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Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 55 Todas as reflexões discussões projetos de pesquisa ou extensão e até mesmo eventos artísticos de que tenho de alguma forma participado ou tenho testemunhado nos últimos anos em Mato Grosso sempre me instigam a relacionálos com o ensino Assim no âmbito da literatura produzida em Mato Grosso compreendida como a definiu primeiramente Yasmin Nadaf 2 referindose a obras produzidas por mulheres seguida por Hilda Magalhães 3 que estendeu o critério independentemente de gênero depois Carlos Gomes de Carvalho 4 e antes ainda de forma subentendida em sua historiografia Rubens de Mendonça em virtude das várias ações públicas e privadas institucionalizadas ou pessoais que têm sido realizadas no sentido de formação do cânone de criação de grupos de pesquisa de recuperação de obras esgotadas ou quase extintas de organização de antologias com base em publicações de periódicos de análise crítica de obras publicadas de estudos sobre a constituição das identidades locais por meio de obras de arte de incentivo à publicação de novos autores etc sintome desafiada a tratar de uma etapa fundamental dessas ações que é o ensino Não me ocuparei do consumo da literatura em outros espaços que não a sala de aula Também assinalo que esta é uma discussão inicial bastante marcada pela experiência adquirida durante a prática docente não apenas universitária mas também com o ensino médio há alguns anos atrás Espero Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo Este artigo pretende evidenciar a relevância da inclusão nos currículos escolares de obras produzidas na região em que os estudantes vivem pela importância da literatura como conhecimento também da realidade do entorno e da reflexão sobre a formação do cânone nacional Assinalase nessa inclusão o cuidado com os critérios de seleção de obras e uma reflexão sobre identidades culturais PPPPPalavras alavras alavras alavras alavraschave chave chave chave chave identidades culturais regionalismo ensino literatura matogrossense currículo escolar Abstract Abstract Abstract Abstract Abstract This article aims to highlight the need of including literary works produced in the region where students live in their school curriculum due to the importance of literature as well as encouraging the identification of their reality and reflection on national canon formation Both the criteria of selection of works and reflection on cultural identities are taken into consideration Keywords Keywords Keywords Keywords Keywords cultural identities regionalism teaching matogrossense literature school curriculum que possa ser acrescida posteriormente inclusive com experiências críticas sugestões e pesquisas de outros profissionais Antes de focalizar a literatura regional inicio uma discussão bastante aprofundada por pesquisadores de várias regiões do Brasil sobre a diluição do conteúdo da literatura no ensino médio num componente curricular mais amplo o das linguagens nos atuais parâmetros curriculares Opondose a essa diluição lemos em Orientações curriculares para o ensino Orientações curriculares para o ensino Orientações curriculares para o ensino Orientações curriculares para o ensino Orientações curriculares para o ensino médio linguagens códigos e suas médio linguagens códigos e suas médio linguagens códigos e suas médio linguagens códigos e suas médio linguagens códigos e suas tecnologias tecnologias tecnologias tecnologias tecnologias OCEM doravante a posição que defende a autonomia e a especificidade da literatura assinada por consultores e leitores críticos entre eles Ligia Chiapini Haquira Osakabe e Maria Zélia Versiane Embora concordemos com o fato de que a Literatura seja um modo discursivo entre vários o jornalístico o científico o coloquial etc o discurso literário decorre diferentemente dos outros de um modo de construção que vai além das elaborações lingüísticas usuais porque de todos os modos discursivos é o menos pragmático o que menos visa a aplicações práticas OCEM 2006 p49 Um dos pontos de vistas opostos ao das OCEM aponta como uma das soluções a formação do professor ou seja a ideia de que a dicotomia língualiteratura não faz sentido quando o professor possui um conceito amplo de 56 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 linguagem 5 Não me estenderei sobre essa discussão mas reconheço que ela antecede a que dispõe sobre o regional Este recorte entretanto concentrarseá nesse último aspecto percorrendo antes um caminho que vai do geral ao particular Pensando a literatura como conhecimento e a formação do leitor como uma das mais importantes funções da escola vemonos diante de um cenário em que a literatura fora da escola concorre com outras formas midiáticas em que prepondera a cultura de massa Na escola em tese seu locus mais importante a disciplina perde a autonomia Assim antes de mais nada parece ser urgente a defesa da especificidade da disciplina ou do compromisso do profissional de letras para então discutir o que não faremos aqui o que as ementas contemplam e como o ensino tem sido realizado Outro item importante para seguir no viés da exclusão também discutido nas OCEM são as falhas apresentadas nos programas curriculares pré estabelecidos em livros didáticos e apostilas em que se privilegia a história da literatura e não o estudo aprofundado das obras literárias pois embora garantam algumas vantagens expõem fraturas como a não inclusão das literaturas ditas regionais item que nos interessa aqui Podemse destacar alguns pontos positivos e simultaneamente negativos da adoção da história da literatura no ensino tal qual se tem cristalizado 1 resolve o problema da seleção de obras pois constitui um corpus definido e nacionalmente instituído mas elimina as peculiaridades regionais p 76 No caso de Mato Grosso se admitimos a existência de uma literatura regional ou pelo menos de uma literatura com todas as possíveis variações de temas estilos etc produzida em Mato Grosso temos de admitir que há no nosso caso a presença do livro e do autor consideradas as relativas proporções em comparação a outras regiões e há a do leitor mas essa é ainda tímida Sobre a existência de literatura como sistema em Mato Grosso Mario Cezar Silva Leite 2005 acentua a sua configuração a partir de certos momentos históricos instituições Instituto Histórico e Geográfico e Academia Matogrossense de Letras e atores em convergência com o discurso regionalista A partir de determinado momento específico organizase um sistema literário tendo como fator central o discurso regionalista que deu e dá desde então uma certa coesão entre os três elementos envolvidos escritoresobraleitores e estabelece um certo conjunto isto é o sistema organizase a partir e em torno do discurso regionalista segundo este sistema assim organizado não pode ser pensado sem se considerar como parte absolutamente interna de sua configuração as figuras centrais de sua fundação e terceiro também não pode ser pensado sem se considerar a produção literária biográfica ou histórica os discursos criados elaborados sobre essas figuras responsáveis pela construção efetiva de suas imagens Daí que por ora pareceme indispensável sinalizar para a centralidade das duas instituições citadas acima e para duas das mais emblemáticas figuras de todo este processo no primeiro momento regionalista mais identificável Dom Aquino Corrêa e José de Mesquita LEITE 2005 p 237 Dentre os três elementos do sistema cuja fórmula vem de Antonio Candido 6 o último como já dissemos ainda é deficitário no caso de Mato Grosso Para resolver tal questão reduzido número de leitores universidades locais têm começado a investir na formação de professores para o ensino trazendo à cena obras e respectivas leituras críticas com vistas à multiplicação desse conhecimento nas escolas Por que é importante que o currículo contemple obras regionais A resposta parece tão óbvia que a pergunta poderia ser igualmente assim considerada Mas quando o assunto é ensino nunca é demais repetir Se pensamos a literatura como forma de conhecimento e como um direito de todo cidadão 7 conforme Candido não podemos privar esse cidadão da reflexão do pensamento crítico acerca da realidade do seu entorno o que é possível por meio de obras cujos temas incidam sobre o local não apenas como espaço geográfico mas sobretudo local como espaço de reflexão sobre a vivência de seres da natureza inclusive os humanos considerados em sua historicidade No caso de obras produzidas no local com temas que tendem à universalidade é inegável a importância de se observar como o artista que habita determinado espaço por mais que peregrine viaje por outros imagina e recria o mundo a partir de um ponto de referência e como dialoga com outros mundos Também é importante a partir da inclusão de Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 57 obras produzidas na região e que tenham mérito qualitativo discutir tanto para as publicadas contemporaneamente mas sobretudo no caso das extemporâneas o porquê de não fazem parte do cânone nacional apresentado em apostilas e livros didáticos Considerando que uma das hipóteses a ser formulada seja a do distanciamento geográfico do eixo RioSão Paulo onde se concentram as principais editoras e a maior densidade demográfica além dos aspectos econômicos cabe refletir na sala de aula sobre os critérios de constituição do cânone e sobre as formas como a região tem sido representada ao longo do tempo em textos literários e impressos em geral como jornais e revistas e como essas representações adquirem caráter performativo e passam a constituir as subjetividadesidentidades dos habitantes de uma região Partindo da suposição de que o ensino da literatura regional esteja garantido antecipo duas preocupações relativas a seu ensino Uma é a de que as obras regionais ocupem o merecido espaço por méritos qualitativos e que não destituam o espaço de outras obras importantes canonizadas ou não de outras literaturas para que a região ou o regional não se sobreponha a outros critérios e não ocorram fatos como os relatados por Osakabe e por ele considerados um equívoco Considerando grandes nomes da história literária Shakespeare por exemplo como sinônimos da dominação branca muitas foram as vozes favoráveis a sua eliminação dos currículos escolares em benefícios de nomes mais locais de maior presença na vida imediata das diferentes comunidades Evidentemente o que se pretendia num primeiro momento não seria a substituição de um padrão por outro mas uma ampliação do universo cultural que deveria necessariamente contemplar as produções mais significativas da história próxima Mas o equívoco se instalou como verdade moral e gerou discussões confusas em que se misturavam história cultural conquistas políticas avanço científico e também bastante complacência teórica OSAKABE 2005 p 39 Sobre o mérito qualitativo no caso de Mato Grosso em que as obras consideradas regionais as produzidas na região independentemente do tema são muito pouco lidas o consumo e a circulação não servem como parâmetro para medir a qualidade aliás esses itens não servem como parâmetro em nenhuma literatura Então aqui reside o papel fundamental da pesquisa sediada predominantemente nas universidades que deve revelar as qualidades de um texto e mais importante a publicação dessa pesquisa de modo que alcance toda a comunidade escolar não apenas a universitária É sabido que falar sobre qualidade em arte constitui tema polêmico especialmente hoje na chamada pós modernidade ou modernidade tardia etc em que o estético tem sido deslocado em favor do político É preciso atentar para que o político não seja um tiro pela culatra fazendo com que grandes obras da literatura e o respectivo conhecimento que as mesmas encerram não sejam preteridas ou lidas apenas por uma parcela privilegiada de estudantes justamente os que já se encontram na posição centroincluídos Tratandose da inclusãoexclusão de certas obras regionais do cânone nacional é evidente que num primeiro momento estáse garantindo a afirmação do local frente à tentativa de homogeneização e padronização do gosto pretendida pelo mercado global Sobre o assunto Walnice Vilalva 2008 assinala a presença das historiografias regionais como a afirmação da diferença e alteridade diante da pretensa ideia de unidade e integração das historiografias nacionais O adjetivo qualquer que seja ele cearense sergipano matogrossense etc deflagra não um exacerbado juízo de individuação e singularização quer seja regional quer seja local mas nomeia precisamente o espaço da exclusão aquilo que não pertence ao nacional ou à brasileira Nessa proposta historiográfica salta o desejo de sobrevivência de leitura e de valorização dos textos catalogados VILALVA 2008 p13 Nesse sentido o ensino da literatura regional é ainda mais importante porque contribui para o reconhecimento e a afirmação da diferença Pensando a literatura e seu ensino em qualquer nível teríamos a diferença do regional frente ao nacional Enquanto os currículos escolares apresentarem a velha configuração períodos e escolas literárias brasileiras o regional seria definido pelo espaço do reconhecimento e da inclusão Dentro da própria região recomenda se o cuidado para que algumas das obras que pertencem ao corpus denominado regional não produzam a afirmação de identidade única de uma região e sim de identidades já que nela nunca 58 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 houve e cada vez menos háhaverá uma vivência homogênea É preciso pensar sobre como alguns modos de viver e alguns símbolos culturais existem no local assinalando que nada existe casualmente embora possam fazer parte da natureza não caíram do céu A pergunta a ser feita é os símbolos da minha cultura podem ser resultado de produções e processos relacionados a algum tipo de poder Podese estender esse raciocínio ao próprio questionamento do cânone Incluir algumas obras no repertório dito nacional significa dentro da região escolher dentre todas aquelas que melhor a representariam a região de acordo com determinados critérios Isso não significa julgar a formação do cânone local apenas chamar a atenção para o fato de que ele também é uma produção Por essas razões há a preocupação de que o ensino da literatura regional não contribua para a formaçãoconsolidação de uma concepção essencialista de cultura em que se considera tudo o que é nossomeu de valor maior e melhor do que o que é do outro A partir de uma experiência com alunos de graduação em Letras em que essa hipótese foi confirmada 8 sugeri que o ensino de uma literatura considerada regional deve incluir na análise das obras discussões sobre a constituição das identidades sobre o conceito de região nas várias áreas do conhecimento e sobre o regionalismo Podese também em currículos do ensino superior debater comparativamente o modo como o regionalismo literário tem sido constituído nas diferentes regiões brasileiras nas diferentes temporalidades Essa proposta surgiu pela atualidade do tema dadas as novas configurações espaciais de países e regiões por conta da globalização e também como advertência para que o ensino de literatura não sirva à consolidação de concepções essencialistas de cultura nem a justificativas ufanistas que num primeiro momento podem soar como atitudes ingênuas e inofensivas mas posteriormente podem desencadear fundamentalismos com reflexos nas atitudes dos sujeitos no convívio social sobre os quais tenham agido os signos das identidades Um desses fundamentalismos pode ser o literário baseado na exaltação de todas as obras produzidas no e sobre o local e no desprezo a outras talvez de maior mérito por serem de outros locais Outro fundamentalismo se verifica quando convivem num mesmo espaço pessoas de diferentes identidades culturais caso de Mato Grosso hoje por ser um território de confluência de vários fluxos migratórios e imigratórios Já observei pessoalmente casos de discriminação pelas identidades culturais por pessoas que não as compreendem como resultado de produções discursivas em que a suposta identidade da maioria prevalece ou prevalece a identidade do grupo de maior poder econômico Daí resultam preconceitos de todo o tipo Nesses casos considero fundamental a atuação da escola e especificamente do ensino da literatura regional com ementa que contemple o estudo da formação das identidades para que o debate e a reflexão daí originados seja o responsável pelo respeito à diferença em acordo com o que diz a respeito Tomás Tadeu da Silva 2000 Na perspectiva da diversidade a diferença e a identidade tendem a ser naturalizadas cristalizadas essencializadas São tomadas como dados ou fatos da vida social diante dos quais se deve tomar posição Em geral a posição socialmente aceita e pedagogicamente recomendada é de respeito e tolerância para com a diversidade e a diferença Mas será que as questões da identidade e da diferença se esgotam nessa posição liberal E sobretudo essa perspectiva é suficiente para servir de base para uma pedagogia crítica e questionadora Não deveríamos antes de mais nada ter uma teoria sobre a produção da identidade e da diferença Quais as implicações políticas de conceitos como diferença identidade diversidade alteridade O que está em jogo na identidade Como se configuraria uma pedagogia e um currículo que estivessem centrados não na diversidade mas na diferença concebida como processo uma pedagogia e um currículo que não se limitassem a celebrar a identidade e a diferença mas que buscassem problematizálas SILVA 2000 p73 A presença da literatura na escola universidade é imprescindível inclusive a regional Não constitui problema o educandoleitor orgulharse do local onde vive das coisas da sua terra Pelo contrário é importante porque afirma o seu valor No caso da literatura entre outros traz à tona também reflexões sobre a formação do cânone como já foi assinalado O problema apenas surge quando o orgulho passa a ser índice de uma suposta superioridade diante do outro e de uma ingênua compreensão de cultura o que Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 59 deve e pode ser evitado Não custa repetir o ensino que problematiza a produção das diferenças pode ser um grande aliado na formação das sociedades sustentáveis tão defendidas nos discursos políticos Enfim o lugar do regional na literatura instaurado pelo político e pelo estético deve ser garantido em todas as escolas e universidades 1 Mestre em Estudos da Linguagem pela UFMT e Doutoranda em Letras e Lingüística pela UFG Professora de Literaturas da Língua Portuguesa da UNEMAT campus de Tangará da Serra Email martacoccouolcombr 2 Em artigo publicado nos anais do VI Seminário Nacional Mulher e Literatura em 1996 diz Yasmin devese entender por essa literatura aquela que foi e está sendo produzida pelas mulheres nascidas em Mato Grosso que escrevem em Mato Grosso ou em outras regiões bem como pelas mulheres de outras regiões que escrevem em Mato Grosso NADAF 1996 p467 3 Hilda Gomes Dutra Magalhães definiu como literatura matogrossense os textos escritos por autores que nasceram em Mato Grosso ou que nele residem ou tenham residido contribuindo para o enriquecimento da cultura do Estado MAGALHÃES 2001 p3 4 Sebastião Carlos Gomes de Carvalho em antologia de poemas diz Considero como mato grossenses não apenas os natos mas igualmente àqueles que vivendo aqui produziram e produzem a sua obra literária CARVALHO 2003 p15 5 Sobre esse tema ver o artigo de Beth Brait Leituras formas vivas de surpreender significações publicado pela Editora da UEL 6 Candido distingue manifestações literárias de literatura e para haver esta última impõe a necessidade de um sistema formado principalmente por estes denominadores a existência de um conjunto de produtores literários mais ou menos conscientes do seu papel um conjunto de receptores formando os diferentes tipos de público sem os quais a obra não vive um mecanismo transmissor de modo geral uma linguagem traduzida em estilos que liga uns aos outros CANDIDO 2000 p23 7 Candido assevera o direito à literatura em artigo assim concluído Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável CANDIDO 2004 p191 8 A pesquisa foi publicada integralmente no livro O ensino de literatura produzida em Mato O ensino de literatura produzida em Mato O ensino de literatura produzida em Mato O ensino de literatura produzida em Mato O ensino de literatura produzida em Mato Grosso Grosso Grosso Grosso Grosso regionalismo e identidades Aceito para publicação em 01062009 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Orientações Curriculares para o ensino médio In Linguagens códigos e suas Linguagens códigos e suas Linguagens códigos e suas Linguagens códigos e suas Linguagens códigos e suas tecnologias tecnologias tecnologias tecnologias tecnologias Secretaria de Educação Básica Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica 2006 p49 83 v1 BRAIT Beth Leituras formas vivas de surpreender significações In AGUILERA Vanderci de Andrade LÍMOLI Loredana Orgs Entrelinhas Entrelinhas Entrelinhas Entrelinhas Entrelinhas entretelas os desafios da leitura Londrina Ed UEL 2001 p 120 CANDIDO Antônio FFFFFormação da literatura ormação da literatura ormação da literatura ormação da literatura ormação da literatura brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira momentos decisivos 6 ed Belo Horizonte Itatiaia 2000 Direito à literatura In Vários Vários Vários Vários Vários escritos escritos escritos escritos escritos São Paulo Duas Cidades 2004 p169192 CARVALHO Carlos Gomes de A poesia em A poesia em A poesia em A poesia em A poesia em Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Cuiabá Verdepantanal 2003 COCCO Marta Helena O ensino da O ensino da O ensino da O ensino da O ensino da literatura produzida em Mato Grosso literatura produzida em Mato Grosso literatura produzida em Mato Grosso literatura produzida em Mato Grosso literatura produzida em Mato Grosso regionalismo e identidades Cuiabá Cathedral Publicações 2006 LEITE Mário Cezar Silva Literatura regionalismo e identidades cartografia matogrossense In Mapas da mina Mapas da mina Mapas da mina Mapas da mina Mapas da mina estudos da literatura em Mato Grosso Cuiabá Cathedral Publicações 2005 p237254 MAGALHÃES Hilda História da literatura do História da literatura do História da literatura do História da literatura do História da literatura do Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso sécXX Cuiabá Unicen Publicações 2001 MENDONÇA Rubens História da literatura História da literatura História da literatura História da literatura História da literatura matogrossense matogrossense matogrossense matogrossense matogrossense 2ed Cáceres Ed Unemat 2005 NADAF Yasmin Jamil Literatura matogrossense de autoria feminina séculos XIX e XX In SEMINÁRIO NACIONAL MULHER E LITERATURA 6 1995 Rio de Janeiro Anais Anais Anais Anais Anais Rio de Janeiro Nielm 1996 p467484 60 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 OSAKAB Haquira Poesia e indiferença In PAIVA Aparecida MARTINS Aracy PAULINO Graça VERSIANI Zeia Orgs Leituras literárias Leituras literárias Leituras literárias Leituras literárias Leituras literárias discursos transitivos Belo Horizonte Ceale Autêntica 2005 p 3754 SILVA Tomaz Tadeu da A produção social da identidade e da diferença In Org Identidade e diferença Identidade e diferença Identidade e diferença Identidade e diferença Identidade e diferença a perspectiva dos estudos culturais 3ed Petrópolis RJ Vozes 2004 p73102 VILALVA Walnice Identidade e nacionalismo caminhos da historiografia literária brasileira RRRRRevista Alere evista Alere evista Alere evista Alere evista Alere Revista do Núcleo de Pesquisa Wlademir DiasPino Universidade do Estado de Mato Grosso campus Universitário de Tangará da Serra v 1 n1 p913 2008

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publicações de periódicos de análise crítica de obras publicadas de estudos sobre a constituição das identidades locais por meio de obras de arte de incentivo à publicação de novos autores etc sintome desafiada a tratar de uma etapa fundamental dessas ações que é o ensino Não me ocuparei do consumo da literatura em outros espaços que não a sala de aula Também assinalo que esta é uma discussão inicial bastante marcada pela experiência adquirida durante a prática docente não apenas universitária mas também com o ensino médio há alguns anos atrás Espero Resumo Resumo Resumo Resumo Resumo Este artigo pretende evidenciar a relevância da inclusão nos currículos escolares de obras produzidas na região em que os estudantes vivem pela importância da literatura como conhecimento também da realidade do entorno e da reflexão sobre a formação do cânone nacional Assinalase nessa inclusão o cuidado com os critérios de seleção de obras e uma reflexão sobre identidades culturais PPPPPalavras alavras alavras alavras alavraschave chave chave chave chave identidades culturais regionalismo ensino literatura matogrossense currículo escolar Abstract Abstract Abstract Abstract Abstract This article aims to highlight the need of including literary works produced in the region where students live in their school curriculum due to the importance of literature as well as encouraging the identification of their reality and reflection on national canon formation Both the criteria of selection of works and reflection on cultural identities are taken into consideration Keywords Keywords Keywords Keywords Keywords cultural identities regionalism teaching matogrossense literature school curriculum que possa ser acrescida posteriormente inclusive com experiências críticas sugestões e pesquisas de outros profissionais Antes de focalizar a literatura regional inicio uma discussão bastante aprofundada por pesquisadores de várias regiões do Brasil sobre a diluição do conteúdo da literatura no ensino médio num componente curricular mais amplo o das linguagens nos atuais parâmetros curriculares Opondose a essa diluição lemos em Orientações curriculares para o ensino Orientações curriculares para o ensino Orientações curriculares para o ensino Orientações curriculares para o ensino Orientações curriculares para o ensino médio linguagens códigos e suas médio linguagens códigos e suas médio linguagens códigos e suas médio linguagens códigos e suas médio linguagens códigos e suas tecnologias tecnologias tecnologias tecnologias tecnologias OCEM doravante a posição que defende a autonomia e a especificidade da literatura assinada por consultores e leitores críticos entre eles Ligia Chiapini Haquira Osakabe e Maria Zélia Versiane Embora concordemos com o fato de que a Literatura seja um modo discursivo entre vários o jornalístico o científico o coloquial etc o discurso literário decorre diferentemente dos outros de um modo de construção que vai além das elaborações lingüísticas usuais 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admitimos a existência de uma literatura regional ou pelo menos de uma literatura com todas as possíveis variações de temas estilos etc produzida em Mato Grosso temos de admitir que há no nosso caso a presença do livro e do autor consideradas as relativas proporções em comparação a outras regiões e há a do leitor mas essa é ainda tímida Sobre a existência de literatura como sistema em Mato Grosso Mario Cezar Silva Leite 2005 acentua a sua configuração a partir de certos momentos históricos instituições Instituto Histórico e Geográfico e Academia Matogrossense de Letras e atores em convergência com o discurso regionalista A partir de determinado momento específico organizase um sistema literário tendo como fator central o discurso regionalista que deu e dá desde então uma certa coesão entre os três elementos envolvidos escritoresobraleitores e estabelece um certo conjunto isto é o sistema organizase a partir e em torno do discurso regionalista segundo este sistema assim organizado não pode ser pensado sem se considerar como parte absolutamente interna de sua configuração as figuras centrais de sua fundação e terceiro também não pode ser pensado sem se considerar a produção literária biográfica ou histórica os discursos criados elaborados sobre essas figuras responsáveis pela construção efetiva de suas imagens Daí que por ora pareceme indispensável sinalizar para a centralidade das duas instituições citadas acima e para duas das mais emblemáticas figuras de todo este processo no primeiro momento regionalista mais identificável Dom Aquino Corrêa e José de Mesquita LEITE 2005 p 237 Dentre os três elementos do sistema cuja fórmula vem de Antonio Candido 6 o último como já dissemos ainda é deficitário no caso de Mato Grosso Para resolver tal questão reduzido número de leitores universidades locais têm começado a investir na formação de professores para o ensino trazendo à cena obras e respectivas leituras críticas com vistas à multiplicação desse conhecimento nas escolas Por que é importante que o currículo contemple obras regionais A resposta parece tão óbvia que a pergunta poderia ser igualmente assim considerada Mas quando o assunto é ensino nunca é demais repetir Se pensamos a literatura como forma de conhecimento e como um direito de todo cidadão 7 conforme Candido não podemos privar esse cidadão da reflexão do pensamento crítico acerca da realidade do seu entorno o que é possível por meio de obras cujos temas incidam sobre o local não apenas como espaço geográfico mas sobretudo local como espaço de reflexão sobre a vivência de seres da natureza inclusive os humanos considerados em sua historicidade No caso de obras produzidas no local com temas que tendem à universalidade é inegável a importância de se observar como o artista que habita determinado espaço por mais que peregrine viaje por outros imagina e recria o mundo a partir de um ponto de referência e como dialoga com outros mundos Também é importante a partir da inclusão de Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 57 obras produzidas na região e que tenham mérito qualitativo discutir tanto para as publicadas contemporaneamente mas sobretudo no caso das extemporâneas o porquê de não fazem parte do cânone nacional apresentado em apostilas e livros didáticos Considerando que uma das hipóteses a ser formulada seja a do distanciamento geográfico do eixo RioSão Paulo onde se concentram as principais editoras e a maior densidade demográfica além dos aspectos econômicos cabe refletir na sala de aula sobre os critérios de constituição do cânone e sobre as formas como a região tem sido representada ao longo do tempo em textos literários e impressos em geral como jornais e revistas e como essas representações adquirem caráter performativo e passam a constituir as subjetividadesidentidades dos habitantes de uma região Partindo da suposição de que o ensino da literatura regional esteja garantido antecipo duas preocupações relativas a seu ensino Uma é a de que as obras regionais ocupem o merecido espaço por méritos qualitativos e que não destituam o espaço de outras obras importantes canonizadas ou não de outras literaturas para que a região ou o regional não se sobreponha a outros critérios e não ocorram fatos como os relatados por Osakabe e por ele considerados um equívoco Considerando grandes nomes da história literária Shakespeare por exemplo como sinônimos da dominação branca muitas foram as vozes favoráveis a sua eliminação dos currículos escolares em benefícios de nomes mais locais de maior presença na vida imediata das diferentes comunidades Evidentemente o que se pretendia num primeiro momento não seria a substituição de um padrão por outro mas uma ampliação do universo cultural que deveria necessariamente contemplar as produções mais significativas da história próxima Mas o equívoco se instalou como verdade moral e gerou discussões confusas em que se misturavam história cultural conquistas políticas avanço científico e também bastante complacência teórica OSAKABE 2005 p 39 Sobre o mérito qualitativo no caso de Mato Grosso em que as obras consideradas regionais as produzidas na região independentemente do tema são muito pouco lidas o consumo e a circulação não servem como parâmetro para medir a qualidade aliás esses itens não servem como parâmetro em nenhuma literatura Então aqui reside o papel fundamental da pesquisa sediada predominantemente nas universidades que deve revelar as qualidades de um texto e mais importante a publicação dessa pesquisa de modo que alcance toda a comunidade escolar não apenas a universitária É sabido que falar sobre qualidade em arte constitui tema polêmico especialmente hoje na chamada pós modernidade ou modernidade tardia etc em que o estético tem sido deslocado em favor do político É preciso atentar para que o político não seja um tiro pela culatra fazendo com que grandes obras da literatura e o respectivo conhecimento que as mesmas encerram não sejam preteridas ou lidas apenas por uma parcela privilegiada de estudantes justamente os que já se encontram na posição centroincluídos Tratandose da inclusãoexclusão de certas obras regionais do cânone nacional é evidente que num primeiro momento estáse garantindo a afirmação do local frente à tentativa de homogeneização e padronização do gosto pretendida pelo mercado global Sobre o assunto Walnice Vilalva 2008 assinala a presença das historiografias regionais como a afirmação da diferença e alteridade diante da pretensa ideia de unidade e integração das historiografias nacionais O adjetivo qualquer que seja ele cearense sergipano matogrossense etc deflagra não um exacerbado juízo de individuação e singularização quer seja regional quer seja local mas nomeia precisamente o espaço da exclusão aquilo que não pertence ao nacional ou à brasileira Nessa proposta historiográfica salta o desejo de sobrevivência de leitura e de valorização dos textos catalogados VILALVA 2008 p13 Nesse sentido o ensino da literatura regional é ainda mais importante porque contribui para o reconhecimento e a afirmação da diferença Pensando a literatura e seu ensino em qualquer nível teríamos a diferença do regional frente ao nacional Enquanto os currículos escolares apresentarem a velha configuração períodos e escolas literárias brasileiras o regional seria definido pelo espaço do reconhecimento e da inclusão Dentro da própria região recomenda se o cuidado para que algumas das obras que pertencem ao corpus denominado regional não produzam a afirmação de identidade única de uma região e sim de identidades já que nela nunca 58 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 houve e cada vez menos háhaverá uma vivência homogênea É preciso pensar sobre como alguns modos de viver e alguns símbolos culturais existem no local assinalando que nada existe casualmente embora possam fazer parte da natureza não caíram do céu A pergunta a ser feita é os símbolos da minha cultura podem ser resultado de produções e processos relacionados a algum tipo de poder Podese estender esse raciocínio ao próprio questionamento do cânone Incluir algumas obras no repertório dito nacional significa dentro da região escolher dentre todas aquelas que melhor a representariam a região de acordo com determinados critérios Isso não significa julgar a formação do cânone local apenas chamar a atenção para o fato de que ele também é uma produção Por essas razões há a preocupação de que o ensino da literatura regional não contribua para a formaçãoconsolidação de uma concepção essencialista de cultura em que se considera tudo o que é nossomeu de valor maior e melhor do que o que é do outro A partir de uma experiência com alunos de graduação em Letras em que essa hipótese foi confirmada 8 sugeri que o ensino de uma literatura considerada regional deve incluir na análise das obras discussões sobre a constituição das identidades sobre o conceito de região nas várias áreas do conhecimento e sobre o regionalismo Podese também em currículos do ensino superior debater comparativamente o modo como o regionalismo literário tem sido constituído nas diferentes regiões brasileiras nas diferentes temporalidades Essa proposta surgiu pela atualidade do tema dadas as novas configurações espaciais de países e regiões por conta da globalização e também como advertência para que o ensino de literatura não sirva à consolidação de concepções essencialistas de cultura nem a justificativas ufanistas que num primeiro momento podem soar como atitudes ingênuas e inofensivas mas posteriormente podem desencadear fundamentalismos com reflexos nas atitudes dos sujeitos no convívio social sobre os quais tenham agido os signos das identidades Um desses fundamentalismos pode ser o literário baseado na exaltação de todas as obras produzidas no e sobre o local e no desprezo a outras talvez de maior mérito por serem de outros locais Outro fundamentalismo se verifica quando convivem num mesmo espaço pessoas de diferentes identidades culturais caso de Mato Grosso hoje por ser um território de confluência de vários fluxos migratórios e imigratórios Já observei pessoalmente casos de discriminação pelas identidades culturais por pessoas que não as compreendem como resultado de produções discursivas em que a suposta identidade da maioria prevalece ou prevalece a identidade do grupo de maior poder econômico Daí resultam preconceitos de todo o tipo Nesses casos considero fundamental a atuação da escola e especificamente do ensino da literatura regional com ementa que contemple o estudo da formação das identidades para que o debate e a reflexão daí originados seja o responsável pelo respeito à diferença em acordo com o que diz a respeito Tomás Tadeu da Silva 2000 Na perspectiva da diversidade a diferença e a identidade tendem a ser naturalizadas cristalizadas essencializadas São tomadas como dados ou fatos da vida social diante dos quais se deve tomar posição Em geral a posição socialmente aceita e pedagogicamente recomendada é de respeito e tolerância para com a diversidade e a diferença Mas será que as questões da identidade e da diferença se esgotam nessa posição liberal E sobretudo essa perspectiva é suficiente para servir de base para uma pedagogia crítica e questionadora Não deveríamos antes de mais nada ter uma teoria sobre a produção da identidade e da diferença Quais as implicações políticas de conceitos como diferença identidade diversidade alteridade O que está em jogo na identidade Como se configuraria uma pedagogia e um currículo que estivessem centrados não na diversidade mas na diferença concebida como processo uma pedagogia e um currículo que não se limitassem a celebrar a identidade e a diferença mas que buscassem problematizálas SILVA 2000 p73 A presença da literatura na escola universidade é imprescindível inclusive a regional Não constitui problema o educandoleitor orgulharse do local onde vive das coisas da sua terra Pelo contrário é importante porque afirma o seu valor No caso da literatura entre outros traz à tona também reflexões sobre a formação do cânone como já foi assinalado O problema apenas surge quando o orgulho passa a ser índice de uma suposta superioridade diante do outro e de uma ingênua compreensão de cultura o que Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 59 deve e pode ser evitado Não custa repetir o ensino que problematiza a produção das diferenças pode ser um grande aliado na formação das sociedades sustentáveis tão defendidas nos discursos políticos Enfim o lugar do regional na literatura instaurado pelo político e pelo estético deve ser garantido em todas as escolas e universidades 1 Mestre em Estudos da Linguagem pela UFMT e Doutoranda em Letras e Lingüística pela UFG Professora de Literaturas da Língua Portuguesa da UNEMAT campus de Tangará da Serra Email martacoccouolcombr 2 Em artigo publicado nos anais do VI Seminário Nacional Mulher e Literatura em 1996 diz Yasmin devese entender por essa literatura aquela que foi e está sendo produzida pelas mulheres nascidas em Mato Grosso que escrevem em Mato Grosso ou em outras regiões bem como pelas mulheres de outras regiões que escrevem em Mato Grosso NADAF 1996 p467 3 Hilda Gomes Dutra Magalhães definiu como literatura matogrossense os textos escritos por autores que nasceram em Mato Grosso ou que nele residem ou tenham residido contribuindo para o enriquecimento da cultura do Estado MAGALHÃES 2001 p3 4 Sebastião Carlos Gomes de Carvalho em antologia de poemas diz Considero como mato grossenses não apenas os natos mas igualmente àqueles que vivendo aqui produziram e produzem a sua obra literária CARVALHO 2003 p15 5 Sobre esse tema ver o artigo de Beth Brait Leituras formas vivas de surpreender significações publicado pela Editora da UEL 6 Candido distingue manifestações literárias de literatura e para haver esta última impõe a necessidade de um sistema formado principalmente por estes denominadores a existência de um conjunto de produtores literários mais ou menos conscientes do seu papel um conjunto de receptores formando os diferentes tipos de público sem os quais a obra não vive um mecanismo transmissor de modo geral uma linguagem traduzida em estilos que liga uns aos outros CANDIDO 2000 p23 7 Candido assevera o direito à literatura em artigo assim concluído Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável CANDIDO 2004 p191 8 A pesquisa foi publicada integralmente no livro O ensino de literatura produzida em Mato O ensino de literatura produzida em Mato O ensino de literatura produzida em Mato O ensino de literatura produzida em Mato O ensino de literatura produzida em Mato Grosso Grosso Grosso Grosso Grosso regionalismo e identidades Aceito para publicação em 01062009 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL Orientações Curriculares para o ensino médio In Linguagens códigos e suas Linguagens códigos e suas Linguagens códigos e suas Linguagens códigos e suas Linguagens códigos e suas tecnologias tecnologias tecnologias tecnologias tecnologias Secretaria de Educação Básica Brasília Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica 2006 p49 83 v1 BRAIT Beth Leituras formas vivas de surpreender significações In AGUILERA Vanderci de Andrade LÍMOLI Loredana Orgs Entrelinhas Entrelinhas Entrelinhas Entrelinhas Entrelinhas entretelas os desafios da leitura Londrina Ed UEL 2001 p 120 CANDIDO Antônio FFFFFormação da literatura ormação da literatura ormação da literatura ormação da literatura ormação da literatura brasileira brasileira brasileira brasileira brasileira momentos decisivos 6 ed Belo Horizonte Itatiaia 2000 Direito à literatura In Vários Vários Vários Vários Vários escritos escritos escritos escritos escritos São Paulo Duas Cidades 2004 p169192 CARVALHO Carlos Gomes de A poesia em A poesia em A poesia em A poesia em A poesia em Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Cuiabá Verdepantanal 2003 COCCO Marta Helena O ensino da O ensino da O ensino da O ensino da O ensino da literatura produzida em Mato Grosso literatura produzida em Mato Grosso literatura produzida em Mato Grosso literatura produzida em Mato Grosso literatura produzida em Mato Grosso regionalismo e identidades Cuiabá Cathedral Publicações 2006 LEITE Mário Cezar Silva Literatura regionalismo e identidades cartografia matogrossense In Mapas da mina Mapas da mina Mapas da mina Mapas da mina Mapas da mina estudos da literatura em Mato Grosso Cuiabá Cathedral Publicações 2005 p237254 MAGALHÃES Hilda História da literatura do História da literatura do História da literatura do História da literatura do História da literatura do Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso Mato Grosso sécXX Cuiabá Unicen Publicações 2001 MENDONÇA Rubens História da literatura História da literatura História da literatura História da literatura História da literatura matogrossense matogrossense matogrossense matogrossense matogrossense 2ed Cáceres Ed Unemat 2005 NADAF Yasmin Jamil Literatura matogrossense de autoria feminina séculos XIX e XX In SEMINÁRIO NACIONAL MULHER E LITERATURA 6 1995 Rio de Janeiro Anais Anais Anais Anais Anais Rio de Janeiro Nielm 1996 p467484 60 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 Edição nº 008 Dezembro 2009 OSAKAB Haquira Poesia e indiferença In PAIVA Aparecida MARTINS Aracy PAULINO Graça VERSIANI Zeia Orgs Leituras literárias Leituras literárias Leituras literárias Leituras literárias Leituras literárias discursos transitivos Belo Horizonte Ceale Autêntica 2005 p 3754 SILVA Tomaz Tadeu da A produção social da identidade e da diferença In Org Identidade e diferença Identidade e diferença Identidade e diferença Identidade e diferença Identidade e diferença a perspectiva dos estudos culturais 3ed Petrópolis RJ Vozes 2004 p73102 VILALVA Walnice Identidade e nacionalismo caminhos da historiografia literária brasileira RRRRRevista Alere evista Alere evista Alere evista Alere evista Alere Revista do Núcleo de Pesquisa Wlademir DiasPino Universidade do Estado de Mato Grosso campus Universitário de Tangará da Serra v 1 n1 p913 2008

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