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Ciências Econômicas ·

Economia Monetária

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A TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA Prof Dr José Antonio Ribeiro de Moura 1 A Teoria Quantitativa da Moeda Em 1930 Keynes argumentava que o investimento podia exceder a poupança ainda no caso em que muitíssimos poupadores guardassem seu dinheiro ociosamente As firmas podiam demandar crédito nos bancos eou recorrer à emissão de ações caso não desejassem utilizarse de lucros retidos Isto porque a própria essência da TQM é a estabilidade da demanda por moeda que se enxerga ou como a quantidade de poder de compra ou seja a cesta potencial de bens que um indivíduo deseja possuir sob forma de moeda ou então como parte da renda nominal ou da circulação monetária O gasto não é limitado pela quantidade existente de moeda mas depende da quantidade de moeda que as pessoas pensam poder dispor quer seja pela renda proporcionada por receitas por exemplo de vendas pela conversão de ativos ou por empréstimos A demanda por moeda depende de a riqueza total a divisão da riqueza entre formas humana e não humana as taxas esperadas de retorno da moeda e outros ativos e a utilidade atribuída aos serviços da moeda relativa a dos outros ativos A ideia de que a quantidade de moeda em circulação afeta o nível geral de preços é bastante antiga em análise econômica Durante cerca de três séculos a teoria quantitativa foi aceita como a lei de proporcionalidade entre a quantidade de moeda em circulação e o nível geral de preços As versões mais refinadas datam do final do século passado devendose principalmente a Marsahll Wicksell e Fischer A Demanda Agregada Neoclássica TQM foi formulada por vários autores no decorrer dos séculos XVIII e XIX mas só viria ganhar a sua forma definitiva tal como ficou conhecida através da equação de troca popularizada por Fisher MV PT e da versão dos Saldos Monetários de Cambridge M kPy Esta última formulação segundo Milton Friedman constituiuse na primeira teoria de demanda por moeda 2 Paralelamente à equação de Cambridge popularizouse outra versão da teoria quantitativa na forma MV PY Onde V foi apelidada velocidaderenda da moeda e suposta constante sem o que não se teria uma teoria mas uma simples tautologia para o cálculo de V Como equação de equilíbrio monetário a relação acima é trivialmente equivalente a equação M kPY a velocidaderenda da moeda é o inverso da constante marshalliana Contudo muitos neoclássicos passaram a usar esta equação como ela descrevesse o equilíbrio no mercado de produto entendendo que MV PY É claro que essa versão explicava matematicamente por que uma alteração nos meios de pagamentos se refletia proporcionalmente na demanda nominal de bens e serviços Na TQM de Fischer segundo a qual a procura de moeda se considera proporcional ao valor T das transações ao invés do produto interno MV PT Fischer a taxa de juros nominal taxa de juros real inflação Desse modo um aumento percentual em M gera um aumento de mesmo montante em P com V e T constantes Assim teremos o mesmo impacto na taxa de juros nominal A hipótese central da teoria quantitativa é uma concepção dicotômica dos mercados Como aplicação duradoura de patrimônio a moeda é considerada absolutamente indesejável por não render juros Mas os agentes econômicos precisam de uma reserva transitória de valor pois os seus pagamentos e recebimentos não se sincronizam nas mesmas datas E como instrumento de compensação dessas defasagens entre recebimentos e pagamentos considerase a moeda absolutamente insubstituível Dentro dessa concepção a famosa equação de Cambridge postulava que a procura de moeda era proporcional ao produto nominal PY Md kPY 3 Onde k era denominada constante marshalliana Supondose o equilíbrio entre a oferta M e a demanda do mercado monetário M Md o produto nominal ficaria determinado pela oferta de moeda M de acordo com a equação O fato de a procura de moeda crescer sensivelmente com a concentração vertical da produção levou muitos economistas a formularem uma versão alternativa da teoria quantitativa segundo a qual a procura de moeda se considera proporcional ao valor T das transações ao invés do produto interno Essa equação equivale analiticamente a Md kPT k representando o encaixe médio mantido por unidade monetária transacional por ano Como o grau de desconcentração vertical do processo produtivo não costuma alterar se a curto prazo tanto faz usar o ângulo da renda quanto o das transações em nossos modelos teóricos Preferiremos utilizar a versão da velocidaderenda já que o produto PY dispêncio nacional são grandezas economicamente mais significativas do que o valor total das transações Friedman 1956 apresenta a teoria da demanda por moeda como uma abordagem para seleção de ativos componentes dos portfólios dos agentes As seguintes variáveis são consideradas no longo prazo a riqueza b a relação entre riqueza humana e não humana c custo de oportunidade de retenção de saldos monetários e c outras variáveis relacionadas a preferências que podem afetar a utilidade da moeda Mas ao invés de considerar k com fixa ele assume k como função estável de um número restrito de funções o que permite postular ser o comportamento da velocidade renda da moeda previsível ainda que não constante Também outras variáveis devem entrar na função de demanda por moeda como por exemplo as preferências e os gostos dos agentes o progresso tecnológico e os rendimentos alternativos de cada ativo CHUMVICHITRA1999 Estas estão representadas pela letra u na seguinte função demanda por encaixes nominais Mdfu Portanto a função da demanda por moeda está expressa na equação a seguir 4 Md f wra rb dP y u Mdestoque de moeda quantia de moeda desejada pelo público Pnível de preços yriqueza real total YP representada pela renda permanente w relação entre riqueza humana e não humana relação entre capital humano e não humano ra taxa esperada de retorno dos títulos de renda fixa títulos rb taxa esperada de retorno dos títulos de renda variável ações dP taxa esperada de variação dos preços dos bens u gostos e preferências progresso tecnológico e outros fatores aleatórios que podem afetar a utilidade de moeda A relação esperada de Md com dP ra rb e w é negativa e com y é positiva Com efeito da arbitragem para as taxas de retorno podese considerar rb ra dP i Portanto pode ser reescrito como Md fw i dP y u Friedman 1956 minimiza o papel de u e de w e supõe 12 como homogênea de grau 1 e disto obtém a função demanda por encaixes reais P f i dP y Md As conclusões da aplicação empírica de por Friedman 1956 foram a a moeda é um bem superior já que a elasticidaderenda da moeda é superior a 1 b a renda permanente é a melhor aproximação para a renda corrente ou riqueza individual e c a elasticidadejuros é zero Estes resultados associados ainda a períodos de baixa inflação na economia americana conduziram Friedman a fundamentar a demanda por encaixe real de moeda 5 basicamente como função da renda permanente Este trabalho de Friedman é a base do pensamento monetarista que é calcado nos conceitos neoclássicos Os principais postulados monetaristas são 1 proporcionalidade expressa que o preço variará na proporção em que varie o estoque de moedas sendo desta forma o estoque real de moedas MP estável 2 causalidade variações na moeda M precedem e causam variação nos preços P M é a variável ativa e P a variável passiva 3 neutralidade variáveis monetárias não afetam variáveis reais exceto em períodos transitórios ou seja no longo prazo prevalece a dicotomia clássica 4 a inflação provém de efeitos monetários e não de efeitos reais da economia 5 a oferta monetária é determinada exogenamente pela autoridade monetária CORAZZA KREMER 2003 Corazza e Kremer 2003 afirmam que a teoria quantitativa da moeda foi reinterpretada por Friedman 1956 como uma teoria de demanda por moeda mais do que uma teoria da determinação dos preços e da renda nominal A importância da elasticidade juros da moeda aparece como uma diferença entre as versões de Friedman 1956 e de Keynes 1936 A corrente de Friedman monetaristas detectou empiricamente um papel secundário para a taxa de juros ao passo que os Keynesianos consideram de extrema importância o seu papel Ao contrário do que pensam os Keynesianos os monetaristas aceitam que uma expansão monetária pode ter efeito no curto prazo mas no longo prazo apenas se traduziriam em efeito inflacionário Notase que em qualquer das equações anteriores M ou MD representa um estoque unidades monetárias e PY ou PT um fluxo unidades monetárias por unidade de tempo Assim tanto k como k são inversamente proporcionais ao período de tempo usado para aferição respectivamente do produto ou do valor total de transações Um exemplo simples ilustra a ideia da teoria quantitativa Imaginemos que em nossa economia as empresas concentrem os seus pagamentos aos indivíduos no último dia de cada mês distribuindolhes sob a forma de salários lucros etc toda a sua renda PY auferida durante o mês e que durante o mês seguinte os indivíduos gastem essa 6 renda em parcelas diárias iguais comprando os produtos da empresa Os diagramas de encaixes mínimos para indivíduos e empresas estão indicados logo a seguir Os indivíduos procuram moeda porque os seus pagamentos são contínuos e os recebimentos descontínuos assim os seus encaixes mínimos caem linearmente ao longo do mês de PY a zero As empresas procuram moeda pela razão oposta e os seus encaixes aumentam linearmente durante o mês de 0 a PY Para o conjunto da economia a procura de moeda Md é igual à renda mensal PY A constante marshalliana é igual a 1 em termos mensais o que equivale a 112 em termos anuais Contudo havendo desconcentração nessa lógica tende a aumentar a demanda por moeda Tomado no limite este argumento assume toda a sua simplicidade numa economia onde existisse um único agente econômico que acumulasse todas as funções 7 de produção e consumo a demanda por moeda para fins transacionais seria obviamente nula Mas a desconcentração conta apenas parte da história Aqui admitimos que tanto indivíduos como empresas soubessem prever com exatidão os montantes e datas de seus recebimentos e pagamentos e que a moeda servisse apenas para compensar as correspondentes defasagens Na realidade esses montantes e datas são cercados de incertezas as empresas podem não vender o que previam os indivíduos podem enfrentar despesas não planejadas ou atrasos nos seus recebimentos e assim por diante A maneira mais natural de enfrentar essas incertezas consiste em manter encaixes de segurança e os indivíduos seriam suficientemente prudentes para não chegar ao fim do mês com caixa zero Do mesmo modo as empresas após a distribuição de salários lucros etc guardariam alguma reserva em moeda para enfrentar imprevistos Embora forneça um pano de fundo a equação de Cambridge é por demais maniqueísta imaginando que um abismo separe a moeda dos demais ativos a moeda possui absoluta liquidez sem nenhuma rentabilidade o que exige em particular que se defina moeda pelo tradicional M1 que veremos posteriormente isto é papelmoeda em poder do público mais depósitos à vista do público no sistema bancário e os demais ativos rendem juros ou lucros mas não podem ser realizados em prazos convenientemente curtos Na realidade a distância que separa a moeda dos demais é bem menor do que supõe a teoria quantitativa Por trás dos diagramas de encaixes mínimos está uma hipótese implícita a de que não existam aplicações financeiras a prazo inferior a um mês e que rendam juros Ocorre que os mercados financeiros modernos oferecem aplicações com juros em prazos extremamente curtos Essas aplicações podem substituir a moeda como reserva transitória de valor Baumol Por outro lado os ativos não monetários embora rendam juros ou lucros também carregam riscos que a moeda não costuma ter Assim pelo menos em períodos 8 de estabilidade de preços e sobretudo nos de deflação pode ser interessante manter parte do patrimônio em moeda simplesmente para diminuir os riscos de prejuízo Tobin Os encaixes de segurança por seu turno criam uma área cinzenta na procura de moeda Por que mantêlos em moeda e não em títulos de boa qualidade Tratase evidentemente de um problema de escolha que envolve riscos e custos de transação que não pode ser resolvido pela ditocomia implícita na equação de Cambridge 9 Referências MANKIW NG Introdução à Economia São Paulo Campus 2020 SIMONSEN MH CYSNE RP Macroeconomia 2ª Edição São Paulo Atlas 1995