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Cursos Gerais ·

Automação Industrial

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Autor Prof Paulo Afonso Rodi Colaboradores Prof Pedro José Gabriel Ferreira Profa Laura Cristina da Cruz Dominciano Ergonomia Professor conteudista Paulo Afonso Rodi Formado em Engenharia Mecânica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Epusp bacharel em Física pelo Instituo de Física da USP e Técnico em Mecânica de Precisão pela Escola Senai SuíçoBrasileira Possui mestrado em Engenharia Mecânica pela Epusp e trabalha desde 1984 em empresas nacionais e internacionais no desenvolvimento de projetos de equipamentos e produtos para os setores automotivo militar metal mecânico industrial plástico nuclear e de tecnologias assistivas Em 2014 recebeu o Prêmio de Melhor Desenvolvimento Tecnológico em Plásticos de Engenharia com a Roda com Marcha para Cadeiras de Rodas criada no Centro Tecnológico Mueller e por ele idealizada Em 2017 iniciou a carreira de docência na Universidade Paulista UNIP ministrando as disciplinas de Métodos de Fabricação Mecânica e Projeto de Elementos de Máquinas para os cursos de Engenharia Mecânica e de Produção Atualmente leciona disciplinas ligadas ao ensino tecnológico para os cursos de Engenharia na UNIP Todos os direitos reservados Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma eou quaisquer meios eletrônico incluindo fotocópia e gravação ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista Dados Internacionais de Catalogação na Publicação CIP R692e Rodi Paulo Afonso Ergonomia Paulo Afonso Rodi São Paulo Editora Sol 2020 92 p il Nota este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP Série Didática ISSN 15179230 1 Ergonomia 2 Fatores ambientais 3 Biomecânica ocupacional I Título CDU 331827 W50409 20 Prof Dr João Carlos Di Genio Reitor Prof Fábio Romeu de Carvalho ViceReitor de Planejamento Administração e Finanças Profa Melânia Dalla Torre ViceReitora de Unidades Universitárias Prof Dr Yugo Okida ViceReitor de PósGraduação e Pesquisa Profa Dra Marília AnconaLopez ViceReitora de Graduação Unip Interativa EaD Profa Elisabete Brihy Prof Marcelo Souza Prof Dr Luiz Felipe Scabar Prof Ivan Daliberto Frugoli Material Didático EaD Comissão editorial Dra Angélica L Carlini UNIP Dra Divane Alves da Silva UNIP Dr Ivan Dias da Motta CESUMAR Dra Kátia Mosorov Alonso UFMT Dra Valéria de Carvalho UNIP Apoio Profa Cláudia Regina Baptista EaD Profa Betisa Malaman Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico Prof Alexandre Ponzetto Revisão Vitor Andrade Jaci Albuquerque de Paula Spring showers bring May flowers Sumário Ergonomia APRESENTAÇÃO 7 INTRODUÇÃO 7 Unidade I 1 A ERGONOMIA NO CONTEXTO DE ENSINO DA ENGENHARIA 9 11 A importância da disciplina para o mercado de trabalho dos engenheiros mecânicos no Brasil 10 12 Conceito da ergonomia 11 13 Objetivos da ergonomia 14 14 A evolução da ergonomia 14 15 Regulamentação da ergonomia e associações de estudo 15 2 NOÇÕES DE FISIOLOGIA APLICADA AO TRABALHO 17 21 Idade fadiga vigilância e acidentes 18 22 Noções de biomecânica 20 23 Fisiologia 21 24 Antropometria 22 3 DIMENSIONAMENTO DE POSTOS DE TRABALHO25 31 Postura e movimentos26 32 Limitações sensoriais 31 33 Dispositivos de controle 38 34 Dispositivos de informações 40 35 Sistema homemmáquina 42 4 TRABALHO EM TURNO 43 41 Ritmo biológico circadiano 43 42 Temporalidades sociais da vida fora do trabalho 44 43 Dinâmica temporal das atividades de trabalho 44 44 Formas de regulação pessoal para enfrentar o trabalho em turno 45 45 Organização em trabalhos coletivos 45 46 Regulações fora do trabalho 45 47 Contar com seus ritmos biológicos 46 48 Prática do trabalho em turnos ao longo dos anos 46 49 Recomendações para a organização dos trabalhos 46 Unidade II 5 CONFIABILIDADE TÉCNICA E CONFIABILIDADE HUMANA 51 51 Confiabilidade técnica 51 52 Confiabilidade humana 52 53 Classificação das falhas humanas 53 54 Classificação dos erros 53 55 Classificação das transgressões 54 6 AMBIENTE DE TRABALHO FATORES AMBIENTAIS 55 61 Ruídos 55 62 Vibrações 57 63 Iluminação 59 64 Clima 60 65 Substâncias químicas61 7 BIOMECÂNICA OCUPACIONAL 61 71 BMOcup 61 72 Posturas corporais 63 73 Aplicação de forças características dos movimentos 64 74 Transmissão de forças manuais 64 75 Levantamento de cargas 66 76 Equação de Niosh para determinação do peso limite recomendável 67 8 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 71 81 Tarefas 72 82 Cargos 72 83 Organização do trabalho 73 84 Método ergonômico 74 85 Estudo de caso cadeira de rodas com marcha 76 7 APRESENTAÇÃO Este livrotexto apresenta os fundamentos teóricos e práticos associados à ergonomia que são necessários para selecionar e elaborar postos de trabalho fabris e novos produtos Nesse contexto destacamse a avaliação de produtos e as organizações produtivas já existentes Acentuamse os principais aspectos funcionais do ser humano que no modelo idealizado homemmáquinaambiente desempenha o papel de maior relevância e em muitos casos tais aspectos são limitantes A ação ergonômica contribui na correção da idealização inicial de um produto Há ilustrações de diversos exemplos reais neste livrotexto que apresentam sucintamente muitas recomendações práticas importantes quanto aos novos empreendimentos de projetos com foco na adaptação do ambiente ao trabalhador Para ampliar o conhecimento há várias referências feitas ao longo do texto assim o aluno poderá fazer consultas mais especializadas Ao assimilar tais conteúdos desejase que o aluno se sinta estimulado a trabalhar na área de ergonomia contribuindo com a sociedade no futuro INTRODUÇÃO Engenharia é uma ciência aplicada a um largo espectro de atividades humanas Dedicase ao emprego de conceitos científicos ou de evidências empíricas para projeto construção operação ou serviços de manutenção de estruturas máquinas dispositivos diversos produtos processos fabris materiais A bioengenharia um segmento importante dedicado a projetos relacionados ao setor da saúde humana contribui eficazmente com o desenvolvimento das próteses de membros amputados ou por meio de outras tecnologias assistivas Esta disciplina reúne de maneira científica diversos saberes de outras disciplinas não só do campo técnico mas também das ciências humanas como psicologia anatomia fisiologia e biomecânica assumindo portanto o caráter multidisciplinar Em geral estudantes de engenharia iniciam seus estudos com uma dose maior de informações exclusivamente técnicas necessárias para a solução de diversos problemas préelaborados o que é vital para sua formatação mental e treinamento para enfrentar os reais desafios do futuro É natural haver maior preocupação com fórmulas equações e métodos de solução computacionais que o ajudem a tratar as questões técnicas No entanto quando se percebe que um elemento complexo não fácil de modelar matematicamente está presente em quase tudo o que se desenvolve no mundo para o qual tudo é feito isto é o indivíduo humano aí é que as coisas se tornam muito mais difíceis de serem resolvidas pois nesse sistema ambientehomemmáquina as interações nas interfaces não têm um tratamento muito bem estabelecido para muitas das diversas situações 8 De início apresentase a importância desta disciplina nos cursos de engenharia bem como conceito objetivos surgimento e evolução até hoje Tratase das regulamentações aplicadas no âmbito nacional e internacional aspectos fisiológicos do trabalhador e limitações decorrentes de idade e cansaço motivos para uma adequação específica de postos de trabalho e estabelecimento eficiente de jornadas de atividade Estudase o conteúdo prático referente ao correto movimento corporal gestos posturais formas de captação sensorial de informações e seu uso no modelo idealizado homemmáquinaambiente muito difundido para o estudo e análise do indivíduo nesse sistema Em suma primeiramente tratase a ergonomia sob os aspectos humanos envolvidos Posteriormente fazse uma abordagem qualitativa e quantitativa dos principais aspectos do meio ambiente que influenciam o desempenho e o bemestar do indivíduo em suas atividades produtivas A aplicação prática da biomecânica musculoesquelética na execução de estudo ergonômico de atividades e de projeto é enfatizada Alguns exemplos de aplicação são citados para demonstrar o valor do método ergonômico no desenvolvimento ou na avaliação de produtos e elaboração de postos de trabalho Serão analisados os fatores ambientais no trabalho como clima ruído vibrações iluminação e toxicidade cujas influências sobre o desempenho de atividades e saúde do indivíduo podem ser benéficas ou danosas Diversas recomendações para o bom projeto de postos de trabalho serão acentuadas Por fim destacase um estudo de caso sobre a aplicação da ergonomia em projeto de produto voltado à tecnologia assistiva Um bom estudo desse conteúdo é o que desejo a você caro leitor 9 ERGONOMIA Unidade I O intuito deste livrotexto é trazer de forma sucinta porém didática os conhecimentos básicos envolvidos na compreensão dos conceitos e da terminologia própria de ergonomia Apesar da vasta abrangência dos estudos ergonômicos aplicados ao desenvolvimento ou avaliação de produtos organização de postos de trabalho ou mesmo no leiaute de uma fábrica inteira foi necessário ilustrar o foco de interesse dos alunos da área de engenharia tendo em vista sua aplicação como material de apoio para cursos de ensino a distância EaD Inicialmente destacase o que é ergonomia situando sua origem e evolução mundial nos últimos anos as regulamentações envolvidas especialmente no Brasil NR17 para as empresas profissionais com o objetivo de melhor adaptação do local de trabalho às necessidades dos trabalhadores promovendo maior eficiência na execução das atividades 1 A ERGONOMIA NO CONTEXTO DE ENSINO DA ENGENHARIA O contexto atual do ensino de ergonomia e projeto nos cursos de ensino superior apresenta uma série de desafios ao professor por um lado temse a aparente distância entre as discussões conceituais subjetivas inerentes ao campo da ergonomia e a característica prática recorrente à disciplina de projeto por outro a grande diversidade de áreas de formação e interesses dos alunos pode acarretar a incompreensão da real importância da área de ergonomia e projeto possivelmente causando a falta de interesse em alguns alunos BRAATZ et al 2017 A ergonomia pode contribuir para solucionar diversos problemas sociais relacionados a saúde segurança conforto e eficiência Muitos acidentes podem ser causados por erros humanos Estes podem ocorrer com aviões carros guindastes ou tarefas domésticas Analisandoos concluise que são causados pelo relacionamento inadequado entre os operadores e suas tarefas A probabilidade de ocorrência dos acidentes pode ser reduzida quando se consideram adequadamente as capacidades e limitações humanas e as características do ambiente durante o projeto do trabalho DUL WEERDMEESTER 2016 A evolução dos processos de trabalho demanda o aprendizado contínuo para tornarse mais competente e eficaz sendo um imperativo nas organizações que buscam maior competitividade portanto é uma questão central para a psicologia do trabalho a psicologia educacional a educação profissional e a ergonomia ANTIPOFF LIMA 2017 Atualmente a ergonomia abrange sistemas complexos nos quais dezenas ou até centenas de homens máquinas e materiais interagem continuamente entre si na realização de um trabalho Abarca quase todos os tipos de atividades humanas em especial no setor de serviços como saúde educação transporte lazer e até no estudo de trabalhos domésticos IIDA BUARQUE 2005 10 Unidade I 11 A importância da disciplina para o mercado de trabalho dos engenheiros mecânicos no Brasil A ergonomia nasceu após a Segunda Guerra Mundial quando engenheiros psicólogos e fisiologistas trabalhavam em conjunto para propor soluções práticas às demandas extremas de trabalho às quais os operários envolvidos no esforço de guerra eram submetidos Com esse trabalho inicial e de natureza interdisciplinar nascia um novo campo de estudo cujo objetivo era analisar o sistema formado pelo homem e o seu ambiente de trabalho evidenciando os possíveis fatores de estresse muscular e consequentemente fadiga riscos à saúde e eventuais acidentes Avaliavase a desmotivação para a realização de tarefas que à época eram de natureza repetitiva Nesse contexto a presença de engenheiros nessa equipe multidisciplinar já era vital tendo em vista seus conhecimentos competências e habilidades desenvolvidas para a solução de problemas No âmbito atual das atividades industriais não é apenas o engenheiro mecânico o responsável pela condução dos projetos de ergonomia associados a todas as interações do trabalhador em seu local de trabalho existentes em uma indústria qualquer profissional de engenharia pode sêlo As atribuições inerentes ao cargo do engenheiro ergonomista vão desde a adequação de postos de trabalho às limitações físicas e cognitivas do trabalhador leiautes organizacionais avaliações de situações de risco à segurança no trabalho até a metodologia de incentivos à participação eficiente na produção O objetivo alcançado é demonstrado pela métrica do resultado auferido na operação fabril índice de refugo muito baixo sem ocorrências de acidentes e afastamentos do trabalhador maior rentabilidade do negócio e não menos importante a maior satisfação do colaborador envolvido no processo produtivo Notase portanto a grande relevância e contribuição do engenheiro nesse campo de trabalho O projeto da ergonomia orientase para a adaptação do trabalho ao homem com o objetivo de associar a saúde dos trabalhadores cognitiva e mental a sua eficácia no trabalho Todavia a formação das pessoas seja ela um meio seja ela um objetivo da intervenção no trabalho constitui uma ação que permite à ergonomia contribuir para o desenvolvimento de três domínios interdependentes A concepção de produtos e sistemas de produção de bens ou serviços orientada pelo uso e pelo utilizador A construção da saúde a promoção da segurança no trabalho e a prevenção dos riscos profissionais O reconhecimento de competências o desenvolvimento da especialização profissional dos trabalhadores e a transmissão da experiência no trabalho considerando as condições de produção LACOMBLEZ TEIGER 2014 Por isso o aprendizado da ergonomia no âmbito dos cursos de engenharia é um fator essencial no desenvolvimento de uma dinâmica de concepção do espaço de trabalho capaz de produzir experiências de sua aplicação no contexto do ensino de uma metodologia de análise Essa aproximação da teoria à prática é o que possibilita o projeto de melhorias pretendidas por meio da articulação dos conceitos relevantes à temática e promove um maior engajamento dos alunos no processo de aprendizagem 11 ERGONOMIA O profissional que trabalha nessa área é o ergonomista Dependendo do país essa titulação pode ser obtida por meio de um curso de graduação embora no Brasil ainda não esteja disponível somente em nível de pósgraduação na modalidade de especialização ou pela prática O sistema certificador estabelecido pela Associação Brasileira de Ergonomia Abergo Norma ERG BR 0000 de 492004 possibilita o credenciamento do ergonomista no País 12 Conceito da ergonomia Historicamente o termo ergonomia foi criado na Inglaterra 1949 por um grupo de pesquisadores interessados em formalizar esse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência para o estudo da relação do homem produtivo com o seu ambiente de trabalho Daí em diante os antigos termos fisiologia e psicologia do trabalho então voltados para tais estudos foram abandonados na Europa e substituídos por ergonomia do grego ergon que significa trabalho e nomos que expressa leis regras ou normas Designa a ciência do trabalho que se aplica a todos os aspectos da atividade humana IEA sd Também chamada de engenharia dos fatores humanos ergonomia é a disciplina voltada ao entendimento das interações do homem com os demais elementos de um sistema aplicando teorias e métodos analíticos para otimizar o seu desempenho e bemestar aumentando sua eficiência e produtividade nas tarefas realizadas Os ergonomistas contribuem no projeto de produtos avaliação de tarefas serviços e ambiente de trabalho de forma sistêmica a fim de compatibilizálos às habilidades necessidades e limitações da pessoa Figura 1 Ergonomia harmoniza a interação do homem com suas habilidades limitações e necessidades 12 Unidade I A ergonomia lida com conteúdo de base com diagnósticos e com projetos Nesse particular cabe fazer uma importante distinção entre ela e as práticas de projeto como a arquitetura o design e a engenharia bem como as que operam sobre diagnósticos como a medicina a fisioterapia e a administração separandoas ainda das disciplinas de base como a anatomia a fisiologia a psicologia e mais recentemente a linguística A ergonomia se situa entre todas essas áreas buscando das disciplinas de base elementos e conhecimentos que examinados à luz de seu estudo particular da atividade de trabalho permitem enriquecer os diagnósticos e esclarecer os modelos conceituais para um projeto programação necessidades ou projeto básico Onde se colocar a relação sociotécnica entre pessoas tecnologia e organização ali estará a ergonomia É essencial diferenciar a ergonomia das disciplinas correlatas e das que empregam seus resultados Assim como a medicina não engloba a química no caso de exames laboratoriais a engenharia não envolve o cálculo infinitesimal nos projetos estruturais Então não é correto apontar a ergonomia como um capítulo da engenharia de segurança do design de produtos da arquitetura de locais de trabalho tampouco como um conteúdo da medicina do trabalho da fisioterapia preventiva ou da administração da produção Relatos acerca de situações do cotidiano pessoal ou profissional de milhares de pessoas pelo mundo afora revelam que a atividade produtiva de homens e mulheres jovens e idosos sadios ou adoentados não é tão simples como parece deve ser objeto de estudo mais embasado análise mais elaborada A isso é que se propõe a ergonomia produzir esse entendimento para que mudanças e decisões tecnológicas sejam mais bem aplicadas Assim a saúde das pessoas a eficiência dos serviços e a segurança das instalações estarão sendo efetivamente incorporadas à vida das organizações e em seu cotidiano Um exemplo que pode ilustrar a ação ergonômica em projetos de produtos é apresentado a seguir na figura dois leiautes distintos da grafia de instrumentos de painéis veiculares são mostrados e podemos notar o indicador de velocidade e o contagiros do motor Na ilustração A é claro que à esquerda está o indicador de rotações do motor e à direta o velocímetro pois as escalas numéricas utilizadas nas cifras impressas são bem distintas entre si O mesmo não acontece com o mostrador em B A B Figura 2 Exemplos de painéis de instrumentos veiculares A percepção correta B sujeito à má interpretação pelo motorista 13 ERGONOMIA Na imagem B a aparente confusão e má interpretação das grandezas ilustradas no indicador poderiam até causar um acidente de trânsito ou no mínimo uma multa por excesso de velocidade caso o motorista entendesse que sua velocidade por exemplo fosse de 30 kmh observando o instrumento à direita quando na realidade poderia ser 60 kmh ou 70 kmh observação do instrumento à esquerda dado que ambas as leituras não são dependentes entre si em um automóvel típico A rigor sabese que instrumentos alinhados ou muito próximos devem ter suas escalas numéricas feitas de forma bem distintas com incrementos entre as cifras também distintos de forma a minimizar as possibilidades de má interpretação para qualquer usuário Esse exemplo em particular está associado à capacidade cognitiva do homem em relação aos outros componentes do sistema nesse caso o habitáculo do automóvel Observação Lembrese de que a ergonomia trabalha com diversos conceitos multidisciplinares e por isso é uma área bastante complexa cujo domínio leva um bom tempo para o seu aprendizado Em tudo que é feito para o uso humano há uma boa parcela da aplicação dos conceitos e das técnicas ergonômicas Saiba mais As interfaces homemsistema IHSs são as partes importantes de uma planta industrial na qual as pessoas interagem para realizar suas funções e tarefas As IHSs incluem alarmes mostradores de informação e controles Um exemplo de aplicação da ergonomia no desenvolvimento de uma nova tela de visão geral de uma planta nuclear simulada sob procedimentos de operação em emergência pode ser vista no site a seguir OLIVEIRA M V MOREIRA D M CARVALHO P V R Construção de interfaces para salas de controle avançadas de plantas industriais Ação Ergonômica Revista Brasileira de Ergonomia v 3 n 1 p 18 2007 Disponível em httpwwwabergoorgbrrevistaindexphpaearticle download5754 Acesso em 11 set 2019 Para ilustrar o que já foi feito e poder aprender por meio de exemplos reais em projetos de produtos alguns até engraçados pela falta de ergonomia acesse wwwbaddesignscom A ergonomia tem o fito de responder às demandas acerca da atividade de trabalho e do uso de produtos Demandas que estabelecem campos de interesse amplos e diversificados que abrangem 14 Unidade I temas que vão da anatomia à teoria das organizações do cognitivo ao social do conforto à prevenção de acidentes e que por isso mesmo estão acima da capacidade de um profissional requerendo multidisciplinaridade para formar uma equipe e interdisciplinaridade para que possam trabalhar juntos e conseguir bons resultados 13 Objetivos da ergonomia Podemos afirmar que o objetivo desta disciplina é duplo De um lado um propósito centrado nas organizações e no seu desempenho que pode ser aprendido sob diferentes aspectos eficiência produtividade confiabilidade qualidade durabilidade etc De outro um objetivo centrado nas pessoas desdobrandose em diferentes dimensões segurança saúde conforto facilidade de uso satisfação interesse do trabalho prazer etc FALZON 2007 Entre alguns de seus objetivos básicos estão oferecer conforto ao trabalhador e prevenir a ocorrência de acidentes de trabalho bem como de patologias específicas para determinado tipo de tarefa laboral Os procedimentos ergonômicos contribuem para a diminuição do cansaço bem como tornam eficientes os procedimentos que se propõem a evitar lesões ao trabalhador Verificase que a segurança no trabalho e a prevenção dos acidentes laborais são temas de extrema relevância Para tanto a ergonomia propõese à criação de locais adequados e de apoios ao trabalho à criação de métodos laborais e sistemas de retribuição de acordo com o rendimento à determinação de horários ritmo de trabalho entre outros procedimentos sempre contemplando a empresa e suas relações estabelecidas com os trabalhadores sob uma ótica humanitária Ora fica claro que não é o trabalhador que tem que se adaptar às condições de trabalho e sim o contrário não somente às questões físicas mas às suas características psicofisiológicas como atenção estresse pressão por resultado etc 14 A evolução da ergonomia Já na PréHistória havia a adaptação de ferramentas a uma atividade específica Naquele tempo o homem moldava uma pedra à sua mão para facilitar os movimentos e poder caçar melhor ou defenderse de inimigos Na era da produção artesanal as atividades também eram adequadas às necessidades humanas mas a Revolução Industrial imprimiu um novo ritmo de trabalho obrigando os empregados a se sujeitarem a jornadas mais longas de trabalho e em ambientes muitas vezes insalubres No fim do século XIX surge nos EUA o movimento da administração científica também chamado de taylorismo quando estudos sistemáticos sobre o trabalho começam a ser realizados Na Europa na mesma época os estudos da área de fisiologia humana são transferidos para o terreno prático dos trabalhadores de minas de carvão e fundições onde se verificavam grandes esforços e gastos de energia em situações muito insalubres Novos interesses em fadiga muscular e aptidão física impulsionaram outros institutos de pesquisa a desenvolverem estudos interdisciplinares com a psicologia e a fisiologia do trabalho nas áreas de postura corporal manuseio de cargas iluminação e ventilação de postos de trabalho entre muitas outras 15 ERGONOMIA O esforço de guerra gerado pela Segunda Guerra Mundial trouxe como contribuição positiva à ergonomia a necessidade de adaptação do manuseio de artefatos bélicos às características e capacidades físicas do soldado de forma a melhorar seu desempenho reduzindo a fadiga e o nível de acidentes no ambiente de batalha Com o fim da guerra os conhecimentos adquiridos nesse campo da ergonomia puderam ser aplicados na vida civil contribuindo para as condições de trabalho e produtividade dos trabalhadores Muitos estudos realizados a partir de então foram direcionados a melhorias nos sistemas de interface homemmáquina como em aviões embarcações navais automóveis aparelhos domésticos beneficiando de maneira mais ampla a população Seguindo essa evolução a primeira associação científica de ergonomia foi a Ergonomics Research Society fundada na Inglaterra no início da década de 1950 Nos Estados Unidos fundase a Humar Factors Society em 1957 A terceira associação surgiu na Alemanha em 1958 A partir disso durante as décadas de 1950 e 1960 a ergonomia difundiuse rapidamente em diversos países principalmente no mundo industrializado Em 1961 criouse a Associação Internacional de Ergonomia International Ergonomics Association IEA que agrega hoje as associações de ergonomia dos diversos países No Brasil a Associação Brasileira de Ergonomia Abergo foi fundada em 1983 Saiba mais Para ampliar seu conhecimento sobre a história da ergonomia na Europa recomendase a seguinte leitura FALZON P Ergonomia São Paulo Edgard Blücher 2007 15 Regulamentação da ergonomia e associações de estudo A Abergo com sede no Rio de Janeiro é uma associação sem fins lucrativos formada com o objetivo do estudo das interações das pessoas com a tecnologia a organização e o ambiente considerando as suas necessidades habilidades e limitações promovendo a divulgação desses resultados por meio de simpósios publicações e cursos nessa área Também é a responsável por conceder o certificado de ergonomista aos profissionais da área que atuam no Brasil Nesse contexto com o fito de regulamentar e fixar parâmetros procedimentos e metas para tal surgiu a Norma Regulamentadora 17 Ergonomia do Ministério do Trabalho e Emprego regulamentada pela Portaria 3214 de 8 de junho de 1978 que aprova as normas regulamentadoras do Capítulo V Título II da Consolidação das Leis do Trabalho CLT relativas a Segurança e Medicina do Trabalho A NR17 é de extrema relevância pois algumas doenças de trabalho são desenvolvidas a partir da exposição ao risco ergonômico que muitos trabalhadores estão sujeitos por exemplo lesões por esforços repetitivos LER trabalhos realizados em pé durante toda a jornada levantamentos de cargas monotonia 16 Unidade I De início a NR17 foi criada para um grupo específico de trabalhadores pessoas que lidavam com processamento eletrônico de dados tanto que ao longo do texto da norma nos deparamos diversas vezes com expressões como toques sobre o teclado toques reais exigidos pelo empregador não deve ser superior a exigência de produção processamento eletrônico de dados terminais de vídeo a exigência de produção em relação ao número de toques No entanto hoje abrange as mais diversas categorias de trabalho Nesse passo para garantir a eficácia dessa norma de acordo com o que estabelece o subitem 1712 da NR17 cabe ao empregador realizar a chamada análise ergonômica do trabalho AET o que é feito por qualquer profissional capacitado para tal que irá elaborar um laudo descritivo de análise ergonômica No que consiste tal análise Consiste em um processo que divide a linha produtiva em vários seguimentos para que se tenha conhecimento das tarefas a serem realizadas quais ações são desempenhadas para executálas como as atividades são elaboradas bem como quais as dificuldades encontradas pelos trabalhadores A partir dessa análise é possível definir os procedimentos ergonômicos a serem desenvolvidos Nos dias atuais as empresas que pretendem sobreviver no mercado globalizado e extremamente competitivo devem desenvolver uma estrutura ergonomicamente projetada para seus trabalhadores visando não apenas ao aumento de produtividade mas também com objetivo de melhorar constantemente a imagem da empresa junto aos seus colaboradores É possível estabelecer a aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho por meio dos seguintes passos Elaboração do programa de ergonomia que consiste no levantamento dos riscos ergonômicos e na concepção do programa de ergonomia Conscientização dos funcionários que se dá através de treinamentos e palestras para sua conscientização acerca dos riscos ergonômicos e formas de prevenção Aperfeiçoamento do programa de ergonomia o que é feito por meio de correção e aperfeiçoamento do programa de ergonomia aplicado no ambiente de trabalho Em nível internacional a International Organization for Standardization ISO elabora diversas normas com a participação de entidades interessadas e especialistas em ergonomia Saiba mais Uma lista completa dessas normas pode ser encontrada em wwwisoorg A abrangência das normas ISO compreende aspectos gerais em ergonomia tratando de segurança de máquinas projeto do produto posto de trabalho e equipamento normas para postura e movimento 17 ERGONOMIA biomecânica antropometria normas para informação e operação interfaces software mostradores e controles normas sobre fatores ambientais ruídos vibrações iluminação clima normas sobre organização do trabalho carga de trabalho normas sobre o método ergonômico DUL WEERDMEESTER 2016 Há diversas associações que congregam entidades interessadas no estudo e desenvolvimento da ergonomia em nível mundial Ergonomics Society criada na Inglaterra em 1949 é a mais antiga associação de ergonomia do mundo International Ergonomics Association IEA fundada em 1961 congrega 40 associações de ergonomia de vários países representando cerca de 19 mil ergonomistas A IEA desenvolveu um diretório de cursos de ergonomia no mundo Human Factors and Ergonomics Society HFES instaurada em 1957 nos EUA congrega cerca de 4500 ergonomistas de vários países Federation of European Ergonomics Societies FEES com 15 associações de ergonomia da Europa ligadas à International Ergonomics Association IEA representa cerca de quatro mil sócios Também há empresas internacionais que fornecem muitas informações úteis nessa disciplina Ergonomics Abstracts provê uma base de dados sobre livros e artigos em ergonomia publicados em periódicos e apresentados em congressos Ergoweb apresenta informações sobre ergonomia veiculadas pela empresa americana Ergoweb Inc Usernomics é uma empresa que atua na usabilidade de softwares hardwares e postos de trabalho Observação No fim deste livrotexto há a indicação dos sites das associações citadas anteriormente 2 NOÇÕES DE FISIOLOGIA APLICADA AO TRABALHO O corpo humano pode ser entendido como um complexo mecanismo de elos o esqueleto interconectados por juntas articulações e acionados por atuadores músculos localizados adequadamente ligamentos Por meio desse intrincado mecanismo controlado por uma lógica igualmente complexa o cérebro é dada a capacidade ao homem de assumir inúmeras posturas e realizar movimentos diversos Como em todo mecanismo dependendo da postura e da carga condição estática ou do movimento sob carga condição dinâmica o gasto energético ou mesmo do nível atingido das forças em seus elementos pode assumir magnitudes muito elevadas e danificar em certo grau o seu desempenho ou até causar a sua total ruptura decorrente das altas tensões provocadas por algumas combinações inadequadas 18 Unidade I Por essa razão a postura e o movimento corporal têm grande importância na ergonomia das tarefas em postos de trabalho envolvendo as diversas situações usuais na posição sentada em pé levantando e movimentando cargas 21 Idade fadiga vigilância e acidentes O envelhecimento da população ativa nos países industrializados é um fato observado e decorrente de fatores diversos diminuição da taxa de fecundidade nas últimas décadas entrada tardia de jovens no mercado de trabalho em razão do efeito combinado da escolaridade mais longa exigida e do desemprego e a dificuldade imposta pelos limites mais altos de idade para a aposentadoria Os trabalhadores mais velhos são confrontados às condições modernas do trabalho como Respeito a normas de produção e prazos estritos tendo que responder com urgência a flutuações de demandas sem haver estratégias mais apropriadas ao seu envelhecimento Irregularidade e imprevisibilidade de horários especialmente em trabalho noturno sem uma adequada planificação antecipada opondose à buscada regularidade pelos que estão envelhecendo E os horários que pressupõem trabalhar em defasagem em relação aos ritmos biológicos acabam acentuando a fragilização devido à idade das regulações dos ritmos vigíliasonorefeições O ritmo rápido nas reestruturações industriais e a busca de flexibilidade nos postos de trabalho trazem a consequente pressão do tempo de aprendizagem aos mais velhos que não são mais adaptados a tais situações de mudanças e assim comprometem a valorização e a consolidação de sua experiência mais vasta O trabalho também interfere nas transformações que ocorrem com a idade Por um lado o trabalho e suas condições de execução agem sobre os processos de envelhecimento sobre o declínio de certas capacidades e sobre as modalidades de construção da experiência tratase do envelhecimento pelo trabalho Por outro as transformações do indivíduo facilitam ou tornam difícil a execução do trabalho nas condições impostas pelo sistema de produção tratase então do envelhecimento em relação ao trabalho com consequências negativas fadiga aumentada baixa no desempenho desqualificação profissional ou positivas rearranjo eficiente da maneira de trabalhar mobilidade ascendente etc Confrontada com essa evolução cabe à ergonomia ter uma visão precisa e sensível para propor alternativas inteligentes à concepção de novos meios de trabalho que possam abranger em resumo as modificações decorrentes com o avanço da idade Diminuição da capacidade de esforço físico intenso e da mobilidade articular Fragilização do sistema de equilíbrio do corpo que explica a frequência de quedas entre os mais velhos 19 ERGONOMIA Diminuição das capacidades sensoriais principais na aquisição de informação a visão e a audição sendo que as demais são pouco afetadas no decorrer da vida ativa Fragilização do sono e da regulação vigíliasono decorrente da perturbação do ciclo biológico ritmo circadiano o que explica a diminuição da tolerância ao trabalho em turnos ou noturno com a idade Diminuição na velocidade do tratamento da informação e portanto do processo decisório que em parte se explica pelo desenvolvimento de comportamento de prudência de verificação e torna o trabalho sob pressão de tempo cada vez mais difícil de lidar com a idade Fragilização da memória imediata e da atenção continuada partilhada alternada ou seletiva tornando mais difícil lidar com os modernos meios de produção multitarefas Alguns desses problemas podem encontrar soluções na concepção dos meios de trabalho ajuda na manutenção reforço das características físicas das informações ou modalidades de sua redundância lembretes Outros requerem modificações da organização do trabalho Outros ainda excluem os mais velhos de certos postos passagem do trabalho em turnos ou noturno para um de dia com mudança de ofício é preciso portanto prever antecipadamente sua realocação com uma formação prévia FALZON 2007 Outro aspecto vital que está relacionado ao grau de atenção exigido por um tipo de tarefa e a eventualidade de acidentes gerados por uma diminuída vigilância é a fadiga do trabalhador Todo projeto ergonômico deve procurar balancear o gasto energético para uma desejada produtividade com redução da fadiga No campo da aviação por exemplo os problemas mais observados na relação homemmáquinameio durante a operação aérea estão relacionados com a carga de trabalho do piloto É notável que a automação trouxe significativa redução da carga física de trabalho dos pilotos com a simplificação de inúmeras tarefas que outrora demandavam uma ação mecânica da tripulação técnica Entretanto houve aumento substancial de sua carga cognitiva de trabalho através da qual o estresse no sentido de tensão mental a confusão e a fadiga mental se fazem mais presentes no cotidiano operacional ABREU JÚNIOR 2008 A NR17 no seu item 1742 também faz menção à fadiga visual nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação datilografia ou mecanografia No posto de trabalho deve ser montado um suporte adequado para documentos que possa ser ajustado proporcionando boa postura visualização e operação evitando movimentação frequente do pescoço e fadiga visual BRASIL 2002 Como citado anteriormente diversos princípios importantes da ergonomia derivamse de outras áreas do conhecimento como a biomecânica a fisiologia e a antropometria Esses conhecimentos são vitais para formular as recomendações sobre a postura e a movimentação que contribuem para reduzir os níveis de estresse tensão muscular e de fadiga possibilitando melhor produtividade na atividade 20 Unidade I 22 Noções de biomecânica Nesse campo aplicamse as leis da física para o estudo da mecânica do corpo humano podendose estimar as tensões desenvolvidas nas ligações dos músculos à estrutura óssea e as reações nas articulações bem como determinar os respectivos níveis seguros para não ocasionar lesões tanto em nível estático como dinâmico por longos períodos de atuação fadiga Trabalho estático O trabalho estático é aquele que exige contração contínua de alguns músculos para manter uma determinada posição Esse tipo de contração que não produz movimentos da estrutura óssea é chamado de contração isométrica O tempo de permanência da contração aplicada cuja magnitude nunca deverá ser superior a 100 da força máxima suportada pelos respectivos músculos em ação é uma função dessa magnitude Em suma níveis mais elevados de força requerem tempo de permanência menor da contração Para esforços repetitivos ao longo de uma jornada de trabalho a carga estática não deve superar aproximadamente 8 da força máxima para evitar o aparecimento ao longo de determinado prazo de execução da atividade de dores e sinais de fadiga conforme mostrado na figura a seguir Por exemplo com 50 do esforço muscular máximo o tempo suportável seria de aproximadamente um minuto Duração versus esforço muscular 1000 100 10 1 01 0 10 30 50 70 90 20 40 60 80 100 Esforço muscular Duração minutos Figura 3 Limitação de esforço muscular localizado contínuo Trabalho dinâmico Ocorre quando há contrações e relaxamentos alternados dos músculos como em atividades de movimento corporal exigindo maior circulação sanguínea a qual promove maior oxigenação muscular e consequentemente aumentando a resistência à fadiga Portanto o trabalho estático é muito mais fatigante e deve ser evitado ou ao menos aliviado por meio de mudanças de postura e utilização de apoios para partes do corpo com o objetivo de reduzir as contrações estáticas dos músculos 21 ERGONOMIA Devese prevenir a exaustão muscular para não exigir um tempo de recuperação muito longo sem capacidade de produzir conforme resumido no gráfico a seguir 100 80 60 40 20 0 90 70 50 30 10 0 10 20 5 15 25 30 Recuperação da capacidade muscular Tempo de descanso minutos Recuperação Figura 4 Recuperação muscular conforme o tempo de descanso Observase que um músculo exausto requer cerca de 30 minutos para readquirir aproximadamente 95 de sua capacidade podendo levar horas para a completa recuperação A fadiga muscular pode ser reduzida com diversas pausas curtas distribuídas ao longo da jornada de trabalho Isso é mais eficaz do que acumular todo o período de descanso para o fim da jornada Em muitas situações de trabalho pausas curtas ocorrem naturalmente dentro do próprio ciclo por exemplo esperase a máquina completar o seu ciclo ou quando o carregador retorna sem carga Caso contrário é recomendável programar pausas periódicas durante o ciclo de trabalho 23 Fisiologia A fisiologia pode estimar a demanda energética cardiopulmonar conforme o esforço muscular Longos períodos de esforço muscular também podem levar à exaustão física do coração e dos pulmões O metabolismo basal consumo energético do corpo humano em completo repouso da maioria da população requer cerca de 80 watts 1 W 60 Jmin 143 calmin Tarefas usuais que não excedam um gasto energético acima de 250 W podem ser executadas por um longo período sem causar fadiga Até esse limite não são necessárias pausas intermediárias ou alternância com atividades mais leves para a recuperação do organismo Exemplos de atividades com baixa demanda energética são montagem de pequenas peças trabalhos de digitação operação de máquinas leves caminhar a passos normais Em casos de trabalhos mais pesados com gastos energéticos superiores a 250 W devese fazer pausas intermediárias ou alternar com atividade mais leve de maneira a obter um gasto energético médio de 250 W ao logo de toda a jornada diária 22 Unidade I Lembrete Não se deve esperar pelo término da tarefa ou final da jornada para conceder pausas porque isso pode levar os músculos à exaustão e exigir tempo de recuperação muito longo A tabela a seguir acentua valores de consumo energético para algumas atividades pesadas cujo consumo é superior a 250 W para poder orientar um cálculo preliminar do número de pausas ou alternâncias com atividades mais leves na jornada diária DUL WEERDMEESTER 2016 Tabela 1 Gastos energéticos médios por atividade pesada 250 W Atividade Gasto energético watts Andar a 4 kmh com peso de 30 kg 370 Levantar peso de 1 kg 1 vezseg 600 Correr a 10 kmh 670 Pedalar a 20 kmh 670 Subir escada de 30 degraus 1 kmh 960 24 Antropometria A antropometria ocupase das dimensões e proporções do corpo humano Desde a Antiguidade artistas teóricos e arquitetos estudam as dimensões do corpo humano sendo emblemático o tratado de dez livros elaborado por Vitrúvio século I aC em Roma sobre arquitetura a obra estabelecia entre muitas outras observações as proporções do corpo humano Séculos depois a figura do homempadrão vitruviano seria reconstruída por Leonardo da Vinci e mais tarde por John Gibson e J Bonomi meados do século XIX PANERO ZELNIK 2015 O projeto de postos de trabalho máquinas móveis e de instalações e construções civis deve ter atenção às variações individuais de estaturas dos usuários Por exemplo o vão de luz tamanho da largura de passagem de uma porta de saída de emergência deve ser adequado ao extremo superior da população Já a altura do assento de cadeiras e tampos de mesas de trabalho são mais bem projetados quanto ao conforto quando consideram algum tipo de mecanismo capaz de adequar a diversidade observada entre indivíduos altos médios e baixos O leiaute interno de um novo automóvel sempre é iniciado posicionandose ao volante o indivíduo de maior estatura e prevendose inclinação e regulagens de bancos eou de altura para acomodar o maior número possível de usuários Analogamente o projeto de cabines de aeronaves considera a relação homemmáquina nas situações de acionamento dos comandos manuais e eletrônicos pois as possibilidades de erro humano devem ser eliminadas e os equipamentos devem ser operados com a eficiência máxima Em todos os casos de projeto que envolvam a interface com o usuário devese dar atenção especial às dimensões corporais dos grupos de usuários que compõem essa população específica 23 ERGONOMIA É muito útil conhecer dados antropométricos adequados aos projetos em foco Muitos desses dados foram obtidos no passado por meio de medições realizadas pelas Forças Armadas americanas e pela Nasa National Aeronautics and Space Administration para o uso no projeto de seus artefatos constituindo até os dias de hoje uma base importante para toda a comunidade científica São de dois tipos básicos as dimensões corporais estruturais e funcionais Dimensões estruturais às vezes chamadas de estáticas incluem medidas de cabeça tronco e membros em posições padronizadas Dimensões funcionais também chamadas dinâmicas incluem medidas tomadas em posições de trabalho ou durante um movimento associado a determinada tarefa São inúmeras as dimensões corporais possíveis como se pode verificar ao consultar por exemplo um livro de anatomia Por outro lado alguns pesquisadores sugerem que dez são as dimensões mais importantes para o uso objetivo de projetos de engenharia humana nessa ordem altura peso altura quando sentado comprimento nádegasjoelho e nádegassulco poplíteo região posterior do joelho largura entre os cotovelos e entre os quadris em posição sentada altura do sulco poplíteo dos joelhos e espaço livre para as coxas A figura a seguir ilustra essas dimensões mais significativas para tais projetos PANERO ZELNIK 2015 Figura 5 Tabela antropométrica da Norma DIN 334021981 24 Unidade I Uma vez que as dimensões antropométricas variam muito dentro de qualquer grupo populacional não é prático projetar para toda a abrangência Portanto a distribuição estatística das dimensões corporais é vital para o projetista no sentido de estabelecer os padrões conforme os requisitos desejados e auxiliálo na tomada de decisões durante o projeto Saiba mais Uma excelente fonte de consulta para medidas antropométricas organizadas a partir de dados de diversas fontes citadas nesta obra é PANERO J ZELNIK M Dimensionamento humano para espaços interiores Barcelona Gustavo Gili 2015 Essa obra possui diversas orientações para o estudo e projeto voltados para ambientes de setores produtivos como o industrial de serviços hospitalares lazer residenciais e escritórios corporativos além de muitas dimensões estáticas e dinâmicas tabeladas Outra referência muito útil é o livro a seguir que contém diversas ilustrações e práticas para os projetos voltados para diversos setores NEUFERT E Arte de projetar em arquitetura 18 ed São Paulo Gustavo Gili 2013 Um cuidado que se deve tomar ao utilizar as dimensões tabeladas é o significado estatístico que elas possuem Devido às variações expressivas nas dimensões corporais individuais as médias são obviamente pouco usadas para o projeto sendo obrigatório trabalhar com a gama de variação das medidas Estatisticamente qualquer grupo populacional apresenta a maior parte de suas medidas corporais distribuídas numa faixa média enquanto um menor número de medidas extremas situase nas bordas do espectro que segue a forma de uma distribuição normal ou gaussiana A maior parte dos dados antropométricos é frequentemente expressa em percentis normalmente 5 percentis ou 95 percentis como nas tabelas da referência PANERO ZELNIK 2015 Uma dada medida corporal é dividida em cem categorias percentuais organizadas da menor para a maior Por exemplo a altura dos indivíduos é dividida em 100 percentis sendo que o valor do primeiro indica que 99 da população teriam alturas maiores Analogamente o percentil 95 indicaria que somente 5 da população estudada teriam estaturas maiores e que 95 teriam alturas iguais ou menores Percentis indicam a percentagem de pessoas dentro da população que tem uma dimensão corporal de um certo tamanho ou menor Os seres humanos não são constituídos antropomorficamente de forma uniforme em todas as dimensões corporais Por exemplo uma pessoa com estatura no 25 ERGONOMIA percentil 50 pode ter um percentil 55 no alcance lateral de braço Ou seja não há correlação estatística entre as dimensões de segmentos corporais Dependendo da natureza do problema de projeto os requisitos antropométricos podem ser estabelecidos para acomodar o percentil 5 ou o 95 de modo que a maior parte da população seja atendida Um erro grave na aplicação desses dados dimensionais é pressupor que o percentil 50 represente as medidas de um homem médio e daí criar um projeto para acomodar os seus dados A consequência de assumir essa hipótese é que 50 desse grupo sofreria com o projeto não adequado ao seu uso Uma maneira de resolver esse problema é definir um projeto com capacidade de regulagem ou de ajuste como visto em certos tipos de cadeiras prateleiras mesas etc A gama de regulagens deve ser baseada na antropometria do usuário na natureza da tarefa e nas limitações físicas ou mecânicas envolvidas Lembrete Em todos os casos de projeto que envolvam a interface com o usuário devese dar atenção especial às dimensões corporais dos grupos de usuários que compõem essa população específica 3 DIMENSIONAMENTO DE POSTOS DE TRABALHO Definese como posto de trabalho a configuração física do sistema homemmáquinaambiente onde ocorre uma determinada atividade produtiva Assim podemos dizer que uma fábrica ou um escritório são exemplos de conjuntos de postos de trabalho interligados para determinada produção O dimensionamento de postos de trabalho fará uso das noções apresentadas anteriormente sobre biomecânica fisiologia e antropometria Historicamente a evolução da elaboração do projeto de postos de trabalho apresenta dois enfoques distintos o taylorista e o ergonômico No primeiro é dada maior ênfase à análise dos movimentos básicos e aos tempos associados para a execução da tarefa objetivandose gastar o menor tempo na realização da atividade O enfoque ergonômico mais recente busca mesclar outras atividades com a atividade principal de maneira a tornar o trabalho mais agradável menos monótono e respeitando as exigências biomecânicas de postura e cognitivas As máquinas ferramentas dispositivos e materiais são adaptados às características do trabalho e capacidade do trabalhador proporcionando equilíbrio biomecânico menor desgaste físico e mental e consequentemente maior segurança menor índice de acidentes e maior satisfação pessoal 26 Unidade I Saiba mais Para estudar a adequação de postos de trabalho foi realizada uma investigação dos fatores de risco presentes nas operações de desbobinar e enrolar cabos no almoxarifado de uma concessionária distribuidora de energia elétrica de pequeno porte com a finalidade de desenvolver ações para melhorar a situação de trabalho dentro das exigências de esforço e de postura Consulte os detalhes desse trabalho em HEMBECKER P K et al Proposição de melhorias na operação de desbobinamento de cabos no almoxarifado de uma concessionária de energia elétrica Ação Ergonômica Revista Brasileira de Ergonomia v 5 n 3 p 15 2010 Disponível em httpwwwabergoorgbrrevistaindexphpaearticle view96 Acesso em 11 set 2019 31 Postura e movimentos A postura é determinada pela natureza da tarefa ou pela configuração do posto de trabalho Posturas prolongadas podem prejudicar a estrutura osteomuscular e comprometer o sistema vascular Longos períodos em pé ou sentado provocam estresse assim como o uso contínuo dos membros superiores no manuseio de ferramentas Devese buscar o quanto possível a alternância postural ao longo da jornada de trabalho de maneira a reduzir o cansaço visual e dores musculares decorrentes das tensões da atividade estática Por exemplo muitos postos de trabalho empregam atualmente cadeiras mais altas com apoio para os pés figura a seguir garantindo uma posição ortostática do corpo mais adequada ao metabolismo orgânico Figura 6 Exemplo de cadeira alta com altura ajustável com apoio para os pés e giratória utilizada em muitos postos de trabalho que exigem a posição sentada A NBR 13962 móveis para escritório cadeiras requisitos e métodos de ensaios traz uma importante contribuição para a avaliação do conforto postural de cadeiras ABNT 2006 Um gabarito especial posicionado sobre o assento e o encosto mede o ângulo β de abertura figura a seguir que está associado ao nível de conforto percebido pelo usuário É recomendável que esse ângulo seja de 95 a 115 PANERO ZELNIK 2015 27 ERGONOMIA O uso de uma cadeira adequada e confortável não é suficiente para garantir uma postura correta A postura do tronco da cabeça e dos braços são muito influenciadas pela posição da altura da superfície de trabalho A altura da mesa deve ser regulável para compensar a ampla variação de medidas entre os grupos feminino e masculino 54 cm a 785 cm compreendendo 5 percentis de mulheres e 95 percentis de homens DUL WEERDMEESTER 2016 O espaço livre para as coxas deve ser verificado e garantido em todas as situações de utilização A figura após a imagem a seguir mostra a regulagem recomendada da mesa de trabalho observandose o alinhamento com a altura do cotovelo na posição sentada de modo que o antebraço fique horizontal e paralelo à superfície β a B 20 kg A Figura 7 Indicação do ângulo de abertura entre assento e encosto Posicionamento do gabarito para medida 90 a 100 min 20 40 cm a 75 cm 54 cm a 785 cm 38 cm a 55 cm 72 cm a 75 cm Figura 8 Variação recomendada para o ajuste da altura da superfície de trabalho A figura anterior também mostra a regulagem do assento da cadeira para adequarse à variação da altura poplítea fazendo com que os pés repousem sobre o piso Todos os arranjos mostrados favorecem a mudança de postura ao longo da jornada de trabalho contribuindo para a redução de fadiga 28 Unidade I A postura em pé exigida para trabalhos sobre superfície plana alta deve cuidar para que não obrigue o indivíduo a reclinarse sobre a mesa figura a seguir causando dores em sua coluna cervical O apoio de pé é bastante útil nesses casos Figura 9 Comparação entre posturas em pé Uso recomendado para o apoio de pé Plano transversal 20 cm acima do cotovelo Plano sagital 10 cm à direita do plano de simetria Zona de alcance máximo Zona preferencial Alcance máximo Alcance ótimo Dimensões em cm 30 100 160 25 50 3565 Área ótima para trabalho com duas mãos 3545 Figura 10 Zonas de alcance para a posição sentada 29 ERGONOMIA Os alcances com os braços para frente e para os lados devem ser limitados para evitar a inclinação ou a rotação do corpo As zonas de alcance máximo possíveis para um trabalhador sentado são representadas na figura seguinte Por isso ferramentas peças alavancas de controles de uso ou os acionamentos mais frequentes devem situarse em frente e perto do corpo nas áreas identificadas como preferenciais na figura anterior Figura 11 Manuseio de carga com excessiva inclinação do tronco No trabalho dinâmico que envolve o manuseio de cargas como o que ocorre no empilhamento de pacotes figura anterior é frequente a má postura do tronco A causa de dores lombares é associada à repetição desse gesto ao longo das horas de trabalho Particular atenção aos trabalhos com ferramentas manuais deve ser dada para respeitar os limites de tensões nos músculos envolvidos Cada gesto no manuseio dessas ferramentas pode envolver músculos de pequena capacidade de carga por exemplo os associados aos movimentos de rotação dos punhos que não estando bem adaptados atingem rapidamente fadiga ou mesmo distensões musculares Há uma recomendação de peso máximo de 2 kg para as ferramentas manuais com o intuito de prevenir situações de fadiga pelo uso frequente Ferramentas mais pesadas quando necessárias devem ser contrabalanceadas por meio de algum sistema de suspensão molas Movimentos associados ao transporte de cargas são limitados ao esforço de 23 kg conforme estudos desenvolvidos pelo órgão americano National Institute for Occupational Safety and Health Niosh Uma equação foi elaborada para corrigir esse valor máximo sempre reduzindoo por meio de diversos fatores multiplicativos que levam em conta as distâncias horizontais H e verticais V entre a carga e o corpo a rotação do tronco A o deslocamento vertical da carga D a frequência do levantamento da carga F a dificuldade de manuseio da carga M 30 Unidade I Supõese que o trabalhador tenha liberdade em escolher a melhor postura e que a carga é segura com as duas mãos Assim a carga máxima é multiplicada por seis coeficientes que consideram as variáveis citadas resultando no limite de peso recomendável LPR LPR 23 kg CH CV CA CD CF CM Onde CH coeficiente de localização horizontal da carga CV coeficiente de localização vertical da carga CA fator de assimetria rotação do tronco CD coeficiente de deslocamento vertical da carga CF coeficiente de frequência de levantamentos CM fator de manuseio fácil regular difícil A figura seguinte ilustra a relação desses coeficientes considerados na equação de Niosh Uma série de recomendações práticas para a movimentação manual de cargas baseadas na fisiologia e na biomecânica mencionadas dizem respeito à maneira correta de agarramento com as mãos postura de tronco e pernas ao elevar uma carga do solo posicionamento próximo da carga ao corpo evitando o giro do tronco durante o manuseio da carga usar o peso próprio do corpo a favor do movimento ao empurrar ou puxar uma carga bem como o uso de equipamentos mecânicos capazes de auxiliar o transporte manual carrinhos esteiras de roletes plataformas de elevação de cargas H V D A C Figura 12 Fatores de carga considerados na equação de Niosh 31 ERGONOMIA Saiba mais Para aplicação prática desse método de cálculo os valores tabelados para cada coeficiente podem ser obtidos na seguinte referência DUL J WEERDMEESTER B Ergonomia prática São Paulo Edgard Blücher Ltda 2016 Um trabalho prático que aborda a questão da melhoria das condições de conforto oferecidas aos trabalhadores de uma empresa do setor industrial com o objetivo de diminuir a carga física do trabalho sobre eles e conseguir o aumento de produtividade pode ser lido em MENEZES M L A SANTOS I J A L Avaliação das condições de trabalho no setor industrial uma abordagem centrada na ergonomia física e organizacional Ação Ergonômica Revista Brasileira de Ergonomia v 9 n 2 p 6785 2017 Disponível em httpwwwabergoorgbrrevistaindex phpaearticledownload295216 Acesso em 14 out 2019 32 Limitações sensoriais A era do processamento digital da informação trouxe mudanças na maneira pela qual as pessoas se comunicam por meio de equipamentos digitais Os dispositivos móveis assumiram posição fundamental e os fabricantes apresentaram ao mercado diferentes maneiras de interagir É notável como uma nova tecnologia modificou a forma de as pessoas interagirem entre si de aprenderem ou mesmo de passar o tempo E isso abrange indivíduos de todas as faixas etárias incluindo aqueles com necessidades especiais Figura 13 Exemplo de interação com tablet Todavia no planejamento arquitetônico de ambientes públicos por exemplo de um hospital a ergonomia pode contribuir de forma a proporcionar uma leitura clara da sinalização que facilite as movimentações de seus usuários com rapidez adequando o leiaute às suas necessidades reais e tornandoo mais eficiente RANGEL 2011 32 Unidade I Figura 14 Exemplos de sinalização em hospital Quando se elaboram sistemas de informação é importante saber quem serão os seus usuários Pelos exemplos anteriores fica claro que as limitações dessas pessoas determinarão as principais características da interface a ser projetada Portanto a caracterização do públicoalvo deve considerar entre outros fatores faixa etária língua e cultura escolaridade alfabetizado ou não pessoas com deficiência cegos cadeirantes surdosmudos Além disso a familiaridade com sistemas similares e o local onde a tarefa será executada que pode contribuir ou não com a motivação para o novo aprendizado são igualmente relevantes para o projeto da nova interface do ponto de vista ergonômico As diferenças culturais entre países criam restrições importantes na concepção de qualquer artefato que será manuseado por povos com diferentes formas de vestir pensar escrever entender simbologias etc Figura 15 Exemplos de diversidade cultural 33 ERGONOMIA Observação Para destacar o que estudamos basta pensar quantas formas diferentes de se expressar e de costumes há entre portugueses e brasileiros povos de mesmo idioma Em muitas situações de trabalho nossos órgãos sensoriais servem efetivamente para captar sinais emitidos por máquinas ou pessoas que o operador não necessariamente solicitou O operador de uma máquina não procura o piscapisca luminoso que indica um possível problema de funcionamento o alerta sonoro que indica o fim de uma operação uma vibração sentida pelo tato ao encostar em um mancal de eixo girando a uma determinada rotação e que já esteja com desgaste ou mesmo pelo grito de um colega que chama sua atenção para um fator de risco Os órgãos sensoriais estão passivamente disponíveis a essas emissões de informação cujo teor é transmitido aos centros nervosos para uma análise conveniente Aquisição de informação visual A concepção dada pela fisiologia de que nossos órgãos ditos sensoriais são meros receptores na linguagem do modelo de sistema homemmáquina não é suficiente para o estudo que interessa ao ergonomista o qual deve considerar o ambiente onde a atividade se realiza Nesse caso o operador não é um simples captador ou receptador de informação mas em vez disso o agente principal da aquisição de informação Vamos nos limitar a certos aspectos da aquisição de informações visual auditiva e mecânica numa perspectiva sensóriomotora apenas Informações olfativas também poderiam ser consideradas porém há poucos estudos realizados nesse campo A visão é o sentido mais importante e imediato para a aquisição de informação A leitura de textos e de sinais é tanto mais eficiente quanto melhor adaptadas à percepção do olho humano Há diversas recomendações ergonômicas para facilitar a legibilidade Por exemplo em textos contínuos letras minúsculas são melhores que as maiúsculas pois a diferenciação entre suas alturas gráficas facilita a visualização da palavra inteira sem necessidade de reconhecer letra a letra Isso é muito útil para as placas de sinalização de trânsito nomes de ruas e outras aplicações O uso de letras de tipo simples como o deste livrotexto são mais recomendáveis do que letras com serifas ou cursivas como normalmente se escreve à mão Confusão entre letras e números cujas grafias são parecidas deve ser evitada O e Q S e 5 2 e Z I e 1 As placas de licença de automóveis são bons exemplos com raras exceções para evitar por exemplo um erro de interpretação do agente de trânsito ao multar um veículo estacionado em local proibido As características da visibilidade do objeto de trabalho sobretudo as dimensionais óticas e cinéticas devem ser também consideradas A maioria das atividades visuais recorre ao poder da distinção da visão para reconhecer um objeto e distinguir separadamente seus componentes Sabese desde a Antiguidade grega que estes devem em princípio estar separados por 1 minuto de arco 160 de grau ou 0017 Em tarefas visuais rotineiras a capacidade de identificar sem erro letras de um texto exige 34 Unidade I uma relação tamanhodistância correspondente a cinco minutos 112 de grau ou 0083 Um estudo feito com milhares de transeuntes FALZON 2007 p 63 mostrou que as letras dos cartazes públicos ou publicitários devem atingir 12 minutos 02 para que 95 dos indivíduos possam lêlas Para distâncias mais curtas o tamanho angular deve ser ainda maior Como exemplo as projeções em um auditório com 20 m de profundidade devem ter letras com altura mínima de 10 cm na tela correspondente a um padrão recomendado de aproximadamente 1200 de grau da distância de leitura cerca de 03 Em segundo lugar a visibilidade depende das propriedades óticas do objeto de sua refletância Contudo como todo objeto se apresenta necessariamente sobre um fundo é de fato o contraste visual C que deve ser considerado o qual é definido pela relação C Lo Lf Lo Lf Onde Lo indica a luminância do objeto Lf indica a luminância do fundo Tratase de otimizar o contraste pois tanto um contraste muito fraco quanto um muito forte interferem no desempenho o primeiro tornando confusos os contornos do objeto o segundo criando desconforto ocular O contraste entre as cores de letras e o fundo tem mais influência para a boa legibilidade do que o nível de iluminação Há pessoas com dificuldade visual para distinguir certas cores como os daltônicos com o vermelho e o verde ou o que é muito comum a dificuldade de leitura de texto na cor preta sobre fundos vermelho ou azul devido ao baixo contraste O melhor é utilizar grafia preta sobre fundo claro para uma rápida adaptação do olho humano A refletância de paredes e objetos é outro fator importante a ser considerado na análise de adequação do ambiente às limitações visuais A refletância é a capacidade de uma superfície em refletir a luz é expressa em percentagem é o resultado tanto da textura da superfície quanto da própria cor tonalidadesaturaçãoclaridade Uma superfície perfeitamente lisa de qualquer cor é propícia para reflexos especulares podendo dirigir reflexos perturbadores aos olhos de um operador e portanto devem ser evitadas O uso de símbolos merece uma boa atenção Como não estão vinculados a qualquer linguagem a imagem icônica precisa transmitir um conceito único e o mais universal possível entre as culturas para as quais o produto é usado Por outro lado a forma de dispor tais símbolos em um painel de elevador por exemplo pode levar ao constrangimento de alguns usuários que ao tentar abrir a porta pressionam o símbolo e não a tecla logo ao lado figura seguinte 35 ERGONOMIA Figura 16 Painel de elevador ícone de abertura de porta pode ser confundido com a tecla do comando Nesse caso uma possível solução seria diferenciar um pouco a largura do símbolo com relação à tecla como é o caso dos andares ou apenas criar uma identificação mais clara para o usuário Por último a visibilidade depende das características cinéticas do objeto A acuidade visual diminui quando ele está em movimento Para pequenas velocidades ocorre certa compensação por meio de reflexos oculares de perseguição permitindo obter centralização do objeto móvel Todavia há limites para essa capacidade de perseguição ocular certas atividades de inspeção podem levar o operador a multiplicar os erros e leválo até o desligamento pela fadiga dos músculos extraoculares induzindo uma parada momentânea da atividade exploratória Portanto a aquisição de informação visual não deve ser encarada apenas como uma recepção passiva de um sinal por um receptor Os princípios anteriormente enunciados devem ser considerados na concepção de sinalizadores simples visores luminosos e cartazes mostrando uma palavra de advertência na organização de elementos físicos de um posto de trabalho mostradores analógicos ou digitais leiaute de páginas de apresentação ou de portal na internet Aquisição de informação auditiva A audição é um sentido menos utilizado na aquisição de informações Contudo como auxiliar ao sentido da visão pode descarregar esse canal desviando algumas informações como faz com o auditivo 36 Unidade I O ambiente sonoro é mais invasivo pois não se fecha simplesmente o canal auditivo como os olhos É altamente complexo as emissões sonoras de máquinas e ferramentas se somam às de sistemas de ventilação sistemas de áudio e de muitas outras fontes podendo atingir intensidades consideradas desagradáveis aos trabalhadores normalmente acima de 85 decibéis gerando ruídos prejudiciais quando eles ficam expostos por longos períodos A audição é a captação passiva e indiferenciada de todos os sons presentes e a escuta é a aquisição ativa de informação Há alguns mecanismos ainda pouco estudados devido à sua maior complexidade em relação aos do sentido da visão que desviam a atenção para emissões de informação sonoras O som é adequado para transmitir sinais de alerta porque ele se propaga em todas as direções Os sinais luminosos têm como desvantagem se propagarem em linha reta e só serem perceptíveis para quem olha diretamente para eles Para ser percebido o som deve fazer parte do espectro de frequência audível entre 20 Hz e 20000 Hz e ter uma intensidade suficiente estimada em torno de 40 dB acima do limiar absoluto O problema existe portanto nos ambientes ruidosos nos quais a interferência do sinal sonoro torna complexa a sua detecção A frequência do som grave ou agudo está ligada ao comprimento de onda e a intensidade à energia transmitida Baixas frequências graves são melhores para o som se propagar superando cantos e obstáculos Se a distância entre emissor e receptor for grande o som deve ter maior intensidade com frequências mais baixas Sons agudos são mais bem detectados em ambientes onde há predominância de sons graves Só se obtém uma inteligibilidade satisfatória quando o contraste sonoro é significativo quando a relação sinalruído isto é a diferença entre o nível do sinal e o do ruído expressa em decibéis seja igual ou maior do que 10 dB Por exemplo a inteligibilidade da fala gritada à qual é inevitável recorrer em ambiente ruidoso é mais baixa que de uma elocução em voz normal decorrente nessa última da amplificação diferencial das vogais e consoantes O ruído ambiente também é mais crítico em locais com paredes pouco absorventes reverberando todos os sons e causando mais confusão para aquele que escuta Na concepção de sistemas técnicos de comunicação bem como na seleção dos sinais devese dar atenção aos aspectos das três atividades relacionadas detecção localização e reconhecimento Na monitoração de um processo por exemplo pode ser necessário utilizar um sinal sonoro conjugado ao sinal luminoso para avisar que algo precisa ser corrigido No caso do ambiente ruidoso o que é normal tanto a frequência quanto a intensidade do sinal devem ser diferenciadas para o seu fácil reconhecimento A localização da fonte é mais bem tratada considerando a intermitência do sinal emitido Aquisição de informação manual Embora ainda não muito estudadas pela ergonomia atividades manuais com o fim de obter informação relevante para por exemplo o controle de fino de textura de um produto nas últimas etapas da produção ocorrem em numerosas operações de inspeção de pneus de produtos plásticos ou metálicos saindo do molde do acabamento de carrocerias de automóveis dentre muitas outras são exemplos práticos nos quais a inspeção é feita não só visualmente mas também pelo tato 37 ERGONOMIA Paradoxalmente estudos mostram que o uso de luvas de algodão ou seda por operadores envolvidos em inspeção tátil promovem melhor percepção aos defeitos de relevo pois essas reduzem o atrito entre a pele e o objeto FALZON 2007 p 67 Esse mesmo efeito redução do coeficiente de atrito com a superfície ocorre com encarregados do polimento final de revestimentos que ficam cobertos de poeira O reconhecimento de formas pelas mãos também desperta interesse para o acionamento de comandos Muitas situações de uso de um produto podem exigir do operador algum tipo de reconhecimento do efetivo comando feito às cegas recorrendo unicamente à informação tátil Como exemplo o projeto de uma roda com marcha para equipar cadeiras de rodas de maneira a facilitar a movimentação do usuário em terrenos de difícil locomoção subidas ou descidas de rampas com declividade acentuada faz um bom uso desse princípio Figura 17 Rodas com marcha acionamento da segunda velocidade A última figura mostra uma cadeira de rodas equipada com um novo projeto da roda desenvolvido pelo autor que possibilita a redução do torque de acionamento manual efetuado pelo usuário selecionandose uma segunda marcha mais reduzida por meio de um comando central como mostrado à direita Esse acionamento ocorre normalmente fora do campo visual devido ao fluxo contínuo do deslocamento de cadeirantes mais ativos ou mesmo pela impossibilidade de curvar o tronco para ver o comando ser efetuado Cadeirantes com lesões cervicais mais sérias ou mais obesos simplesmente não possuem essa mobilidade O reconhecimento do engate da segunda marcha precisa ser feito exclusivamente pelo sentido tátil Mesmo a forma de apalpamento do elemento central da roda ergonomicamente analisado a inserção de um pequeno ressalto na superfície tátil desse elemento e o sentido de giro com pequeno curso angular para o acionamento têm como finalidade facilitar o seu perfeito manuseio sem margem a enganos Aquisição de informação por olfato e paladar O uso do olfato e do paladar como sentidos para aquisição de informações merece cuidados especiais Só devem ser utilizados para captar sinais de alerta como é o caso por exemplo da adição de odores específicos em gases venenosos Eles devem ser usados apenas esporadicamente e não se prestam à combinação de efeitos pode haver muita dificuldade para diferenciar a mistura de dois odores 38 Unidade I O uso de diferentes sentidos para captação de uma informação pode ser utilizado de forma vantajosa pois o fluxo da informação é realizado por canais específicos Por exemplo as ambulâncias usam luz piscapisca e sirene visual sonoro Por outro lado quando o fluxo se dá pelo mesmo canal por exemplo dirigir um automóvel e ler mensagens no celular além da dificuldade para executar duas ações tornase um fator agravante de acidente pois ambas as atividades dependem da visão 33 Dispositivos de controle A interação homemmáquina é realizada por meio dos controles operacionais pelos quais as pessoas podem transmitir suas intenções à máquina controlada via controles fixos na própria máquina ou a distância Nos sistemas modernos complexos como o controle de tráfego aéreo e pilotagem de avião o conceito da interação homemmáquina assume mais um aspecto de cooperação homemmáquina pois em situações dinâmicas o controle do operador passa a ser somente parcial Saiba mais Sob esse aspecto recomendase a leitura de FALZON P Ergonomia São Paulo Edgard Blücher 2007 p 223234 Controles fixos Os princípios básicos a serem seguidos podem ser resumidos como Controles com formas diferentes para evitar confusão com outros mesmo sem o acompanhamento visual somente pela diferenciação tátil utilizandose materiais ou texturas diferentes por exemplo Teclados alfanuméricos do tipo QWERTY sequência de letras da primeira fila de letras vista na maioria de teclados e 123 ou 789 como visto na primeira linha respectivamente do teclado de um telefone ou de uma calculadora são os mais adequados Evitar o uso de controles que exijam movimentos repetitivos continuamente como o mouse sobrecarregando unilateralmente um grupo pequeno de músculos o que pode provocar lesões por esforços repetitivos Observar o posicionamento dos membros que acionam o controle telas touchscreen são ótimas quando aplicadas a tablets aparelhos portáteis porém exigem um esforço a mais do operador no caso de computadores de mesa ou caixas registradoras pois obrigam manter o braço esticado em posição incômoda 39 ERGONOMIA O uso de pedais é bem restritivo idealmente utilizados quando a força de controle é mais alta e não compatível com a musculatura de membros superiores braços e mãos ou quando as mãos já estejam ocupadas Os pedais só funcionam em um sentido possuem pequena amplitude de movimento são limitados a três no máximo e quando o trabalho exige posição em pé devem ser evitados para diminuir o risco de desequilíbrio do operador Controles com muitas funções ou de muitas formas de manuseio como alavancas de joysticks são propensos a acionamento involuntário causando possíveis acidentes Evitar a localização muito próxima de teclas com alta sensibilidade ao toque ou as do tipo touchscreen substituindo quando aplicável por teclados de membrana avaliar o esforço maior nesse caso do acionamento Letras e símbolos associados aos controles a localização deve ser próxima ou preferencialmente sobre o comando observando um espaçamento adequado prever retroiluminação quando possível e observar o tamanho para uma boa legibilidade quando utilizar textos observar se o significado é bem conhecido pelos usuários O uso de cores deve ser limitado a cinco verde vermelho azul amarelo e laranja Associe vermelho ao perigo verde para segurança mas lembrese de que há pessoas daltônicas Os movimentos dos controles devem ser compatíveis com o que é mostrado na tela respeitando os estereótipos populares movimentos naturais ligar para cima para a direita afastandose do usuário sentido horário puxando para fora desligar para baixo para a esquerda aproximandose do usuário sentido antihorário pressionando aumentar similar ao ligar porém é desejável uma resistência crescente diminuir similar ao desligar porém é desejável uma resistência decrescente A localização dos controles deve seguir uma relação lógica com o seu objetivo e frequência de uso controles de acionamento mais frequente devem estar mais próximos do operador e viceversa exemplo mesa de comando de usina nuclear figura a seguir Figura 18 Posto de trabalho de um centro de controle de uma usina nuclear 40 Unidade I Controles remotos São bem indicados nos casos em que a proximidade do operador com o sistema controlado deve ser evitada por motivo de perigo existente ou mesmo por desejo do usuário Entretanto algumas limitações a essa indicação geral devem ser observadas A posição de uso do controle caso dos controles por luz infravermelha deve ser evidente pela sua forma geométrica Para controles do tipo radiofrequência não há tal restrição figura seguinte A B Figura 19 Controles remotos por luz infravermelha e por radiofrequência Usar um único controle para operar diversos sistemas num mesmo ambiente evitandose o risco de acionamento de sistemas similares fora do campo de visão do operador Igualmente ao anterior não se deve controlar mais de dois aparelhos ou sistemas simultaneamente Só devem ser usados para transmitir um número limitado de comandos e para menor exigência de precisão caso dos controles por fala gestos ou visão cujos padrões de reconhecimento são limitados 34 Dispositivos de informações Os dispositivos de informação formam a parte do sistema de interação com o operador que permite a sua captação de dados para possibilitar a tomada de decisão Exemplos de tais dispositivos são instrumento combinado do painel de automóvel indicadores de uma cabine de avião de controle de centrais nucleares etc A eficiência da captação de informações pelo homem está associada à organização e à forma de apresentálas Os modos de apresentação são basicamente dois visual e auditivo O primeiro se aplica bem se a natureza da informação for complexa e o ambiente for ruidoso Entretanto se o receptor permanecer em constante movimento ou se a situação exigir ações imediatas a modalidade auditiva será mais recomendada 41 ERGONOMIA Por meio de menus visuais e auditivos as informações podem ser organizadas Suas vantagens são Permitem expor maior número de opções numa visualização mais global As informações não são perecíveis no tempo Menus auditivos interfaces de estilo telefônico exigem do usuário um esforço adicional de memorização memória de curta duração o que pode muitas vezes levar a erros de omissão por exemplo o usuário esquecer o número da tecla a ser digitada entre as diversas opções anteriormente informadas na gravação ou de seleção usuário escolher a opção errada A redução desses erros pode ser conseguida estabelecendose uma organização hierárquica de decisão O usuário é conduzido passo a passo na tomada de decisão exigindo menor empenho na memorização de grande conteúdo informativo Nas tarefas visuais o homem segue uma hierarquia natural de quatro níveis associada ao campo de visão As recomendações para os dispositivos de informação seguem a mesma hierarquia definindose que aqueles de maior importância sejam posicionados na área de visão ótima aproximadamente um cone de 30 abaixo da linha horizontal de visão Os de menor importância seriam situados em áreas de visão que requerem movimentos corporais como estender o pescoço girar o tronco ou levantarse da cadeira Quando surge a fadiga esse é primeiro nível que o operador para de executar simplificando seu trabalho por tentar preservar sua saúde Desenhos simétricos com contornos bem definidos são mais facilmente percebidos como figuras destacandose do fundo assim como figuras completas transmitem mais significado Ruim Bom Contornos fortes ou ou Simplicidade de forma Figura fechada Estabilidade de forma Simetria Figura 20 Recomendações para desenho de símbolos A organização dos símbolos de um mostrador também facilita sua identificação Elementos com formas ou funções semelhantes entre si devem ser colocados em blocos como subsistemas figura seguinte 42 Unidade I Errado Certo Figura 21 Organização dos instrumentos em blocos 35 Sistema homemmáquina O sistema homemmáquina é um modelo idealizado para o estudo das interações de um operador humano ou grupo com uma máquina Como vimos nos tópicos anteriores o homem possui características antropométricas fisiológicas biomecânicas psicológicas de idade e sexo grau de escolaridade e elas devem ser correlacionadas de forma ergonômica aos aspectos físicos de uma determinada máquina para a sua eficiente operação As características ambientais onde as tarefas desse sistema se realizam são tratadas como fatores ambientais luz calor umidade ruído vibração etc e influem no resultado do sistema Assim podemos entender o sistema homemmáquina como um processo de entradas e saídas destinado à realização de tarefas específicas num determinado ambiente Entretanto os desafios ergonômicos criados pelos sistemas homemmáquina modernos complexos e dinâmicos exigem a extensão dessa noção para compreender conceitos de cooperação em que há somente um controle parcial do operador humano Usuários e equipamentos dialogam continuamente durante a realização de operações para cada reação do equipamento é exigida uma nova ação do usuário e assim sucessivamente A eficiência desse diálogo que é uma comunicação de mão dupla vai depender da usabilidade desse sistema A usabilidade ou operação amigável depende do grau de ajustamento entre usuário e sistema Usabilidade significa facilidade de uso ou uso amigável Ela ocorre quando o sistema considera as características e necessidades do usuário para que as operações sejam satisfatórias e eficientes Podem ser formuladas algumas recomendações O sistema deve estar restrito à apresentação apenas dos conceitos vitais para a realização da tarefa Tarefas necessárias ao sistema mas não importantes ao conhecimento do usuário devem ser omitidas e os modos de entrada e de saída devem ser ajustados à tarefa 43 ERGONOMIA A manutenção sustentável do diálogo entre usuário e sistema deve ser feita por meio de geração de feedback ou retorno de informações ao usuário com explicações que facilitem o seu entendimento possuir meios de prevenir erros do usuário e caso ocorra algum engano propondose alternativas para o seu prosseguimento se possível Em outras palavras o sistema deve ser tolerante a erros evidentes de entrada e apresentar alternativas construtivas que levem de volta o processo ao curso correto A velocidade da operação não deve estar sob o controle da máquina mas ser controlada pelo homem Da mesma forma ele deve ser capaz de reverter as últimas ações e adaptar a forma de entrada e de saída de dados conforme sua necessidade O ajuste da língua utilizada é um exemplo nesse caso O aprendizado do manuseio do sistema é uma característica de adaptação às necessidades dos diferentes níveis de seus usuários Menus de ajuda devem ser previstos para serem chamados a todo instante de dúvida Somente informações essenciais e organizadas de forma hierarquizada devem comparecer em telas de informação Quando o tamanho da tela não for suficiente para o número de linhas mostradas dividese em duas mas mantendo a hierarquia de importância O uso de linguagem natural tem sido aplicado em muitos dispositivos eletrônicos Apesar da sua maior facilidade de comunicação correse o risco de não entendimento pelo sistema ora por causa de vocabulário restrito ora por uso de palavras ambíguas com a consequente falha de operação 4 TRABALHO EM TURNO A atividade de empresas está submetida a restrições temporais que são resultado de diferentes fatores sociais técnicos e econômicos funcionamento contínuo de hospitais polícia bombeiros mas também nas indústrias de processos contínuos químicas energia e no setor de serviços turismo imprensa restaurantes Assim o tempo de presença dos funcionários em seu posto de trabalho fica sujeito às necessidades de funcionamento da empresa O texto que segue está baseado no trabalho de Falzon 2007 e traz uma reflexão sobre as formas do trabalho em turnos temporalidades da atividade humana formas de regulação e orientações para organização do trabalho Há basicamente três ordens de temporalidades da atividade humana que devem ser consideradas ao fixar trabalhos em turnos de forma a minimizar os efeitos sobre a saúde e eficiência do indivíduo a o ritmo biológico circadiano b as implicações sociais da vida fora do trabalho c as dinâmicas dos processos técnicos de trabalho 41 Ritmo biológico circadiano O homem apresenta alternância periódica de comportamento decorrente de funções biológicas e processos psicofisiológicos incluindo aqueles implicados na coleta e tratamento de informações com momentos de atividade intensa e momentos de menor atividade ao longo das vinte e quatro horas do dia Aqueles que são recorrentes em períodos próximos às vinte e quatro horas os chamados ritmos circadianos são mais bem conhecidos e devem ser considerados ao estabelecer escolhas de organização de horários 44 Unidade I Estimase que apenas 10 da população não seja influenciado por distúrbios físicos ou insatisfação profunda devido à adoção de horários variados Os indivíduos matinais são maioria os mais aptos ao trabalho logo cedo nas primeiras horas do dia já os vesperais têm mais dificuldade de iniciar cedo o seu dia e não possuem pressa para ir à cama Com o avanço da idade porém a matinalidade se acentua a tolerância ou intolerância a horários de trabalho atípicos depende também de muitos outros fatores individuais familiares profissionais Um trabalhador em turnos de 3 8 é submetido a jornadas de duração muito variável quando há mudanças manhã tarde ou noite manhã o intervalo entre o início dos turnos de trabalho será variável trinta e duas horas ou dezesseis horas Esse trabalhador estará então num desequilíbrio quase permanente A classificação dos sistemas de turnos deriva da combinação dos dias da semana trabalhados e da existência ou não de trabalho noturno Sistemas descontínuos com interrupção do trabalho no período noturno e ao fim de semana abreviado como 2 8 significando duas equipes de trabalho e oito horas diárias de trabalho semicontínuos interrupção do trabalho apenas ao fim de semana abreviado como 3 8 três equipes em sucessão que cobrem o período das 24 horas durante os dias úteis da semana e contínuos todos os dias da semana são trabalhados 24 horas por dia 365 dias por ano A última estrutura organizativa é a mais exigente quer do ponto de vista da sua gestão por exemplo são necessárias pelo menos três equipes em atividade e uma em repouso quer do ponto de vista de adaptação para os trabalhadores haja vista envolver inevitavelmente trabalho noturno e ao fim de semana Em geral quanto mais desviante for a configuração horária do padrão dito normal mais provável é a manifestação de queixas 42 Temporalidades sociais da vida fora do trabalho Os ritmos sociais fixam as horas mais propícias para a realização de diversas atividades da vida familiar e social O trabalho noturno priva o trabalhador de uma parcela importante de seu tempo para dedicar a essas atividades Os problemas surgem na escala do ciclo das vinte e quatro horas e também na da semana As discussões sobre abertura de bancos e de alguns outros serviços aos fins de semana são uma tentativa de amenizar as dificuldades geradas pelo trabalho em período noturno O agendamento de atividades extratrabalho requer certa previsibilidade e estabilidade o que se choca com as exigências da organização do trabalho Os horários disponíveis para tais atividades sociais não podem ser muito modificados para se adequar ao tempo livre do trabalhador em turnos Nesse ponto de vista os horários defasados em turno fixo são mais favoráveis que os sistemas de horários alternantes Por exemplo o trabalho em turnos realizado por caixas de supermercados é acompanhado de baixa previsibilidade o que vem a aumentar as dificuldades por conta dessa variabilidade aleatória 43 Dinâmica temporal das atividades de trabalho O tempo de trabalho não é simplesmente um tempo de presença homogêneo e divisível de maneira arbitrária A atividade de trabalho é condicionada às características fisiológicas cognitivas e sociais do trabalhador e não permite seccionála de qualquer modo entre trabalhadores sucessivos Atividades de 45 ERGONOMIA curta duração e com baixa dependência com o ciclo anterior exemplo caixas de supermercado são pouco impactadas pelo trabalho em turnos sob o aspecto da dinâmica temporal Entretanto os serviços de uma enfermeira hospitalar são em parte dependentes aos da colega da parte da manhã Esse fato também pode ser observado nos trabalhos de cuidadores de idosos quer sejam feitos em casas de repouso quer sejam feitos em domicílio A convergência entre os interesses empresariais pela eficiência no trabalho com os de nível pessoal financeiro e psicológico do trabalhador deve ser desejada na organização da escala de horários de trabalho 44 Formas de regulação pessoal para enfrentar o trabalho em turno Tanto no campo do trabalho quanto na vida social o trabalhador confrontado com horários atípicos busca adotar formas de se autorregular A constatação de que milhares de instalações funcionam dia e noite de maneira satisfatória atestam simplesmente que o homem é capaz de enfrentar as flutuações circadianas de suas capacidades porém nada diz a respeito do custo desse resultado nem sobre a maneira pela qual ele é obtido Assim quando se constata que atividades noturnas de trabalho são quantitativamente mais reduzidas tais modificações também são acompanhadas por modificações qualitativas O trabalhador noturno não é um indivíduo que trabalha menos trabalha de outra forma nas salas de controle de processo as zonas supervisionadas com prioridade as características da informação pesquisada e os procedimentos de supervisão diferem de dia e de noite O operador usa a maneira de trabalhar mais adequada ao momento porque suas capacidades estão no máximo ou no mínimo No entanto é necessário que a concepção dos sistemas de tarefas permita essa flexibilidade integrandose de forma realista a esse funcionamento humano Portanto para o trabalhador noturno a liberdade de gestão do tempo de realização da tarefa é importante para contribuir com a produção ou segurança mesmo que aparentemente vá na contramão de tendências de normalização de procedimentos sejam eles operativos sejam eles de solução de incidentes 45 Organização em trabalhos coletivos Em inúmeras situações os operários se organizam coletivamente efetuando transferências de tarefas e transmissão de informações Essas reorganizações se expressam notadamente pela programação de ajudas mútuas em momentos particulares da jornada de trabalho por exemplo para antecipar a baixa de vigilância que ocorre no fim da noite Isso possui um desdobramento benéfico na antecipação da fadiga gerada por noites consecutivas O trabalho coletivo oferece outra contribuição importante quando se observa um efetivo reforçado para o trabalho noturno buscando equilibrar a transferência de tarefas diurnas para combater a monotonia decorrente da ausência de atividade que agravaria as dificuldades de ficar acordado 46 Regulações fora do trabalho Os tipos principais de estratégias adotadas por trabalhadores noturnos privados dos momentos em que precisariam estar livres para participar das atividades familiares e sociais são regulação por suplência delegação da atividade a outrem inversão de prioridades no uso do tempo entre atividades mais ou menos urgentes deslocamento total da atividade para outro dia ou momento da semana considerado 46 Unidade I mais favorável Isso vai depender da flexibilidade temporal dos compromissos e da disponibilidade de recursos materiais e auxiliares que o trabalhador noturno possa ter em razão do seu horário de entrada e saída de turno 47 Contar com seus ritmos biológicos Uma regulação primordial diz respeito ao tempo de sono Este está sob a dependência do ritmo biológico circadiano o que explica que o sono do trabalhador noturno é mais curto e de menor qualidade Após o turno da noite é difícil adormecer e o sono é necessariamente mais curto Do mesmo modo o sono que precede um período de trabalho matinal é amputado pois é quase impossível dormir mais cedo por razões biológicas ou sociais Após um período noturno quando se vai dormir muito tarde o ritmo circadiano e as solicitações da vida familiar são poucos favoráveis a uma continuação do sono nas horas da manhã Em todas essas situações não há verdadeiramente compensação do déficit de sono 48 Prática do trabalho em turnos ao longo dos anos As pessoas mudam com a idade e tornamse menos adaptáveis às restrições impostas por horários atípicos de trabalho Os efeitos do trabalho em turnos aceleram os fenômenos de desgaste que surgem com o envelhecimento e não são sentidos de forma linear constante tanto no plano biológico quanto no social O que favorece os trabalhadores mais velhos é sua maior experiência profissional tempo de casa Assim conseguem conferir direitos em particular serem dispensados de tarefas mais desgastantes ou de modalidades mais severas dos horários em turnos De fato é sempre possível recorrer a modalidades de rearranjo de horários e tarefas de modo que os trabalhadores mais velhos sejam expostos a condições menos duras alívio da carga horária e isso durante períodos mais breves no decorrer de sua carreira diminuição da idade de aposentadoria por exemplo 49 Recomendações para a organização dos trabalhos Ao procurar organizar as escalas de trabalho em turnos as questões que normalmente surgem são quais períodos estabelecer Como organizar as equipes duas vezes doze horas 3 8 ou 4 6 Quantas noites consecutivas serão efetuadas tipo temporal de trabalho contínuo descontínuo ou semicontínuo efetivo por equipe equipes fixas ou alternadas Quais rotações adotar Não há um sistema de horários que resuma uma combinação ideal de parâmetros sem causar privilégios por uma ou outra escolha Aliás nenhum consenso está em vias de ser estabelecido a esse respeito ao contrário práticas recentes retornam com as polêmicas relacionadas aos turnos longos de noite 2 12 ou turnos fixos das equipes Podese então pensar que tanto faz a solução adotada Certamente que não Há erros de escolha que não devem ser cometidos Determinar uma sucessão excessiva de noites consecutivas de trabalho acima de quatro ou cinco Prolongamento do tempo de um trabalho altamente solicitante 1012 horas 47 ERGONOMIA Redução dos efetivos de uma equipe Concentração dos dias trabalhados em detrimento de uma repartição equilibrada entre trabalho e descanso Não admitir uma reclassificação por considerar um limite de idade Uma concepção ampliada da gestão do trabalho em turnos não se limita apenas às dimensões temporais e organizacionais A reflexão sobre a natureza das tarefas confiadas aos operadores pode contribuir para diminuir o peso dos constrangimentos inerentes aos horários atípicos Do mesmo modo é indispensável levar em conta as características da população Após a análise do trabalho que serve para a coleta do máximo de informações que irão basear a primeira escolha do sistema de horários devese orientar pelos seguintes princípios Não existe uma solução única concebível para todos os lugares e aceitável por todos porém é necessário relacionar as particularidades de cada local serviço ou mesmo da categoria profissional O tipo de empreendimento por exemplo um hospital só é capaz de estabelecer o modo de organização do trabalho mas não influi sobre as modalidades práticas a serem efetivadas quantas equipes em turnos e horas de trabalho serão necessárias efetivos por equipe etc Há forte interação entre os horários de trabalho e as condições externas dos meios de transporte individual ou coletivo utilizados pelo pessoal a escolha por um sistema de rotação de turnos deve ser compartilhada com a opinião dos cônjuges dos trabalhadores a duração dos diferentes turnos por que se limitar ao clássico 3 8 depende da natureza do trabalho efetuado e da fadiga resultante Um compromisso aceitável por todos só pode ser negociado as pessoas que terão de viver no contexto de trabalho em turno devem participar de sua elaboração avaliação implantação e rediscussão eventual das soluções adotadas Resumo Nesta unidade foi apresentado o conceito de ergonomia e sua importância para a formação de futuros engenheiros Buscouse destacar a eficiência das organizações e a satisfação de seus colaboradores A ergonomia evoluiu com a própria evolução humana tomando um corpo científico multidisciplinar a partir da Revolução Industrial com suas demandas por maior produção e exigências físicas impostas ao trabalhador Portanto surgiram a partir daí associações e institutos preocupados com o estudo sobre os efeitos desse novo cenário de trabalho na saúde dos indivíduos relacionados a esse setor produtivo Atualmente há um conjunto de regras regulamentações 48 Unidade I e recomendações para o melhor desempenho do trabalhador em seu ambiente de atividade não só aplicável ao setor produtivo mas também ao setor de serviços e inclusive abrangente a atividades no campo doméstico Acentuouse com os aspectos relacionados ao homem enquanto parte do sistema homemmáquinaambiente como o fator idade biomecânica fisiologia e antropometria que podem ser utilizados convenientemente nas adequações de um posto de trabalho ou para o projeto de equipamento de uso pessoal Aspectos importantes de características e limitações de mobilidade capacidade de esforços e sensoriais do indivíduo produtivo foram abordados mostrandose quantitativamente como compatibilizálos com o ambiente de trabalho tanto em sua função de receptor da informação quanto em sua atuação sobre o sistema O trabalho em turnos foi analisado do ponto de vista da sua adequação ao ritmo biológico circadiano à idade do trabalhador destacouse como melhorar essa prática hoje tão comum nas organizações sem prejuízo à saúde e promovendo maior satisfação na execução das atividades Exercícios Questão 1 Banco do Brasil 2014 A ergonomia é classificada de acordo com a ocasião em que é aplicada Em relação à ergonomia de concepção considere as afirmativas a seguir I A ergonomia de concepção se dá pela conscientização do operador através de cursos de treinamentos II A ergonomia de concepção é aplicada em situações já existentes para resolver problemas III Na ergonomia de concepção as decisões são tomadas a partir de situações hipotéticas É correto o que se afirma em A I apenas B II apenas C III apenas D II e III apenas E I II e III Resposta correta alternativa C 49 ERGONOMIA Análise das afirmativas I Afirmativa incorreta Justificativa a ergonomia de correção se dá pela conscientização do operador através de cursos e treinamentos II Afirmativa incorreta Justificativa a ergonomia de correção é aplicada em situações já existentes para resolver problemas III Afirmativa correta Justificativa ergonomia de concepção interfere amplamente no projeto do posto de trabalho do instrumento da máquina ou do sistema de produção organização do trabalho e formação de pessoal Questão 2 Fepese 2018 Assinale a alternativa correta em relação à NR 17 ergonomia A A iluminação geral deve ser uniforme e direta evitando a sonolência dos trabalhadores B Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminância estabelecidos pela Cipa C Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a vinte anos e maior de dezesseis anos D Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas o peso máximo dessas cargas deverá ser 10 inferior àquele admitido para os homens para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança E Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador compreendendo o levantamento e a deposição da carga Resposta correta alternativa E Análise das alternativas A Alternativa incorreta Justificativa a iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa B Alternativa incorreta Justificativa os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413 norma brasileira registrada no Inmetro 50 Unidade I C Alternativa incorreta Justificativa trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a 18 anos e maior de 14 anos D Alternativa incorreta Justificativa quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o transporte manual de cargas o peso máximo destas deverá ser nitidamente inferior àquele admitido para os homens para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança E Alternativa correta Justificativa para efeito da norma regulamentadora NR7 seu item 172 levantamento transporte e descarga individual de materiais e em 17211 transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador compreendendo o levantamento e a deposição da carga