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Engenharia Civil ·
Hidráulica
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HIDRÁULICA E HIDROLOGIA Robson Costa 3 A humanidade sempre utilizou os recursos naturais para o seu desenvolvimento Assim as grandes cidades evoluíram às margens de rios onde o recurso água era utilizado não somente para o consumo mas para diversas atividades do dia a dia Com o avanço da tecnologia o ser humano se vê obrigado a dominar esse tão importante recurso Vamos aprender neste Blocoo que são os fluidos e como podemos utilizálos Boa leitura 11 Definição de fluidos Você é capaz de descrever o que é um fluido Logo pensamos em um recipiente contento água não é mesmo Mas vamos lá observe a Figura 11 a seguir Figura 11 Garrafa com água Fonte disponível em httpsbitly3dKx9ui Acesso em jun2020 Ao observarmos a garrafa focamos direto na água e logo dizemos que temos um líquido preenchendo um certo volume correto Não se estivermos falando de fluidos pois na verdade temos dois tipos de fluidos no recipiente Líquido que assume a forma do recipiente sempre formando uma superfície plana com a atmosfera e seu volume não pode ser facilmente comprimido 1 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA 4 Gasoso ocupa todo o espaço disponível no recipiente porém não forma nenhuma superfície visível com a atmosfera e seu volume pode ser facilmente comprimido Em nossos estudos vamos focar no estudo dos fluidos líquidos 12 Massa Peso e Peso Relativo Específico Para estudarmos as relações de algumas propriedades dos fluidos e suas relações características para utilização em diversas áreas da Engenharia precisamos relembrar alguns conceitos Massa Específica ρ definida pela relação entre a massa do fluido kg e o volume m³ por ele ocupado 𝝆 𝒎 𝑽 Equação 01 Peso Específico Ƴ definido pela relação entre o peso do fluido W em N e o volume m³ por ele ocupado 𝜸 𝑾 𝑽 𝐩𝐨𝐫é𝐦 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐖 𝐦 𝐠 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐦𝐨𝐬 𝐬𝐮𝐛𝐬𝐭𝐢𝐭𝐮𝐢𝐫 𝐬𝐞𝐧𝐝𝐨 𝜸 𝐦 𝐠 𝐕 𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐦 𝐕 𝛒 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐦𝐨𝐬 𝐬𝐢𝐦𝐩𝐥𝐞𝐬𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐫𝐞𝐯𝐞𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝜸 𝝆 𝒈 Equação 02 Peso Específico Relativo Ƴr definido pela relação entre o peso específico de um fluído Ƴ e o peso específico de referência Ƴr Este último no caso dos fluidos líquidos será o da água a 4 C com o valor de 10000 Nm³ ƳH2O Cabe ressaltar que 5 se trata de um valor adimensional muito utilizado quando queremos comparar substâncias por exemplo no tratamento de um efluente qualquer 𝜸𝒓 𝜸 𝜸𝑯𝟐𝑶 Equação 03 EXEMPLO 01 Foi solicitado calcular o peso específico de uma mistura de dois efluentes sendo que suas massas específicas valem respectivamente ρ1 085 kgm³ e ρ2 048 kgm³ Sabendose que o tanque possui 10 m³ e que ρ1 ocupou 26 por cento desse volume vamos calcular Solução 1 Vamos calcular o volume ocupado pela substância ρ1 Como o volume total do tanque é de 10 m³ multiplicaremos pelo percentual por ele ocupado 26 100 026 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚 𝑚𝑢𝑙𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑉𝑡 𝑜𝑏𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 10 026 26 𝑚3 𝑉1 2 Assim podemos calcular o volume ocupado pela substância ρ2 𝑉𝑡 𝑉1 𝑉2 𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜 𝑉2 𝑉𝑡 𝑉1 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑉2 10 26 74 𝑚³ 3 Com os volumes ocupados podemos portanto calcular a massa de cada substância 𝑚1 𝜌1 𝑉1 085 26 221 𝑘𝑔 𝑚2 𝜌2 𝑉2 048 74 355 𝑘𝑔 4 Com as massas de cada substância somamos para obter a massa da mistura 𝑚𝑚 𝑚1 𝑚2 221 355 576 𝑘𝑔 5 Dessa forma a massa específica da mistura ρm será 𝛒𝐦 𝐦𝐦 𝐕𝐭 𝟓 𝟕𝟔 𝟏𝟎 𝟎 𝟓𝟕𝟔 𝐤𝐠𝐦³ 6 6 Agora podemos calcular o peso específico dessa mistura Se considerarmos a gravidade g como 10 ms² sendo portanto γm ρm g 0576 10 576 Nm³ 13 O que é Hidrocinética Definimos como Hidrocinética o estudo dos fluidos em movimento Seus conceitos definem e ajudam nossas atividades de Engenharia não somente em Obras Hidráulicas como também em Hidrologia pois poderemos dimensionar e calcular as perdas de energia durante o escoamento e como podemos utilizar essa mesma energia em nosso favor 131 Tipos de Movimentos dos Fluidos Para que possamos iniciar nossos estudos de Hidrocinética é necessário entendermos e classificarmos os movimentos dos fluidos Para isso vamos observar a Figura 12 a seguir Figura 12 Regimes de Escoamento Fonte Autor 7 Na Figura 12a percebemos que o reservatório no instante t1 mesmo com um escoamento de saída mantém o volume entre as duas câmaras permanecendo constantes alimentado pelas duas torneiras abertas Quando observamos a Figura 12b no instante t2 notamos que há uma diferença entre os volumes das câmaras devido ao fechamento de uma das torneiras Com isso podemos classificar dois tipos distintos de Regimes de Escoamento a Escoamento Permanente e Uniforme onde não há variação de propriedades como pressão e velocidade ao longo do tempo e todos os pontos da mesma trajetória têm a mesma velocidade ao longo do tempo Assim a velocidade pode variar de uma trajetória para outra mas na mesma trajetória todos os pontos têm a mesma velocidade ou seja de um ponto a outro da mesma trajetória a velocidade não varia o módulo a direção e o sentido são constantes É o que ocorre na Figura 12a sendo que também tende a ocorrer em tubulações longas e de diâmetro constante b Escoamento NãoPermanente e Variado Já neste caso há variações de pressão e velocidade ao longo do tempo e os diversos pontos da mesma trajetória não apresentam velocidade constante no intervalo de tempo considerado É o exemplo da Figura 12b onde na variação dos instantes t1 e t2 há entre as câmaras uma diferença do volume alterando a pressão entre elas e consequentemente a velocidade de saída do escoamento devido ao fechamento de uma das torneiras Esse regime pode ser verificado no escoamento de um rio 132 Classificação dos Escoamentos Finalmente devemos entender que o escoamento dos fluidos também é classificado pela definição da trajetória de suas partículas Vamos entender portanto como isso ocorre observando as figuras 13 e 14 8 Figura 13 Regime de Escoamento Laminar Fonte Autor a Laminar ocorre quando as partículas de um fluido se movem ao longo de trajetórias bem definidas apresentando lâminas ou camadas sendo que cada uma delas preserva sua característica no meio No escoamento laminar a viscosidade age no fluido no sentido de amortecer a tendência de surgimento da turbulência Esse escoamento ocorre geralmente a baixas velocidades e em fluidos que apresentem grande viscosidade Se observarmos a Figura 13 ao olharmos para uma lagoa num dia de pouco vento temos a impressão de que suas águas estão paradas porém existem movimentos que podem ser exemplificados conforme a Figura 13 onde cada partícula possui uma trajetória bem definida e em um único sentido 9 Figura 14 Regime de Escoamento Turbulento Fonte Autor b Turbulento ocorre quando as partículas de um fluido não se movem ao longo de trajetórias bem definidas ou seja as partículas descrevem trajetórias irregulares com movimento aleatório produzindo uma transferência de quantidade de movimento entre regiões da massa líquida Esse escoamento é comum na água cuja viscosidade é relativamente baixa e como podemos observar na Figura 14 onde a trajetória das partículas não possui um sentido único e nem definido 133 O número de Reynolds O tipo de regime de escoamento é um dos parâmetros de projeto que devem ser escolhidos peloa Engenheiroa dependendo do tipo de aplicação como por exemplo a Caso seja necessária a construção de um decantador para utilização em uma Estação de Tratamento de Água o regime a ser imposto é o laminar pois assim podemos manter uma velocidade de decantação dos flocos controlada 10 b O regime turbulento pode ser aproveitado quando se quer uma mistura rápida entre fluidos porém seus limites devem ser determinados pois caso não sejam dimensionados podem causar problemas a estruturas e equipamentos Para que possamos calcular qual é o regime de escoamento existente ou que devemos projetar é necessário que recordemos da experiência de Reynolds Nela Osborne Reynolds em 1883 demonstrou o comportamento de um filete de corante colorido inserido em uma tubulação onde à medida que se abria uma válvula de entrada do sistema o filete deixava de possuir uma trajetória bem definida até desaparecer quando a mesma estivesse toda aberta Assim após essas observações Reynolds formulou uma equação para determinar através de um número adimensional qual o regime de escoamento presente 𝐑𝐞 𝐯 𝐃 Equação 4 A determinação do número de Reynolds se dará pela divisão do produto da velocidade média de escoamento v pelo diâmetro da tubulação D sobre a viscosidade cinemática que estudaremos mais adiante Os valores da viscosidade cinemática para diferentes temperaturas dos líquidos mais frequentemente utilizados na prática do dia a dia são tabelados A Tabela 11 a seguir representa os intervalos para cada tipo de escoamento Cabe ressaltar que esses valores podem variar para diferentes autores a partir do Regime Laminar sendo que alguns ainda classificam intervalos como Regimes de Transição Tabela 11 Tipos de regime de escoamento pelo número de Reynolds Número de Reynolds Tipo do Regime 0 2000 Laminar 2000 Turbulento Fonte Autor 11 EXEMPLO 02 Qual o regime de escoamento de uma tubulação escoando óleo combustível a uma temperatura de 40 C 1200 x 𝟏𝟎𝟔 m²s em uma tubulação de aço de diâmetro de 500 mm a uma velocidade de 18 ms Solução 1 Vamos transformar 500 mm em m 5001000 050 m 2 Após transformarmos as unidades utilizaremos a fórmula de Reynolds 𝐑𝐞 𝐯 𝐃 𝟏 𝟖 𝟎 𝟓𝟎 𝟏𝟐𝟎𝟎 𝐱 𝟏𝟎𝟔 𝟕𝟓𝟎 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐦 𝐨 𝐫𝐞𝐬𝐮𝐥𝐭𝐚𝐝𝐨 é 𝐦𝐞𝐧𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝟐 𝐱 𝟏𝟎³ Resposta Portanto o regime de escoamento é laminar 13 Entendendo o que é Vazão Q Até agora classificamos os fluidos e estudamos sobre os seus tipos de movimentos e como podemos determinálos Também dissemos que a Hidrocinética é a ciência que estuda os fluidos em movimento portanto vamos aprofundar um pouco mais nossos conhecimentos Quando dizemos que a água está escoando por uma tubulação na verdade estamos descrevendo o fenômeno denominado de Vazão Q que é a quantidade de massa líquida ou gasosa que flui por uma distância D atravessando uma certa seção A com uma velocidade média v em um determinado espaço de tempo 𝐭 Vamos observar a Figura 15 12 Figura 15 Determinação de Vazão Fonte adaptado de httpsbitly2XJMPIC Acesso em jun 2020 Observe que na Figura 15 o fluido se movimenta do instante t1 para o instante t2 percorrendo certa distância D e que se multiplicarmos a mesma pela área da tubulação A calculamos o seu volume sendo portanto 𝐕 𝐃 𝐀 Equação 05 Como a Vazão Q é a quantidade de massa fluida ou gasosa ou seja seu volume percorrido V pelo intervalo de tempo 𝐭 podemos determinar a seguinte relação 𝐐 𝐕 𝐭 Equação 06 Substituindo a equação 5 na equação 6 teremos 𝐐 𝐕 𝐭 𝐃 𝐀 𝐭 𝐩𝐨𝐫é𝐦 𝐃 𝐭 𝐯 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐐 𝐯 𝐀 13 Dessa forma verificamos que existe então uma relação entre o volume de água que escoa por uma tubulação e sua velocidade média expressa pela equação 07 𝐐 𝐯 𝐀 Equação 07 Denominamos portanto esse tipo de movimento de massa fluida ou gasosa como Vazão Volumétrica Q sendo suas unidades de medidas mais comuns Ls Lmin Lh m³s m³h ou m³dia Também podemos determinar a chamada Vazão Mássica Qm análoga à vazão volumétrica porém utilizandose de massa em quilos kg que escoam Mas quando utilizar essa forma Um bom exemplo é quantificar a massa de concreto que deve ser lançada numa determinada obra Assim 𝐐𝐦 𝐦 𝐭 Equação 08 Como a massa específica de uma substância é a razão da massa da substância pelo volume por ele contido podemos concluir que 𝐦 𝐕 𝐞𝐧𝐭ã𝐨 𝐦 𝐕 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐦 𝐐𝐦 𝐦 𝐭 𝐕 𝐭 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐐𝐦 𝐐 Equação 09 A vazão mássica pode ser descrita em diversas unidades sendo as mais comuns como kgs kgmin kgh th tdia 14 Equação da Continuidade Agora que estudamos e definimos o que é Vazão vamos aplicar sua utilização em uma tubulação e relembrarmos um pouco sobre o conceito de Conservação de Massa Dê uma olhada na Figura 16 a seguir 14 Figura 16 Determinação da Equação da Continuidade Componentes Fonte adaptado de httpsbitly2YjSkgq Acesso em jun 2020 Tratase de um acessório de tubulação chamado de redução muito utilizado em Obras de Instalações Prediais Olhando a Figura 16 e aplicando o que aprendemos sobre o conceito de vazão podemos afirmar que a vazão Q1 é diferente da vazão Q2 Até porque suas áreas são visivelmente distintas não é mesmo Bom se você afirmou que sim é melhor relembrar o princípio de conservação de massa pois se na área A1 passa uma vazão Q1 no mesmo instante na área A2 passará a mesma vazão em Q2 não havendo vazamento no trecho Mas como isso é possível A resposta é simples se não há perda de massa entre os dois pontos e a massa do fluido está contida na tubulação e como os fluidos são incompressíveis o escoamento do fluido dentro da tubulação será considerado constante Determinamos como fluido incompressível qualquer fluido cuja densidade sempre permanece constante com o tempo tendo a capacidade de oporse à compressão do mesmo em qualquer condição Alguns fluidos são mais compressíveis que outros Assim podemos afirmar que a massa do fluido que escoa na seção de área A1 é a mesma que escoa na seção de área A2 como demonstrado na equação da vazão mássica Q podendo ser assim descrita 15 𝐐𝐦 𝐐 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐐𝐦𝟏 𝐐𝐦𝟐 𝐬𝐞𝐧𝐝𝐨 𝟏 𝐐𝟏 𝟐 𝐐𝟐 Equação 10 Como não há perda de massa fluida durante o escoamento podemos afirmar que 𝟏 𝟐 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐐𝟏 𝐐𝟐 𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐐 𝐯 𝐀 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐚𝐟𝐢𝐫𝐦𝐚𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝟏 𝐀𝟏 𝐯𝟐 𝐀𝟐 Denominamos o princípio de conservação da massa para um fluido em movimento de Equação da Continuidade sendo portanto 𝐐𝟏 𝐐𝟐 𝐐𝐧 𝐨𝐮 𝐯𝟏 𝐀𝟏 𝐯𝟐 𝐀𝟐 𝐯𝐧 𝐀𝐧 Equação 11 141 Distribuição da Vazão em Marcha qm Com os conceitos aprendidos vamos analisar nesta etapa a construção de um sistema de distribuição de água constituído de diversas tubulações com diâmetros variados interligados a uma única fonte de distribuição Como exemplo sua própria casa sendo sua caixa de água nosso reservatório principal e seus cômodos as áreas abastecidas como cozinha banheiros e área de serviço A forma que essas redes estão interligadas a partir da saída do reservatório pode ser classificada em ramificada Se dividirmos essas vazões por cômodos podemos utilizar os conceitos de acordo com Azevedo Neto e Alvarez 1977 a denominada vazão em marcha qm onde será realizado um seccionamento fictício da tubulação para efeito de cálculo distribuindo essa vazão Q pelo comprimento da tubulação L em metros cúbicos por segundo por m m³sm sendo sua fórmula 𝒒𝒎 𝑸 𝑳 Equação 12 Iremos aprofundar essa equação no estudo de Redes de Abastecimento de Água no Bloco 2 16 15 Equação da Conservação de Energia Verificamos pela Equação da Continuidade que a vazão que escoa entre dois trechos de uma tubulação será a mesma conforme a Equação 11 pois não há perda de massa fluida m durante seu escoamento Assim podemos afirmar que toda a vazão de entrada Qe deve ser igual a toda a vazão de saída Qs conforme abaixo 𝐐𝐞 𝐐𝐬 𝐨𝐮 𝐯𝐞 𝐀𝐞 𝐯𝐬 𝐀𝐬 Equação 13 Se a massa do fluido não se perde durante o escoamento seria possível que formulássemos uma equação para o balanço de energias presentes durante esse mesmo escoamento A energia é a capacidade de se realizar certo trabalho existindo de várias formas possíveis como energia hidráulica mecânica ou fluvial A essa nova formulação denominamos de Equação de Conservação de Energia que associada aos conceitos da Equação da Continuidade nos ajudará a compreender e calcular diversos problemas relacionados à Engenharia 151 Componentes de Energia Associados aos Fluidos Para o desenvolvimento de nossa equação utilizaremos três tipos de energia a saber a Energia Potencial de Posição Ez é aquela associada à altura de uma determinada massa m em relação a uma determinada diferença de cota a partir de uma linha horizontal de referência LHR denominada z ou seja é o produto do peso W dessa massa m pela diferença de cotas z entre a LHR conforme a equação 14 𝑬𝒛 𝑾 𝒛 𝒎 𝒈 𝒛 Equação 14 17 b Energia Cinética Ec é aquela que relacionaremos ao movimento de escoamento do fluido onde a massa m com velocidade média v irá ganhar energia cinética Ec à medida que acelera e perdendo energia potencial Ez conforme diminui a diferença de cota z conforme a equação 15 𝑬𝒄𝒆 𝐦 𝐯² 𝟐 𝒎 𝒈 𝒛 𝑬𝒄𝒔 𝒐𝒖 𝒔𝒊𝒎𝒑𝒍𝒆𝒔𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑬𝒄 𝐦 𝐯𝟐 𝟐 Equação 15 c Energia Potencial de Pressão Ep a energia potencial de pressão é o produto do peso W de uma massa m pela carga de pressão h Para determinarmos a carga de pressão h devemos recordar dos conceitos de Stevin onde a pressão em um determinado ponto é o produto de seu peso específico pela diferença de cota a partir de uma linha horizontal de referência LHR denominado h conforme a equação 16 𝑷 𝒉 𝒉 𝑷 Equação 16 Portanto a energia potencial de pressão pode ser escrita conforme a equação 17 𝑬𝒑 𝑾 𝒉 𝒎 𝒈 𝑷 Equação 17 Partimos dessa formulação devendo considerar o sistema em regime permanente sem considerarmos tensões de atrito e viscosidade Podemos assim excluindo as energias térmicas e adotando as energias mecânicas e de pressões envolvidas determinar a seguinte equação de energia total do fluido ETF a seguir 𝑬𝑻𝑭 𝑬𝒛 𝑬𝒄 𝑬𝒑 𝒐𝒖 𝑬𝑻𝑭 𝒎 𝒈 𝒛 𝐦 𝐯𝟐 𝟐 𝒎 𝒈 𝐏 Equação 18 18 152 Equação de Bernoulli Recebe esse nome em homenagem a Daniel Bernoulli matemático suíço que a publicou em 1738 Para isso ele introduziu algumas regras de simplificação para seu desenvolvimento atribuindo que o seu escoamento acontece em um fluido ideal onde escoamento se dará em Regime Permanente não há acréscimo ou diminuição da energia ou seja ETFe Energia Total de Entrada ETFs Energia Total de Saída inexistência de resistências viscosas no fluido incompressibilidade e não há transformação em energias de calor Esse resultado demonstra que sob regime permanente a vazão total de energia QETF se conserva em toda a seção da tubulação sendo 𝑸𝑬𝑻𝑭 𝑬𝑻𝑭𝟏 𝑬𝑻𝑭𝟐 𝑬𝑻𝑭𝒏 𝑪𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 𝐄𝐪𝐮𝐚çã𝐨 𝟏𝟗 Se dividirmos a vazão total de energia QETF pela vazão em peso QW iremos definir um novo parâmetro denominado de carga H onde 𝑸𝑬𝑻𝑭 𝑸𝑾 𝑯 Equação 20 Simplificando a equação de carga dividindo a vazão total de energia QETF pela vazão em peso QW e substituindo por seus termos determinamos 𝑯 𝑸𝑬𝑻𝑭 𝑸𝑾 𝑸𝑬𝒛𝑸𝑬𝒄𝑸𝑬𝒑 𝑸𝑾 𝒛 𝒗² 𝟐𝒈 𝑷 𝑯 Equação 21 Percebam que na entrada de dados a carga potencial de posição z será a diferença de altura em metros de uma determinada Linha Horizontal de Referência LHR portanto as parcelas de carga cinética e de pressão seguem a mesma unidade facilitando nossa compreensão em sua aplicação 19 Definimos portanto a denominada Equação de Bernoulli conforme a Figura 17 sendo 𝑯𝟏 𝑯𝟐 𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂𝒏𝒕𝒐 𝒛𝟏 𝒗𝟏² 𝟐𝒈 𝑷𝟏 𝒛𝟐 𝒗𝟐² 𝟐𝒈 𝑷𝟐 Equação 22 Figura 17 Equação de Bernoulli Fonte Autor Observação Caro aluno ao analisar a Figura 17 você deve notar que para a equação 22 esteja em balanço ainda nos falta definir o que é o termo Δhft Pois este será nosso tema de partida em nossos estudos no Bloco 2 Vamos lá Conclusão Caro aluno neste Bloco 1 iniciamos nossas definições de fluidos suas propriedades caracterizamos seus tipos de movimentos e como dimensionar para cada tipo de aplicação à Engenharia 20 Conceituamos o termo Vazão de Escoamento e relacionamos à Equação da Continuidade Finalizamos apresentando o balanço de Energia dos Fluidos e a Equação de Bernoulli Mas ainda não determinamos o termo Δhft que surgiu ao final deste Bloco 1 portanto segurese revise o material e vamos iniciar os estudos das denominadas Perdas de Carga REFERÊNCIAS AZEVEDO NETTO J M ACOSTA ALVAREZ G Manual de Hidráulica 7 ed atual e ampl São Paulo Edgar Blucher 1973 1977 1982 BISTAFA S R Mecânica dos fluidos noções e aplicações 1 ed São Paulo Edgar Blucher 2010 BRUNETTI F Mecânica dos Fluidos 2 ed rev São Paulo Pearson Prentice Hall 2008 FIALHO A B Automaçao hidraulica projetos dimensionamento e análise de circuitos São Paulo Erica 2011 GRIBBIN J E Introdução à hidráulica hidrologia e gestão de águas pluviais 2 ed São Paulo Cengage Learning 2014 ROTAVA O Aplicações práticas em escoamento de fluidos cálculo de tubulações válvulas de controle e bombas centrífugas Rio de Janeiro LTC 2012
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atmosfera e seu volume não pode ser facilmente comprimido 1 INTRODUÇÃO À HIDRÁULICA 4 Gasoso ocupa todo o espaço disponível no recipiente porém não forma nenhuma superfície visível com a atmosfera e seu volume pode ser facilmente comprimido Em nossos estudos vamos focar no estudo dos fluidos líquidos 12 Massa Peso e Peso Relativo Específico Para estudarmos as relações de algumas propriedades dos fluidos e suas relações características para utilização em diversas áreas da Engenharia precisamos relembrar alguns conceitos Massa Específica ρ definida pela relação entre a massa do fluido kg e o volume m³ por ele ocupado 𝝆 𝒎 𝑽 Equação 01 Peso Específico Ƴ definido pela relação entre o peso do fluido W em N e o volume m³ por ele ocupado 𝜸 𝑾 𝑽 𝐩𝐨𝐫é𝐦 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐖 𝐦 𝐠 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐦𝐨𝐬 𝐬𝐮𝐛𝐬𝐭𝐢𝐭𝐮𝐢𝐫 𝐬𝐞𝐧𝐝𝐨 𝜸 𝐦 𝐠 𝐕 𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐦 𝐕 𝛒 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐦𝐨𝐬 𝐬𝐢𝐦𝐩𝐥𝐞𝐬𝐦𝐞𝐧𝐭𝐞 𝐞𝐬𝐜𝐫𝐞𝐯𝐞𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝜸 𝝆 𝒈 Equação 02 Peso Específico Relativo Ƴr definido pela relação entre o peso específico de um fluído Ƴ e o peso específico de referência Ƴr Este último no caso dos fluidos líquidos será o da água a 4 C com o valor de 10000 Nm³ ƳH2O Cabe ressaltar que 5 se trata de um valor adimensional muito utilizado quando queremos comparar substâncias por exemplo no tratamento de um efluente qualquer 𝜸𝒓 𝜸 𝜸𝑯𝟐𝑶 Equação 03 EXEMPLO 01 Foi solicitado calcular o peso específico de uma mistura de dois efluentes sendo que suas massas específicas valem respectivamente ρ1 085 kgm³ e ρ2 048 kgm³ Sabendose que o tanque possui 10 m³ e que ρ1 ocupou 26 por cento desse volume vamos calcular Solução 1 Vamos calcular o volume ocupado pela substância ρ1 Como o volume total do tanque é de 10 m³ multiplicaremos pelo percentual por ele ocupado 26 100 026 𝑎𝑠𝑠𝑖𝑚 𝑚𝑢𝑙𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑉𝑡 𝑜𝑏𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠 10 026 26 𝑚3 𝑉1 2 Assim podemos calcular o volume ocupado pela substância ρ2 𝑉𝑡 𝑉1 𝑉2 𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜 𝑉2 𝑉𝑡 𝑉1 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑉2 10 26 74 𝑚³ 3 Com os volumes ocupados podemos portanto calcular a massa de cada substância 𝑚1 𝜌1 𝑉1 085 26 221 𝑘𝑔 𝑚2 𝜌2 𝑉2 048 74 355 𝑘𝑔 4 Com as massas de cada substância somamos para obter a massa da mistura 𝑚𝑚 𝑚1 𝑚2 221 355 576 𝑘𝑔 5 Dessa forma a massa específica da mistura ρm será 𝛒𝐦 𝐦𝐦 𝐕𝐭 𝟓 𝟕𝟔 𝟏𝟎 𝟎 𝟓𝟕𝟔 𝐤𝐠𝐦³ 6 6 Agora podemos calcular o peso específico dessa mistura Se considerarmos a gravidade g como 10 ms² sendo portanto γm ρm g 0576 10 576 Nm³ 13 O que é Hidrocinética Definimos como Hidrocinética o estudo dos fluidos em movimento Seus conceitos definem e ajudam nossas atividades de Engenharia não somente em Obras Hidráulicas como também em Hidrologia pois poderemos dimensionar e calcular as perdas de energia durante o escoamento e como podemos utilizar essa mesma energia em nosso favor 131 Tipos de Movimentos dos Fluidos Para que possamos iniciar nossos estudos de Hidrocinética é necessário entendermos e classificarmos os movimentos dos fluidos Para isso vamos observar a Figura 12 a seguir Figura 12 Regimes de Escoamento Fonte Autor 7 Na Figura 12a percebemos que o reservatório no instante t1 mesmo com um escoamento de saída mantém o volume entre as duas câmaras permanecendo constantes alimentado pelas duas torneiras abertas Quando observamos a Figura 12b no instante t2 notamos que há uma diferença entre os volumes das câmaras devido ao fechamento de uma das torneiras Com isso podemos classificar dois tipos distintos de Regimes de Escoamento a Escoamento Permanente e Uniforme onde não há variação de propriedades como pressão e velocidade ao longo do tempo e todos os pontos da mesma trajetória têm a mesma velocidade ao longo do tempo Assim a velocidade pode variar de uma trajetória para outra mas na mesma trajetória todos os pontos têm a mesma velocidade ou seja de um ponto a outro da mesma trajetória a velocidade não varia o módulo a direção e o sentido são constantes É o que ocorre na Figura 12a sendo que também tende a ocorrer em tubulações longas e de diâmetro constante b Escoamento NãoPermanente e Variado Já neste caso há variações de pressão e velocidade ao longo do tempo e os diversos pontos da mesma trajetória não apresentam velocidade constante no intervalo de tempo considerado É o exemplo da Figura 12b onde na variação dos instantes t1 e t2 há entre as câmaras uma diferença do volume alterando a pressão entre elas e consequentemente a velocidade de saída do escoamento devido ao fechamento de uma das torneiras Esse regime pode ser verificado no escoamento de um rio 132 Classificação dos Escoamentos Finalmente devemos entender que o escoamento dos fluidos também é classificado pela definição da trajetória de suas partículas Vamos entender portanto como isso ocorre observando as figuras 13 e 14 8 Figura 13 Regime de Escoamento Laminar Fonte Autor a Laminar ocorre quando as partículas de um fluido se movem ao longo de trajetórias bem definidas apresentando lâminas ou camadas sendo que cada uma delas preserva sua característica no meio No escoamento laminar a viscosidade age no fluido no sentido de amortecer a tendência de surgimento da turbulência Esse escoamento ocorre geralmente a baixas velocidades e em fluidos que apresentem grande viscosidade Se observarmos a Figura 13 ao olharmos para uma lagoa num dia de pouco vento temos a impressão de que suas águas estão paradas porém existem movimentos que podem ser exemplificados conforme a Figura 13 onde cada partícula possui uma trajetória bem definida e em um único sentido 9 Figura 14 Regime de Escoamento Turbulento Fonte Autor b Turbulento ocorre quando as partículas de um fluido não se movem ao longo de trajetórias bem definidas ou seja as partículas descrevem trajetórias irregulares com movimento aleatório produzindo uma transferência de quantidade de movimento entre regiões da massa líquida Esse escoamento é comum na água cuja viscosidade é relativamente baixa e como podemos observar na Figura 14 onde a trajetória das partículas não possui um sentido único e nem definido 133 O número de Reynolds O tipo de regime de escoamento é um dos parâmetros de projeto que devem ser escolhidos peloa Engenheiroa dependendo do tipo de aplicação como por exemplo a Caso seja necessária a construção de um decantador para utilização em uma Estação de Tratamento de Água o regime a ser imposto é o laminar pois assim podemos manter uma velocidade de decantação dos flocos controlada 10 b O regime turbulento pode ser aproveitado quando se quer uma mistura rápida entre fluidos porém seus limites devem ser determinados pois caso não sejam dimensionados podem causar problemas a estruturas e equipamentos Para que possamos calcular qual é o regime de escoamento existente ou que devemos projetar é necessário que recordemos da experiência de Reynolds Nela Osborne Reynolds em 1883 demonstrou o comportamento de um filete de corante colorido inserido em uma tubulação onde à medida que se abria uma válvula de entrada do sistema o filete deixava de possuir uma trajetória bem definida até desaparecer quando a mesma estivesse toda aberta Assim após essas observações Reynolds formulou uma equação para determinar através de um número adimensional qual o regime de escoamento presente 𝐑𝐞 𝐯 𝐃 Equação 4 A determinação do número de Reynolds se dará pela divisão do produto da velocidade média de escoamento v pelo diâmetro da tubulação D sobre a viscosidade cinemática que estudaremos mais adiante Os valores da viscosidade cinemática para diferentes temperaturas dos líquidos mais frequentemente utilizados na prática do dia a dia são tabelados A Tabela 11 a seguir representa os intervalos para cada tipo de escoamento Cabe ressaltar que esses valores podem variar para diferentes autores a partir do Regime Laminar sendo que alguns ainda classificam intervalos como Regimes de Transição Tabela 11 Tipos de regime de escoamento pelo número de Reynolds Número de Reynolds Tipo do Regime 0 2000 Laminar 2000 Turbulento Fonte Autor 11 EXEMPLO 02 Qual o regime de escoamento de uma tubulação escoando óleo combustível a uma temperatura de 40 C 1200 x 𝟏𝟎𝟔 m²s em uma tubulação de aço de diâmetro de 500 mm a uma velocidade de 18 ms Solução 1 Vamos transformar 500 mm em m 5001000 050 m 2 Após transformarmos as unidades utilizaremos a fórmula de Reynolds 𝐑𝐞 𝐯 𝐃 𝟏 𝟖 𝟎 𝟓𝟎 𝟏𝟐𝟎𝟎 𝐱 𝟏𝟎𝟔 𝟕𝟓𝟎 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐦 𝐨 𝐫𝐞𝐬𝐮𝐥𝐭𝐚𝐝𝐨 é 𝐦𝐞𝐧𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝟐 𝐱 𝟏𝟎³ Resposta Portanto o regime de escoamento é laminar 13 Entendendo o que é Vazão Q Até agora classificamos os fluidos e estudamos sobre os seus tipos de movimentos e como podemos determinálos Também dissemos que a Hidrocinética é a ciência que estuda os fluidos em movimento portanto vamos aprofundar um pouco mais nossos conhecimentos Quando dizemos que a água está escoando por uma tubulação na verdade estamos descrevendo o fenômeno denominado de Vazão Q que é a quantidade de massa líquida ou gasosa que flui por uma distância D atravessando uma certa seção A com uma velocidade média v em um determinado espaço de tempo 𝐭 Vamos observar a Figura 15 12 Figura 15 Determinação de Vazão Fonte adaptado de httpsbitly2XJMPIC Acesso em jun 2020 Observe que na Figura 15 o fluido se movimenta do instante t1 para o instante t2 percorrendo certa distância D e que se multiplicarmos a mesma pela área da tubulação A calculamos o seu volume sendo portanto 𝐕 𝐃 𝐀 Equação 05 Como a Vazão Q é a quantidade de massa fluida ou gasosa ou seja seu volume percorrido V pelo intervalo de tempo 𝐭 podemos determinar a seguinte relação 𝐐 𝐕 𝐭 Equação 06 Substituindo a equação 5 na equação 6 teremos 𝐐 𝐕 𝐭 𝐃 𝐀 𝐭 𝐩𝐨𝐫é𝐦 𝐃 𝐭 𝐯 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐐 𝐯 𝐀 13 Dessa forma verificamos que existe então uma relação entre o volume de água que escoa por uma tubulação e sua velocidade média expressa pela equação 07 𝐐 𝐯 𝐀 Equação 07 Denominamos portanto esse tipo de movimento de massa fluida ou gasosa como Vazão Volumétrica Q sendo suas unidades de medidas mais comuns Ls Lmin Lh m³s m³h ou m³dia Também podemos determinar a chamada Vazão Mássica Qm análoga à vazão volumétrica porém utilizandose de massa em quilos kg que escoam Mas quando utilizar essa forma Um bom exemplo é quantificar a massa de concreto que deve ser lançada numa determinada obra Assim 𝐐𝐦 𝐦 𝐭 Equação 08 Como a massa específica de uma substância é a razão da massa da substância pelo volume por ele contido podemos concluir que 𝐦 𝐕 𝐞𝐧𝐭ã𝐨 𝐦 𝐕 𝐚𝐬𝐬𝐢𝐦 𝐐𝐦 𝐦 𝐭 𝐕 𝐭 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐐𝐦 𝐐 Equação 09 A vazão mássica pode ser descrita em diversas unidades sendo as mais comuns como kgs kgmin kgh th tdia 14 Equação da Continuidade Agora que estudamos e definimos o que é Vazão vamos aplicar sua utilização em uma tubulação e relembrarmos um pouco sobre o conceito de Conservação de Massa Dê uma olhada na Figura 16 a seguir 14 Figura 16 Determinação da Equação da Continuidade Componentes Fonte adaptado de httpsbitly2YjSkgq Acesso em jun 2020 Tratase de um acessório de tubulação chamado de redução muito utilizado em Obras de Instalações Prediais Olhando a Figura 16 e aplicando o que aprendemos sobre o conceito de vazão podemos afirmar que a vazão Q1 é diferente da vazão Q2 Até porque suas áreas são visivelmente distintas não é mesmo Bom se você afirmou que sim é melhor relembrar o princípio de conservação de massa pois se na área A1 passa uma vazão Q1 no mesmo instante na área A2 passará a mesma vazão em Q2 não havendo vazamento no trecho Mas como isso é possível A resposta é simples se não há perda de massa entre os dois pontos e a massa do fluido está contida na tubulação e como os fluidos são incompressíveis o escoamento do fluido dentro da tubulação será considerado constante Determinamos como fluido incompressível qualquer fluido cuja densidade sempre permanece constante com o tempo tendo a capacidade de oporse à compressão do mesmo em qualquer condição Alguns fluidos são mais compressíveis que outros Assim podemos afirmar que a massa do fluido que escoa na seção de área A1 é a mesma que escoa na seção de área A2 como demonstrado na equação da vazão mássica Q podendo ser assim descrita 15 𝐐𝐦 𝐐 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐐𝐦𝟏 𝐐𝐦𝟐 𝐬𝐞𝐧𝐝𝐨 𝟏 𝐐𝟏 𝟐 𝐐𝟐 Equação 10 Como não há perda de massa fluida durante o escoamento podemos afirmar que 𝟏 𝟐 𝐩𝐨𝐫𝐭𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐐𝟏 𝐐𝟐 𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐐 𝐯 𝐀 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐧𝐝𝐨 𝐚𝐟𝐢𝐫𝐦𝐚𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝟏 𝐀𝟏 𝐯𝟐 𝐀𝟐 Denominamos o princípio de conservação da massa para um fluido em movimento de Equação da Continuidade sendo portanto 𝐐𝟏 𝐐𝟐 𝐐𝐧 𝐨𝐮 𝐯𝟏 𝐀𝟏 𝐯𝟐 𝐀𝟐 𝐯𝐧 𝐀𝐧 Equação 11 141 Distribuição da Vazão em Marcha qm Com os conceitos aprendidos vamos analisar nesta etapa a construção de um sistema de distribuição de água constituído de diversas tubulações com diâmetros variados interligados a uma única fonte de distribuição Como exemplo sua própria casa sendo sua caixa de água nosso reservatório principal e seus cômodos as áreas abastecidas como cozinha banheiros e área de serviço A forma que essas redes estão interligadas a partir da saída do reservatório pode ser classificada em ramificada Se dividirmos essas vazões por cômodos podemos utilizar os conceitos de acordo com Azevedo Neto e Alvarez 1977 a denominada vazão em marcha qm onde será realizado um seccionamento fictício da tubulação para efeito de cálculo distribuindo essa vazão Q pelo comprimento da tubulação L em metros cúbicos por segundo por m m³sm sendo sua fórmula 𝒒𝒎 𝑸 𝑳 Equação 12 Iremos aprofundar essa equação no estudo de Redes de Abastecimento de Água no Bloco 2 16 15 Equação da Conservação de Energia Verificamos pela Equação da Continuidade que a vazão que escoa entre dois trechos de uma tubulação será a mesma conforme a Equação 11 pois não há perda de massa fluida m durante seu escoamento Assim podemos afirmar que toda a vazão de entrada Qe deve ser igual a toda a vazão de saída Qs conforme abaixo 𝐐𝐞 𝐐𝐬 𝐨𝐮 𝐯𝐞 𝐀𝐞 𝐯𝐬 𝐀𝐬 Equação 13 Se a massa do fluido não se perde durante o escoamento seria possível que formulássemos uma equação para o balanço de energias presentes durante esse mesmo escoamento A energia é a capacidade de se realizar certo trabalho existindo de várias formas possíveis como energia hidráulica mecânica ou fluvial A essa nova formulação denominamos de Equação de Conservação de Energia que associada aos conceitos da Equação da Continuidade nos ajudará a compreender e calcular diversos problemas relacionados à Engenharia 151 Componentes de Energia Associados aos Fluidos Para o desenvolvimento de nossa equação utilizaremos três tipos de energia a saber a Energia Potencial de Posição Ez é aquela associada à altura de uma determinada massa m em relação a uma determinada diferença de cota a partir de uma linha horizontal de referência LHR denominada z ou seja é o produto do peso W dessa massa m pela diferença de cotas z entre a LHR conforme a equação 14 𝑬𝒛 𝑾 𝒛 𝒎 𝒈 𝒛 Equação 14 17 b Energia Cinética Ec é aquela que relacionaremos ao movimento de escoamento do fluido onde a massa m com velocidade média v irá ganhar energia cinética Ec à medida que acelera e perdendo energia potencial Ez conforme diminui a diferença de cota z conforme a equação 15 𝑬𝒄𝒆 𝐦 𝐯² 𝟐 𝒎 𝒈 𝒛 𝑬𝒄𝒔 𝒐𝒖 𝒔𝒊𝒎𝒑𝒍𝒆𝒔𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝑬𝒄 𝐦 𝐯𝟐 𝟐 Equação 15 c Energia Potencial de Pressão Ep a energia potencial de pressão é o produto do peso W de uma massa m pela carga de pressão h Para determinarmos a carga de pressão h devemos recordar dos conceitos de Stevin onde a pressão em um determinado ponto é o produto de seu peso específico pela diferença de cota a partir de uma linha horizontal de referência LHR denominado h conforme a equação 16 𝑷 𝒉 𝒉 𝑷 Equação 16 Portanto a energia potencial de pressão pode ser escrita conforme a equação 17 𝑬𝒑 𝑾 𝒉 𝒎 𝒈 𝑷 Equação 17 Partimos dessa formulação devendo considerar o sistema em regime permanente sem considerarmos tensões de atrito e viscosidade Podemos assim excluindo as energias térmicas e adotando as energias mecânicas e de pressões envolvidas determinar a seguinte equação de energia total do fluido ETF a seguir 𝑬𝑻𝑭 𝑬𝒛 𝑬𝒄 𝑬𝒑 𝒐𝒖 𝑬𝑻𝑭 𝒎 𝒈 𝒛 𝐦 𝐯𝟐 𝟐 𝒎 𝒈 𝐏 Equação 18 18 152 Equação de Bernoulli Recebe esse nome em homenagem a Daniel Bernoulli matemático suíço que a publicou em 1738 Para isso ele introduziu algumas regras de simplificação para seu desenvolvimento atribuindo que o seu escoamento acontece em um fluido ideal onde escoamento se dará em Regime Permanente não há acréscimo ou diminuição da energia ou seja ETFe Energia Total de Entrada ETFs Energia Total de Saída inexistência de resistências viscosas no fluido incompressibilidade e não há transformação em energias de calor Esse resultado demonstra que sob regime permanente a vazão total de energia QETF se conserva em toda a seção da tubulação sendo 𝑸𝑬𝑻𝑭 𝑬𝑻𝑭𝟏 𝑬𝑻𝑭𝟐 𝑬𝑻𝑭𝒏 𝑪𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 𝐄𝐪𝐮𝐚çã𝐨 𝟏𝟗 Se dividirmos a vazão total de energia QETF pela vazão em peso QW iremos definir um novo parâmetro denominado de carga H onde 𝑸𝑬𝑻𝑭 𝑸𝑾 𝑯 Equação 20 Simplificando a equação de carga dividindo a vazão total de energia QETF pela vazão em peso QW e substituindo por seus termos determinamos 𝑯 𝑸𝑬𝑻𝑭 𝑸𝑾 𝑸𝑬𝒛𝑸𝑬𝒄𝑸𝑬𝒑 𝑸𝑾 𝒛 𝒗² 𝟐𝒈 𝑷 𝑯 Equação 21 Percebam que na entrada de dados a carga potencial de posição z será a diferença de altura em metros de uma determinada Linha Horizontal de Referência LHR portanto as parcelas de carga cinética e de pressão seguem a mesma unidade facilitando nossa compreensão em sua aplicação 19 Definimos portanto a denominada Equação de Bernoulli conforme a Figura 17 sendo 𝑯𝟏 𝑯𝟐 𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂𝒏𝒕𝒐 𝒛𝟏 𝒗𝟏² 𝟐𝒈 𝑷𝟏 𝒛𝟐 𝒗𝟐² 𝟐𝒈 𝑷𝟐 Equação 22 Figura 17 Equação de Bernoulli Fonte Autor Observação Caro aluno ao analisar a Figura 17 você deve notar que para a equação 22 esteja em balanço ainda nos falta definir o que é o termo Δhft Pois este será nosso tema de partida em nossos estudos no Bloco 2 Vamos lá Conclusão Caro aluno neste Bloco 1 iniciamos nossas definições de fluidos suas propriedades caracterizamos seus tipos de movimentos e como dimensionar para cada tipo de aplicação à Engenharia 20 Conceituamos o termo Vazão de Escoamento e relacionamos à Equação da Continuidade Finalizamos apresentando o balanço de Energia dos Fluidos e a Equação de Bernoulli Mas ainda não determinamos o termo Δhft que surgiu ao final deste Bloco 1 portanto segurese revise o material e vamos iniciar os estudos das denominadas Perdas de Carga REFERÊNCIAS AZEVEDO NETTO J M ACOSTA ALVAREZ G Manual de Hidráulica 7 ed atual e ampl São Paulo Edgar Blucher 1973 1977 1982 BISTAFA S R Mecânica dos fluidos noções e aplicações 1 ed São Paulo Edgar Blucher 2010 BRUNETTI F Mecânica dos Fluidos 2 ed rev São Paulo Pearson Prentice Hall 2008 FIALHO A B Automaçao hidraulica projetos dimensionamento e análise de circuitos São Paulo Erica 2011 GRIBBIN J E Introdução à hidráulica hidrologia e gestão de águas pluviais 2 ed São Paulo Cengage Learning 2014 ROTAVA O Aplicações práticas em escoamento de fluidos cálculo de tubulações válvulas de controle e bombas centrífugas Rio de Janeiro LTC 2012