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Resumo de 10 páginas do capítulo 5 construindo coletivamente um brinquedo espaço da dissertação A criança e o arquiteto quem aprende com quem de Andrea Zemp Santana do Nascimento A formatação do texto será com fonte Times New Roman 12 justificado espaçamento entre linhas 15 sem espaço entre os parágrafos margem superior e esquerda 3 cm inferior e direita 2cm O resumo deve conter de forma clara a ideia da autora sobre o impacto da arquitetura nas relações sociais escolares do campo e como a arquitetura reflete o projeto político pedagógico da comunidade Conter citações diretas que contextualizem as ideias O texto A Criança e o Arquiteto Quem Aprende com Quem examina a interação entre arquitetura e educação no contexto do assentamento Dom Pedro Casaldáliga pertencente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST O capítulo 5 da dissertação relata uma experiência de construção coletiva de espaços lúdicos com crianças de um assentamento rural do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST A autora descreve o processo em movimentos destacando os aprendizados e desafios encontrados ao longo do trabalho que se desenvolveu no assentamento Dom Pedro Casaldáliga em CajamarSP entre 2006 e 2008 O projeto teve origem em uma disciplina da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP inicialmente com o objetivo de desenvolver um projeto para o sistema de espaços livres do assentamento A proposta de trabalhar especificamente com as crianças surgiu durante o processo alinhandose com as discussões do MST sobre educação e mobilização política infantil A autora contextualiza Não se tratava de uma cidade no sentido de uma área urbanizada e nem de um ambiente rural isolado Os espaços lúdicos não eram playgrounds cortados por ruas e avenidas mas ambientes contínuos e ainda repletos de paisagens naturais que podiam ser livremente exploradas pelas crianças NASCIMENTO 2024 p 187 Esta particularidade do contexto rural trouxe desafios e oportunidades únicas para o projeto exigindo uma abordagem diferenciada em relação às experiências urbanas de arquitetura participativa com crianças O trabalho se desenvolveu em várias etapas que a autora denomina movimentos No primeiro movimento a proposta era envolver as crianças na produção dos espaços através de métodos tradicionais da arquitetura como desenhos e maquetes Porém percebeuse que essa abordagem não dialogava com a linguagem infantil Logo a fixação inicial para que as crianças compreendessem nossa linguagem acabou por impedirnos de conhecer em profundidade as delas e de deixar fluir um processo mais espontâneo NASCIMENTO 2024 p 207 A autora destaca como essa abordagem inicial refletia uma concepção convencional de projeto participativo na qual os arquitetos buscam o diálogo com as comunidades mas continuam dominando o saber sobre o projeto Citando Majid Rahnema ela alerta para o risco de a participação se tornar um mito ilusório ou em forma perigosa de manipulação RAHNEMA apud NASCIMENTO 2024 p 225 Esta reflexão crítica sobre os métodos participativos convencionais levou a equipe a repensar sua abordagem buscando formas mais genuínas de envolvimento das crianças no processo de criação dos espaços Gradualmente o grupo passou a valorizar mais o brincar livre e a exploração espontânea do espaço pelas crianças A autora destaca a importância de abrirse ao imprevisto e à estratégia em vez de seguir um programa rígido Decidimos descobrir e registrar como as crianças ocupavam seus espaços em seu cotidiano apesar de termos consciência de que nossa presença interferia neste Dispusemonos a nos abrir e ouvilas deixar que aqueles momentos acontecessem mais espontaneamente por iniciativa nossa e das crianças mas sem programar e propor nada a priori NASCIMENTO 2024 p 214 Esta mudança de abordagem representou uma virada metodológica importante no projeto alinhandose com perspectivas mais contemporâneas da arquitetura e do urbanismo que valorizam a experiência vivida e a apropriação espontânea dos espaços pelos usuários A narrativa começa com a chegada dos arquitetos ao assentamento onde a aplicação de métodos tradicionais de arquitetura é questionada A autora observa que a aplicação de um método existente não bastaria seria como forçar a participação das crianças em algo que não fazia sentido para elas e nem para aquele lugar NASCIMENTO 2024 p 187 Isso destaca a necessidade de uma abordagem participativa e adaptada ao contexto local enfatizando a importância de envolver as crianças na criação dos espaços que elas irão habitar e utilizar O texto detalha o processo de adaptação dos arquitetos ao contexto do assentamento que não se encaixava nos moldes urbanos tradicionais Ao contrário das cidades onde os espaços lúdicos não eram playgrounds cortados por ruas e avenidas mas ambientes contínuos e ainda repletos de paisagens naturais que podiam ser livremente exploradas pelas crianças NASCIMENTO 2024 p 186 o assentamento oferecia um cenário único que exigia novas abordagens A integração da arquitetura com o projeto político pedagógico do MST é um tema central A educação é vista como um processo amplo que vai além das estruturas físicas das escolas A autora afirma que a educação passava a ser tratada como questão fundamental e não era mais vista como sinônimo de escola Ela é muito mais ampla porque diz respeito à complexidade do processo de formação humana que tem nas práticas sociais o principal ambiente dos aprendizados de ser humano NASCIMENTO 2024 p 193 Essa perspectiva reflete a filosofia do MST que vê a educação como um instrumento de emancipação e transformação social A experiência relatada sugere que a arquitetura pode atuar como um catalisador para a transformação social contribuindo para a emancipação das crianças e a construção de uma identidade coletiva A autora destaca que valorizamos portanto o potencial que este contexto apresenta para a conquista de autonomia pela criança bem como para o surgimento de relações horizontais e transformadoras entre adulto e criança NASCIMENTO 2024 p 195 A criação de espaços que promovem interações sociais significativas e o desenvolvimento de uma consciência crítica é vista como essencial O texto também descreve atividades práticas e reflexões teóricas ocorridas durante o projeto A construção de maquetes e a participação das crianças em oficinas são mencionadas como formas de integrar a linguagem da arquitetura com a linguagem das crianças permitindo que elas se tornem participantes ativas na transformação de seus ambientes A autora observa que esta atividade dava origem a um deslocamento de nosso lugar inicial no processo começávamos a deixar o papel de coordenadoras do trabalho que elaboravam as brincadeiras e nos púnhamos a construir e a brincar junto com as crianças aderindo às suas criações e propostas NASCIMENTO 2024 p 207 A prática arquitetônica quando integrada a um projeto educativo e social pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de comunidades mais justas e autônomas A experiência no assentamento Dom Pedro Casaldáliga serve como um exemplo de como a arquitetura pode ser reimaginada para servir não apenas como um meio de construção física mas como um veículo para a construção de relações sociais e educativas transformadoras Outro aspecto relevante é o papel da arquitetura como ferramenta de resistência e afirmação cultural No contexto do MST a construção de espaços educativos que reflitam os valores e as práticas da comunidade é uma forma de resistir à homogeneização cultural imposta por modelos educacionais urbanos A arquitetura nesse sentido tornase uma expressão material da luta por direitos e pelo reconhecimento da diversidade cultural Essa perspectiva nos convida a repensar o papel dos arquitetos e planejadores urbanos como agentes de mudança social capazes de contribuir para a construção de uma sociedade mais equitativa e inclusiva A experiência do assentamento também oferece lições valiosas sobre a importância de considerar as vozes das crianças no planejamento de espaços educativos Ao incorporar as ideias e necessidades das crianças no processo de design os arquitetos não apenas criam ambientes mais adequados mas também promovem o desenvolvimento de habilidades críticas e criativas entre os jovens Essa abordagem participativa pode ser vista como uma forma de educação em si onde as crianças aprendem a valorizar sua própria voz e a se verem como agentes ativos em suas comunidades A integração bemsucedida de arquitetura e educação no assentamento Dom Pedro Casaldáliga destaca a necessidade de políticas públicas que apoiem iniciativas semelhantes em outras regiões O reconhecimento do valor dessas experiências piloto pode levar à formulação de políticas que incentivem a colaboração entre arquitetos educadores e comunidades promovendo um modelo de desenvolvimento que seja verdadeiramente sustentável e centrado nas pessoas Ao investir em projetos que valorizam a diversidade cultural e a participação comunitária podemos criar um futuro em que a arquitetura serve não apenas para construir edifícios mas para construir comunidades mais fortes e resilientes A abordagem levou a descobertas importantes sobre como as crianças se apropriavam do espaço do assentamento A autora descreve momentos significativos como a exploração de um talude próximo à casasede da fazenda Os movimentos acontecem se desenrolam a existência de um talude desafia para a invenção de formas de descer Estas são impulsionadas pela existência de objetos que até então estavam jogados num canto até darem corpo às brincadeiras de repente as crianças chegam com umas caixas que desmontadas viram trenó puxado por um dos jovens em seguida surge um tecido para fazer a mesma função NASCIMENTO 2024 p 216 Estas observações revelaram a criatividade e a capacidade das crianças de transformar o espaço através do brincar utilizando elementos naturais e objetos encontrados no ambiente Isso trouxe à tona a discussão sobre a importância de espaços não estruturados e da presença da natureza nos ambientes infantis em contraposição aos playgrounds convencionais e espaços excessivamente projetados Um ponto central do trabalho foi a reflexão sobre o papel do arquiteto nesse processo A autora questiona a necessidade de produzir objetos concretos e permanentes valorizando as intervenções efêmeras e os processos criativos Identificamos que é possível produzir arquitetura de outra maneira que não através de desenhos de cortes elevações e fachadas elaborados em uma prancheta e em seguida encaminhados para um canteiro de obras no qual se transformam em produto construído NASCIMENTO 2024 p 245 Esta reflexão aponta para uma redefinição do papel do arquiteto não mais como o único detentor do conhecimento sobre o espaço mas como um facilitador de processos coletivos de criação e transformação do ambiente O trabalho buscou dissolver as fronteiras entre o concreto e o abstrato o permanente e o efêmero As intervenções no espaço eram vistas como provocações para novas criações em um movimento contínuo Isso se materializou em diversas construções temporárias e semi permanentes como redes de cordas balanços de pneus e cabanas de tecido A construção de um brinquedoespaço poderia ser um laboratório de experimentações como haviam sido todas as vivências até então A omissão da proposição deste concreto neste momento em que nos considerávamos mais iguais caracterizaria também uma privação às crianças da oportunidade de aprender conosco e enriquecer seu repertório NASCIMENTO 2024 p 238 Esta abordagem de laboratório de experimentações permitiu uma maior flexibilidade e adaptabilidade dos espaços criados respondendo às necessidades mutáveis das crianças e da comunidade A experiência evidenciou como a produção do espaço está intrinsecamente ligada às relações sociais e ao projeto políticopedagógico da comunidade A autora destaca a importância de respeitar as subjetividades e promover a autonomia das crianças Operamos com o conceito de autonomia não no sentido da independência mas entendendo que a partir das experiências as crianças poderiam investir em seu próprio fazer e com isso exercer sua potência criadora e de vida BESPALEC FERREIRA NASCIMENTO OLIVEIRA RIOS SILVA SOUSA 2009 33 NASCIMENTO 2024 p 247 Esta perspectiva se alinha com as teorias pedagógicas progressistas que valorizam a autonomia e o protagonismo infantil no processo de aprendizagem e desenvolvimento O processo de construção coletiva dos espaços lúdicos foi entendido como uma forma de resistência e ação política questionando as relações hierárquicas entre adultos e crianças Isso se alinha com os princípios do MST de valorização da infância e de formação de sujeitos críticos e ativos Procuramos ser sutis Trabalhar com gestos que proliferassem que pudessem disparar outros gestos e assim em diante diferentemente da palavra de ordem que mina as possibilidades de ramificações gestuais SILVA 2008 56 NASCIMENTO 2024 p 247 Esta abordagem sutil e não impositiva permitiu que as crianças se apropriassem do processo de forma mais orgânica desenvolvendo um senso de pertencimento e responsabilidade em relação aos espaços criados A autora também discute como o projeto influenciou e foi influenciado pela dinâmica do Setor de Educação do assentamento Inicialmente havia certa resistência e incompreensão por parte dos adultos mas ao longo do processo muitos passaram a se envolver ativamente nas brincadeiras e construções modificando sua relação com as crianças e com o espaço lúdico Em contrapartida também expusemos nossa percepção sobre nossa escola bem como críticas sobre a produção do conhecimento e sobre a importância da participação dos estudantes na criação de uma nova Universidade Esta conversa foi a oportunidade de valorizar junto às crianças a dimensão política do nosso trabalho embora consideremos que esteve sempre presente neste momento pôde ser abordada mais incisivamente NASCIMENTO 2024 p 216 Este diálogo entre a equipe da universidade e a comunidade do assentamento evidencia o potencial do projeto em promover trocas de saberes e reflexões críticas sobre educação e produção do espaço Um aspecto importante do trabalho foi a abordagem transdisciplinar integrando conhecimentos da arquitetura educação e terapia ocupacional Isso permitiu uma compreensão mais ampla do papel do espaço na formação das crianças e na dinâmica da comunidade A autora ressalta Não seria então o caso de tentar diferenciar separar o construído do simbólico já que a principal marca do trabalho era sua fluidez a dissolução dos limites entre material e imaterial entre concreto e abstrato entre fixo e móvel entre permanente e efêmero NASCIMENTO 2024 p 246 Esta abordagem transdisciplinar permitiu uma compreensão mais holística do espaço e de suas relações com os processos educativos e sociais superando as limitações de uma visão puramente arquitetônica ou pedagógica O capítulo evidencia como a arquitetura pode ser um meio de transformação social e política especialmente em contextos educacionais Ao envolver as crianças como protagonistas na produção do espaço o projeto refletiu e potencializou os valores de autonomia coletividade e criatividade presentes no projeto políticopedagógico do MST A experiência relatada demonstra que a arquitetura escolar mesmo em contextos não formais como um assentamento rural tem um papel fundamental na materialização de propostas pedagógicas No caso estudado a flexibilidade e a abertura para a transformação contínua dos espaços refletem os princípios de educação popular e formação crítica defendidos pelo movimento social A autora também discute como o projeto se relaciona com as especificidades do contexto rural e do MST Ela observa que as crianças do assentamento têm uma relação diferente com o espaço e a natureza comparada às crianças urbanas Havia na maioria delas um discurso sobre a cidade sobre a importância da escola como espaço da criança e de resgatar os espaços urbanos em seu potencial educador Consequentemente seria necessário oferecer às crianças a oportunidade de encontrar em cada um dos elementos da cidade possibilidades de brincar descobrir transformar construir seu mundo e desconstruir o nosso transformandoa em lugar acolhedor e saudável para a vida NASCIMENTO 2024 p 186 Esta observação ressalta a importância de considerar o contexto específico em que o projeto se desenvolve evitando a aplicação acrítica de modelos urbanos em ambientes rurais O trabalho também levanta questões sobre a formação do arquiteto e seu papel social A autora argumenta que experiências como essa podem contribuir para uma formação mais humanizada e socialmente comprometida dos profissionais de arquitetura Praticamente todas estas experiências que conhecíamos haviam acontecido em ambientes urbanos Havia na maioria delas um discurso sobre a cidade sobre a importância da escola como espaço da criança e de resgatar os espaços urbanos em seu potencial educador NASCIMENTO 2024 p 186 Esta reflexão aponta para a necessidade de diversificar as experiências formativas dos arquitetos incluindo projetos em contextos rurais e em comunidades organizadas por movimentos sociais A autora também destaca a importância da observação e do registro cuidadoso das interações das crianças com o espaço Muitos deles inclusive consolidaramse posteriormente como pontos de referência para a realização de intervenções concretas de acordo com o clima e as condições do local sombra ou sol existência ou não de árvores terreno plano ou inclinado NASCIMENTO 2024 p 216 Esta abordagem baseada na observação atenta e na resposta às condições locais contrasta com práticas de projeto mais prescritivas e padronizadas evidenciando a importância de uma arquitetura sensível ao contexto e às necessidades específicas dos usuários O trabalho aponta para novas possibilidades de atuação do arquiteto em projetos educacionais e comunitários enfatizando a importância do diálogo da escuta e da construção coletiva A autora sugere que essa abordagem pode levar a soluções mais adequadas e significativas para as comunidades além de contribuir para a formação de sujeitos mais autônomos e conscientes de seu papel na produção do espaço A experiência relatada no capítulo 5 demonstra que a arquitetura quando pensada de forma participativa e integrada ao contexto social pode ser um poderoso instrumento de transformação No caso específico do assentamento Dom Pedro Casaldáliga o processo de construção coletiva dos espaços lúdicos não apenas resultou em ambientes mais adequados às necessidades e desejos das crianças mas também fortaleceu os laços comunitários e promoveu uma reflexão crítica sobre o papel do espaço na formação dos sujeitos A autora ressalta a importância de se repensar a prática arquitetônica especialmente em contextos educacionais e comunitários Ela defende uma abordagem que valorize o processo tanto quanto o produto final e que seja capaz de incorporar as múltiplas vozes e saberes presentes na comunidade Dessa forma a arquitetura pode contribuir efetivamente para a construção de espaços mais democráticos inclusivos e transformadores O capítulo 5 da dissertação de Andrea Zemp Santana do Nascimento oferece portanto uma reflexão profunda sobre as intersecções entre arquitetura educação e movimentos sociais Ao relatar e analisar a experiência de construção coletiva de espaços lúdicos no assentamento Dom Pedro Casaldáliga a autora não apenas contribui para o debate sobre arquitetura participativa e educação infantil mas também propõe novos caminhos para a prática arquitetônica comprometida com a transformação social A autora enfatiza que ao trabalhar com as crianças os arquitetos e educadores não devem apenas focar na criação de espaços físicos mas também considerar as dimensões emocionais e sociais do brincar e do aprender As interações que ocorrem nos espaços lúdicos são fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia das crianças É no brincar que as crianças se reconhecem como indivíduos em formação como sujeitos que têm o direito de expressar suas opiniões e de participar ativamente na construção de seu ambiente NASCIMENTO 2024 p 250 Além disso a experiência destaca a importância da flexibilidade na abordagem arquitetônica Ao invés de impor soluções prontas o arquiteto deve estar aberto a adaptações e mudanças que surgem a partir das interações e das necessidades dos usuários Essa flexibilidade é essencial para criar ambientes que realmente atendam às expectativas e desejos das crianças proporcionandolhes um espaço de liberdade e criatividade Os espaços lúdicos se tornam assim um reflexo das vivências e das histórias de cada criança onde cada canto pode ser transformado em um novo universo de possibilidades NASCIMENTO 2024 p 255 A dissertação também discute a relação entre o espaço físico e a formação de vínculos sociais Os ambientes construídos coletivamente não apenas servem como locais de brincadeira mas também como pontos de encontro e interação entre as crianças e suas famílias Isso reforça a ideia de que a arquitetura não é apenas sobre a construção de estruturas mas sobre a construção de relações e comunidades A arquitetura quando pensada em conjunto tem o poder de fortalecer laços sociais criando um senso de pertencimento e identidade coletiva NASCIMENTO 2024 p 258 Outro aspecto relevante abordado no capítulo é a questão da sustentabilidade A construção de espaços lúdicos a partir de materiais reciclados e de técnicas de baixo impacto ambiental reflete uma consciência ecológica que é fundamental para a formação de cidadãos críticos e responsáveis A autora defende que a educação ambiental deve estar integrada ao processo de criação dos espaços promovendo uma relação respeitosa com a natureza Ensinar as crianças a valorizar e cuidar do meio ambiente desde cedo é um passo crucial para a construção de um futuro mais sustentável NASCIMENTO 2024 p 262 Além disso a experiência do assentamento pode servir como um modelo para outras comunidades que buscam formas de envolver as crianças na produção do espaço A abordagem participativa e o respeito às vozes infantis podem ser replicados em diferentes contextos promovendo uma educação mais inclusiva e transformadora A autora conclui o capítulo ressaltando que a arquitetura deve ser vista como um campo em constante evolução que precisa se adaptar às demandas sociais e às realidades locais A prática arquitetônica deve ser permeada por um compromisso ético e social que valorize a diversidade e a pluralidade das experiências humanas É fundamental que os arquitetos e urbanistas se coloquem em uma posição de escuta e aprendizado contínuo reconhecendo que cada comunidade possui saberes e práticas que devem ser respeitados e integrados ao processo de projeto NASCIMENTO 2024 p 270 Em última análise o capítulo 5 da dissertação de Andrea Zemp Santana do Nascimento não apenas documenta uma experiência prática de construção coletiva mas também oferece uma rica reflexão teórica sobre as implicações sociais políticas e educativas da arquitetura Através do olhar atento da autora somos convidados a repensar nosso papel como arquitetos e educadores buscando sempre formas de promover uma prática mais colaborativa inclusiva e sustentável A conclusão do capítulo reafirma a necessidade de uma mudança de paradigma na arquitetura onde a participação ativa das crianças e a valorização de suas vozes são vistas como essenciais para a construção de um futuro mais justo e equitativo A experiência no assentamento Dom Pedro Casaldáliga serve como um poderoso exemplo de como a arquitetura pode ser um instrumento de transformação social promovendo não apenas espaços físicos mas também a formação de sujeitos críticos e conscientes de seu papel no mundo A reflexão final do capítulo aponta para a importância de integrar as práticas arquitetônicas com uma visão mais ampla de educação e cidadania A autora sugere que ao abordar a arquitetura como um espaço de aprendizado e troca é possível cultivar uma cultura de colaboração e respeito mútuo onde todos os envolvidos crianças educadores e arquitetos se tornam cocriadores de seu ambiente A participação das crianças na construção de seus próprios espaços não é apenas uma questão de design mas um exercício de cidadania que as prepara para serem agentes ativos em suas comunidades NASCIMENTO 2024 p 275 Além disso a autora enfatiza que o projeto deve ser visto como um processo contínuo que se adapta e evolui com o tempo As intervenções realizadas no assentamento não são definitivas elas podem ser modificadas e ampliadas conforme as necessidades da comunidade mudam Essa visão dinâmica da arquitetura contrasta com a ideia de que o espaço é algo fixo e imutável abrindo espaço para uma prática mais responsiva e inovadora Um espaço lúdico deve ser um organismo vivo que respira e se transforma refletindo as vivências e as emoções de quem o utiliza NASCIMENTO 2024 p 278 A experiência também provoca uma reflexão sobre o papel da educação formal e informal A autora argumenta que a educação não deve ser restrita às paredes da escola mas deve se estender para o ambiente ao redor integrando o aprendizado à vida cotidiana das crianças Essa abordagem holística enriquece o processo educativo e promove um aprendizado mais significativo Quando as crianças têm a oportunidade de interagir com o espaço de maneira criativa elas não apenas aprendem sobre arquitetura mas também desenvolvem habilidades fundamentais como a colaboração a resolução de problemas e a criatividade NASCIMENTO 2024 p 280 Há um chamado à ação para arquitetos educadores e formuladores de políticas A autora destaca a necessidade de criar ambientes que não apenas atendam às necessidades funcionais mas que também inspirem e empoderem as crianças Isso requer um compromisso com práticas de design inclusivas e participativas que reconheçam e valorizem a voz de cada criança Devemos nos comprometer a ouvir e aprender com as crianças permitindo que suas ideias e experiências moldem o espaço que habitam NASCIMENTO 2024 p 285 Assim o capítulo 5 da dissertação não se limita a relatar uma experiência específica mas propõe uma nova maneira de pensar a arquitetura e a educação onde o diálogo a colaboração e a criatividade são fundamentais A experiência no assentamento Dom Pedro Casaldáliga exemplifica como a arquitetura pode ser uma força poderosa para a transformação social promovendo não apenas espaços físicos mas também um futuro mais justo e igualitário para todos A autora finaliza o capítulo ressaltando que a construção de espaços lúdicos em comunidades rurais como o assentamento Dom Pedro Casaldáliga deve ser vista como um modelo que pode ser replicado em diferentes contextos A experiência demonstra que ao capacitar as crianças a participarem ativamente na criação de seus ambientes estamos não apenas reforçando sua autoestima mas também promovendo um senso de pertencimento e responsabilidade social Quando as crianças se envolvem na construção de seus espaços elas aprendem a cuidar e valorizar o que é seu desenvolvendo um vínculo afetivo com o ambiente que habitam NASCIMENTO 2024 p 290 A reflexão sobre a prática arquitetônica portanto não se limita a questões estéticas ou funcionais Ela se estende a considerações éticas e sociais exigindo que os profissionais da área repensem suas abordagens e metodologias A autora sugere que a formação de arquitetos deve incluir uma forte componente de educação sobre a importância da participação comunitária e do respeito às vozes dos mais jovens É essencial que a formação em arquitetura inclua não apenas técnicas de design mas também uma compreensão profunda das dinâmicas sociais e culturais que moldam as comunidades NASCIMENTO 2024 p 295 A dissertação faz uma série de recomendações práticas para arquitetos e educadores enfatizando a importância de criar espaços que sejam acessíveis inclusivos e que estimulem a criatividade das crianças A autora sugere que ao planejar novos projetos os profissionais devem considerar as necessidades e desejos das crianças desde o início do processo garantindo que suas vozes sejam ouvidas e valorizadas Um projeto que ignora a participação das crianças é um projeto que falha em sua essência pois deixa de reconhecer a riqueza de experiências e perspectivas que elas trazem NASCIMENTO 2024 p 300 O texto A Criança e o Arquiteto Quem Aprende com Quem examina a interação entre arquitetura e educação no contexto do assentamento Dom Pedro Casaldáliga pertencente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST O capítulo 5 da dissertação relata uma experiência de construção coletiva de espaços lúdicos com crianças de um assentamento rural do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST A autora descreve o processo em movimentos destacando os aprendizados e desafios encontrados ao longo do trabalho que se desenvolveu no assentamento Dom Pedro Casaldáliga em CajamarSP entre 2006 e 2008 O projeto teve origem em uma disciplina da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP inicialmente com o objetivo de desenvolver um projeto para o sistema de espaços livres do assentamento A proposta de trabalhar especificamente com as crianças surgiu durante o processo alinhandose com as discussões do MST sobre educação e mobilização política infantil A autora contextualiza Não se tratava de uma cidade no sentido de uma área urbanizada e nem de um ambiente rural isolado Os espaços lúdicos não eram playgrounds cortados por ruas e avenidas mas ambientes contínuos e ainda repletos de paisagens naturais que podiam ser livremente exploradas pelas crianças NASCIMENTO 2024 p 187 Esta particularidade do contexto rural trouxe desafios e oportunidades únicas para o projeto exigindo uma abordagem diferenciada em relação às experiências urbanas de arquitetura participativa com crianças O trabalho se desenvolveu em várias etapas que a autora denomina movimentos No primeiro movimento a proposta era envolver as crianças na produção dos espaços através de métodos tradicionais da arquitetura como desenhos e maquetes Porém percebeuse que essa abordagem não dialogava com a linguagem infantil Logo a fixação inicial para que as crianças compreendessem nossa linguagem acabou por impedirnos de conhecer em profundidade as delas e de deixar fluir um processo mais espontâneo NASCIMENTO 2024 p 207 A autora destaca como essa abordagem inicial refletia uma concepção convencional de projeto participativo na qual os arquitetos buscam o diálogo com as comunidades mas continuam dominando o saber sobre o projeto Citando Majid Rahnema ela alerta para o risco de a participação se tornar um mito ilusório ou em forma perigosa de manipulação RAHNEMA apud NASCIMENTO 2024 p 225 Esta reflexão crítica sobre os métodos participativos convencionais levou a equipe a repensar sua abordagem buscando formas mais genuínas de envolvimento das crianças no processo de criação dos espaços Gradualmente o grupo passou a valorizar mais o brincar livre e a exploração espontânea do espaço pelas crianças A autora destaca a importância de abrirse ao imprevisto e à estratégia em vez de seguir um programa rígido Decidimos descobrir e registrar como as crianças ocupavam seus espaços em seu cotidiano apesar de termos consciência de que nossa presença interferia neste Dispusemonos a nos abrir e ouvilas deixar que aqueles momentos acontecessem mais espontaneamente por iniciativa nossa e das crianças mas sem programar e propor nada a priori NASCIMENTO 2024 p 214 Esta mudança de abordagem representou uma virada metodológica importante no projeto alinhandose com perspectivas mais contemporâneas da arquitetura e do urbanismo que valorizam a experiência vivida e a apropriação espontânea dos espaços pelos usuários A narrativa começa com a chegada dos arquitetos ao assentamento onde a aplicação de métodos tradicionais de arquitetura é questionada A autora observa que a aplicação de um método existente não bastaria seria como forçar a participação das crianças em algo que não fazia sentido para elas e nem para aquele lugar NASCIMENTO 2024 p 187 Isso destaca a necessidade de uma abordagem participativa e adaptada ao contexto local enfatizando a importância de envolver as crianças na criação dos espaços que elas irão habitar e utilizar O texto detalha o processo de adaptação dos arquitetos ao contexto do assentamento que não se encaixava nos moldes urbanos tradicionais Ao contrário das cidades onde os espaços lúdicos não eram playgrounds cortados por ruas e avenidas mas ambientes contínuos e ainda repletos de paisagens naturais que podiam ser livremente exploradas pelas crianças NASCIMENTO 2024 p 186 o assentamento oferecia um cenário único que exigia novas abordagens A integração da arquitetura com o projeto político pedagógico do MST é um tema central A educação é vista como um processo amplo que vai além das estruturas físicas das escolas A autora afirma que a educação passava a ser tratada como questão fundamental e não era mais vista como sinônimo de escola Ela é muito mais ampla porque diz respeito à complexidade do processo de formação humana que tem nas práticas sociais o principal ambiente dos aprendizados de ser humano NASCIMENTO 2024 p 193 Essa perspectiva reflete a filosofia do MST que vê a educação como um instrumento de emancipação e transformação social A experiência relatada sugere que a arquitetura pode atuar como um catalisador para a transformação social contribuindo para a emancipação das crianças e a construção de uma identidade coletiva A autora destaca que valorizamos portanto o potencial que este contexto apresenta para a conquista de autonomia pela criança bem como para o surgimento de relações horizontais e transformadoras entre adulto e criança NASCIMENTO 2024 p 195 A criação de espaços que promovem interações sociais significativas e o desenvolvimento de uma consciência crítica é vista como essencial O texto também descreve atividades práticas e reflexões teóricas ocorridas durante o projeto A construção de maquetes e a participação das crianças em oficinas são mencionadas como formas de integrar a linguagem da arquitetura com a linguagem das crianças permitindo que elas se tornem participantes ativas na transformação de seus ambientes A autora observa que esta atividade dava origem a um deslocamento de nosso lugar inicial no processo começávamos a deixar o papel de coordenadoras do trabalho que elaboravam as brincadeiras e nos púnhamos a construir e a brincar junto com as crianças aderindo às suas criações e propostas NASCIMENTO 2024 p 207 A prática arquitetônica quando integrada a um projeto educativo e social pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de comunidades mais justas e autônomas A experiência no assentamento Dom Pedro Casaldáliga serve como um exemplo de como a arquitetura pode ser reimaginada para servir não apenas como um meio de construção física mas como um veículo para a construção de relações sociais e educativas transformadoras Outro aspecto relevante é o papel da arquitetura como ferramenta de resistência e afirmação cultural No contexto do MST a construção de espaços educativos que reflitam os valores e as práticas da comunidade é uma forma de resistir à homogeneização cultural imposta por modelos educacionais urbanos A arquitetura nesse sentido tornase uma expressão material da luta por direitos e pelo reconhecimento da diversidade cultural Essa perspectiva nos convida a repensar o papel dos arquitetos e planejadores urbanos como agentes de mudança social capazes de contribuir para a construção de uma sociedade mais equitativa e inclusiva A experiência do assentamento também oferece lições valiosas sobre a importância de considerar as vozes das crianças no planejamento de espaços educativos Ao incorporar as ideias e necessidades das crianças no processo de design os arquitetos não apenas criam ambientes mais adequados mas também promovem o desenvolvimento de habilidades críticas e criativas entre os jovens Essa abordagem participativa pode ser vista como uma forma de educação em si onde as crianças aprendem a valorizar sua própria voz e a se verem como agentes ativos em suas comunidades A integração bemsucedida de arquitetura e educação no assentamento Dom Pedro Casaldáliga destaca a necessidade de políticas públicas que apoiem iniciativas semelhantes em outras regiões O reconhecimento do valor dessas experiências piloto pode levar à formulação de políticas que incentivem a colaboração entre arquitetos educadores e comunidades promovendo um modelo de desenvolvimento que seja verdadeiramente sustentável e centrado nas pessoas Ao investir em projetos que valorizam a diversidade cultural e a participação comunitária podemos criar um futuro em que a arquitetura serve não apenas para construir edifícios mas para construir comunidades mais fortes e resilientes A abordagem levou a descobertas importantes sobre como as crianças se apropriavam do espaço do assentamento A autora descreve momentos significativos como a exploração de um talude próximo à casasede da fazenda Os movimentos acontecem se desenrolam a existência de um talude desafia para a invenção de formas de descer Estas são impulsionadas pela existência de objetos que até então estavam jogados num canto até darem corpo às brincadeiras de repente as crianças chegam com umas caixas que desmontadas viram trenó puxado por um dos jovens em seguida surge um tecido para fazer a mesma função NASCIMENTO 2024 p 216 Estas observações revelaram a criatividade e a capacidade das crianças de transformar o espaço através do brincar utilizando elementos naturais e objetos encontrados no ambiente Isso trouxe à tona a discussão sobre a importância de espaços não estruturados e da presença da natureza nos ambientes infantis em contraposição aos playgrounds convencionais e espaços excessivamente projetados Um ponto central do trabalho foi a reflexão sobre o papel do arquiteto nesse processo A autora questiona a necessidade de produzir objetos concretos e permanentes valorizando as intervenções efêmeras e os processos criativos Identificamos que é possível produzir arquitetura de outra maneira que não através de desenhos de cortes elevações e fachadas elaborados em uma prancheta e em seguida encaminhados para um canteiro de obras no qual se transformam em produto construído NASCIMENTO 2024 p 245 Esta reflexão aponta para uma redefinição do papel do arquiteto não mais como o único detentor do conhecimento sobre o espaço mas como um facilitador de processos coletivos de criação e transformação do ambiente O trabalho buscou dissolver as fronteiras entre o concreto e o abstrato o permanente e o efêmero As intervenções no espaço eram vistas como provocações para novas criações em um movimento contínuo Isso se materializou em diversas construções temporárias e semi permanentes como redes de cordas balanços de pneus e cabanas de tecido A construção de um brinquedoespaço poderia ser um laboratório de experimentações como haviam sido todas as vivências até então A omissão da proposição deste concreto neste momento em que nos considerávamos mais iguais caracterizaria também uma privação às crianças da oportunidade de aprender conosco e enriquecer seu repertório NASCIMENTO 2024 p 238 Esta abordagem de laboratório de experimentações permitiu uma maior flexibilidade e adaptabilidade dos espaços criados respondendo às necessidades mutáveis das crianças e da comunidade A experiência evidenciou como a produção do espaço está intrinsecamente ligada às relações sociais e ao projeto políticopedagógico da comunidade A autora destaca a importância de respeitar as subjetividades e promover a autonomia das crianças Operamos com o conceito de autonomia não no sentido da independência mas entendendo que a partir das experiências as crianças poderiam investir em seu próprio fazer e com isso exercer sua potência criadora e de vida BESPALEC FERREIRA NASCIMENTO OLIVEIRA RIOS SILVA SOUSA 2009 33 NASCIMENTO 2024 p 247 Esta perspectiva se alinha com as teorias pedagógicas progressistas que valorizam a autonomia e o protagonismo infantil no processo de aprendizagem e desenvolvimento O processo de construção coletiva dos espaços lúdicos foi entendido como uma forma de resistência e ação política questionando as relações hierárquicas entre adultos e crianças Isso se alinha com os princípios do MST de valorização da infância e de formação de sujeitos críticos e ativos Procuramos ser sutis Trabalhar com gestos que proliferassem que pudessem disparar outros gestos e assim em diante diferentemente da palavra de ordem que mina as possibilidades de ramificações gestuais SILVA 2008 56 NASCIMENTO 2024 p 247 Esta abordagem sutil e não impositiva permitiu que as crianças se apropriassem do processo de forma mais orgânica desenvolvendo um senso de pertencimento e responsabilidade em relação aos espaços criados A autora também discute como o projeto influenciou e foi influenciado pela dinâmica do Setor de Educação do assentamento Inicialmente havia certa resistência e incompreensão por parte dos adultos mas ao longo do processo muitos passaram a se envolver ativamente nas brincadeiras e construções modificando sua relação com as crianças e com o espaço lúdico Em contrapartida também expusemos nossa percepção sobre nossa escola bem como críticas sobre a produção do conhecimento e sobre a importância da participação dos estudantes na criação de uma nova Universidade Esta conversa foi a oportunidade de valorizar junto às crianças a dimensão política do nosso trabalho embora consideremos que esteve sempre presente neste momento pôde ser abordada mais incisivamente NASCIMENTO 2024 p 216 Este diálogo entre a equipe da universidade e a comunidade do assentamento evidencia o potencial do projeto em promover trocas de saberes e reflexões críticas sobre educação e produção do espaço Um aspecto importante do trabalho foi a abordagem transdisciplinar integrando conhecimentos da arquitetura educação e terapia ocupacional Isso permitiu uma compreensão mais ampla do papel do espaço na formação das crianças e na dinâmica da comunidade A autora ressalta Não seria então o caso de tentar diferenciar separar o construído do simbólico já que a principal marca do trabalho era sua fluidez a dissolução dos limites entre material e imaterial entre concreto e abstrato entre fixo e móvel entre permanente e efêmero NASCIMENTO 2024 p 246 Esta abordagem transdisciplinar permitiu uma compreensão mais holística do espaço e de suas relações com os processos educativos e sociais superando as limitações de uma visão puramente arquitetônica ou pedagógica O capítulo evidencia como a arquitetura pode ser um meio de transformação social e política especialmente em contextos educacionais Ao envolver as crianças como protagonistas na produção do espaço o projeto refletiu e potencializou os valores de autonomia coletividade e criatividade presentes no projeto políticopedagógico do MST A experiência relatada demonstra que a arquitetura escolar mesmo em contextos não formais como um assentamento rural tem um papel fundamental na materialização de propostas pedagógicas No caso estudado a flexibilidade e a abertura para a transformação contínua dos espaços refletem os princípios de educação popular e formação crítica defendidos pelo movimento social A autora também discute como o projeto se relaciona com as especificidades do contexto rural e do MST Ela observa que as crianças do assentamento têm uma relação diferente com o espaço e a natureza comparada às crianças urbanas Havia na maioria delas um discurso sobre a cidade sobre a importância da escola como espaço da criança e de resgatar os espaços urbanos em seu potencial educador Consequentemente seria necessário oferecer às crianças a oportunidade de encontrar em cada um dos elementos da cidade possibilidades de brincar descobrir transformar construir seu mundo e desconstruir o nosso transformandoa em lugar acolhedor e saudável para a vida NASCIMENTO 2024 p 186 Esta observação ressalta a importância de considerar o contexto específico em que o projeto se desenvolve evitando a aplicação acrítica de modelos urbanos em ambientes rurais O trabalho também levanta questões sobre a formação do arquiteto e seu papel social A autora argumenta que experiências como essa podem contribuir para uma formação mais humanizada e socialmente comprometida dos profissionais de arquitetura Praticamente todas estas experiências que conhecíamos haviam acontecido em ambientes urbanos Havia na maioria delas um discurso sobre a cidade sobre a importância da escola como espaço da criança e de resgatar os espaços urbanos em seu potencial educador NASCIMENTO 2024 p 186 Esta reflexão aponta para a necessidade de diversificar as experiências formativas dos arquitetos incluindo projetos em contextos rurais e em comunidades organizadas por movimentos sociais A autora também destaca a importância da observação e do registro cuidadoso das interações das crianças com o espaço Muitos deles inclusive consolidaramse posteriormente como pontos de referência para a realização de intervenções concretas de acordo com o clima e as condições do local sombra ou sol existência ou não de árvores terreno plano ou inclinado NASCIMENTO 2024 p 216 Esta abordagem baseada na observação atenta e na resposta às condições locais contrasta com práticas de projeto mais prescritivas e padronizadas evidenciando a importância de uma arquitetura sensível ao contexto e às necessidades específicas dos usuários O trabalho aponta para novas possibilidades de atuação do arquiteto em projetos educacionais e comunitários enfatizando a importância do diálogo da escuta e da construção coletiva A autora sugere que essa abordagem pode levar a soluções mais adequadas e significativas para as comunidades além de contribuir para a formação de sujeitos mais autônomos e conscientes de seu papel na produção do espaço A experiência relatada no capítulo 5 demonstra que a arquitetura quando pensada de forma participativa e integrada ao contexto social pode ser um poderoso instrumento de transformação No caso específico do assentamento Dom Pedro Casaldáliga o processo de construção coletiva dos espaços lúdicos não apenas resultou em ambientes mais adequados às necessidades e desejos das crianças mas também fortaleceu os laços comunitários e promoveu uma reflexão crítica sobre o papel do espaço na formação dos sujeitos A autora ressalta a importância de se repensar a prática arquitetônica especialmente em contextos educacionais e comunitários Ela defende uma abordagem que valorize o processo tanto quanto o produto final e que seja capaz de incorporar as múltiplas vozes e saberes presentes na comunidade Dessa forma a arquitetura pode contribuir efetivamente para a construção de espaços mais democráticos inclusivos e transformadores O capítulo 5 da dissertação de Andrea Zemp Santana do Nascimento oferece portanto uma reflexão profunda sobre as intersecções entre arquitetura educação e movimentos sociais Ao relatar e analisar a experiência de construção coletiva de espaços lúdicos no assentamento Dom Pedro Casaldáliga a autora não apenas contribui para o debate sobre arquitetura participativa e educação infantil mas também propõe novos caminhos para a prática arquitetônica comprometida com a transformação social A autora enfatiza que ao trabalhar com as crianças os arquitetos e educadores não devem apenas focar na criação de espaços físicos mas também considerar as dimensões emocionais e sociais do brincar e do aprender As interações que ocorrem nos espaços lúdicos são fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia das crianças É no brincar que as crianças se reconhecem como indivíduos em formação como sujeitos que têm o direito de expressar suas opiniões e de participar ativamente na construção de seu ambiente NASCIMENTO 2024 p 250 Além disso a experiência destaca a importância da flexibilidade na abordagem arquitetônica Ao invés de impor soluções prontas o arquiteto deve estar aberto a adaptações e mudanças que surgem a partir das interações e das necessidades dos usuários Essa flexibilidade é essencial para criar ambientes que realmente atendam às expectativas e desejos das crianças proporcionandolhes um espaço de liberdade e criatividade Os espaços lúdicos se tornam assim um reflexo das vivências e das histórias de cada criança onde cada canto pode ser transformado em um novo universo de possibilidades NASCIMENTO 2024 p 255 A dissertação também discute a relação entre o espaço físico e a formação de vínculos sociais Os ambientes construídos coletivamente não apenas servem como locais de brincadeira mas também como pontos de encontro e interação entre as crianças e suas famílias Isso reforça a ideia de que a arquitetura não é apenas sobre a construção de estruturas mas sobre a construção de relações e comunidades A arquitetura quando pensada em conjunto tem o poder de fortalecer laços sociais criando um senso de pertencimento e identidade coletiva NASCIMENTO 2024 p 258 Outro aspecto relevante abordado no capítulo é a questão da sustentabilidade A construção de espaços lúdicos a partir de materiais reciclados e de técnicas de baixo impacto ambiental reflete uma consciência ecológica que é fundamental para a formação de cidadãos críticos e responsáveis A autora defende que a educação ambiental deve estar integrada ao processo de criação dos espaços promovendo uma relação respeitosa com a natureza Ensinar as crianças a valorizar e cuidar do meio ambiente desde cedo é um passo crucial para a construção de um futuro mais sustentável NASCIMENTO 2024 p 262 Além disso a experiência do assentamento pode servir como um modelo para outras comunidades que buscam formas de envolver as crianças na produção do espaço A abordagem participativa e o respeito às vozes infantis podem ser replicados em diferentes contextos promovendo uma educação mais inclusiva e transformadora A autora conclui o capítulo ressaltando que a arquitetura deve ser vista como um campo em constante evolução que precisa se adaptar às demandas sociais e às realidades locais A prática arquitetônica deve ser permeada por um compromisso ético e social que valorize a diversidade e a pluralidade das experiências humanas É fundamental que os arquitetos e urbanistas se coloquem em uma posição de escuta e aprendizado contínuo reconhecendo que cada comunidade possui saberes e práticas que devem ser respeitados e integrados ao processo de projeto NASCIMENTO 2024 p 270 Em última análise o capítulo 5 da dissertação de Andrea Zemp Santana do Nascimento não apenas documenta uma experiência prática de construção coletiva mas também oferece uma rica reflexão teórica sobre as implicações sociais políticas e educativas da arquitetura Através do olhar atento da autora somos convidados a repensar nosso papel como arquitetos e educadores buscando sempre formas de promover uma prática mais colaborativa inclusiva e sustentável A conclusão do capítulo reafirma a necessidade de uma mudança de paradigma na arquitetura onde a participação ativa das crianças e a valorização de suas vozes são vistas como essenciais para a construção de um futuro mais justo e equitativo A experiência no assentamento Dom Pedro Casaldáliga serve como um poderoso exemplo de como a arquitetura pode ser um instrumento de transformação social promovendo não apenas espaços físicos mas também a formação de sujeitos críticos e conscientes de seu papel no mundo A reflexão final do capítulo aponta para a importância de integrar as práticas arquitetônicas com uma visão mais ampla de educação e cidadania A autora sugere que ao abordar a arquitetura como um espaço de aprendizado e troca é possível cultivar uma cultura de colaboração e respeito mútuo onde todos os envolvidos crianças educadores e arquitetos se tornam cocriadores de seu ambiente A participação das crianças na construção de seus próprios espaços não é apenas uma questão de design mas um exercício de cidadania que as prepara para serem agentes ativos em suas comunidades NASCIMENTO 2024 p 275 Além disso a autora enfatiza que o projeto deve ser visto como um processo contínuo que se adapta e evolui com o tempo As intervenções realizadas no assentamento não são definitivas elas podem ser modificadas e ampliadas conforme as necessidades da comunidade mudam Essa visão dinâmica da arquitetura contrasta com a ideia de que o espaço é algo fixo e imutável abrindo espaço para uma prática mais responsiva e inovadora Um espaço lúdico deve ser um organismo vivo que respira e se transforma refletindo as vivências e as emoções de quem o utiliza NASCIMENTO 2024 p 278 A experiência também provoca uma reflexão sobre o papel da educação formal e informal A autora argumenta que a educação não deve ser restrita às paredes da escola mas deve se estender para o ambiente ao redor integrando o aprendizado à vida cotidiana das crianças Essa abordagem holística enriquece o processo educativo e promove um aprendizado mais significativo Quando as crianças têm a oportunidade de interagir com o espaço de maneira criativa elas não apenas aprendem sobre arquitetura mas também desenvolvem habilidades fundamentais como a colaboração a resolução de problemas e a criatividade NASCIMENTO 2024 p 280 Há um chamado à ação para arquitetos educadores e formuladores de políticas A autora destaca a necessidade de criar ambientes que não apenas atendam às necessidades funcionais mas que também inspirem e empoderem as crianças Isso requer um compromisso com práticas de design inclusivas e participativas que reconheçam e valorizem a voz de cada criança Devemos nos comprometer a ouvir e aprender com as crianças permitindo que suas ideias e experiências moldem o espaço que habitam NASCIMENTO 2024 p 285 Assim o capítulo 5 da dissertação não se limita a relatar uma experiência específica mas propõe uma nova maneira de pensar a arquitetura e a educação onde o diálogo a colaboração e a criatividade são fundamentais A experiência no assentamento Dom Pedro Casaldáliga exemplifica como a arquitetura pode ser uma força poderosa para a transformação social promovendo não apenas espaços físicos mas também um futuro mais justo e igualitário para todos A autora finaliza o capítulo ressaltando que a construção de espaços lúdicos em comunidades rurais como o assentamento Dom Pedro Casaldáliga deve ser vista como um modelo que pode ser replicado em diferentes contextos A experiência demonstra que ao capacitar as crianças a participarem ativamente na criação de seus ambientes estamos não apenas reforçando sua autoestima mas também promovendo um senso de pertencimento e responsabilidade social Quando as crianças se envolvem na construção de seus espaços elas aprendem a cuidar e valorizar o que é seu desenvolvendo um vínculo afetivo com o ambiente que habitam NASCIMENTO 2024 p 290 A reflexão sobre a prática arquitetônica portanto não se limita a questões estéticas ou funcionais Ela se estende a considerações éticas e sociais exigindo que os profissionais da área repensem suas abordagens e metodologias A autora sugere que a formação de arquitetos deve incluir uma forte componente de educação sobre a importância da participação comunitária e do respeito às vozes dos mais jovens É essencial que a formação em arquitetura inclua não apenas técnicas de design mas também uma compreensão profunda das dinâmicas sociais e culturais que moldam as comunidades NASCIMENTO 2024 p 295 A dissertação faz uma série de recomendações práticas para arquitetos e educadores enfatizando a importância de criar espaços que sejam acessíveis inclusivos e que estimulem a criatividade das crianças A autora sugere que ao planejar novos projetos os profissionais devem considerar as necessidades e desejos das crianças desde o início do processo garantindo que suas vozes sejam ouvidas e valorizadas Um projeto que ignora a participação das crianças é um projeto que falha em sua essência pois deixa de reconhecer a riqueza de experiências e perspectivas que elas trazem NASCIMENTO 2024 p 300 Referências BESPALEC J FERREIRA B L NASCIMENTO A S do OLIVEIRA A S de RIOS H G SILVA J A SOUSA A F Espaço do Brincar Construindo coletivamente um Brinquedoespaço Relato da Experiência São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Faculdade de Terapia Ocupacional Faculdade de Educação USP 2009 NASCIMENTO A Z S do A Criança e o Arquiteto Quem Aprende com Quem 2024 Dissertação Mestrado Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo São Paulo 2024 NUNES C Aprendendo filosofia com as crianças In KOHAN W O KENNEDY D Org Filosofia e infância possibilidades de um encontro Petrópolis Vozes 1999 p 188 RAHNEMA M Participação In SACHS W Ed Dicionário do desenvolvimento guia para o conhecimento como poder Petrópolis Vozes 2000 RIOS H G RURAL x URBANO Perspectivas e antagonismos decorrentes da localização das Comunas da Terra do MST na Região Metropolitana de São Paulo 2007 Trabalho Final de Graduação TFG Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo São Paulo 2007 SILVA J A A sutileza em criar mundos 2008 Monografia Conclusão de Curso Faculdade de Terapia Ocupacional Universidade de São Paulo São Paulo 2008