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MECANISMOS DE AGRESSAO E DEFESA APLICADOS UNIDADE 01 CLASSIFICACAO E ASPECTOS GERAIS DO DESENVOLVIMENTO DE AGENTES PATOGENICOS Autoria Marcus Sandes Pires Revisdo técnica Itacio Queiroz de Mello Padilha 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados i eeeSSCSSCis Introducgao trodug Nesta unidade iniciaremos os estudos envolvendo a compreensao sobre a classificagdo e os aspectos gerais dos principais agentes patogénicos assim como o que atua no desenvolvimento e crescimento desses organismos Para isso é importante ressaltar a importancia de varias ciéncias correlacionadas como a microbiologia a virologia e a parasitologia Essas ciéncias estudam as particularidades das espécies de bactérias fungos virus ou parasitos que causam danos ou problemas na satide humana Nem todas as espécies de microrganismos sao causadoras de doengas muitas espécies por exemplo estado presentes em nossa pele e no trato intestinal sendo considerados microrganismos comensais ou ditos normais que coabitam em nosso organismo sem causar doenga Além disso muitas espécies coexistem em espécies de animais no solo e nas plantas tendo papel fundamental na existéncia de toda a vida Contudo é importante que vocé conhegca as principais espécies causadoras de doencas sua forma de identificagao e diferenciado assim como as possiveis formas de diagnéstico e prevenao O texto a seguir servira para vocé entender as principais diferenas entre estes organismos a importancia de estudalas e as formas de infecdo para os seres humanos Vocé entendera também as formas de cultivo em laboratorio utilizadas para a sua identificacdo os fatores que afetam seu crescimento e como podemos diferencialos a partir de sua visualizagao em microscopio Na parte final da unidade vocé vera as principais espécies de bactérias causadoras de doengas e suas principais diferencas Aproveite a leitura e bons estudos o ae oe 11 Caracteristicas gerais de bacteérias fungos virus e parasitas Para iniciarmos os estudos em relacdo a estes organismos precisamos identificar suas principais caracteristicas e assim reunilos em grupos ou taxons que apresentem semelhancas sejam elas morfolégicas sejam fisiolégicas bioquimicas e também moleculares A partir desses dados é possivel realizar a classificagdo taxonémica desses organismos Para isso o modelo de classificagdo zooldgica proposto por Linnaeus em 1758 prevalece até os dias atuais sendo utilizado para esta classificacdo embora haja algumas controvérsias e adequades com outros estudos principalmente com a utilizagdo de métodos moleculares que tracam relacées de ancestralidade filogenéticos entre as espécies e seus grupos proximos Inicialmente prop6ésse que as células evoluiram em dois grupos distintos procariotos e eucariotos LEVINSON 2016 sendo os procariotos os organismos que ndo possuem membrana nuclear carioteca ou quaisquer outras organelas membranosas na célula p ex bactérias Ja os eucariotos sao todos os demais organismos que possuem em suas células membrana nuclear e organelas membranosas como mitocéndrias e lisossomos incluindo protozoarios fungos parasitos plantas e animais De uma forma geral a classificacao taxonémica classica amplamente descrita coloca os organismos em cinco grandes reinos chamados Monera bactérias e cianobactérias Protistas protozoarios e algas Fungi fungos e leveduras Plantae plantas e Animalia animais Contudo uma classificagado mais atual descrita por Woese Kandler e Wheelis 1990 enquadra os seres vivos em trés dominios sendo eles Bacteria todas as bactérias e cianobactérias Arquaea arqueas microrganismos que podem sobreviver em lugares com condi6ées climaticas extremas e Eukarya protozoarios fungos plantas e animais httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRmu 223 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados SSS VOCE O CONHECE Carl Richard Woese 19282012 foi um cientista microbiologista e biofisico norte americano que entre trabalhos de destaque apresentou no ano de 1990 um artigo cientifico propondo a inclusdo do dominio Arqueae que seria o de organismos procariontes mas separado das bactérias na classificacdo taxonémica classica Além de viverem na microbiota humana NKANGA HENRISSAT DRANCOURT 2017 e de outros animais ZHOU HERNANDEZSANABRIA GUAN 2009 varias espécies destes microrganismos também tém a capacidade de sobrevivéncia em ambientes de extremas condicées ambientais como elevadas temperaturas e alta salinidade por exemplo Da 111 Bactérias Sao procariontes todas constituidas de uma unica célula mas podem se agrupar em varias células formando uma col6dnia Sua estrutura basica consiste na célula contendo DNA acido nucleico sem envoltdrio conhecido como nucleoide BROOKS et al 2014 e no citoplasma contendo ribossomos estrutura esta responsavel pela producao de proteina para a célula a membrana plasmatica A grande maioria das espécies possui no seu entorno parede celular e capsula Internamente pode apresentar uma estrutura chamada de plasmideos estrutura relacionada a resistentes a antibidéticos e externamente estruturas como o flagelo para a locomogaAo e as fimbrias para a troca de material genético Podem se apresentar em forma arredondada coco de bastonete bacilo espiral espiroqueta e de virgula LEVINSON 2016 Seu metabolismo pode estar relacionado a presena de oxigénio para sobreviver aerdébias ou a sua auséncia anaerébias Podem apresentar ainda uma toleradncia baixa a concentracdo de oxigénio anaerdébias facultativas no meio em que se desenvolvem Sua reproducdo pode ser sexuada troca de material genético ou assexuada divisdo binaria simples LEVINSON 2016 112 Fungos Organismos eucariontes podem ser unicelulares leveduras ou multicelulares Assim como a maioria das bactérias apresentam parede celular contudo constituida de quitina Seu desenvolvimento pode ocorrer no solo na agua e também em organismos vivos como simbiontes convivéncia mutua ou como parasitas a relacdo ecolégica beneficiaria somente o fungo MORAES LEITE GOULART 2008 Podem ser aerébios ou anaerébios e ainda anaerébios facultativos Suas células interligadas formam hifas rede de células interligadas que geram uma malha compacta que se insere no substrato para a realizacdo de suas funédes vitais O conjunto de hifas forma uma estrutura denominada micélio que pode ter fundo reprodutiva produdo de esporos e também funcdo vegetativa responsavel pela nutrido Sua reproducado pode ser httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRmu 323 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados sexuada com troca de material genético ou assexuada pela fragmentacdo brotamento ou esporulacdo do fungo Embora existam muitas espécies que atuam como decompositores de matéria organica no ambiente ou como simbiontes de alguns organismos vivos os fungos também podem acarretar doencas como a exemplo da espécie Sporotrix schenckii causador da esporotricose e da Candida albicans candidiase MORAES LEITE GOULART 2008 113 Virus Os virus sao considerados acelulares e de uma forma geral apresentam uma molécula de acido nucleico DNA ou RNA um capsideo estrutura proteica que envolve o acido nucleico e um envelope caracterizado como uma membrana contendo lipideos podendo ou nao estar presente LEVINSON 2016 Fora da célula hospedeira o virus nao se replica mas quando a infecta é capaz de usar a sua estrutura metabdlica Sua classificagdo esta baseada em suas estruturas e mais recentemente por meio da analise da sequéncia de DNA ou RNA presentes Além da molécula de acido nucleico que pode variar a forma do capsideo também pode apresentar diferencas estruturais de acordo com 0 tipo viral p ex estrutura helicoidal icosaédrico ou complexa Seu acido nucleico DNA ou RNA pode apresentar fita simples ou dupla Além disso podem ter enzimas especificas relacionadas a sua replicacdo transcriptase reversa Sado agentes infecciosos que acometem bactérias plantas e animais BROOKS et al 2014 Temos aqui alguns tipos de virus causadores de doengas de alto impacto na satide publica como o virus da dengue o virus da febre amarela flavivirus 0 virus do sarampo paramixovirus o virus da imunodeficiéncia adquirida ou Aids retrovirus e atualmente o virus que causa a sindrome respiratoria aguda grave coronavirus 114 Parasitos As espécies de parasitos podem ser unicelulares como no caso de protozoarios e multicelulares como ocorre nos chamados vermes ou helmintos Existem também algumas espécies de artropodes que incluem pulgas mosquitos triatomineos e acaros que se destacam por transmitir agentes infecciosos aos seres humanos Os protozoarios tém uma classificacdo complexa com diferentes descri6es na literatura Basicamente estado enquadrados em quatro grandes grupos de acordo com suas estruturas morfoldgicas e os métodos de locomocao Os ameboides amebas sao aqueles que se deslocam no meio por meio da emissdo de falsos pés pseuddépodes que sao na verdade prolongamentos do citoplasma Entamoeba hystolitica causadora da amebiase REY 2009 Outro grupo os flagelados apresentam um ou mais flagelos estrutura fina e longa usada para a locomocdo em algum dos estagios do seu ciclo biolégico Giardia intestinalis e Trypanosoma cruzi Veja uma ilustracdo deste ultimo na figura Protozoario da espécie Trypanosoma cruzi agente etioldgico da doenca de Chagas transmitido por insetos da espécie Triatoma infestans httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjJWJgRYgE4t0OXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP 1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRmu 423 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados va d y q a 17 N y CZ La iy a ee Figura 1 Protozoario da espécie Trypanosoma cruzi agente etioldgico da doena de Chagas transmitido por insetos da espécie Triatoma infestans Fonte DrMicrobe Mediapool 2020 PraCegoVer imagem demonstrando um protozoario no centro na forma classica delgada com uma membrana ondulante no seu entorno e um flagelo livre No entorno deste varias hemacias Os ciliados s4o protozoarios que apresentam no entorno da membrana plasmatica pequenos cilios flagelos curtos usados para movimentacdo em meio aquoso p ex Balantidium coli E por fim ha os esporozoarios protozoarios de importancia médica que nado apresentam estrutura externa de locomogao p ex Toxoplasma gondii Plasmodium falciparum O ser humano pode adquirir a infeccdo por estes protozoarios de diversas formas como por meio da contaminacdo na agua alimentos ou solos contaminados todas por ciclo direto Algumas espécies necessitam de um vetor biolégico ciclo indireto geralmente um inseto para completar o ciclo bioldgico como é 0 caso do agente etioldgico da malaria Plasmodium falciparum que infecta o homem pela picada de um mosquito infectado REY 2009 Assim tanto protozoarios como helmintos podem necessitar de mais de um hospedeiro para completar seu ciclo bioldgico ciclo direto ou indireto No grupo dos vermes ou helmintos existem também diversas particularidades mas de forma geral estado divididos em trés categorias conforme sua morfologia e biologia Sdo eles os trematoides helmintos em forma de folha corpo nao segmentado e achatados dorsoventralmente geralmente de pequeno porte e que tém em sua maioria a necessidade de um molusco como hospedeiro intermediario para completar o ciclo bioldgico Algumas espécies deste tipo de parasito tém grande importancia na satide publica como é 0 caso de Schistosoma mansoni causador de uma parasitose chamada esquistossomose REY 2009 Os cestoides s4o vermes com corpo segmentado e achatado dorsoventralmente em formato de fita com comprimento variado Apresentam na cabea escoélex ventosas eou ganchos de fixacao no trato digestivo do hospedeiro No corpo segmentado apresentam as proglétides que dependendo do tipo estado repletas de grande quantidade de ovos infectantes Destacase como espécie em importancia médica neste grupo a espécie Taenia solium causadora da neurocisticercose Além desses os nematoides vermes cilindricos que variam bastante de tamanho ciclo biolégico e aspectos morfoldgicos Apresentam sistema digestivo completo boca es6fago intestino anus diferentemente dos grupos anteriores O ciclo biol6gico geralmente é direto sem a necessidade de um segundo hospedeiro com algumas excedes Entre algumas espécies podemos citar httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRmu 523 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados Ascaris lumbricoides helminto de tamanho médio que em altas infeccdes pode causar obstrugao intestinal e Ancylostoma duodenale helminto com habito hematéfago alimentase de sangue que em grande quantidade no trato digestivo pode levar a quadros de anemia Por fim o grupo dos artrépodes insetos e acaros tem sua maior importancia principalmente relacionada a capacidade de algumas espécies de transmitir agentes patogénicos como o mosquito Aedes aegypty transmissor do virus da dengue Zika e Chikungunya e o triatomineo da espécie Triatoma infestans inseto transmissor do protozoario Trypanosoma cruzi causador da doenga de Chagas Além disso algumas espécies de pulgas piolhos e carrapatos também podem transmitir bactérias patogénicas para os humanos e 12 Fatores intrinsecos e extrinsecos que controlam o e e e desenvolvimento bacteriano e fungico Sob condiGées naturais os microrganismos se desenvolvem e se reproduzem no meio ambiente mesmo sob condicées climaticas adversas Entretanto em laboratério quando cultivados em meios de cultura apropriados e condiées ambientais controladas cada espécie apresenta caracteristicas prdéprias de crescimento Um aspecto importante sobre o desenvolvimento microbiano é a chamada curva de crescimento que esta dividida em trés fases Esta curva de crescimento destaca a multiplicagdéo dos microrganismos em meio de cultivo apropriado em fundo do tempo de desenvolvimento Geralmente é utilizada para descrever o crescimento de espécies de bactérias mas também pode ser associada a leveduras ou bolores Basicamente eles apresentam as seguintes fases LEVINSON 2016 BROOKS et al 2014 Fase lag laténcia Ocorre alta atividade metabélica dos microrganismos mas nao ocorre a divisdo celular e 0 tempo pode variar de minutos a horas Fase log logaritmica Ocorre o crescimento exponencial do ntimero de células do microrganismo Fase estacionaria Ocorre a exaustao de nutrientes eou acimulo de produtos tdxicos provenientes do metabolismo microbiano Pode haver formagao de httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRmu 623 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados novas células mas a contagem total permanece constante devido a ocorréncia de morte celular Fase de declinio A velocidade de morte celular aumenta e ocorre uma diminuido consideravel de células viaveis no meio ao longo do tempo Nesta fase os nutrientes necessarios ja estéo muito reduzidos Algumas células chamadas de viaveis mas nao cultivaveis podem estar presentes no meio 121 Fatores intrinsecos relacionados ao crescimento bacteriano e fungico A presenga de nutrientes necessarios para os microrganismos no substrato de desenvolvimento é um fator determinante para o sucesso do procedimento Este deve conter as fontes de energia para o microrganismo carboidratos lipideos fonte de carbono nitrogénio enxofre e fésforo além de outros minerais A relacdo da pressdo osmotica regulada pela maior ou menor pressdo de sal no substrato pode influenciar diretamente o crescimento microbiano Existem algumas espécies que necessitam de uma maior concentraao de sal no meio halofilicos outras necessitam de altas press6es osmdticas osmofilicos BROOKS et al 2014 A escala de pH quantidade de ions de hidrogénio no meio é um aspecto muito importante na sobrevida destes microrganismos e cada espécie tem uma faixa 6tima de desenvolvimento Geralmente esta faixa se encontra entre os valores de pH em torno de 60 a 80 préximo da neutralidade mas alguns podem se desenvolver em meio acido p ex pH03 ou meio basicos p ex pH10 BROOKS et al 2014 Leveduras e fungos podem se desenvolver em substratos mais acidos 122 Fatores extrinsecos relacionados ao crescimento bacteriano e fungico A temperatura é um fator fundamental que influencia o crescimento bacteriano Com a variado de espécies que crescem melhor em diferentes faixas de temperaturas podemos classificar os microrganismos em psicrofilos de 5 a 15C psicrotéficos 20 a 30C mesdfitos 30 a 37C terméfilos 40 a 60C e hiperterméfilos 80 a 100C BROOKS et al 2014 Outra importante fonte de influéncia no crescimento microbiano é a presenga de oxigénio Microrganismos que necessitam de oxigénio sdéo denominados aerdbicos aqueles que crescem na auséncia de oxigénio anaer6bios e ha aqueles que podem crescer tanto na auséncia como na presenca de oxigénio denominados anaerobios facultativos BROOKS et al 2014 A umidade também é um importante fator a se considerar pois assim como a presenga de agua no proprio substrato varia de 80 a 90 de agua a umidade do ambiente em que se encontra o microrganismo pode inibir ou favorecer seu crescimento Confira uma imagem de um alimento em que os fatores intrinsecos e httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRmu 723 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados extrinsecos foram favoraveis ao desenvolvimento de microrganismo ftngico na figura Presenga de crescimento fungico em um alimento ae OO OF as ax ois WN 9 On a Re NN Ny se eo i Ae a om waite 4 ve nn wr A BRS Beet Noha te ee ef ee a6 ar i ra 5 re 7 ia PE au he mk Mae 79 task j Ze je ave i yal ae Se if Rn a ste rer Pr or gt hs rt a ics a La rid Fd a i 4 a ey hate he ince 5 i a a 01 Ast iy ty yd TA Ege ky Sorte kw ae Ley eas fa ihe i om 4 8 te Ey ee od Pea we 45 Sipe eee a 3 7 a 4 hia Ot i a td Pear ld Er ae i a eel Boa Ped Weed P Figura 2 Presenca de crescimento fingico em um alimento Fonte ShutterStork Mediapool 2020 PraCegoVer a imagem mostra um pao de formato inteiro contendo diversas coldnias e bolores de fungos em sua superficie Embora todos esses fatores estejam relacionados ao crescimento microbiano vale destacar que no meio ambiente nao controlado varios outros fatores podem influenciar o desenvolvimento desses agentes como radiag6es solares interagdes entre outras espécies de microrganismos presenga de substancias quimicas desinfetantes etc httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRmu 823 07112022 2045 Mecanismos de agressão e defesa aplicados httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4t0XHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQl1TGg3d3dcdCRmu 923 VOCÊ SABIA Entre as bacterias que podem sobreviver em altas temperaturas uma especie se destaca na area da microbiologia Thermus aquaticus Esta especie de bacteria foi descrita em fontes de aguas termais A partir dessa bacteria foi possıvel isolar a DNA polimerase termoestavel Taq polimerase presente em seu acervo metabolico que tem relaçao direta com a sıntese de DNA BROOKS et al 2014 A partir da descoberta dessa enzima foi possıvel o desenvolvimento de tecnicas moleculares de diagnostico como a PCR reaçao da cadeia da polimerase muito importante na atualidade da medicina como metodo de diagnostico para alguns agentes infecciosos 13 Manobras assépticas e técnicas de semeadura de bactérias e fungos A partir do crescimento microbiologico em laboratorio com meios de cultura apropriados e sob condiçoes controladas foi possıvel o avanço no conhecimento da biologia desses organismos Vale destacar que a garantia de bons resultados para esse cultivo em laboratorio seja pela sobrevivencia dos microrganismos seja pela ausencia de contaminaçoes cruzadas se deve tambem as boas praticas laboratoriais implementadas nesses ambientes favorecendo bons resultados mas tambem garantindo a segurança dos laboratoristas na realizaçao de estudos e pesquisas com o emprego da biossegurança nesses locais O conceito de biossegurança inclui todas as açoes necessarias para prevençao reduçao ou eliminaçao de riscos relacionados a atividade de pesquisa produçao ensino eou atividade que promova algum risco a saude humana e animal alem de garantir a preservaçao ambiental e garantir os resultados TEIXEIRA VALLE 2010 apud SANGIONI et al 2013 Entre as condutas esta a utilizaçao de boas praticas laboratoriais BPLs como BRASIL 2006 SANGIONI et al 2013 Acesso ao laboratorio somente de pessoas autorizadas Praticas de lavagem das maos antes e apos os procedimentos 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados Utilizagdo de equipamentos de proteao individual EPI como luvas jalecos eou aventais Realizar protocolos de procedimentos operacionais padroes POPs para cada atividade técnica eou equipamento a ser utilizado no laboratorio Descarte adequado dos residuos bioldgicos conforme legislacao vigente Treinamento adequado para todos que venham utilizar o laboratorio entre outras Os equipamentos de protedo individual sao essenciais assim como equipamentos de protecdo coletivo EPC p ex autoclave As normas e condutas que serao aplicadas no laboratério devem seguir a legislacao vigente estando de acordo com a classificagdo de risco determinada conforme os microrganismos ali manipulados Assim cada laboratério recebe esta classificacdo conforme o nivel de biossegurana NB1 NB2 NB3 e NB4 e suas normas condutas e procedimentos sdo relacionados de acordo com sua classificacdo BRASIL 2006 BRASIL 2017 E importante entender também quais sao os tipos de riscos associados a atividade laboratorial risco bioldgico quimico fisico ergométrico de acidente HIRATA MANCINI FILHO 2002 apud SANGIONI et al 2013 para minimizalos e garantir o correto funcionamento do laborat6rio e a segurana de seus técnicos e colaboradores httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 1023 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados SSS VOCE QUER LER Classificacdo de risco dos agentes biolégicos 6 uma publicagdo do Ministério da Satide 2017 elaborada para que haja um melhor entendimento do modo como é feita a classificagao dos niveis de biosseguranca dos laboratorios BRASIL 2017 Tratase de uma leitura importante para quem trabalha em areas que envolvem agentes bioldgicos SSS 131 Procedimentos da semeadura microbiana O procedimento de semeadura microbiana consiste em separar ou isolar os microrganismos presentes em uma determinada amostra ou substrato Este procedimento exige inicialmente a utilizagdo de um meio de cultura nao seletivo em forma liquida ou sdlida que fornecera nutrientes necessarios para uma gama de espécies de microrganismos poderem se desenvolver Contudo para se obter uma Unica cultura pura deste meio de cultivo outros procedimentos devem ser adotados de forma que sua progénie permanega isolada das demais bactérias presentes na amostra BROOKS et al 2014 Para isso um meio de cultivo sdlido é utilizado tendo geralmente como agente solidificante em sua composicao o agar polissacarideo obtido a partir de algas vermelhas BROOKS et al 2014 Este agente sdlido tem como propriedade estar em fase liquida a uma temperatura de 100C e sélida formato gelatinoso quando em temperatura ambiente o que permite sua utilizacdo para o cultivo microbiolégico Além disso os meios de cultura sélidos para crescimento microbiano apresentam variacdes em seus componentes como determinado nutriente ou substrato p ex agar sangue agar MacConkey Geralmente sdo colocados em pequenas quantidades em placas de Petri para a realizacdo do cultivo destes microrganismos Feita esta etapa fazse a semeadura da soludo contendo os microrganismos apds diluicgdo por espalhamento na placa utilizando uma alca de vidro ou de platina espalhando ao longo da superficie da placa com agar Este espelhamento ou semeadura requer uma metodologia especifica comegando a semeadura pelas bordas da placa de cultivo e depois de forma continua em outra borda até que por fim pode se proceder no centro da placa favorecendo desta forma o crescimento de uma colénia isolada BROOKS et al 2014 A figura Presenca de crescimento microbiano mostra 0 resultado de uma semeadura em meio de cultivo httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP 1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRmu 1123 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados yy a a o oh en aa eee aa as Ay mFS a eee Ee a Figura 3 Presenga de crescimento microbiano Fonte Zaharia Bogdan Rares Shutterstock 2020 PraCegoVer imagem demonstrando uma placa de Petri contendo o desenho de varias coldénias de microrganismo em diferentes sentidos A semeadura em placa de cultivo deve ser sempre realizada préximo a um bico de Bunsen equipamento este que cria um tipo de chama e é utilizado para se manter 0 entorno préximo ao meio de cultivo antes da semeadura estéril Além disso com a sua utilizacdo podese promover a esterilidade de bordas dos tubos com meios de cultivos e das alas utilizadas na semeadura Como estes procedimentos sdo feitos flambando estes equipamentos na prdépria chama existe um protocolo padrao para este método que deve ser preconizado para garantir a seguranca do laboratorista e também do procedimento correto de semeadura Este procedimento também pode ser realizado em capelas de segurana bioldgica equipamento que é utilizado para o manuseio de microrganismos A correta esterilizagdo do material utilizado como placas de Petri alcas de platina ou pipetas graduadas garante a auséncia de contaminado O correto posicionamento do material favorece o trabalho do laboratorista assim como evita riscos de acidentes Por fim o material de descarte do laboratério deve apresentar um protocolo de controle de residuos conforme protocolos de biosseguranca como utilizacdo da autoclave do material antes do descarte entre outros protocolos BRASIL 2006 Seja em um laboratoério de rotina clinica ou de pesquisa académica seja em um centro cirtirgico o controle rigoroso de fontes de contaminado microbiolégica deve ser bem elaborado Para isso entender conceitos como assepsia antissepsia desinfeccdo ou esterilizacdo é muito importante MORIYA MODENA 2008 Assepsia Consiste nas medidas necessdarias para garantir a auséncia de microrganismo em determinado ambiente que ja esteja totalmente estéril httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 1223 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados Antissepsia Consiste no conjunto de medidas necessarias para inibir ou remover os microrganismos e tem sua relacdo com a limpeza de tecidos vivos como a pele Desinfeccao Procedimento de destruido de microrganismos infecciosos ou suas toxinas mas nado remove as formas de resisténcia deles Esterilizagao Promove a destruido de todos os microrganismos seja por meio de métodos quimicos seja por fisicos Para a desinfecado da carga microbiana sao utilizados agentes quimicos que causam a morte celular destes microrganismos pela acdo quimica sobre a membrana celular contendo lipideos deles causando sua ruptura p ex alcool 70 detergentes pela modificagdo das proteinas do agente microbiano p ex cloro tintura de iodo a 2 e pela modificaao do seu DNA p ex formalina LEVINSON 2016 Cada um deve ser usado de acordo com a area a ser higienizada e o objetivo em questdo Assim podem ser usados como antisséptico para higienizar a pele soludo de iodo a 2 ou como biocida para limpar bancadas de trabalho ou materiais contaminados p ex Agua sanitaria Podem ser usados também métodos fisicos para a redudo ou eliminacdo da carga microbiana Um dos métodos mais preconizados na rotina laboratorial é a esterilizagdo de microrganismos pelo calor seja pelo método de calor seco seja por calor imido O calor seco é utilizado por meio de estufas que mantém a temperatura de 160C a 170C durante duas horas sdo utilizadas para esterilizar material seco vidrarias seringas instrumentos cortantes dentre outros MORIYA MODENA 2008 Ja a autoclave é um equipamento que tem como principio a utilizacao de calor Gmido httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 1323 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados pressdo temperatura e umidade para realizar a esterilizagdo a temperatura geralmente é mantida em 121C com uma press4o constante de 15 lbpol durante 1520 minutos LEVINSON 2016 Esse tipo de esterilizacdo é usado para meios de cultura solucées salinas instrumentos sem ser para corte e vidrarias sem precisdo LEVINSON 2016 132 Meios de cultura e coloragao de Gram Os meios de cultivo das andlises microbiolégicas variam bastante mas em geral devem conter uma fonte de energia para o microrganismo e outros metabdlitos essenciais a sua sobrevivéncia Basicamente estes sao classificados em meios de cultivo microbiolégico seletivos e nado seletivos sendo os seletivos aqueles utilizados para alguma espécie ou grupo especifico de interesse que tém na sua composido alguma substancia ou elemento quimico que reduz as chances de outros microrganismos crescerem ao mesmo tempo Ja os meios nao seletivos propiciam o crescimento microbiano de uma vasta variedade de microrganismos Além disso os meios de cultivo podem ser também diferenciais ou seja por meio do metabolismo bacteriano as col6nias em meios especificos podem ou nado formar pigmentos e halos em seu entorno ou haver a producao de algum gas especifico devido ao seu metabolismo BROOKS et al 2014 Estes testes sao intitulados testes bioquimicos e sdo amplamente utilizados para a diferenciagdo entre as espécies e os grupos de bactérias em muitos laboratérios clinicos BROOKS et al 2014 Entre aqueles mais utilizados destacam se os seguintes BROOKS et al 2014 Quebra de carboidratos especificos p ex glicose lactose sacarose que serdo metabolizados pelos microrganismos Produgao de catalase teste que utiliza o perdxido de hidrogénio que na presena de microrganismos com essa enzima catalase libera o oxigénio formando bolhas de gas Utilizagdo de citrato meio que tem somente o citrato como fonte de carbono e apenas algumas bactérias conseguem utilizalo Coagulase presente em alguns microrganismos que conseguem converter fibrinogénio em fibrina Reducdo de nitrato em nitrito Producao de oxidase Confira um exemplo na figura Diferentes tipos de coldnias bacterianas cultivadas em meios especificos em placas de Petri httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 1423 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados 2 P A atta Laat he ip lla tf Ae EN j m rete ea Se fe 1 ps ie oe ce os a ae go maar as ee oe rae a a Peo 4 4 P ee Je RS a F f f E eae fae po ae ry oa ri oe Ss ee see ee ew Ld snc r P Figura 4 Diferentes tipos de coldnias bacterianas cultivadas em meios especificos em placas de Petri Fonte Jarun Ontakrai Shutterstock 2020 PraCegoVer na imagem ha seis placas de Petri com meios de cultura de varias cores demonstrando a diversidade de meios em cada uma ha diferentes formatos de colénias bacterianas Uma metodologia classica para a separacdo entre os principais grupos de bactérias é a utilizacdo do método de coloracdo de Gram Esta colorado se baseia na pigmentacdo da parede celular da bactéria que quando apresenta uma grande quantidade de peptidoglicano é classificada como bactéria grampositiva e quando apresenta uma menor quantidade é classificada como gramnegativa As grampositivas se coram em azul por esta metodologia e as gramnegativas se coram em rosa Confira uma demonstracdo de bactérias em microscopia Optica por meio da coloracdo de Gram utilizada como método para diferenciar espécies bacterianas em dois grandes grupos grampositivos e gramnegativos na figura Demonstraao de bactérias em microscopia 6ptica por meio da colorado de Gram httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 1523 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados 1B ta Ro ay Bg Rae fF at we 4 tose dy f Se Ree e i er ts am te a we Fy pees 3 gf ig 8 the t a e 4 t ey ernel e ideal ie Wr F o a ai p a anne alee ea aie Figura 5 Demonstrado de bactérias em microscopia 6ptica por meio da coloraao de Gram Fonte Schira Shutterstock 2020 PraCegoVer a imagem mostra a presenga de varias bactérias em formato de cocos redondas de cor azul grampositivas e cor rosa gramnegativas De forma resumida este é 0 passo a passo para sua realizacao LEVINSON 2016 Iniciase fixandose uma amostra de coldénia celular em lamina de vidro pelo calor Depois se acrescenta um corante cristal violeta que ira corar as bactérias em azul Depois se lava com agua corrente Em seguida acrescentase solucdo de iodo e se descora a lamina com solvente organico etanol ou acetona Incluise o corante safranina que ira corar de vermelhorosa as bactérias gramnegativas httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 1623 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados Vale lembrar que algumas bactérias nado tém parede celular como a Mycoplasma sp portanto esta metodologia nao funciona na coloracao deste género LEVINSON 2016 ge o ae 14 Classificacgao dos grupos bacterianos e caracteristicas gerais Sua estrutura basica compreende a parede celular que em bactérias grampositivas além de maior quantidade de peptidoglicanos também podem apresentar presena de acidos teicoicos que se projetam para fora do peptidoglicano LEVINSON 2016 Ja nas bactérias gramnegativas apds a membrana citoplasmatica interna e a camada de peptideoglicano existe também uma membrana externa com a presena de estruturas chamadas lipopolissacarideos LPS também denominada de endotoxinas responsavel por diversos sinais e sintomas severos quando esta relacionada a infecao no ser humano Neste tipo de bactéria 6 comum haver no espaco entre a membrana externa e a camada de peptidoglicanos enzimas importantes como a B lactamase que tem atuado na degradacdo de alguns tipos de antibidticos Rlactamicos como penicilinas e cefalosporinas LEVINSON 2016 No interior das bactérias encontrase o DNA nucleoide podendo haver a presenca de plasmideos DNAs extracromossomais e transposons pequenos DNAs que se deslocam entre os plasmideos e 0 DNA principal da bactéria Ribossomos fimbrias Pili e flagelos comp6em estruturas que podem estar presentes em algumas espécies no exterior da parede celular Além disso muitas bactérias apresentam uma estrutura externa chamada capsula geralmente formada por polissacarideos que tem uma relado direta com fatores de viruléncia LEVINSON 2016 Ha também alguns grupos de bactérias que formam uma estrutura de resisténcia denominada esporos que ocorre quando as bactérias encontram condiées ambientais adversas a sua sobrevivéncia como a reducdo de algum nutriente fundamental BROOKS et al 2014 141 Cocos gramnegativos Neisseria e bacilos gramnegativos Enterobactéria Vibrio Pseudomonas e Acinetobacter O género Neisseria é formado por bactérias diplococos gramnegativas iméveis que crescem em ambiente aerobio mas algumas em ambientes anaerébios BROOKS et al 2014 Ha duas espécies de importancia médica sendo N gonorrhoeae classificada como gonococos o agente causador da gonorreia doena sexualmente transmissivel em humanos que acomete o tecido do trato urogenital LEVINSON 2016 Em homens causa uretrite com producdo de descarga purulenta podendo ocorrer epididimite nas mulheres pode se apresentar na forma assintomatica ou sintomatica sendo observada a presenca de secreao vaginal purulenta cervicite e em alguns casos infeccdes das trompas uterinas LEVINSON 2016 Sua prevencao se da pelo uso de preservativos e tratamento das pessoas doentes Ja a espécie N meningitidis é 0 agente causador da meningite meningocécica que causa nos individuos febre cefaleia rigidez da nuca e vémito evoluindo ao coma LEVINSON 2016 BROOKS et al 2014 Esta espécie de bactéria pode ser adquirida pelo ar entrando através da nasofaringe da pessoa e atingindo a corrente sanguinea espalhandose e alcangando as meninges LEVINSON 2016 O tratamento preconizado é o uso de antibidticos do tipo penicilina G e a vacinacao é considerada o método preconizado para a prevenao da doenca Bacilos gramnegativos sao bactérias com importdncia médica tendo destaque a familia Enterobacteriaceae Vale destacar que nem todas as espécies estado relacionadas a doencas mas fazem parte da microbiota normal do trato intestinal sendo todos anaerébios facultativos Os géneros de destaque sao Escherichia Salmonella Shigella Campilocater Vibrio entre outros LEVINSON 2016 A espécie Escherichia coli é um dos agentes mais comuns de causar infecdes urinarias principalmente em mulheres além de ter associacéo com quadros de diarreia BROOKS et al 2014 ou meningite e sépsis em neonatos LEVINSON 2016 Nessas espécies é possivel observar subgrupos definidos que causam infecdes com sintomatologias especificas httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 1723 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados como E coli enteropatogénica E coli enterotoxigénica E coli produtora de toxinas entre outras BROOKS et al 2014 Assim embora a E coli esteja presente no trato intestinal normalmente pode causar infecao quando alcana outro tecido ou mesmo no intestino gera doenca devido a caracteristica da cepa p ex E coli 0157 LEVINSON 2016 A producdo de enterotoxinas produzidas por E coli também tem relacdo com os quadros diarreicos que podem ser leves ou podem ser quadros enterohemorragicos linhagens 0157H7 LEVINSON 2016 Da VOCE SABIA A Escherichia coli muito utilizada na engenharia genética e atua como verdadeiras usinas biolégicas Sua escolha se deve ao fato de o seu cultivo em laboratério ser facil e rapido Linhagens geneticamente modificadas sao usadas como ferramentas para clonar genes e produzir medicamentos recombinantes como enzimas hormOnios e vacinas RN Varias espécies de Salmonella sp podem causar infecdo no ser humano seja pela contaminacao fecaloral seja por produtos de origem animal contaminados seja por contato com animais infectados FLORES MELO 2015 Podem causar trés tipos de doengas sendo a primeira delas as febres entéricas tendo como principal causador a S typhi febre tifoide que invade o tecido do intestino delgado e depois a circulacdo causando malestar febre constipacdo e mialgia BROOKS et al 2014 A infecdo se inicia no intestino na placa de Peyer 6rgao linfoide indo para o figado e 0 baco LEVINSON 2016 gerando hepatite necrose focal do figado e inflamacdo da vesicula biliar BROOKS et al 2014 Outra espécie também com destaque médico éa S paratyphi que esta relacionada a febre entérica LEVINSON 2016 Sua prevencdo esta relacionada a medidas de higiene no cozimento de alimentos e também no tratamento da agua LEVINSON 2016 Outro importante género Shigella também se caracteriza como uma enterobactéria com contaminacao fecal oral sendo que a transmissd4o se da pelo contato com alimentos contaminados fezes e moscas BROOKS et al 2014 A infecdo ocorre por invasdo do tecido epitelial causando um quadro de enterocolite disenteria bacilar que se caracteriza como febre e cdlicas abdominais seguida de diarreia aquosa que pode evoluir para presenca de sangue e muco e a doenga pode variar de leve a grave LEVINSON 2016 Boas praticas de fabricacdo relacionada ao preparo de alimentos e consumo de agua tratada e higiene pessoal sao formas de prevenao As espécies Klebsiella pneumoniae Enterobacter cloacae e Serratia marcescens sao espécies entéricas que podem causar doenas como pneumonia e infecées urinarias Klebsiella pneumoniae é um desses agentes que em grupos especificos como diabéticos ou idosos causam pneumonia e tem relacdo com infecdes hospitalares Da mesma forma E cloacae e S marcescens estao associadas a hospitalizagdo LEVINSON 2016 httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 1823 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados O Vibrium cholerae também se caracteriza como um bacilo gramnegativo que apresenta movimento flagelo e tem formato curvo caracteristico em virgula E 0 agente etiolégico da célera doenca grave em humanos que é caracterizada como uma diarreia aquosa profunda que evolui para um quadre grave de desidrataao sem tratamento pode levar a morte 25 a 50 BROOKS et al 2014 sendo sua patogenicidade relacionada a producdo de enterotoxinas pela bactéria no organismo do individuo acometido Seu controle se baseia em um efetivo saneamento boas praticas na producdo de alimentos assim como controle da qualidade da agua para consumo sendo sua ocorréncia descrita historicamente em formas de pandemias BROOKS et al 2014 Campilobacter jejuni e C coli ambas gramnegativas também apresentam formato de virgula e so moveis A infeccdo ocorre pela ingestao de alimentos contaminados ou por contato com animais infectados LEVINSON 2016 Os individuos doentes apresentam malestar cefaleia diarreia intensa sendo uma doena autolimitante Pseudomonas e Acinetobacter sdo géneros de bactérias méveis e aerdbias que estdo presentes no meio ambiente como no solo e na agua e que em alguns casos tém relacdo com doencas em humanos Infecdes por Pseudomonas aeroginosa tém uma associaao com individuos que apresentam elevado comprometimento tecidual como em casos de queimaduras ou em pessoas imunodeprimidas Podem gerar infecées urinarias ou respiratorias devido a procedimentos médicos invasivos com material contaminado portanto tém relacdo com infecdes hospitalares BROOKS et al 2014 O género Acinetobacter sAo cocobacilos gram negativos sendo considerados da microbiota normal mas que podem causar infeccdes em imunodeprimidos tendo relatos com infecdes hospitalares LEVINSON 2016 142 Cocos grampositivos Staphlococcus Streptococcus Enterococcus e bacilos grampositivos Listeria Bacillus Clostridium Corynebacterium Os cocos grampositivos apresentam alguns géneros de importancia médica como Staphylococcus células em formato arredondado que podem se apresentar agrupados de formas variadas semelhante a cachos de uva BROOKS et al 2014 Em meios especificos podem ser classificados em coagulase positiva hemélise em agar sangue como a espécie S aureus ou coagulase negativa S epidermidis Algumas espécies de Staphylococcus podem estar presentes na microbiota normal da pele mas outras podem promover infecées cutaneas abscessos intoxicagdées alimentares ou até infeccdes graves BROOKS et al 2014 Ja os géneros Streptococcus e Enterococcus se apresentam em forma de cocos aos pares ou em cadeias continuas podendo fazer parte da microbiota normal espécies como S pyogenes podem promover faringites febre reumatica piodermite e também quadros de septicemia BROOKS et al 2014 Outras espécies também tém importancia médica como a S agalactidae que pode promover sepse em neonatos e bacteremia em adultos e S pneumoniae que promove pneumonia meningite e endocardites BROOKS et al 2014 Ja a espécie Enterococcus faecalis embora faga parte da microbiota normal também é incriminada por infeccées hospitalares As bactérias em formato de bacilos grampositivas podem ser classificadas em formadoras de esporos e nado formadoras de esporos Entre as formadoras de esporos tém destaque os géneros Bacillus e Clostridium O género Bacillus tem algumas espécies de importancia médica sendo a principal delas B anthracis relacionada a doengas em animais e no ser humano Também se destaca como agente utilizado em bioterrorismo Este género se apresenta como um bastonete é aerdbio e geralmente ocorre em agrupamento formando cadeias longas fileiras Um exemplo dessas fileiras esta na figura Bactérias da espécie Bacillus anthracis em formato caracteristico de fileiras Quando ocorre em animais por exemplo devem ser tomadas medidas profilaticas cuidados profilaticos com carcaga de animais contaminados por apresentar esporos que permanecem viaveis no ambiente por muito tempo O ser humano pode se infectar pela pele com les6es por inalacdo e pela via gastrointestinal raro BROOKS et al 2014 Sua patogénese esta relacionada a produao de exotoxinas fator de edema fator letal e antigeno protetor que no interior do organismo da pessoa infectada causam uma série de disturbios fisiol6gicos culminando em uma enfermidade de elevada httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 1923 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados gravidade que pode levar ao débito Outras espécies também apresentam importdncia mas sem tanta gravidade como B cereus e B thuringiensis que podem causar intoxicaado alimentar em humanos também causada pela producdo de toxinas BROOKS et al 2014 Fey matty ep Aw Sti Sere SO yy 3 Ey iB adj 7 e e be a Yi i Ts iu y i a a a aes aa a vat os it a oN Figura 6 Bactérias da espécie Bacillus anthracis em formato caracteristico de fileiras Fonte DrMicrobe Mediapool 2020 PraCegoVer a imagem demonstra bactérias em formato de bastonetes enfileirados e juntos em varias direcées da espécie Bacillus anthracis O género Clostridium caracterizase como bacilos anaerébios e méveis tendo como seu habitat natural o solo eou o trato gastrointestinal de animais e humanos Tém importancia as espécies Clostridium botulinium C tetani e C perfringens Sua patogénese esta relacionada principalmente a producdo de toxinas sendo o botulismo a patogénese relacionada ao Clostridium botulinium Este pode formar esporos bem resistentes ao calor presentes no solo e consequentemente contaminar os alimentos Quando ocorre o seu crescimento toxinas sdo liberadas no meio em que estado tipo de toxina de A até G BROOKS et al 2014 Alimentos enlatados ou embalados a vacuo sem a devida esterilizacdo promovem um ambiente anaeroébio propicio para a proliferacdo desta bactéria e a consequente liberado da toxina botulinica no alimento LEVINSON 2016 Quando a toxina entra no organismo promove fraqueza paralisia disfagia e insuficiéncia respiratéria LEVINSON 2016 sendo alta a taxa de mortalidade Pode ser adquirida também por meio de contaminacdo de um ferimento na pele LEVINSON 2016 httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 2023 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados SSS VOCE QUER VER O filme Epidemia do ano de 1995 dirigido por Wolfgang Petersen tem como tema principal um virus letal que tem sua origem na Africa e acaba chegando acidentalmente aos EUA afetando uma populacdo de uma pequena cidade que fica em quarentena sob a tutela do exército Ao longo da trama narramse alguns conceitos de epidemiologia e biosseguranga Assista e comente com os colegas 0 que achou SSS Clostridium tetani é a bactéria causadora do tétano que esta presente no solo e penetra no organismo humano geralmente por um ferimento causado por objeto perfurante As células vegetativas no ferimento produzem a toxina tetanica que causa na pessoa um quadro de espasmos musculares fortes seguidos de insuficiéncia respiratoria alta taxa de mortalidadade Sua caracteristica é uma paralisia espastica contracdo muscular diferente do botulismo que se caracteriza por ser paralisia flacida pouca ou nenhuma contraao muscular LEVINSON 2016 Sua prevenao decorre da vacinaao infantil e reforco vacinal a cada dez anos LEVINSON 2016 Por fim temos a C perfringens que também esta presente no solo mas seus esporos podem contaminar alimentos Quando ingerida sua toxina causa diarreia e vomito sem grandes agravos Esta espécie também é responsavel pela gangrena gasosa que ocorre quando ha infeccdo de uma ferida contaminada e producao no tecido subcutaneo de gas causando crepitacdo e necrose do tecido sendo nesses casos uma infeccdo grave BROOKS et al 2014 Listeria monoctogenes e Corynebacterium diphtheriae sao classificadas como bacilos grampositivos mas nado formadores de esporos A primeira tem uma importante capacidade de sobrevivéncia em ambientes com condicées climaticas adversas sendo importante por vinculacdo alimentar BROOKS et al 2014 Caracterizase como anaerobio facultativo e apresenta certa motilidade podendo causar meningite e sépsis em recémnascidos e imunodeprimidos LEVINSON 2016 Em individuos normais pode desenvolver um quadro de gastroenterite febril apds trés dias cessam os sintomas BROOKS et al 2014 Corynebacterium diphtheriae tem sua morfologia caracteristica em forma de clava BROOKS et al 2014 Causa difteria cutanea caracterizada por feridas infectadas que apresentam dificuldade de cicatrizacdo Pode se manifestar também na forma respiratéria sendo que primeiro ocorre infecado do tecido faringeo podendo atingir a laringe e a traqueia causando obstrudo LEVINSON 2016 Miocardite e paralisia dos nervos craniais podem também serem observados Nos dois casos a gravidade da doenga esta relacionada também a producao de toxina diftérica Também como forma de prevenao a vacinaao neste caso é uma importante ferramenta de combate a doenga Conclusao httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 2123 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados Diante dos temas abordados aqui nesta unidade podemos perceber importantes conceitos sobre os microrganismos os tipos de agentes infecciosos que acometem os seres humanos com destaque para as principais espécies de bactérias patogénicas assim como formas de cultivo em laboratério Nesta unidade vocé teve a oportunidade de e Observar as principais estruturas e caracteristicas presentes em bactérias fungos virus e parasitos destacandose as principais espécies que provocam doencas nos seres humanos e Aprender sobre os fatores relacionados ao crescimento microbiano e o que pode influenciar o seu desenvolvimento e Entender os principais procedimentos e técnicas utilizadas no cultivo microbiano destacando a importancia da biosseguranga na rotina do profissional da satde Por fim conhecer as principais espécies bacterianas relacionadas a agravos na saude humana destacando suas diferencas morfoldgicas dos grupos de importancia e os aspectos relacionados a infeccdo e a doenca que estas promovem Clique para baixar o contetido deste tema Bibliografia BRASIL Biossegurana em laborat6érios biomédicos e de microbiologia Ministério da Saude Secretaria de Vigilancia em Satide Departamento de Vigilancia Epidemiolégica 3 ed Brasilia Ministério da Saude 2006 290p BRASIL Classificagdo de risco dos agentes biolégicos Ministério da Satide Secretaria de Ciéncia Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento do Complexo Industrial e Inovacdo em Satde Brasilia Editora do Ministério da Satide 2017 48 p Série A Normas e Manuais Técnicos BROOKS F G et al Microbiologia médica de Jawetz Melnick e Adelberg Lange 26 ed Porto Alegre AMGH 2014 EPIDEMIA Direcdo Wolfgang Petersen Producdo Warner Bros Califérnia Estados Unidos Warner Bros 1995 1 DVD 128 min FLORES A M P C MELO C B Principais bactérias causadoras de doengas de origem alimentar Revista Brasileira de Medicina Veterinaria v 37 n 1 p 6572 2015 Disponivel em httprbmvorgindexphpBJVM articledownload361833httprbmvorgindexphpBJVM articledo wnload361833 httprbmvorgindexphpBJVM articledownload361833 Acesso em 6 jul 2020 HIRATA M H MANCINI FILHO J B Manual de biosseguranga Barueri SP Manole 2002 495p LEVINSON W Microbiologia médica e imunologia 13 ed Porto Alegre RS Artmed 2016 httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 2223 07112022 2045 Mecanismos de agressao e defesa aplicados MORAES R G LEITE I C GOULART E G Parasitologia e micologia humana 5 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2008 MORIYA T MODENA J L P Assepsia e antissepsia técnicas de esterilizagdo Medicina Ribeirdo Preto v 41 n 3 p 265273 2008 NKANGA V D HENRISSAT B DRANCOURT M Archaea Essential inhabitants of the human digestive microbiota Human Microbiome Journal v 3 p18 2017 REY L Bases da parasitologia médica 3 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2009 SANGIONI L A et al Principios de biosseguranca aplicados aos laboratérios de ensino universitario de microbiologia e parasitologia Ciéncia Rural v 43 n 1 p 9199 2013 TEIXEIRA P VALLE S Biosseguranca uma abordagem multidisciplinar 2 ed Rio de Janeiro RJ Fiocruz 2010 442 p WOESE C R KANDLER O WHEELIS M L Towards a natural system of organisms Proposal for the domains Archaea Bacteria and Eucarya Proceedings of the National Academy of Sciences v 87 p 45764579 1990 ZHOU M HERNANDEZSANABRIA E GUAN LL Assessment of the microbial ecology of ruminal methanogens in cattle with different feed efficiencies Applied and Environmental Microbiology v 75 p 65246533 2009 httpsstudentulifecombrContentPlayerIndexlcyhINEjWJgRYgE4tOXHba8A3d3dlqpZ9aAYwgP1hO4bTQI1TGg3d3dcdCRm 2323