro nos planejamentos e nos processos de ensinar História na Educação Básica Incluir significa fazer também somar diversificar a ação jamais substituir propostas já existentes embora possamos fazer a crítica das bases interativas das mesmas ou tornar o jogo uma espécie de receita milagrosa para garantir o aprendizado e o desejo dos alunos em estudar História O ato de educar envolve processos em que não temos garantias do resultado porém construímos propostas e investimentos que incidem sobre razões e emoções que nos mobilizam A utilização de jogos no ensino de História tanto em formatos analógicos quanto digitais representa uma tendência promissora para a construção de uma educação mais significativa e engajadora Ao articular o conhecimento histórico com elementos lúdicos essas metodologias ativas contribuem para o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida em sociedade como o pensamento crítico a colaboração e a resolução de problemas Nesse sentido a gamificação emerge como uma ferramenta potencial para a melhoria da qualidade do ensino de História na Educação Básica promovendo uma aprendizagem mais ativa e reflexiva Qual a função do jogo na escola De que forma o jogo pode contribuir o jogo é feito para brincar e brincando também se aprende Ainda que seja difícil prever todos os resultados de um jogo sua prática implica ganhos cognitivos que podem se relacionar às aprendizagens escolares p114 Características fundamentais do jogo Todo jogo possui tempo e espaço delimitados o que é conhecido previamente ou aceito tacitamente pelos jogadores p114 O espaço deve comportar a dinâmica específica do jogo o cumprimento das regras a resolução dos desafios o papel dos jogadores etc possibilitando a interação e a organização p114 O jogo precisa ter objetivos Apesar de toda organização necessária a imprevisibilidade nunca será abolida como um dos elementos constitutivos do jogo Toda ação mesmo que ordenada por um conjunto estabelecido de regras abre uma gama de possibilidades de reação e a cada escolha redefine continuamente seus resultados sendo necessária a contingente atenção de todos os jogadores em cada novo lance p115 Narrativo ou não todo jogo é uma ficção encenada em tempo real e portanto irreproduzível em suas especificidades Mas é uma possibilidade de expressão mimética da realidade o que implica seleção recomposição e ressignificação de elementos do cotidiano presente ou histórico em um ato acordado de fingir Reconhecer e compreender os sentidos que se encontram presentes na ficção é portanto tarefa do participante que mesmo engajado na fabulação precisa analisar aspectos do mundo real p115 Todas essas características oportunizam à sala de aula diversos aspectos que podem ser observados pelo professor durante o acompanhamento e avaliação do desenvolvimento das aprendizagens do estudante Há muitas relações possíveis entre a estrutura de composição e reprodução dos jogos e os conteúdos procedimentais atitudinais e conceituais que a escola persegue em seu currículo formal A organização do grupo para realizar as tarefas escolares a criação de estratégias para resolver problemas a compreensão da alteridade e a articulação dos diferentes pontos de vista a cooperação a solidariedade além de noções como tempo e espaço e conceitos específicos desenvolvidos em cada proposta p115 O jogo e a história A discussão sobre o uso do jogo no ensino de História é indissociável do debate sobre a natureza desta área do conhecimento e sua inserção na educação básica p117 1 a História é o estudo da experiência humana em sua dimensão temporal nas interrelações entre passado e presente 2 uma das funções da escola é promover o acesso aos saberes historicamente acumulados e socialmente valorizados O patrimônio e o conhecimento histórico se apresentam nas sociedades contemporâneas como conteúdos indispensáveis para o pleno exercício da cidadania De um lado a manipulação qualificada do passado permite o acesso a diversos bens culturais a meios especializados e a determinados estratos intelectuais políticos e sociais de outro é um saber cognitivamente instrumental pois desenvolve ferramentas de leitura e compreensão do mundo aplicáveis a contextos diferenciados Aprender História é portanto um duplo direito a um conhecimento culturalmente almejado e a procedimentos e instrumentos necessários para agir consciente e criticamente em sociedade p117 Tal relação tem determinado a construção de propostas de ensino de História na escola básica expresso pela articulação entre conteúdos e competências específicas sendo que uma de suas manifestações na legislação instrui que ao estudar a disciplina os alunos deverão ser capazes de Conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais em diversos tempos e espaços em suas manifestações culturais econômicas políticas reconhecendo diferenças e semelhanças entre eles Reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas presentes em sua realidade e em outras comunidades próximas ou distantes no tempo e no espaço Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade reconhecendoa como um direito dos povos e indivíduos e como elemento do fortalecimento da democracia Para potencializar o aproveitamento do jogo em termos de conhecimento histórico além de selecionar os tópicos de estudo e os conteúdos conceituais o professor deve ter em mente quais habilidades e competências estão relacionadas a eles Isto permitirá maior domínio do processo de construção do jogo uma reflexão cuidadosa sobre seu uso e uma avaliação adequada dos objetivos alcançados p118 3 3 ANTONI Edson ZALIA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação O que pode ser jogar com a História em sala de aula duplo sentido 1 por um lado o jogo no aspecto experimental e concreto da ludicidade 2 por outro o jogo em sua face metafórica enquanto relação epistemológica com o pensar científico no campo da História e da Educação Compreendemos o jogo como prática cultural que pressupõe a interação social o exploramos essa temática a partir do reconhecimento do potencial presente na apropriação do lúdico em experimentações pedagógicas de construção do conhecimento histórico na escola justamente pela capacidade de criar vínculos entre os pares jovens estudantes e de ambos com os saberes e lazeres que circulam dentro e fora da sala de aula p73 Reconhecer o lúdico como elemento educativo potencializador no campo do Ensino de História O jogo como interação social e experimentação e que circulam saberes e fazeres diversos alguns motivos para jogar na vida e na aula da História Ao experimentarmos o jogo como prática potencializadora dos processos de ensino e aprendizagem do conhecimento histórico reconhecemos que o encantamento e a estética devem compor nosso universo de proposição como professores a ciência assim como a vida em sociedade é tensionada a construir novas práticas culturais interagindo numa perspectiva dialógica com o senso comum p76 No caso específico do jogar em sala de aula defendemos o tipo de interação dialógica tanto do ponto de vista discursivo quanto do ponto de vista social O de aprendizagens em História In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet org Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 professor é convidado a desenvolver a habilidade de construir jogos em que as práticas de diálogo intelectual e afetivo são fundamentais Nesse processo o professor faz escolhas adapta cria recorta tanto formas de jogar quanto conteúdos para o jogo convencido da ideia de que a pesquisa e a docência podem alimentarse mutuamente p76 Escolher criar pensar fazer amigos e inimigos cooperar desenvolver habilidades construir conceitos e conhecimentos interagir socialmente e discursivamente trocar saberes respeitar ou questionar regramentos manter tradições são alguns motivos que nos fazem defender a criação de situações didáticas em que o jogo seja central no Ensino de História Ele porém não se encerra em si mesmo Faz parte de um processo de planejamento que pode prever desde exposições argumentativas do professor sobre o conteúdo do jogo até pesquisas dos estudantes sempre com o pressuposto de que a intervenção do professor como mediador é fundamental Essencial também é que o jogo comporte o elemento da liberdade e da diversão uma vez que jogar é coisa que não se repete de forma produtiva porque tem o componente do acaso da escolha indissociável do sujeito que joga p76 Parece que professores e estudantes de História ao aceitarem a tarefa de construir um jogo na escola estão dispondose a aprimorar sua capacidade de escolher demonstrando aprendizados nessa ciência de viver O lúdico proporciona igualmente a liberdade de arriscarse e errar experiência importante para a aprendizagem dos alunos uma vez que as consequências do erro nunca vai além do jogo p77 a Jogos de tabuleiro Os jogos de tabuleiro compreendidos dentro do horizonte dos jogos de mesa parecem ser aqueles mais próximos da utilização em sala de aula especialmente porque demandam recursos ao alcance da comunidade escolar Reiteramos que no mercado brasileiro de brinquedos encontramos mais possibilidades de adaptação de jogos de tabuleiro por exemplo do que entretenimentos pedagógicos específicos para o ensino de história Quando lidamos de forma mais complexa com as diversas possibilidades do jogar podemos também nos aventurar através da criação de regramentos e formatações vinculadas à indeterminação e às surpresas dos caminhos que o lúdico proporciona Nesse caso a experimentação pode levar trajetórias diversas e nem sempre o final é previsível ou vinculado ao acaso p78 79 Quem aprende ao jogar com a História na sala de aula Propomos finalmente pensar o jogo numa perspectiva metodológica educativa pressupondo que o fundamental está no processo de criação de situações pedagógicas contrariamente à concepção instrumental que prevê resultados únicos e determinados para a aplicação de procedimentos didáticos específicos p84 Quando tematizam o valor do jogo no Ensino de História pensamos que não se trata apenas de criar e depois aplicar uma boa estratégia pedagógica ou ainda aplicar algum recurso melhor do que os tantos já experimentados nas últimas décadas Importa o fato de que através da opção metodológica que inclui o jogo decidimos acerca de como pensar e agir em determinados contextos que nos desafiam no Ensino de História Para isso o planejamento é fundamental Ele deve evidenciar as escolhas do professor p 84 Na proposição do jogo é preciso planejar forma e conteúdo destacandose estratégias de 1 criação de ambientes de estudo individuais e grupais 2 organização propositiva de ambientes interativos com previsão do exercício do escutarcompreender e do falarargumentar com desenvolvimento de lideranças e de regramentos 3 desenvolvimento dos espaços à criatividade e imaginação educação ética e estética 4 proposição de recortes temáticos e conceituais p84 Planejar é uma das tarefas do professor mas qual é o papel do educador no momento do jogo Deixar brincar claro Intervir 4 É possível encontrar o tempo dos alunos e permitirlhes gostar ou se encantar com uma aula de História p09 Como seria possível levar os alunos a se envolver com um conteúdo aparentemente tão abstrato e tão distante das realidades vividas p09 Como provocar encontros na aula de História de modo que o gosto e o envolvimento por conteúdos tão distantes no tempo e no espaço possam permitir a aprendizagem p10 A arte na aula de História seria uma espécie de arte do encontro que se apresenta como uma cisão onde não há o um do aluno identidade perfil tipo ou característica e o outro do professor definido estabelecido identificado mas uma porção de indefinição onde o encontro pode se dar sem a necessidade do horário da disciplina dos ditados ou dos exercícios Tratase de um encontro que não impõe a marca do tempo disciplinar que não define os resultados ou a produtividade esperada p0910 Uma aula de História poderia ser um nãolugar de encontros onde os pontos de repouso se constituem em breves desacelerações necessárias à criação de conceitos históricos ou à problematização de conteúdos bem como ao exercício da escrita e da leitura p10 Uma tentativa comum de resposta é oferecida sob forte influência de teorias psicológicas da aprendizagem que argumentam sobre o distanciamento temporal e por vezes espacial dos conteúdos das disciplinas de História Ou seja seria de difícil compreensão o conteúdo da história Tal distanciamento seria um fator de desânimo e desgosto pela aula de História e que o encantamento viria pela 4 MEINERZ Carla Beatriz Jogar com a História na sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet org Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 7386 potencialidade de o ensino conseguir estabelecer relações entre o conteúdo ensinado e a própria história vivida dos estudantes p10 Aprender e conhecer são elementos distintos Quando falamos em conhecimento no ensino de História estamos tratando de reconhecimentos da apreensão de elementos formais como as causas de uma revolução e a definição de um ou vários conceitos Este reconhecimento é uma etapa importante da aula de História necessário para o acúmulo de informações e de saberes para a compreensão da realidade histórica p11 aprender consiste em entrar em encontros no ponto onde as coisas ainda não aparecem como individualidades senão como um nãoestado de puro movimento de puro impulso de vida A aprendizagem se dá nessa précondição do que existe nessa préfixação no movimento que gera os pontos fixos uma vez que aí é possível encontrar o espírito em seu absoluto movimento p11 o aprender eou ensinar não são ações isoladas mas sim momentos convergentes entre si Quer dizer que o aprender não significa incorporar novos conteúdos mas estar aberto a novos encontros e se deixar provocar pelos signos emitidos pelas coisas pelas pessoas Aprender é um modo de se desprender p1112 Só se aprende o que não se sabe logo o exercício da aprendizagem é uma atitude criativa O estudo da História como um modo de propiciar aprendizagens e de provocar acontecimentos é o que pode permitir como resultado o pensar historicamente pensar historicamente não consiste simplesmente em dispor fatos numa linha de tempo Pensar historicamente é disporse em abertura é constituir uma subjetividade como abertura o que se realiza como um exercício de padecimento e amor diante de um passado sempre reconstruído é se desprender das determinações do presente num deslocamento que toma o passado como a absoluta abertura uma contínua fenda que se deixa interpretar na direção de constituição de futuros no lugar incerto do eu outro na esteira imprevisível de criação de novos modos de vida p13 Pensar historicamente é colocarse no lado do aberto quando um contato com a história é ao mesmo tempo em favor de um futuro um exercício de esquecimento p1314 Uma aula de História seria um lugar onde há indivíduos à espreita A uma espera passiva de algo sempre a acontecer A aprovação desses encontros que permitem a aprendizagem não se constitui também em algo do cotidiano são clarões que se acendem e apagam por força do contato com a passagem donde não há nenhuma parada nenhum repouso nenhuma forma Pensemos desse modo que inúmeras estratégias podem provocar aprendizagem na aula de História Mas pensemos numa em particular o jogo p14 O jogo CITAÇÃO IMPORTANTE Pensemos outra cena da sala de aula em que os alunos estão reunidos participando de um jogo de tabuleiro criado pelo professor com uma dinâmica de leitura de cartas sendo que as respostas às questões existentes nas cartas levam a uma dinâmica de dados o aluno que vencer nos dados coloca uma das suas peças no tabuleiro O jogo é sobre a centralização do poder dos reis e cada aluno representa um grupo social envolvido no processo e os alunos sabem de antemão quais poderes o rei necessita para centralizar o poder p15 Acontece que conforme o jogo se desenvolve em um dos tabuleiros os grupos com mais peças no tabuleiro são justamente os Senhores Feudais e a Igreja Os alunos que jogam com esses grupos fazem questão de chamar o professor depois de terem cercado os domínios do rei com essas peças Naquela realidade abstrata espaço do imprevisível fundada por um tabuleiro e algumas peças eles próprios fizeram História e sabem disso Percorreram a dupla função do jogo p16 1 uma luta por alguma coisa2 a representação de alguma coisa O jogo tem por natureza um ambiente instável Apud Huizinga 2000 p14 Em diversos momentos no ensino nunca possuímos a garantia plena do aprendizado isto é vencer o conteúdo através de aulas expositivas exercícios e outros métodos mais tradicionais mesmo que absolutamente importantes dentro do cotidiano do ensino não significa a formação de aprendizagens significativas p17 O jogo cria ordem e é ele próprio ordem em sentido pleno e a desobediência a essa ordem corrompe o jogo retirando completamente o sentido de sua existência p17 A ordem é garantida pelas regras que determinam aquilo que vale no mundo temporário construído pelo jogo p17 Mas as regras carregam outra dinâmica essencial à História Todo indivíduo vive cercado por um contexto histórico que o condiciona permitindo certas ações e negandolhe outras Essas são também as regras dentro de um jogo algumas jogadas são permitidas outras não No entanto tal qual no contexto histórico em alguns casos podem haver reconfigurações da mesma forma como as regras de determinados jogos podem modificarse p175 INTRODUÇÃO Aprendizagens significativas em História é tema controverso e ao mesmo tempo fundamental todos concordam que a memorização não se constitui em 5 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o caos os jogos no Ensino de História In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 aprendizagens significativas na disciplina de História embora muitos ainda consideram como importante critério na hora das avaliações p33 Reminiscências Mais do que nomes datas e acontecimentos o professor deve propiciar ao aluno a compreensão de como se estrutura uma dada situação seja ela de revolução eleição descoberta invasão guerras de variados tipos modos de viver de trabalhar a terra de estabelecer moedas e de comerciar com outras regiões etc É a partir de questões do mundo de hoje que o professor orienta seus alunos no estudo de situações do passado Isto implica o reconhecimento no mundo de hoje de situações de guerra de estabelecimento de diretrizes econômicas p 36 Os acontecimentos contemporâneos por mais que nos espantem não são uma completa novidade pois se olharmos a história da humanidade encontraremos ações ou situações com algum grau de semelhança Por outro lado também não são a repetição de atos do passado e tampouco são previsíveis p37 Adiantamos já aqui o primeiro critério para reconhecer o que estamos denominando de aprendizagens significativas em História ela serve para modificar de alguma forma impressões e opiniões que o indivíduo tem a respeito da situação presente p37 Um vício comum nas propostas de ensino que pretendem partir dos interesses dos alunos é ficarem presas a estes interesses ou considerarem estes interesses como a mais pura expressão da verdade dos alunos sem problematizálos As opiniões interesses e pontos de vista dos alunos são proposições a serem discutidas em sala de aula e refletem no mais das vezes os elementos culturais presentes no ambiente familiar na mídia e em outros grupos de convívio dos alunos p38 Estabelecendo critérios Uma determinada atividade na aula de História tem chances de oportunizar aprendizagens significativas ao aluno se nela estiver colocada uma clara preocupação em operar com conceitos e nomeações O professor precisa entender que sempre será melhor permanecer um bimestre inteiro num determinado tema do que sair correndo e tocar de forma superficial uma grande quantidade de acontecimentos históricos p39 Não existe possibilidade de aprendizagem significativa se ficamos limitados a um único livro didático mesmo que este livro seja muito bom Inevitavelmente passamos a ideia de que toda a história está contida ali p42 A diversidade precisa habitar também o terreno das atividades e este é o quinto critério que nos permite reconhecer uma aprendizagem significativa Aula de História não pode ser apenas leitura e cópia O aluno como qualquer outro ser humano não é apenas leitor e escritor mas percebe a realidade e a expressa através de numerosos outros canais Entretanto deve ficar ressaltado que a leitura de textos e documentos é a escrita de variados tipos de textos são fundamentais em nossa área p 42 Cada um de nós constrói sua identidade a partir de um intercâmbio intenso com o meio ambiente culturalmente organizado Daí extraímos dois componentes importantes de uma situação de aprendizagem significativa em História O primeiro deles é não esquecer nunca que uma das tarefas da aula de História é possibilitar que o aluno se interrogue sobre sua própria historicidade inserida aí sua estrutura familiar a sociedade ao qual pertence o país o estado etc a aprendizagem mais significativa produzida pelo ensino de História na escola fundamental é fazer com que o aluno se capacite a realizar uma reflexão de natureza histórica acerca de si e do mundo que o rodeia p43 uma proposta de trabalho que vise aprendizagens significativas precisa buscar o desenvolvimento de competências e habilidades que se manifestam na formação de um aluno que apresente domínio de leitura e da escrita capacidade de fazer cálculos e de resolver problemas capacidade de analisar sintetizar e interpretar dados fatos e situações capacidade de compreender e atuar em seu entorno social competência para receber criticamente os meios de comunicação capacidade para localizar acessar e usar melhor a informação acumulada p44 O trabalho integrado com outras disciplinas é por fim um objetivo que deve ser buscado não apenas pela História mas por todas as disciplinas O aluno precisa perceber que a História não explica tudo mas ele necessita de outras disciplinas e pode REFERÊNCIAS ANTONI Edson ZALLA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação de aprendizagens em história In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 HUIZINGA Johan Homo Ludens São Paulo Perspectiva 2000 MEINERZ Carla Beatriz Jogar com a História na sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 7386 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o Caos os jogos no Ensino de História cap 1 In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 SEFFNER Fernando Aprendizagens significativas em História critérios de construção para atividades em sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 3546 SILVA Daniel Pinha O lugar do tempo presente na aula de história limites e possibilidades Revista Tempo e Argumento Florianópolis v9 n20 p99 129 janabr 2017 janabr 2017 CAPÍTULO 1 O LUGAR DO JOGO DE TABULEIRO E CARTAS NO ENSINO DE HISTÓRIA A aula de História é assim compreendida como espaço de interação e de experimentação lugar pensado e organizado para a realização de múltiplas e diferenciadas aprendizagens em que o jogar é admitido e valorizado Carla Beatriz Meinerz1 O presente capítulo nasce do interesse pessoal em construir um material didáticopedagógico que oportunize dentro da sala de aula e no componente curricular de História o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à compreensão contextualização sistematização e reflexão sobre a presença de imigrantes muçulmanos na história recente da cidade de Joinville região norte de Santa Catarina Para tal optouse pelo desenvolvimento de um jogo de tabuleiro e cartas como ferramenta lúdica e divertida para a construção do conhecimento histórico em sala de aula mobilizando fontes históricas essenciais para a formação dos educandos e o ofício do professor de história O objetivo principal deste capítulo é apresentar e destacar a relevância da utilização de jogos didáticos 11 A Relevância do Jogo no Ensino de História Jogar na aula de História é um belo exercício amoroso pois o ato de jogar se estabelece como uma atividade que ultrapassa a simples brincadeira sendo uma prática que exige entrega completa ao movimento contínuo da ludicidade O que por sua vez promove um deslocamento que não se restringe apenas ao espaço físico da sala de aula mas também ao espaço simbólico rompendo com a ordem preestabelecida das disciplinas com as medidas rígidas do currículo tradicional com os horários fixos que delimitam o tempo escolar e com as imposições disciplinares que tantas vezes limitam a criatividade e a liberdade do educando sendo esse deslocamento fundamental para que o ensino de História se aproxime da vivência concreta dos estudantes que ao participarem ativamente do jogo experimentam a aprendizagem histórica de uma forma prática envolvente e transformadora 1 Carla Beatriz Meinerz 2018 p74 PEREIRA GIACOMONI 2018 p14152 De modo que nesse processo os conceitos históricos se gestam de forma orgânica fluindo naturalmente e passando a dar forma à vida influenciando os modos de viver e ressignificando o que antes era apenas conteúdo teórico tornando os antigos presentes em uma experiência significativa e imersiva Além disso o jogo entendido como uma prática cultural de relevância inestimável oportuniza um ambiente propício para a interação social pois cria um espaço em que os educandos podem se relacionar de maneira colaborativa desenvolvendo não apenas competências cognitivas mas também socioemocionais o que contribui diretamente para a construção da cidadania uma vez que o ambiente lúdico do jogo propicia o desenvolvimento de valores essenciais como a tolerância a cooperação e o respeito à diversidade sendo este um dos maiores desafios do ensino de História contemporâneo pois é por meio dessas interações que se desenvolve o pensamento crítico necessário para compreender e agir conscientemente no mundo BELINTANE 2024 p45 E neste sentido o jogo permite a coordenação de diferentes pontos de vista desafiando o educando a adotar novas perspectivas a questionar suas próprias crenças e a desenvolver estratégias colaborativas fundamentais para a compreensão histórica Esse exercício dialógico e reflexivo proporcionado pela dinâmica do jogo facilita a internalização de conceitos temporais e históricos essenciais pois os alunos ao serem instigados a tomar decisões e enfrentar desafios vivenciam o processo histórico de forma prática e significativa Internalizando conhecimentos de maneira muito mais eficaz do que nas práticas pedagógicas tradicionais demonstrando assim que o jogo longe de ser apenas um recurso didático complementar assume o papel central na formação crítica e cidadã dos sujeitos da educação 12 O Jogo e a Circulação de Saberes O jogo no ensino de História foi concebido de modo a proporcionar uma interação dinâmica e significativa entre os estudantes e o conhecimento histórico já produzido sobre o tema estabelecendo um ambiente em que o ato de aprender se 2 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o caos os jogos no Ensino de História In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 transforma em uma experiência social rica e envolvente onde o processo de ensino aprendizagem se torna mais fluido e interativo pois essa interação social é essencial para criar vínculos positivos e duradouros entre os sujeitos da educação Uma vez que o conhecimento histórico ao ser abordado de forma lúdica e participativa deixa de ser apenas um conteúdo estático e passa a ser um elemento vivo passível de ressignificações e novas interpretações MEINERZ 2018 p7475 Um dos aspectos que podemos ressaltar sobre os jogos em diferentes culturas e tempos é a sua relação com a construção da interação social vinculada à emoção e à subjetividade Ao valorizarmos a emoção e o encantamento como elementos importantes nas relações sociais e nos processos próprios de construção do conhecimento seja ele científico escolar ou do senso comum tendemos a incorporar o jogar em nossos modos de fazer não apenas como elemento menor ou ornamental mas como prática cultural importante para a circulação de saberes O que amplia as possibilidades de aprendizagem ao permitir que os educandos compartilhem suas próprias experiências e percepções favorecendo a construção de uma visão crítica e contextualizada da História tornando o ambiente escolar um espaço de troca contínua de saberes e vivências Além disso a emoção e o encantamento elementos fundamentais para um processo de aprendizagem significativo são intensamente potencializados pelo uso de jogos em sala de aula visto que a ludicidade presente nos jogos estabelece pontes entre as experiências sociais dos estudantes e os saberes formais necessários para a formação acadêmica e cidadã ANTONI ZALIA 2018 p113 O que evidencia que a prática pedagógica mediada pelo jogo não se restringe apenas à assimilação de conteúdos históricos mas envolve também o despertar do interesse e da curiosidade dos alunos promovendo um ambiente de aprendizado mais dinâmico prazeroso e efetivo onde a afetividade e o prazer em aprender desempenham um papel crucial na internalização do conhecimento pois ao estabelecer essas pontes O jogo tornase um recurso didático que articula a memória afetiva dos educandos com os conteúdos formais criando um espaço propício para o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais Como enfatizado por Gomes e Ulbricht 2024 os jogos de tabuleiro se destacam como ferramentas extremamente eficazes para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais visto que ao analisarem diversas pesquisas em uma revisão de literatura observaram que os jogos cumprem com excelência os objetivos pedagógicos propostos demonstrando ser instrumentos eficazes no processo de ensino aprendizagem GOMES ULBRICHT 2024 p22 Essa eficácia reside justamente na capacidade que os jogos possuem de transformar o ambiente escolar em um espaço de colaboração estratégia e tomada de decisão onde os alunos ao interagirem entre si e com o conteúdo histórico desenvolvem habilidades essenciais Como o pensamento crítico a resolução de problemas e a capacidade de trabalhar em equipe sendo que essas habilidades são fundamentais para a formação integral dos sujeitos da educação pois contribuem para a construção de cidadãos mais críticos reflexivos e preparados para atuar de forma consciente na sociedade contemporânea o que reforça ainda mais a importância do jogo como um recurso pedagógico central no ensino de História 13 Superando o Ensino Tradicional Os jogos de tabuleiro e cartas têm sido cada vez mais utilizados como estratégia inovadora e eficaz de transmissão e construção do conhecimento histórico Visto que eles se apresentam como ferramentas pedagógicas capazes de romper com as barreiras impostas pelo modelo tradicional de ensino o qual muitas vezes se caracteriza por práticas centradas na memorização de datas eventos e personagens limitando o desenvolvimento do pensamento crítico e da capacidade analítica dos estudantes Sendo que os jogos ao contrário proporcionam um ambiente de aprendizagem que privilegia a participação ativa a colaboração e o envolvimento emocional dos educandos o que torna o processo de ensino mais dinâmico envolvente e significativo SEFFNER 2018 p33 Pois ao interagirem com as dinâmicas propostas pelos jogos os alunos são instigados a assumir papéis tomar decisões e refletir sobre as consequências de suas escolhas experiências essas que os aproximam de uma compreensão mais profunda e contextualizada dos processos históricos Além disso os jogos oferecem uma oportunidade singular para a superação do ensino tradicional na medida em que eles promovem a construção de aprendizagens significativas por meio de situações de interação Em que o conhecimento histórico deixa de ser transmitido de forma unidirecional e passa a ser construído de forma colaborativa com base nas interações entre os estudantes e entre estes e o conteúdo o que favorece o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais Como a argumentação a resolução de problemas e o pensamento estratégico tornando o ambiente escolar um espaço onde o aprender e o ensinar se dão de maneira dialógica e participativa pois é justamente nessa troca de experiências opiniões e estratégias que o conhecimento se constrói de forma sólida e duradoura promovendo não apenas a assimilação do conteúdo histórico mas também a formação de cidadãos críticos autônomos e preparados para atuar de forma consciente e responsável na sociedade contemporânea GIACOMONI 2018 p01 Conforme Seffner 2018 p42 A diversidade precisa habitar também o terreno das atividades Aula de História não pode ser apenas leitura e cópia O aluno como qualquer outro ser humano não é apenas leitor e escritor mas percebe a realidade e a expressa através de numerosos outros canais Entretanto deve ficar ressaltado que a leitura de textos e documentos e a escrita de variados tipos de textos são fundamentais em nossa área Outro aspecto relevante a ser destacado é o fato de que o jogo representa um equilíbrio entre o conteúdo histórico e a diversão fator esse que facilita significativamente o envolvimento dos alunos pois ao associarem o ato de aprender a uma experiência prazerosa e lúdica os educandos se sentem mais motivados e engajados O que contribui para a criação de um ambiente escolar mais leve acolhedor e propício ao desenvolvimento da aprendizagem sendo que essa combinação entre o sério e a brincadeira entre o conhecimento formal e a ludicidade permite aos estudantes vivenciarem a História de forma prática e interativa compreendendoa não apenas como um conjunto de fatos passados Mas como um campo de saber que dialoga diretamente com suas vidas experiências e contextos o que amplia as possibilidades de aprendizagem e torna o ensino de História uma experiência verdadeiramente transformadora capaz de despertar nos educandos o interesse pela pesquisa pela investigação e pela reflexão crítica aspectos esses fundamentais para a formação integral e emancipadora do sujeito 14 Características Fundamentais do Jogo no Ensino de História Segundo Huizinga 2000 todo jogo possui tempo e espaço delimitados objetivos claros e regras que garantem a ordem e a dinâmica do processo pois essas características são fundamentais para a estruturação de qualquer atividade lúdica e educativa Uma vez que delimitam os parâmetros dentro dos quais o jogo se desenvolve e proporcionam um ambiente seguro e organizado para a exploração do conhecimento histórico HUIZINGA 2000 p114115 e é justamente essa delimitação que permite aos participantes se entregarem plenamente ao universo ficcional criado pelo jogo experienciando realidades alternativas onde conceitos históricos podem ser vivenciados explorados e compreendidos de maneira prática e significativa O que estimula não apenas o desenvolvimento de competências cognitivas mas também socioemocionais além de impulsionar a criatividade e a imaginação elementos essenciais para a formação integral dos sujeitos da educação Entre as características fundamentais do jogo destacamse alguns elementos que são indispensáveis para a sua eficácia pedagógica no ensino de História pois todo jogo possui tempo e espaço delimitados Sendo esses aspectos conhecidos previamente ou aceitos tacitamente pelos jogadores HUIZINGA 2000 p114 e essa delimitação temporal e espacial é o que confere ao jogo sua estrutura básica pois estabelece o ambiente e o período durante os quais a experiência lúdica acontecerá o que é essencial para a organização das dinâmicas educativas Além disso o espaço onde o jogo ocorre deve comportar a dinâmica específica de sua execução devendo ser adequado para o cumprimento das regras estabelecidas a resolução dos desafios propostos e o exercício dos papéis desempenhados pelos jogadores O que possibilita a interação e a organização necessárias para o pleno desenvolvimento da atividade criando um ambiente propício para o compartilhamento de experiências e saberes onde a cooperação e a socialização são incentivadas de forma natural e significativa Outro aspecto fundamental é que o jogo precisa ter objetivos claros e bem definidos pois é por meio desses objetivos que os participantes são motivados a engajarse na atividade e a buscar soluções para os desafios apresentados o que estimula o desenvolvimento de competências como a tomada de decisão O pensamento estratégico e a resolução de problemas habilidades essas que são essenciais para o processo de aprendizagem histórica pois permitem aos educandos estabelecerem conexões entre os conteúdos abordados e suas próprias experiências e realidades além disso apesar de toda a organização necessária para a execução de um jogo A imprevisibilidade nunca será abolida como um dos elementos constitutivos dessa prática pois toda ação realizada dentro do universo lúdico mesmo que orientada por um conjunto estabelecido de regras abre uma gama de possibilidades de reação e interpretação sendo necessário portanto que todos os jogadores estejam atentos e preparados para lidar com as mudanças e surpresas que surgirem a cada nova jogada o que faz com que cada partida seja uma experiência única e irrepetível HUIZINGA 2000 p115 Narrativo ou não todo jogo pode ser compreendido como uma ficção encenada em tempo real o que o torna irreproduzível em suas especificidades pois cada nova sessão de jogo implica um processo de seleção recomposição e ressignificação de elementos do cotidiano sejam eles presentes ou históricos em um ato acordado de fingir onde os participantes mesmo engajados na fabulação do universo lúdico Precisam ser capazes de reconhecer e compreender os sentidos que se encontram presentes na narrativa encenada o que exige um esforço analítico e interpretativo que se assemelha ao processo de investigação histórica Pois assim como o historiador precisa analisar documentos fontes e contextos para reconstruir o passado o jogador também precisa interpretar os elementos apresentados no jogo para tomar decisões e avançar na dinâmica proposta HUIZINGA 2000 p115 Essas características oportunizam à sala de aula uma série de aspectos que podem ser observados e trabalhados pelo professor durante o acompanhamento e avaliação do desenvolvimento das aprendizagens do estudante pois há inúmeras relações possíveis entre a estrutura de composição e reprodução dos jogos e os conteúdos procedimentais atitudinais e conceituais que a escola persegue em seu currículo formal O que torna o uso do jogo no ensino de História uma prática altamente enriquecedora e eficaz pois a organização do grupo para realizar as tarefas escolares a criação de estratégias para resolver problemas a compreensão da alteridade e a articulação dos diferentes pontos de vista Além da promoção da cooperação da solidariedade e do desenvolvimento de noções fundamentais como tempo e espaço são apenas algumas das competências que podem ser desenvolvidas e fortalecidas por meio dessa prática pedagógica destacandose portanto o jogo como uma ferramenta indispensável para a formação integral e crítica dos sujeitos da educação promovendo não apenas o aprendizado dos conteúdos históricos mas também o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida em sociedade 15 A Construção do Conhecimento Histórico Aprender História é um direito fundamental que abrange tanto o acesso ao conhecimento cultural historicamente acumulado quanto à apropriação de procedimentos necessários para agir de forma crítica e consciente em sociedade Pois a História enquanto área do conhecimento assume um papel essencial na formação de cidadãos que compreendem a dinâmica social e os processos que moldam as relações humanas ao longo do tempo SEFFNER 2018 p117 E nesse sentido os jogos desempenham um papel relevante no processo de ensino aprendizagem uma vez que permitem aos alunos explorar conceitos históricos de forma interativa Relacionando diferentes tempos e espaços e proporcionando uma experiência de aprendizagem que vai além da memorização de datas e eventos transformando o conhecimento histórico em algo vivido sentido e compreendido de maneira significativa A discussão sobre o uso do jogo no ensino de História é indissociável do debate sobre a natureza desta área do conhecimento e sua inserção na educação básica pois ao tratar do estudo da experiência humana em sua dimensão temporal A História busca estabelecer interrelações entre o passado e o presente promovendo um entendimento mais profundo sobre as transformações sociais e culturais que ocorreram e continuam a ocorrer ao longo do tempo Sendo uma das funções essenciais da escola promover o acesso a esses saberes historicamente acumulados e socialmente valorizados pois o patrimônio e o conhecimento histórico se apresentam nas sociedades contemporâneas como conteúdos indispensáveis para o pleno exercício da cidadania o que evidencia a importância da adoção de metodologias ativas e interativas como o uso de jogos no processo de ensino p1173 3 ANTONI Edson ZALIA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação de aprendizagens em História In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet org Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 Os jogos promovem a construção do conhecimento histórico ao possibilitar que os alunos experimentem de forma prática e dinâmica a manipulação qualificada do passado o que lhes permite acessar diversos bens culturais Compreender meios especializados e transitar entre diferentes estratos intelectuais políticos e sociais pois o conhecimento histórico além de representar um bem culturalmente almejado também possui um caráter cognitivo e instrumental pois desenvolve ferramentas de leitura e compreensão do mundo aplicáveis a contextos diferenciados o que faz com que aprender História se configure como um duplo direito por um lado o acesso a um conhecimento culturalmente valorizado e por outro a apropriação de procedimentos e instrumentos necessários para agir de forma crítica e consciente em sociedade Conforme discutido por Belintane 2024 os jogos incentivam o desenvolvimento de categorias temporais como a noção de sucessão simultaneidade e duração além de fomentar a tolerância e promover uma abordagem reflexiva e cooperativa no ensino de História pois ao interagirem com os elementos presentes no jogo Os alunos são levados a estabelecer relações entre diferentes épocas e contextos identificando mudanças e permanências nas vivências humanas e desenvolvendo uma visão crítica sobre as dinâmicas sociais políticas e culturais que influenciam a formação das sociedades contemporâneas BELINTANE 2024 p49 O que potencializa a compreensão histórica ao permitir que os educandos reflitam sobre as semelhanças e diferenças entre o passado e o presente bem como sobre os desafios e possibilidades que se apresentam para o futuro A construção do conhecimento histórico por meio dos jogos também está relacionada ao desenvolvimento de competências e habilidades específicas sendo que uma das manifestações dessa abordagem na legislação educacional instrui que ao estudar a disciplina de História Os alunos deverão ser capazes de conhecer e respeitar o modo de vida de diferentes grupos sociais em diversos tempos e espaços reconhecendo mudanças e permanências em suas vivências e valorizando o patrimônio sociocultural e a diversidade Reconhecendoa como um direito dos povos e indivíduos e como elemento fundamental para o fortalecimento da democracia pois essas competências são essenciais para a formação de cidadãos críticos reflexivos e comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e democrática Para potencializar o aproveitamento do jogo em termos de construção do conhecimento histórico é essencial que o professor ao planejar e implementar essa metodologia Selecione cuidadosamente os tópicos de estudo e os conteúdos conceituais que serão abordados pois essa seleção permitirá maior domínio do processo de construção do jogo e possibilitará uma reflexão cuidadosa sobre seu uso Além de uma avaliação adequada dos objetivos pedagógicos alcançados o que faz do jogo não apenas um recurso didático complementar Mas uma ferramenta central e indispensável no processo de ensino de História pois ao promover um ambiente de aprendizagem colaborativo reflexivo e interativo o jogo contribui de forma significativa para a formação integral dos sujeitos da educação fortalecendo a capacidade de análise crítica e a compreensão das complexidades que permeiam a construção histórica das sociedades 16 Planejamento e Implementação de Jogos Didáticos O planejamento cuidadoso do uso de jogos em sala de aula é essencial e inegociável pois representa o alicerce sobre o qual todo o processo de ensino aprendizagem se estrutura e se desenvolve de forma significativa A construção de um ambiente de aprendizagem que favoreça o uso de jogos didáticos requer que o professor compreenda profundamente o contexto educacional em que está inserido identificando os conteúdos relevantes os interesses dos estudantes os recursos disponíveis e sobretudo as competências e habilidades que se pretende desenvolver Essa análise inicial é fundamental pois ao selecionar conteúdos relevantes e definir as competências a serem trabalhadas o professor poderá planejar atividades que verdadeiramente dialoguem com a realidade dos estudantes permitindo que o jogo se torne não apenas um recurso complementar mas parte integrante e estratégica do processo de ensino Conforme Meinerz 2018 p74 o professor deve adaptar o jogo às necessidades específicas da turma considerando os diferentes perfis ritmos e estilos de aprendizagem pois cada detalhe desse planejamento tem o potencial de transformar uma atividade lúdica em uma poderosa ferramenta pedagógica que estimula o pensamento crítico a cooperação e o engajamento dos educandos É fundamental destacar que o jogo deve ser tratado como parte essencial do processo de ensino e não como uma atividade isolada ou meramente recreativa Belintane 2024 p53 ressalta que o jogo deve promover a coordenação de ações interindividuais e a reflexão crítica pois ao interagirem em um ambiente lúdico os alunos são incentivados a pensar de forma colaborativa e a desenvolver estratégias que considerem diferentes pontos de vista Assim o jogo se torna um espaço de construção coletiva do conhecimento em que as relações sociais e as experiências individuais se entrelaçam para promover um aprendizado mais profundo e significativo Nesse contexto surge uma reflexão essencial o que pode ser jogar com a História em sala de aula Essa pergunta nos conduz a uma compreensão do ato de jogar em seu duplo sentido de um lado o jogo enquanto prática experimental e concreta da ludicidade em que os estudantes vivenciam conceitos históricos em um ambiente seguro e acolhedor de outro o jogo em sua face metafórica como relação epistemológica com o pensar científico onde o ato de jogar se transforma em uma prática investigativa que instiga os alunos a questionarem analisarem e ressignificarem o conhecimento histórico estabelecendo vínculos entre o passado e o presente p73 Compreendemos o jogo como uma prática cultural que pressupõe a interação social e o compartilhamento de saberes e fazeres diversos criando um ambiente de aprendizagem onde o conhecimento circula e se constrói coletivamente Ao experimentarmos o jogo como prática potencializadora dos processos de ensino e aprendizagem do conhecimento histórico reconhecemos que o encantamento e a estética devem compor o universo de proposição do professor pois a ciência assim como a vida em sociedade é constantemente tensionada a construir novas práticas culturais que interagem de forma dialógica com o senso comum p76 Nesse processo o professor precisa desenvolver a habilidade de construir jogos que promovam práticas de diálogo intelectual e afetivo adaptando criando e recortando tanto as formas de jogar quanto os conteúdos abordados Essa capacidade de adaptação e criatividade é fundamental pois permite ao professor explorar as múltiplas possibilidades pedagógicas que o jogo oferece ampliando as oportunidades de aprendizagem e promovendo a construção de aprendizagens significativas e duradouras Além disso ao planejar e implementar jogos didáticos o professor deve considerar estratégias que contemplem a criação de ambientes de estudo individuais e grupais a organização propositiva de ambientes interativos com previsão do exercício do escutar compreender e argumentar o desenvolvimento de espaços que estimulem a criatividade a imaginação a ética e a estética e a proposição de recortes temáticos e conceituais p84 Esses elementos são essenciais para que o jogo cumpra sua função educativa de forma plena promovendo a construção de um ambiente de aprendizagem colaborativo reflexivo e transformador É importante salientar que o planejamento do uso de jogos em sala de aula deve evidenciar as escolhas do professor que ao decidir incorporar o lúdico em suas práticas pedagógicas assume o compromisso de construir propostas didáticas que dialoguem com as necessidades e interesses dos estudantes promovendo encontros significativos entre o conteúdo histórico e a vivência dos educandos O papel do educador no momento do jogo também merece destaque pois o professor deve atuar como mediador do processo de aprendizagem intervindo de forma estratégica quando necessário mas sobretudo permitindo que os alunos explorem livremente as possibilidades oferecidas pelo jogo É nesse espaço de liberdade e experimentação que o aprendizado se concretiza de forma significativa permitindo aos estudantes desenvolver habilidades fundamentais para a vida em sociedade como a tomada de decisão a resolução de problemas a cooperação e o pensamento crítico O jogo ao propiciar um ambiente instável e imprevisível onde cada ação abre uma gama de possibilidades de reação e interpretação desafia os alunos a lidarem com a incerteza e a tomarem decisões em tempo real habilidades essas que são essenciais para a formação de cidadãos críticos e autônomos Huizinga 2000 p114115 Em suma o planejamento e a implementação de jogos didáticos no ensino de História requerem uma abordagem cuidadosa e intencional que valorize o potencial do lúdico como elemento educativo promova a construção de ambientes de aprendizagem interativos e colaborativos e incentive a formação de sujeitos críticos reflexivos e comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e democrática É nesse processo de planejamento e execução que o jogo se revela como uma ferramenta pedagógica indispensável capaz de transformar o ensino de História em uma experiência verdadeiramente significativa e transformadora para os estudantes proporcionandolhes não apenas o aprendizado dos conteúdos históricos mas também o desenvolvimento de competências essenciais para a vida em sociedade como o pensamento crítico a empatia a cooperação e a capacidade de atuar de forma consciente e responsável no mundo em que vivem CONCLUSÃO Ao longo deste capítulo foi possível perceber que o uso de jogos de tabuleiro e cartas no ensino de História representa uma abordagem pedagógica inovadora e transformadora que transcende a simples transmissão de conteúdos e promove uma aprendizagem significativa e engajadora A aula de História compreendida como um espaço de interação e experimentação tornase um ambiente dinâmico e estimulante quando o lúdico é incorporado como estratégia didática O jogo nesse contexto não apenas diverte mas também educa pois possibilita o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais tais como o pensamento crítico a empatia a cooperação e a capacidade de tomada de decisão habilidades estas que são indispensáveis para a formação de cidadãos conscientes e atuantes na sociedade contemporânea A relevância do jogo no ensino de História foi amplamente discutida destacandose sua capacidade de promover o deslocamento do espaço disciplinar tradicional abrindo caminho para novas formas de aprendizagem que valorizam a experiência o encantamento e a emoção O jogo enquanto prática cultural e ferramenta pedagógica cria um ambiente em que conceitos históricos se gestam e passam a dar forma à vida e aos modos de viver Essa prática favorece a circulação de saberes e estabelece pontes entre a experiência socialmente adquirida e os saberes formais possibilitando aos educandos compreenderem e contextualizarem o conhecimento histórico de maneira significativa Além disso o jogo desempenha um papel fundamental na construção do conhecimento histórico ao permitir que os estudantes explorem e internalizem conceitos temporais e históricos essenciais Por meio da interação social proporcionada pelo jogo os educandos vivenciam experiências que os ajudam a reconhecer mudanças e permanências nas vivências humanas a respeitar a diversidade sociocultural e a valorizar o patrimônio histórico Dessa forma o jogo se configura como um recurso didático que não apenas enriquece o ensino de História mas também contribui para o desenvolvimento de uma consciência crítica e reflexiva indispensável para o pleno exercício da cidadania A implementação eficaz dos jogos didáticos em sala de aula como discutido neste capítulo requer um planejamento cuidadoso e intencional por parte do professor É imprescindível que o docente selecione conteúdos relevantes defina as competências a serem desenvolvidas e adapte o jogo às necessidades da turma promovendo um ambiente de aprendizagem colaborativo e reflexivo O papel do professor como mediador é essencial para garantir que o jogo cumpra sua função educativa proporcionando aos estudantes um espaço de liberdade e experimentação onde o aprendizado se concretiza de forma significativa Em conclusão a utilização de jogos de tabuleiro e cartas no ensino de História não deve ser vista como uma solução mágica para os desafios educacionais mas sim como uma ferramenta poderosa que quando integrada de forma planejada e estratégica tem o potencial de transformar a prática pedagógica tornando a aprendizagem mais envolvente significativa e prazerosa O jogo ao articular o conhecimento histórico com elementos lúdicos contribui para o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida em sociedade promovendo uma educação mais ativa reflexiva e humanizadora Assim o capítulo 1 estabelece as bases para compreendermos que o ensino de História enriquecido pela ludicidade pode ser um processo fascinante e transformador capaz de despertar nos educandos o desejo de aprender de refletir criticamente sobre o mundo e de atuar de forma responsável e ética em sua construção REFERÊNCIAS ANTONI Edson ZALLA Jocelito O que o jogo ensina práticas de construção e avaliação de aprendizagens em história In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 113126 BELINTANE Maria A O Jogo como um instrumento de trabalho no ensino de História Educação Unisinos v28 2024 GOMES Bianca Antonio ULBRICHT Vania Ribas Os jogos de tabuleiro e seu uso na educação uma revisão integrativa de literatura Educação Unisinos v28 2024 HUIZINGA Johan Homo Ludens São Paulo Perspectiva 2000 MEINERZ Carla Beatriz Jogar com a História na sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 7386 PEREIRA Nilton Mullet GIACOMONI Marcello Paniz Flertando com o Caos os jogos no Ensino de História In Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 918 SEFFNER Fernando Aprendizagens significativas em História critérios de construção para atividades em sala de aula In GIACOMONI Marcello Paniz PEREIRA Nilton Mullet Jogos e ensino de história Porto Alegre Editora da UFRGS 2018 p 3546 SILVA Daniel Pinha O lugar do tempo presente na aula de história limites e possibilidades Revista Tempo e Argumento Florianópolis v9 n20 p99 129 janabr 2017 janabr 2017 INTRODUÇÃO O presente trabalho intitulado Trilhando a História de Joinville em Jogo Didático Imigração e Presença de Muçulmanos no Tempo Presente 20172024 tem como objetivo central historicizar a presença de imigrantes muçulmanos que residem no município de Joinville localizado no norte do estado de Santa Catarina Essa abordagem propõe compreender as trajetórias de vida desses imigrantes suas identidades culturais religiosas e econômicas além de investigar os fatores internos e externos que motivaram sua vinda a esta região A análise será realizada por meio de leitura historiográfica análise documental e principalmente pela metodologia da História Oral permitindo assim que as vozes desses indivíduos sejam registradas e analisadas sob a perspectiva da memória e da identidade Joinville tradicionalmente reconhecida por sua herança cultural de predominância germânica tornouse nas últimas décadas um espaço de acolhimento para diversas comunidades imigrantes Entre elas destacamse grupos de origem muçulmana provenientes de países como Senegal Moçambique Marrocos Paquistão e Síria que encontram no Centro Islâmico de Joinville um local de convivência religiosa e cultural A partir dessa constatação este estudo propõe investigar como essas comunidades se inserem no contexto sociocultural local contribuindo para a formação da identidade joinvilense contemporânea A pesquisa buscará respostas para questões relacionadas à origem ao trabalho ao processo de acolhimento e à intolerância religiosa enfrentada por esses grupos Além da abordagem histórica e cultural o trabalho também se propõe a desenvolver um material didáticopedagógico inovador um jogo analógico em formato de tabuleiro e cartas elaborado na plataforma Canva Este recurso tem como finalidade abordar de maneira lúdica e interativa a temática da imigração muçulmana em Joinville no ambiente escolar O jogo didático servirá como uma ferramenta educacional que visa proporcionar aos estudantes um aprendizado envolvente promovendo a valorização da diversidade cultural e fomentando discussões sobre interculturalidade no contexto do ensino de história Ao explorar narrativas de vida e questões relacionadas à tolerância religiosa e étnica o jogo proporcionará um ambiente de aprendizagem dinâmica e reflexiva conectando as gerações mais jovens às complexidades históricas e culturais da cidade O presente projeto de caráter qualitativo alinhase à linha de pesquisa em Linguagens e Narrativas Históricas Produção e Difusão do Mestrado Profissional em Ensino de História da Universidade Federal do Paraná UFPR sob orientação do Prof Dr Clóvis Mendes Gruner Essa linha de pesquisa visa produzir materiais destinados ao uso educativo e considera as possibilidades de difusão científica da História Assim esperase que o produto final deste estudo o jogo didático contribua não apenas para a historiografia local mas também para o ensino público de Joinville servindo como um recurso pedagógico acessível para professores e estudantes interessados em compreender a diversidade cultural e religiosa presente na cidade

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