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UNINASSAU PAULISTA DOCENTE EVALDO DANTAS DA SILVA JUNIOR AGRESSÃO E DEFESA EXERCÍCIOS 01 De acordo com o artigo enviado com o título Evolução Histórica do Conceito de Doença após a leitura minuciosa fazer uma resenha crítica descritiva abordando os principais pontos norteadores encontrados ao longo dessa divulgação científica 02 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina conceitue com suas palavras a ciência patologia 03 De acordo com os fatos históricos da patologia geral justifique com suas palavras por que as doenças eram diagnosticadas pelo desequilíbrio do fluido vital 04 No tocante as questões religiosas qual a relação existente com a ciência patologia explique 05 Justifique com suas palavras a importância do desenvolvimento da microscopia com a ciência patologia 06 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre as variações genéticas associadas as doenças 07 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre a organização das histonas 08 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre a manutenção celular 09 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre a membrana plasmática e proteçãoaquisição de nutrientes 10 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre as interações célulacélula UNINASSAU PAULISTA DOCENTE EVALDO DANTAS DA SILVA JUNIOR AGRESSÃO E DEFESA EXERCÍCIOS Instruções de entrega 1 Entregar apenas as respostas 2 As respostas devem ser apenas manuscritas não pode ser digitado 3 Ao término digitalizar ou fotografar as suas respostas aparecendo também seu nome curso e matrícula e enviar por email 4 email para envio evaldinhosempregmailcom 5 Prazo de entrega 2703 às 22hs SciELO Books SciELO Livros SciELO Libros HEGENBERG L Doença um estudo filosófico online Rio de Janeiro Editora FIOCRUZ 1998 137 p ISBN 8585676442 Available from SciELO Books httpbooksscieloorg All the contents of this work except where otherwise noted is licensed under a Creative Commons AttributionNon CommercialShareAlike 30 Unported Todo o conteúdo deste trabalho exceto quando houver ressalva é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição Uso Não Comercial Partilha nos Mesmos Termos 30 Não adaptada Todo el contenido de esta obra excepto donde se indique lo contrario está bajo licencia de la licencia Creative Commons ReconocimentoNoComercialCompartirIgual 30 Unported Evolução histórica do conceito de doença Leonidas Hegenberg EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE DOENÇA Resumo Examinamse aqui os vários significados atribuídos ao ter mo doença no Ocidente da Antigüidade ao século XIX Após 1 uma nota preliminar sucedemse 2 rápido comentário em tomo de concepções primitivas e 3 antigas 4 breve exame do ocorrido na Idade Média e no Renascimento e 5 no período moderno 6 por fim dáse atenção ao século XIX Iatrologia Até onde alcançam os registros históricos atestam que a arte de curar não foi praticada sem que paralelamente deixasse de se apresentar o desejo de funda mentála e legitimála O médico obrigado a decidir e a agir sente necessidade de justificar suas opções se não para o paciente pelo menos para si mesmo Esse de sejo de justificativas é fulcro de preocupações teoréticas O médico refletindo a respeito do que se passa com a pessoa que procura sua ajuda dos procedimentos que deve adotar e das conseqüências de tais procedimen tos reúne idéias que pedem sistematização O conceito de doença é o traço de união entre pensamento e ação à beira do leito de enfermo Esse conceito organiza as idéias recolhidas nas concretas investigações e estabelece alicerces em que assentar cada fase da atividade médica a ele cabe tornar inteligíveis as transformações que ocor rem no paciente fundamentando assim eventuais indicações terapêuticas O con ceito de doença possibilita a ação médica Prolongandose para abranger de um lado a noção de saúde e de outro lado o estudo de eficientes meios de cura o conceito de doença produz por assim dizer um conceito de Medicina Acrescentando a este conceito os princípios gerais que norteiam pensamento e ação dos médicos pressupostos evidências propósitos normas formulase a Teoria da Medicina ou Iatrologia do Grego iatros elemen to que entra na composição de palavras como remédio médico também iatria que entra na composição de palavra como tratamento Assim a noção de doença colocase como noção básica para estudo da Filosofia da Medicina Vale a pena pois examinar as alterações que a noção sofreu no Oci dente ao longo da História Exame desse gênero pode ser instrutivo revelando as modificações por que passaram nossas idéias atesta que também as atuais concep ções poderão mudar devolvendonos a humildade que algumas vezes perdemos e que é indispensável para a pesquisa Concepções primitivas É provável que a Medicina tenha surgido com a humanidade Vítima e teste munha do sofrimento o ser humano deve desde logo terse debruçado sobre os doentes com o desejo de curálos Ε possível que encarasse a doença como ocorrên cia sobrenatural tal como os ventos as tempestades ou as manifestações de deuses malévolos A doença com suas dolorosas conseqüências seria obra de algum espí rito cuja ira importaria aplacar com os sacrifícios ou seria obra de algum inimigo dotado de poderes especiais cuja animosidade haveria de ser combatida por meio de sortilégios Nesse quadro geral a doença foi diversamente contemplada ora como fruto de invasão do organismo por matéria estranha ora como perda da alma ora em termos de corpo tomado por fantasmas ora como decorrência do rompimento de tabus ora enfim como fruto de ritos mágicos Povos primitivos entendem a doença como algo que se deve à ação de projé teis lanças flechas pedras atiradas por inimigos ou talvez ossos e espinhos que alguém engole sem querer em virtude da ação de forças adversas humanas ou so brehumanas Em alguns casos o projétil é um organismo um verme p ex cujos movimentos na pessoa afetada explicariam dores agudas ou o malestar súbito A terapia nessas várias situações resumirseia na localização e remoção do invasor não ficando excluída a possibilidade de devolvêlo ao remetente A alma para povos primitivos não seria entendida em termos teológicos ou metafísicos mas como sombra ou duplo da pessoa Esse duplo teria condições às vezes de separarse do corpo graças à ação mágica dos deuses ou de eventuais inimigos humanos A terapia aconselhável consistiria em reencontrar a alma para devolvêla ao proprietário No caso de invasão por demônio a pessoa adoece porque tomada por espí ritos ou almas estranhas A terapia consiste então em tratamentos psicológicos exorcismo em extrações mecânicas alcançada por ingestão de substâncias ou por aspiração de vapores presumivelmente não apreciados pelo invasor ou em transferências procurandose enviar a alma estranha para outro corpo animal ou objeto capaz de retêla Quando se alude à quebra de tabus entendese a doença em termos de pu nição o doente é castigado por haverse rebelado contra imperativos religiosos ou sociais Deuses e almas de antepassados punem os homens que não se curvam diante dos mandamentos vigentes Ε preciso em certas circunstâncias distinguir a culpa individual da coletiva males que afligem a tribo são associados a uma culpa coletiva um erro ou desobediência generalizada que dá origem aos males e às epi demias Em qualquer caso a terapia envolve interrogatório e confissão de culpa Confessada a culpa as pessoas castigadas prometendo fidelidade aos mandamen tos em vigor adquirem condições de curarse A magia está associada ao bruxo ou feiticeiro O bruxo tem o poder de agir sobre seus semelhantes usando para isso partes do corpo de seu alvo unhas cabelos dentes ou coisas que lhe pertençam peças de roupa objetos de estimação Por contato através dessas partes ou dessas coisas o bruxo atinge a pessoa provocando o surgimento de dores ou moléstias Alternativamente o bruxo pode usar objetos bonecos desenhos que de alguma forma representem a pessoa a atingir Caso especial é o do mau olhado Certas pessoas bem como alguns animais ir racionais teriam o poder de afetar seres vivos pelo olhar Ditos populares ainda hoje repetidos dizem que os olhos são o espelho da alma e que a pupila é a abertura pela qual se vê o interior das pessoas A alma pode pois ser atingida e ferida por um olhar De modo paralelo atua a maldição Mau olhado e maldição de acordo com o que asseveram muitos estudiosos são combatidos mediante orações e sacrifícios que podem comover os deuses de quem se aguarda a bênção ou a força necessária para resistir aos perniciosos efeitos das maldições Esse quadro pode ampliarse para abranger os maus ventos ainda hoje associa dos às epidemias os vampiros e outros seres demoníacos assim como a fatalidade equi parada muitas vezes a um tipo de vontade divina contra a qual parece inútil lutar Resumindo a doença foi vista pelos primitivos como resultado de alguma coisa misteriosa introduzida no corpo da vítima ou como decorrência de atos má gicos realizados por deuses ou por feiticeiros Conquanto resíduos dessas concep ções ainda possam ser percebidos na atualidade elas estão aparentemente supera das e abandonadas Concepções vigentes na Antigüidade No período clássico a Grécia dos tempos heróicos encontramos Apoleo o Deus da Medicina Ele enviava as doenças para a Terra e só ele podia afastálas Apoio curava os males com a raiz da peônia planta silvestre das montanhas do Sul da Europa o que explica o uso da expressão Filhos de Peônia aplicada aos prati cantes da Medicina A Mitologia diz que Apoio e sua irmã Artemis teriam ensinado Medicina a Quiron filho de Saturno encarregado da educação de Esculápio filho de Apoio e da ninfa Coronis Refere a lenda que Esculápio se teria tornado excelente médico responsável pela diminuição do número de almas enviadas ao inferno o que lhe valeu o castigo de Zeus a morte Esculápio foi adorado nos templos denominados Asclepéia ou Aesculápia situados nas vizinhanças de fontes de águas minerais verdadeiros centros de saúde dirigidos por sacerdotes Estes recebiam os visitan tes e falavam dos grandes feitos de Esculápio e das curas alcançadas com seus re médios Após as preces e os sacrifícios os pacientes eram purificados com as águas e recebiam os conselhos dos sacerdotes Recuperandose faziam em geral ricas ofertas aos deuses reprodução em mármore ou em cera das partes dos corpos que se haviam curado Essa prática é comum em diversos lugares do mundo no Brasil há muitas igrejas que ainda conservam museus de oferendas Dois asclepéias tornaramse particularmente conhecidos em Cos e em Cnidos Suas tábuas votivas contêm diversas observações clínicas que atravessaram os sécu los Entre os discípulos de Esculápio cabe lembrar Higéia e Panacéia patronas da Higiene e da Farmácia Todavia a Medicina científica tem início com Hipocrates A existência de Hi pocrates é problemática A tradição hipocrática deriva do nome do suposto autor de vários tratados cerca de sessenta que se transformaram em indícios materiais dessa tradição Evidências internas ligadas principalmente à diversidade de estilos e abordagens filiados inclusive a escolas diferentes fazem supor que os tratados te nham sido elaborados entre os anos 430 aC e 330 aC ignorandose como teriam chegado a ser agrupados para receberem a forma unificada afinal adquirida As teorias médicas reunidas no Corpus hipocratico exercem grande influência na Medi cina e delas é usual falar como se fossem efetivamente obra de um só autor Hipo crates que teria vivido entre 460 e 370 aC Dotado de notável espírito de observa ção conhecendo profundamente o ser humano e exercendo intensa atividade médi ca Hipocrates consolida as informações das tábuas votivas de Cos e de Cnidos dandolhes aspecto sistemático em um livro de Aforismos ainda hoje consultado graças aos importantes ensinamentos que encerra Hipocrates descreveu numerosas doenças e recebeu com justiça o cognome Pai da Medicina Sabiase é claro que uma pessoa podia adoecer em função de algum ferimen to numa batalha ou num acidente A razão do mal em tais casos era óbvia Con tudo pessoas ficavam doentes sem motivo aparente Infortúnios inexplicáveis pro vocavam espanto e inquietações Desejavase conhecer como e porque as perturba ções afligiam a tantos no mínimo para evitar que se repetissem As mais aceitáveis explicações da doença foram construídas cogitando de cau sas Se não havia como determinálas eram concebidas em termos de agentes invi síveis que afetavam os corpos Berghoff 1947 lembra que os povos primitivos in cluíam entre as causas das doenças os pecados contra mandamentos divinos ou re gras sociais A Hipocrates se deve a primeira tentativa no sentido de eliminar cau sas sobrenaturais atribuindo às doenças uma causa natural Vale a pena repetir o que registrou a respeito da doença sagrada epilepsia Pareceme que não é mais divina ou mais sagrada do que outras doenças tem ao contrário uma causa natural de que como outros males se origina Cf Rothschuh 1975 p 1 trecho aqui traduzido com certa liberdade Essa observação marca o início da abordagem científica das doenças e assinala o começo da terapia racional o momento em que a doença passa a ser vista como fenô meno natural Na época de Hipocrates a Natureza era contemplada como combinação de quatro elementos terra água ar e fogo Na dependência das proporções em que compareciam esses elementos delineavam as propriedades dos objetos o seco o úmido o quente e o frio Hipocrates associa os quatro elementos a quatro humo res do corpo humano o sangue o phlegma a bile amarela e a bile negra As pro porções em que comparecessem delineariam correspondentes atributos dos seres humanos a que se associariam os males e a ação dos medicamentos A saúde re sultaria de equilíbrio crase dos elementos a doença deverseia ao desequilíbrio discrase dos mesmos elementos Aí está a base da primeira doutrina a respeito da doença Tratase de uma pa tologia humoral como conviria denominála face ao papel que nela desempe nham os humores ou líquidos dos organismos A doutrina de Hipocrates se dissemina rapidamente No final do século Π re cebe roupagem adequada sobretudo nas obras de Galeno de Pérgamo 131201 a quem se deve uma convincente sistematização dos ensinamentos hipocráticos No esquema de Galeno o princípio básico da vida é o espírito ou pneuma Oriundo de um pneuma cósmico o ar esse pneuma ingressa no corpo através dos pul mões atinge o coração e se mistura com o sangue Por seu turno os alimentos chegam ao fígado um órgão que transforma o quilo em sangue venoso dotandoo de um segundo espírito um espírito natural presente em todos os organismos enquanto permanecem vivos O sangue venoso chegando ao coração caminha em duas direções Uma parte se conserva no lado direito do coração a fim de purificarse e reingressar no sistema ve noso Outra parte passa de gota em gota para o lado esquerdo do coração voltando a manter contato com o pneuma exterior As gotas de sangue nesse processo geram um tipo superior de pneuma o espírito vital As artérias conduzem o espírito vital até o cérebro Aí o sangue arterial se divide em diminutas porções para que sejam carrega das de um terceiro espírito o pneuma animal que invade os nervos entendidos como simples vasos condutores Percebese que Galeno aperfeiçoa a teoria humoral de Hipocrates Sem embar go a doença continua a ser entendida como antes em termos de crase e discra se equilíbrio ou desequilíbrio de humores ou pneumas A doutrina humoral se mantém e se transmite dominando o cenário até quase o final do século XVIII Roma Idade Média e Renascimento A não ser nos campos da Engenharia e do Direito os romanos pouco inventa ram preferindo estudar preservar e imitar os gregos A Medicina como a Filosofia as Artes e a Ciência não foge à regra Pelo prisma teórico vêse cultivada ao longo das linhas estabelecidas por Galeno que aliás segundo alguns historiadores fale ceu em Roma tendo sido por vários anos médico de gladiadores O interesse dos romanos pela Engenharia levouos a construir aquedutos e a cuidar das águas do que resultou um alto padrão de higiene mantido entre os me lhores da Europa até fins do século XIX Do pendor pela Engenharia nasceram ain da vários instrumentos muito usados nas cirurgias Entre esses instrumentos está a cesárea usada segundo consta pela primeira vez para trazer ao mundo o im perador Júlio César em 102 dC Pelo prisma da Medicina não há muito o que dizer a propósito do ocorrido na Idade Média Talvez convenha lembrar que Maomé nascido por volta de 370 con seguiu unificar as tribos nômades da Arábia dandolhes o islamismo como ideal re ligioso Islamitas conquistaram vastos territórios da Espanha até a índia incluindo o Norte da África e o Sul da Europa para formar um grande império que se conso lida nos séculos VII e VIII No reinado de AlMamun 813833 o islamismo alcança período de esplendor com a fundação em Bagdá de observatórios e escolas com ricas bibliotecas em que obras da índia e da Grécia traduzidas para o árabe são meticulosamente estudadas e discutidas Os muçulmanos desenvolvem a Medicina escrevendo vários tratados a respeito da varíola do sarampo e das doenças dos olhos Esses tratados seriam muito utilizados até meados do século XVQI Nesse quadro destacase Avicena 9801037 Seu Cânon síntese de conheci mentos médicos de gregos e árabes serviu durante centenas de anos como texto principal para o estudo da matéria No século XI dáse a revolução social e econômica da Europa Cessam os ata ques bárbaros e o mundo ocidental imaginase uma vez mais seguro e em condi ções de se debruçar sobre a ciência e as artes O ensino melhora Surgem as primei ras universidades As Cruzadas atingindo o Islão trazem daí onde haviam sido preservadas as versões árabes de obras produzidas na Grécia Textos clássicos re cuperados são vertidos para o latim Ao tempo de Abelardo 10791142 professor da Sorbonne discutese muito o problema da fé e da conciliação de opiniões reli giosas conflitantes o que leva à divulgação dos livros de Aristóteles Alberto Mag no 11931280 e seu discípulo São Tomás de Aquino 12251274 divulgam o pensa mento aristotélico tentando aproximálo do pensamento da Igreja Comentários de Avicena ganham destaque nesse contexto provocando a tradução de sua obra para o latim Desse modo a Medicina passa por novo período de florescimento Não obstante as idéias debatidas são as mesmas que se examinavam na Antigüidade matizadas aqui e ali pelas anotações feitas pelos árabes Nos séculos XIV e XV ocorre a transição o mundo se torna cada vez menos medieval e cada vez mais moderno Aí encontram bases as transformações pelas quais haveria de passar a civilização ocidental Cientistas em trabalho profícuo ab sorvem e ampliam os ensinamentos antigos A obra de Galeno é posta ao alcance de interessados e ao lado dos livros de Avicena fundamenta estudos de Medicina Contudo predomina certo respeito pela autoridade evitandose crítica às idéias recolhidas nos tratados clássicos Por esse ângulo aliás os erros de Aristóteles têm de hábito maior peso do que os acertos de outros Asimov 1965 754 Exemplificando Aristóteles encara o cérebro como simples dispositivo de ventilação destinado a refrigerar o sangue aquecido Na geração seguinte Hirófilo trabalhando em Alexandria imagina o cé rebro como sede da inteligência Seus sucessores porém dominados pelo prestígio de Aristóteles continuam até a Idade Média a situar emoções e traços de persona lidade em órgãos como o coração e o fígado Ensinase pois no século XVI o que Galeno havia registrado no século IIde modo que o sangue ainda passa de um lado para outro no coração através de pequenos poros Leonardo da Vinci 15421519 quase chega a formular uma teoria da circula ção do sangue antecipando idéias de William Harvey 15781657 consolidadas no século XVII Não se atreve porém a contestar as autoridades o que surpreende um pouco pois em outras áreas Leonardo não hesita em se opor aos antecessores Na Suíça vive Aureolos Teofrastos von Hohenheim 14931541 cognominado Paracelso um dos primeiros a combater as doutrinas de Hipocrates e de Galeno concebendo a doença como processo anômalo que ocorre nos organismos Estu dioso de alquimia Paracelso atribui especial importância à composição química dos líquidos existentes no corpo imaginando a doença como decorrência de desequilí brios químicos dos sucos digestivos que penetrando no sangue originam as acrimônias percebidas na forma de acidez ou mau sabor É sobretudo na Universidade de Pádua porém que a Medicina passa a ser es tudada com empenho e é ali que se abrem caminhos para triunfos que o método ex perimental alcançaria no século XVII Vesalius médico belga 15141564 professor em Pádua rejeita decididamente os ensinamentos de Galeno Buscando sem êxito os poros a que seu antecessor havia aludido parte em busca de novas explanações para a circulação do sangue Seu livro De Humanis Corporis Fabrica retrata bem o que acontece na época ao lado da aceitação tácita das idéias das autoridades come çam a aparecer críticas e específicas indicações de erros cometidos pelos mestres da antigüidade Essa correção das noções clássicas culmina com Harvey em obra pu blicada em 1628 na qual se mostra ser o coração uma espécie de bomba muscu lar cuja função é a de impelir o sangue nos vasos mantendoo em movimento Re solveuse enfim o problema da circulação sanguínea No que concerne à terminologia talvez seja oportuno observar que há interação forte entre os vocabulários da Medicina e da Tecnologia O tema é interessante e mere ceria mais profunda análise Não porém no presente contexto de modo que as obser vações seguintes resurnirseão a algumas breves notas Ε fácil perceber que vários ter mos da Anatomia retratam situações tecnológicas e viceversa Falase por exemplo em vasos canais eixos e anastomose comunicação entre canais Por outro lado repetin do Platão comparamse as vertebras às dobradiças de uma porta Timeu 74a e os vasos sanguíneos aos canais de irrigação id p 770 repetindo Aristóteles De motu animalia 707b ossos do antebraço flexionados por tendões são comparados aos braços de cata pultas esticados por fios A Anatomia havia sido e continuava sendo um tipo de ana tomia animara baseada em algumas deduções assentadas em analogias tendo em conta o que sucedia com ferramentas comuns Harvey também registra a semelhança que existe entre as válvulas das veias e as válvulas mecânicas Cumpre observar que o desenvolvimento da tecnologia deu origem a muitos objetos cujos nomes em vista de claras analogias foram recolhidos no jargão médico Assim nascem possivelmente pa lavras como braço da alavanca dente da serra cotovelo da estrada garra do ali cate assim como joelho e unha para aludir a partes de certas máquinas Claude Bernard especialmente em seu livro de 1855 Leçons de Physiologie Ex perimentale Appliquée à la Medicine mostraria a exagerada simplificação envolvida em tais aproximações analógicas sublinhando os perigos de um raciocínio que tomasse tais analogias ao pé da letra Mostra em suma o erro de supor que se um dado item da tecnologia possui certa estrutura e certa função então um item correspondente similar da anatomia dotado de estrutura correspondente deve ter função comparável Nessa época o vocábulo modelo ganha contornos mais preci sos e as palavras de Bernard formas análogas são aproximadas umas das outras a se guir funções semelhantes são inferidas prestamse para identificar um dos sentidos que o termo passaria a ter de especial importância para a Medicina Encerrando as considerações a respeito desse período renascentista uma bre ve nota A divulgação dos textos clássicos em Latim e dos textos produzidos por es tudiosos como Harvey muito preocupados com a experimentação contribuiriam decididamente para o ressurgimento das teorias humorais de Hipocrates e Galeno Essas teorias aperfeiçoadas e modificadas voltariam a dominar o cenário das idéias médicas no início dos tempos modernos O período moderno Nos séculos XVII e XVIII há várias figuras ilustres a considerar Recordemos algumas Giovanni Battista Morgagni 16821771 de Pádua estabelece as bases da Anatomia Patológica Realizando inúmeras autópsias afirma que as doenças resul tam de alterações nos órgãos Descreve diversos tipos de lesões que mais tarde fo ram dadas como substrato anatomopatológico de muitas doenças O médico inglês John Hunter 17281793 apoiandose nos ensinamentos de Morgagni operando com vários animais estabeleceu as bases da Patologia Experi mental De suas obras resulta a convicção de que as doenças decorriam de fato de alterações nos órgãos Para Friedrich Hoffman 16601742 as doenças agudas deverseiam a certas con dições espasmódicas ao passo que as crônicas decorreriam da falta de tono no tando que o termo tono em Fisiologia indica estado normal de resistência ou de elasticidade de um órgão ou de um tecido Nesse período há médicos que procuram explicar a doença em termos fisioló gicos Georg Ernst Stahl 16601734 é um desses médicos Em obra póstuma lem brada por Wilfred Trotter 1941 143163 Stahl escreve que a doença é fruto da alma que irritada não dirige os processos vitais com a desejável justeza Não custa registrar que essa doutrina animista com roupagens diferentes volta a apre sentarse na Medicina psicossomática de hoje Ainda de acordo com Trotter Stahl pregava um tipo de animismo segundo o qual o corpo seria simples boneco mecâ nico acionado e dirigido pela alma A doença resultaria pois de mau comporta mento da alma de modo que as drogas não seriam de ajuda e os males do corpo haveriam de ser combatidos mediante prévia cura da alma Albrecht von Haller fisiologista suíço do século XVIII trabalhando em Gottingen descobriu fatos importantes a respeito do sistema nervoso Notou por exemplo que era mais simples provocar a contração muscular estimulando o nervo do que estimu lando o próprio músculo Chama a atenção desse modo para o papel que os nervos desempenham nos processos vitais Seus trabalhos provocam em meados do século XVIII a intensificação do estudo daquele sistema Para William Cullen 17101790 cujas obras mais notáveis são amplamente comentadas por King 1982 os músculos eram meros prolongamentos dos ner vos e todos os males seriam decorrentes de desequilíbrios da energia nervosa John Brown discípulo de Cullen disseminando as idéias de seu mestre contribuiu para que dominassem o cenário médico durante quase trinta anos Segundo Brown a vida depende de estímulos externos ao organismo Se tais estímulos são fortes em demasia surge a doença estênica se fracos em demasia a doença astênica Nesse es quema a diagnose limitarseia a determinar o tipo de doença estênica ou astênica e seu grau A terapia também se tornava simples pacientes estênicos eram acal mados com ópio astênicos eram estimulados com vinhos álcool Em tom anedóti co recordase que Brown teria perecido em decorrência de animadas aplicações nele mesmo dos dois agentes terapêuticos Thomas Sydenham famoso médico inglês do século XVIII é um dos primei ros a admitir que as doenças poderiam ser distribuídas em grupos Assim como há espécies zoológicas e botânicas há também espécies morbi Embora Sydenham se voltasse primordialmente para a terapia e a prognose reuniu informes acerca das doenças adotando esquema tipicamente baconiano de pensamento coligir dados é o passo inicial de qualquer pesquisa Sustentava que a Natureza ao produzir doenças age de modo uniforme e coerente pois diferentes pessoas afetadas por um dado mal apresentam sintomas que muito se parecem Cf The Works of Thomas Sydenham trad de Latham Londres 1848 p 18 apud King 1982 Na página 29 de seu livro diz King Sydenham afirma que a doença nada mais é do que um esforço da Natureza que luta para restaurar a saúde do paciente eli minando a matéria morbífica Guiado por essas idéias Sydenham tenta classifi car as doenças levando em conta as características do doente as circunstâncias em que o mal se apresentasse e o padrão dos sintomas e sinais com a ordem de surgimento e a duração deles Mais tarde Sydenham aperfeiçoa a classificação tendo em conta ainda reações diante de terapias diversas O plano de classificar as doenças é levado adiante por Francois Boissier de Sauvages de la Croix 17061767 Em uma Nosologia Methodica agrupou as doenças em dez classes 295 gêneros e 2400 espécies transformandose em um Linnaeus das enfermidades recordando o árduo trabalho de Carolus Linnaeus em 1737 ao classificar os seres vivos em gêneros ordens classes As observações precedentes permitem notar que há várias maneiras de conce ber a doença resultantes de variados enfoques adotados pelos estudiosos do assun to Apesar de algumas divergências o pensamento dominante é o da doença como entidade independente algo que ataca ou acomete as pessoas em particular um algo passível de ser distribuído em classes gêneros e espécies É com essa idéia no pano de fundo que se ingressa no século XIX O século XIX No início do século XIX MarieFrançois Xavier Bichat 17711802 insiste em que é preciso aprofundar o estudo de órgãos doentes Analisando órgãos a ori gem e a seqüência de processos mórbidos Bichat percebeu a importância que cabia dar ao exame de lesões e de alterações estruturais mais finas particularmente nos tecidos Figura de renome que surge em seguida é a de Francois Broussais 17721838 autor de obra a respeito de sistemas de nosologia publicada em 1821 Para ele as doenças são irritações localizadas em alguma víscera principalmente o estômago e os intestinos A fim de suavizar as irritações valiase de ventosas Em tom irônico e até maldoso dizse que a França no primeiro quarto do século XIX precisaria de 40 milhões de sanguessugas caso decidisse aplicar seriamente a tera pia proposta De acordo com Broussais a doença no sentido de interesse para no sologistas não existia La Nature na aucun pouvoir de guérison naturelle A natureza não tem qualquer poder de cura afirmava ele sustentando que escapar dos males dependia tãosomente da intervenção do médico e das ventosas Entrementes na Alemanha em 1827 Karl Ernst von Baer dá apreciável impul so à embriologia iniciando estudos sobre a origem dos órgãos organogênese e dos tecidos histogênese Friedrich Menkel em Berlim por volta de 1820 estudava pes soas com sérias deformidades monstros para concluir que não eram como se pensava criaturas diabólicas mas seres com anomalias no desenvolvimento em brionário Nasce desse modo a Teratologia teras do Grego associase ao nosso vocábulo monstro Na Áustria Karl von Rokitanski 18041878 após fazer mais de dez mil autópsias publica um tratado de Anatomia Patológica ainda hoje famo so pela precisão das descrições Todavia insiste em associar as lesões observadas a certas discrasias sangüíneas voltando pois à teoria humoral o que lhe valeu mui tas críticas de seus contemporâneos Uso mais assíduo de microscópios construídos já no final do século XVI per mitiu aos biologistas a descoberta de uma unidade básica de organização dos se res vivos Robert Hooke 16351702 valendose de aparelho que ele mesmo construiu notou que a cortiça apresentava pequenos compartimentos a que denominou célu las como as células de um mosteiro Outros estudiosos logo depois mais ou me nos em 1665 descobriram células similares cheias de fluidos nos tecidos vivos Os biologistas se convenceram nos cem anos seguintes de que a matéria viva era for mada de células contempladas como unidades de vida independente Alguns mi croorganismos eram constituídos por uma única célula a maioria porém se forma va com numerosas células coordenadas por uma ação conjunta Um dos primeiros a propor teoria celular foi o fisiologista francês Joachim Henri Dutrochet 1776 1847 Suas idéias porém expostas em 1824 passam despercebidas e só ganham vida após reformulações atribuídas aos alemães Matthias Jacob Schleiden 1804 1881 e Theodor Schwann 18101882 realizadas entre 1838 e 39 A teoria celular é para a Biologia o que a teoria atômica foi para a Física Sua importância como for ma de descrever a dinâmica da vida ficou estabelecida por volta de 1860 quando o patologista Rudolf Virchow 18211902 em frase lapidar até hoje muito repetida afirmou que omnia cellula a cellula todas as células provêm de outras células Foi Virchow quem mostrou ainda serem as células de tecidos doentes produto de divisão de células inicialmente normais ou sadias Tornouse claro então que os organismos começam a vida sob a forma de tais unidades A questão agora era a de saber como se reproduziriam A descoberta de corantes especiais permitiu em 1831 o exame ao microscópio das células e seus núcleos identificados por Robert Brown 17731858 que tem seu nome associado ao movimento browniano Wal ter Fleming 18431905 descobriu em 1879 que os núcleos continham pequenos grânulos as cromatinas que permitiam compreender a divisão celular Embora o corante destruísse a célula tornava claras as fases da divisão fases que uma vez postas em seqüência possibilitavam a reconstrução do processo A partir daí a mitose é descrita de modo minucioso e Wilhelm von WaldeyerHart 18361921 cria em 1888 o termo cromossomo de uso consagrado Notese que cromossomo a rigor é nome inadequado pois o objeto nomeado é incolor em seu estado natural e o termo sugere o oposto corpo colorido Observação das células com auxílio de corantes especiais revelou que cada espé cie animal ou vegetal possui número fixo de cromossomos Esse número dobra pouco antes da divisão da célula em duas partes a mitose de modo que cada filha tenha aquele mesmo número original de cromossomos Eduard von Beneden 18461910 descobre na Bélgica em 1885 que os cromossomos não têm seu número duplicado nas células dos ovos e dos espermatozóides que têm pois metade do número típico de cromossomos das células ordinárias da espécie A divisão celular que produz as células dos ovos e dos espermatozóides é denominada então meiose A união de um ovo e um espermatozóide no ovo fertilizado leva assim a um conjunto completo de cro mossomos Esse conjunto se transfere pela mitose a todas as demais células do or ganismo resultante Resumindo os comentários relativos ao período moderno e ao século passado o que se nota século XVIII e primeira metade do século XIX é o desenvolvimento da Patologia Experimental e da Patologia Celular Nesse quadro as figuras princi pais são Morgagni e Virchow pois assentam os alicerces da Medicina Moderna Vá rias doenças foram mais claramente descritas e entendidas do que o haviam sido em tempos anteriores tendo em conta as contribuições da Patologia Faltava po rém estabelecer as causas das doenças Pasteur em estudo de 1878 relativo aos germes revela a existência de microorga nismos e caracteriza o papel que lhe cabe na transmissão de moléstias Iniciase desse modo o estudo da Microbiologia e da Parasitologia Com as descobertas de Koch 18731910 isolando o bacilo da tuberculose e a bactéria do cólera tevese a impressão de que o conceito de doença ganhava enfim contornos nítidos A doença passou a ser entendida como conseqüência da invasão do organismo por agentes estranhos cuja agressão provocava lesões nos órgãos e tecidos Doenças eram portanto resultados de infecções do Latim inficire que significa envenenar provocadas pelos micro organismos Descobertas subseqüentes permitiram identificar numerosas causas de doenças e levaram à produção de vacinas e soros Recordese que as vacinas ha viam sido descobertas por Edward Jenner 17491823 médico inglês discípulo do já citado John Hunter Como sabido Jenner combateu uma epidemia de varíola di vulgando suas idéias a respeito da vacinação em 1789 Todos esses avanços não serviram contudo para caracterizar a doença de modo inteiramente satisfatório Considerese p ex a tuberculose As propostas de Koch sa tisfaziam o conceito de doença defendido pelos bacteriologistas porém não o con ceito advogado pelos clínicos De fato a mera presença de bacilos não é suficiente para dar o portador como doente Todos nós podemos em algumas ocasiões trazer microorganismos no corpo sem por isso estarmos doentes Dito de outro modo a presença de invasores é perfeitamente compatível com a normalidade Em vista disso na busca de uma clara caracterização da doença foi preciso re ver o que se julgava assentado Em primeiro lugar recordese que os gregos já ha viam estabelecido que as doenças eram fenômenos naturais embora não tivessem atingido a noção da especificidade dos diversos males que afligem o ser humano É verdade que os gregos haviam descrito muitas moléstias dandolhes nomes parti culares não perceberam no entanto a etiologia específica de cada qual delas para colocálas no esquema da concepção humoral Seguindo a trilha aberta pelos gregos e consolidada por seus sucessores es tudiosos de variada origem passaram a conceber a doença em termos de falta ou excesso de alguma coisa idéia que dominou o cenário médico até meados do século XIX No século XIX os médicos passaram a entender a doença em termos de desvios com respeito à normalidade O deus da mensuração que tanto êxito havia alcançado na Astronomia e na Física preparavase para conquistar a Medicina Quem está doente Aquele que se afasta do normal A mera presença de bacilos não caracteriza doença esta existe quando a quantidade de bacilos ultrapassa um dado índice de normalida de A questão é como fixar um tal índice Procurando contornar essa dificuldade clínicos adotaram a idéia de impedimento antes de asseverar que um desvio em relação ao normal corresponde a uma doença al gum tipo de limitação física ou de limitação das capacidades de atuação social deve manifestarse A idéia foi um passo em boa direção mas não forneceu os resultados es perados Que dizer por exemplo de um paciente estóico decididamente com pertur bação no ventrículo de acordo com a evidência eletrocardiográfica e que se diz bem não abandona o trabalho não interrompe as atividades usuais Está doente Talvez caiba dizer que estará doente mais cedo ou mais tarde porém a dúvida persiste está Ε que dizer no outro extremo do neurótico inteiramente convencido de que é cardíaco não obstante a total falta de evidências Se ele não se sente bem permanece na cama recusandose a trabalhar está doente à luz do critério do impedimento Percebese que é preciso estabelecer alguma diferença entre o mal que inva de a pessoa e um estado subjetivo sem lastro físico perceptível uma diferença afinal entre dois tipos de doença Com isso porém criamse novas dificuldades em vez de um problema temos dois problemas No final do século XIX Adolph Kussmaul de Freiburg cujos trabalhos mais notáveis datam do período 186769 preocupado com dilatações gástricas abre inte ressante linha de estudos Ottomar Rosenbach acompanhando essa linha cunhou a expressão insuficiência ventricular aludindo à desproporção entre energia muscu lar do estômago e quantidade de trabalho que desse órgão é solicitada Notese que a expressão é usada até hoje embora com referência mais freqüente ao coração A idéia de estudar funções e órgãos levou a amplo exame do diagnóstico esta belecido com base em alterações físicas e químicas provocadas pelas doenças Vis lumbrouse aí a possibilidade de dar melhores contornos à noção de impedimento que seria caracterizada por meio daquelas alterações físicoquímicas Novas difi culdades porém se apresentaram de imediato notandose que forças psicológi cas podem provocar alterações significativas nas funções orgânicas Dito de outro modo colocavase em realce a questão da saúde mental Alguns autores especialmente depois que as idéias de Freud se tornaram co nhecidas definiram a doença em termos tão amplos que suas idéias beiram o ab surdo Médicos estarão de acordo presumese ao dizer que um indivíduo que en venena a sogra apresenta algum grau de perturbação mental Mas o conceito se alarga indevidamente ao abranger mães solteiras divorciados frustrados velhos aborrecidos executivos insones motoristas irados e até crianças que tiveram exces sivo ou nenhum carinho maternal As complexidades são tantas e de tal ordem que a noção de doença especialmente quando procura abranger a doença mental se torna mais fugidia do que já era Os numerosos progressos havidos não permiti ram uma boa definição de doença No campo da saúde mental faltava noção clara de normalidade Qual seria por exemplo o índice normal de ansiedade Na falta de resposta adequada os psicólogos recorreram uma vez mais ao impedi mento o que não alterou a situação nem lhe diminuiu a complexidade O impedi mento se aplica muito bem aos casos extremos onde alias a noção se torna supér flua mas não se aplica quando as distinções precisas se fazem imperiosas o que ocorre justamente se soluções urgentes são procuradas Em resumo a noção de impedimento não prestou serviços tão relevantes quanto esperados e a par disso não se mostrou promissora para psicólogos e psiquiatras De acordo com a Organização Mundial da Saúde OMS a saúde não se carac terizaria negativamente pela ausência de doenças mas seria um estado de completo bemestar físico mental e social Em certa medida como sublinhou Hudson 1966 isso mais parece estado comatoso do que saúde Pedindo excusas pelo jogo de palavras é claro que as idéias não se haviam tor nado claras no final do século XIX Dúvidas sérias se acumulavam Seriam as doen ças entidades que afetam as pessoas Ou seriam estados que as pessoas atra vessariam Há doenças ou há apenas pessoas doentes Todas essas questões voltariam a colocarse nas agendas de médicos e de filósofos no século XX exigindo atenção e estudos meticulosos Indicações bibliográficas Este capítulo foi elaborado com base em numerosas fontes Entre os livros cumpre destacar Konzepte der Medizin Rothschuh 1978 e Medical Thinking King 1982 Entre os artigos merecem destaque especial os reunidos na parte 6 intitula da Factors in biological discovery da antologia Scientific Change organizada por Crombie 1963 e The concept of disease Hudson 1966 Algumas obras de História foram examinadas Entre elas Burns 1975 original inglês de 1949 e Briton et al 1965 Em especial foram consultados trechos da an tologia Moments of Discovery organizada por Schwartz e Bishop 1959 e alguns ca pítulos dos diversos volumes da Historia Geral das Ciências Taton Org 1965 em diante original francês De modo mais específico a seção que trata das concepções primitivas tomou por base o artigo Wie naturvolker krankheiten erklaren Stubbe 1979 A seção seguinte apoiouse nos artigos The scientific approach to disease Temkin 1963 e The role of analogies and models in biological discovery Canguilhem 1963 bem como nos comentários feitos a eles publicados na antologia de Crombie 1963 A citação de Hipocrates freqüentemente lembrada aqui mais ou menos livre mente traduzida achase por exemplo em Rothshuch 1975 1 São muitas as dis cussões em torno da tradição hipocrática Breve comentário a respeito em nosso idioma achase no artigo O estudo da vida na antiguidade de Florsheim Revista de Ensino das Ciências da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciência sediada em São Paulo n 31981 Quanto ao conteúdo da seção relativa a Roma Idade média e Renascimento há análises da contribuição árabe para a cultura européia em digamos La Philosophic du Moyen Age de Gilson 1952 A propósito de Avicena ver Hegenberg 1980 Para a seção que trata do período moderno examinar de novo a antologia Moments of Discovery Schwartz Bishop 1959 Finalizando vale a pena examinar a tese de Staak 1930 Questão 1 Resenha do artigo Evolução Histórica do Conceito de Doença O artigo denominado Evolução História do Conceito de Doença de autoria de Leonidas Hegenberg publicado na Scielo Books está escrito em 15 páginas das quais contém Iatrologia Concepções primitivas Concepções vigentes na Antiguidade Roma Idade Média e Renascentismo O período moderno O século XIX e Indicações bibliográficas Tem como objetivo apresentar como o conceito de doença evoluiu ao longo da História Em Iatrologia o autor afirma que arte da cura nunca deixou de lado a preocupação em fazer com que suas decisões e procedimentos médicos fossem fundamentados ou seja que pudessem ser explicados o porquê de tais ações Para que ações tenham fundamentos o médico precisa refletir acerca do conceito de doença para então indicar o tratamento adequado estando consciente das consequências que esse tratamento terá a quem lhe procurou O conceito de medicina surge como uma evolução do conceito de doença em que há abrangência de saúde e estudo eficiente dos meios de cura Ao aplicar princípios médicos ao conceito de medicina surge a Teoria da Medicina ou Iatrologia Em Concepções primitivas o autor propõe que o ser humano tem se deparado com enfermidades e por isso desde sempre busca pela cura Também propõe que a doença era vista como sendo o resultado da punição dos deuses ou até mesmo de espíritos ou acreditavam que a doença era decorrente de materiais que os feriam como por exemplo lanças flechas e pedras A respeito da terapia para curas das doenças acreditavase que era necessário reencontrar a alma para ser devolvida já que esta era vista como uma sombra Também se acreditava que se tratando de invasão por espíritos malignos o exorcismo seria utilizado Quando a doença era causada por desrespeito às crenças da época o método utilizado era o interrogatório e a confissão No que tange ao mau olhado e às maldições em que o ser humano poderia ser afetado por um olhar a cura se basearia em orações e sacrifícios em nome dos deuses Dessa forma a doença era vista por diversas perspectivas em que ela poderia ter se originado a partir de atos desconhecidos ou até mesmo vinda de feitiços E Concepções vigentes na Antiguidade o autor aborda sobre como teria surgido a prática de medicina na Grécia o que teria diminuído o número de almas enviadas para o inferno o que desencadeou a ira de Zeus Em contrapartida os curados faziam adorações ao médico ofertando aos deuses reproduções em mármore ou cera das partes que lhe foram curadas de seus corpos A medicina científica teve sua origem com Hipócrates também conhecido como o Pai da Medicina que procurou derrubar as crenças de que a doença vinha de causas sobrenaturais mas sim que ela se origina de causas naturais Também foi o responsável pela Teoria dos Humores onde o corpo seria constituído de quatro fluidos formando o fluido vital que quando desequilibrado causava alguma doença No final do século II Galeno aperfeiçoa a teoria de Hipócrates ao explicar o corpo através de pneuma ou espírito mas a teoria de humores ainda se permeia Em Roma Idade Média e Renascimento expõese que os romanos mantiveram os estudos iniciados pelos Gregos trazendo contribuições na área de medicina e engenharia Além disso aborda a história sobre a modernização ao decorrer do tempo onde conhecimentos científicos são fomentados e mais estudados sem julgar os precursores Ao que se segue em O período moderno são abordados os cientistas do século XVII e XVIII dos quais realizaram estudos sobre anatomia patológica bases da patologia e fisiologia da doença e mecanismos de contração muscular Além disso nesta época foram iniciados estudos acerca da classificação das doenças onde foi observada manifestações semelhantes em diferentes indivíduos o que deduzir de que se tratava da mesma doença Nesse contexto dase início ao século XIX Em O século XIX o autor apresenta novamente cientistas que dão continuidade aos estudos acerca da evolução do conhecimento médico e anatomia humana Em 16351702 o cientista Robert Hooke descobre o que hoje conhecemos como célula a unidade básica de qualquer ser vivo O estudo então foi continuado por outros cientistas formulando a Teoria Celular questionamentos sobre como as mesmas se dividiam sendo então compreendidos a partir da descoberta de corantes para corar as amostras levadas ao microscópio levando a descrição do processo de mitose Posteriormente em 1878 Pasteur inicia os estudos sobre a relação entre microrganismos e a ocorrência de doenças criando então a Teoria dos Germes No entanto as teorias existentes ainda não possuíam conceitos unânimes entre todos os cientistas porém trouxe grandes contribuições para o desenvolvimento de vacinas e soros Ao iniciar o século XX muitos questionamentos ainda eram existentes no campo da ciência demandando ainda mais estudos Como conclusão é possível notar que o conceito de doenças evoluiu ao longo do tempo com o auxilio do avanço da medicina e do estudo científico acerca de tais enfermidades e o funcionamento do corpo humano sob perspectivas anatômicas e fisiopatológicas Assim diversas disciplinas estudadas e em constantes pesquisas são apresentadas até os dias atuais O artigo em questão apresenta um longo contexto histórico sobre o conceito de ciência e suas teorias bem como diversos cientistas e suas descobertas Embora apresentado ao decorrer de 15 páginas o texto possui grande fundamentação teórica abordando detalhadamente os acontecimentos Assim fazse possível compreender de que forma a medicina evoluiu para se obter os conhecimentos científicos atuais Questão 2 Patologia é a área da ciência que estuda as doenças em seres vivos como elas ocorrem e os efeitos que as mesmas causam no corpo morfologicamente e fisiologicamente Questão 3 As doenças eram diagnosticadas pelo desequilíbrio do fluido vital pois na Grécia antiga acreditavase na teoria dos humores no qual o corpo seria constituído por quatro fluidos bile amarela bile negra fleuma e sangue De acordo com esta teoria se um dos fluidos estivesse em desequilíbrio em excesso ou em falta a doença ocorria Ou seja os gregos acreditavam que a saúde dependia do equilíbrio desses quatro elementos Questão 4 Podese dizer que a relação entre religião com a ciência patologia está no fato de que dependendo da crença a doença ocorre como forma de punição Entretanto outras crenças se baseiam em rituais religiosos voltados para a cura desta enfermidade De qualquer forma a relação abordada interfere de forma geral na saúde Questão 5 Com o desenvolvimento da microscopia foi possível observar estruturas que não eram possíveis antes Dessa forma os patologistas conseguem analisar detalhadamente amostras de tecidos ou células identificando alterações morfológicas e celulares Assim conseguem determinar quais doenças geram essas alterações que foram identificadas ou o progresso da doença de acordo com o estágio em que as células ou tecidos se encontram Questão 6 Variações genéticas são alterações no DNA que podem ser herdadas ou por meio de mutações que podem levar à ocorrência de uma doença Sendo a ciência que estuda as doenças e seus efeitos a patologia identifica as alterações celulares e teciduais dessas doenças de caráter genético auxiliando no seu diagnóstico e nos seus possíveis tratamentos Questão 7 As histonas cuja função é compactar e descompactar o DNA estão a ele associadas em forma de octâmeros Cada octâmeros é formado por duas histonas de quatro tipos distintos Questão 8 Manutenção celular pode ser entendida como processos que asseguram a sobrevivência e o funcionamento das células Temse como exemplos a divisão celular a síntese de proteína a reparação celular e a regulação da expressão gênica Questão 9 A membrana plasmática é uma estrutura presente em todas as células formadas por bicamada lipídica com permeabilidade seletiva Sendo assim ela protege a célula ao passo que controla a entrada e saída de moléculas e íons e também é importante para a eliminação de toxinas para o meio extracelular No que se refere à aquisição de nutrientes a membrana plasmática permite a entrada de nutrientes por meio de proteínas transportadoras Questão 10 A interação célulacélula ocorre por meio de moléculas de adesão formando junções celulares Estas podem ser divididas em três tipos tendo cada uma delas suas características A primeira classificação é a junção de oclusão que é formada por proteínas e tem como principal função fazer a regulação da passagem de água e solutos A segunda classificação é a junção de ancoragem que é formada através de proteínas transmembranas de adesão fazendo a comunicação intra e extracelular e permitindo que o citoesqueleto interaja com outra célula sem o contato direto entre as membranas A terceira classificação diz respeito à junção comunicante que permite a comunicação entre células para a passagem de moléculas e íons IEEE TRANSACTIONS ON EVOLUTIONARY COMPUTATION VOL 24 NO 1 FEBRUARY 2020 1250 TimetoTarget Tables Target reached Target reached within within MAXRUNS MAXRUNS Target reached Target reached within within 1000 runs 1000 runs Target reached Target reached within within 1000 runs 1000 runs Target reached Target reached within within 1000 runs 1000 runs table content Please note 1000 runs were the maximum number of runs and in the cases where these are not reached within 1000 runs the data shows no further success beyond that threshold
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UNINASSAU PAULISTA DOCENTE EVALDO DANTAS DA SILVA JUNIOR AGRESSÃO E DEFESA EXERCÍCIOS 01 De acordo com o artigo enviado com o título Evolução Histórica do Conceito de Doença após a leitura minuciosa fazer uma resenha crítica descritiva abordando os principais pontos norteadores encontrados ao longo dessa divulgação científica 02 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina conceitue com suas palavras a ciência patologia 03 De acordo com os fatos históricos da patologia geral justifique com suas palavras por que as doenças eram diagnosticadas pelo desequilíbrio do fluido vital 04 No tocante as questões religiosas qual a relação existente com a ciência patologia explique 05 Justifique com suas palavras a importância do desenvolvimento da microscopia com a ciência patologia 06 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre as variações genéticas associadas as doenças 07 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre a organização das histonas 08 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre a manutenção celular 09 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre a membrana plasmática e proteçãoaquisição de nutrientes 10 De acordo com sua participação em aula e entendimento inicial sobre a disciplina explique sobre as interações célulacélula UNINASSAU PAULISTA DOCENTE EVALDO DANTAS DA SILVA JUNIOR AGRESSÃO E DEFESA EXERCÍCIOS Instruções de entrega 1 Entregar apenas as respostas 2 As respostas devem ser apenas manuscritas não pode ser digitado 3 Ao término digitalizar ou fotografar as suas respostas aparecendo também seu nome curso e matrícula e enviar por email 4 email para envio evaldinhosempregmailcom 5 Prazo de entrega 2703 às 22hs SciELO Books SciELO Livros SciELO Libros HEGENBERG L Doença um estudo filosófico online Rio de Janeiro Editora FIOCRUZ 1998 137 p ISBN 8585676442 Available from SciELO Books httpbooksscieloorg All the contents of this work except where otherwise noted is licensed under a Creative Commons AttributionNon CommercialShareAlike 30 Unported Todo o conteúdo deste trabalho exceto quando houver ressalva é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição Uso Não Comercial Partilha nos Mesmos Termos 30 Não adaptada Todo el contenido de esta obra excepto donde se indique lo contrario está bajo licencia de la licencia Creative Commons ReconocimentoNoComercialCompartirIgual 30 Unported Evolução histórica do conceito de doença Leonidas Hegenberg EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE DOENÇA Resumo Examinamse aqui os vários significados atribuídos ao ter mo doença no Ocidente da Antigüidade ao século XIX Após 1 uma nota preliminar sucedemse 2 rápido comentário em tomo de concepções primitivas e 3 antigas 4 breve exame do ocorrido na Idade Média e no Renascimento e 5 no período moderno 6 por fim dáse atenção ao século XIX Iatrologia Até onde alcançam os registros históricos atestam que a arte de curar não foi praticada sem que paralelamente deixasse de se apresentar o desejo de funda mentála e legitimála O médico obrigado a decidir e a agir sente necessidade de justificar suas opções se não para o paciente pelo menos para si mesmo Esse de sejo de justificativas é fulcro de preocupações teoréticas O médico refletindo a respeito do que se passa com a pessoa que procura sua ajuda dos procedimentos que deve adotar e das conseqüências de tais procedimen tos reúne idéias que pedem sistematização O conceito de doença é o traço de união entre pensamento e ação à beira do leito de enfermo Esse conceito organiza as idéias recolhidas nas concretas investigações e estabelece alicerces em que assentar cada fase da atividade médica a ele cabe tornar inteligíveis as transformações que ocor rem no paciente fundamentando assim eventuais indicações terapêuticas O con ceito de doença possibilita a ação médica Prolongandose para abranger de um lado a noção de saúde e de outro lado o estudo de eficientes meios de cura o conceito de doença produz por assim dizer um conceito de Medicina Acrescentando a este conceito os princípios gerais que norteiam pensamento e ação dos médicos pressupostos evidências propósitos normas formulase a Teoria da Medicina ou Iatrologia do Grego iatros elemen to que entra na composição de palavras como remédio médico também iatria que entra na composição de palavra como tratamento Assim a noção de doença colocase como noção básica para estudo da Filosofia da Medicina Vale a pena pois examinar as alterações que a noção sofreu no Oci dente ao longo da História Exame desse gênero pode ser instrutivo revelando as modificações por que passaram nossas idéias atesta que também as atuais concep ções poderão mudar devolvendonos a humildade que algumas vezes perdemos e que é indispensável para a pesquisa Concepções primitivas É provável que a Medicina tenha surgido com a humanidade Vítima e teste munha do sofrimento o ser humano deve desde logo terse debruçado sobre os doentes com o desejo de curálos Ε possível que encarasse a doença como ocorrên cia sobrenatural tal como os ventos as tempestades ou as manifestações de deuses malévolos A doença com suas dolorosas conseqüências seria obra de algum espí rito cuja ira importaria aplacar com os sacrifícios ou seria obra de algum inimigo dotado de poderes especiais cuja animosidade haveria de ser combatida por meio de sortilégios Nesse quadro geral a doença foi diversamente contemplada ora como fruto de invasão do organismo por matéria estranha ora como perda da alma ora em termos de corpo tomado por fantasmas ora como decorrência do rompimento de tabus ora enfim como fruto de ritos mágicos Povos primitivos entendem a doença como algo que se deve à ação de projé teis lanças flechas pedras atiradas por inimigos ou talvez ossos e espinhos que alguém engole sem querer em virtude da ação de forças adversas humanas ou so brehumanas Em alguns casos o projétil é um organismo um verme p ex cujos movimentos na pessoa afetada explicariam dores agudas ou o malestar súbito A terapia nessas várias situações resumirseia na localização e remoção do invasor não ficando excluída a possibilidade de devolvêlo ao remetente A alma para povos primitivos não seria entendida em termos teológicos ou metafísicos mas como sombra ou duplo da pessoa Esse duplo teria condições às vezes de separarse do corpo graças à ação mágica dos deuses ou de eventuais inimigos humanos A terapia aconselhável consistiria em reencontrar a alma para devolvêla ao proprietário No caso de invasão por demônio a pessoa adoece porque tomada por espí ritos ou almas estranhas A terapia consiste então em tratamentos psicológicos exorcismo em extrações mecânicas alcançada por ingestão de substâncias ou por aspiração de vapores presumivelmente não apreciados pelo invasor ou em transferências procurandose enviar a alma estranha para outro corpo animal ou objeto capaz de retêla Quando se alude à quebra de tabus entendese a doença em termos de pu nição o doente é castigado por haverse rebelado contra imperativos religiosos ou sociais Deuses e almas de antepassados punem os homens que não se curvam diante dos mandamentos vigentes Ε preciso em certas circunstâncias distinguir a culpa individual da coletiva males que afligem a tribo são associados a uma culpa coletiva um erro ou desobediência generalizada que dá origem aos males e às epi demias Em qualquer caso a terapia envolve interrogatório e confissão de culpa Confessada a culpa as pessoas castigadas prometendo fidelidade aos mandamen tos em vigor adquirem condições de curarse A magia está associada ao bruxo ou feiticeiro O bruxo tem o poder de agir sobre seus semelhantes usando para isso partes do corpo de seu alvo unhas cabelos dentes ou coisas que lhe pertençam peças de roupa objetos de estimação Por contato através dessas partes ou dessas coisas o bruxo atinge a pessoa provocando o surgimento de dores ou moléstias Alternativamente o bruxo pode usar objetos bonecos desenhos que de alguma forma representem a pessoa a atingir Caso especial é o do mau olhado Certas pessoas bem como alguns animais ir racionais teriam o poder de afetar seres vivos pelo olhar Ditos populares ainda hoje repetidos dizem que os olhos são o espelho da alma e que a pupila é a abertura pela qual se vê o interior das pessoas A alma pode pois ser atingida e ferida por um olhar De modo paralelo atua a maldição Mau olhado e maldição de acordo com o que asseveram muitos estudiosos são combatidos mediante orações e sacrifícios que podem comover os deuses de quem se aguarda a bênção ou a força necessária para resistir aos perniciosos efeitos das maldições Esse quadro pode ampliarse para abranger os maus ventos ainda hoje associa dos às epidemias os vampiros e outros seres demoníacos assim como a fatalidade equi parada muitas vezes a um tipo de vontade divina contra a qual parece inútil lutar Resumindo a doença foi vista pelos primitivos como resultado de alguma coisa misteriosa introduzida no corpo da vítima ou como decorrência de atos má gicos realizados por deuses ou por feiticeiros Conquanto resíduos dessas concep ções ainda possam ser percebidos na atualidade elas estão aparentemente supera das e abandonadas Concepções vigentes na Antigüidade No período clássico a Grécia dos tempos heróicos encontramos Apoleo o Deus da Medicina Ele enviava as doenças para a Terra e só ele podia afastálas Apoio curava os males com a raiz da peônia planta silvestre das montanhas do Sul da Europa o que explica o uso da expressão Filhos de Peônia aplicada aos prati cantes da Medicina A Mitologia diz que Apoio e sua irmã Artemis teriam ensinado Medicina a Quiron filho de Saturno encarregado da educação de Esculápio filho de Apoio e da ninfa Coronis Refere a lenda que Esculápio se teria tornado excelente médico responsável pela diminuição do número de almas enviadas ao inferno o que lhe valeu o castigo de Zeus a morte Esculápio foi adorado nos templos denominados Asclepéia ou Aesculápia situados nas vizinhanças de fontes de águas minerais verdadeiros centros de saúde dirigidos por sacerdotes Estes recebiam os visitan tes e falavam dos grandes feitos de Esculápio e das curas alcançadas com seus re médios Após as preces e os sacrifícios os pacientes eram purificados com as águas e recebiam os conselhos dos sacerdotes Recuperandose faziam em geral ricas ofertas aos deuses reprodução em mármore ou em cera das partes dos corpos que se haviam curado Essa prática é comum em diversos lugares do mundo no Brasil há muitas igrejas que ainda conservam museus de oferendas Dois asclepéias tornaramse particularmente conhecidos em Cos e em Cnidos Suas tábuas votivas contêm diversas observações clínicas que atravessaram os sécu los Entre os discípulos de Esculápio cabe lembrar Higéia e Panacéia patronas da Higiene e da Farmácia Todavia a Medicina científica tem início com Hipocrates A existência de Hi pocrates é problemática A tradição hipocrática deriva do nome do suposto autor de vários tratados cerca de sessenta que se transformaram em indícios materiais dessa tradição Evidências internas ligadas principalmente à diversidade de estilos e abordagens filiados inclusive a escolas diferentes fazem supor que os tratados te nham sido elaborados entre os anos 430 aC e 330 aC ignorandose como teriam chegado a ser agrupados para receberem a forma unificada afinal adquirida As teorias médicas reunidas no Corpus hipocratico exercem grande influência na Medi cina e delas é usual falar como se fossem efetivamente obra de um só autor Hipo crates que teria vivido entre 460 e 370 aC Dotado de notável espírito de observa ção conhecendo profundamente o ser humano e exercendo intensa atividade médi ca Hipocrates consolida as informações das tábuas votivas de Cos e de Cnidos dandolhes aspecto sistemático em um livro de Aforismos ainda hoje consultado graças aos importantes ensinamentos que encerra Hipocrates descreveu numerosas doenças e recebeu com justiça o cognome Pai da Medicina Sabiase é claro que uma pessoa podia adoecer em função de algum ferimen to numa batalha ou num acidente A razão do mal em tais casos era óbvia Con tudo pessoas ficavam doentes sem motivo aparente Infortúnios inexplicáveis pro vocavam espanto e inquietações Desejavase conhecer como e porque as perturba ções afligiam a tantos no mínimo para evitar que se repetissem As mais aceitáveis explicações da doença foram construídas cogitando de cau sas Se não havia como determinálas eram concebidas em termos de agentes invi síveis que afetavam os corpos Berghoff 1947 lembra que os povos primitivos in cluíam entre as causas das doenças os pecados contra mandamentos divinos ou re gras sociais A Hipocrates se deve a primeira tentativa no sentido de eliminar cau sas sobrenaturais atribuindo às doenças uma causa natural Vale a pena repetir o que registrou a respeito da doença sagrada epilepsia Pareceme que não é mais divina ou mais sagrada do que outras doenças tem ao contrário uma causa natural de que como outros males se origina Cf Rothschuh 1975 p 1 trecho aqui traduzido com certa liberdade Essa observação marca o início da abordagem científica das doenças e assinala o começo da terapia racional o momento em que a doença passa a ser vista como fenô meno natural Na época de Hipocrates a Natureza era contemplada como combinação de quatro elementos terra água ar e fogo Na dependência das proporções em que compareciam esses elementos delineavam as propriedades dos objetos o seco o úmido o quente e o frio Hipocrates associa os quatro elementos a quatro humo res do corpo humano o sangue o phlegma a bile amarela e a bile negra As pro porções em que comparecessem delineariam correspondentes atributos dos seres humanos a que se associariam os males e a ação dos medicamentos A saúde re sultaria de equilíbrio crase dos elementos a doença deverseia ao desequilíbrio discrase dos mesmos elementos Aí está a base da primeira doutrina a respeito da doença Tratase de uma pa tologia humoral como conviria denominála face ao papel que nela desempe nham os humores ou líquidos dos organismos A doutrina de Hipocrates se dissemina rapidamente No final do século Π re cebe roupagem adequada sobretudo nas obras de Galeno de Pérgamo 131201 a quem se deve uma convincente sistematização dos ensinamentos hipocráticos No esquema de Galeno o princípio básico da vida é o espírito ou pneuma Oriundo de um pneuma cósmico o ar esse pneuma ingressa no corpo através dos pul mões atinge o coração e se mistura com o sangue Por seu turno os alimentos chegam ao fígado um órgão que transforma o quilo em sangue venoso dotandoo de um segundo espírito um espírito natural presente em todos os organismos enquanto permanecem vivos O sangue venoso chegando ao coração caminha em duas direções Uma parte se conserva no lado direito do coração a fim de purificarse e reingressar no sistema ve noso Outra parte passa de gota em gota para o lado esquerdo do coração voltando a manter contato com o pneuma exterior As gotas de sangue nesse processo geram um tipo superior de pneuma o espírito vital As artérias conduzem o espírito vital até o cérebro Aí o sangue arterial se divide em diminutas porções para que sejam carrega das de um terceiro espírito o pneuma animal que invade os nervos entendidos como simples vasos condutores Percebese que Galeno aperfeiçoa a teoria humoral de Hipocrates Sem embar go a doença continua a ser entendida como antes em termos de crase e discra se equilíbrio ou desequilíbrio de humores ou pneumas A doutrina humoral se mantém e se transmite dominando o cenário até quase o final do século XVIII Roma Idade Média e Renascimento A não ser nos campos da Engenharia e do Direito os romanos pouco inventa ram preferindo estudar preservar e imitar os gregos A Medicina como a Filosofia as Artes e a Ciência não foge à regra Pelo prisma teórico vêse cultivada ao longo das linhas estabelecidas por Galeno que aliás segundo alguns historiadores fale ceu em Roma tendo sido por vários anos médico de gladiadores O interesse dos romanos pela Engenharia levouos a construir aquedutos e a cuidar das águas do que resultou um alto padrão de higiene mantido entre os me lhores da Europa até fins do século XIX Do pendor pela Engenharia nasceram ain da vários instrumentos muito usados nas cirurgias Entre esses instrumentos está a cesárea usada segundo consta pela primeira vez para trazer ao mundo o im perador Júlio César em 102 dC Pelo prisma da Medicina não há muito o que dizer a propósito do ocorrido na Idade Média Talvez convenha lembrar que Maomé nascido por volta de 370 con seguiu unificar as tribos nômades da Arábia dandolhes o islamismo como ideal re ligioso Islamitas conquistaram vastos territórios da Espanha até a índia incluindo o Norte da África e o Sul da Europa para formar um grande império que se conso lida nos séculos VII e VIII No reinado de AlMamun 813833 o islamismo alcança período de esplendor com a fundação em Bagdá de observatórios e escolas com ricas bibliotecas em que obras da índia e da Grécia traduzidas para o árabe são meticulosamente estudadas e discutidas Os muçulmanos desenvolvem a Medicina escrevendo vários tratados a respeito da varíola do sarampo e das doenças dos olhos Esses tratados seriam muito utilizados até meados do século XVQI Nesse quadro destacase Avicena 9801037 Seu Cânon síntese de conheci mentos médicos de gregos e árabes serviu durante centenas de anos como texto principal para o estudo da matéria No século XI dáse a revolução social e econômica da Europa Cessam os ata ques bárbaros e o mundo ocidental imaginase uma vez mais seguro e em condi ções de se debruçar sobre a ciência e as artes O ensino melhora Surgem as primei ras universidades As Cruzadas atingindo o Islão trazem daí onde haviam sido preservadas as versões árabes de obras produzidas na Grécia Textos clássicos re cuperados são vertidos para o latim Ao tempo de Abelardo 10791142 professor da Sorbonne discutese muito o problema da fé e da conciliação de opiniões reli giosas conflitantes o que leva à divulgação dos livros de Aristóteles Alberto Mag no 11931280 e seu discípulo São Tomás de Aquino 12251274 divulgam o pensa mento aristotélico tentando aproximálo do pensamento da Igreja Comentários de Avicena ganham destaque nesse contexto provocando a tradução de sua obra para o latim Desse modo a Medicina passa por novo período de florescimento Não obstante as idéias debatidas são as mesmas que se examinavam na Antigüidade matizadas aqui e ali pelas anotações feitas pelos árabes Nos séculos XIV e XV ocorre a transição o mundo se torna cada vez menos medieval e cada vez mais moderno Aí encontram bases as transformações pelas quais haveria de passar a civilização ocidental Cientistas em trabalho profícuo ab sorvem e ampliam os ensinamentos antigos A obra de Galeno é posta ao alcance de interessados e ao lado dos livros de Avicena fundamenta estudos de Medicina Contudo predomina certo respeito pela autoridade evitandose crítica às idéias recolhidas nos tratados clássicos Por esse ângulo aliás os erros de Aristóteles têm de hábito maior peso do que os acertos de outros Asimov 1965 754 Exemplificando Aristóteles encara o cérebro como simples dispositivo de ventilação destinado a refrigerar o sangue aquecido Na geração seguinte Hirófilo trabalhando em Alexandria imagina o cé rebro como sede da inteligência Seus sucessores porém dominados pelo prestígio de Aristóteles continuam até a Idade Média a situar emoções e traços de persona lidade em órgãos como o coração e o fígado Ensinase pois no século XVI o que Galeno havia registrado no século IIde modo que o sangue ainda passa de um lado para outro no coração através de pequenos poros Leonardo da Vinci 15421519 quase chega a formular uma teoria da circula ção do sangue antecipando idéias de William Harvey 15781657 consolidadas no século XVII Não se atreve porém a contestar as autoridades o que surpreende um pouco pois em outras áreas Leonardo não hesita em se opor aos antecessores Na Suíça vive Aureolos Teofrastos von Hohenheim 14931541 cognominado Paracelso um dos primeiros a combater as doutrinas de Hipocrates e de Galeno concebendo a doença como processo anômalo que ocorre nos organismos Estu dioso de alquimia Paracelso atribui especial importância à composição química dos líquidos existentes no corpo imaginando a doença como decorrência de desequilí brios químicos dos sucos digestivos que penetrando no sangue originam as acrimônias percebidas na forma de acidez ou mau sabor É sobretudo na Universidade de Pádua porém que a Medicina passa a ser es tudada com empenho e é ali que se abrem caminhos para triunfos que o método ex perimental alcançaria no século XVII Vesalius médico belga 15141564 professor em Pádua rejeita decididamente os ensinamentos de Galeno Buscando sem êxito os poros a que seu antecessor havia aludido parte em busca de novas explanações para a circulação do sangue Seu livro De Humanis Corporis Fabrica retrata bem o que acontece na época ao lado da aceitação tácita das idéias das autoridades come çam a aparecer críticas e específicas indicações de erros cometidos pelos mestres da antigüidade Essa correção das noções clássicas culmina com Harvey em obra pu blicada em 1628 na qual se mostra ser o coração uma espécie de bomba muscu lar cuja função é a de impelir o sangue nos vasos mantendoo em movimento Re solveuse enfim o problema da circulação sanguínea No que concerne à terminologia talvez seja oportuno observar que há interação forte entre os vocabulários da Medicina e da Tecnologia O tema é interessante e mere ceria mais profunda análise Não porém no presente contexto de modo que as obser vações seguintes resurnirseão a algumas breves notas Ε fácil perceber que vários ter mos da Anatomia retratam situações tecnológicas e viceversa Falase por exemplo em vasos canais eixos e anastomose comunicação entre canais Por outro lado repetin do Platão comparamse as vertebras às dobradiças de uma porta Timeu 74a e os vasos sanguíneos aos canais de irrigação id p 770 repetindo Aristóteles De motu animalia 707b ossos do antebraço flexionados por tendões são comparados aos braços de cata pultas esticados por fios A Anatomia havia sido e continuava sendo um tipo de ana tomia animara baseada em algumas deduções assentadas em analogias tendo em conta o que sucedia com ferramentas comuns Harvey também registra a semelhança que existe entre as válvulas das veias e as válvulas mecânicas Cumpre observar que o desenvolvimento da tecnologia deu origem a muitos objetos cujos nomes em vista de claras analogias foram recolhidos no jargão médico Assim nascem possivelmente pa lavras como braço da alavanca dente da serra cotovelo da estrada garra do ali cate assim como joelho e unha para aludir a partes de certas máquinas Claude Bernard especialmente em seu livro de 1855 Leçons de Physiologie Ex perimentale Appliquée à la Medicine mostraria a exagerada simplificação envolvida em tais aproximações analógicas sublinhando os perigos de um raciocínio que tomasse tais analogias ao pé da letra Mostra em suma o erro de supor que se um dado item da tecnologia possui certa estrutura e certa função então um item correspondente similar da anatomia dotado de estrutura correspondente deve ter função comparável Nessa época o vocábulo modelo ganha contornos mais preci sos e as palavras de Bernard formas análogas são aproximadas umas das outras a se guir funções semelhantes são inferidas prestamse para identificar um dos sentidos que o termo passaria a ter de especial importância para a Medicina Encerrando as considerações a respeito desse período renascentista uma bre ve nota A divulgação dos textos clássicos em Latim e dos textos produzidos por es tudiosos como Harvey muito preocupados com a experimentação contribuiriam decididamente para o ressurgimento das teorias humorais de Hipocrates e Galeno Essas teorias aperfeiçoadas e modificadas voltariam a dominar o cenário das idéias médicas no início dos tempos modernos O período moderno Nos séculos XVII e XVIII há várias figuras ilustres a considerar Recordemos algumas Giovanni Battista Morgagni 16821771 de Pádua estabelece as bases da Anatomia Patológica Realizando inúmeras autópsias afirma que as doenças resul tam de alterações nos órgãos Descreve diversos tipos de lesões que mais tarde fo ram dadas como substrato anatomopatológico de muitas doenças O médico inglês John Hunter 17281793 apoiandose nos ensinamentos de Morgagni operando com vários animais estabeleceu as bases da Patologia Experi mental De suas obras resulta a convicção de que as doenças decorriam de fato de alterações nos órgãos Para Friedrich Hoffman 16601742 as doenças agudas deverseiam a certas con dições espasmódicas ao passo que as crônicas decorreriam da falta de tono no tando que o termo tono em Fisiologia indica estado normal de resistência ou de elasticidade de um órgão ou de um tecido Nesse período há médicos que procuram explicar a doença em termos fisioló gicos Georg Ernst Stahl 16601734 é um desses médicos Em obra póstuma lem brada por Wilfred Trotter 1941 143163 Stahl escreve que a doença é fruto da alma que irritada não dirige os processos vitais com a desejável justeza Não custa registrar que essa doutrina animista com roupagens diferentes volta a apre sentarse na Medicina psicossomática de hoje Ainda de acordo com Trotter Stahl pregava um tipo de animismo segundo o qual o corpo seria simples boneco mecâ nico acionado e dirigido pela alma A doença resultaria pois de mau comporta mento da alma de modo que as drogas não seriam de ajuda e os males do corpo haveriam de ser combatidos mediante prévia cura da alma Albrecht von Haller fisiologista suíço do século XVIII trabalhando em Gottingen descobriu fatos importantes a respeito do sistema nervoso Notou por exemplo que era mais simples provocar a contração muscular estimulando o nervo do que estimu lando o próprio músculo Chama a atenção desse modo para o papel que os nervos desempenham nos processos vitais Seus trabalhos provocam em meados do século XVIII a intensificação do estudo daquele sistema Para William Cullen 17101790 cujas obras mais notáveis são amplamente comentadas por King 1982 os músculos eram meros prolongamentos dos ner vos e todos os males seriam decorrentes de desequilíbrios da energia nervosa John Brown discípulo de Cullen disseminando as idéias de seu mestre contribuiu para que dominassem o cenário médico durante quase trinta anos Segundo Brown a vida depende de estímulos externos ao organismo Se tais estímulos são fortes em demasia surge a doença estênica se fracos em demasia a doença astênica Nesse es quema a diagnose limitarseia a determinar o tipo de doença estênica ou astênica e seu grau A terapia também se tornava simples pacientes estênicos eram acal mados com ópio astênicos eram estimulados com vinhos álcool Em tom anedóti co recordase que Brown teria perecido em decorrência de animadas aplicações nele mesmo dos dois agentes terapêuticos Thomas Sydenham famoso médico inglês do século XVIII é um dos primei ros a admitir que as doenças poderiam ser distribuídas em grupos Assim como há espécies zoológicas e botânicas há também espécies morbi Embora Sydenham se voltasse primordialmente para a terapia e a prognose reuniu informes acerca das doenças adotando esquema tipicamente baconiano de pensamento coligir dados é o passo inicial de qualquer pesquisa Sustentava que a Natureza ao produzir doenças age de modo uniforme e coerente pois diferentes pessoas afetadas por um dado mal apresentam sintomas que muito se parecem Cf The Works of Thomas Sydenham trad de Latham Londres 1848 p 18 apud King 1982 Na página 29 de seu livro diz King Sydenham afirma que a doença nada mais é do que um esforço da Natureza que luta para restaurar a saúde do paciente eli minando a matéria morbífica Guiado por essas idéias Sydenham tenta classifi car as doenças levando em conta as características do doente as circunstâncias em que o mal se apresentasse e o padrão dos sintomas e sinais com a ordem de surgimento e a duração deles Mais tarde Sydenham aperfeiçoa a classificação tendo em conta ainda reações diante de terapias diversas O plano de classificar as doenças é levado adiante por Francois Boissier de Sauvages de la Croix 17061767 Em uma Nosologia Methodica agrupou as doenças em dez classes 295 gêneros e 2400 espécies transformandose em um Linnaeus das enfermidades recordando o árduo trabalho de Carolus Linnaeus em 1737 ao classificar os seres vivos em gêneros ordens classes As observações precedentes permitem notar que há várias maneiras de conce ber a doença resultantes de variados enfoques adotados pelos estudiosos do assun to Apesar de algumas divergências o pensamento dominante é o da doença como entidade independente algo que ataca ou acomete as pessoas em particular um algo passível de ser distribuído em classes gêneros e espécies É com essa idéia no pano de fundo que se ingressa no século XIX O século XIX No início do século XIX MarieFrançois Xavier Bichat 17711802 insiste em que é preciso aprofundar o estudo de órgãos doentes Analisando órgãos a ori gem e a seqüência de processos mórbidos Bichat percebeu a importância que cabia dar ao exame de lesões e de alterações estruturais mais finas particularmente nos tecidos Figura de renome que surge em seguida é a de Francois Broussais 17721838 autor de obra a respeito de sistemas de nosologia publicada em 1821 Para ele as doenças são irritações localizadas em alguma víscera principalmente o estômago e os intestinos A fim de suavizar as irritações valiase de ventosas Em tom irônico e até maldoso dizse que a França no primeiro quarto do século XIX precisaria de 40 milhões de sanguessugas caso decidisse aplicar seriamente a tera pia proposta De acordo com Broussais a doença no sentido de interesse para no sologistas não existia La Nature na aucun pouvoir de guérison naturelle A natureza não tem qualquer poder de cura afirmava ele sustentando que escapar dos males dependia tãosomente da intervenção do médico e das ventosas Entrementes na Alemanha em 1827 Karl Ernst von Baer dá apreciável impul so à embriologia iniciando estudos sobre a origem dos órgãos organogênese e dos tecidos histogênese Friedrich Menkel em Berlim por volta de 1820 estudava pes soas com sérias deformidades monstros para concluir que não eram como se pensava criaturas diabólicas mas seres com anomalias no desenvolvimento em brionário Nasce desse modo a Teratologia teras do Grego associase ao nosso vocábulo monstro Na Áustria Karl von Rokitanski 18041878 após fazer mais de dez mil autópsias publica um tratado de Anatomia Patológica ainda hoje famo so pela precisão das descrições Todavia insiste em associar as lesões observadas a certas discrasias sangüíneas voltando pois à teoria humoral o que lhe valeu mui tas críticas de seus contemporâneos Uso mais assíduo de microscópios construídos já no final do século XVI per mitiu aos biologistas a descoberta de uma unidade básica de organização dos se res vivos Robert Hooke 16351702 valendose de aparelho que ele mesmo construiu notou que a cortiça apresentava pequenos compartimentos a que denominou célu las como as células de um mosteiro Outros estudiosos logo depois mais ou me nos em 1665 descobriram células similares cheias de fluidos nos tecidos vivos Os biologistas se convenceram nos cem anos seguintes de que a matéria viva era for mada de células contempladas como unidades de vida independente Alguns mi croorganismos eram constituídos por uma única célula a maioria porém se forma va com numerosas células coordenadas por uma ação conjunta Um dos primeiros a propor teoria celular foi o fisiologista francês Joachim Henri Dutrochet 1776 1847 Suas idéias porém expostas em 1824 passam despercebidas e só ganham vida após reformulações atribuídas aos alemães Matthias Jacob Schleiden 1804 1881 e Theodor Schwann 18101882 realizadas entre 1838 e 39 A teoria celular é para a Biologia o que a teoria atômica foi para a Física Sua importância como for ma de descrever a dinâmica da vida ficou estabelecida por volta de 1860 quando o patologista Rudolf Virchow 18211902 em frase lapidar até hoje muito repetida afirmou que omnia cellula a cellula todas as células provêm de outras células Foi Virchow quem mostrou ainda serem as células de tecidos doentes produto de divisão de células inicialmente normais ou sadias Tornouse claro então que os organismos começam a vida sob a forma de tais unidades A questão agora era a de saber como se reproduziriam A descoberta de corantes especiais permitiu em 1831 o exame ao microscópio das células e seus núcleos identificados por Robert Brown 17731858 que tem seu nome associado ao movimento browniano Wal ter Fleming 18431905 descobriu em 1879 que os núcleos continham pequenos grânulos as cromatinas que permitiam compreender a divisão celular Embora o corante destruísse a célula tornava claras as fases da divisão fases que uma vez postas em seqüência possibilitavam a reconstrução do processo A partir daí a mitose é descrita de modo minucioso e Wilhelm von WaldeyerHart 18361921 cria em 1888 o termo cromossomo de uso consagrado Notese que cromossomo a rigor é nome inadequado pois o objeto nomeado é incolor em seu estado natural e o termo sugere o oposto corpo colorido Observação das células com auxílio de corantes especiais revelou que cada espé cie animal ou vegetal possui número fixo de cromossomos Esse número dobra pouco antes da divisão da célula em duas partes a mitose de modo que cada filha tenha aquele mesmo número original de cromossomos Eduard von Beneden 18461910 descobre na Bélgica em 1885 que os cromossomos não têm seu número duplicado nas células dos ovos e dos espermatozóides que têm pois metade do número típico de cromossomos das células ordinárias da espécie A divisão celular que produz as células dos ovos e dos espermatozóides é denominada então meiose A união de um ovo e um espermatozóide no ovo fertilizado leva assim a um conjunto completo de cro mossomos Esse conjunto se transfere pela mitose a todas as demais células do or ganismo resultante Resumindo os comentários relativos ao período moderno e ao século passado o que se nota século XVIII e primeira metade do século XIX é o desenvolvimento da Patologia Experimental e da Patologia Celular Nesse quadro as figuras princi pais são Morgagni e Virchow pois assentam os alicerces da Medicina Moderna Vá rias doenças foram mais claramente descritas e entendidas do que o haviam sido em tempos anteriores tendo em conta as contribuições da Patologia Faltava po rém estabelecer as causas das doenças Pasteur em estudo de 1878 relativo aos germes revela a existência de microorga nismos e caracteriza o papel que lhe cabe na transmissão de moléstias Iniciase desse modo o estudo da Microbiologia e da Parasitologia Com as descobertas de Koch 18731910 isolando o bacilo da tuberculose e a bactéria do cólera tevese a impressão de que o conceito de doença ganhava enfim contornos nítidos A doença passou a ser entendida como conseqüência da invasão do organismo por agentes estranhos cuja agressão provocava lesões nos órgãos e tecidos Doenças eram portanto resultados de infecções do Latim inficire que significa envenenar provocadas pelos micro organismos Descobertas subseqüentes permitiram identificar numerosas causas de doenças e levaram à produção de vacinas e soros Recordese que as vacinas ha viam sido descobertas por Edward Jenner 17491823 médico inglês discípulo do já citado John Hunter Como sabido Jenner combateu uma epidemia de varíola di vulgando suas idéias a respeito da vacinação em 1789 Todos esses avanços não serviram contudo para caracterizar a doença de modo inteiramente satisfatório Considerese p ex a tuberculose As propostas de Koch sa tisfaziam o conceito de doença defendido pelos bacteriologistas porém não o con ceito advogado pelos clínicos De fato a mera presença de bacilos não é suficiente para dar o portador como doente Todos nós podemos em algumas ocasiões trazer microorganismos no corpo sem por isso estarmos doentes Dito de outro modo a presença de invasores é perfeitamente compatível com a normalidade Em vista disso na busca de uma clara caracterização da doença foi preciso re ver o que se julgava assentado Em primeiro lugar recordese que os gregos já ha viam estabelecido que as doenças eram fenômenos naturais embora não tivessem atingido a noção da especificidade dos diversos males que afligem o ser humano É verdade que os gregos haviam descrito muitas moléstias dandolhes nomes parti culares não perceberam no entanto a etiologia específica de cada qual delas para colocálas no esquema da concepção humoral Seguindo a trilha aberta pelos gregos e consolidada por seus sucessores es tudiosos de variada origem passaram a conceber a doença em termos de falta ou excesso de alguma coisa idéia que dominou o cenário médico até meados do século XIX No século XIX os médicos passaram a entender a doença em termos de desvios com respeito à normalidade O deus da mensuração que tanto êxito havia alcançado na Astronomia e na Física preparavase para conquistar a Medicina Quem está doente Aquele que se afasta do normal A mera presença de bacilos não caracteriza doença esta existe quando a quantidade de bacilos ultrapassa um dado índice de normalida de A questão é como fixar um tal índice Procurando contornar essa dificuldade clínicos adotaram a idéia de impedimento antes de asseverar que um desvio em relação ao normal corresponde a uma doença al gum tipo de limitação física ou de limitação das capacidades de atuação social deve manifestarse A idéia foi um passo em boa direção mas não forneceu os resultados es perados Que dizer por exemplo de um paciente estóico decididamente com pertur bação no ventrículo de acordo com a evidência eletrocardiográfica e que se diz bem não abandona o trabalho não interrompe as atividades usuais Está doente Talvez caiba dizer que estará doente mais cedo ou mais tarde porém a dúvida persiste está Ε que dizer no outro extremo do neurótico inteiramente convencido de que é cardíaco não obstante a total falta de evidências Se ele não se sente bem permanece na cama recusandose a trabalhar está doente à luz do critério do impedimento Percebese que é preciso estabelecer alguma diferença entre o mal que inva de a pessoa e um estado subjetivo sem lastro físico perceptível uma diferença afinal entre dois tipos de doença Com isso porém criamse novas dificuldades em vez de um problema temos dois problemas No final do século XIX Adolph Kussmaul de Freiburg cujos trabalhos mais notáveis datam do período 186769 preocupado com dilatações gástricas abre inte ressante linha de estudos Ottomar Rosenbach acompanhando essa linha cunhou a expressão insuficiência ventricular aludindo à desproporção entre energia muscu lar do estômago e quantidade de trabalho que desse órgão é solicitada Notese que a expressão é usada até hoje embora com referência mais freqüente ao coração A idéia de estudar funções e órgãos levou a amplo exame do diagnóstico esta belecido com base em alterações físicas e químicas provocadas pelas doenças Vis lumbrouse aí a possibilidade de dar melhores contornos à noção de impedimento que seria caracterizada por meio daquelas alterações físicoquímicas Novas difi culdades porém se apresentaram de imediato notandose que forças psicológi cas podem provocar alterações significativas nas funções orgânicas Dito de outro modo colocavase em realce a questão da saúde mental Alguns autores especialmente depois que as idéias de Freud se tornaram co nhecidas definiram a doença em termos tão amplos que suas idéias beiram o ab surdo Médicos estarão de acordo presumese ao dizer que um indivíduo que en venena a sogra apresenta algum grau de perturbação mental Mas o conceito se alarga indevidamente ao abranger mães solteiras divorciados frustrados velhos aborrecidos executivos insones motoristas irados e até crianças que tiveram exces sivo ou nenhum carinho maternal As complexidades são tantas e de tal ordem que a noção de doença especialmente quando procura abranger a doença mental se torna mais fugidia do que já era Os numerosos progressos havidos não permiti ram uma boa definição de doença No campo da saúde mental faltava noção clara de normalidade Qual seria por exemplo o índice normal de ansiedade Na falta de resposta adequada os psicólogos recorreram uma vez mais ao impedi mento o que não alterou a situação nem lhe diminuiu a complexidade O impedi mento se aplica muito bem aos casos extremos onde alias a noção se torna supér flua mas não se aplica quando as distinções precisas se fazem imperiosas o que ocorre justamente se soluções urgentes são procuradas Em resumo a noção de impedimento não prestou serviços tão relevantes quanto esperados e a par disso não se mostrou promissora para psicólogos e psiquiatras De acordo com a Organização Mundial da Saúde OMS a saúde não se carac terizaria negativamente pela ausência de doenças mas seria um estado de completo bemestar físico mental e social Em certa medida como sublinhou Hudson 1966 isso mais parece estado comatoso do que saúde Pedindo excusas pelo jogo de palavras é claro que as idéias não se haviam tor nado claras no final do século XIX Dúvidas sérias se acumulavam Seriam as doen ças entidades que afetam as pessoas Ou seriam estados que as pessoas atra vessariam Há doenças ou há apenas pessoas doentes Todas essas questões voltariam a colocarse nas agendas de médicos e de filósofos no século XX exigindo atenção e estudos meticulosos Indicações bibliográficas Este capítulo foi elaborado com base em numerosas fontes Entre os livros cumpre destacar Konzepte der Medizin Rothschuh 1978 e Medical Thinking King 1982 Entre os artigos merecem destaque especial os reunidos na parte 6 intitula da Factors in biological discovery da antologia Scientific Change organizada por Crombie 1963 e The concept of disease Hudson 1966 Algumas obras de História foram examinadas Entre elas Burns 1975 original inglês de 1949 e Briton et al 1965 Em especial foram consultados trechos da an tologia Moments of Discovery organizada por Schwartz e Bishop 1959 e alguns ca pítulos dos diversos volumes da Historia Geral das Ciências Taton Org 1965 em diante original francês De modo mais específico a seção que trata das concepções primitivas tomou por base o artigo Wie naturvolker krankheiten erklaren Stubbe 1979 A seção seguinte apoiouse nos artigos The scientific approach to disease Temkin 1963 e The role of analogies and models in biological discovery Canguilhem 1963 bem como nos comentários feitos a eles publicados na antologia de Crombie 1963 A citação de Hipocrates freqüentemente lembrada aqui mais ou menos livre mente traduzida achase por exemplo em Rothshuch 1975 1 São muitas as dis cussões em torno da tradição hipocrática Breve comentário a respeito em nosso idioma achase no artigo O estudo da vida na antiguidade de Florsheim Revista de Ensino das Ciências da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciência sediada em São Paulo n 31981 Quanto ao conteúdo da seção relativa a Roma Idade média e Renascimento há análises da contribuição árabe para a cultura européia em digamos La Philosophic du Moyen Age de Gilson 1952 A propósito de Avicena ver Hegenberg 1980 Para a seção que trata do período moderno examinar de novo a antologia Moments of Discovery Schwartz Bishop 1959 Finalizando vale a pena examinar a tese de Staak 1930 Questão 1 Resenha do artigo Evolução Histórica do Conceito de Doença O artigo denominado Evolução História do Conceito de Doença de autoria de Leonidas Hegenberg publicado na Scielo Books está escrito em 15 páginas das quais contém Iatrologia Concepções primitivas Concepções vigentes na Antiguidade Roma Idade Média e Renascentismo O período moderno O século XIX e Indicações bibliográficas Tem como objetivo apresentar como o conceito de doença evoluiu ao longo da História Em Iatrologia o autor afirma que arte da cura nunca deixou de lado a preocupação em fazer com que suas decisões e procedimentos médicos fossem fundamentados ou seja que pudessem ser explicados o porquê de tais ações Para que ações tenham fundamentos o médico precisa refletir acerca do conceito de doença para então indicar o tratamento adequado estando consciente das consequências que esse tratamento terá a quem lhe procurou O conceito de medicina surge como uma evolução do conceito de doença em que há abrangência de saúde e estudo eficiente dos meios de cura Ao aplicar princípios médicos ao conceito de medicina surge a Teoria da Medicina ou Iatrologia Em Concepções primitivas o autor propõe que o ser humano tem se deparado com enfermidades e por isso desde sempre busca pela cura Também propõe que a doença era vista como sendo o resultado da punição dos deuses ou até mesmo de espíritos ou acreditavam que a doença era decorrente de materiais que os feriam como por exemplo lanças flechas e pedras A respeito da terapia para curas das doenças acreditavase que era necessário reencontrar a alma para ser devolvida já que esta era vista como uma sombra Também se acreditava que se tratando de invasão por espíritos malignos o exorcismo seria utilizado Quando a doença era causada por desrespeito às crenças da época o método utilizado era o interrogatório e a confissão No que tange ao mau olhado e às maldições em que o ser humano poderia ser afetado por um olhar a cura se basearia em orações e sacrifícios em nome dos deuses Dessa forma a doença era vista por diversas perspectivas em que ela poderia ter se originado a partir de atos desconhecidos ou até mesmo vinda de feitiços E Concepções vigentes na Antiguidade o autor aborda sobre como teria surgido a prática de medicina na Grécia o que teria diminuído o número de almas enviadas para o inferno o que desencadeou a ira de Zeus Em contrapartida os curados faziam adorações ao médico ofertando aos deuses reproduções em mármore ou cera das partes que lhe foram curadas de seus corpos A medicina científica teve sua origem com Hipócrates também conhecido como o Pai da Medicina que procurou derrubar as crenças de que a doença vinha de causas sobrenaturais mas sim que ela se origina de causas naturais Também foi o responsável pela Teoria dos Humores onde o corpo seria constituído de quatro fluidos formando o fluido vital que quando desequilibrado causava alguma doença No final do século II Galeno aperfeiçoa a teoria de Hipócrates ao explicar o corpo através de pneuma ou espírito mas a teoria de humores ainda se permeia Em Roma Idade Média e Renascimento expõese que os romanos mantiveram os estudos iniciados pelos Gregos trazendo contribuições na área de medicina e engenharia Além disso aborda a história sobre a modernização ao decorrer do tempo onde conhecimentos científicos são fomentados e mais estudados sem julgar os precursores Ao que se segue em O período moderno são abordados os cientistas do século XVII e XVIII dos quais realizaram estudos sobre anatomia patológica bases da patologia e fisiologia da doença e mecanismos de contração muscular Além disso nesta época foram iniciados estudos acerca da classificação das doenças onde foi observada manifestações semelhantes em diferentes indivíduos o que deduzir de que se tratava da mesma doença Nesse contexto dase início ao século XIX Em O século XIX o autor apresenta novamente cientistas que dão continuidade aos estudos acerca da evolução do conhecimento médico e anatomia humana Em 16351702 o cientista Robert Hooke descobre o que hoje conhecemos como célula a unidade básica de qualquer ser vivo O estudo então foi continuado por outros cientistas formulando a Teoria Celular questionamentos sobre como as mesmas se dividiam sendo então compreendidos a partir da descoberta de corantes para corar as amostras levadas ao microscópio levando a descrição do processo de mitose Posteriormente em 1878 Pasteur inicia os estudos sobre a relação entre microrganismos e a ocorrência de doenças criando então a Teoria dos Germes No entanto as teorias existentes ainda não possuíam conceitos unânimes entre todos os cientistas porém trouxe grandes contribuições para o desenvolvimento de vacinas e soros Ao iniciar o século XX muitos questionamentos ainda eram existentes no campo da ciência demandando ainda mais estudos Como conclusão é possível notar que o conceito de doenças evoluiu ao longo do tempo com o auxilio do avanço da medicina e do estudo científico acerca de tais enfermidades e o funcionamento do corpo humano sob perspectivas anatômicas e fisiopatológicas Assim diversas disciplinas estudadas e em constantes pesquisas são apresentadas até os dias atuais O artigo em questão apresenta um longo contexto histórico sobre o conceito de ciência e suas teorias bem como diversos cientistas e suas descobertas Embora apresentado ao decorrer de 15 páginas o texto possui grande fundamentação teórica abordando detalhadamente os acontecimentos Assim fazse possível compreender de que forma a medicina evoluiu para se obter os conhecimentos científicos atuais Questão 2 Patologia é a área da ciência que estuda as doenças em seres vivos como elas ocorrem e os efeitos que as mesmas causam no corpo morfologicamente e fisiologicamente Questão 3 As doenças eram diagnosticadas pelo desequilíbrio do fluido vital pois na Grécia antiga acreditavase na teoria dos humores no qual o corpo seria constituído por quatro fluidos bile amarela bile negra fleuma e sangue De acordo com esta teoria se um dos fluidos estivesse em desequilíbrio em excesso ou em falta a doença ocorria Ou seja os gregos acreditavam que a saúde dependia do equilíbrio desses quatro elementos Questão 4 Podese dizer que a relação entre religião com a ciência patologia está no fato de que dependendo da crença a doença ocorre como forma de punição Entretanto outras crenças se baseiam em rituais religiosos voltados para a cura desta enfermidade De qualquer forma a relação abordada interfere de forma geral na saúde Questão 5 Com o desenvolvimento da microscopia foi possível observar estruturas que não eram possíveis antes Dessa forma os patologistas conseguem analisar detalhadamente amostras de tecidos ou células identificando alterações morfológicas e celulares Assim conseguem determinar quais doenças geram essas alterações que foram identificadas ou o progresso da doença de acordo com o estágio em que as células ou tecidos se encontram Questão 6 Variações genéticas são alterações no DNA que podem ser herdadas ou por meio de mutações que podem levar à ocorrência de uma doença Sendo a ciência que estuda as doenças e seus efeitos a patologia identifica as alterações celulares e teciduais dessas doenças de caráter genético auxiliando no seu diagnóstico e nos seus possíveis tratamentos Questão 7 As histonas cuja função é compactar e descompactar o DNA estão a ele associadas em forma de octâmeros Cada octâmeros é formado por duas histonas de quatro tipos distintos Questão 8 Manutenção celular pode ser entendida como processos que asseguram a sobrevivência e o funcionamento das células Temse como exemplos a divisão celular a síntese de proteína a reparação celular e a regulação da expressão gênica Questão 9 A membrana plasmática é uma estrutura presente em todas as células formadas por bicamada lipídica com permeabilidade seletiva Sendo assim ela protege a célula ao passo que controla a entrada e saída de moléculas e íons e também é importante para a eliminação de toxinas para o meio extracelular No que se refere à aquisição de nutrientes a membrana plasmática permite a entrada de nutrientes por meio de proteínas transportadoras Questão 10 A interação célulacélula ocorre por meio de moléculas de adesão formando junções celulares Estas podem ser divididas em três tipos tendo cada uma delas suas características A primeira classificação é a junção de oclusão que é formada por proteínas e tem como principal função fazer a regulação da passagem de água e solutos A segunda classificação é a junção de ancoragem que é formada através de proteínas transmembranas de adesão fazendo a comunicação intra e extracelular e permitindo que o citoesqueleto interaja com outra célula sem o contato direto entre as membranas A terceira classificação diz respeito à junção comunicante que permite a comunicação entre células para a passagem de moléculas e íons IEEE TRANSACTIONS ON EVOLUTIONARY COMPUTATION VOL 24 NO 1 FEBRUARY 2020 1250 TimetoTarget Tables Target reached Target reached within within MAXRUNS MAXRUNS Target reached Target reached within within 1000 runs 1000 runs Target reached Target reached within within 1000 runs 1000 runs Target reached Target reached within within 1000 runs 1000 runs table content Please note 1000 runs were the maximum number of runs and in the cases where these are not reached within 1000 runs the data shows no further success beyond that threshold