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MORFOLOGIA HUMANA Flávio de Barros Molina e Felipe Scassi Salvador 2 SUMÁRIO 1 EMBRIOLOGIA 3 2 HISTOLOGIA DOS TECIDOS BÁSICOS 16 3 HISTOLOGIA DOS SISTEMAS 42 4 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 57 5 SISTEMA CIRCULATÓRIO RESPIRATÓRIO E DIGESTÓRIO 77 6 SISTEMAS UROGENITAL MASCULINO E FEMININO E SISTEMA NERVOSO 93 3 1 EMBRIOLOGIA Neste bloco serão apresentadas informações gerais sobre a gametogênese a fertilização e o desenvolvimento embrionário até o processo de neurulação Será dada ênfase na formação da mórula e do blastocisto e para os processos de gastrulação e de neurulação 11 Gametogênese A reprodução depende da produção dos gametas a partir de células da linhagem germinativa que ao se dividirem por meiose tornamse haploides n 23 cromossomos Durante a reprodução através da união do gameta masculino espermatozoide com o gameta feminino ovócito secundário o número diploide de cromossomos característico das células da linhagem somática 2n 46 é restabelecido A divisão por meiose é muito importante do ponto de vista evolutivo pois gera a variabilidade genética No embrião masculino células da linhagem germinativa produzem através da mitose as espermatogônias 2n que também sofrem divisões mitóticas e assim mantêm o seu número diploide As divisões na fase embrionária são encerradas e apenas na puberdade quando tem início a fase reprodutiva as espermatogônias voltam a se dividir por mitose Enquanto algumas continuam sofrendo mitoses sucessivas outras iniciam a meiose originando espermatócitos primários 2n com cromátides duplicadas Isso acontece no interior dos túbulos seminíferos dos testículos Durante a meiose cada espermatócito primário irá originar dois espermatócitos secundários n com cada cromátide duplicada Por fim cada espermatócito secundário dará origem a duas espermátides com o número haploide n necessário ao gameta GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 Resumindo a partir de uma espermatogônia 2n surgirão quatro espermátides n cada figura 11 4 Figura 11 Espermatogênese ocorrendo no interior de um túbulo seminífero Espermátides irão se desenvolver em espermatozoides n durante o processo denominado espermiogênese que ocorre próximo à luz dos túbulos seminíferos A maior parte do seu citoplasma será eliminado e uma cauda será formada para garantir ao espermatozoide a fundamental capacidade de deslocamento Cada espermatozoide apresenta as seguintes partes cabeça peça intermediária e cauda figura 12 A cabeça inclui o núcleo e o acrossomo e a peça intermediária contém uma bateria de mitocôndrias que garantirão a energia necessária para a propulsão do flagelo situado na cauda GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 Figura 12 Estrutura de um espermatozoide Espermatogênese MEIOSE I MEIOSE II Espermatócito secundário Espermatozoide Espermátide madura Espermátide jovem Espermatócito primário Espermatogônia Túbulo seminífero corte transversal 5 No embrião feminino células da linhagem germinativa produzem por mitose as ovogônias 2n que também sofrem divisões mitóticas e assim mantêm o seu número diploide Ainda na fase embrionária as ovogônias iniciarão a meiose que entretanto será interrompida após a formação do ovócito primário 2n com cromátides duplicadas para ser retomada apenas na vida adulta a partir da puberdade Então um ovócito primário produzirá um ovócito secundário n com cromátides duplicadas e o primeiro corpúsculo polar que irá se degenerar Durante a ovulação o ovócito secundário é liberado do ovário para a tuba uterina e se for fertilizado completará a meiose produzindo um óvulo n e o segundo corpúsculo polar que também irá se degenerar GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 Resumindo a partir de uma ovogônia 2n surgirão um óvulo n e dois corpúsculos polares figura 13 6 Figura 13 Ovogênese O ovócito secundário entra na tuba uterina para que a fertilização ocorra Encontrase rodeado por uma camada gelatinosa denominada zona pelúcida e por células foliculares da corona radiata figura 14 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Ovogônia Duplicação dos cromossomos Ovócito primário Meiose I Meiose II Ovócito secundário Antes do nascimento Ciclo menstrual Primeiro corpúsculo polar Fertilização Segundo Corpúsculo Polar Óvulo Ovogênese 7 Figura 14 Ovócito secundário com destaque para a Zona Pelúcida e a Corona Radiata 12 Fertilização Os espermatozoides encontrarão o ovócito secundário na porção distal da tuba uterina Parece haver uma atração química provocada por moléculas produzidas pelo ovócito Apesar de milhões de espermatozoides serem ejaculados durante a cópula poucas dezenas chegarão até essa etapa Ao encontrar o ovócito secundário o espermatozoide deve atravessar as células que formam a corona radiata e penetrar na zona pelúcida Isso é possível graças à reação acrossômica durante a qual enzimas são liberadas pelo acrossoma Na membrana do ovócito o espermatozoide encontrará receptores ligadores de espermatozoides e após se ligar a um deles ocorrerá a fusão Corona radiata Membrana plasmática Nucléolo Núcleo Citoplasma Zona pelúcida 8 das membranas celulares dos dois gametas É nesse momento que os grânulos corticais do citoplasma do ovócito liberam o seu conteúdo para o exterior da membrana Esse processo que impede que outros espermatozoides fertilizem o ovócito é denominado reação cortical figura 15 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 15 Espermatozoides durante a tentativa de fertilização de um ovócito secundário Repare que apenas um espermatozoide teve sucesso em ligarse à membrana do ovócito Apenas o núcleo do espermatozoide chega ao citoplasma do ovócito e quando isso ocorre o ovócito secundário completará a meiose Portanto é neste momento que o segundo corpúsculo polar é produzido e que o gameta feminino agora denominado óvulo tornase haploide n sem cromátides duplicadas GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 Na sequência os núcleos dos gametas se fundem criando assim o zigoto diploide 2n 9 13 Formação do blastocisto Enquanto o zigoto continua sendo conduzido pela tuba uterina em direção ao útero ele inicia uma série de divisões celulares mitóticas denominadas clivagens Sucessivamente o zigoto passa pelos estágios de 2 células 4 células 8 células e 16 células quando passa a ser denominado mórula figura 16 Esse estágio é alcançado cerca de quatro dias após a fecundação As divisões celulares continuam e a mórula até então um amontoado compacto de células começa a apresentar espaços internos cheios de líquido que se juntarão formando uma única cavidade interna Com mais de 50 células e uma ampla cavidade interna o embrião é agora denominado blastocisto GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 16 Desenvolvimento do zigoto até o estágio de blastocisto já no útero 10 Ele apresenta em um dos polos um conjunto de células que constituem o embrioblasto ou massa celular interna As demais células que delimitam a cavidade interna constituem o trofoblasto e a cavidade é denominada blastocele Como os nomes sugerem o embrioblasto formado por células tronco embrionárias dará origem ao embrião e o trofoblasto dará origem a parte da placenta figura 17 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 17 Blastocisto visto em corte para identificação do embrioblasto do trofoblasto e da blastocele Por volta do sétimonono dia após a fecundação o blastocisto libertase da zona pelúcida e entra em contato com o epitélio endometrial do útero iniciando um processo de implantação realizado através de projeções digitiformes O embrião ficará completamente implantado no endométrio sem contato com a luz uterina figura 18 GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 11 Figura 18 Blastocisto no final do processo de implantação no endométrio Antes de estar totalmente implantado no endométrio uterino o embrioblasto sofre uma diferenciação e passa a apresentar duas camadas celulares uma camada dorsal denominada epiblasto e uma camada ventral denominada hipoblasto GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 14 Gastrulação A gastrulação é um importante processo através do qual o disco embrionário muda de bilâminar epiblasto e hipoblasto para trilâminar quando apresenta os três folhetos germinativos ectoderme mesoderme e endoderme figura 19 Esse processo tem início na terceira semana de vida intrauterina Durante esse período também ocorre a formação da notocorda figura 110 a partir de células mesodérmicas Este será o primeiro bastão longitudinal de sustentação do embrião que posteriormente será quase totalmente substituído pela coluna vertebral O embrião agora apresenta uma 12 simetria bilateral com os eixos crânio caudal e direitoesquerdo definidos GILBERT BARRESI 2019 SADAVA et al 2020 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 19 Gástrula em corte para observação do arquêntero tubo digestório embrionário da ectoderme células em rosa e roxo da mesoderme células em amarelo e azul e da endoderme células em verde Ao final da terceira semana de vida intrauterina o embrião já apresenta uma forma tubular Isso acontece como consequência das subdivisões sofridas pelas células dos três folhetos germinativos A partir das células da ectoderme mesoderme e endoderme serão formados todos os tecidos e órgãos do corpo Esse é o início do processo conhecido como organogênese GILBERT BARRESI 2019 JUNQUEIRA et al 2018 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 15 Neurulação Outro evento marcante do desenvolvimento embrionário é o processo de neurulação durante o qual é formado o tubo neural posicionado dorsalmente em relação à notocorda figura 110 Esse processo ocorre a partir do dobramento da placa neural estrutura de origem ectodérmica que havia se formado durante a gastrulação no 18º 13 dia de vida intrauterina GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 110 Embrião observado em corte logo após o processo de neurulação Observase o intestino origem endodérmica o celoma e a notocorda origem mesodérmica e o tubo neural origem ectodérmica A neurulação ocorre na quarta semana de vida intrauterina e o tubo neural formado sofrerá diferenciação crânio caudal com um encéfalo primitivo na região cranial e uma medula espinal se alongando em direção à região caudal Desde muito cedo é possível diferenciar a subdivisão do encéfalo em prosencéfalo mesencéfalo e rombencéfalo figura 111 SILVERTHORN 2017 TORTORA DERRICKSON 2019 14 Figura 111 Embrião sendo possível observar a diferenciação do encéfalo REFERÊNCIAS GARCIA S M L GARCÍA FERNÁNDEZ C Org Embriologia Porto Alegre Artmed 2012 GILBERT S F BARRESI M J F Biologia do desenvolvimento Trad Catarina de Moura Elias de Freitas et al Porto Alegre Artmed 2019 JUNQUEIRA L C U CARNEIRO J ABRAHAMSOHN P Histologia básica texto e atlas Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 SADAVA D HELLER H C HILLIS D M HACKER S D Vida a ciência da biologia v 3 Forma e função de plantas e animais Trad Ardala Catzfuss et al Porto Alegre Artmed 2020 SADLER TW L Embriologia Médica In Revista Estela Bevilacqua Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2019 SCHOENWOLF G C BLEYL S B BRAUER P R FRANCISWEST P H L Embriologia Humana Trad Adriano Zuza e Alcir Fernandes Rio de Janeiro Elsevier 2016 15 SILVERTHORN D U Fisiologia Humana uma abordagem integrada Trad Adriane Belló Klein et al Porto Alegre Artmed 2017 TORTORA G J DERRICKSON B Princípios de Anatomia e Fisiologia Trad Ana C C Botelho et al Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2019 16 2 HISTOLOGIA DOS TECIDOS BÁSICOS Neste bloco serão apresentadas informações gerais sobre biologia celular e serão discutidas as principais características dos tecidos epitelial de revestimento epitelial glandular conjuntivo adiposo cartilaginoso ósseo nervoso e muscular 21 Introdução ao estudo das células Todo tecido orgânico é formado por células e matriz extracelular portanto vamos dedicar um espaço para destacar alguns aspectos básicos das células humanas Duas partes se destacam o citoplasma contido pela membrana plasmática e o núcleo que como em toda célula eucarionte é delimitado pelo envoltório nuclear A membrana plasmática é fundamental como uma barreira seletiva através da qual apenas algumas substâncias podem entrar e outras podem sair Devido a essa seletividade o meio intracelular pode manterse diferenciado do meio extracelular Ela é constituída por uma camada dupla de lipídios que também inclui proteínas e carboidratos figura 21 e permite que a célula cresça sofra divisão celular e em alguns casos mude de forma Tratase de uma estrutura bastante ativa JUNQUEIRA CARNEIRO 2012 JUNQUEIRA et al 2018 MELO 2018 17 Figura 21 Detalhe estrutural da membrana plasmática O meio no qual as células estão inseridas contém muita informação e cabe à membrana plasmática receber e interpretar esses sinais extracelulares e através de um processo chamado transdução gerar os sinais intracelulares correspondentes Vale mencionar ainda que ela pode apresentar alterações que garantem o aumento da sua superfície como no caso das microvilosidades das células absortivas intestinais e que permitem maior comunicação entre duas células junções comunicantes um aumento da adesão entre duas células junções aderentes e desmossomos ou que impeçam a comunicação entre diferentes células junções de oclusão figura 22 JUNQUEIRA CARNEIRO 2012 JUNQUEIRA et al 2018 MELO 2018 YOUNG et al 2007 18 Figura 22 Células absortivas intestinais enterócitos Repare nas microvilosidades das superfícies apicais e nos desmossomos das superfícies laterais O citoplasma apresenta diversas organelas e uma matriz denominada citosol formada por água íons aminoácidos enzimas diversas e um citoesqueleto Este pode ser caracterizado como um emaranhado de microfilamentos de actina filamentos intermediários e microtúbulos de tubulina que se estendem da membrana plasmática até o núcleo Figura 23 Os componentes do citoesqueleto interagem entre si e com proteínas acessórias exemplo miosina e graças à capacidade de despolimerizar e polimerizar novamente o citoesqueleto garante a transição que ocorre no citoplasma entre os estados sol e gel Entre as várias funções do citoesqueleto estão o suporte para as junções intercelulares a sustentação da membrana plasmática e a organização citoplasmática possibilitando o transporte interno de vesículas a movimentação de organelas e o controle da forma da célula JUNQUEIRA CARNEIRO 2012 JUNQUEIRA et al 2018 MELO 2018 19 Figura 23 Detalhes do citoesqueleto Repare nos microfilamentos de actina nos filamentos intermediários e nos microtúbulos As organelas existentes no citoplasma são fundamentais para a realização das reações metabólicas que sustentam a vida As mitocôndrias podem ser consideradas as provedoras de energia uma vez que garantem a liberação da energia contida nos alimentos e o seu armazenamento eficiente em moléculas de ATP adenosina trifosfato Os ribossomos o retículo endoplasmático e o complexo de Golgi participam da síntese e da secreção de diversas moléculas sendo que os ribossomos são capazes de decodificar a ordem dos aminoácidos que irão compor determinada proteína Essa ordem é definida no núcleo através da formação do RNAm ácido ribonucleico mensageiro que será transferido para o citoplasma figura 24 Além de comandar todos os processos que ocorrem na célula o núcleo também armazena o DNA ácido desoxirribonucleico JUNQUEIRA CARNEIRO 2012 JUNQUEIRA et al 2018 MELO 2018 20 Figura 24 Estrutura básica de uma célula humana Repare nas diversas organelas existentes 22 Tecido epitelial Tecidos são formados por células e pela matriz extracelular As células envolvidas desempenham uma mesma função ou funções complementares A matriz extracelular apresenta fibras proteicas como as colágenas e elásticas e substância fundamental amorfa basicamente proteoglicanos glicosaminoglicanos e glicoproteínas multiadesivas Há uma continuidade física entre as células e a matriz extracelular que garante a coordenação de uma resposta única por parte do tecido Existem quatro tipos básicos de tecidos no organismo tecido epitelial tecido conjuntivo sensu lato tecido nervoso e tecido muscular JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 O tecido epitelial pode ser de revestimento e glandular O primeiro é encontrado revestindo a superfície externa do corpo epiderme revestindo superfícies externas de órgãos internos mesotélios e revestindo cavidades tubos e ductos do corpo 21 mesotélios epitélio das mucosas endotélios As principais funções são proteção revestimento transporte transcelular de moléculas absorção de íonsmoléculas secreção percepção de estímulos e distensibilidade Originase de cada um dos três folhetos germinativos Tratase de um tecido avascular que se caracteriza pela presença de pouca matriz extracelular e pelas inúmeras junções intercelulares apresentadas pelas suas células Especializações da superfície apical como cílios microvilos e estereocílios podem ser observadas em algumas células GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 O tecido epitelial de revestimento apoiase sobre uma lâmina basal e é classificado considerandose o número de camadas de células e o formato dessas células Existem epitélios simples uma camada e estratificados mais de uma camada Considerase ainda um epitélio pseudoestratificado que embora apresente uma única camada de células parece possuir mais de uma camada devido ao posicionamento dos núcleos celulares em diferentes alturas Quanto à forma das células o epitélio de revestimento pode ser pavimentoso cúbico e colunar também denominado cilíndrico ou prismático O tecido epitelial estratificado pavimentoso pode ser ou não queratinizado É interessante mencionar que este tipo de epitélio contém células com formato tanto colunar como pavimentoso conforme a sua posição no tecido sendo que a forma a dar nome ao tecido é aquela da camada celular mais externa a pavimentosa Além disso considerase o tecido epitelial pseudoestratificado colunar e o tecido epitelial estratificado de transição exemplo na bexiga figura 25 cujas células mudam de forma conforme o órgão sofre maior ou menor distensão JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 OVALLE NAHIRNEY 2014 O tecido epitelial glandular forma as glândulas exócrinas que liberam a sua secreção através de um ducto excretor e as glândulas endócrinas que liberam a sua secreção na corrente sanguínea figura 26 GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 22 Figura 25 Tipos de tecidos epiteliais de revestimento Figura 26 Diferenças estruturais entre glândula exócrina e glândula endócrina 23 As glândulas endócrinas podem ser classificadas em cordonais ou foliculares dependendo do formato das células secretoras As glândulas exócrinas podem ser simples ou compostas dependendo de o ducto ser ou não ramificado Também podem ser classificadas em tubulosas ou alveolares conforme a forma da porção secretora figura 27 Algumas glândulas são mistas ou seja tubuloalveolares GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 Figura 27 a Glândula exócrina simples alveolar 24 Figura 27 b Glândula exócrina simples tubular 23 Tecido conjuntivo propriamente dito e tecido adiposo O tecido conjuntivo lato sensu inclui basicamente os tecidos conjuntivos propriamente ditos adiposo cartilaginoso e ósseo Falaremos aqui sobre os dois primeiros O tecido conjuntivo pode ser encontrado adjacente ao tecido epitelial de revestimento por exemplo derme lâmina própria das mucosas nas túnicas submucosas e serosasadventícias estruturando órgãos diversos estroma organizando músculos e nervos envolvendo ossos e cartilagens e formando ligamentos e tendões Uma de suas funções é a de sustentação estrutural Como é um tecido vascularizado é fundamental para permitir às células de outros tecidos a troca de gases a nutrição e a eliminação de resíduos metabólicos Além disso garante a defesa imunológica e a cicatrização JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 O tecido conjuntivo é de origem mesodérmica e apresenta muita matriz extracelular A célula típica desse tecido é o fibroblasto denominado fibrócito quando é pouco ativo Ocorrem também mastócitos macrófagos e plasmócitos figura 28 Esse tecido pode ser classificado em conjuntivo frouxo conjuntivo denso não modelado e conjuntivo 25 denso modelado JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 Figura 28 Tecido conjuntivo Repare nas células nas fibras e nos vasos sanguíneos O tecido conjuntivo frouxo possui na matriz extracelular um arranjo aleatório e um pouco frouxo de fibras de colágeno tipos I e II e de fibras elásticas figura 29 O tecido conjuntivo denso tem como características principais a predominância de fibras de colágeno I e uma menor quantidade de células As fibras de colágeno podem ou não apresentar uma organização em feixes paralelos No tecido conjuntivo denso modelado esse paralelismo que inclui a disposição dos fibroblastos é observado figura 210 Já no tecido conjuntivo denso não modelado o que se observa é uma trama de fibras orientadas de forma tridimensional sem direções definidas figura 211 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 26 Figura 29 Tecido conjuntivo frouxo Repare na grande quantidade de núcleos de fibroblastos estruturas ovaladas coradas em azul e nas fibras dispostas de forma aparentemente aleatória Figura 210 Tecido conjuntivo denso modelado tendão Repare na menor quantidade de núcleos de fibroblastos estruturas alongadas coradas em azul e nas fibras dispostas rigorosamente em paralelo 27 Figura 211 Tecido conjuntivo denso não modelado derme Repare na menor quantidade de núcleos de fibroblastos estruturas alongadas coradas em azul e nas fibras dispostas sem direção definida O tecido adiposo pode ser dividido em tecido adiposo multilocular ou pardo e tecido adiposo unilocular ou amarelo O primeiro é característico do embrião e do recém nascido sendo encontrado basicamente próximo às cinturas peitoral e pélvica É um tecido com distribuição muito restrita nos adultos uma vez que não há produção após o nascimento Esse tecido é fundamental para os recémnascidos já que é termogênico ou seja produz o calor necessário para a termorregulação Apresenta adipócitos multiloculares figura 212 células que apresentam inúmeras mitocôndrias e muitas pequenas gotas de lipídios triglicerídeos Assim como os fibroblastos do tecido conjuntivo os adipócitos também se desenvolvem a partir de células do mesênquima embrionário ou seja têm origem mesodérmica GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 28 Figura 212 Tecido adiposo multilocular Repare na posição central do núcleo dos adipócitos e nas inúmeras gotas de lipídios espalhadas no citoplasma Como mencionado anteriormente nos adultos quase todo o tecido adiposo existente é do tipo unilocular Apresentase principalmente na forma de gordura subcutânea no panículo adiposo e de gordura visceral Sua distribuição pelo corpo é sexualmente dimórfica Além de fornecer energia e de garantir o isolamento térmico tão necessário a um animal endotérmico é considerado importante para modelar as superfícies corporais e preencher os espaços entre órgãos e tecidos Em regiões como as superfícies palmar e plantar absorve choques mecânicos e finalmente deve ser lembrada a sua função de produzir e secretar hormônios exemplo leptina Ao contrário dos adipócitos do tecido adiposo multilocular os adipócitos uniloculares apresentam poucas mitocôndrias e uma única gota lipídica que mantém o núcleo em posição periférica figura 213 Sua origem também é mesodérmica A matriz extracelular é escassa nos dois tipos de tecido adiposo e ambos recebem vasos 29 sanguíneos e nervos através de septos de tecido conjuntivo GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 213 Tecido adiposo unilocular Repare na posição periférica do núcleo dos adipócitos e na enorme gota de lipídio que ocupa quase todo o citoplasma 24 Tecido cartilaginoso e tecido ósseo O tecido cartilaginoso é rígido e maleável e está presente por exemplo nas fossas nasais no pavilhão auditivo e conduto auditivo externo na laringe traqueia e brônquios na extremidade ventral das costelas nos discos epifisários e superfícies articulares dos ossos longos nos discos intervertebrais e na sínfise pubiana Entre as suas principais funções é importante destacar o suporte de tecidos moles a absorção de choques mecânicos a minimização de atrito e a formação embrionária e crescimento dos ossos longos JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 30 É um tecido de origem mesodérmica em que os condroblastos se originam a partir de células mesenquimais Condroblastos por sua vez irão se transformar em condrócitos células que permanecem no interior de lacunas situadas na extensa matriz extracelular Esta que representa até 95 do tecido é formada por fibras de colágeno ou por uma combinação de fibras de colágeno e fibras elásticas e por substância fundamental amorfa onde predominam ácido hialurônico condronectina e agrecam Os condroblastos produzem a matriz extracelular e como consequência acabam presos em lacunas espalhadas pela matriz Ao se transformarem em condrócitos podem sofrer mitose originando grupos isogênicos clones e se ocupam da manutenção da matriz cartilaginosa JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 O tecido cartilaginoso também é avascular e precisa estar próximo ao tecido conjuntivo que como já mencionado traz consigo vasos sanguíneos e linfáticos além de nervos Por isso quase todas as cartilagens são revestidas pelo pericôndrio uma camada de tecido conjuntivo denso não modelado A grande concentração de água de solvatação presente na matriz extracelular até 80 garante que gases nutrientes e resíduos metabólicos sejam transportados por difusão através da matriz cartilaginosa Existem três tipos de tecido cartilaginoso sendo o mais comum a cartilagem hialina Apresenta grande predominância de fibras de colágeno II e muitos grupos isógenos de condrócitos O pericôndrio está presente figura 214 exceto na cartilagem hialina articular JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 31 Figura 214 Traqueia vista em corte transversal Da direita para a esquerda observase a túnica mucosa com epitélio de revestimento pseudoestratificado colunar ciliado lâmina própria e glândulas seromucosas o pericôndrio a cartilagem hialina com grupos isógenos de condrócitos o pericôndrio e a túnica adventícia A cartilagem elástica é mais flexível pois além das fibras de colágeno II apresenta também muitas fibras elásticas Aqui os condrócitos não formam grupos isógenos figura 215 Todas as cartilagens elásticas possuem pericôndrio JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 32 Figura 215 Cartilagem elástica da epiglote As fibras elásticas podem ser observadas em vermelho Ao contrário destas as cartilagens fibrosas ou fibrocartilagens não apresentam pericôndrio Os condrócitos formam grupos isogênicos em fileiras isoladas por matriz extracelular figura 216 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 216 Cartilagem fibrosa Condrócitos podem ser observados em fileiras separadas por fibras colágenas 33 O esqueleto do corpo humano é formado pelo tecido ósseo Esse tecido também dá suporte para tecidos moles além de proteger órgãos vitais por exemplo cérebro formar sistemas de alavancas para o trabalho dos músculos armazenar íons exemplo cálcio abrigar a medula óssea e absorver substâncias nocivas por exemplo metais pesados É mais um dos muitos tecidos de origem mesodérmica com células formadas a partir de células mesenquimais indiferenciadas Delas surgem as células osteoprogenitoras que dão origem aos osteoblastos GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 Osteoblastos produzem a extensa matriz extracelular orgânica osteoide e participam da sua mineralização Como consequência terminam aprisionados em lacunas sendo então denominados osteócitos Como a matriz óssea calcificada cristais de hidroxiapatita não possibilita a difusão de substâncias que precisam circular entre osteócitos e osteoblastos as lacunas são interligadas por canalículos que permitem que essas células mantenham junções comunicantes entre si Osteócitos participam da manutenção da matriz óssea Como o tecido ósseo sofre com frequência remodelação existe uma célula chamada osteoclasto que pode reabsorver a matriz óssea É uma célula móvel gigante com vários núcleos formada a partir da união de alguns monócitos figura 217 Portanto pertence à linhagem hematopoiética GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 34 Figura 217 Trabécula de tecido ósseo primário em vermelho no centro da figura com alguns osteócitos em suas lacunas A grande célula multinucleada apoiada na superfície superior da trabécula é um osteoclasto Por ser um tecido avascular é envolvido interna e externamente por tecido conjuntivo respectivamente o endósteo e o periósteo Inicialmente todo tecido ósseo produzido é do tipo primário não lamelar figura 217 Posteriormente quase todo tecido ósseo primário é absorvido pelos osteoclastos e substituído pelo tipo secundário com lamelas incluindo as concêntricas que formam os ósteons ou sistemas de Havers No seu interior o osso lamelar é perfurado pelos canais de Havers figura 218 e pelos canais de Volkmann que permitem a passagem dos vasos sanguíneos que se distribuem entre o periósteo e o endósteo GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 35 Figura 218 Corte transversal de osso secundário No centro são observados três canais de Havers circundados por lamelas concêntricas Diversas pequenas lacunas de osteócitos e canalículos intercomunicantes são visíveis 25 Tecido nervoso e tecido muscular O tecido nervoso forma as estruturas do sistema nervoso central encéfalo e medula espinal e do sistema nervoso periférico nervos e gânglios nervosos Informações vindas dos meios externo e interno são recebidas e processadas pelas células nervosas que também participam da organizaçãocoordenação das funções motoras viscerais endócrinas e psíquicas da manutenção da homeostase e da execução dos padrões comportamentais O tecido nervoso é de origem ectodérmica JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 As células nervosas ou neurônios apresentam um corpo celular pericário um grande prolongamento com ramificações terminais axônio e diversos prolongamentos menores e ramificados dendritos figura 219 Geralmente são os dendritos que recebem informações de outras células ou do meio ambiente e esse estímulo segue sempre através do axônio JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 36 Figura 219 Partes constituintes de um neurônio típico com indicação da direção seguida pelo impulso nervoso A propagação do estímulo depende das alterações que ocorrem na diferença de potencial elétrico entre as superfícies interna e externa da membrana celular Para passar de uma célula para outra a informação tem de atravessar uma fenda sináptica o que pode ocorrer através de sinalização química efetuada por neurotransmissores sinapse química ou por sinalização elétrica realizada pela passagem de íons através de junções comunicantes sinapse elétrica Como já mencionado as sinapses mais comuns ocorrem entre o axônio e um dendrito sinapse axodendrítica Podem ocorrer também entre o axônio e o pericárdio sinapse axossomática e entre dois axônios sinapse axoaxônica JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 Neurônios podem ser classificados quanto à forma em multipolares um axônio e vários dendritos bipolares um axônio e um dendrito e pseudounipolares um prolongamento que bifurca em um axônio e um dendrito Quanto à função dividem se em neurônios sensitivos neurônios motores e interneurônios O tecido conjuntivo está presente em conexão com o tecido nervoso envolvendo as fibras nervosas endoneuro os feixes nervosos perineuro e os grandes nervos epineuro Além dos neurônios o tecido nervoso apresenta as células da glia ou neuroglia cerca de dez para cada neurônio e muito pouca matriz extracelular O SNC possui quatro tipos de 37 células da glia astrócitos oligodendrócitos micróglias e células ependimárias O SNP possui apenas dois tipos células satélites figura 220 e células de Schwann JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 Figura 220 Corte transversal de um gânglio nervoso A imagem mostra alguns neurônios células grandes com núcleo claro e nucléolo escuro rodeados por diversas células satélites núcleos escuros O tecido muscular está presente em praticamente todo o corpo Além de participar da manutenção da forma e da sustentação corporal é fundamental para a locomoção o bombeamento do sangue a digestão mecânica e a produção de calor Sua origem é mesodérmica Células ou fibras musculares formam três tipos de tecido muscular O mais abundante é o tecido muscular estriado esquelético Seu controle é voluntário e permite contrações vigorosas rápidas e descontínuas É formado por células muito longas cilíndricas e com mais de um núcleo alongado situado em posição periférica Fibras fascículos e músculos são envoltos por uma capa de tecido conjuntivo respectivamente endomísio perimísio e epimísio As estriações transversais observadas são devidas aos sarcômeros regiões onde os miofilamentos de actina deslizam sobre os miofilamentos de miosina FIGURA 221 garantido assim a 38 capacidade de contração muscular JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 221 Corte longitudinal de fibras de tecido muscular estriado esquelético Além do padrão estriado vários núcleos periféricos podem ser observados O tecido muscular estriado cardíaco de controle involuntário garante contrações vigorosas rápidas e contínuas Suas células cilíndricas são razoavelmente longas e apresentam ramificações Os núcleos um ou dois têm posição central Uma característica específica é a presença de discos intercalares figura 222 um conjunto de complexos juncionais com junções comunicantes de adesão e desmossomos JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 39 Figura 222 Corte longitudinal de fibras de tecido muscular estriado cardíaco As células apresentam ramificações e núcleos centrais Discos intercalares indicam a localização dos complexos juncionais O terceiro tipo é o tecido muscular liso de controle involuntário As contrações fracas lentas e descontínuas são executadas por células fusiformes com um núcleo central figura 223 e uma rede entrelaçada de miofilamentos de actina e miosina portanto não há sarcômeros JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 40 Figura 223 Corte longitudinal de fibras de tecido muscular liso Cada célula apresenta um longo núcleo central REFERÊNCIAS GARTNER L P HIATT J L Histologia essencial Trad Cláudia Coana et al Rio de Janeiro Elsevier 2012 JUNQUEIRA L C U CARNEIRO J Biologia celular e molecular Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2012 JUNQUEIRA L C U CARNEIRO J ABRAHAMSOHN P Histologia básica texto e atlas Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 KIERSZENBAUM A L TRES L L Histologia e biologia celular uma introdução à patologia Trad Alexandre Bezerra Conde Figueiredo et al Rio de Janeiro Elsevier 2016 41 LOWE J S ANDERSON P G Stevens Lowe Histologia humana Trad Marcella de Melo Silva et al Rio de Janeiro Elsevier 2016 MELO R C N Células microscopia princípios e práticas Barueri Minha Editora 2018 OVALLE W K NAHIRNEY P C Netter histologia essencial Trad Marcelo Narciso Rio de Janeiro Elsevier 2014 ROSS M H PAWLINA W Histologia texto e atlas Trad Beatriz Araújo et al Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 YOUNG B LOWE J S STEVENS A HEATH J W Wheater Histologia funcional texto e atlas em cores Trad Nilson Clóvis de Souza Pontes et al Rio de Janeiro Elsevier 2007 42 3 HISTOLOGIA DOS SISTEMAS Neste bloco serão apresentadas informações gerais sobre os principais órgãos e sistemas do corpo sobre sua composição a partir de uma combinação variada de tecidos orgânicos e sobre o seu funcionamento perfeitamente coordenado 31 Sistema circulatório Os principais constituintes do sistema circulatório são o coração e os vasos sanguíneos e linfáticos distribuídos por todo o corpo Enquanto os vasos sanguíneos transportam nutrientes resíduos metabólicos gases e hormônios os vasos linfáticos transportam a linfa O coração é a bomba que impulsiona a circulação do sanguelinfa O coração dos mamíferos apresenta dois átrios e dois ventrículos estando o lado direito relacionado à recepção do sangue venoso pobre em O2 e ao seu envio aos pulmões e o lado esquerdo à recepção do sangue oxigenado e ao seu envio às regiões superiores e posteriores do corpo Existem três túnicas sendo a mais interna o endocárdio formado por endotélio que se assenta sobre uma camada de tecido conjuntivo A túnica intermediária miocárdio é basicamente muscular e circunda as câmaras cardíacas Tratase da musculatura estriada cardíaca de contração rítmica e involuntária observada na figura 222 A túnica mais externa que abriga os vasos sanguíneos e os nervos relacionados ao coração é a do epicárdio formada por um mesotélio apoiado sobre uma camada formada por tecido conjuntivo e adipócitos O coração está localizado na cavidade pericárdica e é envolto por tecido adiposo GARTNER HIATT 2012 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 SILVERTHORN 2017 O sangue com oxigênio é bombeado pelo ventrículo esquerdo sendo conduzido para os tecidos corporais pelas artérias que durante o seu trajeto sofrem ramificações e apresentam um calibre cada vez menor As arteríolas são contínuas aos finos capilares e é através da parede destes que ocorre muito intercâmbio entre o sangue e os demais tecidos Também em contato com os capilares só que do lado oposto das arteríolas 43 estão as vênulas pequenos vasos que iniciam um trajeto através do qual vasos cada vez maiores as veias transportam gás carbônico de volta para o coração GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 ROSS PAWLINA 2018 SILVERTHORN 2017 Geralmente os vasos sanguíneos apresentam três túnicas A mais interna túnica íntima é formada por endotélio assentado sobre a lâmina basal e tecido conjuntivo frouxo Células musculares lisas podem estar presente Em artérias observase ainda uma lâmina elástica interna Camadas concêntricas de musculatura lisa representam a maior parte da túnica média que também pode apresentar lâminas elásticas A túnica mais externa adventícia é composta por tecido conjuntivo frouxo com muito colágeno I e fibras elásticas Os capilares devido ao seu diminuto tamanho são formados por um endotélio que se assenta sobre a lâmina basal figura 31 GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 31 Estrutura de artérias veias e capilares 44 Ao contrário dos vasos sanguíneos os vasos linfáticos permitem a circulação da linfa um filtrado do líquido intersticial somente em direção ao coração caracterizando um fluxo unidirecional Eles se iniciam em capilares com fundo cego e formam vasos maiores que terminam no ducto torácico e no ducto linfático direito Ambos desembocam na confluência das veias subclávias e jugulares internas Os capilares são formados por células endoteliais apoiadas em uma lâmina basal incompleta Os grandes vasos linfáticos apresentam paredes semelhantes às das veias LOWE ANDERSON 2016 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 32 Sistema respiratório Para um bom entendimento do sistema respiratório é importante considerar a existência de uma parte condutora de ar e de uma parte respiratória onde ocorrem as trocas gasosas A parte condutora se inicia nas fossas nasais e continua através da nasofaringe da laringe da traqueia dos brônquios dos bronquíolos e dos bronquíolos terminais Na sequência estão os componentes da parte respiratória bronquíolos respiratórios ductos alveolares e alvéolos A parte condutora em geral é revestida internamente por um epitélio pseudoestratificado colunar ciliado com abundância de células colunares ciliadas e de células caliciformes secretoras de muco figura 32 O muco produzido serve para aprisionar boa parte da poeira e dos microorganismos que entram com o ar inalado e o batimento sincronizado e constante dos cílios em direção à faringe impede que esse material alcance as partes respiratórias GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 45 Figura 32 Epitélio de revestimento pseudoestratificado colunar ciliado da traqueia Destaque para as células ciliadas e células caliciformes Laringe traqueia e brônquios apresentam cartilagens que garantem que o lúmen esteja sempre aberto Na laringe as cartilagens são dos tipos hialino e elástico na traqueia e nos brônquios a cartilagem é hialina Na traqueia e nos brônquios a mucosa epitélio lâmina própria é revestida pela submucosa de tecido conjuntivo pela camada cartilaginosa e por último por uma adventícia também de tecido conjuntivo O tecido epitelial nos bronquíolos sofre uma transição conforme o diâmetro luminal diminui de pseudoestratificado colunar ciliado para simples colunar ciliado Nos bronquíolos terminais o epitélio é simples cuboide com células ciliadas intercaladas com células de clara secretoras de um agente tensoativo Externamente ao tecido conjuntivo existem fibras musculares lisas A situação é mais ou menos a mesma nos bronquíolos respiratórios mas nos ductos alveolares o epitélio varia entre simples cuboide e simples pavimentoso Nos alvéolos a separação do ar em relação ao sangue em um capilar é feita por uma fina barreira que permite a difusão dos gases o citoplasma de uma célula epitelial pavimentosa a sua lâmina basal a lâmina basal do capilar e o citoplasma da célula endotelial GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 46 33 Sistema digestório O sistema digestório dividese em um tubo digestório com cerca de 9 metros de comprimento e alguns órgãos anexos A cavidade oral representa a abertura de entrada sendo seguida pela orofaringe esôfago estômago intestino delgado e intestino grosso A mucosa oral é revestida por epitélio estratificado pavimentoso com ou sem queratina dependendo de sua função ser mastigatória ou gustativa O epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado continua na orofaringe A partir do esôfago o tubo é revestido por quatro túnicas mucosa submucosa muscular externa e serosa figura 33 JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 Figura 33 Túnicas que compõem o tubo digestório mucosa submucosa muscular externa e serosa A mais interna túnica mucosa apresenta um epitélio uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo que pode apresentar glândulas e tecido linfático e uma camada longitudinal de músculo liso a muscular da mucosa Na túnica submucosa está localizado o plexo nervoso submucoso ou de Meissner e eventualmente glândulas e tecido linfático Duas camadas de músculos lisos caracterizam a túnica muscular externa uma camada circular mais interna e outra longitudinal mais externa Entre as duas camadas musculares há tecido conjuntivo que garante a presença do plexo 47 nervoso mioentérico ou de Auerbach Finalmente o tubo é forrado pela túnica serosa formada por tecido conjuntivo frouxo e por epitélio simples pavimentoso mesotélio JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 O epitélio de revestimento da túnica mucosa muda de estratificado pavimentoso não queratinizado no esôfago para simples colunar a partir do estômago Apenas no canal anal o epitélio voltará a ser estratificado Como o intestino delgado é um importante local de absorção e de secreção sua superfície interna é aumentada através da existência de pregas vilos criptas e microvilos nos enterócitos figura 34 Criptas também estão presentes no estômago e no intestino grosso JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 Figura 34 Vilosidades na mucosa do intestino delgado e microvilos na superfície apical dos enterócitos 48 O tecido epitelial glandular é observado na mucosa do esôfago do estômago do intestino delgado e do intestino grosso estando envolto pelo tecido conjuntivo da lâmina própria Em parte do esôfago são encontradas as glândulas esofágicas da cárdia produtoras de muco No estômago desembocando nas criptas gástricas são observadas as glândulas da cárdia que produzem principalmente muco e lisozima as glândulas fúndicas que produzem principalmente muco lisozima íons de H íons de Cl pepsinogênio e lipase e as glândulas pilóricas que produzem principalmente muco e lisozima No intestino delgado as glândulas ou criptas de Lieberkühn produzem principalmente muco lisozima enteroquinase dipeptidases e dissacaridases figura 35 No intestino grosso as criptas intestinais são ricas em células caliciformes produtoras de muco JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 Figura 35 Corte longitudinal do jejuno mostrando vilosidades e criptas de Lieberkühn na mucosa Na túnica submucosa glândulas são observadas no esôfago glândulas produtoras de muco e lisozima e no duodeno glândulas de Brünner produtoras de muco alcalino 49 Na submucosa do íleo grandes nódulos linfáticos formam as placas de Peyer que atravessam a muscular da mucosa e se estendem na lâmina própria Na túnica muscular externa do esôfago existem algumas fibras de musculatura estriada esquelética de controle voluntário A muscular externa do estômago conta com a adição de uma camada mais interna formada por fibras musculares lisas oblíquas Na porção torácica do esôfago a serosa é substituída por uma adventícia apenas tecido conjuntivo frouxo JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 O sistema digestório conta ainda com órgãos anexos glândulas salivares pâncreas fígado e vesícula biliar As glândulas parótidas submandibulares e sublinguais apresentam um parênquima formado por ácinos serosos eou túbulos mucosos e seus ductos cuja estrutura é organizada por um estroma formado por septos e por uma cápsula de tecido conjuntivo frouxo O parênquima pancreático é formado na sua parte exócrina por ácinos ductos e as características células centroacinosas Ilhotas de Langerhans compõem a porção endócrina figura 36 Cápsula e septos de tecido conjuntivo frouxo constituem o estroma No fígado os hepatócitos adotam disposição cordonal entre canalículos biliares e capilares sinusoides JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 Figura 36 Corte do pâncreas mostrando o seu parênquima Ao centro observase uma ilhota de Langerhans circundada por ácinos e ductos pancreáticos 50 34 Sistemas urinário e genital Uma cápsula de tecido conjuntivo denso envolve o parênquima renal composto por uma zona medular circundada por uma zona cortical O parênquima contém milhares de néfrons corpúsculo renal túbulo contorcido proximal alça de Henle túbulo contorcido distal e de túbulos coletores estruturas que compõem o túbulo urinífero Cada corpúsculo renal é constituído por uma cápsula renal que envolve um glomérulo renal formado por um capilar enovelado ligado a uma arteríola aferente e uma eferente figura 37 Dois folhetos formam a cápsula renal O externo está constituído por um epitélio simples pavimentoso sua lâmina basal e algumas fibras reticulares O folheto interno está representado por podócitos células que ao manterem contato com a lâmina basal do capilar glomerular criam as fendas de filtração JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 Figura 37 Parênquima renal em corte transversal mostrando dois corpúsculos renais e diversos túbulos contorcidos É possível observar as células pavimentosas do folheto externo da cápsula renal 51 Os túbulos contorcidos proximal e distal são forrados por epitélio simples cúbico com microvilos nas células dos túbulos proximais Já os cálices a pelve o ureter e a bexiga possuem um epitélio estratificado de transição necessário para sofrer a distensão quando essas estruturas estiverem repletas de urina O tecido conjuntivo da lâmina própria varia de frouxo a denso e é envolto por musculatura lisa e por uma adventícia A uretra nas mulheres apresenta epitélio estratificado pavimentoso que em certas áreas é substituído por epitélio pseudoestratificado colunar Nos homens a porção da uretra relacionada à próstata possui epitélio de transição Nas demais porções observase tanto epitélio pseudoestratificado colunar como estratificado pavimentoso JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 O testículo é envolto pela túnica albugínea de tecido conjuntivo denso e é dividido em lóbulos por diversos septos No interior de cada lóbulo encontramse os túbulos seminíferos cobertos por tecido conjuntivo frouxo bastante vascularizado e com muitas células mioides e células de Leydig Células de dois tipos dispostas em camadas formam a parede de um túbulo seminífero figura 38 São as células da linhagem espermatogênica que produzirão os espermatozoides e as células de Sertoli com seu característico formato triangular Os ductos intratesticulares são revestidos por epitélio simples cúbico e nos ductos eferentes algumas células são ciliadas Nos ductos extratesticulares o epitélio muda para pseudoestratificado colunar com células providas de estereocílios A lâmina própria do ducto deferente apresenta muitas fibras elásticas e a musculatura lisa que a envolve possui três camadas sendo a mediana circular JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 52 Figura 38 Corte transversal de um túbulo seminífero No interior destacamse as células da linhagem germinativa No exterior destacamse as células de Leydig O ovário é revestido por epitélio simples pavimentoso ou cuboidal que se assenta sobre a túnica albugínea tecido conjuntivo denso Abaixo desta o ovário é formado por uma região cortical e uma região medular mais interna ambas formadas por tecido conjuntivo A região cortical abriga os folículos ovarianos ovócito células foliculares enquanto a região medular abriga vasos sanguíneos figura 39 As tubas uterinas apresentam parede constituída por três camadas Epitélio simples colunar com células ciliadas e células secretoras e lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo compõem a mucosa Esta é recoberta por duas camadas de musculatura lisa uma interna circular ou em espiral e outra externa longitudinal que é revestida pela túnica serosa JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 53 Figura 39 Região cortical do ovário mostrando um folículo primário ovócito envolto por duas camadas de células foliculares imerso em tecido conjuntivo A mucosa que reveste a cavidade uterina é denominada endométrio É formada por tecido epitelial simples colunar também composto de células ciliadas e de células secretoras assentado sobre lâmina própria formada por tecido conjuntivo rico em fibras de colágeno III e com muitas glândulas tubulares A porção da mucosa voltada para a cavidade uterina sofre alterações significativas durante o ciclo menstrual sendo por isso denominada camada funcional A camada basal não sofre tais alterações Uma espessa camada de musculatura lisa denominada miométrio envolve o endométrio É formada por quatro camadas de fibras musculares lisas intercaladas por tecido conjuntivo que permite a intensa vascularização necessária O aumento do miométrio durante a gravidez ocorre por hipertrofia e por hiperplasia das fibras musculares e observase ainda a produção de novas fibras de colágeno Externamente o útero apresenta tanto regiões cobertas por uma serosa como regiões cobertas por uma adventícia Três camadas formam a parede vaginal uma mucosa com epitélio estratificado pavimentoso e com lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo rico em 54 fibras elásticas uma túnica muscular com fibras lisas longitudinais e circulares e uma túnica adventícia JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 35 Sistema nervoso Observase no cérebro no cerebelo e na medula espinal uma divisão entre a chamada substância cinzenta e a substância branca Na substância cinzenta estão concentrados os pericários dendritos e partes iniciais não mielinizadas dos axônios além de algumas células da glia Ela predomina no córtex cerebral compondo seis camadas interconectadas no córtex cerebelar compondo três camadas figura 310 e no interior da medula espinal A substância branca predomina nas porções centrais do cérebro e do cerebelo e na parte externa da medula espinal É formada basicamente pelos axônios e pelas células que garantem a sua mielinização os oligodendrócitos Vale destacar que imersos na substância branca do cérebro existem pericários e dendritos compondo núcleos de substância cinzenta por exemplo núcleos da base GARTNER HIATT 2012 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 310 Córtex cerebelar visto em corte para observação das três camadas de substância cinzenta 55 Os grandes neurônios observados no centro da figura são as células de Purkinje que formam a camada central Acima está a camada molecular ocupada principalmente pelos dendritos das células de Purkinje e abaixo está a camada granulosa com inúmeros neurônios de pequeno tamanho No canto inferior direito da imagem observase região de substância branca A distribuição observada no Sistema Nervoso Periférico entre pericários e axônios é bastante diferente daquela do Sistema Nervoso Central Os axônios e as células de Schwann que garantem a sua mielinização formam feixes de fibras nervosas que são envoltas por tecido conjuntivo constituindo assim os nervos e as suas capas denominadas endoneuro perineuro e epineuro Os pericários e dendritos formam os gânglios figura 220 envoltos por uma cápsula de tecido conjuntivo GARTNER HIATT 2012 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 REFERÊNCIAS GARTNER L P HIATT J L Histologia essencial Trad Cláudia Coana et al Rio de Janeiro Elsevier 2012 JUNQUEIRA L C U CARNEIRO J ABRAHAMSOHN P Histologia básica texto e atlas Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 KIERSZENBAUM A L TRES L L Histologia e biologia celular uma introdução à patologia Trad Alexandre Bezerra Conde Figueiredo et al Rio de Janeiro Elsevier 2016 LOWE J S ANDERSON P G Stevens Lowe Histologia humana Trad Marcella de Melo Silva et al Rio de Janeiro Elsevier 2016 OVALLE W K NAHIRNEY P C Netter histologia essencial Trad Marcelo Narciso Rio de Janeiro Elsevier 2014 56 ROSS M H PAWLINA W Histologia texto e atlas Trad Beatriz Araújo et al Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 SILVERTHORN D U Fisiologia Humana uma abordagem integrada Trad Adriane Belló Klein et al Porto Alegre Artmed 2017 YOUNG B LOWE J S STEVENS A HEATH J W Histologia funcional texto e atlas em cores Trad Nilson Clóvis de Souza Pontes et al Rio de Janeiro Elsevier 2007 57 4 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO O Sistema Musculoesquelético também conhecido como Sistema Locomotor é composto pelos sistemas Esquelético Articular e Muscular sendo responsável pela movimentação do corpo humano orientado pelo sistema nervoso Temos como objetivo entender os aspectos gerais destes sistemas bem como seus principais componentes e sua interação facilitando o entendimento dos processos de deambulação podendo ser aplicado no ensino infantil e fazer uma correlação com futuros estudos dentro dos processos de deambulação de outros animais 41 Planos de referência e posição anatômica Antes de começarmos os estudos do sistema locomotor devemos entender alguns conceitos básicos a respeito da organização do corpo humano e como o dividimos Ao nos referirmos a nosso organismo normalmente pensamos nas estruturas que são visíveis a olho nu como olhos nariz pele boca dedos etc Contudo ao estudarmos outras áreas da Ciência Biológica como Biologia Molecular Bioquímica Citologia e Histologia podemos constatar que nosso organismo possui uma organização muito menor do que podemos ver a olho nu Sendo assim nosso corpo é organizado em níveis estruturais que garantem a sua funcionalidade começando com átomos que se unem dando origem a moléculas e macromoléculas que atuam realizando reações químicas dentro de uma organela que está presente no interior de uma célula As células por sua vez produzem mais substâncias formando um ambiente propício para sua funcionalidade dando origem aos tecidos biológicos que unidos em camadas dão origem aos órgãos e quando atuam em conjunto são a origem dos sistemas que unidos formam o nosso organismo Assim no estudo da morfologia observamos as estruturas que compõe o corpo em seus aspectos histológicos e anatômicos e para tal precisamos dividir o corpo em planos e eixos 58 Este conceito serve para que possamos nos orientar em planos de referência direção e posição das estruturas anatômicas sendo assim temos três planos fundamentais de referência Figura 41 a plano sagital divide o corpo em partes direita e esquerda b plano coronal ou frontal divide o corpo em partes frontal anterior e dorsal posterior c plano transversal divide o corpo em região superior e inferior Figura 41 Divisão do corpo humano em planos Sagital Coronal e Transversal Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed pg 33 São Paulo Manole 2003 59 Mas para podermos utilizar essas divisões feitas pelos planos temos que ter em mente que o corpo precisa estar em posição anatômica na qual encontramos o corpo ereto com os pés paralelos entre si com os olhos voltados para frente braços ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente e os dedos apontados para baixo Com esses planos podemos utilizar termos de direção para facilitar o entendimento da posição das estruturas em relação ao corpo como podemos ver na tabela abaixo Tabela 41 Assim quando observamos um corpo ou órgão peça anatômica em posição anatômica seus lados são inversos ao observador ou seja o lado esquerdo da peça anatômica se encontra do lado direito do observador por exemplo na imagem abaixo Figura 42 o lado direito do coração está posicionado ao lado esquerdo do leitor Isso ocorre pois a peça está sendo observada de frente e os lados do observador ficam invertidos aos da peça Sendo assim sempre que tiver dúvida quanto ao posicionamento lateral tente se imaginar na posição da peça para saber seu posicionamento Figura 42 Posicionamento anatômico de um coração em corte coronal Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 60 Tabela 41 Termos de direção para o corpo humano Termo Definição Exemplo Superior cranial cefálico Mais próximo da cabeça para cima O tórax é superior ao abdome Inferior caudal Mais afastado da cabeça para baixo As pernas são inferiores ao tronco Anterior ventral Mais próximo da frente do corpo O umbigo está no lado anterior do corpo Posterior dorsal Mais próximo do dorso do corpo Os rins são posteriores ao intestino Medial Mais próximo da linha mediana do corpo O coração é medial aos pulmões Lateral Mais afastado da linha mediana do corpo As orelhas são laterais ao nariz Interno profundo Mais afastado da superfície do corpo O encéfalo é interno ao crânio Externo superficial Mais próximo da superfície do corpo A pele é externa aos músculos Proximal Mais próximo do tronco do corpo O joelho é proximal ao pé Distal Mais afastado do tronco do corpo A mão é distal ao cotovelo Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed pg 36 São Paulo Manole 2003 42 Sistema Esquelético Esqueleto Axial Nosso organismo é sustentado por um sistema conhecido como Sistema Esquelético composto por 206 ossos em um adulto Quando nascemos muitos ossos não possuem suas partes totalmente fundidas para facilitar o parto sendo assim em um recém nascido RN encontramos exatamente 270 ossos 61 Antes de vermos os principais ossos que formam nosso corpo precisamos entender que os ossos são classificados de acordo com seu formato Figura 43 sendo assim temos 1 Ossos Longos comprimento é maior que a largura funcionam como alavanca membros superiores e inferiores e possuem no interior de sua parte longa uma região para armazenar e proteger a medula óssea conhecido como canal medular 2 Ossos Curtos tem forma próxima a um cubo e transferem as forças de movimento ossos do punho e tornozelo 3 Ossos Planos superfície larga com função de inserção de um músculo ou proteção de um órgão ossos do crânio costelas e ossos do cíngulo superior 4 Ossos Irregulares formas e superfícies variadas permitindo inserções musculares variadas e articulações vértebras e alguns ossos do crânio O tecido ósseo pode se organizar de duas formas macroscopicamente dando origem a dois tipos de tecidos A Tecido ósseo esponjoso tecido poroso encontrado mais profundamente no osso Composto por pequenas trabéculas sendo altamente vascularizado e proporcionando formas grandes com pouco peso B Tecido ósseo compacto tecido lamelar encontrado nas superfícies ósseas Sendo muito denso e duro 62 Figura 43 Classificação dos ossos Para facilitar nosso estudo o esqueleto é dividido em Esqueleto Axial que forma o eixo central do corpo e o Esqueleto Apendicular que é composto pelos membros ligados ao eixo central Desta maneira encontramos as seguintes estruturas formando o esqueleto axial 1 Crânio composto pelos ossos do crânio que originam a caixa encefálica e ossos da face que dão sustentação aos olhos nariz e originam o arcabouço ósseo da cavidade oral Figura 45 2 Ossículos da audição três pequenos ossos presentes na orelha média e que servem para transmitir impulsos sonoros figura 45 3 Osso hióide Sustenta a língua e auxilia na deglutição sendo encontrado abaixo da mandíbula e acima da laringe figura 45 4 Coluna Vertebral e Caixa torácica A coluna é composta por 26 ossos isolados separados por um disco de cartilagem fibrosa conhecido como disco 63 intervertebral já a caixa torácica é composta pelo esterno e por doze pares de costelas sendo os pares superiores conhecidos como costelas verdadeiras pois se fixam diretamente ao esterno os cinco pares inferiores são conhecidos como costelas falsas pois ou se ligam indiretamente ao esterno os três primeiros pares ou não se ligam a esse osso dois últimos pares sendo estas últimas conhecidas como costelas flutuantes Figura 46 64 Figura 44 Ossos do crânio e da face Fonte Pixabay Disponível em httpsbitly307RPYm e httpsbitly2HwsaCi Acesso em 25 set 2020 65 Figura 45 Imagem A esquerda ossos do ouvido Imagem B Direita Osso hioide Figura 46 A Coluna vertebral Dividida em 5 regiões Cervical C1 C7 Torácica T1 T12 Lombar L1L5 sacro e cóccix B Caixa torácica e seus 12 pares de costelas Costelas verdadeiras par I ao VII Costelas Falsas par VIII ao XII sendo XI e XII costelas flutuantes Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 66 43 Sistema Esquelético Esqueleto Apendicular Formado pelos membros superiores e inferiores e seus cíngulos que são as regiões de ligação entre os membros e o esqueleto axial Cíngulo do membro superior Figura 47 Formado pelas clavículas direita e esquerda e escápulas direita e esquerda Por ter ligação direta com o esqueleto axial apenas pela região anterior clavícula e esterno não é considerado um cíngulo completo Pela falta de fixação posterior permite uma grande amplitude de movimento além de servir como área de inserção para diversos músculos que movimentam a articulação do ombro O membro superior é dividido em Figura 47 1 Braço estendese o ombro até o cotovelo tendo um único osso o úmero 2 Antebraço formado pelos ossos ulna no lado medial e rádio no lado lateral estendendose do cotovelo ao punho 3 Mão composta pelos oito ossos do carpo punho cinco ossos metacarpais formando o metacarpo região de palmadorso e os quatorze ossos das falanges dedos Cíngulo do membro inferior Figura 48 Formado pelos ossos do quadril que estão ligados a coluna no osso sacro na região posterior e encontramse unidos entre si na região anterior pela sínfise púbica Estes ossos são originados pela fusão de outros três ossos após nosso nascimento o ílio o ísquio e o púbis que apesar de se fundirem completamente após os 25 anos já estão ligados suficientemente fortes para nos estabilizarem por volta dos 10 aos 18 meses de idade Suporta todo o peso do corpo e protege vísceras como a bexiga urinária e em mulheres grávidas protege o feto A região formada pelos ossos do quadril sacro e cóccix é denominada pelve 67 O membro inferior é dividido em Figura 48 4 Coxa estendese do quadril até o joelho tendo um único osso o fêmur Na articulação do joelho encontramos um osso sesamoide que lembra o formato de uma semente de gergelim conhecido como patela 5 Perna formado pelos ossos tíbia e fíbula estendendose do joelho ao tornozelo 6 Pé composto pelos sete ossos do tarso tornozelo e calcanhar cinco ossos do metatarsais formando o metatarso região de plantardorso e os quatorze ossos das falanges dedos 68 Figura 47 Membro superior Cíngulo Escápula e Clavícula Braço Úmero Antebraço Rádio e Ulna Mão Ossos do Carpo Ossos do Metacarpo e Falanges Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Adaptado 69 Figura 48 Membro inferior Cíngulo Osso do quadril Coxa Fêmur Joelho Patela Perna Tíbia e Fíbula Pé Ossos do Tardo Ossos do Metatarso e Falanges Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Adaptado 70 44 Sistema articular As articulações fazem parte do sistema esquelético contudo as articulações são de extrema importância pois permitem o movimento entre os ossos e sua estrutura determinará a amplitude e a direção do movimento realizado Assim as articulações são classificadas de duas formas quanto a função e a estrutura 1 Classificação funcional nesta classificação vemos o quanto de movimento a articulação proporciona A Sinartrose articulações consideradas imóveis ou com movimentos imperceptíveis B Anfiartrose articulações nas quais ocorrem movimentos pequenos sem grande deslocamento entre os ossos C Diartrose articulações com grande capacidade de movimento 2 Classificação estrutural nesta classificação analisamos como os ossos estão ligados para formar a articulação A Articulações fibrosas neste grupo a união entre os ossos ocorre por um tecido conjuntivo fibroso e encontramos três tipos de articulações neste grupo Figura 49 a Suturas articulação que corre entre os ossos do crânio possuem uma quantidade mínima de tecido entre as placas ósseas e lembra uma costura Faz parte do grupo das sinartroses b Sindesmose O tecido fibroso que conecta os ossos nessa articulação também denominados ligamentos são mais longos do que nas suturas o que permite uma certa movimentação São consideradas articulações anfiartrose 71 c Gonfoses Articulação entre dentes e alvéolos dentários havendo um encaixe O ligamento entre eles é conhecido como periodonto São classificados como anfiartrose B Articulações cartilagíneas nesta classe a união entre os ossos é feita através de cartilagens e encontramos dois tipos de articulações neste grupo Figura 410 a Sincondroses ligação feita com cartilagem hialina sendo uma articulação do grupo das sinartroses b Sínfise ligação feita com fibrocartilagens o que permite uma ligeira movimentação sendo do grupo das anfiartroses C Articulações sinoviais Nesta classe temos as articulações mais móveis do nosso corpo os ossos não estão unidos diretamente e um líquido garante a diminuição de atrito e a movimentação dos ossos conhecida como sinóvia Nas faces dos ossos que participam dessa articulação encontramos um revestimento de cartilagem hialina conhecida como cartilagem articular que diminui ainda mais o atrito entre os ossos Esta articulação é delimitada por um tecido fibroso conhecido como cápsula articular que também é responsável pela produção da sinóvia e por fim para evitar movimentos não desejados entre os ossos temos os ligamentos compostos por tecido conjuntivo fibroso e que lembram pequenos cordões Figura 411 72 Figura 49 Articulações fibrosas a Sutura b Sindesmose c Gonfose Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 Adaptado Figura 410 Articulações cartilagíneas a Sínfise b Sincondrose Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Adaptado 73 Figura 411 Articulação sinovial vista posterior da articulação do joelho Fonte KOPFMAIER P WolfHeidegger Atlas de Anatomia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 Adaptado 45 Sistema muscular Este sistema é composto por 600 músculos esqueléticos diferentes sendo cada um considerado um órgão diferente pois são constituídos por tecido muscular tecido conjuntivo e tecido nervoso separadamente um dos outros Sabemos que a função do músculo é a movimentação corporal porém ele não exerce apenas essa função As outras duas funções são produção de calor através do metabolismo muscular ocorre a liberação de calor e sustentação do corpo e postura onde alguns músculos atuam contra a força gravitacional mesmo quando pensamos estar relaxados muitos destes músculos estão atuando Para que possam realizar suas funções de movimentação e sustentação os músculos esqueléticos precisam estar fixados nos ossos através de suas extremidades A estrutura que realiza essa fixação são os tendões um tecido conjuntivo fibroso que 74 está intimamente relacionado com os tecidos conjuntivos que envolvem as fibras musculares O músculo possui duas ligações uma mais curta que denominamos origem e uma mais longa que denominamos inserção assim quando realizamos a contração ela ocorre no sentido da origem encurtando a inserção fazendo com que o osso onde foi feita a inserção se movimente Figura 412 Figura 412 Esquema de contração muscular Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Um músculo estriado é formado por diversas fibras musculares que nada mais são que as células deste músculo As fibras se organizam em feixes e os feixes formam o músculo e este conjunto é unido por tecido conjuntivo endomísio perimísio e epimísio Contudo existe um tecido conjuntivo que liga o músculo à pele conhecido como fáscia muscular Os músculos podem ser classificados de acordo com a disposição das fibras sendo elas paralelas convergentes esfinctéricas ou peniformes 75 1 Músculo Paralelo Músculos com grande amplitude de contração e possuem boa resistência para contração São divididos em dois grupos os músculos fusiformes que possuem a região central ventre ampliado e em forma de fita fibras paralelas Figura 413 Exemplo Músculo sartório 2 Músculo Convergente Músculo com fibras que convergem na região do tendão lembrando um leque Possui força maior que o músculo paralelo Figura 413 Exemplo Músculo Peitoral 3 Músculo Esfinctérico Músculo com fibras concêntricas em um orifício ou seja suas fibras formam um anel muscular entorno de um orifício Figura 413 Exemplo Orbicular da boca 4 Músculo Peniforme Músculo com fibras dispostas de forma a parecer uma pena de ave São de extrema destreza e amplitude curta porém se cansam rapidamente São subdivididos em semipeniforme peniforme e multipeniforme Figura 413 Exemplos Músculos extensor longos dos dedos reto femoral e deltoide Figura 413 Tipos de músculo Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado a Paralelo músculo retoabdominal b Convergente peitoral maior c Esfinctérico músculo obicular do olho d Semipeniforme músculo extensor longo dos dedos e Peniforme músculo reto femural f multipenifrme músculo deltoide 76 REFERÊNCIAS KOPFMAIER P WolfHeidegger Atlas de Anatomia Humana 6ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 MOORE K L DALLEY A F AGUR A M R Anatomia orientada para a clínica 8ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2019 TANK P W GEST TR Atlas de Anatomia Humana 1ª ed Porto Alegre Artmed 2009 VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6ª ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 77 5 SISTEMA CIRCULATÓRIO RESPIRATÓRIO E DIGESTÓRIO Neste bloco veremos o sistema respiratório e circulatório que estão ligados intrinsicamente e o sistema digestório que utiliza o sistema circulatório para distribuir os nutrientes absorvidos por ele 51 Sistema Circulatório O sistema circulatório é de suma importância para que as células de seres pluricelulares mais complexos sejam supridas de nutrientes e oxigênio visto que em seres unicelulares e multicelulares menos complexos alguns helmintos por exemplo somente o processo de difusão de nutrientes do meio extracelular para o meio intracelular é suficiente para nutrir o indivíduo Nosso sistema circulatório é composto pelo sistema cardiovascular e pelo sistema linfático Cada um desses sistemas possui suas próprias características que serão descritas a seguir O sistema cardiovascular é composto por uma rede de vasos denominados vasos sanguíneos que serão discutidos mais adiante e um órgão com capacidade de bombeamento do sangue conhecido como coração Figura 51 O sistema linfático é composto pela rede de vasos linfáticos que são paralelos aos vasos do sistema cardiovascular Este sistema não possui órgão de bombeamento contudo nas regiões onde os vasos de menor calibre se encontram para formar um de maior calibre encontramos pequenos órgãos que fazem parte do sistema de defesa de nosso organismo os linfonodos também conhecidos como nodos linfáticos Figura 51 78 Figura 51 Sistemas circulatórios Esquerda Sistema Cardiovascular direita Sistema Linfático O coração é um órgão formado por três camadas epicárdio miocárdio e endocárdio O epicárdio é composto por um tecido conjuntivo fino revestido por tecido epitelial o miocárdio é a camada mais espessa e a funcional do coração composta por um tecido muscular específico conhecido como músculo estriado cardíaco com características histológicas próprias que já foram vistas anteriormente O endocárdio é composto por tecido endotelial epitelial que reveste o interior do coração e vasos sanguíneos Este órgão possui quatro cavidades internas o átrio direito que se comunica com o ventrículo direito e o átrio esquerdo que se comunica com o ventrículo esquerdo e estas cavidades servem para bombear o sangue Figura 52 Sendo assim o sangue chega do corpo para o coração no átrio direito é bombeado para o ventrículo direito e então para os pulmões Quando o sangue retorna dos pulmões para o coração ele chega no átrio esquerdo sendo bombeado para o ventrículo esquerdo e então é bombeado para o corpo Entre os átrios e ventrículos existe uma estrutura conhecida 79 como valvas cardíacas que impedem o retorno do sangue dos ventrículos para os átrios quando o coração estiver bombeando o sangue para fora A valva do lado direito é conhecida por dois nomes atrioventricular direita ou tricúspide pois possui três cúspides de tecido fibroso já a do lado esquerdo é conhecida por três nomes atrioventricular direta mitral ou bicúspide constituída por duas cúspides figura 53 Figura 52 Coração em posição anatômica em corte coronal com as regiões anatômicas apontadas mas em destaque por negrito estão as cavidades cardíacas Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 80 Figura 53 Valvas atrioventriculares corte transverso entre átrios e ventrículos Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado As valvas se fecham pois quando o coração comprime os ventrículos cria uma pressão que empurra as cúspides em direção aos átrios e devido a presença do tecido conjuntivo em formato de pequenos cordões travam as cúspides em posição fechada 52 Sistema Circulatório Artérias e veias Os vasos sanguíneos formam uma rede em nosso organismo contudo há três tipos de vasos sanguíneos Figura 54 em nosso organismo dependendo da função que irão desempenhar As artérias são os vasos que levam o sangue do coração para o corpo e pulmões Esses vasos são compostos por três camadas conhecidas como túnica adventícia externa túnica média e túnica íntima interna a túnica mais espessa é a média pois esses vasos recebem a pressão do sangue quando ele sai do coração e são responsáveis por parte da manutenção desta pressão 81 Conforme o diâmetro calibre vai diminuindo a espessura da parede também diminui até que em um determinado momento as artérias de menor calibre também conhecidas como arteríolas dão origem aos capilares os vasos com o menor calibre do nosso organismo compostos por uma parede fina de endotélio tecido que compõe a túnica íntima dos vasos Devido a essa característica os capilares permitem a saída de água com nutrientes e do oxigênio para os tecidos Da mesma forma que os capilares são contínuos as arteríolas e as vênulas são contínuas aos capilares Esses vasos também são conhecidos como veias de pequeno calibre e vão aumentando seu calibre conforme se aproximam do coração inversamente proporcional as artérias As veias também são vasos sanguíneos compostos por três túnicas contudo sua túnica média é menos espessa que a das artérias É responsável pelo retorno venoso do sangue contudo o sangue nas veias não possui pressão sendo assim em seu interior encontramos válvulas que auxiliam o retorno do sangue para o coração 82 Figura 54 Estrutura dos vasos sanguíneos Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Desta maneira formamos duas circulações em nosso organismo a circulação pulmonar também conhecida como pequena circulação e a circulação sistêmica conhecida também como grande circulação Como o nome diz elas nunca param e ocorrem concomitantemente A circulação pulmonar dá início com a chegada do sangue rico em gás carbônico no coração através das veias cava inferior corpo e superior cabeça e membros superiores Já sabemos que esse sangue entra pelo átrio direito e então é bombeado para o ventrículo direito que então sai do coração em direção aos pulmões pela artéria tronco pulmonar que se ramifica em artérias pulmonares direita e esquerda Assim o sangue é oxigenado no pulmão e retorna ao coração pelas veias pulmonares 83 que encontramse ligadas ao átrio esquerdo que bombeia o sangue para o ventrículo esquerdo e este para o corpo através da artéria aorta e após oxigenar todo o corpo retorna para o coração pelas veias cava superior e inferior no átrio direito Figura 55 Figura 55 Esquema das circulações sistêmica ventrículo esquerdo artéria aorta corpo veias cavas sup e inf átrio direito ventrículo direito e pulmonar ventrículo direito artéria tronco pulmonar artérias pulmonares dir e esq pulmões veias pulmonares dir e esq átrio esquerdo ventrículo esquerdo 53 Sistema Respiratório Como vimos no item anterior o sistema circulatório e o respiratório estão intimamente correlacionados mas quais são as estruturas que formam esse sistema Os componentes deste sistema são basicamente cavidades nasais faringe laringe traqueia brônquios bronquíolos e os pulmões onde encontramos os alvéolos pulmonares estrutura que realiza a troca gasosa no pulmão Estas estruturas são divididas em sistema respiratório superior e inferior sendo o superior composto por 84 nariz faringe e estruturas associadas e o inferior por laringe traqueia árvore brônquica pulmões e alvéolos Figura 56 Figura 56 Divisão anatômica do Sistema Respiratório Fonte MARIEB Elaine N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Na cavidade nasal encontramos as conchas nasais que são três saliências formadas pelos ossos maxila e palatino que tem como função aumentar a área de contato do ar com a mucosa nasal melhorando o aquecimento do ar e retirada de partículas aderidas no muco etapas essenciais para que não haja problemas pulmonares Alguns ossos da face são ossos pneumáticos ou seja possuem uma região oca conhecidas como Seios da face que se comunicam com o nariz para que haja maior área de contato do ar com mucosas figura 57 85 Figura 57 Esquerda Estruturas que compõe o nariz e faringe direita Posição dos Seios da Face e em quais ossos estão presentes Fonte VAN DE GRAAFF Kent Marshall Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado A Laringe é o órgão responsável por impedir que os alimentos que deglutimos entrem no sistema respiratório também é onde encontramos as pregas vocais É estruturada por placas de cartilagem formando uma estrutura mais rígida mantendo a luz da laringe aberta para que o ar possa passar Ocorre na traqueia com anéis em forma de C que permitem a passagem de ar para a arvore brônquica composta pelos brônquios e bronquíolos que possuem anéis de cartilagem completos Figura 58 86 Figura 58 Estrutura anatômica da Laringe traqueia e brônquios Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 54 Sistema Respiratório Músculos da respiração A arvore brônquica termina nos alvéolos estruturas saculares em forma de saco que são compostos por um tecido epitelial extremamente fino e que permite a troca gasosa com os vasos sanguíneos que se encontram no tecido conjuntivo adjacente aos alvéolos Esta então é a composição do pulmão arvore brônquica alvéolos tecido conjuntivo Figura 59 87 Figura 49 Estrutura pulmonar e alveolar Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Adaptado O pulmão se encontra ligado a caixa torácica através de duas membranas conhecidas como pleura A pleura parietal se encontra ligada a caixa torácica e a pleura visceral está ligada ao pulmão e entre essas pleuras encontramos o líquido pleural que permite que a tração realizada pelos músculos da respiração seja passada ao pulmão de forma que não o lesione Sendo assim para que o ar adentre os pulmões e haja a troca gasosa é necessário que ele seja expandido para que seja criada uma pressão negativa interna fazendo com que o ar entre os principais músculos responsáveis por essa ação são os músculos intercostais internos e externos e o diafragma Figura 510 Eles expandem a caixa torácica tracionando a pleura parietal distanciandoa levemente da visceral isso faz com que o líquido pleural gere uma pressão negativa 88 puxando levemente a pleura visceral e consequentemente tracionando o pulmão e fazendo com que ele expanda Porém para que haja a expiração normal basta relaxar os músculos da inspiração pois o pulmão contém muitas fibras elásticas e retorna à posição inicial gerando uma pressão maior dentro do pulmão do que fora do pulmão jogando assim o ar para fora Contudo quando fazemos uma expiração forçada forçamos o ar com força para fora utilizamos alguns músculos que são músculos intercostais internos oblíquo externo do abdômen oblíquo interno do abdômen transverso do abdômen e reto abdominal Figura 510 Figura 510 músculos atuantes na inspiração esquerda e expiração forçada direita Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado 89 55 Sistema Digestório Apesar deste sistema não ser correlacionado diretamente com o sistema respiratório eles possuem alguns órgãos em comum porém possui uma relação mais significativa com o sistema circulatório pois os nutrientes são absorvidos pelo sistema digestório e enviados pelo organismo através do sistema circulatório O sistema digestório é composto por cavidade oral faringe esôfago estômago duodeno intestino delgado e intestino grosso contudo temos anexos do sistema digestório que são dentes glândulas salivares fígado vesícula biliar e pâncreas Figura 511 Figura 511 Estruturas que formam o sistema digestório Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 90 A grande parte destes órgãos estão presentes na cavidade abdominal e pélvica cavidade abdominopélvica sendo sustentados no abdômen por um tecido membranoso conhecido como peritônio O mesentério é uma membrana serosa ou seja possui a capacidade de produzir líquido seroso que lubrifica a superfície visceral dos órgãos diminuindo o atrito entre eles A partir do esôfago os órgãos do sistema digestório possuem quatro camadas teciduais a Mucosa b Submucosa c Muscular d Serosa Figura 512 Cada uma dessas camadas possui uma função específica onde a mucosa e submucosa estão voltadas para digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes a camada muscular formada por músculo liso com exceção do esôfago que possui uma região específica composta por músculo estriado esquelético sendo responsável pela movimentação do bolo alimentar pelos órgãos movimento este conhecido como peristáltico Figura 513 A camada serosa é constituída por um tecido conjuntivo frouxo e epitelial simples e faz parte do peritônio sendo o peritônio visceral Figura 512 Constituintes das camadas que formam os órgãos do sistema digestório Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 91 Figura 513 Movimento Peristáltico Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 As estruturas anexas auxiliam no processo de digestão Processo este que se inicia na boca com a mastigação misturando o alimento com a saliva A saliva é produzida pelas glândulas salivares sendo elas as glândulas parótidas submandibulares e sublingual A saliva tem papel importante no início da digestão quebrando alguns açúcares amido O bolo alimentar formado é então deglutido e transferido para o estômago passando pela faringe e esôfago No estômago ocorre a liberação de sucos gástricos ricos em ácido clorídrico e enzimas com função de quebra de proteínas conhecidas como pepsina Após este processo o alimento será transferido para o duodeno órgão este que dá início ao intestino No duodeno são liberados a bile pela vesícula biliar responsável pelo armazenamento deste fluido que é produzido pelo fígado e pelo suco pancreático produzido e liberado pelo pâncreas Este órgão também é responsável pela produção de um hormônio conhecido como insulina responsável pela entrada de glicose nas células consequentemente controle da concentração de glicose no sangue glicemia Estas secreções são importantes pois alcalinizam o pH do alimento que proveio do estômago ácido e são responsáveis pela quebra de outros macronutrientes como lipídeos carboidratos e proteínas Após o duodeno o alimento é conduzido pelo intestino delgado que é subdividido em jejuno e íleo mas tem a função de absorção destes nutrientes 92 O interior do intestino conhecido como lúmen intestinal é repleto de dobras conhecidas como vilosidades que aumentam a área de contato da mucosa com o alimento Continuando o trajeto o alimento segue para o intestino grosso que é subdividido em cólons sendo eles cólon ceco cólon ascendente cólon transverso cólon descendente cólon sigmoide e cólon retal Nesta parte do intestino termos a absorção de água e então a transformação do alimento em bolo fecal Junto ao cólon ceco encontramos um pequeno órgão conhecido como apêndice Esta estrutura é rica em tecidos de defesa e serve como uma reserva de microbiota para nosso intestino REFERÊNCIAS KOPFMAIER P WolfHeidegger Atlas de Anatomia Humana 6ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 MOORE K L DALLEY A F AGUR A M R Anatomia orientada para a clínica 8ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2019 TANK P W GEST T R Atlas de Anatomia Humana 1ª ed Porto Alegre Artmed 2009 VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6ª ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 93 6 SISTEMAS UROGENITAL MASCULINO E FEMININO E SISTEMA NERVOSO Neste bloco discutiremos algumas peculiaridades do sistema genital masculino e feminino e sua intrínseca relação com o sistema urinário principalmente no sistema genital masculino Devido a esta relação acabamos agrupando esses sistemas de um modo mais didático como sistema urogenital Além deste sistema iremos estudar as características básicas do sistema nervoso bem como sua divisão funcional entre sistema nervoso central SNC e sistema nervoso periférico SNP 61 Sistema Genital Masculino No geral o sistema genital não é essencial para a sobrevivência do indivíduo pois mesmo com disfunções ou má formações o indivíduo sobrevive contudo ele é essencial para a sobrevivência da espécie Diferentemente dos demais sistemas orgânicos o genital só se torna funcional pela ação de determinados hormônios na puberdade e é o único que possui diferenças estruturais entre o sexo masculino e feminino Suas funções são a produção de células gaméticas com metade do genoma da espécie pois o gameta masculino se fundirá com o feminino para dar origem ao embrião e produzir hormônios sexuais que geram as características sexuais do indivíduo O Sistema genital masculino pode ter suas estruturas divididas em dois grupos devido as suas bases funcionais a Órgãos sexuais primários também conhecidos como gônadas que no sistema masculino são os testículos Sua função principal é a produção dos gametas masculinos os espermatozoides e dos hormônios sexuais masculinos 94 b Órgão sexuais secundários tem como função o transporte do espermatozoide e são divididos em três categorias 1 ductos de transporte responsáveis pelo transporte e parte da maturação dos espermatozoides são eles epidídimos ductos deferentes ductos ejaculatórios e uretra 2 glândulas acessórias produzem substâncias que auxiliarão a ejaculação e a ativação dos espermatozoides são elas glândulas seminais próstata e glândulas bulbouretrais 3 órgão de cópula responsável pela liberação dos sêmen espermatozoides substâncias glandulares que é o pênis Encontramos os testículos no escroto estrutura essa semelhante a uma bolsa e encontrada abaixo do pênis As gônadas masculinas se encontram nessa estrutura pois precisam estar em uma temperatura ligeiramente abaixo da corporal para que possam funcionar Ao analisamos a formação testicular encontramos as seguintes características composto por um emaranhado de pequenos túbulos responsáveis pela produção dos espermatozoides e do hormônio sexual conhecido como testosterona contidos em compartimentos que nada mais são que prolongamentos da membrana fibrosa que reveste o testículo a túnica albugínea Figura 61 Figura 61 Estrutura dos testículos Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado 95 O epidídimo é uma estrutura alongada ligado posteriormente ao testículo Figura 61 e em seu interior ocorrem alguns processos de maturação dos espermatozoides e sua porção terminal está ligada ao ducto deferente responsável por armazenar os espermatozoides maduros principalmente em sua porção mais proximal conhecida como ampola do canal deferente Figura 62 O canal deferente se liga ao ducto ejaculatório que possui ligação com as glândulas seminais responsáveis por secretar uma substância extremamente nutritiva para os espermatozoides para que eles possam ter energia suficiente para migrar pelo útero essa secreção constitui mais de 60 do volume do sêmen Figura 62 O ducto ejaculatório se liga com a uretra ambas passando por dentro da próstata glândula que está localizada logo abaixo da bexiga urinária A próstata libera sua secreção durante o processo de ejaculação na porção da uretra que passa por ela este fluido que possui um pH alcalino protegendo os espermatozoides do pH vaginal ácido e fazendo com que sejam ativados Figura 62 Logo abaixo da próstata encontramos as glândulas bulbouretrais que liberam uma secreção viscosa que tem como finalidade neutralizar o pH da urina residual e a lubrificar a uretra para a ejaculação Figura 62 A uretra continua pela extensão do pênis que é um órgão composto por três estruturas cilíndricas compostas por tecido erétil As duas estruturas de tecido fibroso na região dorsal do pênis são denominadas corpos cavernosos já a estrutura mais ventral que envolve a uretra é conhecida como corpo esponjoso Estes tecidos lembram uma esponja e as pequenas cavernas são preenchidas com sangue quando ocorre a ereção a pressão do sangue aumenta distendendo o pênis e deixandoo rígido Na extremidade distal do pênis o corpo esponjoso dá origem a glande região ricamente enervada e quando estimulada induz a resposta para o processo de ejaculação Figura 62 96 Figura 62 Componentes do sistema genital masculino Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado 62 Sistema Genital Feminino O sistema genital feminino é mais complexo que o genital masculino pois é o responsável por abrigar o embriãofeto O sistema genital feminino também é dividido em órgãos sexuais primários e secundários Os órgãos primários as gônadas denominados ovários também são responsáveis pela produção dos gametas femininos os ovócitos e hormônios femininos estradiol estrógeno e progesterona Estes hormônios são de suma importância para que ocorram as alterações necessárias para que o corpo possa manter a gestação Diferentemente das gônadas masculinas os ovários estão localizados na parte superior da pelve lateralmente ao útero Figura 63 Os órgãos secundários são os cruciais para o sucesso da fertilização implantação gestação e parto Estes órgãos são Tubas uterinas responsáveis pelo transporte do ovócito e como local para a fecundação útero que é o órgão responsável pela alocação do embrião vagina ou canal vaginal estrutura que recebe o pênis e o sêmen 97 ejaculado e as glândulas mamárias pois sofrem influência direta da gestação fornecendo alimento para o recémnascido após o parto Figura 63 Posição do sistema genital feminino O processo de maturação do ovócito culmina com sua liberação conhecida como ovulação A região terminal da tuba uterina conhecida como infundíbulo não possui ligação fixa com o ovário porém se movimenta envolta dele e isso permite que ela capture o ovócito liberado na abertura do infundíbulo encontramos as fímbrias que são as estruturas responsáveis pela captura do óvulo Ainda na tuba mais especificamente no terço distal encontramos a ampola da tuba Figura 64 nesta região é onde ocorre a fecundação do ovócito As tubas estão ligadas ao útero órgão com forma de pera invertida composto por três camadas que são o perimétrio camada serona e faz parte do peritônio miométrio espeça camada de músculo liso responsável pelas contrações uterinas e o endométrio revestimento mucoso interno composto por duas camadas a camada funcional que é a mais superficial e composta por tecido colunar e glandular servindo como base para a implantação do blastocisto também é a camada eliminada na menstruação caso não haja fecundação e a camada basal mais profunda e altamente vascularizada serve como tecido de regeneração para a camada funcional Figura 64 98 O útero é um órgão oco e suas regiões anatômicas do útero são o fundo do útero região superior que lembra uma cúpula onde se liga as tubas corpo do útero porção mais larga região onde ocorre a implantação do blastocisto e colo do útero região inferior e mais estreita onde encontramos os óstios do útero externo voltado para a vagina e interno voltado para a cavidade uterina e o canal do colo uterino A parte externa do colo está unido com a vagina A vagina também conhecida como canal vaginal é um órgão tubular possui musculatura estriada podendo ter sua contração controlada pela mulher voluntariamente Tem como função atuar como canal do parto passagem da menorreia descamações liberadas na menstruação e recebe o pênis e o sêmenesperma após a ejaculação A abertura da vagina presente na vulva é denominada como óstio da vagina e possui uma fina membrana chamada de hímen que é rompido durante a primeira relação sexual O órgão genital externo da mulher é conhecido como vulva e é composto pelo monte púbis que é a estrutura formada por tecido adiposo recobrindo a região onde encontramos a sínfise púbica tendo como função a diminuição do impacto do coito lábios maiores do pudendo que são duas pregas longitudinais espeças compostas por tecido epitelial conjuntivo e adiposo Na puberdade iniciase o crescimento dos pelos púbicos na região esta região tem a função de proteção lábios menores do pudendo que pelo nome já demonstra que são menores que os lábios maiores e não possuem pelos A fenda longitudinal delimitada pelos lábios menores é conhecida como vestíbulo da vagina e nele encontramos o óstio da vagina e acima o óstio da uretra Na parte superior do vestíbulo na região onde os lábios menores se encontram está localizado o clitóris que é uma pequena projeção arredondada e é ricamente enervado sendo correspondente à glande do pênis 99 Figura 64 Componentes do sistema genital feminino Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Figura 65 Estruturas que compõe o órgão genital externo Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 100 63 Sistema Urinário O sistema urinário é crucial para a manutenção do funcionamento ideal do organismo pois ele é responsável por retirar os restos metabólicos do sangue que são reabsorvidos dos tecidos pelo sistema linfático para que possamos excretálos pela urina Este sistema é composto pelos rins direito e esquerdo ureteres bexiga urinária e uretra Com essa descrição podemos identificar a correlação íntima do sistema genital com o sistema urinário visto que o no sexo masculino temos a uretra sendo utilizada tanto para micção processo de urinar e ejaculação já no sexo feminino temos o óstio da uretra Figura 66 Órgãos que compõe o Sistema Urinário Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 O rim é um órgão em sua maior parte sólido possuindo duas regiões distintas o córtex renal que se encontra na região mais superficial do rim e a medula renal sendo a porção mais interna Na região medial do rim encontramos um espaço denominado seio renal que na verdade é preenchido pelos vasos e nervos renais um pouco de 101 tecido adiposo e os túbulos que irão transportar a urina formada neste órgão Figura 67 A unidade funcional do rim é denominada néfron esta é uma estrutura microscópica responsável pela filtragem do sangue e produção da urina A região de filtragem denominada glomérulo encontrase na parte cortical do rim já as regiões tubulares que realizam reabsorção de determinadas substâncias ainda úteis do filtrado se encontram principalmente na região medular Figura 67 Figura 67 Regiões renais esquerda posicionamento e estrutura do néfron direita e inferior Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 A urina formada pela passagem do filtrado pelo néfron é liberado pelos túbulos coletores nos cálices renais menores que levam para os cálices renais maiores Dos cálices passa para a pelve renal e então para o ureter 102 Assim como o rim os ureteres são retroperitoneais ou seja estão posteriores ao peritônio sendo revestidos por ele Os ureteres são órgãos tubulares com aproximadamente 25 centímetros de comprimento ligando a pelve renal até a bexiga urinária possuem uma camada de músculo liso realizando pequenos movimentos peristálticos que auxiliam no transporte da urina A bexiga é um órgão oco com uma grossa parede composta por músculo liso e com um epitélio específico para exercer sua função de armazenamento de urina que leva a distensão do órgão A região onde encontramos os óstios dos ureteres e o óstio da uretra é denominada trígono da bexiga pois forma uma área triangular Após o estímulo de micção a urina é transportada pela uretra que também é um órgão tubular mas que apresenta algumas diferenças entre os sexos pois na mulher a uretra é retilínea e tem aproximadamente 4 centímetros já no homem tem um formato em S e tem por volta de vinte centímetros de comprimento 64 Sistema Nervoso Central O sistema nervoso possui como função principal o controle do organismo orientando e coordenando suas atividades assimilando os estímulos externos e internos gerando respostas e comportamentos instintivos Devido às diferenças anatômicas e funcionais o sistema nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central SNC e Sistema Nervoso Periférico SNP As células funcionais do sistema nervoso são os neurônios que possuem a capacidade de irritabilidade ou seja conseguem ser ativadas facilmente por estímulos físicos e químicos além disso possuem condutibilidade que é a capacidade de propagar o impulso nervoso gerado pelo estímulo ao longo de seu axônio e transmitilo para outra célula O sistema nervoso central é composto pelo encéfalo e pela medula espinal que estão protegidos pelo esqueleto axial sendo o encéfalo contido na caixa craniana e a medula espinal passando pelo forame vertebral além dessa proteção óssea eles são envoltos 103 por um tecido membranoso conhecido como meninge que são a duramáter aracnoidemáter e a piamáter e são banhados pelo líquido cefalorraquidiano que mantém o encéfalo flutuando dentro do crânio evitando que ele toque diretamente as paredes ou assoalho cranial evitando uma ativação deste órgão Figura 68 Não podemos confundir a medula espinal com medula óssea onde a primeira é composta por tecido nervoso e a segunda por tecido hematopoiético Figura 68 Sistema nervoso central alocado no esqueleto axial Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Durante o desenvolvimento embrionário do encéfalo temos determinadas regiões que dão origem a estruturas encefálicas específicas que são o cérebro que controla as atividades sensitivas o tálamo que retransmite os impulsos para o cérebro o hipotálamo que regula diversas funções como sede fome e temperatura corporal 104 hipófise regula as glândulas endócrinas do organismo cerebelo que dá a coordenação motora e equilíbrio ponte e bulbo que são centros retransmissores de impulso nervoso Figura 69 Figura 69 Estruturas que compõe o encéfalo Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Os neurônios que formam o sistema nervoso central organizamse de tal forma que formam duas regiões distintas a substância cinzenta que é composta pelos corpos dos neurônios e a substância branca formada pelos axônios tendo essa cor devido as bainhas de mielina que revestem os axônios A região superficial do encéfalo conhecida como córtex cerebral é composta pela substância cinzenta já a região abaixo do córtex é composta pela substância branca Uma estrutura muito característica do córtex cerebral é a presença de numerosas pregas conhecidas como giros cerebrais e sulcos encefálicos isto ocorre devido ao aumento rápido do córtex em relação a substância branca durante o desenvolvimento encefálico fetal O cérebro é composto por dois hemisférios cada um possuindo cinco lobos além disso são conectados internamente por uma estrutura conhecida como corpo caloso e 105 cada hemisfério contém uma cavidade conhecido como ventrículo lateral que é preenchido pelo líquido cefalorraquidiano Os lobos cerebrais são delimitados por sulcos e fissuras profundas sendo que quatro dos lobos aparecem na superfície cerebral recebendo o nome do osso craniano que está na mesma posição Sendo assim temos o lobo frontal lobo parietal lobo temporal lobo occipital e encoberto pelos lobos frontal parietal e temporal encontramos o lobo insular Figura 610 Figura 610 Lobos superficiais do encéfalo e constituição da cama de substância cinzenta e branca Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Os lobos cerebrais são delimitados por sulcos e fissuras profundas sendo que quatro dos lobos aparecem na superfície cerebral recebendo o nome do osso craniano que está na mesma posição Sendo assim temos o lobo frontal lobo parietal lobo temporal lobo occipital e encoberto pelos lobos frontal parietal e temporal encontramos o lobo insular 106 Diferentemente do cérebro a medula possui a substância cinzenta centralmente e a substância branca perifericamente Essa conformação é explicada pela sua função que serve de ligação entre o encéfalo e o sistema nervoso periférico sendo assim os ramos axonais tendem a ficar periféricos em relação aos corpos neuronais Figura 611 Estrutura da medula espinal Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 65 Sistema Nervoso Periférico Assim como o sistema nervoso central este sistema é composto por neurônios contudo sua organização é diferente e engloba receptores sensitivos nervos estrutura composta por axônios bainhas de mielina e tecido conjuntivo gânglios que são estruturas formadas pelos corpos celulares dos neurônios que compõe os nervos e plexos nervosos sendo a via de comunicação do sistema nervoso central com o corpo e viceversa Os receptores nervosos podem ser classificados quanto A Localização a Exteroceptores sensíveis a estímulos de fora do corpo 107 b Interceptores também conhecidos como viceroceptores recebendo estímulos das vísceras c Propceptores situados nos músculos esqueléticos tendões articulações e ligamentos B Tipo de estímulo a Mecanorreceptores respondem a estímulos como toque pressão e estiramento b Barorreceptores monitoram a pressão arterial c Termorreceptores respondem a alterações de temperatura d Quimiorreceptores respondem a moléculas como por exemplo resposta gustativa e Fotorreceptores respondem aos estímulos luminosos f Nociceptores respondem a estímulos de dor Temos dois grandes grupos de nervos que compõe este sistema classificados de acordo com sua origem Aqueles que são originados do encéfalo são classificados como nervos cranianos e os originários da medula são os nervos espinais Temos doze pares de nervos cranianos classificados por números romanos e nomes onde os números se referem à ordem em que estão posicionados e os nomes indicam a estrutura inervada ou sua função desta forma temos I nervo olfatório II nervo óptico III nervo oculomotor IV nervo troclear V nervo trigêmeo VI nervo abducente VII nervo facial VIII nervo vestíbulococlear IX nervo glossofaríngeo X nervo vago XI nervo acessório e XII nervo hipoglosso Figura 612 108 Figura 612 Posição dos nervos cranianos Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Temos trinta e um pares de nervos espinais que são agrupados da seguinte forma 8 pares cervicais 12 pares torácicos 5 pares lombares 5 pares sacrais e 1 par coccígeo 109 Figura 613 Esquema de origem dos nervos espinais Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 REFERÊNCIAS KOPFMAIER P WolfHeidegger Atlas de Anatomia Humana 6ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 MOORE K L DALLEY A F AGUR A M R Anatomia orientada para a clínica 8ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2019 TANK P W GEST T R Atlas de Anatomia Humana 1ª ed Porto Alegre Artmed 2009 VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6ª ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013
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MORFOLOGIA HUMANA Flávio de Barros Molina e Felipe Scassi Salvador 2 SUMÁRIO 1 EMBRIOLOGIA 3 2 HISTOLOGIA DOS TECIDOS BÁSICOS 16 3 HISTOLOGIA DOS SISTEMAS 42 4 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 57 5 SISTEMA CIRCULATÓRIO RESPIRATÓRIO E DIGESTÓRIO 77 6 SISTEMAS UROGENITAL MASCULINO E FEMININO E SISTEMA NERVOSO 93 3 1 EMBRIOLOGIA Neste bloco serão apresentadas informações gerais sobre a gametogênese a fertilização e o desenvolvimento embrionário até o processo de neurulação Será dada ênfase na formação da mórula e do blastocisto e para os processos de gastrulação e de neurulação 11 Gametogênese A reprodução depende da produção dos gametas a partir de células da linhagem germinativa que ao se dividirem por meiose tornamse haploides n 23 cromossomos Durante a reprodução através da união do gameta masculino espermatozoide com o gameta feminino ovócito secundário o número diploide de cromossomos característico das células da linhagem somática 2n 46 é restabelecido A divisão por meiose é muito importante do ponto de vista evolutivo pois gera a variabilidade genética No embrião masculino células da linhagem germinativa produzem através da mitose as espermatogônias 2n que também sofrem divisões mitóticas e assim mantêm o seu número diploide As divisões na fase embrionária são encerradas e apenas na puberdade quando tem início a fase reprodutiva as espermatogônias voltam a se dividir por mitose Enquanto algumas continuam sofrendo mitoses sucessivas outras iniciam a meiose originando espermatócitos primários 2n com cromátides duplicadas Isso acontece no interior dos túbulos seminíferos dos testículos Durante a meiose cada espermatócito primário irá originar dois espermatócitos secundários n com cada cromátide duplicada Por fim cada espermatócito secundário dará origem a duas espermátides com o número haploide n necessário ao gameta GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 Resumindo a partir de uma espermatogônia 2n surgirão quatro espermátides n cada figura 11 4 Figura 11 Espermatogênese ocorrendo no interior de um túbulo seminífero Espermátides irão se desenvolver em espermatozoides n durante o processo denominado espermiogênese que ocorre próximo à luz dos túbulos seminíferos A maior parte do seu citoplasma será eliminado e uma cauda será formada para garantir ao espermatozoide a fundamental capacidade de deslocamento Cada espermatozoide apresenta as seguintes partes cabeça peça intermediária e cauda figura 12 A cabeça inclui o núcleo e o acrossomo e a peça intermediária contém uma bateria de mitocôndrias que garantirão a energia necessária para a propulsão do flagelo situado na cauda GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 Figura 12 Estrutura de um espermatozoide Espermatogênese MEIOSE I MEIOSE II Espermatócito secundário Espermatozoide Espermátide madura Espermátide jovem Espermatócito primário Espermatogônia Túbulo seminífero corte transversal 5 No embrião feminino células da linhagem germinativa produzem por mitose as ovogônias 2n que também sofrem divisões mitóticas e assim mantêm o seu número diploide Ainda na fase embrionária as ovogônias iniciarão a meiose que entretanto será interrompida após a formação do ovócito primário 2n com cromátides duplicadas para ser retomada apenas na vida adulta a partir da puberdade Então um ovócito primário produzirá um ovócito secundário n com cromátides duplicadas e o primeiro corpúsculo polar que irá se degenerar Durante a ovulação o ovócito secundário é liberado do ovário para a tuba uterina e se for fertilizado completará a meiose produzindo um óvulo n e o segundo corpúsculo polar que também irá se degenerar GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 Resumindo a partir de uma ovogônia 2n surgirão um óvulo n e dois corpúsculos polares figura 13 6 Figura 13 Ovogênese O ovócito secundário entra na tuba uterina para que a fertilização ocorra Encontrase rodeado por uma camada gelatinosa denominada zona pelúcida e por células foliculares da corona radiata figura 14 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Ovogônia Duplicação dos cromossomos Ovócito primário Meiose I Meiose II Ovócito secundário Antes do nascimento Ciclo menstrual Primeiro corpúsculo polar Fertilização Segundo Corpúsculo Polar Óvulo Ovogênese 7 Figura 14 Ovócito secundário com destaque para a Zona Pelúcida e a Corona Radiata 12 Fertilização Os espermatozoides encontrarão o ovócito secundário na porção distal da tuba uterina Parece haver uma atração química provocada por moléculas produzidas pelo ovócito Apesar de milhões de espermatozoides serem ejaculados durante a cópula poucas dezenas chegarão até essa etapa Ao encontrar o ovócito secundário o espermatozoide deve atravessar as células que formam a corona radiata e penetrar na zona pelúcida Isso é possível graças à reação acrossômica durante a qual enzimas são liberadas pelo acrossoma Na membrana do ovócito o espermatozoide encontrará receptores ligadores de espermatozoides e após se ligar a um deles ocorrerá a fusão Corona radiata Membrana plasmática Nucléolo Núcleo Citoplasma Zona pelúcida 8 das membranas celulares dos dois gametas É nesse momento que os grânulos corticais do citoplasma do ovócito liberam o seu conteúdo para o exterior da membrana Esse processo que impede que outros espermatozoides fertilizem o ovócito é denominado reação cortical figura 15 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 15 Espermatozoides durante a tentativa de fertilização de um ovócito secundário Repare que apenas um espermatozoide teve sucesso em ligarse à membrana do ovócito Apenas o núcleo do espermatozoide chega ao citoplasma do ovócito e quando isso ocorre o ovócito secundário completará a meiose Portanto é neste momento que o segundo corpúsculo polar é produzido e que o gameta feminino agora denominado óvulo tornase haploide n sem cromátides duplicadas GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 Na sequência os núcleos dos gametas se fundem criando assim o zigoto diploide 2n 9 13 Formação do blastocisto Enquanto o zigoto continua sendo conduzido pela tuba uterina em direção ao útero ele inicia uma série de divisões celulares mitóticas denominadas clivagens Sucessivamente o zigoto passa pelos estágios de 2 células 4 células 8 células e 16 células quando passa a ser denominado mórula figura 16 Esse estágio é alcançado cerca de quatro dias após a fecundação As divisões celulares continuam e a mórula até então um amontoado compacto de células começa a apresentar espaços internos cheios de líquido que se juntarão formando uma única cavidade interna Com mais de 50 células e uma ampla cavidade interna o embrião é agora denominado blastocisto GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 16 Desenvolvimento do zigoto até o estágio de blastocisto já no útero 10 Ele apresenta em um dos polos um conjunto de células que constituem o embrioblasto ou massa celular interna As demais células que delimitam a cavidade interna constituem o trofoblasto e a cavidade é denominada blastocele Como os nomes sugerem o embrioblasto formado por células tronco embrionárias dará origem ao embrião e o trofoblasto dará origem a parte da placenta figura 17 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 17 Blastocisto visto em corte para identificação do embrioblasto do trofoblasto e da blastocele Por volta do sétimonono dia após a fecundação o blastocisto libertase da zona pelúcida e entra em contato com o epitélio endometrial do útero iniciando um processo de implantação realizado através de projeções digitiformes O embrião ficará completamente implantado no endométrio sem contato com a luz uterina figura 18 GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 11 Figura 18 Blastocisto no final do processo de implantação no endométrio Antes de estar totalmente implantado no endométrio uterino o embrioblasto sofre uma diferenciação e passa a apresentar duas camadas celulares uma camada dorsal denominada epiblasto e uma camada ventral denominada hipoblasto GARCIA GARCÍA FERNÁNDEZ 2012 GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 14 Gastrulação A gastrulação é um importante processo através do qual o disco embrionário muda de bilâminar epiblasto e hipoblasto para trilâminar quando apresenta os três folhetos germinativos ectoderme mesoderme e endoderme figura 19 Esse processo tem início na terceira semana de vida intrauterina Durante esse período também ocorre a formação da notocorda figura 110 a partir de células mesodérmicas Este será o primeiro bastão longitudinal de sustentação do embrião que posteriormente será quase totalmente substituído pela coluna vertebral O embrião agora apresenta uma 12 simetria bilateral com os eixos crânio caudal e direitoesquerdo definidos GILBERT BARRESI 2019 SADAVA et al 2020 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 19 Gástrula em corte para observação do arquêntero tubo digestório embrionário da ectoderme células em rosa e roxo da mesoderme células em amarelo e azul e da endoderme células em verde Ao final da terceira semana de vida intrauterina o embrião já apresenta uma forma tubular Isso acontece como consequência das subdivisões sofridas pelas células dos três folhetos germinativos A partir das células da ectoderme mesoderme e endoderme serão formados todos os tecidos e órgãos do corpo Esse é o início do processo conhecido como organogênese GILBERT BARRESI 2019 JUNQUEIRA et al 2018 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 15 Neurulação Outro evento marcante do desenvolvimento embrionário é o processo de neurulação durante o qual é formado o tubo neural posicionado dorsalmente em relação à notocorda figura 110 Esse processo ocorre a partir do dobramento da placa neural estrutura de origem ectodérmica que havia se formado durante a gastrulação no 18º 13 dia de vida intrauterina GILBERT BARRESI 2019 SADLER 2019 SCHOENWOLF et al 2016 Figura 110 Embrião observado em corte logo após o processo de neurulação Observase o intestino origem endodérmica o celoma e a notocorda origem mesodérmica e o tubo neural origem ectodérmica A neurulação ocorre na quarta semana de vida intrauterina e o tubo neural formado sofrerá diferenciação crânio caudal com um encéfalo primitivo na região cranial e uma medula espinal se alongando em direção à região caudal Desde muito cedo é possível diferenciar a subdivisão do encéfalo em prosencéfalo mesencéfalo e rombencéfalo figura 111 SILVERTHORN 2017 TORTORA DERRICKSON 2019 14 Figura 111 Embrião sendo possível observar a diferenciação do encéfalo REFERÊNCIAS GARCIA S M L GARCÍA FERNÁNDEZ C Org Embriologia Porto Alegre Artmed 2012 GILBERT S F BARRESI M J F Biologia do desenvolvimento Trad Catarina de Moura Elias de Freitas et al Porto Alegre Artmed 2019 JUNQUEIRA L C U CARNEIRO J ABRAHAMSOHN P Histologia básica texto e atlas Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 SADAVA D HELLER H C HILLIS D M HACKER S D Vida a ciência da biologia v 3 Forma e função de plantas e animais Trad Ardala Catzfuss et al Porto Alegre Artmed 2020 SADLER TW L Embriologia Médica In Revista Estela Bevilacqua Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2019 SCHOENWOLF G C BLEYL S B BRAUER P R FRANCISWEST P H L Embriologia Humana Trad Adriano Zuza e Alcir Fernandes Rio de Janeiro Elsevier 2016 15 SILVERTHORN D U Fisiologia Humana uma abordagem integrada Trad Adriane Belló Klein et al Porto Alegre Artmed 2017 TORTORA G J DERRICKSON B Princípios de Anatomia e Fisiologia Trad Ana C C Botelho et al Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 2019 16 2 HISTOLOGIA DOS TECIDOS BÁSICOS Neste bloco serão apresentadas informações gerais sobre biologia celular e serão discutidas as principais características dos tecidos epitelial de revestimento epitelial glandular conjuntivo adiposo cartilaginoso ósseo nervoso e muscular 21 Introdução ao estudo das células Todo tecido orgânico é formado por células e matriz extracelular portanto vamos dedicar um espaço para destacar alguns aspectos básicos das células humanas Duas partes se destacam o citoplasma contido pela membrana plasmática e o núcleo que como em toda célula eucarionte é delimitado pelo envoltório nuclear A membrana plasmática é fundamental como uma barreira seletiva através da qual apenas algumas substâncias podem entrar e outras podem sair Devido a essa seletividade o meio intracelular pode manterse diferenciado do meio extracelular Ela é constituída por uma camada dupla de lipídios que também inclui proteínas e carboidratos figura 21 e permite que a célula cresça sofra divisão celular e em alguns casos mude de forma Tratase de uma estrutura bastante ativa JUNQUEIRA CARNEIRO 2012 JUNQUEIRA et al 2018 MELO 2018 17 Figura 21 Detalhe estrutural da membrana plasmática O meio no qual as células estão inseridas contém muita informação e cabe à membrana plasmática receber e interpretar esses sinais extracelulares e através de um processo chamado transdução gerar os sinais intracelulares correspondentes Vale mencionar ainda que ela pode apresentar alterações que garantem o aumento da sua superfície como no caso das microvilosidades das células absortivas intestinais e que permitem maior comunicação entre duas células junções comunicantes um aumento da adesão entre duas células junções aderentes e desmossomos ou que impeçam a comunicação entre diferentes células junções de oclusão figura 22 JUNQUEIRA CARNEIRO 2012 JUNQUEIRA et al 2018 MELO 2018 YOUNG et al 2007 18 Figura 22 Células absortivas intestinais enterócitos Repare nas microvilosidades das superfícies apicais e nos desmossomos das superfícies laterais O citoplasma apresenta diversas organelas e uma matriz denominada citosol formada por água íons aminoácidos enzimas diversas e um citoesqueleto Este pode ser caracterizado como um emaranhado de microfilamentos de actina filamentos intermediários e microtúbulos de tubulina que se estendem da membrana plasmática até o núcleo Figura 23 Os componentes do citoesqueleto interagem entre si e com proteínas acessórias exemplo miosina e graças à capacidade de despolimerizar e polimerizar novamente o citoesqueleto garante a transição que ocorre no citoplasma entre os estados sol e gel Entre as várias funções do citoesqueleto estão o suporte para as junções intercelulares a sustentação da membrana plasmática e a organização citoplasmática possibilitando o transporte interno de vesículas a movimentação de organelas e o controle da forma da célula JUNQUEIRA CARNEIRO 2012 JUNQUEIRA et al 2018 MELO 2018 19 Figura 23 Detalhes do citoesqueleto Repare nos microfilamentos de actina nos filamentos intermediários e nos microtúbulos As organelas existentes no citoplasma são fundamentais para a realização das reações metabólicas que sustentam a vida As mitocôndrias podem ser consideradas as provedoras de energia uma vez que garantem a liberação da energia contida nos alimentos e o seu armazenamento eficiente em moléculas de ATP adenosina trifosfato Os ribossomos o retículo endoplasmático e o complexo de Golgi participam da síntese e da secreção de diversas moléculas sendo que os ribossomos são capazes de decodificar a ordem dos aminoácidos que irão compor determinada proteína Essa ordem é definida no núcleo através da formação do RNAm ácido ribonucleico mensageiro que será transferido para o citoplasma figura 24 Além de comandar todos os processos que ocorrem na célula o núcleo também armazena o DNA ácido desoxirribonucleico JUNQUEIRA CARNEIRO 2012 JUNQUEIRA et al 2018 MELO 2018 20 Figura 24 Estrutura básica de uma célula humana Repare nas diversas organelas existentes 22 Tecido epitelial Tecidos são formados por células e pela matriz extracelular As células envolvidas desempenham uma mesma função ou funções complementares A matriz extracelular apresenta fibras proteicas como as colágenas e elásticas e substância fundamental amorfa basicamente proteoglicanos glicosaminoglicanos e glicoproteínas multiadesivas Há uma continuidade física entre as células e a matriz extracelular que garante a coordenação de uma resposta única por parte do tecido Existem quatro tipos básicos de tecidos no organismo tecido epitelial tecido conjuntivo sensu lato tecido nervoso e tecido muscular JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 O tecido epitelial pode ser de revestimento e glandular O primeiro é encontrado revestindo a superfície externa do corpo epiderme revestindo superfícies externas de órgãos internos mesotélios e revestindo cavidades tubos e ductos do corpo 21 mesotélios epitélio das mucosas endotélios As principais funções são proteção revestimento transporte transcelular de moléculas absorção de íonsmoléculas secreção percepção de estímulos e distensibilidade Originase de cada um dos três folhetos germinativos Tratase de um tecido avascular que se caracteriza pela presença de pouca matriz extracelular e pelas inúmeras junções intercelulares apresentadas pelas suas células Especializações da superfície apical como cílios microvilos e estereocílios podem ser observadas em algumas células GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 O tecido epitelial de revestimento apoiase sobre uma lâmina basal e é classificado considerandose o número de camadas de células e o formato dessas células Existem epitélios simples uma camada e estratificados mais de uma camada Considerase ainda um epitélio pseudoestratificado que embora apresente uma única camada de células parece possuir mais de uma camada devido ao posicionamento dos núcleos celulares em diferentes alturas Quanto à forma das células o epitélio de revestimento pode ser pavimentoso cúbico e colunar também denominado cilíndrico ou prismático O tecido epitelial estratificado pavimentoso pode ser ou não queratinizado É interessante mencionar que este tipo de epitélio contém células com formato tanto colunar como pavimentoso conforme a sua posição no tecido sendo que a forma a dar nome ao tecido é aquela da camada celular mais externa a pavimentosa Além disso considerase o tecido epitelial pseudoestratificado colunar e o tecido epitelial estratificado de transição exemplo na bexiga figura 25 cujas células mudam de forma conforme o órgão sofre maior ou menor distensão JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 OVALLE NAHIRNEY 2014 O tecido epitelial glandular forma as glândulas exócrinas que liberam a sua secreção através de um ducto excretor e as glândulas endócrinas que liberam a sua secreção na corrente sanguínea figura 26 GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 22 Figura 25 Tipos de tecidos epiteliais de revestimento Figura 26 Diferenças estruturais entre glândula exócrina e glândula endócrina 23 As glândulas endócrinas podem ser classificadas em cordonais ou foliculares dependendo do formato das células secretoras As glândulas exócrinas podem ser simples ou compostas dependendo de o ducto ser ou não ramificado Também podem ser classificadas em tubulosas ou alveolares conforme a forma da porção secretora figura 27 Algumas glândulas são mistas ou seja tubuloalveolares GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 Figura 27 a Glândula exócrina simples alveolar 24 Figura 27 b Glândula exócrina simples tubular 23 Tecido conjuntivo propriamente dito e tecido adiposo O tecido conjuntivo lato sensu inclui basicamente os tecidos conjuntivos propriamente ditos adiposo cartilaginoso e ósseo Falaremos aqui sobre os dois primeiros O tecido conjuntivo pode ser encontrado adjacente ao tecido epitelial de revestimento por exemplo derme lâmina própria das mucosas nas túnicas submucosas e serosasadventícias estruturando órgãos diversos estroma organizando músculos e nervos envolvendo ossos e cartilagens e formando ligamentos e tendões Uma de suas funções é a de sustentação estrutural Como é um tecido vascularizado é fundamental para permitir às células de outros tecidos a troca de gases a nutrição e a eliminação de resíduos metabólicos Além disso garante a defesa imunológica e a cicatrização JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 O tecido conjuntivo é de origem mesodérmica e apresenta muita matriz extracelular A célula típica desse tecido é o fibroblasto denominado fibrócito quando é pouco ativo Ocorrem também mastócitos macrófagos e plasmócitos figura 28 Esse tecido pode ser classificado em conjuntivo frouxo conjuntivo denso não modelado e conjuntivo 25 denso modelado JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 Figura 28 Tecido conjuntivo Repare nas células nas fibras e nos vasos sanguíneos O tecido conjuntivo frouxo possui na matriz extracelular um arranjo aleatório e um pouco frouxo de fibras de colágeno tipos I e II e de fibras elásticas figura 29 O tecido conjuntivo denso tem como características principais a predominância de fibras de colágeno I e uma menor quantidade de células As fibras de colágeno podem ou não apresentar uma organização em feixes paralelos No tecido conjuntivo denso modelado esse paralelismo que inclui a disposição dos fibroblastos é observado figura 210 Já no tecido conjuntivo denso não modelado o que se observa é uma trama de fibras orientadas de forma tridimensional sem direções definidas figura 211 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 26 Figura 29 Tecido conjuntivo frouxo Repare na grande quantidade de núcleos de fibroblastos estruturas ovaladas coradas em azul e nas fibras dispostas de forma aparentemente aleatória Figura 210 Tecido conjuntivo denso modelado tendão Repare na menor quantidade de núcleos de fibroblastos estruturas alongadas coradas em azul e nas fibras dispostas rigorosamente em paralelo 27 Figura 211 Tecido conjuntivo denso não modelado derme Repare na menor quantidade de núcleos de fibroblastos estruturas alongadas coradas em azul e nas fibras dispostas sem direção definida O tecido adiposo pode ser dividido em tecido adiposo multilocular ou pardo e tecido adiposo unilocular ou amarelo O primeiro é característico do embrião e do recém nascido sendo encontrado basicamente próximo às cinturas peitoral e pélvica É um tecido com distribuição muito restrita nos adultos uma vez que não há produção após o nascimento Esse tecido é fundamental para os recémnascidos já que é termogênico ou seja produz o calor necessário para a termorregulação Apresenta adipócitos multiloculares figura 212 células que apresentam inúmeras mitocôndrias e muitas pequenas gotas de lipídios triglicerídeos Assim como os fibroblastos do tecido conjuntivo os adipócitos também se desenvolvem a partir de células do mesênquima embrionário ou seja têm origem mesodérmica GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 28 Figura 212 Tecido adiposo multilocular Repare na posição central do núcleo dos adipócitos e nas inúmeras gotas de lipídios espalhadas no citoplasma Como mencionado anteriormente nos adultos quase todo o tecido adiposo existente é do tipo unilocular Apresentase principalmente na forma de gordura subcutânea no panículo adiposo e de gordura visceral Sua distribuição pelo corpo é sexualmente dimórfica Além de fornecer energia e de garantir o isolamento térmico tão necessário a um animal endotérmico é considerado importante para modelar as superfícies corporais e preencher os espaços entre órgãos e tecidos Em regiões como as superfícies palmar e plantar absorve choques mecânicos e finalmente deve ser lembrada a sua função de produzir e secretar hormônios exemplo leptina Ao contrário dos adipócitos do tecido adiposo multilocular os adipócitos uniloculares apresentam poucas mitocôndrias e uma única gota lipídica que mantém o núcleo em posição periférica figura 213 Sua origem também é mesodérmica A matriz extracelular é escassa nos dois tipos de tecido adiposo e ambos recebem vasos 29 sanguíneos e nervos através de septos de tecido conjuntivo GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 213 Tecido adiposo unilocular Repare na posição periférica do núcleo dos adipócitos e na enorme gota de lipídio que ocupa quase todo o citoplasma 24 Tecido cartilaginoso e tecido ósseo O tecido cartilaginoso é rígido e maleável e está presente por exemplo nas fossas nasais no pavilhão auditivo e conduto auditivo externo na laringe traqueia e brônquios na extremidade ventral das costelas nos discos epifisários e superfícies articulares dos ossos longos nos discos intervertebrais e na sínfise pubiana Entre as suas principais funções é importante destacar o suporte de tecidos moles a absorção de choques mecânicos a minimização de atrito e a formação embrionária e crescimento dos ossos longos JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 30 É um tecido de origem mesodérmica em que os condroblastos se originam a partir de células mesenquimais Condroblastos por sua vez irão se transformar em condrócitos células que permanecem no interior de lacunas situadas na extensa matriz extracelular Esta que representa até 95 do tecido é formada por fibras de colágeno ou por uma combinação de fibras de colágeno e fibras elásticas e por substância fundamental amorfa onde predominam ácido hialurônico condronectina e agrecam Os condroblastos produzem a matriz extracelular e como consequência acabam presos em lacunas espalhadas pela matriz Ao se transformarem em condrócitos podem sofrer mitose originando grupos isogênicos clones e se ocupam da manutenção da matriz cartilaginosa JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 O tecido cartilaginoso também é avascular e precisa estar próximo ao tecido conjuntivo que como já mencionado traz consigo vasos sanguíneos e linfáticos além de nervos Por isso quase todas as cartilagens são revestidas pelo pericôndrio uma camada de tecido conjuntivo denso não modelado A grande concentração de água de solvatação presente na matriz extracelular até 80 garante que gases nutrientes e resíduos metabólicos sejam transportados por difusão através da matriz cartilaginosa Existem três tipos de tecido cartilaginoso sendo o mais comum a cartilagem hialina Apresenta grande predominância de fibras de colágeno II e muitos grupos isógenos de condrócitos O pericôndrio está presente figura 214 exceto na cartilagem hialina articular JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 31 Figura 214 Traqueia vista em corte transversal Da direita para a esquerda observase a túnica mucosa com epitélio de revestimento pseudoestratificado colunar ciliado lâmina própria e glândulas seromucosas o pericôndrio a cartilagem hialina com grupos isógenos de condrócitos o pericôndrio e a túnica adventícia A cartilagem elástica é mais flexível pois além das fibras de colágeno II apresenta também muitas fibras elásticas Aqui os condrócitos não formam grupos isógenos figura 215 Todas as cartilagens elásticas possuem pericôndrio JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 32 Figura 215 Cartilagem elástica da epiglote As fibras elásticas podem ser observadas em vermelho Ao contrário destas as cartilagens fibrosas ou fibrocartilagens não apresentam pericôndrio Os condrócitos formam grupos isogênicos em fileiras isoladas por matriz extracelular figura 216 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 216 Cartilagem fibrosa Condrócitos podem ser observados em fileiras separadas por fibras colágenas 33 O esqueleto do corpo humano é formado pelo tecido ósseo Esse tecido também dá suporte para tecidos moles além de proteger órgãos vitais por exemplo cérebro formar sistemas de alavancas para o trabalho dos músculos armazenar íons exemplo cálcio abrigar a medula óssea e absorver substâncias nocivas por exemplo metais pesados É mais um dos muitos tecidos de origem mesodérmica com células formadas a partir de células mesenquimais indiferenciadas Delas surgem as células osteoprogenitoras que dão origem aos osteoblastos GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 Osteoblastos produzem a extensa matriz extracelular orgânica osteoide e participam da sua mineralização Como consequência terminam aprisionados em lacunas sendo então denominados osteócitos Como a matriz óssea calcificada cristais de hidroxiapatita não possibilita a difusão de substâncias que precisam circular entre osteócitos e osteoblastos as lacunas são interligadas por canalículos que permitem que essas células mantenham junções comunicantes entre si Osteócitos participam da manutenção da matriz óssea Como o tecido ósseo sofre com frequência remodelação existe uma célula chamada osteoclasto que pode reabsorver a matriz óssea É uma célula móvel gigante com vários núcleos formada a partir da união de alguns monócitos figura 217 Portanto pertence à linhagem hematopoiética GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 34 Figura 217 Trabécula de tecido ósseo primário em vermelho no centro da figura com alguns osteócitos em suas lacunas A grande célula multinucleada apoiada na superfície superior da trabécula é um osteoclasto Por ser um tecido avascular é envolvido interna e externamente por tecido conjuntivo respectivamente o endósteo e o periósteo Inicialmente todo tecido ósseo produzido é do tipo primário não lamelar figura 217 Posteriormente quase todo tecido ósseo primário é absorvido pelos osteoclastos e substituído pelo tipo secundário com lamelas incluindo as concêntricas que formam os ósteons ou sistemas de Havers No seu interior o osso lamelar é perfurado pelos canais de Havers figura 218 e pelos canais de Volkmann que permitem a passagem dos vasos sanguíneos que se distribuem entre o periósteo e o endósteo GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 ROSS PAWLINA 2018 35 Figura 218 Corte transversal de osso secundário No centro são observados três canais de Havers circundados por lamelas concêntricas Diversas pequenas lacunas de osteócitos e canalículos intercomunicantes são visíveis 25 Tecido nervoso e tecido muscular O tecido nervoso forma as estruturas do sistema nervoso central encéfalo e medula espinal e do sistema nervoso periférico nervos e gânglios nervosos Informações vindas dos meios externo e interno são recebidas e processadas pelas células nervosas que também participam da organizaçãocoordenação das funções motoras viscerais endócrinas e psíquicas da manutenção da homeostase e da execução dos padrões comportamentais O tecido nervoso é de origem ectodérmica JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 As células nervosas ou neurônios apresentam um corpo celular pericário um grande prolongamento com ramificações terminais axônio e diversos prolongamentos menores e ramificados dendritos figura 219 Geralmente são os dendritos que recebem informações de outras células ou do meio ambiente e esse estímulo segue sempre através do axônio JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 36 Figura 219 Partes constituintes de um neurônio típico com indicação da direção seguida pelo impulso nervoso A propagação do estímulo depende das alterações que ocorrem na diferença de potencial elétrico entre as superfícies interna e externa da membrana celular Para passar de uma célula para outra a informação tem de atravessar uma fenda sináptica o que pode ocorrer através de sinalização química efetuada por neurotransmissores sinapse química ou por sinalização elétrica realizada pela passagem de íons através de junções comunicantes sinapse elétrica Como já mencionado as sinapses mais comuns ocorrem entre o axônio e um dendrito sinapse axodendrítica Podem ocorrer também entre o axônio e o pericárdio sinapse axossomática e entre dois axônios sinapse axoaxônica JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 Neurônios podem ser classificados quanto à forma em multipolares um axônio e vários dendritos bipolares um axônio e um dendrito e pseudounipolares um prolongamento que bifurca em um axônio e um dendrito Quanto à função dividem se em neurônios sensitivos neurônios motores e interneurônios O tecido conjuntivo está presente em conexão com o tecido nervoso envolvendo as fibras nervosas endoneuro os feixes nervosos perineuro e os grandes nervos epineuro Além dos neurônios o tecido nervoso apresenta as células da glia ou neuroglia cerca de dez para cada neurônio e muito pouca matriz extracelular O SNC possui quatro tipos de 37 células da glia astrócitos oligodendrócitos micróglias e células ependimárias O SNP possui apenas dois tipos células satélites figura 220 e células de Schwann JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 Figura 220 Corte transversal de um gânglio nervoso A imagem mostra alguns neurônios células grandes com núcleo claro e nucléolo escuro rodeados por diversas células satélites núcleos escuros O tecido muscular está presente em praticamente todo o corpo Além de participar da manutenção da forma e da sustentação corporal é fundamental para a locomoção o bombeamento do sangue a digestão mecânica e a produção de calor Sua origem é mesodérmica Células ou fibras musculares formam três tipos de tecido muscular O mais abundante é o tecido muscular estriado esquelético Seu controle é voluntário e permite contrações vigorosas rápidas e descontínuas É formado por células muito longas cilíndricas e com mais de um núcleo alongado situado em posição periférica Fibras fascículos e músculos são envoltos por uma capa de tecido conjuntivo respectivamente endomísio perimísio e epimísio As estriações transversais observadas são devidas aos sarcômeros regiões onde os miofilamentos de actina deslizam sobre os miofilamentos de miosina FIGURA 221 garantido assim a 38 capacidade de contração muscular JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 221 Corte longitudinal de fibras de tecido muscular estriado esquelético Além do padrão estriado vários núcleos periféricos podem ser observados O tecido muscular estriado cardíaco de controle involuntário garante contrações vigorosas rápidas e contínuas Suas células cilíndricas são razoavelmente longas e apresentam ramificações Os núcleos um ou dois têm posição central Uma característica específica é a presença de discos intercalares figura 222 um conjunto de complexos juncionais com junções comunicantes de adesão e desmossomos JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 39 Figura 222 Corte longitudinal de fibras de tecido muscular estriado cardíaco As células apresentam ramificações e núcleos centrais Discos intercalares indicam a localização dos complexos juncionais O terceiro tipo é o tecido muscular liso de controle involuntário As contrações fracas lentas e descontínuas são executadas por células fusiformes com um núcleo central figura 223 e uma rede entrelaçada de miofilamentos de actina e miosina portanto não há sarcômeros JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 40 Figura 223 Corte longitudinal de fibras de tecido muscular liso Cada célula apresenta um longo núcleo central REFERÊNCIAS GARTNER L P HIATT J L Histologia essencial Trad Cláudia Coana et al Rio de Janeiro Elsevier 2012 JUNQUEIRA L C U CARNEIRO J Biologia celular e molecular Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2012 JUNQUEIRA L C U CARNEIRO J ABRAHAMSOHN P Histologia básica texto e atlas Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 KIERSZENBAUM A L TRES L L Histologia e biologia celular uma introdução à patologia Trad Alexandre Bezerra Conde Figueiredo et al Rio de Janeiro Elsevier 2016 41 LOWE J S ANDERSON P G Stevens Lowe Histologia humana Trad Marcella de Melo Silva et al Rio de Janeiro Elsevier 2016 MELO R C N Células microscopia princípios e práticas Barueri Minha Editora 2018 OVALLE W K NAHIRNEY P C Netter histologia essencial Trad Marcelo Narciso Rio de Janeiro Elsevier 2014 ROSS M H PAWLINA W Histologia texto e atlas Trad Beatriz Araújo et al Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 YOUNG B LOWE J S STEVENS A HEATH J W Wheater Histologia funcional texto e atlas em cores Trad Nilson Clóvis de Souza Pontes et al Rio de Janeiro Elsevier 2007 42 3 HISTOLOGIA DOS SISTEMAS Neste bloco serão apresentadas informações gerais sobre os principais órgãos e sistemas do corpo sobre sua composição a partir de uma combinação variada de tecidos orgânicos e sobre o seu funcionamento perfeitamente coordenado 31 Sistema circulatório Os principais constituintes do sistema circulatório são o coração e os vasos sanguíneos e linfáticos distribuídos por todo o corpo Enquanto os vasos sanguíneos transportam nutrientes resíduos metabólicos gases e hormônios os vasos linfáticos transportam a linfa O coração é a bomba que impulsiona a circulação do sanguelinfa O coração dos mamíferos apresenta dois átrios e dois ventrículos estando o lado direito relacionado à recepção do sangue venoso pobre em O2 e ao seu envio aos pulmões e o lado esquerdo à recepção do sangue oxigenado e ao seu envio às regiões superiores e posteriores do corpo Existem três túnicas sendo a mais interna o endocárdio formado por endotélio que se assenta sobre uma camada de tecido conjuntivo A túnica intermediária miocárdio é basicamente muscular e circunda as câmaras cardíacas Tratase da musculatura estriada cardíaca de contração rítmica e involuntária observada na figura 222 A túnica mais externa que abriga os vasos sanguíneos e os nervos relacionados ao coração é a do epicárdio formada por um mesotélio apoiado sobre uma camada formada por tecido conjuntivo e adipócitos O coração está localizado na cavidade pericárdica e é envolto por tecido adiposo GARTNER HIATT 2012 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 SILVERTHORN 2017 O sangue com oxigênio é bombeado pelo ventrículo esquerdo sendo conduzido para os tecidos corporais pelas artérias que durante o seu trajeto sofrem ramificações e apresentam um calibre cada vez menor As arteríolas são contínuas aos finos capilares e é através da parede destes que ocorre muito intercâmbio entre o sangue e os demais tecidos Também em contato com os capilares só que do lado oposto das arteríolas 43 estão as vênulas pequenos vasos que iniciam um trajeto através do qual vasos cada vez maiores as veias transportam gás carbônico de volta para o coração GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 ROSS PAWLINA 2018 SILVERTHORN 2017 Geralmente os vasos sanguíneos apresentam três túnicas A mais interna túnica íntima é formada por endotélio assentado sobre a lâmina basal e tecido conjuntivo frouxo Células musculares lisas podem estar presente Em artérias observase ainda uma lâmina elástica interna Camadas concêntricas de musculatura lisa representam a maior parte da túnica média que também pode apresentar lâminas elásticas A túnica mais externa adventícia é composta por tecido conjuntivo frouxo com muito colágeno I e fibras elásticas Os capilares devido ao seu diminuto tamanho são formados por um endotélio que se assenta sobre a lâmina basal figura 31 GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 31 Estrutura de artérias veias e capilares 44 Ao contrário dos vasos sanguíneos os vasos linfáticos permitem a circulação da linfa um filtrado do líquido intersticial somente em direção ao coração caracterizando um fluxo unidirecional Eles se iniciam em capilares com fundo cego e formam vasos maiores que terminam no ducto torácico e no ducto linfático direito Ambos desembocam na confluência das veias subclávias e jugulares internas Os capilares são formados por células endoteliais apoiadas em uma lâmina basal incompleta Os grandes vasos linfáticos apresentam paredes semelhantes às das veias LOWE ANDERSON 2016 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 32 Sistema respiratório Para um bom entendimento do sistema respiratório é importante considerar a existência de uma parte condutora de ar e de uma parte respiratória onde ocorrem as trocas gasosas A parte condutora se inicia nas fossas nasais e continua através da nasofaringe da laringe da traqueia dos brônquios dos bronquíolos e dos bronquíolos terminais Na sequência estão os componentes da parte respiratória bronquíolos respiratórios ductos alveolares e alvéolos A parte condutora em geral é revestida internamente por um epitélio pseudoestratificado colunar ciliado com abundância de células colunares ciliadas e de células caliciformes secretoras de muco figura 32 O muco produzido serve para aprisionar boa parte da poeira e dos microorganismos que entram com o ar inalado e o batimento sincronizado e constante dos cílios em direção à faringe impede que esse material alcance as partes respiratórias GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 45 Figura 32 Epitélio de revestimento pseudoestratificado colunar ciliado da traqueia Destaque para as células ciliadas e células caliciformes Laringe traqueia e brônquios apresentam cartilagens que garantem que o lúmen esteja sempre aberto Na laringe as cartilagens são dos tipos hialino e elástico na traqueia e nos brônquios a cartilagem é hialina Na traqueia e nos brônquios a mucosa epitélio lâmina própria é revestida pela submucosa de tecido conjuntivo pela camada cartilaginosa e por último por uma adventícia também de tecido conjuntivo O tecido epitelial nos bronquíolos sofre uma transição conforme o diâmetro luminal diminui de pseudoestratificado colunar ciliado para simples colunar ciliado Nos bronquíolos terminais o epitélio é simples cuboide com células ciliadas intercaladas com células de clara secretoras de um agente tensoativo Externamente ao tecido conjuntivo existem fibras musculares lisas A situação é mais ou menos a mesma nos bronquíolos respiratórios mas nos ductos alveolares o epitélio varia entre simples cuboide e simples pavimentoso Nos alvéolos a separação do ar em relação ao sangue em um capilar é feita por uma fina barreira que permite a difusão dos gases o citoplasma de uma célula epitelial pavimentosa a sua lâmina basal a lâmina basal do capilar e o citoplasma da célula endotelial GARTNER HIATT 2012 JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 46 33 Sistema digestório O sistema digestório dividese em um tubo digestório com cerca de 9 metros de comprimento e alguns órgãos anexos A cavidade oral representa a abertura de entrada sendo seguida pela orofaringe esôfago estômago intestino delgado e intestino grosso A mucosa oral é revestida por epitélio estratificado pavimentoso com ou sem queratina dependendo de sua função ser mastigatória ou gustativa O epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado continua na orofaringe A partir do esôfago o tubo é revestido por quatro túnicas mucosa submucosa muscular externa e serosa figura 33 JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 Figura 33 Túnicas que compõem o tubo digestório mucosa submucosa muscular externa e serosa A mais interna túnica mucosa apresenta um epitélio uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo que pode apresentar glândulas e tecido linfático e uma camada longitudinal de músculo liso a muscular da mucosa Na túnica submucosa está localizado o plexo nervoso submucoso ou de Meissner e eventualmente glândulas e tecido linfático Duas camadas de músculos lisos caracterizam a túnica muscular externa uma camada circular mais interna e outra longitudinal mais externa Entre as duas camadas musculares há tecido conjuntivo que garante a presença do plexo 47 nervoso mioentérico ou de Auerbach Finalmente o tubo é forrado pela túnica serosa formada por tecido conjuntivo frouxo e por epitélio simples pavimentoso mesotélio JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 O epitélio de revestimento da túnica mucosa muda de estratificado pavimentoso não queratinizado no esôfago para simples colunar a partir do estômago Apenas no canal anal o epitélio voltará a ser estratificado Como o intestino delgado é um importante local de absorção e de secreção sua superfície interna é aumentada através da existência de pregas vilos criptas e microvilos nos enterócitos figura 34 Criptas também estão presentes no estômago e no intestino grosso JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 Figura 34 Vilosidades na mucosa do intestino delgado e microvilos na superfície apical dos enterócitos 48 O tecido epitelial glandular é observado na mucosa do esôfago do estômago do intestino delgado e do intestino grosso estando envolto pelo tecido conjuntivo da lâmina própria Em parte do esôfago são encontradas as glândulas esofágicas da cárdia produtoras de muco No estômago desembocando nas criptas gástricas são observadas as glândulas da cárdia que produzem principalmente muco e lisozima as glândulas fúndicas que produzem principalmente muco lisozima íons de H íons de Cl pepsinogênio e lipase e as glândulas pilóricas que produzem principalmente muco e lisozima No intestino delgado as glândulas ou criptas de Lieberkühn produzem principalmente muco lisozima enteroquinase dipeptidases e dissacaridases figura 35 No intestino grosso as criptas intestinais são ricas em células caliciformes produtoras de muco JUNQUEIRA et al 2018 KIERSZENBAUM TRES 2016 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 Figura 35 Corte longitudinal do jejuno mostrando vilosidades e criptas de Lieberkühn na mucosa Na túnica submucosa glândulas são observadas no esôfago glândulas produtoras de muco e lisozima e no duodeno glândulas de Brünner produtoras de muco alcalino 49 Na submucosa do íleo grandes nódulos linfáticos formam as placas de Peyer que atravessam a muscular da mucosa e se estendem na lâmina própria Na túnica muscular externa do esôfago existem algumas fibras de musculatura estriada esquelética de controle voluntário A muscular externa do estômago conta com a adição de uma camada mais interna formada por fibras musculares lisas oblíquas Na porção torácica do esôfago a serosa é substituída por uma adventícia apenas tecido conjuntivo frouxo JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 O sistema digestório conta ainda com órgãos anexos glândulas salivares pâncreas fígado e vesícula biliar As glândulas parótidas submandibulares e sublinguais apresentam um parênquima formado por ácinos serosos eou túbulos mucosos e seus ductos cuja estrutura é organizada por um estroma formado por septos e por uma cápsula de tecido conjuntivo frouxo O parênquima pancreático é formado na sua parte exócrina por ácinos ductos e as características células centroacinosas Ilhotas de Langerhans compõem a porção endócrina figura 36 Cápsula e septos de tecido conjuntivo frouxo constituem o estroma No fígado os hepatócitos adotam disposição cordonal entre canalículos biliares e capilares sinusoides JUNQUEIRA et al 2018 LOWE ANDERSON 2016 YOUNG et al 2007 Figura 36 Corte do pâncreas mostrando o seu parênquima Ao centro observase uma ilhota de Langerhans circundada por ácinos e ductos pancreáticos 50 34 Sistemas urinário e genital Uma cápsula de tecido conjuntivo denso envolve o parênquima renal composto por uma zona medular circundada por uma zona cortical O parênquima contém milhares de néfrons corpúsculo renal túbulo contorcido proximal alça de Henle túbulo contorcido distal e de túbulos coletores estruturas que compõem o túbulo urinífero Cada corpúsculo renal é constituído por uma cápsula renal que envolve um glomérulo renal formado por um capilar enovelado ligado a uma arteríola aferente e uma eferente figura 37 Dois folhetos formam a cápsula renal O externo está constituído por um epitélio simples pavimentoso sua lâmina basal e algumas fibras reticulares O folheto interno está representado por podócitos células que ao manterem contato com a lâmina basal do capilar glomerular criam as fendas de filtração JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 Figura 37 Parênquima renal em corte transversal mostrando dois corpúsculos renais e diversos túbulos contorcidos É possível observar as células pavimentosas do folheto externo da cápsula renal 51 Os túbulos contorcidos proximal e distal são forrados por epitélio simples cúbico com microvilos nas células dos túbulos proximais Já os cálices a pelve o ureter e a bexiga possuem um epitélio estratificado de transição necessário para sofrer a distensão quando essas estruturas estiverem repletas de urina O tecido conjuntivo da lâmina própria varia de frouxo a denso e é envolto por musculatura lisa e por uma adventícia A uretra nas mulheres apresenta epitélio estratificado pavimentoso que em certas áreas é substituído por epitélio pseudoestratificado colunar Nos homens a porção da uretra relacionada à próstata possui epitélio de transição Nas demais porções observase tanto epitélio pseudoestratificado colunar como estratificado pavimentoso JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 O testículo é envolto pela túnica albugínea de tecido conjuntivo denso e é dividido em lóbulos por diversos septos No interior de cada lóbulo encontramse os túbulos seminíferos cobertos por tecido conjuntivo frouxo bastante vascularizado e com muitas células mioides e células de Leydig Células de dois tipos dispostas em camadas formam a parede de um túbulo seminífero figura 38 São as células da linhagem espermatogênica que produzirão os espermatozoides e as células de Sertoli com seu característico formato triangular Os ductos intratesticulares são revestidos por epitélio simples cúbico e nos ductos eferentes algumas células são ciliadas Nos ductos extratesticulares o epitélio muda para pseudoestratificado colunar com células providas de estereocílios A lâmina própria do ducto deferente apresenta muitas fibras elásticas e a musculatura lisa que a envolve possui três camadas sendo a mediana circular JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 52 Figura 38 Corte transversal de um túbulo seminífero No interior destacamse as células da linhagem germinativa No exterior destacamse as células de Leydig O ovário é revestido por epitélio simples pavimentoso ou cuboidal que se assenta sobre a túnica albugínea tecido conjuntivo denso Abaixo desta o ovário é formado por uma região cortical e uma região medular mais interna ambas formadas por tecido conjuntivo A região cortical abriga os folículos ovarianos ovócito células foliculares enquanto a região medular abriga vasos sanguíneos figura 39 As tubas uterinas apresentam parede constituída por três camadas Epitélio simples colunar com células ciliadas e células secretoras e lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo compõem a mucosa Esta é recoberta por duas camadas de musculatura lisa uma interna circular ou em espiral e outra externa longitudinal que é revestida pela túnica serosa JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 53 Figura 39 Região cortical do ovário mostrando um folículo primário ovócito envolto por duas camadas de células foliculares imerso em tecido conjuntivo A mucosa que reveste a cavidade uterina é denominada endométrio É formada por tecido epitelial simples colunar também composto de células ciliadas e de células secretoras assentado sobre lâmina própria formada por tecido conjuntivo rico em fibras de colágeno III e com muitas glândulas tubulares A porção da mucosa voltada para a cavidade uterina sofre alterações significativas durante o ciclo menstrual sendo por isso denominada camada funcional A camada basal não sofre tais alterações Uma espessa camada de musculatura lisa denominada miométrio envolve o endométrio É formada por quatro camadas de fibras musculares lisas intercaladas por tecido conjuntivo que permite a intensa vascularização necessária O aumento do miométrio durante a gravidez ocorre por hipertrofia e por hiperplasia das fibras musculares e observase ainda a produção de novas fibras de colágeno Externamente o útero apresenta tanto regiões cobertas por uma serosa como regiões cobertas por uma adventícia Três camadas formam a parede vaginal uma mucosa com epitélio estratificado pavimentoso e com lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo rico em 54 fibras elásticas uma túnica muscular com fibras lisas longitudinais e circulares e uma túnica adventícia JUNQUEIRA et al 2018 OVALLE NAHIRNEY 2014 ROSS PAWLINA 2018 35 Sistema nervoso Observase no cérebro no cerebelo e na medula espinal uma divisão entre a chamada substância cinzenta e a substância branca Na substância cinzenta estão concentrados os pericários dendritos e partes iniciais não mielinizadas dos axônios além de algumas células da glia Ela predomina no córtex cerebral compondo seis camadas interconectadas no córtex cerebelar compondo três camadas figura 310 e no interior da medula espinal A substância branca predomina nas porções centrais do cérebro e do cerebelo e na parte externa da medula espinal É formada basicamente pelos axônios e pelas células que garantem a sua mielinização os oligodendrócitos Vale destacar que imersos na substância branca do cérebro existem pericários e dendritos compondo núcleos de substância cinzenta por exemplo núcleos da base GARTNER HIATT 2012 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 Figura 310 Córtex cerebelar visto em corte para observação das três camadas de substância cinzenta 55 Os grandes neurônios observados no centro da figura são as células de Purkinje que formam a camada central Acima está a camada molecular ocupada principalmente pelos dendritos das células de Purkinje e abaixo está a camada granulosa com inúmeros neurônios de pequeno tamanho No canto inferior direito da imagem observase região de substância branca A distribuição observada no Sistema Nervoso Periférico entre pericários e axônios é bastante diferente daquela do Sistema Nervoso Central Os axônios e as células de Schwann que garantem a sua mielinização formam feixes de fibras nervosas que são envoltas por tecido conjuntivo constituindo assim os nervos e as suas capas denominadas endoneuro perineuro e epineuro Os pericários e dendritos formam os gânglios figura 220 envoltos por uma cápsula de tecido conjuntivo GARTNER HIATT 2012 LOWE ANDERSON 2016 ROSS PAWLINA 2018 REFERÊNCIAS GARTNER L P HIATT J L Histologia essencial Trad Cláudia Coana et al Rio de Janeiro Elsevier 2012 JUNQUEIRA L C U CARNEIRO J ABRAHAMSOHN P Histologia básica texto e atlas Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 KIERSZENBAUM A L TRES L L Histologia e biologia celular uma introdução à patologia Trad Alexandre Bezerra Conde Figueiredo et al Rio de Janeiro Elsevier 2016 LOWE J S ANDERSON P G Stevens Lowe Histologia humana Trad Marcella de Melo Silva et al Rio de Janeiro Elsevier 2016 OVALLE W K NAHIRNEY P C Netter histologia essencial Trad Marcelo Narciso Rio de Janeiro Elsevier 2014 56 ROSS M H PAWLINA W Histologia texto e atlas Trad Beatriz Araújo et al Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2018 SILVERTHORN D U Fisiologia Humana uma abordagem integrada Trad Adriane Belló Klein et al Porto Alegre Artmed 2017 YOUNG B LOWE J S STEVENS A HEATH J W Histologia funcional texto e atlas em cores Trad Nilson Clóvis de Souza Pontes et al Rio de Janeiro Elsevier 2007 57 4 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO O Sistema Musculoesquelético também conhecido como Sistema Locomotor é composto pelos sistemas Esquelético Articular e Muscular sendo responsável pela movimentação do corpo humano orientado pelo sistema nervoso Temos como objetivo entender os aspectos gerais destes sistemas bem como seus principais componentes e sua interação facilitando o entendimento dos processos de deambulação podendo ser aplicado no ensino infantil e fazer uma correlação com futuros estudos dentro dos processos de deambulação de outros animais 41 Planos de referência e posição anatômica Antes de começarmos os estudos do sistema locomotor devemos entender alguns conceitos básicos a respeito da organização do corpo humano e como o dividimos Ao nos referirmos a nosso organismo normalmente pensamos nas estruturas que são visíveis a olho nu como olhos nariz pele boca dedos etc Contudo ao estudarmos outras áreas da Ciência Biológica como Biologia Molecular Bioquímica Citologia e Histologia podemos constatar que nosso organismo possui uma organização muito menor do que podemos ver a olho nu Sendo assim nosso corpo é organizado em níveis estruturais que garantem a sua funcionalidade começando com átomos que se unem dando origem a moléculas e macromoléculas que atuam realizando reações químicas dentro de uma organela que está presente no interior de uma célula As células por sua vez produzem mais substâncias formando um ambiente propício para sua funcionalidade dando origem aos tecidos biológicos que unidos em camadas dão origem aos órgãos e quando atuam em conjunto são a origem dos sistemas que unidos formam o nosso organismo Assim no estudo da morfologia observamos as estruturas que compõe o corpo em seus aspectos histológicos e anatômicos e para tal precisamos dividir o corpo em planos e eixos 58 Este conceito serve para que possamos nos orientar em planos de referência direção e posição das estruturas anatômicas sendo assim temos três planos fundamentais de referência Figura 41 a plano sagital divide o corpo em partes direita e esquerda b plano coronal ou frontal divide o corpo em partes frontal anterior e dorsal posterior c plano transversal divide o corpo em região superior e inferior Figura 41 Divisão do corpo humano em planos Sagital Coronal e Transversal Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed pg 33 São Paulo Manole 2003 59 Mas para podermos utilizar essas divisões feitas pelos planos temos que ter em mente que o corpo precisa estar em posição anatômica na qual encontramos o corpo ereto com os pés paralelos entre si com os olhos voltados para frente braços ao lado do corpo com as palmas das mãos voltadas para frente e os dedos apontados para baixo Com esses planos podemos utilizar termos de direção para facilitar o entendimento da posição das estruturas em relação ao corpo como podemos ver na tabela abaixo Tabela 41 Assim quando observamos um corpo ou órgão peça anatômica em posição anatômica seus lados são inversos ao observador ou seja o lado esquerdo da peça anatômica se encontra do lado direito do observador por exemplo na imagem abaixo Figura 42 o lado direito do coração está posicionado ao lado esquerdo do leitor Isso ocorre pois a peça está sendo observada de frente e os lados do observador ficam invertidos aos da peça Sendo assim sempre que tiver dúvida quanto ao posicionamento lateral tente se imaginar na posição da peça para saber seu posicionamento Figura 42 Posicionamento anatômico de um coração em corte coronal Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 60 Tabela 41 Termos de direção para o corpo humano Termo Definição Exemplo Superior cranial cefálico Mais próximo da cabeça para cima O tórax é superior ao abdome Inferior caudal Mais afastado da cabeça para baixo As pernas são inferiores ao tronco Anterior ventral Mais próximo da frente do corpo O umbigo está no lado anterior do corpo Posterior dorsal Mais próximo do dorso do corpo Os rins são posteriores ao intestino Medial Mais próximo da linha mediana do corpo O coração é medial aos pulmões Lateral Mais afastado da linha mediana do corpo As orelhas são laterais ao nariz Interno profundo Mais afastado da superfície do corpo O encéfalo é interno ao crânio Externo superficial Mais próximo da superfície do corpo A pele é externa aos músculos Proximal Mais próximo do tronco do corpo O joelho é proximal ao pé Distal Mais afastado do tronco do corpo A mão é distal ao cotovelo Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed pg 36 São Paulo Manole 2003 42 Sistema Esquelético Esqueleto Axial Nosso organismo é sustentado por um sistema conhecido como Sistema Esquelético composto por 206 ossos em um adulto Quando nascemos muitos ossos não possuem suas partes totalmente fundidas para facilitar o parto sendo assim em um recém nascido RN encontramos exatamente 270 ossos 61 Antes de vermos os principais ossos que formam nosso corpo precisamos entender que os ossos são classificados de acordo com seu formato Figura 43 sendo assim temos 1 Ossos Longos comprimento é maior que a largura funcionam como alavanca membros superiores e inferiores e possuem no interior de sua parte longa uma região para armazenar e proteger a medula óssea conhecido como canal medular 2 Ossos Curtos tem forma próxima a um cubo e transferem as forças de movimento ossos do punho e tornozelo 3 Ossos Planos superfície larga com função de inserção de um músculo ou proteção de um órgão ossos do crânio costelas e ossos do cíngulo superior 4 Ossos Irregulares formas e superfícies variadas permitindo inserções musculares variadas e articulações vértebras e alguns ossos do crânio O tecido ósseo pode se organizar de duas formas macroscopicamente dando origem a dois tipos de tecidos A Tecido ósseo esponjoso tecido poroso encontrado mais profundamente no osso Composto por pequenas trabéculas sendo altamente vascularizado e proporcionando formas grandes com pouco peso B Tecido ósseo compacto tecido lamelar encontrado nas superfícies ósseas Sendo muito denso e duro 62 Figura 43 Classificação dos ossos Para facilitar nosso estudo o esqueleto é dividido em Esqueleto Axial que forma o eixo central do corpo e o Esqueleto Apendicular que é composto pelos membros ligados ao eixo central Desta maneira encontramos as seguintes estruturas formando o esqueleto axial 1 Crânio composto pelos ossos do crânio que originam a caixa encefálica e ossos da face que dão sustentação aos olhos nariz e originam o arcabouço ósseo da cavidade oral Figura 45 2 Ossículos da audição três pequenos ossos presentes na orelha média e que servem para transmitir impulsos sonoros figura 45 3 Osso hióide Sustenta a língua e auxilia na deglutição sendo encontrado abaixo da mandíbula e acima da laringe figura 45 4 Coluna Vertebral e Caixa torácica A coluna é composta por 26 ossos isolados separados por um disco de cartilagem fibrosa conhecido como disco 63 intervertebral já a caixa torácica é composta pelo esterno e por doze pares de costelas sendo os pares superiores conhecidos como costelas verdadeiras pois se fixam diretamente ao esterno os cinco pares inferiores são conhecidos como costelas falsas pois ou se ligam indiretamente ao esterno os três primeiros pares ou não se ligam a esse osso dois últimos pares sendo estas últimas conhecidas como costelas flutuantes Figura 46 64 Figura 44 Ossos do crânio e da face Fonte Pixabay Disponível em httpsbitly307RPYm e httpsbitly2HwsaCi Acesso em 25 set 2020 65 Figura 45 Imagem A esquerda ossos do ouvido Imagem B Direita Osso hioide Figura 46 A Coluna vertebral Dividida em 5 regiões Cervical C1 C7 Torácica T1 T12 Lombar L1L5 sacro e cóccix B Caixa torácica e seus 12 pares de costelas Costelas verdadeiras par I ao VII Costelas Falsas par VIII ao XII sendo XI e XII costelas flutuantes Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 66 43 Sistema Esquelético Esqueleto Apendicular Formado pelos membros superiores e inferiores e seus cíngulos que são as regiões de ligação entre os membros e o esqueleto axial Cíngulo do membro superior Figura 47 Formado pelas clavículas direita e esquerda e escápulas direita e esquerda Por ter ligação direta com o esqueleto axial apenas pela região anterior clavícula e esterno não é considerado um cíngulo completo Pela falta de fixação posterior permite uma grande amplitude de movimento além de servir como área de inserção para diversos músculos que movimentam a articulação do ombro O membro superior é dividido em Figura 47 1 Braço estendese o ombro até o cotovelo tendo um único osso o úmero 2 Antebraço formado pelos ossos ulna no lado medial e rádio no lado lateral estendendose do cotovelo ao punho 3 Mão composta pelos oito ossos do carpo punho cinco ossos metacarpais formando o metacarpo região de palmadorso e os quatorze ossos das falanges dedos Cíngulo do membro inferior Figura 48 Formado pelos ossos do quadril que estão ligados a coluna no osso sacro na região posterior e encontramse unidos entre si na região anterior pela sínfise púbica Estes ossos são originados pela fusão de outros três ossos após nosso nascimento o ílio o ísquio e o púbis que apesar de se fundirem completamente após os 25 anos já estão ligados suficientemente fortes para nos estabilizarem por volta dos 10 aos 18 meses de idade Suporta todo o peso do corpo e protege vísceras como a bexiga urinária e em mulheres grávidas protege o feto A região formada pelos ossos do quadril sacro e cóccix é denominada pelve 67 O membro inferior é dividido em Figura 48 4 Coxa estendese do quadril até o joelho tendo um único osso o fêmur Na articulação do joelho encontramos um osso sesamoide que lembra o formato de uma semente de gergelim conhecido como patela 5 Perna formado pelos ossos tíbia e fíbula estendendose do joelho ao tornozelo 6 Pé composto pelos sete ossos do tarso tornozelo e calcanhar cinco ossos do metatarsais formando o metatarso região de plantardorso e os quatorze ossos das falanges dedos 68 Figura 47 Membro superior Cíngulo Escápula e Clavícula Braço Úmero Antebraço Rádio e Ulna Mão Ossos do Carpo Ossos do Metacarpo e Falanges Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Adaptado 69 Figura 48 Membro inferior Cíngulo Osso do quadril Coxa Fêmur Joelho Patela Perna Tíbia e Fíbula Pé Ossos do Tardo Ossos do Metatarso e Falanges Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Adaptado 70 44 Sistema articular As articulações fazem parte do sistema esquelético contudo as articulações são de extrema importância pois permitem o movimento entre os ossos e sua estrutura determinará a amplitude e a direção do movimento realizado Assim as articulações são classificadas de duas formas quanto a função e a estrutura 1 Classificação funcional nesta classificação vemos o quanto de movimento a articulação proporciona A Sinartrose articulações consideradas imóveis ou com movimentos imperceptíveis B Anfiartrose articulações nas quais ocorrem movimentos pequenos sem grande deslocamento entre os ossos C Diartrose articulações com grande capacidade de movimento 2 Classificação estrutural nesta classificação analisamos como os ossos estão ligados para formar a articulação A Articulações fibrosas neste grupo a união entre os ossos ocorre por um tecido conjuntivo fibroso e encontramos três tipos de articulações neste grupo Figura 49 a Suturas articulação que corre entre os ossos do crânio possuem uma quantidade mínima de tecido entre as placas ósseas e lembra uma costura Faz parte do grupo das sinartroses b Sindesmose O tecido fibroso que conecta os ossos nessa articulação também denominados ligamentos são mais longos do que nas suturas o que permite uma certa movimentação São consideradas articulações anfiartrose 71 c Gonfoses Articulação entre dentes e alvéolos dentários havendo um encaixe O ligamento entre eles é conhecido como periodonto São classificados como anfiartrose B Articulações cartilagíneas nesta classe a união entre os ossos é feita através de cartilagens e encontramos dois tipos de articulações neste grupo Figura 410 a Sincondroses ligação feita com cartilagem hialina sendo uma articulação do grupo das sinartroses b Sínfise ligação feita com fibrocartilagens o que permite uma ligeira movimentação sendo do grupo das anfiartroses C Articulações sinoviais Nesta classe temos as articulações mais móveis do nosso corpo os ossos não estão unidos diretamente e um líquido garante a diminuição de atrito e a movimentação dos ossos conhecida como sinóvia Nas faces dos ossos que participam dessa articulação encontramos um revestimento de cartilagem hialina conhecida como cartilagem articular que diminui ainda mais o atrito entre os ossos Esta articulação é delimitada por um tecido fibroso conhecido como cápsula articular que também é responsável pela produção da sinóvia e por fim para evitar movimentos não desejados entre os ossos temos os ligamentos compostos por tecido conjuntivo fibroso e que lembram pequenos cordões Figura 411 72 Figura 49 Articulações fibrosas a Sutura b Sindesmose c Gonfose Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 Adaptado Figura 410 Articulações cartilagíneas a Sínfise b Sincondrose Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Adaptado 73 Figura 411 Articulação sinovial vista posterior da articulação do joelho Fonte KOPFMAIER P WolfHeidegger Atlas de Anatomia Humana 6 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 Adaptado 45 Sistema muscular Este sistema é composto por 600 músculos esqueléticos diferentes sendo cada um considerado um órgão diferente pois são constituídos por tecido muscular tecido conjuntivo e tecido nervoso separadamente um dos outros Sabemos que a função do músculo é a movimentação corporal porém ele não exerce apenas essa função As outras duas funções são produção de calor através do metabolismo muscular ocorre a liberação de calor e sustentação do corpo e postura onde alguns músculos atuam contra a força gravitacional mesmo quando pensamos estar relaxados muitos destes músculos estão atuando Para que possam realizar suas funções de movimentação e sustentação os músculos esqueléticos precisam estar fixados nos ossos através de suas extremidades A estrutura que realiza essa fixação são os tendões um tecido conjuntivo fibroso que 74 está intimamente relacionado com os tecidos conjuntivos que envolvem as fibras musculares O músculo possui duas ligações uma mais curta que denominamos origem e uma mais longa que denominamos inserção assim quando realizamos a contração ela ocorre no sentido da origem encurtando a inserção fazendo com que o osso onde foi feita a inserção se movimente Figura 412 Figura 412 Esquema de contração muscular Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Um músculo estriado é formado por diversas fibras musculares que nada mais são que as células deste músculo As fibras se organizam em feixes e os feixes formam o músculo e este conjunto é unido por tecido conjuntivo endomísio perimísio e epimísio Contudo existe um tecido conjuntivo que liga o músculo à pele conhecido como fáscia muscular Os músculos podem ser classificados de acordo com a disposição das fibras sendo elas paralelas convergentes esfinctéricas ou peniformes 75 1 Músculo Paralelo Músculos com grande amplitude de contração e possuem boa resistência para contração São divididos em dois grupos os músculos fusiformes que possuem a região central ventre ampliado e em forma de fita fibras paralelas Figura 413 Exemplo Músculo sartório 2 Músculo Convergente Músculo com fibras que convergem na região do tendão lembrando um leque Possui força maior que o músculo paralelo Figura 413 Exemplo Músculo Peitoral 3 Músculo Esfinctérico Músculo com fibras concêntricas em um orifício ou seja suas fibras formam um anel muscular entorno de um orifício Figura 413 Exemplo Orbicular da boca 4 Músculo Peniforme Músculo com fibras dispostas de forma a parecer uma pena de ave São de extrema destreza e amplitude curta porém se cansam rapidamente São subdivididos em semipeniforme peniforme e multipeniforme Figura 413 Exemplos Músculos extensor longos dos dedos reto femoral e deltoide Figura 413 Tipos de músculo Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado a Paralelo músculo retoabdominal b Convergente peitoral maior c Esfinctérico músculo obicular do olho d Semipeniforme músculo extensor longo dos dedos e Peniforme músculo reto femural f multipenifrme músculo deltoide 76 REFERÊNCIAS KOPFMAIER P WolfHeidegger Atlas de Anatomia Humana 6ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 MOORE K L DALLEY A F AGUR A M R Anatomia orientada para a clínica 8ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2019 TANK P W GEST TR Atlas de Anatomia Humana 1ª ed Porto Alegre Artmed 2009 VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6ª ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 77 5 SISTEMA CIRCULATÓRIO RESPIRATÓRIO E DIGESTÓRIO Neste bloco veremos o sistema respiratório e circulatório que estão ligados intrinsicamente e o sistema digestório que utiliza o sistema circulatório para distribuir os nutrientes absorvidos por ele 51 Sistema Circulatório O sistema circulatório é de suma importância para que as células de seres pluricelulares mais complexos sejam supridas de nutrientes e oxigênio visto que em seres unicelulares e multicelulares menos complexos alguns helmintos por exemplo somente o processo de difusão de nutrientes do meio extracelular para o meio intracelular é suficiente para nutrir o indivíduo Nosso sistema circulatório é composto pelo sistema cardiovascular e pelo sistema linfático Cada um desses sistemas possui suas próprias características que serão descritas a seguir O sistema cardiovascular é composto por uma rede de vasos denominados vasos sanguíneos que serão discutidos mais adiante e um órgão com capacidade de bombeamento do sangue conhecido como coração Figura 51 O sistema linfático é composto pela rede de vasos linfáticos que são paralelos aos vasos do sistema cardiovascular Este sistema não possui órgão de bombeamento contudo nas regiões onde os vasos de menor calibre se encontram para formar um de maior calibre encontramos pequenos órgãos que fazem parte do sistema de defesa de nosso organismo os linfonodos também conhecidos como nodos linfáticos Figura 51 78 Figura 51 Sistemas circulatórios Esquerda Sistema Cardiovascular direita Sistema Linfático O coração é um órgão formado por três camadas epicárdio miocárdio e endocárdio O epicárdio é composto por um tecido conjuntivo fino revestido por tecido epitelial o miocárdio é a camada mais espessa e a funcional do coração composta por um tecido muscular específico conhecido como músculo estriado cardíaco com características histológicas próprias que já foram vistas anteriormente O endocárdio é composto por tecido endotelial epitelial que reveste o interior do coração e vasos sanguíneos Este órgão possui quatro cavidades internas o átrio direito que se comunica com o ventrículo direito e o átrio esquerdo que se comunica com o ventrículo esquerdo e estas cavidades servem para bombear o sangue Figura 52 Sendo assim o sangue chega do corpo para o coração no átrio direito é bombeado para o ventrículo direito e então para os pulmões Quando o sangue retorna dos pulmões para o coração ele chega no átrio esquerdo sendo bombeado para o ventrículo esquerdo e então é bombeado para o corpo Entre os átrios e ventrículos existe uma estrutura conhecida 79 como valvas cardíacas que impedem o retorno do sangue dos ventrículos para os átrios quando o coração estiver bombeando o sangue para fora A valva do lado direito é conhecida por dois nomes atrioventricular direita ou tricúspide pois possui três cúspides de tecido fibroso já a do lado esquerdo é conhecida por três nomes atrioventricular direta mitral ou bicúspide constituída por duas cúspides figura 53 Figura 52 Coração em posição anatômica em corte coronal com as regiões anatômicas apontadas mas em destaque por negrito estão as cavidades cardíacas Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 80 Figura 53 Valvas atrioventriculares corte transverso entre átrios e ventrículos Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado As valvas se fecham pois quando o coração comprime os ventrículos cria uma pressão que empurra as cúspides em direção aos átrios e devido a presença do tecido conjuntivo em formato de pequenos cordões travam as cúspides em posição fechada 52 Sistema Circulatório Artérias e veias Os vasos sanguíneos formam uma rede em nosso organismo contudo há três tipos de vasos sanguíneos Figura 54 em nosso organismo dependendo da função que irão desempenhar As artérias são os vasos que levam o sangue do coração para o corpo e pulmões Esses vasos são compostos por três camadas conhecidas como túnica adventícia externa túnica média e túnica íntima interna a túnica mais espessa é a média pois esses vasos recebem a pressão do sangue quando ele sai do coração e são responsáveis por parte da manutenção desta pressão 81 Conforme o diâmetro calibre vai diminuindo a espessura da parede também diminui até que em um determinado momento as artérias de menor calibre também conhecidas como arteríolas dão origem aos capilares os vasos com o menor calibre do nosso organismo compostos por uma parede fina de endotélio tecido que compõe a túnica íntima dos vasos Devido a essa característica os capilares permitem a saída de água com nutrientes e do oxigênio para os tecidos Da mesma forma que os capilares são contínuos as arteríolas e as vênulas são contínuas aos capilares Esses vasos também são conhecidos como veias de pequeno calibre e vão aumentando seu calibre conforme se aproximam do coração inversamente proporcional as artérias As veias também são vasos sanguíneos compostos por três túnicas contudo sua túnica média é menos espessa que a das artérias É responsável pelo retorno venoso do sangue contudo o sangue nas veias não possui pressão sendo assim em seu interior encontramos válvulas que auxiliam o retorno do sangue para o coração 82 Figura 54 Estrutura dos vasos sanguíneos Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Desta maneira formamos duas circulações em nosso organismo a circulação pulmonar também conhecida como pequena circulação e a circulação sistêmica conhecida também como grande circulação Como o nome diz elas nunca param e ocorrem concomitantemente A circulação pulmonar dá início com a chegada do sangue rico em gás carbônico no coração através das veias cava inferior corpo e superior cabeça e membros superiores Já sabemos que esse sangue entra pelo átrio direito e então é bombeado para o ventrículo direito que então sai do coração em direção aos pulmões pela artéria tronco pulmonar que se ramifica em artérias pulmonares direita e esquerda Assim o sangue é oxigenado no pulmão e retorna ao coração pelas veias pulmonares 83 que encontramse ligadas ao átrio esquerdo que bombeia o sangue para o ventrículo esquerdo e este para o corpo através da artéria aorta e após oxigenar todo o corpo retorna para o coração pelas veias cava superior e inferior no átrio direito Figura 55 Figura 55 Esquema das circulações sistêmica ventrículo esquerdo artéria aorta corpo veias cavas sup e inf átrio direito ventrículo direito e pulmonar ventrículo direito artéria tronco pulmonar artérias pulmonares dir e esq pulmões veias pulmonares dir e esq átrio esquerdo ventrículo esquerdo 53 Sistema Respiratório Como vimos no item anterior o sistema circulatório e o respiratório estão intimamente correlacionados mas quais são as estruturas que formam esse sistema Os componentes deste sistema são basicamente cavidades nasais faringe laringe traqueia brônquios bronquíolos e os pulmões onde encontramos os alvéolos pulmonares estrutura que realiza a troca gasosa no pulmão Estas estruturas são divididas em sistema respiratório superior e inferior sendo o superior composto por 84 nariz faringe e estruturas associadas e o inferior por laringe traqueia árvore brônquica pulmões e alvéolos Figura 56 Figura 56 Divisão anatômica do Sistema Respiratório Fonte MARIEB Elaine N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Na cavidade nasal encontramos as conchas nasais que são três saliências formadas pelos ossos maxila e palatino que tem como função aumentar a área de contato do ar com a mucosa nasal melhorando o aquecimento do ar e retirada de partículas aderidas no muco etapas essenciais para que não haja problemas pulmonares Alguns ossos da face são ossos pneumáticos ou seja possuem uma região oca conhecidas como Seios da face que se comunicam com o nariz para que haja maior área de contato do ar com mucosas figura 57 85 Figura 57 Esquerda Estruturas que compõe o nariz e faringe direita Posição dos Seios da Face e em quais ossos estão presentes Fonte VAN DE GRAAFF Kent Marshall Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado A Laringe é o órgão responsável por impedir que os alimentos que deglutimos entrem no sistema respiratório também é onde encontramos as pregas vocais É estruturada por placas de cartilagem formando uma estrutura mais rígida mantendo a luz da laringe aberta para que o ar possa passar Ocorre na traqueia com anéis em forma de C que permitem a passagem de ar para a arvore brônquica composta pelos brônquios e bronquíolos que possuem anéis de cartilagem completos Figura 58 86 Figura 58 Estrutura anatômica da Laringe traqueia e brônquios Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 54 Sistema Respiratório Músculos da respiração A arvore brônquica termina nos alvéolos estruturas saculares em forma de saco que são compostos por um tecido epitelial extremamente fino e que permite a troca gasosa com os vasos sanguíneos que se encontram no tecido conjuntivo adjacente aos alvéolos Esta então é a composição do pulmão arvore brônquica alvéolos tecido conjuntivo Figura 59 87 Figura 49 Estrutura pulmonar e alveolar Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Adaptado O pulmão se encontra ligado a caixa torácica através de duas membranas conhecidas como pleura A pleura parietal se encontra ligada a caixa torácica e a pleura visceral está ligada ao pulmão e entre essas pleuras encontramos o líquido pleural que permite que a tração realizada pelos músculos da respiração seja passada ao pulmão de forma que não o lesione Sendo assim para que o ar adentre os pulmões e haja a troca gasosa é necessário que ele seja expandido para que seja criada uma pressão negativa interna fazendo com que o ar entre os principais músculos responsáveis por essa ação são os músculos intercostais internos e externos e o diafragma Figura 510 Eles expandem a caixa torácica tracionando a pleura parietal distanciandoa levemente da visceral isso faz com que o líquido pleural gere uma pressão negativa 88 puxando levemente a pleura visceral e consequentemente tracionando o pulmão e fazendo com que ele expanda Porém para que haja a expiração normal basta relaxar os músculos da inspiração pois o pulmão contém muitas fibras elásticas e retorna à posição inicial gerando uma pressão maior dentro do pulmão do que fora do pulmão jogando assim o ar para fora Contudo quando fazemos uma expiração forçada forçamos o ar com força para fora utilizamos alguns músculos que são músculos intercostais internos oblíquo externo do abdômen oblíquo interno do abdômen transverso do abdômen e reto abdominal Figura 510 Figura 510 músculos atuantes na inspiração esquerda e expiração forçada direita Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado 89 55 Sistema Digestório Apesar deste sistema não ser correlacionado diretamente com o sistema respiratório eles possuem alguns órgãos em comum porém possui uma relação mais significativa com o sistema circulatório pois os nutrientes são absorvidos pelo sistema digestório e enviados pelo organismo através do sistema circulatório O sistema digestório é composto por cavidade oral faringe esôfago estômago duodeno intestino delgado e intestino grosso contudo temos anexos do sistema digestório que são dentes glândulas salivares fígado vesícula biliar e pâncreas Figura 511 Figura 511 Estruturas que formam o sistema digestório Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 90 A grande parte destes órgãos estão presentes na cavidade abdominal e pélvica cavidade abdominopélvica sendo sustentados no abdômen por um tecido membranoso conhecido como peritônio O mesentério é uma membrana serosa ou seja possui a capacidade de produzir líquido seroso que lubrifica a superfície visceral dos órgãos diminuindo o atrito entre eles A partir do esôfago os órgãos do sistema digestório possuem quatro camadas teciduais a Mucosa b Submucosa c Muscular d Serosa Figura 512 Cada uma dessas camadas possui uma função específica onde a mucosa e submucosa estão voltadas para digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes a camada muscular formada por músculo liso com exceção do esôfago que possui uma região específica composta por músculo estriado esquelético sendo responsável pela movimentação do bolo alimentar pelos órgãos movimento este conhecido como peristáltico Figura 513 A camada serosa é constituída por um tecido conjuntivo frouxo e epitelial simples e faz parte do peritônio sendo o peritônio visceral Figura 512 Constituintes das camadas que formam os órgãos do sistema digestório Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 91 Figura 513 Movimento Peristáltico Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 As estruturas anexas auxiliam no processo de digestão Processo este que se inicia na boca com a mastigação misturando o alimento com a saliva A saliva é produzida pelas glândulas salivares sendo elas as glândulas parótidas submandibulares e sublingual A saliva tem papel importante no início da digestão quebrando alguns açúcares amido O bolo alimentar formado é então deglutido e transferido para o estômago passando pela faringe e esôfago No estômago ocorre a liberação de sucos gástricos ricos em ácido clorídrico e enzimas com função de quebra de proteínas conhecidas como pepsina Após este processo o alimento será transferido para o duodeno órgão este que dá início ao intestino No duodeno são liberados a bile pela vesícula biliar responsável pelo armazenamento deste fluido que é produzido pelo fígado e pelo suco pancreático produzido e liberado pelo pâncreas Este órgão também é responsável pela produção de um hormônio conhecido como insulina responsável pela entrada de glicose nas células consequentemente controle da concentração de glicose no sangue glicemia Estas secreções são importantes pois alcalinizam o pH do alimento que proveio do estômago ácido e são responsáveis pela quebra de outros macronutrientes como lipídeos carboidratos e proteínas Após o duodeno o alimento é conduzido pelo intestino delgado que é subdividido em jejuno e íleo mas tem a função de absorção destes nutrientes 92 O interior do intestino conhecido como lúmen intestinal é repleto de dobras conhecidas como vilosidades que aumentam a área de contato da mucosa com o alimento Continuando o trajeto o alimento segue para o intestino grosso que é subdividido em cólons sendo eles cólon ceco cólon ascendente cólon transverso cólon descendente cólon sigmoide e cólon retal Nesta parte do intestino termos a absorção de água e então a transformação do alimento em bolo fecal Junto ao cólon ceco encontramos um pequeno órgão conhecido como apêndice Esta estrutura é rica em tecidos de defesa e serve como uma reserva de microbiota para nosso intestino REFERÊNCIAS KOPFMAIER P WolfHeidegger Atlas de Anatomia Humana 6ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 MOORE K L DALLEY A F AGUR A M R Anatomia orientada para a clínica 8ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2019 TANK P W GEST T R Atlas de Anatomia Humana 1ª ed Porto Alegre Artmed 2009 VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6ª ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 93 6 SISTEMAS UROGENITAL MASCULINO E FEMININO E SISTEMA NERVOSO Neste bloco discutiremos algumas peculiaridades do sistema genital masculino e feminino e sua intrínseca relação com o sistema urinário principalmente no sistema genital masculino Devido a esta relação acabamos agrupando esses sistemas de um modo mais didático como sistema urogenital Além deste sistema iremos estudar as características básicas do sistema nervoso bem como sua divisão funcional entre sistema nervoso central SNC e sistema nervoso periférico SNP 61 Sistema Genital Masculino No geral o sistema genital não é essencial para a sobrevivência do indivíduo pois mesmo com disfunções ou má formações o indivíduo sobrevive contudo ele é essencial para a sobrevivência da espécie Diferentemente dos demais sistemas orgânicos o genital só se torna funcional pela ação de determinados hormônios na puberdade e é o único que possui diferenças estruturais entre o sexo masculino e feminino Suas funções são a produção de células gaméticas com metade do genoma da espécie pois o gameta masculino se fundirá com o feminino para dar origem ao embrião e produzir hormônios sexuais que geram as características sexuais do indivíduo O Sistema genital masculino pode ter suas estruturas divididas em dois grupos devido as suas bases funcionais a Órgãos sexuais primários também conhecidos como gônadas que no sistema masculino são os testículos Sua função principal é a produção dos gametas masculinos os espermatozoides e dos hormônios sexuais masculinos 94 b Órgão sexuais secundários tem como função o transporte do espermatozoide e são divididos em três categorias 1 ductos de transporte responsáveis pelo transporte e parte da maturação dos espermatozoides são eles epidídimos ductos deferentes ductos ejaculatórios e uretra 2 glândulas acessórias produzem substâncias que auxiliarão a ejaculação e a ativação dos espermatozoides são elas glândulas seminais próstata e glândulas bulbouretrais 3 órgão de cópula responsável pela liberação dos sêmen espermatozoides substâncias glandulares que é o pênis Encontramos os testículos no escroto estrutura essa semelhante a uma bolsa e encontrada abaixo do pênis As gônadas masculinas se encontram nessa estrutura pois precisam estar em uma temperatura ligeiramente abaixo da corporal para que possam funcionar Ao analisamos a formação testicular encontramos as seguintes características composto por um emaranhado de pequenos túbulos responsáveis pela produção dos espermatozoides e do hormônio sexual conhecido como testosterona contidos em compartimentos que nada mais são que prolongamentos da membrana fibrosa que reveste o testículo a túnica albugínea Figura 61 Figura 61 Estrutura dos testículos Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado 95 O epidídimo é uma estrutura alongada ligado posteriormente ao testículo Figura 61 e em seu interior ocorrem alguns processos de maturação dos espermatozoides e sua porção terminal está ligada ao ducto deferente responsável por armazenar os espermatozoides maduros principalmente em sua porção mais proximal conhecida como ampola do canal deferente Figura 62 O canal deferente se liga ao ducto ejaculatório que possui ligação com as glândulas seminais responsáveis por secretar uma substância extremamente nutritiva para os espermatozoides para que eles possam ter energia suficiente para migrar pelo útero essa secreção constitui mais de 60 do volume do sêmen Figura 62 O ducto ejaculatório se liga com a uretra ambas passando por dentro da próstata glândula que está localizada logo abaixo da bexiga urinária A próstata libera sua secreção durante o processo de ejaculação na porção da uretra que passa por ela este fluido que possui um pH alcalino protegendo os espermatozoides do pH vaginal ácido e fazendo com que sejam ativados Figura 62 Logo abaixo da próstata encontramos as glândulas bulbouretrais que liberam uma secreção viscosa que tem como finalidade neutralizar o pH da urina residual e a lubrificar a uretra para a ejaculação Figura 62 A uretra continua pela extensão do pênis que é um órgão composto por três estruturas cilíndricas compostas por tecido erétil As duas estruturas de tecido fibroso na região dorsal do pênis são denominadas corpos cavernosos já a estrutura mais ventral que envolve a uretra é conhecida como corpo esponjoso Estes tecidos lembram uma esponja e as pequenas cavernas são preenchidas com sangue quando ocorre a ereção a pressão do sangue aumenta distendendo o pênis e deixandoo rígido Na extremidade distal do pênis o corpo esponjoso dá origem a glande região ricamente enervada e quando estimulada induz a resposta para o processo de ejaculação Figura 62 96 Figura 62 Componentes do sistema genital masculino Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Adaptado 62 Sistema Genital Feminino O sistema genital feminino é mais complexo que o genital masculino pois é o responsável por abrigar o embriãofeto O sistema genital feminino também é dividido em órgãos sexuais primários e secundários Os órgãos primários as gônadas denominados ovários também são responsáveis pela produção dos gametas femininos os ovócitos e hormônios femininos estradiol estrógeno e progesterona Estes hormônios são de suma importância para que ocorram as alterações necessárias para que o corpo possa manter a gestação Diferentemente das gônadas masculinas os ovários estão localizados na parte superior da pelve lateralmente ao útero Figura 63 Os órgãos secundários são os cruciais para o sucesso da fertilização implantação gestação e parto Estes órgãos são Tubas uterinas responsáveis pelo transporte do ovócito e como local para a fecundação útero que é o órgão responsável pela alocação do embrião vagina ou canal vaginal estrutura que recebe o pênis e o sêmen 97 ejaculado e as glândulas mamárias pois sofrem influência direta da gestação fornecendo alimento para o recémnascido após o parto Figura 63 Posição do sistema genital feminino O processo de maturação do ovócito culmina com sua liberação conhecida como ovulação A região terminal da tuba uterina conhecida como infundíbulo não possui ligação fixa com o ovário porém se movimenta envolta dele e isso permite que ela capture o ovócito liberado na abertura do infundíbulo encontramos as fímbrias que são as estruturas responsáveis pela captura do óvulo Ainda na tuba mais especificamente no terço distal encontramos a ampola da tuba Figura 64 nesta região é onde ocorre a fecundação do ovócito As tubas estão ligadas ao útero órgão com forma de pera invertida composto por três camadas que são o perimétrio camada serona e faz parte do peritônio miométrio espeça camada de músculo liso responsável pelas contrações uterinas e o endométrio revestimento mucoso interno composto por duas camadas a camada funcional que é a mais superficial e composta por tecido colunar e glandular servindo como base para a implantação do blastocisto também é a camada eliminada na menstruação caso não haja fecundação e a camada basal mais profunda e altamente vascularizada serve como tecido de regeneração para a camada funcional Figura 64 98 O útero é um órgão oco e suas regiões anatômicas do útero são o fundo do útero região superior que lembra uma cúpula onde se liga as tubas corpo do útero porção mais larga região onde ocorre a implantação do blastocisto e colo do útero região inferior e mais estreita onde encontramos os óstios do útero externo voltado para a vagina e interno voltado para a cavidade uterina e o canal do colo uterino A parte externa do colo está unido com a vagina A vagina também conhecida como canal vaginal é um órgão tubular possui musculatura estriada podendo ter sua contração controlada pela mulher voluntariamente Tem como função atuar como canal do parto passagem da menorreia descamações liberadas na menstruação e recebe o pênis e o sêmenesperma após a ejaculação A abertura da vagina presente na vulva é denominada como óstio da vagina e possui uma fina membrana chamada de hímen que é rompido durante a primeira relação sexual O órgão genital externo da mulher é conhecido como vulva e é composto pelo monte púbis que é a estrutura formada por tecido adiposo recobrindo a região onde encontramos a sínfise púbica tendo como função a diminuição do impacto do coito lábios maiores do pudendo que são duas pregas longitudinais espeças compostas por tecido epitelial conjuntivo e adiposo Na puberdade iniciase o crescimento dos pelos púbicos na região esta região tem a função de proteção lábios menores do pudendo que pelo nome já demonstra que são menores que os lábios maiores e não possuem pelos A fenda longitudinal delimitada pelos lábios menores é conhecida como vestíbulo da vagina e nele encontramos o óstio da vagina e acima o óstio da uretra Na parte superior do vestíbulo na região onde os lábios menores se encontram está localizado o clitóris que é uma pequena projeção arredondada e é ricamente enervado sendo correspondente à glande do pênis 99 Figura 64 Componentes do sistema genital feminino Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Figura 65 Estruturas que compõe o órgão genital externo Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 100 63 Sistema Urinário O sistema urinário é crucial para a manutenção do funcionamento ideal do organismo pois ele é responsável por retirar os restos metabólicos do sangue que são reabsorvidos dos tecidos pelo sistema linfático para que possamos excretálos pela urina Este sistema é composto pelos rins direito e esquerdo ureteres bexiga urinária e uretra Com essa descrição podemos identificar a correlação íntima do sistema genital com o sistema urinário visto que o no sexo masculino temos a uretra sendo utilizada tanto para micção processo de urinar e ejaculação já no sexo feminino temos o óstio da uretra Figura 66 Órgãos que compõe o Sistema Urinário Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 O rim é um órgão em sua maior parte sólido possuindo duas regiões distintas o córtex renal que se encontra na região mais superficial do rim e a medula renal sendo a porção mais interna Na região medial do rim encontramos um espaço denominado seio renal que na verdade é preenchido pelos vasos e nervos renais um pouco de 101 tecido adiposo e os túbulos que irão transportar a urina formada neste órgão Figura 67 A unidade funcional do rim é denominada néfron esta é uma estrutura microscópica responsável pela filtragem do sangue e produção da urina A região de filtragem denominada glomérulo encontrase na parte cortical do rim já as regiões tubulares que realizam reabsorção de determinadas substâncias ainda úteis do filtrado se encontram principalmente na região medular Figura 67 Figura 67 Regiões renais esquerda posicionamento e estrutura do néfron direita e inferior Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 A urina formada pela passagem do filtrado pelo néfron é liberado pelos túbulos coletores nos cálices renais menores que levam para os cálices renais maiores Dos cálices passa para a pelve renal e então para o ureter 102 Assim como o rim os ureteres são retroperitoneais ou seja estão posteriores ao peritônio sendo revestidos por ele Os ureteres são órgãos tubulares com aproximadamente 25 centímetros de comprimento ligando a pelve renal até a bexiga urinária possuem uma camada de músculo liso realizando pequenos movimentos peristálticos que auxiliam no transporte da urina A bexiga é um órgão oco com uma grossa parede composta por músculo liso e com um epitélio específico para exercer sua função de armazenamento de urina que leva a distensão do órgão A região onde encontramos os óstios dos ureteres e o óstio da uretra é denominada trígono da bexiga pois forma uma área triangular Após o estímulo de micção a urina é transportada pela uretra que também é um órgão tubular mas que apresenta algumas diferenças entre os sexos pois na mulher a uretra é retilínea e tem aproximadamente 4 centímetros já no homem tem um formato em S e tem por volta de vinte centímetros de comprimento 64 Sistema Nervoso Central O sistema nervoso possui como função principal o controle do organismo orientando e coordenando suas atividades assimilando os estímulos externos e internos gerando respostas e comportamentos instintivos Devido às diferenças anatômicas e funcionais o sistema nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central SNC e Sistema Nervoso Periférico SNP As células funcionais do sistema nervoso são os neurônios que possuem a capacidade de irritabilidade ou seja conseguem ser ativadas facilmente por estímulos físicos e químicos além disso possuem condutibilidade que é a capacidade de propagar o impulso nervoso gerado pelo estímulo ao longo de seu axônio e transmitilo para outra célula O sistema nervoso central é composto pelo encéfalo e pela medula espinal que estão protegidos pelo esqueleto axial sendo o encéfalo contido na caixa craniana e a medula espinal passando pelo forame vertebral além dessa proteção óssea eles são envoltos 103 por um tecido membranoso conhecido como meninge que são a duramáter aracnoidemáter e a piamáter e são banhados pelo líquido cefalorraquidiano que mantém o encéfalo flutuando dentro do crânio evitando que ele toque diretamente as paredes ou assoalho cranial evitando uma ativação deste órgão Figura 68 Não podemos confundir a medula espinal com medula óssea onde a primeira é composta por tecido nervoso e a segunda por tecido hematopoiético Figura 68 Sistema nervoso central alocado no esqueleto axial Fonte VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6 ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013 Durante o desenvolvimento embrionário do encéfalo temos determinadas regiões que dão origem a estruturas encefálicas específicas que são o cérebro que controla as atividades sensitivas o tálamo que retransmite os impulsos para o cérebro o hipotálamo que regula diversas funções como sede fome e temperatura corporal 104 hipófise regula as glândulas endócrinas do organismo cerebelo que dá a coordenação motora e equilíbrio ponte e bulbo que são centros retransmissores de impulso nervoso Figura 69 Figura 69 Estruturas que compõe o encéfalo Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Os neurônios que formam o sistema nervoso central organizamse de tal forma que formam duas regiões distintas a substância cinzenta que é composta pelos corpos dos neurônios e a substância branca formada pelos axônios tendo essa cor devido as bainhas de mielina que revestem os axônios A região superficial do encéfalo conhecida como córtex cerebral é composta pela substância cinzenta já a região abaixo do córtex é composta pela substância branca Uma estrutura muito característica do córtex cerebral é a presença de numerosas pregas conhecidas como giros cerebrais e sulcos encefálicos isto ocorre devido ao aumento rápido do córtex em relação a substância branca durante o desenvolvimento encefálico fetal O cérebro é composto por dois hemisférios cada um possuindo cinco lobos além disso são conectados internamente por uma estrutura conhecida como corpo caloso e 105 cada hemisfério contém uma cavidade conhecido como ventrículo lateral que é preenchido pelo líquido cefalorraquidiano Os lobos cerebrais são delimitados por sulcos e fissuras profundas sendo que quatro dos lobos aparecem na superfície cerebral recebendo o nome do osso craniano que está na mesma posição Sendo assim temos o lobo frontal lobo parietal lobo temporal lobo occipital e encoberto pelos lobos frontal parietal e temporal encontramos o lobo insular Figura 610 Figura 610 Lobos superficiais do encéfalo e constituição da cama de substância cinzenta e branca Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Os lobos cerebrais são delimitados por sulcos e fissuras profundas sendo que quatro dos lobos aparecem na superfície cerebral recebendo o nome do osso craniano que está na mesma posição Sendo assim temos o lobo frontal lobo parietal lobo temporal lobo occipital e encoberto pelos lobos frontal parietal e temporal encontramos o lobo insular 106 Diferentemente do cérebro a medula possui a substância cinzenta centralmente e a substância branca perifericamente Essa conformação é explicada pela sua função que serve de ligação entre o encéfalo e o sistema nervoso periférico sendo assim os ramos axonais tendem a ficar periféricos em relação aos corpos neuronais Figura 611 Estrutura da medula espinal Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 65 Sistema Nervoso Periférico Assim como o sistema nervoso central este sistema é composto por neurônios contudo sua organização é diferente e engloba receptores sensitivos nervos estrutura composta por axônios bainhas de mielina e tecido conjuntivo gânglios que são estruturas formadas pelos corpos celulares dos neurônios que compõe os nervos e plexos nervosos sendo a via de comunicação do sistema nervoso central com o corpo e viceversa Os receptores nervosos podem ser classificados quanto A Localização a Exteroceptores sensíveis a estímulos de fora do corpo 107 b Interceptores também conhecidos como viceroceptores recebendo estímulos das vísceras c Propceptores situados nos músculos esqueléticos tendões articulações e ligamentos B Tipo de estímulo a Mecanorreceptores respondem a estímulos como toque pressão e estiramento b Barorreceptores monitoram a pressão arterial c Termorreceptores respondem a alterações de temperatura d Quimiorreceptores respondem a moléculas como por exemplo resposta gustativa e Fotorreceptores respondem aos estímulos luminosos f Nociceptores respondem a estímulos de dor Temos dois grandes grupos de nervos que compõe este sistema classificados de acordo com sua origem Aqueles que são originados do encéfalo são classificados como nervos cranianos e os originários da medula são os nervos espinais Temos doze pares de nervos cranianos classificados por números romanos e nomes onde os números se referem à ordem em que estão posicionados e os nomes indicam a estrutura inervada ou sua função desta forma temos I nervo olfatório II nervo óptico III nervo oculomotor IV nervo troclear V nervo trigêmeo VI nervo abducente VII nervo facial VIII nervo vestíbulococlear IX nervo glossofaríngeo X nervo vago XI nervo acessório e XII nervo hipoglosso Figura 612 108 Figura 612 Posição dos nervos cranianos Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 Temos trinta e um pares de nervos espinais que são agrupados da seguinte forma 8 pares cervicais 12 pares torácicos 5 pares lombares 5 pares sacrais e 1 par coccígeo 109 Figura 613 Esquema de origem dos nervos espinais Fonte MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 REFERÊNCIAS KOPFMAIER P WolfHeidegger Atlas de Anatomia Humana 6ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 MARIEB E N WILHELM P B MALLAT J Anatomia humana 7ª ed São Paulo Pearson Education do Brasil 2014 MOORE K L DALLEY A F AGUR A M R Anatomia orientada para a clínica 8ª ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2019 TANK P W GEST T R Atlas de Anatomia Humana 1ª ed Porto Alegre Artmed 2009 VAN DE GRAAFF K M Anatomia humana 6ª ed São Paulo Manole 2003 reimp 2013