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Didática do Ensino Superior Professora autoraconteudista Marta Thiago Scarpato É vedada terminantemente a cópia do material didático sob qualquer forma o seu fornecimento para fotocópia ou gravação para alunos ou terceiros bem como o seu fornecimento para divulgação em locais públicos telessalas ou qualquer outra forma de divulgação pública sob pena de responsabilização civil e criminal Sumário Objetivos 4 Apresentação 4 Unidade 1 O professor e o Ensino Superior 4 1 O professor do Ensino Superior e a legislação 4 Unidade 2 A relação professoraluno 8 2 A relação professoraluno e a construção da afetividade no processo de ensinoaprendizagem 8 Unidade 3 Planejamento e plano de ensino 15 3 Planejar as aulas 15 31 Exemplo de plano de ensino 21 Unidade 4 Procedimentos de ensino e avaliação de aprendizagem 23 4 Procedimentos de ensino 23 41 Apresentação do grupo 24 42 Apresentação de ideias 25 43 Aula expositiva 26 44 Debate 26 45 Ensino com pesquisa 27 46 Estudo de caso 27 47 Estudo dirigido 27 48 Seminário 28 49 Grupo de verbalização GV e grupo de observação GO 29 410 Grupos de oposição 29 5 Avaliar a aprendizagem do aluno 30 Conclusão31 Glossário 32 Referências bibliográficas 32 433 Objetivos Identificar o professor do Ensino Superior na legislação brasileira Reconhecer a importância da formação pedagógica do professor do Ensino Superior Compreender o papel do professor na afetividade do aluno Saber a importância do planejamento Conhecer diferentes procedimentos de ensino Apresentação O presente material apresenta uma breve visão do professor do Ensino Superior na legislação brasileira assim como a importância da formação pedagógica que ele deve ter para compreender a complexidade do processo de ensinoaprendizagem e tudo o que está implícito nele como a relação professoraluno a construção da afetividade dos alunos o planejamento em seus diferentes níveis e etapas e a importân cia de se diversificar os procedimentos de ensino Unidade 1 O professor e o Ensino Superior 1 O professor do Ensino Superior e a legislação Vídeo O professor do ensino superior e a legislação httpsplayervimeocomvideo362644350 O magistério é uma profissão que historicamente foi marcada pela précondição da vocação FERNANDES 2002 acreditandose que para ser professor bastava esse fator Essa visão está total mente equivocada pois essa é uma profissão como qualquer outra que exige estudo e conhecimento Para ser exercida é necessário haver formação afinal ninguém nasce professor mas pode se tornar um o que exigirá muito estudo e reflexão Nessa profissão são fundamentais uma formação específica e uma formação pedagógica 533 Figura 1 O professor Fonte SaMBaShutterstock A formação específica é o domínio de um conteúdo de um campo científico Por exemplo um professor de história da arte deve saber sobre arte história e a influência da arte na vida das pessoas entre outros conhecimentos Já a formação pedagógica é aquela voltada para compreender o papel do professor a função da escola o processo de ensinar e de como os alunos aprendem como se pode ensinálos e avaliálos entre outros aspectos Como nos lembra Libâneo 2007 Para se ensinar matemática a João eu preciso saber matemática saber como se ensina matemática como ajudo João a pensar com o modo próprio de pensar e operar mentalmente a matemática saber quem é João os motivos e objetivos pessoais que o movem saber em que contexto sociocultural e institucional João vive como esse con texto influi na sua aprendizagem e como esse contexto pode ser modificado O saber matemática é a formação específica que o professor teve enquanto se formava nessa área de conhecimento já saber como se ensina matemática conhecer o João e conhecer o seu contexto sociocultural estão atrelados à formação pedagógica Todo professor precisa ter clareza do seu papel em sala de aula como um agente de transformação social alguém que pode ajudar as pessoas a se transformarem e a transformarem o meio em que vivem Mas precisa compreender principalmente o verdadeiro sentido de ensinar e aprender diante de toda a complexidade que existe nesse processo A didática é uma das disciplinas pedagógicas que mais contribuem para essa formação dos professores que atuam nos diferentes níveis de ensino da Educação Básica ao Ensino Superior Porém há algumas questões para se refletir sobre a formação pedagógica dos professores no nosso país 633 A lei que rege a educação no país Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN nº 93941996 no Título VI Dos Profissionais da Educação traz definições sobre a formação dos profissionais da Educação Básica Vale lembrar que isso se refere à atuação do professor nos níveis da Educação Infantil ao Ensino Médio O art 61 parágrafo único apresenta BRANDÃO 2010 Art 61 único A formação dos profissionais da educação de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica terá como fundamentos I a presença de sólida formação básica que propicie o conhecimento dos fun damentos científicos e sociais de suas competências de trabalho II a associação entre teorias e práticas mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço grifos nossos Esse artigo da LDBEN ao afirmar o conhecimento de suas competências de trabalho e a associa ção entre teorias e práticas salienta a importância de o professor desenvolver durante sua formação habilidades para ser competente na tarefa de ensinar e compreender como os alunos aprendem Isso é uma formação pedagógica que pode ser aprendida refletida nos cursos de licenciatura com as disci plinas pedagógicas e depois de formado enquanto exerce sua profissão conforme vai construindo sua identidade docente A LDBEN pontua esses aspectos referindose ao professor que atuará na educação básica E a atuação do professor do Ensino Superior O que a lei apresenta No Título V Capítulo IV Da Educação Superior o art 52 salienta apenas que as instituições de Ensino Superior IES deverão ter II um terço do corpo docente pelo menos com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado III um terço do corpo docente em regime de tempo integral BRANDÃO 2010 Percebemos que não há uma menção quanto à importância de uma formação pedagógica para o pro fessor atuar nesse nível de ensino somente quanto ao percentual de mestres eou doutores que a IES precisa ter para ser reconhecida Ainda na LBDEN Art 66 A preparação para o exercício do magistério superior farseá em nível de pósgraduação prioritariamente em programas de mestrado e doutorado BRANDÃO 2010 grifos nossos O fato de um professor ter titulação de mestre eou doutor nem sempre representa que ele refletiu sobre o processo de ensinar e aprender enquanto cursava a pósgraduação até porque a maioria dos progra mas de pósgraduação stricto sensu no Brasil não oferece uma disciplina voltada para a formação peda gógica Formamse na maioria das vezes pesquisadores não professores que saberão compreender a complexidade de uma sala de aula o que é um problema muito sério e que deveria ser revisto nesses programas É preciso ser um professor pesquisador como apontado por Freire 2019 p 29 Enquanto ensino contínuo buscando reprocurando Ensino porque busco porque indaguei porque indago e me indago Pesquiso para constatar consta tando intervenho intervindo educo e me educo Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade 733 Essa postura de professor pesquisador exige a investigação a inquietude epistemológica e a compreen são do que é ensinar e aprender Alguns estudos apontam que no Ensino Superior até por esse descuido legal ocorre a admissão de professores com formação em nível de pósgraduação específi ca da área de atuação desconsiderando a sua formação pedagógica Para ilustrar tomemos como exemplo um advogado que é bacharel em Direito e por ter cursado um bacharelado não teve nenhuma disciplina pedagógica em sua formação Depois fez mestrado eou doutorado também em Direito tendo uma ótima formação específi ca na sua área Se vier a ministrar aulas no Ensino Superior até porque a titulação o permite esse professor pode nunca ter refl etido sobre como devemos ensinar ou como os alunos aprendem Para ser professor no Ensino Superior é necessária a formação específi ca mas a formação pedagógica é fundamental Quando um professor não a teve em seus cursos de graduação eou pósgraduação ela pode ser oferecida pelas IES em cursos de capacitação reuniões em que se discutirão questões relacio nadas ao ensinar e ao aprender SAIBA MAIS Para saber mais sobre a formação pedagógica do professor universitário recomendamos a leitura complementar a seguir httpwwwscielobrpdfavalv21n319825765aval210300691pdf A não exigência legal da formação pedagógica dos docentes nas IES pode gerar sérias consequências no processo de ensinoaprendizagem porque dar aula não é simplesmente entrar em sala de aula e des pejar um conteúdo aos alunos Figura 2 Interesse no aprender Hoje a noite irei OS FENÍCIOS ERAM GRANDES NAVEGADOREs E COMERCIANTEs BLA BLA BLA E ROSA VIVEU O QUE VIVEM AS ROSAS BLA BLA BLA BLA BLA A SOMA DE DOIS NÚMEROS BLA BLA A GROENLÂNDIA É DELIMITADA AO NORTE BLA BLA AO SUL BLA BLa AS VÉRTEBRAS BLA BLA BLA BLA BLA ao cinema com joão VAMOS Juntos AGORA CANTAR Todos Fonte Tonucci 1997 833 Um professor do Ensino Superior sem a formação pedagógica acaba tendo dificuldade em compreen der a complexidade do processo de ensinoaprendizagem o papel que ele exerce nesse processo e o ato político implícito no ato de ensinar É necessária uma consciência do papel político que há em sala de aula O professor ao entrar em sala de aula para ensinar uma disciplina não deixa de ser um cidadão alguém que faz parte de um povo de uma nação que se encontra em um processo histórico e dialético que participa da construção da vida e da história do seu povo E isso não se desprega de sua pele no instante em que ele entra em sala de aulaMASETTO 2005 p 23 Muitas vezes esse professor sem formação pedagógica acabará ministrando suas aulas nos modelos dos mestres que teve enquanto foi aluno na graduação eou na pósgraduação Esses modelos copiados podem muitas vezes estar equivocados e ser questionados Enquanto ministra aulas um professor deve refletir sobre o que é ensinar e como os alunos aprendem estar aberto e repensar seus posicionamentos Parafraseando Freire 1994 que aos 74 anos dizia que até aquele momento quando entrava em sala de aula aprendia a dar aula podemos começar a perceber o quanto nos tornamos professores e devemos procurar compreender por exemplo aquele aluno que chegou atrasado para o início da aula ou que não conseguiu trazer o trabalho solicitado para aquele dia por ter passado as noites com o filho hospitalizado Unidade 2 A relação professoraluno 2 A relação professoraluno e a construção da afetividade no processo de ensinoaprendizagem Vídeo A relação professoraluno e a construção da afetividade no processo de ensino aprendizagem httpsplayervimeocomvideo362644385 A relação que se estabelece no processo de ensinoaprendizagem numa sala de aula precisa ser vista como uma relação entre seres humanos lembrando que todos professores e alunos são humanos cres cem e se desenvolvem Isso nos faz perceber que essas relações interpessoais devem contribuir para o desenvolvimento integral cognitivo afetivo motor e social tanto do professor quanto dos alunos 933 Cada um dos âmbitos dos sujeitos pessoal interpessoal social cognitivo afetivo em qualquer interação estão sincronicamente presentes e nenhum deles é afetado ou se transforma sem que os outros sejam também transforma dos A qualidade da interação estabelecida é fundamental para que a construção e transformação cognitivo afetivo social de cada um dos parceiros ocorram na direção do pleno desenvolvimento de ambos como pessoas PLACCO 2002 p 9 É importante termos consciência de que as experiências vividas em um ambiente escolar podem afetar e comprometer o desempenho e a formação de cada pessoa por deixar marcas positivas ou negativas O tempo que passamos na escola contribui para o nosso desenvolvimento integral conceito que defendo há muito tempo SAIBA MAIS Leia a obra Didática e desenvolvimento integral publicada pela editora Avercamp em 2012 Nela aprofundo bem questões a respeito de um processo de ensinoaprendizagem que possa propiciar o desenvolvimento integral de alunos e professores Saliento no livro a necessidade de se repensar o processo de ensinoaprendizagem dentro dessa perspectiva por meio de diferentes temas como a aula o espaço para ela o ritmo de aprendizagem de cada um a expressividade corporal do professor e os diferentes modos de aprender com um viés na teoria das inteligências múltiplas entre outros Essas lembranças da escola deixam marcas para toda a nossa vida pois há lembranças boas e ruins e as vivências desse cotidiano são repletas de sucessos e fracassos como nos lembra Arroyo 2004 p 96 O mesmo jovem negro João serralheiro que guarda uma lembrança tão boa de sua professora nos diz A escola não me cativava não despertava interesse Outro jovem Flavinho 17 anos funkeiro filho de mãe operária em uma fábrica de tecidos e pai alcoólatra tem uma visão ainda mais negativa Se desse para viver sem escola eu preferia viver sem escola Que tem essa instituição que provoca reações tão desencontradas Podemos perceber que o papel do professor é fundamental nesse contexto Muitas vezes nossos alu nos que chegam à universidade ou às escolas com a autoestima baixa pois carregam essas lembranças negativas Sentemse incapazes não acreditam em suas capacidades de poder aprender não sabem expressar suas opiniões durante as aulas e só ouvem Nesse momento é importante haver uma intervenção do professor que leve o aluno a acreditar que é capaz que dê oportunidade e voz para ele se expressar durante as aulas Acho interessante quando ouço nas salas dos professores e nos corredores alguns dos meus colegas comentarem que seus alunos não sabem expressar suas ideias não sabem falar em sala explicar o que querem o que sentem e o que pensam Fico pensando enquanto ouço esse depoimento será que esse mesmo professor enquanto dá aula está propiciando um modo de ensinar que dê oportunidades para os alunos expressarem suas opiniões Está contribuindo com a formação deles como seres humanos num âmbito integral 1033 A relação professoraluno no processo de ensinoaprendizagem precisa ser pessoal carinhosa e com criação de vínculos Entendo que professores e alunos são parceiros e não adversários nesse processo e cabe ao professor a maturidade emocional de compreender os conflitos e afrontas que ocorrem em sala de aula Figura 3 Professoraluno Fonte RawpixelcomShutterstock Situações conflituosas aparecerão pois há um grupo de pessoas que convivem e dividem o mesmo espaço Mas muitos desses conflitos podem representar uma atitude de oposição porque o profes sor é mais autoritário não abre espaço para os alunos expressarem suas opiniões fazendo com que estes contestem aquele e o trabalho que lhes propõe apenas para exercitar a oposição Ou então o trabalho em sala de aula está desinteressante pois só o professor fica a aula inteira falando como se estivesse numa palestra sem interagir esquecendose de olhar os corpos e gestos dos seus alunos Como lembram Almeida e Mahoney 2004 p 126 O professor pode ler seu aluno o olhar a tonicidade o cansaço a atenção o interesse são indicadores do andamento do processo de ensino que está oferecendo Um outro tipo de situação conflituosa que pode ocorrer seria uma atitude de afronta não contra a pessoa do professor mas contra o papel que ocupa que pode causar incômodo ainda mais no Ensino Superior em que atualmente temos o ingresso de alunos adultos com idade mais avançada Um professor precisa ter maturidade emocional para encarar todas essas situações conflituosas que acontecerão Com isso precisa ser mais racional mediar e ponderar Se alunos e professores começam a gritar uns com os outros desrespeitarse em sala passa a haver uma visão totalmente distorcida da aula como espaço para crescimento e desenvolvimento e esse encontro para aprender e crescer uns com os outros perde o seu real significado Assim a aula demora a voltar a ser compreendida e encarada com um espaço de desenvolvimento e aprendizagem humana É preciso compreender a emoção no processo de ensinoaprendizagem Ela apresenta três mecanismos de ação bem perceptíveis socialmente a contagiosidade que é a capacidade de contagiar as pessoas próximas a regressividade que é a possibilidade de regredir um raciocínio e a plasticidade que reflete no próprio corpo os sinais da emoção WALLON 1995a 1133 SAIBA MAIS Para compreender o conceito de afetividade e de emoção no desenvolvimento humano é neces sário ler Henri Wallon ou outros pesquisadores brasileiros que estudam sua teoria como Almeida e Mahoney 2004 Galvão 2014 e Dantas 1990 A emoção usará o corpo como veículo para se expressar e isso pode ser observado pelas expressões faciais e posturais e até por outros sinais menos perceptíveis como aceleração do pulso salivação sudorese etc Essas diferentes manifestações da emoção precisam ser observadas pelo professor na sala de aula Citarei algumas emoções para que possam ser mais bem compreendidas e analisadas pelo professor num contexto escolar Temos a alegria que surge primeiramente como um prazer Ela nasce com a facilidade dos movimentos WALLON 1995b p 120 e é perceptível nos bebês por exemplo quando são acariciados e demonstram uma excitação motora balbucios etc Pelos estudos de Wallon 1995a a alegria tem forte relação com o movimento e pode ser observada nas crianças pequenas que saltitam quando pegam o brinquedo que querem ou ganham o doce esperado Há alegrias tranquilas que se caracterizam por uma menor manifestação motora e se expressam num estado de hipotonia porque a pessoa está contagiada por uma situação prazerosa agradável e seu tônus fica relaxado No contexto de sala de aula o professor pode perceber dois mecanismos de ação da emoção a plastici dade e a contagiosidade A primeira é perceptível quando os alunos pulam ou gritam ao receber a nota de uma prova que os preocupava mas temos que considerar também aquele que expressa uma alegria tranquila com tônus relaxado e uma expressão facial de contentamento A segunda surge quando uma boa notícia dada pelo professor a um determinado grupo de alunos acaba contagiando toda a classe O medo refletese no desequilíbrio postural O aparecimento de uma cena habitual ou inusitada repre senta tanto para a criança quanto para o adulto a sua segurança pessoal ameaçada Expresso num estado de hiper ou de hipotonia dialeticamente o medo pode vir a gerar emoções agradáveis para algu mas pessoas A criança por exemplo na atividade de jogo pode transformar o medo em divertimento como na brincadeira de escondeesconde O mesmo ocorre para os adultos que gostam de praticar esportes radicais Ele pode aparecer na sala de aula quando um professor zomba de uma dúvida expressa pelo aluno o que pode impedir que este volte a fazer isso ou quando alunos que realizam uma prova não lembram do tema estudado o que é muito comum de acontecer Vale ressaltar que a emoção e a inteligência são inseparáveis na atividade humana Essas exemplificações fazem surgir o outro mecanismo da ação da emoção a regressividade regredindo o raciocínio dos alunos impedindoos de se expressar com cla reza e objetividade A cólera pode ser visualizada pelo professor pelo mecanismo da plasticidade quando o aluno pode lançar golpes em si mesmo por estar inconformado ou com raiva da situação a que foi exposto ou pela contagiosidade e pela regressividade por exemplo quando o professor avisa que fará uma prova sur presa pelo mau comportamento dos alunos em aula 1233 A tristeza é para Wallon 1995a a mais evoluída e socializada das emoções Apesar de haver pouca ação corporal pelo fato de a pessoa triste não querer se movimentar e sim permanecer inerte há um acúmulo de emoção no tônus configurandose então como uma emoção hipertônica A morte de um colega da classe pode ser perceptível na plasticidade pelo choro dos colegas na conta giosidade por emocionar todos na sala e na regressividade por não conseguirem ter maior concentra ção para fazer outras atividades A visão do desenvolvimento humano no processo de ensinoaprendizagem é fragmentada Há uma visão distorcida sobre o corpo e seus movimentos no contexto escolar Essa visão já foi analisada por muitos teóricos e há inúmeras contribuições para a questão Mas isso infelizmente ainda não reflete o modo pelo qual se tem enfrentado o assunto nas salas de aula pois dos alunos ainda é exigido que continuem parados sentados por horas ouvindo o professor No Ensino Superior isso é muito latente até pela falta de formação pedagógica da maioria dos professores conforme discutido no início deste texto SAIBA MAIS Para aprofundar mais essa questão de como o corpo está à margem do processo de escolarização podese ler FREIRE J De corpo e alma o discurso da motricidade São Paulo Summus 1991 GONÇALVES M A Sentir pensar agir corporeidade e educação Campinas Papirus 1994 SCARPATO M Didática e desenvolvimento integral São Paulo Avercamp 2012 Essa prática de fragmentar a visão do aluno no ato de aprender reflete uma visão equivocada que con sidera o corpo e o movimento como um empecilho no processo de ensinoaprendizagem quanto mais o aluno permanece parado menos atrapalha o planejamento pedagógico e mais se acredita na sua possi bilidade de produção intelectual Dentro da mesma ótica o movimento erroneamente está associado à indisciplina à falta de atenção Figura 4 Aluno atado Fonte LightField StudiosShutterstock 1333 É fundamental levar em consideração as necessidades tônicoposturais no processo de ensinoapren dizagem Wallon 1995a ensina que permanecer imóvel por um longo período é prejudicial o que é confirmado pela fisiologia O movimento conforme apresentado por ser uma manifestação da emoção pode expressar um estado desencadeado em determinado momento da aula como a alegria que resulta numa agitação corporal ou o medo que gera imobilidade Deve com isso haver um olhar atencioso dos professores aos movi mentos corporais dos alunos O movimentarse faz parte dos processos de desenvolvimento e contribui para a constituição do cognitivo e do afetivo O professor deve considerar ao planejar sua aula o horário em que ela acontecerá Por exemplo nas pri meiras aulas da manhã ou nas últimas da noite os alunos estão com sono ou cansados Também deve saber que cada aluno tem um ritmo interno e individual É preciso evitar aulas longas expositivas que deixarão os alunos muito tempo parados É necessário dar pausas e propor que se movimentem pela sala levantemse e até se espreguicem SAIBA MAIS Na minha obra Didática e desenvolvimento integral 2012 apresento no capítulo 3 a questão do ritmo interno de cada um e as implicações pedagógicas a serem consideradas no processo de ensinoaprendizagem Há também muita dificuldade de interpretar a emoção sobretudo por não se compreender seu verda deiro significado e se desconhecer seu funcionamento tanto fisiológico quanto social Confundese emoção com sentimento sendo a primeira mais instantânea podendo ser observada por reações tôni cas musculares Já o segundo tem uma ação mais duradoura e ao mesmo tempo mais difícil de ser observada por essas reações O tema emoção raramente é enfrentado e discutido no processo de ensinoaprendizagem de forma mais clara por isso muitas vezes há incertezas sobre como conduzir e administrar situações emotivas como as exemplificadas Figura 5 Mente do aluno Fonte Ceccon e Harper 2002 1433 É preciso considerar que as experiências vividas na sala de aula exercem grande influência no ser humano mas ainda não se compreende não se interpreta a importância da afetividade e dos sentimen tos para o desenvolvimento dos alunos no contexto escolar Perceber a existência da relação entre afeto cognição movimento e meio social é importante a fim de promover o desenvolvimento harmonioso de todos os atores na ação pedagógica A universidade com seus atores direção coordenação e principalmente corpo docente precisa conhecer e refletir sobre o papel da emoção do sentimento nesse cenário de aprendizagens TranThong apud ALMEIDA MAHONEY 2004 p 102 aponta os riscos segundo Wallon de uma educa ção que desconsidere o afeto A vida passional afetiva é a origem mais poderosa da ação Mas ela obnubila o espírito crítico e pode desenvolver o fanatismo Uma educação exclusivamente intelectualista que a deixaria ao abandono corre o risco de se tornar o instru mento das consequências mais funestas O exemplo do país fascista onde a inte ligência tem sido depreciada e o instinto exaltado mostra a quais aberrações selvagens ele pode chegar Para evitar o retorno de uma barbaridade semelhante é necessário educar a sensibilidade conjuntamente com a razão Na sala de aula o aluno vive diferentes emoções e inúmeras relações interpessoais são construídas O professor precisa estar muito atento à observação de algumas dessas emoções surgidas em meio às relações sociais que podem se transformar em sentimentos equivocados como a inveja e a raiva e gerar atitudes como a competição individualizada Do mesmo modo que se propicia na sala de aula o desenvol vimento intelectual também se permite o afetivo e ambos são inseparáveis e interdependentes Perceber a complementaridade entre emoção e inteligência no processo de ensinoaprendizagem leva a repensar a prática docente os procedimentos de ensino adotados e a avaliação Às vezes a maneira pela qual o professor chama a atenção de um aluno para determinada atividade em sala dependendo do seu tom de voz ou de sua postura pode gerar uma inibição diante daquele conhecimento produzindo consequentemente sentimentos questionáveis A afetividade sempre permeia a relação pedagógica Temos consciência de que predomina no contexto escolar principalmente no Ensino Superior uma supervalorização do aspecto cognitivo O próprio sistema defende que sejam transmitidos inúmeros conteúdos escolares aos alunos e que estes sejam cobrados por meio de provas e exames Isso acaba interferindo na prática pedagógica do professor pelo fato de atribuir demasiado valor ao desenvolvi mento intelectual dos estudantes É preciso aprender a observar os alunos como um todo e não apenas os seus aspectos cognitivos É impor tante perceber a ligação entre afeto cognição e movimento atentar para a postura o olhar o cansaço o excesso ou a falta de movimento no cotidiano da aula O professor precisa saber que a afetividade emoção e sentimentos tem a função de estimular ou inibir a aprendizagem e criar um clima em sala de aula de par ceria para canalizar a afetividade na produção do conhecimento despertando o interesse dos alunos Cabe ao professor estar ciente de como a afetividade permeia o processo de ensinoaprendizagem e aprender a observar os alunos de modo integral procurando ser mais racional com mais maturidade emocional para mediar e ponderar os conflitos e as diversas situações vividas em sala de aula 1533 Unidade 3 Planejamento e plano de ensino 3 Planejar as aulas Vídeo Planejar as aulas httpsplayervimeocomvideo362644452 A prática docente exige a compreensão do sentido de planejar sabendo para que o que e como se vai ensinar sobre determinado conteúdo aos alunos e isso está diretamente relacionado ao planejamento elaborado a cada início de curso ou de semestre pelo professor Para uma eficaz execução desse ato de planejar é importante conhecer a realidade em que vive o aluno saber o que ele espera das aulas e apontar a importância daquela disciplina que estudará para a profissão que virá a exercer Geralmente a apresentação da proposta da disciplina é feita na primeira semana de aula na universidade Para muitos alunos e infelizmente também para muitos professores esse momento é visto como uma forma de matar o tempo da aula Tanto que nessa primeira semana constatamos uma baixa frequência à universidade pois não se compreende o real significado pedagógico desse momento É justamente o momento dos combinados pedagógicos Os professores que dão aulas para crianças compreendem bem esse significado pois é o momento de combinar juntos como será a rotina de trabalho o que pode e o que não pode ser feito naquele espaço da sala e no momento da aula Afinal dentro de um grupo é fundamental aprender a respeitar e conviver não podendo cada um fazer o que quer na hora que quer SAIBA MAIS Não podemos controlar todas as situações do dia a dia Então como podemos garantir que o plano siga sem problemas Na verdade não há como por isso o professor deve ser preparar um plano flexível Para saber mais acesse httpsnovaescolaorgbrconteudo345oplanejamentodeveserflexivel Nas aulas do Ensino Superior também deve haver o momento dos combinados pedagógicos O pro fessor apresenta o seu plano de ensino os procedimentos que usará para que os alunos aprendam os instrumentos de avaliação que adotará e por fim o que se pode ou não fazer nesse espaço que é de convívio de um grupo às vezes grande chegando a até mais de 70 pessoas numa mesma sala Vale ressaltar que não é só o professor que tem responsabilidade no processo de ensinoaprendizagem O aluno também tem e precisa ser conscientizado de que é um elemento importante nessa dinâmica tem direitos e deveres a cumprir no decorrer do semestre mesmo porque o sucesso ou o fracasso nesse 1633 processo não dependem só do professor Os alunos geralmente acham que só têm direitos e se esque cem dos seus deveres Partindo desses princípios o ato de planejar pode começar a ser compreendido em seu real significado além do aspecto burocrático que seria fazer esse documento e entregar ao coordenador de curso Isso acaba levando vários professores a simplesmente mudar a data do planejamento sem revêlo ou anali sálo para as características daquela turma do curso que se inicia O momento de construir ou rever o planejamento de ensino precisa ser um momento com competência profissional como salienta Freire 2019 p 91 Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência O professor que não leva a sério sua formação que não estude que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe Não pode ser um ato mecânico automático e simplesmente burocrático mas sim consciente embutido de uma verdadeira compreensão e reflexão do que se pretende desenvolver analisando se será mesmo significativo para a realidade de seus alunos Caso contrário de nada adiantará esse trabalho O momento do planejamento deve ser algo extremamente prazeroso como um momento de uma investigação para uma pesquisa e é necessário considerar que há vários aprendizes numa única sala cada um é um indivíduo com expe riências de vidas diferentes e esses alunos aprendem de diferentes maneiras por isso é preciso diversificar o modo de ensinar SCARPATO 2012 p 74 O planejamento de ensino o planejamento de curso o programa a ementa conforme seja chamado numa IES precisa ser analisado em suas diferentes etapas Mas antes de apresentálas devese com preender que esse documento precisa estar articulado a outros planejamentos como o plano de desen volvimento institucional PDI e o projeto pedagógico do curso PPC Toda IES possui o seu PDI até porque é exigência do MEC no momento de abertura e reconhecimento dos cursos de graduação e pósgraduação Ele apresenta os objetivos e princípios educativos daquela instituição de ensino e deve também demonstrar que a IES possui recursos para atingir suas metas Já o PPC dos cursos de graduação eou pósgraduação expressa a proposta daquele curso especifi camente apresentando o objetivo o perfil do egresso a grade curricular os critérios de avaliação etc O projeto pedagógico do curso é também conceituado e concebido como projeto políticopedagógico Dizemos que o projeto pedagógico é um projeto político porque estabelece e dá sentido ao compromisso social que a Instituição de Ensino Superior assume com a formação de profissionais e de pesquisadores cidadãos que na sociedade em que vivem trabalhando como profissionais ou pesquisadores ou cientistas desenvolvem sua participação e seu compromisso com a transformação da qua lidade de vida dessa sociedade MASETTO 2005 p 60 1733 ATIVIDADE REFLEXIVA Vale debater com seus colegas sobre a responsabilidade de um professor sabendo que além das necessidades dos alunos ele deve seguir as necessidades da instituição ao montar seu planeja mento Qual seria a melhor forma de planejar Individual ou coletivamente O professor deve conhecer o PPC e se possível participar da construção ou até da reformulação desse documento mesmo porque ele contribui com a formação do profissional que aquele curso oferece den tro daquela IES Mas essa participação de todos os professores que atuam num mesmo curso ainda está muito incipiente Precisaria haver um avanço pedagógico nesse ponto para que eles deixem de ser os ministradores de uma disciplina e passem a ser docentes nesse curso e nessa IES compreendendo seu papel pedagógico nesse contexto Um planejamento de ensino precisa estar articulado ao PPC e este ao PDI conforme o esquema Figura 6 Planejamento de ensino Fonte elaborada pela autora 2023 O professor responsável por uma determinada disciplina deveria ser autor do seu planejamento de ensino afinal ele é um especialista na área em que se formou Como observamos no esquema não basta apenas saber redigir e entregar o seu planejamento de ensino Ele deve estar a par do projeto peda gógico do curso e conhecer a realidade e o contexto em que a universidade está inserida assim como o público que a frequenta para saber melhor planejar e gerar uma aprendizagem significativa É o professor quem deve saber o que como e para que ensinar àqueles alunos e seu planejamento de ensino deve ser uma ação resultante de um processo integrador entre escola e contexto social efeti vada de forma crítica e transformadora pelo próprio professor Isso significa dizer que as atividades educativas seriam planejadas tendo como ponto de referência as problemáticas sociocultural econômica e política do contexto onde a escola está inserida LOPES 2005 p 58 1833 Todo planejamento de ensino organizase com as seguintes etapas identificação ementa objetivos de ensino geral e específicos conteúdo programático procedimentos de ensino recursos didáticos avaliação da aprendizagem e bibliografia Todas elas devem estar articuladas Essas nomenclaturas podem variar de uma IES para outra mas todas devem ter os mesmos propósitos de expressar a pro posta da disciplina As características de um planejamento de ensino são estruturadas em Identificação em forma de cabeçalho apresenta o plano por exemplo Curso Disciplina Semestre Turno Carga horária semestral Professor responsável Ano vigente Ementa é uma descrição discursiva que resume o conteúdo de uma determinada disciplina Deve expli citar seus objetivos pontuando o que se pretende que os alunos aprendam Objetivo de ensino é o que se pretende desenvolver e alcançar com os alunos não se esquecendo de que se deve propiciar o desenvolvimento integral cognitivo afetivo motor e social dos discentes Um professor precisa ter total clareza de quais são os seus objetivos no processo de ensinoaprendizagem Eles podem ser expressos nos níveis Geral descreve o que se pretende que os alunos aprendam em longo prazo ou seja durante aquele semestre eou ano letivo com a disciplina A redação do objetivo geral deve ser feita num único parágrafo de três a quatro linhas Específico explicita bem detalhadamente o que se pretende que os alunos aprendam ao término daquela aula ou daquele conteúdo A redação dos objetivos específicos é feita em tópicos e ini ciase com verbos no infinitivo justamente para mostrar as ações específicas que se quer alcan çar com os alunos Considerando que devemos propiciar o desenvolvimento integral dos nossos alunos a ideia apresen tada por Coll apud ZABALA 1998 é a de que devemos agrupar o que vamos ensinar segundo as tipo logias conceitual procedimental ou atitudinal Proponho numa mesma linha de raciocínio que essas tipologias possam estar associadas à perspectiva de desenvolvimento integral dos alunos que defendo A tipologia conceitual COLL apud ZABALA 1998 ou do âmbito cognitivo SCARPATO 2012 leva o aluno a realmente compreender e não apenas memorizar fatos propiciando uma aprendizagem signifi cativa fazendo com que ele aprenda a compreender A tipologia procedimental COLL apud ZABALA 1998 ou do âmbito motor SCARPATO 2012 propi cia que se aprenda pela ação refletindo sobre as atividades realizadas e percebendo que essa mesma aprendizagem pode ser aplicada em outros contextos 1933 A tipologia atitudinal COLL apud ZABALA 1998 ou do âmbito afetivo e social SCARPATO 2012 deve ajudar o aluno a construir o conhecimento com base em atitudes normas e valores vivenciados naquele aprendizado revendo sua postura seu modo de agir e de se relacionar com os colegas e o meio Podemos observar que os objetivos específicos divididos em conceituais procedimentais e atitudinais não focam apenas aprendizagens fragmentadas e isoladas dos alunos por exemplo só a cognitiva mas seus desenvolvimentos integrais Conteúdo programático são os temas para ser estudados É o professor quem seleciona os conteúdos mais adequados e significativos para a realidade daquela IES daquele curso e principalmente daqueles alunos É necessário compreender que o interesse no aprendizado de um determinado conteúdo está muito associado à compreensão do aluno sobre o quanto aquele tema é significativo e relevante para sua formação profissional Como lembra Meirieu 1998 p 54 uma aprendizagem se realiza quando um indivíduo toma informação em seu meio em função de um projeto pessoal Figura 7 Conhecimento do aluno Fonte Tonucci 1997 Procedimento de ensino essa etapa do planejamento pode ser chamada de metodologia de ensino estratégias de aprendizagem ou técnicas de ensino Faço a opção pelo uso do termo procedimento por acreditar na concepção defendida por Turra 1982 p 36 de que são ações processos ou com portamentos planejados pelo professor para colocar o aluno em contato direto com coisas fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua conduta em função dos objetivos previstos Uma aula expositiva um debate uma pesquisa de campo uma dramatização um seminário cada um desses procedimentos que o professor adotar na sua aula apoiará o desenvolvimento de diferentes habi lidades como falar escrever raciocinar movimentarse etc 2033 Essa etapa do planejamento pode ser redigida em tópicos sem a necessidade de descrever detalhada mente como a atividade será dada aos alunos Mais adiante apresentarei diferentes procedimentos de ensino que poderão ser usados nas aulas Recursos didáticos são os diversos materiais que o professor usará em suas aulas lembrando que eles serão utilizados para estimular o ambiente de aprendizagem Em conjunto com os pro cedimentos de ensino apoiam e facilitam o processo de ensinoaprendizagem ajudando a despertar o interesse motivar desenvolver a percepção orientar e fixar a aprendizagem provocar a ação conhecer a partir do contato concretizar ideias e fatos SCARPATO 2007 p 35 Avaliação da aprendizagem são variados instrumentos que o professor adotará para avaliar a aprendi zagem dos alunos É necessário planejar bem quais instrumentos serão adotados para verificar se eles realmente aprenderam ou se simplesmente decoraram para a prova Um professor pode ter muita dificuldade de compreender o verdadeiro significado da avaliação ainda mais aquele sem formação pedagógica que acaba avaliando do modo como foi avaliado pois nunca refletirá sobre esse ato que precisaria procurar observar cada aluno em suas características Figura 8 Avaliação Fonte Tonucci 1997 2133 Cada IES tem liberdade para definir os critérios de avaliação que adotará o que geralmente está expresso nos PDI e nos PPC Muitas adotam a famosa semana de provas até porque muitos dirigentes dessas IES desconhecem o sentido pedagógico do ato de avaliar A avaliação deve ser contínua durante todo o semestre e com vários instrumentos por exemplo prova trabalho em grupo ou individual entre outros Nessa etapa do planejamento de ensino o professor ape nas cita quais instrumentos usará Bibliografia é o conjunto dos livros capítulos de livros e artigos que o professor usará com os alunos o que chamamos de bibliografia básica Ainda há a bibliografia complementar que tem o intuito de apre sentar obras que poderão ser estudadas posteriormente para aumentar os conhecimentos referentes à disciplina estudada Segue um exemplo de planejamento de ensino 31 Exemplo de plano de ensino Curso Licenciatura Disciplina Didática Semestre 1º semestre Turno matutino e noturno Carga horária semestral 80 horas Professora responsável Marta Scarpato Ano vigente 2012 Ementa a educação brasileira e a didática O papel sociopolítico da escola O processo de ensinoapren dizagem O planejamento de ensino e suas etapas O espaço da sala de aula Relações interpessoais professor e aluno Objetivo geral refletir sobre a educação brasileira no Ensino Fundamental e Médio tendo por foco a formação e a atuação do educador a fim de buscar o aperfeiçoamento eou transformação da ação profissional Objetivos específicos Discutir o processo de formação do educador na realidade brasileira levando em consideração os aspectos culturais econômicos políticos e históricosociais Reconhecer a didática como disciplina pedagógica Compreender o educador como profissional responsável por desencadear o processo de constru ção do conhecimento e como agente de transformação social 2233 Caracterizar os elementos do processo de ensinoaprendizagem Refletir sobre o processo de ensinoaprendizagem a partir de uma visão integral do ser humano Reconhecer o planejamento de atividades didáticas como instrumento da educação Distinguir os níveis do planejamento educacional e as possibilidades de atuação do educador Analisar as etapas do planejamento de ensino e sua relação com a avaliação da aprendizagem Conteúdos O papel da educação e do educador Formação de educadores A didática o papel do professor e as tendências em educação Ensinar e aprender desafios do educador O planejamento educacional Planejamento de ensino Objetivos de ensino Conteúdos de ensino Procedimentos de ensino Recursos de ensino Avaliação educacional aspectos epistemológicos Avaliação do processo de ensinoaprendizagem A prática educativa brasileira Procedimentos de ensino As aulas consistirão na combinação adequada de aula expositiva debate estudo de caso trabalhos individuais e em grupos Recursos didáticos Datashow textos artigos filmes Avaliação da aprendizagem Ao longo do curso o aluno será continuamente avaliado por meio de trabalhos e relatórios individuais ou em grupo participação e assiduidade autoavaliação 2333 Unidade 4 Procedimentos de ensino e avaliação de aprendizagem 4 Procedimentos de ensino Vídeo Procedimentos de ensino httpsplayervimeocomvideo362644501 É o professor quem define de qual modo vai ensinar o que está muito relacionado a como ele entende o processo de ensinoaprendizagem Os procedimentos de ensino representam essa maneira como ele irá ensinar aos alunos É uma escolha do professor porém ela deve levar em consideração que existem vários alunos em sala de aula por consequência vários aprendizes e que cada um aprende de maneira diferente e tem ritmos próprios Numa mesma sala de aula pode haver alunos que sejam mais participantes que aprendem a pensar e expor suas reflexões outros alunos apenas ouvintes que não expressam seus pen samentos no processo de construção do conhecimento e já outros alunos que constroem seus conhecimentos com o grupoclasse trocando experiências res peitando os colegas SCARPATO 2012 p 59 O professor com formação pedagógica buscará novas formas de ensinar de modo variado porque tem consciência de que numa mesma sala de aula há vários aprendizes cada qual com suas características individuais Já o professor sem formação pedagógica que nunca refletiu sobre como deve ensinar seus alunos com certeza se baseará nesse momento nas lembranças das aulas que teve no passado que na maioria das vezes terão sido somente expositivas sem a participação dos alunos ou os famosos seminá rios em que são formados vários grupos em sala e cada qual apresenta um tema definido pelo professor ATIVIDADE REFLEXIVA Pense e debata com seus colegas sobre possíveis formas de levar o conteúdo para os alunos Con sidere que vivemos na era da informação em que os processos estão acelerados e qualquer coisa pode ser o novo foco Veja a reportagem a seguir para ajudar nessa reflexão e discussão httpsbrasil elpaiscombrasil20150624opinion1435171777414862html 2433 Temos que repensar a maneira como ensinamos afinal enquanto fazemos isso estamos formando pessoas e temos que ajudálas a serem mais críticas e participativas O conhecimento só faz sentido se proporcionar ao aluno a compreensão o usufruto e a transformação da realidade que vive O conhecimento não é transferido ou depositado pelo outro conforme a concepção tradicional nem inventado pelo sujeito concepção espontaneísta mas sim construído pelo sujeito na sua relação com os outros e com o mundo VASCONCELLOS 2002 p 55 O professor não é um transmissor de conhecimentos mas sim um mediador da construção do conheci mento do aluno mesmo porque este já traz para a sala de aula o seu conhecimento e o professor deve respeitar e considerar a leitura de mundo deles FREIRE 2019 p 122 Figura 9 Debate em sala Fonte adaptado de httpsipinimgcomoriginals523e54523e5492ccc5e2e4052d91da7a742719jpg É uma tarefa que exige do professor uma mudança de postura sem perder sua autoridade em sala de aula porque ele deve admitir que não é o único detentor do conhecimento Nos dias de hoje com o excesso de informações a que os alunos têm acesso temos que rever nosso modo de ensinar Há uma variedade de procedimentos de ensino que podem ser adaptados para a sala de aula Como nos lembra Carlini 2008 p 29 Não é possível acreditar que exista o melhor procedimento de ensino Cada procedimento deve ser selecionado em função dos objetivos e conteúdos de ensino que o professor pretende realizar considerando especificamente o grupo de alunos com que trabalha e o momento do processo ensinoaprendizagem que desenvolve Analisemos a seguir alguns desses procedimentos 41 Apresentação do grupo Utilizados nas situações em que professor e alunos ainda não se conhecem em geral no início do ano letivo ou de uma nova disciplina E ainda na Educa ção a Distância EaD quando da mesma forma que na Educação presencial há necessidade de os participantes se conhecerem e juntos constituírem o grupo de trabalho CARLINI 2008 p 31 2533 Se como professores temos que incentivar o desenvolvimento integral dos alunos ajudálos a se conhe cer é nosso papel Às vezes escuto de estudantes que alguns dos seus professores universitários dizem que aquele que faz uma dinâmica de apresentação na primeira aula é porque quer enrolar Em minha opinião o comentário justifica sua incompreensão do papel que exerce e consequentemente sua falta de formação pedagógica Alguns exemplos de apresentação do grupo Apresentação simples cada componente diz seu nome e um aspecto selecionado previamente pelo professor de sua vida pessoal suas preferências expectativas e experiências anteriores entre outros História do nome o componente do grupo diz seu nome e narra os motivos familiares e sociais da escolha Apresentação em duplas organizados em duplas os alunos conversam entre si e se apresen tam mencionando aspectos relevantes de sua vida Decorrido o tempo estipulado pelo professor cada aluno fala de seu colega ao grupo Essa modalidade se presta melhor ao ensino presencial CARLINI 2008 p 31 42 Apresentação de ideias Para iniciar um novo tema de estudo muitas vezes o professor tem a necessi dade de realizar um inventário dos conhecimentos anteriores disponíveis entre os alunos Em algumas situações é importante explicitar essas informações para diagnosticar a compreensão superficial ou eventualmente preconceituosa dos conceitos a serem trabalhados muitas vezes assumida de modo inquestio nável CARLINI 2008 p 34 A apresentação de ideias é um modo de o professor diagnosticar o conhecimento prévio dos alunos sobre um novo tema a ser estudado Conheça algumas formas de realizála Tempestade cerebral ou brainstorming quando o aluno menciona em voz alta e espontanea mente sem prejulgamentos as ideias que lhe ocorrem diante de um novo tema ou assunto Essas palavras serão anotadas no quadro de giz pelo professor e agrupadas de acordo com sua seme lhança ou diferença ou por categorias afirmativas e negativas entre outras Redação de conceitos o professor distribui pequenos pedaços de papel todos iguais e o aluno é orientado a explicar em poucas palavras sua compreensão do conceito ou ideia Concluída a redação o professor recolhe as produções sem identificação do alunoautor e com base nas ideias ali contidas organiza o registro no quadro de giz de forma semelhante à atividade ante rior Trabalhar dessa maneira pode contribuir para proteger o aluno na exposição de suas ideias quando o grupo ainda não tem a familiaridade necessária Cartaz em grupo os alunos devem participar da elaboração de um cartaz com um desenho ou colagem realizado em subgrupo após rápida discussão a respeito de um tema proposto Con cluído o tempo determinado para a atividade os cartazes devem ser expostos e observados por toda a classe Na sequência serão comentados por seus autores explicitando seu sentido e suas relações e discutidos livremente pelos demais alunos CARLINI 2008 p 34 2633 43 Aula expositiva Com certeza esse é o procedimento de ensino mais adotado nas aulas em universidades pelos profes sores e muitas vezes será o único modo de ensino fornecido Baseiase na apresentação oral de um tema pelo professor e pode contar com maior ou menor participação dos alunos dependendo da proposta e dos objeti vos de ensino Além disso a aula expositiva pode estar apoiada em recursos de ensino como esquemas gráficos sinopses anotada no quadro de giz em carta zes em transparências entre outros CARLINI 2008 p 38 Ressalto que a aula expositiva é essencial para a apresentação de um novo conteúdo ou o fechamento do tema mas é importante ser dialogada interativa havendo a participação dos alunos nesse processo Há ainda um cuidado que o professor deve ter com o tempo de duração da aula Evite ultrapassar 15 ou 20 minutos de exposição contínua para não ficar muito cansativo para o aluno Imagine que há profes sores que falam ininterruptamente por 40 a 50 minutos Figura 10 Diálogo Fonte Ceccon e Harper 2002 44 Debate Segundo Carlini 2008 p 42 o debate se apoia em leitura e estudo prévio sobre o assunto em foco e desenvolvese no processo de exposição oral das ideias pelos participantes do grupo mediado pela atuação do professor O professor deve selecionar um tema para ser debatido em sala combinando as regras para que esse procedimento flua de forma produtiva por exemplo levantar a mão para falar expressarse com clareza respeitar as opiniões diversas 2733 45 Ensino com pesquisa Segundo Carlini 2008 p 48 o ensino com pesquisa requer a orientação direta do professor no processo de elaboração da pes quisa É muito mais do que determinar que os alunos façam pesquisas caracte rizadas pela busca em bibliografia escrita ou virtual das informações pretendidas e pela transcrição ou impressão gráfica dos achados É uma atividade de ensino que demanda tempo e dedicação dos envolvidos na produção de conhecimentos O ensino com pesquisa exige tempo em torno de um bimestre de trabalho pois os alunos precisarão fazer suas pesquisas e apresentálas para a sala O interessante é que o professor use uma ou duas aulas para orientar esse trabalho e explicar o relatório que deverão fazer definindo se será uma pesquisa bibliográfica ou de campo e estipulando a data de apresentação para cada grupo Enquanto os alunos vão trabalhando fora do momento de aula o professor pode dar continuidade aos conteúdos do seu plano de ensino e sentindo necessidade reservar cerca de 15 minutos do tempo para ajudar os grupos nessa tarefa 46 Estudo de caso Para Carlini 2008 p 56 o estudo de caso se apoia na apresentação aos alunos de uma situação real ou simulada relativa ao tema em estudo para análise e encaminhamento de solução Corresponde a um método de trabalho no qual os alunos têm a oportunidade de aplicar conhe cimentos teóricos a situações práticas A situação pode ser trazida aos alunos pelo professor na forma de uma notícia de jornal ou revista de um filme ou de relato descritivo O estudo de caso leva os alunos a analisar uma situação real ou fictícia buscando soluções o que os levará a retomar e aplicar os conhecimentos apreendidos em sala 47 Estudo dirigido Como o nome indica é um procedimento de ensino por meio do qual o aluno executa um trabalho proposto e orientado pelo professor de preferência em sala de aula Apoiado na leitura de um texto artigo ou capítulo de livro e em um roteiro de estudos previamente elaborado pelo professor o aluno trabalha ativa mente realizando leitura e interpretação do texto análise e comparações sínte ses e avaliações CARLINI 2008 p 59 2833 Há necessidade de o professor elaborar um roteiro de estudos para a vivência desse procedimento que pode ser semelhante a um questionário com perguntas Não deixa de ser uma forma de levar os alunos a ler o texto que o professor indicou para a aula pois essa é uma grande dificuldade Segundo Carlini 2008 p 64 existem algumas alternativas a fim de que os alunos leiam os textos que os professores solicitam que podem ser Leitura individual em sala de aula apoiada em roteiro em forma de estudo dirigido Leitura exegética quando cada aluno faz a leitura em voz alta e um breve comentário sobre um parágrafo do texto na sequência Para esse procedi mento devem ser utilizados textos curtos com cerca de dez ou doze parágra fos sob pena de a leitura tornarse cansativa e os alunos dispersos Leitura dinâmica quando o professor seleciona previamente frases ou pará grafos do texto em estudo os distribui entre os alunos para uma pequena troca de ideias em duplas e solicita a leitura e apresentação dos comentários ao grupoclasse Aqui o professor deve coordenar a apresentação das duplas e organizar o fechamento das discussões 48 Seminário Esse é o procedimento mais conhecido entre os alunos do Ensino Superior pois é o que eles mais vivenciam mas infelizmente é o menos compreendido por parte deles e até dos próprios professores Seminário não é uma aula expositiva dada pelos alunos e muito menos um jogral realizado pelo grupo que apresenta Seminário é um procedimento de ensino que se constrói com base no ensino com pesquisa realizado em subgrupos e no debate dos aspectos investigados de maneira integrada ou complementar sob a coordenação do professor Esse procedimento distinguese daquelas práticas usualmente conhecidas por essa denominação em primeiro lugar pelo processo de investigação do tema que é o mesmo para todos os grupos e realizase por meio de pesquisa em vez de os conhecidos fichamentos e resenhas de capítulos Em segundo lugar pela forma de apresentação dos trabalhos em debate de pontos convergentes divergentes ou complementares CARLINI 2008 p 69 Alguns professores desconhecem o sentido pedagógico desse procedimento e simplesmente dividem a sala em pequenos grupos cada um responsável por uma parte de um tema quando na verdade deveria ser feito o aprofundamento desse tema em subtemas de maneira crítica e reflexiva compreendendoo sob diferentes perspectivas 2933 Figura 11 Seminário Fonte https68mediatumblrcomtumblrm99bvxyXuF1qmggloo11280jpg 49 Grupo de verbalização GV e grupo de observação GO É a análise de um temaproblema sob a coordenação do professor que divide os estudantes em dois grupos um de verbalização GV e outro de observação GO É uma estratégia aplicada com sucesso ao longo do processo de construção do conhecimento e nesse caso requer leitura estudos preliminares enfim um con tato inicial com o tema ANASTASIOU ALVES 2004 p 88 É preciso formar dois círculos concêntricos um menor no centro com uma média de seis a sete alunos e outro maior que pode ser o restante da sala Após a escolha dos alunos que se sentarão no círculo do centro GV esse grupo debaterá um tema que pode ter sido indicado por uma leitura prévia Terão 15 minutos para discutir e somente eles podem falar nesse momento O outro círculo maior que é o grupo de observação GO terá a tarefa de observar a discussão e registrar os pontos debatidos que lhes chamam a atenção Ao término dos 15 minutos o GO comentará os pontos que registraram e o GV ficará na escuta O professor nesse momento pode intervir sobre o que observou durante a vivência do procedimento e até fazer apontamentos das questões teóricas debatidas 410 Grupos de oposição Seu funcionamento supõe a organização de pelo menos dois grupos de alu nos sendo que um deles tem por tarefa defender uma ideia ou encontrar suas vantagens enquanto o outro deverá atacar a mesma ideia ou mostrar sua des vantagem MASETTO 2003 p 118 É necessário que o assunto discutido tenha sido estudado pela sala Cada grupo terá um tempo para organizar seus argumentos e será necessário que estejam sentados um de frente para o outro para que todos se vejam Haverá o debate entre os dois grupos cada um defendendo uma posição e o professor será o mediador ajudando a organizar a discussão Esses são alguns dos procedimentos de ensino que podemos usar em sala de aula lembrando que em todos eles há a participação dos alunos levandoos a ser ativos e protagonistas do processo de ensinoaprendizagem não apenas espectadores como ocorre em muitas aulas aonde eles vão para 3033 assistir e não para participar e construir seus conhecimentos Observo muitos alunos na universidade que vão com essa postura de espectador sentamse nas carteiras cruzam os braços e só escutam Acreditam que o professor é um transmissor e o único detentor do conhecimento Mas o pior é quando vejo professores que ainda pensam dessa forma Podemos perceber que várias habilidades serão desenvolvidas como aprender a se expressar com cla reza saber escutar refletir respeitar a opinião do colega trabalhar em grupo saber colaborar ser capaz de pesquisar e registrar entre outras Todos esses procedimentos de ensino podem ser adaptados para cursos dados na modalidade à distância EaD Carlini 2008 aprofunda bem essas questões pontuando como o professor pode fazer essa adaptação 5 Avaliar a aprendizagem do aluno Vídeo Avaliar a aprendizagem do aluno httpsplayervimeocomvideo362644558 Avaliar como os alunos estão aprendendo é fundamental primeiro por ser para o professor um retorno de como caminha o processo de ensinoaprendizagem e para os alunos um diagnóstico de como estão se desenvolvendo e aprendendo Figura 12 Avaliação Fonte Tonucci 1997 Do mesmo modo que o professor precisa escolher diferentes procedimen tos de ensino para as aulas necessita também escolher instrumentos diver sificados para avaliar a aprendizagem dos seus alunos Muitas vezes o próprio professor não tem clareza do verdadeiro significado do ato de avaliar no processo de ensinoaprendizagem Ele avalia conforme foi ava liado na sua época de estudante e na maioria das vezes foi numa visão fragmentada isolada vendo apenas o resultado da prova Afinal a escola nossos professores só quantificaram muitas das nossas atitudes durante o processo de aprendizagem Se a grande maioria dos professores foi avaliado de modo fragmentado como exigir que mude sua concepção do ato de avaliar se não refletir sobre isso se não estiver em constante processo de construção de sua identidade docente SCARPATO 2012 p 112 3133 A avaliação deve ser contínua Diariamente o professor precisa observar o comportamento o envolvi mento a participação o interesse e a assiduidade dos alunos nas aulas Isso deve ocorrer também ao término de algum conteúdo específico ou ao fim do bimestre não somente na semana das provas Os professores muitas vezes acabam avaliando de acordo com as normas da instituição de ensino que lecionam e muitos dos dirigentes dessas instituições desconhecem o conceito da avaliação da aprendizagem Só exigem que se avalie por provas intitulando das famosas Semana de provas Sou contra Semana de provas SCARPATO 2012 p 112 A semana de provas gera um clima de tensão nas universidades entre professores e alunos Os pri meiros sentemse juízes porque devem evitar a cola dos últimos e desanimados porque terão uma quantidade enorme de provas para corrigir Já estes ficam tensos porque não estudaram o suficiente ou até não entenderam o conteúdo ensinado Podemos perceber uma das manifestações da emoção a regressividade em que o aluno fica nervoso e esquece o conteúdo que estudou na hora para a prova Seria muito mais interessante e produtivo para o processo de ensinoaprendizagem que cada curso den tro de uma IES pudesse definir quais critérios adotará para avaliar a aprendizagem dos alunos Todos os professores ao discutirem e conhecerem o PPC dos cursos em que atuam deveriam elaborar os ins trumentos de avaliação retomando as habilidades que aquele futuro profissional deve ter para exercer sua profissão Não podemos avaliar apenas os conteúdos conceituais mas também os procedimentais e os atitudinais conforme apresentado neste texto Mesmo porque o mercado de trabalho exige cada vez mais profissionais capazes de se expressar com clareza oral e escrita com facilidade para atuar em grupo e capacidade de reflexão e autonomia Vários dos procedimentos de ensino apresentados podem ser um instrumento para avaliar em lugar de somente uma prova Masetto 2005 p 146 apresenta uma fórmula que ilustra essa concepção distorcida do ato de avaliar AV P N AR J A Ou seja Avaliação Prova Nota que levam o aluno a uma Aprovação ou uma Reprovação AR Em qualquer situação o aluno se sente Julgado J A pelo professor de cujos critérios depende para obter a aprovação Falta na verdade compreender que se avalia a aprendizagem Obter uma nota para passar naquela dis ciplina não representa aprendizado Será que os alunos realmente aprendem ou apenas decoram e estão preocupados com a nota Os professores muitas vezes estão preocupados que os alunos aprendam mas lhes faltam instrumentos claros e diversificados para diagnosticar se isso ocorreu e nem sempre a prova será esse único instrumento Conclusão Com a leitura deste texto acredito que tenha ficado mais claro para você o verdadeiro papel do professor do Ensino Superior assim como a importância da formação pedagógica para sua ação docente Ressalto o quanto é necessário conhecer o quanto a afetividade permeia o processo de ensinoaprendi zagem bem como o planejamento em suas etapas e articulações a fim de diversificar os procedimentos de ensino 3233 Glossário Hipotonia Na fisiologia é a redução ou perda do tono muscular Fonte Google Dicionário Tônus Estado de excitabilidade do sistema nervoso que controla ou influencia os músculos esqueléticos Estado normal de elasticidade e resistência de um órgão ou tecido tono Fonte Google Dicionário Referências bibliográficas ALMEIDA L R MAHONEY A A orgs A constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon São Paulo Loyola 2004 ANASTASIOU L ALVES L Processos de ensinagem na universidade Joinville Univille 2004 ARROYO M G Imagens quebradas trajetórias e tempos de alunos e mestres Petrópolis Vozes 2004 BRANDÃO C da F LDB passo a passo lei de diretrizes e bases da educação nacional Lei nº 939496 comentada e interpretada artigo por artigo 4 ed rev e ampl São Paulo Avercamp 2010 CARLINI A Procedimentos de ensino escolher e decidir In SCARPATO M org Os procedimentos de ensino fazem a aula acontecer São Paulo Avercamp 2008 DANTAS H A infância da razão uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon São Paulo Manole 1990 FERNANDES C M B Formação do professor universitário tarefa de quem In MASETTO Marcos Tarciso org Docência na universidade 7 ed São Paulo Papirus 2005 FREIRE P Raízes e asas São Paulo Vídeo CENPEC 1994 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa 34 ed São Paulo Paz e Terra 2019 GALVÃO I Henri Wallon uma concepção dialética do desenvolvimento infantil 23 ed Petrópolis Vozes 2014 CECCON Claudius HARPER Babette Cuidado escola desigualdade domesticação e algumas saídas 35 ed São Paulo Brasiliense 2002 LIBÂNEO J C Palestra no Programa de PósGraduação em Psicologia da Educação Palestra São Paulo PUCSP abr 2007 LOPES A O Planejamento do ensino numa perspectiva crítica de educação In VEIGA I P coord Repensando a didática 22 ed Campinas Papirus 2005 MASETTO Marcos Tarciso org Docência na universidade 7 ed São Paulo Papirus 2005 MASETTO M Competência pedagógica do professor universitário São Paulo Summus 2003 MEIRIEU P Aprender sim mas como Porto Alegre Artes Médica 1998 PLACCO V M N de S Relações interpessoais em sala de aula e o desenvolvimento pessoal de aluno e professor In ALMEIDA L R de PLACCO V M N de S orgs As relações interpessoais na formação de professores São Paulo Loyola 2002 3333 SCARPATO M org Educação física como planejar aulas na educação básica São Paulo Avercamp 2007 SCARPATO M Didática e desenvolvimento integral São Paulo Avercamp 2012 SCARPATO M Os procedimentos de ensino fazem a aula acontecer 2 ed São Paulo Avercamp 2013 TONUCCI F Com olhos de criança Porto Alegre Artes Médicas 1997 TURRA C M et al Planejamento de ensino e avaliação Porto Alegre Sagra 1982 VASCONCELLOS C dos S Construção do conhecimento em sala de aula 14 ed São Paulo Libertad 2002 WALLON H As origens do caráter na criança São Paulo Nova Alexandria 1995b WALLON H Evolução psicológica da criança Lisboa Edições 70 1995a ZABALA A A prática educativa como ensinar Porto Alegre Artmed 1998
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Didática do Ensino Superior Professora autoraconteudista Marta Thiago Scarpato É vedada terminantemente a cópia do material didático sob qualquer forma o seu fornecimento para fotocópia ou gravação para alunos ou terceiros bem como o seu fornecimento para divulgação em locais públicos telessalas ou qualquer outra forma de divulgação pública sob pena de responsabilização civil e criminal Sumário Objetivos 4 Apresentação 4 Unidade 1 O professor e o Ensino Superior 4 1 O professor do Ensino Superior e a legislação 4 Unidade 2 A relação professoraluno 8 2 A relação professoraluno e a construção da afetividade no processo de ensinoaprendizagem 8 Unidade 3 Planejamento e plano de ensino 15 3 Planejar as aulas 15 31 Exemplo de plano de ensino 21 Unidade 4 Procedimentos de ensino e avaliação de aprendizagem 23 4 Procedimentos de ensino 23 41 Apresentação do grupo 24 42 Apresentação de ideias 25 43 Aula expositiva 26 44 Debate 26 45 Ensino com pesquisa 27 46 Estudo de caso 27 47 Estudo dirigido 27 48 Seminário 28 49 Grupo de verbalização GV e grupo de observação GO 29 410 Grupos de oposição 29 5 Avaliar a aprendizagem do aluno 30 Conclusão31 Glossário 32 Referências bibliográficas 32 433 Objetivos Identificar o professor do Ensino Superior na legislação brasileira Reconhecer a importância da formação pedagógica do professor do Ensino Superior Compreender o papel do professor na afetividade do aluno Saber a importância do planejamento Conhecer diferentes procedimentos de ensino Apresentação O presente material apresenta uma breve visão do professor do Ensino Superior na legislação brasileira assim como a importância da formação pedagógica que ele deve ter para compreender a complexidade do processo de ensinoaprendizagem e tudo o que está implícito nele como a relação professoraluno a construção da afetividade dos alunos o planejamento em seus diferentes níveis e etapas e a importân cia de se diversificar os procedimentos de ensino Unidade 1 O professor e o Ensino Superior 1 O professor do Ensino Superior e a legislação Vídeo O professor do ensino superior e a legislação httpsplayervimeocomvideo362644350 O magistério é uma profissão que historicamente foi marcada pela précondição da vocação FERNANDES 2002 acreditandose que para ser professor bastava esse fator Essa visão está total mente equivocada pois essa é uma profissão como qualquer outra que exige estudo e conhecimento Para ser exercida é necessário haver formação afinal ninguém nasce professor mas pode se tornar um o que exigirá muito estudo e reflexão Nessa profissão são fundamentais uma formação específica e uma formação pedagógica 533 Figura 1 O professor Fonte SaMBaShutterstock A formação específica é o domínio de um conteúdo de um campo científico Por exemplo um professor de história da arte deve saber sobre arte história e a influência da arte na vida das pessoas entre outros conhecimentos Já a formação pedagógica é aquela voltada para compreender o papel do professor a função da escola o processo de ensinar e de como os alunos aprendem como se pode ensinálos e avaliálos entre outros aspectos Como nos lembra Libâneo 2007 Para se ensinar matemática a João eu preciso saber matemática saber como se ensina matemática como ajudo João a pensar com o modo próprio de pensar e operar mentalmente a matemática saber quem é João os motivos e objetivos pessoais que o movem saber em que contexto sociocultural e institucional João vive como esse con texto influi na sua aprendizagem e como esse contexto pode ser modificado O saber matemática é a formação específica que o professor teve enquanto se formava nessa área de conhecimento já saber como se ensina matemática conhecer o João e conhecer o seu contexto sociocultural estão atrelados à formação pedagógica Todo professor precisa ter clareza do seu papel em sala de aula como um agente de transformação social alguém que pode ajudar as pessoas a se transformarem e a transformarem o meio em que vivem Mas precisa compreender principalmente o verdadeiro sentido de ensinar e aprender diante de toda a complexidade que existe nesse processo A didática é uma das disciplinas pedagógicas que mais contribuem para essa formação dos professores que atuam nos diferentes níveis de ensino da Educação Básica ao Ensino Superior Porém há algumas questões para se refletir sobre a formação pedagógica dos professores no nosso país 633 A lei que rege a educação no país Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN nº 93941996 no Título VI Dos Profissionais da Educação traz definições sobre a formação dos profissionais da Educação Básica Vale lembrar que isso se refere à atuação do professor nos níveis da Educação Infantil ao Ensino Médio O art 61 parágrafo único apresenta BRANDÃO 2010 Art 61 único A formação dos profissionais da educação de modo a atender às especificidades do exercício de suas atividades bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica terá como fundamentos I a presença de sólida formação básica que propicie o conhecimento dos fun damentos científicos e sociais de suas competências de trabalho II a associação entre teorias e práticas mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço grifos nossos Esse artigo da LDBEN ao afirmar o conhecimento de suas competências de trabalho e a associa ção entre teorias e práticas salienta a importância de o professor desenvolver durante sua formação habilidades para ser competente na tarefa de ensinar e compreender como os alunos aprendem Isso é uma formação pedagógica que pode ser aprendida refletida nos cursos de licenciatura com as disci plinas pedagógicas e depois de formado enquanto exerce sua profissão conforme vai construindo sua identidade docente A LDBEN pontua esses aspectos referindose ao professor que atuará na educação básica E a atuação do professor do Ensino Superior O que a lei apresenta No Título V Capítulo IV Da Educação Superior o art 52 salienta apenas que as instituições de Ensino Superior IES deverão ter II um terço do corpo docente pelo menos com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado III um terço do corpo docente em regime de tempo integral BRANDÃO 2010 Percebemos que não há uma menção quanto à importância de uma formação pedagógica para o pro fessor atuar nesse nível de ensino somente quanto ao percentual de mestres eou doutores que a IES precisa ter para ser reconhecida Ainda na LBDEN Art 66 A preparação para o exercício do magistério superior farseá em nível de pósgraduação prioritariamente em programas de mestrado e doutorado BRANDÃO 2010 grifos nossos O fato de um professor ter titulação de mestre eou doutor nem sempre representa que ele refletiu sobre o processo de ensinar e aprender enquanto cursava a pósgraduação até porque a maioria dos progra mas de pósgraduação stricto sensu no Brasil não oferece uma disciplina voltada para a formação peda gógica Formamse na maioria das vezes pesquisadores não professores que saberão compreender a complexidade de uma sala de aula o que é um problema muito sério e que deveria ser revisto nesses programas É preciso ser um professor pesquisador como apontado por Freire 2019 p 29 Enquanto ensino contínuo buscando reprocurando Ensino porque busco porque indaguei porque indago e me indago Pesquiso para constatar consta tando intervenho intervindo educo e me educo Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade 733 Essa postura de professor pesquisador exige a investigação a inquietude epistemológica e a compreen são do que é ensinar e aprender Alguns estudos apontam que no Ensino Superior até por esse descuido legal ocorre a admissão de professores com formação em nível de pósgraduação específi ca da área de atuação desconsiderando a sua formação pedagógica Para ilustrar tomemos como exemplo um advogado que é bacharel em Direito e por ter cursado um bacharelado não teve nenhuma disciplina pedagógica em sua formação Depois fez mestrado eou doutorado também em Direito tendo uma ótima formação específi ca na sua área Se vier a ministrar aulas no Ensino Superior até porque a titulação o permite esse professor pode nunca ter refl etido sobre como devemos ensinar ou como os alunos aprendem Para ser professor no Ensino Superior é necessária a formação específi ca mas a formação pedagógica é fundamental Quando um professor não a teve em seus cursos de graduação eou pósgraduação ela pode ser oferecida pelas IES em cursos de capacitação reuniões em que se discutirão questões relacio nadas ao ensinar e ao aprender SAIBA MAIS Para saber mais sobre a formação pedagógica do professor universitário recomendamos a leitura complementar a seguir httpwwwscielobrpdfavalv21n319825765aval210300691pdf A não exigência legal da formação pedagógica dos docentes nas IES pode gerar sérias consequências no processo de ensinoaprendizagem porque dar aula não é simplesmente entrar em sala de aula e des pejar um conteúdo aos alunos Figura 2 Interesse no aprender Hoje a noite irei OS FENÍCIOS ERAM GRANDES NAVEGADOREs E COMERCIANTEs BLA BLA BLA E ROSA VIVEU O QUE VIVEM AS ROSAS BLA BLA BLA BLA BLA A SOMA DE DOIS NÚMEROS BLA BLA A GROENLÂNDIA É DELIMITADA AO NORTE BLA BLA AO SUL BLA BLa AS VÉRTEBRAS BLA BLA BLA BLA BLA ao cinema com joão VAMOS Juntos AGORA CANTAR Todos Fonte Tonucci 1997 833 Um professor do Ensino Superior sem a formação pedagógica acaba tendo dificuldade em compreen der a complexidade do processo de ensinoaprendizagem o papel que ele exerce nesse processo e o ato político implícito no ato de ensinar É necessária uma consciência do papel político que há em sala de aula O professor ao entrar em sala de aula para ensinar uma disciplina não deixa de ser um cidadão alguém que faz parte de um povo de uma nação que se encontra em um processo histórico e dialético que participa da construção da vida e da história do seu povo E isso não se desprega de sua pele no instante em que ele entra em sala de aulaMASETTO 2005 p 23 Muitas vezes esse professor sem formação pedagógica acabará ministrando suas aulas nos modelos dos mestres que teve enquanto foi aluno na graduação eou na pósgraduação Esses modelos copiados podem muitas vezes estar equivocados e ser questionados Enquanto ministra aulas um professor deve refletir sobre o que é ensinar e como os alunos aprendem estar aberto e repensar seus posicionamentos Parafraseando Freire 1994 que aos 74 anos dizia que até aquele momento quando entrava em sala de aula aprendia a dar aula podemos começar a perceber o quanto nos tornamos professores e devemos procurar compreender por exemplo aquele aluno que chegou atrasado para o início da aula ou que não conseguiu trazer o trabalho solicitado para aquele dia por ter passado as noites com o filho hospitalizado Unidade 2 A relação professoraluno 2 A relação professoraluno e a construção da afetividade no processo de ensinoaprendizagem Vídeo A relação professoraluno e a construção da afetividade no processo de ensino aprendizagem httpsplayervimeocomvideo362644385 A relação que se estabelece no processo de ensinoaprendizagem numa sala de aula precisa ser vista como uma relação entre seres humanos lembrando que todos professores e alunos são humanos cres cem e se desenvolvem Isso nos faz perceber que essas relações interpessoais devem contribuir para o desenvolvimento integral cognitivo afetivo motor e social tanto do professor quanto dos alunos 933 Cada um dos âmbitos dos sujeitos pessoal interpessoal social cognitivo afetivo em qualquer interação estão sincronicamente presentes e nenhum deles é afetado ou se transforma sem que os outros sejam também transforma dos A qualidade da interação estabelecida é fundamental para que a construção e transformação cognitivo afetivo social de cada um dos parceiros ocorram na direção do pleno desenvolvimento de ambos como pessoas PLACCO 2002 p 9 É importante termos consciência de que as experiências vividas em um ambiente escolar podem afetar e comprometer o desempenho e a formação de cada pessoa por deixar marcas positivas ou negativas O tempo que passamos na escola contribui para o nosso desenvolvimento integral conceito que defendo há muito tempo SAIBA MAIS Leia a obra Didática e desenvolvimento integral publicada pela editora Avercamp em 2012 Nela aprofundo bem questões a respeito de um processo de ensinoaprendizagem que possa propiciar o desenvolvimento integral de alunos e professores Saliento no livro a necessidade de se repensar o processo de ensinoaprendizagem dentro dessa perspectiva por meio de diferentes temas como a aula o espaço para ela o ritmo de aprendizagem de cada um a expressividade corporal do professor e os diferentes modos de aprender com um viés na teoria das inteligências múltiplas entre outros Essas lembranças da escola deixam marcas para toda a nossa vida pois há lembranças boas e ruins e as vivências desse cotidiano são repletas de sucessos e fracassos como nos lembra Arroyo 2004 p 96 O mesmo jovem negro João serralheiro que guarda uma lembrança tão boa de sua professora nos diz A escola não me cativava não despertava interesse Outro jovem Flavinho 17 anos funkeiro filho de mãe operária em uma fábrica de tecidos e pai alcoólatra tem uma visão ainda mais negativa Se desse para viver sem escola eu preferia viver sem escola Que tem essa instituição que provoca reações tão desencontradas Podemos perceber que o papel do professor é fundamental nesse contexto Muitas vezes nossos alu nos que chegam à universidade ou às escolas com a autoestima baixa pois carregam essas lembranças negativas Sentemse incapazes não acreditam em suas capacidades de poder aprender não sabem expressar suas opiniões durante as aulas e só ouvem Nesse momento é importante haver uma intervenção do professor que leve o aluno a acreditar que é capaz que dê oportunidade e voz para ele se expressar durante as aulas Acho interessante quando ouço nas salas dos professores e nos corredores alguns dos meus colegas comentarem que seus alunos não sabem expressar suas ideias não sabem falar em sala explicar o que querem o que sentem e o que pensam Fico pensando enquanto ouço esse depoimento será que esse mesmo professor enquanto dá aula está propiciando um modo de ensinar que dê oportunidades para os alunos expressarem suas opiniões Está contribuindo com a formação deles como seres humanos num âmbito integral 1033 A relação professoraluno no processo de ensinoaprendizagem precisa ser pessoal carinhosa e com criação de vínculos Entendo que professores e alunos são parceiros e não adversários nesse processo e cabe ao professor a maturidade emocional de compreender os conflitos e afrontas que ocorrem em sala de aula Figura 3 Professoraluno Fonte RawpixelcomShutterstock Situações conflituosas aparecerão pois há um grupo de pessoas que convivem e dividem o mesmo espaço Mas muitos desses conflitos podem representar uma atitude de oposição porque o profes sor é mais autoritário não abre espaço para os alunos expressarem suas opiniões fazendo com que estes contestem aquele e o trabalho que lhes propõe apenas para exercitar a oposição Ou então o trabalho em sala de aula está desinteressante pois só o professor fica a aula inteira falando como se estivesse numa palestra sem interagir esquecendose de olhar os corpos e gestos dos seus alunos Como lembram Almeida e Mahoney 2004 p 126 O professor pode ler seu aluno o olhar a tonicidade o cansaço a atenção o interesse são indicadores do andamento do processo de ensino que está oferecendo Um outro tipo de situação conflituosa que pode ocorrer seria uma atitude de afronta não contra a pessoa do professor mas contra o papel que ocupa que pode causar incômodo ainda mais no Ensino Superior em que atualmente temos o ingresso de alunos adultos com idade mais avançada Um professor precisa ter maturidade emocional para encarar todas essas situações conflituosas que acontecerão Com isso precisa ser mais racional mediar e ponderar Se alunos e professores começam a gritar uns com os outros desrespeitarse em sala passa a haver uma visão totalmente distorcida da aula como espaço para crescimento e desenvolvimento e esse encontro para aprender e crescer uns com os outros perde o seu real significado Assim a aula demora a voltar a ser compreendida e encarada com um espaço de desenvolvimento e aprendizagem humana É preciso compreender a emoção no processo de ensinoaprendizagem Ela apresenta três mecanismos de ação bem perceptíveis socialmente a contagiosidade que é a capacidade de contagiar as pessoas próximas a regressividade que é a possibilidade de regredir um raciocínio e a plasticidade que reflete no próprio corpo os sinais da emoção WALLON 1995a 1133 SAIBA MAIS Para compreender o conceito de afetividade e de emoção no desenvolvimento humano é neces sário ler Henri Wallon ou outros pesquisadores brasileiros que estudam sua teoria como Almeida e Mahoney 2004 Galvão 2014 e Dantas 1990 A emoção usará o corpo como veículo para se expressar e isso pode ser observado pelas expressões faciais e posturais e até por outros sinais menos perceptíveis como aceleração do pulso salivação sudorese etc Essas diferentes manifestações da emoção precisam ser observadas pelo professor na sala de aula Citarei algumas emoções para que possam ser mais bem compreendidas e analisadas pelo professor num contexto escolar Temos a alegria que surge primeiramente como um prazer Ela nasce com a facilidade dos movimentos WALLON 1995b p 120 e é perceptível nos bebês por exemplo quando são acariciados e demonstram uma excitação motora balbucios etc Pelos estudos de Wallon 1995a a alegria tem forte relação com o movimento e pode ser observada nas crianças pequenas que saltitam quando pegam o brinquedo que querem ou ganham o doce esperado Há alegrias tranquilas que se caracterizam por uma menor manifestação motora e se expressam num estado de hipotonia porque a pessoa está contagiada por uma situação prazerosa agradável e seu tônus fica relaxado No contexto de sala de aula o professor pode perceber dois mecanismos de ação da emoção a plastici dade e a contagiosidade A primeira é perceptível quando os alunos pulam ou gritam ao receber a nota de uma prova que os preocupava mas temos que considerar também aquele que expressa uma alegria tranquila com tônus relaxado e uma expressão facial de contentamento A segunda surge quando uma boa notícia dada pelo professor a um determinado grupo de alunos acaba contagiando toda a classe O medo refletese no desequilíbrio postural O aparecimento de uma cena habitual ou inusitada repre senta tanto para a criança quanto para o adulto a sua segurança pessoal ameaçada Expresso num estado de hiper ou de hipotonia dialeticamente o medo pode vir a gerar emoções agradáveis para algu mas pessoas A criança por exemplo na atividade de jogo pode transformar o medo em divertimento como na brincadeira de escondeesconde O mesmo ocorre para os adultos que gostam de praticar esportes radicais Ele pode aparecer na sala de aula quando um professor zomba de uma dúvida expressa pelo aluno o que pode impedir que este volte a fazer isso ou quando alunos que realizam uma prova não lembram do tema estudado o que é muito comum de acontecer Vale ressaltar que a emoção e a inteligência são inseparáveis na atividade humana Essas exemplificações fazem surgir o outro mecanismo da ação da emoção a regressividade regredindo o raciocínio dos alunos impedindoos de se expressar com cla reza e objetividade A cólera pode ser visualizada pelo professor pelo mecanismo da plasticidade quando o aluno pode lançar golpes em si mesmo por estar inconformado ou com raiva da situação a que foi exposto ou pela contagiosidade e pela regressividade por exemplo quando o professor avisa que fará uma prova sur presa pelo mau comportamento dos alunos em aula 1233 A tristeza é para Wallon 1995a a mais evoluída e socializada das emoções Apesar de haver pouca ação corporal pelo fato de a pessoa triste não querer se movimentar e sim permanecer inerte há um acúmulo de emoção no tônus configurandose então como uma emoção hipertônica A morte de um colega da classe pode ser perceptível na plasticidade pelo choro dos colegas na conta giosidade por emocionar todos na sala e na regressividade por não conseguirem ter maior concentra ção para fazer outras atividades A visão do desenvolvimento humano no processo de ensinoaprendizagem é fragmentada Há uma visão distorcida sobre o corpo e seus movimentos no contexto escolar Essa visão já foi analisada por muitos teóricos e há inúmeras contribuições para a questão Mas isso infelizmente ainda não reflete o modo pelo qual se tem enfrentado o assunto nas salas de aula pois dos alunos ainda é exigido que continuem parados sentados por horas ouvindo o professor No Ensino Superior isso é muito latente até pela falta de formação pedagógica da maioria dos professores conforme discutido no início deste texto SAIBA MAIS Para aprofundar mais essa questão de como o corpo está à margem do processo de escolarização podese ler FREIRE J De corpo e alma o discurso da motricidade São Paulo Summus 1991 GONÇALVES M A Sentir pensar agir corporeidade e educação Campinas Papirus 1994 SCARPATO M Didática e desenvolvimento integral São Paulo Avercamp 2012 Essa prática de fragmentar a visão do aluno no ato de aprender reflete uma visão equivocada que con sidera o corpo e o movimento como um empecilho no processo de ensinoaprendizagem quanto mais o aluno permanece parado menos atrapalha o planejamento pedagógico e mais se acredita na sua possi bilidade de produção intelectual Dentro da mesma ótica o movimento erroneamente está associado à indisciplina à falta de atenção Figura 4 Aluno atado Fonte LightField StudiosShutterstock 1333 É fundamental levar em consideração as necessidades tônicoposturais no processo de ensinoapren dizagem Wallon 1995a ensina que permanecer imóvel por um longo período é prejudicial o que é confirmado pela fisiologia O movimento conforme apresentado por ser uma manifestação da emoção pode expressar um estado desencadeado em determinado momento da aula como a alegria que resulta numa agitação corporal ou o medo que gera imobilidade Deve com isso haver um olhar atencioso dos professores aos movi mentos corporais dos alunos O movimentarse faz parte dos processos de desenvolvimento e contribui para a constituição do cognitivo e do afetivo O professor deve considerar ao planejar sua aula o horário em que ela acontecerá Por exemplo nas pri meiras aulas da manhã ou nas últimas da noite os alunos estão com sono ou cansados Também deve saber que cada aluno tem um ritmo interno e individual É preciso evitar aulas longas expositivas que deixarão os alunos muito tempo parados É necessário dar pausas e propor que se movimentem pela sala levantemse e até se espreguicem SAIBA MAIS Na minha obra Didática e desenvolvimento integral 2012 apresento no capítulo 3 a questão do ritmo interno de cada um e as implicações pedagógicas a serem consideradas no processo de ensinoaprendizagem Há também muita dificuldade de interpretar a emoção sobretudo por não se compreender seu verda deiro significado e se desconhecer seu funcionamento tanto fisiológico quanto social Confundese emoção com sentimento sendo a primeira mais instantânea podendo ser observada por reações tôni cas musculares Já o segundo tem uma ação mais duradoura e ao mesmo tempo mais difícil de ser observada por essas reações O tema emoção raramente é enfrentado e discutido no processo de ensinoaprendizagem de forma mais clara por isso muitas vezes há incertezas sobre como conduzir e administrar situações emotivas como as exemplificadas Figura 5 Mente do aluno Fonte Ceccon e Harper 2002 1433 É preciso considerar que as experiências vividas na sala de aula exercem grande influência no ser humano mas ainda não se compreende não se interpreta a importância da afetividade e dos sentimen tos para o desenvolvimento dos alunos no contexto escolar Perceber a existência da relação entre afeto cognição movimento e meio social é importante a fim de promover o desenvolvimento harmonioso de todos os atores na ação pedagógica A universidade com seus atores direção coordenação e principalmente corpo docente precisa conhecer e refletir sobre o papel da emoção do sentimento nesse cenário de aprendizagens TranThong apud ALMEIDA MAHONEY 2004 p 102 aponta os riscos segundo Wallon de uma educa ção que desconsidere o afeto A vida passional afetiva é a origem mais poderosa da ação Mas ela obnubila o espírito crítico e pode desenvolver o fanatismo Uma educação exclusivamente intelectualista que a deixaria ao abandono corre o risco de se tornar o instru mento das consequências mais funestas O exemplo do país fascista onde a inte ligência tem sido depreciada e o instinto exaltado mostra a quais aberrações selvagens ele pode chegar Para evitar o retorno de uma barbaridade semelhante é necessário educar a sensibilidade conjuntamente com a razão Na sala de aula o aluno vive diferentes emoções e inúmeras relações interpessoais são construídas O professor precisa estar muito atento à observação de algumas dessas emoções surgidas em meio às relações sociais que podem se transformar em sentimentos equivocados como a inveja e a raiva e gerar atitudes como a competição individualizada Do mesmo modo que se propicia na sala de aula o desenvol vimento intelectual também se permite o afetivo e ambos são inseparáveis e interdependentes Perceber a complementaridade entre emoção e inteligência no processo de ensinoaprendizagem leva a repensar a prática docente os procedimentos de ensino adotados e a avaliação Às vezes a maneira pela qual o professor chama a atenção de um aluno para determinada atividade em sala dependendo do seu tom de voz ou de sua postura pode gerar uma inibição diante daquele conhecimento produzindo consequentemente sentimentos questionáveis A afetividade sempre permeia a relação pedagógica Temos consciência de que predomina no contexto escolar principalmente no Ensino Superior uma supervalorização do aspecto cognitivo O próprio sistema defende que sejam transmitidos inúmeros conteúdos escolares aos alunos e que estes sejam cobrados por meio de provas e exames Isso acaba interferindo na prática pedagógica do professor pelo fato de atribuir demasiado valor ao desenvolvi mento intelectual dos estudantes É preciso aprender a observar os alunos como um todo e não apenas os seus aspectos cognitivos É impor tante perceber a ligação entre afeto cognição e movimento atentar para a postura o olhar o cansaço o excesso ou a falta de movimento no cotidiano da aula O professor precisa saber que a afetividade emoção e sentimentos tem a função de estimular ou inibir a aprendizagem e criar um clima em sala de aula de par ceria para canalizar a afetividade na produção do conhecimento despertando o interesse dos alunos Cabe ao professor estar ciente de como a afetividade permeia o processo de ensinoaprendizagem e aprender a observar os alunos de modo integral procurando ser mais racional com mais maturidade emocional para mediar e ponderar os conflitos e as diversas situações vividas em sala de aula 1533 Unidade 3 Planejamento e plano de ensino 3 Planejar as aulas Vídeo Planejar as aulas httpsplayervimeocomvideo362644452 A prática docente exige a compreensão do sentido de planejar sabendo para que o que e como se vai ensinar sobre determinado conteúdo aos alunos e isso está diretamente relacionado ao planejamento elaborado a cada início de curso ou de semestre pelo professor Para uma eficaz execução desse ato de planejar é importante conhecer a realidade em que vive o aluno saber o que ele espera das aulas e apontar a importância daquela disciplina que estudará para a profissão que virá a exercer Geralmente a apresentação da proposta da disciplina é feita na primeira semana de aula na universidade Para muitos alunos e infelizmente também para muitos professores esse momento é visto como uma forma de matar o tempo da aula Tanto que nessa primeira semana constatamos uma baixa frequência à universidade pois não se compreende o real significado pedagógico desse momento É justamente o momento dos combinados pedagógicos Os professores que dão aulas para crianças compreendem bem esse significado pois é o momento de combinar juntos como será a rotina de trabalho o que pode e o que não pode ser feito naquele espaço da sala e no momento da aula Afinal dentro de um grupo é fundamental aprender a respeitar e conviver não podendo cada um fazer o que quer na hora que quer SAIBA MAIS Não podemos controlar todas as situações do dia a dia Então como podemos garantir que o plano siga sem problemas Na verdade não há como por isso o professor deve ser preparar um plano flexível Para saber mais acesse httpsnovaescolaorgbrconteudo345oplanejamentodeveserflexivel Nas aulas do Ensino Superior também deve haver o momento dos combinados pedagógicos O pro fessor apresenta o seu plano de ensino os procedimentos que usará para que os alunos aprendam os instrumentos de avaliação que adotará e por fim o que se pode ou não fazer nesse espaço que é de convívio de um grupo às vezes grande chegando a até mais de 70 pessoas numa mesma sala Vale ressaltar que não é só o professor que tem responsabilidade no processo de ensinoaprendizagem O aluno também tem e precisa ser conscientizado de que é um elemento importante nessa dinâmica tem direitos e deveres a cumprir no decorrer do semestre mesmo porque o sucesso ou o fracasso nesse 1633 processo não dependem só do professor Os alunos geralmente acham que só têm direitos e se esque cem dos seus deveres Partindo desses princípios o ato de planejar pode começar a ser compreendido em seu real significado além do aspecto burocrático que seria fazer esse documento e entregar ao coordenador de curso Isso acaba levando vários professores a simplesmente mudar a data do planejamento sem revêlo ou anali sálo para as características daquela turma do curso que se inicia O momento de construir ou rever o planejamento de ensino precisa ser um momento com competência profissional como salienta Freire 2019 p 91 Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta competência O professor que não leva a sério sua formação que não estude que não se esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe Não pode ser um ato mecânico automático e simplesmente burocrático mas sim consciente embutido de uma verdadeira compreensão e reflexão do que se pretende desenvolver analisando se será mesmo significativo para a realidade de seus alunos Caso contrário de nada adiantará esse trabalho O momento do planejamento deve ser algo extremamente prazeroso como um momento de uma investigação para uma pesquisa e é necessário considerar que há vários aprendizes numa única sala cada um é um indivíduo com expe riências de vidas diferentes e esses alunos aprendem de diferentes maneiras por isso é preciso diversificar o modo de ensinar SCARPATO 2012 p 74 O planejamento de ensino o planejamento de curso o programa a ementa conforme seja chamado numa IES precisa ser analisado em suas diferentes etapas Mas antes de apresentálas devese com preender que esse documento precisa estar articulado a outros planejamentos como o plano de desen volvimento institucional PDI e o projeto pedagógico do curso PPC Toda IES possui o seu PDI até porque é exigência do MEC no momento de abertura e reconhecimento dos cursos de graduação e pósgraduação Ele apresenta os objetivos e princípios educativos daquela instituição de ensino e deve também demonstrar que a IES possui recursos para atingir suas metas Já o PPC dos cursos de graduação eou pósgraduação expressa a proposta daquele curso especifi camente apresentando o objetivo o perfil do egresso a grade curricular os critérios de avaliação etc O projeto pedagógico do curso é também conceituado e concebido como projeto políticopedagógico Dizemos que o projeto pedagógico é um projeto político porque estabelece e dá sentido ao compromisso social que a Instituição de Ensino Superior assume com a formação de profissionais e de pesquisadores cidadãos que na sociedade em que vivem trabalhando como profissionais ou pesquisadores ou cientistas desenvolvem sua participação e seu compromisso com a transformação da qua lidade de vida dessa sociedade MASETTO 2005 p 60 1733 ATIVIDADE REFLEXIVA Vale debater com seus colegas sobre a responsabilidade de um professor sabendo que além das necessidades dos alunos ele deve seguir as necessidades da instituição ao montar seu planeja mento Qual seria a melhor forma de planejar Individual ou coletivamente O professor deve conhecer o PPC e se possível participar da construção ou até da reformulação desse documento mesmo porque ele contribui com a formação do profissional que aquele curso oferece den tro daquela IES Mas essa participação de todos os professores que atuam num mesmo curso ainda está muito incipiente Precisaria haver um avanço pedagógico nesse ponto para que eles deixem de ser os ministradores de uma disciplina e passem a ser docentes nesse curso e nessa IES compreendendo seu papel pedagógico nesse contexto Um planejamento de ensino precisa estar articulado ao PPC e este ao PDI conforme o esquema Figura 6 Planejamento de ensino Fonte elaborada pela autora 2023 O professor responsável por uma determinada disciplina deveria ser autor do seu planejamento de ensino afinal ele é um especialista na área em que se formou Como observamos no esquema não basta apenas saber redigir e entregar o seu planejamento de ensino Ele deve estar a par do projeto peda gógico do curso e conhecer a realidade e o contexto em que a universidade está inserida assim como o público que a frequenta para saber melhor planejar e gerar uma aprendizagem significativa É o professor quem deve saber o que como e para que ensinar àqueles alunos e seu planejamento de ensino deve ser uma ação resultante de um processo integrador entre escola e contexto social efeti vada de forma crítica e transformadora pelo próprio professor Isso significa dizer que as atividades educativas seriam planejadas tendo como ponto de referência as problemáticas sociocultural econômica e política do contexto onde a escola está inserida LOPES 2005 p 58 1833 Todo planejamento de ensino organizase com as seguintes etapas identificação ementa objetivos de ensino geral e específicos conteúdo programático procedimentos de ensino recursos didáticos avaliação da aprendizagem e bibliografia Todas elas devem estar articuladas Essas nomenclaturas podem variar de uma IES para outra mas todas devem ter os mesmos propósitos de expressar a pro posta da disciplina As características de um planejamento de ensino são estruturadas em Identificação em forma de cabeçalho apresenta o plano por exemplo Curso Disciplina Semestre Turno Carga horária semestral Professor responsável Ano vigente Ementa é uma descrição discursiva que resume o conteúdo de uma determinada disciplina Deve expli citar seus objetivos pontuando o que se pretende que os alunos aprendam Objetivo de ensino é o que se pretende desenvolver e alcançar com os alunos não se esquecendo de que se deve propiciar o desenvolvimento integral cognitivo afetivo motor e social dos discentes Um professor precisa ter total clareza de quais são os seus objetivos no processo de ensinoaprendizagem Eles podem ser expressos nos níveis Geral descreve o que se pretende que os alunos aprendam em longo prazo ou seja durante aquele semestre eou ano letivo com a disciplina A redação do objetivo geral deve ser feita num único parágrafo de três a quatro linhas Específico explicita bem detalhadamente o que se pretende que os alunos aprendam ao término daquela aula ou daquele conteúdo A redação dos objetivos específicos é feita em tópicos e ini ciase com verbos no infinitivo justamente para mostrar as ações específicas que se quer alcan çar com os alunos Considerando que devemos propiciar o desenvolvimento integral dos nossos alunos a ideia apresen tada por Coll apud ZABALA 1998 é a de que devemos agrupar o que vamos ensinar segundo as tipo logias conceitual procedimental ou atitudinal Proponho numa mesma linha de raciocínio que essas tipologias possam estar associadas à perspectiva de desenvolvimento integral dos alunos que defendo A tipologia conceitual COLL apud ZABALA 1998 ou do âmbito cognitivo SCARPATO 2012 leva o aluno a realmente compreender e não apenas memorizar fatos propiciando uma aprendizagem signifi cativa fazendo com que ele aprenda a compreender A tipologia procedimental COLL apud ZABALA 1998 ou do âmbito motor SCARPATO 2012 propi cia que se aprenda pela ação refletindo sobre as atividades realizadas e percebendo que essa mesma aprendizagem pode ser aplicada em outros contextos 1933 A tipologia atitudinal COLL apud ZABALA 1998 ou do âmbito afetivo e social SCARPATO 2012 deve ajudar o aluno a construir o conhecimento com base em atitudes normas e valores vivenciados naquele aprendizado revendo sua postura seu modo de agir e de se relacionar com os colegas e o meio Podemos observar que os objetivos específicos divididos em conceituais procedimentais e atitudinais não focam apenas aprendizagens fragmentadas e isoladas dos alunos por exemplo só a cognitiva mas seus desenvolvimentos integrais Conteúdo programático são os temas para ser estudados É o professor quem seleciona os conteúdos mais adequados e significativos para a realidade daquela IES daquele curso e principalmente daqueles alunos É necessário compreender que o interesse no aprendizado de um determinado conteúdo está muito associado à compreensão do aluno sobre o quanto aquele tema é significativo e relevante para sua formação profissional Como lembra Meirieu 1998 p 54 uma aprendizagem se realiza quando um indivíduo toma informação em seu meio em função de um projeto pessoal Figura 7 Conhecimento do aluno Fonte Tonucci 1997 Procedimento de ensino essa etapa do planejamento pode ser chamada de metodologia de ensino estratégias de aprendizagem ou técnicas de ensino Faço a opção pelo uso do termo procedimento por acreditar na concepção defendida por Turra 1982 p 36 de que são ações processos ou com portamentos planejados pelo professor para colocar o aluno em contato direto com coisas fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua conduta em função dos objetivos previstos Uma aula expositiva um debate uma pesquisa de campo uma dramatização um seminário cada um desses procedimentos que o professor adotar na sua aula apoiará o desenvolvimento de diferentes habi lidades como falar escrever raciocinar movimentarse etc 2033 Essa etapa do planejamento pode ser redigida em tópicos sem a necessidade de descrever detalhada mente como a atividade será dada aos alunos Mais adiante apresentarei diferentes procedimentos de ensino que poderão ser usados nas aulas Recursos didáticos são os diversos materiais que o professor usará em suas aulas lembrando que eles serão utilizados para estimular o ambiente de aprendizagem Em conjunto com os pro cedimentos de ensino apoiam e facilitam o processo de ensinoaprendizagem ajudando a despertar o interesse motivar desenvolver a percepção orientar e fixar a aprendizagem provocar a ação conhecer a partir do contato concretizar ideias e fatos SCARPATO 2007 p 35 Avaliação da aprendizagem são variados instrumentos que o professor adotará para avaliar a aprendi zagem dos alunos É necessário planejar bem quais instrumentos serão adotados para verificar se eles realmente aprenderam ou se simplesmente decoraram para a prova Um professor pode ter muita dificuldade de compreender o verdadeiro significado da avaliação ainda mais aquele sem formação pedagógica que acaba avaliando do modo como foi avaliado pois nunca refletirá sobre esse ato que precisaria procurar observar cada aluno em suas características Figura 8 Avaliação Fonte Tonucci 1997 2133 Cada IES tem liberdade para definir os critérios de avaliação que adotará o que geralmente está expresso nos PDI e nos PPC Muitas adotam a famosa semana de provas até porque muitos dirigentes dessas IES desconhecem o sentido pedagógico do ato de avaliar A avaliação deve ser contínua durante todo o semestre e com vários instrumentos por exemplo prova trabalho em grupo ou individual entre outros Nessa etapa do planejamento de ensino o professor ape nas cita quais instrumentos usará Bibliografia é o conjunto dos livros capítulos de livros e artigos que o professor usará com os alunos o que chamamos de bibliografia básica Ainda há a bibliografia complementar que tem o intuito de apre sentar obras que poderão ser estudadas posteriormente para aumentar os conhecimentos referentes à disciplina estudada Segue um exemplo de planejamento de ensino 31 Exemplo de plano de ensino Curso Licenciatura Disciplina Didática Semestre 1º semestre Turno matutino e noturno Carga horária semestral 80 horas Professora responsável Marta Scarpato Ano vigente 2012 Ementa a educação brasileira e a didática O papel sociopolítico da escola O processo de ensinoapren dizagem O planejamento de ensino e suas etapas O espaço da sala de aula Relações interpessoais professor e aluno Objetivo geral refletir sobre a educação brasileira no Ensino Fundamental e Médio tendo por foco a formação e a atuação do educador a fim de buscar o aperfeiçoamento eou transformação da ação profissional Objetivos específicos Discutir o processo de formação do educador na realidade brasileira levando em consideração os aspectos culturais econômicos políticos e históricosociais Reconhecer a didática como disciplina pedagógica Compreender o educador como profissional responsável por desencadear o processo de constru ção do conhecimento e como agente de transformação social 2233 Caracterizar os elementos do processo de ensinoaprendizagem Refletir sobre o processo de ensinoaprendizagem a partir de uma visão integral do ser humano Reconhecer o planejamento de atividades didáticas como instrumento da educação Distinguir os níveis do planejamento educacional e as possibilidades de atuação do educador Analisar as etapas do planejamento de ensino e sua relação com a avaliação da aprendizagem Conteúdos O papel da educação e do educador Formação de educadores A didática o papel do professor e as tendências em educação Ensinar e aprender desafios do educador O planejamento educacional Planejamento de ensino Objetivos de ensino Conteúdos de ensino Procedimentos de ensino Recursos de ensino Avaliação educacional aspectos epistemológicos Avaliação do processo de ensinoaprendizagem A prática educativa brasileira Procedimentos de ensino As aulas consistirão na combinação adequada de aula expositiva debate estudo de caso trabalhos individuais e em grupos Recursos didáticos Datashow textos artigos filmes Avaliação da aprendizagem Ao longo do curso o aluno será continuamente avaliado por meio de trabalhos e relatórios individuais ou em grupo participação e assiduidade autoavaliação 2333 Unidade 4 Procedimentos de ensino e avaliação de aprendizagem 4 Procedimentos de ensino Vídeo Procedimentos de ensino httpsplayervimeocomvideo362644501 É o professor quem define de qual modo vai ensinar o que está muito relacionado a como ele entende o processo de ensinoaprendizagem Os procedimentos de ensino representam essa maneira como ele irá ensinar aos alunos É uma escolha do professor porém ela deve levar em consideração que existem vários alunos em sala de aula por consequência vários aprendizes e que cada um aprende de maneira diferente e tem ritmos próprios Numa mesma sala de aula pode haver alunos que sejam mais participantes que aprendem a pensar e expor suas reflexões outros alunos apenas ouvintes que não expressam seus pen samentos no processo de construção do conhecimento e já outros alunos que constroem seus conhecimentos com o grupoclasse trocando experiências res peitando os colegas SCARPATO 2012 p 59 O professor com formação pedagógica buscará novas formas de ensinar de modo variado porque tem consciência de que numa mesma sala de aula há vários aprendizes cada qual com suas características individuais Já o professor sem formação pedagógica que nunca refletiu sobre como deve ensinar seus alunos com certeza se baseará nesse momento nas lembranças das aulas que teve no passado que na maioria das vezes terão sido somente expositivas sem a participação dos alunos ou os famosos seminá rios em que são formados vários grupos em sala e cada qual apresenta um tema definido pelo professor ATIVIDADE REFLEXIVA Pense e debata com seus colegas sobre possíveis formas de levar o conteúdo para os alunos Con sidere que vivemos na era da informação em que os processos estão acelerados e qualquer coisa pode ser o novo foco Veja a reportagem a seguir para ajudar nessa reflexão e discussão httpsbrasil elpaiscombrasil20150624opinion1435171777414862html 2433 Temos que repensar a maneira como ensinamos afinal enquanto fazemos isso estamos formando pessoas e temos que ajudálas a serem mais críticas e participativas O conhecimento só faz sentido se proporcionar ao aluno a compreensão o usufruto e a transformação da realidade que vive O conhecimento não é transferido ou depositado pelo outro conforme a concepção tradicional nem inventado pelo sujeito concepção espontaneísta mas sim construído pelo sujeito na sua relação com os outros e com o mundo VASCONCELLOS 2002 p 55 O professor não é um transmissor de conhecimentos mas sim um mediador da construção do conheci mento do aluno mesmo porque este já traz para a sala de aula o seu conhecimento e o professor deve respeitar e considerar a leitura de mundo deles FREIRE 2019 p 122 Figura 9 Debate em sala Fonte adaptado de httpsipinimgcomoriginals523e54523e5492ccc5e2e4052d91da7a742719jpg É uma tarefa que exige do professor uma mudança de postura sem perder sua autoridade em sala de aula porque ele deve admitir que não é o único detentor do conhecimento Nos dias de hoje com o excesso de informações a que os alunos têm acesso temos que rever nosso modo de ensinar Há uma variedade de procedimentos de ensino que podem ser adaptados para a sala de aula Como nos lembra Carlini 2008 p 29 Não é possível acreditar que exista o melhor procedimento de ensino Cada procedimento deve ser selecionado em função dos objetivos e conteúdos de ensino que o professor pretende realizar considerando especificamente o grupo de alunos com que trabalha e o momento do processo ensinoaprendizagem que desenvolve Analisemos a seguir alguns desses procedimentos 41 Apresentação do grupo Utilizados nas situações em que professor e alunos ainda não se conhecem em geral no início do ano letivo ou de uma nova disciplina E ainda na Educa ção a Distância EaD quando da mesma forma que na Educação presencial há necessidade de os participantes se conhecerem e juntos constituírem o grupo de trabalho CARLINI 2008 p 31 2533 Se como professores temos que incentivar o desenvolvimento integral dos alunos ajudálos a se conhe cer é nosso papel Às vezes escuto de estudantes que alguns dos seus professores universitários dizem que aquele que faz uma dinâmica de apresentação na primeira aula é porque quer enrolar Em minha opinião o comentário justifica sua incompreensão do papel que exerce e consequentemente sua falta de formação pedagógica Alguns exemplos de apresentação do grupo Apresentação simples cada componente diz seu nome e um aspecto selecionado previamente pelo professor de sua vida pessoal suas preferências expectativas e experiências anteriores entre outros História do nome o componente do grupo diz seu nome e narra os motivos familiares e sociais da escolha Apresentação em duplas organizados em duplas os alunos conversam entre si e se apresen tam mencionando aspectos relevantes de sua vida Decorrido o tempo estipulado pelo professor cada aluno fala de seu colega ao grupo Essa modalidade se presta melhor ao ensino presencial CARLINI 2008 p 31 42 Apresentação de ideias Para iniciar um novo tema de estudo muitas vezes o professor tem a necessi dade de realizar um inventário dos conhecimentos anteriores disponíveis entre os alunos Em algumas situações é importante explicitar essas informações para diagnosticar a compreensão superficial ou eventualmente preconceituosa dos conceitos a serem trabalhados muitas vezes assumida de modo inquestio nável CARLINI 2008 p 34 A apresentação de ideias é um modo de o professor diagnosticar o conhecimento prévio dos alunos sobre um novo tema a ser estudado Conheça algumas formas de realizála Tempestade cerebral ou brainstorming quando o aluno menciona em voz alta e espontanea mente sem prejulgamentos as ideias que lhe ocorrem diante de um novo tema ou assunto Essas palavras serão anotadas no quadro de giz pelo professor e agrupadas de acordo com sua seme lhança ou diferença ou por categorias afirmativas e negativas entre outras Redação de conceitos o professor distribui pequenos pedaços de papel todos iguais e o aluno é orientado a explicar em poucas palavras sua compreensão do conceito ou ideia Concluída a redação o professor recolhe as produções sem identificação do alunoautor e com base nas ideias ali contidas organiza o registro no quadro de giz de forma semelhante à atividade ante rior Trabalhar dessa maneira pode contribuir para proteger o aluno na exposição de suas ideias quando o grupo ainda não tem a familiaridade necessária Cartaz em grupo os alunos devem participar da elaboração de um cartaz com um desenho ou colagem realizado em subgrupo após rápida discussão a respeito de um tema proposto Con cluído o tempo determinado para a atividade os cartazes devem ser expostos e observados por toda a classe Na sequência serão comentados por seus autores explicitando seu sentido e suas relações e discutidos livremente pelos demais alunos CARLINI 2008 p 34 2633 43 Aula expositiva Com certeza esse é o procedimento de ensino mais adotado nas aulas em universidades pelos profes sores e muitas vezes será o único modo de ensino fornecido Baseiase na apresentação oral de um tema pelo professor e pode contar com maior ou menor participação dos alunos dependendo da proposta e dos objeti vos de ensino Além disso a aula expositiva pode estar apoiada em recursos de ensino como esquemas gráficos sinopses anotada no quadro de giz em carta zes em transparências entre outros CARLINI 2008 p 38 Ressalto que a aula expositiva é essencial para a apresentação de um novo conteúdo ou o fechamento do tema mas é importante ser dialogada interativa havendo a participação dos alunos nesse processo Há ainda um cuidado que o professor deve ter com o tempo de duração da aula Evite ultrapassar 15 ou 20 minutos de exposição contínua para não ficar muito cansativo para o aluno Imagine que há profes sores que falam ininterruptamente por 40 a 50 minutos Figura 10 Diálogo Fonte Ceccon e Harper 2002 44 Debate Segundo Carlini 2008 p 42 o debate se apoia em leitura e estudo prévio sobre o assunto em foco e desenvolvese no processo de exposição oral das ideias pelos participantes do grupo mediado pela atuação do professor O professor deve selecionar um tema para ser debatido em sala combinando as regras para que esse procedimento flua de forma produtiva por exemplo levantar a mão para falar expressarse com clareza respeitar as opiniões diversas 2733 45 Ensino com pesquisa Segundo Carlini 2008 p 48 o ensino com pesquisa requer a orientação direta do professor no processo de elaboração da pes quisa É muito mais do que determinar que os alunos façam pesquisas caracte rizadas pela busca em bibliografia escrita ou virtual das informações pretendidas e pela transcrição ou impressão gráfica dos achados É uma atividade de ensino que demanda tempo e dedicação dos envolvidos na produção de conhecimentos O ensino com pesquisa exige tempo em torno de um bimestre de trabalho pois os alunos precisarão fazer suas pesquisas e apresentálas para a sala O interessante é que o professor use uma ou duas aulas para orientar esse trabalho e explicar o relatório que deverão fazer definindo se será uma pesquisa bibliográfica ou de campo e estipulando a data de apresentação para cada grupo Enquanto os alunos vão trabalhando fora do momento de aula o professor pode dar continuidade aos conteúdos do seu plano de ensino e sentindo necessidade reservar cerca de 15 minutos do tempo para ajudar os grupos nessa tarefa 46 Estudo de caso Para Carlini 2008 p 56 o estudo de caso se apoia na apresentação aos alunos de uma situação real ou simulada relativa ao tema em estudo para análise e encaminhamento de solução Corresponde a um método de trabalho no qual os alunos têm a oportunidade de aplicar conhe cimentos teóricos a situações práticas A situação pode ser trazida aos alunos pelo professor na forma de uma notícia de jornal ou revista de um filme ou de relato descritivo O estudo de caso leva os alunos a analisar uma situação real ou fictícia buscando soluções o que os levará a retomar e aplicar os conhecimentos apreendidos em sala 47 Estudo dirigido Como o nome indica é um procedimento de ensino por meio do qual o aluno executa um trabalho proposto e orientado pelo professor de preferência em sala de aula Apoiado na leitura de um texto artigo ou capítulo de livro e em um roteiro de estudos previamente elaborado pelo professor o aluno trabalha ativa mente realizando leitura e interpretação do texto análise e comparações sínte ses e avaliações CARLINI 2008 p 59 2833 Há necessidade de o professor elaborar um roteiro de estudos para a vivência desse procedimento que pode ser semelhante a um questionário com perguntas Não deixa de ser uma forma de levar os alunos a ler o texto que o professor indicou para a aula pois essa é uma grande dificuldade Segundo Carlini 2008 p 64 existem algumas alternativas a fim de que os alunos leiam os textos que os professores solicitam que podem ser Leitura individual em sala de aula apoiada em roteiro em forma de estudo dirigido Leitura exegética quando cada aluno faz a leitura em voz alta e um breve comentário sobre um parágrafo do texto na sequência Para esse procedi mento devem ser utilizados textos curtos com cerca de dez ou doze parágra fos sob pena de a leitura tornarse cansativa e os alunos dispersos Leitura dinâmica quando o professor seleciona previamente frases ou pará grafos do texto em estudo os distribui entre os alunos para uma pequena troca de ideias em duplas e solicita a leitura e apresentação dos comentários ao grupoclasse Aqui o professor deve coordenar a apresentação das duplas e organizar o fechamento das discussões 48 Seminário Esse é o procedimento mais conhecido entre os alunos do Ensino Superior pois é o que eles mais vivenciam mas infelizmente é o menos compreendido por parte deles e até dos próprios professores Seminário não é uma aula expositiva dada pelos alunos e muito menos um jogral realizado pelo grupo que apresenta Seminário é um procedimento de ensino que se constrói com base no ensino com pesquisa realizado em subgrupos e no debate dos aspectos investigados de maneira integrada ou complementar sob a coordenação do professor Esse procedimento distinguese daquelas práticas usualmente conhecidas por essa denominação em primeiro lugar pelo processo de investigação do tema que é o mesmo para todos os grupos e realizase por meio de pesquisa em vez de os conhecidos fichamentos e resenhas de capítulos Em segundo lugar pela forma de apresentação dos trabalhos em debate de pontos convergentes divergentes ou complementares CARLINI 2008 p 69 Alguns professores desconhecem o sentido pedagógico desse procedimento e simplesmente dividem a sala em pequenos grupos cada um responsável por uma parte de um tema quando na verdade deveria ser feito o aprofundamento desse tema em subtemas de maneira crítica e reflexiva compreendendoo sob diferentes perspectivas 2933 Figura 11 Seminário Fonte https68mediatumblrcomtumblrm99bvxyXuF1qmggloo11280jpg 49 Grupo de verbalização GV e grupo de observação GO É a análise de um temaproblema sob a coordenação do professor que divide os estudantes em dois grupos um de verbalização GV e outro de observação GO É uma estratégia aplicada com sucesso ao longo do processo de construção do conhecimento e nesse caso requer leitura estudos preliminares enfim um con tato inicial com o tema ANASTASIOU ALVES 2004 p 88 É preciso formar dois círculos concêntricos um menor no centro com uma média de seis a sete alunos e outro maior que pode ser o restante da sala Após a escolha dos alunos que se sentarão no círculo do centro GV esse grupo debaterá um tema que pode ter sido indicado por uma leitura prévia Terão 15 minutos para discutir e somente eles podem falar nesse momento O outro círculo maior que é o grupo de observação GO terá a tarefa de observar a discussão e registrar os pontos debatidos que lhes chamam a atenção Ao término dos 15 minutos o GO comentará os pontos que registraram e o GV ficará na escuta O professor nesse momento pode intervir sobre o que observou durante a vivência do procedimento e até fazer apontamentos das questões teóricas debatidas 410 Grupos de oposição Seu funcionamento supõe a organização de pelo menos dois grupos de alu nos sendo que um deles tem por tarefa defender uma ideia ou encontrar suas vantagens enquanto o outro deverá atacar a mesma ideia ou mostrar sua des vantagem MASETTO 2003 p 118 É necessário que o assunto discutido tenha sido estudado pela sala Cada grupo terá um tempo para organizar seus argumentos e será necessário que estejam sentados um de frente para o outro para que todos se vejam Haverá o debate entre os dois grupos cada um defendendo uma posição e o professor será o mediador ajudando a organizar a discussão Esses são alguns dos procedimentos de ensino que podemos usar em sala de aula lembrando que em todos eles há a participação dos alunos levandoos a ser ativos e protagonistas do processo de ensinoaprendizagem não apenas espectadores como ocorre em muitas aulas aonde eles vão para 3033 assistir e não para participar e construir seus conhecimentos Observo muitos alunos na universidade que vão com essa postura de espectador sentamse nas carteiras cruzam os braços e só escutam Acreditam que o professor é um transmissor e o único detentor do conhecimento Mas o pior é quando vejo professores que ainda pensam dessa forma Podemos perceber que várias habilidades serão desenvolvidas como aprender a se expressar com cla reza saber escutar refletir respeitar a opinião do colega trabalhar em grupo saber colaborar ser capaz de pesquisar e registrar entre outras Todos esses procedimentos de ensino podem ser adaptados para cursos dados na modalidade à distância EaD Carlini 2008 aprofunda bem essas questões pontuando como o professor pode fazer essa adaptação 5 Avaliar a aprendizagem do aluno Vídeo Avaliar a aprendizagem do aluno httpsplayervimeocomvideo362644558 Avaliar como os alunos estão aprendendo é fundamental primeiro por ser para o professor um retorno de como caminha o processo de ensinoaprendizagem e para os alunos um diagnóstico de como estão se desenvolvendo e aprendendo Figura 12 Avaliação Fonte Tonucci 1997 Do mesmo modo que o professor precisa escolher diferentes procedimen tos de ensino para as aulas necessita também escolher instrumentos diver sificados para avaliar a aprendizagem dos seus alunos Muitas vezes o próprio professor não tem clareza do verdadeiro significado do ato de avaliar no processo de ensinoaprendizagem Ele avalia conforme foi ava liado na sua época de estudante e na maioria das vezes foi numa visão fragmentada isolada vendo apenas o resultado da prova Afinal a escola nossos professores só quantificaram muitas das nossas atitudes durante o processo de aprendizagem Se a grande maioria dos professores foi avaliado de modo fragmentado como exigir que mude sua concepção do ato de avaliar se não refletir sobre isso se não estiver em constante processo de construção de sua identidade docente SCARPATO 2012 p 112 3133 A avaliação deve ser contínua Diariamente o professor precisa observar o comportamento o envolvi mento a participação o interesse e a assiduidade dos alunos nas aulas Isso deve ocorrer também ao término de algum conteúdo específico ou ao fim do bimestre não somente na semana das provas Os professores muitas vezes acabam avaliando de acordo com as normas da instituição de ensino que lecionam e muitos dos dirigentes dessas instituições desconhecem o conceito da avaliação da aprendizagem Só exigem que se avalie por provas intitulando das famosas Semana de provas Sou contra Semana de provas SCARPATO 2012 p 112 A semana de provas gera um clima de tensão nas universidades entre professores e alunos Os pri meiros sentemse juízes porque devem evitar a cola dos últimos e desanimados porque terão uma quantidade enorme de provas para corrigir Já estes ficam tensos porque não estudaram o suficiente ou até não entenderam o conteúdo ensinado Podemos perceber uma das manifestações da emoção a regressividade em que o aluno fica nervoso e esquece o conteúdo que estudou na hora para a prova Seria muito mais interessante e produtivo para o processo de ensinoaprendizagem que cada curso den tro de uma IES pudesse definir quais critérios adotará para avaliar a aprendizagem dos alunos Todos os professores ao discutirem e conhecerem o PPC dos cursos em que atuam deveriam elaborar os ins trumentos de avaliação retomando as habilidades que aquele futuro profissional deve ter para exercer sua profissão Não podemos avaliar apenas os conteúdos conceituais mas também os procedimentais e os atitudinais conforme apresentado neste texto Mesmo porque o mercado de trabalho exige cada vez mais profissionais capazes de se expressar com clareza oral e escrita com facilidade para atuar em grupo e capacidade de reflexão e autonomia Vários dos procedimentos de ensino apresentados podem ser um instrumento para avaliar em lugar de somente uma prova Masetto 2005 p 146 apresenta uma fórmula que ilustra essa concepção distorcida do ato de avaliar AV P N AR J A Ou seja Avaliação Prova Nota que levam o aluno a uma Aprovação ou uma Reprovação AR Em qualquer situação o aluno se sente Julgado J A pelo professor de cujos critérios depende para obter a aprovação Falta na verdade compreender que se avalia a aprendizagem Obter uma nota para passar naquela dis ciplina não representa aprendizado Será que os alunos realmente aprendem ou apenas decoram e estão preocupados com a nota Os professores muitas vezes estão preocupados que os alunos aprendam mas lhes faltam instrumentos claros e diversificados para diagnosticar se isso ocorreu e nem sempre a prova será esse único instrumento Conclusão Com a leitura deste texto acredito que tenha ficado mais claro para você o verdadeiro papel do professor do Ensino Superior assim como a importância da formação pedagógica para sua ação docente Ressalto o quanto é necessário conhecer o quanto a afetividade permeia o processo de ensinoaprendi zagem bem como o planejamento em suas etapas e articulações a fim de diversificar os procedimentos de ensino 3233 Glossário Hipotonia Na fisiologia é a redução ou perda do tono muscular Fonte Google Dicionário Tônus Estado de excitabilidade do sistema nervoso que controla ou influencia os músculos esqueléticos Estado normal de elasticidade e resistência de um órgão ou tecido tono Fonte Google Dicionário Referências bibliográficas ALMEIDA L R MAHONEY A A orgs A constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon São Paulo Loyola 2004 ANASTASIOU L ALVES L Processos de ensinagem na universidade Joinville Univille 2004 ARROYO M G Imagens quebradas trajetórias e tempos de alunos e mestres Petrópolis Vozes 2004 BRANDÃO C da F LDB passo a passo lei de diretrizes e bases da educação nacional Lei nº 939496 comentada e interpretada artigo por artigo 4 ed rev e ampl São Paulo Avercamp 2010 CARLINI A Procedimentos de ensino escolher e decidir In SCARPATO M org Os procedimentos de ensino fazem a aula acontecer São Paulo Avercamp 2008 DANTAS H A infância da razão uma introdução à psicologia da inteligência de Henri Wallon São Paulo Manole 1990 FERNANDES C M B Formação do professor universitário tarefa de quem In MASETTO Marcos Tarciso org Docência na universidade 7 ed São Paulo Papirus 2005 FREIRE P Raízes e asas São Paulo Vídeo CENPEC 1994 FREIRE Paulo Pedagogia da autonomia saberes necessários à prática educativa 34 ed São Paulo Paz e Terra 2019 GALVÃO I Henri Wallon uma concepção dialética do desenvolvimento infantil 23 ed Petrópolis Vozes 2014 CECCON Claudius HARPER Babette Cuidado escola desigualdade domesticação e algumas saídas 35 ed São Paulo Brasiliense 2002 LIBÂNEO J C Palestra no Programa de PósGraduação em Psicologia da Educação Palestra São Paulo PUCSP abr 2007 LOPES A O Planejamento do ensino numa perspectiva crítica de educação In VEIGA I P coord Repensando a didática 22 ed Campinas Papirus 2005 MASETTO Marcos Tarciso org Docência na universidade 7 ed São Paulo Papirus 2005 MASETTO M Competência pedagógica do professor universitário São Paulo Summus 2003 MEIRIEU P Aprender sim mas como Porto Alegre Artes Médica 1998 PLACCO V M N de S Relações interpessoais em sala de aula e o desenvolvimento pessoal de aluno e professor In ALMEIDA L R de PLACCO V M N de S orgs As relações interpessoais na formação de professores São Paulo Loyola 2002 3333 SCARPATO M org Educação física como planejar aulas na educação básica São Paulo Avercamp 2007 SCARPATO M Didática e desenvolvimento integral São Paulo Avercamp 2012 SCARPATO M Os procedimentos de ensino fazem a aula acontecer 2 ed São Paulo Avercamp 2013 TONUCCI F Com olhos de criança Porto Alegre Artes Médicas 1997 TURRA C M et al Planejamento de ensino e avaliação Porto Alegre Sagra 1982 VASCONCELLOS C dos S Construção do conhecimento em sala de aula 14 ed São Paulo Libertad 2002 WALLON H As origens do caráter na criança São Paulo Nova Alexandria 1995b WALLON H Evolução psicológica da criança Lisboa Edições 70 1995a ZABALA A A prática educativa como ensinar Porto Alegre Artmed 1998