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A BRINCADEIRA E 0 DESENVOLVIMENTO INFANTIL Implicacaes para a Educaccio em Creches e PrêEscolas Zilma de Moraes Ramos de Oliveira RESUMO 0 artigo discute a evolugäo da brincadeira simbOlica de criangas de 1 a 6 anos frequentando creches para populagào de baixa renda a partir de uma visáo sociointeracionista do desenvolvi mento humano elaborada a partir de Mead Moreno Vygotsky e Wallon Algumas implicacOes para a educagào infantil em creches e preescolas sào tamb6m apresen tadas ABSTRACT The evolution of the symbolic play of one to six year old children attending daycare centers for low income families is discussed in this paper according to a sociointeractionist conception of human development formulated on the basis of the works of Mead Moreno Vygotsky and Wallon Some implications for early child education in daycare and pre schools are also presented Este trahalho far parte de projeto de pesquisa financiado pela FAPESP e CNPq desenvolvido do Centro de Investigacao sobre o Desenvolvimento e Educacdo Infantil CINDEDI Professoraassociada do Departamento dc Psicologia e Educacao da Faculdade de Filosofia Ciencias e Letras de Ribeirao Preto da Universidade de Sao Paulo 01 Dezembro 1996 debate sobre a fun cab da brincadeira no desenvolvimen to infantil tern sido retomada recente mente por antropO logos historiadores alem de psicOlogos pedagogos e outros cientistas apOs ter sido muito enfatizada no seculo passado e especialmente na primeira metade deste seculo Possivel mente uma serie de fatores tem contribuido para tal destaque Constata se a crescente transformacao dos espa cos urbanos que se agigantam e perdem cada vez mais areas ptiblicas de lazer coletivo acompanhada do ingresso cada vez mais cedo das criancas das diferen tes camadas sociais em instituicOes in cumbidas de educalas em acão comple mentar a da familia como as creches e preescolas Modificaramse tambem muitos dos brinquedos as tradicionais bonecas e os carrinhos assumem feicOes mais sofisticadas os novos brinquedos de casinha reproduzem uma moderniza cab das tarefas domesticas sendo agora mais usados tambem pelos meninos depois que cada vez mais urn mimero crescente de homens tem assumido al gumas das tarefas domesticas Os anti gos toquinhos de madeira usados nos jogos de construcao tern tido seu lugar ocupado pelo LEGO os velhos brin quedos de espada e de soldado retratam agora uma tecnologia Mica mais mo derna onde o novo herOi e o He Man e as espaconaves sat preparadas para a Guerra nas estrelas Por sua vez o debate sobre o jogo perpassa tambem preocupacties presentes na cultura adul ta cada vez mais voltada para a compu tacao para a eficiencia tecnolOgica mas tambem para os jogos por computador e os programas de simulacOes como os RPG role playing games Os educadores que trabalham com a educacäo de criancas de zero a seis anos que sat aqueles corn os quais eu mais tenho trabalhado falam muitas vezes em jogo simbOlico sem contudo dar mostras de ter elaborado de urn modo mais cientifico como ele ocorre e qual sua funcao no desenvolvimento humano Chegase a colocar como metodologia da preescola o dar o jogo simbedico para as criancas como se isso fosse uma situacao na estrita depen dencia da iniciativa do professor ou no polo oposto simplesmente se prop deixar a crianca brincar como queira como se jogar fosse algo da natureza biolOgica da especie que nao necessita de suportes culturais Assumese entao uma concepcao espontaneista de edu cacao que afasta o professor como figu ra de interacao e interlocucao ou seja como parceiro da crianca em seu pro cesso de desenvolvimento ignorando que nesse processo certas nociies estao se construindo ou antes poderao se construir desde que se cuide para a ocorrencia disto O debate sobre todos estes pontos devera auxiliar na superacao de uma serie de equivocos que aparecem nos curriculos sendo elaborados na area e permitir avancar na compreensao da grande aventura da crianca de conhecer o mundo e de construirse como urn sujeito histOrico singular Motrivliancla Estudos Sobre a Brincadeira Infantil Restringindonos aos estudos que associam o brincar a educacao poderfa mos diner que apesar de alguns trechos da HistOria da Educacao na Antiguidade fazerem algumas referencias ao valor educativo das brincadeiras infantis so mente na Idade Moderna as condicOes materials de producao encontradas na Europa Ocidental ofereceram oportu nidade para a inclusao deste terra na proposta de alguns educadores Estes comecaram a ser convidados a respon der aos clesafios criados pela forma como a sociedade europeia entao se desenvol via quando a transformacao de uma sociedade agraria e mercantil em urba noindustrial gerava conflitos e guerras frequentes entre as naceies corn consequentes condiciies socials adver sas particularmente para o segmento infantil da populacao Comenio 15921670 pastor pro testante tcheco em 1637 elabora um piano de Escola Maternal onde reco mendava para educar criancas pequenas ate uso de materials audiovisuals como livros de imagens Ja em 1657 ele usa a imagem de jardim de infancia onde arvorezinhas plantadas seriam regadas como o lugar da Fducayao In Sua pedagogic de base sensualista coloca as sensacties e expe riencias como a base da formacilo da consciencia pela crianca Dal que a ex ploracito do mu ndo pela crianca no brin car era vista como uma forma de educa cao pelos sentidos Tambem Rousseau 17121778 fikisofo frances naturalistasensualista embora nao tenha se aprofundado na questa da brincadeira ao destacar a emocao sobre a razao e a curiosidade e liberdade buscadas pelo Hotnem exer ce influencia significative na discussao da brincadeira infantil Anos depois trabalhando em programas de educacao dirigidos a Orfaos de guerra Pestalozzi 17461827 educador suico funda ments sua acao na percepcao sensorial da crianca a qual seria preciso educar pela intuicao Tal concepcao exerceu influencia em Froebel 17821852 edu cador alemao que influenciado tambem pela filosofia idealista de Schilling cria na Alemanha em 1840 os kindergarten ou jardins de Infancia que divergiam das casas assistenciais existentes na epoca por incluir uma dimensdo pedagOgica Froebel partia tambem da intuicao e da ideia de espon taneidade infantil propondo uma auto educacao da crianca vendo vantagens intelectuais e morals no jogo alem de seu valor no desenvolvimento Com into elabora canVies e jogos para educar sensacOes e emocOes enfatiza o valor educativo da atividade manual confecciona brinquedos para a aprendi zagem da Aritmetica e da Geometria alem de propor conversas e poesias e o cultivo da horta pelas criancas A sistematizacao de atividades para criancas pequenas usando brinque dos especialmente confeccionados foi feita por Decroly 18711932 medico belga que trabalhou primeiro corn crian gas excepcionais criandolhes uma metodologia de ensino 1901 e depois corn criancas normais 1907 em urn trabalho que foi ampliado em 1914 com o atendimento em diversos abrigos cri Delembro 1996 ados na Belgica para acolher o grande ntimero de Orfaos da Primeira Guerra Mundial Decroly considerava o sincretismo infantil e propunha meto dos de trabalho baseados na ideia de globalizayao e no interesse da crianca Ao contrario dos sensualistas que o pre cederam ele propunha urn ensino mais voltado para o intelecto 0 trabalho da medica italiana Maria Montessori 18701952 de ela boracao de materiais pedagOgicos para criancas excepcionais depois utilizado corn crianyas normais continuou a ver tente de desviar a atenyao do comporta mento de brincar para o material estruturador da atividade prOpria da cri anca o brinquedo Ela cria exercicios complexos e sistematicos especialmen te os elaborados para a educayao motora ligados especialmente a tarefa de cui dado pessoal e para a educacao dos sentidos e da inteligencia A preocupacão em compreender o valor do comportamento de brincar da crianca foi ao mesmo tempo tendo crescente enfase na Psicologia do De senvolvimento a partir do final do secu lo passado e na primeira metade deste seculo De uma vis5o sociointeracionista do desenvolvimento humano elabora da Oliveira 1988 a partir dos trabalhos escritos por Mead 1972 Moreno 1974 Vygotsky1979 e Walton 1981 na primeira metade deste seculo o desenvolvimento humano nao decorre da ay5o isolada de fatores geneticos que buscam condicties para o seu amadure cimento nem de fatores ambientais que agem sobre o organismo controlando o seu comportamento Ao contrArio ele se da a partir das trocas reciprocas que se estabelecem durante toda a vida entre individuo e meio cada aspecto intluin do sobre o outro em especial grayas as interayees constituidas corn outros par ceiros ern prAticas socials concretas Historicamente construido o meio e en tendido como o conjunto de circunstiln cias artefatos praticas sociais e signifi cacees ideolOgicas presentes em uma cultura Junto corn as disposicOes org5 nicas da crianca e o recurso atraves do qual esta constroi determinadas habili dades e conhecimentos E na interay5o corn outros serer humanos inseridos em contextos hist ricos que se cid a construcão de significa yOes a genese do pensamento e a cons tituicão de si mesmo como sujeito A interaylio social faz a mediaciro do de senvolvimento humano pois fornece ao individuo recursos para ele apropriarse ativamente de formal culturalmente de senvolvidas de perceber memorizar emocionarse solucionar problemas etc e que s5o por sua vez produto da interacäo das disposicOes da especie e do aparato cultural conjunto de signos presentes nos objetos situacries papers conceitos ideologias que o envolve no decorrer de sua vida Tal inediactio se fax pelo confron to de aches papeis que os individuos assumem nas situaches parti Ihadas e que Os leva a construcäo de uma relac5o papelcontrapapel Em outros palavras sendo inicialmente tutelada na realiza c5o de uma atividade recebendo por emprestimo a consciencia de outrem a crianca aprende a adotar o papel deste outro deslocandose do seu polo crian ca e indo ocupar o polo adulto para a MotrivlAicla partir deste dar indicacOes a outrem um companheiro de idade o adulto ou a boneca etc que se coloca em seu lugar original Ao se apropriar da fala do outro da funcao deste na situaglio a crianca internaliza os mediadores do comportamento do mesmo e constroe formas mais complexas de consciencia Tal situacão seria facilitada pela tendert cia a imitacao que existe na especie humana Para os autores sociointera cionistas o brincar cid a crianca oportu nidade para trabalhar os contendos por ela vividos Neste processo a crianca re constrOi o cendrio necessario para que sua fantasia fique mais prOxiina da rea lidade vivida transformando objetos e assumindo personagens A investiga cao das interacOes infantis em suas brin cadeiras constitue uma importante fonte para compreensiio daquele processo Elbers 1994 Elkonin 1980 Gaskin Gonca 1992 Haigt 1994 Oliveira RossettiFerreira 1993 Oliveira Valsiner no prelo Ortega 1994 dentre outros Urn Estudo Sobre as Brincadeiras das Criancas 13rincadeiras infantis sab observa das em di versos momentos Para investigala organizamos uma serie de estudos sobre diferentes atividades ocor rendo em creches pilblicas atendendo criancas brasileiras filhas de familias de baixa renda Procuramos analisar as interacoes e brincadeiras infantis partin do de uma visa processual e histOrica do fenameno interacional que associa cognicao e afeto integrando estes ele mentos a linguagem Para tanto parti mos de alguns dados construidos a partir da analise de 6 sessOes de almoco de 2 grupos de criancas de le 2 anos e suas educado ras 3 sessOes de aproximadamente 20 minutos cada registradas ao longo de 2 semanas por grupo A118 criancas e 2 educadoras A2 19 criancas e 2 educadoras Paula Oliveira 1995 20 sesseies de jogo livre de 2 grupos de criancas de 2 e 3 anos 10 sessOes dc 9 minutos por grupo B 15 e B28 cri ancas registradas no espaco de 12 meses Oliveira 1988 3 sessOes de aproximadamente 30 mi nutos de jogo de fazdeconta corn o tema escolinha de 3 grupos de crian gas de 4 e 5 anos C116 C213 e C323 criancas uma sessao por gru po Gonsalves 1996 Procurando adotar uma perspecti va de analise comprometida corn a apre ensao da emergéncia de novas formas de ac5o realizamos uma transcricäo microgenetica de todas as sessOes gra vadas em video com descricao detalha da de gestos postural verbalizacOes dos participantes e objetos envolvidos Na analise demos particular atencao aos elementos estruturadores da tomada de determinados papeis dentre eles o use de determinados objetos e aos pro cessos de imitacab imediata e diferida usados pelas criancas Na analise das interacOes das cri ancas de 1 e 2 anos observamos que nas interaciies que estabelecem corn seus Dezembro 1996 pares o controle das awes infantis pare ce ser dominado pela esfera afetiva dado que elan exploram as situagOes principalmente atraves de canais emotivoposturais Quando uma mtisica vinda de fora da sala a ouvida Kathy 16 sorri e bate as palmas das maos ritmicamente na mesa olhando para Fernanda 19 Ela repete seus gestos Fernanda bate as palmas de suas maos na mesa observa da por K Depois F e K batem as palmas das maos na mesa rindo F apoia o cotovelo na mesa e olha para a educado ra que se aproxima enquanto R 17 balanca a cabeca de K K balanca sua cabeca no ritmo da mOsica batendo as palmas das maos na mesa F bate de leve e rapidamente sua mao direita em seus labios enquanto grita 0 o o o K imita F por um instante e novamente bate as palmas das maos na mesa 0 educador aproximase e da as criancas seus pratos de comida A imitacao imediata frequente mente observada neste period evolue de uma sincronizacao dos ritmos posturais e das verbalizacOes dos par ceiros pelas criancas de 1 ano ate a criacao de brincadeiras colaborati vas no grupo de criancas de 2 anos com reproducao dos aspectos basicos dos comportamentos dos parceiros ApOs o recolhimento dos pratos do almoco Jefferson 27 Camila 27 Bruna 25 Lucas 20 Fabiana 26 e Rafael 25 aguardam que as educado ras os conduzam fora do refeitOrio Bru na sorridente sobe na cadeira e canta eh eh eh batendo palmas Camila sobe na cadeira olha para a pesquisado ra filmando e comeca a bater palmas cantando eh eh eh Jefferson sobe na cadeira e todas as criancas cantam eh eh eh corn excecao de Rafael que olha para urn menino sentado em outra mesa Ha de inicio uma maior submis sat das criancas a determinados ele mentos empiricos sons movimentos roupas e outros objetos que por suas caracteristicas culturalmente atribuidas possibilitam a reproducao de experien cias passadas atraves de gestos alta mente imitativos Ao mesmo tempo episOdios de imitacao diferida especi almente a do papel do adulto comecam a ser vistos nos grupos de criancas de 2 anos Joao 25 passa parte da sessao andando pela sala corn urn cachorro de pelticia enrolado em urn pedaco de pano mostrandoo a alguns companheiros e para a pesquisadora dizendo Olha o bebe Logo apOs ele sentase corn o cachorro em seu colo faz gesto de embalalo ergue sua prOpria camiseta e aproxima a boca do cachorro de pelticia de seu prOprio mamilo como em urn gesto de amamentalo Os gestos vdo sendo reproduzi dos de inicio de forma cada vez mail ligada a ajustes posturais mas corn o desenvolvimento ha crescente repro ducao da fala dos adultos Conforme reproduzem alguns gestos expressOes facials posturas corporals e verbal izaciies frequentemente encontra das em experiencias cotidianas as cri ancas sao facilmente vistas submetidas a rede de significados circulando na sauna e fazendo use simbOlico de alguns objetos Weber 24 e Alan 16 estão co mendo Uma das educadoras aproxima Moblviancla se defies e diz a Weber Come a caminha come Voce num to comendo e afasta se Alan exclama papa enquanto pega corn a mao algum arroz do prato de Weber Alan come o arroz e estende seu bray corn a paltna da mao aberta e voltada para cima na direcao de Weber Este de inicio continua a corner mas apOs uin cotucao insistente de Alan pega coin a colher alguma comida de seu prato e a coloca na boca aberta de Alan que a mastiga Weber volta a ofe recer comida a Alan mas este tambem the estende sua colher cheia de comida tine pegou de seu prato e the diz Que Ao redor dos tres anos e meio observamos um maior controle cognitivolinguistico da coordenacão de papeis As ethicas frequentemente dis cutem corn seus pares os elementos que definem os papeis sendo construidos na situacao Conforme a linguagem verbal mais efetivamente faz a mediacao do processo de coordenarem seus papeis as criancas mais velhas apresentam um enredo melhor planejado no qual algu mas representacCies estao sendo mais claramente negociadas Fabio 46 tinge derramar o con tend de uma garrafa plastica vazia so bre sua cabeca dizendo a Davi 42 Poe na cabeca assim junta suas maos em semiconcha e as esfrega sobre seu cabclo JA a coordenacao dos papeis assu midos pelas criancas de 4 a 6 anos con forme brincam de escolinha tainbem é mediada pelo material disponivel lapis cola folhas de papel que é usado para dar suporte a reproducao de alguns formatos interativos vividos pelas cri ancas na creche Alem disso etas bus cam promover uma organizacao espaci al na sala por exemplo dispondo as cadeiras em fila como em uma sala de aula tradicional de modo a criar um cenario para suas awes Neste cenario ha ainda maior ritualizacao dos gestos e coin os elementos disponiveis as cri ancas desempenham de um modo mui to estereotipado os papeis de professor e alunos No grupo C2 a meninxprofesso ra em pe arras da mesa colocada diante de uma fileira de cadeiras ocupadas pe las demais criancas olha para a porta em seguida para as criancas coloca as duas maos sobre a mesa levanta urn pouco o queixo para a frente e diz num torn solene e pausado Born dial As criancas a maioria delas olhando para a meninxprofessora respondem B000000m Dittmar Mais tarde a me ninaprofessora pergunta as criancas Voces que faze desenho Varias cri ancas respondem ao mesmo tempo Queeee A meninaprofessora conti nua Quern que faze levanta a mao Varias criancas de maos erguidas gri tam Eeuuuu A retomada pelas criancas no faz decosta da experiencia vivida na ativi dade coin a professora do grupo parece clara A crianca que atua como a profes sora facilmente assume tal papel complementada pelas awes adotadas pelos companheiros A reproducao de alguns rituals observados nas atividades pedagOgicas da creche como por exem pt o modo do professor disciplinar os alunos entretanto nä parece ser planejada de antemao mas surge como forma de solucionar certas situaceies criadas nas interaciies que as criancas Deiembro1996 estabelecem entre si Alguma bagunca criada conforme tentam sentarse em suas cadeiras e esperar pela distribuicäo de folhas de papel para nelas desenha rem 6 interpretada pela alunaprofesso ra como produzida por alunos indisciplinados que the requerem o de sempenho do papel de urn professor autoritArio A reproducao de situacfies pelas criancas maiores especialmente aquelas de 4 a 6 anos 6 portanto menos memOria em ac5o como nas criancas de 2 anos do que comportamento baseado em regras Gonsalves 1996 Ao imitar o outro as criancas necessitam captar o modelo em suas caracterfsticas basicas percebendoo a partir de sua plasticidade perceptivo postural conforme se ajustam afeti vamente a ele Com isso decodificam o conjunto de impressOes que captam do outro experimentando diversas possi bilidades de awes no meio ao qual est5o inseridas e diferenciando os elementos originais que säo trazidos para a situa cao presente A analise das interacOes que as criancas estabelecem apontou em todos os grupos que o desempenho de papers pela crianca se faz gracas a uma din5mi ca segmentay5o e unificacao de frag mentos de experiencias passadas em con textos de atividade sendo construidos no presente pelas Kees infantis 0 pro cesso dinamico estabelecido pelo fiuxo de interackies dos parceiros cria urn cam po de atividade interpessoal que requer a superacao de alguns momentos quan do os parceiros s5o vistos em urn estado major de fusão entre si e outros quando uma major diferenciacao dos papers sen do por eks desempenhada pode ser no tada 0 campo interpsicolOgico criado pelo processo de jogo de papers no qual a crianca e seus parceiros confrontam suas prOprias zonas de desenvolvimento proximal nos termos de Vygotsky levaos a representar a situacão de mo dos cada vez mais abstratos e a construir novas estruturas autoreguladoras de acão ou seja modos pessoais histori camente construidos de pensar sentir memorizar moverse gesticular etc Conclusiies Em ambientes culturalmente estruturados como e o caso da creche e da preescola a crianca interage ativa mente corn parceiros diversos em dife rentes atividades com seus objetos tare fas e papers Nesta interay5o ela vai construindo significacOes e formas cada vez mais complexas de sentir e pensar A crianca age sobre o meio segundo suas capacidades e as significacOes que atribue a situac5o mas cada uma de suas experiencias faz corn que ela sucessiva mente transforme aquelas capacidades e as significacOes jä elaboradas abrindo se para a construcäo de novos significa dos e modificando ao mesmo tempo sua forma de agir Neste processo o desenvolvimento tisk sOcioafetivo intelectual moral e estetico da crianca constituem aspectos integrados 0 desenvolvimento infantil e as sim ligado as condicaes de villa fami hares e extrafamiliares da crianca que criamlhe oportunidades para a constru cao de diferentes capacidades habi I ida des e valores E no espayo construido na interacilo que estabelece corn outran pessoas que ocorre a Kilo educative Ao Motrivialicia ser aux iliada por um parceiro mais com petente na realizacdo de uma tarefa a crianca desenvolve formas mais corn plexas de agir e de perceber suas prOpri as necessidades Na creche e na preescola a crian ca deve desenvolver sua capacidade de count n cacao e expressdo e de solucio nar problemas por conta prOpria ado tando formas cada vez mais complexas de raciocinio Deve aprender a agir corn responsabilidade crescente em relay do a seu ambiente fisico e social e a analisar criticamente sua prOpria atuacdo e a dos demais nas diversas situac Oes Para tan to ela precisa ser valorizada nas capaci dades que detnonstra e nas possibilida des de fazer novas aqui sic Oes de modo a trabalhar sua prOpria identidade fa zendo largo use da curiosidade e da criatividade ampliando o dominio de aspectos fundamentais de sua cultura e histOria Na creche e na preescola devem ser criadas condiyaes para que as crian gas interajam com os educadores e pro fessores e corn as outras criancas ern situagOes variadas de modo a desenvol verse em todos os seus aspectos elabo rar conhecimentos sobre si mesma e sobre o mundo ffsico e social construir uma autoimagem posit va ampliar sua capacidade de tomar iniciati vas e adotar estrategias de interacao cada vez mais eficazes e solithirias corn seus parceiros A brincadeira constitui o recurso privilegiado de desenvolvimento da cri anca em idade preescolar Nela afeto motricidade I inguagem e percepyao re presentacao memOria e outras funyOes cognitivas s do aspectos profundamente interligados A brincadeira favorece o equilIbrio afetivo da crianca e contribui para o processo de apropriacão de sig nos sociais Ela cria condicOes para uma transformacao significativa da consci encia infantil por exigir das criancas formas mais complexas de relaciona mento corn o mundo Atraves do brin car a crianca passa a compreender as caracteristicas dos objetos seu funcio namento os elementos da natureza e os acontecimentos sociais Ao mesmo tem po ao tomar o papel do outro na brinca deira ela comeca a perceber as diferen tes perspectival de uma situacäo o que the facilita a elaboracao do dialog inte rior caracteristico de seu pensamento verbal Bibliografia ELBERS E 1994 Sociogenesis and childrens pretend play a variation on Vygotskian Themes In W DeGraaf RMaier Eds Sociogenesis Reexamined pp 219 241 New York Springer ELKONIN D 1980 Psicologia del juego Madri Visor Libros GASKINS S GONCO A 1992 Cultural Variation in Play A Challenge to Piaget and Vygotsky The Quarterly Newsletter of the Laboratory of Comparative Human Cognition 14 2 3135 GONCALVES MFC 1996 Brincar de escolinha a construct10 da repre sentaceio na interaclio de criancas em creche Tese de Doutoramento Faculdade de Educado da Universi dade de Siio Paulo Delembro 1996 HAIGT W 1994 Pretend Play A Cultural and Developmental Phenomenon In AAlvarez and P Del Rio Eds Education as cultural construction pp5360 vol 3 of P Del Rio AAlvarez and JWertsch General Editors Explorations in Sociocultural Studies Madri Fundaci6n Infancia y Aprendizaje MEAD GH 1972 Espiritu Persona y Sociedad desde el pun to de vista del condutistno social Buenos Aires Paid6s MORENO JL 1974 Psicodrama Buenos Aires Horme 3a ed OLIVEIRA ZMR 1988Jogo de pa peis uma perspectiva para antilise do desenvolvimento huniano Tese de Doutoramento Institute de Psico logia Universidade de Sdo Paulo OLIVEIRA ZMR ROSSETTI FERREI ZA MC 1993 0 valor da interacdocriancaerianca em creches no desenvolvimento infantil Cader nos de Pesquisa 87 6270 OLIVEIRA ZMR VALSINER J no prelo Play and imagination the psychological construction of novelty In A Fogel MCLyra e J Valsiner Chairs Dynamics and Indeterminism in Developmental and Social Process Ablex ORTEGA R 1994 El juego sociodramatico como context para la compreensiOn social The socio dramatic game as a social unders tanding context In A Alvarez and P Del Rio Eds Education as Cultu ral Construction pp 7988 Vol 3 of Pdel Rio AAlvarez and JWertsch General Editors Explorations in SocioCultural Studies Madri FundaciOn Infancia y Aprendizaje PAULA EAT OLIVEIRA ZMR 1995 comida divers do e arte o coletivo infantil no almoco na cre che In Z M R Oliveira Org A crianca e seu desenvolvimento Sao Paulo Cortez pgs85104 VYGOTSKY LS 1979 Pensamen to e Linguagem Lisboa Antfdoto WALLON H 1981 A evoluciio psico lOgica da crianca Lisboa Editorial Setenta
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sofisticadas os novos brinquedos de casinha reproduzem uma moderniza cab das tarefas domesticas sendo agora mais usados tambem pelos meninos depois que cada vez mais urn mimero crescente de homens tem assumido al gumas das tarefas domesticas Os anti gos toquinhos de madeira usados nos jogos de construcao tern tido seu lugar ocupado pelo LEGO os velhos brin quedos de espada e de soldado retratam agora uma tecnologia Mica mais mo derna onde o novo herOi e o He Man e as espaconaves sat preparadas para a Guerra nas estrelas Por sua vez o debate sobre o jogo perpassa tambem preocupacties presentes na cultura adul ta cada vez mais voltada para a compu tacao para a eficiencia tecnolOgica mas tambem para os jogos por computador e os programas de simulacOes como os RPG role playing games Os educadores que trabalham com a educacäo de criancas de zero a seis anos que sat aqueles corn os quais eu mais tenho trabalhado falam muitas vezes em jogo simbOlico sem contudo dar mostras de ter elaborado de urn modo mais cientifico como ele ocorre e qual sua funcao no desenvolvimento humano Chegase a colocar como metodologia da preescola o dar o jogo simbedico para as criancas como se isso fosse uma situacao na estrita depen dencia da iniciativa do professor ou no polo oposto simplesmente se prop deixar a crianca brincar como queira como se jogar fosse algo da natureza biolOgica da especie que nao necessita de suportes culturais Assumese entao uma concepcao espontaneista de edu cacao que afasta o professor como figu ra de interacao e interlocucao ou seja como parceiro da crianca em seu pro cesso de desenvolvimento ignorando que nesse processo certas nociies estao se construindo ou antes poderao se construir desde que se cuide para a ocorrencia disto O debate sobre todos estes pontos devera auxiliar na superacao de uma serie de equivocos que aparecem nos curriculos sendo elaborados na area e permitir avancar na compreensao da grande aventura da crianca de conhecer o mundo e de construirse como urn sujeito histOrico singular Motrivliancla Estudos Sobre a Brincadeira Infantil Restringindonos aos estudos que associam o brincar a educacao poderfa mos diner que apesar de alguns trechos da HistOria da Educacao na Antiguidade fazerem algumas referencias ao valor educativo das brincadeiras infantis so mente na Idade Moderna as condicOes materials de producao encontradas na Europa Ocidental ofereceram oportu nidade para a inclusao deste terra na proposta de alguns educadores Estes comecaram a ser convidados a respon der aos clesafios criados pela forma como a sociedade europeia entao se desenvol via quando a transformacao de uma sociedade agraria e mercantil em urba noindustrial gerava conflitos e guerras frequentes entre as naceies corn consequentes condiciies socials adver sas particularmente para o segmento infantil da populacao Comenio 15921670 pastor pro testante tcheco em 1637 elabora um piano de Escola Maternal onde reco mendava para educar criancas pequenas ate uso de materials audiovisuals como livros de imagens Ja em 1657 ele usa a imagem de jardim de infancia onde arvorezinhas plantadas seriam regadas como o lugar da Fducayao In Sua pedagogic de base sensualista coloca as sensacties e expe riencias como a base da formacilo da consciencia pela crianca Dal que a ex ploracito do mu ndo pela crianca no brin car era vista como uma forma de educa cao pelos sentidos Tambem Rousseau 17121778 fikisofo frances naturalistasensualista embora nao tenha se aprofundado na questa da brincadeira ao destacar a emocao sobre a razao e a curiosidade e liberdade buscadas pelo Hotnem exer ce influencia significative na discussao da brincadeira infantil Anos depois trabalhando em programas de educacao dirigidos a Orfaos de guerra Pestalozzi 17461827 educador suico funda ments sua acao na percepcao sensorial da crianca a qual seria preciso educar pela intuicao Tal concepcao exerceu influencia em Froebel 17821852 edu cador alemao que influenciado tambem pela filosofia idealista de Schilling cria na Alemanha em 1840 os kindergarten ou jardins de Infancia que divergiam das casas assistenciais existentes na epoca por incluir uma dimensdo pedagOgica Froebel partia tambem da intuicao e da ideia de espon taneidade infantil propondo uma auto educacao da crianca vendo vantagens intelectuais e morals no jogo alem de seu valor no desenvolvimento Com into elabora canVies e jogos para educar sensacOes e emocOes enfatiza o valor educativo da atividade manual confecciona brinquedos para a aprendi zagem da Aritmetica e da Geometria alem de propor conversas e poesias e o cultivo da horta pelas criancas A sistematizacao de atividades para criancas pequenas usando brinque dos especialmente confeccionados foi feita por Decroly 18711932 medico belga que trabalhou primeiro corn crian gas excepcionais criandolhes uma metodologia de ensino 1901 e depois corn criancas normais 1907 em urn trabalho que foi ampliado em 1914 com o atendimento em diversos abrigos cri Delembro 1996 ados na Belgica para acolher o grande ntimero de Orfaos da Primeira Guerra Mundial Decroly considerava o sincretismo infantil e propunha meto dos de trabalho baseados na ideia de globalizayao e no interesse da crianca Ao contrario dos sensualistas que o pre cederam ele propunha urn ensino mais voltado para o intelecto 0 trabalho da medica italiana Maria Montessori 18701952 de ela boracao de materiais pedagOgicos para criancas excepcionais depois utilizado corn crianyas normais continuou a ver tente de desviar a atenyao do comporta mento de brincar para o material estruturador da atividade prOpria da cri anca o brinquedo Ela cria exercicios complexos e sistematicos especialmen te os elaborados para a educayao motora ligados especialmente a tarefa de cui dado pessoal e para a educacao dos sentidos e da inteligencia A preocupacão em compreender o valor do comportamento de brincar da crianca foi ao mesmo tempo tendo crescente enfase na Psicologia do De senvolvimento a partir do final do secu lo passado e na primeira metade deste seculo De uma vis5o sociointeracionista do desenvolvimento humano elabora da Oliveira 1988 a partir dos trabalhos escritos por Mead 1972 Moreno 1974 Vygotsky1979 e Walton 1981 na primeira metade deste seculo o desenvolvimento humano nao decorre da ay5o isolada de fatores geneticos que buscam condicties para o seu amadure cimento nem de fatores ambientais que agem sobre o organismo controlando o seu comportamento Ao contrArio ele se da a partir das trocas reciprocas que se estabelecem durante toda a vida entre individuo e meio cada aspecto intluin do sobre o outro em especial grayas as interayees constituidas corn outros par ceiros ern prAticas socials concretas Historicamente construido o meio e en tendido como o conjunto de circunstiln cias artefatos praticas sociais e signifi cacees ideolOgicas presentes em uma cultura Junto corn as disposicOes org5 nicas da crianca e o recurso atraves do qual esta constroi determinadas habili dades e conhecimentos E na interay5o corn outros serer humanos inseridos em contextos hist ricos que se cid a construcão de significa yOes a genese do pensamento e a cons tituicão de si mesmo como sujeito A interaylio social faz a mediaciro do de senvolvimento humano pois fornece ao individuo recursos para ele apropriarse ativamente de formal culturalmente de senvolvidas de perceber memorizar emocionarse solucionar problemas etc e que s5o por sua vez produto da interacäo das disposicOes da especie e do aparato cultural conjunto de signos presentes nos objetos situacries papers conceitos ideologias que o envolve no decorrer de sua vida Tal inediactio se fax pelo confron to de aches papeis que os individuos assumem nas situaches parti Ihadas e que Os leva a construcäo de uma relac5o papelcontrapapel Em outros palavras sendo inicialmente tutelada na realiza c5o de uma atividade recebendo por emprestimo a consciencia de outrem a crianca aprende a adotar o papel deste outro deslocandose do seu polo crian ca e indo ocupar o polo adulto para a MotrivlAicla partir deste dar indicacOes a outrem um companheiro de idade o adulto ou a boneca etc que se coloca em seu lugar original Ao se apropriar da fala do outro da funcao deste na situaglio a crianca internaliza os mediadores do comportamento do mesmo e constroe formas mais complexas de consciencia Tal situacão seria facilitada pela tendert cia a imitacao que existe na especie humana Para os autores sociointera cionistas o brincar cid a crianca oportu nidade para trabalhar os contendos por ela vividos Neste processo a crianca re constrOi o cendrio necessario para que sua fantasia fique mais prOxiina da rea lidade vivida transformando objetos e assumindo personagens A investiga cao das interacOes infantis em suas brin cadeiras constitue uma importante fonte para compreensiio daquele processo Elbers 1994 Elkonin 1980 Gaskin Gonca 1992 Haigt 1994 Oliveira RossettiFerreira 1993 Oliveira Valsiner no prelo Ortega 1994 dentre outros Urn Estudo Sobre as Brincadeiras das Criancas 13rincadeiras infantis sab observa das em di versos momentos Para investigala organizamos uma serie de estudos sobre diferentes atividades ocor rendo em creches pilblicas atendendo criancas brasileiras filhas de familias de baixa renda Procuramos analisar as interacoes e brincadeiras infantis partin do de uma visa processual e histOrica do fenameno interacional que associa cognicao e afeto integrando estes ele mentos a linguagem Para tanto parti mos de alguns dados construidos a partir da analise de 6 sessOes de almoco de 2 grupos de criancas de le 2 anos e suas educado ras 3 sessOes de aproximadamente 20 minutos cada registradas ao longo de 2 semanas por grupo A118 criancas e 2 educadoras A2 19 criancas e 2 educadoras Paula Oliveira 1995 20 sesseies de jogo livre de 2 grupos de criancas de 2 e 3 anos 10 sessOes dc 9 minutos por grupo B 15 e B28 cri ancas registradas no espaco de 12 meses Oliveira 1988 3 sessOes de aproximadamente 30 mi nutos de jogo de fazdeconta corn o tema escolinha de 3 grupos de crian gas de 4 e 5 anos C116 C213 e C323 criancas uma sessao por gru po Gonsalves 1996 Procurando adotar uma perspecti va de analise comprometida corn a apre ensao da emergéncia de novas formas de ac5o realizamos uma transcricäo microgenetica de todas as sessOes gra vadas em video com descricao detalha da de gestos postural verbalizacOes dos participantes e objetos envolvidos Na analise demos particular atencao aos elementos estruturadores da tomada de determinados papeis dentre eles o use de determinados objetos e aos pro cessos de imitacab imediata e diferida usados pelas criancas Na analise das interacOes das cri ancas de 1 e 2 anos observamos que nas interaciies que estabelecem corn seus Dezembro 1996 pares o controle das awes infantis pare ce ser dominado pela esfera afetiva dado que elan exploram as situagOes principalmente atraves de canais emotivoposturais Quando uma mtisica vinda de fora da sala a ouvida Kathy 16 sorri e bate as palmas das maos ritmicamente na mesa olhando para Fernanda 19 Ela repete seus gestos Fernanda bate as palmas de suas maos na mesa observa da por K Depois F e K batem as palmas das maos na mesa rindo F apoia o cotovelo na mesa e olha para a educado ra que se aproxima enquanto R 17 balanca a cabeca de K K balanca sua cabeca no ritmo da mOsica batendo as palmas das maos na mesa F bate de leve e rapidamente sua mao direita em seus labios enquanto grita 0 o o o K imita F por um instante e novamente bate as palmas das maos na mesa 0 educador aproximase e da as criancas seus pratos de comida A imitacao imediata frequente mente observada neste period evolue de uma sincronizacao dos ritmos posturais e das verbalizacOes dos par ceiros pelas criancas de 1 ano ate a criacao de brincadeiras colaborati vas no grupo de criancas de 2 anos com reproducao dos aspectos basicos dos comportamentos dos parceiros ApOs o recolhimento dos pratos do almoco Jefferson 27 Camila 27 Bruna 25 Lucas 20 Fabiana 26 e Rafael 25 aguardam que as educado ras os conduzam fora do refeitOrio Bru na sorridente sobe na cadeira e canta eh eh eh batendo palmas Camila sobe na cadeira olha para a pesquisado ra filmando e comeca a bater palmas cantando eh eh eh Jefferson sobe na cadeira e todas as criancas cantam eh eh eh corn excecao de Rafael que olha para urn menino sentado em outra mesa Ha de inicio uma maior submis sat das criancas a determinados ele mentos empiricos sons movimentos roupas e outros objetos que por suas caracteristicas culturalmente atribuidas possibilitam a reproducao de experien cias passadas atraves de gestos alta mente imitativos Ao mesmo tempo episOdios de imitacao diferida especi almente a do papel do adulto comecam a ser vistos nos grupos de criancas de 2 anos Joao 25 passa parte da sessao andando pela sala corn urn cachorro de pelticia enrolado em urn pedaco de pano mostrandoo a alguns companheiros e para a pesquisadora dizendo Olha o bebe Logo apOs ele sentase corn o cachorro em seu colo faz gesto de embalalo ergue sua prOpria camiseta e aproxima a boca do cachorro de pelticia de seu prOprio mamilo como em urn gesto de amamentalo Os gestos vdo sendo reproduzi dos de inicio de forma cada vez mail ligada a ajustes posturais mas corn o desenvolvimento ha crescente repro ducao da fala dos adultos Conforme reproduzem alguns gestos expressOes facials posturas corporals e verbal izaciies frequentemente encontra das em experiencias cotidianas as cri ancas sao facilmente vistas submetidas a rede de significados circulando na sauna e fazendo use simbOlico de alguns objetos Weber 24 e Alan 16 estão co mendo Uma das educadoras aproxima Moblviancla se defies e diz a Weber Come a caminha come Voce num to comendo e afasta se Alan exclama papa enquanto pega corn a mao algum arroz do prato de Weber Alan come o arroz e estende seu bray corn a paltna da mao aberta e voltada para cima na direcao de Weber Este de inicio continua a corner mas apOs uin cotucao insistente de Alan pega coin a colher alguma comida de seu prato e a coloca na boca aberta de Alan que a mastiga Weber volta a ofe recer comida a Alan mas este tambem the estende sua colher cheia de comida tine pegou de seu prato e the diz Que Ao redor dos tres anos e meio observamos um maior controle cognitivolinguistico da coordenacão de papeis As ethicas frequentemente dis cutem corn seus pares os elementos que definem os papeis sendo construidos na situacao Conforme a linguagem verbal mais efetivamente faz a mediacao do processo de coordenarem seus papeis as criancas mais velhas apresentam um enredo melhor planejado no qual algu mas representacCies estao sendo mais claramente negociadas Fabio 46 tinge derramar o con tend de uma garrafa plastica vazia so bre sua cabeca dizendo a Davi 42 Poe na cabeca assim junta suas maos em semiconcha e as esfrega sobre seu cabclo JA a coordenacao dos papeis assu midos pelas criancas de 4 a 6 anos con forme brincam de escolinha tainbem é mediada pelo material disponivel lapis cola folhas de papel que é usado para dar suporte a reproducao de alguns formatos interativos vividos pelas cri ancas na creche Alem disso etas bus cam promover uma organizacao espaci al na sala por exemplo dispondo as cadeiras em fila como em uma sala de aula tradicional de modo a criar um cenario para suas awes Neste cenario ha ainda maior ritualizacao dos gestos e coin os elementos disponiveis as cri ancas desempenham de um modo mui to estereotipado os papeis de professor e alunos No grupo C2 a meninxprofesso ra em pe arras da mesa colocada diante de uma fileira de cadeiras ocupadas pe las demais criancas olha para a porta em seguida para as criancas coloca as duas maos sobre a mesa levanta urn pouco o queixo para a frente e diz num torn solene e pausado Born dial As criancas a maioria delas olhando para a meninxprofessora respondem B000000m Dittmar Mais tarde a me ninaprofessora pergunta as criancas Voces que faze desenho Varias cri ancas respondem ao mesmo tempo Queeee A meninaprofessora conti nua Quern que faze levanta a mao Varias criancas de maos erguidas gri tam Eeuuuu A retomada pelas criancas no faz decosta da experiencia vivida na ativi dade coin a professora do grupo parece clara A crianca que atua como a profes sora facilmente assume tal papel complementada pelas awes adotadas pelos companheiros A reproducao de alguns rituals observados nas atividades pedagOgicas da creche como por exem pt o modo do professor disciplinar os alunos entretanto nä parece ser planejada de antemao mas surge como forma de solucionar certas situaceies criadas nas interaciies que as criancas Deiembro1996 estabelecem entre si Alguma bagunca criada conforme tentam sentarse em suas cadeiras e esperar pela distribuicäo de folhas de papel para nelas desenha rem 6 interpretada pela alunaprofesso ra como produzida por alunos indisciplinados que the requerem o de sempenho do papel de urn professor autoritArio A reproducao de situacfies pelas criancas maiores especialmente aquelas de 4 a 6 anos 6 portanto menos memOria em ac5o como nas criancas de 2 anos do que comportamento baseado em regras Gonsalves 1996 Ao imitar o outro as criancas necessitam captar o modelo em suas caracterfsticas basicas percebendoo a partir de sua plasticidade perceptivo postural conforme se ajustam afeti vamente a ele Com isso decodificam o conjunto de impressOes que captam do outro experimentando diversas possi bilidades de awes no meio ao qual est5o inseridas e diferenciando os elementos originais que säo trazidos para a situa cao presente A analise das interacOes que as criancas estabelecem apontou em todos os grupos que o desempenho de papers pela crianca se faz gracas a uma din5mi ca segmentay5o e unificacao de frag mentos de experiencias passadas em con textos de atividade sendo construidos no presente pelas Kees infantis 0 pro cesso dinamico estabelecido pelo fiuxo de interackies dos parceiros cria urn cam po de atividade interpessoal que requer a superacao de alguns momentos quan do os parceiros s5o vistos em urn estado major de fusão entre si e outros quando uma major diferenciacao dos papers sen do por eks desempenhada pode ser no tada 0 campo interpsicolOgico criado pelo processo de jogo de papers no qual a crianca e seus parceiros confrontam suas prOprias zonas de desenvolvimento proximal nos termos de Vygotsky levaos a representar a situacão de mo dos cada vez mais abstratos e a construir novas estruturas autoreguladoras de acão ou seja modos pessoais histori camente construidos de pensar sentir memorizar moverse gesticular etc Conclusiies Em ambientes culturalmente estruturados como e o caso da creche e da preescola a crianca interage ativa mente corn parceiros diversos em dife rentes atividades com seus objetos tare fas e papers Nesta interay5o ela vai construindo significacOes e formas cada vez mais complexas de sentir e pensar A crianca age sobre o meio segundo suas capacidades e as significacOes que atribue a situac5o mas cada uma de suas experiencias faz corn que ela sucessiva mente transforme aquelas capacidades e as significacOes jä elaboradas abrindo se para a construcäo de novos significa dos e modificando ao mesmo tempo sua forma de agir Neste processo o desenvolvimento tisk sOcioafetivo intelectual moral e estetico da crianca constituem aspectos integrados 0 desenvolvimento infantil e as sim ligado as condicaes de villa fami hares e extrafamiliares da crianca que criamlhe oportunidades para a constru cao de diferentes capacidades habi I ida des e valores E no espayo construido na interacilo que estabelece corn outran pessoas que ocorre a Kilo educative Ao Motrivialicia ser aux iliada por um parceiro mais com petente na realizacdo de uma tarefa a crianca desenvolve formas mais corn plexas de agir e de perceber suas prOpri as necessidades Na creche e na preescola a crian ca deve desenvolver sua capacidade de count n cacao e expressdo e de solucio nar problemas por conta prOpria ado tando formas cada vez mais complexas de raciocinio Deve aprender a agir corn responsabilidade crescente em relay do a seu ambiente fisico e social e a analisar criticamente sua prOpria atuacdo e a dos demais nas diversas situac Oes Para tan to ela precisa ser valorizada nas capaci dades que detnonstra e nas possibilida des de fazer novas aqui sic Oes de modo a trabalhar sua prOpria identidade fa zendo largo use da curiosidade e da criatividade ampliando o dominio de aspectos fundamentais de sua cultura e histOria Na creche e na preescola devem ser criadas condiyaes para que as crian gas interajam com os educadores e pro fessores e corn as outras criancas ern situagOes variadas de modo a desenvol verse em todos os seus aspectos elabo rar conhecimentos sobre si mesma e sobre o mundo ffsico e social construir uma autoimagem posit va ampliar sua capacidade de tomar iniciati vas e adotar estrategias de interacao cada vez mais eficazes e solithirias corn seus parceiros A brincadeira constitui o recurso privilegiado de desenvolvimento da cri anca em idade preescolar Nela afeto motricidade I inguagem e percepyao re presentacao memOria e outras funyOes cognitivas s do aspectos profundamente interligados A brincadeira favorece o equilIbrio afetivo da crianca e contribui para o processo de apropriacão de sig nos sociais Ela cria condicOes para uma transformacao significativa da consci encia infantil por exigir das criancas formas mais complexas de relaciona mento corn o mundo Atraves do brin car a crianca passa a compreender as caracteristicas dos objetos seu funcio namento os elementos da natureza e os acontecimentos sociais Ao mesmo tem po ao tomar o papel do outro na brinca deira ela comeca a perceber as diferen tes perspectival de uma situacäo o que the facilita a elaboracao do dialog inte rior caracteristico de seu pensamento verbal Bibliografia ELBERS E 1994 Sociogenesis and childrens pretend play a variation on Vygotskian Themes In W DeGraaf RMaier Eds Sociogenesis Reexamined pp 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de Psico logia Universidade de Sdo Paulo OLIVEIRA ZMR ROSSETTI FERREI ZA MC 1993 0 valor da interacdocriancaerianca em creches no desenvolvimento infantil Cader nos de Pesquisa 87 6270 OLIVEIRA ZMR VALSINER J no prelo Play and imagination the psychological construction of novelty In A Fogel MCLyra e J Valsiner Chairs Dynamics and Indeterminism in Developmental and Social Process Ablex ORTEGA R 1994 El juego sociodramatico como context para la compreensiOn social The socio dramatic game as a social unders tanding context In A Alvarez and P Del Rio Eds Education as Cultu ral Construction pp 7988 Vol 3 of Pdel Rio AAlvarez and JWertsch General Editors Explorations in SocioCultural Studies Madri FundaciOn Infancia y Aprendizaje PAULA EAT OLIVEIRA ZMR 1995 comida divers do e arte o coletivo infantil no almoco na cre che In Z M R Oliveira Org A crianca e seu desenvolvimento Sao Paulo Cortez pgs85104 VYGOTSKY LS 1979 Pensamen to e Linguagem Lisboa Antfdoto WALLON H 1981 A evoluciio psico 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