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Psicologia ·

Metodologia da Pesquisa

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Metodologia de Pesquisa em Psicologia 9ª edição John J Shaughnessy Eugene B Zechmeister Jeanne S Zechmeister Catalogação na publicação Ana Paula M Magnus CRB 102052 S524m Shaughnessy John J Metodologia de pesquisa em psicologia recurso eletrônico John J Shaughnessy Eugene B Zechmeister Jeanne S Zechmeister tradução Ronaldo Cataldo Costa revisão técnica Maria Lucia Tiellet Nunes 9 ed Dados eletrônicos Porto Alegre AMGH 2012 Editado também como livro impresso em 2012 ISBN 9788580551013 1 Psicologia 2 Métodos de pesquisa I Zechmeister Eugene B II Zechmeister Jeanne S III Título CDU 1599001891 Tradução Ronaldo Cataldo Costa Consultoria supervisão e revisão técnica desta edição Maria Lucia Tiellet Nunes Psicóloga Doutora em Psicologia Clínica Professora da Faculdade de Psicologia da PUCRS 2012 Versão impressa desta obra 2012 Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa à AMGH EDITORA LTDA uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO SA Av Jerônimo de Ornelas 670 Santana 90040340 Porto Alegre RS Fone 51 30277000 Fax 51 30277070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume no todo ou em parte sob quaisquer formas ou por quaisquer meios eletrônico mecânico gravação fotocópia distribuição na Web e outros sem permissão expressa da Editora Unidade São Paulo Av Embaixador Macedo Soares 10735 Pavilhão 5 Cond Espace Center Vila Anastácio 05095035 São Paulo SP Fone 11 36651100 Fax 11 36671333 SAC 0800 7033444 wwwgrupoacombr IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Obra originalmente publicada sob o título Research Methods in Psychology 9th Edition ISBN 007803518X 9780078035180 Original English edition 2012 The McGrawHill Companies Inc New York New York 10020 All rights reserved Portuguese language translation copyright 2012 AMGH Editora Ltda All rights reserved Capa Paola Manica Preparação de original Maria Guedes Leitura fi nal Cristine Henderson Severo Editora responsável por esta obra Lívia Allgayer Freitag Coordenadora editorial Mônica Ballejo Canto Gerente editorial Letícia Bispo de Lima Editoração eletrônica Techbooks Sobre os autores JOHN J SHAUGHNESSY é professor de psicologia na Hope College uma faculdade de ciências humanas em Holland Michigan Depois de obter o bacharelado na Loyola University of Chicago em 1969 concluiu o PhD em 1972 na Northwestern University É membro da Association for Psychological Science cujas pesquisas recentes concen tramse nos aspectos práticos da memória Foi coautor com Benton J Underwood de Experimentation in Psychology Wiley 1975 Foi escolhido por seus alunos como o Hope Outstanding Professor Educator em 1992 e recebeu o Janet L Andersen Excellence in Teaching Award da faculdade em 2008 EUGENE B ZECHMEISTER é professor emérito de psicologia na Loyola University of Chicago onde leciona diversas discipli nas de graduação e pósgraduação desde 1970 O professor Zechmeister concluiu o bacharelado em 1966 na University of New Mexico Posteriormente fez o mestrado 1968 e o PhD 1970 na Northwestern University Especialista no campo da cog nição humana e metodologia experimental o professor Zechmeister é coautor de livros sobre a memória humana pensamento crí tico estatística e metodologia de pesquisa É membro da American Psychological As sociation Divisões 1 2 e 3 e da Associa tion for Psychological Science Em 1994 foi condecorado com o Loyola University Sujack Award for Teaching Excellence da Faculdade de Artes e Ciências JEANNE S ZECHMEISTER fez parte do corpo docente de psicologia da Loyola Uni versity of Chicago de 1990 a 2002 A profes sora Zechmeister cursou o bacharelado na University of WisconsinMadison 1983 e o mestrado 1988 e PhD 1990 em Psico logia Clínica na Northwestern University Lecionou disciplinas de graduação e pós graduação em metodologia de pesquisa e suas pesquisas enfocavam os processos psi cológicos associados ao esquecimento Sua efetividade como professora é evidenciada pelos muitos anos com uma ótima avaliação docente e por ser identificada pelos forman dos a cada ano entre os melhores professo res da Loyola University Para Paula J J S Em memória de Ruth OKeane James OKeane Kathleen OKeane Zechmeister e minha mãe E B Z Em memória de meu pai Harold W Sumi J S Z Prefácio 13 Parte Um Questões Gerais 19 1 Introdução 20 A ciência da psicologia 20 Ciência em contexto 23 Pensando como pesquisador 31 Resumo 38 2 O método científico 44 Abordagens científicas e corriqueiras ao conhecimento 44 Objetivos do método científico 55 Construção e testagem de teorias científicas 64 Resumo 68 3 Questões éticas na pesquisa psicológica 73 Introdução 73 Questões éticas a considerar antes de começar a pesquisar 74 A razão riscobenefício 77 Consentimento informado 81 O engano na pesquisa psicológica 86 Debriefing 90 Pesquisas com animais 93 Publicação de pesquisas psicológicas 95 Passos para adesão à ética 98 Resumo 99 Parte Dois Métodos Descritivos 105 4 Observação 106 Visão geral 106 Amostrando o comportamento 107 Métodos observacionais 109 Métodos observacionais diretos 110 Métodos observacionais indiretos não obstrutivos 119 Registrando o comportamento 125 Análise de dados observacionais 132 Reflexão crítica sobre a pesquisa observacional 138 Resumo 144 Sumário 10 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister 5 Pesquisa de levantamento 150 Visão geral 150 Usos de levantamentos 151 Características de levantamentos 152 Amostragem na pesquisa de levantamento 153 Métodos de levantamento 160 Desenhos de pesquisa de levantamento 165 Questionários 173 Reflexão crítica sobre a pesquisa de levantamento 183 Resumo 187 Parte Três Métodos Experimentais 195 6 Desenhos de pesquisa com grupos independentes 196 Visão geral 196 Por que os psicólogos fazem experimentos 197 A lógica da pesquisa experimental 198 Desenho de grupos aleatórios 198 Análise e interpretação de resultados experimentais 211 Estabelecendo a validade externa de resultados experimentais 220 Desenho de grupos pareados 223 Desenho de grupos naturais 226 Resumo 227 7 Desenhos de pesquisa com medidas repetidas 235 Visão geral 235 Por que os pesquisadores usam desenhos de medidas repetidas 236 O papel dos efeitos da prática em desenhos de medidas repetidas 238 Análise de dados de desenhos de medidas repetidas 247 O problema da transferência diferencial 251 Resumo 252 8 Desenhos complexos 258 Visão geral 258 Descrevendo efeitos em um desenho complexo 258 Análise de desenhos complexos 269 Interpretando efeitos de interação 274 Resumo 281 Parte Quatro Pesquisa Aplicada 287 9 Desenhos de caso único e pesquisas com n pequeno 288 Visão geral 288 O método do estudo de caso 289 Desenhos experimentais de sujeito único n pequeno 298 Resumo 311 10 Desenhos quaseexperimentais e avaliação de programas 316 Visão geral 316 Experimentos verdadeiros 317 Quaseexperimentos 327 Avaliação de programas 341 Resumo 345 Parte Cinco Analisando e Publicando Pesquisas 351 11 Análise e interpretação de dados Parte I Descrição dos dados intervalos de confiança correlação 352 Visão geral 352 A história da análise 354 Metodologia de pesquisa em psicologia 11 Análise de dados assistida por computador 354 Exemplo análise de dados para um experimento comparando médias 355 Exemplo análise de dados de um estudo correlacional 374 Resumo 380 12 Análise e interpretação de dados Parte II Testes de significância estatística e a história da análise 386 Visão geral 386 Teste de significância da hipótese nula 387 Sensibilidade experimental e poder estatístico 390 Teste de significância da hipótese nula comparando duas médias 392 Significância estatística e significância científica ou prática 393 Recomendações para comparar duas médias 395 Relatando resultados ao comparar duas médias 395 Análise de dados envolvendo mais de duas condições 397 ANOVA para desenho unifatorial com grupos independentes 397 Análise de variância de medidas repetidas 407 Análise de variância bifatorial para desenhos de grupos independentes 410 O papel dos intervalos de confiança na análise de desenhos complexos 413 Análise de variância bifatorial para um desenho misto 414 Relatando resultados de um desenho complexo 415 Resumo 416 13 Comunicação em psicologia 420 Introdução 420 A internet e a pesquisa 422 Diretrizes para a escrita eficaz 423 Estrutura de um artigo científico 426 Apresentações orais 434 Projetos de pesquisa 436 Referências 439 Apêndice 451 Créditos 457 Glossário 459 Índice onomástico 467 Índice remissivo 475 Prefácio Nesta 9ª edição completamos mais de 25 anos apresentando métodos de pesquisa a estudantes com este livro Nas oito edições anteriores fomos contemplados com inú meros comentários valiosos de professores e estudantes de modo que às vezes é difícil saber o que resta das nossas ideias origi nais As mudanças nesta edição também refletem sugestões feitas por usuários do livro e como sempre somos muito gratos a eles Continuamos em nossa tentativa de oferecer uma introdução a métodos de pes quisa em psicologia que anime os estudan tes em relação ao processo de pesquisa e os ajude a se tornarem profissionais competen tes nesses métodos Os usuários das edições anteriores as sistiram a mudanças estilísticas bem como à adição de elementos pedagógicos por exemplo ícones nas margens para identifi car conceitos básicos e quadros com Dicas de estatística para demonstrar melhor o método e a análise Essas mudanças foram bem recebidas e são mantidas na edição atual Para aqueles que são novos ao livro começamos por revisar a nossa organização e enfoque básicos Aqueles que já usaram a edição anterior podem passar diretamente para Mudanças nesta edição para ver o que há de novo Organização e enfoque Nosso enfoque baseiase em nossos anos de experiência de ensino Como professo res de metodologia de pesquisa reconhe cemos que a maioria dos alunos em nossas classes é formada por consumidores de pesquisas e não por criadores de pesqui sas Os estudantes que decidem assumir qualquer um desses papéis serão benefi ciados por desenvolverem sua capacida de de reflexão crítica Acreditamos que podemos ajudar nossos alunos a pensar criticamente adotando uma abordagem de resolução de problemas no estudo da me todologia de pesquisa Conforme comen tou Sharon Begley articulista da Newswe ek em um recente ensaio sobre a educação em ciências a ciência não é uma coletâ nea de fatos mas um modo de interrogar o mundo Completando a habilidade mais proveitosa que podemos ensinar é o hábito de perguntar a nós mesmos e aos outros como você sabe Newsweek No vembro de 2010 p 26 14 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Os pesquisadores começam com uma boa pergunta e então selecionam uma metodologia de pesquisa que possa ajudá los a responder à sua pergunta A tarefa às vezes árdua de coletar evidências é apenas o começo do processo de pesquisa É igual mente importante analisar e interpretar as evidências ao se fazerem afirmações sobre processos psicológicos Os pesquisadores e estudantes devem analisar os pontos fortes e fracos do método que escolheram para que possam avaliar criticamente a natureza das evidências que obtiveram Como tem sido nosso enfoque para cada edição os estudantes aprendem que uma abordagem multimétodos para respon der as perguntas propostas é a mais indica da para promover a ciência da psicologia e que um dos objetivos deste livro é au mentar seu arsenal com estratégias para realizar pesquisas Assim nossa organiza ção após o capítulo introdutório se dá em termos de métodos avançando da mais simples das técnicas observacionais para desenhos experimentais complexos Permanecemos sensíveis a questões éti cas na pesquisa psicológica e aos dilemas que os pesquisadores enfrentam quando estudam o comportamento animal ou hu mano Para enfatizar a nossa preocupação concedemos à ética o seu próprio capítulo Capítulo 3 mas também discutimos ques tões éticas específicas em outros capítulos pois elas estão relacionadas com metodolo gias específicas A disseminação da pesqui sa pela internet por exemplo suscita novas questões éticas e identificamos algumas de las para os leitores Finalmente acreditamos que os méto dos de pesquisa devem ser ensinados no contexto da pesquisa publicada em psicolo gia Assim continuamos a usar a rica litera tura da psicologia para proporcionar exem plos de maneiras em que os pesquisadores usam os métodos que discutimos Sempre é divertido atualizar os exemplos de pesqui sas enquanto continuamos a incluir des cobertas e estudos clássicos que se mos traram efetivos para ajudar os estudantes a aprender métodos de pesquisa Acredita mos que uma maneira de motivar os alunos a se juntarem a nós nesse instigante cami nho na busca do conhecimento é mostrar a compensação que a pesquisa psicológica proporciona Mudanças nesta edição Continuamos a usar marcadores nos capítu los e questões de revisão ao final dos capí tulos para ajudar os estudantes a enxergar claramente os pontos que consideramos mais importantes que eles aprendam Fun damentados no modelo dos Desafios in cluímos Exercícios na maioria dos capítulos para possibilitar que os alunos apliquem os princípios de pesquisa enquanto aprendem Uma revisão ampla de estatística perma nece ao final do livro Capítulos 11 e 12 e introduzimos essas questões sucintamente nos locais adequados no texto Uma ma neira em que isso é feito é por meio de um elemento pedagógico que chamamos de Dicas de estatística que chama a atenção dos alunos para questões relacionadas com a análise estatística Em certos casos res pondemos as questões para os alunos em outros indicamos material dos Capítulos 11 e 12 Acreditamos que a nossa abordagem proporciona uma flexibilidade importante que permite aos professores decidir quando e como devem cobrir a estatística em uma disciplina de metodologia de pesquisa As mudanças implementadas nesta edi ção visam economizar simplificar e atuali zar Por exemplo continuamos a reduzir no Capítulo 3 a quantidade de material tirado diretamente do código de ética da APA American Psychological Association 2002 e de material do Manual de Publicação Publication Manual 2010 agora em sua 6ª edição no Capítulo 13 Um uso menor de citações diretas dessas fontes proporciona uma introdução mais simples para essas questões enquanto protege a integridade N de R A sexta edição do Manual foi publicada em português pela editora Penso em 2012 Metodologia de pesquisa em psicologia 15 das fontes originais que os estudantes de vem consultar quando quiserem mais infor mações O website da APA wwwapaorg também contém muitas informações que não precisam ser repetidas aqui Além dis so usuários mais antigos também notarão o seguinte Foram feitas pequenas mudanças na formulação das sentenças e estrutura dos parágrafos na tentativa de tornar os conceitos mais fáceis de entender para os estudantes Foram acrescentados diversos exem plos de novas pesquisas importantes substituindo os anteriores Tentamos mostrar aos estudantes os últimos achados na pesquisa psicológica e de maneira mais importante apresentar estudos que sejam relevantes para os es tudantes de hoje e que também ajudem a ensinar claramente a metodologia ilustrada nos exemplos Por exemplo no Capítulo 1 discutimos as críticas le vantadas recentemente contra os profis sionais da psicologia clínica por Baker McFall e Shoham 2009 Esses psicó logos mesmo também sendo clínicos argumentam que os psicólogos clínicos não aplicam os resultados de estudos científicos quando tratam pacientes Que maneira melhor de começar um livro de metodologia de pesquisa do que desafiar os estudantes a aplicarem o que aprendem se vierem a trabalhar no campo da psicologia clínica ou uti lizarem profissionais da saúde mental Novos exemplos de pesquisa também são encontrados em outros capítulos Mantivemos alguns exemplos antigos não apenas porque permanecem rele vantes mas também porque se torna ram clássicos Por exemplo mantive mos o conhecido estudo de Rosenhan 1973 com observação participante bem como críticas de outros autores do campo a essa pesquisa Também man tivemos o estudo de Langer e Rodin 1976 sobre casas de repouso Capítulo 10 que Zimbardo 2004 rotulou como um clássico no campo da psicologia social Além disso esse estudo é um exemplo maravilhoso de um método de pesquisa específico nesse caso o grupo controle não equivalente Seguindo a sugestão de usuários do li vro e como parte da nossa postura de economia nesta edição combinamos dois capítulos de edições anteriores Observação Capítulo 4 e Medidas não obstrutivas do comportamento antes o Capítulo 6 formando um novo Capí tulo 4 Isso exigiu que reduzíssemos o espaço destinado às medidas não obs trutivas mas continuamos a discutir esse tema para mostrar aos estudantes algumas aplicações criativas da aborda gem multimétodos Também foram feitas mudanças em al guns dos Exercícios e nos Quadros que aparecem nos capítulos para cha mar atenção para pesquisas psicológi cas oportunas Um dos nossos favoritos é um estudo que usa cães farejadores para detectar câncer pela urina dos in divíduos ver o Capítulo 2 Como os leitores verão o efeito do Esperto Hans ainda está vivo e entre nós A American Psychological Associa tion impôs limitações rígidas ao uso do material da edição mais recente 6ª do Manual de Publicação 2010 Portanto os usuários anteriores do nosso livro encontrarão uma quantidade substan cialmente menor de informações espe cíficas sobre a preparação de manus critos segundo o estilo da APA O novo Manual é mais compacto do que o seu predecessor e alguns instruto res talvez prefiram que os estudantes o adquiram Uma introdução ao estilo da APA incluindo um tutorial gratuito e um exemplo de manuscrito pode ser encontrada no endereço wwwapastyle org As informações disponibilizadas no website devem ser suficientes para es tudantes fazerem uma tarefa de classe Embora continuemos a apresentar uma 16 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister visão geral da comunicação científica além de dicas úteis para preparar um manuscrito de pesquisa ver Capítulo 13 nesta edição do livro indicamos o Manual de Publicação e o website da APA com mais frequência aos estudantes Finalmente se existe algo que cria cabe los brancos nos autores de um livro de metodologia são as questões perenes relacionadas à fusão da análise estatís tica com a metodologia quanta estatís tica Onde ela fica Essas questões assu mem um novo sabor devido ao recente debate sobre o teste de significância da hipótese nula NHST ver o Capítulo 11 para uma breve revisão das ques tões e o uso recomendado de medidas do tamanho do efeito e intervalos de confiança entre outros pela Forçata refa da APA sobre inferência estatística ver Wilkinson Task Force on Statisti cal Inference 1999 O uso dessas ferra mentas estatísticas para complementar ou mesmo substituir o teste da hipótese nula está crescendo mas de forma lenta Cummings et al 2007 Fidler Thoma son Cumming Finch e Leeman 2004 Gingerenzer Krauss e Vitouch 2004 Além disso são apresentadas novas medidas estatísticas conforme ilustra o recente sopro de interesse na proba bilidade de replicação ou prep ver Kil len 2005 Mencionamos essa recente inovação estatística no Capítulo 12 mas esperaremos uma discussão mais apro fundada na literatura psicológica antes de desenvolver a nossa abordagem Nesta edição reduzimos a apresentação de análises estatísticas removendo muitas fórmulas e cálculos simples e eliminamos algumas das tabelas estatísticas dos apên dices A maioria das análises estatísticas é feita com o uso de programas de compu tador que contêm as probabilidades exatas para resultados de testes e diversas tabelas estatísticas incluindo aquelas usadas para fazer análises de poder são encontradas em muitas páginas da internet A tabela de va lores de t é importante para a construção de intervalos de confiança e foi mantida jun tamente com a tabela de F e a tabela de nú meros aleatórios que é útil para exercícios e experimentos com grupos aleatórios Continuamos a tentar cumprir três ob jetivos em nossa apresentação da análise estatística 1 proporcionar uma introdu ção independente à análise estatística nos Capítulos 11 e 12 que dê aos estudantes os meios para analisar um estudo e sirva como revisão para aqueles que já tiveram essa introdução 2 mostrar como método e análise estão relacionados ver também a nossa discussão de vários métodos e Dicas de estatística associadas e 3 ajudar estu dantes a entender que existem muitos ins trumentos estatísticos disponíveis para eles e que não devem se basear em apenas um quando deles buscarem confirmação para o que seus dados lhes dizem ver nossa dis cussão sobre questões estatísticas ao longo do texto Conteúdo online A 9ª edição desta obra vem acompanhada de suplementos para estudantes e professores disponíveis no endereço wwwgrupoacom br Esses recursos criados por Shaughnessy Zechmeister e Zechmeister para ampliar o material textual foram atualizados para a 9ª edição pela coautora Jeanne Zechmeister Para estudantes Quizzes traduzidos de todos os capítulos podem ser usa dos como apoio para o estudo ou como tarefa de casa Para professores Os recursos a seguir estão dis poníveis para os professores que usam o livro Metodologia de Pesquisa em Psicologia na ex clusiva Área do Professor Metodologia de pesquisa em psicologia 17 Apresentações de PowerPoint Os slides do PowerPoint para cada capítulo apresen tam os pontos principais do capítulo Con teúdo em português Manual do Professor O manual atuali zado traz a estrutura e os objetivos dos ca pítulos questões de revisão e respostas para cada capítulo desafios e respostas questões e problemas para discussão na classe ativi dades relacionadas com a leitura crítica de pesquisas exercícios para estudantes pro jetos de classe e tarefas de casa materiais para aulas e discussão para professores e páginas que podem ser usadas para fazer slides de PowerPoint ou guias de estudo Conteúdo em inglês Bancos de testes Os bancos de questões para cada capítulo trazem questões simples e de múltipla escolha com respostas para testar o conhecimento dos alunos Cada questão é relacionada com uma avaliação da compreensão factual ou conceitual ou a aplicação de conceitos metodológicos Con teúdo em inglês Palavras de gratidão É impossível agradecer adequadamente pelas contribuições cumulativas de tantas pessoas à 9ª edição do nosso livro Quere mos agradecer aos seguintes revisores e demonstrar nosso pesar por não termos conseguido incorporar todas as mudanças sugeridas Susan Lima University of Win consinMillwaukee Chris R Logan Sou thern Methodist University e Joanne Walsh Kean University John J Shaughnessy Eugene B Zechmeister Jeanne S Zechmeister 1 Introdução A ciência da psicologia Os psicólogos desenvolvem teorias e fazem pesquisas psicológicas para res ponder perguntas sobre o comporta mento e os processos mentais essas res postas podem ter um impacto sobre os indivíduos e a sociedade O método científico um meio de adqui rir conhecimento referese às maneiras como as perguntas são feitas e à lógica e métodos usados para chegar às respostas Duas características importantes do método científico envolvem usar uma abordagem empírica e manter uma ati tude cética Provavelmente podemos dizer que você já foi exposto a muitas pesquisas em psicologia tanto em representações nos meios de comunicação quanto em seu tra balho no curso de psicologia Se você é como os autores do seu livro você é bastan te curioso quanto à sua mente e seu com portamento Você gosta de pensar sobre o comportamento das pessoas e dos animais e faz questionamentos sobre as pessoas por que agem como agem como se torna ram as pessoas que são e como continuarão a crescer e a mudar E talvez você questio ne o seu próprio pensamento e como a sua mente funciona Esses pensamentos e re flexões diferenciam você de outras pessoas nem todos são curiosos quanto à mente e nem todos consideram as razões para o comportamento Porém se você é curioso se você questiona por que as pessoas e ani mais agem como agem você já deu o pri meiro passo na intrigante excitante e sim às vezes desafiadora jornada pelos métodos de pesquisa em psicologia Muitos estudantes entram para o cam po da psicologia por interesse em melhorar as vidas das pessoas Porém quais méto dos e intervenções ajudam as pessoas Por exemplo estudantes com um objetivo pro fissional que envolva trabalhar com psicote rapia devem aprender a identificar padrões de comportamento que sejam desadaptati vos e distinguir as intervenções psicológi cas que ajudam daquelas que não ajudam Os psicólogos adquirem um entendimento e discernimento dos meios existentes para melhorar as vidas das pessoas desenvol vendo e fazendo pesquisas psicológicas para responder suas perguntas sobre o com portamento Metodologia de pesquisa em psicologia 21 Consideremos uma pergunta de pesqui sa muito importante entre as tantas inves tigadas pelos psicólogos qual é o efeito da violência na mídia Os pesquisadores inves tigaram aspectos dessa questão por mais de cinco décadas em centenas de estudos e pes quisas Uma revisão da pesquisa sobre esse tema foi publicada na Psychological Science in the Public Interest Anderson et al 2003 um periódico sobre psicologia dedicado a publicar pesquisas comportamentais sobre questões importantes de interesse públi co Outros temas recentes nesse periódico são pesquisas que sugerem que combinar o modo de instrução com o estilo de aprendi zagem dos estudantes pex visual auditi vo não melhora a aprendizagem Pashler McDaniel Rohrer e Bjork 2008 que ter um estilo de vida intelectual e fisicamente ativo promove um envelhecimento cognitivo ade quado Hertzog Kramer Wilson e Linden berger 2008 e que as diferentes metáforas usadas para descrever a luta contra o terro rismo levam a decisões sociais e políticas di ferentes Kruglanski Crenshaw Post e Vic toroff 2007 Embora esses tópicos difiram a característica crítica e comum das pesquisas publicadas nesse e em outros periódicos de grosso calibre é o uso de desenhos e méto dos de pesquisa sólidos para responder per guntas sobre o comportamento Após décadas de pesquisa o que os psicólogos dizem sobre os efeitos compor tamentais emocionais e sociais da violência na mídia Anderson e colaboradores 2003 publicaram vários resultados importantes em sua revisão de pesquisas que investigam a violência na televisão filmes videogames internet e na música A exposição à violência na mídia causa um aumento na probabilidade de pen samentos emoções e comportamentos agressivos e violentos em contextos de curto e longo prazo Os efeitos da violência na mídia são consistentes entre uma variedade de es tudos e métodos de pesquisa tipos de mídia e amostras de pessoas Estudos de longo prazo recentes rela cionam a exposição frequente à violên cia na mídia durante a infância com a agressividade adulta incluindo agres sões físicas e abuso conjugal Pesquisas corroboram as teorias dos psicólogos de que a violência na mídia ativa cognições agressivas e excitação fisiológica facilita a aprendizagem de comportamentos agressivos pela ob servação e dessensibiliza as pessoas à violência Entre os fatores que influenciam a probabilidade de agressividade em resposta à violência na mídia estão ca racterísticas dos espectadores pex idade e nível em que se identificam com personagens agressivos ambientes so ciais pex monitoramento parental da violência na mídia e conteúdo da mí dia pex realismo de representações violentas e consequências da violência Ninguém está imune aos efeitos da vio lência na mídia Diversos estudos revelam que as crian ças e jovens passam uma quantidade ex cessiva de tempo como consumidores dos meios de comunicação possivelmente fi cando atrás apenas do sono Assim uma implicação das pesquisas listadas é que um modo de reduzir o devastador impacto da agressividade e violência em nossa socie dade é diminuir a exposição à violência na mídia De fato a pesquisa psicológica de sempenhou um papel importante no desen volvimento do chip V o V é de violên cia em televisões para que os pais possam bloquear o conteúdo violento Anderson et al 2003 Ainda restam outras perguntas de pes quisa Uma questão importante diz respei to à distinção entre a observação passiva da violência pex representações na tele visão e o envolvimento ativo com a mídia violenta que ocorre com videogames e jogos pela internet Figura 11 Será possível que os efeitos da violência na mídia sejam ain da mais fortes quando os espectadores es 22 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister tão envolvidos ativamente com a violência enquanto jogam videogames Esse pode ser o caso se o envolvimento ativo reforçar as tendências agressivas em um grau maior do que a observação passiva Outras per guntas de pesquisa dizem respeito aos pas a b Figura 11 Será que o efeito da violência na mídia difere para a assistir à televisão passi vamente e b jogar videogames ativamente Metodologia de pesquisa em psicologia 23 sos necessários para diminuir o impacto da violência em nossa sociedade e o papel que limitar a violência na mídia deve ter em uma sociedade livre Talvez essas ques tões algum dia sejam as suas perguntas de pesquisa ou talvez você esteja interessado em explorar as causas da drogadição ou as raízes do preconceito Literalmente restam milhares de perguntas de pesquisa impor tantes Um dia à medida que continuar o seu estudo da pesquisa em psicologia tal vez você contribua para os esforços dos psi cólogos para melhorar a condição humana Os psicólogos tentam responder per guntas sobre comportamentos pensamen tos e sentimentos usando o método cien tífico O método científico é um conceito abstrato que se refere às maneiras como as perguntas são feitas e à lógica e métodos usados para obter respostas Duas carac terísticas importantes do método científi co são o uso de uma abordagem empírica e a atitude cética que os cientistas adotam ante explicações para o comportamento e processos mentais Discutiremos essas duas características como parte da nossa introdu ção à pesquisa psicológica neste capítulo e no Capítulo 2 descreveremos outras carac terísticas do método científico Ciência em contexto A ciência ocorre em pelo menos três ti pos de contextos contextos históricos socioculturais e morais Embora o conceito do método científico possa ser abstrato a prática da ciência psi cológica é uma atividade humana bastante concreta que nos afeta em vários níveis Os psicólogos podem ter um impacto no indi víduo pex intervenção terapêutica para agressividade na família pex controle parental sobre o uso da mídia por seus fi lhos e na sociedade pex esforços para re duzir a programação violenta em redes de televisão Para serem efetivos porém os psi cólogos devem construir sobre uma base de pes quisas cuidadosamente planejadas e executadas As atividades humanas são pesada mente influenciadas pelo contexto em que ocorrem e a atividade científica não é exce ção Podemos sugerir que pelo menos três contextos desempenham um papel crítico de influenciar a ciência o contexto histórico o contexto sociocultural e o contexto moral Discutiremos cada um deles brevemente O contexto histórico Uma abordagem empírica baseada na observação direta e na experimentação para responder perguntas foi crítica para o desenvolvimento da ciência da psicologia A revolução do computador foi um fa tor crucial na mudança do behavioris mo para a psicologia cognitiva como tema dominante na investigação psico lógica Não sabemos exatamente quando a psicologia se tornou uma disciplina inde pendente A psicologia emergiu de forma gradual com raízes no pensamento de Aris tóteles Keller 1937 nas obras de outros filósofos como Descartes e Locke e mais adiante no trabalho de fisiologistas e médi cos do começo do século XIX O começo ofi cial da psicologia costuma ser citado como tendo ocorrido em 1879 quando Wilhelm Wundt estabeleceu um laboratório formal de psicologia em Leipzig na Alemanha Uma das decisões que os primeiros psi cólogos enfrentavam no final do século XIX era se a psicologia devia se associar mais às ciências físicas ou permanecer como uma subdisciplina da filosofia Sokal 1992 Com o desenvolvimento de métodos psicofísicos especialmente Gustav Theodor Fechner e métodos baseados no tempo de reação para entender a transmissão no sistema nervoso em particular Hermann von Helmholtz os psicólogos acreditavam que um dia che gariam a mensurar o próprio pensamento Coon 1992 Com esses poderosos métodos de observação a psicologia estava no cami nho de se tornar uma ciência laboratorial 24 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister quantificável Os psicólogos científicos es peravam que seu estudo da mente atingisse igual proeminência com as ciências mais es tabelecidas da física química e astronomia Coon 1992 Um dos obstáculos à emergente ciência da psicologia foi o forte interesse público no espiritualismo e fenômenos psíquicos na vi rada do século XX Coon 1992 O público em geral considerava que esses temas da mente estavam dentro da província da psicologia e procurava respostas científicas para suas questões sobre a clarividência te lepatia e comunicação com os mortos To davia muitos psicólogos queriam divorciar a nova ciência desses temas pseudocientífi cos Para estabelecer a psicologia como ciên cia os psicólogos abraçaram o empirismo como meio para promover o entendimento do comportamento humano A abordagem empírica enfatiza a observação direta e a ex perimentação como meio de responder per guntas Essa talvez seja a característica mais importante do método científico Usando essa abordagem os psicólogos concentra vamse em comportamentos e experiências que pudessem ser observados diretamente Embora a psicologia continue a enfati zar a abordagem empírica ela mudou sig nificativamente desde os seus primórdios Os primeiros psicólogos estavam interes sados principalmente em questões relacio nadas com a sensação e a percepção por exemplo ilusões visuais e imagens No início do século XX a psicologia nos Esta dos Unidos era bastante influenciada por uma abordagem behaviorista introduzida por John B Watson As teorias psicológicas concentravamse na aprendizagem e os psi cólogos baseavamse principalmente em ex perimentos com animais para testar as suas teorias Para o behaviorismo a mente era uma caixa preta que representava a ativi dade entre um estímulo externo e uma res posta comportamental O behaviorismo foi a perspectiva dominante em psicologia até a metade do século XX Não obstante quan do Psicologia Cognitiva de Ulric Neisser foi publicado em 1967 a psicologia havia se voltado novamente para o interesse nos processos mentais Os psicólogos cogniti vos também retornaram aos experimentos com o tempo de reação que eram usados nos primeiros laboratórios de psicologia para investigar a natureza dos processos cognitivos A perspectiva cognitiva ainda é dominante na psicologia e a cognição re centemente se tornou um tema importante no campo da neurociência à medida que os pesquisadores passaram a estudar a biolo gia da mente Existe um grande potencial para o desenvolvimento da psicologia cien tífica no começo do século XXI Um fator significativo na ascensão da psicologia cognitiva à proeminência foi a revolução do computador Robins Gosling e Craik 1999 Com o advento dos compu tadores a caixa preta do behaviorismo passou a ser representada usandose uma metáfora com o computador Os psicólogos falavam de processamento armazenamen to e recuperação de informações entre o input estímulo e o output resposta As sim como o computador era uma metáfora útil para entender os processos cognitivos o desenvolvimento de computadores po derosos e acessíveis se mostrou excepcio nalmente valioso para ampliar os limites e a precisão das medidas de processos cog nitivos Atualmente em laboratórios de psicologia nos Estados Unidos e no mun do a tecnologia do computador está subs tituindo as medidas de lápis e papel dos pensamentos sentimentos e comportamen tos das pessoas De maneira semelhante as melhoras constantes na tecnologia das imagens cerebrais pex IRMf imagem de ressonância magnética funcional promo verão a neurociência como uma disciplina importante dentro dos campos da psicolo gia biologia e química Essas tendências amplas no desenvolvi mento histórico da psicologia do behavio rismo à neurociência cognitiva representam o quadro mais amplo do que aconteceu na psicologia no século XX Todavia uma análise mais detalhada revela a miríade de temas investigados na ciência da psicologia Metodologia de pesquisa em psicologia 25 Os psicólogos hoje fazem pesquisas em áreas tão gerais quanto a psicologia clínica social organizacional de aconselhamento fisiológica cognitiva educacional do de senvolvimento e da saúde Investigações em todas essas áreas nos ajudam a entender a complexidade do comportamento e dos processos mentais A ciência em geral e a psicologia em particular mudou por causa das ideias brilhantes de indivíduos excepcionais As ideias de Galileu Darwin e Einstein não apenas mudaram a maneira como os cien tistas enxergam suas disciplinas como tam bém mudaram a maneira como as pessoas entendem a si mesmas e seu mundo De ma neira semelhante muitos indivíduos excep cionais influenciaram o progresso da psi cologia Haggbloom et al 2002 incluindo ganhadores do Prêmio Nobel ver Quadro 11 No começo da psicologia norteameri cana William James 18421910 escreveu o primeiro livro introdutório Princípios da Psicologia e estudou os processos mentais usando a sua técnica de introspecção ver Figura 12 À medida que aumentava a proeminência do behaviorismo B F Skin ner 19041990 expandiu a nossa compreen são de respostas ao reforço pela análise ex perimental do comportamento Juntamente com Skinner Sigmund Freud 18561939 é uma das figuras mais reconhecidas na psi cologia mas as ideias e métodos dos dois não podiam ser mais diferentes As teorias de Freud sobre a personalidade transtornos mentais e o inconsciente desviaram a aten ção radicalmente do comportamento para os processos mentais por seu método da associação livre Muitos outros indivíduos influenciaram o pensamento em áreas espe cíficas da psicologia como a psicologia do desenvolvimento a clínica a social e a cog nitiva Esperamos que você possa aprender mais sobre esses psicólogos influentes do passado e do presente nas áreas de maior interesse para você A ciência também muda de forma me nos dramática de maneiras que resultam dos esforços cumulativos de muitos in divíduos Um modo de descrever essas mudanças mais graduais é descrevendo o crescimento da profissão da psicologia A American Psychological Association APA foi formada em 1892 A APA tinha apenas algumas dezenas de membros naquele pri meiro ano em 1992 quando a APA celebrou seu 100º aniversário havia aproximadamen te 70 mil membros Quinze anos depois em 2007 o número de membros da APA dobrou para mais de 148 mil membros A promoção da pesquisa psicológica é uma preocupação da APA assim como da As sociation for Psychological Science APS A APS foi criada em 1988 para enfatizar questões científicas em psicologia A APA e a APS patrocinam convenções anuais das quais os psicólogos participam para apren der sobre os avanços mais recentes em seus campos Cada organização também publi ca periódicos científicos para comunicar os últimos resultados de pesquisas para seus membros e para a sociedade em geral Você também pode fazer parte da his tória da psicologia A APA e a APS incenti vam os estudantes a se associarem propor cionando oportunidades educacionais e de pesquisa para estudantes de graduação e pósgraduação em psicologia Informações sobre como se filiar à APA e à APS como membro regular ou como estudante podem ser obtidas em seus websites na internet APA wwwapaorg APS wwwpsychologicalscienceorg Os websites da APA e da APS trazem notícias sobre pesquisas psicológicas recen tes e importantes informações sobre publi cações em psicologia incluindo assinaturas relativamente de baixo custo para estudan tes para importantes revistas de psicologia e links para muitas organizações de psicolo gia Conheça Contexto social e cultural O contexto social e cultural influencia as escolhas de temas dos pesquisado res a aceitação da sociedade para com 26 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Quadro 11 A PSICOLOGIA E O PRÊMIO NOBEL A cada ano a Real Academia Sueca de Ciên cias concede o aclamado Prêmio Nobel para o trabalho de pesquisadores em uma série de campos Em outubro de 2002 o Dr Daniel Kahneman tornouse o primeiro psicólogo a ganhar esse prêmio Ele foi reconhecido por sua pesquisa sobre o juízo intuitivo o raciocí nio humano e a tomada de decisões em con dições de incerteza Sua pesquisa conduzida em colaboração com seu antigo colega Amos Tversky 19371996 recebeu a comenda por seu influente papel nas teorias econômicas Kahneman 2003 Kahneman dividiu o Prê mio Nobel de Economia com o economista Vernon Smith que foi citado por seu trabalho com experimentos de laboratório um tema importante neste texto em economia Embora com formação em campos que não a psicologia vários cientistas receberam o Prêmio Nobel por pesquisas diretamente relacionadas com as ciências do comporta mento Chernoff 2002 Pickren 2003 por exemplo 1904 Fisiologia ou Medicina Ivan Pavlov ganhou o Prêmio Nobel por sua pesquisa sobre a digestão que posteriormente in fluenciou o seu trabalho sobre o condicio namento clássico 1961 Fisiologia ou Medicina um médico Georg von Békésy ganhou o Prêmio Nobel por seu trabalho em psicoacústica a per cepção do som 1973 Fisiologia ou Medicina três etologis tas Karl von Frisch Konrad Lorenz e Nikola as Tinbergen receberam o primeiro Prêmio Nobel concedido inteiramente à pesquisa comportamental Pickren 2003 A etologia é um ramo da biologia no qual os pesquisa dores observam o comportamento de orga nismos em relação ao seu ambiente natural ver o Capítulo 4 1978 Economia Herbert A Simon recebeu o Prêmio Nobel por suas pesquisas pionei ras sobre a tomada de decisões organiza cionais MacCoun 2002 Pickren 2003 Kahneman comentando o seu Prêmio Nobel de 2002 citou a pesquisa de Simon como instrumental para as suas próprias pesquisas 1981 Fisiologia ou Medicina o Prêmio No bel foi concedido a Roger W Sperry um zoólogo que demonstrou os papéis distin tos dos dois hemisférios cerebrais usando o procedimento split brain As realizações desses cientistas e de muitos outros prestam testemunho do alcan ce e da importância da pesquisa comporta mental nas ciências Embora não exista um Prêmio Nobel de Psicologia uma distinção compartilhada pelo campo da matemática reconhecese que o trabalho de cientistas em uma variedade de áreas contribui para a nos sa compreensão do comportamento Metodologia de pesquisa em psicologia 27 os resultados e os locais onde as pesqui sas são feitas O etnocentrismo ocorre quando as vi sões das pessoas sobre outra cultura são influenciadas pelo modelo ou lente de sua própria cultura A ciência é influenciada não apenas por seu contexto histórico mas também pelo contexto social e cultural prevalecente Esse contexto predominante às vezes é chamado de Zeitgeist o espírito da época A pesqui sa psicológica e sua aplicação coexistem em uma relação recíproca com a sociedade a pesquisa afeta e é afetada pela sociedade O contexto social e cultural pode influen ciar o que os pesquisadores decidem estu dar os recursos disponíveis para amparar suas pesquisas e a aceitação da sociedade em relação aos resultados Por exemplo os pesquisadores desenvolveram novos programas de pesquisa por causa da ênfa se crescente em questões femininas e por causa dos números crescentes de mulheres que fazem pesquisa Os temas nessa área emergente são o teto de vidro que impe de o avanço das mulheres em organizações a interrelação entre o trabalho e a família para casais em que ambos os cônjuges tra balham e os efeitos da disponibilidade de creches de qualidade sobre a produtividade da força de trabalho e o desenvolvimento infantil As atitudes sociais e culturais po dem afetar não apenas o que os pesquisado res estudam mas a maneira como decidem fazer sua pesquisa A atitude da sociedade ante o bilinguismo por exemplo pode afe tar a ênfase dos pesquisadores nos problemas que surgem para crianças em educação bi língue ou nos benefícios que as crianças têm com a educação bilíngue Os valores sociais e culturais podem afetar a maneira como as pessoas reagem a resultados publicados de pesquisas psi cológicas Por exemplo a divulgação de pesquisas sobre temas controversos como a orientação sexual memórias recupera das de abuso sexual na infância e violência televisiva recebe mais atenção dos meios de comunicação por causa do interesse do público nessas questões Às vezes esse interesse maior leva a um debate público sobre a interpretação dos resultados e as implicações dos resultados para as políti cas públicas de cunho social A reação pú blica pode ser extrema conforme ilustra a resposta a um artigo sobre abuso sexual na infância publicado em Psychological Bulletin Rind Tromovitch e Bauserman 1998 Em sua revisão e análise de 59 estudos sobre os efeitos do abuso sexual na infância Rind e colaboradores concluíram que o abuso se xual na infância não causa um dano inten a b c Figura 12 Muitas pessoas influentes ajudaram a desenvolver o campo da psicologia in cluindo a William James b B F Skinner e c Sigmund Freud 28 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister so e global independentemente do gênero na população universitária p 46 Depois que suas pesquisas foram promovidas por sites pedófilos na internet a Dra Laura Laura Schlessinger apresentadora de talk shows caracterizou o artigo como um en dosso ao sexo adulto com crianças que não era a intenção dos pesquisadores e criti cou a American Psychological Association por publicar o estudo em sua prestigiada revista Psychological Bulletin Ondersma et al 2001 Em 1999 a Câmara de Deputados dos Estados Unidos respondeu à atenção negativa dos meios de comunicação apro vando por unanimidade uma resolução de censura à pesquisa divulgada no artigo Além disso o debate científico sobre os con troversos resultados continua com críticas e réplicas aparecendo em Psychological Bul letin Dallam et al 2001 Ondersma et al 2001 Rind e Tromovich 2007 Rind Tromo vich e Bauserman 2001 outros periódicos e livros Uma edição inteira da American Psychologist foi dedicada à turbulência po lítica que resultou dessa pesquisa Março 2002 Vol 57 Edição 3 Essas críticas pú blicas para resultados de pesquisas mes mo os baseados em ciência empírica sólida parecem ser uma tendência cada vez maior Ataques legais administrativos e políticos surgem daqueles que se opõem às pesqui sas por causa de fortes crenças pessoais ou interesses financeiros Loftus 2003 Esses ataques podem ter a infeliz consequência de impedir a investigação e debate científicos legítimos A sensibilidade dos psicólogos às preo cupações da sociedade como o abuso se xual na infância é uma das razões por que a psicologia não evoluiu estritamente como uma ciência laboratorial Embora a inves tigação de laboratório permaneça no cora ção da pesquisa psicológica os psicólogos e outros cientistas comportamentais fazem pesquisa em escolas clínicas empresas hos pitais e outros ambientes não laboratoriais incluindo a internet De fato a internet está se tornando uma ferramenta de pesquisa útil e popular para os cientistas psicológicos pex Birnbaum 2000 Segundo dados do censo norteamericano no ano 2000 54 mi lhões de lares americanos 51 tinham um ou mais computadores Em 44 milhões de fa mílias 42 havia pelo menos uma pessoa que usava a internet em casa Newburger 2001 Esses dados obviamente subestimam o número de usuários da internet nos Esta dos Unidos pois os números se referem a famílias e não a usuários individuais e não consideram o acesso em ambientes empresa riais ou educacionais De maneira importan te essas cifras também não levam em conta o uso da internet em países que não os Estados Unidos Ao final de 2009 o número estimado de usuários da internet ao redor do mundo aproximavase de dois bilhões wwwinter networldstatscom É suficiente dizer que não demorou muito para que os cientistas comportamentais reconhecessem o poten cial desse espantosamente grande e diver so grupo de sujeitos para suas pesquisas ver por exemplo Birnbaum 2000 Gosling Vazire Srivastava e John 2004 Skitka e Sar gis 2005 Ajudados pelo desenvolvimento da internet na década de 1990 e as lingua gens de hipertexto HTML os psicólogos logo começaram a fazer pesquisas virtuais pex Musch e Reips 2000 A internet per mite praticamente qualquer tipo de pesqui sa psicológica que use o computador como equipamento e seres humanos como sujeitos Krantz e Dalal 2000 Uma maneira em que os pesquisadores recrutam sujeitos para seus estudos é postar oportunidades de pesquisa em diversos websites de pesquisa Por exem plo a APS mantém uma página na internet que permite que os usuários participem de pesquisas psicológicas Confira as oportuni dades de pesquisa pela internet no endereço httppsychhanovereduresearchexpon nethtml Falaremos mais das pesquisas rea lizadas pela internet quando apresentarmos métodos específicos de pesquisa em psico logia São particularmente importantes as questões éticas suscitadas por essa forma de pesquisa ver o Capítulo 3 Se reconhecermos que a ciência é afe tada por valores sociais e culturais ainda Metodologia de pesquisa em psicologia 29 resta uma questão sobre qual cultura está tendo e qual cultura deve ter influência Uma análise recente de uma amostra de pesquisas psicológicas revelou que os cola boradores as amostras e os editores de seis revistas importantes publicadas pela Ame rican Psychological Association eram pre dominantemente norteamericanos Arnett 2008 Em comparação os norteamericanos representavam menos de 5 da população mundial e as pessoas em vários outros paí ses vivem em condições muito diferentes das dos norteamericanos Podese ques tionar portanto se uma ciência psicológica que se concentra tanto nos norteamerica nos pode ser completa Um problema potencial ocorre quando tentamos entender o comportamento de in divíduos em uma cultura diferente por meio do modelo ou visões na nossa própria cultu ra Figura 13 Essa fonte potencial de viés se chama etnocentrismo Como um exemplo do etnocentrismo consideremos a contro vérsia em torno das teorias do desenvolvi mento moral Em sua teoria de seis estágios do desenvolvimento moral Kohlberg 1981 1984 identificou o mais elevado estágio do desenvolvimento moral desenvolvimento pósconvencional como aquele em que os indivíduos tomam decisões morais com base em seus princípios éticos autodefinidos e no reconhecimento de direitos individuais Pesquisas sugerem que a teoria de Kohlberg traz uma boa descrição do desenvolvimento moral para homens norteamericanos e euro peus culturas que enfatizam o individualis mo Em comparação as pessoas que vivem em culturas que enfatizam o coletivismo como as sociedades comunais da China ou PapuaNova Guiné não se encaixam na des crição de Kohlberg As culturas coletivistas valorizam o bemestar da comunidade sobre o do indivíduo Estaríamos demonstrando etnocentrismo se usássemos a teoria de Kohl berg para declarar que os indivíduos dessas culturas coletivistas eram menos desenvolvi dos moralmente Estaríamos interpretando seu comportamento por meio de uma lente cultural inapropriada o individualismo A pesquisa transcultural é um modo de nos ajudar a não estudar apenas uma cultura do minante e nos lembrar de que devemos ter cuidado ao usar lentes culturais além da nos sa própria em nossas pesquisas O contexto moral O contexto moral da pesquisa exige que os pesquisadores mantenham os mais elevados padrões de comportamento ético O código de ética da APA orienta a pes quisa e ajuda os pesquisadores a avalia rem dilemas éticos como os riscos e be nefícios associados ao engano e ao uso de animais na pesquisa A ciência é uma busca pela verdade Cientistas individuais e a atividade coletiva da ciência devem garantir que o contexto moral em que a atividade científica ocorre cumpra o mais elevado dos padrões Frau des mentiras e representações errôneas não têm lugar em uma investigação científica Porém a ciência também é uma atividade humana e muitas vezes existe mais em jogo do que a verdade Os cientistas e as ins tituições que os contratam competem por recompensas em um jogo com empregos dinheiro e reputações a manter O número de publicações científicas escritas por um professor universitário por exemplo geral mente é um fator importante que influen cia as decisões relacionadas com o avanço profissional por promoção e titularidade Nessas circunstâncias existem casos impró prios mas aparentemente inevitáveis de conduta científica incorreta Uma variedade de atividades constitui violações da integridade científica Elas in cluem a invenção de dados plágio a divul gação seletiva de resultados de pesquisa a falta de reconhecimento de indivíduos que fizeram contribuições importantes para a pesquisa o uso inadequado de verbas de pesquisa e o tratamento eticamente incor reto de humanos ou animais ver Adler 1991 Algumas transgressões são mais fá 30 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister ceis de detectar do que outras A invenção explícita de dados por exemplo pode ser revelada quando no curso normal da ciên cia pesquisadores independentes não con seguem reproduzir replicar os resultados ou quando incoerências lógicas aparecem em relatórios publicados Todavia trans gressões sutis como a divulgação apenas de dados que satisfaçam as expectativas ou a divulgação enganosa de resultados são difíceis de detectar A linha divisória entre a conduta errada intencional e a simples má ciência nem sempre é clara Para educar os pesquisadores quanto à conduta adequada da ciência e para orien tálos a contornar as muitas armadilhas éticas que estão presentes a maioria das organizações científicas adota códigos de ética formais No Capítulo 3 apresentare mos os princípios éticos da APA que regem a pesquisa com humanos e animais Como você verá os dilemas éticos surgem com frequência Veja uma pesquisa realizada por Klinesmith Kasser e McAndrew 2006 que testou se sujeitos do sexo masculino que manuseavam uma arma em um ambiente b a b c Figura 13 Se removermos a nossa lente cultural podemos ter novas ideias para temas de pesquisa que investiguem a potencialidades no envelhecimento b capacida des ao invés de deficiências e c pais donosdecasa Metodologia de pesquisa em psicologia 31 laboratorial ficavam mais agressivos sub sequentemente Os pesquisadores disseram aos sujeitos que o experimento investigaria se prestar atenção a detalhes influencia a sensibilidade ao paladar Os participantes foram divididos aleatoriamente em duas condições Em um grupo cada sujeito ma nuseava uma arma e escrevia um conjunto de instruções para montar e desmontar a arma Na segunda condição os partici pantes escreviam instruções semelhantes enquanto interagiam com o jogo Mouse Trap TM Depois cada um provava e avalia va uma amostra de água 85g com uma gota de molho picante preparada pelo su jeito anterior Essa era a parte do teste de sensibilidade do experimento A seguir os sujeitos recebiam água e molho picante e deviam preparar a amostra para o próximo participante A quantidade de molho pican te que acrescentavam servia como medida da agressividade De forma condizente com suas previsões os pesquisadores observa ram que os sujeitos que haviam manusea do a arma adicionaram uma quantidade significativamente maior de molho picante à água M 1361g do que os sujeitos que interagiram com o jogo M 423g Essa pesquisa suscita várias questões importantes em que condições os pesqui sadores devem ter permissão para enganar os sujeitos de pesquisa quanto à verdadeira natureza do experimento Será que o bene fício da informação obtida sobre armas e agressividade compensa o risco associado ao engano Será que os sujeitos que manu searam a arma teriam adicionado menos molho picante se soubessem que o experi mento na verdade investigava a relação en tre armas e agressividade 1 O engano é apenas uma das muitas questões éticas que os pesquisadores devem confrontar Como outra ilustração de preo cupações éticas considere que às vezes são usados sujeitos animais para ajudar a enten der a psicopatologia humana Isso pode sig nificar expor sujeitos animais a condições estressantes e mesmo dolorosas e às vezes matar os animais para exames póstumos Em que condições se deve permitir a pes quisa psicológica com sujeitos animais A lista de questões éticas suscitadas pela pes quisa psicológica é longa Assim é de máxi ma importância que você se familiarize com os princípios éticos da APA e sua aplicação nos primeiros estágios da sua carreira como pesquisador e que você participe como su jeito de pesquisa assistente ou pesquisador principal somente de pesquisas que cum pram os mais elevados padrões de integri dade científica Nossa esperança é que o seu estudo de métodos de pesquisa permita que você faça boas pesquisas e saiba discernir quais pesquisas devem ser feitas Pensando como pesquisador Pensar como pesquisador é ser cético quanto a hipóteses sobre as causas do comportamento e processos mentais mesmo aquelas que são feitas com base em estudos científicos publicados As evidências mais fortes para uma hi pótese sobre o comportamento advêm de evidências convergentes de muitos estudos embora os cientistas reconhe çam que as hipóteses são sempre pro babilísticas Um passo importante que um estudante de psicologia deve dar é aprender a pensar como pesquisador Mais do que qualquer outra coisa os cientistas são céticos Uma atitude cética quanto a hipóteses sobre as causas do comportamento e processos men tais é outra característica importante do mé todo científico em psicologia Os cientistas não apenas querem ver para crer como provavelmente vão de querer ver e ver de novo talvez em condições que eles mesmos escolham Os pesquisadores procuram tirar conclusões baseadas em evidências empíri cas em vez de em seu juízo subjetivo ver Quadro 12 As evidências científicas mais fortes são evidências convergentes obti das de diferentes estudos que investigam a mesma pergunta de pesquisa Os cientistas comportamentais são céticos porque reco 32 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister nhecem que o comportamento é complexo e que muitas vezes muitos fatores intera gem para causar um fenômeno psicológico Descobrir esses fatores pode ser uma tarefa difícil As explicações propostas às vezes são prematuras porque nem todos os fato res que podem explicar um fenômeno foram considerados ou sequer notados Os cien tistas comportamentais também reconhe cem que a ciência é uma atividade humana Portanto os cientistas tendem a ser céticos quanto a novas descobertas tratamentos e afirmações extraordinárias mesmo aquelas que advenham de estudos publicados O ceticismo dos cientistas os leva a ser mais cautelosos do que muitas pessoas sem formação científica Muitas pessoas têm faci lidade para aceitar explicações baseadas em evidências insuficientes ou inadequadas Isso é ilustrado pela crença disseminada no ocul to Em vez de abordar as hipóteses para acon tecimentos paranormais com cautela muitas pessoas aceitam tais afirmações de maneira acrítica Segundo pesquisas sobre a opinião pública a maioria dos norteamericanos acre dita em percepção extrassensorial e algumas pessoas estão convencidas de que seres do espaço já visitaram a Terra Em torno de dois Quadro 12 PSICOLOGIA CLÍNICA E CIÊNCIA Será que os psicólogos clínicos aplicam os úl timos resultados de pesquisas científicas psi cológicas no tratamento de seus pacientes Em uma crítica recente sobre a prática da psicologia clínica os drs Timothy Baker Richard McFall e Varda Shoham todos psi cólogos clínicos renomados respondem essa pergunta com um sonoro não Sua análise ampla da prática de psicólogos clínicos que foi publicada na edição de novembro de 2009 da revista Psychological Science in the Public Interest da APA foi divulgada por vários ór gãos da mídia incluindo a revista Newsweek 12 de outubro de 2009 Nas últimas décadas os pesquisadores clínicos demonstraram a efetividade in clusive em termos de custo de tratamen tos psicológicos para muitos transtornos mentais pex terapia cognitivocomporta mental Ainda assim segundo os autores relativamente poucos psicólogos aprendem ou usam esses tratamentos efetivos Baker e colaboradores afirmam que a psicologia clínica atual é parecida com a prática médi ca précientífica que existia no século XIX e começo do século XX na qual os médicos rejeitavam as práticas científicas em favor da sua experiência pessoal Pesquisas indicam que o psicólogo clínico de hoje é mais pro vável de se basear em suas próprias opiniões sobre o que funciona do que em evidências científicas para tratamentos com base empí rica De fato Baker e colaboradores obser vam que o psicólogo clínico mediano não conhece os resultados de pesquisas sobre tratamentos com base empírica e provavel mente não tem a formação científica neces sária para entender a metodologia ou resulta dos das pesquisas Baker McFall e Shoham 2009 afirmam que deve haver mudanças urgentes nos pro gramas de formação para psicólogos clínicos do mesmo modo como a formação médica foi totalmente reformada no começo dos 1900s para conferir uma base científica à medicina Sem fundamentação científica os psicólo gos clínicos continuarão a perder seu papel na saúde mental e comportamental Baker e colaboradores acreditam que uma formação e treinamento de qualidade e centrados na ciência devem ocupar um lugar central na for mação em psicologia clínica e que a prática da psicologia clínica sem uma forte base em ciência deve ser estigmatizada Para estudantes que usam este livro e se interessam por psicologia clínica espera mos que à medida que aprender nos diversos métodos de pesquisa em psicologia vocês enxerguem esta introdução aos métodos de pesquisa apenas como um primeiro passo ne cessário em sua prática bemsucedida e ética em psicologia clínica Metodologia de pesquisa em psicologia 33 em cada cinco norteamericanos acreditam que o horóscopo é confiável e até 12 milhões de adultos dizem mudar de comportamento depois de lerem textos de astrologia Miller 1986 Essas crenças existem apesar das evi dências mínimas e muitas vezes negativas para a validade do horóscopo Os cientistas é claro não pressupõem automaticamente que as interpretações he terodoxas de fenômenos inexplicados não possam ser verdadeiras Eles simplesmente insistem em poder testar todas as hipóteses e rejeitar aquelas que inerentemente não possam ser testadas O ceticismo científico é uma defesa do público crédulo contra char latães e impostores que vendem remédios e curas ineficazes esquemas impossíveis para enriquecer e explicações sobrenaturais para fenômenos naturais Ao mesmo tempo con tudo é importante lembrar que a confiança desempenha um papel tão grande quanto o ceticismo na vida do cientista Para realizar suas pesquisas os cientistas devem confiar em seus instrumentos em seus sujeitos nos relatórios de pesquisa dos seus colegas e em seu próprio juízo profissional Já dissemos que para pensar como pes quisador você deve ser cético quanto a evi dências e hipóteses Você certamente sabe alguma coisa sobre evidências e hipóteses se tiver lido qualquer livro detalhando um crime e julgamento ou assistido a alguns filmes ou dramas jurídicos populares na televisão Os detetives advogados e outras pessoas que atuam na profissão da lei cole tam evidências a partir de uma variedade de fontes e tentam convergir as evidências para construir hipóteses sobre o comporta mento das pessoas Uma pequena quanti dade de evidências pode ser suficiente para suspeitar que alguém cometeu um crime mas são necessárias evidências convergen tes de muitas fontes para condenar a pessoa Os cientistas da psicologia trabalham da mesma maneira eles coletam evidências para construir hipóteses sobre o comporta mento e processos psicológicos A ênfase principal deste texto será em detalhar os diferentes métodos de pesquisa que resultam em diferentes tipos de evidên cias e conclusões À medida que avançar em seu estudo da metodologia de pesquisa você verá que existem importantes e dife rentes princípios científicos que se aplicam à publicação de uma observação comporta mental ou levantamento estatístico identifi cando uma relação entre fatores ou variá veis e afirmando que existe uma conexão causal entre as variáveis As evidências cien tíficas mais fortes assemelhamse às evidên cias convergentes necessárias em um julga mento para obter uma condenação Mesmo quando os pesquisadores têm evidências fortes para suas conclusões a partir de repli cações repetições de um experimento eles estão em uma situação semelhante à de ju rados que consideram uma pessoa culpada além de dúvida Os pesquisadores e os jura dos buscam a verdade mas suas conclusões são essencialmente probabilísticas A certeza está além do alcance de jurados e cientistas Aprendendo a pensar como pesquisa dor você pode desenvolver dois conjuntos importantes de habilidades A primeira ha bilidade proporcionará que você seja um consumidor mais efetivo de publicações científicas para que possa tomar decisões pessoais e profissionais mais informadas A segunda habilidade proporcionará que você aprenda como fazer pesquisa para que possa contribuir para a ciência da psicolo gia Esmiuçaremos esses dois aspectos do método científico ao longo do texto mas os apresentaremos brevemente neste capítulo Primeiro descrevemos uma ilustração para a razão por que é importante pensar como pesquisador ao avaliar resultados de pes quisas apresentadas na mídia Depois des crevemos como os pesquisadores começam quando querem reunir evidências usando o método científico Avaliando resultados de pesquisas divulgados na mídia Nem toda a ciência publicada na mídia é boa ciência Devemos questionar o que lemos e ouvimos 34 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Os artigos publicados na mídia que re sumem pesquisas originais podem omi tir aspectos críticos do método resulta dos ou interpretações da pesquisa Os pesquisadores em psicologia pu blicam seus resultados em periódicos pro fissionais que estão disponíveis na forma impressa ou eletrônica A maioria das pes soas que conhecem resultados de pesquisas psicológicas contudo o faz por intermédio dos meios de comunicação a internet pe riódicos e revistas rádio e televisão Grande parte dessas pesquisas é válida A pesquisa psicológica pode ajudar as pessoas em uma variedade de áreas como ajudar as pessoas a aprender maneiras de se comunicar com um parente com doença de Alzheimer evi tar brigas ou aprender a perdoar Todavia quando a pesquisa é divulgada na mídia podem surgir dois problemas sérios O pri meiro problema é que a pesquisa publicada na mídia nem sempre é boa pesquisa Um leitor crítico deve separar a boa da má pes quisa quais resultados são sólidos e quais ainda não foram confirmados Também de vemos decidir quais resultados devemos aplicar em nossas vidas e quais exigem uma atitude de esperar para ver É justo dizer que grande parte da pesquisa não é mui to boa devido aos diferentes meios pelos quais a pesquisa psicológica é divulgada Então temos uma boa razão para questio nar a pesquisa sobre a qual lemos ou ouvi mos pelos meios de comunicação Um segundo problema que pode sur gir quando pesquisas científicas são divul gadas pelos meios de comunicação é que algo pode se perder na tradução Os re latos na mídia geralmente são resumos da pesquisa original e certos aspectos críticos do método resultados ou interpretação da pesquisa podem estar faltando no resumo apresentado Quanto mais você descobrir sobre o método científico melhores serão suas perguntas para discernir a qualidade da pesquisa divulgada e para determinar as informações críticas que faltam na matéria publicada Por enquanto podemos dar uma ideia dos tipos de perguntas que você pode fazer olhando um exemplo de uma pesqui sa divulgada na mídia Não muito tempo atrás houve um fe nômeno amplamente divulgado chamado efeito Mozart Manchetes como Música clássica faz bem para cérebros de bebês eram comuns à época Essas manchetes cha mavam a atenção das pessoas especialmen te a atenção de pais novos As matérias da mídia indicavam que os pais estavam tocan do música clássica para seus bebês na espe rança de aumentar a inteligência dos filhos Um milhão de novas mães receberam um CD gratuito chamado Sinfonias inteligen tes juntamente com a fórmula grátis para o bebê De forma clara os distribuidores e muitos novos pais foram persuadidos de que o efeito Mozart era real A ideia de que ouvir música pode au mentar a inteligência de recémnascidos é intrigante Quando você encontrar ideias intrigantes como essa na mídia um bom pri meiro passo é consulte a fonte original em que a pesquisa foi publicada Nesse caso o artigo original foi publicado em um periódico res peitável Nature Rauscher Shaw e Ky 1993 descreveram um experimento em que um único grupo de estudantes universitários ouvia uma obra de Mozart por 10 minutos ficava em silêncio por 10 minutos ou ouvia instruções de relaxamento por 10 minutos antes de fazer um teste de raciocínio espa cial O desempenho no teste foi melhor após ouvir Mozart do que nas outras duas condi ções mas o efeito desaparecia depois de um período adicional de 10 a 15 minutos Os resultados publicados na fonte origi nal podem ser considerados sólidos mas as extrapolações desses resultados são bastan te questionáveis Estavam incentivando um milhão de mulheres a tocar sinfonias inte ligentes para seus bebês com base em um efeito demonstrado em um tipo muito espe cífico de teste de raciocínio com estudantes universitários e o efeito durou no máximo 15 minutos Embora tenham sido realizados alguns estudos com crianças os resultados ambíguos de todas as pesquisas indicam que Metodologia de pesquisa em psicologia 35 algo se perdeu na tradução pela mídia da pesquisa original para a aplicação ampla do efeito Mozart Pessoas que são suficiente mente céticas para fazer perguntas quando ouvem ou leem relatos sobre pesquisas na mídia e conhecedoras o suficiente para le rem pesquisas nas fontes originais são me nos prováveis de serem malinformadas Seu trabalho é ser cético o nosso é proporcionar neste texto o conhecimento para permitir que você leia de forma crítica as fontes origi nais que publicam resultados de pesquisas Começando a fazer pesquisa Ao começar um projeto de pesquisa os estudantes podem responder à primeira pergunta o que estudar revisando temas psicológicos discutidos nos perió dicos livros e disciplinas de psicologia Uma hipótese de pesquisa é uma expli cação provisória para um fenômeno ela costuma ser formulada na forma de uma previsão juntamente com uma ex plicação para o resultado previsto Os pesquisadores geram hipóteses de muitas maneiras mas sempre revisam estudos psicológicos publicados antes de começarem suas pesquisas Para decidir se sua pergunta de pesqui sa é boa os pesquisadores consideram a importância científica o escopo e os prováveis resultados da pesquisa e se a ciência psicológica será beneficiada A abordagem com métodos múltiplos que busca respostas usando diversas metodologias de pesquisa e medidas é a melhor esperança da psicologia para entender o comportamento e a mente À medida que começarmos a aprender como os pesquisadores da psicologia cole tam dados veremos conselhos de vários pesquisadores especialistas a respeito de um dos aspectos mais fundamentais da pes quisa como começar Organizaremos esta seção em torno de três perguntas que os pesquisadores se fazem quando começam um projeto de pesquisa O que devo estudar Como desenvolvo uma hipótese para testar em minha pesquisa Minha pergunta de pesquisa é boa Existem muitas decisões que devem ser tomadas antes de começar a fazer pesquisa em psicologia A primeira é claro é qual tema estudar Muitos estudantes abordam o campo da psicologia com interesses em psicopatologia e questões associadas à saú de mental Outros estão intrigados com os enigmas que rodeiam a cognição humana como a memória a resolução de problemas e a tomada de decisões Outros ainda estão interessados em problemas da psicologia do desenvolvimento e social A psicologia proporciona um cardápio de possibilidades de pesquisa a explorar como é ilustrado pelas literalmente centenas de periódicos científicos que publicam os resultados de pesquisas em psicologia Você pode encon trar informações sobre as muitas áreas de pesquisa em psicologia revisando o con teúdo de um livro de introdução à psico logia Informações mais específicas podem ser encontradas é claro nas muitas classes oferecidas pelo departamento de psicologia da sua faculdade ou universidade como psicologia anormal psicologia cognitiva e psicologia social Não são apenas os estudantes que se interessam por perguntas de pesquisa em psicologia Em julho de 2009 uma edição inteira da revista Perspectives in Psychologi cal Science foi dedicada a discussões sobre perguntas de pesquisa e os rumos para o futuro da psicologia Diener 2009 Os principais pesquisadores de diversas áreas da psicologia identificaram perguntas im portantes de seus campos por exemplo perguntas relacionadas com as conexões entre a mente e o cérebro psicologia evo lutiva e até interações entre seres humanos e androides Ao procurar uma pergunta de pesquisa ler esses artigos pode ser um bom modo de começar Os estudantes muitas vezes desenvol vem seus temas iniciais de pesquisa por 36 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister meio de suas interações com professores de psicologia Muitos professores fazem pesquisa e gostam de envolver estudantes em grupos de pesquisa Você só precisa procurar Os departamentos de psicologia também oferecem muitos outros recursos para ajudar os alunos a desenvolverem suas ideias de pesquisa Uma oportunidade é na forma de colóquios Um colóquio é uma apresentação formal de pesquisas na qual os pesquisadores às vezes de outras universidades apresentam suas teorias e resultados de pesquisas para professores e estudantes do departamento Espere pelo convite para os próximos colóquios em seu departamento de psicologia Não importa como ou onde você come ça a desenvolver um tema um passo inicial importante é explorar a literatura publica da sobre pesquisas psicológicas Existem várias razões por que você deve revisar a literatura da psicologia antes de começar a fazer pesquisa Uma razão óbvia é que a resposta à sua pergunta de pesquisa pode já existir Outra pessoa pode ter feito a mes ma pergunta e oferecido uma resposta ou pelo menos uma resposta parcial É bastan te provável que você encontre resultados de pesquisas que estejam relacionados com a sua pergunta de pesquisa Embora talvez você fique decepcionado por descobrir que sua pergunta de pesquisa já foi investigada considere que o fato de encontrar outras pessoas que fizeram pesquisas sobre a mes ma ideia ou uma ideia semelhante reafirma a importância da sua ideia Fazer pesquisa sem uma análise cuidadosa do que já se sabe pode ser interessante ou divertido cer tamente pode ser fácil talvez você possa chamar isso de hobby mas não pode chamar de ciência A ciência é uma atividade cumula tiva a pesquisa atual baseiase em pesquisas anteriores Uma vez que você identificou um cor pus de literatura relacionado com a sua ideia de pesquisa suas leituras podem levá lo a descobrir inconsistências ou contradi ções nas pesquisas publicadas Talvez você também verifique que os resultados das pesquisas são limitados em termos da na tureza dos participantes estudados ou das circunstâncias em que a pesquisa foi feita ou existe uma teoria psicológica que precisa ser testada Depois de fazer tal descoberta você tem uma pista sólida um caminho a seguir em sua pesquisa Ao ler a literatura psicológica e refletir sobre perguntas de pesquisa possíveis você também pode considerar como os resulta dos de estudos psicológicos são aplicados a problemas da sociedade Enquanto aprende a fazer pesquisa em psicologia você pode considerar maneiras em que esse conheci mento pode ser usado para gerar investiga ções que tornem a humanidade um pouqui nho melhor Revisar a literatura psicológica não é a tediosa tarefa que costumava ser as buscas na literatura com o auxílio do computador incluindo o uso da internet tornaram a identificação de pesquisas psicológicas uma tarefa relativamente fácil e até animado ra No Capítulo 13 deste livro mostramos como pesquisar a literatura da psicologia incluindo modos de usar bancos de dados computadorizados para a sua busca Finalmente conforme aponta Stern berg 1997 a escolha de uma questão para investigar não deve ser abordada superfi cialmente Certas perguntas simplesmente não merecem ser feitas pois suas respostas não trazem esperança de avançar a ciência da psicologia As perguntas são em uma palavra insignificantes ou na melhor hi pótese triviais Sternberg 1997 sugere que os estudantes que sejam novos no campo da pesquisa psicológica considerem várias per guntas antes de decidirem que têm uma boa pergunta de pesquisa Por que essa questão poderia ser cienti ficamente importante Qual é o escopo dessa pergunta Quais são os resultados prováveis se eu implementar esse projeto de pesquisa Até que nível a ciência psicológica avançará ao se descobrir a resposta a essa pergunta Metodologia de pesquisa em psicologia 37 Por que alguém estaria interessado nos resultados obtidos ao se fazer essa per gunta À medida que você começa o processo de pesquisa a busca por respostas para es sas perguntas pode exigir a ajuda de orien tadores de pesquisa e outras pessoas que fi zeram suas próprias pesquisas com sucesso Esperamos que a sua capacidade de respon der essas perguntas aumente à medida que você aprender mais sobre a teoria e pesqui sa em psicologia e à medida que você ler sobre os muitos exemplos de pesquisas psi cológicas interessantes e significativas que descrevemos neste livro A próxima decisão é um pouco mais difícil Quando os pesquisadores começam eles procuram identificar sua hipótese de pesquisa Uma hipótese é uma tentativa de explicação para um fenômeno Muitas vezes a hipótese é enunciada na forma de uma previsão para um certo resultado jun tamente com uma explicação para a previ são Propusemos uma hipótese de pesquisa anteriormente quando sugerimos que os efeitos pex aumento na agressividade da violência na mídia podem ser mais for tes para videogames do que para assistir à televisão passivamente pois os jogadores estão ativamente envolvidos em atos agres sivos aumentando assim as suas tendências agressivas Uma hipótese alternativa pode sugerir que os efeitos dos videogames talvez sejam menores porque os jogadores têm uma oportunidade que os telespectadores pas sivos não têm para liberar seus impulsos agressivos McGuire 1997 identificou 49 regras simples heurísticas para gerar uma hi pótese a ser testada cientificamente Não podemos revisar todas as 49 sugestões aqui mas podemos dar uma ideia do raciocínio de McGuire listando algumas dessas heu rísticas Ele sugere por exemplo que pode mos gerar uma hipótese para um estudo pensando sobre desvios singularida des exceções em relação a uma ten dência ou princípio geral imaginando como agiríamos em uma determinada situação ou se enfrentás semos um determinado problema considerando problemas semelhantes cuja solução seja conhecida fazendo observações prolongadas e de liberadas de uma pessoa ou fenômeno pex fazendo um estudo de caso gerando exemplos contrários para uma conclusão óbvia sobre o comportamento tomando emprestadas as ideias ou teo rias de outras disciplinas É claro que identificar uma pergunta ou hipótese de pesquisa não diz necessaria mente como se deve fazer a pesquisa O que se quer saber exatamente Responder essa pergunta significa que você deve tomar ou tras decisões que abordaremos no decorrer deste texto Como pesquisador você deve se fazer perguntas como devo fazer um estudo qualitativo ou quantitativo Qual é a natureza das variáveis que quero investi gar Como encontro medidas do comporta mento que sejam confiáveis e válidas Qual é o método de pesquisa mais adequado para minha pergunta de pesquisa Que tipos de análises estatísticas serão necessários Os métodos que eu escolhi cumprem padrões morais e éticos aceitos Esses e outros passos associados ao processo científico são ilustrados na Tabela 11 Não se preocupe se os termos nessas perguntas e na Tabe la 11 não forem familiares À medida que avançar neste texto sobre metodologia de pesquisa em psicologia você aprenderá so bre esses passos do processo de pesquisa A Tabela 11 será um ótimo guia quando você começar a fazer a sua própria pesquisa Este texto apresenta as maneiras como os psicólogos usam o método científico Como você sabe a psicologia é uma disci plina com muitas áreas de estudo e muitas questões Nenhuma metodologia de pesqui sa única pode responder todas as pergun tas que os psicólogos têm sobre o compor tamento e os processos mentais Assim a melhor abordagem para responder nossas questões é a abordagem multimétodos ou 38 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister seja procurar uma resposta usando vá rias metodologias de pesquisa e medidas do comportamento O objetivo deste livro é ajudar você a montar um arsenal com estratégias para fazer pesquisa Como você verá ao longo do livro qualquer método ou medida do comportamento pode ter falhas ou ser incompleto em sua capacidade de responder perguntas de pesquisa de forma plena Quando os pesquisadores usam mé todos múltiplos as falhas associadas a um método específico são superadas por outros métodos que preenchem as lacunas As sim uma vantagem importante da aborda gem multimétodos é que os pesquisadores obtêm uma compreensão mais completa do comportamento e dos processos mentais Esperamos que com essas ferramentas os métodos de pesquisa descritos neste texto você esteja no caminho para responder suas próprias perguntas no campo da psicologia Resumo Os psicólogos buscam entender o comporta mento e os processos mentais desenvolvendo teorias e fazendo pesquisas psicológicas Os estudos psicológicos podem ter um impacto importante sobre os indivíduos e a sociedade um exemplo é a pesquisa que mostra o im pacto negativo da violência nos meios de co municação Os pesquisadores usam o método científico que enfatiza uma abordagem em pírica para entender o comportamento essa abordagem baseiase na observação direta e experimentação para responder as pergun tas A prática científica ocorre em contextos históricos socioculturais e morais Historica mente a revolução digital foi instrumental na mudança de ênfase do behaviorismo para a psicologia cognitiva Muitos psicólogos do passado e do presente ajudaram a desenvol ver o diverso campo da psicologia O contexto sociocultural influencia a pesquisa psicológica em termos do que os pesquisadores decidem estudar e da aceita ção da sociedade em relação a seus achados A cultura também influencia a pesquisa quando ocorre etnocentrismo Nesse viés as pessoas tentam entender o comporta mento de indivíduos que vivem em uma cultura diferente por meio dos modelos ou visões da sua própria cultura O contexto moral exige que os pesquisadores mante nham os mais elevados padrões de compor tamento ético Violações claras da integrida de científica incluem a fabricação de dados plágio a divulgação seletiva de resultados de pesquisa a falta de reconhecimento de indivíduos que fizeram contribuições signi EXERCÍCIO Neste exercício crie hipóteses usando um item de cada coluna Relacione um evento ou com portamento da primeira coluna com um resultado da segunda e uma explicação possível da terceira Um exemplo de hipótese é ilustrado Evento ou comportamento Resultado Explicação 1 exposição a imagens de cor pos magros 1 aumentar a solicitude 1 reinterpretação de fatos 2 ataque terrorista de 1192001 2 benefícios à saúde 2 aumento na empatia 3 escrever sobre eventos emo tivos 3 aumento em mortes no trânsito 3 comparação do self com o ideal 4 imitar comportamento e ati tude 4 insatisfação com o corpo 4 medo de viagens aéreas Exemplo de hipótese escrever sobre fatos emotivos causa benefícios à saúde possivelmente devido à reinterpretação dos fatos que se faz ao escrever Pennebaker e Francis 1996 Metodologia de pesquisa em psicologia 39 ficativas para a pesquisa o uso indevido de verbas de pesquisa e o tratamento eticamen te incorreto de seres humanos e animais O código de ética da APA orienta a pesquisa e ajuda os pesquisadores a avaliar dilemas éticos como os riscos e benefícios associados ao engano e ao uso de animais na pesquisa Os pesquisadores devem se manter cé ticos quanto a afirmações sobre o comporta mento e os processos mentais As evidências mais fortes para uma hipótese advêm de evi dências convergentes entre muitos estudos embora os cientistas reconheçam que todos os resultados de pesquisas são probabilísti cos em vez de definitivos Existem dois pro blemas com os relatos de pesquisas publica dos na mídia a pesquisa pode não cumprir os padrões e as matérias publicadas nos meios Tabela 11 Etapas do processo de pesquisa Etapa Como Capítulo Desenvolver uma pergunta de pesquisa Mantenhase atento ao etnocentrismo Adquira experiência pessoal fazendo pesquisa Leia a literatura psicológica 1 1 1 13 Gerar uma hipótese de pes quisa Leia teorias psicológicas sobre o seu tema Considere a experiência pessoal pense em exce ções e observe inconsistências em pesquisas ante riores 1 2 1 Criar definições operacio nais Procure pesquisas anteriores para ver como outras pessoas definiram o mesmo construto ou construtos semelhantes Identifique as variáveis que vai analisar 2 2 Escolher um desenho de pesquisa Identifique uma amostra de participantes Decida se a sua pergunta de pesquisa procura descrever fazer previsões ou identificar relações causais Escolha desenhos observacionais e correlacionais de descrição e previsão Escolha um desenho experimental para uma per gunta de pesquisa causal Escolha um desenho de caso único quando quiser entender e tratar um grupo pequeno ou um indi víduo Escolha um desenho quaseexperimental para uma pergunta de pesquisa causal em situações onde o controle experimental for pouco possível 4 5 2 4 5 6 7 8 9 10 Avaliar a ética da sua pes quisa Identifique os riscos e benefícios potenciais da pes quisa e as maneiras em que o bemestar dos sujei tos será protegido Submeta a proposta a um comitê de ética Peça permissão de pessoas em posição de autori dade 3 3 3 10 Coletar e analisar dados tirar conclusões Conheça os dados Sintetize os dados Confirme o que os dados revelam 11 11 12 Divulgar os resultados da pesquisa Apresente os resultados em uma conferência cien tífica Submeta um artigo escrito sobre o estudo para um periódico de psicologia 13 13 40 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister de comunicação geralmente são resumos da pesquisa original Um importante primeiro passo para avaliar os relatos da mídia é ir à publicação original para aprender mais sobre os métodos e procedimentos da pesquisa O primeiro passo para começar a pes quisar é criar uma pergunta de pesquisa Os estudantes têm ideias de pesquisa a par tir de seus livros e disciplinas e por meio de interações com os professores O próxi mo passo é desenvolver uma hipótese de pesquisa Uma hipótese de pesquisa é uma tentativa de explicação para o fenômeno a ser testado e costuma ser formulada como uma previsão juntamente com uma expli cação para o resultado previsto Embora hipóteses de pesquisa sejam desenvolvidas de muitas maneiras uma parte essencial desse passo é revisar a literatura de pes quisa psicológica relacionada com o tema Finalmente é importante avaliar se as res postas a uma pergunta de pesquisa contri buirão significativamente para a compreen são dos psicólogos sobre o comportamento e os processos mentais Uma abordagem multimétodos empre ga diversas metodologias de pesquisa e me didas para responder perguntas de pesquisa e chegar a um entendimento mais completo do comportamento Os cientistas reconhe cem que qualquer método ou medida do comportamento tem falhas ou é incomple to o uso de métodos múltiplos permite que os pesquisadores preencham as lacunas deixadas por algum método específico O objetivo deste livro é apresentar a variedade de métodos de pesquisa que os psicólogos usam para responder suas perguntas Conceitos básicos método científico 23 abordagem empírica 24 etnocentrismo 29 hipótese 37 abordagem multimétodos 37 Questões de revisão 1 Descreva duas características importantes do método científico 2 Por que os primeiros psicólogos escolhe ram a abordagem empírica como seu mé todo preferido para investigações psicoló gicas 3 Identifique duas maneiras em que o com putador foi crítico para o desenvolvimen to da psicologia no século XX 4 Dê um exemplo de 1 como fatores so ciais e culturais podem influenciar a esco lha de temas de pesquisa dos psicólogos e 2 como fatores socioculturais podem influenciar a aceitação de resultados de pesquisas pela sociedade 5 Descreva como o etnocentrismo pode ser um problema na pesquisa e sugira um modo em que os pesquisadores podem prevenir esse viés 6 O que significa dizer que a pesquisa ocor re dentro de um contexto moral 7 Descreva dois dilemas éticos que os psi cólogos podem enfrentar quando fazem pesquisa 8 Explique por que os pesquisadores são céticos quanto aos resultados de pesqui sas e explique como sua atitude provavel mente difere da do público em geral 9 Identifique duas razões que você daria a outra pessoa para explicar por que ela deve avaliar criticamente os resultados das pesquisas divulgadas no noticiário pex televisão revistas 10 Quais são os três passos iniciais que os pesquisadores dão quando começam um projeto de pesquisa 11 Identifique duas razões por que é impor tante revisar a literatura psicológica quan do se começa uma pesquisa 12 Descreva a abordagem multimétodos de pesquisa e identifique sua principal van tagem Metodologia de pesquisa em psicologia 41 DESAFIOS 1 Considere a hipótese de que jogar videogames violentos faz as pessoas serem mais agres sivas comparado com assistir a violência passivamente na televisão A Como você testaria essa hipótese Ou seja o que você pode fazer para comparar as duas experiências diferentes de exposição à violência B Como você determinaria se as pessoas agiram de maneira violenta após a exposição à violência C Que outros fatores você deveria considerar para garantir que a exposição à violência e não algum outro fator foi o fator importante 2 Em suas disciplinas você aprendeu uma variedade de abordagens para adquirir conhe cimento sobre as pessoas Por exemplo ao ler literatura aprendemos sobre as pessoas pelos olhos do autor e dos personagens que ele criou Como essa abordagem para adquirir conhecimento difere da usada por pesquisadores em psicologia Quais são as vantagens e desvantagens de cada abordagem 3 Ao longo da história da pesquisa em psicologia testemunhamos uma mudança de ênfase da sensaçãopercepção para o behaviorismo e depois para a psicologia cognitiva Dentro das diferentes áreas ou subdisciplinas da psicologia pex clínica do desenvolvimento neurociência social o número de temas de pesquisa aumentou imensamente A Que áreas da psicologia são de maior interesse para você e por quê B Em sua biblioteca folheie três ou quatro edições atuais de revistas em sua área de inte resse pex Developmental Psychology Journal of Consulting and Clinical Psychology Journal of Personality and Social Psychology Peça nomes de outros periódicos ao seu professor ou bibliotecário Que temas os pesquisadores investigam Você consegue observar alguma tendência nos temas ou no tipo de pesquisa feita Descreva suas ob servações 4 Identifique como o etnocentrismo pode desempenhar um papel no tipo de pesquisa que os seguintes grupos decidem fazer apresentando uma pergunta de pesquisa que provavel mente seria de interesse para cada grupo A Homens ou mulheres B Maioria étnica ou minoria étnica C Conservador em política ou liberal em política D Idades 1825 ou 3545 ou 5565 ou 7585 Resposta ao Exercício 1 A exposição a imagens de corpos magros causa insatisfação com o próprio corpo possivelmente devido à comparação do self com uma imagem corporal ideal Dit tmar Halliwell e Ive 2006 2 Após o ataque terrorista de 1192001 as mortes no trânsito aumentaram possi velmente devido ao aumento no medo de viagens aéreas Gigerenzer 2004 3 Imitar o comportamento e a atitude de in divíduos faz com que busquem mais aju da possivelmente pelo aumento em seus sentimentos de empatia van Baaren Holland Kawakami e van Knippenberg 2004 42 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Resposta ao Desafio 1 A Um modo de testar essa hipótese seria usar dois grupos de sujeitos Um grupo jo garia videogames violentos e um segundo grupo assistiria a violência na televisão Uma segunda maneira de testar a hipóte se seria usar o mesmo grupo de sujeitos e expôlos aos dois tipos de violência em diferentes momentos B Para determinar se as pessoas agem de forma mais agressiva após a exposição a videogames ou à televisão seria necessário usar alguma medida do comportamento agressivo Existe um número potencial mente ilimitado de medidas talvez limi tado apenas pela criatividade do pesqui sador Um bom primeiro passo é usar medidas que outros pesquisadores já usa ram desse modo você pode comparar os resultados do seu estudo com resultados anteriores As medidas da agressividade incluem pedir às pessoas para indicarem como responderiam a situações hipotéti cas envolvendo raiva ou observar como elas respondem aos experimentadores ou outras pessoas após a exposição à violên cia No segundo caso o pesquisador pre cisaria de uma checklist ou algum outro método para registrar o comportamento violento ou não violento dos participan tes Tenha em mente que a agressividade pode ser definida de diversas maneiras incluindo comportamentos físicos com portamentos verbais e mesmo pensamen tos mas observe a dificuldade para men surar os últimos C Seria importante garantir que os dois gru pos televisão versus videogame fossem semelhantes em cada maneira exceto na exposição à televisão ou ao videogame Por exemplo suponhamos que a sua pesquisa tivesse dois grupos de participantes um grupo assistiria à televisão e o outro jo garia videogames Suponhamos também que seus resultados indicassem que os participantes que jogassem videogames fossem mais agressivos do que os que assistissem à televisão em sua medida da agressividade Haveria um problema se os partici pantes do videogame fossem naturalmen te mais agressivos já no começo compa rados com os participantes da televisão Seria impossível saber se a exposição à violência em sua pesquisa ou se suas di ferenças naturais em agressividade expli cam a diferença observada em agressivi dade em seu experimento Portanto você deveria se certificar de que os participan tes de cada grupo fossem semelhantes an tes da exposição à violência Mais adiante no texto você aprenderá a tornar os gru pos semelhantes Você também deveria garantir que outros aspectos das experiências dos su jeitos fossem semelhantes Por exemplo você se certificaria de que o tempo de ex posição à violência em cada grupo fosse o mesmo Além disso você tentaria garan tir que o grau de violência no programa de televisão fosse semelhante ao grau de violência no videogame Também seria im portante que as experiências dos partici pantes não diferissem em outros fatores como o fato de se existem outras pessoas presentes ou a hora do dia Para demons trar que jogar videogame causa mais ou menos agressividade do que assistir à te levisão o mais importante é que o único fator a diferir entre os grupos seja o tipo de exposição Metodologia de pesquisa em psicologia 43 Nota 1 Um componente crítico de qualquer pesquisa que usa engano é o procedimento de debriefing ao final do experimento durante o qual a verdadeira natureza do experimento é explicada aos participantes ver o Capítulo 3 Os participantes do estudo de Klinesmith e colaborado res 2006 foram informados de que o experimento investigava a agressividade e não a sensi bilidade do paladar e que eles não deviam se sentir mal por algum comportamento agressivo que tivessem exibido Nenhum dos participantes declarou ter suspeitado da verdadeira na tureza do experimento durante o debriefing Curiosamente Klinesmith e colaboradores apon taram que alguns participantes ficaram decepcionados quando sua amostra de molho picante não era dada ao próximo participante 2 O método científico Abordagens científicas e corriqueiras ao conhecimento O método científico é empírico e exige observação sistemática e controlada Os cientistas adquirem maior controle quando fazem um experimento em um experimento os pesquisadores manipu lam variáveis independentes para deter minar seu efeito sobre o comportamento As variáveis dependentes são medidas do comportamento usadas para avaliar os efeitos de variáveis independentes A publicação científica é imparcial e objetiva a comunicação clara de cons trutos ocorre com o uso de definições operacionais Instrumentos científicos acurados e pre cisos mensurações físicas e psicológicas devem ser válidas e fidedignas Uma hipótese é uma tentativa de expli car um fenômeno as hipóteses testáveis têm conceitos definições operacionais definidos de forma clara não são circu lares e referemse a conceitos que pos sam ser observados Por mais de 100 anos o método cientí fico foi a base para a investigação na disci plina da psicologia O método científico não exige um tipo específico de instrumento e não é associado a um determinado proce dimento ou técnica Conforme descrito no Capítulo 1 o método científico referese às maneiras como os cientistas fazem pergun tas e à lógica e métodos usados para obter respostas Existem muitas abordagens frutí feras para adquirirmos conhecimento sobre nós mesmos e o nosso mundo como a filo sofia a teologia a literatura a arte e outras disciplinas O método científico pode ser distinguido das outras abordagens mas to das compartilham do mesmo objetivo bus car a verdade Uma das melhores maneiras de entender o método científico como meio para buscar a verdade é distinguilo de nos sos modos corriqueiros de saber Assim como um telescópio e um microscópio am pliam as nossas capacidades corriqueiras de enxergar o método científico amplia nossos meios corriqueiros de saber A Tabela 21 apresenta algumas dife renças importantes entre os modos científi cos e corriqueiros de saber Coletivamente as características listadas como científicas definem o método científico As distinções feitas na Tabela 21 enfatizam diferenças en Metodologia de pesquisa em psicologia 45 tre os modos de pensar que caracterizam a abordagem do cientista ao conhecimento e a abordagem informal e casual que normal mente caracteriza o nosso pensamento cor riqueiro Essas distinções são sintetizadas nas páginas a seguir Abordagem e atitude geral No Capítulo 1 descrevemos que para pen sar como pesquisador você deve ser cético Os cientistas psicológicos são cautelosos quanto a aceitar afirmações sobre o compor tamento e os processos mentais e avaliam criticamente as evidências antes de acei tarem quaisquer afirmações Todavia em nossos modos corriqueiros de pensar costu mamos aceitar evidências e afirmações com pouca ou nenhuma avaliação das evidências De um modo geral fazemos muitos dos nos sos juízos corriqueiros usando a intuição Isso geralmente significa que agimos com base no que parece certo ou no que pa rece razoável Embora a intuição possa ser valiosa quando temos poucas informações ela não está sempre correta Considere por exemplo o que a intuição pode sugerir sobre as classificações de videogames filmes e pro gramas de televisão em relação ao conteúdo violento e sexual Os pais usam as classifica ções para julgar a adequação do conteúdo da mídia para seus filhos e a intuição faz crer que essas classificações sejam ferramentas efetivas para prevenir a exposição ao con teúdo violento Na verdade talvez ocorra o exato oposto A pesquisa indica que essas classificações podem atrair espectadores adolescentes para assistir a programas vio lentos e sexuais o que Bushman e Cantor 2003 chamam de efeito da fruta proibida Assim em vez de limitar a exposição ao con teúdo violento e sexual as classificações po dem aumentar a exposição pois as classifi cações servem como uma forma conveniente de encontrar tal conteúdo p 138 Quando usamos a nossa intuição para fazer avaliações muitas vezes não reconhe cemos que as nossas percepções podem es tar distorcidas por vieses cognitivos ou que podemos não ter considerado todas as evi dências disponíveis Kahneman e Tversky 1973 Tversky e Kahneman 1974 Daniel Kahneman ganhou o Prêmio Nobel em 2002 por sua pesquisa sobre como os vieses cog nitivos influenciam as escolhas econômicas das pessoas Um tipo de viés cognitivo cha mado de correlação ilusória envolve a nos sa tendência de perceber uma relação entre fatos quando não existe nenhuma Susskind 2003 mostrou que as crianças são suscetí veis a esse viés quando fazem avaliações so bre comportamentos de homens e mulheres Em seu estudo crianças olhavam fotografias de homens e mulheres em comportamentos estereotípicos pex uma mulher tricotan do contrários ao estereótipo pex um ho Tabela 21 Características de abordagens científicas e não científicas corriqueiras ao conhecimento Não científicas corriqueiras Científicas Abordagem geral Intuitiva Empírica Atitude Acrítica aberta Crítica cética Observação Casual não controlada Sistemática controlada Divulgação Tendenciosa subjetiva Imparcial objetiva Conceitos Ambíguos com significados excessivos Definições claras especificidade operacional Instrumentos Inacurados imprecisos Acurados precisos Medição Não válida ou fidedigna Válida e fidedigna Hipóteses Não testáveis Testáveis Baseadas em parte em distinções sugeridas por Marx 1963 46 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister mem tricotando e neutros pex uma mu lher ou um homem lendo um livro e depois deviam estimar a frequência com que viam cada fotografia Os resultados indicaram que as crianças superestimaram o número de ve zes que viam fotografias mostrando compor tamentos estereotípicos apresentando uma correlação ilusória Suas expectativas de que homens e mulheres agiriam de modos este reotipados as levavam a crer que esses tipos de fotografias foram mostrados com mais frequência do que realmente o foram Uma base possível para o viés de correlação ilusó ria é que somos mais prováveis de notar si tuações que condigam com as nossas crenças do que situações que as contradigam A abordagem científica ao conhecimen to é empírica em vez de intuitiva A aborda gem empírica enfatiza a observação direta e a experimentação como um modo de responder questões Isso não significa dizer que a in tuição não tenha nenhum papel na ciência A princípio a pesquisa pode ser orientada pela intuição do cientista Todavia em um certo momento o cientista deve se orientar pelas evidências empíricas que a observação direta e a experimentação proporcionam Observação Podemos aprender muito sobre o compor tamento simplesmente observando os atos das pessoas No entanto as observações corriqueiras nem sempre são feitas de for ma cuidadosa ou sistemática A maioria das pessoas não tenta controlar ou eliminar fatores que possam influenciar os fatos em observação Como resultado muitas vezes tiramos conclusões incorretas com base em nossas observações casuais Considere por exemplo o caso clássico de Hans o cavalo esperto Hans era um cavalo que segundo seu dono um professor de matemática ale mão tinha talentos impressionantes Hans sabia contar fazer adições e subtrações simples mesmo envolvendo frações ler em alemão responder perguntas simples o que a moça está segurando em suas mãos dizer a data e a hora Watson 19141967 Hans respondia às perguntas batendo com a pata dianteira ou apontando o focinho para diferentes alternativas que lhe eram oferecidas Seu dono o considerava realmente inteligente e negava que usasse qualquer truque para orientar o comporta mento do cavalo E de fato o Esperto Hans era esperto mesmo quando quem fazia a pergunta era alguém que não o seu dono Os jornais noticiavam histórias sobre suas apresentações e centenas de pessoas vinham para ver o impressionante cavalo Fi gura 21 Em 1904 formouse uma comissão científica com o objetivo de descobrir a base para as capacidades de Hans Para decepção de seu dono os cientistas observaram que Hans não era inteligente em duas situações Primeiro ele não sabia as respostas para per guntas se a pessoa que fizesse a pergunta tam bém não soubesse Em segundo lugar Hans não era muito inteligente se não conseguisse ver a pessoa que fazia as perguntas O que os cientistas observaram Eles descobriram que Hans estava respondendo a movimentos su tis da pessoa Uma leve inclinação da pessoa fazia Hans começar a bater a pata e qualquer movimento para cima ou para baixo o fazia parar de bater A comissão demonstrou que as pessoas estavam involuntariamente dan do pistas para Hans enquanto ele batia com a pata ou apontava Desse modo parece que Hans era melhor observador do que muitas das pessoas que o observavam Essa história famosa de Hans o cava lo esperto ilustra o fato de que a observa ção científica ao contrário da observação casual é sistemática e controlada De fato foi sugerido que o controle é o ingrediente essencial da ciência distinguindoa de pro cedimentos não científicos Boring 1954 Marx 1963 No caso do Esperto Hans os investigadores exerciam controle manipu lando as condições uma de cada vez por exemplo se a pessoa sabia a resposta para as perguntas que fazia e se Hans conseguia ver a pessoa que perguntava ver a Figura 21 Usando a observação controlada os cientistas obtêm um quadro mais claro dos fatores que causam um fenômeno A obser Metodologia de pesquisa em psicologia 47 vação cuidadosa e sistemática do Esperto Hans é um exemplo do uso de controle por cientistas para entender o comportamen to O Quadro 21 descreve um exemplo de como a história do Esperto Hans de mais de 100 anos atrás informa os cientistas até hoje Os cientistas usam maior controle quando fazem um experimento Em um experimento os cientistas manipulam um ou mais fatores e observam os efeitos dessa manipulação sobre o comportamento Os fatores que o pesquisador controla ou ma Figura 21 Superior Hans se apresenta perante uma plateia Inferior Hans sendo testado em condições mais controladas quando não podia ver a pessoa que fazia as perguntas 48 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister nipula para determinar seu efeito sobre o comportamento são chamados variáveis in dependentes 1 No mais simples dos estudos a variável independente tem dois níveis Esses dois níveis costumam representar a presença e a ausência de tratamento respec tivamente A condição em que o tratamento está presente costuma ser chamada de con dição experimental e a condição em que o tratamento está ausente é chamada de con dição de controle Por exemplo se quiser mos estudar o efeito de beber álcool sobre a capacidade de processar informações com plexas de forma rápida e precisa a variável independente seria a presença ou ausência de álcool em uma bebida Os participantes na condição experimental receberiam ál cool ao passo que aqueles da condição de controle receberiam a mesma bebida sem álcool Depois de manipular essa variável independente o pesquisador pode pedir que os participantes joguem um videogame complicado para ver se eles são capazes de processar informações complexas As medidas do comportamento que são usadas para avaliar o efeito se algum das variáveis independentes são chamadas de variáveis dependentes Em nosso exemplo de um estudo que investiga os efeitos do álcool sobre o processamento de informa Quadro 21 CÃES CONSEGUEM DETECTAR O CÂNCER SÓ O FOCINHO PODE DIZER A pesquisa sobre métodos para detectar o câncer deu uma virada interessante em 2004 quando pesquisadores publicaram os resulta dos de um estudo no British Medical Journal demonstrando que cães treinados para chei rar amostras de urina conseguiram detectar câncer de bexiga nos pacientes em propor ções maiores do que o acaso Willis et al 2004 A pesquisa continuou com relatos ane dóticos em que donos de cachorros descre viam que seus animais de estimação haviam subitamente se tornado superprotetores ou obcecados por lesões na pele antes deles se rem diagnosticados com câncer O interesse na história foi tão grande que demonstrações semelhantes foram veiculadas em programas de televisão como 60 Minutes Os céticos contudo citaram o exemplo do Esperto Hans para desafiar as observa ções divulgadas argumentando que os cães usavam sinais sutis dos pesquisadores para discriminar amostras tiradas de pacientes com câncer ou de controles Os proponentes do estudo insistiam que os pesquisadores e observadores estavam cegos ao verdadeiro status das amostras de modo que não po deriam estar dando pistas aos cães Estudos mais recentes sugerem resultados ambíguos pex Gordon et al 2008 McCulloch et al 2006 Os pesquisadores dessa nova área de detecção do câncer solicitaram verbas de pesquisa para fazer mais experimentos Atual mente estamos esperando que os resultados desses estudos rigorosos nos digam se os cães podem de fato detectar o câncer Metodologia de pesquisa em psicologia 49 ções complexas o pesquisador pode medir o número de erros cometidos por sujeitos nas condições experimental e de controle ao jogarem o videogame difícil O número de er ros então seria a variável dependente Os cientistas tentam determinar se as diferenças que surgirem em suas observa ções da variável independente são causa das pelas diferentes condições da variável independente Em nosso exemplo isso sig nificaria que se houvesse diferença no nú mero de erros ao jogar videogame ela seria causada pelas diferenças nas condições da variável independente se o álcool esta va presente ou ausente Para chegar a essa conclusão clara porém os pesquisadores devem usar técnicas adequadas de contro le Cada capítulo deste livro enfatiza como os pesquisadores usam técnicas de controle para estudar o comportamento e a mente Comunicação Suponhamos que alguém lhe conte a respei to de uma aula a que você faltou Provavel mente você gostaria de um relato preciso do que aconteceu na classe Ou talvez você tenha faltado a uma festa onde dois dos seus amigos tiveram uma discussão acalo rada e agora quer que alguém lhe conte o que aconteceu Como você pode imaginar tendências pessoais e impressões subjetivas costumam entrar nos relatos que recebemos em nosso cotidiano Quando você pede a al guém para descrever um acontecimento é provável que receba detalhes do fato nem sempre corretos juntamente com impres sões pessoais Quando os cientistas divulgam seus re sultados eles tentam separar o que obser varam do que concluíram ou inferiram com base nas observações Por exemplo consi dere a fotografia na Figura 22 Como você descreveria a alguém o que vê nela Um modo de descrever essa cena é dizer que três pessoas estão correndo ao longo de um caminho Você também pode descrever essa cena como três pessoas competindo Se usar esta segunda descrição estará relatando uma inferência tirada do que você viu e não apenas relatando o que observou A descri ção de três pessoas correndo seria preferida em um artigo científico Podemos levar essa distinção entre des crição e inferência na divulgação a extre mos Por exemplo descrever o que a Figura 22 mostra como correr pode ser considera do uma inferência pois a observação pode ser que três pessoas estão mexendo as per nas para baixo e para cima com movimen tos rápidos e longos Essa descrição literal também não seria adequada A questão é que na divulgação científica os observa dores devem se proteger contra a tendência de fazer inferências rápidas demais Além disso os fatos devem ser descritos em sufi ciente detalhamento mas sem incluir minú cias triviais e desnecessárias No Capítulo 4 serão discutidos métodos adequados para fazer observações e relatálas A comunicação científica deve ser impar cial e objetiva Uma maneira de determinar se uma comunicação é imparcial é checar se ela pode ser verificada por um observador independente Isso se chama concordân cia entre os observadores ver Capítulo 4 Infelizmente muitos vieses são sutis e nem sempre são detectados mesmo na comu nicação científica Considere o fato de que existe uma espécie de peixe cujos ovos são incubados na boca do macho até desovarem O primeiro cientista a observar os ovos desa parecerem na boca do pai certamente pode ser desculpado por pressupor a princípio que ele os estava comendo Isso simples mente é o que esperamos que os organismos façam com suas bocas Porém o observador cuidadoso espera procura resultados ines perados e não toma nada como óbvio Conceitos Usamos o termo conceitos em referência a coisas vivas e inanimadas acontecimentos coisas em ação e a relações entre coisas ou acontecimentos assim como suas caracte rísticas Marx 1963 Cão é um conceito assim como latir e obediência Os con 50 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister ceitos são os símbolos pelos quais nos co municamos normalmente A comunicação clara e exata de ideias exige que usemos conceitos que sejam definidos claramente Em nossas conversas cotidianas muitas vezes não precisamos nos preocupar com a maneira como definimos um conceito Muitas palavras por exemplo são usadas e aparentemente compreendidas mesmo que nenhum dos lados da conversa saiba exata mente o que significam Ou seja as pessoas seguidamente se comunicam sem estarem plenamente cientes daquilo sobre o que es tão falando Isso pode soar ridículo mas para ilustrar nosso argumento experimente o seguinte Pergunte a algumas pessoas se elas acreditam que a inteligência é principal mente hereditária ou principalmente apren dida Você pode tentar defender um ponto de vista oposto ao delas apenas para se di vertir Depois de discutir as raízes da inte ligência pergunte o que elas querem dizer com inteligência Você provavelmente verá que a maioria das pessoas tem difi culdade para definir esse conceito mesmo depois de debater suas origens e as pes soas darão definições diferentes Ou seja inteligência significa uma coisa para uma pessoa e outra coisa para outra De forma clara para tentar responder a questão de se a inteligência é principalmente herdada ou principalmente aprendida precisamos de uma definição exata que todas as partes en volvidas possam aceitar O estudo dos conceitos é tão impor tante para a ciência psicológica que os pes quisadores se referem a conceitos por um nome especial construtos Um construto é um conceito ou ideia exemplos de constru tos psicológicos são a inteligência a depres são a agressividade e a memória Um modo de um cientista conferir significado a um construto é definindoo operacionalmente Figura 22 Como você descreveria essa cena Metodologia de pesquisa em psicologia 51 Uma definição operacional explica um con ceito unicamente em termos dos procedi mentos observáveis usados para produzilo e mensurálo A inteligência por exemplo pode ser definida operacionalmente usando um teste de lápis e papel que enfatize a compreensão de relações lógicas da memó ria de curto prazo e da familiaridade com o significado das palavras Alguns podem não gostar dessa definição operacional de inteligência mas uma vez que um deter minado teste foi identificado não pode haver discussão sobre o que a inteligência significa segundo essa definição As definições operacionais facilitam a comunicação pelo menos entre aqueles que sabem como e por quê são usadas Embora o significado exato seja trans mitido por meio de definições operacio nais essa abordagem de comunicação sobre construtos não escapa a críticas Um pro blema já foi mencionado Qual seja se não gostarmos de uma definição operacional de inteligência não existe nada que nos impe ça de usar outra definição operacional de inteligência Isso significa que existem tan tos casos de inteligência quanto definições operacionais A resposta infelizmente é que realmente não sabemos Para determi nar se um procedimento ou teste diferente gera uma nova definição de inteligência teríamos que buscar mais evidências Por exemplo será que pessoas com escores ele vados em um teste também tiram escores EXERCÍCIO Neste exercício queremos que você responda às perguntas que se seguem a esta breve des crição de uma pesquisa Uma área relativamente nova da psico logia chamada psicologia positiva con centrase em emoções positivas traços de caráter positivos e instituições positivas o objetivo da pesquisa em psicologia positiva é identificar maneiras de promover o bem estar e a felicidade Seligman Steen Park e Peterson 2005 Uma área de pesquisa con centrase na gratidão a emoção positiva que as pessoas sentem quando recebem algo de valor de outra pessoa Bartlett e DeSte no 2006 Algumas pesquisas sugerem que as pessoas que sentem gratidão são mais prováveis de agirem de forma prósocial ou seja de agirem de maneiras que beneficiem os outros Bartlett e DeSteno 2006 testaram a rela ção entre a gratidão e a probabilidade de que os participantes ajudassem outra pessoa em um experimento envolvendo cúmplices pes soas que trabalhavam junto com o pesqui sador para criar uma situação experimental ver o Capítulo 4 Cada participante se unia a um cúmplice para fazer uma tarefa longa e tediosa envolvendo a coordenação entre mãos e olhos Depois disso para um terço dos sujeitos a tela do computador apagava e eles eram instruídos de que deveriam fazer a tarefa novamente O cúmplice contudo induzia uma emoção de gratidão resolvendo o problema salvando o participante de ter que refazer a tarefa A situação diferia para os outros participantes Depois de termina rem a tarefa o outro terço dos participantes assistia a um vídeo divertido com o cúmplice emoção positiva e um terço tinha uma bre ve interação verbal com o cúmplice emoção neutra Depois de preencher alguns ques tionários o cúmplice pedia para cada sujeito preencher um longo questionário para uma das suas classes como um favor Bartlett e DeSteno observaram que os participantes na condição de gratidão passavam mais tempo trabalhando no questionário M 2094 minu tos do que os participantes nas condições da emoção positiva M 1211 min e da emoção neutra M 1449 min 1 Identifique a variável independente incluindo seus níveis e a variável dependente nesse estudo 2 Como os pesquisadores puderam determinar que era a gratidão e não apenas o fato de sentirem emoções positivas que aumentava a disposição dos participantes para ajudar o cúmplice 52 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister elevados no segundo teste No caso positi vo o novo teste pode estar mensurando o mesmo construto que o primeiro Outra crítica ao uso de definições ope racionais é que as definições nem sempre são significativas Isso é particularmente re levante na pesquisa transcultural onde por exemplo um teste escrito da inteligência pode avaliar conhecimento que seja especí fico de um determinado contexto cultural Como decidimos se um construto foi defi nido de forma significativa Mais uma vez a solução é apelar para outras formas de evidências Como podemos comparar o de sempenho em um teste com o desempenho em outros testes que costumam ser aceitos como medidas da inteligência Os cientistas normalmente estão cientes das limitações das definições operacionais porém uma das grandes vantagens de usar definições operacionais é que elas ajudam a esclarecer a comunicação entre os cientistas em rela ção a seus construtos Acreditase que essa vantagem compense as limitações Instrumentos Você depende mais de instrumentos para medir os fatos do que provavelmente perce be Por exemplo se você se baseia no velo címetro do carro e no relógio do seu quarto talvez entenda os problemas que surgem quando um desses instrumentos não é acu rado A acurácia referese à diferença entre o que um instrumento diz ser verdade e o que se sabe ser verdade Um relógio que está sempre cinco minutos atrasado não é muito acurado Os relógios inacurados podem nos atrasar e velocímetros inacurados podem nos gerar multas de trânsito A acurácia de um instrumento é determinada com calibra ção ou confirmando a medida com outro instrumento que sabemos estar correto As medições podem ser feitas em di ferentes graus de precisão Uma medida do tempo em décimos de segundo não é tão precisa quanto uma medida em centé simos de segundo Um instrumento que gera medidas imprecisas é o marcador de combustível da maioria dos carros mais ve lhos Embora razoavelmente acurados os marcadores de combustível não dão leitu ras precisas A maioria das pessoas gosta ria em certas ocasiões que o marcador de combustível tivesse permitido determinar se tínhamos o litro extra de gasolina que nos permitiria chegar ao próximo posto Também precisamos de instrumentos para medir o comportamento Podemos ga rantir que a precisão e mesmo a acurácia dos instrumentos usados em psicologia melho raram significativamente desde 1879 data da fundação do primeiro laboratório de psi cologia Atualmente muitos instrumentos sofisticados são usados na psicologia con temporânea Figura 23 Para realizar um experimento em psicofisiologia pex ava liar o nível de excitação de uma pessoa é necessário usar instrumentos que forneçam medidas precisas de estados internos como a frequência cardíaca e a pressão sanguínea Os testes de ansiedade às vezes empregam instrumentos para medir a resposta galvâ nica da pele GSR Outros instrumentos comportamentais são da variedade escrita de lápis e papel Questionários e testes são instrumentos populares que os psicó logos usam para medir o comportamento assim como as escalas de avaliação usadas por observadores humanos Por exemplo avaliar a agressividade em crianças em uma escala de 7 pontos variando de nada agres sivo 1 a muito agressivo 7 pode gerar medidas relativamente acuradas embora talvez não precisas da agressividade É res ponsabilidade do cientista comportamental usar instrumentos que sejam tão acurados e precisos quanto possível Medição Os cientistas usam dois tipos de medições para registrar as observações cuidadosas e controladas que caracterizam o método científico Um tipo de medição científica a medição física envolve dimensões para as quais existe um padrão aceito e um instru mento para fazer a medição Por exemplo o Metodologia de pesquisa em psicologia 53 comprimento é uma dimensão que pode ser medida com uma medição física e existem padrões aceitos para as unidades de com primento pex centímetros metros De maneira semelhante as unidades de peso e tempo representam medições físicas Todavia na maior parte da pesquisa psicológica as medições não envolvem di mensões físicas Não existem réguas para medir construtos psicológicos como beleza agressividade ou inteligência Essas dimen sões exigem um segundo tipo de medição a medição psicológica De certo modo o ob servador humano é o instrumento para a medição psicológica Mais especificamente a concordância entre diversos observadores proporciona a base para a medição psicoló gica Por exemplo se vários observadores independentes concordam que um certo ato justifica um escore de 3 em uma escala de 7 pontos para a agressividade essa é uma me dição psicológica da agressividade do ato As medições devem ser válidas e fide dignas De um modo geral a validade refe rese à veracidade de uma medida Uma medida válida de um construto é aquela que mede o que alega medir Suponhamos que um pesquisador definisse a inteligência em termos do tempo em que o indivíduo conseguisse equilibrar uma bola no nariz Segundo o princípio do operacionalismo essa é uma definição operacional perfeita mente permissível Todavia a maioria das pessoas questionaria se esse ato de equi líbrio realmente é uma medida válida da inteligência A validade de uma medida é corroborada quando as pessoas se saem bem nela como em outros testes que supos tamente medem o mesmo construto Por exemplo se o tempo equilibrando a bola é uma medida válida da inteligência uma pessoa que se sair bem no teste de equilí brio também deveria se sair bem outras me didas aceitas da inteligência A fidedignidade ou confiabilidade de uma medida é indicada por sua consistên cia Podemos distinguir vários tipos de fide dignidade Quando falamos de fidedignida de de um instrumento estamos discutindo se o instrumento funciona de maneira con sistente Um carro que às vezes liga e às ve zes não liga não é muito confiável Dizse que as observações feitas por dois ou mais observadores independentes são fidedignas se concordarem ou seja se as observações forem consistentes de um observador para Figura 23 Os instrumentos científicos usados em psicologia melhoraram radicalmente em sua precisão e acurácia 54 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister outro Por exemplo quando psicólogos pe diram para estudantes avaliarem a felici dade dos medalhistas nas Olimpíadas de verão de 1992 em Barcelona na Espanha observaram que a concordância entre os avaliadores foi bastante elevada Medvec Madey e Gilovich 1995 Eles também ob servaram de maneira um pouco contrain tuitiva que os medalhistas de bronze ter ceiro lugar eram percebidos como mais felizes do que os de prata segundo lugar uma observação que foi explicada por uma teoria do pensamento contrafactual Apa rentemente as pessoas são mais felizes por vencer chegar ao pódio do que por perder ie perder a medalha de ouro A validade e a fidedignidade de medi das são questões centrais na pesquisa psi cológica Você encontrará várias maneiras em que os pesquisadores determinam a fi dedignidade e a validade quando apresen tarmos os diferentes métodos de pesquisa Hipóteses Uma hipótese é uma explicação tentativa para algo As hipóteses costumam ten tar responder às questões como e por quê Em um nível uma hipótese pode simplesmente sugerir como determinadas variáveis se relacionam Por exemplo uma área emergente da pesquisa psicológica questiona a razão para as pessoas com prarem produtos verdes especialmen te quando esses produtos são mais caros e talvez sejam ser menos exuberantes ou efetivos do que produtos convencionais sem conotação ecológica Um exemplo é o Toyota Prius um carro de sucesso que é tão caro quanto carros mais confortáveis e de melhor desempenho Uma hipótese para as compras verdes envolve o altruísmo a ten dência de atos abnegados que beneficiem outras pessoas Griskevicius Tybur e Van der Bergh 2010 Comprar produtos verdes pode ser considerado um ato altruísta pois o meio ambiente e a sociedade se benefi ciam com um custo maior para o compra dor abnegado Teóricos recentes descrevem o al truísmo competitivo no qual os indivíduos são altruístas porque ser considerado pró social e abnegado melhora a sua reputação e status na sociedade Griskevicius et al 2010 Assim os atos altruístas podem funcionar como um sinal caro do status superior do indivíduo que a pessoa tem o tempo a energia a riqueza e outros recursos neces sários para agir com altruísmo Considerada sob essa luz a compra de produtos verdes pode indicar o status social superior do com prador Griskevicius e colaboradores postu laram a hipótese de que ativar ie tornar proeminente o desejo das pessoas por status deve fazêlas escolher produtos verdes a pro dutos não verdes mais luxuosos Griskevicius e colaboradores 2010 fi zeram três experimentos para testar a sua hipótese Em cada um deles manipularam a motivação de estudantes universitários para buscar status usando duas condições status e controle Os motivos para o status eram ativados solicitandose que os parti cipantes nessa condição lessem um conto sobre formarse na faculdade procurar em prego e trabalhar para uma empresa dese jável com oportunidades de promoção Na condição de controle os participantes liam uma história sobre procurar um ingresso perdido para um show encontrálo e as sistir ao show Depois de lerem a história os participantes acreditavam que estavam fazendo um segundo estudo sem relação com o primeiro a respeito de preferências de consumo Eles identificaram coisas que provavelmente comprariam pex carro lavadora de louça mochila em cada caso um produto verde foi combinado com algo mais luxuoso e não verde Griskevicius e colaboradores observaram que em com paração com a condição de controle ativar o status aumentou a probabilidade de que os sujeitos escolhessem produtos verdes a produtos não verdes Experimento 1 Além disso a preferência por produtos verdes somente ocorreu quando participantes com status motivado imaginaramse em situa ções públicas de compras mas não sozi Metodologia de pesquisa em psicologia 55 nhos online Experimento 2 e quando os produtos verdes custavam mais que os não verdes Experimento 3 No nível teórico uma hipótese pode propor uma razão por que para a ma neira como determinadas variáveis estão relacionadas Griskevicius e seus colegas encontraram uma relação entre duas variá veis os motivos para o status e a probabi lidade de comprar produtos verdes Com base nas teorias do altruísmo competitivo essas variáveis estão relacionadas porque as pessoas adquirem status social quando outras pessoas consideram que elas agem de forma altruística como quando com pram produtos verdes Uma implicação prática para essa observação é que as ven das de produtos verdes podem aumentar relacionandose esses produtos com um status superior pex obter apoio de cele bridades ao invés de enfatizar a sina do meio ambiente ou reduzir o preço dos pro dutos verdes Quase todos propõem hipóteses para explicar algum comportamento humano em um ou outro momento Por que as pessoas cometem atos aparentemente insensatos de violência O que faz as pessoas come çarem a fumar Por que certos estudantes têm mais sucesso acadêmico do que outros Uma característica que distingue hipóteses casuais e corriqueiras de hipóteses cientí ficas é a testabilidade Se uma hipótese não pode ser testada ela não tem utilidade para a ciência Marx 1963 Três tipos de hipóte ses não passam no teste da testabilidade Uma hipótese não é testável quando seus construtos não são definidos adequadamen te quando a hipótese é circular ou quando a hipótese interessa a ideias que não são reco nhecidas pela ciência As hipóteses não serão testáveis se os con ceitos a que se referem não forem definidos ou medidos adequadamente Por exemplo dizer que um possível homicida atirou em uma figura proeminente porque estava mental mente perturbado não seria uma hipótese testável a menos que se pudesse chegar a uma definição de comum acordo para mentalmente perturbado Infelizmente os psicólogos e psiquiatras nem sempre concordam em relação ao significado de termos como mentalmente perturbado pois não há uma definição operacional acei ta para esses conceitos Talvez você tenha aprendido em uma disciplina de psicologia que muitas das hipóteses de Freud não são testáveis Isso ocorre porque não existem definições operacionais e medidas claras para construtos fundamentais das teorias de Freud como id ego e superego As hipóteses também não são testáveis se fo rem circulares Uma hipótese circular ocorre quando um fato é usado como explicação para si mesmo Kimble 1989 p 495 Como exemplo considere a afirmação de que um garoto de 8 anos se distrai na escola e tem dificuldades de leitura porque tem um transtorno de déficit de atenção Um trans torno de déficit de atenção é definido como a incapacidade de prestar atenção Assim a afirmação simplesmente diz que o garoto não presta atenção porque não presta aten ção essa é uma hipótese circular Uma hipótese também pode não ser testável se interessar a ideias ou forças que a ciência não reconhece A ciência lida com o observável o demonstrável o empírico Sugerir que pes soas que cometem atos horrendos de vio lência são controladas pelo demônio não é testável pois invoca um princípio o demô nio que não está no domínio da ciência Es sas hipóteses podem ter valor para filósofos ou teólogos mas não para o cientista Objetivos do método científico O método científico visa cumprir qua tro objetivos descrição previsão expli cação e aplicação Na primeira parte deste capítulo ana lisamos as maneiras em que nossos modos corriqueiros de pensar diferem do método científico De um modo geral o método científico se caracteriza por uma abordagem empírica observação sistemática e contro lada divulgação imparcial e objetiva de 56 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister finições operacionais claras de construtos instrumentos acurados e precisos medidas válidas e fidedignas e hipóteses testáveis Na próxima seção analisamos os objetivos do método científico Os psicólogos usam o método científico para satisfazer quatro objetivos da pesquisa descrição previsão explicação e aplicação ver Tabela 22 Descrição Os psicólogos buscam descrever fatos e relações entre variáveis com frequên cia os pesquisadores usam a aborda gem nomotética e análise quantitativa A descrição referese aos procedimen tos que os pesquisadores usam para defi nir classificar catalogar ou categorizar os fatos e suas relações A pesquisa clínica por exemplo fornece critérios para os pes quisadores classificarem transtornos men tais Muitos deles são encontrados no Ma nual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders 4ª ed Texto Revisado 2000 da American Psychiatric Association também conhecido como DSMIVTR ver a Figura 24 Considere como exemplo os critérios usados para definir o transtorno denominado fuga dissociativa antes fuga psicogênica Critérios diagnósticos para fuga dissociativa A A perturbação predominante é uma via gem súbita e inesperada para longe de casa ou do local costumeiro de trabalho do indivíduo com incapacidade de re cordar o próprio passado B Confusão acerca da identidade pessoal ou adoção parcial ou completa de uma nova identidade C A perturbação não ocorre exclusivamen te durante o curso de um Transtorno Dissociativo de Identidade nem se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância pex abuso de droga me dicamento ou de uma condição médica geral pex epilepsia do lobo temporal N de R A edição em português do DSMIVTR foi publicado pela editora Artmed em 2002 Tabela 22 Quatro objetivos da pesquisa psicológica Objetivo O que se realiza Exemplo Descrição Os pesquisadores definem classifi cam catalogam ou categorizam situa ções e relações para descrever pro cessos mentais e comportamentos Os psicólogos descrevem sintomas de impotência na depressão como a falta de iniciativa e pessimismo quanto ao futuro Previsão Quando os pesquisadores identificam correlações entre variáveis eles con seguem prever processos mentais e comportamentos À medida que aumenta o nível de de pressão os indivíduos apresentam mais sintomas de impotência Explicação Os pesquisadores entendem um fenômeno quando conseguem identi ficar a causa Sujeitos expostos a problemas insolú veis se tornam mais pessimistas e me nos dispostos a fazer novos testes ie impotentes do que sujeitos que devem resolver problemas solucionáveis Aplicação Os psicólogos aplicam o seu conhe cimento e métodos de pesquisa para mudar as vidas das pessoas para melhor O tratamento que estimula indivíduos depressivos a tentar tarefas que pos sam ser aprendidas ou concluídas facilmente diminui a sensação de impo tência e o pessimismo Baseada na Tabela 12 Zechmeister Zechmeister e Shaughnessy 2001 p 12 Metodologia de pesquisa em psicologia 57 D Os sintomas causam sofrimento clinica mente significativo ou prejuízo no fun cionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo DSMIVTR 2000 p 503 Os critérios diagnósticos usados para definir a fuga dissociativa proporcionam uma definição operacional para esse trans torno As fugas dissociativas são relativa mente raras assim geralmente aprende mos sobre esses tipos de transtornos com base em descrições de indivíduos que os apresentam usando estudos de caso Os pesquisadores também buscam fornecer aos clínicos descrições da prevalência de um transtorno mental bem como da relação en tre a presença de sintomas variados e outras variáveis como idade e gênero Segundo o DSMIVTR 2000 por exemplo a fuga dis sociativa é vista principalmente em adultos e embora seja relativamente rara é mais frequente durante períodos de eventos ex tremamente estressantes como guerras ou desastres naturais p 502 A ciência de um modo geral e a psico logia em particular desenvolvem descri ções de fenômenos usando a abordagem no motética Usando a abordagem nomotética os psicólogos tentam estabelecer generaliza ções amplas e leis gerais que se apliquem a uma população diversa Para alcançar esse objetivo os estudos psicológicos costumam envolver grandes números de participan tes Os pesquisadores tentam descrever o comportamento médio ou típico de um grupo Essa média pode ou não descrever o comportamento de qualquer indivíduo no grupo Por exemplo Levine 1990 descreveu o ritmo da vida em várias culturas do mun do observando a acurácia de relógios exter nos de bancos e cronometrando a velocida de do passo de pedestres a uma distância de 100 pés aproximadamente 305 metros Os resultados desse estudo são mostrados na Figura 25 Os cidadãos do Japão apresen taram de um modo geral o ritmo de vida mais rápido com os cidadãos norteameri canos em segundo lugar Os cidadãos da In Figura 24 Os clínicos classificam os transtornos mentais conforme os critérios encontra dos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSMIVTR 58 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister donésia foram os mais lentos Todavia nem todos os cidadãos do Japão e dos Estados Unidos vivem apressados De fato Levine 1990 e colaboradores encontraram gran des diferenças no ritmo de vida entre diver sas cidades nos Estados Unidos dependen do da região do país Cidades do nordeste pex Boston Nova York tinham um ritmo mais rápido do que cidades da costa oeste pex Sacramento Los Angeles É claro também existem variações individuais den tro das cidades Nem todos os cidadãos de Los Angeles terão um ritmo lento e nem todos os novaiorquinos serão apressados Todavia os japoneses em geral andam em um ritmo mais rápido do que os indonésios e os americanos da costa oeste apresentam em média um ritmo de vida mais lento do que residentes da região nordeste Os pesquisadores que usam a aborda gem nomotética compreendem que existem diferenças importantes entre os indivíduos eles tentam contudo enfatizar as similari dades em vez das diferenças Por exemplo a individualidade de uma pessoa não é amea çada por nosso conhecimento de que o cora ção daquela pessoa assim como os corações de outros seres humanos está localizado na cavidade torácica superior esquerda De maneira semelhante não negamos a indivi dualidade de uma pessoa quando dizemos que o seu comportamento é influenciado por padrões de reforço pex recompensas punições Os pesquisadores simplesmente tentam descrever como os organismos são em geral com base no comportamento mé dio de um grupo de organismos diferentes Alguns psicólogos notavelmente Gor don Allport 1961 afirmam que a aborda gem nomotética é inadequada indivíduos singulares não podem ser descritos por um valor médio Os pesquisadores que usam a abordagem idiográfica estudam o indivíduo em vez de grupos Esses pesquisadores acreditam que embora os indivíduos ajam em conformidade com leis ou princípios gerais a singularidade dos indivíduos tam bém deve ser descrita Uma forma impor Japão Estados Unidos Inglaterra Taiwan Itália Indonésia Velocidade dos funcionários do correio Relógios de bancos Passo do pedestre Figura 25 Medidas da acurácia dos relógios de banco velocidade do passo de pedestres e velocidade em que funcionários do correio realizam uma tarefa de rotina em cada país serviram para descrever o ritmo de vida no país No gráfico uma barra mais longa representa maior acurácia dos relógios ou maior velocidade do passo e do cumprimento da tarefa Levine 1990 Metodologia de pesquisa em psicologia 59 tante de pesquisa idiográfica é o método do estudo de caso que descreveremos no Capítulo 9 Dependendo da sua pergunta de pes quisa os pesquisadores decidem se devem descrever grupos de indivíduos ou o com portamento de um indivíduo Embora mui tos pesquisadores façam principalmente um ou o outro tipo de pesquisa outros po dem fazer ambos Um psicólogo clínico por exemplo pode fazer principalmente inves tigações idiográficas de uns poucos clien tes em terapia mas considerar questões nomotéticas para responder perguntas de pesquisa com grupos de estudantes univer sitários Outra decisão que o pesquisador deve tomar é se deve fazer pesquisa quan titativa ou qualitativa A pesquisa quantitati va referese a estudos cujos resultados são produto principalmente de síntese e análise estatísticas A pesquisa qualitativa gera sínte ses verbais de resultados de pesquisa com poucas sínteses ou análises estatísticas As sim como a pesquisa psicológica costuma ser mais nomotética do que idiográfica ela também costuma ser mais quantitativa do que qualitativa A pesquisa qualitativa é usada ampla mente por sociólogos e antropólogos ver por exemplo Seale 1999 Os dados da pes quisa qualitativa são obtidos principalmen te em entrevistas e observações e podem ser usados para descrever indivíduos grupos e movimentos sociais Strauss e Corbin 1990 A pesquisa qualitativa costuma envolver eventos comuns e de ocorrência natural em ambientes naturais Miles e Huberman 1994 p 10 É central à pesquisa qualitativa que os investigadores solicitem que os par ticipantes descrevam suas experiências de maneiras que sejam significativas para eles em vez de pedirem aos participantes para usarem categorias e dimensões estabeleci das por teóricos e pesquisas prévias Kidd 2002 Essa abordagem qualitativa foi usada por Kidd e Kral 2002 para adquirir conhe cimento das experiências de 29 jovens de rua em Toronto idades 1724 O foco das entrevistas dizia respeito a experiências com o suicídio A maioria 76 dos entrevista dos tinha histórico de tentativa de suicídio e análises de suas narrativas revelaram que as experiências suicidas eram ligadas es pecialmente a sentimentos de isolamento rejeiçãotraição baixa autoestima e prosti tuição De maneira importante os pesqui sadores relataram que suas análises revela ram vários temas associados a experiências suicidas que não haviam sido identificados em pesquisas anteriores envolvendo jovens de rua Isto é perda do controle agressão durante sexo prostituído abuso de drogas como um suicídio lento e rompimentos em relacionamentos íntimos estavam relacio nados com as experiências suicidas desses jovens p 411 Outros exemplos de pesqui sa qualitativa são encontrados no Capítulo 4 quando discutimos os registros narrativos do comportamento observado os estudos de caso descritos no Capítulo 9 também são uma forma de pesquisa qualitativa Previsão As relações correlacionais permitem que os psicólogos prevejam o compor tamento ou os acontecimentos mas não permitem que os psicólogos infiram o que causa essas relações A descrição de fatos e suas relações proporciona a base para a previsão o segun do objetivo do método científico Muitas questões importantes em psicologia exigem previsões Por exemplo será que a perda precoce de um dos pais torna uma crian ça especialmente vulnerável à depressão Crianças que são excessivamente agressivas são propensas a ter problemas emocionais quando adultas Os acontecimentos estres santes da vida levam a mais doenças físicas Pesquisas sugerem uma resposta afirmativa para todas essas perguntas Essas informa ções não apenas acrescentam um conheci mento valioso à disciplina da psicologia como também ajudam no tratamento e pre venção de transtornos emocionais 60 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Uma ocupação importante de muitos psicólogos é a previsão do desempenho pex no trabalho na escola ou em voca ções específicas com base no desempenho anterior em vários testes padronizados Por exemplo os escores no teste Graduate Re cord Examination GRE bem como a mé dia do histórico escolar podem ser usados para prever como o estudante se sairá na pósgraduação Sternberg e Williams 1997 observaram que os escores no GRE previam em um grau razoável as notas do primeiro ano de estudantes de pósgraduação em suas instituições Todavia também obser varam que o GRE não previa outros crité rios importantes do desempenho como as avaliações de orientadores sobre a criativi dade do aluno bem como a capacidade de ensinar e de fazer pesquisa Como não seria de surpreender esses pesquisadores inicia ram um debate ao questionarem a validade preditiva ie a acurácia como medida de previsão do GRE que é considerado um prognóstico do desenvolvimento profissio nal dos estudantes ver como exemplo a seção Comment da American Psychologist 1998 63 566577 Quando os escores em uma variável podem ser usados para prever os escores em uma segunda variável dizemos que as duas estão correlacionadas Uma correlação ocorre quando duas medidas diferentes das mesmas pessoas situações ou coisas va riam juntas ou seja quando determinados escores em uma variável tendem a ser as sociados a determinados escores em outra variável Quando isso ocorre dizse que os escores covariam Por exemplo sabese que o estresse e a doença estão correlacio nados quanto mais situações estressantes as pessoas passam na vida mais propensas elas serão a ter doenças físicas Considere uma medida com a qual você provavelmente já tenha alguma experiên cia ou seja avaliações do professordisci plina em classes que cursou Os estudantes universitários normalmente devem avaliar seus instrutores e o material didático no fi nal da disciplina Quando uma disciplina termina você provavelmente terá formado muitas impressões do professor pex se ele é solícito entusiástico amigável Afinal você acaba de passar 12 ou 14 semanas tal vez mais de 30 horas na sala de aula desse professor Ambady e Rosenthal 1993 es tudaram como as avaliações de professores por alunos que não estavam matriculados na classe se correlacionariam com as avalia ções de final de semestre feitas por alunos matriculados Eles mostraram clipes sem som de professores para um grupo de alu nas de graduação Porém e eis a parte in teressante mostraram os clipes por apenas 30 segundos 10 segundos e 6 segundos em vários estudos Os pesquisadores observa ram que as avaliações dos professores ba seadas em fatias finas do comportamento não verbal tinham uma boa correlação com as avaliações de final de semestre feitas por alunos matriculados na disciplina Ou seja as avaliações mais positivas dos professores estavam associadas a avaliações melhores para o seu comportamento filmado de ma neira semelhante avaliações mais negativas estavam associadas a avaliações piores do comportamento filmado Assim podemos prever as avaliações do comportamento afetivo dos professores pex amabilidade com base em avaliações do comportamento filmado e apresentado brevemente Esses re sultados indicam que as pessoas nesse caso os professores revelam muito sobre si mes mas quando o seu comportamento não ver bal é mostrado apenas brevemente e tam bém que nós como observadores podemos fazer avaliações relativamente acuradas do comportamento afetivo de forma bastante rápida Os resultados de Ambady e Rosen thal é claro não significam que todas as in formações nas avaliações do ensino possam ser compreendidas por esse método pois elas se concentram apenas em juízos sobre o comportamento afetivo pex amabilidade É importante dizer que a previsão bem sucedida nem sempre depende de saber por que existe uma relação entre duas variá veis Considere a observação de que certas pessoas observam o comportamento de Metodologia de pesquisa em psicologia 61 animais para ajudálos a prever terremo tos Certos animais aparentemente agem de um modo estranho pouco antes de um terremoto O cachorro que late e corre em círculos e a cobra que foge da sua toca por tanto podem ser indicadores confiáveis de terremotos Nesse caso eles podem ser usa dos para advertir as pessoas sobre desastres iminentes Podemos até imaginar que em áreas onde é provável haver terremotos os residentes deveriam manter certos animais sob observação como os mineiros costuma vam ter canários para avisálos de condi ções que ainda não notaram Isso não exige entender por que certos animais agiram es tranhamente antes do terremoto ou sequer por que os terremotos ocorrem Além disso jamais diríamos que o comportamento es tranho de um animal causou um terremoto De maneira interessante Levine 1990 mostrou que medidas do ritmo de uma cida de podem ser usadas para prever as taxas de mortalidade por doenças cardíacas Todavia podemos apenas especular sobre as razões por que essas medidas estão relacionadas Uma explicação possível para essa corre lação sugerida pelos pesquisadores é que as pessoas que vivem em ambientes com urgência de tempo têm hábitos insalubres como o tabagismo e a má alimentação que aumentam o risco de doenças cardíacas Le vine 1990 Ambady e Rosenthal 1993 pro puseram uma explicação para a correlação entre as avaliações de professores por alu nos que não estavam matriculados na classe e por alunos matriculados Eles sugeriram que as pessoas estavam sintonizadas para captar informações sobre o afeto de uma pessoa rapidamente pois essa informação é importante adaptativa para a tomada de decisões na vida real Sem informações adi cionais contudo as explicações propostas para esses fenômenos são especulativas Explicação Os psicólogos entendem a causa de um fenômeno quando são satisfeitas as três condições necessárias para a inferência causal covariação uma relação de or dem temporal e a exclusão de causas alternativas plausíveis O método experimental no qual os pes quisadores manipulam variáveis inde pendentes para determinar seu efeito sobre variáveis dependentes estabelece a ordem temporal e permite uma deter minação mais clara da covariação As causas alternativas plausíveis para uma relação são excluídas se não hou ver variáveis confundidoras no estudo Os pesquisadores buscam generalizar os resultados de um estudo para des crever diferentes populações situações e condições Embora a descrição e a previsão sejam objetivos importantes da ciência elas são apenas os primeiros passos em nossa ca pacidade de explicar e entender um fenô meno A explicação é o terceiro objetivo do método científico Entendemos e podemos explicar um fenômeno quando podemos identificar as suas causas Os pesquisadores geralmente fazem experimentos para identi ficar as causas de um fenômeno A pesquisa experimental difere da pesquisa descriti va e preditiva correlacional por causa do elevado grau de controle que os cientistas buscam nos experimentos Lembre que quando os pesquisadores controlam a si tuação eles manipulam variáveis indepen dentes uma de cada vez para determinar o seu efeito sobre a variável dependente o fenômeno de interesse Fazendo experimen tos controlados os psicólogos inferem o que causa um fenômeno fazem uma inferência causal Como os experimentos são muito importantes para as tentativas dos psicólo gos de fazer inferências causais dedicamos os Capítulos 6 7 e 8 a uma discussão deta lhada do método experimental Os cientistas estabelecem três condi ções importantes para fazer uma inferência causal covariação de eventos uma relação de ordem temporal e a exclusão de causas alternati vas plausíveis Um exemplo simples ajudará a entender essas três condições Suponha 62 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister mos que você bata a cabeça em uma porta e fique com dor de cabeça presumese que você infira que bater a cabeça causou a dor de cabeça A primeira condição para a infe rência causal é a covariação de eventos Se um evento é a causa de outro os dois even tos devem variar juntos ou seja quando um muda o outro também deve mudar Em nosso exemplo o evento de mudar a posi ção da cabeça até bater na porta deve cova riar com a experiência de não sentir dor até a experiência da dor de cabeça A segunda condição para uma inferên cia causal é uma relação de ordem temporal também conhecida como contingência A suposta causa bater a cabeça deve ocorrer antes do efeito presumido dor de cabeça Se a dor de cabeça começasse antes de você bater a cabeça você não inferiria que bater a cabeça causou a dor de cabeça Em outras palavras a dor de cabeça depende de bater a cabeça antes Finalmente as explicações causais somente são aceitas depois que ou tras possíveis causas do efeito foram excluí das quando causas alternativas plausíveis foram eliminadas Em nosso exemplo isso significa que para fazer a inferência causal de que bater a cabeça causou a dor de ca beça você deve considerar e excluir outras causas possíveis para a sua dor de cabeça como ler um livro difícil Infelizmente as pessoas têm a tendên cia de concluir que todas as três condições para uma inferência causal foram cumpri das quando na verdade apenas a primeira condição foi satisfeita Por exemplo sugere se que pais que usam disciplina rígida e pu nição física são mais propensos a ter filhos agressivos do que pais menos rígidos e que usam outras formas de disciplina A disci plina parental e a agressividade dos filhos obviamente covariam Além disso o fato de supormos que os pais influenciam o compor tamento dos filhos pode nos levar a pensar que a condição de ordem temporal foi satis feita os pais usam disciplina física que re sulta em agressividade nos filhos Todavia também ocorre que os bebês variam no quan to são ativos e agressivos e o comportamen to do bebê tem uma forte influência sobre as respostas dos pais que tentam exercer con trole Em outras palavras certas crianças po dem ser naturalmente agressivas e necessitar de disciplina rígida em vez de a disciplina rígida gerar crianças agressivas Portanto o sentido da relação causal pode ser contrário ao que pensávamos inicialmente É importante reconhecer porém que as causas dos acontecimentos não podem ser identificadas se não for demonstrada covariação O primeiro objetivo do método científico a descrição pode ser cumprido descrevendo eventos em um conjunto úni co de circunstâncias Não obstante o objeti vo de entender exige mais do que isso Por exemplo suponhamos que uma professora quisesse demonstrar que as chamadas es tratégias ativas de aprendizagem pex debates apresentações em grupo ajudam os alunos a aprender Ela poderia ensinar os alunos a usar essa abordagem e descrever o desempenho dos alunos que receberam esse tipo de instrução Porém nesse ponto o que ela saberia Talvez outro grupo de estudan tes ensinados com outra abordagem apren desse a mesma coisa Antes que a professora pudesse dizer que as estratégias ativas de aprendizagem causaram o desempenho que observou ela teria que comparar esse méto do com alguma outra abordagem razoável Ou seja ela procuraria uma diferença na aprendizagem entre o grupo que usara es tratégias ativas de aprendizagem e um gru po que não usasse o método Isso mostraria que a estratégia de ensino covaria com o desempenho Quando se faz um experi mento controlado existe um bônus quando as variáveis independentes e dependentes covariam A condição de ordem temporal para uma inferência causal é satisfeita por que o pesquisador manipula a variável in dependente pex o método de ensino e subsequentemente mede as diferenças entre as condições da variável dependente pex uma medida da aprendizagem estudantil A condição mais desafiadora que os pesquisadores devem satisfazer para faze rem uma inferência causal de longe é ex Metodologia de pesquisa em psicologia 63 cluir outras causas alternativas plausíveis Considere um estudo em que se avalia o efeito de duas abordagens de ensino dife rentes ativa e passiva Suponhamos que o pesquisador dividisse os alunos em con dições de ensino com todos os homens em um grupo e todas as mulheres no outro Se isso ocorrer qualquer diferença entre os dois grupos talvez se deva ao método de ensino ou ao gênero dos estudantes Assim o pesquisador não poderia determinar se a diferença no desempenho entre os dois grupos se devia à variável independente que foi testada aprendizagem passiva ou ativa ou à explicação alternativa do gênero dos estudantes Dito de maneira mais for mal a variável independente do método de ensino seria confundida com a variável independente do gênero A confusão ocorre quando se permite que duas variáveis inde pendentes potencialmente efetivas variem simultaneamente Quando a pesquisa con tém variáveis confundidoras é impossível determinar qual variável é responsável por qualquer diferença obtida nos resultados Os pesquisadores tentam explicar as causas de fenômenos por meio de expe rimentos Todavia mesmo quando um experimento cuidadosamente controlado permite que o pesquisador faça uma infe rência causal restam outras questões Uma questão importante diz respeito ao nível em que os resultados do experimento se apli cam apenas às pessoas que participaram do experimento Os pesquisadores muitas ve zes tentam generalizar seus resultados para descrever pessoas que não participaram do experimento Muitos dos sujeitos da pesquisa em psicologia são estudantes de introdução à psicologia de faculdades e universidades Será que os psicólogos estão desenvolvendo princípios que se aplicam apenas a calouros universitários De maneira semelhante a pesquisa laboratorial costuma ser conduzi da sob condições mais controladas do que o observado em ambientes naturais Assim uma tarefa importante do cientista é deter minar se os resultados laboratoriais podem ser generalizados para o mundo real Cer tas pessoas pressupõem automaticamente que a pesquisa laboratorial é inútil ou irrele vante para os interesses do mundo real To davia à medida que analisarmos métodos de pesquisa ao longo do texto veremos que essas visões sobre a relação entre a ciência laboratorial e o mundo real não são produti vas ou satisfatórias Em vez disso os psicó logos reconhecem a importância de ambos Os resultados de experimentos laboratoriais ajudam a explicar fenômenos e esse conhe cimento é aplicado a problemas do mundo real em pesquisas e intervenções Aplicação Na pesquisa aplicada os psicólogos aplicam seu conhecimento e métodos de pesquisa para melhorar as vidas das pessoas Os psicólogos fazem pesquisa básica para adquirir conhecimento sobre o comportamento e os processos mentais e para testar teorias O quarto objetivo da pesquisa em psi cologia é a aplicação Embora os psicólogos estejam interessados em descrever prever e explicar o comportamento e os processos mentais esse conhecimento não existe em um vácuo Ao contrário esse conhecimen to existe em um mundo onde as pessoas sofrem de transtornos mentais e são víti mas da violência e agressividade e onde estereótipos e preconceitos influenciam a maneira como as pessoas vivem e funcio nam na sociedade para citar apenas alguns problemas que enfrentamos A lista de pro blemas em nosso mundo muitas vezes pode parecer interminável mas isso não deve nos desencorajar A amplitude das perguntas e resultados das pesquisas dos psicólogos proporciona muitas maneiras para os pes quisadores ajudarem a abordar aspectos im portantes das nossas vidas e para se criarem mudanças nas vidas de indivíduos A pesquisa que visa levar a mudanças costuma ser chamada de pesquisa aplica 64 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister da Na pesquisa aplicada os psicólogos fazem pesquisas para mudar as vidas das pessoas para melhor Para pessoas que so frem de transtornos mentais essa mudan ça pode se dar por meio da pesquisa sobre técnicas terapêuticas Todavia os psicólo gos aplicados estão envolvidos em muitos tipos diferentes de intervenções incluindo aquelas que visam melhorar as vidas de es tudantes em escolas empregados no traba lho e indivíduos na comunidade Por outro lado pesquisadores que fazem pesquisa básica buscam primeiramente entender o comportamento e os processos mentais As pessoas muitas vezes descrevem a pesquisa básica como procurar o conhecimento por si só A pesquisa básica costuma ocorrer em situações laboratoriais com o objetivo de testar uma teoria sobre um fenômeno No decorrer da história da psicologia sempre houve tensão entre a pesquisa bá sica e a pesquisa aplicada Todavia nas últimas décadas os pesquisadores aumen taram seu foco em aplicações criativas e importantes de princípios psicológicos para melhorar a vida humana Zimbardo 2004 De fato a aplicação de princípios co nhecidos da psicologia descobertos por meio da pesquisa básica hoje é tão con vincente que as pessoas tendem a esquecer os anos de pesquisa básica em laboratórios que precederam o que hoje consideramos lugarcomum Por exemplo o uso de técni cas de reforço positivo testes psicológicos e terapias bem como de práticas de auto ajuda se tornou parte da vida cotidiana Além disso a aplicação de princípios psi cológicos está se tornando cada vez mais importante na educação saúde e justiça criminal Para ver algumas das muitas aplicações da psicologia em nossa vida co tidiana confira o seguinte website www psychologymattersorg Um fator importante conecta as pes quisas básicas e aplicadas o uso de teorias para orientar a pesquisa e a aplicação no mundo real Na próxima seção descreve remos como as teorias psicológicas são de senvolvidas Construção e testagem de teorias científicas As teorias são explicações propostas para as causas de fenômenos e variam em seu escopo e nível de explicação Uma teoria científica é um conjunto de proposições organizadas de forma lógi ca que define fatos descreve relações entre os fatos e explica a sua ocorrência As variáveis intervenientes são concei tos usados em teorias para explicar por que as variáveis independentes e de pendentes estão relacionadas As teorias científicas bemsucedidas organizam o conhecimento empírico orientam a pesquisa oferecendo hipóte ses testáveis e sobrevivem a testes rigo rosos Os pesquisadores avaliam teorias jul gando a sua consistência interna ob servando se os resultados postulados ocorrem quando a teoria é testada e observando se a teoria faz previsões precisas com base em explicações par cimoniosas As teorias são ideias sobre como a natureza funciona Os psicólogos propõem teorias sobre a natureza do comportamen to e dos processos mentais bem como so bre as razões pelas quais as pessoas e ani mais agem e pensam de um determinado modo Uma teoria psicológica pode ser desenvolvida usandose diferentes níveis de explicação por exemplo a teoria pode ser desenvolvida em um nível fisiológico ou conceitual ver Anderson 1990 Simon 1992 Uma teoria de base fisiológica para a esquizofrenia proporia causas biológicas como genes portadores específicos Uma teoria desenvolvida no nível conceitual pro vavelmente proporia causas psicológicas como padrões de conflito emocional ou es tresse Uma teoria da esquizofrenia também poderia compreender causas biológicas e psicológicas As teorias muitas vezes diferem em seu escopo a variedade de fenômenos que Metodologia de pesquisa em psicologia 65 buscam explicar Algumas teorias tentam explicar fenômenos específicos Por exem plo a teoria de Brown e Kulik 1977 tentava explicar o fenômeno da memória do tipo flashbulb na qual as pessoas se lembram de circunstâncias pessoais muito específicas relacionadas com eventos particularmente emocionais e surpreendentes como os ter ríveis fatos ocorridos em 11 de setembro de 2001 Outras teorias têm um escopo muito mais amplo e tentam descrever e explicar fenômenos mais complexos como o amor Sternberg 1986 ou a cognição humana Anderson 1990 1993 Anderson e Milson 1989 De um modo geral quanto maior o escopo de uma teoria mais complexa ela provavelmente será A maioria das teorias na psicologia contemporânea tende a ser re lativamente modesta em seu escopo tentan do explicar apenas uma variedade limitada de fenômenos Os cientistas desenvolvem teorias a par tir de uma mistura de intuição observação pessoal e fatos e ideias conhecidos Karl Po pper 1976 o famoso filósofo da ciência su gere que as teorias verdadeiramente criati vas advêm de uma combinação de interesse intenso em um problema e imaginação crí tica a capacidade de pensar criticamente e fora da caixa Os pesquisadores começam a construir uma teoria considerando o que se sabe sobre um problema ou pergunta de pesquisa e também procurando erros ou o que está faltando A abordagem é semelhan te à que descrevemos no Capítulo 1 sobre como começar na pesquisa e construção de hipóteses Embora as teorias difiram em seu ní vel de explicação e alcance entre essas di ferenças estão características comuns que definem todas as teorias ver Tabela 23 Podemos propor a seguinte definição for mal de uma teoria científica um conjunto de proposições alegações afirmações declarações organizadas de forma lógica que serve para de finir fatos conceitos descrever relações entre esses fatos e explicar a ocorrência desses fatos Por exemplo uma teoria para a memória do tipo flashbulb deve dizer exatamente o que é uma memória do tipo flashbulb e como uma memória do tipo flashbulb difere de memó rias típicas A teoria também teria descrições de relações como a relação entre o grau de envolvimento emocional e a quantidade lembrada Finalmente a teoria também de veria explicar por que em certos casos a chamada memória do tipo flashbulb de uma pessoa está claramente errada mesmo que o indivíduo seja muito confiante quanto à memória incorreta ver Neisser e Harsch 1992 Esse foi o caso no estudo de Talarico e Rubin 2003 sobre as memórias de estu Tabela 23 Características de teorias Definição Uma teoria é um conjunto de proposições organizado de maneira lógica que serve para definir fatos descrever relações entre esses fatos e explicar a ocorrência desses fatos Alcance As teorias diferem na amplitude dos fatos que buscam explicar de fenômenos bastante específicos pex memória do tipo flashbulb a fenômenos comple xos pex amor Funções Uma teoria organiza o conhecimento empírico de estudos anteriores e orienta pesquisas futuras sugerindo hipóteses testáveis Características Importantes Variáveis intervenientes proporcionam uma conexão explicativa entre variáveis As boas teorias são Lógicas fazem sentido e possibilitam fazer previsões logicamente Precisas as previsões sobre o comportamento são específicas ao invés de gerais Parcimoniosas a explicação mais simples para um fenômeno é a melhor Baseada na Tabela 23 Zechmeister Zechmeister e Shaughnessy 2001 p 29 66 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister dantes para os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 apesar da diminuição na acurácia de suas memórias com o passar do tempo os participantes mantinham a con fiança em suas memórias vívidas As principais funções de uma teoria são organizar o conhecimento empírico e orientar a pesquisa Marx 1963 Mesmo em áreas relativamente específicas de pes quisa como as memórias do tipo flashbulb foram realizados muitos estudos À medi da que aumenta o escopo de uma área de pesquisa também aumenta o número de estudos relevantes As teorias científicas são importantes porque proporcionam uma organização lógica para os resultados de muitos estudos e identificam relações entre os resultados Essa organização lógi ca de resultados orienta os pesquisadores à medida que identificam hipóteses testáveis para suas pesquisas futuras Com frequência as teorias exigem que proponhamos processos intervenientes para explicar o comportamento observado Underwood e Shaughnessy 1975 Esses processos intervenientes proporcionam uma conexão entre as variáveis indepen dentes que os pesquisadores manipulam e as variáveis dependentes que mensuram subsequentemente Como esses processos ocorrem entre as variáveis independen tes e dependentes eles são chamados de variáveis intervenientes Você provavelmente sabe o que queremos dizer com uma variá vel interveniente se você pensa sobre a for ma como usa o computador Quando você aperta teclas no teclado ou clica o mouse você vê e ouve vários resultados no moni tor na impressora ou a partir dos altofalan tes Ainda assim não é o apertar das teclas ou clicar do mouse que causa esses resul tados a variável interveniente é o software invisível que serve como conexão entre os toques nas teclas e o resultado no monitor As variáveis intervenientes são como programas de computador Corresponden do à conexão entre os toques e o que se vê no monitor as variáveis intervenientes co nectam variáveis independentes e depen dentes Outro exemplo familiar da psicolo gia é o construto de sede Por exemplo um pesquisador pode manipular o número de horas que os participantes são privados de líquidos e depois do tempo especificado a quantidade de líquido consumida Entre o tempo de privação e o tempo em que os participantes podem beber podemos dizer que eles estão sedentos a experiência psicológica de precisar repor os fluidos cor porais A sede é um construto que permite que os teóricos conectem variáveis como o número de horas com privação de líquidos a variável independente e a quantidade de líquido consumida a variável dependente Variáveis intervenientes como a sede não ape nas conectam variáveis independentes e depen dentes as variáveis intervenientes também são usadas para explicar por que as variáveis são co nectadas Assim as variáveis intervenientes desempenham um papel importante quan do os pesquisadores usam teorias para ex plicar as suas observações As variáveis intervenientes e as teorias são úteis porque permitem que os pesqui sadores identifiquem relações entre variá veis aparentemente dessemelhantes Outras variáveis independentes provavelmente influenciam a sede Considere por exem plo uma variável independente diferente a quantidade de sal consumida À primei ra vista essas duas variáveis independen tes o número de horas privado de líqui dos e a quantidade de sal consumida são bastante dessemelhantes Todavia ambas influenciam o consumo subsequente de lí quido e podem ser explicadas pela variável interveniente da sede Outras variáveis in dependentes relacionadas com o consumo de líquidos são a quantidade de exercícios e a temperatura quanto mais exercícios ou quanto maior a temperatura mais as pessoas ficarão sedentas e mais líquidos elas consumirão Embora esses exemplos enfatizem variáveis independentes é im portante observar que as variáveis depen dentes também desempenham um papel no desenvolvimento de teorias Assim em vez de medir o consumo de líquidos como a Metodologia de pesquisa em psicologia 67 variável dependente pesquisadores criati vos podem medir outros efeitos relaciona dos com a experiência psicológica da sede Por exemplo quando privados de líquidos os indivíduos podem fazer grandes esfor ços para obter um líquido ou até beber um líquido com gosto amargo Desse modo o esforço para obter líquidos e o amargor no líquido podem ser medidos como variáveis dependentes As variáveis intervenientes são críti cas para o desenvolvimento de teorias em psicologia Em nosso exemplo as variáveis aparentemente dessemelhantes da privação de líquido consumo de sal exercício tem peratura consumo de líquido esforço para obter líquido e sabor de líquidos podem ser unidas em uma teoria baseada na variável interveniente sede Outros exemplos de variáveis intervenientes e teorias são abundantes na psicologia A variável inter veniente depressão por exemplo conecta os fatores teorizados como causa da depres são pex fatores neurológicos exposição a traumas e os diversos sintomas pex tristeza desamparo perturbações do sono e do apetite De maneira semelhante a me mória é usada como variável interveniente para explicar a relação entre a quantidade ou qualidade de tempo gasto estudando e o desempenho posterior em um teste Como você aprenderá em seu estudo em psicolo gia as variáveis intervenientes proporcio nam a chave que destrava as relações com plexas entre variáveis De que maneiras avaliamos e testamos teorias científicas é uma das questões mais difíceis em psicologia e filosofia pex Me ehl 1978 1990a 1990b Popper 1959 Kim ble 1989 sugere uma abordagem simples e direta Ele diz que a melhor teoria é aquela que sobrevive aos fogos da lógica e da tes tagem empírica p 498 Os cientistas ava liam uma teoria primeiro considerando se ela é lógica Ou seja eles determinam se a teoria faz sentido e se suas proposições não têm contradições A consistência lógica das teorias é testada pela lente do olho crítico da comunidade científica O segundo fogo que Kimble 1989 recomenda para avaliar teorias é submeter as hipóteses derivadas da teoria a testes em píricos Um teste bemsucedido de uma hi pótese serve para aumentar a aceitabilidade de uma teoria testes malsucedidos servem para diminuir a aceitabilidade da teoria A melhor teoria segundo essa visão é aquela que passa nesses testes Porém existem obs táculos sérios ao teste de hipóteses e como consequência a confirmar ou refutar teorias científicas Por exemplo uma teoria espe cialmente uma teoria complexa pode pro duzir muitas hipóteses testáveis específicas Não é provável que uma teoria fracasse com base em um único teste pex Lakatos 1978 Ademais as teorias podem conter conceitos que não sejam definidos adequa damente ou sugerir relações complexas entre variáveis intervenientes e o comporta mento Essas teorias podem ter vida longa mas seu valor para a ciência é questionável Meehl 1978 Em última análise a comu nidade científica determina se um teste de uma determinada teoria é definitivo De um modo geral as teorias que pro porcionam precisão de previsão provavelmen te sejam muito mais úteis Meehl 1990a Por exemplo uma teoria que preveja que as crianças geralmente apresentam raciocínio abstrato aos 12 anos de idade é mais precisa e testável em suas previsões do que uma teoria que preveja o desenvolvimento do ra ciocínio abstrato entre as idades de 12 e 20 anos Ao construir e avaliar uma teoria os cientistas também valorizam a parcimônia Marx 1963 A regra da parcimônia é seguida quando se aceita a mais simples das expli cações alternativas Os cientistas preferem teorias que proporcionem as explicações mais simples para os fenômenos Em síntese uma boa teoria científica é aquela que consegue passar na maioria dos testes rigorosos De forma um pouco con traintuitiva a testagem rigorosa é mais in formativa quando os pesquisadores fazem testes que busquem refutar as proposições de uma teoria do que quando fazem testes que as confirmem Shadish Cook e Camp 68 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister bell 2002 Embora os testes que confirmam as proposições de uma determinada teoria proporcionem amparo para a teoria testada é lógico que a confirmação não exclui outras teorias alternativas sobre o mesmo fenô meno Os testes de refutação são a melhor maneira de podar os ramos mortos de uma teoria Construir e avaliar teorias científicas está no âmago da atividade científica e é absolutamente essencial para o crescimento saudável da ciência da psicologia Resumo Como abordagem ao conhecimento o mé todo científico se caracteriza pelo uso de procedimentos empíricos em vez de base arse apenas na intuição e pela tentativa de controlar a investigação dos fatores consi derados responsáveis por um fenômeno Os cientistas têm maior controle quando fazem um experimento Em um experimento os fatores que são manipulados sistematica mente na tentativa de determinar seu efeito sobre o comportamento são chamados de variáveis independentes As medidas do comportamento usadas para avaliar o efeito se houver das variáveis independentes são chamadas de variáveis dependentes Os cientistas tentam divulgar seus re sultados de maneira imparcial e objetiva Esse objetivo é promovido aplicandose definições operacionais aos conceitos Os pesquisadores psicológicos referemse aos conceitos como construtos Os cientistas também usam instrumentos que sejam o mais acurado e preciso possível Os fenô menos são quantificados com medições físi cas e psicológicas e os cientistas procuram medidas que tenham validade e fidedigni dade As hipóteses são explicações tenta tivas dos fatos e acontecimentos Todavia para que tenham validade para o cientista as hipóteses devem ser testáveis Hipóteses que careçam de definição adequada que se jam circulares ou que interessem a ideias ou forças fora do domínio da ciência não são testáveis As hipóteses muitas vezes são de rivadas de teorias Os objetivos do método científico são a descrição previsão explicação e aplica ção A pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa são usadas para descrever o comportamento A observação é a princi pal base da descrição científica Quando duas medidas se correlacionam podemos prever o valor de uma medida sabendo o valor da outra Chegase à compreensão e explicação quando as causas de um fenô meno são descobertas Isso exige que sejam apresentadas evidências de covariação dos eventos que haja uma relação de ordem temporal e que as causas alternativas se jam excluídas Quando duas variáveis po tencialmente efetivas covariam de modo que não se possa determinar o efeito in dependente de cada variável sobre o com portamento dizemos que nossa pesquisa apresenta confusão contém variáveis con fundidoras Mesmo quando um experi mento cuidadosamente controlado permite que o pesquisador faça uma inferência cau sal restam outras questões relacionadas com o nível em que os resultados podem ser generalizados para descrever outras pessoas e situações Na pesquisa aplicada os psicólogos tentam aplicar o seu conheci mento e métodos de pesquisa para melho rar as vidas das pessoas A pesquisa básica é conduzida para se adquirir conhecimento sobre o comportamento e processos men tais e para testar teorias A construção e a testagem de teorias científicas estão no âmago da abordagem científica à psicologia Uma teoria é defi nida como um conjunto de proposições organizadas logicamente que serve para definir eventos descrever relações entre esses eventos e explicar a ocorrência dos eventos As teorias têm as importantes fun ções de organizar o conhecimento empírico e orientar a pesquisa oferecendo hipóteses testáveis As variáveis intervenientes são críticas para o desenvolvimento de teorias em psicologia pois esses construtos per mitem que os pesquisadores expliquem as relações entre as variáveis independentes e dependentes Metodologia de pesquisa em psicologia 69 Conceitos básicos controle 46 experimento 47 variável independente 48 variável dependente 48 construto 50 definição operacional 51 validade 53 fidedignidadeconfiabilidade 53 correlação 60 inferência causal 61 confusão 63 pesquisa aplicada 64 pesquisa básica 64 teoria 65 Questões de revisão 1 Para cada uma das características seguin tes estabeleça uma distinção entre a abor dagem científica e as abordagens corriquei ras ao conhecimento abordagem e atitude geral observação divulgação conceitos instrumentos medição e hipóteses 2 Diferencie uma variável independente e uma variável dependente e dê um exem plo de cada uma que possa ser usado em um experimento 3 Qual é a maior vantagem do uso de defi nições operacionais em psicologia Quais são duas maneiras em que o uso de defini ções operacionais é criticado 4 Diferencie a acurácia e a precisão de um instrumento de medição 5 Qual é a diferença entre a validade de uma medida e a fidedignidade de uma medida 6 Quais são os três tipos de hipóteses que não possuem a característica crítica de ser testável 7 Identifique os quatro objetivos do méto do científico e descreva brevemente o que cada objetivo visa alcançar 8 Diferencie a abordagem nomotética e a abordagem idiográfica em termos de quem é estudado e da natureza das gene ralizações procuradas 9 Identifique duas diferenças entre pesqui sa quantitativa e qualitativa 10 O que os pesquisadores podem fazer quando sabem que duas variáveis estão correlacionadas 11 Dê um exemplo de uma pesquisa descri ta no texto que ilustre cada uma das três condições para uma inferência causal Você pode usar o mesmo exemplo para mais de uma condição 12 Qual é a diferença entre pesquisa básica e aplicada 13 O que é uma variável interveniente Proponha um construto psicológico que possa servir como variável interveniente entre insulto presenteausente e res postas agressivas Explique como essas variáveis podem estar relacionadas pro pondo uma hipótese que inclua sua variá vel interveniente 14 Descreva os papéis da consistência lógica e testagem empírica na avaliação de uma teoria científica 15 Explique por que testes rigorosos que buscam refutar as proposições de uma teoria podem ser mais informativos do que testes que visem confirmar as suas proposições 70 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister DESAFIOS 1 Em cada uma das descrições seguintes sobre projetos de pesquisa identifique as variáveis independentes Identifique tam bém pelo menos uma variável dependen te em cada estudo A Uma psicóloga estava interessada no efeito da privação alimentar sobre a atividade motora Ela dividiu 60 ra tos em quatro condições diferindo o tempo pelo qual os animais foram pri vados de alimento 0 horas 8 horas 16 horas 24 horas Depois mediu a quantidade de tempo que os animais passavam na roda de atividade em suas gaiolas B Um professor de educação física esta va interessado em especificar as mu danças na coordenação motora que ocorrem quando crianças adquirem ex periência com grandes equipamentos no playground pex escorregadores balanços paredes de escalada Por um período de 8 semanas crianças préescolares foram divididas em 4 6 e 8 horas por semana de tempo no equi pamento Ela então testou sua coorde nação motora pedindo para as crian ças pularem saltarem e ficarem em um pé só C Um psicólogo do desenvolvimento estava interessado na quantidade de comportamento verbal apresentado por crianças muito pequenas de pendendo de quem estava presente As crianças estudadas tinham 3 anos de idade e foram observadas em um ambiente laboratorial por um período de 30 minutos A metade das crianças foi colocada em uma condição em que um adulto estava presente com a criança durante a sessão A outra metade das crianças ficou em uma condição em que havia outra criança presente durante a sessão junto com a criança observada 2 Uma psicóloga fisiologista desenvolveu uma droga acreditando que revolucio naria o mundo das corridas de cavalos Batizou a droga de Speedo e confiava que a droga faria os cavalos correrem muito mais rápido que atualmente Para nosso problema hipotético estamos omi tindo o fato de que é ilegal dar drogas para cavalos de corrida Ela selecionou dois grupos de cavalos e deu injeções de Speedo a um dos grupos uma vez por semana durante quatro semanas Como se sabia que o Speedo tinha efeitos ne gativos sobre os sistemas digestivos dos cavalos aqueles que receberam Speedo tiveram que ser colocados em uma dieta especial com nível elevado de proteína Os cavalos que não receberam a droga mantiveram suas dietas regulares Após o período de quatro semanas todos os cavalos foram avaliados em uma corrida de duas milhas e os tempos médios dos cavalos que receberam Speedo foram significativamente mais rápidos do que os tempos médios daqueles que não re ceberam a droga A psicóloga concluiu que sua droga era efetiva A Identifique a variável independente de interesse e seus níveis e uma variável independente potencialmente relevan te com a qual a variável independen te primária é confundida Explique de forma clara como a confusão ocorreu B Formule uma conclusão sobre o efeito da droga Speedo que tenha o amparo das evidências apresentadas C Finalmente sugira maneiras em que o estudo poderia ser feito de um modo que você pudesse tirar uma conclu são clara sobre a efetividade da droga Speedo Metodologia de pesquisa em psicologia 71 3 DESAFIOS CONTINUAÇÃO O New York Times publicou os resultados de um estudo de dois anos e 15 milhão realizado por pesquisadores da Carnegie Mellon University e financiado pela Natio nal Science Foundation e importantes empresas de tecnologia O estudo teve 169 participantes obtidos na área de Pit tsburgh Os pesquisadores analisaram a relação entre o uso da internet e o bem estar psicológico Um diretor do estudo afirmou que o estudo não envolvia testar quantidades extremas de uso da internet Os participantes eram adultos normais e suas famílias Em média para aqueles que usaram a internet por mais tempo observouse o pior bemestar psicológi co Por exemplo uma hora de uso da in ternet por semana levou a leves aumen tos em uma escala de depressão e em uma escala de solidão bem como um declínio relatado nas interações pessoais com familiares Os pesquisadores con cluíram que o uso da internet parece cau sar um declínio no bemestar psicológi co Eles sugerem que os usuários da internet estavam construindo relaciona mentos superficiais que levavam a um declínio geral nos sentimentos de cone xão com outras pessoas A Os pesquisadores alegam que o uso da internet leva a um declínio no bemestar das pessoas Que evidên cias são apresentadas nesse resumo do estudo que satisfazem as con dições necessárias para fazer essa inferência causal e que evidências faltam B Que fontes além desta questão você gostaria de verificar antes de chegar a uma conclusão sobre os resultados relatados Talvez você possa come çar com os artigos The Lonely Net do New York Times de 30 de agosto de 1998 e Net Depression Study Cri ticized do Washington Post de 7 de setembro de 1998 4 Foi realizado um estudo para determinar se fazer anotações em uma disciplina de psicologia do desenvolvimento afeta va o desempenho de alunos em testes Estudantes registraram suas anotações durante todo o semestre em um guia de estudo de 125 páginas O guia de estu do continha questões sobre o conteúdo disciplinar coberto no livrotexto e nas aulas As anotações dos alunos foram avaliadas usando três dimensões per feição tamanho e exatidão Os resulta dos do estudo indicaram que estudan tes com anotações mais exatas tiveram melhor desempenho em testes disserta tivos e de múltipla escolha do que alu nos com anotações menos exatas Com base nessas observações os pesqui sadores sugeriram que os professores deviam usar técnicas de ensino como pausar por breves períodos durante a aula e fazer perguntas para esclarecer as informações Os pesquisadores afir mam que essas técnicas podem facilitar a exatidão das anotações que os alunos fazem na aula e que as anotações exa tas contribuem significativamente para o sucesso geral dos alunos em disciplinas universitárias A Que evidências existem nesse relato para cumprir as condições necessá rias para uma inferência causal entre a exatidão das anotações dos alunos e seu desempenho nos testes Que evidências faltam Certifiquese de identificar claramente as três condi ções para a inferência causal B Identifique um objetivo do método científico que pode ser cumprido com base nos resultados desse estudo 72 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Resposta ao Exercício 1 A variável independente no estudo é a condição emocional dos participantes após o teste de coordenação entre mãos e olhos Havia três níveis gratidão emoção positiva e neutro A variável dependente era o número de minutos em que os par ticipantes ajudaram preenchendo o ques tionário dos cúmplices 2 Uma explicação alternativa para os re sultados do estudo é que os participantes simplesmente se sentiram bem quando o cúmplice resolveu o problema do com putador e portanto ajudaram mais no final do experimento Para mostrar que a emoção específica da gratidão era impor tante os pesquisadores usaram uma con dição experimental a condição do vídeo divertido como controle para emoções positivas em geral Ou seja se as emo ções positivas fazem as pessoas ajudarem mais esses sujeitos também deveriam ajudar mais Como apenas os sujeitos na condição de gratidão ajudaram mais os pesquisadores podem dizer que a grati dão especificamente causou o aumento na solicitude Resposta ao Desafio 1 A Variável independente VI horas de pri vação alimentar com quatro níveis 0 8 16 24 variável dependente VD tempo pex em minutos que os animais passa ram na roda de atividade B VI tempo nos equipamentos do play ground com três níveis 4 6 ou 8 horas por semana VD escores em testes de coorde nação motora C VI pessoa adicional presente com dois ní veis adulto criança VD número dura ção e complexidade das falas da criança Nota 1 Às vezes os níveis da variável independente são selecionados por um pesquisador em vez de manipulados Uma variável de diferenças individual é uma característica ou traço que varia en tre os indivíduos por exemplo sexo dos participantes masculino feminino é uma variável de diferenças individual Ao investigarem sobre se o comportamento difere de acordo com o sexo dos participantes os pesquisadores selecionam homens e mulheres e examinam esse fa tor como uma variável de diferenças individual Como veremos no Capítulo 6 há diferenças significativas entre variáveis independentes manipuladas e selecionadas 3 Questões éticas na pesquisa psicológica Introdução A boa ciência exige bons cientistas A com petência e a integridade profissional dos cientistas são essenciais para garantir uma ciência de qualidade Manter a integrida de do processo científico é uma responsa bilidade compartilhada de cada cientista e da comunidade de cientistas represen tada por organizações profissionais como a APA e a APS Cada cientista tem uma responsabilidade ética de buscar o conhe cimento e tentar melhorar a qualidade de vida Diener e Crandall 1978 identificam várias responsabilidades específicas que decorrem desse princípio geral Os cientis tas devem fazer pesquisas de maneira competente publicar os resultados corretamente gerenciar os recursos de pesquisa de forma honesta reconhecer de forma justa em comu nicações científicas os indivíduos que contribuíram com suas ideias ou seu tempo e esforços considerar as consequências de qual quer pesquisa para a sociedade falar em público sobre as preocupações sociais relacionadas com o conhecimen to de um cientista Ao tentarem cumprir essas obrigações os cientistas enfrentam questões e problemas éticos desafiadores e às vezes ambíguos Para orientar os psicólogos a tomar decisões éticas a American Psychological Association APA formulou um código de ética O có digo de ética da APA estabelece padrões de comportamento ético para psicólogos que fa zem pesquisas ou terapia ou que lecionam ou atuam como administradores ver American Psychological Association 2002 O código de ética lida com questões tão diversas quan to o assédio sexual cobrança por serviços psicológicos orientação ao público na mídia desenvolvimento de testes e ensino em sala de aula Também é importante que todos os estudantes de psicologia se esforcem ao má ximo para cumprir esses ideais e padrões de comportamento declarados Você pode se fa miliarizar com o código de ética visitando o website da APA wwwapaorgethics Muitos dos padrões apresentados no código de ética da APA lidam diretamente com a pesquisa psicológica ver especial 74 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister mente os Padrões 801 a 815 do Código incluindo o tratamento de seres humanos e animais na pesquisa psicológica Como na maioria dos códigos de ética os padrões tendem a ser de natureza geral e exigem de finição específica em contextos particulares Mais de um padrão ético pode se aplicar a uma situação específica de pesquisa e às vezes pode parecer que os padrões são con traditórios Por exemplo a pesquisa ética exige que os sujeitos humanos sejam prote gidos de danos físicos Todavia as pesqui sas que envolvem drogas ou outros trata mentos invasivos podem colocar os sujeitos em risco de dano físico Devese garantir o bemestar de sujeitos animais mas certos ti pos de pesquisa podem envolver causar dor ou outra forma de sofrimento no animal Nem sempre é fácil resolver esses dilemas éticos exigindo uma abordagem delibera da e consciente de resolução de problemas para tomar decisões éticas A internet mudou a maneira como muitos cientistas fazem pesquisa e os psi cólogos não são exceção Pesquisadores ao redor do mundo por exemplo costumam colaborar em projetos científicos e podem trocar ideias e resultados de forma rápida e fácil pela internet Vastas quantidades de informações arquivadas estão acessíveis por meio de sites patrocinados pelos governos pex o US Census Bureau Como os pes quisadores podem coletar dados de sujeitos humanos pela internet existe o potencial de incluir milhões de pessoas em um estudo Os tipos de pesquisa psicológica pela inter net envolvem observações simples pex registrar o comportamento em salas de batepapo levantamentos questionários incluindo testes de personalidade e experi mentos envolvendo variáveis manipuladas Embora a internet ofereça muitas opor tunidades para o cientista comportamental ela também suscita muitas questões éticas Questões importantes surgem devido à ausência do pesquisador em ambientes de pesquisa virtual à dificuldade em obter o consentimento informado adequado e fazer o debriefing e a preocupações com a prote ção da confidencialidade dos participan tes ver especialmente Kraut et al 2004 e Nosek Banaji e Greenwald 2002 para revisões desses problemas e algumas solu ções sugeridas Discutimos algumas dessas questões éticas neste capítulo mas também continuamos a discussão em capítulos pos teriores quando descrevemos estudos espe cíficos que usam a internet As decisões éticas devem ser tomadas após uma consulta com outras pessoas in cluindo os colegas mas especialmente pes soas que sejam mais experientes ou tenham mais conhecimento na área em questão De fato a revisão do plano de pesquisa por pessoas que não estejam envolvidas na pes quisa é exigida legalmente na maioria das si tuações Nas seções restantes deste capítulo comentamos os padrões do código de ética que lidam especificamente com a pesquisa psicológica Também apresentamos vários cenários hipotéticos de pesquisa que susci tam questões éticas Colocandose na posi ção de ter de fazer juízos sobre as questões éticas levantadas nessas propostas de pes quisa você começará a aprender a lidar com os desafios que surgirem na aplicação de padrões éticos específicos e com as dificul dades da tomada de decisões éticas em geral ver Figura 31 Incitamos você a discutir es sas propostas com seus colegas professores e outras pessoas que já tiveram experiência com a realização de pesquisas psicológicas Questões éticas a considerar antes de começar a pesquisar Antes de fazer qualquer estudo a pes quisa proposta deve ser revisada para determinar se cumpre padrões éticos Os Comitês de Revisão Institucional Institutional Review Boards IRB revi sam pesquisas psicológicas para prote ger os direitos e o bemestar de sujeitos humanos Os Comitês Institucionais para o Uso e Cuidado de Animais Institutional Ani mal Care and Use Committees IACUC revisam pesquisas realizadas com ani Metodologia de pesquisa em psicologia 75 mais para garantir que os animais sejam tratados humanamente Os pesquisadores devem considerar questões éticas antes de começarem um projeto de pesquisa Problemas éticos po dem ser evitados com um planejamento cuidadoso e buscandose orientação com in divíduos e grupos apropriados antes de fazer a pesquisa Fazer pesquisa de uma maneira que não seja ética prejudica todo o processo científico atrapalha o avanço do conheci mento e erode o respeito do público pelas comunidades científica e acadêmica ver Figura 32 Além disso também pode levar a grandes penalidades legais e financeiras para indivíduos e instituições Um passo importante que os pesquisadores devem dar quando começam a fazer pesquisas psi cológicas é obter aprovação institucional O National Research Act de 1974 resul tou na criação da Comissão Nacional para Proteção de Sujeitos Humanos na Pesquisa Biomédica e Comportamental Essa lei exige que as instituições que tentam obter verbas de pesquisa com agências federais específi cas devem estabelecer comitês para revisar Figura 31 Muitas questões éticas são suscitadas quando se faz pesquisa com seres humanos 76 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister a pesquisa patrocinada pela instituição As faculdades e universidades estabeleceram esses comitês chamados de Institutional Review Boards IRBs As regulamentações federais para os IRBs podem ser encontra das no website wwwhhsgovohrp O IRB de uma instituição pode garantir que os pesquisadores protejam os participantes de riscos e preservem os seus direitos As normas federais impõem requisitos bastan te específicos sobre os membros e deveres dos IRBs ver Federal Register 23 de junho de 2005 Por exemplo um IRB deve ser com posto por pelo menos cinco membros com formação em campos variados do conheci mento Cientistas e não cientistas devem es tar representados e deve haver pelo menos um membro no IRB que não seja associado à instituição Membros responsáveis da co munidade como representantes do clero advogados e enfermeiras costumam ser chamados para atuarem nesses comitês O IRB tem autoridade para aprovar de saprovar ou exigir modificações no projeto de pesquisa antes de aprovar a pesquisa Também tem a responsabilidade ética de ga rantir que sua revisão de projetos de pesqui sa seja justa considerando as perspectivas da instituição do pesquisador e dos sujeitos da pesquisa Chastain e Landrum 1999 Em 1985 o Departamento da Agricul tura do governo norteamericano assim como o Serviço de Saúde Pública formulou novas diretrizes para o cuidado de cobaias de laboratório Holden 1987 Como resul tado as instituições que fazem pesquisas com sujeitos animais devem ter um Comitê Institucional para o Uso e Cuidado de Ani mais IACUC Esses comitês devem ter no mínimo um cientista um veterinário e pelo menos uma pessoa que não seja asso ciada à instituição A revisão de pesquisas com animais pelos comitês envolve mais do que apenas supervisionar procedimentos de pesquisa As normas federais que regem a conduta da pesquisa com animais esten demse a especificações para os ambientes onde os animais vivem e ao treinamento adequado do pessoal que trabalha direta mente com eles Holden 1987 Figura 32 Após a Segunda Guerra Mundial o Tribunal de Crimes de Guerra de Nurem berg acusou médicos alemães por crimes contra a humanidade incluindo a realização de experimentos médicos com seres humanos sem o seu consen timento O veredicto do tribunal nesses casos levou ao desenvolvimento do Código de Nuremberg que estabeleceu regras para experimentos permissíveis com seres humanos Metodologia de pesquisa em psicologia 77 Quase todas as faculdades e universida des exigem que todas as pesquisas realiza das na instituição sejam revisadas por um comitê independente antes da coleta de da dos A violação de normas federais relacio nadas com a revisão de pesquisas envolven do seres humanos ou animais pode levar à interrupção de todas as pesquisas em uma instituição causar a perda de recursos fede rais e resultar em multas substanciais Hol den 1987 Qualquer indivíduo que queira fazer pesquisas deve consultar as autoridades encarre gadas antes de começar a pesquisa em relação ao procedimento adequado para a revisão insti tucional Também existem orientações para estudantes que pretendam submeter um projeto de pesquisa a um IRB McCallum 2001 ou a um IACUC LeBlanc 2001 A razão riscobenefício Para determinar se a pesquisa deve ser realizada usase uma avaliação subjeti va dos riscos e benefícios de um projeto de pesquisa Além de conferir se os princípios éticos apropriados estão sendo seguidos o IRB considera a razão riscobenefício do estudo A sociedade e os indivíduos se beneficiam com uma pesquisa quando se adquire novo conhecimento e quando se identificam no vos tratamentos que melhoram as vidas das pessoas Também existem custos potenciais quando a pesquisa não é feita Perdemos a oportunidade de adquirir conhecimento e em última análise perdemos a oportunida de de melhorar a condição humana A pes quisa também pode ter um custo elevado para os participantes individualmente se fo rem prejudicados durante o estudo O pes quisador principal deve é claro ser o pri meiro a considerar esses custos e benefícios potenciais O IRB é formado por indivíduos com conhecimento e que não tenham inte resse pessoal na pesquisa Desse modo o IRB está em melhor posição para determinar a razão riscobenefício e em última análise decidir se deve aprovar a pesquisa proposta A razão riscobenefício propõe a seguin te pergunta vale a pena Não existem respostas matemáticas para a razão risco benefício Ao contrário os membros de um IRB baseiamse em uma avaliação subjetiva dos riscos e benefícios para os participantes individuais e a sociedade e questionam os benefícios são maiores do que os riscos Quan do os riscos superam os benefícios poten ciais o IRB não aprova a pesquisa quando os benefícios superam os riscos o IRB apro va a pesquisa Muitos fatores afetam a decisão sobre o equilíbrio adequado entre os riscos e benefí cios de uma pesquisa Os mais básicos são a natureza do risco e a magnitude do benefí cio provável para o participante bem como o potencial valor científico e social da pes quisa Fisher e Fryberg 1994 Podese tole rar maior risco quando existe a previsão de benefícios claros e imediatos ou quando a pesquisa tem valor científico e social óbvio Por exemplo um projeto de pesquisa que investiga um novo tratamento para o com portamento psicótico pode acarretar risco para os participantes Todavia se o trata mento proposto tem uma boa chance de ter um efeito benéfico os benefícios possíveis para os indivíduos e a sociedade podem su perar o risco envolvido no estudo Para determinar a razão riscobenefí cio os pesquisadores também consideram a qualidade da pesquisa ou seja se serão produzidos resultados válidos e interpre táveis Mais especificamente se por causa da má qualidade da ciência não se tiram benefícios de um projeto de pesquisa como podemos justificar o uso do tempo atenção e esforço dos sujeitos e do dinheiro espa ço materiais e outros recursos que foram gastos no projeto de pesquisa Rosenthal 1994b p 128 Assim o pesquisador é obrigado a tentar fazer pesquisas que satisfaçam os mais elevados padrões de excelência científica Quando existem riscos potenciais o pesquisador deve garantir que não existam procedimentos alternativos de baixo risco que possam ser usados em substituição O pesquisador também deve garantir que ou 78 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister tras pesquisas já não tenham conseguido responder a pergunta de pesquisa em ques tão Sem uma revisão cuidadosa da litera tura psicológica o pesquisador pode fazer uma pesquisa que já tenha sido feita antes expondo assim os indivíduos a riscos des necessários Determinando o risco Os riscos potenciais na pesquisa psicoló gica incluem o risco de dano físico dano social e estresse mental e emocional Os riscos devem ser avaliados em ter mos das atividades cotidianas dos par ticipantes potenciais sua saúde física e mental e suas capacidades Determinar se os sujeitos de pesquisa estão em situação de risco ilustra as difi culdades envolvidas na tomada de decisões éticas A vida em si já é arriscada Deslocar se para o trabalho ou a escola atravessar a rua e andar de elevador são situações que têm um elemento de risco O fato de sim plesmente comparecer a um experimento de psicologia tem um certo grau de risco Dizer que os sujeitos humanos na pesquisa psicológica jamais podem enfrentar riscos equivaleria a acabar com a pesquisa As decisões sobre o que constitui risco devem levar em consideração os riscos que fazem parte da vida cotidiana Os pesquisadores também devem con siderar as características dos sujeitos quan do determinam o risco Certas atividades podem representar um risco sério para cer tos indivíduos mas não para outros Subir escadas correndo pode aumentar o risco de um ataque cardíaco para uma pessoa ido sa mas a mesma tarefa provavelmente não seria arriscada para a maioria dos adultos De maneira semelhante indivíduos que são excepcionalmente deprimidos ou ansiosos devem apresentar reações mais severas a certos testes psicológicos do que outras pes soas Assim ao considerar o risco os pes quisadores devem considerar as populações específicas de indivíduos que são prováveis de participar do estudo Muitas vezes pensamos no risco em termos da possibilidade de danos físicos Todavia com frequência os participantes de pesquisas em ciências sociais correm riscos de danos sociais ou psicológicos Por exemplo se as informações pessoais dos sujeitos forem reveladas a outras pessoas haverá potencial para risco social como si tuações embaraçosas Informações pessoais coletadas durante a pesquisa psicológica podem incluir fatos sobre a inteligência traços da personalidade crenças políti cas sociais ou religiosas e determinados comportamentos Um sujeito de pesquisa provavelmente não desejaria que essas in formações fossem reveladas a professores patrões ou colegas Se a confidencialidade das respostas dos sujeitos não for protegi da isso pode aumentar a possibilidade de danos sociais O maior risco para os participantes de pesquisas pela internet é a possibilidade de revelação de informações pessoais identi ficáveis fora do âmbito da pesquisa Kraut et al 2004 Outros pesquisadores sugerem que embora a internet propicie uma per cepção de anonimato Nosek et al 2002 p 165 em certas circunstâncias essa per cepção é falsa e os pesquisadores devem considerar maneiras de proteger a confiden cialidade na transmissão e armazenamento dos dados bem como em interações com os participantes após o estudo Certas pesquisas psicológicas podem representar risco psicológico se os partici pantes do estudo sofrerem estresse mental ou emocional sério Imagine o estresse que um sujeito pode sentir quando entra fumaça na sala onde está esperando A fumaça pode estar entrando na sala para que o pesquisa dor possa simular uma emergência Até que se revele a verdadeira natureza da fumaça os participantes da pesquisa podem sentir uma tensão considerável Nem sempre é fácil prever quando haverá estresse emocio nal ou psicológico Considere o dilema que ocorre quando os pesquisadores tentam obter informações sobre o abuso infantil e a violência inter Metodologia de pesquisa em psicologia 79 pessoal ver BeckerBlease e Freyd 2006 Pedir a indivíduos para descreverem casos de abuso infantil ou violência familiar de seu passado pode ser emocionalmente es tressante Ainda assim a maioria dos pes quisadores concorda que o conhecimento dessas experiências pode fornecer visões importantes aos cientistas comportamen tais sobre alguns dos males da sociedade pex o divórcio o baixo rendimento es colar a criminalidade bem como orientar estudos com pesquisas clínicas Mas como e quando fazer isso BeckerBlease e Freyd 2006 discutem a ética de perguntar ou não perguntar sobre o abuso Eles mos tram que não perguntar também tem os seus custos na forma de barrar a ciência e impedir que os participantes busquem ajuda ou aprendam sobre reações normais ao abuso e os recursos da comunidade que podem ajudar Estudos sobre o abuso in fantil também podem quebrar o tabu que existe contra falar sobre o abuso e mostram às vítimas que essas discussões podem ser importantes Segundo a visão de Becker Blease e Freyd não perguntar ajuda os agressores e agride as vítimas p 225 Assim o custo de não perguntar pode ter um peso importante em qualquer análise de riscos e benefícios Apenas o fato de participar de um experimento de psicologia já provoca an siedade em alguns indivíduos Depois de aprender uma lista de sílabas sem sentido pex HAP BEK um estudante disse que tinha certeza de que o pesquisador agora sabia muita coisa sobre ele O estudante pressupôs que o psicólogo estava interes sado em conhecer a sua personalidade analisando as associações de palavras que tinha usado ao aprender a lista Na reali dade essa pessoa estava participando de um experimento simples sobre a memória projetado para avaliar o esquecimento O pesquisador é obrigado a proteger os sujeitos de estresse emocional ou mental incluindo quan do possível o estresse que pode surgir devido às concepções equivocadas dos sujeitos em relação ao teste psicológico Risco mínimo Dizse que um estudo envolve risco mínimo quando os procedimentos ou atividades do estudo são semelhantes aos que os participantes encontram em suas vidas cotidianas Às vezes fazse uma distinção entre um participante em risco e aquele que está em risco mínimo O risco mínimo significa que o perigo ou desconforto que os sujeitos podem experimentar na pes quisa não é maior do que o que podem ex perimentar em suas vidas cotidianas ou durante testes físicos ou psicológicos de rotina Como exemplo de risco mínimo considere o fato de que muitos estudos la boratoriais em psicologia envolvem longos testes de preencher à mão visando avaliar diversas capacidades mentais Os sujeitos também podem preencher os testes rapi damente e receber feedback específico sobre o seu desempenho Embora seja provável que haja estresse nessa situação o risco de dano psicológico provavelmente não será maior do que o que estudantes costu mam experimentar Portanto esses estu dos envolveriam apenas um risco mínimo para estudantes universitários Quando a possibilidade de dano é considerada mais que mínima dizse que os indivíduos es tão em risco Quando um estudo coloca os participantes em risco o pesquisador tem obrigações mais sérias de proteger o seu bemestar Lidando com o risco Independentemente de estarem em risco ou em risco mínimo os sujei tos de pesquisa devem ser protegidos À medida que os riscos ficam maio res são necessárias mais medidas de proteção Para proteger os participantes de riscos sociais as informações que eles forne cem devem ser anônimas ou se isso não for possível devese manter a confiden cialidade das suas informações 80 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Mesmo que o risco potencial seja pe queno os pesquisadores devem tentar mi nimizar o risco e proteger os participantes Por exemplo informar no começo de um experimento com a memória que os testes não visam avaliar a inteligência ou a perso nalidade já reduz o nível de estresse para certos participantes Em situações em que a possibilidade de dano é considerada signi ficativamente maior do que a que ocorre na vida cotidiana a obrigação do pesquisador de proteger os participantes aumenta pro porcionalmente Por exemplo quando os participantes são expostos à possibilidade de estresse emocional sério em um experi mento de psicologia o IRB deve exigir que haja um psicólogo clínico disponível para aconselhar os indivíduos sobre o que sen tirem no estudo Como se pode imaginar a pesquisa pela internet traz difíceis dilemas éticos nesse sentido Os participantes po dem experimentar estresse emocional no contexto de um estudo pela internet assim como fariam em um estudo laboratorial Todavia como estão ausentes da situação de pesquisa os pesquisadores talvez se jam menos capazes de monitorar o nível de perturbação e reduzir o risco em estu dos virtuais Kraut et al 2004 Uma abor dagem pode ser obter dados preliminares com o objetivo de identificar indivíduos que possam estar em risco e excluílos do estudo Todavia talvez não seja possível realizar estudos com risco elevado pela in ternet Kraut et al 2004 Não devem ser realizadas pesquisas envolvendo risco acima do mínimo para os participantes a menos que já tenham sido procurados métodos alternativos de coleta de dados com menos riscos Em certos ca sos devemse usar abordagens descritivas envolvendo observação ou questionários em vez de tratamentos experimentais Os pesquisadores também aproveitam tra tamentos de ocorrência natural que não envolvem induzir estresse por meio de um experimento Por exemplo Anderson 1976 entrevistou gerentesproprietários de pe quenas empresas que haviam sido prejudi cadas pelas enchentes causadas por um fu racão O autor observou que havia um nível ideal de tensão que levava os participantes EXERCÍCIO I Para cada uma das situações de pesquisa seguintes você deve decidir se existe risco mínimo ie um risco não maior do que o da vida cotidiana ou se os participantes estão em risco Se você decidir que os participan tes estão em risco pense em recomenda ções que você possa fazer ao pesquisador que reduzam o risco para os participantes Ao fazêlo você sem dúvida começará a prever algumas das questões éticas que serão dis cutidas neste capítulo 1 Solicitouse que estudantes universitários fi zessem uma lista de adjetivos descrevendo o seu humor atual O pesquisador quer identifi car estudantes que estejam deprimidos para que possam ser incluídos em um estudo que analisará os déficits cognitivos associados à depressão 2 Adultos idosos em um lar de repouso fazem uma bateria de testes de desempenho na sala de convivência de seu lar Um psicólogo tenta determinar se existe um declínio no fun cionamento mental com a idade avançada 3 Estudantes de uma disciplina de metodologia de pesquisa em psicologia veem outro aluno entrar em sua sala no meio do período da clas se falar em voz alta e de maneira rude com o professor e depois sair Como parte de um es tudo sobre a memória de testemunhas ocula res os estudantes devem descrever o intruso 4 Um pesquisador recruta estudantes de clas ses de introdução à psicologia para participa rem de um estudo sobre os efeitos do álcool para o funcionamento cognitivo O experi mento exige que alguns alunos bebam duas onças cerca de 60ml de álcool misturado com suco de laranja antes de jogarem um jogo de computador Metodologia de pesquisa em psicologia 81 a resolverem problemas e lidarem com a si tuação de maneira efetiva Uma relação se melhante foi demonstrada em diversos tes tes laboratoriais experimentais que usavam indução de estresse pelo pesquisador Para proteger os participantes da pes quisa de danos sociais a coleta de dados deve manter as respostas dos participan tes anônimas pedindo que não usem seus nomes ou qualquer outra informação que os identifique Quando isso não é possí vel os pesquisadores devem manter as respostas dos participantes confidenciais removendo qualquer informação de iden tificação de seus registros durante a pes quisa Quando o pesquisador precisa tes tar as pessoas em mais de uma ocasião ou acompanhar determinados indivíduos ou quando as informações fornecidas pelos participantes são particularmente sensí veis podemse atribuir códigos numéricos aos participantes no começo da pesquisa Somente esses números precisam aparecer nas fichas de respostas dos sujeitos e os nomes são relacionados aos códigos nu méricos em uma lista de acesso restrito Os pesquisadores virtuais devem ser particu larmente sensíveis à possibilidade de bis bilhotagem eletrônica ou roubo de dados armazenados devendo adotar as precau ções adequadas para reduzir o risco social ver Kraut et al 2004 Garantir que as respostas dos partici pantes sejam anônimas ou confidenciais também pode beneficiar o pesquisador se isso levar os participantes a serem mais ho nestos e abertos em suas respostas Blanck Bellack Rosnow RotheramBorus e Schoo ler 1992 Os participantes serão menos pro váveis de mentir ou omitir informações se não estiverem preocupados com quem terá acesso às suas respostas Consentimento informado Os pesquisadores e os sujeitos firmam um contrato social muitas vezes usan do um procedimento de consentimento informado Os pesquisadores têm a obrigação ética de descrever os procedimentos de pes quisa de forma clara identificar quais quer aspectos do estudo que possam influenciar a disposição dos indivíduos de participar e responder questões que os participantes possam ter sobre a pesquisa Os participantes da pesquisa devem ter a possibilidade de revogar seu consen timento a qualquer momento e sem ne nhuma penalidade Não se deve pressionar indivíduos a participar da pesquisa Os participantes da pesquisa têm a obri gação ética de agir de forma apropriada durante a pesquisa sem mentir enganar ou cometer outros atos fraudulentos O consentimento informado deve ser obtido com guardiões legais para indi víduos incapacitados para dar consenti mento pex crianças pequenas indiví duos com problemas mentais alguma forma de concordância em participar deve ser obtida com indivíduos que não possam dar consentimento informado Os pesquisadores devem buscar a orientação de outros indivíduos com conhecimento incluindo um IRB para decidir se devem abrir mão do consen timento informado como quando a pesquisa é realizada em ambientes pú blicos Esses ambientes exigem atenção especial para proteger a privacidade dos indivíduos A privacidade referese aos direitos de indivíduos decidirem como informa ções a seu respeito devem ser comuni cadas a outras pessoas Uma parte substancial do código de éti ca relacionado com a pesquisa é dedicada a questões ligadas ao consentimento informa do Isso é correto pois o consentimento in formado é um componente essencial do con trato social entre o pesquisador e o sujeito O consentimento informado é a disposição da pessoa expressa explicitamente para parti cipar de um projeto de pesquisa baseada em 82 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister uma compreensão clara na natureza da pes quisa das consequências de não participar e de todos os fatores que podemos esperar que influenciem a disposição daquela pes soa para participar ver Figura 33 Os pesquisadores fazem esforços razoá veis para responder a quaisquer perguntas que os sujeitos tenham sobre a pesquisa e respeitar a dignidade e os direitos do indiví duo durante a experiência da pesquisa Des se modo os indivíduos podem tomar uma decisão informada sobre sua participação O consentimento dos participantes deve ser dado livremente sem indução ou pressão indevida Os participantes também devem saber que são livres para revogar o seu con sentimento a qualquer momento sem sofre rem nenhuma penalidade ou prejuízo Os pesquisadores sempre devem obter consen timento informado O consentimento informa do escrito é absolutamente essencial quando os participantes são expostos a mais do que o risco mínimo Os sujeitos de pesquisa que consentem em participar também têm responsabilida des éticas de agir de modo adequado Por exemplo os sujeitos devem prestar atenção em instruções e fazer os testes da maneira descrita pelo pesquisador Taylor e She pperd 1996 descrevem um estudo que ilustra as consequências possíveis quando os participantes não agem de forma respon sável No estudo os sujeitos foram deixados brevemente a sós pelo pesquisador que os advertiu a não discutir a experiência entre eles Contudo quando ficaram a sós os Figura 33 O Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos entre 1932 e 1972 analisou o curso da sífilis não tratada em homens afroamericanos pobres do conda do de Macon no estado do Alabama que não haviam dado consentimento informado Eles não sabiam que tinham sífilis e sua doença foi deixada sem tratamento Os sobreviventes receberam reconhecimento do governo Clinton Metodologia de pesquisa em psicologia 83 participantes falaram sobre o experimento e obtiveram informações com os outros que negavam o valor da pesquisa Além dis so posteriormente quando o pesquisador perguntou aos participantes o que sabiam sobre os procedimentos e objetivos do es tudo nenhum revelou ter obtido informa ções importantes sobre o estudo durante sua conversa ilícita Esse exemplo ilustra o princípio mais amplo de que mentir enganar ou outro comportamento fraudulento por sujei tos de pesquisa viola a integridade científica da situação de pesquisa Não é possível obter um consentimento informado verdadeiro de certos indivíduos como pessoas com problemas mentais ou emocionais crianças pequenas e aqueles que têm pouca capacidade para entender a natureza da pesquisa e os riscos possíveis ver Figura 34 Nesses casos devese obter o consentimento informado formal com os pais ou guardiões legais dos participantes Sempre que possível contudo deve se obter a aceitação dos próprios participantes ou seja sua disposição expressa em participar A pesquisa pela internet representa problemas éticos específicos para a obten ção de consentimento informado Consi dere que na maioria dos casos os partici pantes virtuais geralmente clicam o mouse do computador para indicar que leram e entenderam a declaração de consentimen to Mas será que isso constitui uma assi natura do participante com valor legal Como o pesquisador sabe se os participan tes têm a idade exigida ou que eles enten dem totalmente a declaração de consen timento informado Uma sugestão para determinar se os participantes entenderam a declaração de consentimento informa do é administrar pequenos testes sobre o conteúdo procedimentos para distinguir crianças de adultos podem envolver solici tar informações que normalmente só estão disponíveis a adultos Kraut et al 2004 Sempre que surgirem dilemas éticos des se tipo é sensato procurar a orientação de profissionais experientes mas a responsabi lidade final por fazer pesquisas éticas sempre é do pesquisador Figura 34 A questão do consentimento informado é especialmente importante quando crianças participam de uma pesquisa 84 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Nem sempre é fácil decidir o que cons titui um incentivo ou pressão indevida para participar Pagar 9 dólares por hora a estu dantes universitários para participarem de um experimento de psicologia geralmente não seria considerado coerção imprópria mas recrutar pessoas muito pobres ou desti tuídas das ruas com uma oferta de 9 dólares talvez seja mais coercitivo e menos aceitável Kelman 1972 Prisioneiros podem crer que as autoridades considerarão uma recusa da sua parte em participar de um experimento de psicologia como evidência de falta de co operação e portanto será mais difícil rece berem liberdade condicional Quando estudantes universitários de vem cumprir uma exigência de uma classe servindo como sujeitos em experimentos de psicologia uma experiência que supostamen te tem valor educacional devese oferecer um método alternativo de cumprir o requi sito àqueles que não queiram participar de pesquisas psicológicas O tempo e o esforço necessários para essas opções alternativas de vem ser equivalentes aos necessários para a participação na pesquisa Tarefas alternativas que costumam ser usadas são ler e resumir artigos descrevendo pesquisas fazer obser vações de campo informais sobre o comporta mento assistir a apresentações de resultados de pesquisa por estudantes ou professores da pósgraduação e prestar serviços comunitá rios voluntários ver Kimmel 1996 Os IRBs exigem que os pesquisadores documentem que o procedimento adequado de obtenção do consentimento informado foi seguido para qualquer pesquisa que envolva sujeitos humanos Todavia é importante re conhecer que como afirmam as diretrizes do Office for Human Research Protections o consentimento informado é um processo e não apenas um formulário A coordenadora de um IRB nos disse que fala para os pesqui sadores imaginarem que estão sentados com a pessoa explicando o projeto No Quadro 31 apresentamos algumas dicas sobre o processo adequado de obtenção do consenti mento informado em vez de apresentar um formulário que possa implicar que o mes mo modelo serve para qualquer ocasião Os procedimentos de consentimento informado e documentação escrita variam um pouco dependendo das situações e populações Os membros de um IRB são uma boa fonte de orientações sobre como obter e documentar o consentimento informado de um modo que cumpra as diretrizes éticas e proteja os direitos dos participantes Em certas situações não existe exigência de que os pesquisadores obtenham o consen timento informado O exemplo mais claro é quando os pesquisadores estão observando o comportamento de indivíduos em locais públicos sem fazerem nenhuma intervenção Por exemplo um pesquisador pode obter evidências sobre as relações raciais em um campus universitário observando a frequên cia de grupos com e sem mistura de raças que andam pelo campus O pesquisador não precisaria obter a permissão dos estudantes antes de fazer as observações Todavia seria exigido consentimento informado se a iden tidade de certos indivíduos fosse registrada Nem sempre é fácil decidir quando um comportamento é público ou privado A pri vacidade se refere aos direitos de indivíduos decidirem como informações sobre eles de vem ser comunicadas a outras pessoas Die ner e Crandall 1978 identificam três dimen sões principais que os pesquisadores podem considerar para ajudálos a decidir quais in formações são privadas a sensibilidade das informações o cenário e o método de disse minação das informações De forma clara al guns tipos de informações são mais sensíveis do que outros Os indivíduos que são entre vistados sobre suas práticas sexuais crenças religiosas ou atividades criminais são prová veis de se preocupar muito com a maneira como suas informações serão usadas O cenário também desempenha um papel em decidir se o comportamento é pú blico ou privado Certos comportamentos como assistir a um show podem razoavel mente ser considerados públicos Em situa ções públicas as pessoas abrem mão de um certo grau de privacidade Certos comporta mentos que ocorrem em situações públicas Metodologia de pesquisa em psicologia 85 contudo não são classificados facilmente como públicos ou privados ver Figura 35 Quando você anda em seu carro usa um ba nheiro público ou faz um piquenique com a família no parque esses comportamentos são públicos ou privados A comunicação em uma sala de batepapo na internet é pública ou privada As decisões sobre a prática ética nessas situações dependem da sensibilidade dos dados coletados e das ma neiras como essas informações serão usadas Quando as informações são dissemina das na forma de médias de grupo ou propor ções é improvável que revelem muito sobre Quadro 31 DICAS PARA OBTER O CONSENTIMENTO INFORMADO O consentimento informado adequado deve indicar claramente o propósito da pergunta de pesquisa a identidade e vínculo institucional do pesquisador e os procedimentos que se rão seguidos durante a experiência da pesqui sa Depois que os participantes leram o for mulário de consentimento e suas perguntas foram respondidas o formulário deve ser as sinado e datado pelo pesquisador e pelo par ticipante O Office for Human Research Pro tections OHRP publicou dicas para ajudar os pesquisadores no processo de obtenção do consentimento informado Um IRB pode exi gir informações adicionais O texto completo das dicas do OHRP bem como links para do cumentos federais afins e importantes pode ser obtido no endereço wwwhhsgovohrp humansubjectsguidanceictipshtm Evite usar jargão científico ou termos técni cos o documento do consentimento infor mado deve ser escrito em uma linguagem que seja claramente compreensível para o participante Evite o uso da primeira pessoa pex eu entendo que ou eu concordo pois isso pode ser interpretado como sugestivo e usado incorretamente como um substi tuto para informações factuais suficientes Formulações como se você concorda em participar deverá fazer o seguinte são pre feríveis Pense no documento principalmen te como uma ferramenta de ensino e não como um instrumento legal Descreva a experiência geral que o sujeito encontrará de um modo que identifique a natureza da experiência pex como ela é experimental bem como os danos des confortos inconveniências e riscos razoa velmente previsíveis Descreva os benefícios para os sujeitos por sua participação Se os benefícios são ape nas favorecer a sociedade ou a ciência de um modo geral isso deve ser informado Descreva possíveis alternativas à parti cipação Se um grupo de participantes formado por estudantes universitários está sendo estudado devemse explicar modos alternativos de aprender sobre a pesquisa psicológica Devese dizer aos participantes como as informações pessoais identificáveis serão mantidas confidenciais Em situações em que são coletadas informações muito sensí veis o IRB pode exigir proteções adicionais como um Certificado de Confidencialidade Se houver a possibilidade de danos rela cionados à pesquisa além do risco mínimo devese dar uma explicação sobre compen sações e tratamentos voluntários Os direitos legais dos participantes não de vem ser desrespeitados Devese identificar uma pessoa de con tato que tenha conhecimento sobre a pesquisa para que os participantes que tenham dúvidas após a pesquisa possam esclarecêlas Podem surgir questões em qualquer uma das três áreas seguintes e essas áreas devem ser explicitamente iden tificadas e abordadas no processo e docu mentos de consentimento a experiência de pesquisa os direitos dos participantes e da nos relacionados à pesquisa Às vezes isso pode envolver mais de uma pessoa de con tato por exemplo ao encaminhar o sujeito ao IRB ou a um representante institucional Devese incluir uma declaração de partici pação voluntária que enfatize o direito do participante de retirarse da pesquisa a qual quer momento sem nenhuma penalidade 86 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister indivíduos específicos Em outras situações podemse usar sistemas codificados para proteger a confidencialidade dos participan tes Disseminar informações sensíveis sobre in divíduos ou grupos sem a sua permissão é uma quebra séria da ética Quando informações po tencialmente sensíveis sobre indivíduos são coletadas sem o seu conhecimento pex por um observador oculto o pesquisador pode contatar os indivíduos após as observações terem sido feitas e perguntar se pode usar as informações O pesquisador não pode ria usar as informações de sujeitos que ne gassem a sua permissão As decisões mais difíceis relacionadas com a privacidade en volvem situações em que existe um proble ma ético óbvio em uma dimensão mas não nas outras duas ou situações em que existe um leve problema em todas as três dimen sões Por exemplo o comportamento de in divíduos no ambiente escuro de um cinema parece ter o potencial de gerar informações sensíveis para o indivíduo mas pode ser ra zoavelmente classificado como público Sempre que possível devese explicar aos participantes de que maneira suas infor mações serão mantidas confidenciais para que possam avaliar por si mesmos se as me didas adotadas para garantir a sua proteção são razoáveis Implementar o princípio do consentimento informado exige que o pes quisador busque equilibrar a necessidade de investigar o comportamento humano por um lado com os direitos dos participan tes humanos por outro O engano na pesquisa psicológica O engano ocorre na pesquisa psicoló gica quando os pesquisadores omitem informações ou informam os partici pantes incorretamente de maneira in tencional sobre a pesquisa Por sua na tureza o engano viola o princípio ético do consentimento informado O engano é considerado uma estratégia de pesquisa necessária em certas pes quisas psicológicas Enganar indivíduos para fazêlos parti cipar da pesquisa sempre é eticamente incorreto Os pesquisadores devem ponderar cui dadosamente os custos do engano com os benefícios potenciais da pesquisa ao considerarem o uso de engano Figura 35 Nem sempre é fácil decidir o que é comportamento público e o que é compor tamento privado Metodologia de pesquisa em psicologia 87 Uma das mais controversas questões éticas relacionadas com a pesquisa é o uso de engano O engano pode ocorrer por omissão a ocultação de informações ou co missão informar os participantes incorreta mente e de forma intencional a respeito de um aspecto da pesquisa Certas pessoas ar gumentam que os sujeitos de pesquisa nun ca devem ser enganados pois a prática éti ca exige que a relação entre o pesquisador e o participante seja aberta e honesta pex Baumrind 1995 Para alguns o engano é moralmente repugnante não sendo dife rente de mentir O engano contradiz o prin cípio do consentimento informado Apesar da maior atenção dedicada ao engano na pesquisa nas últimas décadas o uso de en gano na pesquisa psicológica não diminuiu e continua sendo uma estratégia comum de pesquisa Sharpe Adair e Roese 1992 Por exemplo Skitka e Sargis 2005 analisaram psicólogos sociais que usaram a internet como ferramenta para coleta de dados e observaram que 27 dos estudos publica dos envolviam alguma forma de engano aos participantes da pesquisa Por que o engano ainda é tão usado apesar das controvérsias éticas Uma ra zão é que é impossível realizar certos tipos de pesquisa sem omitir informações dos participantes sobre alguns aspectos da pes quisa ver Figura 36 Em outras situações é necessário informálos incorretamente para que adotem certas atitudes ou com portamentos Por exemplo Kassin e Kiechel 1996 investigaram fatores que afetam o EXERCÍCIO II O código de ética da APA afirma que os psi cólogos podem dispensar o consentimento informado quando a pesquisa envolve uma observação naturalística ver o Padrão 805 Todavia como já vimos nem sempre é fácil decidir quando se está fazendo observação naturalística em um cenário público Con sidere os seguintes cenários de pesquisa e decida se você acha que deve ser pedido o consentimento informado dos participantes antes do pesquisador começar a pesqui sa Talvez você queira mais informações do pesquisador Nesse caso quais informa ções adicionais você gostaria de ter antes de decidir se o consentimento informado é necessário na situação Você verá que o consentimento informado pode ter um efei to dramático em uma situação de pesquisa Por exemplo exigir o consentimento infor mado pode tornar difícil para o pesquisador registrar o comportamento em condições naturais Esses são os dilemas da tomada de decisões ética 1 Em um estudo sobre o consumo de álcool por estudantes universitários um aluno de graduação que trabalha para um professor participa de uma festa em uma casa de estu dantes e registra a quantidade que os outros estudantes bebem na festa 2 Como parte de um estudo sobre a comuni dade gay um pesquisador gay entra para um time de basquete formado por gays com o objetivo de registrar comportamentos dos jogadores no contexto da competição es portiva durante a temporada Todos os jogos ocorrem em uma liga recreativa municipal com o público em geral como espectador 3 O comportamento em banheiros públicos pex puxar a descarga lavar as mãos jogar lixo grafitar de homens e mulheres é obser vado por pesquisadores de ambos os sexos escondidos nas cabines dos respectivos ba nheiros 4 Um aluno de pósgraduação quer investigar comportamentos ilícitos de estudantes uni versitários Ele se esconde em uma cabine de projeção em um auditório onde são adminis trados exames em turmas bastante grandes A partir de seu ponto de vista ele consegue ver os movimentos da maioria dos alunos com o auxílio de um binóculo Ele registra movimentos da cabeça trocas de papéis notas passadas de mão em mão o uso do telefone celular mensagens de texto e outros comportamentos considerados suspeitos na realização de exames 88 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister fato de se as pessoas confessam ter feito algo que não fizeram Seu objetivo era entender os fatores que levam suspeitos de crimes a confessar falsamente Em seu experimento a tarefa dos sujeitos era digitar cartas lidas em voz alta Elas recebiam a ordem de não tocar na tecla Alt enquanto digitassem pois isso travaria o computador O computador era programado para travar depois de um breve período e o pesquisador acusava o sujeito de ter pressionado a tecla Alt Embo ra nenhum dos participantes tivesse teclado Alt quase 70 deles assinaram uma confis são escrita dizendo que o tinham feito Se os participantes tivessem sabido antes que os procedimentos eram programados para evo car suas confissões falsas eles provavelmen te não teriam confessado A abertura neces sária para o consentimento informado teria impossibilitado estudar a probabilidade de que as pessoas fizessem uma confissão falsa Embora o engano às vezes seja justi ficado para possibilitar a investigação de perguntas de pesquisa importantes sempre é eticamente incorreto enganar os sujeitos com o propósito de fazêlos participar de uma pesquisa que envolva mais que o ris co mínimo Conforme explicitado no código de ética os psicólogos não enganam os sujeitos sobre pesquisas que se espera em um nível razoá vel que causem dor física ou estresse emocional severo Padrão 807b Um dos objetivos da pesquisa é observar o comportamento normal dos indivíduos Um pressuposto básico para o uso de engano é que às vezes é necessário ocultar a verda deira natureza de um experimento para que os participantes ajam como agiriam normal mente ou ajam de acordo com as instruções fornecidas pelo pesquisador Todavia podem surgir problemas com o uso frequente e ca sual de engano Kelman 1967 Se as pessoas acreditarem que os pesquisadores enganam os participantes com frequência elas po dem esperar que sejam enganadas quando participarem de um experimento psicológi co As suspeitas dos participantes quanto à pesquisa podem impedir que ajam normal mente ver Quadro 32 Isso é exatamente o contrário do que os pesquisadores esperam alcançar De maneira interessante Epley e Huff 1998 compararam diretamente as rea ções de participantes que foram ou não infor mados em uma sessão de debriefing de que haviam sido enganados Aqueles que foram informados do engodo se mostraram mais desconfiados em relação a pesquisas psico lógicas subsequentes do que os participantes Figura 36 Na década de 1960 os sujeitos dos experimentos de Stanley Milgram não eram informados de que o propósito da pesquisa era observar a obediência das pessoas à autoridade e muitos seguiam as instruções do pesquisador para dar choques elétricos severos em outro ser humano Ver Burger 2009 Metodologia de pesquisa em psicologia 89 Quadro 32 ENGANAR OU NÃO ENGANAR EIS UMA DIFÍCIL QUESTÃO Os pesquisadores continuam a usar práticas enganosas na pesquisa psicológica pex Sie ber Ianuzzo e Rodriguez 1995 O debate na comunidade científica com relação ao uso de engano também não arrefeçou ver por exem plo Bröder 1998 Fisher e Fryberg 1994 Ort mann e Hertwig 1997 Essa é uma questão complexa e aqueles que tomam parte no de bate às vezes discordam em relação à defini ção de engano ver Ortmann e Hertwig 1998 Fisher e Fryberg 1994 sintetizaram o debate da seguinte maneira os argumentos éticos têm enfocado em se práticas de pesquisa en ganosas se justificam com base em seu bene fício potencial para a sociedade ou se violam princípios morais de beneficência e respeito pelos indivíduos e as obrigações fiduciárias de psicólogos com sujeitos de pesquisa p 417 Isso é complicado vamos tentar decompôlo Um dos princípios morais da beneficên cia se refere à ideia de que as atividades de pesquisa devem ser beneficentes trazer bene fícios para os indivíduos e a sociedade Se o engano prejudica indivíduos ou a sociedade podese questionar a beneficência da pesqui sa O princípio moral do respeito pelos indi víduos é que as pessoas devem ser tratadas como pessoas e não como objetos de estu do por exemplo Esse princípio sugere que as pessoas têm o direito de fazer seus próprios juízos sobre os procedimentos e propósitos da pesquisa de que estão participando Fisher e Fryberg 1994 As obrigações fiduciárias dos psicólogos referemse às responsabilidades de indivíduos aos quais se confiaram outras pessoas mesmo que apenas temporariamente No caso da pesquisa psicológica considerase que o pesquisador tem responsabilidade pelo bemestar dos participantes durante o estudo e pelas consequências da sua participação Essas ideias e princípios talvez possam ser ilustradas com os argumentos de Baumrind 1985 que argumenta persuasivamente que o uso de engano intencional na situação de pesquisa é eticamente incorreto imprudente e injustificável cientificamente p 165 Especifi camente ela afirma que os custos do uso de engano para os participantes para a profissão e para a sociedade são grandes demais para jus tificar o seu uso continuado Embora esses ar gumentos sejam extensos e complexos vamos tentar fazer um breve resumo Primeiro segun do Baumrind o engano tem um custo para os participantes pois sabota a sua confiança em seu próprio juízo e em um fiduciário alguém que guarda algo para outra pessoa com base na confiança Quando os sujeitos da pesquisa descobrem que foram enganados Baumrind acredita que isso possa leválos a questionar o que aprenderam sobre si mesmos e leválos a desconfiar de pessoas pex cientistas so ciais que antes acreditavam que lhes dariam informações e orientações válidas Existe um custo para a sociedade porque os participan tes e a sociedade mais ampla logo entendem que os psicólogos são cheios de truques e não se deve confiar em suas instruções sobre a participação em pesquisas Se os participan tes tendem a suspeitar que os psicólogos estão mentindo podese questionar se o engano fun cionará conforme pretendia o pesquisador uma questão levantada anteriormente por Kelman 1972 Baumrind também argumenta que o uso de engano revela que os psicólogos estão dis postos a mentir o que aparentemente contradiz a sua suposta dedicação à busca da verdade Finalmente existe um prejuízo à sociedade pois o engano sabota a confiança das pessoas em especialistas e as torna desconfiadas de um modo geral de qualquer situação inventada É claro essas não representam as visões de todos os psicólogos ver Christensen 1988 Kimmel 1998 Milgram 1977 por exemplo sugere que práticas enganosas por parte de psicólogos na verdade são um tipo de ilusão técnica e devem ser permitidas nos interesses da investigação científica Afinal às vezes criamos ilusões na vida real para fazer as pes soas acreditarem em algo Ao ouvir um progra ma de rádio as pessoas geralmente não se importam com o fato de que o trovão que ou vem ou o som de um cavalo galopando é ape nas uma ilusão técnica criada por um especia lista em efeitos sonoros Milgram argumenta que as ilusões técnicas devem ser permitidas no caso da pesquisa científica Fazemos as 90 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister que não ficaram sabendo do engano À me dida que aumenta a frequência das pesquisas virtuais é importante que os pesquisadores prestem particular atenção no uso do engano não apenas por causa do potencial para au mentar a desconfiança da sociedade em rela ção aos pesquisadores como também porque o engano tem o potencial de envenenar um sistema ie a internet que as pessoas usam para apoio social e para se conectarem com outras pessoas Stikta e Sargis 2005 Kelman 1972 sugere que antes de usar engano o pesquisador considere seriamente 1 a importância do estudo para o nosso conhecimen to científico 2 a disponibilidade de métodos al ternativos sem engano e 3 a nocividade do engano Esta última consideração referese ao grau de engano envolvido e à possibilidade de dano aos participantes Na visão de Kel man somente se um estudo for muito im portante e não houver métodos alternativos disponíveis é que se pode justificar algo além da forma mais leve de engano p 997 Debriefing Os pesquisadores têm a obrigação ética de procurar maneiras de beneficiar os participantes mesmo depois da con clusão da pesquisa Uma das melhores maneiras de cumprir esse objetivo é proporcionando uma sessão detalhada de debriefing aos participantes O debriefing beneficia os participantes e os pesquisadores Os pesquisadores têm a obrigação ética de explicar o uso de engano aos partici pantes assim que possível O debriefing informa os participantes so bre a natureza da pesquisa e seu papel no estudo e o os instrui sobre o processo de pesquisa O objetivo geral do debrie fing é fazer os indivíduos se sentirem bem por sua participação O debriefing permite que os pesquisa dores aprendam como os participantes enxergam os procedimentos permite crianças acreditarem Quadro 32 continuação no Papai Noel Por que os cientistas não podem criar ilusões para aju dálos a entender o comportamento humano Assim como ilusões costumam ser cria das em situações da vida real segundo Mil gram pode haver uma suspensão de um prin cípio moral geral Se ficamos sabendo de um crime somos eticamente obrigados a relatálo às autoridades Por outro lado um advogado que recebe informações de um cliente deve considerar essas informações privilegiadas mesmo que revelem que o cliente é culpado Os médicos fazem exames bastante pessoais de nossos corpos Embora isso seja moral mente permissível no consultório médico o mesmo tipo de comportamento não seria acei to fora do consultório Milgram afirma que no interesse da ciência os psicólogos devem ter a permissão de ocasionalmente suspender o princípio moral da veracidade e honestidade Aqueles que defendem o engano citam estudos que mostram que os sujeitos geral mente não parecem reagir negativamente quando são enganados pex Christensen 1988 Epley e Huff 1998 Kimmel 1996 Em bora a desconfiança das pessoas em rela ção à pesquisa psicológica possa aumentar os efeitos gerais parecem ser pequenos ver Kimmel 1998 Entretanto a questão segun do aqueles que defendem o uso continuado do engano é resumida adequadamente por Kimmel 1998 uma regra absoluta que pro íba o uso de engano em qualquer pesquisa psicológica teria a egrégia consequência de impedir que os pesquisadores fizessem uma ampla variedade de estudos importantes p 805 Ninguém na comunidade científica su gere que as práticas enganosas devam ser tratadas superficialmente todavia para mui tos cientistas o uso do engano é menos noci vo para usar o termo de Kelman do que não ter o conhecimento obtido com tais estudos Você acha que se deve usar engano na pesquisa psicológica Metodologia de pesquisa em psicologia 91 insights sobre a natureza dos resultados da pesquisa e proporciona ideias para pesquisas futuras Ao longo dos anos muitos pesquisa dores caíram na armadilha de enxergar os sujeitos humanos em suas pesquisas como objetos dos quais podem obter dados para cumprir suas metas de pesquisa Os pesquisadores às vezes consideram que sua responsabilidade para com os participantes termina quando os últimos dados são coleta dos Com frequência um aperto de mão ou um muito obrigado era tudo que marcava o final de uma sessão de pesquisa Os parti cipantes provavelmente saíam com dúvidas por resolver sobre a situação de pesquisa e apenas com uma noção muito vaga sobre o seu papel no estudo Ao planejar e fazer pesquisa é importante considerar como a experiência pode afetar os participantes da pesquisa depois que a pesquisa está con cluída e procurar maneiras em que eles pos sam se beneficiar com a participação Essas preocupações partem diretamente de dois dos princípios morais identificados no códi go de ética da APA o da beneficência agir pelo bem da pessoa e respeitar os direitos e a dignidade das pessoas Anteriormente discutimos que prote ger a confidencialidade das respostas dos participantes beneficia tanto os participan tes protegendoos de danos sociais quanto o pesquisador pex aumentando a proba bilidade de que os participantes respondam de forma honesta De maneira semelhante fazer um rápido debriefing com os partici pantes ao final de uma sessão de pesquisa beneficia os participantes e o pesquisador Blanck et al 1992 Quando se usa engano na pesquisa o debriefing é necessário para explicar aos participantes a necessidade de enga no para abordar possíveis concepções errôneas que os participantes possam ter sobre sua parti cipação e para anular quaisquer efeitos nocivos resultantes do engano O debriefing também tem os importantes objetivos de instruir os par ticipantes sobre a pesquisa sua fundamentação método resultados e de deixálos com senti mentos positivos sobre a sua participação Os pesquisadores devem proporcionar oportu nidades para os participantes aprenderem mais sobre a sua contribuição específica para o projeto de pesquisa e se sentirem envolvidos em um nível mais pessoal no processo científico ver Figura 37 Após o debriefing os participantes do experimento de Kassin e Kiechel 1996 sobre confissões falsas relataram que consideraram o estudo significativo e acreditavam que a sua contri buição para a pesquisa havia sido valiosa O debriefing proporciona uma oportu nidade para os participantes aprenderem mais sobre seu desempenho específico no estudo e sobre a pesquisa em geral Por exemplo os participantes podem aprender que o seu desempenho individual em um estudo pode refletir as suas habilidades mas também fatores situacionais como o que o pesquisador pediu que fizessem e as condições do teste Como o valor educacio nal da participação em pesquisas psicoló gicas é usado para justificar o uso de gran des números de voluntários de classes de introdução à psicologia os pesquisadores que testam estudantes universitários têm a importante obrigação de garantir que a par ticipação em pesquisas seja uma experiência educativa Os professores às vezes baseiam se na fundamentação educacional do de briefing e pedem para seus alunos refletirem sobre o propósito do estudo as técnicas usadas e a significância da pesquisa para a compreensão do comportamento Uma ava liação desse procedimento mostrou que es tudantes que escreviam artigos e relatórios de pesquisa ficavam mais satisfeitos com a sua experiência de pesquisa e tinham mais benefícios educacionais em geral do que estudantes que não escreviam Richardson Pegalis e Britton 1992 O debriefing ajuda os pesquisadores a saber como os participantes enxergam os procedimentos do estudo O pesquisador talvez queira descobrir se os participantes percebiam um determinado procedimen to experimental da maneira que o pesqui sador pretendia Blanck et al 1992 Por 92 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister exemplo um estudo sobre como as pessoas respondem ao fracasso pode incluir tarefas que sejam impossíveis de cumprir Porém se os participantes não considerarem o seu desempenho um fracasso não há como tes tar a hipótese do pesquisador O debriefing permite que o pesquisador descubra se os participantes consideravam seu desempe nho um fracasso ou se eles reconheciam que o sucesso era impossível Ao tentar descobrir as percepções dos participantes do estudo os pesquisadores não devem pressionálos demais Os partici pantes da pesquisa geralmente querem aju dar no processo científico Os participantes podem saber que é possível que se omitam informações deles na pesquisa psicológica Talvez até temam arruinar a pesquisa se revelarem que na verdade sabiam detalhes importantes sobre o estudo pex que as tarefas eram impossíveis Para evitar esse problema possível o debriefing deve ser informal e indireto Isso costuma ser fei to usando questões gerais em um formato aberto pex sobre o que você acha que é este estudo ou o que você achou da sua experiência nesta pesquisa O pesquisa dor pode continuar com perguntas específi cas sobre os procedimentos da pesquisa No maior grau possível essas perguntas espe cíficas não devem dar dicas ao participante sobre as respostas esperadas Orne 1962 O debriefing também beneficia os pes quisadores pois proporciona dicas para pesquisas futuras e ajuda a identificar pro blemas em seus protocolos atuais Blanck et al 1992 p 962 O debriefing em outras palavras pode fornecer pistas das razões para o desempenho dos participantes que podem ajudar os pesquisadores a interpre tar os resultados do estudo Os pesquisa dores também podem descobrir ideias para pesquisas futuras durante as sessões de de briefing Finalmente os participantes às ve zes detectam erros em materiais experimen tais por exemplo informações ausentes ou instruções ambíguas e podem relatar tais erros para o pesquisador durante a sessão Figura 37 Uma sessão de debriefing informativa é crítica para garantir que os sujeitos da pesquisa tenham uma boa experiência Metodologia de pesquisa em psicologia 93 Como já dissemos o debriefing é bom para o participante e para o pesquisador Como o pesquisador está ausente em um ambiente de pesquisa virtual pode ser difícil fazer um processo de debriefing ade quado Esse aspecto da pesquisa pela inter net aumenta a lista de dilemas éticos repre sentados por esse tipo de pesquisa Kraut et al 2004 O fato de que os sujeitos vir tuais podem se retirar facilmente do estu do a qualquer momento é particularmente problemático nesse sentido Uma sugestão é programar o experimento de maneira tal que uma página de debriefing seja apresen tada automaticamente se um participante fechar a janela prematuramente Nosek et al 2002 Quando um estudo chega ao final os pesquisadores podem enviar um relató rio por email aos participantes resumindo os resultados do estudo para que possam entender melhor como os objetivos estavam relacionados com o resultado experimental Depois de um estudo pela internet o pes quisador pode disponibilizar material de debriefing em um website e inclusive atuali zar esses materiais à medida que chegam novos resultados ver Kraut et al 2004 Pesquisas com animais Os animais são usados na pesquisa para se obter conhecimento que beneficie os humanos por exemplo para ajudar a curar doenças Os pesquisadores têm a obrigação éti ca de adquirir cuidar usar e dispor de animais em obediência a leis e normas federais estaduais e municipais e com padrões profissionais O uso de animais na pesquisa envolve questões complexas e é tema de muito debate A cada ano milhões de animais são testados em pesquisas laboratoriais visan do responder uma ampla variedade de questões importantes Novas drogas são testadas em animais antes de serem usadas com seres humanos Substâncias introduzi das no ambiente são antes dadas a animais para testar os seus efeitos Os animais são expostos a doenças para que os pesquisa dores possam observar sintomas e testar as diversas curas possíveis Novos procedi mentos cirúrgicos especialmente aqueles que envolvam o cérebro costumam ser testados antes em animais Muitos animais também são estudados na pesquisa com portamental por exemplo por etologistas e psicólogos experimentais Por exemplo os modelos animais da relação entre o estres se e o diabetes ajudam os pesquisadores a entender os fatores psicossomáticos envol vidos no diabetes Surwit e Williams 1996 Essas pesquisas geram muitas informações que contribuem para o bemestar humano Miller 1985 No processo porém muitos animais são submetidos à dor ao desconfor to ao estresse à doença e à morte Embora os roedores particularmente ratos e camun dongos sejam o maior grupo de cobaias de laboratório os pesquisadores usam uma ampla variedade de espécies em suas inves tigações incluindo macacos peixes cães e gatos Com frequência animais específicos são escolhidos porque servem como mode los para as respostas humanas Por exem plo os psicólogos interessados na audição às vezes usam chinchilas como sujeitos pois seus processos auditivos são muito seme lhantes aos dos humanos O uso de animais como sujeitos de la boratório muitas vezes é considerado algo óbvio De fato a referência bíblica ao domí nio dos humanos sobre todas as criaturas inferiores costuma ser invocada para justifi car o uso de animais como sujeitos no labo ratório Johnson 1990 Todavia a pesquisa com sujeitos animais é justificada com ainda mais frequência pela necessidade de se ad quirir conhecimento sem colocar os humanos em perigo A maioria das curas drogas va cinas ou terapias é desenvolvida por expe rimentação com animais Rosenfeld 1981 Maestripieri e Carroll 1998 também apon tam que a investigação do maltrato natural de bebês em macacos pode informar os cien tistas sobre o abuso e negligência infantis 94 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Não obstante muitas questões foram le vantadas sobre o uso de sujeitos animais na pesquisa laboratorial Novak 1991 Shapiro 1998 Ulrich 1991 Essas questões incluem a mais básica se devemos sequer usar animais em pesquisas científicas bem como pesqui sas importantes sobre o cuidado e a proteção de sujeitos animais ver Figura 38 De for ma clara segundo o código de ética da APA o pesquisador que usa sujeitos animais em uma pesquisa tem a obrigação ética de adquirir cui dar usar e dispor de animais em obediência a leis e normas federais estaduais e municipais e com padrões profissionais Respondendo em parte a preocupações expressadas por membros de grupos de defesa dos direitos dos animais durante a década de 1980 os pesquisadores devem satisfazer muitas exigências federais estaduais e municipais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos ver Natio nal Research Council 1996 Essas normas costumam ser bem recebidas por membros da comunidade científica e muitos pesqui sadores que trabalham com animais par ticipam de grupos que buscam proteger os animais usados em laboratório A APA de senvolveu uma lista de diretrizes específicas a serem seguidas quando se usam animais como sujeitos na pesquisa psicológica Essas diretrizes podem ser encontradas na página da internet mantida pelo Comitê sobre Pes quisa com Animais e Ética CARE da APA no endereço wwwapaorgscienceleader shipcareindexaspx A pesquisa com animais é uma atividade altamente regulamentada que tem o objetivo maior de proteger o bemestar dos animais usados na pesquisa Somente indivíduos qualificados para fazer pesquisa e manuse ar as espécies específicas usadas devem ter permissão para trabalhar com os animais Animais somente podem ser submetidos a dor ou desconforto quando não houver pro cedimentos alternativos e quando os obje tivos científicos educacionais ou aplicados justificarem os procedimentos Como discuti mos antes atualmente existem Comitês Ins titucionais para o Uso e Cuidado de Animais IACUCs nas instituições de pesquisa que recebem verbas do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos Esses comitês determi nam a adequação dos procedimentos para controlar a dor executar eutanásia abrigar os animais e treinar pessoal qualificado Os IACUCs também determinam se os desenhos experimentais são suficientes para obter in formações novas e relevantes e se o uso de um modelo animal é apropriado ou se po dem ser usados modelos sem animais pex simulações no computador Holden 1987 Entretanto como com qualquer ques tão eticamente sensível devemos fazer con Figura 38 As diretrizes éticas para o uso de animais na pesquisa dispõem sobre a ma neira como os animais podem ser tratados antes durante e depois de serem testados Metodologia de pesquisa em psicologia 95 cessões com relação ao uso de animais na pesquisa Por exemplo até que se encon trem alternativas à pesquisa com animais a necessidade de fazer pesquisa usando ani mais como sujeitos para combater doenças e o sofrimento de seres humanos deve ser ponderada com a necessidade de proteger o bemestar dos animais na pesquisa laborato rial Goodall 1987 Conforme o exCEO da APA Raymond Fowler também é impor tante que o uso de sujeitos animais não seja restrito quando a aplicação da pesquisa não for imediatamente visível Fowler 1992 A alegação de que a pesquisa com animais não tem valor porque nem sempre pode ser rela cionada com aplicações potenciais é uma ale gação que pode ser feita contra toda a pesqui sa básica Essa acusação ameaça o alicerce intelectual e científico de toda a psicologia incluindo cientistas e profissionais p 2 Embora poucos cientistas discordem da visão de que é necessário haver restrições para prevenir o sofrimento desnecessário de animais a maioria quer evitar o atoleiro de restrições burocráticas e custos elevados que prejudicariam a pesquisa Feeney 1987 sugere que restrições severas e custos ele vados bem como a publicidade negativa e demonstrações emocionais ocasionais dirigida a indivíduos e instituições por ex tremistas de grupos ativistas que defendem os animais podem impedir que jovens cien tistas entrem para o campo da pesquisa ani mal Se isso ocorrer doentes atualmente incuráveis ou paralíticos serão privados da esperança que advém da pesquisa científica De forma clara as muitas questões envolvi das no debate sobre a relevância da pesquisa animal para a condição humana são comple xas ver Quadro 33 Ulrich 1992 disse bem a discussão dessas questões deve ser abor dada com sabedoria e equilíbrio p 386 Publicação de pesquisas psicológicas Os pesquisadores tentam comunicar os resultados das suas pesquisas em pe riódicos científicos revisados por seus pares e o código de ética da APA traz diretrizes para esse processo As decisões sobre quem deve receber crédito nas publicações baseiamse na importância da contribuição para o co nhecimento A publicação ética de pesquisas exige reconhecer o trabalho de outras pes soas usando citações e referências adequadas a falta desse procedimento pode resultar em plágio A citação adequada inclui usar aspas quando se tira material diretamente de uma fonte e citar fontes secundárias quan do a fonte original não for consultada Um projeto de pesquisa concluído co meça sua jornada para se tornar parte da literatura científica quando o pesquisador principal escreve um manuscrito para sub meter a uma das dezenas de revistas cien tíficas relacionadas com a psicologia ver o Capítulo 13 para informações sobre esse processo de publicação O principal objeti vo de publicar pesquisas em um periódico de psicologia é comunicar os resultados do estudo aos membros da comunidade cien tífica e à sociedade em geral Publicar pes quisas em periódicos também é um modo de aumentar a reputação do pesquisador e mesmo a reputação da instituição que pa trocinou a pesquisa Porém publicar os re sultados de uma investigação científica nem sempre é um processo fácil especialmente se o pesquisador quiser publicar em uma das revistas científicas prestigiosas Devido à importância de publicar para a ciência da psicologia o código de ética da APA tem di retrizes para esse processo Os padrões éticos que cobrem a publi cação dos resultados de uma investigação científica parecem mais claros do que nas outras áreas do código de ética que discuti mos Mesmo nesse caso contudo as decisões éticas quanto a questões como atribuir crédi to na publicação e o plágio nem sempre são claras A execução de um projeto de pesquisa envolve muitas pessoas Colegas dão suges tões sobre o delineamento do estudo alunos de graduação ou pósgraduação ajudam o 96 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister pesquisador testando sujeitos e organizan do dados técnicos constroem equipamento especializado e consultores especializados dão orientações sobre análises estatísticas Ao preparar um manuscrito para publica ção será que todos esses indivíduos devem ser considerados autores do estudo O crédito na publicação referese ao processo de identificar como autores os indivíduos que fizeram contribuições significativas para o projeto de pesquisa Como a autoria de um estudo científico publicado frequentemente é usada para medir a competência e motivação de um indivíduo em um campo científico é importante reconhecer de forma justa aqueles que contribuíram para um projeto Nem sempre é fácil decidir se a contri buição que um indivíduo fez para um pro jeto de pesquisa justifica ser autor de um artigo científico ou se a contribuição des se indivíduo deve ser reconhecida de um modo menos visível como em uma nota de rodapé Além disso quando a autoria é decidida também se deve decidir a ordem dos nomes dos autores O primeiro autor de um artigo com vários autores geralmen te indica uma contribuição maior do que o segundo autor que é maior do que a do terceiro etc As decisões ligadas à autoria devem se basear principalmente em termos da importância acadêmica da contribuição pex ajudar nos aspectos conceituais do estudo e não no tempo e energia investi dos no estudo ver Fine e Kurdek 1993 As preocupações éticas associadas à atribuição da autoria podem tomar muitas formas Por exemplo não apenas é etica mente incorreto que um membro do corpo docente assuma o crédito pelo trabalho de um estudante como também é não ético que estudantes recebam crédito imerecido como autores Esta última situação pode Quadro 33 O STATUS MORAL DE HUMANOS E NÃO HUMANOS A tomada de decisões éticas muitas coloca posições filosóficas opostas em conflito Isso é visto claramente no debate sobre o uso de animais na pesquisa No centro desse debate está a questão do status moral de seres hu manos e animais não humanos Conforme o filósofo australiano Peter Singer 1990 p 9 dois princípios morais geralmente aceitos são 1 Todos os seres humanos têm igual status moral 2 Todos os seres humanos têm status moral superior aos animais não humanos Assim prossegue Singer com base nes ses princípios costumase aceitar que de vemos colocar o bemestar humano à frente do sofrimento de animais não humanos essa premissa é refletida em nosso tratamento de animais em muitas áreas incluindo a agrope cuária a caça a experimentação e o entrete nimento p 9 Todavia Singer não concorda com es sas visões comuns Ele argumenta que não existe justificativa ética racional para sempre colocar o sofrimento humano à frente do de animais não humanos p 9 A menos que apelemos para pontos de vista religiosos que Singer rejeita como base para tomar decisões em uma sociedade pluralista não existe se gundo Singer nenhum status moral especial em ser humano Essa posição tem raízes na tradição filosófica conhecida como utilita rismo que começa com os escritos de David Hume 17111776 e Jeremy Bentham 1748 1832 bem como John Stuart Mill 18061873 Rachels 1986 Basicamente esse ponto de vista sustenta que sempre que tivermos opções entre ações alternativas devemos escolher aquela que tiver as melhores conse quências gerais gera mais felicidade para todos os envolvidos O que importa nessa visão é se o indivíduo em questão é capaz de sentir felicidadeinfelicidade prazerdor o fato de esse indivíduo ser humano ou não humano é irrelevante Rachels 1986 O que você acha do status moral de hu manos e animais e sua relação com a pesqui sa psicológica Metodologia de pesquisa em psicologia 97 ocorrer por exemplo em uma tentativa equivocada de um orientador de proporcio nar vantagem a um aluno que compete por uma vaga em um programa de pósgradua ção competitivo Segundo Fine e Kuderk 1993 conferir crédito imerecido a estudan tes como autores pode representar incorre tamente o conhecimento do aluno dar a ele uma vantagem injusta sobre os colegas e talvez levar outras pessoas a criarem expec tativas impossíveis para o estudante Esses autores recomendam que docentes e discen tes colaborem no processo de determinar os créditos por autoria e discutam no começo do projeto o nível de participação que jus tificará crédito como autor Devido a dife renças de poder e posição entre docentes e discentes o professor deve fazer discussões sobre o crédito por autoria para alunos cola boradores ver Behnke 2003 Uma área bastante problemática de preocupação na publicação de pesquisas não apenas para os profissionais mas muitas vezes para estudantes é o plágio Mais uma vez o padrão ético parece suficientemente claro não apresente porções ou elementos substanciais do trabalho de outrem como se fossem seus Mas o que constitui porções ou elementos substanciais e como se evita de passar a impressão de que o trabalho de outrem é nosso Tomar essas decisões pode ser como andar na corda bamba De um lado está o objetivo pessoal de ser reconhecido por fazer uma contribuição para o conheci mento do outro existe a obrigação ética de reconhecer as contribuições prévias que ou tros fizeram O fato de que profissionais e estudantes cometem atos de plágio sugere que muitas pessoas fogem da corda bamba buscando reconhecimento em vez de dar o devido crédito ao trabalho de outros Às vezes os atos de plágio resultam de relaxamento deixar de conferir uma fonte para verificar que uma ideia não se origina de outra pessoa por exemplo Erros desse tipo ainda são plágio a ignorância não é uma desculpa legítima É muito fácil cometer erros Por exemplo os pesquisadores e estudan tes ocasionalmente perguntam quanto de um texto pode ser usado sem colocálo entre aspas ou identificar a sua fonte Um elemen to substancial pode ser uma única palavra ou expressão curta se servir para identificar uma ideia ou conceito básico que resulte do pensamento de outro autor Como não exis tem diretrizes claras para quanto material constitui um elemento substancial de uma obra os estudantes devem ser particular mente cautelosos ao se referirem ao trabalho de outros autores Às vezes especialmente entre estudantes o plágio pode resultar da falta de aspas em trechos tirados diretamen te de uma fonte Sempre que se tirar material diretamente de uma fonte ele deve ser colocado entre aspas identificandose a fonte adequada mente Também é importante citar a fonte do material que incluir em seu artigo quan do parafrasear ie reescrever o material O princípio ético é que você deve citar as fontes de suas ideias quando usar as palavras exatas e quando parafrasear Ver a Tabela 31 para exemplos de citações corretas e incorretas Também ocorre plágio quando os indi víduos não reconhecem fontes secundárias Uma fonte secundária é aquela que discute o trabalho original de outro autor As fontes secundárias incluem livros e revisões pu blicadas de pesquisas como aquelas que aparecem em periódicos científicos como o Psychological Bulletin Quando sua única fonte para uma ideia ou resultados for uma fonte secundária sempre é eticamente in correto publicar a informação de um modo que sugira que você consultou a obra original É muito melhor tentar localizar e ler a fonte original do que citar uma fonte secundária Se isso não for possível você deve infor mar o leitor de que não leu a fonte original usando uma frase como citado em ao se referir ao trabalho original Citando a fonte secundária você está dizendo ao leitor que está apresentando a interpretação de outra pessoa para o material original Mais uma vez a ignorância quanto à forma apropria da da citação não é uma desculpa aceitável e em ocasiões desastrosas pesquisadores professores e estudantes tiveram suas car reiras arruinadas por acusações de plágio 98 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Passos para adesão à ética Tomar decisões com ética envolve revi sar os fatos sobre a situação de pesquisa proposta identificar questões e diretri zes relevantes e considerar pontos de vista múltiplos e métodos ou procedi mentos alternativos Os autores que submetem manuscritos de pesquisa a uma revista da APA tam bém devem submeter formulários que descrevam a sua conformidade com os padrões éticos Será que os sujeitos de pesquisa devem ser colocados em risco de sofrer danos sé rios para se adquirirem informações sobre o comportamento humano Será que os psi cólogos precisam usar engano É aceitável permitir que animais sofram no decorrer da pesquisa Essas perguntas que fazem parte da tomada de decisões éticas são difíceis de responder e exigem um processo criterioso de tomada de decisões que no final pode levar a respostas que não deixem todos fe lizes Um processo decisório eticamente informado deve conter os seguintes passos Revise os fatos da situação de pesqui sa proposta pex participantes pro cedimento Identifique as questões éticas diretrizes e leis relevantes Considere os diversos pontos de vista pex dos sujeitos pesquisadores insti tuições sociedade valores morais Considere métodos ou procedimentos alternativos e suas consequências in cluindo as consequências de não fazer a pesquisa proposta Com uma consideração cuidadosa desses fatores uma decisão correta de proceder com a pesquisa proposta baseia se em uma revisão diligente da pesquisa e questões éticas e não apenas no que pode deixar o pesquisador ou outros indivíduos felizes Os autores de manuscritos submetidos a um periódico da APA devem submeter formulários declarando sua adesão aos padrões éticos ver Manual de Publicação da APA Esses formulários podem ser encon trados no Manual bem como na página de periódicos da APA httpwwwapaorg pubsjournals É claro que deve haver uma consideração de questões éticas antes de se iniciar um projeto de pesquisa duran te o processo de pesquisa em si à medida que surgirem problemas pex as reações imprevistas dos participantes e na prepa ração para discutir com editores e reviso res da revista selecionada para submeter o manuscrito Para ajudar a garantir a adesão à ética em todo o processo de pesquisa a Tabela 31 Exemplo de plágio e citação correta Texto original Exemplo de uma citação direta correta Informada pela jurisprudência a polícia usa diversos métodos de investigação incluindo a apresentação de evidências falsas pex resultados falsos do polígrafo impressões digitais ou outros testes forênsicos testemunhas forjadas apelos a Deus e à religião amizades simuladas e o uso de informantes na prisão Kassin e Kiechel 1996 p 125 Exemplo de plágio sem citação acompanhando o material parafraseado Pesquisas sobre métodos enganosos de interrogatório para obter confissões são importantes porque a polícia usa evidências falsas pex resultados de testes falsos e testemunhas falsas ao interrogar suspeitos Os policiais também pressionam os suspeitos fingindo ser seus amigos Material parafraseado com citação correta Pesquisas sobre métodos enganosos de interrogatório para obter confissões são importantes porque a polícia usa evidências falsas pex resultados de testes falsos e testemunhas falsas ao interrogar suspeitos Kassin e Kiechel 1996 Além disso Kassin e Kiechel afirmam que os poli ciais pressionam os suspeitos fingindo ser seus amigos Baseada na Tabela 34 Zechmeister Zechmeister e Shaughnessy 2001 p 71 Metodologia de pesquisa em psicologia 99 APA publicou a Lista de Verificação de Con formidade Ética ver Manual de Publicação da APA A lista cobre muitas das questões éticas discutidas neste capítulo incluindo revisão institucional consentimento infor mado tratamento de sujeitos animais se aplicável citações adequadas de outros trabalhos publicados e a ordem dos autores Lembre a revisão cuidadosa dessas ques tões e outras descritas nos formulários da APA deve ser feita antes de começar a sua pesquisa Resumo A pesquisa psicológica suscita muitas ques tões éticas Assim antes de começar um projeto de pesquisa você deve considerar as questões éticas específicas do código de ética da APA e as leis e normas que são re levantes para o seu projeto Na maioria dos casos devese obter aprovação institucional formal por exemplo de um IRB ou IACUC antes de começar a pesquisa Uma das funções de um IRB é chegar a um consenso quanto à razão riscobenefício da pesquisa proposta O risco pode envolver danos físi cos psicológicos ou sociais Devese obter o consentimento informado de sujeitos huma nos na maioria das pesquisas psicológicas Os pesquisadores devem adotar medidas especiais para proteger os sujeitos humanos quando houver mais do que o risco míni mo e fazer o debriefing adequado após a sua participação Questões éticas sérias ocorrem quando os pesquisadores omitem infor mações dos participantes ou os informam incorretamente sobre a natureza da pesqui sa Quando se usa engano a sessão de de briefing deve informar aos participantes as razões para tal O debriefing também pode ajudar os participantes a se sentirem mais envolvidos na situação de pesquisa além de ajudar o pesquisador a saber como os participantes perceberam o tratamento ou tarefa A pesquisa pela internet traz novos dilemas éticos para o pesquisador sendo necessário buscar orientação com membros do IRB bem como pesquisadores experien tes com coleta de dados pela internet antes de planejar o estudo Os psicólogos que testam sujeitos ani mais devem obedecer uma variedade de diretrizes federais e estaduais e de um modo geral devem proteger o bemestar dos animais Os animais somente podem ser submetidos a dor ou desconforto quan do não houver procedimentos alternativos disponíveis e quando se considera que os objetivos da pesquisa justificam os procedi mentos em termos do seu valor científico educacional ou aplicado Até que se pos sam encontrar alternativas à pesquisa com animais muitas pessoas aceitam a conces são de fazer pesquisas usando sujeitos ani mais para combater doenças e sofrimento protegendose o bemestar dos animais na pesquisa laboratorial A publicação dos resultados de estu dos psicológicos deve ocorrer de um modo que dê o crédito adequado aos indivíduos que contribuíram para o projeto Quando um trabalho já publicado contribui para o pensamento de um pesquisador sobre seu projeto de pesquisa o pesquisador deve reconhecer essa contribuição citando ade quadamente os indivíduos que publicaram o trabalho anterior Não fazer isso represen ta um problema ético sério plágio Tomar decisões com ética envolve revisar os fatos sobre a situação de pesquisa proposta iden tificar questões e diretrizes relevantes e con siderar pontos de vista múltiplos e métodos ou procedimentos alternativos Os autores que submetem manuscritos de pesquisa a um periódico da APA também devem sub meter formulários que descrevam a sua conformidade com os padrões éticos 100 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Conceitos básicos razão riscobenefício 77 risco mínimo 79 consentimento informado 81 privacidade 84 engano 87 debriefing 91 plágio 97 Questões de revisão 1 Explique por que os pesquisadores sub metem propostas de pesquisa a Comitês de Revisão Institucional IRBs e Comitês Institucionais para o Uso e Cuidado de Animais IACUCs antes de começarem um projeto de pesquisa e descreva sucin tamente as funções desses comitês no pro cesso de pesquisa 2 Explique como a razão riscobenefício é usada para tomar decisões éticas Que fa tores contribuem para julgar os benefícios potenciais de um projeto de pesquisa 3 Explique por que a pesquisa não pode ser isenta de riscos e descreva o padrão que os pesquisadores usam para determinar se os sujeitos de pesquisa estão em ris co Descreva sucintamente como as ca racterísticas dos participantes da pesquisa podem afetar a avaliação do risco 4 Diferencie três tipos possíveis de risco que podem estar presentes na pesquisa psico lógica físico psicológico social Como os pesquisadores costumam se proteger con tra a possibilidade de risco social 5 Quais são três questões éticas importantes suscitadas pela pesquisa virtual 6 Que informações o pesquisador tem a obrigação ética de deixar claras para o participante para obter seu consentimento informado Em que condições o código de ética da APA indica que pode não ser ne cessário obter consentimento informado 7 Quais são as três dimensões que Diener e Crandall 1978 recomendam que os pesquisadores considerem ao tentarem decidir se uma informação é pública ou privada 8 Explique por que o engano pode às vezes ser necessário na pesquisa psicológica Descreva sucintamente as perguntas que os pesquisadores devem fazer antes de usarem engano e descreva as condições em que sempre é eticamente incorreto en ganar os participantes 9 De que maneiras o debriefing pode bene ficiar o participante De que maneiras o debriefing pode beneficiar o pesquisador 10 Que obrigações éticas são especificadas no código de ética da APA para pesquisado res que usam animais em suas pesquisas 11 Que condições são exigidas pelo código de ética da APA antes que se possa sub meter animais a estresse ou dor 12 Explique como os pesquisadores decidem quando um indivíduo pode receber crédi to como autor de um artigo científico pu blicado 13 Descreva os procedimentos que um au tor deve seguir para evitar plágio ao citar informações de uma fonte original ou de uma fonte secundária 14 Identifique os passos em um processo de cisório eticamente informado com relação à adequação de implementar o projeto de pesquisa proposto 15 Segundo a APA o que os autores devem incluir quando submeterem um manus crito de pesquisa a um períodico da APA Metodologia de pesquisa em psicologia 101 DESAFIOS Obs Ao contrário de outros capítulos este capítulo não fornece respostas para os De safios ou Exercícios Para resolver dilemas éticos você deve ser capaz de aplicar os pa drões éticos adequados e chegar a uma deci são sobre a pesquisa proposta após discutir com outras pessoas cuja formação e conhe cimento difiram do seu Portanto você deverá considerar pontos de vista diferentes do seu Sugerimos que você aborde esses problemas como parte de uma discussão em grupo so bre essas questões importantes Os dois primeiros desafios deste capítulo envolvem uma proposta hipotética de pesqui sa envolvendo uma fundamentação e metodo logia semelhantes às de pesquisas verdadeiras publicadas Para responder essas perguntas você deverá se familiarizar com os princípios éticos da APA e outros materiais sobre a to mada de decisões ética apresentados neste capítulo incluindo os passos recomendados apresentados ao final do capítulo Como você verá sua tarefa é decidir se padrões éticos específicos foram violados e fazer recomen dações sobre a pesquisa proposta incluindo a recomendação mais básica de se o pesquisa dor deve ter permissão para continuar 1 Proposta ao IRB Instruções Suponhamos que você seja membro de um Comitê de Revisão Ins titucional IRB Além de você o comitê é composto por um psicólogo clínico um psicólogo social um assistente so cial um filósofo um ministro protestante um professor de história e um executivo empresarial respeitado na comunidade O texto a seguir é um resumo da pro posta de pesquisa que foi submetido ao IRB para revisão Você deve consi derar as perguntas que gostaria de fazer ao pesquisador e se deveria aprovar a realização do estudo em sua instituição na forma atual se devem ser feitas mo dificações antes da aprovação ou se a proposta não deve ser aprovada Uma proposta de pesquisa verdadeira subme tida ao IRB incluiria mais detalhes do que apresentamos aqui Fundamentação A conformidade psico lógica ocorre quando as pessoas aceitam as opiniões ou juízos de outras pessoas na ausência de razões significativas para tal ou ante evidências do contrário Pes quisas anteriores investigaram as con dições nas quais é provável haver con formidade e mostraram por exemplo que a conformidade aumenta quando as pessoas preveem a ocorrência de si tuações desagradáveis pex choque e quando a pressão para se conformar vem de indivíduos com quem os indivíduos se identificam A pesquisa proposta analisa a conformidade psicológica no contexto de discussões sobre o consumo de ál cool entre estudantes menores de idade O objetivo da pesquisa é identificar os fatores que contribuem para a disposi ção dos estudantes para participarem de situações sociais onde se serve álcool para menores e se permite que pessoas visivelmente embriagadas dirijam um au tomóvel Esta pesquisa busca investigar a conformidade em um cenário natural e em circunstâncias onde é possível evitar situações desagradáveis pex penali dades legais suspensão da escola ou mesmo a morte não se conformando à pressão dos pares Método A pesquisa envolverá 36 estu dantes idades 1819 que se ofereceram como voluntários para participar de um projeto de pesquisa que investigaria as crenças e atitudes dos estudantes de hoje Os participantes serão divididos em grupos de discussão com quatro pessoas Cada pessoa do grupo receberá as mes mas 20 perguntas para responder contu do elas deverão discutir cada pergunta com os membros do grupo antes de escre verem suas respostas Quatro das 20 per guntas lidam com o consumo de álcool por pessoas com menos de 21 anos a idade legal nos Estados Unidos e com ações que podem ser feitas para reduzir os casos de adolescentes que dirigem alcoolizados O pesquisador apontará um membro do 102 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister grupo como DESAFIOS CONTINUAÇÃO líder da discussão Sem que os sujeitos saibam eles serão divididos aleatoriamente em três grupos diferentes Em cada grupo haverá 0 1 ou 2 estudan tes que na verdade estarão trabalhando para o pesquisador Cada um desses cúmplices receberá informações prévias do pesquisador sobre o que dizer durante as discussões em grupo sobre as ques tões críticas relacionadas com o consumo de álcool por menores O uso de cúmpli ces na pesquisa psicológica é discutido no Capítulo 4 Especificamente os cúmplices deverão seguir um roteiro que apresenta o argumento de que a maioria das pessoas que chega à idade legal para dirigir 16 e todos os indivíduos que têm idade para votar em eleições nacionais 18 e servir nas forças armadas têm idade suficiente para tomar suas próprias decisões quanto ao consumo de álcool ademais como fica a cargo de cada indivíduo tomar essa deci são outros indivíduos não têm o direito de intervir se alguém abaixo da idade legal decidir beber Cada um dos cúmplices admite ter bebido em pelo menos duas ocasiões anteriores Assim a manipulação experimental envolve 0 1 ou 2 pessoas nos grupos de quatro pessoas sugerindo que não acreditam que estudantes tenham a responsabilidade de evitar situações em que se serve álcool a menores ou de inter vir quando alguém resolve beber e dirigir O efeito desse argumento sobre as respostas escritas dos sujeitos verdadeiros do expe rimento será avaliado Além disso serão feitas fitas de áudio das sessões sem o co nhecimento dos sujeitos e o conteúdo dessas gravações será analisado Depois do experimento a natureza do engano e as razões para fazer gravações das discus sões serão explicadas aos participantes 2 Proposta ao IACUC Instruções Suponhamos que você é membro de um Comitê Institucional para o Uso e Cuidado de Animais IACUC Além de você o comitê compreende um veterinário um biólogo um filósofo e um empresário respeitado na comunidade O texto a seguir é um resumo de uma pro posta de pesquisa que foi submetida ao IACUC para revisão Você deve conside rar as perguntas que gostaria de fazer ao pesquisador e se você aprovaria a exe cução desse estudo em sua instituição em sua forma atual se devem ser feitas modificações antes da aprovação ou se a proposta não deve ser aprovada Uma proposta de pesquisa verdadeira subme tida a um IACUC teria mais detalhes do que apresentamos aqui Fundamentação Os pesquisadores buscam investigar o papel de estruturas subcorticais do sistema límbico na mode ração da emoção e agressividade Essa proposta baseiase em pesquisas ante riores do mesmo laboratório que mostra ram uma relação significativa entre lesões em diversas áreas cerebrais subcorticais de macacos e alterações na alimentação agressividade e outros comportamentos sociais pex cortejo As áreas sob inves tigação são aquelas que às vezes são ex tirpadas em psicocirurgias com humanos ao se tentar controlar comportamentos hiperagressivos e violentos Além disso acreditase que a área subcortical especí fica que é foco da presente proposta este ja envolvida em controlar certas atividades sexuais que às vezes são objeto de trata mento psicológico pex hipersexualida de Estudos anteriores não conseguiram identificar as áreas exatas que se acredita estarem envolvidas em controlar esses comportamentos a pesquisa proposta busca melhorar esse conhecimento Método Dois grupos de macacos rhesus serão os sujeitos Um grupo N 4 será um grupo controle Esses animais farão uma operação simulada que envolve anestesiálos e fazer um furo no crânio Esses animais serão testados e avaliados da mesma maneira que os animais experi mentais O grupo experimental n 4 pas sará por uma operação para lesionar uma pequena parte de uma estrutura subcorti Metodologia de pesquisa em psicologia 103 cal chamada de amígdala DESAFIOS CONTINUAÇÃO Dois dos ani mais terão lesões em um local os dois restantes receberão lesões em outro local dessa estrutura Depois da recuperação todos os animais serão testados em uma variedade de testes para avaliar suas pre ferências alimentares comportamentos sociais com macacos do mesmo sexo e do sexo oposto e responsividade emocio nal pex reações a um estímulo de medo novo um pesquisador com máscara de palhaço Os animais serão abrigados em um laboratório moderno as operações se rão realizadas e recuperadas com monito ramento por um veterinário licenciado Depois dos testes os animais experimen tais serão sacrificados e os cérebros se rão preparados para exame histológico A histologia é necessária para confirmar o lócus e o nível das lesões Os controles não serão mortos sendo devolvidos à co lônia para uso em experimentos futuros 3 Pesquisas realizadas por Stanley Milgram sobre a adesão levaram a uma grande dis cussão sobre as questões éticas relacio nadas com o uso de engano em pesquisas psicológicas ver o Quadro 32 A adesão envolve a probabilidade de uma pessoa seguir as instruções dadas por uma fi gura de autoridade Para a Parte A desta questão você deverá ler um resumo des crevendo o procedimento básico que Mil gram usou em seus experimentos Depois deverá tratar esse resumo como se fosse uma proposta de pesquisa submetida a um IRB do qual faz parte Para a segunda parte da questão você deve considerar a informação adicional contida na Parte B relacionada com a pesquisa de Milgram sobre a adesão usando esse paradigma Então você deverá explicar por que mu daria ou não mudaria a decisão que tomou com base em sua revisão na Parte A A Duas pessoas chegam em um labora tório de psicologia supostamente para participarem de um experimento de aprendizagem Elas são informadas de que o estudo dizia respeito aos efeitos da punição sobre a aprendizagem Os indivíduos sorteiam papéis para deter minar quem seria o professor ou o aprendiz Uma pessoa na verdade é cúmplice do pesquisador e o sorteio é armado de modo que o sujeito real sempre receba o papel de professor O sujeito assiste enquanto o aprendiz é levado para uma sala adjacente e amarrado a uma cadeira com um ele trodo conectado ao pulso O sujeito então ouve o pesquisador dizer que o aprendiz receberá um choque elétrico por cada erro cometido enquanto aprende uma lista de pares de pala vras O professor é levado ao laborató rio que contém um grande gerador elétrico com 30 alavancas Cada ala vanca é rotulada com uma voltagem de 15 a 450 volts e junto às alavan cas existem rótulos verbais descre vendo a quantidade de choque por exemplo choque leve choque for te perigo choque severo Duas ala vancas após a última descrição verbal simplesmente têm o rótulo XXX O pro fessor recebe um choque como teste e é informado a administrar o choque elétrico sempre que o aprendiz come ter um erro As respostas do aprendiz são comunicadas por um conjunto de quatro botões que acendem um núme ro acima do gerador elétrico O profes sor também é informado a aumentar o choque em um nível após cada res posta errada À medida que o experi mento avança o aprendiz faz vários protestos contra os choques Essas queixas podem ser ouvidas pelas pa redes da sala e envolviam gritos indi cando que os choques estão se tor nando mais dolorosos e mais adiante que o aprendiz quer que o pesquisador termine o procedimento Quando o professor coloca a alavanca em 180 volts o aprendiz grita não aguento mais e aos 270 volts dá um grito agonizante Aos 300 volts o aprendiz grita não vou mais responder mas continua a gritar Depois que a alavan 104 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister ca DESAFIOS CONTINUAÇÃO correspondente a 330 volts é pres sionada não se ouve mais o aprendiz O aprendiz na verdade não recebe choques de verdade e a principal va riável dependente é o choque máximo que o sujeito daria em resposta às or dens do pesquisador Todos os parti cipantes recebem um debriefing após o experimento e às vezes o pesquisa dor conversa com um participante por algum tempo Todos também recebem um questionário de avaliação Antes de conduzir o experimento Milgram descreveu o procedimento planejado para 37 psiquiatras nenhum previu que os sujeitos administrariam o cho que máximo B Milgram fez mais de uma dúzia de ex perimentos usando esse procedimento ver Milgram 1974 Em um experimen to em que o professor podia ouvir os gritos do aprendiz mas não o enxerga va aproximadamente 60 dos sujeitos deram o choque máximo no aprendiz A principal justificativa para continuar essa linha de pesquisa após um re sultado tão inesperado é que aparen temente nenhum dos participantes foi seriamente machucado pelo experi mento e que uma grande maioria 84 disse que ficava feliz que havia sido um experimento Muitos participantes 74 responderam ao questionário de avaliação dizendo que haviam ganho algo de valor pessoal com a experiên cia Em experimentos subsequentes Milgram observou que a probabilidade de os participantes obedecerem era afetada por fatores situacionais Por exemplo os participantes eram menos prováveis de administrar o choque má ximo quando o professor podia esco lher o nível da voltagem Uma interpre tação para o resultado original é que as pessoas obedecem prontamente elas agem como ovelhas proverbiais Uma visão diferente sobre a disposição das pessoas de obedecer é evidenciada pelos resultados da série completa de experimentos Milgram demonstrou que as pessoas são sensíveis a mui tos aspectos das situações em que lhes pedem para obedecer Resta uma questão será que o benefício do que aprendemos sobre as tendências das pessoas de obedecer com base no estudo de Milgram justifica os riscos que esse paradigma traz De um modo mais geral como podem os IRBs esti mar melhor os benefícios potenciais da pesquisa proposta quando é impossí vel que usem o resultado da pesquisa em sua avaliação de seus benefícios potenciais 4 Considere o seguinte cenário apresenta do por Fine e Kurdek 1993 como parte de sua discussão sobre a questão de de terminar a autoria de uma publicação Um estudante de graduação pediu para um professor de psicologia supervi sionar sua tese O estudante propôs um tema o professor ajudou a desenvolver a metodologia de pesquisa o estudan te coletou e inseriu os dados o professor fez as análises estatísticas e o estudante usou uma parte das análises para a tese O estudante escreveu a tese sob supervi são minuciosa do professor Depois que a tese foi concluída o professor decidiu que os dados de todo o projeto eram suficien temente interessantes para serem publica dos como uma unidade Como o estudante não tinha as habilidades necessárias para escrever o estudo inteiro para um periódico científico o professor o fez A tese do estu dante continha aproximadamente um terço do material apresentado no artigo A Explique que fatores da situação você consideraria para determinar se o es tudante deve ser autor de uma publi cação que resulte desse trabalho ou se o trabalho do estudante deve ser reconhecido no artigo em uma nota de rodapé B Se você decidir que o estudante deve ser autor explique se acha que o es tudante deve ser o primeiro autor ou o segundo autor do artigo Observação 4 Visão geral Todos os dias observamos o comportamen to Muitos de nós somos observadores de pessoas E isso não é apenas porque somos voyeurs dedicados ou excepcionalmente curiosos embora o comportamento huma no às vezes certamente seja interessante O comportamento das pessoas gestos expressões atitudes escolha de roupas contém muitas informações como tentam enfatizar os livros populares sobre a lin guagem corporal pex Pease e Pease 2004 Seja um simples sorriso ou um ritual sutil de cortejo o comportamento de outra pessoa seguidamente fornece pistas que são reconhecidas facilmente De fato a pesquisa revela que muitas das nossas expressões são direitos universais ou seja reconhecidos em todas as culturas pex Ekman 1994 Os cientistas também usam suas observa ções para aprender sobre o comportamen to ver porém Baumesiter Vohs e Funder 2007 para uma opinião de que os psicólo gos não observam o comportamento real suficientemente Nossas observações cotidianas e as dos cientistas diferem em muitas manei ras Quando observamos de forma casual podemos nem estar cientes dos fatores que afetam as nossas observaçõs Além disso raramente mantemos registros formais das nossas observações Ao contrário confia mos em nossa memória dos fatos mesmo que a nossa experiência e a pesquisa psico lógica mostre que ela não é perfeita A observação científica é feita sob condições precisamente definidas de maneira sistemática e objetiva e com registros cuidadosos O prin cipal objetivo dos métodos observacionais é descrever o comportamento Os cientistas tentam descrever o comportamento da for ma mais completa e precisa possível Os pes quisadores enfrentam desafios sérios para alcançar esse objetivo De forma clara é impossível para os pesquisadores observar todo o comportamento de uma pessoa Os cientistas observam amostras do comporta mento das pessoas mas devem decidir se as suas amostras representam o seu comporta mento normal Neste capítulo descrevemos como os cientistas selecionam amostras do comportamento Os pesquisadores enfren tam um segundo desafio quando tentam descrever o comportamento plenamente o comportamento muda com frequência de pendendo da situação ou contexto em que Metodologia de pesquisa em psicologia 107 ocorre Considere seu próprio comporta mento Você age do mesmo modo em casa e na escola ou em uma festa comparado com a sala de aula Sua observação das pessoas como de seus amigos leva a con cluir que o contexto é importante Você já observou que as crianças às vezes mudam de comportamento quando estão com um ou outro dos seus pais Descrições comple tas do comportamento exigem que se façam observações entre muitas situações diferen tes e em momentos diferentes A observa ção proporciona uma fonte rica de hipóteses sobre o comportamento e assim ela pode ser o primeiro passo para descobrir por que agimos das maneiras como agimos Neste capítulo você verá que o cientis taobservador nem sempre está registrando o comportamento passivamente à medida que ocorre Analisaremos razões por que os cientistas intervêm para criar situações especiais para suas observações Analisa remos também maneiras de investigar o comportamento que não exigem a obser vação direta de pessoas Analisando traços físicos pex pichações textos sublinhados em livros e registros arquivísticos pex certidões de casamento álbuns escolares os cientistas adquirem visões importantes sobre o comportamento das pessoas Tam bém apresentamos métodos para registrar e analisar dados observacionais Finalmente descrevemos desafios importantes que po dem dificultar a interpretação dos resulta dos de estudos observacionais Amostrando o comportamento Quando não se pode obter um registro completo do comportamento os pesqui sadores tentam obter uma amostra do comportamento que seja representativa O nível em que as observações podem ser generalizadas validade externa depende de como o comportamento é amostrado Antes de fazerem um estudo observacio nal os pesquisadores devem tomar algumas decisões importantes sobre quando e onde as observações ocorrerão Como o pesquisador geralmente não pode observar todo o com portamento somente certos comportamentos que ocorrem em determinados momentos em cenários específicos e em condições par ticulares podem ser observados Em outras palavras o comportamento deve ser amostra do Essa amostra é usada para representar a população mais ampla de todos os compor tamentos possíveis Escolhendo momentos situações e condições para suas observações que sejam representativas de uma população de comportamentos os pesquisadores po dem generalizar seus resultados para aquela população Ou seja os resultados podem ser generalizados apenas para sujeitos momen tos cenários e condições semelhantes aos do estudo em que as observações foram feitas A característica fundamental das amostras repre sentativas é que elas são como a população mais ampla de onde são tiradas Por exemplo observações feitas do comportamento na sala de aula no começo de um ano escolar podem ser representativas do comportamento no iní cio do ano escolar mas talvez não produzam resultados que sejam típicos do comporta mento observado ao final do ano escolar A validade externa referese ao nível em que os resultados de uma pesquisa podem ser generalizados para diferentes popula ções cenários e condições Lembrese de que a validade diz respeito à veracidade Quando buscamos estabelecer a validade externa de um estudo analisamos o nível em que os resultados do estudo podem ser usados para descrever corretamente pes soas situações e condições além das enfo cadas no estudo Nesta seção descrevemos como as amostragens temporal de eventos e situacional são usadas para aumentar a vali dade externa dos resultados observacionais Amostragem temporal A amostragem temporal referese aos pesquisadores escolherem períodos de tempo para fazer observações de forma sistemática ou aleatória 108 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Quando os pesquisadores estão interes sados em fatos que ocorrem com pouca frequência eles se baseiam na amostra gem dos fatos para amostrar o compor tamento Os pesquisadores geralmente usam uma combinação de amostragem temporal e amostragem situacional para identificar amostras representativas do comportamen to Na amostragem temporal os pesquisa dores procuram amostras representativas escolhendo diversos períodos de tempo para suas observações Os períodos podem ser escolhidos sistematicamente pex ob servando o primeiro dia de cada semana aleatoriamente ou ambos Considere como a amostragem temporal pode ser usada para observar o comportamento das crianças na sala de aula Se os pesquisadores restringis sem suas observações a certos momentos do dia digamos apenas manhãs eles não con seguiriam generalizar seus resultados para o resto do dia escolar Uma abordagem para ob ter uma amostra representativa é marcar pe ríodos de observação sistematicamente ao lon go do dia escolar As observações podem ser feitas durante quatro períodos de 30 minutos a cada duas horas Uma técnica de amos tragem temporal aleatória poderia ser usada na mesma situação distribuindose quatro períodos de 30 minutos aleatoriamente no decorrer do dia Um protocolo aleatório di ferente seria determinado para cada dia em que houvesse observações Os momentos variariam a cada dia mas no longo prazo o comportamento seria amostrado igualmente em todos os momentos do dia escolar Os dispositivos eletrônicos proporcio nam uma grande vantagem na amostragem temporal aleatória É possível programar pa gers eletrônicos para lembrar os observado res seguindo um protocolo temporal aleató rio excluindo os horários normais do sono Por exemplo em seu estudo sobre jovens de classe média Larson e outros Larson Ri chards Moneta Holmbeck e Duckett 1996 obtiveram autoavaliações das experiências de adolescentes em 16477 momentos alea tórios de suas vidas Podemse combinar procedimentos sistemáticos e aleatórios de amostragem temporal como quando os períodos de observação são marcados siste maticamente mas as observações dentro de um período são feitas em momentos aleató rios Por exemplo pagers eletrônicos podem ser programados para avisar a cada três ho ras sistemático mas em um momento es pecífico selecionado dentro de cada período de três horas Independentemente do pro cedimento de amostragem temporal usado o objetivo da amostragem temporal é obter uma amostra representativa do comporta mento que represente o comportamento usual do organismo A amostragem temporal não é um mé todo efetivo para amostrar o comportamen to quando o evento de interesse ocorre com pouca frequência Pesquisadores que usam a amostragem temporal para fatos infre quentes podem perder o acontecimento Ou se o evento dura muito tempo a amos tragem temporal pode fazer o pesquisador perder uma parte importante do evento como o começo ou o fim Na amostragem de eventos o observador registra cada evento que satisfaz uma definição predeterminada Por exemplo pesquisadores interessados em observar as reações de crianças a even tos especiais na escola como uma peça de teatro usariam a amostragem de eventos O evento especial define quando as observa ções devem ser feitas A amostragem de eventos também tem utilidade para se observar o comportamen to durante eventos que ocorrem de forma imprevisível como desastres naturais ou técnicos Sempre que possível os observa dores tentam estar presentes nos momentos em que um evento de interesse ocorre ou é provável de ocorrer Embora a amostra gem de eventos seja um método efetivo e eficiente de observar eventos infrequentes ou imprevisíveis seu uso pode facilmente introduzir vieses no registro do compor tamento Por exemplo a amostragem de eventos pode levar o observador a amos trar em momentos que sejam mais conve Metodologia de pesquisa em psicologia 109 nientes ou somente quando souber que o evento de interesse ocorrerá com certeza A amostra resultante do comportamento nes ses momentos pode não ser representativa do mesmo comportamento em outras oca siões Existe outro procedimento de amos tragem que também pode ser usado para obter uma amostra representativa a amos tragem situacional Amostragem situacional A amostragem situacional envolve es tudar o comportamento em diferentes locais e sob diferentes circunstâncias e condições A amostragem situacional aumenta a validade externa dos resultados Dentro de cada situação podese usar amostragem situacional para observar pessoas no ambiente Os pesquisadores podem aumentar sig nificativamente a validade externa de obser vações usando amostragem situacional A amostragem situacional envolve observar o comportamento no maior número possível de locais circunstâncias e condições diferen tes Amostrando situações variadas os pes quisadores reduzem a chance de que seus resultados sejam específicos de um certo conjunto de circunstâncias ou condições Por exemplo os animais não agem em zoológi cos do mesmo modo que agem na natureza ou ao que parece em locais diferentes Isso é visto em estudos sobre a troca de olhares mútuos entre mãe e bebê em chimpanzés A troca de olhares mútuos ocorre tanto em chimpanzés como em seres humanos mas em um estudo com chimpanzés a frequência desse comportamento diferiu entre animais observados nos Estados Unidos e no Japão Bard et al 2005 De maneira semelhante podemos esperar que o comportamento hu mano difira em situações diferentes Amostrando situações diferentes o pesquisador também pode aumentar a di versidade da amostra e assim obter maior generalização dos resultados do que seria possível se observasse apenas determinados tipos de indivíduos Por exemplo LaFrance e Mayo 1976 investigaram diferenças raciais no contato ocular e amostraram muitas situa ções diferentes Pares de indivíduos foram observados em refeitórios universitários lancherias de fast food em regiões comerciais salas de espera de hospitais e aeroportos e restaurantes Usando a amostragem situa cional os pesquisadores conseguiram incluir em sua amostra pessoas que diferiam em idade status socioeconômico sexo e raça Suas observações sobre as diferenças cultu rais no contato ocular têm consideravelmen te mais validade externa do que se tivessem estudado apenas certos tipos de sujeitos e em apenas uma situação específica Existem muitas situações em que pode haver mais comportamento ocorrendo do que se pode observar efetivamente Por exemplo se os pesquisadores observassem as escolhas de alimentos no refeitório du rante horários de pico eles não consegui riam observar todos os alunos Nesse caso e em outros como esse o pesquisador usa ria amostragem de sujeitos para determinar quais estudantes observar Semelhante aos procedimentos para amostragem temporal o pesquisador poderia selecionar estudan tes sistematicamente pex cada décimo estudante ou selecionar estudantes alea toriamente No que hoje provavelmente é um refrão familiar o objetivo da amostra gem de sujeitos é obter uma amostra repre sentativa nesse exemplo de todos os estu dantes que comem no refeitório Métodos observacionais Os métodos observacionais podem ser classificados como observação direta ou observação indireta Os pesquisadores muitas vezes obser vam o comportamento à medida que ocorre ou seja por observação direta Todavia as observações também podem ser feitas indi retamente como quando os pesquisadores analisam evidências de comportamentos 110 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister passados usando traços físicos ou registros arquivísticos Essa é a observação indire ta ou não obstrutiva A Figura 41 ilustra a organização de métodos observacionais Primeiramente discutiremos os métodos observacionais diretos e depois os méto dos indiretos não obstrutivos Métodos observacionais diretos Os métodos observacionais diretos po dem ser classificados como observação sem intervenção ou observação com intervenção Quando observam o comportamento diretamente os pesquisadores tomam uma decisão com relação ao nível em que intervi rão na situação que observam Nesse caso a intervenção referese aos esforços dos pes quisadores para mudar ou criar o contexto para a observação O nível de intervenção varia em um continuum desde nenhuma in tervenção observação sem intervenção até uma intervenção que envolva implementar um experimento em uma situação natural Observação sem intervenção Os objetivos da observação naturalística são descrever o comportamento como ocorre normalmente e examinar as rela ções entre as variáveis A observação naturalística ajuda a esta belecer a validade externa dos resulta dos obtidos em laboratório A observação naturalística é uma estra tégia de pesquisa importante quando considerações éticas e morais impedem o controle experimental A observação direta do comportamen to em uma situação natural sem nenhuma tentativa de intervir por parte do observa dor costuma ser chamada de observação naturalística Um observador que usa esse método de observação age como um regis trador passivo dos fatos à medida que ocor rem naturalmente Embora não seja fácil definir uma situação natural com precisão ver Bickman 1976 podemos considerar uma situação natural aquela em que o com portamento ocorre comumente e que não foi modificada especificamente com o pro pósito de se observar o comportamento Por exemplo Matsumoto e Willingham 2006 observaram atletas na situação natural para esses atletas de um torneio olímpico de judô O Quadro 41 descreve estudos re centes baseados na observação naturalística no campo da etologia Observar pessoas em um laboratório psicológico não seria considerado observa Observação indireta Observação não obstrutiva não reativa Métodos observacionais Observação direta Traços físicos Observação com intervenção Observação participante Observação estruturada Experimento de campo Observação sem intervenção Observação naturalística Registros arquivísticos Figura 41 Fluxograma de métodos observacionais Metodologia de pesquisa em psicologia 111 ção naturalística pois se cria um laboratório especificamente para estudar o comporta mento A observação em ambientes naturais muitas vezes serve entre outras funções como um modo de estabelecer a validade externa dos resultados laboratoriais trazer o laboratório para o mundo real Esse é um dos objetivos da pesquisa do pesquisa dor ADI Kramer que analisa a felicidade por meio de registros no Facebook New York Times 12 de outubro de 2009 A ob servação do comportamento em grupos de discussão e salas de batepapo na internet é outra maneira pela qual os pesquisadores buscam descrever o comportamento como ocorre normalmente pex Whitlock Po wers e Eckenrode 2006 No entanto essa forma recente de observação naturalística suscita as sérias questões éticas que discu timos no Capítulo 3 e discutiremos mais adiante neste capítulo ver também Kraut et al 2004 Os principais objetivos da observação em ambientes naturais são descrever o com portamento como ocorre normalmente e in vestigar a relação entre as variáveis presen tes Hartup 1974 por exemplo escolheu a observação naturalística para investigar a frequência e os tipos de agressividade apre sentados por crianças préescolares em uma creche em St Paul Minnesota O autor dis tinguiu a agressividade hostil dirigida para as pessoas da agressividade instrumental visando recuperar um objeto território ou privilégios Embora tenha observado que os garotos eram mais agressivos de um modo geral do que as garotas suas obser vações não proporcionaram evidências de que os tipos de agressividade diferissem entre os sexos Assim Hartup conseguiu concluir que com relação à agressividade hostil não houve evidências de que garotos e garotas sejam programados de manei ras diferentes O estudo de Hartup sobre a agressivi dade infantil ilustra por que o pesquisador pode decidir usar observação naturalística em vez de manipular condições experimen tais para estudar o comportamento Existem certos aspectos do comportamento humano que não podemos controlar por causa de considerações morais ou éticas Por exem plo os pesquisadores têm interesse na rela ção entre o isolamento na primeira infância e o desenvolvimento emocional e psicológico posterior Todavia reprovaríamos vigorosa mente se eles tentassem separar crianças de seus pais para criálas sob isolamento Para investigar o isolamento na infância devem ser considerados métodos alternativos de coleta de dados Por exemplo o efeito do isolamento precoce sobre o desenvolvimen to foi estudado por meio de experimenta ção com animais Harlow e Harlow 1966 observações das chamadas crianças ferais criadas fora da cultura humana e suposta mente por animais Candland 1993 estu dos de caso de crianças submetidas a con dições incomuns de isolamento por seus pais Curtiss 1977 e a observação direta e sistemática de crianças institucionaliza das Spitz 1965 As sanções morais e éticas também se aplicam ao estudo da natureza da agressividade infantil Não gostaríamos de ver crianças serem assediadas e provoca das intencionalmente apenas para registrar suas reações Todavia como todos que ob servaram crianças sabem existe uma abun dância de agressividade ocorrendo natural mente O estudo de Hartup mostra como a observação naturalística pode ser um méto do produtivo para se adquirir conhecimen to sobre a agressividade infantil dentro de limites morais e éticos Observação com intervenção A maior parte da pesquisa psicológica usa observação com intervenção Os três métodos de observação com in tervenção são a observação participan te a observação estruturada e o experi mento de campo Seja oculta ou explícita a observa ção participante permite que os pesqui sadores observem comportamentos e situações que não costumam estar aber tos à observação científica 112 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Quadro 41 OBSERVAÇÃO UM NOVO OLHAR Os psicólogos não são os únicos pesquisa dores que observam o comportamento em si tuações naturais A observação é um método fundamental em etologia um ramo da biologia EiblEibesfeldt 1975 Os etólogos estudam o comportamento de organismos em relação ao seu ambiente natural geralmente registrando incontáveis horas de observação de animais em seus ambientes naturais Especulações quanto ao papel de mecanismos inatos na de terminação do comportamento humano não são incomuns entre os etólogos Por mais de um século muitos biólogos baseavamse simplesmente na premissa de que em todas as espécies animais o sexo ocorria apenas entre machos e fêmeas sem sequer observarem o sexo dos animais Toda via recentemente com base em um número crescente de observações de uma grande e diversa variedade de espécies os biólogos sugerem que o comportamento sexual entre indivíduos do mesmo sexo é um fenômeno quase universal Bagemihl 2000 Zuk 2003 Os biólogos estão olhando o sexo sob um novo olhar Os pesquisadores que estudam o acasa lamento e a procriação em animais tentam in terpretar as evidências que indicam compor tamentos sexuais e de paternidade entre animais do mesmo sexo Mooallem 2010 Embora a maioria dos biólogos evite compa rações com a sexualidade humana as obser vações do comportamento e copaternidade entre indivíduos do mesmo sexo tem levado a muitas controvérsias ver Figura 42 Pessoas situadas nos dois lados do debate sociopolíti co da homossexualidade usam evidências do comportamento entre indivíduos do mesmo sexo em animais para promover suas agen das Não obstante uma das características da observação científica é que ela é objetiva e li vre de vieses incluindo agendas políticas Ainda assim muitos gostariam de interpretar a sexualidade animal usando termos huma nos como homossexualidade ou lesbianismo ao invés de interpretar o comportamento do Figura 42 O livro infantil And Tango Makes Three Richardson e Parnell 2005 baseiase na história de dois pinguins machos que foram observados criando um filhote de pinguim no zoológico do Central Park A American Library Association rela ta que foi o livro banido com mais frequência em bibliotecas no ano de 2009 Metodologia de pesquisa em psicologia 113 Se os indivíduos mudarem seu compor tamento quando souberem que estão sendo observados reatividade o comportamento não será mais represen tativo do seu comportamento normal Usadas com frequência por psicólogos clínicos e do desenvolvimento as ob servações estruturadas são preparadas para registrar comportamentos que possam ser difíceis de observar usando observação naturalística Em um experimento de campo os pes quisadores manipulam uma ou mais variáveis independentes em uma situa ção natural para determinar o efeito so bre o comportamento Não é segredo Os cientistas gostam de brincar com a natureza Eles gostam de intervir para observar os efeitos e talvez testar uma teoria A intervenção em vez da não intervenção caracteriza a maior parte da pesquisa psicológica Existem três méto dos importantes de observação que os pes quisadores usam quando decidem intervir em situações naturais a observação partici pante a observação estruturada e o experi mento de campo A natureza e o grau de in tervenção variam entre esses três métodos Consideraremos cada método à sua vez Observação participante Na observa ção participante os observadores desem penham um papel duplo Eles observam o comportamento das pessoas e participam ativamente da situação que estão observan do Na observação participante explícita os indivíduos que estão sendo observados sabem que o observador está presente com o propósito de coletar informações sobre o seu comportamento Esse método costuma ser usado por antropólogos que buscam en tender a cultura e o comportamento de gru pos convivendo e trabalhando com mem bros do grupo Na observação participante oculta aque les que estão sendo observados não sabem que estão sendo observados Como se pode imaginar quando sabem que o seu compor tamento está sendo registrado as pessoas nem sempre agem do modo como agiriam normalmente Como discutiremos mais adiante neste capítulo um problema im portante ao observar o comportamento é a reatividade A reatividade ocorre quando as pessoas reagem ao fato de que estão sendo observadas alterando o seu comportamento normal Lembre que os pesquisadores que rem descrever o comportamento usual das pessoas Portanto os pesquisadores talvez decidam ocultar o seu papel de observado res se acreditarem que as pessoas obser vadas mudarão de comportamento assim que souberem que as suas atividades estão sendo registradas A observação participan te oculta suscita questões éticas pex pri vacidade e consentimento informado que devem ser abordadas antes de se implemen tar o estudo Consideramos essas questões animal Quadro 41 continuação em seu próprio contexto com sua pró pria finalidade A dificuldade para entender comporta mentos de indivíduos do mesmo sexo está no centro da biologia evolutiva a saber que todo comportamento adaptativoevolutivo é orientado por um objetivo central passar os genes adiante Todavia os biólogos recen temente desenvolveram teorias que suge rem que certos comportamentos incluindo comportamentos sexuais e de paternidade entre animais do mesmo sexo podem ser subprodutos da adaptação Esse proces so de observação objetiva e construção de teoria é a base de toda a ciência Ainda as sim a ciência como observado no Capítulo 1 ocorre em um contexto cultural que pode levar certas pessoas a serem pouco obje tivas ao interpretarem os resultados desse processo 114 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister éticas no Capítulo 3 e as discutiremos nova mente mais adiante neste capítulo A observação participante permite que o observador ganhe acesso a uma situação que geralmente não está aberta à observação científica Por exemplo um pesquisador que analisa crimes de ódio contra afroamerica nos entrou em várias salas de batepapo brancas e racistas na internet posando como um neófito curioso Glaser Dixit e Green 2002 Esses espaços é claro onde às vezes se defende a violência normalmente não esta riam abertos à investigação científica Em um estudo clássico de diagnósticos psiquiátricos e hospitalização de doentes mentais Rosenhan 1973 empregou obser vadores participantes ocultos que busca ram admissão em hospitais mentais Cada um reclamou do mesmo sintoma geral que estava ouvindo vozes A maioria dos pseu dopacientes foi diagnosticada com esqui zofrenia Imediatamente após serem hos pitalizados os observadores participantes pararam de reclamar dos sintomas e espe raram para ver quanto tempo levaria para uma pessoa sã ser liberada do hospital Depois de hospitalizados eles registraram suas observações Os pesquisadores foram hospitalizados de 7 a 52 dias e quando rece beram alta sua esquizofrenia foi considera da em remissão Aparentemente depois que foram rotulados como esquizofrênicos os pseudopacientes ficaram presos a esse rótulo Todavia existem razões para ques tionar essa conclusão específica e outros aspectos do estudo de Rosenhan 1973 ver Quadro 42 Como os observadores participantes têm as mesmas experiências que as pessoas sob estudo eles podem obter os insights e visões importantes de indivíduos ou gru pos Os pseudopacientes no estudo de Ro senhan por exemplo sentiram como era ser rotulado como esquizofrênico e não saber quanto tempo faltava para que pudessem retornar à sociedade Uma contribuição im portante do estudo de Rosenhan 1973 foi sua ilustração da desumanização que pode ocorrer em ambientes institucionais O papel do observador participante em uma situação pode representar problemas sérios na implementação de um estudo Os observadores podem por exemplo perder a objetividade exigida para fazer observa ções válidas quando se identificam com os indivíduos sob estudo Por exemplo Ki rkham 1975 fez a formação na academia de polícia como um observador participante explícito e se tornou um patrulheiro unifor mizado designado a uma área com elevada atividade criminal Suas experiências como policial levaram a mudanças inesperadas e dramáticas em suas atitudes personalidade humor e comportamento Como observou o próprio Kirkham ele apresentava propen são a punir ceticismo geral e desconfiança em relação aos outros irritabilidade crônica e hostilidade generalizada racismo e uma ansiedade pessoal difusa com a ameaça do crime e criminosos p 19 Em situações como essas os observadores participantes devem estar cientes da ameaça à objetivida de devido ao seu envolvimento na situação à medida que esse envolvimento aumenta Outro problema potencial com a obser vação participante é que o observador pode influenciar o comportamento das pessoas es tudadas É provável que o observador parti cipante precise interagir com pessoas tomar decisões ter iniciativa assumir responsabili dades e agir como qualquer pessoa naquela situação Será que participando da situação os observadores mudam os participantes e os acontecimentos Se as pessoas não agirem como normalmente agiriam por causa do ob servador participante será difícil generalizar os resultados para outras situações Não é fácil avaliar o nível de influên cia de um observador participante sobre o comportamento sob observação Vários fa tores devem ser considerados como a pos sibilidade de a participação ser oculta ou explícita o tamanho do grupo e o papel do observador nesse grupo Quando o grupo sob observação é pequeno ou as atividades do observador participante são proemi nentes é mais provável que este tenha um efeito significativo no comportamento dos Metodologia de pesquisa em psicologia 115 sujeitos Esse problema ocorreu com vários psicólogos sociais que se infiltraram em um grupo de pessoas que diziam ter contato com seres do espaço Festinger Riecken e Schachter 1956 O líder do grupo dizia que recebia mensagens de alienígenas preven do uma enchente cataclísmica em uma data específica Por causa das atitudes dos mem Quadro 42 REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE O ARTIGO ON BEING SANE IN INSANE PLACES Em seu artigo On being sane in insane places Rosenhan 1973 questionou a natureza de diagnósticos psiquiátricos e da hospitaliza ção Como pessoas normais podem ser rotu ladas como esquizofrênicas uma das doen ças mentais mais graves que conhecemos Por que a equipe médica não reconheceu que os pseudopacientes estavam fingindo seus sintomas Depois de dias ou semanas de hospitalização por que a equipe não reco nheceu que os pseudopacientes eram sãos e não insanos Essas são questões importantes Depois que o artigo de Rosenhan foi publicado na re vista Science muitos psicólogos e psiquiatras discutiram e escreveram artigos em resposta às suas questões pex Spitzer 1976 Weiner 1975 Apresentamos a seguir apenas algu mas das críticas à pesquisa de Rosenhan Não podemos criticar a equipe por fazer um diagnóstico errado um diagnóstico baseado em sintomas falsificados é claro está errado Os pseudopacientes tinham mais de um sintoma eles estavam ansiosos com a pos sibilidade de serem pegos relataram que estavam perturbados e procuraram hospita lização É normal procurar admissão a um hospital mental Os pseudopacientes realmente agiram normalmente quando no hospital Talvez o comportamento normal fosse dizer algo como ei eu estava fingindo ser insano para ver se seria hospitalizado mas na ver dade eu estava mentindo e agora gostaria de ir para casa O comportamento dos esquizofrênicos nem sempre é psicótico os verdadeiros esquizofrênicos muitas vezes agem nor malmente Assim não é de surpreender que a equipe tenha levado muitos dias para determinar que os pseudopacientes não ti nham mais sintomas O diagnóstico de em remissão era bas tante raro e reflete o reconhecimento dos membros da equipe médica de que o pseudopaciente não estava mais apresen tando os sintomas Todavia a pesquisa sobre a esquizofrenia demonstra que uma vez que uma pessoa apresenta sinais de esquizofrenia ela é mais provável que os outros de ter esses sintomas novamente Portanto o diagnóstico de em remissão orienta os profissionais da saúde mental quando tentam entender o comportamento subsequente da pessoa São e insano são termos legais e não psiquiátricos A discussão legal sobre se al guém é insano exige um juízo sobre se uma pessoa diferencia o certo do errado que é irrelevante para esse estudo Como se pode ver a pesquisa de Rose nhan foi controversa A maioria dos profis sionais hoje acredita que o estudo não nos ajudou a entender o diagnóstico psiquiátrico Todavia a pesquisa de Rosenhan teve vários benefícios de longo prazo Os profissionais da saúde mental são mais prováveis de postergar o diagnóstico até que tenham reunido mais informações so bre os sintomas do paciente isso se chama diagnóstico deferido Os profissionais da saúde mental estão mais cientes de como seus vieses teóricos e pessoais podem influenciar interpretações dos comportamentos dos pacientes e se protegem contra juízos tendenciosos A pesquisa de Rosenhan ilustra a des personalização e impotência que muitos pacientes experimentam em cenários de saúde mental Sua pesquisa influenciou o campo da saúde mental a examinar suas práticas e melhorar as condições para os pacientes 116 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister bros do grupo para com os incrédulos os pesquisadores foram forçados a inventar histórias bizarras para obter acesso ao gru po Essa tática funcionou muito bem Um dos observadores participantes chegou a ser considerado um homem do espaço que trazia uma mensagem Os pesquisadores haviam reforçado as crenças do grupo inad vertidamente influenciandoo de um modo indeterminado no decorrer dos fatos que se seguiram Como você sem dúvida sabe a enchente que cobriria todo o hemisfério norte jamais aconteceu mas alguns mem bros do grupo usaram essa desconfirmação como um meio de fortalecer a sua crença inicial pois a sua fé havia impedido a inun dação profética Assim embora a obser vação participante possa permitir acesso a situações que geralmente não estão abertas à investigação científica o observador que usa essa técnica deve buscar maneiras de lidar com a possível perda de objetividade e os efeitos potenciais que um observador participante pode ter sobre o comportamen to em estudo Observação estruturada Existe uma va riedade de métodos observacionais com o uso de intervenção que não são fáceis de ca tegorizar Esses procedimentos diferem da observação naturalística porque os pesqui sadores intervêm para exercer um nível de controle sobre os acontecimentos que estão observando Todavia o grau de intervenção e controle sobre outros eventos é menor do que o observado em experimentos de cam po que descrevemos brevemente na seção seguinte e em mais detalhes no Capítulo 6 Chamamos esses procedimentos de obser vação estruturada Muitas vezes o obser vador intervém para fazer algo ocorrer ou para montar uma situação de modo que seja mais fácil registrar os fatos Os pesquisadores podem criar proce dimentos elaborados para investigar plena mente o comportamento Em um estudo de um fenômeno chamado cegueira desaten cional os pesquisadores analisaram a capa cidade das pessoas de notar acontecimentos inusitados enquanto usavam o telefone ce lular Hyman Boss Wise McKenzie e Cag giano 2009 A cegueira desatencional ocor re quando as pessoas não notam estímulos novos e diferentes em seu meio particular mente quando a atenção está voltada para outra coisa como uma conversa ao telefone celular Em seu estudo os pesquisadores usaram um cúmplice ou seja um indiví duo incluído na situação de pesquisa que é instruído para agir de um certo modo para criar uma situação para observar o compor tamento No estudo de Hyman e colabora dores um cúmplice vestido de palhaço an dava de monociclo ao redor de uma grande escultura em uma praça no campus univer sitário ver Figura 43 Depois de uma hora com o palhaço presente os pesquisadores perguntaram a pedestres que passavam pela praça se eles haviam visto algo inco mum Se respondessem que sim os pesqui sadores pediam para especificarem o que tinham visto Se não mencionassem o pa lhaço deviam responder especificamente se tinham visto o palhaço de monociclo Esse procedimento de observação es truturada criou o contexto para observar se as pessoas são mais prováveis de apre sentar cegueira desatencional enquanto usam o telefone celular Os pesquisadores classificaram pedestres em quatro grupos usuários de telefone celular pedestres ca minhando sozinhos sem aparelhos eletrô nicos pedestres que ouviam música pex usando um tocador de MP3 ou pedestres caminhando em dupla Os resultados in dicam que os usuários do telefone celular eram menos prováveis de notar a presença do palhaço Apenas 25 dos usuários de telefone celular notaram o palhaço compa rados com 51 dos pedestres individuais 61 dos que ouviam música e 71 dos indivíduos que andavam em duplas Ob serve que os indivíduos que podem expe rimentar distrações devido à música ou ao caminharem com outra pessoa foram mais prováveis de notar o palhaço Isso sugere que pode haver um componente relaciona do com a cegueira desatencional na atenção Metodologia de pesquisa em psicologia 117 dividida durante o uso do telefone celular Hyman e colaboradores 2009 observam que se existe um grau tão elevado de ce gueira desatencional durante a simples ati vidade de caminhar a cegueira que ocor re com o uso do telefone celular pode ser muito maior ao dirigir um carro As observações estruturadas podem ser organizadas em uma situação natural como no estudo de Hyman e colaboradores 2009 ou em uma situação laboratorial Os psicólogos clínicos costumam usar observa ções estruturadas quando fazem avaliações comportamentais de interações entre pais e filhos Por exemplo pesquisadores observa ram a interação entre mães e filhos em fa mílias que apresentavam maustratos pex abuso negligência e que não apresentavam Valentino Cicchetti Toth e Rogosch 2006 Em um ambiente laboratorial mães foram filmadas através de um espelho unidirecio nal enquanto interagiam com seus filhos em diferentes contextos criados pelos pesqui sadores Nessas observações estruturadas as crianças de famílias em que havia abuso brincavam de forma menos independente do que as das famílias sem maustratos e as mães dessas famílias diferiam em seus com portamentos de atenção aos filhos Valenti no e colaboradores sugerem que seu estudo lança luz sobre o efeito de um ambiente com maustratos sobre o desenvolvimento social e cognitivo das crianças e discutem implica ções para a intervenção Os psicólogos do desenvolvimento costumam usar observações estruturadas Jean Piaget 18961980 talvez seja o mais notável por usar esses métodos ver Figu ra 44 Em muitos dos estudos de Piaget primeiramente dáse a uma criança um problema para ela resolver e depois algu mas variações do problema para testar os Figura 43 Foto do palhaço andando de monociclo no estudo de Hyman e colaboradores 2009 sobre a cegueira desatencional 118 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister limites do entendimento da criança Essas observações estruturadas proporcionaram uma riqueza de informações quanto à cog nição infantil e são a base para a teoria dos estágios do desenvolvimento intelectual de Piaget Piaget 1965 A observação estruturada é um equi líbrio entre a não intervenção passiva da observação naturalística e a manipulação e controle sistemáticos de variáveis inde pendentes que caracterizam os experimen tos laboratoriais Esse ajuste permite que os pesquisadores façam observações em situações mais naturais do que no labora tório Todavia existe um preço a pagar Se os observadores não usarem procedimen tos semelhantes sempre que fizerem uma observação será difícil para outros obser vadores obterem os mesmos resultados ao investigarem o mesmo problema Variáveis não controladas e talvez desconhecidas podem ter um papel importante no com portamento sob observação Para prevenir esse problema os pesquisadores devem ser consistentes em seus procedimentos e tentar estruturar suas observações da maneira mais semelhante possível entre as observações Experimentos de campo Quando um pesquisador manipula uma ou mais variá veis em uma situação natural para deter minar o efeito sobre o comportamento o procedimento é chamado de experimento de campo O experimento de campo repre senta a forma mais extrema de intervenção em métodos observacionais A diferença essencial entre os experimentos de cam po e outros métodos observacionais é que os pesquisadores exercem mais controle nos experimentos de campo quando ma nipulam uma variável independente Os experimentos de campo são usados com Figura 44 Jean Piaget 18961980 usava observação estruturada para investigar o de senvolvimento cognitivo das crianças Metodologia de pesquisa em psicologia 119 frequência na psicologia social Bickman 1976 Por exemplo em um estudo cúm plices posaram como ladrões para inves tigar a reação de testemunhas a um crime Latané e Darley 1970 Do mesmo modo foram usados cúmplices furando uma fila para estudar a reação das pessoas que já estavam na fila Milgram Liberty Toledo e Wackenhut 1986 Em um experimento de campo as reações das pessoas à intru são foram menores quando também havia cúmplices esperando na fila que não levan taram objeções à intrusão Nossa discussão sobre métodos experimentais continuará no Capítulo 6 Métodos observacionais indiretos não obstrutivos Uma importante vantagem dos méto dos observacionais indiretos é que eles são não reativos Observações indiretas ou não obstruti vas podem ser feitas analisandose tra ços físicos e registros arquivísticos Discutimos métodos observacionais em que o observador observa e registra o com portamento em uma determinada situação de maneira direta Todavia o comportamen to também pode ser observado indiretamen te por meio de registros e outras evidências EXERCÍCIO Neste exercício pedimos para você responder às perguntas após esta breve descrição de um estudo observacional Estudantes em uma turma de metodolo gia de pesquisa fizeram um estudo observa cional para investigar se sua capacidade de se concentrar enquanto estudavam era afetada pelo local onde estudavam Especificamen te os estudantes foram observados em dois locais no campus na biblioteca e no diretório acadêmico Os estudantes de metodologia de pesquisa fizeram suas observações enquanto fingiam estar estudando em um dos dois lo cais Eles observaram apenas alunos sentados a sós em cada local que tivessem materiais de estudo como um livrotexto ou um cader no aberto à sua frente Durante um período de observação de cinco minutos os observado res registraram a quantidade de tempo que cada aluno estava estudando indicada por olharem o material ou escreverem Os obser vadores esperavam verificar se os estudantes conseguiam se concentrar melhor na bibliote ca do que no diretório de estudantes Cinco estudantes observadores fizeram observações de um total de 60 alunos na bi blioteca e 50 alunos no diretório estudantil das 9 às 11 PM na mesma noite de segunda feira O tempo médio que os estudantes da biblioteca passaram estudando foi de 44 dos 50 minutosO tempo médio correspondente para os estudantes no diretório acadêmico foi de 45 dos 5 minutos observados Os es tudantes de metodologia de pesquisa ficaram surpresos com dois aspectos de seus resul tados Primeiro surpreenderamse ao ver que os estudantes estudaram por quase 90 do período de cinco minutos Porém ficaram ain da mais surpresos ao verem que ao contrário das suas previsões os tempos de estudo não diferiram nos dois locais 1 Identifique o tipo de método observacional que os estudantes usaram em seu estudo e explique as características do estudo que você usou para fazer a identificação 2 Como a decisão de usar períodos de observa ção de cinco minutos afeta a capacidade dos observadores de estudar a concentração 3 Por que o plano de amostragem temporal em um estudo desse tipo seria especialmente importante Como o plano de amostragem temporal usado nesse estudo pode ser me lhorado para aumentar a validade externa 4 Considere para efeito desta pergunta que os estudantes consigam se concentrar mais na biblioteca do que no saguão do diretório acadêmico Como a natureza do material que os estudantes estavam estudando nos dois locais pode ter levado à observação de que não havia diferença entre a concentração observada em estudantes na biblioteca e no diretório estudantil 120 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister do comportamento das pessoas Esses méto dos costumam ser chamados de medidas não obstrutivas pois o pesquisador não intervém na situação e os indivíduos não estão cientes das observações Uma importante vantagem desses métodos é que eles são não reativos Uma medida comportamental é reativa quando a percepção dos participantes sobre o observador afeta o processo de medição Como as observações não obstrutivas são feitas indiretamente é impossível as pessoas reagirem ou alterarem o seu comportamen to enquanto os pesquisadores observam Os métodos não obstrutivos também produzem informações importantes que podem confir mar ou desafiar conclusões baseadas na ob servação direta tornandoos uma ferramen ta importante na abordagem multimétodos de pesquisa Nesta seção descreveremos esses mé todos indiretos que envolvem a investiga ção de traços físicos e registros arquivísticos ver Tabela 41 Traços físicos Duas categorias de traços físicos são os traços de uso e os produtos Os traços de uso refletem as evidências físicas do uso ou ausência de uso de objetos podendo ser medidos em ter mos do uso natural ou controlado Analisando os produtos que as pessoas possuem ou os produtos produzidos por uma cultura os pesquisadores tes tam hipóteses sobre atitudes preferên cias e comportamentos A validade das medidas de traços físi cos é analisada considerandose as fon tes possíveis de viés e procurando evi dências convergentes Como todos que já leram histórias de detetive sabem uma análise das evidências físicas de comportamentos passados pode fornecer pistas importantes das característi cas dos indivíduos e fatos Por exemplo o tamanho de pegadas encontradas no chão diz algo sobre a altura e a idade da pessoa que pisou ali A distância entre as pegadas pode indicar se a pessoa estava caminhan do ou correndo Os traços físicos são os remanescentes fragmentos e produtos do comportamento passado Duas categorias de traços físicos são os traços de uso e os produtos Os traços de uso são o que implica o nome as evidências físicas que resultam do uso ou ausência de uso de um objeto Restos de cigarros em cinzeiros latas de alumínio em um contêiner de reciclagem e impressões digitais na arma do crime são exemplos de traços de uso A forma de acertar o relógio representa um traço de uso que pode nos falar do grau em que pessoas de diferentes culturas se preocupam com a pontualidade e anotações em livrostexto podem informar aos pesquisadores as clas ses de que um estudante mais gosta ou pelo menos estuda mais Tabela 41 Medidas indiretas não obstrutivas Traços físicos Registros arquivísticos 1 Traços de uso evidências físicas que resultam do uso ou ausência de uso de algo Exemplos latas em um contêiner de reciclagem páginas marcadas em um livrotexto desgaste em controles de videogames 1 Registros contínuos documentos públicos e privados que são produzidos continuamente Exemplos registros de times esportivos en tradas no Facebook e Twitter 2 Produtos criações construções ou outros ar tefatos do comportamento Exemplos petróglifos pinturas antigas em rochas MTV bonecos de personagens do Harry Potter 2 Registros de episódios específicos docu mentos que descrevam fatos específicos Exemplos certidões de nascimento certidões de casamento diplomas universitários Baseada em distinções feitas por Webb e colaboradores 1981 Metodologia de pesquisa em psicologia 121 Além disso podemos classificar os traços de uso conforme a intervenção do pesquisador ao coletar dados sobre o uso de determinados objetos Os traços de uso natural são observados sem intervenção do pesquisador e refletem fatos naturais Em contrapartida os traços de uso controla do resultam de algum grau de intervenção do pesquisador Um estudo de Friedman e Wilson 1975 ilustra a distinção entre esses dois tipos de medidas do uso Os pesquisadores usam traços de uso natural e controlado para investigar a ma neira como estudantes universitários usam os livrostexto Antes de uma disciplina co meçar afixam minúsculos adesivos entre as páginas e ao final analisam os livros para determinar quantos adesivos foram rompi dos e onde estavam os adesivos rompidos Como controlaram a presença dos adesivos nos livros este seria um exemplo de traço de uso controlado Esses pesquisadores também analisaram a frequência e a natu reza dos textos sublinhados nos livros uma medida de uso natural pois o ato de subli nhar costuma estar associado ao uso do li vro Uma análise dos dois tipos de traços de uso indicou que os estudantes liam mais os primeiros capítulos do livro do que os capí tulos finais Os produtos são as criações construções ou outros artefatos do comportamento Os antropólogos geralmente estão interessa dos nos produtos sobreviventes de cultu ras antigas Analisando os tipos de vasos pinturas ferramentas e outros artefatos os antropólogos podem descrever padrões de comportamento de milhares de anos atrás Muitos produtos da era moderna nos dão noções sobre a nossa cultura e comporta mento incluindo programas de televisão música moda e aparelhos eletrônicos Por exemplo os adesivos colados em paracho ques são uma válvula de escape aceitável para emoções públicas permitindo também que os indivíduos revelem sua identificação com determinados grupos e crenças En dersby e Towle 1996 Newhagen e Ancell 1995 As tatuagens e piercings podem fun cionar de maneira semelhante em certas culturas ver Figura 45 A análise de produtos permite que os pesquisadores testem hipóteses importan tes sobre o comportamento Por exemplo os psicólogos analisaram produtos relaciona dos com a alimentação nos Estados Unidos e na França para investigar o paradoxo fran cês Rozin Kabnick Pete Fischler e Shiel ds 2003 A expressão paradoxo francês se refere ao fato de que as taxas de obesidade e a taxa de mortalidade de doenças cardía cas são muito mais baixas na França do que nos Estados Unidos apesar do fato de que os franceses comem alimentos mais gordu rosos e menos alimentos com gordura redu zida do que os americanos Várias hipóteses foram propostas para essas diferenças como diferenças no metabolismo nos níveis de es tresse e no consumo de vinho tinto Rozin e colaboradores propuseram que os franceses simplesmente comem menos analisando produtos relacionados com a comida espe cificamente o tamanho das porções nos dois países para testar essa hipótese Eles obser varam que as porções nos restaurantes ame ricanos eram em média 25 maiores do que em restaurantes franceses comparáveis e que o tamanho das porções em supermer cados americanos geralmente era maior A observação dos produtos corroborou a sua hipótese de que as diferenças em obesidade e mortalidade devidas a doenças cardíacas se dão porque os franceses comem menos do que os americanos A observação indireta de traços físi cos fornece aos pesquisadores meios va liosos e às vezes inovadores de estudar o comportamento e as medidas disponíveis são limitadas apenas pela criatividade e habilidade do pesquisador Todavia a va lidade das medidas de traços físicos deve ser avaliada cuidadosamente e verificada com fontes independentes de evidências A validade referese à veracidade de uma medida e devemos perguntar como com qualquer medição se os traços físicos real mente nos informam sobre o comporta mento das pessoas 122 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Diversas formas de viés podem ser in troduzidas na maneira como os traços de uso são formados e na maneira como so brevivem ao longo do tempo Por exemplo um desgaste maior no caminho à direita em um museu indica o interesse das pes soas em objetos naquela direção ou apenas uma tendência humana natural de virar à direita O número de latas encontradas em contêineres de reciclagem de uma universi dade reflete as preferências dos estudantes por certas marcas ou apenas o que estava disponível à venda no campus Anota ções em um livrotexto refletem a forma de um determinado aluno estudar o material ou o uso acumulado do livro por muitos alunos à medida que o livro era vendido e revendido Os tamanhos dos produtos em prateleiras de supermercados nos Es tados Unidos e na França refletem diferen tes tamanhos de famílias nos dois países ou preferências por tamanhos de porções Sempre que possível os pesquisadores precisam obter evidências complementa res para a validade dos traços físicos ver Webb et al 1981 Devemos considerar hipóteses alternativas para observações de traços físicos devendo também ter cui dado ao comparar resultados de estudos certificandonos de que as medidas sejam definidas de maneira semelhante Registros arquivísticos Os registros arquivísticos são os docu mentos públicos e privados que des crevem as atividades de indivíduos grupos instituições e governos e com preendem registros contínuos e regis tros de fatos específicos e episódicos Os dados arquivísticos são usados para testar hipóteses como parte da aborda gem multimétodos para estabelecer a validade externa de resultados labora toriais e para avaliar os efeitos de trata mentos naturais Figura 45 Muitas culturas usam tatuagens e piercings como forma de autoexpressão e identificação com um grupo Metodologia de pesquisa em psicologia 123 Problemas potenciais associados aos re gistros arquivísticos são o depósito sele tivo a sobrevivência seletiva e a possi bilidade de relações espúrias Considere por um momento todos os dados que existem a seu respeito em di versos registros certidão de nascimento matrícula e histórico escolar compras com cartões de créditodébito carteira de mo torista registros de emprego e fiscais re gistros médicos histórico eleitoral emails mensagens de texto e se você participa de redes sociais como Facebook e Twit ter um número incontável de entradas descrevendo a sua vida cotidiana Agora multiplique isso pelos milhões de outras pessoas para as quais existem registros se melhantes e você estará apenas tocando na quantidade de dados que existe lá fora Acrescente a isso todos os dados disponí veis para países governos instituições empresas meios de comunicação e você começará a compreender a riqueza de da dos disponível para os psicólogos estuda rem o comportamento das pessoas usando registros arquivísticos Os registros arquivísticos são os docu mentos públicos e privados que descrevem as atividades de indivíduos grupos ins tituições e governos Os registros que são mantidos e atualizados constantemente são chamados de registros contínuos Os re gistros da sua vida acadêmica pex notas atividades são um exemplo de registros contínuos assim como os registros contí nuos de times esportivos e da bolsa de va lores Outros registros como documentos pessoais pex certidões de nascimento certidões de casamento são mais prová veis de descrever eventos ou episódios es pecíficos e são chamados de registros episó dicos Webb et al 1981 Como medidas do comportamento os dados arquivísticos compartilham algumas das mesmas vantagens que os traços físicos Eles são medidas não obstrutivas que são usadas para complementar testes de hipóte ses baseados em outros métodos como ob servação direta experimentos laboratoriais e levantamentos Quando os resultados dessas abordagens diversas convergem ou concordam aumenta a sua validade exter na Ou seja podemos dizer que os resulta dos se generalizam entre os diferentes méto dos de pesquisa e aumentam o amparo para a hipótese testada Por exemplo lembrese das medidas de traços físicos relacionadas com o tamanho das porções usadas para testar a hipótese relacionada com o pa radoxo francês ou seja que os franceses comem menos que os americanos Rozin et al 2003 Esses pesquisadores também ana lisaram registros arquivísticos para testar as suas hipóteses analisando guias gastronô micos de duas cidades Filadélfia e Paris e registraram o número de referências a bufês livres Usando um registro arquivístico guias gastronômicos eles encontraram evidências convergentes para a sua hipóte se Filadélfia tinha 18 opções de bufê livre e Paris não tinha nenhuma Os pesquisadores podem analisar ar quivos para avaliar o efeito de um trata mento natural Os tratamentos naturais são fatos de ocorrência natural que impac tam a sociedade ou indivíduos significa tivamente Como nem sempre é possível prever esses fatos os pesquisadores que querem avaliar o seu impacto devem usar uma variedade de medidas comportamen tais incluindo dados arquivísticos Atos de terrorismo como o ocorrido em 11 de setembro eventos econômicos drásticos como o colapso econômico mundial de 2008 e a aprovação de novas leis e refor mas são exemplos dos tipos de aconteci mentos que podem ter efeitos importantes sobre o comportamento e que podem ser investigados usando dados arquivísticos Além disso os indivíduos vivenciam fatos naturais em suas vidas como a morte ou divórcio dos pais doenças crônicas ou di ficuldades em relacionamentos Os efeitos desses fatos podem ser explorados usando dados arquivísticos Por exemplo um pes quisador pode analisar registros escolares de absenteísmo ou notas para investigar as 124 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister respostas de crianças ao divórcio parental De maneira semelhante Friedman e cola boradores 1995 e Tucker e colaboradores 1997 usaram dados arquivísticos dispo níveis de um estudo longitudinal iniciado em 1921 com uma amostra de 1500 crian ças Analisando também os atestados de óbito para indivíduos da amostra original anos depois os pesquisadores consegui ram determinar que o divórcio parental es tava associado a morrer mais cedo para os indivíduos participantes do estudo Os pesquisadores têm diversas vanta gens práticas com o uso de registros arqui vísticos Os dados arquivísticos são abun dantes e os pesquisadores podem evitar a longa fase de coleta de dados os dados simplesmente estão esperando por pesqui sadores Além disso como as informações arquivísticas fazem parte do registro pú blico e geralmente não identificam indi víduos as questões éticas são menos pre ocupantes À medida que cada vez mais dados arquivísticos são disponibilizados pela internet os pesquisadores terão mais facilidade para analisar o comportamento dessa forma ver Quadro 43 Os pesquisadores porém devem es tar cientes dos problemas e limitações dos dados arquivísticos Dois problemas são o depósito seletivo e a sobrevivência seletiva ver Webb et al 1981 Esses problemas ocorrem porque existem vieses na maneira como os arquivos são produzidos O depósito sele tivo ocorre quando certas informações são selecionadas para serem depositadas em arquivos mas outras informações não são Por exemplo considere aquele grande ar quivo o álbum do ano do ensino médio Nem todas as atividades eventos e grupos são selecionados para aparecer no álbum Quem decide o que é apresentado de manei ra proeminente no álbum Quando certos eventos atividades ou grupos têm melhor chance de serem selecionados do que ou tros existe viés Ou considere o fato de que os políticos e outras pessoas que são cons tantemente expostas a repórteres sabem como usar a mídia declarando que certas afirmações são confidenciais Isso pode ser considerado um problema de depósito seletivo somente certas informações são públicas Talvez você também reconhe ça isso como um problema de reatividade Quadro 43 A CIÊNCIA DA FREAKONOMICS Será que os professores escolares fraudam tes tes para que seus alunos se saiam bem Será que a polícia realmente consegue reduzir as taxas de criminalidade Por que a pena capital não consegue dissuadir os criminosos O que é mais perigoso para seu filho a família ter uma piscina ou uma arma Por que os médicos não costumam lavar as mãos Qual é a melhor maneira de pegar um terrorista As pessoas são programadas para o altruísmo ou o egoísmo Por que se prescreve quimioterapia com tanta frequência se ela é tão ineficiente Essas perguntas e outras foram feitas pelo cientista social independente Steven D Le vitt em seus livros campeões de vendas Freakonomics e SuperFreakonomics Levitt e Dubner 2005 2009 As respostas que ele dá vêm de análises arquivísticas de escores em testes registros esportivos estatísticas de criminalidade estatísticas de natalidade e mortalidade e muito mais Não entregare mos todas as respostas baseadas na mine ração que esse inteligente pesquisador fez nos arquivos da sociedade mas podemos dizer que nesta era de testes decisivos os professores de escolas públicas às vezes fraudam os testes e se você tem uma arma e uma piscina seu filho é 100 vezes mais provável de morrer afogado do que por brin car com a arma Metodologia de pesquisa em psicologia 125 pois quando decidem o que é público os indivíduos estão reagindo ao fato de que seus comentários estão sendo registrados De maneira interessante o Congressional Record é um registro espontâneo de declara ções e discursos feitos perante o Congresso mas os legisladores têm a oportunidade de editar e fazer alterações antes que seja regis trado permanentemente e até de adicionar ao registro documentos que nunca foram lidos perante o Congresso Sem dúvida os comentários que não são muito conve nientes politicamente são mudados antes da publicação no Congressional Record Isso também é um exemplo de depósito seletivo e pode resultar em uma narrativa tenden ciosa das atividades apresentadas perante o Congresso A sobrevivência seletiva ocorre quando existem registros faltando ou incompletos algo que o pesquisador pode não saber Os pesquisadores devem considerar se al guns registros sobreviveram enquanto outros não Documentos que sejam parti cularmente prejudiciais a certos indivíduos ou grupos podem desaparecer por exem plo durante a mudança de um governo presidencial para outro Álbuns de fotos de família podem perder misteriosamente fotos de indivíduos hoje divorciados ou fo tos de anos gordos Em um estudo arqui vístico de cartas impressas em colunas de aconselhamento Schoeneman e Rubano witz 1985 advertiram que quando anali saram o conteúdo das colunas não pude ram evitar a possibilidade do viés devido à sobrevivência seletiva pois os colunistas imprimem apenas uma fração das cartas que recebem ou seja algumas das cartas sobreviveram para serem impressas na coluna do jornal Outro problema que pode ocorrer na análise de dados arquivísticos é a possibi lidade de se identificar uma relação espúria Uma relação espúria ocorre quando as evi dências indicam incorretamente que duas ou mais variáveis são associadas ver Capí tulo 5 As evidências falsas podem surgir por causa de análises estatísticas inadequa das ou impróprias ou com maior frequên cia quando as variáveis são relacionadas por acidente ou coincidência Uma asso ciação ou correlação entre duas variáveis pode ocorrer quando uma terceira variável geralmente sem ser identificada explica a relação Por exemplo registros arquivísticos indicam que as vendas de sorvete e as taxas de criminalidade são associadas quando aumentam as vendas de sorvete também aumentam as taxas de criminalidade An tes que possamos concluir que comer sor vete faz as pessoas cometerem crimes é im portante considerar que as duas variáveis as vendas de sorvete e as taxas de criminali dade provavelmente são afetadas por uma terceira variável as temperaturas sazonais A relação espúria entre as vendas de sorvete e as taxas de criminalidade pode ser expli cada pela terceira variável a temperatura A possibilidade de vieses decorrentes do depósito seletivo e da sobrevivência se letiva bem como relações espúrias faz os pesquisadores terem um nível adequado de cuidado antes de chegarem a conclusões finais com base apenas no resultado de um estudo arquivístico Os dados arquivísticos são mais úteis quando fornecem evidências complementares em uma abordagem multi métodos para investigar um fenômeno Registrando o comportamento Os objetivos da pesquisa observacional determinam se os pesquisadores devem procurar uma descrição abrangente do comportamento ou uma descrição ape nas de comportamentos selecionados A maneira como os resultados de um estudo são sintetizados analisados e publicados depende de como as obser vações comportamentais são registra das inicialmente Além da observação direta e indireta os métodos observacionais também diferem na maneira como o comportamento é regis trado Às vezes os pesquisadores procuram uma descrição abrangente do comportamen 126 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister to e da situação onde ele ocorre mas geral mente eles se concentram apenas em certos comportamentos e acontecimentos A pos sibilidade de todos os comportamentos se rem apenas comportamentos selecionados ou observados depende dos objetivos dos pes quisadores A importante escolha de como o comportamento será registrado também determina como os resultados são medidos sintetizados analisados e publicados Registros abrangentes do comportamento Registros narrativos na forma de descri ções escritas do comportamento bem como gravações de áudio e vídeo são registros abrangentes Os pesquisadores classificam e orga nizam dados de registros narrativos para testar suas hipóteses sobre o comportamento Os registros narrativos devem ser feitos durante ou logo após o comportamento ser observado e os observadores de vem ser treinados cuidadosamente para registrar o comportamento conforme critérios estabelecidos Quando os pesquisadores procuram um registro abrangente do comportamento eles geralmente usam registros narrativos Os registros narrativos proporcionam uma reprodução mais ou menos fiel do compor tamento conforme ocorreu originalmente Para criar um registro narrativo um ob servador pode escrever descrições do com portamento ou usar gravações de áudio ou vídeo Por exemplo vídeos foram usados para registrar as interações entre mães e fi lhos em famílias onde se observavam maus tratos e em famílias onde não se observa vam Valentino et al 2006 Quando são feitos registros narrativos os pesquisadores podem estudar classifi car e organizar os registros para testar hi póteses ou expectativas específicas sobre os comportamentos sob investigação Os registros narrativos diferem de outras for mas de registro e avaliação do comporta mento porque a classificação dos compor tamentos é feita depois das observações Assim os pesquisadores devem garantir que os registros narrativos captem as infor mações necessárias para avaliar as hipóte ses do estudo Hartup 1974 obteve registros narrati vos como parte de seu estudo naturalístico sobre a agressividade em crianças Conside re o seguinte registro narrativo do estudo de Hartup Marian uma menina de 7 anos está reclamando para todos que David que também está presente havia molhado as calças que ela deve usar à noite Ela diz vou fazer o mesmo com ele para ver se ele gosta Ela enche uma lata com água e David corre até a professora e conta a ameaça A professora tira a lata de Ma rian Marian ataca David e puxa o cabelo do menino com força Ele chora e tenta ba ter em Marian enquanto a professora ten ta segurálo então ela o leva para outra sala Mais tarde Marian e Elaine sobem e entram na sala onde David está sentado com a professora Ele atira um livro em Marian A professora pede para Marian sair Marian chuta David e sai David chora e grita sai daqui elas só querem me incomodar p 339 Hartup instruiu seus observadores a usarem uma linguagem exata ao descrever o comportamento sem fazer inferências so bre as intenções motivos ou sentimentos dos sujeitos Veja que não somos informa dos da razão por que David pode querer atirar um livro em Marian ou como ela se sente sobre ser atacada Hartup acredita que certos comportamentos antecedentes estavam relacionados com tipos específicos de agressividade Excluindo estritamente quaisquer referências ou impressões dos observadores os indivíduos que analisaram a narrativa não seriam influenciados pelas inferências do observador Assim o con teúdo dos registros narrativos pode ser clas sificado e codificado de maneira objetiva Metodologia de pesquisa em psicologia 127 Nem todos os registros narrativos são tão concentrados quanto os obtidos por Hartup e os registros narrativos nem sem pre evitam as inferências e impressões do observador Além disso os registros narrati vos nem sempre visam ser descrições abran gentes do comportamento Por exemplo as notas de campo incluem apenas as descrições rápidas do observador sobre os sujeitos fatos cenários e comportamentos que são de particular interesse para o observador podendo conter um registro exato de tudo que ocorreu As notas de campo são usadas por jornalistas assistentes sociais antropó logos psicólogos e outros provavelmente com mais frequência do que qualquer outro tipo de registro narrativo Os fatos e com portamentos podem ser interpretados em termos do conhecimento especializado do observador e as notas de campo tendem a ser altamente personalizadas Brandt 1972 Por exemplo um psicólogo clínico pode registrar determinados comportamen tos de um indivíduo com conhecimento do diagnóstico do indivíduo ou determinadas questões clínicas A utilidade das notas de campo como registro científico depende da acurácia e precisão de seu conteúdo as quais dependem criticamente da formação do observador e do nível em que as obser vações registradas podem ser verificadas por observadores independentes e por ou tros meios de investigação Considerações práticas e metodológicas determinam a maneira em que os registros narrativos são feitos Como regra geral os re gistros devem ser feitos durante ou logo após o comportamento ser observado A passagem do tempo obscurece os detalhes e torna mais a reprodução da sequência original de ações Além disso as decisões sobre o que deve ser incluído em um registro narrativo o grau de inferência do observador e a completu de do registro narrativo devem ser decidi dos antes de se começar o estudo ver por exemplo Brandt 1972 Uma vez que o con teúdo do registro narrativo está decidido os observadores devem ser treinados para registrar o comportamento segundo os cri térios que foram estabelecidos Podese fa zer uma prática das observações com mais de um observador analisando os registros antes que se coletem dados reais Registros selecionados do comportamento Quando pesquisadores querem des crever comportamentos ou fatos espe cíficos eles muitas vezes obtêm medi das quantitativas do comportamento como a frequência ou duração da sua ocorrência As medidas quantitativas do compor tamento usam quatro níveis de escalas de medição nominal ordinal intervalo e razão As escalas de avaliação usadas com fre quência para mensurar dimensões psi cológicas são tratadas como se fossem escalas de intervalos embora geralmen te representem medidas ordinais Dispositivos eletrônicos de registro po dem ser usados em ambientes naturais para registrar o comportamento e pagers são usados às vezes para indicar aos su jeitos o momento de registrar seu com portamento pex em um questionário Muitas vezes os pesquisadores estão interessados apenas em certos comporta mentos ou aspectos específicos de indiví duos e situações Eles podem ter hipóteses específicas sobre o comportamento que esperam e definições claras dos comporta mentos que estão investigando Nesse tipo de estudo observacional os pesquisadores geralmente avaliam a ocorrência do com portamento específico enquanto fazem suas observações Por exemplo em seu estudo sobre a cegueira desatencional Hyman e seus colegas 2009 selecionaram o compor tamento de notar o palhaço e quantificaram o número de pessoas que notaram ou não notaram o palhaço Suponhamos que você queira observar as reações das pessoas a indivíduos com deficiências físicas óbvias usando obser 128 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister vação naturalística Primeiro você deve definir quem é uma pessoa fisicamente deficiente e o que constitui uma reação a essa pessoa Você está interessado em comportamentos solícitos comportamentos de aproximaçãoevitação contato visual duração da conversa ou em outra reação física Depois você deve decidir como me dir as reações das pessoas observando o contato visual entre indivíduos com e sem deficiências físicas Como você deve medir o contato ocular exatamente Deve apenas avaliar se um indivíduo faz ou não faz con tato visual ou deve medir a duração de um possível contato ocular Suas decisões de pendem da hipótese ou objetivos do estudo e serão influenciadas pelas informações ob tidas com a leitura de estudos prévios que usaram as mesmas medidas comportamen tais ou medidas semelhantes Infelizmente as pesquisas anteriores indicam que as rea ções a indivíduos com deficiências físicas podem ser classificadas muitas vezes como desfavoráveis Thompson 1982 Escalas de medição Quando os pesquisa dores decidem medir e quantificar determi nados comportamentos eles devem decidir qual escala de medição devem usar Existem quatro níveis de medição ou escalas de me dição que se aplicam à medição física e psi cológica nominal ordinal de intervalo e de razão As características de cada escala de medição são descritas na Tabela 42 e uma descrição detalhada das escalas de medição é apresentada no Quadro 44 Você deve ter essas quatro escalas de medição em mente quando for selecionar os procedimentos es tatísticos para analisar os resultados de um estudo A maneira como os dados são anali sados depende da escala de medição usada Nesta seção descrevemos como as escalas de medição podem ser usadas na pesquisa observacional Costumase usar uma checklist para re gistrar as medidas em escalas nominais Para retornar ao nosso exemplo o observa dor pode registrar por meio de uma checklist se os indivíduos fazem contato visual ou não com uma pessoa com deficiências físi cas representando duas categorias discretas de comportamento uma medida nominal As checklists costumam ter espaço para regis trar observações relacionadas com as carac terísticas dos sujeitos como a idade raça e sexo bem como características da situação como a hora do dia o local e se existem ou tras pessoas presentes Os pesquisadores se interessam por observar o comportamento em função de variáveis dos participantes e do contexto Por exemplo Hyman e colabo radores 2009 classificaram pedestres em seu estudo da cegueira desatencional em quatro categorias baseadas em se estavam caminhando sozinhas ou em duplas e se es tavam usando o telefone celular ou um apa relho musical observe que outras catego rias como pessoas caminhando em grupos de três ou mais foram excluídas O segundo nível de medição uma esca la ordinal envolve ordenar ou classificar as observações Tassinary e Hansen 1998 usa ram uma medição ordinal para testar uma predição específica da psicologia evolutiva na qual a beleza feminina baseiase em pis Tabela 42 Características de escalas de medição Tipo de escala Operações Objetivo Nominal Igualnão igual Separar estímulos em categorias discretas Ordinal Maior quemenor que Classificar estímulos em uma única dimensão Intervalo Adiçãomultiplicaçãosubtração divisão Especificar a distância entre estímulos em uma determinada dimensão Razão Adiçãomultiplicaçãosubtração divisãoformação de razões de valores Especificar a distância entre estímulos em uma determinada dimensão e expressar ra zões entre valores escalares Metodologia de pesquisa em psicologia 129 tas físicas que simultaneamente indicam beleza e potencial reprodutivo A medida específica nessa teoria é a razão cintura quadril com quadris mais largos indicando maior potencial reprodutivo Em seu estu do estudantes de graduação classificaram Quadro 44 MEDIÇÃO POR NÍVEL O nível mais baixo de medição se chama esca la nominal ele envolve categorizar um evento em uma entre várias categorias discretas Por exemplo podemos medir a cor dos olhos das pessoas classificandoas em olhos casta nhos ou olhos azuis Ao estudar as reações das pessoas a indivíduos com deficiências físicas óbvias o pesquisador pode usar uma escala nominal avaliando se os participantes fazem contato ocular ou não com alguém que tenha uma deficiência física óbvia Existem limitações em sintetizar e anali sar dados medidos em uma escala nominal As únicas operações aritméticas que pode mos realizar com dados nominais envolvem as relações igual e não igual Um modo comum de sintetizar dados nominais é de monstrar a frequência na forma de proporção ou porcentagem de casos em cada uma das várias categorias O segundo nível de medição se chama escala ordinal Uma escala ordinal envolve or denar ou classificar os eventos a serem ava liados As escalas ordinais acrescentam as re lações aritméticas maior que e menor que ao processo de medição O resultado de uma corrida é uma escala ordinal familiar Quando sabemos que um corredor olímpico ganhou uma medalha de prata sabemos que o corre dor tirou o segundo lugar mas não sabemos se o resultado só foi determinado por uma fo tografia ou se ele ficou 200 metros atrás do vencedor da medalha de ouro O terceiro nível de medição se chama escala de intervalos Uma escala intervalar envolve especificar o quanto dois eventos es tão separados em uma determinada dimen são Em uma escala ordinal a diferença entre um evento classificado como primeiro e um evento classificado como terceiro não é ne cessariamente igual a distância entre os even tos classificados como terceiro e quinto Por exemplo a diferença entre os tempos dos cor redores que chegaram em primeiro e terceiro lugar pode não ser a mesma que a diferença no tempo entre os corredores que chegaram em terceiro e quinto lugar Todavia em uma escala intervalar as diferenças do mesmo ta manho numérico em valores escalares são iguais Por exemplo a diferença entre 50 e 70 respostas corretas em um teste de aptidão é igual à diferença entre 70 e 90 respostas cor retas O que falta em uma escala intervalar é um zero significativo Por exemplo se alguém tem escore zero em um teste de aptidão ver bal não precisa necessariamente ter absolu tamente zero em capacidade verbal afinal a pessoa supostamente tinha capacidade verbal suficiente para fazer o teste De maneira im portante as operações aritméticas da adição multiplicação subtração e divisão podem ser usadas com dados medidos em uma escala intervalar Sempre que possível portanto os psicólogos tentam medir dimensões psicoló gicas usando pelo menos escalas intervalares O quarto nível de medição se chama es cala de razões Uma escala de razões tem to das as propriedades de uma escala intervalar mas também tem um zero absoluto Em ter mos de operações aritméticas um ponto zero torna significativos os valores da escala racio nal Por exemplo a temperatura expressa na escala Celsius representa uma escala interva lar de medição Uma leitura de 0 grau Celsius não significa ausência absoluta de temperatu ra Portanto não é correto dizer que 100 graus Celsius é duas vezes mais quente do que 50 graus ou que 20 graus é três vezes mais frio do que 60 graus Por outro lado a escala Kel vin de temperatura tem um zero absoluto e a razão dos valores escalares pode ser calculada significativamente As escalas físicas que me dem o tempo o peso e a distância podem ser tratadas como escalas racionais Por exemplo alguém que pesa 100 quilos pesa duas vezes mais do que alguém que pesa 50 quilos 130 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister desenhos de figuras femininas que varia vam em altura peso e tamanho dos quadris Ou seja eles ordenaram os desenhos do menos atraente ao mais atraente Ao con trário da previsão da psicologia evolutiva a beleza física das figuras estava diretamente e negativamente relacionada apenas com o tamanho dos quadris e não com a razão cinturaquadril Desenhos com quadris mais largos foram mais prováveis de ser ordenados como inferiores na dimensão da beleza Para quantificar o comportamento em um estudo observacional os observadores às vezes fazem avaliações de comportamentos e fatos com base em seus juízos subjetivos sobre o grau ou quantidade de algum traço ou condição ver Brandt 1972 Por exem plo Dickie 1987 solicitou que observadores treinados avaliassem interações entre pais e filhos em um estudo projetado para avaliar o efeito de um programa de treinamento parental Os observadores visitaram o lar e pediram para os pais agirem da forma mais normal possível como se nós os observa dores não estivéssemos aqui Os observa dores fizeram avaliações usando escalas de 7 pontos em 13 dimensões descrevendo carac terísticas da interação verbal física e emocio nal Um escore de 1 representava a ausência ou muito pouco da característica e números maiores representavam quantidades cada vez maiores do traço Um exemplo de uma dimensão carinho e afeto dos pais para com o bebê é descrito na Tabela 43 Obser ve que são apresentadas definições verbais precisas para os quatro valores escalares ím pares para ajudar os observadores a definir diferentes graus do traço Os observadores usam os valores pares 2 4 6 para avaliar os comportamentos que consideram entre os valores definidos Com base nas avaliações dos observadores pais que haviam partici pado do programa visando ajudálos a lidar com seu bebê tiveram uma avaliação mais alta em muitas das 13 variáveis relacionadas com as interações paifilho do que os pais que não haviam participado do programa À primeira vista uma escala de avalia ção como a da Tabela 43 parece represen tar uma escala intervalar de medição Não existe um zero verdadeiro e os intervalos entre os números parecem iguais Todavia uma análise mais minuciosa revela que a maioria das escalas de avaliação usadas por observadores para avaliar pessoas ou Tabela 43 Exemplo de escala de avaliação usada para medir o carinho e afeto dos pais para com um bebê Valor escalar Descrição 1 Existe ausência de carinho afeto e prazer Predominam hostilidade excessiva frieza distância e isolamento da criança O relacionamento está no nível da agressividade 2 3 Existe carinho e afeto ocasionais na interação Os pais apresentam poucas evidências de orgulho do filho ou demonstram orgulho em relação a comporta mentos desviantes ou bizarros da criança O modo dos pais se relacionarem é elaborado intelectual e não genuíno 4 5 Existe prazer e carinho moderados na interação Os pais demonstram prazer em certas áreas mas não em outras 6 7 Carinho e prazer são característicos da interação com a criança Existem evi dências de prazer e orgulho pela criança A resposta de prazer é adequada ao comportamento da criança Baseada em materiais fornecidos por Jane Dickie Metodologia de pesquisa em psicologia 131 eventos em uma dimensão psicológica na verdade produz apenas informações or dinais Para que uma escala de avaliação realmente seja um nível intervalar de me dição uma nota 2 por exemplo teria que ter a mesma distância de uma nota 3 que como uma nota 4 tem de 5 ou uma nota 6 tem de 7 É bastante improvável que obser vadores humanos possam fazer avaliações subjetivas de traços como carinho prazer agressividade ou ansiedade de um modo que produza distâncias intervalares entre as avaliações Todavia a maioria dos pesqui sadores pressupõe um nível intervalar de medi ção ao usar escalas de avaliação Nem sempre é fácil decidir qual escala de medição se aplica a uma dada medida do comporta mento Se você tem dúvidas deve procurar orientação de especialistas para que possa tomar decisões adequadas sobre a descri ção e análise estatística dos seus dados Podemse usar checklists para medir a frequência de determinados comportamen tos em um indivíduo ou grupo por um de terminado período de tempo A presença ou ausência de certos comportamentos é anota da no momento de cada observação Depois que todas as observações forem feitas os pesquisadores somam o número de vezes que um determinado comportamento ocor reu Nessas situações podese supor que a frequência da resposta representa um nível racional de medição Ou seja se contar mos unidades de algum comportamento pex ocasiões em que uma criança deixa o assento na sala de aula o zero representa a ausência desse comportamento Razões en tre valores escalares também seriam signi ficativas Por exemplo uma criança que sai do seu assento 20 vezes teria apresentado o comportamentoalvo duas vezes mais do que uma criança que sai 10 vezes Registro eletrônico e acompanhamento O comportamento também pode ser me dido usandose dispositivos eletrônicos de registro e acompanhamento Por exemplo como parte de um estudo que investiga a relação entre estratégias de enfrentamen to cognitivas e a pressão sanguínea em estudantes universitários os sujeitos usa ram um aparelho de pressão ambulato rial durante dois dias escolares típicos incluindo um dia com um exame Dolan Sherwood e Light 1992 Os sujeitos tam bém preencheram questionários sobre suas estratégias de enfrentamento e suas ativida des cotidianas Os pesquisadores compara ram as leituras da pressão sanguínea para diferentes momentos do dia e em função do estilo de enfrentamento Os estudantes que apresentavam elevado enfrentamento au tofocado pex fecharse eou culparse em situações estressantes p 233 tinham maior pressão sanguínea durante e depois do exame do que aqueles que não usaram estratégias de enfrentamento autofocadas Outro método eletrônico é o diário da internet no qual os participantes escrevem diariamente em uma página protegida na internet com lembretes por email para relatar os acontecimentos diários Park Ar meli e Tennen 2004 usaram esse método para analisar o humor e os modos de en frentamento de estudantes universitários A cada dia os estudantes relatavam o fato mais estressante e como lidaram com ele Os resultados desse estudo indicaram que os humores positivos estavam mais rela cionados com estratégias de enfrentamento voltadas para os problemas em si do que es tratégias de evitação especialmente quando os fatos estressantes eram percebidos como controláveis Outros pesquisadores pedi ram para os sujeitos usarem palmtops e faze rem anotações em seus diários eletrônicos quando lhes fosse indicado pex McCar thy Piasecki Fiore e Baker 2006 Shiffman e Paty 2006 Sem dúvida à medida que o acesso à internet com o telefone celular se torna lugarcomum os pesquisadores usa rão cada vez mais métodos eletrônicos para a coleta de dados Os métodos de registro eletrônico usam os relatos dos sujeitos sobre seu humor e atividades e não a observação direta do comportamento Desse modo é importante que os pesquisadores criem técnicas para 132 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister detectar vieses na coleta de dados pex possível representação incorreta ou omissão de atividades ver Larson 1989 para uma discussão de vieses possíveis Esses proble mas podem ser ponderados com os custos de tempo e mão de obra para se obter uma descrição abrangente do comportamento usando observação direta pex Barker Wright Schoggen e Barker 1978 Análise de dados observacionais Os pesquisadores usam análise de dados qualitativa ou análise de dados quanti tativa para sintetizar dados observacio nais Depois de registrar suas observações do comportamento os pesquisadores analisam os dados observacionais para sintetizar o comportamento das pessoas e determinar a fidedignidade das suas observações O tipo de análise de dados que os pesquisadores escolhem depende dos dados que coleta ram e dos objetivos do estudo Por exemplo quando os pesquisadores registram com portamentos selecionados usando uma es cala de medição a análise de dados preferi da é a quantitativa ie sumários e análises estatísticas Quando são obtidos registros narrativos abrangentes os pesquisadores podem escolher análises quantitativas ou qualitativas Descreveremos primeiramente as análises qualitativas Análise qualitativa dos dados A redução dos dados é um passo impor tante na análise de registros narrativos Os pesquisadores codificam comporta mentos segundo critérios específicos por exemplo categorizando comporta mentos Usase análise de conteúdo para ana lisar registros arquivísticos seguindo três passos identificar uma fonte rele vante amostrar seções da fonte e codifi car unidades de análise Análise de registros narrativos Os estu dos observacionais que usam registros nar rativos ou arquivísticos proporcionam uma riqueza de informações às vezes pilhas de papéis e gravações de áudio e vídeo Depois que os dados são coletados como os pes quisadores sintetizam todas essas informa ções Uma parte importante da análise do conteúdo dos registros narrativos é a redu ção de dados o processo de abstrair e sinte tizar dados comportamentais Na análise de dados qualitativos os pesquisadores buscam fazer um sumário verbal de suas observa ções e desenvolver uma teoria que expli que o comportamento contido nos registros narrativos ver Miles e Huberman 1994 Strauss e Corbin 1990 Na análise quali tativa a redução dos dados ocorre quando os pesquisadores sintetizam as informações verbalmente identificam temas categori zam informações agrupam informações e registram suas próprias observações sobre os registros narrativos A redução de dados costuma envolver o processo de codificação que é a identifi cação de unidades de comportamento ou determinados fatos segundo critérios espe cíficos que são relacionados com os objeti vos do estudo Por exemplo em um estudo de crianças préescolares McGrew 1972 desenvolveu esquemas de codificação para classificar 115 padrões diferentes de comportamento segundo a parte do corpo envolvida variando de expressões faciais como dentes à mostra sorriso e rosto franzi do a comportamentos de locomoção como galopar arrastar correr pular e caminhar Observadores usaram os esquemas de codi ficação para classificar esses padrões com portamentais enquanto assistiam vídeos de crianças na préescola A redução de dados desse modo ie de vídeos para comporta mentos codificados permite que os pesqui sadores determinem relações entre tipos es pecíficos de comportamento e os fatos que são antecedentes desses comportamentos Por exemplo McGrew descobriu que crian ças faziam bico quando perdiam a briga por um brinquedo Ele também estudou Metodologia de pesquisa em psicologia 133 chimpanzés jovens e observou que esses animais faziam o mesmo quando queriam se juntar às suas mães Após se frustrarem e antes de chorarem as crianças exibem um rosto franzido De maneira interessante parece não haver registro da expressão com rosto franzido em primatas não humanos Análise de conteúdo de registros arquivís ticos Como acontece com os registros nar rativos a quantidade de dados obtidos de registros arquivísticos pode ser assustadora e o primeiro passo dos pesquisadores en volve a redução dos dados Nos casos mais simples talvez apenas a redução de dados seja necessária Por exemplo uma conta gem simples de votos de legisladores em uma determinada questão pode sintetizar de forma rápida e efetiva os dados de uma fonte arquivística governamental Todavia em muitos casos reunir dados relevantes de uma fonte arquivística pode exigir procedi mentos minuciosos e uma análise relativa mente complexa do conteúdo da fonte A análise de conteúdo pode ser defini da de maneira geral como qualquer téc nica objetiva de codificação que permita que os pesquisadores façam inferências baseadas em características específicas de registros arquivísticos Holsti 1969 Em bora a análise de conteúdo seja associada principalmente a comunicações escritas ela pode ser usada com qualquer forma de co municação incluindo programas de rádio e televisão discursos filmes entrevistas e o conteúdo da internet incluindo mensagens de texto e email tweets etc Quando trans missões de rádio e televisão são estudadas o tempo costuma ser usado como unidade de medição quantitativa pex a quantida de de tempo em que pessoas de diferentes grupos étnicos aparecem na tela Quando a comunicação é escrita a análise quanti tativa pode analisar palavras individuais personagens frases parágrafos temas ou itens específicos Holsti 1969 Por exem plo pesquisadores que estudam a qualida de de um relacionamento marital podem contar os pronomes usados pelo casal nós você eu ele e ela em transcrições de suas in terações pex Simmons Gordon e Cham bless 2005 Quando se analisa o conteúdo do jornal uma medida quantitativa usada com frequência é o espaço por exemplo o tamanho da coluna dedicada a determina dos temas A análise de dados qualitativa de registros arquivísticos por meio da aná lise de conteúdo é semelhante aos métodos descritos para os registros narrativos Os três passos básicos da análise de conteúdo para registros arquivísticos são identificar uma fonte relevante amostrar seleções da fonte e codificar unidades de análise Uma fonte arquivística relevante é aquela que permite que os pesquisado res respondam as perguntas de pesquisa propostas no estudo Embora os pesquisa dores possam ser bastante criativos para identificar suas fontes a identificação da fonte arquivística é relativamente direta como por exemplo quando pesquisadores investigam a relação entre a probabilidade de ser sentenciado à morte e o nível em que os réus têm a aparência do estereótipo ne gro Eberhardt Davies PurdieVaughns e Johnson 2006 Eles usaram como sua fonte arquivística um grande banco de dados de casos passíveis de pena de morte do estado da Pensilvânia contendo fotografias dos prisioneiros a data do crime e a sentença Seus resultados indicam algo perturbador os réus com aparência mais próxima do es tereótipo negro com base em avaliações in dependentes eram mais prováveis de rece ber a sentença de morte do que aqueles que tinham menos características estereotípicas O segundo passo na análise de conteúdo envolve fazer uma amostragem adequada da fonte arquivística Muitos bancos de da dos e fontes arquivísticas são tão grandes que seria impossível um pesquisador anali sar todas as informações da fonte portanto o pesquisador deve selecionar alguns dos dados com o objetivo de obter uma amostra representativa O ideal seria que o pesqui sador usasse alguma técnica para selecionar certas partes do arquivo aleatoriamente O nível em que é possível generalizar os resul tados de um estudo arquivístico validade 134 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister externa depende da representatividade da amostra Anteriormente mencionamos os resultados de um estudo arquivístico que analisou a relação entre o divórcio paren tal e a mortalidade prematura Friedman et al 1995 A amostra de dados desse estudo arquivístico baseouse em uma amostra de crianças estudadas inicialmente em 1921 claramente ela não era uma amostra alea tória de estatísticas de divórcio e mortalida de Podemos questionar a validade externa dos resultados para o impacto do divórcio parental nas vidas das crianças no começo do século XX quando o divórcio era menos frequente e menos aceitável socialmente Hoje em dia talvez fossem observados re sultados bastante diferentes O último passo para se fazer uma análi se de conteúdo é codificar Esse passo exige que se definam categorias descritivas rele vantes e unidades de medição adequadas ver Holsti 1969 Como com a escolha da fonte arquivística as categorias descritivas dependem dos objetivos do estudo Para que os codificadores façam avaliações fide dignas sobre os dados arquivísticos eles de vem ser cuidadosamente treinados usando definições operacionais precisas Por exem plo em um estudo de comportamentos de automutilação em adolescentes os pesqui sadores usaram um conjunto de códigos binários presenteausente para analisar o conteúdo de mensagens da internet relacio nadas com a automutilação em adolescen tes Whitlock Powers e Eckenrode 2006 derivando seus códigos de entrevistas com indivíduos que se automutilavam e de ob servações de mensagens postadas na inter net Depois analisaram 3219 postagens em 10 quadros de mensagens da internet por um período de dois meses e codificaram ou categorizaram o conteúdo em diferentes temas como motivação para automutilação e métodos para ocultar o comportamento Semelhante à análise de registros narrati vos a redução de dados usando codificação permite que os pesquisadores determinem relações entre tipos específicos de compor tamentos e os fatos que antecedem esses comportamentos Whitlock e seus colegas por exemplo identificaram gatilhos de comportamentos de automutilação em sua codificação e conseguiram identificar a pro porção das mensagens que descreviam cada gatilho Com base em sua codificação eles observaram que conflito com pessoas im portantes era o gatilho mais frequente da automutilação 348 Contando a ocor rência desses gatilhos os pesquisadores avançaram da codificação qualitativa para a análise quantitativa dos dados Análise quantitativa dos dados Os dados são sintetizados com o uso de estatísticas descritivas como contagens de frequência média e desvio padrão A fidedignidade entre observadores referese ao nível em que observadores independentes concordam em suas ob servações A fidedignidade entre observadores au menta se houver definições claras sobre os comportamentos e fatos que devem ser registrados treinando os observa dores e proporcionando feedback sobre a acurácia das observações Uma fidedignidade elevada entre os observadores aumenta a confiança dos pesquisadores de que as observações do comportamento são acuradas válidas A fidedignidade entre observadores é avaliada calculando a porcentagem de concordância ou correlações depen dendo de como os comportamentos fo ram medidos e registrados O objetivo da análise quantitativa de da dos é proporcionar uma síntese numérica ou quantitativa das observações feitas no estudo Um passo importante é calcular es tatísticas descritivas que sintetizem os dados observacionais como a frequência relativa a média e o desvio padrão Outro aspecto im portante na análise de dados observacionais é avaliar a fidedignidade das observações A menos que as observações sejam fidedignas é improvável que elas nos falem algo signifi Metodologia de pesquisa em psicologia 135 cativo sobre o comportamento Descrevere mos cada um desses aspectos da análise de dados quantitativa a seguir Estatísticas descritivas O tipo de estatís tica descritiva usado para sintetizar dados observacionais depende da escala de me dição usada para registrar os dados Como vimos usase uma escala nominal de medi ção quando os comportamentos e fatos são classificados em categorias mutuamente ex cludentes Como uma medida nominal usa da com frequência é a ausência ou presença do comportamento em questão a estatística descritiva mais comum para a escala nomi nal é a frequência relativa Para calcular uma frequência relativa o número de vezes que um comportamento ou fato ocorre é con tado e depois dividido pelo número total de observações As medidas da frequência relativa são expressadas como uma propor ção ou uma porcentagem multiplicando a proporção por 100 Mencionamos anterior mente que Whitlock e colegas codificaram gatilhos para comportamentos de automuti lação em adolescentes sendo o gatilho mais frequente o conflito com pessoas impor tantes Os autores contaram 212 menções a conflitos entre as 609 mensagens em que foram mencionados gatilhos A frequência relativa portanto é 0348 212 609 ou 348 das mensagens Ao descrever dados originais os pes quisadores muitas vezes informam o item classificado com mais frequência em pri meiro lugar em um conjunto de itens Por exemplo em levantamentos que abordam as preocupações dos cidadãos sobre o país os pesquisadores podem pedir para as pessoas ordenarem itens como economia guerras educação meio ambiente segurança nacio nal e assim por diante em termos do grau de prioridade para ação governamental Ao publicar os resultados os pesquisadores po dem descrever um item segundo a porcen tagem de pessoas que o classificaram em primeiro lugar como 35 dos respondentes classificaram a economia como sua principal prioridade para ação governamental da dos hipotéticos Uma descrição mais com pleta incluiria a porcentagem de primeiros lugares para os itens restantes como 28 dos respondentes indicaram que o meio am biente é a sua principal prioridade 25 in dicaram que as guerras são a sua principal prioridade e assim por diante Outra forma de descrever dados originais concentrase em descrever as porcentagens em 1º 2º 3º lugar e assim por diante para um determi nado item selecionado entre o conjunto Hi poteticamente poderia aparecer na seguinte forma 35 dos respondentes avaliaram a economia como sua prioridade número 1 25 dos respondentes avaliaram a economia como sua segunda prioridade 12 avalia ram em terceiro e assim por diante Estatísticas descritivas diferentes e mais informativas são usadas quando o comportamento é registrado em pelo menos uma escala intervalar de medição Usase uma ou mais medidas da tendência central quando as observações são registradas com o uso de escalas intervalares ou quando se usam medidas de tempo com uma escala racional duração latência A medida da tendência central mais comum é a média arit mética ou média A média descreve o escore típico em um grupo de escores e é uma medida útil para sintetizar o comportamen to de um indivíduo ou grupo Para uma des crição mais completa do comportamento os pesquisadores também usam uma medida da variabilidade ou dispersão de escores ao redor da média O desvio padrão aproxima a distância média de um escore da média Dica de estatística Este pode ser um bom momento para re visar as medidas da tendência central e da variabilidade assim como diretrizes gerais para analisar conjuntos de dados sistemati camente As primeiras páginas do Capítulo 11 são dedicadas a essas questões LaFrance e Mayo 1976 usam médias e desviospadrão em seu estudo sobre o contato visual entre pares da mesma raça 136 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister envolvendo pessoas brancas e negras con versando O número de segundos que cada ouvinte em um par passou olhando para o rosto do indivíduo que falava foi registrado A Tabela 44 mostra as médias e desviospa drão sintetizando os resultados do estudo A média indica que em média os ouvintes brancos passaram mais tempo olhando para os rostos da pessoa que fala do que os ou vintes negros Essa observação foi obtida para pares do mesmo sexo e pares mistos Os desviospadrão indicam que os pares masculinos apresentavam menos variabili dade do que os pares femininos ou os pares mistos As medidas da tendência central e da variabilidade representam uma síntese notavelmente eficiente e efetiva dos grandes números de observações feitas no estudo Fidedignidade do observador Além das estatísticas descritivas os pesquisadores analisam o nível em que as observações de seu estudo são fidedignas Você deve lem brar que a fidedignidade se refere à coerên cia e uma análise da fidedignidade em um estudo observacional pergunta se observa dores independentes que analisassem os mesmos fatos obteriam os mesmos resulta dos O grau em que dois ou mais observa dores independentes concordam é chamado de fidedignidade entre observadores Quando os observadores discordam não podemos ter certeza sobre o que está sendo avaliado e os comportamentos e fatos que realmente ocorreram É provável que tenhamos uma baixa fidedignidade entre observadores quando o fato registrado não for definido de forma clara e os observadores deverão ti rar conclusões sobre o comportamento com base em suas avaliações subjetivas Além de proporcionar definições verbais preci sas para melhorar a fidedignidade entre os observadores os pesquisadores podem dar exemplos concretos incluindo fotografias e vídeos de comportamentos específicos a serem observados A fidedignidade entre os observadores também costuma aumentar proporcionandose oportunidades de pra ticar como fazer as observações É especial mente importante durante o treinamento e a prática fazer comentários específicos aos observadores quanto às discrepâncias entre suas observações e as dos outros observado res Judd Smith e Kidder 1991 Observações com elevada fidedignidade não significam necessariamente que serão precisas Considere dois observadores que concordassem fidedignamente em relação ao que viram mas que estivessem ambos er rados no mesmo grau Nenhum dos dois estaria fazendo um registro preciso do com portamento Por exemplo ambos podem ser influenciados de maneira semelhante pelo que esperam ser o resultado da sua obser vação Ocasionalmente a mídia divulga ca sos de várias pessoas que alegam ter visto a mesma coisa como um objeto voador não Tabela 44 Médias e desvios padrão descrevendo o tempo em segundos que ouvintes passavam olhando para o rosto de um falante da mesma raça por unidade de observação de 1 minuto Grupo Média Desvio padrão Interlocutores negros Pares masculinos 193 69 Pares femininos 284 102 Pares mistos 249 116 Interlocutores brancos Pares masculinos 358 86 Pares femininos 399 107 Pares mistos 299 112 A partir de LaFrance e Mayo 1976 Metodologia de pesquisa em psicologia 137 identificado ou OVNI para depois mostrar que o fato ou objeto era algo diferente do que os observadores alegavam por exemplo um balão meteorológico Entretanto quando dois observadores concordam geralmente somos mais inclinados a acreditar que suas observações estejam corretas e sejam váli das do que quando os dados baseiamse nas observações de um único observador Para que sejam independentes os observadores não podem saber o que o outro registrou A chance de que ambos sejam influenciados no mesmo grau por suas expectativas fadiga ou tédio costuma ser tão pequena que podemos confiar que aquilo sobre o qual concordam em seus relatos realmente aconteceu É cla ro quanto mais os observadores concordam mais confiantes ficamos A maneira em que a fidedignidade en tre os observadores é avaliada depende de como se mede o comportamento Quando os eventos são classificados segundo ca tegorias mutuamente excludentes escala nominal a fidedignidade dos observado res costuma ser avaliada usandose uma medida percentual da concordância Uma fórmula para calcular a concordância per centual entre os observadores é 100 Número de vezes em que dois observadores concordam Número de oportunidades para concordar Em seu estudo sobre a agressividade na infância Hartup 1974 publicou medidas da fidedignidade usando uma concordância percentual de 83 a 94 para observadores que codificavam o tipo de agressividade e a natureza dos fatos antecedentes em registros narrativos Embora não exista uma regra exata que defina uma fidedignidade baixa entre observadores os pesquisadores geral mente encontram estimativas da fidedigni dade acima de 85 na literatura publicada sugerindo que uma porcentagem de concor dância muito abaixo disso seria inaceitável Em muitos estudos observacionais os dados são coletados por vários observado res que observam em momentos diferentes Nessas circunstâncias os pesquisadores selecionam uma amostra das observações para medir a fidedignidade Por exemplo dois observadores podem registrar o com portamento por procedimentos de amostra gem temporal e observar ao mesmo tempo apenas um subconjunto de momentos Po dese usar a concordância percentual para os momentos em que ambos estejam pre sentes para indicar o grau de fidedignidade do estudo como um todo Quando os dados são medidos usando uma escala ordinal a correlação de Spear man é usada para avaliar a fidedignidade entre os observadores Quando dados ob servacionais representam pelo menos uma escala de intervalos ou de razões como quando o tempo é a variável medida pode se aferir a fidedignidade entre os observa dores usando o Coeficiente de Correlação ProdutoMomento de Pearson r Por exem plo LaFrance e Mayo 1976 obtiveram me didas da fidedignidade em um estudo cujos observadores registraram quanto tempo durante uma conversa uma pessoa olhava o rosto do interlocutor que falava A fide dignidade entre os observadores foi boa em seu estudo com uma correlação média de 092 entre pares de observadores que regis traram o tempo de contato visual Dica de estatística Uma correlação ocorre quando duas medi das diferentes das mesmas pessoas fatos ou coisas variam juntas ou seja quando os escores em uma variável covariam com os escores em outra variável Um coefi ciente de correlação é um índice quanti tativo do grau dessa covariação Quando dados observacionais são medidos usan do escalas de intervalo ou razão podemos usar o coeficiente de correlação de Pear son r para obter uma medida da fidedig nidade entre os observadores A correlação nos diz o quanto as avaliações de dois ob servadores concordam O coeficiente de correlação indica a di reção e a intensidade da relação A direção 138 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Reflexão crítica sobre a pesquisa observacional Um bom estudo observacional envolve esco lher como amostrar o comportamento e os fatos a observar selecionar o método obser vacional adequado e decidir como registrar e analisar dados observacionais Agora que você conhece os fundamentos dos méto dos observacionais também deve saber os problemas que podem ocorrer O primeiro problema é associado à influência do obser vador no comportamento um segundo pro blema ocorre quando os vieses dos obser vadores influenciam o comportamento que decidem registrar Consideraremos cada um desses problemas separadamente a seguir A influência do observador O problema da reatividade ocorre quando o observador influencia o com portamento observado Os sujeitos de pesquisa talvez respon dam a características de demanda da situação de pesquisa para orientar o seu comportamento Os métodos usados para controlar a re atividade incluem ocultar a presença do observador adaptação habituação des sensibilização e observações indiretas traços físicos registros arquivísticos Os pesquisadores devem considerar questões éticas quando tentam contro lar a reatividade Reatividade A presença de um observador pode levar as pessoas a mudar o seu com portamento porque sabem que estão sendo observadas Abordamos a questão da reati vidade na seção que descreve a observação participante Quando os indivíduos rea gem à presença de um observador seu comportamento talvez não represente o seu comportamento típico ou seja o comporta mento que teriam sem a presença de um ob servador Underwood e Shaughnessy 1975 contam como um estudante como parte de uma tarefa de classe observou se motoristas paravam completamente em uma intersec ção com uma placa de pare O observador se posicionou na esquina com uma prancheta na mão e logo notou que todos os motoris tas estavam parando na placa de pare Sua presença estava influenciando o comporta mento dos motoristas Quando se escondeu perto da intersecção observou que o com pode ser positiva ou negativa Uma correla ção positiva indica que à medida que au mentam os valores de uma medida também aumentam os valores da outra Por exemplo as medidas do tabagismo e do câncer de pulmão têm correlação positiva Uma cor relação negativa indica que à medida que os valores de uma medida aumentam dimi nuem os da segunda Por exemplo o tempo gasto assistindo a televisão e os escores em testes acadêmicos têm correlação negati va Quando avaliam a fidedignidade entre observadores os pesquisadores procuram correlações positivas A intensidade de uma correlação referese ao grau de covariação presente As correlações variam em tama nho de 100 uma relação negativa perfeita a 100 uma relação positiva perfeita Um valor de 00 indica que não existe relação entre as duas variáveis Quanto mais perto um coeficiente de correlação estiver de 10 ou 10 mais forte a relação entre as duas variáveis Observe que o sinal de uma cor relação significa apenas a sua direção um coeficiente de correlação de 046 indica uma relação mais forte do que um de 020 Sugerimos que medidas acima de 085 para a fidedignidade entre observadores indicam uma boa concordância entre os observado res mas quanto mais alta melhor No Capítulo 5 discutimos o uso de cor relações para fazer previsões Além disso o Capítulo 11 traz uma discussão detalha da sobre correlações incluindo como as relações entre duas variáveis podem ser descritas graficamente usando diagramas de dispersão como se calculam os Coefi cientes de Correlação ProdutoMomento de Pearson e como essas correlações devem ser interpretadas Se você quiser se familia rizar mais com o tema da correlação veja o Capítulo 11 Metodologia de pesquisa em psicologia 139 portamento dos motoristas mudou e conse guiu coletar dados para seu estudo Os sujeitos de pesquisa podem respon der de maneiras muito sutis quando estão cientes de que seu comportamento está sen do observado Por exemplo os sujeitos às vezes se sentem apreensivos e ansiosos por participarem de uma pesquisa psicológica e as medidas da excitação pex frequên cia cardíaca podem mudar simplesmente por causa da presença de um observador Também podemos esperar que sujeitos de pesquisa que usam um beeper eletrônico que os avisa para registrar seu comportamento e humor mudem de comportamento pex Larson 1989 Os indivíduos geralmente reagem à presença de um observador tentando agir de maneiras que acreditam que o pesqui sador deseje Sabendo que fazem parte de uma investigação científica os indivíduos geralmente querem cooperar e ser bons sujeitos Muitas vezes os sujeitos de pesqui sa tentam adivinhar os comportamentos es perados e podem usar certas pistas e outras informações para orientar o seu comporta mento Orne 1962 Essas pistas na situação de pesquisa são chamadas de características de demanda Orne sugere que os indivíduos geralmente se fazem a seguinte pergunta o que esperam que eu faça aqui Para res ponder a essa pergunta os sujeitos prestam atenção em pistas presentes no ambiente no procedimento de pesquisa e em pistas implícitas fornecidas pelo pesquisador Até onde os participantes mudam de comporta mento enquanto prestam atenção em carac terísticas de demanda a validade externa é ameaçada A capacidade de generalizar os resultados da pesquisa validade externa é ameaçada quando os sujeitos da pesquisa agem de um modo que não seja representa tivo do seu comportamento fora da situação de pesquisa Além disso a interpretação dos resultados do estudo pode ser ameaçada porque os participantes podem involunta riamente tornar uma variável de pesquisa mais efetiva do que é na verdade ou anu lar os efeitos de uma variável que seria im portante Um modo de reduzir o problema das características de demanda é limitar o conhecimento dos sujeitos sobre o seu papel no estudo ou sobre as hipóteses do estudo ou seja fornecer o menor número possível de pistas Você pode lembrar porém que omitir informações dos sujeitos pode susci tar preocupações éticas particularmente em relação ao consentimento informado Controlando a reatividade Existem várias abordagens que os pesquisadores usam para controlar o problema da reatividade Vários dos métodos observacionais discutidos an teriormente neste capítulo são projetados para limitar a reatividade A reatividade pode ser eliminada se os sujeitos da pesqui sa não souberem que existe um observador no local A observação participante oculta cumpre esse objetivo pois os indivíduos não estão cientes da presença do observador Podemos presumir portanto que eles agem como normalmente agiriam Lembre que esse procedimento foi usado no estudo de Rosenhan 1973 sobre a hospitalização de doentes mentais e das observações de psicó logos sociais sobre indivíduos que alegavam manter contato com alienígenas Festinger et al 1956 Os observadores também po dem se ocultar enquanto fazem observações em situações naturais observação naturalís tica como visto no estudo da placa de pare ou podem usar câmeras ou gravadores es condidos para fazer suas observações mas devem estar cientes das questões éticas rela cionadas com a privacidade Uma vantagem importante da obser vação indireta ou dos métodos não obs trutivos é que essas observações são não reativas Os pesquisadores observam tra ços físicos e registros arquivísticos para aprender sobre o comportamento passa do das pessoas Como os indivíduos não estão mais presentes na situação e prova velmente não sabem que os traços físicos ou registros arquivísticos estão sendo ob servados por pesquisadores é impossí vel que mudem seu comportamento Um pesquisador investigou o comportamento 140 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister relacionado com a bebida alcólica em uma cidade que era oficialmente sóbria con tando garrafas vazias de bebidas alcoóli cas em latas de lixo ver Figura 46 Outro pesquisador usou os registros arquivísti cos mantidos por uma biblioteca para ava liar o efeito da introdução da televisão em uma comunidade O número de livros de ficção locados diminuiu mas a demanda por não ficção não foi afetada ver Webb et al 1981 Seria interessante fazer um estu do semelhante hoje em dia considerando a ampla disponibilidade de programas de ciência história e biografias na televisão a cabo Podese propor a hipótese de que o advento desses programas está correlacio nado com um declínio na locação de não ficção em bibliotecas Outra abordagem que os pesquisadores usam para lidar com a reatividade é adap tar os sujeitos à presença do observador Podemos supor que à medida que os su jeitos se acostumam com a presença do ob servador eles passam a agir normalmente na frente daquele observador A adaptação pode ocorrer por habituação ou dessensibi lização Em um procedimento de habituação os observadores simplesmente entram em uma situação em várias ocasiões diferentes até que os sujeitos parem de reagir à sua presença ie a presença se torna normal A habituação foi usada para filmar um do cumentário intitulado An American Family que foi apresentado na televisão na década de 1970 A equipe de filmagem se mudou literalmente para uma casa na Califórnia e registrou uma família por sete meses Em bora seja impossível dizer quanto do com portamento da família foi influenciado pela presença dos observadores os fatos que ocorreram na frente da câmera são evidên cias de que houve um processo de que os membros da família se habituaram com as câmeras Como o fato mais notável a fa mília se separou e a esposa pediu para o marido sair de casa Quando foram entre Figura 46 Podemos obter medidas não obstrutivas não reativas do comportamento das pessoas pesquisando o seu lixo em busca de traços físicos mas devemos considerar questões éticas ligadas à privacidade Metodologia de pesquisa em psicologia 141 vistados mais adiante sobre o fato de seu divórcio ter sido anunciado para milhões de telespectadores o marido admitiu que embora pudessem ter pedido para a equi pe sair naquele ponto ele disse tínhamos nos acostumado com eles Newsweek 1973 p 49 É provável que processos semelhan tes de habituação ocorram durante reality shows mais contemporâneos mas também devemos questionar se uma parte do com portamento apresentado nesses programas não ocorre exatamente porque os indivíduos estão na televisão A dessensibilização como meio de lidar com a reatividade assemelhase aos proce dimentos usados por psicólogos clínicos no tratamento comportamental de fobias Em uma situação de terapia um indivíduo que tem um medo específico pex de aranhas é exposto primeiramente ao estímulo temi do em uma intensidade muito baixa Por exemplo podese pedir para o indivíduo pensar em coisas relacionadas com aranhas como teias Ao mesmo tempo o terapeu ta ajuda o cliente a praticar relaxamento Gradualmente a intensidade do estímulo aumenta até que o cliente consiga tolerar o objeto temido por exemplo segurar uma aranha Os pesquisadores que trabalham com animais costumam usar dessensibi lização para adaptar sujeitos animais à presença de um observador Antes de seu assassinato na África Dian Fossey 1981 1983 fez estudos observacionais fascinan tes sobre os gorilas das montanhas em Ru anda Ao longo um período ela se aproxi mou gradativamente dos gorilas para que eles se acostumassem com a sua presença Ela observou que imitando seus movimen tos por exemplo mascando as folhas que eles comiam e se coçando ela conseguia deixar os gorilas à vontade Finalmente ela conseguiu sentar entre os gorilas e observá los enquanto a tocavam e exploravam seu equipamento de pesquisa Questões éticas Sempre que os pesqui sadores tentam controlar a reatividade observando indivíduos sem o seu conheci mento surgem importantes questões éticas Por exemplo observar pessoas sem o seu consentimento pode representar uma séria invasão de privacidade Nem sempre é fá cil decidir o que constitui uma invasão de privacidade ver Capítulo 3 e deve envol ver uma consideração da sensibilidade das informações do ambiente onde a observa ção ocorre e do método para disseminar as informações pex Diener e Crandall 1978 Atualmente os estudos comportamen tais realizados com o uso da internet intro duzem novos dilemas éticos Por exemplo quando pesquisadores entram em salas de batepapo como observadores participan tes ocultos para verificar o que faz indiví duos racistas defenderem a violência racial Glaser Dixit e Green 2002 as informa ções que eles obtêm poderiam ser conside radas como evidências incriminatórias sem o conhecimento dos respondentes algo como uma investigação sigilosa O dilema é claro é que se os pesquisadores tentas sem obter o consentimento informado se ria muito improvável que os respondentes cooperassem Nesse caso o IRB aprovou a pesquisa concordando com os pesquisa dores que a sala de batepapo é um fórum público que esses temas eram comuns naquele fórum e que os pesquisadores ha viam estabelecido medidas adequadas de proteção para as identidades dos respon dentes pex separando os nomes ou pseu dônimos de comentários Por outro lado existem casos em que as pessoas sentem que sua privacidade foi violada quando descobrem que pesquisadores observaram suas discussões virtuais sem o seu conhe cimento ver Skitka e Sargis 2005 Embora os quadros de mensagens da internet pos sam ser considerados públicos pesqui sadores que investigavam mensagens de adolescentes sobre seus comportamentos de automutilação tiveram por exigência do IRB de sua universidade que parafrasear os comentários dos sujeitos em vez de usar citações exatas Whitlock et al 2006 A pesquisa comportamental com o uso da in ternet está em seus estágios iniciais e tanto 142 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister os pesquisadores quanto os membros dos IRBs ainda estão aprendendo e aplicando formas criativas de solucionar problemas para resolver esses dilemas éticos à medida que surgirem ver Kraut et al 2004 Quando os indivíduos estão envolvi dos em situações preparadas deliberada mente pelo pesquisador como ocorre na observação estruturada ou em experimen tos de campo podem surgir problemas éticos associados a colocar os sujeitos em risco Considere por exemplo um expe rimento de campo em que estudantes que andavam pelo campus foram questionados sobre suas atitudes em relação à persegui ção racial Blanchard Crandall Brigham e Vaughn 1994 Em uma condição do experimento um cúmplice fingindo ser estudante condenava atos racistas e na segunda condição o cúmplice perdoava os atos racistas Sujeitos individuais foram questionados a respeito de suas atitudes Os resultados do estudo indicam que as visões que o cúmplice expressava torna ram os sujeitos mais suscetíveis a fazer declarações semelhantes em comparação com uma terceira condição na qual o cúm plice não expressou nenhuma opinião Podemos questionar se esses sujeitos não estão em situação de risco Será que os objetivos do estudo que eram mostrar como pessoas extrovertidas e falantes podem influenciar situações sociais inter raciais superam os riscos envolvidos no estudo Embora os sujeitos tenham tido uma sessão de debriefing imediatamen te nesse estudo será que isso é suficien te para lidar com as preocupações sobre como poderiam agir quando confrontados com opiniões racistas Será que o debriefing restaurou a confiança em uma ciência que procura conhecimento por meio do enga no Qualquer tentativa de responder esses tipos de questões enfatiza a dificuldade da tomada de decisões éticas Por fim podemos usar medidas não obstrutivas como os traços físicos e dados arquivísticos para abordar outra questão ética a obrigação ética dos cientistas de melhorar as condições dos indivíduos e da sociedade Existem muitas questões sérias que confrontamos atualmente incluindo a violência relações raciais suicídio con flitos domésticos e muitas outras questões sociais para as quais pode ser difícil justi ficar uma pesquisa que envolva observa ção direta ao considerar uma razão de ris cobenefício Ou seja alguns métodos de pesquisa talvez simplesmente envolvam um risco grande demais para os sujeitos Todavia a obrigação ética dos psicólogos de melhorar as condições de indivíduos organizações e da sociedade exige que eles procurem métodos para adquirir conhe cimento nessas áreas importantes pois o custo de não fazer pesquisas para resolver esses problemas é elevado É possível fa zer pesquisas envolvendo o uso de traços físicos e dados arquivísticos sobre esses importantes problemas sob condições em que as questões éticas sejam mínimas em relação a métodos mais intrusivos Assim os métodos observacionais não obstrutivos representam uma ferramenta importante na abordagem multimétodos para investi gar questões sociais importantes com me nos risco Viés do observador O viés do observador ocorre quando os vieses dos pesquisadores determinam os comportamentos que decidem obser var e quando as expectativas dos obser vadores para o comportamento levam a erros sistemáticos na identificação e registro do comportamento As expectativas podem ter efeitos quan do os observadores conhecem as hipó teses para o resultado do estudo ou o resultado de estudos anteriores O primeiro passo para controlar o viés do observador é reconhecer que ele pode estar presente O viés do observador pode ser reduzi do mantendose os observadores igno rantes cegos quanto aos objetivos e hipóteses do estudo Metodologia de pesquisa em psicologia 143 Como exemplo de observação parti cipante oculta descrevemos um estudo clássico de Rosenhan 1973 no qual ob servadores foram admitidos em hospitais psiquiátricos No hospital observaram e registraram o comportamento dos funcio nários A pesquisa de Rosenhan identificou um sério viés por parte da equipe Quando os observadores chamados de pseudopa cientes eram rotulados como esquizofrê nicos os funcionários interpretavam o seu comportamento unicamente de acordo com esse rótulo Comportamentos que de outra forma poderiam ser considerados normais eram interpretados pela equipe como evi dência da doença dos pseudopacientes Por exemplo os pseudopacientes logo desco briram que podiam registrar suas observa ções abertamente ninguém prestava muita atenção no que estavam fazendo Quando Rosenhan verificou os prontuários médicos dos pseudopacientes mais adiante obser vou que os membros da equipe citavam o ato de fazer anotações como um sintoma da sua doença Não se preocupe fazer anota ções não é sinal de doença mental Como os membros da equipe interpretaram o com portamento dos pseudopacientes em ter mos do rótulo esquizofrênico sua sanida de não foi detectada Esse exemplo ilustra claramente o perigo do viés do observador os erros sistemáticos de observação que re sultam das expectativas de um observador Nesse caso os membros da equipe apresen taram o viés do observador Efeitos da expectativa Em muitos estudos científicos o observador tem certas expecta tivas sobre como deve ser o comportamento em uma determinada situação ou após um tratamento psicológico específico Quando pesquisadores projetam um estudo eles revisam a literatura de pesquisa publicada para ajudálos a desenvolver suas hipóte ses Esse conhecimento pode levar os pes quisadores a criarem expectativas sobre o que deve ocorrer em uma situação de pes quisa de fato as hipóteses são previsões sobre o que se espera que aconteça Toda via as expectativas podem ser uma fonte de viés do observador efeitos da expectativa se levarem a erros sistemáticos na obser vação Rosenthal 1966 1976 Um estudo clássico documentou os efeitos da expecta tiva Cordaro e Ison 1963 Estudantes uni versitários registraram o número de vezes que minhocas viravam a cabeça e contraíam o corpo Os observadores de um grupo fo ram levados a esperar uma taxa elevada de movimentos ao passo que os observadores do segundo grupo esperavam uma taxa baixa Os dois grupos de minhocas eram essencialmente idênticos todavia os resul tados mostram que quando os observado res esperavam ver muitos movimentos eles registraram duas vezes mais movimentos da cabeça e três vezes mais contrações cor porais comparados com observadores que esperavam uma taxa baixa de movimento Aparentemente os estudantes interpreta ram as ações das minhocas de maneira sis tematicamente diferente dependendo do que esperavam observar Outros vieses As expectativas do observa dor com relação ao resultado de um estu do podem não ser a única fonte de viés do observador Talvez você ache que o uso de um equipamento automático como câme ras de vídeo elimina o viés do observador Embora reduza a oportunidade de viés a automação não a elimina necessariamen te Considere o fato de que para registrar o comportamento em filme o pesquisador deve determinar o ângulo local e tempo da filmagem Até o ponto em que esses aspectos do estudo forem influenciados por vieses pessoais do pesquisador essas decisões podem introduzir erros sistemáti cos nos resultados Por exemplo Altmann 1974 descreve um estudo observacional do comportamento animal cujos resultados sofreram viés dos observadores que faziam intervalos que coincidiam com um período de relativa inatividade entre os animais As observações dos animais durante esse pe ríodo de inatividade ficaram claramente au sentes nos registros observacionais criando 144 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister um viés nos resultados e fazendo os animais parecerem mais ativos do que eram Além disso o uso de equipamento automático apenas posterga o processo de classificação e interpretação e é perfeitamente possível que outros efeitos do viés do observador sejam introduzidos durante a codificação e análise de registros narrativos Controlando o viés do observador O viés do observador é difícil de eliminar mas pode ser reduzido de várias manei ras Como mencionamos o uso de equi pamentos automáticos de gravação pode ajudar embora o potencial para o viés ainda esteja presente Provavelmente o fa tor mais importante ao se lidar com o viés do observador é a consciência de que ele pode estar presente Ou seja um observador que sabe sobre esse viés terá mais chances de agir para reduzir o seu efeito Uma maneira importante de os pesqui sadores reduzirem o viés do observador é limitando as informações disponíveis aos observadores Quando observadores e co dificadores não conhecem as hipóteses do estudo em questão eles não conseguem criar expectativas sobre o comportamento Figurativamente os observadores podem ser mantidos cegos quanto a certos as pectos do estudo Os observadores estão cegos quando não sabem as razões para as observações ou os objetivos do estudo Por exemplo quando codificadores treinados analisaram os vídeos de interações entre mães e filhos de famílias com e sem maus tratos eles não sabiam o tipo de família que estavam observando Valentino et al 2006 Como você pode imaginar as expec tativas dos observadores quanto a famílias com maustratos podem influenciar a sua interpretação dos comportamentos assim como os membros da equipe médica no estudo de Rosenhan 1973 interpretaram o comportamento dos pseudopacientes segundo seu rótulo diagnóstico O uso de observadores cegos reduz em muito a pos sibilidade de introduzir erros sistemáticos devido às expectativas do observador Resumo Os pesquisadores raramente observam todo o comportamento que ocorre Consequen temente eles devem usar alguma forma de amostragem do comportamento como amostragem temporal e situacional Um objetivo importante da amostragem é obter uma amostra representativa do comporta mento A validade externa referese ao nível em que as observações de um estudo podem ser generalizadas para descrever diferentes populações situações e condições a valida de externa aumenta quando se obtém uma amostra representativa Os métodos ob servacionais podem ser classificados como observação direta ou observação indireta A observação direta em um ambiente natural sem intervenção é chamada de observação naturalística A observação com intervenção pode assumir a forma de observação partici pante observação estruturada e experimen tos de campo Uma vantagem importante dos métodos observacionais indiretos é que eles são não reativos A reatividade ocorre quando as pessoas mudam o seu compor tamento porque sabem que estão sendo observadas Observações indiretas ou não obstrutivas podem ser feitas analisando traços físicos e registros arquivísticos Os traços físicos incluem traços de uso natural ou controlado e produtos Os dados arqui vísticos são os registros das atividades de indivíduos instituições governos e outros grupos Os problemas associados aos traços físicos incluem vieses potenciais na maneira como os traços se acumulam ou sobrevivem ao longo do tempo e os problemas com os dados arquivísticos incluem o depósito se letivo sobrevivência seletiva e o potencial para relações espúrias nos dados Em estudos observacionais o com portamento pode ser registrado com uma descrição abrangente do comportamento ou registrandose apenas certas unida des predefinidas do comportamento Os registros narrativos são usados para pro porcionar descrições abrangentes do com portamento e as checklists costumam ser Metodologia de pesquisa em psicologia 145 usadas quando os pesquisadores estão in teressados em verificar se um determinado comportamento ocorreu e em que condi ções A frequência duração e avaliações de comportamentos são variáveis comuns analisadas em estudos observacionais A análise de registros narrativos envolve a codificação como um passo da redução dos dados A análise de conteúdo é usa da para analisar registros arquivísticos A maneira como os dados quantitativos são analisados depende da escala de medição usada As quatro escalas de medição são a nominal ordinal de intervalos e de razões Quando se usa uma escala nominal para registrar o comportamento pex presente ausente os dados são sintetizados usando proporções ou porcentagens para indicar a frequência relativa do comportamento Ao descreverem dados ordinais os pesquisa dores muitas vezes descrevem os resulta dos conforme a porcentagem de pessoas que classificaram certos itens em primeiro lugar em um conjunto de itens Quando o comportamento é medido usando escalas intervalares e racionais os dados são sinte tizados usando a média e o desvio padrão É essencial apresentar medidas da fidedig nidade do observador quando se publicam os resultados de um estudo observacional Dependendo do nível de medição usado podese usar uma medida percentual da concordância ou um coeficiente de correla ção para aferir a fidedignidade Possíveis problemas devidos à reativi dade ou viés do observador devem ser con trolados em qualquer estudo observacional Uma forma de reatividade é quando os su jeitos prestam atenção nas características de demanda de uma situação de pesquisa para orientar seu comportamento O uso de mé todos observacionais em que os participan tes não estejam cientes de que estão sendo observados pex observação participante oculta métodos não obstrutivos limita a reatividade em outras situações os partici pantes podem se adaptar à presença de um observador O viés do observador ocorre quando os vieses dos pesquisadores deter minam quais comportamentos decidem ob servar e quando as expectativas dos obser vadores quanto ao comportamento levam a erros sistemáticos na identificação e registro do comportamento efeitos da expectativa Medidas importantes para reduzir o viés do observador são estar ciente da sua presença e manter os observadores cegos quanto aos objetivos e hipóteses do estudo As questões éticas envolvidas devem ser consideradas antes de começar qualquer estudo observa cional Dependendo da natureza das obser vações as questões éticas podem incluir o engano a privacidade o consentimento in formado e a razão riscobenefício Conceitos básicos validade externa 107 amostragem temporal 108 amostragem situacional 109 observação naturalística 110 observação participante 113 reatividade 113 observação estruturada 116 experimento de campo 118 medidas não obstrutivas 120 traços físicos 120 registros arquivísticos 123 depósito seletivo 124 sobrevivência seletiva 125 registros narrativos 126 escala de medição 128 redução de dados 132 codificação 132 análise de conteúdo 133 fidedignidade entre observadores 136 coeficiente de correlação 137 características de demanda 139 viés do observador 143 146 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Questões de revisão 1 Descreva os tipos de amostragem que os pesquisadores usam em estudos observa cionais e o objetivo do uso adequado da amostragem 2 Explique a diferença entre métodos ob servacionais diretos e indiretos e como o grau de intervenção pode ser usado para distinguir os métodos observacionais di retos 3 Descreva uma situação de pesquisa em que a observação naturalística possa ser útil quando considerações éticas impe dem os pesquisadores de intervir para es tudar o comportamento 4 Explique por que a reatividade é um pro blema em estudos observacionais 5 Explique como a observação representa um equilíbrio na pesquisa psicológica e identifique a principal vantagem e o custo potencial desse ajuste 6 Explique por que os traços físicos e dados arquivísticos são alternativas atraentes à observação direta 7 Descreva os diferentes tipos de medidas de traços físicos disponíveis para os psicó logos e as maneiras em que essas medidas podem sofrer vieses 8 Explique como os dados arquivísticos po dem ser usados para testar o efeito de um tratamento natural 9 Explique como o depósito seletivo a so brevivência seletiva e as relações espúrias podem impor vieses na interpretação de registros arquivísticos 10 Descreva como a redução e codificação de dados são usadas em análises quali tativas de registros narrativos e dados arquivísticos 11 Dê um exemplo usando cada uma das quatro escalas de medição para descrever como um pesquisador poderia quantificar o contato ocular entre pares de pessoas conversando 12 Quais são as medidas descritivas mais comuns a quando eventos são medi dos em uma escala nominal b quando itens são classificados usando uma escala ordinal e c quando o comportamento é registrado em pelo menos uma escala in tervalar 13 Descreva os procedimentos que os pes quisadores podem usar para aumentar a fidedignidade entre os observadores 14 Identifique as escalas de medição que exigem um coeficiente de correlação para avaliar a fidedignidade entre observado res e explique o que uma correlação nega tiva indicaria nessa situação 15 Explique se a fidedignidade elevada entre os observadores garante que as observa ções sejam acuradas e válidas 16 Descreva duas maneiras em que o viés do observador efeitos da expectativa pode ocorrer na pesquisa psicológica 17 Explique como os pesquisadores podem reduzir o viés do observador Metodologia de pesquisa em psicologia 147 DESAFIOS 1 Estudantes em uma disciplina prática de psicologia do desenvolvimento fizeram um estudo observacional sobre interações en tre pais e bebês em casa Quando entra vam na casa em cada um dos quatro dias em que observavam uma determinada fa mília eles cumprimentavam os dois pais e o bebê e quaisquer outras crianças na casa Instruíam a família a seguir a sua ro tina diária e faziam uma série de perguntas sobre as atividades do dia para determinar se aquele era um dia normal ou se tinha acontecido algo incomum Os estudantes tentavam fazer a família se sentir confor tável mas também tentavam minimizar as suas interações com a família e entre si Para cada período de observação de duas horas sempre havia dois estudantes pre sentes na casa e os dois observadores re gistravam suas notas independentemente um do outro Cada um dos seis pares de estudantes foi designado aleatoriamente para observar duas das 12 famílias que se inscreveram voluntariamente para o estudo O mesmo par de observadores sempre observava uma determinada famí lia por todas as oito horas de observação daquela família Os observadores usavam escalas de avaliação para registrar com portamentos em diversas dimensões dife rentes como o carinho e afeto mútuos na interação entre pais e filhos A Cite dois procedimentos específicos que os estudantes usaram para ga rantir a fidedignidade de seus dados B Cite uma ameaça possível à validade externa dos resultados desse estudo mais uma vez cite um exemplo espe cífico da descrição fornecida C Cite um aspecto específico de seu procedimento que indique que os es tudantes estavam sensíveis à possibi lidade de que suas avaliações fossem reativas Que outros métodos pode riam ter sido usados para lidar com o problema da reatividade 2 Realizouse um estudo observacional para avaliar os efeitos de influências am bientais no hábito de beber de estudan tes universitários em um bar patrocinado pela universidade Foram observados 82 estudantes acima de 21 anos Os obser vadores usaram uma checklist para regis trar se o sujeito era do sexo masculino ou feminino e se o sujeito estava com ape nas uma outra pessoa ou estava em um grupo com duas ou mais outras pessoas Cada sessão de observação sempre du rou das 15h a 1h e as observações ocor reram de segundafeira a sábado durante um período de três meses Dois observa dores sempre estavam presentes durante qualquer sessão de observação Cada participante foi observado por até uma hora depois do momento em que pediu a primeira cerveja Os dados foram sinteti zados em relação ao número de cervejas bebidas por hora Os resultados mostra ram que os homens beberam mais e mais rápido do que as mulheres Os homens beberam mais rápido quando estavam com outros homens e as mulheres tam bém beberam mais rápido na presença de homens Homens e mulheres beberam mais em grupos do que com apenas uma outra pessoa Esses resultados indicam que o ambiente em que as pessoas be bem desempenha um papel importante na natureza e extensão do ato de beber A Identifique o método observacional usado nesse estudo e explique por que você escolheu esse método B Identifique as variáveis independentes e dependentes nesse estudo e des creva a definição operacional de cada nível da variável independente C Como os pesquisadores poderiam controlar a reatividade nesse estudo Que preocupações éticas poderiam surgir a partir da sua abordagem D Identifique um aspecto dos proce dimentos usados nesse estudo que provavelmente aumentaria a fidedigni dade das observações E Identifique um aspecto dos proce dimentos usados nesse estudo que provavelmente limitaria a validade ex terna dos resultados obtidos 148 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister 3 DESAFIOS CONTINUAÇÃO Uma inteligente estudante de pósgra duação em psicologia recebeu ofertas de emprego das revistas Newsweek e Time As propostas salariais das duas empresas eram basicamente iguais e parece que as condições de trabalho e responsabilida des também eram semelhantes Para aju dála a decidir qual emprego deve aceitar ela decide determinar se uma das revistas teria uma atitude melhor do que a outra com relação às mulheres Ela pede que você a ajude com uma análise do con teúdo das duas revistas Que conselhos específicos você daria a ela com relação a cada um dos passos seguintes em sua análise de conteúdo A Amostragem B Codificação C Fidedignidade D Medidas quantitativas e qualitativas 4 Quatro estudantes estavam fazendo es tágio no Instituto de Pesquisa em Ciên cias Sociais de sua universidade O ins tituto de pesquisa havia sido contratado para fazer uma série de estudos sobre a segurança do trânsito para a agência de desenvolvimento urbano de uma peque na cidade perto da universidade Os es tagiários deveriam fazer um dos estudos Especificamente eles deveriam fazer um estudo para determinar o quanto era pro vável que os carros realmente parassem em intersecções com placas de pare com faixas de pedestres na zona central Você deve responder as seguintes perguntas que os estudantes estão considerando ao planejarem o estudo A Os estudantes querem distinguir o ní vel em que os carros param além de uma classificação baseada em sim ou não B O que os estudantes podem fazer an tes de começarem a coletar dados para o estudo de maneira a aumentar a fidedignidade entre os observadores C Os estudantes estão interessados em determinar a probabilidade de que car ros parem quando a circulação de pe destres no centro da cidade está leve e quando está pesada Que plano de amostragem temporal eles poderiam usar para fazer essa determinação D Os estudantes estão interessados especialmente em determinar a pro babilidade de que os carros parem na placa de pare independentemen te de outros carros terem parado ou não Como eles deveriam amostrar os carros que observam para estudarem a independência entre os carros Que informações os estudantes poderiam registrar que lhes permitiria incluir to dos os carros em sua amostra e ainda determinar a probabilidade de que os carros parassem de forma indepen dente Metodologia de pesquisa em psicologia 149 Resposta ao Exercício 1 Como os estudantes não intervieram nas situações ambientes naturais que obser varam o estudo deve ser descrito como uma observação naturalística 2 A decisão dos estudantes de usar um in tervalo de observação de cinco minutos talvez tenha limitado a sua capacidade de mensurar a concentração de um modo efetivo Talvez o intervalo seja curto de mais para que mudanças na concentra ção possam ser identificadas tornando difícil detectar diferenças entre os dois locais 3 A amostragem temporal é importante nesse estudo pois a capacidade dos estu dantes de se concentrar pode variar entre os dias da semana e momentos do dia A escolha de apenas um período de tempo segundafeira das 21h às 23h limita a validade do estudo Amostrar diferentes momentos do dia dias da semana e sema nas dentro do semestre aumentaria a vali dade externa do estudo 4 Uma possibilidade é que os estudantes escolham tipos diferentes de material para estudar nos dois locais Se é mais difícil estudar no diretório estudantil os estudantes talvez escolham material mais fácil e que exija menos esforço para man ter a concentração enquanto estudam no diretório Essa diferença no material de estudo talvez explique a observação de que os tempos de concentração não di ferem Um dos desafios para se fazer observação naturalística é que os pesqui sadores não conseguem controlar certos fatores que podem influenciar o resulta do das observações Resposta ao Desafio 1 A Os procedimentos dos estudantes que aumentaram a fidedignidade foram os seguintes observar cada família por oito horas usar dois observadores indepen dentes e usar checklists para proporcionar definições operacionais B Uma ameaça possível à validade externa dos dados era que as 12 famílias se ofere ceram como voluntárias para o estudo e essas famílias podem diferir de famílias típicas C Os esforços dos estudantes para minimi zar as interações com a família e entre si sugerem que eles estavam sensíveis ao problema da reatividade Dois outros mé todos que podiam ter usado são a habi tuação e a dessensibilização Pesquisa de levantamento 5 Visão geral Os norteamericanos são românticos Será que são românticos em comparação com os franceses que são conhecidos por sua pai xão pela paixão Essas são algumas das per guntas feitas em um levantamento de 2009 sobre o namoro nos Estados Unidos um levantamento realizado especificamente para comparar os resultados com um levan tamento francês sobre o amor e relaciona mentos Schwartz 2010 Os resultados do levantamento in dicam que os norteamericanos são tão apaixonados quanto os franceses ainda mais quando se entrevistam sujeitos mais velhos Para indivíduos com mais de 65 anos 63 dos americanos se descrevem como apaixonados comparados com 46 dos franceses nessa faixa etária Quan do os sujeitos americanos e franceses dife rem Quando lhes perguntam sobre sexo Uma questão perguntava Pode existir amor verdadeiro sem uma vida sexual ra diante A maioria dos americanos 77 entre 18 e 65 anos respondeu que sim ao passo que apenas 35 dos franceses disse ram que pode haver amor verdadeiro sem esse tipo de sexo Com base nesses resultados podemos descrever as respostas das pessoas sobre o que significa estar apaixonado Além dis so podemos prever respostas sobre a paixão com base na idade e na nacionalidade fran cês ou americano Os resultados também nos permitem prever sabendo se alguém é americano ou francês o que a pessoa pode ria dizer sobre o amor verdadeiro e o sexo Todavia o fato de ser francês ou america no causa essas atitudes Essa é uma questão completamente diferente A pesquisa correlacional proporciona uma base para fazer previsões As relações entre variáveis de ocorrência natural são avaliadas com o objetivo de identificar re lações preditivas Como discutimos no Ca pítulo 4 um coeficiente de correlação é um índice quantitativo da direção e magnitude de uma relação preditiva Discutiremos a pesquisa correlacional no contexto da meto dologia do levantamento mais adiante neste capítulo Os levantamentos geralmente são feitos com amostras de pessoas Neste capítulo apresentamos inicialmente a lógica e técni cas básicas de amostragem o processo de selecionar um subconjunto de uma popula ção para representar a população como um Metodologia de pesquisa em psicologia 151 todo Você aprenderá as vantagens e des vantagens de diversos métodos de pesquisa de levantamento e desenhos de pesquisa de levantamento O principal instrumento da pesquisa de levantamento é o questionário e assim descrevemos os fundamentos da construção de um bom questionário Tam bém discutimos uma questão importante que deve ser abordada na pesquisa de le vantamento as pessoas realmente fazem o que dizem fazer Concluímos o capítulo com uma análise crítica sobre uma questão mais ampla O que podemos concluir so bre a causalidade quando existe correlação entre duas variáveis Usos de levantamentos A pesquisa de levantamento é usada para avaliar os pensamentos opiniões e sentimentos das pessoas Os levantamentos podem ser específi cos e de âmbito limitado ou mais glo bais em seus objetivos A melhor maneira de determinar se os resultados de um levantamento contêm vieses é analisar os seus procedimentos e análises No Capítulo 4 discutimos como os psi cólogos usam métodos observacionais para inferir o que as pessoas devem estar pen sando ou sentindo por terem agido de um certo modo A pesquisa de levantamento é projetada para lidar mais diretamente com a natureza dos pensamentos opiniões e sentimentos das pessoas Superficialmente a pesquisa de levantamento é enganosa mente simples Se você quiser saber o que as pessoas estão pensando pergunte a elas De maneira semelhante se você quiser saber o que as pessoas estão fazendo observeas Todavia como já vimos quando esperamos inferir princípios gerais do comportamento nossas observações devem ser mais sofisti cadas do que as nossas observações cotidia nas e casuais Assim a pesquisa por meio de levantamentos também exige mais do que apenas fazer perguntas às pessoas Os cientistas sociais como os cientis tas políticos os psicólogos e os sociólogos usam levantamentos em suas pesquisas por uma variedade de razões teóricas e aplicadas Os levantamentos também são usados para satisfazer necessidades mais pragmáticas da mídia de candidatos po líticos autoridades da saúde pública or ganizações profissionais e diretores de publicidade e marketing Os levantamentos costumam ser usados para promover agen das políticas ou sociais como na iniciativa de saúde pública para eliminar cenas de ta bagismo em filmes Heatherton e Sargent 2009 analisaram dados de levantamentos e observaram que à medida que aumenta a exposição ao tabagismo entre adolescentes a probabilidade de experimentar cigarro ou de se tornar fumante aumenta especial mente entre adolescentes considerados de baixo risco de fumar pex filhos de pais não fumantes Além disso o alcance e o propósito dos levantamentos podem ser limitados e específicos ou podem ser mais globais Um exemplo de um levantamento com al cance limitado é uma investigação da gra tidão e força comunal em um relaciona mento Lambert Clark Durtschi Fincham e Graham 2010 A força comunal referese ao grau em que os indivíduos se sentem responsáveis pelo bemestar do parceiro no relacionamento Lambert e colegas fizeram um levantamento para avaliar o nível em que os indivíduos expressam gratidão em um relacionamento fechado e seus senti mentos de força comunal naquele relaciona mento Os resultados do seu levantamento corroboram a sua hipótese de que a expres são de gratidão está relacionada com a per cepção de força comunal dos indivíduos Myers e Diener 1995 por outro lado fizeram um levantamento que aborda ques tões complexas de preocupação global Eles amostraram pessoas de 24 países represen tando todos os continentes com exceção da Antártida Uma das perguntas de pesquisa era se as pessoas em países ricos têm um senso maior de bemestar pessoal do que 152 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister pessoas em países não tão ricos Os resulta dos do levantamento mostram que a rique za nacional medida pelo produto interno bruto per capita está correlacionada positi vamente com o bemestar pessoal 067 Po rém essa relação não é simples pois a rique za nacional também está correlacionada com outras variáveis que também têm correlação elevada com o bemestar como o número de anos contínuos de democracia 085 Uma das maneiras em que se podem usar levantamentos merece ser mencionada porque suscita questões éticas Um dilema ético ocorre quando os patrocinadores de pesquisas têm interesses velados nos resul tados da pesquisa Crossen 1994 enfatizou essa questão dizendo que cada vez mais as informações que usamos para comprar eleger orientar inocentar e curar são cria das não para expandir o nosso conhecimen to mas para vender um produto ou pro mover uma causa p 14 Crossen cita um exemplo de um levantamento patrocinado por um fabricante de telefones celulares que mostra que 70 dos respondentes to dos usuários de telefones celulares concor davam que as pessoas que usam telefones celulares são mais bemsucedidas nos negó cios do que as que não usam Seria razoável concluir que os resul tados de levantamentos são tendenciosos sempre que o resultado for favorável para a agência patrocinadora As respostas a questões éticas raramente são simples e a resposta a essa pergunta não é simples É possível fazer pesquisa de qualidade e éti ca quando o patrocinador tem interesse no resultado É importante conhecer o patro cinador da pesquisa quando se avaliam os resultados de levantamentos mas não é su ficiente para julgar se o estudo tem algum viés É muito mais importante saber se foi usada uma amostra tendenciosa ou se a for mulação das perguntas foi tendenciosa ou se os dados foram analisados ou publicados seletivamente Qualquer um desses aspec tos da pesquisa de levantamento pode co locar um viés nos resultados e os pesquisa dores não éticos podem usar essas técnicas para fazer os resultados saírem certos A melhor proteção contra pesquisadores não éticos e pesquisas de baixa qualidade é ana lisar cuidadosamente os procedimentos e análises usados na pesquisa que usa levan tamentos Características de levantamentos A pesquisa com o uso de levantamen tos envolve selecionar uma amostra ou amostras e usar um conjunto predeter minado de questões Todos os levantamentos conduzidos adequadamente compartilham caracterís ticas comuns que os tornam um excelente método para descrever as atitudes e opi niões das pessoas Primeiro os levanta mentos geralmente envolvem amostragem que é uma característica de quase toda a pesquisa comportamental Esse conceito foi introduzido em nossa discussão da amos tragem temporal e situacional na pesquisa observacional no Capítulo 4 Na próxima seção discutiremos a amostragem da ma neira como é usada na pesquisa por meio de levantamentos Os levantamentos também se caracterizam por usarem um conjunto predeterminado de questões para todos os respondentes Respostas orais escritas ou inseridas por meio do computador cons tituem os principais dados obtidos em um levantamento Usando o mesmo fraseado e ordem das perguntas é possível sintetizar as visões de todos os respondentes de ma neira sucinta Quando uma amostra representativa de pessoas deve responder o mesmo conjunto de questões podemos descrever as atitudes da população da qual a amostra foi retira da Ademais quando se usam as mesmas questões podemos comparar as atitudes de populações diferentes ou procurar mudan ças de atitude ao longo do tempo Os levan tamentos são uma ferramenta poderosa no instrumental do pesquisador No restante deste capítulo enfatizamos os métodos que Metodologia de pesquisa em psicologia 153 fazem dos levantamentos uma estratégia efetiva para analisar os pensamentos opi niões e sentimentos das pessoas Amostragem na pesquisa de levantamento A seleção cuidadosa de uma amostra para o levantamento permite que os pesquisadores generalizem os resulta dos da amostra para a população Suponhamos que você decidiu que a sua pergunta de pesquisa pode ser res pondida usando um levantamento e que determinou a população de interesse para o seu levantamento O próximo passo é decidir quem deve responder às pergun tas do levantamento Isso envolve sele cionar cuidadosamente uma amostra de respondentes para representar a popula ção Independentemente de descrevermos uma população nacional ou uma popu lação muito menor pex os estudantes de uma universidade os procedimentos para se obter uma amostra representativa são os mesmos Termos básicos relacionados com a amostragem A identificação e seleção de elementos que formarão a amostra estão no cen tro de todas as técnicas de amostragem a amostra é escolhida a partir da base amostral a lista de todos os membros da população de interesse Os pesquisadores não estão interessa dos apenas nas respostas dos indiví duos pesquisados pelo contrário eles buscam descrever a população mais ampla da qual a amostra foi tirada A capacidade de generalizar a partir de uma amostra para a população depen de criticamente da representatividade da amostra Uma amostra com viés é aquela cujas ca racterísticas são sistematicamente dife rentes das características da população O viés de seleção ocorre quando os pro cedimentos usados para selecionar uma amostra resultam na superrepresen tação ou subrepresentação de algum segmento da população Quando começamos a falar sobre técni cas amostrais devemos ser claros quanto às definições de quatro termos população base amostral amostra e elemento As relações en tre os quatro termos críticos da amostragem são sintetizadas na Figura 51 Uma popula ção é o conjunto de todos os casos de inte resse Por exemplo se você está interessado nas atitudes de estudantes em seu campus em relação aos serviços de informática a sua população envolverá todos os estudan tes do campus É praticamente impossível fazer contato com todos os indivíduos de uma população Portanto os pesquisado res geralmente selecionam um subconjunto da população para representar a população como um todo Devemos desenvolver uma lista especí fica dos membros da população para sele cionar um subconjunto daquela população Essa lista específica se chama base amostral e é de certo modo uma definição opera cional da população de interesse Em um levantamento das atitudes dos estudantes para com os serviços de informática a base amostral pode ser uma lista obtida na secre taria contendo todos os estudantes matri culados atualmente O nível em que a base amostral realmente reflete a população de interesse determina a adequação da amos tra que selecionamos A lista fornecida pela secretaria deve proporcionar uma boa base amostral mas alguns estudantes podem ser excluídos como os alunos que se matricu lam depois O subconjunto da população tirado da base amostral se chama amostra Podemos selecionar 100 estudantes da lista da secre taria para servirem como amostra para nos so levantamento sobre os serviços de infor mática O quanto as atitudes dessa amostra de estudantes representarão as atitudes de todos os alunos depende criticamente da 154 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister forma como a amostra é selecionada Cada membro da população é chamado de ele mento A identificação e seleção de elemen tos que formarão a amostra estão no centro de todas as técnicas amostrais É importante enfatizar neste ponto que as amostras por si só têm pouco ou ne nhum interesse Não será construída uma nova sala de informática para o uso único dos 100 estudantes pesquisados De ma neira semelhante o psicólogo social não está interessado apenas nas atitudes raciais das 50 pessoas que pesquisou assim como o diretor de marketing não está interessado apenas nas preferências dos 200 consumi dores que pesquisou As populações e não as amostras são de interesse primário O poder das amostras para descrever a população mais ampla baseiase na premissa de que as respostas de uma amostra em um levanta mento poderão ser aplicadas à população da qual a amostra foi tirada A capacidade de generalizar a partir de uma amostra para a população depende criticamente da representatividade da amos tra De forma clara os indivíduos em uma população diferem de muitas maneiras e as populações diferem umas das outras Por exemplo uma população pode ser 40 fe minina e 60 masculina ao passo que em outra população a distribuição pode ser 75 feminina e 25 masculina Uma amos tra é representativa da população até o nível em que ela apresenta a mesma distribuição de ca racterísticas que a população Se uma amostra representativa de 200 adultos tem 80 ho mens e 120 mulheres qual das populações mencionadas ela representa Podemos usar os exemplos do Exercício I como prática em identificar amostras representativas A principal ameaça à representativida de é o viés Uma amostra com viés é aquela em que a distribuição de características na amostra é sistematicamente diferente da POPULAÇÃO BASE AMOSTRAL AMOSTRA ELEMENTO Um estudante 100 estudantes Lista de estudantes matriculados Todos os estudantes do campus Figura 51 Ilustração de relações entre quatro termos básicos da amostragem Metodologia de pesquisa em psicologia 155 população visada Uma amostra de 100 adultos que contivesse 80 mulheres e 20 homens provavelmente seria tendenciosa se a população fosse 60 feminina e 40 masculina Nesse caso as mulheres esta riam superrepresentadas e os homens estariam subrepresentados na amostra Existem duas fontes de viés em amostras o viés de seleção e o viés da taxa de resposta O viés de seleção ocorre quando os proce dimentos usados para selecionar a amostra resultam na superrepresentação de algum segmento da população ou por outro lado na exclusão ou subrepresentação de um segmento significativo Descreveremos os problemas associados ao viés da taxa de resposta na próxima seção Métodos de levantamento É provável que haja um viés de seleção por exemplo quando se usam pesquisas de bocadeurna para avaliar as atitudes das pessoas A pesquisa indica que característi cas demográficas como a idade raça edu cação e renda dos eleitores entrevistados em pesquisas de bocadeurna diferem das características da população com base em dados do censo norteamericano Madigan 1995 Observe que os dados do censo repre sentam toda a população incluindo eleito res e não eleitores ao passo que apenas os eleitores são selecionados para as amostras de bocadeurna Assim as amostras de bocadeurna podem não representar a po pulação devido ao viés de seleção Embora uma pesquisa com eleitores possa prever corretamente os interesses e as atitudes das pessoas que votam suas respostas talvez não possam ser usadas para caracterizar as atitudes da população que compreende pessoas que não votam De forma clara os políticos não podem assumir o mandato com base em uma amostra tendenciosa de indivíduos que votaram Podemos aprender uma lição mais ge ral a partir do exemplo das pesquisas de bocadeurna Ou seja o que constitui uma amostra representativa depende da popu lação de interesse Por exemplo se uma universidade quiser saber as opiniões so bre o estacionamento de estudantes que di rigem no campus a população visada será composta por estudantes que trazem seus carros ao campus e não pelos estudantes em geral Uma amostra imparcial nesse EXERCÍCIO I Identificando amostras representativas À esquerda existem descrições de quatro populações Encontre a amostra no lado direito que representa cada população Populações Amostras 1 60 mulheres 40 homens 90 idade 1822 10 idade 22 70 1º e 2º ano 30 3º e 4º A 132 mulheres 44 homens 114 idade 1822 62 idade 22 141 1º e 2º ano 35 3º e 4º 2 80 mulheres 20 homens 60 idade 1822 40 idade 22 70 1º e 2º ano 30 3º e 4º B 244 mulheres 61 homens 183 idade 1822 122 idade 22 213 1º e 2º ano 92 3º e 4º 3 75 mulheres 25 homens 65 idade 1822 35 idade 22 80 1º e 2º ano 20 3º e 4º C 48 mulheres 12 homens 54 idade 1822 6 idade 22 42 1º e 2º ano 18 3º e 4º 4 80 mulheres 20 homens 90 idade 1822 10 idade 22 70 1º e 2º ano 30 3º e 4º D 150 mulheres 100 homens 225 idade 1822 25 idade 22 175 1º e 2º ano 75 3º e 4º De Zechmeister Zechmeister e Shaughnessy Essentials of Research Methods in Psychology McGrawHill 2001 p124 156 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister caso seria aquela que representasse a po pulação de estudantes que estacionam no campus Abordagens de amostragem Duas abordagens usadas para sele cionar uma amostra para um levanta mento são a amostragem não probabi lística e a amostragem probabilística A amostragem não probabilística como uma amostragem de conveniência não garante que cada elemento da popula ção tenha igual chance de ser incluído na amostra A amostragem probabilística é o mé todo de escolha para se obter uma amostra representativa Na amostragem aleatória simples cada elemento da população tem igual chan ce de ser incluído na amostra na amos tragem aleatória estratificada a po pulação é dividida em subpopulações estratos e são derivadas amostras aleatórias dos estratos Existem duas abordagens básicas de amostragem a amostragem não probabi lística e a amostragem probabilística Na amostragem não probabilística não temos garantia de que cada elemento tenha chan ce de ser incluído ou maneiras de estimar a probabilidade de que cada elemento seja incluído na amostra No levantamento so bre os serviços de informática que citamos antes se o pesquisador entrevistasse os pri meiros 30 alunos que entrassem na biblio teca ele estaria usando amostragem não probabilística De forma clara nem todos os estudantes teriam a mesma probabilidade de estar na biblioteca naquele momento es pecífico e alguns essencialmente não teriam chance de ser incluídos na amostra pex se estivessem no trabalho ou em casa Em contrapartida se o pesquisador fos se selecionar 100 estudantes aleatoriamente a partir da lista de matrículas da secretaria ele estaria usando amostragem probabilísti ca Na amostragem probabilística todos os estudantes matriculados elementos têm igual chance de ser incluídos na amostra Podemos descrever a abordagem desse pesquisador como amostragem probabilís tica porque seu procedimento amostral ie seleção aleatória a partir de uma lista pre determinada permite que todos os alunos tenham igual chance de serem selecionados para a pesquisa A amostragem probabilística é muito superior à amostragem não probabilística para garantir que as amostras selecionadas re presentem a população Assim o pesquisador que seleciona 30 estudantes aleatoriamente a partir da lista de matrículas tem mais chances de ter uma amostra representativa do que o pesquisador que baseia os resulta dos da sua pesquisa nos 30 primeiros estu dantes que aparecerem na biblioteca Amostragem não probabilística A forma mais comum de amostragem não probabi lística é a amostragem de conveniência A amostragem de conveniência envolve selecio nar os respondentes principalmente com base em sua disponibilidade e disposição para responder Por exemplo os jornais muitas vezes publicam os comentários do cidadão comum Seus comentários podem ser uma leitura interessante mas é provável que suas opiniões não representem as da co munidade mais ampla Essa falta de repre sentatividade ocorre porque a amostragem de conveniência é não probabilística e não podemos ter certeza de que cada pessoa da comunidade teve chance de ser incluída na amostra Também se usa amostragem de conveniência quando as pessoas respondem a pesquisas em revistas pois a revista deve estar disponível e ser comprada e as pes soas devem se dispor a enviar suas respos tas A base de participantes que muitos psicólogos usam em faculdades e universi dades é uma amostra de conveniência com posta geralmente por estudantes matricula dos na disciplina de introdução à psicologia Crossen 1994 descreve as limitações de outra variação da amostragem de conve niência chamada de enquete telefônica As enquetes telefônicas são usadas em progra Metodologia de pesquisa em psicologia 157 mas de televisão e rádio para pesquisar as visões de seu público Aqueles que por aca so estão sintonizados e que estão dispos tos a telefonar e às vezes a pagar para ligar para um número cobrado formam a amos tra dessas enquetes telefônicas As pessoas que telefonam em resposta a uma solicita ção dessas diferem da população geral não apenas porque fazem parte do público de um programa de televisão específico mas porque estão motivadas o suficiente para fa zerem a ligação De maneira semelhante os usuários da internet que respondem a uma pergunta que surge por meio de um pop up em sua homepage diferem daqueles que deci dem não responder ou que não sejam usuá rios regulares do computador Um noticiário do horário nobre da tele visão fez uma pesquisa com uma pergunta sobre se a sede da ONU deveria permanecer nos Estados Unidos Crossen 1994 Outra pesquisa envolvendo 500 respondentes sele cionados aleatoriamente também fez a mes ma pergunta Das 186 mil pessoas que tele fonaram para responder a maioria sólida 67 queria a ONU fora dos Estados Unidos Dos 500 respondentes do estudo a maioria clara 72 queria que a ONU permanecesse nos Estados Unidos Como essas duas pes quisas podem ter produzido resultados tão diferentes e mesmo opostos Devemos confiar mais nos resultados da enquete te lefônica por causa do grande tamanho da amostra Absolutamente não Uma amos tra de conveniência grande é tão provável de não ser representativa quanto qualquer outra amostra de conveniência Como regra geral você deve considerar que a amostragem de conveniência resultará em uma amostra tenden ciosa a menos que tenha evidências fortes que confirmem a representatividade da amostra Amostragem probabilística A característi ca que distingue a amostragem probabilís tica é que o pesquisador pode especificar para cada elemento da população a proba bilidade de ser incluído na amostra Dois tipos comuns de amostragem probabilísti ca são a amostragem aleatória simples e a amostragem aleatória estratificada A amos tragem aleatória simples é a técnica básica de amostragem probabilística A definição mais comum de amostragem aleatória sim ples é que cada elemento tem igual chance de ser incluído na amostra Os procedimen tos para a amostragem aleatória simples são apresentados no Quadro 51 Uma decisão crítica que deve ser to mada ao se selecionar uma amostra aleató ria envolve o seu tamanho Por enquanto queremos apenas observar que o tamanho de uma amostra aleatória necessária para representar uma população depende do grau de variabilidade na população por exemplo os estudantes universitários nas universidades da Ivy League representam uma população mais homogênea do que os estudantes universitários em todas as faculdades norteamericanas com relação às suas capacidades acadêmicas Em um extremo a população mais homogênea seria aquela cujos membros fossem todos idênticos Uma amostra de um elemento seria representativa dessa população in dependente do tamanho da população No outro extremo a população mais heterogê nea seria aquela em que cada membro fosse completamente diferente de todos os outros membros em todas as características Ne nhuma amostra independentemente do seu tamanho poderia ser representativa dessa população Todos os indivíduos deveriam ser incluídos para descrever uma população tão heterogênea Na prática as populações com que os pesquisadores trabalham em seus levantamentos costumam ficar em al gum ponto entre esses dois extremos Muitas vezes é possível aumentar a representatividade de uma amostra usan do amostragem aleatória estratificada Na amostragem aleatória estratificada a popula ção é dividida em subpopulações chamadas estratos e são tiradas amostras aleatórias a partir desses estratos Existem duas manei ras gerais de determinar quantos elementos devem ser tirados de cada estrato Um modo ilustrado no último exemplo do Quadro 51 é tirar amostras de mesmo tamanho de 158 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Quadro 51 COMO FORMAR AMOSTRAS ALEATÓRIAS Os seguintes nomes representam uma versão resumida de uma base amostral obtida com a secretaria de uma pequena faculdade São des critos os procedimentos usados para formar uma amostra aleatória simples e uma amostra aleatória estratificada a partir dessa lista Adamski F 3 Alderink F 4 Baxter M 4 Bowen F 4 Bröder M 2 Brown M 3 Bufford M 2 Campbell F 1 Carnahan F 2 Cowan F 1 Cuhsman M 4 Dawes M 3 Dennis M 4 Douglas F 1 Dunne M 2 Fahey M 1 Fedder M 1 Foley F 2 Gonzáles F 3 Harris F 3 Hedlund F 2 Johnson F 1 Klaaren F 3 Ludwig M 1 Martinez F 4 Nowaczyk M 3 OKeane F 4 Osgood M 2 Owens F 2 Pensein M 3 Powers M 4 Romero M 1 Sawyer M 3 Shaw M 4 Sonders F 4 Suffolk F 2 Taylor F 1 Thompson M 1 Watterson F 3 Zimmerman M 2 Formação de uma amostra aleatória Passo 1 Numere cada elemento da base amostral Adamski seria o número 1 Harris se ria número 20 e Zimmerman seria número 40 Passo 2 Decida o tamanho da amostra que quer usar Este é apenas um exemplo então usaremos uma amostra de tamanho 5 Passo 3 Escolha um ponto de partida na Tabela de números aleatórios no Apêndice Tabela A1 apontar com o dedo de olhos fechados funciona muito bem nosso dedo caiu na coluna 8 linha 22 na entrada 26384 Como nossa base amostral varia apenas de 1 a 40 decidimos antes de olhar a tabela que usaríamos os dois números à esquerda em cada conjunto de cinco e seguiríamos a tabe la da esquerda para a direita Poderíamos ter decidido subir descer ou ir da direita para a esquerda Também poderíamos ter usado os dois dígitos do meio ou os dois últimos em cada conjunto de cinco mas essas decisões devem ser tomadas antes de usar a tabela Passo 4 Identifique os números a serem in cluídos em sua amostragem seguindo a ta bela Obtivemos os números 26 06 21 15 e 32 Veja que os números acima de 40 são ignorados O mesmo se aplicaria se chegás semos a uma repetição de um número que já tivéssemos selecionado Passo 5 Liste os nomes correspondentes aos números selecionados Em nosso caso a amostra incluiria Nowaczyk Brown Hedlund Dunne e Romero Para se obter uma amostra aleatória po dese usar um sistema ainda mais fácil chama do amostragem sistemática Nesse procedi mento você divide o tamanho da amostra que deseja no tamanho da base amostral para obter o valor k Então seleciona cada kº elemento de pois de escolher o primeiro aleatoriamente Em nosso exemplo queremos uma amostra de ta manho 5 a partir de uma base amostral de 40 de modo que k seria 8 Assim escolheríamos uma das primeiras oito pessoas aleatoriamente e depois pegaríamos cada oitava pessoa a se guir Se Alderink fosse escolhido entre os oito primeiros os membros restantes da amostra seriam Cowan Foley Nowaczyk e Shaw Obs Esse sistema não deve ser usado se a base amostral tiver uma organização periódica se por exemplo você tiver uma lista de residentes do dormitório organizada por quartos e cada 10º par listado ocupar um quarto no canto É fácil ver que nessa lista se o seu intervalo amostral fosse 10 você acabaria com todas as Metodologia de pesquisa em psicologia 159 cada estrato A segunda maneira é tirar ele mentos da amostra de forma proporcional Considere uma população de alunos de gra duação formada por 30 de alunos do pri meiro ano 30 do segundo 20 do terceiro e 20 do quarto as classes de anos são os estratos Uma amostra aleatória estratifica da de 200 estudantes obtida a partir dessa população incluiria 60 alunos do primeiro ano 60 do segundo 40 do terceiro e 40 do quarto Em contrapartida formar amostras de mesmo tamanho de cada estrato resul taria em 50 estudantes para cada classe de ano Somente a amostra estratificada de forma proporcional seria representativa Além de seu potencial para aumentar a representatividade das amostras a amos tragem aleatória estratificada é útil quando você quer descrever partes específicas da po pulação Por exemplo uma amostra aleató ria simples de 100 estudantes seria suficiente para levantar as atitudes dos estudantes em um campus de 2000 alunos Suponhamos contudo que a sua amostra tivesse apenas dois dos 40 estudantes do curso de quími ca e você quisesse descrever as visões dos alunos segundo cursos diferentes Mesmo que isso refletisse corretamente a proporção de alunos de química na população seria arriscado usar as visões de apenas dois alu nos para representar todos os 40 alunos de química dois é pouco demais Nesse caso e de forma mais geral quando um estra to é pequeno você poderia amostrar mais alunos de química para descrever melhor as suas visões Não se pode dizer corretamente quantos amostrar pois como vimos antes o tamanho da amostra necessária para repre sentar uma população depende do grau de variabilidade na população pessoas que usassem Quadro 51 continuação quartos de canto ou ne nhuma pessoa de quartos de canto 1º ano 2º ano 1 Campbell 1 Bröder 2 Cowan 2 Bufford 3 Douglas 3 Carnahan 3 Fahey 4 Dunne 5 Fedder 5 Foley 6 Johnson 6 Hedlund 7 Ludwig 7 Osgood 8 Romero 8 Owens 9 Taylor 9 Suffolk 10 Thompson 10 Zimmerman 3º ano 4º ano 1 Adamski 1 Alderink 2 Borwn 2 Baxter 3 Dawes 3 Bowen 4 Gonzales 4 Cushman 5 Harris 5 Dennis 6 Klaaren 6 Martinez 7 Nowaczyk 7 OKeane 8 Pensien 8 Powers 9 Sawyer 9 Shaw 10 Watterson 10 Sonders Formando uma amostra aleatória estratificada Passo 1 Organize a base amostral em estra tos Para nosso exemplo estratificamos con forme a posição da classe No exemplo os es tratos não são de mesmo tamanho mas isso não precisa ocorrer Passo 2 Numere cada elemento dentro de cada estrato como fez na lista apresentada Passo 3 Decida o tamanho geral da amostra que deseja usar Para nosso exemplo usare mos uma amostra de 8 Passo 4 Forme uma amostra de mesmo ta manho a partir de cada estrato de modo que obtenha o tamanho geral desejado Para nos so exemplo isso significaria tirar 2 de cada estrato Passo 5 Siga os passos para formar uma amostra aleatória e repita para cada estrato Usamos um ponto de partida diferente na Tabe la de números aleatórios Tabela A1 mas des ta vez usamos os dois últimos dígitos em cada conjunto de cinco Os números identificados para cada estrato foram 1º ano 04 e 01 2º ano 06 e 04 3º ano 07 e 09 e 4º ano 02 e 09 Passo 6 Liste os nomes correspondentes aos números selecionados Nossa amostra alea tória estratificada incluiria Fahey Campbell Hedlund Dunne Nowaczyk Sawyer Baxter e Shaw 160 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Métodos de levantamento Quatro métodos para obter dados em le vantamentos são os levantamentos por correio entrevistas pessoais entrevistas telefônicas e levantamentos pela internet A escolha da amostra é apenas uma de várias decisões importantes a tomar quan do se faz pesquisa de levantamento por correio Você também deve decidir como obterá informações dos respondentes Exis tem quatro métodos gerais levantamentos por correio entrevistas pessoais entrevis tas telefônicas e levantamentos pela inter net Como ocorre muitas vezes ao se fazer pesquisa não existe o melhor método para todas as circunstâncias Cada método de levantamento tem suas vantagens e des vantagens O desafio que você enfrenta é selecionar o método que melhor se encaixe em sua pergunta de pesquisa Levantamentos por correio Embora os levantamentos por correio sejam rápidos e convenientes pode ha ver um problema com a taxa de respos ta quando os indivíduos não responde rem ou devolverem o questionário Devido a problemas com a taxa de res posta a amostra final para um levanta mento por correio pode não representar a população Os levantamentos por correio são usa dos para distribuir questionários autoad ministrados que as pessoas respondem por conta própria Uma vantagem dos levanta mentos por correio é que eles geralmente podem ser preenchidos de forma relativa mente rápida Como são autoadministra dos os levantamentos por correio também evitam os problemas devidos ao viés do entrevistador definido na próxima seção Entre os quatro métodos de levantamento os levantamentos por correio são o melhor para lidar com temas muito pessoais ou em baraçosos especialmente quando se preser va o anonimato dos respondentes Infelizmente existem muitas desvan tagens nos levantamentos por correio al gumas menos sérias do que as outras Por exemplo como os respondentes não podem fazer perguntas o questionário usado no le vantamento deve ser totalmente autoexpli cativo Uma segunda desvantagem menos séria é que o pesquisador tem pouco contro le sobre a ordem em que o sujeito responde as perguntas A ordem das perguntas pode afetar a maneira como as pessoas respon dem certas perguntas Um problema sério com os levantamentos por correio contudo é a baixa taxa de resposta que pode resultar em um viés da taxa de resposta A taxa de resposta se refere à porcenta gem de pessoas que completam o levanta mento Por exemplo se 30 de 100 pessoas EXERCÍCIO II Dois estudantes pesquisadores deviam fazer um levantamento para determinar as atitudes de estudantes para com as irmandades e fra ternidades organizações gregas dentro do campus A faculdade tem 3200 alunos Por volta de 25 pertencem às organizações gre gas e 75 não participam Os dois estudan tes discordam sobre o melhor plano amostral para o estudo Um acha que deveriam fazer uma amostra aleatória estratificada com 200 estudantes 100 dos que pertencem a orga nizações gregas e 100 dos alunos indepen dentes O outro acha que deveriam fazer uma amostra aleatória simples com 100 alunos do campus como um todo 1 Faça um comentário crítico sobre esses dois planos amostrais em termos de sua repre sentatividade e da probabilidade de aferirem de forma confiável as visões dos estudantes que pertencem às organizações gregas 2 Desenvolva seu próprio plano amostral se achar que nenhum dos propostos é o ideal Metodologia de pesquisa em psicologia 161 amostradas completam o levantamento a taxa de resposta é 30 Uma taxa de resposta baixa indica que pode haver um viés da taxa de resposta que ameaça a representatividade da amostra Existem muitas razões para isso Por exemplo respondentes com problemas de alfabetização pouca formação educa cional ou problemas de visão podem não responder ao levantamento portanto pes soas com essas características talvez não sejam bem representadas na amostra final de respondentes Muitas vezes pessoas es colhidas aleatoriamente para uma amostra estão ocupadas demais ou não se interes sam o suficiente pelo estudo para devolver o questionário preenchido A baixa taxa de resposta ie não preencher e devolver o levantamento é o principal fator que leva a amostras que não representam a popula ção de interesse resultando no viés da taxa de resposta Assim uma amostra probabi lística selecionada cuidadosamente pode se tornar uma amostra não probabilística uma amostra de conveniência na qual a disponibilidade e a disposição dos indi víduos determinam se eles respondem ao levantamento A menos que a taxa de resposta seja de 100 existe potencial para o viés da taxa de resposta independentemente do cuidado na seleção da amostra inicial Todavia uma taxa de resposta baixa não indica automa ticamente que a amostra não represente a população O pesquisador deve demonstrar o nível em que a amostra final de respon dentes que devolveram o levantamento é representativa da população e que nenhum segmento da população está superrepre sentado ou subrepresentado Por exemplo Berdahl e Moore 2006 comentaram que sua amostra provavelmente subrepresenta va as experiências de assédio de imigrantes recentes com pouco domínio da língua in glesa que podem ter tido dificuldade com o questionário A taxa de retorno típica para levanta mentos por correio gira apenas em torno de 30 Todavia existem coisas que você pode fazer para aumentar a taxa de retorno As taxas de retorno geralmente são maiores quando o questionário tem um toque pessoal pex os respondentes são tratados pelo nome e não apenas como resi dente ou estudante responder exige o mínimo esforço do respondente o tema do levantamento é de interesse intrínseco para o respondente o respondente se identifica de algum modo com a organização ou pesquisador que está patrocinando o levantamento Entrevistas pessoais Ainda que caras as entrevistas pessoais permitem que os pesquisadores ad quiram mais controle sobre a maneira como o levantamento é administrado O viés do entrevistador ocorre quando as respostas são registradas de forma imprecisa ou quando os entrevistadores orientam as respostas dos indivíduos Quando se usam entrevistas pessoais para coleta de dados em levantamentos os respondentes geralmente são contatados em suas casas ou em um shopping center e entrevistadores treinados administram o questionário A entrevista pessoal permite maior flexibilidade para fazer as perguntas do que o levantamento por correio Durante uma entrevista o respondente pode obter esclarecimentos quando as questões não estão claras e o entrevistador pode escla recer respostas incompletas ou ambíguas a questões abertas O entrevistador controla a ordem das questões e pode garantir que todos os respondentes respondam as per guntas na mesma ordem Tradicionalmente a taxa de resposta a entrevistas pessoais tem sido maior do que para levantamentos por correio As vantagens de usar entrevistas pes soais são claras mas também existem al gumas desvantagens O medo crescente da criminalidade urbana e o número cada vez maior de lares sem ninguém em casa du 162 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister rante o dia reduziram o interesse no uso de entrevistas pessoais domiciliares Uma des vantagem significativa de usar entrevistas pessoais é o custo O uso de entrevistado res treinados é caro em termos de tempo e dinheiro Talvez a desvantagem mais crítica das entrevistas pessoais envolva o potencial para o viés do entrevistador O entrevista dor deve ser um meio neutro pelo qual per guntas e respostas são transmitidas O viés do entrevistador ocorre quando o entrevista dor registra apenas partes selecionadas das respostas dos respondentes ou tenta ajustar o fraseado de uma pergunta para encaixá la ao respondente Por exemplo supo nhamos que um respondente em um levan tamento sobre a televisão diga O maior problema com os programas de televisão é a violência excessiva Haveria viés por parte do entrevistador se ele anotasse violência na televisão em vez da resposta completa do respondente Em uma outra questão po deria também haver viés do entrevistador se ele perguntasse Com violência você quer dizer assassinatos e estupros Uma investigação mais neutra permitiria que o respondente descrevesse o que quer dizer perguntando Você pode explicar o que quer dizer com violência A melhor proteção contra o viés do en trevistador é empregar entrevistadores bem remunerados e motivados que são trei nados para seguir a formulação exata das perguntas registrar as respostas de forma precisa e usar perguntas de esclarecimento de forma criteriosa Os entrevistadores tam bém devem receber uma lista detalhada de instruções sobre como lidar com situações difíceis ou confusas Finalmente devem ser supervisionados cuidadosamente pelo dire tor do projeto de pesquisa A tecnologia da informática possibilita o uso de um híbrido de levantamento au toadministrado e entrevista pessoal A pes soa pode ouvir as perguntas gravadas pelo entrevistador e responder às perguntas no computador Com essa tecnologia cada res pondente literalmente ouve as perguntas lidas pelo mesmo entrevistador da mesma maneira reduzindo assim o risco de viés do entrevistador Essa tecnologia também per mite que os sujeitos respondam perguntas que sejam muito pessoais em relativa pri vacidade Rasinski Willis Baldwin Yeh e Lee 1999 Entrevistas telefônicas Apesar de algumas desvantagens as entrevistas por telefone são usadas com frequência para levantamentos rápidos O custo proibitivo das entrevistas pes soais e as dificuldades para supervisionar os entrevistadores levaram os pesquisa dores que trabalham com levantamentos a fazer seus levantamentos por telefone ou pela internet As entrevistas por telefo ne sofreram críticas consideráveis quando começaram a ser usadas por causa das sérias limitações na base amostral dos res pondentes potenciais Muitas pessoas ti nham números que não estavam na lista e os pobres e residentes da zona rural eram menos prováveis de ter telefone Todavia em 2000 mais de 97 de todas as casas nos Estados Unidos tinham telefone US Cen sus Bureau 2000 e as casas com números não listados podiam ser alcançadas usando discagem de números aleatórios A técnica da discagem de números aleatórios permi te que os pesquisadores façam contato efi ciente com uma amostra geralmente repre sentativa de proprietários de telefone nos Estados Unidos As entrevistas por telefone também proporcionam um melhor acesso a bairros perigosos edifícios fechados e res pondentes que somente estão disponíveis durante a noite alguém já lhe pediu para responder uma enquete telefônica durante o jantar As entrevistas podem ser feitas mais rapidamente quando o contato é pelo telefone e é mais fácil supervisionar os en trevistadores quando todas as entrevistas são realizadas a partir de um mesmo local Figura 52 O levantamento telefônico assim como outros métodos de levantamento também tem suas limitações Existe um possível viés Metodologia de pesquisa em psicologia 163 de seleção quando os respondentes se limi tam a pessoas que têm telefone e perma nece o problema do viés do entrevistador Existe um limite no tempo que os respon dentes se dispõem a ficar no telefone e os indivíduos podem responder de maneira diferente ao falarem com uma voz sem rosto do que fariam com uma pessoa que os entrevistasse A proliferação dos telefo nes celulares também acrescenta um efeito desconhecido pois os usuários do telefone celular muitas vezes estão andando ou em locais de trabalho quando atendem o te lefone Essa mudança cultural pode resultar em taxas de resposta mais baixas em levan tamentos telefônicos Além disso podemos pressupor que indivíduos de grupos socioe conômicos superiores sejam mais prováveis de ter vários números de telefone e assim serem superrepresentados em uma pesqui sa baseada em discagem de números alea tórios Hippler e Schwarz 1987 sugerem que as pessoas dedicam menos tempo para formar suas opiniões durante entrevistas te lefônicas e podem ter dificuldade para lem brar as opções de resposta oferecidas pelo entrevistador Além disso o uso amplo do telefone para vender produtos e solicitar contribuições tem levado muitas pessoas a não se disporem tanto a ser entrevistadas As opções que permitem a triagem de liga ções e secretária eletrônica tornam mais fá cil as pessoas evitarem ligações indesejadas E muitas pessoas que trabalham em dois locais raramente estão em casa para atender o telefone Apesar dessas limitações e talvez outras que você possa pensar as entrevistas telefônicas são usadas com frequência para levantamentos rápidos Levantamentos pela internet A internet oferece várias vantagens para a pesquisa com o uso de levantamentos pois é um método eficiente e de baixo custo para obter respostas de amostras grandes potencialmente diversas e sub representadas Figura 52 A discagem de números aleatórios permite que os pesquisadores tenham acesso a uma amostra representativa de proprietários de telefone para pesqui sas rápidas 164 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister As desvantagens associadas à pesquisa de levantamento pela internet incluem o potencial de viés da taxa de resposta e viés de seleção e a falta de controle so bre o ambiente de pesquisa Os levantamentos estão entre os pri meiros estudos comportamentais baseados na internet Os participantes preenchem um questionário virtual e clicam o botão enviar para registrarem suas respostas Dependendo do grau de sofisticação do software existe o potencial de literalmen te milhões de respostas serem registradas e sintetizadas automaticamente à medida que são processadas pelo servidor Também existem programas que permitem a mani pulação de variáveis e a designação alea tória de sujeitos a condições experimentais Ver por exemplo Fraley 2004 para um guia do iniciante à pesquisa psicológica baseada em HTML na internet e Kraut et al 2004 para recursos úteis na internet Diversas vantagens de usar a inter net para fazer levantamentos vêm à men te imediatamente No topo da lista estão a eficiência e o custo pex ver Buchanan 2000 Skitka e Sargis 2005 Milhares se não milhões de participantes com idades e etnias e mesmo nacionalidades variadas podem ser contatados apenas digitandose algumas teclas no computador O tempo e o trabalho são drasticamente reduzidos em relação a levantamentos por correio ou te lefônicos e mais ainda às entrevistas pes soais Os questionários virtuais não usam papel economizando assim os recursos na turais e os custos com fotocópias Os parti cipantes podem responder quando lhes for conveniente e sem deixarem o conforto de seus lares escritórios dormitórios ou outros sites da internet Além de alcançar amostras grandes e potencialmente diversas Skitka e Sargis 2005 sugerem que a internet também tem o potencial de acessar grupos que geralmen te são subrepresentados na pesquisa psico lógica A prevalência de salas de batepapo grupos de interesses especiais e grupos de apoio na internet proporciona uma entra da para o pesquisador que procura amos tras específicas de sujeitos sejam donos de animais de estimação membros de grupos de ódio sobreviventes de câncer vítimas de crimes diversos ou qualquer um em uma grande variedade de tipos de respondentes que talvez não fossem fáceis de alcançar pe los métodos de pesquisa tradicionais Como a internet realmente é uma fonte de sujeitos de âmbito mundial ela também abre novas possibilidades para a pesquisa transcultural pex Gosling et al 2004 Os levantamentos baseados na internet também têm suas desvantagens No topo da lista está o potencial para vieses de amos tragem Birnbaum 2000 Kraut et al 2004 Schmidt 1997 É provável que haja viés de taxa de resposta e viés de seleção Podem ocorrer problemas com taxas baixas de res posta porque as pessoas não respondem assim como em outros métodos de levanta mento De fato as taxas de resposta geral mente são mais baixas para levantamentos virtuais do que para levantamentos compa ráveis pelo correio ou telefone ver Kraut et al 2004 Skitka e Sargis 2005 Como já vi mos os indivíduos que respondem a um le vantamento diferem em características im portantes daqueles que não respondem O viés de seleção está presente porque os res pondentes são uma amostra de conveniên cia que compreende indivíduos com acesso à internet Os lares de maior renda nos Esta dos Unidos são mais prováveis de ter aces so à internet e famílias com filhos são mais prováveis de ter acesso do que aquelas que não têm filhos Famílias brancas e asiáticas são duas vezes mais prováveis de ter acesso à internet do que famílias negras ou hispâ nicas Newburger 2001 Os vieses de seleção podem ser exagera dos em decorrência do método usado para procurar sujeitos de pesquisa Os pesquisa dores podem obter amostras de responden tes divulgando notícias sobre as pesquisas em websites que promovem oportunidades de pesquisa pex o website associado à APS é identificado no Capítulo 1 ou simples Metodologia de pesquisa em psicologia 165 mente criando uma página na internet com a pesquisa pex levantamento de personali dade e esperando que os usuários a locali zem por meio de mecanismos de busca da internet Krantz e Dalal 2000 Estratégias mais ativas são enviar notícias sobre o pro jeto de pesquisa para indivíduos ou grupos que provavelmente respondam por terem interesse no tema pesquisado Todavia con forme enfatizam Skitka e Sargis 2005 não apenas os usuários da internet não são re presentativos da população geral como os membros de grupos de interesses especiais encontrados na internet não são necessaria mente representativos de seus grupos espe cíficos Atualmente não existe maneira de gerar uma amostra aleatória de usuários da internet Kraut et al 2004 A falta de controle sobre o ambiente de pesquisa também é uma desvantagem importante das pesquisas pela internet Birnbaum 2000 Kraut et al 2004 Como mencionamos no Capítulo 3 essa falta de controle suscita questões éticas sérias rela cionadas com o consentimento informado e a proteção dos indivíduos de riscos como consequência de sua participação pex problemas emocionais por causa das per guntas do levantamento Como o pesqui sador não está presente não existe maneira de determinar se os respondentes têm um entendimento claro das instruções se estão respondendo conscientemente e não de for ma frívola ou mesmo maliciosa ou se estão enviando várias respostas pex Kraut et al 2004 Os respondentes podem partici par individualmente ou em grupo em con dições de distração sem o conhecimento do pesquisador Skitka e Sargis 2005 Um pes quisador que trabalha com a internet preo cupouse que indivíduos que respondiam a perguntas sobre probabilidade e risco pode riam estar usando calculadora embora as instruções recomendassem que não usas sem Birnbaum 2000 Parece seguro dizer que as vantagens dos levantamentos pela internet compensam muitas das desvanta gens À medida que a tecnologia melhora e os IRBs criam métodos aceitáveis para proteger os sujeitos humanos a pesquisa de levantamento pela internet continuará a melhorar como método para coletar dados com levantamentos Desenhos de pesquisa de levantamento Os três tipos de desenho de levanta mento são o desenho transversal o de senho com amostras independentes su cessivas e o desenho longitudinal Uma das decisões mais importantes que os pesquisadores que usam levanta mento devem tomar é a escolha do dese nho de pesquisa Um desenho de pesquisa de levantamento é o plano ou estrutura geral usado para conduzir todo o estudo Existem três tipos gerais de desenhos de pesquisa de levantamento o desenho transversal o desenho com amostras inde pendentes sucessivas e o desenho longitu dinal Não existe um desenho de pesquisa de levantamento que sirva para todos os propósitos devendo os pesquisadores es colher um desenho baseado nos objetivos do estudo Desenho transversal No desenho transversal uma ou mais amostras são tiradas da população em um determinado momento Os desenhos transversais permitem que os pesquisadores descrevam as carac terísticas de uma população ou as dife renças entre duas ou mais populações e os dados correlacionais obtidos com desenhos transversais permitem que os pesquisadores façam previsões O desenho transversal é um dos mo delos mais usados na pesquisa de levanta mento Em um desenho transversal uma ou mais amostras são tiradas da população em um determinado momento O foco em um de senho transversal é a descrição descrever as características de uma população ou as diferenças entre duas ou mais populações 166 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister em um determinado momento Por exem plo um desenho transversal foi usado em um estudo de âmbito nacional sobre o uso da internet entre 1100 adolescentes com idade de 12 a 17 anos Lenhart Madden e Hitlin 2005 Usando a discagem de núme ros aleatórios eles conduziram um levan tamento telefônico de pais e adolescentes como parte do Pew Internet and American Life Project que visa analisar o impacto da internet sobre crianças famílias comunida des o local de trabalho escolas a saúde e a vida cívicapolítica Embora seus dados sejam numerosos demais para descrever totalmente aqui Lenhart e seus colegas apresentaram da dos que mostram uma descrição detalha da do uso da internet e outras tecnologias pelos adolescentes Por exemplo perto de 9 em cada 10 adolescentes relatam usar a internet comparados com 66 dos adul tos e a metade dos adolescentes diz que entra na internet pelo menos todos os dias Além disso 81 dos adolescentes jogam jogos pela internet 76 recebem notícias pela internet 42 fazem com pras pela internet e 31 dizem usar a in ternet para obter informações de saúde Embora o correio eletrônico seja popular as mensagens instantâneas são preferidas Aproximadamente 75 dos adolescentes que usam a internet em seu levantamento comparados com 42 dos adultos conec tados usam mensagens instantâneas com a metade desses adolescentes usando essas mensagens todos os dias De fato os ado lescentes comentaram que usam o email para falar com velhos instituições ou grandes grupos Esses pesquisadores também analisam as relações entre variáveis demográficas e variáveis relacionadas com o uso da inter net Por exemplo Lenhart e colaboradores 2005 observaram que os adolescentes que usam a internet são mais prováveis de vi ver com famílias com renda maior e acesso maior à tecnologia e são desproporcional mente mais prováveis de ser brancos ou his pânicos falantes de inglês Os desenhos transversais são idealmen te adequados para os objetivos descritivos e preditivos da pesquisa realizada por meio de levantamentos Os levantamentos tam bém são usados para aferir mudanças em atitudes ou comportamentos ao longo do tempo e para determinar o efeito de certos fatos de ocorrência natural como o efeito do colapso econômico de 2008 Para essas finalidades o desenho transversal não é o método de escolha Ao contrário são neces sários desenhos de pesquisa que amostrem os respondentes sistematicamente ao longo do tempo Dois desses desenhos são discuti dos nas duas seções seguintes Desenho com amostras independentes sucessivas No desenho com amostras independen tes sucessivas diferentes amostras de respondentes da população respondem ao levantamento ao longo de um pe ríodo de tempo O desenho com amostras independen tes sucessivas permite que os pesquisa dores estudem mudanças em uma po pulação ao longo do tempo O desenho com amostras independen tes sucessivas não permite que os pes quisadores infiram como cada respon dente mudou ao longo do tempo Um problema com o desenho com amostras independentes sucessivas ocorre quando as amostras obtidas da população não são comparáveis ou seja não são igualmente representativas da população No desenho com amostras independen tes sucessivas aplicase uma série de levan tamentos transversais ao longo do tempo sucessivamente As amostras são indepen dentes porque uma amostra diferente de su jeitos responde o levantamento a cada mo mento no tempo Existem dois ingredientes básicos 1 devese fazer o mesmo conjunto de perguntas a cada amostra de sujeitos e 2 as diferentes amostras devem ser obtidas a Metodologia de pesquisa em psicologia 167 partir da mesma população Se essas duas condições forem satisfeitas os pesquisadores podem comparar as respostas legitimamen te ao longo do tempo Esse desenho é mais apropriado quando o objetivo principal do estudo for descrever mudanças nas atitudes ou comportamentos em uma população ao longo do tempo Por exemplo os pesquisa dores que investigam a opinião pública se guidamente perguntam a amostras indepen dentes de norteamericanos o nível em que aprovam o presidente do país chamado de taxa de aprovação do presidente As al terações na taxa de aprovação ao longo do tempo são usadas para caracterizar as opi niões dos norteamericanos sobre os atos do presidente Como outro exemplo considere um estudo do qual você talvez já tenha parti cipado que tem sido conduzido todos os anos desde 1966 A cada ano fazse um le vantamento com 350 mil calouros de uma amostra de representatividade nacional de aproximadamente 700 faculdades e univer sidades Pryor Hurtado DeAngelo Palu cki Blake e Tran 2009 Sax et al 2003 Esse projeto de pesquisa representa o maior e mais longo estudo empírico sobre o ensino superior nos Estados Unidos com mais de 1500 universidades e mais de 10 milhões de estudantes participando ao longo dos mais de 40 anos do estudo Os estudantes respon dem aproximadamente 40 questões cobrin do diversos tópicos e embora tenha havido algumas mudanças nas perguntas ao longo das décadas muitas perguntas são feitas a cada ano tornando esse um excelente exem plo de um desenho com amostras indepen dentes sucessivas O que se pode dizer sobre as mudan ças nos valores e objetivos dos estudantes durante esse período de tempo Sax e cola boradores 2003 publicaram os resultados para a parte da pesquisa que pede para os estudantes avaliarem a importância de dife rentes valores para aferir a necessidade que os estudantes têm de significado e propósi to na vida Dois valores são de particular in teresse a importância de desenvolver uma filosofia de vida significativa e a impor tância de estar muito bem de vida financei ramente p 67 A Figura 53 mostra os re sultados para a porcentagem de estudantes que endossaram esses valores como muito importantes ou essenciais No final da década de 60 mais de 80 dos estudantes indicaram que desenvolver uma filosofia de vida significativa era muito importante ou essencial de fato esse foi o principal valor endossado pelos estudantes Em compara ção estar bem de vida financeiramente era muito importante ou essencial para menos de 45 dos estudantes e ficava em quinto ou sexto lugar entre os valores dos estudan tes durante o final da década de 1960 Em 2003 a posição desses valores es tava invertida com 738 dos estudantes endossando estar bem de vida financeira mente como muito importante ou essencial Em 2003 desenvolver uma filosofia de vida significativa chegou ao seu valor mais baixo na história do levantamento com 393 dos estudantes endossando isso como muito im portante ou essencial Como se pode ver na Figura 53 essas tendências contrastantes em valores começaram a mudar no começo da década de 1970 cruzaramse em 1977 e se inverteram totalmente no final da década de 1980 Sax e colaboradores 2003 enfatizam que as tendências contrastantes nos valores desde o final da década de 1980 refletem a tensão constante entre valores extrínsecos e intrínsecos dentro dessa geração de estudan tes universitários p 7 Os dados da amos tra de 2009 podem ser usados para ilustrar o efeito de um tratamento natural o colapso dramático da economia mundial perto do fi nal de 2008 Na amostra de 2009 uma quan tidade recorde de 781 dos calouros iden tificou estar bem financeiramente como um objetivo muito importante ou essencial mais do que qualquer outro item do levanta mento Pryor et al 2009 Os pesquisadores citaram o declínio econômico como um fator importante nas respostas dos estudantes ao levantamento incluindo questões que refle tiam as dificuldades financeiras associadas a estudar na faculdade 168 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister O desenho de pesquisa com amostras independentes sucessivas tem limitações Considere os resultados hipotéticos de um desenho com amostras independentes su cessivas Suponhamos que você escute fa lar que em 1977 35 dos estudantes uni versitários pesquisados disseram que não confiavam no governo norteamericano 25 disseram que tinham sentimentos am bíguos e 40 disseram que confiavam no governo Depois você escuta dizer que em 2007 os resultados à mesma pergunta mos tram que 55 dos estudantes disseram que não confiavam no governo 25 disseram ter sentimentos ambíguos e 20 tinham confiança Como podemos interpretar es ses resultados Para explicar a mudança de atitude na amostra de 2007 podemos con cluir por exemplo que 20 do grupo que confiava na amostra de 2007 mudou de ideia e agora não confia mais no governo norteamericano Não E talvez você consi ga enxergar a razão O que devemos lembrar é que os es tudantes entrevistados em 1977 em nossa pesquisa hipotética não eram os mesmos entrevistados em 2007 O nível em que indi víduos específicos mudam de ideia ao lon go do tempo pode ser determinado apenas testando os mesmos indivíduos em ambas as ocasiões Não se pode determinar no dese nho com amostras independentes sucessi vas quem mudou de ideia ou o quanto Tal vez você tenha considerado um problema de interpretação semelhante ao analisar os resultados da pesquisa de Sax e colabora dores 2003 apresentados na Figura 53 O que explica as mudanças nas atitudes dos estudantes observados de 1966 a 2003 Não podemos dizer com base nesses dados O propósito do desenho com amostras inde pendentes sucessivas é descrever mudanças ocorridas ao longo do tempo na distribuição de características da população e não descre ver mudanças em respondentes individuais Desse modo o desenho com amostras in dependentes sucessivas nem sempre ajuda a esmiuçar as razões para as mudanças ob servadas como as apresentadas na Figura 53 Como você logo verá outro desenho de pesquisa de levantamento o desenho longitudinal é mais apropriado para essas situações Uma segunda limitação potencial do desenho com amostras independentes su cessivas ocorre quando as amostras suces sivas não são representativas da mesma população Imagine que em nossa pesqui sa hipotética sobre a atitude dos estudan tes para com o governo norteamericano 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Porcentagem que consideram muito importanteessencial 1967 1973 1979 1985 1991 1997 2003 Ano Desenvolver uma filosofia de vida significativa Estar muito bem de vida financeiramente Figura 53 Tendências contrastantes em valores para calouros universitários de 1966 a 2003 Fonte Sax e colaboradores 2003 Figura 7 p 7 Metodologia de pesquisa em psicologia 169 a amostra compreendesse estudantes de pequenas faculdades rurais em 1977 e estu dantes de grandes universidades urbanas em 2007 Comparações das atitudes dos estudantes em relação ao governo ao longo desse período de tempo seriam insignifi cantes Ou seja não poderíamos dizer que a população estudantil havia se tornado menos confiante ao longo do tempo pois é possível que o grau de confiança difira para estudantes da rural e da urbana o que também poderia explicar a diferença entre os resultados de 1977 e 2007 As amostras rurais e urbanas ilustram o problema das amostras sucessivas incomparáveis Mudanças na população ao longo do tempo somente podem ser descritas corretamente quando as amostras independentes sucessivas representam a mesma população Embora existam procedimentos estatísticos sofisticados para ajudar a des vendar os problemas associados com as amostras sucessivas incomparáveis a me lhor solução é evitar o problema selecio nando cuidadosamente amostras sucessivas que representem a mesma população Desenho longitudinal No desenho longitudinal os mesmos respondentes são entrevistados ao lon go do tempo para analisar mudanças em respondentes individuais Devido à natureza correlacional dos da dos do levantamento é difícil identifi car as causas das mudanças nos indiví duos ao longo do tempo À medida que as pessoas abandonam o estudo com o passar do tempo desgas te a amostra final talvez não seja mais comparável com a amostra original ou não representar a população A característica que distingue o desenho longitudinal é que a mesma amostra de res pondentes é entrevistada mais de uma vez O desenho longitudinal tem duas vantagens importantes Primeiro o pesquisador pode determinar a direção e o nível de mudança para respondentes individuais Além disso como são avaliadas mudanças nas respostas de cada indivíduo é mais fácil investigar as razões para as mudanças de atitude ou comportamento Em segundo lugar o de senho longitudinal é o melhor desenho de pesquisa de levantamento quando o pesqui sador quer avaliar o efeito de algum fato de ocorrência natural Por exemplo Lucas 2005 analisou mudanças na satisfação com a vida antes e depois do divórcio em um estudo longitu dinal com famílias alemãs que começou em 1984 Muitos levantamentos transversais demonstram que as pessoas divorciadas são menos satisfeitas com a vida do que as pes soas casadas Lucas tentou determinar se o divórcio leva a menos satisfação com a vida Os resultados indicam que a satisfação des ses indivíduos com suas vidas caiu antes do divórcio e começou a aumentar novamente após o divórcio mas não retornou ao seu estado basal indicando que o divórcio pro vavelmente reduz a satisfação com a vida Todavia Lucas também descobriu que as pessoas que acabam se divorciando eram menos satisfeitas no começo do estudo do que as que continuaram casadas mesmo antes de cada grupo ter casado Lucas con cluiu que a relação entre o divórcio e a satis fação na vida se deve a diferenças preexis tentes no nível de satisfação e a mudanças duradouras por causa do divórcio Heatherton Keel e seus colegas usa ram o desenho longitudinal para investigar mudanças em atitudes e comportamentos relacionados com a alimentação durante as transições da universidade para o co meço da idade adulta e do começo da ida de adulta para a meiaidade Heatherton Mahamedi Striepe Field e Keel 1997 Keel Baxter Heatherton e Joiner 2007 Embo ra saibamos muito sobre os transtornos da alimentação em adolescentes e estudantes universitários existem menos informações disponíveis sobre como a alimentação de sordenada pode progredir à medida que os indivíduos se estabelecem em um local ca sam constroem suas carreiras criam filhos e adquirem um sentido mais forte de iden 170 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister tidade Os pesquisadores postularam a hi pótese de que à medida que os indivíduos mudam seus papéis e objetivos de vida no decorrer da idade adulta sua ênfase na apa rência física pode diminuir o que reduziria a prevalência de atitudes e comportamentos relacionados com o transtorno da alimenta ção ver Figura 54 O primeiro painel do estudo ocorreu em 1982 quando uma amostra aleatória de 800 mulheres e 400 homens de uma facul dade privada da região nordeste do país foi escolhida para preencher um levantamento sobre a alimentação e dieta A taxa de res posta foi de 78 N 625 para mulheres e 69 N 276 para homens Em 1992 os pesquisadores contataram os mesmos indi víduos com a ajuda do departamento de assuntos estudantis e aplicaram o mesmo levantamento sobre suas atitudes e com portamentos alimentares O terceiro painel de dados foi coletado em 2002 quando os mesmos indivíduos estavam no começo da faixa dos 40 anos A característica que defi ne o desenho longitudinal é o fato de que os mesmos indivíduos são entrevistados em cada fase do estudo Embora os desenhos longitudinais envolvam um esforço massi vo o poder potencial desse esforço reside no fato de que os pesquisadores podem analisar mudanças nos indivíduos ao longo do tempo Os pesquisadores observaram que as atitudes e comportamentos alimentares mu daram com o passar do tempo Na década seguinte à faculdade as mulheres tiveram uma redução nos sintomas de transtornos alimentares dietas crônicas e insatisfação com o corpo Heatherton et al 1997 Toda via apesar dessas reduções a insatisfação das mulheres com o seu corpo e seu dese jo de perder peso permaneciam elevados Os homens em contrapartida raramente tinham problemas com a alimentação e o peso durante a faculdade Todavia dez anos depois eles apresentavam ganho de peso em uma média de quase 12 libras aproximadamente 55 Kg comparada com o ganho de peso médio de 4 libras cerca de 18 Kg nas mulheres Os homens também Figura 54 Pesquisas como a de Heatherton Keel e colaboradores 1997 2007 com o uso de levantamentos investigam como os indivíduos são afetados por trans tornos alimentares à medida que envelhecem Metodologia de pesquisa em psicologia 171 apresentaram mais dietas e sintomas de ali mentação desordenada nos 10 anos após a faculdade embora esse aspecto ainda fosse baixo em relação às mulheres Heatherton e colaboradores 1997 fize ram algumas observações interessantes que são relevantes para a nossa compreensão dos levantamentos longitudinais Os auto res propuseram que as reduções observadas nos problemas alimentares de mulheres re fletem o seu amadurecimento ao longo da faixa de 20 anos mudanças em seus papéis e o fato de estarem longe da universidade e das pressões para ser magra que ocorrem na faculdade É possível porém que outros processos possam explicar as mudanças ob servadas nos indivíduos da amostra Usan do um desenho com amostras independen tes sucessivas onde amostras separadas de estudantes universitários foram pesquisa das em 1982 e 1992 Heatherton Nichols Mahamedi e Keel 1992 observaram que os sintomas de transtornos alimentares e a insatisfação com o corpo também eram me nores para os estudantes universitários na amostra de 1992 em comparação com a de 1982 Essas observações sugerem que as re duções em atitudes e comportamentos liga dos aos transtornos da alimentação podem refletir mudanças no âmbito da sociedade ao longo do período de 10 anos pex por haver mais informações sobre transtornos da alimentação na mídia Um problema potencial com os desenhos longitudinais é que é difícil identificar as causas exatas para as mudanças dos indivíduos ao longo do tempo 1 O que podemos dizer sobre as atitu des e comportamentos alimentares 20 anos após a faculdade De um modo geral as mulheres apresentaram mais insatisfa ção com o peso dieta e atitudes ligadas a transtornos alimentares do que os homens nos 20 anos do levantamento Keel et al 2007 No levantamento de 2002 os pes quisadores observaram que em média o peso corporal aumentou significativamen te para os homens 17 libras cerca de 77 kKg desde a faculdade e mulheres 14 libras aproximadamente 64 Kg desde a faculdade As dietas e a insatisfação com o peso eram maiores entre os homens em 2002 acompanhando seu ganho de peso De maneira interessante quando as mu lheres que participaram do estudo estavam no começo da faixa dos 40 anos apesar do ganho de peso elas informaram fazer me nos dietas tinham alimentação menos de sordenada e menos insatisfação com seus corpos De fato a fase de maior insatisfa ção com o corpo para as mulheres ocorreu durante a faculdade Com base em suas análises estatísticas Keel e colaboradores sugerem que os papéis adultos alcançados por meio do casamento maternidade e car reiras estavam associados a diminuições na alimentação desordenada das mulheres Ou seja ainda que a aparência física fosse importante durante os anos da faculdade pex para atrair um parceiro potencial as mudanças em prioridades associadas ao casamento e a se tornar mãe tornaram me nos importante o desejo das mulheres pela magreza Outro problema potencial com os de senhos longitudinais é que pode ser difícil obter uma amostra de respondentes que concordem em participar de um estudo lon gitudinal ao longo do tempo Além disso talvez você pense que o desenho longitudi nal resolve o problema das amostras incom paráveis pois as mesmas pessoas partici pam várias vezes assim é claro a amostra representa a mesma população todas as vezes Infelizmente as amostras de um estudo longitudinal somente são idênticas ao longo do tempo se todos os membros da amostra original participarem no decorrer do estudo Isso é improvável Por exemplo no estudo de Heatherton e colaboradores 1997 dos 901 participantes da amostra ori ginal de 1982 apenas 724 80 retornaram um levantamento de modo que tivesse uti lidade em 1992 No terceiro painel de 2002 654 73 dos 900 participantes originais de 1982 responderam ao levantamento e desses 561 86 também responderam ao levantamento de 1992 Assim ao final de 20 172 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister anos os pesquisadores tinham as respostas para cada um dos três períodos de tempo 1982 1992 2002 para 623 da sua amos tra original de 900 respondentes A menos que todos os respondentes contidos na amostra original participem de todas as fases do estudo longitudinal existe um problema possível devido ao desgaste O desgaste provavelmente é a desvantagem mais séria do desenho lon gitudinal pois à medida que as amostras diminuem com o passar do tempo elas são menos prováveis de representar a popula ção original de onde a amostra foi tirada Todavia geralmente é possível determinar se a amostra final é comparável à amostra original em um desenho longitudinal Co nhecemos as características dos que não responderam nas fases de seguimento por que eles participaram da amostra original Portanto os pesquisadores podem olhar as características dos participantes origi nais para ver como os indivíduos que não responderam podem diferir daqueles que continuaram participando Keel e colaboradores 2007 analisaram os problemas relacionados com o desgaste comparando as respostas de indivíduos que responderam ao levantamento original de 1982 mas não continuaram não respon dentes com as respostas de indivíduos que continuaram o estudo até o levantamento de 2002 Observaram que comparados com os não respondentes os indivíduos que continuaram no estudo disseram que estavam mais gordos faziam dieta com mais frequência e tinham um desejo maior de serem magros Isso representa poten cial para um viés da taxa de resposta pois a participação continuada em 2002 poderia estar relacionada com o interesse no tema da pesquisa Keel e colaboradores sugerem que as preocupações com o peso e o corpo no levantamento de 2002 podem ter sido in fladas por causa desse potencial de viés da taxa de resposta As vantagens do desenho longitudinal como determinar as mudanças para sujei tos individuais ocorrem porque os mes mos indivíduos são entrevistados mais de uma vez Paradoxalmente também podem surgir problemas no desenho longitudinal por causa dessa mesma característica Um problema possível é que os respondentes podem tentar ser heroicamente coerentes entre os levantamentos Isso pode ser parti cularmente problemático quando o estudo visa avaliar as mudanças nas suas atitudes Embora as atitudes tenham mudado as pessoas podem repetir as atitudes originais na tentativa de parecerem coerentes talvez saibam que os pesquisadores valorizam a fidedignidade Outro problema potencial é que o levantamento inicial pode sensibi lizar os respondentes à questão sob inves tigação Por exemplo considere um estudo longitudinal usado para avaliar a preocu pação dos alunos com a criminalidade no campus Uma vez que o estudo começa os participantes começam a prestar mais aten ção em relatos de crimes do que normal mente prestariam Talvez você reconheça isso como um exemplo de uma medida reativa as pessoas agirem diferentemente porque sabem que estão participando de um estudo Em vez de tentarem ser heroicamen te coerentes em suas atitudes e comporta mentos relacionados com a alimentação ao longo tempo Heatherton e colaboradores 1997 observaram que seus sujeitos podiam relutar para informar que estavam tendo os mesmos problemas com a alimentação que tinham quando estavam na faculdade Assim as reduções que os pesquisadores encontraram em problemas alimentares du rante o período de 10 anos talvez se devam ao fato de que as mulheres que se aproxi mam dos 30 anos podem se sentir enver gonhadas para admitir que têm problemas associados à adolescência p 124 Quando os respondentes de levantamentos relatam suas atitudes e comportamentos os pesqui sadores devem ficar alertas para as razões por que os relatos talvez não correspondam ao comportamento real Retornaremos a essa importante questão mais adiante neste capítulo Metodologia de pesquisa em psicologia 173 Questionários Mesmo que a amostra de respondentes seja perfeitamente representativa a taxa de res posta seja de 100 e o desenho de pesquisa tenha sido perfeitamente planejado e exe cutado os resultados de um levantamento serão inúteis se o questionário foi mal cons truído Nesta seção descrevemos o instru mento de pesquisa mais usado em levan tamentos o questionário Para que tenham utilidade os questionários devem produzir medidas fidedignas e válidas de variáveis demográficas e de diferenças individuais em escalas de autoavaliação Embora não haja substituto para a experiência no que diz respeito à preparação de um bom ques tionário existem alguns princípios gerais na construção de questionários com os quais você deve estar familiarizado Descrevemos seis passos básicos para preparar um ques tionário e apresentamos diretrizes especí ficas para escrever e administrar questões individuais Questionários como instrumentos A maioria dos levantamentos utiliza questionários para medir variáveis As variáveis demográficas descrevem as características das pessoas que são entrevistadas A acurácia e a precisão dos questioná rios exigem conhecimento e cuidado em sua construção As escalas de autoavaliação são usadas para avaliar as preferências ou atitudes das pessoas O valor da pesquisa de levantamento e qualquer pesquisa depende em última análise da qualidade das medições que os pesquisadores fazem A qualidade dessas medições por sua vez depende da quali dade dos instrumentos usados para fazer as medições O principal instrumento de pes quisa usado para fazer levantamentos é o questionário Superficialmente um questio nário pode não parecer com os instrumen tos tecnológicos usados em grande parte da pesquisa científica moderna porém quan do construído e usado adequadamente o questionário é um instrumento científico poderoso para medir variáveis diferentes Variáveis demográficas As variáveis de mográficas são um tipo importante de va riável avaliada com frequência na pesquisa por meio de levantamentos As variáveis demográficas são usadas para descrever as características das pessoas que são entre vistadas Medidas como raça etnia idade e status socioeconômico são exemplos de variáveis demográficas A decisão de medir essas variáveis depende dos objetivos do es tudo assim como de outras considerações Por exemplo Entwistle e Astone 1994 ob servaram que projetase que a diversidade étnica e racial da população norteameri cana aumentará até a metade deste século XXI de modo que então a maioria da po pulação norteamericana será formada por pessoas cuja etnia hoje seria classificada como não branca p 1522 Solicitando que os sujeitos identifiquem a sua raça e etnia podemos documentar a mistura em nossa amostra e se tiver relação com nossas perguntas de pesquisa comparar os grupos por raça e etnia À primeira vista pode parecer muito fácil aferir uma variável demográfica como a raça Um método direto é simplesmen te pedir que os sujeitos identifiquem a sua raça em uma questão aberta qual é a sua raça Essa abordagem pode ser direta mas a avaliação resultante da raça pode não ser satisfatória Por exemplo alguns responden tes podem confundir raça incorretamente com etnia Os pesquisadores e responden tes podem não reconhecer distinções impor tantes na identificação de grupos étnicos Por exemplo hispânico não identifica uma raça hispânico designa todos aqueles cujos países de origem são de língua espanhola Assim uma pessoa que nasceu na Espanha seria classificada como hispânica Latino é um termo que costuma ser usado no lugar de hispânico mas latino designa pessoas oriundas de países da América do Norte e 174 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister do Sul exceto o Canadá e os Estados Unidos Distinções como essas podem ser confusas ver Figura 55 Por exemplo uma pessoa que conhecemos é de origem espanhola e se considera corretamente caucasiana bran ca e não latina Sua etnia é hispânica De um modo geral as abordagens rá pidas e sujas de avaliação na pesquisa de levantamento tendem a produzir dados confusos que são difíceis de analisar e in terpretar Por exemplo muitos indivíduos se identificam como multirraciais toda via se os pesquisadores não incluírem isso como uma possível opção de resposta as informações dos participantes podem estar incorretas ou eles podem simplesmente pular a pergunta Entwistle e Astone 1994 recomendam uma abordagem deliberada e efetiva ao se avaliar a raça Eles apre sentam uma série de nove questões para determinar a raça de uma pessoa Uma das questões é de que raça você se conside ra Outras perguntas buscam informações como os países de onde vieram os ances trais da pessoa e se respondentes latinos são mexicanos portoriquenhos cubanos ou algo mais Essa série mais detalhada de perguntas permite que os pesquisadores de terminem a raça e a etnia de um modo me nos ambíguo mais acurado e mais preciso Usamos esse exemplo da determinação da raça e etnia para ilustrar um princípio mais geral a acurácia e a precisão de questionários como instrumentos de pesquisa de levantamento dependem do conhecimento e cuidado envolvidos em sua construção Preferências e atitudes As preferências e atitudes dos indivíduos são avaliadas com frequência por meio de levantamentos Por exemplo um pesquisador do marketing pode estar interessado nas preferências de consumidores por diferentes marcas de café ou um grupo político pode estar interessado nas atitudes de eleitores potenciais relacio nadas com questões públicas controversas Os psicólogos há muito se interessam em avaliar os pensamentos e sentimentos das pessoas em relação a uma ampla variedade de temas e muitas vezes criam escalas de autoavaliação que possibilitam que as pes soas deem respostas orais ou escritas às per guntas na escala Figura 55 Embora a origem étnica seja uma variável demográfica importante não é fácil classificar as pessoas segundo essa variável Metodologia de pesquisa em psicologia 175 As escalas de autoavaliação costumam ser usadas para avaliar o juízo que as pes soas fazem de questões apresentadas na escala pex divórcio candidatos políti cos eventos da vida ou para determinar as diferenças entre as pessoas em alguma dimensão apresentada na escala pex traços de personalidade quantidade de estresse Por exemplo os respondentes podem avaliar diferentes fatos da vida conforme o grau de estresse O pesquisa dor pode então desenvolver uma lista de eventos da vida que variem na dimensão do estresse Esse tipo de escala concentra se nas diferenças entre os itens da escala e não nas diferenças entre os indivíduos Para determinar as diferenças individuais os respondentes podem relatar a frequên cia durante o último ano em que viven ciaram os diferentes fatos estressantes listados na escala Podese obter um esco re total de estresse para cada indivíduo sintetizando as respostas às perguntas da escala Assim é possível comparar os indi víduos conforme a quantidade de estresse durante o último ano 2 As medidas de autoavaliação muitas vezes na forma de um questionário estão entre as ferramentas usadas com mais fre quência em psicologia Devido à sua im portância é crítico que essas medidas sejam desenvolvidas com cuidado Duas caracte rísticas críticas das medidas obtidas com o uso de questionários de autoavaliação são características essenciais em todas as medi das fidedignidade e validade Fidedignidade e validade de medidas de autoavaliação A fidedignidade se refere à coerência entre medidas e costuma ser avaliada com o uso do método da fidedignidade de testereteste A fidedignidade aumenta incluindose muitas questões semelhantes em uma medida testando uma amostra diversa de indivíduos e usando procedimentos uniformes de testagem A validade se refere à veracidade de uma medida será que a medida mede o que pretende medir A validade de construto representa o nível em que uma medida avalia o construto teórico que foi projetada para avaliar a validade de construto é deter minada avaliandose a validade conver gente e a validade discriminante As medidas de autoavaliação fidedig nas como observadores confiáveis ou ou tras medidas fidedignas se caracterizam pela coerência Uma medida de autoava liação fidedigna é aquela que produz re sultados semelhantes consistentes cada vez que é administrada As medidas de au toavaliação devem ser confiáveis ao se faze rem previsões sobre o comportamento Por exemplo para prever problemas de saúde relacionados com o estresse as medidas do estresse na vida dos indivíduos devem ser fidedignas Existem várias maneiras de de terminar a fidedignidade de um teste Um método comum é calcular a fidedignidade de testereteste Geralmente a fidedignidade de testereteste envolve administrar o mesmo questionário para uma grande amostra de pessoas em dois momentos diferentes daí testereteste Para que um questionário gere avaliações confiáveis as pessoas não precisam obter escores idênticos nas duas administrações do questionário mas a po sição relativa da pessoa na distribuição dos escores deve ser semelhante nos dois mo mentos de teste A consistência dessa po sição relativa é determinada calculandose um coeficiente de correlação com o uso de dois escores no questionário para cada pes soa da amostra Um valor desejável para co eficientes de fidedignidade de testereteste é 080 ou mais mas o tamanho do coeficiente dependerá de fatores como o número e ti pos de questões Uma medida de autoavaliação com muitas perguntas para avaliar um constru to será mais confiável do que uma medida com poucas questões Por exemplo é prová vel que tenhamos medidas pouco confiáveis 176 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister se tentarmos avaliar a capacidade de um jo gador de beisebol de acertar a bola com base em um único momento ou a atitude de uma pessoa ante a pena de morte com base em uma única pergunta de um levantamento A fidedignidade de nossas medidas aumenta muito se calcularmos a média do comporta mento em questão com um grande número de observações muitos momentos como batedor e muitas perguntas de levantamen tos Epstein 1979 É claro os pesquisadores devem trilhar a tênue linha entre perguntas demais e perguntas de menos Um excesso de perguntas em um levantamento pode fa zer os respondentes se cansarem ou serem descuidados em suas respostas De um modo geral as medidas serão mais confiáveis quando houver maior va riabilidade no fator medido entre os indiví duos testados Muitas vezes o objetivo da avaliação é determinar o nível em que os indivíduos diferem É mais fácil diferenciar confiavelmente uma amostra de indivíduos que variam muito entre si do que indiví duos que difiram apenas um pouco Consi dere o seguinte exemplo Suponhamos que desejemos avaliar a capacidade de jogado res de futebol de passar a bola efetivamente para outros jogadores Conseguiremos dife renciar os bons jogadores dos maus jogado res de um modo mais confiável se incluir mos uma variedade maior de jogadores em nossa amostra por exemplo profissionais jogadores de times escolares e os chamados dentedeleite Seria muito mais difícil dife renciar os jogadores de maneira confiável se testássemos apenas os jogadores profissio nais todos seriam bons Assim um teste é mais confiável ou fidedigno quando ad ministrado a uma amostra diversa do que quando aplicado a uma amostra restrita de indivíduos O terceiro e último fator que afeta a fi dedignidade está relacionado com as condi ções sob as quais o questionário é adminis trado Os questionários produzem medidas mais fidedignas quando a situação de teste está livre de distrações e quando são for necidas instruções claras para o preenchi mento do questionário Você deve lembrar do número de vezes em que o seu próprio desempenho em um teste foi atrapalhado por ruídos ou quando não tinha certeza do que a pergunta queria dizer É mais fácil determinar e obter fide dignidade do que validade em um levan tamento A definição de validade é enga nosamente clara um questionário válido avalia o que pretende avaliar Você já ouviu estudantes reclamarem que as questões em um teste não parecem tratar do material es tudado na classe Essa questão diz respeito à validade Neste ponto abordaremos a validade de construto que é apenas uma das muitas maneiras em que se avalia a validade de um instrumento A validade de construto de um instrumento representa o nível em que ela mede o construto teórico que foi projetado para medir Uma abordagem para deter minar a validade de construto de um teste baseiase em outros dois tipos de validade a validade convergente e a validade discri minante Esses conceitos podem ser com preendidos considerandose um exemplo A Tabela 51 apresenta dados que mos tram como podemos avaliar a validade de construto de uma medida da satisfação com a vida Lucas Diener e Suh 1996 observam que os psicólogos cada vez mais avaliam fatores como felicidade satisfação na vida autoestima otimismo e outros in dicadores do bemestar Todavia não está claro se esses diferentes indicadores me dem o mesmo construto pex bemestar ou se cada um é um construto distinto Lu cas e seus colegas fizeram vários estudos nos quais pediam para indivíduos preen cherem questionários sobre esses diferentes indicadores do bemestar Para nossos fins enfocaremos uma parte dos dados de seu terceiro estudo cujos participantes preen cheram três escalas duas medidas de sa tisfação com a vida a Satisfaction with Life Scale SWLS uma escala de 5 itens chama da Life Satisfaction LS5 e uma medida chamada Positive Affect PA No exemplo está em questão se o construto da satisfa Metodologia de pesquisa em psicologia 177 ção com a vida a qualidade de ser feliz com a própria vida pode ser distinguido de ser feliz de um modo mais geral afeto positivo A Tabela 51 apresenta os dados na for ma de uma matriz de correlação Uma ma triz de correlação é um modo fácil de apre sentar diversas correlações Olhe primeiro os valores em parênteses na diagonal Esses coeficientes de correlação representam os valores para a fidedignidade de cada uma das três medidas Como se pode ver as três medidas apresentam boa fidedignidade to das acima de 080 Todavia nosso foco está em aferir a validade de construto de satis fação com a vida então vamos olhar o que mais consta na Tabela 51 É razoável esperar que os escores na Satisfaction with Life Scale SWLS tenham correlação com os escores na escala de 5 itens Life Satisfaction afinal ambas foram criadas para avaliar o construto da satisfa ção com a vida De fato Lucas e colabora dores encontraram uma correlação de 077 entre essas duas medidas o que indica que elas estão correlacionadas conforme o espe rado Isso é evidência da validade convergente dos instrumentos os dois instrumentos con vergem ou andam juntos como medidas da satisfação com a vida O argumento em favor da validade de construto da satisfação com a vida pode ser ainda mais forte quando os instrumentos apresentam validade discriminante Como se pode ver na Tabela 51 as correlações en tre a Satisfaction with Life Scale SWLS e Positive Affect 042 e entre a Life Satisfac tion LS5 e Positive Affect 047 são mais baixas Isso mostra que as medidas de satis fação com a vida não se correlacionam tanto com uma medida de outro construto teórico o afeto positivo As correlações mais bai xas entre os testes da satisfação com a vida e do afeto positivo indicam que estão me dindo construtos diferentes Assim existem evidências para a validade discriminante das medidas de satisfação com a vida pois elas parecem discriminar a satisfação com a vida do afeto positivo estar satisfeito com a própria vida não é o mesmo que ter felici dade em geral A validade de construto da satisfação com a vida tem amparo em nosso exemplo porque existem evidências para a validade convergente e a validade discrimi nante O Quadro 52 apresenta outro exem plo de uma mensuração fidedigna e válida Construindo um questionário A construção de um questionário en volve decidir quais informações devem ser procuradas e como administrar o questionário escrevendo um esboço do questionário testando o questionário e concluir especificando os procedimen tos para o seu uso A formulação de questionários deve ser clara e específica usando vocabulário simples direto e familiar A ordem em que as questões são apre sentadas no questionário deve ser con siderada com seriedade pois pode afe tar as respostas dos sujeitos Passos para preparar um questionário Construir um questionário que gere medi das fidedignas e válidas é uma tarefa desa fiadora Nesta seção sugerimos uma série Tabela 51 Exemplo de validade de construto SWLS LS5 PA SWLS 088 LS5 077 090 PA 042 047 081 Dados de Lucas et al 1996 Tabela 3 Obs SWLS Satisfaction with Life Scale LS5 5item Life Satisfaction Scale PA Positive Affect Scale 178 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister de passos que podem ajudar você a cum prir esse desafio especialmente se você está construindo um questionário pela primeira vez como parte de um projeto de pesquisa 1 Decida quais informações devem ser procuradas 2 Decida como administrar o questionário 3 Escreva um primeiro esboço do questio nário 4 Reanalise e revise o questionário 5 Teste o questionário 6 Edite o questionário e especifique os procedimentos para o seu uso Passo 1 A advertência cuidado com o primeiro passo é apropriada aqui O primei ro passo na construção de um questionário decidir que informações devem ser procura das na verdade deve ser o primeiro passo no planejamento do levantamento como um todo Essa decisão é claro determina a natu reza das questões a serem incluídas no ques tionário É importante prever os resultados prováveis do questionário proposto e decidir se esses achados responderiam as questões do estudo Os levantamentos costumam ser feitos sob considerável pressão de tempo e pesquisadores inexperientes são especial mente propensos a demonstrar impaciência Um questionário mal concebido porém exi ge tanto tempo e esforço para administrar e analisar quanto um questionário bem conce bido A diferença é que um questionário bem concebido leva a resultados interpretáveis O melhor que se pode dizer de um questionário mal feito é que é uma boa maneira de apren der a importância da deliberação cuidadosa nos estágios de planejamento Passo 2 O próximo passo é decidir como administrar o questionário Por exemplo ele será autoadministrado ou entrevistado res treinados o aplicarão Essa decisão é de Quadro 52 VALORES DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS REVISITADOS FIDEDIGNIDADE E VALIDADE Ao descrever o desenho de pesquisa com amostras independentes sucessivas apre sentamos dados que sugerem que os valo res de estudantes universitários do primeiro ano são orientados para estar bem de vida financeiramente em vez de desenvolver uma filosofia de vida significativa Podemos per guntar agora Será que essas duas questões avaliam o desejo dos estudantes por signifi cado e propósito em suas vidas de maneira fidedigna e válida A avaliação fidedigna e válida de um construto psicológico como significado e pro pósito na vida exige mais de duas perguntas e de fato os dados da amostra de 2006 suge rem que os estudantes não estão preocupa dos apenas com objetivos financeiros Bryant e Astin 2006 Eis as porcentagens para ou tras questões que os estudantes endossaram como essenciais ou muito importantes Obter sabedoria 77 Tornarse uma pessoa mais afetuosa 67 Procurar beleza em minha vida 54 Melhorar a condição humana 54 Adquirir harmonia interior 49 Encontrar respostas para os mistérios da vida 45 Desenvolver uma filosofia de vida significativa 42 Os resultados dessas questões adicio nais mostram que os estudantes estão cla ramente interessados em desenvolver uma vida significativa além de perseguir objetivos puramente financeiros A questão desenvol ver uma filosofia de vida significativa parece apresentar menos concordância ou validade convergente com as outras talvez a tornando inadequada para representar o construto mais amplo do significado e do propósito na vida Será que existe algum problema com a formulação filosofia de vida significativa Os estudantes talvez tenham menos claro o significado dessa questão do que os objeti vos de vida mais concretos indicados pelas outras A avaliação fidedigna e válida exige questões claras e sem ambiguidades um tema abordado na próxima seção Metodologia de pesquisa em psicologia 179 terminada principalmente pelo método de levantamento selecionado Por exemplo se for planejado um levantamento telefônico serão necessários entrevistadores treinados Para criar o questionário também se deve considerar o uso de questões que foram preparadas por outros pesquisadores Por exemplo não existe razão para desenvolver o seu próprio instrumento para avaliar o preconceito racial se já existir um fidedigno e válido Além disso usando questões de um questionário que já foi usado você po derá comparar seus resultados diretamente com os de estudos anteriores Passo 3 Se você decidir que nenhum dos instrumentos existentes cumpre as suas necessidades deverá dar o terceiro passo e escrever um primeiro esboço de seu próprio questionário As diretrizes para a formula ção e ordem das perguntas são apresenta das mais adiante nesta seção Passo 4 O quarto passo na construção do questionário reanalisar e reescrever é essencial Perguntas que para você podem parecer objetivas e livres de ambiguidades podem soar tendenciosas e ambíguas para os outros É melhor que o seu questioná rio seja revisado por especialistas aqueles que tenham conhecimento sobre métodos de pesquisa de levantamento e aqueles que tenham experiência na área de enfoque do seu estudo Por exemplo se você está fazendo um levantamento das atitudes dos estudantes em relação ao serviço de alimentação do campus seria aconselhá vel que o seu questionário fosse revisado pelo diretor de serviços de alimentação da universidade Ao lidar com um tema con troverso é especialmente importante pedir para representantes de ambos os lados da questão triarem suas questões em busca de possíveis vieses Passo 5 De longe o passo mais crítico no desenvolvimento de um questionário efeti vo é fazer um préteste O préteste envolve administrar o questionário a uma pequena amostra de respondentes em condições se melhantes às previstas para a administração final do levantamento Os respondentes do préteste também devem ser semelhantes àqueles que serão incluídos na amostra fi nal faz pouco sentido testar um levanta mento sobre residentes de casas de repouso administrando o questionário a estudantes universitários Todavia existe um modo em que o préteste difere da administração final do levantamento Os respondentes devem ser entrevistados profundamente com rela ção às suas reações a perguntas específicas e ao questionário como um todo Isso fornece informações sobre questões potencialmente ambíguas ou ofensivas O préteste também deve servir como um ensaio final para os entrevistadores que devem ser supervisionados de perto durante esse estágio para garantir que en tendam e adiram aos procedimentos ade quados para administrar o questionário Se for necessário fazer grandes mudanças como resultado de problemas descobertos durante o teste pode ser necessário um se gundo teste para determinar se essas mu danças resolveram os problemas Passo 6 Depois que o préteste foi con cluído o passo final é imprimir o ques tionário e especificar os procedimentos a seguir em sua administração final Para chegar a esse último passo com êxito é im portante considerar as diretrizes para a for mulação efetiva das questões e para a sua ordenação adequada Diretrizes para a formulação efetiva das questões Os advogados há muito sabem que a maneira como uma pergunta é formu lada tem um grande impacto sobre a ma neira como é respondida Os pesquisadores que trabalham com levantamentos também devem estar cientes desse princípio Essa questão é ilustrada em um estudo que anali sou as opiniões das pessoas quanto a alocar vacinas escassas durante uma epidemia hi potética de gripe Li Vietri Galvani e Cha pman 2010 Os pesquisadores observaram que as decisões dos respondentes quanto à alocação das vacinas na verdade quem viveria e quem morreria eram afetadas pela forma como as políticas de vacinação 180 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister estavam escritas em termos de salvar vi das ou de vidas perdidas Portanto a maneira como as questões eram formuladas influenciava como os respondentes avalia vam o valor das vidas das pessoas Em um levantamento típico usase apenas uma for mulação para cada pergunta de modo que infelizmente não se pode determinar com precisão a influência das palavras usadas nas perguntas em um dado levantamento Clark e Schober 1992 observam que os respondentes presumem que o significado das perguntas é óbvio Isso tem implicações importantes Por exemplo quando a questão contém uma palavra vaga os respondentes podem interpretála de modos variados conforme seus vieses e suas próprias ideias sobre o que é óbvio Assim palavras como poucos ou geralmente ou termos como aquecimento global podem ser interpreta dos de maneiras diferentes por indivíduos diferentes Os respondentes também ten dem a pressupor que as palavras são usadas em um levantamento do mesmo modo que em sua subcultura ou cultura Um exemplo recente na cultura popular é descobrir se mau não significa bom Clark e Schober 1992 citam como exemplo um pesquisa dor que queria fazer a seguinte pergunta a mexicanos residentes de Yucatán quantos filhos você tem Ao traduzir para o espa nhol o pesquisador usou a palavra niños para filhos mas os residentes dessa área do México consideram que seus niños incluem filhos vivos e filhos que morreram Os res pondentes também podem pensar de forma razoável que se o pesquisador faz uma per gunta será uma pergunta que possam res ponder Essa premissa pode leválos a dar respostas para perguntas que não tenham respostas válidas Por exemplo ao se pedir sua opinião sobre nacionalidades que não existiam na realidade os respondentes opi naram mesmo assim Embora esteja claro que a formulação da pergunta em levantamentos pode cau sar problemas a solução não é tão clara No mínimo a formulação exata de questões críticas sempre deve ser publicada juntamente com os dados que descrevem as respostas O problema da influência potencial da formulação das questões é mais um exemplo da razão por que uma abordagem multimétodos é tão es sencial para se investigar o comportamento Os pesquisadores que trabalham com o uso de levantamentos costumam escolher dois tipos gerais de perguntas ao escreverem um questionário O primeiro tipo é uma per gunta de resposta livre aberta e o segundo é uma pergunta fechada de múltipla escolha As perguntas de resposta livre assim como as questões discursivas em um teste de sala de aula apenas especificam a área a ser abor dada na resposta Por exemplo a pergunta quais são suas visões sobre o aborto legal é uma pergunta de resposta livre Em compa ração as perguntas fechadas oferecem alter nativas específicas de resposta A proteção policial é muito boa razoavelmente boa nem boa nem ruim não muito boa ou nada boa é uma pergunta fechada sobre a qualidade da proteção policial em uma comunidade A principal vantagem de perguntas de resposta livre é que elas proporcionam maior flexibilidade do que as perguntas fe chadas Todavia essa vantagem costuma ser anulada pelas dificuldades que surgem para registrar e pontuar as respostas a perguntas de resposta livre Por exemplo costuma ser necessário usar uma codificação extensiva para sintetizar respostas divagantes a per guntas de resposta livre As perguntas fe chadas por outro lado podem ser respon didas de forma mais rápida e fácil surgindo menos problemas na contagem de pontos Também é muito mais fácil sintetizar as res postas a perguntas fechadas pois as respos tas são comparáveis entre os respondentes Uma grande desvantagem das perguntas fechadas é que elas reduzem a expressivi dade e a espontaneidade Além disso os respondentes podem ter que escolher uma resposta pouco desejada se não houver uma alternativa que compreenda suas visões As sim as respostas obtidas talvez não reflitam a opinião exata dos respondentes Independentemente do tipo de ques tão usado o vocabulário deve ser simples Metodologia de pesquisa em psicologia 181 direto e familiar para todos os respondentes As perguntas devem ser o mais claras e es pecíficas possível devendose evitar questões duplas Um exemplo de uma questão dupla é você tem tido dor de cabeça e náusea recentemente Uma pessoa pode respon der não se os dois sintomas não tiverem ocorrido ao mesmo tempo ou pode res ponder sim se apenas um sintoma tiver ocorrido A solução para o problema das questões duplas é simples reescrever como questões separadas As perguntas usadas em um levanta mento devem ser o mais curtas possível sem sacrificar a clareza do significado das questões Vinte ou menos palavras devem ser suficientes para a maioria das pergun tas Cada pergunta deve ser editada cuidado samente em busca de legibilidade e deve ser formulada de maneira que todas as informações condicionais antecedam a ideia principal Por exemplo seria melhor perguntar Se você fosse forçado a deixar o seu emprego atual que tipo de trabalho procuraria do que perguntar Que tipo de trabalho você pro curaria se fosse forçado a deixar o seu em prego atual Também se devem evitar questões in dutoras ou carregadas em um questioná rio As questões indutoras têm a forma de a maioria das pessoas favorece o uso de energia nuclear O que você acha Para evitar vieses é melhor mencionar todas as perspectivas possíveis ou não mencionar nenhuma Uma pergunta sobre atitudes frente à energia nuclear pode ser Certas pessoas favorecem o uso de energia nuclear outras se opõem ao uso de energia nuclear e outras ainda não defendem nenhuma das duas visões O que você acha ou O que você acha sobre o uso de energia nuclear As perguntas carregadas são perguntas que contêm palavras com carga emocional Por exemplo palavras como radical e racista devem ser evitadas Para se proteger con tra perguntas carregadas é melhor que seu questionário seja revisado por indivíduos que representem uma variedade de pers pectivas sociais e políticas Finalmente ao usar várias questões para avaliar um construto é importante formular algumas delas na direção oposta para evitar problemas associados ao viés de resposta O potencial para o viés de respos ta ocorre quando os respondentes usam apenas os pontos extremos em escalas de avaliação ou apenas o ponto médio ou quando concordam ou discordam com todas as questões Por exemplo uma ava liação do bemestar emocional pode conter as seguintes questões Meu humor geralmente é positivo 1 2 3 4 5 Fico triste com frequência 1 2 3 4 5 Concordo fortemente Discordo fortemente Concordo fortemente Discordo fortemente Respondentes com um viés de resposta em que sempre concordam com a afirma ção podem marcar 5 em ambas as esca las resultando em uma avaliação pouco confiável do bemestar emocional Uma forma mais coerente de responder exigi ria que os sujeitos usassem o lado oposto da escala de autoavaliação As respostas a essas questões cruzadas têm pontuações invertidas 1 5 2 4 4 2 5 1 quando as respostas dos participantes são computa das para se derivar um escore total de bem estar emocional Em suma boas perguntas para um questionário devem usar vocabulário simples direto e fami liar para todos os respondentes ser claras e específicas evitar questões indutoras carregadas ou duplas ser o mais curtas possível 20 palavras ou menos apresentar todas as informações condi cionais antes da ideia principal evitar potenciais vieses de resposta ter sua legibilidade confirmada 182 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Ordenação de questões A ordem das perguntas em um levantamento deve ser considerada cuidadosamente As primeiras perguntas definem o tom do resto do ques tionário e determinam o grau de disposição e consciência que os respondentes terão ao responderem as questões subsequentes Para questionários autoadministrados é melhor começar com o grupo mais inte ressante de questões para captar a atenção dos respondentes Os dados demográficos devem ser obtidos ao final do questionário autoadministrado Para entrevistas pessoais ou telefônicas por outro lado as perguntas demográficas costumam ser feitas no come ço pois são mais fáceis de responder e as sim aumentam a confiança do respondente Elas também proporcionam um tempo para o entrevistador criar sintonia antes de fazer perguntas sobre questões mais sensíveis A ordem em que determinadas per guntas são feitas pode ter efeitos drásticos conforme ilustra um estudo de Schuman Presser e Ludwig 1981 Os autores encon traram diferenças na forma de responder dependendo da ordem de duas pergun tas relacionadas com o aborto uma ge ral e uma específica A pergunta geral era Você acha que mulheres grávidas devem ter a possibilidade de fazer um aborto le gal se forem casadas e não quiserem mais filhos A pergunta mais específica era Você acha que mulheres grávidas devem ter a possibilidade de fazer um aborto legal se houver uma chance alta de um defeito sério no bebê Quando a pergunta geral veio primeiro 607 dos respondentes dis seram sim mas quando a pergunta ge ral veio após a pergunta específica apenas 481 dos respondentes disseram sim Os valores correspondentes para a pergunta específica foram de 84 e 83 de concor dância na primeira e segunda posição res pectivamente O método que costuma ser aceito para lidar com esse problema é usar perguntasfunil que significa começar com a pergunta mais geral e avançar para pergun tas específicas relacionadas com um deter minado tópico O último aspecto da ordenação das per guntas do levantamento que iremos consi derar é o uso de perguntasfiltro perguntas gerais feitas para descobrir se é preciso fazer perguntas mais específicas Por exemplo a pergunta você tem carro pode preceder uma série de perguntas sobre os custos de manter um carro Nesse caso os respon dentes somente responderiam as perguntas específicas se sua resposta à pergunta geral fosse sim Se a resposta fosse não o en trevistador não faria as perguntas específi cas em um questionário autoadministrado o respondente seria instruído a pular essa seção Quando as perguntasfiltro envol vem informações objetivas pex você tem mais de 65 anos seu uso é relativamente claro Devese ter cautela porém ao usar perguntas sobre o comportamento ou atitu des como perguntasfiltro Smith 1981 per guntou se os respondentes aprovavam ba ter em outra pessoa em todas as situações que você puder imaginar De forma lógica uma resposta negativa a essa pergunta tão geral deveria acarretar uma resposta negati va a qualquer pergunta específica Todavia mais de 80 das pessoas que responderam não à pergunta geral depois disseram que aprovavam bater em outra pessoa em situa ções específicas como autodefesa Embora resultados como esse sugiram que as per guntasfiltro devem ser usadas com cautela a necessidade de exigir o mínimo possível do tempo dos sujeitos as torna uma ferra menta essencial na criação de questionários efetivos Dica de estatística Um levantamento bem conduzido é um modo eficiente de cumprir as metas da descrição e previsão na pesquisa Quando distribuído a dezenas ou centenas de indiví duos mesmo um questionário de tamanho modesto pode rapidamente gerar muitos mi lhares de respostas para perguntas específi cas E como já vimos usando a internet os pesquisadores podem literalmente obter mi lhares de respostas em um curto período de Metodologia de pesquisa em psicologia 183 Reflexão crítica sobre a pesquisa de levantamento Correspondência entre o comportamento relatado e o real A pesquisa de levantamento envolve uma avaliação reativa pois os indiví duos sempre estão cientes de que suas respostas estão sendo registradas A desejabilidade social se refere à pressão que os respondentes às vezes sentem para responder da maneira como deve riam pensar em vez de como pensam realmente Os pesquisadores podem avaliar a acu rácia das respostas a levantamentos comparando esses resultados com da dos arquivísticos ou observações com portamentais Independentemente do cuidado na cole ta e análise dos dados de um levantamento o valor desses dados depende da veracidade das respostas dos respondentes às pergun tas do levantamento Devemos acreditar que as respostas das pessoas em levantamentos refletem seus verdadeiros pensamentos opiniões sentimentos e comportamentos A questão da veracidade de relatos verbais tem sido amplamente debatida mas não existe uma conclusão clara Todavia na vida cotidiana costumamos aceitar os relatos verbais das pessoas como válidos Se uma amiga diz que gostou de ler um determina do romance você pode perguntar a razão mas geralmente não questiona se a afirma tempo Porém há um problema aí Como se lida com essa multiplicidade de respostas A resposta é com planejamento cuidadoso A análise de dados de respostas obtidas com questionários deve ser considerada antes de se escreverem as questões do le vantamento Serão usadas perguntas aber tas O objetivo é principalmente descritivo por exemplo proporções ou porcentagens de certos eventos em uma população são de interesse primário O objetivo é corre lacional por exemplo relacionar respostas a uma pergunta com as respostas a outra Os respondentes usarão um formato de res posta do tipo simnão Um formato do tipo simtalveznão Escalas de autoavaliação Esses formatos de resposta proporcionam tipos diferentes de dados Como você já viu dados qualitativos na forma de respostas abertas exigem regras para a codificação e métodos para se obter a fidedignidade entre os codificadores Dados categóricos obtidos com um formato simnão produzem dados nominais ao passo que geralmente se pressupõe que as escalas fornecem da dos na forma de intervalos ver o Capítulo 4 para comentários sobre tipos de escalas Esses tipos de dados exigem abordagens diferentes de análise estatística É importante prever os resultados prová veis do questionário proposto e decidir se esses achados respondem a pergunta de pesquisa Ao prever seus resultados você deve garantir que eles possam ser analisa dos adequadamente Em outras palavras você deve ter um plano de análise antes de fazer o levantamento Durante o estágio de planejamento sugerimos que você consulte pesquisadores com experiência em levanta mentos em relação às análises estatísticas corretas Novamente indicamos os Capítulos 11 e 12 deste livro para que você adquira ou re cupere familiaridade com os procedimentos estatísticos Se o seu interesse em conduzir um levantamento o levar a procurar relações correlações entre variáveis categóricas nominais você deverá ir além deste livro A análise estatística adequada para analisar re lações entre variáveis nominais é o teste qui quadrado de contingência Uma introdução a esse teste pode ser encontrada em quase todos os livros introdutórios de estatística pex Zechmeister e Posavac 2003 Se você precisa correlacionar respostas com escalas de intervalos uma correlação de Pearson r é mais adequada Esse tipo de análise foi introduzido no Capítulo 4 quando discutimos a fidedignidade entre observa dores Falaremos mais sobre análises cor relacionais mais adiante neste capítulo Os procedimentos para calcular o r de Pearson são encontrados no Capítulo 11 184 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister ção reflete corretamente os sentimentos da sua amiga Existem situações na vida co tidiana contudo em que temos razão para suspeitar da veracidade das afirmações de alguém Ao procurar um carro usado por exemplo nem sempre devemos confiar no papo de vendedor que ouvimos Não obs tante de um modo geral aceitamos que os comentários das pessoas são verdadeiros a menos que tenhamos razões para suspeitar do contrário Aplicamos os mesmos padrões às informações que obtemos com pessoas que respondem a levantamentos Por sua própria natureza a pesquisa com o uso de levantamentos envolve uma avaliação reativa Os respondentes sabem que suas respostas estão sendo registra das e podem suspeitar que elas possam gerar ações sociais políticas ou comerciais Assim existem fortes pressões para as pes soas responderem como devem pensar e não como pensam realmente O termo que costuma ser usado para descrever essas pressões é desejabilidade social o termo politicamente correto se refere a pressões semelhantes Por exemplo quando se per gunta se os respondentes favorecem dar esmola aos necessitados eles podem dizer que sim porque acreditam que é a atitu de mais socialmente aceitável de se ter Na pesquisa de levantamento assim como na pesquisa observacional a melhor proteção contra a avaliação reativa é estar ciente da sua existência Às vezes os pesquisadores podem analisar a acurácia de relatos verbais de maneira direta Por exemplo Judd Smith e Kidder 1991 descrevem uma pesquisa realizada por Parry e Crossley 1950 em que as respostas obtidas por entrevistadores experientes foram comparadas subsequen temente com registros arquivísticos para os mesmos sujeitos mantidos por várias agên cias Suas comparações revelaram que 40 dos respondentes deram respostas incorre tas a uma questão sobre contribuições para a United Fund uma organização de carida de 25 disseram que haviam se registrado e votado em uma eleição recente mas não tinham votado e 17 mentiram sobre sua idade Um pessimista talvez considerasse esses números extremamente elevados mas um otimista diria que a maioria dos relatos dos respondentes estava correta mesmo quando havia pressões elevadas de deseja bilidade social como na questão relaciona da com as contribuições para a caridade Outra maneira pela qual os pesquisa dores podem avaliar a acurácia de relatos verbais é observando o comportamento dos respondentes diretamente Um experimen to feito por Latané e Darley 1970 ilustra essa abordagem Os autores observaram que as pessoas são mais prováveis de ajudar uma vítima quando estão sozinhas do que quando existem outras testemunhas pre sentes Subsequentemente perguntouse a um segundo grupo de sujeitos se a presença de outras pessoas influenciaria a probabi lidade de que ajudassem uma vítima Eles disseram de maneira uniforme que não Assim os relatos verbais dos indivíduos po dem não corresponder bem ao seu compor tamento ver Figura 56 Estudos como esse sugerem extrema cautela ao tirar conclusões sobre o comportamento das pessoas com base apenas em relatos verbais É claro que devemos ser igualmente cautelosos antes de tirar conclusões sobre o que as pessoas pen sam com base apenas na observação direta do seu comportamento A discrepância po tencial entre o comportamento observado e os relatos verbais ilustra a sabedoria de uma abordagem multimétodos para nos ajudar a identificar e abordar problemas potenciais na compreensão do comportamento e pro cessos mentais Correlação e causalidade Quando duas variáveis estão relaciona das correlacionadas podemos fazer previsões a seu respeito todavia não podemos apenas conhecendo uma cor relação determinar a causa da relação Quando uma relação entre duas variá veis pode ser explicada por uma terceira variável dizse que a relação é espúria Metodologia de pesquisa em psicologia 185 Estudos correlacionais combinados com uma abordagem multimétodos podem ajudar os pesquisadores a identificar as causas potenciais do comportamento Os levantamentos são usados com fre quência na pesquisa correlacional que é um excelente método para satisfazer os objeti vos científicos da descrição e previsão Por exemplo estudos que demonstram cor relações entre a saúde física e o bemestar psicológico permitem que os pesquisadores façam previsões sobre problemas relaciona dos com a saúde Os estudos correlacionais permitem que os pesquisadores façam previsões para as variáveis correlacionadas Todavia a co nhecida máxima que diz que correlação não implica causação nos lembra que a nossa capacidade de fazer inferências cau sais com base apenas em uma correlação entre duas variáveis é muito limitada Por exemplo existe uma correlação confiável entre ser extrovertido socialmente ativo e estar satisfeito com a própria vida Myers e Diener 1995 Todavia apenas com base nessa correlação não poderíamos argu mentar de maneira convincente que ser mais extrovertido e socialmente ativo torna as pessoas mais satisfeitas com suas vidas Embora seja possível que o fato de ser ex trovertido torne as pessoas mais satisfeitas a relação causal inversa também pode ser verdadeira o fato de estarem satisfeitas com a vida pode tornar as pessoas mais ex trovertidas e socialmente ativas A relação causal pode se dar nos dois sentidos ser mais extrovertido causa mais satisfação com a vida e ser mais satisfeito com a vida causa mais extroversão É impossível determinar a direção causal correta apenas sabendose a correlação entre as duas variáveis Não poder determinar a direção da re lação em uma correlação é apenas o primei ro desafio que enfrentamos É possível que exista outra interpretação causal para a cor relação entre as duas variáveis Por exem plo uma terceira variável o número de amigos pode fazer as pessoas serem mais extrovertidas e mais satisfeitas com suas vidas Chamamos de relação espúria uma correlação que pode ser explicada por uma terceira variável Kenny 1979 Nesse exem plo específico o número de amigos é uma terceira variável possível que pode explicar a relação entre ser extrovertido e estar sa tisfeito com a própria vida Indivíduos que têm mais amigos talvez sejam mais prová veis de ser extrovertidos e estar satisfeitos com a vida do que pessoas com menos ami gos Isso não significa dizer que a correlação positiva original entre ser extrovertido e a satisfação com a vida não existe certamente existe apenas que outras variáveis que não foram medidas pex o número de amigos podem explicar a razão para a relação Figura 56 A maneira como as pessoas dizem que reagiriam neste tipo de situação nem sempre corresponde ao que elas fazem realmente 186 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister É extremamente importante entender por que não é possível fazer uma inferên cia causal com base apenas em uma corre lação entre duas variáveis É igualmente importante reconhecer que as evidências correlacionais podem ser muito úteis para se identificarem as causas potenciais do com portamento Técnicas estatísticas sofistica das podem ser usadas para ajudar em inter pretações causais de estudos correlacionais A análise de caminho é uma técnica estatística sofisticada que pode ser usada com dados correlacionais Baron e Kenny 1986 Holm beck 1997 A análise de caminho envolve a identificação de variáveis mediadoras e variáveis moderadoras Uma variável me diadora é uma variável usada para explicar a correlação entre duas variáveis Uma va riável moderadora é uma variável que afeta a direção ou intensidade da correlação entre duas variáveis A Figura 57 ilustra um exemplo de uma variável mediadora em um estudo sobre os efeitos da pobreza na adaptação psicológica de crianças Evans Gonnella Marcynyszyn Gentile e Salpekar 2005 De maneira con sistente com pesquisas anteriores esses pesquisadores observaram uma correlação entre suas medidas da pobreza e a pertur bação psicológica quanto maior a pobreza maior a perturbação entre crianças o cami nho a na Figura 57 Evans e seus colegas também propuseram uma variável media dora caos para explicar essa relação Eles teorizaram que condições de vida caóticas caracterizadas por imprevisibilidade con fusão falta de estrutura ruído superlota ção e habitação de baixa qualidade podem explicar a relação entre a pobreza e a pertur bação psicológica em crianças Isso é mos trado nos caminhos b e c na Figura 57 De maneira condizente com suas previ sões os resultados do seu estudo indicaram que mais pobreza estava associada a mais caos na família caminho b Além disso mais caos estava associado a mais perturbação psicológica caminho c O último passo na análise de caminho é mostrar que quando as correlações entre os caminhos b e c são con sideradas usandose um procedimento esta tístico a correlação observada inicialmente para o caminho a entre pobreza e perturba ção se torna zero ie não há relação Isso é exatamente o que observaram Evans e seus colegas Sua análise de caminho lhes permi tiu dizer que a relação entre a pobreza e a perturbação das crianças pode ser explicada ou é mediada pelo grau de caos na família Embora Evans e seus colegas descre vam variáveis moderadoras potenciais podemos apresentar um exemplo hipotéti co Suponhamos que o padrão de correla ção observado na Figura 57 seja diferente para garotos e garotas Podemos postular por exemplo que o efeito mediador somen te existe para garotos e não para garotas Nesse caso estaríamos dizendo que o sexo da criança masculino ou feminino é uma variável moderadora ou seja ele afeta a direção ou intensidade das correlações en tre pobreza caos e perturbação psicológica Outras variáveis moderadoras potenciais incluem a densidade populacional pex urbano vs rural e o nível de resiliência na Caos Pobreza Perturbação psicológica Caminho a Caminho c Caminho b Figura 57 Um exemplo de uma variável mediadora Metodologia de pesquisa em psicologia 187 personalidade das crianças pex resiliên cia alta vs baixa Você consegue criar hipó teses para como as relações entre pobreza caos e perturbação psicológica podem dife rir com base nessas variáveis moderadoras Embora a pesquisa correlacional não seja uma base absolutamente firme para fazer inferências causais os padrões de cor relações observados na análise de caminho fornecem pistas importantes para identi ficar relações causais entre as variáveis O próximo passo para pesquisadores que desejem fazer inferências causais é fazer experimentos conforme descrito nos Capí tulos 6 a 8 Por exemplo uma manipulação laboratorial do caos pex situações im previsíveis ruído pode causar níveis dife rentes de perturbação entre indivíduos de diferentes níveis econômicos Essa aborda gem multimétodos ajudaria a proporcionar evidências convergentes do papel causal do caos na relação entre a pobreza e a adapta ção psicológica Resumo A pesquisa realizada com o uso de levan tamentos proporciona um meio acurado e eficiente para descrever características de pessoas pex variáveis demográficas e seus pensamentos opiniões e sentimentos Além disso podemos identificar relações preditivas avaliando a covariação correla ção entre variáveis de ocorrência natural Os levantamentos diferem em seus propó sitos e alcance mas geralmente envolvem amostragem Os resultados obtidos para uma amostra selecionada cuidadosamente são usados para descrever toda a população de interesse Os levantamentos também en volvem o uso de um conjunto predetermi nado de questões geralmente na forma de um questionário A amostragem é um procedimento pelo qual se tira um número especificado de elementos de uma base amostral repre sentando uma lista real dos possíveis ele mentos da população Nossa capacidade de generalizar da amostra para a população depende criticamente da representatividade da amostra o nível em que a amostra tem as mesmas características que a população A melhor maneira de obter representativi dade é usar amostragem probabilística em vez de não probabilística Na amostragem probabilística simples o tipo mais comum de amostragem probabilística cada elemen to é igualmente provável de ser incluído na amostra Usase amostragem aleatória es tratificada quando existe interesse na análi se de subamostras Existem quatro métodos gerais de le vantamento levantamento por correio entrevista pessoal entrevista telefônica e levantamento pela internet Os levanta mentos por correio evitam problemas com o viés do entrevistador e são especialmen te adequados para analisar temas pessoais ou embaraçosos Problemas potenciais em decorrência do viés da taxa de resposta são uma limitação séria dos levantamentos por correio As entrevistas pessoais e levanta mentos telefônicos geralmente têm taxas de resposta maiores e proporcionam maior flexibilidade O levantamento telefônico é usado com frequência para levantamentos breves Os levantamentos pela internet são eficientes e de baixo custo abrindo novas oportunidades para pesquisadores que trabalham com o uso de levantamentos todavia também são propensos a vieses de amostragem suscitando questões me todológicas e éticas devidas principalmen te à falta de controle sobre o ambiente de pesquisa A pesquisa de levantamento é realizada segundo um plano geral chamado delinea mento ou desenho de pesquisa Existem três desenhos de pesquisa com o uso de levan tamentos o desenho transversal o desenho com amostras independentes sucessivas e o desenho longitudinal Os desenhos trans versais concentramse em descrever as ca racterísticas de uma população ou as dife renças entre duas ou mais populações em um dado momento Descrever mudanças de atitude ou opinião ao longo do tempo exige o uso de amostras independentes su 188 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister cessivas ou desenhos longitudinais O de senho longitudinal costuma ser preferido pois permite que o pesquisador avalie mu danças para indivíduos específicos e evite o problema de amostras sucessivas que não sejam comparáveis O principal instrumento da pesquisa por meio de levantamentos é o questioná rio Os questionários podem ser usados para medir variáveis demográficas e ava liar as preferências ou atitudes das pessoas Para construir questionários que gerem me didas fidedignas e válidas os pesquisado res devem decidir quais informações devem ser procuradas além de como administrar o questionário e qual ordem para as per guntas será mais efetiva Mais importante as questões devem ser escritas de maneiras que sejam claras específicas e o menos am bíguas possível Os resultados de levantamentos como de outros relatos verbais podem ser aceitos literalmente a menos que exista razão para o contrário como pressões para os respon dentes darem respostas socialmente dese jáveis O comportamento das pessoas nem sempre está de acordo com o que dizem que fariam de modo que a pesquisa por meio de levantamentos jamais substituirá a observa ção direta Todavia a pesquisa de levanta mento é um excelente modo de começar a examinar as atitudes e opiniões das pessoas O maior desafio na interpretação de estudos correlacionais é entender a relação entre correlação e causalidade Uma correla ção entre duas variáveis não é evidência su ficiente para demonstrar uma relação causal entre as duas variáveis Todavia as evidên cias correlacionais podem contribuir para identificar relações causais quando usadas em combinação com técnicas estatísticas sofisticadas como análises de mediadores e moderadores na análise de caminho e a abordagem multimétodos Conceitos básicos pesquisa correlacional 150 população 153 amostra 153 representatividade 154 viés de seleção 155 amostragem não probabilística 156 amostragem probabilística 156 amostragem aleatória simples 157 amostragem aleatória estratificada 157 viés da taxa de resposta 161 viés do entrevistador 162 desenho transversal 165 desenho com amostras independentes sucessivas 166 desenho longitudinal 169 questionário 173 desejabilidade social 184 relação espúria 185 Metodologia de pesquisa em psicologia 189 Questões de revisão 1 Identifique brevemente o objetivo da pes quisa de levantamento e como as correla ções são usadas na pesquisa de levanta mento 2 Descreva as informações que analisaria para determinar se os resultados de um levantamento são tendenciosos porque a agência que o patrocinou tem um interes se velado nos resultados 3 Cite duas características que os levanta mentos têm em comum independente mente do seu propósito 4 Explique por que é provável que haja uma ameaça séria à interpretabilidade dos re sultados de um levantamento quando se usa uma amostra de conveniência 5 Explique a relação entre a homogeneidade da população da qual se tirou uma amos tra e o tamanho da amostra necessária para garantir a representatividade 6 Explique por que você escolheria usar um levantamento por correio entrevistas pes soais entrevistas telefônicas ou um levan tamento pela internet para seu projeto de pesquisa 7 Explique por que não é possível concluir que uma amostra não representa uma po pulação apenas por saber que a taxa de resposta foi de 50 8 Quais são as principais vantagens e des vantagens dos levantamentos feitos pela internet 9 Descreva a relação que deveria haver en tre as amostras no desenho de pesquisa com amostras independentes sucessivas para que fosse possível interpretar mu danças em atitudes da população ao lon go do tempo 10 Você está interessado em avaliar a direção e o nível de mudança ao longo do tempo nas opiniões de respondentes individuais Identifique o desenho de pesquisa de le vantamento que escolheria e explique por que fez essa escolha 11 Descreva um método para determinar a fidedignidade e um método para de terminar a validade de uma medida de autoavaliação 12 Descreva três fatores que afetam a fide dignidade de medidas de autoavaliação na pesquisa de levantamento 13 Como você responderia se alguém lhe dissesse que os resultados de um levanta mento são inúteis porque as pessoas não respondem verdadeiramente às pergun tas dos levantamentos 14 Explique por que correlação não impli ca causação e explique como os dados correlacionais podem ser usados para identificar causas potenciais do compor tamento 15 Defina variável mediadora e moderadora e dê um exemplo de cada 190 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister DESAFIOS 1 A pesquisa de levantamento é difícil de fazer e isso talvez se aplique especial mente quando o tema envolve as atitudes e práticas sexuais das pessoas Para um livro que se concentrava em parte na se xualidade feminina a autora enviou 100 mil questionários a mulheres que perten ciam a uma variedade de grupos de mu lheres em 43 estados norteamericanos Esses grupos variam de organizações feministas e religiosas a grupos de jardi nagem O questionário da autora conti nha 127 questões discursivas e a autora recebeu respostas de 4500 mulheres Os resultados desse levantamento mostram que 70 das respondentes ca sadas por 5 anos ou mais relataram ter casos extraconjugais e que 95 das res pondentes se sentiam emocionalmente assediadas pelos homens que amavam A A amostra final do estudo é grande 4500 Será que isso é suficiente para garantir a representatividade da amostra Se não for que problema que é um problema potencial na pes quisa de levantamento poderia dimi nuir a representatividade da amostra B É possível com base em sua respos ta à parte A da questão dizer que as conclusões que a autora tirar de seus dados estarão incorretas Como você determinaria se os resultados estão corretos 2 Duas organizações nacionais diferentes que fazem pesquisas sobre o ensino su perior fizeram levantamentos indepen dentes perguntando a docentes o quan to achavam que seus alunos estavam preparados Os resultados desses dois estudos chamaram a atenção quando foram publicados na Chronicle of Higher Education pois eram bastante diferentes Os pesquisadores da Fundação de Pes quisa A observaram que quase 75 dos professores disseram que seus alunos estavam seriamente despreparados Os pesquisadores da Fundação de Pes quisa B observaram que apenas 188 dos docentes que entrevistaram disse ram que seus estudantes não estavam nada preparados Podese esperar que os resultados de pesquisas de levanta mento variem de uma para a outra mas a grande discrepância encontrada nes ses dois levantamentos pode nos levar a questionar a fidedignidade e credibili dade dos resultados dos levantamentos Antes de se chegar a essa conclusão é importante considerar vários detalhes dos dois levantamentos Obs Esta questão baseiase em um artigo publica do em NCRIPTAL Update primavera de 1990 Vol 3 Nº 1 p 23 A Quem foi entrevistado A amostra ori ginal da Fundação A continha 10 mil professores universitários que lecio navam para estudantes de graduação e pósgraduação em todos os tipos de instituições Da amostra original 545 responderam A Fundação B omitiu universidades de pesquisa 25 da amostra da Fundação A A Fundação B tinha uma amostra final de 2311 taxa de resposta de 62 Aproximadamente 90 da amostra fi nal estavam lecionando para alunos do nível introdutório Como podem as ca racterísticas das amostras analisadas pelas Fundações A e B afetar os resul tados obtidos nos dois levantamentos B O que se perguntou A Fundação A perguntou aos seus sujeitos Os alu nos de graduação com quem tenho contato próximo estão seriamente despreparados em habilidades bási cas como as necessárias para a co municação escrita e oral As respos tas a essa afirmação eram concordo fortemente concordo com reservas neutro discordo com reservas e dis cordo A Fundação B perguntou a seus sujeitos Em sua formação preparató ria os alunos que se matriculam nes ta disciplina geralmente estão As opções de resposta eram nada pre parados um pouco preparados muito bem preparados e extremamente bem preparados Como pode a natureza dessas questões afetar os resultados obtidos nos dois levantamentos Metodologia de pesquisa em psicologia 191 C DESAFIOS CONTINUAÇÃO Como os resultados foram publica dos Os resultados do levantamento da Fundação A 75 dos estudantes seriamente despreparados foram pu blicados na Chronicle combinando as categorias concordo fortemente e concordo com reservas Os resulta dos do levantamento da Fundação B 188 dos estudantes nada prepara dos representavam apenas aqueles que escolheram a categoria nada preparados Como você acha que os resultados seriam se a estimativa da Fundação A contivesse apenas os res pondentes que escolheram a resposta concordo fortemente 3 Uma pequena faculdade de ciências hu manas criou uma forçatarefa sob direção do próreitor de assuntos estudantis para analisar a qualidade das experiências dos estudantes em seu campus A forçata refa decidiu fazer um levantamento para determinar o conhecimento dos alunos e suas percepções sobre a justiça do siste ma judicial usado para aplicar as regras nas unidades residenciais do campus O questionário do levantamento continha questões pessoais que pediam para os alunos descreverem suas experiências em situações em que violaram políticas da faculdade ou quando souberam que outros estudantes haviam violado as po líticas Criouse uma amostra aleatória estratificada a partir da lista de matrículas com alunos que moravam dentro e fora do campus O tamanho da amostra era de 400 estudantes em um campus com 2 mil Os questionários foram devolvidos por 160 estudantes com uma taxa de resposta de 40 Um resultado impor tante do levantamento foi que mais de um terço dos respondentes consideravam o sistema judicial injusto A forçatarefa se reuniu para decidir se devia incluir esse tipo de resultado em seu relatório final para o próreitor de assuntos estudantis A Será que a amostra inicial de 400 es tudantes era provável de ser repre sentativa da população de 2 mil estu dantes Por quê Ou por que não B Identifique um problema potencial exis tente na pesquisa de levantamento que poderia estar presente nesse estudo e que levaria a forçatarefa a se pre ocupar que a amostra final não fosse representativa da população de 2 mil estudantes C Usando apenas a evidência de que a taxa de resposta para o levantamento foi de 40 a forçatarefa concluiu que a amostra final não era represen tativa da população de estudantes Decidiram também que as avaliações do sistema judicial como injusto por mais de um terço dos estudantes era uma estimativa exagerada e incorreta Você concorda que o resultado repre senta uma estimativa incorreta Por quê Ou por que não D Enquanto a forçatarefa se reunia para discutir seu relatório final um membro expressou a opinião de que era improvável que as respostas dos alunos fossem verdadeiras e assim os resultados do levantamento eram inúteis e não deviam ser divulgados O diretor da forçatarefa pede que você responda a essa afirmação O que você diria 4 Como estagiário no escritório de ex alunos em uma pequena faculdade uma das suas tarefas é ajudar a desen volver um projeto de pesquisa com o uso de um levantamento A faculdade está interessada em conhecer as atitu des dos egressos quanto às suas expe riências acadêmicas e extracurriculares enquanto estudavam na faculdade O diretor também quer incluir questões para avaliar as opiniões dos exalunos sobre as diferentes atividades que a fa culdade patrocina para eles pex reu niões e como preferem ser informados sobre problemas e atividades no cam pus pex boletins emails postagens no website da faculdade Um dos prin cipais objetivos do levantamento é de terminar como as atitudes dos exalunos mudam um cinco ou dez anos depois da graduação 192 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Resposta ao Exercício I 1 D 2 B 3 A 4 C A DESAFIOS CONTINUAÇÃO O primeiro passo é selecionar o dese nho de pesquisa para o projeto Des creva os dois desenhos que podem ser usados para medir mudanças em ati tudes ao longo do tempo Apresente como esses desenhos seriam imple mentados para o projeto e identifique as vantagens e possíveis limitações de cada desenho B O segundo passo é selecionar o mé todo de levantamento para o projeto Os membros do comitê de planeja mento propuseram três abordagens diferentes 1 selecione uma amos tra aleatória de exalunos a partir da lista do escritório de exalunos e use um levantamento telefônico para ad ministrar o questionário 2 envie um email para uma amostra aleatória de exalunos com um link para um site da internet onde possam preencher o questionário 3 coloque um anún cio sobre o levantamento e um link para o questionário no website da faculdade com a solicitação de que todos os exalunos que visitarem o website preencham o questionário Descreva para o comitê as vantagens e limitações de cada abordagem e apresente uma recomendação e fun damentação para a abordagem que considerar melhor C O terceiro passo é preparar o ques tionário Descreva os diferentes for matos que podem ser usados para escrever as questões do questionário e prepare um exemplo de uma per gunta de resposta livre aberta e de múltipla escolha fechada Use esses exemplos para descrever as vanta gens e desvantagens de cada forma de questão Resposta ao Exercício II 1 O primeiro estudante pesquisador está propondo uma amostra aleatória estratifi cada compreendendo 100 estudantes das fraternidades gregas e 100 estudantes independentes Nesse plano os estra tos de mesmo tamanho teriam amostras representativas para cada estrato Uma falha potencialmente séria desse plano é que a amostra geral não representaria as proporções de gregos e independentes na população 25 e 75 respectivamente Isso resultaria em uma amostra tendencio sa pois os gregos seriam sistematicamen te superrepresentados no levantamento O segundo estudante pesquisador está propondo uma amostra aleatória simples de 100 estudantes da população da facul dade Embora isso provavelmente leve a uma amostra mais representativa prova velmente resultaria em um número mui to pequeno de respondentes na categoria grega esperaríamos aproximadamente 25 gregos para representar seu ponto de vista adequadamente 2 Um plano de amostragem mais adequa do usaria uma amostra aleatória estrati ficada na qual os tamanhos da amostra para gregos e independentes fossem pro porcionais aos valores observados na po pulação Com 200 estudantes na amostra você selecionaria 150 estudantes da base amostral de estudantes independentes e 50 estudantes da base amostral de estu dantes gregos Metodologia de pesquisa em psicologia 193 Resposta ao Desafio 1 A De um modo geral tamanhos de amos tra maiores tornam mais provável que a amostra seja representativa O problema nesse estudo é que a amostra final ain da que grande representa uma taxa de resposta baixa em relação à amostra ori ginal de 100000 45 A baixa taxa de resposta e o tema do levantamento tor nam provável que apenas mulheres que se sentissem motivadas respondessem o levantamento É improvável que a amos tra de 4500 mulheres represente toda a população de mulheres B A baixa taxa de resposta não possibilita argumentar que as conclusões da auto ra estejam incorretas Do mesmo modo a autora não pode dizer com base nes sa amostra que as conclusões estejam corretas Simplesmente não podemos saber com base nessas evidências se as conclusões estão corretas ou incorretas Existe pelo menos uma boa maneira de determinar se os resultados desse levan tamento estão corretos Você precisaria obter na literatura os resultados de um ou mais levantamentos sobre as atitudes e práticas sexuais de mulheres Seria es sencial que esses outros levantamentos tivessem usado amostras representativas de mulheres Então você compararia os resultados deste levantamento com os de outros Somente se os resultados do levantamento atual correspondessem aos dos levantamentos com amostras repre sentativas é que consideraríamos corre tos os resultados do levantamento atual É claro que você também poderia fazer o seu próprio levantamento que evitasse os problemas que estão presentes nesse levantamento e determinar se os seus resultados são semelhantes aos desse autorpesquisador Notas 1 Heatherton e colaboradores 1997 observaram que como as reduções em problemas alimen tares foram maiores entre indivíduos no levantamento longitudinal do que nas amostras in dependentes sucessivas é provável que os processos maturacionais dos indivíduos além de mudanças na sociedade estivessem atuando para reduzir os problemas de alimentação ao longo do tempo 2 A área de avaliação psicológica interessada em escalas de itens ou estímulos é conhecida como psicofísica e a área de avaliação preocupada com diferenças individuais é chamada de psicométrica 6 Desenhos de pesquisa com grupos independentes Visão geral No Capítulo 2 apresentamos os quatro objetivos da pesquisa em psicologia des crição previsão explicação e aplicação Os psicólogos usam métodos observacionais para desenvolver descrições detalhadas do comportamento muitas vezes em ambien tes naturais Os métodos de pesquisa com uso de levantamentos permitem que os psi cólogos descrevam as atitudes e opiniões das pessoas Os psicólogos conseguem fazer previsões sobre o comportamento e proces sos mentais quando descobrem medidas e observações que covariam correlações A descrição e a previsão são essenciais para o estudo científico do comportamento mas não são suficientes para entender as suas causas Os psicólogos também procuram uma explicação o porquê do comporta mento Chegamos a uma explicação cientí fica quando identificamos as causas de um fenômeno Os Capítulos 6 7 e 8 concentram se no melhor método de pesquisa existente para identificar relações causais o método experimental Analisaremos como o método experimental é usado para testar teorias psi cológicas bem como responder a questões de importância prática Como já enfatizamos a melhor aborda gem geral de pesquisa é a abordagem multi métodos Podemos confiar mais em nossas conclusões quando obtemos respostas com paráveis para uma pergunta de pesquisa usando métodos diferentes Dizse que nossas conclusões têm validade convergen te Cada método tem limitações diferentes mas os métodos têm potencialidades com plementares que superam essas limitações O principal ponto forte do método expe rimental é que ele é especialmente efetivo para estabelecer relações de causa e efeito Neste capítulo discutimos as razões por que os pesquisadores fazem experimentos e analisamos a lógica subjacente da pesquisa experimental Nosso foco é em um desenho experimental bastante utilizado o desenho de grupos aleatórios Descrevemos os pro cedimentos para formar grupos aleatórios e as ameaças à interpretação que se aplicam especificamente ao desenho de grupos alea tórios Depois descrevemos os procedimen tos que os pesquisadores usam para anali sar e interpretar os resultados que obtêm em seus experimentos e também investiga mos como os pesquisadores estabelecem a validade externa dos resultados experimen Metodologia de pesquisa em psicologia 197 tais Concluímos o capítulo com uma consi deração sobre dois outros desenhos de pes quisa envolvendo grupos independentes o desenho de grupos pareados e o desenho de grupos naturais Por que os psicólogos fazem experimentos Os pesquisadores fazem experimentos para testar hipóteses sobre as causas do comportamento Os experimentos permitem que os pes quisadores decidam se um tratamento ou programa altera o comportamento efetivamente Uma das principais razões por que os psicólogos usam experimentos é para fazer testes empíricos das hipóteses que derivam de teorias psicológicas Por exemplo Pen nebaker 1989 desenvolveu uma teoria que sustenta que manter para si pensamentos e sentimentos relacionados com experiências dolorosas pode ter um custo físico para o in divíduo Segundo essa teoria da inibição é fisicamente estressante manter essas expe riências para si mesmo Pennebaker e seus colegas fizeram muitos experimentos em que designavam um grupo de sujeitos para escrever sobre situações emocionais pessoais e outro gru po para escrever sobre tópicos superficiais De maneira condizente com as hipóteses derivadas da teoria da inibição os sujeitos que escreveram sobre tópicos emocionais tiveram melhores resultados em saúde do que os que escreveram sobre tópicos super ficiais Todavia nem todos os resultados condiziam com a teoria da inibição Por exemplo estudantes que deviam dançar expressivamente com base em uma expe riência emocional não tiveram os mesmos benefícios à saúde que estudantes que dan çaram e escreveram sobre sua experiência Pennebaker e Francis 1996 fizeram outro teste da teoria e demonstraram que as mu danças cognitivas que ocorrem ao se escre ver sobre as experiências emocionais eram críticas para explicar os resultados positivos para a saúde Nossa descrição breve dos testes da teo ria da inibição ilustra o processo geral en volvido quando os psicólogos fazem experi mentos para testar uma hipótese derivada de uma teoria Se os resultados do experimen to condizem com o que a hipótese prevê a teoria recebe amparo Por outro lado se os resultados diferem do que se esperava a teoria talvez precise ser modificada desen volvendose e testandose uma nova hipó tese em outro experimento Testar hipóteses e revisar teorias com base nos resultados de experimentos às vezes pode ser um processo longo e árduo como combinar as peças de um quebracabeça para formar uma imagem completa A interrelação autoaperfeiçoadora entre os experimentos e as explicações pro postas é uma ferramenta fundamental que os psicólogos usam para entender as causas das maneiras como nós pensamos sentimos e agimos Os experimentos bem feitos também ajudam a resolver os problemas da socie dade proporcionando informações vitais sobre a efetividade de tratamentos em uma ampla variedade de áreas Esse papel dos experimentos tem uma longa história no campo da medicina Thomas 1992 Por exemplo perto do começo do século XIX a febre tifoide e o delirium tremens costu mavam ser fatais A prática médica padrão naquela época era tratar essas duas condi ções com sangria purga e outras terapias semelhantes Em um experimento para testar a efetividade desses tratamentos os pesquisadores designavam um grupo aleatoriamente para receber o tratamento padrão sangria purga etc e um segun do grupo que não recebia nada apenas re pouso na cama boa nutrição e observação Thomas 1992 descreve os resultados desse experimento como inequívocos e estarre cedores p 9 o grupo que recebeu o tra tamento da época ficou pior do que o grupo que não foi tratado Tratar essas condições usando as práticas do começo do século XIX era pior do que não tratálas de modo al 198 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister gum Experimentos como esse contribuíram para o entendimento de que muitas condi ções médicas são autocontidas a doença se gue seu curso e o paciente se recupera por conta própria A lógica da pesquisa experimental Os pesquisadores manipulam uma va riável independente em um experimen to para observar o efeito sobre o com portamento conforme determinado pela variável dependente O controle experimental permite que os pesquisadores façam a inferência causal de que a variável independente causou as mudanças observadas na variável dependente O controle é o ingrediente essencial dos experimentos o controle experimental é obtido por manipulação mantendo as condições constantes e balanceando Um experimento tem validade interna quando satisfaz as três condições neces sárias para a inferência causal covaria ção relação de ordem temporal e elimi nação de causas alternativas plausíveis Quando ocorre confusão existe uma explicação alternativa plausível para a covariação observada e portanto o experimento carece de validade inter na Explicações alternativas plausíveis são descartadas mantendo as condições constantes e balanceando Um experimento verdadeiro envolve a manipulação de um ou mais fatores e a medição observação dos efeitos dessa ma nipulação sobre o comportamento Como vimos no Capítulo 2 os fatores que o pes quisador controla ou manipula são chama dos de variáveis independentes Uma variável independente deve ter pelo menos dois ní veis também chamados de condições Um nível pode ser considerado a condição de tratamento e o segundo nível condição de controle ou comparação As medidas usadas para observar o efeito se houver das variáveis independentes são chama das de variáveis dependentes Um modo de lembrar a distinção entre esses dois tipos de variáveis é entender que o resultado a variável dependente depende da variável independente Os experimentos são efetivos para tes tar hipóteses porque nos permitem exercer um grau relativamente elevado de controle em uma situação Os pesquisadores usam controle em experimentos para que possam afirmar com confiança que a variável inde pendente causou as mudanças observadas na variável dependente As três condições necessárias para fazer uma inferência causal são covariação relação de ordem temporal e eliminação de causas alternativas plausíveis ver Capítulo 2 A covariação ocorre quando observa mos uma relação entre as variáveis indepen dentes e dependentes de um experimento A relação de ordem temporal se estabelece quando os pesquisadores manipulam uma variável independente e depois observam uma diferença subsequente no comporta mento ie a diferença no comportamento depende da manipulação Finalmente a eliminação de causas alternativas plausíveis ocorre por meio do uso de procedimentos de controle principalmente por manter as con dições constantes e balancear Quando as três condições para uma inferência causal são sa tisfeitas dizse que o experimento tem vali dade interna e podemos dizer que a variável independente causou a diferença de compor tamento medida pela variável dependente Desenho de grupos aleatórios Em um desenho de grupos indepen dentes cada grupo de sujeitos participa de apenas uma condição da variável in dependente A designação aleatória a condições é usada para formar grupos comparáveis balanceando ou calculando a média das características dos sujeitos diferenças individuais entre as condições da ma nipulação da variável independente Metodologia de pesquisa em psicologia 199 Quando se usa designação aleatória para formar grupos independentes para os níveis da variável independente o experimento é chamado de desenho de grupos aleatórios Em um desenho de grupos indepen dentes cada grupo de sujeitos participa de uma condição diferente da variável in dependente 1 O desenho de grupos inde pendentes mais efetivo é aquele que usa a designação aleatória de sujeitos a condi ções para formar grupos comparáveis antes de implementar a variável independente Quando usamos designação aleatória às condições do estudo chamamos o dese nho de grupos independentes de desenho de grupos aleatórios A lógica do desenho é clara Os grupos são formados de modo a serem semelhantes em todas as caracte rísticas importantes no começo do expe rimento A seguir no experimento em si os grupos são tratados igualmente exceto no nível da variável independente Assim qualquer diferença entre os grupos em rela ção à variável dependente deve ser causada pela variável independente Exemplo de desenho de grupos aleatórios A lógica do método experimental e da apli cação de técnicas de controle que produzem validade interna pode ser ilustrada em um experimento que investigou a insatisfação de garotas com seus corpos realizado no Reino Unido por Dittmar Halliwell e Ive 2006 Seu objetivo era determinar se a ex posição a imagens de corpos muito magros fazia as garotas terem sentimentos negati vos em relação a seus próprios corpos Mui tos experimentos realizados com sujeitos adolescentes e adultos demonstram que as mulheres relatam maior insatisfação consi go mesmas após a exposição a um modelo feminino magro comparado com outros ti pos de imagens Dittmar e seus colegas ten taram determinar se efeitos semelhantes são observados para garotas com apenas 5 anos de idade A imagem corporal muito magra que testaram era a boneca Barbie Estudos antropológicos que comparam as propor ções corporais da Barbie com mulheres reais revelam que a boneca tem proporções cor porais bastante irreais ainda que tenha se tornado um ideal sociocultural de beleza feminina ver Figura 61 No experimento leuse para pequenos grupos de garotas 5 anos e meio a 6 anos e meio de idade uma história sobre Mira que comprava roupas e se preparava para ir a uma festa de aniversário À medida que liam a história as garotas olhavam livros ilustrados com seis cenas relacionadas com a história Em uma condição do experimento os livros ilustrados tinham imagens da bone ca Barbie nas cenas da história pex com prando roupas de festa arrumandose para a festa Em uma segunda condição os livros ilustrados tinham cenas semelhantes mas a figura apresentada era a boneca Emme A boneca Emme é uma linda boneca com pro porções corporais mais realistas represen tando o tamanho 16 nos Estados Unidos ver Figura 62 Finalmente na terceira condição do experimento os livros não mostravam a Barbie ou a Emme ou nenhum corpo mas apresentavam imagens neutras relaciona das com a história pex vitrines de lojas de roupas balões coloridos Essas três versões dos livros ilustrados Barbie Emme neu tra representavam três níveis da variável independente que foi manipulada no expe rimento Como diferentes grupos de garotas participaram de cada nível da variável inde pendente o experimento é descrito como um desenho de grupos independentes Manipulação Dittmar e colaboradores 2006 usaram a técnica de controle por ma nipulação para testar suas hipóteses sobre a insatisfação corporal das garotas As três condições da variável independente permi tiram que os pesquisadores fizessem com parações relevantes para as suas hipóteses Se testassem apenas a condição da Barbie seria impossível determinar se as imagens influenciavam a insatisfação corporal das 200 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister garotas de algum modo Assim a condição da imagem neutra criou uma comparação um modo de verificar se a insatisfação corporal das garotas diferia dependendo de se olhavam uma imagem ideal magra ou uma imagem neutra A condição da boneca Emme acrescentou uma comparação im portante É possível que qualquer imagem de corpo pudesse influenciar as percepções das garotas sobre si mesmas Dittmar e seus colegas testaram a hipótese de que apenas ideais de corpo magro representados pela Barbie causariam insatisfação com o corpo Quando terminaram de ler a história as garotas devolveram os livros ilustrados e preencheram um questionário adequado para sua faixa etária Embora Dittmar e seus colegas tenham usado várias medidas para avaliar a satisfação das garotas com seus corpos iremos nos concentrar em apenas uma medida a Child Figure Rating Scale Essa escala tem duas colunas com sete dese nhos de formas corporais femininas varian do de muito magra a muito acima do peso Cada garota devia primeiro colorir a figura na primeira coluna que parecesse mais com o seu corpo atual uma medida da forma corporal percebida Depois na segunda co luna as garotas deviam colorir a figura que mostrasse a maneira como gostariam de pa recer a forma corporal ideal Falouse que podiam escolher qualquer uma das figuras e que podiam escolher a mesma figura em cada coluna O escore de insatisfação com a forma corporal a variável dependente foi calculado contandose o número de figuras Figura 61 Nos Estados Unidos 99 das garotas com 3 a 10 anos têm pelo menos uma Barbie e a garota típica tem em média oito Barbies Rogers 1999 Metodologia de pesquisa em psicologia 201 entre a forma atual de cada garota e a sua forma ideal Um escore de zero indicava que não havia insatisfação corporal um es core negativo indicava o desejo de ser mais magra e um escore positivo indicava desejo de ter mais peso Os resultados desse experimento foram claros as garotas expostas às imagens da Barbie ficaram mais insatisfeitas com sua forma corporal do que as garotas que foram expostas às imagens da Emme ou imagens neutras O escore médio de insatisfação cor poral para as 20 garotas na condição Emme e para as 20 garotas na condição de imagem neutra foi zero Em comparação o escore médio de insatisfação para as 17 garotas na condição da imagem da Barbie foi de 076 indicando seu desejo de serem mais magras Por meio da técnica de controle da manipu lação as primeiras duas exigências para a inferência causal foram cumpridas no expe rimento 1 diferenças na insatisfação cor poral das garotas covariaram com as con dições do experimento e 2 a insatisfação corporal ocorreu após olharem as imagens relação de ordem temporal O terceiro requisito para a inferência causal descar tar explicações alternativas foi cumprido no experimento mantendose as condições constantes e balanceando Condições constantes No experimento de Dittmar e colaboradores vários fatores que poderiam ter afetado as atitudes das garotas para com seus corpos foram man tidos iguais nas três condições Todas as ga rotas ouviram a mesma história sobre fazer Figura 62 A boneca Emme foi lançada em 2002 para promover uma imagem corporal mais realista para as garotas A boneca baseiase em uma supermodelo ame ricana chamada Emme 202 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister compras e a festa de aniversário e olharam livros ilustrados pela mesma quantidade de tempo Todas receberam as mesmas instru ções no decorrer do experimento e recebe ram exatamente o mesmo questionário ao final Os pesquisadores usam condições cons tantes para garantir que a variável indepen dente seja o único fator que difira sistemati camente entre os grupos Se os três grupos tivessem diferido em um fator além dos livros ilustrados teria sido impossível interpretar os resultados do experimento Suponhamos que os par ticipantes na condição da Barbie tivessem ouvido uma história diferente por exem plo uma história sobre uma Barbie magra e popular Não saberíamos se a diferença observada na insatisfação corporal das ga rotas se deveria ao fato de verem as imagens da Barbie ou à história diferente Quando se permite que a variável independente de in teresse e uma variável diferente potencial mente independente covariem existe uma confusão Quando não existem variáveis confundidoras o experimento tem validade interna Manter as condições constantes é uma técnica de controle que os pesquisadores usam para evitar confusões Mantendo constante a história que as garotas ouvi ram nas três condições Dittmar e seus co legas evitaram confusões com esse fator De um modo geral um fator que é manti do constante possivelmente covaria com a variável independente manipulada Mais importante ainda um fator que é man tido constante não muda de modo que também não pode covariar com a variável dependente Assim os pesquisadores po dem descartar fatores que são mantidos constantes como causas potenciais para os resultados observados Todavia é importante reconhecer que controlamos apenas aqueles fatores que po dem influenciar os comportamentos que es tamos estudando que consideramos como causas alternativas plausíveis Por exemplo Dittmar e colaboradores mantiveram cons tante a história que as garotas ouviram em cada condição Todavia é improvável que tenham controlado fatores como a tempe ratura da sala entre as condições pois não seria provável que a temperatura afetasse a imagem corporal pelo menos variando ape nas alguns graus Não obstante devemos estar sempre alertas para a possibilidade de que pode haver fatores de confusão em nos sos experimentos cuja influência não tenha mos previsto ou considerado Balanceamento De forma clara uma das chaves para a lógica do método expe rimental é formar grupos comparáveis se melhantes no começo do experimento Os participantes de cada grupo devem ser com paráveis em termos de diversas característi cas como sua personalidade inteligência e assim por diante também conhecidas como diferenças individuais A técnica de controle por balanceamento é necessária porque esses fatores muitas vezes não podem ser man tidos constantes O objetivo da designação aleatória é estabelecer grupos equivalentes de sujeitos balanceando ou calculando a média das diferenças individuais entre as condições O desenho de grupos aleatórios usado por Dittmar e colaboradores 2006 pode ser descrito da seguinte maneira Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 R1 X1 O1 R2 X2 O1 R3 X3 O1 onde R1 R2 e R3 referemse à designação aleatória dos sujeitos às três condições inde pendentes do experimento X1 é um nível de uma variável independente pex Barbie X2 é o segundo nível da variável indepen dente pex Emme e X3 é o terceiro nível da variável independente pex imagens neutras Fazse uma observação do com portamento O1 em cada grupo No estudo de Dittmar e colaboradores 2006 sobre a imagem corporal das garo tas se as participantes que olharam as ima gens da Barbie tivessem mais sobrepeso ou tivessem mais bonecas Barbies do que as que olharam imagens da Emme ou neutras Metodologia de pesquisa em psicologia 203 haveria uma explicação alternativa plausí vel para os resultados É possível que estar com sobrepeso ou ter mais Barbies não a versão das imagens explicasse por que as participantes na condição da Barbie sen tissem mais insatisfação com seus corpos Na linguagem do pesquisador haveria uma variável confundidora De maneira semelhante diferenças individuais exis tentes na insatisfação corporal das garo tas antes do experimento poderiam ser uma explicação alternativa razoável para os resultados do estudo Todavia usando designação aleatória para balancear essas diferenças individuais entre os grupos po demos logicamente descartar a explicação alternativa de que as diferenças que obtive mos entre os grupos em relação à variável dependente se devem a características dos participantes Quando balanceamos um fator como o peso corporal tornamos os três grupos equivalentes em termos de seu peso corpo ral médio Observe que isso difere de man ter o peso corporal constante que exigiria que todas as garotas do estudo tivessem o mesmo peso De maneira semelhante ba lancear o número de bonecas Barbie das garotas nos três grupos significaria que o número médio de bonecas nos três grupos é o mesmo e não que a quantidade de bo necas que cada garota possui é mantida em um dado número constante A vantagem da designação aleatória é que todas as dife renças individuais são balanceadas e não apenas aquelas que mencionamos Portan to podemos descartar explicações alterna tivas devidas a qualquer diferença indivi dual entre as participantes Em suma Dittmar e seus colegas con cluíram que a exposição a imagens corpo rais magras como a Barbie torna as garo tas insatisfeitas com seus próprios corpos Eles conseguiram chegar a essa conclusão porque manipularam uma variável indepen dente que variava as imagens que as garotas olhavam descartaram outras explicações plausí veis mantendo as condições relevantes constantes e balancearam diferenças individuais en tre os grupos por meio da designação aleatória às condições O Quadro 61 sintetiza como Dittmar e seus colegas aplicaram o método expe rimental especificamente o desenho com grupos aleatórios ao seu estudo sobre a imagem corporal de garotas Randomização em bloco A randomização em bloco equilibra as características dos sujeitos e variáveis confundidoras potenciais que ocorrem na implementação do experimento e cria grupos de mesmo tamanho Um procedimento comum para a de signação aleatória é a randomização em bloco Vamos primeiro descrever exata mente como se faz randomização aleatória e depois analisar o que ela faz Suponha mos que temos um experimento com cin co condições rotuladas por conveniência como A B C D e E Formase um bloco com uma ordem aleatória de todas as cinco condições Um bloco de condições Ordem aleatória de condições A B C D E C A E B D Na randomização em bloco designa mos os sujeitos a condições um bloco de cada vez Em nosso exemplo com cinco condições cinco sujeitos devem completar o primeiro bloco com um sujeito em cada condição Os próximos cinco sujeitos se riam designados a uma das cinco condições para completar um segundo bloco e assim por diante Se quiséssemos ter 10 sujeitos em cada uma das cinco condições haveria 10 blocos no protocolo de blocos randomi zados cada um consistindo de um arranjo aleatório das cinco condições O procedi mento é ilustrado a seguir para os primeiros 11 participantes 204 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Quadro 61 SÍNTESE DO EXPERIMENTO SOBRE A IMAGEM CORPORAL DE GAROTAS Síntese do procedimento experimental Garo tas pequenas 5 anos e meio a 6 anos e meio de idade foram designadas para olhar três livros ilustrados diferentes enquanto escu tavam uma história Depois de olharem os li vros as participantes responderam perguntas sobre sua imagem corporal Variável independente Versão do livro ilustrado observada pelas participantes imagens da Barbie Emme e neutras Variável dependente Insatisfação corporal medida avaliandose a diferença entre a imagem cor poral das garotas e sua imagem corporal ideal Explicação de procedimentos de controle Manter condições constantes As garotas nas três condições ouviram a mesma história receberam as mesmas instruções e res ponderam as mesmas perguntas no final Balanceamento As diferenças individuais entre as garotas foram balanceadas pela designação aleatória a diferentes condições experimentais Explicação da lógica experimental proporcionan do evidências para a causalidade Covariação Observouse que a insatisfação corporal das garotas variou com a con dição experimental Relação de ordem temporal A versão do livro ilustrado foi manipulada antes de se aferir a insatisfação corporal Eliminação de causas alternativas plausí veis Os procedimentos de controle de manter as condições constantes e ba lancear diferenças individuais pela de signação aleatória protegeram contra possíveis fatores de confusão Conclusão A exposição a imagens corporais muito magras os livros ilustrados com a bo neca Barbie causou insatisfação corporal Baseado em Dittmar Halliwell e Ive 2006 EXERCÍCIO I Neste exercício você deve responder as per guntas após esta breve descrição de um ex perimento Bushman 2005 investigou se a memória das pessoas para a publicidade é afetada pelo tipo de programa de televisão a que assistem Os participantes N 336 idades 1854 foram designados aleatoriamente para assistir a qua tro tipos de programas de televisão violento pex Cops sexualidade explícita pex Sex and the City violência e sexo pex CSI Mia mi ou neutro pex Americas Funniest Ani mals Dentro de cada programa foram embu tidos os mesmos 12 comerciais 30 segundos Para garantir que os participantes tivessem a mesma exposição às marcas representadas nos comerciais os pesquisadores selecio naram marcas relativamente desconhecidas pex Dermoplast José Olé Três interva los comerciais cada um com quatro anúncios foram colocados aproximadamente aos 12 24 e 36 minutos de cada programa sendo usa das duas ordens aleatórias para os anúncios Os sujeitos foram testados em grupos peque nos e cada sessão foi realizada em um local confortável onde os sujeitos sentavam em cadeiras estofadas e recebiam refrigerantes e petiscos Depois de assistirem ao programa os participantes receberam testes de memória de surpresa para o conteúdo dos comerciais Os resultados indicaram que a memória para as marcas anunciadas foi pior quando o pro grama de televisão continha violência ou sexo O comprometimento da memória para a pu blicidade foi maior para programas que conti nham material sexualmente explícito 1 Que aspecto do experimento Bushman con trolou usando manipulação 2 Que aspecto do experimento Bushman con trolou mantendo as condições constantes 3 Que aspecto do experimento Bushman con trolou usando balanceamento Bushman B J 2005 Violence and sex in television programs do not sell products in advertisement Psycho logical Science 16 702708 Metodologia de pesquisa em psicologia 205 10 Blocos 1 C A E B D 1 Cara C 2 E C D A B 2 Andy A 3 D B E A C 3 Jacob E Primeiro bloco 4 B A C E D 4 Molly B 5 A C E D B 5 Emily D 6 A D E B C 6 Eric E 7 B C A D E 7 Anna C 8 D C A E B 8 Laura D Segundo bloco 9 E D B C A 9 Sarah A 10 C E B D A 10 Lisa B 11 Tom D E assim por diante para 50 participantes Condição Participantes Existem várias vantagens quando se usa a randomização em bloco para desig nar sujeitos aleatoriamente a grupos Pri meiramente a randomização em bloco produz grupos de mesmo tamanho Isso é importante porque o número de observa ções em cada grupo afeta a fidedignidade da análise descritiva para cada grupo e é desejável que a fidedignidade dessas medi das seja comparável entre os grupos A ran domização em bloco faz isso Em segundo lugar a randomização em bloco controla as variáveis relacionadas com o tempo Como os experimentos podem levar uma quan tidade substancial de tempo para serem concluídos alguns participantes podem ser afetados por algo que ocorra no decorrer do período de implementação do experimen to Na randomização em bloco cada condi ção é testada em cada bloco de modo que essas variáveis ligadas ao tempo são balan ceadas entre as condições do experimento Se por exemplo ocorre um fato traumático em um campus universitário onde se está conduzindo um experimento o número de sujeitos que passaram pela experiência será equivalente em cada condição sendo usada randomização em bloco Pressupo mos então que os efeitos da situação sobre o comportamento dos participantes sejam equivalentes em média entre as condições A randomização em bloco também atua de maneira a balancear outras variáveis rela cionadas com o tempo como mudanças nos indivíduos que conduzem o experi mento ou até mudanças nas populações de onde são tirados os sujeitos Por exemplo usando um protocolo com randomização em bloco podese fazer um experimento perfeitamente aceitável com estudantes dos semestres de outono e primavera A vantagem da randomização em bloco é que ela equilibra ou usa a média qualquer ca racterística dos participantes incluindo os efeitos de fatores relacionados com o tem po entre as condições do experimento Se você quiser praticar o procedimento de randomização em bloco responda o De safio 1A ao final do capítulo Ameaças à validade interna Designar grupos inteiros aleatoriamente a diferentes condições da variável inde pendente cria uma confusão potencial em decorrência de diferenças preexis tentes entre os participantes dos grupos inteiros A randomização em bloco aumenta a validade interna balanceando variáveis externas entre as condições da variável independente A perda seletiva de sujeitos mas não a perda mecânica de sujeitos ameaça a validade interna de um experimento Grupos controle com placebo são usa dos para controlar o problema das ca racterísticas de demanda e os expe rimentos duploscegos controlam as características de demanda e os efeitos do experimentador Vimos que a validade interna é o grau em que diferenças no comportamento em rela ção a uma variável dependente podem ser atribuídas clara e definitivamente ao efeito de uma variável independente em vez de alguma outra variável não controlada Essas variáveis não controladas costumam ser ci tadas como ameaças à validade interna Elas são explicações alternativas potenciais para os resultados de um estudo Para fazer uma inferência clara de causa e efeito sobre uma variável independente as ameaças à valida 206 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister de interna devem ser controladas A seguir descreveremos diversos problemas na pes quisa experimental que podem resultar em ameaças à validade interna bem como mé todos para controlar essas ameaças Testando grupos inteiros A designa ção aleatória é usada para formar grupos comparáveis no desenho de grupos alea tórios Todavia existem ocasiões em que são formados grupos incomparáveis mes mo que pareça ter sido usada designação aleatória Esse problema ocorre quando grupos inteiros e não indivíduos são de signados aleatoriamente às condições do experimento Os grupos inteiros são for mados antes do começo do experimento Por exemplo turmas diferentes de uma disciplina de introdução à psicologia são grupos inteiros Os estudantes não são designados de forma aleatória a diferen tes turmas de introdução à psicologia embora às vezes o horário das classes pareça aleatório Os estudantes muitas vezes decidem estar em uma determinada turma por causa do horário das aulas do professor de amigos que estarão naque la aula e de vários outros fatores Se um pesquisador designasse diferentes turmas aleatoriamente a níveis de uma variável independente poderia haver confusão pela testagem de grupos inteiros A fonte da confusão devida ao uso de grupos incomparáveis ocorre quando os indivíduos diferem sistematicamente entre os grupos inteiros Por exemplo estudan tes que decidem cursar introdução à psico logia na turma das 8 da manhã podem ser diferentes dos que preferem a turma das 14 horas A designação aleatória desses grupos inteiros às condições experimentais sim plesmente não seria suficiente para balan cear as diferenças sistemáticas entre os gru pos inteiros Essas diferenças sistemáticas entre os dois grupos inteiros quase sempre ameaça a validade interna do experimento A solução para esse problema é simples não usar grupos inteiros em um desenho de grupos aleatórios Balanceando variáveis externas Diversos fatores em um experimento podem variar como consequência de considerações prá ticas ao executar o estudo Por exemplo para implementar um experimento mais rapidamente o pesquisador deve usar vá rios experimentadores diferentes para tes tar pequenos grupos de participantes Os tamanhos dos grupos e os próprios experi mentadores se tornam variáveis potencial mente relevantes que poderiam confundir o experimento Por exemplo se todos os indivíduos no grupo experimental fossem testados por um experimentador e todos os do grupo controle fossem testados por outro os níveis da variável independente pretendida seriam confundidos com os dois experimentadores Não conseguiríamos de terminar se uma diferença observada entre os dois grupos se devia à variável indepen dente ao ou fato de que experimentadores diferentes testaram os sujeitos dos grupos experimental e controle As variáveis potenciais que não são de interesse direto para o pesquisador mas que mesmo assim podem ser fontes de confusão no experimento são chamadas de variáveis externas Mas não deixe o termo enganálo Um experimento confundido por uma variável externa não é menos con fundido do que se a variável confundidora fosse de considerável interesse inerente Por exemplo Evans e Donnerstein 1974 obser varam que os estudantes que se oferecem como voluntários para pesquisas no começo do período acadêmico têm mais orientação acadêmica e são mais prováveis de ter um lócus interno de controle ie enfatizam sua própria responsabilidade em vez de fatores externos por seus atos do que estudantes que se oferecem mais adiante no período Seus resultados sugerem que não seria sen sato testar todos os participantes da condi ção experimental no começo do período e os participantes da condição de controle no fi nal do período pois isso poderia confundir a variável independente com características dos participantes pex lócus de controle foco acadêmico Metodologia de pesquisa em psicologia 207 A randomização em bloco controla va riáveis externas balanceandoas entre os grupos Tudo de que se precisa é que blo cos inteiros sejam testados a cada nível da variável externa Por exemplo se houvesse quatro experimentadores blocos inteiros do protocolo de blocos randomizados seriam designados a cada experimentador Como cada bloco contém todas as condições do experimento essa estratégia garante que cada condição seja testada por cada expe rimentador Normalmente designaríamos o mesmo número de blocos a cada experi mentador mas isso não é essencial O es sencial é que blocos inteiros sejam testados a cada nível da variável externa que nesse caso envolve os quatro experimentadores O balanceamento pode se tornar um pouco complexo quando existem diversas variá veis externas mas um planejamento prévio cuidadoso pode evitar a confusão com esses fatores Perda de sujeitos Enfatizamos que a lógi ca do desenho com grupos aleatórios exige que os grupos em um experimento difiram apenas por causa dos níveis da variável independente Vimos que formar grupos comparáveis de sujeitos no começo de um experimento é outra característica essencial do desenho de grupos aleatórios É igual mente importante que os grupos sejam comparáveis ao final do experimento com exceção da variável independente Quando os sujeitos começam um experimento mas não terminam a validade interna do expe rimento pode ser ameaçada É importante distinguir as duas maneiras em que os su jeitos podem não concluir um experimento a perda mecânica de sujeitos e a perda sele tiva de sujeitos A perda mecânica de sujeitos ocorre quando os sujeitos não concluem o experi mento por falha de um equipamento nesse caso o experimentador é considerado parte do equipamento A perda mecânica de su jeitos pode ocorrer se um computador es tragar ou se o experimentador ler as instru ções incorretas ou se alguém interromper uma seção experimental inadvertidamente A perda mecânica é um problema menos crítico do que a perda seletiva pois é impro vável que a perda em si esteja relacionada com alguma característica do sujeito Desse modo a perda mecânica não deve levar a diferenças sistemáticas entre as característi cas dos sujeitos que concluem o experimen to nas suas diferentes condições A perda mecânica também pode ser compreendida como o resultado de eventos fortuitos que devem ocorrer igualmente entre os grupos Assim a validade interna não costuma ser ameaçada quando é preciso excluir sujeitos do experimento por perda mecânica Quan do ocorre perda mecânica de sujeitos ela deve ser documentada devendose regis trar o nome ou número do sujeito excluído e a razão para a perda O sujeito perdido deve ser substituído pelo próximo sujeito testado A perda seletiva de sujeitos é uma ques tão muito mais séria A perda seletiva de sujeitos ocorre 1 quando os sujeitos são perdidos de maneira diferencial entre as condições do experimento 2 quando al guma característica do sujeito é responsável pela perda e 3 quando essa característica do sujeito está relacionada com a variável dependente usada para avaliar o resultado do estudo A perda seletiva de sujeitos des trói os grupos comparáveis que são essen ciais para a lógica do desenho com grupos aleatórios e assim podem impossibilitar a interpretação do experimento Podemos ilustrar os problemas associa dos à perda seletiva de sujeitos consideran do um exemplo fictício mas realista Supo nhamos que os diretores de uma academia de ginástica decidam testar a efetividade de um programa de ginástica de um mês Oitenta pessoas se apresentam como volun tários para o experimento e são divididas aleatoriamente 40 para cada grupo A de signação aleatória a condições cria grupos comparáveis no começo do experimento balanceando características dos indivíduos como peso nível de preparo físico motiva ção etc entre os dois grupos Os membros 208 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister do grupo controle apenas devem fazer um teste de preparo físico ao final do mês Os do grupo experimental participam de um vigoroso programa de ginástica por um mês antes de fazerem o teste Suponhamos que todos os 38 participantes do controle compareçam ao teste ao final do mês mas apenas 25 dos participantes experimentais continuem o rigoroso programa pelo mês inteiro Suponhamos também que o escore médio de forma física para as 25 pessoas restantes no grupo experimental seja signi ficativamente maior do que o escore médio das 40 pessoas do grupo controle Os dire tores da academia então fazem a seguinte afirmação um estudo científico mostrou que o nosso programa leva a uma melhor forma física Você acha que a afirmação da academia de ginástica é justificada Não é Esse estu do hipotético representa um exemplo clás sico de perda seletiva de sujeitos de modo que seus resultados não podem ser usados para corroborar a afirmação da academia A perda ocorreu diferencialmente entre as condições pois foram perdidos participan tes principalmente do grupo experimental O problema com a perda diferencial não é que os grupos tenham terminado com ta manhos diferentes Os resultados teriam sido interpretáveis se 25 pessoas tivessem sido designadas aleatoriamente ao grupo experimental e 38 ao grupo controle e todos os indivíduos tivessem concluído o expe rimento Ao contrário a perda seletiva de sujeitos é um problema porque os 25 par ticipantes experimentais que concluíram o programa de ginástica provavelmente não são comparáveis com os 38 participantes do controle É provável que os 15 partici pantes experimentais que não conseguiram concluir o rigoroso programa estivessem EXERCÍCIO II Neste exercício você precisará de um bara lho Deixe de lado o valete o rei e a rainha e use as cartas de 1 a 10 atribua o valor de 1 ao ás Embaralhe bem as cartas Para ter uma noção de como a designa ção aleatória a condições funciona para criar grupos equivalentes divida as cartas embara lhadas randomizadas em duas pilhas cada uma com 20 cartas Uma pilha representa os sujeitos designados aleatoriamente a uma condição experimental e a segunda pilha re presenta sujeitos designados aleatoriamente a uma condição de controle Suponhamos que o valor em cada carta indique o escore dos sujeitos 110 em uma medida de diferenças individuais como a capacidade da memória 1 Calcule um escore médio para os sujeitos em cada condição pilha somando o valor de cada carta e dividindo por 20 Os dois grupos são equivalentes em termos da sua capaci dade média de memória Para entender os problemas associados à perda seletiva de sujeitos suponha que os sujeitos com pouca capacidade de memória valores de 1 e 2 são incapazes de completar o teste experimental e abandonam a condi ção experimental Para simular isso remova as cartas com valores de 1 e 2 da pilha que representa a sua condição experimental 2 Calcule um novo escore médio para a pilha na condição experimental Depois da perda seletiva de sujeitos como se comparam os escores médios da capacidade de memória dos dois grupos O que isso indica para a equivalência dos dois grupos formados ini cialmente usando designação aleatória 3 Para cada sujeito carta que abandonou o grupo experimental remova uma carta com parável do grupo controle Observe que você pode não ter combinações exatas e pode ter que substituir um 1 por um 2 ou vice versa Calcule uma nova média para o grupo de controle Esse procedimento restaura a equivalência inicial dos dois grupos 4 Embaralhe as 40 cartas novamente e divida as cartas em quatro grupos Calcule uma mé dia para cada pilha de 10 cartas Com menos sujeitos em cada grupo a randomização embaralhar levou a grupos equivalentes Metodologia de pesquisa em psicologia 209 em pior forma física mesmo antes que o programa começasse do que os 25 parti cipantes experimentais que concluíram o programa A perda seletiva de sujeitos no grupo experimental arruinou os grupos comparáveis que foram formados por de signação aleatória no começo do experi mento De fato os escores finais de forma física dos 25 participantes experimentais poderiam ter sido maiores do que a média do grupo controle mesmo que não tives sem participado do programa de ginástica pois já estavam em melhor forma quando começaram Assim a perda de sujeitos no experimento cumpre as outras duas condi ções para a perda seletiva de sujeitos Ou seja a perda provavelmente se deve a uma característica dos participantes seu nível original de forma física e essa caracterís tica é relevante para o resultado do estudo ver Figura 63 Se a perda seletiva de sujeitos não for identificada até a conclusão do experimen to pouco se pode fazer além de engolir a experiência de ter feito um experimento que não pode ser interpretado Todavia podem ser adotadas medidas quando os pesquisadores entendem antecipadamente que a perda seletiva pode ser um problema Uma alternativa é administrar um préteste e triar sujeitos prováveis de ser perdidos Por exemplo no estudo sobre o programa de ginástica podia ter sido aplicado um teste inicial da forma física e apenas os participantes que tivessem um nível míni mo participariam do experimento Triar os participantes desse modo envolveria um custo potencial Os resultados do estudo provavelmente se aplicariam apenas a pes soas acima do nível mínimo de forma física Talvez valesse a pena pagar esse custo pois um estudo interpretável de generalização li mitada ainda é preferível do que um estudo que não possa ser interpretado Existe outra abordagem preventiva que os pesquisadores podem usar ao en Figura 63 Muitas pessoas que começam um programa rigoroso de exercícios não o con cluem De certo modo apenas os mais aptos sobrevivem uma situação que pode causar problemas de interpretação em comparações entre tipos diferen tes de programas de ginástica 210 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister frentarem a possibilidade de perda sele tiva de sujeitos Os pesquisadores podem administrar um préteste a todos os sujei tos mas depois simplesmente designar os participantes aleatoriamente às condições Então se um sujeito for perdido no grupo experimental podese excluir um sujeito com um préteste comparável do grupo controle De certo modo essa abordagem visa restaurar a comparabilidade inicial dos grupos Os pesquisadores devem ser capazes de prever possíveis fatores que possam levar à perda seletiva de sujeitos e devem garantir que seu préteste avalie esses fatores Experimentos de controle com placebo e duploscegos O último desafio à valida de interna que descreveremos ocorre por causa das expectativas dos participantes e experimentadores As características de demanda representam uma fonte possível de viés devido às expectativas dos parti cipantes Orne 1962 As características de demanda se referem às pistas e outras in formações que os participantes usam para orientar seu comportamento em um estudo psicológico ver Capítulo 4 Por exemplo os participantes da pesquisa que sabem que tomarão álcool em um experimento podem esperar certos efeitos como relaxamento ou tontura Portanto podem agir de maneira coerente com essas expectativas em vez de responderem aos efeitos reais do álcool Também podem surgir vieses potenciais por causa das expectativas dos experimen tadores O termo geral usado para descre ver esses vieses é efeitos do experimenta dor Rosenthal 1963 1994a Os efeitos do experimentador podem ser uma fonte de confusão se os experimentadores tratarem os sujeitos de maneiras distintas nos dife rentes grupos do experimento e distintas das exigidas para implementar a variável independente Em um experimento envol vendo beber álcool por exemplo os efeitos do experimentador podem ocorrer se os experimentadores lerem as instruções de forma mais lenta para sujeitos que tiverem bebido do que para os que não beberem Os efeitos do experimentador também po dem ocorrer quando os experimentadores fazem observações tendenciosas basea das no tratamento que o sujeito recebeu Por exemplo poderia haver observações tendenciosas no estudo do álcool se os ex perimentadores fossem mais prováveis de observar movimentos motores inusitados ou fala arrastada entre os bêbados pois esperam que quem bebe aja desse modo Ver a discussão sobre os efeitos da expecta tiva no Capítulo 4 Os pesquisadores nunca conseguem eliminar completamente os problemas das características de demanda e efeitos do experimentador mas existem desenhos de pesquisa especiais que controlam esses problemas Os pesquisadores usam um grupo controle com placebo como forma de controlar as características de demanda Um placebo da palavra latina que significa devo agradar é uma substância que pa rece como uma droga ou outra substância ativa mas que na verdade é uma substân cia inerte ou inativa Algumas pesquisas até indicam que mesmo o placebo pode ter efeitos terapêuticos com base em expecta tivas dos participantes para um efeito de uma droga pex Kirsch e Sapirstein 1998 Os pesquisadores testam a eficácia de um tratamento proposto comparandoo a um placebo Ambos os grupos têm a mes ma consciência de tomarem uma droga e portanto expectativas semelhantes para um efeito terapêutico Ou seja as caracte rísticas de demanda são semelhantes para os grupos os participantes em ambos os grupos esperam sentir os efeitos de uma droga Quaisquer diferenças entre os gru pos experimentais e o grupo controle com placebo podem ser atribuídas legitimamen te ao efeito real da droga tomada pelos su jeitos experimentais e não a suas expectati vas por tomarem a droga O uso de grupos controle com place bo em combinação com um procedimento duplocego pode controlar as características de demanda e os efeitos do experimentador Metodologia de pesquisa em psicologia 211 Em um procedimento duplocego o parti cipante e o observador estão cegos desco nhecem ao tratamento que está sendo ad ministrado Em um experimento testando a eficácia de um tratamento farmacológico seriam necessários dois pesquisadores para fazer o procedimento duplocego O primei ro pesquisador prepararia as cápsulas com a droga e codificaria cada cápsula de algum modo o segundo pesquisador distribuiria as drogas aos participantes registrando o código para cada droga quando fosse dada a um indivíduo Esse procedimento garan te que haja um registro de qual droga cada pessoa recebeu mas o participante e o expe rimentador que administra as drogas e ob serva os efeitos não sabem qual tratamento o sujeito recebeu Assim as expectativas do experimentador sobre os efeitos do trata mento são controladas pois o pesquisador que faz as observações não está ciente de quem recebeu o tratamento e quem recebeu o placebo De maneira semelhante as carac terísticas de demanda são controladas pois os participantes permanecem sem saber se receberam a droga ou o placebo Os experimentos que envolvem grupos controle com placebo são uma ferramenta de pesquisa valiosa para avaliar a eficácia de um tratamento enquanto controlam as características de demanda Todavia o uso de grupos controle com placebo suscita questões éticas especiais Os benefícios do conhecimento adquirido com o uso de pla cebos devem ser avaliados à luz dos riscos envolvidos quando sujeitos de pesquisa que esperam tomar uma droga recebem um pla cebo em seu lugar Geralmente a ética desse procedimento é abordada no procedimento de consentimento informado antes do co meço do experimento Os participantes são informados de que podem receber uma dro ga ou um placebo Somente indivíduos que consentirem em tomar o placebo e a droga participam da pesquisa Se a droga experi mental se mostrar efetiva os pesquisadores são eticamente obrigados a oferecer o trata mento para os participantes da condição do placebo Análise e interpretação de resultados experimentais O papel da análise de dados em experimentos A análise de dados e a estatística de sempenham um papel crítico na capaci dade dos pesquisadores de afirmar que uma variável independente teve algum efeito sobre o comportamento A melhor maneira de determinar se os resultados de um experimento são con fiáveis é fazer uma replicação do expe rimento Um bom experimento como ocorre com toda a boa pesquisa começa com uma boa pergunta de pesquisa Descrevemos como os pesquisadores usam as técnicas de controle para desenhar e implementar um experimento que lhes permita reunir evi dências interpretáveis para responder sua pergunta de pesquisa Todavia apenas fa zer um bom experimento não é suficiente Os pesquisadores também devem apresen tar as evidências de um modo convincente para demonstrar que seus dados corrobo ram suas conclusões baseadas naquelas evidências A análise de dados e a estatística desempenham um papel crítico na análise e interpretação de resultados experimentais Robert Abelson em seu livro Statistics as Principled Argument 1995 sugere que o principal objetivo da análise de dados é de terminar se as observações sustentam uma afirmação sobre o comportamento Ou seja podemos provar nosso argumento para a conclusão baseada nas evidências reunidas em um experimento Nos Capítulos 11 e 12 apresentamos uma descrição mais comple xa de como os pesquisadores usam análise de dados e estatística Aqui iremos introdu zir os conceitos centrais de análise de dados que se aplicam à interpretação dos resulta dos de experimentos Antes porém quere mos mencionar uma maneira muito impor tante pela qual os pesquisadores fazem seu argumento relacionado com os resultados de sua pesquisa 212 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister A melhor maneira de determinar se os resultados obtidos em um experimento são fidedignos consistentes é replicar o experi mento e ver se o mesmo resultado é obtido A replicação significa repetir os procedimen tos usados em um determinado experimen to para determinar se os mesmos resulta dos serão obtidos uma segunda vez Como você pode imaginar uma replicação exata é quase impossível de executar Os sujeitos testados na replicação serão diferentes dos testados no estudo original as salas de teste e os experimentadores também podem ser diferentes Entretanto a replicação ainda é a melhor maneira de determinar se o resulta do de uma pesquisa é fidedigno Contudo se exigíssemos que a fidedignidade de cada experimento fosse estabelecida por replica ção o processo seria incômodo e ineficiente Os participantes de experimentos são um recurso escasso e fazer uma replicação sig nifica que estaremos deixando de fazer um experimento para fazer perguntas novas e diferentes sobre o comportamento A análise de dados e a estatística proporcionam uma alternativa à replicação para os pesquisa dores determinarem se os resultados de um único experimento são fidedignos e podem ser usados para fazer uma afirmação sobre o efeito que uma variável independente sobre o comportamento Ilustraremos o processo de análise de dados analisando os resultados de um expe rimento que investigou os efeitos de recom pensas e punições enquanto os participan tes jogavam videogames violentos Carnagey e Anderson 2005 observaram que um grande corpus de pesquisas demonstra que jogar videogames violentos aumenta as emo ções cognições e comportamentos agres sivos Eles questionaram contudo se os efeitos de videogames violentos seriam dife rentes quando os jogadores fossem punidos por ações violentas nos jogos em compara ção com quando as mesmas ações são recom pensadas como na maioria dos videogames Uma hipótese postulada por Carnagey e Anderson foi que quando as ações violentas nos videogames fossem punidas os jogado res seriam menos agressivos Outra hipóte se contudo dizia que quando punidos por seus atos violentos os jogadores ficariam frustrados e portanto mais agressivos Nos estudos de Carnagey e Anderson estudantes de graduação jogaram três ver sões do mesmo videogames com uma corrida de carros competitiva Carmageddon 2 em um ambiente laboratorial Na condição de recompensa os participantes foram re compensados ganharam pontos por mata rem pedestres e o oponente na corrida essa é a versão do jogo inalterada Na condição de punição o videogames foi alterado de ma neira que os participantes perdiam pontos por matar ou bater nos oponentes Em uma terceira condição o jogo foi alterado para ser não violento e os participantes ganha Dica de estatística A análise dos dados de um experimento en volve três estágios 1 conhecer os dados 2 sintetizar os dados e 3 confirmar o que os dados revelam No primeiro estágio ten tamos descobrir o que está acontecendo no conjunto de dados procuramos erros e nos certificamos de que os dados fazem senti do No segundo estágio usamos estatísti cas descritivas e demonstrações gráficas para sintetizar o que se descobriu No ter ceiro estágio buscamos evidências para o que os dados nos dizem sobre o comporta mento Neste estágio tiramos nossas con clusões sobre os dados usando técnicas estatísticas variadas Nas próximas seções apresentamos ape nas uma introdução sucinta a esses está gios da análise de dados Uma introdução mais completa pode ser encontrada nos Capítulos 11 e 12 ver especialmente o Qua dro 111 Esses capítulos serão particular mente importantes se você precisar ler e interpretar os resultados de um experimen to de psicologia publicado em uma revista científica ou se fizer o seu próprio experi mento de psicologia Metodologia de pesquisa em psicologia 213 vam pontos por passarem por pontos de controle à medida que corriam ao redor da pista todos os pedestres foram retirados e os oponentes foram programados para se rem passivos Carnagey e Anderson 2005 publica ram os resultados de três experimentos nos quais os sujeitos foram designados aleatoriamente para jogar uma das três ver sões do videogames As principais variáveis dependentes eram medidas das emoções hostis dos participantes Experimento 1 pensamento agressivo Experimento 2 e comportamentos agressivos Experimento 3 Entre os três estudos os participantes que foram recompensados por atos violen tos no videogames tiveram níveis maiores de emoções cognições e comportamentos agressivos comparados com as condições de jogo com punição e não violenta Punir atos agressivos no videogames fez os parti cipantes sentirem mais emoções hostis se melhante à condição de recompensa em relação ao jogo não violento mas não os fez ter mais cognições e comportamentos agressivos Para ilustrar o processo de análise de dados analisaremos de forma mais minu ciosa os resultados de Carnagey e Anderson para cognições agressivas Experimento 2 Depois de jogarem um dos três videoga mes os participantes fizeram um teste com fragmentos de palavras no qual deviam completar o maior número de palavras de 98 que conseguissem em cinco minutos Metade dos fragmentos de palavras tinha possibilidades agressivas Por exemplo o fragmento K I podia ser completado como kiss beijo ou kill matar ou outras possibilidades A cognição agressiva foi de finida operacionalmente como a proporção de fragmentos de palavras que um partici pante completasse com palavras agressivas Por exemplo se um participante completas se 60 dos fragmentos de palavras em cinco minutos e 12 delas expressassem conteúdo agressivo seu escore de cognição agressiva seria 020 ie 1260 020 Descrevendo os resultados As duas estatísticas descritivas mais co muns que são usadas para sintetizar os resultados de experimentos são a média e o desvio padrão As medidas do tamanho do efeito indi cam a intensidade da relação entre as variáveis independentes e dependen tes e não são afetadas pelo tamanho da amostra Uma medida comum do tamanho do efeito d analisa a diferença entre duas médias grupais em relação à variabili dade média no experimento A metaanálise usa medidas do tama nho do efeito para sintetizar os resulta dos de muitos experimentos que inves tigam a mesma variável independente ou dependente A análise de dados deve começar com uma inspeção minuciosa do conjunto de da dos com especial atenção a erros possíveis ou dados anômalos Técnicas para inspe cionar os dados conhecer os dados são descritas no Capítulo 11 O próximo passo é descrever o que se encontrou Nesse está gio o pesquisador quer saber o que acon teceu no experimento Para começar a Tabela 61 Médias das cognições agressivas desvios padrão e intervalos de confiança para as três condições do experimento com o videogame Versão do videogame Média DP Intervalo de confiança de 095 Recompensa 0210 0066 01860234 Punição 0175 0046 01510199 Não violento 0157 0050 01330181 Intervalos de confiança estimados com base em dados publicados em Carnagey e Anderson 2005 214 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister responder essa pergunta os pesquisadores usam estatística descritiva As duas estatís ticas descritivas mais comuns são a média uma medida da tendência central e o des vio padrão uma medida da variabilidade As médias e desvios padrão para a cognição agressiva no experimento do videogame são apresentados na Tabela 61 A média mostra que a cognição agressiva foi maior na con dição de recompensa 0210 e menor na condição não violenta 0157 A cognição agressiva na condição de punição 0175 ficou entre as condições não violenta e de recompensa Podemos observar que para participantes da condição de recompensa aproximadamente uma em cada cinco pala vras foi completada com conteúdo agressi vo lembre porém que apenas metade dos fragmentos de palavras tinha possibilidades agressivas Em um experimento conduzido ade quadamente o desvio padrão de cada grupo deve refletir apenas as diferenças individuais entre os sujeitos que foram de signados aleatoriamente àquele grupo Os sujeitos em cada grupo devem ser tratados do mesmo modo e o nível da variável inde pendente a que foram designados deve ser implementado da mesma forma para cada sujeito no grupo Os desvios padrão mostra dos na Tabela 61 indicam que houve varia ção ao redor da média em cada grupo e que a variação foi aproximadamente a mesma em todos os três grupos Uma pergunta importante que os pes quisadores fazem ao descrever os resulta dos de um experimento é sobre o tamanho do efeito que a variável independente teve sobre a variável dependente As medidas do tamanho do efeito podem ser usadas para responder essa pergunta pois indicam a intensidade da relação entre as variáveis in dependentes e dependentes Uma vantagem das medidas do tamanho do efeito é que elas não são influenciadas pelo tamanho das amostras testadas no experimento As me didas do tamanho do efeito levam em conta mais do que a diferença média entre duas condições de um experimento A diferença média entre dois grupos sempre é relativa à variabilidade média nos escores dos partici pantes Uma medida do tamanho do efeito usada com frequência é o d de Cohen Cohen 1992 desenvolveu procedimentos que hoje são aceitos amplamente Ele sugeriu que valores de d de 020 050 e 080 representam efeitos pequenos médios e grandes da va riável independente respectivamente Podemos ilustrar o uso do d de Cohen como medida do tamanho do efeito com parando duas condições no experimento do videogame a condição de recompensa e a condição não violenta O valor de d é 083 com base na diferença entre a cognição agressiva média na condição de recompen sa 0210 e a condição não violenta 0157 Esse valor de d nos permite dizer que a va riável independente do videogame recom pensa versus não violento teve um efeito grande sobre a cognição agressiva nessas duas condições As medidas do tamanho do efeito fornecem informações valiosas para os pesquisadores descreverem os resultados de um experimento Dica de estatística As medidas da tendência central e da varia bilidade assim como do tamanho do efeito são descritas nos Capítulos 11 e 12 Nesses capítulos apresentamos os passos mate máticos para essas medidas e discutimos sua interpretação Muitas medidas diferen tes do tamanho do efeito são encontradas na literatura em psicologia Além do d de Cohen por exemplo uma medida popular da magnitude do efeito é o eta quadrado que é uma medida da intensidade da as sociação entre as variáveis independentes e dependentes ver o Capítulo 12 Ou seja o eta quadrado estima a proporção da va riância total explicada pelo efeito da variável independente sobre a variável dependente As medidas do tamanho do efeito são mais úteis ao se compararem os valores numé ricos de uma medida de dois ou mais es tudos ou quando se calculam médias de medidas de estudos como em uma meta análise ver a seguir Metodologia de pesquisa em psicologia 215 Os pesquisadores também usam medi das do tamanho do efeito em um procedi mento chamado de metaanálise A meta análise é uma técnica estatística usada para sintetizar os tamanhos dos efeitos de vários experimentos independentes que investi gam a mesma variável independente ou de pendente De um modo geral a qualidade metodológica dos experimentos incluídos na metaanálise determinará o seu valor final ver Judd Smith e Kidder 1991 As metaanálises são usadas para responder perguntas como existem diferenças de gê nero na conformidade Quais são os efeitos do tamanho da classe no desempenho aca dêmico A terapia cognitiva é efetiva no tra Quadro 62 EXEMPLO DE METAANÁLISE PSICOTERAPIAS BASEADAS EM EVIDÊNCIAS PARA JOVENS VERSUS TRATAMENTO CLÍNICO USUAL Weisz JensenDoss e Hawley 2006 usaram uma metaanálise para sintetizar os resulta dos de 32 estudos sobre psicoterapias com jovens comparando os efeitos de tratamen tos baseados em evidências e tratamento usual Um tratamento baseado em evidên cias é aquele que tem amparo empírico ou seja que na prática clínica demonstrou aju dar indivíduos Embora pareça óbvio que os tratamentos baseados em evidências devam ser amplamente utilizados na prática clínica por causa desse amparo empírico muitos terapeutas argumentam que esses tratamen tos não seriam efetivos em contextos clíni cos usuais Os tratamentos baseados em evidências são estruturados e exigem que os terapeutas sigam um manual de tratamento Alguns clínicos argumentam que esses trata mentos são rígidos e inflexíveis não podendo ser individualizados conforme as necessida des dos clientes Além disso os oponentes dos tratamentos baseados em evidências di zem que os estudos empíricos que indicam a sua efetividade geralmente envolvem clientes com problemas menos graves ou complica dos do que os observados na prática clínica usual Esses argumentos sugerem que o trata mento usual na forma de psicoterapia acon selhamento ou manejo de caso conduzido re gularmente por profissionais da saúde mental seria mais capaz de satisfazer as necessida des dos clientes atendidos normalmente em ambientes na comunidade Weisz e seus colegas usaram meta análise para comparar diretamente os resul tados associados aos tratamentos baseados em evidências e o tratamento usual Entre 32 estudos comparando os dois modelos o ta manho do efeito médio foi de 030 Assim os jovens tratados com um tratamento baseado em evidências foram mais beneficiados em média do que os tratados da maneira usual O valor de 030 está entre os critérios de Co hen 1988 para efeitos pequenos e médios Esse tamanho de efeito representa a dife rença entre os dois tipos de tratamentos e não o efeito da psicoterapia em si Weisz e colaboradores observam que quando trata mentos baseados em evidências são compa rados com grupos de controle sem tratamen to pex lista de espera seus tamanhos de efeito geralmente variam de 050 a 080 efei tos médios a grandes Em outras análises os autores agruparam estudos segundo fatores como a gravidade e a complexidade dos pro blemas tratados ambientes de tratamento e características dos terapeutas Essas análi ses visavam determinar se as preocupações apontadas pelos críticos de tratamentos baseados em evidências justificavam o uso continuado do tratamento usual Weisz e seus colegas observaram que agrupar estudos se gundo esses diversos fatores não influenciou o resultado geral de que os tratamentos ba seados em evidências são melhores do que o tratamento usual Essa metaanálise permite que os psi cólogos defendam com mais confiança um princípio psicológico geral relacionado com a psicoterapia os tratamentos baseados em evidências proporcionam resultados melhores para os jovens do que o tratamento usual 216 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister tamento da depressão O Quadro 62 des creve uma metaanálise de estudos sobre a psicoterapia efetiva para jovens com trans tornos psicológicos Os resultados de expe rimentos individuais não importa o quão bem feitos muitas vezes não são suficientes para fornecer respostas para perguntas so bre questões gerais importantes Devemos considerar um corpus de literatura ie mui tos experimentos relacionado a cada ques tão Ver Hunt 1997 para uma introdução boa e fácil de ler à metaanálise As metaanálises nos permitem tirar conclusões mais firmes sobre os princípios da psicologia pois essas conclusões somen te emergem após se analisarem os resulta dos de muitos experimentos individuais Essas análises são um modo eficiente e efe tivo de sintetizar os resultados de grandes números de experimentos usando medidas do tamanho do efeito Confirmando o que os resultados revelam Os pesquisadores usam estatísticas in ferenciais para determinar se uma va riável independente tem um efeito fide digno sobre uma variável dependente Dois métodos de fazer inferências ba seadas em dados amostrais são testar uma hipótese nula e intervalos de con fiança Os pesquisadores usam o teste da hipó tese nula para determinar se diferenças médias entre grupos em um experimen to são maiores do que as diferenças es peradas simplesmente pela variação do erro experimental Um resultado estatisticamente signifi cativo é aquele que tem uma probabi lidade pequena de ocorrer se a hipótese nula for verdadeira Os pesquisadores determinam se uma variável independente teve um efeito sobre o comportamento analisando se existe sobreposição entre os intervalos de confiança para as diferentes amos tras do experimento O grau de sobre posição informa se a média amostral estima a mesma média populacional ou médias populacionais diferentes Talvez a afirmação mais básica que os pesquisadores desejam fazer quando rea lizam um experimento seja que a variável independente teve um efeito sobre a variá vel dependente Outra maneira de formular essa afirmação é dizer que os pesquisadores querem confirmar que a variável indepen dente produziu uma diferença no comporta mento As estatísticas descritivas por si só não são evidências suficientes para confir mar essa afirmação básica Para confirmar se a variável indepen dente teve efeito em um experimento os pesquisadores usam estatística inferencial Eles precisam usar estatística inferencial por causa da natureza do controle propor cionado pela designação aleatória em ex perimentos Como descrevemos anterior mente a designação aleatória não elimina as diferenças individuais entre os sujeitos A designação aleatória simplesmente equi libra ou faz a média das diferenças indivi duais entre os sujeitos dos grupos do ex perimento A variação assistemática ie aleatória decorrente das diferenças entre os sujeitos de cada grupo se chama variação do erro A presença dessa variação repre senta um problema potencial pois a mé dia dos diferentes grupos do experimento pode diferir simplesmente por causa da variação do erro e não porque a variável independente teve efeito Assim por si só os resultados médios do mais bem contro lado experimento não permitem concluir definitivamente se a variável independente produziu uma diferença no comportamen to A estatística inferencial permite que os pesquisadores testem se as diferenças na média grupal se devem a um efeito da va riável independente e não apenas ao acaso variação do erro Os pesquisadores usam dois tipos de estatística inferencial para decidir se uma variável independente teve um efeito teste da hipótese nula e interva los de confiança Metodologia de pesquisa em psicologia 217 Dica de estatística Sabemos que pode ser frustrante descobrir que os resultados do mais bem controlado experimento muitas vezes não permitem con cluir definitivamente se a variável independen te gerou uma diferença no comportamento Em outras palavras o que você aprendeu até aqui sobre métodos de pesquisa não é sufi ciente Infelizmente mesmo com as ferramen tas da análise de dados não podemos lhe dar um modo de tirar conclusões definitivas sobre o que produziu uma diferença no comporta mento Porém o que podemos lhe dar é um modo na verdade vários modos de fazer a melhor afirmação possível sobre o que pro duziu a diferença A conclusão se baseará em uma probabilidade ou seja uma probabilida de que lhe ajudará a decidir se o seu efeito se deve ou não apenas ao acaso É fácil se per der nas complexidades do teste da hipótese nula e dos intervalos de confiança mas tenha em mente os dois pontos críticos seguintes Antes de mais nada as diferenças no comportamento podem surgir simplesmen te por acaso chamadas de variação do erro O que você quer saber é qual é a pro babilidade de que a diferença que observou se deva apenas ao acaso e não ao efeito da sua variável independente Na verda de o que você realmente gostaria de saber é a probabilidade de que a sua variável in dependente cause um efeito Todavia não podemos responder essas perguntas usan do inferência estatística Como você verá a inferência estatística é indireta ver por exemplo o Quadro 121 no Capítulo 12 Em segundo lugar os dados que você coletou representam amostras de uma po pulação porém de certo modo são as po pulações e não as amostras que realmente importam Se o importante fosse as médias amostrais você poderia apenas olhar as médias amostrais para ver se eram diferen tes O desempenho médio das amostras nas várias condições do seu experimento fornece estimativas que são usadas para in ferir a média da população Quando faz afir mações de inferência estatística você está usando a média amostral para tirar conclu sões fazer inferências sobre as diferenças entre médias populacionais Mais uma vez sugerimos o Capítulo 12 para uma discus são mais complexa sobre essas questões Teste de significância da hipótese nula Os pesquisadores costumam utilizar um teste de significância da hipótese nula para veri ficar se uma variável independente teve um efeito em um experimento O teste de significância da hipótese nula começa com a premissa de que a variável independente não teve efeito Se pressupomos que a hi pótese nula é verdadeira podemos usar a teoria da probabilidade para determinar a probabilidade de a diferença que observa mos em nosso experimento ocorrer apenas por acaso Um resultado estatisticamente significativo é aquele que tem uma probabilida de apenas pequena de ocorrer se a hipótese nula for verdadeira Um resultado estatisticamente significativo significa apenas que a diferen ça que obtivemos em nosso experimento é maior do que seria de esperar se apenas a variação do erro ie o acaso fosse respon sável pelo resultado Geralmente expressase o resultado de um experimento em termos das diferenças entre as médias para as condições do expe rimento Como sabemos a probabilidade do resultado obtido no experimento Os pesquisadores costumam usar testes de es tatística inferencial como o teste t ou o teste F O teste t é usado quando a variável inde pendente tem dois níveis e o teste F é usado quando ela tem três ou mais níveis Cada valor de um teste t ou F tem uma probabi lidade associada a ele quando se considera a hipótese nula que pode ser determinada calculandose o valor da estatística do teste Pressupondo que a hipótese nula seja verdadeira quão pequena deve ser a pro babilidade do nosso resultado para que seja estatisticamente significativa Os cientistas tendem a concordar que resultados com probabilidades p de menos de 5 vezes em 100 ou p 005 são considerados estatisti camente significativos A probabilidade que os pesquisadores usam para decidir se um resultado é estatisticamente significativo se chama nível de significância O nível de signi ficância é indicado pela letra grega alfa α Agora podemos ilustrar o procedimen to do teste da hipótese nula para analisar o 218 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister experimento do videogame que descrevemos anteriormente ver Tabela 61 p 213 A pri meira pergunta de pesquisa que faríamos é se a variável independente da versão do videogame tem algum efeito geral Ou seja a cognição agressiva difere em função das três versões do videogame A hipótese nula para esse teste geral é de que não existe di ferença entre a média populacional repre sentada pelas médias das condições experi mentais lembrese de que a hipótese nula pressupõe que a variável independente não tem efeito O valor de p para o teste F cal culado para o efeito da versão do videogame foi menor do que o nível de significância de 005 assim o efeito geral da variável do videogame foi estatisticamente significativo Para interpretar esse resultado deveríamos nos reportar à estatística descritiva para esse experimento na Tabela 61 onde ve mos que a cognição agressiva média para as três condições do videogame era diferente Por exemplo a cognição agressiva foi maior com o videogame com recompensa 0210 e menor com o videogame não violento 0157 O resultado estatisticamente significativo do teste F nos permite afirmar que a versão do videogame gerou uma diferença singular na cognição agressiva Os pesquisadores buscam fazer afirma ções mais específicas a respeito dos efeitos de variáveis independentes sobre o com portamento do que apenas dizer que a va riável independente tem efeito Os testes F das diferenças gerais entre as médias nos dizem que algo aconteceu no experimento mas não falam muito sobre o que aconteceu de fato Uma maneira de obter informações mais específicas sobre os efeitos das variá veis independentes é usar intervalos de confiança Usando intervalos de confiança para ana lisar diferenças médias Os intervalos de confiança para cada um dos três grupos no experimento do videogame são apresen tados na Tabela 61 na página 213 Um intervalo de confiança é associado a uma probabilidade geralmente de 095 de que o intervalo contenha a média populacional verdadeira A amplitude do intervalo nos diz o quanto a nossa estimativa é precisa quanto menor melhor Os intervalos de confiança também podem ser usados para comparar diferenças entre duas médias po pulacionais Podemos usar os intervalos de confiança de 095 apresentados na Tabela 61 para fazer perguntas específicas sobre os efeitos da versão do videogame sobre a cognição agressiva Fazse isso analisando se existe sobreposição entre os intervalos de confiança para os diferentes grupos Quan do os intervalos de confiança não se sobrepõem podemos ter confiança de que as médias popula cionais para os dois grupos diferem Por exem plo observe que o intervalo de confiança para o grupo da recompensa é de 0186 a 0234 Isso indica que existe uma probabi lidade de 095 de que o intervalo de 0186 a 0234 contenha a média populacional para cognição agressiva na condição de recom pensa lembre que a média amostral de 0210 apenas estima a média populacional O intervalo de confiança para o grupo não violento é de 0133 a 0181 Esse intervalo de confiança não se sobrepõe com o intervalo de confiança do grupo da recompensa ie o limite superior de 0181 para o grupo não violento é menor que o limite inferior de 0186 para o grupo da recompensa Com essa evidência podemos afirmar que a cog nição agressiva na condição da recompensa foi maior do que a cognição agressiva na condição do videogame não violento Todavia quando comparamos os inter valos de confiança do grupo do videogame com recompensa 01860234 e do gru po com punição 01510199 chegamos a uma conclusão diferente Os intervalos de confiança para esses grupos se sobrepõem Embora as médias amostrais de 0210 e 0175 difiram não podemos concluir que a média populacional difira por causa da so breposição dos intervalos de confiança Po demos propor a seguinte regra básica para interpretar esse resultado se os intervalos se sobrepõem levemente devemos reconhecer a nos sa incerteza quanto à verdadeira diferença mé Metodologia de pesquisa em psicologia 219 dia e postergar qualquer juízo se os intervalos se sobrepõem de modo que a média de um grupo esteja dentro do intervalo de outro grupo pode mos concluir que as médias populacionais não diferem No experimento do videogame a so breposição é pequena e a média amostral de cada condição não fica dentro dos intervalos do outro grupo Queremos saber se as po pulações diferem mas tudo que podemos dizer é que não temos evidências suficientes para decidir por um ou outro lado Nessa situação devemos postergar qualquer deci são até o próximo experimento Dica de estatística A lógica e os procedimentos computacio nais para os intervalos de confiança e o teste t são encontrados no Capítulo 11 O teste F em suas várias formas é discutido no Capítulo 12 O que a análise de dados não pode nos dizer Já fizemos alusão a algo que nossa análise de dados não pode nos dizer Mesmo que nosso experimento seja internamente vá lido e os resultados sejam estatisticamente significativos não podemos dizer com certe za que a nossa variável independente teve efeito ou que não teve Devemos aprender a viver com afirmações probabilísticas Os resultados da nossa análise de dados tam bém não podem nos dizer se os resultados do nosso estudo têm valor prático ou mes mo se são significativos É fácil fazer experi mentos com perguntas de pesquisa triviais ver Sternberg 1997 e Capítulo 1 Também é fácil talvez fácil demais fazer um mau experimento Os maus experimentos ou seja aqueles que carecem de validade inter na podem facilmente produzir resultados estatisticamente significativos e intervalos de confiança que não se sobreponham to davia o resultado não será interpretável Quando um resultado é estatisticamen te significativo concluímos que a variável independente teve um efeito sobre o com portamento Ainda assim como já vimos nossa análise não nos possibilita ter certeza quanto à conclusão mesmo que tenhamos chegado a essa conclusão além de qual quer dúvida Além disso quando um re sultado não é estatisticamente significativo não podemos concluir com certeza que a variável independente não teve efeito Tudo que podemos concluir é que não existem evidências suficientes para dizer que a va riável independente produz um efeito De terminar que uma variável independente não teve efeito pode ser ainda mais crucial na pesquisa aplicada Por exemplo será que um remédio genérico é tão efetivo quanto seu correlato de marca conhecida Para res ponder essa pergunta de pesquisa os pes quisadores muitas vezes tentam confirmar que não existem diferenças entre as drogas Os padrões para experimentos que visam responder perguntas relacionadas com a ausência de diferenças entre condições são mais elevados do que para experimentos visando confirmar que uma variável inde pendente tem efeito Descreveremos esses padrões no Capítulo 12 Como os pesquisadores baseiamse em probabilidades para tirar conclusões so bre os efeitos de variáveis independentes sempre existe a chance de se cometer um erro Existem dois tipos de erros que podem ocorrer quando os pesquisadores usam esta tística inferencial Quando dizemos que um resultado é estatisticamente significativo e que a hipótese nula não existe diferença é realmente verdadeira estamos cometendo um erro do Tipo I Um erro do Tipo I é como um alarme falso dizer que há um incêndio quando não há Quando concluímos que temos evidências insuficientes para rejeitar a hipótese nula e ela de fato é falsa esta mos cometendo um erro do Tipo II os erros do Tipo I e do Tipo II são descritos no Ca pítulo 12 Jamais cometeríamos algum des ses erros se pudéssemos saber ao certo se a hipótese nula é verdadeira ou falsa Mesmo sabendo da possibilidade de que a análise de dados pode levar a decisões incorretas também devemos lembrar que a análise 220 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister de dados pode e de fato muitas vezes leva a decisões corretas O mais importante a lembrar para os pesquisadores é que a es tatística inferencial jamais pode substituir a replicação como teste final da fidedignidade do resultado de um experimento Estabelecendo a validade externa de resultados experimentais Os resultados de um experimento têm validade externa quando podem ser aplicados a outros indivíduos situações e condições além do escopo do experi mento específico Em certas investigações pex teste de teorias os pesquisadores podem deci dir enfatizar a validade interna sobre a externa outros pesquisadores podem preferir aumentar a validade externa usando amostragem ou replicação Fazer experimentos de campo é um modo de os pesquisadores aumentarem a validade externa de suas pesquisas em situações no mundo real A replicação parcial é um método usado para estabelecer a validade externa de resultados de pesquisa Os pesquisadores muitas vezes buscam generalizar os resultados associados a relações conceituais entre variáveis em vez de condições manipulações situa ções e amostras específicas Como você aprendeu no Capítulo 4 a validade externa se refere ao nível em que os resultados de um estudo podem ser ge neralizados para indivíduos situações e condições além do escopo do estudo espe cífico Uma crítica frequente a experimentos muito controlados é que eles não possuem validade externa ou seja os resultados ob servados em um experimento laboratorial controlado podem descrever o que ocorre apenas naquela situação específica com as condições específicas que foram testadas e com os indivíduos específicos que par ticiparam Considere novamente o expe rimento do videogame no qual estudantes universitários jogaram um videogame com uma corrida de carros em um ambiente la boratorial O ambiente laboratorial é ideal mente adequado para usar procedimentos de controle que garantam a validade inter na de um experimento Mas será que esses resultados nos ajudam a entender a violên cia e a agressividade em uma situação na tural Quando existe um tipo diferente de exposição à violência Quando as pessoas expostas à violência são idosas Essas são questões ligadas à validade externa e sus citam uma questão mais geral Se os resul tados de experimentos laboratoriais são tão específicos que benefícios eles trazem para a sociedade Uma resposta a essa pergunta é um pouco perturbadora pelo menos inicial mente Mook 1983 argumenta que quan do o propósito de um experimento é testar uma determinada hipótese derivada de uma teoria psicológica a questão da vali dade externa dos resultados é irrelevante É comum se fazer um experimento para de terminar se os sujeitos podem ser induzidos a agir de um determinado modo A questão de se os sujeitos agem desse modo em seu ambiente natural é secundária à pergunta levantada no experimento A questão da validade externa dos experimentos não é nova conforme reflete a seguinte afirmação de Riley 1962 de um modo geral os ex perimentos laboratoriais não são montados para imitar o caso mais típico encontrado na natureza Ao contrário elas visam respon der uma pergunta específica de interesse para o experimentador p 413 É claro que os pesquisadores muitas vezes querem obter resultados que pos sam generalizar além dos limites do expe rimento em si Para alcançar esse objetivo os pesquisadores podem incluir em seus experimentos as características das situa ções para as quais gostariam de generalizá los Por exemplo Ceci 1993 descreveu um programa de pesquisa que conduziu com seus colegas sobre testemunhos oculares de crianças O autor contou que seu programa Metodologia de pesquisa em psicologia 221 de pesquisa foi motivado em parte porque estudos prévios sobre esse tema não com preenderam todas as dimensões de uma si tuação real de testemunho Ceci descreveu como seu programa de pesquisa incluiu fatores como entrevistas sugestivas múlti plas períodos de retenção muito longos e recordações de experiências estressantes A inclusão desses fatores tornou os experi mentos mais representativos de situações que ocorrem quando crianças testemunham ver Figura 64 Todavia Ceci 1993 também observou que permanecem diferenças importantes en tre os experimentos e situações da vida real Níveis elevados de estresse agressões contra o corpo da vítima e a perda de con trole são característicos de situações que motivam investigações forenses Embora esses fatores estejam em jogo em alguns dos nossos outros estudos jamais repeti remos de maneira experimental a nature za agressiva dos atos perpetrados em víti mas infantis pois mesmo os estudos que mais se aproximam como estudos médi cos são sancionados pelos pais e pela so ciedade ao contrário de agressões sexuais contra crianças p 4142 Conforme revelam os comentários de Ceci em certas situações como aquelas que envolvem testemunhos oculares sobre atos vis pode haver importantes limitações éti cas ao estabelecimento da validade externa dos experimentos A validade externa de pesquisas cos tuma ser questionada por causa da natu reza dos sujeitos Como se sabe muitos estudos em psicologia envolvem estudan Figura 64 Em que nível os experimentos podem reproduzir as situações da vida real em que crianças testemunham em tribunais 222 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister tes universitários que participam de ex perimentos como parte de sua disciplina de introdução à psicologia Dawes 1991 entre outros argumenta que os estudantes universitários são um grupo seleto que nem sempre pode ser uma boa base para construir conclusões gerais sobre o com portamento e processos mentais humanos De maneira semelhante Sue 1999 afirma que a maior ênfase dos pesquisadores na validade interna sobre a externa diminui a atenção à representatividade das pes soas estudadas Todavia os psicólogos geralmente acreditam que seus resultados podem ser generalizados para populações além das especificamente testadas em suas pesquisas e existe pouca razão para vali dar os resultados testando populações de minorias étnicas ou outras populações sub representadas Questões sobre a validade externa de resultados de pesquisa basea das nas populações estudadas são espe cialmente importantes na pesquisa aplica da Na pesquisa médica por exemplo os tratamentos efetivos para homens podem não ser efetivos para mulheres e os trata mentos efetivos para adultos podem não ser efetivos para crianças Os experimentos de campo que mencio namos rapidamente no Capítulo 4 são um modo de aumentar a validade externa de um estudo podendo também gerar conhe cimento prático Por exemplo para investi gar as percepções das pessoas sobre os ris cos os participantes de dois experimentos de campo responderam a perguntas sobre riscos durante a pandemia da influenza H1N1 em 2009 Lee Schwartz Taubman e Hou 2010 O primeiro experimento foi realizado em um campus universitário e o segundo foi realizado em shopping cen ters e perto da área comercial do centro da cidade Os indivíduos que concorda ram em participar foram designados alea toriamente a uma condição experimental na qual o cúmplice espirrava e tossia antes da administração de um pequeno ques tionário ou a uma condição de controle sem espirros ou tossidas Os resultados indicam que essa manipulação simples in fluenciou as percepções dos participantes sobre o risco Os sujeitos na condição com espirros comparados com a condição sem espirros avaliaram como mais elevado o seu risco de contrair uma doença séria seu risco de ter um ataque cardíaco antes dos 50 anos e seu risco de morrer em um cri me ou acidente De maneira interessante comparados com os sujeitos na condição de controle os indivíduos na condição com espirros também foram mais prováveis de favorecer gastos federais para vacinas para gripe do que a criação de empregos ver des Como esse experimento foi realizado em um ambiente natural é mais provável que seja representativo das condições do mundo real Assim podemos ter mais confiança de que os resultados podem ser generalizados para outras situações do mundo real do que se fosse criada uma si tuação artificial no laboratório A validade externa dos resultados expe rimentais também pode ser estabelecida por replicação parcial As replicações parciais cos tumam ser feitas como uma parte rotineira do processo de investigar as condições em que um fenômeno ocorre Uma replicação parcial pode ajudar a estabelecer a valida de externa mostrando que um resultado experimental ocorre quando se usam proce dimentos experimentais levemente diferen tes Considere o mesmo experimento básico feito em uma grande universidade privada na região metropolitana e uma pequena fa culdade comunitária na zona rural os par ticipantes e situações são muito diferentes Se forem obtidos os mesmos resultados mesmo com esses participantes e situações diferentes podemos dizer que os resulta dos podem ser generalizados entre essas duas populações e situações Observe que nenhum dos experimentos tem validade ex terna por si só são os resultados que ocorrem em ambos os experimentos que têm validade externa Os pesquisadores também podem estabelecer a validade externa de seus re sultados com replicações conceituais O que Metodologia de pesquisa em psicologia 223 queremos generalizar a partir de qualquer estudo são relações conceituais entre va riáveis e não as condições manipulações situações ou amostras específicas ver Banaji e Crowder 1989 Mook 1983 An derson e Bushman 1997 apresentaram um exemplo ilustrando a lógica de uma replicação conceitual Considere um estu do com crianças de 5 anos para determinar se um determinado insulto fala infantil insultadora bobo feio induz raiva e agressividade Podemos então fazer uma replicação para verificar se o mesmo insul to gera o mesmo resultado com adultos de 35 anos Conforme afirmam Anderson e Bushman os resultados para crianças de 5 anos provavelmente não seriam replicados com os adultos de 35 anos porque fala in fantil insultadora simplesmente não tem a mesma força para pessoas de 5 e 35 anos p 21 Todavia se quisermos estabelecer a validade externa da ideia de que os in sultos aumentam o comportamento agres sivo podemos usar palavras diferentes que sejam insultos significativos para cada população Quando Anderson e Bushman 1997 analisaram variáveis relacionadas com a agressividade no nível conceitual eles ob servaram que os resultados de experimen tos realizados em ambientes laboratoriais e resultados de estudos correlacionais em situações no mundo real eram bastante se melhantes Os autores concluíram que os experimentos laboratoriais artificiais for necem informações significativas sobre a agressividade pois demonstram as mesmas relações conceituais que são observadas para a agressividade no mundo real Além disso os experimentos laboratoriais permi tem que os pesquisadores isolem as causas potenciais da agressividade e investiguem condições limítrofes para quando a agressi vidade irá ou não ocorrer E o que dizer quando os resultados ob servados no laboratório e no mundo real diferem Anderson e Bushman 1997 afir mam que essas discrepâncias em vez de serem evidências da fraqueza de um dos métodos devem ser usadas para nos aju dar a refinar nossas teorias sobre a agres sividade Ou seja as discrepâncias devem nos fazer reconhecer que processos psico lógicos diferentes podem estar ocorrendo em cada situação Quando aumentamos a nossa compreensão dessas discrepâncias aumentamos a nossa compreensão sobre a agressividade Seria praticamente impossível esta belecer a validade externa de cada estudo em psicologia realizando replicações par ciais ou replicações conceituais Porém se levarmos a sério argumentos como os de Dawes 1991 e Sue 1999 como realmente deveríamos parece que estamos enfrentan do uma tarefa impossível Como por exem plo podemos mostrar que um resultado experimental obtido com um grupo de estu dantes universitários pode ser generalizado para grupos de adultos idosos profissio nais em atividade indivíduos com menos formação educacional e assim por diante Underwood e Shaughnessy 1975 suge rem uma abordagem possível que merece ser considerada Sua noção é que devemos pressupor que o comportamento seja relati vamente contínuo ao longo do tempo entre sujeitos diferentes e nas várias situações a menos que tenhamos razão para pensar o contrário Essencialmente é mais provável que a validade externa de pesquisas seja es tabelecida pelo bom senso da comunidade científica do que por evidências empíricas definitivas Desenho de grupos pareados Um desenho de grupos pareados pode ser usado para criar grupos compará veis quando existem poucos sujeitos para que a designação aleatória funcio ne efetivamente Usar sujeitos pareados em relação à va riável dependente é a melhor aborda gem para criar grupos pareados mas o desempenho em qualquer tarefa de pareamento deve estar correlacionado com o teste da variável dependente 224 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Depois que os sujeitos são combinados no teste de pareamento eles devem ser designados aleatoriamente às condições da variável independente Para funcionar efetivamente o dese nho de grupos aleatórios exige amostras de tamanho suficiente para garantir que as diferenças individuais entre os sujeitos se jam balanceadas pela designação aleatória Ou seja a premissa do modelo com grupos aleatórios é que as diferenças individuais se nivelam entre os grupos Mas quantos su jeitos são necessários para que esse proces so de nivelamento funcione como deveria A resposta é depende Serão necessários mais sujeitos para nivelar as diferenças in dividuais quando as amostras forem tiradas de uma população heterogênea do que de uma população homogênea Podemos ter relativa confiança de que a designação aleatória não será efetiva para equilibrar as diferenças entre sujeitos quando são testados pequenos números de sujeitos de populações heterogêneas To davia essa é exatamente a situação que os pesquisadores enfrentam em várias áreas da psicologia Por exemplo alguns psicólogos do desenvolvimento estudam bebês recém nascidos outros estudam idosos Os bebês recémnascidos e os idosos certamente re presentam populações diversas e os psi cólogos do desenvolvimento muitas vezes têm números limitados de sujeitos Uma alternativa que os pesquisadores têm nessa situação é administrar todas as condições do experimento a todos os sujei tos usando um desenho com medidas repe tidas a ser discutido no Capítulo 7 Toda via certas variáveis independentes exigem grupos separados de sujeitos para cada ní vel Por exemplo suponhamos que os pes quisadores desejem comparar dois tipos de cuidado pósnatal para bebês prematuros e não seja possível administrar os dois tipos a cada bebê Nessa situação e em muitas ou tras os pesquisadores precisam testar gru pos separados no experimento O desenho de grupos pareados é uma boa alternativa quando não é possível usar o desenho de grupos aleatórios e o dese Figura 65 A designação aleatória provavelmente não será efetiva para balancear as dife renças entre sujeitos quando são testados pequenos números de sujeitos de populações heterogêneas pex recémnascidos Nessa situação os pesquisa dores talvez devam considerar o uso do desenho de grupos pareados Metodologia de pesquisa em psicologia 225 nho de medidas repetidas de forma efetiva A lógica do desenho de grupos pareados é simples e convincente Em vez de usar designação aleatória para formar grupos comparáveis o pesquisador torna os gru pos equivalentes combinando os sujeitos Depois que se formaram grupos compará veis pela combinação a lógica do desenho com grupos pareados é a mesma que a do desenho de grupos aleatórios ver Figura 65 Na maioria dos usos do desenho de grupos pareados usase uma tarefa pré teste para combinar os sujeitos O desafio é selecionar uma tarefa préteste também chamada tarefa de pareamento que iguale os grupos em uma dimensão que seja rele vante para o resultado do experimento O desenho de grupos pareados somente tem uti lidade quando existe uma boa tarefa de parea mento disponível A tarefa de pareamento preferida é aquele que usa a mesma tarefa que será usa do no experimento propriamente dito Por exemplo se a variável dependente do expe rimento é a pressão sanguínea os sujeitos devem ser combinados conforme a pressão sanguínea antes do começo do experimen to A combinação é realizada mensurando se a pressão sanguínea de todos os parti cipantes e depois formando duplas ou trios ou quartetos de participantes dependendo do número de condições no experimento com pressão sanguínea idêntica ou muito parecida Assim no começo do experimen to os participantes de grupos diferentes têm em média pressão sanguínea equivalen te Os pesquisadores então podem atribuir ao tratamento quaisquer diferenças grupais na pressão sanguínea observadas no final do estudo supostamente outras variáveis potenciais foram mantidas constantes ou balanceadas Em certos experimentos não se pode usar a principal variável dependente para combinar os sujeitos Por exemplo con sidere um experimento que ensina aos participantes diferentes abordagens para resolver um quebracabeça Se for usado um préteste para ver quanto tempo os indivíduos levam para resolver o jogo os participantes provavelmente aprenderão a solução durante o préteste Nesse caso seria impossível observar diferenças na velocidade com que diferentes grupos de participantes resolvem o quebracabeça após a manipulação experimental Nessa situação a outra melhor alternativa para uma tarefa de pareamento é usar um tes te da mesma classe ou categoria que o teste experimental Em nosso experimento com resolução de problemas os participantes podem ser combinados conforme o seu desempenho ao resolverem um teste dife rente do quebracabeça experimental Uma alternativa menos preferida mas ainda possível para combinar os sujeitos é usar um teste que seja de uma classe diferente do teste experimental Para nosso experimen to com resolução de problemas os partici pantes poderiam ser combinados segundo algum teste de capacidade geral como um teste de capacidade espacial Todavia ao usarem essas alternativas os pesquisado res devem confirmar que o desempenho no teste de pareamento está correlacionado com o desempenho no teste usado como variável dependente De um modo geral à medida que diminui a correlação entre o teste de pareamento e a variável depen dente a vantagem do desenho com grupos pareados em relação ao desenho de gru pos aleatórios também diminui Mesmo quando existe um bom teste de pareamento disponível não é suficiente usar combinação para formar grupos com paráveis em um experimento Por exemplo considere um desenho de grupos pareados para comparar dois métodos de tratar de bebês prematuros de maneira a aumentar seu peso corporal Seis pares de bebês pre maturos podem ser combinados segundo seu peso corporal inicial Todavia restam outras características potencialmente re levantes dos participantes além daquelas medidas pelo teste de pareamento Por exemplo os dois grupos de bebês prema turos podem não ser comparáveis em sua saúde geral ou no grau de vínculo parental 226 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister É importante portanto usar designação aleatória no desenho de grupos pareados visando balancear outros fatores potenciais além do teste de pareamento Especifica mente depois de combinar os bebês segun do o peso corporal os indivíduos de cada par seriam designados aleatoriamente a um dos dois grupos Concluindo o desenho de grupos pareados é uma alternativa melhor do que o uso de grupos aleatórios quando existe um bom teste de pareamento e quando há somente um pequeno número de sujeitos disponível para um experimento que exija grupos separados para cada condição Desenho de grupos naturais Para implementar desenhos de grupos naturais as variáveis relacionadas com as diferenças individuais ou variáveis dos sujeitos são selecionadas em vez de manipuladas O desenho de grupos naturais represen ta um tipo de pesquisa correlacional em que os pesquisadores procuram cova riações entre variáveis de grupos natu rais e variáveis dependentes Não é possível fazer inferências causais relacionadas com os efeitos de variáveis de grupos naturais porque existem ex plicações alternativas plausíveis para as diferenças grupais Os pesquisadores em muitas áreas da psicologia estão interessados em variáveis in dependentes chamadas de variáveis de dife renças individuais ou variáveis do sujeito Uma variável de diferença individual é uma carac terística ou traço que varia entre indivíduos A afiliação religiosa é um exemplo de uma variável de diferença individual Os pesqui sadores não podem manipular essa variável designando pessoas aleatoriamente a grupos católicos judeus muçulmanos protestantes ou outros Ao contrário os pesquisadores controlam a variável da afiliação religio sa selecionado sistematicamente indivíduos que pertencem naturalmente a esses grupos As variáveis de diferenças individuais como gênero extroversãointroversão raça ou ida de são variáveis independentes importantes em muitas áreas da psicologia É importante diferenciar experimen tos que envolvem variáveis independentes cujos níveis são selecionados daqueles que envolvem variáveis independentes cujos ní veis são manipulados Os experimentos que envolvem variáveis independentes cujos níveis são selecionados como variáveis re lacionadas com diferenças individuais são chamados de desenho de grupos naturais O desenho de grupos naturais costuma ser usado em situações em que restrições éticas e práticas nos impedem de manipular di retamente as variáveis independentes Por exemplo não importa o quanto possamos estar interessados nos efeitos de uma gran de cirurgia sobre uma depressão subsequen te não podemos fazer uma grande cirurgia em um grupo designado aleatoriamente de estudantes de introdução à psicologia e de pois comparar seus sintomas de depressão com os de outro grupo que não fez a cirur gia De maneira semelhante se estivésse mos interessados na relação entre o divórcio e transtornos emocionais não poderíamos designar pessoas aleatoriamente para se divorciarem Todavia usando o desenho de grupos naturais podemos comparar pes soas que fizeram cirurgia com pessoas que não fizeram Do mesmo modo pessoas que decidiram se divorciar podem ser compara das com pessoas que decidiram permanecer casadas Os pesquisadores usam desenhos de grupos naturais para cumprir os dois pri meiros objetivos do método científico des crição e previsão Por exemplo estudos mostram que as pessoas que se separam ou divorciam são muito mais prováveis de receber tratamento psiquiátrico do que aquelas que são casadas viúvas ou que per maneceram solteiras Com base em estudos como esses podemos descrever os indiví duos divorciados e casados em termos de transtornos emocionais e podemos prever qual grupo é mais provável de ter transtor nos emocionais Metodologia de pesquisa em psicologia 227 Podem surgir problemas sérios con tudo quando os resultados de desenhos de grupos naturais são usados para fazer afirmações causais Por exemplo a obser vação de que as pessoas divorciadas são mais prováveis do que pessoas casadas de receber cuidados psiquiátricos mostra que esses dois fatores covariam Podese consi derar que isso significa que o divórcio cau sa transtornos emocionais Porém antes de concluirmos que o divórcio causa transtor nos emocionais devemos garantir que foi satisfeita a condição de ordem temporal para uma inferência causal Será que o di vórcio precede o transtorno emocional ou o transtorno emocional precede o divórcio O desenho de grupos naturais não nos diz isso O desenho de grupos naturais também traz problemas quando tentamos satisfa zer a terceira condição para demonstrar causalidade eliminar causas alternativas plausíveis As diferenças individuais estu dadas no desenho de grupos naturais ge ralmente são confundidas é provável que os grupos de indivíduos difiram em mui tas maneiras além da variável usada para classificálos Por exemplo os indivíduos que se divorciam e os indivíduos que con tinuam casados podem diferir com relação a várias características além do seu estado civil por exemplo suas práticas religiosas ou circunstâncias financeiras Qualquer di ferença observada entre indivíduos casados e divorciados talvez se deva a outras carac terísticas e não ao divórcio A manipulação feita pela natureza raramente é do tipo controlado que esperamos para estabelecer a validade interna de um experimento Existem estratégias para fazer inferên cias causais no desenho de grupos natu rais Uma abordagem efetiva exige que as diferenças individuais sejam estudadas em combinação com variáveis independentes que possam ser manipuladas Essa combi nação de mais de uma variável independen te em um experimento exige o uso de um desenho complexo que descreveremos no Capítulo 8 Por enquanto reconheça que fa zer inferências causais com base no desenho de grupos naturais pode ser traiçoeiro Em bora certos formatos às vezes sejam chama dos de experimentos existem diferenças importantes entre um experimento envol vendo uma variável de diferenças indivi duais e um experimento envolvendo uma variável manipulada Resumo Os pesquisadores fazem experimentos para testar hipóteses derivadas de teorias mas os experimentos também podem ser usados para testar a efetividade de tratamentos ou programas em situações aplicadas O mé todo experimental é ideal para identificar relações de causa e efeito quando são im plementadas adequadamente técnicas de controle de manipulação manutenção de condições constantes e balanceamento de diferenças No Capítulo 6 enfocamos a aplicação dessas técnicas de controle em experimen tos em que diferentes grupos de sujeitos recebem tratamentos diferentes represen tando os níveis da variável independen te ver Figura 66 No desenho de grupos aleatórios os grupos são formados usando procedimentos de randomização de modo que sejam comparáveis no começo do ex perimento Se os grupos apresentam com portamento diferente após a manipulação e todas as outras condições forem mantidas constantes presumese que a variável in dependente seja responsável pela diferen ça A designação aleatória é o método mais comum para formar grupos comparáveis Distribuindo as características dos sujeitos igualmente entre as condições do experi mento a designação aleatória é uma tenta tiva de garantir que as diferenças entre os sujeitos sejam balanceadas ou equilibradas entre os grupos do experimento A técnica mais comum para implementar a designa ção aleatória é a randomização em bloco Existem várias ameaças à validade in terna de experimentos que envolvem testar grupos independentes Devese evitar testar grupos intactos mesmo quando os grupos 228 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister são designados aleatoriamente às condi ções pois é provável que o uso de grupos intactos resulte em um fator de confusão Não se pode permitir que variáveis exter nas como diferentes salas ou diferentes experimentadores confundam a variável independente de interesse Uma ameaça mais séria à validade in terna do desenho de grupos aleatórios ocor re quando os sujeitos não concluem o expe rimento A perda seletiva de sujeitos ocorre quando os sujeitos são perdidos de maneira diferenciada entre as condições e uma ca racterística do sujeito relacionada com o resultado do experimento é responsável pela perda Podemos ajudar a prevenir essa perda seletiva restringindo os sujeitos àque les prováveis de concluir o experimento ou podemos compensar a perda removendo seletivamente alguns sujeitos comparáveis do grupo que não teve perda As caracterís ticas de demanda e os efeitos do experimen tador podem ser minimizados pelo uso dos procedimentos experimentais adequados mas podem ser controlados com o uso de um controle com placebo e procedimentos duploscegos A análise de dados e a estatística pro porcionam uma alternativa à replicação para determinar se os resultados de um único experimento podem ser usados como evidência para afirmar que uma determi nada variável independente teve um efeito sobre o comportamento A análise de dados envolve o uso de estatísticas descritivas e estatísticas inferenciais A descrição dos resultados de um experimento geralmente envolve o uso de médias desvios padrão e medidas do tamanho do efeito A meta análise faz uso de medidas do tamanho do efeito para fornecer uma síntese quantitati va dos resultados de um grande número de experimentos sobre uma pergunta de pes quisa importante As estatísticas inferenciais são impor tantes na análise de dados pois os pesqui sadores precisam de um modo de decidir se as diferenças obtidas em um experi mento se devem ao acaso ou ao efeito da variável independente Os intervalos de confiança e o teste da hipótese nula são duas técnicas estatísticas efetivas que os pesquisadores podem usar para analisar experimentos Todavia a análise estatística não pode garantir que os resultados expe rimentais serão significativos ou terão sig nificância prática A replicação permanece como o teste final da confiabilidade de um resultado de pesquisa Os pesquisadores também buscam es tabelecer a validade externa de seus resul tados experimentais Ao testarem teorias psicológicas os pesquisadores tendem a enfatizar a validade interna sobre a valida de externa Uma abordagem efetiva para estabelecer a validade externa dos resulta dos é selecionar amostras representativas de todas as dimensões que deseja generali Como os grupos foram formados Desenhos de grupos independentes Designação aleatória Pareamento Naturalmente variáveis de diferenças individuais Desenho de grupos aleatórios Desenho de grupos pareados Desenho de grupos naturais Figura 66 Neste capítulo apresentamos três desenhos de grupos independentes Metodologia de pesquisa em psicologia 229 zar Por meio de experimentos de campo os pesquisadores podem aumentar a validade externa de seus estudos para situações do mundo real As replicações parciais e as re plicações conceituais são duas maneiras que os pesquisadores normalmente usam para estabelecer a validade externa O desenho de grupos pareados é uma alternativa ao desenho de grupos aleató rios quando existe apenas um pequeno nú mero de sujeitos disponíveis quando exis te uma boa tarefa de pareamento e quando o experimento exige grupos separados para cada tratamento O maior problema com o desenho de grupos pareados é que os grupos somente são igualados segundo a característica medida pelo teste de parea mento No desenho de grupos naturais os pesquisadores selecionam os níveis das va riáveis independentes geralmente diferen ças individuais ou variáveis dos sujeitos e procuram relações sistemáticas entre essas variáveis independentes e outros aspectos do comportamento Essencialmente o de senho de grupos naturais envolve procu rar correlações entre as características dos sujeitos e seu comportamento Esses dese nhos de pesquisa correlacional trazem pro blemas no estabelecimento de inferências causais Conceitos básicos validade interna 198 desenho de grupos independentes 199 designação aleatória 199 desenho de grupos aleatórios 199 randomização em bloco 203 ameaças à validade interna 205 perda mecânica de sujeitos 207 perda seletiva de sujeitos 207 efeitos do experimentador 210 grupo controle com placebo 210 procedimento duplocego 211 replicação 212 tamanho do efeito 214 d de Cohen 214 metaanálise 215 teste de significância da hipótese nula 217 estatisticamente significativo 217 intervalo de confiança 218 desenho de grupos pareados 224 variável de diferenças individuais 226 desenho de grupos naturais 226 230 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Questões de revisão 1 Descreva duas razões por que os psicólo gos fazem experimentos 2 Descreva como as técnicas de manipular manter as condições constantes e balan cear contribuem para satisfazer as três condições necessárias para uma inferência causal 3 Explique por que grupos comparáveis são um aspecto tão essencial do desenho de pesquisa de grupos aleatórios e descreva como os pesquisadores formam grupos comparáveis 4 Identifique o que é um bloco na rando mização em blocos e explique o que esse procedimento faz 5 Que passos preventivos você pode adotar se tiver previsto que a perda seletiva de sujeitos poderá ser um problema em seu experimento 6 Explique como as técnicas de controle com placebo e duplascegas podem ser usadas para controlar as características de demanda e efeitos do experimentador 7 Explique por que a metaanálise permite que os pesquisadores tirem conclusões mais fortes sobre os princípios da psicologia 8 Explique o que um resultado estatistica mente significativo de um teste de estatís tica inferencial diz sobre o efeito da variá vel independente em um experimento 9 Explique o que você pode concluir se os intervalos de confiança não se sobrepuse ram quando testou uma diferença entre médias para duas condições em um expe rimento 10 Descreva sucintamente quatro maneiras pelas quais os pesquisadores podem esta belecer a validade externa dos resultados de uma pesquisa 11 Explique brevemente a lógica do desenho de pesquisa de grupos pareados e iden tifique as três condições em que é uma alternativa melhor do que o desenho de grupos aleatórios 12 Como as variáveis relacionadas com dife renças individuais diferem das variáveis independentes manipuladas e por que essa diferença torna difícil para se faze rem inferências causais com base no dese nho de grupos naturais DESAFIOS 1 Um pesquisador está planejando fazer um experimento usando um desenho de grupos aleatórios para estudar o efeito da taxa de apresentação de estímulos sobre a capacidade das pessoas de re conhecer os estímulos A variável inde pendente é a taxa de apresentação que será manipulada em quatro níveis mui to rápido rápido lento e muito lento O pesquisador está pedindo sua ajuda e conselhos com os seguintes aspectos do experimento A O pesquisador pede para você pre parar um protocolo randomizado em bloco de modo que haja quatro par ticipantes em cada uma das quatro condições Para fazer isso você pode usar os seguintes números aleatórios que foram tirados da tabela de núme ros aleatórios fornecida no Apêndice Tabela A1 15664104932049238391 91132219995951681652 27195482234675122923 B O pesquisador está considerando res tringir os participantes àqueles que passaram em um teste rígido do tem po de reação para garantir que consi gam fazer o teste com a taxa de apre sentação muito rápida Explique quais fatores ele deve considerar para to mar essa decisão certificandose de descrever de forma clara os riscos se Metodologia de pesquisa em psicologia 231 houver se apenas DESAFIOS CONTINUAÇÃO esse conjunto res trito de participantes for testado C O pesquisador descobre que será necessário testar os participantes em duas salas diferentes Como ele deve organizar o teste das condições nes sas duas salas de maneira a evitar uma confusão possível com essa va riável externa 2 Um pesquisador fez uma série de experi mentos sobre os efeitos de fatores exter nos que podem influenciar a persistência das pessoas em programas de ginástica Em um desses experimentos o pesquisa dor manipulou três tipos de distração en quanto os participantes caminhavam em uma esteira Os três tipos de distração eram concentrarse em seus próprios pensamentos grupo de concentração ouvir música grupo da música e assistir a um vídeo de pessoas em recreação ao ar livre grupo do vídeo A variável de pendente era o quanto o exercício na es teira estava extenuante no momento em que o sujeito decidiu terminar com a ses são a inclinação da esteira era aumenta da regularmente à medida que a sessão avançava tornando o exercício cada vez mais extenuante Em uma disciplina de introdução à psicologia 120 estudantes apresentaramse como voluntários para participar de um experimento e o pes quisador designou 40 estudantes alea toriamente a um entre três níveis da variá vel de distração O pesquisador esperava que o escore médio de extenuação fosse maior no grupo do vídeo o grupo de mú sica viria em segundo lugar e o grupo de concentração seria o último Depois de apenas dois minutos na esteira cada participante recebeu a op ção de parar o experimento Esse breve período de tempo foi escolhido para que os participantes tivessem a opção de pa rar antes que fosse razoavelmente pos sível esperar que qualquer um estivesse sentindo fadiga Os dados dos partici pantes que decidiram parar após apenas 2 minutos não foram incluídos na análise dos resultados finais Quinze estudantes decidiram parar no grupo de concentra ção 10 pararam no grupo da música e nenhum parou no grupo do vídeo Os re sultados não corroboram as previsões do pesquisador O escore médio de extenu ação em uma escala de 0 a 100 para es tudantes que concluíram o experimento foi maior para o grupo de concentração 70 depois para o grupo da música 60 e por último para o grupo do vídeo 50 A Identifique uma possível ameaça à validade interna desse experimento e explique como esse problema pode explicar os resultados inesperados do estudo B Suponha que uma medida préteste estava disponível para cada um dos 120 participantes e que o préteste mediu o grau em que cada sujeito era provável de persistir no exercício Descreva como você poderia usar esses escores prévios para confirmar que o problema que identificou na questão 2A havia ocorrido 3 A manchete de jornal que resume uma pesquisa que havia sido publicada em um periódico médico dizia Estudo exercício ajuda em qualquer idade O estudo descrito no artigo envolvia um es tudo de dez anos com quase 10000 ho mens e apenas homens Os homens fi zeram um teste na esteira entre 1970 e 1989 Então fizeram outro teste na estei ra cinco anos depois do primeiro e sua saúde foi monitorada por outros cinco anos Os homens que foram considera dos fora de forma em ambos os testes na esteira tiveram uma taxa de mortalidade de 122 por 10000 ao longo dos próximos cinco anos Homens considerados em boa forma em ambos os testes tiveram uma taxa de mortalidade de apenas 40 por 10000 em cinco anos Curiosamente os homens considerados fora de forma no primeiro teste mas em forma no se gundo tiveram uma taxa de mortalidade 232 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister DESAFIOS CONTINUAÇÃO de 68 por 10000 Os benefícios do exer cício foram ainda maiores quando foram analisadas apenas mortes por ataque cardíaco Os benefícios dos exercícios estavam presentes em uma ampla varie dade de idades daí a manchete A Por que a manchete de jornal para esse artigo é potencialmente enganosa B Por que você acha que os pesquisa dores testaram apenas homens C Identifique duas maneiras diferentes de obter evidências que você pode ria usar para decidir se os resultados desse estudo podem ser aplicados a mulheres Uma das maneiras faria uso de pesquisas já publicadas e a outra exigiria fazer um novo estudo 4 Fazse um experimento para testar a efetividade de uma nova droga que está sendo considerada para uso possível no tratamento de pessoas com ansiedade crônica Cinquenta pessoas cronicamen te ansiosas são identificadas por meio de uma clínica local e todas as 50 dão consentimento informado para participar do experimento Vinte e cinco pessoas são designadas aleatoriamente ao grupo experimental e recebem a nova droga As outras 25 pessoas são designadas alea toriamente ao grupo controle e recebem a droga de uso comum Os participantes em ambos os grupos são monitorados por um médico e um psicólogo clínico du rante o período de tratamento de seis se manas Depois do período de tratamento os participantes fazem uma autoavaliação em uma escala fidedigna e válida de 20 pontos indicando o nível de ansiedade que estavam sentindo escores maiores indicam mais ansiedade A autoavaliação média no grupo experimental foi de 135 DP 20 O intervalo de confiança de 095 para a autoavaliação média no grupo experimental foi de 96 a 108 O intervalo de confiança de 095 para o grupo contro le foi de 127 a 143 A Explique por que um procedimento duplocego seria útil nesse experi mento e descreva como o procedi mento duplocego poderia ser imple mentado nesse caso B Analise a estatística descritiva para esse experimento Como você des creveria o efeito da variável droga sobre as avaliações de ansiedade usando a média de cada condição O que os desvios padrão dizem sobre as avaliações de ansiedade no experi mento C A probabilidade associada ao teste para a diferença média entre os dois grupos foi de p 001 Que afirma ção se pode fazer sobre o efeito do tratamento com base nessa probabi lidade Que afirmação se pode fazer com base nas estimativas da média populacional para os dois grupos nes se experimento com base em uma comparação entre os intervalos de confiança D O tamanho do efeito para a variável tratamento nesse experimento é d 037 Que informações o tamanho do efeito fornece sobre a efetividade da droga além do que se sabe a partir do teste de significância estatística e da comparação entre os intervalos de confiança Metodologia de pesquisa em psicologia 233 Resposta ao Exercício I 1 Bushman 2005 manipulou a variável independente do tipo de programa de televisão em seu estudo Havia quatro ní veis da variável independente violento sexualidade explícita violento e sexo e neutro 2 Busham 2005 manteve vários fatores constantes os mesmos anúncios foram usados em cada condição os participan tes foram testados em pequenos grupos na mesma situação e os anúncios foram inseridos em aproximadamente o mesmo ponto de cada programa 3 Bushman 2005 balanceou as característi cas dos participantes nos quatro níveis de signandoos aleatoriamente às condições Desse modo os sujeitos em cada nível eram equivalentes em média em sua me mória e exposição a programas e produ tos da televisão Bushman também usou duas ordens aleatórias para os anúncios de maneira a equilibrar efeitos potenciais da disposição dos anúncios durante os programas de TV Resposta ao Exercício II 1 Quando fez este exercício um dos au tores obteve um valor médio de 565 para o grupo experimental e uma média de 535 para o grupo controle Os dois grupos eram aproximadamente equiva lentes em termos da capacidade média da memória seria feito um teste t para determinar se os escores médios diferem estatisticamente 2 O grupo experimental tinha três parti cipantes com escores de 2 e sem ases Quando estes foram retirados a nova mé dia para a capacidade da memória ficou em 64 Comparado à média do grupo controle de 535 o grupo experimental teve em média mais capacidade de me mória após a perda seletiva de sujeitos 3 Para compensar os três sujeitos perdidos participantes semelhantes foram retira dos do grupo controle escores de 2 1 e 1 A nova média para o grupo controle foi de 606 Isso melhorou a comparabilidade inicial dos dois grupos 4 As médias dos quatro grupos quando um dos autores fez isso foram 1 56 2 48 3 53 e 4 63 indicando maior variabi lidade nos escores médios da capacidade da memória entre os grupos Quanto menor o número de participantes desig nados aleatoriamente às condições mais difícil será para a designação aleatória criar em média grupos equivalentes Agora largue as cartas e volte a estudar o Capítulo 6 234 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Resposta ao Desafio 1 A O primeiro passo é atribuir um núme ro de 1 a 4 às respectivas condições 1 muito rápido 2 a 5 rápido 3 lento e 4 muito lento Então usando os núme ros aleatórios selecione quatro sequên cias dos números de 1 a 4 Dessa forma você pula os números maiores do que 4 e qualquer número que seja repetição de um número já selecionado na sequência Por exemplo se o primeiro número que você selecionar for 1 você pula todas as repetições de 1 até ter selecionado todos os números para a sequência de 1 a 4 Usando esse procedimento e seguindo as linhas de números aleatórios da esquer da para a direita obtivemos as quatro se quências seguintes para os quatro blocos do protocolo de blocos randomizados A ordem das condições para cada bloco também é apresentada O protocolo de blocos randomizados especifica a ordem de teste das condições para os primeiros 16 participantes do experimento Bloco 1 1432 Muito rápido muito lento lento rápido Bloco 2 4231 Muito lento rápido lento muito rápido Bloco 3 1324 Muito rápido lento rápido muito lento Bloco 4 2341 Rápido lento muito lento muito rápido B O pesquisador está tomando uma medida razoável para evitar a perda seletiva de sujeitos mas restringir os participantes àqueles que passarem em um rígido teste do tempo de reação acarreta o risco de di minuir a validade externa dos resultados obtidos C As salas podem ser balanceadas desig nandose blocos inteiros do protocolo de blocos randomizados para serem testados em cada sala Geralmente o número de blocos designados a cada sala é igual mas isso não é essencial Todavia para um ba lanceamento efetivo vários blocos devem ser testados em cada sala Nota 1 Outro termo para o desenho de grupos independentes é desenho intersujeito Os dois termos são usados para descrever estudos em que grupos de sujeitos são comparados e não existe sobreposição de participantes nos grupos do estudo ie cada participante está em apenas uma condição Desenhos de pesquisa com medidas repetidas 7 Visão geral Até aqui consideramos experimentos em que os sujeitos participam apenas de uma condição Eles são designados aleatoria mente a uma condição nos desenhos de pesquisa de grupos aleatórios e grupos pa reados ou são selecionados para um grupo no desenho de grupos naturais Esses de senhos de grupos independentes são ferra mentas poderosas para estudar os efeitos de uma ampla variedade de variáveis inde pendentes Existem ocasiões contudo em que é mais efetivo que cada sujeito partici pe de todas as condições do experimento Esses desenhos de pesquisa são chamados de desenhos de medidas repetidas ou de senhos intersujeitos Em um desenho de grupos independentes um grupo separa do serve como controle para o grupo que recebe o tratamento experimental Em um desenho de medidas repetidas os sujei tos servem como seus próprios controles pois participam da condição experimental e do controle Começamos este capítulo explorando as razões por que os pesquisadores decidem usar um desenho de medidas repetidas De pois descrevemos um dos aspectos centrais dos desenhos de pesquisa com medidas re petidas Especificamente nos desenhos de medidas repetidas os participantes podem passar por mudanças durante o experimen to à medida que são testados repetidamen te Os participantes podem melhorar com a prática por exemplo pois aprendem mais sobre a tarefa ou porque relaxam na situa ção experimental Também podem piorar com a prática por exemplo por ficarem fatigados ou menos motivados Essas mu danças temporárias são chamadas de efeitos da prática No Capítulo 6 dissemos que as dife renças individuais entre os participantes não podem ser eliminadas no desenho de grupos aleatórios mas podem ser balan ceadas pelo uso da designação aleatória De maneira semelhante não podemos eli minar os efeitos da prática que os partici pantes sofrem devido à repetição do teste nos desenhos de medidas repetidas Toda via como ocorre com as diferenças indivi duais nos desenhos de grupos aleatórios os efeitos da prática podem ser equilibrados ou balanceados entre as condições de um experimento com o desenho de medidas repetidas Quando balanceamos os efeitos da prática entre as condições eles não são 236 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister confundidos com a variável independente e é possível interpretar os resultados do ex perimento Nosso principal foco neste capítulo é descrever as técnicas que os pesquisadores podem usar para balancear os efeitos da prática Também introduziremos procedi mentos de análise de dados para desenhos de medidas repetidas Concluímos o capí tulo com uma consideração sobre os pro blemas que podem surgir em desenhos de pesquisa com medidas repetidas Por que os pesquisadores usam desenhos de medidas repetidas Os pesquisadores usam o desenho de pesquisa com medidas repetidas para 1 fazer um experimento quando exis tem poucos sujeitos disponíveis 2 fa zer o experimento de maneira mais efi ciente 3 aumentar a sensibilidade do experimento e 4 estudar mudanças no comportamento dos sujeitos ao longo do tempo Os pesquisadores têm diversas van tagens quando decidem usar um desenho de medidas repetidas Primeiro os dese nhos de medidas repetidas exigem menos sujeitos do que um desenho de grupos in dependentes de modo que são ideias para situações em que existe apenas um peque no número de sujeitos disponíveis Os pes quisadores que fazem experimentos com crianças idosos ou populações especiais como indivíduos com lesões cerebrais cos tumam ter um número pequeno de sujeitos disponíveis Os pesquisadores usam desenhos de medidas repetidas mesmo quando exis tem números suficientes de participantes disponíveis para um desenho de grupos independentes As medidas repetidas são mais convenientes e eficientes Por exem plo Ludwig Jeeves Norman e DeWitt 1993 fizeram uma série de experimentos estudando a comunicação entre os dois hemisférios do cérebro Os pesquisadores mediram quanto tempo os participantes levaram para decidir se duas letras apre sentadas rapidamente tinham o mesmo nome As letras vinham do conjunto AaBb Os sujeitos deviam pressionar a tecla match quando as letras tivessem o mesmo nome AA aa Bb bb e a tecla no match quando as letras tivessem nomes diferentes AB ab Ab aB Os pares de letras foram apre sentados de várias maneiras diferentes nos quatro experimentos mas havia duas condições principais nos experimentos As letras eram apresentadas a um hemisfério unilateral ou cada letra do par era apre sentada a cada hemisfério bilateral Entre os quatro experimentos a apresentação bilateral levou a tempos de resposta mais rápidos do que a apresentação unilateral Nesses experimentos dois hemisférios fo ram melhores do que um Cada teste no experimento de Ludwig e colaboradores 1993 exigia apenas alguns segundos para concluir Os pesquisadores podiam ter testado grupos separados de participantes para as condições unilateral e bilateral mas essa abordagem teria sido terrivelmente ineficiente Eles teriam le vado mais tempo para instruir os partici pantes com relação à natureza do teste do que para fazer o teste em si Um desenho de medidas repetidas em que cada sujeito foi testado em testes unilaterais e bilaterais proporcionou aos pesquisadores um modo muito mais conveniente e eficiente de res ponder sua pergunta sobre como o cérebro processa informações Outra vantagem importante dos dese nhos de pesquisa de medidas repetidas é que eles geralmente são mais sensíveis do que um desenho de grupos independen tes A sensibilidade de um experimento se refere à capacidade de detectar o efeito da variável independente mesmo que seja pe queno De maneira ideal os sujeitos de um estudo respondem de modo semelhante a uma manipulação experimental Contudo na prática sabemos que as pessoas não res pondem todas do mesmo modo Essa va riação do erro pode se dever a variações no Metodologia de pesquisa em psicologia 237 procedimento a cada vez que o experimen to é conduzido ou a diferenças individuais entre os participantes Um experimento é mais sensível quando existe menos varia bilidade nas respostas dos participantes de uma condição do experimento ou seja menos variação do erro De um modo ge ral os participantes de uma pesquisa com um desenho de medidas repetidas variam menos em relação a si mesmos a cada repe tição do experimento do que os participan tes de um desenho de grupos aleatórios va riam em relação aos outros sujeitos Outro modo de dizer isso é que geralmente existe mais variação entre as pessoas do que dentro das pessoas Assim a variação do erro ge ralmente será menor com o uso de medidas repetidas Quanto menos variação do erro mais fácil será para detectar o efeito de uma variável independente A maior sensibilida de dos desenhos de medidas repetidas é es pecialmente interessante para pesquisado res que estudam variáveis independentes que tenham efeitos pequenos difíceis de ver sobre o comportamento Os pesquisadores também usam o de senho de medidas repetidas porque certas áreas da pesquisa psicológica o exigem Quando a pergunta de pesquisa envolve estudar mudanças no comportamento dos sujeitos ao longo do tempo como em um experimento sobre aprendizagem é preci so usar um desenho de medidas repetidas Além disso quando o procedimento expe rimental exige que os participantes compa rem dois ou mais estímulos entre si devese usar um modelo com medidas repetidas Por exemplo se um pesquisador quisesse mensurar a quantidade mínima de luz que deveria ser adicionada até que os sujeitos conseguissem detectar que um ponto de luz ficou mais forte ele teria que usar um desenho de medidas repetidas Esse forma to também seria necessário se o pesquisa dor quisesse que os sujeitos avaliassem a beleza relativa de uma série de fotografias Áreas de pesquisa como a psicofísica ilus trada pelo experimento com detecção da luz e escalonamento ilustrada pelas ava liações da beleza baseiamse fortemente no uso de medidas repetidas Periódicos como Perception Psycophysics e Journal of Expe rimental Psychology Human Perception and Performance costumam publicar resultados de experimentos que usam medidas repeti das ver também o Quadro 71 Quadro 71 MEDIDAS REPETIDAS E O DESENHO DE PESQUISA COM MEDIDAS REPETIDAS É importante fazer uma distinção entre as di ferentes situações em que os pesquisadores testam sujeitos repetidamente Por exemplo no Capítulo 5 vimos que os pesquisadores que trabalham com o uso de levantamentos administram o levantamento mais de uma vez para a mesma pessoa em um desenho com levantamentos longitudinais de maneira a avaliar mudanças na opinião dos responden tes ao longo do tempo Em um experimento usando o desenho de medidas repetidas os pesquisadores manipulam uma variável inde pendente para comparar medidas do com portamento dos participantes em duas ou mais condições A diferença crítica é que uma variável independente é manipulada no dese nho de medidas repetidas mas não no dese nho com levantamentos longitudinais Também se pode usar repetição de tes tes quando os pesquisadores investigam a fidedignidade consistência de uma medida Os pesquisadores podem obter duas ou mais medidas dos mesmos indivíduos para estabelecer a fidedignidade de uma medida chamada fidedignidade de testereteste ver o Capítulo 5 A testagem repetida associada à fidedignidade das mensurações difere do desenho de medidas repetidas no sentido de que somente o desenho de medidas repetidas envolve uma variável independente pela qual se contrastam as respostas dos sujeitos em diferentes condições experimentais 238 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister O papel dos efeitos da prática em desenhos de medidas repetidas Não devemos confundir desenhos de medidas repetidas com variáveis de diferenças individuais pois os mesmos indivíduos participam de cada condi ção nível da variável independente O desempenho dos sujeitos em dese nhos de medidas repetidas pode mudar entre as condições simplesmente por causa da repetição dos testes e não por causa da variável independente essas mudanças são chamadas de efeitos da prática Os efeitos da prática podem ameaçar a validade interna de um experimen to com medidas repetidas quando as diferentes condições da variável inde pendente são apresentadas na mesma ordem para todos os participantes Existem dois tipos de desenhos de me didas repetidas completas e incom pletas que diferem nas maneiras espe cíficas em que controlam os efeitos da prática Definição de efeitos da prática Os desenhos de pesquisa com medidas re petidas têm outra vantagem importante além daquelas que já descrevemos Em um desenho de medidas repetidas as caracte rísticas dos participantes não podem con fundir a variável independente que é mani pulada no experimento Os mesmos sujeitos são testados em todas as condições de um desenho de medidas repetidas de modo que é impossível terminar com sujeitos mais inteligentes saudáveis ou motivados em uma condição do que em outra Dito de maneira mais formal não pode haver confusão por causa das variáveis de diferenças individuais em desenhos de medidas repetidas A ausência do potencial para confusão por variáveis de diferenças individuais é uma grande vanta gem do uso de desenhos de medidas repeti das Todavia isso não significa que não haja ameaças à validade interna de experimen tos feitos com o uso de medidas repetidas Uma ameaça potencial à validade inter na ocorre porque os participantes podem mudar ao longo do tempo A testagem re petida dos participantes no desenho de me didas repetidas proporciona prática com a tarefa experimental Como resultado dessa prática os participantes ficam cada vez me lhores em realizar a tarefa pois aprendem mais a respeito ou podem piorar por causa de fatores como fadiga ou tédio ver Figura 71 As mudanças que os participantes so frem com a testagem repetida nos desenhos de medidas repetidas são chamadas de efei tos da prática De um modo geral os efeitos da prática devem ser balanceados entre as condições quando se usa um desenho de medidas repetidas de modo que os efeitos da prática sejam compensados entre as condições A chave para fazer experimentos interpretáveis usando desenhos de medidas repetidas é aprender a usar técnicas ade quadas para balancear os efeitos da prática Apresentaremos sucintamente os dois tipos de desenhos de medidas repetidas antes de descrever o uso de técnicas específicas de balanceamento Os dois tipos de desenhos de pesqui sa com medidas repetidas são o desenho completo e o incompleto As técnicas espe cíficas para equilibrar os efeitos da prática diferem para os dois desenhos com medi das repetidas mas o termo geral usado em referência a essas técnicas é contrabalan ceamento No desenho completo os efeitos da prática são balanceados para cada par ticipante administrandose as condições várias vezes a cada um usando ordens diferentes a cada vez Desse modo cada participante pode ser considerado um ex perimento completo No desenho incom pleto cada condição é administrada a cada participante somente uma vez A ordem de administração das condições varia entre os participantes em vez de cada participante como ocorre no desenho completo Os efei tos da prática no desenho incompleto são Metodologia de pesquisa em psicologia 239 balanceados com a combinação dos resul tados de todos os participantes Isso pode parecer um pouco confuso neste ponto mas ficará mais claro quando descrever mos esses tipos de desenhos de maneira mais completa Apenas tenha em mente que um dos principais objetivos ao se usar um desenho de medidas repetidas é con trolar os efeitos da prática Balanceando efeitos da prática no desenho completo Os efeitos da prática são balanceados em desenhos completos para cada par ticipante usando randomização em blo co ou contrabalanceamento com ABBA Na randomização em bloco todas as condições do experimento um bloco são ordenadas aleatoriamente a cada vez que são apresentadas No contrabalanceamento com ABBA apresentase uma sequência aleatória de todas as condições seguida pelo oposto da sequência A randomização em bloco é preferi da sobre o contrabalanceamento com ABBA quando os efeitos da prática não são lineares ou quando o comporta mento dos participantes pode ser afeta do por efeitos da antecipação Pesquisas mostram que os sujeitos de pesquisa que olham fotografias que mos tram expressões faciais representando seis expressões humanas básicas felicidade surpresa medo tristeza raiva e nojo con seguem identificar de forma fácil e precisa Figura 71 Existem efeitos positivos e negativos em se praticar uma nova habilidade Re petir a mesma experiência pode levar a melhoras mas também pode levar à fadiga a uma redução na motivação e mesmo ao tédio 240 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister a emoção expressada Sackeim Gur e Saucy 1978 usaram o desenho de medidas repe tidas para determinar se um lado do nosso rosto expressa emoções de forma mais in tensa do que o outro Eles desenvolveram uma fotografia de um rosto completo e uma fotografia de sua imagem no espelho Então dividiram as duas fotografias ao meio formando duas fotografias compostas uma a partir das versões do lado esquer do do rosto e outra a partir das versões do lado direito A Figura 72 mostra fotografias ilustrativas No centro há uma fotografia de uma pessoa expressando nojo As duas fotografias compostas formadas a partir da fotografia do centro são apresentadas de cada lado da original Será que uma das duas composições na Figura 72 parece mais enojada do que a outra Os participantes observaram slides de fotografias como os apresentados na Figu ra 72 e deviam avaliar cada slide em uma escala de sete pontos indicando a intensi dade da emoção expressada Os slides fo ram apresentados individualmente por dez segundos e os participantes tinham 35 se gundos para fazer a avaliação A variável independente crítica no experimento era a versão da fotografia representando uma das emoções composição esquerda original ou composição direita Cada participante ava liou 54 slides 18 composições esquerdas 18 originais e 18 composições direitas As avaliações dos participantes sobre a intensidade emocional foram consistente mente mais altas para a composição esquer da do que para a direita Essa avaliação cor responde à sua avaliação de que o rosto no painel a na Figura 72 parece mais enojado do que o rosto no painel c Sackeim e co laboradores interpretaram esses resultados em termos da especialização hemisférica do cérebro De um modo geral o hemisfério es querdo controla o lado direito do corpo e o hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo Assim a composição esquerda reflete controle pelo hemisfério direito e a composição direita reflete controle pelo he misfério esquerdo As avaliações mais altas da intensidade emocional para as fotogra fias compostas pelo lado esquerdo do rosto sugerem que o hemisfério direito pode estar mais envolvido do que o esquerdo na pro dução da expressão emocional A interpretação das diferenças nas ava liações depende criticamente da ordem em que os slides foram apresentados aos par ticipantes Considere o que poderia acon tecer se todas as versões originais fossem apresentadas primeiro seguidas por todas c b a Figura 72 a composição com lado esquerdo b original e c composição com o lado direito do mesmo rosto O rosto está expressando nojo A partir de Sackeim et al 1978 Metodologia de pesquisa em psicologia 241 as composições direitas e depois por todas as composições esquerdas Se você se ima ginasse nesse experimento fazendo uma avaliação para cada um dos slides nessa longa sequência mais de 40 minutos teria uma sensação do que queremos dizer com efeitos da prática Certamente sua aten ção motivação e experiência em avaliar a emotividade das fotografias mudariam à medida que avançasse na sequência de sli des Se você desse avaliações mais altas para slides mostrados ao final dessa longa se quência suas avaliações talvez refletissem a intensidade das suas emoções de tédio e fadiga em vez da intensidade das emoções representadas nas fotografias Para evitar essa possibilidade Sackeim e colaboradores usaram técnicas de balanceamento desen volvidas especificamente para usar com o desenho completo em experimentos com medidas repetidas Usando essas técnicas de balanceamento eles garantiram que cada uma das três versões das fotografias fosse igualmente provável de aparecer em um dado momento na longa série de slides No desenho completo os participantes tiveram cada tratamento em um número de vezes suficiente para balancear os efeitos da prática para cada participante Quando o teste é simples e não consome tempo de mais como avaliar a intensidade emocional de fotografias é possível dar a cada sujeito várias experiências com cada tratamento De fato em alguns desenhos completos apenas um ou dois sujeitos são testados e cada um faz literalmente centenas de testes Todavia é mais comum os pesquisadores usarem procedimentos como os usados por Sackeim e colaboradores Ou seja vários sujeitos são testados e cada um apenas recebe cada tra tamento um número relativamente pequeno de vezes Os pesquisadores têm duas opções para decidir como organizar a ordem em que os tratamentos são administrados no desenho completo a randomização em blo co e o contrabalanceamento ABBA Randomização em bloco Apresentamos a randomização em bloco no Capítulo 6 como uma técnica efetiva para designar os sujeitos a condições no desenho com grupos aleatórios A randomização em bloco também pode ser usada para ordenar as condições para cada participante em um desenho completo Por exemplo Sackeim e colabo radores administraram cada uma das três versões de suas fotografias composição esquerda original e composição direita 18 vezes a cada participante A sequência de testes mostrada na Tabela 71 ilustra como a randomização em bloco pode ser usada para organizar a ordem das três condições do experimento A sequência de 54 ten tativas é decomposta em 18 blocos de três tentativas e cada bloco contém as três con dições do experimento em ordem aleatória De um modo geral o número de blocos em um protocolo com blocos randomizados é igual ao número de vezes em que cada condição é admi nistrada e o tamanho de cada bloco é igual ao número de condições no experimento Se um participante avalia as fotografias após a sequência no protocolo de blocos randomizados mostrado na Tabela 71 é improvável que mudanças na sua atenção motivação ou experiência com avaliar foto grafias afetem qualquer uma das condições em um grau maior do que as outras Podese esperar que os efeitos da prática sejam com pensados nas três condições experimentais A determinação da posição média de cada uma das três condições na sequência de ran domização em bloco nos dá uma indicação aproximada do balanceamento dos efeitos da prática Isso pode ser feito somandose os números das tentativas em que cada condi ção aparece e dividindo por 18 Por exem plo a versão original das fotografias O apareceu nos testes 1 5 8 11 13 18 21 24 27 28 33 34 39 40 44 48 49 e 53 A posição média das fotografias originais portanto foi 276 Os valores correspondentes para as fotografias compostas esquerda e direita são 277 e 272 respectivamente O fato de que esses valores médios são tão semelhantes nos diz que nenhuma versão das fotografias era mais provável de aparecer no começo meio ou final da sequência de 54 testes 242 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister A randomização em bloco é efetiva para equilibrar os efeitos da prática mas cada condição deve ser repetida várias vezes an tes que possamos esperar que os efeitos da prática sejam compensados Não devemos esperar que os efeitos da prática se equili brem após dois ou três blocos mais do que seria de esperar se os tamanhos de efeitos de dois ou três grupos no desenho com gru pos aleatórios resultassem em grupos com paráveis Felizmente existe uma técnica para equilibrar os efeitos da prática quando não é possível administrar cada condição em um número de vezes suficiente para que o processo de compensação por randomiza ção em bloco funcione efetivamente Contrabalanceamento ABBA Em sua for ma mais simples o contrabalanceamento ABBA pode ser usado para equilibrar os efeitos da prática no desenho completo com apenas duas administrações de cada condi ção O contrabalanceamento ABBA envolve apresentar as condições em uma sequên cia ie A depois B seguida pelo oposto da mesma sequência ie B depois A Seu nome descreve as sequências em que exis tem apenas duas condições A e B no expe rimento mas o contrabalanceamento ABBA não se limita a experimentos com apenas duas condições Sackeim e colaboradores poderiam ter apresentado as versões de suas fotografias segundo a sequência ABBA Tabela 71 Sequência de blocos randomizados de 54 testes em um experimento com três condições administradas 18 vezes cada Teste Condições Teste Condições 1 2 3 O E D original esquerda direita 28 29 30 O E D 4 5 6 D O E 31 32 33 D E O 7 8 9 D O E 34 35 36 O D E 10 11 12 E O D 37 38 39 E D O 13 14 15 O E D 40 41 42 O D E 16 17 18 D E O 43 44 45 D O E 19 20 21 D E O 46 47 48 D E O 22 23 24 E D O 49 50 51 O D E 25 26 27 D E O 52 53 54 D O E Obs As condições são as três versões das fotografias usadas por Sackeim e colaboradores 1978 E compo sição esquerda O original D composição direita Metodologia de pesquisa em psicologia 243 apresentada na linha superior da Tabela 72 rotulada como condição Observe que nesse caso seria ABCCBA pois existiriam três condições A ordem das três condições nos três primeiros testes é simplesmente in vertida para os testes 4 a 6 O contrabalanceamento ABBA é usado corretamente quando os efeitos da prática são lineares Se os efeitos da prática forem lineares a mesma quantidade de efeitos da prática é adicionada ou subtraída do de sempenho a cada teste sucessivo A linha da Tabela 72 para efeito da prática linear ilustra como o contrabalanceamento ABBA pode equilibrar os efeitos da prática Nes se exemplo uma unidade de efeitos da prática hipotéticos é adicionada ao desem penho a cada teste Como não haveria efei to da prática associado ao primeiro teste a quantidade de prática adicionada ao Teste 1 da tabela é zero O Teste 2 tem uma unida de de efeitos hipotéticos adicionada devido à experiência dos sujeitos com o primeiro teste no Teste 3 são adicionadas duas uni dades por causa da experiência dos sujeitos com dois testes e assim por diante Podemos ter uma ideia da influência dos efeitos da prática somando os valores para cada condição Por exemplo a condi ção composta esquerda tem a menor 0 e maior 5 influência dos efeitos da prática a condição composta direita tem duas quan tidades intermediárias 2 e 3 A soma dos efeitos hipotéticos da prática é 5 para as duas condições Qual seria a soma dos efeitos da prática para a condição original O ciclo ABBA pode ser aplicado a qualquer número de condições mas deve haver um número par de repetições de cada condição O contrabalanceamento ABBA equilibra os efeitos da prática de um modo ainda mais efetivo com grandes números de repetições do ciclo Todavia de um modo geral o con trabalanceamento ABBA é usado quando o número de condições e o número de repe tições de cada condição são relativamente pequenos Embora o contrabalanceamento ABBA proporcione um meio simples e adequado para equilibrar os efeitos da prática ele também tem suas limitações Por exemplo o contrabalanceamento ABBA é ineficiente quando os efeitos da prática sobre um teste não são lineares Isso é ilustrado na última linha da Tabela 72 rotulada como efeito da prática não linear Os efeitos não li neares da prática podem ocorrer quando o desempenho dos participantes muda ra dicalmente após a exposição a um ou mais testes No exemplo a composição esquerda recebe um total de apenas seis unidades hi potéticas de efeitos da prática e as outras duas condições recebem um total de 12 unidades cada Quando os efeitos da prá tica envolvem mudanças iniciais abruptas seguidas por poucas mudanças posterior mente os pesquisadores costumam ignorar o desempenho nos primeiros testes e espe rar até que os efeitos da prática atinjam um estado estável É provável que sejam ne cessárias algumas repetições de cada con dição para se chegar a um estado estável e os pesquisadores tendem a usar a randomi zação em bloco para balancear os efeitos da prática nessas situações O contrabalanceamento ABBA também não é efetivo no caso de efeitos da antecipa ção Os efeitos da antecipação ocorrem quando o sujeito desenvolve expectativas sobre qual condição deve ocorrer a seguir na sequên Tabela 72 Sequência contrabalanceada na forma ABBA para testes em um experimento com três condições composição esquerda original e composição direita Teste 1 Teste 2 Teste 3 Teste 4 Teste 5 Teste 6 Condição Esquerda Original Direita Direita Original Esquerda Efeito da prática linear 0 1 2 3 4 5 Efeito da prática não linear 0 6 6 6 6 6 244 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister cia A resposta do sujeito à condição pode ser influenciada mais por essa expectativa do que pela experiência real da condição em si Por exemplo considere um experimento de percepção do tempo no qual a tarefa do sujeito era estimar a duração do tempo que passou entre a apresentação de um sinal na tela do computador indicando o come ço de um período e outro sinal indicando o seu fim É claro os participantes tinham que marcar o tempo durante o período em questão contando ou com uma batida rít mica Se os períodos de tempo nesse ex perimento fossem de 12 24 e 36 segundos uma sequência ABBA possível de condições seria 122436362412 Se esse ciclo fosse repetido várias vezes os participantes pro vavelmente reconheceriam o padrão e espe rariam uma série de períodos crescentes e depois decrescentes Suas estimativas logo poderiam começar a refletir esse padrão em vez de sua percepção de cada período inde pendente Se existe probabilidade de haver efeitos da antecipação devese usar rando mização em bloco em vez de contrabalan ceamento ABBA Balanceando os efeitos da prática no desenho incompleto Os efeitos da prática são balanceados entre os sujeitos no desenho incompleto em vez de para cada sujeito como no desenho completo A regra para balancear os efeitos da prática no desenho incompleto é que cada condição do experimento deve ser apresentada em cada posição ordinal primeira segunda etc com a mesma frequência O melhor método para balancear os efeitos da prática no desenho incom pleto com quatro ou menos condições é usar todas as ordens possíveis das con dições Dois métodos para selecionar ordens específicas para usar em um desenho incompleto são o Quadrado Latino e a ordem inicial aleatória com rotação Independentemente de usarem todas as ordens possíveis ou selecionadas os participantes devem ser designados aleatoriamente às diferentes sequências No desenho incompleto cada partici pante recebe cada tratamento somente uma vez Os resultados para qualquer participan te portanto não podem ser interpretados pois os níveis da variável independente para cada um são perfeitamente confundi dos com a ordem em que esses níveis foram apresentados Por exemplo o primeiro par ticipante em um experimento com desenho incompleto pode ser testado em primeiro lugar na condição experimental E e em segundo na condição de controle C Qual quer diferença observada no desempenho do sujeito entre as condições experimental e controle talvez se deva ao efeito da variá vel independente ou aos efeitos da prática que resultam da ordem EC Para impedir essa confusão entre a ordem das condições e a variável independente podemos admi nistrar ordens diferentes das condições a diferentes participantes Por exemplo po demos administrar as condições de nosso experimento com desenho incompleto a um segundo sujeito na ordem CE testando primeiro a condição de controle e depois a condição experimental Desse modo pode mos balancear os efeitos da ordem entre as duas condições usando dois participantes em vez de um Para ilustrar as técnicas usadas para balancear os efeitos da prática no desenho incompleto usaremos um experimento de medidas repetidas do campo da psicologia da saúde que estudou os efeitos de exercí cios aeróbicos sobre os humores dos parti cipantes Hansen Stevens e Coast 2001 O propósito do estudo era determinar o tempo de exercício necessário para gerar melhoras no humor e os pesquisadores compararam 30 minutos de repouso calmo 0 exercício com 10 20 e 30 minutos de exercício O exercício consistia em andar em uma bici cleta ergométrica estacionária que permitia monitorar a frequência cardíaca Durante as Metodologia de pesquisa em psicologia 245 sessões de exercícios usouse um período de aquecimento para alcançar a frequên cia cardíaca correspondente a um exercício de intensidade moderada e os participan tes pedalaram pela quantidade de tempo requerida no teste mantendo aquela fre quência cardíaca Antes dos exercícios e de pois de um período de resfriamento após o exercício os participantes responderam um inventário de humor para avaliar o seu humor naquele momento Cada partici pante do sexo feminino foi testada em cada uma das quatro condições com sessões de teste no mesmo dia da semana com uma semana de diferença por quatro semanas consecutivas Os participantes foram de signados aleatoriamente a uma certa ordem das quatro condições Antes de descrever a técnica que pode ser usada para balancear os efeitos da prá tica para uma variável independente no desenho incompleto daremos uma olhada rápida nos resultados do estudo de Hansen e colaboradores A variável dependente nes se estudo era a diferença entre as avaliações de humor dos participantes antes e depois de fazerem exercícios e antes e depois de repousarem na condição de 0 exercício Os pesquisadores analisaram mudanças no ní vel de depressão ansiedade raiva fadiga e confusão pex sentirse sobrepujado e um estado de vigor com humor positivo De um modo geral os resultados indicam que a prática de exercício aumentou o vi gor e diminuiu a confusão fadiga e humor negativo total uma soma de escores de hu mor Quanto exercício foi necessário para enxergar esses efeitos As análises indicam que as melhoras ocorreram com apenas 10 minutos de exercício Com 20 minutos de exercício os participantes tiveram melhoras na sensação de confusão não houve ganhos adicionais no humor quando os participan tes atingiram 30 minutos de exercício Han sen e colaboradores 2001 concluíram que juntamente com recomendações sobre a boa forma pex Centers for Disease Control para ter boa forma e obter benefícios para a saúde adultos saudáveis devem fazer um total de 30 minutos de exercícios físicos mo derados diariamente acumulados em pe quenos períodos ao longo do dia p 267 Voltamos nossa atenção agora para as técnicas de balanceamento que são usadas no desenho incompleto Em um desenho incompleto é essencial que os efeitos da prática sejam balanceados variandose a or dem em que as condições são apresentadas A regra geral para balancear os efeitos da prática no desenho incompleto é simples cada condição do experimento deve aparecer em cada posição ordinal 1º 2º 3º etc com a mes ma frequência Existem várias técnicas para satisfazer essa regra geral Essas técnicas diferem no balanceamento adicional que realizam mas enquanto as técnicas forem usadas adequadamente a regra básica será cumprida e o experimento será interpretá vel Ou seja se o balanceamento adequado for implementado estaremos em posição de determinar se foi a variável independente e não os efeitos da prática que influenciou o comportamento dos participantes Todas as ordens possíveis A técnica prefe rida para balancear os efeitos da prática no desenho incompleto é usar todas as ordens possíveis das condições Cada participante é designado aleatoriamente a uma das or dens Com apenas duas condições existem apenas duas ordens possíveis AB e BA com três condições existem seis ordens pos síveis ABC ACB BAC BCA CAB CBA De um modo geral existem N que se lê N fatorial ordens possíveis com N condições onde N é igual a NN 1N 2 N N 1 Como vimos existem seis ordens pos síveis com três condições que é 3 3 x 2 x 1 6 O número de ordens aumenta drasti camente com o aumento no número de con dições Por exemplo para cinco condições existem 120 ordens possíveis e para seis condições já existem 720 ordens possíveis Por causa disso o uso de todas as ordens possíveis costuma se limitar a experimentos envolvendo quatro ou menos condições Como existem quatro condições no ex perimento de Hansen e colaboradores 2001 246 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister 1991 sobre a prática de exercícios seriam necessárias 24 sequências para obter todas as ordens possíveis de condições Essas se quências ordens de condições são apresen tadas na metade esquerda da Tabela 73 O uso de todas as ordens possíveis certamente satisfaz a regra geral de garantir que todas as condições apareçam em cada posição ordi nal com a mesma frequência A primeira po sição ordinal mostra esse balanceamento de forma mais clara as seis primeiras sequên cias começam com a condição de 0 exercício e cada um dos próximos seis conjuntos de sequências começa com uma das três condi ções de exercício O mesmo padrão se apli ca a cada uma das quatro posições ordinais Por exemplo a condição 0 também aparece seis vezes na segunda posição ordinal seis vezes na terceira posição ordinal e seis ve zes na quarta posição ordinal O mesmo se aplica às condições de 10 20 e 30 minutos de exercício Existe outra questão que deve ser abor dada para se decidir usar todas as ordens possíveis Para que essa técnica seja efetiva é essencial que pelo menos um sujeito seja testado com cada uma das ordens possíveis das condições Ou seja pelo menos um par ticipante deve receber a ordem 0102030 pelo menos um deve receber a ordem 010 3020 e assim por diante Portanto o uso de todas as ordens possíveis exige pelo menos o mesmo número de participantes que de ordens possíveis Assim se existem quatro condições no experimento são necessários pelo menos 24 participantes ou 48 ou 72 ou algum múltiplo de 24 Essa restrição torna muito importante que o pesquisador tenha uma boa ideia do número de participantes potenciais disponíveis antes de testar o pri meiro participante 1 Ordens selecionadas Descrevemos o método preferido para balancear os efeitos da prática no desenho incompleto e todas as ordens possíveis No entanto existem ocasiões em que o uso de todas as ordens possíveis não é prático Por exemplo se Tabela 73 Técnicas alternativas para balancear efeitos da prática em um experimento com um desenho de medidas repetidas incompleto com quatro condições Ordens selecionadas Ordem inicial aleatória com rotação Todas as ordens possíveis Quadrado Latino Posição ordinal Posição ordinal Posição ordinal Posição ordinal 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 0 10 20 30 20 0 10 30 0 10 20 30 10 20 30 0 0 10 30 20 20 0 30 10 10 30 0 20 20 30 0 10 0 20 10 30 20 10 0 30 30 20 10 0 30 0 10 20 0 20 30 10 20 10 30 0 20 0 30 10 0 10 20 30 0 30 10 20 20 30 0 10 0 30 20 10 20 30 10 0 10 0 20 30 30 0 10 20 10 0 30 20 30 0 20 10 10 20 0 30 30 10 0 20 10 20 30 0 30 10 20 0 10 30 0 20 30 20 0 10 10 30 20 0 30 20 10 0 Obs As quatro condições são identificadas usando o tempo de exercício do experimento de Hansen e colabora dores 2001 0 exercício 10 minutos 20 minutos e 30 minutos Metodologia de pesquisa em psicologia 247 quiséssemos usar o desenho incompleto para estudar uma variável independente com sete níveis precisaríamos testar 5040 participantes se usássemos todas as or dens possíveis das sete condições 7 or dens Obviamente precisamos de alguma alternativa a usar todas as ordens possí veis se formos usar o desenho incomple to para experimentos com cinco ou mais condições Os efeitos da prática podem ser balan ceados usando apenas algumas das ordens possíveis O número de ordens seleciona das sempre será igual a algum múltiplo do número de condições no experimento Por exemplo para fazer um experimento com uma variável independente com sete níveis devemos selecionar 7 14 21 28 ou algum outro múltiplo de sete ordens para balancear os efeitos da prática As duas variações básicas no uso de ordens sele cionadas são ilustradas na Tabela 73 Para permitir que você compare os tipos de ba lanceamento de forma mais direta ilustra mos as técnicas para ordens selecionadas com a variável independente em quatro níveis do experimento de Hansen e colabo radores 2001 que descrevemos na seção anterior O primeiro tipo de balanceamen to usando ordens selecionadas se chama Quadrado Latino Em um Quadrado Latino a regra geral para balancear os efeitos da prática é satisfeita Ou seja cada condição aparece uma vez em cada posição ordinal Por exemplo à direita do centro da Tabela 73 podemos ver que no Quadrado Latino a condição 0 aparece exatamente uma vez na primeira segunda terceira e quar ta posições ordinais Isso ocorre com cada condição Além disso em um Quadrado Latino cada condição precede e segue cada condição exatamente uma vez Uma análise do Quadrado Latino na Tabela 73 mostra que a ordem 010 aparece uma vez assim como a ordem 100 A ordem 1020 aparece uma vez assim como a or dem 2010 e assim por diante para cada combinação de condições O procedimen to para se construir um Quadrado Latino é descrito no Quadro 72 A segunda técnica de balanceamento usando ordens selecionadas exige que você comece com uma ordem aleatória das con dições e faça uma rotação sistemática dessa sequência com cada condição avançando uma posição para a esquerda de cada vez ver o exemplo na Tabela 73 O uso de uma ordem inicial aleatória com rotação equili bra efetivamente os efeitos da prática pois como no Quadrado Latino cada condição aparece em cada posição ordinal Todavia a rotação sistemática das sequências signi fica que cada condição sempre segue e pre cede as mesmas outras condições pex 30 sempre vem depois de 20 e antes de 0 que não é como a técnica do Quadrado Latino A simplicidade da técnica da ordem inicial aleatória com rotação e sua aplicabilidade a experimentos com mais de quatro condi ções são suas principais vantagens O uso de todas as ordens possíveis Quadrados Latinos e ordens iniciais aleató rias com rotação é igualmente efetivo para equilibrar os efeitos da prática pois todas as três técnicas garantem que cada condi ção apareça em cada posição ordinal com a mesma frequência Independentemente de qual técnica se usa para balancear os efeitos da prática as sequências de condições deve ser completamente preparada antes de se testar o primeiro sujeito e os sujeitos de vem ser designados aleatoriamente a essas sequências Análise de dados de desenhos de medidas repetidas Descrevendo os resultados A análise de dados para um desenho completo começa calculandose um escore resumo pex média mediana para cada participante Usamse estatísticas descritivas para sintetizar o desempenho entre todos os participantes para cada condição da va riável independente 248 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Depois de verificar se existem erros e valores extremos ou atípicos nos dados o primeiro passo para analisar um experi mento com medidas repetidas é sintetizar o desempenho dos participantes em cada condição do experimento Em desenhos com grupos aleatórios isso significa sim plesmente listar os escores dos participan tes testados em cada uma das condições do experimento e depois sintetizar esses esco res com estatísticas descritivas como a mé dia e o desvio padrão Em um desenho de medidas repetidas incompleto cada parti cipante tem um escore em cada condição mas ainda é relativamente fácil sintetizar os escores para cada condição Ao fazer isso você deve ter cuidado quando des dobrar as diversas ordens em que os par ticipantes foram testados para garantir que os seus escores sejam listados com a condi ção correta Uma vez que todos os escores de cada condição foram listados podemse calcular médias e desvios padrão para des crever o desempenho em cada condição Uma etapa adicional deve ser segui da ao se analisar um desenho de medidas repetidas completo Primeiramente você deve calcular um escore para cada sujeito em cada condição antes de começar a sin tetizar e descrever os resultados Essa etapa adicional é necessária porque cada sujeito é testado mais de uma vez em cada condição Quadro 72 COMO CONSTRUIR UM QUADRADO LATINO Um procedimento simples para construir um quadrado com um número N par de condi ções é o seguinte 1 Ordene as condições do experimento aleato riamente 2 Numere as condições na ordem aleatória 1 a N Assim se você tinha N 4 condições A B C D e a ordem aleatória do Passo 1 ficou B A D C então B 1 A 2 D 3 C 4 3 Para gerar a primeira linha primeira ordem de condições use a seguinte regra 1 2 N 3 N 1 4 N 2 5 N 3 6 etc Em nosso exemplo isso produziria 1 2 4 3 4 Para gerar a segunda linha segunda ordem de condições adicione 1 a cada número na primeira linha mas com o entendimento de que 1 adicionado a N 1 Teríamos então 2 3 1 4 5 A terceira linha terceira ordem de condições é gerada adicionandose 1 a cada número na segunda linha e novamente N 1 1 A terceira linha seria 3 4 2 1 6 Usase um procedimento semelhante para cada linha sucessiva Você consegue construir a quarta linha desse quadrado 4 x 4 7 Designe as condições a seus números corres pondentes conforme determinado no Passo 2 O Quadrado Latino para esse exemplo seria B A C D A D B C D C A B C B D A Se houver um número ímpar de condições devem ser construídos dois quadrados O pri meiro pode ser feito conforme a regra apre sentada para quadrados com números pares O segundo quadrado é gerado invertendose as linhas do primeiro quadrado Por exemplo suponhamos que N 5 e a primeira linha do primeiro quadrado seja B A E C D Os dois quadrados são mesclados para formar um quadrado N x 2N Em ambos os casos par ou ímpar os sujeitos devem ser designados aleatoriamente às linhas do quadrado Assim você deve ter disponíveis pelo menos tantos sujeitos quantos múltiplos de linhas houver Os procedimentos para selecionar e construir Quadrados Latinos também são descritos em Winer Brown e Michels 1991 p 674679 Metodologia de pesquisa em psicologia 249 em um desenho completo Por exemplo cinco sujeitos foram testados em um expe rimento de percepção do tempo feito como uma demonstração em sala de aula sobre um desenho de medidas repetidas comple to O propósito do experimento não era tes tar a acurácia das estimativas do tempo dos participantes em comparação com duração de intervalos de tempo reais Ao contrário era determinar se as duas estimativas au mentavam sistematicamente com duração de intervalos de tempo maiores Em outras palavras será que os participantes discrimi nariam períodos de durações diferentes Cada participante do experimento foi testado seis vezes em cada uma das quatro durações de intervalos de tempo 12 24 36 e 48 segundos Usouse randomização em bloco para determinar a ordem em que os períodos foram apresentados Assim cada participante fez 24 estimativas do tempo seis para cada uma das quatro durações de intervalos de tempo Qualquer uma das seis estimativas para um determinado período de tempo é contaminada pelos efeitos da prática de modo que precisamos de uma medida que combine informações entre as seis estimativas Geralmente a média entre as seis estimativas para cada intervalo de tempo seria calculada para cada participan te de maneira a proporcionar uma única es timativa para cada condição Todavia como você deve lembrar escores extremos podem influenciar a média é bastante possível que os participantes tenham dado estimativas extremas dos intervalos de tempo para pelo menos um dos seis testes de cada interva lo de tempo Assim para este conjunto de dados específico a mediana das seis estima tivas provavelmente seja a melhor medida para refletir as estimativas dos participantes sobre os intervalos de tempo Essas estima tivas medianas arredondadas ao próximo número inteiro são listadas na Tabela 74 Talvez você esteja acostumado a ver a mé dia e a mediana como estatísticas descriti vas que sintetizam o comportamento de um grupo todavia como ilustra o exemplo essas estatísticas resumo também podem ser usadas para representar o desempenho de uma pessoa quando esse desempenho é uma média entre várias tentativas Uma vez que se obteve um escore in dividual para cada participante em cada condição o próximo passo é sintetizar os re sultados entre os participantes usando es tatísticas descritivas apropriadas A estima tiva média e o desvio padrão DP para cada um dos quatro intervalos de tempo são lis tados na linha Média DP na Tabela 74 Embora tenham sido incluídos dados para apenas cinco participantes na tabela essas estimativas médias indicam que os sujeitos parecem ter discriminado entre intervalos de tempo de diferentes durações pelo me nos para períodos de até 36 segundos Tabela 74 Matriz de dados para um experimento com desenho de medidas repetidas Matriz de dados Duração do intervalo de tempo Sujeito 12 24 36 48 1 13 21 30 38 2 10 15 38 35 3 12 23 31 32 4 12 15 22 32 5 16 36 69 60 Média DP 12620 22077 380163 394105 Obs Cada valor na tabela representa a mediana das seis respostas dos sujeitos em cada nível da variável dura ção do intervalo de tempo A linha inferior mostra as médias das medianas das seis respostas dos cinco partici pantes em cada intervalo 250 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Dica de estatística Como mencionamos no Capítulo 6 uma boa ideia é incluir medidas do tamanho do efeito quando se descrevem os resultados de um experimento Uma medida típica do tama nho do efeito para um desenho de medidas repetidas é a intensidade da medida da as sociação chamada de eta quadrado η 2 O valor de eta quadrado para o experimento de percepção do tempo era de 080 Esse valor indica que uma grande proporção da varia ção nas estimativas do tempo dos partici pantes pode ser explicada pela variável inde pendente da duração do intervalo de tempo Mais informações sobre o cálculo de tama nhos do efeito e sua interpretação podem ser encontradas nos Capítulos 11 e 12 No Capítulo 12 ilustramos como calcular o eta quadrado usando os dados da Tabela 74 Confirmando o que os resultados revelam Os procedimentos gerais e a lógica para o teste da hipótese nula e para os inter valos de confiança para desenhos de me didas repetidas são semelhantes aos usa dos para desenhos de grupos aleatórios A análise de dados para experimentos que usam desenhos de medidas repetidas envolve os mesmos procedimentos ge rais que descrevemos no Capítulo 6 para a análise de experimentos com desenhos de grupos aleatórios Os pesquisadores usam testes da hipótese nula e intervalos de confiança para considerar se a variável independente teve algum efeito Usaremos o experimento da percepção do tempo para ilustrar como os pesquisadores confirmam o que os dados revelam quando usam dese nhos de medidas repetidas O foco da análise do experimento sobre percepção do tempo era se os participan tes conseguiam discriminar intervalos de tempo de durações variadas Não podemos afirmar que os participantes conseguem dis criminar intervalos de tempo de durações variadas até que saibamos que as diferenças médias na Tabela 84 são maiores do que se ria de esperar apenas com base na variação do erro Ou seja mesmo que possa parecer que os participantes conseguem discrimi nar os diferentes intervalos de tempo não sabemos se o seu desempenho foi diferente do que ocorreria ao acaso Assim devemos considerar o uso de instrumentos analíticos do teste da hipótese nula e a construção de intervalos de confiança para nos ajudar a tirar uma conclusão sobre a efetividade da variável independente Uma característica distinta da análise de desenhos de medidas repetidas é a ma neira em que se estima a variação do erro No Capítulo 7 descrevemos que para o de senho com grupos aleatórios as diferenças individuais entre os participantes dentro dos grupos proporcionam uma estimativa da variação do erro Em desenhos de medi das repetidas porém as diferenças entre os participantes não são apenas balanceadas elas são realmente eliminadas da análise A capacidade de eliminar a variação sistemá tica devida aos participantes em desenhos de medidas repetidas torna esses desenhos mais sensíveis de um modo geral do que os desenhos com grupos aleatórios A fonte de variação do erro nos desenhos de medi das repetidas está nas diferenças nas manei ras em que as condições afetam participan tes diferentes Dica de estatística O fato de que a variação do erro é estima da de maneira diferente em um desenho de medidas repetidas do que em um desenho com grupos independentes significa que o cálculo do teste t e do teste F usados para testar a hipótese nula também difere De forma semelhante existe alteração na ma neira como os intervalos de confiança são calculados No Capítulo 12 usamos os da dos da Tabela 74 para mostrar como o tes te F e os intervalos de confiança são usados para tirar conclusões como parte de um desenho de medidas repetidas A hipótese nula para a análise dos dados da Tabela Metodologia de pesquisa em psicologia 251 O problema da transferência diferencial A transferência diferencial ocorre quan do os efeitos de uma condição persis tem e influenciam o desempenho em condições subsequentes As variáveis que podem levar à trans ferência diferencial devem ser testadas usando um desenho com grupos alea tórios pois a transferência diferencial ameaça a validade interna de desenhos de medidas repetidas EXERCÍCIO Para este exercício você deve calcular a mé dia para cada nível da variável independente neste desenho de medidas repetidas com pleto Primeiramente você deve calcular um escore resumo para cada participante de cada condição antes de sintetizar e descrever os resultados para as três condições Em um experimento sobre a percepção três participantes foram testados para avaliar sua capacidade de identificar padrões visuais complexos A cada apresentação os partici pantes observaram brevemente um padrão complexo alvo seguido por um teste com um conjunto de quatro padrões o alvo e os outros três padrões semelhantes Sua tarefa era escolher o padrãoalvo do grupo A variá vel independente era o atraso entre o alvo e o teste com três níveis 10s 30s 50s A cada um dos seis testes os participantes fizeram 50 avaliações em um nível da variável inde pendente A tabela mostra a sequência ABBA contrabalanceada de testes para cada partici pante a cada rodada Os valores entre parên teses representam o número de erros a variá vel dependente cometidos por cada sujeito a cada rodada 50 max Use esta tabela para descrever o efeito da variável independente atraso sobre o número de erros Sujeito Teste 1 Teste 2 Teste 3 Teste 4 Teste 5 Teste 6 1 30s9 50s6 10s2 10s6 50s10 30s3 2 50s10 30s6 10s2 10s4 30s8 50s8 3 10s1 50s6 30s7 30s3 50s8 10s3 74 é que a média populacional estimada pela média amostral é a mesma em todas as condições de duração dos intervalos de tempo Depois de fazer uma análise da variância desses dados ver o Capítulo 12 podemos dizer que a probabilidade asso ciada ao teste F para o efeito da duração do intervalo de tempo era p 00004 Como essa probabilidade é menor do que o nível de significância convencional 005 o efeito da variável duração do intervalo de tempo era estatisticamente significativo Com base nessa observação podemos afirmar que as estimativas do intervalo de tempo dos su jeitos diferiam sistematicamente em função da duração do intervalo de tempo Já sabe mos a partir de nosso cálculo do tamanho do efeito eta quadrado 080 que ele re presenta um grande efeito No Capítulo 12 usamos os mesmos dados para calcular intervalos de confian ça de 095 para a média da Tabela 74 Os intervalos de confiança em segundos para as quatro condições são 12 54198 24 148292 36 308452 48 322466 Como você aprendeu no Capítulo 6 ver também Quadro 115 quando os interva los não se sobrepõem podemos dizer que as médias populacionais estimadas pelas médias amostrais são diferentes Será que uma análise desses intervalos nos dizem quais médias seriam consideradas diferen tes Uma maneira conveniente de analisar a relação entre os intervalos de confiança é plotálos em um gráfico Por exemplo veja a Figura 122 no Capítulo 12 na qual os in tervalos apresentados aqui são plotados ao redor das médias amostrais obtidas no ex perimento de estimação do tempo 252 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister A transferência diferencial pode ser identificada comparandose os resul tados para a mesma variável indepen dente quando testada em um desenho de medidas repetidas e em um desenho com grupos aleatórios Os pesquisadores podem superar o problema potencial dos efeitos da prática em desenhos de medidas repetidas usan do técnicas apropriadas para balancear os efeitos da prática Existe um problema po tencial muito mais sério que pode surgir em desenhos de medidas repetidas conhecido como transferência diferencial Poulton 1973 1975 1982 Poulton e Freeman 1966 A transferência diferencial ocorre quando o desempenho em uma condição difere da condição que a precede Considere um experimento com reso lução de problemas no qual dois tipos de instruções estão sendo comparadas em um desenho de medidas repetidas Esperase que um conjunto de instruções A melhore a resolução do problema ao passo que o ou tro conjunto de instruções B deveria servir como a condição de controle neutra É razoá vel esperar que os participantes testados na ordem AB sejam incapazes ou não se dispo nham a abandonar a abordagem proposta nas instruções A quando deverem seguir as instruções B Abrindo mão da coisa boa os participantes sob a instrução A seriam o cor relato de seguir com êxito a instrução não pense em elefantes corderosa Quando os sujeitos deixam de omitir a instrução da primeira condição A quando devem seguir a instrução B a diferença entre as duas con dições é reduzida Para esses participantes afinal a condição B não é testada realmente O experimento se torna uma situação em que os sujeitos são testados em uma condição AA e não uma condição AB De um modo geral a presença da trans ferência diferencial ameaça a validade inter na pois se torna impossível determinar se existem diferenças verdadeiras entre as con dições Ela também tende a subestimar as diferenças entre as condições e assim reduz a validade externa dos resultados Portanto quando pode haver transferência diferencial os pesquisadores devem escolher um desenho com grupos independentes A transferência dife rencial é comum o suficiente com variáveis instrucionais para se advertir contra o uso de desenhos de medidas repetidas com esses estudos Underwood e Shaughnessy 1975 Infelizmente a transferência diferencial pode ocorrer em qualquer desenho de medidas re petidas Por exemplo o efeito de 50 unidades de maconha pode ser diferente se administra do depois que o sujeito consumiu 200 unida des do que se ele tiver consumido o placebo pex se o participante tiver uma tolerância maior para maconha após consumir a dose de 200 unidades Todavia existem maneiras de determinar se houve transferência diferencial A melhor maneira de determinar se a transferência diferencial é um problema é fazer dois experimentos separados Poul ton 1982 A mesma variável independente seria estudada em ambos os experimentos mas um desenho de grupos aleatórios seria usado em um experimento e um desenho de medidas repetidas no outro O desenho de grupos aleatórios não pode envolver transferência diferencial pois cada partici pante é testado em apenas uma condição Se o experimento que usou o desenho de me didas repetidas apresentou o mesmo efeito da variável independente que o desenho de grupos aleatórios provavelmente não hou ve transferência diferencial Todavia se os dois desenhos apresentam efeitos diferentes para a mesma variável independente é pro vável que a transferência diferencial seja res ponsável por produzir o resultado diferente no desenho de medidas repetidas Quando ocorre transferência diferencial os resulta dos do desenho de grupos aleatórios devem ser usados para proporcionar a melhor des crição do efeito da variável independente Resumo Os desenhos de medidas repetidas são um modo efetivo e eficiente de conduzir um ex perimento administrando todas as condições Metodologia de pesquisa em psicologia 253 do experimento a cada participante ver Figu ra 73 Os desenhos de medidas repetidas são úteis quando existem poucos participantes disponíveis ou quando uma variável inde pendente pode ser estudada de maneira mais eficiente testando menos sujeitos várias vezes Os desenhos de medidas repetidas são expe rimentos mais sensíveis de um modo geral Finalmente determinadas áreas da pesquisa psicológica pex psicofísica podem exigir o uso de desenhos de medidas repetidas Não obstante para que um experimen to feito com um desenho de medidas repeti das seja interpretável é preciso balancear os efeitos da prática Os efeitos da prática são alterações que os sujeitos sofrem por cau sa da repetição dos testes Em um desenho completo de medidas repetidas os efeitos da prática são balanceados para cada parti cipante A randomização em bloco e o con trabalanceamento ABBA podem ser usados para balancear os efeitos da prática em um desenho de medidas repetidas completo Todavia não devemos usar contrabalancea mento ABBA se esperarmos que os efeitos da prática sejam não lineares ou se houver a probabilidade de efeitos da antecipação Em um desenho de medidas repetidas incompleto cada participante recebe cada tratamento apenas uma vez balanceando se os efeitos da prática entre os participan tes As técnicas para balancear os efeitos da prática em um desenho de medidas repe tidas incompleto envolvem usar todas as ordens possíveis ou ordens selecionadas o Quadrado Latino e a rotação de uma ordem inicial aleatória O processo de análise de dados para os resultados de desenhos de medidas repeti das incompleto é essencialmente o mesmo usado para analisar os resultados de dese nhos de grupos aleatórios Outro passo para o desenho de medidas repetidas completo é que os escores de cada participante sejam sintetizados dentro de cada condição Os da dos são analisados em busca de erros e sinte tizados com o uso de estatísticas descritivas como a média o desvio padrão e medidas do tamanho do efeito Teste de hipótese nula e intervalos de confiança são usados para mostrar que a variável independente teve um efeito sobre o comportamento O problema mais sério em qualquer de senho de medidas repetidas é a transferên cia diferencial quando o desempenho em uma condição difere dependendo de qual condição vem antes dela Existem procedi mentos para detectar a presença de transfe rência diferencial mas resta pouco a fazer para salvar um estudo em que ela ocorre Quantas vezes cada nível foi administrado a cada participante Desenhos de medidas repetidas Incompleto Uma vez Não Sim Não Sim Mais de uma vez Existem quatro condições ou menos É provável que haja problemas de antecipação Completo Todas as ordens possíveis Ordens selecionadas Randomização em bloco Contrabalancea mento ABBA Figura 73 Neste capítulo apresentamos desenhos de pesquisa com medidas repetidas e métodos para contrabalançar 254 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Conceitos básicos desenhos de medidas repetidas 235 sensibilidade 236 efeitos da prática 238 contrabalanceamento 238 transferência diferencial 252 Questões de revisão 1 Descreva o que é balanceado em um de senho de grupos aleatórios e o que é ba lanceado em um desenho de medidas re petidas 2 Descreva sucintamente quatro razões por que os pesquisadores escolheriam usar um desenho de medidas repetidas 3 Defina sensibilidade e explique por que os desenhos de medidas repetidas costu mam ser mais sensíveis do que os dese nhos de grupos aleatórios 4 Faça uma distinção entre um desenho completo e um desenho incompleto para desenhos de medidas repetidas 5 Que opções os pesquisadores têm para balancear os efeitos da prática em um ex perimento com medidas repetidas usando um desenho completo 6 Quais são as duas circunstâncias em que você recomendaria contra o uso do con trabalanceamento ABBA para balancear os efeitos da prática em um experimento com medidas repetidas usando um dese nho completo 7 Qual é a regra geral para balancear os efeitos da prática em experimentos com medidas repetidas usando um desenho incompleto 8 Descreva sucintamente as técnicas que os pesquisadores podem usar para balancear os efeitos da prática nos experimentos de medidas repetidas usando um desenho incompleto Identifique qual dessas técni cas é a preferida e explique por que 9 Explique por que existe um passo inicial adicional necessário para sintetizar os da dos para um experimento envolvendo um desenho de medidas repetidas completo 10 Descreva como os pesquisadores podem determinar se houve transferência dife rencial em um experimento de medidas repetidas Metodologia de pesquisa em psicologia 255 DESAFIOS 1 Os seguintes problemas representam di ferentes situações em desenhos de medi das repetidas em que é preciso balancear os efeitos da prática A Considere um experimento com me didas repetidas usando um desenho completo e envolvendo uma variável independente A variável independente no experimento é a dificuldade do tes te com três níveis baixa média e alta Você deve preparar uma ordem para administrar as condições desse expe rimento de modo que a variável inde pendente seja balanceada em relação aos efeitos da prática Primeiramente deve usar randomização em bloco para balancear os efeitos da prática e depois usar contrabalanceamento ABBA para balancear os efeitos da prática Cada condição deve aparecer duas vezes na ordem que você prepa rar Você pode usar a primeira linha da tabela de números aleatórios Tabela A1 fornecida no Apêndice para deter minar suas duas ordens aleatórias para a randomização em bloco B Considere um experimento com me didas repetidas usando um desenho incompleto A variável independente no experimento é o tamanho da fonte em que um parágrafo foi impresso e existem seis níveis 7 8 9 10 11 e 12 Apresente uma tabela mostrando como você determinaria a ordem de administração das condições para os seis primeiros participantes do experi mento Certifiquese de que os efeitos da prática são balanceados para es ses participantes 2 A busca giratória é um teste da coordena ção perceptivomotora Ela usa um toca discos com um disco do tamanho de uma moeda de 10 centavos O sujeito recebe um pointer e deve mantêlo sobre o dis co enquanto o tocadiscos gira A variável dependente é a porcentagem do tempo em cada teste que o participante mantém o pointer sobre o disco A aprendizagem está linearmente relacionada com os tes tes ao longo de muitos períodos de prática e geralmente leva bastante tempo para se aprender Um pesquisador deseja estudar a influência da hora do dia sobre o desem penho nesse teste com quatro horários diferentes 10h 14h 18h e 22h Os partici pantes fazem um número constante de ro dadas em cada uma das quatro condições e são testados em uma condição por dia ao longo de quatro dias consecutivos A Que desenho está sendo usado para a variável hora do dia neste experi mento B Prepare um Quadrado Latino para ba lancear os efeitos da prática entre as condições desse experimento C O pesquisador decide usar todas as ordens possíveis para balancear os efeitos da prática Ele designa cada participante a uma das 24 ordens possíveis das condições Qual de senho experimental é usado quando você olha apenas a primeira condição a que cada participante é designado D Como o pesquisador poderia testar se houve transferência diferencial quan do todas as ordens possíveis foram usadas para balancear os efeitos da prática 3 A tabela a seguir representa a ordem de administração das condições aos partici pantes em um experimento de medidas re petidas usando um desenho incompleto cuja variável independente era o volume de um som a ser detectado pelos partici pantes enquanto estavam se concentran do em outra tarefa Os três sons eram ex tremamente suave ES muito suave MS e suave S Os valores entre parênteses representam o número de vezes que cada participante detectou o som em cada con dição Use a tabela quando necessário para responder as perguntas a seguir Sujeito Ordem de condições 1 ES 2 MS 9 S 9 2 MS 9 S 5 ES 7 3 S 4 ES 93 MS 5 4 ES 6 S 10 MS 8 5 MS 7 ES 8 S 6 6 S 8 MS 4 ES 4 256 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Resposta ao Desafio 1 A Designando os valores 1 2 e 3 às condi ções Baixa Média e Alta respectivamente e usando a primeira linha da tabela de nú meros aleatórios Tabela A1 do Apêndi ce a começar com o primeiro número na linha a sequência randomizada em bloco é BaixaAltaMédiaBaixaMédiaAlta Uma sequência contrabalanceada em ABBA possível é BaixaMédiaAltaAlta MédiaBaixa B Como existem seis condições não é prá tico usar todas as ordens possíveis Por tanto usase um Quadrado Latino e uma ordem inicial aleatória com rotação para balancear os efeitos da prática Um con junto de sequências usando rotação é Posição Sujeito 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 1 8 10 11 9 7 12 2 10 11 9 7 12 8 3 11 9 7 12 8 10 4 9 7 12 8 10 11 5 7 12 8 10 11 9 6 12 8 10 11 9 7 Resposta ao Exercício O primeiro passo é calcular a média de cada par ticipante para cada nível da variável indepen dente calculando a média das respostas entre as duas tentativas para a mesma condição Para o Sujeito 1 as médias das três condições são Para o Sujeito 2 as médias das três condições são 3 10s 7 30s e 9 50s e para o Partici pante 3 as médias são 2 10s 5 30s e 7 50s O próximo passo é calcular as médias para cada condição calculando a média dos escores resumo para cada sujeito 10s 4 3 23 3 30s 6 7 53 6 50s 8 9 73 8 Podemos agora descrever o efeito da va riável independente o atraso entre o alvo e o teste sobre a variável dependente o número de erros A média indica que o número de er ros no teste de identificação de padrões au mentou à medida que o atraso entre o alvo e o teste aumentou Podemse usar estatísticas inferenciais como teste da hipótese nula e intervalos de confiança para confirmar se a variável atraso teve um efeito confiável A DESAFIOS CONTINUAÇÃO Que método foi usado para balancear os efeitos da prática no experimento B Apresente os valores que você usaria para descrever o efeito geral da va riável volume Inclua uma descrição verbal do efeito juntamente com a estatística descritiva que você usaria como base para a sua descrição C Que afirmação você faria sobre o efei to da variável volume se a probabili dade associada ao teste F para o efei to da variável volume fosse p 004 Metodologia de pesquisa em psicologia 257 Nota 1 O número de participantes N 14 no estudo de Hansen e colaboradores 2001 sobre a prá tica de exercícios impossibilitou que usassem todas as ordens possíveis Em vez disso eles identificaram uma ordem aleatória de condições para cada participante Isso deixa em aberto a possibilidade de que os efeitos da prática não tenham sido completamente balanceados em seu desenho Por exemplo se o período de 10 minutos de exercício ficasse por último na sequência com mais frequência a melhora no humor dos participantes talvez se devesse ao alívio pelo período de exercício ser mais curto e não ao exercício em si Desenhos complexos 8 Visão geral Nos Capítulos 6 e 7 enfocamos os desenhos experimentais básicos que os pesquisadores usam para estudar o efeito de uma variável independente Descrevemos como uma va riável independente pode ser implementa da com um grupo separado de participan tes em cada condição desenhos de grupos independentes ou com cada participante passando por todas as condições desenhos de medidas repetidas Limitamos nossa discussão a experimentos envolvendo ape nas uma variável independente pois que ríamos que você se concentrasse nos funda mentos da pesquisa experimental Todavia os experimentos que envolvem apenas uma variável independente não são o tipo mais comum de experimento na pesquisa psi cológica contemporânea Ao contrário os pesquisadores costumam usar desenhos complexos nos quais duas ou mais variá veis independentes são estudadas simulta neamente em um experimento Os desenhos complexos também po dem ser chamados de desenhos fatoriais pois envolvem a combinação fatorial de variáveis independentes A combinação fa torial envolve combinar cada nível de uma variável independente com cada nível de uma segunda variável independente Isso possibilita determinar o efeito de cada va riável independente isolada efeito principal e o efeito das variáveis independentes em combinação efeito da interação Os desenhos complexos podem pa recer um pouco complicados neste pon to mas os conceitos ficarão mais claros à medida que você avançar no capítulo Co meçamos com uma revisão das característi cas de desenhos experimentais que podem ser usados para investigar as variáveis in dependentes em um desenho complexo Depois descrevemos os procedimentos para produzir analisar e interpretar efeitos principais e efeitos da interação Apresen tamos os planos de análise que são usados para desenhos complexos Concluímos o capítulo com atenção especial à interpre tação de efeitos da interação em desenhos complexos Descrevendo efeitos em um desenho complexo Os pesquisadores usam desenhos com plexos para estudar os efeitos de duas Metodologia de pesquisa em psicologia 259 ou mais variáveis independentes em um experimento Com desenhos complexos podese es tudar cada variável independente com um desenho de grupos independentes ou com um desenho de medidas repe tidas O desenho complexo mais simples é o desenho 2 x 2 duas variáveis indepen dentes cada uma com dois níveis O número de condições diferentes em um desenho complexo pode ser deter minado multiplicandose o número de níveis para cada variável independente pex 2 x 2 4 Podemos criar desenhos complexos mais poderosos e mais eficientes in cluindo mais níveis de uma variável independente ou incluindo mais variá veis independentes no desenho Um experimento com um desenho complexo tem por definição mais de uma variável independente Cada variável inde pendente em um desenho complexo deve ser implementada usandose um desenho de grupos independentes ou um desenho de medidas repetidas conforme os procedi mentos descritos nos Capítulos 6 e 7 Quan do um desenho complexo tem uma variável de grupos independentes e uma variável de medidas repetidas ele se chama desenho misto O experimento mais simples possível envolve uma variável independente mani pulada em dois níveis De maneira seme lhante o experimento mais simples com um desenho complexo envolve duas variáveis independentes cada uma com dois níveis Os desenhos complexos são identificados especificandose o número de níveis em cada uma das variáveis independentes do experimento Um desenho 2 x 2 que se lê dois por dois então identifica o desenho complexo mais básico Conceitualmente existe um número ilimitado de desenhos complexos pois podemos estudar qualquer número de variáveis independentes e cada variável independente pode ter qualquer número de níveis Na prática contudo não é comum encontrar experimentos envol vendo mais de quatro ou cinco variáveis independentes sendo mais típico encontrar duas ou três Independentemente do núme ro de variáveis independentes o número de condições em um desenho complexo pode ser determinado multiplicandose o número de níveis das variáveis independentes Por exemplo se temos duas variáveis indepen dentes com dois níveis em um desenho 2 x 2 temos quatro condições Em um desenho 3 x 3 existem duas variáveis independentes com três níveis cada de modo que são nove condições Em um desenho 3 x 4 x 2 exis tem três variáveis independentes com três quatro e dois níveis respectivamente e um total de 24 condições A principal vantagem de todos os desenhos complexos é a opor tunidade que proporcionam para identificar interações entre as variáveis independentes Entender o desenho 2 x 2 é a base para entender desenhos complexos Todavia o desenho 2 x 2 mal arranha a superfície do potencial dos desenhos complexos Os dese nhos complexos podem ser estendidos além do desenho 2 x 2 de duas maneiras Os pes quisadores podem adicionar níveis a uma ou a ambas as variáveis independentes do desenho gerando desenhos como o 3 x 2 o 3 x 3 o 4 x 2 o 4 x 3 e assim por diante Os pesquisadores também elaboram o desenho 2 x 2 aumentando o número de variáveis independentes no mesmo experimento O número de níveis de cada variável pode va riar de 2 a algum limite superior não espe cificado A adição de uma terceira ou quarta variável independente gera desenhos como o 2 x 2 x 2 o 3 x 3 x 3 o 2 x 2 x 4 o 2 x 3 x 3 x 2 e assim por diante Primeiramente ilustraremos os efeitos principais e os efeitos da interação no dese nho complexo trabalhando com um exem plo de desenho 2 x 2 Exemplo de desenho 2 x 2 A natureza dos efeitos principais e dos efei tos da interação é essencialmente a mesma 260 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister em todos os desenhos complexos mas eles podem ser vistos com mais facilidade em um desenho 2 x 2 Para um exemplo desse desenho procuraremos na rica literatura do campo da psicologia e do direito Existem poucas áreas na arena legal que não foram tocadas por cientistas sociais A seleção de jurados a natureza e credibilidade de teste munhas a raça do réu a tomada de deci sões pelo júri e a argumentação dos advo gados são apenas alguns dos muitos temas investigados pelos pesquisadores Lembre que no Capítulo 6 discutimos um estudo de Ceci 1993 sobre testemunhos oculares de crianças No estudo a ser discutido aqui os pesquisadores analisaram variáveis que poderiam levar a falsas confissões de sus peitos levados para interrogatório Kassin Goldstein e Savitsky 2003 usaram um desenho 2 x 2 para investigar se as expectativas de interrogadores quan to à culpa ou inocência de um suspeito in fluenciam as táticas de interrogação que usam Kassin e seus colegas fizeram mui tos estudos para identificar fatores que le vam a falsas confissões por pessoas inocen tes Nesse estudo Kassin e colaboradores propuseram a hipótese de que uma razão potencial para as falsas confissões é que os interrogadores têm um viés de confirma ção pelo qual suas opiniões iniciais sobre a culpa de um suspeito os fazem interrogá lo de forma mais agressiva fazerem per guntas de um modo que presuma culpa e fazerem os suspeitos agirem de forma de fensiva o que é interpretado como culpa De um modo geral essa teoria da confir mação comportamental tem três partes 1 o indivíduo forma uma opinião sobre a pessoa visada 2 o indivíduo age em re lação à pessoa de maneiras que condizem com a opinião e 3 a pessoa responde de maneiras que corroboram a opinião do in divíduo Essencialmente no contexto do sistema judicial o resultado final desse processo pode ser uma confissão de culpa por uma pessoa inocente Kassin e seus colegas 2003 testaram a teoria da confirmação comportamental em um inteligente experimento que envolveu estudantes universitários como sujeitos Duplas de estudantes participaram como interrogadores ou suspeitos Os interro gadores deviam desempenhar o papel de um detetive que tenta resolver um caso no qual 100 foram roubados de um armá rio trancado De maneira importante os pesquisadores manipularam as expectati vas dos interrogadores quanto à culpa dos suspeitos A metade dos interrogadores foi designada aleatoriamente à condição de ex pectativa de culpa na qual o experimentador disse que quatro em cada cinco suspeitos no experimento realmente cometeram o crime Assim esses sujeitos de pesquisa foram le vados a crer que suas chances de interrogar um suspeito culpado eram elevadas 80 de probabilidade Na condição de expectati va inocente os sujeitos foram informados de que sua chance de interrogar um suspeito culpado eram baixas pois apenas um em cada cinco suspeitos era realmente culpado 20 Essa variável independente expec tativa do interrogador foi manipulada para criar um viés de confirmação entre os inter rogadores Outros estudantes desempenharam o papel de suspeitos Como o comporta mento de suspeitos em um interrogatório verdadeiro é influenciado por sua culpa ou inocência Kassin e colaboradores manipu laram a culpa ou inocência dos estudantes usando a variável independente status do suspeito Na condição de culpa os estudan tes deviam cometer um furto forjado para o qual foram instruídos para entrar em uma sala pegar uma chave escondida sob um videocassete usar a chave para abrir um ar mário pegar 100 devolver a chave e sair com os 100 Os estudantes na condição ino cente deviam ir até a mesma sala bater na porta esperar uma resposta que não ocor ria e encontrar o experimentador A meta de dos estudantessuspeitos foi designada aleatoriamente para o papel de culpado e a outra metade para o papel de inocente Todos os suspeitos foram instruídos a con vencer o interrogador da sua inocência e Metodologia de pesquisa em psicologia 261 não confessar Os interrogadores tinham os objetivos conflitantes de tentar obter uma confissão mas também de determinar se o suspeito era realmente culpado ou inocente Os interrogatórios foram gravados A combinação fatorial das duas variá veis independentes criou quatro condições nesse desenho complexo 2 x 2 1 Culpa realexpectativa de culpa 2 Culpa realexpectativa de inocência 3 Inocência realexpectativa de culpa 4 Inocência realexpectativa de inocência Tenha em mente que cada grupo forma do pela combinação de variáveis representa um grupo aleatório de participantes O de senho tem a seguinte forma Expectativa do interrogador Status do sujeito Culpado Inocente Culpa real 1 2 Inocência real 3 4 Kassin e colaboradores 2003 men suraram diversas variáveis dependentes para que pudessem determinar se havia evidências convergentes em favor da teo ria da confirmação comportamental Por exemplo eles mensuraram variáveis de pendentes para os interrogadores e suspei tos e para novos participantes adicionais que ouviram os interrogatórios gravados como jurados potenciais poderiam ouvir Enfocaremos três variáveis dependentes de seu experimento para ilustrar os principais efeitos e interações Vejamos o que os pes quisadores encontraram Efeitos principais e efeitos de interação O efeito geral de cada variável inde pendente em um desenho complexo se chama efeito principal e representa as diferenças entre o desempenho médio para cada nível de uma variável inde pendente somado entre os níveis da outra variável independente Um efeito de interação entre variáveis independentes ocorre quando o efeito de uma variável independente difere dependendo dos níveis da segunda va riável independente Em qualquer desenho fatorial complexo é possível testar previsões relacionadas com o efeito geral de cada variável independente no experimento enquanto se ignora o efei to da outra variável independente O efeito geral de uma variável independente em um desenho complexo se chama efeito principal Analisaremos dois efeitos principais que Kassin e seus colegas observaram em seu experimento para duas variáveis dependen tes diferentes Antes de interrogarem o suspeito os interrogadores receberam informações so bre técnicas de interrogação incluindo uma lista de perguntas possíveis que poderiam fazer sobre o furto Doze perguntas foram escritas como pares mas apresentadas aleatoriamente na lista Uma das pergun tas do par foi escrita de maneira a presumir a culpa do suspeito pex como você sa bia que a chave estava escondida embaixo do videocassete e a segunda pergunta do par foi escrita de maneira a não pre sumir a culpa pex você sabe alguma coisa sobre a chave que estava escondida embaixo do videocassete Os estudan tesinterrogadores deviam selecionar seis perguntas que poderiam querer fazer mais adiante Desse modo podiam selecionar de zero a seis perguntas que presumissem culpa Com base na teoria da confirmação comportamental Kassin e colaboradores previram que os interrogadores na condi ção de expectativa de culpa selecionariam mais perguntas presumindo culpa do que os interrogadores na condição de expecta tiva de inocência Assim eles previram um efeito principal da variável independente ex pectativa do interrogador Os dados para essa variável depen dente o número de perguntas presumin do culpa são apresentados na Tabela 81 O número médio geral de perguntas pre sumindo culpa para os participantes da condição de expectativa de culpa 362 é 262 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister obtido calculandose a média das médias das condições de culpa real e inocência real para interrogadores na condição de expec tativa de culpa 354 3702 362 De maneira semelhante a média geral para a condição de expectativa de inocência é cal culada como 260 254 2662 260 1 A média para o efeito principal representa o desempenho geral em cada nível de uma deter minada variável independente somada média entre os níveis da outra variável independente Nesse caso somamos calculamos a média a variável status do suspeito para obter as médias para o efeito principal da variável expectativa do interrogador O efeito prin cipal da variável expectativa do interroga dor é a diferença entre as médias para os dois níveis da variável 362 260 102 No experimento de Kassin e colaborado res o efeito principal da variável expecta tiva do interrogador indica que o número geral de perguntas presumindo culpa era maior quando os interrogadores espera vam que o suspeito fosse culpado 362 do que quando esperavam que fosse inocente 260 Testes de estatística inferencial con firmaram que o efeito principal da expec tativa do interrogador era estatisticamente significativo Isso corrobora a hipótese dos pesquisadores baseada na teoria da confir mação comportamental Abordaremos agora uma variável de pendente para a qual havia um efeito prin cipal estatisticamente significativo da va riável independente status do suspeito Os pesquisadores também codificaram as en trevistas gravadas para analisar as técnicas utilizadas pelos interrogadores para obter uma confissão Os estudantesinterroga dores receberam instruções escritas breves sobre as poderosas técnicas policiais usadas para romper a resistência de um suspeito Os pesquisadores contaram o número de afirmações dos interrogadores que refle tiam essas técnicas persuasivas tais como construção de sintonia afirmações sobre a culpa do suspeito ou descrença quanto às afirmações do suspeito apelos ao interesse pessoal ou consciência do suspeito amea ças de punição promessas de leniência e apresentação de evidências falsas Os dados para essa variável depen dente o número de técnicas persuasivas são apresentados na Tabela 82 O número médio geral de técnicas persuasivas que os interrogadores usaram quando entrevista ram suspeitos que eram culpados foi 715 Essa média é calculada entre os dois níveis da variável expectativa do interrogador na condição de culpa real 771 6592 O número médio geral de técnicas persuasi vas usadas quando os interrogadores entre vistaram um suspeito que era inocente foi de 1142 calculado pela média da variável expectativa do interrogador na condição de inocência real 1196 10882 A diferen ça entre essas médias 1142 715 427 representa o efeito principal da variável independente status do suspeito Em mé dia os interrogadores usaram 427 mais técnicas persuasivas quando o suspeito na verdade era inocente em comparação com quando era culpado Kassin e seus colegas se surpreenderam com o resultado de que suspeitos inocentes em ambas as condições de expectativa do interrogador foram en Tabela 81 Efeito principal da expectativa do interrogador sobre o número de perguntas presumindo culpa Expectativa do interrogador Status do suspeito Culpado Inocente Culpa real 354 254 Inocência real 370 266 Média para expectativa do interrogador 362 260 Médias hipotéticas baseadas em Kassin e colaboradores 2003 Metodologia de pesquisa em psicologia 263 trevistados de forma mais agressiva do que suspeitos que eram culpados Finalmente também podemos anali sar dados em que Kassin e colaboradores observaram um efeito de interação entre as variáveis independentes expectativa do interrogador e status do suspeito Na segunda fase do experimento uma nova amostra de estudantes ouviu o interroga tório gravado e fez avaliações sobre o com portamento do interrogador e do suspeito Uma pergunta pedia que eles avaliassem em uma escala de 10 pontos o quanto o interrogador tentou tirar uma confissão do suspeito com números maiores indicando maior esforço Esses dados são apresenta dos na Tabela 83 Quando duas variáveis independentes interagem sabemos que juntas elas in fluenciam o desempenho dos participantes na variável dependente nesse caso ava liações do esforço dos interrogadores para obter uma confissão Posto formalmente um efeito de interação ocorre quando o efeito de uma variável independente difere dependendo do nível de uma segunda va riável independente Para entender a inte ração analise a primeira linha da Tabela 83 Se apenas suspeitos que fossem realmente culpados fossem testados no experimento concluiríamos que as expectativas dos in terrogadores não tiveram nenhum efeito so bre as avaliações do esforço pois as médias para as condições de expectativa de culpa e expectativa de inocência são quase idênti cas Por outro lado se apenas suspeitos que fossem realmente inocentes fossem testados segunda linha da Tabela 83 pensaríamos que as expectativas dos interrogadores ti veram um grande efeito sobre seus esforços para obter uma confissão É mais fácil observarse o efeito de in teração apresentando em gráfico as médias das condições A Figura 81 mostra uma plotagem das quatro médias encontradas na Tabela 83 Esses resultados indicam que as avaliações do esforço dos interrogadores dependem de se o suspeito é inocente ou culpado e de se o interrogador espera que o suspeito seja culpado ou inocente ou seja ambas as variáveis independentes são necessárias para explicar o efeito Descre vemos a análise estatística dos efeitos de interação em desenhos complexos em uma seção posterior Análise de desenhos com plexos Por enquanto é suficiente que você reconheça que um efeito de interação ocorre quando o efeito de uma variável independente difere conforme os níveis de uma segunda variá vel independente Tabela 82 Efeito principal do status do suspeito sobre o número de técnicas persuasivas Expectativa do interrogador Média para o status do suspeito Status do suspeito Culpado Inocente Culpa real 771 659 715 Inocência real 1196 1088 1142 Médias hipotéticas baseadas em Kassin e colaboradores 2003 Tabela 83 Efeito de interação entre a expectativa do interrogador e o status do suspeito sobre o esforço para obter uma confissão Expectativa do interrogador Status do suspeito Culpado Inocente Culpa real 564 556 Inocência real 717 585 Médias fornecidas pelo Dr Saul Kassin 264 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Quando uma variável independente interage com uma segunda variável inde pendente esta deve interagir com aquela ou seja a ordem das variáveis indepen dentes não importa Por exemplo descre vemos a interação na Tabela 83 dizendo que o efeito das expectativas dos interro gadores depende do status do suspeito O inverso também é verdadeiro o efeito do status do suspeito depende das expectati vas dos interrogadores Estamos agora em posição de descrever as conclusões que Kassin e colaboradores 2003 tiraram com base em suas análises de todos os seus dados Usando a teoria da confirmação comportamental eles postula ram que as expectativas dos interrogadores sobre a culpa os fariam conduzir um inter rogatório que confirmaria suas opiniões Seus resultados corroboraram essa hipó tese De um modo geral os interrogadores que suspeitavam de culpa conduziram in terrogatórios mais agressivos Por sua vez os suspeitos na condição de expectativa de culpa se tornaram mais defensivos e foram percebidos como culpados por observado res neutros O fato de que os interrogadores na condição de expectativa de culpa foram ainda mais agressivos ao tentarem obter uma confissão de suspeitos que na verda de eram inocentes demonstra o poder de suas expectativas de culpa e o poder do pro cesso de confirmação comportamental No contexto do sistema de justiça criminal os interrogatórios policiais que são baseados em um viés preexistente sobre a culpa do suspeito podem desencadear uma cadeia de eventos tendenciosa que pode levar a con clusões trágicas incluindo confissões falsas de pessoas inocentes Descrevendo efeitos de interação Evidências de efeitos de interação po dem ser encontradas com o uso de es tatísticas descritivas apresentadas em gráficos pex linhas concorrentes ou tabelas método da subtração A presença de um efeito de interação é confirmada com o uso de estatísticas in ferenciais A maneira como se descrevem os resul tados de um efeito de interação depende do aspecto do efeito que se deseja enfatizar Por exemplo Kassin e colaboradores 2003 enfatizaram o efeito da variável expectativa do interrogador sobre suspeitos inocentes e culpados para testar suas previsões basea 1 2 3 4 5 6 7 8 10 9 Esforço para obter confissão Expectativa do interrogador Culpa real Inocência real Culpado Inocente Figura 81 Gráfico ilustrando o efeito da interação entre a expectativa do interrogador e o status do suspeito sobre a tentativa de obter uma confissão Dados fornecidos pelo Dr Saul Kassin Metodologia de pesquisa em psicologia 265 dos na teoria da confirmação comportamen tal Ou seja a manipulação das expectativas de interrogadores sobre a culpa ou inocên cia de um suspeito permitiu que testassem suas previsões de que o interrogador tenta ria confirmar suas expectativas Adicionan do a segunda variável independente Kassin e colaboradores realizaram duas coisas Pri meiro o estudo conformouse de maneira mais realista com as interrogações que ocor rem do mundo real nas quais os suspeitos são inocentes ou culpados e em segundo lugar conseguiram demonstrar que os in terrogadores que esperam culpa se esfor çam ainda mais para obter uma confissão mesmo com evidências contrárias pex as afirmações de inocência do suspeito Esses achados também indicam fortemente como o estudo de efeitos da interação em dese nhos complexos permite que os pesquisa dores alcancem um entendimento maior do que é possível fazendo experimentos com apenas uma variável independente Existem três maneiras comuns de publi car um resumo das estatísticas descritivas em um desenho complexo tabelas gráficos com barras e gráficos com linhas Os proce dimentos para preparar essas tabelas e figu ras e os critérios para decidir o tipo de apre sentação a usar são descritos no Capítulo 13 De modo geral as tabelas podem ser usa das para qualquer desenho complexo e são mais úteis quando é preciso saber os valores exatos para cada condição do experimento Os gráficos com barras e linhas por outro lado são especialmente úteis para apresen tar padrões de resultados sem enfatizar os resultados exatos Os gráficos com linhas são particularmente úteis para representar os resultados de desenhos complexos pois é fácil enxergar um efeito de interação em um gráfico de linhas Linhas não paralelas no gráfico sugerem um efeito de interação linhas paralelas sugerem que não há efeito de interação Ver por exemplo Figura 81 Quando os resultados de um desenho 2 x 2 são sintetizados em uma tabela é mais fácil avaliar a presença ou ausência de um efeito de interação usando o método de sub tração O método de subtração compara as diferenças entre as médias de cada linha ou coluna da tabela Se as diferenças forem diferentes é provável que haja um efeito de interação Ao aplicar o método de sub tração é essencial que as diferenças sejam calculadas na mesma direção Por exem EXERCÍCIO I Neste exercício você deve analisar as Tabelas 81 82 e 83 para responder as perguntas a seguir 1 a Na Tabela 81 quais são as médias para o efeito principal da variável independente status do suspeito b Como o efeito principal da variável status do suspeito se compara com o efeito prin cipal da variável expectativa do interroga dor para esses dados c É provável que haja um efeito de interação nesses dados 2 a Na Tabela 82 quais são as médias para o efeito principal da variável independente expectativa do interrogador b Como o efeito principal da variável expec tativa do interrogador se compara com o efeito principal da variável status do sus peito para esses dados c É provável que haja um efeito de interação nesses dados 3 a Na Tabela 83 quais são as médias para o efeito principal da variável independente expectativa do interrogador b Quais são as médias para o efeito prin cipal da variável independente status do suspeito c Kassin e colaboradores 2003 observaram que esses efeitos principais são estatisti camente significativos Usando as médias que calculou descreva os principais efei tos das variáveis expectativa do interroga dor e status do suspeito da Tabela 83 266 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister EXERCÍCIO II Neste exercício você terá a oportunidade de praticar como identificar efeitos principais e efeitos de interação em desenhos complexos do tipo 2 x 2 usando apenas estatísticas des critivas No espírito da visão de que a prática leva à perfeição vamos voltar nossa atenção para o exercício que preparamos para ajudá lo a identificar efeitos principais e efeitos de interações Sua tarefa é identificar efeitos principais e efeitos de interações em cada um de seus experimentos com desenhos complexos A a F Em cada tabela ou grá fico neste quadro você deve determinar se o efeito de cada variável independente di fere dependendo do nível da outra variável independente Em outras palavras existe um efeito de interação Depois de verificar o efeito de interação você também pode veri ficar se cada variável independente produziu um efeito quando combinada com as outras variáveis independentes Ou seja existe um efeito principal de uma ou ambas as variá veis independentes O exercício será mais produtivo se você praticar como traduzir os dados apresentados em uma tabela Figura 82 para um gráfico e os dados apresenta dos em gráficos Figuras 83 e 84 para tabe las A ideia do exercício é que você se torne o mais confortável possível com as diversas maneiras de representar os resultados de um desenho complexo 5 4 3 2 1 0 Número médio de respostas agressivas Tipo de mídia Violento Não violento Violento Não violento C 5 4 3 2 1 0 Número médio de respostas agressivas Tipo de mídia D TV TV Videogame Videogame Figura 83 Número médio de respostas agressivas em função do tipo de mídia e con teúdo Nível de ansiedade Dificuldade da tarefa Nível de ansiedade Dificuldade da tarefa 33 62 33 31 B A Fácil Difícil 11 42 Baixo Alto Baixo Alto 12 56 Fácil Difícil Figura 82 Número médio de respostas corretas em função da dificuldade da tarefa e do nível de ansiedade Metodologia de pesquisa em psicologia 267 plo para usar o método de subtração para os dados apresentados na Tabela 83 você pode subtrair as avaliações médias para os dois níveis de status do suspeito 564 717 153 e depois fazer o mesmo para a condição de expectativa de inocência 556 585 029 O sinal da diferença obtida também deve ser observado cuidadosamen te O método de subtração mostra que essas diferenças são diferentes e assim é prová vel que haja um efeito de interação entre as duas variáveis O método de subtração so mente pode ser usado quando uma das va riáveis independentes tiver dois níveis Para desenhos em que ambas as variáveis inde pendentes têm três ou mais níveis devem se usar gráficos para identificar os efeitos de interação Desenhos complexos com três variáveis independentes O poder e a complexidade de desenhos complexos crescem substancialmente quan do o número de variáveis independentes no experimento aumenta de duas para três No desenho de dois fatores pode haver apenas um efeito mas no desenho com três fato res cada variável independente pode inte ragir com cada uma das outras duas variá veis independentes e todas as três podem interagir juntas Assim a mudança de um desenho com dois fatores para três intro duz a possibilidade de obter quatro efeitos de interação diferentes Se as três variáveis independentes são simbolizadas como A B e C o desenho com três fatores permite um teste dos efeitos principais de A B e C efei tos de interação bidirecionais de A x B A x C B x C e o efeito tridirecional de A x B x C A eficiência de um experimento envolven do três variáveis independentes é notável Um experimento que investiga a discrimi nação no local de trabalho dará uma noção do quão poderosos podem ser os desenhos complexos Pingitore Dugoni Tindale e Spring 1994 investigaram a possível discrimina ção contra pessoas moderadamente obesas em uma entrevista profissional falsa Os participantes do experimento assistiram a videoteipes de entrevistas Em um dos experimentos eles usaram um desenho 2 x 2 x 2 A primeira variável independen te foi o peso do candidato normal ou com sobrepeso O papel do candidato ao em prego nos videoteipes era desempenhado por atores profissionais com peso normal Nas condições moderadamente obesas os atores usaram maquiagem e próteses EXERCÍCIO II CONTINUAÇÃO 800 700 600 500 Tempo de reação médio milissegundos Complexo Simples 800 700 600 500 Tempo de reação médio milissegundos Atraso segundos Atraso segundos Complexo Simples E F 30 60 30 60 Figura 84 Tempo de reação médio em função do tempo de atraso e complexidade do padrão 268 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister para que parecessem 20 mais gordos A segunda variável independente no experi mento era o sexo do candidato masculino ou feminino A terceira variável indepen dente era a preocupação dos participantes com seu próprio corpo e a importância da consciência corporal para seu autoconceito alto ou baixo Essa variável foi definida com o uso de uma medida de autoavaliação sobre como os participantes enxergavam o seu corpo Usouse um desenho de grupos naturais para estudar essa variável do es quema corporal Os participantes foram designados aleatoriamente para avaliar candidatos do sexo masculino ou femini no com peso normal ou moderadamente obesos desenhos de grupos aleatórios A variável dependente era a avaliação dos participantes em uma escala de 7 pontos sobre se contratariam o candidato ou não 1 definitivamente não contrataria e 7 defi nitivamente contrataria Os resultados do experimento de Pin gitore e colaboradores para essas três va riáveis são mostrados na Figura 85 Como se pode ver para apresentar as médias para um experimento com três variáveis é pre ciso um gráfico com mais de um painel Um dos painéis da figura mostra os resul tados para duas variáveis em um nível da terceira variável e o outro mostra os resul tados das mesmas duas variáveis no segun do nível da terceira variável independente Agora que você está familiarizado com os efeitos principais e efeitos de interação simples bidirecionais vamos nos con centrar em entender o efeito de interação trifatorial ou tridimensional Como você pode ver na Figura 85 somente havia um efeito de interação bidirecional entre o peso e o sexo dos candidatos quando os parti cipantes tinham muita preocupação com seus corpos Ou seja aqueles com um nível elevado na variável do esquema corporal painel direito da Figura 85 deram avalia ções especialmente baixas a mulheres com sobrepeso mas avaliaram do mesmo modo os candidatos normais dos dois sexos Os participantes que tinham um nível baixo na variável do esquema corporal painel esquerdo da Figura 85 por outro lado de ram avaliações mais baixas para candidatos com sobrepeso mas a diferença entre suas avaliações para candidatos dos dois sexos foi igual para ambos os níveis da variável peso Uma maneira de sintetizar os resul tados de Pingitore e colaboradores 1994 apresentados na Figura 85 é dizer que o efeito da interação das variáveis indepen dentes do peso e sexo dos candidatos de pendia do esquema corporal dos sujeitos 1 2 3 4 5 6 7 Avaliação média de contratação Candidatas sexo feminino Candidatos sexo masculino 1 2 3 4 5 6 7 Avaliação média de contratação Candidatas sexo feminino Candidatos sexo masculino A Participantes com esquema corporal baixo Normal Sobrepeso Peso dos candidatos B Participantes com esquema corporal alto Normal Sobrepeso Peso dos candidatos Figura 85 Ilustração de um efeito de interação para um desenho complexo 2 x 2 x 2 Metodologia de pesquisa em psicologia 269 Chamamos isso de efeito de interação tri direcional ou triplo Como se pode ver quando temos um efeito de interação tridi recional todas as variáveis independentes devem ser consideradas ao descrever os re sultados De um modo geral quando exis tem duas variáveis independentes verifica se um efeito de interação quando o efeito de uma das variáveis independentes difere dependendo do nível da segunda variável independente Quando existem três variáveis independentes em um desenho complexo verifi case um efeito de interação tridirecional quando a interação de duas das variáveis independentes difere dependendo do nível da terceira variável independente Os resultados apresentados na Figura 85 ilustram isso bem O padrão de resultados para as duas primeiras variáveis independentes o peso corporal e o sexo dos candidatos difere dependendo do nível da terceira variável o esquema corporal dos participantes Ao incluir a terceira variável independente do esquema corporal Pingi tore e colaboradores proporcionaram uma compreensão muito maior da discriminação baseada no peso do candidato do que tería mos se tivessem incluído apenas as variá veis independentes sexo e peso Análise de desenhos complexos Em um desenho complexo com duas variáveis independentes são usadas inferências estatísticas para testar três efeitos os efeitos principais para cada variável independente e o efeito de in teração entre as duas variáveis indepen dentes São necessárias estatísticas descritivas para interpretar os resultados de esta tísticas inferenciais A maneira como os pesquisadores in terpretam os resultados de um dese nho complexo difere dependendo da presença ou ausência de um efeito de interação estatisticamente significativo nos dados Dica de estatística A análise de desenhos complexos baseiase na lógica usada na análise de experimentos com apenas uma variável independente ver Capítulos 6 11 e 12 Depois de verificar os dados em busca de erros ou valores extre mos ou atípicos o próximo passo na análise de dados é descrever os resultados usan do estatísticas descritivas como a média o desvio padrão e medidas do tamanho do efeito Estatísticas inferenciais como o teste da hipótese nula e intervalos de confiança são então usadas para determinar se algum dos efeitos é estatisticamente fidedigno Com base nas estatísticas descritivas e inferenciais os pesquisadores podem tirar conclusões sobre o que observaram Sua tarefa na seção restante deste capí tulo é entender a análise de dados aplica da a desenhos complexos especialmente a maneira como o pesquisador interpreta efeitos de interação e efeitos principais Também pode ser importante ler a introdu ção na seção Análise de desenhos com plexos e depois revisar a discussão desse tema no Capítulo 12 A ênfase desses capí tulos é na fundamentação e lógica dessas análises em vez das minúcias dos cálculos Felizmente os computadores nos poupam da necessidade de fazer os complicados cálculos que exigem os dados gerados em desenhos complexos Por outro lado os computadores não podem interpretar o resultado desses cálculos É aí que você entra Vá devagar estude o material cui dadosamente e certifiquese de estudar as tabelas e figuras que acompanham a des crição apresentada no texto Como você entendeu um desenho complexo envolvendo duas variáveis tem três fontes potenciais de variação sistemática Existem dois efeitos principais potenciais e um possível efeito de interação No Capí tulo 12 descrevemos os procedimentos es pecíficos para usar o teste da hipótese nula e o teste F e intervalos de confiança para analisar desenhos complexos Um efeito es tatisticamente significativo em um desenho complexo como em qualquer análise é um 270 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister efeito associado a uma probabilidade con forme a hipótese nula que é menor do que o nível aceito de 005 ver Capítulo 6 Os testes de estatística inferencial são usados em conjunto com estatísticas descri tivas para determinar se de fato houve um efeito de interação Depois de analisarem os dados para o efeito da interação os pes quisadores podem analisar os dados para a presença de efeitos principais para cada va riável independente Em um desenho complexo assim como em um experimento com uma variável in dependente podem ser necessárias análises adicionais para interpretar os resultados Por exemplo um pesquisador pode usar in tervalos de confiança para testar diferenças entre médias Ilustramos essa abordagem no Capítulo 12 O plano de análise para ex perimentos com desenhos complexos dife re dependendo da presença de um efeito de interação estatisticamente significativo no experimento A Tabela 84 traz diretri zes para interpretar um experimento com desenho complexo quando um efeito de in teração ocorre e quando não ocorre Ilustra remos ambos os caminhos apresentados na Tabela 84 descrevendo um estudo em que o efeito da interação não é estatisticamente significativo Plano de análise com um efeito de interação Se a análise de um desenho complexo revela um efeito de interação estatisti camente significativo a fonte do efeito de interação é identificada com o uso de análises de efeitos principais simples e comparações das duas médias Um efeito principal simples é o efeito de uma variável independente em um nível de uma segunda variável inde pendente Para entender a análise de efeitos de interação dentro de um desenho complexo analisaremos uma abordagem contemporâ nea para compreender o efeito do precon ceito sobre indivíduos que são estigmatiza dos Os psicólogos sociais sugerem que um efeito do preconceito é que as pessoas que pertencem a grupos estigmatizados pex minorias étnicas gays e lésbicas desenvol vem sistemas de crenças sobre serem desva lorizados na sociedade Com essa ameaça à identidade social os indivíduos estigma tizados desenvolvem expectativas que os fazem ficar especialmente alertas para si nais em seu ambiente que indiquem que são considerados negativamente Kaiser Vick e Major 2006 Essa atenção a sinais pode ocorrer no nível consciente no qual os indi víduos estão cientes de sua atenção especial a sinais de estigma Todavia mais recente mente os pesquisadores testaram o nível em que a ameaça à identidade social faz as pessoas serem vigilantes para informações potencialmente estigmatizantes sem per cepção consciente Um método para analisar a atenção não consciente é o teste emocional de Stro op Talvez você conheça a versão original do teste de Stroop na qual os sujeitos de Tabela 84 Diretrizes para a análise de um experimento bifatorial O efeito da interação A x B é significativo Não Sim Os efeitos principais de A e B são signi ficativos Os efeitos principais simples são signifi cativos Não Sim Não Sim Pare Compare duas médias Pare Compare duas médias Metodologia de pesquisa em psicologia 271 vem dizer o nome da cor em que algumas palavras estão escritas O teste de Stroop foi criado para mostrar que a leitura é au tomática pelo menos para os adultos As pessoas consideram impossível ignorar as palavras escritas enquanto dizem os nomes das cores Esse efeito do processamento automático é demonstrado de forma mais dramática na condição em que palavras co loridas são escritas em uma cor que não a palavra escrita pex vermelho impresso com tinta azul Os sujeitos demoram mais para dizer o nome das cores nessa condição desencontrada porque a leitura da pala vra interfere no ato de dizer o nome da cor Outros estudos mostram que esse efeito ocorre mesmo quando as palavras são apre sentadas de forma rápida demais pex 15 mseg milissegundos para que os sujeitos tenham consciência de que uma palavra foi apresentada No teste emocional de Stroop as pala vras coloridas são substituídas por palavras com conteúdos que são particularmente relevantes para os participantes Por exem plo um experimento que analisa a atenção inconsciente em pessoas com fobias pode usar palavras como cobra e aranha Os participantes fóbicos demoram mais para identificar a cor dessas palavras do que pa lavras com conteúdo neutro mesmo que as palavras sejam apresentadas de maneira su bliminar fora da percepção consciente Kaiser e colegas 2006 usaram o teste emocional de Stroop para investigar se mu lheres com expectativa de serem estigma tizadas por sexismo demonstrariam maior atenção inconsciente a palavras sexistas comparadas com palavras não sexistas Eles testaram 35 mulheres em um desenho com plexo 2 x 3 A primeira variável indepen dente manipulada foi a identidade social com duas condições ameaça e segurança em um desenho de grupos aleatórios Os su jeitos foram informados de que depois de terminarem o teste no computador se junta riam a outra pessoa do sexo masculino fic tício para fazer um projeto em grupo Eles receberam informações sobre o parceiro de maneira a terem uma noção das suas carac terísticas pessoas Na condição de ameaça à identidade o parceiro tinha visões sexistas pex concordando fortemente com afirma ções como eu não poderia trabalhar para uma mulher como chefe pois as mulheres podem ser emotivas demais Na condição de segurança à identidade o parceiro era apre sentado como alguém não sexista e discor dava fortemente de afirmações sexistas A segunda variável independente em seu desenho 2 x 3 era o tipo de palavra com três níveis ameaça à identidade social ameaça de doença ou não ameaçadora Essa variável foi manipulada usando um dese nho de medidas repetidas assim todos os participantes foram testados com todos os três tipos de palavras em uma ordem com pletamente contrabalanceada As palavras ameaçadoras à identidade social eram sexistas em conteúdo como vagabunda e peitos As palavras ameaçadoras de doenças pex cân cer herpes foram incluídas como condição de controle para determinar se as mulhe res nessa condição de ameaça à identidade prestariam atenção a palavras ameaçadoras em geral e não apenas a palavras que amea çassem a identidade social As palavras não ameaçadoras também um controle des creviam objetos domésticos comuns como vassoura e cortinas Em uma parte do expe rimento de Kaiser e colaboradores todos os três tipos de palavras eram representados subliminarmente 15 mseg em diferentes cores vermelho amarelo azul verde e a tarefa dos participantes era identificar a cor Testes mostraram que os participantes não estavam cientes da apresentação das pala vras A variável dependente nesse estudo era o tempo de resposta para identificar a cor em milissegundos Essa medida do tempo de resposta avaliava a quantidade de atenção subliminar voltada para diferentes tipos de palavras tempos de resposta mais longos indicavam maior atenção sublimi nar à palavra e portanto mais tempo para identificar a cor Os tempos de resposta mé dios para cada uma das seis condições são apresentados na Tabela 85 272 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Conforme previram Kaiser e seus cole gas houve um efeito de interação entre as duas variáveis independentes Mulheres na condição de ameaça à identidade primeira linha da Tabela 85 levaram mais tempo para dizer o nome das cores quando foram apresentadas palavras ameaçadoras à iden tidade social comparado com palavras que representavam ameaças de doenças ou que não eram ameaçadoras O maior tempo de resposta para dizer o nome das cores indi ca que as mulheres prestavam mais atenção subliminar às palavras Assim as mulheres que esperavam interagir com um parcei ro prestavam mais atenção subliminar em palavras que ameaçavam a sua identida de social Em contrapartida mulheres que previam que interagiriam com um homem não sexista na condição de segurança para a identidade segunda linha da Tabela 85 não diferiram de maneira substancial na atenção dedicada aos três tipos diferentes de palavras Há um efeito de interação pois o efeito da variável tipo de palavra diferia dependendo do nível da variável associa da à identidade social ameaça segurança Testes de estatística inferencial desses re sultados usando o teste de significância da hipótese nula confirmaram que o efeito da interação era estatisticamente significativo Uma vez que o efeito de interação é con firmado nos dados localizase a fonte espe cífica da interação por meio de testes estatís ticos adicionais Conforme apresentado na Tabela 84 os testes específicos para rastrear a fonte de uma interação significativa são os efeitos principais simples e comparações entre duas médias ver o Capítulo 12 Um efeito principal simples é o efeito de uma variável independente sobre um nível de uma segunda variável independente Podemos ilustrar o uso de efeitos principais simples retornando aos resultados do expe rimento de Kaiser e colaboradores 2006 Existem cinco efeitos principais simples na Tabela 85 o efeito do tipo de palavra so bre cada um dos dois níveis da identidade social e o efeito da identidade social sobre cada um dos três níveis do tipo de palavra Kaiser e colaboradores previram que o efei to da atenção subliminar a diferença entre as médias para os três tipos de palavras di ferentes ocorreria para mulheres na condi ção de ameaça à identidade mas não para mulheres na condição de segurança para a identidade Portanto eles testaram os efei tos principais simples do tipo de palavra em cada nível da variável independente iden tidade social Conforme previsto observa ram que o efeito principal simples do tipo de palavra era estatisticamente significativo na condição de ameaça à identidade mas o efeito principal simples do tipo de palavra não era estatisticamente significativo na condição de segurança para a identidade Quando três ou mais médias são testa das para um efeito principal simples como ocorre com a variável independente tipo de palavra no experimento de Kaiser e co laboradores é possível fazer comparações de médias testadas duas de cada vez para identificar a fonte do efeito principal sim ples ver o Capítulo 12 Primeiramente não são necessárias análises adicionais para a condição de segurança à identidade pois o efeito principal simples do tipo de pala Tabela 85 Tempos de resposta médios em mseg em função da identidade social e tipo de palavra apresentação subliminar Tipo de palavra Condição de identidade social Ameaça à identidade social Ameaça de doença Não ameaçadora Ameaça 5989 5777 5839 Segurança 6039 6150 6145 Dados adaptados de Kaiser e colaboradores 2006 Metodologia de pesquisa em psicologia 273 vra não era estatisticamente significativo O próximo passo é analisar as médias de forma mais cuidadosa para a condição de ameaça à identidade onde o efeito principal simples era estatisticamente significativo Em suas análises das médias conside radas duas de cada vez Kaiser e seus cole gas encontraram um efeito esperado e um efeito inesperado para mulheres na condi ção de ameaça à identidade Conforme es perado os tempos de reação médios foram maiores para as palavras ameaçadoras à identidade do que para palavras que repre sentavam doenças De maneira inesperada os tempos médios de reação não diferiram quando as palavras não ameaçadoras fo ram comparadas com palavras ameaçado ras à identidade social ou com palavras que representavam ameaças de doenças Isso suscita uma questão importante por que as mulheres alocam um nível semelhan te de atenção subliminar a palavras não ameaçadoras e a palavras ameaçadoras à identidade social Kaiser e colaboradores postularam que quando as mulheres estão esperando interagir com um homem sexis ta palavras descrevendo objetos domés ticos pex fogão vassoura microondas na condição não ameaçadora podem ter sido associadas de forma inconsciente a tarefas domésticas sexualizadas como cozinhar e limpar Segundo Kaiser e colaboradores 2006 p 336 em retrospectiva essas pa lavras não ameaçadoras talvez não sejam a melhor comparação Sua interpretação dessa observação inesperada ilustra como a interpretação de um experimento depende criticamente de como o experimento é feito e como os dados são analisados Depois que um efeito de interação foi analisado minuciosamente os pesquisado res também podem analisar os efeitos prin cipais de cada variável independente Toda via os efeitos principais são muito menos relevantes quando sabemos que houve um efeito de interação Por exemplo o efeito de interação neste experimento nos diz que a atenção subliminar para diferentes tipos de palavras difere dependendo do nível de ameaça à identidade social Sabendo disso não acrescentaríamos muita coisa desco brindo se de um modo geral as mulheres na condição de segurança à identidade ti nham tempos de reação mais longos entre todos os tipos de palavras em comparação com mulheres na condição de ameaça à identidade No estudo de Kaiser e colabo radores os efeitos principais das variáveis independentes tipo de palavra e identidade social não eram estatisticamente significa tivas Não obstante existem experimentos em que o efeito de interação e os efeitos principais são todos de interesse Plano de análise sem efeito de interação Se a análise de um desenho complexo indica que o efeito de interação entre variáveis independentes não é estatisti camente significativo o próximo passo no plano de análise é determinar se os efeitos principais das variáveis são esta tisticamente significativos A fonte de um efeito principal estatisti camente significativo pode ser especifi cada de forma mais precisa realizando se comparações entre duas médias ou usando intervalos de confiança para comparar as médias duas de cada vez Podemos usar os resultados de uma parte diferente do experimento de Kaiser e colaboradores 2006 sobre a identidade so cial para examinar a análise de um desenho complexo quando o efeito da interação não é estatisticamente significativo Os resulta dos que descrevemos eram para palavras apresentadas subliminarmente ou seja em uma velocidade rápida demais 15 mseg para os participantes detectarem a presen ça das palavras Todavia os participantes do experimento também foram testados com palavras apresentadas em um nível consciente Na condição de atenção cons ciente as mulheres olhavam as palavras na tela até responderem dizendo o nome da cor da palavra 2 274 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Os tempos médios de resposta para os três tipos de palavras ameaça à identidade social ameaça de doença e não ameaçadora para os dois grupos diferentes de mulheres ameaça à identidade segurança à identida de são apresentados na Figura 86 O efei to de interação ou de forma mais exata a falta de efeito de interação pode ser visto na figura Embora as duas linhas na figura não sejam perfeitamente paralelas os tem pos médios de resposta parecem diminuir em ambos os grupos aproximadamente na mesma velocidade Testes de inferência es tatística confirmam que o efeito da intera ção não era estatisticamente significativo Os dados mostrados na Figura 86 ilustram um princípio geral da análise de dados o padrão dos dados mostrado pela estatística des critiva não é suficiente para decidir se existe um efeito de interação presente em um experimento Testes de inferência estatística como o teste F devem ser feitos para confirmar se os efeitos são estatisticamente fidedignos Quando o efeito da interação não é es tatisticamente significativo o próximo pas so é analisar os efeitos principais de cada variável independente ver a Tabela 84 As médias do experimento de Kaiser e co laboradores sobre a consciência consciente são apresentadas novamente na Tabela 86 para facilitar a determinação dos efeitos principais Fundindo calculando a média as duas condições de identidade social ob temos os tempos de resposta médios para cada tipo de palavra ie para o efeito principal da variável tipo de palavra As médias são 6375 para as palavras amea çadoras à identidade social 6176 para as palavras ameaçadoras de doenças e 6108 para as palavras não ameaçadoras O efeito principal do tipo de palavra não era estatis ticamente significativo A fonte de um efei to principal estatisticamente significativo envolvendo três ou mais médias pode ser especificada de forma mais precisa com parando as médias duas de cada vez ver Capítulo 12 Essas comparações podem ser feitas usando testes t ou intervalos de confiança Kaiser e colaboradores observa ram que de um modo geral as mulheres prestavam mais atenção ie tinham tem pos de reação mais longos às pistas amea çadoras à identidade M 6375 do que a pistas ameaçadoras de doenças M 6176 e a pistas não ameaçadoras M 6108 Não houve diferença porém entre as duas últimas condições Os resultados indicam que quando cientes dos tipos de palavras as mulheres prestam mais atenção a pala vras que indicam uma ameaça à sua iden tidade social Também podemos testar o efeito prin cipal da variável identidade social usando as médias apresentadas na Tabela 86 Com binando a variável tipo de palavra obte mos as médias para a condição de ameaça à identidade 6136 e a condição de seguran ça para identidade 6314 O efeito princi pal da variável identidade social não foi es tatisticamente significativo indicando que em média os tempos de resposta foram se melhantes para mulheres nas condições de ameaça e segurança O fato de que as duas médias parecem ser diferentes reforça a ne cessidade de análises estatísticas para deter minar se as diferenças entre as médias são fidedignas A análise do experimento de Kaiser e colaboradores sobre a identidade social ilustra que é possível aprender muita coisa com um desenho complexo mesmo quando não existe um efeito de interação com signi ficância estatística Interpretando efeitos de interação Efeitos de interação e teste de teoria As teorias muitas vezes preveem que duas ou mais variáveis independentes interagem para influenciar o comporta mento portanto para testar teorias são necessários desenhos complexos Os testes de teorias às vezes podem ter resultados contraditórios e os efeitos das interações podem ajudar a resolver essas contradições Metodologia de pesquisa em psicologia 275 As teorias desempenham um papel crí tico no método científico Os desenhos com plexos aumentam em muito a capacidade dos pesquisadores de testar teorias pois eles podem verificar os efeitos principais e os efeitos de interações Por exemplo Kaiser e colaboradores 2006 testaram hipóteses sobre a atenção a sinais de preconceito no ambiente com base na teoria da identidade social Pesquisas anteriores mostraram que quando a identidade social dos indivíduos é ameaçada eles estão conscientemente cientes de sinais em seu ambiente relacionados com preconceitos potenciais Kaiser e colabora dores ampliaram essa pesquisa testando a hipótese de que os indivíduos ameaçados prestam atenção em pistas de preconceito de maneira inconsciente sem a percepção consciente Como usaram um desenho com plexo os dados de Kaiser e colaboradores proporcionam evidências de que as mulhe res que esperam passar por uma experiência com sexismo comparadas com mulheres que esperam uma situação segura pres tam mais atenção subliminar em palavras sexistas do que em outras palavras Seus da dos corroboram a teoria da identidade so cial do preconceito na qual os membros de grupos estigmatizados desenvolvem siste mas de crenças sobre serem desvalorizados 500 525 550 575 600 625 650 675 700 Tempos de resposta médios mseg Tipo de palavra Segurança Ameaça Identidade social Doença Não ameaçadora Figura 86 Resultados de um desenho complexo 2 x 3 no qual não houve efeito de intera ção mas um efeito principal Dados fornecidos pela Dra Cheryl R Kaiser Tabela 86 Tempos de resposta médios em mseg em função de identidade social e tipo de palavra apresentação consciente Tipo de palavra Condição de identidade social Ameaça à identidade social Ameaça de doença Não ameaçadora Médias para identidade social Ameaça n 18 6259 6074 6075 6136 Segurança n 16 6506 6290 6145 6314 Médias para tipo de palavra 6375 6176 6108 Dados fornecidos pela Dra Cheryl R Kaiser Foram calculadas médias ponderadas devido aos tamanhos desiguais das amostras para as condições de identidade social 276 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister e essas expectativas fazem com que se tornem especialmente alertas ou vigilantes para sinais de desvalorização Kaiser et al 2006 p 332 Além disso Kaiser e colaboradores ob servam que as teorias sobre os processos da atenção postulam que a atenção é um recurso limitado As pessoas que sofrem preconceito podem alocar a atenção para pistas que ameacem sua identidade social e portanto ter menos recursos disponíveis para outros usos Por exemplo estudantes em uma sala de aula que percebem um pos sível preconceito podem alocar sua atenção de forma consciente e inconsciente para ameaças potenciais à sua identidade social e assim essa atenção desviada pode preju dicar o seu rendimento na sala de aula De maneira importante porém como Kaiser e colaboradores manipularam a variável in dependente da ameaça à identidade social com dois níveis ameaça e segurança eles conseguiram demonstrar que os recursos da atenção não são desviados para ameaças potenciais quando os indivíduos acreditam que estão seguros de ameaças à sua identi dade social Essa observação reforça a im portância de se criarem ambientes que se jam o mais livres de preconceitos possível As teorias psicológicas envolvendo te mas como a identidade social e o preconcei to costumam ser complexas Para explicar o preconceito por exemplo os psicólogos de vem descrever os processos comportamen tais cognitivos e emocionais nos níveis do indivíduo de grupos e da sociedade Como você pode imaginar testes experimentais de teorias complexas podem levar a resultados contraditórios Por exemplo considere um exemplo hipotético em que um estudo so bre o preconceito mostra que os membros de um grupo desvalorizado não demons tram mais atenção inconsciente a ameaças à sua identidade social Como esse resultado aparentemente contraditório seria incorpo rado em uma teoria do preconceito que afir me que indivíduos estigmatizados prestam atenção em ameaças potenciais à sua iden tidade Conforme sugerem dados do ex perimento de Kaiser e colaboradores uma interpretação para essa observação pode envolver a variável independente da condi ção identidade social ameaça ou segurança O resultado contraditório poderia ser inter pretado sugerindose que os participantes no estudo hipotético sobre o preconceito se sentem protegidos de ameaças à identidade social e portanto não alocam sua atenção a fontes potenciais de desvalorização Uma abordagem comum para resolver resultados contraditórios é incluir no de senho de pesquisa variáveis que abordem fontes potenciais de resultados contradi tórios por exemplo incluir condições de ameaça e segurança no desenho De forma mais geral os desenhos complexos podem ser extremamente úteis na identificação das razões para resultados aparentemente contraditórios quando se testam teorias O processo pode ser meticuloso mas também pode ser bastante frutífero Efeitos de interações e validade externa Quando não há efeito de interação em um desenho complexo os efeitos de cada variável independente podem ser generalizados entre os níveis da outra variável independente assim aumenta a validade externa das variáveis inde pendentes A presença de um efeito de interação identifica os limites para a validade ex terna de um resultado especificando as condições em que existe efeito de uma variável independente No Capítulo 6 discutimos os procedi mentos para estabelecer a validade externa de uma pesquisa quando o experimento envolve apenas uma variável independen te Descrevemos como é possível fazer repli cações parciais para estabelecer a validade externa ou seja o nível em que é possí vel generalizar os resultados de pesquisas Também discutimos como os experimentos de campo permitem que os pesquisadores Metodologia de pesquisa em psicologia 277 analisem variáveis independentes em situa ções do mundo real Agora podemos ana lisar o papel de desenhos complexos para estabelecer a validade externa de um estu do A presença ou ausência de um efeito de interação é crítica para determinar a valida de externa dos resultados em um desenho complexo Quando não há efeito de interação em um desenho complexo sabemos que os efeitos de cada variável independente po dem ser generalizados entre os níveis da outra variável independente Por exemplo considere novamente os resultados do es tudo de Kassin e colaboradores 2003 so bre as expectativas dos interrogadores ao interrogarem um suspeito Os autores ob servaram que quando os interrogadores esperam que o suspeito seja culpado eles selecionam perguntas que presumem mais a culpa do que quando esperam que o su jeito seja inocente independentemente de ser realmente culpado ou inocente Ou seja não havia efeito de interação entre a variá vel expectativa do interrogador e a variável status do suspeito Assim podese genera lizar a seleção de perguntas presumindo culpa por parte dos interrogadores quando esperam a culpa para situações em que o suspeito seja culpado ou inocente É claro não podemos generalizar nos sos resultados para além dos limites ou condições que foram incluídos no expe rimento Por exemplo a ausência de um efeito de interação entre as expectativas do interrogador e o status do suspeito não nos permite concluir que a seleção de ques tões presumindo culpa seria semelhante testandose outros grupos como policiais De maneira semelhante não sabemos se os mesmos efeitos ocorreriam se fossem usadas outras manipulações das expectati vas dos interrogadores Também devemos lembrar que não encontrar uma interação estatisticamente significativa não significa necessariamente que não existe um efeito de interação presente talvez não tenhamos feito um experimento com sensibilidade su ficiente para detectálo Como já vimos a ausência de um efei to de interação aumenta a validade externa dos efeitos de cada variável independente no experimento Talvez mais importante a presença de um efeito de interação iden tifica limites para a validade externa de um resultado Por exemplo Kassin e co laboradores 2003 também observaram que os pesquisadores que esperavam que o suspeito fosse culpado em vez de ino cente aplicaram mais pressão para obter uma confissão em suspeitos que na ver dade eram inocentes comparados com os que eram culpados Esse efeito de in teração estabelece limites claros à valida de externa do efeito das expectativas dos interrogadores sobre a pressão para obter uma confissão Devido a essa observação a melhor maneira de responder a uma per gunta sobre o efeito geral das expectativas do interrogador sobre seus esforços para obter uma confissão é dizer depende Nesse caso depende de se o suspeito é cul pado ou inocente A presença do efeito da interação estabelece limites para a validade externa mas o efeito da interação também especifica quais são esses limites A possibilidade de efeitos de interação entre variáveis independentes deve nos levar a ter cautela antes de dizermos que uma variável independente não tem efei to sobre o comportamento As variáveis independentes que influenciam o com portamento são chamadas de variáveis independentes relevantes De um modo geral uma variável independente relevante é aquela que influencia o comportamento diretamente resulta em um efeito prin cipal ou produz um efeito de interação quando estudada em combinação com uma segunda variável independente É es sencial que se faça uma distinção entre os fatores que afetam o comportamento e os que não afetam para desenvolver teorias adequadas para explicar o comportamen to e para criar intervenções efetivas para lidar com problemas em situações aplica das como escolas hospitais e fábricas ver Capítulos 9 e 10 278 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Existem várias razões por que devemos ter cautela ao identificar uma variável inde pendente como irrelevante Primeiro se uma variável independente mostra não ter efeito em um experimento não podemos supor que ela não teria efeito se fossem testados níveis diferentes da variável independente Em segundo lugar se uma variável inde pendente não tem efeito em um experimen to com um fator único isso não significa que ela não interagiria com outra variável independente quando usada em um dese nho complexo Em terceiro se uma variável independente não tem efeito em um expe rimento talvez fosse observado um efeito com diferentes variáveis dependentes Em quarto a ausência de um efeito estatistica mente significativo pode ou não significar que não existe efeito presente Gostaríamos de considerar no mínimo a sensibilidade de nosso experimento e o poder de nossa análise estatística antes de decidir que iden tificamos uma variável irrelevante Ver o Capítulo 12 para uma discussão sobre o po der de uma análise estatística Por enquan to é melhor que você evite ser dogmático quanto a identificar que uma variável inde pendente não gera nenhum efeito Efeitos de interação e efeitos de teto e piso Quando o desempenho dos participan tes atinge um máximo teto ou um mí nimo piso em uma ou mais condições de um experimento não é possível in terpretar os efeitos de suas interações Considere os resultados de um experi mento 3 x 2 que analisou os efeitos de quan tidades crescentes de prática sobre o desem penho em um teste de forma física Nesse experimento hipotético mas plausível ha via seis grupos de participantes que tive ram 10 30 ou 60 minutos de prática fazen do exercícios fáceis ou difíceis Em seguida fizeram um teste de forma física usando exercícios fáceis ou difíceis os mesmos que haviam praticado A variável dependente era a porcentagem de exercícios que cada participante conseguia terminar em um pe ríodo de 15 minutos Os resultados do expe rimento são apresentados na Figura 87 O padrão de resultados apresentado na Figura 87 parece o efeito de interação clás sico o efeito da quantidade de prática difere para os exercícios fáceis e difíceis Aumentar o tempo de prática melhorou o desempenho no teste para os exercícios difíceis mas o de sempenho nivelouse após 30 minutos de prática com os exercícios fáceis Se fôssemos aplicar uma análise comum a esses dados o efeito da interação provavelmente seria estatisticamente significativo Infelizmente esse efeito de interação seria essencialmen te impossível de interpretar Para os grupos que praticaram os exercícios fáceis o de sempenho atingiu o nível máximo depois de 30 minutos de prática de modo que não haveria melhora além desse ponto no grupo que praticou por 60 minutos Mesmo que os participantes com 60 minutos de prática ti vessem se beneficiado com a prática extra o experimentador não conseguiria medir essa melhora na variável dependente escolhida O experimento anterior ilustra o pro blema geral de medição identificado como efeito de teto Sempre que o desempenho alcança um máximo em qualquer condição de um experimento existe o perigo do efei to de teto O nome correspondente dado a esse problema quando o desempenho atin ge o mínimo pex zero erro em um teste é o efeito de piso Os pesquisadores podem evitar efeitos de teto e piso selecionando variáveis dependentes que permitam um espaço amplo para medir as diferenças no desempenho entre as condições Por exem plo no experimento sobre a forma física te ria sido melhor testar os participantes com um número maior de exercícios do que se esperaria que alguém concluísse no tempo programado para o teste O número médio de exercícios concluídos em cada condição poderia então ser usado para avaliar os efei tos das duas variáveis independentes sem o perigo do efeito de teto É importante ob servar que os efeitos de teto também podem Metodologia de pesquisa em psicologia 279 representar um problema em experimentos sem um desenho complexo Mesmo que o experimento sobre a forma física tivesse apenas os exercícios fáceis ainda haveria um efeito de teto Efeitos de interações e o desenho de grupos naturais Os pesquisadores usam desenhos com plexos para fazer inferências causais so bre variáveis de grupos naturais quan do testam uma teoria que explica por que os grupos naturais diferem Três passos para fazer uma inferência causal envolvendo uma variável de grupos naturais são propor uma teoria explicando por que existem diferenças grupais manipular uma variável inde pendente que deve demonstrar o pro cesso teorizado e testar se há um efeito de interação entre a variável indepen dente manipulada e a variável de gru pos naturais O desenho de grupos naturais descri to sucintamente no Capítulo 6 é um dos desenhos de pesquisa mais populares em psicologia São formados grupos de pessoas selecionandose indivíduos que diferem em certas características como gênero idade introversãoextroversão ou agressivida de para citar apenas algumas variáveis de diferenças individuais Os pesquisadores então procuram relações sistemáticas entre essas variáveis relacionadas com diferenças individuais e outros aspectos do comporta mento O desenho de grupos naturais é um desenho efetivo para estabelecer correlações entre as características dos indivíduos e seu desempenho Contudo como também des crevemos no Capítulo 6 o desenho de gru pos naturais talvez seja o mais desafiador para se tirarem conclusões sobre as causas do comportamento A dificuldade em interpretar o desenho de grupos naturais ocorre quando tentamos concluir que as diferenças no desempenho são causadas pelas características das pes soas que usamos para definir os grupos Por exemplo considere um experimento cujos participantes são selecionados por causa de sua formação musical Um grupo de par Exercícios fáceis Exercícios difíceis 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 60 30 0 1 Quantidade de prática em minutos Porcentagem de exercícios concluídos Figura 87 Ilustração de um efeito de teto 280 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister ticipantes é composto por pessoas com 10 anos ou mais de treinamento musical for mal e o outro é composto por pessoas sem treinamento formal Ambos os grupos são testados em sua capacidade de lembrar da notação musical para melodias simples de dez notas Como não seria de surpreender os resultados desses testes mostram que in divíduos com formação musical têm um de sempenho muito melhor do que indivíduos sem formação Podemos concluir com base nesses resultados que a memória para melodias simples varia está correlacionada com a quantidade de treinamento musical Porém não podemos concluir que o treinamen to musical cause o desempenho superior da memória Por que não É provável que haja muitas outras maneiras em que pes soas com dez anos de formação musical difiram de pessoas sem formação Os gru pos podem diferir na quantidade e tipo de educação geral histórico familiar status so cioeconômico e na quantidade e no tipo de experiência que tiveram ouvindo música Além disso pessoas com formação musi cal talvez tenham memórias melhores em geral do que pessoas sem tal treinamento e sua memória superior para melodias sim ples pode refletir essa capacidade geral da memória Finalmente indivíduos que bus caram treinamento musical talvez o tenham feito porque tinham uma aptidão especial para a música Desse modo talvez tivessem se saído melhor no teste da memória mes mo que não tivessem nenhuma formação musical Em suma existem muitas causas possíveis além de diferenças individuais no treinamento musical para a diferença que foi observada no desempenho da memória Existe uma solução potencial para o problema de fazer inferências causais com base no desenho de grupos naturais Un derwood e Shaughnessy 1975 A chave para essa solução é desenvolver uma teoria sobre a variável crítica das diferenças in dividuais Por exemplo Halpern e Bower 1982 estavam interessados em como a me mória para a notação musical difere entre músicos e não músicos Halpern e Bower desenvolveram uma teoria sobre como o treinamento musical influenciaria o proces samento cognitivo da noção musical com indivíduos que tiveram essa formação Sua teoria baseiase em um conceito relaciona do com a memória chamado chunking ou em pedaços Podese ter uma ideia da van tagem que esse processo proporciona à me mória tentando memorizar a seguinte série de 15 letras HBOFBICNNUSAWWW O corte ajuda a memória alterando a mesma sequência de letras para uma série de cinco pedaços mais fáceis de lembrar HBOFBI CNNUSAWWW Halpern e Bower teorizaram que a for mação musical leva os músicos a decompo rem em pedaços a notação musical em uni dades musicais com significado reduzindo assim a quantidade de informações que pre cisam lembrar para reproduzirem a noção para uma melodia simples Além disso se esse processo fosse responsável pela diferen ça entre o desempenho da memória de músi cos e não músicos a diferença entre os músi cos e os não músicos deveria ser maior para melodias com boa estrutura musical do que para melodias com estrutura musical fraca Halpern e Bower manipularam a variável independente da estrutura musical para testar a sua teoria Para fazer isso usaram três tipos diferentes de melodias para testar seus grupos de músicos e não músicos Eles prepararam conjuntos de melodias simples cujas notações tivessem estruturas visuais semelhantes mas que fossem boas ruins ou aleatórias em termos de estrutura musical O teste crítico no experimento de Hal pern e Bower era se eles obteriam um efei to de interação entre as duas variáveis in dependentes formação musical e tipo de melodia Especificamente eles esperavam que a diferença no desempenho da memó ria entre músicos e não músicos fosse maior para as melodias com boa estrutura depois para as melodias com uma estrutura ruim e menor para as melodias aleatórias Os resul tados do experimento de Halpern e Bower condizem exatamente com suas previsões Metodologia de pesquisa em psicologia 281 O efeito de interação obtido permitiu que Halpern e Bower descartassem muitas hipóteses alternativas para a diferença no desempenho da memória entre músicos e não músicos Características como a quan tidade e o tipo de educação geral o status socioeconômico histórico familiar e boa capacidade de memória não são capazes de explicar por que existe uma relação sis temática entre a estrutura das melodias e o tamanho da diferença no desempenho da memória entre músicos e não músicos Es sas hipóteses alternativas potenciais não ex plicam por que houve diferença no desem penho da memória dos dois grupos para as melodias aleatórias O efeito de interação torna muito menos plausíveis essas explica ções correlacionais simples Existem vários passos que o investiga dor deve seguir para implementar o proce dimento geral para fazer inferências causais com base no desenho de grupos naturais Passo 1 desenvolver uma teoria O pri meiro passo é desenvolver uma teoria ex plicando por que deve haver uma diferença no desempenho de grupos que foram dife renciados com base em uma variável de di ferenças individuais Por exemplo Halpern e Bower teorizaram que os músicos e não músicos diferiam no desempenho musical por causa da maneira como esses grupos or ganizam decompõem as melodias cog nitivamente Passo 2 identificar uma variável relevante para manipular O segundo passo é selecio nar uma variável independente que possa ser manipulada e que se presuma influen ciar a probabilidade de que esse processo teórico ocorra Halpern e Bower sugerem que o tipo de estrutura musical é uma va riável associada à facilidade de decompor Passo 3 testar para interação O aspecto mais crítico da abordagem recomendada é tentar obter um efeito de interação entre a variável manipulada e a variável diferenças individuais Assim a variável independen te manipulada relevante é aplicada a ambos os grupos naturais Halpern e Bower procu raram um efeito de interação entre a variá vel diferenças individuais músico ou não músico e a variável manipulada tipo de estrutura musical em um desenho comple xo do tipo 2 x 3 A abordagem pode ser for talecida ainda mais testandose previsões de efeitos de interação entre três variáveis independentes duas variáveis indepen dentes manipuladas e a variável diferenças individuais ver por exemplo Anderson e Revelle 1982 Resumo Um desenho complexo é aquele em que duas ou mais variáveis independentes são estudadas no mesmo experimento Um de senho complexo envolvendo duas variáveis independentes permite que os pesquisado res determinem o efeito geral de cada variá vel independente o efeito principal de cada variável Mais importante os desenhos complexos podem ser usados para revelar o efeito da interação entre variáveis inde pendentes Os efeitos da interação ocorrem quando o efeito de cada variável indepen dente depende do nível da outra variável independente O desenho complexo mais simples pos sível é o desenho 2 x 2 no qual duas variá veis independentes são estudadas em dois níveis O número de condições em um de senho fatorial é igual ao produto dos níveis das variáveis independentes pex 2 x 3 6 Desenhos complexos além do 2 x 2 po dem ser ainda mais produtivos para se en tender o comportamento Podem se acres centar níveis adicionais de uma ou ambas variáveis independentes para gerar dese nhos como 3 x 2 3 x 3 4 x 2 4 x 3 e assim por diante Também podem ser incluídas variáveis independentes adicionais para criar desenhos como 2 x 2 x 2 2 x 3 x 3 e assim por diante Experimentos envolvendo três variáveis independentes são notavel mente eficientes Eles permitem que os pes quisadores determinem os efeitos principais de cada uma das três variáveis os efeitos de 282 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister interações tridirecionais e o efeito da intera ção simultânea entre todas as três variáveis Quando duas variáveis independentes são estudadas em um desenho complexo podemos interpretar três fontes potenciais de variação sistemática Cada variável in dependente pode gerar um efeito principal estatisticamente significativo e as duas va riáveis independentes podem se combinar e produzir um efeito de interação estatisti camente significativo Os efeitos de intera ção podem ser identificados inicialmente usando o método da subtração quando as estatísticas descritivas são apresentadas em uma tabela ou pela presença de linhas con correntes quando os resultados aparecem em um gráfico de linhas Se o efeito da inte ração não for estatisticamente significativo podemos analisar os resultados examinando os efeitos principais simples e se necessário comparações de médias consideradas duas de cada vez Quando não ocorrem efeitos de interação analisamos os efeitos principais de cada variável independente e quando necessário podemos usar comparações de duas médias ou intervalos de confiança Os desenhos complexos têm um papel crítico no teste de previsões derivadas de teorias psicológicas Os desenhos comple xos também são essenciais para resolver contradições que surgem quando as teorias são testadas Quando se usa um desenho complexo e não existe efeito de interação sabemos que os efeitos de cada variável in dependente podem ser generalizados entre os níveis da outra variável independente Todavia quando há um efeito de intera ção é possível especificar claramente os li mites à validade externa dos resultados A possibilidade de haver efeitos de interação exige que expandamos a definição de va riável independente relevante para incluir aquelas que influenciam o comportamen to diretamente geram efeitos principais e aquelas que produzem um efeito de intera ção quando estudadas em combinação com outra variável independente Os efeitos de interação que podem surgir por causa de problemas de medição como efeitos de teto e piso não devem ser confundidos com efeitos de interação que refletem o efeito combinado verdadeiro de duas variáveis independentes Os efeitos de interação tam bém podem ajudar muito a resolver o pro blema das inferências causais baseadas no desenho de grupos naturais Conceitos básicos desenhos complexos 258 efeito principal 261 efeito de interação 263 efeito principal simples 272 variável independente relevante 277 efeitos de teto 278 efeitos de piso 278 Metodologia de pesquisa em psicologia 283 DESAFIOS 1 Considere um experimento em que duas variáveis independentes foram manipula das A variável A foi manipulada em três níveis e a variável B foi manipulada em dois níveis A Desenhe um gráfico mostrando um efeito principal da variável B nenhum efeito principal da variável A e nenhum efeito de interação entre as duas va riáveis B Desenhe um gráfico mostrando ne nhum efeito da variável A nenhum efeito da variável B mas um efeito de interação entre as duas variáveis C Desenhe um gráfico mostrando um efeito principal da variável A um efeito principal da variável B e nenhum efeito de interação entre as variáveis A e B 2 Um pesquisador usou um desenho com plexo para estudar os efeitos do treina mento treinados e não treinados e da dificuldade do problema fácil e difícil sobre a capacidade de resolução de pro blemas dos participantes O pesquisa dor testou um total de 80 participantes com 20 designados aleatoriamente para cada um dos quatro grupos resultantes da combinação fatorial das duas variá Questões de revisão 1 Identifique o número de variáveis inde pendentes o número de níveis para cada variável independente e o número total de condições para cada um dos seguintes exemplos de experimentos com desenhos complexos a 2 x 3 b 3 x 3 c 2 x 2 x 3 d 4 x 3 2 Identifique as condições em um desenho complexo em que as seguintes variáveis independentes são combinadas fatorial mente 1 tipo de teste com três níveis visual auditivo tátil e 2 grupo de crianças testadas com dois níveis normal desenvolvimento retardado 3 Use os resultados de Kassin e colabora dores sobre os esforços dos interrogado res apresentados na Tabela 83 para obter uma confissão para mostrar que existem duas maneiras possíveis de descrever o efeito da interação 4 Descreva como você usaria o método da subtração para decidir se havia um efeito de interação presente em uma tabela apre sentando os resultados de um desenho complexo 2 x 2 5 Descreva o padrão em um gráfico de linha que indica a presença de um efeito de in teração em um desenho complexo 6 Enumere os passos no plano de análise de um desenho complexo com duas va riáveis independentes quando existe e quando não existe um efeito de interação 7 Use um exemplo para ilustrar como se pode usar um desenho complexo para testar previsões derivadas de uma teoria psicológica 8 De que modo a validade externa dos re sultados em um desenho complexo é in fluenciada pela presença ou ausência de um efeito de interação 9 Explique por que os pesquisadores devem ter cautela ao dizerem que uma variável independente não tem efeito sobre o com portamento 10 Descreva o padrão de estatística descri tiva que indicaria que um teto ou piso pode estar presente em um conjunto de dados e descreva como esse padrão de dados pode afetar a interpretação de es tatísticas inferenciais pex teste F para esses dados 11 Explique como os efeitos de interações po dem ser usados em um desenho complexo como parte da solução para o problema de se fazerem inferências causais com base no desenho de grupos naturais 284 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister veis independentes DESAFIOS CONTINUAÇÃO Os dados apresen tados a seguir representam a porcenta gem média dos problemas que os sujeitos resolveram em cada uma das quatro condições Treinamento Dificuldade do problema Não treinado Treinado Fácil 90 95 Difícil 30 60 A Existem evidências de um possível efeito de interação nesse experi mento B Que aspecto dos resultados desse experimento levariam você a hesitar para interpretar um efeito de intera ção se estivesse presente neste ex perimento C De que modo o pesquisador modi ficaria o experimento para poder in terpretar um efeito de interação se ocorresse 3 Um psicólogo quer descobrir se pessoas idosas têm algum déficit com relação ao seu tempo de reação ao processarem pa drões visuais complexos O experimento conta com 50 pessoas de 65 anos de idade e 50 jovens em idade universitá ria que se ofereceram como voluntários Os participantes são testados usando um teste de figuras embutidas O psicólogo apresenta uma figura simples para cada sujeito seguida imediatamente por um padrão complexo que contém a figura simples O sujeito deve indicar o mais rápido possível a localização da figura simples no padrão complexo Os parti cipantes são cronometrados do começo da apresentação do padrão complexo até localizarem o padrão simples Como o psicólogo havia esperado os tempos de reação médios para os idosos foram notavelmente maiores do que para adul tos jovens Por qualquer padrão usado os resultados foram estatisticamente sig nificativos A O psicólogo afirma com base nes ses resultados que as diferenças em tempos de reação neste experimen to foram causadas por um déficit na capacidade dos idosos de processar informações complexas Você deve reconhecer que um experimento com um desenho complexo deveria ser feito antes que ele pudesse con cluir que os idosos tinham um déficit em seu processamento de padrões visuais complexos Que outro tes te do tempo de reação o psicólogo poderia aplicar a ambos os grupos para transformar o experimento em um desenho complexo Descreva o resultado do experimento com de senho complexo que corroboraria a afirmação de que os idosos têm um déficit no processamento de infor mações complexas e outro resultado que levaria você a questionar a afir mação B Reconhecendo que seu estudo ori ginal é falho o psicólogo tenta usar pareamento post hoc posterior para tentar igualar os dois grupos Ele de cide combinálos com base na saúde geral ie quanto melhor sua saúde mais rápido seu tempo de reação Embora não tenha conseguido uma correspondência exata entre os gru pos ele observa que quando olha apenas os 15 idosos mais saudáveis seus tempos de reação são apenas levemente mais longos do que a mé dia dos adultos jovens Explique como essa observação mudaria a conclusão do psicólogo sobre o efeito da idade no tempo de reação O psicólogo poderia chegar à conclusão geral de que os idosos não sofrem um déficit no tempo de reação nesse teste Por quê ou por que não Metodologia de pesquisa em psicologia 285 Resposta ao Exercício I 1 a Culpa real M 304 inocência real M 318 b A diferença entre as médias para a variável independente status do suspeito é 014 que é uma diferença muito pequena se comparada com a diferença média observada para o efeito estatisticamente significativo da expectativa do interrogador sobre o número de questões presuntivas 362 260 102 c Usando o método da subtração a di ferença entre as condições de culpa real e inocência real na condição de expectativa de culpa é 016 354 370 Na condição de expectativa de inocência a diferença é de 012 254 266 Como essas diferenças são muito semelhantes é improvável que haja um efeito de interação 2 a Culpa real M 984 inocência real M 874 b A diferença entre as médias para as condições de expectativa de culpa e expectativa de inocência é 11 ie aproximadamente 1 técnica mais persuasiva na condição de expecta tiva de culpa do que na condição de expectativa de inocência Em com paração para o efeito principal esta tisticamente significativo da variável independente status do suspeito a diferença no número de técnicas per suasivas usadas entre as condições de culpa real e inocência real é 427 1142 715 c É improvável que haja um efeito de in teração Usando o método da subtra ção a diferença entre as condições de culpa real e inocência real na condição de expectativa de culpa 771 1196 425 é muito semelhante ao valor cal culado para a condição de expectativa de inocência 659 1088 429 3 a Expectativa de culpa M 640 expec tativa de inocência M 570 b Culpa real M 560 inocência real M 651 c O efeito principal estatisticamente significativo da variável expectativa do interrogador indica que o esforço para obter uma confissão a variável dependente foi maior na condição de expectativa de culpa M 640 do que na condição de expectativa de inocência M 570 O efeito principal estatisticamente significativo da variável status do sus peito indica que o esforço para obter uma confissão foi maior na condição de inocência real M 651 do que na condição de culpa real M 560 Resposta ao Exercício II A Efeito de interação efeito principal da di ficuldade do teste B Sem efeito de interação efeitos principais da dificuldade do teste e nível de ansie dade C Sem efeito de interação efeitos principais do tipo de mídia e conteúdo D Efeito de interação efeitos principais do tipo de mídia e conteúdo E Efeito de interação efeitos principais do atraso e complexidade dos padrões são necessárias outras análises estatísticas para testar esses efeitos F Sem efeito de interação efeitos principais do atraso e complexidade dos padrões 286 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Resposta ao Desafio 1 100 10 b1 b2 Variável dependente B a1 a2 a3 A 100 10 Variável dependente A a1 a2 a3 A b2 b1 100 10 Variável dependente C a1 a2 a3 A b2 b1 Notas 1 Somente é possível calcular a média dos valores em cada linha e coluna para obter as médias dos efeitos principais quando existem números iguais de sujeitos contribuindo para cada média na tabela Para procedimentos para calcular médias ponderadas quando as células da tabela envolvem tamanhos amostrais diferentes ver Keppel 1991 2 Um leitor astuto verá que o estudo de Kaiser e colaboradores 2006 é um desenho complexo misto do tipo 2 identidade social x 3 tipo de palavra x 2 apresentação da palavra subli minar consciente Os dois níveis de apresentação da palavra foram manipulados usando um desenho de medidas repetidas A interação 2 x 3 x 2 entre essas variáveis independentes era estatisticamente significativa Para analisar a fonte dessa interação tridirecional Kaiser e co laboradores 2006 analisaram a interação 2 identidade social x 3 tipo de palavra separada mente para apresentação subliminar e apresentação consciente Conforme descrito a interação 2 x 3 mostrouse estatisticamente significativa para a apresentação subliminar mas não para a apresentação consciente Desenhos de caso único e pesquisas com n pequeno 9 Visão geral Por enquanto neste livro enfatizamos a metodologia de grupo pesquisas voltadas para analisar o desempenho médio de um ou mais grupos de sujeitos Isso ficou par ticularmente evidente nos Capítulos 6 7 e 8 quando consideramos os métodos expe rimentais Neste capítulo apresentaremos duas metodologias alternativas que enfati zam o estudo de um único indivíduo Cha mamos essas metodologias de desenhos de pesquisa de caso único Os desenhos de caso único têm sido usados desde que a psicologia científica co meçou no século XIX Os métodos psicofísi cos tiveram sua origem no trabalho de Gus tav Fechner e foram descritos em seu livro de 1860 Elemente der Psychophysik Fechner e um número incontável de outros psicofí sicos desde então usava dados obtidos por meio de experimentos com um ou dois indi víduos Hermann Ebbinghaus é outra figu ra importante na história inicial da psicolo gia que usou um desenho de caso único De fato o caso único que Ebbinghaus estudou foi ele próprio Ele era o sujeito e o experi mentador das pesquisas que publicou em sua monografia sobre a memória em 1885 Ao longo de um período de muitos meses ele aprendeu e tentou reaprender centenas de séries de sílabas aleatórias Seus dados forneceram aos psicólogos as primeiras evi dências sistemáticas do esquecimento ao longo do tempo Os estudos de caso único aparecem re gularmente em periódicos de psicologia lidando com questões desde terapia cog nitiva para veteranos do Vietnã Kubany 1997 ao estudo de processos cerebrais em pacientes amnésticos Gabrieli Fleisch man Keane Reminger e Morrell 1995 e ao tratamento de tiques motores e vocais associados à síndrome de Tourette Gil man Connor e Haney 2005 Os psicólogos cognitivos que estudam o desempenho de especialistas seja o de um bailarino enxa drista ou músico baseiamse fortemente nesses métodos pex Ericsson e Charness 1994 Por exemplo vários pesquisadores recentemente publicaram suas observações de Donny um jovem autista e savant que possivelmente seja o mais rápido e mais preciso prodígio do calendário jamais des crito Thioux Stark Klaiman e Schultz 2006 p 1155 Em menos de um segundo ele consegue dizer o dia da semana em que Metodologia de pesquisa em psicologia 289 você nasceu Donny havia sido diagnos ticado com autismo aos 6 anos de idade e tinha um QI próximo do limite do retardo mental Ainda assim ele acertava em 98 das vezes quando questionado sobre dias da semana entre 1º de março de 1900 e 28 de fevereiro de 2100 Ele cometia erros sis temáticos fora dessa faixa devido ao fato de que parecia não reconhecer que os anos dos séculos somente são bissextos se forem divisíveis por 400 Donny foi avaliado ao longo de um ano com o uso de uma varie dade de condições de teste Os pesquisa dores criaram um modelo cognitivo para explicar o seu desempenho e especulavam sobre o desenvolvimento de habilidades savants em indivíduos autistas Neste capítulo discutimos duas meto dologias de pesquisa específicas que usam o caso único o método do estudo de caso e desenhos experimentais de sujeito único O método do estudo de caso é associado muitas vezes ao campo da psicologia clínica mas pesquisadores de campos como a antropo logia criminologia neurologia e sociologia também fazem uso desse método importan te Por exemplo o neurologista Oliver Sacks 1985 1995 2007 cativou milhões de pes soas com seus estudos de caso vívidos sobre indivíduos com transtornos cerebrais pecu liares e bastante fascinantes Um dos livros mais conhecidos de Sacks é Musicophilia Tales of Music and The Brain 2007 De onde vem o nosso interesse ou propensão a gos tar de música musicofilia Será que são inatos Que partes do cérebro governam as nossas capacidades musicais e nossa apre ciação pela música Será que a música está relacionada com a língua Sacks investiga as respostas para essas e outras questões por meio de uma revisão de estudos de caso de indivíduos com propensões musicais inusitadas O livro começa com a história clínica de um homem que sobreviveu ao ser atingido por um raio e descobriu que havia desenvolvido uma obsessão por música Ele não tinha interesse em música antes do acontecimento mas desde então passa a ter um desejo intenso de ouvir música tocada no piano Depois de ouvir gravações musi cais notou que a música continuava tocan do em sua mente Então fez aulas de piano e começou a escrever suas próprias com posições Esses contos clínicos como Sa cks os chama não apenas nos trazem uma visão da relação entre a mente e o cérebro como também revelam como os indivíduos se adaptam enfrentam e vencem déficits neurológicos profundos Revisaremos as vantagens e as desvantagens do método do estudo de caso A ênfase em um desenho experimental de sujeito único costuma estar na manipulação de variáveis e na interpretação para um único sujeito mesmo que sejam observa dos alguns sujeitos ou um único grupo Os desenhos experimentais de sujeito único também costumam ser chamados de dese nhos experimentais N 1 ou desenhos de pesquisa com n pequeno Esses desenhos são característicos das abordagens chama das análise experimental do comportamento e análise comportamental aplicada Como você verá essas abordagens representam usos básicos e aplicados respectivamente de uma abordagem de n pequeno Os desenhos de sujeito único são mais sistemáticos e con trolados do que os estudos de caso Analisa remos a fundamentação para o uso desses desenhos e apresentaremos exemplos espe cíficos dos desenhos experimentais de sujei to único mais comuns Esses desenhos expe rimentais representam um caso especial do desenho de medidas repetidas apresentado no Capítulo 7 O método do estudo de caso Características Estudos de caso descrições e análises intensivas de indivíduos não possuem o mesmo grau de controle encontrado em desenhos experimentais de n pe queno Os estudos de caso são uma fonte de hi póteses e ideias sobre o comportamento normal e anormal 290 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Um estudo de caso é uma descrição e análise intensiva de um indivíduo único Os estudos de caso fazem uso de dados qualitativos mas isso nem sempre ocorre pex Smith Harré e Van Langenhove 1995 Os pesquisadores que usam o mé todo do estudo de caso obtêm seus dados de várias fontes incluindo a observação naturalística e registros arquivísticos Ca pítulo 4 entrevistas e testes psicológicos Capítulo 5 Um estudo de caso clínico geralmente descreve a aplicação e os resul tados de um determinado tratamento Por exemplo um estudo de caso clínico pode descrever os sintomas de um indivíduo os métodos usados para entender e tratar os sintomas e evidências da efetividade do tratamento Assim os estudos de caso são uma fonte potencialmente rica de informa ções sobre indivíduos As variáveis relacionadas com o tra tamento em estudos de caso clínicos rara mente são controladas de forma sistemá tica Ao contrário podem ser aplicados vários tratamentos simultaneamente e o psicólogo talvez tenha pouco controle so bre as variáveis externas pex ambientes domésticos e de trabalho que influenciam os sintomas do cliente Desse modo uma característica fundamental dos estudos de caso é que eles costumam não ter um grau elevado de controle Sem controle é difícil para os pesquisadores fazerem inferências váli das sobre as variáveis que influenciam o comportamento do indivíduo incluindo o tratamento O grau de controle é uma das características que distinguem o método do estudo de caso e desenhos experimen tais de sujeito único estes apresentando um grau maior de controle ver por exem plo Kazdin 2002 A forma e o conteúdo dos estudos de caso são extremamente variadas Os estu dos de caso publicados podem ter apenas algumas páginas impressas ou podem en cher um livro Muitos aspectos do método do estudo de caso fazem dele um meio único para estudar o comportamento Ele difere de abordagens mais experimentais em termos de seus objetivos dos métodos usados e dos tipos de informações obtidas Kazdin 2002 Por exemplo o método do estudo de caso costuma ser caracterizado como explora tório em natureza e uma fonte de hipóte ses e ideias sobre o comportamento Bolgar 1965 As abordagens experimentais por ou tro lado costumam ser vistas como oportu nidades para testar hipóteses específicas O método do estudo de caso às vezes é consi derado antagônico a métodos mais controla dos de investigação Uma perspectiva mais adequada é sugerida por Kazdin 2002 que enxerga o método do estudo de caso como inter relacionado e complementar a outros métodos de pesquisa em psicologia O método do estudo de caso oferece vantagens e desvantagens para o psicólogo pesquisador ver por exemplo Bolgar 1965 Hersen e Barlow 1976 Kazdin 2002 Toda via antes de revisarmos suas vantagens e desvantagens ilustraremos o método com uma síntese de um estudo de caso real pu blicado por Kirsch 1978 É importante que você leia cuidadosamente essa versão abre viada de estudo de caso pois nós o revisa remos quando discutirmos as vantagens e desvantagens do método do estudo de caso ver Quadro 91 Vantagens do método do estudo de caso Os estudos de caso proporcionam no vas ideias e hipóteses oportunidades para desenvolver novas técnicas clíni cas e uma chance para estudar fenôme nos raros As teorias científicas podem ser desa fiadas quando o comportamento de um caso único contradiz os princípios teóricos e podem ter amparo provisó rio usandose evidências de estudos de caso A pesquisa idiográfica o estudo de in divíduos para identificar o que lhes é singular complementa a pesquisa no motética o estudo de grupos para iden tificar o que é típico Metodologia de pesquisa em psicologia 291 Quadro 91 CLIENTES PODEM SER SEUS PRÓPRIOS TERAPEUTAS UM EXEMPLO DE ESTUDO DE CASO Este artigo fala sobre o uso de treinamento em automanejo uma estratégia terapêutica que capitaliza as vantagens de terapias breves enquanto ao mesmo tempo reduz o perigo de deixar muitas tarefas por serem concluí das A essência da abordagem envolve ensi nar ao cliente como ser o seu próprio terapeu ta comportamental O cliente aprende a avaliar problemas em dimensões comportamentais e a desenvolver táticas específicas baseadas em técnicas existentes de tratamento para superar problemas À medida que o proces so ocorre a relação tradicional entre cliente e terapeuta sempre se altera consideravelmen te O cliente assume o papel duplo de cliente e terapeuta enquanto o terapeuta assume o papel de supervisor O caso de Susan Susan uma mulher casada de 28 anos co meçou a fazer terapia reclamando que sofria com uma memória deficiente pouca inteli gência e falta de autoconfiança As supostas deficiências a faziam ser inibida em diversas situações sociais Ela não conseguia partici par de discussões sobre filmes peças livros ou artigos de revistas porque não conse guia lembrar o suficiente Muitas vezes sentia que não conseguia entender o que se dizia em uma conversa e que isso se devia à sua baixa inteligência Tentava esconder sua falta de compreensão adotando um papel passivo nessas interações e tinha medo de ser desco berta quando lhe pedissem uma resposta Ela não confiava em suas próprias opiniões e de fato às vezes questionava se tinha alguma Susan se sentia dependente das pessoas es perando que dessem opiniões para ela adotar Administrando a Escala de Inteligência Adulta de Weschler WAIS observei que ela tinha um QI verbal de 120 um escore acima da média Seu escore no subteste Dígitos in dicava no mínimo que sua memória de curta duração não era deficiente O teste confirmou o que eu já imaginara ao falar com ela que não havia nada errado com seu nível de inteligên cia ou sua memória Depois de discutir essa conclusão sugeri que investigássemos em mais detalhe os tipos de coisas que ela conse guiria fazer se achasse que sua memória inte ligência e autoconfiança eram suficientemente boas Desse modo conseguimos concordar em uma lista de objetivos comportamentais incluindo tarefas como dar uma opinião pe dir esclarecimentos admitir ignorância de certos fatos etc Durante as sessões de te rapia orientei Susan em ensaios explícitos e encobertos de situações que provocam ansie dade Estruturei tarefas de casa consistindo de aproximações sucessivas de suas metas comportamentais e pedi que ela mantivesse registros de seu progresso Além disso dis cutimos afirmações negativas que ela vinha fazendo sobre si mesma e que não se justifi cavam conforme os dados disponíveis pex sou burra Sugeri que sempre que ela se encontrasse fazendo uma afirmação desse tipo a confrontasse dizendo intencionalmen te coisas positivas e mais apropriadas para si mesma pex não sou burra não existe ra zão lógica para pensar que eu seja Durante a quinta sessão de terapia Su san relatou ter concluído uma tarefa de casa presumidamente difícil Ela não apenas tinha achado fácil de fazer como segundo contou não havia gerado nenhuma ansiedade mes mo na primeira tentativa Foi nesse ponto que a natureza do relacionamento terapêutico se alterou Durante as sessões futuras Susan avaliou seu progresso durante a semana de terminou qual seria o próximo passo e criou suas próprias tarefas de casa Meu papel se tornou o de supervisor de um terapeuta aprendiz reforçando seus sucessos e cha mando atenção para fatores que ela poderia estar omitindo Depois da nona sessão de terapia o tra tamento direto foi descontinuado Durante o mês seguinte contatei Susan duas vezes pelo telefone Ela disse se sentir confiante em sua capacidade de alcançar suas metas Em parti cular contou que sentia um novo senso de controle sobre sua vida Minha impressão é que ela conseguiu adotar um método com portamental de resolução de problemas e avaliação e havia se tornado bastante com 292 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Fontes de ideias sobre o comportamento Os estudos de caso são uma rica fonte de informações sobre indivíduos e insights so bre as causas possíveis do comportamento das pessoas Esses insights quando tradu zidos para hipóteses de pesquisa podem ser testados usando métodos de pesquisa mais controlados Esse aspecto do método do estudo de caso foi reconhecido por Kirsch 1978 quando discute a psicotera pia bemsucedida de Susan Ele afirma que as conclusões desse estudo de caso de vem ser consideradas provisórias Espera se que a utilidade dessa técnica seja esta belecida por pesquisas mais controladas p 305 O método do estudo de caso é um ponto de partida natural para pesquisa dores que estão entrando em uma área de estudo sobre a qual se sabe relativamente pouco Oportunidade para inovação clínica O método do estudo de caso proporciona uma oportunidade para experimentar novas técnicas terapêuticas ou para ex perimentar novas aplicações de técnicas existentes O uso do treinamento de auto manejo em psicoterapia representa uma inovação clínica pois Kirsch mudou a relação típica entre cliente e terapeuta A abordagem do treinamento de automane jo baseiase em ensinar os clientes a serem seus próprios terapeutas em outras pa lavras identificar problemas e criar técni cas comportamentais para lidar com eles O cliente é cliente e terapeuta enquanto o terapeuta atua como supervisor Em uma linha semelhante Kubany 1997 relatou o efeito de uma maratona com uma sessão de terapia cognitiva de um dia com um ve terano do Vietnã que tinha formas diversas de culpa relacionada com o combate Esse tipo de terapia geralmente ocorre ao longo de muitas sessões mas o fato de que essa sessão intensiva parece ter tido êxito suge re um novo modo de conduzir esse tipo de intervenção clínica Método para estudar fenômenos raros Os estudos de caso também são úteis para estudar situações raras Algumas situações são de natureza tão infrequente que pode mos descrevêlas apenas por meio do estu do intensivo de casos individuais Muitos dos estudos de caso descritos nos livros de Oliver Sacks por exemplo descrevem petente Quadro 91 continuação em criar estratégias para alcançar seus objetivos Seguimento Cinco meses após o término do tratamento contatei Susan e pedi informações sobre seu progresso Ela disse que falava mais do que costumava em situações sociais sentiase mais confortável fazendo coisas sozinha ie sem o marido e que de um modo geral não achava mais que era burra Ela resumiu dizen do sinto que estou um passo ou nível acima de onde estava Também perguntei a ela qual das técni cas se alguma que havíamos usado na tera pia ela continuava a usar por conta própria Finalmente ela disse que em pelo menos três ocasiões diferentes durante o período de cin co meses após o término do tratamento havia dito a alguém não entendo isso pode me explicar Essa era uma resposta que ela se sentia incapaz de dar pois poderia expor a sua estupidez para a outra pessoa Três meses após a entrevista de segui mento recebi uma carta de Susan eu havia me mudado para outro estado na qual ela me lembrava de que um dos seus exercícios imaginários era entrar em uma aula de dan ça e se sentir confortável bem havia dado certo Fonte Kirsch I 1978 Teaching clients to be their own therapists A case study illustration Psychotherapy Theory Research and Practice 15 302305 Reim presso sob permissão Metodologia de pesquisa em psicologia 293 indivíduos com transtornos cerebrais ra ros O estudo de autistas savants e outros indivíduos com capacidades de memória excepcionais que mencionamos no começo deste capítulo também é um exemplo de como o estudo de caso é usado para inves tigar casos raros Desafio a pressupostos teóricos Uma teoria que diga que todos os marcianos têm três cabeças seria arruinada se um observador confiável visse um marciano com apenas duas cabeças O método do estudo de caso pode promover o pen samento científico proporcionando um contraexemplo um caso único que vio le uma proposição geral ou um princípio aceito universalmente Kadzin 2002 Considere uma teoria que sugere que a ca pacidade humana de processar e produzir o discurso baseiase em um certo grau em nossa capacidade de apreciar a tona lidade especialmente em línguas tonais como o chinês A capacidade de processar entonações e inflexões na fala bem como o aspecto cantado de certas formas de fala poderia ter semelhança com a apre ciação musical Como essa teoria explica ria a percepção e produção do discurso normal por alguém que não consiga ouvir a música Existem indivíduos com essa característica Oliver Sacks 2007 relata vários es tudos de caso de pessoas com amusia congênita ou a incapacidade de ouvir mú sica Um caso por exemplo envolvia uma mulher que nunca tinha ouvido música pelo menos do modo como a maioria das pessoas ouve música Ela não conseguia discriminar melodias nem dizer se uma nota musical era mais alta ou mais baixa Quando lhe perguntavam como a música soava para ela ela respondia que era como alguém atirando potes e panelas no chão Sua condição somente foi diagnosticada quando ela tinha mais de 70 anos e ela veio a conhecer outras pessoas com esse transtorno neurológico inusitado Ainda assim ela e outras pessoas com amusia apresentam percepção e produção normais de discurso De forma clara uma teoria que propusesse uma conexão íntima entre a capacidade linguística e a apreciação mu sical deveria ser modificada com base nes ses estudos de caso Fundamentação provisória para uma teoria psicológica Evidências de um estudo de caso podem proporcionar uma fundamen tação provisória para uma teoria psicológi ca Embora os resultados de estudos de caso não sejam usados para fornecer evidências conclusivas para uma determinada hipótese o resultado de um estudo de caso às vezes pode fornecer evidências importantes em favor de uma teoria psicológica Um exemplo de estudos de caso que podem proporcionar uma base para uma teoria vem da literatura sobre a memória Nos anos de 1960 Atkinson e Shiffrin pro puseram um modelo da memória huma na que teve uma influência considerável nas pesquisas nesse campo nas décadas seguintes O modelo que se baseava em princípios do processamento de informa ções descrevia um sistema de memória de curta duração e um sistema de memória de longa duração Embora os resultados de muitos experimentos proporcionassem evidências para essa natureza dual da nos sa memória Atkinson e Shiffrin conside ravam os resultados de vários estudos de caso como talvez as evidências mais con vincentes de uma dicotomia no sistema da memória 1968 p 97 Esses estudos de caso envolviam pacientes que haviam sido tratados para epilepsia pela remoção cirúrgica de partes do cérebro dentro dos lobos temporais incluindo uma estrutura subcortical conhecida como hipocampo De particular importância para a teoria de Atkinson e Shiffrin foi o estudo de caso de um paciente conhecido como HM ver Hilts 1995 Scoville e Milner 1957 Depois da operação cerebral observou se que HM tinha um déficit de memó ria perturbador Embora pudesse ter uma conversa normal e lembrarse de fatos 294 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister para um período curto de tempo ele não conseguia se lembrar dos acontecimentos cotidianos Ele podia ler a mesma revista repetidamente sem considerar o conteúdo familiar Era como se HM tivesse um sis tema de memória de curta duração intac to mas não conseguisse colocar as infor mações no sistema de memória de longa duração Testes subsequentes com HM e pacientes com déficits de memória seme lhantes revelaram que a natureza do seu problema de memória é mais complexa do que o sugerido originalmente mas o estudo de caso de HM se mantém impor tante sempre que são discutidas teorias so bre a memória humana por exemplo ver Schacter 1996 e Quadro 92 Complemento ao estudo nomotético do comportamento A psicologia como a ciência em geral visa estabelecer gene ralizações abrangentes leis universais que se apliquem a uma população ampla de organismos Como consequência a pes quisa psicológica costuma ser caracteri zada por estudos que usam a abordagem nomotética A abordagem nomotética en volve grandes números de sujeitos e bus ca determinar o comportamento típico ou médio de um grupo Essa média pode ou não representar o comportamento de ne nhum indivíduo do grupo Ao contrário o pesquisador espera prever com base nesse comportamento médio como os organis mos são em geral Alguns psicólogos como Allport 1961 argumentam que a abordagem no motética é inadequada que o indivíduo é mais do que podemos representar com uma coletânea de valores médios em dimensões variadas Allport argumenta que o indiví duo é singular e regular o indivíduo ope ra de acordo com princípios internamente coerentes Ele também afirma que o estudo do indivíduo chamado de abordagem idio gráfica de pesquisa é um objetivo impor tante para a pesquisa psicológica ver tam bém Smith et al 1995 Allport ilustra a necessidade de uma abordagem idiográfica descrevendo a ta refa que enfrenta o psicólogo clínico O ob jetivo do clínico não é prever o agregado mas predizer o que um homem sic es pecífico fará Para alcançar esse ideal as previsões atuariais às vezes podem ajudar normas universais e grupais são úteis mas não cobrem todo o caminho p 21 All port sugere que a nossa abordagem para Quadro 92 UM CASO ÚNICO QUE CONTINUA A LANÇAR LUZ SOBRE A PSICOLOGIA Henry Gustav Molaison conhecido apenas como HM para os pesquisadores da psi cologia por mais de cinco décadas morreu em 2 de dezembro de 2008 Tinha 82 anos e na maior parte da sua vida viveu apenas no presente inconsciente por mais de al guns minutos das contribuições que estava fazendo para o campo da pesquisa da me mória ver texto Em um obituário publicado no Los Angeles Times TH Maugh II 9 de dezembro de 2008 Eric Kandel ganhador do Prêmio Nobel foi citado dizendo esse caso único iluminou todo um corpus de co nhecimento Ainda assim as contribuições de HM para a ciência não terminaram com a sua morte Muitos anos atrás depois de consultar um parente HM concordou em doar o seu cérebro para a ciência ver B Ca rey The New York Times 22 de dezembro de 2009 Pesquisadores da Universidade da Califórnia em São Diego armazenaram mais de 2000 fatias do cérebro de HM que serão reproduzidas digitalmente em slides para pesquisadores ao redor do mundo ana lisarem As técnicas de produção de lâminas finas do cérebro combinadas com a tecno logia da informática do século XXI têm o potencial de revelar a arquitetura do cérebro de um modo jamais possível antes Muito obrigado HM Metodologia de pesquisa em psicologia 295 entender a natureza humana não deve ser exclusivamente nomotética ou exclusiva mente idiográfica mas deve representar um equilíbrio entre as duas No míni mo a abordagem idiográfica conforme representada pelo método do estudo de caso permite o tipo de observação deta lhada que tem o poder de revelar diversas nuances e sutilezas do comportamento que uma abordagem grupal pode omi tir E como você já viu os estudos de caso têm a capacidade de nos ensinar sobre o comportamento típico ou médio estudan do cuidadosamente indivíduos que são atípicos Desvantagens do método do estudo de caso Os pesquisadores não conseguem fazer inferências causais válidas usando o mé todo do estudo de caso porque as variá veis externas não são controladas e vá rios tratamentos podem ser aplicados simultaneamente em estudos de caso O viés do observador e vieses na cole ta de dados podem levar a interpreta ções incorretas dos resultados de estu dos de casos A possibilidade de generalizar os resul tados de um estudo de caso depende da EXERCÍCIO Neste exercício você deve responder as questões após esta breve descrição Uma das suas amigas está cursando uma disciplina de introdução à psicologia neste semestre e está lhe descrevendo du rante o almoço suas reações ao que acon teceu em aula pela manhã O tema da aula do dia era o desenvolvimento adulto e o pro fessor descreveu dois estudos relacionados com o casamento e o divórcio O professor enfatizou que ambos os estudos representa vam pesquisas excelentes que haviam sido feitas por alguns dos principais especialistas do campo O primeiro estudo envolvia uma grande amostra de casais que haviam sido selecionados aleatoriamente a partir de uma população bem definida Os resultados des se estudo indicam que um pouco mais da metade dos casais acabam em divórcio e que fatores como conflitos persistentes entre cônjuges e um histórico familiar de divórcio eram indicadores confiáveis do divórcio O professor mostrou análises estatísticas que confirmavam a confiabilidade desses indica dores O segundo estudo era uma longa des crição narrativa das experiências de um ca sal em terapia com um conselheiro de casal e família O estudo de caso descrevia como o casal começara a terapia considerando se riamente se divorciar mas decidiu manter o casamento depois de um ano de terapia O professor descreveu várias técnicas especí ficas que o terapeuta usou com o casal para ajudálos a entender e lidar com questões como conflitos no casamento e um histórico familiar de divórcio que os colocava em risco de divórcio O período da classe terminou antes que o professor tivesse chance de descrever como os resultados desses estudos estavam relacionados e que conclusões se podem ti rar deles a respeito do divórcio Como você responderia as questões e preocupações que sua amiga tinha depois dessa classe 1 Uma das questões da sua amiga é como ela pode decidir em qual estudo deve acreditar O primeiro parece dizer que os conflitos maritais e um histórico de divórcio levam ao divórcio mas o segundo indica que esses fatores não precisam levar ao divórcio Sua amiga diz que está inclinada a acreditar nos resultados do segundo estudo Ela considera os exemplos pessoais do segundo estudo que o professor descreveu mais convincentes do que os nú meros que ele usou para amparar os resulta dos do primeiro estudo O que você acha 2 Sua amiga também questiona se algum dos estudos terá implicações para a sua própria experiência de vida Ou seja ela pode saber com base nos resultados dos estudos se irá se divorciar se um dia decidir se casar O que você acha 296 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister variabilidade na população de onde o caso foi selecionado algumas caracte rísticas pex personalidade variam mais entre os indivíduos do que outras pex acuidade visual A dificuldade para tirar conclusões sobre causaefeito Agora você sabe bem que um dos objetivos da ciência é descobrir as causas de fenômenos identificar sem ambiguida des os fatores específicos que produzem um determinado acontecimento Uma das des vantagens do método do estudo de caso é que raramente se podem tirar conclusões de causa e efeito com base nos resultados obti dos com estudos de caso Essa desvantagem ocorre principalmente porque os pesquisado res não conseguem controlar variáveis exter nas em estudos de caso Assim as mudanças comportamentais que ocorrem em estudos de caso podem ser explicadas por meio de várias hipóteses alternativas plausíveis Considere por exemplo o tratamento de Susan com treinamento em automanejo publicado por Kirsch 1978 Embora Susan tenha se beneficiado adequadamente com a terapia de automanejo será que podemos ter certeza de que ela causou a sua melhora Muitas doenças e transtornos emocionais melhoram sem tratamento Os pesquisado res que trabalham com estudos de caso sem pre devem considerar a hipótese alternativa de que os indivíduos poderiam ter melhora do sem o tratamento Além disso vários as pectos da situação podem ter sido responsá veis pela melhora de Susan Seu tratamento estava nas mãos de um psicólogo clínico que proporcionava uma sensação de segu rança Além disso Susan pode ter mudado de atitude para consigo mesma por causa dos insights do terapeuta e do feedback que recebeu dos seus testes e não por causa do automanejo O terapeuta também pediu que Susan como parte da sua terapia ensaiasse situações que gerassem ansiedade de forma explícita e ocultamente Essa técnica é seme lhante à dessensibilização com ensaio que pode ser por si só um tratamento eficaz Rimm e Masters 1979 Como vários tratamentos foram usados simultaneamente não podemos argumen tar de maneira convincente que o treina mento em automanejo tenha sido a causa clara da melhora de Susan Como já vimos o próprio Kirsch era sensível às limitações do método do estudo de caso e sugeriu que as inferências que fizera com base nos resul tados do estudo deviam ser consideradas provisórias até que fossem investigadas de forma mais rigorosa A dificuldade para tirar conclusões de causa e efeito a partir de estudos de caso tam bém é ilustrada pelos resultados de pesquisas recentes sobre a amusia Conforme observa do anteriormente as teorias que conectam a apreciação musical e o desenvolvimento linguístico parecem perder força quando se descobrem indivíduos que têm percepção e produção normais de discurso mas que não possuem a capacidade de ouvir música Entretanto existem evidências de muitas for mas de amusia cada uma provavelmente com a sua própria base neural Alguns casos envolvem a percepção do ritmo outros o re conhecimento de melodias e outros ainda a incapacidade de reconhecer sons discordan tes ver Sacks 2007 Assim são necessárias mais pesquisas para nos proporcionar uma compreensão maior da relação entre as capa cidades musicais e linguísticas Fontes potenciais de viés O resultado de um estudo de caso muitas vezes depende das conclusões de um pesquisador que é um sujeito e um observador Bolgar 1965 Ou seja o terapeuta observa o comporta mento do cliente e participa do processo te rapêutico É razoável pressupor que o tera peuta possa estar motivado para crer que o tratamento ajuda o cliente Como resultado o terapeuta mesmo que bemintencionado pode não observar o comportamento do cliente corretamente O potencial para in terpretações tendenciosas não é peculiar ao método do estudo de caso Anteriormente consideramos os problemas do viés do ob servador Capítulo 4 e do viés do experi mentador Capítulo 6 Metodologia de pesquisa em psicologia 297 O resultado de um caso pode se ba sear principalmente nas impressões do observador Hersen e Barlow 1976 Por exemplo Kirsch 1978 descreveu os sen timentos da cliente Susan com relação à sua capacidade de alcançar seus objetivos e falou como ela dizia ter um senso de con trole sobre sua vida Ele afirmou que sua impressão é que ela conseguiu adotar um método comportamental de resolução de problemas e avaliação e havia se tornado bastante competente em criar estratégias para alcançar seus objetivos p 304 Uma fraqueza séria do método do estudo de caso é que a interpretação dos resultados costu ma se basear unicamente nas impressões subjetivas do observador Também pode haver um viés em estu dos de caso quando as informações são ob tidas de fontes como documentos pessoais anotações de sessões e testes psicológicos Os dados arquivísticos como descrevemos no Capítulo 4 são propensos a várias fontes de viés Além disso quando os indivíduos fornecem informações sobre si mesmos autoavaliações eles podem distorcer ou falsificar as informações para parecerem bons Essa possibilidade existia no trata mento de Susan Não temos como saber se ela exagerou suas autoavaliações da me lhora Outra fonte potencial de viés ocorre quando os relatos baseiamse na memória de indivíduos Os psicólogos cognitivos demonstram repetidamente que a memória pode ser imprecisa particularmente para situações que aconteceram há muito tempo O problema de generalizar a partir de um único indivíduo Uma das limitações mais sérias do método do estudo de caso diz respeito à validade externa dos resultados do estudo de caso Até que ponto podemos generalizar os resultados de um indivíduo para uma população mais ampla Nossa resposta inicial pode ser que os resultados de uma pessoa não podem ser generaliza dos de maneira alguma Todavia a nossa capacidade de generalizar a partir de um único caso depende do grau de variabilida de na população de onde o caso foi selecio nado Por exemplo psicólogos que estudam a percepção visual muitas vezes conseguem generalizar seus resultados com base no es tudo de um indivíduo Os pesquisadores que trabalham com a visão pressupõem que os sistemas visuais são muito semelhantes em todos os seres humanos Portanto pode se usar apenas um ou vários casos para entender como o sistema visual funciona Em comparação outros processos psicoló gicos são muito mais variáveis entre os in divíduos como a aprendizagem memória emoções personalidade e saúde mental Ao se estudarem processos que variam ampla mente na população é impossível dizer que o que se observou em um indivíduo valerá para todos os indivíduos Assim mesmo que aceitemos a conclu são de Kirsch 1978 sobre a efetividade da técnica de psicoterapia com treinamento em automanejo não sabemos se esse tra tamento específico seria tão bemsucedido para outros indivíduos que possam diferir da cliente Susan de diversas maneiras in cluindo a inteligência idade histórico fa miliar e gênero Como com os resultados de metodologias de grupo o próximo passo importante é replicar os resultados para uma variedade de indivíduos Reflexão crítica sobre testemunhos baseados em um estudo de caso Ter em mente as limitações do método do estudo de caso pode ajudar ao se avaliarem testemunhos de indivíduos sobre a efetividade de um determinado tratamento Os estudos de caso às vezes propor cionam demonstrações dramáticas de novos resultados ou fornecem evidên cias do sucesso de um determinado tra tamento Considere anúncios de produtos que você vê nos meios de comunicação pex infomerciais Quantas pessoas que se preocupam com o seu peso conseguem resistir ao exemplo de um indivíduo antes 298 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister obeso que perdeu uma quantidade consi derável de peso usando o produto X Evi dências de estudos de caso podem ser bas tante persuasivas Isso é uma vantagem e uma desvantagem para a comunidade científica Os estudos de caso que apresen tam resultados novos ou inusitados po dem levar os cientistas a reconsiderarem suas teorias ou podem leválos a novos e frutíferos caminhos de pesquisa Desse modo os estudos podem contribuir para o avanço da ciência Entretanto a desvantagem dos estudos de caso é que seus resultados costumam ser aceitos de maneira acrítica Indivíduos ansiosos para perder o peso ou se curar de uma doença talvez não considerem as limi tações das evidências de estudos de caso Ao contrário as evidências oferecem uma ponta de esperança para uma cura Para pessoas que têm ou acham que têm pou cas alternativas agarrarse a juncos pode não parecer totalmente irracional Muitas vezes porém as pessoas não consideram talvez não queiram considerar as razões por que um determinado tratamento não funcionaria para elas Desenhos experimentais de sujeito único n pequeno Na análise comportamental aplicada os métodos desenvolvidos na análise experimental do comportamento são aplicados a problemas socialmente re levantes No restante deste capítulo descrevere mos desenhos experimentais de sujeito úni co n pequeno Esses desenhos experimen tais têm suas raízes em uma abordagem ao estudo do comportamento que foi desenvol vida por B F Skinner na década de 1930 A abordagem se chama análise experimental do comportamento e apresenta uma visão com portamental singular da natureza humana que não apenas compreende prescrições para a maneira como os psicólogos devem fazer pesquisa mas também implicações para a maneira como a sociedade deveria se organizar Vários dos livros de Skinner incluindo Walden Two e Beyond Freedom and Dignity descrevem como os princípios deri vados de uma análise experimental do com portamento podem ser postos em ação para melhorar a sociedade Na análise experimental do comporta mento ao contrário das metodologias de grupo discutidas nos capítulos anteriores muitas vezes ocorre que a amostra é um único sujeito ou um pequeno número de su jeitos n pequeno O controle experimental é demonstrado organizandose as condições experimentais de modo tal que o compor tamento do indivíduo mude sistematica mente com a manipulação de uma variável independente ver Figura 91 Conforme comentou Skinner 1966 em vez de estudar mil ratos por uma hora cada ou cem ratos por dez horas cada é provável que o pesquisador estu de um rato por mil horas O procedimen to não é apropriado apenas para uma ati vidade que reconheça a individualidade ele é no mínimo igualmente eficiente em seu uso de equipamentos e do tempo e energia do pesquisador O teste final da uniformidade ou reprodutibilidade não é encontrado nos métodos usados mas no grau de controle alcançado um teste no qual a análise experimental do com portamento geralmente passa com faci lidade p 21 Dica de estatística Geralmente os desenhos experimentais de sujeito único envolvem um nível mínimo de análises estatísticas As conclusões re lacionadas com os efeitos de uma variável experimental tratamento geralmente são tomadas inspecionandose visualmente o registro comportamental para observar se o comportamento muda sistematicamente com a introdução e remoção do tratamento experimental Portanto existe uma consi derável ênfase em definir observar e re gistrar o comportamento corretamente Metodologia de pesquisa em psicologia 299 Na análise comportamental aplicada os métodos que são desenvolvidos dentro da análise experimental do comportamento são aplicados a problemas socialmente re levantes Essas aplicações costumam ser chamadas de modificação comportamental mas quando aplicadas a populações clí nicas preferese o termo terapia comporta mental Wilson 1978 Muitos psicólogos consideram a terapia comportamental como uma abordagem mais efetiva de tratamento clínico do que aquela baseada no modelo psicodinâmico de terapia em vez de procurar um insight sobre as raízes inconscientes dos problemas a terapia comportamental concentrase no compor tamento observável Por exemplo os com portamentos autoestimulatórios pex balançar o corpo fitar luzes ou girar que muitas vezes caracterizam crianças autis tas podem ser conceituados como com portamentos sob o controle de contingên cias de reforço Desse modo os clínicos e professores conseguem controlar sua fre quência de ocorrência usando técnicas de Figura 91 A análise comportamental aplicada é uma extensão da pesquisa básica de B F Skinner sobre o comportamento animal Será que o comportamento foi definido de forma clara e objetiva para que pos sa ser observado e registrado de maneira fidedigna Será mantido um registro con tínuo cumulativo do comportamento ou as observações serão feitas em intervalos regulares Embora a frequência das res postas seja uma medida comum do com portamento a duração ou outras caracte rísticas do comportamento são medidas apenas às vezes Além disso como você verá mais adiante neste capítulo existem questões estatísticas como uma varia bilidade excessiva no registro comporta mental que devem ser tratadas Uma dis cussão sobre outras questões estatísticas associadas a desenhos de pesquisa com sujeito único iria necessariamente além da nossa breve introdução ver por exem plo Kratochwill e Levin 1992 Parker e Brossart 2003 300 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister modificação comportamental ver Lovaas Newson e Hickman 1987 Diversos estu dos foram publicados mostrando como a modificação comportamental e a terapia comportamental podem ser empregadas para mudar o comportamento de indiví duos gagos crianças e adultos normais e com comprometimento mental pacientes psiquiátricos e muitos outros ver Figura 92 As abordagens baseadas na análise comportamental aplicada também foram usadas com êxito por psicólogos escolares em ambientes educacionais ver Krato chwill e Martens 1994 Uma fonte primá ria desses estudos publicados é o Journal of Applied Behavioral Analysis Características de experimentos com sujeito único Os pesquisadores manipulam uma va riável independente em experimentos com sujeito único portanto esses dese nhos permitem um controle mais rigo roso do que os estudos de caso Em experimentos com sujeito único são registradas observações basais para descrever o comportamento do indiví duo e prever como será no futuro sem o tratamento O comportamento basal e o comporta mento após a intervenção tratamento são comparados usando a inspeção vi sual de observações registradas Figura 92 A análise comportamental aplicada é usada para investigar métodos para con trolar o comportamento desadaptativo de crianças e adultos Metodologia de pesquisa em psicologia 301 O experimento de sujeito único como sugere o nome geralmente concentrase em uma análise da mudança comporta mental em um indivíduo ou na melhor hi pótese alguns indivíduos Todavia como veremos mais adiante neste capítulo o comportamento de um único grupo de indivíduos também pode ser o foco Em um experimento com sujeito único o pesquisador compara condições de trata mento para um indivíduo cujo comporta mento está sendo monitorado continua mente Ou seja a variável independente de interesse geralmente um tratamento é manipulada sistematicamente para um indivíduo Os desenhos experimentais de sujeito único são uma alternativa impor tante ao método do estudo de caso relati vamente sem controle Kazdin 1982 Os experimentos com sujeito único também têm vantagens sobre experimentos com grupos múltiplos conforme descrito no Quadro 93 O primeiro estágio de um experi mento de sujeito único costuma ser um estágio de observação ou estágio basal Durante esse estágio os pesquisadores registram o comportamento do sujeito antes do tratamento Os pesquisadores clínicos geralmente medem a frequência do comportamento visado dentro de uma unidade de tempo como um dia ou uma hora Por exemplo o pesquisador pode registrar o número de vezes durante uma entrevista de 10 minutos que uma criança excessivamente tímida faz contato visual o número de dores de cabeça relatadas a cada semana por uma pessoa com enxa queca ou o número de pausas verbais que um indivíduo gago faz a cada minuto Usando o registro basal os pesquisadores conseguem descrever o comportamento Quadro 93 VANTAGENS DE DESENHOS COM SUJEITO ÚNICO SOBRE DESENHOS GRUPAIS MENOS PODE SER MAIS Os desenhos experimentais de sujeito único talvez sejam mais apropriados do que os de senhos de grupos múltiplos para certos tipos de pesquisas aplicadas ver Hersen e Barlow 1976 Uma dessas situações ocorre quando a pesquisa visa mudar o comportamento de um determinado indivíduo Por exemplo o resul tado de um experimento de grupo pode levar a recomendações sobre os tratamentos que são efetivos de um modo geral para modi ficar o comportamento Todavia não se pode dizer o efeito que esse tratamento teria em qualquer indivíduo com base em uma média grupal Kazdin 1982 resume muito bem essa característica dos experimentos com sujeitos únicos talvez a vantagem mais óbvia dos desenhos experimentais de caso único seja que a metodologia permite a investigação do cliente individual e a avaliação experimental do tratamento para o cliente p 482 Outra vantagem dos experimentos de su jeito único sobre os experimentos de grupos múltiplos envolve o problema ético de se omi tir o tratamento que pode ocorrer na pesquisa clínica Em um desenho com grupos múltiplos um tratamento potencialmente benéfico deve ser omitido para certos indivíduos de maneira a proporcionar um controle que satisfaça os requisitos da validade interna Como os de senhos experimentais de sujeito único com param as condições de tratamento e sem tratamento no mesmo indivíduo evitase o problema de omitir o tratamento Além disso os pesquisadores que fazem pesquisa clínica costumam ter dificuldade para obter acesso a uma quantidade suficiente de clientes para fazer um experimento com grupos múltiplos Por exemplo talvez o clínico somente consiga identificar poucos clientes com claustrofobia medo excessivo de locais fechados O ex perimento com sujeito único proporciona uma solução prática para o problema de se inves tigarem relações de causa e efeito quando existem poucos sujeitos disponíveis 302 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister antes de proporcionarem o tratamento Mais importante a medida basal permite que os pesquisadores prevejam como será o comportamento no futuro sem o trata mento Kazdin 2002 É claro a menos que o comportamento seja monitorado realmente os pesquisadores não saberão com certeza como será o comportamento futuro mas as medidas basais permitem que prevejam o que o futuro guarda se não houver tratamento Depois que os pesquisadores obser vam que o comportamento do indivíduo é relativamente estável ou seja apresenta pouca flutuação entre os períodos regis trados eles introduzem uma intervenção tratamento O próximo passo é registrar o comportamento do indivíduo com as mesmas medidas usadas durante o estágio basal Comparando o comportamento ob servado imediatamente após a interven ção com o comportamento basal os pes quisadores conseguem determinar o efeito do tratamento O efeito do tratamento é observado facilmente usandose um grá fico do registro comportamental Em ou tras palavras como o comportamento mudou após o tratamento experimental Analisando visualmente a diferença en tre o comportamento após o tratamento e o que se previu que ocorreria sem o tra tamento podemos inferir se o tratamento mudou efetivamente o comportamento do indivíduo Tradicionalmente a análise de experimentos de sujeito único não envolve o uso de testes da significância estatística mas existem controvérsias a esse respeito Kratochwill e Brody 1978 Mais adiante neste capítulo discutiremos alguns dos problemas que podem surgir quando se usa a análise visual para determinar se um tratamento foi efetivo ver também Kazdin 2002 Embora os pesquisadores tenham mui tas possibilidades disponíveis Hersen e Barlow 1976 Kazdin 1980 os desenhos de sujeito único mais comuns são o desenho ABAB e os desenhos com medidas basais múltiplas Kazdin 2002 Desenhos experimentais específicos No desenho ABAB os estágios basal A e de tratamento B são alternados para determinar o efeito do tratamento sobre o comportamento Os pesquisadores concluem que o tra tamento causa mudança de comporta mento quando este muda sistematica mente com a introdução ou remoção do tratamento É difícil interpretar o efeito causal do tratamento no desenho ABAB se o com portamento não voltar aos níveis basais quando se remove o tratamento Considerações éticas podem impe dir que os psicólogos usem o desenho ABAB Em desenhos com medidas basais múl tiplas o efeito do tratamento é observa do quando os comportamentos em mais de uma medida basal mudam apenas após a introdução de um tratamento Essas medidas basais múltiplas podem ser observadas entre indivíduos com portamentos ou situações É difícil interpretar o efeito causal do tratamento em desenhos com medidas basais múltiplas quando são observa das mudanças na medida basal antes da intervenção experimental isso pode ocorrer quando os efeitos do tratamento são generalizados O desenho ABAB Os pesquisadores usam o desenho ABAB para demonstrar que o comportamento muda sistemati camente quando alternam condições de tratamento e sem tratamento Um estágio basal inicial A é seguido por um estágio de tratamento B retornando ao estágio basal A e a outro estágio de trata mento B Como o tratamento é removido durante o segundo estágio A esse dese nho também é chamado de desenho de re versão O pesquisador que usa o desenho ABAB observa se o comportamento muda imediatamente com a introdução de uma variável de tratamento o primeiro B se o comportamento reverte quando o trata Metodologia de pesquisa em psicologia 303 mento é removido o segundo A e se o comportamento volta a melhorar quando o tratamento é reintroduzido o segundo B Se o comportamento muda após a in trodução e remoção do tratamento o pes quisador tem evidências consideráveis de que o tratamento causou a mudança de comportamento Horton 1987 usou um desenho ABAB para avaliar os efeitos da cobertura facial sobre o comportamento desadaptativo de uma garota de 8 anos de idade com com prometimento mental grave A cobertura facial é uma técnica levemente aversiva que envolve a aplicação de uma cobertura facial pex um pano suave quando ocorre um comportamento indesejável Pesquisas anteriores haviam mostrado que essa técni ca era efetiva para reduzir a frequência de comportamentos de automutilação como dar tapas no próprio rosto Horton tentou determinar se ela reduziria a frequência com que a criança batia com a colher duran te a refeição Isso impedia que ela fizesse as refeições com seus colegas na escola para crianças excepcionais que frequentava O ato de bater com a colher era perturbador não apenas por causa do barulho mas tam bém porque a fazia jogar comida no chão ou derrubar a colher no chão Criouse uma definição clara do ato de bater com a colher para distinguilo de movimentos normais feitos com a colher Então um paraprofissional foi capacitado para fazer observações e administrar o tra tamento Usouse contagem de frequência para avaliar a magnitude do ato de bater em cada sessão de 15 minutos Durante o pe ríodo inicial ou basal o paraprofissional re gistrou a frequência e a cada ocorrência da resposta disse não bata agarrou o pulso da garota gentilmente e levou sua mão de volta ao prato O procedimento foi filma do e um observador independente assistiu aos filmes e registrou a frequência como medida de verificação da fidedignidade A fidedignidade entre os observadores foi de aproximadamente 96 O estágio basal foi conduzido por 16 dias O primeiro período de tratamento co meçou no dia 17 e durou 16 dias Cada vez que a criança batia com a colher o pa raprofissional continuava a dar o feedback corretivo dizendo não bata e conduzia a mão da garota ao prato Porém ele agora também colocava um babeiro sobre o rosto da menina por 5 segundos A liberação da cobertura facial dependia de a participante não bater com a colher por 5 segundos A primeira fase de tratamento foi seguida por um segundo período basal e outra fase de tratamento Também foram feitas observa ções póstratamento em 6 10 15 e 19 meses A Figura 93 mostra alterações na fre quência do comportamento da garota de bater com a colher em função da alternân cia entre as fases basal e de tratamento Não apenas a cobertura facial se mostrou efetiva para reduzir o comportamento durante as fases de tratamento como as observações realizadas no seguimento revelaram a ex tinção do ato de bater com a colher nos me ses seguintes Depois da fase final de trata mento a garota não exigia mais supervisão direta durante as refeições na escola e em casa e podia comer com os colegas Houve evidências claras de que a aplicação da co bertura facial foi responsável por extinguir o ato de bater com a colher A cobertura fa cial foi o único tratamento administrado e uma análise visual da Figura 93 mostra que o comportamento mudou sistematicamente com a introdução e remoção do tratamento A técnica de cobertura facial foi um proce dimento bemsucedido para controlar os comportamentos desadaptativos da criança quando outros procedimentos menos intru sivos haviam falhado Questões metodológicas associadas a de senhos ABAB Um importante problema metodológico que surge às vezes no con texto de um procedimento ABAB pode ser ilustrado analisandose novamente os resul tados do estudo de Horton 1987 mostra dos na Figura 93 No segundo estágio ba sal quando a aplicação da cobertura facial foi removida houve um aumento no ato de 304 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister bater com a colher Ou seja a melhora ob servada no estágio de tratamento anterior reverteuse E se o comportamento tivesse permanecido baixo mesmo com a remo ção do tratamento O que o pesquisador pode concluir sobre a eficácia do tratamento quando o comportamento no segundo está gio basal não reverte para o que era durante o período basal inicial No Quadro 94 des crevemos razões por que o comportamento pode não reverter para o nível basal quando se remove o tratamento Se pela razão que for o comportamen to não reverter aos níveis basais quando se remove o tratamento os pesquisado res não podem dizer com segurança que o tratamento causou a mudança inicial de comportamento Kazdin 1980 2002 O pesquisador deve analisar a situação cui dadosamente na esperança de identificar variáveis que possam estar confundindo a variável de tratamento ou replicar o pro cedimento com outros sujeitos Hersen e Barlow 1976 Os pesquisadores também podem en frentar um problema ético quando usam o desenho ABAB Suponhamos que o trata mento pareça melhorar o comportamento do indivíduo em relação ao estado basal Será ético remover o que parece ser um tratamento benéfico para determinar se o tratamento causou a melhora Como você pode imaginar a remoção de um tratamen to benéfico talvez não se justifique em todos os casos Alguns comportamentos podem ser fatais ou excepcionalmente debilitantes e não seria ético remover um tratamento de pois que se observou um efeito positivo Por exemplo algumas crianças autistas apre sentam comportamentos de automutilação como bater com a cabeça Se um pesquisa dor clínico conseguisse reduzir a frequên cia desse comportamento seria eticamente incorreto remover o tratamento para cum prir os requisitos do desenho ABAB Feliz mente existe um desenho experimental de caso único que não envolve remover o tra tamento e que pode ser apropriado nessas situações o desenho de medidas basais múltiplas O desenho de medidas basais múltiplas O desenho de medidas basais múltiplas também faz uso de estágios basais e de tratamento mas não pela remoção do tra tamento como no desenho ABAB Confor me sugere o nome os pesquisadores esta belecem vários níveis basais quando usam um desenho de medidas basais múltiplas O desenho de medidas basais múltiplas Basal 5 1 05 01 005 Movimentos por minuto Seguimento Basal Cobertura facial Cobertura fácil Sessões Meses 0 10 15 19 20 30 40 50 60 6 10 Figura 93 Frequência de respostas de bater com a colher nas fases basal de tratamento e de seguimento do estudo Adaptado de Horton 1987 Metodologia de pesquisa em psicologia 305 demonstra o efeito de um tratamento mos trando que comportamentos em mais de um nível basal mudam após a introdução do tratamento Um exemplo do desenho de medidas basais múltiplas é tratar o comportamen to de uma pessoa em situações diferentes Nesse caso o primeiro passo no desenho de medidas basais múltiplas é registrar o comportamento como a agressividade de uma criança como ocorre normalmente em várias situações como o lar a sala de aula e uma creche para depois da escola O pes quisador estabelece a frequência basal do comportamento em cada situação pex medidas basais múltiplas Depois o trata mento é introduzido em uma das situações pex no lar mas não nas outras O pes quisador continua a monitorar o compor tamento em todas as situações Um aspecto crítico do desenho de medidas basais múlti plas é que o tratamento é aplicado a apenas uma medida basal de cada vez O compor tamento na situação tratada deve melhorar ao passo que nas situações basais não deve haver melhora O próximo passo é aplicar o tratamento em uma segunda situação o tratamento também pode continuar na pri meira situação mas deixar a terceira situa ção como medida basal O comportamento somente deve mudar na situação tratada e não na situação basal O último passo é ad ministrar o tratamento na terceira situação mais uma vez o comportamento deve mu dar quando o tratamento é administrado na terceira situação A principal evidência da eficácia de um tratamento no desenho de medidas basais múltiplas é a demonstração de que o comportamento somente muda quando o tratamento é introduzido Quadro 94 POR QUE PODE NÃO HAVER REVERSÃO NO DESENHO DE REVERSÃO Uma razão por que o comportamento pode não reverter para o nível basal é que segundo a lógica não se pode esperar que o compor tamento mude depois que o tratamento levou a uma melhora Isso ocorre em situações em que o tratamento envolve ensinar novas ha bilidades aos indivíduos Por exemplo o tra tamento de um pesquisador pode ser ensinar um indivíduo com desenvolvimento compro metido a se deslocar para o trabalho Depois de aprendida é improvável que a habilidade seja desaprendida reverta para o estado basal com a remoção do tratamento A solu ção para esse problema é clara Os pesquisa dores não devem usar o desenho ABAB quan do podem esperar por razões lógicas que o comportamento visado não reverta ao estado basal quando o tratamento for removido Que outras razões existem para que o comportamento não retorne ao nível basal no segundo estágio Uma possibilidade é que uma variável além do tratamento tenha causa do a mudança de comportamento na primeira troca do estágio basal para o tratamento Por exemplo o indivíduo pode receber mais aten ção da equipe médica ou de amigos duran te o tratamento Essa maior atenção e não o tratamento pode fazer o comportamento melhorar Se a atenção persiste mesmo que o tratamento específico seja removido é prová vel que a mudança comportamental também persista Essa explicação sugere uma con fusão entre a variável de tratamento e algum outro fator não controlado como a atenção Também é possível que embora o trata mento tenha feito o comportamento melhorar outras variáveis entraram em ação e contro laram o novo comportamento Mais uma vez podemos considerar o efeito que a atenção tem sobre o comportamento Quando fami liares e amigos testemunham uma mudança no comportamento talvez eles prestem mais atenção no indivíduo Pense nos elogios que as pessoas recebem quando perdem peso ou param de fumar O reforço positivo na forma de atenção pode manter a mudança com portamental que foi iniciada pelo tratamento e assim não esperaríamos que o comporta mento retornasse aos níveis basais quando se remove o tratamento 306 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Existem diversas variações do desenho de medidas basais múltiplas dependendo do número de medidas basais estabelecidas para diferentes indivíduos para diferen tes comportamentos do mesmo indivíduo ou para o mesmo indivíduo em diferentes situações Embora soem complexos os de senhos de medidas basais múltiplas são usados com frequência e facilmente com preendidos Descreveremos cada tipo de desenho de medidas basais múltiplas usan do um exemplo de pesquisa aplicada No desenho de medidas basais múlti plas entre indivíduos medidas basais são estabelecidas para diferentes indivíduos Quando o comportamento de cada indiví duo foi estabilizado introduzse uma in tervenção para um indivíduo depois para outro mais adiante para outro e assim por diante Como em todos os desenhos de me didas basais múltiplas o tratamento é in troduzido em um momento diferente para cada medida basal neste caso para cada indivíduo Se o tratamento for efetivo ha verá uma mudança de comportamento ime diatamente após a aplicação do tratamento em cada indivíduo Um exemplo do uso de um desenho de medidas basais múltiplas entre indivíduos vem do campo da psicologia esportiva Allison e Ayllon 1980 queriam avaliar a eficácia de um método de treinamento que envolvia várias técnicas comportamentais na aquisição de habilidades específicas para o futebol americano tênis e atletismo Em bora tenham observado que o método foi eficaz para cada esporte descreveremos seu teste da eficácia da instrução comportamen tal para a aquisição de uma habilidade no futebol Os participantes deste experimen to eram membros da segunda linha de um programa municipal de futebol escolhidos porque careciam totalmente das habilida des básicas do futebol p 299 A habilidade a ser adquirida no estudo de Allison e Ayllon 1980 era o bloqueio A habilidade de bloqueio foi definida opera cionalmente em termos de oito elementos variando do corpo estar atrás da linha de disputa pela bola a manter contato corpo ral até o apito tocar A instrução comporta mental envolvia procedimentos específicos implementados pelo treinador do time in cluindo feedback verbal sistemático reforço positivo e negativo e várias outras técnicas comportamentais Inicialmente o experi mentador estabeleceu medidas basais para vários membros do time em condições de instrução padrão No procedimento pa drão o treinador usou instruções verbais modelagem ocasional ou aprovação verbal e quando a execução era incorreta infor mava o jogador ruidosamente e às vezes fazia comentários sobre a estupidez falta de coragem e percepção do jogador ou mesmo comentários piores p 300 Em suma era o exemplo típico de comportamento negati vo por parte do treinador O experimentador e um segundo ob servador registravam a frequência de blo queios corretos feitos em conjuntos de 10 tentativas A instrução comportamental começava segundo o desenho de medidas basais múltiplas em diferentes momentos para quatro jogadores Os resultados des sa intervenção são mostrados na Figura 94 Entre os quatro indivíduos a instru ção comportamental se mostrou efetiva para aumentar a frequência de bloqueios executados corretamente A concordância entre os dois observadores em relação ao desempenho variou de 84 a 94 indican do que a observação do comportamento foi fidedigna A execução da habilidade mudou para cada jogador no ponto em que foi in troduzida a instrução comportamental As sim existem evidências nesse desenho de medidas basais múltiplas de que o método de instrução causou a mudança no desem penho de cada jogador Um segundo tipo de desenho de me didas basais múltiplas envolve estabelecer duas ou mais medidas basais observando comportamentos diferentes no mesmo indi víduo um desenho de medidas basais múlti plas entre comportamentos Um tratamento é direcionado primeiramente a um compor tamento depois a outro e assim por dian Metodologia de pesquisa em psicologia 307 te São obtidas evidências de uma relação causal entre tratamento e comportamento se o desempenho mudar para cada compor tamento imediatamente após a introdução do tratamento Por exemplo Gena Krantz McClannahan e Poulson 1996 tentaram ensinar vários comportamentos afetivos socialmente apropriados para jovens com autismo Conforme os pesquisadores ob servaram crianças com autismo costumam apresentar comportamentos afetivos inade quados que limitam suas oportunidades de se comunicar efetivamente com as pessoas e de desenvolver relações interpessoais O tratamento envolvia elogios verbais e fichas que podiam ser trocadas por recompen sas que dependiam de respostas afetivas apropriadas em três ou quatro categorias comportamentais diferentes Os comporta mentos visados foram selecionados entre os seguintes demonstrar apreciação falar sobre coisas preferidas rir de absurdos demonstrar simpatia e indicar aversão Uma análise visual dos registros compor tamentais mostra evidências da eficácia do tratamento para cada indivíduo Confor me exigido no desenho de medidas basais múltiplas os diferentes comportamentos Porcentagem de bloqueios executados corretamente Jon Alan Steve David 50 25 0 50 25 0 50 25 0 50 25 0 Sessões a ausente a Instrução comportamental Instrução padrão Figura 94 Medidas basais múltiplas mostrando a porcentagem de bloqueios executados corretamente por quatro jogadores em função da instrução padrão e instrução comportamental Adaptado de Allison e Ayllon 1980 308 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister afetivos mudaram imediatamente após a introdução da intervenção para aquele com portamento A terceira variação importante do de senho de medidas basais múltiplas envol ve estabelecer duas ou mais medidas ba sais para o comportamento do indivíduo entre situações diferentes um desenho de medidas basais múltiplas entre situações Por exemplo como descrevemos quando apresentamos o desenho de medidas ba sais múltiplas o pesquisador pode estabe lecer medidas basais mostrando a frequên cia do comportamento agressivo de uma criança em casa na sala de aula e em uma creche após a escola Como ocorre com outras variações do desenho o tratamen to é aplicado em momentos diferentes e os registros comportamentais são analisa dos para determinar se o comportamento muda sistematicamente com a introdução do tratamento Hartl e Frost 1999 tiveram êxito no tratamento de uma mulher de 53 anos de idade para compulsão por acumular obje tos A desordem em sua casa ocupava apro ximadamente 70 do espaço de modo que as peças não podiam ser usadas para seu propósito original Na sala de TV por exem plo jornais contas pagas e por pagar car tas e outros objetos formavam uma pilha de um metro sobre o sofá e ficavam espalhados pelo chão soterrando uma mesa de centro Em outras peças e corredores havia muitos presentes que a cliente havia comprado sem ter um destinatário em mente com as pilhas chegando ao teto O tratamento consistiu em treinamento em tomada de decisão e categorização exposição e habituação a descartar e reestruturação cognitiva cada um costurado ao contexto de sessões sema nais de escavação p 454 Um desenho de medidas basais múltiplas entre situações foi usado sendo as situações as diferentes peças da casa Para medir o progresso os pesquisadores calcularam razões de acú mulo RAs baseadas na proporção do es paço da sala coberta pelo acúmulo de ma teriais O tratamento começou na cozinha enquanto quatro outras peças serviam como medidas basais depois de várias sessões de tratamento na cozinha os pesquisadores passaram para outra sala para começar o tratamento e assim por diante Cada ses são durava algumas horas com o número total de sessões continuando por mais de um ano Um gráfico mostrando as condi ções de tratamento e basais entre as situa ções peças mostra evidências claras de que as RAs diminuíram substancialmente em cada uma das salas abordadas depois que o tratamento foi aplicado à sala específica p 456 Questões metodológicas associadas a de senhos de medidas basais múltiplas Quantas medidas basais são necessárias Como ocorre com muitos outros as pectos da pesquisa com casos individuais não existem regras rígidas para responder a pergunta quantas medidas basais eu preciso O mínimo certamente é duas medidas basais mas costuma ser consi derado inadequado sendo recomendadas três ou quatro medidas basais em um dese nho de medidas basais múltiplas Hersen e Barlow 1976 E se o comportamento muda antes da intervenção Pode haver problemas em qualquer tipo de desenho de medidas basais múlti plas quando são observadas mudanças no comportamento antes que o tratamento seja administrado As razões para essas mudan ças prematuras em uma medida basal nem sempre são claras A lógica dos desenhos de medidas basais múltiplas depende cri ticamente das mudanças que ocorrem no comportamento logo após a introdução do tratamento Assim quando ocorrem mu danças no comportamento basal antes do tratamento isso dificulta para se concluir que o tratamento foi eficaz Se ocorrem mudanças prétratamento em apenas uma de várias medidas basais especialmente se houver uma explicação plausível para Metodologia de pesquisa em psicologia 309 a mudança com base em fatores metodo lógicos ou situacionais ainda é possível interpretar o desenho de medidas basais múltiplas com um certo grau de confian ça Por exemplo Kazdin e Erickson 1975 usaram um desenho de medidas basais múltiplas entre indivíduos para ajudar in divíduos com comprometimento mental grave a responderem a instruções Os parti cipantes que seguiram as instruções foram reforçados com cereais doces e elogios e essa intervenção foi introduzida em quatro grupos pequenos em diferentes momentos O desempenho mudou diretamente com a aplicação do procedimento de reforço po sitivo nos três grupos mas não no quar to Nesse grupo que teve a medida basal mais longa o comportamento melhorou gradualmente antes da intervenção Os pesquisadores sugerem de maneira razoá vel que isso ocorreu porque os indivíduos desse grupo viram os outros participantes seguirem as instruções e imitaram o com portamento dos sujeitos tratados E se o tratamento se generaliza para ou tros comportamentos ou situações Um problema observado às vezes em desenhos de medidas basais múltiplas ocorre quando as mudanças em um com portamento se generalizam para outros com portamentos ou situações Quando Hartl e Frost 1999 trataram uma mulher para a compulsão a acumular objetos poderíamos especular que o tratamento em uma peça da casa a levaria a diminuir o acúmulo em outras Todavia essa redução não foi obser vada e o acúmulo até aumentou um pouco no banheiro que servia como controle sem intervenção Ao lidar com possíveis problemas de generalização os pesquisadores devem ter em mente a seguinte máxima um grama de prevenção vale um quilo de cura Se a alternância do comportamento de um in divíduo é provável de afetar os comporta mentos de outros se o comportamento em uma situação é provável de afetar o com portamento em outra ou se a mudança em um tipo de comportamento é provável de afetar outros comportamentos talvez seja preciso modificar ou abandonar os dese nhos de medidas basais múltiplas Kazdin 2002 Infelizmente nem sempre é fácil prever quando as mudanças ocorrerão si multaneamente em mais de uma medida basal mas esses problemas parecem ser exceções relativamente infrequentes aos efeitos que costumam ser observados em um desenho de medidas basais múltiplas Kazdin 2002 Todavia o que é claro é que para se concluir que um tratamento é eficaz usando um desenho de medidas ba sais múltiplas é necessário que o compor tamento mude logo após a introdução do tratamento em cada grupo Problemas e limitações comuns a todos os desenhos de sujeito único Pode ser difícil interpretar o efeito de um tratamento se o estágio basal apre senta variabilidade excessiva ou ten dências crescentes ou decrescentes no comportamento O problema da baixa validade exter na com experimentos de sujeito único pode ser reduzido testandose peque nos grupos de indivíduos Problemas com registros basais Um registro basal e resposta ideais para uma intervenção são mostrados no painel A da Figura 95 O comportamento durante o estágio basal é bastante estável e muda imediatamente após a introdução do tra tamento Se esse fosse o resultado dos pri meiros estágios de um desenho ABAB ou de um desenho de medidas basais múlti plas estaríamos na direção de mostrar que nosso tratamento é eficaz para modificar o comportamento Todavia considere os es tágios basais e de tratamento apresentados no painel B da Figura 95 Embora o com portamento desejado pareça aumentar em frequência após uma intervenção a medida basal apresenta bastante variabilidade É difícil saber se o tratamento gerou a mu 310 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister dança ou se o comportamento estava em um período de ascensão De um modo ge ral é difícil decidir se uma intervenção foi efetiva quando existe variabilidade excessi va na medida basal Existem várias maneiras de lidar com o problema da variabilidade basal exces siva Uma delas é procurar fatores na si tuação que possam estar gerando a varia bilidade e removêlos A presença de um determinado membro da equipe médica por exemplo pode estar causando mu danças no comportamento de um paciente psiquiátrico Outra abordagem é esperar que passe continuar tirando medidas basais até o comportamento se estabilizar É claro não é possível prever quando e se isso pode acontecer Todavia introduzir a intervenção antes que o comportamento se estabilize pode prejudicar uma interpreta ção clara dos resultados Uma última ma neira de lidar com a variabilidade exces siva é usar a média dos dados Mapeando o registro comportamental com o uso das médias de vários pontos os pesquisadores às vezes podem reduzir a aparência de variabilidade Kazdin 1978 O painel C da Figura 95 ilustra outro problema potencial que pode surgir quando as medidas basais apresentam uma tendên cia crescente ou decrescente Se o objetivo da intervenção fosse aumentar a frequência do comportamento a tendência decrescente apresentada no painel C não traria proble mas para a interpretação Uma intervenção que reverta a tendência decrescente pode ser considerada como evidência de que o tratamento foi eficaz Todavia se o objeti vo da intervenção fosse reduzir a frequên cia de um comportamento o problema se ria mais sério Essa situação é ilustrada no painel D Nesse caso vemos uma tendência decrescente no estágio basal e uma redução continuada na frequência no estágio de tra tamento Seria difícil saber se o tratamento teve efeito pois a redução após a interven ção poderia se dever à intervenção ou à con tinuação da tendência basal Quando se es pera que uma intervenção tenha um efeito na mesma direção que a tendência basal a B A D C Medida basal Intervenção Medida basal Intervenção Medida basal Intervenção Medida basal Intervenção Comportamento Comportamento Comportamento Comportamento Figura 95 Exemplos de registros comportamentais apresentando relações possíveis entre as fases basais e de intervenção de um programa de modificação comporta mental A seta indica o começo de uma intervenção Metodologia de pesquisa em psicologia 311 mudança após a intervenção deve ser muito mais pronunciada do que a apresentada no painel D para amparar a conclusão de que o tratamento foi eficaz Kazdin 1978 Esse problema se torna ainda mais intrigante porque o efeito do tratamento em um dese nho de sujeito único costuma ser avaliado por uma análise visual do registro compor tamental Muitas vezes é difícil dizer o que constitui uma mudança pronunciada no registro comportamental ver por exemplo Parsonson e Baer 1992 Uma ideia especial mente boa nessas circunstâncias é comple mentar as observações do comportamen to visado com outros meios de avaliação como fazer comparações com indivíduos normais ou pedir avaliações subjetivas de outras pessoas que conheçam o indivíduo Questões relacionadas com a validade ex terna Uma crítica frequente dos desenhos de pesquisa de sujeito único é que os resul tados têm validade externa limitada Em outras palavras o experimento com sujei to único parece ter a mesma limitação que o método do estudo de caso Como cada pessoa é singular podese argumentar que não existe maneira de saber se o efeito de uma determinada intervenção se genera lizará para outros indivíduos Contudo existem várias razões por que a validade externa dos resultados de experimentos de sujeito único pode não ser tão limitada quanto parece Primeiramente os tipos de intervenção usados em experimentos de sujeito úni co costumam ser potentes e muitas vezes geram mudanças radicais e consideráveis no comportamento Kazdin 1978 Conse quentemente esses tipos de tratamentos costumam se generalizar a outros indiví duos Outras evidências da generalização dos efeitos de experimentos de sujeito único vêm do uso de desenhos de medidas basais múltiplas O desenho de medidas basais múltiplas entre indivíduos por exemplo costuma mostrar que uma determinada in tervenção teve êxito para modificar o com portamento de vários indivíduos De ma neira semelhante medidas basais múltiplas entre situações e comportamentos podem atestar a validade externa dos efeitos de um tratamento Talvez a melhor maneira de estabelecer a validade externa de um efeito de trata mento em um experimento de sujeito único é testar um único grupo de sujeitos Os procedimentos associados a desenhos de sujeito único são usados às vezes com pe quenos grupos de indivíduos ie n peque no Por exemplo Kazdin e Erickson 1975 observam que o reforço positivo aumentou a responsividade a instruções em grupos pequenos de indivíduos com comprome timento mental Os pesquisadores conse guiram demonstrar que o tratamento foi eficaz em média para um pequeno grupo de participantes bem como para os indiví duos do grupo De certo modo o efeito do tratamento foi replicado várias vezes entre os membros do grupo Experimentos com sujeito único como esses fornecem ótimas evidências da validade interna e externa Resumo Dois desenhos de pesquisa com caso único são o estudo de caso e o experimento com sujeito único ou desenho de n pequeno O método do estudo de caso pode ser uma fonte importante de hipóteses sobre o com portamento proporcionar uma oportunida de para inovação clínica pex experimen tar novas abordagens de terapia permitir o estudo intensivo de fenômenos raros de safiar pressupostos teóricos e proporcionar amparo provisório para uma teoria psicoló gica O estudo intensivo de indivíduos que é a marca do método do estudo de caso se chama pesquisa idiográfica e pode ser con siderado complementar à abordagem no motética procurar leis ou princípios gerais que também é característica da psicologia Os problemas surgem quando se usa o mé todo do estudo de caso para tirar conclu sões de causa e efeito ou quando os vieses na coleta ou interpretação de dados não são identificados O método do estudo de caso 312 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister também envolve problemas potenciais com a generalização de resultados baseados no estudo de um único indivíduo Além disso os resultados dramáticos obtidos a partir de certos estudos de caso ainda que pos sam proporcionar insights importantes aos pesquisadores costumam ser aceitos como válidos por pessoas que não estão cientes das limitações desse método B F Skinner desenvolveu a análise experimental do comportamento A análi se comportamental aplicada tenta aplicar princípios derivados de uma análise expe rimental do comportamento a problemas de relevância social A principal metodologia dessas abordagens é o experimento com sujeito único ou pesquisa com n pequeno Embora existam muitos tipos de desenhos de sujeito único os mais comuns são o de senho ABAB e o desenho de medidas basais múltiplas Um desenho ABAB ou desenho de re versão permite que o pesquisador confirme o efeito de um tratamento mostrando que o comportamento muda sistematicamente em condições de tratamento e sem tratamento basal Nesse desenho surgem problemas metodológicos quando o comportamento que mudou durante o primeiro tratamen to B não reverte quando o tratamento é removido durante o segundo estágio basal A Quando isso ocorre é difícil estabelecer que o tratamento em vez de algum outro fator foi responsável pela mudança inicial Podemse encontrar problemas éticos com o uso do desenho ABAB se um tratamento que se mostrou benéfico for removido du rante o segundo estágio basal O desenho de medidas basais múlti plas demonstra a eficácia de um tratamen to mostrando que os comportamentos em mais de uma medida basal mudam como consequência da introdução de um trata mento As medidas basais são estabelecidas entre indivíduos diferentes ou entre com portamentos ou situações para o mesmo indivíduo Podem surgir problemas meto dológicos quando o comportamento não muda imediatamente com a introdução do tratamento ou quando o efeito do tratamen to se generaliza para outros indivíduos ou tros comportamentos ou outras situações Os problemas com a variabilidade ex cessiva no estágio basal bem como medi das basais crescentes ou decrescentes di ficultam a interpretação dos resultados de pesquisas com desenhos de sujeito único O problema da variabilidade basal excessiva pode ser abordado identificandose e re movendose as fontes de variabilidade am pliando o tempo durante o qual são feitas observações basais ou usando a média dos dados para eliminar a aparência de varia bilidade As alterações nas medidas basais podem exigir que o pesquisador obtenha outros tipos de evidências da efetividade do tratamento Finalmente o desenho de sujei to único costuma ser criticado por sua falta de validade externa Todavia como os tra tamentos geralmente produzem mudanças substanciais no comportamento essas mu danças podem ser replicadas facilmente em indivíduos diferentes O uso de grupos únicos de sujeitos pesquisa com n peque no também pode proporcionar evidências imediatas da generalização entre os sujeitos Conceitos básicos estudo de caso 290 abordagem nomotética 294 abordagem idiográfica 294 experimento de sujeito único 301 estágio basal 301 desenho ABAB desenho de reversão 302 desenho de medidas basais múltiplas entre indivíduos 306 desenho de medidas basais múltiplas entre comportamentos 306 desenho de medidas basais múltiplas entre situações 308 Metodologia de pesquisa em psicologia 313 Questões de revisão 1 Identifique e dê um exemplo de cada uma das vantagens do método do estudo de caso 2 Faça uma distinção entre uma abordagem nomotética e uma abordagem idiográfica de pesquisa 3 Identifique e dê um exemplo de cada uma das desvantagens do método do estudo de caso 4 Qual é a principal limitação do método do estudo de caso para se tirarem conclusões de causa e efeito 5 Em quais condições pode um desenho de sujeito único ser mais apropriado do que um desenho de grupos múltiplos 6 Faça uma distinção entre estágios basais e de intervenção em um desenho experi mental de sujeito único 7 Por que o desenho ABAB também é cha mado desenho de reversão 8 Que problemas metodológicos são as sociados especificamente ao desenho ABAB 9 Descreva os procedimentos e a lógica co muns a todas as principais formas de de senhos de medidas basais múltiplas 10 Que problemas metodológicos são asso ciados especificamente a desenhos de me didas basais múltiplas 11 Que problemas metodológicos devem ser abordados em desenhos de sujeito único 12 Que evidências corroboram a validade ex terna de desenhos de sujeito único DESAFIOS 1 Um estudo de caso mostrando como a terapia de lama conseguira tratar um indivíduo com ansiedade excessiva foi publicado em uma revista conhecida Os sintomas do paciente incluíam difi culdade para dormir perda do apetite nervosismo extremo quando em grupos de pessoas e sensações gerais de excita ção que levavam o indivíduo a sempre se sentir a ponto de explodir e com medo O terapeuta da Califórnia que administrou a terapia de lama era conhecido por esse tratamento tendo aparecido em vários programas de TV Inicialmente ele ensi nava ao paciente uma técnica de relaxa mento profundo e uma palavra secreta para repetir constantemente para blo quear todos os pensamentos perturbado res Então o paciente deveria submergir por duas horas a cada dia em uma ba nheira da calma especial feita de madei ra e cheia de lama Durante esse período o paciente deveria praticar os exercícios de relaxamento e se concentrar em repe tir a palavra secreta sempre que tivesse o mínimo de ansiedade A terapia era bas tante cara mas depois de seis semanas o paciente relatou ao terapeuta que não tinha mais os mesmos sentimentos de ansiedade que citara antes O terapeuta o declarou curado e atribuiu o sucesso do tratamento à imersão na lama calmante A conclusão do autor do artigo que des crevia essa terapia foi que é um trata mento com o qual muitas pessoas pode riam se beneficiar Com base em nosso conhecimento das limitações do método do estudo de caso responda às seguin tes perguntas A Que fontes possíveis de viés havia no estudo B Que explicações alternativas você pode sugerir para o sucesso do trata mento C Que problema potencial existe em se estudar apenas um indivíduo 2 Uma criança de 5 anos de idade costu ma desenvolver erupções cutâneas e o médico da família disse à sua mãe que o problema se devia a alguma coisa que a criança comia O médico sugere que ela observe cuidadosamente o que a criança come A mãe decide abordar o problema registrando a cada dia se a 314 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister criança tem a DESAFIOS CONTINUAÇÃO erupção e o que ela tinha comido na véspera Ela espera encon trar alguma relação entre comer uma determinada comida e a presença ou ausência das erupções cutâneas Em bora essa abordagem possa ajudar a descobrir uma relação entre comer cer tos alimentos e o surgimento de erup ções cutâneas uma abordagem melhor seria baseada na lógica e procedimen tos associados aos desenhos de pes quisa com sujeito único Explique como a mãe poderia usar essa abordagem al ternativa Seja específico e aponte os problemas possíveis que poderiam sur gir nessa aplicação da metodologia comportamental 3 Durante os meses de verão você con segue um emprego em uma colônia de férias para crianças com comprometi mento mental leve Como conselheiro você deve supervisionar um pequeno grupo de crianças bem como procurar maneiras de melhorar a sua atenção a diversas atividades da colônia de férias que ocorrem em um lugar fechado pex artesanato e costura Você decide explo rar a possibilidade de usar um sistema de recompensas MMs para o tempo na tarefa Você nota que o diretor da colô nia de férias quer evidências da eficácia da sua estratégia de intervenção bem como garantias de que funcione com ou tras crianças da colônia de férias Portan to você deve A Planejar uma estratégia de interven ção baseada em princípios de reforço que tenha como objetivo aumentar o tempo que as crianças passam em uma atividade da colônia de férias B Explicar os registros comportamen tais que serão necessários e como você determinará se a sua interven ção produziu uma mudança no com portamento da criança Você deverá por exemplo especificar exatamente quando e como avaliará o comporta mento bem como justificar o uso de um determinado desenho para imple mentar o seu experimento C Descrever o argumento que você usa rá para convencer o diretor de que a sua estratégia de intervenção funcio nará pressupondo que funcione com outras crianças semelhantes 4 Um professor pediu a sua ajuda para pla nejar uma intervenção comportamental que ajude a lidar com o comportamento de uma criança problemática na sala de aula A criança não permanece em sua mesa quando lhe pedem não faz silên cio durante os momentos de silêncio e apresenta outros comportamentos que perturbam o ambiente de ensino Expli que especificamente como um reforço positivo como uma bala ou pequenos brinquedos podem ser usados como parte de um desenho de medidas basais múltiplas entre comportamentos para me lhorar o comportamento dessa criança Metodologia de pesquisa em psicologia 315 Resposta ao Exercício 1 Talvez você se sinta inclinado a con cordar com a sua amiga Os exemplos pessoais são mais convincentes do que evidências quantitativas Todavia para avaliar esses dois estudos é importante reconhecer que eles representam duas abordagens diferentes de pesquisa O primeiro estudo representa a abordagem nomotética que se baseia no estudo de grandes grupos e tende a usar medidas quantitativas para descrever os grupos O segundo estudo representa a aborda gem idiográfica que envolve o estudo in tensivo de casos individuais e descrições qualitativas Depois de reconhecer essas diferenças nas duas abordagens uma análise cuidadosa dos resultados indica que não existe necessidade de escolher entre os dois estudos O primeiro estu do indica que um pouco mais da meta de dos casamentos acabam em divórcio mas isso significa que um pouco menos da metade de todos os casamentos não acaba em divórcio O segundo estudo in dica que mesmo os casamentos que estão em risco de divórcio por causa de fatores como conflitos e um histórico familiar de divórcio não acabam necessariamente em divórcio O segundo estudo sugere que pode ser necessário um esforço adicional para superar esses fatores de risco Por exemplo o casal que pensava em se di vorciar quando começou a terapia estava disposto a passar um ano em terapia para trabalhar o seu casamento Os resultados desses dois estudos ilustram a noção ge ral de que as pesquisas nomotética e idio gráfica podem se complementar em vez de competirem entre si 2 A segunda pergunta da sua amiga é um exemplo de uma pergunta geral que os estudantes de psicologia fazem com fre quência e devem fazer o que essas evi dências de pesquisa têm a ver comigo Os resultados desses dois estudos fornecem informações potencialmente úteis para a sua amiga à medida que considera o seu futuro O primeiro estudo nos diz que o divórcio é frequente e que certos fatores foram identificados como indicadores de quando é mais provável ocorrer um divórcio O segundo estudo nos diz que os casamentos podem ter êxito mesmo quando existem fatores de risco presen tes Essas informações podem ser úteis porque proporcionam evidências de um estudo sistemático e controlado que com plementa o que podemos aprender a par tir da nossa experiência Sua amiga não conseguiria determinar com base nesses resultados se ela irá de fato se divorciar se decidir casar De maneira mais geral os resultados de pesquisas psicológicas ain da não conseguem nos dar a resposta para a questão de Gordon Allport sobre o que uma determinada pessoa fará Resposta ao Desafio 1 A Uma fonte de viés nesse estudo de caso era que o mesmo indivíduo atuou como tera peuta e como pesquisador com os proble mas proporcionais do viés do observador Uma segunda fonte de viés é que o tera peuta baseou suas conclusões unicamente em autoavaliações do paciente B O sucesso do tratamento pode ser resulta do apenas da técnica de relaxamento do uso da palavra secreta frente à ansieda de da atenção que o paciente recebeu do terapeuta ou mesmo do elevado custo do tratamento C O principal problema que surge ao se es tudar um indivíduo é a falta potencial de validade externa Desenhos quaseexperimentais e avaliação de programas 10 Visão geral No sentido mais geral um experimento é um teste é um procedimento que usamos para descobrir algo que ainda não sabemos Nesse sentido experimentamos quando adi cionamos novos ingredientes a uma receita para ver se conseguimos melhorar o sabor Experimentamos com novas maneiras de pescar mudando as iscas que usamos Ex perimentamos quando tomamos uma rota diferente para o trabalho de maneira a en contrar um caminho mais rápido Todavia como você certamente reconhece esses tipos de experimentos informais são muito di ferentes dos experimentos que costumam ser implementados na pesquisa psicológica Os métodos experimentais ao contrário de outras técnicas de pesquisa como a observa ção e os levantamentos são considerados o modo mais eficiente de determinar a causa ção Porém nem sempre é fácil determinar a causação e nos últimos capítulos apresen tamos a complexidade da tarefa que enfren tam os pesquisadores que tentam entender um fenômeno descobrindo o que o causou Neste capítulo continuamos a nossa discussão sobre métodos experimentais mas nos concentramos em experimentos conduzidos em ambientes naturais como hospitais escolas e empresas Você verá que a tarefa de tirar conclusões sobre cau sa e efeito nesses ambientes se torna ainda mais difícil e que novos problemas surgem quando o pesquisador deixa os confins do laboratório para fazer experimentos em am bientes naturais Existem muitas razões por que os pes quisadores fazem experimentos em am bientes naturais Uma razão para esses ex perimentos de campo é testar a validade externa de um resultado obtido no labora tório ver o Capítulo 6 Ou seja buscamos descobrir se um efeito de tratamento ob servado no laboratório funciona de manei ra semelhante em outro ambiente Outras razões para experimentar em ambientes naturais são mais práticas A pesquisa em ambientes naturais provavelmente estará associada a tentativas de melhorar as con dições em que as pessoas vivem e traba lham O governo pode experimentar com um novo sistema de impostos ou um novo método de formação profissional para pes soas em situação de desvantagem econômi ca As escolas podem experimentar mudan do os programas de merenda de atividades Metodologia de pesquisa em psicologia 317 extraclasse ou o currículo Uma empresa pode experimentar com novos produtos métodos de prestar benefícios aos em pregados ou horário de trabalho flexível Nesses casos como ocorre no laboratório é importante determinar se o tratamento causou uma mudança Será que a mudan ça na maneira como os pacientes são ad mitidos à emergência do hospital fez com que fossem tratados de forma mais rápida e eficiente Será que um programa univer sitário de conservação de energia causou uma redução no consumo de energia elétri ca Saber se um tratamento foi eficaz nos permite tomar decisões importantes sobre a continuidade do tratamento sobre gastos financeiros adicionais sobre investimento de tempo e esforço ou sobre mudanças na situação atual com base no conhecimento dos resultados Pesquisas que visam deter minar a eficácia de mudanças feitas por ins tituições agências governamentais e outras organizações fazem parte dos objetivos da avaliação de programas Neste capítulo descrevemos obstáculos à realização de experimentos em ambientes naturais e discutimos maneiras de supe rar esses obstáculos para que experimen tos reais sejam feitos sempre que possível Não obstante os experimentos verdadeiros às vezes não são exequíveis fora do labo ratório Nesses casos devemos considerar procedimentos experimentais que se apro ximem das condições de experimentos labo ratoriais Discutimos várias dessas técnicas quaseexperimentais Concluímos com uma breve introdução à lógica procedimentos e limitações da avaliação de programas Experimentos verdadeiros Características de experimentos verdadeiros Nos experimentos verdadeiros os pes quisadores manipulam uma variável independente com condições de tra tamento e comparação e exercem um grau elevado de controle especialmen te por meio da designação aleatória a condições Como já observamos embora mui tas atividades cotidianas como alterar os ingredientes de uma receita possam ser chamadas de experimentos não as consi deraríamos experimentos verdadeiros no sentido em que discutimos a experimenta ção neste livro De maneira análoga muitos experimentos sociais realizados pelo go verno e aqueles realizados por executivos ou administradores educacionais também não são experimentos verdadeiros Um ex perimento verdadeiro é aquele que leva a um re sultado claro sobre o que causou um fato Os experimentos verdadeiros apresen tam três características importantes 1 Em um experimento verdadeiro imple mentase algum tipo de intervenção ou tratamento 2 Os experimentos verdadeiros são mar cados pelo grau elevado de controle que o experimentador tem sobre o ar ranjo das condições experimentais de signação de participantes manipulação sistemática de variáveis independentes e escolha de variáveis dependentes A capacidade de designar os participan tes aleatoriamente às condições expe rimentais costuma ser considerada a característica mais crítica que define o experimento verdadeiro Judd Smith e Kidder 1991 3 Finalmente os experimentos verdadei ros são caracterizados por uma compa ração adequada De fato o experimen tador exerce controle sobre a situação para estabelecer uma comparação ade quada para avaliar a eficácia de um tra tamento Na mais simples das situações experimentais essa comparação é entre dois grupos comparáveis que são tra tados de forma exatamente igual com exceção da variável de interesse Quando as condições de um experi mento verdadeiro são satisfeitas quais quer diferenças observadas em uma va 318 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister riável dependente podem ser logicamente atribuídas às diferenças entre os níveis da variável independente Todavia existem diferenças entre experimentos verdadeiros feitos em ambientes naturais e experimen tos feitos em um laboratório Algumas das diferenças mais importantes são descritas no Quadro 101 Obstáculos à realização de experimentos verdadeiros em ambientes naturais Os pesquisadores podem ter dificuldade para obter permissão para realizar ex perimentos verdadeiros em ambientes naturais e obter acesso aos participantes Embora alguns considerem a designa ção aleatória injusta pois pode privar os indivíduos de um novo tratamento ela ainda é a melhor e mais justa ma neira de determinar se um novo trata mento é eficaz A pesquisa experimental é uma fer ramenta eficaz para resolver problemas e responder questões práticas Não obstan te dois obstáculos importantes costumam surgir quando tentamos fazer experimentos em ambientes naturais O primeiro proble ma é obter permissão para fazer a pesquisa Quadro 101 DIFERENÇAS ENTRE EXPERIMENTOS NO LABORATÓRIO E EM AMBIENTES NATURAIS Os experimentos que são realizados fora do laboratório provavelmente diferem de várias maneiras importantes daqueles feitos no la boratório É claro nem todo experimento em um ambiente natural difere dos experimentos laboratoriais em todas essas maneiras mas se você está pensando em fazer pesquisa em um ambiente natural pedimos que considere as seguintes questões críticas Controle Mais do que qualquer outra coisa o cien tista se preocupa com o controle Somente controlando os fatores que acreditamos que influenciam um fenômeno é que poderemos tomar uma decisão sobre o que o causou Por exemplo a designação aleatória de su jeitos a condições de um experimento é um método de controle usado para equilibrar as diferenças individuais entre as condições Ou então os pesquisadores podem manter cons tantes outros fatores que sejam prováveis de influenciar o fenômeno Em um ambiente na tural o pesquisador nem sempre tem o mes mo grau de controle sobre a designação dos participantes ou sobre as condições de um experimento que teria no laboratório Talvez o pesquisador até precise avaliar se uma inter venção foi eficaz sem que tenha se envolvido no planejamento ou implementação do expe rimento Esse tipo de avaliação depois do fato é especialmente difícil pois aqueles que fazem o estudo podem não ter considerado fatores importantes no planejamento e execu ção da intervenção Validade externa O elevado grau de controle no ambiente arti ficial do laboratório que aumenta a validade interna da pesquisa muitas vezes diminui a validade externa dos resultados Portanto pode ser necessário fazer experimentos em ambientes naturais para estabelecer a valida de externa de um resultado obtido em labora tório Quando um experimento é feito princi palmente para testar uma teoria psicológica específica porém a validade externa do re sultado laboratorial talvez não seja tão impor tante pex Mook 1983 Em comparação a validade externa de pesquisas feitas em am bientes naturais costuma ser muito importan te Isso é especialmente verdadeiro quando a experimentação social serve como base para mudanças sociais de grande escala como ex perimentar novas maneiras de restringir o ál cool no trânsito ou novas oportunidades para registrar eleitores Será que os resultados de um programa que é considerado benéfico para reduzir o alcoolismo entre motoristas em um estado podem ser generalizados para ou Metodologia de pesquisa em psicologia 319 tras áreas do país Quadro 101 continuação Essas é claro são ques tões relacionadas com a validade externa dos resultados de pesquisas Objetivos A experimentação em ambientes naturais costuma ter objetivos diferentes dos da pes quisa laboratorial ver Capítulo 2 A pesquisa laboratorial muitas vezes representa a pesqui sa básica com o objetivo único de entender um fenômeno de determinar como a natu reza funciona Pode ser feita para se adqui rir conhecimento simplesmente em nome do conhecimento A pesquisa aplicada também visa descobrir as razões para um determina do fenômeno mas é mais provável de ser fei ta quando o conhecimento das razões para o fenômeno possa levar a mudanças que melhorem a situação atual A experimentação em ambientes naturais portanto é mais pro vável de ter objetivos práticos do que a pes quisa laboratorial Consequências Às vezes são feitos experimentos que têm um impacto amplo nas comunidades e na socie dade afetando grandes números de pessoas O programa Head Start para crianças em si tuação de desvantagem social e o programa de televisão Vila Sésamo foram experimentos sociais criados para contribuir para a educa ção de centenas de milhares de crianças por todo o país ver Figura 101 Experimentos so ciais também são feitos em uma escala menor em ambientes naturais como escolas e em presas locais De forma clara os experimen tos da sociedade provavelmente terão con sequências de maior impacto imediato do que os da pesquisa laboratorial Em comparação as consequências imediatas de experimentos de laboratório podem ser substanciais mas é mais provável que sejam mínimas Eles so mente têm poder para afetar diretamente as vidas de alguns pesquisadores e dos poucos sujeitos recrutados para participar Figura 101 Como experimento social a Vila Sésamo foi criada como uma experiên cia educativa para centenas de milhares de crianças 320 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister com indivíduos em posições de autorida de A menos que acreditem que a pesqui sa lhes terá utilidade é improvável que os presidentes de conselhos escolares e líderes governamentais e empresariais apoiem a pesquisa financeiramente ou de outra for ma O segundo obstáculo aos experimentos em ambientes naturais muitas vezes mais premente é o problema do acesso aos sujei tos Esse problema pode ser especialmente difícil se os sujeitos forem designados alea toriamente a um grupo de tratamento ou de comparação A designação aleatória a condições ex perimentais parece injusta à primeira vista afinal a designação aleatória exige que um tratamento potencialmente benéfico seja negado a alguns dos sujeitos Supo nhamos que uma nova forma de ensinar línguas estrangeiras fosse testada em sua faculdade ou universidade Suponhamos também que quando você fosse se matri cular para as classes do próximo semestre informassem que você seria designado aleatoriamente a uma das aulas existentes uma envolvendo o método antigo e uma envolvendo o novo método Como você reagiria Seu conhecimento de métodos de pesquisa lhe diz que os dois métodos de vem ser administrados a grupos compará veis de estudantes e que a designação alea tória é a melhor maneira de garantir essa comparabilidade Entretanto talvez você se sinta tentado a pensar que a designação aleatória não é justa especialmente se for designado à aula que usasse o método an tigo antiquado Vamos dar uma olhada mais de perto no elemento de justiça da de signação aleatória Se os responsáveis por selecionar o mé todo de instrução da língua estrangeira já sabiam que o novo método era mais eficaz do que o método antigo em escolas como a sua haveria pouca justificativa para testálo novamente Nessas circunstâncias concor daríamos que seria injusto negar o método novo a estudantes do grupo controle Toda via se você não souber que o método novo é melhor qualquer abordagem além de fa zer um experimento verdadeiro nos deixará em dúvida sobre a sua eficácia A designa ção aleatória a tratamentos pode chamála de loteria se preferir talvez seja o pro cedimento mais justo para designar estu dantes às diferentes aulas Afinal o método antigo de instrução era considerado eficaz antes do desenvolvimento do novo método Se o novo método se mostrar menos eficaz a designação aleatória terá protegido os controles de receber um tratamento que não seja eficaz Existem maneiras de oferecer um tra tamento potencialmente eficaz para todos os participantes mas mantendo grupos comparáveis Um meio é usar tratamentos alternativos Por exemplo Atkinson 1968 designou estudantes aleatoriamente para receberem instrução assistida por computa dor o tratamento em inglês ou matemática e depois testou ambos os grupos em inglês e matemática Cada grupo serviu como con trole para o outro no teste para o qual seus membros não haviam recebido a instrução assistida por computador Depois de con cluírem o experimento ambos os grupos re ceberam a instrução na disciplina a que não haviam sido expostos antes Desse modo todos os sujeitos receberam todos os trata mentos potencialmente benéficos Também é possível estabelecer um grupo controle adequado se houver mais demanda por um determinado serviço do que a agência em questão possa oferecer As pessoas que estão esperando para re ceber o serviço podem se tornar um grupo controle de lista de espera Todavia é essencial que as pessoas sejam designadas à lista de espera aleatoriamente Os primeiros da fila sem dúvida são diferentes em dimensões importantes daqueles que chegam por úl timo pex mais ansiosos pelo tratamento A designação aleatória é necessária para distribuir essas características de maneira imparcial entre os grupos de tratamento e comparação Sempre haverá circunstâncias em que a designação aleatória simplesmente não pode ser usada Por exemplo em testes clí Metodologia de pesquisa em psicologia 321 nicos envolvendo testes de novos tratamen tos médicos pode ser extremamente difícil levar os pacientes a concordarem em ser divididos aleatoriamente ao grupo de trata mento ou ao grupo controle sem tratamen to Como você verá nessas situações po dem ser usados desenhos quaseexperimentais A lógica e os procedimentos para esses de senhos quaseexperimentais serão descritos neste capítulo Ameaças à validade interna controladas por experimentos verdadeiros As ameaças à validade interna são fa tores de confusão que servem como ex plicações alternativas plausíveis para os resultados de uma pesquisa Classes importantes de ameaças à vali dade interna são o histórico maturação testagem instrumentação regressão desgaste dos sujeitos seleção e efeitos aditivos com a seleção Antes de fazer um experimento gos taríamos que você considerasse as princi pais classes de explicações possíveis que podem ser descartadas por nosso procedi mento experimental Somente controlando todas as explicações alternativas possíveis é que podemos chegar a uma inferência causal definitiva Em outros capítulos discutimos vários fatores não controlados que ameaçam a validade interna de um experimento como fatores de confusão também chamados de confusões Foram identificados vários tipos de confusões em capítulos anteriores especialmente o Ca pítulo 6 Campbell e Stanley 1966 Cook e Campbell 1979 ver também Shadish Cook e Campbell 2002 West 2010 iden tificaram oito classes de confusões que chamam de ameaças à validade interna Já apresentamos algumas delas outras serão novas Depois de revisar essas ameaças importantes à validade interna seremos capazes de julgar o nível em que diversos procedimentos experimentais controlam esses tipos de explicações alternativas para os efeitos de um tratamento Histórico A ocorrência de um fato além do tratamento pode ameaçar a validade inter na se gerar mudanças no comportamento dos sujeitos da pesquisa Um experimento verdadeiro exige que os participantes do grupo experimental e do grupo controle sejam tratados da mesma forma tenham o mesmo histórico de experiências enquanto no experimento com exceção do tratamen to No laboratório isso costuma ser feito ba lanceando ou mantendo as condições cons tantes Todavia ao se fazer um experimento em um ambiente natural o pesquisador tal vez não consiga manter um grau elevado de controle de modo que as confusões devidas ao histórico podem ameaçar a validade in terna Por exemplo suponhamos que você queira testar se uma disciplina universitá ria de pensamento crítico de fato muda o pensamento dos estudantes E suponhamos também que você simplesmente analise o desempenho dos estudantes em um teste de pensamento crítico no começo da disciplina e depois novamente no final da disciplina Sem um grupo de comparação adequado o histórico seria uma ameaça à validade in terna se houvesse fatos além do tratamen to ie a disciplina de pensamento crítico que pudessem aumentar as capacidades de pensamento crítico dos estudantes Por exemplo suponhamos que muitos estudan tes da disciplina também visitem um website criado para desenvolver o pensamento crí tico que não era exigido para a disciplina O histórico dos alunos agora incluindo a experiência virtual confundiria o tratamen to e portanto representaria uma ameaça à validade interna do estudo Maturação Os participantes de um expe rimento necessariamente mudam em fun ção do tempo Eles ficam mais velhos mais experientes e assim por diante A mudança associada à passagem do tempo em si se chama maturação Por exemplo suponha mos que um pesquisador esteja interessado em avaliar a aprendizagem de crianças ao 322 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister longo de um ano escolar usando uma nova técnica de ensino Sem uma comparação apropriada o pesquisador pode atribuir as mudanças observadas no desempenho das crianças entre o começo e o final do ano leti vo ao efeito da intervenção de ensino quan do na realidade as mudanças se deram simplesmente a uma ameaça de maturação à validade Ou seja a aprendizagem das crianças pode ter melhorado simplesmente porque suas capacidades cognitivas aumen taram à medida que cresceram Testagem Fazer um teste geralmente in fluencia testagens subsequentes Considere por exemplo o fato de que muitos estudan tes costumam melhorar entre o primeiro e o segundo teste em uma disciplina Durante o primeiro teste os estudantes adquirem familiaridade com o procedimento de teste e com as expectativas do instrutor Essa fa miliaridade então afeta o seu desempenho no segundo teste Da mesma forma no con texto de um experimento de psicologia no qual se aplica mais de um teste pex em um desenho prétestepósteste a testa gem é uma ameaça à validade interna se não se puder separar o efeito do tratamento e o efeito da testagem Instrumentação Pode haver mudanças ao longo do tempo não apenas nos parti cipantes do experimento pex maturação ou maior familiaridade com a testagem mas também nos instrumentos usados para mensurar o desempenho dos participantes Essa possibilidade é mais clara quando se usam observadores humanos para avaliar o comportamento Por exemplo o viés do observador pode vir da fadiga expectativas e outras características de observadores A menos que controladas essas mudanças nos observadores representam uma ameaça de instrumentação à validade interna pro porcionando explicações alternativas para diferenças no comportamento entre um pe ríodo de observação e outro Os instrumen tos mecânicos também podem mudar com o uso repetido Um pesquisador conhecido dos autores uma vez observou que uma má quina usada para apresentar material em um experimento com aprendizagem não estava funcionando da mesma maneira ao final do experimento As medidas feitas ao final diferiam das feitas no começo do expe rimento Assim o que parecia ser um efeito da aprendizagem na verdade era uma mu dança no instrumento usado para mensurar a aprendizagem Regressão A regressão estatística sempre é um problema quando os indivíduos são selecionados para participar de um expe rimento por causa de seus escores extre mos É provável que os escores extremos em um teste não sejam tão extremos no segundo Em outras palavras um desem penho muitíssimo ruim ou um desempe nho muitíssimo bom que todos já tivemos pode ser seguido por um desempenho não tão ruim ou não tão bom respectivamen te Considere por exemplo seu melhor de sempenho em um exame escolar até hoje O que foi preciso para vencer o teste Sem dúvida muito trabalho Mas também é pro vável que tenha havido um pouco de sorte envolvido Tudo deve dar certo para produ zir um desempenho extremamente bom Se estamos falando sobre um exame é prová vel que o material testado fosse aquele que você mais tinha estudado ou que o formato do teste fosse um que você gosta particular mente ou que ele ocorreu em um momento em que você estava se sentindo particular mente confiante ou tudo isso e ainda mais Os desempenhos particularmente bons são extremos porque são aumentados acima do nosso desempenho normal ou típico pelo acaso De maneira semelhante um desempenho especialmente ruim em um teste pode ter ocorrido por azar Quan do fizer o teste novamente depois de um desempenho muito ruim ou muito bom é simplesmente improvável que fatores for tuitos permaneçam da mesma forma para nos proporcionar aquele escore ótimo ou aquele escore muito baixo É provável que vejamos resultados mais próximos da mé dia dos nossos escores gerais Esse fenôme Metodologia de pesquisa em psicologia 323 no costuma ser chamado de regressão à mé dia A regressão estatística é mais provável quando um teste ou medida não é confiável Quando se usa um teste que não seja confiá vel podemos esperar que os escores sejam inconsistentes ao longo do tempo Considere agora uma tentativa de me lhorar o desempenho acadêmico de um gru po de estudantes universitários que tiveram um desempenho muito ruim durante seu primeiro semestre na faculdade o prétes te Os participantes são selecionados por causa do seu desempenho extremo nesse caso desempenho extremamente fraco Suponhamos que se aplique um tratamen to pex uma oficina de habilidades de es tudo de 10 horas A regressão estatística é uma ameaça à validade interna pois seria de esperar que esses estudantes já tivessem resultados levemente melhores após o se gundo semestre o pósteste sem nenhum tratamento apenas devido à regressão esta tística Um pesquisador que não saiba disso pode confundir esse efeito da regressão com um efeito do tratamento Desgaste dos sujeitos Conforme discuti do no Capítulo 6 uma ameaça à validade interna ocorre quando o experimento perde sujeitos por exemplo quando eles aban donam o projeto de pesquisa A ameaça à validade interna por desgaste dos sujeitos baseiase na premissa de que a perda de su jeitos muda a natureza do grupo que foi es tabelecido antes do tratamento por exem plo arruinando a equivalência de grupos estabelecidos por designação aleatória Isso pode ocorrer por exemplo se uma tarefa experimental for muito difícil e fizer alguns sujeitos experimentais se frustrarem e aban donarem o experimento Os sujeitos que sobram no grupo experimental serão dife rentes daqueles que abandonaram e pos sivelmente dos do grupo controle mesmo que por nenhuma outra razão pelo simples fato de que conseguiram terminar a tarefa ou pelo menos continuaram tentando Seleção Quando desde o começo do estu do existem diferenças entre os tipos de in divíduos em um grupo e os de outro grupo do experimento há uma ameaça à validade interna devida à seleção Ou seja as pessoas que estão no grupo de tratamento podem di ferir de pessoas no grupo de comparação de muitas maneiras além de sua designação ao grupo No laboratório essa ameaça à valida de interna costuma ser tratada equilibrando se as características dos participantes por meio da designação aleatória Quando se fazem experimentos em situações naturais pode haver muitos obstáculos à designa ção aleatória dos sujeitos às condições de tratamento e comparação Esses obstáculos impedem que se faça um experimento ver dadeiro e assim representam uma possível ameaça à validade interna pela seleção Efeitos aditivos com a seleção As amea ças individuais à validade interna como o histórico e a maturação podem ser uma fonte de preocupação adicional pois po dem se combinar com a ameaça da seleção à validade interna Especificamente quando não são formados grupos comparáveis por designação aleatória pode haver problemas por causa dos efeitos aditivos da 1 sele ção e maturação 2 seleção e histórico e 3 seleção e instrumentação Por exemplo os efeitos aditivos da seleção e maturação po dem ocorrer se calouros universitários que serviram como grupo experimental forem comparados com alunos do segundo ano atuando como grupo controle Presumese que as mudanças que podem ocorrer nos estudantes em seu primeiro ano à medida que adquirem familiaridade com o am biente universitário sejam maiores que as que ocorrem durante o segundo ano Essas diferenças nas taxas de maturação podem explicar as diferenças observadas entre os grupos experimental e controle em vez de se deverem à intervenção experimental Um efeito aditivo da seleção e histórico ocor re quando situações ao longo do tempo têm um efeito diferente sobre um grupo de par ticipantes do que sobre outro Isso é particu larmente problemático quando se comparam grupos intactos Talvez por causa de fatos 324 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister peculiares à situação de um grupo um deter minado acontecimento pode ter um impacto maior sobre aquele grupo do que o outro Considere por exemplo pesquisas envol vendo uma investigação da eficácia de uma campanha de conscientização para a Aids em duas universidades um tratamento e um controle Podese supor que a atenção dos meios de comunicação nacionais à Aids afete igualmente os estudantes das duas faculda des Todavia se um aluno com Aids morrer em uma das faculdades durante o estudo e a história for contada no jornal da faculda de acreditase que os participantes da pes quisa naquela universidade seriam afetados de forma diferente em comparação com os da outra Em termos da avaliação do efeito de uma campanha de conscientização para a Aids essa situação representaria um efeito aditivo da seleção e histórico Finalmente um efeito aditivo da sele ção e instrumentação pode ocorrer se um instrumento de teste for relativamente mais sensível a mudanças no desempenho de um grupo do que a mudanças em outro Isso ocorre por exemplo quando existem efeitos de teto e piso Esse é o caso quando os escores iniciais de um grupo em um ins trumento são tão baixos efeito de piso que não é possível medir nenhuma outra queda nos escores de maneira confiável ou tão al tos efeito de teto que não se pode avaliar se houve algum ganho Como você pode imaginar haveria uma ameaça à validade interna se um grupo experimental não apre sentasse mudança relativamente devido a efeitos de piso e teto enquanto o grupo controle mudasse em um grau confiável porque seu desempenho médio inicial esta va perto do meio da escala de medição Uma das grandes vantagens dos expe rimentos verdadeiros é que eles controlam todas essas ameaças à validade interna Conforme enfatiza Campbell 1969 os ex perimentos verdadeiros devem ser usados sempre que possível mas se não for pos sível devemos usar quaseexperimentos Devemos fazer o melhor com o que temos disponível p 411 Os quaseexperimentos representam o melhor ajuste existente entre o objetivo geral de adquirir conhecimento válido sobre a eficácia de um tratamento e o entendimento de que os experimentos ver dadeiros nem sempre são possíveis Problemas que mesmo os experimentos verdadeiros não podem controlar As ameaças à validade interna que po dem ocorrer em qualquer estudo in cluem contaminação efeitos das expec tativas do experimentador e efeitos da novidade A contaminação ocorre quando os gru pos de sujeitos trocam informações so bre o experimento podendo levar a res sentimentos rivalidades ou difusão do tratamento Os efeitos da novidade ocorrem quan do o comportamento das pessoas muda simplesmente porque uma inovação pex um tratamento gera excitação energia e entusiasmo As ameaças à validade externa ocorrem quando os efeitos do tratamento não podem ser generalizados além de pes soas ambientes tratamentos e resulta dos específicos do tratamento Antes de considerarmos procedimentos quaseexperimentais específicos devemos dizer que mesmo os experimentos verdadei ros não podem controlar todas as ameaças possíveis à interpretação de um resultado experimental Embora ameaças importantes à validade interna sejam eliminadas pelo experimento verdadeiro existem ameaças adicionais contra as quais o pesquisador que trabalha em ambientes naturais deve se proteger Usaremos o termo contaminação para descrever uma classe geral de ameaças à validade interna A contaminação ocorre quando existe comunicação de informações sobre o experimento entre os grupos de par ticipantes O Quadro 102 descreve os diver sos efeitos indesejados que podem advir da contaminação Metodologia de pesquisa em psicologia 325 Os experimentos verdadeiros também podem ser afetados por ameaças devidas aos efeitos das expectativas do experimentador que ocorrem quando o experimentador influen cia os resultados involuntariamente O viés do observador ocorre quando os vieses e ex pectativas dos pesquisadores levam a erros sistemáticos na observação identificação registro e interpretação do comportamento Diversas maneiras de controlar os efeitos do observador e do experimentador foram apre sentadas no Capítulo 4 e no Capítulo 6 pex usando um procedimento duplocego Os efeitos da novidade podem ocorrer quando se introduz uma inovação como um tratamento experimental Shadish et al 2002 Por exemplo se houve pouca mudan ça ou inovação em um ambiente de trabalho por algum tempo os empregados podem se sentir animados ou energizados com a no vidade em seu local de trabalho quando se introduz algo novo O novo entusiasmo dos empregados em vez da intervenção em si pode explicar o sucesso da intervenção O oposto do efeito da novidade pode acon tecer como um efeito de perturbação no qual uma inovação talvez com novos procedi mentos de trabalho perturbe o trabalho dos empregados em um nível tal que eles não consigam manter a sua eficácia típica Quadro 102 CONTAMINAÇÃO EXPERIMENTAL Existem vários efeitos possíveis que resultam da comunicação entre grupos de sujeitos ex perimentais entre eles 1 ressentimento por parte de indivíduos que recebem tratamentos menos desejáveis 2 rivalidade entre grupos que recebem tratamentos diferentes e 3 uma difusão geral do tratamento entre os grupos ver Cook e Campbell 1979 Shadish et al 2002 Ressentimento Considere uma situação em que indivíduos foram designados alea toriamente a um grupo controle Imagine também que os participantes do grupo controle descobrem que outros partici pantes estão recebendo um tratamento be néfico Qual você acha que pode ser a rea ção dos participantes do controle Uma possibilidade é que os controles se sintam ressentidos e desmoralizados Conforme explicam Cook e Campbell em um ambien te de trabalho a pessoa que recebe o trata mento menos desejável pode retaliar dimi nuindo sua produtividade Em um ambiente educacional professores ou estudantes po dem perder a motivação ou ficarem bravos Esse efeito das informações vazadas so bre o tratamento pode fazer um tratamento parecer melhor do que seria por causa do desempenho inferior do grupo controle que reage com ressentimento Rivalidade Outro efeito possível que pode ocorrer quando um grupo controle fica sa bendo da sorte do outro grupo é um espí rito de competição ou rivalidade Ou seja o grupo controle pode se motivar para reduzir a diferença esperada entre ele e o grupo de tratamento Conforme observam Cook e Campbell isso pode ocorrer quando grupos intactos como departamentos equipes de trabalho filiais de empresas e assim por diante são designados a condições varia das Compreendendo que o outro grupo parecerá melhor dependendo do quanto se distinguir do grupo controle os partici pantes do grupo controle podem se motivar para dar duro para não parecerem fracos em comparação Difusão de tratamentos Outro efeito possí vel da contaminação é a difusão de trata mentos Segundo Cook e Campbell isso ocorre quando os participantes do grupo controle usam as informações dadas a ou tras pessoas para ajudálos a mudar seu próprio comportamento Por exemplo os controles podem usar as informações da das aos sujeitos do grupo de tratamento para imitar o comportamento dos indivíduos que recebem o tratamento É claro isso re duz as diferenças entre os grupos tratados e não tratados e afeta a validade interna do experimento 326 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Um efeito da novidade específico foi denominado efeito Hawthorne Ele se refere a mudanças no comportamento das pes soas causadas pelo interesse que pessoas importantes demonstram por elas O efeito recebeu esse nome em referência aos acon tecimentos ocorridos entre 1924 e 1932 na fábrica da Western Electric Company em Cicero Illinois uma cidade perto de Chica go Roethlisberger 1977 Foram realizados estudos para avaliar a relação entre a produ tividade e as condições do local de trabalho Em um experimento a quantidade de ilumi nação na fábrica foi alterada avaliandose o desempenho dos trabalhadores Os resulta dos revelaram que os grupos experimentais e os grupos controle aumentaram sua produ tividade durante o estudo Embora existam controvérsias quanto aos fatores exatos que foram responsáveis por esse efeito pex Parsons 1974 o efeito Hawthorne geral mente se refere a uma mudança no compor tamento que resulta da percepção dos sujei tos de que alguém está interessado neles Como um exemplo do efeito Hawthor ne considere um estudo em que prisionei ros são escolhidos para participarem de pesquisas analisando a relação entre mu danças nas condições da cela e as atitudes ante a vida na prisão ver Figura 102 Se forem obtidas mudanças positivas nas ati tudes dos prisioneiros os resultados talvez se devam às mudanças reais que foram feitas nas condições das celas ou podem se dever a um aumento na moral pois os prisioneiros acreditam que a administração da prisão se preocupa com eles Os pesqui sadores que trabalham com situações natu rais devem estar cientes do fato de que as mudanças observadas no comportamento dos sujeitos podem se dever em parte à sua percepção de que existem pessoas interes sadas neles Desse modo podese ver que o efeito Hawthorne representa um tipo espe cífico de reatividade ie a consciência de que se está sendo observado que discuti mos em capítulos anteriores especialmente no Capítulo 4 Figura 102 As pesquisas que investigam métodos para melhorar a vida na prisão podem estar sujeitas ao efeito Hawthorne Metodologia de pesquisa em psicologia 327 Além dos problemas que resultam de ameaças à validade interna os expe rimentos verdadeiros podem ser enfra quecidos por ameaças à validade externa A validade externa depende principalmente do quanto a nossa amostra é representa tiva das pessoas locais e situações a que queremos generalizar A representativida de normalmente é alcançada por meio de amostragem aleatória Todavia como a amostragem aleatória é usada com pouca frequência ver Shadish et al 2002 rara mente conseguimos dizer que nossa amos tra de sujeitos ou a situação em que esta mos fazendo observações ou as situações em que testamos indivíduos são amostras representativas de todas as pessoas si tuações tratamentos ou resultados Por tanto o pesquisador deve estar ciente de interações possíveis entre a variável inde pendente de um experimento e por exem plo o tipo de indivíduo ou a natureza do ambiente envolvido no experimento Por exemplo uma diferença entre um grupo experimental e um grupo controle obser vada com voluntários de uma escola da periferia no inverno também poderá ser encontrada com indivíduos não voluntá rios testados em uma escola suburbana na primavera Cook e Campbell descrevem várias abordagens para avaliar ameaças à valida de externa o mais importante é tentar de terminar a representatividade da amostra Todavia eles observam que o melhor teste para a validade externa é a replicação Assim podemos melhor responder a questão da validade externa repetindo o experimen to com diferentes tipos de participantes em diferentes ambientes com diferentes tratamentos e em momentos diferentes Ocasionalmente podemse embutir re plicações parciais no experimento por exemplo selecionando mais de um gru po para participar Testar crianças de um grupo socioeconômico inferior e de um grupo socioeconômico superior em um experimento projetado para determinar a eficácia de um novo programa educacio nal proporcionaria evidências da generali zação da eficácia do tratamento entre esses dois grupos socioeconômicos Quaseexperimentos Os quaseexperimentos são uma alter nativa importante quando não é possí vel fazer experimentos verdadeiros Os quaseexperimentos não têm o grau de controle encontrado em experimen tos verdadeiros particularmente os quaseexperimentos geralmente não usam designação aleatória Os pesquisadores devem procurar evi dências adicionais para eliminar amea ças à validade interna quando fazem quaseexperimentos em vez de experi mentos verdadeiros O desenho prétestepósteste de grupo único é considerado um desenho pré experimental ou um mau experimento porque tem pouquíssima validade in terna Qualquer dicionário dirá que a defi nição do prefixo quase é semelhante Os quaseexperimentos envolvem procedimen tos que se assemelham aos dos experimentos verdadeiros De um modo geral os quase experimentos contêm algum tipo de inter venção ou tratamento e possibilitam fazer uma comparação mas não possuem o grau de controle encontrado em experimentos verdadeiros Assim como a randomização é a marca dos experimentos verdadeiros a falta de randomização é a marca dos quase experimentos Conforme explicam Camp bell e Stanley 1966 os quaseexperimentos ocorrem quando os pesquisadores não têm o controle necessário para fazer um experi mento verdadeiro Os quaseexperimentos são recomen dados quando não é possível fazer expe rimentos verdadeiros É mais desejável ter um pouco de conhecimento sobre a eficá cia de um tratamento do que nenhum A lista de ameaças possíveis à validade in terna que revisamos anteriormente pode 328 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister ser usada como uma checklist para deci dir sobre a qualidade desse conhecimen to Além disso o pesquisador deve estar preparado para procurar outros tipos de evidências que possam descartar uma ameaça à validade interna que não seja controlada especificamente em um quase experimento Por exemplo suponhamos que um quaseexperimento não controle ameaças históricas que seriam elimina das por um experimento verdadeiro Tal vez o pesquisador consiga mostrar que a ameaça histórica é implausível com base em uma análise lógica da situação ou com base em evidências fornecidas por uma análise complementar Se o pesquisador puder mostrar que a ameaça histórica não é plausível podese fazer um argumen to forte em favor da validade interna do quaseexperimento Os pesquisadores de vem reconhecer as limitações específicas dos procedimentos quaseexperimentais e devem trabalhar como detetives para obter as evidências possíveis para superar essas limitações À medida que começa mos a considerar os usos apropriados dos quaseexperimentos devemos reconhecer que existe uma grande diferença entre o poder do experimento verdadeiro e o do quaseexperimento Antes de enfrentar os problemas de interpretação que resultam de procedimentos quaseexperimentais o pes quisador deve fazer todos os esforços possíveis para buscar as condições de um experimento verdadeiro Talvez a limitação mais séria que os pesquisadores enfrentam ao fazerem ex perimentos em ambientes naturais é que eles muitas vezes não conseguem designar os participantes às condições de maneira aleatória Isso ocorre por exemplo quando se escolhe um grupo intacto para o trata mento e quando decisões administrativas ou considerações práticas impedem a de signação aleatória dos sujeitos Por exem plo crianças de uma classe ou escola e trabalhadores de uma fábrica específica re presentam grupos intactos que podem re ceber um tratamento ou intervenção sem a possibilidade de se designarem indivíduos aleatoriamente às condições Se considerar mos que o comportamento de um grupo é medido antes e depois do tratamento esse experimento pode ser descrito da se guinte maneira O1 X O2 onde O1 se refere à primeira observação de um grupo ou préteste X indica um trata mento e O2 se refere à segunda observação ou pósteste Esse desenho prétestepósteste de gru po único representa um desenho préexpe rimental ou dito de forma mais simples pode ser chamado de um mau experimen to Qualquer diferença obtida entre os es cores préteste e pósteste podem se dever ao tratamento ou a qualquer uma de várias ameaças à validade interna incluindo o his tórico maturação testagem e instrumenta ção assim como os efeitos de expectativas do experimentador e efeitos da novidade Os resultados de um mau experimento são inconclusivos com relação à eficácia do tra tamento Felizmente existem quaseexperi mentos que melhoram usando esse desenho préexperimental O desenho de grupo controle não equivalente No desenho de grupo controle não equivalente um grupo de tratamento e um grupo de comparação são com parados usando medidas préteste e pósteste Se os dois grupos forem semelhantes em seus escores no préteste antes do tratamento mas diferirem em seus es cores no pósteste após o tratamento os pesquisadores podem fazer uma afir mação mais confiante sobre o efeito do tratamento As ameaças à validade interna devi das ao histórico maturação testagem instrumentação e regressão podem ser controladas por meio de um desenho de grupo controle não equivalente Metodologia de pesquisa em psicologia 329 O desenho prétestepósteste de gru po único pode ser modificado para criar um desenho quaseexperimental com vali dade interna bastante superior se duas con dições forem satisfeitas 1 existe um grupo semelhante ao grupo de tratamento que pode servir como grupo de comparação e 2 existe uma oportunidade para obter medidas préteste e pósteste de indivíduos nos grupos de tratamento e de compara ção Campbell e Stanley 1966 chamam um procedimento quaseexperimental que satisfaça essas duas condições de desenho de grupo controle não equivalente Como um grupo de comparação é selecionado com bases que não a designação aleató ria não podemos dizer que os indivíduos dos grupos de tratamento e controle sejam equivalentes em todas as características im portantes ie há uma ameaça na seleção Portanto é essencial que se aplique um préteste a ambos os grupos para avaliar a sua similaridade em relação à medida de pendente Um desenho de grupo controle não equivalente pode ser apresentado da seguinte maneira O1 X O2 O1 O2 A linha tracejada indica que os grupos de tratamento e comparação não foram for mados a partir da designação aleatória dos participantes às condições Adicionando um grupo de compara ção os pesquisadores podem controlar as ameaças à validade interna devidas ao histórico maturação testagem instru mentação e regressão Uma breve revisão da lógica do desenho experimental ajuda a mostrar por que isso ocorre Queremos começar um experimento com dois gru pos semelhantes então um grupo recebe o tratamento e outro não Se os escores pós teste dos dois grupos diferirem após o tra tamento devemos primeiro descartar ex plicações alternativas antes que possamos EXERCÍCIO Neste exercício gostaríamos que você consi derasse ameaças possíveis à validade interna nesta breve descrição de um desenho pré testepósteste de grupo único Um psicólogo interessado no efeito de uma nova terapia para a depressão recrutou uma amostra de 20 indivíduos que procura ram ajuda para a depressão No começo do estudo ele pediu para todos os participantes responderem um questionário sobre seus sin tomas depressivos O escore médio de de pressão para a amostra foi de 420 o maior escore possível é 630 indicando sintomas depressivos graves Indivíduos que não estão deprimidos geralmente apresentam escores na faixa de 0 a 10 nessa medida Durante as próximas 16 semanas o psicólogo tratou os sujeitos do estudo com o novo tratamento Ao final do tratamento eles responderam o ques tionário novamente O escore médio para o pósteste foi de 120 indicando que em mé dia os sintomas depressivos dos participan tes reduziram drasticamente e indicavam ape nas depressão leve O psicólogo concluiu que o tratamento fora eficaz ou seja o tratamento fez seus sintomas depressivos melhorarem Essencialmente é impossível fazer afir mações de causa e efeito como a feita por esse psicólogo quando se usa um desenho prétestepósteste de grupo único Para entender por que isso é verdade pense nas ameaças potenciais à validade interna nesse estudo 1 Como um efeito do histórico poderia ameaçar a validade interna do estudo 2 Explique como a maturação desempenha um papel provável nesse estudo 3 Existe probabilidade de ameaças relaciona das com a testagem e a instrumentação nes se estudo 4 Explique como a regressão estatística pode influenciar a interpretação dos resultados 330 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister dizer que o tratamento causou a diferença Se os grupos forem verdadeiramente com paráveis e ambos tiverem experiências semelhantes com exceção do tratamento podemos dizer que os efeitos do histórico maturação testagem instrumentação e re gressão ocorrem igualmente para os dois grupos Assim podemos dizer que ambos os grupos mudam naturalmente na mesma taxa maturação experimentam o mesmo efeito em testes múltiplos ou são expostos aos mesmos eventos externos histórico Se esses efeitos ocorrem do mesmo modo para os dois grupos eles não podem ser usados para explicar as diferenças entre os grupos em medidas pósteste Portanto os pesquisadores têm uma grande vantagem em sua capacidade de fazer afirmações causais simplesmente adicionando um grupo de comparação Todavia essas afir mações causais dependem criticamente de formar grupos comparáveis no começo do estudo e garantir que os grupos tenham experiências comparáveis com exceção do tratamento Como é difícil fazer isso na prática conforme veremos esse desenho não costuma eliminar as ameaças à valida de interna decorrentes de efeitos aditivos da seleção Ao se aproximar do fim da disciplina de metodologia de pesquisa em psicolo gia talvez você queira conhecer os resulta dos de um desenho de grupo controle não equivalente que analisou o efeito de cursar uma disciplina de metodologia de pesqui sa sobre o raciocínio relacionado com fatos da vida real VanderStoep e Shaughnessy 1997 Estudantes matriculados em duas turmas de uma disciplina de metodologia de pesquisa e que estavam usando uma edição deste livro foram comparados com estudantes de duas seções de uma discipli na de psicologia do desenvolvimento com relação ao seu desempenho em um teste que enfatizava o raciocínio metodológico relacionado com fatos cotidianos Os es tudantes nos dois tipos de classes fizeram testes no começo e no final do semestre Os resultados revelaram que os estudantes de metodologia de pesquisa apresentaram uma melhora maior do que os estudantes do grupo controle Cursar uma disciplina de metodologia de pesquisa aumentou a capacidade dos estudantes de pensar criti camente sobre os fatos da vida real Com essa animadora notícia em men te vamos analisar em detalhe outro estudo que usou o desenho de grupo controle não equivalente Isso nos dará a oportunidade de revisar as potencialidades e limitações específicas desse procedimento quaseex perimental Desenho de grupo controle não equivalente o estudo de Langer e Rodin Os quaseexperimentos costumam ava liar a eficácia geral de um tratamento com muitos componentes pesquisas de seguimento podem então determinar quais componentes são críticos para se alcançar o efeito do tratamento Langer e Rodin 1976 propuseram a hipótese de que mudanças ambientais asso ciadas à velhice contribuem em parte para sentimentos de perda inadequação e au toestima baixa em idosos Particularmente importante é a mudança que ocorre quando idosos se mudam para uma casa de repou so Embora geralmente cuidem dos idosos de um modo bastante adequado em termos físicos as casas de repouso muitas vezes são o que Langer e Rodin chamam de um ambiente praticamente livre de decisões Os idosos não são mais chamados a tomar sequer as mais simples decisões como a hora de levantar quem visitar a que filme assistir e coisas do gênero Em uma casa de repouso muitas ou a maior parte das decisões cotidianas são tomadas para eles deixandoos com poucas responsabilidades e opções pessoais Para testar a hipótese de que a falta de oportunidade para tomar decisões pes soais contribui para a debilitação psicoló gica e mesmo física observada às vezes nos Metodologia de pesquisa em psicologia 331 idosos Langer e Rodin fizeram um quase experimento em uma casa de repouso em Connecticut A variável independente era o tipo de responsabilidade dada a dois gru pos de residentes da casa de repouso Um grupo foi informado das muitas decisões que deveria tomar em relação à maneira como os quartos eram arrumados visitas cuidado de plantas escolha de filmes e assim por diante Esses residentes também receberam pequenas plantas de presente se quisessem aceitálas e podiam cuidar delas como desejassem Essa era a condição de indução de responsabilidade O segun do grupo de residentes o grupo de com paração também foi chamado para uma reunião mas as instruções para esse grupo enfatizavam a responsabilidade da equipe de atendimento para com eles Esses resi dentes também ganharam uma planta de presente independentemente de quererem ou não e foram informados de que os en fermeiros colocariam água e cuidariam das plantas para eles Os residentes da casa de repouso eram designados a uma determinada ala e quar to com base na disponibilidade e alguns permaneciam lá por bastante tempo Como consequência a designação aleatória dos dois grupos de responsabilidade era im praticável e provavelmente indesejável do ponto de vista da administração Por tanto os dois conjuntos de instruções so bre as responsabilidades foram dados aos residentes de duas alas diferentes da casa de repouso Essas alas eram escolhidas nas palavras dos autores por causa da simila ridade na saúde física e psicológica e status socioeconômico prévio dos residentes de terminados pelas avaliações feitas pelo di retor enfermeiroschefes e assistente social da casa Langer e Rodin 1976 p 193 As alas eram designadas aleatoriamente a um dos dois tratamentos Além disso os ques tionários eram dados aos residentes uma semana antes e três semanas depois das instruções de responsabilidades Os ques tionários continham perguntas relacio nadas com quanto controle eles sentiam sobre acontecimentos gerais de suas vidas e o quanto se sentiam felizes e ativos p 194 Além disso os membros da equipe de atendimento em cada ala deviam avaliar os residentes antes e depois da manipulação experimental em traços como atenção so ciabilidade e atividade Os pesquisadores também incluíram uma medida pósteste do interesse social fazendo uma competi ção na qual os sujeitos deviam acertar o nú mero de jujubas em um vidro grande Os residentes participavam da competição se quisessem simplesmente preenchendo um papel com sua estimativa e nome Assim havia diversas variáveis dependentes para avaliar as percepções de controle felicida de atividade e o nível de interesse dos resi dentes bem como outros fatores O estudo de Langer e Rodin ilustra muito bem os procedimentos do desenho de grupo controle não equivalente ver Figura 103 Além disso as diferenças en tre medidas préteste e pósteste mostram que os residentes no grupo de indução de responsabilidade de um modo geral esta vam mais felizes mais ativos e mais aten tos após o tratamento do que os residentes do grupo de comparação Medidas com portamentais como a frequência com que assistiam a filmes também favoreceram o grupo de indução de responsabilidade e embora dez residentes desse grupo tenham participado do torneio das jujubas apenas um dos residentes do grupo de compara ção participou Os pesquisadores apontam para possíveis implicações práticas desses resultados Especificamente sugerem que algumas das consequências negativas do envelhecimento podem ser reduzidas ou revertidas dando aos idosos oportunidades para tomarem decisões pessoais e se senti rem competentes Antes de nos voltarmos para as limita ções específicas associadas a esse desenho queremos chamar a sua atenção para outro aspecto do estudo de Langer e Rodin que caracteriza muitos experimentos em am bientes naturais O tratamento no estudo de Langer e Rodin na verdade tinha vários 332 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister componentes Por exemplo a equipe de atendimento incentivava os residentes do grupo de tratamento a tomarem decisões sobre várias coisas diferentes pex filmes salas etc e eles recebiam uma planta para cuidarem Todavia o experimento avaliava o pacote de tratamento Ou seja avaliava se a eficácia do tratamento geral e não os componentes individuais do tratamento Sabemos apenas ou pelo menos supomos com base nas evidências que o tratamento com todos os seus componentes funcionou não sabemos necessariamente se o trata mento funcionaria com menos componen tes ou se um componente é mais crítico do que os outros As pesquisas realizadas em ambientes naturais costumam se caracterizar por tra tamentos com muitos componentes Além disso o objetivo inicial dessas pesquisas costuma ser avaliar o efeito geral do pa cote de tratamento Portanto talvez en contrar evidências para um efeito do tra tamento em geral seja apenas o primeiro estágio no programa de pesquisa se quiser mos identificar os elementos críticos de um tratamento Essa identificação pode trazer benefícios práticos e teóricos Por razões práticas a pesquisa revela que apenas algu mas das características do tratamento são críticas para gerar o efeito e que talvez os aspectos menos críticos devessem ser aban donados Isso pode aumentar a relação cus toeficácia do tratamento tornandoo mais provável de ser adotado e implementado Do ponto de vista teórico é importante de Figura 103 Langer e Rodin 1976 usaram um desenho de grupo controle não equivalente para estudar o efeito de dois tipos diferentes de instruções de responsabilida des sobre o comportamento de residentes de casas de repouso Como não houve um experimento verdadeiro os pesquisadores analisaram as caracte rísticas do estudo para determinar se havia ameaças à validade interna Metodologia de pesquisa em psicologia 333 terminar se os componentes do tratamento especificados por uma teoria como críticos são de fato componentes críticos Ao co nhecer pesquisas que demonstrem um efei to geral do tratamento pense em pesquisas adicionais que possam revelar os compo nentes específicos que são críticos para o efeito do tratamento Fontes de invalidade no desenho de grupo controle não equivalente Para interpretar os resultados de dese nhos quaseexperimentais os pesqui sadores analisam o estudo para deter minar se existem ameaças presentes à validade interna As ameaças à validade interna que de vem ser consideradas ao se usar um desenho de grupo controle não equi valente incluem efeitos aditivos da seleção regressão diferencial viés do observador contaminação e efeitos da novidade Embora os grupos possam ser compa ráveis em uma medida préteste isso não garante que sejam comparáveis de todas as maneiras possíveis que são re levantes para o resultado do estudo Segundo Cook e Campbell 1979 o desenho de grupo controle não equivalen te geralmente controla todas as principais classes de ameaças potenciais à validade interna exceto as que se devem a efeitos aditivos 1 da seleção e maturação 2 da seleção e histórico 3 da seleção e instru mentação e 4 da regressão estatística di ferencial Analisaremos como cada uma dessas fontes potenciais de invalidade pode representar problemas para a interpretação de Langer e Rodin a respeito de suas obser vações Depois explicaremos como Langer e Rodin apresentam um argumento lógico e evidências empíricas para refutar as amea ças possíveis à validade interna do seu es tudo Também analisaremos como o viés do experimentador e problemas de conta minação foram controlados Finalmente comentaremos brevemente os desafios para se estabelecer a validade externa que são inerentes ao desenho de grupo controle não equivalente Um resultado inicial importante do es tudo de Langer e Rodin foi que os residen tes dos dois grupos não diferiam significa tivamente nas medidas préteste Não seria surpresa descobrir que havia uma diferença entre os dois grupos antes que o tratamen to fosse introduzido pois os residentes não foram designados aleatoriamente às con dições Todavia mesmo quando os escores préteste não apresentam diferença entre os grupos não podemos dizer que eles sejam equivalentes Campbell e Stanley 1966 Na discussão a seguir explicaremos por que não podemos concluir que os grupos são equivalentes Efeito da seleção e maturação Um efei to aditivo da seleção e da maturação ocor re quando os indivíduos em um grupo se tornam mais experientes mais cansados ou mais entediados em uma taxa mais rápida do que os indivíduos do outro grupo Sha dish et al 2002 O efeito da seleção e matu ração é mais provável de ser uma ameaça à validade interna quando o grupo de trata mento é autosselecionado os membros pro curam exposição ao tratamento deliberada mente e quando o grupo de comparação vem de uma população diferente do grupo de tratamento Campbell e Stanley 1966 Langer e Rodin selecionaram seus gru pos mas não indivíduos aleatoriamente a partir da mesma população de indivíduos Consequentemente seu desenho se apro xima mais de um experimento verdadeiro do que se os indivíduos dos dois grupos tivessem vindo de populações diferentes Campbell e Stanley 1966 O efeito da se leção e maturação seria mais provável por exemplo se os residentes da casa de repou so fossem comparados com indivíduos que participam de um programa fechado de ofi cinas para idosos ou se os residentes de alas diferentes da casa de repouso necessitassem de níveis diferentes de cuidado 334 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister A possibilidade de um efeito de seleção e maturação é uma das razões por que não podemos concluir que os grupos são equi valentes comparáveis mesmo quando os escores préteste são iguais em média para os grupos de tratamento e de controle Tal vez as taxas de crescimento natural de dois grupos de populações diferentes sejam di ferentes mas o préteste pode ter ocorrido em um momento em que eram semelhantes Esse problema é ilustrado na Figura 104 A taxa normal de mudança é maior no grupo A do que no Grupo B mas o préteste mos tra que os grupos não diferem Todavia devido à taxa de crescimento diferencial os grupos provavelmente apresentariam uma diferença no pósteste que poderia ser con fundida com um efeito do tratamento Exis te uma segunda razão mais geral por que não podemos concluir que os grupos sejam comparáveis com base apenas na ausência de uma diferença entre os grupos no pré teste É provável que o préteste avalie os respondentes em apenas uma medida ou na melhor hipótese em poucas medidas O simples fato de que os indivíduos não diferem em uma medida não significa que eles não difiram em outras medidas que são relevantes para o seu comportamento na si tuação em questão Existe alguma razão para suspeitar de um efeito da seleção e maturação no estudo de Langer e Rodin Ou seja seria razoável esperar que os residentes na ala de trata mento mudassem naturalmente em uma taxa mais rápida do que os pacientes da ala sem tratamento Vários tipos de evidências sugerem que esse não seria o caso Primeiro o procedimento que a casa de repouso usou para designar os residentes às duas alas era basicamente aleatório e as alas foram designadas aleatoriamente às condições de tratamento e sem tratamento Langer e Ro din também observaram que os residentes das duas alas eram em média equivalentes em medidas como o status socioeconômico e o tempo na casa de repouso Finalmente embora não seja uma evidência suficiente em si os residentes das duas alas não di feriam nas medidas préteste Assim as evidências indicam que não havia ameaça à validade interna no estudo de Langer e Rodin por causa dos efeitos aditivos da se leção e maturação Efeito da seleção e histórico Outra ameaça à validade interna que não é controlada no desenho de grupo controle não equivalente é o efeito aditivo da seleção e histórico Cook e Campbell 1979 referemse a esse problema como efeitos do histórico local Esse problema ocorre quando algo além do tratamento afe ta um grupo mas não o outro O histórico local por exemplo pode ser um problema Grupo A Pósteste Tempo Préteste Variável dependente Grupo B Figura 104 Taxas de crescimento diferencial possíveis para dois grupos A e B na ausência de tratamento Metodologia de pesquisa em psicologia 335 no estudo de Langer e Rodin se um fato que afetou a felicidade e atenção dos residentes ocorreu em uma ala da casa de repouso mas não ocorreu na outra É provável que você consiga imaginar várias possibilidades Uma mudança na equipe de enfermagem em uma ala por exemplo pode levar a um aumen to ou redução na disposição dos residentes dependendo da natureza da mudança e de possíveis diferenças entre o comportamento do novo enfermeiro e do anterior Os pro blemas ligados ao histórico local se tornam mais problemáticos à medida que diferem as situações dos indivíduos nos grupos de tratamento e controle Langer e Rodin não abordaram especificamente o problema dos efeitos do histórico local Efeito da seleção e instrumentação Uma ameaça decorrente da combinação entre se leção e instrumentação ocorre quando mu danças em um instrumento de medição são mais prováveis de ser detectadas em um grupo do que em outro Os efeitos de piso e teto por exemplo podem tornar difícil para se detectarem mudanças de comporta mento do préteste para o pósteste Se esse problema afetar um grupo mais do que o outro existe um efeito da seleção e instru mentação Shadish e colaboradores 2002 apontam que essa ameaça à validade inter na é mais provável quanto maior for a não equivalência dos grupos e com a proximi dade dos escores dos grupos em relação ao fim da escala Como os grupos de Langer e Rodin não diferiam no préteste e como o desempenho dos grupos não sugeria efei tos de piso e teto nas escalas de medição utilizadas essa ameaça à validade interna não parece plausível para o seu estudo Regressão estatística diferencial A última ameaça à validade interna que não é con trolada no desenho de grupo controle não equivalente é a regressão estatística diferen cial Shadish et al 2002 Conforme descre vemos anteriormente a regressão à média é esperada quando os indivíduos são selecio nados com base em escores extremos pex os piores leitores os trabalhadores com me nor produtividade os pacientes com proble mas mais graves A regressão diferencial pode ocorrer quando a regressão é mais provável em um grupo do que no outro Por exemplo considere um desenho de grupo controle não equivalente no qual os participantes com os problemas mais sérios são colocados no gru po de tratamento É possível e até provável que ocorra regressão nesse grupo Se a re gressão for mais provável no grupo de trata mento do que no grupo controle as mudan ças do préteste para o pósteste podem ser interpretadas erroneamente como um efeito do tratamento Como os grupos no estudo de Langer e Rodin vêm da mesma população e não existem evidências de que os escores préteste de um grupo fossem mais extremos do que os do outro uma ameaça à validade interna devida à regressão estatística diferen cial não é plausível em seu estudo Efeitos das expectativas contaminação e efeitos da novidade O estudo de Langer e Rodin também poderia ter sido influencia do por outras três ameaças à validade inter na que podem afetar até os experimentos verdadeiros os efeitos das expectativas a contaminação e efeitos da novidade Se os observadores em seu estudo estivessem cientes da hipótese de pesquisa é possível que tivessem involuntariamente avaliado os residentes como melhores após as instruções de responsabilidades do que antes Todavia esse viés do observador ou o efeito das suas expectativas parece ter sido controlado pois todos os observadores foram mantidos ignorantes da hipótese de pesquisa Langer e Rodin também estavam cientes de possí veis efeitos da contaminação Os residentes do grupo controle podiam ter se incomoda do se soubessem que os residentes de outra ala tinham mais oportunidades para tomar decisões Nesse caso o uso de alas diferentes da casa de repouso foi vantajoso Langer e Rodin 1976 indicam que não houve muita comunicação entre as alas p 193 Assim não parecia haver efeitos de contaminação pelo menos em uma escala que arruinaria a validade interna do estudo 336 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Haveria efeitos da novidade no estudo de Langer e Rodin se os residentes da ala de tratamento ganhassem entusiasmo e ener gia como resultado do tratamento inovador de indução da responsabilidade Assim esse novo entusiasmo em vez da maior res ponsabilidade dos residentes em tratamen to pode explicar os efeitos do tratamento Além disso a atenção especial dispensada ao grupo de tratamento pode ter produzido um efeito Hawthorne no qual os residentes da ala tratada se sentiram melhor a respeito de si mesmos É difícil descartar completa mente os efeitos da novidade ou um efeito Hawthorne nesse estudo Todavia segundo os autores não houve diferença na quan tidade de atenção dispensada aos dois gru pos p 194 De fato as comunicações aos dois grupos enfatizavam que a equipe se preocupava com eles e queria que fossem felizes Assim sem evidências adicionais do contrário podemos concluir que as mu danças no comportamento que Langer e Rodin observaram se deviam ao efeito da variável independente e não ao efeito de uma variável externa que os pesquisadores deixaram de controlar Para verificar se uma variável inde pendente atuou no contexto de um de terminado experimento os pesquisadores coletam sistematicamente e avaliam cui dadosamente evidências a favor e contra a interpretação de que o tratamento fez o comportamento mudar Conforme explicam Cook e Campbell Estimar a validade interna de uma relação é um processo dedutivo no qual o pes quisador deve pensar sistematicamente sobre como cada uma das ameaças à va lidade interna pode ter influenciado os dados Então o pesquisador deve analisar os dados para testar quais ameaças rele vantes podem ser descartadas Em todo esse processo o pesquisador deve ser o seu melhor crítico analisando vigorosa mente todas as ameaças que puder ima ginar Quando todas as ameaças podem ser eliminadas plausivelmente é possível tirar conclusões confiantes sobre a prová vel causalidade da relação Quando não podem talvez porque não existem da dos apropriados disponíveis ou porque os dados indicam que uma determinada ameaça pode ter atuado de fato o pesqui sador deve concluir que uma relação de monstrada entre duas variáveis pode ou não ser causal p 5556 A questão da validade externa Semelhante à validade interna a valida de externa de pesquisas deve ser anali sada criticamente A melhor evidência para a validade ex terna de pesquisas é a replicação com diferentes populações ambientes e mo mentos Devemos fazer a mesma investigação sistemática sobre a validade externa de um quaseexperimento que fizemos sobre a sua validade interna Que evidências existem de que o padrão específico de resultados é restrito a um determinado grupo de parti cipantes ambiente ou momento Por exem plo embora Langer e Rodin sugiram que se façam certas mudanças na maneira como cuidamos dos idosos podemos questionar se a eficácia do tratamento de indução da responsabilidade se aplicaria a todos os re sidentes idosos para todos os tipos de casas de repouso e em diferentes ocasiões O fato de que a casa de repouso específica estuda da por Langer e Rodin 1976 foi descrita como avaliada pelo estado de Connecticut como entre as melhores unidades de trata mento p 193 sugere que os residentes instalações e funcionários podem ser dife rentes dos encontrados em outras casas Por exemplo se os residentes dessa casa de re pouso específica fossem relativamente mais independentes antes de virem para a casa do que os residentes de outras casas talvez por diferenças em status socioeconômico as mudanças sofridas ao mudar para a casa de repouso talvez tenham tido um impacto maior sobre eles Consequentemente talvez a oportunidade de serem mais independen Metodologia de pesquisa em psicologia 337 tes dos funcionários tenha sido mais im portante para esses residentes em relação aos residentes de outras casas De maneira semelhante se os funcionários dessa casa fossem mais competentes do que os de ou tras talvez eles fossem mais efetivos para se comunicar com os residentes do que os funcionários de outras casas Em última análise o pesquisador deve estar pronto para replicar um resultado ex perimental com diferentes populações am bientes e momentos para estabelecer a vali dade externa O processo dedutivo aplicado à questão da validade interna também deve ser usado para analisar a validade externa do estudo Além disso devemos estar prontos para aceitar o fato de que é improvável que um estudo responda todas as questões sobre uma hi pótese de pesquisa Desenhos de séries temporais interrompidas Em um desenho de séries temporais interrompidas os pesquisadores anali sam uma série de observações antes e depois de um tratamento As evidências em favor dos efeitos do tratamento ocorrem quando existem mudanças abruptas descontinuidades nos dados da série temporal no período em que o tratamento foi implementado As principais ameaças à validade in terna no desenho de séries temporais interrompidas simples são efeitos do histórico e mudanças na medição ins trumentação que ocorrem ao mesmo tempo que o tratamento Um segundo quaseexperimento o de senho de séries temporais interrompidas simples é possível quando os pesquisado res conseguem observar mudanças em uma variável dependente por algum tempo antes e depois da introdução de um tratamento Shadish et al 2002 A essência desse de senho é a disponibilidade de medidas pe riódicas antes e depois que o tratamento foi introduzido O desenho de séries temporais interrompidas simples pode ser representa do da seguinte maneira O desenho de séries temporais inter rompidas simples pode ser usado para ava liar o efeito de um tratamento em situações como a introdução de um novo produto a instituição de uma nova reforma social ou o começo de uma campanha publicitá ria especial Campbell 1969 investigou o efeito de uma mudança em políticas sociais em Connecticut na metade da década de 1950 O governador havia exigido repres são contra a velocidade excessiva no trân sito e Campbell usou um desenho de séries temporais interrompidas para determinar o efeito dessa ordem sobre as mortes no trân sito Campbell conseguiu obter uma varie dade de dados arquivísticos para usar como medidas de prétratamento e póstratamen to pois as agências estatais costumam man ter estatísticas regulares sobre os acidentes de trânsito Além do número de mortes Campbell analisou o número de multas por excesso de velocidade o número de moto ristas que tiveram a carteira de habilitação suspensa e outras medidas relacionadas com o comportamento no trânsito A Figura 105 mostra a porcentagem de suspensões da habilitação por excesso de velocidade como porcentagem de todas as suspensões antes e depois da repressão Existe uma des continuidade clara no gráfico que coincide com o começo do tratamento Essa desconti nuidade mostra evidências de um efeito do tratamento De fato uma descontinuidade na série temporal é a principal evidência do efeito de um tratamento Conforme observa Campbell somen te mudanças abruptas no gráfico da série temporal podem ser interpretadas pois as mudanças graduais são indistinguíveis das flutuações normais que ocorrem ao longo do tempo Infelizmente as mudanças mui tas vezes não são tão drásticas quanto as observadas na Figura 105 De fato a análise de Campbell de mortes no trânsito ao lon go do mesmo período revela evidências de 338 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister um efeito da repressão mas a mudança nas mortes no trânsito não foi tão abrupta quan to a associada à suspensão das carteiras de habilitação ver Campbell 1969 Figura 2 Uma variação do desenho de séries tem porais interrompidas foi usada para avaliar o efeito de se evitar o risco apavorante de voar após os ataques terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001 Gigerenzer 2004 O raciocínio para esse estudo foi o seguinte As pessoas tendem a temer riscos apavorantes que são defini dos como situações de baixa probabilidade mas grandes consequências como os ata ques terroristas de 11 de setembro de 2001 Gigerenzer 2004 p 286 Se os norteame ricanos para evitar o risco apavorante de voar dirigissem até seus destinos seria de esperar que houvesse um aumento no nú mero de mortes no trânsito Para testar essa hipótese Gigerenzer 2004 analisou dados do Departamento de Transportes do gover no norteamericano para os três meses após 11 de setembro de 2001 Também foram analisados dados para os cinco anos antes dessa data O número médio de mortes nes ses anos precedentes foi comparado com os números para depois de 22 de setembro de 2001 Os resultados dessa análise são mos trados na Figura 106 O gráfico mostra os acidentes de trânsi to fatais para todos os 12 meses do ano em todos os cinco anos precedentes círculos indicam a média na linha e para o ano de 2001 representados por quadrados Além disso são mostrados os valores mais altos e mais baixos para cada mês nos cinco anos precedentes as barras em torno de cada média Os dados para mortes durante ou tubro novembro e dezembro revelam que no ano de 2001 o número de acidentes de trânsito fatais foi tão alto ou maior do que o maior valor para os cinco anos anterio res Com base nesses dados e em análises estatísticas Gigerenzer 2004 conseguiu concluir que as mortes no trânsito subiram para 353 em outubro novembro e dezembro de 2001 O autor atribuiu esse aumento ao medo apavorante de voar observado após os fatos de 119 Gigerenzer comparou esse au mento de 353 mortes com os 266 passageiros e funcionários que foram mortos nos quatro 33 30 27 24 21 18 15 12 9 6 3 Suspensões por excesso de velocidadesuspensões totais Ano Tratamento Figura 105 Suspensões de carteiras de habilitação por excesso de velocidade como por centagem de todas as suspensões Adaptado de Campbell 1969 Metodologia de pesquisa em psicologia 339 desastres aéreos e é claro muitos mais no solo O pesquisador sugere que se o públi co tivesse sido mais bem informado sobre as reações psicológicas a eventos catastróficos e o risco potencial de se evitar o risco tal vez essa perda de motivação psicológica pudesse ter sido prevenida p 287 Campbell e Stanley 1966 sintetizam o problema que os pesquisadores enfren tam usando o desenho de séries temporais interrompidas simples o problema da validade interna se resume à questão de hipóteses concorrentes plausíveis que ofe recem explicações alternativas prováveis para a mudança observada na série tempo ral em vez do efeito de X p 39 O efeito do histórico é a principal ameaça à valida de interna nesse tipo de desenho Shadish et al 2002 Por exemplo será possível que um fator além da tentativa de evitar o risco apavorante tenha sido responsável pelo aumento no número de acidentes de Número de acidentes de trânsito fatais 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 19962000 2001 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 106 Número de acidentes de trânsito fatais nos Estados Unidos de 1996 a 2000 versus 2001 A linha representa a média para os anos 19962000 as barras em torno da média indicam os valores mais baixos e mais altos para esses anos Os quadrados indicam os números de acidentes de trânsito fatais para cada mês em 2001 Adaptado de Gigerenzer 2004 outras situações pode ser necessário fazer análises mais sofisticadas pex Michielut te Shelton Paskett Tatum e Velez 2000 Para mais informações consulte o texto de Shadish e colaboradores 2002 Experi mental and QuasiExperimental Designs for Generalized Causal Inference Dica de estatística Embora os resultados do modelo de séries temporais interrompidas e outros desenhos quaseexperimentais às vezes possam ser interpretados com base em uma análi se visual ver por exemplo a Figura 105 muitas vezes são necessárias análises es tatísticas Gigerenzer 2004 por exemplo usou um teste quiquadrado da significân cia estatística para mostrar que houve um aumento estatisticamente significativo na frequência de mortes no trânsito após 11 de setembro de 2001 comparado com os cin co anos precedentes Havíamos menciona do o teste quiquadrado no Capítulo 5 Em 340 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister trânsito fatais nos últimos meses de 2001 ver Figura 106 Particularmente ameaçadoras à valida de interna do desenho de séries temporais são influências de natureza cíclica incluindo a variação sazonal Cook e Campbell 1979 Por exemplo ao analisar o efeito da repres são do governador de Connecticut contra o excesso de velocidade Campbell 1969 reu niu dados de estados vizinhos de maneira a descartar possíveis tendências regionais re lacionadas com o clima para fortalecer seu argumento em favor do efeito dessa mudan ça específica nas políticas públicas A instrumentação também deve ser considerada como uma ameaça à validade interna no desenho de séries temporais in terrompidas simples Shadish et al 2002 Quando são instituídos novos programas ou novas políticas sociais por exemplo é comum haver mudanças na maneira como são mantidos registros ou nos procedimen tos usados para coletar informações Um programa visando reduzir a criminalidade pode levar as autoridades a mudarem suas definições de certos crimes ou terem mais cuidado ao observarem e relatarem ativida des criminosas Não obstante para que uma ameaça de instrumentação seja plausível as mudanças na instrumentação devem ter ocorrido exatamente no mesmo período que a intervenção Campbell e Stanley 1966 Ameaças à validade interna devidas à ma turação testagem e regressão são controla das no desenho de séries temporais inter rompidas simples Não se pode descartar nenhuma dessas ameaças quando existe apenas uma única medida préteste e pós teste disponível Todavia essas ameaças são praticamente eliminadas pela presença de observações múltiplas antes e depois do tratamento Por exemplo normalmente não se esperaria que um efeito de matura ção apresentasse uma descontinuidade níti da na série temporal embora isso possa ser possível em determinadas situações Camp bell e Stanley 1966 As ameaças à validade externa no de senho de séries temporais interrompidas simples devem ser analisadas com cuidado Quando as observações do comportamen to anteriores ao tratamento baseiamse em diversos testes é bastante provável que o efeito do tratamento possa ser restrito aos indivíduos que tiveram essas experiências com testes múltiplos Além disso o desenho de séries temporais interrompidas geral mente envolve testar apenas um grupo úni co que não foi selecionado aleatoriamente Esse aspecto do desenho deixa em aberto a possibilidade de que os resultados se limi tem a pessoas com características semelhan tes às das que participaram do estudo Grupo controle não equivalente com séries temporais Em um desenho de grupo controle não equivalente com séries temporais os pesquisadores fazem uma série de ob servações antes e depois do tratamento para um grupo de tratamento e um gru po de comparação comparável Podese aumentar a validade interna do desenho de séries temporais interrompidas incluindo um grupo controle após os proce dimentos que descrevemos para o desenho do grupo controle não equivalente Para o desenho de grupo controle não equivalente com séries temporais o pesquisador deve encontrar um grupo que seja comparável ao grupo de tratamento e que permita uma oportunidade semelhante para fazer obser vações múltiplas antes e depois do momen to em que o tratamento for administrado ao grupo experimental Esse desenho é repre sentado da seguinte maneira Como antes usase uma linha tracejada para indicar que o grupo controle e o grupo experimental não foram designados alea toriamente O desenho de grupo controle não equivalente com séries temporais per mite que os pesquisadores descartem mui Metodologia de pesquisa em psicologia 341 tas ameaças devidas ao histórico Conforme mencionado antes Campbell 1969 usou dados de mortes no trânsito obtidos de es tados vizinhos para fazer uma comparação com os dados da mortalidade no trânsito após a repressão à velocidade em Connecti cut Embora as mortes no trânsito em Con necticut tenham apresentado um declínio imediatamente após a repressão dados de estados comparáveis não apresentavam tal declínio Essa observação tende a excluir as alegações de que a redução nas mortes no trânsito em Connecticut se devia a fato res como condições climáticas favoráveis melhoras nos projetos de automóveis ou quaisquer outros fatores que provavelmen te eram compartilhados por Connecticut e os estados vizinhos Avaliação de programas Usase a avaliação de programas para avaliar a eficácia de organizações que prestam serviços sociais e proporcionar feedback aos administradores sobre os seus serviços Os avaliadores de programas avaliam as necessidades processos resultados e a eficiência dos serviços sociais A relação entre a pesquisa básica e a pesquisa aplicada é recíproca Apesar da relutância da sociedade para usar experimentos os experimentos verdadeiros e os quaseexperimentos podem ser excelentes abordagens para avaliar as reformas sociais As organizações que produzem bens têm um índice pronto do sucesso Se uma empresa pretende fabricar microproces sadores seu sucesso é determinado essen cialmente por seus lucros com a venda de microprocessadores Pelo menos teorica mente a eficiência e a eficácia da organi zação podem ser avaliadas facilmente ana lisandose os livros contábeis da empresa Todavia cada vez mais um tipo diferente de organização desempenha um papel crí tico em nossa sociedade Como essas or ganizações geralmente prestam serviços em vez de fabricarem bens Posavac 2011 referese a elas como organizações de ser viços humanos Por exemplo hospitais es colas departamentos de política e agências governamentais prestam uma variedade de serviços desde atendimento no pronto socorro a inspeções para prevenção de in cêndios Como seu objetivo não é o lucro devese encontrar um outro método para distinguir agências eficazes e não eficazes Uma abordagem para avaliar a eficácia das organizações de serviços humanos é a ava liação de programas Segundo Posavac 2011 a avaliação de programas é uma metodologia para conhecer a pro fundidade e alcance da necessidade de um serviço humano e se o serviço é pro vável de ser usado se o serviço é sufi cientemente intensivo para satisfazer as necessidades identificadas assim como o nível em que o serviço é oferecido tal qual planejado e se realmente ajuda as pessoas em necessidade a um custo ra zoável e sem efeitos colaterais inaceitá veis p 1 A definição de avaliação de programas compreende vários componentes aborda remos cada um desses componentes à sua vez Todavia Posavac enfatiza que o objeti vo maior da avaliação de programas é pro porcionar feedback de atividades relacionadas com serviços humanos As avaliações de pro gramas são projetadas para proporcionar feedback aos administradores de organiza ções de serviços humanos para ajudálos a decidir que serviços prestar a quem e como prestálos da maneira mais eficaz e eficiente possível A avaliação de programas é uma disciplina integradora baseada na ciência política sociologia economia educação e psicologia Estamos discutindo a avaliação de programas ao final deste capítulo sobre pesquisas em ambientes naturais porque ela representa talvez a maior aplicação dos princípios e métodos que discutimos ao longo deste livro 342 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Posavac 2011 identifica quatro per guntas feitas pelos avaliadores de progra mas Essas perguntas são sobre necessida des processos resultados e eficiência Uma avaliação de necessidades visa determinar as necessidades insatisfeitas das pessoas para as quais a agência presta um serviço Con sidere por exemplo um governo municipal que recebeu uma proposta de instituir um programa de atividades recreativas para idosos na comunidade A cidade precisaria antes de mais nada determinar se os idosos realmente precisam desse programa Se os idosos quiserem o programa a cidade pre cisaria saber o tipo de programa que seria mais interessante a eles Os métodos da pesquisa de levantamento são amplamen te utilizados em estudos visando avaliar necessidades Os administradores podem usar as informações obtidas a partir de uma avaliação de necessidades para ajudálos a planejar os programas a oferecer Depois que um programa foi imple mentado os avaliadores podem fazer per guntas sobre o processo que foi estabelecido Os métodos observacionais costumam ser usados para avaliar os processos de um pro grama Os programas nem sempre são im plementados da maneira como foram pla nejados e é essencial saber o que está sendo feito quando se implementa um programa Se as atividades planejadas não estão sen do usadas pelos idosos em um programa recreativo criado especificamente para eles isso talvez sugira que o programa foi im plementado de maneira inadequada Uma avaliação que traga respostas para questões sobre o processo ou seja sobre como o pro grama está sendo executado permite que os administradores façam ajustes na prestação dos serviços para fortalecer o programa existente Posavac 2011 O próximo conjunto de questões que um avaliador de programas provavelmente fará envolve os resultados O programa tem conseguido cumprir suas metas declaradas Por exemplo os idosos agora têm acesso a mais atividades recreativas e estão satis feitos com essas atividades Eles preferem essas atividades específicas em relação a outras Os resultados de um programa de vigilância comunitária criado para redu zir a criminalidade no bairro podem ser avaliados aferindose se houve reduções reais em arrombamentos e assaltos após a implementação do programa É possível usar dados arquivísticos como os descritos no Capítulo 4 para fazer avaliações dos re sultados Por exemplo analisar registros policiais para documentar a frequência de crimes diversos é um modo de avaliar a efi cácia de um programa de vigilância comu nitária As avaliações de resultados também podem envolver métodos experimentais e quaseexperimentais de pesquisa em am bientes naturais Um avaliador pode por exemplo usar um desenho de grupo con trole não equivalente para avaliar a eficácia de um programa de reforma escolar com parando o desempenho dos estudantes em dois distritos escolares diferentes um com o programa de reforma e outro sem As últimas perguntas que os avaliado res podem fazer dizem respeito à eficiência do programa Com frequência as questões sobre a eficiência estão relacionadas com o custo do programa Devemse fazer esco lhas entre serviços possíveis que um go verno ou instituição é capaz de prestar É necessário obter informações sobre o suces so do programa avaliação dos resultados e informações sobre o custo do programa avaliação da eficiência para que possamos tomar decisões informadas sobre a sua con tinuidade como melhorálo se devemos experimentar um programa alternativo ou se devemos cortar os serviços prestados pelo programa Anteriormente neste capítulo e no Ca pítulo 2 descrevemos as diferenças entre a pesquisa básica e aplicada A avaliação de programas talvez seja um caso extremo de pesquisa aplicada O propósito da avaliação de programas é prático e não teórico Não obstante mesmo no contexto de objetivos eminentemente práticos podese defender a relação recíproca entre a pesquisa básica e aplicada ver Quadro 101 Um modelo Metodologia de pesquisa em psicologia 343 possível dessa relação é ilustrado na Figu ra 107 A ideia é que cada domínio da pes quisa sirva ao outro de um modo circular e contínuo Especificamente a pesquisa bási ca nos proporciona certas abstrações pex princípios de base científica que expressam certas regularidades na natureza Quando esses princípios são analisados no mundo complexo e sujo onde supostamente per tencem são reconhecidas novas complexi dades e necessitamos de novas hipóteses Essas novas complexidades são testadas e avaliadas no laboratório antes de serem testadas novamente no mundo real O trabalho de Ellen Langer serve como um exemplo concreto dessa relação circu lar ver Salomon 1987 Ela identificou um declínio na saúde de pessoas idosas depois que entravam para as casas de repouso ver Langer 1989 Langer e Rodin 1976 descrito neste capítulo Essas observações naturalís ticas levaramna a desenvolver uma teoria da atenção plena que testou em condições experimentais controladas e que tem impli cações para teorias mais gerais do desenvol vimento cognitivo e da educação ver por exemplo Langer 1989 1997 Langer e Piper 1987 A teoria proporciona um guia para seu trabalho aplicado criar novos modelos de casas de repouso Os testes dos efeitos práticos de mudanças no atendimento das casas de repouso sobre a saúde e o bemes tar dos residentes sem dúvida levarão a mo dificações em sua teoria da atenção plena Segundo Campbell 1969 é importante que os funcionários governamentais envol vidos em experimentos sociais enfatizem a importância do problema em vez da im portância da solução Ao invés de buscarem uma cura única para tudo que na maioria dos casos tem pouca possibilidade para dar certo eles devem estar prontos para executar reformas de um modo que permi ta a avaliação mais clara possível e devem estar preparados para experimentar solu ções diferentes se a primeira fracassar Em outras palavras devem estar prontos para usar o método experimental para identifi car os problemas da sociedade e determinar soluções efetivas Pesquisa aplicada Pesquisa básica Mundo humano e social Teoria dedutiva Afeta e modifica Leva a Interpreta e explica Orienta Figura 107 Modelo ilustrando a relação recíproca entre a pesquisa básica e aplicada Adaptado de Salomon 1987 p 444 344 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister A ideia de Campbell 1969 de que as reformas sociais e métodos experimentais devem ser agregados rotineiramente teve um impacto nos criadores de políticas pú blicas sociais mas ainda é pouco utilizada ver Berk et al 1987 e o Quadro 103 As razões para tal são algumas das mesmas identificadas inicialmente por Campbell Não obstante sem a experimentação social especialmente aquela que sempre que pos sível faz uso de experimentos de campo randomizados os legisladores e a comuni dade mais ampla podem acreditar que um tratamento funciona quando não funciona e viceversa Essas decisões incorretas nos levam a alocar verbas e recursos para pro gramas que não sejam efetivos Alguns anos atrás um programa cha mado Scared Straight foi transmitido na televisão nacional Ele descrevia um pro grama educativo juvenil implementado na prisão estadual de Rahway em Nova Jersey Quadro 103 REMOVENDO O MANTO DE IGNORÂNCIA DOS EXPERIMENTOS DA SOCIEDADE Talvez a maior diferença entre a pesquisa bá sica e a avaliação de programas esteja nas realidades políticas e sociais envolvendo a avaliação de programas Os governos nos níveis locais e nacionais regularmente pro põem planejam e executam diversos tipos de reformas sociais Os programas de alívio fiscal programas de incentivo ao trabalho reformas educacionais reformas na polícia e o cuidado médico para idosos são apenas alguns dos tipos de programas de reformas sociais que um governo pode implementar In felizmente como observou o falecido Donald Campbell 1969 expresidente da American Psychological Association muitas vezes não se pode avaliar de maneira significativa o re sultado dessas reformas sociais Será que uma determinada mudança nas técnicas po liciais levou a uma redução na criminalidade Existem mais idosos com acesso ao trans porte público após uma redução nas tarifas Um certo programa de incentivo ao trabalho tira mais pessoas das listas de desemprego Muitas vezes não é possível encontrar as res postas para essas perguntas dizia Campbell porque a maioria das reformas sociais é insti tuída em um clima político que não está pron to para uma avaliação prática Que autoridade pública por exemplo quer ser associada a um programa que fracassou Conforme suge re Campbell existe segurança sob o manto de ignorância p 409410 Além disso mui tas reformas sociais são iniciadas com base na premissa de que terão êxito garantido De outra forma por que gastar todo esse dinhei ro Para muitos administradores públicos é vantajoso manter esse pressuposto na mente das pessoas em vez de enfrentar a verdade sobre o que aconteceu Campbell argumentava que os Estados Unidos e outras nações moder nas devem estar prontos para uma aborda gem experimental de reformas sociais uma abordagem na qual experimentaremos no vos programas na qual descobriremos se esses programas são eficazes ou não e na qual os manteremos imitaremos modifica remos ou descartaremos com base na efi cácia visível segundo os diversos critérios imperfeitos disponíveis p 409 Os cientistas sociais precisam convencer os administradores a usarem experimentos verdadeiros se possível ou quaseexperimen tos no mínimo ao instituírem novos progra mas sociais Por exemplo um procedimento randomizado talvez baseado em uma loteria pública poderia ser usado para decidir qual grupo recebe um programapiloto ou ganha acesso a recursos escassos Os grupos que não recebessem o programa ou os recursos disponíveis se tornariam grupos de compara ção O efeito de um tratamento social pode ria então ser avaliado de maneira significativa Atualmente as decisões sobre quem recebe o quê costumam ser influenciadas por certos grupos de interesses específicos como re sultado de um intenso lobby por exemplo ou tomadas com base no favoritismo político Metodologia de pesquisa em psicologia 345 O programa levava jovens infratores a uma prisão para conhecerem prisioneiros sele cionados entre a população carcerária O objetivo era informar os jovens sobre a rea lidade da vida na prisão e a partir daí con forme esperava o programa dissuadilos das atividades ilegais Foram feitas muitas afirmações falsas sobre a eficácia do pro grama inclusive algumas sugerindo uma taxa de sucesso de até 80 a 90 ver Locke Johnson KiriginRamp Atwater e Gerrard 1986 O programa de Rahway é apenas um entre vários programas semelhantes ao re dor do país Mas será que esses programas realmente funcionam Diversos estudos avaliativos sobre os programas de exposição à prisão tiveram resultados ambíguos incluindo resultados positivos resultados sem diferenças entre os sujeitos experimentais e os controles e resultados sugerindo que o programa pode até aumentar a criminalidade juvenil entre certos tipos de delinquentes Existe uma possibilidade de que infratores juve nis menos resistentes podem intensificar a sua atividade criminal depois de conhece rem os prisioneiros Foi sugerido que como esses infratores menos durões são novos em um estilo de vida em que estão sendo reconhecidos e reforçados por seus amigos justamente por sua dureza essa imagem também é reforçada pela imagem de du rão que os prisioneiros projetam Por outro lado os infratores juvenis mais durões que alcançaram um nível de status entre seus amigos por algum tempo talvez se sintam mais ameaçados pelas perspectivas da vida na prisão pois isso significaria a perda des se status ver Locke et al 1986 As tentativas de avaliar a eficácia desse programa social significativo proporcionam bons exemplos das dificuldades inerentes à pesquisa de avaliação a dificuldade de de signar sujeitos aleatoriamente de fazer os administradores cooperarem com os pro cedimentos experimentais e de lidar com a perda de participantes durante a avaliação Todavia a avaliação de programas baseada em uma metodologia experimental sólida fornece aos criadores de políticas em to dos os níveis da instituição comunidade município estado federal as informações que podem ajudálos a fazer escolhas infor madas entre os tratamentos possíveis para problemas sociais Como os recursos inevi tavelmente são restritos é fundamental que sejam usados da melhor forma possível Nossa esperança é que o seu conhecimento de métodos de pesquisa lhe permita ter uma parti cipação informada e talvez dar uma contribuição construtiva para o debate contínuo sobre o papel da experimentação na sociedade Resumo A experimentação em ambientes naturais difere de muitas maneiras da experimen tação em laboratórios de psicologia As razões para fazer experimentos em am bientes naturais incluem testar a validade externa dos resultados laboratoriais e ava liar os efeitos de tratamentos que visam melhorar as condições em que as pessoas trabalham e vivem Muitos cientistas sociais argumentam que a sociedade deve estar disposta a ado tar uma abordagem experimental à reforma social que permita a avaliação mais clara da eficácia de novos programas Em muitas situações por exemplo quando os recursos disponíveis são escassos são recomenda dos experimentos verdadeiros envolvendo a randomização de indivíduos às condições de tratamento e sem tratamento Todavia se não for possível fazer um experimento verdadeiro os procedimentos quaseexpe rimentais são a segunda melhor aborda gem Os experimentos quaseexperimen tais diferem dos experimentos verdadeiros no sentido de que são controladas menos hipóteses alternativas plausíveis para um determinado resultado experimental Quando certas ameaças à validade interna de um experimento não são controladas o experimentador analisando logicamente a situação e coletando evidências adicionais deve tentar excluir essas ameaças à valida de interna 346 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Um procedimento quaseexperimen tal particularmente robusto é o desenho de grupo controle não equivalente Esse procedimento geralmente controla todas as ameaças importantes à validade inter na com exceção das associadas aos efeitos aditivos da 1 seleção e histórico 2 sele ção e maturação 3 seleção e instrumen tação e 4 ameaças devidas à regressão estatística diferencial Além das ameaças à validade interna o experimentador deve ser sensível à possível contaminação que resulta da comunicação entre grupos de participantes Os problemas relacionados com os efeitos das expectativas do experi mentador viés do observador questões ligadas à validade externa e os efeitos da novidade incluindo o efeito Hawthorne são problemas potenciais em todos os ex perimentos sejam eles conduzidos no la boratório ou em campo Quando é possível observar mudanças em uma medida dependente antes e depois de um tratamento ser administrado pode se usar um desenho de séries temporais interrompidas simples O pesquisador que usa esse desenho procura uma mudança abrupta descontinuidade na série tem poral que coincide com a introdução do tratamento A principal ameaça à validade interna nesse desenho é o histórico algum outro acontecimento além do tratamento pode ter sido responsável pela mudança na série temporal A instrumentação tam bém pode ser um problema especialmente quando o tratamento representa um tipo de reforma social que pode levar a mudanças na maneira como os registros são mantidos ou os dados coletados Incluindo um gru po controle o mais semelhante possível ao grupo experimental podese fortalecer a validade interna de um desenho de séries temporais simples Um desenho de grupo controle não equivalente com séries tempo rais por exemplo controla muitas ameaças possíveis relacionadas com o histórico Um objetivo particularmente impor tante da pesquisa em ambientes naturais é a avaliação de programas Outros pro fissionais além de psicólogos como edu cadores cientistas políticos e sociólogos costumam se envolver nesse processo En tre os tipos de avaliação de programas es tão avaliações de necessidades processos resultados e da eficiência Talvez as limi tações mais sérias à avaliação de progra mas sejam as realidades políticas e sociais envolvidas A relutância das autoridades públicas para buscar uma avaliação das reformas sociais costuma ser um obstácu lo a ser superado Entretanto os cientistas sociais ressaltam a necessidade de que os avaliadores de programas atuem junto às organizações que prestam serviços huma nos Respondendo a esse chamado pode mos ajudar a mudar a sociedade de um modo que levará os serviços mais eficazes àqueles em maior necessidade Conceitos básicos ameaças à validade interna 321 histórico 321 maturação 322 testagem 322 instrumentação 322 regressão 322 desgaste dos sujeitos 323 seleção 323 contaminação 324 efeitos da novidade 325 quaseexperimentos 327 desenho de grupo controle não equivalente 329 desenho de séries temporais interrompidas simples 337 desenho de grupo controle não equivalente com séries temporais 340 avaliação de programas 341 Metodologia de pesquisa em psicologia 347 Questões de revisão 1 Identifique duas razões por que pode ser especialmente importante fazer experi mentos em ambientes naturais 2 Explique como os experimentos laborato riais e os realizados em ambientes natu rais diferem em controle validade exter na objetivos e consequências 3 Descreva as três características que de finem os experimentos verdadeiros e identifique como a variável independen te pode ser definida em termos dessas características 4 Que obstáculos os pesquisadores devem superar quando tentam realizar experi mentos em ambientes naturais 5 Identifique dois procedimentos que per mitem que os pesquisadores designem sujeitos aleatoriamente a condições mas ainda possibilitam o acesso dos sujeitos ao tratamento experimental 6 Descreva e explique as consequências das três maneiras em que os participantes de um grupo controle podem responder quando ocorre contaminação 7 Explique como os efeitos da novidade incluindo o efeito Hawthorne podem influenciar a interpretação de um pesqui sador sobre a eficácia de um tratamento experimental 8 O que Cook e Campbell 1979 conside ram o melhor teste da validade externa 9 Explique por que é essencial usar um pré teste em um desenho de um grupo con trole não equivalente 10 Explique como uma ameaça à validade interna é controlada no desenho do grupo controle não equivalente e descreva uma ameaça à validade interna que não é con trolada nesse desenho 11 Identifique duas razões por que não pode mos concluir que os grupos de tratamento e controle em um desenho de grupo con trole não equivalente sejam equivalentes mesmo quando os escores préteste são iguais para ambos os grupos 12 Explique a diferença entre uma ameaça à validade interna relacionada com o histó rico e o que se chama de efeito do histó rico local no desenho de grupo controle não equivalente 13 Qual é a principal evidência para um efei to do tratamento em um desenho de séries temporais interrompidas simples e quais são as principais ameaças à validade in terna nesse desenho 14 Explique como a adição de um grupo controle não equivalente a um desenho de séries temporais interrompidas sim ples reduz a ameaça à validade interna do desenho 15 Descreva que tipo de informação se está procurando quando os avaliadores fazem cada uma das quatro perguntas que costu mam ser feitas na avaliação de programas DESAFIOS 1 Um quaseexperimento foi usado para determinar se a instrução com o uso de multimídia é eficaz O mesmo professor lecionou para duas turmas da disciplina de Introdução à Psicologia ambas no co meço da tarde Em uma turma o grupo de tratamento o professor usou instru ção com o projetor multimídia Na outra ele cobriu o mesmo conteúdo mas não usou o multimídia Os estudantes não sa biam quando se matricularam se a ins trução com multimídia seria usada mas foram designados aleatoriamente para as turmas O conhecimento dos alunos so bre o conteúdo da disciplina foi avaliado usando duas formas de um teste amplo de psicologia introdutória O teste amplo pode ser considerado um teste confiável 348 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister e válido que pode ser usado DESAFIOS CONTINUAÇÃO para com parar a eficácia da instrução nas duas turmas Os alunos em ambas as turmas foram testados no segundo dia de aula o préteste e no último dia o pósteste Foram usadas formas diferentes do teste nos dois momentos A Qual foi o desenho quaseexperimen tal usado no estudo B O instrutor inicialmente considerou fazer um experimento verdadeiro em vez de um quaseexperimento Faça uma análise crítica da adequação de se usar a designação aleatória se você estivesse defendendo o uso de um experimento verdadeiro para tes tar a eficácia da instrução com multi mídia C Explique por que o desenho quase experimental usado pelo instrutor é mais eficaz do que se ele tivesse testado apenas estudantes que re ceberam instrução com multimídia Identifique uma ameaça à validade interna que foi controlada no estudo e que não teria sido controlada se fos sem testados apenas estudantes que tivessem instrução com multimídia 2 Uma psicóloga publicou um livro des crevendo os efeitos do divórcio sobre homens mulheres e crianças Ela estava interessada nos efeitos que ocorriam 10 anos após o divórcio Ela observou que mesmo 10 anos após o divórcio a meta de das mulheres e um terço dos homens ainda demonstravam uma raiva intensa Embora a metade dos homens e mulhe res se descrevesse como feliz 25 das mulheres e 20 dos homens permane ciam incapazes de colocar suas vidas de volta nos trilhos Em apenas 10 das famílias divorciadas os exmaridos e exesposas tinham vidas felizes e satis fatórias uma década depois Finalmente mais da metade dos filhos de divorciados começavam a idade adulta como homens e mulheres fracassados e autodepreciati vos Essas observações baseiamse em um estudo de 15 anos realizado com 60 casais divorciados e seus 131 filhos em Marin County na Califórnia uma área suburbana influente composta principal mente por pessoas com boa formação educacional Explique como o uso de um desenho quaseexperimental teria ajuda do a especificar quais dos resultados se devem aos efeitos do divórcio 3 A força policial de uma grande cidade tinha que optar entre duas abordagens para manter os oficiais da força informa dos sobre as mudanças na legislação Uma esclarecida administradora dessa força decidiu testar as duas abordagens em um estudo recente Ela decidiu fazer um experimento verdadeiro e designou 30 oficiais aleatoriamente a dois programas por um período de seis meses Ao final do período todos os oficiais que conclu íram o treinamento nas duas abordagens fizeram um teste final sobre o seu conhe cimento da legislação Os 20 oficiais que concluíram o Programa A apresentaram um escore médio confiavelmente maior nesse teste do que os 28 oficiais que con cluíram o Programa B Com sabedoria a administradora resolveu não aceitar esses resultados como evidências decisivas da eficácia dos dois programas Usando apenas os dados informados no proble ma explique por que ela tomou essa de cisão Depois explique como sua decisão teria sido diferente se apenas 20 oficiais concluíssem ambos os programas dos 30 originais designados a cada um e ain da houvesse uma diferença considerável favorecendo o Programa A Certifiquese de mencionar quaisquer limitações nas conclusões que ela poderia tirar em rela ção à eficácia geral desses programas 4 Uma pequena faculdade com uma nova academia de ginástica decidiu introdu zir um programa de promoção da saúde para professores e funcionários O pro grama deve levar um semestre para con cluir com três sessões de uma hora por semana Faça uma análise crítica de cada uma das questões seguintes relaciona das com a avaliação do programa Metodologia de pesquisa em psicologia 349 Resposta ao Exercício 1 O histórico é uma ameaça quando um evento além do tratamento pode explicar a melhora dos participantes Por exemplo eles podem ter lido livros de autoajuda experimentado suplementos herbais con versado com amigos ou pastores ou expe rimentado diversos tratamentos poten cialmente benéficos Qualquer um desses fatores pode ter feito a depressão melho rar em vez do tratamento psicológico 2 A maturação ocorre quando os sujeitos mudam naturalmente ao longo do tem po Uma das coisas que sabemos sobre a depressão é que ela tende a melhorar com o tempo Portanto a melhora dos sujei tos pode refletir uma redução natural na depressão ao longo do tempo em vez do efeito do tratamento 3 Uma ameaça de testagem ocorre quando a primeira administração de um teste in fluencia testes subsequentes Nesse estu do os sujeitos podem ter se lembrado de suas respostas anteriores à medida da de pressão e talvez na tentativa de demons trar que melhoraram escolheram respos tas que indicavam menos depressão no pósteste mesmo que não se sentissem menos deprimidos Uma ameaça de ins trumentação ocorre quando a medida usada para avaliar os pensamentos sen timentos e comportamentos muda com o passar do tempo Como o mesmo questio nário foi usado para o préteste e o pós teste essa ameaça é menos provável 4 A regressão estatística é possível quando os participantes são selecionados porque apresentam um nível extremo em uma medida préteste Neste estudo os par ticipantes foram selecionados porque es tavam deprimidos tiveram um escore elevado em uma medida da depressão É possível que os escores mais baixos observados no pósteste indicassem me lhora por causa da regressão estatística à média e não por causa dos efeitos do tratamento A DESAFIOS CONTINUAÇÃO Como uma avaliação de necessida des poderia ter influenciado o planeja mento do programa B Depois que o programa estivesse em andamento que questões sobre os seus processos teriam ajudado a garantir a interpretação adequada da avaliação dos seus resultados C Explique como você testaria a efi cácia do programa proposto se não fosse possível fazer um experimento verdadeiro 350 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Resposta ao Desafio 1 A O desenho do grupo controle não equiva lente foi usado neste estudo B Os estudantes podem considerar a de signação aleatória às duas turmas injus ta pois não teriam a opção de escolher a turma Se não sabemos se a instrução com multimídia é eficaz a designação aleató ria é o melhor e mais justo método para determinar se ela é eficaz C Se apenas os estudantes que tiveram ins trução com multimídia fossem testados o desenho do estudo teria sido um desenho prétestepósteste de grupo único Exis tem várias ameaças à validade interna desse formato Uma ameaça possível no estudo se deve à testagem ou seja os es tudantes muitas vezes melhoram entre o teste inicial em uma disciplina e o segun do teste pois adquirem familiaridade com o procedimento de testagem e as expecta tivas do instrutor Essa melhora seria es perada se não fosse usada instrução com multimídia O desenho de grupo contro le não equivalente neste estudo controla essa ameaça pois possíveis aumentos nos escores devidos aos efeitos da testagem provavelmente seriam iguais para ambos os grupos Um aumento maior do préteste para o pósteste para o grupo que recebeu instrução com multimídia em relação ao grupo controle pode ser interpretado como um efeito da instrução Analisando e Publicando Pesquisas PARTE CINCO 11 Análise e interpretação de dados Parte I Descrição dos dados intervalos de confiança correlação Visão geral O principal objetivo da análise de dados é determinar se as nossas observações podem corroborar uma afirmação a respeito do comportamento Abelson 1995 A afirma ção pode ser que os filhos de mães viciadas em drogas apresentam mais dificuldades de aprendizagem do que os de mães que não se drogam Seja qual for a afirmação nosso argumento deve ser preparado com cuida dosa atenção à qualidade das evidências e à maneira como são apresentadas Quando se faz uma pesquisa quantitativa as evidên cias são principalmente os dados numéricos que coletamos Para preparar um argumen to convincente devemos saber o que pro curar nesses dados como sintetizar essas informações e como avaliálas É claro que os dados não surgem do nada podemos supor que os resultados foram obtidos usando um determinado método de pesquisa pex observação le vantamento experimento Se houve erros sérios no estágio de coleta de dados talvez não haja nada a fazer para salvar os da dos podendo ser melhor começar do zero Assim devemos garantir que os dados para a análise foram coletados com uma cuida dosa consideração à formulação da hipótese de pesquisa ie nossa afirmação provisória sobre o comportamento à escolha do dese nho de pesquisa adequado para testar a hi pótese à seleção de medidas apropriadas e à avaliação do poder estatístico E é claro devemos nos certificar de que os dados fo ram coletados de um modo que minimize a contribuição de características de demanda vieses do experimentador variáveis confun didoras ou outros artefatos da situação de pesquisa Em suma buscamos dados de um bom projeto de pesquisa que seja interna e externamente válido sensível e confiável Acreditando que obtivemos dados ba seados em um projeto de pesquisa sólido o que devemos fazer depois Existem três es tágios distintos mas relacionados da análise de dados conhecer os dados sintetizar os da dos e confirmar o que os dados revelam ver Quadro 111 independentemente de estar mos fazendo um estudo observacional ver Capítulo 4 ou um experimento ver Capítu los 68 baseado em dados quantitativos os dois primeiros estágios da análise de dados conhecer os dados e sintetizar os dados avançam do mesmo modo Ao se fazer um levanta mento ver Capítulo 5 ou outro projeto de pesquisa em que se buscam evidências de Metodologia de pesquisa em psicologia 353 covariação entre duas variáveis a síntese dos dados é um pouco diferente Usaremos diversos exemplos de pesquisas para ilustrar os estágios da análise dos dados incluindo aqueles que se concentram no desempenho médio de um ou mais grupos bem como os que enfatizam a correlação entre as variáveis Existem abordagens diferentes ainda que complementares para o terceiro está gio da análise confirmar o que os dados nos di zem Uma abordagem faz uso de intervalos de confiança para fornecer evidências para a amplitude e precisão das estimativas de parâmetros populacionais Outra se baseia Quadro 111 TRÊS ESTÁGIOS DA ANÁLISE DE DADOS Os três principais estágios da análise de da dos podem ser descritos conforme a seguir I Conhecer os dados No primeiro estágio queremos nos familiarizar com os dados Esse é um estágio exploratório ou investiga tivo Tukey 1977 Inspecionamos os dados cuidadosamente tentamos ter uma sensa ção deles e até mesmo como falam alguns especialistas ficar amigos deles Hoaglin Mosteller e Tukey 1991 p 42 As perguntas que fazemos podem ser o que está aconte cendo nesse conjunto de números Existem erros nos dados Os dados fazem sentido ou existem razões para suspeitar de algo Abelson 1995 p 78 As demonstrações visuais de distribuições de números são im portantes nesse estágio Qual é a aparência dos dados Somente quando tivermos nos familiarizado com os aspectos gerais dos dados descartado erros e nos certificado de que os dados fazem sentido é que deve mos proceder ao segundo estágio II Sintetizar os dados No segundo estágio buscamos sintetizar os dados de um modo significativo O uso de estatísticas descritivas e a criação de representações gráficas são importantes nesse estágio Como os dados devem ser organizados Que maneiras de descrever e sintetizar os dados são mais informativas O que aconteceu neste estudo em função dos fatores de interesse Que tendências e padrões vemos Que represen tação gráfica melhor revela essas tendências e padrões Quando os dados são sintetiza dos adequadamente estamos prontos para passar ao estágio confirmatório III Confirmar o que os dados revelam No terceiro estágio decidimos o que os dados nos dizem sobre o comportamento Os dados confirmam a nossa afirmação provisória hi pótese de pesquisa feita no início do estudo Às vezes procuramos uma avaliação categó rica do tipo simnão e agimos como juízes e jurados para fazer o veredicto Temos evi dências para condenar Sim ou não o efeito é real Neste estágio podemos usar diversas técnicas estatísticas para refutar argumentos de que nossos resultados se devem simples mente ao acaso O teste da hipótese nula quando apropriado é usado neste estágio da análise Porém nossa avaliação dos dados nem sempre deve nos levar a um juízo cate górico sobre os dados pex Schmidt 1996 Em outras palavras não temos que chegar a uma afirmação definitiva sobre a verdade dos resultados Nossa afirmação sobre o comportamento pode se basear em uma ava liação da faixa provável de tamanhos de efeito para a variável de interesse Em outras pala vras o que é provável de acontecer quando essa variável estiver presente Os intervalos de confiança são particularmente recomenda dos para esse tipo de avaliação pex Cohen 1995 Hunter 1997 Loftus 1996 O processo de confirmação começa realmente no estágio inicial ou exploratório da análise dos dados quando temos uma primeira noção de como eles são À medida que analisamos as características gerais dos dados começamos a entender o que encon tramos No estágio de síntese aprendemos mais sobre as tendências e padrões entre as observações Isso proporciona feedback que ajuda a confirmar a nossa hipótese O último passo na análise dos dados se chama estágio de confirmação para enfatizar que é geral mente nesse ponto que chegamos a uma de cisão sobre o que os dados significam Toda via as informações obtidas em cada estágio da análise dos dados contribuem para esse processo confirmatório pex Tukey 1977 354 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister no teste de significância da hipótese nula Ambas as abordagens foram apresentadas brevemente no Capítulo 6 e como dissemos são relacionadas todavia existem diferenças importantes que serão apresentadas inicial mente em separado para depois mostrarmos como as informações obtidas com ambas as abordagens podem ser combinadas na histó ria final da análise Neste capítulo discuti mos os intervalos de confiança e no Capítulo 12 o teste de significância da hipótese nula Também no Capítulo 12 discutimos o im portante conceito de poder estatístico e sua relação com os intervalos de confiança e teste de significância da hipótese nula A história da análise Quando a análise dos dados está con cluída podemos construir uma narrati va coerente que explique nossos resul tados refute interpretações opostas e justifique as nossas conclusões Fazer um argumento convincente em favor de uma afirmação sobre o comporta mento exige mais do que apenas analisar os dados Um bom argumento exige uma boa história Um advogado de acusação para ganhar um caso deve não apenas chamar a atenção do júri para os fatos do caso como também ser capaz de costurar esses fatos em uma história coerente e lógica Se as evidências apontam para o mordomo que remos saber por que o mordomo e não o cozinheiro pode ter cometido o crime Abelson 1995 fala algo parecido em rela ção a um argumento de pesquisa Evidências de qualidade incorporando efeitos mensuráveis bem articulados e ge rais são necessárias para que um argumen to estatístico tenha máximo impacto per suasivo mas não são suficientes Também são vitais os atributos da história da pes quisa que incorpora o argumento p 13 Consequentemente depois de concluída a análise dos dados devemos construir uma narrativa coerente que explique nossos re sultados refute interpretações opostas e jus tifique as nossas conclusões Nos Capítulos 12 e 13 retornaremos à história da análise quando apresentaremos diretrizes para aju dálo a desenvolver uma narrativa apropria da para seu projeto de pesquisa Análise de dados assistida por computador Os pesquisadores geralmente usam computadores para realizar a análise estatística dos dados A realização de análises estatísticas usan do programas de computador exige que o pesquisador tenha um bom conhecimen to do desenho e estatísticas da pesquisa A maioria dos pesquisadores tem acesso fácil a computadores com programas ade quados para realizar a análise estatística de conjuntos de dados A capacidade de proje tar e executar uma análise usando um pacote estatístico e a capacidade de interpretar os resultados são habilidades essenciais que os pesquisadores devem aprender Alguns dos pacotes mais populares são conhecidos por abreviaturas como BMDP SAS SPSS e STA TA É provável que você tenha acesso a um ou mais desses programas nos computado res do seu departamento de psicologia ou nos laboratórios de informática da sua facul dade ou talvez até mesmo em seus notebooks Fazer análises estatísticas usando progra mas de computador exige que o pesquisador tenha um bom conhecimento do desenho e estatísticas da pesquisa Nos Capítulos 6 7 e 8 apresentamos diversos desenhos expe rimentais Esse conhecimento é essencial se você quiser usar análise assistida por compu tador O computador não consegue determi nar o desenho de pesquisa que você utilizou ou o raciocínio por trás do uso desse desenho embora alguns programas fáceis tenham fer ramentas para orientar o seu pensamento Para fazer uma análise de dados com auxílio do computador você deve inserir informa ções como o tipo de desenho que foi usado pex grupos aleatórios ou medidas repeti das o número de variáveis independentes Metodologia de pesquisa em psicologia 355 pex fator único ou multifatorial o número de níveis de cada variável independente e o número de variáveis dependentes e o nível de medição empregado para cada uma Você também deve ser capaz de articular suas hi póteses de pesquisa e de planejar testes es tatísticos adequados para suas hipóteses de pesquisa Um computador realiza de forma rápida e eficiente os cálculos necessários para obter estatísticas descritivas e inferenciais To davia para usar o computador efetivamente como uma ferramenta de pesquisa você deve dar a ele instruções específicas sobre qual tes te estatístico você quer fazer e quais dados devem ser usados para os cálculos do teste Finalmente quando o computador tiver feito os cálculos você deve ser capaz de interpretar corretamente os resultados da análise Exemplo análise de dados para um experimento comparando médias Quantas palavras você conhece Ou seja qual é o tamanho do seu vocabulário Tal vez você tenha se feito essa pergunta quando se preparava para exames para a faculdade como o SAT ou o ACT ou talvez ela tenha passado pela sua cabeça quando você estava se preparando para exames para escolas pro fissionalizantes como o LSAT ou o GRE pois todos esses exames enfatizam o conheci mento do vocabulário De maneira surpreen dente estimar o tamanho do vocabulário de uma pessoa é uma tarefa complexa pex Anglin 1993 Miller e Wakefield 1993 Por exemplo surgem problemas imediatamen te quando começamos a pensar sobre o que queremos dizer com uma palavra Será que jogo jogar jogando são uma palavra N de RT As siglas SAT e ACT se referem a Scho lastic Aptitude Test e American College Testing que são exames para admissão para a faculdade nos EUA N de RT As siglas LSAT e GRE se referem a Law Scholl Admissions Test exame de admissão para a maioria das faculdades de Direito dos EUA e a Graduate Record Exame outro exame de admis são para determinados cursos do Ensino Superior ou três Estamos interessados em palavras altamente técnicas ou científicas incluindo nomes de compostos químicos com seis síla bas E as palavras inventadas ou o nome do seu cachorro ou a palavra que você usa para chamar seus entes queridos Uma aborda gem bastante clara é perguntar quantas pala vras a pessoa conhece no dicionário Porém mesmo aqui temos dificuldades pois os dicionários variam de tamanho e alcance e assim os resultados variam dependendo do dicionário específico que foi usado para se lecionar uma amostra de palavras E é claro as estimativas do conhecimento do vocabu lário variam dependendo de como se testa o conhecimento Os testes de múltipla escolha revelam mais conhecimento do que os testes que pedem a definição escrita das palavras Um dos autores do seu livro estava inte ressado na questão do tamanho do vocabu lário e fez um estudo analisando o tamanho do vocabulário de estudantes universitários e adultos idosos ver Zechmeister Chronis Cull DAnna e Healy 1995 Uma amostra aleatória estratificada pela letra do alfabeto de 191 palavras foi selecionada a partir de um dicionário da língua inglesa de tamanho modesto Depois disso preparouse um teste de múltipla escolha com cinco alternativas O significado correto da palavra aparecia juntamente com quatro iscas ou distrações escolhidas para dificultar a discriminação do significado correto Por exemplo os res pondentes deviam identificar o significado da palavra chivalry cavalheirismo entre as seguintes alternativas a warfare combate b herb erva c bravery bravura d lewdness lascívia e courtesy cortesia A amostra aleatória de palavras do dicionário foi apre sentada em livretos para 26 estudantes uni versitários idade média 185 e 26 adultos idosos idade média 76 anos Tomando es tudos anteriores como base esperavase que o grupo de idosos tivesse um melhor desem penho do que o grupo mais jovem no teste do conhecimento do vocabulário Usaremos os dados desse estudo do ta manho do vocabulário para ilustrar os três estágios da análise dos dados 356 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Estágio 1 conhecer os dados Começamos a análise dos dados exami nando os aspectos gerais dos dados e editando ou limpando os dados con forme o necessário É importante verificar cuidadosamente em busca de erros como valores omiti dos ou impossíveis pex números fora da faixa de uma dada escala assim como os valores extremos ou atípicos Um diagrama de caule e folha pode ser particularmente útil para visualizar as características gerais de um conjunto de dados e detectar valores extremos ou atípicos Os dados podem ser sintetizados efeti vamente por meios numéricos visuais ou verbais as boas descrições de dados geralmente usam os três modos Limpando os dados Começaremos anali sando as características gerais e editando ou limpando os dados conforme o necessário Mosteller e Hoaglin 1991 Verificaremos cuidadosamente os erros como valores omi tidos ou impossíveis pex números fora dos limites de uma dada escala Podem surgir erros porque os participantes usam a escala incorretamente pex invertendo a ordem de importância ou porque a pessoa que insere os dados no computador pula um número ou troca um dígito Ao digitar um manuscri to a maioria das pessoas usa um corretor ortográfico para identificar o maior número de erros de digitação e ortografia Infeliz mente não existe um dispositivo semelhante para detectar erros numéricos que são inse ridos no computador ver porém Kaschak e Moore 2000 para sugestões para reduzir erros O pesquisador deve garantir que os dados estejam limpos antes de avançar Particularmente importante é a detecção de anomalias e erros Como já vimos uma anomalia às vezes indica um erro no regis tro dos dados como ocorreria se o número 8 aparecesse entre dados baseados no uso de uma escala de 7 pontos ou se um QI de 10 fosse registrado em uma amostra de estu dantes universitários Outras anomalias são valor extremo ou atípico Um valor extremo ou atípico é um número extremo em uma formação ele simplesmente não parece fa zer parte do corpus principal de dados mes mo que possa estar dentro do domínio de va lores possíveis Ao fazer um estudo sobre o tempo de reação por exemplo onde espera mos que a maioria das respostas seja menor que 1500 mseg podemos nos surpreender ao ver um tempo de reação de 4000 mseg Se quase todos os outros valores em um grande conjunto de dados forem abaixo de 1500 um valor de 4000 no mesmo conjunto de dados certamente pode ser visto como um valor ex tremo ou atípico Ainda assim esses valores são possíveis em estudos sobre o tempo de reação quando os sujeitos espirram olham distraídos para o lado ou pensam erronea mente que a coleta de dados terminou e se levantam para sair Um respondente que res ponde um questionário pode ler uma ques tão incorretamente e submeter uma resposta muito mais extrema do que qualquer outra no conjunto de dados Infelizmente os pes quisadores não se baseiam em uma única definição de valor extremo ou atípico sen do usadas várias regras básicas ver por exemplo Zechmeister e Posavac 2003 Quando existem anomalias em um conjunto de dados devemos decidir se elas devem ser excluídas de análises adicionais Aquelas anomalias que claramente possam ser consideradas erros devem ser corrigidas ou excluídas do conjunto de dados mas ao fazer isso o pesquisador deve relatar a sua remoção da análise dos dados e explicar se possível por que a anomalia ocorreu No primeiro estágio da análise dos da dos também devemos procurar meios de descrever a distribuição dos escores de ma neira significativa Qual é o grau de dispersão variabilidade Os dados são assimétricos ou distribuídos de forma relativamente normal Um dos objetivos desse primeiro estágio de análise é determinar se os dados exigem uma transformação antes de continuar Transfor mar dados significa um processo de reex pressão Hoaglin Mosteller e Tukey 1983 Metodologia de pesquisa em psicologia 357 Exemplos de transformações relativamente simples são aqueles que expressam polega das como pés graus Fahrenheit como Cel sius ou correções numéricas como correções percentuais Às vezes também são usadas transformações estatísticas mais sofisticadas A melhor maneira de ter uma noção básica dos dados é construir uma imagem deles Uma vantagem da análise de dados assistida por computador é que podemos plotar os dados de forma rápida e fácil usan do diversas opções visuais pex polígonos de frequência histogramas e incorporar mu danças de escala pex polegadas para pés para ver como a imagem dos dados se altera No mínimo experimentando com diferentes maneiras de visualizar nosso conjunto de da dos nos tornamos mais familiarizados com eles Qual representação visual revela mais a respeito dos nossos dados O que aprende mos sobre os nossos dados quando compa ramos plotagens com definições diferentes dos eixos O que é mais informativo um polígono ou um histograma Uma imagem não apenas vale mais que as 1000 palavras proverbiais como também pode resumir 1000 números rapidamente À medida que nos familiarizamos com diferentes imagens de nossos dados descobrimos que algumas imagens são melhores que outras Os dados do estudo sobre o vocabulário que usamos como exemplo representam o número de significados corretos identifica dos em um total possível de 191 Como os participantes que não têm conhecimento da resposta certa podem acertar por acaso em testes de múltipla escolha aplicouse uma medida padrão de correção para a adivi nhação nas respostas individuais Todavia houve dois erros tipográficos nos livretos entregues ao grupo de idosos de modo que essas questões foram excluídas da análise Além disso a análise dos livretos revelou que vários dos sujeitos idosos omitiram uma página enquanto trabalhavam com o livreto Assim o número de palavras pos síveis foi reduzido para esses indivíduos Por causa desses problemas os dados fo ram transformados para porcentagens para ponderar as diferenças no número total de respostas possíveis entre os participantes Depois de limpar o conjunto de dados os pesquisadores obtiveram os dados se guintes no primeiro estágio da análise Esses dados são expressados em termos do desem penho percentual no teste de múltipla esco lha de estudantes universitários e idosos Universitários n 26 59 31 47 43 54 42 38 44 48 57 42 48 30 41 59 23 62 27 53 51 39 38 50 58 56 45 Idosos n 26 70 59 68 68 57 66 78 78 64 43 53 83 74 69 59 44 73 65 32 60 54 64 82 62 62 78 Diagrama de caule e folha Um diagrama de caule e folha é particularmente útil para visualizar as características gerais de um conjunto de dados e para detectar valores extremos ou atípicos Tukey 1977 O nome do diagrama de caule e folha advém da con venção de usar os números condutores em um arranjo numérico como caules e dis por os dígitos seguidores como folhas O diagrama a seguir é um diagrama de caule e folha para os dados dos estudantes universitários em nosso exemplo do estudo sobre o vocabulário 2 3 2 7 3 01 3 889 4 12234 4 5788 5 0134 5 67899 6 2 Os números condutores são os primei ros algarismos ou os dígitos que represen tam a dezena pex 2 3 4 e os segui dores são exatamente o que diz o nome aqueles que seguem os dígitos condutores ou mais significativos nesse exemplo os dí gitos seguidores são os dígitos das unidades pex 56 8 A representação é feita or ganizandose os dígitos condutores em um arranjo vertical começando com os menores no topo Um dígito condutor é seguido em 358 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister ordem ascendente por tantos dígitos segui dores quantos houver na distribuição Cada linha da representação é um caule seguido por suas folhas Tukey 1977 Por exemplo o caule 3 no exemplo acima tem três folhas 8 8 9 indicando que os números 38 38 e 39 aparecem na distribuição Por convenção quando muitos números são apresentados ou quando todo o conjunto de dados contém apenas alguns dígitos condutores usase um dígito condutor seguido por um asteris co para indicar a primeira metade de um intervalo ver Tukey 1977 Por exemplo 5 seria o caule para as folhas 0 1 2 3 e 4 ie os números 5054 o dígito condutor 5 sem o seria o caule para as folhas 5 6 7 8 e 9 ie os números 5559 No exemplo ante rior o caule 2 tem uma folha 3 e o caule 2 tem uma folha 7 correspondendo aos dígi tos 23 e 27 respectivamente Também pode haver mais de um dí gito condutor Por exemplo se os escores variam entre 50 e 150 seria usado um dígi to condutor para números menores do que 100 8 9 etc e dois números condutores para números iguais ou maiores do que 100 10 11 12 etc Como se pode ver um diagrama de cau le e folha assemelhase a um histograma vis to de lado Todavia ele tem uma vantagem sobre o histograma no sentido de que todos os valores são apresentados assim não se perdem informações específicas como ocor re quando se forma um histograma usando classes de intervalos Howell 2002 A prin cipal vantagem do diagrama de caule e folha é que ele revela de maneira clara a forma da distribuição e a presença de valores extremos ou atípicos se houver Olhe cuidadosamente o diagrama de caule e folha e procure os dados de voca bulário dos 26 estudantes universitários O que você vê A forma geral da distribuição é normal ie simétrica e em forma de sino ou assimétrica ie inclinada com os esco res voltados para uma direção Existe mui ta dispersão ou os números tendem a girar em torno de um valor específico Existem valores anômalos presentes Sugerimos que o diagrama de caule e folha para esses da dos revela que os dados se concentram em torno das porcentagens 40 e 50 com a dis tribuição um pouco assimétrica no sentido negativo observe como a cauda se inclina para o lado inferior ou negativo da distri buição Não parece haver valores extremos ou atípicos presentes pex não existem porcentagens de um dígito ou porcentagens acima dos 60 Quando se comparam dois conjuntos de dados pode ser particularmente reve lador apresentar dois diagramas de caule e folha dispostos lado a lado Considere o diagrama apresentado a seguir Os mesmos caules são usados com dígitos seguidores em uma distribuição que aumenta da direi ta para a esquerda pex 997 5 e folhas na outra distribuição que aumenta na mesma linha da esquerda para a direita pex 5 67899 Isso indica que a primeira distribui ção tinha escores de 57 59 e 59 e a segunda tinha escores de 56 57 58 59 e 59 Os dia gramas de caule e folha bilaterais podem ser usados por exemplo para comparar as respostas a uma pergunta de questionário quando o pesquisador está comparando dois grupos que diferem em status socioe conômico idade gênero ou de algum outro modo significativo Um diagrama de caule e folha bilateral para as duas condições do estudo sobre o vocabulário seria algo assim Idosos Estudantes universitários 2 3 2 7 2 3 01 3 889 43 4 12234 4 5788 43 5 0134 997 5 67899 44220 6 2 98865 6 430 7 888 7 32 8 Metodologia de pesquisa em psicologia 359 Observe o diagrama à esquerda para os sujeitos idosos Como você o caracterizaria Os dados parecem distribuídos normalmen te embora pareça haver um escore extre mo um valor extremo ou atípico O 32 não parece pertencer ao conjunto de dados Existem maneiras de operacionalizar os valores extremos ou atípicos em termos de sua distância do meio da distribuição e al guns programas de computador fazem isso automaticamente Sem informações adicio nais sobre a natureza do respondente pex quantidade de medicação tomada naquele dia ou possíveis problemas de leitura os experimentadores não teriam razão para ex cluir esse escore do estudo A presença desse possível valor extremo ou atípico necessa riamente aumenta a quantidade de variabi lidade presente nesse grupo em relação ao que seria sem esse escore Todavia devemos reconhecer que alguns conjuntos de dados serão naturalmente mais variáveis do que outros Por exemplo os idosos nesse estudo simplesmente podem representar um gru po mais heterogêneo de indivíduos do que os da amostra de estudantes universitários Existe uma moral aí ao coletar seus dados obtenha a maior quantidade de informações relevantes sobre os seus sujeitos que for con venientemente possível Um escore extremo deve ser tratado como um escore verdadei ro a menos que você saiba que ele é extremo por um erro ou por circunstâncias que não estejam relacionadas com o estudo Observe agora o que o diagrama de cau le e folha bilateral revela sobre as distribui ções Imediatamente vêse que os escores dos grupos se sobrepõem até certo ponto mas existem muitos mais escores acima de 60 no grupo dos idosos do que no grupo dos universitários Essa imagem dos dados começa a confirmar a ideia de que os idosos apresentam um desempenho geral melhor do que os estudantes universitários nesse teste do tamanho do vocabulário Conclusão No primeiro estágio da análise dos dados o processo de conhecer nossos dados devemos identificar a a natureza e a frequência de possí veis erros no conjunto de dados e se houver erros presentes se podem ser feitas correções ou se os dados devem ser descartados b valores anômalos incluindo valores extremos ou atípicos e se estiverem presentes que razões pode haver para a presença desses valores e o que se deve fazer a respeito deles manter ou descartar c as características gerais e a forma da distribuição de números e d maneiras alternativas de expressar os dados de forma mais significativa Estágio 2 sintetizar os dados As medidas da tendência central são a média mediana e moda Medidas importantes da dispersão ou variabilidade são a amplitude e o des vio padrão O erro padrão da média é o desvio pa drão da distribuição amostral teórica de médias e é uma medida do quanto con seguimos estimar a média populacional As medidas do tamanho do efeito são importantes porque fornecem informa ções sobre a intensidade da relação en tre a variável independente e a variável dependente que independe do tama nho da amostra Uma medida importante do tamanho do efeito ao comparar duas médias é o d de Cohen Os dados podem ser sintetizados efeti vamente por meios numéricos visuais ou verbais Geralmente as boas descrições de dados usam os três modos Neste capítu lo enfocaremos principalmente as manei ras de sintetizar dados numericamente ou seja usando estatísticas descritivas embora apresentemos alguns gráficos Informações sobre como desenhar gráficos para sintetizar dados também são encontradas no Capítu lo 13 A descrição verbal de dados também é um tema importante do Capítulo 13 ver 360 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister especialmente as diretrizes para escrever a seção de Resultados de um artigo científico Os dados do estudo sobre o vocabulário serão sintetizados com o uso de medidas da tendência central dispersão erro padrão da média e tamanho do efeito Tendência central As medidas da tendên cia central são a média mediana e moda Essas medidas da tendência central fazem exatamente o que seu nome sugere elas in dicam o escore ao redor do qual os dados tendem a girar A moda é a medida mais bruta da tendência central ela simplesmen te indica o escore mais frequente na distri buição de frequência Se dois escores ocor rem com maior frequência na distribuição do que outros e se esses dois escores ocor rem em locais diferentes na distribuição de frequência dizse que essa distribuição é bimodal ie tem duas modas A mediana é definida como o ponto in termediário na distribuição de frequência Ela é calculada classificandose todos os escores do menor ao maior e identificando o valor que divide a distribuição em duas metades cada uma com o mesmo número de valores Considere o seguinte conjunto de dados 4 5 6 7 8 8 Para esses dados a mediana seria 65 Quando temos um número médio de valores a mediana é de finida como a média dos dois números do meio nesse caso 6 72 65 Quando existe um número ímpar de valores a mé dia é por convenção o valor médio quando os números estão organizados em ordem ascendente ou descendente Para o conjun to de números 4 5 6 17 18 a mediana é 6 Observe que a mediana ainda seria 6 se o maior valor fosse 180 e não 18 A mediana é a melhor medida da tendência central quan do a distribuição contém escores extremos pois ela é menos influenciada pelos escores extremos do que a média A média é a medida mais usada da ten dência central e é determinada dividindose a soma dos escores pelo número de escores que contribuem para essa soma A média de uma população é simbolizada como µ a letra grega mu a média de uma amostra é indicada por M quando descrita no texto por exemplo na seção de Resultados O símbolo leia X barra costuma ser usado em fórmulas estatísticas A média sempre deve ser descrita como uma medida da ten dência central a menos que existam escores extremos na distribuição Quando as pessoas falam de um escore médio elas geralmen te estão se referindo à média aritmética As medidas da tendência central para os dois grupos no estudo sobre o vocabulário são Universitários Idosos Média M 4558 6404 Mediana 4600 6450 Moda 38 42 48 59 78 Como se pode ver o desempenho médio do grupo de universitários é bastante infe rior ao do grupo de idosos Isso confirma o que vimos no diagrama de caule e folha bi lateral o grupo de idosos teve um desempe nho geral melhor em média do que o grupo universitário Observe que a média e a me diana de cada grupo são semelhantes assim mesmo que identifiquemos um escore extre mo na amostra de idosos ao olhar o diagra ma de caule e folha a presença desse escore não parece anular a média como medida da tendência central Existe mais de uma moda nos dados dos universitários cada uma aparecendo duas vezes o escore mais frequente no grupo dos idosos é 78 e apa rece apenas três vezes Como se pode ver a moda não é particularmente útil para sinte tizar esses conjuntos pequenos de dados Dispersão ou variabilidade Sempre que você descrever uma medida da tendência central ela deve ser acompanhada por uma medida da dispersão variabilidade As medi das da tendência central indicam o valor em uma distribuição de frequência cujos escores tendem a se distribuir em torno de um cen tro as medidas da dispersão indicam a am plitude ou variabilidade da distribuição A medida mais bruta da dispersão o correlato da moda é a amplitude A ampli tude é determinada subtraindose o menor Metodologia de pesquisa em psicologia 361 escore da distribuição do maior escore Por exemplo em uma distribuição pequena for mada pelos escores 1 3 5 7 a amplitude seria igual a 7 1 ou 6 A medida mais usada da dispersão o correlato da média é o desvio padrão O desvio padrão nos diz a distância aproxi mada entre um escore e a média Ele é igual à raiz quadrada da média dos desvios qua drados dos escores ao redor da média na distribuição Por razões que não nos interessam aqui a média dos desvios quadrados ao redor da média envolve dividir por N 1 em vez de N de modo a proporcionar uma estimativa imparcial do desvio padrão populacional com base na amostra O desvio padrão de uma população é simbolizado como σ a letra grega sigma o desvio padrão de uma amostra de escores é indicado como DP quando aparece no texto mas costuma ser simbolizado como s em fórmulas estatís ticas A variância uma medida da dispersão que é importante no cálculo de diversas es tatísticas inferenciais é o quadrado do des vio padrão ou seja s 2 As medidas da variabilidade para os dois grupos no estudo do vocabulário são Universitários Idosos Amplitude 2362 3283 Variância s 2 10945 15044 Desvio padrão DP ou s 1046 1227 Observe que o diagrama de caule e fo lha apresenta maior dispersão entre os ido sos com o DP temos um número que refle te essa característica da distribuição Erro padrão da média Ao calcular estatís ticas inferenciais usamos a média amostral como uma estimativa pontual da média po pulacional Ou seja usamos um valor único para estimar inferir a média popula cional µ É importante poder determinar quanto erro existe ao se estimar µ com base em O teorema do limite central em ma temática nos diz que se tomarmos um nú mero infinito de amostras do mesmo tama nho e calcularmos para cada uma dessas amostras a média dessas médias amostrais será igual à média populacional µ e o desvio padrão da média amostral será igual ao desvio padrão populacional σ dividido pela raiz quadrada do tamanho amostral N O desvio padrão dessa distribuição amostral teórica da média é chamado de erro padrão da média e é definido como Geralmente não sabemos o desvio pa drão da população de modo que o estima mos usando o desvio padrão amostral s Assim podemos obter um erro padrão es timado da média usando a seguinte fórmula Valores pequenos de sugerem que temos uma boa estimativa da média popu lacional e valores grandes de sugerem que temos apenas uma estimativa bruta da média populacional A fórmula para o erro padrão da média indica que a nossa capaci dade de estimar a média populacional com base em uma amostra depende do tama nho da amostra amostras grandes levam a estimativas melhores e da variabilidade da população de onde a amostra foi obti da conforme estimado pelo desvio padrão amostral quanto menos variáveis os esco res em uma população melhor será a nossa estimativa da população Como mostrare mos mais adiante o erro padrão da média desempenha um papel importante na cons trução de intervalos de confiança e costuma ser apresentado juntamente com médias amostrais em uma figura que resume os re sultados de uma pesquisa Medidas do tamanho do efeito Quando fazemos um experimento estamos interes sados em determinar se a variável indepen dente teve efeito e se teve de que tama nho foi esse efeito O conceito de tamanho do efeito foi introduzido no Capítulo 6 As medidas do tamanho do efeito ou que geral mente chamamos de medidas da magni 362 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister tude do efeito ver Kirk 1996 são impor tantes porque fornecem informações sobre a intensidade da relação entre a variável independente e a variável dependente que independe do tamanho do efeito ver espe cialmente Grissom e Kim 2005 Uma medida usada para o tamanho do efeito na pesquisa experimental quan do se fazem comparações entre duas mé dias é o d de Cohen Ela é uma razão que mede a diferença entre as médias para os níveis da variável independente dividida pelo desvio padrão do grupo Lembre que o desvio padrão nos diz aproximadamen te a distância em média que os escores estão em relação a uma média grupal É uma medida da dispersão dos escores ao redor da média e no caso de um des vio padrão grupal nos fala sobre o grau de erro devido a diferenças individuais ie como os indivíduos variam em suas respostas O desvio padrão serve como medida para avaliar uma diferença entre médias Ou seja o tamanho do efeito da variável independente a diferença entre médias grupais para a variável indepen dente sempre é mostrado em termos da quantidade média de dispersão dos esco res no experimento em questão A medida do tamanho do efeito d de finida como a diferença entre as médias amostrais dividida pelo desvio padrão po pulacional chamase d de Cohen em home nagem ao falecido estatístico Jacob Cohen ver Cohen 1988 para mais informações sobre o d d de Cohen O desvio padrão populacional σ é ob tido somando a variabilidade grupal entre os grupos e dividindo pelo número total N de escores em ambos os grupos Uma fór mula para o desvio padrão populacional co mum usando variâncias amostrais é onde n1 tamanho amostral do Grupo 1 n2 tamanho amostral do Grupo 2 s 2 1 variância do Grupo 1 s 2 2 variância do Grupo 2 N n1 n2 Se houver muita variabilidade dentro dos grupos ie se o desvio padrão gru pal for grande o denominador para d será grande Para se poder observar o efeito da variável independente devido a essa grande variabilidade dentro dos grupos a diferença entre os dois grupos deve ser grande Quan do a variabilidade dentro dos grupos for pe quena o denominador para d for pequeno a mesma diferença entre médias refletirá um tamanho de efeito maior Como os tamanhos de efeito são apresentados em unidades de desvio padrão eles podem ser usados para fazer comparações significativas de tama nhos do efeito entre experimentos com va riáveis dependentes diferentes Por exem plo o tamanho do efeito de um estudo sobre o conhecimento do vocabulário que compa rou estudantes universitários e indivíduos idosos em testes enfatizando a discrimina ção de significados de palavras ie testes de múltipla escolha e o tamanho de efeito de um estudo comparando o desempenho de dois grupos semelhantes usando a recor dação de definições de palavras poderiam ser comparados diretamente Essas compa rações formam as bases para as metaanálises que buscam sintetizar o efeito de uma deter minada variável independente entre muitos estudos diferentes ver Capítulo 6 Existem certas diretrizes para nos aju dar a interpretar razões d J Cohen 1992 propôs uma classificação de tamanhos de efeito com três valores pequeno médio e grande Ele descreve a fundamentação para a sua classificação de tamanhos de efeitos da seguinte maneira Minha intenção era que o tamanho de efeito médio representasse um efeito provável de ser visível ao olho nu de um observador cuidadoso Observouse em pesquisas sobre tamanhos de efeitos que ele se aproxima do tamanho médio Metodologia de pesquisa em psicologia 363 dos efeitos observados em diversos cam pos Defini o tamanho de efeito peque no como notavelmente menor do que o médio mas não pequeno demais a ponto de ser trivial e defini o tamanho de efeito grande com a mesma distância acima do médio que a do pequeno abaixo dele Em bora as definições tenham sido feitas de maneira subjetiva com alguns pequenos ajustes essas convenções passaram ao uso geral p 156 Cada uma das classes de tamanhos de efeito pode ser expressada em termos quan titativos por exemplo um efeito médio para um experimento com dois grupos é um d de 050 um efeito pequeno e grande são ds de 020 e 080 respectivamente Essas expressões da magnitude do efeito são es pecialmente produtivas quando se compa ram resultados de estudos semelhantes É importante observar que os pesqui sadores definem a diferença padronizada entre médias de maneiras levemente di ferentes ver por exemplo Cohen 1988 Kirk 1996 Rosenthal 1991 Qual medida do tamanho do efeito usar é decisão do pes quisador Porém devido às diferenças que existem na literatura da psicologia é muito importante identificar em um artigo científico exatamente como a medida do tamanho do efeito foi calculada O tamanho de efeito para o estudo do vocabulário usando o d de Cohen é Para interpretar o valor de 165 pode mos usar a classificação de J Cohen 1992 de tamanhos de efeito com d 020 para um efeito pequeno d 050 para um efeito mé dio e d 080 para um efeito grande Como nosso valor é maior do que 080 podemos concluir que a idade teve um efeito gran de sobre o conhecimento do vocabulário Conclusão No segundo estágio da análise de dados o estágio sintético devemos iden tificar a a tendência central pex a média de cada condição ou grupo no estudo b medidas da dispersão variabilida de como a amplitude e o desvio pa drão para cada condição do estudo c o tamanho do efeito para cada uma das principais variáveis indepen dentes e d como apresentar sínteses visuais dos dados pex figura mostrando o desempenho médio entre as con dições Obs embora se possa desenhar um grá fico mostrando o desempenho médio nos dois grupos do estudo do vocabulário ge ralmente não é necessário usar uma figura quando existem apenas dois grupos envol vidos As sínteses visuais se tornam mais importantes ao sintetizar os resultados de estudos com mais de dois grupos Estágio 3 usar intervalos de confiança para confirmar o que os dados revelam Uma abordagem importante para con firmar o que os dados estão nos dizen do é construir intervalos de confiança para o parâmetro populacional como uma média ou a diferença entre duas médias No terceiro estágio da análise de da dos buscamos confirmar impressões das evidências obtidas enquanto nos familiari závamos com os dados e obtínhamos medi das sintéticas Uma abordagem importante neste terceiro estágio é o cálculo do intervalo de confiança para um parâmetro populacio nal Um intervalo de confiança IC pode ser calculado para uma média populacional única ou uma diferença em médias popu lacionais Revisaremos o uso de intervalos de confiança para uma média populacional Depois abordaremos o uso de intervalos de 364 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister confiança para a diferença entre duas mé dias populacionais e discutiremos a inter pretação de resultados quando houver três médias ou mais Talvez os intervalos de confiança já lhe sejam familiares sob um nome dife rente Você já ouviu relatos nos meios de comunicação sobre resultados de levan tamentos baseados em uma amostra de respondentes E com esses relatos você já ouviu falar na margem de erro No Quadro 112 revisamos o conceito de mar gem de erro e sua relação com o intervalo de confiança Intervalos de confiança para uma média única A média de uma amostra aleatória de uma população é uma estimativa pon tual da média populacional Todavia po demos esperar variabilidade entre médias amostrais de uma situação para outra como consequência da variação aleatória O erro padrão da média fornece informações sobre a faixa normal do erro amostral Ao calcular um intervalo de confiança es pecificamos uma faixa de valores que acre ditamos com um certo grau de confiança incluir a média populacional Como se pode suspeitar quanto maior o intervalo que es pecificarmos maior a nossa confiança de que a média será incluída porém inter valos maiores nos dão informações menos específicas sobre o valor exato da média populacional Os pesquisadores chegaram a um consenso de que o intervalo de con fiança de 95 e os intervalos de confiança de 99 são os melhores intervalos para usar quando se deseja estimar um intervalo da média populacional O intervalo de confiança gira em torno da nossa estimativa pontual da média populacional e os limites do intervalo de confiança de 95 podem ser calculados usando as seguintes fórmulas Quadro 112 A MARGEM DE ERRO EM RESULTADOS DE LEVANTAMENTOS Como você aprendeu no Capítulo 5 a pesqui sa de levantamento baseiase fortemente na amostragem Os levantamentos são usados sempre que queremos conhecer as caracte rísticas de uma população pex preferências atitudes demografia mas muitas vezes não é prático entrevistar a população inteira As respostas de uma amostra são usadas para descrever a população mais ampla Amos tras bemselecionadas proporcionam boas descrições da população mas é improvável que os resultados para uma amostra descre vam a população exatamente Por exemplo se a idade média em uma sala de aula com 33 estudantes universitários é 264 anos é improvável que a idade média para uma amostra de 10 alunos da mesma classe seja exatamente 264 De maneira semelhante se fosse verdade que 65 da população de uma cidade favorecem o prefeito atual e 35 fa vorecem um novo prefeito não esperaríamos necessariamente uma divisão exata de 6535 em uma amostra de 100 eleitores seleciona dos aleatoriamente da população da cidade Esperase um certo deslizamento devido à amostragem um erro entre os valores da população real e as estimativas obtidas a par tir da nossa amostra Está em questão então o nível em que as respostas da amostra repre sentam a população mais ampla É possível estimar a margem de erro en tre os resultados amostrais e os valores popu lacionais verdadeiros Em vez de propor uma estimativa precisa de um valor populacional pex 65 da população prefere o prefei to atual a margem de erro apresenta uma faixa de valores prováveis de conter o valor populacional real pex entre 60 e 70 da população preferem o prefeito atual O que é essa faixa especificamente A margem de erro proporciona uma esti mativa da diferença entre os resultados amos trais e os valores populacionais devidos sim plesmente a fatores fortuitos e aleatórios A Metodologia de pesquisa em psicologia 365 Limite superior do intervalo de confian ça de 95 t005 Limite inferior do intervalo de confian ça de 95 t005 Já descrevemos os procedimentos para calcular a média amostral e o erro pa drão estimado da média Os símbolos desconhecidos nas duas equações para os limites do intervalo de confiança de 95 são t e 005 Discutimos o nível alfa α de 005 su cintamente no Capítulo 6 Normalmente ele é associado a testes inferenciais de signi ficância estatística teste de significância da hipótese nula e falaremos mais sobre ní veis alfa no Capítulo 12 No caso de interva los de confiança α 1 nível de confiança é expressado como uma proporção Assim para o intervalo de confiança de 95 α 1 095 005 e para o intervalo de confian ça de 99 α 1 099 001 A estatística t incluída na equação é de finida pelo número de graus de liberdade e a significância estatística de t pode ser determinada na Tabela A2 no Apêndice Para uma média amostral única os graus de liberdade são N 1 Você aprenderá mais sobre a estatística t no Capítulo 12 quando discutimos o teste de significância da hipó tese nula Por enquanto vamos apenas nos margem de erro nos Quadro 112 continuação dá a faixa de valores que podemos esperar devido ao erro amostral lembre que esperamos um certo nível de erro não esperamos descrever a população exata mente Suponhamos que se faça uma enque te com muitos eleitores e um portavoz da mídia apresente o seguinte relato Os resulta dos indicam que 63 dos pesquisados favo recem o atual prefeito e podemos dizer com 95 de confiança que a enquete tem uma margem de erro de 5 A margem de erro informada com o nível de confiança especifi cado geralmente 95 indica que a porcenta gem da população real que favorece o prefei to atual é estimada entre 58 e 68 5 são subtraídos e adicionados ao valor amostral de 63 É importante lembrar contudo que geralmente não sabemos o valor populacio nal verdadeiro As informações que obtemos com a amostra e a margem de erro são as se guintes 63 da amostra favorecem o atual prefeito e temos 95 de confiança de que se toda a população fosse amostrada entre 58 e 68 da população favoreceriam o atual prefeito Isso pode ser representado em um gráfico plotandose o valor obtido para a amostra 63 com barras de erro represen tando a margem de erro A Figura 111 mostra as barras de erro ao redor da estimativa amostral As margens de erro costumam ser incluí das nas matérias sobre pesquisas de opinião nos meios de comunicação O objetivo des sas pesquisas é dizer com uma margem de erro qual é o verdadeiro valor populacional De maneira semelhante o objetivo de muitos estudos científicos é dizer a margem de erro agora chamada geralmente de intervalo de confiança para uma estimativa de um valor populacional 75 70 65 60 55 0 Porcentagem Podemos ter 95 de confiança de que o intervalo contém o valor populacional verdadeiro Figura 111 Barras de erro são usadas para representar a margem de erro para a estimativa do valor populacional 366 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister concentrar no cálculo e interpretação de um intervalo de confiança usando as fórmulas acima Um exemplo ilustrará como obtemos um intervalo de confiança para uma média única Suponhamos que você obteve uma amostra aleatória de estudantes em sua uni versidade e mediu a sua inteligência usan do uma medida breve mas válida e fidedig na desse construto Suponhamos que foram testados 30 estudantes N 30 e o escore médio de inteligência foi 115 com um des vio padrão amostral de 14 A população de estudantes é representada por milhares de estudantes que estudam em sua univer sidade E embora a média amostral seja uma boa estimativa pontual da média po pulacional ie nossa melhor suposição da média populacional devemos reconhecer que se selecionássemos e testássemos outra amostra aleatória de 30 estudantes a média amostral não seria exatamente 115 Haveria um certo deslizamento ou erro devido ao processo aleatório Lembrese de que o erro padrão da média é uma medida do erro na estimação Em vez de usar apenas uma estimativa pontual da média populacional podemos obter um intervalo estimado encontrando o intervalo de confiança de 95 para a média populacional usando as fórmulas apresen tadas anteriormente Primeiro calculamos o erro padrão estimado da média A seguir obtemos o valor crítico de t Como eram 30 estudantes os graus de liberdade associados à estatística t são 30 1 ou 29 Usando a Tabela A2 podemos ver que o valor de t com alfa de 005 e 29 graus de li berdade é 204 Usando as fórmulas para o intervalo de confiança temos Limite superior do intervalo de confiança de 95 115 204255 Limite inferior do intervalo de confiança de 95 115 204255 Limite superior 115 520 12020 Limite inferior 115 520 10980 Podemos dizer que existe uma probabi lidade de 095 de que o intervalo de con fiança de 10980 a 12020 contenha tenha capturado a média populacional ver o Quadro 113 Quanto menor o intervalo melhor será a nossa estimativa do intervalo para a mé dia populacional Podemos ver analisando as fórmulas para os limites superiores e in feriores que a amplitude do intervalo de pende da estatística t e do erro padrão da média Ambos os valores estão relacionados com o tamanho amostral de modo que am bos diminuem à medida que o tamanho da amostra aumenta todavia o aumento no tamanho da amostra tem mais efeito sobre o erro padrão Considere que dobrar o ta manho da amostra no exemplo acima pro duziria um erro padrão de 181 e consequentemente um intervalo de con fiança muito menor Resumindo aumentar o tamanho amostral melhora a estimativa do in tervalo da média Intervalos de confiança para uma compa ração entre duas médias grupais indepen dentes O procedimento e a lógica para construir intervalos de confiança para uma diferença entre médias são semelhantes aos usados para definir intervalos de confiança para uma média única Como nosso interes se está na diferença entre as médias popu lacionais ie o efeito da nossa variável independente substituímos por e usamos o erro padrão da diferença entre as médias em vez do erro padrão da média O intervalo de confiança de 95 para a di ferença entre duas médias populacionais é definido como onde t é encontrado na Tabela A2 com graus de liberdade iguais a n1 n2 2 com alfa 005 O erro padrão da diferença entre as mé dias é calculado como Metodologia de pesquisa em psicologia 367 Para ilustrar vamos calcular os limites do intervalo de confiança para a diferença entre as duas médias no estudo sobre o vo cabulário que usamos como exemplo O va lor crítico de t para alfa definido como 005 é encontrado na Tabela A2 com graus de li berdade iguais a 26 26 2 ou 50 Podemos obter o erro padrão estimado da diferença entre duas médias calculando Portanto o intervalo de confiança de 95 para a diferença entre as médias popu lacionais é de Desse modo o limite superior é 1846 635 2481 e o limite inferior é 1846 635 1211 Assim temos 95 de confiança de que o intervalo de 1211 a 2481 contém a di ferença populacional percentual no teste de vocabulário quando comparamos idosos e estudantes universitários Observe que o valor zero 00 não está dentro do inter valo Isso é importante ao se interpretarem intervalos de confiança para a diferença Quadro 113 INTERPRETANDO INTERVALOS DE CONFIANÇA PARA UMA MÉDIA ÚNICA ARGOLAS E PINOS Depois de calcular o intervalo de confiança de 095 para uma média populacional podemos dizer que as chances são de 95100 de que o inter valo de confiança obtido contenha a média populacional verdadeira O intervalo de confiança contém ou não contém a média verdadeira pex Mulaik Raju e Harshman 1997 Uma probabilidade de 095 associada ao intervalo de confiança para uma média se refere à probabilidade de captar a média populacional verdadeira se construíssemos muitos intervalos de confian ça com base em diferentes amostras aleató rias do mesmo tamanho Ou seja os interva los de confiança ao redor da média amostral nos dizem o que aconteceria se fôssemos re petir o estudo nas mesmas condições pex estes 1997 Em 95 de 100 replicações espe raríamos captar a média verdadeira com nos sos intervalos de confiança Tendo calculado o intervalo de confiança de 95 para uma média populacional NÃO deveríamos dizer que as chances são de 95100 de que a média verdadeira esteja dentro desse intervalo Essa afirmação pode parecer idêntica à apre sentada acima Mas não é Tenha em mente que o valor em que estamos interessados é fixo uma constante é uma característica ou parâmetro populacional Os intervalos não são fixos eles são características de dados amostrais Os intervalos são construídos a partir de médias amostrais e medidas de dis persão que variam de estudo para estudo e consequentemente os intervalos de confian ça também variam Howell 2002 faz uma ótima analogia para nos ajudar a entender como esses fatos estão relacionados com a nossa interpretação dos intervalos de confiança Ele sugere que pensemos no parâmetro pex a média po pulacional como um pino e os intervalos de confiança como argolas A partir dos dados amostrais o pesquisador constrói argolas de um determinado diâmetro que são lançadas sobre o pino Quando se usa o intervalo de confiança de 95 as argolas encaixam nos pinos em 95 das vezes e erram em 5 das vezes A afirmação de confiança é uma afir mação sobre a probabilidade de que a argola acerte o alvo e não uma afirmação sobre a probabilidade de que o alvo parâmetro caia na argola Howell 2002 p 208 368 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister entre duas médias ver Quadro 114 Se o valor zero estiver dentro do intervalo zero será um valor plausível para a diferença verdadeira entre as duas médias Cumming e Finch 2005 No Capítulo 13 mostramos como explicar uma análise com base em in tervalos de confiança na seção de Resulta dos do seu artigo Intervalos de confiança para uma compa ração entre duas médias em um desenho de medidas repetidas Até aqui consi deramos experimentos envolvendo dois grupos independentes de sujeitos Como você sabe também podem ser realizados experimentos com cada sujeito participan do de cada condição ou correspondendo aos sujeitos em alguma medida relacionada com a variável dependente pex escores de QI peso Esses experimentos se cha mam desenhos de grupos pareados dese nhos intrassujeitos ou desenhos de medi das repetidas ver Capítulo 7 Por exemplo suponhamos que uma psicóloga cognitiva deseje comparar o desempenho de pessoas em dois quebracabeças diferentes Em vez de pedir para grupos diferentes de pessoas trabalharem com cada quebracabeça ela pode pedir para apenas um grupo trabalhar com os dois jogos Os procedimentos para apresentar materiais em um desenho de medidas repetidas são descritos no Capítulo 7 Todos os participantes então teriam um escore em ambos os quebracabeças Como você verá a diferença entre seus escores ser ve como medida de interesse em um dese nho de medidas repetidas Quadro 114 INTERPRETANDO INTERVALOS DE CONFIANÇA PARA UMA DIFERENÇA ENTRE MÉDIAS PROCURANDO O ZERO Tendo calculado um intervalo de confiança para a diferença entre médias podemos dizer que as chances são de 95100 de que o interva lo de confiança obtido contém a diferença na média populacional ou tamanho de efei to absoluto A amplitude do intervalo de confiança fornece informações sobre o tamanho do efeito Usan do intervalos de confiança obtemos informa ções sobre o tamanho de efeito provável de nossa variável independente Os tamanhos de efeito obtidos variam de estudo para estudo conforme diferem as características de amos tras e procedimentos ver por exemplo Gris som e Kim 2005 O intervalo de confiança especifica uma faixa provável de magnitude para o tamanho do efeito Abelson 1997 p 130 Ele indica que o tamanho do efeito pode ser tão pequeno quanto o valor do limite in ferior ou tão grande quanto o valor do limite superior Os pesquisadores às vezes se sur preendem em ver como pode ser grande o in tervalo necessário para especificar um tama nho de efeito com um certo grau de confiança pex Cohen 1995 Assim quanto menor a amplitude do intervalo de confiança melhor teremos conseguido estimar o tamanho de efeito verdadeiro de nossa variável indepen dente É claro o tamanho amplitude do in tervalo de confiança está diretamente relacio nado com o tamanho do efeito Aumentando o tamanho do efeito temos uma boa ideia de qual é exatamente o nosso efeito É importante determinar se o intervalo de confiança para uma diferença em médias con tém o valor de zero Quando zero está contido no intervalo de confiança devemos aceitar a possibilidade de que as duas médias popula cionais não difiram Assim não podemos con cluir que haja um efeito da variável indepen dente Lembre que o intervalo de confiança nos dá uma faixa provável para o nosso efei to Se zero estiver entre os valores prováveis devemos admitir a nossa incerteza quanto à presença de um efeito pex Abelson 1997 No Capítulo 12 veremos que essa situação é semelhante à observada quando se encontra um efeito não significativo usando o teste de significância da hipótese nula Metodologia de pesquisa em psicologia 369 Os procedimentos para avaliar o tama nho do efeito em um desenho de grupos pa reados ou medidas repetidas são um pouco mais complexos do que os revisados para um desenho de grupos independentes ver Cohen 1988 e Rosenthal e Rosnow 1991 para informações pertinentes ao cálculo de d nesses casos Uma sugestão é calcular uma medida do tamanho do efeito como se o estudo fosse um desenho de grupos inde pendentes e aplicar as diretrizes de Cohen ie 020 050 080 como antes pex Ze chmeister e Posavac 2003 Os intervalos de confiança também podem ser construídos para a diferença na média populacional em um desenho de medidas repetidas envolvendo duas con dições Todavia os cálculos básicos mu dam para essa situação Especificamente quando cada sujeito está em ambas as condições do experimento t baseiase nos escores da diferença ver Capítulo 12 O escore de diferença é obtido subtraindose os dois escores de cada sujeito A média dos escores de diferença D barra é de finida como onde D um escore de diferença e N é o número de escores de diferença ie o número de pares de escores Observe que O erro padrão estimado dos escores de diferença é definido como onde SD é o desvio padrão dos escores de diferença Os valores críticos de t são obtidos con sultandose a Tabela A2 no Apêndice com graus de liberdade iguais a N 1 Observe que nesse caso N se refere ao número de participantes ou pares de escores no expe rimento O intervalo de confiança para a dife rença entre duas médias em um desenho de medidas repetidas pode ser definido como Intervalos de confiança para uma compa ração entre várias médias grupais inde pendentes Para ilustrar o uso de interva los de confiança para analisar e interpretar os resultados quando existem mais de duas médias consideramos um estudo sobre como os bebês compreendem a natureza de imagens DeLoache Pierroutsakos Ut tal Rosengren e Gottlieb 1998 Você já pen sou se os bebês entendem que uma imagem de um objeto não é o mesmo que o objeto em si DeLoache e seus colegas ficaram in trigados com pesquisas que demonstravam que bebês com apenas 5 meses parecem re conhecer a semelhança entre objetos e suas imagens mas também parecem reconhecer que não são a mesma coisa Todavia essas pesquisas não correspondem aos relatos so bre o comportamento de bebês em relação a imagens que contam que bebês e crianças pequenas tentam pegar os objetos represen tados em fotografias e até vestir a fotogra fia de um sapato Esses relatos anedóticos sugerem que os bebês e crianças tratam os objetos fotografados como se fossem objetos reais apesar da representação bidimensio nal na fotografia Em quatro estudos DeLo ache e colaboradores analisaram até que nível os bebês tratariam objetos representa dos como se fossem objetos reais p 205 Analisaremos os resultados do quarto estudo realizado por DeLoache e colabora dores 1998 Nos três primeiros estudos os pesquisadores observaram que a grande maioria dos bebês de 9 me ses ao explorar um livro ilustrado com oito fotografias coloridas bastante rea listas de objetos individuais brinque dos comuns de plástico tentou agar rar o objeto representado pelo menos uma vez a média foi de 37 tentativas Estudo 1 o fato de os bebês tentarem agarrar as imagens não se deu por não discrimi narem entre objetos bidimensionais e tridimensionais Estudo 2 e bebês da etnia beng de famílias po bres e analfabetas de uma aldeia rural 370 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister na nação da Costa do Marfim no oeste africano exploraram manualmente e agarraram as imagens incluindo ima gens de objetos comuns na comunida de beng do mesmo modo que os be bês norteamericanos Estudo 3 ver Figura 112 O propósito do quarto estudo era determinar como o comportamento das crianças em relação às fotografias mudava com a idade Foram testados três grupos bebês de 9 15 e 19 meses Cada grupo era compos to por 16 crianças 8 garotos e 8 garotas Além de observar os comportamentos das crianças de investigar as fotografias com suas mãos agarrar e outros comporta mentos investigativos os pesquisadores codificaram momentos em que as crianças apontaram para os objetos representados Seus resultados para os comportamentos investigativos dos bebês são mostrados na Figura 113 A variável independente a idade das crianças é um desenho de grupos natu rais com três níveis 9 meses 15 meses e 19 meses Essa variável aparece no eixo horizontal eixo x A variável dependente era o número de comportamentos investi gativos e o número médio desses compor tamentos aparece no eixo vertical eixo y Como se pode ver na Figura 113 o número médio de comportamentos investigativos é maior para os bebês de 9 meses e muito menor para os de 15 e 19 meses A outra informação importante na figura está nas barras em torno de cada média Pode mos usar essas barras para tirar conclusões sobre se houve um efeito da variável inde pendente a idade As barras em torno de cada média na Figura 113 representam intervalos de con fiança Como você aprendeu os intervalos de confiança nos falam da faixa de valores que podemos esperar para um determinado valor populacional Não podemos estimar o valor populacional exato por causa do erro amostral mas podemos estimar uma faixa de valores prováveis Quanto menor a faixa de valores expressados em nosso intervalo de confiança melhor será a nossa estima tiva do valor populacional Cada uma das barras na Figura 113 representa um inter Figura 112 A compreensão dos bebês sobre a natureza de imagens foi analisada obser vandose como eles investigam e apontam para os objetos representados Pesquisa realizada pela Dra Alma Gottlieb entre bebês beng na Costa do Mar fim em DeLoache et al 1998 Metodologia de pesquisa em psicologia 371 valo de confiança de 95 Todavia o cálculo desse intervalo em um estudo com grupos múltiplos difere levemente do usado quan do existe apenas uma média Especifica mente ao calcular o erro padrão estimado da média podemos fazer uso da variância agrupada de todos os grupos que partici pam do estudo Vamos ilustrar isso A fórmula para o intervalo de confiança de 95 é a mesma usada quando existe ape nas uma média Limite superior do intervalo de confiança de 95 t05 Limite inferior do intervalo de confiança de 95 t05 Todavia o cálculo de difere do usa do com uma média o mesmo ocorre com o cálculo dos graus de liberdade para o valor crítico de t Para estimar o erro padrão da média podemos agrupar as variâncias dos diversos grupos para obter uma medida da variabilidade Nesse caso agrupamos as informações de todos os grupos que par ticipam do estudo Quando a comparação envolve duas ou mais médias de grupos independentes o erro padrão estimado da média é calculado conforme a seguir Pri meiro calculamos o desvio padrão baseado na variância agrupada 1 Quando os tamanhos das amostras são iguais o erro padrão estimado é definido como onde n tamanho da amostra para cada grupo Os graus de liberdade são calculados como kn 1 onde k é igual ao número de grupos independentes Olhando novamente a Figura 113 po demos ver que para os bebês de 9 meses o número médio de comportamentos inves tigativos para a amostra era 475 A expres são t005 na equação para o intervalo de confiança de 95 nessa análise é 114 Pode mos ter 95 de confiança de que o intervalo entre 361 e 589 475 114 contém a mé dia populacional para os bebês de 9 meses Assim a amostra de 16 bebês de 9 meses do estudo é usada para estimar o número mé dio de comportamentos investigativos que haveria se a população mais ampla de be 0 1 2 3 4 5 6 Número médio de comportamentos investigativos Intervalos de confiança de 95 Número médio de comportamentos Idade 9 meses 15 meses 19 meses Figura 113 Número médio de comportamentos investigativos com intervalos de confiança de 95 para bebês de 9 15 e 19 meses A partir de DeLoache 1998 usado sob permissão 372 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister bês de 9 meses fosse testada nessa situação Para bebês de 15 meses o número médio de comportamentos investigativos foi de 163 e podemos ter 95 de confiança de que o in tervalo entre 049 e 277 163 114 contém a média populacional A média amostral para bebês de 19 meses foi 069 e o intervalo de confiança tem limite inferior de 00 res tringido pela faixa de valores permitidos e limite inferior de 183 069 114 O Quadro 115 traz informações sobre como interpretar os intervalos de confiança quando existem três ou mais médias Uma última palavra de cautela se faz necessária ao se analisarem as barras em gráficos com resultados de pesquisas As barras apresentadas em gráficos de dados em artigos científicos às vezes represen tam intervalos de confiança mas também podem representar o erro padrão da mé dia ou desvios padrão Cumming e Finch 2005 Uma técnica rápida para saber in tervalos de confiança de 95 é multiplicar o erro padrão da média por 2 Para com plicar as coisas ainda mais os autores às vezes não informam o que é apresentado aos leitores Quando existem barras é im portante informar aos leitores o que elas representam e como foram calculadas Es tes 1997 Quadro 115 INTERPRETANDO INTERVALOS DE CONFIANÇA QUANDO EXISTEM TRÊS OU MAIS MÉDIAS OS INTERVALOS SE SOBREPÕEM Em muitas situações de pesquisa não es tamos interessados realmente em estimar o valor específico da média populacional Por exemplo não estamos realmente interessa dos em saber o número médio de vezes que se pode esperar que um bebê de 9 meses tente pegar as imagens Ao contrário nos in teressa conhecer o padrão de médias popu lacionais e comparar as relações entre elas Loftus e Masson 1994 Ou seja queremos ser capazes de comparar o comportamento de grupos diferentes Isso também pode ser feito com o uso de intervalos de confiança Considere mais uma vez os dados do estudo de DeLoache e colaboradores Podemos usar nossas estimativas das médias populacionais para perguntar os be bês dos diferentes grupos etários apresentam quantidades diferentes de comportamentos investigativos Para responder essa pergunta podemos analisar a sobreposição entre os in tervalos de confiança de 95 na Figura 113 Lembrese de que o intervalo de confiança é associado a uma probabilidade pex 095 de que o intervalo contenha a média popula cional a amplitude do intervalo nos diz o quão precisa é a nossa estimativa Devemos ter em mente que os intervalos de confiança visam fornecer informações sobre o quanto estima mos um valor populacional geralmente uma média Os intervalos de confiança não são testes estatísticos como o teste t e o teste F cuja ênfase é comparar diretamente duas ou mais médias para ver se as diferenças são estatisticamente significativas Não obs tante como já afirmamos antes os pesqui sadores muitas vezes estão interessados no padrão das médias populacionais e podemos usar os intervalos de confiança para nos aju dar a detectar esses padrões Quando os intervalos de confiança não se sobrepõem podemos ter certeza de que as médias populacionais diferem Intervalos não sobrepostos nos dizem que as médias popu lacionais estimadas pelas médias amostrais provavelmente não são iguais Por exemplo o intervalo de confiança de 95 para os bebês de 9 meses não se sobrepõe ao intervalo dos bebês de 15 meses A partir disso podemos concluir que os bebês de 9 meses diferem dos Metodologia de pesquisa em psicologia 373 de Quadro 115 continuação 15 no número de comportamentos investi gativos ao olharem as fotografias Uma análi se das médias amostrais mostra que os be bês de 9 meses investigam as imagens mais do que os de 15 meses Podese chegar a uma conclusão semelhante comparando os intervalos para os bebês de 15 e 19 meses A Figura 113 mostra que os intervalos para es ses dois grupos se sobrepõem O que deve mos concluir agora Se os intervalos se so brepõem um pouco devemos reconhecer a nossa incerteza sobre a diferença verdadeira entre as médias e postergar uma conclusão Se os intervalos se sobrepõem de maneira que a média amostral de um grupo esteja den tro do intervalo de outro podemos concluir que as médias populacionais não diferem ver Zechmeister e Posavac 2003 Cumming e Finch 2005 fazem uma análise mais precisa da interpretação de intervalos sobrepostos com base na proporção de sobreposição Com essas diretrizes o que podemos concluir sobre a diferença entre bebês de 15 e 19 meses observada na Figura 113 Como se pode ver na figura os intervalos de confiança de 95 se sobrepõem de maneira tal que o intervalo de confiança para os bebês de 15 meses contém a média amostral dos bebês de 19 meses Assim podemos sugerir que as médias populacionais não diferem Embora as médias amostrais difiram 163 e 069 res pectivamente não podemos concluir que as médias populacionais difiram e na pesquisa psicológica estamos mais interessados em descrever a população do que a amostra Por exemplo com a sobreposição de intervalos observada na Figura 113 é possível que a média populacional verdadeira para os bebês de 15 meses realmente seja 069 que é a mé dia amostral dos bebês de 19 meses Com base nas médias e intervalos de confiança apresentados na Figura 113 podemos con cluir que os bebês de 9 meses investigam as fotografias com suas mãos mais do que os de 15 e 19 meses e que esses grupos mais velhos não diferem na quantidade de compor tamentos investigativos que apresentam Ob serve que não estamos dizendo que não exis te possibilidade de haver diferença entre os dois grupos maiores populações Com esses dados não podemos dizer que existe uma di ferença todavia os dados também não nos dizem com certeza que não existe diferença Devemos esperar até que se façam mais pes quisas talvez usando amostras maiores para obter estimativas mais precisas das médias populacionais Os dados de DeLoache e colaboradores para o ato de apontar para as imagens são apresentados na Figura 114 Que conclu sões você pode tirar com base nas médias e intervalos de confiança apresentados nessa figura Os bebês de 15 meses diferem dos de 9 meses em seu comportamento de apon tar Por quê e por que não Os bebês de 19 meses diferem dos de 15 meses Por quê e por que não 0 1 2 3 4 5 7 6 Número médio de comportamentos de apontar Intervalos de confiança de 95 Número médio de comportamentos Idade 9 meses 15 meses 19 meses Figura 114 Número médio de compor tamentos de apontar com intervalos de confiança de 95 para bebês de 9 15 e 19 meses A partir de De Loache et al 1998 usado com permissão 374 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Exemplo análise de dados de um estudo correlacional Existe correlação quando duas medidas diferentes das mesmas pessoas fatos ou coisas variam juntas ou seja quando os escores de uma variável covariam com os escores de outra A previsão como vimos no Capítulo 2 é um objetivo importante do método cientí fico A pesquisa correlacional muitas vezes proporciona a base para essa previsão Exis te uma correlação quando duas medidas dife rentes das mesmas pessoas fatos ou coisas variam juntas ou seja quando os escores em uma variável covariam com escores de outra variável Por exemplo existe uma rela ção conhecida entre o tabagismo e as doen ças pulmonares Quanto mais os indivíduos fumam pex medido pela duração do ato de fumar maior a probabilidade de contrair doenças pulmonares Assim o tabagismo e as doenças pulmonares covariam ou andam juntos Essa correlação também pode ser ex pressada nos seguintes termos quanto me nos as pessoas fumarem menores serão suas chances de contrair uma doença pulmonar Com base nessa correlação podemos fazer previsões sobre as doenças cardíacas Por exemplo se soubermos quanto tempo um indivíduo fumou podemos prever até certo ponto a sua probabilidade de desenvolver uma doença cardíaca A natureza das nossas previsões e a confiança que temos de que podemos fazêlas dependem da direção e da intensidade da correlação As análises correlacionais costumam estar associadas a pesquisas com o uso de levantamentos ver Capítulo 5 Os sujeitos respondem questionários que perguntam sobre variáveis demográficas pex idade renda bem como suas atitudes opiniões e bemestar psicológico O pesquisador en tão busca mostrar como algumas respostas se relacionam entre si ou seja como estão EXERCÍCIO UM TESTE DA SUA COMPREENSÃO SOBRE OS INTERVALOS DE CONFIANÇA Embora se recomende informar os intervalos de confiança ao se analisarem dados seu uso está apenas começando a aparecer em muitos periódicos de psicologia Os intervalos de confiança compartilham alguns dos pro blemas de interpretação associados seguida mente aos testes de significância estatística especificamente o teste de significância da hipótese nula Não obstante os intervalos de confiança podem e devem ser incorporados em nossa análise de dados Para garantir que você os usa corretamente apresentamos o seguinte teste da sua compreensão dessa técnica de análise Suponhamos que um desenho de gru pos independentes tenha sido usado para analisar o efeito de uma variável independen te com três níveis A B C sobre o compor tamento Quinze sujeitos foram designados aleatoriamente a cada condição e foram determinadas medidas da tendência central e da variabilidade para cada condição O pesquisador também construiu intervalos de confiança de 95 para cada uma das médias Verdadeiro ou falso O pesquisador pode de forma razoável e com base nesse resultado concluir que 1 A amplitude do intervalo de confiança indica o quão precisa é a estimativa das médias po pulacionais 2 Se dois intervalos se sobrepõem sabemos com certeza que as médias populacionais são iguais 3 Existem 95 de chances de que a média populacional verdadeira fique dentro de cada intervalo 4 Se dois intervalos não se sobrepõem existe uma probabilidade de 95 de que as médias populacionais sejam diferentes 5 Se dois intervalos não se sobrepõem temos boas evidências de que as médias populacio nais diferem Metodologia de pesquisa em psicologia 375 correlacionadas Será que pessoas que di zem ter autoestima baixa também têm difi culdade para namorar Existe relação entre o tempo que as crianças passam na creche e medidas do seu vínculo com suas mães Será que os escores no teste SAT são indica dores do sucesso após a faculdade A seguir discutimos como os pesqui sadores analisam e interpretam um estudo correlacional Estágio 1 conhecer os dados Como em um estudo correlacional sempre existem dois conjuntos de escores e como a relação entre esses escores é o interesse prin cipal os estágios de análise de dados são um pouco diferentes do que quando o foco do estudo é comparar médias Para fins de ilustração suponhamos que o pesquisador esteja interessado em correlacionar duas medidas do bemestar psicológico obtidas de autoavaliações de estudantes universitá rios ver o Capítulo 5 para uma discussão sobre dados obtidos com autoavaliação Ambas as medidas estão na forma de esca las de avaliação de 10 pontos A primeira baseiase na pergunta quanto você se preo cupa com as notas 1 nada 10 muitís simo A segunda medida baseiase na per gunta quanta dificuldade você tem para se concentrar durante os exames 1 nada 10 muitíssima Limpando os dados Cada respondente for nece dois escores e os dois conjuntos de es cores devem ser conferidos cuidadosamente em busca de erros como valores impossíveis pex números fora dos limites da escala bem como valores extremos ou atípicos Um diagrama de caule e folha pode ser usado para analisar os dados em cada conjunto Quando as respostas possíveis são limitadas como geralmente são com o uso de escalas é menos provável que haja valores extremos ou atípicos do que quanto não existe limite para a resposta pex informar a renda anual Conclusão Somente quando o pesquisa dor tem certeza de que os dados não contêm erros ou valores que possam distorcer os re sultados é que a análise deve continuar Estágio 2 sintetizar os dados As principais técnicas descritivas para dados correlacionais são construir um diagrama de dispersão e calcular um coeficiente de correlação No diagrama de dispersão determina se a magnitude ou grau de correlação pelo quanto os pontos correspondem a uma linha reta correlações mais fortes formam uma linha reta tendência li near de pontos A magnitude de um coeficiente de correlação varia de 10 uma relação negativa perfeita a 10 uma relação positiva perfeita um coeficiente de correlação de 00 indica que não existe relação A síntese dos dados começa analisando se as estatísticas descritivas para cada con junto de escores Depois sintetizase de forma gráfica e numérica o grau de relação entre os conjuntos de escores Tendência central e variabilidade As me didas da tendência central e da variabili dade devem ser calculadas para ambos os conjuntos de escores As médias e desvios padrão para os dois conjuntos de respostas em nosso estudo hipotético são Preocupação Dificuldade de concentração M 545 530 DP 193 198 Em um estudo correlacional nosso principal interesse não está na diferença entre as médias mas na relação entre os conjuntos de escores As principais técnicas descritivas para dados correlacionais são a construção de um diagrama de dispersão e o cálculo de um coeficiente de correlação Um diagrama de dispersão descreve a relação entre os dois conjuntos de escores O coefi ciente de correlação proporciona uma sínte 376 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister se quantitativa da relação observada no dia grama de dispersão É importante analisar o diagrama de dispersão cuidadosamente antes de tentar interpretar um coeficiente de correlação Primeiramente ilustraremos a construção de diagramas de dispersão e depois mostraremos como se obtém e inter preta o coeficiente de correlação Desenhando um diagrama de dispersão A natureza de uma correlação pode ser representada visualmente usandose um diagrama de dispersão Os escores para as duas variáveis são representados no eixo X e no eixo Y Cada indivíduo tem um valor ou escore para cada variável pex avalia ções de preocupação e dificuldade de con centração O diagrama de dispersão mostra os pontos de intersecção para cada par de escores A magnitude ou grau de correlação é vista em um diagrama de dispersão pelo quanto os pontos correspondem a uma li nha reta correlações mais fortes se parecem mais com uma linha reta de pontos A Fi gura 115 mostra três diagramas de disper são diferentes A correlação é mais forte no primeiro a e terceiro c painéis do que no segundo b pois os pontos em a e c se aproximam mais de uma linha reta Podese enxergar a direção da correla ção no diagrama de dispersão observando se como os pontos se organizam Quando o padrão de pontos parece avançar do can to inferior esquerdo para o canto superior direito painel a a correlação é positiva escores baixos no eixo X com escores baixos no eixo Y e escores altos no eixo X com esco res altos no eixo Y Suponhamos que 20 estudantes univer sitários responderam as duas questões que descrevemos acima Suponhamos também que os dados foram analisados cuidadosa mente em busca de erros e anomalias e que foram considerados limpos Queremos descobrir se os escores em uma medida estão correlacionados ie andam juntos com escores na segunda medida A preocupação com as notas está re lacionada com a dificuldade de concentração nos exames Para descobrir podemos cons truir um diagrama de dispersão mostrando a relação entre os escores O diagrama de dispersão é construído desenhandose um gráfico que mostra a intersecção entre as duas medidas de cada respondente Os eixos no gráfico representam as duas medidas de interesse Por convenção a medida do com portamento que vem primeiro ou que é usada para prever o segundo comportamen to é colocada no eixo horizontal ou eixo X O segundo comportamento ou aquele que é previsto pelo primeiro é colocado no eixo vertical ou eixo Y Em muitas situações essa decisão é fácil Se você estivesse correlacio nando os níveis de álcool no sangue de vo luntários e uma medida do seu desempenho em um simulador de trânsito veríamos fa Escores em Y Escores em Y Escores em Y Alto Baixo Alto Baixo Escores em X a Relação positiva Escores em X b Relação ausente Escores em X c Relação negativa Alto Baixo Alto Baixo Alto Baixo Alto Baixo x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Figura 115 Três diagramas de dispersão ilustrando uma correlação positiva a ausente b e negativa c entre escores entre duas variávels X e Y Metodologia de pesquisa em psicologia 377 cilmente que o álcool foi consumido antes e o desempenho na simulação foi medido depois Os níveis de álcool no sangue seriam usados para prever o desempenho em um simulador de trânsito Em outras situações a decisão não é tão fácil Será que a preocu pação com as notas vem antes da dificuldade de concentração em exames Ou será que a dificuldade de concentração nos exames leva à preocupação com as notas Acreditamos que é possível defender as duas visões Devemos analisar o diagrama de dis persão em busca de tendências possíveis Mais especificamente devemos verificar se existem evidências de uma tendência li near no diagrama de dispersão De forma simples uma tendência linear é aquela que pode ser sintetizada por uma linha reta Como você já viu os diagramas de disper são a e c na Figura 115 mostram evidên cias de uma tendência linear Também é possível não enxergar nenhuma tendência no diagrama Nesse caso os escores em uma medida provavelmente são tão prová veis de acompanhar escores baixos médios ou altos na segunda medida Se não houver nenhuma tendência discernível no gráfico como no painel do meio na Figura 115 po demos concluir que não existe relação entre os conjuntos de escores Observe que nes se caso não podemos usar o nosso conhe cimento dos escores em uma medida para fazer previsões sobre os escores na outra Finalmente também é possível enxer gar uma relação no diagrama de dispersão mas que não é linear A Figura 116 apresen ta dois exemplos de relações não lineares entre variáveis Podemos considerar que essas relações são interessantes e até que mereçam ser investigadas todavia uma relação não linear traz sérios problemas de interpretação para o coeficiente de correla ção Consequentemente se a tendência no diagrama de dispersão é não linear não se deve calcular o coeficiente de correlação Os valores extremos ou atípicos no diagrama de dispersão também trazem problemas ao se interpretar o coeficiente de correlação A Figura 117 mostra um diagrama de dispersão descrevendo a relação entre es cores nas medidas de preocupação X e de dificuldade de concentração Y em nosso estudo hipotético Como não sabemos real mente neste caso qual fator vem antes colocamos de forma arbitrária a medida da preocupação no eixo X e a medida da difi culdade de concentração no eixo Y do dia grama de dispersão na Figura 117 Ou seja estamos usando a medida da preocupação para prever a medida da concentração Você consegue ver uma tendência no diagrama de dispersão No caso positivo ela é linear de um modo geral Calculando um coeficiente de correlação A direção e força de uma correlação são determinadas calculandose o coeficiente de correlação O coeficiente de correlação é um índice quantitativo do quanto pode mos prever um conjunto de escores pex avaliações da concentração usando outro Escores em Y Alto Baixo Alto Baixo Alto Baixo Alto Baixo x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Escores em X Escores em X Figura 116 Dois exemplos de relações não lineares entre duas variáveis X e Y 378 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister conjunto de escores pex avaliações da preocupação O coeficiente de correlação expressa a relação entre duas variáveis em termos da direção e da magnitude dessa re lação O coeficiente de correlação mais usa do é o Coeficiente de Correlação Produto Momento de Pearson designado como r Pode ser calculado facilmente com uma cal culadora ou um programa de computador Uma busca na internet pode identificar pá ginas que mostram métodos para calcular correlações A direção de um coeficiente de corre lação pode ser positiva ou negativa Uma correlação positiva indica que à medida que aumentam os valores para uma medida também aumentam os valores da outra ver o painel a na Figura 115 Como vimos as medidas do tabagismo e doenças pulmo nares estão positivamente correlacionadas mais cigarro mais doenças pulmonares Outra relação preditiva diz respeito às notas no Scholastic Aptitude Test SAT os esco res no SAT e as médias gerais do primeiro semestre dos alunos estão positivamente correlacionados Assim podemos prever que estudantes com notas mais altas no SAT terão médias mais altas no primeiro semes tre e estudantes com notas mais baixas no SAT terão médias mais baixas no primeiro semestre Havendo correlação também se pode fazer a previsão inversa Sabendo apenas as médias gerais dos alunos no pri meiro semestre podemos prever quais foram suas notas no SAT antes de terem entrado para a faculdade Estudantes com médias maiores seriam mais prováveis de ter notas maiores no SAT e estudantes com médias mais baixas seriam prováveis de ter notas mais baixas no SAT Em uma correlação negativa à medida que aumenta o valor de uma medida dimi nui o valor da outra ver o painel c na Fi gura 115 Um levantamento nacional com formandos do ensino médio mostrou uma correlação negativa entre a quantidade de tempo gasto assistindo à televisão e o nú mero de respostas corretas em um teste de 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3 Dificuldade de concentração Y Preocupação X 4 5 6 7 8 9 10 2 Figura 117 Diagrama de dispersão mostrando a relação entre escores na medida de au toavaliação sobre o grau de preocupação com as notas X e a medida de au toavaliação da dificuldade de concentração durante um exame Y Cada ponto no gráfico mostra a intersecção entre as duas medidas para cada sujeito Metodologia de pesquisa em psicologia 379 desempenho acadêmico Keith Reimers Fehrmann Pottebaum e Aubrey 1986 Estudantes que passaram mais tempo as sistindo à televisão responderam menos questões corretamente em um teste de de sempenho E a previsão inversa Com base nessa observação se você soubesse que um estudante teve uma nota muito alta no teste de desempenho você diria que ele passou muito tempo ou pouco tempo assistindo à televisão A relação entre as medidas da preocupa ção e da dificuldade de concentração obser vada na Figura 117 é positiva ou negativa A força grau de um coeficiente de cor relação pode variar em valores absolutos de 00 a 100 Um valor de 00 indica que não existe correlação e que não existe base para fazer previsões A relação entre a inteligência e a doença mental por exemplo apresenta uma correlação de zero não podemos pre ver a probabilidade de que uma pessoa se torne doente mental apenas por saber o QI da pessoa e não podemos prever o QI da pessoa com base em sua saúde mental Um valor de 100 indica uma correlação positi va perfeita e um valor de 100 indica uma correlação negativa perfeita Quando o coe ficiente de correlação é 100 ou 100 todos os pontos do diagrama de dispersão se dis põem sobre uma linha reta e podemos fazer previsões com confiança absoluta Valores entre 0 e 100 indicam relações preditivas de intensidade intermediária e portanto temos menos capacidade de prever com confiança Lembrese de que o sinal da correlação signi fica apenas a sua direção um coeficiente de correlação de 046 indica uma relação mais forte mais preditiva do que um de 020 Obs na prática usase apenas o sinal de coeficientes de correlação negativos um co eficiente sem um sinal de mais ou menos é tratado como positivo ou seja 020 020 O coeficiente de correlação para a rela ção entre a preocupação e a dificuldade de concentração baseado nos 20 estudantes do nosso estudo hipotético é 062 Confor me indicado no diagrama de dispersão na Figura 117 escores baixos nas medidas de preocupação tendem a acompanhar escores baixos na medida de concentração e escores altos acompanham escores altos Podemos dizer que as duas variáveis estão positiva mente relacionadas Mais especificamente podemos dizer que quanto mais os estu dantes se preocupam mais prováveis eles serão de ter dificuldade para se concentrar durante exames Porém será que podemos dizer que a preocupação é a causa da dificul dade de concentração dos estudantes Correlação e causalidade Como você pode lembrar da nossa discussão sobre cor relações nos Capítulos 4 e 5 correlação não implica causação Saber que duas variá veis estão correlacionadas não nos permite inferir que uma cause a outra mesmo que uma preceda a outra no tempo Pode ser que a preocupação com as notas cause di ficuldade de concentração durante exames ou que a experiência de ter dificuldade para se concentrar durante exames cause preocu pação com as notas Além disso existe uma relação espúria quando uma terceira variá vel pode explicar a correlação positiva entre a preocupação com as notas e a dificulda de para se concentrar durante exames Por exemplo o número de horas trabalhando no emprego pode servir como uma tercei ra variável que pode explicar essa relação À medida que aumenta o número de horas no trabalho os estudantes podem ter mais preocupação com suas notas e mais dificul dade de concentração durante os exames Conclusão Podese usar o Coeficiente de Correlação de Pearson para sintetizar a relação entre duas variáveis Todavia é im portante inspecionar o diagrama de disper são das duas variáveis antes de calcular um r de Pearson para garantir que a relação seja sintetizada com uma linha reta ou seja que existe uma tendência linear À medida que o coeficiente de correlação se aproxima de 100 a relação observada entre as duas va riáveis no diagrama de dispersão se aproxi ma de uma linha reta e aumenta a nossa ca pacidade de prever uma variável com base no conhecimento da outra 380 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Estágio 3 construir um intervalo de confiança para uma correlação Podemos obter uma estimativa do in tervalo de confiança da correlação po pulacional ρ assim como fizemos para a média populacional µ Um r de Pearson calculado a partir de uma amostra é uma estimativa da correla ção na população assim como uma média amostral é uma estimativa de uma média populacional µ A correlação populacio nal é simbolizada pela letra grega rho ρ Além disso assim como uma média amos tral está sujeita a erros amostrais ou varia ções de amostra para amostra o mesmo ocorre com o coeficiente de correlação Des se modo em certas situações podemos que rer obter um intervalo estimado do valor populacional ρ assim como fizemos para o valor populacional µ Em outras palavras podemos calcular um intervalo de confian ça para ρ Todavia deixaremos esse tópico para livros que fazem um tratamento mais detalhado dos procedimentos estatísticos pex Zechmeister e Posavac 2003 Resumo Existem três estágios distintos mas relacio nados na análise de dados conhecer os da dos sintetizar os dados e confirmar o que os dados revelam No primeiro estágio deve mos nos familiarizar com os dados analisá los cuidadosamente verificar erros e valo res anômalos Devemos ser particularmente sensíveis à presença de valores extremos ou atípicos valores extremos que não parecem acompanhar os outros valores Fazer um dia grama de caule e folha é uma boa maneira de visualizar a distribuição de números em um conjunto de dados para detectar valores ex tremos ou atípicos No segundo estágio de vemos sintetizar o conjunto de dados usando estatísticas descritivas e representações vi suais As medidas da tendência central mé dia mediana moda e medidas da dispersão ou variabilidade amplitude e desvio pa drão são particularmente úteis nesse ponto Quando um estudo envolve o efeito de uma variável independente sobre uma variável dependente é importante descrever quanto efeito a variável independente teve sobre a variável dependente As medidas do tama nho do efeito são importantes quando faze mos metaanálises que sintetizam o efeito de uma determinada variável entre muitos estudos diferentes Uma medida importante do tamanho do efeito quando duas médias são comparadas é o d de Cohen No terceiro estágio da análise dos dados confirmar o que os dados revelam deter minamos o que podemos afirmar de forma razoável com base nas evidências obtidas em nosso estudo Existem duas abordagens complementares a esse estágio de análise o teste de significância da hipótese nula e a construção de intervalos de confiança Am bas as abordagens baseiamse em estimativas da variabilidade amostral para ajudar o pes quisador a tomar decisões sobre os valores verdadeiros de parâmetros populacionais Embora a média de uma amostra aleatória seja uma boa estimativa pontual da média populacional haverá variação erro nessa estimativa de amostra para amostra devido a fatores aleatórios ou fortuitos O erro padrão estimado da média avalia o quanto uma mé dia amostral estima a média populacional O teste de significância da hipótese nula dire ciona o pesquisador para a probabilidade de que os resultados obtidos se devam ao aca so O intervalo de confiança especifica uma faixa de valores que têm uma certa probabi lidade geralmente 95 de conter um deter minado valor populacional pex a média populacional Os intervalos de confiança são diretamente análogos à margem de erro que você pode ter ouvido em reportagens nos meios de comunicação sobre resultados de pesquisas de opinião Quanto menor o in tervalo melhor a nossa estimativa do valor populacional aumentar o tamanho amostral melhora a estimativa do intervalo Os intervalos de confiança para a dife rença entre duas médias fornecem evidências da diferença entre as médias populacionais representadas pelas duas médias amostrais Metodologia de pesquisa em psicologia 381 em um estudo A amplitude do intervalo gera informações relacionadas com o provável ta manho de efeito da variável independente Ao construir intervalos de confiança para a diferença entre duas médias se o intervalo contém o valor de zero não podemos dizer que existe um efeito presente Em outras pa lavras se zero está dentro do intervalo de vemos admitir a nossa incerteza com relação ao efeito da variável Podem ser construídos intervalos de confiança para grupos indepen dentes e desenhos de medidas repetidas Quanto existem três ou mais médias são construídos intervalos de confiança para cada média As conclusões sobre di ferenças entre médias em um estudo com grupos múltiplos dependem de se existe sobreposição entre os intervalos Quando os intervalos não se sobrepõem podemos ter confiança de que as médias populacionais estimadas por essas médias amostrais dife rem de fato Todavia quando os intervalos se sobrepõem NÃO dizemos que não existe diferença entre as médias populacionais ao contrário devemos admitir incerteza quan to à diferença verdadeira e esperar até que se façam mais pesquisas Fazse um estudo correlacional normal mente quando o objetivo do pesquisador é o da previsão por exemplo ao se prever o desempenho em um teste escrito sobre a an siedade em testes Existe correlação quando duas medidas diferentes das mesmas pes soas eventos ou coisas variam juntas Assim como fazemos quando o estudo envolve uma comparação entre médias devemos analisar e sintetizar os dados de um estudo correla cional cuidadosamente Um diagrama de dispersão descreve a relação entre dois con juntos de escores um coeficiente de correla ção gera uma síntese quantitativa da relação observada no diagrama de dispersão Mais especificamente o coeficiente de correlação descreve o quanto os dados em um diagrama de dispersão se encaixam em uma linha reta O valor de um coeficiente de correlação pode variar de 100 a 100 O sinal do coeficien te de correlação ou indica a direção da relação o valor absoluto do coeficiente 00 a 100 indica a magnitude da relação Quanto mais o coeficiente de correlação se aproximar de 100 positivo ou negativo mais os pon tos do diagrama de dispersão cairão sobre uma linha reta e mais forte será a relação Uma correlação positiva ocorre quan do os valores de uma medida aumentam à medida que aumentam os valores de uma segunda medida Em uma correlação nega tiva à medida que aumentam os valores da primeira medida diminuem os da segunda Saber que existe uma relação correlação entre duas medidas permite ao pesquisa dor prever os escores de uma medida com base no conhecimento dos escores da outra Quanto mais o coeficiente de correlação se aproxima de 100 maior é a capacidade de prever É importante ter em mente que a correlação por si só não é evidência de uma relação causal entre variáveis correla ção não implica causalidade Conceitos básicos estágios da análise de dados 352 conhecer os dados 352 sintetizar os dados 352 confirmar o que os dados revelam 352 diagrama de caule e folha 357 medidas da tendência central 360 moda 360 mediana 360 média 360 medidas da dispersão variabilidade 360 amplitude 360 desvio padrão 361 erro padrão da média 361 erro padrão estimado da média 361 intervalo de confiança para um parâmetro populacional 363 diagrama de dispersão 375 tendência linear 377 correlação positiva 378 correlação negativa 378 382 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Questões de revisão 1 Identifique os três estágios principais da análise de dados e indique que coisas es pecíficas o pesquisador geralmente deve rá fazer em cada estágio 2 O que o pesquisador tenta fazer ao cons truir a história da análise para acompa nhar os resultados de um estudo 3 Por que o pesquisador deve ter um bom conhecimento de metodologia de pesqui sa e procedimentos estatísticos para ser capaz de usar programas de computador para analisar os resultados de um estudo 4 Construa um diagrama de caule e folha para o seguinte conjunto de números de pois explique o que descobriu analisando os dados desse modo 36 42 25 26 26 21 22 43 40 69 21 21 23 31 32 32 34 37 37 38 43 20 21 24 23 42 24 21 27 29 34 30 41 25 28 5 Calcule a média mediana e a moda para o seguinte conjunto de dados 7 7 2 4 2 4 5 6 4 5 Descreva as vantagens e des vantagens das três medidas da tendência central média mediana moda 6 Calcule o desvio padrão para o conjunto de dados na Questão 5 O que o desvio pa drão como medida da variabilidade nos informa 7 O que o erro padrão estimado da média diz sobre a média amostral 8 Foi realizado um estudo para investigar uma droga nova para aumentar a memó ria O estudo foi realizado com ratos A medida dependente era o número de erros cometidos enquanto aprendiam um labi rinto depois de receberem uma injeção da droga ou uma solução salina controle Os ratos foram designados aleatoriamente à condição da droga para melhorar a me mória ou o controle Testouse um total de 30 ratos com 15 em cada grupo A média e o desvio padrão para o grupo da droga foi 117 47 a do grupo controle foi 151 51 Números menores significam de sempenho melhor Qual é o tamanho do efeito nesse estudo 9 Por que o intervalo de confiança também se chama margem de erro 10 Uma amostra aleatória de 25 estudantes deu sua opinião sobre o serviço de ali mentação do refeitório da faculdade Os estudantes usaram uma escala de 7 pon tos 1 horrível 7 ótima para indicar a sua opinião A avaliação média para os 25 estudantes foi de 47 com um desvio pa drão de 12 A Qual é o intervalo de confiança para a média populacional B Descreva em palavras o que o interva lo de confiança nos diz sobre a média populacional 11 Qual é o intervalo de confiança de 95 para a diferença entre as duas médias apresentadas na Questão 8 12 Como se usam intervalos de confiança para chegar a uma conclusão sobre dife renças entre médias em um estudo com três ou mais médias 13 Ao analisar dados representados em um diagrama de dispersão por que é impor tante procurar uma tendência linear nos dados 14 Um pesquisador investiga se existe uma relação entre o tamanho do vocabulário e o desempenho em um teste de compreen são da leitura Quinze alunos da 6ª série fazem um teste de vocabulário e um teste de compreensão da leitura ambos os tes tes são pontuados em termos da porcen tagem de acertos Os resultados para as 15 crianças escolares são com os escores do vocabulário apresentados primeiro 4467 2433 6745 7554 3445 8879 5767 4432 8795 7767 8778 5467 9078 3655 7991 Desenhe um diagrama de dispersão e calcule o coeficiente de cor relação para esses dados 15 Explique por que se poderia usar a cor relação que você calculou na Questão 14 para amparar a afirmação de que um au mento no tamanho do vocabulário causa aumentos na compreensão da leitura Metodologia de pesquisa em psicologia 383 DESAFIOS 1 Uma psicóloga cognitiva investiga o efei to de quatro condições de apresentação sobre a capacidade de retenção na me mória de um trecho longo descrevendo a Batalha de Gettysburg Vamos chamar as condições de apresentação de A B C e D Sessenta e quatro N 64 estu dantes universitários são designados aleatoriamente e em números iguais às quatro condições n 16 A memória foi testada depois que os estudantes ou viram o trecho ser lido uma vez em voz alta A variável dependente é o número de unidades de ideia recordadas na re cordação escrita imediata do trecho A recordação média e o desvio padrão para cada uma das quatro apresentações são A B C D M 164 299 246 195 DP 46 71 59 63 A Calcule os intervalos de confiança de 95 para as médias populacionais estimadas pelas quatro médias amos trais B Interprete o padrão de intervalos de confiança descrevendo o que pode mos concluir sobre as diferenças en tre as diversas médias populacionais 2 Uma psicóloga do desenvolvimento in vestiga o efeito da maneira de as mães carregarem seus bebês sobre os padrões de sono dos bebês Especificamente a pesquisadora pede ajuda para 40 mães de recémnascidos A psicóloga treina 20 mães em um método de carregar os be bês que pressiona a cabeça do recém nascido contra o peito da mãe as outras 20 mães não são instruídas em nenhum método particular Todas as mães são treinadas para registrarem o número de horas que seus bebês dormem em cada período de 24 horas mantendo registros por três meses em ambos os grupos O período médio de sono em 24 horas para os bebês do grupo de instrução foi de 126 DP 51 no grupo sem instrução a média foi de 101 DP 63 A Calcule o intervalo de confiança de 95 para a diferença entre as duas médias B O que se pode dizer sobre o efeito do treinamento baseado em uma análise do intervalo de confiança para esse experimento C Qual é o tamanho do efeito para o ex perimento Interprete a medida do ta manho do efeito com base nas diretri zes de Cohen para efeitos pequenos médios e grandes 3 Um pesquisador solicita que estudantes universitários joguem um videogame di fícil enquanto escutam música clássica e enquanto escutam rock pesado Todos os 10 estudantes que participaram do experimento jogam o videogame por 15 minutos em cada uma das condições de música A metade dos estudantes joga ouvindo música clássica primeiro e de pois rock a outra metade joga com os tipos de música na ordem inversa ver o Capítulo 7 para informações sobre con trabalanceamento em um desenho de medidas repetidas A variável depen dente é o número de acertos no jogo durante o período de 15 minutos Os es cores dos 10 estudantes são Estudante Clássica Rock pesado 1 46 76 2 67 69 3 55 51 4 63 78 5 49 66 6 76 67 7 58 63 8 75 75 9 69 78 10 77 85 384 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister A Calcule as médias para DESAFIOS CONTINUAÇÃO cada condi ção Que tendência você enxerga na comparação de médias B Calcule o erro padrão estimado dos escores da diferença C Encontre o intervalo de confiança de 95 para a diferença entre as duas médias neste desenho de medidas re petidas D Formule uma conclusão a respeito do efeito do tipo de música sobre o de sempenho com base na análise des ses resultados 4 Um psicólogo social tenta determinar a relação entre um teste escrito sobre o preconceito e atitudes das pessoas em relação ao perfil racial como impedimen to ao crime No começo do semestre estudantes de uma classe de psicologia geral respondem seis questionários di ferentes Entre os questionários há uma medida do preconceito Mais adiante no semestre os estudantes são convidados para participarem de um experimento que avalia suas atitudes em relação ao comportamento criminoso e táticas de aplicação da lei Como parte do experi mento eles respondem um questionário sobre atitudes em relação ao perfil racial como impedimento ao crime O pesqui sador quer descobrir se os escores na medida de preconceito obtidos antes preverão as atitudes das pessoas em re lação ao perfil racial Escores mais altos na medida de preconceito indicam mais preconceito e escores maiores na escala do perfil indicam maior apoio para o per fil racial São obtidos escores nas duas medidas para 22 estudantes conforme a seguir Estudante 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Preconceito 19 15 22 12 9 19 16 21 24 13 10 Perfil 7 6 9 6 4 7 8 9 5 5 7 Estudante 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Preconceito 12 17 23 19 23 18 11 10 19 24 22 Perfil 4 8 9 10 10 5 6 4 8 8 7 A Desenhe um diagrama de dispersão mostrando a relação entre essas duas medidas B Inspecione o diagrama de dispersão e comente a presença ou ausência de uma tendência linear nos dados C Calcule o coeficiente de correlação para esses dados e comente a dire ção e força da relação D Com base na análise correlacional o pesquisador conclui que o pensamento preconceituoso faz as pessoas apoia rem o uso de perfis raciais por agên cias policiais Comente essa conclusão com base no que sabe sobre a nature za das evidências correlacionais Metodologia de pesquisa em psicologia 385 Resposta ao Desafio 1 A Comece calculando sagrupado para os quatro grupos certificandose de observar que o problema fornece o desvio padrão para cada grupo e a fórmula para sagrupado usa as variâncias Assim cada desvio padrão deve ser elevado ao quadrado antes de multiplicar por n 1 O valor de sagrupado é 604 O erro padrão estimado da média SÍMBOLO portanto é 604 SÍMBOLO ou 151 O valor crítico de t no nível 005 é 200 60 gl a partir da Tabela A2 Os in tervalos de confiança para as médias são A 164 200151 1338 a 1942 B 299 200151 2688 a 3292 C 246 200151 2158 a 2762 D 195 200151 1648 a 2252 B Dica talvez ajude desenhar uma figura com colunas representando o desempe nho médio em cada grupo e barras ao redor da média correspondendo aos in tervalos de confiança Também seria in teressante revisar as informações no Qua dro 115 Podese ver que o intervalo A se sobrepõe apenas com o intervalo D Os intervalos C e D se sobrepõem Embora o padrão observado de médias grupais seja nossa melhor estimativa das posições dos valores populacionais os intervalos de confiança também fornecem informações sobre a precisão das nossas estimativas Com base nesses dados podemos con cluir que a média populacional estimada pela média amostral A difere das médias populacionais representadas por B e C Ainda não podemos tirar conclusões so bre a diferença entre A e D Também po demos concluir que as médias populacio nais B e D diferem mas devemos admitir que não temos certeza sobre as diferenças reais entre B e C Resposta ao Exercício Afirmações 1 e 5 são verdadeiras 2 3 e 4 são falsas Nota 1 A estimativa agrupada do desvio padrão populacional equivale à raiz quadrada da mé dia dos erros ao quadrado em uma análise de variância ANOVA entre os grupos Isto é Ver o Capítulo 12 para uma discussão sobre a ANOVA Análise e interpretação de dados Parte II Testes de significância estatística e a história da análise 12 Visão geral No Capítulo 11 apresentamos os três está gios principais da análise de dados conhe cer os dados sintetizar os dados e confirmar o que os dados nos dizem No último estágio da análise de dados avaliamos se temos evi dências suficientes para fazer alguma afir mação sobre o comportamento O que com base nesses dados podemos dizer sobre o comportamento Esse estágio às vezes se chama análise de dados confirmatória pex Tukey 1977 Nesse ponto buscamos con firmação para o que os dados estão nos di zendo No Capítulo 11 enfatizamos o uso de intervalos de confiança para confirmar o que os dados nos informam Neste capítu lo continuamos nossa discussão da análise de dados confirmatória enfocando os testes da significância estatística ou o que se co nhece mais formalmente como teste de signi ficância da hipótese nula O teste de significância da hipóte se nula é a abordagem mais comum para a análise de dados confirmatória Toda via os testes da significância estatística têm recebido críticas persistentes pex Cohen 1995 Hunter 1997 Loftus 1991 1996 Meehl 1967 Schmidt 1996 e por boas razões Pesquisadores os têm usado e interpretado de forma inadequada por décadas ignorando todas as advertências a respeito pex Finch Thomason e Cum ming 2002 Existem críticos que sugerem que descartemos o teste de significância da hipótese nula completamente pex Hun ter 1997 Schmidt 1996 Por exemplo uma abordagem alternativa concentrase não em testar a significância mas na probabi lidade de replicar um determinado efeito Esse parâmetro estatístico chamado de prep pode ser calculado sempre que for possível calcular o tamanho do efeito ver Killeen 2005 Todavia a maioria dos especialistas sugere que continuemos a usar o teste de significância da hipótese nula mas que te nhamos cautela em seu uso pex Abelson 1995 1997 Chow 1988 Estes 1997 Ge enwald Gonzalez Harris e Guthrie 1996 Hagen 1997 Krueger 2001 Mulaik Raju e Harshman 1997 Seja qual for o resultado desse debate na comunidade psicológica existe um consenso quase universal sobre a necessidade a de entender exatamente o que o teste de significância da hipótese nula pode e não pode fazer e b de aumentar o uso de métodos alternativos de análise de dados especialmente o uso de intervalos Metodologia de pesquisa em psicologia 387 de confiança e tamanhos de efeito Às ve zes essas técnicas alternativas substituem o teste de significância da hipótese nula em outras ocasiões elas o complementam A seguir apresentamos uma visão ge ral do teste de significância da hipótese nula Depois discutimos os importantes conceitos de sensibilidade experimental e poder estatístico Em seguida ilustramos a abordagem do teste de significância da hi pótese nula usando os mesmos dados que havíamos usado no Capítulo 11 para cons truir intervalos de confiança para a diferen ça entre duas médias Usando os mesmos dados podemos comparar as informações obtidas para o teste de significância da hi pótese nula com as fornecidas pelos inter valos de confiança Observamos o que po demos e não podemos dizer com base no teste de significância da hipótese nula e sugerimos que as informações obtidas com testes de significância podem complemen tar informações obtidas com intervalos de confiança Finalmente fazemos algumas recomendações para quando você avaliar evidências para uma hipótese sobre duas médias e ilustramos como criar a história da análise do seu estudo A técnica mais comum de análise de da dos confirmatória associada a estudos com mais de dois grupos é uma forma de teste de significância chamada análise de variân cia ANOVA A fundamentação para o uso da ANOVA os procedimentos de cálculos associados à ANOVA e a interpretação dos resultados da ANOVA são discutidos na se gunda parte deste capítulo Teste de significância da hipótese nula O teste de significância da hipótese nula é usado para determinar se as diferenças entre as médias de grupos em um expe rimento são maiores do que o esperado apenas por causa da variação do erro O primeiro passo no teste de significân cia da hipótese nula é pressupor que os grupos não diferem ou seja que a variável independente não tem efeito a hipótese nula A teoria da probabilidade é usada para estimar a probabilidade do resultado observado no experimento supondose que a hipótese nula seja verdadeira Um resultado estatisticamente signifi cativo é aquele que tem uma probabi lidade pequena de ocorrer se a hipótese nula for verdadeira Como as decisões sobre o resultado de um experimento baseiamse em proba bilidades podem ocorrer erros do Tipo I rejeitar uma hipótese nula verdadei ra ou do Tipo II deixar de rejeitar uma hipótese nula falsa A inferência estatística é indutiva e indireta É indutiva porque tiramos con clusões gerais sobre populações com base nas amostras específicas que testamos em nossos experimentos como fazemos quan do construímos intervalos de confiança Todavia ao contrário da abordagem que usa intervalos de confiança essa forma de inferência estatística também é indireta pois começa com o pressuposto da hipótese nula A hipótese nula H0 é a suposição de que a variável independente não tem efeito Quando fazemos essa suposição podemos usar a teoria da probabilidade para deter minar a probabilidade de obter essa dife rença ou uma diferença maior observada em nosso experimento SE a hipótese nula for verdadeira Se essa probabilidade for pequena rejeitamos a hipótese nula e con cluímos que a variável independente teve um efeito sobre a variável dependente Os resultados que nos levam a rejeitar a hipó tese nula são considerados estatisticamente significativos Um resultado estatisticamente significativo significa apenas que a diferen ça que obtivemos em nosso experimento é maior do que se esperaria se apenas a varia ção do erro ie o acaso fosse responsável pelo resultado ver Quadro 121 Um resultado estatisticamente significati vo é aquele que tem apenas uma probabilidade pequena de ocorrer se a hipótese nula for verda deira Mas quão pequeno é suficientemente 388 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister pequeno Embora não exista uma resposta definitiva para essa importante questão o consenso entre os membros da comunida de científica é que resultados associados a probabilidades menores do que 5 em 100 ou 005 se a hipótese nula for verdadeira são considerados estatisticamente signifi cativos A probabilidade que usamos para indicar que um resultado é estatisticamente significativo é chamada de nível de signifi cância O nível de significância é indicado pela letra grega alfa α Assim falamos do nível de significância de 005 que informa mos como α 005 O que nossos resultados nos dizem quando são estatisticamente significati vos A informação mais útil que obtemos é que sabemos que algo interessante acon teceu Mais especificamente sabemos que quanto menor a probabilidade exata do re sultado observado maior a probabilidade de que uma replicação exata chegue a um resultado estatisticamente significativo Contudo devemos ter cautela com o signi ficado dessa afirmação Os pesquisadores às vezes dizem erroneamente que quando ocorre um resultado com p 005 esse re sultado será obtido 95100 vezes em que o estudo for repetido Isso simplesmente não é verdade Apenas alcançar a signifi cância estatística ie p 005 não nos fala da probabilidade de replicar os resultados Por exemplo um resultado pouco abaixo da probabilidade de 005 e assim estatis ticamente significativo tem uma chance de aproximadamente 5050 de ser esta tisticamente significativo ie p 005 se replicado de maneira exata Greenwald et al 1996 Por outro lado saber a probabili dade exata dos resultados não informa so bre o que acontecerá se for feita uma repli cação Quanto mais baixa a probabilidade de um resultado maior a probabilidade de que uma replicação exata gere um resulta Quadro 121 CARA OU COROA LANÇANDO MOEDAS E HIPÓTESES NULAS Talvez você consiga entender o processo de inferência estatística considerando o seguin te dilema Um amigo com um sorriso astu to se oferece para jogar cara ou coroa com você para ver quem paga a refeição que vo cês acabam de saborear em um restauran te Seu amigo tem uma moeda pronta para lançar Seria conveniente se você pudesse testar diretamente se a moeda do seu amigo é tendenciosa pedindo para olhála Contu do para não parecer desconfiado o melhor que você pode fazer é testar a moeda do seu amigo indiretamente pressupondo que não seja tendenciosa e vendo se obtém re sultados que difiram da divisão esperada de 5050 entre caras e coroas Se a moeda não apresentar a divisão 5050 normal depois de muitas vezes lançando a moeda você pode suspeitar que seu amigo está tentando por meios levemente ardilosos fazer você pagar pela refeição De maneira semelhante gos taríamos de fazer um teste direto da signifi cância estatística para um resultado obtido em nossos experimentos O melhor que po demos fazer porém é comparar o resultado que obtivemos com o resultado esperado de que não há diferença entre as frequências de caras e coroas A chave para entender o teste de significância da hipótese nula é reconhecer que somente podemos usar as leis da probabilidade para estimar a proba bilidade de um resultado quando pressupu sermos que fatores devidos ao acaso são a única causa do resultado Isso não é diferen te de lançar a moeda do seu amigo diversas vezes para tirar sua conclusão Você sabe que com base apenas no acaso a moeda deve mostrar cara em 50 das vezes e que 50 das vezes devem dar coroa Depois de lançar a moeda muitas vezes qualquer coisa que difira desse resultado provável levaria a concluir que existe algo além do acaso em operação ou seja que a moeda do seu amigo é tendenciosa Metodologia de pesquisa em psicologia 389 do estatisticamente significativo p 005 pex Posavac 2002 Portanto e conforme recomendado pela American Psycholo gical Association APA sempre informe a probabilidade exata dos resultados ao fazer um teste de significância da hipótese nula Rigorosamente falando existem ape nas duas conclusões possíveis quando se faz um teste de estatística inferencial ou se rejeita a hipótese nula ou não se rejeita a hi pótese nula Observe que não dissemos que uma alternativa é aceitar a hipótese nula Deixenos explicar Quando fazemos um experimento e observamos que o efeito da variável in dependente não é estatisticamente signi ficativo não rejeitamos a hipótese nula Todavia não devemos necessariamente aceitar a hipótese nula de que não existe diferença Pode haver algum fator em nos so experimento que tenha nos impedido de observar um efeito da variável inde pendente pex instruções ambíguas aos sujeitos má operacionalização da variável independente Como mostraremos mais adiante uma amostra pequena demais pode ser uma razão importante para uma hipótese nula não ser rejeitada Embora reconheçamos a impossibilidade lógica de provar que uma hipótese nula é verdadei ra também devemos ter algum método para decidir quais variáveis independen tes não merecem ser investigadas O teste de significância da hipótese nula pode aju dar nessa decisão Um resultado que não seja estatisticamente significativo sugere que devemos ter cautela antes de concluir que a variável independente influenciou o comportamento de um modo mais que tri vial Nesse ponto você deve buscar mais informações por exemplo observando o tamanho da amostra e o tamanho do efeito ver a próxima seção Sensibilidade expe rimental e poder estatístico Existe um aspecto perturbador no pro cesso de inferência estatística e no uso de probabilidades para tirar conclusões Não importa a conclusão a que você chegar e não importa o cuidado que você tenha para tal sempre existe uma chance de se estar cometendo um erro Os dois estados possí veis e as duas conclusões possíveis a que o pesquisador pode chegar são listados na Ta bela 121 Os dois estados possíveis são que a variável independente tem ou não tem um efeito sobre o comportamento As duas conclusões corretas possíveis que o pesqui sador pode tirar são representadas pelas células superior esquerda e inferior direita da tabela Se a variável independente tiver um efeito o pesquisador deve rejeitar a hi pótese nula se não tiver o pesquisador não deve rejeitar a hipótese nula Os dois erros potenciais erro do Tipo I e erro do Tipo II são representados pelas outras duas células da Tabela 121 Esses erros ocorrem por causa da natureza pro babilística da inferência estatística Quando decidimos que um resultado é estatistica mente significativo porque a probabilidade do resultado ocorrer segundo a hipótese nula é menor que 005 reconhecemos que em 5 de cada 100 testes o resultado pode ria ocorrer mesmo que a hipótese nula fosse verdadeira O nível de significância portan to representa a probabilidade de cometer um erro do Tipo I rejeitar a hipótese nula quando ela é verdadeira A probabilidade de cometer um erro do Tipo I pode ser re duzida simplesmente tornando o nível de significância mais rigoroso talvez 001 O problema com essa abordagem é que ela au Tabela 121 Resultados possíveis da tomada de decisões com estatística inferencial Estados possíveis Hipótese nula é falsa Hipótese nula é verdadeira Rejeitar hipótese nula Decisão correta Erro do Tipo I Não rejeitar hipótese nula Erro do Tipo II Decisão correta 390 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister menta a probabilidade de cometer um erro do Tipo II deixar de rejeitar a hipótese nula quando ela é falsa O problema dos erros do Tipo I e do Tipo II não deve nos imobilizar mas deve nos ajudar a entender por que os pesquisa dores raramente usam a palavra provar quando descrevem os resultados de um experimento que envolveu testes de signi ficância estatística Ao contrário eles des crevem os resultados como consistente com a hipótese ou confirma a hipótese ou corrobora a hipótese Essas afirmações tentativas são um modo de reconhecer indi retamente que sempre existe a possibilidade de se cometer um erro do Tipo I ou um erro do Tipo II Sensibilidade experimental e poder estatístico A sensibilidade se refere à probabili dade de que um experimento detecte o efeito de uma variável independente quando de fato a variável independen te realmente tem efeito O poder se refere à probabilidade de que um teste estatístico permita que os pesquisadores rejeitem corretamente a hipótese nula da ausência de diferenças entre grupos O poder de testes estatísticos é influen ciado pelo nível de significância esta tística pelo tamanho do efeito do trata mento e pelo tamanho da amostra A principal maneira para pesquisado res aumentarem o poder estatístico é aumentar o tamanho da amostra Os desenhos de medidas repetidas provavelmente são mais sensíveis e têm mais poder estatístico do que os desenhos com grupos independentes pois as estimativas de variação do erro provavelmente serão menores em dese nhos com medidas repetidas Os erros do Tipo II são mais comuns na pesquisa psicológica com teste de hipó tese do que os erros do Tipo I Quando os resultados não são estatisti camente significativos ie p 005 é incorreto concluir que a hipótese nula é verdadeira A sensibilidade de um experimento é a pro babilidade de que ele detecte um efeito da variável independente se a variável indepen dente de fato tiver um efeito ver Capítulo 7 Dizse que um experimento tem sensibili dade o teste estatístico tem poder O poder de um teste estatístico é a probabilidade de que a hipótese nula seja rejeitada quando é falsa A hipótese nula é a hipótese da não diferença e assim é falsa e deve ser rejeita da quando a variável independente tiver fei to diferença Lembre que definimos o erro do Tipo II como a probabilidade de não rejeitar a hipótese nula quando ela é falsa O poder também pode ser definido como 1 menos a probabilidade de um erro do Tipo II O poder nos diz o quanto é provável que vejamos um efeito que existe e é uma estimativa da replicabilidade do estudo Como o poder nos fala da probabilidade de rejeitar uma hipótese nula falsa sabemos o quanto somos prováveis de não ver um efei to real Por exemplo se um resultado não é significativo e o poder é de apenas 030 sa bemos que um estudo com essas caracterís ticas detectará um efeito igual ao tamanho que observamos em apenas 3 em cada 10 vezes Portanto em 7 de cada 10 vezes que fizermos esse estudo não veremos o efeito Nesse caso devemos suspender nossas con clusões até que o estudo possa ser refeito com maior poder O poder de um teste estatístico é deter minado pela interação entre três fatores o ní vel de significância estatística o tamanho do efeito do tratamento e o tamanho da amos tra Keppel 1991 Todavia para finalidades práticas o tamanho da amostra é o principal fa tor que os pesquisadores usam para controlar o poder As diferenças no tamanho da amostra que são necessárias para detectar efeitos de tamanhos diferentes podem ser dramáticas Por exemplo Cohen 1988 mostra os tama nhos de amostras necessários para um expe Metodologia de pesquisa em psicologia 391 rimento com um desenho de grupos inde pendentes com uma variável independente manipulada em três níveis É necessário um tamanho de amostra de 30 para detectar um efeito grande do tratamento um tamanho de 76 para detectar um efeito médio e um tamanho de efeito de 464 para detectar um efeito pequeno do tratamento Portanto são necessárias 15 vezes mais participantes para se detectar um efeito pequeno do que para detectar um efeito grande O uso de medidas repetidas também pode afetar o poder das análises estatísticas que os pesquisadores empregam Confor me descrito no Capítulo 7 os experimen tos com medidas repetidas geralmente são mais sensíveis do que os experimentos com grupos independentes Isso se dá porque as estimativas da variação do erro geralmente são menores em experimentos com medidas repetidas A menor variação do erro leva a uma capacidade maior de detectar peque nos efeitos do tratamento em um experi mento E é exatamente isso que significa o poder de uma análise estatística a capaci dade de detectar pequenos efeitos do trata mento quando estão presentes Quando apresentamos o teste de sig nificância da hipótese nula sugerimos que cometer um erro do Tipo I é equivalente ao alfa 005 nesse caso De maneira lógica para se cometer esse tipo de erro a hipótese nula deve ser capaz de ser falsa Ainda as sim os críticos argumentam que a hipótese nula definida como zero diferença sempre é falsa pex Cohen 1995 p 1000 ou de um modo mais conservador raramente é verdadeira Hunter 1997 p 5 Se um efei to sempre ou quase sempre está presente ie existe mais que zero diferença entre as médias não podemos ou pelo menos é improvável cometer um erro afirmando que existe um efeito quando não existe Se guindo essa linha de raciocínio o único erro que somos capazes de cometer é um erro do Tipo II ver Hunter 1997 Schmidt e Hun ter 1997 Sugerimos que os erros do Tipo I ocorrem se a hipótese nula for considerada literalmente ou seja se realmente não hou ver diferença entre as médias populacionais ou se acreditarmos que em certas situações o efeito merece ser testado contra a hipótese de ausência de diferença ver Abelson 1997 Mulaik et al 1997 Como pesquisadores devemos ficar alertas para o fato de que em certas situações pode ser importante não concluir que um efeito está presente quando não está pelo menos não mais do que em um grau trivial ver Quadro 122 Os erros do Tipo II são prováveis de ocorrer quando o poder é baixo e o baixo poder tem caracterizado muitos estudos en Quadro 122 PODEMOS ACEITAR A HIPÓTESE NULA Apesar do que dissemos até aqui existem ca sos em que os pesquisadores decidem acei tar a hipótese nula em vez de simplesmente não rejeitála Yeaton e Sechrest 1986 p 836837 argumentam de maneira persuasiva que resultados de ausência de diferença são especialmente críticos na pesquisa aplicada Considere algumas questões que eles citam para ilustrar essa visão as crianças que são colocadas em creches são tão avançadas intelectualmente socialmente e emocional mente quanto as crianças que ficam em casa Uma nova droga mais barata e com menos efeitos colaterais é tão eficaz quanto o padrão existente para prevenir ataques cardíacos Essas questões importantes claramente ilustram situações em que aceitar a hipótese nula ausência de efeito envolve mais que uma questão teórica consequências de vida e morte dependem de tirar a conclusão corre ta Frick 1995 afirma que jamais aceitar a hi pótese nula não é desejável ou prático para a psicologia Pode haver ocasiões em que quei ramos poder dizer com confiança que não existe nenhuma diferença significativa ver também Shadish Cook e Campbell 2002 392 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister contrados na literatura o erro mais comum na pesquisa psicológica usando teste de significân cia da hipótese nula é o erro do Tipo II Apenas porque não obtemos significância estatística não significa que não haja nenhum efeito pex Schmidt 1996 De fato uma razão importante para obter uma medida do ta manho do efeito é que podemos comparar o efeito obtido com o encontrado em outros estudos independentemente de ser esta tisticamente significativo ou não Esse é o objetivo da metaanálise ver Capítulo 6 Embora um resultado não significativo não indique ausência de efeito se considerar mos que nosso estudo foi realizado com su ficiente poder um resultado não significati vo pode indicar que o efeito é tão pequeno que não justifica a nossa preocupação Para determinar o poder do seu estudo antes de realizálo você deve primeiro esti mar o tamanho do efeito previsto para o ex perimento Uma análise dos tamanhos dos efeitos obtidos em estudos anteriores para a variável independente de interesse deve orientar a sua estimativa Depois de estimar o tamanho do efeito você deve usar tabe las de poder para obter informações sobre o tamanho da amostra que deve usar para enxergar o efeito Esses passos para fazer uma análise do poder são descritos de for ma mais detalhada em vários livros de esta tística pex Zechmeister e Posavac 2003 e também é possível encontrar tabelas de poder na internet Quando você tem uma boa estimativa do tamanho do efeito que está testan do recomendase que você faça uma análise do poder antes de iniciar o projeto de pesquisa As tabelas de poder também são usadas após o estudo Quando um estudo foi con cluído e o resultado não é estatisticamente significativo o Manual de Publicação da APA 2010 recomenda que o poder do estudo seja informado Desse modo você pode co municar a outros pesquisadores a probabi lidade de detectar um efeito que houvesse Se essa probabilidade for baixa a comuni dade científica talvez decida se abster de ti rar conclusões sobre o significado dos seus resultados até que se faça uma replicação mais poderosa do estudo Por outro lado um resultado sem significância estatística de um estudo com suficiente poder pode sugerir para a comunidade científica que é um efeito que não merece ser investigado Teste de significância da hipótese nula comparando duas médias O teste inferencial apropriado ao com parar duas médias obtidas de grupos de sujeitos diferentes é o teste t para gru pos independentes Sempre se deve informar uma medida do tamanho do efeito ao usar teste de significância da hipótese nula O teste inferencial apropriado ao com parar duas médias obtidas dos mesmos sujeitos ou grupos pareados é o teste t para medidas repetidas intrassujeitos Ilustramos agora o uso do teste de sig nificância da hipótese nula ao se comparar a diferença entre duas médias Primeiro consi deramos um estudo envolvendo duas médias independentes Os dados para esse estudo são do exemplo do estudo do vocabulário que descrevemos no Capítulo 11 Depois consideramos uma situação em que existem duas médias dependentes ou seja quando foi usado um desenho de medidas repetidas Grupos independentes Lembremos que foi realizado um estudo no qual avaliouse o tamanho do vocabulário de estudantes universitários e de idosos O teste inferencial adequado para essa si tuação é o teste t para grupos independen tes Podemos usar esse teste para avaliar a diferença entre o desempenho percentual médio de amostras de estudantes universi tários e idosos em um teste de múltipla es colha Os programas estatísticos geralmente fornecem a probabilidade real de um t obti do como parte do resultado De fato o Ma nual de Publicação da APA 2010 aconselha que a probabilidade exata seja informada Metodologia de pesquisa em psicologia 393 Quando a probabilidade exata é menor do que 0001 pex p 00004 os programas estatísticos muitas vezes informam a proba bilidade como 0000 Esse foi o caso da aná lise discutida anteriormente É claro que a probabilidade exata não é 0000 mas algo abaixo de 0001 Portanto para o estudo do vocabulário que vínhamos discutindo o resultado do teste de estatística inferencial pode ser resu mido como t50 584 p 0001 No Capítulo 11 mostramos como se pode calcular um tamanho de efeito d para uma comparação entre duas médias Uma medida do tamanho de efeito sempre deve ser informada quando se usa teste de significância Você deve lembrar que no Capítulo 11 calculamos d para o estudo do vocabulário como 165 O d de Cohen também pode ser calculado a partir do resultado do teste t para grupos indepen dentes conforme a fórmula a seguir ver Rosenthal e Rosnow 1991 Ou seja Desenhos de medidas repetidas Até este ponto consideramos experimen tos envolvendo dois grupos independen tes de sujeitos Como você sabe também podemos fazer experimentos em que cada sujeito participa de cada condição do expe rimento ou usando sujeitos pareados em alguma medida relacionada com a variável dependente pex escores de QI peso Es ses experimentos são chamados de grupos pareados ver Capítulo 6 desenhos intras sujeitos ou desenhos de medidas repetidas ver Capítulo 7 A lógica do teste de signi ficância da hipótese nula é a mesma em um desenho de medidas repetidas do que em um desenho de grupos independentes To davia o teste t que compara as duas médias assume uma forma diferente em um dese nho de medidas repetidas Nessa situação o teste t geralmente é chamado t de diferença direta ou teste t para medidas repetidas in trassujeito Ao fazer uma análise assistida por computador com os sujeitos em ambas as condições do experimento você verá que os dados são inseridos de maneira diferente do que quando são testados grupos inde pendentes de sujeitos O numerador do t de medidas repeti das é a média dos escores de diferença e é algebricamente equivalente à diferença entre as médias amostrais ie O denominador é o erro padrão estimado dos escores da diferença ver Capítulo 11 A significância estatística é determinada com parando o t obtido com valores críticos de t com gl igual a N 1 Nesse caso N referese ao número de participantes ou pares de es cores no experimento Interpretase o t ob tido como se interpretaria o t obtido em um desenho de grupos independentes Conforme observado no Capítulo 11 avaliar o tamanho do efeito em um desenho de grupos pareados ou medidas repetidas é um pouco mais complexo do que para um desenho de grupos independentes ver Co hen 1988 e Rosenthal e Rosnow 1991 para informações pertinentes ao cálculo de d nes ses casos Significância estatística e significância científica ou prática Devemos reconhecer o fato de que a sig nificância estatística não é o mesmo que significância científica Também devemos reconhecer que a sig nificância estatística não é o mesmo que significância prática ou clínica Os testes de significância estatística são uma ferramenta importante na análise de re sultados de pesquisa Todavia devemos ter cuidado ao interpretar resultados estatistica mente significativos corretamente ver Qua dro 123 Também devemos ter cuidado para 394 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister não confundir um resultado estatisticamente significativo com um resultado cientifica mente significativo Se os resultados de um estudo são importantes para a comunidade científica ou não dependerá da natureza da variável em estudo os efeitos de algumas va riáveis são simplesmente mais importantes do que os de outras o quanto o estudo é sóli do resultados estatisticamente significativos podem ser obtidos com estudos malfeitos e outros critérios como o tamanho do efeito ver por exemplo Abelson 1995 De maneira semelhante a significân cia prática ou clínica de um efeito do tra Quadro 123 O QUE NÃO DEVEMOS DIZER QUANDO UM RESULTADO É ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVO P 005 Não podemos especificar a probabilidade exata para a diferença real entre as médias Por exemplo está errado dizer que a proba bilidade é de 095 de que a diferença obser vada entre as médias reflita uma diferença média real verdadeira nas populações O resultado do teste de significância da hipótese nula revela a probabilidade de uma diferença tão grande ocorrer por acaso con forme os dados supondose que a hipóte se nula seja verdadeira Ele não nos fala de probabilidades no mundo real pex Mulaik et al 1997 Se os resultados ocorrem com uma probabilidade menor que o nosso nível alfa escolhido pex 005 tudo que podemos concluir é que o resultado provavelmente não se deve ao acaso nessa situação Resultados estatisticamente significativos não demonstram que a hipótese de pesqui sa está correta Por exemplo os dados do estudo do vocabulário não provam que os idosos tenham maior conhecimento do vo cabulário do que os universitários O teste de significância da hipótese nula assim como os intervalos de confiança não pode provar que uma hipótese de pesquisa esteja correta Às vezes dizse de maneira razoável que um resultado estatisticamen te significativo corrobora ou fornece evi dências para uma hipótese mas não pode provar por si só que a hipótese de pesquisa esteja correta Existem algumas razões im portantes para tal Primeiro o teste de sig nificância da hipótese nula é um jogo de pro babilidades ele fornece respostas na forma de probabilidades que nunca são 100 pex p maior ou menor do que 005 Sempre há a possibilidade de erro Se houver prova é apenas prova circunstancial Como já vi mos a hipótese de pesquisa somente pode ser testada de forma indireta em referência à probabilidade desses dados supondo que a hipótese nula seja verdadeira Se a probabi lidade de que nossos resultados ocorreram por acaso for muito baixa supondo uma hi pótese nula verdadeira podemos dizer que a hipótese nula na verdade não é verdadeira todavia isso não significa que a nossa hipó tese de pesquisa seja verdadeira Conforme nos lembram Schmidt e Hunter 1997 p 59 os pesquisadores que usam o teste de sig nificância da hipótese nula não se concen tram na verdadeira hipótese científica de in teresse Além disso as evidências do efeito de uma variável independente são tão boas quanto a metodologia que produziu o efeito Os dados usados em testes de significância da hipótese nula podem ou não vir de um es tudo livre de variáveis confundidoras ou er ros experimentais É possível que outro fator seja responsável pelo efeito observado Por exemplo suponhamos que os idosos do es tudo do vocabulário mas não os estudantes universitários tenham sido recrutados de um grupo de jogadores especializados em pala vrascruzadas Como já mencionamos um tamanho de efeito grande pode ser obtido em um mau experimento Devemos buscar evidências para uma hipótese de pesquisa analisando a metodologia do estudo além de considerar o efeito produzido sobre a va riável dependente Os testes de significância da hipótese nula intervalos de confiança ou tamanhos de efeito não nos falam da solidez da metodologia de um estudo Metodologia de pesquisa em psicologia 395 tamento depende de fatores além da sig nificância estatística Entre eles a validade externa associada ao estudo o tamanho do efeito e diversas considerações práticas inclusive financeiras associadas à imple mentação do tratamento Mesmo um re sultado estatisticamente significativo mos trando um tamanho de efeito grande não é garantia de sua significância prática ou clínica Podese obter um tamanho de efei to muito grande como parte de um estu do que não generalize bem do laboratório para o mundo real ie tenha baixa vali dade externa assim os resultados podem ser de pouco valor para o psicólogo apli cado Além disso um efeito de tratamento relativamente grande que não generaliza bem para situações do mundo real talvez nunca seja aplicado por ser caro demais difícil demais de implementar controver so demais ou ter efeitos semelhantes de mais a tratamentos existentes Também é possível que com poder su ficiente um tamanho de efeito pequeno seja estatisticamente significativo Tamanhos de efeito pequenos podem não ter importân cia prática fora do laboratório Conforme descrito no Capítulo 6 a validade externa é uma questão empírica É importante fazer o estudo em condições semelhantes àquelas em que o tratamento será usado para verifi car se o resultado tem significância prática Todavia é improvável que façamos esses testes empíricos se o efeito for pequeno ver porém Rosenthal 1990 para exceções importantes Recomendações para comparar duas médias Fazemos as seguintes recomendações para quando se avaliam dados de um estudo com o objetivo de determinar a diferen ça entre duas médias Primeiro tenha em mente o objetivo final da análise de dados fazer um argumento baseado em nossas ob servações em favor de uma determinada hipótese sobre o comportamento Para fazer o melhor argumento possível você deve ex plorar diversas alternativas para a análise de dados Não caia na armadilha de pensar que existe uma maneira única de encontrar evidências para uma hipótese sobre o com portamento Quando existe uma opção e quase sempre existe conforme recomen dado pela Task Force on Statistical Inferen ce da APA Wilkinson et al 1999 use a análise mais simples possível Em segundo lugar ao usar o teste de significância da hi pótese nula certifiquese de entender suas limitações e aquilo que o resultado do tes te lhe permite dizer Sempre informe uma medida da magnitude do efeito ao usar o teste de significância da hipótese nula bem como uma medida do poder especialmente quando encontrar um resultado não signifi cativo Embora existam situações em que a informação sobre o tamanho do efeito não é necessária por exemplo ao testar uma previsão teórica apenas sobre a sua dire ção pex Chow 1988 essas situações são relativamente raras Em muitas situações de pesquisa e em quase todas as situações aplicadas as informações sobre o tamanho do efeito são um complemento importante e até necessário do teste de significância da hipótese nula Finalmente os pesquisadores devem perder o hábito de se basear unica mente no teste de significância da hipótese nula e informar os intervalos de confiança para tamanhos de efeito além de ou mesmo em vez dos valores de p associados aos re sultados de testes inferenciais O Manual de Publicação da APA 2010 recomenda vigoro samente o uso de intervalos de confiança Relatando resultados ao comparar duas médias Estamos agora em posição de propor uma declaração de resultados que leve em conta as informações obtidas em todos os três es tágios da análise de dados as informações complementares obtidas com o uso de inter valos de confiança Capítulo 11 e o teste de significância da hipótese nula bem como as recomendações do Manual de Publicação da APA 2010 com relação ao relatório dos re 396 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister sultados O Capítulo 13 traz mais informa ções sobre como relatar resultados usando o teste de significância da hipótese nula e um intervalo de confiança abreviado como IC na seção de Resultados Relatório dos resultados do estudo do vo cabulário Podemos relatar os resultados da seguinte maneira O desempenho médio no teste de múltipla escolha do vocabulário para estudantes universitários foi de 4558 DP 1046 a média para o grupo de idosos foi de 6404 DP 1227 Essa diferença foi estatistica mente significativa t50 584 p 0001 d 165 IC 95 1211 2481 Os partici pantes idosos neste estudo tiveram um vo cabulário maior do que os universitários Comentário Estatísticas descritivas nas formas de médias e desvios padrão resu mem o que aconteceu no experimento em função da variável independente idade Como a probabilidade exata foi menor que 0001 os resultados são relatados para p 0001 mas observe que devem ser informa das probabilidades exatas quando for 0001 ou maior A probabilidade exata transmite informações sobre a probabilidade de uma replicação exata Posavac 2002 Ou seja sabemos que os resultados são mais con fiáveis do que se tivesse sido obtido um valor exato maior para p Essa informação não é conhecida quando se informam ape nas intervalos de confiança A sentença que começa com os participantes idosos neste estudo resume em palavras o que a aná lise estatística revelou Sempre é importante dizer diretamente ao seu leitor o que a aná lise mostra Isso se torna cada vez mais im portante à medida que aumentam o número e a complexidade das análises realizadas e relatadas em um estudo O tamanho de efeito ie d também é informado confor me recomenda o Manual de Publicação da APA Essa informação é valiosa para pes quisadores que fazem metaanálises e que desejam comparar resultados de estudos que usam variáveis semelhantes Por outro lado os intervalos de confiança proporcio nam uma variedade de tamanhos de efeito possíveis em termos de diferenças reais en tre médias e não um valor único como o d de Cohen Como zero não está contido no intervalo sabemos que o resultado seria es tatisticamente significativo ao nível de 005 ver Capítulo 11 Todavia como enfatiza o Manual da APA os intervalos de confiança fornecem informações sobre a precisão da estimativa e a localização do efeito que não são fornecidas apenas pelo teste de signifi cância da hipótese nula Lembre do Capí tulo 11 que quanto menor o intervalo de confiança mais precisa a nossa estimativa Análise do poder Quando sabemos o ta manho do efeito podemos determinar o poder estatístico de uma análise O poder como você deve lembrar é a probabilidade de se obter um efeito estatisticamente signi ficativo Suponhamos que um estudo ante rior do tamanho do vocabulário comparan do indivíduos jovens e idosos produzisse um tamanho de efeito de 050 um efeito médio segundo a regra básica de Cohen 1988 Podemos usar as tabelas de poder criadas por Cohen para determinar o núme ro de participantes necessários em um teste de diferenças entre médias para enxergar um efeito de tamanho 050 com alfa 005 A tabela de poder identifica o poder associado a diversos tamanhos de efeito em função do tamanho da amostra O tamanho da amos tra em cada grupo de um estudo de dois grupos teria que ser de aproximadamente 64 para alcançar um poder de 080 para um teste bicaudal Procurando um tamanho de efeito médio precisaríamos de um total de 128 64 x 2 participantes para obter signi ficância estatística em 8 de 10 rodadas Se os pesquisadores estivessem procurando um efeito médio seu estudo de vocabulário teria tido poder insuficiente Na realidade prevendo um tamanho de efeito grande uma amostra de tamanho 26 foi adequada para obter poder de 080 Se o resultado não for estatisticamente significativo devese informar uma estima Metodologia de pesquisa em psicologia 397 tiva do poder Se por exemplo usando um desenho com grupos independentes o resul tado foi t28 196 p 005 com um tama nho de efeito de 050 podemos determinar o poder do estudo a posteriori Pressupondo grupos de mesmo tamanho no estudo sabe mos que havia 15 sujeitos em cada grupo gl n1 n2 2 ou 28 15 15 2 Uma aná lise do poder revelará que o poder para esse estudo é 026 Um resultado estatisticamen te significativo seria obtido em apenas uma em cada quatro tentativas com esse tamanho de amostra e quando se deve encontrar um efeito médio 050 Nesse caso os pesquisa dores teriam que decidir se deveriam tirar conclusões práticas ou teóricas com base nesse resultado ou se são necessárias mais pesquisas Se você decidir fazer estudos avançados em psicologia será importante aprender mais sobre análise de poder Análise de dados envolvendo mais de duas condições Por enquanto discutimos os estágios da aná lise de dados no contexto de um experimen to com duas condições ou seja dois níveis de uma variável independente O que acon tece quando temos mais de dois níveis con dições ou como ocorre muitas vezes em psicologia mais de duas variáveis indepen dentes O procedimento estatístico usado com mais frequência para analisar os resul tados de experimentos psicológicos nessas situações é a análise de variância ANOVA Ilustramos como a ANOVA é usada para testar hipóteses nulas em quatro situações de pesquisa específicas análise unifatorial de desenhos com grupos independentes análi se unifatorial para desenhos de medidas re petidas análise bifatorial para desenhos com grupos independentes e análise bifatorial para desenhos mistos Recomendamos que antes de avançar você revise as informações apresentadas nos Capítulos 6 7 e 8 que des crevem esses desenhos de pesquisa ANOVA para desenho unifatorial com grupos independentes A análise de variância ANOVA é um teste estatístico inferencial usado para determinar se uma variável indepen dente teve um efeito estatisticamente significativo sobre uma variável de pendente EXERCÍCIO UM TESTE PARA SUA COMPREENSÃO SOBRE O TESTE DE SIGNIFICÂNCIA DA HIPÓTESE NULA Como deve estar claro agora entender apli car e interpretar resultados de um teste de significância da hipótese nula não é tarefa fácil Mesmo pesquisadores experientes oca sionalmente cometem enganos Para ajudá lo a evitar os erros propomos um teste de verdadeiro ou falso baseado nas informações apresentadas por enquanto sobre o teste de significância da hipótese nula Suponhamos que um desenho de grupos independentes tenha sido usado para avaliar o desempenho de participantes em um grupo experimental e um grupo controle Cada con dição tinha 12 participantes e os resultados do teste de significância da hipótese nula com alfa definido em 005 revelaram t22 452 p 0006 Verdadeiro ou falso O pesquisa dor pode concluir de maneira razoável e com base nesse resultado que 1 A hipótese nula deve ser rejeitada 2 A hipótese de pesquisa é verdadeira 3 Os resultados têm importância científica 4 A probabilidade de que a hipótese nula seja verdadeira é de apenas 0006 5 A probabilidade de encontrar significância estatística no nível 005 se o estudo fosse replicado é maior do que se a probabilidade exata tivesse sido 002 398 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister A lógica da análise de variância baseia se em identificar fontes de variação do erro e variação sistemática nos dados O teste F é um teste estatístico que re presenta a razão entre a variação entre grupos e a variação dentro dos grupos nos dados Os resultados da análise geral inicial de um teste F abrangente são apresentados em uma tabela síntese de análise de va riância podemse usar comparações de duas médias para identificar fontes es pecíficas de variação sistemática em um experimento Embora a análise de variância possa ser usada para decidir se uma variável independente teve um efeito estatisti camente significativo os pesquisadores analisam a estatística descritiva para interpretar o significado dos resultados do experimento Medidas do tamanho do efeito para de senhos com grupos independentes in cluem o eta quadrado η 2 e o f de Cohen Podemos fazer uma análise do poder para desenhos de grupos independen tes antes de implementar o estudo para determinar a probabilidade de encon trar um efeito estatisticamente significa tivo devendose informar o poder sem pre que forem encontrados resultados não significativos baseados no teste de significância da hipótese nula Podemos fazer comparações entre duas médias para identificar fontes específi cas de variação sistemática que contri buem para um teste F abrangente esta tisticamente significativo Visão geral A inferência estatística exige um teste para determinar se o resultado de um experimento foi estatisticamente signifi cativo ou não O teste estatístico inferencial mais usado na análise de experimentos em psicologia é a ANOVA Conforme implica seu nome a análise de variância baseiase em analisar diferentes fontes de variação em um experimento Nesta seção apresenta mos brevemente como a análise de variân cia é usada para analisar experimentos que envolvam grupos independentes com uma variável independente ou o que se chama de desenho unifatorial de grupos indepen dentes Embora a ANOVA seja usada para analisar os resultados de desenhos com gru pos aleatórios ou grupos naturais os pres supostos que fundamentam a ANOVA se aplicam estritamente apenas ao desenho de grupos aleatórios Existem duas fontes de variação em qualquer experimento com grupos aleató rios Primeiro podese esperar que haja va riação dentro de cada grupo por causa de di ferenças individuais entre sujeitos que foram colocados aleatoriamente em um grupo A variação devida a diferenças individuais não pode ser eliminada mas presumese que ela seja equilibrada entre os grupos quando se usa divisão aleatória Em um experimento conduzido corretamente as diferenças entre os sujeitos dentro de cada grupo devem ser a única fonte de variação do erro Os partici pantes de cada grupo devem receber instru ções do mesmo modo e o nível da variável independente ao qual foram atribuídos deve ser implementado do mesmo modo para cada membro do grupo ver Capítulo 6 A segunda fonte de variação no desenho com grupos aleatórios é a variação entre os grupos Se a hipótese nula for verdadeira não existem diferenças entre os grupos quaisquer diferenças observadas entre as médias dos grupos podem ser atribuídas à variação do erro pex as diferentes ca racterísticas dos participantes nos grupos Todavia como vimos anteriormente não es peramos que as médias amostrais sejam exa tamente idênticas Flutuações produzidas por erros amostrais tornam provável que as médias variem um pouco essa é a variação do erro Assim a variação entre as diferen tes médias grupais quando se supõe que a hipótese nula seja verdadeira proporcio na uma segunda estimativa de variação do erro em um experimento Se a hipótese nula for verdadeira essa estimativa de variação do erro entre grupos deve ser semelhante à estimativa de variação do erro dentro dos Metodologia de pesquisa em psicologia 399 grupos Assim o desenho com grupos alea tórios proporciona duas estimativas inde pendentes de variação do erro uma dentro dos grupos e outra entre os grupos Suponhamos agora que a hipótese nula seja falsa Ou seja suponhamos que a variá vel independente tenha tido efeito em seu experimento Se a variável independente teve efeito as médias para os diferentes grupos devem ser diferentes Uma variá vel independente que tem efeito sobre o comportamento deve produzir diferenças sistemáticas nas médias entre os diferentes grupos do experimento Ou seja a variável independente deve introduzir uma fonte de variação entre os grupos do experimen to ela deve fazer os grupos variarem Essa variação sistemática será acrescentada às diferenças na média grupal que já estão presentes por causa da variação do erro Ou seja a variação entre os grupos aumentará O teste F Estamos agora em posição de desenvolver um par estatístico que nos permita dizer se a variação devida à nossa variável independente é maior do que seria de esperar com base apenas na variação do erro Esse teste se chama F seu nome vem de Ronald Fisher o estatístico que criou o teste A definição conceitual do teste F é Variação entre os grupos Variação dentro dos grupos Se a hipótese nula for verdadeira não existe variação sistemática entre os grupos a variável independente não tem efeito e o teste F resultante tem um valor espera do de 100 pois a variação do erro dividi da pela variação do erro seria igual a 100 Todavia à medida que aumenta a variação sistemática o valor esperado do teste F se torna maior que 100 A análise de experimentos seria mais fácil se pudéssemos isolar a variação sistemática produzida pela variável independente Infe lizmente a variação sistemática entre os gru pos ocorre em um pacote juntamente com a variação do erro Consequentemente o va lor do teste F às vezes pode ser maior do que 100 simplesmente porque nossa estimativa da variação do erro entre os grupos é maior do que a nossa estimativa da variação do erro dentro dos grupos ie as duas estimativas devem ser semelhantes mas podem diferir em decorrência de fatores fortuitos Quanto maior que 100 deve ser a estatística F antes que possamos ter relativa certeza de que ele reflete a variação sistemática verdadeira devi da à variável independente Nossa discussão anterior sobre a significância estatística traz uma resposta para essa questão Para ser es tatisticamente significativo o valor de F deve ser suficientemente grande para que sua pro babilidade de ocorrer se a hipótese nula for verdadeira seja menor do que o nosso nível escolhido de significância geralmente 005 Agora estamos prontos para aplicar os princípios do teste de significância da hipó tese nula e os procedimentos da ANOVA para analisar um experimento específico Análise do desenho unifatorial de grupos independentes O primeiro passo para fa zer um teste estatístico inferencial como o teste F é formular a pergunta de pesquisa que a análise visa responder Geralmente ela toma a forma de a variável independen te tem algum efeito geral sobre o desempe nho Uma vez que a pergunta de pesquisa está clara o próximo passo é desenvolver uma hipótese nula para a análise O experi mento que discutiremos como exemplo ana lisa o efeito de vários tipos de treinamento da memória sobre a retenção de memórias Existem quatro níveis condições dessa va riável independente e consequentemente quatro grupos de participantes Cada amos tra ou grupo representa uma população A análise geral inicial do experimento se cha ma teste F abrangente A hipótese nula para esses testes abrangentes é que todas as mé dias populacionais são iguais Lembre que a hipótese nula pressupõe que a variável independente não tem efeito A declaração formal de uma hipótese nula H0 sempre é 400 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister feita em termos de características populacio nais Essas características são indicadas por letras gregas e a média populacional é sim bolizada como µ mu Podemos usar um subscrito para cada média para representar os níveis da variável independente Nossa hipótese nula então se torna H0 µ1 µ2 µ3 µ4 A alternativa à hipótese nula é que uma ou mais das médias das populações não sejam iguais Em outras palavras a hipótese alter nativa H1 afirma que H0 está errada existe diferença em algum lugar A hipótese alter nativa se torna H1 NÃO H0 Se o tipo de treinamento da memória tiver efeito sobre a retenção ie se a variável in dependente produz variação sistemática devemos rejeitar a hipótese nula Os dados apresentados na Tabela 122 representam o número de palavras lem bradas corretamente em um total possível de 20 em um teste de retenção em um ex perimento que investigou técnicas de trei namento da memória Cinco participantes foram divididos aleatoriamente em quatro grupos definidos pelo método de estudo que os indivíduos foram instruídos a usar para aprender as palavras em preparação para o teste de memória O método de controle não envolvia instruções específi cas mas nos três grupos experimentais os participantes eram instruídos a estudar formando uma história com as palavras a lembrar método da história usar imagi nação visual método da imagem ou usar rimas para lembrar as palavras método da rima A variável independente manipulada é instrução e pode ser simbolizada pela letra A Os níveis dessa variável indepen dente podem ser diferenciados usando os símbolos a1 a2 a3 e a4 para os quatro grupos respectivos O número de participantes em cada grupo é chamado de n nesse caso n 5 O número total de indivíduos no expe rimento é simbolizado como N nesse caso N 20 Um passo importante na análise de qualquer experimento é montar uma ma triz de dados como a apresentada na Tabela 122 O número de respostas corretas é lista do para cada pessoa em cada um dos quatro grupos com cada participante identificado com um número individual Para entender os resultados de um experimento é essen cial sintetizar os dados antes de analisar o resultado do ANOVA No final da matriz de dados são fornecidas a média o intervalo de amplitude escores mínimos e máximos e o desvio padrão para cada grupo Antes de analisar a significância de qualquer teste inferencial tente ter uma no ção do que a estatística sintética está lhe di zendo Veja se existe um efeito visível da Tabela 122 Número de palavras lembradas em um experimento de memória Instrução A Sujeito Controle a1 Sujeito História a2 Sujeito Imagem a3 Sujeito Rima a4 1 12 6 15 11 16 16 14 2 10 7 14 12 16 17 14 3 9 8 13 13 13 18 15 4 11 9 12 14 12 19 12 5 8 10 12 15 15 20 12 Média 100 132 144 134 Desvio padrão 16 13 18 13 Amplitude 812 1215 1216 1215 Metodologia de pesquisa em psicologia 401 variável independente ou seja veja se existe variação substancial entre as médias Anali sando as variações e desvios padrão tenha uma ideia da variabilidade em cada grupo Lembrese quanto menos os escores variam ao redor de suas médias amostrais maior a chance de se enxergar um efeito presente A amplitude ou a diferença entre os valores mínimos e máximos é útil para identificar efeitos de piso e teto Será que a variabilidade entre os grupos é semelhante É importante que a variação seja relativamente homogê nea pois grandes discrepâncias na variabili dade dentro dos grupos podem criar proble mas de interpretação com o uso da ANOVA Nossa análise da estatística resumo re vela que parece haver variação sistemática entre as médias a maior diferença é obser vada entre o Controle 100 e o Grupo Ima gem 144 Todas as médias experimentais são maiores do que a média do Controle Observe que a amplitude é semelhante para todos os grupos os desvios padrão também são razoavelmente semelhantes Isso atesta a homogeneidade similaridade da variân cia entre os grupos Muitos programas de computador fornecem um teste da homo geneidade da variância juntamente com o resultado da ANOVA Além disso uma análise dos escores mais altos em cada gru po mostra que não existem problemas com efeitos de teto nesse conjunto de dados pois o total possível era 20 O próximo passo em uma análise de variância é fazer os cálculos necessários para obter as estimativas da variação que formam o numerador e o denominador do teste F Os cálculos para testes F devem ser feitos com o uso do computador Portanto iremos nos concentrar na interpretação dos resultados dos cálculos Os resultados de uma análise de variância são apresentados na Tabela Resumo da Análise de Variância ver Tabela 123 Interpretando a Tabela Resumo da ANOVA A tabela do teste F abrangente para o dese nho de grupos independentes usado para analisar o efeito do treinamento de memó ria é apresentada na Tabela 123 Lembre que havia quatro grupos de tamanho n 5 e assim N 20 É criticamente importante que você saiba o que a Tabela Resumo da ANOVA contém Por isso analisaremos os componentes da tabela resumo antes de passarmos aos resultados do teste F para o experimento A coluna da esquerda da tabela resu mo lista as duas fontes de variação descri tas anteriormente Neste caso a variável independente do grupo de treinamento Grupo é uma fonte de variação entre os grupos e as diferenças dentro dos grupos proporcionam uma estimativa da variação do erro A variação total no experimento é a soma da variação entre e dentro dos gru pos A terceira coluna mostra os graus de liberdade gl De um modo geral o concei to estatístico de graus de liberdade é defini do como o número de entradas de interes se menos 1 Como são 4 níveis da variável independente treinamento existem 3 gl entre os grupos Cada grupo contém 5 par ticipantes de modo que existem 4 gl ou n 1 em cada um dos quatro grupos Como todos os 4 grupos são do mesmo tamanho podemos determinar o gl dentro dos gru pos multiplicando o gl de cada grupo pelo número de grupos 4 x 4 totalizando 16 gl O gl total é o número de sujeitos menos 1 N 1 ou a soma do gl entre os grupos com o gl dentro dos grupos 3 16 19 Tabela 123 Tabela Resumo da Análise de Variância para um experimento sobre a memória Fonte Soma dos quadrados gl Média ao quadrado Razão F p Grupo 5455 3 1818 780 0002 Erro 3720 16 233 Total 9175 19 402 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister A soma dos quadrados SQ e a média ao quadrado MQ são calculadas para ob ter a estatística F A MQ entre os grupos linha 1 é uma estimativa da variação siste mática mais a variação do erro e é calculada dividindo a SQ entre os grupos pelos gl en tre os grupos 54553 1818 A MQ den tro dos grupos linha 2 é uma estimativa da variação do erro e é calculada dividindo a SQ pelos gl dentro dos grupos 372016 233 O teste F é calculado dividindo a MQ entre os grupos pela MQ dentro dos grupos 1818233 780 Estamos prontos para usar as informa ções da tabela resumo para testar a signifi cância estatística dos resultados do experi mento com treinamento de memória Talvez você já possa prever a conclusão sabendo que quando se pressupõe que a hipótese nula seja verdadeira ie a variável inde pendente não tem efeito a estimativa de variação sistemática mais a variação do erro numerador do teste F deve ser aproximada mente igual à estimativa da variação do erro denominador do teste F Como vemos aqui a estimativa de variação sistemática mais va riação do erro 1818 é muito maior do que a estimativa de variação do erro 233 O valor F obtido nessa análise 780 apa rece na penúltima coluna da tabela resumo A probabilidade de obter um F de 780 se a hipótese nula fosse verdadeira é mostrada na última coluna da tabela resumo 0002 A probabilidade obtida de 0002 é menor do que o nível de significância α 005 de modo que rejeitamos a hipótese nula e con cluímos que o efeito geral do treinamento da memória é estatisticamente significativo Os resultados do teste de significância da hipó tese nula usando ANOVA seriam sintetiza dos em seu relatório de pesquisa como F3 16 780 p 0002 A estatística F é identificado por seus graus de liberdade Neste caso existem 3 gl entre os grupos e 16 gl dentro dos grupos ie 3 16 Observe que a probabilidade exa ta ie 0002 é informada pois nos dá infor mações sobre a probabilidade de replicação O que aprendemos quando encontra mos um resultado estatisticamente signifi cativo em uma análise de variância usada para testar uma hipótese nula abrangente De certo modo aprendemos algo muito importante Estamos agora em posição de dizer que manipular a variável indepen dente gerou uma mudança no desempe nho ie a memória dos participantes para as palavras a serem lembradas Em outro sentido simplesmente saber que nosso resultado é estatisticamente significativo nos diz pouco sobre a natureza do efeito da variável independente A estatística descritiva em nosso exemplo o número médio de palavras lembradas conforme apresentado na Tabela 122 nos permite descrever a natureza do efeito Observe que somente analisando o padrão de mé dias grupais é que começamos a entender o que aconteceu em nosso experimento em função da variável independente Nunca tente interpretar um resultado estatisticamen te significativo sem se referir à estatística des critiva correspondente Embora saibamos que o teste F abran gente foi estatisticamente significativo não sabemos o grau de relação entre as variáveis independentes e dependentes e assim devemos calcular um tamanho de efeito para nossa variável independen te Com base apenas no teste abrangente também somos incapazes de dizer qual das médias grupais diferiam significativamen te Felizmente existem técnicas de análise que nos permitem localizar mais especifi camente as fontes de variação sistemática em nossos experimentos Uma abordagem que é altamente recomendada é o uso de intervalos de confiança ver Capítulo 11 Os intervalos de confiança podem forne cer evidências do padrão de médias popu lacionais estimadas por nossas amostras ver especialmente o Quadro 115 Outra técnica é a de comparar duas médias Pri meiramente discutimos uma medida do tamanho do efeito para a ANOVA para grupos independentes bem como a aná lise do poder para esse desenho e depois Metodologia de pesquisa em psicologia 403 voltamos nossa atenção para comparações entre duas médias Calculando o tamanho do efeito para desenhos com três ou mais grupos independentes Anteriormente mencionamos que a litera tura da psicologia continha muitas medidas diferentes de magnitude de efeitos que de pendiam do desenho de pesquisa específico do teste estatístico e de outras peculiarida des da situação de pesquisa pex Cohen 1992 Kirk 1996 Rosenthal e Rosnow 1991 Quando conhecemos uma medida da mag nitude do efeito geralmente podemos tra duzila para outra medida comparável sem muita dificuldade Uma classe importante de medidas da magnitude do efeito que se aplica a experimentos com mais de dois grupos baseiase em medidas da força da associação Kirk 1996 O que essas me didas têm em comum é que elas permitem fazer estimativas da proporção da variân cia total explicada pelo efeito da variável independente sobre a variável dependente Uma medida popular da força da associa ção é o eta quadrado ou η 2 Ele é calculado facilmente com base em informações encon tradas na Tabela Resumo da ANOVA Ta bela 123 para o teste F abrangente embora muitos programas de computador apresen tem o eta quadrado automaticamente como medida do tamanho do efeito O eta qua drado é definido como Soma dos quadrados entre os grupos Soma total de quadrados Em nosso exemplo ver Tabela 123 eta quadrado η 2 O eta quadrado também pode ser calculado diretamente a partir da razão F para o efeito entre os grupos quando não tivermos a ta bela da ANOVA ver Rosenthal e Rosnow 1991 p 441 Fgl efeito Fgl efeito gl erro eta quadrado η 2 ou em nosso exemplo eta quadrado η 2 Outra medida criada por J Cohen para desenhos com três ou mais grupos in dependentes é o f ver Cohen 1988 É uma medida padronizada do tamanho do efei to semelhante ao d que como vimos era útil para avaliar tamanhos de efeito em um experimento com dois grupos Todavia ao contrário de d que define um efeito em ter mos da diferença entre duas médias o f de Cohen define um efeito em termos de uma medida da dispersão entre médias grupais Tanto d quanto f expressam o efeito em relação ao ie padronizado com desvio padrão intrapopulacional Cohen propôs diretrizes para interpretar f Especificamen te ele sugere que efeitos pequenos médios e grandes correspondem a valores de f de 010 025 e 040 O cálculo de f não pode ser feito facilmente com as informações apre sentadas na Tabela Resumo da ANOVA Tabela 123 mas pode ser obtido sem mui ta dificuldade depois que se conhece o eta quadrado ver Cohen 1988 como ou em nosso exemplo Podemos então concluir que o treina mento da memória explicou 059 da variân cia total na variável dependente e produziu um tamanho de efeito padronizado f de 120 Com base nas diretrizes de Cohen para interpretar f 010 025 040 fica claro que o treinamento da memória teve um efeito grande sobre os escores da memória Avaliando o poder para desenhos com grupos independentes Uma vez que se sabe o tamanho do efeito podemos obter uma estimativa do poder para um determinado tamanho de amostra 404 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister e graus de liberdade associados ao numera dor efeito entre os grupos da razão F Em nosso exemplo definimos alfa como 005 o experimento foi feito com n 5 e gl 3 para o efeito entre os grupos número de grupos menos 1 O tamanho de efeito f associado ao nosso conjunto de dados é muito gran de 120 e não existe razão para fazer uma análise de poder para esse efeito grande que era estatisticamente significativo Todavia suponhamos que a ANOVA em nosso exemplo gerasse um F não significativo e que o tamanho do efeito fosse f 040 um efeito ainda grande segundo as diretrizes de Cohen Uma questão importante a responder é qual era o poder do nosso experimento Qual é a probabilidade de vermos um efei to desse tamanho com um alfa de 005 um tamanho de amostra de n 5 e gl 3 para nosso efeito Uma análise de poder revela que nessas condições o poder era de 026 Em outras palavras a probabilidade de obter significância estatística nessa situação era de apenas 026 Obteríamos um resultado signi ficativo em aproximadamente um quarto das tentativas nessas condições O experimento seria considerado de baixo poder e não seria razoável pensar que o teste de significância da hipótese nula não revelou um resultado significativo pois estaríamos ignorando o fato importantíssimo de que o efeito da nossa variável independente de fato era grande Ainda que possa ser importante apren der sobre o poder a posteriori particular mente quando obtemos um resultado não significativo com base no teste de signifi cância da hipótese nula de maneira ideal a análise do poder deve ser feita antes do experimento para revelar a probabilidade a priori de encontrar um efeito estatisticamen te significativo O pesquisador que começa um experimento sabendo que o poder é de apenas 026 parece estar desperdiçando tempo e recursos pois as chances de não en contrar um efeito significativo são de 074 Portanto vamos supor que o experimento ainda não ocorreu e que o pesquisador revi sou a literatura sobre o treinamento da me mória e observou que outros pesquisadores da área costumam obter um efeito grande Vamos supor também que o pesquisador quer que o poder seja de 080 no experimen to Como o poder costuma aumentar com o tamanho da amostra ele desejará saber qual deve ser o tamanho da amostra para encon trar um efeito grande com poder 080 A análise do poder mostra isso e o pesquisa dor deve considerar essa informação antes de fazer o experimento Comparando médias em experimentos com grupos múltiplos Conforme observado saber que algo acon teceu em um experimento unifatorial com grupos múltiplos não costuma ser muito in teressante Geralmente fazemos pesquisas ou pelo menos deveríamos com hipóteses mais específicas em mente do que essa variável terá um efeito sobre a variável dependente Os resultados do F abrangen te ou uma medida do tamanho de efeito geral não nos dizem quais médias são sig nificativamente diferentes de quais outras médias Não podemos por exemplo olhar as quatro médias em nosso experimento da memória e dizer que a média da imagem é significativamente diferente da média da história Os resultados do F abrangente simplesmente nos dizem que existe varia ção entre todos os grupos a qual é maior do que seria de esperar devido ao acaso nessa situação Podemos sugerir dois modos comple mentares de aprender mais sobre o que aconteceu em um experimento unifatorial com grupos múltiplos Uma abordagem é analisar o padrão provável de médias po pulacionais calculando intervalos de con fiança de 95 para as médias estimadas em nosso experimento Essa abordagem foi ilustrada no Capítulo 11 quando mos tramos como os intervalos de confiança podem ser usados para comparar médias em um experimento com grupos múltiplos Os intervalos de confiança podem ser usa dos para tomar decisões sobre as diferenças prováveis entre as médias populacionais Metodologia de pesquisa em psicologia 405 que são estimadas pelas médias de nossos grupos experimentais Essas decisões são tomadas analisando se os intervalos de con fiança se sobrepõem e no caso positivo até que grau ver especialmente Quadro 115 Lembre que a amplitude dos intervalos de confiança fornece informações sobre a pre cisão de nossas estimativas A construção de intervalos de confian ça para o experimento da memória segue o procedimento apresentado no Capítulo 11 Como a raiz quadrada da MQerro da Tabela Resumo da ANOVA é equivalente a Sagrupado podemos definir o intervalo de confiança de 95 como onde tcrit é o valor de t com o número de graus de liberdade associados à MQerro Em nosso exemplo os graus de liberda de para a MQerro são 16 ver Tabela Resumo da ANOVA e o tcrit no nível de 005 teste bicaudal é 212 Portanto Os resultados baseados na construção de intervalos de confiança para o experi mento da memória são mostrados na Figura 121 Você deve ser capaz de interpretar es ses resultados mas veja o Quadro 115 do Capítulo 11 se precisar de um lembrete Uma segunda abordagem usa o teste de significância da hipótese nula e concentra se em um pequeno conjunto de compara ções entre dois grupos para especificar a fonte do efeito geral de nossa variável in dependente Uma comparação entre duas médias permite que o pesquisador se con centre em uma determinada diferença de interesse Essas comparações podem ser bastante sofisticadas por exemplo compa rar a média de dois ou mais grupos em um experimento com a média de outro grupo ou a média de dois ou mais outros grupos Todavia na maior parte do tempo estamos interessados na diferença entre apenas duas médias que são representadas por grupos individuais Essas comparações entre duas médias geralmente são feitas depois que de terminamos que o nosso teste F abrangente é estatisticamente significativo Uma abordagem para fazer compara ções entre duas médias é usar um teste t todavia existe uma pequena modificação na maneira como t é calculado para compa 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Experimento de treinamento da memória Média da recordação Controle História Rimas Imagem Condições Figura 121 Médias e intervalos de confiança de 95 para o experimento de treinamento da memória 406 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister rar médias em um experimento de grupos múltiplos Especificamente devemos usar uma estimativa da variância agrupada ba seada na estimativa da variação dentro dos grupos MQerro encontrada em nosso teste F abrangente Ou seja nossa estimativa da variância usa informações obtidas de todos os grupos em nosso experimento e não ape nas os dois grupos de interesse Portanto a fórmula para esse teste t é O valor para a MQerro é obtido a partir da Tabela Resumo da ANOVA de nosso tes te F e os graus de liberdade para o teste t de comparação são aqueles associados à MQer ro ou kn 1 onde k número de grupos Por exemplo a MQ dentro dos grupos erro para a análise apresentada na Tabela 123 é 233 com 16 graus de liberdade 45 1 16 Uma comparação entre duas médias que podemos fazer para o experimento da memória é comparar o desempenho médio para os grupos que fizeram treinamento da memória combinado e o grupo controle A retenção média para os três grupos de treinamento da memória é 1367 n 15 e a média para o grupo controle é 1000 n 5 Podemos perguntar o treinamento da memória independentemente do tipo ie história imagem rimas leva a mais reten ção da memória do que a ausência de trei namento de memória controle A hipótese nula é que as duas médias populacionais não difiram e as médias amostrais difiram apenas pelo acaso Quando os valores ade quados são substituídos na fórmula de t apresentada anteriormente observamos um efeito estatisticamente significativo t16 466 p 00003 Assim o treinamento da memória nesse experimento independente mente do tipo resultou em maior retenção da memória para as palavras comparado com a ausência de treinamento Podese ver que essa afirmação é mais específica do que a afirmação que poderíamos fazer com base no teste F abrangente segundo o qual pode ríamos dizer apenas que a variação entre as quatro condições do experimento era maior do que a esperada apenas pelo acaso O d de Cohen pode ser calculado para comparações entre duas médias usando os resultados do teste t A fórmula para o d de Cohen nessa situação é Para a comparação entre os três gru pos que fizeram treinamento da memória e o grupo controle substituindo o valor de 466 na fórmula e com 16 glerro o tamanho de efeito d é 233 Segundo os critérios de Cohen para tamanhos de efeito isso pode ser interpretado como um efeito grande da instrução da memória em relação à ausên cia de instrução Quando usamos um teste t queremos tomar uma decisão entre rejeitar ou não rejeitar a hipótese nula com uma probabi lidade específica pex p 005 Conforme observamos anteriormente a probabili dade exata associada ao resultado do teste de significância da hipótese nula pode ser importante ao interpretar resultados pex Posavac 2002 Quanto menor a probabili dade exata maior será a probabilidade de que uma replicação exata permita rejeitar a hipótese nula com p 005 ver Zechmeis ter e Posavac 2003 No mínimo queremos informar a menor probabilidade de signifi cância estatística para a qual temos informa ções Os computadores fornecem de forma automática a probabilidade exata do resul tado do teste Os resultados da comparação t também permitem contrastar resultados com estu dos anteriores de duas maneiras Primeiro podemos observar se os resultados da sig nificância estatística em nosso experimen to são semelhantes aos observados em um experimento anterior Ou seja será que nós replicamos um resultado estatisticamente significativo Em segundo lugar podemos calcular um tamanho de efeito pex d de Cohen para essa comparação entre duas médias que pode ser comparado com efeitos Metodologia de pesquisa em psicologia 407 obtidos em experimentos anteriores talvez como parte de uma metaanálise Nenhuma dessas comparações é fácil de fazer usando intervalos de confiança Ou seja ao contrário do teste de significância da hipótese nula os intervalos de confiança não proporcionam uma probabilidade exata associada a uma diferença observada em nosso experimento e o cálculo do tamanho do efeito pode ser realizado de forma mais direta após o teste t ver Capítulo 11 Em suma sugerimos que você olhe seus dados e diferenças entre médias usando mais de uma técnica estatística procurando evi dências para o que aconteceu por meio de diferentes abordagens de análise de dados Será necessário é claro preparar um re latório escrito dos resultados do seu experi mento No Capítulo 13 ajudamos a fazer isso com um exemplo de texto típico para apre sentar os resultados baseado nas recomen dações do Manual de Publicação da APA 2010 Análise de variância de medidas repetidas Os procedimentos gerais e a lógica para o teste de significância da hipótese nula usando análise de variância de medidas repetidas assemelhamse aos usados para a análise de variância de grupos independentes Antes de começar a análise de variância para um desenho de medidas repetidas completo devese calcular um escore resumo pex média mediana para cada participante de cada condição Dados descritivos são calculados para sintetizar o comportamento para cada condição da variável independente en tre todos os participantes A principal maneira em que a análise de variância para medidas repetidas difere é na estimativa da variação do erro ou variação residual a variação residual é a variação que resta quando a variação sistemática devida à variável indepen dente e aos sujeitos é removida da esti mativa de variação total A análise de experimentos usando de senhos de medidas repetidas envolve os mesmos procedimentos gerais usados na análise de experimentos com o desenho de grupos independentes Os princípios do teste de significância da hipótese nula são aplicados para determinar se as diferenças obtidas no experimento são maiores do que se esperaria com base apenas na variação do erro A análise começa com uma análi se geral da variância para determinar se a variável independente produziu alguma variação sistemática entre os níveis da va riável independente Se essa análise geral se mostrar estatisticamente significativa podemse usar intervalos de confiança e comparações entre médias para encontrar a fonte específica de variação sistemática ou seja para determinar quais níveis es pecíficos diferem entre si Já descrevemos a lógica e procedimentos para esse plano geral de análise para experimentos que envolvem desenhos de grupos indepen dentes Nesta seção enfocaremos as carac terísticas analíticas específicas de desenhos de medidas repetidas e descreveremos um exemplo de Tabela Resumo da ANOVA Os dados usados para ilustrar essa análise baseiamse no experimento de percepção temporal descrito no Capítulo 7 e talvez você queira revisar a discussão antes de continuar Sintetizando os dados Lembre que em um desenho de medidas repetidas cada par ticipante é submetido a todas as condições do experimento Em um desenho completo cada participante passa por cada condição mais de uma vez em um desenho incomple to cada participante vivencia cada condição exatamente uma vez No Capítulo 7 descre vemos um experimento cujos participantes estimaram a duração de quatro períodos de tempo 12 24 36 e 48 segundos em um de senho de medidas repetidas completo Por exemplo em uma rodada os participantes vivenciaram um período de tempo determi nado aleatoriamente pex 36 segundos e deviam estimar a sua duração 408 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister O primeiro passo é calcular um escore para sintetizar o desempenho de cada indi víduo em cada condição No experimento de percepção temporal os sujeitos viven ciaram cada condição seis vezes assim em quatro condições do experimento cada participante fazia 24 estimativas Usouse a mediana para sintetizar o desempenho de cada participante em cada uma das quatro condições O próximo passo para sintetizar os dados é calcular estatísticas descritivas entre os participantes para cada uma das condições As médias e desvios padrão em parênteses para cada condição aparecem na Tabela 124 ver também Tabela 74 O foco da análise era em se os partici pantes conseguiriam discriminar intervalos de tempo de diferentes durações A hipóte se nula para uma análise geral da variância para os dados da Tabela 124 é que as médias populacionais estimadas para cada intervalo são iguais Para fazer um teste F dessa hipó tese nula precisamos de uma estimativa da variação do erro e da variação sistemática o numerador de um teste F A variação entre as estimativas médias entre os participantes para os quatro períodos de tempo fornece a informação de que precisamos para o nu merador Sabemos que se as diferentes du rações afetassem sistematicamente a percep ção dos participantes as estimativas médias para os intervalos refletiriam essa variação sistemática Para completar o teste F tam bém precisamos de uma estimativa apenas da variação do erro o denominador no teste F A fonte de variação no desenho repetido está nas diferenças nas maneiras em que as condições afetam participantes diferentes Essa estimativa da variância se chama varia ção residual Ver Quadro 124 Interpretando a Tabela Resumo da ANOVA A Tabela Resumo da ANOVA para essa análi se é apresentada na porção inferior da Tabela 124 Os cálculos de uma análise de variância para medidas repetidas seriam feitos no com putador usando um programa estatístico Porém nosso foco agora é em interpretar os valores apresentados na tabela resumo e não em como esses valores são calculados A Ta bela 124 lista as quatro fontes de variação na análise de um desenho de medidas repetidas Tabela 124 Matriz de dados e Tabela Resumo da Análise de Variância para um experimento com desenho de medidas repetidas Matriz de dados Duração de intervalo de tempo Sujeito 12 24 36 48 1 13 21 30 38 2 10 15 38 35 3 12 23 31 32 4 12 15 22 32 5 16 36 69 60 Média DP 126 20 220 77 380 163 394 105 Obs Cada valor na tabela representa a mediana das seis respostas do sujeito em cada nível da variável duração do intervalo de tempo Fonte de variação gl SQ MQ F p Sujeitos 4 15535 Duração do intervalo de tempo 3 25156 8385 156 0000 Residual variação do erro 12 6469 539 Total 19 47160 Metodologia de pesquisa em psicologia 409 com uma variável independente manipulada Lendo a tabela resumo de baixo para cima essas fontes são 1 variação total 2 variação residual 3 variação devida à duração do in tervalo de tempo a variável independente e 4 variação devida aos sujeitos Como em qualquer tabela resumo as in formações mais críticas são o teste F para o efeito da variável independente de interesse e a probabilidade associada ao teste F su pondose que a hipótese nula seja verdadei ra O teste F importante na Tabela 124 é o da duração do intervalo de tempo O numera dor para esse teste F é a média ao quadrado MQ da duração do intervalo de tempo o denominador é a MQ residual Existem qua tro durações de modo que são 3 graus de liberdade gl para o numerador Existem 12 gl para a variação residual Podemos obter o gl para a variação residual subtraindo o gl para os sujeitos e para a duração do interva lo do gl total 19 4 3 12 O F obtido de 156 tem uma probabilidade de 00004 para a hipótese nula que é menor do que o nível de significância de 005 que escolhemos como nosso critério para significância estatística Assim rejeitamos a hipótese nula e concluí mos que a duração do período era uma fon te de variação sistemática Isso significa que podemos concluir que as estimativas dos participantes diferiam sistematicamente em função da duração do intervalo de tempo A Figura 122 mostra intervalos de con fiança de 95 ao redor da média no expe rimento da percepção do tempo O proce dimento para construir esses intervalos é o mesmo que para o experimento com grupos independentes Os intervalos foram cons truídos usando a MQerro residual na ANO VA geral conforme recomendado por Lof tus e Masson 1994 Ou seja onde tcrit é o valor de t com os graus de li berdade associados à MQerro residual A in terpretação dos intervalos de confiança no desenho de medidas repetidas é a mesma que no desenho de grupos independentes ver Capítulo 11 Medidas do tamanho do efeito Conforme mencionado anteriormente é uma boa ideia incluir medidas do tamanho do efeito em suas análises Uma medida típica do tama Quadro 124 ESTIMANDO O ERRO E A SENSIBILIDADE EM UM DESENHO DE MEDIDAS REPETIDAS Uma característica decisiva da análise de de senhos de medidas repetidas é o modo como se estima a variação do erro Descrevemos antes que para o desenho de grupos aleató rios diferenças individuais que são balancea das entre os grupos fornecem a estimativa da variação do erro que se torna o denominador do teste F Como os indivíduos participam de apenas uma condição nesses desenhos as diferenças entre os participantes não podem ser eliminadas podem ser apenas balancea das Em desenhos de medidas repetidas por outro lado existe variação sistemática entre os participantes Alguns participantes sempre têm melhor desempenho nas diferentes con dições e outros sempre têm pior desempe nho Como cada indivíduo participa de todas as condições no desenho de medidas repe tidas porém as diferenças entre os partici pantes contribuem no mesmo grau para o de sempenho médio em cada condição Desse modo quaisquer diferenças entre as médias para cada condição em desenhos de medi das repetidas não pode ser resultado de di ferenças sistemáticas entre os participantes Em desenhos de medidas repetidas contudo as diferenças entre os participantes não são apenas balanceadas elas são realmente eli minadas da análise A capacidade de eliminar a variação sistemática causada pelos partici pantes em desenhos de medidas repetidas torna esses desenhos mais sensíveis de um modo geral do que os desenhos de grupos aleatórios 410 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister nho do efeito para um desenho de medidas repetidas é a medida da força da associação chamada eta quadrado η 2 que pode ser calculada dividindo a soma de quadrados para o efeito intrassujeitos pelas somas com binadas de quadrados do efeito intrassujei tos e residual ou erro Para nossa amostra eta quadrado η 2 Isso indica a proporção da variância ex plicada pela variável independente Em al guns casos a análise de variância geral seria seguida por comparações de duas médias como vimos no desenho de grupos inde pendentes Análise de variância bifatorial para desenhos de grupos independentes A análise de variância bifatorial para dese nhos de grupos independentes é usada na análise de experimentos em que duas variá veis independentes foram manipuladas em dois ou mais níveis A lógica de desenhos complexos com duas variáveis independen tes e a base conceitual para a análise desses experimentos são descritas no Capítulo 8 No Capítulo 8 você também aprendeu a descrever efeitos principais e efeitos de inte rações Neste capítulo enfocaremos a análi se computadorizada de um desenho fatorial que envolve testes F para o efeito principal de A o efeito principal de B e o efeito da in teração A x B A análise bifatorial para gru pos independentes é aplicável a experimen tos em que ambas variáveis independentes são manipuladas usando um desenho de grupos aleatórios no qual ambas as variá veis independentes representam o desenho de grupos naturais ou em que uma variável independente representa o desenho de gru pos naturais e a outra representa o desenho de grupos aleatórios Conforme observado no Capítulo 8 a análise de um desenho com plexo ocorre de forma um pouco diferente dependendo de se o teste F abrangente reve la ou não um efeito de interação Inicialmen te consideraremos o plano de análise em que se detecta um efeito de interação Análise de um desenho complexo com efeito de interação Se a análise de variância abrangente re velar um efeito de interação estatistica 0 10 20 30 40 50 Experimento de percepção do tempo Avaliações médias 12 48 24 36 Intervalos de tempo segundos Figura 122 Médias e intervalos de confiança de 95 para o experimento de percepção do tempo Metodologia de pesquisa em psicologia 411 mente significativo a fonte do efeito de interação é identificada usando análises de efeitos principais simples e compara ções de duas médias Um efeito principal simples é o efeito de uma variável independente em um nível de uma segunda variável inde pendente Se uma variável independente tiver dois ou mais níveis podemse usar comparações de duas médias para ana lisar a fonte de um efeito principal sim ples comparando as médias duas de cada vez Podem ser construídos intervalos de confiança ao redor das médias grupais para obter informações sobre a precisão da estimativa das médias populacionais Considere um desenho complexo hi potético envolvendo duas variáveis inde pendentes A x B cada uma envolvendo grupos independentes grupos aleatórios ou grupos naturais A variável A tem dois níveis e a variável B tem três Assim o de senho é um desenho de grupos indepen dentes 2 x 3 Os detalhes do experimento não nos dizem respeito mas vamos supor que haja cinco participantes em cada gru po n 5 N 30 A Tabela 125 mostra o desempenho médio para os seis grupos no exemplo Acreditamos que agora você saiba como analisar uma estatística resumo para ver as tendências que estão presentes nos dados Como você descreveria os re sultados apresentados na Tabela 125 Um modo seria dizer que houve pouquíssima diferença entre as médias dos três níveis de B para o primeiro nível de A ou seja para o nível a1 Por outro lado as médias entre os mesmos três níveis de B mudam um pouco para o nível a2 Outra manei ra de descrever esses resultados é usar o método de subtração que discutimos no Capítulo 8 quando apresentamos os de senhos complexos O uso desse método ajuda a determinar se existe um efeito de interação A análise das diferenças entre as duas médias para a1 e a2 em cada nível de B b1 b2 b3 mostra que as três diferenças 84 32 18 são diferentes Isso sugere que existe um efeito de interação Como você aprendeu no Capítulo 8 fazer gráfi cos com as médias também ajuda a ver a natureza desse efeito de interação Supo nhamos que um teste f abrangente tenha confirmado que o efeito de interação era estatisticamente significativo p 005 Uma vez que confirmamos que existe interação entre duas variáveis independen tes devemos localizar de forma mais preci sa a fonte desse efeito de interação Existem testes estatísticos criados especificamente para rastrear a fonte de um efeito de inte ração significativo chamados de efeitos principais simples e comparações de duas médias ver Keppel 1991 que foram discu tidos brevemente no Capítulo 8 Compara ções entre duas médias também foram des critas anteriormente neste capítulo Lembre que um efeito principal simples é o efeito de uma variável independente sobre um nível de uma segunda variável independente De fato uma definição para o efeito de interação é que os efeitos prin cipais simples entre os níveis são diferen tes Em um desenho 2 x 3 existem cinco efeitos principais simples Três dos efeitos principais simples são representados pelo efeito da Variável A em cada nível da Va riável B Os outros dois efeitos principais simples são representados pelo efeito da Tabela 125 Desempenho médio de grupos no desenho hipotético 2 x 3 Variável B b1 b2 b3 Variável A a1 190 190 200 a2 106 158 182 412 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Variável B em cada nível da Variável A Os conjuntos de efeitos principais simples que são escolhidos para análise depende rão do raciocínio por trás do experimento Ou seja pode ser mais importante para in terpretar os resultados enfatizar um con junto de efeitos principais simples mais do que outro É claro verificar que os efeitos principais simples são diferentes para ní veis de cada variável indica um efeito de interação Como calculamos um efeito principal simples Os pacotes de programas estatís ticos nem sempre permitem calcular análi ses de efeitos principais simples e quando permitem podem variar nos procedimen tos específicos de cálculo que são usados Existem maneiras relativamente simples de fazer essas análises com uma calculadora pex Zechmeister e Posavac 2003 Toda via sugerimos o procedimento a seguir que pode ser facilmente feito com um pacote de software ANOVA Considere o exemplo anterior Supo nhamos que queiramos analisar o efeito principal simples para o primeiro nível da Variável A ou seja para a1 Existem três grupos a1b1 a1b2 a1b3 nessa análise Uma abordagem seria aplicar aos dados uma ANOVA simples unidirecional para grupos independentes Em outras palavras suponhamos que existam três grupos alea tórios de participantes designados a três níveis de uma variável independente Faça essa análise e identifique na Tabela Resu mo da ANOVA a média ao quadrado MQ entre os grupos ie a MQ do efeito da sua variável Ela é a soma dos quadrados en tre os grupos dividida por seu gl que é o número de grupos menos 1 ou nesse caso 3 1 e gl 2 Para obter uma razão F divi da a MQ dos grupos da análise pela MQerro dentro dos grupos baseado no teste F ge ral que fez originalmente quando analisou os efeitos no desenho complexo 2 x 3 Em nosso exemplo com 30 participantes o gl para a MQerro no desenho 2 x 3 será 24 de modo que o F crítico será o associado a 2 e 24 graus de liberdade Dois dos efeitos principais simples em nosso experimento hipotético envolvem três médias ie níveis a1 e a2 nos três ní veis de B Se uma análise estatística revela um efeito principal simples em um desses níveis podese concluir que existe uma di ferença entre as médias ie entre as três médias naquele nível da variável A Sendo esse o caso o próximo passo é fazer compa rações de duas médias para analisar o efeito principal simples de forma mais completa Comparações de duas médias ajudam a de terminar a natureza das diferenças entre os níveis A análise estatística para a compara ção entre duas médias usa o teste t confor me descrito anteriormente neste capítulo A MQerro da Tabela Resumo da ANOVA para 2 x 3 é usada na fórmula t e o número de gl associados a esse termo 24 em nosso exem plo é usado para encontrar o valor crítico de t no nível de 005 Se estiver fazendo uma análise dos efei tos principais simples para apenas dois ní veis de uma variável independente como comparar o desempenho médio em a1 e a2 para os três níveis de B você pode usar um teste t como faria para uma comparação en tre duas médias Observe que os tamanhos de efeito para seu teste t para dois grupos baseiamse no número de participantes em cada uma das duas células que está compa rando Em nosso experimento hipotético n 5 para cada grupo Finalmente como fize mos na comparação entre duas médias dis cutida você pode usar a MQerro da ANOVA 2 x 3 como o termo do erro para seu teste t Os graus de liberdade para este teste t bi grupal será o associado à MQerro para a sua ANOVA geral Com dois níveis o efeito principal simples compara a diferença entre as duas médias não sendo necessárias ou tras comparações Uma vez que o efeito de interação foi analisado minuciosamente os pesquisado res também podem analisar o efeito princi pal de cada variável independente Toda via de um modo geral os efeitos principais são menos interessantes quando o efeito de interação é estatisticamente significativo Metodologia de pesquisa em psicologia 413 Análise sem efeito de interação Se uma análise de variância abrangen te indica que o efeito de interação entre variáveis independentes não é estatisti camente significativo o próximo passo é determinar se os efeitos principais das variáveis são estatisticamente significa tivos A fonte de um efeito principal estatisti camente significativo pode ser especifi cada de forma mais precisa realizando se comparações entre duas médias de cada vez e construindo intervalos de confiança Quando o efeito de interação não é esta tisticamente significativo o próximo passo é analisar os efeitos principais de cada va riável independente Se o efeito principal geral para uma variável independente não for estatisticamente significativo não exis te nada mais a fazer Todavia se o efeito principal for estatisticamente significativo existem várias abordagens que o pesquisa dor pode adotar Por exemplo se a variável independente tiver três ou mais níveis po dese especificar a fonte de um efeito prin cipal estatisticamente significativo de forma mais precisa com uma comparação de duas médias usando testes t Mais uma vez ou tra abordagem seria construir intervalos de confiança ao redor da média grupal confor me ilustrado no Capítulo 11 para a análise de um desenho unifatorial de grupos in dependentes A diferença para o desenho complexo é que os dados para uma variável independente são combinados entre os ní veis de outras variáveis independentes Tamanhos de efeito para desenho bifatorial com grupos independentes Uma medida comum do tamanho do efeito para um desenho complexo usando ANO VA é o eta quadrado η 2 ou a proporção da variância explicada que foi discutida anteriormente no contexto de desenhos uni fatoriais Para calcular o eta quadrado é re comendável que nos concentremos apenas no efeito de interesse ver Rosenthal e Ros now 1991 Especificamente o eta quadra do pode ser definido como ver Rosenthal e Rosnow 1991 p 352 Assim o eta quadrado pode ser obtido para cada um dos três fatores em um dese nho A x B Conforme observado anteriormente ver também Rosenthal e Rosnow 1991 quando não temos as somas dos quadrados para os efeitos o eta quadrado pode ser cal culado usando a razão F e o gl para cada efeito de interesse O papel dos intervalos de confiança na análise de desenhos complexos A análise de um desenho complexo pode ser beneficiada com a construção de inter valos de confiança para as médias de inte resse Por exemplo cada média em um de senho 2 x 3 pode ser acompanhada por um intervalo de confiança calculado conforme os procedimentos apresentados no Capítulo 11 e anteriormente neste capítulo Lembre que a fórmula é Limite superior do intervalo de confiança de 95 Limite inferior do intervalo de confiança de 95 Quando as amostras são de mesmo ta manho o erro padrão estimado é definido como onde n tamanho da amostra para cada grupo Como a raiz quadrada da MQerro da Ta bela Resumo da ANOVA equivale a Sagrupa do podemos definir o intervalo de confiança como 414 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister onde t005 é definido pelos graus de liberda de associados à MQerro A Figura 123 mostra os intervalos de confiança ao redor das seis médias no expe rimento hipotético que apresentamos ante riormente Uma análise dos ICs nos fala da precisão das nossas estimativas Devemos analisar a amplitude do intervalo e o pa drão provável de médias populacionais ve rificando se os intervalos ao redor das mé dias amostrais se sobrepõem e nesse caso em que grau Lembre que uma regra bási ca para interpretar intervalos de confiança sugere que se os intervalos ao redor das médias não se sobrepõem as duas médias provavelmente são estatisticamente signifi cativas se testadas com um teste de signifi cância da hipótese nula ver Quadro 115 no Capítulo 11 Análise de variância bifatorial para um desenho misto A análise de variância bifatorial para um desenho misto é adequada em situações em que uma variável independente repre senta o desenho de grupos aleatórios ou grupos naturais e outra variável indepen dente representa o desenho de medidas repetidas A primeira variável indepen dente é chamada de fator intersujeitos simbolizada aqui como A A segunda variável independente é chamada de fator intrassujeitos simbolizada aqui como B A análise bifatorial para um desenho mis to é como um híbrido entre a análise unifa torial para grupos independentes e a aná lise unifatorial para desenhos de medidas repetidas Esse desenho complexo especí fico foi discutido no Capítulo 8 quando apresentamos os resultados de um estudo de Kaiser e colaboradores 2006 usando o teste emocional de Stroop Como você deve saber agora é impor tante revisar as estatísticas resumo adequa das e entender as tendências nos dados an tes de olhar a Tabela Resumo da ANOVA Um resultado típico fornecido pelo compu tador para uma análise de variância bifato rial para um desenho misto é apresentado a seguir Os detalhes do experimento que forneceu os dados para esta análise não nos interessam Lembre que alguns programas de computador dividem o resultado de um desenho misto mostrando primeiro o re sultado da análise entre os grupos e depois o resultado da análise intrassujeito que inclui o efeito da interação Você verá que talvez precise ir até o fim da tela do compu tador para obter todas as informações 5 10 15 20 25 Médias das respostas b1 b2 b3 Variável B a1 a2 A b1 b2 b3 a1 a2 ICs barras são 144 unidade Figura 123 Médias das respostas em função da Variável A a1 a2 e Variável B b1 b2 b3 O intervalo de confiança de 95 é mostrado ao redor de cada média Metodologia de pesquisa em psicologia 415 Intersujeitos Fonte SQ gl MQ F p Grupo 0225 1 0225 1718 0226 Erro 1049 8 0131 Intrassujeitos Apresentação 15149 2 7574 58640 0000 Apresentação x grupo 0045 2 0022 0173 0843 Erro 2067 16 0129 A tabela resumo é dividida em duas partes A seção Intersujeitos inclui a ra zão F para o efeito principal dos grupos A forma dessa parte da tabela é como a de uma análise unifatorial para o desenho de grupos independentes O erro listado nessa seção é a variação dentro dos grupos O tes te F para o efeito do grupo não foi estatisti camente significativo pois a probabilidade obtida de 0226 era maior do que o nível convencional de significância estatística de 005 A segunda parte da tabela resumo se chama Intrassujeitos Ela inclui o efeito principal da variável intrassujeito da fre quência de apresentação Presente e a in teração entre a frequência de apresentação e o grupo De um modo geral qualquer efeito envolvendo uma variável intrassujeito efei to principal ou efeito de interação deve ser testado com o termo erro residual usado no desenho intrassujeito O teste F para o efeito de interação é menor que 1 de modo que não é estatisticamente significativo Toda via o efeito principal da frequência de apre sentação resultou em um F estatisticamente significativo Como na análise do desenho unifatorial intrassujeito a análise do com putador pode incluir informações adicio nais além das que apresentamos aqui A interpretação dos resultados de uma análise bifatorial para um desenho misto se gue a lógica de qualquer desenho comple xo Todavia ao analisar um desenho misto devese ter o cuidado de usar o termo do erro adequado para análises além das lista das na tabela resumo ie efeitos principais simples comparações de duas médias Por exemplo se for obtido um efeito de intera ção significativo recomendamos analisar os efeitos principais simples tratando cada efeito simples como uma ANOVA unifato rial naquele nível da segunda variável inde pendente Se por exemplo obtivermos um efeito significativo de interação entre o gru po e a frequência de apresentação em nosso experimento um efeito principal simples para o grupo de tratamento envolveria apli car uma ANOVA para medidas repetidas apenas àquele grupo ver Keppel 1991 para mais informações sobre essas comparações As estimativas do tamanho do efeito em um desenho misto também costumam usar o eta quadrado ou seja uma estimativa da proporção da variância explicada pela va riável independente Como você já viu o eta quadrado é definido como a SQ do efei to dividida pela SQ do efeito mais a SQ do erro para aquele efeito Relatando resultados de um desenho complexo O relatório dos resultados de um desenho complexo segue a regra geral de um relató rio para uma ANOVA unifatorial mas de dica especial atenção à natureza do efeito de interação quando presente Apresentamos a seguir elementos importantes do relatório dos resultados de um desenho complexo descrição de variáveis e definição de ní veis condições de cada estatística resumo para células da ma triz apresentada no texto tabela ou figura incluindo quando apropriado intervalos de confiança para médias grupais resultados de testes F para efeitos prin cipais e efeito de interação com probabi lidades exatas medida do tamanho do efeito para cada efeito informação do poder para efeitos não significativos efeitos principais simples quando o efeito de interação for estatisticamente significativo 416 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister descrição verbal de efeito de interação estatisticamente significativo quando presente referindo o leitor a diferenças entre médias dos níveis das variáveis independentes descrição verbal do efeito principal es tatisticamente significativo quando presente referindo o leitor a diferenças entre médias combinadas entre os ní veis das variáveis independentes comparações de duas médias quando apropriado para esclarecer fontes de variação sistemática entre médias que contribuem para o efeito principal conclusão que você deseja que o leitor tire a partir dos resultados da análise Outras dicas para escrever a seção de Re sultados segundo as exigências do estilo da APA podem ser encontradas no Capítulo 13 Resumo Os testes estatísticos baseados no teste de sig nificância da hipótese nula costumam ser usa dos para a análise de dados confirmatória em psicologia O teste de significância da hipóte se nula é usado para determinar se as diferen ças produzidas por variáveis independentes em um experimento são maiores do que seria de esperar com base apenas na variação do erro acaso A hipótese nula é que a variável independente não tem efeito Um resultado estatisticamente significativo é aquele que tem uma probabilidade pequena de ocorrer se a hipótese nula for verdadeira Dois tipos de erros podem surgir ao usar o teste de sig nificância da hipótese nula Um erro do Tipo I ocorre quando o pesquisador rejeita a hipó tese nula e ela é verdadeira A probabilidade de um erro do Tipo I é equivalente a alfa ou o nível de significância geralmente 005 Um erro do Tipo II ocorre quando uma hipótese nula falsa não é rejeitada Erros do Tipo II podem ocorrer quando o estudo não tem po der suficiente para rejeitar uma hipótese nula corretamente A principal maneira em que os pesquisadores aumentam o poder é aumen tando o tamanho da amostra Usando tabelas de poder os pesquisadores podem estimar antes de realizar o estudo o poder necessário para rejeitar uma hipótese nula falsa e depois que o estudo foi concluído a probabilidade de detectar o efeito que foi encontrado A pro babilidade exata associada ao resultado de um teste estatístico deve ser informada O teste estatístico correto para comparar duas médias é o teste t Quando se testa a di ferença entre duas médias também se deve informar uma medida do tamanho do efeito como o d de Cohen O Manual de Publicação da APA recomenda vigorosamente que os intervalos de confiança sejam informados juntamente com os resultados do teste de significância da hipótese nula Ao informar os resultados do teste de significância da hi pótese nula é importante ter em mente que a significância estatística ou intervalos de confiança não sobrepostos não é o mesmo que significância científica ou prática Além disso o teste de significância da hipótese nula intervalos de confiança ou tamanhos de efeito não nos falam da solidez da meto dologia do estudo Ou seja nenhuma dessas medidas pode ser usada isoladamente para afirmar que a hipótese alternativa que a va riável independente causou um efeito este ja correta Somente depois que analisarmos cuidadosamente a metodologia usada para obter os dados para uma análise é que pode mos nos arriscar a falar sobre o que influen ciou o comportamento A análise de variância ANOVA é o tes te estatístico apropriado quando se compa ram três ou mais médias A lógica da ANO VA baseiase em identificar a variação do erro e fontes de variação sistemática nos da dos Constróise um teste F representando a variação do erro e a variação sistemática se houver dividida pela variação do erro Os resultados da análise geral chamados de teste F abrangente são relatados na Tabela Resumo da ANOVA Uma razão F grande proporciona evidências de que a variável in dependente causou um efeito As medidas do tamanho do efeito para um desenho uni fatorial de grupos independentes incluem o f de Cohen e o eta quadrado η 2 Podem Metodologia de pesquisa em psicologia 417 ser feitas comparações de duas médias com base nos resultados do teste F abrangente para especificar de forma mais clara as fon tes de variação sistemática que contribuem para um teste F abrangente significativo Os intervalos de confiança também podem ser usados para complementar uma ANO VA realizada com dados de um estudo de grupos múltiplos devendo ser informados juntamente com a síntese dos resultados do teste de significância da hipótese nula O uso de uma ANOVA bifatorial é adequado quando o pesquisador analisa simultaneamente o efeito de duas ou mais variáveis independentes em um desenho complexo Quando uma variável inde pendente representa uma variável grupal independente grupos aleatórios ou natu rais e a outra é uma variável intrassujeito de medidas repetidas falamos de um de senho misto Usase um teste F abrangente para avaliar os efeitos principais e o efeito de interação das variáveis Quando um efeito de interação estatisticamente signi ficativo é encontrado podese investigar a fonte do efeito de interação realizando uma análise dos efeitos principais simples Um efeito principal simples é o efeito de uma variável independente em apenas um nível de uma segunda variável indepen dente Os intervalos de confiança também podem ser usados para entender o efeito de uma variável independente em um de senho complexo Uma medida comum do tamanho do efeito em um desenho com plexo é o eta quadrado Conceitos básicos hipótese nula H0 387 nível de significância 388 erro do Tipo I 389 erro do Tipo II 390 poder 390 teste t para grupos independentes 392 teste t para medidas repetidas intrassujeito 393 ANOVA 398 desenho unifatorial de grupos independentes 398 teste F 399 teste F abrangente 399 eta quadrado η 2 403 f de Cohen 403 comparação entre duas médias 405 Questões de revisão 1 O que significa dizer que os resultados de um teste estatístico são estatisticamente significativos 2 Diferencie erros do Tipo I e do Tipo II que ocorrem no teste de significância da hi pótese nula 3 Quais são os três fatores que determinam o poder de um teste estatístico Qual é o principal fator que os pesquisadores po dem usar para controlar o poder 4 Por que um desenho de medidas repeti das é provável de ser mais sensível do que um desenho de grupos aleatórios 5 Descreva uma vantagem e uma limitação do uso de medidas do tamanho do efeito 6 Por que um resultado estatisticamente significativo pode não ser cientificamente ou praticamente significativo 7 Explique sucintamente a lógica do teste F 8 Diferencie as informações que se obtêm com um teste F abrangente e com compa rações de duas médias 9 Qual é a principal maneira em que uma ANOVA para medidas repetidas difere de uma ANOVA para grupos indepen dentes 10 Como um efeito principal simples difere de um efeito principal geral 418 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister DESAFIOS 1 Um pesquisador faz um experimento comparando dois métodos para ensi nar crianças a ler Um método antigo é comparado com um método novo e o desempenho médio do método novo é melhor do que o do antigo Os resultados são informados como t120 210 p 004 d 034 A O resultado é estatisticamente signifi cativo B Quantos sujeitos havia no estudo C Com base na medida do tamanho do efeito d o que podemos dizer sobre o tamanho do efeito encontrado no estudo D O pesquisador afirma que com base nesse resultado o método novo tem significância prática clara para ensinar crianças a ler e deve ser implementa do imediatamente Como você res ponderia a essa afirmação E O que a construção de intervalos de confiança acrescentaria à nossa com preensão desses resultados 2 Um psicólogo social compara três tipos de mensagens sobre as atitudes de estu dantes universitários em relação à guer ra contra o terrorismo Noventa N 90 estudantes são divididos aleatoriamente em números iguais a três condições de comunicação Uma medida escrita da ati tude é usada para avaliar as atitudes dos estudantes em relação à guerra depois que são expostos às mensagens Usase uma ANOVA para determinar o efeito das três mensagens sobre as atitudes dos es tudantes Eis a Tabela Resumo da ANOVA Fonte Soma dos quadrados gl Média ao quadrado F p Comu nicação 18010 2 9005 1787 0000 Erro 43850 87 504 A O resultado é estatisticamente signifi cativo Por quê ou por que não B Qual medida do tamanho do efeito pode ser calculada facilmente a par tir desses resultados Qual é o valor dessa medida C Como comparações de duas médias podem contribuir para a interpretação desses resultados D Embora a média grupal não seja for necida é possível calcular a amplitu de do intervalo de confiança para a média com base na estimativa da va riância agrupada Qual é a amplitude do intervalo de confiança para a mé dia nesse estudo 3 Um psicólogo do desenvolvimento admi nistra dois tipos de testes de raciocínio crítico a crianças da 4ª 6ª e 8ª séries São testadas 28 crianças em cada nível 14 receberam uma forma A ou B do tes te A medida dependente é a porcenta gem de acertos nos testes A média da porcentagem de acertos para as crian ças em cada nível e para os dois testes é apresentada a seguir Teste 4ª 6ª 8ª Forma A 3814 6364 8021 Forma B 5229 6864 8093 Eis a Tabela Resumo da ANOVA para esse experimento Fonte Soma dos quadrados gl Média ao quadrado F p Série 1769895 2 884948 9672 0000 Teste 92005 1 92005 1006 0002 Série Teste 65867 2 32933 360 0032 Erro 713629 78 9149 A Desenhe um gráfico mostrando os resultados médios para esse experi mento Com base em sua análise do gráfico você suspeitaria de um efeito de interação estatisticamente signi ficativo entre as variáveis Explique sua opinião B Quais efeitos são estatisticamente significativos Descreva cada um dos efeitos estatisticamente signifi cativos Metodologia de pesquisa em psicologia 419 Resposta ao Desafio 1 A Sim A probabilidade obtida com esse re sultado supondo que a hipótese nula seja verdadeira é menor do que 005 o nível de significância convencional B Os graus de liberdade gl são informados como 120 Para um teste t para grupos in dependentes gl n1 n2 2 Assim de vem ter participado 122 sujeitos C As diretrizes de Cohen sugerem que um tamanho de efeito de 020 é um efeito pe queno 050 é um efeito médio e 080 é um efeito grande Um tamanho de efeito de 034 fica entre um efeito pequeno e um efeito médio D Os resultados do teste de significância da hipótese nula não falam diretamente da significância prática Se o método novo for mais caro demorado para imple mentar ou exigir recursos pex novos materiais de leitura que não estejam dis poníveis imediatamente a significância prática desse resultado pelo menos a cur to prazo provavelmente será pequena Esse pode ser especialmente o caso pois o tamanho do efeito não é grande Ade mais o fato de que p 004 sugere que a probabilidade de replicar esse resultado estatisticamente significativo no nível de 005 não é muito elevada Finalmente devemos analisar cuidadosamente a me todologia do estudo para determinar que ele foi sólido livre de variáveis confundi doras e erros do pesquisador E Construir um intervalo de confiança para a diferença entre as duas médias popu lacionais forneceria evidências do tama nho da diferença entre esses métodos e indicaria com base em uma análise da amplitude do intervalo a precisão da es timativa da diferença entre duas médias populacionais Resposta ao Exercício Afirmações 1 e 5 são verdadeiras 2 3 e 4 são falsas C DESAFIOS CONTINUAÇÃO Quais são os valores de eta quadrado para os efeitos principais da série e do teste D Que outras análises se podem fazer para determinar a fonte do efeito de interação E Qual é o efeito principal simples do Teste para cada Série F Calcule os intervalos de confiança para as seis médias do experimento e desenheos ao redor das médias em seu gráfico de resultados Comunicação em psicologia 13 Introdução A pesquisa científica é uma atividade pú blica Uma hipótese inteligente um dese nho de pesquisa bem elaborado procedi mentos meticulosos para a coleta de dados resultados confiáveis e uma interpretação teórica criteriosa dos resultados não terão utilidade para a comunidade científica se não forem tornados públicos Como su gere um autor de maneira enfática até que seus resultados tenham passado pelo doloroso processo de publicação prefe rencialmente em uma revista indexada de alto padrão a pesquisa científica não passa de brincadeira A publicação é uma parte indispensável da ciência Bartholomew 1982 p 233 Bartholomew expressa uma preferência por uma revista indexada porque elas envolvem o processo de revi são por pares Os manuscritos submetidos são revisados por outros pesquisadores pares que são especialistas no campo específico da pesquisa abordada no artigo sob revisão Esses revisores decidem se a pesquisa é metodologicamente sólida e se ela faz uma contribuição substancial para a disciplina da psicologia As revisões são então submetidas a um pesquisador sênior que atua como editor da revista É trabalho do editor decidir quais artigos merecem ser publicados A revisão por pares é o princi pal método de controle de qualidade para a pesquisa psicológica publicada Existem dezenas de revistas em que os pesquisadores podem publicar seus resulta dos Psychological Science Memory Cogni tion Child Development Journal of Personality and Social Psychology Psychological Science in the Public Interest e Journal of Clinical and Consulting Psychology são apenas algumas das tantas existentes Conforme menciona mos os editores dessas revistas tomam a decisão final sobre quais manuscritos serão publicados Suas decisões baseiamse a na qualidade da pesquisa e b na efetividade de sua apresentação no manuscrito escrito conforme avaliada pelo editor e os reviso res Assim o conteúdo e o estilo são im portantes Os editores procuram a melhor pesquisa descrita de forma clara e estabe lecem critérios rigorosos para aceitação Ge ralmente apenas um em cada três manuscritos submetidos às mais de duas dúzias de periódicos da APA é aceito para publicação pex Ameri can Psychological Association 2006 Além de julgar o manuscrito pelo seu estilo e conteúdo o editor da revista deve Metodologia de pesquisa em psicologia 421 decidir se o que foi submetido é adequado para a sua revista Estudos sobre experi mentos com a memória não costumam ser publicados em uma revista que enfatize a pesquisa sobre o desenvolvimento infantil Existem muitas fontes disponíveis para pu blicação além das patrocinadas pela APA e a APS Todavia para começar a ter uma no ção do que existe por aí você pode revisar as descrições de revistas publicadas pelas organizações wwwapaorgpubsjournals e wwwpsichologicalscienceorgjournals A revisão editorial e o processo de pu blicação podem levar muito tempo Até um ano e às vezes ainda mais pode se passar entre o momento em que o artigo é submeti do e quando aparece finalmente na revista A revisão do manuscrito pode levar vários meses antes que se tome a decisão de acei tar o artigo Também são necessários vários meses para o processo de publicação entre o momento em que o artigo é aceito e quando é realmente publicado na revista Para pro porcionar um meio mais rápido de publicar resultados de pesquisas as sociedades pro fissionais como a American Psychological Association a Association for Psychological Science a Psychonomic Society a Society for Research in Child Development e socieda des regionais como a Eastern Midwestern Southeastern e a Western Psychological As sociation patrocinam conferências onde os pesquisadores fazem apresentações orais sucintas ou apresentam pôsteres descreven do seu trabalho recente Essas conferências são uma oportunidade para uma discussão oportuna e debate entre pesquisadores inte ressados nas mesmas questões de pesquisa Podem ser discutidas pesquisas que estão no prelo ie esperando a conclusão do processo de publicação dando aos partici pantes da conferência uma visão prévia de resultados de pesquisas importantes mas ainda por serem publicados Os pesquisadores muitas vezes devem obter apoio financeiro na forma de uma bolsa de uma agência governamental ou privada para executarem suas pesquisas As bolsas são dadas com base em uma re visão competitiva de projetos de pesquisa Os projetos de pesquisa geralmente são exi gidos de estudantes de pósgraduação que preparam sua tese ou dissertação de mestra do Um comitê docente então revisa o proje to antes que a pesquisa comece Do mesmo modo alunos de graduação também podem ter que fazer um projeto de pesquisa como parte de uma disciplina de metodologia de pesquisa ou laboratório de psicologia Finalmente pesquisadores em todos os ní veis sabem que os Comitês de Revisão Ins titucional exigem projetos de pesquisa para avaliar a natureza ética da pesquisa propos ta em uma instituição ver Capítulo 3 Os projetos de pesquisa devem ter um estilo e formato levemente diferentes de um artigo científico que relata os resultados de um es tudo concluído Mais adiante neste capítulo fazemos algumas sugestões sobre como pre parar um projeto de pesquisa Dicas para a preparação do manuscrito A principal fonte para a escrita científica em psicologia é o Manual de Publicação da APA 2010 atualmente em sua 6ª edi ção Editores e autores usam esse manual para garantir um estilo coerente entre os muitos periódicos diferentes existentes em psicologia O manual é um recurso valioso para quase qualquer dúvida relacionada com o estilo e o formato de um manuscrito de pesquisa a ser publicado em um perió dico psicológico Ele contém informações sobre o conteúdo e a organização do tex to a expressão de ideias e como reduzir vieses na linguagem como apresentar resultados em tabelas e figuras o formato da lista de referências incluindo como re ferenciar meios eletrônicos e políticas re lacionadas com a aceitação e a produção do manuscrito incluindo diretrizes para a submissão eletrônica de manuscritos O manual também discute questões éticas na escrita científica ver nossa discussão a respeito no Capítulo 3 Todavia a APA reconhece que o estilo editorial e a tec nologia de editoração não são estáticos Qualquer pessoa que queira preparar um manuscrito segundo as diretrizes da APA 422 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister O que os artigos científicos apresenta ções orais e projetos de pesquisa têm a ver com você Se você está na pósgraduação em psicologia é provável que tenha que descrever sua pesquisa usando os três tipos de comunicação científica Mesmo que não esteja atrás de uma carreira profissional em psicologia os princípios dos bons relató rios de pesquisa escritos e orais se aplicam a uma ampla variedade de situações de tra balho Por exemplo um memorando para o gerente do seu departamento descreven do os resultados de uma liquidação recen te podem ter quase o mesmo formato que um pequeno artigo científico Como uma preocupação mais imediata talvez você te nha que preparar um projeto de pesquisa e escrever ou apresentar um artigo cientí fico em sua disciplina de metodologia de pesquisa Este capítulo ajudará a fazer isso corretamente Este capítulo visa principalmente aju dar você a começar a preparar manuscritos e não pretende ser um substituto para o Ma nual de Publicação da APA 2010 Apresenta mos uma interpretação do Manual segundo os autores e recomendamos que você con sulte a última edição do Manual e o website para conferir o estilo mais atualizado e defi nitivo da APA A internet e a pesquisa O acesso à internet já se tornou uma ferra menta indispensável para os psicólogos que fazem pesquisa especialmente pela comu nicação via correio eletrônico email Para muitos pesquisadores o email é seu princi pal meio de comunicação com colegas edi tores colaboradores de pesquisa diretores de agências financiadoras e outros profis sionais Tem uma dúvida sobre um artigo que acaba de ler Pergunte ao autor envian do uma mensagem por email O email é simples eficiente e conveniente O primeiro autor do seu livro por exemplo pode ser encontrado enviando um email para John J Shaughnessy Hope College no endereço shaughnessyhopeedu Também existe uma página na internet dedicada a este livro que pode ser acessada para obter recursos para estudantes pex quizzes e para professores pex apresen tações em PowerPoint Visite a página do livro em wwwgrupoacombr A internet também serve a estudantes e psicólogos profissionais em muitas outras maneiras importantes incluindo grupos de discussão bancos de dados periódicos ele trônicos e pesquisas originais Os grupos de discussão chamados List servs permitem que indivíduos interessa dos discutam questões psicológicas com in teresses compartilhados O grupo consiste em uma lista de assinantes que desejam contribuir para uma discussão contínua Os membros da lista recebem imediatamente qualquer mensagem enviada por um as sinante Existem centenas de Listservs na internet que conectam pesquisadores ao re dor do mundo os quais discutem uma am pla variedade de temas incluindo vícios di versos religião e estudos femininos Alguns Listservs são abertos a todos que desejarem fazer parte da discussão incluindo aqueles que queiram apenas participar passivamen te espiar Outros Listservs são abertos apenas a indivíduos com certas credenciais pex membros de uma determinada divi são da APA A APA e a APS também patro cinam grupos de discussão para estudantes que podem ser acessados pelos endereços wwwapaorgapags e wwwpsychologi calscienceorgapssc Os bancos de dados na internet são exa tamente isso arquivos de dados eletrôni também deve consultar o seu website wwwapastyleorg que traz atualizações do Manual de Publicação e as últimas al terações no estilo da APA e em suas polí ticas e procedimentos wwwapastyleorg O website da APA traz um tutorial gratui to sobre o estilo básico da APA incluindo a apresentação de um exemplo de manuscri to e uma seção de perguntas e respostas frequentes Metodologia de pesquisa em psicologia 423 cos que são armazenados na internet e que podem ser acessados por meios eletrôni cos Existem bancos de dados relacionados com a medicina alcoolismo e pesquisas de opinião para citar alguns Os bancos de dados são particularmente úteis ao se fa zer pesquisa arquivística ver Capítulo 4 e análises de séries temporais Capítulo 10 Os grandes bancos de dados que disponi bilizam dados para centenas de variáveis e grandes números de participantes se tornaram importantes para muitos pesqui sadores que procuram respostas para per guntas de pesquisa em psicologia pex na psicologia clínica social e do desenvol vimento O acesso eletrônico a bancos de dados libera os pesquisadores aos custos e ao tempo necessários para coletar dados que podem já estar disponíveis eliminan do assim o desperdício da duplicação dos esforços de pesquisadores e sujeitos de pesquisa As revistas eletrônicas estão se tornan do comuns e a submissão eletrônica de manuscritos hoje é a norma para revistas e conferências A ampla disponibilidade de acesso à internet e ao email facilitou o pro cesso de revisão de modo que a submissão de manuscritos revisões e o feedback edito rial aos autores podem ser feitos por meio da internet Além disso algumas revistas são oferecidas exclusivamente na forma eletrônica Os assinantes recebem artigos em suas caixas de correio eletrônico e os leitores podem submeter seus comentários sobre os artigos eletronicamente Current Research in Social Psychology e Prevention and Treatment são exemplos de revistas ele trônicas Independentemente de estar sub metendo manuscritos a revistas eletrôni cas ou impressas os autores que desejam publicar em revistas respeitadas devem esperar a revisão de sua pesquisa por seus pares Pesquisas originais como você viu em capítulos anteriores também podem ser feitas eletronicamente ver por exemplo Azar 1994a 1994b Birnbaum 2000 Kar das e Milford 1996 KelleyMilburn e Mil burn 1995 Para repetir um comentário feito no Capítulo 1 a internet permite pra ticamente qualquer tipo de pesquisa psico lógica que use o computador como equi pamento e seres humanos como sujeitos Krantz e Dalal 2000 ver especialmente Kraut et al 2004 para informações úteis sobre como fazer pesquisas virtuais O grau de utilidade que a internet terá para você em planejar e implementar pesquisas dependerá de suas necessidades específi cas e da sua capacidade de usar a internet Se você está apenas começando recomen damos o guia de Fraley How to Conduct Behavioral Research Over the Internet 2004 New York Guilford Press Diretrizes para a escrita eficaz Aprender a escrever bem é como aprender a nadar dirigir ou tocar piano É imprová vel que a melhora resulte simplesmente de ler sobre como se deve fazer Seguir con selhos especializados porém pode ajudar uma pessoa a começar com o pé direito Portanto uma das chaves para escrever bem é buscar feedback crítico com instru tores de escrita professores amigos editores e até você mesmo Lee Cronbach 1992 autor de diversos dos artigos mais citados no Psychological Bulletin sintetiza bem essas ideias Meu conselho deve ser como a legendária receita para coelho ensopado que começa com primeiro pegue o coelho Em pri meiro lugar tenha uma mensagem que mereça ser divulgada Depois disso o que conta é ter cuidado ao escrever Retraba lhe qualquer sentença que não flua qual quer sentença cuja ênfase não fique clara em uma leitura à primeira vista e qual quer sentença cuja compreensão não seja instantânea para o leitor mais conhecedor o autor da sentença Na melhor hipótese a escrita técnica pode aspirar a virtudes li terárias uma mudança de ritmo de uma tese abstrata para um exemplo memorá vel do apressado para o calmo do trivial para o poético p 391 424 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister A boa escrita como a boa direção deve ser defensiva Saiba que tudo que puder ser malentendido será Para evitar esses aci dentes de escrita temos as seguintes dicas a considerar antes de começar a escrever CONHEÇA SEU PÚBLICO Se par tir do pressuposto de que seus leitores sabem mais do que realmente sabem você os deixará confusos Se você su bestimar os seus leitores correrá o risco de aborrecêlos com detalhes desne cessários Ambos os riscos aumentam a probabilidade de que o que você es creveu não venha a ser lido Porém se você deve errar é melhor subestimar os leitores Por exemplo ao preparar um artigo em uma classe de psicologia você deve supor que o público visado é o seu professor Escrever para o pro fessor pode levar você a deixar muita coisa fora do artigo pois afinal você pressupõe que o professor já sabe tudo aquilo Provavelmente seria melhor considerar os colegas de outra turma da disciplina de metodologia como seu pú blico Isso pode fazer você incluir mais detalhes do que seria necessário mas seria mais fácil para o professor ajudar você a aprender a editar o material que não é essencial do que incluir o material que omitiu Seja qual for o seu público escolhido certifiquese de fazer a esco lha antes de começar a escrever e tenha seu público em mente a cada passo do caminho IDENTIFIQUE SEU PROPÓSITO Os artigos científicos se enquadram na categoria geral da escrita expositiva O Websters Dictionary define exposição como o discurso que visa transmitir in formações ou explicar o que é difícil de entender Os principais propósitos de um artigo científico são descrever e con vencer Você deve primeiro descrever o que fez e o que descobriu e depois convencer o leitor de que a sua interpre tação desses resultados é adequada ESCREVA COM CLAREZA A base da boa escrita expositiva é a clareza de ra ciocínio e expressão Conforme comenta Cronbach 1992 o que conta é ter cui dado ao escrever Você deve trabalhar e retrabalhar as sentenças para chegar a um fluxo lógico e livre em suas ideias Conforme afirma o Manual de Publicação da APA o objetivo principal da publi cação científica é a comunicação clara SEJA CONCISO Se você somente diz aquilo que deve ser dito alcançará a economia de expressão Palavras curtas e sentenças curtas são mais fáceis para os leitores entenderem A melhor ma neira de eliminar a verbosidade é edi tando seu próprio texto em rascunhos sucessivos e pedindo que outras pes soas editem esboços do seu artigo SEJA PRECISO Ter precisão no uso da linguagem significa escolher a palavra certa para o que se quer dizer Isso exige escolher palavras que signifiquem exa tamente o que você pretende que elas signifiquem Por exemplo em psicolo gia científica crença não é o mesmo que atitude sensações não são a mesma coisa que sentimentos SIGA REGRAS GRAMATICAIS A adesão a regras gramaticais é absolu tamente necessária para a boa escrita pois o oposto distrai o leitor e pode in troduzir ambiguidade Também causa uma má impressão sua como autor e como consequência pode servir para prejudicar a sua credibilidade e seu ar gumento com o leitor ESCREVA COM IMPARCIALIDADE Como autor você deve tentar escolher palavras e usar construções que reco nheçam as pessoas de maneira impar cial e sem preconceitos A American Psychological Association apresenta sua política para preconceitos na lin guagem que os autores usam Manual de Publicação da APA 2010 p 7177 Metodologia de pesquisa em psicologia 425 Os textos científicos devem ser isentos de avaliações implícitas ou irrelevantes sobre o grupo ou grupos estudados Como edi tora a APA aceita as escolhas de palavras dos autores a menos que tais escolhas não sejam precisas claras e gramaticais Como organização a APA está comprometida com a ciência e com o tratamento impar cial de indivíduos e grupos e essa política exige que os autores que escrevem para as publicações da APA evitem perpetu ar atitudes depreciativas e pressupostos preconceituosos sobre as pessoas em seus textos Construções que possam implicar preconceitos de gênero orientação sexual grupo racial ou étnico deficiências ou ida de são inaceitáveis O Manual de Publicação da APA 2010 traz informações importantes para ajudar você a produzir comunicação isenta de pre conceitos Eis uma introdução sucinta ba seada nas diretrizes encontradas no Manual ver também wwwapastyleorg a Descreva pessoas no nível adequa do de especificidade Por exemplo a expressão homens e mulheres é mais adequada do que o termo genérico homem para se referir a humanos adultos Sinoamericanos ou me xicanoamericanos seria uma refe rência mais específica para sujeitos de pesquisa do que asiáticoameri canos ou hispanoamericanos b Tenha sensibilidade aos rótulos ao se referir a pessoas por exemplo os termos usados em referência à iden tidade racial ou étnica das pessoas A melhor maneira de seguir essa di retriz é tentar não rotular as pessoas sempre que possível e usar palavras que preservem a individualidade dos participantes Por exemplo ao invés de falar sobre os amnésticos ou dementes uma opção melhor é se referir a pacientes amnésticos ou pacientes de um grupo de de mência Um rótulo que é percebido pelo grupo rotulado como pejorati vo nunca deve ser usado Ao tentar seguir essa diretriz é importante lembrar que as preferências para rotular grupos de indivíduos mu dam com o tempo e que as pessoas em um grupo não têm uma opinião consensual em relação ao rótulo preferido Por exemplo embora cer tas pessoas nativas da América do Norte possam preferir ser chama das de nativos norteamericanos outras preferem índios e outras ainda talvez queiram ser chamadas pelo nome do seu grupo específi co por exemplo navajo ou de um modo ainda mais apropriado usan do a sua língua nativa diné em vez de navajo por exemplo c Escreva sobre as pessoas de um modo que identifique claramente os partici pantes do seu estudo Uma maneira de fazer isso é descrever os partici pantes usando termos mais descriti vos como estudantes universitários ou crianças do que o termo mais impes soal sujeitos A voz ativa é melhor do que a voz passiva para reconhecer a participação Por exemplo os estu dantes preencheram o questionário é preferível a o questionário foi ad ministrado aos estudantes ESCREVA UM TEXTO INTERES SANTE A escrita científica não precisa ser tediosa De forma clara os autores científicos não têm a licença conferida a um romancista ou ensaísta e este não é o local para exibir o que aprendeu na disciplina de escrita criativa Todavia você deve fazer um esforço para escre ver de um modo que interesse o leitor no que você fez o que descobriu e o que concluiu Conforme diz Cronbach a escrita técnica pode aspirar a virtu des literárias Uma maneira de tentar alcançar um tom adequado ao escrever seus artigos é tentar contar uma boa 426 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister história sobre a sua pesquisa A boa pes quisa propicia boas histórias e histórias bemcontadas são boas para promover a pesquisa Em suas preparações para escrever um artigo científico sugerimos que você leia ar tigos que relatem pesquisas em uma área da psicologia que lhe interesse Todavia você so mente desenvolverá as habilidades necessá rias para escrever artigos escrevendo os seus Estrutura de um artigo científico A estrutura de um artigo científico tem pro pósitos complementares para o autor e o leitor Ela proporciona uma organização que o autor pode usar para apresentar uma des crição clara da pesquisa e uma interpretação convincente dos resultados O leitor de um artigo pode esperar encontrar certas infor mações em cada seção Se quiser saber como o experimento foi feito você deve olhar a se ção de Metodologia se quiser informações sobre a análise dos dados do estudo deve procurar a seção de Resultados Um artigo científico consiste das seguintes seções Folha de rosto com nota do autor Resumo e abstract Introdução Metodologia Resultados Discussão Referências Notas se houver Tabelas e figuras Apêndices se houver Corpo principal do artigo Dicas sobre o formato do manuscrito Para aprender sobre o tipo de fonte espa çamento margens construção de parágra fos numeração de páginas uso adequado de cabeçalhos e subtítulos assim como outros aspectos do formato do manuscri to você pode visitar wwwapastyleorg ou usar o Manual de Publicação da APA Veja também o exemplo de artigo nessas duas fontes para verificar como deve ser a estru tura do seu manuscrito completo Folha de rosto A primeira página de um artigo científico traz o título Ela indica do que trata a pes quisa ie o título quem fez a pesquisa ie os autores onde a pesquisa foi feita ie a afiliação dos autores um breve cabe çalho para indicar aos leitores do que trata o artigo o cabeçalho e uma nota do autor A nota do autor identifica a afiliação profis sional e informações de contato do autor além de listar agradecimentos O título talvez seja o aspecto mais crítico do seu artigo pois é a parte mais provável de ser lida Identificando variáveis ou ques tões teóricas fundamentais o título deve indicar claramente o tema central do artigo Evite palavras desnecessárias como Estudo laboratorial ou Investigação sobre Dicas para escrever o título Um formato comum para o título de um artigo científico é A variável dependente em função da va riável independente Por exemplo Tempo de resolução de anagramas em função da dificuldade do problema seria um bom tí tulo O título não deve ser apenas informati vo como deve ser breve Mais importante certifiquese de que o seu título descreve o conteúdo da sua pesquisa da maneira mais específica possível Abaixo do título vêm os nomes dos au tores e a instituição de cada autor Discuti mos os critérios para autoria no Capítulo 3 somente aqueles que cumprem esses crité rios devem ser listados como autores de um artigo científico Outras pessoas que contri buíram para a pesquisa são citadas em uma nota do autor AbstractResumo O abstract é uma síntese concisa escrita em um parágrafo sobre o conteúdo e propósito do artigo científico As regras sobre os limi tes de palavras para o abstract diferem entre revistas científicas Consulte o Manual de Publicação da APA para essas diretrizes Ge ralmente o abstract de um estudo empírico identifica os seguintes elementos Metodologia de pesquisa em psicologia 427 a o problema sob investigação b o método incluindo testes e o apa rato utilizado procedimentos de co leta de dados e características perti nentes dos participantes c os principais resultados e d as conclusões e implicações dos re sultados O abstract em outras palavras deve enfati zar os pontos críticos levantados nas seções de Introdução Método Resultados e Dis cussão do artigo Um abstract bem escrito pode ter uma grande influência na proba bilidade do resto do artigo ser lido Os abs tracts são usados por serviços de informação para indexar e recuperar artigos e portanto o autor deve incluir palavraschave relacio nadas com o estudo O Manual de Publicação da APA descreve de forma mais completa os elementos críticos de um abstract para estudos empíricos e também como devem diferir os abstracts para revisões bibliográ ficas metaanálises artigos teóricos artigos metodológicos e estudos de caso Dicas sobre como escrever um abstract Escrever um bom abstract pode ser um desafio A melhor maneira de vencer esse desafio é escrevêlo por último Escreven do o abstract depois de escrever o resto do texto você será capaz de abstrair ou para frasear as suas próprias palavras com mais facilidade Introdução Objetivos da introdução A Introdução tem três objetivos principais 1 Introduzir o problema estudado e indi car por que é importante estudálo 2 Resumir brevemente a literatura rele vante relacionada com o estudo e descre ver as implicações teóricas do estudo 3 Descrever o propósito a fundamenta ção teórica e o desenho do estudo com um desenvolvimento lógico das previ sões ou hipóteses que orientam a pes quisa A ordem em que você aborda esses objeti vos em seu artigo pode variar mas esta que apresentamos aqui é a mais comum Como mencionado a Introdução com preende uma síntese de estudos científicos afetos ao tema Essa revisão não visa pro porcionar uma revisão exaustiva da lite ratura Ao contrário você deve selecionar cuidadosamente os estudos relacionados de forma mais direta com a sua pesquisa Sin tetizando esses estudos selecionados você deve enfatizar os detalhes de trabalhos an teriores que mais ajudem o leitor a entender o que você fez e por que Você deve reco nhecer as contribuições de outros pesquisa dores para o seu entendimento do proble ma É claro que se você citar diretamente o trabalho de outra pessoa deve usar aspas ver Capítulo 3 para orientações sobre como citar o trabalho de outrem Geralmente podese fazer referência ao trabalho de outros pesquisadores de duas maneiras Você deve indicar a referência dos autores do artigo que está citando por seus sobrenomes com o ano em que o artigo foi publicado entre parênteses imediatamente após os nomes ou fazer uma referência ge ral ao trabalho seguida pelos nomes e ano de publicação entre parênteses Por exem plo se citar um estudo de Lorna Hernandez Jarvis e Patricia V Roehling publicado em 2007 escreva Jarvis e Roehling 2007 obser varam que ou Pesquisas recentes Jarvis e Roehling 2007 mostram que As infor mações bibliográficas completas incluindo o título do periódico número do volume e as páginas específicas devem aparecer na seção de Referências Não se usam notas de rodapé para citar referências em um artigo científico em psicologia Sugerimos que você revise no Capítulo 3 a discussão sobre questões éticas relacionadas com a citação de referências para o seu trabalho ver a subseção Publica ção de pesquisas psicológicas Em suma o problema sob investigação os resultados de pesquisas afins e a funda mentação teórica e o desenho do seu estudo devem ser apresentados de forma clara e interessante 428 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Dicas para escrever a introdução Para escrever uma introdução eficaz antes de começar a escrever certifiquese de articu lar para si mesmo exatamente o que fez e por que Uma das melhores maneiras de se testar é tentar descrever oralmente para alguém que não conheça o seu trabalho o propósito do seu estudo sua relação com outros estudos nessa área pex como seu estudo difere do que já se sabe as impli cações teóricas e o que você esperava en contrar É provável que você descubra que o ouvinte tem questões e respondendo a elas talvez você reconheça o que precisa ficar claro ao escrever a sua introdução Revisando a literatura psicológica Inde pendentemente do seu tema ou pergunta de pesquisa é certo que chegará um momen to em que você precisará revisar a literatu ra psicológica Por exemplo mesmo que possa ter uma ideia para um experimento você deve determinar se o experimento já foi feito Ou você pode ter lido um artigo descrevendo um estudo no qual gostaria de fundamentar o experimento assim para es crever a introdução é importante conhecer outros estudos afins À medida que aprende mais sobre essa área de investigação você pode observar que a sua ideia inicial para o estudo talvez precise ser modificada Uma fonte importante de leituras adicionais é a seção de Referências de artigos relacionados com o seu tema O principal banco de dados virtual para revisar a literatura psicológica é o PsycIN FO O PsycINFO pode ser acessado por in termédio de bancos de dados virtuais como FirstSearch e InfoTrac Informese com a sua biblioteca local para saber quais serviços online estão disponíveis para você Um ban co de dados eletrônico possibilita verificar os títulos e abstracts de artigos contidos no banco de dados e identificar todos aqueles que contenham determinadas palavrascha ve A abordagem mais efetiva para esse tipo de busca é usar palavraschave cruzadas que devam estar presentes antes que o com putador indique um artigo Por exemplo uma estudante estava interessada em fazer uma pesquisa para determinar a incidência de estupros e outras agressões sexuais em encontros ie date rapes A estudante usou a palavrachave RAPE e o prefixo DAT para orientar sua busca escolhendo o prefixo DAT para encontrar variações como DATE DATES e DATING Depois de pesquisar vastos bancos de dados diversas vezes com palavraschave diferentes você talvez desenvolva uma con fiança indevida de que identificou tudo que existe sobre o tema Todavia é possível que informações pertinentes tenham sido perdi das em uma determinada busca em um banco de dados eletrônicos As palavraschave também podem ser enganosas O prefixo DAT iden tificou todos os estudos usando a palavra DATA de modo que muitas das referências da estudante forneciam dados DATA so bre o estupro mas não apenas no contexto de um encontro DATE Quando os bancos de dados eletrônicos são usados adequada mente as vantagens de pesquisar a literatu ra psicológica usando o PsycINFO compen sam em muito as suas desvantagens Metodologia A segunda seção mais importante do cor po de um texto científico é a seção de Me todologia Escrever a seção de Metodologia pode ser um desafio Pode até parecer fácil pois tudo que você tem a fazer é descrever exatamente o que fez mas para você ter uma noção do quanto isso pode ser difícil tente escrever um parágrafo claro e interes sante descrevendo como amarra os sapatos Dicas para escrever a seção de Metodolo gia A chave para escrever uma boa seção de Metodologia é a organização Felizmente a estrutura dessa seção é tão consistente entre os artigos científicos que algumas pou cas subseções básicas proporcionam o pa drão de organização que você precisa para a maioria dos artigos científicos Todavia devemos abordar a pergunta que estudantes que escrevem seu primeiro artigo fazem com Metodologia de pesquisa em psicologia 429 Na seção de Metodologia você des creverá o número e a natureza dos partici pantes sujeitos envolvidos em seu estudo os materiais instrumentação ou aparelhos específicos que foram usados além de des crever exatamente como realizou o estudo ie seu procedimento Esses tipos de in formações geralmente são apresentados em subseções diferentes pex Participantes Materiais Procedimento e é importante que você revise as diretrizes da APA para o con teúdo dessas subseções Também é uma boa ideia ler as seções de Metodologia de artigos publicados em revistas para ter uma noção do que deve ser incluído nessas subseções Resultados De muitas maneiras essa é a parte mais interessante de um artigo pois a seção de Resultados contém o clímax do artigo cien tífico os resultados do estudo Para muitos estudantes porém a excitação de descrever o clímax é prejudicada pela preocupação com a necessidade de relatar informações estatísticas na seção de Resultados A me lhor maneira de aliviar essa preocupação é claro é desenvolver o mesmo domínio dos conceitos estatísticos que você tem de outros conceitos Um primeiro passo impor tante é adotar uma estrutura organizacional simples para orientálo ao escrever a seção de Resultados ver Tabela 131 Você deve usar a seção de Resultados para responder as perguntas que levantou em sua introdução Todavia o princípio orientador da seção de Resultados é ate nhase aos fatos apenas aos fatos Você terá a oportunidade de ir além dos fatos quando chegar à seção de Discussão Informações estatísticas Os dados brutos do seu estudo pex escores individuais não devem ser incluídos na seção de Resul tados Ao contrário você deve usar estatís ticas resumo pex média desvio padrão e informar os resultados de todos os testes estatísticos inferenciais relacionados com a sua hipótese favoráveis e desfavoráveis Para estudos complexos o uso de tabelas e figuras costuma ser importante A seção de Resultados estabelece o alicerce para as con dições que você apresentar na seção de Dis cussão É na seção da Discussão e não na seção dos Resultados que as implicações do seu estudo devem ser mencionadas Como já dissemos na seção de Resultados atenha se aos fatos e apenas aos fatos mais frequência quanto de detalhe devo incluir A qualidade do seu artigo será afe tada negativamente se você incluir detalhes demais ou de menos O fato de que usou um lápis nº 2 para registrar os resultados cla ramente é um detalhe excessivo Uma boa regra geral é inclua informações suficientes para que um pesquisador interessado possa replicar o seu estudo Ler a seção de Me todologia de artigos científicos pode ajudar nessa tarefa escrita Ver também o Manual de Publicação para um apoio para escrever a seção de Metodologia Dicas para escrever uma boa seção de Resultados Sugerimos que você siga es tes passos ao escrever sua seção de Resul tados Passo 1 O parágrafo da seção de Re sultados começa declarando o propó sito da análise As razões para fazer uma análise devem ser informadas su cintamente muitas vezes não é ne cessário mais do que uma frase No parágrafo do exemplo o propósito da análise é analisar a retenção em função das instruções dadas durante o estudo Passo 2 O segundo passo para escrever um parágrafo da seção de Resultados é identificar a estatística descritiva pex média mediana frequência total que será usada para sintetizar os resultados de uma determinada variável dependen te No exemplo os pesquisadores usa ram os números médios de palavras lem bradas ao sintetizar os resultados Passo 3 O terceiro passo é apresentar uma síntese dessa estatística descritiva entre as condições As medidas da ten dência central devem ser acompanhadas 430 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Tabela 131 Estrutura de um parágrafo típico da seção de resultados 1 Descreva o propósito da análise 2 Identifique a estatística descritiva a ser usada para sintetizar os resultados 3 Apresente uma síntese dessa estatística para as diferentes condições no próprio texto em uma tabela ou em uma figura 4 Se usar uma tabela ou figura indique os principais resultados em que o leitor deve se concentrar 5 Apresente as razões e os resultados de intervalos de confiança tamanhos de efeito e testes estatísticos inferenciais 6 Descreva a conclusão baseada em cada teste mas não discuta implicações Elas devem vir na seção de Discussão Exemplo de parágrafo Para analisar a retenção em função das instruções dadas durante o estudo foi determinado o número de palavras que cada participante lembrou em cada condição de instrução As palavras foram contadas como corretas somente se correspondessem a uma palavra da lista Erros orto gráficos foram aceitos se a ortografia fosse semelhante à da palavraalvo Os números médios de palavras lembradas com os desvios padrão correspondentes foram 156 144 152 115 e 101 100 na condição de imagens bizarras na condição de imagens comuns e na condição de controle respectivamente Os intervalos de confiança de 95 foram imagens bizarras 1318 1802 imagens comuns 1278 1762 controle 768 1252 De um modo geral as diferenças médias foram estatisticamente significativas F2 72 16284 p 0001 EQM 147 η 2 082 Comparações entre os intervalos de confiança revelaram que ambas as condições de imagens diferiram da condição de controle mas que as duas condições de imagens não diferiram entre si Como conclusão a retenção pelos participantes instruídos a usar imagens foi maior do que a dos sujeitos que não receberam instruções específicas mas a retenção não diferiu para os dois tipos de instruções sobre as imagens por medidas correspondentes da varia bilidade como informar o desvio padrão juntamente com cada média Também é bastante recomendável informar uma medida do tamanho do efeito Se houver apenas duas ou três condições em seu experimento essa síntese deve ser apre sentada no próprio texto Se você tiver mais dados para resumir deve apresentar seus resultados em uma tabela ou figura gráfico Descreveremos os procedimen tos para construir tabelas e figuras mais adiante nesta seção Passo 4 A tabela ou figura não deve ser considerada suficiente por si só Seu lei tor precisará de ajuda para obter o má ximo possível de informações de uma tabela ou figura Você está na melhor po sição para dar essa ajuda pois é a pes soa mais familiarizada com os resultados Você deve direcionar a atenção dos leito res para os pontos mais importantes dos dados na tabela ou figura concentrando se especialmente naqueles aspectos dos resultados que são condizentes ou discrepantes com as hipóteses que pro pôs na introdução Geralmente não se apresentam os mesmos dados em uma tabela e uma figura Independentemen te de qual escolher certifiquese de en fatizar no próprio texto os resultados críticos que a tabela ou figura revelar Passo 5 O quinto passo ao escrever um parágrafo da seção de Resultados é apre sentar os resultados de testes estatísticos inferenciais As informações sempre de vem ser apresentadas juntamente com qualquer teste estatístico inferencial o nome do teste geralmente indicado por um símbolo como t r ou F os graus de liberdade para o teste apresentados em parênteses depois da identificação do teste e o valor do parâmetro que obteve a probabilidade exata do resultado do tes te a menos que o valor de p seja menor que 0001 como no exemplo e medidas Metodologia de pesquisa em psicologia 431 Apresentando dados em tabelas As tabe las são um meio eficaz e eficiente de apre sentar grandes quantidades de dados de maneira concisa A tabela deve complemen tar e não repetir informações apresentadas no texto do artigo mas deve estar bemin tegrada ao texto As tabelas em um artigo científico são numeradas consecutivamente Numerar as tabelas facilita se referir a elas no texto por seus números Cada tabela também deve ter um breve título explica tivo e as colunas e linhas da tabela devem ser rotuladas de forma clara As entradas de dados na tabela devem ser informadas todas no mesmo grau de precisão ie to dos os valores devem ter o mesmo número de casas decimais e os valores devem ser alinhados da mesma forma com os títulos das linhas e colunas correspondentes Você pode verificar no Manual de Publicação as várias maneiras de construir tabelas segun do as exigências estilísticas da APA ver es pecialmente o Capítulo 5 do Manual Apresentando dados em figuras As figu ras como as tabelas são um modo conciso de apresentar grandes quantidades de in formações Uma figura tem dois eixos prin cipais o eixo horizontal ou eixo x e o eixo vertical ou eixo y Geralmente os níveis da variável independente são plotados no eixo x e os da variável dependente são plotados no eixo y Quando existem duas ou mais va riáveis independentes os níveis da segunda e outras variáveis independentes servem como rótulos para os dados apresentados na figura ou são indicados na legenda Na Figura 131 os valores da variável depen dente número médio lembrado são plota dos no eixo y e os níveis da variável inde pendente posição serial são indicados no eixo x Os níveis da segunda variável inde pendente ativada A ou não ativada NA rotulam os dados nas figuras e os níveis da terceira variável independente instruções servem como subtítulos para cada um dos dois painéis separados da figura Dois tipos gerais de figuras costumam ser usados em psicologia gráficos de linhas e gráficos de barras O tipo mais comum é o gráfico de linhas como o mostrado na Fi gura 131 Quando a variável independen te plotada no eixo x é uma variável escalar nominal porém costumase usar um gráfi co de barras Por exemplo se você estivesse plotando a média aritmética variável de pendente de estudantes matriculados em diferentes cursos acadêmicos variável in do tamanho do efeito Você também deve incluir o erro quadrático médio EQM conforme ilustrado na Tabela 131 ver o exemplo de parágrafo O EQM o deno minador da razão F permite que leitores interessados calculem outras estatísticas a partir dos seus resultados e facilita a realização de metaanálises subsequen tes Conforme discutido nos Capítulos 11 e 12 recomendase informar também os intervalos de confiança Mais uma vez veja o exemplo de parágrafo para manei ras como essas informações são incorpo radas na seção de Resultados Passo final O último passo ao escrever um parágrafo da seção de Resultados é apresentar uma conclusão breve a partir de cada teste que você descreveu Por exemplo considere um estudo em que o número médio correto é 10 para o grupo experimental e 5 para o grupo controle e os intervalos de confiança para essas duas médias não se sobrepõem Uma conclusão apropriada seria o grupo controle teve desempenho inferior ao do grupo experimental Neste exemplo sim ples a conclusão pode parecer óbvia mas é essencial apresentar uma decla ração da conclusão especialmente para análises complexas Cada parágrafo da seção de Resul tados segue a estrutura apresentada na Tabela 131 A ideia não é sobrecarregar o leitor com estatísticas O desafio é sele cionar os resultados que são mais críticos certificandose de informar todos os dados pertinentes às questões levantadas em sua introdução Antes de concluir a nossa discussão da seção de Resultados des creveremos brevemente os procedimentos básicos para construir tabelas e figuras 432 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister dependente você poderia usar um gráfico de barras Um exemplo de gráfico de bar ras é apresentado na Figura 132 Existem maneiras alternativas de construir apresen tações gráficas úteis e você deve consultar o capítulo no Manual de Publicação Capí tulo 5 para ver as diversas opções Todas as figuras devem ser desenhadas de forma clara e rotuladas adequadamente para que os leitores possam entender exatamente o que está representado Discussão A seção de Discussão ao contrário da se ção de Resultados contém mais do que apenas os fatos Chegou o momento de expor as implicações da sua pesquisa en fatizar os resultados específicos que corro borem a sua hipótese e comentar critica mente os resultados que não a corroborem Em outras palavras faça uma síntese final para o júri de leitores A Discussão começa com uma declara ção sucinta dos resultados essenciais Esse resumo não deve repetir as estatísticas des critivas e não se refere necessariamente às análises estatísticas dos resultados Você deve comparar e contrastar seus resultados com os de outros pesquisadores da área especialmente com aqueles que citou an teriormente na introdução Seja honesto com seu leitor e admita quaisquer deficiên cias em seu desenho ou análise que possam levar a interpretações diferentes Uma ma neira de identificar limitações ou problemas é tentar prever as críticas que outras pessoas possam fazer ao seu estudo Se os seus re sultados não forem condizentes com as suas hipóteses originais você deve sugerir uma explicação para essas discrepâncias Tenha o cuidado de manter as afirma ções que fizer na discussão coerentes com os dados apresentados nos Resultados Por exemplo não se deve dizer que um grupo teve desempenho superior ao do outro se a diferença entre as médias para os grupos não for confiável pelo menos não sem qua lificar o que se quer dizer com superior Se apropriado conclua a Discussão propondo pesquisas adicionais que devam ser feitas em relação ao problema que está investigando Tente ser específico quanto à pesquisa que deve ser feita e por que ela deve ser realizada Ou seja certifiquese de explicar o que a nova pesquisa deve revelar que ainda não sabemos O leitor não apren derá muita coisa se você disser seria inte ressante fazer esse experimento com partici pantes mais jovens Ele entenderá melhor se você explicar como espera que os resulta dos difiram com participantes mais jovens e o que você concluiria se os resultados do experimento proposto saíssem conforme o esperado Dicas para escrever a seção de Discussão Um esboço da seção de Discussão pode ser mais ou menos assim Uma breve revisão do problema e suas hipóteses expectativas Um resumo dos principais resultados que corroboram ou não a sua hipótese Comparação com resultados obtidos por outros pesquisadores nessa área Comentários sobre as limitações do seu estudo e sempre existem algumas Sugestões para pesquisas futuras seja específico Comentários sobre a importância dos re sultados e se apropriado possíveis im plicações práticas Referências Geralmente são encontrados quatro tipos de referências na maioria dos artigos cien tíficos artigos de revistas livros capítu los de livros e fontes da internet A Tabela 132 ilustra como essas referências devem ser citadas na seção de Referências de um manuscrito As regras específicas de forma tação para informar essas referências e ou tros tipos conforme o estilo da APA podem ser revisadas consultando o Manual de Pu blicação O tutorial gratuito encontrado no endereço wwwapastyleorg também pode ajudar a formatar as referências Metodologia de pesquisa em psicologia 433 A rápida disseminação das publicações eletrônicas tem levado à necessidade de identificadores eletrônicos para informa ções obtidas na internet Por exemplo qual quer pessoa que use a internet conhece os URLs uniform resource locators Eles geral mente começam com http e são seguidos pelo nome de um servidor muitas vezes precedido por www um caminho e o títu lo do documento Por exemplo o URL para uma fonte muito útil para pesquisas rele vantes sobre temas psicológicos Library Research in Psychology é httpwww apaorgeducationundergradlibraryre searchaspx Se você citar informações obti das na internet é importante que forneça in formações específicas para localizar a fonte Uma forma mais recente de identi ficador eletrônico é um identificador de objetos digitais DOI O DOI é uma sigla alfanumérica que identifica o conteúdo e a localização eletrônica de um artigo ou ou tra fonte de informações encontradas na internet O DOI costuma ser encontrado na folha de rosto de um artigo publica do As diretrizes estilísticas da APA indi cam que sempre que existe um DOI você deve incluílo em sua citação na seção de Referências Uma maneira fácil de usar o DOI é adicionálo após httpdxdoi org ao pesquisar Assim o artigo apre sentado na Tabela 132 com o identificador 1010370003066X606581 pode ser en contrado usando o endereço httpdxdoi org1010370003066X606581 em seu mecanismo de busca Tente usar esse DOI e ver se encontra a referência para Hyde 2005 Mais uma vez indicamos o Manual de Publicação para uma discussão mais com pleta das fontes eletrônicas e formatos reco mendados para as referências Você economizará aos seus leitores mui tos problemas se seguir seus formatos de re ferência minuciosamente e revisar sua lista de referências com cuidado As referências são listadas em ordem alfabética pelo so brenome do primeiro autor de cada artigo Condições intencionais Condições incidentais Posição serial em blocos Número médio lembrado 70 60 50 40 30 20 10 12 34 56 78 12 34 56 78 A A NA NA Figura 131 Número médio de palavras lembradas em 10 possíveis em função da po sição serial em blocos ativação A ativada NA não ativada e condição instrucional 434 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Notas As notas são raras em artigos científicos e mais raras ainda em relatórios de pesquisa de estudantes Quando aparecem devem ser numeradas consecutivamente no texto e colocadas em uma página separada após a seção de Referências Apêndices Os apêndices são raros em artigos científi cos publicados mas são um pouco mais co muns em artigos acadêmicos de estudantes Quando faz parte de um artigo publicado cada apêndice começa em uma página sepa rada do texto e aparecem ao final do artigo após as referências Obs os professores po dem exigir que você submeta um apêndice com os seus dados brutos as planilhas para a análise estatística ou a folha impressa com as análises feitas no computador O apêndi ce também pode ser usado para incluir uma cópia literal das instruções dadas aos parti cipantes ou uma lista dos materiais usados no experimento Cada apêndice é identi ficado por uma letra A B C e assim por diante e qualquer referência ao apêndice no corpo do texto deve ser feita usandose essa letra Por exemplo você pode escrever as instruções completas podem ser encon tradas no Apêndice A Dicas para submeter seu manuscrito ao editor de uma revista O Manual de Publicação traz informações importantes sobre o processo de publicação incluindo descrições de políticas editoriais respon sabilidades uma lista de verificação para o manuscrito um exemplo de carta para o editor e a ficha de adesão aos princípios éticos da APA que pode ser solicitada ao submeter manuscritos aos periódicos da APA As Tabelas 1 2 e 3 no Apêndice do Manual contêm informações amplas reco mendadas para manuscritos relatando a coleta de dados originais Uma revisão des ses elementos críticos ajudará até os pes quisadores mais experientes a identificar o que pode estar faltando em seu artigo Apresentações orais Os psicólogos pesquisadores participam re gularmente de convenções profissionais nas quais apresentam descrições orais sucintas NP 015 010 005 Proporção de erros Itens Familiaridade SignificadoDiscussão Figura 132 Proporção de erros de reconhecimento cometidos por dois grupos de estudan tes universitários após avaliarem itens verbais para familiaridade ou significado Os itens eram não palavras NP e palavras que apareciam menos de 1 vez de 1 a 10 vezes e mais de 40 vezes por milhão na contagem de ThorndikeLorge Metodologia de pesquisa em psicologia 435 de suas pesquisas De maneira semelhante os estudantes podem fazer apresentações orais de suas pesquisas na sala de aula ou em um simpósio departamental de pesqui sa envolvendo alunos de várias turmas di ferentes ou em conferências de pesquisa na graduação Todas essas situações comparti lham uma característica o tempo permiti do para a apresentação geralmente não é de mais de 10 a 15 minutos Nesse período de tempo é impossível fazer a descrição deta lhada que é incluída em um artigo científico Uma boa apresentação oral mostra uma síntese sucinta do problema a meto dologia os principais resultados e as con clusões De muitas maneiras é como um resumo expandido do estudo Os pesquisa dores muitas vezes disponibilizam cópias escritas do seu estudo que contêm mais detalhes do que poderiam ser fornecidos na apresentação oral Isso livra o apresen tador para se ater aos pontos fundamen tais do estudo e não se prender aos deta lhes mínimos do método ou das análises Resista à tentação de informar resultados estatísticos específicos o valor de F da ANOVA foi 467 Simplesmente diga que foi obtida uma diferença significativa ou que as condições diferiam confiavelmen te Os ouvintes podem procurar detalhes específicos em seu texto escrito Tabela 132 Exemplo de formato para citações de referências Artigo de revista científica sem DOI Loftus E F Burns T E 1982 Mental Shock can produce retrograde amnesia Memory Cognition 10 318323 Artigo de revista científica com DOI Hyde J S 2005 The gender similarities hypothesis 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material de apoio visual A maioria das pessoas fala mais rápido quando fica nervosa portanto usar sinais para pausas em suas páginas lembrarão de falar em um ritmo moderado e pausar ocasionalmente A versão escrita que você usar para falar não precisa e tal vez não deva ser a mesma que o material escrito para distribuir para a plateia Você decide se deve memorizar a sua apresenta ção antes de fazêla talvez com ajuda de sli des do PowerPoint ou se a lerá Devido aos limites rígidos de tempo a sua apresenta ção somente deve mencionar os destaques do estudo Quando estiver satisfeito com a 436 Shaughnessy Zechmeister Zechmeister Projetos de pesquisa Na última seção deste capítulo discutimos a escrita novamente mas desta vez a escrita de projetos de pesquisa Conforme mencio namos no começo do capítulo os pesquisa dores muitas vezes devem procurar apoio financeiro para suas pesquisas submeten do propostas de bolsas a agências privadas ou governamentais Estudantes em classes de metodologia de pesquisa também pre cisam submeter projetos descrevendo pes quisas que possam fazer Mesmo que não seja necessário um projeto escrito somente um pesquisador imprudente prepararia um projeto de pesquisa sem uma consideração cuidadosa da literatura relacionada possí veis problemas práticos análises estatísticas factíveis dos dados e a eventual interpre tação dos resultados esperados Essa con sideração prévia cuidadosa ajudará você a desenvolver um projeto de pesquisa que seja exequível e que possa ser analisado e interpretado adequadamente O propósito do projeto de pesquisa é garan tir um desenho de pesquisa factível que quando implementado gere um resultado empírico in terpretável e de significativo mérito científico Nenhum projeto de pesquisa não importa o quanto seja bempreparado pode garantir resultados importantes Os pesquisadores aprendem no começo de suas carreiras so bre a Lei de Murphy Em essência a Lei de Murphy diz que qualquer coisa que possa dar errado dará Não obstante é impor tante preparar um projeto de pesquisa nem que seja para evitar os problemas que forem evitáveis na pesquisa Um projeto de pesquisa escrito segue o formato geral de um artigo científico mas os subtítulos das diversas seções são leve mente diferentes O projeto deve conter as seguintes seções principais Introdução Metodologia Resultados esperados e plano proposto para análise de dados Conclusões Referências Apêndice Informações para o Comitê de Revisão Institucional O projeto de pesquisa não contém re sumo e abstract A introdução do projeto de pesquisa provavelmente conterá uma revi são mais ampla da literatura relevante do que é necessária para um artigo científico A declaração do problema de pesquisa e o de senvolvimento lógico de hipóteses em um projeto de pesquisa são os mesmos exigidos para um artigo científico De maneira seme lhante a seção de Metodologia no projeto deve ser o mais semelhante possível à que acompanhará a pesquisa concluída A seção do projeto intitulada Resul tados esperados e plano proposto para análise de dados deve conter uma breve discussão dos resultados previstos para a pesquisa Na maioria dos casos não se sa berá a natureza exata dos resultados Toda via você sempre terá uma ideia na forma de uma hipótese ou prognóstico do resul tado da pesquisa A seção de Resultados esperados pode conter tabelas ou figuras dos resultados que você espera que ocor ram Os resultados esperados que são mais importantes para o projeto devem ser enfa tizados Uma proposta para um plano de sua apresentação escrita o próximo passo é ensaiála em voz alta para si mesmo de modo que esteja familiarizado com o que deve dizer e consiga se manter dentro do limite de tempo Então você deverá praticar a sua fala perante uma plateia crítica mas solidária Pergunte aos membros da sua plateia de prática o que não entenderam ou gostariam que fosse esclarecido Será que conseguiram acompanhar o que você dis se que fez e descobriu Você falou em um tom de voz suficientemente alto O material visual se houver era claro e eficaz Eles conseguiriam repetir os pontos principais Você se manteve dentro do limite de tempo permitido Finalmente ao fazer a apresen tação perante uma plateia real certifique se de deixar um tempo para perguntas Metodologia de pesquisa em psicologia 437 análise de dados para os resultados espe rados deve vir nessa seção Por exemplo se você está propondo um desenho complexo deve indicar quais efeitos estará testando e quais testes estatísticos usará Também de vem ser mencionadas alternativas razoá veis aos resultados esperados bem como problemas possíveis de interpretação que surgirão se os resultados se desviarem da hipótese de pesquisa O corpo de um pro jeto de pesquisa termina com a seção de Conclusões que apresenta uma declaração breve das conclusões e implicações basea das nos resultados esperados A seção de Referências deve ter exata mente a mesma forma que você submeteria com o artigo final Um apêndice deve con cluir o projeto de pesquisa contendo uma lista de todos os materiais que serão usados para fazer o estudo Por exemplo se você está fazendo um experimento envolvendo a memória dos estudantes para listas de pa lavras o apêndice deve conter o seguinte listas de palavras verdadeiras com rando mizações feitas o tipo de aparato utilizado para a apresentação instruções aos partici pantes para todas as condições e randomi zações de condições Finalmente o projeto de pesquisa deve incluir material a ser submetido a um Comi tê de Revisão Institucional IRB ou um co mitê semelhante criado para revisar a ética da pesquisa proposta ver Capítulo 3 Sua instituição sem dúvida tem formulários padronizados que devem ser submetidos com a sua proposta Abelson R P 1995 Statistics as principled argument Hillsdale NJ Erlbaum Abelson R P 1997 On the surprising longevity of flogged horses Why there is a case for the signi ficance test Psychological Science 8 1215 Adler T 1991 December Outright fraud rare but not poor science APA 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52666 19174 39615 99505 3 24130 48360 22527 97265 76393 64809 15179 24830 49340 32081 30680 19655 63348 58629 4 42167 93093 06243 61680 07856 16376 39440 53537 71341 57004 00849 74917 97758 16379 5 37570 39975 81837 16656 06121 91782 60468 81305 49684 60672 14110 06927 01263 54613 6 77921 06907 11008 42751 27756 53498 18602 70659 90655 15053 21916 81825 44394 42880 7 99562 72905 56420 69994 98872 31016 71194 18738 44013 48840 63213 21069 10634 12952 8 96301 91977 65463 07972 18876 20922 94595 56869 69014 60045 18425 84903 42508 32307 9 89579 14342 63661 10281 17453 18103 57740 84378 25331 12566 58678 44947 05585 56941 10 85475 36857 53342 53988 53060 59533 38867 62300 08158 17983 16439 11458 18593 64952 11 28918 69578 88231 33276 70997 79936 56865 05859 90106 31595 01547 85590 91610 78188 12 63553 40961 48235 03427 49626 69445 18663 72695 52180 20847 12234 90511 33703 90322 13 09429 93969 52636 92737 88974 33488 36320 17617 30015 08272 84115 27156 30613 74952 14 10365 61129 87529 85689 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86679 50720 94953 26 81525 72295 04839 96423 24878 82651 66566 14778 76797 14780 13300 87074 79666 95725 27 29676 20591 68086 26432 46901 20849 89768 81536 86645 12659 92259 57102 80428 25280 continua 452 Apêndice Tabela A1 Tabela de números aleatórios continuação Col Line 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 28 00742 57392 39064 66432 84673 40027 32832 61362 98947 96067 64760 64584 96096 98253 29 05366 04213 25669 26422 44407 44048 37937 63904 45766 66134 75470 66520 34693 90449 30 91921 26418 64117 94305 26766 25940 39972 22209 71500 64568 91402 42416 07844 69618 31 00582 04711 87917 77341 42206 35126 74087 99547 81817 42607 43808 76655 62028 76630 32 00725 69884 62797 56170 86324 88072 76222 36086 84637 93161 76038 65855 77919 88006 33 69011 65795 95876 55293 18988 27354 26575 08625 40801 59920 29841 80150 12777 48501 34 25976 57948 29888 88604 67917 48708 18912 82271 65424 69774 33611 54262 85963 03547 35 09763 83473 93577 12908 30883 18317 28290 35797 05998 41688 34952 37888 38917 88050 36 91567 42595 27958 30134 04024 86385 29880 99730 55536 84855 29080 09250 79656 73211 37 17955 56349 90999 49127 20044 59931 06115 20542 18059 02008 73708 83517 36103 42791 38 46503 18584 18845 49618 02304 51038 20655 58727 28168 15475 56942 53389 20562 87338 39 92157 89634 94824 78171 84610 82834 09922 25417 44137 48413 25555 21246 35509 20468 40 14577 62765 35605 81263 39667 47358 56873 56307 61607 49518 89696 20103 77490 18062 41 98427 07523 33362 64270 01638 92477 66969 98420 04880 45585 46565 04102 46880 45709 42 34914 63976 88720 82765 34476 17032 87589 40836 32427 70002 70663 88863 77775 69348 43 70060 28277 39475 46473 23219 53416 94970 25832 69975 94884 19661 72828 00102 66794 44 53976 54914 06990 67245 68350 82948 11398 42878 80287 88267 47363 46634 06541 97809 45 76072 29515 40980 07391 58745 25774 22987 80059 39911 96189 41151 14222 60697 59583 46 90725 52210 83974 29992 65831 38857 50490 83765 55657 14361 31720 57375 56228 41546 47 64364 67412 33339 31926 14883 24413 59744 92351 97473 89286 35931 04110 23726 51900 48 08962 00358 31662 25388 61642 34072 81249 35648 56891 69352 48373 45578 78547 81788 49 95012 68379 93526 70765 10592 04542 76463 54328 02349 17247 28865 14777 62730 92277 50 15664 10493 20492 38391 91132 21999 59516 81652 27195 48223 46751 22923 32261 85653 Fonte Table of 105000 Random Decimal Digits Statement no 4914 File no 261A Interstate Commerce Commission Washington D C May 1949 Apêndice 453 Tabela A2 Valores selecionados em uma distribuição de t Instruções para uso Para encontrar um valor de t localize a linha na coluna da esquerda da ta bela correspondente ao número de graus de liberdade gl associado ao erro padrão da média e selecione o valor de t listado para sua escolha de α adirecional O valor fornecido na coluna ro tulada como α 005 é usado no cálculo do intervalo de confiança de 95 e o valor fornecido na coluna rotulada como α 001 é usado para calcular o intervalo de confiança de 99 gl α 005 α 001 gl α 005 α 001 1 1271 6366 18 210 288 2 430 992 19 209 286 3 318 584 20 209 284 4 278 460 21 208 283 5 257 403 22 207 282 6 245 371 23 207 281 7 236 350 24 206 280 8 231 336 25 206 279 9 226 325 26 206 278 10 223 317 27 205 277 11 220 311 28 205 276 12 218 306 29 204 276 13 216 301 30 204 275 14 214 298 40 202 270 15 213 295 60 200 266 16 212 292 120 198 262 17 211 290 Infinito 196 258 Esta tabela foi adaptada da Tabela 12 de Biometrika Tables for Statiticians vol 1 3rd ed New York Cambridge University Press 1970 organizado por E S Pearson e H O Hartley sob permissão dos Trustees da Biometrika 454 Apêndice Tabela A3 Valores críticos da distribuição de F Instruções para uso Para encontrar um valor crítico de F localize na tabela a célula formada pela intersecção entre a linha que contém os graus de liberdade associados ao denominador da razão F e a coluna que contém os graus de liberdade associados ao numerador da razão F os números listados em negrito são os valores críticos de F com α 005 os números listados em letras normais são os valores críticos de F com α 001 Como exemplo suponhamos que você adotou o nível de significância de 5 e deseja avaliar a significância de um F com glnum 2 e gldenom 12 A partir da tabela verificamos que o valor crítico de F2 12 389 com α 005 Se o valor obtido para F for equivalente ou exceder esse valor crítico rejeitamos a hipótese nula se o valor obtido para F for menor do que esse valor crítico não rejeitamos a hipótese nula Graus de liberdade para numerador 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 15 20 24 30 40 60 Infinito Graus de liberdade para denominador 1 161 200 216 225 230 234 237 239 241 242 244 246 248 249 250 251 252 254 4052 4999 5403 5625 5764 5859 5928 5981 6022 6056 6106 6157 6209 6325 6261 6287 6313 6366 2 185 190 192 192 193 193 194 194 194 194 194 194 194 194 195 195 195 195 985 990 992 992 993 993 994 994 994 994 994 994 994 995 995 995 995 995 3 101 955 928 912 901 894 889 885 881 879 874 870 866 864 862 859 857 853 341 308 295 287 282 279 277 275 274 272 270 269 267 266 265 264 263 261 4 771 694 659 639 626 616 609 604 600 596 591 586 580 577 575 572 569 563 212 180 167 160 155 152 150 148 147 146 144 142 140 139 138 138 136 135 5 661 579 541 519 505 495 488 482 477 474 468 462 456 453 450 446 443 426 163 133 121 114 110 107 105 103 102 100 989 972 955 947 938 929 920 902 6 599 514 476 453 439 428 421 415 410 406 400 394 387 384 381 377 374 367 138 109 978 915 875 847 826 810 798 787 772 756 740 731 723 714 706 688 7 559 474 435 412 397 387 379 373 368 364 357 351 344 341 338 334 330 323 122 955 845 785 746 719 699 684 672 662 647 631 616 607 599 591 582 565 8 532 446 407 384 369 358 350 344 339 335 328 322 315 312 308 304 301 293 113 865 759 701 663 637 618 603 591 581 567 552 536 528 520 512 503 486 9 512 426 386 363 348 337 329 323 318 314 307 301 294 290 286 283 279 271 106 802 699 642 606 580 561 547 535 526 511 496 481 473 465 457 448 431 10 496 410 371 348 333 322 314 307 302 298 291 285 277 274 270 266 262 254 100 756 655 599 564 539 520 506 494 485 471 456 441 433 425 417 408 391 11 484 398 359 336 320 309 301 295 290 285 279 272 265 261 257 253 249 240 965 721 622 567 532 507 489 474 463 454 440 425 410 402 394 386 378 360 12 475 389 349 326 311 300 291 285 280 275 269 262 254 251 247 243 238 230 933 693 595 541 506 482 464 450 439 430 416 401 386 378 370 362 354 336 13 467 381 341 318 303 292 283 277 271 267 260 253 246 242 238 234 230 221 907 670 574 521 486 462 444 430 419 410 396 382 366 359 351 343 334 317 14 460 374 334 311 296 285 276 270 265 260 253 246 239 235 231 227 222 213 886 651 556 504 469 446 428 414 403 394 380 366 351 343 335 327 318 300 15 454 368 329 306 290 279 271 264 259 254 248 240 233 229 225 220 216 207 868 636 542 489 456 432 414 400 389 380 367 352 337 329 321 313 305 287 16 449 363 324 301 285 274 266 259 254 249 242 235 228 224 219 215 211 201 853 623 529 477 444 420 403 389 378 369 355 341 326 318 310 302 293 275 17 445 359 320 296 281 270 261 255 249 245 238 231 223 219 215 210 206 196 840 611 518 467 434 410 393 379 368 359 346 331 316 308 300 292 283 265 18 441 355 316 293 277 266 258 251 246 241 234 227 219 215 211 206 202 192 829 601 509 458 425 401 384 371 360 351 337 323 308 300 292 284 275 257 19 438 352 313 290 274 263 254 248 242 238 231 223 216 211 207 203 198 188 818 593 501 450 417 394 377 363 352 343 330 315 300 292 284 276 267 249 20 435 349 310 287 271 260 251 245 239 235 228 220 212 208 204 199 195 184 810 585 494 443 410 387 370 356 346 337 323 309 294 286 278 269 261 242 22 430 344 305 282 266 255 246 240 234 230 223 215 207 203 198 194 189 178 795 572 482 431 399 376 359 345 335 326 312 298 283 275 267 258 250 231 continua Apêndice 455 Tabela A3 Valores críticos da distribuição de F continuação Graus de liberdade para numerador 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 15 20 24 30 40 60 Infinito Graus de liberdade para denominador 24 426 340 301 278 262 251 242 236 230 225 218 211 203 198 194 189 184 173 782 561 472 422 390 367 350 336 326 317 303 289 274 266 258 249 240 221 26 423 337 298 274 259 247 239 232 227 222 215 207 199 195 190 185 180 169 772 553 464 414 382 359 342 329 318 309 296 281 266 258 250 242 233 213 28 420 334 295 271 256 245 236 229 224 219 212 204 196 191 187 182 177 165 764 545 457 407 375 353 336 323 312 303 290 275 260 252 244 235 226 206 30 417 332 292 269 253 242 233 227 221 216 209 201 193 189 184 179 174 162 756 539 451 402 370 347 330 317 307 298 284 270 255 247 239 230 221 201 40 408 323 284 261 245 234 225 218 212 208 200 192 184 179 174 169 164 151 731 518 431 383 351 329 312 299 289 280 266 252 237 229 220 211 202 180 60 400 315 276 253 237 225 217 210 204 199 192 184 175 17 165 159 153 139 706 498 413 365 334 312 295 282 272 263 250 235 220 212 203 194 184 160 120 392 307 268 245 229 217 209 202 196 191 183 175 166 161 155 150 143 125 685 479 395 348 317 296 279 266 256 247 234 219 203 195 186 176 166 138 Infi nito 384 300 260 237 221 210 201 194 188 183 175 167 157 152 146 139 132 100 663 461 378 332 302 280 264 251 241 232 218 204 188 179 170 159 147 100 Esta tabela foi resumida da Tabela 18 de Biometrika Tables for Statiticians vol 1 3rd ed New York Cambridge University Press 1970 organizado por E S Pearson e H O Hartley sob permissão dos Trustees da Biometrika Capítulo 1 Figura 11a Imagery MajesticCutcaster RF 11b Bananastocj RF Quadro 11 Cortesia da Prince ton University Figura 12a BettmanCorbis 12b Cortesia da National Library of Medicine 12c Historicus Inc RF Figura 13a Kim SteeleGetty RF 13b e c Corbis RF Capítulo 2 Figura 21 superior e inferior Cortesia de Thomas A Sebeok Distinguished Professor Emeritus India na University Bloomington Quadro 21 J S Ze chmeister Figura 22 PhotoLinkGetty RF Figura 23a The Museum of Questionable Medical Devices wwwmuseumofquackerycom 23b Corbis RF Fi gura 24 David BuffingtonGetty RF Figura 25 da Figura 3 página 453 de Levine R V 1990 The pace of life American Scientist 78 450459 1990 by Sigma Xi The Scien tific Research Society Inc Ilustração de Michael Szpir Usada sob permissão do editor e autor Capítulo 3 Figura 31a E B Zechmeister 31b Dynamic GraphicsJupiter Images RF 31c E B Zechmeis ter 31d Corbis RF Figura 32 Corbis RF Figura 33 Greg GobsonAPWide World Photos Figura 34 Digital Vision RF Figura 35 Fotografia de Eu gene Jeanne Zechmeister tirada por um transeunte simpático Figura 36 1968 Stanley Miligram Do filme Obedience distribuído por Pennsylvania State Media Sales Figura 37 Ryan McVayGetty RF Figu ra 38a E B Zechmeister 38b J J Shaughnessy Capítulo 4 Figura 42 Brand XGetty RF Figura 43 Ira E Hyman Jr Western Washington University Usa do sob permissão do autor Figura 44 Farrell GrehanCorbis Figura 45 Brand X Pictures Punchstock RF Tabela 43 de Dickie J R Gerber S C 1980 Training in social competence The effect on mothers fathers and infants Child Development 51 12481251 Materiais fornecidos por Jane Dickie Psychol ogy Department Hope College Holland MI 49423 Tabela 44 da Tabela 2 p 550 de LaFran ce M Mayo C 1976 Racial differences in gaze behavior during conversations Two systematic ob servational studies Journal of Per sonality and Social Psychology 33 547552 1976 by American Psy chological Association Reimpresso sob permissão do editor e do autor Figura 46 Jim SugarCorbis Capítulo 5 Figura 52 BananaStock RF Figura 53 da Figura 7 p 7 de Sax L J Austin A W Lindholm J A Kom W S Saenz V B Mahoney K M 2003 The American freshman National norms for fall 2003 Los Angeles Higher Education Research Institute UCLA UC Requests usado sob permissão do edi tor Figura 54 Duncan SmithGetty RF Figura 55 Ryan McVayGetty RF Tabela 51 adaptada da Tabela 3 p 621 de Lucas R E Diener E Suh E 1996 Discriminant validity of wellbeing mea sures Journal of Personality and Social Psy chology 71 616628 1996 American Psychological Association adaptado sob permissão do editor e autor Figura 56 Ingram PublishingAGE Fotostock Créditos 458 Créditos Capítulo 6 Figura 61 IndiapictureAlamy Images Figura 62 Henny Ray AbramsAFPGetty Images Fi gura 63 Corbis RF Tabela 61 adaptada da Ta bela 2 p 885 de Carnagey N L Anderson C A 2005 The effects of reward and punishment in violent video games on aggressive affect cognition and behav ior Psychological Science 16 882889 2005 American Psychological Society adaptado sob permissão da Sage Publications e do autor Figura 64 Brand X Pictures RF Figura 65 Photodisc Getty RF Capítulo 7 Figura 71 Ryna McVayGetty RF Figura 72 da Figura 1 p 434 de Sackeim H A Gur R C Saucy M C 1978 Emotions are expressed more intensely on the left side of the face Science 202 434436 American Association for the Advance ment of Science reimpresso sob permissão do editor e do autor Capítulo 8 Figura 85 adaptada da Tabela 2 p 913 de Pingi tore R Dugoni B L Tindale R S Spring B 1994 Bias against overweight job applicants in a simulated employment interview Journal of Applied Psychology 79 909917 1994 American Psycholo gical Association adaptado sob permissão do editor e do autor Tabela 95 adaptada de dados apresen tados na p 336 de Kaiser C R Vick S B Major B 2006 Prejudice expectations moderate precons cious attention to cues that are threatening to social identity Psychological Science 17 332338 2006 Association for Psychological Science adaptado sob permissão da Sage Publications e do autor Capítulo 9 Ilustração de estudo de caso 1978 Division of Psychotherapy 29 American Psychological As sociation adaptada sob permissão do editor e do autor A citação oficial que deve ser usada para re ferenciar esse material é Kirsch I 1978 Teaching clients to be their own therapists A case study illus tration Psychotherapy Theory Research Practice 15 302305 O uso dessa informação não acarreta endosso do editor Figura 91a Nina LeenGetty 91b BettmannCorbis Figura 92 LWADarn TardifCorbis Figura 93 adaptada da Figura 1 p 60 de Horton S V 1987 Reduction of disruptive mealtime behavior be facial screenings Behavior Mo dification 11 5364 1987 Sage Publications Inc adaptado sob permissão do editor e do autor Figura 94 da Figura 1 p301 de Allison MG Aileen T 1980 Behavioral coaching for the development of skills in football gymnastics and tennis Journal of Applied Behavioral Analysis 13 297304 1980 Expe rimental Analysis of Behavior Inc reimpresso sob permissão do editor e do autor Capítulo 10 Figura 101 Childrens Television WorkshopHul ton ArchivesGetty Images Figura 102 Mikael KarlssonArresting Images RF Figura 103 Ryan McVayGetty RF Figura 105 da Figura 5 p 416 de Campbell D T 1969 Reforms as experiments American Psychologist 24 109129 1969 American Psychological Association reimpresso sob permis são do editor e do autor Figura 106 adaptada da Figura 1 p 287 de Gigerenzer G 2004 Dread risk September 11 and fatal traffic accidents Psychologi cal Science 15 286287 e dados fornecidos pelo au tor 2004 American Psychological Society adapta do sob permissão da Sage Publications e do autor Figura 107 baseada na Figura 2 p 444 de Salomon G 1987 Basic and applied research in psychology Reciprocity with be tween two worlds International Journal of Psychology 22 441446 Reimpresso sob permissão da International Union of Psychological Science and Psychology Press httpwwwpsy presscoUKjournalsasp e do autor Capítulo 11 Figura 112a e b Fotografia de Alma Gottlieb da Figura 2 de DeLoache J S Pierroutsakos S J Ut tal D H Rosengren K S Gottlieb A 1998 Grasping the nature of pictures Psychological Scien ce 9 205210 Fotografia cortesia de Judy DeLoache Figuras 113 e 114 baseadas em dados fornecidos por Judy LeLoache e adaptadas da Figura 3 de De Loache et al 1998 Psychological Science 9 205210 1998 American Psychological Society adaptado sob permissão da Sage Publications e do autor Capítulo 13 Citações da p 65 Writing Style p 7071 Redu cing Bias in language texto ou conteúdo parafra seado baseado nas p 7177 General Guidelines for Reducing Bias e Capítulo 2 Manuscript Structu re and Content seções Abstract Introduction Me thod Results e Discussion p 2536 do Publication Manual of the American Psychological Association 6th edition 2010 Washington DC Copyright Ameri can Psychological Association Reproduzido e adap tado sob permissão A citação oficial que deve ser usada para referenciar esse material é American Psychological Association 2010 Pu blication Manual 6th ed Washington DC Author Abordagem empírica Abordagem para adquirir conhecimento que enfatiza a observação direta e a experimentação como modo de responder perguntas Abordagem idiográfica Estudo intensivo de um indivíduo com ênfase na singularidade e legiti midade individuais Abordagem multimétodos Abordagem de teste de hipóteses que procura evidências coletando dados pelo uso de vários procedimentos de pes quisa e medidas diferentes do comportamento o reconhecimento do fato de que qualquer obser vação do comportamento é suscetível a erros no processo de medição Abordagem nomotética Abordagem de pesquisa que busca estabelecer generalizações ou leis am plas que se apliquem a grandes grupos popu lações de indivíduos enfatizase o desempenho médio ou típico de um grupo Alfa Ver Nível de significância Ameaças à validade interna Causas possíveis de um fenômeno que devem ser controladas para que se possa fazer uma inferência clara de causa e efeito Amostra Qualquer coisa menor do que todos os casos de interesse na pesquisa de levantamen to um subconjunto da população tirado da base amostral Amostragem aleatória Ver Amostragem aleatória simples seleção aleatória Amostragem aleatória estratificada Tipo de amos tragem probabilística em que a população é divi dida em subpopulações chamadas de estratos e são tiradas amostras aleatórias de cada um des ses estratos Amostragem aleatória simples seleção aleatória Tipo de amostragem probabilística em que cada amostra possível de um tamanho especificado tem igual chance de ser selecionada Amostragem não probabilística Procedimento amostral em que não existe modo de estimar a probabilidade de cada elemento ser incluído na amostra um tipo comum é a amostragem de conveniência Amostragem probabilística Procedimento amostral em que se pode especificar a probabilidade de cada elemento da população ser incluído na amostra Amostragem situacional Seleção aleatória ou sis temática de situações em que se fazem observa ções com o objetivo de obter representatividade entre circunstâncias locais e condições Amostragem temporal Seleção de períodos de ob servação seja de forma sistemática ou aleatória com o objetivo de obter uma amostra representa tiva do comportamento Amplitude A diferença entre o número mais alto e o mais baixo em uma distribuição Análise de conteúdo Variedade de técnicas para fazer inferências identificando objetivamente características específicas de mensagens geral mente comunicações escritas mas podendo ser qualquer forma de mensagem usada amplamen te na análise de dados arquivísticos Glossário 460 Glossário ANOVA A análise de variância ou ANOVA é o tes te inferencial mais usado para analisar uma hipó tese nula ao comparar mais de duas médias em um estudo unifatorial ou em estudos com mais de um fator ie variável independente O teste ANOVA baseiase em analisar fontes diferentes de variação em um experimento Avaliação de programas Pesquisa que visa deter minar se uma mudança proposta por uma insti tuição agência governamental ou outra unidade da sociedade é necessária e provável de ter o efei to planejado e quando implementada de ter o efeito desejado a um custo razoável Características de demanda Pistas e outras infor mações usadas pelos participantes para orientar seu comportamento em um estudo psicológico levandoos a fazer o que acreditam que o obser vador experimentador espera que façam Codificação Passo inicial na redução dos dados especialmente com registros narrativos na qual unidades de comportamento ou eventos especí ficos são identificados e classificados de acordo com critérios específicos Coeficiente de correlação Estatística que indica o quanto duas medidas variam juntas o tamanho absoluto varia de 00 ausência de correlação a 100 correlação perfeita a direção da covariação é indicada pelo sinal do coeficiente com o mais indicando que as medidas covariam na mes ma direção e o menos indicando que as variá veis variam em direções opostas Comparação entre duas médias Técnica estatísti ca que pode ser aplicada geralmente obtendose um teste F abrangente estatisticamente significa tivo para localizar a fonte específica de variação sistemática em um experimento comparando duas médias de cada vez Confirmar o que os dados revelam No terceiro estágio da análise dos dados o pesquisador de termina o que os dados nos dizem sobre o com portamento São usadas técnicas estatísticas para refutar o argumento de que os resultados se de vem simplesmente ao acaso Confusão Ocorre quando a variável independen te de interesse covaria sistematicamente com uma segunda variável independente involun tária Conhecer os dados No primeiro estágio da análi se de dados o pesquisador inspeciona os dados em busca de erros e valores extremos atípicos e geralmente se familiariza com as características gerais dos dados Consentimento informado Disposição expressa explicitamente de participar de um projeto de pesquisa com base na compreensão clara da na tureza da pesquisa das consequências de não participar e de todos os fatores que possamos es perar que influenciem a disposição de participar Construto Conceito ou ideia usados em teorias psicológicas para explicar o comportamento ou processos mentais exemplos incluem a agressi vidade depressão inteligência memória e per sonalidade Contaminação Ocorre quando existe comunicação de informações sobre o experimento entre gru pos de participantes Contrabalanceamento Técnica de controle para distribuir balancear efeitos da prática entre as condições de um desenho de medidas repetidas A maneira como o contrabalanceamento ocorre depende do desenho usado se é de medidas re petidas completo ou incompleto Controle Componente fundamental do método científico no qual se isolam os efeitos de diver sos fatores possivelmente responsáveis por um fenômeno três tipos básicos de controle são ma nipular manter as condições constantes e balan ceamento Correlação Ocorre quando duas medidas dife rentes das mesmas pessoas eventos ou coisas variam juntas a presença de uma correlação pos sibilita prever valores em uma variável conhe cendose os valores da outra Correlação negativa Relação entre duas variáveis na qual os valores para uma medida aumentam à medida que diminuem os valores da outra Correlação positiva Relação entre duas variáveis na qual os valores para uma medida aumentam à medida que aumentam os valores da outra d de Cohen Medida frequente do tamanho do efei to na qual a diferença em médias para uma con dição é dividida pela variabilidade média dos escores dos participantes desvio padrão dentro dos grupos Com base nas diretrizes de Cohen valores de d de 020 050 e 080 representam efei tos pequenos médios e grandes respectivamen te para uma variável independente Debriefing Processo realizado após uma sessão de pesquisa no qual os participantes são informa dos sobre a fundamentação para a pesquisa de que participaram sobre a necessidade de algum engano e sobre a sua contribuição específica para a pesquisa Definição operacional Procedimento pelo qual um conceito é definido unicamente em termos dos procedimentos observáveis usados para produ zilo e medilo Glossário 461 Depósito seletivo Viés que resulta da maneira como os traços físicos são dispostos e da ma neira como as fontes arquivísticas são produ zidas editadas ou alteradas à medida que são estabelecidas quando presente o viés limita seriamente a generalização de resultados da pesquisa Desejabilidade social Pressões sobre respondentes de um levantamento para responder da maneira como pensam que deveriam responder segundo o que é mais aceitável socialmente e não de acor do com o que realmente acreditam Desenho ABAB desenho de reversão Desenho experimental de sujeito único no qual um está gio basal inicial A é seguido por um estágio de tratamento B retorno ao modo basal A e outro estágio de tratamento B o pesquisador observa se o comportamento muda com a introdução do tratamento reverte quando o tratamento é remo vido e melhora novamente quando o tratamento é reintroduzido Desenho com amostras independentes sucessivas Desenho de pesquisa de levantamento no qual se usa uma série de levantamentos transversais com as mesmas perguntas a cada amostra conse cutiva de respondentes Desenho de grupos naturais Tipo de desenho de grupos independentes cujas condições represen tam os níveis selecionados de uma variável inde pendente de ocorrência natural por exemplo a variável de diferenças individuais idade Desenho complexo Experimento em que duas ou mais variáveis independentes são estudadas si multaneamente Desenho de grupo controle não equivalente Pro cedimento quaseexperimental em que se faz uma comparação entre grupos controle e de tra tamento que foram estabelecidos com outra base que não a designação aleatória dos participantes aos grupos Desenho de grupo controle não equivalente com séries temporais Ver também Desenho de séries temporais interrompidas simples Pro cedimento quaseexperimental que aumenta a validade de um desenho de séries temporais com a inclusão de um grupo controle não equivalente os grupos de tratamento e comparação são ob servados por um período de tempo antes e de pois do tratamento Desenho de grupos aleatórios Tipo mais comum de desenho de grupos independentes no qual os sujeitos são designados aleatoriamente a cada grupo de modo que os grupos são considerados comparáveis no começo do experimento Desenho de grupos independentes Cada grupo separado de sujeitos no experimento representa uma condição diferente definida pelo nível da variável independente Desenho de grupos pareados Tipo de desenho de grupos independentes em que o pesquisa dor forma grupos comparáveis combinando os sujeitos em uma tarefa préteste e depois designa aleatoriamente os membros desses conjuntos de sujeitos pareados às condições do experimento Desenho de medidas basais múltiplas entre indi víduos entre comportamentos entre situações Desenho experimental de sujeito único em que o efeito do tratamento é demonstrado mostrando que comportamentos em mais de uma base mu dam como consequência da introdução de um tratamento são estabelecidas bases múltiplas para diferentes indivíduos diferentes comporta mentos no mesmo indivíduo ou para o mesmo indivíduo em situações diferentes Desenho de reversão Ver Desenho ABAB dese nho de reversão Desenho de séries temporais interrompidas Ver Desenho de séries temporais interrompidas simples e Desenho de grupo controle não equi valente com séries temporais Desenho de séries temporais interrompidas sim ples Procedimento quaseexperimental no qual mudanças em uma variável dependente são observadas por um período de tempo antes e de pois de um tratamento ser introduzido Desenho fatorial Ver Desenho complexo Desenho longitudinal Desenho de pesquisa em que a mesma amostra de respondentes é entre vistada estudada mais de uma vez Desenho transversal Desenho de pesquisa de le vantamento que usa uma ou mais amostras da população e coleta informações das amostras em um único momento Desenho unifatorial de grupos independentes Ex perimento que envolve grupos independentes com uma variável independente Desenhos de medidas repetidas Desenhos de pes quisa em que cada sujeito participa de todas as condições do experimento ie a medição é repe tida com o mesmo sujeito Desenhos do tipo N 1 Ver Experimento de su jeito único Desgaste dos sujeitos Ameaça à validade interna que ocorre quando o experimento perde sujeitos por exemplo quando os sujeitos abandonam o projeto de pesquisa A perda de participantes Glossário 463 Experimento de sujeito único Procedimento que se concentra na mudança comportamental em um indivíduo contrastando sistematicamente as condições do indivíduo enquanto se monitora o comportamento continuamente f de Cohen Medida do tamanho do efeito quan do existem mais de duas médias que define um efeito relativo ao grau de dispersão entre as mé dias grupais Com base nas diretrizes de Cohen um valor de f de 010 025 e 040 define um efeito pequeno médio e grande respectivamente Fidedignidade entre observadores Grau em que dois observadores independentes concordam Fidedignidadeconfiabilidade Uma medida é fide dignaconfiável quando é consistente Grupo controle com placebo Procedimento pelo qual uma substância que se parece com uma dro ga ou outra substância ativa mas que na verdade é uma substância inerte ou inativa é administra da aos participantes Hipótese Uma tentativa de explicar um fenômeno Hipótese nula H0 Suposição usada como primeiro passo na inferência estatística na qual se diz que a variável independente não teve efeito Histórico A ocorrência de um evento que não o tratamento que possa ameaçar a validade inter na se produzir mudanças no comportamento dos sujeitos da pesquisa Inferência causal Identificação da causa ou causas de um fenômeno estabelecendo a covariação de causas e efeitos uma relação de ordem temporal com a causa precedendo o efeito e a eliminação de causas alternativas plausíveis Instrumentação Podem ocorrer alterações ao lon go do tempo não apenas nos participantes de um experimento mas também nos instrumentos usados para medir o seu desempenho Essas mu danças devidas à instrumentação podem amea çar a validade interna se não puderem ser sepa radas do efeito do tratamento Intervalo de confiança Indica a faixa de valores que podemos esperar conter um valor popula cional com um grau especificado de confiança pex 95 Intervalo de confiança para um parâmetro popula cional Faixa de valores ao redor de uma esta tística amostral pex média amostral com uma probabilidade especificada pex 95 de que o parâmetro populacional pex média popula cional esteja compreendido dentro do intervalo Maturação A mudança associada à passagem do tempo se chama maturação As mudanças que os participantes sofrem em um experimento que se devem à maturação e não ao tratamento podem ameaçar a validade interna Média A média aritmética ou apenas média é de terminada dividindose a soma dos escores pelo número de escores que contribuem para aquela soma A média é a medida mais usada da ten dência central Mediana O ponto médio em uma distribuição acima e abaixo do qual se localiza a metade dos escores Medidas da dispersão variabilidade Medidas como a amplitude e o desvio padrão que descre vem o grau de dispersão dos números em uma distribuição Medidas da tendência central Medidas como a média mediana e moda que identificam um es core ao redor do qual os dados tendem a girar Medidas não obstrutivas não reativas Medidas do comportamento que eliminam o problema da reatividade porque as observações são feitas de maneira tal que a presença do observador não é detectada pelos indivíduos em observação Metaanálise Análise de resultados de vários às vezes muitos experimentos independentes que investigam a mesma área de pesquisa a medida usada em uma metaanálise geralmente é o ta manho do efeito Método científico Abordagem ao conhecimen to que enfatiza processos empíricos em vez de processos intuitivos hipóteses testáveis e a ob servação controlada e sistemática de fenômenos definidos operacionalmente coleta de dados usando instrumentos acurados e precisos medi das válidas e fidedignas e a publicação objetiva dos resultados os cientistas tendem a ser críticos e mais importante céticos Moda O escore que aparece com mais frequência na distribuição Nível de significância Probabilidade ao testar a hipótese nula que é usada para indicar se um resultado é estatisticamente significativo O nível de significância ou alfa é igual à probabilidade de um erro do Tipo I Observação estruturada Variedade de métodos observacionais com intervenção nos quais o grau de controle costuma ser menor do que em experimentos de campo usada com frequência por psicólogos clínicos e do desenvolvimento para fazer avaliações comportamentais Observação naturalística Observação de um com portamento em um ambiente mais ou menos na tural sem qualquer tentativa de intervir Observação participante Observação do compor tamento por uma pessoa que também tem um 464 Glossário papel ativo e significativo na situação ou contex to em que se registra o comportamento Perda mecânica de sujeitos Ocorre quando o sujeito não conclui o experimento por falha de equipamentos ou por erro do experimentador Perda seletiva de sujeitos Ocorre quando sujeitos são perdidos de forma diferencial entre as condi ções do experimento como resultado de alguma característica de cada sujeito que está relaciona da com o resultado do estudo Pesquisa aplicada Pesquisa que busca conheci mento para melhorar determinada situação Ver também Pesquisa básica Pesquisa básica Pesquisa que busca conhecimen to para aumentar a compreensão do comporta mento e processos mentais e para testar teorias Ver também Pesquisa aplicada Pesquisa correlacional Pesquisa para identificar relações preditivas entre variáveis de ocorrência natural Pesquisa de n pequeno Ver Experimento de sujei to único Plágio Apresentação das ideias ou trabalho de ou trem sem identificar a fonte de forma clara Poder Probabilidade em um teste estatístico de que uma hipótese nula falsa seja rejeitada o po der está relacionado com o nível de significância selecionado o tamanho do efeito do tratamento e o tamanho da amostra População Conjunto de todos os casos de interesse Privacidade O direito que os indivíduos têm de decidir como informações a seu respeito serão comunicadas a outras pessoas Procedimento duplocego Quando o participante e o observador não sabem são cegos qual trata mento está sendo administrado Quaseexperimentos Procedimentos que lembram as características de experimentos verdadeiros por exemplo que usam um tipo de intervenção ou tratamento e uma comparação mas sem o grau de controle encontrado em experimentos verdadeiros Questionário Conjunto de questões predetermina das para todos os respondentes que serve como o principal instrumento de pesquisa em um le vantamento Randomização em bloco A técnica mais comum para a designação aleatória no desenho de grupos aleatórios cada bloco contém uma ordem aleató ria das condições e existem tantos blocos quantos sujeitos em cada condição do experimento Razão riscobenefício Avaliação subjetiva do risco para um sujeito de pesquisa em relação ao bene fício dos resultados da pesquisa proposta para o indivíduo e a sociedade Reatividade Influência que um observador tem no comportamento em observação o compor tamento influenciado pelo observador não pode ser representativo do comportamento que ocorre quando não existe observador presente Redução de dados Processo na análise de dados comportamentais pelos quais os resultados são organizados de maneira significativa preparan dose sínteses dos resultados importantes Registros arquivísticos Fonte de evidências ba seada em registros ou documentos que relatam as atividades de indivíduos instituições gover nos e outros grupos usados como alternativa ou em conjunto com outros métodos de pesquisa Registros narrativos Registro que visa proporcio nar uma reprodução mais ou menos fiel do com portamento como ocorreu originalmente Regressão à média A regressão estatística pode ocorrer quando indivíduos foram selecionados para participar de um experimento por causa dos seus escores extremos A regressão estatística é uma ameaça à validade interna pois se espera que indivíduos selecionados de grupos extremos tenham escores menos extremos em um segundo teste o pósteste sem nenhum tratamento sim plesmente devido à regressão estatística Relação espúria Ocorre quando evidências indi cam falsamente que duas ou mais variáveis são associadas Replicação Repetir os procedimentos exatos usa dos em um experimento para determinar se os mesmos resultados são obtidos Representatividade Uma amostra é representativa no nível em que tem a mesma distribuição de ca racterísticas que a população da qual foi selecio nada nossa capacidade de generalizar da amos tra para a população depende essencialmente da representatividade Risco mínimo Dizse que um sujeito de pesquisa sofre risco mínimo quando a probabilidade e a magnitude de danos ou desconforto previstos na pesquisa não são maiores do que se encontram normalmente na vida cotidiana ou durante a rea lização de tarefas de rotina Seleção A seleção é a ameaça à validade interna que ocorre quando desde o começo de um estu do existem diferenças entre os tipos de indiví duos em um grupo e os de outro grupo do expe rimento Glossário 465 Sensibilidade Em um experimento referese à probabilidade de que o efeito de uma variável independente seja detectado quando a variável tem um efeito de fato a sensibilidade é maior no mesmo nível em que a variação do erro for redu zida pex mantendo as variáveis constantes em vez de equilibrálas Sintetizar os dados Neste segundo estágio de análise de dados o pesquisador usa estatísticas descritivas e materiais gráficos para sintetizar as informações em um conjunto de dados descre vendo tendências e padrões nos dados Sobrevivência seletiva Viés que resulta da manei ra como os traços físicos e arquivísticos sobrevi vem ao longo do tempo quando presente o viés limita seriamente a validade externa de resulta dos da pesquisa Tamanho do efeito Índice da intensidade da re lação entre a variável independente e a variá vel dependente que independe do tamanho da amostra Tendência central Ver Medidas da tendência central Tendência linear Tendência nos dados que é sinte tizada corretamente por uma linha reta Teoria Conjunto de proposições organizado de forma lógica que serve para definir eventos descrever relações entre eventos e explicar a ocorrência desses eventos as teorias científicas orientam a pesquisa e organizam o conhecimen to empírico Testagem Fazer um teste geralmente tem um efei to sobre testes subsequentes A testagem pode ameaçar a validade interna se não for possível separar o efeito do tratamento do efeito da tes tagem Teste de significância da hipótese nula Procedi mento de inferência estatística usado para decidir se uma variável teve efeito em um estudo O teste da hipótese nula começa com o pressuposto de que a variável não tem efeito ver hipótese nula e a teoria da probabilidade é usada para determi nar a probabilidade de que o efeito pex uma diferença média entre condições observado em um estudo ocorreria simplesmente pela variação do erro acaso Se a probabilidade do efeito ob servado for pequena ver nível de significância supondo que a hipótese nula seja verdadeira in ferimos que a variável produziu um efeito confiá vel ver estatisticamente significativo Teste F Na análise de variância ou ANOVA a razão de variação entre os grupos e dentro dos grupos ou variação do erro Teste F abrangente Análise geral inicial baseada na ANOVA Teste t para grupos independentes Teste inferen cial para comparar duas médias de grupos dife rentes de sujeitos Teste t para medidas repetidas intrassujeito Tes te inferencial para comparar duas médias do mesmo grupo de sujeitos ou de dois grupos de sujeitos pareados em uma medida relacionada com a variável dependente Traços físicos Fontes de evidências baseadas nos remanescentes fragmentos e produtos de com portamentos passados usados como alternativa ou em conjunto com outros métodos de pesquisa Transferência diferencial Problema potencial em desenhos de medidas repetidas quando o desem penho em uma condição difere dependendo da condição que a antecede Validade A veracidade de uma medida uma medida válida é aquela que mede o que diz medir Validade externa Nível em que os resultados de um estudo podem ser generalizados para dife rentes populações situações e condições Validade interna Grau em que as diferenças no de sempenho podem ser atribuídas de forma clara ao efeito de uma variável independente ao con trário do efeito de alguma outra variável não controlada um estudo internamente válido está livre de confusão Variabilidade Ver Medidas da dispersão variabi lidade Variável de diferenças individuais Uma caracte rística ou traço que varia entre os indivíduos como nível de depressão idade inteligência gênero Como essa variável é formada a partir de grupos preexistentes ie ocorre natural mente a variável de diferenças individuais pode ser chamada de variável de grupos na turais Outro termo usado às vezes como sinô nimo para variável de diferenças individuais é variável do sujeito Variável dependente Medida do comportamento que o pesquisador usa para avaliar o efeito da variável independente se houver Variável independente Fator para o qual o pesqui sador manipula pelo menos dois níveis para de terminar seu efeito no comportamento Variável independente relevante Variável inde pendente que influencia o comportamento seja de forma direta produzindo um efeito princi pal ou indiretamente resultando em um efeito de interação em combinação com uma segunda variável independente 466 Glossário Viés da taxa de resposta Ameaça à representativi dade de uma amostra que ocorre quando alguns participantes selecionados para responder a um levantamento deixam sistematicamente de con cluílo pex por não terminarem um questio nário longo ou não aceitarem participar de uma enquete telefônica Viés de seleção Ameaça à representatividade de uma amostra que ocorre quando os procedimen tos usados para selecionar uma amostra resultam em super ou subrepresentação de um segmento significativo da população Viés do entrevistador Ocorre quando o entrevista dor tenta ajustar a formulação de uma questão para encaixála no respondente ou registra ape nas porções selecionadas das respostas Viés do observador Erros sistemáticos de obser vação costumam resultar das expectativas do observador com relação aos resultados do estudo ie efeitos da expectativa Abelson R P 211212 352355 368369 386387 391 393395 Adair J G 8788 Adler T 2930 Allison M G 304308 Allport G W 5859 294295 Altmann J 143144 Ambady N 6062 American Psychiatric Association 5558 American Psychological Association APA xxii 25 2731 7374 88 90 94100 388389 392397 407 416 420422 255256 431 433435 Ancell M 121122 Anderson C A 2023 211214 222223 Anderson C R 7981 Anderson J R 6465 Anderson K J 281282 Anglin J M 355356 Aristóteles 2324 Armeli S 131132 Ascione F R 111 113 Association for Psychological Science APS 25 2728 3233 7374 164165 420422 Astin A W 166169 Astin H A 177178 Astone N M 173 174 Atkinson R C 293294 320321 Atwater J D 344345 Aubrey L W 378379 Ayllon T 304308 Azar B 423 Baer D M 310311 Bagemihl B 112113 Baker T B xi 3233 131132 Baldwin A K 161162 Banaji M R 7475 7781 8384 9293 112113 141 142 163165 222223 423 Bard K A 109110 Barker L S 131132 Barker R G 131132 Barlow D H 290291 296 301302 304305 308309 Baron R M185186 Bartholomew G A 420421 Bartlett M Y 5051 Baumeister R F 106107 Baumrind D 8789 Bauserman R 25 2728 Baxter M G 169173 BeckerBlease K A 7879 Begley S ixx Behnke S 97 Bellack A S 8081 9093 Bentham J 9596 Berdahl J L160161 Berk R A 343344 Berkowitz L 2023 Berliner L 28 Bickman L 110 Birnbaum M H 164165 423 Bjork R 2021 Blanchard F A 141142 Blanck P D 8081 9093 Índice onomástico 468 Índice onomástico Bolgar H 290291 296 Boring E G 46 Boruch R F 343344 Boss S M 116117 127130 Bower G H 279282 Brandt R M 126130 Bransbury A J 48 Brigham J C141142 Britton B 9192 Bröder A 89 158 Brody G H 301302 Broffman M 48 Brossart D F 298299 Brown D R 247248 Brown R 6465 Bruckman A 7475 7781 8384 9293 112113 141142 163165 423 Bryant A N 177178 Buchanan T 163164 Burger J M 8788 Bushman B J 4546 222223 242243 Caggiano J M 116117 127130 Campbell D T 6768 119124 139140 321322 324329 332341 343344 391 Candland D K 111 113 Cantor J 4546 Carey B 294295 Carnagey N L 211214 Carroll K A 9394 Ceci S J 220222 259260 Centers for Disease Control 244245 CepedaBenito A 28 Chaffin M 28 Chambers D L 343344 Chambless D L133134 Chapman G B 179180 Charness N 288289 Chastain G 76 Chernoff N N 2526 Chow S L 386387 395396 Christensen L 89 90 Christiansen A xii Chronis A M 355356 Church S M 48 Cicchetti D 117 125126 143144 Clark H H 179180 Clark M S 151152 Coast J R 244246 Cohen J 7475 7781 8384 9293 112113 141 142 163165 214216 353354 361363 368369 386387 390391 393398 402404 406407 423 Connor N 288289 Cook T D 6768 321322 324327 332340 346 347 391 Cook W A 48 Coon D J 2324 Corbin J 5960 132133 Cordaro L142143 Cordon I 28 Costal A 109110 Couper M 7475 7781 8384 9293 112113 141 142 163165 Craik K H 2425 Crandall C S 141142 Crandall R 7374 8485 99100 140141 Crenshaw M 2021 Cronbach L J 423424 Crossen C 151152 156157 Crossley A M 183184 Crowder R G 222223 Cull W L 355356 Cumming G xiii 366368 372373 386387 Curtiss S R 111 113 Dalal R 164165 423 Dallam S J 28 DAnna C A 355356 Darley J M 118119 183184 Darwin Charles 2425 Davies P G 133134 Dawes R M 220223 DeAngelo L 166169 DeLoache J S 369373 Descartes 2324 DeSteno D 5051 DeWitt R 236237 Dickie J R128131 Diener E 3536 7374 8485 99100 140141 151 152 176177 184185 Dittmar H 4142 199204 Dixit J 114 140141 Dolan C A 131132 Donnerstein E 2023 206207 Dubner J 123124 Duckett E 108109 Dugoni B L 267269 Ebbinghaus H 288289 Eberhardt J L 133134 Eckenrode J 112113 134135 141142 EibleEibesfeldt I 112113 Einstein A 2526 Ekman P 106107 Endersby J W 121122 Entwisle D R 173174 Epley N 88 90 Epstein S 175176 Erickson L M 308309 311312 Ericsson K A 288289 Estes W K 366367 374 386387 Evans G W 185187 Evans R 206207 Índice onomástico 469 Fechner T 2324 288289 Feeney D M 9495 Fehrmann P G 378379 Festinger L 115116 139140 Fiddler F xii Field A E 169173 Finch S xii 366368 372373 386387 Fincham F D 151152 Fine M A 9597 104 Fiore M C 131132 Fischler C 121123 Fisher C B 77 89 Fleischman D A 288289 Fossey D 140141 Fowler R D 9495 Fraley R C 163164 423 Francis M E 3738 3435 Freeman P R 250252 Freud S 25 27 5556 Freyd J J 7879 Frick R W 391 Friedman H S 123124 133134 Friedman M P 120121 Frost R O 307309 Fryberg D 77 89 Funder D C 106107 Gabrieli J D E 288289 Galileu 2425 Galvani A P 179180 Gena A 306308 Gentile L 185187 Gerrard M 344345 Gigerenzer G xii 4142 337340 Gilman R 288289 Gilovich T 5354 Glaser J 114 140141 Gleaves D H 28 Goldstein C C 259265 276277 Gonczy C 48 Gonnella C 185187 Gonzalez R 386389 Goodall J 9495 Goodman G S 28 Goodman S H 173174 Gordon P C 133134 Gordon R T 48 Gosling S D 2425 28 Gottlieb A 369373 Graham S M 151152 Green D P 114 140141 Greenwald A G 7475 7778 9293 386389 Griskevicius V 5355 Grissom R J 361362 368369 Grove J B 119124 139140 Gur R C 238242 Hagen R L 386387 Haggbloom S J 2526 Halliwell E 4142 295300 Halpern A R 279282 Haney M 288289 Hansen C J 244246 Hansen K A128130 Harlow H F 111 113 Harlow M K 111 113 Harre R 289290 Harris R J 386389 Harsch N 6566 Harshman R A 366367 386387 391 394395 Hartl T L 307309 Hartup W W 112113 125127 137138 Hawley K M 215216 Healy N A 355356 Heatherton T F 151152 169170 172173 Hersen M 290291 296 301302 304305 308309 Hertwig R 89 Hertzog C 2021 Hickman C 299300 Hilts P J 293294 Hippler H J 163164 Hitlin P 165167 Hoaglin D C 353354 356357 H M ver Molaison H G Holden C 7677 9495 Holland R W 4142 Holmbeck G N 108109 185186 Holsti O R 132134 Horton S V 302304 Hou M 221222 Howell D C 357358 366367 Hubbard A 48 Huberman A M 132133 Huesmann L R 2023 Huff C 88 90 Hume D 9596 Hunt M 214216 Hunter J E 353354 386387 391 394395 Hurtado S 166169 Hyman I E 116117 127130 Iannuzzo R 89 Ison J R 142143 Ive S 4142 199204 James W 2527 Janecki T 48 Jeeves M A 236237 JensenDoss A 215216 Jezierski T 48 John O P 28 Johnson D 9394 Johnson G M 344345 Johnson J D 2023 470 Índice onomástico Johnson S L 133134 Joiner T E 169173 Jones V K 2526 Judd C M 136137 183184 214216 317318 Kabnick K 121123 Kahneman D xiixiii 2526 4546 Kaiser C R 270276 414415 Kalinowski P xii Kandel E 294295 Kardas E P 423 Kaschak M P 356357 Kasser T 3031 Kassin S M 8788 9192 9798 259265 276277 Kawakami K 4142 Kazdin A E 290291 293294 300302 304305 308312 Keane M M 288289 Keel P K 169173 Keith T Z 378379 Keller F S 2324 KelleyMilburn D 423 Kelman H C 8384 8991 Kenny D A 185186 Keppel G 261262 390 411412 415 Kidd S A 5960 Kidder L H 136137 183184 214216 317318 Kiechel K L 8788 9192 9798 Killeen P R xii 386387 Kim J J 361362 368369 Kimble G A 5556 6667 Kimmel A J 8384 8988 90 KiriginRamp K 247249 Kirk R E 361363 402403 Kirkham G L 114 Kirsch I 210 290293 296297 Klaiman C 288289 Kleinig A xii Klinesmith J 3031 Kohlberg L 2930 Korn W S 166169 Kosty M 48 Kraemer H C 28 Kral M 5960 Kramer A D I 112113 Kramer A F 2021 Krantz J H 28 164165 423 Krantz P J 306308 Kratochwill T R 298302 Krauss S xii Kraut T R 7475 7781 8384 9293 112113 141 142 163165 423 Kroenër J 48 Krueger J 386387 Kruglanski A W 2021 Kubany E S 288290 292293 Kulik J 6465 Kurdek L A 9597 104 Ky K N 3435 LaFrance M 109110 135138 Lakatos I 6667 Lambert N M 151152 Landrum R E 76 Langer E J xi 330337 342343 Larson R W 108109 131132 138139 Latane B 118119 183184 LeBlanc P 77 Lee L 161162 Lee S W S 221222 Leeman J xii Lenhart A 165167 Leonard M xii Levin D T 298299 Levine R V 5759 6162 Levitt S D 123124 Li M 179180 Liberty H J118119 Light K O 131132 Lindenberger U 2021 Lindholm J A 166169 Lo J xii Locke 2324 Locke T P 344345 Loftus E F 28 Loftus G R 353354 371372 386387 Lorenz K 2526 Lovaas O I 299300 Lucas R E 169170 176177 Ludwig J 182 Ludwig T E 236237 MacCoun R 2526 Madden M 165167 Madey S F 5354 Madigan C M 154155 Maesiripieri D 9394 Mahamedi F 169173 Mahoney K M 166169 Major B 270276 414415 Malamuth N M 2023 Marcynyszyn L A 185187 Martens B K 300302 Martin L R 123124 133134 Marx M H 4243 46 4950 5455 6568 Masson M E J 371372 Masters J C 296 Matsumoto D 110 Matuszawa T 109110 Mayo C 109110 135138 McAndrew F T 3031 McCallum D M 77 McCarthy D E 131132 Índice onomástico 471 McCarthy N 48 McClannahan L E 306308 McCulloch M 48 McDaniel M 2021 McFall R M xi 3233 McGrew W C 132133 McGuire W J 3738 McKenzie K E 116117 127130 McMenamin N xii Medvic V H 5354 Meehl P E 6668 386387 Michels K M 247248 Michielutte R 339340 Milburn M 423 Miles M B 5960 132133 Milford T M 423 Milgram S 8790 103104 118119 Mill J S 9596 Miller G A 355356 Miller J D 3133 Miller N E 9394 Milner B 293294 Milson J R 6465 Molaison H G 293295 Moneta G 108109 Mooallem J 112113 Mook D G 219220 222223 318319 Moore C 160161 Moore C F 356357 Morrell F 288289 Mosteller F 353354 356357 Mulaik S A 366367 386387 391 394395 Musch J 28 Myers D G 151152 184185 Myers L J 48 MyowaYamakoshi M 109110 National Research Council 9495 Neisser U 2425 6566 Newburger E C28164165 Newhagen J E 121122 Newsom C 299300 Nichols P 170171 Norman W D 236237 Nosek B A 7475 7778 9293 Novak M A 9495 Office for Human Research Protections 8485 Olson J 7475 7781 8384 9293 112113 141142 163165 423 Ondersma S J 28 Orne M T 9293 138139 210 Ortmann A 89 Park C L 131132 Park N 5051 Parker R I 298299 Parnell P 111 113 Parry H J 183184 Parsons H M 326 Parsonson B S 310311 Pashler H 2021 Paskett E D 339340 PatukiBlake L 166169 Paty J 131132 Pavlov I 2526 Pease A 106107 Pease B 106107 Pegalis L 9192 Pennebaker J W 3738 196198 Pete E 121123 Peterson C 5051 Piaget J 117118 Piasecki T M 131132 Pickren W E 2526 Pierroutsakos S L 369373 Pingitore R 267269 Piper A I 342343 Popper K R 6467 Posavac E J 183 340342 356357 368369 372 373 379380 388389 392 406407 411412 Post J M 2021 Pottebaum S M 378379 Poulson C L 306308 Poulton E C 250252 Powers J L 112113 134135 141142 Presser S 182 Pryor J H 166169 PurdieVaughns V J 133134 Rachels J 9596 Raju N S 366367 386387 391 394395 Rasisnki K A 161162 Rauscher F H 3435 Reimers T M 378379 Reips U 28 Reminger S L 288289 Revelle W 281282 Richards M H 108109 Richardson D R 9192 Richardson J 111 113 Riecken H 115116 139140 Rimm D C 296 Rind B 25 2728 Robins R W 2425 Rodin J xi 330337 342343 Rodriguez B 89 Roese N J 9192 Roethlisberger F J 326 Rogers A 199200 Rogosh F A 117 125126 143144 Rohrer D 2021 Rosenfeld A 9394 472 Índice onomástico Rosengren K S 369373 Rosenhan D L xi 114116 138139 142144 Rosenthal R 77 142143 210 362363 368369 392395 402403 413414 Rosnow R L 8081 9093 368369 392395 402 403 413414 Rossi P H 343344 RotheramBorus M J 8081 9093 Rozin P 121123 Rubanowitz D E 124125 Rubin D C 6566 Russell T M 2526 Sackeim H A 238242 Sacks O 289290 293294 296 Saenz V B 166169 Salomon G 342343 Salpekar N 185187 Sapirstein G 210 Sergeant J D 150151 Sargis E G 8788 90 141142 163165 Saucy M C 238242 Savitsky K 259265 276277 Sax L J 166169 Schachter S 115116 139140 Schacter D L 294295 Schlesinger L 25 2728 Schmidt F L 353354 386387 391392 394395 Schmidt W C 164165 Schober M F179180 Schoeneman T J 124125 Schoggen M F 131132 Schooler N R 8081 9093 Schultz R T 288289 Schuman H 182 Schwartz J E 123124 133134 Schwartz P 150151 Schwartz R D 119124 139140 Schwarz N 163164 221222 Scoville W B 293294 Seale C 5960 Sechrest L 119124 139140 391 Seligman M E P 5051 Shadish W R 321322 324327 333340 391 Shapiro K J 9495 Sharpe D 8788 Shaughnessy J J 5758 6466 9798 138139 153 155 223224 252 279280 329330 422 Shaw G L3435 Shelton B 339340 Shepperd J A 8283 Sherwood A 131132 Shields C 121123 Shiffman S 131132 Shiffrin R M 293294 Shoham V xi 3233 Sieber J E 89 Silberg J L 28 Simmons R A 133134 Simon H A 2526 6465 Singer P 9596 Skinner B F 25 27 297299 311312 Skitka L J 8788 90 141142 163165 Smith E R 136137 183184 214216 317318 Smith J A 289290 Smith T W 182 Smith V 2526 Sokal M M 2324 Sperry R W 2526 Spiegel D 28 Spitz R A 111 113 Spitzer R L 115116 Spring B 267269 Srivastava S 28 Stanley J C 321322 327329 333334 339340 Stark D E 288289 Steen T A 5051 Sternberg R J 3637 5960 6465 219 Stevens L C 244246 Strauss A 5960 132133 Striepe M 169173 Sue S 220223 Suh E 176177 Surwit R S 9394 Susskind J E 4546 Talarico J M 6566 Tassinary L G 128130 Tatum C M 339340 Taubman D 221222 Taylor K M 8283 Tennen H 131132 Thioux M 288289 Thomas L 197198 Thomason N xii 386387 Thompson T L 127128 Tinbergen N 2526 Tindale R S 267269 Toledo R 118119 TomlinsonKeasy C 123124 133134 Tomonaga M 109110 Toth S L 117 125126 143144 Towle M J 121122 Tran S 166169 Tromovitch P 25 2728 Tucker J S 123124 133134 Tukey J W 353354 356358 386387 Turner K 48 Tversky A 2526 4546 Tybur J M 5355 Ulrich R E 9496 Índice onomástico 473 Underwood B J 6566 138139 223224 252 279280 US Census Bureau 162163 Uttal D H 369373 Valentino K 120121 125126 143144 Van Baaren R B 4142 Van den Bergh B 5355 VanderStope S W 329330 van Knippenberg A 4142 Van Langenhove L 289290 Vaughn L A 141142 Vazire S 28 Velez R 339340 Vick S B 270276 414415 Victoroff J 2021 Vietri J 179180 Vila Sésamo 318320 Vitouch O xii Vohs K D 106107 von Békésy G 2526 von Frisch K 2526 von Helmholtz H 2324 Wackenhut J118119 Wakefield P C 355356 Warnick J E 2526 Warnick R 2526 Wartella E 2023 Watson J B 2425 46 Webb E J 119124 139140 Weiner B 115116 Weisz J R 215216 West S G 321322 Whitlock J L 112113 134135 141142 Wilkinson L xii 395396 Williams P G 9394 Williams W M 5960 Willingham B 110 Willis C M 48 Willis G B 161162 Wilson G T 299300 Wilson R S 2021 Wilson R W 120121 Wilson S xii Winer B J 247248 Wingard D L 123124 133134 Wise B M 116117 127130 Witte A D 343344 Wright H F 131132 Wundt W 2324 Yarbrough G L 2526 Yeaton W H 391 Yeh W 161162 Zaayer J 48 Zechmeister E B 5758 6465 9798 153155 183 355357 368369 372373 379380 406407 411412 Zechmeister J S 5758 6465 9798 153155 Zimbardo P G xi 6364 Zuk M 112113 Índice remissivo Abordagem empírica 2425 4549 idiográfica 5859 389390 Ver também Estudo de caso método multimétodos no teste de hipótese 3739 186 187 196197 nomotética 5659 294295 Acurácia de instrumentos de medição 5154 observação 4850 questionários 174 Adaptação dessensibilização habituação 138141 Alcance da teoria 6465 Alfa Ver Nível de significância Ameaça da seleção de sujeitos à validade interna Ver Ameaça à validade interna seleção Ameaças à validade interna Ver também Técnicas de controle contaminação 324325 335336 definição 205206 321322 desgaste perda de sujeitos 207210 323 efeitos aditivos com a seleção 323324 efeitos da novidade 324326 335337 efeitos da prática e 238240 experimentos verdadeiros e 320324 história local 334335 histórico 321322 instrumentação 322323 maturação 321322 regressão 322323 seleção 323 testagem 321323 testando grupos intactos 205206 American Psychiatric Association 5558 American Psychological Association APA código de ética da 2931 73100 Comitê sobre Pesquisa com Animais e Ética CARE 9495 história da 25 27 Manual de Publicação 9899 392393 395397 407 421422 424429 431 433435 website 25 2728 7374 9899 420421 432433 Amostra definição 153155 Ver também Amostra gem Amostragem aleatória simples 156158 aleatória estratificada 157 159160 conveniência 156 elemento 153155 157159 eventos 108109 modelo 153155 157159 não probabilística 156157 pesquisa de levantamento e 153160 163164 pesquisas pela internet e 163166 população e 153155 217218 probabilística 156160 representatividade e 107108 154160 162163 167169 171172 sistemática 107108 158 situacional 108110 sucessiva não comparável 167169 sujeito 109110 temporal 107109 tendenciosa 154157 160165 termos básicos da 153155 Amplitude 360361 Ver também Estatísticas descri tivas Variabilidade medidas 476 Índice remissivo Análise comportamental aplicada 289290 297300 Análise de caminho 185187 Análise de conteúdo definição 132133 passos na 133135 Análise de dados 131138 210220 352419 Ver também Análise de Variância ANOVA Teste F Teste quiquadrado de contingência Intervalos de confiança Correlação Estatísticas descritivas Teste de significância da hipótese nula Teste t assistida por computador 354355 401 estágios 212213 352374 386387 ilustração para um experimento 355374 Análise de Variância ANOVA Teste F bifatorial para desenho de grupos independentes e 409414 definição 397400 desenhos complexos e 274275 409415 desenhos de grupos independentes e 397403 409415 desenhos de medidas repetidas e 407410 desenhos mistos e 413415 desenhos unifatoriais de grupos independentes e 397403 efeito principal 258259 261265 273275 412413 efeito principal simples 413414 efeitos de interação e 274275 410414 hipótese nula 399400 lógica da 397400 média ao quadrado 402 405406 430431 poder e 403405 significância estatística e 401403 408409 414 415 soma dos quadrados e 402 409410 413415 tabela de valores críticos de F 454455 tabela resumo 401402 408409 414415 tamanho de efeito e 402404 406407 409410 413415 teste F abrangente 217218 399403 Análise experimental do comportamento 289290 297299 Anotações de campo 126127 ANOVA Ver Análise de Variância ANOVA Teste F Aplicação como objetivo do método científico 55 57 6364 340345 Apresentações orais 434436 Artigo científico Ver Escrita científica Association for Psychological Science APS 25 2728 7374 420421 website 25 2728 420421 Avaliação de programas 316317 340345 Balanceamento Ver também Contrabalanceamento desenhos de grupos independentes e 198199 201204 desenhos de medidas repetidas e 238248 designação aleatória e 198199 203207 216217 efeitos da prática e 238248 randomização em bloco 203207 241242 validade interna e 198199 variáveis externas e 198199 206207 Bancos de dados eletrônicos 422 Barras de erro 364365 372374 Behaviorismo 2425 27 Calibração instrumentos 5152 Características de demanda controlando 138141 definição 138139 210 experimentos duploscegos e 210211 grupos controle com placebo e 210 CARE Comitê sobre Pesquisa com Animais e Éti ca 9495 Ver também Risco aos participantes Causas alternativas plausíveis 6263 198199 201 202 296 Cego experimentador observador 143144 210 211 Ceticismo de cientistas 3133 4546 Checklists 128131 Codificação definição 132133 redução de dados e 132133 registros narrativos e 132133 respostas a questões 183 Código de Nuremberg 76 Coeficiente de correlação 137138 150151 183 375379 Ver também Correlação Coeficiente de Correlação ProdutoMomento de Pe arson 137138 183 376379 Ver também Correlação Combinação desenho fatorial 258259 Ver também Desenhos complexos Comitê de Revisão Institucional IRB 7477 8385 Comitê Institucional sobre o Uso e Cuidado de Animais IACUC 7477 9495 Comparação entre duas médias 217218 374 392 394398 405406 Ver também Intervalos de confian ça Teste t Comportamento Ver Análise comportamental aplicada Estágio basal Análise experimental do comportamento Medição do comportamento Registrando o comportamento Amostragem correspondência entre informado e real 183185 medidas de autoavaliação e 175178 183184 Compreensão como objetivo do método científico Ver Explicação como objetivo do método científico Computadores Ver também Pesquisa pela internet análise de dados e 354355 desenvolvimento da psicologia e 2425 pesquisa de levantamento e 163166 revolução do computador 2425 Índice remissivo 477 Comunicação em psicologia 5052 353355 420 437 Ver também Publicando resultados e método científico Artigo científico Comunicação entre grupos experimentais 324325 Conceito 4952 Ver também Construto Concordância percentual de observadores 137 138 Condição de controle 4849 198199 Condição experimental tratamento 4849 198199 Confidencialidade 8187 Confirmar o que os dados revelam 211212 352 354 363374 386387 Confusão Ver também Causas alternativas plausí veis Ameaças à validade interna ameaça à validade interna e 320322 definição 63 198199 desenhos de grupos independentes e 203204 desenhos de grupos naturais e 226227 desenhos de medidas repetidas e 237240 validade interna e 198199 320324 variáveis externas e 206207 Conhecendo os dados 211212 352360 375 Consentimento informado 8093 definição 8189 dicas sobre como obter 8687 Consistência 5354 Ver também Fidedignidade Construto definição 5051 definição operacional de 5052 método científico e 4952 validade de 175178 Contaminação ameaça à validade interna 324 325 335336 Contexto cultural e social da psicologia 25 2730 Contexto moral da ciência 2931 Contexto sociocultural da ciência 25 2730 Contrabalanceamento 238248 ABBA 242244 definição 238240 desenho completo versus incompleto 238240 ordem inicial aleatória com rotação 246248 ordens selecionadas 246248 Quadrado Latino 246248 randomização em bloco 241242 todas as ordens possíveis 245247 Contrabalanceamento ABBA 238242 Controle 4649 198199 318319 324 Ver também Condição de controle Técnicas de controle Controle com placebo 210211 Correlação antecipação e 5962 137138 150151 causalidade e 6163 184187 379380 coeficiente 137138 150151 183 dados nominais e 183 definição 6061 137138 374 diagrama de dispersão e 375380 fidedignidade do observador e 137138 ilusória 4546 intervalo de confiança para 379380 método científico e 5962 negativa 137138 376379 pesquisa de levantamento e 150151 positiva 137138 376379 ProdutoMomento de Pearson 137138 183 376 379 relações espúrias e 185186 tendência linear e 376378 Covariação de variáveis e inferências causais 61 63 137138 198199 Ver também Correlação Crédito em publicações 9597 427 Cúmplice 116 118119 d tamanho do efeito Ver d de Cohen D barra média de escores de diferença 369370 393395 d de Cohen 214216 361363 392393 406407 definição 214216 Dados arquivísticos registros análise de conteúdo 132135 avaliação de programas e 341342 codificação 132135 definição 122123 depósito seletivo 123124 desenho de séries temporais interrompidas e 337338 estudos de caso e 289290 fundamentação 122123 problemas e limitações de 123125 registros contínuos 119120 122123 registros episódicos 119120 122123 sobrevivência seletiva 124125 tipos de 122124 tratamento natural e 122124 Dados categóricos Ver Escala nominal Debriefing de participantes 3031 9293 Definição operacional comunicação e 5152 críticas da 5152 definição 5052 significado da 5052 Depósito seletivo registros arquivísticos 122125 Descrição como objetivo do método científico 5560 Desejabilidade social 183184 Desenho ABAB desenho de reversão 301305 questões éticas 304305 questões metodológicas 303305 Desenho de amostras independentes sucessivas pesquisa de levantamento 166169 Desenho de grupo controle não equivalente características de 328329 definição 328330 478 Índice remissivo exemplo 329337 fontes de invalidade 332337 validade externa e 336337 Desenho de grupo controle não equivalente com séries temporais 340341 Desenho de grupos aleatórios Ver também Desenho de grupos independentes análise de 210219 268275 355374 387393 397407 409414 definição 198199 desenho complexo e 268275 exemplo de 199204 grupos independentes e 198204 validade externa e 219224 validade interna e 198199 317318 Desenho de grupos independentes 196230 análise de 397403 409415 bifatorial 258283 409414 complexo 258283 409415 definição 199 desenho misto e 413415 grupos aleatórios 199 grupos intactos e 205206 grupos naturais 225228 grupos pareados 223226 poder para 403405 tamanho do efeito em 213214 teste t 217218 392393 unifatorial 398399 Desenho de grupos naturais definição 226227 desenho complexo e 279282 efeito de interação e 278282 grupos independentes e 225228 inferências causais e 226227 279282 variável de diferenças individuais e 225226 Desenho de grupos pareados 223226 Desenho de medidas basais múltiplas entre comportamentos 306308 entre indivíduos sujeitos 304308 entre situações 306308 generalizando 308310 questões metodológicas 308312 variações 330334 Desenho de reversão 302303 Ver também Desenho ABAB desenho de reversão Desenho de séries temporais interrompidas com grupo controle não equivalente 340341 simples 337340 validade externa 340 validade interna 339340 Desenho longitudinal pesquisa de levantamento 169173 Desenho misto 413415 Desenho prétestepósteste de grupo único 327328 Desenho unifatorial de grupos independentes 398 399 Ver também Desenhos experimentais Desenhos complexos fatoriais 258283 análise de 268275 413414 ausência de interação e 273275 412413 bifatorial 259260 409415 combinação fatorial 258259 definição 258259 descrição 258365 desenho misto 413415 efeito de interação e 258259 266267 274282 410414 efeito principal e 258259 261 266265 267 273 275 412413 efeito principal simples e 272273 411413 exemplo de 259261 publicando resultados de 415416 teste de teorias e 274276 278282 trifatorial 267269 Desenhos de medidas repetidas análise de 247249 368447 completos 238244 definição 235236 incompletos 238240 243248 medidas repetidas e 237238 razões para usar 235238 sensibilidade de 236237 391 408409 tamanho de efeito e 249250 teste t para 250252 transferência diferencial problema da 250252 variação do erro 250252 Desenhos de N 1 Ver Desenhos experimentais sujeito único n pequeno Desenhos experimentais complexos 258283 fatoriais 258259 grupos aleatórios 198204 grupos independentes 196230 grupos naturais 225228 grupos pareados 223226 grupos unifatoriais independentes 199206 397 407 intrassujeitos Ver Medidas repetidas intrassujei tos medidas repetidas 235255 mistos 413415 quaseexperimentos 317318 327 sujeito único n pequeno 297312 Desenhos intrassujeitos Ver Desenhos de medidas repetidas Desenhos transversais pesquisa de levantamento 165167 Desenhosmétodos de pesquisa tipos de análise comportamental aplicada 289290 297300 análise experimental do comportamento 289 290 297299 Índice remissivo 479 aplicada 6364 caso único 288289 correlacional 150151 descritiva 106193 desenhos de grupos independentes 196230 desenhos de grupos naturais 225228 desenhos de grupos pareados 223226 desenhos experimentais complexos 258282 desenhos mistos 413415 estudo de caso 289298 experimental 196283 experimento de campo 118119 internet e 28 163166 laboratório versus situações naturais 318319 medidas repetidas 235252 não obstrutiva não reativa 118125 observacional 106144 pesquisa básica 6364 pesquisa de levantamento 165173 psicofísica 237238 288289 quaseexperimental 327341 sujeito único n pequeno 297302 Desgaste perda de sujeitos desenho longitudinal e 171173 mecânico 207 seletivo 207210 Designação aleatória balanceamento e 198199 201207 216217 definição 199 desenho de grupos aleatórios e 199206 216217 estatísticas inferenciais e 216217 398399 experimentos verdadeiros e 317318 grupos intactos de 205207 quaseexperimentos e 317321 randomização em bloco e 203207 216217 situações naturais e 318320 validade interna e 198199 201204 Dessensibilização 137138 Desvio padrão Ver também Medidas da dispersão variabilidade cálculo do 360361 d de Cohen e 361363 definição 135136 213214 360265 erro padrão estimado da média e 361 Diagrama de caule e folha 357359 Diagrama de dispersão 375376 Ver também Cor relação Diário da internet 131132 Diferenças individuais variável do sujeito definição 48 225226 desenho de grupos naturais e 225228 desenhos de medidas repetidas e 238239 Discagem de números aleatórios 162163 Dispersão de escores Ver Medidas da dispersão variabilidade Distribuição f valores críticos de 454455 Duplocego procedimento 210211 Efeito da história local 334335 Efeito de interação análise de 269273 410413 bidirecional 263264 267268 definição 263264 descrição 264268 270273 desenhos de grupos naturais e 278282 desenhos mistos e 415 efeito principal simples e 411413 efeitos de teto e piso e 277279 interpretação 262268 270273 método de subtração e 265 267 teste de teorias e 274276 278282 tridirecional 267269 validade externa e 276278 variáveis relevantes e 277278 Efeito de perturbação como ameaça à validade interna 324325 Efeito de teto e piso 278279 Efeito Hawthorne 326 Ver também Efeitos da novi dade ameaças à validade interna Efeito principal definição 261 desenhos complexos e 258259 261265 273275 412413 interpretação 261263 266265 267 412413 simples 272273 411412 Efeitos aditivos com seleção como ameaças à vali dade interna 323324 histórico e 323324 instrumentação e 324 maturação e 323 Efeitos da antecipação 243244 Efeitos da novidade ameaças à validade interna 324326 335337 Efeitos da prática desenhos de medidas repetidas balanceando 238248 contrabalanceando 238240 controlando 238248 definição 238240 efeitos da antecipação e 243244 transferência diferencial e 250252 Efeitos de expectativa do experimentadorobser vador 142143 335336 Efeitos do estágio de prática Ver Efeitos da prática desenhos de medidas repetidas Efeitos do experimentador observador 142143 210211 335336 Ver também Reatividade Elemento na pesquisa de levantamento 410411 Eliminação de causas alternativas plausíveis 6163 Ver também Inferência causal relação Controle Validade interna Causas alternativas plausíveis Experimento verdadeiro 480 Índice remissivo Engano de participantes 3031 8693 Entrevista pessoal 161162 Entrevistas Ver Entrevista pessoal Pesquisa de levantamento Erro do Tipo I 219220 389390 Erro do Tipo II 219220 389390 Erro padrão da média cálculo do 361 definição 361 tamanho da amostra e 361 Erro padrão estimado da média 361 Ver também Erro padrão da média Escala 237238 de avaliação 128131 Ver também Medição do comportamento de medição 127131 Ver também Medição do comportamento de razão medida 127131 intervalares 127131 183 nominal 127130 183 ordinal medida 127131 Escore extremo Ver Valores extremos ou atípicos Escores de diferença 368370 Escrita diretrizes eficazes para 423426 Ver também Artigo científico Escrita científica 420426 Ver também Publicando resultados e método científico dicas sobre como escrever 426433 diretrizes para a escrita eficaz 423426 estrutura do artigo 425426 Manual de Publicação da APA Ver American Psychological Association APA questões éticas 9598 434435 referências citação 9798 427 429435 Estágio basal 299302 309311 Estágio de tratamento versus estágio basal 299302 Estágios da análise de dados 211212 352375 386387 Estatisticamente significativo definição 217220 394395 Estatísticas descritivas 134138 213214 247250 Ver também Tendência central definição Medidas da dis persão variabilidade Síntese dos dados inferenciais 216218 387388 Ver também Teste de significância da hipótese nula Estudo de caso método características 288292 desvantagens 295297 exemplo 290292 teoria e 290 292295 testemunhos e 297298 vantagens 290 292296 Eta quadrado η 2 249250 402404 409410 413 414 definição 249250 402403 Etnocentrismo 2930 Etologia 2526 112113 Evidências científicas 2024 4456 Ver também Abordagem multimétodos no teste de hipótese Experimento Ver também Desenhos experimentais análise de 210220 352374 386416 da sociedade 343344 de campo 118 141142 definição 47 inferência causal e 6163 198199 laboratório versus ambiente natural 318321 331 333 386416 lógica do 6163 197199 quaseexperimento 317318 327341 sensibilidade de 390 sujeito único n pequeno 297312 validade externa de 219224 327 validade interna de 6163 198199 205211 verdadeiro 198199 317327 verdadeiro versus quaseexperimento 327328 Experimento de campo 118119 220222 definição 118 Experimento de sujeito único n pequeno análise 298299 características 300302 controle e 297298 definição 300302 desenho ABAB 301305 desenhos de bases múltiplas 304310 estágio basal 300302 manipulação da variável independente 299300 problemas e limitações de 309312 questões metodológicas 303305 308312 validade externa e 310312 vantagens 301302 versus desenhos de grupos múltiplos 288289 300302 Experimento verdadeiro 198199 317327 Ver também Experimento Explicação como objetivo do método científico 5557 6163 Ver também Inferência causal relação Métodos experimentais f tamanho de efeito Ver f de Cohen f de Cohen 402404 Facebook 112113 Fidedignidade definição 5354 entre observadores 136137 experimental 5354 211212 instrumento 5354 medição e 5354 medidas de autoavaliação e 175178 observador 136138 replicação e 211212 testereteste 175176 Índice remissivo 481 Fidedignidade de testereteste 175176 Fidedignidade do observador artigos científicos e 4950 definição 136137 medidas da 137138 Fidedignidade entre observadores 136137 Ver também Fidedignidade do observador Figuras Ver Gráficos Frequência medida do comportamento 126131 298304 306308 Frequência relativa 134135 Generalização de resultados de pesquisa 63 Ver também Validade externa Gerar mudança como objetivo do método científico Ver Aplicação como objetivo do método científico Gráficos barras 265 267 371373 431434 construindo 431 433 linhas 265267 274275 282283 410 414 423 431433 Graus de liberdade gl 420 428429 Grupo controle de lista de espera 320321 Grupos intactos testando 205206 Ver também Ameaças à validade interna Habituação adaptação 140141 Hipótese nula H0 definição 217218 387388 399400 Ver também Teste de significância da hipó tese nula Hipóteses Ver também Teste de significância da hipótese nula abordagem multimétodos e 3739 196197 circulares 5556 definição 3738 5356 desenvolvendo 3738 nula 217218 387388 391 teorias científicas e 5455 testabilidade 5456 Histórico ameaça à validade interna 321322 IACUC Ver Comitê Institucional sobre o Uso e Cui dado de Animais IACUC Identificador de objeto digital doi 432435 Inferência causal relação causas alternativas plausíveis 6162 198199 201202 296 condições para 6163 correlação e 6163 184187 379380 definição 6162 desenhos de grupos naturais e 226227 278282 estudos de caso e 290291 295296 experimentos e 6263 196199 método científico e 6163 validade interna e 198199 Instrumentação como ameaça à validade interna 322323 Instrumentos 5153 Ver também Questionário le vantamento Escalas de avaliação acurácia 5153 calibração 5152 fidedignidade 5152 método científico e 5154 precisão 52 Integridade científica Ver Questões éticas na pes quisa psicológica Intervalos de confiança APA sobre 430431 correlação e 379380 definição 218 363364 desenhos complexos e 413414 desenhos de grupos independentes e 218219 366374 desenhos de medidas repetidas e 250252 408 410 417419 duas médias de grupos independentes e 366 368 duas médias em desenho de medidas repetidas e 366370 informando 430431 interpretação de 218219 366369 371373 mais de duas médias independentes 218219 369374 404407 média única e 363367 significância estatística e 218219 368369 371 373 tamanho de efeito e 368369 Intervenção Ver Condição experimental tratamen to Variáveis tipos independentes Manipulação de variável independente Tratamento natural Intuição papel da na ciência 4546 6465 IRB Ver Comitê de Revisão Institucional IRB Levantamento por correio 159162 por telefone 162164 pela internet 163166 Limpando os dados 356357 Ver também Conhe cendo os dados Manipulação de variável independente 4748 198202 297298 Ver também Inferência causal re lação Experimento verdadeiro Mantendo condições constantes 198199 201202 Ver também Técnicas de controle Validade interna Manual da Publicação da APA Ver American Psycho logical Association APA Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Men tais DSMIVTR 5558 Margem de erro 364365 Maturação como ameaça à validade interna 321 322 Média média aritmética 135137 213214 360361 482 Índice remissivo Média medida da tendência central Ver Média média aritmética Mediana 359361 Ver também Tendência central definição Medição do comportamento Ver também Regis trando o comportamento autoavaliação 175178 avaliação 128131 checklists 128131 dados arquivísticos 122123 eletrônica 130132 escalas 127131 fidedignidade da 5354 física versus psicológica 5254 frequência relativa 134135 método científico e 5356 não obstrutiva não reativa 118125 não reativa não obstrutiva 118125 produtos 119122 psicológica 5254 qualitativa 5960 quantitativa 5960 questionários 175176 reatividade e 111 113 tendência central 359360 traços de uso 119120 traços físicos 119122 validade de 5354 variabilidade 135136 360361 variável dependente e 48 197199 Medidas da dispersão variabilidade 135 360 Ver também Amplitude Desvio padrão Medidas da tendência central 386 Ver também Tendência central definição Medidas de autoavaliação 175178 Ver também Questionário levantamento Medidas do comportamento Ver Questionário levantamento Medidas não obstrutivas não reativas Medidas não obstrutivas não reativas dados arquivísticos 122125 definição 119120 observação indireta e 118120 produtos 119122 questões éticas 141142 reatividade 119120 138141 tipos 119120 traços de uso 119121 traços físicos 119122 validade de 121122 Medidas não reativas Ver Reatividade Medidas não obstrutivas não reativas Medidas repetidas intrassujeitos teste t 250252 Metaanálise 214216 362363 430431 Método científico abordagem geral 2023 4446 abordagem empírica e 2025 4546 abordagem idiográfica e 5859 abordagem nomotética e 5859 abordagens não científicas versus científicas 44 56 106107 análise qualitativa versus quantitativa 5860 atitude dos cientistas e 3134 4546 características do 2025 4456 conceitos e 4952 construção e teste de teorias 2021 6368 contexto do 2331 controle e 4649 definição 2123 4456 intuição e 4446 objetivos do 5564 psicologia clínica e 5052 psicologia e ver também Psicologia científica 2035 4469 teste de hipótese 3738 5356 Método de subtração 265 267268 Metodologia de grupo 5759 288289 294295 Ver também Desenhos complexos fatoriais Desenho de grupos independentes Desenho misto Aborda gem nomotética Desenhos de medidas repetidas Métodos de pesquisa descritivos 105193 Ver tam bém Observação Pesquisa de levantamento Métodos experimentais 195286 Ver também Dese nhos experimentais Métodos psicofísicos psicofísica 237289 Mídia resultados de pesquisas na 3335 Moda 359360 Ver também Tendência central de finição Modelo amostral na pesquisa de levantamento 153155 Nível de significância 217218 365366 387388 Ver também Estatísticas inferenciais Teste de signi ficância da hipótese nula Significância estatística Números aleatórios tabela de 451452 O Esperto Hans 4648 Observação acompanhamento eletrônico 130132 amostragem e 107110 análise de dados de 131138 características de demanda e 138139 cega 143144 210211 científica versus não científica 4649 106107 controle e 4649 direta versus indireta 109110 estruturada 116118 141142 experimentos de campo 118119 fidedignidade de 136138 influência do observador 138141 internet e 131132 Índice remissivo 483 intervenção e 110111 113119 métodos classificação de 109110 não obstrutiva não reativa 109110 119125 naturalística 110113 objetivos 106107 questões éticas 8487 111113 140142 reatividade e 111 113 118120 138141 viés e 114116 142144 Observação participante definição 111 113 oculta versus explícita 111 113116 questões éticas 111 113 140142 reatividade e 138139 Observador influência do Ver Características de demanda Efeitos de expectativas experimenta dorobservador Viés do observador experimen tador Reatividade Ordem aleatória de início com rotação contraba lanceamento 246248 Ordens selecionadas contrabalanceamento 246248 Parâmetro 363364 366367 Parcimônia regra da 6768 Perda mecânica de sujeitos 225227 Perda seletiva de sujeitos 207210 Ver também Des gaste perda de sujeitos Perguntafiltro levantamento 182 Periódicos de psicologia Ver também Comunica ção em psicologia citando informações de 9597 427 432435 eletrônicas 423 pesquisando 428 taxa de rejeição 420421 Pesquisa processo abordagem multimétodos 3739 186187 196197 aplicada versus básica 6364 318320 342436 avaliando artigos científicos 3336 4850 iniciando 3439 intuição e 4546 6465 passos da 37 39 pensando como pesquisador 3134 qualitativa versus quantitativa 5860 Pesquisa aplicada definição 6364 versus pesquisa básica 6364 318319 342345 Pesquisa básica definição 6364 versus aplicada 6364 318319 342345 Pesquisa com n pequeno Ver Experimento de sujei to único n pequeno Pesquisa correlacional 150151 Ver também Corre lação análise de dados 374380 levantamentos 184187 Pesquisa de caso único características 289292 desenhos experimentais de sujeito único n pe queno 297312 método do estudo de caso 288300 versus metodologia de grupo 288289 Pesquisa de levantamento características da 150153 construção de questionário e 177183 desejabilidade social e 183184 desenho de amostras independentes sucessivas 166169 desenho longitudinal 169173 desenho transversal 165167 desenhos 165173 discagem de números aleatórios 162163 entrevistas pessoais 161162 entrevistas telefônicas 162164 fidedignidade da 175178 levantamentos pela internet 163166 levantamentos por correio 159161 margem de erro e 364365 métodos 159166 pesquisa correlacional e 150151 184187 questionário como instrumento 172175 questões éticas 151153 164165 reatividade e 183185 técnicas amostrais 152160 usos da 150153 viés na 154157 160165 171173 183185 Pesquisa pela internet bancos de dados 422423 428 citando informações de 432435 grupos de discussão 112113 133135 levantamentos e 163166 potencial de 28 psicologia científica e 28 questões éticas e 28 7375 7778 9293 140142 registrando o comportamento e 131132 revistas eletrônicas 423 website para 28 Pesquisa qualitativa análise de conteúdo e 132135 análise de dados 131135 codificação e 132135 definição 5960 132133 redução de dados 132133 registros narrativos 125127 versus pesquisa quantitativa 5860 125127 131 132 Pesquisa quantitativa Ver também Análise de dados análise de dados 132135 definição 5859 medidas do comportamento 127132 versus pesquisa qualitativa 5860 134138 Pesquisa transcultural etnocentrismo e 2930 levantamentos pela internet e 164165 484 Índice remissivo Plágio 9798 Poder estatístico definição 390 desenhos de grupos independentes e 403405 fatores que afetam 390 informando 392 396397 sensibilidade experimental e 390 tamanho da amostra e 390 teste de significância da hipótese nula e 391394 Ponto zero 128129 População amostra versus população 153157 159 217218 amostragem e 153155 definição 153154 parâmetro 363364 366367 pesquisa de levantamento e 153155 Precisão da medição Ver também Medição do com portamento instrumentos de 5153 previsão e 6768 teorias e 6768 Prêmio Nobel 2526 Previsão como objetivo do método científico 5557 5962 6768 150187 374 Ver também Correlação Privacidade 8487 Produtos medidas não obstrutivas 119122 Projetos de pesquisa 436437 Psicologia científica características da 2023 3135 4456 contexto histórico 2325 2728 contexto moral 2931 contexto sociocultural Zeitgeist 25 2730 evidências e 3135 Prêmio Nobel e 2546 Psicologia clínica 3233 Psicologia cognitiva 2425 PsychINFO 428 Publicação de resultados 9598 420421 434435 Publicando resultados e método científico 4850 9598 388389 428432 434 Ver também Escrita científica APA sobre 392398 407 421422 424429 431 433435 Quadrado Latino contrabalanceamento 246248 Quaseexperimentos análise de 339340 definição 327 grupo controle não equivalente 327337 grupo controle não equivalente com série tempo ral 340341 séries temporais interrompidas simples 337340 validade externa e 336337 340 validade interna e 324327 332337 339340 versus experimentos verdadeiros 317318 Questão carregada levantamento 181182 Questão dupla levantamento 180181 Questionário levantamento acurácia e precisão de 174 análise de respostas 182183 autoavaliações e 175178 construindo passos 177183 fidedignidade de 175178 formulação de questões em 179182 formulação eficaz de questões diretrizes 179182 ordem de questões 181183 validade de 175178 Questões éticas na pesquisa psicológica 2931 73110 ao usar a internet 7576 Código de ética da APA 2931 73110 Comitê sobre Pesquisa com Animais e Ética CARE 9495 consentimento informado 8093 debriefing 9093 desenhos de sujeito único e 304305 engano 3031 8791 internet e 28 7375 7778 levantamentos e 151153 medidas não obstrutivas 141142 observação e 140142 observação estruturada e 141142 observação participante oculta e 111 113 140141 passos para adesão à ética 9799 pesquisa com animais e 2931 76 9296 plágio 9798 privacidade 8487 publicando resultados e 9598 razão riscobenefício 7778 revisão institucional 7477 risco 7781 risco mínimo 7879 tomada de decisões 7475 9799 Randomização em bloco definição 203 205 desenhos de grupos independentes e 203207 desenhos de medidas repetidas e 241242 vantagens da 203 205207 241242 Razão riscobenefício 7778 Reatividade Ver também Observação Métodos não obstrutivos não reativos controle para 119120 138141 definição 111 113 Redução de dados 132133 Ver também Codifica ção Estatísticas descritivas Registrando o compor tamento Registrando o comportamento Ver também Medição do comportamento anotações de campo 126127 classificação de métodos 110 Índice remissivo 485 frequência 126131 298304 306308 frequência relativa 134135 objetivos 125126 registros abrangentes 125127 registros eletrônicos 130132 registros narrativos 125127 registros qualitativos 131135 registros quantitativos 134138 registros selecionados 126128 Registro narrativo análise 132133 anotações de campo 126127 aumentando a qualidade de 126127 codificação 132135 considerações 132134 definição 125126 exemplo 125127 Registros contínuos dados arquivísticos 122123 Registros episódicos dados arquivísticos 122123 Regra da parcimônia 6768 Regressão à média ameaça à validade interna 322323 definição 322323 Regressão estatística Ver Regressão à média Relação de ordem temporal e inferências causais 6163 198199 203204 Relações espúrias entre variáveis 124125 185 186 379380 Ver também Inferência causal relação Relatos verbais 175178 Replicação conceitual 222224 definição 211212 parcial 222223 validade externa e 222224 297 327 Representatividade de amostra amostra de conveniência e 156157 amostragem aleatória 156160 amostragem de eventos e 108109 amostragem probabilística e 156158 amostragem situacional 108110 amostragem temporal e 107109 definição 107108 154155 pesquisa de levantamento e 152153 167169 validade externa e 107108 327 Resultados análise de Ver Análise de dados Resultados publicando Ver Artigo científico Revisão pelos pares 420421 Revistas eletrônicas 423 Risco aos participantes consentimento informado e 8087 determinando 7781 engano e 88 9091 lidando com 7981 mínimo 7881 razão riscobenefício 7778 tipos de 7779 tomada de decisões éticas e 9599 Risco mínimo 7881 Ver também Risco aos partici pantes Seleção ameaça à validade interna 323 Ver tam bém Efeitos aditivos com a seleção como ameaças à validade interna Sensibilidade experimental 236237 390 408409 Significância científica 393395 estatística 393395 Ver também Significância estatística prática 393395 Significância estatística Ver também Teste de signifi cância da hipótese nula alfa e 217218 387388 definição 217218 387388 interpretação de 219220 387390 394395 402 406407 nível de significância 217218 387388 poder e 390392 significância científica ou prática e 393395 testes da 217219 Ver Testes específicos valores críticos 217218 393395 Síntese dos dados 211212 352357 359364 375 380 Sobrevivência seletiva registros arquivísticos 123125 Soma dos quadrados Ver Análise de Variância ANOVA Teste F Tabela Resumo da ANOVA 401402 408 414415 definição 401 estatística F 402406 estatística t 365366 393395 405406 poder e 396397 valores críticos e 365366 393395 Tamanho magnitude do efeito medidas análise de poder e 393397 d de Cohen 214216 361363 393395 406407 definição 213214 361362 desenho bifatorial de grupos independentes 413 414 desenhos de grupos independentes e 213214 402404 desenhos de medidas repetidas e 249250 368 369 409410 eta quadrado η 2 249250 402404 409410 413 414 f de Cohen 402404 informando 362363 395397 metaanálise e 214216 362363 Tamanho da amostra Ver também Graus de liberda de gl internet e 163164 poder e 390 486 Índice remissivo Técnicas de controle balanceamento 198199 201204 contrabalanceamento 238248 controle com placebo 210211 experimento com sujeito único n pequeno e 297298 manipulação e 46 144145 198199 manter condições constantes 199204 procedimento duplocego 210211 randomização em bloco 206207 Tendência central definição 359360 Ver também Média Mediana Moda Tendência linear 376377 Ver também Correlação Teoria alcance 6465 características de 6465 científica 6368 confirmação de 6667 definição 6466 desenvolvimento de 6465 278282 efeitos de interação e 274276 278282 estudo de caso e 290 292295 experimentos e 196198 278282 funções de 6466 hipóteses e 5455 refutando 6768 testando 6668 274276 Ver também Análise de dados variáveis intervenientes e 6567 Testagem ameaça à validade interna 321322 Testando grupos intactos 205206 Teste de significância da hipótese nula Ver também Análise de Variância ANOVA Teste F Teste qui quadrado de contingência Teste F Teste t abordagem de análise de dados 217218 386390 alfa e 217218 387388 comparando duas médias 392398 405407 definição 217218 desenho misto 413415 desenhos de medidas repetidas e 250252 392 395 407410 erros e 219220 389390 grupos independentes e 392398 409414 informando resultados de 395397 interpretando resultados de 391 nível de significância 217218 391 poder e 390392 396398 significância estatística e 217218 387388 tamanho de efeito e 392393 valores críticos e 217218 Teste F definição 398400 Ver também Análise de Variância ANOVA Teste F Teste quiquadrado de contingência 183 339340 Teste t comparação entre duas médias e 217218 374 392 405406 grupos independentes para 217218 392393 medidas repetidas para 250252 392395 tabela de valores críticos 453 Testemunhos avaliando 297298 Testes da significância estatística Ver Teste de significância da hipótese nula Ver também Testes estatísticos Testes estatísticos Ver Estatísticas inferenciais Teste de significância da hipótese nula Todas as ordens possíveis contrabalanceamento 245247 Traços de uso medidas não obstrutivas controlado uso planejado 120121 controlados versus naturais 120121 natural 120121 tipos 119121 Traços físicos definição 119120 fundamentação para uso 119122 medidas não obstrutivas e 119120 produtos 119122 tipos de 119120 uso 119122 validade de 121122 Transferência diferencial problema da 250252 Transformação de dados 356357 Tratamento Ver Condição experimental tratamen to Variável independente Manipulação de variá vel independente Tratamento natural Tratamento natural 122124 Utilitarismo 9596 Validade tipos construto 5051 175178 convergente 175178 196197 Ver também Abor dagem multimétodos no teste de hipótese definição 5354 discriminante 175178 Validade externa 107108 219220 222223 327 ameaças à 326327 amostragem e 107108 dados arquivísticos e 122123 definição 107108 219220 desenho de grupos controle não equivalentes de 336337 desenho de séries temporais interrompidas de 340 desenho experimental de caso único n pequeno e 309310 estabelecendo 219224 estudo de caso e 297 estudos laboratoriais e 318319 experimentos de 219224 interações e 276279 observação naturalística e 112113 replicação e 222223 327 336337 Índice remissivo 487 Validade interna 198199 205206 321324 Ver também Confusão Técnicas de controle Ameaças à validade interna ameaças à 205206 238240 320324 controle com placebo 210211 definição 198199 205206 321322 desgaste perda de sujeitos e 207210 243244 369370 estimando 336337 experimentos de 198199 205211 320324 experimentos duploscegos e 210211 experimentos verdadeiros versus quaseexperi mentos e 320328 grupos intactos e 205206 quaseexperimentos de 327328 variáveis externas e 206207 Valor crítico Ver Significância estatística Valores extremos ou atípicos 356357 Variabilidade medidas Ver Variação do erro Medidas da dispersão Variação do erro 216217 236237 250252 398400 408409 residual 408 sistemática fontes de 269270 Ver também Análi se de Variância ANOVA Teste F Variáveis tipos demográficas 173174 dependentes 4849 62 198199 Ver também Me dição do comportamento diferenças individuais 48 225226 externas 206207 grupos naturais Ver Variáveis tipos diferenças individuais independentes 48 62 198199 317318 independentes irrelevantes 276278 independentes relevantes 276278 intervenientes 6567 manipuladas 4849 mediadoras 185186 moderadoras 185186 pareadas 224226 selecionadas 48 225226 sujeito Ver Variáveis tipos diferenças indivi duais Variável independente confusão e 63 198199 320324 definição 48 diferenças individuais 48 225226 experimento de sujeito único n pequeno e 299 300 grupos naturais e 225228 manipulação de 4748 198202 297298 relevante versus irrelevante 276278 selecionada 48 225226 Variável independente selecionada 48 Ver também Desenhos de grupos naturais Viés da taxa de resposta 160161 dados arquivísticos e 123125 de resposta 181182 de seleção 154155 Ver também Amostra defini ção do entrevistador 159160 do observador experimentador controlando 143144 definição 142143 210 efeitos de expectativas 142143 estudos de caso e 296297 Web Ver Pesquisa pela internet World Wide Web www Ver Pesquisa pela inter net Zeitgeist 25 2730