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Administração ·
Empreendedorismo
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ISSN 00802107 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 399 Neste artigo o objetivo foi identificar quais são as práticas de gestão empre sarial de promoção incentivo e apoio ao empreendedorismo corporativo uti lizadas por empresas atuantes no Brasil Para tanto procurouse compreender como essas práticas eram utilizadas e seus resultados em termos de promo ção do empreendedorismo corporativo Por empreendedorismo corporativo entendese a criação de produtos serviços processos e novos negócios desde que ocorram dentro de empresas já consolidadas e sejam por elas explora dos Foram identificadas cinco empresas consolidadas atuantes no Brasil em setores diferentes que eram reconhecidamente empreendedoras A metodolo gia de pesquisa de natureza qualitativa baseouse na utilização do método do estudo de caso especificamente de casos múltiplos As principais práticas de gestão identificadas como responsáveis por criar as condições que resultaram na manifestação de iniciativas de empreendedorismo corporativo nas empresas foram recompensas incentivo e reconhecimento disponibilização de recur sos tolerância ao erro desde que resultante de esforços de busca da inovação e de desenvolvimento de novos negócios apoio da alta administração estru turação da empresa e autonomia concedida aos empreendedores corporativos na condução do trabalho Foi possível compreender que as práticas de gestão destinadas à promoção do empreendedorismo corporativo contribuíram positi vamente para a manifestação de ações empreendedoras entre os empregados da empresa A existência dessas práticas sob a ótica dos executivos entrevistados contribuiu para criar as condições organizacionais e os estímulos necessários para que seus empregados pudessem conceber e implantar ações de empreen dedorismo corporativo Tais práticas foram valorizadas pelos empreendedores corporativos porque sinalizaram para eles que as ações empreendedoras eram reconhecidas e renderlhesiam resultados em termos de prestígio profissional dentro ou fora da empresa além de em alguns casos benefícios financeiros diretos Esses achados confirmaram as teorias que fundamentaram esta pes quisa sobre a importância e a efetividade das práticas de promoção incentivo e apoio ao empreendedorismo corporativo no contexto das empresas estudadas Como novo achado foi possível conhecer a ótica do empreendedor corporativo e como ele reconhece e age ante as práticas de promoção incentivo e apoio ao empreendedorismo corporativo existentes na empresa Essa ótica ainda não havia sido foco das teorias citadas e de outras existentes sobre esse fenômeno Palavraschave empreendedorismo coorporativo gestão empresarial inovação Empreendedorismo corporativo estudo de casos múltiplos sobre as práticas promotoras em empresas atuantes no Brasil Eduardo Pinto Vilas Boas Universidade de São Paulo São PauloSP Brasil Silvio Aparecido dos Santos Universidade de São Paulo São PauloSP Brasil 399 Recebido em 06outubro2010 Aprovado em 12outubro2013 Sistema de Avaliação Double Blind Review Editor Científico Nicolau Reinhard DOI 105700rausp1154 RESUMO Eduardo Pinto Vilas Boas Mestre em Empreendedorismo é Doutorando em Administração de Empresas no Departamento de Administração da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo CEP 05508010 São PauloSP Brasil e Professor da Faculdade FIA de Administração e Negócios Email duvilasboasgmailcom Silvio Aparecido dos Santos é Professor Titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo CEP 05508010 São PauloSP Brasil Emailsadsantouspbr Endereço Universidade de São Paulo FEA Departamento de Administração Avenida Professor Luciano Gualberto 908 sala E189 Cidade Universitária Butantã 05508010 São Paulo SP This is an Open Access article under the CC BY license Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 400 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 1 INTRODUÇÃO O empreendedorismo corporativo tem merecido a atenção de executivos e pesquisadores da administração em face da necessidade de as empresas inovarem continuamente Essas inovações criam diferenciais para que as organizações possam ampliar seu poder competitivo e melhorar suas condições de sobrevivência no mercado Com o objetivo de melhorar sua capacidade de inovação em produtos processos serviços conceitos de gestão e mesmo para a criação de negócios dentro de seu setor de atuação ou em novos setores a empresa precisa prepararse adequadamente Isso requer de seus gestores a implementação de práticas gerenciais que visem criar e manter um ambiente interno propício à ocorrência de ações de empreendedorismo corporativo ou seja aquele que é praticado por empregados de empresas já consolidadas Esse empregado é chamado de empreendedor corporativo Tais práticas podem envolver a formulação de políticas de reconhecimento e valorização das ações de empreendedores corporativos as quais podem incluir a criação de programas de estímulos incentivos e recompensas aos empreendedores con cedendo participação nos resultados decorrentes de suas ações Podem abranger também a criação de facilidades aos empre gados para que tenham acesso aos recursos necessários para a busca a preparação e a implementação de ideias conceitos e propostas empreendedoras que gerem inovações A premissa que orienta os gestores na utilização dessas práticas indutoras do empreendedorismo corporativo é a expec tativa de que estimulem e incentivem os empregados a desco brir novas oportunidades que permitam a geração continuada de inovações Neste artigo apresentamse os resultados de um estudo baseado no método de múltiplos casos sobre práticas de promoção apoio e incentivo ao empreendedorismo corpo rativo identificadas nas empresas estudadas Autores como Drucker 1985 Dornelas 2003 e Kuratko Ireland Covin e Hornsby 2005 dedicaramse ao estudo do empreendedorismo corporativo enfocando esse fenômeno sob óticas diferentes tais como importância estratégica de sua ocorrência para a empresa comportamento de empreendedores corporativos tipos de incentivo apoio e estímulo ao empreendedorismo corporativo e ainda sob as contribuições desse fenômeno para a geração de inovações no âmbito interno das empresas Neste artigo considerase empreendedorismo corporativo o resultado das ações dos empregados que produzam inovações em produtos processos ou na criação de negócios comple mentares ao da empresa ou que promovam a renovação de seu negócio principal Alguns autores usam as expressões intraem preendedorismo e empreendedorismo interno como sinônimos das ações de empreendedorismo corporativo Promover o empreendedorismo corporativo tem sido um desafio para os gestores das empresas consolidadas por isso esse fenômeno tem merecido atenção e destaque nas revistas que abordam temas de negócios Por exemplo a revista Exame publicou em março de 2006 um encarte dedicado à inovação e ao empreendedorismo corporativo nas empresas Nele des tacamse as práticas de gestão das empresas brasileiras mais empreendedoras e as inovações resultantes de ações de empreen dedorismo corporativo Silveira 2006 Identificaramse neste estudo as práticas de promoção estímulo e apoio aos empreendedores corporativos descritas na literatura científica sobre o tema e verificouse como eram utilizadas pelas empresas cujos casos foram estudados Além disso por meio da pesquisa realizada foram investigadas as razões pelas quais tais práticas criaram as condições para a geração e o lançamento de novos produtos a criação de pro cessos e conceitos de gestão eou a entrada em novos negócios 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O relacionamento entre inovação e atuação de empreen dedores corporativos foi tema de estudo de diversos autores dentre eles Zahra e Garvis 2000 que mostraram a relação entre a atuação de empreendedores corporativos e o aumento da inovação nas empresas Cunha e Santos 2006 por sua vez identificaram que uma empresa inovadora estimula o empreen dedorismo corporativo como ferramenta de alavancagem da inovação Grego et al 2009 revelaram que o fenômeno do empreendedorismo corporativo é caracterizado pelo envolvi mento de empregados em atividades de inovação na empresa Assim entendese que o empreendedorismo corporativo é resul tado de ações espontâneas de empregados Quando pretende impulsionar o surgimento continuado dessas ações a adminis tração da empresa com o objetivo de tornarse mais inovadora pode criar as condições necessárias por meio de políticas e práticas de incentivo promoção e estímulo aos empregados Kuratko et al 2005 mostraram que empresas que fomentam ações de empreendedorismo corporativo conseguem identificar e viabilizar a exploração de novas oportunidades de inovações Para esses autores esse processo estimula a manifestação de ações proativas típicas de empreendedores corporativos e con tribui para que a empresa crie vantagens competitivas Outros autores como Shane e Venkataraman 2000 e Zahra e Dess 2001 de forma pioneira haviam identificado que empresas empreendedoras se distinguem das demais por sua capacidade de reconhecer e perseguir oportunidades antes de seus concor rentes mesmo que disponham de uma base limitada de recursos Para que as empresas possam ter ações de empreendedo rismo corporativo Ferraz Costa Duarte Oliveira e Leocádio 2008 identificaram que o surgimento dessas ações resulta vam da existência de mecanismos capazes de reconhecêlas e apoiálas dentro de empresas já existentes Em relação aos resultados obtidos pelas iniciativas de empreendedorismo corporativo Zahra e Garvis 2000 ressal taram a melhora do desempenho competitivo da empresa por meio de inovações pioneiras Esse pioneirismo decorre da busca EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 401 proativa de oportunidades Mair 2002 classificou como resul tados obtidos com ações típicas de empreendedorismo corpo rativo dentre outros desenvolvimento de novos produtos eou serviços abertura de novos negócios na empresa mãe entrada em novos mercados criação de novas empresas independen tes mas com participação da empresa mãe Na mesma linha Antoncic e Hisrich 2001 agregaram à lista anterior de resul tados o desenvolvimento de novas tecnologias novas técnicas administrativas novas estratégias e até mesmo novos posicio namentos competitivos Sharma e Chrisman 1999 e Seiffert 2005 acrescentaram como ações típicas de empreendedorismo corporativo as atividades de criação de negócios e a renovação estratégica do negócio principal da empresa mãe O empreendedorismo corporativo tem como objetivo final gerar novas fontes de receita para a empresa mãe Ahuja Lampert 2001 melhorar sua posição competitiva Barringer Bluedorn 1999 Kuratko et al 2005 ou melhorar seu desem penho financeiro Zahra Covin 1995 Zahra Garvis 2000 Kuratko et al 2005 É possível entender que todos esses obje tivos para serem alcançados dependem de a empresa ter criado valor adicional para o cliente ou ter aprimorada sua operação As influências das ações de empreendedorismo corpora tivo nos resultados das empresas foram objeto de estudo de Antoncic e Hisrich 2001 e de Kuratko Ireland e Hornsby 2001 que demonstraram que tais ações influenciam positi vamente uma série de indicadores de desempenho da empresa Exemplos desses indicadores incluem lucratividade tíquete médio por venda taxa de crescimento na receita e nos ativos dentre outros Kuratko Goldsby 2004 Considerandose a fundamentação teórica até aqui apre sentada abordase neste artigo o fenômeno do empreende dorismo corporativo como um tipo de comportamento de empregados de uma empresa que possui um ambiente pro pício levandoos a realizar ações empreendedoras que irão gerar inovações em produtos serviços processos conceitos de gestão e negócios Essas inovações deverão melhorar o poder competitivo da empresa Para identificar e descrever os tipos de práticas que promo vem o surgimento de ações dos empregados típicas de empreen dedorismo corporativo Kuratko Montagno e Hornsby 1990 realizaram um estudo exploratório no qual analisaram cinco construtos diferentes para caracterizar e descrever as práticas internas de promoção estímulo e apoio ao empreendedorismo corporativo São eles o apoio da diretoria as recompensas oferecidas e os recursos disponíveis para projetos empreende dores a estrutura organizacional flexível e com poucos níveis hierárquicos a autonomia para assumir riscos e a autonomia para alocar tempo em projetos empreendedores Nas conclu sões decorrentes desse estudo revelouse que o apoio da dire toria a estrutura organizacional flexível e com poucos níveis hierárquicos e a disponibilidade de recursos e recompensas para os empreendedores corporativos mereciam destaque como os mais relevantes Hornsby Kuratko e Zahra 2002 realizaram um estudo semelhante com gerentes de nível organizacional interme diário em que utilizaram duas amostras separadas uma com 231 gerentes que participavam de um programa de treinamento de uma universidade norteamericana e outra com 530 geren tes de empresas norteamericanas e canadenses de manufatura serviços e organizações financeiras de 17 empresas diferentes No estudo Hornsby et al 2002 identificaram 84 tipos de prá ticas gerenciais de promoção estímulo e apoio ao empreende dorismo corporativo que foram agrupadas em cinco fatores apoio da diretoria flexibilidade nas atribuições do cargo recom pensas e incentivos oferecidos aos empreendedores corpora tivos disponibilidade de tempo para ser alocado em projetos empreendedores e flexibilidade para interagir com diferentes níveis hierárquicos da empresa Marvel Griffin Hebda e Vojak 2007 fizeram em seu estudo entrevistas em profundidade com empreendedores cor porativos técnicos e gerentes de recursos humanos procurando identificar as práticas de gestão existentes nas empresas que promoviam estimulavam e apoiavam o surgimento de ações de empreendedorismo corporativo Eles concluíram que a prática considerada mais importante pelos entrevistados foi a existên cia de recompensas e de reconhecimento aos autores das ações que geraram inovações A segunda prática em importância foi a existência de apoio da diretoria às iniciativas de empreende dorismo corporativo Essa segunda prática também havia sido identificada e confirmada por Zahra Neubaum e Huse 2000 e Antoncic e Hisrich 2001 A terceira prática considerada na pesquisa de Marvel et al 2007 foi a disponibilidade de tempo para atividades empreendedoras e a existência de recursos para serem alocados em projetos que podem resultar em inovações Para que as ações de empreendedorismo corporativo possam ocorrer pode ser necessário que haja disponibilidade de recur sos corporativos além daqueles já previstos em orçamento para as atividades rotineiras das empresas Pinchot 1985 identificou que as empresas que inovavam tinham uma prática gerencial de permitir que seus empregados usassem recursos corporati vos financeiros não previstos Isso significa que fundos discri cionários da empresa precisam existir e estar disponíveis aos empregados que desejam empreender O mesmo autor afirma que deve existir flexibilidade corporativa de modo que os empreendedores corporativos possam usar parte de seu tempo de trabalho para explorar novas ideias e projetos experimentais focados em inovação sem saber se irão resultar em inovações bemsucedidas e com valor comercial Zahra e Garvis 2000 em estudo realizado em subsidiárias de empresas multinacionais norteamericanas criaram a escala ICE International Corporate Entrepreneurship para identificar a presença de práticas de gestão empresarial que promoviam o empreendedorismo corporativo Para esses autores as empre sas empreendedoras possuíam tolerância aos projetos de alto risco buscavam novos desafios em vez de apenas responder aos competidores enfatizavam ações estratégicas de grande Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 402 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 alcance em vez de pequenas mudanças táticas enfatizavam os objetivos e as estratégias de longo prazo eram pioneiras na introdução de novos produtos em seu setor e recompensa vam de maneira adequada os empregados dispostos a correr riscos calculados Kuratko e Goldsby 2004 realizaram um estudo teórico no qual identificaram barreiras que se existissem nas empresas poderiam prejudicar a ação dos empreendedores corporativos Essas barreiras foram agrupadas em seis fatores sistema estrutura organizacional políticas e procedimentos corporati vos direcionamento estratégico pessoas e cultura Os autores entendiam que os sistemas organizacionais em alguns casos poderiam ter a intenção de oferecer aos empregados estabi lidade ordem e preocupação com a gestão de um ambiente interno com excesso de complexidade o que é considerado um desincentivo à tomada de atitudes empreendedoras Kuratko Goldsby 2004 Em paralelo autores como Hayton 2005 mostraram que os planos de carreiras e de remuneração quando baseados em reconhecimento do mérito e gerando recompensas individuais e grupais aumentavam as iniciativas empreendedoras Por sua vez Kuratko e Goldsby 2004 revelaram que as recom pensas concedidas aos indivíduos ou grupos envolvidos com empreendedorismo corporativo devem ter foco nos médio e longo prazos A mesma conclusão sobre a importância do reconhecimento dos empreendedores internos já havia sido encontrada por Goosen Coning e Smit 2002 Em relação aos recursos financeiros necessários para a exis tência do empreendedorismo corporativo Kuratko e Goldsby 2004 concluíram que deveriam existir recursos específicos disponíveis na empresa para projetos inovadores uma vez que os empreendedores corporativos necessitam dispor de recursos para alocar em seus projetos sem precisar enfrentar excessiva burocracia Goosen et al 2002 Hayton 2005 Em relação à estrutura organizacional alguns de seus aspectos precisam ser analisados devido à sua capacidade de facilitar ou dificultar o surgimento de ações de empreendedorismo corporativo Nesse sentido Kuratko e Goldsby 2004 destacaram a excessiva centralização das decisões nos níveis hierárquicos superiores como um fator inibidor do surgimento desse fenômeno Os mesmos autores enfatizaram que os bloqueios de comunicação entre empregados com potencial empreendedor e outros colaboradores da empresa dificultavam o surgimento de ações e a elaboração de projetos de empreendedorismo corporativo que visavam gerar inovações Na mesma linha Antoncic e Hisrich 2001 Goosen et al 2002 e Hayton 2005 destacaram que a qualidade e a intensidade das comunicações entre o empreendedor corporativo e os níveis hierárquicos da empresa são fatores relevantes para viabilizar a ocorrência desse fenômeno Entre as políticas e os procedimentos que podem restringir a existência do empreendedorismo corporativo estão aquelas que exigem ciclos longos e com diversas etapas para aprova ção de ideias empreendedoras É comum que nessas etapas seja exigida a elaboração de relatórios com os requisitos necessá rios ao desenvolvimento do projeto Essas exigências quando em excesso dificultam e desestimulam o ímpeto empreende dor Kuratko Goldsby 2004 O excesso de burocracia para aprovação das ideias e de exigências como fator desestimula dor foi confirmado pelos estudos de Hayton 2005 que fez uma revisão de pesquisas empíricas realizadas até então sobre as práticas de recursos humanos para promover o empreende dorismo corporativo Em relação à dimensão direcionamento estratégico da empresa Goosen et al 2002 e Kuratko e Goldsby 2004 destacaram que os exemplos de ações de empreendedorismo corporativo já realizadas pelos superiores têm forte capacidade de estimular ou não os demais gestores e colaboradores com potencial para empreender Ainda em relação a essa dimensão esses autores destacam que a ausência de um direcionamento estratégico explícito pela alta administração pode inibir a ocor rência de ações empreendedoras que realmente criem diferen ciais competitivos para a empresa No que se refere à dimensão que abrange as pessoas Kuratko e Goldsby 2004 destacaram que os aspectos comportamen tais dos dirigentes das equipes podem atuar como estimulado res ou não do empreendedorismo corporativo Nesse sentido enfatizaram que as empresas devem estimular os colaborado res a serem flexíveis a eventuais riscos que esses projetos de empreendedorismo corporativo possam representar para ela como erros de conceito e operação com seus possíveis prejuízos Se a atitude dos superiores for de intolerância às possíveis falhas típicas desses projetos de risco os demais colabora dores podem sentirse tolhidos ou inibidos para empreender Por isso compete à direção da empresa adotar práticas de gestão empresarial apropriadas que estimulem e incentivem as pessoas a terem uma postura mais tolerante à mudança Kuratko Goldsby 2004 Hung Mondejar 2005 O mesmo ocorre em relação à necessidade de tolerar as possíveis falhas de projetos empreendedores Barringer Bluedorn 1999 Goosen et al 2002 Kuratko Goldsby 2004 Hayton 2005 Hung Mondejar 2005 Ferraz et al 2008 No que tange à dimensão cultura organizacional repre sentada pelos valores respeitados pela empresa os estudos de Antoncic e Hisrich 2001 e Kuratko e Goldsby 2004 reve laram que esses valores podem atuar como estimuladores ou inibidores de ações de empreendedorismo corporativo Quando os valores explícitos valorizam a iniciativa o pioneirismo a experimentação dentre outros são indutores do empreen dedorismo por outro lado caso a empresa possua valores conflitantes com essa realidade do empreendedorismo os empregados não terão uma visão clara de como devem agir e não se sentirão à vontade para empreender Existem ainda outras práticas gerenciais de estímulo ao empreendedorismo descritas na literatura tais como o incentivo ao desenvolvimento de novas iniciativas Hung Mondejar 2005 a descentralização de autoridade autonomia a participação dos EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 403 empreendedores corporativos na tomada de decisão o incentivo à cooperação e a integração multifuncional Hayton 2005 e o conhecimento do ambiente em que a empresa está inserida Antoncic Hisrich 2001 Na Figura 1 é apresentado um resumo das práticas de gestão empresarial que promovem o empreendedorismo corporativo relacionadas aos autores que as estudaram e foram menciona dos nesta fundamentação teórica Considerandose a teoria já exposta neste estudo buscase compreender sob a ótica dos gestores como essas práticas são utilizadas no contexto das empresas atuantes no Brasil e por que contribuem ou não para a ocorrência de ações de empreen dedorismo corporativo que criam inovações capazes de gerar diferenciais competitivos para as empresas 3 METODOLOGIA DE PESQUISA Este artigo foi escrito com base nos resultados de uma pes quisa de natureza qualitativa fundamentada no método de estudos de casos múltiplos As unidades de estudo foram cinco empresas atuantes no Brasil todas elas reconhecidamente empreendedoras Essas empresas foram identificadas a partir do ranking de ino vação e empreendedorismo corporativo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Intraempreendedorismo IBIE e publicado pela revista Exame no dia 29 de março de 2006 É possível destacar as diferenças entre as empresas analisadas que são de setores dife rentes da economia de portes diferentes e também com controla dores de diferentes países A escolha e o uso do método de pesquisa de estudo de casos múltiplos justificamse pelo fato de esse método ser o mais adequado para estudar fenômenos amplos e comple xos Dubé Paré 2003 em áreas do conhecimento que se encontram em fase de construção de teorias Voss Tsikriktsis Frohlich 2002 Foi realizada neste artigo uma replicação literal dos casos Segundo Yin 2002 a replicação literal é indicada quando se pretendem estudar as condições sob as quais é provável que o fenômeno esteja presente e ocorrendo ou seja esperavase encontrar nas empresas pesquisadas práticas de promoção ao empreendedorismo corporativo semelhantes àquelas descritas na literatura revisada A concentração do estudo em cinco empresas atende a uma recomendação metodológica já proposta no estudo de Eisenhardt 1989 segundo o qual é possível chegar a con clusões relevantes analisandose entre quatro e dez casos A coleta de dados foi realizada com três fontes documenta ção observação direta e entrevistas com gestores da empresa Dessa forma atendeuse às recomendações de Yin 2002 sobre onde encontrar as informações necessárias para a ela boração de estudos de caso Em relação à documentação foram utilizadas aquelas for necidas pelas empresas no momento das entrevistas pessoais além de outras coletadas em seu sítio institucional e nos rela tórios aos acionistas quando possuíam Com relação às entrevistas pessoais elas variaram entre um e três gestores de cada empresa Esses gestores foram escolhi dos por indicação de seus pares subordinados eou superiores por serem reconhecidos como empreendedores corporativos Essas entrevistas foram realizadas com base em um roteiro semiestruturado previamente elaborado com base na literatura Práticas de Promoção ao Empreendedorismo Corporativo Autores Propensão ao risco aceitar erros Pinchot 1985 Kuratko et al 1990 Barringer e Bluedorn 1999 Zahra e Garvis 2000 Goosen et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 Hayton 2005 Hung e Mondejar 2005 Ferraz et al 2008 Recompensas incentivos e reconhecimento Kuratko et al 1990 Zahra e Garvis 2000 Goosen et al 2002 Hornsby et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 Hayton 2005 Marvel et al 2007 Suporte da diretoria Kuratko et al 1990 Zahra et al 2000 Antoncic e Hisrich 2001 Goosen et al 2002 Hornsby et al 2002 Marvel et al 2007 Recursos disponíveis financeiros de tempo e organizacionais Pinchot 1985 Kuratko et al 1990 Goosen et al 2002 Hornsby et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 Hayton 2005 Estrutura da organização poucos níveis equipes multifuncionais Kuratko et al 1990 Barringer e Bluedorn 1999 Kuratko e Goldsby 2004 Marvel et al 2007 Ênfase em ações estratégicas e objetivos de longo prazo Zahra e Garvis 2000 Kuratko e Goldsby 2004 Propensão à mudança Kuratko e Goldsby 2004 Hung e Mondejar 2005 Liberdade de trabalho experimentar novos métodos Hornsby et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 Figura 1 Principais Autores de Práticas de Gestão Empresarial que Promovem o Empreendedorismo Corporativo Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 404 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 referenciada que mostrava práticas capazes de estimular o surgimento de ações de empreendedorismo corporativo Os respondentes deveriam assinalar se cada uma das prá ticas era adotada ou não pela empresa e explicar como e por que elas contribuíam para a emergência de ações de empreendedorismo corporativo Conforme requer o método de estudo de casos múltiplos foi em seguida rea lizada uma análise cruzada dos casos estudados em que se procurou analisar a existência dessas práticas bem como identificar as semelhanças e diferenças entre as empresas estudadas 4 RESULTADOS De acordo com as recomendações da técnica de análise cru zada os dados coletados foram analisados em agrupamentos que reuniam as práticas de gestão empresarial que promovem o empreendedorismo corporativo previamente identificadas por meio da fundamentação teórica Em cada um desses agrupa mentos foram analisadas as semelhanças e as diferenças entre as práticas adotadas nas empresas 41 Práticas de gestão empresarial de recompensas incentivos e reconhecimentos oferecidos para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Nesta categoria foi possível identificar que existem práti cas comuns à maioria das empresas e outras específicas a cada caso A seguir serão comentadas algumas delas A existência de um programa estruturado de incentivo à inovação como foi constatado em todas as empresas estudadas possibilitou a recompensa dos empreendedores corporativos ou seja os empregados que haviam realizado ações que resultaram em inovações embora as formas de recompensa fossem diferentes tais como recompensa em dinheiro como ocorreu nas Empresas A B C e E ou em produtos como é o caso da Empresa D Os empreen dedores corporativos mencionaram que as recompensas são motivadores pois fazem com que estejam dispostos a dedicar energia e tempo extra às inovações uma vez que terão retorno suplementar Os programas estruturados de geração e implementação de ideias foram considerados eficazes para garantir o reco nhecimento dos empregados que atuaram como empreendedo res corporativos tanto por seus pares como pelos superiores Os entrevistados valorizavam mais o reconhecimento do que a recompensa financeira uma vez que poderia tornálos conhe cidos para futuras promoções além de trazer grande satisfa ção pessoal Constatouse também que o reconhecimento perante os pares superiores e comunidade técnica é valorizado pelos empreendedores corporativos Foi evidenciado pelos respon dentes que as empresas tendem a valorizar mais os empregados que implementam uma inovação do que aquele que apenas identifica oportunidades para inovar Os empreendedores afirmaram que essas práticas foram importantes para que se sentissem estimulados a inovar Como as atividades de inovação devem ser feitas sem que as atividades rotineiras sejam prejudicadas caso não exista reconhecimento ou benefícios para os empreendedores corporativos eles não se sentirão estimulados a inovar Segundo um dos empreendedores corporativos entrevistados existe vontade de criar coisas novas na empresa e quando esse objetivo é alcançado é algo muito gratificante no entanto as atividades do dia a dia tomam quase todo o tempo Portanto se não existir nenhum incentivo direto não iremos nos esforçar tanto para empreender Na Empresa B observouse a existência de um pro grama estruturado de geração e implementação de novas oportunidades pelos empregados Esse programa cria uma competição que premia as melhores inovações implemen tadas o que gera reconhecimento para as equipes dos melhores projetos tanto perante os pares quanto perante as diretorias Os empreendedores corporativos que parti cipam dos melhores projetos têm a oportunidade de apre sentálos em um evento que conta com a participação das diretorias de seus colegas de empresa e de pessoas da comunidade local externas à empresa Essa prática de colocar em evidência os empreendedores corporati vos envolvidos na implementação das melhores inova ções que não ocorria nas outras empresas pesquisadas foi destacada pelos entrevistados da Empresa B como um estímulo importante Na Empresa E os empreendedores corporativos que mais se destacaram receberam como forma de recompensa a opor tunidade de participar de um seminário de inovação promo vido pela empresa em sua sede mundial com a presença de destacados especialistas Essa forma de recompensa também não observada nas outras empresas estudadas foi valorizada pelos entrevistados Na Empresa C os gestores tinham autonomia para ofe recer recompensas não convencionais aos empreendedores corporativos como exemplo foi mencionado o caso de um empreendedor corporativo que por iniciativa de seu chefe direto teve permissão para trabalhar em casa junto à famí lia quando antes tinha de estar diariamente no escritório Além disso a empresa ajuda o empreendedor corporativo a obter reconhecimento técnico permitindo e facilitando a publicação de artigos científicos participação em eventos técnicos dentre outros Tal reconhecimento ocorre dentro da empresa e também perante a comunidade técnica A empresa também oferecia um prêmio mundial de des taque aos melhores projetos de inovação desenvolvidos por EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 405 empreendedores corporativos em todas as empresas do grupo A utilização da inovação gerada em uma empresa por outras do grupo também é uma forma de reconhecimento citada pelos entrevistados Na Empresa A as recompensas financeiras oferecidas aos empreendedores só existiam no nível operacional No entanto os gestores responsáveis pelos empregados que se destacaram como empreendedores corporativos eram por isso reconheci dos perante seus pares e diretores Na Empresa D os empreendedores corporativos consi deravam que a recompensa mais motivadora oferecida era ver uma de suas ideias transformadas em inovação pela empresa Por isso muitos deles estavam dispostos a dar ideias mesmo sabendo que o projeto poderia ser levado à frente por outras pessoas na empresa Como era a única empresa que identificava a participação de um empreen dedor em todas as etapas de implantação de um novo negócio a empresa conseguia nesses casos oferecer uma premiação diferenciada para essas pessoas a qual consis tia em conceder participação nos resultados gerados pelo negócio criado Na Figura 2 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial de recompensas incentivos e reconhecimento identifi cadas nas empresas estudadas 42 Práticas de gestão empresarial de disponibilização de recursos materiais humanos e financeiros para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Na categoria de práticas de gestão empresarial de disponi bilização de recursos foi possível identificar que elas são bas tante semelhantes na maioria das empresas Todas as organizações analisadas permitem e algumas até estimulam a busca de recursos externos sejam informa ções sejam recursos financeiros Os empreendedores valo rizam esse fato e declararam que a possibilidade de troca de informações com outras instituições facilitava a viabili zação de seus projetos de empreendedorismo corporativo Constatouse no entanto que somente uma das empresas pesquisadas possuía estrutura para auxiliar o contato e o relacionamento dos empreendedores corporativos com insti tuições externas visando aos projetos de empreendedorismo corporativo e à inovação Os respondentes das empresas informaram que foram pou cas as oportunidades em que dispuseram de tempo livre para trabalhar nas atividades relacionadas à implementação de pro jetos empreendedores Mesmo assim os pesquisados decla raram não se sentir desestimulados com isso Eles entendem que caso queiram empreender terão recompensas extras e Empresa A Não existe recompensa incentivo ou reconhecimento para o gestor que empreende Há programa de recompensas e reconhecimento para inovar no chão de fábrica Empresa B Competição entre os projetos mais empreendedores gera reconhecimento Apresentamse os melhores projetos em um evento com presença de diretoria e comunidade Empreendedores corporativos são reconhecidos perante seus pares Há recompensa financeira baseada no retorno comprovado do projeto Empresa C Gestores têm liberdade para oferecer recompensas não convencionais e não estipuladas a empreendedores corporativos Há reconhecimento técnico interno e externo Prêmio mundial é concedido para os melhores projetos de inovação Visibilidade na empresa aumenta chances de promoção Outras unidades da empresa utilizamse da inovação Há recompensa financeira baseada no retorno do projeto Prêmio é entregue pelo gestor responsável na frente dos pares Empresa D Possibilitar que sua visão se torne realidade é considerado uma recompensa Empreendedores corporativos são valorizados por seus pares Quem participa da implementação de um novo negócio tem participação em seu EBITDA Há recompensas não monetárias para quem participa do programa de inovações incrementais Empresa E Possibilita ao empreendedor participar do seminário mundial de inovação da empresa Dá prêmios aos empreendedores corporativos Figura 2 Práticas de Gestão Empresarial de Recompensas Incentivos e Reconhecimento Identificadas Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 406 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 por isso devem dedicar tempo suplementar às atividades a isso relacionadas Esse achado é diferente do que afirma a literatura citada Pinchot 1985 Kuratko et al 1990 cujos autores afirmam que o tempo discricionário concedido pela empresa para atividades de empreendedorismo corporativo é necessário para que elas ocorram A Empresa D foi a única a permitir que alguns empreen dedores corporativos selecionados dedicassem seu tempo unicamente a projetos empreendedores Para tanto esses colaboradores eram alocados na unidade de novos negócios A Empresa B oferecia aos empreendedores corporati vos a possibilidade de solicitarem recursos financeiros para desenvolver seus projetos Também permitia e incentivava que buscassem recursos e informações no ambiente externo além de permitir que convidassem colegas para participar das equipes de implementação de oportunidades de negócios A Empresa E permitia que seus empreendedores cor porativos buscassem informações e recursos externos Por focar suas principais ações de pesquisa e desenvolvimento em unidades especializadas fora do Brasil a empresa não concedia recursos financeiros para inovação no Brasil A Empresa C oferecia auxílio a todos os empreendedores corporativos que desejavam buscar recursos externos para inovar ela possuía uma estrutura para esse fim que atuava de maneira tanto proativa como reativa Além disso os empreendedores podiam beneficiarse das subsidiárias que atuavam em outros países e em outros setores para procu rar soluções informações e tecnologias A empresa também possuía um departamento de desenvolvimento de negócios e inovações o qual contava com recursos para que fos sem investidos em projetos de inovação que necessitassem de grandes montantes financeiros Em caso de necessidade de menor soma de recursos financeiros os empreendedores corporativos poderiam solicitar ao próprio departamento ao qual estavam vinculados pois o gestor responsável possuía autonomia para alocar esses recursos desde que estivesse dentro de seu orçamento Um dos pesquisados declarou Tenho autonomia para alocar os recursos sob minha respon sabilidade para projetos inovadores no entanto não posso deixar de atingir os objetivos de curto prazo que fazem parte de minhas metas A existência de um departamento que acolhe e fomenta os projetos de empreendedorismo corporativo inclusive dispondo de orçamento próprio revela como essa empresa priorizava e valorizava as ações de empreendedorismo cor porativo Isso porque em sua história a empresa é reco nhecida por sua capacidade de gerar inovações por meio de empreendedores corporativos A Empresa A oferecia autonomia para que os gestores realocassem o orçamento de sua área a fim de fomentar pro jetos empreendedores Ela oferecia a possibilidade e estimu lava seus empreendedores a procurarem recursos de fontes externas inclusive propondo parcerias com concorrentes para desenvolver novas tecnologias em fase précompetitiva Contudo essa empresa não possuía uma estrutura especí fica para o fomento de relações externas voltadas à inova ção gerada por empreendedores corporativos A Empresa D selecionava previamente dentre seus cola boradores aqueles que possuíam perfil e características favo ráveis à condução de projetos que envolviam a criação de negócios A existência dessa seleção do time de potenciais empreendedores servia como estímulo para os colaborado res que desejassem tornarse empreendedores corporativos Ficava claro aos interessados o caminho a ser percorrido A Empresa D também possuía um fundo com recursos finan ceiros específicos para novos negócios o que era estimu lante para seus funcionários já que eles saberiam que não haveria falta de recursos para projetos estruturados de ino vação baseados em ações de empreendedores corporativos Na Figura 3 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial de disponibilização de recursos identificadas 43 Tolerância ao erro como práticas de gestão empresarial para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Foi possível identificar que as empresas não possuíam práticas de gestão formalizadas mas informalmente tolera vam erros advindos das experimentações desde que orien tadas para a geração de inovações de produtos e processos ou para a criação de negócios Essa tolerância informal era vista como uma forma de aprendizagem e estimulava os empreendedores corporativos porque fazia com que acre ditassem que poderiam tentar criar sem que fossem puni dos por isso No que se refere a projetos grandes e arriscados as empre sas possuíam uma estrutura formal que procurava interromper o projeto o mais rápido possível quando suas chances de sucesso eram pequenas ou redirecionálo para um caminho que aumen tasse suas chances Essa estrutura permitia que o empreende dor aceitasse assumir risco em projetos de inovação por saber que não seria punido pelo insucesso deles A única empresa dentre as pesquisadas que agia de modo diferente era a Empresa D Seus gestores acreditavam que assumir riscos fazia parte do perfil dos empreendedores cor porativos A diferença singular dessa empresa em relação às demais é que os empreendedores corporativos préselecionados deveriam estar conscientes de que assumiram o risco do novo negócio junto com a empresa e por isso poderiam ser preju dicados em sua carreira em decorrência de um possível insu cesso O gestor entrevistado acreditava que essa penalização não desestimulava os empreendedores corporativos pois eles estavam cientes do risco que corriam A Empresa B considerava que o erro dos empreendedo res corporativos na condução de seus projetos fazia parte do aprendizado A empresa possuía um processo estruturado em EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 407 diversos estágios para desenvolvimento de projetos inovadores de modo que dificuldades futuras fossem identificadas anteci padamente evitando investimentos financeiros e de tempo em projetos que não teriam chances de êxito A Empresa E admitia tolerar o erro de empreendedores cor porativos e permitia o desenvolvimento de projetos com maior risco no entanto os empreendedores entrevistados acredita vam que quanto mais arriscado o projeto maior seria a difi culdade para obter recursos e leválo à frente Todavia eles não acreditam que isso seja desestimulante pois entendem a prática como necessária Para a Empresa C os erros eram parte do aprendizado Para projetos que envolviam grandes quantias de recursos financeiros eou outros recursos da organização era preciso elaborar um plano de negócios para provar sua viabilidade e diminuir os riscos Na Empresa A os empreendedores corporativos tinham autonomia para arriscar novos métodos dentro de sua ativi dade diária e quando esses métodos não levavam ao sucesso não eram punidos pelos superiores que entendiam que o erro fazia parte do aprendizado Na Empresa D os projetos de inovação radical preci savam passar por diversos estágios nos quais poderiam ser paralisados Com isso pretendiase evitar que projetos com maiores riscos de fracassar fossem levados à frente consumindo mais recursos Em relação aos empreendedo res envolvidos neles a empresa acreditava que eles preci savam assumir riscos por isso caso desejassem participar de projetos de inovação seriam substituídos em seu antigo cargo após três meses Na Figura 4 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial de tolerância ao erro identificadas 44 Práticas de gestão empresarial de apoio da alta administração às atividades para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Um dos achados da pesquisa aqui relatada foi a constatação de que nas empresas estudadas existia apoio da alta adminis tração às práticas empreendedoras e esse apoio era realizado por meio de práticas de gestão semelhantes porém com carac terísticas peculiares em cada uma das empresas Empresa A Possibilidade de negociar tempo para desenvolvimento de projetos empreendedores é raro mas acontece Possibilidade de solicitar recursos para desenvolver projetos empreendedores Possibilidade de convidar colegas para montar equipes para desenvolver projetos empreendedores Possibilidade de buscar recursos externos para inovar Empresa B Permissão para buscar informações e recursos fora da empresa Recursos dedicados a projetos empreendedores Empresa C Auxílio para utilização de recursos externos à empresa Departamento estruturado com recursos financeiros disponíveis e que auxilia todo o processo e contatos externos Recursos financeiros disponíveis para inovação tanto no departamento como na empresa Empreendedores corporativos não têm tempo livre para inovação Possibilidade de troca de informações com outras áreas e empresas do grupo Empresa D Autonomia para remanejar seu orçamento para projetos inovadores Possibilidade de pesquisar com o concorrente fornecedores ou com institutos de fora da empresa para desenvolver a ideia Tempo livre para desenvolver projetos empreendedores e possibilidade de convidar colegas Empresa E Empreendedores corporativos selecionados e preparados por meio de um programa denominado Trilha do Empreendedor Busca de ideias com parceiros exteriores à empresa Área de novos negócios com recursos reservados para inovações disruptivas Figura 3 Práticas de Gestão Empresarial de Disponibilização de Recursos Identificadas Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 408 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 Nas Empresas A B e C foi identificado o fato de o fun dador da empresa ser reconhecido como um empreendedor de destaque Essa constatação foi citada pelos entrevistados como um elemento estimulador de suas ações de empreen dedorismo corporativo Um dos entrevistados declarou A figura do fundador da empresa é bastante presente e se ele construiu tudo isso a partir do zero em uma época bem mais complicada nós também devemos procurar sempre criar algo novo A inovação como uma das prioridades explícitas da empresa foi identificada como um motivador de ações de empreendedorismo corporativo Os empregados interpretavam que a preocupação com a inovação constante indicava que eles deveriam empenharse para que ela ocorresse As ações de empreendedorismo corporativo eram então o meio de esses empregados viabilizarem a inovação desejada O fato de os executivos que ocupavam a diretoria e a presidência agirem como empreendedores corporativos e isso ser de conhecimento de todos na empresa foi considerado um estímulo pelos demais empregados Eles entendiam que se seus superio res agiam dessa maneira eles também precisavam agir para ter oportunidade de destacarse e possivelmente receber promoções para cargos de nível superior Na Empresa B a existência de cobrança explícita da alta diretoria em relação a seus executivos para que agissem como empreendedores corporativos revelouse um forte motivador de ações semelhantes entre os demais empregados subordinados A oferta de programas de treinamento em empreendedorismo corporativo para os gestores de nível organizacional interme diário foi um elemento destacado como promotor de ações de empreendedorismo corporativo entre os gestores e com capa cidade de indução para empregados subordinados agirem da mesma forma conforme evidenciado na Empresa E Observouse na Empresa C que o comprometimento e o acompanhamento da diretoria em relação ao conteúdo e aos propositores de projetos empreendedores inclusive fazendo questionamentos e sugestões contínuas de aprimoramento ou redirecionamento foram considerados pelos empreendedores corporativos como fator de valorização promoção e estímulo à realização de ações dessa natureza A realização de um evento corporativo semestral com a liderança da diretoria para promover as inovações ocorridas na empresa focado na valorização dos empreendedores corpora tivos que se destacaram pelas inovações apresentadas naquele período foi considerada uma prática estimuladora do empreen dedorismo corporativo pelos empregados da Empresa A Na Empresa D os empreendedores corporativos identifica vam na presidência e na diretoria empreendedores cujo exem plo estimulador atuava como um forte indutor de iniciativas semelhantes a serem imitadas pelos empregados Na Figura 5 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial de apoio da alta administração identificadas 45 Práticas de gestão empresarial que inserem na estrutura organizacional unidades dedicadas a promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Existe uma discussão entre os empreendedores corporati vos e os gestores sobre se essa atividade necessita ou não de estrutura organizacional departamentos unidades de negócios área que seja dedicada exclusivamente à busca de oportuni dades para empreender projetos de empreendedorismo corpo rativo Nesta pesquisa revelouse que as empresas estudadas têm práticas bem estabelecidas sobre como usar a estrutura para promover esses empreendimentos corporativos Um dos achados da pesquisa foi a constatação de que todas as empresas pesquisadas possuíam unidades em sua Empresa A Erro visto como parte do aprendizado Diversos estágios de desenvolvimento para evitar erro no projeto empreendedor mais avançado Empresa B Projetos arriscados têm mais dificuldade para obtenção de recursos Empresa C Desenvolvimento prévio de um plano de negócios para diminuir risco de projetos grandes Erros vistos como aprendizado ao longo de um projeto inovador Metas ousadas fazem com que se busquem soluções em projetos arriscados Empresa D Autonomia para tentar novos métodos dentro de sua atividade diária O erro é visto como parte do processo de aprendizado Empresa E Se o empreendedor escolher participar de um novo negócio após três meses perde sua antiga vaga Projetos de inovação disruptiva implementados com diversas etapas para que riscos sejam calculados Figura 4 Práticas de Gestão Empresarial de Tolerância ao Erro Identificadas EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 409 estrutura organizacional com o objetivo específico de pro mover projetos de inovação liderados por empreendedo res corporativos Sob a ótica dos gestores entrevistados a existência dessas estruturas dedicadas possibilitava que os projetos de empreendedorismo corporativo fossem acolhi dos analisados e recebessem o apoio necessário quando fossem considerados atrativos para a empresa Entrando nas especificidades de cada empresa em rela ção a como sua estrutura organizacional é utilizada para promover essas ações observouse que na Empresa B existia uma vicepresidência de novos negócios no âmbito corporativo cuja atribuição principal era implementar a política propor e controlar os processos e rotinas de ino vação que ocorrem em cada uma das empresas do grupo com a finalidade de orientar os empreendedores corpora tivos a como agir no encaminhamento de seus projetos Em situações especiais quando existe uma oportunidade de empreender que supera os limites de decisão do processo normal de apresentação e execução de projetos empreende dores de uma empresa do grupo essa vicepresidência pode liderar a preparação e a execução do projeto para explorar a oportunidade Foi relatada ainda uma situação especí fica em que ela tem permissão para buscar novas oportu nidades de negócio para o grupo Apesar de a política ser implementada pela vicepresi dência as diferentes empresas do grupo possuem autonomia para adaptar os processos de inovação resultantes de pro postas de empreendedores corporativos para sua realidade Cabe destacar ainda que nesse grupo empresarial cada uma das empresas tem uma área que oferece suporte aos projetos empreendedores e conta com um sistema de cadastro e monitoramento desses projetos Além disso as empresas do grupo que atuam em áreas de alta tecnologia possuem um departamento de pesquisa e desenvolvimento que pode apoiar os empreendedores inovadores Outro aspecto destacado pelos entrevistados da Empresa B foi a flexibilidade existente na estrutura de cada uma das empresas o que facilita o acesso dos empreendedores cor porativos a suas chefias e às demais chefias de outras áreas Esse trânsito facilita a circulação e a exposição das ideias dos empreendedores estimulando o surgimento de mais inova ções decorrentes de ações de empreendedorismo corporativo Na pesquisa revelouse que na Empresa E existia uma estrutura composta por centros de inovação instalados em diferentes países Cabe destacar que no Brasil não existiam centros de inovação apenas grupos de aplicação cujo prin cipal intuito era adaptar os produtos e os serviços inova dores a condições preferências e regulamentações locais A empresa contava também com um programa formalizado de apoio aos projetos empreendedores Na Empresa C revelouse a existência de uma área dentro de sua estrutura organizacional dedicada ao apoio a projetos Empresa A Acionistas apoiam o empreendedorismo Diretoria do grupo cobra resultados empreendedores dos executivos das empresas Diretoria comunica aos funcionários a importância da inovação e do empreendedorismo Empresa B Presidente valoriza o empreendedorismo Diretoria comunica importância do empreendedorismo a todos Há treinamentos para tornar gestores mais empreendedores Empresa C Presidente valoriza e tem discurso de inovação Diretoria incentiva gestores a serem empreendedores Alta administração costuma sempre fazer sugestões a projetos empreendedores que lhes são apresentados Inovação está nos valores e na missão da empresa Diretoria entende que pessoas são essenciais para o empreendedorismo Empresa D Presidente tem discurso sobre inovação Diretores têm atitudes empreendedoras Diretores promovem evento semestral sobre inovação Empresa E Alta administração é vista como exemplo pelos empreendedores corporativos A inovação é um dos valores da empresa Figura 5 Práticas de Gestão Empresarial de Apoio da Alta Administração Identificadas Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 410 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 que gerem inovação Essa área não deve ser confundida com o centro de pesquisa e desenvolvimento existente na empresa ela é uma área de acolhida suporte e acompanhamento de projetos de empreendedorismo corporativo dentre outros Além disso a empresa mantinha um programa para pro mover e estimular empregados que possuíssem propostas para desenvolver iniciativas de empreendedorismo corpo rativo Esse programa estava vinculado à área de inovação Também foi observado o esforço de comunicação reali zado por essa empresa com a finalidade de manter todos os empregados conscientizados sobre a importância de agir e empreender internamente já que isso era parte integrante da estratégia de diferenciação praticada por essa empresa Finalmente os entrevistados da Empresa C destacaram que ela possuia uma estrutura com poucos níveis hierárqui cos o que facilitava o trânsito dos empreendedores para que seus projetos pudessem chegar aos superiores dos níveis mais elevados da empresa e serem por eles apreciados A existência de um departamento de pesquisa desenvol vimento e inovação foi identificada na Empresa A como uma unidade dedicada de sua estrutura organizacional Esse depar tamento contava com orçamento próprio que lhe permitia apoiar projetos de empreendedorismo corporativo nas diver sas unidades de negócio da empresa além de empreender os próprios projetos de inovação Os empregados entrevista dos afirmaram que tinham facilidade para que seus projetos fossem apresentados aos superiores ou a qualquer outro cen tro de decisão Em termos de estrutura e suas contribuições para o empreendedorismo corporativo evidenciouse que o fato de essa empresa estar estruturada por unidades estratégi cas de negócio sob a ótica dos empregados entrevistados facilitava e estimulava o surgimento e a realização de pro jetos de inovação Na Empresa D foram identificados como mecanismos de promoção e estímulo à inovação dois programas dedi cados a essa finalidade O primeiro oferecia apoio a pro jetos que objetivavam realizar inovações incrementais em termos de produtosserviços ou processos já existentes O segundo programa dedicavase a acolher os projetos que buscavam inovações radicais por meio da criação de pro dutos ou até mesmo de mercados originados nas unidades de negócio no departamento de pesquisa desenvolvimento e inovação ou por iniciativa de qualquer outro empregado empreendedor Dentro do escopo do segundo programa foi mencionada pelos entrevistados a existência de um processo formalizado de captação de ideias provenientes de todos os empregados Essas ideias eram submetidas a grupos de outros empregados para que pudessem analisálas e desenvolvêlas agregandolhes valor Dentre as técnicas utilizadas por esse grupo destacase o brainstorm Na Figura 6 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial que inserem na estrutura organizacional unidades dedica das a promover o empreendedorismo corporativo identificadas 46 Práticas de gestão empresarial de concessão de autonomia para experimentação de novos métodos de organizar e executar o trabalho para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Não foram identificadas práticas específicas com a finalidade de conceder autonomia para que os emprega dos pudessem experimentar novos métodos para realizar suas atividades apesar de que ter autonomia para experi mentar novas rotinas de trabalho é um meio de estimular os empregados a inovar Nas empresas pesquisadas as exigências de carga de trabalho envolvem trabalhos complexos com múltiplas pes soas envolvidas pautados pelo cumprimento de normas prazos e procedimentos o que restringia a capacidade de os empregados empreenderem qualquer mudança em sua rotina mesmo a título de experimentação Embora a auto nomia tenha sido destacada como elemento estimulador do empreendedorismo corporativo pelos autores mencio nados a pesquisa revelou que nas empresas pesquisadas a ausência de práticas com essa finalidade não tolheu nem impediu os empregados de inovarem Havia uma confor midade deles quanto à importância de conseguir autoriza ção dos superiores antes de implementar essas iniciativas de empreendedorismo corporativo A questão da liberdade para utilizar novos métodos de trabalho no dia a dia foi apontada pelos entrevistados como uma prática existente na Empresa B Essa autonomia era concedida para aquelas atividades associadas a mudanças de rotinas e a alterações na metodologia de realizar os traba lhos Essa liberdade também foi constatada na Empresa C porém com a ressalva de que as normas que implicavam qualidade e segurança não poderiam de forma nenhuma ser alteradas sem que existisse aprovação prévia explícita de um superior imediato Quando os empreendedores tinham propostas para alterar aspectos e práticas reguladas por essas normas poderiam propôlas por meio da submissão ao programa de sugestões da empresa A Empresa A foi a que declarou possuir mais práticas de liberdade de trabalho visando a estimular os empreende dores corporativos Todos na empresa têm autonomia para conduzir melhorias dentro de seu espaço sem ser necessá rio pedir autorização ao superior para isso Devem inclu sive proceder dessa maneira para que consigam atingir suas metas de inovação Na Figura 7 são apresentadas as práticas de gestão empresa rial de concessão de autonomia para experimentação de novos métodos de trabalho identificadas EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 411 Empresa A Autonomia para utilizar novos métodos de trabalho no dia a dia Empresa B Necessidade de controle dos procedimentos para organizar e otimizar iniciativas empreendedoras Empresa C Liberdade de trabalho mas submissão a normas e regras Necessidade de sempre pedir orientação a supervisor Empresa D Autonomia para conduzir projetos de melhorias dentro de seu espaço Autonomia para utilizar novos métodos de trabalho Autonomia para definir como serão atingidas suas metas de inovação Empresa E Não identificada Empresa A Vicepresidência de novos negócios Acesso fácil dos funcionários à diretoria Políticas de empreendedorismo definidas pelo grupo e adaptadas a cada uma das empresas do grupo Competição entre as empresas sobre qual é a mais empreendedora do grupo Áreas específicas para desenvolvimento de produtos em algumas das empresas Sistema de cadastro e acompanhamento de projetos empreendedores Área de suporte aos projetos empreendedores Empresa B Centros de inovação especializados espalhados pelo mundo Inovações locais analisadas de acordo com política comportamento e economia Centros de Pesquisa e Desenvolvimento PD estrategicamente localizados Grupos locais de aplicação Procura por profissionais com perfil inovador Departamento de novos projetos que formam equipes multifuncionais Programa de melhoria contínua com foco na colaboração dos empreendedores Empresa C Departamentos de suporte e incentivo a empreendedores corporativos Departamento estruturado de inovação em produto e tecnologia Departamento estruturado de inovação em processo Esforço de comunicação corporativa sobre importância da inovação Estrutura hierárquica enxuta facilita que projetos empreendedores cheguem aos decisores Empresa D Sistema estruturado de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação PDI Departamento de PDI como suporte a cada uma das unidades de negócio Facilidade de acesso aos superiores para apresentar projetos empreendedores Estruturação da empresa em unidades de negócios Empresa E Programa estruturado de inovação incremental Programa estruturado de inovação disruptiva Programas estruturados para geração de ideias Figura 6 Práticas de Gestão Empresarial que Inserem na Estrutura Organizacional Unidades Dedicadas a Promover o Empreendedorismo Corporativo Identificadas Figura 7 Práticas de Gestão Empresarial de Concessão de Autonomia para Experimentação de Novos Métodos de Trabalho Identificadas Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 412 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 5 CONCLUSÕES Nos resultados da pesquisa relatada mostrouse que as ações de empreendedorismo corporativo são multiplicadas quando existem nas empresas práticas gerenciais que apoiam estimulam e promovem as iniciativas dessa natureza Assim confirmamse estudos anteriores de Kuratko et al 1990 Hornsby et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 realizados nos contextos europeu eou norteamericano Essas práticas gerenciais utilizadas pelas empresas para promover apoiar e estimular a ação dos empreendedores cor porativos foram constatadas e descritas na literatura que fun damenta este artigo Tais práticas foram classificadas em seis categorias recompensas incentivos e reconhecimento ofe recidos disponibilização de recursos materiais humanos e financeiros tolerância ao erro apoio da alta administração unidade de apoio na estrutura da empresa concessão de auto nomia para experimentação de novos métodos de organizar e executar o trabalho É possível concluir que existiam práticas gerenciais em todas as seis categorias descritas anteriormente nas empre sas estudadas Devese ressaltar que as unidades de pesquisa eram empresas que já integravam um ranking de praticantes do empreendedorismo corporativo Identificouse que em cada uma das categorias exis tiam diferenças e similaridades no que é encontrado em cada empresa Isso pode ser constatado tanto pela inten sidade com que as empresas dedicam seus esforços para o exercício de tais práticas quanto pela forma como essas práticas são empregadas Por exemplo em relação às práticas de recompensa incentivo e reconhecimento à ação dos empreendedores corporativos constatouse que todas as empresas possuem práticas para reconhecer essas pessoas Em três casos essas práticas reconheciam os empreendedores corporativos no âmbito interno da empresa por meio de seu destaque em eventos promovidos pela alta administração com participa ção dos outros colaboradores nos quais as ações realizadas e a figura dos empreendedores corporativos eram salientadas Outra prática de reconhecimento interno era destacar a ação e a figura do empreendedor corporativo nas comunicações internas da empresa Em outro caso estudado o reconhecimento mais utili zado era o destaque do empreendedor corporativo perante a comunidade técnica externa Esse reconhecimento envol via apoio para que os resultados de suas iniciativas fos sem convertidos em artigos técnicos para publicação em eventos setoriais Em um terceiro caso os eventos de reconhecimento dos empreendedores corporativos além de envolverem os colaboradores da empresa contavam com a participação de pessoas da comunidade Nesse caso a empresa promovia uma feira para apresentação dos autores e dos resultados das iniciativas dos empreendedores corporativos para a qual além dos colaboradores da empresa eram convidadas pes soas da comunidade tais como parentes e amigos dos cola boradores moradores das cidades das redondezas alunos das escolas locais dentre outros Concluise portanto que todas as empresas estudadas reconheciam os empreendedores corporativos embora cada uma o fizesse de maneira diferente Havia pois nas empresas estudadas consciência de que o empreendedorismo corporativo se manifesta com mais frequência se for objeto de apoio estímulo e promoção Por sua vez os empreendedores corporativos reconheciam que a existência dessas práticas era importante e neces sária para que ações dessa natureza surgissem em maior quantidade Verificouse que existiam similaridades e diferenças entre as práticas utilizadas em cada uma das empresas em todas as categorias estudadas Observouse que um comportamento comum entre os gestores dessas empresas é intercambiar experiências sobre as melhores práticas que estão sendo utilizadas para promo ver apoiar e estimular o empreendedorismo corporativo Essa é uma possível explicação para o fato de as empresas apresentarem práticas semelhantes em decorrência de uma servir de referência para outra Em síntese é possível concluir que o empreendedorismo corporativo é feito por meio de ações de colaboradores que propõem e implementam inovações Para atingir esse objetivo os empreendedores corporativos assumem riscos Portanto a função de tais práticas que promovem apoiam e estimulam essas ações é um importante motivador para que os empreen dedores assumam os riscos de um inovador Em outras palavras a existência delas é sinal de que a empresa valoriza a ocorrência desse tipo de fenômeno o que leva seus colaboradores a realizarem mais ações de empreen dedorismo corporativo É possível afirmar que esses resulta dos confirmam a teoria do empreendedorismo corporativo já referenciada que destaca a importância desse fenômeno para a ocorrência de inovação nas empresas consolidadas Em termos de novos achados obtidos pela pesquisa destacase a descoberta de que nas empresas estudadas que possuíam fundadores reconhecidos como empreendedores por sua história de vida essa figura inspirava nos colaboradores o desejo de atuarem como empreendedores corporativos Podese explicar que a força do exemplo imprime na cultura da empresa a valorização e o espaço para ações empreendedoras As limitações quanto às conclusões da pesquisa são típicas daquelas baseadas em estudos de casos ou seja não podem ser generalizadas para o universo de empresas existentes A disponibilidade de informação pode ter sofrido restrições em função do caráter estratégico que as inovações têm para as empresas estudadas EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 413 REFERÊNCIAS Ahuja G Lampert C M 2001 Entrepreneurship in the large corporation a longitudinal study of how established firms create breakthrough 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Zahra S A Covin J G 1995 January Contextual influences on the corporate entrepreneurship performance relationship a longitudinal analysis Journal of Business Venturing 101 4358 Zahra S A Dess G 2001 Defining entrepreneurship as a scholarly field Academy of Management Review 261 810 Zahra S A Garvis D M 2000 International corporate entrepreneurship and firm performance The moderating effect of international environmental hostility Journal of Business Venturing 155 469492 Zahra S A Neubaum D A Huse M 2000 Entrepreneurship in mediumsize companies exploring the effects of ownership and governance systems Journal of Management 265 947976 Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 414 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 Corporate entrepreneurship multiple case studies about management practices that foster it in companies operating in Brazil In this article the objective was to identify which are the business management practices that foster gives incentive and support the corporate entrepreneurship used by companies operating in Brazil For this purpose it was sought to understand how these practices were used and what their results were Corporate entrepreneurship is herein unders tood as the creation of products and services processes and new businesses inside companies already consolidated that are explored by these companies The research methodology used was the qualitative one based on the use of the case study method specifically multiple cases It was identified five companies operating in Brazil in different industries which were recognizably entrepreneurial The main practices identified were rewards incentives and recognition resources availability tolerance to mistakes since such mistakes have been the result of search efforts of innovation and new business development support from top management structuring of the company and auto nomy granted to the corporate entrepreneurs in the development of the work It was possible to understand that the existence of these practices from the perspective of the businessmen interviewed has contributed to create the orga nizational conditions and the necessary stimuli for their employees to be able to conceive and implement actions of corporate entrepreneurship Corporate entrepreneurs have given great for such practices because they signaled them that the entrepreneurial actions were recognized and would grant them results in terms of professional prestige inside and outside the company besides in some cases direct financial benefits These findings confirmed the theories that support this research As a new finding it was possible to meet the point of view of the corporate entrepreneur and how he recognizes and acts faced with the practices of promotion incentive and support to the corporate entrepre neurship existing in the company This perspective has not been focused yet by the theories mentioned and others existing regarding the phenomenon Keywords corporate entrepreneurship company management innovation ABSTRACT RESUMEN Prácticas de promoción e incentivo al emprendedurismo corporativo en empresas que actúan en Brasil un estudio de casos múltiples El objetivo en este artículo fue identificar qué prácticas de gestión empresarial para la promoción incentivo y apoyo al emprendedurismo corporativo se observan en empresas que actúan en Brasil Para ello se buscó comprender cómo se utilizaban esas prácticas y sus resultados Por emprendedurismo corporativo se entiende la creación de productos servicios procesos y nuevos negocios que se desarrollen dentro de empresas ya consolidadas y que sean por ellas utilizados Se estudiaron cinco organizaciones que actúan en Brasil en diferentes sectores empresas reconocidamente emprendedoras La metodología de investigación de carácter cualitativo se basa en el uso del método de estudio de caso específicamente de casos múltiples Las principales prácticas que se identificaron como siendo las responsa bles de crear las condiciones que resultaron en iniciativas emprendedoras fueron recompensas incentivo y recono cimiento disponibilidad de recursos tolerancia al error siempre que resultara de esfuerzos para lograr la innovación y el desarrollo de nuevos negocios apoyo de la alta administración organización de la empresa y autonomía con cedida a los emprendedores corporativos en la conducción del trabajo Fue posible comprender que la existencia de estas prácticas desde el punto de vista de los ejecutivos entrevistados contribuyó a crear las condiciones organiza tivas y los estímulos necesarios para que sus empleados pudieran concebir e implementar acciones emprendedoras corporativas Los emprendedores corporativos reconocieron el valor de dichas prácticas porque quedó claro que las acciones emprendedoras eran reconocidas y les aportarían resultados en términos de prestigio profesional dentro o fuera de la empresa además de en algunos casos beneficios financieros directos Estos hallazgos confirmaron las teorías que fundamentaron este estudio Como nuevo hallazgo fue posible conocer la perspectiva del emprendedor corporativo y cómo él reconoce y actúa ante las prácticas de promoción incentivo y apoyo al emprendedurismo cor porativo que tienen lugar en la empresa Dicha perspectiva todavía no había sido foco de las teorías citadas y de otras existentes sobre ese fenómeno Palabras clave emprendedurismo corporativo gestión empresarial innovación
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ISSN 00802107 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 399 Neste artigo o objetivo foi identificar quais são as práticas de gestão empre sarial de promoção incentivo e apoio ao empreendedorismo corporativo uti lizadas por empresas atuantes no Brasil Para tanto procurouse compreender como essas práticas eram utilizadas e seus resultados em termos de promo ção do empreendedorismo corporativo Por empreendedorismo corporativo entendese a criação de produtos serviços processos e novos negócios desde que ocorram dentro de empresas já consolidadas e sejam por elas explora dos Foram identificadas cinco empresas consolidadas atuantes no Brasil em setores diferentes que eram reconhecidamente empreendedoras A metodolo gia de pesquisa de natureza qualitativa baseouse na utilização do método do estudo de caso especificamente de casos múltiplos As principais práticas de gestão identificadas como responsáveis por criar as condições que resultaram na manifestação de iniciativas de empreendedorismo corporativo nas empresas foram recompensas incentivo e reconhecimento disponibilização de recur sos tolerância ao erro desde que resultante de esforços de busca da inovação e de desenvolvimento de novos negócios apoio da alta administração estru turação da empresa e autonomia concedida aos empreendedores corporativos na condução do trabalho Foi possível compreender que as práticas de gestão destinadas à promoção do empreendedorismo corporativo contribuíram positi vamente para a manifestação de ações empreendedoras entre os empregados da empresa A existência dessas práticas sob a ótica dos executivos entrevistados contribuiu para criar as condições organizacionais e os estímulos necessários para que seus empregados pudessem conceber e implantar ações de empreen dedorismo corporativo Tais práticas foram valorizadas pelos empreendedores corporativos porque sinalizaram para eles que as ações empreendedoras eram reconhecidas e renderlhesiam resultados em termos de prestígio profissional dentro ou fora da empresa além de em alguns casos benefícios financeiros diretos Esses achados confirmaram as teorias que fundamentaram esta pes quisa sobre a importância e a efetividade das práticas de promoção incentivo e apoio ao empreendedorismo corporativo no contexto das empresas estudadas Como novo achado foi possível conhecer a ótica do empreendedor corporativo e como ele reconhece e age ante as práticas de promoção incentivo e apoio ao empreendedorismo corporativo existentes na empresa Essa ótica ainda não havia sido foco das teorias citadas e de outras existentes sobre esse fenômeno Palavraschave empreendedorismo coorporativo gestão empresarial inovação Empreendedorismo corporativo estudo de casos múltiplos sobre as práticas promotoras em empresas atuantes no Brasil Eduardo Pinto Vilas Boas Universidade de São Paulo São PauloSP Brasil Silvio Aparecido dos Santos Universidade de São Paulo São PauloSP Brasil 399 Recebido em 06outubro2010 Aprovado em 12outubro2013 Sistema de Avaliação Double Blind Review Editor Científico Nicolau Reinhard DOI 105700rausp1154 RESUMO Eduardo Pinto Vilas Boas Mestre em Empreendedorismo é Doutorando em Administração de Empresas no Departamento de Administração da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo CEP 05508010 São PauloSP Brasil e Professor da Faculdade FIA de Administração e Negócios Email duvilasboasgmailcom Silvio Aparecido dos Santos é Professor Titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo CEP 05508010 São PauloSP Brasil Emailsadsantouspbr Endereço Universidade de São Paulo FEA Departamento de Administração Avenida Professor Luciano Gualberto 908 sala E189 Cidade Universitária Butantã 05508010 São Paulo SP This is an Open Access article under the CC BY license Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 400 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 1 INTRODUÇÃO O empreendedorismo corporativo tem merecido a atenção de executivos e pesquisadores da administração em face da necessidade de as empresas inovarem continuamente Essas inovações criam diferenciais para que as organizações possam ampliar seu poder competitivo e melhorar suas condições de sobrevivência no mercado Com o objetivo de melhorar sua capacidade de inovação em produtos processos serviços conceitos de gestão e mesmo para a criação de negócios dentro de seu setor de atuação ou em novos setores a empresa precisa prepararse adequadamente Isso requer de seus gestores a implementação de práticas gerenciais que visem criar e manter um ambiente interno propício à ocorrência de ações de empreendedorismo corporativo ou seja aquele que é praticado por empregados de empresas já consolidadas Esse empregado é chamado de empreendedor corporativo Tais práticas podem envolver a formulação de políticas de reconhecimento e valorização das ações de empreendedores corporativos as quais podem incluir a criação de programas de estímulos incentivos e recompensas aos empreendedores con cedendo participação nos resultados decorrentes de suas ações Podem abranger também a criação de facilidades aos empre gados para que tenham acesso aos recursos necessários para a busca a preparação e a implementação de ideias conceitos e propostas empreendedoras que gerem inovações A premissa que orienta os gestores na utilização dessas práticas indutoras do empreendedorismo corporativo é a expec tativa de que estimulem e incentivem os empregados a desco brir novas oportunidades que permitam a geração continuada de inovações Neste artigo apresentamse os resultados de um estudo baseado no método de múltiplos casos sobre práticas de promoção apoio e incentivo ao empreendedorismo corpo rativo identificadas nas empresas estudadas Autores como Drucker 1985 Dornelas 2003 e Kuratko Ireland Covin e Hornsby 2005 dedicaramse ao estudo do empreendedorismo corporativo enfocando esse fenômeno sob óticas diferentes tais como importância estratégica de sua ocorrência para a empresa comportamento de empreendedores corporativos tipos de incentivo apoio e estímulo ao empreendedorismo corporativo e ainda sob as contribuições desse fenômeno para a geração de inovações no âmbito interno das empresas Neste artigo considerase empreendedorismo corporativo o resultado das ações dos empregados que produzam inovações em produtos processos ou na criação de negócios comple mentares ao da empresa ou que promovam a renovação de seu negócio principal Alguns autores usam as expressões intraem preendedorismo e empreendedorismo interno como sinônimos das ações de empreendedorismo corporativo Promover o empreendedorismo corporativo tem sido um desafio para os gestores das empresas consolidadas por isso esse fenômeno tem merecido atenção e destaque nas revistas que abordam temas de negócios Por exemplo a revista Exame publicou em março de 2006 um encarte dedicado à inovação e ao empreendedorismo corporativo nas empresas Nele des tacamse as práticas de gestão das empresas brasileiras mais empreendedoras e as inovações resultantes de ações de empreen dedorismo corporativo Silveira 2006 Identificaramse neste estudo as práticas de promoção estímulo e apoio aos empreendedores corporativos descritas na literatura científica sobre o tema e verificouse como eram utilizadas pelas empresas cujos casos foram estudados Além disso por meio da pesquisa realizada foram investigadas as razões pelas quais tais práticas criaram as condições para a geração e o lançamento de novos produtos a criação de pro cessos e conceitos de gestão eou a entrada em novos negócios 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O relacionamento entre inovação e atuação de empreen dedores corporativos foi tema de estudo de diversos autores dentre eles Zahra e Garvis 2000 que mostraram a relação entre a atuação de empreendedores corporativos e o aumento da inovação nas empresas Cunha e Santos 2006 por sua vez identificaram que uma empresa inovadora estimula o empreen dedorismo corporativo como ferramenta de alavancagem da inovação Grego et al 2009 revelaram que o fenômeno do empreendedorismo corporativo é caracterizado pelo envolvi mento de empregados em atividades de inovação na empresa Assim entendese que o empreendedorismo corporativo é resul tado de ações espontâneas de empregados Quando pretende impulsionar o surgimento continuado dessas ações a adminis tração da empresa com o objetivo de tornarse mais inovadora pode criar as condições necessárias por meio de políticas e práticas de incentivo promoção e estímulo aos empregados Kuratko et al 2005 mostraram que empresas que fomentam ações de empreendedorismo corporativo conseguem identificar e viabilizar a exploração de novas oportunidades de inovações Para esses autores esse processo estimula a manifestação de ações proativas típicas de empreendedores corporativos e con tribui para que a empresa crie vantagens competitivas Outros autores como Shane e Venkataraman 2000 e Zahra e Dess 2001 de forma pioneira haviam identificado que empresas empreendedoras se distinguem das demais por sua capacidade de reconhecer e perseguir oportunidades antes de seus concor rentes mesmo que disponham de uma base limitada de recursos Para que as empresas possam ter ações de empreendedo rismo corporativo Ferraz Costa Duarte Oliveira e Leocádio 2008 identificaram que o surgimento dessas ações resulta vam da existência de mecanismos capazes de reconhecêlas e apoiálas dentro de empresas já existentes Em relação aos resultados obtidos pelas iniciativas de empreendedorismo corporativo Zahra e Garvis 2000 ressal taram a melhora do desempenho competitivo da empresa por meio de inovações pioneiras Esse pioneirismo decorre da busca EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 401 proativa de oportunidades Mair 2002 classificou como resul tados obtidos com ações típicas de empreendedorismo corpo rativo dentre outros desenvolvimento de novos produtos eou serviços abertura de novos negócios na empresa mãe entrada em novos mercados criação de novas empresas independen tes mas com participação da empresa mãe Na mesma linha Antoncic e Hisrich 2001 agregaram à lista anterior de resul tados o desenvolvimento de novas tecnologias novas técnicas administrativas novas estratégias e até mesmo novos posicio namentos competitivos Sharma e Chrisman 1999 e Seiffert 2005 acrescentaram como ações típicas de empreendedorismo corporativo as atividades de criação de negócios e a renovação estratégica do negócio principal da empresa mãe O empreendedorismo corporativo tem como objetivo final gerar novas fontes de receita para a empresa mãe Ahuja Lampert 2001 melhorar sua posição competitiva Barringer Bluedorn 1999 Kuratko et al 2005 ou melhorar seu desem penho financeiro Zahra Covin 1995 Zahra Garvis 2000 Kuratko et al 2005 É possível entender que todos esses obje tivos para serem alcançados dependem de a empresa ter criado valor adicional para o cliente ou ter aprimorada sua operação As influências das ações de empreendedorismo corpora tivo nos resultados das empresas foram objeto de estudo de Antoncic e Hisrich 2001 e de Kuratko Ireland e Hornsby 2001 que demonstraram que tais ações influenciam positi vamente uma série de indicadores de desempenho da empresa Exemplos desses indicadores incluem lucratividade tíquete médio por venda taxa de crescimento na receita e nos ativos dentre outros Kuratko Goldsby 2004 Considerandose a fundamentação teórica até aqui apre sentada abordase neste artigo o fenômeno do empreende dorismo corporativo como um tipo de comportamento de empregados de uma empresa que possui um ambiente pro pício levandoos a realizar ações empreendedoras que irão gerar inovações em produtos serviços processos conceitos de gestão e negócios Essas inovações deverão melhorar o poder competitivo da empresa Para identificar e descrever os tipos de práticas que promo vem o surgimento de ações dos empregados típicas de empreen dedorismo corporativo Kuratko Montagno e Hornsby 1990 realizaram um estudo exploratório no qual analisaram cinco construtos diferentes para caracterizar e descrever as práticas internas de promoção estímulo e apoio ao empreendedorismo corporativo São eles o apoio da diretoria as recompensas oferecidas e os recursos disponíveis para projetos empreende dores a estrutura organizacional flexível e com poucos níveis hierárquicos a autonomia para assumir riscos e a autonomia para alocar tempo em projetos empreendedores Nas conclu sões decorrentes desse estudo revelouse que o apoio da dire toria a estrutura organizacional flexível e com poucos níveis hierárquicos e a disponibilidade de recursos e recompensas para os empreendedores corporativos mereciam destaque como os mais relevantes Hornsby Kuratko e Zahra 2002 realizaram um estudo semelhante com gerentes de nível organizacional interme diário em que utilizaram duas amostras separadas uma com 231 gerentes que participavam de um programa de treinamento de uma universidade norteamericana e outra com 530 geren tes de empresas norteamericanas e canadenses de manufatura serviços e organizações financeiras de 17 empresas diferentes No estudo Hornsby et al 2002 identificaram 84 tipos de prá ticas gerenciais de promoção estímulo e apoio ao empreende dorismo corporativo que foram agrupadas em cinco fatores apoio da diretoria flexibilidade nas atribuições do cargo recom pensas e incentivos oferecidos aos empreendedores corpora tivos disponibilidade de tempo para ser alocado em projetos empreendedores e flexibilidade para interagir com diferentes níveis hierárquicos da empresa Marvel Griffin Hebda e Vojak 2007 fizeram em seu estudo entrevistas em profundidade com empreendedores cor porativos técnicos e gerentes de recursos humanos procurando identificar as práticas de gestão existentes nas empresas que promoviam estimulavam e apoiavam o surgimento de ações de empreendedorismo corporativo Eles concluíram que a prática considerada mais importante pelos entrevistados foi a existên cia de recompensas e de reconhecimento aos autores das ações que geraram inovações A segunda prática em importância foi a existência de apoio da diretoria às iniciativas de empreende dorismo corporativo Essa segunda prática também havia sido identificada e confirmada por Zahra Neubaum e Huse 2000 e Antoncic e Hisrich 2001 A terceira prática considerada na pesquisa de Marvel et al 2007 foi a disponibilidade de tempo para atividades empreendedoras e a existência de recursos para serem alocados em projetos que podem resultar em inovações Para que as ações de empreendedorismo corporativo possam ocorrer pode ser necessário que haja disponibilidade de recur sos corporativos além daqueles já previstos em orçamento para as atividades rotineiras das empresas Pinchot 1985 identificou que as empresas que inovavam tinham uma prática gerencial de permitir que seus empregados usassem recursos corporati vos financeiros não previstos Isso significa que fundos discri cionários da empresa precisam existir e estar disponíveis aos empregados que desejam empreender O mesmo autor afirma que deve existir flexibilidade corporativa de modo que os empreendedores corporativos possam usar parte de seu tempo de trabalho para explorar novas ideias e projetos experimentais focados em inovação sem saber se irão resultar em inovações bemsucedidas e com valor comercial Zahra e Garvis 2000 em estudo realizado em subsidiárias de empresas multinacionais norteamericanas criaram a escala ICE International Corporate Entrepreneurship para identificar a presença de práticas de gestão empresarial que promoviam o empreendedorismo corporativo Para esses autores as empre sas empreendedoras possuíam tolerância aos projetos de alto risco buscavam novos desafios em vez de apenas responder aos competidores enfatizavam ações estratégicas de grande Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 402 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 alcance em vez de pequenas mudanças táticas enfatizavam os objetivos e as estratégias de longo prazo eram pioneiras na introdução de novos produtos em seu setor e recompensa vam de maneira adequada os empregados dispostos a correr riscos calculados Kuratko e Goldsby 2004 realizaram um estudo teórico no qual identificaram barreiras que se existissem nas empresas poderiam prejudicar a ação dos empreendedores corporativos Essas barreiras foram agrupadas em seis fatores sistema estrutura organizacional políticas e procedimentos corporati vos direcionamento estratégico pessoas e cultura Os autores entendiam que os sistemas organizacionais em alguns casos poderiam ter a intenção de oferecer aos empregados estabi lidade ordem e preocupação com a gestão de um ambiente interno com excesso de complexidade o que é considerado um desincentivo à tomada de atitudes empreendedoras Kuratko Goldsby 2004 Em paralelo autores como Hayton 2005 mostraram que os planos de carreiras e de remuneração quando baseados em reconhecimento do mérito e gerando recompensas individuais e grupais aumentavam as iniciativas empreendedoras Por sua vez Kuratko e Goldsby 2004 revelaram que as recom pensas concedidas aos indivíduos ou grupos envolvidos com empreendedorismo corporativo devem ter foco nos médio e longo prazos A mesma conclusão sobre a importância do reconhecimento dos empreendedores internos já havia sido encontrada por Goosen Coning e Smit 2002 Em relação aos recursos financeiros necessários para a exis tência do empreendedorismo corporativo Kuratko e Goldsby 2004 concluíram que deveriam existir recursos específicos disponíveis na empresa para projetos inovadores uma vez que os empreendedores corporativos necessitam dispor de recursos para alocar em seus projetos sem precisar enfrentar excessiva burocracia Goosen et al 2002 Hayton 2005 Em relação à estrutura organizacional alguns de seus aspectos precisam ser analisados devido à sua capacidade de facilitar ou dificultar o surgimento de ações de empreendedorismo corporativo Nesse sentido Kuratko e Goldsby 2004 destacaram a excessiva centralização das decisões nos níveis hierárquicos superiores como um fator inibidor do surgimento desse fenômeno Os mesmos autores enfatizaram que os bloqueios de comunicação entre empregados com potencial empreendedor e outros colaboradores da empresa dificultavam o surgimento de ações e a elaboração de projetos de empreendedorismo corporativo que visavam gerar inovações Na mesma linha Antoncic e Hisrich 2001 Goosen et al 2002 e Hayton 2005 destacaram que a qualidade e a intensidade das comunicações entre o empreendedor corporativo e os níveis hierárquicos da empresa são fatores relevantes para viabilizar a ocorrência desse fenômeno Entre as políticas e os procedimentos que podem restringir a existência do empreendedorismo corporativo estão aquelas que exigem ciclos longos e com diversas etapas para aprova ção de ideias empreendedoras É comum que nessas etapas seja exigida a elaboração de relatórios com os requisitos necessá rios ao desenvolvimento do projeto Essas exigências quando em excesso dificultam e desestimulam o ímpeto empreende dor Kuratko Goldsby 2004 O excesso de burocracia para aprovação das ideias e de exigências como fator desestimula dor foi confirmado pelos estudos de Hayton 2005 que fez uma revisão de pesquisas empíricas realizadas até então sobre as práticas de recursos humanos para promover o empreende dorismo corporativo Em relação à dimensão direcionamento estratégico da empresa Goosen et al 2002 e Kuratko e Goldsby 2004 destacaram que os exemplos de ações de empreendedorismo corporativo já realizadas pelos superiores têm forte capacidade de estimular ou não os demais gestores e colaboradores com potencial para empreender Ainda em relação a essa dimensão esses autores destacam que a ausência de um direcionamento estratégico explícito pela alta administração pode inibir a ocor rência de ações empreendedoras que realmente criem diferen ciais competitivos para a empresa No que se refere à dimensão que abrange as pessoas Kuratko e Goldsby 2004 destacaram que os aspectos comportamen tais dos dirigentes das equipes podem atuar como estimulado res ou não do empreendedorismo corporativo Nesse sentido enfatizaram que as empresas devem estimular os colaborado res a serem flexíveis a eventuais riscos que esses projetos de empreendedorismo corporativo possam representar para ela como erros de conceito e operação com seus possíveis prejuízos Se a atitude dos superiores for de intolerância às possíveis falhas típicas desses projetos de risco os demais colabora dores podem sentirse tolhidos ou inibidos para empreender Por isso compete à direção da empresa adotar práticas de gestão empresarial apropriadas que estimulem e incentivem as pessoas a terem uma postura mais tolerante à mudança Kuratko Goldsby 2004 Hung Mondejar 2005 O mesmo ocorre em relação à necessidade de tolerar as possíveis falhas de projetos empreendedores Barringer Bluedorn 1999 Goosen et al 2002 Kuratko Goldsby 2004 Hayton 2005 Hung Mondejar 2005 Ferraz et al 2008 No que tange à dimensão cultura organizacional repre sentada pelos valores respeitados pela empresa os estudos de Antoncic e Hisrich 2001 e Kuratko e Goldsby 2004 reve laram que esses valores podem atuar como estimuladores ou inibidores de ações de empreendedorismo corporativo Quando os valores explícitos valorizam a iniciativa o pioneirismo a experimentação dentre outros são indutores do empreen dedorismo por outro lado caso a empresa possua valores conflitantes com essa realidade do empreendedorismo os empregados não terão uma visão clara de como devem agir e não se sentirão à vontade para empreender Existem ainda outras práticas gerenciais de estímulo ao empreendedorismo descritas na literatura tais como o incentivo ao desenvolvimento de novas iniciativas Hung Mondejar 2005 a descentralização de autoridade autonomia a participação dos EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 403 empreendedores corporativos na tomada de decisão o incentivo à cooperação e a integração multifuncional Hayton 2005 e o conhecimento do ambiente em que a empresa está inserida Antoncic Hisrich 2001 Na Figura 1 é apresentado um resumo das práticas de gestão empresarial que promovem o empreendedorismo corporativo relacionadas aos autores que as estudaram e foram menciona dos nesta fundamentação teórica Considerandose a teoria já exposta neste estudo buscase compreender sob a ótica dos gestores como essas práticas são utilizadas no contexto das empresas atuantes no Brasil e por que contribuem ou não para a ocorrência de ações de empreen dedorismo corporativo que criam inovações capazes de gerar diferenciais competitivos para as empresas 3 METODOLOGIA DE PESQUISA Este artigo foi escrito com base nos resultados de uma pes quisa de natureza qualitativa fundamentada no método de estudos de casos múltiplos As unidades de estudo foram cinco empresas atuantes no Brasil todas elas reconhecidamente empreendedoras Essas empresas foram identificadas a partir do ranking de ino vação e empreendedorismo corporativo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Intraempreendedorismo IBIE e publicado pela revista Exame no dia 29 de março de 2006 É possível destacar as diferenças entre as empresas analisadas que são de setores dife rentes da economia de portes diferentes e também com controla dores de diferentes países A escolha e o uso do método de pesquisa de estudo de casos múltiplos justificamse pelo fato de esse método ser o mais adequado para estudar fenômenos amplos e comple xos Dubé Paré 2003 em áreas do conhecimento que se encontram em fase de construção de teorias Voss Tsikriktsis Frohlich 2002 Foi realizada neste artigo uma replicação literal dos casos Segundo Yin 2002 a replicação literal é indicada quando se pretendem estudar as condições sob as quais é provável que o fenômeno esteja presente e ocorrendo ou seja esperavase encontrar nas empresas pesquisadas práticas de promoção ao empreendedorismo corporativo semelhantes àquelas descritas na literatura revisada A concentração do estudo em cinco empresas atende a uma recomendação metodológica já proposta no estudo de Eisenhardt 1989 segundo o qual é possível chegar a con clusões relevantes analisandose entre quatro e dez casos A coleta de dados foi realizada com três fontes documenta ção observação direta e entrevistas com gestores da empresa Dessa forma atendeuse às recomendações de Yin 2002 sobre onde encontrar as informações necessárias para a ela boração de estudos de caso Em relação à documentação foram utilizadas aquelas for necidas pelas empresas no momento das entrevistas pessoais além de outras coletadas em seu sítio institucional e nos rela tórios aos acionistas quando possuíam Com relação às entrevistas pessoais elas variaram entre um e três gestores de cada empresa Esses gestores foram escolhi dos por indicação de seus pares subordinados eou superiores por serem reconhecidos como empreendedores corporativos Essas entrevistas foram realizadas com base em um roteiro semiestruturado previamente elaborado com base na literatura Práticas de Promoção ao Empreendedorismo Corporativo Autores Propensão ao risco aceitar erros Pinchot 1985 Kuratko et al 1990 Barringer e Bluedorn 1999 Zahra e Garvis 2000 Goosen et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 Hayton 2005 Hung e Mondejar 2005 Ferraz et al 2008 Recompensas incentivos e reconhecimento Kuratko et al 1990 Zahra e Garvis 2000 Goosen et al 2002 Hornsby et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 Hayton 2005 Marvel et al 2007 Suporte da diretoria Kuratko et al 1990 Zahra et al 2000 Antoncic e Hisrich 2001 Goosen et al 2002 Hornsby et al 2002 Marvel et al 2007 Recursos disponíveis financeiros de tempo e organizacionais Pinchot 1985 Kuratko et al 1990 Goosen et al 2002 Hornsby et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 Hayton 2005 Estrutura da organização poucos níveis equipes multifuncionais Kuratko et al 1990 Barringer e Bluedorn 1999 Kuratko e Goldsby 2004 Marvel et al 2007 Ênfase em ações estratégicas e objetivos de longo prazo Zahra e Garvis 2000 Kuratko e Goldsby 2004 Propensão à mudança Kuratko e Goldsby 2004 Hung e Mondejar 2005 Liberdade de trabalho experimentar novos métodos Hornsby et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 Figura 1 Principais Autores de Práticas de Gestão Empresarial que Promovem o Empreendedorismo Corporativo Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 404 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 referenciada que mostrava práticas capazes de estimular o surgimento de ações de empreendedorismo corporativo Os respondentes deveriam assinalar se cada uma das prá ticas era adotada ou não pela empresa e explicar como e por que elas contribuíam para a emergência de ações de empreendedorismo corporativo Conforme requer o método de estudo de casos múltiplos foi em seguida rea lizada uma análise cruzada dos casos estudados em que se procurou analisar a existência dessas práticas bem como identificar as semelhanças e diferenças entre as empresas estudadas 4 RESULTADOS De acordo com as recomendações da técnica de análise cru zada os dados coletados foram analisados em agrupamentos que reuniam as práticas de gestão empresarial que promovem o empreendedorismo corporativo previamente identificadas por meio da fundamentação teórica Em cada um desses agrupa mentos foram analisadas as semelhanças e as diferenças entre as práticas adotadas nas empresas 41 Práticas de gestão empresarial de recompensas incentivos e reconhecimentos oferecidos para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Nesta categoria foi possível identificar que existem práti cas comuns à maioria das empresas e outras específicas a cada caso A seguir serão comentadas algumas delas A existência de um programa estruturado de incentivo à inovação como foi constatado em todas as empresas estudadas possibilitou a recompensa dos empreendedores corporativos ou seja os empregados que haviam realizado ações que resultaram em inovações embora as formas de recompensa fossem diferentes tais como recompensa em dinheiro como ocorreu nas Empresas A B C e E ou em produtos como é o caso da Empresa D Os empreen dedores corporativos mencionaram que as recompensas são motivadores pois fazem com que estejam dispostos a dedicar energia e tempo extra às inovações uma vez que terão retorno suplementar Os programas estruturados de geração e implementação de ideias foram considerados eficazes para garantir o reco nhecimento dos empregados que atuaram como empreendedo res corporativos tanto por seus pares como pelos superiores Os entrevistados valorizavam mais o reconhecimento do que a recompensa financeira uma vez que poderia tornálos conhe cidos para futuras promoções além de trazer grande satisfa ção pessoal Constatouse também que o reconhecimento perante os pares superiores e comunidade técnica é valorizado pelos empreendedores corporativos Foi evidenciado pelos respon dentes que as empresas tendem a valorizar mais os empregados que implementam uma inovação do que aquele que apenas identifica oportunidades para inovar Os empreendedores afirmaram que essas práticas foram importantes para que se sentissem estimulados a inovar Como as atividades de inovação devem ser feitas sem que as atividades rotineiras sejam prejudicadas caso não exista reconhecimento ou benefícios para os empreendedores corporativos eles não se sentirão estimulados a inovar Segundo um dos empreendedores corporativos entrevistados existe vontade de criar coisas novas na empresa e quando esse objetivo é alcançado é algo muito gratificante no entanto as atividades do dia a dia tomam quase todo o tempo Portanto se não existir nenhum incentivo direto não iremos nos esforçar tanto para empreender Na Empresa B observouse a existência de um pro grama estruturado de geração e implementação de novas oportunidades pelos empregados Esse programa cria uma competição que premia as melhores inovações implemen tadas o que gera reconhecimento para as equipes dos melhores projetos tanto perante os pares quanto perante as diretorias Os empreendedores corporativos que parti cipam dos melhores projetos têm a oportunidade de apre sentálos em um evento que conta com a participação das diretorias de seus colegas de empresa e de pessoas da comunidade local externas à empresa Essa prática de colocar em evidência os empreendedores corporati vos envolvidos na implementação das melhores inova ções que não ocorria nas outras empresas pesquisadas foi destacada pelos entrevistados da Empresa B como um estímulo importante Na Empresa E os empreendedores corporativos que mais se destacaram receberam como forma de recompensa a opor tunidade de participar de um seminário de inovação promo vido pela empresa em sua sede mundial com a presença de destacados especialistas Essa forma de recompensa também não observada nas outras empresas estudadas foi valorizada pelos entrevistados Na Empresa C os gestores tinham autonomia para ofe recer recompensas não convencionais aos empreendedores corporativos como exemplo foi mencionado o caso de um empreendedor corporativo que por iniciativa de seu chefe direto teve permissão para trabalhar em casa junto à famí lia quando antes tinha de estar diariamente no escritório Além disso a empresa ajuda o empreendedor corporativo a obter reconhecimento técnico permitindo e facilitando a publicação de artigos científicos participação em eventos técnicos dentre outros Tal reconhecimento ocorre dentro da empresa e também perante a comunidade técnica A empresa também oferecia um prêmio mundial de des taque aos melhores projetos de inovação desenvolvidos por EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 405 empreendedores corporativos em todas as empresas do grupo A utilização da inovação gerada em uma empresa por outras do grupo também é uma forma de reconhecimento citada pelos entrevistados Na Empresa A as recompensas financeiras oferecidas aos empreendedores só existiam no nível operacional No entanto os gestores responsáveis pelos empregados que se destacaram como empreendedores corporativos eram por isso reconheci dos perante seus pares e diretores Na Empresa D os empreendedores corporativos consi deravam que a recompensa mais motivadora oferecida era ver uma de suas ideias transformadas em inovação pela empresa Por isso muitos deles estavam dispostos a dar ideias mesmo sabendo que o projeto poderia ser levado à frente por outras pessoas na empresa Como era a única empresa que identificava a participação de um empreen dedor em todas as etapas de implantação de um novo negócio a empresa conseguia nesses casos oferecer uma premiação diferenciada para essas pessoas a qual consis tia em conceder participação nos resultados gerados pelo negócio criado Na Figura 2 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial de recompensas incentivos e reconhecimento identifi cadas nas empresas estudadas 42 Práticas de gestão empresarial de disponibilização de recursos materiais humanos e financeiros para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Na categoria de práticas de gestão empresarial de disponi bilização de recursos foi possível identificar que elas são bas tante semelhantes na maioria das empresas Todas as organizações analisadas permitem e algumas até estimulam a busca de recursos externos sejam informa ções sejam recursos financeiros Os empreendedores valo rizam esse fato e declararam que a possibilidade de troca de informações com outras instituições facilitava a viabili zação de seus projetos de empreendedorismo corporativo Constatouse no entanto que somente uma das empresas pesquisadas possuía estrutura para auxiliar o contato e o relacionamento dos empreendedores corporativos com insti tuições externas visando aos projetos de empreendedorismo corporativo e à inovação Os respondentes das empresas informaram que foram pou cas as oportunidades em que dispuseram de tempo livre para trabalhar nas atividades relacionadas à implementação de pro jetos empreendedores Mesmo assim os pesquisados decla raram não se sentir desestimulados com isso Eles entendem que caso queiram empreender terão recompensas extras e Empresa A Não existe recompensa incentivo ou reconhecimento para o gestor que empreende Há programa de recompensas e reconhecimento para inovar no chão de fábrica Empresa B Competição entre os projetos mais empreendedores gera reconhecimento Apresentamse os melhores projetos em um evento com presença de diretoria e comunidade Empreendedores corporativos são reconhecidos perante seus pares Há recompensa financeira baseada no retorno comprovado do projeto Empresa C Gestores têm liberdade para oferecer recompensas não convencionais e não estipuladas a empreendedores corporativos Há reconhecimento técnico interno e externo Prêmio mundial é concedido para os melhores projetos de inovação Visibilidade na empresa aumenta chances de promoção Outras unidades da empresa utilizamse da inovação Há recompensa financeira baseada no retorno do projeto Prêmio é entregue pelo gestor responsável na frente dos pares Empresa D Possibilitar que sua visão se torne realidade é considerado uma recompensa Empreendedores corporativos são valorizados por seus pares Quem participa da implementação de um novo negócio tem participação em seu EBITDA Há recompensas não monetárias para quem participa do programa de inovações incrementais Empresa E Possibilita ao empreendedor participar do seminário mundial de inovação da empresa Dá prêmios aos empreendedores corporativos Figura 2 Práticas de Gestão Empresarial de Recompensas Incentivos e Reconhecimento Identificadas Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 406 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 por isso devem dedicar tempo suplementar às atividades a isso relacionadas Esse achado é diferente do que afirma a literatura citada Pinchot 1985 Kuratko et al 1990 cujos autores afirmam que o tempo discricionário concedido pela empresa para atividades de empreendedorismo corporativo é necessário para que elas ocorram A Empresa D foi a única a permitir que alguns empreen dedores corporativos selecionados dedicassem seu tempo unicamente a projetos empreendedores Para tanto esses colaboradores eram alocados na unidade de novos negócios A Empresa B oferecia aos empreendedores corporati vos a possibilidade de solicitarem recursos financeiros para desenvolver seus projetos Também permitia e incentivava que buscassem recursos e informações no ambiente externo além de permitir que convidassem colegas para participar das equipes de implementação de oportunidades de negócios A Empresa E permitia que seus empreendedores cor porativos buscassem informações e recursos externos Por focar suas principais ações de pesquisa e desenvolvimento em unidades especializadas fora do Brasil a empresa não concedia recursos financeiros para inovação no Brasil A Empresa C oferecia auxílio a todos os empreendedores corporativos que desejavam buscar recursos externos para inovar ela possuía uma estrutura para esse fim que atuava de maneira tanto proativa como reativa Além disso os empreendedores podiam beneficiarse das subsidiárias que atuavam em outros países e em outros setores para procu rar soluções informações e tecnologias A empresa também possuía um departamento de desenvolvimento de negócios e inovações o qual contava com recursos para que fos sem investidos em projetos de inovação que necessitassem de grandes montantes financeiros Em caso de necessidade de menor soma de recursos financeiros os empreendedores corporativos poderiam solicitar ao próprio departamento ao qual estavam vinculados pois o gestor responsável possuía autonomia para alocar esses recursos desde que estivesse dentro de seu orçamento Um dos pesquisados declarou Tenho autonomia para alocar os recursos sob minha respon sabilidade para projetos inovadores no entanto não posso deixar de atingir os objetivos de curto prazo que fazem parte de minhas metas A existência de um departamento que acolhe e fomenta os projetos de empreendedorismo corporativo inclusive dispondo de orçamento próprio revela como essa empresa priorizava e valorizava as ações de empreendedorismo cor porativo Isso porque em sua história a empresa é reco nhecida por sua capacidade de gerar inovações por meio de empreendedores corporativos A Empresa A oferecia autonomia para que os gestores realocassem o orçamento de sua área a fim de fomentar pro jetos empreendedores Ela oferecia a possibilidade e estimu lava seus empreendedores a procurarem recursos de fontes externas inclusive propondo parcerias com concorrentes para desenvolver novas tecnologias em fase précompetitiva Contudo essa empresa não possuía uma estrutura especí fica para o fomento de relações externas voltadas à inova ção gerada por empreendedores corporativos A Empresa D selecionava previamente dentre seus cola boradores aqueles que possuíam perfil e características favo ráveis à condução de projetos que envolviam a criação de negócios A existência dessa seleção do time de potenciais empreendedores servia como estímulo para os colaborado res que desejassem tornarse empreendedores corporativos Ficava claro aos interessados o caminho a ser percorrido A Empresa D também possuía um fundo com recursos finan ceiros específicos para novos negócios o que era estimu lante para seus funcionários já que eles saberiam que não haveria falta de recursos para projetos estruturados de ino vação baseados em ações de empreendedores corporativos Na Figura 3 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial de disponibilização de recursos identificadas 43 Tolerância ao erro como práticas de gestão empresarial para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Foi possível identificar que as empresas não possuíam práticas de gestão formalizadas mas informalmente tolera vam erros advindos das experimentações desde que orien tadas para a geração de inovações de produtos e processos ou para a criação de negócios Essa tolerância informal era vista como uma forma de aprendizagem e estimulava os empreendedores corporativos porque fazia com que acre ditassem que poderiam tentar criar sem que fossem puni dos por isso No que se refere a projetos grandes e arriscados as empre sas possuíam uma estrutura formal que procurava interromper o projeto o mais rápido possível quando suas chances de sucesso eram pequenas ou redirecionálo para um caminho que aumen tasse suas chances Essa estrutura permitia que o empreende dor aceitasse assumir risco em projetos de inovação por saber que não seria punido pelo insucesso deles A única empresa dentre as pesquisadas que agia de modo diferente era a Empresa D Seus gestores acreditavam que assumir riscos fazia parte do perfil dos empreendedores cor porativos A diferença singular dessa empresa em relação às demais é que os empreendedores corporativos préselecionados deveriam estar conscientes de que assumiram o risco do novo negócio junto com a empresa e por isso poderiam ser preju dicados em sua carreira em decorrência de um possível insu cesso O gestor entrevistado acreditava que essa penalização não desestimulava os empreendedores corporativos pois eles estavam cientes do risco que corriam A Empresa B considerava que o erro dos empreendedo res corporativos na condução de seus projetos fazia parte do aprendizado A empresa possuía um processo estruturado em EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 407 diversos estágios para desenvolvimento de projetos inovadores de modo que dificuldades futuras fossem identificadas anteci padamente evitando investimentos financeiros e de tempo em projetos que não teriam chances de êxito A Empresa E admitia tolerar o erro de empreendedores cor porativos e permitia o desenvolvimento de projetos com maior risco no entanto os empreendedores entrevistados acredita vam que quanto mais arriscado o projeto maior seria a difi culdade para obter recursos e leválo à frente Todavia eles não acreditam que isso seja desestimulante pois entendem a prática como necessária Para a Empresa C os erros eram parte do aprendizado Para projetos que envolviam grandes quantias de recursos financeiros eou outros recursos da organização era preciso elaborar um plano de negócios para provar sua viabilidade e diminuir os riscos Na Empresa A os empreendedores corporativos tinham autonomia para arriscar novos métodos dentro de sua ativi dade diária e quando esses métodos não levavam ao sucesso não eram punidos pelos superiores que entendiam que o erro fazia parte do aprendizado Na Empresa D os projetos de inovação radical preci savam passar por diversos estágios nos quais poderiam ser paralisados Com isso pretendiase evitar que projetos com maiores riscos de fracassar fossem levados à frente consumindo mais recursos Em relação aos empreendedo res envolvidos neles a empresa acreditava que eles preci savam assumir riscos por isso caso desejassem participar de projetos de inovação seriam substituídos em seu antigo cargo após três meses Na Figura 4 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial de tolerância ao erro identificadas 44 Práticas de gestão empresarial de apoio da alta administração às atividades para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Um dos achados da pesquisa aqui relatada foi a constatação de que nas empresas estudadas existia apoio da alta adminis tração às práticas empreendedoras e esse apoio era realizado por meio de práticas de gestão semelhantes porém com carac terísticas peculiares em cada uma das empresas Empresa A Possibilidade de negociar tempo para desenvolvimento de projetos empreendedores é raro mas acontece Possibilidade de solicitar recursos para desenvolver projetos empreendedores Possibilidade de convidar colegas para montar equipes para desenvolver projetos empreendedores Possibilidade de buscar recursos externos para inovar Empresa B Permissão para buscar informações e recursos fora da empresa Recursos dedicados a projetos empreendedores Empresa C Auxílio para utilização de recursos externos à empresa Departamento estruturado com recursos financeiros disponíveis e que auxilia todo o processo e contatos externos Recursos financeiros disponíveis para inovação tanto no departamento como na empresa Empreendedores corporativos não têm tempo livre para inovação Possibilidade de troca de informações com outras áreas e empresas do grupo Empresa D Autonomia para remanejar seu orçamento para projetos inovadores Possibilidade de pesquisar com o concorrente fornecedores ou com institutos de fora da empresa para desenvolver a ideia Tempo livre para desenvolver projetos empreendedores e possibilidade de convidar colegas Empresa E Empreendedores corporativos selecionados e preparados por meio de um programa denominado Trilha do Empreendedor Busca de ideias com parceiros exteriores à empresa Área de novos negócios com recursos reservados para inovações disruptivas Figura 3 Práticas de Gestão Empresarial de Disponibilização de Recursos Identificadas Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 408 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 Nas Empresas A B e C foi identificado o fato de o fun dador da empresa ser reconhecido como um empreendedor de destaque Essa constatação foi citada pelos entrevistados como um elemento estimulador de suas ações de empreen dedorismo corporativo Um dos entrevistados declarou A figura do fundador da empresa é bastante presente e se ele construiu tudo isso a partir do zero em uma época bem mais complicada nós também devemos procurar sempre criar algo novo A inovação como uma das prioridades explícitas da empresa foi identificada como um motivador de ações de empreendedorismo corporativo Os empregados interpretavam que a preocupação com a inovação constante indicava que eles deveriam empenharse para que ela ocorresse As ações de empreendedorismo corporativo eram então o meio de esses empregados viabilizarem a inovação desejada O fato de os executivos que ocupavam a diretoria e a presidência agirem como empreendedores corporativos e isso ser de conhecimento de todos na empresa foi considerado um estímulo pelos demais empregados Eles entendiam que se seus superio res agiam dessa maneira eles também precisavam agir para ter oportunidade de destacarse e possivelmente receber promoções para cargos de nível superior Na Empresa B a existência de cobrança explícita da alta diretoria em relação a seus executivos para que agissem como empreendedores corporativos revelouse um forte motivador de ações semelhantes entre os demais empregados subordinados A oferta de programas de treinamento em empreendedorismo corporativo para os gestores de nível organizacional interme diário foi um elemento destacado como promotor de ações de empreendedorismo corporativo entre os gestores e com capa cidade de indução para empregados subordinados agirem da mesma forma conforme evidenciado na Empresa E Observouse na Empresa C que o comprometimento e o acompanhamento da diretoria em relação ao conteúdo e aos propositores de projetos empreendedores inclusive fazendo questionamentos e sugestões contínuas de aprimoramento ou redirecionamento foram considerados pelos empreendedores corporativos como fator de valorização promoção e estímulo à realização de ações dessa natureza A realização de um evento corporativo semestral com a liderança da diretoria para promover as inovações ocorridas na empresa focado na valorização dos empreendedores corpora tivos que se destacaram pelas inovações apresentadas naquele período foi considerada uma prática estimuladora do empreen dedorismo corporativo pelos empregados da Empresa A Na Empresa D os empreendedores corporativos identifica vam na presidência e na diretoria empreendedores cujo exem plo estimulador atuava como um forte indutor de iniciativas semelhantes a serem imitadas pelos empregados Na Figura 5 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial de apoio da alta administração identificadas 45 Práticas de gestão empresarial que inserem na estrutura organizacional unidades dedicadas a promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Existe uma discussão entre os empreendedores corporati vos e os gestores sobre se essa atividade necessita ou não de estrutura organizacional departamentos unidades de negócios área que seja dedicada exclusivamente à busca de oportuni dades para empreender projetos de empreendedorismo corpo rativo Nesta pesquisa revelouse que as empresas estudadas têm práticas bem estabelecidas sobre como usar a estrutura para promover esses empreendimentos corporativos Um dos achados da pesquisa foi a constatação de que todas as empresas pesquisadas possuíam unidades em sua Empresa A Erro visto como parte do aprendizado Diversos estágios de desenvolvimento para evitar erro no projeto empreendedor mais avançado Empresa B Projetos arriscados têm mais dificuldade para obtenção de recursos Empresa C Desenvolvimento prévio de um plano de negócios para diminuir risco de projetos grandes Erros vistos como aprendizado ao longo de um projeto inovador Metas ousadas fazem com que se busquem soluções em projetos arriscados Empresa D Autonomia para tentar novos métodos dentro de sua atividade diária O erro é visto como parte do processo de aprendizado Empresa E Se o empreendedor escolher participar de um novo negócio após três meses perde sua antiga vaga Projetos de inovação disruptiva implementados com diversas etapas para que riscos sejam calculados Figura 4 Práticas de Gestão Empresarial de Tolerância ao Erro Identificadas EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 409 estrutura organizacional com o objetivo específico de pro mover projetos de inovação liderados por empreendedo res corporativos Sob a ótica dos gestores entrevistados a existência dessas estruturas dedicadas possibilitava que os projetos de empreendedorismo corporativo fossem acolhi dos analisados e recebessem o apoio necessário quando fossem considerados atrativos para a empresa Entrando nas especificidades de cada empresa em rela ção a como sua estrutura organizacional é utilizada para promover essas ações observouse que na Empresa B existia uma vicepresidência de novos negócios no âmbito corporativo cuja atribuição principal era implementar a política propor e controlar os processos e rotinas de ino vação que ocorrem em cada uma das empresas do grupo com a finalidade de orientar os empreendedores corpora tivos a como agir no encaminhamento de seus projetos Em situações especiais quando existe uma oportunidade de empreender que supera os limites de decisão do processo normal de apresentação e execução de projetos empreende dores de uma empresa do grupo essa vicepresidência pode liderar a preparação e a execução do projeto para explorar a oportunidade Foi relatada ainda uma situação especí fica em que ela tem permissão para buscar novas oportu nidades de negócio para o grupo Apesar de a política ser implementada pela vicepresi dência as diferentes empresas do grupo possuem autonomia para adaptar os processos de inovação resultantes de pro postas de empreendedores corporativos para sua realidade Cabe destacar ainda que nesse grupo empresarial cada uma das empresas tem uma área que oferece suporte aos projetos empreendedores e conta com um sistema de cadastro e monitoramento desses projetos Além disso as empresas do grupo que atuam em áreas de alta tecnologia possuem um departamento de pesquisa e desenvolvimento que pode apoiar os empreendedores inovadores Outro aspecto destacado pelos entrevistados da Empresa B foi a flexibilidade existente na estrutura de cada uma das empresas o que facilita o acesso dos empreendedores cor porativos a suas chefias e às demais chefias de outras áreas Esse trânsito facilita a circulação e a exposição das ideias dos empreendedores estimulando o surgimento de mais inova ções decorrentes de ações de empreendedorismo corporativo Na pesquisa revelouse que na Empresa E existia uma estrutura composta por centros de inovação instalados em diferentes países Cabe destacar que no Brasil não existiam centros de inovação apenas grupos de aplicação cujo prin cipal intuito era adaptar os produtos e os serviços inova dores a condições preferências e regulamentações locais A empresa contava também com um programa formalizado de apoio aos projetos empreendedores Na Empresa C revelouse a existência de uma área dentro de sua estrutura organizacional dedicada ao apoio a projetos Empresa A Acionistas apoiam o empreendedorismo Diretoria do grupo cobra resultados empreendedores dos executivos das empresas Diretoria comunica aos funcionários a importância da inovação e do empreendedorismo Empresa B Presidente valoriza o empreendedorismo Diretoria comunica importância do empreendedorismo a todos Há treinamentos para tornar gestores mais empreendedores Empresa C Presidente valoriza e tem discurso de inovação Diretoria incentiva gestores a serem empreendedores Alta administração costuma sempre fazer sugestões a projetos empreendedores que lhes são apresentados Inovação está nos valores e na missão da empresa Diretoria entende que pessoas são essenciais para o empreendedorismo Empresa D Presidente tem discurso sobre inovação Diretores têm atitudes empreendedoras Diretores promovem evento semestral sobre inovação Empresa E Alta administração é vista como exemplo pelos empreendedores corporativos A inovação é um dos valores da empresa Figura 5 Práticas de Gestão Empresarial de Apoio da Alta Administração Identificadas Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 410 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 que gerem inovação Essa área não deve ser confundida com o centro de pesquisa e desenvolvimento existente na empresa ela é uma área de acolhida suporte e acompanhamento de projetos de empreendedorismo corporativo dentre outros Além disso a empresa mantinha um programa para pro mover e estimular empregados que possuíssem propostas para desenvolver iniciativas de empreendedorismo corpo rativo Esse programa estava vinculado à área de inovação Também foi observado o esforço de comunicação reali zado por essa empresa com a finalidade de manter todos os empregados conscientizados sobre a importância de agir e empreender internamente já que isso era parte integrante da estratégia de diferenciação praticada por essa empresa Finalmente os entrevistados da Empresa C destacaram que ela possuia uma estrutura com poucos níveis hierárqui cos o que facilitava o trânsito dos empreendedores para que seus projetos pudessem chegar aos superiores dos níveis mais elevados da empresa e serem por eles apreciados A existência de um departamento de pesquisa desenvol vimento e inovação foi identificada na Empresa A como uma unidade dedicada de sua estrutura organizacional Esse depar tamento contava com orçamento próprio que lhe permitia apoiar projetos de empreendedorismo corporativo nas diver sas unidades de negócio da empresa além de empreender os próprios projetos de inovação Os empregados entrevista dos afirmaram que tinham facilidade para que seus projetos fossem apresentados aos superiores ou a qualquer outro cen tro de decisão Em termos de estrutura e suas contribuições para o empreendedorismo corporativo evidenciouse que o fato de essa empresa estar estruturada por unidades estratégi cas de negócio sob a ótica dos empregados entrevistados facilitava e estimulava o surgimento e a realização de pro jetos de inovação Na Empresa D foram identificados como mecanismos de promoção e estímulo à inovação dois programas dedi cados a essa finalidade O primeiro oferecia apoio a pro jetos que objetivavam realizar inovações incrementais em termos de produtosserviços ou processos já existentes O segundo programa dedicavase a acolher os projetos que buscavam inovações radicais por meio da criação de pro dutos ou até mesmo de mercados originados nas unidades de negócio no departamento de pesquisa desenvolvimento e inovação ou por iniciativa de qualquer outro empregado empreendedor Dentro do escopo do segundo programa foi mencionada pelos entrevistados a existência de um processo formalizado de captação de ideias provenientes de todos os empregados Essas ideias eram submetidas a grupos de outros empregados para que pudessem analisálas e desenvolvêlas agregandolhes valor Dentre as técnicas utilizadas por esse grupo destacase o brainstorm Na Figura 6 são apresentadas as práticas de gestão empre sarial que inserem na estrutura organizacional unidades dedica das a promover o empreendedorismo corporativo identificadas 46 Práticas de gestão empresarial de concessão de autonomia para experimentação de novos métodos de organizar e executar o trabalho para promover o desenvolvimento de ações empreendedoras Não foram identificadas práticas específicas com a finalidade de conceder autonomia para que os emprega dos pudessem experimentar novos métodos para realizar suas atividades apesar de que ter autonomia para experi mentar novas rotinas de trabalho é um meio de estimular os empregados a inovar Nas empresas pesquisadas as exigências de carga de trabalho envolvem trabalhos complexos com múltiplas pes soas envolvidas pautados pelo cumprimento de normas prazos e procedimentos o que restringia a capacidade de os empregados empreenderem qualquer mudança em sua rotina mesmo a título de experimentação Embora a auto nomia tenha sido destacada como elemento estimulador do empreendedorismo corporativo pelos autores mencio nados a pesquisa revelou que nas empresas pesquisadas a ausência de práticas com essa finalidade não tolheu nem impediu os empregados de inovarem Havia uma confor midade deles quanto à importância de conseguir autoriza ção dos superiores antes de implementar essas iniciativas de empreendedorismo corporativo A questão da liberdade para utilizar novos métodos de trabalho no dia a dia foi apontada pelos entrevistados como uma prática existente na Empresa B Essa autonomia era concedida para aquelas atividades associadas a mudanças de rotinas e a alterações na metodologia de realizar os traba lhos Essa liberdade também foi constatada na Empresa C porém com a ressalva de que as normas que implicavam qualidade e segurança não poderiam de forma nenhuma ser alteradas sem que existisse aprovação prévia explícita de um superior imediato Quando os empreendedores tinham propostas para alterar aspectos e práticas reguladas por essas normas poderiam propôlas por meio da submissão ao programa de sugestões da empresa A Empresa A foi a que declarou possuir mais práticas de liberdade de trabalho visando a estimular os empreende dores corporativos Todos na empresa têm autonomia para conduzir melhorias dentro de seu espaço sem ser necessá rio pedir autorização ao superior para isso Devem inclu sive proceder dessa maneira para que consigam atingir suas metas de inovação Na Figura 7 são apresentadas as práticas de gestão empresa rial de concessão de autonomia para experimentação de novos métodos de trabalho identificadas EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 411 Empresa A Autonomia para utilizar novos métodos de trabalho no dia a dia Empresa B Necessidade de controle dos procedimentos para organizar e otimizar iniciativas empreendedoras Empresa C Liberdade de trabalho mas submissão a normas e regras Necessidade de sempre pedir orientação a supervisor Empresa D Autonomia para conduzir projetos de melhorias dentro de seu espaço Autonomia para utilizar novos métodos de trabalho Autonomia para definir como serão atingidas suas metas de inovação Empresa E Não identificada Empresa A Vicepresidência de novos negócios Acesso fácil dos funcionários à diretoria Políticas de empreendedorismo definidas pelo grupo e adaptadas a cada uma das empresas do grupo Competição entre as empresas sobre qual é a mais empreendedora do grupo Áreas específicas para desenvolvimento de produtos em algumas das empresas Sistema de cadastro e acompanhamento de projetos empreendedores Área de suporte aos projetos empreendedores Empresa B Centros de inovação especializados espalhados pelo mundo Inovações locais analisadas de acordo com política comportamento e economia Centros de Pesquisa e Desenvolvimento PD estrategicamente localizados Grupos locais de aplicação Procura por profissionais com perfil inovador Departamento de novos projetos que formam equipes multifuncionais Programa de melhoria contínua com foco na colaboração dos empreendedores Empresa C Departamentos de suporte e incentivo a empreendedores corporativos Departamento estruturado de inovação em produto e tecnologia Departamento estruturado de inovação em processo Esforço de comunicação corporativa sobre importância da inovação Estrutura hierárquica enxuta facilita que projetos empreendedores cheguem aos decisores Empresa D Sistema estruturado de Pesquisa Desenvolvimento e Inovação PDI Departamento de PDI como suporte a cada uma das unidades de negócio Facilidade de acesso aos superiores para apresentar projetos empreendedores Estruturação da empresa em unidades de negócios Empresa E Programa estruturado de inovação incremental Programa estruturado de inovação disruptiva Programas estruturados para geração de ideias Figura 6 Práticas de Gestão Empresarial que Inserem na Estrutura Organizacional Unidades Dedicadas a Promover o Empreendedorismo Corporativo Identificadas Figura 7 Práticas de Gestão Empresarial de Concessão de Autonomia para Experimentação de Novos Métodos de Trabalho Identificadas Eduardo Pinto Vilas Boas e Silvio Aparecido dos Santos 412 RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 5 CONCLUSÕES Nos resultados da pesquisa relatada mostrouse que as ações de empreendedorismo corporativo são multiplicadas quando existem nas empresas práticas gerenciais que apoiam estimulam e promovem as iniciativas dessa natureza Assim confirmamse estudos anteriores de Kuratko et al 1990 Hornsby et al 2002 Kuratko e Goldsby 2004 realizados nos contextos europeu eou norteamericano Essas práticas gerenciais utilizadas pelas empresas para promover apoiar e estimular a ação dos empreendedores cor porativos foram constatadas e descritas na literatura que fun damenta este artigo Tais práticas foram classificadas em seis categorias recompensas incentivos e reconhecimento ofe recidos disponibilização de recursos materiais humanos e financeiros tolerância ao erro apoio da alta administração unidade de apoio na estrutura da empresa concessão de auto nomia para experimentação de novos métodos de organizar e executar o trabalho É possível concluir que existiam práticas gerenciais em todas as seis categorias descritas anteriormente nas empre sas estudadas Devese ressaltar que as unidades de pesquisa eram empresas que já integravam um ranking de praticantes do empreendedorismo corporativo Identificouse que em cada uma das categorias exis tiam diferenças e similaridades no que é encontrado em cada empresa Isso pode ser constatado tanto pela inten sidade com que as empresas dedicam seus esforços para o exercício de tais práticas quanto pela forma como essas práticas são empregadas Por exemplo em relação às práticas de recompensa incentivo e reconhecimento à ação dos empreendedores corporativos constatouse que todas as empresas possuem práticas para reconhecer essas pessoas Em três casos essas práticas reconheciam os empreendedores corporativos no âmbito interno da empresa por meio de seu destaque em eventos promovidos pela alta administração com participa ção dos outros colaboradores nos quais as ações realizadas e a figura dos empreendedores corporativos eram salientadas Outra prática de reconhecimento interno era destacar a ação e a figura do empreendedor corporativo nas comunicações internas da empresa Em outro caso estudado o reconhecimento mais utili zado era o destaque do empreendedor corporativo perante a comunidade técnica externa Esse reconhecimento envol via apoio para que os resultados de suas iniciativas fos sem convertidos em artigos técnicos para publicação em eventos setoriais Em um terceiro caso os eventos de reconhecimento dos empreendedores corporativos além de envolverem os colaboradores da empresa contavam com a participação de pessoas da comunidade Nesse caso a empresa promovia uma feira para apresentação dos autores e dos resultados das iniciativas dos empreendedores corporativos para a qual além dos colaboradores da empresa eram convidadas pes soas da comunidade tais como parentes e amigos dos cola boradores moradores das cidades das redondezas alunos das escolas locais dentre outros Concluise portanto que todas as empresas estudadas reconheciam os empreendedores corporativos embora cada uma o fizesse de maneira diferente Havia pois nas empresas estudadas consciência de que o empreendedorismo corporativo se manifesta com mais frequência se for objeto de apoio estímulo e promoção Por sua vez os empreendedores corporativos reconheciam que a existência dessas práticas era importante e neces sária para que ações dessa natureza surgissem em maior quantidade Verificouse que existiam similaridades e diferenças entre as práticas utilizadas em cada uma das empresas em todas as categorias estudadas Observouse que um comportamento comum entre os gestores dessas empresas é intercambiar experiências sobre as melhores práticas que estão sendo utilizadas para promo ver apoiar e estimular o empreendedorismo corporativo Essa é uma possível explicação para o fato de as empresas apresentarem práticas semelhantes em decorrência de uma servir de referência para outra Em síntese é possível concluir que o empreendedorismo corporativo é feito por meio de ações de colaboradores que propõem e implementam inovações Para atingir esse objetivo os empreendedores corporativos assumem riscos Portanto a função de tais práticas que promovem apoiam e estimulam essas ações é um importante motivador para que os empreen dedores assumam os riscos de um inovador Em outras palavras a existência delas é sinal de que a empresa valoriza a ocorrência desse tipo de fenômeno o que leva seus colaboradores a realizarem mais ações de empreen dedorismo corporativo É possível afirmar que esses resulta dos confirmam a teoria do empreendedorismo corporativo já referenciada que destaca a importância desse fenômeno para a ocorrência de inovação nas empresas consolidadas Em termos de novos achados obtidos pela pesquisa destacase a descoberta de que nas empresas estudadas que possuíam fundadores reconhecidos como empreendedores por sua história de vida essa figura inspirava nos colaboradores o desejo de atuarem como empreendedores corporativos Podese explicar que a força do exemplo imprime na cultura da empresa a valorização e o espaço para ações empreendedoras As limitações quanto às conclusões da pesquisa são típicas daquelas baseadas em estudos de casos ou seja não podem ser generalizadas para o universo de empresas existentes A disponibilidade de informação pode ter sofrido restrições em função do caráter estratégico que as inovações têm para as empresas estudadas EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS SOBRE AS PRÁTICAS PROMOTORAS EM EMPRESAS ATUANTES NO BRASIL RAdm São Paulo v49 n2 p399414 abrmaiojun 2014 413 REFERÊNCIAS Ahuja G Lampert C M 2001 Entrepreneurship in the large corporation a longitudinal study of how established firms create breakthrough 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the corporate entrepreneurship used by companies operating in Brazil For this purpose it was sought to understand how these practices were used and what their results were Corporate entrepreneurship is herein unders tood as the creation of products and services processes and new businesses inside companies already consolidated that are explored by these companies The research methodology used was the qualitative one based on the use of the case study method specifically multiple cases It was identified five companies operating in Brazil in different industries which were recognizably entrepreneurial The main practices identified were rewards incentives and recognition resources availability tolerance to mistakes since such mistakes have been the result of search efforts of innovation and new business development support from top management structuring of the company and auto nomy granted to the corporate entrepreneurs in the development of the work It was possible to understand that the existence of these practices from the perspective of the businessmen interviewed has contributed to create the orga nizational conditions and the necessary stimuli for their employees to be able to conceive and implement actions of corporate entrepreneurship Corporate entrepreneurs have given great for such practices because they signaled them that the entrepreneurial actions were recognized and would grant them results in terms of professional prestige inside and outside the company besides in some cases direct financial benefits These findings confirmed the theories that support this research As a new finding it was possible to meet the point of view of the corporate entrepreneur and how he recognizes and acts faced with the practices of promotion incentive and support to the corporate entrepre neurship existing in the company This perspective has not been focused yet by the theories mentioned and others existing regarding the phenomenon Keywords corporate entrepreneurship company management innovation ABSTRACT RESUMEN Prácticas de promoción e incentivo al emprendedurismo corporativo en empresas que actúan en Brasil un estudio de casos múltiples El objetivo en este artículo fue identificar qué prácticas de gestión empresarial para la promoción incentivo y apoyo al emprendedurismo corporativo se observan en empresas que actúan en Brasil Para ello se buscó comprender cómo se utilizaban esas prácticas y sus resultados Por emprendedurismo corporativo se entiende la creación de productos servicios procesos y nuevos negocios que se desarrollen dentro de empresas ya consolidadas y que sean por ellas utilizados Se estudiaron cinco organizaciones que actúan en Brasil en diferentes sectores empresas reconocidamente emprendedoras La metodología de investigación de carácter cualitativo se basa en el uso del método de estudio de caso específicamente de casos múltiples Las principales prácticas que se identificaron como siendo las responsa bles de crear las condiciones que resultaron en iniciativas emprendedoras fueron recompensas incentivo y recono cimiento disponibilidad de recursos tolerancia al error siempre que resultara de esfuerzos para lograr la innovación y el desarrollo de nuevos negocios apoyo de la alta administración organización de la empresa y autonomía con cedida a los emprendedores corporativos en la conducción del trabajo Fue posible comprender que la existencia de estas prácticas desde el punto de vista de los ejecutivos entrevistados contribuyó a crear las condiciones organiza tivas y los estímulos necesarios para que sus empleados pudieran concebir e implementar acciones emprendedoras corporativas Los emprendedores corporativos reconocieron el valor de dichas prácticas porque quedó claro que las acciones emprendedoras eran reconocidas y les aportarían resultados en términos de prestigio profesional dentro o fuera de la empresa además de en algunos casos beneficios financieros directos Estos hallazgos confirmaron las teorías que fundamentaron este estudio Como nuevo hallazgo fue posible conocer la perspectiva del emprendedor corporativo y cómo él reconoce y actúa ante las prácticas de promoción incentivo y apoyo al emprendedurismo cor porativo que tienen lugar en la empresa Dicha perspectiva todavía no había sido foco de las teorías citadas y de otras existentes sobre ese fenómeno Palabras clave emprendedurismo corporativo gestión empresarial innovación