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Psicologia Social

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24 O uso da autobiografia escrita na orientação vocacional Rosane Schotgues Levenfus Desde que comecei a trabalhar com Orientação Vocacional venho utilizando a autobiografi a escrita como mais um instru mento no processo de Orientação Vocacio nal Grupal1 Recentemente realizei a leitu ra de algumas autobiografi as aplicadas em orientandos com a fi nalidade de observar os fenômenos emergentes e verifi car se o mate rial serviria como fonte de coleta de dados importantes para o processo de Orientação Vocacional e para pesquisa2 Concluí desde então que as autobiografi as não são utilizadas somente como ricas fontes de coleta de dados Portuondo 1979 Dollinger e Dollinger 1997 Harre 1997 como também apontam impor tantes categorias para a compreensão do pro cesso de escolha profi ssional3 Diversas ciências têm se utilizado do mé todo biográfi co ou autobiográfi co bem como histórias de vida para a coleta de informações sobre o sujeito De uma perspectiva social por exemplo é possível coletar informações sobre a vida social de uma pessoa seu crescimento e seu desenvolvimento em relação a um contex to cultural Também a psicologia através de diferentes técnicas recorre à concepção do eu como narrador obtendo assim informações sobre as construções subjetivas que o sujeito elabora sobre sua autoimagem Alvarez Mi chel e Diuk 1996 Entre os primeiros instrumentos baseados em relatos encontramos a en trevista livre na qual o sujeito fala sobre si mesmo estruturando um relato oral através do qual são obtidas informações sobre as representações subjetivas acerca de si p 234 Mais tarde a forma de relato escrito apresentada neste capítulo passou a ser tam bém utilizada como técnica de avaliação psi cológica O método biográfi co atribui à subjetivi dade um valor de conhecimento Ferraroti 1979 que nos permite elucidar uma série de fatos que necessitam ser compreendidos em um processo de orientação profi ssional Enu meramos a seguir as diversas possibilidades e vantagens desse instrumento 1 No processo individual a entrevista clínica elimina a necessidade de uso desse instrumento 2 Para minimizar o efeito da subjetividade na análise foi providenciado um teste de fi dedignidade a partir da solicitação a dois Professores Doutores juízes com experiência em orientação com o método da Análise de Conteúdo para que fi zessem a leitura de algumas autobiografi as a fi m apontarem que categorias para análise de conteúdo emergem de cada autobiografi a 3 Para fi ns de pesquisa o conteúdo da autobiografi a foi confrontado com conteúdo do Teste de Frases Incom pletas Bohoslavsky 1982 e com uma escala de comportamento Levenfus Soares Cols 300 POSSIBILIDADES E VANTAGENS DA AUTOBIOGRAFIA A autobiografi a é uma técnica que pode ser utilizada com êxito na avaliação dos principais tipos de personalidade assim como na compreensão das zonas mais confl itivas do sujeito Portuon do 1979 Harre 1997 Dollinger et al 1997 A forma particular com que se apresen ta cada narrativa possibilita enfocar o processo de Orientação Vocacional sob uma perspectiva personalizada Alva rez Michel e Diuk 1996 Oferecemnos oportunidade para ex plorar a forma como as pessoas enten dem e descrevem emoções Bjorklund 1997 Na autobiografi a percebese como as emoções podem ser reguladas pelo uso de expressões simbólicas ou expressões do repertório cultural Ruth e Vilkko 1997 Situações patológicas também podem ser diagnosticadas por expressões de uso incomum na narrativa ou no uso de gramática estranha Leva em conta o amoldar da mente na aprendizagem de habilidades linguísticas e práticas em simbiose com outra pessoa e em uma perspicácia de como sentimos e como nossos pensamentos são organi zados Harre 1997 Tem se mostrado como uma fonte rica de material de pesquisa de ciên cia psicológica e social permitindo pesquisas naturalistas e mantendo rigor empírico Rubin1996 Birren e Birren1996 DeVries e Lehman 1996 Dollinger 1996 O método auto biográfi co possibilita ir mais longe na investigação e na com preensão dos processos de formação do sujeito Nóvoa e Finger 1988 Além de fornecer ao orientador um conjunto amplo de elementos forma dores normalmente negligenciados pelos métodos quantitativos permite que cada pessoa identifi que em sua própria história de vida o que foi real mente formador estimulando a toma da de consciência acerca de seus pro cessos pessoais Ferraroti 1979 Nóvoa e Finger 1988 Entendemos que esse resgate de experiências passadas auxi lia nas decisões futuras O sentimento de ser e a consciência de si mesmo permite defi nir a identidade em uma dimensão temporal O sujei to frequentemente inclui aspectos do passado com o intuito de esclarecer o presente Ao relatar quem foi e quem é pode mais facilmente projetarse ao futuro pensando em quem deseja ser fazendo projetos de vida Alvarez Mi chel e Diuk 1996 SOBRE O CONCEITO DE SI MESMO Diferentes teorias da personalidade for mularam conceitos sobre o si mesmo Pensa mos ser oportuno apresentálas de forma resu mida para depois falarmos da importância do autoconceito no momento da escolha profi s sional Elaboramos o seguinte quadro resumi do com base na dissertação de Ribeiro 1978 podemos perceber pelos resumos enunciados que muitos são os conceitos sobre o si mes mo Encontramos autores com pensamentos ancorados mais em bases sociais outros em relacionamentos vinculares ou em ambos com possibilidades ou não de mudanças no decorrer da vida Em comum percebemos que se a constituição do si mesmo ocorrer de forma adequada em consonância com um ambiente facilitador a tendência é a de que o sujeito se estruture de forma sadia Esse aspecto tem sido apontado como importante fator no momento da escolha pro fi ssional já que conforme Super e colaborado res 1963 ao assumir determinada ocupação o sujeito tenta implementar seu conceito de si mesmo e ao estabelecerse ocupacionalmente alcança a realização de seu autoconceito Para eles a construção da identidade profi ssional ocorre em três processos formação do auto conceito sua tradução em termos vocacionais e sua implementação De acordo com a pesquisa de Frischen bruder 1999 o aspecto mais relevante do autoconceito dos adolescentes em vias de es colher uma profi ssão é a percepção de que são Orientação Vocacional Ocupacional 301 Hall e Lindzey 1975 si mesmo como objeto sentimentos percepções e apreciações de si si mesmocomo processo agrega operações ativas como pensar lembrar perceber as quais oferecem conotações de controle de comportamento e de ajustamento William James 1945 Constituintes si mesmo material social espiritual e o egopuro senti mentos e ações Horney 1966 O mim mesmo real é a força original para o desenvolvimento para a realização do indivíduo a qual o capacita a uma perfeita e completa iden tifi cação Quando sob pressão interna o jovem passa a adotar defesas con tra a angústia alicerçadas pelo si mesmo idealizado ou seja passa à criação e à construção de uma imagem falsa e idealizada de si mesmo Skinner 1972 O mim mesmo é uma maneira de apresentar um sistema de respostas funcionalmente unifi cado mas sempre sujeito às eventualidades ambien tais Allport 1966 O primeiro aspecto do mim mesmo a desenvolverse é no sentido cor poral seguido pelos rudimentos de autoidentidade autoestima e orgu lho estruturamse durante os três primeiros anos de vida Até os 6 anos ocorre uma ampliação do si mesmoe da autoimagem Dos 6 aos 12 anos o si mesmo como solucionador racional marca o início do pensamen to refl exivo Finalmente é na juventude que se efetua a busca central do proprium uma das habilidades destacadas é a individuação O ser hu mano só adquire saúde de personalidade através de uma imagem com pleta e unifi cada de si mesmo Rogers 1976 Concebe o si mesmo como uma gestalt passível de alterações Desen volvese quando partes do conhecimento em nível consciente do indiví duo se associam com sentimentos de pertencer As percepções do mim mesmo formam a fi gura e as de relação com o mundo exterior e com as outras pessoas constituem o fundo O si mesmo se desenvolve bem quando não sofre desconformidades nas autopercepções nos sentimen tos nas atitudes e nos valores que o formam Ressalta que não é apenas o somatório desses valores mas sim uma gestalt cuja signifi cação é susce tível de mudar sensivelmente em consequência da modifi cação de qual quer um desses elementos Também fala no mim mesmo ideal como resultante das aspirações do vir a ser do indivíduo Erikson 1976 Em cada indivíduo existe um núcleo observador da consciência e da von tade o si mesmo segundo o qual o indivíduo sente ser o centro da percepção consciente de um mundo de experiências no qual possui uma identidade e a percepção coerente capaz de exprimir o que vê e o que pensa A formação da identidade sofre variações culturais Descreve oito estágios evolutivos do si mesmo sendo que é na juventude inicial que se produzem as transformações mais radicais da autoimagem Levenfus Soares Cols 302 capazes de organizar seu comportamento de forma a obter o rendimento esperado O ajustamento vocacional do indivíduo com estabilidade e satisfação estaria relacio nado diretamente a uma tradução adequada do autoconceito no mundo ocupacional Su per et al 1963 Lassance et al 1993 APLICAÇÃO DA AUTOBIOGRAFIA A autobiografi a é própria para ser aplica da em adolescentes e adultos de inteligência normal com o ensino fundamental concluído Portuondo 1979 Pode ser aplicada individual ou coletiva mente Quando a solicitação pela realização da autobiografi a for feita em um grupo pedese que a tarefa seja realizada individualmente Os orientandos são avisados previamen te de que o material é sigiloso portanto não fará parte das atividades grupais sendo seu uso restrito à entrevista individual Creio ser importante explicitar que mes mo no atendimento grupal reservo uma en trevista individual para fi nalizar o processo Isso ocorre em função das múltiplas questões de ordem pessoal que interferem no processo e que não serão aprofundadas em grupo Não aprofundo questões individuais em grupo por não se tratar de grupo terapêutico com possi bilidades de um pacto forte em termos de sigi lo grupal por dispormos de pouco tempo por manter a atividade centrada na tarefa por muitas vezes termos um grupo formado por pessoas que já se conhecem ou se encontram com frequência em escolas cursinhos RAPPORT Portuondo 1979 pede que o sujeito es creva em papel ofício sem linhas sua pró pria biografi a Sugere que se peça ao sujeito sua história passada e presente e como ima gina sua vida no futuro Deve conter ainda esse rapport a advertência de que se deseja obter uma história o mais fi el e ampla pos sível não importando seu estilo literário nem seus erros de ortografi a O autor pede que o texto seja escrito a lápis sem apagar se nada apenas riscandose o que se quer desprezar O referido autor coloca que suas suges tões não invalidam que cada pesquisador aplique as variáveis e as instruções que me lhor lhe parecerem em acordo com suas expe riências Alvarez Michel e Diuk 1996 sugerem que se solicite ao sujeito que escreva uma pá gina sobre o tema EU O sujeito pode trabalhar livremente sem nenhuma outra restrição que não seja o tempo limite de 20 minutos Caso o sujeito faça perguntas sobre o que deve escre ver apontamse respostas neutras no sentido de estimulálo a escrever os aspectos que ele mesmo considera relevantes Na minha prática durante muito tempo pedi que escrevessem em uma folha a história de sua vida Mantive sempre a neutralidade pro posta pelos autores mencionados Nos últimos anos a fi m de observar as autobiografi as para fi ns de pesquisa comecei a utilizar o seguinte rapport verbal4 Escreva em uma folha sobre sua vida de forma que possa conhecêla melhor aspec tos de sua história de vida doenças perdas aventuras vitórias etc de sua vida escolar se houve repetência que matérias gosta e quais não etc de sua personalidade timi dez medos ansiedades tristezas etc aspec tos de relacionamento com familiares com amigos namorados etc e outros assuntos que lhe parecerem importantes Esse material é sigiloso portanto quanto mais autêntica for sua explanação melhor Percebi que o conteúdo escrito pelos orientandos não difere em qualidade entre uma e outra forma de rapport Uma vez que o sujeito dispõe de apenas uma página para expressarse fatalmente acaba por explanar aquilo que considera mais importante ou os aspectos em que se encontra emocionalmente fi xado Deixo livre ao orientando o tempo e o uso de tipos de folhas e o material para escre ver sua autobiografi a É comum que utilizem 4 A fi m de verifi car se surgiriam diferenças importantes no conteúdo das autobiografi as apliquei em alguns sujeitos a autobiografi a com rapport verbal e em outros com rapport escrito Como não comprovei diferenças relevantes optei pelo rapport verbal Orientação Vocacional Ocupacional 303 folha de caderno e caneta Solicito apenas que não o façam no computador Embora minha observação principal seja centrada no conteú do tipo de escrita erros ortográfi cos atos fa lhos tipo e tamanho de letra tudo isso pode nos fornecer muitos dados Seria uma pena se fossem eliminados com uma simples correção computadorizada AVALIAÇÃO Em minha prática prefi ro fazer uma lei tura livre informal com atenção fl utuante à cadeia de associações do sujeito5 No entanto para níveis formais de avaliação sem gran des riscos de interpretações infl uenciadas pela subjetividade podese sistematizar as informações coletadas Essa sistematização certamente poderia ocorrer das mais diversas formas dada a ri queza de diferentes teorias da personalidade que formularam conceitos sobre o si mesmo ver resumos Pouco se encontra na literatura a respeito de métodos de análise de autobiografi a É mais comum que encontremos métodos de análise de Testes de Frases Incompletas Cunha 1993 propõe que a análise seja feita em dois planos análise formal e análise de conteúdo Com essas mesmas bases Álvarez Mi chel e Diuk 1996 concebem dois planos de análise Plano do Conteúdo e Plano das Estrutu ras Formais p 235 Apresento a seguir uma proposta de sistematização baseada nos autores citados acrescida de outros dados e exemplos de re latos escritos PLANO DO CONTEÚDO Esse plano trata de reunir todos os con teúdos de ordem subjetiva Esses conteúdos podem ser alocados em diversas subdivisões Implicância pessoal ou abordagem do ins trumento referência que o sujeito faz sobre si mesmo como narrador Bom na verdade eu achou6 meio ridícu lo estar escrevendo a história da minha vida nada contra esse método psicológico mas é que me parece com aquelas redações do pri mário P exConte suas férias Bom está parecendo mais uma carta vamos ao que in teressa Nota Este foi um breve relato daqueles que considero como os principais fatos de minha vida claro que exis tem inúmeras ocasiões importan tes e até mesmo interessantes mas neste caso eu acabaria escrevendo um livro Espero ter conseguido descrever a minha vida tentei fa zer o máximo mas condições como falta de tempo e pressa difi cultaram um pouco a realização deste relato Peço desculpas por eventuais erros de linguística Obs Este é um resumo de minha vida pois se eu fosse escrever tudo o que aconteceu eu precisaria de um livro Apresentação de si mesmo expressão de sentimentos sobre as próprias capa cidades e vivências e sobre o próprio corpo autoestima e autoconceito Sou uma pessoa muito ciumenta insegu ra responsável medrosa egoísta perfeiccio nista detalista vaidosa espontânea comuni cativa chorona curiosa e fechada em relação a meus problemas intímos com meus pais pois já com as minhas amigas mais próximas e con fi áveis a minha vida é um livro aberto Adoro dar concelhos e ajudar as pessoas quando elas me procuram por isso a escolha da profi ssão de pisicologia em primeira opção e educação física por robi em segunda opção Sempre fui uma pessoa super comuni cativa expressiva e pronta para o que der e vier com todas as pessoas independentimen te a suas idades Sou uma pessoa super famí liar saio pouco mas sempre em turma ou com uma amiga ou amigo 5 Nesta modalidade quanto mais neutro for o rapport melhor 6 Todos os trechos de autobiografi as estão transcritos exatamente como seus autores o fi zeram inclusive com erros de português Apenas substituímos nomes pessoais por iniciais a fi m de preservar o sigilo Levenfus Soares Cols 304 Relações vinculares como descreve seus vínculos familiares e suas relações com amigos e parceiros sexuais Era para eu ter mais uma irmã mais ve lha que a C que morreu na cesária por negli gência do médico Minha mãe brinca dizendo que eu nasci de novo porque a menina que morreu era muito parecida comigo Tenho pais separados pouco convivi com eles juntos pois quando eu tinha apenas um ano e meio de idade eles se separaram moro com a minha mãe mas a cada 15 dias vou para a casa do meu pai passar o fi nal de semana Convivo pouco com ele Com a mi nha mãe me dou super bem ela me mima bastante e eu amo ela Minha mãe casou no vamente e meu pai também Converso pou co com o marido da minha mãe pois ele está sempre trabalhando mas ele é um cara bem legal Já com a mulher do meu pai não me dou muito bem pois já briguei algumas vezes com ela Mas ela é uma boa pessoa No começo do meu namoro tudo era perfeito Deve ter passado mais de um ano sem haver brigas Mas agora é bem diferente Eu arrumo qualquer motivo para brigar Sou muito ciumenta apesar de saber que ele jamais faria alguma coisa que me magoasse Ele ao contrário não é nem um pouco ciumento Es tou sempre acusandoo parece que não posso ver ele feliz Só me sinto bem depois que jogo tudo em cima dele Sei que estou totalmente errada mas é difícil parar com isso Tive muitos amigos e vários conhecidos neste período de ensino fundamental alguns conservo até hoje é muito difícil eu brigar ou me desentender com alguém a não ser por algo que me magoe fundo Dimensão temporal centrado no passa do no presente e no futuro ou fi xado em uma só época Desde pequeno gosto de lidar com di nheiro já tenho uma poupança para começar meus investimentos quando estiver na ad ministração Por enquanto estou guardando tudo o que ganho Quando me formar quero montar minha própria empresa Adorei a minha infância Foi a melhor época da minha vida Morávamos numa casa com páteo e eu vivia solta correndo brincado de tudo me sujando bastante Nos domingos reuníamos toda a família e era a maior festa A vó sempre fazia aquele bolo delicioso que cheirava por toda a visinhança Vinham os primos os tios e traziam sempre um doce para as crianças As melhores recordações que eu tenho são daquela época do meu cachor rinho Dido das bonecas já carecas de tanto pentear enfi m de tudo Nível de aspirações metas e desejos de realização Tenho muita preocupação em ajudar os outros materialmente e espiritualmente Ver alguém sorrir me deixa feliz Queria fazer com que as pessoas acreditassem no poder que cada ser humano tem ser cidadão solidário alegre Queria encaixar isso na profi ssão que eu for exercer Nível somático relacionado ao corpo a doenças suas ou de familiares bem como uso de medicação Quando eu era menor tive alguns pro blemas na garganta tive que tomar diver sas injesões mas de lá para cá só voltei ao hospital há uns três meses atraz tive que operar a perna pois tomei uma pancada muito forte jogando futebol foi um gran de susto mas a operação foi um sucesso já estou até jogando futebol e a minha perna está 100 Faço musculação 3 vezes por semana e gosto muito A minha infância foi muito boa mas curta Fiquei menstruada precocemente com 9 anos apartir daí comecei a me portar como uma mocinha infl uenciada pela situação Fiz vários tratamentos para crescer durante quatro anos Depois de muitos tratamentos frustrados me adaptei a um que consistia em uma injeção Orientação Vocacional Ocupacional 305 na barriga a cada 20 dias Esta foi uma época traumatizante p mim Aos 3 anos era submetido a uma ope ração de retirada de algumas alergias Aos 7 anos submetíme a outra cirurgia extração de um cisto e entrei na escola em que seguí até a conclusão do ensino médio sem muitas difi culdades Aos 14 anos minha mãe mor reu vítima de um câncer desde então minha vida mudou radicalmente Agora estou no cursinho estudando para o vestibular pois não obtive aprovação para medicina facul dade que sempre esteve na minha mente mas agora estou meio indeciso sobre a minha escolha Adições Com a chegada da puberdade 11 anos a obesidade tornouse uma coisa horrível e vergonhosa Então comecei um regime per di 20 quilos em 3 meses e engordei tudo de novo Aos 12 anos decidi que queria ema grecer mesmo Fiz um regime e perdi 40 Kg Estava magra comecei uma carreira como modelo e fi quei nessa uns dois anos Estive quase com anorexiaNessa época fumei meu primeiro baseado E continuei fumando sem pre Com 15 anos quando briguei com meu exnamorado cherei meu 1o papel de cocaí na Já experimentei muitas drogas Tive uns três meses quando já cheirava e fumava de fi ssura constante passei um mês cheirando todos os dias o ano passado que aconteceu isso Isto nunca infl uenciou na minha vida escolar Depois de fi ssurada em cocaína con segui ou melhor me senti forçada a parar de cheirar cocaína mas a maconha ainda fumo até hoje Meus pais não sabem ou pelo me nos não demonstram saber Foi meu atual namorado que me ajudou muito a superar a depressão da cocaína Vida escolar Nunca gostei de estudar Desde a sétima série fui um aluno que passava no limite Pre feria fi car pensando em outras coisas e saindo da aula Tinha uma turma que se escondia no banheiro e a gente fi cava lá uma boa parte do tempo conversando de tudo e fumando Na oitava série acabei repetindo o ano Depois melhorei um pouco mas no segundo ano re peti novamente agora tenho que me esforçar mas não sei como vai ser pois nunca fui de estudar O ano chegou ao fi m e com ele também acabava meu ensino médio já tinham come çado os preparativos para a formatura de fi m de ano e me escolheram como orador Na cerimônia após eu ter discursado para uma grande platéia que me assistia atentamente e me deixava nervoso ainda fui homenage ado pela escola por alcançar a média nove nos três anos Foi aí que percebí que valeu a pena o esforço que tinha feito até aquele momento para superar todas as barreiras impostas pela vida Claro que ainda tenho muito a fazer estou apenas começando ago ra tem os preparativos para o vestibular fal ta só um pouco mais de três meses e aí se tudo correr bem começa mais uma fase em minha vida Ato falho erros na forma de escrever frases ou palavras que afetam o conte údo deixando transparecer conteúdos latentes Minha 1a infância não foi muito legal na parte familiar pois desde meus 4 5 anos meus pais brigavam muito E aos 7 anos eles vieram a enfi m se separar Amor de pais e re lação pais e fi lha eu só tive forte mesmo com a minha Meu pas e eu nunca fomos muito chegados E a família materna para mim é a única família até hoje Tive que apoiar muito a minha mãe após a separação e viceversão por causa disso nós fi camos muito unidades Na escola quando menor nunca tive muitos amigos e era considerada a mongolona feio sa da turma Mas gostava muito de ir para o sítio dos meus avós maternos por quem sou apaixonada até hoje e lá passava mui to tempo com os bichos Gostaria de morrar com eles Quantidade de conteúdo Percebemos uma tendência nas moças em escrever maior quantidade de conteúdo do Levenfus Soares Cols 306 que os rapazes Eles por sua vez diminuem a quantidade mas não perdem em qualidade apenas são mais diretos mais objetivos Percebemos que as autobiografi as escritas por orientandos que apresentam situações gra ves ou traumáticas tendem a ser bem mais cur tas em média 15 a 18 linhas do que as demais autobiografi as em média 25 a 30 linhas abor dando diretamente os fatores traumáticos7 Em duas situações com orientandos em estado psicótico recebi autobiografi as conten do mais de 10 páginas Experiências de vida O Ballet é uma opção muito importante na minha vida Comecei a fazer ballet quando tinha 4 anos e desde então virou praticamen te a minha vida Eu me entreguei para o bal let abri mão de várias coisas da minha vida como por exemplo fazer trabalhos individuais quando eram para ser feitos em grupo por falta de tempo para se reunir ou até mesmo passar uma tarde inteira no shopping com as minhas amigas Mas também tive grandes realizações ganhei vários prêmios em concursos de dança hoje já sou formada em ballet No ano passado passei por uma aventu ra muito importante e signifi cativa na minha vida passei 6 meses estudando nos EUA Fi quei morando numa casa de família america na e estudei em escola normal lá Essa foi uma grande conquista pra mim pois mesmo sendo difícil no começo consegui suportar e mos trar pra mim mesma que era capaz de vencer Venci aproveitei e aprendi muito com esta experiên cia Mas com isto tive também uma grande perda no qual sinto até hoje perdi uma família e muitos amigos americanos Sin to muito a falta deles e gostaria que eles esti vessem aqui comigo Religiosidade O grupo fez com que eu me encontrasse olhasse para dentro de mim e visse cristo e os outros Aprendi a amar de todas as formas e a importância de ser eu mesma para ser feliz Aprendi a ser cidadã não aceitar as coisas ruins e erradas de cabeça baixa e saber que não estou aqui simplesmente para curtir as delícias da vida Tenho também que dar um sentido um propósito a minha vida PLANO DAS ESTRUTURAS FORMAIS Diz respeito às estruturas mais concre tas e objetivamente ligadas à escrita do texto como o uso de pronomes erros gramaticais e outros Sintaxe confusa lógica convencional original Uma autobiografi a em forma de poe sia foi apresentada por Álvarez Michel e Diuk 1996 como exemplo de texto original Vocabulário variedade de termos ri queza e precisão É possível observar autobiografi as ri quíssimas em termos de vocabulário e precisão Outras podem se apresentar de forma muito pobre na qual o sujeito apresenta difi culdade para expressar seu pensamento Estrutura do relato descritiva enu merada obsessiva como o exemplo seguinte FASES E FATOS DA MINHA VIDA Na minha infância não frequentei creches nem escolinhas e isso de uma certa forma prejudicou a minha integração nos primeiros momentos em que engrecei no colégio Sitiame diferente e algumas vezes inferiori zada e insegura Com o tempo isso passou Na minha adolecência entrei em con fl ito com os meus pais e me afastei um pouco deles mas com o tempo isso passou Nesse período eu emagre ci e a minha nova aparência fez com que eu me tornasse mais confi ante A partir desse momento comecei a me 7 Pesquisa realizada por Levenfus 2000 não publicada Orientação Vocacional Ocupacional 307 interessar pela estética e torneime perfeccionista exigente e obstinada Na escola sempre fui ótima aluna por isso meus pais nunca me cobra ram notas mas eu sei que os estu dos são muito importante para eles principalmente para o meu pai que é muito exigente nesse sentido O último ano foi diferente cheio de comemorações e compromissos por isso quando ele acabou me senti muito sozinha Nesse semestre que passou os meus amigos ou estavam na faculdade ou como eu estavam preparandose para o vestibular Foi um período muito ruim para mim pois comecei a questionar muitas coisas da minha vida entre elas a mi nha decisão de cursar odontologia No vestibular de julho passei em odontologia na Ulbra e em arquite tura na PUC mas essas conquistas não representaram muita coisa para mim pois eu não tinha certeza do que realmente gostaria de fazer Fi quei com medo de cursar arquitetu ra e tranquei a matrícula na Ulbra Agora estou estudando para o ves tibular de janeiro mas não sei para qual curso Vícios de linguagem Sabe quando eu era pequeno sabe eu era muito moleque Uma vez eu estava brin cando com um vizinho sabe e pulamos de uma janela daquelas meio baixas sabe que dá para pular e não se machucar sabe Só que daí acabei quebrando o pé sabe e fi quei in gessado um tempão Características da escrita pressão regula ridade tamanho da letra Alguns profi ssionais observam esses aspectos a partir de estudos grafológi cos a fi m de levantar outros dados tais como ansiedade agressividade emoti vidade Não pensamos ser necessário esse tipo de abordagem em Orientação Vocacional Ocupacional ASPECTOS CONCLUSIVOS QUANTO AO OBJETIVO DESSE INSTRUMENTO EM OVO O objetivo da aplicação da autobiografi a em Orientação Vocacional não é o de chegar a um diagnóstico defi nitivo mas sim de de limitar áreas aparentemente signifi cativas levantando hipóteses que podem orientar à compreensão do caso É possível tentar identifi car áreas de con fl ito e perturbação por meio de alguns indica dores Baseados em Cunha 1993 enumera mos alguns a Impulsividade representada por um texto muito breve concreto escrito em garranchos eou com conteúdos de queixa e negação frente à tarefa b Conteúdos inusitados podem ser indi cativos de forte mobilização afetiva c Perseveração de algum conteúdo espe cífi co denunciando temas dominantes em que o afeto associado além de in tenso é pouco controlado d Falta de conteúdo que pode indicar omissão consciente resistência blo queio choque por ansiedade e Presença de lapsos que podem sugerir por exemplo a negação da ansiedade associada ao tema f Textos predominantemente humorísti cos que também podem envolver o uso da negação como defesa Pode ser que o sujeito expresse direta mente temas perturbadores como os relativos à morte de familiares doenças separação dos pais e outros que podem ter contribuído para sua problemática atual Às vezes também são feitas referências a sintomas ideias de suicídio fobias episódios depressivos e outros Em to dos esses casos é recomendável que os temas sejam abordados em entrevista posterior a fi m não apenas de buscar compreender a relação desses episódios com a atual difi culdade de escolher uma profi ssão mas também para poder proporcionar algum encaminhamento terapêutico se assim se fi zer necessário Levenfus Soares Cols 308 REFERÊNCIAS ALVAREZ MICHEL DIUK Las técnicas proyectivas In CASULLO MM et al Proyecto de vida y decisión vocacional Buenos Aires Paidós 1996 BIRREN J BIRREN B Autobiography exploring the self and encouraging development New York Springer 1996 BJORKLUND D Words fail me explanations of emotions in american autobiographies Greenwi ch Jai 1997 BOHOSLAVSKY R Orientação vocacional a estratégia clínica São Paulo Martins Fontes 1982 CUNHA JA PsicodiagnósticoR 4ed Porto Alegre Artmed 1993 DE VRIES B LEHMAN A The complexity of personal narratives New York Springer 1996 DOLLINGER SJ Autophotographic identities of young adults with special reference to alco hol athletics achievement religion and work Journal of Personality Assessment Hillsdale v67 n2 p384398 1996 DOLLINGER SJ DOLLINGER SMC Individuality and identity exploration an autophoto graphic study Journal of Research in Personality San Diego v31 n3 p337354 1997 FERRAROTI F Sobre a autonomia do método biográfi co In DUVIGNAUD J Sociologie de la connaissance études Paris Payot 1979 p131152 FRISCHENBRUDER SL O desenvolvimento vocacional na adolescência autoconceito e comporta mento exploratório 1999 95 f Dissertação Mestrado em Psicologia Faculdade de Psicologia Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre 1999 HARRE R Pathological autobiographies Washington Georgetown 1997 LASSANCE MC GROCKS A FRANCISCO DJ Escolha profi ssional em estudantes universi tários estilo de escolha In SIMPÓSIO DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL OCUPACIONAL 1 1993 Porto Alegre Anais Porto Alegre ABOP 1993 NÓVOA A FINGER M O método auto biográfi co e a formação Cadernos de Formação Lisboa n1 p916 mar 1988 PORTUONDO J Cuatro tecnicas en el test de apercepcion tematica y la autobiografi a como tecnica proyectiva 2ed Madrid Nueva 1979 RIBEIRO CIK O si mesmo juventude e vestibular 1978 99 f Dissertação Mestrado Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre 1978 RUBIN DC Remembering our past studies in autobiographical memory New York Cambridge 1996 RUTH J VILKKO A Emotion in the construction of autobiography San Diego 1996 SUPER DE et al Career development selfconcept theory New York College Entrance Examina tion Board Columbia University 1963 25 Técnica de bombons Rosane Schotgues Levenfus A técnica dos bombons é uma delícia Tratase de uma técnica grupal adaptada à Orientação Vocacional Ocupacional Tive contato com essa técnica no II Encontro da As sociação Brasileira de Orientação Profi ssional e I WORKSHOP sobre técnicas de Orientação Profi ssional ocorrido em Porto Alegre em 1997 Desde então não parei mais de aplicála introduzindo algumas variações O objetivo dessa técnica é proporcionar aos orientandos a oportunidade de fazer uma profunda e ampla refl exão acerca de como se processa a escolha profi ssional Observando como cada participante escolhe um bombom da caixa e a posterior explicação que cada um dá a sua escolha o orientador auxilia o grupo a inferir inúmeras associações entre a escolha de cada participante com a escolha profi ssio nal e com as ansiedades dessa escolha interli gadas ao vestibular É possível de uma forma lúdica pen sando sobre bombons conhecidos e desco nhecidos grandes e pequenos que traduzem lembranças ou investimentos pela mídia en tre outros fatores refl etir acerca da escolha profi ssional Podese observar que ao térmi no do processo os orientandos apresentam insight sobre as bases em que o ser humano e ele próprio se apoia no momento de realizar escolhas Foi constatado que tal técnica é bem indi cada para grupos médios 8 a 10 sujeitos bem como a grandes grupos 20 sujeitos ou mais que se reúnem com a fi nalidade de refl etir so bre como se processa o fenômeno da escolha profi ssional Quanto aos grandes grupos te nho aplicado em palestras nas escolas mesmo em auditórios repletos de pais e fi lhos Com a fi nalidade de enriquecer esse ca pítulo será feita uma simulação de aplicação em grupo composto por pais e fi lhos Apre sentarei a sessão de forma dialogada colocan do entre parênteses alguns comentários da técnica dirigidos aos leitores Material suas variações e efeitos no grupo O material é simplesmente uma caixa de bombons Concluí pela minha prática que é mais proveitoso utilizar uma caixa de bom bons sortidos e bem conhecidos pela popula ção local Quando estou com um grupo pequeno retiro previamente alguns bombons da caixa deixandoa com o mesmo número de partici pantes ou com um bombom a menos É inte ressante deixar um bombom a menos porque isso representará a falta de vagas para todos nas universidades Em grupos maiores do que a quantidade de bombons disponíveis também é muito interessante trabalhar com apenas uma caixa deixando os demais sem bombons Isso provoca uma reação muito inte ressante no grupo como descreverei a seguir Uma outra variação do material é colocar nessa caixa de bombons dois ou três bombons que não pertencem a essa mesma qualidade Esse fato costuma provocar no grupo uma re Levenfus Soares Cols 310 ação de indignação apontando que aqueles bombons não pertencem àquela caixa Isso pode ser manejado no sentido de falar sobre seus sentimentos quando frente a cursos des conhecidos ou outros caminhos profi ssionais que não passem necessariamente pelos ban cos universitários O início da aplicação da técnica Se estivermos em um grupo de Orienta ção Vocacional Ocupacional os orientandos estarão sentados em círculo No caso de gru pos grandes em auditórios se houver espaço chamo todos a ocuparem o palco do auditó rio ou outro espaço disponível formando um grande círculo Abro a caixa de bombons e digo que iniciaremos com um momento no qual cada um retirará um bombom para depois conver sarmos Peço que ninguém coma ainda seu bombom Quando as pessoas percebem que a oferta de bombons começará por um lado do grupo a parte do grupo que fi cará sem bom bom costuma vaiar depende de cada grupo Podemos com isso trabalhar o sentimento de não haver vagas para todos nas universi dades e outras questões sociais no sentido de que algumas pessoas gozam de privilégios ou até mesmo de sorte Em algumas situações nas quais essa parte do grupo reagiu de forma muito queixosa interrompi o curso da caixa de bombons repassando para aquele lado É claro que aqueles que se viram subitamente afastados dos bombons passam também a re agir com queixas Tudo isso torna o ambiente muito animado e interativo além de ampliar o universo a ser trabalhado Depois que todos os bombons forem re tirados é interessante observar que os últimos que conseguiram algum bombom pegaram simplesmente aqueles que sobraram Em geral esses que sobraram são bombons des conhecidos pela maioria ou algum bombom novo introduzido na caixa pelo próprio fabri cante Caso isso ocorra é interessante comen tar sobre as resistências que as pessoas têm ao desconhecido e como em geral existe uma busca muito maior pelos cursos tradicionais do que pelos cursos novos recémintroduzi dos no mercado Aproveito o momento para dizer que não estarei interpretando o movimento específi co de cada um mas as maneiras como as pes soas em geral escolhem Digo que a forma como cada um fez a escolha agora represen ta as várias formas possíveis de escolha sem particularizar a interpretação Nós procurare mos aqui relacionar tudo o que for possível com a escolha da profi ssão Analisando cada escolha Nesse momento passo a perguntar para cada um o motivo pelo qual foi escolhido jus tamente aquele bombom Fazemos isso em círculo e em voz alta de forma que todos pos sam se ver e se ouvir Como abordei inicialmente a partir de agora apresentarei trechos de uma sessão dia logada em um grupo composto por pais e fi lhos Utilizo as iniciais OV para referirme às intervenções do Orientador Vocacional Em geral as pessoas recebem de forma positiva as associações feitas pelo orientador e pelos colegas entre a forma de escolha do bombom e a forma da escolha profi ssional sorriem e fazem pequenos comentários ou ba lançam afi rmativamente a cabeça É comum que deem risadas pais e fi lhos troquem olha res cúmplices etc Dependendo do tempo de que dispusermos manejaremos os comentá rios do grupo No relato a seguir priorizamos as intervenções diretas e não o manejo do grupo para tornar o texto mais objetivo OV Essa mãe foi a primeira a se servir Va mos pedir agora que cada um diga por que escolheu esse bombom Mãe Nem escolhi sei lá foi o primeiro que eu vi Pai Eu também pois estava por cima Mãe Tinha um monte de gente esperando para pegar então peguei logo esse Pai Eu também OV Não é dessa mesma forma que mui tas vezes os fi lhos escolhem as coisas Rápido porque abriram as inscrições do vestibular sem revirar bem toda a caixa cursos oferecidos pela universi Orientação Vocacional Ocupacional 311 dade fi cam ansiosos porque tem um monte de gente olhando as expectati vas da família dos colegas que muitas vezes pedem logo uma tomada de deci são E você Por que escolheu esse Pedro Eu também não escolhi direito que ro dizer eu gosto desse mas se tivesse mais tempo eu teria pego aquele lá por que eu gosto mais de chocolate branco OV E quem disse que não tinha mais tempo Que tinha que ser rápido Aqui está ocorrendo aquilo que os pais acabaram de demonstrar Parece que é bem comum que isso ocorra Na minha experiência isso ocorre sempre Os primeiros a esco lherem fi cam com pressa com vergonha de os outros estarem olhando para sua escolha desejando também pegar bom bons e acabam por pegar qualquer um sem escolher direito Maria Peguei esse porque eu gosto desses bombons que são com biscoito por den tro OV Você sabe se esse bombom tem biscoito por dentro Maria Não sei eu não conheço esse mas acho que tem A forma dele assim re donda lembra outro que eu conheço e que é branco por fora e preto por dentro Acho que esse é igual àquele OV Quantos de vocês conhecem esse bom bom Levantem a mão Poucos conhe cem e se não for como você está pen sando Maria Tá azar daí errei OV Vamos abrir para conferir Maria abriu e o bombom realmente tinha biscoito por dentro mas por fora era preto e por dentro branco E agora O que você acha Maria Errei mas menos mal tinha biscoito por dentro OV Ainda bem que foi só um bombom Já pensaram escolher um curso universitá rio assim Olha alguma coisa ali parece com outra ciências da computação Informática Engenharia de Computa ção Análise de sistemas todos esses têm biscoito computador mas o resto é bem diferente às vezes é a casca às ve zes é o recheio Como de fato os cursos são diferentes melhor é conhecer bem antes de pegar Não é por acaso que têm nomes diferentes Sílvia Eu peguei esse porque gosto Na ver dade eu adoro chocolate Eu fi caria feliz com qualquer um que eu ganhasse por que eu adoro todos OV Isso também acontece na escolha da profi ssão Há pessoas que têm múlti plas potencialidades ou que gostam de muitas coisas ao mesmo tempo Por um lado isso é muito bom por outro pode difi cultar o momento de escolher uma só dessas coisas em especial se for uma escolha mais defi nitiva Na realidade a gente vive fazendo escolhas mas há ve zes em que elas são mais difíceis porque a gente sempre tem que abrir mão de uma coisa quando escolhe outra Se va mos a uma loja comprar um par de tênis novos com dinheiro somente para um par e gostamos muito de dois modelos diferentes teremos que nos conformar com o fato de que nem sempre dá para a gente ter tudo que a gente quer elaborar luto pelos objetos perdidos O que inte ressa nessa situação é que a gente con siga fi car satisfeito com aquele par que levou Já pensou chegar em casa e conti nuar sem saber se queria mesmo esse ou quem sabe pensar em voltar e trocar por aquele e fi car em uma dúvida obsessi va Então para escolher algo é preciso aceitar que não vai poder levar tudo Paulo Eu quando vou a uma pizzaria vou em um rodízio porque não conseguiria escolher só um sabor no cardápio As sim o garçom vem largando todas as pizzas no meu prato e eu vou comendo todas OV E como fez aqui para escolher um bom bom Paulo Eu também peguei qualquer um é como ela eu acho que tanto faz OV Bem estamos vendo que não existe re gra cada situação é diferente da outra e diferente para cada pessoa Esse exem plo do Paulo pode se prestar tanto para o que falamos sobre a Sílvia como até o contrário algumas pessoas não conse guem escolher porque não sabem o que Levenfus Soares Cols 312 gostam e o que não gostam Se eu esti vesse oferecendo bombons totalmente desconhecidos pode ser que a confusão fi casse grande também já que vocês es tariam escolhendo coisas que não sabe riam se gostam ou se não gostam Gisele Eu por exemplo conheço um por um cada bombom dessa caixa e escolhi esse aqui porque tem leite condensado caramelizado com fl ocos crocantes e o puro chocolate Nestlé É o que eu gosto mais OV Nada como conhecer bem as diferenças e semelhanças Se fosse um curso uni versitário você saberia até quais são as cadeiras matérias de cada curso Aqui também podemos ver o poder da mídia Esse versinho fi cou bastante tempo na te levisão As propagandas são a alma do negócio elas interferem muito em nosso comportamento Existem muitas profi s sões que são valorizadas pela mídia em detrimento de outras É sempre bom a gente ter consciência das infl uências que recebemos E você outra mãe Mãe Ah eu peguei qualquer um Por mim nem pegava ia deixar para a garotada que estava toda de olho na caixa Só pe guei por causa da brincadeira que foi proposta OV Como os pais abrem mão de coisas pelos fi lhos hein Certa vez em um grupo de OVO uma senhora que já tinha os fi lhos crescidos resolvera fazer vestibular para cursar Direito mas sentiase na obriga ção de passar no vestibular mais concor rido porque era na universidade pública A família não teria condições de susten tar a ela e mais um fi lho que também faria vestibular se ambos passassem em uma universidade particular Dessa for ma temerosa de tomar a vaga do fi lho essa senhora preferia nem se inscrever no vestibular da universidade particular Acontece que o fi lho tinha muito mais condições de ser aprovado na universi dade pública do que ela já que ela estava há muito tempo sem estudar as matérias do ensino médio necessárias para aquele momento No fi m das contas ela se ins creveu em vestibulares das universida des particulares e foi aprovada Durante aquele período ela foi mais exigente com o fi lho para que tentasse uma vaga na pública O fi lho foi aprovado na pública e ela cursou a particular Outra mãe Eu fi z o contrário Lá em casa quando a gente abre essa caixa de bom bons eu nunca consigo comer esse da qui porque algum fi lho pega primeiro como a caixa chegou logo em mim e o bombom ainda estava lá dessa vez re solvi pegar Viu fi lho em tom provoca tivo OV O que você achou dirigime ao fi lho Filho Pô mãe eu nem sabia que tu gostavas tanto desse por que nunca falou OV Agora que você já sabe como será Filho Sei lá acho que a gente vai ter que combinar uma vez para cada um Mas sabe quando eu pensei em fazer Odon tologia e minha mãe é dentista a gente logo combinou que eu poderia usar o consultório dela no início até mesmo porque ela não fi ca lá o tempo todo Não vai me dizer agora que estou querendo pegar teu consultório Mãe Claro que não Isso é diferente nós va mos dividir um pouco para cada nem só meu nem só teu Filho Já sei Na próxima vez vamos dividir esse bombom ao meio risadas OV Como você escolheu esse Filho Eu nem tinha pensado naquele esco lhi esse porque era o maior da caixa OV Na escolha da profi ssão às vezes tam bém acontece de alguém querer um curso grande só porque é mais concor rido porque parece que é mais valori zado Às vezes essa pessoa pode estar realmente identifi cada com aquele cur so mas às vezes pode representar até mesmo uma insegurança sua escolher aquele grande para mostrar como ele também é grande O problema aqui é que estamos falando de coisas que pa recem engraçadas mas que são muito sérias quando se trata da escolha de um curso universitário pois nem sem pre um curso valorizado para os outros pode ser bom para todos Essa escolha é muito particular e é importante que se Orientação Vocacional Ocupacional 313 possa refl etir sobre o signifi cado de cada escolha importante Cláudia Eu não gosto de chocolate peguei esse por pegar nem vou comer se al guém quiser posso dar OV Vocês sabiam que muita gente nem gos taria de fazer um curso na universidade Mas desde que nasceram em determina da família os pais já faziam poupanças e sonhos com a universidade do fi lho Chega nesse momento e a pessoa às vezes nem se dá conta de que ela nem queria isso Não existe espaço para esse pensamento naquela família Tem gente que por causa disso é reprovado várias vezes no vestibular E você Marcos Ah eu queria mesmo era aquele lá que já pegaram Então fi quei com esse que eu gosto também OV Percebem Às vezes alguém fi ca com uma segunda opção por não conseguir aprovação na primeira Por outro lado isso também pode representar que não é só uma profi ssão que deixará alguém feliz ou infeliz pelo resto da vida Al gumas pessoas pensam assim vocação é um raio divino que cai na cabeça das pessoas e que se ela descobrila será feliz para sempre Não é possível que com mais de 150 profi ssões de nível su perior nesse país cada um iria fi car feliz apenas com uma aquela única divina Às vezes as pessoas pensam assim por desconhecerem as outras profi ssões ou por terem preconceitos enfi m vários são os motivos que levam alguém a es colher desse ou daquele jeito Concluímos que não existem interven ções prontas para cada explicação dada pode se fazer inúmeras associações Não exis te uma preocupação em se fazer a interven ção certa e sim em poder aproveitar cada momento para trabalhar a questão da escolha profi ssional No exemplo dado quando trabalho com uma plateia de pais e fi lhos utilizo essa técnica para estimular o público a participar de uma palestra que faço em seguida Já nos grupos de Orientação Vocacional percebemos que essa técnica motiva amplos debates e inclusive uma maior busca por informações profi ssio nais 26 A técnica do Círculo da Vida Mariza Tavares Lima FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA À TÉCNICA DO CÍRCULO DA VIDA A técnica denominada Círculo da Vida tem por objetivo ajudar o cliente de Orienta ção Profi ssionalVocacional a realizar uma primeira refl exão sobre o que ele considera importante em sua vida e se constitui como um objeto intermediário que favorece a re fl exão sobre prioridades interesses e valores desse Sujeito S É basicamente uma técnica facilitadora à entrevista diagnóstica e auxilia o orienta dor na realização do levantamento da moti vação do cliente para o trabalho demandado OPOV ou outro Pode contribuir também no prognóstico da orientabilidade por meio da verifi cação do grau de importância que têm para o indivíduo a escolarização e o tra balho fundamentais à escolha profi ssional Cunha 1993 defi nindo a entrevista diagnóstica aponta que a coleta de dados ob tida pela da entrevista permite obter informa ções preliminares para diagnóstico prognós tico e indicação terapêutica Preferencialmente sugerese a utilização da técnica do Círculo da Vida em uma das primeiras sessões do processo de OPOV 1a ou 2a sessão quando se inicia o reconheci mento do cliente e o processo de autoconhe cimento A criação da técnica tem como base co nhecimentos sobre o desenho como possibili dade de expressão do psiquismo e a utilização das cores como expressãorepresentação da emoção Nas palavras de Kolck 1984 p 1 no plano do diagnóstico psicológico o grafi smo e em especial o desenho têm ocupado lugar de destaque como instrumento indispensável Considerouse a ideia de que o círculo uma bola é uma das formas mais primiti vas de possibilidade de desenho ou represen tação gráfi ca Meredieu 1997 aponta a predominân cia das formas circulares e acrescenta que os primeiros rabiscos consistem em espirais ova ladas executadas com um só traço sem que a criança interrompa o gesto ou levante o lápis Assim considerandose que o círculo é uma forma executada com facilidade pela maioria das pessoas independentemente de sua idade ou de seu grau de escolaridade propõese a execução da tarefa como base para o trabalho do cliente No que tange à sugestão do uso de cores Pfi ster em suas considerações aponta o va lor sintomático das cores e suas relações com estados ou reações emocionais corresponden tes Amaral 1978 p 15 O tamanho e a localização do círculo na folha serão considerados na mesma óti ca de quando se analisa o desenho da fi gura humana e a análise desses itens oferecerá bons indícios da relação do sujeito consigo mesmo e com o mundo externo Ao explorar Orientação Vocacional Ocupacional 315 a técnica o orientador aponta suas observa ções trazendoas para o sujeito na medida do possível ajudandoo a conscientizarse de suas motivações de seus interesses de seus valores etc Conforme Hammer 1991 p 46 o ta manho do conceito desenhado nos oferece pistas a respeito da autoestima realista do su jeito sua autoexpansividade característica ou sua fantasia de autoinfl ação As críticas que a própria pessoa pode estabelecer em relação a seu trabalho como por exemplo Não fi cou redondo está mais para oval Minha bola está muito torta e outras similares podem ser consideradas como indi cativas de maior índice de exigência consigo mesmo ou como sinal de busca de perfeição podendose apontálas ao indivíduo quando se percebe que tal indício é positivo Por ou tro lado a autocrítica auxilia na descontração ampliando a possibilidade de expressão oral dos conteúdos abordados Especialmente os mais jovens tendem a ser muito críticos com relação à sua própria produção e consideram o trabalho realizado como uma brincadeira que lhes permite falar mais sobre eles mesmos A atividade pode então até certo ponto tornarse lúdica e facilitar a exposição de conteúdos emocio nais Cabe aqui assinalar que a técnica não foi idealizada para ser usada exclusivamente em OPOV mas é proposta como forma de obter mais facil e suavemente informes pessoais so bre o indivíduo portanto pode ser usada em outros tipos de intervenção psicológica com o mesmo objetivo de obtenção de dados da en trevista e facilitação à refl exão Vale demarcar que serão abordadas questões tendo como ponto de partida o que o Sujeito S aponta como signifi cativo para ele Assim propõese uma mudança de ótica ao que é comum em uma entrevista na qual cabe ao psicólogo formular as perguntas Aqui contrariamente não caberá ao profi s sional estabelecer a prioridade buscamse os conteúdos conforme o que é direcionado pelo cliente Assim a técnica se constitui em um ob jeto intermediário pelo qual o entrevistador pede que o entrevistado fale sobre si e so bre seus problemas e interfere fazendo per guntas confrontações oferecendo feedback Cunha 1993 p 35 A compreensão das cores tem como base o teste das Pirâmides Coloridas de Pfi ster do qual à guisa de facilitação é apresentada uma síntese em adendo ao fi nal deste capítu lo com base em Amaral 1978 Na obra desse mesmo autor encontrase importante citação Rorschach em 1921 com genial intuição foi um dos primeiros senão o primeiro a chamar a atenção de maneira objetiva para o fenômeno cor como fator estimulante capaz de despertar emoções latentes que pode riam ser estudadas ou avaliadas atra vés de reações peculiares ou típicas Amaral 1978 p 64 Para a compreensão do signifi cado das cores utilizamse as mesmas referências apre sentadas por Pfi ster mas também se considera importante ouvir e dar signifi cação à maneira como a própria pessoa a realiza O propósito é então reunir em uma só técnica a possibilidade de expressão do dese nho associada às cores que dizem da emo ção expressa nessa representação É possível dizer que se tomou empres tado o referencial dessas duas formas de expressão reunindoas em uma única com o intuito claro de facilitar ao sujeito o dizer de si ajudandoo em seu processo de auto conhecimento DETALHAMENTO DA APLICAÇÃO DA TÉCNICA DO CÍRCULO DA VIDA Objetivos Técnica facilitadora à entrevista diagnós tica que visa a precipitar a introspecção per mitindo ao cliente verbalizar mais facilmente questões referentes à sua vida Material Folha de papel A4 Levenfus Soares Cols 316 Lápis no 2 e borracha macia Caixa de lápis de cor 12 cores Observações 1 Não se deve usar giz de cera ou cane ta hidrocor em lugar do lápis de cor porque ambos difi cultam a percepção das diferenças de pressão do lápis ao colorir tendendo a formar uma massa homogênea 2 Devese observar a posição em que a folha é entregue ao SujeitoS pois a modifi cação eventualmente introduzi da por ele também será analisada Se possível especialmente na aplicação individual a folha é entregue em uma posição neutra em diagonal mas o S poderá realizar sua tarefa usando a na posição vertical ou horizontal Vale salientar que a posição vertical é a mais frequentemente adotada em função do hábito da escrita Consigna Pense em sua vida em tudo o que é im portante para você Pausa Faça uma lista daquilo em que pensou Aguardar que o S a registre Agora vire a folha e desenhe um círcu lo repartindoo em tantas partes quan tos foram os itens listados Concluída essa etapa da tarefa você deve colorir à sua vontade e dar um nome a cada parte identifi cando o que ela representa Quando seu trabalho estiver pronto conversaremos a respeito dele Observação Durante a execução da tarefa visando a facilitar a refl exão e a introspecção é reco mendável colocar uma música de fundo do tipo newage ou clássica Procedimento Ao dar as instruções o orientador deverá assegurarse de que o Sujeito S entendeu corretamente a tarefa a ser realizada acom panhando de perto pelo menos o início da execução Caso o S manifeste dúvida repetir a consigna fornecendo se necessário algum exemplo a respeito das áreas que esperase serão destacadas no desenho exemplo de itens importantes família escola Devese ter o cuidado de fornecer no máximo dois exemplos para não induzir o trabalho do S Os dois antes citados são os mais indicados por estarem ambos conectados a aspectos importantes a serem considerados no traba lho de OPOV A proposta de que o desenho seja feito no verso da folha tem por objetivo possibilitar que o S tenha todo o espaço do papel para a realização da tarefa uma vez que o tamanho do Círculo será um dos itens questionados EXPLORAÇÃO DA TÉCNICA Concluída a produção que dura em média de 20 a 30 minutos solicitar ao cliente que apresente seu trabalho falando sobre ele e sobre cada um dos itens ou áreas evidencia das no Círculo da Vida Caso o orientador se depare com um cliente mais detalhista que ultrapassa o perío do de tempo mencionado deve estimulálo a concluir a tarefa com maior presteza dizendo lhe que seria interessante terminar o trabalho com mais diligência para que se possa conver sar sobre a produção ainda na mesma sessão De qualquer modo caso não seja possí vel proceder à exploração de toda a tarefa em uma única sessão retomar a investigação na sessão seguinte A exploração da técnica passará funda mentalmente por dois momentos Exploração do conteúdo Neste primeiro momento devese deixar o cliente mais à vontade permitindolhe de marcar e assinalar conforme seus critérios o que considera importante Ele fará a exposição conforme sua vontade Se a fala do cliente for muito rápida e superfi cial o orientador deverá em um pri meiro momento acompanhar a exposição sem interrompêla e depois a seguir fazer Orientação Vocacional Ocupacional 317 perguntas com o objetivo de maior exploração dos conteúdos É importante não perder de vista que a técnica é facilitadora à entrevista e à aborda gem de fatos e dados da vida do cliente por tanto devese buscar informações referentes às áreas básicas de investigação habitualmen te focadas em uma entrevista familiar esco lar profi ssional de saúde e social na qual se incluirão lazer hábitos relações afetivas hobbies e religião ver Figuras de 261 a 266 Observase também se o indivíduo se re fere ao próprio processo de OPOV ou à esco lha e vida profi ssional e se esses são aspectos demarcados no Círculo como algo importante para ele Figuras 265 e 266 Cabe assinalar aqui que não necessaria mente a pessoa coloca os itens como o ante riormente referido Em resposta ao convite de distinguir o que é importante em sua vida o cliente coloca palavras ou expressões como meus pais em vez de família meu namora do sair e passear em vez de vida social etc É ainda comum que em vez de concei tos como os já expostos o cliente registre nas áreas delimitadas palavras expressando juízo de valor como por exemplo solidariedade honestidade respeito caráter amiza de etc Nesses casos devese buscar enten der seu signifi cado para o Sujeito Não raro ao explicar o porquê da inclusão desses itens em seu Círculo da Vida o cliente referese às áreas sobre as quais se busca informações Por exemplo ao falar em solidariedade e amizade a pessoa referese à sua família dizendo nela encontrar esses valores e a ên fase a eles De qualquer maneira o orientador deve rá ouvir seu cliente e ajudálo a ouvirse para que ele tome consciência do que valoriza em sua vida e para que conheça até que ponto as áreas mencionadas estão correlacionadas às questões referentes à escolha profi ssional Concluída essa fase da exploração do conteúdo antes de passar à etapa seguinte é importante questionar áreas que não foram mencionadas pelo S e que são de considerável relevância Por exemplo é comum que algu mas pessoas especialmente os mais jovens se esqueçam de colocar qualquer referência à saúde Figuras 263 e 266 Quando questio nadas geralmente dizem não ter se lembrado dela possivelmente por estarem bem No en tanto vale questionar como está a saúde do S como é a saúde da sua família que cuidados o indivíduo tem consigo mesmo etc muito especialmente se o S coloca a área de saúde como possível interesse de escolha Assim cabe demarcar as áreas esqueci das com o intuito de conscientizar o indiví duo de que somos um todo integrado e de que o autoconhecimento passa por essa amplitude de nos vermos como seres inteiros Exploração da forma O orientador também deverá levar o S a refl etir sobre tamanho e localização do círcu lo na folha de papel número e tipo de áreas incluídas tamanho de cada uma delas cores utilizadas e intensidade do colorido Figuras 261 a 266 O orientador deve estar atento à obser vação da produção de seu cliente refl etindo e ajudandoo a refl etir sobre todos esses parâ metros Deve estar preparado para facilitar o questionamento sobre Posição da folha de papel O S altera a posição original em que a fo lha de papel lhe foi entregue ou a mantém ao desenhar Caso tenha alterado por que o faz Kolck 1984 p7 nos indica que repre sentando a folha o ambiente delimitado pelas bordas do papel imposto ao sujeito sua posi ção indicará como este se coloca perante ele e o manipula Tamanho do desenho O círculo é pequeno menos de ¼ da fo lha médio ou ocupa a maior parte da folha Observação Podese considerar o diâmetro do círculo como correspondente à área de contato do S com o ambiente Anderson e Anderson 1967 p 361 afi r mam que o tamanho da fi gura tem relação Levenfus Soares Cols 318 com a fantasia o grau de autoestima realística ou com a expansividade do sujeito Localização do desenho na folha O círculo está posicionado na parte cen tral da folha ou em um dos quadrantes Em qual deles Vale observar se há uma preferência pela metade superior da folha muito principal mente pelo quadrante superior esquerdo o que vem ao encontro da observação de Kolck 1984 de que entre os sinais comuns nos dese nhos dos adolescentes em resumo há orien tação do centro para a esquerda e para o alto da folha Kolck 1984 p 41 Ainda referente à questão da localização na folha temos em Hammer 1991 No que se refere à localização na di mensão vertical da página Buck apresen ta a seguinte hipótese quanto mais acima o ponto médio do conceito desenhado estiver do ponto médio da página maior a implicação de a que o sujeito sinta que está se esforçando de que seu alvo é re lativamente inatingível b que o sujeito tenda a procurar satisfação na fantasia em vez de procurála na realidade c que ele tenda a se manter distante e relativamen te inacessível Hammer 1991 p 51 Diversidade e tamanho das áreas O círculo é dividido em muitas ou pou cas áreas Há diferença de tamanho entre elas Se existir ela deve ser questionada Essa diferença relacionase ao grau de importância ou valorização diferenciada atribuída a cada uma Figuras 261 até 266 Cores utilizadas e intensidade do colo rido Questionar o porquê da utilização de cada uma das cores O que a cor específi ca re presenta para o sujeito Como e por que ela foi escolhida para ser colocada no espaço em que se encontra O colorido é intenso bem forte Figuras 261 e 264 ou as cores parecem diluídas e esmaecidas Figuras 263 Aqui vale salientar para o cliente a ques tão da realização de escolhas em situações diversas como forma de exercício para esco lhas mais signifi cativas na vida como é a es colha profi ssional Cabe comentar que a exploração do tra balho produzido estará a critério do profi ssio nal dependendo de seu domínio da técnica de entrevista e do conhecimento da técnica do Círculo da Vida especifi camente Como vem sendo demarcado assinala se que o objetivo é favorecer a conscientização e auxiliar o cliente a realizar uma comparação entre sua maneira de agir durante a execução da tarefa e em seu diaadia O parâmetro de referência é também aquele utilizado na in terpretação do desenho projetivo da fi gura Como afi rma Hammer 1991 p 42 na reali dade muitas vezes nossa expressão psicomo tora é mais eloquente do que as palavras Exemplos de intervenção É importante salientar que a observação feita pelo orientador será um ponto de partida para o questionamento e visa a ajudar o orien tando em seu processo de autoconhecimento O orientador deve facilitar a percepção que o Sujeito possa ter de si mesmo fazendo comentários sobre a produção e submetendo os à apreciação do S para refl exão Vale ainda enfatizar que não apenas se deve comentar e chamar a atenção para aspectos negativos do desenho p ex círculo pequeno e com poucas áreas apresentadas como também é muito importante facilitar para que o S per ceba e valorize seus aspectos positivos ca pacidade de refl exão amplitude de aspectos abordados estética da produção etc Se o cliente desenha um círculo peque no no alto da folha ou em qualquer outro quadrante podese ter uma percepção de sua maneira de relacionarse com o mundo de enfrentálo e reagir a ele Nesse caso o orientador pode dizer Vejo que você faz um desenho ocupando apenas parte da folha O que isso pode indicar Em seu diaadia isso também está ocorrendo ou seja você ocupa apenas uma parte do espaço que lhe é ofere cido Você está com seu espaço de contato reduzido como esse círculo Orientação Vocacional Ocupacional 319 Hammer 1991 p 46 afi rma que dese nhos pequenos são apresentados por sujeitos com sentimentos de inadequação e talvez com tendências ao retraimento Vale enfatizar que não se estará fazendo afi rmativas mas sim questionamentos Con vém inclusive dizer ao cliente que ele não precisa responder às perguntas mas espera se sim que ele refl ita sobre elas naquele mo mento e posteriormente à sessão Caso queira poderá responder em outro momento e o as sunto poderá ser debatido Como exemplo serão apresentados al guns modelos de questionamentorefl exão que o orientador pode realizar referentes ao ta manho ao número de áreas representadas no trabalho do cliente e às cores por ele utilizadas 1 Círculo bem pequeno ¼ da folha na metade inferior do papel pode es tar representando pessoa com difi cul dade de posicionarse de exporse e pode até ser indicativo de depressão Nesse caso o orientador deverá ques tionar seu cliente sobre como se sentiu frente à execução da tarefa Foi difícil realizála É difícil para ele ocupar os espaços que lhe são oferecidos ou dis ponibilizados Como ele vem se sen tindo ultimamente frente às exigências que lhe são feitas O círculo pequeno em geral é indicativo de difi culdades no contato consigo mesmo e ou com os outros Figura 261 ou ainda de co arctação e problemática emocionais 2 Círculo grande ¾ da folha bem centrado dividido em diversas áreas e bem colorido pode indicar pessoa que se coloca com facilidade frente ao meio e não apresenta maiores inibições en fi m que consegue ocupar bem seu espaço e diversifi car seus interesses Figuras 262 e 263 De acordo com Kolck 1968 p 8 de maneira geral quanto maior o desenho maior a valorização de si mesmo e essa valorização será tanto mais compensatória quanto mais exagerado for o tamanho Observação um círculo muito grande que ocupa praticamente toda a área do papel até quase às bordas pode indicar excesso de expansividade sendo até mesmo indício de vivência de uma fase maníaca Cabe investi gar melhor por meio da entrevista 3 Círculo dividido em poucas áreas itens pode indicar pessoa inibida e com interesses restritos O orientador deverá observar que tipo de áreas ou itens foram demarcados e auxiliar o cliente a aperceberse disso chaman doo a ampliar seu leque de visão inclusive através da própria OPOV sobretudo a partir da informação ocu pacional 4 Círculo que apresenta utilização de poucas cores com predominância de tons suaves que se repetem pode indi car baixo nível de energia e pouca liga ção afetiva com as áreas apresentadas A interpretação deve ser feita em relação específi ca às cores usadas Figura 263 5 Pessoa que relata não ter escolhido as cores e diz têlas colocado aleatoria mente vale questionar se em sua vida diária a pessoa procede da mesma forma ou seja se recebe as coisas prontas sem nelas interferir Aprovei tar o questionamento para enfatizar a necessidade e a importância da reali zação de pequenas escolhas no diaa dia que no entanto preparam para uma escolha maior e mais signifi cati va como é a escolha profi ssional 6 Utilização de cores vivas colorido pas toso pode indicar sujeito agressivo que busca se impor ou mesmo sujeito assertivo e determinado que investe no sentido do alcance de seus objeti vos Figuras 261 e 264 7 Uso preferencial por cores muito fortes saturadas de preto pode ser indício de aumento da ansiedade e de repressão Pessoa que está em verdadeira ebulição interna e com difi culdades para lidar Levenfus Soares Cols 320 com seus afetos tornandose explosi va intempestiva Figura 264 Nesses casos quanto maior for o tamanho do círculo tanto mais é possível que se esteja frente a um cliente com caracte rísticas impulsivas Lembrar que um círculo muito grande que quase não cabe na folha de papel é por vezes indicativo de elação e até de mania a entrevista poderá confi rmar ou não essa suposição 8 Pessoa que se recusa a colorir geral mente indica coarctação da emoção sujeito que nega teme ou foge das relações de afeto Vale comentar que é raro a pessoa se negar a colorir a ex periência aponta maior frequência na população masculina Nesses casos os rapazes se utilizam da racionaliza ção para justifi car sua negativa dizen do por exemplo Já passei da idade de colorir de desenhar Colorir é para mulheres Os autores especializados são con cordes neste ponto a cor é expressão da afetividade Os afetos as emoções e os sentimentos são revelados nos dese nhos pelo uso das cores a quantidade de colorido seja no referente ao número de cores diferentes utilizadas seja quan to à área ou ao espaço colorido o uso de tons claros ou escuros o transborda mento da cor sobre o contorno do dese nho a escolha de determinadas cores o riscar no papel em traços fortes o mis turar cores para produção de nuances Kolck 1968 p 80 Investigações similares tendo como refe rência as aplicações clínicas dos desenhos pro jetivos podem ser feitas em relação a todos os aspectos do desenho A pressão do lápis no papel assim como o tamanho é uma indica ção do nível de energia do sujeito Hammer 1991 p 47 Reiterase que o orientador não deve transformar suas observações em afi rmações É importante o orientando perceber que o mo mento é de refl exão ele pode e deve contestar o orientador caso não concorde com suas obser vações Sempre haverá ganhos nesse diálogo CUIDADOS NECESSÁRIOS DURANTE A INVESTIGAÇÃO Ao realizar suas indagações o orien tador estará convidando o cliente a refl etir favorecendo para que ele possa ampliar a percepção de si mesmo e trazendo também novas informações ao conjunto de dados No entanto tal questionamento deve ser realiza do atentandose para o quê e o quanto o sujeito possa receber nesse indagar ou seja é neces sário que o orientador esteja empaticamente conectado ao cliente para que não o so brecarregue de perguntas e não o questione além daquilo que ele pode suportar em um primeiro momento Caso seja interessante o orientador pode voltar a propor a técnica em uma fase mais adiantada do atendimento quando perceber que o cliente está mais receptivo e conscien te enfi m mais preparado para refl exões de maior aprofundamento Nesses casos após a execução da tarefa conversará a respeito dela e fará uma comparação com o trabalho ini cialmente produzido Em geral se percebem muitos ganhos de uma tarefa para a outra em termos de expansão de conhecimentos e de possibilidades de refl exão É ainda importante comentar que nes sa fase de exploração da técnica como aliás deve ser em praticamente todas as técnicas de exploração psicológica vale a pena não deixar de considerar a linguagem corporal do S Devese observar sua postura ao executar a tarefa o ní vel de atenção e tensão que a pessoa demons tra ao realizála e ao verbalizar o conteúdo do trabalho executado Também é interessante notar o tom de voz e a expressão do olhar ou seja a coerência entre o dito e o demonstrado através do corpo INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES A escolha das cores será questionada para averiguação de como ela se deu Habitualmen te ouvese interpretações do senso comum como Usei esta cor porque verde representa espe Orientação Vocacional Ocupacional 321 rança Azul é cor do céu signifi ca paz Verme lho é cor quente cor do coração etc É oportuno ouvir a explicação dada pelo cliente e é impor tante ainda tentar ajudálo a entender seu sig nifi cado relativo à área colorida questionando por exemplo Quando você me diz ser o azul a cor do céu lhe transmitir paz como entender o uso do azul aqui na área de sua família o que isso quer dizer Se o verde lhe sugere esperan ça e você o colocou na área da profi ssão o que você acha que isso representa Embora salientando a relevância de ou vir o cliente e de ajudálo a descobrir o motivo pelo qual ele fez as escolhas das cores consi derase importante que o orientador faça uma leitura das cores de acordo com seu signifi ca do conforme apresentado por Amaral 1978 Adendo ao fi nal deste trabalho com síntese do signifi cado das cores Certamente o pro fi ssional conseguirá mais informações sobre seu cliente com esse entendimento podendo na medida do possível estender a compreen são ao próprio S Como exemplo citase o atendimento a uma jovem que coloriu de violeta vi a área que representava o amor No questionamen to ela disse não saber explicar exatamente por que utilizara aquela cor Indagouse então se estava tudo bem no relacionamento afetivo ao que ela respondeu negativamente dizendo não ter nenhum contato afetivo no momento e sentindose triste e sozinha Tentouse explicar a ela o signifi cado da cor violeta ver Adendo e ajudála a compreender como sem saber o porquê ela escolhera a cor que melhor repre sentava sua tensão e ansiedade o incômodo frente à situação vivenciada que se referia ao item amor Figura 265 Outros aspectos observados na produção fornecem indícios possíveis de serem correla cionados a aptidões e características do cliente Assim a maneira como o S executa e confi gu ra seu trabalho pode sugerir dados relativos às aptidões artística e espacial à criatividade e à organização entre outras ou mesmo a características de personalidade como oposi cionismo expansão ou inibição infantilidade imaturidade etc As fi guras apresentadas a seguir eviden ciam que o mais comum é o S fazer a divisão do círculo em fatias formato pizza mas não raro aparecem também outros tipos de corte sentido horizontal diagonal ou outros Fi gura 262 Esses cortes diferentes sugerem uma pessoa criativa que se coloca de maneira peculiar e preza sua individualidade o que pode ser um dado importante no que se refere à escolha profi ssional Assim como o tipo de corte mais comum é o em fatias é habitual que as pessoas desenhem utilizandose da folha no sentido vertical principalmente devido aos hábitos de escrita ver observação no item Detalha mento Desde que se tenha o cuidado de observar a posição em que foi colocada a folha à frente do sujeito poderseá ano tar as modifi cações que eventualmente sejam introduzidas A modifi cação ra dical na posição tem sido interpretada como sinal de negativismo e de rejeição de sugestões traduzindo também liber dade em relação à ordem implícita que pode ser manifestação de espírito curio so e aventureiro de desejo de afi rmação e expansão ativa Kolck 1968 p 19 A interpretação deve ser feita conside randose também outros dados obtidos na entrevista De acordo com Kolck 1968 p 20 tem se Parecenos que a interpretação de liberda de em relação à ordem dada com seu sentido de indício de espírito curioso ativo e cheio de iniciativa deve prevalecer sobre a ideia de oposição e negativismo Raramente encontramse círculos em que em vez de escrever os nomes das áreas ou dos itens o S faz desenhos representativos Figura 266 Observase que geralmente se trata de pessoas pouco amadurecidas e com características infantis devendo ser levado em consideração o tipo de desenho realizado No caso de se perceberem essas duas últimas características no trabalho do S desenhar no sentido horizontal da folha e utilizarse de fi guras e não de palavras é bem provável que se esteja diante de alguém imaturo e inseguro Outros dados do acompanhamento do caso poderão confi rmar ou não essa hipótes Levenfus Soares Cols 322 CONSIDERAÇÕES FINAIS A observação e os comentários a partir do trabalho realizado permitem auxiliar o cliente a fazer associações entre a tarefa executada e o que acontece em sua vida diária É tarefa do orientador transformar suas observações em questionamentos facilitando a refl exão O pedido de utilização de cores é no tadamente um convite a deixar afl orar a afetividade e dela tomar ciência Aspectos emocionais podem ser observados por meio das cores utilizadas Podese perceber o mo mento emocional do S observandose se ele usa cores mais extrovertidas que sugerem a ênfase no contato ou ao contrário o esfria mento afetivo percebido pelo do uso de cores frias As cores usadas revelam a relação do S com a área em que foram utilizadas APLICAÇÃO COLETIVA DO CÍRCULO DA VIDA A técnica pode também ser aplicada co letivamente e servir como forma de apresen tação em duplas ou trios Cada sujeito realiza a tarefa individualmente e em seguida apre sentase ao outro a partir do desenho feito O orientador deve fornecer os parâme tros dessa apresentação coordenandoa e se guindo as orientações dadas anteriormente quanto à exploração do Círculo da Vida A apresentação pode ser feita também pelo outro membro da dupla ou do trio ou seja primeiramente o próprio sujeito se apre senta ao pequeno grupo e a seguir é o outro membro que o apresenta ao grupo maior Essa é uma maneira interessante de apresentação No caso da aplicação coletiva sugerese conservar a mesma orientação na aplicação e no uso da técnica em grupos de até 9 ou 10 pessoas É ainda conveniente que o orientador já tenha anteriormente se utilizado dela em atendimentos individuais e experimentado sua aplicação Esse cuidado é necessário pois pode ser um pouco difícil a observação e a possibilidade de boa intervenção por parte do orientador caso haja muitas duplas ou trios A ajuda do profi ssional fi ca limitada visto que o questionamento estará sendo feito por outro cliente por um leigo que não terá certamente a sensibilidade desenvolvida do profi ssional qualifi cado Vale o alerta de que talvez seja prefe rível aterse apenas às áreas representadas usandoas como forma de apresentação pela pessoa e realizar a exploração da relação en tre elas e a escolha profi ssional sem que seja feita a investigação posterior referente à for ma tamanho localização cores etc correla cionando com o dia a dia do sujeito Especial mente nesses aspectos a formação de quem utiliza a técnica é essencial para saber como e até que ponto aprofundarse De qualquer maneira a aplicação coleti va é possível e caberá ao profi ssional orientar o questionamento de modo a prevenir um aprofundamento maior do que o desejável no grupo e no tipo específi co de trabalho OP OV A técnica pode fornecer também bons elementos para discussão de questões como criatividade diferenças individuais em rela ção aos valores percepção do que se considera importante na vida interferências na escolha profi ssional etc ADENDO AO CÍRCULO DA VIDA Signifi cado das cores segundo o Teste de Pirâmides Coloridas de Pfi ster baseado em Amaral 1978 Verde vd é a cor mais utilizada pelos brasileiros segundo levantamentos estatísti cos É a cor que do ponto de vista diagnóstico mais signifi cativamente se prende à esfera do contato da vida de relacionamentos afetivo sociais É por assim dizer a cor da empatia da intuição e da compreensão Azul az é a cor fundamentalmente representativa do controle De acordo com o grau de intensidade de seus matizes e sua maior ou menor incidência o valor signifi ca tivo do azul apresenta certas variações que tanto poderão oferecer uma conotação positi va de função reguladora e de adaptabilidade como negativa conduzindo à constrição da personalidade Vermelho vm é a cor que surge em ter ceiro lugar de preferência na escolha das cores É representativa da acumulação de energia Orientação Vocacional Ocupacional 323 excitação impulsividade irritabilidade No entanto esse valor só se pode atribuir à cor ou à tonalidade quando se leva em considera ção outros fatores observados no trabalho do cliente Amarelo am tem a conotação de cor estimulante juntamente com o vermelho vm e com o laranja la Indica em princí pio extroversão que é tanto mais branda ou moderada quanto maior for a incidência do amarelo mais claro am1 sobre o mais escu ro am2 ou outras tonalidades claras Grande incidência do amarelo pode indicar excitabi lidade afetiva e difi culdade de adaptação ou manifestação do afeto de maneira exagerada pouco convincente superfi cial Laranja la cor intermediária ou as sociada vm am é consequentemente esti mulada pela interferência dessas duas Tem o valor signifi cativo de extroversão considerada como mais ou menos intensa quanto mais es cura ou clara for a tonalidade do laranja utili zado Assim o laranja mais forte la2 é mais representativo de impulsividade e descontrole Também se costuma atribuir ao laranja o valor de ambição anseio de produção e de fazerse valer por meio da produtividade Marron ma sua afl uência é maior na infância e início da adolescência até mais ou menos 15 anos decaindo com o aumento do grau de maturidade tornando a ser expres siva à medida que se verifi ca o aumento da idade até a velhice acima de 60 ou 65 anos Parece ligada em termos de expressividade à esfera primitiva dos impulsos Revela ener gia ação dinamismo reação que poderia se aplicar à destruição mas que canalizada com adequação pode converterse em produtivi dade realização ou mesmo em criatividade Pesquisas mais recentes revelam ser represen tativa da adaptação especialmente para o ho mem brasileiro Violeta vi Termo usado em substitui ção ao roxo Observase sensível afl uência de violeta no período de transição prépuber tário e pubertário passando a decair gradati vamente a partir dos 18 ou 20 anos Como é fruto da associação do vermelho com o azul traz igualmente em si o valor associativo dessas duas tonalidades É então uma cor representativa de tensão e ansiedade por ex celência Expressões como roxo de fome ou roxo por dinheiro trazem em si implicitamente a conotação de ansiedade que vulgarmente se empresta à cor Preto pr pertence ao grupo das co res acromáticas juntamente com o branco e o cinza É por assim dizer a negação da cor e dos estímulos em termos de vivacidade cro mática podendo ser considerado a própria repressão ou negação de estímulos O preto é primordialmente índice de repressão ini bição constrição tristeza Secundariamente indica angústia e depressão Branco br é geralmente pouco utili zado pelos adultos pois pode ser entendido como contrário às instruções básicas do teste que convida à utilização de cores Seu valor signifi cativo ligase à noção de vazio interior de vazio afetivo de um hiato afetivoemocio nal Seu aparecimento em proporções mais elevadas indica vulnerabilidade carência ou insufi ciência dos dispositivos de controle e de estabilização podendo indicar fragilidade da estrutura de personalidade Cinza cz seu valor signifi cativo é um pouco ambíguo Ao mesmo tempo em que é carência busca e necessidade de afeto é tam bém vazio desadaptação rejeição e repressão afetiva Indivíduos que usam o cinza em maior quantidade costumam projetar seus afetos no mundo de maneira tímida e extremamente an siosa Observação Este resumo foi feito con siderandose o signifi cado específi co de cada uma das cores mas há signifi cações comple mentares dependendo do matiz da cor que é utilizada mais claro ou mais escuro Há certas cores que possuem até quatro matizes diferentes tendo cada um seu signifi cado determinado Para maiores informações vale consultar a bibliografi a específi ca Levenfus Soares Cols 324 REFERÊNCIAS AMARAL FV Pirâmides coloridas de Pfi ster 2ed Rio de Janeiro CEPA 1978 ANDERSON HH ANDERSON GL Técnicas projetivas do diagnóstico psicológico São Paulo Mestre Jou 1967 CUNHA JA PsicodiagnósticoR 4 ed rev Porto Alegre Artmed 1993 cap 3 p2950 HAMMER EF Aplicações clínicas dos desenhos projetivos São Paulo Casa do Psicólogo 1991 KOLCK OLV Interpretação psicológica de desenhos São Paulo Pioneira 1968 Testes projetivos gráfi cos no diagnóstico psicológico São Paulo EPU 1984 MÈREDIEU F O desenho infantil 10ed São Paulo Cultrix 1997 Orientação Vocacional Ocupacional 325 Figura 263 Figura 261 Figura 262 Exemplos do Círculo da Vida1 1 Veja as fi guras coloridas na parte interna da capa deste livro Levenfus Soares Cols 326 Figura 264 Figura 265 Figura 266