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Psicologia ·

Psicanálise

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REV. BRAS. PSICANAL, VOL. XXIV Nº 2\nA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DE D. W. WINNICOTT\nEloísa Helena Rubello Valler*\n\nEste artigo tem por objetivo organizar as contribuições de D. W. Winnicott para uma teoria do desenvolvimento emocional do bebê em seus primeiros anos de vida. São focalizados dois caminhos paralelos e que frequentemente se intercurtam: de um lado, o crescimento emocional do lactente e, de outro, as qualidades da mãe, suas mudanças e o cuidado materno que satisfaçam as necessidades específicas do lactente. REV. BRAS. PSICANAL, VOL. XXIV Nº 2\n\nNo desenvolvimento de suas idéias e na elaboração de sua contribuição teórica, D. W. Winnicott utilizou-se da vivência trazida por cerca de 60 mil consultas com bebês, crianças e seus responsáveis, acumuladas durante um período de quatro décadas de trabalho como pediatra. A essa vivência associou os insights da sua experiência psicanalítica com pacientes de todas as idades, especialmente pacientes psicóticos e borderlines. Esses rumos, juntos e em contato, supervisão e atendimento de crianças e adolescentes com tendências anti-sociais, conduziram-no ao estudo dos ganhos primitivos do desenvolvimento emocional do bebê e ao estudo do para lactente-lactente.\n\nAo afirmar, em torno de 1940, numa Reunião Científica da British Psycho-Analytic Society, que o bebê sozinho não existe, Winnicott enfatizou a absoluta dependência que o bebê tem dos cuidados maternos e colocou em evidência seu interesse pelo estudo do ambiente da primeir infância. Winnicott escreveu em Further Remarks on the Theory of Parent-Infant Relationship (1961):\n\n\"Um bebê é um fenômeno que pode ser isolado, pelo menos hipoteticamente, por observação e comunicação? Eu sugiro que a resposta é não. Quando nós olhamos retrospectivamente para nós mesmos como bebês, mas, nós olhamos para um bebê, vemos um bebê sendo cuidado.\"\n\nSua teoria do desenvolvimento segue, assim, dois caminhos que frequentemente se intercurzam. Um deles refere-se ao crescimento do lactente:\n\n\"E é a jornada do lactente da dependência absoluta, passando pela dependência relatva, a independência e paralelamente a jornada do lactente do objeto para o princípio da realidade e do auto-erotismo nas relações objetais\".\n\nO outro caminho refere-se:\n\n\"Ao cuidado materno, isto é, das qualidades e mudanças nas mães que satisfazem necessidades específicas e de desenvolvimento do lactente para as quais elas se orientam\". REV. BRAS. PSICANAL, VOL. XXIV Nº 2\nOs Processos De Maturação e o Ambiente de Facilitação\n\nNo início do processo de desenvolvimento emocional, três aspectos são considerados por Winnicott: \"em um extremo, existe a hereditariedade e, no outro, o ambiente que apóia, falha ou traumatiza. No meio está o bebê vivendo, acumulando experiências e vivências, se defendendo e crescendo\".\n\nComocer, o bebê traz consigo suas tendências hereditárias, que incluem os \"processos de maturação\", o bebê é uma \"organização em marcha\", isto é, cada bebê tem seu impulso biológico para a vida, para o crescimento e para o desenvolvimento. Mas esse desenvolvimento físico e emocional depende para a efetivação de um \"ambiente de facilitação\", cuja característica é a adaptação às necessidades cambiante que se originam dos processos de maturação.\n\nInicialmente, a mãe sufficiently do bebê é adaptada constantemente às necessidades, criando, graças à sua devoção (procurando) materna primária, um setting onde o bebê pode viver uma experiência de onipotência promovida, ao mesmo tempo no sentido do crescimento. O ambiente, quando suficientemente bom, possibilita o processo de maturação. Esse termo, segundo Winnicott, refere-se ao \"ego do bebê\" e ele é essencial para o seu próprio desenvolvimento, a história completa do id, aqui e suas vicissitudes à história das defesas do ego relativas às pulsões. às necessidades pulsionais. Mais importante do que satisfazer ou frustrar as necessidades pulsionais é o holding das necessidades eógicas proporcionando pela adaptação da mãe ao bebê. A mãe devotada pode frustrar o id, mas inicialmente evita frustar o ego do bebê. Somente sob condição de adaptação às necessidades do ego é que os impulsos do id, quer sejam satisfeitos ou frustrados, se tornam experiência para o indivíduo. Não é a satisfação pulsional que possibilita ao bebê ter um self e sentir-se real. Dessa forma, a questão do significado da experiência pulsional (e ego) recebe de Winnicott maior consideração que o conceito de gratificação pulsional (id). \"Na verdade é possível satisfazer um impulso oral e ao fazê-lo violar a função do ego da criança, ou do que será mais tarde zelosamente chamado como self, o núcleo da personalidade. Uma satisfação alimentar pode ser uma sedução e pode ser traumática e chegar a criança em oposição do funcionamento do ego.\" Quando o cuidado materno revela-se suficientemente bom, a \"continuidade da linha da vida\" do bebê se mantém e ele experimenta uma \"continuidade de ser\". Os benefícios do ambiente do ego, são ações benéficas para a linha da vida. Alguma falha que ocorre no alambrado do ego ocorrer, uma vez que as falhas são percebidas e corrigidas pela mãe devotada, o que proporciona ao bebê uma sensação de segurança durante o estado de sua mãe. Por outro lado, quando perturbadas fundamentais de adaptação ocorrem (por exemplo, falta de apoio devido a uma crise de identidade, a falta de apoio maternal, a falha emocional que constitui, comprometem rigorosamente as consequências dessas falhas, do que resulta o enfraquecimento do ego. Tal interrupções constituem aniquilamento e são evidentemente associadas a sofrimento de qualidade e intensidade psíquica. Se o bebê não tiver oportunidade para se recuperar dessas falhas num ambiente favorável, a continuidade da linha da vida não poderá ser restaurada com facilidade e, \"nos casos extremos, o lactente existe somente na base da continuidade de reações e irrições e de recuperação de tais reações\". O bebê deixa de ter condições de ser (necessárias para o desenvolvimento de um self pessoal), passando a reagir. O resultado é o \"aniquilamento\" do self do lactente. Um desses momentos pode ocorrer durante o nascimento. O self do bebê experimenta o nascimento como uma invasão do meio ambiente. Durante o parto, o bebê passa por uma fase temporária de reação e, portanto, de perda de identidade, devido à interrupção na continuidade do self. Entretanto, durante o processo natural, \"a experiência do nascimento é uma amostra exagerada de algo que o bebê já conhece\". O bebê já passou, durante as últimas semanas de vida intra-uterina, por experiências às quais teve que reagir, sendo o ambiente considerado mais importante. Ao mesmo tempo, ele \"já passou pela experiência de um remoto natural da reação para um estado de não restar que reagi.Quando isso ocorre, essa experiência passa a ser positiva e valiosa para o bebê, sendo favorecida e fortalecida por outros tipos de experiências, agora na vida extra-uterina, contribuindo, segundo Winnicott, para o \"desenvolvimento da confiança no sentido de sequência, estabilidade, segurança etc.\" Se a continuidade de ser é interrompida por reações prolongadas, principalmente devido a um trabalho de parto demorado, o nascimento pode ser bastante significativo, constituindo uma experiência traumática, durante a qual o bebê precisa lidar com um sentimento de desamparo e abandono. Esse trauma, ao se misturar a outros fatores ambientais subsequentes igualmente traumáticos, acaba por fortalecer-se e se fortalecer problemas. Os defeitos são organizados a experiência traumática, onde o bebê teve que a continuidade de ser interrompida. Como resultado, alguma distorção de desenvolvimento pode ocorrer, levando ao estabelecimento da estrutura da personalidade na organização do ego. Num estado posterior, com o desenvolvimento do ego, o bebê é refletido na raiz devido às falhas de adaptação ambiental. Nesse momento, a raiva se torna um sentir, cumulando, de certo modo, no eu impreciso do que não ocorre. Para Winnicott, trata-se da imposição do meio ambiente que leva à perda do ego, provocando insegurança e o desenvolvimento e até desintegração do processo da vida do parede. No início do desenvolvimento psicossomático, as invasões ambientais provocam no bebê um estado de dor e angústia que Winnicott relaciona a uma ameaça de aniquilamento (breakdown), que resulta numa reorganização de defesas que têm por objetivo proteger o indivíduo contra essas agonias desconhecidas. Winnicott descreve o breakdown como uma agonia impensável ou inimaginável. Essa agonia está além da nossa capacidade de descrição e o mais próximo que podemos chegar dela é através das ansiedades psíquicas e das defesas organizadas imediatamente após o aniquilamento ocorrer. Clinicamente pode-se chamar esse estado como pânico, mas o pânico em si é uma defesa organizada objetivamente proteger o bebê de novos exemplos de imprevisibilidade. de um elemento esquizóide oculto em uma personalidade não-psicótica nos demais aspectos. Elas correspondem a uma \"organização em direção à invulnerabilidade\", para impedir que o indivíduo volte a experimentar as ansiedades imaginativas que estão na raiz dessas defesas. O Desenvolvimento Egóico e a Mãe Dedicada Comum Durante o período de dependência absoluta, o progresso continuado dos processos de maturação possibilita, em termos de desenvolvimento do ego, três realizações: 1. integração; 2. personalização; e 3. início das relações objetais. Essas realizações são interdependentes e somente podem ser alcançadas com os cuidados de uma mãe suficientemente boa, cujas funções Winnicott sintetiza respectivamente como: 1. holding; 2. manejo; e 3. apresentação dos objetos. Integração e \"Holding\" Winnicott postula uma não-integração primária do ego do bebê. Logo nas primeiras 24 horas de vida, esse estado se torna uma integração estruturada, no início com duração de alguns momentos, que progressivamente vão se tornando mais longos, persistentes e complexos. A tendência à integração, a principal do processo maturativo, faz parte do potencial herdado do bebê, podendo-se revelar desde certos determinantes ambientais, que fazem parte da capacidade de holding da mãe, sejam proporcionados. Para fornecer uma sustentação adequada, a mãe possibilita que partes e fragmentos da atividade motora e sensorial que fazem parte da vida do bebê fundamentam o narcisismo primário comece a se congregar. Essa realização, juntamente com o aparecimento no latente de núcleos de uma elaboração imaginária sobre o funcionamento do corpo, possibilita o surgimento de momentos de integração, nos quais o bebê é uma unidade, embora muito. dependente.\n\nNa teoria de Winnicott, o holding representa a continuação, após o nascimento, do todo provisório característica do estado pré-natal que a mãe, até então, proporcionou ao bebê em seu tino. O holding satisfatório se assenta na capacidade da mãe de se identificar com o bebê e representar tudo aquilo que ela faz pelo bebê neste período de dependência absoluta... E através da experiência de sustentar adequadamente o bebê que a mãe demonstra seu amor, atuando como auxiliar, de forma a fortalecer o ego frágil do bebê, tomando-o devido.\n\nAntes da aquisição do status de unidade, a partir da não-integração, aparece uma série de estados dissociados no bebê e na criança pequena, devido à emergência \"uma integração incompleta ou parcial\". Somente com o tempo essas dissociações desaparecem e a integração surge como algo totalmente estruturado. Os estados dissociados transformam-se em mecanismos de defesa, nos quais uma fração do self permanece apartada do self principal, vindo a aparecer em determinados momentos que são comuns no início da infância, em certos tipos de identificação e em estados psicóticos.\n\nEm condições favoráveis podemos reconhecer a não integração, sem antever a continuidade do ser, pois o bebê tem o apoio egóico de uma mãe confiável. Esses momentos são os recursos da capacidade adulta para experimentar repouso, o relaxamento para a capacidade de estresse. É durante e não-integração que o impulso criativo pode surgir e se definir como real, como uma experiência verdadeira e pessoal.\n\nAssim como o cuidado materno adequado conduz a uma condição de integração ego, as falhas no cuidado levam à desintegração. Essa condição aparece em condições em que o próprio objeto não está integrado, surgindo então como objeto de desilusão. A desintegração constituiu uma desilusão de que a realidade externa existe.\n\nO caos da desintegração pode ser tão ruim quanto a instabilidade do meio, mas tem a vantagem de ser produzido pelo bebê e por isso de ser não-ambiental\".\n\nPersonalização ou Inserção Psicossomática e Manejo\n\nA psique, que é uma \"elaboração imaginativa de partes, sentimentos e funções somáticas\", apesar de apoiada no funcionamento corporal, não se encontra no início do desenvolvimento emocional firmemente ligada a ele.\n\nCom o surgimento de períodos de integração do ego, gradualmente aspectos da psique e do soma se envolvem num processo de inter-relação, desenvolvendo no bebê um sentimento de estar dentro do próprio corpo. O bebê a descobrir o meio ambiente.\n\nFrequentemente o bebê faz um movimento (gesto espontâneo), cuja fonte é o self verdadeiro em potencial e descobre o mundo que o circunda, Nesse exato momento o meio ambiente se apresenta. A mí e traz um pedacinho do mundo até o lactente, de forma compreensiva e limitada, adequada às suas necessidades, proporcionando uma experiência de onipotência ao permitir que o bebê tenha a ilusão de que o que foi encontrado é algo criado por ele. Desta forma, utilizando-se da situação da amamentação para descrever esse processo, pode resultar no primeiro laço feito pelo bebê com um objeto exterior.\n\nWinnicott sustenta que a adaptação materna capacita a mãe a colocar seu seio, de acordo com a projeção (alucinação) que o bebê está pronto a fazer do seu mundo. A relação do bebê está intimamente vinculada a perspectiva que apresenta, mas faz de cada pedacinho do mundo para a lactente. Vagarosamente a mãe decidida vai aumentando a porção de realidade compreensível, que apressa o bebê, satisfazendo a crescente capacidade da criança de usufruir do mundo, sempre tomando cuidado de preservar certa porção de ilusão, condição indispensável para que o lado criativo da criança possa ser integralmente vivido.\n\nSente-se então a necessidade de que a criança seja estimulada, preparando para a realidade com facilidade os momentos de desilusão gradual (princípio de realidade), \"esta sendo a palavra para o desenho da mesma situação primária\".\n\nO bebê tem agora que viver um aspecto decisivo do seu desenvolvimento emocional, pois, \"de um estado de sentir-se unido à mãe, o bebê passa para um estágio de separação do self, enquanto que a mãe diminui o grau de sua adaptação às necessidades do seu próprio desejo. Isso é o momento em que nada haver sentido\" e a criação de objetos e fenômenos no mundo do controle onipotente. É o lactente, lentamente, começa a acreditar na realidade externa, pois começa a se dar conta de que o seio bom não é apenas uma projeção sua, mas algo que pertence ao meio ambiente (objeto objetivo) e, portanto, externo ao self.\n\nCaso o bebê tenha um sentimento de confiança na fidelidade materna (seio bom), que é injetada durante a experiência de ilusão, numerosos processos mentais vão se desenvolver no momento em que a continuação (fusão mãe-bebê) está cedendo lugar à conglutinidade. Esses mecanismos permitem ao bebê lidar com a separação do objeto e fazer uso dessa separação que inicia na jornada em direção à dependência relativa e à independência. Esses processos estão descritos em Objetos Transicionais e Fenômenos Transicionais (1951) e são: \"a experiência que o bebê adquire, e que é constantemente repetida, de que há um limite temporal para a frustração, isto é, ela tem um fim. A princípio, naturalmente, o tempo que o bebê pode aguardar até que ela termine é curto. . crescente sentido de progresso;\n. os princípios da alividade mental;\n. emprego de satisfações auto-estéticas;\n. recordar, rever, fantasiar, sonhar, integrando passado, presente e futuro;\n. os fenômenos e objetos transicionais; (que começam a surgir e que progressivamente se espalham por todo o espaço potencial.\n\nO Self Verdadeiro e o Falso Self\n\nAo proporcionar um holding físico e psicológico e um manejo corporal adequados o conduzir o mundo, a mãe permite que o self verdadeiro, que Winnicott define como \"posição teórica de onde vem o gesto espontâneo e a ideia pessoal\", se revele.\n\nÉ a adaptação da mãe suficientemente boa que permite ao self verdadeiro reunir os pormenores do viver, que coincidem com a realidade interna, do lactente, tornando-a mais performática e possibilitando sua relação com a realidade externa, com uma gradual renúncia da onipotência. Assim o bebê torna-se capaz \"de reagir a estímulos sem traumatismo, porque o estímulo tem seu contraponto na realidade interna, reflexão do indivíduo\" que se vê encerrado pelo bebê como uma projeção sua. Isso o capacita a manter o sentimento de onipotência e de perda gradativa na onipotência, mesmo quando reagindo a fatores ambientes.\n\nOutra possibilidade é o bebê aceitar a invasão ambiental através da submissão, indicando um estado de falso self, cuja função é ocultar o self verdadeiro, que, se acaso ocorresse, \"resultaria em seu aniquilamento\".\n\nO falso self, reduzido à submissão, reage às exigências do meio, parecendo aceita-las construindo um conjunto de relacionamentos falsos que têm por base a imitação, a identificação e a introjeção, chegando até a aparentar: REV. BRAS. PSICANAL. VOL. XXIV N° 1\n\nO Estado da Preocupação\n\nEm determinado momento da vida do bebê, que mais frequentemente se situa ao redor do segundo semestre, grandes alterações começam a se processar no mundo íntimo do lactente, com mudanças e enriquecimento em seus jogos.\n\nDevido a todo um desenvolvimento físico e emocional tornado possível por uma mãe suficientemente boa, o bebê adquire a compreensão da existência de um mundo interno e de um exterior onde pode receber coisas (introjeção), tendo também a capacidade de se livrar (projeção) dos objetos que deseja. Associada a essa compreensão, o lactente consegue admirar sua mãe também em um interior e, consequentemente a se preocupar. Toda essa avaliação leva o bebê a entender que a responsabilidade por toda a avaliação que está ligada ao viver e a um relacionamento com uma pessoa total, conquistadas da posição depressiva, que Winnicott escreveu como o estado da preocupação.\n\nO lactente tem, segundo Winnicott, duas mães, das quais ele faz dois usos completamente diferentes: segue tranquilo ou excita um estado de tensão pulsional. Em O Desenvolvimento da Capacidade de se Preocupar (1963) ele escreveu: \"O que a lactente não faz tende ao de e uso do esta fase do objeto não parece muito diferente do uso que faz do mesmo em o artigo de denominação total\", denominando uma mãe, respectivamente, \"mãe-objeto\" e \"mãe-ambiente\".\n\nNos períodos de tranquilidade, a mãe-ambiente adapta-se às necessidades do bebê, avaliando implícitos e conscientes, o lactente passa a conhecer e introjetar a técnica e as características maternas. Essa mãe é afetuosa amada e introjetada pelo bebê, que projeta suas características no objeto transicional que abrange a manipula. ... com o viver, onde o eu é capaz de interferir da experiência inicial, que possibilita que a criança atinja \"a capacidade de perceber que a causa do desastre reside numa falha ou omissão ambiental\".\n\nTudo corria bem para a criança. Mas alguma coisa (separação ou perda) perturbou essa situação, pois aconteceu num momento em que o ego imaturo da criança não tinha condições de tolerar a espera e manter viva a lembrança da mãe. As defesas do que desmoronaram e a criança experimenta confusão e ensaiados imaginativos. Uma reorganização surge a seguir, mas tendo como base um modelo de defesa inferior. Nesse período a criança não apresenta sintomas, pois está sofrendo da mais completa desrepressão. Com o tempo a esperança reaparece e a criança começa a realizar atos anti-sociais, que se tornam sintomas clínicos. A criança fica difícil, compelindo \"alguém a encarregar-se de cuidar dela\".\n\nDuas são as direções da tendência anti-social, representadas de um lado. pela busca do objecto perdido, cujos sintomas são o roubo e a mentira, e de outro pela destruição, com a qual aparecem a enurese e a conduta desordenada e cíclica. Essas direções estão respectivamente relacionadas com a relação da criança pequena com a mãe e com o pai24.\n\nE o Pai?\n\nWinnicott reconhecia que pouco tinha se dedicado a trazer contribuições pessoais sobre o papel do pai no desenvolvimento emocional da criança. Dois são os enfoques que ele dá à figura paterna. Nos primeiros artigos, Winnicott considera o pai como uma extensão da figura materna durante a fase de dependência absoluta. Inicialmente o pai passa algumas das funções maternas, e posteriormente passa a ser objeto de projeção de certas qualidades maternas, como denomina \"aspectos externos\", o que estão associadas a regras de regulamento, pontualidade, rigor, severidade e indestrutibilidade.\n\nJá no artigo The Use of an Object in the Context of Moses and Monotheism (1969), Winnicott não se refere aos “aspectos externos” para sustentar que durante um período de dependência relativa o pai passa a desempenhar um papel importante na vida da criança, independentemente do fato de ter ou não desempenhado funções maternas no período anterior. Sem estender, Winnicott considera que o pai depende da mãe, na medida em que, na vida da criança como uma unidade, um objeto total, contribuindo para os processos de dinâmica vivida pelo bebê.\n\nCom o fazer do lado da vida, a criança desenvolver uma nova atitude para com a mãe, influenciada pela descoberta do pai. Um longo caminho foi percorrido no seu desenvolvimento emocional.\n\nInfluências\n\nSem dúvida muito do trabalho de Winnicott deriva da metapsicologia freudiana e das ideias de Melanie Klein sobre a decisiva importância dos estádios mais primitivos do desenvolvimento do indivíduo. Entretanto, ele se utilizou desses textos psicanalíticos de uma maneira bastante pessoal, o que torna muitas vezes difícil, quando não impossível, identificar onde suas ideias derivaram.\n\nPara Winnicott, antes do bom e do mau, há a dependência. Ao afirmar \"there is no such a thing as a baby\" fez sua contribuição mais original. Essa\n167 constatação conduziu-o ao estudo do par lactente-lactante (nursing couple), fundamento de toda a sua produção e responsável por sua teoria do desenvolvimento emocional, na qual elaborou seus conceitos mais originais. Formam esses conceitos que levaram a se deparar com temas como criatividade e sua origem, autenticidade, a espontaneidade e o sentir-se real próprios do verdadeiro self. Temas que ele procurou elaborar e reconheceram ao atentar para a questão: \"sobre o que versa a vida?\" (\"of what life itself is about!\")\n\nSUMMARY\n\nThe Theory of Emotional Development of D. W. Winnicott\n\nThe objective of this article is to organize the contributions of D. W. Winnicott to a theory of emotional development of the infant and the child during the first years of life. Two parallel and frequently crossing paths are followed. In the one hand the emotional growth of infant is studied, and on the other, the mother’s qualities, the changes in these qualities and the maternal care which satisfies the specific needs of the infant are detailed and reported.\n\nBIBLIOGRAFIA\n\n1. WINNICOTT, D. W. (1944). \"Eo Pai?\", em A Criança e o Seu Mundo. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1982. \n2. WINNICOTT, D. W. (1945). \"Desenvolvimento Emocional Primitivo\", em Textos Selecionados: da Pediatria à Psicanálise. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1988. \n3. WINNICOTT, D. W. (1949). \"O Bebê como Organização em Marcha\", em A Criança e o Seu Mundo. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1982. \n4. WINNICOTT, D. W. (1949). \"Recordações do Nascimento, Trauma do Nascimento e Ansiedade\", em Textos Selecionados: da Pediatria à Psicanálise. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1988. \n5. WINNICOTT, D. W. (1951). \"Objetos Transicionais e Fenômenos Transicionais\", em Textos Selecionados: da Pediatria à Psicanálise. Rio de Janeiro, Livraria Francisco Alves, 1988. \n6. WINNICOTT, D. W. (1954). \"A Posição Depressiva no