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Bioquímica

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Diagnóstico da função hepática Apresentação Nesta Unidade de Aprendizagem vamos trabalhar os testes bioquímicos que avaliam a função hepática O fígado é um órgão que exerce inúmeras funções no organismo portanto justifica a utilização de muitos parâmetros na avaliação laboratorial deste órgão Além disso vamos conhecer a relação entre doenças hepáticas tais como hepatites e cirrose e a alteração do perfil hepático nos pacientes Bons estudos Ao final desta Unidade de Aprendizagem você deve apresentar os seguintes aprendizados Definir quais são os principais exames de bioquímica utilizados para avaliar o dano hepático e a capacidade de síntese Interpretar os resultados do perfil hepático a partir dos valores de referência e sugerir uma hipótese diagnóstica Reconhecer a sistemática de análise e processamento das amostras para determinação das principais enzimas hepáticas Infográfico O esquema a seguir mostra os testes bioquímicos que são utilizados para a avaliar a função hepática Conteúdo do livro Para a manutenção da boa saúde é de extrema importância que se façam exames periódicos especialmente aqueles relacionados a função hepática O fígado o maior órgão interno do nosso corpo é responsável por diversas funções que vão desde a síntese da bile e de proteínas até a regulação de fatores de coagulação e metabolização de nutrientes e toxinas sendo essencial para o organismo Muitas doenças hepáticas possuem início insidioso e que avançam sem a manifestação de sintomas mas podem ser detectadas antes de gerar complicações através da dosagem de enzimas e outros marcadores bioquímicos da capacidade funcional e de síntese hepática No capítulo Diagnóstico da função hepática base teórica desta Unidade de Aprendizagem você será capaz de identificar estes biomarcadores e entender quais são as suas funções em que situações estão alterados e o quão são importantes na avaliação da função hepática Além disso irá observar os métodos de análise empregados e os cuidados que devemos ter nas dosagens desses biomarcadores Bons estudos BIOQUÍMICA CLÍNICA Francine Luciano Rahmeier OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar os principais exames de bioquímica utilizados para avaliar o dano hepático e a capacidade de síntese Interpretar os resultados do perfil hepático a partir dos valores de referência sugerindo uma hipótese diagnóstica Reconhecer a sistemática de análise e processamento das amostras para determinação das principais enzimas hepáticas Introdução Por ser responsável por grande parte do metabolismo de diversas substâncias inclusive daquelas potencialmente tóxicas para o organismo o fígado é um órgão fundamental para o bom funcionamento do corpo humano Disfunções nesse órgão podem ocasionar problemas agudos ou crônicos que afetam diretamente a qualidade de vida do paciente podendo colocálo em risco de morte Visto que várias alterações podem surgir antes mesmo do aparecimento de sintomas a função hepática deve ser frequentemente monitorada a fim de diagnosticar precocemente doenças e lesões e assim evitar que se agravem Neste capítulo explicaremos quais são os principais biomarcadores que pos sibilitam a avaliação da função hepática em quais situações esses marcadores apresentam concentraçõesatividades alteradas e como é feita a avaliação desses marcadores Diagnóstico da função hepática Biomarcadores de dano hepático O fígado é o maior órgão interno no ser humano pesa cerca de 1500 g e dividese em quatro segmentos lobos Figura 1 É responsável por diversas funções como MARTINI TIMMONS TALLITSCH 2009 SANTOS LIMA 2016 regulação do metabolismo absorção de nutrientes neutralização e remoção de toxinas da circulação sanguínea metabolização de fármacos medicamentos e xenobióticos álcool drogas e amônia síntese de ureia enzimas glicose fatores de coagulação bile proteínas carboidratos e aminoácidos armazenamento de ferro e vitaminas remoção de glóbulos vermelhos senescentes Figura 1 Divisão anatômica do fígado mostrando suas principais estruturas Fonte Martini Timmons e Tallitsch 2009 p 683 A integridade do tecido hepático é extremamente importante para que suas funções se mantenham em boas condições Dessa forma a avaliação periódica de marcadores hepáticos é necessária para monitorar o funcionamento e o metabolismo hepático a fim de rastrear alterações e lesões em estágio inicial quando ainda estão passíveis de reversão e é possível a instituição de tratamento LIMA et al 2018 De acordo com Lima et al 2018 condições agudas que afetam o fígado podem evoluir para um problema crônico caso não respondam ao tratamento ou sejam descobertas tardiamente como no caso de complicações oriundas de hepatites virais B e C abuso de álcool evoluindo para doença hepática alcoólica DHA e doença hepática gordurosa não alcoólica DHGNA todas com potencial de evoluir para o curso final da cronificação da doença hepática a cirrose hepática A alteração de algumas enzimas e marcadores bioquímicos permite avaliar a funcionalidade e a capacidade de síntese hepática além inferir a presença de lesões hepatocelulares e nas vias biliares permitindo estabelecer a extensão das injúrias e a partir desses dados estabelecer um diagnóstico o prognóstico e o tratamento LIMA et al 2018 PEDER et al 2019 Biomarcadores para a avaliação de lesão hepatocelular As células hepáticas representam a unidade funcional do fígado sendo bastante afetadas a partir do momento em que algum fator substância ou mecanismo afete sua fisiologia e estrutura iniciando um quadro de lesão hepatocelular REISNER 2016 Entre os principais eventos que ocorrem durante o processo de injúria hepatocelular podemos observar a presença de edema intracelular devido a uma disfunção no equilíbrio hidroeletrolítico fazendo haver influxo de líquido para o interior da célula aumento na taxa de apoptose celular ativação da cascata que desencadeia a morte celular programada dos hepatócitos levando à perda de um grande número de células rompimento da membrana celular gera o extravasamento do conteúdo celular que aumenta o nível de inflamação tecidual e as concentrações de enzimas e proteínas atrofia dos hepatócitos resultante da perda de proteínas e organelas como resposta adaptativa a célula se mantém viável mas pouco funcionante fibrose tecidual resposta fisiológica de regeneração do tecido substituindo o epitélio lesionado por tecido de cicatrização que possui função reduzida em comparação com tecido normal presença de infiltrado inflamatório funciona como uma tentativa de redução do dano hepático que leva à eliminação de células comprometidas porém quando se estende por muito tempo pode gerar uma inflamação crônica que aumenta ainda mais a destruição tecidual esteatose acúmulo anormal de gordura nos hepatócitos necrose processo desordenado de morte celular que pode ocorrer por redução da oxigenação tecidual Segundo Reisner 2016 todos esses eventos geram alterações estruturais e funcionais do órgão alterando as concentrações de enzimas e proteínas as quais podem ser estimadas por meio de exames laboratoriais que indiquem a presença de lesão hepatocelular Veja alguns desses exames a seguir Aminotransferases As aminostransferases são enzimas importantes no catabolismo de ami noácidos exercendo atividade de transaminação cujo intuito é remover os grupamentos αamino dos aminoácidos para converter em Lglutamato que doará grupos amino para as vias de biossíntese ou excretará esses grupos na forma de produtos nitrogenados Existem dois tipos de aminotransferases com importância clínica a alanina aminotransferase ALT ou TGP e a aspartato aminotransferase AST ou TGO também chamadas de transaminases VOET VOET 2013 CAXAMBU CARROCINI THOMAZELLI 2015 As aminotransferases são largamente utilizadas na rotina laboratorial para o rastreamento de danos hepáticos o acompanhamento da progressão de hepatopatias a avaliação da eficácia do tratamento e o moni toramento da ação de fármacos potencialmente hepatotóxicos SOARES et al 2012 TELLI FRIGERI MELLO 2016 A ALT é encontrada em baixa quantidade no rim no coração e nos músculos com grande concentração no fígado mais especificamente no citoplasma do hepatócito e é considerada um dos melhores marcadores para rastrear dano hepático por ser mais específica ao fígado A AST é encontrada majoritariamente nas células hepáticas sendo que 80 desta está presente nas mitocôndrias É liberada para a corrente sanguínea quando ocorrem danos na membrana dos hepatócitos provocando a destruição de muitas células especialmente na presença de necrose hepática Por sua vez a AST é menos específica ao fígado do que a ALT encontrandose também no músculo cardíaco e esquelético nos rins no cérebro nos pulmões no pâncreas nos leucócitos e nos eritrócitos VOET VOET 2013 TELLI FRIGERI MELLO 2016 PEDER et al 2019 As aminotransferases se encontram acima dos valores de referência Quadro 1 em diversas doenças hepáticas como hepatites virais hepatite A e B alcoólicas e autoimunes quando do uso de diversas substâncias além de por fatores extrahepáticos veja a seção Interpretação das alterações em biomarcadores Diagnóstico da função hepática 4 Seus valores podem estar diminuídos na presença de cetoacidose diabética de gravidez de insuficiência renal crônica TGO de terapia dialítica crônica TGO e de beribéri doença causada pela deficiência de vitamina B1 SOARES et al 2012 TELLI FRIGERI MELLO 2016 PEDER et al 2019 Quadro 1 Valores de referência para ALT e AST método cinético Idade Masculino UL Feminino UL Valores de referência para ALT 130 dias 2054 2154 16 meses 2655 2661 712 meses 2659 2655 13 anos 1959 2459 411 anos 2449 2449 1215 anos 2459 1944 Adultos 1145 1037 Valores de referência para AST 17 dias 2698 2093 830 dias 1667 2059 16 meses 1662 1661 712 meses 1652 1660 13 anos 1657 1657 46 anos 1047 1047 715 anos 1041 0536 Adultos 1139 1037 Fonte Adaptado de Labtest 2013a 2014a Além da avaliação de cada enzima isoladamente podese avaliar a razão ASTALT índice de Ritis que expressa resultados úteis no direcionamento do diagnóstico Segundo Soares et al 2012 a relação ASTALT 1 se relaciona com cirrose doença de Wilson hepatotoxicidade por drogas ou fármacos doenças colestáticas intrahepáticas hepatopatia isquêmica e neoplasia hepática na hepatite alcoólica o índice é 2 Os valores de referência da razão ASTALT método cinético é de aproximadamente 08 Diagnóstico da função hepática 5 Colinterases As colinterases compõem um grupo de esterases responsáveis por hi drolisar ligamentos éster de diversos compostos Entre as esterases podemos encontrar duas enzimas de interesse clínico a acetilcolinesterase AChE também conhecida como colinesterase verdadeira ou colinesterase eritrocitária e a butirilcolinesterase BChE também chamada de pseudo colinesterase ou colinesterase plasmática GOLD ANALISA DIAGNÓSTICA 2012 CÂMARA et al 2012 A AChE pode ser encontrada nas hemácias e nas terminações nervosas colinérgicas e possui uma importante função na degradação de acetilcolina na fenda sináptica Já a BChE é encontrada no plasma no fígado no pâncreas no intestino delgado no músculo liso no coração nos adipócitos e em menor quantidade no cérebro GOLD ANALISA DIAGNÓSTICA 2012 CÂMARA et al 2012 LABTEST 2013b A avaliação das colinesterases é bastante realizada na intoxicação por inseticidas organofosforados e carbamatos que atuam no blo queio da atividade dessas enzimas podendo ser dosadas para estimar o grau de comprometimento do organismo frente a esse tipo de intoxicação CÂMARA et al 2012 Apesar de não possuir uma função biológica conhecida a avaliação da atividade enzimática da BChE constitui um importante marcador para a avaliação da função hepática também é sintetizada no fígado tendo em vista que sua secreção eou atividade possa estar diminuída em doenças hepatocelulares especialmente em hepatites agudas cirrose hepática e no pósoperatório e póstransplante hepático GOLD ANALISA DIAGNÓSTICA 2012 LABTEST 2013b LABORATÓRIO HERMES PARDINI 2019 Outras condições são capazes de diminuir a atividade da BChE como gravidez hipocolesterolemia desnutrição tuberculose distrofia muscular choque insuficeiência renal crônica insuficiência cardíaca congestiva e plasmaférese Valores aumentados podem ser encontrados em casos de hipercolesterolemia hipertrigliceridemia hipertireoidismo diabetes obe sidade transfusão de plasma ou hemácias e tireotoxicose e quando do uso de benzodiazepínicos andrógenos antibióticos e insulina LABORATÓRIO HERMES PARDINI 2019 Diagnóstico da função hepática 6 Os valores de referência para BChE método cinéticocolorimétrico são os seguintes GOLD ANALISA DIAGNÓSTICA 2012 LABTEST 2013b Homens 462011500 UL Mulheres 393010800 UL Biomarcadores para a avaliação do fluxo biliar e de lesões nas vias biliares Fosfatase alcalina FAL É um grupo de isoenzimas que derivam majoritariamente do fígado e dos ossos 80 enquanto o restante 20 deriva do intestino dos rins e da placenta No fígado a FAL de origem hepática está localizada na membrana de revestimento dos canalículos biliares encontrandose acima de seus valores de normalidade Quadro 2 quando há lesões no trato biliar sobretudo as mais expansivas como em casos de carcinoma hepatocelular primário hepatite viral cirrose e colangite e na presença de cálculos biliares Nas doenças esqueléticas há aumento da concentração da isoenzima óssea como em casos de doença de Paget anormalidade na remodelagem óssea em que o tecido ósseo antigo é substituído por outro fraco e menos denso hiperparatireodismo primário e secundário com envolvimento ósseo tumores e fraturas ósseas Outras condições provocam aumento da FAL total como câncer de cabeça de pâncreas insuficiência cardíaca e renal mononucleose infecciosa leucemias gravidez etc Valores diminuídos podem observados em casos de doença celíaca nefrite crônica ingestão excessiva de vitamina D hipotireoidismo desnutrição falhas no desenvolvimento ósseo etc SOARES et al 2012 TELLI FRIGERI MELLO 2016 Em crianças e adolescentes as concentrações de fosfatase alcalina são fisiologicamente mais elevadas do que em adultos devido à fase de crescimento e desenvolvimento ósseo entretanto algumas doenças podem elevar ainda mais as concentrações de FAL nessa população como raquitismo doenças osteoblásticas doenças congênitas doença de Paget juvenil osteomalácia hiperfosfatasemia transitória benigna da infância e imunodeficiência ALVES ARRUTI 2009 Segundo Soares et al 2012 Apesar de as dosagens enzimáticas expressarem os valores de FAL total é possível avaliar cada isoenzima separadamente isolando as frações hepáticas das ósseas por exemplo através do método de eletroforese método de separação de compostos conforme seu peso molecular Quadro 2 Valores de referência para FAL método cinético Idade Sexo masculino UL Sexo feminino UL 129 dias 89375 57482 30 dias11 meses 98455 147405 13 anos 124410 129376 46 anos 111367 114353 79 anos 102374 82396 1012 anos 50430 61394 1315 anos 88463 60193 1317 anos 62203 56142 Adultos acima de 17 anos Homens 40129 Mulheres 35104 Gestan tes 40200 Fonte Adaptado de Soares et al 2012 e Laboratório Hermes Pardini 2020a Gamaglutamiltransferase GGT A GGT é uma enzima de origem glicoproteica presente na membrana das células renais pancreáticas e sobretudo nas células hepáticas sendo responsável pelo transporte de aminoácidos e peptídeos para o interior celular além de participar da síntese proteica e do controle das concentrações de glutationa No fígado é encontrada em abundância no retículo endoplasmático liso sendo bastante sensível aos efeitos de drogas e à ação tóxica do etanol quando consumido em excesso e de forma regular tendo em vista que o consumo social geralmente não altera suas concentrações de forma permanente Considerando que etilistas apresentam valores elevados da GGT sua avaliação é bastante útil para controlar o consumo de álcool em pessoas que estejam em tratamento com abstinência pois seus valores tendem a normalizar após duas a três semanas de cessado o uso de etanol ou seja se permanecerem elevados indicam que o consumo continua ocorrendo Na hepatite alcoólica a GGT pode encontrarse aumentada isoladamente TELLI FRIGERI MELLO 2016 Diagnóstico da função hepática 8 Fezes Estercobilina Urina Urobilina Hemácias Estercobilinogênio Sistema Reticuloendotelial Oxidação Oxidação Hemoglobina Globina Heme Urobilinogênio Rins Bilirrubina livre Ação Bacteriana Intestino Bilirrubina conjugada Fígado glucuronidase UDP glicuronitransferase Figura 2 Metabolismo da bilirrubina mostrando seu processo de síntese sua conjugação pela UDP glicoroniltransferase e sua eliminação do organismo Fonte Martelli 2012 documento online exame Após a confirmação do resultado alterado devese proceder uma avaliação detalhada sobre o histórico de doenças do paciente e sobre sua rotina seus hábitos alimentares e seu estado de saúde a fim de rastrear uma possível causa para o aumento das concentrações dos marcadores e estabelecer um diagnóstico para iniciar a terapia As dosagens dos biomarcadores podem ser repetidas dias ou semanas depois dependendo da gravidade da alteração a critério médico a fim avaliar se as alterações persistem pois diversas situações extrahepáticas podem interferir nas dosagens enzimáticas demonstrando resultados falsamente aumentados confundindo o diagnóstico eou avaliar a eficácia da terapia SOARES et al 2012 XAVIER DORA BARROS 2016 Diversas doenças hepáticas possuem um desenvolvimento lento e silencioso muitas vezes não apresentando qualquer tipo de sintoma o que faz a pessoa permanecer por anos com alguma doença ou lesão que se manifesta somente em estágios mais avançados ou quando há complicações Em geral a sintomatologia das doenças hepáticas inclui icterícia fadiga dor abdominal no quadrante superior direito vômito febre e prurido que já sugerem algum problema funcional do fígado XAVIER DORA BARROS 2016 PEDER et al 2019 A maioria das doenças hepáticas apresenta alterações na atividade enzimática da AST e ALT e diversas são as causas que pode alterar suas concentrações Figura 3 Entre elas podemos listar Causas hepáticas comuns de elevação assintomática das concentrações de AST e ALT Esteatose hepática alcoólica e não alcoólica hepatopatia alcoólica hemocromatose hepatite viral alcoólica e autoimune cirrose doença de Wilson hepatotoxicidade induzida por fármacos e toxinas Causas não hepáticas comuns de elevação das concentrações de AST e ALT elevação isolada de AST ou de ambas Doença muscular primária exercício físico intenso hiper e hipotireoidismo doença celíaca anorexia nervosa e insuficiência suprarrenal Fármacos e substâncias que elevam as concentrações de AST e ALT Penicilina ciprofloxacino cetoconazol fluconazol paracetamol inibidores de protease heparina estatinas antiinflamatórios não esteroidais sulfonilureias ervas contendo toxinas alcaloides esteroides anabolizantes metilenodioximetanfetamina MDMA cocaína e solventes SOARES et al 2012 O valor de referência para bilirrubina direta conjugada em todas as faixas etárias é de até 04 mgdL LABTEST 2014b Biomarcadores para a avaliação da função de síntese hepática Albumina A albumina é uma proteína sintetizada pelo fígado que possui a maior con centração plasmática entre todas as proteínas sendo responsável pelo carreamento de diversas substâncias cálcio magnésio bilirrubina estrogênio cortisol ácidos graxos livres etc para vários tecidos Apesar de diversas condições serem capazes de diminuir sua concentração sanguínea é um marcador que merece atenção quando suas concentrações estão abaixo dos valores de referência pois pode indicar a presença de disfunção hepática importante prejudicando sua síntese Entretanto por ter uma meia vida de 1420 dias não é sensível no diagnóstico de hepatopatias agudas ou muito leves podendo nesses casos apresentar uma concentração sérica dentro da normalidade SOARES et al 2012 Valores de referência para a faixa etária de 018 anos são aproximada mente 2847 gdL Para adultos os valores de referência são de 3555 gdL SOARES et al 2012 LABTEST 2013c Fatores de coagulação sanguínea O fígado é responsável pela síntese de proteínas que fazem parte do sistema de coagulação sanguínea proteínas chamadas de fatores de coagulação Em situações normais esses fatores são produzidos a fim de desencadear respostas imediatas frente a lesões endoteliais do epitélio vascular promovendo o controle da situação por meio da formação de coágulos compostos de fibrina plaquetas e outros elementos e assim diminuindo o extravasamento de sangue Além dos fatores de coagulação o fígado também produz fatores fibrino líticos como o a antitrombina III e a alfa2antiplasmina Entretanto durante o curso de lesões hepáticas podem ser observados distúrbios hemostáticos associados ao comprometimento da síntese desses fatores especialmente daqueles que são dependentes de vitamina K fatores II V VII IX e X uma vez que sua absorção pode estar diminuída Frente a deficiência desses fatores o desempenho da cascata de coagulação se torna mais lento e extremamente Diagnóstico da função hepática 11 prejudicado podendo gerar sangramentos e hemorragias intensas SCHINONI 2006 SANTOS LIMA 2016 SCARAVELI et al 2017 A avaliação da atividade da protrombina e da tromboplastina parcial é bastante útil para acompanhar o status do funcionamento hepático e das lesões hepáticas No laboratório esses testes são avaliados por meio da medida de tempo de protrombina TP e do tempo de trombloplastina parcial TTP em que se pode observar o tempo que cada um dos fatores protrombina e tromboplastina é ativado na cascata de coagulação SOARES et al 2012 SANTOS LIMA 2016 SCARAVELI et al 2017 Os valores de referência variam de acordo com o método de avaliação e entre os laboratórios mas geralmente valores de TP ficam em torno de 1216 segundos e de RNI em torno de 0912 enquanto valores de TTP ficam na faixa de 2832 segundos SCARAVELI et al 2017 Para fins de comparação dos resultados de TP entre os laboratórios como forma de padronização e controle de qualidade foi criada a Razão de Normatização Internacional RNI ou INR de Internationalized Normalized Ratio que considera a sensibilidade de cada reagente utilizado na realização do TP comparandoas a um padrão Dessa forma recebem um Índice de Sensibilidade Internacional ISI Para se obter o valor de RNI e assim acompanhar a coagulação considerase o valor de TP do paciente da média de TP normal padronizado e o valor de ISI para a técnica utilizada fornecida pelo fabricante dos reagentes procedendose o seguinte cálculo INR TP pacienteTP controleISI SOARES et al 2012 Assim como a TP a TTP também pode ser comparada a um controle normal conhecido como forma de controle e os valores dessa relação TTP paciente TTP normal não deve ultrapassar o resultado de 13 SOARES et al 2012 Interpretação das alterações em biomarcadores Quando um paciente apresentar resultados anormais de marcadores he páticos recomendase uma nova coleta para refazer os exames e eliminar qualquer interferência que possa ter ocorrido na coleta ou execução do Diagnóstico da função hepática 12 Além da hepatite alcoólica a concentração de GGT também se eleva em casos de hepatites virais cirrose colestase neoplasias tumores hepáticos melanoma carcinoma de pulmão esteatose hepática não alcoólica insuficiência cardíaca congestiva diabetes melito hipertireoidismo insuficiência renal crônica pancreatite aguda uso de medicamentos barbitúricos anticonvulsivantes anticoagulantes e antidepressivos tricíclicos etc De acordo com Soares et al 2012 na gestação os valores de GGT podem estar diminuídos Os valores de referência para GGT método cinético são os seguintes LABORATÓRIO HERMES PARDINI 2020b Homens inferior a 73 UL Mulheres inferior a 38 UL Bilirrubinas A bilirrubina é um produto da degradação do grupo heme na etapa de destruição fisiológica das hemácias senescentes Esse fenômeno ocorre principalmente no baço onde acontece a destruição eritrocitária mediada pela ação de macrófagos hepáticos e esplênicos liberando hemoglobina que é posteriormente degradada MARTELLI 2012 SANTOS LIMA 2016 No sistema reticuloendotelial ocorre a transformação da hemoglobina em biliverdina liberando também ferro e monóxido de carbono Essa biliverdina se converte em bilirrubina livre ou não conjugadaindireta com características apolares e lipossolúvel que tem potencial de atravessar a barreira hematoencefálica exercendo ação tóxica no tecido nervoso depositandose nos gânglios da base A bilirrubina livre pode ligarse fortemente à albumina e circular pelo sangue e pelos tecidos No fígado é captada pelos hepatócitos onde será conjugada com moléculas de ácido glicurônico A conjugação da bilirrubina ocorre por ação do complexo enzimático UDP glicoroniltransferase formando o glicuronato de bilirrubina ou bilirrubina conjugadadireta com características polares e hidrossolúveis Na forma conjugada a bilirrubina pode ser reabsorvida para o fígado compondo a bile ou excretada pelo fígado por meio do polo biliar em seguida é desconjugada e reduzida no duodeno para formar o urobilinogênio que será eliminado pela urina 5 e pelas fezes Figura 2 MARTELLI 2012 SANTOS LIMA 2016 Figura 3 Situações patológicas em que há o aumento das concentrações de aminotransferases e os valores encontrados Fonte Soares et al 2012 p 674 Devido à quantidade de situações inespecificidade em que as amino transferases estão elevadas é necessária a avaliação de outros marcadores a fim de rastrear a causa da alteração e estabelecer um diagnóstico Figura 4 SOARES et al 2012 LABTEST 2013a 2014a Figura 4 Fluxograma de ações e exames adicionais para estabelecer um diag nóstico do fator causal da alteração de AST e ALT Fonte Soares et al 2012 p 676 Diagnóstico da função hepática 14 A AST se apresenta elevada no infarto agudo do miocárdio enquanto a ALT se encontra dentro da normalidade Em hepatopatias agudas a ALT geralmente se encontra mais elevada do que a AST bem como na presença de lesões hepatoce lulares leves entretanto em casos mais graves como cirrose hepatite alcoólica e carcinoma metastático temse um aumento pronunciado de AST em relação à ALT A ALT se encontra levemente mais elevada do que a AST em caso de lesões puramente hepáticas e aumentos de até cinco vezes da ALT sobre a AST sugerem esteatose não alcoólica hepatites virais crônicas uso de drogas doença celíaca etc sem aumento de GGT LABTEST 2013a 2014a TELLI FRIGERI MELLO 2016 Na presença de lesões causadas pela toxicidade do álcool também há o aumento de ALT AST e FAL além da diminuição do TP sempre aliados com aumento de GGT Nesses casos as concentrações de ALT elevamse até 10 vezes em relação ao valor de referência e a relação da ASTALT geralmente se encontra 2 sugerindo hepatite ou cirrose alcoólica Já na esteatose hepática alcoólica sem a presença de lesão a GGT se encontra elevada cerca de quatro vezes acima dos valores de referência enquanto em outras condições o aumento das concentrações de GGT não é tão significativo TELLI FRIGERI MELLO 2016 Procure no YouTube pelo vídeo Doenças hepáticas álcool e suas consequências para o fígado em que a Dra Bianca Della Guardia do Hospital Israelita Albert Einstein comenta sobre os danos causados pelo consumo de álcool sobre o tecido hepático de forma bastante didática A GGT é um marcador que não se eleva em doenças ósseas nem muscu lares sendo mais sensível que a ALT e a FAL nas doenças e lesões hepáticas com obstruções das vias biliares A presença de GGT associada a um igual aumento de ALT está presente nas colestases mecânicas e virais enquanto na colestase causada por drogas a GGT se encontra muito mais elevada do que a ALT LABTEST 2013c A amilase apesar de ser um biomarcador mais específico para detectar alterações pancreáticas também é um biomarcador que pode ajudar a elu cidar se a causa do dano hepático é de origem alcoólica estando aumentada em casos de intoxicação por álcool e em hepatites cirrose e obstruções do ducto biliar por cálculos 6090 dos casos TELLI FRIGERI MELLO 2016 A avaliação da atividade das colinesterases é muito importante para esta belecer um diagnóstico de intoxicação por organofosforados e carbamatos conforme já mencionado Pelo fato de possuírem meiavida diferentes é possível Diagnóstico da função hepática 15 estabelecer se a intoxicação é aguda ou crônica A AChE é um bom marcador para avaliar o efeito da toxicidade crônica a esses compostos pois possui meiavida de cerca de três meses Para avaliar exposição aguda a dosagem de BChE é muito mais interessante pois sua meiavida é de apenas uma semana Além disso a análise da BChE pode ser empregada como um auxiliar na avaliação da função hepática conforme já mencionado a fim de predizer a capacidade de síntese enzimática e de secreção hepática CÂMARA et al 2012 A FAL é um marcador que pode diferenciar se as causas de sua elevação de concentração são de origem óssea ou hepática devendo ser feita em associação com os demais marcadores especialmente com a GGT e ambas estão elevadas na presença de doença hepática alcoólica colestase e doença hepática infiltrativa TELLI FRIGERI MELLO 2016 Doenças inflamatórias agudas do fígado colestase inflamação ou obstrução do ducto biliar são causas comuns de elevação da bilirrubina quando a capacidade de eliminação e conjugação desta está altamente prejudicada fazendo com que se acumule no organismo Além de alterações hepáticas a bilirrubina pode estar alterada em outras situações como na presença de hemólise e síndrome de Gilbert Quadro 3 MARTELLI 2012 SANTOS LIMA 2016 OPASORG 2018 Quadro 3 Causas da elevação das concentrações de bilirrubina sérica a Produção excessiva de bilirrubina Hemólise anemia falciforme hemoglobinúria paroxística noturna esferocitose eliptocitose deficiência de glicose6fosfato desidrogenase anemia hemolítica Hiperesplenismo Absorção de hematomas embolia pulmonar transfusão sanguínea Hemólise por trauma prótese cardíaca mecânica Eritropoiese ineficaz anemia megaloblástica anemia ferropriva intoxicação por chumbo talassemia porfiria b Diminuição da captação hepatocelular Síndrome de Gilbert Uso de rifampicina sulfas e probecide Insuficiência cardíaca congestiva c Diminuição ou ausência na conjugação Síndrome de Gilbert Síndrome de CriglerNajjar I e II Icterícia fisiológica do recémnascido icterícia do leite materno Síndrome de LuceyDriscoll Uso de cloranfenicol e pregnanediol Continuação a Colestase intrahepática Hepatopatias agudas e crônicas Doenças infecciosas sepse Doenças infiltrativas hepáticas Choque hipofluxo hipóxia Alimentação parenteral Colestase benigna da gestação Colestase no pósoperatório Colestase intrahepática recorrente benigna Síndrome de DubinJohnson Síndrome de Rotor b Colestase extrahepática Processos benignos da árvore biliar coledocolitíase estenose cicatricial colangite síndrome de Mirizzi discinesia da papila pancreatites agudas e crônicas colangite esclerosante primária colangiopatia na síndrome da imunodeficiência humana adquirida Áscaris na via biliar malformação da árvore biliar doença de Caroli cistos do colédoco ou atresia Processos malignos vesícula vias biliares pâncreas papila e duodeno Fonte Adaptado de Santos e Lima 2016 A manifestação clínica visível mais comum da alteração de concentração de bilirrubina acima de 25 mgdL é a icterícia quando a pele as mucosas e os olhos principalmente apresentam coloração amarelada Figura 5 MARTELLI 2012 SANTOS LIMA 2016 OPASORG 2018 Figura 5 Coloração amarelada da pele e dos olhos presente na icterícia sinal típico do aumento da concentração sérica de bilirrubina Fonte OPASorg 2018 documento online A albumina ao contrário dos demais é um biomarcador que merece aten ção quando sua concentração está diminuída Seus valores estão reduzidos em diversas situações como em casos de gravidez síndrome da máabsorção doença inflamatória intestinal colite pseudomembranosa disfunções e inflamações hepáticas desnutrição edema neoplasias traumas hiperti reoidismo etc sendo bastante expressivos nas doenças hepáticas severas e crônicas como na cirrose em lesões por abuso de álcool que podem gerar disfunções na síntese de proteínas afetando as concentrações de albumina Dessa forma constitui um excelente marcador para avaliação da capacidade funcional do fígado e estadiamento da gravidade da lesão ou doença hepática SOARES et al 2012 LABTEST 2013c O prolongamento nos valores de TP podem indicar deficiência dos fatores de coagulação II V VII e X sobretudo dos fatores V e VII e de vitamina K podendo estar associado a lesões hepáticas parenquima tosas Entretanto o TTP está especialmente relacionado com a defi ciência dos fatores VIII IX XI e XII e com a deficiência de vitamina K sinalizando a presença de doença hepática Ambos também podem estar prolongados em tratamentos com inibidores da coagulação e agentes trombolíticos disfunções do fibrinogênio coagulopatias de consumo além de síndrome nefrótica doença de vonWillebrand e amiloidose relacionadas com TTP aumentada SOARES et al 2012 SANTOS LIMA 2016 SCARAVELI et al 2017 A bilirrubina a albumina e a TP são marcadoreschave para a classifica ção do estágio da cirrose hepática por meio da classificação de ChildPugh Quadro 4 que classifica a gravidade da cirrose e o risco de desenvolver complicações como deficiência dos fatores de coagulação hipertensão portal ascite esplenomegalia síndrome hepatorenal e hepatopulmonar má nutrição anormalidade hematológicas e ósseas encefalopatia hepática etc O escore de ChildPugh é obtido somando as pontuações de cada parâmetro varia de 515 classificados em A 56 B 79 e C 1015 e a classificação B já indica descompensação hepática KASPER et al 2017 Diagnóstico da função hepática 18 Quadro 4 Estadiamento da cirrose hepática por meio da classificação de ChildPugh Cada parâmetro corresponde a uma pontuação específica e a soma destes indica o escore e a classificação da doença Fator Unidades 1 2 3 Bilirrubina sérica μmolL mgdL 34 20 34 a 51 20 a 30 51 30 Albumina sérica gL gdL 35 35 30 a 35 30 a 35 30 30 Tempo de protrombina Segundo prolongados INR 0 a 4 17 4 a 6 17 a 23 6 23 Ascite Nenhuma Facilmente controlada Precariamente controlada Encefalopa tia hepática Nenhuma Mínima Avançada Fonte Adaptado de Kasper et al 2017 Além da alteração de enzimas hepáticas podem ser observadas altera ções no perfil lipídico observandose valores aumentados de colesterol e triglicerídeos especialmente em casos de esteatose hepática CAXAMBU CARROCINI THOMAZELLI 2015 Acesse o YouTube e procure pelo vídeo Doenças hepáticas esteatose hepática em que o Dr Domingos Malerbi do Hospital Israelita Albert Einstein comenta sobre as causas e as características da esteatose hepática como diagnosticála tratála e prevenila Diagnóstico da função hepática 19 Processamento e análise de amostras para a determinação dos biomarcadores Para a avaliação adequada dos marcadores com resultados fidedignos diversos cuidados são necessários Além de manter o controle de qualidade e a calibração de todos os equipamentos as técnicas precisam ser bem exe cutadas e escolhidas respeitando o tempo a conservação e a temperatura ideal de cada amostra e dos reagentes que possuem temperatura ideal de armazenamento e de desempenho durante a execução da técnica conforme o tipo de amostra SOARES et al 2012 AST e ALT Para a avaliação da atividade enzimática devese tomar cuidar o tempo de incubação e a temperatura temperaturas muito baixas retardam a atividade da enzima a ideal é 37C para não fornecer resultados falsamente alterados Preferencialmente utilizase o soro para as dosagens que devem ser feitas o mais breve possível a atividade enzimática permanece estável até quatro dias entre 28C e até duas semanas a 10C SOARES et al 2012 LABTEST 2013a 2014a A avaliação da AST e da ALT pode ser feita pelo método cinético com leitura da absorbância 340 nm que mede a atividade enzimática Para que isso seja possível uma vez que não há mais uma fisiologia corpórea nem biodisponibilidade de substratos para reações enzimáticas são adicionados reagentes que contêm os substratos necessários para que a enzima realize sua atividade catabólica No caso da AST os reagentes podem conter L aspartato MDH malato desidrogenase LDH lactato desidrogenase NADH nicotinamida adenina dinucleotídeo e αcetoglurato para que a enzima consiga remover o grupamento amino formando glutamato e oxalacetato Para a dosagem de ALT os reagentes podem conter Lalanina LDH NADH e cetoglutarato em que a atividade de catálise formará glutamato e piruvato A taxa de oxidação de NADH no processo de redução final de ambas expressa valores de absorbância que são proporcionais à atividade enzimática de cada uma O método cinético UV é rápido e sensível na reação geralmente é utilizado o piridoxal fosfato para assegurar que toda a aminotransferase presente na amostra esteja ativada durante a realização da avaliação de forma que seja possível mensurar sua atividade enzimática SOARES et al 2012 LABTEST 2013a 2014a Diagnóstico da função hepática 20 Interferentes incluem esteroides anabolizantes uso prolongado de aspirina cloranfenicol clorotiazida e gentamicina que aumentam a atividade da AST e ALT Amostras hemolisadas podem produzir resultados falso aumentados de AST presente nos eritrócitos Amostras lipêmicas ou inctéricas também podem alterar os resultados que mostram falsos valores diminuídos de AST e ALT Para a medição da atividade da ALT recomendase que não se pratiquem exercícios físicos intensos no dia do exame e um dia antes ALT está presente em músculos LABTEST 2013a Colinesterases A AChE não possui utilidade para a avaliação da função hepática logo deve se avaliar a atividade da BChE por meio do método cinéticocolorimétrico pelo qual é observada a capacidade da BChE de reduzir a butiriltiocolina em butirato e tiocolina o último provoca a redução do ferricianeto de potássio amarelo em ferrocianeto de potássio incolor A formação de ferrocianeto de potássio é medida por espectrofotômetro sendo diretamente proporcional aos níveis de BChE quanto mais próximo ao incolor maior foi a atividade enzimática Para essa dosagem devese utilizar soro ou plasma heparini zado que se mantém estável por até 15 dias entre 28C e por seis meses a 20C jejum não é obrigatório no momento da coleta de sangue ANALISA 2012 LABTEST 2013b Interferentes incluem bilirrubina acima de 45 mgdL triglicerídeos acima de 1400 mgdL hemólise intensa e ácido ascórbico acima de 30 mgdL GOLD ANALISA DIAGNÓSTICA 2012 GGT A avaliação da atividade enzimática é feita no soro e os cuidados com tem peratura e tempo de incubação devem ser os mesmos já citados A amostra é estável por até sete dias desde que refrigerada a 28ºC e por meses em temperaturas negativas A técnica se baseia no princípio de fornecer subs Diagnóstico da função hepática 21 trato para que a GGT faça a catálise de Lγglutamil3carboxi4nitroanilida formando Lγglutamilglicilglicina e pnitroalanina em que a quantidade formada da última apresenta valores de absorbância proporcionais à atividade enzimática SOARES et al 2012 LABTEST 2013b Interferentes incluem anticonvulsivantes consumo de bebidas al coólicas até 48h antes do exame obesidade diabetes e tabagismo que elevam os níveis de GGT SOARES et al 2012 LABTEST 2013c FAL Preferencialmente utilizase método cinético em que a GGT hidrolisa o p nitrofenilfosfato liberando pnitrofenol e fosfato inorgânico a absorbância do pnitrofenol produzido na reação corresponde à atividade enzimática da FAL É recomendada a utilização do soro do paciente e a amostra se mantém estável por cinco dias entre 28C Observar a temperatura da reação 37C LABTEST 2013d Interferentes incluem citrato fluoreto oxalato ácido etilenodiamino tetraacético hemólise lipemia e hiperbilirrubinemia 32mgdL Bilirrubinas Preferencialmente usar o soro que mantém sua estabilidade por até 4 dias entre 28C e por até três meses a 20C quando abrigadas da luz fotossen sível A dosagem pode ser feita por reação de ponto final em que é medido o produto de uma reação No caso desta ocorre a formação de azobilirrubina pela diazotização da bilirrubina em que é possível medir a bilirrubina direta em meio aquoso e a bilirrubina indireta conjugada pela solubilização em meio catalisador LABTEST 2014b Diagnóstico da função hepática 22 Interferentes incluem a presença de hemólise que pode apresentar resultados falsamente diminuídos de bilirruibina direta conjugada bem como resultados muito elevados de triglicerídeos LABTEST 2014b Albumina Deve ser medida utilizando o soro não o plasma A albumina possui estabi lidade na amostra por até três dias entre 28ºC e por até sete dias a 10C Também pode ser medida por reação de ponto final por meio da ligação da albumina a um corante específico produzindo uma coloração que é medida em espectrofotômetro LABTEST 2013c Durante a coleta da amostra devese observar o tempo de garroteamento ideal é até 1 minuto pois o aumento da pressão hidrostática concentra proteínas no espaço intravascular gerando resultados falsamente aumentados SOARES et al 2012 Interferentes incluem lipemia hiperbilirrubinemia e hemólise LA BTEST 2013c Fatores de coagulação O sangue deve ser armazenado em tubos contendo o anticoagulante citrato de sódio a fim de preservar todos os fatores de coagulação A avaliação é feita por método coagulométrico utilizando o plasma Para avaliação da TP e da TTP colocase algum fator ativador como o cálcio por exemplo a fim de iniciar a cascata de coagulação até a formação do coágulo de fibrina quando o teste é parado e o valor expresso se refere ao tempo que a protrombina ou a tromboplastina levaram entre sua ativação e a formação do coágulo A análise deve ser feita dentro de duas horas ou em até quatro horas entre 24C para evitar o consumo dos fatores de coagulação SOARES et al 2012 Diagnóstico da função hepática 23 Interferentes incluem o uso de terapia com anticoagulantes como a heparina e a varfarina que podem interferir nos resultados do exame SOARES et al 2012 Referências ALVES C ARRUTI R Hiperfosfatasemia transitória benigna da infância Acta Ortopé dica Brasileira v 17 nº 1 p 5557 2009 Disponível em httpswwwscielobrscielo phpscriptsciarttextpidS141378522009000100011 Acesso em 16 set 2020 CÂMARA S A V et al Exposição a agrotóxicos determinação dos valores de referência para colinesterase plasmática e eritrocitária Brasília Med v 49 nº 3 p 163169 2012 Disponível em httpscdnpublishergn1linkrbmorgbrpdfv49n3a04pdf Acesso em 16 set 2020 CAXAMBU A L R L CARROCINI M M S THOMAZELLI F C S Prevalência das alterações de enzimas hepáticas relacionadas à doença hepática gordurosa nãoalcoólica em pa cientes com diabetes mellitus Arquivos Catarinenses de Medicina v 44 nº 1 p 313 jan mar 2015 Disponível em httpwwwacmorgbracmseerindexphparquivosarticle download62 Acesso em 16 set 2020 GOLD ANALISA DIAGNÓSTICA Colinesterase PP 2012 Disponível em httpwwwgoldanalisa combrarquivos7B4999E320AA6E4D30A0132B80141892557DColinesterasepdf Acesso em 16 set 2020 KASPER D L et al Manual de medicina de Harrison 19 ed Porto Alegre AMGH 2017 LABORATÓRIO HERMES PARDINI Help de exames colinesterase plasmática 2019 Disponível em httpwwwlabhpardinicombrscriptsmgwms32dllMGWLPNHPHOSTBSAppHE LPEEXAMES7C7CCOLIN Acesso em 16 set 2020 LABORATÓRIO HERMES PARDINI Help de exames fosfatase alcalina 2020a Disponível em httpwwwlabhpardinicombrscriptsmgwms32dllMGWLPNHPHOSTBSAppHELPE EXAMES7C7CPAL Acesso em 16 set 2020 LABORATÓRIO HERMES PARDINI Help de exames gama GT 2020b Disponível em http wwwlabhpardinicombrscriptsmgwms32dllMGWLPNHPHOSTBSAppHELPEEXAM ES7C7CYGT Acesso em 16 set 2020 LABTEST Albumina instruções de uso 2013c Acesso em 25082020 Disponível em httpslabtestcombrwpcontentuploads201609Albumina19Portpdf Acesso em 16 set 2020 LABTEST ALTGPT Liquiform instruções de uso 2013a Disponível em httpslabtestcom brwpcontentuploads201609ALTGPTLiquiform108Portpdf Acesso em 16 set 2020 LABTEST ASTGOT Liquiform instruções de uso 2014a Disponível em httpslabtestcom brwpcontentuploads201609ASTGOTLiquiform109Portpdf Acesso em 16 set 2020 LABTEST Bilirrubina instruções de uso 2014b Disponível em httpslabtestcombr wpcontentuploads201609Bilirrubina31Portpdf Acesso em 16 set 2020 LABTEST Colinesterase Liquiform instruções de uso 2013b Disponível em httpslabtest combrwpcontentuploads201609ColinesteraseLiquiform139Portpdf Acesso em 16 set 2020 Diagnóstico da função hepática 24 LABTEST Fosfatase Alcalina Liquiform instruções de uso 2013d Disponível em https labtestcombrwpcontentuploads201609FosfataseAlcalinaLiquiform79Port pdf Acesso em 16 set 2020 LIMA M M et al Perfil clínicoepidemiológico das doenças hepáticas crônicas no am bulatório de gastroenterologia do UNIFESO Revista Caderno de Medicina v 1 nº 1 p 142156 2018 Disponível em httpwwwrevistaunifesoedubrindexphpcadernosde medicinaunifesoarticledownload752437 Acesso em 16 set 2020 MARTELLI A Síntese e metabolismo da bilirrubina e fisiopatologia da hiperbilirrubinemia associados à Síndrome de Gilbert revisão de literatura Revista de Medicina de Minas Gerais v 22 nº 2 p 216220 2012 Disponível em httpwwwrmmgorgexportarpdf104 v22n2a13pdf Acesso em 16 set 2020 MARTINI F H TIMMONS M J TALLITSCH R B Anatomia humana 6 ed Porto Alegre Artmed 2009 OPASORG O que é Icterícia Tratamentos causas e sintomas 2018 Disponível em https opasorgbroqueeictericiatratamentoscausasesintomas Acesso em 16 set 2020 REISNER H M Patologia uma abordagem por estudos de casos Porto Alegre AMGH 2016 SANTOS A A LIMA J M de C Fisiologia hepática In ORIÁ R B BRITO G A org Sistema digestório integração básicoclínica São Paulo Blucher 2016 p 575602 SCARAVELI N G et al Comprometimento hemostático em pacientes com icterícia obstru tiva Arquivos Catarinenses de Medicina v 46 nº 1 p 1221 2017 Disponível me http wwwacmorgbracmseerindexphparquivosarticledownload249136 Acesso em 16 set 2020 SCHINONI M I Fisiologia hepática Gazeta Médica da Bahia v 76 supl 1 2006 Disponível em httpwwwgmbahiaufbabrindexphpgmbahiaarticleview305296 Acesso em 16 set 2020 SOARES J L M F et al Métodos diagnósticos 2 ed Porto Alegre Artmed 2012 Série Consulta Rápida TELLI E M R P FRIGERI M MELLO S R de Avaliação da atividade de enzimas hepáticas em dependentes exdependentes e não usuários do etanol RBAC v 48 nº 3 p 245252 2016 Disponível em httpwwwrbacorgbrwpcontentuploads201611ARTIGO10RBAC 4832016ref188pdf Acesso em 16 set 2020 VOET D VOET J G Bioquímica 4 ed Porto Alegre Artmed 2013 XAVIER R M DORA J M BARROS E org Laboratório na prática clínica 3 ed Porto Alegre Artmed 2016 Série Consulta Rápida Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material No entanto a rede é extremamente dinâmica suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo Assim os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade precisão ou integralidade das informações referidas em tais links Diagnóstico da função hepática 25 Conteúdo SAGAH SOLUÇÕES EDUCACIONAIS INTEGRADAS Dica do professor O vídeo demonstra os testes de bioquímica hepática que são úteis para o diagnóstico de enfermidades que acometem o fígado Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar Exercícios 1 Quais das seguintes alternativas abaixo não é uma função exercida pelo fígado A a Síntese de carboidratos B b Produção de ureia C c Regulação do balanço de água eletrólitos e equilíbrio ácidobásico D d Síntese de fatores de coagulação E e Depuração de medicamentos e xenobióticos 2 Assinale a alternativa correta sobre as possíveis causas da hiperbilirrubinemia não conjugada A a Hemólise excessiva ou deficiências enzimáticas no metabolismo das bilirrubinas B b Período inicial da colestase C c Síndrome de DubinJohnson D d Síndrome de Gilbert apenas E e Síndrome de CriglerNajjar apenas 3 Qual enzima hepática possui uma estabilidade de 7 dias entre 28C a 6 meses a 10C o soro como amostra biológica tubo sem aditivo ou gel separador e jejum de 4 horas Exame útil para a avaliação de hepatopatias agudas e crônicas bem como doença hepática alcoólica A a Gama Glutamiltransferase GGT B b Aspartato Aminotransferase AST C c Fosfatase Alcalina ALP D d Fosfatase Ácida ACP E e Alanina Aminotransferase ALT 4 Doenças musculares lesão no coração ou hemólise podem causar alteração em quais dos parâmetros bioquímicos do fígado Assinale a alternativa correta A a Aumento isolado de AST B b Aumento isolado de ALT C c Aumento da GGT D d Aumento isolado da ALP E e ALP e GGT alteradas 5 Quais dos seguintes testes bioquímicos apresentam níveis sanguíneos baixos e são utilizados como indicadores de possível envenenamento ou de função hepática A a 5nucleotidase B b Colinesterase C c Albumina D d Tempo de protrombina E e GGT Na prática Alcoolismo Como o consumo excessivo afeta a função hepática O alcoolismo é uma doença crônica que afeta o comportamento e interfere na relação entre o paciente e a família bem como a sociedade O fígado é capaz de remover quase todo o álcool do sangue desta forma o consumo excessivo desta droga afeta a função hepática Em casos de intoxicações agudas ocorre um aumento da bilirrubina GGT AST e ALT na corrente sanguínea Por outro lado no alcoolismo crônico ocorre uma grande elevação do GGT aumento das transaminases e diminuição dos níveis de albumina Saiba Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto veja abaixo as sugestões do professor Avaliação Laboratorial Hepática Parte 1 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar Avaliação Laboratorial Hepática Parte 2 Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar Encefalopatia Bilirrubínica Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar