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Farmacologia
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FARMACOTÉCNICA BÁSICA Karine Gargioni Pereira Correa de Mello 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA 3 2 CÁLCULOS FARMACOTÉCNICOS 17 3 EXCIPIENTES 25 4 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS FFL 33 5 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS FFL SUSPENSÕES 42 6 SOLUÇÕES NASAIS OFTÁLMICAS E AURICULARES 50 3 1 INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA Apresentação Neste bloco serão apresentados os conceitos aplicados à farmacotécnica aspectos relevantes relacionados ao controle de qualidade na manipulação de medicamentos e as operações unitárias utilizadas na preparação dos medicamentos magistrais A farmacotécnica é uma área de atuação exclusiva do farmacêutico e tem por objetivo a preparação de formulações farmacêuticas medicamentosas cosméticas nutracêuticas em uma forma de apresentação que possibilite sua melhor administração e ação O profissional farmacêutico farmacotécnico é capaz de atuar em indústrias farmacêuticas desenvolvendo formulações bem como em farmácias de manipulação Bons estudos 4 11 Farmacotécnica e a atuação do farmacêutico Boas práticas de manipulação RDC 672007 e conceitos importantes Atuação do farmacotécnico e a atuação do farmacêutico A Farmacotécnica é a ciência que estuda desenvolve e participa diretamente da fabricaçãopreparação dos medicamentos Estuda a melhor forma de apresentação para o medicamento que será produzido respeitando as características físicoquímicas do insumo farmacêutico ativo IFA e a via de administração desejada Para isso o farmacotécnico prepara a composição do medicamento Insumos Ativos adicionados aos Adjuvantes FarmacotécnicosExcipientes para a preparação dos medicamentos em uma forma farmacêutica ¹ ² Figura 11 ¹Representação esquemática da manipulação do insumo farmacêutico ativo IFA e ²os excipientes na obtenção de um medicamento Fonte ¹Elaborada pela autora e ²yelosmiley via Shutterstock O principal objetivo da farmacotécnica é preparar e acondicionar os medicamentos de modo que mantenham a estabilidade durante o período estabelecido de prazo de validade em uma forma farmacêutica que pode ser sólida semissólida ou líquida Boas Práticas de Manipulação Magistral e Oficinal RDC 672007 O responsável pela manipulação inclusive pela avaliação das prescrições e aplicação das normas de Boas Práticas é o farmacêutico Tudo isto está regulamentado pela ANVISA na RDC 67 de 2007 que normatiza as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias 5 Figura 12 Representação ilustrativa da RDC 672007 ANVISA Fonte Disponível em httpsbitly3tPU0ym Acesso em 21 nov 2022 As Boas Práticas de Manipulação em Farmácias BPMF redigidas na Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA RDC 672007 estabelece as diretrizes mínimas que devem ser praticadas na manipulação dos medicamentos Estas diretrizes visam assegurar que os produtos sejam consistentemente manipulados e controlados garantindo a segurança e eficácia dos medicamentos que são preparados Segundo a RDC 672007 o farmacêutico é responsável pela qualidade das preparações É indispensável o acompanhamento e o controle de todo o processo de manipulação de modo a garantir ao paciente um produto com qualidade seguro e eficaz Além disso a legislação divide as atividades de manipulação em VI Grupos Veja o quadro abaixo constante na RDC 672007 Figura 13 Quadro dos grupos de atividades desenvolvidas pela farmácia magistral Fonte Disponível em httpsbitly3tPU0ym Acesso em 21 nov 2022 6 Conceitos importantes disponíveis para consulta em ANVISA RDC 67 de 2007 Boas práticas de manipulação em farmácias BPMF É o conjunto de medidas que visam assegurar que os produtos manipulados sejam consistentemente manipulados e controlados com padrões de qualidade apropriados para o uso pretendido e requerido na prescrição Forma Farmacêutica Referese ao estado final de apresentação que os princípios ativos farmacêuticos possuem após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com ou sem a adição de excipientes apropriados a fim de facilitar a sua utilização e obter o efeito terapêutico desejado com características apropriadas a uma determinada via de administração Insumo Referese à matériaprima e materiais de embalagem empregados na manipulação e acondicionamento de preparações magistrais e oficinais Insumo inerte É a substância complementar de natureza definida desprovida de propriedades farmacológicas ou terapêuticas nas concentrações utilizadas e empregada como veículo ou excipiente na composição do produto final Manipulação É o conjunto de operações farmacotécnicas com a finalidade de elaborar preparações magistrais e oficinais e fracionar especialidades farmacêuticas para uso humano Preparação Referese ao procedimento farmacotécnico para obtenção do produto manipulado compreendendo a avaliação farmacêutica da prescrição a manipulação fracionamento de substâncias ou produtos industrializados envase rotulagem e conservação das preparações 7 Matériaprima É a substância ativa ou inativa com especificação definida que se emprega na preparação dos medicamentos e demais produtos Medicamento É o produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado com finalidade profilática curativa paliativa ou para fins de diagnóstico Preparação magistral É aquela preparada na farmácia a partir de uma prescrição de profissional habilitado destinada a um paciente individualizado e que estabeleça em detalhes sua composição forma farmacêutica posologia e modo de usar Preparação oficinal É aquela preparada na farmácia cuja fórmula esteja inscrita no Formulário Nacional ou em Formulários Internacionais reconhecidos pela ANVISA 12 Tipos de manipulação controle do processo de manipulação e rotulagem Alopatia A medicina e a medicação alopática consistem no tratamento das doenças produzindo no organismo efeito contrário aos sintomas Por exemplo a um paciente febril dáse um antitérmico ao paciente com dor um medicamento analgésico um organismo que apresenta sinais de inflamação será dado uma medicação antiinflamatória Desta forma a alopatia trata as doenças pela aplicação dos contrários A grande maioria dos medicamentos disponíveis nas farmácias de dispensação são alopáticos e produzidos pelas indústrias farmacêuticas Mas as farmácias magistrais também podem preparar esta classe de medicamentos de acordo com a prescrição médica feita pelo médico para o paciente Figura 14 Medicamentos alopáticos Fonte sebra via Shutterstock 8 Homeopatia As preparações farmacêuticas homeopáticas são fruto dos estudos de Hanneman que estabeleceu o conceito de que O semelhante combate o semelhante Na manipulação homeopática os medicamentos são obtidos pelo método de diluições seguidas de sucussões eou triturações sucessivas As preparações são utilizadas em medicina preventiva ou terapêutica A homeopatia sempre gerou controvérsias por causa das altas diluições dos medicamentos Mas hoje é bastante popular e tem vários adeptos podendo ser preparada nas farmácias de manipulação em espaços dedicados por um farmacêutico especialista em homeopatia Figura 15 Medicamentos homeopáticos Fonte Chamille White via Shutterstock Fitoterapia Os medicamentos fitoterápicos são preparados a partir de plantas medicinais capazes de aliviar ou curar doenças O conhecimento da fitoterapia é milenar passado através do tempo por gerações isto faz da fitoterapia uma medicina bastante popular Muitos medicamentos atuais são resultado da síntese química a partir de moléculas presente em plantas o que comprova a ação farmacológica destes ativos por isso o preparo empírico sem atenção à concentração do ativo nas preparações pode provocar efeitos adversos que podem ser graves Figura 16 Medicamentos fitoterápicos Fonte Indre Pau via Shutterstock 9 Controle de qualidade na manipulação de medicamentos O controle de qualidade durante a preparação dos medicamentos manipulados garante a segurança e a eficácia das formulações Uma preocupação de qualquer processo farmacêutico é a contaminação Assim vários cuidados devem ser tomados duramente todos os estágios da manipulação para prevenir e evitar qualquer tipo de contaminação química ou biológica Para isso os procedimentos devem ser escritos controlados e principalmente refletir a prática diária além de serem validados A limpeza das áreas de manipulação instalações equipamentos uso de paramentação vestimenta adequada dos colaboradores lavagem correta das mãos deve fazer parte da rotina dos processos de manipulação e previstos dentro de um Sistema de Gestão da Qualidade na farmácia de manipulação Procedimentos documentos e registros são uma exigência da prática diária Procedimentos operacionais padrão os famosos POPs além de ordens de manipulação número de lote de cada uma das preparações registros indicando os responsáveis pela manipulação indicativos de qualidade de fornecedores dos insumos registros de data da manipulação assinaturas dos conferentes na ordem de manipulação são formas de garantir a qualidade e possibilitar a rastreabilidade do produto Rotulagem A rotulagem e embalagem devem estar descritas em procedimentos operacionais Segundo a RDC 67 de 2007 toda preparação magistral deve ser rotulada com a nome do prescritor b nome do paciente c número de registro da formulação no Livro de Receituário d data da manipulação e prazo de validade f componentes da formulação com respectivas quantidades 10 g número de unidades h peso ou volume contidos i posologia j identificação da farmácia k CNPJ l endereço completo e m nome do farmacêutico responsável técnico com o respectivo número no Conselho Regional de Farmácia 13 Classificação dos medicamentos e operações unitárias Os medicamentos podem ser classificados de diferentes maneiras Abaixo são apresentadas algumas maneiras de classificar e entender as variações da forma farmacêutica apresentação e da administração dos medicamentos A forma farmacêutica é o estado final de apresentação do medicamento e tem relação direta com a via de administração Formas farmacêuticas sólidas FFS são comprimidos cápsulas drágeas supositórios pós e granulados Formas farmacêuticas líquidas FFL são xarope elixir soluções suspensões etc As formas farmacêuticas semissólidas FFSS são cremes géis pomadas pastas etc e as formas farmacêuticas gasosas os aerossóis Outra classificação é quanto ao número de fármacos Quando há apenas um insumo ativo os medicamentos são classificados como simples e compostos quando o medicamento tem em sua composição dois ou mais insumos farmacêuticos ativos A forma de emprego do medicamento referese ao uso do medicamento podendo ser por uso interno que é administrado por via oral ou enteral e os de uso externo por via tópica A classificação por origem de um medicamento é oficinal quando a formulação já estabelecida e de uso corriqueiro é descrita qualitativa e quantitativamente em compêndios oficiais reconhecidos pelo Ministério da Saúde como o caso do Formulário Nacional da ANVISA 11 O medicamento magistral é a fórmula constante numa prescrição médica personalizada que estabelece a composição a forma farmacêutica e a posologia Já a especialidade farmacêutica é originada pela indústria farmacêutica e disponível em farmácias de dispensação e estabelecimentos de saúde O medicamento também pode ser classificado quanto ao nível de ação que pode ser tópicalocal exercendo o efeito no local da aplicação Para um medicamento ter uma ação sistêmica passase pelo processo de absorção que é a passagem do fármaco para a corrente sanguínea agindo em um local diferente da aplicação Quando um medicamento começa a liberação do fármaco rapidamente após a administração dizse que é de ação imediata e quando a liberação é gradual e prolongada do fármaco mantendo a concentração plasmática em níveis terapêuticos chamase de ação prolongada Ainda há as preparações de liberação modificada que podem ter seu alvo de ação em sítios ou pH específicos O medicamento que apresenta menor estabilidade deve ser preparado no momento do uso e é classificado como medicamento extemporâneo Já o medicamento definitivo vem pronto para o uso sendo estes conceitos da classificação quanto à conservação Há duas formas de classificação a saber quanto à doutrina do medicamento alopático dizse que é a cura pelo contrário ou seja o medicamento atua contrariamente aos sintomas da doença O medicamento homeopático é a cura pelo semelhante quanto à dose um frasco pode ser unidose quando contém uma determinada quantidade do medicamento destinada a ser administrada de uma só vez após aberto O multidose ocorre quando é possível a retirada de doses do conteúdo total do frasco 12 Fonte Elaborado pela autora Operações Unitárias As operações unitárias estão relacionadas a processos que são executados na preparação de um produto As operações unitárias podem acontecer de forma individual ou em etapas sequenciais de forma a se obter as melhores características do produto final Devem existir procedimentos operacionais escritos envolvendo as operações para manipulação das diferentes formas farmacêuticas preparadas na farmácia Pesagem a pesagem de massa da substância que será adicionada à preparação Para realizar a pesagem dos insumos é necessária uma balança analítica ou pelo menos semianalítica de forma que se tenha precisão e exatidão nas quantidades pesadas Devese atentar às pesagens de pequenas quantidades do produto e a capacidade de pesagem da balança 13 Figura 17 Balança analítica Fonte LightField Studios via Shutterstock Pulverização consiste na divisão de insumos sólidos em partículas menores através da aplicação de forças de trituração compressão e abrasão Na manipulação de insumos farmacêuticos ativos ou adjuvantes farmacotécnicos utilizase o gral de porcelana ou gral de vidro também chamado de almofariz A pulverização é feita com auxílio do pistilo confeccionado no mesmo material do gral Figura 18 Gral de porcelana e pulverização Fonte Jr images via Shutterstock As vantagens da redução de tamanho dos insumos sólidos são Aumento da superfície de contato Uniformidade do tamanho das partículas do sólido auxiliando na homogeneização de produtos em pó ou na solubilização destes 14 Tamisação O tamanho das partículas é determinado pela tamisação em tamis O tamis é um utensílio muito similar a uma peneira São utilizados para fazer a separação das partículas do pó conforme a granulometria tamanho das partículas São fabricadas em aço inox acopladas na base de uma tela presa e tencionada ao aro Figura 19 Imagem ilustrativa de um tamis Fonte Cergeus via Shutterstock Mistura e homogeneização tem por finalidade gerar um produto homogêneo entre os fármacos e os adjuvantes farmacotécnicos sendo de grande importância no processo assegurando a uniformidade de conteúdo da dose nas diferentes formas farmacêuticas Dissolução é a desagregação de uma substância sólida em um líquido A dissolução é total quando o líquido solvente é capaz de dissolver totalmente a substância sólida soluto Gerando uma solução homogênea e monofásica Figura 110 Simulação de dissolução Fonte Emre Terim via Shutterstock 15 A dissolução ocorre porque as moléculas do solvente envolvem as partículas do soluto dissolvendoas Alguns fatores aumentam a velocidade de dissolução tais como agitação aquecimento quantidade solvente tamanho das partículas do pó Filtração é uma operação bastante utilizada na preparação de soluções límpidas para promover a separação de partículas sólidas dispersas em um líquido através da passagem deste líquido por material permeável chamado filtro Figura 111 Imagem ilustrativa da filtração Fonte Siyanight via Shutterstock 16 Conclusão Neste bloco introdutório à farmacotécnica estão descritos os conceitos fundamentais para o entendimento das rotinas praticadas na preparação dos medicamentos Além disso reforça a importância da manipulação das formulações em acordo com a legislação vigente e as diretrizes obrigatórias de Boas Práticas de Manipulação Estabelece e reforça a responsabilidade do profissional farmacêutica na preparação de medicamentos seguros e eficazes REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário Nacional Da Farmacopeia Brasileira 2ª ed Brasília ANVISA 2012 p 224 Revisão 02 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária ResoluçãoRDC Nº 67 de 8 de outubro de 2007 Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias 2ª ed Brasília ANVISA 2007 17 2 CÁLCULOS FARMACOTÉCNICOS Apresentação A avaliação farmacêutica das prescrições quanto à concentração viabilidade e compatibilidade físicoquímica e farmacológica dos componentes dose e via de administração deve ser feita antes do início da manipulação Vale a pena aqui apresentar o conceito de substância de baixo índice terapêutico as quais são substâncias que apresentam baixa dosagem e alta potência em outras palavras a dose terapêutica é muito próxima da dose tóxica São exemplos de substância de baixo índice terapêutico Lítio Digoxina Varfarina Fenitoína entre outros Não somente nos casos de manipulação de substâncias de baixo índice terapêutico mas também em toda e qualquer formulação a responsabilidade pela conferência da prescrição avaliação da concentração do fármaco na receita o cálculo correto da quantidade das substâncias é do farmacêutico farmacotécnico Vale ressaltar que é essencial avaliar se a dose ou posologia dos produtos prescritos ultrapassa os limites farmacológicos ou se a prescrição apresenta incompatibilidade ou interações perigosas entre os componentes da formulação Em caso de dúvida o farmacêutico deve confirmar com o prescritor Nos casos em que a dúvida permaneça a farmácia não poderá dispensar o produto Bons estudos 18 21 Cálculos farmacêuticos Aproximação de medidas de dosadores podem ser utilizadas no momento da administração do medicamento mediante uso de porções aproximadas Em geral utilizamse unidades de medidas de uso doméstico para propiciar ao paciente o correto fracionamento da dose Tais medidas têm a indicação de capacidade a seguir Colher de café 30 ml Colher de chá 50 ml Colher de sobremesa 100 ml Colher de sopa 150 ml 1 Cálice 300 ml 1 Copo 1500 ml Conta gotas 20 gotas 10 ml Para doses inferiores a 30 ml indicase o uso de gotas QUANTIDADE SUFICIENTE PARA qsp é bastante comum nas prescrições aparecer a sigla qsp Esta sigla referese à quantidade suficiente do veículo para o preparo da formulação final do medicamento Mais comum ainda é esta quantidade referirse à preparação final de 1000 ml do produto Logo quando desejarse preparar quantidades maiores ou menores da formulação devese aplicar regra de três para ajustarse a quantidade final correta a ser preparada OUTRAS ABREVIATURAS USUAIS Uso ext ou Uso int uso externo e uso interno ãã quantidades iguais pronunciase aná pi partes iguais FSA Faça segundo a arte FST Faça segundo a técnica pp papel qs quantidade suficiente qsp quantidade suficiente para R receita repetida para mesma ou outra pessoa 19 UNIDADES DE MEDIDAS DE MASSA neste caso as unidades mais comumente utilizadas na pesagem de substâncias sólidas são o grama g e miligrama mg É de suma importância lembrar que a unidade de medida expressa na balança analítica utilizada em farmacotécnica é expressa em gramas logo para pesar a massa em miligramas será necessário fazer a conversão entre as unidades Por exemplo se a prescrição pede a pesagem de 100 mg do insumo farmacêutico ativo ao fazer a pesagem precisaremos dividir três vezes por 10 ou dividir uma vez por 1000 logo deverá ser pesado 01 gramas do ativo Figura 21 Unidades de medidas de massa Fonte Elaborada pela autora São medidas equivalentes 1 kg é o mesmo que 1000 g 1g é o mesmo que 1000 mg e 1 mg é o mesmo que 1000 mcg Exemplo 1 Transformar g em mg multiplicar por 1000 01 g x 1000 100 mg Exemplo 2 Transformar 025 g em mg multiplicar 025 x 1000 250 mg Exemplo 3 Transformar mg em g dividir por 1000 1 mg 1000 00001 g Exemplo 4 Transformar 500 mg em g dividir por 1000 500 mg 1000 05 g UNIDADES DE MEDIDAS DE VOLUME em farmacotécnica a medida de volume mais utilizada é o mililitro ml mas também o litro l é bastante usual na preparação de maiores quantidades do produto 20 Figura 22 Unidades de medidas de volume Fonte Elaborada pela autora Exemplo 1 Transformar l em ml multiplicar por 1000 01 l x 1000 100 ml Exemplo 2 Transformar 025 l em ml multiplicar 025 x 1000 250 ml Exemplo 3 Transformar ml em l dividir por 1000 1 ml 1000 00001 l Exemplo 4 Transformar 500 ml em l dividir por 1000 500 ml 1000 05 l EXPRESSÃO DE CONCENTRAÇÕES As concentrações definidas em percentagem são expressas como se segue PERCENTAGEM PESO EM PESO ou pp Utilizada na preparação de misturas entre dois componentes sólidos Expressa o número de g de um componente em 100 g de mistura final PERCENTAGEM PESO EM VOLUME ou pv Utilizada na preparação de misturas entre um sólido em uma preparação líquida Expressa o número de g de um componente em 100 ml de solução final PERCENTAGEM VOLUME EM VOLUME ou vv Utilizada na preparação de misturas entre dois líquidos Expressa o número de ml de um componente em 100 ml de solução final PERCENTAGEM VOLUME EM PESO ou vp Utilizada no momento de umedecer um sólido em pó Expressa o número de ml de um componente em 100 g de mistura final 21 22 Regra de três A Regra de três é uma operação matemática de uso comum É utilizada para comparar duas ou mais quantidades quando estamos trabalhando com grandezas direta ou inversamente proporcionais É calculada pela divisão de um número pelo outro o qual está sendo comparado Identificar as grandezas envolvidas é fundamental e relacionar as grandezas de forma direta e grandezas que se relacionam de forma inversa Grandezas diretamente proporcionais são aquelas que quando uma das grandezas aumenta a outra também aumenta e na mesma proporção quando uma diminui a outra também diminui Por exemplo quanto menos quantidade de produto final for preparada menos de cada ingrediente será adicionado o inverso também é verdadeiro ou seja quanto mais produto final for manipulado mais quantidade de cada ingrediente será necessário Já nas grandezas inversamente proporcionais à medida que uma das grandezas aumenta a outra diminui na mesma proporção Por exemplo quanto mais concentrado o produto menor o volume a ser utilizado Em farmacotécnica a Regra de três é muito utilizada para correção de quantidades de casa insumo da preparação quanto se pretende preparar quantidade a mais ou quando o cliente deseja manipular uma quantidade menor que a prescrita na receita Outra razão do uso corriqueiro da Regra de três em ajustes de formulação é porque as prescrições receitas e formulações em sua maioria das vezes apresentase em porcentagem ou seja a composição é definida para preparar 100 gramas ou 100 ml da formulação Desta forma quando vamos preparar quantidade a mais ou a menos precisamos calcular cada item da formula para a quantidade a ser de fato preparada 22 Exemplo 1 Em uma suspensão de Hidróxido de Alumínio temse 6 g em 100 ml Quantos gramas de Hidróxido de Alumínio são necessários para preparar 150 ml de uma solução na mesma concentração 6g 100 ml x 150 ml Resposta Serão necessários 9 gramas de Hidróxido de Alumínio para preparar 150 ml de uma solução na mesma concentração 23 Fator de equivalência e Fator de correção FATOR DE EQUIVALÊNCIA FEq fator utilizado para fazer o cálculo da conversão da massa do sal ou éster para a massa do fármaco ativo ou da substância hidratada para a substância anidra BRASIL 2016 p 11 Podese ler no Manual de Equivalência disponibilizado eletronicamente pelo CRFSP em 2016 1 Fator de Equivalência será igual a 100 quando o fármaco e a matéria prima disponível forem a mesma substância Exemplo Matériaprima disponível Cloridrato de Amitriptilina Fármaco Cloridrato de Amitriptilina As doses são expressas em Cloridrato de Amitriptilina 2 O Fator de Equivalência será maior que 100 quando a matériaprima disponível para o preparo do medicamento for um sal ou éster e o insumo farmacêutico ativo for a forma livre sendo as doses expressas na forma livre Também será maior que 100 quando o fármaco terapeuticamente ativo for um sal ou éster diferente daquele em questão sendo as doses expressas no sal ou éster de referência e quando a matériaprima for hidratada e o fármaco terapeuticamente ativo for anidro sendo as doses expressas na forma anidra Exemplos 1 Matériaprima disponível Besilato de Anlodipina Fármaco Anlodipina FEq 139 As doses são expressas em Anlodipina Base substância na sua forma livre 2 Matériaprima disponível Fosfato Complexo de Tetraciclina A equivalência do Fosfato é feita em relação ao Cloridrato FEq 113 As doses são expressas em Cloridrato de Tetraciclina BRASIL 2016 p 12 23 Para calcular o Fator de Equivalência de qualquer substância basta dividir o equivalente grama do sal pelo equivalente grama da base 1 FATOR DE CORREÇÃO FCr fator utilizado para corrigir a diluição de uma substância o teor de princípio ativo o teor elementar de um mineral ou a umidade Essas correções são feitas baseandose nos certificados de análise das matériasprimas ou nas diluições feitas na própria farmácia 2 Para calcular o Fator de Correção FCr dividese 100 pelo teor da substância ou do elemento Exemplos Betacaroteno10 mgcápsula Substância disponível Betacaroteno 11 FCr 100 11 909 Logo 10 mg x 909 909 mg de Betacaroteno por cápsula BRASIL 2016 p 12 O Fator de Correção também é utilizado para corrigir pesagem de substâncias úmidas para tanto é necessário conhecer o teor de umidade da substância descrita no laudo de análise da matéria prima Exemplo Paracetamol certificado de análise da matériaprima apresenta 5 de água ou umidade Então 24 Conclusão A prática da atividade farmacotécnica exige que o profissional tenha conhecimento e habilidade no momento de avaliar as prescrições no que se refere ao preparo do medicamento e também aos cálculos que precedem ao início da operação magistral Os mandamentos em sua grande maioria são preparações em que o ativo se apresenta em pequenas concentrações e a pesagem conversão de unidades cálculos de ajustes das quantidades finais do produto devem ser feitos com responsabilidade e certeza Recomendamos a conferência de um segundo ou terceiro profissional para certificar que a operação matemática realizada está correta REFERÊNCIAS BRASIL Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo Secretaria dos Colaboradores Comitê de Medicamentos e Produtos Magistrais Manual de Orientação ao Farmacêutico Manual de Equivalência SalBase São Paulo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo 2016 p 52 FERREIRA Anderson De Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 25 3 EXCIPIENTES Apresentação As preparações magistrais são preparadas através da mistura do insumo farmacêutico ativo IFA e os demais insumos não ativos farmacologicamente mas que por sua vez dão corpo à formulação possibilitam sua fabricação e administração na dose e forma farmacêutica desejada É muito comum ao observarmos as bulas onde há a descrição qualitativa da composição dos medicamentos encontramos em geral um insumo ativo ou dois misturados a quatro cinco ou seis excipientes diferentes Embora os excipientes não tenham ação farmacológica cada um exerce sua função na composição Neste bloco aprenderemos os conceitos e funções de base dos excipientes nas formulações farmacêuticas Bons estudos 26 31 Conceitos de excipiente Vários conceitos sobre excipientes são apresentados nas bibliografias da área farmacêutica nos quais cada um traz uma abordagem sobre os excipientes ou como também são chamados adjuvantes farmacotécnicos Desta forma o conceito se torna abrangente e ao mesmo tempo específico Nos parágrafos que seguem são apresentados alguns destes conceitos A respeito dos excipientes ou substâncias adjuvantes o Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira 2ª edição 2012 afirma que são todas as substâncias adicionadas ao produto com a finalidade de melhorar a sua estabilidade ou sua aceitação como forma farmacêutica Possuem a função de estabilizar e preservar o aspecto e as características físicoquímicas da fórmula Dependendo da formulação os excipientes podem funcionar como diluentes desintegrantes aglutinantes lubrificantes conservantes solventes edulcorantes aromatizantes agentes doadores de viscosidade veículo agentes antioxidantes etc Em geral os excipientes são terapeuticamente inertes inócuos nas quantidades adicionadas e não devem prejudicar a eficácia terapêutica do medicamento BRASIL 2012 p 18 Na RDC nº 34 de 07 agosto de 2015 afirmase que excipiente farmacêutico é qualquer componente que não seja substância ativa adicionado intencionalmente à formulação de uma forma farmacêutica BRASIL 2015 p 2 O conceito tradicional de excipientes segundo Prista 2011 é que são capazes de facilitar a administração empregados para proteger o fármaco usado na diluição do princípio ativo e que são química e farmacologicamente inerte Segundo Ansel Allen e Popovich 2013 são ingredientes inativos para a forma farmacêutica agentes não medicinais com funções variadas e específicas Com a função de solubilizar suspender espessar emulsificar estabilizar diluir conservar colorir aromatizar além de permitem a manipulação e possibilitar a obtenção de formas farmacêuticas estáveis Nas definições do IPEC Internacional Pharmaceutical Excipient Concils 2005 tradução nossa excipiente é Qualquer substância diferente do fármaco ou prófármaco que tem sua segurança avaliada e assim pode ser incluída na forma farmacêutica para proteger fornecer ou melhorar a estabilidade e a disponibilidade do fármaco e tendo efetividade durante estocagem 27 Figura 31 Imagem ilustrativa de substância excipiente Fonte RHJPhtotos via Shutterstock 32 Características e funções dos excipientes Como foi possível verificar pelas inúmeras definições citadas acima a respeito dos excipientes podemos concluir que os adjuvantes farmacotécnicos ou excipientes não têm ação farmacológica e não devem ter tampouco interagir entre os outros componentes da fórmula e com a embalagem porém são adicionados às formulações porque conferem atributos e funcionalidades necessárias e específicas às preparações facilitando o preparo administração e performance do produto Nos medicamentos em geral pequenas quantidades do ativo devem ser administradas Muitos produtos contêm quantidades de insumo farmacêutico ativo IFA na ordem de miligramas Quantidades assim tão pequenas são impossíveis de serem manipuladas e até mesmo de serem administradas consumidas ingeridas pelo paciente Desta forma a adição dos excipientes possibilita aumento de massa da preparação e dão mais robustez à quantidade a ser administrada Devese ter muita atenção e cuidado com a operação unitária de mistura dos componentes da formulação e à mistura homogênea do IFA aos excipientes para garantir a uniformidade de dose São apresentadas abaixo características buscadas nos excipientes para que sejam escolhidos como componentes de formulações e funcionalidades que estes compostos assumem na preparação final 28 Características de um excipiente ideal Não interagir com o fármaco Não interagir com o material de embalagem Não ser tóxico sensibilizante irritante Disponibilizar o fármaco Estabilizar a forma farmacêutica física química microbiológica Fácil de ser armazenado Características reprodutíveis lotealote Propriedades apropriadas Devem ser submetidos assim como os fármacos aos testes de controle de qualidade Funções dos excipientes Possibilitar a preparação diluentes aglutinantes desagregantes lubrificantes veículos emulsificantes geleificantes Fornecer estabilidade química antioxidantes quelantes modificadores de pH tamponantes física suspensores tensoativos floculantes microbiológica conservantes Permitir a administração Melhorar a aceitação adjuvantes de cor odor e sabor edulcorantes corantes aromatizantes e flavorizantes fundamental para aderência do paciente ao tratamento Modificar a liberação e Garantir a disponibilidade biológica a eficácia e a segurança Como pode ser constatado os excipientes ou adjuvantes farmacotécnicos são importantes na composição na fórmula farmacêutica e por sua vez possibilitam a forma farmacêutica de apresentação do medicamento sólido semissólido ou líquido Portanto a química dos excipientes é bastante vasta e se desenvolveu muito para atender formulações de ação imediata e também as de liberação modificada 29 33 Excipientes para formas farmacêuticas líquidas VEÍCULO Agente carreador para uma substância farmacêutica São usados para formular diversos líquidos para administração oral e parenteral Comumente os líquidos orais são preparações aquosas como xaropes ou hidroalcoólicas como elixires As soluções parenterais para uso intravenoso são aquosas enquanto as musculares podem ser aquosas ou oleaginosas Exemplos FavorizadoEdulcorado elixir aromático xarope xarope aromático Oleaginoso óleo de amendoim óleo de gergelim óleo de milho Estéril água bacteriostática para injeção SOLVENTE E COSOLVENTE Agente usado para dissolver outra substância farmacêutica ou um fármaco na preparação de uma solução O solvente pode ser aquoso ou nãoaquoso Os cosolventes como água e o álcool hidroalcoólico e a água e a glicerina podem ser usadas quando necessário Os solventes estéreis são utilizados em algumas preparações por exemplo injetáveis Exemplos ácido oleico água estéril para injeção água para injeção água purificada álcool etílico glicerina óleo de caroço de algodão óleo mineral álcool estearílico AGENTE PARA AUMENTO DE VISCOSIDADE Usado para mudar a consistência de uma preparação para tornála mais resistente ao fluxo Usado em suspensões para dificultar a sedimentação em soluções oftálmicas para ampliar o tempo de contato por exemplo metil celulose para espessar os cremes tópicos entre outras funções Exemplos Ácido algínico alginato de sódio bentonita carbômero carboximetilcelulose sódica metil celulose povidona goma adragante outros AGENTE SUSPENSOR Agente que aumenta a viscosidade usado para reduzir a velocidade de sedimentação das partículas do fármaco dispersas em um veículo no qual não são solúveis As suspensões resultantes podem ser formuladas para uso oral parenteral oftálmico tópico ou por outras vias 30 Exemplos Agar bentonita carbômero Carbopol carboximetilcelulose sódica caulim hidroximetil celulose hidroxipropil celulose hidroxipropil metil celulose metil celulose goma adragante Veegum AGENTE DE TONICIDADE Usado para dar à solução características osmóticas semelhantes à dos líquidos fisiológicos Exemplo cloreto de sódio dextrose AGENTE ACIDULANTE Usado em preparações líquidas para proporcionar meio ácido para a estabilidade do produto Exemplo Ácido acético cítrico clorídrico fumárico nítrico AGENTE ALCALINIZANTE Usado em preparações líquidas para proporcionar meio alcalino para a estabilidade do produto Borato de sódio Exemplo Carbonato de amônia Carbonato de sódio Dietanolamina Hidróxido de potássio Hidróxido de sódio Monoetanolamina Solução de amônia Trietanolamina outros Veja abaixo mais alguns de excipientes ou adjuvantes farmacotécnicos de uso geral ANTIOXIDANTE Agente que inibe a oxidação por isto é usado para evitar a deterioração das preparações pelo processo oxidativo Antioxidantes para sistemas aquosos sulfito de sódio metabisslfito de sódio bissulfeto de sódio ácido ascórbico derivados da cisteína ANTIOXIDANTES PARA SISTEMAS OLEOSOS Palmitato de ascorbila BHT BHA lecitina vitamina E αtocoferol CONSERVANTE ANTIFÚNGICO Usado em preparações líquidas e semissólidas para evitar o crescimento de fungos A efetividade dos parabenos é ampliada quando são usados em combinação Ácido benzoico Benzoato de sódio Butilparabeno Etilparabeno Metilparabeno Propilparabeno Propionato de sódio 31 CONSERVANTE ANTIMICROBIANO Usado em preparações líquidas e semissólidas para evitar o crescimento de microrganismos Álcool benzílico Cloreto de benzalcônio Cloreto de cetilpiridínio Fenol Timerosal AGENTE PULVERIZANTE OU LEVIGANTE Substâncias utilizadas como agente facilitador na redução do tamanho de partículas de fármacos por trituração em geral em um almofariz Glicerina Óleo mineral SEQUESTRANTE OU QUELANTE Substância que forma complexos estáveis e hidrossolúveis quelatos com metais Os agentes quelantes são usados em produtos líquidos como estabilizantes para complexar os metais pesados que podem promover instabilidade Ácido edético Edetato dissódico ADSORVENTE AGENTE Capaz de prender outras moléculas em sua superfície por meios físicos ou químicos quimiossorção Carvão ativado Celulose em pó TAMPÃO Usado para resistir às mudanças de pH na diluição ou adição de um ácido ou de um álcali Metafosfato de potássio Fosfato de potássio monobásico Acetato de sódio Citrato de sódio anidro e desidratado A legislação prevê que se deve haver certificado de análise para cada lote de excipiente RDC 342015 32 Conclusão A prática da atividade farmacotécnica exige que o profissional tenha conhecimento e habilidade no momento de avaliar as prescrições no que se refere ao preparo do medicamento e também aos cálculos que precedem ao início da operação magistral Os mandamentos em sua grande maioria são preparações em que o ativo se apresenta em pequenas concentrações e a pesagem conversão de unidades cálculos de ajustes das quantidades finais do produto devem ser feitos com responsabilidade e certeza Recomendamos a conferência de um segundo ou terceiro profissional para certificar que a operação matemática realizada está correta REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário nacional da farmacopeia brasileira 2ª ed Brasília Anvisa 2012 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária ResoluçãoRDC nº 34 de 7 de agosto de 2015 Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Excipientes Farmacêuticos Brasília ANVISA 2015 FERREIRA Anderson de Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 IPEC Internacional Pharmaceutical Excipient Concils Disponível em httpsipec federationorg Acesso em 23 nov 2022 POPOVICH Nicholas G ALLEN JR Loyd V ANSEL Howard C Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos 9ª ed Porto Alegre Artmed 2013 PRISTA Luís Vasco Nogueira Tecnologia Farmacêutica 7ª ed Lisboa Editora Calouste 2011 33 4 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS FFL Apresentação Neste bloco serão apresentadas as formas farmacêuticas líquidas suas características fundamentais tipos de apresentação comercial a farmacotécnica empregada no preparo das formulações o controle de parâmetros de qualidade aplicáveis aos produtos manipulados nessa forma farmacêutica A farmacotécnica das preparações medicamentosas líquidas é muito rica são preparações que podem ser estéreis injetáveis e colírios e não estéreis de uso oral ou tópico soluções xaropes elixires suspenções etc Além disso há um grande mercado para as preparações líquidas de uso cosmético como xampus sabonetes líquidos águas termais entre muitas outras Bons estudos 34 41 Introdução às Formas Farmacêuticas Líquidas FFL As formas líquidas de apresentação de medicamentos são muito versáteis e sua utilização vem de longa data Preparações de uso oral e tópico fazem parte do conhecimento milenar Com o tempo estas preparações foram melhoradas principalmente no que diz respeito à palatabilidade pois um fator que restringia seu uso era o gosto desagradável das preparações o que dificultava muito a adesão dos pacientes aos tratamentos Atualmente com a modernização da química dos excipientes essas formulações foram bastante melhoradas através da adição de agentes corretivos de aspectos sensoriais deste modo tornaram as preparações bem mais atrativas Os agentes ditos corretivos são excipientes que irão melhorar os aspectos sensoriais das preparações com relação à cor sabor aroma e viscosidade fatores diretamente relacionados às impressões sensoriais de visão gosto cheiro e tato Outros excipientes além dos corretivos são adicionados com a finalidade de promover estabilidade conservação viscosidade ajuste de pH limpidez etc Quando a preparação não se destina ao consumo imediato devemse ser adicionados conservadores antimicrobianos autorizados Além das preparações não estéreis de uso oral e tópico há também as preparações estéreis como injetáveis colírios e alimentos enterais Estes produtos demandam condições específicas de ambiente de preparação processos técnicos e profissionais habilitados no preparo destas formulações de forma a garantir a qualidade microbiológica de esterilidade destes produtos e sua estabilidade durante o prazo de validade e uso FFL São misturas entre Líquido Líquido ou Sólido Líquido Composição das FFL Insumo Ativo Veículo água purificada Adjuvantes e Corretivos 35 Outra característica fundamental destas preparações é o uso de água como veículo das formulações Para tanto água para uso farmacêutico deve ser obtida para que possa fazer parte da composição dos produtos A água potável aquela da torneira rica em sais minerais é a água de partida para obtenção de água purificada para uso farmacêutico Por isso a farmácia magistral deve ter um sistema de purificação e controle de qualidade da água para que esta possa ser utilizada nas preparações magistrais Tendo em vista as características das FFL nos itens que seguem são apresentados conceitos importantes na preparação das FFL Água para uso farmacêutico Considerase como água para uso farmacêutico os diversos tipos de água empregados na síntese de fármacos na formulação e produção de medicamentos em laboratórios de ensaios diagnósticos e demais aplicações relacionadas à área da saúde inclusive como principal componente na limpeza de utensílios equipamentos e sistemas Água purificada É a água potável que passou por algum tipo de tratamento para retirar os possíveis contaminantes e atender aos requisitos de pureza estabelecidos na monografia da Farmacopeia Brasileira BRASIL 2012 p 14 Nas farmácias magistrais em que são manipuladas formulações medicamentosas e cosméticas de uso oral e tópico a água purificada é a água de escolha para preparações das formulações em geral obtida por um sistema de deionização e destilação A água deve ser produzida para o uso diário e não deve ser armazenada por períodos maiores que 24 horas Além da produção deste tipo de qualidade de água é preciso atentarse quanto ao armazenamento e uso para que não haja contaminação da água após sua obtenção Controle de qualidade de amostragens periódicas mensaltrimestral de água são uma exigência da legislação de Boas Práticas Magistrais 42 Formas Farmacêuticas Líquidas Solução Xarope Simples e Dietético Tintura Elixir Neste bloco iremos apresentar e discutir sobre as FFL do tipo soluções xaropes tinturas e elixires Iremos dedicar um bloco especial às FFL suspenções devido às características e especificidades deste tipo de preparações 36 Soluções forma farmacêutica líquida límpida e homogênea que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis BRASIL 2019 São dispersões moleculares monofásicas termodinamicamente estáveis e que apresentam uniformidade de conteúdo Devem ser límpidas translucidas podem ser aquosas oleosas ou hidroalcóolicas e favorizadas Viscosas ou fluidas unidose ou multidose e podem ser administradas em gotas ou volumes maiores VILLANOVA SÁ 2009 As soluções podem ser de uso oral injetável e tópica Xarope É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade que apresenta não menos que 45 pp de sacarose ou outros açúcares na sua composição podendo chegar a 85 de sacarose devido ao alto grau de solubilidade da sacarose em água BRASIL 2012 p 23 Figura 41 Imagem ilustrativa de xarope Fonte Ground Picture via Shutterstock Os xaropes geralmente são adicionados com agentes flavorizantes e corantes Podem ser classificados em Xarope simples É uma preparação aquosa com sacarose em concentrações de 4585 de sacarose Apresentam boa conservação por serem hipertônicos desidratam os microrganismos que sofrem plasmólise São apropriados a ativos hidrossolúveis Por serem doces são bem aceitos quanto à palatabilidade 37 Xarope dietético O xarope dietético sem açúcar é indicado como veículo para produtos líquidos contendo fármacos hidrossolúveis para pacientes diabéticos com sobrepeso ou ainda para crianças com prédisposição à carie dental Esse tipo de xarope é adicionado adoçantes para conferir o sabor doce e agentes de viscosidade para mimetizar a viscosidade do xarope simples Nestes casos é comum a adição de sacarina aspartame ou outra combinação de adoçantes e carboximetilcelulose para dar a viscosidade ao xarope Tintura É uma preparação alcoólica ou hidroalcóolica resultante da extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos extratos É classificada em simples e composta conforme preparada com uma ou mais matériasprimas BRASIL 2012 p 23 A menos que indicado de maneira diferente na monografia individual 10 ml de tintura simples correspondem a 1 g de droga seca Elixir É a preparação farmacêutica líquida límpida hidroalcóolica de sabor adocicado agradável apresentando teor alcoólico na faixa de 20 a 50 Os elixires são preparados por dissolução simples e devem ser envasados em frascos de cor âmbar e mantidos em lugar fresco e ao abrigo da luz BRASIL 2012 p 17 Disponível em httpsbitly3tSQrHp SOLUÇÕES HIDROALCOOLICAS DE USO ORAL A Resolução RE nº 01 de 25 de janeiro de 2002 mantém a proibição da presença de álcool etílico em todos os produtos fortificantes estimulantes de apetite e crescimento e complementos de ferro conforme disposto na Resolução RE n54301 O Art 2 determina que os produtos polivitamínicos destinados a crianças com idade inferior a 12 anos ou de USO PEDIÁTRICO apresentem uma concentração máxima de etanol não superior a 05 em suas formulações Determina também que os produtos polivitamínicos destinados ao USO ADULTO apresentem uma concentração de etanol não superior a 20 em suas formulações 38 43 Preparo de Formas Farmacêuticas Líquidas e Controle de Qualidade Preparo de soluções Todas as soluções farmacotécnicas não estéreis são preparadas com água purificada AP a menos que seja indicado de maneira diferente na receita ou prescrição A solubilidade dos componentes da formulação deve ser considerada no momento de preparar as soluções A água é tida como o solvente e veículo de escolha das FFL uma vez que é o solvente universal sem cor sabor e cheiro porém se algum dos ingredientes é insolúvel em água purificada esse composto pode ser pré solubilizado em uma quantidade mínima suficiente qs para solubizálo e depois finalizar a formulação com água purificada até completar a quantidade final qsp Preparo de soluções as soluções devem ser preparadas pela mistura dos ingredientes Pode ser necessário respeitar uma ordem de adição dos componentes devido à solubilidade de cada substância A mistura simples de componentes líquidos deve prever a miscibilidade entre os compostos por exemplo não será possível misturar um componente aquoso polar e outro oleoso apolar sem comprometer a homogeneidade e formação de uma segunda fase Misturas entre líquidos e sólidos podem solicitar do formulador o uso de um solvente auxiliar Em bancada é importante atender às diretrizes de Boas Práticas de Manipulação Bancada e vidrarias limpas pesagem correta das substâncias e fracionamento correto das quantidades de cada componente Agitação com auxílio de bastão de vidro aquecimento moderado podem ser recursos importantes para aumentar a velocidade de dissolução dos compostos Atentar para completar o volume qsp em acordo com a quantidade calculada para formulação filtrar e acondicionar adequadamente para garantir a estabilidade da formulação Preparo de xarope Pesar com precisão os sólidos sem misturálos Dissolver os conservantes parabenos em cossolvente que pode ser o Propilenoglicol 39 Em um Becker de capacidade de volume para preparar a quantidade total da formulação dissolver o açúcar com parte da água purificada total em banho maria misturando com auxílio de um bastão de vidro Atenção sobre a inversão do açúcar a TºC para dissolver o açúcar no banhomaria deve ser branda nunca superior à 80ºC para que não haja a conversão do açúcar em açúcar invertido pois isto torna a formulação mais escura em tom amareladoâmbar que visualmente não é tão atrativa Além disso se o excesso de temperatura pode tornar o sabor do xarope simples amargo lembrando açúcar queimado Resfriar a solução filtrar em funil de vidro e gaze dobrada Somente ao final da preparação complete o volume em um cálice de vidro ou proveta com o restante da água purificada prevista para a formulação Embalar em frasco de vidro âmbar com tampa de rosca Armazenar à TºC entre 1530ºC ao abrigo da luz Estabilidade por 1 ano Controle de qualidade Processo de elaboração de um medicamento manipulado exige um rígido controle já que na maioria das vezes o seu quantitativo impede uma análise farmacopeica de avaliação da qualidade do produto final Essa qualidade é obtida por meio de um processo de formulação totalmente controlado que conduz ao produto final Para tal é necessário ter em mãos insumos farmacêuticos oriundos de fornecedores qualificados e com certificados analíticos bem elaborados e que traduzam a real especificidade do insumo segundo requisitos farmacopeicos BRASIL 2012 p 5 Entendese por controle de qualidade o conjunto de operações tais como planejamento coordenação e execução com a finalidade de verificar a conformidade dos atributos ou características do produto acabado ou em processo matériasprimas e outros materiais com especificações préestabelecidas BRASIL 2007 CRISTALIZAÇÃO DO XAROPE Para evitar a formação de cristais de açúcar principalmente na borda do frasco do xarope de sacarose podese adicionar glicerina 5 a 10 ou sorbitol Estes polióis retardam a cristalização da sacarose e aumentam a solubilidade das substâncias presentes na formulação 40 Controle de qualidade da água purificada devem ser feitos testes físico químicos e microbiológicos no mínimo a cada seis meses para monitorar a qualidade da água de abastecimento mantendose os respectivos registros As especificações para água potável devem ser estabelecidas com base na legislação vigente Devem ser realizadas no mínimo as seguintes análises pH cor aparente turbidez cloro residual livre sólidos totais dissolvidos contagem total de bactérias coliformes totais presença de E coli e coliformes termorresistentes Controle de qualidade de FFL não estéreis produto acabado devem existir procedimentos operacionais escritos para manipulação das diferentes formas farmacêuticas preparadas na farmácia Todos os produtos manipulados devem ser rastreáveis Para as formas farmacêuticas líquidas devem ser realizadas no mínimo as seguintes análises descrição aspecto características organolépticas pH peso ou volume antes do envase Além disso para assegurar a qualidade das fórmulas manipuladas a farmácia deve possuir um Sistema de Garantia da Qualidade SGQ que incorpore as Boas Práticas de Manipulação em Farmácias BPMF totalmente documentado e monitorado BRASIL 2007 41 Conclusão Este bloco apresentou as formas farmacêuticas líquidas no que se refere a suas características tipos modo de preparo e controle de qualidade quando formuladas em farmácia magistral O preparo magistral de formulações medicamentosas e dermocosméticas são rotina nestas farmácias A utilização de insumos de qualidade e cuidados na preparação das formulações são um grande diferencial farmacotécnico REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Farmacopeia Brasileira 6ª ed Brasília Anvisa 2019 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário nacional da farmacopeia brasileira 2ª ed Brasília Anvisa 2012 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução RDC nº 67 de 8 de outubro de 2007 Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias Brasília Anvisa 2007 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária ResoluçãoRE Nº 1 de 25 de janeiro de 2002 Brasília Anvisa 2002 Disponível em httpsbitly3tSQrHp Acesso em 23 nov 2022 FERREIRA Anderson de Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 VILLANOVA Janaína SÁ Vânia R de Excipientes Guia Prático Para Padronização 2ª ed São Paulo Pharmabooks 2009 42 5 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS FFL SUSPENSÕES Apresentação Neste bloco serão apresentadas as formas farmacêuticas líquidas do tipo Suspensão Estudaremos as características fundamentais e particularidades a farmacotécnica empregada no preparo das formulações o controle de parâmetros de qualidade aplicáveis aos produtos manipulados desta forma farmacêutica As suspenções podem ser administradas por diferentes vias a saber oral tópica e parenteral São empregadas quando um insumo farmacêutico ativo IFA é insolúvel e não possibilita a preparação do tipo soluções Bons estudos 43 51 Suspensões Suspensões forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas dispersas em um veículo líquido no qual as partículas não são solúveis BRASIL 2019 As partículas dispersas devem ser pequenas e de tamanho uniforme Apesar de ser um sistema heterogêneo esperase que a suspensão permaneça homogênea após agitação até a administração Podem ser comercializadas na forma reconstituída ou como pó para ressuspensão antes do uso o que contribui para maior estabilidade do produto VILLANOVA SÁ 2009 O uso de suspensões como forma farmacêutica justificase por várias razões tais quais pela insolubilidade dos fármacos nos veículos habitualmente usados pelo sabor desagradável que os compostos podem apresentar em solução ou no estado de pó ou pelo fato de se pretender prolongar uma ação medicamentosa retardandose a absorção de um fármaco por via injetável e também para se obter maior estabilidade química Figura 51 Representação do sistema particulado de suspensão em comparação com a limpidez de soluções homogêneas Fonte Adaptada de Jo Sam Re via Shutterstock Do ponto de vista da físicoquímico as suspensões são sistemas heterogêneos nos quais a fase contínua é líquida ou semissólida e a fase dispersa é constituída por partículas sólidas insolúveis no meio utilizado Em manipulação farmacotécnica consideramos como suspensões líquidas orais aquelas preparações nas quais o princípio ativo está disperso num veículo líquido para administração oral 44 São exemplos de suspensões orais suspensão de amoxicilina suspensão mebendazol suspensão de ampicilina outro exemplo bastante conhecido é o Tylenol Criança Algumas suspensões orais vêm prontas para uso enquanto outras são comercializadas em pó liofilizado dentro de um frasco e em outro o líquido dispersante Ainda há apresentações que solicitam a adição de água no momento do uso muito comum em suspensões de antibióticos para garantir a sua estabilidade durante o os dias de utilização e tratamento Uma suspensão para administração oral poderá conter em sua formulação Insumo Farmacêutico Ativo insolúvel no veículo Agente molhante Agente suspensor Agente floculantes Outros adjuvantes antioxidantes corretivos de pH tamponantes corretivos de cor odor e sabor conservantes Veículo em geral é a água mas há casos de se usar óleos também 52 Características das suspensões Para maior estabilidade das suspensões a sedimentação da fase dispersa deve ser lenta e a redispersão deve ser fácil após agitação mínima Tais atributos são conseguidos através do controle dos parâmetros descritos pela Lei de Stokes A Lei de Stokes considera e relaciona parâmetros que influenciam a sedimentação de partículas em uma suspensão Parâmetros úteis em farmacotécnica para controlar e retardar a velocidade de sedimentação Tamanho das partículas o tamanho das partículas é um parâmetro crítico de controle uma vez que a velocidade de sedimentação é diretamente proporcional ao tamanho das partículas O tamanho ideal é entre 5075 micrometros Numa suspensão de uso oral o tamanho das partículas dispersas pode condicionar a facilidade de absorção ou a predominância de uma ação local no intestino e o diâmetro das partículas influencia também na velocidade do efeito de um medicamento injetado ou na ação terapêutica de um preparado dermatológico O diâmetro das partículas suspensas é ainda importante numa suspensão parenteral já que há possibilidade de obstrução da agulha com a qual será injetada e partículas muito pequenas podem não produzir ação prolongada que eventualmente se pretenda A distribuição granulométrica deverá ser ajustada através de técnicas apropriadas de pulverização 45 Viscosidade do meio dispersante a velocidade de sedimentação é inversamente proporcional à viscosidade do meio dispersante ou seja o aumento na viscosidade do dispersante torna a velocidade de sedimentação mais lenta Para obter suspensões com velocidade de sedimentação mais lenta e adequada é comum a adição de agentes suspensores ou agentes espessantes Estes excipientes provocam aumento da viscosidade da fase externa o que retarda a sedimentação das partículas Temos como exemplos de agentes doadores de viscosidade Goma adraganta Goma arábica Carboximetilcelulose sódica Hidroxietilcelulose Bentonita Silicato de alumínio e magnésio etc A escolha do agente suspensor mais adequado deve considerar a concentração usual e viscosidade desejadas pH ideal de uso e compatibilidade química em acordo com os demais componentes da formulação Molhabilidade das partículas devido à hidrofobia de ingredientes ativos dispersos no veículo as partículas se molham pouco e tendem a flutuar Adição de agentes molhantes como os polissorbatos Tween Span e Cromophor RH40 em concentrações entre 01 a 3 pv facilitam a dispersão de ativos pouco insolúveis no meio VILLANOVA SÁ 2009 Molhabilidade é o termo que traduz com que facilidade o líquido espalhase molha sobre superfícies sólidas Agentes molhantes Facilitam a saída do ar adsorvido na superfície das partículas Favorecem a substituição da interface sólidoar pela interface sólidolíquido Tipos de agentes molhantes Tensoativos EHL entre 6 e 9 Polissorbatos Lauril sulfato de sódio Doctilsulfossuccinato de sódio e Agentes emulsivos OA Outros compostos Macromoléculas fortemente hidrofílicas CMC goma arábica etc Sólidos hidrófilos insolúveis na água bentonita hidróxido de alumínio Aerosil etc Glicerina propilenoglicol e álcool 46 Estabilidade das suspensões As suspensões são sistemas termodinamicamente instáveis Numa suspensão líquida haverá tendência para as partículas sólidas se unirem umas às outras floculando ou originando agregados mais fortes que sedimentam e que não são susceptíveis de serem novamente suspensos Uma suspensão deve manterse em dispersão homogênea durante um período adequado sendo que o sedimento formado deve ser facilmente dispersível por agitação As suspensões líquidas devem vir com a indicação agite antes de usar no rótulo e serem envasadas em recipientes com capacidade maior em volume para haver espaço livre para a agitação Floculação do sistema sistemas floculados parcialmente que se depositam fracamente tendem à redispersão rápida garantindo a uniformidade de dose Em flocos as partículas tendem a ficar mais próximas mediante equilíbrio de cargas do sistema Quando há defloculação as partículas se depositam individualmente provocando caking formação de compacto irreversível e de difícil redispersão A técnica de floculação controlada é baseada no princípio de que as forças repulsivas entre as partículas devido ao Potencial Zeta podem ser reduzidas mediante adição de um íon de carga oposta As suspensões ideais devem exibir floculação máxima no ponto de carga zero A adição de um contra íon no meio mediante adição de eletrólitos orgânicos cloreto de sódio ou potássio ou alumínio entre outros até concentração ótima reduz o Potencial Zeta Dessa maneira as forças de repulsão diminuem para que a atração entre as partículas predomine ponto no qual as partículas se aproximam e formam os flocos 53 Controle de qualidade das suspensões Processo de elaboração de um medicamento manipulado exige um rígido controle já que na maioria das vezes o seu quantitativo impede uma análise farmacopeica de avaliação da qualidade do produto final Essa qualidade é obtida por meio de um processo de formulação totalmente controlado que conduz ao produto final Para tal é necessário ter em mãos insumos farmacêuticos oriundos de fornecedores qualificados e com certificados analíticos bem elaborados e que traduzam a real especificidade do insumo segundo requisitos farmacopeicos BRASIL 2012 p 5 47 Controles de qualidade aplicados às suspensões Qualidade da água purificada Ordem de adição dos ingredientes Controle de temperatura quando aplicável Correção do pH Velocidade da mistura Controle de agitação Aspecto final do produto e Envase de suspensões demandam agitação constante durante o envase de forma garantir homogeneidade de dose nos itens envasados 48 Figura 52 Representação de uma suspensão de Hidróxido de Alumínio e Magnésio conforme descrito no Formulário Nacional Fonte BRASIL 2012 p 86 49 Conclusão Este bloco apresentou as formas farmacêuticas líquidas do tipo suspensão suas características particularidades modo de preparo e controle de qualidade quando formuladas em farmácia magistral A utilização de insumos de qualidade e cuidados na preparação das formulações são um grande diferencial farmacotécnico REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Farmacopeia Brasileira 6ª ed Brasília Anvisa 2019 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário nacional da farmacopeia brasileira 2ª ed Brasília Anvisa 2012 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução RDC nº 67 de 8 de outubro de 2007 Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias Brasília Anvisa 2007 FERREIRA Anderson de Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 VILLANOVA Janaína SÁ Vânia R de Excipientes Guia Prático Para Padronização 2ª ed São Paulo Pharmabooks 2009 50 6 SOLUÇÕES NASAIS OFTÁLMICAS E AURICULARES Apresentação Neste bloco serão apresentadas as formas farmacêuticas de uso nasal oftálmico e auriculares Além disso estudaremos suas características fundamentais e particularidades a farmacotécnica empregada no preparo das formulações o controle de parâmetros de qualidade relacionados à isotonia e esterilidade destes medicamentos Bons estudos 51 61 Soluções nasais oftálmicas e auriculares Soluções Nasais As preparações nasais são aquelas destinadas à administração na mucosa nasal sendo a maioria delas soluções aplicadas sob a forma de gotas ou spray Figura 61 Exemplo de aplicação de spray nasal Fonte Alliance Images via Shutterstock A formulação destas soluções deve ser concebida de maneira que não haja dano à mucosa nasal principalmente sobre a motilidade dos cílios das células desta mucosa As formulações nasais são de ação local ou sistêmicas por ser uma via mucosa As preparações devem ser corrigidas quanto ao pH entre 45 e 65 para evitar irritação das mucosas Além disso atentese para o ajuste isotônico para que não interfira na motilidade dos cílios paranasais Formulações especificas de uso nasal e na forma farmacêutica pó são aplicadas com auxílio de dosadores especiais em casos de asma e bronquite Já os descongestionantes nasais são usados nos resfriados e em casos de rinite SOLUÇÕES OFTÁLMICAS COLÍRIOS As preparações oftálmicas são destinadas à administração na mucosa ocular para tratamento tópico das afecções do olho Podem ser líquidas chamadas de colírios constituindo soluções ou suspensões do princípio ativo em veículo apropriado ou semissólidas no caso pomadas oftálmicas 52 Figura 62 Exemplo de aplicação de solução oftálmica Fonte megaflopp via Shutterstock São formas farmacêuticas estéreis destinadas ao tratamento de afecções do globo ocular incluindo pálpebras conjuntiva e córnea ao preparo préoperatório para fins diagnósticos ou à limpeza do globo ocular A lágrima é um líquido levemente viscoso composto por proteínas e eletrólitos O contato de materiais estranhos no epitélio estimula o aumento na produção de lágrimas para remoção do agente irritante para as fossas nasais Preparo de colírios as preparações para uso oftálmico requerem atenção para precisão e compatibilidade entre os componentes da preparação além de Limpidez para as soluções Isotonia pH entre 58 e 114 Esterilidade é qualidade mais importante pois infecções podem causar úlceras e perda de visão Controle do tamanho de partículas no caso de suspensões Veículo aquoso utilizar água purificada para injetáveis API Agentes adjuvantes os adjuvantes que aumentam a atividade terapêutica 53 Tensoativos estes agentes diminuem a tensão interfacial e favorecem o espalhamento do colírio na superfície da córnea Favorecem a mistura do colírio com o líquido lacrimal Exemplos Cloreto de benzalcônio polissorbato Espessantes estes adjuvantes prolongam a ação medicamentosa porque aumentam a viscosidade da preparação de forma que o medicamento fique maior tempo em contato com a região onde foi aplicado São exemplos de espessantes muito utilizados em colírios metilcelulose álcool polivinílico e HPMCelulose inclusive nas preparações lubrificantes de lágrima artificial Conservantes agentes antioxidantes e conservantes promovem estabilidade das formulações A adição de antibióticos a estas formulações deve ser prescrita pelo médico Alguns exemplos de formulações medicamentosas de uso ocular vendidas apenas com prescrição médica são antiinflamatórios antibióticos antivirais anestésicos locais Já os de uso comum são colírios adstringentes usados no tratamento de conjuntivite lágrima artificial e vasoconstritores para diminuir estados de irritação ocular SOLUÇÕES AURICULARES As preparações auriculares são aquelas formuladas para administração no canal auditivo Sua ação é unicamente local Figura 63 Imagem ilustrativa do ducto auricular humano Fonte ilusmedical via Shutterstock 54 São exemplos de formulações auriculares os emolientes para remoção de cerume soluções antifúngicas e antibióticos A administração do medicamento otológico no ducto auditivo deve considerar a anatomia e fisiologia do ouvido e como isso relacionase com a forma farmacêutica As preparações podem ser líquidas ou semissólidas do tipo pomadas São preparações de veículo viscoso para haver adesão às paredes do ducto auditivo por exemplo glicerina propilenoglicol e polietilenoglicol de baixo peso molecular Nas formulações do tipo pomada a vaselina e gel de petrolato são utilizados com os excipientes O pH das formulações é de 60 a 80 62 Isotonia Isotonia referese à propriedade das soluções de possuir mesma pressão osmótica dos fluidos biológicos Os fluidos como lágrima sangue muco nasal células mucosas e teciduais possuem a mesma concentração salina ou seja a mesma pressão osmótica equivalente à solução fisiológica de cloreto de sódio NaCl a 09 Quando os tecidos e mucosas entram em contato com soluções farmacêuticas as formulações devem estar em equilíbrio salino correspondente aos 09 do Cloreto de Sódio não mais e nem menos Para tanto é necessário compreender o princípio da osmose Podese observar na imagem abaixo que o líquido ao se deslocar do meio menos concentrado provoca um aumento do volume do líquido do lado mais concentrado A esta diferença dáse o nome de pressão osmótica IMPORTANTE Osmose é um processo natural em que a água se move do meio menos concentrado para o mais concentrado através de uma membrana semipermeável Promovendo desta forma o equilíbrio salino entre os dois lados 55 Figura 64 Imagem ilustrativa com uma simulação do processo de osmose Fonte Adaptada de Designua via Shutterstock As soluções aquosas nasais oftálmicas auriculares e injetáveis devem ser isotônicas ou seja apresentar tonicidade adequada para que não causem alterações celulares no local de aplicação e que sejam compatíveis com os líquidos fisiológicos em outras palavras devem ser equivalentes na concentração salina porque o líquido fisiológico que permeia nossas células é uma solução salina 09 de Cloreto de Sódio NaCl Figura 65 Representação do fluxo de água quando uma hemácia se encontra imersa em um líquido isotônico hipotônico e hipertônico Fonte Adaptada de Designua via Shutterstock 56 Nas soluções isotônicas a concentração de sal neste caso o NaCl e a pressão osmótica são iguais atingindo assim o equilíbrio Já as soluções hipertônicas apresentam maior quantidade de sal NaCl e por consequência maior pressão osmótica e as soluções hipotônicas apresenta menor concentração de sal NaCl e menor pressão Por exemplo numa solução injetável que esteja hipertônica o contato desta solução com as hemácias presentes no sangue provocaria a saída do líquido presente dentro delas tornandoas menores microcíticas e irregulares Agora imagine o inverso uma solução injetável hipotônica com baixa concentração salina obedecendo o princípio natural da osmose o líquido irá penetrar as hemácias para alcanças o equilíbrio dentro e fora das hemácias isto aumentaria o volume das hemácias tornandoas macrocíticas Sendo assim o ajuste salino de todas as soluções que entram em contato com tecidos mucosas fluidos corpóreos devem ser ajustados para que o equilíbrio seja mantido de forma isotônica Em formulações para ajuste de isotonia podem ser utilizados os sais cloreto de sódio e ácido bórico Agentes isotonizantes são adicionados às soluções medicamentosas hipotônicas com o objetivo de elevar sua tonicidade para valores equivalentes aos do plasma e da lágrima Para soluções parenterais hipotônicas usase como isotonizante cloreto de sódio e glicose Para soluções oftálmicas usase cloreto de sódio e ácido bórico IMPORTANTE LEMBRAR O equilíbrio salino é feito mediante ao ajuste de sal neste caso o sal mais comumente utilizado é o cloreto de sódio Não se deve confundir com ajuste de pH ou adição de soluções tampão O pH de soluções deve ser ajustado com soluções ácidas ou básicas para se atingir o pH ideal do local onde a formulação será aplicada ou o local onde acontecerá a ação medicamentosa O uso de sistemas tampão irá impedir mudanças bruscas de pH entre ácido e base 57 Um experimento rápido que pode ser feito para verificar o fenômeno da osmose é partir uma batata ao meio e fazer uma cavidade no centro das duas partes Adicione a uma das metades um pouco de sal de cozinha e observe depois de alguns momentos a presença de líquido preenchendo a cavidade A outra metade reserve como referência O que aconteceu na porção adicionada de sal foi a migração do líquido de dentro das células do vegetal para o meio na tentativa de recobrar o equilíbrio salino Na prática farmacotécnica para se ajustar a concentração salina da solução devese aplicar o método do equivalente em cloreto de sódio Este método é uma das maneiras utilizadas para o cálculo da quantidade de agente isotonizante a ser adicionada em uma dada formulação para que se torne isotônica A referência da concentração salina a ser alcançada será sempre o soro fisiológico que nada mais é do que uma solução de cloreto de sódio 09 63 Cálculo de isotonia O objetivo deste tópico é demonstrar a utilização do método do equivalente em cloreto de sódio NaCl para determinação da quantidade de agente isotonizante necessária para deixar as soluções isotônicas As soluções aquosas nasais oftálmicas e injetáveis devem apresentar tonicidade adequada para que não causem alterações celulares significativas que gerem complicações fisiológicas no momento de sua administração EXEMPLO Calcular a quantidade de cloreto de sódio NaCl necessária para isotonizar 58 PASSO 1 A solução isotônica equivale à solução fisiológica 09 09g NaCl 100ml X 50ml total X 045g NaCl PASSO 2 Ajuste do cloridrato de lidocaína 2 2g 100ml x 50ml x1g Se 1g Lidocaína 022g NaCl 1g X X 022g NaCl 59 PASSO 3 Ajuste do cloridrato de cocaína 05 05g 100ml x 50ml x 025 g Se 1g Cocaína 016g NaCl 025g X X 004g NaCl PASSO 4 Ajuste do Bitartarato de epinefrina 01 01g 100ml x 50ml x 005 g Se 1g Epinefrina 018g NaCl 005g X X 0009g NaCl PASSO 5 Ajuste isotônico final devese adicionar 0450220040009 0181g NaCl O passo a passo do exercício é fundamental para resolução de qualquer cálculo de isotonia Saber que a referência será sempre o cloreto de sódio NaCl 09 Os componentes da formulação interferem na isotonia e precisam ser calculados em equivalente de NaCl Atenção para corrigir a fórmula para quantidade final de produto que será preparado para se ter um cálculo real da formulação que está sendo manipulada 60 Conclusão Este bloco apresentou as formas farmacêuticas líquidas aplicadas em oftalmologia e otorrino Nestas formulações é importante atentarse para condições específicas de esterilidade nos oftálmicos e isotonia em todas elas As preparações estéreis demandam local processos e profissionais treinados para manipulação além demandarem água purificada para injetáveis e um método de esterilização final da medicação REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário Nacional 2º ed Brasília Anvisa 2012 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução RDC nº 67 de 8 de outubro de 2007 Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias Brasília Anvisa 2007 FERREIRA Anderson de Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 VILLANOVA Janaína SÁ Vânia R de Excipientes Guia Prático Para Padronização 2ª ed São Paulo Pharmabooks 2009
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FARMACOTÉCNICA BÁSICA Karine Gargioni Pereira Correa de Mello 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA 3 2 CÁLCULOS FARMACOTÉCNICOS 17 3 EXCIPIENTES 25 4 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS FFL 33 5 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS FFL SUSPENSÕES 42 6 SOLUÇÕES NASAIS OFTÁLMICAS E AURICULARES 50 3 1 INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA Apresentação Neste bloco serão apresentados os conceitos aplicados à farmacotécnica aspectos relevantes relacionados ao controle de qualidade na manipulação de medicamentos e as operações unitárias utilizadas na preparação dos medicamentos magistrais A farmacotécnica é uma área de atuação exclusiva do farmacêutico e tem por objetivo a preparação de formulações farmacêuticas medicamentosas cosméticas nutracêuticas em uma forma de apresentação que possibilite sua melhor administração e ação O profissional farmacêutico farmacotécnico é capaz de atuar em indústrias farmacêuticas desenvolvendo formulações bem como em farmácias de manipulação Bons estudos 4 11 Farmacotécnica e a atuação do farmacêutico Boas práticas de manipulação RDC 672007 e conceitos importantes Atuação do farmacotécnico e a atuação do farmacêutico A Farmacotécnica é a ciência que estuda desenvolve e participa diretamente da fabricaçãopreparação dos medicamentos Estuda a melhor forma de apresentação para o medicamento que será produzido respeitando as características físicoquímicas do insumo farmacêutico ativo IFA e a via de administração desejada Para isso o farmacotécnico prepara a composição do medicamento Insumos Ativos adicionados aos Adjuvantes FarmacotécnicosExcipientes para a preparação dos medicamentos em uma forma farmacêutica ¹ ² Figura 11 ¹Representação esquemática da manipulação do insumo farmacêutico ativo IFA e ²os excipientes na obtenção de um medicamento Fonte ¹Elaborada pela autora e ²yelosmiley via Shutterstock O principal objetivo da farmacotécnica é preparar e acondicionar os medicamentos de modo que mantenham a estabilidade durante o período estabelecido de prazo de validade em uma forma farmacêutica que pode ser sólida semissólida ou líquida Boas Práticas de Manipulação Magistral e Oficinal RDC 672007 O responsável pela manipulação inclusive pela avaliação das prescrições e aplicação das normas de Boas Práticas é o farmacêutico Tudo isto está regulamentado pela ANVISA na RDC 67 de 2007 que normatiza as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias 5 Figura 12 Representação ilustrativa da RDC 672007 ANVISA Fonte Disponível em httpsbitly3tPU0ym Acesso em 21 nov 2022 As Boas Práticas de Manipulação em Farmácias BPMF redigidas na Resolução da Diretoria Colegiada da ANVISA RDC 672007 estabelece as diretrizes mínimas que devem ser praticadas na manipulação dos medicamentos Estas diretrizes visam assegurar que os produtos sejam consistentemente manipulados e controlados garantindo a segurança e eficácia dos medicamentos que são preparados Segundo a RDC 672007 o farmacêutico é responsável pela qualidade das preparações É indispensável o acompanhamento e o controle de todo o processo de manipulação de modo a garantir ao paciente um produto com qualidade seguro e eficaz Além disso a legislação divide as atividades de manipulação em VI Grupos Veja o quadro abaixo constante na RDC 672007 Figura 13 Quadro dos grupos de atividades desenvolvidas pela farmácia magistral Fonte Disponível em httpsbitly3tPU0ym Acesso em 21 nov 2022 6 Conceitos importantes disponíveis para consulta em ANVISA RDC 67 de 2007 Boas práticas de manipulação em farmácias BPMF É o conjunto de medidas que visam assegurar que os produtos manipulados sejam consistentemente manipulados e controlados com padrões de qualidade apropriados para o uso pretendido e requerido na prescrição Forma Farmacêutica Referese ao estado final de apresentação que os princípios ativos farmacêuticos possuem após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com ou sem a adição de excipientes apropriados a fim de facilitar a sua utilização e obter o efeito terapêutico desejado com características apropriadas a uma determinada via de administração Insumo Referese à matériaprima e materiais de embalagem empregados na manipulação e acondicionamento de preparações magistrais e oficinais Insumo inerte É a substância complementar de natureza definida desprovida de propriedades farmacológicas ou terapêuticas nas concentrações utilizadas e empregada como veículo ou excipiente na composição do produto final Manipulação É o conjunto de operações farmacotécnicas com a finalidade de elaborar preparações magistrais e oficinais e fracionar especialidades farmacêuticas para uso humano Preparação Referese ao procedimento farmacotécnico para obtenção do produto manipulado compreendendo a avaliação farmacêutica da prescrição a manipulação fracionamento de substâncias ou produtos industrializados envase rotulagem e conservação das preparações 7 Matériaprima É a substância ativa ou inativa com especificação definida que se emprega na preparação dos medicamentos e demais produtos Medicamento É o produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado com finalidade profilática curativa paliativa ou para fins de diagnóstico Preparação magistral É aquela preparada na farmácia a partir de uma prescrição de profissional habilitado destinada a um paciente individualizado e que estabeleça em detalhes sua composição forma farmacêutica posologia e modo de usar Preparação oficinal É aquela preparada na farmácia cuja fórmula esteja inscrita no Formulário Nacional ou em Formulários Internacionais reconhecidos pela ANVISA 12 Tipos de manipulação controle do processo de manipulação e rotulagem Alopatia A medicina e a medicação alopática consistem no tratamento das doenças produzindo no organismo efeito contrário aos sintomas Por exemplo a um paciente febril dáse um antitérmico ao paciente com dor um medicamento analgésico um organismo que apresenta sinais de inflamação será dado uma medicação antiinflamatória Desta forma a alopatia trata as doenças pela aplicação dos contrários A grande maioria dos medicamentos disponíveis nas farmácias de dispensação são alopáticos e produzidos pelas indústrias farmacêuticas Mas as farmácias magistrais também podem preparar esta classe de medicamentos de acordo com a prescrição médica feita pelo médico para o paciente Figura 14 Medicamentos alopáticos Fonte sebra via Shutterstock 8 Homeopatia As preparações farmacêuticas homeopáticas são fruto dos estudos de Hanneman que estabeleceu o conceito de que O semelhante combate o semelhante Na manipulação homeopática os medicamentos são obtidos pelo método de diluições seguidas de sucussões eou triturações sucessivas As preparações são utilizadas em medicina preventiva ou terapêutica A homeopatia sempre gerou controvérsias por causa das altas diluições dos medicamentos Mas hoje é bastante popular e tem vários adeptos podendo ser preparada nas farmácias de manipulação em espaços dedicados por um farmacêutico especialista em homeopatia Figura 15 Medicamentos homeopáticos Fonte Chamille White via Shutterstock Fitoterapia Os medicamentos fitoterápicos são preparados a partir de plantas medicinais capazes de aliviar ou curar doenças O conhecimento da fitoterapia é milenar passado através do tempo por gerações isto faz da fitoterapia uma medicina bastante popular Muitos medicamentos atuais são resultado da síntese química a partir de moléculas presente em plantas o que comprova a ação farmacológica destes ativos por isso o preparo empírico sem atenção à concentração do ativo nas preparações pode provocar efeitos adversos que podem ser graves Figura 16 Medicamentos fitoterápicos Fonte Indre Pau via Shutterstock 9 Controle de qualidade na manipulação de medicamentos O controle de qualidade durante a preparação dos medicamentos manipulados garante a segurança e a eficácia das formulações Uma preocupação de qualquer processo farmacêutico é a contaminação Assim vários cuidados devem ser tomados duramente todos os estágios da manipulação para prevenir e evitar qualquer tipo de contaminação química ou biológica Para isso os procedimentos devem ser escritos controlados e principalmente refletir a prática diária além de serem validados A limpeza das áreas de manipulação instalações equipamentos uso de paramentação vestimenta adequada dos colaboradores lavagem correta das mãos deve fazer parte da rotina dos processos de manipulação e previstos dentro de um Sistema de Gestão da Qualidade na farmácia de manipulação Procedimentos documentos e registros são uma exigência da prática diária Procedimentos operacionais padrão os famosos POPs além de ordens de manipulação número de lote de cada uma das preparações registros indicando os responsáveis pela manipulação indicativos de qualidade de fornecedores dos insumos registros de data da manipulação assinaturas dos conferentes na ordem de manipulação são formas de garantir a qualidade e possibilitar a rastreabilidade do produto Rotulagem A rotulagem e embalagem devem estar descritas em procedimentos operacionais Segundo a RDC 67 de 2007 toda preparação magistral deve ser rotulada com a nome do prescritor b nome do paciente c número de registro da formulação no Livro de Receituário d data da manipulação e prazo de validade f componentes da formulação com respectivas quantidades 10 g número de unidades h peso ou volume contidos i posologia j identificação da farmácia k CNPJ l endereço completo e m nome do farmacêutico responsável técnico com o respectivo número no Conselho Regional de Farmácia 13 Classificação dos medicamentos e operações unitárias Os medicamentos podem ser classificados de diferentes maneiras Abaixo são apresentadas algumas maneiras de classificar e entender as variações da forma farmacêutica apresentação e da administração dos medicamentos A forma farmacêutica é o estado final de apresentação do medicamento e tem relação direta com a via de administração Formas farmacêuticas sólidas FFS são comprimidos cápsulas drágeas supositórios pós e granulados Formas farmacêuticas líquidas FFL são xarope elixir soluções suspensões etc As formas farmacêuticas semissólidas FFSS são cremes géis pomadas pastas etc e as formas farmacêuticas gasosas os aerossóis Outra classificação é quanto ao número de fármacos Quando há apenas um insumo ativo os medicamentos são classificados como simples e compostos quando o medicamento tem em sua composição dois ou mais insumos farmacêuticos ativos A forma de emprego do medicamento referese ao uso do medicamento podendo ser por uso interno que é administrado por via oral ou enteral e os de uso externo por via tópica A classificação por origem de um medicamento é oficinal quando a formulação já estabelecida e de uso corriqueiro é descrita qualitativa e quantitativamente em compêndios oficiais reconhecidos pelo Ministério da Saúde como o caso do Formulário Nacional da ANVISA 11 O medicamento magistral é a fórmula constante numa prescrição médica personalizada que estabelece a composição a forma farmacêutica e a posologia Já a especialidade farmacêutica é originada pela indústria farmacêutica e disponível em farmácias de dispensação e estabelecimentos de saúde O medicamento também pode ser classificado quanto ao nível de ação que pode ser tópicalocal exercendo o efeito no local da aplicação Para um medicamento ter uma ação sistêmica passase pelo processo de absorção que é a passagem do fármaco para a corrente sanguínea agindo em um local diferente da aplicação Quando um medicamento começa a liberação do fármaco rapidamente após a administração dizse que é de ação imediata e quando a liberação é gradual e prolongada do fármaco mantendo a concentração plasmática em níveis terapêuticos chamase de ação prolongada Ainda há as preparações de liberação modificada que podem ter seu alvo de ação em sítios ou pH específicos O medicamento que apresenta menor estabilidade deve ser preparado no momento do uso e é classificado como medicamento extemporâneo Já o medicamento definitivo vem pronto para o uso sendo estes conceitos da classificação quanto à conservação Há duas formas de classificação a saber quanto à doutrina do medicamento alopático dizse que é a cura pelo contrário ou seja o medicamento atua contrariamente aos sintomas da doença O medicamento homeopático é a cura pelo semelhante quanto à dose um frasco pode ser unidose quando contém uma determinada quantidade do medicamento destinada a ser administrada de uma só vez após aberto O multidose ocorre quando é possível a retirada de doses do conteúdo total do frasco 12 Fonte Elaborado pela autora Operações Unitárias As operações unitárias estão relacionadas a processos que são executados na preparação de um produto As operações unitárias podem acontecer de forma individual ou em etapas sequenciais de forma a se obter as melhores características do produto final Devem existir procedimentos operacionais escritos envolvendo as operações para manipulação das diferentes formas farmacêuticas preparadas na farmácia Pesagem a pesagem de massa da substância que será adicionada à preparação Para realizar a pesagem dos insumos é necessária uma balança analítica ou pelo menos semianalítica de forma que se tenha precisão e exatidão nas quantidades pesadas Devese atentar às pesagens de pequenas quantidades do produto e a capacidade de pesagem da balança 13 Figura 17 Balança analítica Fonte LightField Studios via Shutterstock Pulverização consiste na divisão de insumos sólidos em partículas menores através da aplicação de forças de trituração compressão e abrasão Na manipulação de insumos farmacêuticos ativos ou adjuvantes farmacotécnicos utilizase o gral de porcelana ou gral de vidro também chamado de almofariz A pulverização é feita com auxílio do pistilo confeccionado no mesmo material do gral Figura 18 Gral de porcelana e pulverização Fonte Jr images via Shutterstock As vantagens da redução de tamanho dos insumos sólidos são Aumento da superfície de contato Uniformidade do tamanho das partículas do sólido auxiliando na homogeneização de produtos em pó ou na solubilização destes 14 Tamisação O tamanho das partículas é determinado pela tamisação em tamis O tamis é um utensílio muito similar a uma peneira São utilizados para fazer a separação das partículas do pó conforme a granulometria tamanho das partículas São fabricadas em aço inox acopladas na base de uma tela presa e tencionada ao aro Figura 19 Imagem ilustrativa de um tamis Fonte Cergeus via Shutterstock Mistura e homogeneização tem por finalidade gerar um produto homogêneo entre os fármacos e os adjuvantes farmacotécnicos sendo de grande importância no processo assegurando a uniformidade de conteúdo da dose nas diferentes formas farmacêuticas Dissolução é a desagregação de uma substância sólida em um líquido A dissolução é total quando o líquido solvente é capaz de dissolver totalmente a substância sólida soluto Gerando uma solução homogênea e monofásica Figura 110 Simulação de dissolução Fonte Emre Terim via Shutterstock 15 A dissolução ocorre porque as moléculas do solvente envolvem as partículas do soluto dissolvendoas Alguns fatores aumentam a velocidade de dissolução tais como agitação aquecimento quantidade solvente tamanho das partículas do pó Filtração é uma operação bastante utilizada na preparação de soluções límpidas para promover a separação de partículas sólidas dispersas em um líquido através da passagem deste líquido por material permeável chamado filtro Figura 111 Imagem ilustrativa da filtração Fonte Siyanight via Shutterstock 16 Conclusão Neste bloco introdutório à farmacotécnica estão descritos os conceitos fundamentais para o entendimento das rotinas praticadas na preparação dos medicamentos Além disso reforça a importância da manipulação das formulações em acordo com a legislação vigente e as diretrizes obrigatórias de Boas Práticas de Manipulação Estabelece e reforça a responsabilidade do profissional farmacêutica na preparação de medicamentos seguros e eficazes REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário Nacional Da Farmacopeia Brasileira 2ª ed Brasília ANVISA 2012 p 224 Revisão 02 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária ResoluçãoRDC Nº 67 de 8 de outubro de 2007 Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias 2ª ed Brasília ANVISA 2007 17 2 CÁLCULOS FARMACOTÉCNICOS Apresentação A avaliação farmacêutica das prescrições quanto à concentração viabilidade e compatibilidade físicoquímica e farmacológica dos componentes dose e via de administração deve ser feita antes do início da manipulação Vale a pena aqui apresentar o conceito de substância de baixo índice terapêutico as quais são substâncias que apresentam baixa dosagem e alta potência em outras palavras a dose terapêutica é muito próxima da dose tóxica São exemplos de substância de baixo índice terapêutico Lítio Digoxina Varfarina Fenitoína entre outros Não somente nos casos de manipulação de substâncias de baixo índice terapêutico mas também em toda e qualquer formulação a responsabilidade pela conferência da prescrição avaliação da concentração do fármaco na receita o cálculo correto da quantidade das substâncias é do farmacêutico farmacotécnico Vale ressaltar que é essencial avaliar se a dose ou posologia dos produtos prescritos ultrapassa os limites farmacológicos ou se a prescrição apresenta incompatibilidade ou interações perigosas entre os componentes da formulação Em caso de dúvida o farmacêutico deve confirmar com o prescritor Nos casos em que a dúvida permaneça a farmácia não poderá dispensar o produto Bons estudos 18 21 Cálculos farmacêuticos Aproximação de medidas de dosadores podem ser utilizadas no momento da administração do medicamento mediante uso de porções aproximadas Em geral utilizamse unidades de medidas de uso doméstico para propiciar ao paciente o correto fracionamento da dose Tais medidas têm a indicação de capacidade a seguir Colher de café 30 ml Colher de chá 50 ml Colher de sobremesa 100 ml Colher de sopa 150 ml 1 Cálice 300 ml 1 Copo 1500 ml Conta gotas 20 gotas 10 ml Para doses inferiores a 30 ml indicase o uso de gotas QUANTIDADE SUFICIENTE PARA qsp é bastante comum nas prescrições aparecer a sigla qsp Esta sigla referese à quantidade suficiente do veículo para o preparo da formulação final do medicamento Mais comum ainda é esta quantidade referirse à preparação final de 1000 ml do produto Logo quando desejarse preparar quantidades maiores ou menores da formulação devese aplicar regra de três para ajustarse a quantidade final correta a ser preparada OUTRAS ABREVIATURAS USUAIS Uso ext ou Uso int uso externo e uso interno ãã quantidades iguais pronunciase aná pi partes iguais FSA Faça segundo a arte FST Faça segundo a técnica pp papel qs quantidade suficiente qsp quantidade suficiente para R receita repetida para mesma ou outra pessoa 19 UNIDADES DE MEDIDAS DE MASSA neste caso as unidades mais comumente utilizadas na pesagem de substâncias sólidas são o grama g e miligrama mg É de suma importância lembrar que a unidade de medida expressa na balança analítica utilizada em farmacotécnica é expressa em gramas logo para pesar a massa em miligramas será necessário fazer a conversão entre as unidades Por exemplo se a prescrição pede a pesagem de 100 mg do insumo farmacêutico ativo ao fazer a pesagem precisaremos dividir três vezes por 10 ou dividir uma vez por 1000 logo deverá ser pesado 01 gramas do ativo Figura 21 Unidades de medidas de massa Fonte Elaborada pela autora São medidas equivalentes 1 kg é o mesmo que 1000 g 1g é o mesmo que 1000 mg e 1 mg é o mesmo que 1000 mcg Exemplo 1 Transformar g em mg multiplicar por 1000 01 g x 1000 100 mg Exemplo 2 Transformar 025 g em mg multiplicar 025 x 1000 250 mg Exemplo 3 Transformar mg em g dividir por 1000 1 mg 1000 00001 g Exemplo 4 Transformar 500 mg em g dividir por 1000 500 mg 1000 05 g UNIDADES DE MEDIDAS DE VOLUME em farmacotécnica a medida de volume mais utilizada é o mililitro ml mas também o litro l é bastante usual na preparação de maiores quantidades do produto 20 Figura 22 Unidades de medidas de volume Fonte Elaborada pela autora Exemplo 1 Transformar l em ml multiplicar por 1000 01 l x 1000 100 ml Exemplo 2 Transformar 025 l em ml multiplicar 025 x 1000 250 ml Exemplo 3 Transformar ml em l dividir por 1000 1 ml 1000 00001 l Exemplo 4 Transformar 500 ml em l dividir por 1000 500 ml 1000 05 l EXPRESSÃO DE CONCENTRAÇÕES As concentrações definidas em percentagem são expressas como se segue PERCENTAGEM PESO EM PESO ou pp Utilizada na preparação de misturas entre dois componentes sólidos Expressa o número de g de um componente em 100 g de mistura final PERCENTAGEM PESO EM VOLUME ou pv Utilizada na preparação de misturas entre um sólido em uma preparação líquida Expressa o número de g de um componente em 100 ml de solução final PERCENTAGEM VOLUME EM VOLUME ou vv Utilizada na preparação de misturas entre dois líquidos Expressa o número de ml de um componente em 100 ml de solução final PERCENTAGEM VOLUME EM PESO ou vp Utilizada no momento de umedecer um sólido em pó Expressa o número de ml de um componente em 100 g de mistura final 21 22 Regra de três A Regra de três é uma operação matemática de uso comum É utilizada para comparar duas ou mais quantidades quando estamos trabalhando com grandezas direta ou inversamente proporcionais É calculada pela divisão de um número pelo outro o qual está sendo comparado Identificar as grandezas envolvidas é fundamental e relacionar as grandezas de forma direta e grandezas que se relacionam de forma inversa Grandezas diretamente proporcionais são aquelas que quando uma das grandezas aumenta a outra também aumenta e na mesma proporção quando uma diminui a outra também diminui Por exemplo quanto menos quantidade de produto final for preparada menos de cada ingrediente será adicionado o inverso também é verdadeiro ou seja quanto mais produto final for manipulado mais quantidade de cada ingrediente será necessário Já nas grandezas inversamente proporcionais à medida que uma das grandezas aumenta a outra diminui na mesma proporção Por exemplo quanto mais concentrado o produto menor o volume a ser utilizado Em farmacotécnica a Regra de três é muito utilizada para correção de quantidades de casa insumo da preparação quanto se pretende preparar quantidade a mais ou quando o cliente deseja manipular uma quantidade menor que a prescrita na receita Outra razão do uso corriqueiro da Regra de três em ajustes de formulação é porque as prescrições receitas e formulações em sua maioria das vezes apresentase em porcentagem ou seja a composição é definida para preparar 100 gramas ou 100 ml da formulação Desta forma quando vamos preparar quantidade a mais ou a menos precisamos calcular cada item da formula para a quantidade a ser de fato preparada 22 Exemplo 1 Em uma suspensão de Hidróxido de Alumínio temse 6 g em 100 ml Quantos gramas de Hidróxido de Alumínio são necessários para preparar 150 ml de uma solução na mesma concentração 6g 100 ml x 150 ml Resposta Serão necessários 9 gramas de Hidróxido de Alumínio para preparar 150 ml de uma solução na mesma concentração 23 Fator de equivalência e Fator de correção FATOR DE EQUIVALÊNCIA FEq fator utilizado para fazer o cálculo da conversão da massa do sal ou éster para a massa do fármaco ativo ou da substância hidratada para a substância anidra BRASIL 2016 p 11 Podese ler no Manual de Equivalência disponibilizado eletronicamente pelo CRFSP em 2016 1 Fator de Equivalência será igual a 100 quando o fármaco e a matéria prima disponível forem a mesma substância Exemplo Matériaprima disponível Cloridrato de Amitriptilina Fármaco Cloridrato de Amitriptilina As doses são expressas em Cloridrato de Amitriptilina 2 O Fator de Equivalência será maior que 100 quando a matériaprima disponível para o preparo do medicamento for um sal ou éster e o insumo farmacêutico ativo for a forma livre sendo as doses expressas na forma livre Também será maior que 100 quando o fármaco terapeuticamente ativo for um sal ou éster diferente daquele em questão sendo as doses expressas no sal ou éster de referência e quando a matériaprima for hidratada e o fármaco terapeuticamente ativo for anidro sendo as doses expressas na forma anidra Exemplos 1 Matériaprima disponível Besilato de Anlodipina Fármaco Anlodipina FEq 139 As doses são expressas em Anlodipina Base substância na sua forma livre 2 Matériaprima disponível Fosfato Complexo de Tetraciclina A equivalência do Fosfato é feita em relação ao Cloridrato FEq 113 As doses são expressas em Cloridrato de Tetraciclina BRASIL 2016 p 12 23 Para calcular o Fator de Equivalência de qualquer substância basta dividir o equivalente grama do sal pelo equivalente grama da base 1 FATOR DE CORREÇÃO FCr fator utilizado para corrigir a diluição de uma substância o teor de princípio ativo o teor elementar de um mineral ou a umidade Essas correções são feitas baseandose nos certificados de análise das matériasprimas ou nas diluições feitas na própria farmácia 2 Para calcular o Fator de Correção FCr dividese 100 pelo teor da substância ou do elemento Exemplos Betacaroteno10 mgcápsula Substância disponível Betacaroteno 11 FCr 100 11 909 Logo 10 mg x 909 909 mg de Betacaroteno por cápsula BRASIL 2016 p 12 O Fator de Correção também é utilizado para corrigir pesagem de substâncias úmidas para tanto é necessário conhecer o teor de umidade da substância descrita no laudo de análise da matéria prima Exemplo Paracetamol certificado de análise da matériaprima apresenta 5 de água ou umidade Então 24 Conclusão A prática da atividade farmacotécnica exige que o profissional tenha conhecimento e habilidade no momento de avaliar as prescrições no que se refere ao preparo do medicamento e também aos cálculos que precedem ao início da operação magistral Os mandamentos em sua grande maioria são preparações em que o ativo se apresenta em pequenas concentrações e a pesagem conversão de unidades cálculos de ajustes das quantidades finais do produto devem ser feitos com responsabilidade e certeza Recomendamos a conferência de um segundo ou terceiro profissional para certificar que a operação matemática realizada está correta REFERÊNCIAS BRASIL Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo Secretaria dos Colaboradores Comitê de Medicamentos e Produtos Magistrais Manual de Orientação ao Farmacêutico Manual de Equivalência SalBase São Paulo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo 2016 p 52 FERREIRA Anderson De Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 25 3 EXCIPIENTES Apresentação As preparações magistrais são preparadas através da mistura do insumo farmacêutico ativo IFA e os demais insumos não ativos farmacologicamente mas que por sua vez dão corpo à formulação possibilitam sua fabricação e administração na dose e forma farmacêutica desejada É muito comum ao observarmos as bulas onde há a descrição qualitativa da composição dos medicamentos encontramos em geral um insumo ativo ou dois misturados a quatro cinco ou seis excipientes diferentes Embora os excipientes não tenham ação farmacológica cada um exerce sua função na composição Neste bloco aprenderemos os conceitos e funções de base dos excipientes nas formulações farmacêuticas Bons estudos 26 31 Conceitos de excipiente Vários conceitos sobre excipientes são apresentados nas bibliografias da área farmacêutica nos quais cada um traz uma abordagem sobre os excipientes ou como também são chamados adjuvantes farmacotécnicos Desta forma o conceito se torna abrangente e ao mesmo tempo específico Nos parágrafos que seguem são apresentados alguns destes conceitos A respeito dos excipientes ou substâncias adjuvantes o Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira 2ª edição 2012 afirma que são todas as substâncias adicionadas ao produto com a finalidade de melhorar a sua estabilidade ou sua aceitação como forma farmacêutica Possuem a função de estabilizar e preservar o aspecto e as características físicoquímicas da fórmula Dependendo da formulação os excipientes podem funcionar como diluentes desintegrantes aglutinantes lubrificantes conservantes solventes edulcorantes aromatizantes agentes doadores de viscosidade veículo agentes antioxidantes etc Em geral os excipientes são terapeuticamente inertes inócuos nas quantidades adicionadas e não devem prejudicar a eficácia terapêutica do medicamento BRASIL 2012 p 18 Na RDC nº 34 de 07 agosto de 2015 afirmase que excipiente farmacêutico é qualquer componente que não seja substância ativa adicionado intencionalmente à formulação de uma forma farmacêutica BRASIL 2015 p 2 O conceito tradicional de excipientes segundo Prista 2011 é que são capazes de facilitar a administração empregados para proteger o fármaco usado na diluição do princípio ativo e que são química e farmacologicamente inerte Segundo Ansel Allen e Popovich 2013 são ingredientes inativos para a forma farmacêutica agentes não medicinais com funções variadas e específicas Com a função de solubilizar suspender espessar emulsificar estabilizar diluir conservar colorir aromatizar além de permitem a manipulação e possibilitar a obtenção de formas farmacêuticas estáveis Nas definições do IPEC Internacional Pharmaceutical Excipient Concils 2005 tradução nossa excipiente é Qualquer substância diferente do fármaco ou prófármaco que tem sua segurança avaliada e assim pode ser incluída na forma farmacêutica para proteger fornecer ou melhorar a estabilidade e a disponibilidade do fármaco e tendo efetividade durante estocagem 27 Figura 31 Imagem ilustrativa de substância excipiente Fonte RHJPhtotos via Shutterstock 32 Características e funções dos excipientes Como foi possível verificar pelas inúmeras definições citadas acima a respeito dos excipientes podemos concluir que os adjuvantes farmacotécnicos ou excipientes não têm ação farmacológica e não devem ter tampouco interagir entre os outros componentes da fórmula e com a embalagem porém são adicionados às formulações porque conferem atributos e funcionalidades necessárias e específicas às preparações facilitando o preparo administração e performance do produto Nos medicamentos em geral pequenas quantidades do ativo devem ser administradas Muitos produtos contêm quantidades de insumo farmacêutico ativo IFA na ordem de miligramas Quantidades assim tão pequenas são impossíveis de serem manipuladas e até mesmo de serem administradas consumidas ingeridas pelo paciente Desta forma a adição dos excipientes possibilita aumento de massa da preparação e dão mais robustez à quantidade a ser administrada Devese ter muita atenção e cuidado com a operação unitária de mistura dos componentes da formulação e à mistura homogênea do IFA aos excipientes para garantir a uniformidade de dose São apresentadas abaixo características buscadas nos excipientes para que sejam escolhidos como componentes de formulações e funcionalidades que estes compostos assumem na preparação final 28 Características de um excipiente ideal Não interagir com o fármaco Não interagir com o material de embalagem Não ser tóxico sensibilizante irritante Disponibilizar o fármaco Estabilizar a forma farmacêutica física química microbiológica Fácil de ser armazenado Características reprodutíveis lotealote Propriedades apropriadas Devem ser submetidos assim como os fármacos aos testes de controle de qualidade Funções dos excipientes Possibilitar a preparação diluentes aglutinantes desagregantes lubrificantes veículos emulsificantes geleificantes Fornecer estabilidade química antioxidantes quelantes modificadores de pH tamponantes física suspensores tensoativos floculantes microbiológica conservantes Permitir a administração Melhorar a aceitação adjuvantes de cor odor e sabor edulcorantes corantes aromatizantes e flavorizantes fundamental para aderência do paciente ao tratamento Modificar a liberação e Garantir a disponibilidade biológica a eficácia e a segurança Como pode ser constatado os excipientes ou adjuvantes farmacotécnicos são importantes na composição na fórmula farmacêutica e por sua vez possibilitam a forma farmacêutica de apresentação do medicamento sólido semissólido ou líquido Portanto a química dos excipientes é bastante vasta e se desenvolveu muito para atender formulações de ação imediata e também as de liberação modificada 29 33 Excipientes para formas farmacêuticas líquidas VEÍCULO Agente carreador para uma substância farmacêutica São usados para formular diversos líquidos para administração oral e parenteral Comumente os líquidos orais são preparações aquosas como xaropes ou hidroalcoólicas como elixires As soluções parenterais para uso intravenoso são aquosas enquanto as musculares podem ser aquosas ou oleaginosas Exemplos FavorizadoEdulcorado elixir aromático xarope xarope aromático Oleaginoso óleo de amendoim óleo de gergelim óleo de milho Estéril água bacteriostática para injeção SOLVENTE E COSOLVENTE Agente usado para dissolver outra substância farmacêutica ou um fármaco na preparação de uma solução O solvente pode ser aquoso ou nãoaquoso Os cosolventes como água e o álcool hidroalcoólico e a água e a glicerina podem ser usadas quando necessário Os solventes estéreis são utilizados em algumas preparações por exemplo injetáveis Exemplos ácido oleico água estéril para injeção água para injeção água purificada álcool etílico glicerina óleo de caroço de algodão óleo mineral álcool estearílico AGENTE PARA AUMENTO DE VISCOSIDADE Usado para mudar a consistência de uma preparação para tornála mais resistente ao fluxo Usado em suspensões para dificultar a sedimentação em soluções oftálmicas para ampliar o tempo de contato por exemplo metil celulose para espessar os cremes tópicos entre outras funções Exemplos Ácido algínico alginato de sódio bentonita carbômero carboximetilcelulose sódica metil celulose povidona goma adragante outros AGENTE SUSPENSOR Agente que aumenta a viscosidade usado para reduzir a velocidade de sedimentação das partículas do fármaco dispersas em um veículo no qual não são solúveis As suspensões resultantes podem ser formuladas para uso oral parenteral oftálmico tópico ou por outras vias 30 Exemplos Agar bentonita carbômero Carbopol carboximetilcelulose sódica caulim hidroximetil celulose hidroxipropil celulose hidroxipropil metil celulose metil celulose goma adragante Veegum AGENTE DE TONICIDADE Usado para dar à solução características osmóticas semelhantes à dos líquidos fisiológicos Exemplo cloreto de sódio dextrose AGENTE ACIDULANTE Usado em preparações líquidas para proporcionar meio ácido para a estabilidade do produto Exemplo Ácido acético cítrico clorídrico fumárico nítrico AGENTE ALCALINIZANTE Usado em preparações líquidas para proporcionar meio alcalino para a estabilidade do produto Borato de sódio Exemplo Carbonato de amônia Carbonato de sódio Dietanolamina Hidróxido de potássio Hidróxido de sódio Monoetanolamina Solução de amônia Trietanolamina outros Veja abaixo mais alguns de excipientes ou adjuvantes farmacotécnicos de uso geral ANTIOXIDANTE Agente que inibe a oxidação por isto é usado para evitar a deterioração das preparações pelo processo oxidativo Antioxidantes para sistemas aquosos sulfito de sódio metabisslfito de sódio bissulfeto de sódio ácido ascórbico derivados da cisteína ANTIOXIDANTES PARA SISTEMAS OLEOSOS Palmitato de ascorbila BHT BHA lecitina vitamina E αtocoferol CONSERVANTE ANTIFÚNGICO Usado em preparações líquidas e semissólidas para evitar o crescimento de fungos A efetividade dos parabenos é ampliada quando são usados em combinação Ácido benzoico Benzoato de sódio Butilparabeno Etilparabeno Metilparabeno Propilparabeno Propionato de sódio 31 CONSERVANTE ANTIMICROBIANO Usado em preparações líquidas e semissólidas para evitar o crescimento de microrganismos Álcool benzílico Cloreto de benzalcônio Cloreto de cetilpiridínio Fenol Timerosal AGENTE PULVERIZANTE OU LEVIGANTE Substâncias utilizadas como agente facilitador na redução do tamanho de partículas de fármacos por trituração em geral em um almofariz Glicerina Óleo mineral SEQUESTRANTE OU QUELANTE Substância que forma complexos estáveis e hidrossolúveis quelatos com metais Os agentes quelantes são usados em produtos líquidos como estabilizantes para complexar os metais pesados que podem promover instabilidade Ácido edético Edetato dissódico ADSORVENTE AGENTE Capaz de prender outras moléculas em sua superfície por meios físicos ou químicos quimiossorção Carvão ativado Celulose em pó TAMPÃO Usado para resistir às mudanças de pH na diluição ou adição de um ácido ou de um álcali Metafosfato de potássio Fosfato de potássio monobásico Acetato de sódio Citrato de sódio anidro e desidratado A legislação prevê que se deve haver certificado de análise para cada lote de excipiente RDC 342015 32 Conclusão A prática da atividade farmacotécnica exige que o profissional tenha conhecimento e habilidade no momento de avaliar as prescrições no que se refere ao preparo do medicamento e também aos cálculos que precedem ao início da operação magistral Os mandamentos em sua grande maioria são preparações em que o ativo se apresenta em pequenas concentrações e a pesagem conversão de unidades cálculos de ajustes das quantidades finais do produto devem ser feitos com responsabilidade e certeza Recomendamos a conferência de um segundo ou terceiro profissional para certificar que a operação matemática realizada está correta REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário nacional da farmacopeia brasileira 2ª ed Brasília Anvisa 2012 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária ResoluçãoRDC nº 34 de 7 de agosto de 2015 Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Excipientes Farmacêuticos Brasília ANVISA 2015 FERREIRA Anderson de Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 IPEC Internacional Pharmaceutical Excipient Concils Disponível em httpsipec federationorg Acesso em 23 nov 2022 POPOVICH Nicholas G ALLEN JR Loyd V ANSEL Howard C Formas Farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos 9ª ed Porto Alegre Artmed 2013 PRISTA Luís Vasco Nogueira Tecnologia Farmacêutica 7ª ed Lisboa Editora Calouste 2011 33 4 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS FFL Apresentação Neste bloco serão apresentadas as formas farmacêuticas líquidas suas características fundamentais tipos de apresentação comercial a farmacotécnica empregada no preparo das formulações o controle de parâmetros de qualidade aplicáveis aos produtos manipulados nessa forma farmacêutica A farmacotécnica das preparações medicamentosas líquidas é muito rica são preparações que podem ser estéreis injetáveis e colírios e não estéreis de uso oral ou tópico soluções xaropes elixires suspenções etc Além disso há um grande mercado para as preparações líquidas de uso cosmético como xampus sabonetes líquidos águas termais entre muitas outras Bons estudos 34 41 Introdução às Formas Farmacêuticas Líquidas FFL As formas líquidas de apresentação de medicamentos são muito versáteis e sua utilização vem de longa data Preparações de uso oral e tópico fazem parte do conhecimento milenar Com o tempo estas preparações foram melhoradas principalmente no que diz respeito à palatabilidade pois um fator que restringia seu uso era o gosto desagradável das preparações o que dificultava muito a adesão dos pacientes aos tratamentos Atualmente com a modernização da química dos excipientes essas formulações foram bastante melhoradas através da adição de agentes corretivos de aspectos sensoriais deste modo tornaram as preparações bem mais atrativas Os agentes ditos corretivos são excipientes que irão melhorar os aspectos sensoriais das preparações com relação à cor sabor aroma e viscosidade fatores diretamente relacionados às impressões sensoriais de visão gosto cheiro e tato Outros excipientes além dos corretivos são adicionados com a finalidade de promover estabilidade conservação viscosidade ajuste de pH limpidez etc Quando a preparação não se destina ao consumo imediato devemse ser adicionados conservadores antimicrobianos autorizados Além das preparações não estéreis de uso oral e tópico há também as preparações estéreis como injetáveis colírios e alimentos enterais Estes produtos demandam condições específicas de ambiente de preparação processos técnicos e profissionais habilitados no preparo destas formulações de forma a garantir a qualidade microbiológica de esterilidade destes produtos e sua estabilidade durante o prazo de validade e uso FFL São misturas entre Líquido Líquido ou Sólido Líquido Composição das FFL Insumo Ativo Veículo água purificada Adjuvantes e Corretivos 35 Outra característica fundamental destas preparações é o uso de água como veículo das formulações Para tanto água para uso farmacêutico deve ser obtida para que possa fazer parte da composição dos produtos A água potável aquela da torneira rica em sais minerais é a água de partida para obtenção de água purificada para uso farmacêutico Por isso a farmácia magistral deve ter um sistema de purificação e controle de qualidade da água para que esta possa ser utilizada nas preparações magistrais Tendo em vista as características das FFL nos itens que seguem são apresentados conceitos importantes na preparação das FFL Água para uso farmacêutico Considerase como água para uso farmacêutico os diversos tipos de água empregados na síntese de fármacos na formulação e produção de medicamentos em laboratórios de ensaios diagnósticos e demais aplicações relacionadas à área da saúde inclusive como principal componente na limpeza de utensílios equipamentos e sistemas Água purificada É a água potável que passou por algum tipo de tratamento para retirar os possíveis contaminantes e atender aos requisitos de pureza estabelecidos na monografia da Farmacopeia Brasileira BRASIL 2012 p 14 Nas farmácias magistrais em que são manipuladas formulações medicamentosas e cosméticas de uso oral e tópico a água purificada é a água de escolha para preparações das formulações em geral obtida por um sistema de deionização e destilação A água deve ser produzida para o uso diário e não deve ser armazenada por períodos maiores que 24 horas Além da produção deste tipo de qualidade de água é preciso atentarse quanto ao armazenamento e uso para que não haja contaminação da água após sua obtenção Controle de qualidade de amostragens periódicas mensaltrimestral de água são uma exigência da legislação de Boas Práticas Magistrais 42 Formas Farmacêuticas Líquidas Solução Xarope Simples e Dietético Tintura Elixir Neste bloco iremos apresentar e discutir sobre as FFL do tipo soluções xaropes tinturas e elixires Iremos dedicar um bloco especial às FFL suspenções devido às características e especificidades deste tipo de preparações 36 Soluções forma farmacêutica líquida límpida e homogênea que contém um ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura de solventes miscíveis BRASIL 2019 São dispersões moleculares monofásicas termodinamicamente estáveis e que apresentam uniformidade de conteúdo Devem ser límpidas translucidas podem ser aquosas oleosas ou hidroalcóolicas e favorizadas Viscosas ou fluidas unidose ou multidose e podem ser administradas em gotas ou volumes maiores VILLANOVA SÁ 2009 As soluções podem ser de uso oral injetável e tópica Xarope É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade que apresenta não menos que 45 pp de sacarose ou outros açúcares na sua composição podendo chegar a 85 de sacarose devido ao alto grau de solubilidade da sacarose em água BRASIL 2012 p 23 Figura 41 Imagem ilustrativa de xarope Fonte Ground Picture via Shutterstock Os xaropes geralmente são adicionados com agentes flavorizantes e corantes Podem ser classificados em Xarope simples É uma preparação aquosa com sacarose em concentrações de 4585 de sacarose Apresentam boa conservação por serem hipertônicos desidratam os microrganismos que sofrem plasmólise São apropriados a ativos hidrossolúveis Por serem doces são bem aceitos quanto à palatabilidade 37 Xarope dietético O xarope dietético sem açúcar é indicado como veículo para produtos líquidos contendo fármacos hidrossolúveis para pacientes diabéticos com sobrepeso ou ainda para crianças com prédisposição à carie dental Esse tipo de xarope é adicionado adoçantes para conferir o sabor doce e agentes de viscosidade para mimetizar a viscosidade do xarope simples Nestes casos é comum a adição de sacarina aspartame ou outra combinação de adoçantes e carboximetilcelulose para dar a viscosidade ao xarope Tintura É uma preparação alcoólica ou hidroalcóolica resultante da extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos extratos É classificada em simples e composta conforme preparada com uma ou mais matériasprimas BRASIL 2012 p 23 A menos que indicado de maneira diferente na monografia individual 10 ml de tintura simples correspondem a 1 g de droga seca Elixir É a preparação farmacêutica líquida límpida hidroalcóolica de sabor adocicado agradável apresentando teor alcoólico na faixa de 20 a 50 Os elixires são preparados por dissolução simples e devem ser envasados em frascos de cor âmbar e mantidos em lugar fresco e ao abrigo da luz BRASIL 2012 p 17 Disponível em httpsbitly3tSQrHp SOLUÇÕES HIDROALCOOLICAS DE USO ORAL A Resolução RE nº 01 de 25 de janeiro de 2002 mantém a proibição da presença de álcool etílico em todos os produtos fortificantes estimulantes de apetite e crescimento e complementos de ferro conforme disposto na Resolução RE n54301 O Art 2 determina que os produtos polivitamínicos destinados a crianças com idade inferior a 12 anos ou de USO PEDIÁTRICO apresentem uma concentração máxima de etanol não superior a 05 em suas formulações Determina também que os produtos polivitamínicos destinados ao USO ADULTO apresentem uma concentração de etanol não superior a 20 em suas formulações 38 43 Preparo de Formas Farmacêuticas Líquidas e Controle de Qualidade Preparo de soluções Todas as soluções farmacotécnicas não estéreis são preparadas com água purificada AP a menos que seja indicado de maneira diferente na receita ou prescrição A solubilidade dos componentes da formulação deve ser considerada no momento de preparar as soluções A água é tida como o solvente e veículo de escolha das FFL uma vez que é o solvente universal sem cor sabor e cheiro porém se algum dos ingredientes é insolúvel em água purificada esse composto pode ser pré solubilizado em uma quantidade mínima suficiente qs para solubizálo e depois finalizar a formulação com água purificada até completar a quantidade final qsp Preparo de soluções as soluções devem ser preparadas pela mistura dos ingredientes Pode ser necessário respeitar uma ordem de adição dos componentes devido à solubilidade de cada substância A mistura simples de componentes líquidos deve prever a miscibilidade entre os compostos por exemplo não será possível misturar um componente aquoso polar e outro oleoso apolar sem comprometer a homogeneidade e formação de uma segunda fase Misturas entre líquidos e sólidos podem solicitar do formulador o uso de um solvente auxiliar Em bancada é importante atender às diretrizes de Boas Práticas de Manipulação Bancada e vidrarias limpas pesagem correta das substâncias e fracionamento correto das quantidades de cada componente Agitação com auxílio de bastão de vidro aquecimento moderado podem ser recursos importantes para aumentar a velocidade de dissolução dos compostos Atentar para completar o volume qsp em acordo com a quantidade calculada para formulação filtrar e acondicionar adequadamente para garantir a estabilidade da formulação Preparo de xarope Pesar com precisão os sólidos sem misturálos Dissolver os conservantes parabenos em cossolvente que pode ser o Propilenoglicol 39 Em um Becker de capacidade de volume para preparar a quantidade total da formulação dissolver o açúcar com parte da água purificada total em banho maria misturando com auxílio de um bastão de vidro Atenção sobre a inversão do açúcar a TºC para dissolver o açúcar no banhomaria deve ser branda nunca superior à 80ºC para que não haja a conversão do açúcar em açúcar invertido pois isto torna a formulação mais escura em tom amareladoâmbar que visualmente não é tão atrativa Além disso se o excesso de temperatura pode tornar o sabor do xarope simples amargo lembrando açúcar queimado Resfriar a solução filtrar em funil de vidro e gaze dobrada Somente ao final da preparação complete o volume em um cálice de vidro ou proveta com o restante da água purificada prevista para a formulação Embalar em frasco de vidro âmbar com tampa de rosca Armazenar à TºC entre 1530ºC ao abrigo da luz Estabilidade por 1 ano Controle de qualidade Processo de elaboração de um medicamento manipulado exige um rígido controle já que na maioria das vezes o seu quantitativo impede uma análise farmacopeica de avaliação da qualidade do produto final Essa qualidade é obtida por meio de um processo de formulação totalmente controlado que conduz ao produto final Para tal é necessário ter em mãos insumos farmacêuticos oriundos de fornecedores qualificados e com certificados analíticos bem elaborados e que traduzam a real especificidade do insumo segundo requisitos farmacopeicos BRASIL 2012 p 5 Entendese por controle de qualidade o conjunto de operações tais como planejamento coordenação e execução com a finalidade de verificar a conformidade dos atributos ou características do produto acabado ou em processo matériasprimas e outros materiais com especificações préestabelecidas BRASIL 2007 CRISTALIZAÇÃO DO XAROPE Para evitar a formação de cristais de açúcar principalmente na borda do frasco do xarope de sacarose podese adicionar glicerina 5 a 10 ou sorbitol Estes polióis retardam a cristalização da sacarose e aumentam a solubilidade das substâncias presentes na formulação 40 Controle de qualidade da água purificada devem ser feitos testes físico químicos e microbiológicos no mínimo a cada seis meses para monitorar a qualidade da água de abastecimento mantendose os respectivos registros As especificações para água potável devem ser estabelecidas com base na legislação vigente Devem ser realizadas no mínimo as seguintes análises pH cor aparente turbidez cloro residual livre sólidos totais dissolvidos contagem total de bactérias coliformes totais presença de E coli e coliformes termorresistentes Controle de qualidade de FFL não estéreis produto acabado devem existir procedimentos operacionais escritos para manipulação das diferentes formas farmacêuticas preparadas na farmácia Todos os produtos manipulados devem ser rastreáveis Para as formas farmacêuticas líquidas devem ser realizadas no mínimo as seguintes análises descrição aspecto características organolépticas pH peso ou volume antes do envase Além disso para assegurar a qualidade das fórmulas manipuladas a farmácia deve possuir um Sistema de Garantia da Qualidade SGQ que incorpore as Boas Práticas de Manipulação em Farmácias BPMF totalmente documentado e monitorado BRASIL 2007 41 Conclusão Este bloco apresentou as formas farmacêuticas líquidas no que se refere a suas características tipos modo de preparo e controle de qualidade quando formuladas em farmácia magistral O preparo magistral de formulações medicamentosas e dermocosméticas são rotina nestas farmácias A utilização de insumos de qualidade e cuidados na preparação das formulações são um grande diferencial farmacotécnico REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Farmacopeia Brasileira 6ª ed Brasília Anvisa 2019 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário nacional da farmacopeia brasileira 2ª ed Brasília Anvisa 2012 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução RDC nº 67 de 8 de outubro de 2007 Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias Brasília Anvisa 2007 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária ResoluçãoRE Nº 1 de 25 de janeiro de 2002 Brasília Anvisa 2002 Disponível em httpsbitly3tSQrHp Acesso em 23 nov 2022 FERREIRA Anderson de Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 VILLANOVA Janaína SÁ Vânia R de Excipientes Guia Prático Para Padronização 2ª ed São Paulo Pharmabooks 2009 42 5 FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS FFL SUSPENSÕES Apresentação Neste bloco serão apresentadas as formas farmacêuticas líquidas do tipo Suspensão Estudaremos as características fundamentais e particularidades a farmacotécnica empregada no preparo das formulações o controle de parâmetros de qualidade aplicáveis aos produtos manipulados desta forma farmacêutica As suspenções podem ser administradas por diferentes vias a saber oral tópica e parenteral São empregadas quando um insumo farmacêutico ativo IFA é insolúvel e não possibilita a preparação do tipo soluções Bons estudos 43 51 Suspensões Suspensões forma farmacêutica líquida que contém partículas sólidas dispersas em um veículo líquido no qual as partículas não são solúveis BRASIL 2019 As partículas dispersas devem ser pequenas e de tamanho uniforme Apesar de ser um sistema heterogêneo esperase que a suspensão permaneça homogênea após agitação até a administração Podem ser comercializadas na forma reconstituída ou como pó para ressuspensão antes do uso o que contribui para maior estabilidade do produto VILLANOVA SÁ 2009 O uso de suspensões como forma farmacêutica justificase por várias razões tais quais pela insolubilidade dos fármacos nos veículos habitualmente usados pelo sabor desagradável que os compostos podem apresentar em solução ou no estado de pó ou pelo fato de se pretender prolongar uma ação medicamentosa retardandose a absorção de um fármaco por via injetável e também para se obter maior estabilidade química Figura 51 Representação do sistema particulado de suspensão em comparação com a limpidez de soluções homogêneas Fonte Adaptada de Jo Sam Re via Shutterstock Do ponto de vista da físicoquímico as suspensões são sistemas heterogêneos nos quais a fase contínua é líquida ou semissólida e a fase dispersa é constituída por partículas sólidas insolúveis no meio utilizado Em manipulação farmacotécnica consideramos como suspensões líquidas orais aquelas preparações nas quais o princípio ativo está disperso num veículo líquido para administração oral 44 São exemplos de suspensões orais suspensão de amoxicilina suspensão mebendazol suspensão de ampicilina outro exemplo bastante conhecido é o Tylenol Criança Algumas suspensões orais vêm prontas para uso enquanto outras são comercializadas em pó liofilizado dentro de um frasco e em outro o líquido dispersante Ainda há apresentações que solicitam a adição de água no momento do uso muito comum em suspensões de antibióticos para garantir a sua estabilidade durante o os dias de utilização e tratamento Uma suspensão para administração oral poderá conter em sua formulação Insumo Farmacêutico Ativo insolúvel no veículo Agente molhante Agente suspensor Agente floculantes Outros adjuvantes antioxidantes corretivos de pH tamponantes corretivos de cor odor e sabor conservantes Veículo em geral é a água mas há casos de se usar óleos também 52 Características das suspensões Para maior estabilidade das suspensões a sedimentação da fase dispersa deve ser lenta e a redispersão deve ser fácil após agitação mínima Tais atributos são conseguidos através do controle dos parâmetros descritos pela Lei de Stokes A Lei de Stokes considera e relaciona parâmetros que influenciam a sedimentação de partículas em uma suspensão Parâmetros úteis em farmacotécnica para controlar e retardar a velocidade de sedimentação Tamanho das partículas o tamanho das partículas é um parâmetro crítico de controle uma vez que a velocidade de sedimentação é diretamente proporcional ao tamanho das partículas O tamanho ideal é entre 5075 micrometros Numa suspensão de uso oral o tamanho das partículas dispersas pode condicionar a facilidade de absorção ou a predominância de uma ação local no intestino e o diâmetro das partículas influencia também na velocidade do efeito de um medicamento injetado ou na ação terapêutica de um preparado dermatológico O diâmetro das partículas suspensas é ainda importante numa suspensão parenteral já que há possibilidade de obstrução da agulha com a qual será injetada e partículas muito pequenas podem não produzir ação prolongada que eventualmente se pretenda A distribuição granulométrica deverá ser ajustada através de técnicas apropriadas de pulverização 45 Viscosidade do meio dispersante a velocidade de sedimentação é inversamente proporcional à viscosidade do meio dispersante ou seja o aumento na viscosidade do dispersante torna a velocidade de sedimentação mais lenta Para obter suspensões com velocidade de sedimentação mais lenta e adequada é comum a adição de agentes suspensores ou agentes espessantes Estes excipientes provocam aumento da viscosidade da fase externa o que retarda a sedimentação das partículas Temos como exemplos de agentes doadores de viscosidade Goma adraganta Goma arábica Carboximetilcelulose sódica Hidroxietilcelulose Bentonita Silicato de alumínio e magnésio etc A escolha do agente suspensor mais adequado deve considerar a concentração usual e viscosidade desejadas pH ideal de uso e compatibilidade química em acordo com os demais componentes da formulação Molhabilidade das partículas devido à hidrofobia de ingredientes ativos dispersos no veículo as partículas se molham pouco e tendem a flutuar Adição de agentes molhantes como os polissorbatos Tween Span e Cromophor RH40 em concentrações entre 01 a 3 pv facilitam a dispersão de ativos pouco insolúveis no meio VILLANOVA SÁ 2009 Molhabilidade é o termo que traduz com que facilidade o líquido espalhase molha sobre superfícies sólidas Agentes molhantes Facilitam a saída do ar adsorvido na superfície das partículas Favorecem a substituição da interface sólidoar pela interface sólidolíquido Tipos de agentes molhantes Tensoativos EHL entre 6 e 9 Polissorbatos Lauril sulfato de sódio Doctilsulfossuccinato de sódio e Agentes emulsivos OA Outros compostos Macromoléculas fortemente hidrofílicas CMC goma arábica etc Sólidos hidrófilos insolúveis na água bentonita hidróxido de alumínio Aerosil etc Glicerina propilenoglicol e álcool 46 Estabilidade das suspensões As suspensões são sistemas termodinamicamente instáveis Numa suspensão líquida haverá tendência para as partículas sólidas se unirem umas às outras floculando ou originando agregados mais fortes que sedimentam e que não são susceptíveis de serem novamente suspensos Uma suspensão deve manterse em dispersão homogênea durante um período adequado sendo que o sedimento formado deve ser facilmente dispersível por agitação As suspensões líquidas devem vir com a indicação agite antes de usar no rótulo e serem envasadas em recipientes com capacidade maior em volume para haver espaço livre para a agitação Floculação do sistema sistemas floculados parcialmente que se depositam fracamente tendem à redispersão rápida garantindo a uniformidade de dose Em flocos as partículas tendem a ficar mais próximas mediante equilíbrio de cargas do sistema Quando há defloculação as partículas se depositam individualmente provocando caking formação de compacto irreversível e de difícil redispersão A técnica de floculação controlada é baseada no princípio de que as forças repulsivas entre as partículas devido ao Potencial Zeta podem ser reduzidas mediante adição de um íon de carga oposta As suspensões ideais devem exibir floculação máxima no ponto de carga zero A adição de um contra íon no meio mediante adição de eletrólitos orgânicos cloreto de sódio ou potássio ou alumínio entre outros até concentração ótima reduz o Potencial Zeta Dessa maneira as forças de repulsão diminuem para que a atração entre as partículas predomine ponto no qual as partículas se aproximam e formam os flocos 53 Controle de qualidade das suspensões Processo de elaboração de um medicamento manipulado exige um rígido controle já que na maioria das vezes o seu quantitativo impede uma análise farmacopeica de avaliação da qualidade do produto final Essa qualidade é obtida por meio de um processo de formulação totalmente controlado que conduz ao produto final Para tal é necessário ter em mãos insumos farmacêuticos oriundos de fornecedores qualificados e com certificados analíticos bem elaborados e que traduzam a real especificidade do insumo segundo requisitos farmacopeicos BRASIL 2012 p 5 47 Controles de qualidade aplicados às suspensões Qualidade da água purificada Ordem de adição dos ingredientes Controle de temperatura quando aplicável Correção do pH Velocidade da mistura Controle de agitação Aspecto final do produto e Envase de suspensões demandam agitação constante durante o envase de forma garantir homogeneidade de dose nos itens envasados 48 Figura 52 Representação de uma suspensão de Hidróxido de Alumínio e Magnésio conforme descrito no Formulário Nacional Fonte BRASIL 2012 p 86 49 Conclusão Este bloco apresentou as formas farmacêuticas líquidas do tipo suspensão suas características particularidades modo de preparo e controle de qualidade quando formuladas em farmácia magistral A utilização de insumos de qualidade e cuidados na preparação das formulações são um grande diferencial farmacotécnico REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Farmacopeia Brasileira 6ª ed Brasília Anvisa 2019 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário nacional da farmacopeia brasileira 2ª ed Brasília Anvisa 2012 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução RDC nº 67 de 8 de outubro de 2007 Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias Brasília Anvisa 2007 FERREIRA Anderson de Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 VILLANOVA Janaína SÁ Vânia R de Excipientes Guia Prático Para Padronização 2ª ed São Paulo Pharmabooks 2009 50 6 SOLUÇÕES NASAIS OFTÁLMICAS E AURICULARES Apresentação Neste bloco serão apresentadas as formas farmacêuticas de uso nasal oftálmico e auriculares Além disso estudaremos suas características fundamentais e particularidades a farmacotécnica empregada no preparo das formulações o controle de parâmetros de qualidade relacionados à isotonia e esterilidade destes medicamentos Bons estudos 51 61 Soluções nasais oftálmicas e auriculares Soluções Nasais As preparações nasais são aquelas destinadas à administração na mucosa nasal sendo a maioria delas soluções aplicadas sob a forma de gotas ou spray Figura 61 Exemplo de aplicação de spray nasal Fonte Alliance Images via Shutterstock A formulação destas soluções deve ser concebida de maneira que não haja dano à mucosa nasal principalmente sobre a motilidade dos cílios das células desta mucosa As formulações nasais são de ação local ou sistêmicas por ser uma via mucosa As preparações devem ser corrigidas quanto ao pH entre 45 e 65 para evitar irritação das mucosas Além disso atentese para o ajuste isotônico para que não interfira na motilidade dos cílios paranasais Formulações especificas de uso nasal e na forma farmacêutica pó são aplicadas com auxílio de dosadores especiais em casos de asma e bronquite Já os descongestionantes nasais são usados nos resfriados e em casos de rinite SOLUÇÕES OFTÁLMICAS COLÍRIOS As preparações oftálmicas são destinadas à administração na mucosa ocular para tratamento tópico das afecções do olho Podem ser líquidas chamadas de colírios constituindo soluções ou suspensões do princípio ativo em veículo apropriado ou semissólidas no caso pomadas oftálmicas 52 Figura 62 Exemplo de aplicação de solução oftálmica Fonte megaflopp via Shutterstock São formas farmacêuticas estéreis destinadas ao tratamento de afecções do globo ocular incluindo pálpebras conjuntiva e córnea ao preparo préoperatório para fins diagnósticos ou à limpeza do globo ocular A lágrima é um líquido levemente viscoso composto por proteínas e eletrólitos O contato de materiais estranhos no epitélio estimula o aumento na produção de lágrimas para remoção do agente irritante para as fossas nasais Preparo de colírios as preparações para uso oftálmico requerem atenção para precisão e compatibilidade entre os componentes da preparação além de Limpidez para as soluções Isotonia pH entre 58 e 114 Esterilidade é qualidade mais importante pois infecções podem causar úlceras e perda de visão Controle do tamanho de partículas no caso de suspensões Veículo aquoso utilizar água purificada para injetáveis API Agentes adjuvantes os adjuvantes que aumentam a atividade terapêutica 53 Tensoativos estes agentes diminuem a tensão interfacial e favorecem o espalhamento do colírio na superfície da córnea Favorecem a mistura do colírio com o líquido lacrimal Exemplos Cloreto de benzalcônio polissorbato Espessantes estes adjuvantes prolongam a ação medicamentosa porque aumentam a viscosidade da preparação de forma que o medicamento fique maior tempo em contato com a região onde foi aplicado São exemplos de espessantes muito utilizados em colírios metilcelulose álcool polivinílico e HPMCelulose inclusive nas preparações lubrificantes de lágrima artificial Conservantes agentes antioxidantes e conservantes promovem estabilidade das formulações A adição de antibióticos a estas formulações deve ser prescrita pelo médico Alguns exemplos de formulações medicamentosas de uso ocular vendidas apenas com prescrição médica são antiinflamatórios antibióticos antivirais anestésicos locais Já os de uso comum são colírios adstringentes usados no tratamento de conjuntivite lágrima artificial e vasoconstritores para diminuir estados de irritação ocular SOLUÇÕES AURICULARES As preparações auriculares são aquelas formuladas para administração no canal auditivo Sua ação é unicamente local Figura 63 Imagem ilustrativa do ducto auricular humano Fonte ilusmedical via Shutterstock 54 São exemplos de formulações auriculares os emolientes para remoção de cerume soluções antifúngicas e antibióticos A administração do medicamento otológico no ducto auditivo deve considerar a anatomia e fisiologia do ouvido e como isso relacionase com a forma farmacêutica As preparações podem ser líquidas ou semissólidas do tipo pomadas São preparações de veículo viscoso para haver adesão às paredes do ducto auditivo por exemplo glicerina propilenoglicol e polietilenoglicol de baixo peso molecular Nas formulações do tipo pomada a vaselina e gel de petrolato são utilizados com os excipientes O pH das formulações é de 60 a 80 62 Isotonia Isotonia referese à propriedade das soluções de possuir mesma pressão osmótica dos fluidos biológicos Os fluidos como lágrima sangue muco nasal células mucosas e teciduais possuem a mesma concentração salina ou seja a mesma pressão osmótica equivalente à solução fisiológica de cloreto de sódio NaCl a 09 Quando os tecidos e mucosas entram em contato com soluções farmacêuticas as formulações devem estar em equilíbrio salino correspondente aos 09 do Cloreto de Sódio não mais e nem menos Para tanto é necessário compreender o princípio da osmose Podese observar na imagem abaixo que o líquido ao se deslocar do meio menos concentrado provoca um aumento do volume do líquido do lado mais concentrado A esta diferença dáse o nome de pressão osmótica IMPORTANTE Osmose é um processo natural em que a água se move do meio menos concentrado para o mais concentrado através de uma membrana semipermeável Promovendo desta forma o equilíbrio salino entre os dois lados 55 Figura 64 Imagem ilustrativa com uma simulação do processo de osmose Fonte Adaptada de Designua via Shutterstock As soluções aquosas nasais oftálmicas auriculares e injetáveis devem ser isotônicas ou seja apresentar tonicidade adequada para que não causem alterações celulares no local de aplicação e que sejam compatíveis com os líquidos fisiológicos em outras palavras devem ser equivalentes na concentração salina porque o líquido fisiológico que permeia nossas células é uma solução salina 09 de Cloreto de Sódio NaCl Figura 65 Representação do fluxo de água quando uma hemácia se encontra imersa em um líquido isotônico hipotônico e hipertônico Fonte Adaptada de Designua via Shutterstock 56 Nas soluções isotônicas a concentração de sal neste caso o NaCl e a pressão osmótica são iguais atingindo assim o equilíbrio Já as soluções hipertônicas apresentam maior quantidade de sal NaCl e por consequência maior pressão osmótica e as soluções hipotônicas apresenta menor concentração de sal NaCl e menor pressão Por exemplo numa solução injetável que esteja hipertônica o contato desta solução com as hemácias presentes no sangue provocaria a saída do líquido presente dentro delas tornandoas menores microcíticas e irregulares Agora imagine o inverso uma solução injetável hipotônica com baixa concentração salina obedecendo o princípio natural da osmose o líquido irá penetrar as hemácias para alcanças o equilíbrio dentro e fora das hemácias isto aumentaria o volume das hemácias tornandoas macrocíticas Sendo assim o ajuste salino de todas as soluções que entram em contato com tecidos mucosas fluidos corpóreos devem ser ajustados para que o equilíbrio seja mantido de forma isotônica Em formulações para ajuste de isotonia podem ser utilizados os sais cloreto de sódio e ácido bórico Agentes isotonizantes são adicionados às soluções medicamentosas hipotônicas com o objetivo de elevar sua tonicidade para valores equivalentes aos do plasma e da lágrima Para soluções parenterais hipotônicas usase como isotonizante cloreto de sódio e glicose Para soluções oftálmicas usase cloreto de sódio e ácido bórico IMPORTANTE LEMBRAR O equilíbrio salino é feito mediante ao ajuste de sal neste caso o sal mais comumente utilizado é o cloreto de sódio Não se deve confundir com ajuste de pH ou adição de soluções tampão O pH de soluções deve ser ajustado com soluções ácidas ou básicas para se atingir o pH ideal do local onde a formulação será aplicada ou o local onde acontecerá a ação medicamentosa O uso de sistemas tampão irá impedir mudanças bruscas de pH entre ácido e base 57 Um experimento rápido que pode ser feito para verificar o fenômeno da osmose é partir uma batata ao meio e fazer uma cavidade no centro das duas partes Adicione a uma das metades um pouco de sal de cozinha e observe depois de alguns momentos a presença de líquido preenchendo a cavidade A outra metade reserve como referência O que aconteceu na porção adicionada de sal foi a migração do líquido de dentro das células do vegetal para o meio na tentativa de recobrar o equilíbrio salino Na prática farmacotécnica para se ajustar a concentração salina da solução devese aplicar o método do equivalente em cloreto de sódio Este método é uma das maneiras utilizadas para o cálculo da quantidade de agente isotonizante a ser adicionada em uma dada formulação para que se torne isotônica A referência da concentração salina a ser alcançada será sempre o soro fisiológico que nada mais é do que uma solução de cloreto de sódio 09 63 Cálculo de isotonia O objetivo deste tópico é demonstrar a utilização do método do equivalente em cloreto de sódio NaCl para determinação da quantidade de agente isotonizante necessária para deixar as soluções isotônicas As soluções aquosas nasais oftálmicas e injetáveis devem apresentar tonicidade adequada para que não causem alterações celulares significativas que gerem complicações fisiológicas no momento de sua administração EXEMPLO Calcular a quantidade de cloreto de sódio NaCl necessária para isotonizar 58 PASSO 1 A solução isotônica equivale à solução fisiológica 09 09g NaCl 100ml X 50ml total X 045g NaCl PASSO 2 Ajuste do cloridrato de lidocaína 2 2g 100ml x 50ml x1g Se 1g Lidocaína 022g NaCl 1g X X 022g NaCl 59 PASSO 3 Ajuste do cloridrato de cocaína 05 05g 100ml x 50ml x 025 g Se 1g Cocaína 016g NaCl 025g X X 004g NaCl PASSO 4 Ajuste do Bitartarato de epinefrina 01 01g 100ml x 50ml x 005 g Se 1g Epinefrina 018g NaCl 005g X X 0009g NaCl PASSO 5 Ajuste isotônico final devese adicionar 0450220040009 0181g NaCl O passo a passo do exercício é fundamental para resolução de qualquer cálculo de isotonia Saber que a referência será sempre o cloreto de sódio NaCl 09 Os componentes da formulação interferem na isotonia e precisam ser calculados em equivalente de NaCl Atenção para corrigir a fórmula para quantidade final de produto que será preparado para se ter um cálculo real da formulação que está sendo manipulada 60 Conclusão Este bloco apresentou as formas farmacêuticas líquidas aplicadas em oftalmologia e otorrino Nestas formulações é importante atentarse para condições específicas de esterilidade nos oftálmicos e isotonia em todas elas As preparações estéreis demandam local processos e profissionais treinados para manipulação além demandarem água purificada para injetáveis e um método de esterilização final da medicação REFERÊNCIAS BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Formulário Nacional 2º ed Brasília Anvisa 2012 BRASIL Ministério da Saúde Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução RDC nº 67 de 8 de outubro de 2007 Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em farmácias Brasília Anvisa 2007 FERREIRA Anderson de Oliveira Guia prático da Farmácia Magistral 4ª ed São Paulo Pharmabooks Editora 2010 VILLANOVA Janaína SÁ Vânia R de Excipientes Guia Prático Para Padronização 2ª ed São Paulo Pharmabooks 2009