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O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 1 O ATENDIMENTO EM GRUPO OPERATIVO NO CRAS RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA Anelisa Morais Maia RESUMO O presente artigo relata uma experiência de atendimento em um grupo de acompanhamento familiar realizado em um CRAS da região metropolitana de São Paulo Neste grupo a coordenadora utiliza da teoria e metodologia dos grupos operativos de PichonRivière relacionando esse atendimento com os objetivos do PAIF Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias de fortalecimento dos vínculos comunitários desenvolvimento de potencialidades autonomia e funções protetivas das famílias e indivíduos Palavraschaves assistência social psicanálise grupo famílias grupo operativo ABSTRACT THE ATTENDANCE IN THE CRAS OPERATING GROUP REPORT OF AN EXPERIENCE The following article reports an assistance experience in a family support group implanted on a Social Work Reference Center in Portuguese Centro de Referência de Assistência Social CRAS located in the metropolitan region of Sao Paulo In this specific group the coordinator uses the theory and the methodology of the Pichon Rivière operating groups associating the attendance with the Service of Protection and Integral Assistance to Families in Portuguese Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias PAIFs goals of having community bonds strengthened potentials development autonomy and protective functions of families and individuals Keywords social assistance psychoanalysis group families operating groups TRATAMIENTO EN GRUPO OPERATIVO EN LOS SERVICIOS DE CRAS INFORME DE UNA EXPERIENCIA RESUMEN Resumen el presente artículo reporta una experiencia de tratamiento en un grupo de acompañamiento familiar realizado en un Centro de Referencia de Asistencia Social en portugués Centro de Referencia de Asistencia Social CRAS de la región metropolitana de Sao Paulo En este grupo la coordinadora utiliza la teoría y metodología de los grupos operativos de PichonRivière relacionando ese servicio a los objetivos del Servicio de Protección y Atención Integral a las Familias en portugués Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias PAIF del fortalecimiento de los lazos comunitarios potencial de desarrollo la autonomía y las funciones protectoras de las familias e individuos Palabras clave asistencia social psicoanálisis grupo familias grupo operativo O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 2 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O ATENDIMENTO NO CRAS A Política de Assistência Social é recente tendo surgido no Brasil no ano de 2004 Ela se tornou um direito do cidadão buscando romper com práticas assistencialistas e de favores os quais marcaram este tipo de atendimento por muitos anos onde a assistência aos menos favorecidos era ofertada por entidades e órgãos religiosos especialmente Para romper com essas práticas surgiram leis e diretrizes de oferta de Serviços contínuos que tem como objetivos promover a proteção social das famílias através da oferta de bens materiais programas de transferência de renda benefícios emergenciais e continuados e Serviços que proporcionem o desenvolvimento da autonomia e protagonismo dos usuários e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários De acordo com as diretrizes é necessário ofertar esses Serviços às pessoas que recebem programas e benefícios posto que somente a provisão de bens materiais não suprem as necessidades subjetivas para o desenvolvimento da autonomia e fortalecimento de vínculos A Política dividiu o atendimento em dois tipos a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial A primeira relacionase ao atendimento preventivo às situações de risco e violações de direitos e a referência de atendimento é o CRAS Centro de Referência da Assistência Social e a Proteção Especial se refere aos atendimentos às famílias em situações de risco e violações de direitos situações de violência abandono negligência e demais violações e a referência de atendimento é o CREAS Centro de Referência Especializado da Assistência Social O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família PAIF consiste no trabalho social com famílias de caráter continuado com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias prevenir a ruptura de seus vínculos promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários por meio de ações de caráter preventivo protetivo e proativo Orientações técnicas sobre o PAIF vol 1 MDS 2012 pag 12 A fim de alcançar estes objetivos as diretrizes da Política indicam a realização de atendimentos particularizados às famílias visitas domiciliares e o atendimento em grupos tanto os de caráter continuado ou não e por meio de oficinas Mas ao se pensar nesses objetivos referentes à convivência fortalecimentos de vínculos autonomia desenvolvimento de potencialidades acreditamos que um dos principais meios para se alcançalos seja através das ações em grupo Acreditase que as ações coletivas apresentam muitas qualidades que vão de encontro a esses objetivos tais como facilitam a reflexão pois há a troca de experiências dúvidas e visões de mundo entre os participantes proporcionam a construção de vínculos entre os participantes e entre estes e o Serviço proporcionam diferentes vivências especialmente aquelas embasadas no diálogo e na cooperação provocam a participação dos usuários possibilitando o desenvolvimento da autonomia e protagonismo dentre outros aspectos Por acreditar na importância desse tipo de atendimento apresento nesse artigo considerações acerca do atendimento grupal no CRAS Trabalhar com grupos não é tão simples quanto parece por isso tornase importante ao coordenador de grupos ter O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 3 conhecimento sobre as teorias de grupo e aprimorar o seu manejo Para isso foi utilizado a teoria da Psicanálise especialmente da Psicanálise das Configurações Vinculares de PichonRivière A TEORIA DE PICHONRIVIÉRE SOBRE GRUPOS OPERATIVOS A Psicanálise coloca o desenvolvimento humano como sendo possível e marcado pela presença de outro É através dos cuidados de outro ser humano que vai se formando o aparelho psíquico individual as fantasias surgindo os diversos mecanismos de defesas Ávila 2016 coloca que a criança que nasce já havia nascido muito antes no imaginário de seus pais desde quando estes eram crianças e pelos pais de seus pais formando uma corrente transgeracional Já nascemos com as fantasias dos outros sobre nós que influenciam na dinâmica familiar ou seja para a Psicanálise o ser humano é um ser relacional que é formado psiquicamente pelos vínculos sociais A Psicanálise através de Freud teve início como uma teoria da psique humana individual mas foi se desenvolvendo através dos anos e de outros teóricos buscando responder e atuar frente a outras demandas que surgiam para além da neurose Especialmente quando tratamos da atuação em instituições onde o número de pessoas que procuram por atendimentos é grande suas demandas e níveis de sofrimento são diversos entendese que o atendimento em grupo tem fornecido boas respostas de acordo com diversos relatos de experiências e estudos Há vários autores psicanalíticos que escreveram sobre o trabalho com grupos cujas teorias contribuem com nossa prática no CRAS mas o presente artigo se restringe na descrição de uma experiência com grupo operativo PichonRivière 1982 construiu uma teoria das relações vinculares Psicanálise Vincular onde diz que as primeiras relações sociais a que o indivíduo está submetido formam vínculos que são internalizados pelo sujeito formando assim seu mundo interno composto por estruturas vinculares internalizadas Neste mundo interno os objetos introjetados irão se relacionar por isso para ele este mundo interno também é um grupo O ser humano vive em grupo e tem um grupo de vínculos internos dentro de si formado pelas representações de seu mundo externo Esse conjunto de experiências conhecimentos e afetos com os quais o indivíduo pensa e atua pag 78 e que é formado ao longo da vida do sujeito Pichon deu o nome de Esquema Referencial Ele tem aspectos conscientes e principalmente inconscientes que interferem de forma crucial na leitura de mundo do indivíduo fazendo muitas vezes com que este mantenha comportamentos e sentimentos estereotipados Seus critérios de saúde e doença estão relacionados com o grau de estereotipia e flexibilidade que o indivíduo apresenta em suas relações internas e externas Se a relação com o mundo externo é rígida estereotipada reprodutora do mesmo padrão de entendimento e relacionamento dos vínculos primários gera dificuldade de aprendizado e doença Já se o indivíduo consegue apreender novas formas de se vincular de apreender o objeto e de entrar em contato com este ele se relaciona com a realidade de forma mais saudável pois para Pichon saúde é movimento O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 4 Em relação à atuação com grupos Pichon iniciou o método do grupo operativo sendo este um conjunto de pessoas com um objetivo comum pag 59 Através da experiência em grupo as pessoas tem a possibilidade de vivenciar novas experiências de aprendizagem e de vinculação visando o rompimento de estereótipos que geram alienação Há no grupo uma tarefa que deve vir acompanhada de reflexão tarefa e pensamento precisam andar juntos para que não haja alienação Para o autor aprendizagem é toda forma de mudança de conduta interna e externamente que enriquece a personalidade Mas o rompimento dos estereótipos de conduta gera ansiedade e por isso gera resistência também sendo que o coordenador do grupo deve estar atento ao surgimento destas À medida que o homem atua sobre a tarefa esta se modifica e ele também No trabalho do grupo operativo buscase revisar o Esquema Referencial do sujeito especialmente em seus aspectos inconscientes buscando a transformação das formas de ser estereotipadas e assim ampliando as possibilidades de atuação do indivíduo Essa transformação ocorre através da aprendizagem que rompe com a estereotipia dando lugar às formas dinâmicas e plásticas O conceito de tarefa em um grupo operativo está simultaneamente ligado aos seres humanos que a executam pois o que importa é como estes a realizam e a aprendizagem que é adquirida através da análise do Esquema Referencial e de sua progressiva modificação Pichon descreve diversos tipos de ansiedades que são desencadeadas pelo tema ou tarefa no grupo São elas momento paranoide momento fóbico momento contra fóbico momento obsessivo momento confusional momento esquizoide momento depressivo e momento epileptoide Para o autor é preciso trabalhar com um nível ideal de ansiedade que não seja muito intenso a ponto de paralisar o trabalho e nem muito baixa ou ausente a ponto de não elucidar o interesse das pessoas pela tarefa Durante o funcionamento do grupo através da observação dos demais membros e da alternância de papéis entre as pessoas estas encontram possibilidades de novas aprendizagens através do rompimento com a estereotipia O grupo operativo que chega a se constituir em equipe que aprende consegue implicitamente uma certa retificação de vínculos estereotipados e portanto um certo grau de efeito terapêutico Bleger 1980 pag 70 No caderno Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 2012 elaborado pelo MDS Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome encontramos o seguinte texto De qualquer modo a relevância reside em reconhecer que na convivência se constituem ligaçõesvínculos entre as pessoas e que estas vivências determinam modos de se relacionar e também que algo se passa nestes momentos da natureza do intangível que não se pode controlar mas que incide na aprendizagem dos sujeitos que participam deste encontro Portanto as cristalizações também podem ser desarticuladas nas situações de convivência resultando no estabelecimento de vínculos mais flexíveis Não apenas repetição mas também criação de novos modos de agir e de se relacionar Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 2012 MDS pag 21 Assim para se alcançar os objetivos do PAIF é possível entender que a abordagem grupal é essencial proporcionando a participação no sentido de movimento O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 5 e de compartilhar em contraposição à passividade muitas vezes vivenciada pelo público atendido Só aquele que participa pode ser e sentirse cidadão Concepção de Convivência e de Fortalecimento de Vínculos pag 22 citando Muñoz 2004 UM BREVE RELATO SOBRE O ATENDIMENTO EM GRUPO OPERATIVO NO CRAS No dia a dia do trabalho realizado em um CRAS Centro de Referência da Assistência Social da região metropolitana de São Paulo a equipe já iniciou por diversas vezes a oferta de grupos com famílias que normalmente mostramse esvaziados de pessoas e sem a continuidade de participação Situação esta que gera frustração e desânimo nos profissionais frente a este trabalho Os modelos de grupos formados em sua maioria são no formato de grupos temáticos ou seja com o objetivo de discutir temas diversos com as famílias os quais tem relação com as situações de vulnerabilidade que elas vivenciam tais como o acesso aos direitos sociais saúde educação etc questões de gênero relações familiares violência doméstica trabalho infantil dentre outros A oferta de somente um modelo de grupo do tipo temático para discutir os problemas das famílias não se mostra suficiente para motivar a participação dos usuários nos encontros e nem para se alcançar todos os objetivos propostos pelo PAIF já citados nesse texto Há a necessidade de se construir espaços diferenciados de vinculação entre os usuários do serviço e a equipe de atendimento e entre os próprios usuários espaços estes que tenham uma proposta integrativa e que se caracterizem como espaços de convivência entre as famílias proporcionando bons encontros onde as pessoas tenham oportunidade de experienciar novas vivências ressignificar seus vínculos anteriores atualizandoos frente à realidade fortalecendoos promovendo a reflexão e um novo agir de rompimento com a subordinação Assim é possível criar oportunidades de fortalecimento dos usuários para o enfrentamento às situações de conflito e exclusão social em que vivem para que estes consigam dar novas respostas e ressignificar seus vínculos dentro da família e na comunidade Pensando assim foi iniciado no CRAS em agosto de 2016 outro tipo de grupo com as famílias utilizandose do artesanato O grupo começou com 4 quatro oficinas de artesanato ofertado por uma professora contratada com o acompanhamento da psicóloga do CRAS coordenadora do grupo Após o final do contrato da professora o grupo combinou de continuar se reunindo sendo que as próprias participantes iriam ensinar as técnicas artesanais O grupo é aberto à entrada de novos participantes que podem ser tanto encaminhados pelos profissionais que atuam no CRAS como convidados pelas usuárias Ele acontece quinzenalmente e dura aproximadamente 2 horas Até o momento tem participado uma média de 5 usuárias por encontro Há pessoas frequentes e outras que participaram uma vez e não retornaram A metodologia do grupo consiste em unir a aprendizagem do artesanato com um momento reflexivo realizado com os participantes após a confecção da peça Nesse momento realizase uma conversa sobre suas percepções e sentimentos sobre o processo de fazer uma determinada peça artesanal Durante alguns encontros foi possível O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 6 perceber que esse processo de aprendizagem repetia algumas sensações e vivências das usuárias fora do grupo como os sentimentos de insegurança ao fazer algo novo dúvida na própria capacidade de construir algo dependência de outros para realizar algumas ações comportamento passivo ou ativo Tudo isso começou a ser conversado aos finais de cada encontro também relacionandoos com alguns aspectos da vida fora do grupo Abaixo encontramse alguns exemplos de situações com os nomes das usuárias alterados Em um dos encontros a Srª Luiza demonstrou receio em utilizar a pistola de cola quente tendo sido incentivada pela coordenadora do grupo a experimentar Ela resolveu experimentar e continuou fazendo o artesanato No final do encontro conversamos sobre isso e relacionamos essa insegurança com outras vivenciadas pelo grupo no dia a dia e na importância de enfrentarmos essas inseguranças para se conquistar o que deseja A Srª Luiza sempre levava para os encontros seu filho Márcio de 11 anos O menino costumava tomar a frente de seus trabalhos diante da insegurança da mãe e ela sentiase dependente dele Conversamos com ela sobre isso e sobre como essa dependência estava prejudicandoo na escola pois o menino faltava aulas para acompanhar a mãe em alguns compromissos seus Ela relatou depender dele para sair de casa pois sentese insegura para sair sozinha Conversamos sobre isso e a encaminhamos para avaliação com o psicólogo da UBS de referência pois percebemos que o rompimento com esse comportamento estereotipado de sempre sair acompanhada por alguém gerava em Luiza muita ansiedade sendo a mesma paciente psiquiátrica que faz uso de medicamentos para depressão Durante os encontros ao se fazer o artesanato vários assuntos da vida das usuárias do Serviço vão vindo à tona e conversamos sobre eles Muitos desses assuntos são disparados pelo próprio ato de confeccionar alguma peça Em um dos encontros em que utilizamos retalhos uma das participantes a Srª Nilda ressaltou que a Srª Sirlene deveria estar com algum problema pois estava utilizando retalhos de cor escura Sirlene começou a falar sobre um problema que estava passando com a filha adolescente O grupo acolheu o relato de Sirlene e conversamos sobre isso No final do encontro Sirlene relatou estar sentindose mais calma Durante os encontros percebemos que as mulheres se ajudam sendo umas mais proativas em solicitar ou proporcionar ajuda e outras mais passivas mas todas se mostram cooperativas Conversamos sobre como é depender de alguém para alguma coisa que existem vários tipos de dependência e cada uma fala sobre como sente a dependência em sua vida Uma das participantes a Srª Jerusa fala em vários encontros que o importante é aprender a fazer e não desistir não importando se ficou feio o trabalho Jerusa diz que sempre gosta de sentar perto de alguém que tem facilidade para fazer artesanato e chama essa pessoa de secretária ou seja alguém que vai ajudala e encara isso com naturalidade pois acredita nas relações colaborativas No dia em que a peça foi feita com costura técnica que Jerusa conhece bem ela quem virou secretária de outras usuárias tendo invertido os papéis que estavam se estabelecendo Conversamos sobre isso e a coordenadora apontou que cada um tem as suas facilidades e dificuldades e estas vão aparecer de acordo com as peças e técnicas utilizadas O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 7 Em outro encontro a Srª Meire relata sua insegurança ao dizer que dificilmente fica satisfeita com seus trabalhos e relata sintomas físicos de ansiedade Ela diz que era dependente para tudo de seu marido e quando este faleceu ela teve que aprender a mexer em banco enfim a fazer tudo o que ele resolvia Ressaltamos que qualquer pessoa pode ensinar alguma técnica ou peça mas até o momento somente uma usuária a Srª Nilda tem feito esse papel pois as outras ainda não se disponibilizaram a isso algumas por insegurança na vivência de um novo papel o de ensinar De forma geral os relatos das usuárias ao final dos encontros normalmente são de satisfação e percebemos que elas se sentem capazes de construir algo contribuindo no desenvolvimento de potencialidades e sentimentos de gratificação e potência Notamos que muitas apresentam sentimentos de insegurança em seus relatos e o grupo tem se mostrado um espaço propício para compartilharem esses sentimentos e proporcionar possibilidades da vivência de novas condutas ou aprendizagens segundo Pichon Esses são relatos e recortes de alguns encontros através dos quais se percebe o grupo como um ambiente acolhedor onde se pode socializar as experiências proporcionar novas vivências relacionais fortalecer vínculos comunitários desenvolver potencialidades e autonomia e também contribuir com a reestruturação vincular É um espaço aberto à aprendizagem como preconizou Pichon nos grupos operativos por trás do aprender artesanato está a riqueza do aprendizado de um novo agir no mundo da reestruturação de novos vínculos internos e externos Além disso o grupo operativo se torna um espaço de fortalecimentos dos vínculos comunitários de desenvolvimento de potencialidades autonomia e de funções protetivas tais como a capacidade dialógica paciência tolerância cooperação etc CONSIDERAÇÕES FINAIS O grupo do artesanato é somente uma possibilidade que também não atrai a todos os usuários mas normalmente àqueles que tem algum interesse nesse tipo de atividade Portanto diante da dificuldade de participação dos usuários nos grupos e os objetivos que devem ser alcançados pela Política propõese a realização de diversos tipos de grupos operativos no CRAS grupos com pessoas de várias faixas etárias e intergeracionais que foquem na execução de uma tarefa prazerosa e concreta tais como oficinas de artes artesanatos práticas corporais audiovisual literatura jardinagem etc Assim através do convívio e construção de vínculos os conteúdos latentes e dificuldades da comunidade poderão ser manifestados bem como a forma de vinculação de cada membro abrindose a possibilidade de novas aprendizagens e a ressignificação destes vínculos utilizandose para isso a teoria de PichonRivière Assim acreditase que o modelo de grupo operativo oportuniza essas vivências e a possibilidade de novas aprendizagens e retificação de seus vínculos e repertórios Enfim para a concretização deste trabalho no sentido da ampliação e diversificação dos grupos com famílias ficam como desafios a mudança na dinâmica do setor que vem por anos funcionando como um balcão de programas e benefícios sendo visto pela comunidade por alguns trabalhadores e gestores como um local de O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 8 atendimento pontual de oferta de bens materiais orientações e encaminhamentos Ainda é preciso romper com o ato fundante e a história da assistência social que é a oferta pontual de bens materiais Para isso é necessário transformar paulatinamente a função do setor como também um local de convivência e do atendimento através da formação de espaços de vinculação e desenvolvimento de potencialidades Para essa construção mostrase necessário um alinhamento de entendimento entre as equipes e o gestor que deverá investir em educação permanente para os trabalhadores supervisões materiais e recursos humanos necessários para a realização dos grupos Além desta questão conforme Bleger 1980 coloca a instituição acaba por apresentar a mesma estrutura e problema daquilo que ela se prontifica a atender É possível perceber neste município que na Assistência Social os trabalhadores sentem se despotencializados assim como os usuários sem recursos físicos materiais e humanos ou com recursos precários para atender a comunidade tendo que se virar com pequenas doações de materiais e comprando alimentos e materiais com seus próprios recursos A manutenção da oferta do PAIF e sua qualidade são sentidas como um favor e não como um direito sendo na prática uma política precária para pobres Por fim toda essa realidade também contribui para a não participação dos usuários nos atendimentos que são vistos ainda como objetos de uma política e não como seus sujeitos de direitos sendo a reorganização dos modelos dos grupos do PAIF apenas uma hipótese que não esgota a causa do esvaziamento da frequência das famílias nos grupos mas indica um caminho a ser trilhado REFERÊNCIAS ÁVILA LAZSLO A Grupos Uma perspectiva psicanalítica São Paulo Zagodoni 2016 BLEGER J Grupos operativos no ensino In Temas de Psicologia entrevista e grupos São Paulo Martins Fontes 1980 p 59 a 100 Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Brasília 2012 Orientações Técnicas sobre o PAIF Vol 1 MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Brasília 2012 PICHONRIVIÈRE E O Processo Grupal São Paulo Martins Fontes 1982 8ª edição 2009 p 1 a 22 Política Nacional de Assistência Social PNAS MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Brasília 2005 Recebido em Março de 2017 Revisado em Abril de 2017 Aceito em Maio de 2017 Anelisa Morais Maia psicóloga com especialização em Violência Doméstica contra a criança e adolescente pela USP 2005 Atuou em instituição de acolhimento de crianças e adolescentes consultório particular e atualmente trabalha em um CRAS Rua nove de julho 1233 ap 203 Jd Santa Helena SuzanoSPTel 11 42923899 Cel 11 981694496 anelisamaia1yahoocombr FICHAMENTO MAIA Anelisa Morais O ATENDIMENTO EM GRUPO OPERATIVO NO CRAS RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA VÍNCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 O artigo tem como propósito o relato de experiência de um atendimento grupal de atendimento familiar dentro de um CRAS com a aplicação do método de grupos operativos de PichonRivière Dialogando acerca de tal metodologia com os objetivos do Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O ATENDIMENTO NO CRAS Ao aprofundar os conceitos que serão relatados na prática vivenciada pela autora do artigo nos é apresentada A Política de Assistência Social política esta bastante recente surgida apenas em 2004 e como apontado no texto se tornou um direito do cidadão buscando romper com práticas assistencialistas e de favores os quais marcaram este tipo de atendimento por muitos anos onde a assistência aos menos favorecidos era ofertada por entidades e órgãos religiosos especialmente p 2 Esse tipo de política busca o desenvolvimento da autonomia dos usuários os permitindo o papel de protagonistas dentro das necessidades comunitárias e familiares supridas pelos serviços oferecidos De acordo com a autora essa Política dividiu o atendimento em dois tipos a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial p 2 nos trazendo ao entendimento de que uma se trata do atendimento preventivo e a outra da proteção especial CRAS e CREAS Sendo o primeiro onde toda a experiência relatada no artigo ocorreu A TEORIA DE PICHONRIVIÉRE SOBRE GRUPOS OPERATIVOS Trazendo o segundo tópico de fundamentação teórica nos é apresentada a teoria psicanalítica sobre grupos operativos no qual a autora nos introduz aos princípios básicos da psicanálise apresentando os ideais freudianos e da base psicanalítica relembrando aqueles que já conhecem sobre o tema e também explicando aqueles que não Ao falar sobre Pichon Riviére ela nos esclarece que o teórico construiu uma teoria das relações vinculares Psicanálise Vincular onde diz que as primeiras relações sociais a que o indivíduo está submetido formam vínculos que são internalizados pelo sujeito formando assim seu mundo interno composto por estruturas vinculares internalizadas p 3 Aprofundandose nos ideais do psicanalista nos é esclarecido que seus critérios de saúde e doença estão relacionados com o grau de estereotipia e flexibilidade que o indivíduo apresenta em suas relações internas e externas Sendo assim compreendemos que para o autor saúde se relaciona diretamente com o movimento Quanto aos grupos tópico que é o de maior relevância no artigo Pichon iniciou o método do grupo operativo sendo este um conjunto de pessoas com um objetivo comum pag 59 Através da experiência em grupo as pessoas têm a possibilidade de vivenciar novas experiências de aprendizagem e de vinculação visando o rompimento de estereótipos que geram alienação Há no grupo uma tarefa que deve vir acompanhada de reflexão tarefa e pensamento precisam andar juntos para que não haja alienação p 4 Por fim compreendemos que a ideia de uma tarefa em um grupo operativo desempenha o papel de estar diretamente ligada com as pessoas que a executa já que o que nos interessa é o modo que a tarefa é realizada e o meio no qual a aprendizagem é adquirida UM BREVE RELATO SOBRE O ATENDIMENTO EM GRUPO OPERATIVO NO CRAS Por fim chegamos ao relato da experiência vivenciada no CRAS onde a proposta e a concepção de tais atividades pelos próprios profissionais é citada sendo destacada a falta de continuidade e participação nas atividades em grupos A autora destaca que a oferta de somente um modelo de grupo do tipo temático para discutir os problemas das famílias não se mostra suficiente para motivar a participação dos usuários nos encontros e nem para se alcançar todos os objetivos propostos pelo PAIF p 5 sendo assim a proposta do gruo operativo se mostra como algo inovador dentro desse ambiente Sobre o método escolhido foi o artesanato onde a autora esclarece que a metodologia do grupo consiste em unir a aprendizagem do artesanato com um momento reflexivo realizado com os participantes após a confecção da peça Nesse momento realizase uma conversa sobre suas percepções e sentimentos sobre o processo de fazer uma determinada peça artesanal p 5 Foram relatadas diversas situações em que o aprendizado e a troca de informações e vivências são trabalhadas a autora mesmo diz que Durante os encontros ao se fazer o artesanato vários assuntos da vida das usuárias do Serviço vão vindo à tona e conversamos sobre eles Muitos desses assuntos são disparados pelo próprio ato de confeccionar alguma peça p 6 A partir dos relatos de diversos dos participantes da oficina podemos observar um resultado positivo vindo da prática durante o texto a autora também aponta que De forma geral os relatos das usuárias ao final dos encontros normalmente são de satisfação e percebemos que elas se sentem capazes de construir algo contribuindo no desenvolvimento de potencialidades e sentimentos de gratificação e potência Notamos que muitas apresentam sentimento de insegurança em seus relatos e o grupo tem se mostrado um espaço propício para compartilharem esses sentimentos e proporcionar possibilidades da vivência de novas condutas ou aprendizagens segundo Pichon p 7 Nas considerações finais podemos acompanhar a conclusão da autora de apesar de ter mostrado certa eficácia o grupo de artesanato é apenas uma opção que não é atrativa a todos os usuários do CRAS mas auxilia no incentivo e integração dos usuários para a interação grupal cumprindo os objetivos propostos na prática A autora acredita que o modelo de grupo operativo oportuniza essas vivências e a possibilidade de novas aprendizagens e retificação de seus vínculos e repertórios p 7

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Portuguese Centro de Referência de Assistência Social CRAS located in the metropolitan region of Sao Paulo In this specific group the coordinator uses the theory and the methodology of the Pichon Rivière operating groups associating the attendance with the Service of Protection and Integral Assistance to Families in Portuguese Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias PAIFs goals of having community bonds strengthened potentials development autonomy and protective functions of families and individuals Keywords social assistance psychoanalysis group families operating groups TRATAMIENTO EN GRUPO OPERATIVO EN LOS SERVICIOS DE CRAS INFORME DE UNA EXPERIENCIA RESUMEN Resumen el presente artículo reporta una experiencia de tratamiento en un grupo de acompañamiento familiar realizado en un Centro de Referencia de Asistencia Social en portugués Centro de Referencia de Asistencia Social CRAS de la región metropolitana de Sao Paulo En este grupo la coordinadora utiliza la teoría y metodología de los grupos operativos de PichonRivière relacionando ese servicio a los objetivos del Servicio de Protección y Atención Integral a las Familias en portugués Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias PAIF del fortalecimiento de los lazos comunitarios potencial de desarrollo la autonomía y las funciones protectoras de las familias e individuos Palabras clave asistencia social psicoanálisis grupo familias grupo operativo O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 2 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O ATENDIMENTO NO CRAS A Política de Assistência Social é recente tendo surgido no Brasil no ano de 2004 Ela se tornou um direito do cidadão buscando romper com práticas assistencialistas e de favores os quais marcaram este tipo de atendimento por muitos anos onde a assistência aos menos favorecidos era ofertada por entidades e órgãos religiosos especialmente Para romper com essas práticas surgiram leis e diretrizes de oferta de Serviços contínuos que tem como objetivos promover a proteção social das famílias através da oferta de bens materiais programas de transferência de renda benefícios emergenciais e continuados e Serviços que proporcionem o desenvolvimento da autonomia e protagonismo dos usuários e o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários De acordo com as diretrizes é necessário ofertar esses Serviços às pessoas que recebem programas e benefícios posto que somente a provisão de bens materiais não suprem as necessidades subjetivas para o desenvolvimento da autonomia e fortalecimento de vínculos A Política dividiu o atendimento em dois tipos a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial A primeira relacionase ao atendimento preventivo às situações de risco e violações de direitos e a referência de atendimento é o CRAS Centro de Referência da Assistência Social e a Proteção Especial se refere aos atendimentos às famílias em situações de risco e violações de direitos situações de violência abandono negligência e demais violações e a referência de atendimento é o CREAS Centro de Referência Especializado da Assistência Social O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família PAIF consiste no trabalho social com famílias de caráter continuado com a finalidade de fortalecer a função protetiva das famílias prevenir a ruptura de seus vínculos promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua qualidade de vida Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários por meio de ações de caráter preventivo protetivo e proativo Orientações técnicas sobre o PAIF vol 1 MDS 2012 pag 12 A fim de alcançar estes objetivos as diretrizes da Política indicam a realização de atendimentos particularizados às famílias visitas domiciliares e o atendimento em grupos tanto os de caráter continuado ou não e por meio de oficinas Mas ao se pensar nesses objetivos referentes à convivência fortalecimentos de vínculos autonomia desenvolvimento de potencialidades acreditamos que um dos principais meios para se alcançalos seja através das ações em grupo Acreditase que as ações coletivas apresentam muitas qualidades que vão de encontro a esses objetivos tais como facilitam a reflexão pois há a troca de experiências dúvidas e visões de mundo entre os participantes proporcionam a construção de vínculos entre os participantes e entre estes e o Serviço proporcionam diferentes vivências especialmente aquelas embasadas no diálogo e na cooperação provocam a participação dos usuários possibilitando o desenvolvimento da autonomia e protagonismo dentre outros aspectos Por acreditar na importância desse tipo de atendimento apresento nesse artigo considerações acerca do atendimento grupal no CRAS Trabalhar com grupos não é tão simples quanto parece por isso tornase importante ao coordenador de grupos ter O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 3 conhecimento sobre as teorias de grupo e aprimorar o seu manejo Para isso foi utilizado a teoria da Psicanálise especialmente da Psicanálise das Configurações Vinculares de PichonRivière A TEORIA DE PICHONRIVIÉRE SOBRE GRUPOS OPERATIVOS A Psicanálise coloca o desenvolvimento humano como sendo possível e marcado pela presença de outro É através dos cuidados de outro ser humano que vai se formando o aparelho psíquico individual as fantasias surgindo os diversos mecanismos de defesas Ávila 2016 coloca que a criança que nasce já havia nascido muito antes no imaginário de seus pais desde quando estes eram crianças e pelos pais de seus pais formando uma corrente transgeracional Já nascemos com as fantasias dos outros sobre nós que influenciam na dinâmica familiar ou seja para a Psicanálise o ser humano é um ser relacional que é formado psiquicamente pelos vínculos sociais A Psicanálise através de Freud teve início como uma teoria da psique humana individual mas foi se desenvolvendo através dos anos e de outros teóricos buscando responder e atuar frente a outras demandas que surgiam para além da neurose Especialmente quando tratamos da atuação em instituições onde o número de pessoas que procuram por atendimentos é grande suas demandas e níveis de sofrimento são diversos entendese que o atendimento em grupo tem fornecido boas respostas de acordo com diversos relatos de experiências e estudos Há vários autores psicanalíticos que escreveram sobre o trabalho com grupos cujas teorias contribuem com nossa prática no CRAS mas o presente artigo se restringe na descrição de uma experiência com grupo operativo PichonRivière 1982 construiu uma teoria das relações vinculares Psicanálise Vincular onde diz que as primeiras relações sociais a que o indivíduo está submetido formam vínculos que são internalizados pelo sujeito formando assim seu mundo interno composto por estruturas vinculares internalizadas Neste mundo interno os objetos introjetados irão se relacionar por isso para ele este mundo interno também é um grupo O ser humano vive em grupo e tem um grupo de vínculos internos dentro de si formado pelas representações de seu mundo externo Esse conjunto de experiências conhecimentos e afetos com os quais o indivíduo pensa e atua pag 78 e que é formado ao longo da vida do sujeito Pichon deu o nome de Esquema Referencial Ele tem aspectos conscientes e principalmente inconscientes que interferem de forma crucial na leitura de mundo do indivíduo fazendo muitas vezes com que este mantenha comportamentos e sentimentos estereotipados Seus critérios de saúde e doença estão relacionados com o grau de estereotipia e flexibilidade que o indivíduo apresenta em suas relações internas e externas Se a relação com o mundo externo é rígida estereotipada reprodutora do mesmo padrão de entendimento e relacionamento dos vínculos primários gera dificuldade de aprendizado e doença Já se o indivíduo consegue apreender novas formas de se vincular de apreender o objeto e de entrar em contato com este ele se relaciona com a realidade de forma mais saudável pois para Pichon saúde é movimento O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 4 Em relação à atuação com grupos Pichon iniciou o método do grupo operativo sendo este um conjunto de pessoas com um objetivo comum pag 59 Através da experiência em grupo as pessoas tem a possibilidade de vivenciar novas experiências de aprendizagem e de vinculação visando o rompimento de estereótipos que geram alienação Há no grupo uma tarefa que deve vir acompanhada de reflexão tarefa e pensamento precisam andar juntos para que não haja alienação Para o autor aprendizagem é toda forma de mudança de conduta interna e externamente que enriquece a personalidade Mas o rompimento dos estereótipos de conduta gera ansiedade e por isso gera resistência também sendo que o coordenador do grupo deve estar atento ao surgimento destas À medida que o homem atua sobre a tarefa esta se modifica e ele também No trabalho do grupo operativo buscase revisar o Esquema Referencial do sujeito especialmente em seus aspectos inconscientes buscando a transformação das formas de ser estereotipadas e assim ampliando as possibilidades de atuação do indivíduo Essa transformação ocorre através da aprendizagem que rompe com a estereotipia dando lugar às formas dinâmicas e plásticas O conceito de tarefa em um grupo operativo está simultaneamente ligado aos seres humanos que a executam pois o que importa é como estes a realizam e a aprendizagem que é adquirida através da análise do Esquema Referencial e de sua progressiva modificação Pichon descreve diversos tipos de ansiedades que são desencadeadas pelo tema ou tarefa no grupo São elas momento paranoide momento fóbico momento contra fóbico momento obsessivo momento confusional momento esquizoide momento depressivo e momento epileptoide Para o autor é preciso trabalhar com um nível ideal de ansiedade que não seja muito intenso a ponto de paralisar o trabalho e nem muito baixa ou ausente a ponto de não elucidar o interesse das pessoas pela tarefa Durante o funcionamento do grupo através da observação dos demais membros e da alternância de papéis entre as pessoas estas encontram possibilidades de novas aprendizagens através do rompimento com a estereotipia O grupo operativo que chega a se constituir em equipe que aprende consegue implicitamente uma certa retificação de vínculos estereotipados e portanto um certo grau de efeito terapêutico Bleger 1980 pag 70 No caderno Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 2012 elaborado pelo MDS Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome encontramos o seguinte texto De qualquer modo a relevância reside em reconhecer que na convivência se constituem ligaçõesvínculos entre as pessoas e que estas vivências determinam modos de se relacionar e também que algo se passa nestes momentos da natureza do intangível que não se pode controlar mas que incide na aprendizagem dos sujeitos que participam deste encontro Portanto as cristalizações também podem ser desarticuladas nas situações de convivência resultando no estabelecimento de vínculos mais flexíveis Não apenas repetição mas também criação de novos modos de agir e de se relacionar Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 2012 MDS pag 21 Assim para se alcançar os objetivos do PAIF é possível entender que a abordagem grupal é essencial proporcionando a participação no sentido de movimento O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 5 e de compartilhar em contraposição à passividade muitas vezes vivenciada pelo público atendido Só aquele que participa pode ser e sentirse cidadão Concepção de Convivência e de Fortalecimento de Vínculos pag 22 citando Muñoz 2004 UM BREVE RELATO SOBRE O ATENDIMENTO EM GRUPO OPERATIVO NO CRAS No dia a dia do trabalho realizado em um CRAS Centro de Referência da Assistência Social da região metropolitana de São Paulo a equipe já iniciou por diversas vezes a oferta de grupos com famílias que normalmente mostramse esvaziados de pessoas e sem a continuidade de participação Situação esta que gera frustração e desânimo nos profissionais frente a este trabalho Os modelos de grupos formados em sua maioria são no formato de grupos temáticos ou seja com o objetivo de discutir temas diversos com as famílias os quais tem relação com as situações de vulnerabilidade que elas vivenciam tais como o acesso aos direitos sociais saúde educação etc questões de gênero relações familiares violência doméstica trabalho infantil dentre outros A oferta de somente um modelo de grupo do tipo temático para discutir os problemas das famílias não se mostra suficiente para motivar a participação dos usuários nos encontros e nem para se alcançar todos os objetivos propostos pelo PAIF já citados nesse texto Há a necessidade de se construir espaços diferenciados de vinculação entre os usuários do serviço e a equipe de atendimento e entre os próprios usuários espaços estes que tenham uma proposta integrativa e que se caracterizem como espaços de convivência entre as famílias proporcionando bons encontros onde as pessoas tenham oportunidade de experienciar novas vivências ressignificar seus vínculos anteriores atualizandoos frente à realidade fortalecendoos promovendo a reflexão e um novo agir de rompimento com a subordinação Assim é possível criar oportunidades de fortalecimento dos usuários para o enfrentamento às situações de conflito e exclusão social em que vivem para que estes consigam dar novas respostas e ressignificar seus vínculos dentro da família e na comunidade Pensando assim foi iniciado no CRAS em agosto de 2016 outro tipo de grupo com as famílias utilizandose do artesanato O grupo começou com 4 quatro oficinas de artesanato ofertado por uma professora contratada com o acompanhamento da psicóloga do CRAS coordenadora do grupo Após o final do contrato da professora o grupo combinou de continuar se reunindo sendo que as próprias participantes iriam ensinar as técnicas artesanais O grupo é aberto à entrada de novos participantes que podem ser tanto encaminhados pelos profissionais que atuam no CRAS como convidados pelas usuárias Ele acontece quinzenalmente e dura aproximadamente 2 horas Até o momento tem participado uma média de 5 usuárias por encontro Há pessoas frequentes e outras que participaram uma vez e não retornaram A metodologia do grupo consiste em unir a aprendizagem do artesanato com um momento reflexivo realizado com os participantes após a confecção da peça Nesse momento realizase uma conversa sobre suas percepções e sentimentos sobre o processo de fazer uma determinada peça artesanal Durante alguns encontros foi possível O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 6 perceber que esse processo de aprendizagem repetia algumas sensações e vivências das usuárias fora do grupo como os sentimentos de insegurança ao fazer algo novo dúvida na própria capacidade de construir algo dependência de outros para realizar algumas ações comportamento passivo ou ativo Tudo isso começou a ser conversado aos finais de cada encontro também relacionandoos com alguns aspectos da vida fora do grupo Abaixo encontramse alguns exemplos de situações com os nomes das usuárias alterados Em um dos encontros a Srª Luiza demonstrou receio em utilizar a pistola de cola quente tendo sido incentivada pela coordenadora do grupo a experimentar Ela resolveu experimentar e continuou fazendo o artesanato No final do encontro conversamos sobre isso e relacionamos essa insegurança com outras vivenciadas pelo grupo no dia a dia e na importância de enfrentarmos essas inseguranças para se conquistar o que deseja A Srª Luiza sempre levava para os encontros seu filho Márcio de 11 anos O menino costumava tomar a frente de seus trabalhos diante da insegurança da mãe e ela sentiase dependente dele Conversamos com ela sobre isso e sobre como essa dependência estava prejudicandoo na escola pois o menino faltava aulas para acompanhar a mãe em alguns compromissos seus Ela relatou depender dele para sair de casa pois sentese insegura para sair sozinha Conversamos sobre isso e a encaminhamos para avaliação com o psicólogo da UBS de referência pois percebemos que o rompimento com esse comportamento estereotipado de sempre sair acompanhada por alguém gerava em Luiza muita ansiedade sendo a mesma paciente psiquiátrica que faz uso de medicamentos para depressão Durante os encontros ao se fazer o artesanato vários assuntos da vida das usuárias do Serviço vão vindo à tona e conversamos sobre eles Muitos desses assuntos são disparados pelo próprio ato de confeccionar alguma peça Em um dos encontros em que utilizamos retalhos uma das participantes a Srª Nilda ressaltou que a Srª Sirlene deveria estar com algum problema pois estava utilizando retalhos de cor escura Sirlene começou a falar sobre um problema que estava passando com a filha adolescente O grupo acolheu o relato de Sirlene e conversamos sobre isso No final do encontro Sirlene relatou estar sentindose mais calma Durante os encontros percebemos que as mulheres se ajudam sendo umas mais proativas em solicitar ou proporcionar ajuda e outras mais passivas mas todas se mostram cooperativas Conversamos sobre como é depender de alguém para alguma coisa que existem vários tipos de dependência e cada uma fala sobre como sente a dependência em sua vida Uma das participantes a Srª Jerusa fala em vários encontros que o importante é aprender a fazer e não desistir não importando se ficou feio o trabalho Jerusa diz que sempre gosta de sentar perto de alguém que tem facilidade para fazer artesanato e chama essa pessoa de secretária ou seja alguém que vai ajudala e encara isso com naturalidade pois acredita nas relações colaborativas No dia em que a peça foi feita com costura técnica que Jerusa conhece bem ela quem virou secretária de outras usuárias tendo invertido os papéis que estavam se estabelecendo Conversamos sobre isso e a coordenadora apontou que cada um tem as suas facilidades e dificuldades e estas vão aparecer de acordo com as peças e técnicas utilizadas O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 7 Em outro encontro a Srª Meire relata sua insegurança ao dizer que dificilmente fica satisfeita com seus trabalhos e relata sintomas físicos de ansiedade Ela diz que era dependente para tudo de seu marido e quando este faleceu ela teve que aprender a mexer em banco enfim a fazer tudo o que ele resolvia Ressaltamos que qualquer pessoa pode ensinar alguma técnica ou peça mas até o momento somente uma usuária a Srª Nilda tem feito esse papel pois as outras ainda não se disponibilizaram a isso algumas por insegurança na vivência de um novo papel o de ensinar De forma geral os relatos das usuárias ao final dos encontros normalmente são de satisfação e percebemos que elas se sentem capazes de construir algo contribuindo no desenvolvimento de potencialidades e sentimentos de gratificação e potência Notamos que muitas apresentam sentimentos de insegurança em seus relatos e o grupo tem se mostrado um espaço propício para compartilharem esses sentimentos e proporcionar possibilidades da vivência de novas condutas ou aprendizagens segundo Pichon Esses são relatos e recortes de alguns encontros através dos quais se percebe o grupo como um ambiente acolhedor onde se pode socializar as experiências proporcionar novas vivências relacionais fortalecer vínculos comunitários desenvolver potencialidades e autonomia e também contribuir com a reestruturação vincular É um espaço aberto à aprendizagem como preconizou Pichon nos grupos operativos por trás do aprender artesanato está a riqueza do aprendizado de um novo agir no mundo da reestruturação de novos vínculos internos e externos Além disso o grupo operativo se torna um espaço de fortalecimentos dos vínculos comunitários de desenvolvimento de potencialidades autonomia e de funções protetivas tais como a capacidade dialógica paciência tolerância cooperação etc CONSIDERAÇÕES FINAIS O grupo do artesanato é somente uma possibilidade que também não atrai a todos os usuários mas normalmente àqueles que tem algum interesse nesse tipo de atividade Portanto diante da dificuldade de participação dos usuários nos grupos e os objetivos que devem ser alcançados pela Política propõese a realização de diversos tipos de grupos operativos no CRAS grupos com pessoas de várias faixas etárias e intergeracionais que foquem na execução de uma tarefa prazerosa e concreta tais como oficinas de artes artesanatos práticas corporais audiovisual literatura jardinagem etc Assim através do convívio e construção de vínculos os conteúdos latentes e dificuldades da comunidade poderão ser manifestados bem como a forma de vinculação de cada membro abrindose a possibilidade de novas aprendizagens e a ressignificação destes vínculos utilizandose para isso a teoria de PichonRivière Assim acreditase que o modelo de grupo operativo oportuniza essas vivências e a possibilidade de novas aprendizagens e retificação de seus vínculos e repertórios Enfim para a concretização deste trabalho no sentido da ampliação e diversificação dos grupos com famílias ficam como desafios a mudança na dinâmica do setor que vem por anos funcionando como um balcão de programas e benefícios sendo visto pela comunidade por alguns trabalhadores e gestores como um local de O atendimento em grupo operativo no CRAS relato de uma experiência Maia AM VINCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 Página 8 atendimento pontual de oferta de bens materiais orientações e encaminhamentos Ainda é preciso romper com o ato fundante e a história da assistência social que é a oferta pontual de bens materiais Para isso é necessário transformar paulatinamente a função do setor como também um local de convivência e do atendimento através da formação de espaços de vinculação e desenvolvimento de potencialidades Para essa construção mostrase necessário um alinhamento de entendimento entre as equipes e o gestor que deverá investir em educação permanente para os trabalhadores supervisões materiais e recursos humanos necessários para a realização dos grupos Além desta questão conforme Bleger 1980 coloca a instituição acaba por apresentar a mesma estrutura e problema daquilo que ela se prontifica a atender É possível perceber neste município que na Assistência Social os trabalhadores sentem se despotencializados assim como os usuários sem recursos físicos materiais e humanos ou com recursos precários para atender a comunidade tendo que se virar com pequenas doações de materiais e comprando alimentos e materiais com seus próprios recursos A manutenção da oferta do PAIF e sua qualidade são sentidas como um favor e não como um direito sendo na prática uma política precária para pobres Por fim toda essa realidade também contribui para a não participação dos usuários nos atendimentos que são vistos ainda como objetos de uma política e não como seus sujeitos de direitos sendo a reorganização dos modelos dos grupos do PAIF apenas uma hipótese que não esgota a causa do esvaziamento da frequência das famílias nos grupos mas indica um caminho a ser trilhado REFERÊNCIAS ÁVILA LAZSLO A Grupos Uma perspectiva psicanalítica São Paulo Zagodoni 2016 BLEGER J Grupos operativos no ensino In Temas de Psicologia entrevista e grupos São Paulo Martins Fontes 1980 p 59 a 100 Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Brasília 2012 Orientações Técnicas sobre o PAIF Vol 1 MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Brasília 2012 PICHONRIVIÈRE E O Processo Grupal São Paulo Martins Fontes 1982 8ª edição 2009 p 1 a 22 Política Nacional de Assistência Social PNAS MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Brasília 2005 Recebido em Março de 2017 Revisado em Abril de 2017 Aceito em Maio de 2017 Anelisa Morais Maia psicóloga com especialização em Violência Doméstica contra a criança e adolescente pela USP 2005 Atuou em instituição de acolhimento de crianças e adolescentes consultório particular e atualmente trabalha em um CRAS Rua nove de julho 1233 ap 203 Jd Santa Helena SuzanoSPTel 11 42923899 Cel 11 981694496 anelisamaia1yahoocombr FICHAMENTO MAIA Anelisa Morais O ATENDIMENTO EM GRUPO OPERATIVO NO CRAS RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA VÍNCULO Revista do NESME 2017 V 14 N 1 O artigo tem como propósito o relato de experiência de um atendimento grupal de atendimento familiar dentro de um CRAS com a aplicação do método de grupos operativos de PichonRivière Dialogando acerca de tal metodologia com os objetivos do Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O ATENDIMENTO NO CRAS Ao aprofundar os conceitos que serão relatados na prática vivenciada pela autora do artigo nos é apresentada A Política de Assistência Social política esta bastante recente surgida apenas em 2004 e como apontado no texto se tornou um direito do cidadão buscando romper com práticas assistencialistas e de favores os quais marcaram este tipo de atendimento por muitos anos onde a assistência aos menos favorecidos era ofertada por entidades e órgãos religiosos especialmente p 2 Esse tipo de política busca o desenvolvimento da autonomia dos usuários os permitindo o papel de protagonistas dentro das necessidades comunitárias e familiares supridas pelos serviços oferecidos De acordo com a autora essa Política dividiu o atendimento em dois tipos a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial p 2 nos trazendo ao entendimento de que uma se trata do atendimento preventivo e a outra da proteção especial CRAS e CREAS Sendo o primeiro onde toda a experiência relatada no artigo ocorreu A TEORIA DE PICHONRIVIÉRE SOBRE GRUPOS OPERATIVOS Trazendo o segundo tópico de fundamentação teórica nos é apresentada a teoria psicanalítica sobre grupos operativos no qual a autora nos introduz aos princípios básicos da psicanálise apresentando os ideais freudianos e da base psicanalítica relembrando aqueles que já conhecem sobre o tema e também explicando aqueles que não Ao falar sobre Pichon Riviére ela nos esclarece que o teórico construiu uma teoria das relações vinculares Psicanálise Vincular onde diz que as primeiras relações sociais a que o indivíduo está submetido formam vínculos que são internalizados pelo sujeito formando assim seu mundo interno composto por estruturas vinculares internalizadas p 3 Aprofundandose nos ideais do psicanalista nos é esclarecido que seus critérios de saúde e doença estão relacionados com o grau de estereotipia e flexibilidade que o indivíduo apresenta em suas relações internas e externas Sendo assim compreendemos que para o autor saúde se relaciona diretamente com o movimento Quanto aos grupos tópico que é o de maior relevância no artigo Pichon iniciou o método do grupo operativo sendo este um conjunto de pessoas com um objetivo comum pag 59 Através da experiência em grupo as pessoas têm a possibilidade de vivenciar novas experiências de aprendizagem e de vinculação visando o rompimento de estereótipos que geram alienação Há no grupo uma tarefa que deve vir acompanhada de reflexão tarefa e pensamento precisam andar juntos para que não haja alienação p 4 Por fim compreendemos que a ideia de uma tarefa em um grupo operativo desempenha o papel de estar diretamente ligada com as pessoas que a executa já que o que nos interessa é o modo que a tarefa é realizada e o meio no qual a aprendizagem é adquirida UM BREVE RELATO SOBRE O ATENDIMENTO EM GRUPO OPERATIVO NO CRAS Por fim chegamos ao relato da experiência vivenciada no CRAS onde a proposta e a concepção de tais atividades pelos próprios profissionais é citada sendo destacada a falta de continuidade e participação nas atividades em grupos A autora destaca que a oferta de somente um modelo de grupo do tipo temático para discutir os problemas das famílias não se mostra suficiente para motivar a participação dos usuários nos encontros e nem para se alcançar todos os objetivos propostos pelo PAIF p 5 sendo assim a proposta do gruo operativo se mostra como algo inovador dentro desse ambiente Sobre o método escolhido foi o artesanato onde a autora esclarece que a metodologia do grupo consiste em unir a aprendizagem do artesanato com um momento reflexivo realizado com os participantes após a confecção da peça Nesse momento realizase uma conversa sobre suas percepções e sentimentos sobre o processo de fazer uma determinada peça artesanal p 5 Foram relatadas diversas situações em que o aprendizado e a troca de informações e vivências são trabalhadas a autora mesmo diz que Durante os encontros ao se fazer o artesanato vários assuntos da vida das usuárias do Serviço vão vindo à tona e conversamos sobre eles Muitos desses assuntos são disparados pelo próprio ato de confeccionar alguma peça p 6 A partir dos relatos de diversos dos participantes da oficina podemos observar um resultado positivo vindo da prática durante o texto a autora também aponta que De forma geral os relatos das usuárias ao final dos encontros normalmente são de satisfação e percebemos que elas se sentem capazes de construir algo contribuindo no desenvolvimento de potencialidades e sentimentos de gratificação e potência Notamos que muitas apresentam sentimento de insegurança em seus relatos e o grupo tem se mostrado um espaço propício para compartilharem esses sentimentos e proporcionar possibilidades da vivência de novas condutas ou aprendizagens segundo Pichon p 7 Nas considerações finais podemos acompanhar a conclusão da autora de apesar de ter mostrado certa eficácia o grupo de artesanato é apenas uma opção que não é atrativa a todos os usuários do CRAS mas auxilia no incentivo e integração dos usuários para a interação grupal cumprindo os objetivos propostos na prática A autora acredita que o modelo de grupo operativo oportuniza essas vivências e a possibilidade de novas aprendizagens e retificação de seus vínculos e repertórios p 7

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