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Psicologia ·
Teorias do Desenvolvimento
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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM AUTORAS Josieli Piovesan Juliana Cerutti Ottonelli Jussania Basso Bordin Laís Piovesan PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO Santa Maria RS 2018 AUTORAS Josieli Piovesan Juliana Cerutti Ottonelli Jussania Basso Bordin Laís Piovesan UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA UABNTEUFSM 1ª Edição PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTRO DA EDUCAÇÃO PRESIDENTE DA CAPES UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA Michel Temer Núcleo de Tecnologia Educacional NTE Este caderno foi elaborado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional da Uni versidade Federal de Santa Maria para os cursos da UAB Mendonça Filho Abilio A Baeta Neves Paulo Afonso Burmann Luciano Schuch Frank Leonardo Casado Martha Bohrer Adaime Jerônimo Siqueira Tybusch Sidnei Renato Silveira REITOR VICEREITOR PRÓREITOR DE PLANEJAMENTO PRÓREITOR DE GRADUAÇÃO COORDENADOR DE PLANEJAMENTO ACADÊMICO E DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COORDENADOR DO CURSO DE LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO NÚCLEO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL Paulo Roberto Colusso Reisoli Bender Filho Paulo Roberto Colusso DIRETOR DO NTE COORDENADOR UAB COORDENADOR ADJUNTO UAB Ministério da Educação P974 Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem recurso eletrônico Josieli Piovesan et al 1 ed Santa Maria RS UFSM NTE 2018 1 ebook Este caderno foi elaborado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional da Universidade Federal de Santa Maria para os cursos da UAB Acima do título Licenciatura em computação ISBN 9788583412243 1 Psicologia 2 Psicologia do desenvolvimento 3 Psicologia da aprendizagem I Piovesan Josieli II Universidade Aberta do Brasil III Universidade Federal de Santa Maria Núcleo de Tecnologia Educacional CDU 159922 1599535 370153 Ficha catalográfica elaborada por Alenir Goularte CRB10990 Biblioteca Central da UFSM NÚCLEO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL Paulo Roberto Colusso DIRETOR DO NTE Camila Marchesan Cargnelutti Maurício Sena Carmen Eloísa Berlote Brenner Caroline da Silva dos Santos Keila de Oliveira Urrutia Carlo Pozzobon de Moraes Ilustrações Juliana Facco Segalla Diagramação Matheus Tanuri Pascotini Capa e Ilustrações Raquel Bottino Pivetta Diagramação Ana Letícia Oliveira do Amaral Josieli Piovesan Juliana Cerutti Ottonelli Jussania Basso Bordin Laís Piovesan ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO REVISÃO LINGUÍSTICA APOIO PEDAGÓGICO EQUIPE DE DESIGN PROJETO GRÁFICO APRESENTAÇÃO E ste material visa a subsidiar os estudos da disciplina Psicologia da Apren dizagem e do Desenvolvimento Nesse sentido apresenta inicialmente um breve histórico da Psicologia e noções sobre três importantes abordagens psicológicas Psicanálise Behaviorismo e Psicologia Humanista Em seguida na Unidade 2 são abordados aspectos do desenvolvimento humano em especial da criança e do adolescente sob a perspectiva psicológica e social Nas unidades 3 e 4 propõese discutir o fenômeno da aprendizagem humana seus fatores inter venientes e sua compreensão a partir de determinadas teorias em especial as de Piaget Vygotsky Wallon e Ausubel Na unidade 5 são abordados os transtornos de aprendizagem e possíveis adaptações pedagógicas utilizadas nestes casos Por fim na unidade 6 discutemse as funções sociais da escola a dinâmica família escola e as problemáticas da escola atual Como você poderá perceber ao longo da leitura deste material os conteúdos se entrelaçam e interrelacionam a todo instante Isso porque estudar os proces sos de aprendizagem significa também conhecer as bases do desenvolvimento e compreender a relevância das interações sociais na formação humana Para um melhor entendimento e aproveitamento dos temas abordados sugerimos que você procure se manter atento a tais interrelações e sempre que necessário retome os conceitos trabalhados Além disso antes de iniciar a leitura de cada unidade tente fazer um exercício de resgate em sua memória Analise o que você já sabe sobre o conteúdo que será abordado e quais questionamentos tais conteúdos suscitam em você Você pode anotar esses questionamentos e ao final da leitura tentar respondêlos Esse processo de resgate dos conhecimentos prévios e reflexão acerca de suas lacunas ajudará na construção do novo aprendizado pois a construção do saber se dá em rede As informações novas irão se ligando a conhecimentos já existentes am pliando sua complexidade e tornandoos cada vez mais consolidados Ao finalizar esta disciplina esperamos que você tenha adquirido uma maior compreensão acerca do psiquismo humano em especial sobre como ocorrem os processos de aprendizagem e os fatores que interferem no desenvolvimento humano Que estes conhecimentos auxiliem na sua prática enquanto educador e que despertem em você o interesse em estudar os aspectos psicológicos asso ciados às práticas educacionais Prezados Alunos ENTENDA OS ÍCONES ATENção faz uma chamada ao leitor sobre um assunto abordado no texto que merece destaque pela relevância iNTErATividAdE aponta recursos disponíveis na internet sites vídeos jogos artigos objetos de aprendizagem que auxiliam na compreensão do conteúdo da disciplina sAiBA mAis traz sugestões de conhecimentos relacionados ao tema abordado facilitando a aprendizagem do aluno TErmo do glossário indica definição mais detalhada de um termo palavra ou expressão utilizada no texto 1 2 3 4 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO Introdução 11 Contextualizando a Psicologia 12 Psicanálise 13 Behaviorismo ou Comportamentalismo 14 Psicologia Humanista 5 9 38 11 17 25 33 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO UNIDADE 2 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO UNIDADE 3 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM UNIDADE 4 TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS Introdução Introdução Introdução 21 Aspectos culturais do desenvolvimento 31 Conceituando aprendizagem 41 Epistemologia Genética de Jean Piaget 1896 1980 32 Características da aprendizagem 42 Teoria Sociointeracionista de Vygostky 33 Dimensões do processo de aprendizagem 43 Teoria do desenvolvimento humano de Henri Wallon 1879 1962 34 Fatores que interferem no processo de aprendizagem 44 Teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel 1918 2008 22 Fases do desenvolvimento humano 56 72 39 57 73 59 75 41 47 42 60 77 62 83 65 88 70 93 12 45 As teorias da aprendizagem e a relação professor aluno 100 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO Introdução Introdução 51 Dificuldades distúrbios e transtornos de aprendizagem 61 Instituições de ensino espaço compartilhado da formação da consciência e construção do conhecimento 102 131 150 105 134 106 136 52 Transtornos específicos de aprendizagem 53 Transtorno específico de aprendizagem com prejuízo na leitura dislexia 62 Relação família e escola 54 Transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na escria a disotografia 63 Problemáticas da escola atual 55 Transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na matemática a disalculia 56 Transtorno de déficit de atençãohiperatividade TDAH 57 Aspectos emocionais dos transtornos de aprendizagem 108 110 145 117 147 121 125 129 151 152 161 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES UNIDADE 5 TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM UNIDADE 6 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA 103 132 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 11 INTRODUÇÃO E sta unidade objetiva apresentar uma visão geral sobre a Psicologia se cons tituindo como alicerce para o posterior estudo de temas diretamente rela cionados à Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento Para tanto propomos a discussão do termo psicologia e os diferentes contextos no qual ele pode ser empregado dando ênfase ao viés científico que irá conduzir as demais reflexões ao longo deste livro A história da Psicologia contribuirá com este en tendimento e possibilitará ao estudante perceber a complexidade da área que é marcada por uma extensa diversidade de teorias objetos de estudo e modos de compreender o indivíduo Talvez você já tenha se perguntado ou está se perguntando nesse momento qual é a necessidade de um professor conhecer determinadas teorias psicológicas Compreender os fenômenos psicológicos elementares é de grande importância na formação de todos os profissionais que trabalham com pessoas No caso da docência esta importância é amplificada uma vez que o professor acaba por ter influência significativa na formação da personalidade do aluno Não podemos esquecer que a escola costuma ser depois da família o ambiente de maior rele vância para a criança Ademais os saberes psicológicos podem contribuir com a qualificação dos processos educacionais pois favorecem a compreensão do indi víduo de modo global Conhecer os fundamentos do psiquismo humano as bases motivacionais os aspectos cognitivos relacionais e emocionais contribuirá para um exercício docente mais comprometido e mais efetivo 12 Ao iniciarmos o estudo da Psicologia é pertinente esclarecermos os diferentes sig nificados que o termo abrange e situar em torno de qual se dará este livro Muito provavelmente você já utilizou ou já ouviu alguém usando o termo psicologia Talvez tenha dito a algum amigo que ele precisa usar da psicologia para convencer os pais a autorizarem que vá numa festa Talvez tenha pensado que um amigo age como psicólogo porque te escuta ou te dá conselhos Tanto no primeiro quanto no segundo exemplos podemos dizer que o emprego dos termos psicologiapsi cólogo estão alicerçados no que chamamos de psicologia do senso comum Por senso comum entendese o conjunto de saberes que as pessoas utilizam no seu dia a dia Ele é o resultado de experiências vividas do que se observa do que se aprende com outras pessoas no cotidiano etc BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 A psicologia do senso comum é um emaranhado de saberes construídos so cialmente e transmitidos culturalmente no intuito de explicar como o ser huma no funciona em seus aspectos psíquicos E se ela existe é porque cumpre uma função na vida das pessoas De modo geral poderíamos dizer que a psicologia do senso comum contribui para a atribuição de um significado às situações da vida e também na tomada de decisões na medida em que embasa as ideias as opiniões e as crenças individuais e grupais Por outro lado mas não de maneira antagônica temos a psicologia como ci ência ou ciência psicológica Dentre outras características o conhecimento cien tífico é aquele constituído por rigorosos estudos faz uso de linguagem precisa e objetiva é passível de verificação e busca minimizar a interferência dos aspectos emocionais incluindo crenças e opiniões do pesquisador Por maiores que sejam as dessemelhanças entre o conhecimento do senso comum e o conhecimento científico ambos têm entre si uma relação de codependência O conhecimento do senso comum contribui com a evolução da ciência uma vez que são as situações cotidianas as problemáticas do dia a dia que inspiram novos estudos e movimentam a ciência tornandoa sempre dinâmica Ao mesmo tempo o conhecimento do senso comum é em partes constituído pela apropria ção de saberes ou termos da ciência Ou seja muitos saberes populares têm um fundamento científico mas não são compreendidos em sua totalidade ou então passaram por variações no seu entendimento em função de elementos culturais religiosos entre outros BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 Um exemplo é o termo psicopata você já deve ter visto uma pessoa chaman do outra de psicopata por fazer algo que considerou cruel ou malintencionado Provavelmente esta pessoa se baseou em algum conhecimento científico mas não compreende o significado da palavra de maneira mais profunda e complexa Ou seja ela tem algum entendimento do que o termo significa mas não está preocu pada com o rigor que um diagnóstico profissional exige nem compreende a psi copatia de modo científico Além disso no seu entendimento é possível que haja interferência de aspectos morais ou religiosos algo que a ciência procura evitar CONTEXTUALIZANDO A PSICOLOGIA 11 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 13 Isso não quer dizer que o conhecimento do senso comum seja inferior ele é apenas um conhecimento diferente construído de modo distinto Um outro exemplo que pode auxiliar na compreensão desta diferença é o caso de uma es tudante que compreende que a repetição é importante para a memorização de uma informação mas ela não sabe explicar por que isso acontece desconhece os fenômenos cerebrais envolvidos neste processo Essa explicação detalhada e rigorosa é função da ciência Para a ciência não basta saber que é assim devese compreender o porquê das coisas Algumas das diferenças entre a psicologia do senso comum e a psicologia como ciência estão apresentadas no quadro 1 QUAdro 1 Psicologia do senso comum e Psicologia como ciência FoNTE Autoras 2018 Toda ciência tem seu objeto de estudo que é aquilo sobre o qual irá se debruçar para conhecer melhor No caso da Psicologia essa definição não é tão simples por razões que poderemos compreender melhor ao estudarmos um breve histórico do surgimento desta área do conhecimento 111 Considerações sobre a história da Psicologia e seus objetos de estudo A história da Psicologia pode ser contada a partir de dois momentos distintos Se nos referirmos à psicologia como ciência seu início será em 1879 na Alemanha com Wilhelm Wundt Por outro lado se considerarmos as primeiras tentativas de sistematizar os conhecimentos sobre as questões psíquicas teremos de partir da filosofia grega 1111 A história da Psicologia filósofos gregos O termo psicologia tem origem em duas palavras gregas psyché alma logos razão De tal modo a psicologia seria o estudo da alma Segundo Bock Fur tado e Teixeira 2008 p 33 para os filósofos gregos A alma ou espírito era con cebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento os sen timentos de amor e ódio a irracionalidade o desejo a sensação e percepção Psicologia do senso comum Psicologia como ciência Conhecimentos acumulados no cotidiano e transmitidos culturalmente Apropriação de conhecimentos científicos sem a preocupação com a adequação de seu uso Linguagem coloquial informal Não tem base teórica Grande influência de valores morais certo x errado Conhecimentos adquiridos de modo sistemático Preocupação com a objetividade e maior aproximação possível da imparcialidade Linguagem formal e precisa Possui uma base teórica Busca neutralidade em relação a valores morais 14 Conforme os autores Sócrates 469399 aC foi o responsável por impulsionar as ideias sobre o mundo psicológico por meio do estudo da razão compreendi da como a essência do humano aquilo que o difere dos animais Posteriormen te Platão 427347 aC dedicouse a desvendar a parte do corpo que abrigaria a razão e defendeu a imortalidade da alma e sua separação em relação ao corpo Aristóteles 384322 aC por sua vez entendeu a alma como pertencente ao corpo e defendeu seu caráter de mortalidade Deste modo podese perceber que 2300 anos antes do advento da psicologia científica já existiam estudiosos que se dedicavam à compreensão do mundo psíquico Com a queda do Império Romano e o início da Idade Média as teorias acerca dos fenômenos psíquicos passaram a ter forte influência da religiosidade uma vez que a Igreja Católica era detentora de grande poder Santo Agostinho 354 430 e São Tomás de Aquino 12251274 podem ser mencionados como dois pen sadores que marcaram esta época Suas ideias mantinham grande ligação com questões divinas e dogmas da Igreja Após este longo período Império Romano e Idade Média em que os conhe cimentos psicológicos estiveram atrelados aos saberes religiosos iniciase uma época marcada por importantes transformações o Renascimento ou Renascença Inaugurado no século Xiv este movimento constituiuse por meio de mudanças significativas em diversas áreas artes política etc e um avanço na produção do conhecimento Leonardo da Vinci 14521519 William Shakespeare 15641616 Galileu Galilei 15641641 e René Descartes 15961650 foram estudiosos que mar caram esta época O último em especial é considerado por muitos o precursor da filosofia moderna ao postular que o ser humano possui uma parte material corpo e uma parte pensante mente alma espírito Tal concepção possibilitou o estudo do corpo humano após a morte propiciando grandes avanços nos estu dos da anatomia e fisiologia áreas de grande relevância na construção das teorias psicológicas BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 Os valores e a visão de mundo apresentados no Renascimento foram promovendo transformações socioculturais que culminaram na criação da ciência psicológi ca Conforme Bock Furtado e Teixeira 2008 devese considerar como relevantes para a origem da Psicologia Científica a crescente valorização da ciência enquan to modo privilegiado de dar conta das demandas apresentadas pela nova ordem social capitalismo a importância crescente das questões individuaispessoais sAiBA mAis Descartes cunhou a frase Penso logo existo Para elucidála podemos nos valer do trecho do livro O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder 2012 p 258 Então concluiu que se havia algo de que podia ter certeza era o fato de que duvidava de tudo Entretanto quando duvidamos de algo podemos ter a certeza de que estamos raciocinando e quando raciocinamos temos a garantia de que somos seres pensantes O referido livro trata da história da Filosofia utilizandose de elementos literários o que o torna bastante atrativo ao leitor Recomendamos 3 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 15 também permeadas pelos ideais capitalistas e a perda de referências ocasionada pelo enfraquecimento da influência da Igreja Católica na vida das pessoas Assim os humanos passavam a ter a necessidade de construir uma ciência que estudasse e produzisse visibilidade para a experiência subjetiva Surge assim a Psicologia A Psicologia é produto das dúvidas do homem moderno esse humano que se valorizou enquanto indivíduo e que constituiu como sujeito capaz de responsabilizarse e escolher seu destino A Filosofia que até então tinha algo a dizer sobre essas experiências e a Fi siologia que podia estudar cientificamente as sensações fonte da subjetividade humana se reúnem como pensamentos para fundar no final do século XiX a Psicologia BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 p 40 Desse modo os indivíduos passaram a ser considerados responsáveis pelos seus próprios destinos precisavam tomar decisões encontrar sozinhos algumas res postas o que costuma ser altamente angustiante 1112 A história da Psicologia ciência É sempre tarefa espinhosa determinar quem foi o pioneiro o primeiro indivíduo a realizar algo É como se desconsiderássemos aqueles que o antecederam ou mesmo seus contemporâneos que contribuíram com ideias questionamentos ou críticas Mas o que significa contar uma história senão escolher fatos a serem narrados No que concerne à Psicologia moderna ou científica considerase Wilhelm Wundt Alemanha 18321926 como seu fundador em razão de ter sido o primeiro a realizar experimentos em laboratório a fim de compreender os fe nômenos psicofisiológicos Para Wundt o objeto de estudo da Psicologia era a experiência consciente ime diata Valendose da introspecção controlada ele treinou os participantes de seus estudos para que relatassem suas percepções ao serem expostos a diferentes es tímulos visuais táteis sonoros etc Assim a partir da descrição detalhada e sis temática dos fenômenos mentais conscientes Wundt inaugurou um novo modo de construção do conhecimento na área psicológica Todavia o próprio autor re conheceu que há fenômenos mentais inacessíveis à experimentação São aqueles que ele considerava terem grande influência de aspectos culturais como a lingua gem Nesse caso utilizase como meio de acesso ao objeto de estudo a observa ção ArAÚJo 2009 riBEiro 2003 TErmo do glossário introspecção é a Observação e descrição por determinada pessoa de suas experiências e seus padrões de comportamento Método de observação e descrição objetiva dos fatos psíquicos e do conteúdo da 4 16 Podemos dizer que nem todas as teorias psicológicas foram constituídas a partir de métodos de experimentação Muitas delas foram fundamentadas a partir da observação e da prática profissional E isso se explica pela diversidade e complexi dade dos fenômenos psicológicos como poderemos verificar a seguir ao apresen tarmos algumas das teorias da Psicologia Optouse por discorrer nesta unidade sobre a Psicanálise o Behaviorismo ou Comportamentalismo e o Humanismo por se entender que apresentam contribuições significativas à área da educação Nas unidades posteriores especialmente na três você terá acesso a outras teorias autores como Vygotsky e Piaget que contribuirão de maneira bastante direta à compreensão dos processos de aprendizagem consciência do próprio observador em termos de seus elementos e atributos miCHAElis 2015 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 17 Talvez o termo Psicanálise seja novo para você mas muito provavelmente você já tenha escutado o nome de seu fundador ou mesmo a popular frase Freud expli ca Mas afinal o que Freud explica Certamente ele não explica tudo O que ele faz é explicar as coisas sob um outro ponto de vista Sigmund Freud foi um médico vienense que viveu de 1856 a 1939 e dedicouse a compreender o psiquismo humano Nos primórdios de sua carreira voltouse ao tratamento das histerias em sua maioria mulheres por meio da hipnose método que aprendeu com o psiquiatra Jean Charcot em Paris Ao serem submetidas à su gestão hipnótica as pacientes ficavam livres dos sintomas que causavam sofrimen to No entanto não muito tempo depois outros sintomas costumavam aparecer O retorno dos sintomas bem como o fato de que nem todos os pacientes eram capazes de serem hipnotizados fizeram com que Freud pouco a pouco fosse abandonando esse método e criando sua própria metodologia de trabalho a as sociação livre Freud pedia aos pacientes que relatassem tudo que lhes viesse à mente e também que lhe contassem seus sonhos A partir disso descobriu que há fenômenos psíquicos que escapam à consciência humana Construiu então sua teoria sobre o inconsciente préconsciente e consciente 121 Inconsciente préconsciente e consciente Para compreender a estrutura proposta por Freud podemos nos valer da metáfo ra do iceberg Figura 1 TErmo do glossário histeria deriva da palavra grega hystera que significa útero ou matriz se caracteriza por um sintoma ou conjunto de sintomas de manifestação física mas que tem sua causa psíquica As pacientes tratadas por Freud e Charcot apresentam em sua maioria ataques semelhantes aos epilépticos eou paralisias de membros incluindo cegueira roUdiNEsCo PloN 1998 4 sAiBA mAis o documentário A invenção da psicanálise 1997 de Elisabeth Roudinesco e Elisabeth Kapnist exibe a trajetória do pensamento freudiano e as questões de sua época que tiveram grande influência nos rumos da Psicanálise 3 PSICANÁLISE 12 18 FigUrA 1 A metáfora do iceberg FoNTE Autoras 2018 Na parte superior o consciente é composto pela percepção atenção pensamen tosraciocínio ou seja tudo aquilo que está acessível Já o préconsciente na por ção intermediária é formado pelos conteúdos que não estão totalmente disponí veis na consciência mas que mediante um exercício de introspecção podem se tornar conhecidos como algumas memórias e conhecimentos Por fim a fração mais extensa e profunda da mente o inconsciente Nele encontramse conteúdos que o indivíduo não se dá conta que foram escondidos por causarem angústia vergonha ou culpa motivações violentas desejos egoístas etc A esse processo de tornar oculto Freud deu o nome de recalque ou recalcamento E por que ele acon tece Para preservar o equilíbrio do funcionamento psíquico ou seja para evitar que o sujeito vivencie um grande sofrimento e se desestabilize emocionalmente Freud opôsse à tendência dominante em sua época de expli car os fenômenos psíquicos apenas pelos fatos que o indivíduo tem na consciência em um determinado momento Ele não via nos processos conscientes a essência da vida psíquica Ao contrário na determinação do psiquismo os processos cons cientes se somariam aos préconscientes e aos inconscientes CÓriAsABiNi 1986 p 92 O fato de que nosso aparelho psíquico trabalha de modo a esconder de nós mes mos certos conteúdos não significa que eles não nos afetem Por mais que sejam descritos de forma estática o consciente o préconsciente e o inconsciente são processos dinâmicos e em constante relação iNTErATividAdE acesse o link httpswwwyoutubecom watchviP65aLkk1GM para assistir ao vídeo O que é recalque de Franklin Leopoldo e Silva pelo canal Casa do Saber 2 pré consciente inconsciente consciente licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 19 122 Id Ego e Superego Ao longo de seus estudos Freud identificou que o aparelho psíquico era mais com plexo do que supunha anteriormente ao propor as três dimensões da mente cons ciente préconsciente e inconsciente Introduziu então a hipótese da existência de outras três instâncias psíquicas id ego e superego que não anulam suas ideias anteriores do contrário as complementam Násio 1999 sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 Id é a instância pulsional a fonte de energia psíquica É regido pelo Princípio do Prazer ou seja seu objetivo é a obtenção de prazer e a evitação da dor e de modo imediato É constituído principalmente por aspectos inatos não conhece ética moral ou valores É egoísta impulsivo irracional e agressivo a parte animal da nossa personalidade Em um primeiro momento o id pode parecer algo nega tivo que deveria ser eliminado Mas esta não é uma realidade Pensemos no iní cio da vida o bebê chora grita e esperneia quando está com fome ou tem algum desconforto Ele não para até que sua necessidade seja atendida e isso garante sua sobrevivência No entanto a importância do id se estende para além da primeira infância como veremos mais adiante Ego é a instância responsável pelo contato com a realidade Seu objetivo é satisfazer as demandas dos instintos primitivos id de modo adequado ao am biente em que vive É regido pelo Princípio da Realidade que se configura pelo adiamento da gratificação obtenção do prazer e evitação da dor Representante do equilíbrio psíquico tem função mediadora e integradora entre as pulsões do id e as exigências do superego Tem componentes conscientes préconscientes e inconscientes Se desenvolve a partir do id já nos primeiros anos de vida por meio das interações sociais do indivíduo Superego é a instância da moralidade Se funda a partir do ego e tem como objetivo suprimir os impulsos inaceitáveis do id de modo a possibilitar a convi vência civilizada É responsável pelo senso de certo e errado pois compreende os valores morais e culturais do indivíduo e seu grupo É portanto o responsável pelos sentimentos de vergonha culpa e remorso Assim como o ego ele também tem componentes conscientes préconscientes e inconscientes Para Freud o su perego se desenvolve por volta dos cinco anos Como é possível imaginar a relação entre estas três forças nem sempre é pací fica As demandas do id muitas vezes são conflitantes com as exigências do su perego e colocam o ego em uma posição difícil Tanto que baseandose na teoria psicanalítica podemos dizer que uma pessoa tem saúde mental se há um equilí brio entre tais instâncias Nesta perspectiva o ego adquire o papel fundamental de realizar parcialmente os desejos e impulsos do id ao mesmo tempo em que respei ta os princípios do superego além de considerar os aspectos da realidade externa Como ilustração da relação dinâmica entre id ego e superego segue o exem plo abaixo 20 Neste exemplo por questões didáticas os conceitos estão bem delimitados Mas é importante esclarecer que tais instâncias não têm as bordas claramente de finidas ou seja não é fácil e talvez nem possível determinar com precisão o que é manifestação do id do ego ou do superego Elas se misturam e até se confundem O que é fundamental entender é que a residem em nós forças conflitantes forças que tendem à união e à boa con vivência e forças que são destrutivas e b desconhecemos grande parte delas por estarem no inconsciente Em fun ção disso nem sempre sabemos o que queremos ou compreendemos os moti vos de nossos sofrimentos Há situações em que o ego se sente ameaçado seja pela existência de con flitos entre ele e a realidade entre o id e o superego ou mesmo entre o id e a realidade Quando isso acontece surge a ansiedade A ansiedade causa descon forto no indivíduo e gera tensão que precisa ser aliviada Para que isso aconteça o ego pode utilizar diversas estratégias dentre elas os mecanismos de defesa sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 Os mecanismos de defesa do ego são inconscientes ou seja a pessoa não se dá conta de que os está utilizando De modo geral podemos dizer que eles servem para proteger o indivíduo de verdades ameaçadoras e que causariam um sofri mento que ele considera intenso demais para lidar São várias as estratégias in Mariana está no 7º ano do ensino fundamental é bastante dedicada aos estu dos e leva os compromissos com responsabilidade O professor de determi nada disciplina orientou que a turma se dividisse em duplas para realização de um trabalho Mariana fez dupla com Natália O trabalho era para ser feito de modo coletivo mas elas optaram por separar a tarefa e cada uma fazer uma parte Mariana ficou a responsável por finalizar o trabalho imprimilo e entregálo No entanto Natália não fez sua parte como combinado e o traba lho foi entregue incompleto Mariana ficou com muita raiva sua vontade era xingar a colega na frente da turma e lhe dar uns quantos tapas id Ela estava mesmo furiosa Mas sabia que um comportamento desses lhe traria proble mas e que provavelmente se arrependeria disso depois ela não aprovava a violência como forma de resolver os problemas superego Por outro lado percebia que precisava fazer alguma coisa com sua raiva se sentia injustiça da Pensou então que uma forma adequada de lidar com a situação era con versar com a colega e explicar o quanto se incomodou com o ocorrido pois valorizava muito um bom desempenho escolar Além disso decidiu sugerir que ambas conversassem com o professor e pedissem um prazo para refazer o trabalho ego E foi o que fizeram Mariana ficou satisfeita consigo mesma Ela conseguiu atender suas necessidades demonstrar sua raiva id sem ir contra seus princípios de não violência superego e de modo a resolver seu problema de maneira apropriada ego licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 21 conscientes empregadas pelo ego optamos por listar algumas apenas para que você compreenda melhor como funcionam Negação como o próprio nome sugere envolve a negação de uma realidade difícil de suportar Pense no caso dos pais de uma criança que acabaram de re ceber a notícia de que o filho está com uma grave doença É comum que num primeiro momento eles se autoenganem agindo como se não fosse verdade Projeção ocorre quando atribuímos a outra pessoa algo que consideramos negativo em nós mesmos Pense num rapaz que acusa a namorada de estar lhe traindo quando na verdade quem está desejando cometer a traição é ele Racionalização compreende a criação de uma explicação racional e convin cente a fim de encobrir sentimentosemoções dolorosas Pense em um estudan te que reprovou de ano e passa a dizer que foi muito melhor assim pois terá a oportunidade de aprender os conteúdos novamente quando na verdade está se sentindo fracassado e triste Defender que há em nós seres humanos aspectos de nossa mente que não co nhecemos e não controlamos por completo foi o que tornou a teoria de Freud tão inovadora No entanto para muitos de sua época suas ideias eram uma afronta Tais resistências não impediram que ele seguisse com suas descobertas e conti nuasse escandalizando os mais conservadores Se afirmar a existência de um in consciente já causou furor imagina basear grande parte de sua teoria na sexuali dade Não esqueça que estamos falando do final do século XiX início do século XX 123 A sexualidade em Freud Ao longo de seus estudos Freud defendeu que estava na infância a principal causa dos problemas psíquicos dos adultos e que grande parte deles giravam em torno de conflitos de cunho sexual Contrariando os pensadores da época ele argumen tou a existência de uma sexualidade humana desde o nascimento Nesse sentido é importante esclarecer que para a Psicanálise a sexualidade vai muito além da genitalidade da relação sexual e da reprodução O conceito psicanalítico de sexualidade proposto por Freud traz uma identidade específica e diferente de tudo aquilo que até então já se havia falado sobre o tema Freud elabora seu conceito no qual a sexualidade aparece como força ou seja sexo é energia Essa energia vital está ligada precisamente aos instintos que por sua vez possuem um papel importan te na estrutura orgânica dos seres humanos atuando tanto no meio interno como no externo da vida do homem silvA BrÍgido 2016 p 126 22 Compreendendo a sexualidade como parte fundamental da personalidade humana e considerando que ela está presente desde o nascimento até a morte Freud elabo rou a teoria do desenvolvimento psicossexual que compreende cinco fases oral anal fálica latência e genital Em seu entendimento os aspectos cruciais da perso nalidade se formam até o quinto ano de vida e as fases psicossexuais acompanham o desenvolvimento biológico da criança Em cada uma delas há o predomínio do investimento libidinal em determinada área do corpo denominada zona erógena Fase orAl se estende do nascimento até cerca de 1 ano A principal zona erógena é a boca e o prazer é obtido por meio da sucção e da mordida após o nas cimento dos dentes É possível perceber neste período que o bebê tende a levar tudo à boca é por meio dela que ele explora o seu ambiente Fase ANAl se estende de 1 a 3 anos Tem como zona erógena o ânus Nesta época a criança começa a ter o controle da função excretora se inicia portanto o treinamento dos hábitos de higiene É uma fase marcada pelas birras pois a criança percebe que tem certo controle sobre seu próprio corpo e consequente mente sobre os pais Fase FáliCA se estende dos 4 aos 5 anos A libido se organiza em torno dos genitais É comum a curiosidade pelo corpo do outro meninos têm curiosidade de saber como é o corpo da menina e viceversa e a manipulação dos genitais masturbação Nesta fase é que ocorre o Complexo de Édipo e se instaura o Su perego A criança que antes não tinha vergonha de mostrar seus genitais passa a desenvolvêla Período de lATÊNCiA se estende dos 5 anos até a puberdade Marcado pelo abrandamento dos impulsos sexuais e um investimento na exploração do mun do conhecimento Intensificamse as preocupações com as relações sociais e as atividades intelectuais A fase de latência coincide com o início da escolariza ção da criança Fase gENiTAl se estende da adolescência até o fim da vida Marcada por mu danças biológicas significativas Desponta o interesse sexual voltado ao outro que pode ser do sexo oposto heterossexualidade ou do mesmo sexo homossexuali dade O desenvolvimento adequado desta fase possibilita o estabelecimento de relacionamentos amorosos maduros A passagem de uma fase à outra pode se dar de distintas maneiras O modo como o indivíduo vivencia uma fase irá impactar o desenvolvimento das poste riores Em cada uma delas há conflitos que devem ser resolvidos e a fase mais complexa em se tratando disso é a fálica É quando acontece o Complexo de Édi TErmo do glossário libidinal referese a libido termo utilizado na psicanálise para designar a energia proveniente 4dos instintos sexuais e de sobrevivência licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 23 po termo criado por Freud para descrever a disputa inconsciente que a criança estabelece com seu progenitor de mesmo sexo e pelo amor do progenitor do sexo oposto CÓriAsABiNi 1986 sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 Você já foi surpreendido por alguma criança com perguntas sobre sexosexua lidade Como você se sentiu Como reagiu Compreender a sexualidade infantil contribui para a tomada de decisão diante de situações em que a criança manifesta dúvidas e curiosidades em relação ao tema É importante que ela seja escutada e que as respostas sejam as mais ver dadeiras possíveis dentro de sua capacidade de compreensão É indicado que se responda exatamente o que foi perguntado sem omitir ou entrar em detalhes des necessários partindo dos conhecimentos prévios das crianças Muitas vezes pais e educadores se assustam ou ficam constrangidos dian te das perguntas feitas e preferem desviar do assunto É compreensível que isso aconteça pois o tema da sexualidade ainda é tabu em nossa sociedade e muitos adultos preferem negar a existência da sexualidade infantil inclusive por terem bloqueios em relação à própria vivência sexual PErEs 2002 No entanto deixar de responder os questionamentos da criança pode gerar ideias distorcidas e fan tasiosas além de despertar inseguranças medos e a sensação de que não se pode confiar no adulto que deveria lhe ajudar a compreender o mundo Além da expressão da curiosidade por meio de perguntas ou comentários a criança pode manifestála a partir de comportamentos É comum ouvirmos relatos de pais ou educadores que presenciaram a criança manipulando os pró prios genitais de modo a obter prazer masturbação ou explorando o corpo de um amiguinho como forma de conhecer as diferenças entre os sexos Nestes casos é recomendado que se converse com a criança mas nunca com o objetivo de repreendêla O essencial é ajudála a entender suas vontades e curiosidades e a desenvolver o senso de intimidade privacidade É importante que ela com preenda que há comportamentos que não devem ocorrer na frente dos outros como a exibição ou manipulação dos genitais Ao mesmo tempo em que os adultos apresentam dificuldades para lidar com as manifestações sexuais das crianças é comum que façam perguntas do tipo Quem é ao tuateu namoradinhao Esse tipo de comentário pode confundir a criança e incentivar comportamentos ou preocupações para as quais ela não está preparada Falas como essa são tão comuns que a Secretaria de Assistência Social do Amazonas lançou a campanha Criança não namora Figura 2 A ação teve grande repercussão nas redes sociais e contou com o apoio do Conselho Na cional de Justiça e outras entidades 24 FigUrA 2 Campanha Criança não namora FoNTE Secretaria de Estado de Assistência Social do Amazonas Disponível em httprevistacres cerglobocomVoceprecisasabernoticia201704criancanaonamoracampanhadiscuteerotiza caoprecocehtml Acesso em 13092018 Ao finalizarmos esta breve apresentação dos fundamentos da Psicanálise po demos afirmar que o objeto de estudo desta teoria psicológica é o inconscien te Freud foi o fundador da Psicanálise e teve muitos seguidores Wilfred Bion Melanie Klein Carl Gustav Jung Donald Winnicott Jacques Lacan e vários ou tros alguns ampliaram ou aprofundaram suas teorias outros as questionaram e propuseram novos conceitos mas todos eles têm o inconsciente como aspecto fundamental da personalidade licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 25 Estudamos anteriormente a Psicanálise que propõe um modo próprio de entender o psiquismo Veremos a partir de agora um outro modelo de compreensão do ser humano que toma como fenômeno central e objeto de estudo o comportamento O termo Behaviorismo que significa comportamentalismo em inglês foi ins tituído pelo norteamericano John B Watson no início do século XX Em oposição ao mentalismo ênfase nos aspectos mentais e ao método da introspecção Wat son propunha estudar aquilo que fosse possível observar e examinar por meio de procedimentos objetivos característicos da ciência Dentre os vários estudiosos que influenciaram as ideias de Watson podemos citar o fisiologista russo Ivan Pe trovich Pavlov 18491936 que criou a teoria do Condicionamento Clássico 131 Condicionamento Clássico ou Respondente Utilizando um equipamento adaptado ao seu estudo Figura 3 Pavlov analisou o processo de salivação dos cães Descobriu que era possível fazer com que um estímulo antes neutro um som por exemplo provocasse salivação ao ser asso ciado a um estímulo que gerava naturalmente essa reação a comida CAmPos 2014 mATos 1993 figUrA 3 O experimento de Pavlov FoNTE NTE UFsm BEHAVIORISMO OU COMPORTAMENTALISMO 13 26 Pavlov postulou ao longo de seus estudos leis do condicionamento Sobre uma delas Campos 2014 refere que Determinado estímulo natural ou incondicionado que provo que resposta específica atuando simultaneamente com um estímulo neutro ou inespecífico para a resposta em questão poderá ser substituído por este a fim de provocar idêntica rea ção CAmPos 2014 p 186 Com isso podese entender que por meio do pareamento de estímulos é pos sível promover a mudança comportamental O estímulo natural ou incondi cionado é aquele que provoca determinada reação naturalmente de forma au tomática No experimento de Pavlov o estímulo incondicionado é a comida ou o seu cheiro Por outro lado o estímulo condicionado é aquele anteriormente neutro mas que passa a provocar uma resposta em função da associação com um estímulo incondicionado No caso do experimento de Pavlov o estímulo condicionado era o som que após algum tempo de associação com a comida passou a desencadear a salivação no cão Em relação às leis do condicionamento também é importante ressaltar que o caminho inverso é possível ou seja se um estímulo condicionado for apresentado diversas vezes sem o pareamento com o estímulo incondicionado poderá ao longo do tempo perder a capacidade de provocar a reação aprendida A respeito disso Campos 2014 p186 diz Determinado estímulo condicionado desde que atue seguidamente por algum tempo sem que haja uma nova atuação conjunta com o estímulo natural perderá sua capacidade de produzir a reação condicionada Como um exemplo de Condicionamento Clássico podemos citar uma pessoa que iremos chamar de Pedro que tem o comportamento de fumar sempre após as refeições tomando um cafezinho Pedro por problemas de saúde decide parar com o uso de cigarros e inicia um acompanhamento na Unidade Básica de Saúde No entanto ele tem tido grande dificuldade de manterse abstinente e chegou a pensar que precisa parar de tomar café pois todas as vezes que ingere a bebida sente grande vontade de fumar Outras bebidas como refrigerante ou sucos não provocam a mesma reação Nesse caso é possível considerar que houve a associa ção entre dois estímulos o cigarro e o café Antes de associar as duas substâncias provavelmente Pedro não sentia vontade de fumar ao beber café Mas depois de usálas juntas por um longo período passou a fazer tal associação de modo invo luntário Provavelmente se Pedro seguir tomando café sem fumar o condiciona mento irá se enfraquecer até que ele não associe mais o café com o cigarro iNTErATividAdE nesse link httpswwwyoutubecom watchvYhYZJLNi7U você poderá assistir ao vídeo O Cão de Pavlov que apresenta um fragmento dos experimentos pavlovianos 2 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 27 Baseandose nas ideias de Pavlov Watson despendeu esforços para tornar a Psicolo gia uma ciência rechaçou o estudo de tudo que não pudesse ser observável como o inconsciente os pensamentos etc equiparando o ser humano a uma caixapre ta sobre a qual nada se pode afirmar Segundo ele o objeto de estudo da Psicologia deveria ser o comportamento Quanto à definição de comportamento considerava aquilo que pode ser registrado e quantificado O comportamento era para ele re sultante de estímulos do ambiente Em função disso o Behaviorismo ficou conhe cido pela sua lógica Er EstímuloResposta ou em inglês sr À teoria de Watson deuse o nome de Behaviorismo Metodológico BAUm 2006 CUNHA 2002 O Behaviorismo Metodológico provocou repercussões e muitos seguidores O mais conhecido de todos é Burrhus Frederic Skinner 19041990 que seguindo al gumas ideias de Watson e abandonando outras propôs o Behaviorismo Radical que tem como cerne o condicionamento operante 132 Condicionamento Operante Enquanto Watson se dedicou ao estudo dos comportamentos respondentes ou re flexos Skinner estava interessado em compreender o processo de aprendizagem associado ao comportamento operante Quanto às diferenças entre ambos cabe explanar que O comportamento respondente ou reflexo é aquele que usualmente chamamos de não voluntário e inclui as respostas que são eliciadas ou produ zidas por estímulos antecedentes do ambiente BoCK TEiXEirA FUrTAdo 2008 p 59 Pode ser inato ou aprendido É o caso da salivação diante de um alimento ATENção no exemplo utilizado foi enfatizado apenas um aspecto da questão comportamental que envolve o tabagismo Além dos comportamentais fatores psicológicos e orgânicos também seriam levados em consideração em uma situação verídica iNTErATividAdE no link httpswwwyoutubecom watchvJouMo26Bu9o você poderá assistir a um trecho do seriado Two And a Half Men de Chuck Lorre e Lee Aronsohn que apresenta de maneira caricatural um exemplo de condicionamento clássico sAiBA mAis no cinema um dos maiores clássicos acerca da temática do condicionamento é o filme Laranja Mecânica de Stanley Kubrick que narra uma história de violência e uma proposta de tratamento baseada no condicionamento para a mudança comportamental Observe a classificação indicativa do filme ou seja a faixa etária a partir do qual é recomendada pois contém cenas de sexo e violência 1 2 3 28 da tosse ao sentir um objeto na garganta ou do sobressalto instantâneo mediante um som muito alto e repentino O comportamento operante é aquele comportamento emitido espontânea ou voluntariamente que atua no ambiente para modificálo além disso a natu reza e a frequência do comportamento operante serão determinadas ou modifi cadas pelo reforço que acompanha o comportamento sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 p 313 Como exemplos de comportamentos operantes podemos citar falar ler escovar os dentes entre outros Ao estudar esta segunda classe de comportamentos Skinner formulou a teoria do Condicionamento Operante E podemos garantir que mesmo sem conhecêla você faz uso dela cotidianamente Segundo a referida teoria a ocorrência ou não de certo comportamento é determinada pelas suas consequências que são cha madas de reforçadoras ou punidoras aversivas As reforçadoras são aquelas que aumentam a frequência da ocorrência do comportamento que as produziu Em contrapartida as punidoras ou aversivas são aquelas que diminuem a frequ ência de tal comportamento BoCK TEiXEirA FUrTAdo 2008 Você lembra que comentamos no início desta unidade que é comum que o conhecimento do senso comum se aproprie dos saberes da ciência As ideias de Skinner são um exemplo disso Os termos reforço e punição são frequentemente utilizados quando se trata da mudança comportamental Só temos que ter cuida do pois é corriqueiro que haja uma confusão em relação aos termos principal mente quando se fala em reforço negativo Uma consequência pode ser reforçadora aumentar a probabilidade de ocor rência do comportamento por representar algo agradável Ou pode ser reforça dora por significar a retirada de algo desagradável No primeiro caso estamos fa lando de reforço positivo no segundo de reforço negativo É comum que as pessoas confundam reforço negativo com punição Mas lem brese o reforço é aquilo que aumenta a probabilidade de ocorrência do compor tamento que o causou e a punição diminui tal probabilidade A punição também pode ser positiva ou negativa A punição positiva ocorre quando algo desagradá vel acontece em função de determinado comportamento o que acaba fazendo com ele ocorra cada vez menos Já a punição negativa se caracteriza pela retirada de algo agradável como forma de reduzir a ocorrência do comportamento sAiBA mAis a teoria de Skinner teve grande influência dos estudos e da Lei do Efeito proposta pelo psicólogo americano Edward Lee Thorndike 18741949 Para conhecer um pouco das ideias de Thorndike assista ao vídeo Thorndike Puzzle Box acessando o link https wwwyoutubecomwatchvygLYDJji8J4 3 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 29 Exemplos Na Figura 4 você pode visualizar um esquema acerca dos conceitos FigUrA 4 Reforço e punição FoNTE Adaptado de Psico Edu Disponível em httpwwwpsicoeducombr Acesso em 17092018 Reforço positivo um estudante que costuma se dedicar pouco às ativida des apresenta um trabalho demonstrando grande esforço e empenho e o professor mostrase satisfeito e o parabeniza Tende a aumentar a ocor rência do comportamento pela apresentação de um estímulo agradável Reforço negativo um presidiário que mantém um bom comportamento para que sua pena seja reduzida Tende a aumentar a ocorrência do com portamento pela retirada de um estímulo desagradável Punição positiva um motorista que dirige acima do limite de velocidade e recebe uma multa Tende a diminuir a ocorrência do comportamento pela apresentação de um estímulo desagradável Punição negativa os pais proíbem o filho de jogar videogame pois ele não estudou para a prova Tende a diminuir a ocorrência do comportamento pela retirada de um estímulo agradável 30 1321 Tipos de estímulos reforçadores Não é possível definir a priori se um estímulo é reforçador ou não Isso porque depende de características individuais e sociais Não se sabe por exemplo qual o efeito que a competitividade pode ter sobre cada um Ao estimular a competição entre a turma o professor pode estar incentivando alguns estudantes a se dedi carem mais ao mesmo tempo em que pode estar contribuindo para que outros evitem o estudo e vejam a escola como um ambiente aversivo O que se quer dizer com isso é que o efeito da consequência de um comporta mento é variável dependendo de cada indivíduo Apesar disso considerase que alguns estímulos são propensos a serem reforçadores para todos os seres de uma espécie A água o alimento ruídos muito fortes e odores desagradáveis são al guns exemplos Esses são denominados de estímulos reforçadores primários Já os estímulos reforçadores secundários são aqueles que antes neutros passam a ter o caráter reforçador por estarem associados a reforçadores primários Para exemplificar pense no hábito de dar flores Flores não tendem a ser naturalmente reforçadoras mas ao estarem associadas à expressão de afeto reforçador primá rio passam a apresentar um potencial reforçador Por fim há os reforçadores ge neralizados Assim chamados porque estão associados a vários reforçadores pri mários Um exemplo é o dinheiro ele está associado à obtenção de vários outros reforçadores E é como os secundários aprendido 133 O Behaviorismo e a educação Ao elucidar os princípios que regem a aquisição de comportamentos aprendidos bem como os elementos necessários à mudança do repertório comportamental o Behaviorismo se tornou bastante conhecido e aplicado na área da educação Apre sentamos a seguir no quadro 2 algumas das principais contribuições desta abor dagem para as práticas educacionais a maioria delas relacionadas à proposta da instrução programada CAmPos 2014 CÓriAsABiNi 1986 HENKlAiN CArmo 2013 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 31 QUAdro 2 Contribuições do Behaviorismo à educação Fonte Autoras 2018 Skinner acreditava que do modo como a escola está estruturada em nossa socie dade com turmas numerosas seria inviável que um professor colocasse em práti ca seu método de ensino Ele propôs então o uso de máquinas de ensinar Essas máquinas são equipamentos que fornecem as informações necessárias exigem as respostas dos alunos e corrigemnas imediatamente reforçandoas quando corretas ou indicando o erro com oferecimento de informações complementares CÓriAsABiNi 1986 p 13 Quando Skinner fez esta proposição a tecnologia não era tão avançada como nos dias de hoje Observe a Figura 5 e veja uma das primei ras máquinas de ensinar apresentada em 1954 Atualmente muitas escolas fazem uso de computadores com uma proposta semelhante à do autor O conteúdo a ser ensinado deve ser subdivido em pequenas partes dis tribuídas em uma sequência lógica que possibilite a passagem gradual de uma etapa à outra É importante o uso de reforçadores ao longo de todo processo e não apenas no final O uso de reforçadores é de grande importância para o processo de apren dizagem escolar mas devese ter cuidado com o excesso de punição pois tende a levar à esquiva evitação Cada estudante tem seu próprio ritmo de aprendizagem e esse deve ser respeitado O ensino deve ser pensado de modo que apresente conhecimentos futuros úteis Para Skinner educar é estabelecer comportamentos que serão vanta josos para o indivíduo e para os outros no futuro CÓriAsABiNi 1986 p 12 O planejamento é uma etapa muito importante no processo de ensinar O professor precisa ter clareza a respeito do que deve ser ensinado quais re forços poderá utilizar e de que forma empregálos quais os comportamen tos prévios são necessários para o alcance dos objetivos ou seja o que o aluno já precisa saber para poder seguir adiante A avaliação é um elemento muito útil por alguns motivos o erro indica ao professor que o seu procedimento de ensino não está sendo efetivo e que algo em seu planejamento de ensino precisa ser revisto HENKlAiN CArmo 2013 p 716 além disso uma sucessão de erros pode desestimular o aluno se você se dedicar estudar prestar atenção e ainda assim errar vai ter mo tivação para seguir estudando O professor deve estimular uma atitude ativa por parte do estudante ou seja que o estudante participe das atividades e não seja um mero receptor de informações Isso permite que o professor perceba se o aluno está apren dendo e quais suas dificuldades e também possibilita o uso de reforçadores Mas lembrese reforçar não é sinônimo de elogiar Podese reforçar positi vamente por exemplo dedicando atenção ao aluno mostrandose interes se por suas opiniões 32 FigUrA 5 A máquina de ensinar de Skinner FoNTE NTEUFsm O uso de equipamentos na visão de Skinner não tira a importância e nem substi tui o professor O psicólogo via muitas vantagens no uso de máquinas de ensinar dentre elas o estímulo ao papel mais ativo por parte do estudante a possibilidade de cada indivíduo seguir seu ritmo de aprendizado a utilização de reforços ime diatos a facilidade no uso de reforços individualizados a facilidade em conhecer os erros e acertos de cada um entre outros CAmPos 2014 Assim como a Psicanálise o Behaviorismo também gerou e ainda gera mui tas controvérsias Há aqueles que o acusam de conceber o ser humano de modo mecanicista reducionista e determinista além de rebaixar os seres humanos por ter se utilizado de estudos com animais Por outro lado seus defensores alegam que esses argumentos são frutos do desconhecimento aprofundado das teorias Determinar quem está certo não nos cabe O que podemos afirmar com certeza é que Skinner e seus seguidores têm tido ao longo da história grande influência sobre as práticas escolares iNTErATividAdE para saber mais a respeito das contribuições de Skinner à educação assista ao vídeo Skinner Coleção Grandes Educadores no link httpswwwyoutubecom watchvLiDJPI99Q iNTErATividAdE assista ao vídeo Skinner fala sobre a máquina de ensinar no link httpswwwyoutubecom watchvvmRmBgKQq20 2 2 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 33 14 Psicologia Humanista Entre o final da década de 50 início dos anos 60 um grupo de psicólogos insa tisfeitos com as abordagens psicológicas dominantes na época a Psicanálise e o Behaviorismo deu início à estruturação do que hoje se considera uma das prin cipais teorias psicológicas a Psicologia Humanista Dentre os seus principais ex poentes podemos citar Abraham Maslow 19081970 e Carl Rogers 19021987 141 Abraham Maslow a hierarquia das necessidades Maslow fez críticas ferrenhas à Psicanálise e ao Behaviorismo Alegava que a pri meira se dedicava somente ao estudo de pessoas com transtornos psíquicos e ig norava os aspectos saudáveis e positivos da mente Quanto ao segundo entendia que a mente era muito mais complexa do que se podia compreender a partir de es tudos com animais Propôs então o estudo do homem a partir de uma visão holís tica e que considerasse a tendência inata à satisfação de determinadas necessida des que levam o indivíduo a crescer se desenvolver e realizar todo seu potencial Para Maslow as necessidades humanas são 5 e estão organizadas de modo hie rárquico como você pode ver na figura 6 abaixo FigUrA 6 A Pirâmide das Necessidades de Maslow FoNTE NTEUFsm fisiológicas fisiológicas segurança segurança afiliação e amor afiliação e amor estima estima autor realização autor realização 34 Necessidades fisiológicas são as mais básicas e de maior força quando não realizadas pois representam a sobrevivência do indivíduo No entanto quando satisfeitas perdem seu poder motivador São exemplos de necessidades fisiológi cas a respiração a alimentação o sono etc Necessidades de segurança se caracterizam pela importância de um am biente seguro e protegido sem ameaças que representem algum perigo para a pessoa Como exemplo podemos citar um ambiente limpo e organizado Necessidades de afiliação e amor também chamadas de necessidades so ciais estas dizem respeito à tendência de nos vincularmos a outras pessoas seja por meio de um relacionamento amoroso ou pela presença de amigos próximos Fazer parte de um grupo e sentirse amado é uma necessidade que tem grande impacto na saúde emocional das pessoas Necessidades de estima tendo sido satisfeitas mesmo que parcialmente as necessidades de afiliação e amor tendemos a ambicionar por reconhecimento e sucesso social Além disso há a necessidade de autovalorização ou seja da estima por nós mesmos autoestima Ambas nos ajudam a desenvolver um senso de autoconfiança que é essencial para o enfrentamento dos desafios e dificuldades de modo saudável Necessidade de autorrealização é a mais elevada na hierarquia sendo de di fícil alcance Configurase no desenvolvimento máximo dos potenciais talentos e capacidades individuais A autorrealização é de difícil obtenção por várias razões É a menos potente então se as anteriores não forem minimamente satisfeitas sua aquisição estará comprometida Sobre as necessidades é importante esclarecer que a são inatas instintivas mas sofrem influências do meio que pode potencializálas ou anulálas b é in dispensável que as necessidades mais básicas sejam pelo menos parcialmente atendidas para que as superiores se tornem motivadoras e c as fisiológicas e de segurança se manifestam na infância enquanto as de afiliação e de estima surgem na adolescência e as de autorrealização na meiaidade Maslow propôs ainda a existência de um outro conjunto de necessidades as necessidades cognitivas que incluem o conhecer e o entender Elas estão fora da hierarquia das necessi dades pirâmide e se manifestam no final da primeira infância por volta dos 6 anos caracterizandose como uma curiosidade natural e inata mas que precisa ser facilitada pelos adultos sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 142 Carl Rogers a teoria da autoatualização Carl Rogers 19021987 foi um psicólogo norteamericano considerado um dos principais expoentes da abordagem humanista tendo suas ideias bastante difun didas e utilizadas em diversos contextos Sua teoria foi elaborada a partir da ex licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 35 periência clínica e em oposição aos princípios psicanalíticos e behavioristas Para Rogers o homem é um ser em movimento em constante mudança não podendo ser esquematizado de modo reducionista ou determinista Possui uma natureza essencialmente positiva e curiosa além de nascer dotado da capacidade de supe ração das adversidades 1421 Tendência atualizante Rogers considerava que o ser humano possui uma motivação única a realiza ção de seus potenciais Ela é inata e objetiva à manutenção e ao aprimoramento do self abrangendo tanto as necessidades fisiológicas quanto as psicológicas A essa característica Rogers deu o nome de tendência atualizante rogErs 2001 sCHUlZ sCHUlTZ 2015 Por mais que a tendência atualizante tenha um caráter intrínseco o ser humano não é imune à influência dos aspectos ambientais de modo que as experiências sociais e a aprendizagem podem reprimila ou favorecêla Nesse sentido Rogers apontou algumas condições facilitadoras para que o potencial humano de auto atualização aconteça de modo satisfatório abordaremos três delas consideração positiva compreensão empática e congruência ArAÚJo viEirA 2013 dUArTE 2004 sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 Consideração positiva engloba a aceitação o amor e a aprovação recebidos por outras pessoas Quando a aceitação independe dos comportamentos da pes soa é chamada de consideração positiva incondicional Pense na relação entre mãe e filho muitas vezes o amor dela é incondicional ou seja não depende das atitudes dele Isso não significa a ausência de limites mas o respeito por suas opi niões sentimentos e necessidades Compreensão empática é a capacidade de temporariamente desprenderse de suas próprias opiniões sentimentos e julgamentos para colocarse no lugar do outro buscando enxergar as coisas sob seu ponto de vista por meio de uma escuta verdadeiramente atenta Congruência consiste na atitude autêntica diante do outro ou seja na capa cidade de estabelecer uma relação sem máscaras genuína e espontânea Para que isso seja possível é necessário que o indivíduo seja congruente consigo mesmo TErmo do glossário Self muitas teorias psicológicas utilizam o conceito de self Baseandose na concepção de Rogers este pode ser encarado como uma condição consciente e reflexiva de si que possui e fornece significados com os quais a pessoa identificase e a partir dos quais percebe a realidademAiA gErmANo moUrA Jr 2009 p 37 é portanto equivalente ao autoconceito 4 36 de modo que a percepção que tem de si seja coerente com as experiências As pessoas que apresentam um bom grau de congruência tendem a aceitar melhor as situações da realidade por não a considerarem tão ameaçadoras Conseguem assim se desenvolver de modo mais saudável Elas conhecem e aceitam a si mes mas não tendo a necessidade de distorcer a realidade para se protegerem Para resumir podemos dizer que você só será verdadeiro com os outros se conseguir ser verdadeiro consigo mesmo Rogers 2001 acreditava profundamente no potencial humano Segundo ele cada pessoa tem as respostas e os direcionamentos necessários para conduzir a própria vida Ele desenvolveu sua teoria de modo mais aprofundado no contexto da psicoterapia Todavia ela é útil para pensarmos as diversas relações humanas No ambiente escolar por exemplo é inegável a influência do professor no que se refere à forma como a criança vai enxergar a si mesma Além disso o comportamento do estudante dependerá em grande parte do comportamento do professor Se o edu cando se sente respeitado e percebe que o professor é autêntico com ele tenderá a agir de maneira semelhante e tornar a relação mais enriquecedora para ambos 1422 Abordagem Centrada da Pessoa Os conceitos acima abordados somados a outras concepções apresentadas por Rogers fundamentaram a proposição da Abordagem Centrada da Pessoa A par tir dela é possível mencionar diversas contribuições no contexto educacional O autor defendeu a importância de que o aluno seja visto de forma global tendo seus sentimentos e emoções valorizados e respeitados O ambiente escolar deve favorecer a manifestação das três condições facilitadoras descritas anteriormente a fim de auxiliar o aluno no desenvolvimento pleno de suas capacidades Acreditase que a qualidade do processo de aprendizagem passa por um lado pela construção de uma relação pedagó gica com base na aceitação e compreensão da pessoa do aluno e por outro pelo pressuposto de que o aluno contém em si po tencialidades para aprender e como tal terá motivação para o fazer o papel do professor facilitador será o de estimular e desenvolver as potencialidades do aluno e simultaneamente manter a motivação necessária ao seu crescimento e desenvol vimento pessoal ArAÚJo viEirA 2013 p99 Ao longo de sua carreira Rogers dedicouse em diversos momentos a temas relacionados à educação No texto Freedom to Learn Rogers 1969 p 114 apud ZimriNg 2010 p 2021 apresentou os 10 princípios da aprendizagem listados a seguir pelo Quadro 3 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 37 QUAdro 3 Dez princípios da aprendizagem segundo Carl Rogers FoNTE Rogers 1969 p 114 apud ZimriNg 2010 p 2021 1 O ser humano possui aptidões naturais para aprender 2 A aprendizagem autêntica supõe que o assunto seja percebido pelo estu dante como pertinente em relação aos seus objetivos Esta aprendizagem se efetiva mais rapidamente quando o indivíduo busca uma finalidade precisa e quando ele julga os materiais didáticos que lhe são apresentados como capa zes de lhe permitir atingila mais depressa 3 A aprendizagem que implica uma modificação da própria organização pessoal da percepção de si representa uma ameaça e o aluno tende a resistir a ela 4 Aprendizagem que constitui uma ameaça para alguém é mais facilmente adquirida e assimilada quando as ameaças externas são minimizadas 5 Quando o sujeito se sente pouco ameaçado a experiência pode ser percebi da de maneira diferente e o processo de aprendizagem pode se efetivar 6 A verdadeira aprendizagem ocorre em grande parte através da ação 7 A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa do processo 8 A aprendizagem espontânea que envolve a personalidade do aluno em sua totalidade sentimentos e intelecto imbricados é a mais profunda e duradoura 9 Independência criatividade e autonomia são facilitadas quando a autocrítica e autoavaliação são privilegiadas em relação à avaliação feita por terceiros 10 No mundo moderno a aprendizagem mais importante do ponto de vista social é aquela que consiste em conhecer bem como ele funciona e que per mite ao sujeito estar constantemente disposto a experimentar e a assimilar o processo de mudança iNTErATividAdE saiba mais sobre as ideias de Carl Rogers assistindo o vídeo Série Educadores Carl Rogers no link 2httpswwwyoutubecomwatchvSy9mkjM1zMMt375s 38 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 Para explicar a primeira estrutura da mente proposta por Freud utilizase a metáfora do Iceberg No que consiste tal metáfora 2 Uma das principais contribuições de Freud à compreensão do desenvolvimento psíquico foi a teoria do desenvolvimento psicossexual que aborda as fases oral anal fálica latência e genital Descreva as principais características de cada uma delas bem como a faixa etária em que costumam acontecer 3 Baseandose na teoria do Condicionamento Operante descreva Reforço Positivo Reforço Negativo Punição Positiva Punição Negativa 4 O Behaviorismo foi e ainda é amplamente utilizado na área educacional Escolha 3 contribuições desta teoria à educação e expliqueas Se possível utilize exemplos 5 Um dos principais conceitos da teoria de Rogers é o de Tendência Atualizante Descreva tal conceito e explique qual a sua contribuição para a compreensão das relações escolares e para o processo de aprendizagem licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 41 INTRODUÇÃO A Psicologia do Desenvolvimento é o campo de conhecimento que estuda as constâncias e as variações pelas quais os indivíduos passam no decorrer da vida abordando o desenvolvimento das diversas funções psíquicas que integram a mente as emoções as relações interpessoais entre outros PAPAliA olds FEldmAN 2006 Para Biaggio 2009 a especificidade da psicologia do de senvolvimento humano está em investigar os fatores externos e internos que con tribuem para as mudanças no comportamento em períodos de transição rápida Bock Furtado e Teixeira 2008 afirmam que o estudo do desenvolvimento hu mano é uma condição para tentar responder condutas e comportamentos das diversas fases do desenvolvimento Assim podemos definir o desenvolvimento como um processo contínuo e ininterrupto em que os aspectos biológicos físicos sociais e culturais se ligam se influenciam e produzem indivíduos com modos de pensar sentir e agir diferentes uns dos outros Dessa forma a Psicologia do Desenvolvimento pode ser definida como a área que estuda o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos físicomotor intelectual afetivoemocional e social compreendendo desde o nascimento até o fim da vida BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 Para facilitar a aprendizagem dividimos este capítulo em dois momentos o primeiro trata de uma forma geral sobre o desenvolvimento humano e os prin cipais aspectos que interagem e influenciam o desenvolver de cada sujeito e no segundo momento apresentamos as diferentes fases do desenvolvimento humano dando ênfase à infância e à adolescência 42 ASPECTOS CULTURAIS DO DESENVOLVIMENTO 21 Conforme Bock Furtado e Teixeira 2008 o desenvolvimento humano compreende o desenvolvimento mental e o crescimento orgânico O desenvolvimento mental é considerado uma construção contínua caracterizado pelo surgimento de estrutu ras mentais gradativamente as quais organizam a atividade mental e se aperfeiço am e se solidificam até desenvolveremse completamente gerando um estado de equilíbrio referente aos aspectos da inteligência afetividade e socialização O estudo do desenvolvimento humano compreende conhecer as característi cas comuns nas diferentes faixas etárias da vida humana A compreensão destes aspectos para a educação se torna importante na medida em que o planejamento do ensino implica em conhecer quem é e como se desenvolve nosso aluno Nesse sentido a Psicologia do Desenvolvimento utilizase de métodos de observação e experimentação dentre os quais dois métodos se destacam o longitudinal e o transversal BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 conforme Quadro 4 QUAdro 4 Métodos de observação da Psicologia do Desenvolvimento FoNTE Autoras 2018 Estudar este campo de conhecimento nos leva à compreensão do indivíduo por meio da interação de diversos fatores que influenciam o desenvolvimento huma no Conforme Bock Furtado e Teixeira 2008 esses fatores podem ser descritos da seguinte maneira OBSERVAÇÕES LONGITUDINAIS OBSERVAÇÕES TRANSVERSAIS Efetuadas por um longo período de tempo empregando sempre os mesmos sujeitos Exemplo estudo do desenvolvimento da atenção As mesmas crianças são submetidas a testes adequados semestralmente desde 3 até 8 10 anos A observação dos resultados desses testes possibilitaria ao pesquisador conhecer o desenvolvimento da capacidade de atenção de crianças dentro dessa faixa etária Efetuadas durante um tempo menor empregando sujeitos de diferentes idades Exemplo estudar o desenvolvimento da atenção sendo submetidas crianças de idades variadas de 4 a 10 anos a testes adequados a cada faixa etária A observação dos resultados desses testes permitiria ao pesquisador conhecer o desenvolvimento da capacidade de atenção licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 43 a Hereditariedade definida como a carga genética do indivíduo b Crescimento orgânico é o processo do aumento do tamanho corporal c Maturação neurofisiológica é o que determinada certos padrões compor tamentais d Meio consiste no conjunto de influências e estimulações ambientais que podem modificar certos padrões comportamentais do indivíduo O estudo do desenvolvimento humano compreende o sujeito em sua globa lidade em seus aspectos físicomotor afetivoemocional intelectual e social BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 a Aspecto físicomotor constituise no crescimento orgânico na maturação neurofisiológica na capacidade de manipulação de objetos e no exercício do pró prio corpo b Aspecto afetivoemocional é a forma como cada um integra as suas experi ências é o sentir c Aspecto intelectual consiste na capacidade de pensamento de raciocínio d Aspecto social é o modo com que o indivíduo reage frente a situações que envolvem outras pessoas Diversos estudos apontam que o desenvolvimento humano parte do pressuposto de que esses quatro aspectos são indissociáveis embora possam evidenciar dife rentes características BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 Papalia Olds e Feldman 2006 descrevem o desenvolvimento humano como a área de estudo que se dedica a entender os modos como as pessoas se modificam e também como ficam iguais ao longo do tempo desde a concepção até a morte Essas mudanças estão presentes durante toda a vida sendo mais visíveis durante a infância Conforme os autores as mudanças do desenvolvimento se distinguem em mudanças quantitativas e mu danças qualitativas As mudanças quantitativas correspondem a alterações no nú mero ou quantidade como exemplo o aumento de peso da altura e do vocabulário Já a qualitativa trata de mudanças de tipo estrutura ou organização por exemplo um bebê nãoverbal para uma criança que fala e compreende uma língua sAiBA mAis para ampliar seus conhecimentos sobre esse assunto leia Coll C mArCHEsi A PAlACios J et al Desenvolvimento Psicológico e Educação Psicologia da educação escolar v 2 Tradução Fátima Murad 2 ed Porto Alegre Artmed 2004 3 ATENção crescimento x desenvolvimento crescimento pode ser definido como o processo responsável pelas mudanças em tamanho e sujeito às modificações que dependem da maturação Já o desenvolvimento é caracterizado como as mudanças em complexidade ou o plano geral das mudanças do organismo por meio das influências do processo maturacional ambiental e da aprendizagem PiNHEiro 1997 sp 1 44 As mudanças que ocorrem ao longo da vida estão relacionadas à idade média de cada faixa etária para a ocorrência de certos fenômenos Geralmente as pessoas passam pelas mesmas sequências de desenvolvimento embora exista uma ampla gama de diferenças individuais Dessa forma Papalia Olds e Feldman 2006 clas sificam oito períodos de ciclo vital conforme a Tabela 1 abaixo TABElA 1 Oito principais períodos do ciclo vital Faixa Etária Desenvolvimento Físicos Desenvolvimento Cognitivos Desenvolvimentos Psicossociais Período Prénatal concepção ao nascimento Primeira Infância nascimento aos 3 anos Segunda Infância 3 aos 6 anos Terceira Infância 6 aos 11 anos Ocorre a concepção A dotação genética interage com as influências ambientais desde o início Formamse as estruturas e os órgãos corporais básicos Iniciase o crescimento cerebral O crescimento físico é o mais rápido de todo o ciclo vital O feto ouve e responde a estímulos sensórios A vulnerabilidade a influências ambientais é grande Todos os sentidos funcionam no nascimento em graus variados O cérebro aumenta de complexidade e é altamente sensível à influência ambiental O crescimento e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são rápidos As capacidades de aprender e lembrar estão presentes durante a etapa fetal As capacidades de aprender e lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvemse ao final do segundo ano de vida A compreensão e o uso da linguagem desenvolvemse rapidamente O pensamento é um pouco egocêntrico mas a compreensão do ponto de vista das outras pessoas aumenta A imaturidade cognitiva leva a algumas ideias ilógicas sobre o mundo A memória e a linguagem se aperfeiçoam A inteligência tornase mais previsível O egocentrismo diminui As crianças começam a pensar com lógica mas da maneira concreta As habilidades de memória e linguagem aumentam Os desenvolvimentos cognitivos permitem que as crianças beneficiemse com a educação escolar Algumas crianças apresentam necessidades e talentos educacionais especiais O crescimento é constante o corpo fica mais delgado e as proporções mais semelhantes às de um adulto O apetite diminui e os problemas de sono são comuns A preferência pelo uso de uma das mãos aparece as habilidades motoras finas e gerais e força aumentam O crescimento diminui Força e habilidades atléticas aumentam Doenças respiratórias são comuns mas a saúde geralmente é melhor do que em qualquer outro período do ciclo vital O feto responde à voz da mãe e desenvolve uma preferência por ela Desenvolvese um apego a pais e a outras pessoas Desenvolvese a autoconsciência Ocorre uma mudança da dependência para a autonomia Aumenta o interesse por outras crianças O autoconceito e a compreensão das emoções tornamse mais complexos a autoestima é global Aumentam a independência a iniciativa o autocontrole e os cuidados consigo mesmo Desenvolvese a identidade de gênero O brincar tornase mais imaginativo mais complexo e mais social Altruísmo agressão e temores são comuns A família ainda é o foco da vida social mas as outras crianças tornamse mais importantes Frequentar a préescola é comum O autoconceito tornase mais complexo influenciando a autoestima A coregulação reflete a transferência gradual de controle dos pais para a criança Os amigos assumem importância central Adolescência 11 aos aproximandamente 20 anos Jovem Adulto 20 aos 40 anos Desenvolvese a capacidade de pensar em termos abstratos e utilizar o raciocínio científico O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e em alguns comportamentos A educação se concentra na preparação para a faculdade ou para a vida profissional O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas Ocorre maturidade reprodutiva Questões comportamentais como transtornos alimentares e abuso de drogas trazem importantes riscos à saúde Busca de identidade incluindo a identidade sexual tornase central Relacionamentos com os pais são em geral bons Os grupos de amigos ajudam a desenvolver e testar o autoconceito mas também podem exercer uma influência antisocial As capacidades cognitivas e os julgamentos morais assumem maior complexidade Escolhas educacionais e profissionais são feitas A condição física atinge o máximo depois diminui ligeiramente As escolhas de estilo de vida influenciam a saúde Os traços e estilos de personalidade tornamse relativamente estáveis mas as mudanças na personalidade podem ser inflenciadas pelas etapas e pelos eventos de vida Tomamse decisões sobre os relacionamentos íntimos e os estilos de vida pessoais A maioria das pessoas casase e tem filhos Meiaidade 40 aos 65 anos A maioria das capacidades mentais atinge o máximo a perícia e as capacidades de resolução de problemas práticos são acentuadas O rendimento criativo pode diminuir mas melhorar em qualidade Para alguns o êxito na carreira e o susseco financeiro alcançam o máximo para outros podem ocorrer esgotamento total ou mudança profissional Pode ocorrer alguma deterioração das capacidades sensórias da saúde do vigor e da destreza Para as mulheres chega a menopausa O senso de identidade continua se desenvolvendo pode ocorrer uma transição de meiaidade estressante A dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse A saída dos filhos deixa o ninho vazio Terceira idade 65 anos em diante A maioria das pessoas é mentalmente alerta Embora a inteligência e a memória possam se deteriorar em algumas áreas a maioria das pessoas encontra formas de compensação A maioria das pessoas é saudável e ativa embora a saúde e as capacidades físicas diminuam um pouco O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos do funcionamento A aposentadoria pode oferecer novas opções para a utilização do tempo As pessoas precisam enfrentar as perdas pessoais e a morte iminente Os relacionamentos com a família e com os amigos íntimos pode oferecer apoio importante A busca de significado na vida assume importância central licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 45 Faixa Etária Desenvolvimento Físicos Desenvolvimento Cognitivos Desenvolvimentos Psicossociais Período Prénatal concepção ao nascimento Primeira Infância nascimento aos 3 anos Segunda Infância 3 aos 6 anos Terceira Infância 6 aos 11 anos Ocorre a concepção A dotação genética interage com as influências ambientais desde o início Formamse as estruturas e os órgãos corporais básicos Iniciase o crescimento cerebral O crescimento físico é o mais rápido de todo o ciclo vital O feto ouve e responde a estímulos sensórios A vulnerabilidade a influências ambientais é grande Todos os sentidos funcionam no nascimento em graus variados O cérebro aumenta de complexidade e é altamente sensível à influência ambiental O crescimento e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são rápidos As capacidades de aprender e lembrar estão presentes durante a etapa fetal As capacidades de aprender e lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvemse ao final do segundo ano de vida A compreensão e o uso da linguagem desenvolvemse rapidamente O pensamento é um pouco egocêntrico mas a compreensão do ponto de vista das outras pessoas aumenta A imaturidade cognitiva leva a algumas ideias ilógicas sobre o mundo A memória e a linguagem se aperfeiçoam A inteligência tornase mais previsível O egocentrismo diminui As crianças começam a pensar com lógica mas da maneira concreta As habilidades de memória e linguagem aumentam Os desenvolvimentos cognitivos permitem que as crianças beneficiemse com a educação escolar Algumas crianças apresentam necessidades e talentos educacionais especiais O crescimento é constante o corpo fica mais delgado e as proporções mais semelhantes às de um adulto O apetite diminui e os problemas de sono são comuns A preferência pelo uso de uma das mãos aparece as habilidades motoras finas e gerais e força aumentam O crescimento diminui Força e habilidades atléticas aumentam Doenças respiratórias são comuns mas a saúde geralmente é melhor do que em qualquer outro período do ciclo vital O feto responde à voz da mãe e desenvolve uma preferência por ela Desenvolvese um apego a pais e a outras pessoas Desenvolvese a autoconsciência Ocorre uma mudança da dependência para a autonomia Aumenta o interesse por outras crianças O autoconceito e a compreensão das emoções tornamse mais complexos a autoestima é global Aumentam a independência a iniciativa o autocontrole e os cuidados consigo mesmo Desenvolvese a identidade de gênero O brincar tornase mais imaginativo mais complexo e mais social Altruísmo agressão e temores são comuns A família ainda é o foco da vida social mas as outras crianças tornamse mais importantes Frequentar a préescola é comum O autoconceito tornase mais complexo influenciando a autoestima A coregulação reflete a transferência gradual de controle dos pais para a criança Os amigos assumem importância central Adolescência 11 aos aproximandamente 20 anos Jovem Adulto 20 aos 40 anos Desenvolvese a capacidade de pensar em termos abstratos e utilizar o raciocínio científico O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e em alguns comportamentos A educação se concentra na preparação para a faculdade ou para a vida profissional O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas Ocorre maturidade reprodutiva Questões comportamentais como transtornos alimentares e abuso de drogas trazem importantes riscos à saúde Busca de identidade incluindo a identidade sexual tornase central Relacionamentos com os pais são em geral bons Os grupos de amigos ajudam a desenvolver e testar o autoconceito mas também podem exercer uma influência antisocial As capacidades cognitivas e os julgamentos morais assumem maior complexidade Escolhas educacionais e profissionais são feitas A condição física atinge o máximo depois diminui ligeiramente As escolhas de estilo de vida influenciam a saúde Os traços e estilos de personalidade tornamse relativamente estáveis mas as mudanças na personalidade podem ser inflenciadas pelas etapas e pelos eventos de vida Tomamse decisões sobre os relacionamentos íntimos e os estilos de vida pessoais A maioria das pessoas casase e tem filhos Meiaidade 40 aos 65 anos A maioria das capacidades mentais atinge o máximo a perícia e as capacidades de resolução de problemas práticos são acentuadas O rendimento criativo pode diminuir mas melhorar em qualidade Para alguns o êxito na carreira e o susseco financeiro alcançam o máximo para outros podem ocorrer esgotamento total ou mudança profissional Pode ocorrer alguma deterioração das capacidades sensórias da saúde do vigor e da destreza Para as mulheres chega a menopausa O senso de identidade continua se desenvolvendo pode ocorrer uma transição de meiaidade estressante A dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse A saída dos filhos deixa o ninho vazio Terceira idade 65 anos em diante A maioria das pessoas é mentalmente alerta Embora a inteligência e a memória possam se deteriorar em algumas áreas a maioria das pessoas encontra formas de compensação A maioria das pessoas é saudável e ativa embora a saúde e as capacidades físicas diminuam um pouco O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos do funcionamento A aposentadoria pode oferecer novas opções para a utilização do tempo As pessoas precisam enfrentar as perdas pessoais e a morte iminente Os relacionamentos com a família e com os amigos íntimos pode oferecer apoio importante A busca de significado na vida assume importância central 46 FoNTE PAPAliA olds FEldmAN 2006 p 5253 A mudança e a estabilidade do desenvolvimento humano ocorrem por meio de diversos aspectos da pessoa ou seja por meio do desenvolvimento físico cogniti vo e psicossocial Esses aspetos estão interligados cada um influenciando o outro no decorrer da vida Para auxiliar a compreensão e fixação veja a Tabela 2 TABElA 2 Noções sobre o desenvolvimento humano FoNTE Adaptado de PAPAliA olds FEldmAN 2006 Faixa Etária Desenvolvimento Físicos Desenvolvimento Cognitivos Desenvolvimentos Psicossociais Período Prénatal concepção ao nascimento Primeira Infância nascimento aos 3 anos Segunda Infância 3 aos 6 anos Terceira Infância 6 aos 11 anos Ocorre a concepção A dotação genética interage com as influências ambientais desde o início Formamse as estruturas e os órgãos corporais básicos Iniciase o crescimento cerebral O crescimento físico é o mais rápido de todo o ciclo vital O feto ouve e responde a estímulos sensórios A vulnerabilidade a influências ambientais é grande Todos os sentidos funcionam no nascimento em graus variados O cérebro aumenta de complexidade e é altamente sensível à influência ambiental O crescimento e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são rápidos As capacidades de aprender e lembrar estão presentes durante a etapa fetal As capacidades de aprender e lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvemse ao final do segundo ano de vida A compreensão e o uso da linguagem desenvolvemse rapidamente O pensamento é um pouco egocêntrico mas a compreensão do ponto de vista das outras pessoas aumenta A imaturidade cognitiva leva a algumas ideias ilógicas sobre o mundo A memória e a linguagem se aperfeiçoam A inteligência tornase mais previsível O egocentrismo diminui As crianças começam a pensar com lógica mas da maneira concreta As habilidades de memória e linguagem aumentam Os desenvolvimentos cognitivos permitem que as crianças beneficiemse com a educação escolar Algumas crianças apresentam necessidades e talentos educacionais especiais O crescimento é constante o corpo fica mais delgado e as proporções mais semelhantes às de um adulto O apetite diminui e os problemas de sono são comuns A preferência pelo uso de uma das mãos aparece as habilidades motoras finas e gerais e força aumentam O crescimento diminui Força e habilidades atléticas aumentam Doenças respiratórias são comuns mas a saúde geralmente é melhor do que em qualquer outro período do ciclo vital O feto responde à voz da mãe e desenvolve uma preferência por ela Desenvolvese um apego a pais e a outras pessoas Desenvolvese a autoconsciência Ocorre uma mudança da dependência para a autonomia Aumenta o interesse por outras crianças O autoconceito e a compreensão das emoções tornamse mais complexos a autoestima é global Aumentam a independência a iniciativa o autocontrole e os cuidados consigo mesmo Desenvolvese a identidade de gênero O brincar tornase mais imaginativo mais complexo e mais social Altruísmo agressão e temores são comuns A família ainda é o foco da vida social mas as outras crianças tornamse mais importantes Frequentar a préescola é comum O autoconceito tornase mais complexo influenciando a autoestima A coregulação reflete a transferência gradual de controle dos pais para a criança Os amigos assumem importância central Adolescência 11 aos aproximandamente 20 anos Jovem Adulto 20 aos 40 anos Desenvolvese a capacidade de pensar em termos abstratos e utilizar o raciocínio científico O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e em alguns comportamentos A educação se concentra na preparação para a faculdade ou para a vida profissional O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas Ocorre maturidade reprodutiva Questões comportamentais como transtornos alimentares e abuso de drogas trazem importantes riscos à saúde Busca de identidade incluindo a identidade sexual tornase central Relacionamentos com os pais são em geral bons Os grupos de amigos ajudam a desenvolver e testar o autoconceito mas também podem exercer uma influência antisocial As capacidades cognitivas e os julgamentos morais assumem maior complexidade Escolhas educacionais e profissionais são feitas A condição física atinge o máximo depois diminui ligeiramente As escolhas de estilo de vida influenciam a saúde Os traços e estilos de personalidade tornamse relativamente estáveis mas as mudanças na personalidade podem ser inflenciadas pelas etapas e pelos eventos de vida Tomamse decisões sobre os relacionamentos íntimos e os estilos de vida pessoais A maioria das pessoas casase e tem filhos Meiaidade 40 aos 65 anos A maioria das capacidades mentais atinge o máximo a perícia e as capacidades de resolução de problemas práticos são acentuadas O rendimento criativo pode diminuir mas melhorar em qualidade Para alguns o êxito na carreira e o susseco financeiro alcançam o máximo para outros podem ocorrer esgotamento total ou mudança profissional Pode ocorrer alguma deterioração das capacidades sensórias da saúde do vigor e da destreza Para as mulheres chega a menopausa O senso de identidade continua se desenvolvendo pode ocorrer uma transição de meiaidade estressante A dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse A saída dos filhos deixa o ninho vazio Terceira idade 65 anos em diante A maioria das pessoas é mentalmente alerta Embora a inteligência e a memória possam se deteriorar em algumas áreas a maioria das pessoas encontra formas de compensação A maioria das pessoas é saudável e ativa embora a saúde e as capacidades físicas diminuam um pouco O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos do funcionamento A aposentadoria pode oferecer novas opções para a utilização do tempo As pessoas precisam enfrentar as perdas pessoais e a morte iminente Os relacionamentos com a família e com os amigos íntimos pode oferecer apoio importante A busca de significado na vida assume importância central O desenvolvimento consiste em um processo contínuo e ordenado O ser humano se desenvolve a partir de uma sequência regular e contínua ou seja a etapa anterior do desenvolvimento influencia a etapa posterior e não é possível ocorrer saltos entre as fases O desenvolvimento ocorre pelas sequências cefalocaudal e próximodistal estudaremos os termos a seguir O desenvolvimento progride de respostas gerais para respostas específicas Cada parte do organismo possui um ritmo próprio de desenvolvimento O ritmo de desenvolvimento de cada indivíduo é constante O desenvolvimento é complexo e os seus aspectos estão interrelacionados A sequência cefalocaudal afirma que o desenvolvimento progride da cabeça para as extremidades e a sequência próximodistal indica que o desenvolvimento progride do centro do corpo para a periferia Quanto mais se desenvolve mais o sujeito se torna capaz de responder de forma específica para cada demanda Cada parte se desenvolve em determinado período o qual possibilita o seu crescimento e a sua maturação Cada um tem seu próprio ritmo de desenvolvimento uns se desenvolvem mais depressa e outros mais devagar mas isso é completamente normal O ser humano desenvolvese como um todo Não é possível separar os aspectos físico intelectual emocional e social a não ser para fins de estudo Os níveis fisiológico psicológico e social estão em constante interação licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 47 FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO Cada período do ciclo da vida é influenciado pelo que ocorreu antes e irá afetar o que virá depois PAPAliA olds 2000 p 31 Assim compreendemos que o de senvolvimento é um processo contínuo no decorrer da vida e cada parte do ciclo apresenta suas próprias características Dessa forma este item está subdivido em duas grandes fases do ciclo vital humano e as principais características do desen volvimento de cada fase infância e adolescência 221 Infância Ariès 1981 expõe que até o século XVII não existia a noção de infância as crianças eram vistas como adultos em miniaturas mais fracos e menos inteligentes Foi somente no século XIX que abriuse caminhos para o estudo científico do desen volvimento infantil É comum que se subdivida a infância em períodos menores de modo a aprofun dar sua compreensão Nesse item abordaremos o desenvolvimento infantil con forme três etapas primeira infância segunda infância e terceira infância 2211 Primeira Infância A primeira infância compreende o período entre o nascimento até os três primei ros anos de idade O crescimento físico e o desenvolvimento motor ocorrem con forme dois princípios cefalocaudal o desenvolvimento avança da cabeça para as partes inferiores e próximodistal o desenvolvimento avança do centro do corpo para as partes externas gAllAHUE oZmUN 2005 Estes princípios do desenvolvi mento podem ser visualizados na figura 7 22 iNTErATividAdE para saber mais assista ao vídeo não existiam crianças antes do século XX do historiador brasileiro Leandro Karnal no link httpswwwyoutube comwatchv7muGDWAkY90 2 48 FigUrA 7 Princípios do desenvolvimento cefalocaudal e próximodistal FoNTE Autoras 2018 O crescimento mais evidente do corpo se dá no primeiro ano embora o cres cimento continue rápido durante os três primeiros anos de vida da criança As capacidades sensoriais presentes desde o nascimento desenvolvemse rapida mente nesse período além de ganharem controle sobre o movimento de seu corpo durantes os três primeiros meses de vida As habilidades motoras desen volvemse em sequências definidas e a autolocomoção apresentase como um evento determinante gerando mudanças em todas as áreas do desenvolvimen to Porém padrões ambientais e culturais podem influenciar o ritmo do desen volvimento motor PAPAliA olds 2000 Cognitivamente as crianças nessa fase desenvolvem a fala prélinguística ou seja aquela que precede a primeira palavra incluindo o choro arrulhos balbucio e a imitação de sons aos seis meses a criança já aprendeu os sons básicos da lín gua Anterior à pronúncia da primeira palavra as crianças utilizam gestos para se comunicarem estes consistem em apontar gestos sociais representacionais e sim bólicos Em torno dos nove a 10 meses a criança começa a compreender a fala com significado e no segundo ano de vida já consegue falar a língua da cultura na qual está inserida as primeiras palavras geralmente aparecem entre os 10 e 14 meses dando início à fala linguística que diferentemente da fala prélinguística não está mais relacionada à idade cronológica Por volta dos três anos de idade a criança já desenvolveu razoavelmente a gramática e a sintaxe e a fala é caracterizada pela sim plificação restrição e ampliação do significado das palavras PAPAliA olds 2000 Já o desenvolvimento psicossocial enfatiza os padrões de temperamento da criança nessa fase os quais são vistos como inatos e podem ser influenciados por mudanças ambientais significativas Neste período a criança começa a for mar vínculos fortes com os pais ou cuidadores Há também o início da per cepção de si mesmo autoreconhecimento e autoconsciência e o interesse por outras crianças PAPAliA olds 2000 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 49 Segundo a teoria de Erik Erikson o bebê 0 a 1 ano está no estágio de confian ça básica versus desconfiança básica Neste estágio a principal tarefa é aprender a confiar na uniformidade e na continuidade dos provedores externos mãe cui dadores e em sua própria capacidade de fazer com que as coisas aconteçam O bebê aprende a confiar nos adultos e também a confiar em si mesmo elemento chave para um vínculo inicial seguro HAll liNdZEY CAmPBEll 2007 No segundo estágio autonomia versus dúvida que ocorre no segundo e terceiro ano de vida novas habilidades físicas levam à livre escolha a criança aprende a controlar os esfíncteres a falar a comer sozinha Mas pode desenvolver vergonha se não manejar adequadamente a situação A criança está em processo de separa ção e individuação ou seja ela se percebe cada vez mais como alguém diferente dos pais o que desperta ansiedade Neste estágio o desafio é tornarse alguém separado HAll liNdZEY CAmPBEll 2007 2212 Segunda Infância Dos três aos seis anos de vida as crianças vivenciam a segunda infância tam bém conhecida como os anos préescolares Nessa fase a aparência da criança muda suas habilidades motoras e mentais desenvolvemse amplamente e a sua personalidade passa a ser mais complexa Na medida em que a criança passa a ter maior controle de seus músculos consegue administrar melhor suas necessidades pessoais higienizarse vestirse entre outros e sua autonomia em vestirse Ad quire assim maior independência e autonomia PAPAliA olds 2000 Em relação aos aspectos do desenvolvimento físico nessa fase o crescimento aumenta consideravelmente porém é mais lento que o período anterior Geral mente os meninos são mais altos e pesados que as meninas Os sistemas muscular nervoso respiratório circulatório e imunológico estão em processo de amadure cimento e todos os dentes já estão presentes Também nesse período o desenvol vimento motor avança rapidamente sendo que as crianças progridem em suas habilidades motoras gerais e refinadas e na coordenação entre olhos e mãos A pre ferência pelo uso das mãos é evidente a partir do terceiro ano PAPAliA olds 2000 Os aspectos do desenvolvimento cognitivo compreendem o aumento do voca sAiBA mAis Erik Erikson foi um psicanalista responsável pelo desenvolvimento da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial Para ele o desenvolvimento ocorre a partir de oito estágios sequenciais Os primeiros quatro ocorrem durante a infância um na adolescência e os três últimos na vida adulta e velhice sAiBA mAis documentário Babies 2010 do cineasta francês Thomas Balmès o qual aborda o primeiro ano de vida de quatro crianças com culturas e ambientes diferenciados Namíbia Tóquio Mongólia e São Francisco 3 3 50 bulário da gramática e da sintaxe Nesta fase a fala da criança é privada ou seja a conversa se dá em voz alta para consigo mesma o que a auxilia na aquisição do controle sobre as suas ações A fala privada tende a desaparecer em torno dos nove ou dez anos A recordação o reconhecimento e a memória aumentam nesse período geralmente aos quatro anos de idade e podem estar relacionadas ao de senvolvimento da linguagem PAPAliA olds 2000 Acerca dos aspectos psicossociais é nessa fase que diversos estudos apon tam para o desenvolvimento do eu ou seja é entre os quatro e doze anos de idade que as crianças desenvolvem gradualmente uma compreensão sobre suas emoções PAPAliA olds 2000 A criança já é capaz de manifestar sentimentos mais complexos como a infelici dade o ciúme e a inveja Sente a necessidade de aprovação e aceitação das pessoas com quem convive e confia Segundo Erikson nesta fase a criança está vivenciando o terceiro estágio iniciativa versus culpa Neste estágio a criança está mais organi zada física e mentalmente A iniciativa e autonomia possibilitam a organização de atividades em torno de uma tarefa ou meta Demonstra crescente responsabilidade O perigo desse estágio é o sentimento de culpa que pode ob cecar a criança por uma busca muito entusiasmada de metas incluindo fantasias genitais e o uso de meios agressivos e ma nipulativos para chegar a essas metas A criança está ansiosa para aprender e aprende bem nessa idade ela desenvolve seu senso de obrigação e de desempenho HAll liNdZEY CAm PBEll 2007 p 166167 A principal atividade da criança nessa fase é o brincar As brincadeiras estão re lacionadas ao desenvolvimento social emocional cognitivo variando de cultura para cultura e sendo influenciadas pelos ambientes criados pelos adultos Atra vés do brincar a criança explora o mundo imita se coloca no lugar dos adultos e aprende qual é o propósito dos fatos PAPAliA olds 2000 A Figura 8 provoca uma reflexão sobre a crescente inserção das crianças em atividades estruturadas formais o que acarreta muitas vezes na falta de um espaço para o livre brincar FigUrA 8 Ser criança FoNTE Autoras 2018 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 51 Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvi mento da identidade e da autonomia O fato de a criança des de muito cedo poder se comunicar por meio de gestos sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importan tes tais como a atenção a imitação a memória a imaginação Amadurecem também algumas capacidades de socialização por meio da interação e da utilização e experimentação de re gras e papéis sociais BrAsil 1998 p22 2213 Terceira Infância A terceira infância compreende a faixa etária dos seis aos doze anos de idade co nhecida também como anos escolares pois a escola nessa fase consiste na expe riência central tornandose focal no desenvolvimento físico cognitivo e social Nesse período as crianças desenvolvem maiores competências em todos os cam pos No físico adquirem maiores habilidades físicas necessárias para participa rem de jogos e esportes organizados ficam mais altas mais pesadas e mais fortes É um processo mais lento que os períodos anteriores Geralmente os meninos são maiores que as meninas no início dessa fase ao mesmo tempo em que as meninas passarão pelo surto do crescimento da adolescência mais cedo tendendo a serem maiores do que os meninos no final dessa fase Além disso o desenvolvimento motor permite às crianças na idade escolar participarem de uma ampla gama de atividades as diferenças nas habilidades motoras entre os gêneros aumentam até a puberdade principalmente em função da maior força dos meninos e das expec tativas e experiências culturais PAPAliA olds 2000 Os aspectos cognitivos envolvem avanços no pensamento lógico e criativo no juízo na moral na memória na leitura e na escrita Nessa fase a memória se aperfeiçoa devido o tempo de processamento de informações diminuir e a capa cidade de atenção e memória de curto prazo aumentarem assim as crianças se tornam mais aptas ao uso de estratégias mnemônicas Além disso a compreen são da sintaxe se torna cada vez mais complexa o entendimento dos processos de comunicação se aperfeiçoam e a interação entre colegas na escola auxilia no desenvolvimento da alfabetização A criança desenvolve a noção de autoconceito possibilitando a formação de sistemas representacionais mais equilibrados e rea listas PAPAliA olds 2000 sAiBA mAis em Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 2010 Disponível em httpndiufsc brfiles201202DiretrizesCurricularesparaaEIpdf 3 ATENção no Brasil conforme o Estatuto da Criança e da Adolescência ECA a adolescência é definida como uma etapa 1da vida entre os 12 e 18 anos BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 52 Em relação aos aspectos psicossociais a autoestima liga os aspectos cogniti vos emocionais e sociais da personalidade assim a autoestima ou o valor pró prio dependem do quanto a criança acredita ser competente e do apoio social que recebe Nessa fase a cultura é forte fonte de influência nos relacionamentos da criança e nos papéis familiares Embora a criança nesse período passe menos tempo com os pais e mais com os seus pares o relacionamento com seus pais continua a ser o mais importante Os grupos de pares geralmente consistem em crianças da mesma idade e sexo e desempenham diversas funções como o desen volvimento das habilidades sociais a noção de pertencimento e o fortalecimento do autoconceito PAPAliA olds 2000 Nesta fase intensificamse os laços afetivos com amigos vizinhos e colegas Formamse grupos distintos meninos de um lado e meninas de outro E um mo mento sensível a críticas e avaliações por qualquer motivo a criança pode se sen tir comprometida em sua capacidade de aprender EiZiriK BAssols 2001 Segundo Eriskon nesta fase as crianças 612 anos estão vivenciando o es tágio diligência versus inferioridade O brincar cede espaço aos interesses para novas aquisições como usar e conhecer instrumentos máquinas que a prepa rem para o mundo adulto As fantasias diminuem e passam a dedicaremse à educação formal O perigo desse estágio é a criança desenvolver um senso de inferioridade se for ou fizerem com que se sinta incapaz de dominar as tarefas que inicia ou que lhe são dadas pelos professores e pelos pais HAll liNdZEY CAmPBEll 2007 p 168 222 Adolescência A adolescência pode ser definida como a transição no desenvolvimento entre a in fância e a idade adulta Começa aproximadamente aos 12 anos e dura até o início dos 20 anos Os autores divergem na questão da idade em que inicia e termina a adolescência e por isso não podemos afirmar que existe um ponto claro para seu início e para seu fim Os autores concordam porém em considerar que a adoles cência se inicia com a puberdade A puberdade consiste no processo de matura ção sexual ou seja a capacidade de reprodução PAPAliA olds 2000 As mudanças biológicas decorrentes da puberdade resultam em um rápido au mento da altura e do peso em alterações nas formas e proporções do corpo e na maturação sexual Tanto nos meninos quanto nas meninas a puberdade inicia quando a glândula pituitária na base do cérebro envia uma mensagem às glându las sexuais para o aumento da secreção de hormônios Nas meninas esse proces so resulta em os ovários aumentarem a produção de estrogênio hormônio femi nino o qual estimula o crescimento dos genitais femininos e o desenvolvimento dos seios Já nos meninos os testículos aumentam a produção de andrógenos especialmente a testosterona os quais são responsáveis pelo estímulo do cresci mento dos genitais e dos pêlos corporais Assim os principais sinais da maturida de sexual são a menstruação nas meninas e a produção de espermatozoides nos meninos PAPAliA olds 2000 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 53 As características da adolescência reforçam a importância de compreender esta etapa do desenvolvimento que se configura em um período de inúmeras transformações em que estão presentes modificações emocionais sociais físicas e cognitivas Essas por sua vez são fundamentais na construção do autoconceito nos adolescentes EiZiriK 2001 ABErAsTUrY KNoBEl 1992 Cordioli 1998 pon tua que é neste período que o adolescente começa a definir sua maneira de ser di ferenciandose dos demais que o rodeiam Este reconhecimento que compreende valores crenças gostos entre outros resulta da intercessão das vivências primá rias e das experiências atuais É no contexto grupal que o sujeito se identifica e se diferencia e é a partir do olhar do outro que o sujeito se reconhece Em relação ao desenvolvimento cognitivo os adolescentes passam a pensar de forma abstrata sendo capazes de raciocinar de modo hipotéticodedutivo Além disso podem pensar em termos de possibilidades testar hipóteses e lidar de forma flexível com os problemas PAPAliA olds 2000 CóriaSabini 1986 comenta que a primeira impressão frente a estas mudanças é a ampliação da classificação e da seriação que passam agora a incluir conceitos abstratos como justiça verdade moralidade perspectiva e conceitos geométricos Em seguida visualizase o desligamento da realidade física permitindo ao adolescente ra ciocinar com acontecimentos reais ou abstratos considerando não apenas seus aspectos imediatos e limitantes mas hipotetizar as possíveis consequências de cada uma das soluções propostas Além disso Barros 2008 afirma que durante esse período de busca e inde cisão o adolescente caracterizase pela introversão voltarse para dentro pois está constantemente ocupado com seus próprios sentimentos tendendo a se en tregar facilmente ao devaneio e se interessar por narrativas sendo comum a sua identificação com os heróis que dela fazem parte Socialmente os adolescentes vivenciam a questão central da busca pela iden tidade por meio de componentes ocupacionais sexuais e de valores A sexualida de nesse sentido assume importante papel na formação da identidade e a orien tação sexual está diretamente influenciada pela interação de fatores biológicos e ambientais Em relação aos seus relacionamentos os adolescentes costumam não possuir uma relação muito harmônica com seus pais ou seja ocorre o processo de individualização dos pais Passam a maior parte do tempo com seus amigos os quais desempenham importante papel no seu desenvolvimento tornandose mais íntimos além da tendência à formação de grupos e o início das relações se xuais PAPAliA olds 2000 EiZiriK 2001 Todos nós temos a necessidade de pertencer a um grupo Para o adolescente essa necessidade costuma ser ainda maior Ele quer se ver e se mostrar diferente dos pais mas ainda precisa de uma referência externa que acaba na maioria das vezes sendo o grupo de amigos A figura 9 retrata uma manifestação ado lescente muito comum a de querer ser igual a todo mundo do seu grupo e ao mesmo tempo singular 54 FigUrA 9 Processo de individualização FoNTE Autoras 2018 O adolescente reflete sobre o mundo social e constrói conceitos a respeito dele o que lhe permite integrarse no mundo profissional político e social do adulto Suas reflexões acerca das ideologias dos adultos possibilitam construir a sua concepção de mundo CÓriAsABiBi 1986 A partir de suas posições ideológicas o adolescen te encontra a sua autonomia moral o que definirá os seus princípios éticos Segundo a teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson o estágio vi venciado nesta época é identidade versus confusão de identidade Nesta fase a pessoa se torna consciente das características individuais inerentes de situações pessoas e objetos dos quais gosta ou não de metas futuras HAll liNdZEY CAm PBEll 2007 p173 É uma época marcada por escolha ocupacional busca de no vos valores em que se atinge a identidade sexual adulta Devido à difícil transição da infância à idade adulta por um lado e à sensibilidade à mudança social e histórica por outro o adolescente durante o estágio da formação da identidade tende a sofrer mais profundamente do que nunca em virtude da confusão de papéis ou da confusão de identidade Esse es tado pode fazer com que ele se sinta isolado vazio ansioso e indeciso O adolescente sente que precisa tomar decisões im portantes mas é incapaz de fazer isso Ele pode sentir que a so ciedade o pressiona para tomar decisões assim ele fica ainda mais resistente HAll liNdZEY CAmPBEll 2007 p173 Não é raro ouvirmos adultos falando da adolescência de modo negativo desvalo rizando as problemáticas enfrentadas pelos adolescentes e minimizando as tare fas que essa fase da vida impõe ao sujeito em nossa sociedade Ao final da adoles cência às vezes muito antes disso os adultos exigem certos direcionamentos e respostas Já tem uma namoradinhoa e Já sabe que profissão quer ter são as perguntas corriqueiras e o adolescente que não estiver bem resolvido com tais questões pode vivenciar grande sofrimento O adolescente se sente às vezes criança às vezes adulto e é assim também que os outros lhe tratam A fim de explicar esse período complexo e tão importante do desenvolvimento Aberastury e Knobel 1981 propuseram 10 características da adolescência conforme segue licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 55 1 Busca de si mesmo e da identidade 2 Tendência grupal 3 Necessidade de intelectualizar e fantasiar 4 Crises religiosas 5 Descolamento temporal 6 Evolução sexual do autoerotismo à heterossexualidade 7 Atitude social reivindicatória 8 Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta 9 Separação progressiva dos pais 10 Constantes flutuações do humor ATENção os adolescentes contraem menos doenças agudas do que as crianças mas mortes por acidentes são mais presentes sendo o suicídio e os transtornos alimentares os mais frequentes ganhando destaque a bulimia e a anorexia Bulimia Transtorno alimentar caracterizado pelo ciclo formado por uma etapa de grande ingestão de alimentos e outra de compensação ou purgação forçase o vômito ou ingerese laxantes eou diuréticos para eliminar a comida Anorexia Transtorno alimentar caracterizado por um grande temor de ganhar peso ainda que o paciente esteja muito abaixo do peso ideal Ele se impõe então uma rígida dieta de restrição alimentar As causas 70 dos casos há predisposição genética Contribuem ainda a chamada cultura da beleza magra e o estímulo à busca do corpo ideal CArrAro 2015 p 112 iNTErATividAdE sobre a adolescência leia a reportagem Os desafios da adolescência de Wagner Ranña no link httpwww2uolcombrvivermentereportagensos desafiosdaadolescenciahtml sAiBA mAis para maiores informações acerca das 10 características da adolescência sugerimos o livro de Arminda Aberastury e Maurício Knobel Adolescência normal enfoque psicanalítico 1 2 3 56 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 Conceitue desenvolvimento humano 2 São os fatores que influenciam o desenvolvimento humano 3 Os quatros aspectos básicos do desenvolvimento humano 4 Descreva os principais aspectos físico cognitivo e psicossocial das fases do desenvolvimento humano infância e adolescência licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 59 INTRODUÇÃO A preocupação e interesse em desvendar os mistérios da aprendizagem hu mana surgiram ainda na antiguidade No século XIX o desenvolvimento das disciplinas científicas entre elas a Psicologia fortaleceu estudos que resultaram no desenvolvimento de diferentes teorias acerca dos processos de construção do conhecimento No século XX diversas pesquisas ancoradas em observações e experimentos colaboraram para a abertura de um campo de estu dos que posteriormente iria se estruturar em torno de diferentes teorias cogni tivas ou teorias de aprendizagem decisivas para a compreensão das diferentes variáveis envolvidas nos processos de construção e desenvolvimento do conhe cimento e sua relação com o sujeito que aprende Você já percebeu que tudo o que fazemos ou construímos é resultado das nossas aprendizagens Aprender é uma condição essencial à existência humana Desde o nascimento o ser humano tem seu desenvolvimento pautado pela aprendizagem que ocorre de diferentes maneiras Das atividades mais elementares como um bebê chorar para chamar sua mãe para ser alimentado passando pelas aprendizagens moto ras comportamentais desenvolvimento da linguagem das relações até chegar a sofisticadas elaborações mentais O processo de aprendizagem é complexo envolve fatores internos de natureza biológica e psicológica que interagem entre si e com o meio externo Abrange hábi tos que vão sendo formados pelo sujeito em compasso com a assimilação de valo res sociais e culturais a que tem acesso no decorrer de seu processo de socialização Deste modo envolve o enfrentamento de exigências externas de natureza social as quais mobilizam o sujeito para que este desenvolva respostas que possam aten der a tais exigências satisfatoriamente Ao relacionarse com as pessoas e com os objetos o ser humano constitui vín culos e vai desenvolvendo distintas formas de conhecer e aprender baseadas tanto nas experiências individuais quanto nas experiências coletivas Tais experiências possibilitam a construção de modelos de aprendizagem que se elaboram e se mo dificam conforme as interações que se estabelecem com os objetos do conheci mento com os outros e consigo mesmo Há que se considerar que embora os processos de aprendizagem não se restrin jam apenas aos que ocorrem em contexto escolar a escola é um ambiente formal de aprendizagem Isso põe em evidência o caráter individual da aprendizagem e a necessidade permanente de revisão e avaliação dos processos de ensinar e apren der desenvolvidos no contexto escolar Também há que se reconhecer que cada pessoa aprende de maneira singular o que denota a existência de diferentes estilos de aprendizagem os quais demandam um adequado planejamento e utilização de estratégias de ensino que contemplem tal diversidade Nesta perspectiva a presente unidade irá abordar a conceituação caracteriza ção dimensões e fatores associados à aprendizagem 60 CONCEITUANDO APRENDIZAGEM 31 Consideramos importante pensar no significado da terminologia O termo aprendizagem deriva do verbo aprender de ad prehendere cujo sentido é le var para junto de si Segundo o dicionário de filosofia Nicola Abbagnano 2007 p 75 o termo aprendizado ou aprendizagem significa aquisição de uma técnica qualquer simbólica emotiva ou de comportamento ou seja mudança nas respostas de um organismo ao ambiente que melhore tais respostas com vistas à conserva ção e ao desenvolvimento do próprio organismo O dicionário Houaiss da língua portuguesa 2009 p165 atribui para o termo aprendizado ou aprendizagem a seguinte significação ato processo ou efeito de aprender duração desse processo experiência inicial do que se aprendeu prática experiência Para Fernández 2001 p 124 a aprendizagem é uma construção singular que cada sujeito vai fazendo a partir de seu saber para ir transformando as informa ções em conhecimento Num sentido amplo a aprendizagem pode ser entendi da como a capacidade que o sujeito apresenta de dar respostas que se adaptam às solicitações e desafios surgidos na sua interação com o meio Toda aprendizagem gera mudanças no comportamento do aprendiz Por meio dos processos de aprendizagem os homens se apropriam dos recursos criados para a vida em sociedade e se inserem no processo histórico da humanidade De acordo com Vygotsky 1998 a aprendizagem está relacionada ao desen volvimento desde o início da vida humana iniciando muito antes da entrada da criança na escola É um processo permanente e contínuo que ocorre em diferen tes espaços sejam formais como é o caso da escola ou informais A aprendiza gem possibilita que sejam despertados processos internos de desenvolvimento em que as relações estabelecidas influenciam intensamente estes processos O que quer dizer que embora haja um percurso de desenvolvimento definido in dividualmente pelo processo de maturação de cada organismo é por meio da aprendizagem que tais processos são impulsionados Oliveira 2002 a partir das formulações de Vygotsky define aprendizagem ou aprendizado como Processo pelo qual o indivíduo adquire informações habili dades atitudes valores etc a partir de seu contato com a re alidade o meio ambiente as outras pessoas É um processo que se diferencia dos fatores inatos a capacidade de digestão por exemplo que já nasce com o indivíduo e dos processos de maturação do organismo independentes da informação do ambiente a maturação sexual por exemplo Em Vygotsky licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 61 justamente por sua ênfase nos processos sóciohistóricos a ideia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo olivEirA 2002 p 57 Vygotsky defende que aprender exige que o ser humano relacione processos psi cológicos com aspectos culturais históricos e instrumentais destacando o papel fundamental da linguagem 62 CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM 32 A aprendizagem é um processo permanente e contínuo que se reflete em todas as nossas ações Explicar o mecanismo da aprendizagem é esclarecer a maneira pela qual o ser humano se desenvolve toma conhecimento do mundo em que vive organiza sua conduta e se ajusta no meio físico e social CAmPos 2014 p 16 A afirmação de Campos conduz a alguns questionamentos afinal o que é aprendizagem Como aprendemos Existem diferentes tipos de aprendizagem Campos 2014 apresenta algumas características da aprendizagem resultan tes da contribuição das diferentes teorias Veja no Quadro 5 QUAdro 5 Características da aprendizagem FoNTE Adaptado de CAmPos 2014 1 Processo dinâmico a aprendizagem envolve a participação ativa do indivíduo 2 Processo contínuo a aprendizagem está presente desde o nascimento até o fecha mento de nosso ciclo vital Aprendemos de maneiras diferentes de acordo com nossa faixa etária nível de desenvolvimento contexto em que estamos inseridos sejam estes formais ou informais 3 Processo global por provocar mudanças no comportamento o processo de apren dizagem requer a participação total do indivíduo em seus aspectos físicos intelectuais emocionais e sociais O desenvolvimento humano ocorre de maneira global em que todos os aspectos que o constituem evoluem gradativa e concomitantemente necessi tando um completo envolvimento do indivíduo no ato de aprender 4 Processo pessoal a aprendizagem é uma experiência individual ninguém pode aprender por nós tampouco podemos aprender por outrem Cada indivíduo tem uma maneira de aprender e um ritmo de aprendizagem o que lhe confere um caráter pessoal e intrasferível 5 Processo gradativo a aprendizagem se desenvolve de modo gradativo em que as ope rações realizadas vão se tornando cada vez mais complexas Uma nova aprendizagem sempre agrega elementos às aprendizagens anteriores aumentando sua complexidade 6 Processo cumulativo as aprendizagens somamse umas às outras de modo que va mos acumulando experiências O acúmulo de experiências provoca a organização de novos padrões de comportamento que quando incorporados pelo indivíduo geram mudanças no seu próprio repertório comportamental Quanto mais experiências são vivenciadas maiores são as possibilidades de aprender licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 63 Conforme apresentado anteriormente a aprendizagem não é a mera repetição da informação e não resulta unicamente do processo de memorização Para que ela ocorra estão envolvidos o uso e o desenvolvimento de todos os poderes ca pacidades potencialidades do homem tanto física quanto mentais e afetivas CAmPos 2014 p 33 Nesta perspectiva a tirinha abaixo Figura 10 ilustra uma crítica quanto à compreensão da aprendizagem como mera repetição e à posição do aluno como sujeito passivo FigUrA 10 Crítica ao modelo educacional que tem o aluno como sujeito passivo FoNTE Autoras 2018 Para que a aprendizagem ocorra de maneira satisfatória além de outros aspectos devese considerar que cada estudante apresenta uma inclinação à aquisição do conhecimento por diferentes canais sensoriais A estas diferentes tendências de aprendizado dáse o nome de estilos de aprendizagem Para Campbell Campbell e Dickinson 2000 p 161 Os estilos de aprendizagem referemse às diferenças indivi duais na maneira como a informação é compreendida processada e comunicada A respeito dos estilos de aprendizagem várias são as teorias que buscam defi nilos e classificálos Dentre elas merece destaque a desenvolvida por Fernald e Keller e OrtonGilingham que propõe o modelo vAC visUAl AUdiTivo E CiNEsTÉ siCo Este modelo é baseado nos sentidos e compreende três estilos Estilo visual o indivíduo tem inclinação ao aprendizado utilizando estímu los visuais estabelece relações entre ideias e conceitos a partir de imagens O uso de fotos vídeos demonstrações e outros recursos visuais é indicado A observa ção e a leitura podem ser métodos de estudo interessantes para estes estudantes Estilo Auditivo o indivíduo tem inclinação ao aprendizado utilizando es tímulos auditivos estabelece relações entre ideias e conceitos a partir de sons especialmente da linguagem falada O estudo deve priorizar o ouvir e o falar O aluno pode ler em voz alta utilizar recursos audiovisuais Em sala de aula a expli cação do professor é de grande importância 64 Estilo Cinestésico o indivíduo tem inclinação ao aprendizado por meio dos movimentos corporais O uso de experiências que envolvem tocar sentir e explo rar é de grande relevância Indicase o uso de atividades práticas pois o tocar e o fazer são importantes para estes alunos É comum haver um estilo de aprendizagem dominante Cabe no entanto sa lientar que todos os canais sensoriais são importantes para a aquisição do conhe cimento Além disso em uma sala de aula a diversidade entre os alunos exige o uso de uma abordagem multissensorial O reconhecimento de que há uma característica individual no modo com que cada pessoa aprende estilo de aprendizagem e a identificação de que há diferenças básicas nas formas de apreender e relacionar os dados da realidade estilo cognitivo implica forçosamente na revisão e atualização dos processos de ensinar e aprender NATEl TArCiA sigUlEm 2013 p 146 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 65 DIMENSÕES DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Aprendizagem e desenvolvimento são processos interligados e dependem tanto de elementos intrínsecos internos quanto extrínsecos externos do ser huma no Os fatores internos abrangem três aspectos que se interrelacionam o corpo enquanto um instrumento responsável pelos automatismos coordenações e arti culações cujo organismo representa a infraestrutura que possibilita ao indivíduo perceber registrar reconhecer e gravar os diferentes estímulos que o cercam as estruturas cognitivas responsáveis por organizar os estímulos transformandoos em conhecimento representam o que está na base da inteligência a dinâmica do comportamento que diz respeito à capacidade do indivíduo atuar de modo dinâmico sobre a realidade que o cerca produzindo mudanças em seu comporta mento Os fatores externos são aqueles que dependem das condições oferecidas pelo meio no qual o indivíduo está inserido PAÍN 1985 A referida autora inscreve o processo de aprendizagem na dinâmica da trans missão da cultura ampliando o sentido da palavra educação Ressalta que a edu cação possui quatro funções a mantenedoraconservadora reproduz as normas que regem as ações ga rantindo a continuidade da espécie humana transmissão da cultura b socializadora por meio da língua da cultura do meio transforma o indi víduo em sujeito que se identifica com o grupo e passa a internalizar seu conjunto de normas c repressora utilizase de meios para garantir a manutenção do sistema que rege a sociedade conservando e reproduzindo as limitações existentes d transformadora quando as contradições do sistema são percebidas e re conhecidas e os sujeitos adotam uma postura de enfrentamento dessas contradi ções em que a aprendizagem se torna uma possibilidade libertadora Neste sentido a autora observa que o conhecimento é uma elaboração conjunta de quem ensina e de quem aprende é construção e produção humana Os proces sos de aprendizagem envolvem muitas variáveis necessitando de um olhar mais amplo e atento a todos os fatores que os constituem São complexos pois envolvem questões cognitivas psicológicas materiais e humanas que são indissociáveis De acordo com Paín a aprendizagem não constitui uma estrutura mas um lugar de articulação de esquemas Não ocorre de modo isolado é abrangente por envolver um momento histórico um organismo uma etapa genética da inteli gência e um sujeito associado a outras estruturas teóricas que constituem ma terial de estudo do materialismo histórico à teoria piagetiana da inteligência e à teoria psicanalítica de Freud PAÍN 1985 pág 15 Assim a autora apresenta qua tro dimensões que envolvem os processos de aprendizagem conforme Figura 11 33 66 FigUrA 11 Aprendizagem e as quatro dimensões propostas por Paín FoNTE Autoras 2018 A dimensão biológica é o organismo suas especificidades e a possibilidade de aprendizagem e construção de esquemas de ação sobre o mundo bem como instrumentalidade para agir sobre ele A dimensão cognitiva a partir de uma estrutura orgânica inicial o sujeito constrói conhecimento referese mais às construções da própria pessoa A dimensão social é composta pelo par ensinoaprendizagem em contextos específicos para cada sujeito compreendendo todos os comportamentos destina dos à transmissão cultural A dimensão de aprendizagem como função do eu que trata da constituição do sujeito PAÍN 1985 De que maneira cada uma delas pode influenciar a aprendizagem A dimensão biológica do processo de aprendizagem referese ao organismo suas especificidades e a possibilidade de aprendizagem e construção de esque mas de ação sobre o mundo bem como instrumentalidade para agir sobre ele Sobre este aspecto Piaget aponta a existência de duas funções que são comuns à vida e ao conhecimento conservação da informação e antecipação A conservação da informação está relacionada à memória Num primeiro mo mento ocorre a aquisição de um determinado conhecimento para posteriormen te ocorrer a conservação da aprendizagem adquirida Piaget afirma que as informações adquiridas a partir do exterior ocorrem em função de algum marco ou esquema interno do indivíduo podendo ser mais estruturado ou menos estruturado Tal processo ocorre tanto para as aprendi zagens mais complexas como para as mais elementares Desse modo por meio de um comportamento exploratório espontâneo que lhe é vital o indivíduo cria condições para adaptarse adequadamente às novas situações conservando os esquemas anteriormente construídos Piaget destaca que toda aprendizagem humana resulta de uma construção As estruturas do conhecimento apresentam a característica específica de serem construídas motivo pelo qual não podem ser consideradas inatas apesar do Dimensão Biológica Dimensão Cognitiva Dimensão Social Função do Eu Aprendizagem licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 67 caráter hereditário da inteligência como aptidão do ser humano PAÍN 1985 p 16 Essa construção necessita da experiência ou manipulação do ambiente e do funcionamento interno do sujeito os quais conduzem à gradual estruturação da coordenação de suas ações Paín 1985 propõe a existência de três tipos de conhecimento que compreen dem a dimensão biológica Conhecimento das formas hereditárias une as informações hereditárias do sujeito com as informações referentes ao meio no qual este sujeito atuará Conhecimento das formas lógicomatemáticas construído progressiva mente de acordo com as fases de equilibração crescente e por organização pro gressiva das ações realizadas com os objetos porém dispensandoos como tais Conhecimento das formas adquiridas as experiências que o sujeito realiza sobre o objeto lhe fornecem informações sobre suas características e propriedades O conhecimento das formas lógicomatemáticas e das formas adquiridas inte gram o funcionamento do conhecimento das formas hereditárias e complemen tamse mutuamente já que se por um lado toda ação é ação sobre um objeto por outro lado esta ação se desdobra com certa organização impressa no marco das es truturas lógicas que permitem uma correta leitura da experiência PAÍN 1985 p16 Com base nos padrões biológicos e na epistemologia genética de Piaget que será abordada na unidade 4 é possível perceber a existência de uma aprendiza gem em sentido mais amplo gerada pelo desdobramento funcional de uma ativi dade estruturante que constrói de modo definitivo estruturas operatórias esque matizadas durante tal atividade Também a existência de uma aprendizagem mais restrita que possibilita o conhecimento das propriedades e das leis de cada objeto particularmente por meio da assimilação de tais estruturas que permitem uma organização compreensível do real A dimensão cognitiva do processo de aprendizagem alude especificamente às questões psicológicas da aprendizagem Referenciando P Gréco no Volume VII do Tratado de Psicologia Experimental Paín diferencia 3 tipos de aprendizagem O primeiro tipo de aprendizagem diz respeito aquele em que o indivíduo ad quire um comportamento novo adaptado às novas situações a que se expõe e corroborado pela experiência trazida a partir da tentativa e erro frente a uma situ ação até então desconhecida A tentativa e erro não são ocasionais mas dirigidas de modo que cada experiência seja favorável ao sujeito e conduza a uma aprendi zagem independentemente de ter alcançado êxito ou não No segundo tipo há uma aprendizagem da regulação que conduz as trans formações dos objetos e suas relações recíprocas A experiência tem por função confirmar ou ajustar as hipóteses ou antecipações internas construídas pelo su jeito a partir da manipulação dos objetos O terceiro tipo é a aprendizagem estrutural que está vinculada ao surgimen to das estruturas lógicas do pensamento as quais permitem ao sujeito organi zar uma realidade compreensível e cada vez mais equilibrada Tais estruturas vão sendo construídas no decorrer de todo processo de aprendizagem tendo a expe 68 riência a função de reavaliação permanente dos esquemas já construídos e inefi cientes para determinadas transformações Paín 1985 utiliza como exemplo a experiência da conservação da quantidade de líquido para demonstrar como se processa a compensação intuitiva na crian ça considerando que as respostas que a satisfazem aos cinco anos já não a satis fazem aos seis anos em decorrência das experiências que vivência as quais lhe possibilitam modificar esquemas construídos e construir esquemas novos Assim as experiências promovem a aplicação da estrutura já construída à realidade e ao mesmo tempo cria novos esquemas que de maneira coordenada permitem ao sujeito compreender sua realidade e possibilidades de transformação A dimensão social do processo de aprendizagem é tida como um dos polos que compõe o par ensinoaprendizagem do qual decorre o processo educativo Pro cesso este que abarca os diferentes comportamentos necessários à transmissão da cultura sejam os realizados nas instituições formais ou nas outras instituições que promovem a educação entre elas a família Por meio da aprendizagem o sujeito histórico exercita apropriase e incorpora a cultura do grupo social a que perten ce demonstrada em comportamentos como falar cumprimentar usar utensílios fabricar artefatos rezar conforme a modalidade própria do seu grupo Ou seja adquire e desenvolve conhecimentos e comportamentos relativos às relações e convenções sociais vigentes no contexto do grupo não apenas como produto das relações estabelecidas com os objetos e outras pessoas mas como consequência de seu pertencimento a determinados grupos sociais PAÍN 1985 PoZo 2002 Nesse sentido educar significa ensinar indicando estabelecendo sinais e marcando comportamentos permitidos nesses grupos Desse modo o sujeito aprende como se comportar a partir de ações que desenvolvem e que reprimem adequandose às normas e às necessidades do grupo Nesse movimento do cons truir desconstruir modificar evoluir a educação garante a continuidade do pro cesso histórico e da sociedade Sob esta perspectiva as aprendizagens humanas são consideradas aprendiza gens sociais visto que se originam em contextos de interação social e são cultu ralmente mediadas quando se utilizam da transmissão da cultura Todavia apesar do caráter social e coletivo a assimilação e interiorização da cultura é um proces so individual de cada aprendiz O processo de aprendizagem como função do eu Os processos de aprendi zagem também influenciam a constituição do sujeito A educação permite ao ser humano manter a pulsão sob controle permitindo empregarmos sua força em obras culturais Aos poucos a criança aprende a controlar a pressão dos impul iNTErATividAdE para saber mais sobre a experiência da conservação de líquidos assista Vídeo 1 A criança ainda não atingiu o estágio de conservação httpswwwyoutubecomwatchvsoi4ZNtfcs Vídeo 2 A criança atingiu o estágio de conservação httpswwwyoutubecomwatchv1UkLxwqjhFs 2 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 69 sos por meio de formas de satisfação substitutivas que possibilitem intercalar a necessidade e o desejo Aprende a organizar informações sensoriais transforman doas em elementos utilizáveis que podem ser pensados recordados e sonhados Tais elementos agrupamse de modo a formar uma barreira que protege a emoção da realidade e a realidade da emoção Paín 1985 p19 aponta para dois tipos de elementos os elementos alfa são captados em uma experiência emocional e integrados ao conhecimento como partes da pessoa e os elementos beta que entrariam no sujeito como coisas nãodigeridas e como tal formando uma base sem utilidade para imaginação e inteligência Estes elementos formalizam a diferença entre o préconsciente de representações e de objetos inconscientes não verbalizados A função mediadora do ego permite a aceitação da realidade diante do prin cípio do prazer vide unidade 1 pois sua capacidade de pensar possibilita dis cernir entre o que convém e o que não convém em cada situação evitando de maneira racional a necessidade de reprimir A capacidade de entender e memo rizar da inteligência humana também é fundamental para que o homem possa deter sua demanda impulsiva A aprendizagem integra a educação e o pensamento em um só processo uma vez que ambos se viabilizam na efetivação do princípio de realidade Desen volver a capacidade de resignação e de frustração é fundamental considerando que conhecer também implica um desconhecer É preciso prestar atenção ao reverso da aprendizagem isto é ao que se oculta quando se ensina ao que se desprende quando se aprende PAÍN 1985 p 19 Considerando os diferentes níveis de interpretação da realidade compreen der a aprendizagem como objeto único e científico é muito difícil já que a sínte se não se dá no nível teórico mas no fenômeno O sujeito aprende que pertence a um grupo social particular dotado de um equipamento mental determinado pela genética e cumprindo uma continuidade biológica funcional e tudo isso para que consiga cumprir o destino de outro Todavia ainda permanece um ser inacabado em constante construção 70 FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Após esta breve explanação sobre as dimensões da aprendizagem surgem ou tros questionamentos que fatores influenciam a aprendizagem Algum deles se sobressai Ou são complementares no processo de aprendizagem Qual a relevân cia dos aspectos orgânicos emocionais e sociais A respeito disso Paín 1985 entende que a aprendizagem está relacionada a quatro fatores orgânicos específicos psicógenos e ambientais a partir dos quais podese compreender os problemas de aprendizagem Fatores orgânicos Referemse ao funcionamento anatômico como o funcionamento dos órgãos dos sentidos e do Sistema Nervoso Central Quando sadio o sistema nervoso apre senta ritmo plasticidade e equilíbrio garantindo um funcionamento harmonioso Porém havendo lesões ou desordens corticais a aprendizagem fica comprometida Por exemplo lesões neurológicas deficiência auditiva deficiência visual po dem trazer como consequência problemas cognitivos com maior ou menor gra vidade Apesar de por si sós não caracterizarem um problema de aprendizagem tais problemas podem comprometer a aprendizagem Fatores específicos Referemse à adequação perceptivomotora São desordens específicas liga das a determinadas áreas cerebrais também específicas que abrangem questões cognitivasperceptivas e motoras mas sem possibilidade de verificação de sua origem orgânica Citamos como exemplo a dislexia O aluno com dislexia não possui nenhuma lesão na estrutura anatômica cerebral mas uma desordem no funcionamento do cérebro específica da área de leitura e escrita Tal desordem dificulta a decodifica ção dos símbolos gráficos registrados pelo cérebro não havendo uma constância na construção mental daquele símbolo que se expressa na dificuldade de leitura e escrita O aluno com dislexia não tem deficiência intelectual mas há casos em que as dificuldades são tão expressivas que podem gerar confusão no diagnóstico O caso da dislexia será abordado de maneira mais aprofundada na unidade 5 Fatores psicógenos Estão relacionados a traumas e conflitos internos onde o nãoaprender se constitui como inibição restrição da capacidade ou como sintoma defesa medo de relembrar ou viver novamente alguma situação traumática O olhar do profissional não deve estar voltado para o problema de aprendizagem em si mas para o que ele representa Tomemos como exemplo crianças que não conseguem lidar com frustrações 34 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 71 seja quando contrariadas ou diante de erros cometidos elas podem evitar a tentati va da aprendizagem pelo medo do fracasso Outro exemplo são os erros ortográficos que a criança pode apresentar em função da dificuldade de atribuir significado à aprendizagem ou a atribuição inadequada de significados à aprendizagem escolar Fatores ambientais Dizem respeito ao ambiente concreto do sujeito às possibilidades reais que o meio lhe fornece à quantidade à qualidade à frequência e à abundância dos estímulos que constituem seu campo de aprendizagem habitual PAÍN 1995 p 33 Incluemse as condições de moradia trabalho acesso ao lazer esportes aos bens culturais ao grau de consciência e participação social Como exemplo podemos citar um aluno de 10 anos que chega à escola com um vocabulário restrito e rudimentar aprendido dos irmãos mais velhos demons trando dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita Os estímulos ambien tais não tiveram a qualidade necessária para garantir que ele se apropriasse das estruturas linguísticas necessárias ao domínio da língua podendo ser a causa das dificuldades de aprendizagem que tem apresentado Os fatores elencados nos apontam caminhos para compreender com mais propriedade as dificuldades de aprendizagem permitindo um olhar atento no sentido de identificar as causas que impedem ou atrapalham o adequado desen volvimento da aprendizagem E a partir dessa identificação adequar e direcionar as estratégias de ensino para superar tal problemática sAiBA mAis filme Escritores da Liberdade direção de Richard Lagravenese baseado em uma história real aborda de maneira comovente os desafios da educação 3 iNTErATividAdE assista ao vídeo Sonia Parente entrevista Sara Paín sobre processos de aprendizagem e cultura no 2 link httpswwwyoutubecomwatchvYqCZg3Y0M3w 72 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 A aprendizagem é um processo complexo que acompanha o indivíduo em to das as etapas da sua vida Pesquise sobre quais são os tipos de aprendizagem e de que maneira eles podem influenciar o comportamento do indivíduo 2 Sara Paín 1985 apresenta quatro dimensões que envolvem o processo de aprendizagem a dimensão biológica b dimensão cognitiva c dimensão social d aprendizagem como função do eu Comente cada uma delas 3 A partir da sua experiência pessoal de aprendizagem acadêmica descreva as condições que você considera fundamentais para o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem 4 Considerando que a aprendizagem de cada indivíduo é influenciada por fa tores internos e externos expresse sua opinião sobre qual postura o professor deveria ter ao trabalhar um conteúdo em sala de aula 4 TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 75 INTRODUÇÃO A busca por compreender a aprendizagem humana data de muitos anos Es tudos e pesquisas têm sido desenvolvidos por diversos pesquisadores ten tando compreender e explicar a aprendizagem e as variáveis envolvidas em seu desenvolvimento Desses estudos surgiram diferentes concepções que bus cam compreender como o ser humano constitui seus processos de aprendizagem Uma breve distinção entre três grandes correntes do pensamento que expli cam o desenvolvimento humano se faz necessária para melhor compreendermos as teorias da aprendizagem abordadas nessa unidade São elas racionalismo em pirismo e construtivismo O precursor do racionalismo foi Platão 428348 aC filósofo grego conside rado um dos principais pensadores da história da filosofia De acordo o raciona lismo o conhecimento é inato e o ser humano somente alcançará a verdade por meio de seus pensamentos As fontes do saber estão na razão e não na experiên cia sendo os sentidos sempre fontes de erros De acordo com Pozo 2002 p42 no racionalismo clássico de Platão a apren dizagem tem uma função muito limitada na realidade não aprendemos nada re almente novo a única coisa que podemos fazer é refletir usar a razão para desco brir estes conhecimentos inatos que jazem dentro de nós sem sabermos O pensamento racionalista deu origem ao Inatismo perspectiva que sustenta que as pessoas naturalmente carregam certas aptidões habilidades conceitos conhecimentos e qualidades em sua bagagem hereditária Assim a aprendiza gem seria determinada pelo fator biológico e o meio externo exerceria pouca influência sobre ela Tal concepção motivou um tipo de ensino que acredita que o educador deve interferir o mínimo possível apenas trazendo o saber à consciência e organizan doo pois a aprendizagem é responsabilidade do indivíduo Contrária a esta teoria está o empirismo cujo precursor foi Aristóteles 384 322 aC outro grande filósofo grego e discípulo de Platão De acordo com esta teoria a aprendizagem não é determinada pelo fator genético mas sim pelas experiências vividas ao longo da vida Nesse contexto o conhecimento é só o reflexo da estrutura do ambiente e o aprender é reproduzir a informação que recebemos PoZo 2002 p48 O conhecimento está na realidade exterior e é absorvido por nossos sentidos O professor é quem detém o saber O aprendizado é obtido por meio da cópia seguida de memorização É nesta teoria que baseiamse muitas das correntes pe dagógicas que conhecemos entre elas o behaviorismo O construtivismo teoria desenvolvida por Jean Piaget 18961980 considera no processo de aprendizagem tanto os fatores orgânicos quanto os ambientais O conhecimento é construído na interação entre o sujeito e o objeto O sujeito tem potencialidades e características próprias mas o meio precisa favorecer esse 76 desenvolvimento para que elas se concretizem A presença ativa do sujeito diante do conteúdo é essencial portanto não basta somente ter contato com o conhe cimento para adquirilo É preciso agir sobre o objeto e transformálo Pela concepção construtivista o professor deve criar contextos conceber ações e desafiar os alunos para que a aprendizagem ocorra O conhecimento não é incorporado diretamente pelo sujeito pressupõe uma atividade por parte de quem aprende que organize e integre os novos conhecimentos aos já existentes A capacidade de aprender é desenvolvida e construída nas ações do sujeito por meio do contato ativo com o conhecimento que é facilitado pelo professor A partir do exposto destacaremos as teorias do desenvolvimento cognitivo elaboradas por de Jean Piaget 18961980 Lev Vygotsky 18961934 Henri Wallon 18791962 e David Ausubel 19182008 dada a importância de suas proposições para a educação bem como pelas suas influências nas práticas escolares caracte rizandoas com elementos que permitem sua compreensão Também serão teci das considerações acerca dos mapas conceituais enquanto instrumentos facilita dores para uma aprendizagem significativa e as influências da relação professor e aluno no desenvolvimento do processo de aprendizagem licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 77 EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE JEAN PIAGET 18961980 Jean Piaget foi um biólogo psicólogo e epistemólogo suíço considerado um dos mais importantes pensadores do século XX Em seus estudos Piaget não teve como propósito desenvolver uma teoria de aprendizagem mas uma teoria do desenvol vimento Sua preocupação central era o sujeito epistêmico ou seja o estudo dos processos de pensamentos presentes desde a infância inicial até a idade adulta Definida como Epistemologia Genética a teoria de Jean Piaget estuda os meca nismos e processos que conduzem o sujeito de um estado de menor conhecimen to para estados de conhecimento mais avançados Suas pesquisas sobre desenvol vimento cognitivo tinham a perspectiva de maturação biológica com ênfase na experiência como elemento essencial ao desenvolvimento da aprendizagem Piaget debruçouse a explicar a evolução cognitiva da criança por meio da ob servação e do estudo da evolução das diferentes estratégias que ela utiliza para resolver situações problemas Com base nos resultados obtidos comprova que a lógica de funcionamento mental da criança difere qualitativamente da lógica de funcionamento mental do adulto CÓriAsABiNi 1986 Para ele o conhecimento não pode ser concebido como algo inato tampouco como resultado do simples registro de percepções e informações Mas é o resultado das ações e interações do sujeito com o ambiente onde vive Embora o funciona mento da inteligência seja herdado as estruturas da mente vão sendo construídas a partir da organização sucessiva das ações do sujeito sobre os objetos Sendo o co nhecimento resultado da interação do sujeito com o objeto por meio da ação que realiza sobre ele o sujeito conheceo transformao compreendendo o processo dessa transformação e como resultado entendendo como o objeto foi construído Nisso reside um dos conceitos da teoria piagetiana a hereditariedade Tal conceito diz que o sujeito herda estruturas biológicas que predispõem o apare cimento de estruturas mentais Mas o surgimento das estruturas mentais neces sita da interação do sujeito com o ambiente tanto nos aspectos físicos como nos sociais O aspecto físico proporciona à criança a possibilidade de manipulação dos objetos exploração de lugares observação de fenômenos que ocorrem na natureza entre outros Socialmente a criança tem a oportunidade de interagir com seus pares adquirindo e desenvolvendo competências indispensáveis ao seu pleno desenvolvimento Para Piaget a lógica do desenvolvimento é a busca do equilíbrio que ocorre por meio de mecanismos de adaptação do indivíduo ao meio Assimilação e acomoda ção são processos complementares diretamente ligados ao processo de adaptação No processo de assimilação elementos do meio são incorporados à estrutura cognitiva do sujeito Na acomodação há uma modificação nas estruturas do su jeito para que se adapte às modificações do meio Para ilustrar tal processo pensemos na seguinte situação uma criança se de 41 78 para com uma nova situação tenta assimilála buscando compreendêla com base nos esquemas que já possui em sua mente este processo é chamado de assimilação Porém se esta experiência não coincidir com um esquema existen te ela necessita modificar o esquema ampliando seu conhecimento de mundo este movimento é denominado acomodação A Figura 12 demonstra a relação entre assimilação acomodação e adaptação FigUrA 12 Processo de assimilação e acomodação FoNTE Autoras 2018 Segundo Piaget 1971 haveria aprendizagem somente quando o esquema de assi milação sofre acomodação Nesse sentido o sujeito vai construindo teorias acerca do funcionamento do meio físico e social O desenvolvimento cognitivo constitui um processo de sucessivas mudanças nas estruturas cognitivas de construção e reconstrução contínuas de esquemas prévios os quais aos poucos transformam bases inatas e reflexas em representações mentais conduzindo ao equilíbrio O equilíbrio entre os dois processos possibilita uma adaptação cada vez mais ade quada do sujeito ao mundo e consequentemente sua organização mental Todavia quando este equilíbrio é rompido por experiências ainda não assimila das a mente se reorganiza para construir novos esquemas de assimilação e nova mente atingir o equilíbrio Este processo de reequilíbrio é denominado equilibra ção majorante e é o responsável pelo desenvolvimento mental do sujeito A partir da abordagem piagetiana é fundamental provocar o desequilíbrio na mente da criança para que ela ao buscar o reequilíbrio se reorganize cognitivamente e consi ga aprender Ou seja quando o equilíbrio é desestabilizado a criança tem a oportu nidade de crescer e se desenvolver Sob esta ótica é imprescindível que o professor desafie o aluno provocando constante desequilíbrio em seus esquemas mentais Para compreender melhor esse processo tomemos como exemplo a Figura 13 TErmo do glossário de acordo com Piaget esquemas são estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio 4 Assimilação Acomodação Adaptação com o meio Processo de integração dos dados da experiência nas estruturas do sujeito Modificação das estruturas do sujeito para se adaptar aos novos elementos oriundos do meio licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 79 FigUrA 13 Cavalo ou cachorro FoNTE NTEUFsm Na imagem podemos ver dois animais um cavalo e um cachorro Pensemos numa criança que começa a reconhecer os animais e até o momento conhece apenas o cachorro Então a representação mental que possui de animais foi construí da com base nas características do cachorro Quando vê outro animal com ca racterísticas semelhantes vai utilizar o esquema que já construiu para identificar este animal Assim ao olhar o cavalo inicialmente pensará que ele também é um cachorro ambos possuem quatro patas um rabo pescoço nariz molhado duas orelhas etc Nesta etapa ocorre a assimilação a semelhança entre o cavalo e o cachorro apesar da diferença de tamanho faz com que um cavalo passe por um cachorro A quantidade de informações acumuladas pela criança ainda não é su ficiente para que ela diferencie os dois animais A diferenciação do cavalo para o cachorro deverá ocorrer após a intervenção de alguém que vai lhe explicar que se trata de um cavalo e ela poderá diferenciálos construindo um novo esquema conceito Terá assim dois conceitos diferentes um para o cachorro e outro para o cavalo podendo diferenciálos É quando ocorre o processo de acomodação Piaget nomina como esquemas as estruturas cognitivas que são modificadas por meio dos processos de assimilação e acomodação Os esquemas estão em contínuo movimento e permitem ao indivíduo melhor adaptarse a uma realida de que ele próprio vai percebendo mais complexa e abrangente exigindo formas de pensamento e comportamento mais evoluídas 411 Estágios do Desenvolvimento segundo Piaget Piaget sistematiza que o desenvolvimento cognitivo é marcado por períodos com características bem definidas as quais expõem uma estrutura qualitativamente diferente da que a precedera e das que a sucederão e concomitantemente pre param o indivíduo para o estágio seguinte CÓriAsABiNi 1986 goUlArT 2003 Ao dividir o desenvolvimento da criança em estágios Piaget buscou explicar as principais características de cada etapa ressaltando que habilidades adquiridas 80 em estágios anteriores são essenciais para o domínio de estágios posteriores As sim os estágios representam o desenvolvimento da inteligência que não ocorre de forma linear nem por acúmulo de informações Ele se dá por saltos por ruptu ras modificandose com as experiências Estágio sensório motor do nascimento aos 2 anos de idade Período em que os atos inteligentes da criança compreendem as ações motoras como resposta aos diversos estímulos que afetam os seus sentidos A partir da inteligência prática dos reflexos neurológicos básicos a criança inicia a construção de esquemas de ação para a assimilação do meio Porém ainda não dispõe de uma estrutura re presentativa que permita internalizar os objetos de modo que possa agir apenas no plano mental Por meio da imitação a criança realiza diferentes experiências e aprende mas é indispensável a presença do objeto visto que ele é próprio modelo de imitação Culmina com o aparecimento da linguagem No estágio préoperatório entre 2 e 7 anos de idade ocorre a transição entre a inteligência sensóriomotora e a inteligência simbólica A função simbólica na criança é responsável pela capacidade de substituição do objeto por sua represen tação possibilitandolhe tratar os objetos como símbolos Esta capacidade pos sibilita aquisição dos significados sociais presentes no contexto em que ela vive criando as condições para a aquisição e desenvolvimento da linguagem Ao final deste estágio o pensamento da criança começa a assumir a forma de operações concretas quando surgem as noções temporais espaciais de velocida de e ordem A criança já tem condições de compreender o ponto de vista da outra pessoa e de conceituar algumas relações Nessa fase são constituídas as bases para o pensamento lógico característico do final do desenvolvimento cognitivo No terceiro estágio operatório concreto de 7 a 11 anos a criança é capaz de realizar operações a partir de materiais concretos desenvolve noções espaciais e a capacidade de raciocinar o mundo de maneira mais lógica e adulta Adquire a reversibilidade lógica que configura uma propriedade das ações da criança au xiliando na construção das noções de conservação de comprimento distâncias quantidades discretas e contínuas e quantidades físicas Também desenvolve a capacidade de aplicar um mesmo tipo de pensamento em situaçõesproblema diferentes De acordo com Papalia e Olds 2000 crianças na faixa etária das opera ções concretas tendem a ser menos egocêntricas e mais eficientes em tarefas que demandam raciocínio lógico como relações espaciais causalidade categoriza ção raciocínio indutivo e dedutivo e conservação E é isso que diferencia a criança em idade escolar de crianças menores Já no estágio operatório formal a partir dos 12 anos de idade a criança con segue pensar de forma abstrata e hipotética é capaz de estabelecer relações possíveis respeitando determinada lógica testa hipóteses em busca de solução para problemas Atinge um nível mais elevado de desenvolvimento podendo resolver situações através do raciocínio lógico e explicar fatos observáveis uti lizandose de suposições Neste estágio o indivíduo inicia sua transição para o licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 81 modo adulto de pensar O Quadro 6 apresenta as principais características de cada estágio proposto por Piaget QUAdro 6 Estágios do Desenvolvimento de Piaget Sensóriomotor ou Inteligência prática 0 2 anos Faz uso das percepções e ações para se relacionar Sua inteligência é prática em ação não verbal e não representativa Desenvolvimento físico acelerado No início desta fase apresenta indissociação entre o eu e o outro Não é possível falar em real socialização da inteligência A criança é essencialmente individual As noções de espaço e tempo são construídas pela ação Exemplo desviar de um objeto para não bater nele Ao final do primeiro ano de vida a criança adquire a noção de permanência do objeto Passa a compreender que um objeto permanece existindo mesmo que não esteja mais no seu campo visual Ao final desta fase a criança passa premeditar a ação aplicando meios conhecidos às novas situações Estágio préoperatório 2 aos 7 anos Aparecimento da linguagem Conceito essencial representação capacidade de pensar um objeto através de um outro objeto Ex casa som objeto casa É a entrada no mundo das representações brincar de fazdeconta imitação o reconhecimento no espelho o desenho Entrada da criança no mundo da moralidade dos valores das regras do certo e errado Exemplo Se você contar a uma criança que uma pessoa quebrou 10 copos sem querer e outra quebrou 1 copo mas querendo E perguntar qual é a mais culpada A maioria das crianças nesta fase responderá a que quebrou 10 copos pois avaliam pelo tamanho do estranho e não a intencionalidade Egocentrismo A criança ainda tem dificuldade em perceber o ponto de vista do outro Incapacidade de descentração a criança se fixa apenas num aspecto da realidade geralmente o que mais lhe interessa Estágio Operatório concreto 7 aos 12 anos Conquista do período organização lógica do pensamento Capacidade de considerar pontos de vista diferentes Desenvolvimento da noção de reversibilidade a possibilidade de pensar a ação e sua anulação Exemplo capacidade de a criança compreender que se da cidade A até a B são 100 km então da cidade B até a A também serão 100km Outro exemplo é a compreensão que se 2 vezes 5 é 10 5 vezes 2 dará o mesmo resultado Consolidação das noções de Classificação capacidade de separar objetos pessoas fatos ou ideias a partir das características comuns Seriação capacidade de ordenar elementos de acordo com grandezas crescentes e decrescentes do menor para o maior e viceversa Conservação compreende que alterações da forma de um objeto não causam alteração da quantidade peso ou volume Característica essencial distinção entre o real e o possível Pensamento abstrato raciocínio sobre as hipóteses e não sobre objetos apenas Intercambio entre o eu e o outro Sentimentos interindividuais sentimentos e ideias coletivas Capacidade de discutir conceitos abstratos liberdade justiça felicidade Estágio das Operações Formais a partir de 12 anos iNTErATividAdE assista ao vídeo httpswwwyoutube 2 comwatchvyLJNYHNN7vw 82 FoNTE Autoras 2018 Por serem sucessivos cada um dos estágios tem como ponto principal o apare cimento de uma etapa de equilíbrio ou seja uma fase de organização das ações e das operações do sujeito descrita mediante uma estrutura lógicomatemática Para Coll e Martí 1996 quando se considera a ação educativa a passagem de um estado de menos conhecimento para um estado de conhecimento mais avan çado encontra explicação nos estudos de Piaget A aprendizagem escolar não é uma recepção passiva do conhecimento transmitido mas sim um processo ativo de ela boração no qual a interação múltipla entre os alunos e os conteúdos que eles têm de aprender deve ser favorecida Assim por meio das ações efetivas ou mentais que realiza sobre o conteúdo de aprendizagem o aluno constrói o conhecimento Sensóriomotor ou Inteligência prática 0 2 anos Faz uso das percepções e ações para se relacionar Sua inteligência é prática em ação não verbal e não representativa Desenvolvimento físico acelerado No início desta fase apresenta indissociação entre o eu e o outro Não é possível falar em real socialização da inteligência A criança é essencialmente individual As noções de espaço e tempo são construídas pela ação Exemplo desviar de um objeto para não bater nele Ao final do primeiro ano de vida a criança adquire a noção de permanência do objeto Passa a compreender que um objeto permanece existindo mesmo que não esteja mais no seu campo visual Ao final desta fase a criança passa premeditar a ação aplicando meios conhecidos às novas situações Estágio préoperatório 2 aos 7 anos Aparecimento da linguagem Conceito essencial representação capacidade de pensar um objeto através de um outro objeto Ex casa som objeto casa É a entrada no mundo das representações brincar de fazdeconta imitação o reconhecimento no espelho o desenho Entrada da criança no mundo da moralidade dos valores das regras do certo e errado Exemplo Se você contar a uma criança que uma pessoa quebrou 10 copos sem querer e outra quebrou 1 copo mas querendo E perguntar qual é a mais culpada A maioria das crianças nesta fase responderá a que quebrou 10 copos pois avaliam pelo tamanho do estranho e não a intencionalidade Egocentrismo A criança ainda tem dificuldade em perceber o ponto de vista do outro Incapacidade de descentração a criança se fixa apenas num aspecto da realidade geralmente o que mais lhe interessa Estágio Operatório concreto 7 aos 12 anos Conquista do período organização lógica do pensamento Capacidade de considerar pontos de vista diferentes Desenvolvimento da noção de reversibilidade a possibilidade de pensar a ação e sua anulação Exemplo capacidade de a criança compreender que se da cidade A até a B são 100 km então da cidade B até a A também serão 100km Outro exemplo é a compreensão que se 2 vezes 5 é 10 5 vezes 2 dará o mesmo resultado Consolidação das noções de Classificação capacidade de separar objetos pessoas fatos ou ideias a partir das características comuns Seriação capacidade de ordenar elementos de acordo com grandezas crescentes e decrescentes do menor para o maior e viceversa Conservação compreende que alterações da forma de um objeto não causam alteração da quantidade peso ou volume Característica essencial distinção entre o real e o possível Pensamento abstrato raciocínio sobre as hipóteses e não sobre objetos apenas Intercambio entre o eu e o outro Sentimentos interindividuais sentimentos e ideias coletivas Capacidade de discutir conceitos abstratos liberdade justiça felicidade Estágio das Operações Formais a partir de 12 anos iNTErATividAdE para saber mais sobre as implicações nas práticas escolares acesse o vídeo Piaget 3 construtivismo na escola disponível no link httpswwwyoutubecom watchvzFfrQLVyN8 2 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 83 TEORIA SOCIOINTERACIONISTA DE VYGOSTKY Lev Semenovich Vygotsky 18961934 foi um psicólogo bielorusso que reali zou diversas pesquisas na área do desenvolvimento da aprendizagem e do papel preponderante das relações sociais nesse processo as quais originaram a pers pectiva sociointeracionista da aprendizagem As formulações de Vygotsky possibilitaram uma maior compreensão do pensa mento enquanto função cerebral valorizando o processo de apropriação dos sabe res culturais pelas crianças Seus estudos remetem à discussão das relações entre pensamento e linguagem à questão da mediação cultural no processo de constru ção de significados por parte do indivíduo ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimentos exercendo forte influência em pesqui sas sobre a linguagem a mente a cognição a cultura e o pensamento humano Um dos pressupostos básicos de Vygotsky é a ideia de que o ser humano constituise como tal na sua relação com o outro social lA TAillE et al 1992 p 24 Para Vygotsky o desenvolvimento cognitivo ocorre por meio da interação do sujeito com o meio social Assim o homem é um ser ativo histórico e social que através de interações constrói e modifica o ambiente Em Vygotsky a cultura tornase parte da natureza humana num processo histórico que ao longo do de senvolvimento da espécie e do indivíduo molda o funcionamento psicológico do homem lA TAillE et al 1992 p24 Vygotsky dedicouse ao estudo das funções psicológicas superiores que con templam os processos que envolvem memória atenção imaginação planeja mento ação intencional representação simbólica pensamento abstrato ca pacidade de solucionar problemas formação de conceitos linguagem dentre outros Tais funções humanas têm origem nas relações do indivíduo em seu con texto social e cultural No decorrer deste processo o homem também forma sua personalidade As funções psicológicas superiores do ser humano surgem da interação dos fatores biológicos que são parte da constituição física do Homo sapiens com fatores culturais que evoluíram através de dezenas de milhares de anos de história humana lUriA 1992 p 60 Vygotsky 2007 p 76 também afirma que as características específicas do ser humano não são inatas mas desenvolvemse ao longo da vida Para ele a in ternalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas constitui o aspecto característico da psicologia humana Até agora conhecese ape nas um esboço desse processo De acordo com Vygotsky Luria e Leontiev 2003 Vygotsky concluiu que as origens das formas superiores de comportamento consciente deveriam ser achadas nas relações sociais que o indivíduo mantém com o mundo exterior Mas o 42 84 homem não é apenas um produto de seu ambiente é também um agente ativo no processo de criação deste meio lUriA lE oNTiEv 2003 p 25 Neste sentido destaca que o aprendizado humano pressupõe uma natureza so cial específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida inte lectual daqueles que as cercam vYgoTsKY 2007 p100 As formulações de Vygot sky permitem observar a existência de duas características diferentes na educação formal a sistematização dos conhecimentos e a interação com os pares Nesse aspecto um dos grandes legados de Vygotsky para a educação está nos conceitos de Zona de Desenvolvimento Real Zona de Desenvolvimento Proximal e Zona de Desenvolvimento Potencial A partir de tais conceitos é possível concluir que a inserção social do sujeito sua interação com o outro interfere significativamente no desenvolvimento intelectual o qual está estreitamente ligado à aprendizagem Segundo Vygotsky 2007 a Zona de Desenvolvimento Real referese ao ní vel de desenvolvimento das funções mentais da criança que se estabelecem como resultado de certos ciclos de desenvolvimento já completados p 9596 Nisso reside a importância de além das características do desenvolvimento a escola considerar o conhecimento que a criança já possui A Zona de Desenvol vimento Potencial referese ao que o sujeito pode aprender com o outro cuja aprendizagem encontrase num nível mais elevado A Zona de Desenvolvimen to Proximal alude ao espaço entre o que a criança já possui e o que ela precisa construir ou seja as funções que ainda estão em processo de maturação É um domínio psicológico em constante transformação em que a criança se desen volve com o auxílio de outras crianças e adultos mais experientes Em síntese a Zona de Desenvolvimento Proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução independente de pro blemas e o nível de desenvolvimento potencial determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adul to ou em colaboração com companheiros mais capazes vY goTsKY 2007 p97 O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal mostra que com auxílio do outro a criança tem possibilidade de produzir mais do que produziria sozinha Aponta o potencial da criança frente às possibilidades ainda não realizadas e des taca a importância da mediação tanto para a construção de conhecimentos como para o desenvolvimento das relações sociais licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 85 FigUrA 14 Zona de Desenvolvimento Proximal FoNTE Autoras 2018 A imagem auxilia a clarear tais conceitos Como vemos na Zona de Desenvol vimento Real está o saber atual isto é todas as aprendizagens que a criança já construiu tudo aquilo que ela é capaz de fazer sem necessitar da ajuda de outras pessoas Por exemplo amarrar os sapatos vestir a roupa andar subir e descer escadas andar de bicicleta montar um quebracabeça escrever desenhar entre outras atividades realizadas sem a intervenção de outra pessoa No centro da figura está a Zona de Desenvolvimento Proximal onde a ponte indica um caminho a ser percorrido É o lugar das aprendizagens que estão sendo construídas de tudo aquilo que a criança ainda não sabe mas que pode apren der com o auxílio de pessoas mais experientes Por isso é um lugar de mediação de interação de trocas com o professor com os colegas com outras pessoas que podem auxiliar a criança aprender Existem tarefas que a criança ainda não con segue realizar sozinha mas se torna capaz de realizar se alguém lhe der um exem plo uma instrução de como fazer fornecer pistas ou auxiliar na execução da ta refa para que entenda o processo Por exemplo para uma criança que ainda não consegue andar sozinha para aprender a andar precisa que um adulto a segure pela mão e a ensine mas ela precisa estar num determinado nível de desenvolvi mento por volta de um ano de idade Uma criança de dois ou três meses mesmo com a ajuda de um adulto não é capaz de andar Posterior à Zona de Desenvolvimento Proximal está a Zona de Desenvolvimen to Potencial que é o saber a ser alcançado ou seja conhecimentos que a criança ainda não construiu aquilo que ainda não sabe que não consegue fazer sozinha nem com a ajuda de outras pessoas É importante dizer que cada nova aprendizagem que a criança consegue realizar se torna um saber atual e vai aumentando sua capacidade de aprender coisas novas Assim aquilo que a criança não conseguiria realizar mesmo que recebesse ajuda de 86 outra pessoa vai se tornando mais acessível à sua capacidade e ela passa a conseguir realizar com auxílio até a aprendizagem se tornar completa e ela realizar sozinha Nessa perspectiva o professor desempenha uma função fundamental para o desenvolvimento da criança na medida em que pode possibilitar diferentes maneiras de interação e construção do conhecimento Vygotsky 2007 critica o aprendizado orientado para os níveis de desenvolvimento que já foram alcança dos pelas crianças pois torna o trabalho educativo ineficaz do ponto de vista do desenvolvimento global da criança Acrescenta que a noção de Zona de Desen volvimento Proximal propõe que o bom aprendizado é aquele que se adianta ao desenvolvimento p 102 Segundo o autor aprendizado não é desenvolvimento entretanto o apren dizado adequadamente organizado resulta em desenvolvi mento mental e põe em movimento vários processos de de senvolvimento que de outra forma seriam impossíveis de acontecer Assim o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psi cológicas culturalmente organizadas e especificamente hu manas VYGOTSKY 2007 p 103 Assim fazse necessária uma compreensão de desenvolvimento a partir de um processo dinâmico de aprendizagem constituído por idas e vindas elaborações e reelaborações em que a aprendizagem estimula o processo de desenvolvimento que por sua vez incita processos internos que ao serem internalizados tornamse aquisições independentes da criança dAiNÊZ 2009 Outro aspecto importante na teoria de Vygotsky é a ideia de mediação As rela ções sociais dos seres humanos são mediadas por instrumentos e símbolos desen volvidos culturalmente pelo próprio homem O desenvolvimento da linguagem instrumento de comunicação e síntese do conhecimento marca qualitativamen te a evolução da espécie e do indivíduo lA TAillE et al1992 A mediação ocorre tanto nos processos de representação mental de natureza simbólica em que o ser humano é capaz de estabelecer relações mentais na ausência de referências concretas como no aspecto social com a internalização de formas de comportamento culturalmente estabelecidas num processo que transforma as atividades externas funções interpessoais em atividades inter nas intrapsicológicas No que refere à intervenção pedagógica La Taille et al 1992 afirmam que ela provoca avanços na aprendizagem que não ocorreriam espontaneamente A im portância da intervenção deliberada de um indivíduo sobre outro com o intuito de promover desenvolvimento articulase como a ideia de Vygotsky de que a apren dizagem é fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento da criança É importante ressaltar que para este teórico a aprendizagem começa muito antes de a criança entrar na escola Mas é na escola que o aluno entra em contato com saberes formalizados diferentes dos saberes do senso comum licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 87 iNTErATividAdE sobre as contribuições de Vygostky para a educação assista aos vídeos Lev Vigotski Desenvolvimento da linguagem Link https wwwyoutubecomwatchvBZtQf5NcvE Vigotski 3 implicações pedagógicas zona de desenvolvimento proximal Link httpswwwyoutube comwatchvvUX3XJVPlWo 2 88 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DE HENRI WALLON 18791962 Henri Wallon nasceu na França em 1879 Viveu toda sua vida em Paris onde mor reu em 1962 Filósofo médico e psicólogo marcou sua vida por intensa produção intelectual e ativa participação social e política Seus estudos resultaram na construção da teoria que por sua abrangência e profundidade é denominada como psicogênese da pessoa completa Nela pro põe que o desenvolvimento seja estudado de maneira integrada englobando a afe tividade a motricidade e a inteligência enquanto campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil bem como os diferentes momentos de sua evolução psíquica estágios do desenvolvimento numa perspectiva abrangente e global As proposições de Wallon demandam que se estude o desenvolvimento in fantil tomando a própria criança como ponto de partida buscando compreender cada uma de suas manifestações no conjunto de suas possibilidades sem a prévia censura da lógica adulta gAlvão 1995 Assim a teoria de Wallon indica que no desenvolvimento humano é possível identificar a existência de etapas diferenciadas que se caracterizam por um con junto de necessidades e de interesses que lhe asseguram lógica e coesão O estudo da criança contextualizada possibilita que se per ceba que entre os seus recursos e os de seu meio instalase uma dinâmica de determinações recíprocas a cada idade estabelecese um tipo particular de interações entre o sujei to e seu ambiente Os aspectos físicos do espaço as pessoas próximas a linguagem e os conhecimentos próprios a cada cultura formam o contexto do desenvolvimento Conforme as disponibilidades da idade a criança interage mais fortemen te com um ou outro aspecto de seu contexto retirando dele os recursos para o seu desenvolvimento Com base nas suas competências e necessidades a criança tem sempre a esco lha do campo sobre o qual aplicar suas condutas O meio não é portanto uma entidade estática e homogênea mas trans formase juntamente com a criança gAlvão 1995 p 3940 Esse processo é influenciado por fatores orgânicos e sociais Os fatores orgâni cos são os responsáveis pela sequência fixa que se estabelece entre as etapas do desenvolvimento porém não asseguram uma homogeneidade no seu tempo de duração haja vista a interferência das circunstâncias sociais O simples ama durecimento do sistema nervoso não garante o desenvolvimento de habilidades intelectuais mais complexas Para que se desenvolvam precisam interagir com 43 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 89 alimento cultural isto é linguagem e conhecimento gAlvão 1995 p 40 A passagem dos estágios de desenvolvimento não ocorre de maneira linear mas num ritmo descontínuo marcado por rupturas retrocessos e reviravoltas provocando importantes mudanças em cada fase vivida pela criança Consiste num processo de contínua reformulação marcado por crises que afetam a con duta da criança No processo de desenvolvimento infantil surgem inúmeros conflitos o que conduz Wallon a manter um olhar atento a este aspecto Todavia não os vê como problemas na vida da criança e sim como propulsores do desenvolvimento Sobre a origem dos conflitos Galvão esclarece Conflitos de origem exógena quando resultantes dos desen contros entre as ações da criança e o ambiente exterior es truturado pelos adultos e pela cultura De natureza endóge na quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa Até que se integrem aos centros responsáveis por seu controle as funções recentes ficam sujeitas a aparecimentos intermi tentes e entregues a exercícios de si mesmas em atividades desajustadas das circunstâncias exteriores Isso desorganiza conturba as formas de conduta que já tinham atingido certa estabilidade na relação com o meio gAlvão 1995 p 42 Nesse contexto o desenvolvimento do sujeito é visto como uma construção pro gressiva com fases sucessivas em que o predomínio dos aspectos afetivos e cog nitivos se alterna Wallon denomina essa tendência ao predomínio de um aspec to sobre o outro de predominância funcional Tal predomínio é orientado pelo princípio de alternância funcional isto é as formas de atividade se alternam em cada fase em função do interesse da criança estando ligadas aos recursos que a criança dispõe para interagir com o ambiente Apesar de alternarem a dominância afetividade e cognição não se mantém como funções exteriores uma à outra Cada uma ao reaparecer como atividade predominante num dado estágio incorpora as conquistas realizadas pela outra no está gio anterior construindose reciprocamente num permanen te processo de integração e diferenciação gAlvão 1995 p 46 Com base em Galvão 1995 são apresentadas as características principais de cada um dos cinco estágios propostos pela psicogenética walloniana No estágio impulsivoemocional que abrange o primeiro ano de vida a emo ção é o instrumento privilegiado de interação da criança com o meio No estágio sensóriomotor e projetivo que vai até o terceiro ano a criança di reciona seu interesse para a exploração sensóriomotora do mundo físico em que predominam as relações cognitivas com o meio O desenvolvimento da função 90 simbólica e da linguagem são marcos importantes desta fase No estágio do personalismo na idade dos três aos seis anos a tarefa central é o desenvolvimento da personalidade A construção da consciência de si que ocorre pelas interações sociais reorienta o interesse da criança para as pessoas Retorna o predomínio das relações afetivas Aos seis anos tem início o estágio categorial que por conta da consolidação da função simbólica e da diferenciação da personalidade realizadas no estágio ante rior traz importantes avanços no plano da inteligência Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para o conhecimento e conquista do mundo a sua volta Predomínio do aspecto cognitivo No estágio da adolescência a crise pubertária impõe a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade em virtude das mudanças cor porais Movimento que traz à tona questões pessoais morais e existenciais reto mando a predominância da afetividade Assim ao estudar o ser humano em sua integralidade a psicogenética wallo niana identifica a existência de campos que reúnem a diversidade das funções psíquicas A efetividade o ato motor a inteligência são campos funcionais en tre os quais se distribui a atividade infantil diferenciandose gradativamente A pessoa é o todo que integra esses vários campos e é ela própria um outro campo funcional gAlvão 2015 p 48 A figura 15 expressa a ideia de interrelação e continuidade presente nos quatro campos funcionais FigUrA 15 Quatro Campos Funcionais de Wallon FoNTE Autoras 2018 No decorrer do desenvolvimento incidem entre os campos funcionais e no inte rior de cada um sucessivas diferenciações mudanças A ideia de diferenciação é fundamental na psicogenética walloniana e numa perspectiva mais ampla orienta o processo de formação da personalidade Outro aspecto a ser ressaltado na teoria de Wallon é o papel da emoção Para ele a emoção encontrase na origem da consciência regulando a passagem do mundo orgânico para o social do plano fisiológico para o psíquico Diferencia emoção de afetividade sendo a emoção uma manifestação da vida afetiva e a Pessoa Emoções Inteligência Movimento Campos funcionais licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 91 afetividade um conceito mais abrangente As emoções se diferenciam de outras manifestações afetivas e se manifestam acompanhadas de alterações orgânicas aceleração dos batimentos cardíacos da respiração etc provocando alterações na expressão facial na postura na maneira como os gestos são executados De fende ainda que as emoções são reações organizadas e que se exercem reguladas pelo sistema nervoso central cujos comandos próprios estão situados na região subcortical Contudo salienta que é somente com a aquisição da linguagem que as possibilidades de expressar as emoções se diversificam como também os mo tivos que as originam A motricidade ocupa lugar especial na teoria walloniana é simultânea e se quencial à primeira estrutura de relação e correlação tanto com o meio quanto com os outros e com os objetos posteriormente mENdEs 2002 É pelo ato mo tor que nos relacionamos com o mundo físico motricidade de realização ten do o movimento um papel fundamental na afetividade e também na cognição Um dos traços originais desta perspectiva teórica consiste na ênfase que dá à motricidade expressiva isto é à dimensão afetiva do movimento gAlvão 1995 p69 Por meio do movimento as pessoas são mobilizadas para posteriormente agirem sobre o mundo físico A psicogenética walloniana também atribui muitas significações ao tônus muscular enquanto componente corporal que se modifica ao manifestar emo ções Esclarece que o músculo mesmo em repouso possui um estado permanen te de tensão que é conhecido como tono ou tônus muscular Ele está presente em todas as funções motrizes do organismo como o equilíbrio a coordenação e o movimento O tônus muscular é diretamente moldado pelas emoções Nesse sentido não é possível selecionar um único aspecto da criança para ser trabalhado pois o desenvolvimento acontece nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil afetivo cognitivo e motor O campo afetivo oferece as funções responsáveis pelas emoções pelos sentimentos e pelo desejo O campo cognitivo oferece um conjunto de funções que permite a aquisição e a manutenção do conhecimento por meio de imagens noções ideias e representa ções É ele que permite ainda registrar e rever o passado fixar e analisar o presente e projetar futuros possíveis e imaginários O campo motor oferece a possibilidade de deslocamento do corpo no tempo e no espaço as reações posturais que garan tem o equilíbrio corporal bem como o apoio tônico para as emoções e sentimen tos se expressarem WAlloN 2007 A psicologia genética de Wallon por sua abrangência e dinamicidade serve de base para direcionar muitas ações no campo educacional O maior objetivo da educação no contexto de sua psicologia genética estaria posto no desenvolvimen to da pessoa e não em seu desenvolvimento intelectual A inteligência é uma parte do todo em que o sujeito se constitui Neste sentido a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon é centrada na psicogênese da pessoa completa dANTAs 1990 Suas proposições pedagógicas indicam a necessidade de reformulação no con texto escolar no sentido de superar a dicotomia entre indivíduo e sociedade a partir de um processo de reflexão da própria escola acerca de suas dimensões só ciopolíticas e de seu papel no movimento de transformações da sociedade 92 iNTErATividAdE sobre o assunto assista o vídeo de Izabel Galvão Henri Wallon e o papel da escola 2httpswwwyoutubecomwatchvIR9k4WE2oEo licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 93 TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE DAVID AUSUBEL 19182008 David Ausubel psicólogo norteamericano propõe uma teoria de aprendizagem cujo conceito central é a Aprendizagem Significativa De acordo com Ausubel et al 1980 a aprendizagem é significativa quando uma nova informação adquire significado para o aluno por meio de uma anco ragem em aspectos relevantes já existentes na estrutura cognitiva do indivíduo Nesse processo a nova informação interage com uma estrutura de conhecimen to específica presente na estrutura cognitiva de quem aprende a qual Ausubel denomina subsunçor Os subsunçores servem de ancoradouro para cada nova informação recebida pelo sujeito Na aprendizagem significativa há uma interação entre a nova informação e o conhecimento já existente na qual ambos se modificam Deste modo como o conhecimento precedente ancora a atribuição de significados à nova informa ção ele também se modifica ou seja os subsunçores vão ganhando novos signi ficados tornandose mais estáveis implicando na aquisição de novos conceitos Ausubel propõe distinguir dois tipos diferentes de aprendizagem aprendiza gem significativa e aprendizagem memorística ou mecânica Para que a aprendizagem seja significativa são necessárias duas condições A primeira é que o aluno precisa ter uma disposição para aprender e a segunda é que o conteúdo escolar a ser aprendido seja potencialmente significativo lógi ca e psicologicamente O significado lógico diz respeito à natureza do conteúdo enquanto o significado psicológico referese à experiência que cada pessoa tem Cada indivíduo processa os conteúdos de maneira particular selecionando os conteúdos que têm significado ou não para si próprio É um processo dinâmico que em função da formação e interação de novos subsunçores possibilita que a estrutura cognitiva se reestruture constantemente Aprender significativamente implica atribuir significados e eles têm sempre componentes pessoais A apren dizagem sem atribuição de significados pessoais sem relação com o conhecimen to preexistente é mecânica não é significativa Ao ingressar na escola a criança já possui um conjunto de ideias genéricas Essas ideias têm muita importância pois contemplam o conhecimento prévio que constitui a base para a aprendizagem significativa quando os novos concei tos serão assimilados compreendidos e fixados As situações vivenciadas pelos alunos potencializam o processo de reflexão teórica transformando as informa ções em conhecimento De acordo com Ausubel a mente humana armazena as informações de modo altamente organizado com uma hierarquia conceitual na qual elementos mais específicos de conhecimento são atrelados a conceitos ideias hipóteses mais ge rais e inclusivas 44 94 Contrapondo a aprendizagem significativa Ausubel define aprendizagem me morística ou mecânica na qual o novo conhecimento é armazenado de maneira arbitrária e literal na mente do indivíduo não interagindo com a estrutura cogni tiva já existente desta forma não adquirindo significados Por certo período de tempo a pessoa é capaz de reproduzir mecanicamente o que aprendeu mas sem a significação de um conhecimento construído As ilustrações abaixo Figura 16 e Figura 17 provocam reflexões acerca da aprendizagem descontextualizada e mecânica que não contribui para a constru ção do conhecimento FigUrA 16 Atividades contextualizadas FoNTE Autoras 2018 FigUrA 17 Professor qual é mesmo a música da fotossíntese FoNTE Autoras 2018 441 Mapas conceituais Baseados na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel e partindo do prin cípio que aprendemos com mais facilidade a partir de ideias mais gerais e inclusi vas em meados da década de setenta Joseph Novak e seus colaboradores criaram os mapas conceituais para servir como estratégia facilitadora de ensino Para eles os mapas conceituais valorizam o processo de construção e reestruturação licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 95 do conhecimento pelo próprio sujeito pois enfatizam o sentido de unidade ar ticulação subordinação e hierarquização dos conhecimentos sobre determinado tema permitindo uma visão integrada e abrangente dos diversos saberes discipli nares bem como as suas interrelações NovAK goWiN1984 De acordo com os autores os mapas conceituais têm por objetivo representar relações significativas entre conceitos na forma de proposições Uma proposição consiste em dois ou mais termos conceptuais ligados por palavras de modo a for mar uma unidade semântica NovAK goWiN1984 p 31 Nesse sentido um mapa conceitual é uma figura esquemática que representa um conjunto de significados conceituais inseridos numa estrutura de proposi ções Eles servem para tornar claras tanto aos professores como aos alunos as ideias chave em que devem se focar para uma tarefa de aprendizagem específica Quando concluída a tarefa os mapas conceituais possibilitam visualizar um resu mo esquemático do que foi aprendido Por constituírem uma representação clara e definida dos conceitos e propo sições que o indivíduo possui os mapas conceituais permitem aos professores e alunos modificar os seus pontos de vista sobre a validade de uma determinada ligação preposicional ou perceber a falta de ligações entre conceitos Novak e Gowin 1984 esclarecem que na construção de um mapa conceitual os conceitos devem ser organizados de forma hierárquica em que os conceitos mais gerais e mais inclusivos situamse no topo do mapa e os conceitos mais específi cos e menos inclusivos organizados sucessivamente debaixo deles Todavia não há regras gerais fixas para o traçado de mapas conceituais Mas sempre deve ficar claro no mapa quais os conceitos mais importantes e quais os secundários ou específicos Setas podem ser utilizadas para dar um sentido de direção às relações conceituais Os mapas podem ser utilizados como recursos em todas as etapas tanto no desenvolvimento de novos conhecimentos como na avaliação da apren dizagem O indivíduo que fez o mapa deve ser capaz de explicar os significados das relações que se estabelecem entre os conceitos Vejamos alguns exemplos de mapas conceituais figura 18 figura 19 figura 20 figura 21 figura 22 e figura 23 que abordam as teorias estudadas anteriormente 96 FigUrA 18 Síntese do conteúdo sobre mapa conceitual FoNTE Software CMap Tools Disponível em httpskatihmcusrid11454980773321499956177 1118Mapa20Conceitual20Rosiane20e20Elietecmap Acesso em 17092018 FigUrA 19 Modelo de mapa conceitual para educação à distância FoNTE Software CMap Tools Disponível em httpeducacaoadistancianobrasilpieblogspotcom brpmapaconceitualhtml Acesso em 17092018 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 97 FigUrA 20 Mapa conceitual que mostra a teoria de Piaget FoNTE Software CMap Tools Disponível em httpalunosdeletrasuerjblogspotcombr201209 esquemadepiagetevygotskyhtml Acesso em 17092018 FigUrA 21 Mapa conceitual que mostra a teoria de Vygotsky FoNTE Software CMap Tools Disponível em httpalunosdeletrasuerjblogspotcombr201209 esquemadepiagetevygotskyhtml Acesso em 17092018 98 FigUrA 22 Mapa conceitual Ausubel FoNTE Autoras 2018 FigUrA 23 Mapa conceitual elaborado por alunos do ensino fundamental FoNTE Adaptado de NovAK J d e goWiN d B Aprender a aprender Trad Carla Valadares Lisboa Plátano Edições Técnicas1984 Os exemplos acima mostram que os mapas conceituais podem ser elaborados com diferentes graus de complexidade em relação aos conteúdos Contudo sem pre devem manter a clareza e a organização das ideias para que a aprendizagem significativa ocorra de fato Mapas de conceitos são valiosos para a construção de significados na aprendi zagem sendo sua análise essencialmente qualitativa Mas são pouco utilizados no contexto escolar que continua atribuindo grande valor à aprendizagem memorís tica na qual os alunos estão acostumados a memorizar os conteúdos e reprodu licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 99 zilos nas avaliações e muitos professores ainda preferem a segurança de ensinar conteúdos sem muita margem para interpretações pessoais Os mapas conceitu ais demandam um enfoque de ensino e aprendizagem diferenciado em direção oposta ao ensino mecânico Um enfoque que promova consistentes modificações na maneira de ensinar de avaliar e de aprender sAiBA mAis site para informações httpwww mapasconceituaiscombrpesquisapublicacoes Há aplicativos especialmente desenhados para a construção de mapas conceituais O mais conhecido deles é o Cmap Tools httpcmapihmcus Para saber mais sobre mapas conceituais recomenda se a leitura do livro aprender a aprender dos autores Joseph Novak e Bob Gowin Disponível em pdf para download em httpwwwfaatensinocombrwp contentuploads201404APrENdErAAPrENdErpdf 3 100 AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM E A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO O ser humano é um ser de relações Como vimos nos tópicos anteriores desde o nascimento a pessoa estabelece relações afetivas e sociais inicialmente para sua sobrevivência depois para interagir socialmente desenvolver sua aprendizagem construirse um sujeito capaz de ser estar produzir desenvolverse no contexto social histórico e cultural em que habita Desse modo o ser humano busca permanentemente estabelecer relações nos diversos espaços em que transita E a escola é um espaço singular de construção de relações desenvolvimento e aprendizagem Tão importante que por vezes de fine os caminhos que serão trilhados pelo sujeito para toda sua vida As relações que perpassam o contexto escolar especialmente as estabelecidas entre professor e aluno exercem forte influência no processo ensinoaprendiza gem Nesse contexto destacamos novamente conforme formulações de Ausubel 1980 duas condições necessárias para que a aprendizagem escolar seja significa tiva A primeira é que o conteúdo deve ser potencialmente significativo e a segun da que o aluno deve ter uma atitude favorável para aprender significativamente Tais proposições evidenciam a responsabilidade tanto do professor quanto do aluno para com o processo de aprendizagem e a necessidade de engajamento mútuo nas ações a serem desenvolvidas Para que um conteúdo seja potencialmente significativo deve despertar o in teresse do aluno pela aprendizagem mas para isso é necessário que o professor possua um olhar atento e sensível aos interesses e necessidades do aluno Isso não é tarefa fácil diante de turmas com número elevado de alunos e muitas outras peculiaridades Contudo é preciso ter clareza que a aprendizagem é um processo individual e por isso não ocorre da mesma maneira para todos os alunos Naturalmente ao ensinar o professor tem a intenção de fazer com que o aluno adquira significados que são pertinentes no contexto da matéria estudada e a par tir desses significados construa conhecimentos e busque a aplicabilidade desse co nhecimento em sua vida sAlvAdor 1994 Assim a utilização de diferentes recursos didáticos e metodológicos favorece potencialmente a aprendizagem do aluno visto que ele pode acessar as informações pela via sensorial que lhe é mais favorável au ditiva visual tátil etc Quanto mais diversificadas as estratégias de ensino utiliza das pelo professor tanto maior será a compreensão do conteúdo pelos alunos O trabalho em sala de aula se diferencia quando o aluno é instigado a ampliar seu conhecimento a partir de textos fundamentados em dados e pesquisas e de safiado a atribuir significado aos mesmos relacionandoos com sua prática Ao contextualizar o saber produzido compreende sua dimensão social bem como sua aplicabilidade em prol do bem comum Todavia o empenho e a competência do professor não são suficientes para garantir a aprendizagem do aluno É fundamental que este tenha uma atitude 45 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 101 favorável para aprender significativamente o que implica atenção e esforço autodisciplina perseverança nos estudos e trabalhos escolares soUZA 1998 p105 Ao observarmos o caráter individual e intransferível da aprendizagem sa lientamos a necessidade de o aluno criar bons hábitos de estudos e compreen der que é sujeito ativo no processo de aprender Entretanto embora a aprendizagem seja um processo individual a construção do conhecimento se dá coletivamente E neste contexto a relação professoraluno não deve ser uma relação de imposição mas sim de cooperação e de respeito me diada pelo diálogo e pelo afeto Ao aluno compete ser ativo e interativo no seu pro cesso de construção do conhecimento Ao professor por sua vez cabe ser o me diador desse processo facilitando o acesso aos diferentes instrumentos culturais e a construção e apropriação de significados acerca dos mesmos vYgoTsKY 2007 Cognição e afetividade são aspectos inseparáveis presentes em qualquer ati vidade humana O afeto influencia o modo como se constrói o conhecimento Quando as relações construídas em sala de aula são mediadas pelo afeto positi vo e saudável a empatia entre os sujeitos do processo de aprendizagem poderá ser o fio condutor no desenvolvimento de todas as ações necessárias ao sucesso da aprendizagem gAlvão 1995 102 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 Assimilação acomodação e adaptação são conceitos fundamentais na teoria psicogenética de Piaget Comente estes conceitos relacionandoos a uma experi ência de aprendizagem 2 Explique como o conceito de mediação apresentado por Vygotsky pode contri buir para o desenvolvimento da aprendizagem 3 A partir das ideias de Wallon discorra sobre o papel das emoções no desenvol vimento da aprendizagem 4 Com base nas proposições de Ausubel estabeleça as diferenças entre aprendiza gem significativa e aprendizagem memorística 5 TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 105 INTRODUÇÃO Ninguém ignora tudo Ninguém sabe tudo Todos nós sabemos alguma coisa Todos nós ignoramos alguma coisa Por isso aprendemos sempre Paulo Freire A aprendizagem ocorre durante toda a nossa vida é uma atividade contínua iniciandose nos primeiros minutos da vida e estendendose ao longo dela Mas será que ela ocorre da mesma forma para todos Não Como visto em unidades anteriores a aprendizagem depende de vários fatores e é um fenômeno individual Há aqueles indivíduos que aprendem com facilidade enquanto outros necessitam de maior esforço e dedicação Mas o que faz com que um aluno tenha dificuldades para aprender Compreender que o processo de aprendizagem abar ca vários aspectos que se interrelacionam é o primeiro passo Nesta perspectiva a presente unidade alicerçada nos conhecimentos apre sentados nas unidades anteriores se propõe a refletir sobre os Transtornos Espe cíficos de Aprendizagem especialmente no que tange a definição caracterização e recomendações acerca da Dislexia da Disortografia da Discalculia e do Trans torno de Déficit de AtençãoHiperatividade Discussões alusivas a estas temáticas se justificam à medida que reconhece mos a importância do profissional de educação a alta ocorrência de transtornos de aprendizagem e a carência de conhecimentos sobre a temática no contexto escolar Outrossim os professores geralmente são os primeiros a observar as dificul dades do aluno é essencial que eles conheçam os sinais dos transtornos a fim de que possam realizar os encaminhamentos pertinentes e adotar estratégias e recursos que vão ao encontro das necessidades destes educandos e possibilitem o enfrentamento das dificuldades O professor ao ser desafiado pelo aluno que apresenta déficits na aprendizagem necessita compreender os processos envolvi dos de modo a oportunizar a todos condições para aprenderem Proporcionar um sistema educacional que possibilite a educação de qualidade pautada no respeito às diferenças é um desafio que precisa ser debatido Espera mos que as contribuições desta unidade possam colaborar com a construção de saberes e possibilitem excelentes reflexões 106 DIFICULDADES DISTÚRBIOS E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM Aprender demanda tanto recursos internos quanto externos Portanto quando fala mos em dificuldades de aprendizagem elas podem estar relacionadas a problemas psicopedagógicos sociais culturais motivacionais familiares eou neurológicos Neste ponto é importante esclarecer a diferença entre três termos que co mumente são usados de forma aleatória na literatura e nos espaços escolares dificuldade transtorno e distúrbio de aprendizagem Para alguns teóricos essa distinção não é necessária mas compartilhamos da compreensão daqueles mooJEN 1999 rUBiNsTEiN 1999 CorsiNi 1998 CiAsCA rossiNi 2000 que con sideram que se tratam de condições distintas e que dada a sua importância na educação merecem esclarecimentos a Dificuldade de Aprendizagem Referese a problemas de ordem psicopedagógica social cultural eou emo cional Nas palavras de Ciasca e Rossini 2000 p 13 dificuldade de aprendizagem é qualquer tipo de dificuldade apresentada durante o processo de aprender em decorrência de fatores variados que vão desde causas endógenas e exógenas Distúrbio de Aprendizagem Para Fonseca 1995 o distúrbio de aprendizagem está ligado a um grupo de dificuldades pontuais e particulares caracterizadas pela presença de uma dis função do sistema nervoso central resultando em prejuízos na aquisição e pro cessamento da informação Ciasca e Rossini 2000 acrescentam que o distúrbio é uma perturbação no ato de aprender caracterizado por alterações nos padrões de aquisição assimilação utilização e armazenamento da informação resultantes de uma disfunção neurológica Hammill 1990 p77 apud gimENEZ 2005 p79 define distúrbio como um ter mo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades na aquisição e no uso da audição fala escrita e raciocínio ma temático O autor acrescenta que alterações no sistema nervoso central são as causas prováveis do distúrbio e que problemas emocionais psicogênicos familia res sociais deficiências sensoriais e intelectuais podem coexistir com o distúrbio porém não são a sua causa 51 TErmo do glossário endógenas que se origina no interior do organismo do sistema ou por fatores internos exógenas fatores determinantes que dizem respeito ao ambiente Tem origem no exterior 4 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 107 b Transtorno de Aprendizagem Quanto à definição de transtornos de aprendizagem a National Joint Comitte Of Learning Disabilities define como é um termo global que diz respeito a um grupo de dificul dades referentes à aquisição e uso de habilidades acadêmicas como leitura escrita e matemática Os transtornos de aprendi zagem são decorrentes de disfunções do sistema nervoso cen tral e relacionados a uma falha no processo de aquisição e processamento da informação diferindo das dificuldades de aprendizagem pois este último quadro decorre de questões relacionadas a problemas de ordem pedagógica emocional ou sociocultural ou a quadros neurológicos rUBiNsTEiN 1999 A partir das definições percebese que os termos distúrbio e transtorno de apren dizagem resultam de condições neurológicas diferentemente das dificuldades que geralmente estão relacionadas a inadequações no método de ensino na re lação professoraluno além de fatores pedagógicos emocionais motivacionais sociais e familiares BridiFilHo Bridi 2016 CiAsCA rossiNi 2000 Porém como citado anteriormente esta diferenciação não é unânime ainda são necessários avanços quanto às formas de nomear e classificar esse campo que é tão vasto Neste contexto é importante esclarecer que a presente unidade se debruçará so bre os transtornos e distúrbios de aprendizagem especialmente a Dislexia a Discal culia a Disortografia e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TdAH 108 TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais dsm 5 2014 os Transtornos Específicos de Aprendizagem estão dentro de uma cate goria mais geral chamada Transtornos do Neurodesenvolvimento Os Trans tornos do Neurodesenvolvimento referemse a transtornos que se manifestam desde muito cedo e se caracterizam por déficits no funcionamento pessoal social ou acadêmico que afetam a capacidade da criança de ter um desempenho seme lhante ao de outras crianças em diversas áreas do cotidiano Dentre os transtornos do neurodesenvolvimento estão o Transtorno do Espectro Autista o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade a Deficiência Intelectual e os Transtornos Específicos da Aprendizagem relacionados à leitura escrita e matemática disle xia disortografia e discalculia Os Transtornos Específicos da Aprendizagem não são raros eles apresentam uma prevalência estimada de 5 a 15 das crianças em idade escolar dsm5 2014 Porém apesar da alta incidência estes transtornos são subdiagnosticados no Brasil AlTrEidEr 2016 Um transtorno da aprendizagem pode ser específico quando o aluno apresen ta dificuldade em apenas alguns aspectos particulares do seu funcionamento ou seja pode ter dificuldade específica de matemática mas vai bem na leitura e vice versa ou pode envolver dificuldades em duas ou mais áreas concomitantemente Os Transtornos Específicos da Aprendizagem manifestamse durante os anos de escolaridade formal e caracterizamse por dificuldades persistentes que acar retam em prejuízos na aquisição das habilidades básicas acadêmicas de leitura escrita eou matemática dsm 5 2014 É importante esclarecer que apesar das dificuldades acadêmicas as pessoas com Transtornos Específicos de Aprendizagem possuem bom nível de inteligên cia apresentando uma condição distinta da deficiência intelectual O desempenho do indivíduo está aquém do esperado para sua idade mesmo sen do ofertadas condições de aprendizagens apropriadas Apesar das dificuldades não há déficit cognitivo o nível intelectual a inteligência não está comprome tida ou seja o aluno com um transtorno de aprendizagem tem o seu Quociente 52 TErmo do glossário a American Association on Intelectual and Developmental Disabilities AAidd define deficiência intelectual como Incapacidade caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo e está expresso nas habilidades práticas sociais e conceituais originandose antes dos dezoito anos de idade 4 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 109 de Inteligência Qi dentro do esperado porém os recursos e estratégias internas do indivíduo não são suficientes para realizar as demandas acadêmicas que en volvem a leitura escrita eou matemática 110 TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM COM PREJUÍZO NA LEITURA DISLEXIA A dislexia é o transtorno específico de aprendizagem mais comum e está presente em todos os lugares do mundo apresentando diferentes estimativas de prevalên cia No Brasil a estimativa é de 5 na Itália de 3 nos Estados Unidos entre 5 e 6 e no Japão que tem o menor índice 1 AlTrEidEr 2016 Apesar da alta ocorrência a dislexia é subdiagnosticada no Brasil ou seja acre ditase que muitas pessoas possuem o transtorno mas não receberam o diagnós tico portanto desconhecem sua condição Isso se deve ao limitado conhecimen to acerca de seus sintomas e manifestações clínicas Este cenário contribui para que muitos alunos sejam rotulados de preguiçosos burros e inaptos ceifando assim suas oportunidades de aprendizagem Mas afinal o que é a dislexia A partir do texto acima você conseguiria definir o que é a dislexia Possivelmente você teve dificuldades para compreendêlo Para algumas pes soas com dislexia é assim que as letras aparecem e é assim que eles escreveriam Vejamos o que diz o trecho acima Agora vamos compreender um pouco mais esse transtorno A International Dyslexia Association 2013 apud rodrigUEs e CiAsCA 2013 define dislexia como um transtorno específico de aprendizagem de origem neu rológica Acomete pessoas de todas as origens e nível intelectu al e caracterizase por dificuldade na precisão eou fluência no reconhecimento de palavras e baixa capacidade de deco 53 ATENção A dislɛξɩA tRansro Apnezgem qui cratErisa opr dificl na ltra scrIta e sool trassão Nao é₂ssa doenssa tratase dum funci onⱱαto paculiar do celbro pra o prossesameto dA lincuagi ATENção a dislexia é um transtorno de aprendizagem que se caracteriza por dificuldades na leitura escrita e soletração Não é uma doença tratase de um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem 1 1 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 111 dificação e de soletração Essas dificuldades são resultados de déficit no processamento fonológico que normalmente está abaixo do esperado em relação a outras habilidades cognitivas IDA 2013 apud RODRIGUES CIASCA 2016 p 87 A dislexia caracterizase por um prejuízo na capacidade para processar informa ções de forma eficaz e precisa É marcada por dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas que estão abaixo do esperado para a idade crono lógica o que interfere no desempenho do indivíduo seja em sua vida acadêmica ou profissional Segundo o dsm5 2014 p67 pode ser definida como um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras problemas de decodificação e dificuldades de ortografia De acordo com o referido Manual o diagnóstico da dislexia requer a identifica ção de pelo menos um dos seguintes sintomas 1 Leitura de palavras é feita de forma imprecisa ou lenta de mandando muito esforço A criança pode por exemplo ler palavras isoladas em voz alta de forma incorreta ou lenta e hesitante frequentemente tenta adivinhar as palavras e tem dificuldade para soletrálas 2 Dificuldade para compreender o sentido do que é lido Pode realizar leitura com precisão porém não compreende a sequ ência as relações as inferências ou os sentidos mais profun dos do que é lido 3 Dificuldade na ortografia sendo identificado por exemplo adição omissão ou substituição de vogais eou consoantes 4 Dificuldade com a expressão escrita podendo ser identifi cados múltiplos erros de gramática ou pontuação nas frases emprego ou organização inadequada de parágrafos expressão escrita das ideias sem clareza dsm5 2014 p 66 Todavia a simples presença de um ou mais sintomas não é suficiente para o diag nóstico de dislexia uma vez que estas dificuldades podem ser decorrentes de ou tras condições como deficiência intelectual e sensorial síndromes neurológicas transtornos psiquiátricos e fatores de ordem socioambiental e emocionais Sendo assim na avaliação dos sintomas de dislexia devese atentar para os se guintes critérios dsm5 2014 As dificuldades devem estar presentes há pelo menos seis meses e persisti TErmo do glossário deficiência sensorial se caracteriza pelo nãofuncionamento total ou parcial de algum dos cinco sentidos A surdez e a cegueira são os exemplos mais comuns de deficiência sensorial 4 112 rem apesar de intervenção dirigida As habilidades acadêmicas estão qualitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica o que deve ser avaliado através de testes individuais e avaliação clínica As dificuldades iniciamse durante os anos escolares mas podem não se ma nifestar completamente até que as exigências acadêmicas excedam a capa cidade limitada do indivíduo Devese descartar outras possíveis causas para as dificuldades como defi ciências transtornos neurológicos e psiquiátricos instrução acadêmica ina dequada ou falta de proficiência na língua de instrução acadêmica Exemplo um aluno que residia na Argentina e se muda para o Brasil poderá ter dificul dades em ler e escrever em português por não dominar a nossa língua 531 Características da dislexia Embora a dislexia se caracterize por dificuldade de leitura escrita e ortografia in dicada por um desempenho em letramento abaixo do esperado para a idade a sua manifestação não é homogênea Nem todos os indivíduos terão as mesmas carac terísticas e a mesma gravidade dos sintomas Portanto é essencial um olhar atento à singularidade de cada um para que não incorramos no erro de generalizações Algumas características da dislexia são comuns e aparecem com mais frequ ência conhecêlas é fundamental Especialmente ao considerar que geralmente o professor é o primeiro a suspeitar do transtorno Diante disso seguem algumas manifestações que PODEM estar presentes nos indivíduos com dislexia FArrEll 2015 rodrigUEs CiAsCA 2016 AlTrEidEr 2016 dsm5 2014 dificuldade acentuada em fazer a correspondência entre letra e som confusão de letras que possuem formas semelhantes exemplo u e n dificuldade acentuada em ler palavras mesmo que simples inversão total ou parcial de palavras e números exemplo sol los substituição de palavras por outras de estrutura similar ou criação de pala vras com significado diferente exemplo travessa atravessava dificuldade em diferenciar letras que possuem um ponto de articulação co mum e cujos sons são acusticamente próximos exemplo d t confusão de letras com grafia similar mas com diferente orientação no espa ço exemplo b e d ajuda aduja dificuldade para separar e sequenciar sons exemplo p a t o omissão ou adição de letras e sílabas exemplo bata em vez de batata ocar ro em vez de carro dificuldade para perceber a diferença entre p q d b o que se deve a pre juízos na percepção e orientação espacial erros de leitura sem conexão entre fonemasgrafemas exemplo ler pa nela em vez boneca leitura silábica hesitante e com erros licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 113 dificuldade em compreender o que leu dificuldade para copiar do quadro e ter mais facilidade em copiar de mate riais que estejam mais próximos ortografia muito ruim pronúncia ruim ou supressão de partes de palavras longas e multissilábicas exemplo tempo em vez de tempestade e confusão entre palavras com sons semelhantes exemplo comestível e combustível dificuldade para lembrar datas nomes e números de telefone dificuldade na organização do tempo exemplo concluir uma prova temas de casa ou testes lê a primeira parte de uma palavra e depois tenta adivinhar o restante exem plo lê cama quando a palavra é caminhão tendência à recusa em situações de leitura Importante destacar que apesar das manifestações acadêmicas acima citadas se rem os sintomas mais aparentes e portanto fáceis de serem reconhecidos por pais e educadores há outros aspectos que costumam estar presentes nos indiví duos com dislexia como comprometimento da linguagem desatenção dificul dade na coordenação motora prejuízo das funções executivas entre outros CAr roll 2005 limA AZoNi CiAsCA 2015 Nem todas essas características acima citadas estarão presentes e com a mesma intensidade em todos os indivíduos com o transtorno Além disso no processo de alfabetização algumas dessas dificuldades poderão estar presentes o que se deve à aquisição da leitura e escrita e não necessariamente à ocorrência do transtorno 532 Diagnóstico O diagnóstico da dislexia não é tarefa fácil exige uma avaliação abrangente com profissionais qualificados e só pode ser feito após o início da educação formal dsm5 2014 Para Altreider 2016 até o 3º ano do ensino fundamental só falamos em hipótese diagnóstica O diagnóstico é essencialmente clínico e envolve TErmo do glossário fonema são as unidades soNorAs empregadas para formar e distinguir palavras Grafema São as letras e demais sÍmBolos gráFiCos que constituem um sistema de escrita TErmo do glossário as funções executivas são habilidades que integradas capacitam o indivíduo a tomar decisões avaliar e adequar seus comportamentos e estratégias buscando a resolução de um problema Bridi FilHo Bridi 2016 4 4 114 investigação da história familiar pois o fator hereditário associado ao transtorno acarreta maior prevalência entre membros da mesma família investigação da trajetória educacional do aluno dificuldades atuais e pre gressas habilidades progressos alterações no desempenho mudanças de escola relação com colegas e professores etc investigação do desenvolvimento neuropsicomotor informações da gesta ção idade que caminhou surgimento da linguagem etc avaliações e testes padronizados aplicação de testes de avaliação cognitiva e psicopedagógica Sendo assim uma única fonte de informação não é suficiente Neste contex to o relato dos professores é essencial e indispensável uma vez que é ele que acompanha o aluno conhece suas dificuldades e sua trajetória acadêmica dsm 5 2014 AlTrEidEr 2016 Para fins de diagnóstico devese descartar problemas sensoriais como de audição e de visão deficiência intelectual transtornos neurológicos falta de proficiência na língua ou demais aspectos psicossociais que possam interferir na aquisição das habilidades de leitura escrita e soletração Somente a partir de uma avaliação extensiva é que o diagnóstico da dislexia é possível pois como visto an teriormente dificuldades na leitura e escrita podem estar relacionadas a muitos fatores e nem sempre se devem a um transtorno de aprendizagem Um aspecto a ser considerado no diagnóstico da dislexia é a alta presença de comorbidades A associação com transtornos de ansiedade depressão TdAH discalculia entre outros é frequente o que implica na necessidade de um olhar integral ao aluno Ademais a presença da dislexia tem repercussões na escola na família e nos relacionamentos interpessoais que precisam ser reconhecidos e considerados limA sAlgAdo CiAsCA 2011 533 Adaptações e recomendações em sala de aula Rodrigues e Ciasca 2016 imbuídos da proposta da International Dyslexia Asso ciation sugerem adaptações no contexto escolar com vistas a facilitar a condução adequada do processo de ensinoaprendizagem de alunos com dislexia Dentre elas destacamse Oferecer instruções curtas e simples destacando as partes palavras ou in formações mais importantes para o aluno TErmo do glossário presença ou associação de uma ou mais doenças numa mesma pessoa 4 iNTErATividAdE assista a vários depoimentos de pessoas com dislexia acessando o link httpswwwyoutubecom 2watchvV7J4U9pz6Qw licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 115 Repetir as instruções e orientações Caso o aluno tenha dificuldades em se guir instruções podese solicitar que ele repita com suas palavras o que ele compreendeu Quando uma instrução tiver várias etapas sugerese dividi las ou apresentálas uma de cada vez Priorizar textos mais curtos Se a atividade for extensa dividir em tarefas menores Ajustar os conteúdos a serem trabalhados num nível crescente de dificuldade Escrever no início da aula palavraschave no quadro ou desenhar breves esquemas visuais a fim de organizar e apresentar o conteudo que será ex planado Disponibilizar tempo extra para o aluno concluir a tarefa Incentivar e se necessário ensinar o aluno a utilizar agendas calendários e or ganizadores para que fique atento a datas e prazos de atividades acadêmicas Auxiliar na organização da carteira e das tarefas Adequar trabalhos e pesquisas de acordo com a demanda do aluno Utilizar dispositivos que auxiliem na memorização das informações Combinar informação verbal e visual Não trabalhar somente com o texto como fonte de informação Escrever claro e espaçado no quadro delimitando as partes da lousa duas ou três partes no máximo com uma linha divisória vertical bem forte Utili zar cores de gizpincel diferentes para delimitar Utilizar recursos eletrônicos tablets leitores eletrônicos dicionários audiolivros calculadoras papéis quadriculados para atividades matemá ticas entre outros Oportunizar que o aluno faça gravações da aula para que se necessário pos sa reproduzir o áudio em casa com o objetivo de esclarecer dúvidas Proporcionar atividades em grupo em pares e individuais Possibilitar ao aluno experiências práticas acerca do conteúdo abordado Organizar e manter rotinas diárias Muitos alunos têm dificuldade em orga nizarse com autonomia Posicionar o aluno próximo ao professor Para aqueles com dificuldades de atenção evitar lugares com muitos estímulos exemplo janelas porta Investigar e valorizar os conhecimentos prévios que o aluno tem sobre o assunto da aula e estimular que faça inferências e ligações com o conteúdo Avaliar o aluno contemplando diferentes estratégias apresentações orais discussões avaliações escritas provas com múltipla escolha entre outras Valorizar respostas orais uma vez que a emissão oral é comparativamente muito melhor do que a escrita Cuidar para não expor o aluno muitos terão dificuldades em ler em voz alta Salientamos que estas recomendações precisam ser avaliadas considerando a singularidade de cada aluno Outrossim tais adaptações não são para privilegiar o aluno com dislexia mas são essenciais por se compreender que suas dificulda des são reais Assim é importante que o professor atente para as necessidades do aluno que oriente os pais quanto à melhor maneira de auxiliar em casa e que atue em parceria com outros profissionais que atendem o aluno 116 No Quadro 7 são apresentadas algumas pessoas famosas que têm dislexia e depoimentos acerca das dificuldades vivenciadas demonstrando que apesar dos desafios o transtorno não é um limitador da capacidade de autorrealização QUAdro 7 Pessoas famosas com dislexia FoNTE Autoras 2018 sAiBA mAis assista ao filme indiano Como Estrelas na Terra toda criança é especial dirigido por Amir Khan que conta a história de um menino de nove anos com dislexia 3 A atriz e cantora Whoopi Goldberg Patrick Dempsey ator norteamericano Walt Disney Steve Jobs Carl Philip Edmund Bernadotte príncipe Sueco Tom Cruise ator Cher atriz e cantora Sou uma disléxica típica Para quem não sabe dislexia é uma dificuldade na leitura que faz com que a pessoa não consiga assimilar facilmente a relação entre o que está escrito símbolos gráficos e o que é falado fonemas Atualmente aprendi a conviver bem com isso mas não foi sempre assim quando eu era criança o diagnóstico era quase inexistente e meu processo de alfabetização foi difícil Eu era a aluna problema desafiadora Rasgava as provas na cara dos professores brigava com todos os colegas era a ferinha de toas as escolas pelas quais passei Até porque eu era sempre a mais velha da turma Já que repeti de ano três vezes Hoje luto junto à Associação de Amigos de Disléxicos APAD onde sou umas das diretoras para que crianças disléxicas não sejam mais chamadas de preguiçosas ou muito menos de burras Danny Glover ator As crianças faziam piada de mim por causa da minha pele negra de meu nariz grande e porque eu era disléxico Já como ator demorou um longo tempo para que eu pudesse entender por que as palavras pareciam misturadas em minha mente e eu as pronunciava de maneira diferente licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 117 TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM COM PREJUÍZO NA ESCRITA A DISORTOGRAFIA A disortografia referese a prejuízos na expressão da escrita e pode ser definida como Perturbação que afeta as aptidões da escrita e que se traduz por dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da criança em compor textos escritos As dificuldades centramse na organização estruturação e composição de textos escritos a construção frásica é pobre e geralmente curta observase a presença de múltiplos erros ortográficos e por vezes má qua lidade gráfica PErEirA 2009 p 9 Na disortografia são as aptidões da expressão escrita que estão comprometidas o que não se explica por déficit intelectual visual ou auditivo nem por escolari zação insuficiente gArCÍA 1998 A quinta versão do dsm dsm5 2014 traz como critério para a disortografia a presença de déficits na precisão ortográfica na pre cisão gramatical e pontuação e na clareza ou organização da escrita Os déficits presentes na disortografia podem se manifestar a partir das seguin tes características falta de interesse para escrever produção de textos muito curtos com organização pobre e pontuação ina dequada numerosos erros ortográficos de natureza diversa inversões de sílabas exemplo pipoca picoca omissões de letras ou de sílabas exemplo cadeira cadera branco baco adições de letras de sílabas ou de palavras exemplo telelevisão troca de grafemas que se parecem sonoramente exemplo facavaca chinelo jinelo substituição de letras que se diferenciam pela sua posição no espaço exem plo dado dabo confusão entre fonemas que apresentam dupla grafia exemplo cháxá omissão da letra h por não ter correspondência fonêmica exemplo omem dificuldades na associação entre fonemas e grafemas trocando letras sem qualquer sentido erros na separação de sequências gráficas pertencentes a uma dada sucessão fónica ou seja une palavras exemplo ocarro em vez de o carro ou junta sílabas pertencentes a duas palavras exemplo no diaseguinte em vez de 54 118 no dia seguinte erros referentes às regras de ortografia exemplo não coloca m antes de b ou p desconsideração das regras de pontuação início de frases com letra minúscula desconhecimento da forma correta de separação das palavras na mudança de linha a sua divisão silábica a utilização do hífen exemplo casa A partir dessas características talvez você tenha se perguntado Qual é a diferença entre disortografia e dislexia As características da disortografia estão presentes no quadro da dislexia Na dis lexia também há um déficit no sistema fonológico presente na disortografia caracterizado por dificuldades na conversão grafemafonema ocasionando leitura e escrita lenta confusão entre palavras similares e prejuízos na compreensão da leitura e escrita Todavia a dislexia referese a prejuízos na leitura e a escrita en quanto a disortografia é um déficit específico da escrita FErNáNdEZ et al 2010 Sendo assim um aluno com disortografia guiase pelo aspecto fonético som da palavra os erros seguem um critério lógico há uma regularidade no erro Na escrita não percebe os erros mas na leitura quando o erro interfere no som per cebe Por exemplo se o aluno escreveu no texto a palavra caza ao fazer a leitura não perceberá o erro pois ele não altera o som já se ele escreveu bado em vez de dado ao ler perceberá o erro O aluno com dislexia provavelmente não perceberá Apesar de serem condições diferentes com frequência a disortografia aparece associada à dislexia ou a outros transtornos de aprendizagem Sua ocorrência iso lada é rara FErNáNdEZ et al 2010 541 Adaptações e recomendações em sala de aula As estratégias a serem adotadas em sala de aula não seguem um único mode lo Devem ser consideradas estratégias variadas que contemplem a correção dos erros ortográficos a percepção auditiva visual e espaçotemporal e a memória ATENção algumas dificuldades presentes na disortografia fazem parte do processo de apropriação do sistema ortográfico da língua Porém os alunos sem o transtorno superarão as dificuldades ao longo da escolarização Para aqueles que apresentam a disortografia as dificuldades persistirão mesmo com a progressão da escolaridade Também é preciso considerar que alguns alunos poderão permanecer com as dificuldades em decorrência do frágil ensino recebido Estes aspectos reforçam a importância de uma avaliação criteriosa e cuidadosa dos alunos com suspeita de um transtorno de aprendizagem 1 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 119 auditiva e visual Para definir o que priorizar com o aluno com disortografia é in dispensável que o professor o conheça compreenda suas maiores dificuldades e potencialidades FErNANdEZ et al 2010 Nesta perspectiva seguem possíveis estratégias e recomendações Evitar a mera memorização de regras uma vez que não garante a correta escrita ortográfica Oportunizar tempo extra para a realização das atividades escritas Explicar ao aluno como a escrita e a ortografia funcionam Podese utilizar a produção espontânea da própria criança palavras e histórias de poucas linhas para explicar o que ocorreu com a escrita e em seguida promover a escrita ortográfica Diferenciar os erros de ortografia das falhas de compreensão Indicar ao aluno os seus erros e por que precisa corrigilos Valorizar o empenho do aluno e não somente o desempenho Usar provas orais como um recurso extra se a escrita estiver muito compro metida Fazer a correção da ortografia sempre não permitindo que o aluno grave a forma incorreta de escrita Porém é importante ter critério para a correção dos textos sem cometer borrões e rabiscos com canetas coloridas Assinalar com pequenas marcas os erros ortográficos e solicitar que o aluno procure a grafia correta Privilegiar a expressão oral Orientar os pais que ajudem nas tarefas escolares de acordo com a necessi dade do aluno Além da disortografia um outro transtorno que afeta a expressão da escrita é a disgrafia A disgrafia configurase por uma escrita que destoa em relação à normapa drão Caracterizase por problemas de execução gráfica da escrita da palavra Se gundo a Associação Portuguesa de Pessoas com Dificuldades de Aprendizagem Específicas APPdAE 2011 tratase de uma caligrafia deficiente com letras pouco diferenciadas mal elaboradas e mal proporcionadas é popularmente cha mada de letra feia Nas palavras de Torres e Fernández 2001 p 127 consiste em uma perturbação de tipo funcional que afeta a qualidade da escrita do sujeito no que se refere ao seu traçado ou à grafia São características frequentes da disgrafia linhas flutuantes espaço irregular entre as palavras mistura de letras maiúsculas e minúsculas letras retocadas e ilegíveis movimentos bruscos traços irregulares muito fortes que chegam a marcar o papel ou muito leves desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial não ob servação da margem parando muito antes ou ultrapassandoa amontoado 120 de letras na borda da folha irregularidade de dimensões e formas mal elaboradas postura gráfica incorreta Abaixo você pode visualizar um exemplo de escrita disgráfica Figura 24 FigUrA 24 exemplo de escrita disgráfica FoNTE Autoras 2018 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 121 TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM COM PREJUÍZO NA MATEMÁTICA A DISCALCULIA A discalculia do desenvolvimento é um transtorno que afeta as habilidades ma temáticas e caracterizase por dificuldades na realização de operações matemáti cas tendo como provável causa disfunções cerebrais específicas PAiN 1985 Nas palavras de Garcia a discalculia é um distúrbio neurológico que afeta a habi lidade com números É um problema de aprendizado inde pendente mas pode estar também associado à dislexia Tal distúrbio faz com que a pessoa se confunda em operações ma temáticas fórmulas sequência numérica ao realizar contagem sinais numéricos e até na utilização da matemática no diaadia GARCIA 1998 p 37 O dsm5 2014 p 66 define discalculia como um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades caracterizado por problemas no processa mento de informações numéricas aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes As dificuldades podem ser no senso numérico memorização de fatos numéricos precisão ou fluência de cálculo eou precisão no raciocínio matemático Segundo o referido manual os critérios diagnósticos são 5 Dificuldades para dominar o senso numérico fatos numéri cos ou cálculo p ex entende números sua magnitude e rela ções de forma insatisfatória conta com os dedos para adicio nar números de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético como fazem os colegas perdese no meio de cálculos aritméti cos e pode trocar as operações 6 Dificuldades no raciocínio p ex tem grave dificuldade em aplicar conceitos fatos ou operações matemáticas para solu cionar problemas quantitativos dsm5 2014 p 66 Assim como a dislexia e a disortografia a discalculia afeta pessoas com inte ligência dentro do esperado e sua provável causa é neurológica Portanto as di ficuldades não se devem a comprometimento cognitivo deficiência intelectual nem a aspectos emocionais pedagógicos e socioculturais 55 122 551 Características da discalculia A discalculia também não tem uma apresentação única sua manifestação não é uniforme Cada aluno pode apresentar diferentes dificuldades com variados ní veis de gravidade Nesta perspectiva seguem algumas características que podem estar presentes nos indivíduos com o transtorno FArrEll 2015 Dificuldade para aprender a contar Problemas associados à compreensão de números Dificuldades em realizar cálculos simples como adição Inversão de números exemplo 6 por 9 Dificuldade na leitura de números com muitos dígitos Dificuldade com conceitos relativos exemplo maismenos Inversão na escrita dos numerais exemplo ɛ em vez de 3 Alinhar mal os símbolos exemplo aluno deseja escrever 112 mas escreve 112 Nomear ler e escrever incorretamente símbolos matemáticos Errar sinais das operações exemplo 30 10 40 Confusão de símbolos semelhantes mas possuem orientação diferente exemplo e x Dificuldades em associar um número com uma situação da vida real exem plo vincular o número 2 à possibilidade de ter 2 balas 2 livros 2 pratos Repetir um ou mais números numa série numérica exemplo 1 2 4 4 5 6 7 7 8 9 Intercalar um ou mais números não pertencentes à série exemplo listar nú meros pares 2 4 5 6 8 9 10 Problemas na associação do número e seu conceito exemplo incapacidade para associar o número 5 ao conceito de cinco Inversão na posição dos algarismos exemplo 37 por 73 Dificuldades para reconhecer e discriminar figuras geométricas exemplo triângulo quadrado Falha na ordenação de colunas para montar o algoritmo conforme figura 25 FigUrA 25 falha na ordenação de colunas FoNTE Autoras 2018 Além destas características o indivíduo com discalculia também pode apresentar em variados níveis dificuldades em diferenciar direita e esquerda em cima e em 48 1 48 58 1 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 123 baixo problemas com orientação espacial e dificuldade em lidar com grande quan tidade de informação Também pode haver problemas de atenção o que intensifica as dificuldades A desatenção pode ser em decorrência da presença concomitante do TdAH ou resultar da ansiedade despertada ante as limitações percebidas A matemática faz parte do nosso cotidiano Talvez você já tenha escutado alguém dizer vou fazer tal curso porque não tem matemática mas você já se deu conta de que ela está presente em vários momentos de nossa vida independente do que es tudamos Fazer compras calcular o valor dos produtos conferir o troco calcular o tempo que levamos até chegar na escola saber as medidas para fazer um bolo entre tantas outras atividades corriqueiras requerem habilidades matemáticas 552 Adaptações e recomendações em sala de aula A fim de diminuir o impacto das dificuldades apresentadas pelo estudante com discalculia bem como explorar seus potenciais seguem sugestões de adaptações e recomendações possíveis de serem adotadas em sala de aula Usar papel quadriculado especialmente com alunos que tenham dificulda de com o espaçamento entre os números e em organizar as colunas de cálcu los permitindo que cada número esteja em um quadrado diferente Orientar o aluno sobre a direção do cálculo utilizando de flechas Incentivar o aluno a ler em voz alta os problemas matemáticos mesmo que não sejam problemas verbais exemplo 45 quatro mais cinco igual a Apresentar os problemas matemáticos de forma prática utilizando exem plos do cotidiano Oportunizar o uso de material concreto que possa ser manipulado exemplo material dourado ábaco Possibilitar o uso da calculadora Abordar de diferentes maneiras os fatos aritméticos exemplo não estimular apenas a memorização da tabuada Explicar ideias e problemas de forma clara e objetiva incentivando o aluno a questionar Priorizar um lugar tranquilo com poucas distrações Comumente a atenção do aluno com discalculia está prejudicada Oferecer tempo extra para a realização das tarefas Valorizar o raciocínio matemático mais que a realização do cálculo em si Introduzir os conteúdos de acordo com os conhecimentos do aluno espe cialmente ao considerar que a matemática tem natureza cumulativa portan to não é recomendado avançar para problemas mais complexos enquanto habilidades mais básicas não forem adquiridas Oferecer materiais de referência exemplo tabuadas fórmulas e calcula dora principalmente na realização de tarefas avaliativas cujos problemas exijam a realização de vários passos sequenciais para se chegar à resposta 124 dando oportunidade para que o aluno demonstre ter entendido a atividade mesmo que tenha dificuldades com os cálculos Dividir as explicações e atividades em etapas menores cuidando para que o aluno compreenda o quadro global da tarefa Utilizar abordagens multissensoriais visuais auditivas e cinestésicas Caso o professor identifique o canal sensorial preferido do aluno assegurar que esse seja mais utilizado e estimulado Utilizar jogos que ajudam a reduzir a ansiedade e auxiliam na concentração e atenção Quando o aluno apresentar dificuldades com a orientação dos números como confusão entre 6 e 9 2 e 5 utilizar abordagens cinestésicas exemplo escrever o número em um recipiente de areia construir o número com mas sa de modelar PrEvAlÊNCiA É difícil estimar a prevalência da discalculia pois ela nem sem pre é vista como uma condição isolada Com frequência as dificuldades matemá ticas aparecem associadas à dislexia e à dispraxia e as intervenções precisam ser planejadas nesse contexto TErmo do glossário praxia é a capacidade de realizar um ato motor mais ou menos complexo anteriormente aprendido de forma voluntária lEoNHArdT ForNEr p 292 2016 e a dispraxia é o comprometimento do planejamento da função motora 4 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 125 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃOHIPERATIVIDADE TDAH É muito provável que você já tenha ouvido falar no Transtorno de Déficit de Aten ção Hiperatividade É um tema bastante comentado nas mídias digitais escolas e comunidade em geral e provoca opiniões muitas vezes divergentes e distorci das Há aqueles que dizem ser uma invenção que não passa de falta de limites e interesses médicos e da indústria farmacêutica Outros acreditam que estamos vivendo uma epidemia do transtorno Essas duas compreensões estão equivocadas O TdAH não é uma invenção Trata se de um transtorno reconhecido oficialmente pela Organização Mundial da Saúde oms tendo as primeiras referências com outra nomenclatura datadas da meta de do século XiX roHdE et al 2000 Também não há uma epidemia o que ocorre é que devido ao maior conhecimento acerca do transtorno verificamse mais diag nósticos Sendo este atualmente o transtorno mais comum entre os transtornos neuropsiquiátricos de início na infância A prevalência estimada é de 5 das crian ças e 25 dos adultos sendo mais comum no sexo masculino dsm5 2014 Mas afinal o que é o TDAH Caracterizase pela presença persistente de sintomas de desatenção eou hi peratividadeimpulsividade que interferem no funcionamento do indivíduo e seu desenvolvimento impactando negativamente as atividades sociais acadêmicas eou profissionais dsm5 2014 A presença e a intensidade dos sintomas de desatenção eou hiperatividade impulsividade variam em maior ou menor grau de modo que o transtorno pode apresentar três subtipos quais sejam apresentação predominantemente desa tenta apresentação predominantemente hiperativaimpulsiva e apresentação combinada desatenta e hiperativaimpulsiva conforme Quadro 8 QUAdro 8 Subtipos do TdAH Fonte Adaptado de dsm5 2014 56 SUBTIPOS Apresentação combinada Apresentação predominantemente desatenta Apresentação predominantemente hiperativaimpulsiva Estão presentes sintomas da desatenção e hiperatividadeimpulsividade Estão presentes somente sintomas da desatenção Estão presentes somente sintomas da hiperatividadeimpulsividade 126 Para o diagnóstico do TdAH os sintomas desatenção eou hiperatividadeimpul sividade devem estar presentes antes dos 12 anos de idade devem se manifestar ao menos em dois ambientes distintos exemplo escola e casa devem acarretar prejuízos no funcionamento social acadêmico ou profissional e não podem ser causados por outras condições psiquiátricas como transtorno psicótico de humor de ansiedade intoxicação ou abstinência de substância entre outros dsm5 2014 Serão explanadas a seguir as principais características deste transtorno De vese considerar que elas podem estar presentes em todas as pessoas O que vai sugerir a ocorrência do transtorno é a intensidade a frequência e o prejuízo que causam na vida do indivíduo Provavelmente em diversos momentos você já de sejou ter mais atenção ser menos inquieto já esqueceu onde colocou objetos já ficou impaciente ao esperar em uma fila Isso não quer dizer que você tenha o TdAH o diagnóstico é complexo e deve ser feito por profissionais qualificados São características comuns na DESATENÇÃO dsm5 2014 Apresenta dificuldade em prestar atenção a detalhes o que contribui para que ocorram erros por descuido Apresenta dificuldade para manter o foco da atenção em atividades lúdicas ou conversas mais longas não responde quando chamado parece estar no mundo da lua mesmo não havendo nenhuma distração aparente Esquece compromissos material escolar etc Perde materiais escolares e de uso pessoal Não consegue manter materiais e objetos pessoais organizados Distraise com facilidade Demonstra falta de persistência nas atividades não seguindo instruções até o fim e não concluindo no prazo Apresenta dificuldade em gerenciar o tempo Evita tarefas que exijam esforço mental prolongado É importante destacar que a atenção é uma função cognitiva essencial para a aprendizagem uma vez que permite que as informações disponíveis em nossos órgãos dos sentidos sejam assimiladas organizadas e memorizadas BridiFilHo Bridi sAlgUEiro 2016 São características comuns na HIPERATIVIDADEIMPULSIVIDADE dsm5 2014 A hiperatividade caracterizase por uma atividade motora excessiva em que podem estar presentes manifestações como Remexer na cadeira batendo as mãos ou os pés Ter dificuldade em permanecer sentado levantandose com frequência Correr saltitar e subir em situações e locais inapropriados Ter dificuldade em envolverse forma calma e silenciosa em atividades de lazer e brincadeiras Apresentar dificuldade em parar parece estar sempre a mil Falar bastante e sem parar licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 127 A impulsividade referese a ações precipitadas que ocorrem sem premedita ção é o agir sem pensar São manifestações frequentes Ter dificuldade em aguardar a sua vez Responder antes que a pergunta tenha sido concluída Interromper ou intrometerse em conversas e atividades dos outros Além dos prejuízos na aprendizagem um sintoma frequente é a dificuldade de socialização pois seus portadores não cooperam em atividades de grupo e seu comportamento é considerado difícil não só pelos adultos mas pelas outras crianças o que resulta na carência de amigos CosENZA gUErrA 2011 p 136 561 Adaptações e recomendações em sala de aula Como visto o TdAH pode se apresentar de diferentes maneiras e é essencial que o professor observe o seu aluno identifique quais suas principais dificuldades o que mais prejudica o seu desempenho e quais são os seus interesses A partir disso pode eleger algumas adaptações em sala de aula de modo a favorecer o pro cesso de ensinoaprendizagem Abaixo seguem algumas estratégias Utilizar recursos organizadores como lembretes em agendas eou cadernos listas de tarefas anotações em provas e trabalhos quadro de avisos e crono gramas Estabelecer regras e rotinas de preferência junto com os alunos Evitar instruções muito extensas e parágrafos muitos longos Dar preferência para mais tarefas com menos tempo de execução Priorizar que atividades que exijam maior atenção sejam feitas no início da aula Associar o assunto da aula com situações do contexto do aluno ou que tenha alguma aplicação prática Utilizar recursos audiovisuais ou sensoriais Proporcionar pequenos intervalos entre as atividades Fazer combinações sobre saídas Permitir que o aluno se movimente criar momentos específicos para isso exemplo peça um favor dê a ele uma tarefa que o faça se movimentar Permitir que o aluno manipule objetos silenciosos na sua carteira exemplo bolas macias para apertar Não punir o aluno deixandoo sem intervalorecreio O aluno com TdAH ne sAiBA mAis acesse os vídeos Mitos e Verdades sobre o TDAH Luis Rohde TEDxUFRGS disponível em httpswww youtubecomwatchv6Xzha28mfV0 PoderRS com Luis A Rohde Pres da Fed Mundial de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade Disponível em httpswwwyoutubecomwatchv1SGgzwKzv0 3 128 sAiBA mAis A prova do EXAmE NACioNAl do ENsiNo mÉdio ENEm prevê Atendimento Especializado para pessoas com baixa visão cegueira visão monocular deficiência física deficiência auditiva surdez deficiência intelectual surdocegueira transtorno do espectro autista dislexia déficit de atenção e discalculia Esse atendimento era destinado somente a pessoas com deficiência Atualmente após a comprovação do diagnóstico o aluno pode solicitar o recurso de acessibilidade que necessitar dentre eles o auxílio para leitura tempo adicional e auxílio para transcrição Na correção da redação dos participantes com dislexia são adotados mecanismos de avaliação que consideram as características linguísticas desse transtorno específico 3 cessita de intervalos e pausas Utilizar estratégias de ensino ativo que incorporem a atividade física com o processo de aprendizagem Priorizar provas com questões curtas objetivas e claras O aluno com TdAH comete erros por descuido É importante destacar negritar palavras impor tantes exemplo Assinale a alternativa INCORRETA Alguns se organizam melhor quando o professor lê a prova antes de iniciála Oportunizar outras formas de avaliação como trabalhos em grupo teatro experiências etc Solicitar ao aluno que repita a instrução de uma determinada atividade Al ternar entre os alunos favorece a atenção de toda a turma Evitar lugares com muitas distrações Deixe o aluno próximo ao professor Valorizar progressos sucessivos ao invés de esperar pelo comportamento perfeito Oferecer diferentes formas de estudos até que seja encontrada a mais ade quada para aquele aluno Alternar o tipo de atividades em sala de aula não ficar apenas com o texto e a cópia Manter contato frequente com os pais e outros profissionais que possam acompanhar o aluno Importante notar que estas recomendações auxiliarão a todos os alunos e não somente aqueles que tenham algum transtorno de aprendizagem ou TdAH Quan to ao aluno com TdAH é comum que necessite fazer uso de medicação e realizar acompanhamento psicológico eou psicopedagógico E lembrese muitos destes alunos podem ter estabelecido uma relação ne gativa com a aprendizagem significando o contexto escolar como um espaço de fracasso e inadequação Diante disso é fundamental que se desperte ou se resgate no aluno o desejo e o prazer em aprender licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 129 ASPECTOS EMOCIONAIS DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM A aprendizagem ocupa lugar central em nossa vida O não aprender é visto como um fracasso uma falha O sentimento de insuficiência de não correspon der às expectativas dos pais e professores aliado à exposição diante dos colegas reflete na maneira como o indivíduo irá se reconhecer se relacionar e se compor tar CordiÉ 1996 sCorsATo 2005 soUZA 2002 Nós nos reconhecemos a partir do olhar do outro e quando esse reconhecimen to vem através de mensagens ou olhares de incapacidade Quando mesmo após estudar se esforçar se dedicar não se consegue aprender como os colegas Essa é a realidade de muitos alunos com transtornos de aprendizagem especialmente ao considerar que grande parte desconhece o diagnóstico sendo considerados pre guiçosos e burros Neste cenário o processo de aprender pode vir acompanhado de sofrimento e malestar contribuindo para a construção de uma autoimagem pre judicada influenciando o entendimento que o sujeito faz de si bem como a ma neira como se relaciona com outras pessoas em seu convívio social soUZA 2002 As dificuldades podem minar a crença do indivíduo quanto a sua capacidade e possibilidade de avançar BridiFilHo Bridi 2016 Após tantas tentativas sem êxito o aluno pode desacreditar em si e a mensagem implícita ou explicita de que ele é incapaz passa a ser considerada como verdade Essa situação pode ser exemplificada pela tirinha abaixo Figura 26 FigUrA 26 A influência do professor no autoconceito do aluno FoNTE Autoras 2018 57 130 As dificuldades de aprendizagem frequentemente contribuem para o apareci mento de sintomas de ansiedade irritabilidade desinteresse falta de motivação e baixa autoestima refletindo no comportamento do aluno que pode se tornar desafiador introvertido indiferente entre outros Neste sentido aos profissionais e aos professores compete fornecer um espaço que transcenda essa crença de im possibilidade e incapacidade a fim de possibilitar que o aluno ressignifique sua relação com o aprender e com o espaço escolar Lembrese Um diagnóstico não define quem é o indivíduo É preciso sim consi derálo negar o transtorno é negligenciar o cuidado Mas reduzir o indivíduo a um diagnóstico é tirarlhe o que mais nos caracteriza como humanos nossas diferen ças E acima de tudo a educação precisa respeitar e aprender com as diferenças A figura 27 provoca uma reflexão acerca da necessidade de respeitar às diferenças FigUrA 27 O respeito às diferenças FoNTE NTEUFsm 2018 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 131 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 Descreva as principais características da dislexia 2 Segundo a Associação Brasileira de Dislexia a dislexia é o transtorno de apren dizagem de maior incidência nas salas de aula Ao considerar as características desse transtorno aponte algumas estratégias que devem ser empregadas pelos professores para trabalhar com um aluno com dislexia em sala de aula 3 Descreva algumas sugestõesorientações que podem auxiliar na aprendiza gem de um aluno com discalculia 4 Com base na Figura 26 discorra sobre a influência do professor no autocon ceito do aluno licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 133 134 INTRODUÇÃO A função da escola concebida como instituição especificamen te configurada para desenvolver o processo de socialização das novas gerações aparece puramente conservadora garantir a reprodução social e cultural como requisito para a sobrevivên cia mesma da sociedade Por outro lado a escola não é a única instância social que cumpre com esta função reprodutora a família os grupos sociais os meios de comunicação são ins tâncias primárias de convivência e intercâmbios que exercem de modo direto a influência reprodutor da comunidade social No entanto a escola ainda que cumpra esta função de forma delegada especializase precisamente no exercício exclusivo e cada vez mais complexo e sutil de tal função A escola por seus conteúdos por suas formas e por seus sistemas de organiza ção introduz nos alunosas paulatina mas progressivamen te as ideias os conhecimentos as concepções as disposições e os modos de conduta que a sociedade adulta requer Des sa forma contribui decisivamente para a interiorização das ideias dos valores e das normas da comunidade de maneira que mediante este processo de socialização prolongado a so ciedade industrial possa substituir os mecanismos de controle externo da conduta por disposições mais ou menos aceitas de autocontrole PÉrEZ gÓmEZ 1998 p 2 A escola apresentou diferentes funções ao longo da história decorrentes das de mandas sociais existentes em cada época Assim o processo de socialização das novas gerações não pode ser caracterizado de forma linear pois a tendência con servadora ainda está presente na sociedade e nas escolas reproduzindo compor tamentos valores e ideias O equilíbrio para a convivência em sociedade ainda requer a conservação de alguns aspectos porém exige a mudança em outros A primeira parte desse material aborda a constituição da escola e suas funções sociais no decorrer da história a partir de diferentes conceitos enfatizando a ideia de cinco autores Pierre Bourdieu e a noção de escola conservadora Pérez Gómez e o conceito de escola conservadora reprodutora e transformadora Demerval Saviani e a ideia de escola promotora do homem Antônio Gramsci e a noção de escola unitária e desinteressada e por fim as ideias de Gilberto Luís Alves e as atu ais funções da escola Esses cinco autores permitem visualizar as alterações das funções sociais da escola no decorrer de diferentes tempos Esta unidade tem como objetivo historicizar a construção das instituições de ensino como espaços de formação de consciência e construção do conhecimento licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 135 e problematizar os diversos sentidos da educação e as funções sociais assumidas pela escola ao longo dos anos A segunda parte trata da relação entre família e escola como instituições so cializadoras com objetivos comuns e divergentes mas que não podem ser vistas e atuar de forma independente uma da outra E a terceira parte trata das pro blemáticas atuais da escola apresentando um breve histórico de como a escola visualizava tais questões culpabilizando inicialmente o próprio sujeito e poste riormente a família pelo fracasso escolar E por fim discute aspectos do uso das tecnologias na educação como dispositivos de aprendizagem 136 INSTITUIÇÕES DE ENSINO ESPAÇO COMPARTILHADO DA FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Você sabe como surgiram as primeiras escolas e para qual finalidade No decorrer da história a escola apresentou diversas funções até chegar a sua atual função Na antiguidade o conhecimento dispensava a existência de uma instituição educativa pois o mesmo era adquirido por meio da convivência com as pessoas de mais idade Com o advento do capitalismo surge a necessidade de alfabetizar os sujeitos tornandoos capazes de ler e calcular resultando em uma maior institucionalização da escola que se desenvolveu a partir do século Xvii no formato em que a conhecemos hoje CoimBrA 1989 Nesse período a escola apresentava além da função de educar a função de socializar a classe trabalhadora e moldar valores hábitos normas e ideologias nestes sujeitos conforme interesse da classe burguesa A escola nesse sentido ocupava a função de fazer com que os indivíduos entendessem qual era o seu lugar na sociedade CoimBrA 1989 Desde o início a função da escola é acompanhada pelo desenvolvimento eco nômico funcionando como uma espécie de máquina que cria e molda sujeitos para conviverem de acordo com os padrões desejáveis pela sociedade Assim hábitos e costumes são criados no interior das escolas definindo jeitos de falar escrever e se comportar nenhum aluno questiona a estrutura de poder que existe nas salas de aulas apenas submetese a elas Podemos mencionar alguns exem plos desta condição o lugar que o aluno deve sentar na sala de aula e o lugar que pertence ao professor o aluno ao sentar em sua carteira deve abrir seus cadernos e reproduzir aquilo que lhe é passado que é dito ou escrito no quadro pelo pro fessor deve entrar na sala de aula ao tocar o sinal caso contrário será advertido Essas ações prescritas pela escola sobre os alunos são consideradas relações de controle as quais em diversas situações não são percebidas por quem as pra tica e nem por quem se submete a elas É importante enquanto futuros profes sores que possamos perceber as relações de poder presentes no cotidiano das escolas e articulálas de maneira que favoreçam a construção do conhecimento Foucault 2014 coloca a escola na mesma categoria de instituições como hos pitais quartéis e prisões ao afirmar que todas essas apresentam modelos do apa relhamento disciplinar Para o autor a função da escola é a disciplina a qual se faz presente em aspectos como a distribuição corporal a rigidez acerca dos horários a homogeneização dos alunos sob o olhar do professor entre outros Essas ações descaracterizam a subjetividade dos alunos moldandoos conforme determina dos aspectos que a sociedade necessita por meio das relações de poder 61 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 137 Não somente as questões físicas podem ser fatores que indicam um controle atra vés da disciplina mas também os exames avaliações FErrEiriNHA rAiTZ 2010 O exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza É um controle normalizante uma vi gilância que permite qualificar classificar e punir É por isso que em todos os dispositivos de disciplina o exame é al tamente ritualizado Nele vêmse reunir a cerimônia do poder e a forma da experiência a demonstração da força e o estabe lecimento da verdade FoUCAUlT 2014 p 154 Assim a função da escola tem sido ao longo dos anos questionada e bastan te criticada por diversos autores Para Dubet 2006 a escola não pode somente ser compreendida como uma instituição de socialização pois isto a torna uma simples transformadora de valores e normas em ações sociais que estruturam a personalidade do sujeito Dessa forma o autor apresenta a escola a partir de três funções seleção socialização e educação A função da seleção envolve o processo de a escola desenvolver determinadas habilidades que possuem alguma função social preservando certos cargos status eou posições aos que detêm formações específicas Mesmo que aos alunos do ensino médio tenham sido apresentados os conteúdos de física eles nunca terão o status de Físico pois apesar de aprenderem física os conteúdos somente foram selecionados com a finalidade de desenvolver alguma habilidade específica que tem algum valor social não para formálos ou graduálos nessa área A função de socialização tem como objetivo produzir um sujeito adaptado à realidade enquanto a função educativa objetiva transformar a realidade dos alu nos Assim o sujeito é socializado na escola para se adaptar a um conjunto de regras ao mesmo tempo em que é transformado pela educação dUBET 2006 Como podemos observar as instituições escolares sempre estiveram atreladas a aspectos sociais voltados aos modos e formas de conviver em sociedade Para compreendermos as funções sociais da escola vamos nos debruçar sobre cinco autores conforme Figura 28 FigUrA 28 A função social da escola conforme cinco autores FoNTE Autoras 2018 Pierre Bordieu Escola conservadora Pérez Gomez Escola conservadora reprodutora e transformadora Antônio Gramsci Escola unitária e desinteressada Gilberto Luis Alves Atuais funções da escola Demerval Saviani Escola promotora do homem 138 611 Pierre Bordieu a escola conservadora Pierre Bourdieu sociólogo francês defende a ideia de que os mecanismos obje tivos são aqueles que determinam a função social da escola ou seja estes meca nismos conservam as desigualdades e reproduzem as classes sociais Para o autor o sistema escolar é um dos fatores mais eficazes de conservação social pois for nece a aparência de legitimidade às desigualdades sociais e sanciona a herança cultural e o dom social tratado como natural BoUrdiEU 1999 p 41 Nesse sentido a herança cultural é a responsável inicial pela primeira diferen ça da criança na escola visto que a família transmite a seus descendentes certo capital cultural e certos valores os quais contribuem para definir as atitudes do sujeito frente ao capital cultural e a instituição escolar BoUrdiEU 1999 Assim quanto mais elevada a categoria socioprofissional e o nível cultural da família pais e avós maior é a probabilidade de êxito escolar da criança Ainda Bourdieu 1999 afirma que as crianças herdam além dos saberes gostos e bom gosto prá ticas e conhecimentos culturais como o teatro o museu a pintura a música entre outros conforme mais elevada for a sua origem social A escola pelas desigualdades de seleção e pela ação homogeneizante reduz minimamente essas diferenças contribuindo para a reprodução da estrutura das relações de classe ao reproduzir a desigual distribuição entre as classes do capital cultural BoUrdiEU 1975 p 198 Assim a escola ao conferir aos sujeitos expec tativas de escolarização pela sua posição social opera uma seleção que sanciona ao mesmo tempo que consagra as desigualdades reais contribuindo com a per petuação e a legitimação destas Nessa linha de pensamento a herança social advinda da posição social do su jeito influencia a taxa de êxito escolar do sujeito bem como a continuidade do ensino enquanto escolha do destino Porém essa situação não deve ser conside rada como um dom natural ou um destino prédeterminado mas resultante de desigualdades sociais que originam as desigualdades culturais BordiEU 1999 Assim é a atitude familiar acerca da escola que determinará o prosseguimento ou não dos estudos As vantagens e desvantagens sociais são progressivamente convertidas em vantagens e desvantagens escolares Ao tratar todos os educandos como iguais em direitos e deveres a escola sanciona as desigualdades iniciais frente à cultura e consegue tão mais facilmente convencer os deserdados que eles devem seu destino escolar e social à sua ausência de dons e de méritos BoUrdiEU 1975 p218 Dessa forma podemos considerar que a padronização presente nas práticas peda gógicas oculta a indiferença frente às desigualdades reais dirigindose somente aos alunos que possuem uma herança cultural em consonância com as exigências cul turais da escola BordiEU 1999 Cardoso e Lara 2009 afirmam que isso ocorre de vido a cultura escolar aproximarse da cultura da elite a qual os alunos das classes populares raramente conseguirão adquirir salvo por muito esforço Assim a função licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 139 da escola é a organização do culto de uma cultura que pode ser proposta a todos mas está reservada somente àqueles das classes as quais pertence a cultura cultua da ou seja a escola assume a função de conservar os valores da ordem dominante A escola ocupa o lugar de transmissão do saber que recebe e trata os alunos como iguais a despeito das diferenças culturais sancionando desigualdades as quais somente ela poderia reduzir CArdoso lArA 2009 Nesse sentido Bourdieu 1999 analisa a função reprodutivista da escola que além de conservar as desigual dades e reproduzir as classes sociais poderia configurarse como um espaço de so cialização ao oferecer às classes populares certo capital cultural que não herdaram 612 Pérez Gómez a escola conservadora reprodutora e transformadora O ser humano elabora mecanismos de sobrevivência desde as suas origens que são transmitidos às novas gerações Este processo de aquisição por parte das novas gerações das conquistas sociais processo de socialização costuma deno minarse genericamente como processo de educação PÉrEZ gÓmEZ 1998 p 13 A educação nesse sentido assume a função de socialização de humanização Na sociedade contemporânea a educação assume a responsabilidade de preparação das novas gerações ou seja preparar novas gerações para sua participação no mundo do trabalho e na vida pública ibidem A escola compreendida como instância socializadora das novas gerações desempenha uma função conservadora isto é garante a reprodução social e cultural como condição para a sobrevivência em sociedade Pérez Gómez 1998 aponta que a tendência conservadora choca com outra tendência a da transfor mação dos caracteres sociais principalmente aqueles que são desfavoráveis a alguns grupos Nesse sentido destacamse dois objetivos da escola ao cumprir a sua função socializadora a Preparar os alunos para o ingresso no mercado de trabalho b Formar o cidadão para sua intervenção na vida social A intencionalidade da escola em formar sujeitos para intervirem na vida pú blica implica em desenvolver determinados conhecimentos atitudes e ideias que permitam a sua participação na vida política e social esferas consideradas por di reito como iguais a todos os cidadãos PÉrEZ gÓmEZ 1998 Porém nessa mesma sociedade a esfera econômica não se encontra como uma condição igualitária a todos mas sim sob a condição de submissão de disciplina e de aceitação das diferenças sociais Nessa esfera a contradição agravase a escola deve formar os alunos para sua futura incorporação em que mercado de trabalho Do trabalho assalariado que requer submissão e disciplina Ou do trabalho autônomo que ao contrário requer atividade e criatividade CArdoso lArA 2009 p 1317 Pérez Gómez 1998 p 16 defende a ideia de que a escola possui uma ideologia flexível frouxa e eclética valorizando o individualismo a competitividade a falta 140 de solidariedade a igualdade formal de oportunidades e a desigualdade natu ral de resultados em função de capacidades e esforços individuais assumindo a imagem de que a escola é igualitária a todos e que o êxito de cada um se encontra até aonde a sua capacidade e o trabalho pessoal lhe permitem chegar Nesse senti do a escola reproduz a arbitrariedade cultural e estimula a competitividade desde o início do processo de aprendizagem escolar dada essa condição como natural A incoerência entre a tendência conservadora e a tendência renovadora ocorre de formas distintas nas instituições de ensino Esta última impulsiona a transforma ção podendo quebrar a tendência conservadora frente ao uso do conhecimento social e historicamente construído da experiência e da reflexão como instrumentos de compreensão da sociedade e da ideologia dominante CArdoso lArA 2009 O grande desafio da escola é fazer com que sua função educati va assuma um caráter compensatório isto é atenda às diferen ças de origem oportunizando o acesso à cultura provocando e facilitando a reconstrução dos conhecimentos das disposições e das pautas de conduta que a criança assimila em sua vida pa ralela e anterior à escola CArdoso lArA 2009 p 1318 Pérez Gómez 1998 comenta que a escola não pode extinguir as desigualdades socioeconômicas mas pode minimizar seus efeitos Dessa forma o autor concor da com Bourdieu ao afirmar que a escola desempenha a função reprodutora de culturas e conservadora social mas acredita em espaços de autonomia que por meio de resistências geram transformações 613 Demerval Saviani escola promotora do homem Demerval Saviani 1980 afirma que a função das instituições educativas é or denar e sistematizar as relações homemmeio para criar as condições ótimas de desenvolvimento das novas gerações p 51 Nesse sentido a educação tem como finalidade o próprio homem a sua promoção Para Saviani 1980 p 52 promover o homem implica tornálo cada vez mais capaz de conhecer os ele mentos de sua situação a fim de poder intervir nela transformandoa no sentido da ampliação da liberdade comunicação e colaboração entre os homens Ou seja os objetivos da educação são educar para a sobrevivência para a liberdade para a comunicação e para a transformação O autor expõe sua preocupação com a instituição escolar no sentido de esta ser um instrumento de reprodução das relações da sociedade capitalista reprodu zindo a dominação e a exploração Para tanto Saviani 1983 aponta que é preciso superar essa função por meio das lutas dos professores na busca do exercício de um poder real embora limitado Assim cabe aos cursos de formação instrumen talizar os educadores com uma fundamentação teórica sólida e uma ampla refle licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 141 xão filosófica e a estes cabe muniremse de conhecimentos que lhes permitam transformar a educação como fundamento e compreender a realidade humana Além disso se torna imprescindível garantir aos trabalhadores um ensino de melhor qualidade Tratase portanto da promoção do homem de oferecer à classe trabalhadora condições necessárias para compreender a sociedade Para tanto é preciso que a escola possua métodos eficazes de ensino CArdoso lArA 2009 a atividade e a iniciativa dos alunos sem abrir mão porém da iniciativa do professor favorecerá o diálogo dos alunos en tre si e com o professor mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente levará em conta os interesses dos alunos os ritmos de aprendizagem e o desen volvimento psicológico mas sem perder de vista a sistematiza ção lógica dos conhecimentos sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissãoassimilação dos conteúdos cognitivos sAviANi 1983 p 7273 Nessa perspectiva considerase que a escola é determinada socialmente e que a sociedade é fundada em preceitos capitalistas dividida por classes com diferentes interesses A escola em meio a essa disparidade caracterizase como conserva dora característica possível de ser superada através de lutas contra a seletividade a discriminação e o rebaixamento do ensino das classes populares garantindo lhes acesso ao conhecimento 614 Antonio Gramsci escola unitária e desinteressada Gramsci 1979 criticou o dualismo da escola clássica e profissionalizante afir mando que tal divisão prejudicava a classe trabalhadora pois este formato de es cola não oferecia a esta oportunidade de desenvolver o trabalho intelectual Para acabar com tal dualidade o autor propôs a invenção de um tipo único de escola preparatória que conduzisse o jovem até os umbrais da escolha profissional for mandoo entrementes como pessoa capaz de pensar de estudar de dirigir ou de controlar quem dirige grAmsCi 1979 p 136 Ademais o desenvolvimento industrial originou um novo formato de inte lectual urbano e uma nova linha a ser percorrida pela escola ou seja uma Escola única inicial de cultura geral humanista formativa que equilibre equanimemente o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente tecnicamente industrialmente e o desenvolvimento das capacidades de trabalho intelectual Deste tipo de escola única através de repetidas experiências de orientação profissional passarseá a uma das escolas especia lizadas ou ao trabalho produtivo grAmsCi 1979 p 118 142 A escola unitária nessa concepção assume a função de inserir jovens em ativida des sociais após adquirirem certo grau de maturidade e capacidade para a criação intelectual e a autonomia em iniciativas e orientações grAmsCi 1979 Para que esta escola seja implantada é necessária a reorganização dos conteúdos dos mé todos e da distribuição dos graus da carreira escolar A idade escolar dependeria das condições econômicas gerais já que estas poderiam obrigar os jovens a certa colaboração produtiva imediata O corpo docente deveria ser aumentado CAr doso lArA 2009 p 1321 A escola unitária criaria condições para minimizar as diferenças culturais entre os alunos de diferentes classes sociais A sua primeira ação voltarseia à discipli na e ao nivelamento obtendo certa uniformidade Em segundo criaria valores fundamentais do humanismo a autodisciplina intelectual e a autonomia moral necessárias para uma posterior especialização grAmsCi 1979 Esse formato de escola promoveria o nivelamento cultural entre os alunos no primeiro momento e após contribuiria para o desenvolvimento da responsabili dade autônoma tornandose uma escola criadora pois a aprendizagem ocorreria em razão do esforço espontâneo e autônomo do aluno que teria o professor como um guia amigável Nessa escola o ensino se daria de forma desinteressada habitu ando o aluno a estudar de determinadas maneiras a analisar um campo histórico a abstrair e a raciocinar no intuito de visualizar em cada fato conceitos individua lidades generalizações e especificações grAmsCi 1970 CArdoso lArA 2009 615 Gilberto Luis Alves as atuais funções da escola pública Alves 2001 p 146 afirma que o processo de produção material da escola pública constituise como elemento revelador de sua natureza e das funções sociais que essa instituição vem assumindo ao longo da história O autor comenta que por muito tempo a função da escola era simplesmente suplementar e preparatória à educação que se fazia predominantemente no lar e na vida da comunidade A necessidade pois de a escola tomar em grande parte a si as funções da família e do meio social corresponde a uma verdadeira premência dos nossos tempos AlvEs 2001 p 150 Por um longo período mulheres e crianças trabalharam no chão das fábri cas mas foi somente com o desenvolvimento industrial e com a incorporação de avanços tecnológicos que ocorreu a expulsão das crianças das indústrias Con forme Alves 2001 essa expulsão originou o desemprego infantil ao mesmo tem po em que o desenvolvimento tecnológico determinava uma nova ordem social a criação de novas instituições que absorvessem as novas funções atreladas ao atendimento das recém necessidades sociais produzidas Dessa forma a criança do chão de fábrica se torna a criança da escola Alves 2001 alega que a nova escola foi criada também para atender a essa nova demanda tornandose uma alternativa para preencher o tempo da excriança de fábrica É neste momento em que a escola não é mais somente destinada às licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 143 crianças burguesas que essa instituição se universaliza e passa a ser caracterizada por uma nova forma de ensino a partir das unidades de conteúdos na busca de superar a escola dualista ou seja o currículo Por tornarse universal a escola se encontra fragilizada e secundarizada frente à sua função pedagógica de disseminar a cultura e formar cidadãos Para Alves 2001 a manufatura originou o aniquilamento da unidade entre teoria e prática por força da divisão do trabalho determinando a objetivação e a simplificação do trabalho A expropriação ocorreu sob a forma de especialização profis sional transformando o trabalhador tão somente em capaci dade de trabalho Não havendo mais a necessidade de desen volver no trabalhador habilidades especiais e complexas para o mercado de trabalho a escola teve descaracterizada uma de suas funções no processo de socialização que era preparar o aluno para o mercado de trabalho Com a descaracterização da função profissionalizante a escola de educação geral tornou se única mas permaneceu como um ramo sobrevivente da escola dualista privilegiando os filhos das classes dirigentes Quando a escola burguesa chegou aos trabalhadores o estudo dos clássicos desapareceu das salas de aula sendo introduzi dos os manuais didáticos Essa substituição determinou tanto a simplificação do trabalho do professor quanto o generaliza do aviltamento do conteúdo de ensino Tal aviltamento gerou a perda da possibilidade de formar o cidadão uma vez que tal formação pauta a compreensão de si mesmo de seus direitos de seus deveres e de seu fazer pela compreensão da sociedade Ficou secundarizada a função educativa da escola CArdoso lArA 2009 p 1322 1323 Frente a esse cenário a escola pública se expandiu no decorrer do século XX em razão de que na fase monopolista do capitalismo se estabeleceu o domínio do capi tal financeiro caracterizado pelo caráter parasitário do capitalismo Para assegurar a existência parasitária e manter o equilíbrio social o Estado oportunizou trabalhos que viabilizassem o investimento em atividades improdutivas No interior dessas atividades a escola pública se desenvolveu tornandose um dispositivo essencial para a manutenção do equilíbrio da sociedade capitalista CArdoso lArA 2009 A escola não abandonou suas funções pedagógicas mas assumiu novas fun ções advindas da expansão escolar econômica e de alocação de trabalhadores excluídos Criaramse condições materiais para as escolas assumirem certas fun ções complementares como o controle dos níveis de desemprego por meio da extensão do período de escolarização prolongando o tempo do aluno na escola TErmo do glossário Escola dualista termo que remete a divisão da escola em duas grandes redes a escola dos burgueses 4e a escola do proletariado BAUdElT EsTABlET 1971 144 a liberação da mulher para o mercado de trabalho ao criar creches e escolas para seus filhos permanecerem no período em que trabalham a criação do serviço de refeitório nas escolas assegurando a alimentação dos alunos tornandose objeti vo vital da escola pública contemporânea a oferta de serviços gratuitos aos edu candos como assistência médica e odontológica materiais didáticos e uniformes e por tornarse um local de lazer e convivência social para os alunos AlvEs 2001 A partir das novas funções da escola e da secundarização da função pedagógi ca Alves 2001 propôs uma nova didática a incorporação de um conhecimento cultural e significativo que circule em diferentes espaços da sociedade e a ruptura do trabalho docente enquanto mero transmissor de conhecimento possibilitando uma maior autonomia do aluno Além disso Alves 2001 aponta a necessidade de superar o manual didático e incorporar tecnologias mais avançadas a importância de transformações na relação educativa na atuação coletiva e combinada de espe cialistas e educadores que coloquem a educação no centro de suas preocupações Ainda sugere repensar o espaço físico a gestão escolar e a formação docente iNTErATividAdE assista ao vídeo Qual é o papel da escola do filosofo e educador Mario Sérgio Cortella no link 2httpswwwyoutubecomwatchvn97RXpgXJ40 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 145 RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA Como se dá a interação entre a escola e a família Quais os desafios que per meiam essa interação Qual a importância da relação familiar no desenvolvi mento intelectual do aluno no ambiente escolar A família constituise como a primeira instituição em que o sujeito encontra um espaço natural para o seu desenvolvimento A noção de família tem se modi ficado no decorrer dos anos e a cada período histórico Até um tempo atrás não faz muito o modelo de família con sistia em pai mãe prole Esse modelo de estrutura familiar era considerado ideal pelo modo dominante de pensar na so ciedade e por isso bastante usado para classificar todos os ou tros como desestruturados desorganizados e problemáticos BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 p 236 Atualmente existem configurações familiares distintas que se assemelham por sua função social Os autores supracitados afirmam que o grupo familiar pos sui como uma de suas funções determinada a partir das necessidades sociais o dever de prover seus membros para que estes possam exercer atividades produti vas além do dever de educálos para que tenham uma moral e valores em conso nância com a cultura a qual pertencem Oliveira 2002 compreende a função familiar como a de educar moralmente ou seja de transmitir valores e costumes de determinadas épocas A educação pri mária constituída pelo modelo de papéis apresentados à criança e o desempenho de seus papéis sociais é de responsabilidade familiar uma vez que a família tem a função de orientar o desenvolvimento e a aquisição de comportamentos ade quados dentro de alguns padrões sociais de determinada cultura Sobre a família Polonia e Dessen 2005 p 304 afirmam que um dos seus papéis principais é a socialização da criança isto é sua inclusão no mundo cultural mediante o ensino da língua materna dos símbolos e regras de convivência em grupo englobando a educação geral e parte da formal em colaboração com a escola À escola compete a função de socialização do saber sistematizado do conhe cimento já elaborado pela criança e da cultura erudita Saviani 2005 compreende que a escola está relacionada com a ciência e não com o senso comum contri buindo para a aquisição de instrumentos que possibilitem o saber elaborado e as bases desse saber Assim família e escola não podem ser vistas como instituições independentes embora possuam objetivos distintos Tais instituições se interpe netram e compartilham a função de preparar crianças e jovens para a sua inserção e participação na sociedade 62 146 Ambas são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado modificando as for mas de funcionamento psicológico de acordo com as expecta tivas de cada ambiente Portanto a família e a escola emergem como duas instituições fundamentais para desencadear os processos evolutivos das pessoas atuando como propulsoras ou inibidoras do seu crescimento físico intelectual emocional e social dEssEN PoloNiA 2007 p 22 Ao considerar que família e escola compartilham funções fica evidente a neces sidade destas instituições manterem relações próximas A comunicação pais e ou responsáveis e professores é fundamental Estreitar os laços é peça chave para o processo de aprendizagem do aluno Todavia apesar de se reconhecer a impor tância dos pais na escolarização dos filhos e a necessidade dos professores conhe cerem a realidade de seus alunos isso nem sempre ocorre O que comumente se observa é um distanciamento das escolas e da família Com o objetivo de refletir esse cenário Oliveira e MarinhoAraújo 2010 tra zem algumas ponderações Muitos professores desconhecem a realidade familiar de seus alunos Isso contribui para que muitos atribuam características negativas à família culpabilizando os pais pelas dificuldades ou comportamentos dos alu nos Também para alguns professores a aproximação dos pais pode atemorizar por se sentirem questionados na sua competência e função de ensinar Além dis so é comum que a comunicação entre a família e a escola se intensifique nas situ ações de mal comportamento ou dificuldades na aprendizagem o que corrobora para que essa relação seja associada a situações desagradáveis No que se refere à percepção dos pais os autores relatam que muitos relacionam a sua participação na escola com o comparecimento a reuniões e em datas comemorativas o que revela um vínculo superficial iNTErATividAdE assista ao vídeo Parceria família e escola no link httpswwwyoutubecomwatchvOlQPJRHoX3A 2 sAiBA mAis sugestão de filme Sociedade dos Poetas Mortos 3filme norteamericano de 1989 dirigido por Peter Weir licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 147 PROBLEMÁTICAS DA ESCOLA ATUAL Pensar a escola requer a reflexão acerca das relações indissociáveis entre esta ins tituição e a sociedade não há como analisála de modo independente da socie dade na qual está inserida O que ocorre no interior das escolas é uma repetição de situações sociais que ocorrem no cotidiano e diante das quais muitas vezes a escola não sabe como lidar A sociedade mudou mas a estrutura de ensino não e é neste ponto que encon tramos divergências que são as principais causas das problemáticas atuais das es colas Há diversas discussões acerca dessa temática no decorrer dos anos as quais tem se modificado conforme o avanço da ciência e dos modos de vida da sociedade Na década de 60 os problemas presentes nas escolas eram vistos como indivi duais e subjetivos de cada aluno Orgânicos ou não faziam parte da constituição do sujeito centrando no aluno todas as causas do seu próprio fracasso As difi culdades apresentadas pelos alunos eram nomeadas e o professor pressupunha uma incapacidade quase inata do sujeito mediante as disciplinas escolares e por certas vezes se desinteressava pelo aprendizado daquele aluno CAldAs 2005 Já na década de 80 os problemas escolares começaram a considerar também os determinismos sociais e as relações familiares e sociais estabelecidas pelos alu nos A culpa do fracasso escolar agora recai sobre o ambiente familiar em que o sujeito está inserido O aluno passa de culpado por seu fracasso na escola à vítima de uma família desestruturada de um ambiente carente de cultura ausente de perspectivas ou investimentos em um projeto que envolva a educação escolar Para Caldas 2005 não se trata de negar a existência de dificuldades familiares problemas emocionais conflitos entre outros mas sim de não estabelecer uma relação causal linear entre estes fatores e a capacidade de aprendizagem buscan do refletir sobre a rede de agentes produtores de incapacidades Além disso nesse período buscouse explicações acerca dos problemas es colares apontando para a ideologia presente nas instituições educativas A críti ca se encontra ligada às diferenças de classes e sustenta a ideia de que o modelo escolar privilegia as classes sociais mais altas Nesse cenário os alunos das clas ses populares sofreriam um certo choque cultural ao se depararem com conteú dos materiais e condutas já estabelecidos dentro das escolas e distantes de sua realidade social CAldAs 2005 A problemática se instaura tanto na escola elitista quanto nas desigualdades de renda elucidando as maneiras dos estudos em alterar a realidade numa vertente so cioeconômica As intervenções aqui fundadas ficaram ainda restritas a denúncias leituras e apontamentos dos déficits com a prática pois faltava um novo embasa mento teórico que abrangesse um novo método uma nova prática CAldAs 2005 63 148 sAiBA mAis Na lista dos grandes desafios a serem encarados hoje dentro da escola constam também a indisciplina as dificuldades de aprendizagem os problemas psicológicos e comportamentais gAZETA do Povo 2009 Disponível em httpwwwgazetadopovocom breducacaoprofessoreseosdesafiosdentrodasala deaulabsmeehc611tmnmdyxmr5jrjny 3 Assim as problemáticas enfrentadas pelas escolas foram assumindo diferentes posições e diferentes causas para suas explicações Hoje existe a ideia centrada nas escolas e nos professores por meio de um discurso pautado no baixo inves timento direcionado às escolas públicas no despreparo dos profissionais para lidarem com os alunos na falta de estrutura para um ensino de qualidade na ausência de instituições suficientes para todos que precisam e baixos salários recebidos pelos professores O problema escolar é focado como resultado da in competência estatal para lidar com questões relacionadas à educação de boa qualidade olivEirA soUZA rEgo 2002 Diversas são as causas das problemáticas atuais nas escolas um aluno pode apresentar problemas orgânicos que prejudiquem seu aprendizado ser membro de uma família com problemas que influenciem suas emoções estar em relaciona mentos que desestimulem sua participação na escola fazer parte de uma institui ção que tenha seus próprios problemas estruturais ou profissionais Ainda assim nenhum destes fatores é o único determinante dos problemas escolares Sendo multifacetados os problemas presentes nas escolas não apresentam uma única so lução mas sim uma junção de pseudosoluções complementares CAldAs 2005 Para Caldas 2005 é preciso pensar a escola em movimento As queixas a inteligência a subjetividade as relações devem estar em movimento Levar em conta o contexto sóciohistórico como pano de fundo para a compreensão dos processos escolares Entender a queixa e o fracasso escolar como uma circunstância como um momento que poderá alterarse e não precisará ser sempre do modo como está hoje conduz a uma possibilidade de pensar alterações a partir de um processo de transformação CALDAS 2005 p 32 Repensar novas propostas considerando o conjunto de determinantes que inter ferem no processo escolar se faz necessário na busca da compreensão e superação das atuais problemáticas escolares 631 A educação e as tecnologias As crianças e adolescentes dos dias de hoje estão imersos em um mundo tecnoló gico Notebooks tablets e smartphones com a sua realidade virtual representam toda uma dimensão na qual elas se sentem à vontade e possibilitam o acelera licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 149 mento de diversos processos evolutivos do indivíduo O ensino tradicional tem tentado adaptarse a essa nova era digital embora ainda apresente certas resistências frente às mudanças A não adaptação do ensino às tecnologias configurase como causa de muitos alunos desinteressaremse pelos estudos e não se conectarem com a escola FisCHEr 2000 Para tanto alguns estu dos apontam a necessidade de algumas mudanças na educação atual a O ensino tradicional coloca o professor no centro do aprendizado a maior mudança pedagógica decorrente das novas tecnologias é que o centro do proces so de ensino e aprendizagem passou do professor para o aluno Anteriormente o professor era o detentor do saber transmitindo às novas gerações o conheci mento advindo dos livros didáticos Com o surgimento da internet as informa ções tornaramse de fácil acesso a qualquer pessoa Assim nesse novo cenário o professor deixa de ser o centro da informação para atuar a favor do conhecimen to tornandose um facilitador entre o conhecimento e o aluno rATNEr 2004 A problemática atual da escola está em negar essa realidade não possibilitando que os alunos desenvolvam uma relação saudável com a internet pensando nela so mente como fonte de entretenimento e não como ferramenta educativa b A recusa em abrir caminho para as novas tecnologias muitas escolas princi palmente as tradicionalistas têm se recusado a implantar as tecnologias digitais como metodologias de ensino Tablets smartphones entre outros podem se tor nar grandes aliados do processo de aprendizagem É preciso observar que a crian ça que não tiver uma educação digital possivelmente terá dificuldades Rezende 2000 salienta que o uso da tecnologia digital nas escolas é uma re alidade cada vez mais presente Atualmente já não se questiona se ela deve ou não estar nesses espaços mas sim como utilizála em prol da educação como incorporar as tecnologias para proporcionar práticas educativas motivadoras e estimulantes para a aprendizagem dos alunos Todavia é essencial atentar que o uso das tecnologias não resolve as problemáticas da educação É essencial que aliado ao uso dessa ferramenta a noção de conhecimento de professor e de aluno sejam repensadas Nas palavras da autora Sabemos entretanto que os meios por si sós não são capazes de trazer contribuições para a área educacional e que eles são ineficientes se usados como o ingrediente mais importante do processo educativo ou sem a reflexão humana rEZENdE 2000 p71 iNTErATividAdE Como usar as Novas Tecnologias na Educação sala de aula deve ser ambiente de criação no link 2 httpswwwyoutubecomwatchvZge9v2jIhRA 150 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 A escola passou por diversas transformações no decorrer da história assumin do diferentes posições e funções Podemos compreender as funções sociais da escola a partir de cinco conceitos a Escola Conservadora b Escola conservadora reprodutora e transformadora c Escola promotora do homem d Escola unitária e desinteressada e Atuais funções da escola Comente acerca de cada conceito 2 Uma das problemáticas atuais que as escolas têm enfrentando é em saber uti lizar as tecnologias digitais como dispositivos de aprendizagem Descreva acerca dessa temática expondo sua opinião licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 151 CONSIDERAÇÕES FINAIS E ste livro teve como objetivo apresentar noções sobre a ciência psicológica de modo a possibilitar o entendimento acerca do funcionamento psíquico humano em especial no que se refere aos aspectos ligados à aprendiza gem e ao desenvolvimento Para que tal estudo fosse possível fezse necessária uma explanação inicial acerca da Psicologia enquanto ciência e sua distinção do conjunto de saberes populares denominado conhecimento do senso comum A seguir foram apresentados os conceitos básicos de 3 importantes abordagens psicológicas Psicanálise Behaviorismo e Humanismo O estudo dos aspectos gerais do desenvolvimento humano com ênfase na infância e adolescência sub sidiou as unidades posteriores que enfatizaram a compreensão da aprendizagem enquanto fenômeno complexo e multifatorial Com a abordagem dos transtor nos de aprendizagem buscouse capacitar o estudante no sentido da identifica ção dos casos que podem exigir uma atenção especial e possíveis adaptações Por fim a discussão sobre os aspectos sociais envolvendo a escola viabilizaram a reflexão acerca de temas atuais importantes como a função social da escola as relações família e escola entre outros Ao discorrermos sobre tais temáticas procuramos disponibilizar a você prezadoa estudante as bases necessárias para a compreensão do desenvolvi mento humano e dos processos de aprendizagem tão importantes na sua futura atuação profissional Esperamos que as reflexões propostas ao longo do texto tenham despertado em você a curiosidade e o interesse necessários para que sigas procurando ampliar os seus conhecimentos acerca da Psicologia do De senvolvimento e da Aprendizagem A formação de um profissional comprometido com a educação de qualidade requer o aperfeiçoamento contínuo Para que a escola cumpra com o seu papel de educar contemplando a todos é essencial que o profissional docente com preenda e respeite as diferenças humanas Considerar que cada indivíduo apesar das influências do meio do coletivo aprende à sua maneira de acordo com suas condições e no seu tempo é essencial Neste contexto o desafio do professor está em proporcionar aos alunos con dições e oportunidades para que eles se tornem protagonistas do processo da aprendizagem sujeitos ativos e produtores de saberes e não meros repetidores de informações Ensinar não é transferir conhecimento mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção Paulo Freire 152 REFERÊNCIAS ABBAgNANo N Dicionário de Filosofia 5ª ed São Paulo Martins Fontes 2007 ABErAsTUrY A KNoBEl m Adolescência normal Um enfoque psicanalítico Por to Alegre Artmed 1981 Acesso em 28 jan 2018 AlTrEidEr A Dislexia varlendo contra o vento In roTTA N T FilHo C A B Bri di F r s Neurologia e Aprendizagem Abordagem Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2016 AlvEs g l A Produção da Escola Pública Contemporânea Campo Grande Ed UFms Campinas Autores Associados 2001 AmEriCAN AssoCiATioN oN iNTEllECTUAl ANd dEvEloPmENTAl disABiliTiEs In tellectual Disability Disponível em httpsaaiddorgintellectualdisability definitionWo72M6inHIU Acesso em 05 jan 2018 ArAÚJo E s C dE viEirA m de o Práticas docentes na Saúde contribuições para uma reflexão a partir de Carl Rogers Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional sP v 17 n 1 p 97104 2013 Disponível em httpwwwscielobrpdfpeev17n1a10v17n1pdf Acesso em 30 jan 2018 ArAUJo s de F Uma visão panorâmica da psicologia científica de Wilhelm Wundt Scientiae Studia São Paulo v 7 n 2 p 209220 2009 Disponível em httpwwwscie lobrscielophpscriptsciarttextpidS167831662009000200003lngptnrmi so Acesso em 11 jan 2018 AriÈs P História social da criança e do adolescente Rio de Janeiro Guanabara Koogan 1981 AssoCiAção PorTUgUEsA dE PEssoAs Com 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de Educação 2 ed Petrópolis Vozes 1999 BoUrdiEU P PAssEroN J A Reprodução elementos para uma teoria do sistema de ensino Rio de Janeiro Livraria Francisco Alves Editora 1975 BrAsil Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil Formação Pessoal e Social v 2 Ministério da Educação e do Desporto Secretaria de Educa ção Fundamental Brasília mECsEF 1998 Disponível em httpportalmec govbrsebarquivospdfvolume2pdf Acesso em 10 fev 2018 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil Secreta ria de Educação Básica Brasília mEC sEB 2010Disponível em httpndiufsc brfiles201202DiretrizesCurricularesparaaEIpdf Acesso em 24 março 2018 BridiFilHo C A Bridi F r de s Sobre o aprender e suas relações In roTTA N T BridiFilHo C A Bridi F r de s Neurologia e Aprendizagem Abordagem Multidisciplinar Porto Alegre Artmed 2016 BridiFilHo C A Bridi F r de s sAlgUEiro m C A Elementos neuropsicoló gicos do transtorno de déficit de atençãohiperatividade TdAH In roTTA N T BridiFilHo C A Bridi F r dE s Neurologia e Aprendizagem Abordagem Mul tidisciplinar Porto Alegre Artmed 2016 CAldAs r F l Fracasso escolar reflexões sobre uma história antiga mas atual Psicologia teoria e prática jun v7 n1 p2133 2005 CAmPBEll l CAmPBEll B diCKiNsoN d Ensino e Aprendizagem por meio das Inteligências Múltiplas 2ª ed Porto Alegre Artes Médicas 2000 CAmPos d m de s PsiCologiA dA APrENdiZAgEm 41ª ed Petrópoles Vozes 2014 CArdoso m A lArA A m B Sobre as funções sociais da escola IX Congresso Na cional de EducaçãoEdUCErE III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia Curi tiba PUCPr 2009 Disponível em httpprofessorpucgoiasedubrSiteDocente adminarquivosUpload5146materialSobre20as20funções20sociais20 da20escolapdf Acesso em 05 de janeiro de 2018 154 CArrAro P r Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem 1ª ed Rio de Janeiro sEsEs 2015 Disponível em httpestaciowebaulacombrBiBlioTECA ACErvoBAsiCopddeapBiblioteca374046Biblioteca374046pdf Acesso em 23 de fevereiro de 2018 CArroll J m et al Literacy 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Volpato et al Psicoterapias Abordagens atuais 2a ed Porto Alegre Artes Médicas 1998 CÓriAsABiNi m A Psicologia aplicada à educação São Paulo EPU 1986 CorsiNi C F Dificuldade de aprendizagem representações sociais de professo res e alunos 1998 Dissertação Mestrado em Educação Pontifícia Universidade Católica de Campinas Instituto de Psicologia e Fonoaudiologia Campinas sP1998 CosENZA r m gUErrA l B Neurociência e Educação Como o cérebro aprende Porto Alegre Artmed 2011 CUNHA m v Pavlov Watson e Skinner Comportamentalismo e Educação In Psi cologia da Educação dPlA Rio de Janeiro 2002 dAiNÊZ d A inclusão escolar de crianças com Deficiência mental focalizando a noção de compensação na abordagem históricocultural 2009 148 p Disserta ção Mestrado em Educação Universidade Metodista de Piracicaba Piracicaba licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 155 São Paulo 2009 dANTAs H A infância da razão Uma introdução a Psicologia da Inteligência de Henri Wallon São 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saber em jogo a psicopedagogia propiciando autorias de pensa mento Porto Alegre Artes Médicas 2001 FErNANdEZ A Y et al Avaliação e intervenção da disortografia baseada na se miologia dos erros revisão da literatura Revista CEFC v 12 n 3 2010 FErrEiriNHA i m N rAiTZ T r As relações de poder em Michel Foucault reflexões teóricas Rev Adm Pública v 44 n 2 p 367383 abr 2010 Disponível em http wwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS003476122010000200008ln gptnrmiso Acesso em 27 dez 2017 FisCHEr J Sugestões para o desenvolvimento do trabalho pedagógico Timbó Tipotil 1997 FoNsECA v Introdução às Dificuldades de Aprendizagem Porto Alegre Artmed 1995 FoUCAUlT m Vigiar e Punir Nascimento das Prisões Petrópolis Editora Vozes 2014 gAArdEr J O Mundo de Sofia São Paulo Cia das Letras 2012 156 gAllAHUE d oZmUN J C Compreendendo o desenvolvimento motor bebês crianças adolescentes e adulto 3ª Ed São Paulo Phorte Editora 2005 gAlvão i Henri Wallon uma concepção dialética do desenvolvimento infantil 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161 APRESENTAÇÃO DAS PROFESSORAS RESPONSÁVEIS PELA ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Josieli Piovesan Mestra em Envelhecimento Humano Universidade de Passo Fundo Especiali zação em Educação Especial ênfase em deficiências Múltiplas pela UriFW Uni versidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus Frederico Westphalen Bacharel em Psicologia pela UriFW Atualmente é professora do Departamento de Ciências Humanas na UriFW Juliana Cerutti Otonelli Doutoranda em Educação no Programa de Pósgraduação da UNisiNos Mestra em Educação pela UriFW Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus Frederico Westphalen Especialização em Psicologia Organiza cional e do Trabalho pela Universidade Regional de BlumenauFUrB Bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário FranciscanoUNiFrA Atualmente é professo ra do Departamento de Ciências Humanas na UriFW e psicóloga municipal em Frederico Westphalen Jussania Basso Bordin Mestra em Educação pela UriFW Universidade Regional Integrada do Alto Uru guai e das Missões campus Frederico Westphalen Especialização em Educação Especial ênfase em Deficiências Múltiplas e em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela UriFW Licenciatura em Pedagogia pela UriFW Atualmente é pro fessora na Escola de Educação Especial APAE de Frederico Westphalen e atua como psicopedagoga Laís Piovesan Especialização em Saúde da Família pela Universidade Federal de Santa Catari na Residência Multiprofissional em Saúde Mental Coletiva pela Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul Bacharel em Psicologia pela UriFW Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus Frederico Westpha len Atualmente é psicóloga da Universidade Federal de Santa Maria Campus Frederico Westphalen
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As Transições Familiares do Divórcio ao Recasamento no Contexto Brasileiro
Teorias do Desenvolvimento
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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM AUTORAS Josieli Piovesan Juliana Cerutti Ottonelli Jussania Basso Bordin Laís Piovesan PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO Santa Maria RS 2018 AUTORAS Josieli Piovesan Juliana Cerutti Ottonelli Jussania Basso Bordin Laís Piovesan UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA UABNTEUFSM 1ª Edição PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL MINISTRO DA EDUCAÇÃO PRESIDENTE DA CAPES UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA Michel Temer Núcleo de Tecnologia Educacional NTE Este caderno foi elaborado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional da Uni versidade Federal de Santa Maria para os cursos da UAB Mendonça Filho Abilio A Baeta Neves Paulo Afonso Burmann Luciano Schuch Frank Leonardo Casado Martha Bohrer Adaime Jerônimo Siqueira Tybusch Sidnei Renato Silveira REITOR VICEREITOR PRÓREITOR DE PLANEJAMENTO PRÓREITOR DE GRADUAÇÃO COORDENADOR DE PLANEJAMENTO ACADÊMICO E DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COORDENADOR DO CURSO DE LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO NÚCLEO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL Paulo Roberto Colusso Reisoli Bender Filho Paulo Roberto Colusso DIRETOR DO NTE COORDENADOR UAB COORDENADOR ADJUNTO UAB Ministério da Educação P974 Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem recurso eletrônico Josieli Piovesan et al 1 ed Santa Maria RS UFSM NTE 2018 1 ebook Este caderno foi elaborado pelo Núcleo de Tecnologia Educacional da Universidade Federal de Santa Maria para os cursos da UAB Acima do título Licenciatura em computação ISBN 9788583412243 1 Psicologia 2 Psicologia do desenvolvimento 3 Psicologia da aprendizagem I Piovesan Josieli II Universidade Aberta do Brasil III Universidade Federal de Santa Maria Núcleo de Tecnologia Educacional CDU 159922 1599535 370153 Ficha catalográfica elaborada por Alenir Goularte CRB10990 Biblioteca Central da UFSM NÚCLEO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL Paulo Roberto Colusso DIRETOR DO NTE Camila Marchesan Cargnelutti Maurício Sena Carmen Eloísa Berlote Brenner Caroline da Silva dos Santos Keila de Oliveira Urrutia Carlo Pozzobon de Moraes Ilustrações Juliana Facco Segalla Diagramação Matheus Tanuri Pascotini Capa e Ilustrações Raquel Bottino Pivetta Diagramação Ana Letícia Oliveira do Amaral Josieli Piovesan Juliana Cerutti Ottonelli Jussania Basso Bordin Laís Piovesan ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO REVISÃO LINGUÍSTICA APOIO PEDAGÓGICO EQUIPE DE DESIGN PROJETO GRÁFICO APRESENTAÇÃO E ste material visa a subsidiar os estudos da disciplina Psicologia da Apren dizagem e do Desenvolvimento Nesse sentido apresenta inicialmente um breve histórico da Psicologia e noções sobre três importantes abordagens psicológicas Psicanálise Behaviorismo e Psicologia Humanista Em seguida na Unidade 2 são abordados aspectos do desenvolvimento humano em especial da criança e do adolescente sob a perspectiva psicológica e social Nas unidades 3 e 4 propõese discutir o fenômeno da aprendizagem humana seus fatores inter venientes e sua compreensão a partir de determinadas teorias em especial as de Piaget Vygotsky Wallon e Ausubel Na unidade 5 são abordados os transtornos de aprendizagem e possíveis adaptações pedagógicas utilizadas nestes casos Por fim na unidade 6 discutemse as funções sociais da escola a dinâmica família escola e as problemáticas da escola atual Como você poderá perceber ao longo da leitura deste material os conteúdos se entrelaçam e interrelacionam a todo instante Isso porque estudar os proces sos de aprendizagem significa também conhecer as bases do desenvolvimento e compreender a relevância das interações sociais na formação humana Para um melhor entendimento e aproveitamento dos temas abordados sugerimos que você procure se manter atento a tais interrelações e sempre que necessário retome os conceitos trabalhados Além disso antes de iniciar a leitura de cada unidade tente fazer um exercício de resgate em sua memória Analise o que você já sabe sobre o conteúdo que será abordado e quais questionamentos tais conteúdos suscitam em você Você pode anotar esses questionamentos e ao final da leitura tentar respondêlos Esse processo de resgate dos conhecimentos prévios e reflexão acerca de suas lacunas ajudará na construção do novo aprendizado pois a construção do saber se dá em rede As informações novas irão se ligando a conhecimentos já existentes am pliando sua complexidade e tornandoos cada vez mais consolidados Ao finalizar esta disciplina esperamos que você tenha adquirido uma maior compreensão acerca do psiquismo humano em especial sobre como ocorrem os processos de aprendizagem e os fatores que interferem no desenvolvimento humano Que estes conhecimentos auxiliem na sua prática enquanto educador e que despertem em você o interesse em estudar os aspectos psicológicos asso ciados às práticas educacionais Prezados Alunos ENTENDA OS ÍCONES ATENção faz uma chamada ao leitor sobre um assunto abordado no texto que merece destaque pela relevância iNTErATividAdE aponta recursos disponíveis na internet sites vídeos jogos artigos objetos de aprendizagem que auxiliam na compreensão do conteúdo da disciplina sAiBA mAis traz sugestões de conhecimentos relacionados ao tema abordado facilitando a aprendizagem do aluno TErmo do glossário indica definição mais detalhada de um termo palavra ou expressão utilizada no texto 1 2 3 4 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO Introdução 11 Contextualizando a Psicologia 12 Psicanálise 13 Behaviorismo ou Comportamentalismo 14 Psicologia Humanista 5 9 38 11 17 25 33 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO UNIDADE 2 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO UNIDADE 3 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM UNIDADE 4 TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS Introdução Introdução Introdução 21 Aspectos culturais do desenvolvimento 31 Conceituando aprendizagem 41 Epistemologia Genética de Jean Piaget 1896 1980 32 Características da aprendizagem 42 Teoria Sociointeracionista de Vygostky 33 Dimensões do processo de aprendizagem 43 Teoria do desenvolvimento humano de Henri Wallon 1879 1962 34 Fatores que interferem no processo de aprendizagem 44 Teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel 1918 2008 22 Fases do desenvolvimento humano 56 72 39 57 73 59 75 41 47 42 60 77 62 83 65 88 70 93 12 45 As teorias da aprendizagem e a relação professor aluno 100 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO Introdução Introdução 51 Dificuldades distúrbios e transtornos de aprendizagem 61 Instituições de ensino espaço compartilhado da formação da consciência e construção do conhecimento 102 131 150 105 134 106 136 52 Transtornos específicos de aprendizagem 53 Transtorno específico de aprendizagem com prejuízo na leitura dislexia 62 Relação família e escola 54 Transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na escria a disotografia 63 Problemáticas da escola atual 55 Transtorno específico da aprendizagem com prejuízo na matemática a disalculia 56 Transtorno de déficit de atençãohiperatividade TDAH 57 Aspectos emocionais dos transtornos de aprendizagem 108 110 145 117 147 121 125 129 151 152 161 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES UNIDADE 5 TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM UNIDADE 6 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA 103 132 1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 11 INTRODUÇÃO E sta unidade objetiva apresentar uma visão geral sobre a Psicologia se cons tituindo como alicerce para o posterior estudo de temas diretamente rela cionados à Psicologia da Aprendizagem e do Desenvolvimento Para tanto propomos a discussão do termo psicologia e os diferentes contextos no qual ele pode ser empregado dando ênfase ao viés científico que irá conduzir as demais reflexões ao longo deste livro A história da Psicologia contribuirá com este en tendimento e possibilitará ao estudante perceber a complexidade da área que é marcada por uma extensa diversidade de teorias objetos de estudo e modos de compreender o indivíduo Talvez você já tenha se perguntado ou está se perguntando nesse momento qual é a necessidade de um professor conhecer determinadas teorias psicológicas Compreender os fenômenos psicológicos elementares é de grande importância na formação de todos os profissionais que trabalham com pessoas No caso da docência esta importância é amplificada uma vez que o professor acaba por ter influência significativa na formação da personalidade do aluno Não podemos esquecer que a escola costuma ser depois da família o ambiente de maior rele vância para a criança Ademais os saberes psicológicos podem contribuir com a qualificação dos processos educacionais pois favorecem a compreensão do indi víduo de modo global Conhecer os fundamentos do psiquismo humano as bases motivacionais os aspectos cognitivos relacionais e emocionais contribuirá para um exercício docente mais comprometido e mais efetivo 12 Ao iniciarmos o estudo da Psicologia é pertinente esclarecermos os diferentes sig nificados que o termo abrange e situar em torno de qual se dará este livro Muito provavelmente você já utilizou ou já ouviu alguém usando o termo psicologia Talvez tenha dito a algum amigo que ele precisa usar da psicologia para convencer os pais a autorizarem que vá numa festa Talvez tenha pensado que um amigo age como psicólogo porque te escuta ou te dá conselhos Tanto no primeiro quanto no segundo exemplos podemos dizer que o emprego dos termos psicologiapsi cólogo estão alicerçados no que chamamos de psicologia do senso comum Por senso comum entendese o conjunto de saberes que as pessoas utilizam no seu dia a dia Ele é o resultado de experiências vividas do que se observa do que se aprende com outras pessoas no cotidiano etc BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 A psicologia do senso comum é um emaranhado de saberes construídos so cialmente e transmitidos culturalmente no intuito de explicar como o ser huma no funciona em seus aspectos psíquicos E se ela existe é porque cumpre uma função na vida das pessoas De modo geral poderíamos dizer que a psicologia do senso comum contribui para a atribuição de um significado às situações da vida e também na tomada de decisões na medida em que embasa as ideias as opiniões e as crenças individuais e grupais Por outro lado mas não de maneira antagônica temos a psicologia como ci ência ou ciência psicológica Dentre outras características o conhecimento cien tífico é aquele constituído por rigorosos estudos faz uso de linguagem precisa e objetiva é passível de verificação e busca minimizar a interferência dos aspectos emocionais incluindo crenças e opiniões do pesquisador Por maiores que sejam as dessemelhanças entre o conhecimento do senso comum e o conhecimento científico ambos têm entre si uma relação de codependência O conhecimento do senso comum contribui com a evolução da ciência uma vez que são as situações cotidianas as problemáticas do dia a dia que inspiram novos estudos e movimentam a ciência tornandoa sempre dinâmica Ao mesmo tempo o conhecimento do senso comum é em partes constituído pela apropria ção de saberes ou termos da ciência Ou seja muitos saberes populares têm um fundamento científico mas não são compreendidos em sua totalidade ou então passaram por variações no seu entendimento em função de elementos culturais religiosos entre outros BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 Um exemplo é o termo psicopata você já deve ter visto uma pessoa chaman do outra de psicopata por fazer algo que considerou cruel ou malintencionado Provavelmente esta pessoa se baseou em algum conhecimento científico mas não compreende o significado da palavra de maneira mais profunda e complexa Ou seja ela tem algum entendimento do que o termo significa mas não está preocu pada com o rigor que um diagnóstico profissional exige nem compreende a psi copatia de modo científico Além disso no seu entendimento é possível que haja interferência de aspectos morais ou religiosos algo que a ciência procura evitar CONTEXTUALIZANDO A PSICOLOGIA 11 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 13 Isso não quer dizer que o conhecimento do senso comum seja inferior ele é apenas um conhecimento diferente construído de modo distinto Um outro exemplo que pode auxiliar na compreensão desta diferença é o caso de uma es tudante que compreende que a repetição é importante para a memorização de uma informação mas ela não sabe explicar por que isso acontece desconhece os fenômenos cerebrais envolvidos neste processo Essa explicação detalhada e rigorosa é função da ciência Para a ciência não basta saber que é assim devese compreender o porquê das coisas Algumas das diferenças entre a psicologia do senso comum e a psicologia como ciência estão apresentadas no quadro 1 QUAdro 1 Psicologia do senso comum e Psicologia como ciência FoNTE Autoras 2018 Toda ciência tem seu objeto de estudo que é aquilo sobre o qual irá se debruçar para conhecer melhor No caso da Psicologia essa definição não é tão simples por razões que poderemos compreender melhor ao estudarmos um breve histórico do surgimento desta área do conhecimento 111 Considerações sobre a história da Psicologia e seus objetos de estudo A história da Psicologia pode ser contada a partir de dois momentos distintos Se nos referirmos à psicologia como ciência seu início será em 1879 na Alemanha com Wilhelm Wundt Por outro lado se considerarmos as primeiras tentativas de sistematizar os conhecimentos sobre as questões psíquicas teremos de partir da filosofia grega 1111 A história da Psicologia filósofos gregos O termo psicologia tem origem em duas palavras gregas psyché alma logos razão De tal modo a psicologia seria o estudo da alma Segundo Bock Fur tado e Teixeira 2008 p 33 para os filósofos gregos A alma ou espírito era con cebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento os sen timentos de amor e ódio a irracionalidade o desejo a sensação e percepção Psicologia do senso comum Psicologia como ciência Conhecimentos acumulados no cotidiano e transmitidos culturalmente Apropriação de conhecimentos científicos sem a preocupação com a adequação de seu uso Linguagem coloquial informal Não tem base teórica Grande influência de valores morais certo x errado Conhecimentos adquiridos de modo sistemático Preocupação com a objetividade e maior aproximação possível da imparcialidade Linguagem formal e precisa Possui uma base teórica Busca neutralidade em relação a valores morais 14 Conforme os autores Sócrates 469399 aC foi o responsável por impulsionar as ideias sobre o mundo psicológico por meio do estudo da razão compreendi da como a essência do humano aquilo que o difere dos animais Posteriormen te Platão 427347 aC dedicouse a desvendar a parte do corpo que abrigaria a razão e defendeu a imortalidade da alma e sua separação em relação ao corpo Aristóteles 384322 aC por sua vez entendeu a alma como pertencente ao corpo e defendeu seu caráter de mortalidade Deste modo podese perceber que 2300 anos antes do advento da psicologia científica já existiam estudiosos que se dedicavam à compreensão do mundo psíquico Com a queda do Império Romano e o início da Idade Média as teorias acerca dos fenômenos psíquicos passaram a ter forte influência da religiosidade uma vez que a Igreja Católica era detentora de grande poder Santo Agostinho 354 430 e São Tomás de Aquino 12251274 podem ser mencionados como dois pen sadores que marcaram esta época Suas ideias mantinham grande ligação com questões divinas e dogmas da Igreja Após este longo período Império Romano e Idade Média em que os conhe cimentos psicológicos estiveram atrelados aos saberes religiosos iniciase uma época marcada por importantes transformações o Renascimento ou Renascença Inaugurado no século Xiv este movimento constituiuse por meio de mudanças significativas em diversas áreas artes política etc e um avanço na produção do conhecimento Leonardo da Vinci 14521519 William Shakespeare 15641616 Galileu Galilei 15641641 e René Descartes 15961650 foram estudiosos que mar caram esta época O último em especial é considerado por muitos o precursor da filosofia moderna ao postular que o ser humano possui uma parte material corpo e uma parte pensante mente alma espírito Tal concepção possibilitou o estudo do corpo humano após a morte propiciando grandes avanços nos estu dos da anatomia e fisiologia áreas de grande relevância na construção das teorias psicológicas BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 Os valores e a visão de mundo apresentados no Renascimento foram promovendo transformações socioculturais que culminaram na criação da ciência psicológi ca Conforme Bock Furtado e Teixeira 2008 devese considerar como relevantes para a origem da Psicologia Científica a crescente valorização da ciência enquan to modo privilegiado de dar conta das demandas apresentadas pela nova ordem social capitalismo a importância crescente das questões individuaispessoais sAiBA mAis Descartes cunhou a frase Penso logo existo Para elucidála podemos nos valer do trecho do livro O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder 2012 p 258 Então concluiu que se havia algo de que podia ter certeza era o fato de que duvidava de tudo Entretanto quando duvidamos de algo podemos ter a certeza de que estamos raciocinando e quando raciocinamos temos a garantia de que somos seres pensantes O referido livro trata da história da Filosofia utilizandose de elementos literários o que o torna bastante atrativo ao leitor Recomendamos 3 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 15 também permeadas pelos ideais capitalistas e a perda de referências ocasionada pelo enfraquecimento da influência da Igreja Católica na vida das pessoas Assim os humanos passavam a ter a necessidade de construir uma ciência que estudasse e produzisse visibilidade para a experiência subjetiva Surge assim a Psicologia A Psicologia é produto das dúvidas do homem moderno esse humano que se valorizou enquanto indivíduo e que constituiu como sujeito capaz de responsabilizarse e escolher seu destino A Filosofia que até então tinha algo a dizer sobre essas experiências e a Fi siologia que podia estudar cientificamente as sensações fonte da subjetividade humana se reúnem como pensamentos para fundar no final do século XiX a Psicologia BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 p 40 Desse modo os indivíduos passaram a ser considerados responsáveis pelos seus próprios destinos precisavam tomar decisões encontrar sozinhos algumas res postas o que costuma ser altamente angustiante 1112 A história da Psicologia ciência É sempre tarefa espinhosa determinar quem foi o pioneiro o primeiro indivíduo a realizar algo É como se desconsiderássemos aqueles que o antecederam ou mesmo seus contemporâneos que contribuíram com ideias questionamentos ou críticas Mas o que significa contar uma história senão escolher fatos a serem narrados No que concerne à Psicologia moderna ou científica considerase Wilhelm Wundt Alemanha 18321926 como seu fundador em razão de ter sido o primeiro a realizar experimentos em laboratório a fim de compreender os fe nômenos psicofisiológicos Para Wundt o objeto de estudo da Psicologia era a experiência consciente ime diata Valendose da introspecção controlada ele treinou os participantes de seus estudos para que relatassem suas percepções ao serem expostos a diferentes es tímulos visuais táteis sonoros etc Assim a partir da descrição detalhada e sis temática dos fenômenos mentais conscientes Wundt inaugurou um novo modo de construção do conhecimento na área psicológica Todavia o próprio autor re conheceu que há fenômenos mentais inacessíveis à experimentação São aqueles que ele considerava terem grande influência de aspectos culturais como a lingua gem Nesse caso utilizase como meio de acesso ao objeto de estudo a observa ção ArAÚJo 2009 riBEiro 2003 TErmo do glossário introspecção é a Observação e descrição por determinada pessoa de suas experiências e seus padrões de comportamento Método de observação e descrição objetiva dos fatos psíquicos e do conteúdo da 4 16 Podemos dizer que nem todas as teorias psicológicas foram constituídas a partir de métodos de experimentação Muitas delas foram fundamentadas a partir da observação e da prática profissional E isso se explica pela diversidade e complexi dade dos fenômenos psicológicos como poderemos verificar a seguir ao apresen tarmos algumas das teorias da Psicologia Optouse por discorrer nesta unidade sobre a Psicanálise o Behaviorismo ou Comportamentalismo e o Humanismo por se entender que apresentam contribuições significativas à área da educação Nas unidades posteriores especialmente na três você terá acesso a outras teorias autores como Vygotsky e Piaget que contribuirão de maneira bastante direta à compreensão dos processos de aprendizagem consciência do próprio observador em termos de seus elementos e atributos miCHAElis 2015 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 17 Talvez o termo Psicanálise seja novo para você mas muito provavelmente você já tenha escutado o nome de seu fundador ou mesmo a popular frase Freud expli ca Mas afinal o que Freud explica Certamente ele não explica tudo O que ele faz é explicar as coisas sob um outro ponto de vista Sigmund Freud foi um médico vienense que viveu de 1856 a 1939 e dedicouse a compreender o psiquismo humano Nos primórdios de sua carreira voltouse ao tratamento das histerias em sua maioria mulheres por meio da hipnose método que aprendeu com o psiquiatra Jean Charcot em Paris Ao serem submetidas à su gestão hipnótica as pacientes ficavam livres dos sintomas que causavam sofrimen to No entanto não muito tempo depois outros sintomas costumavam aparecer O retorno dos sintomas bem como o fato de que nem todos os pacientes eram capazes de serem hipnotizados fizeram com que Freud pouco a pouco fosse abandonando esse método e criando sua própria metodologia de trabalho a as sociação livre Freud pedia aos pacientes que relatassem tudo que lhes viesse à mente e também que lhe contassem seus sonhos A partir disso descobriu que há fenômenos psíquicos que escapam à consciência humana Construiu então sua teoria sobre o inconsciente préconsciente e consciente 121 Inconsciente préconsciente e consciente Para compreender a estrutura proposta por Freud podemos nos valer da metáfo ra do iceberg Figura 1 TErmo do glossário histeria deriva da palavra grega hystera que significa útero ou matriz se caracteriza por um sintoma ou conjunto de sintomas de manifestação física mas que tem sua causa psíquica As pacientes tratadas por Freud e Charcot apresentam em sua maioria ataques semelhantes aos epilépticos eou paralisias de membros incluindo cegueira roUdiNEsCo PloN 1998 4 sAiBA mAis o documentário A invenção da psicanálise 1997 de Elisabeth Roudinesco e Elisabeth Kapnist exibe a trajetória do pensamento freudiano e as questões de sua época que tiveram grande influência nos rumos da Psicanálise 3 PSICANÁLISE 12 18 FigUrA 1 A metáfora do iceberg FoNTE Autoras 2018 Na parte superior o consciente é composto pela percepção atenção pensamen tosraciocínio ou seja tudo aquilo que está acessível Já o préconsciente na por ção intermediária é formado pelos conteúdos que não estão totalmente disponí veis na consciência mas que mediante um exercício de introspecção podem se tornar conhecidos como algumas memórias e conhecimentos Por fim a fração mais extensa e profunda da mente o inconsciente Nele encontramse conteúdos que o indivíduo não se dá conta que foram escondidos por causarem angústia vergonha ou culpa motivações violentas desejos egoístas etc A esse processo de tornar oculto Freud deu o nome de recalque ou recalcamento E por que ele acon tece Para preservar o equilíbrio do funcionamento psíquico ou seja para evitar que o sujeito vivencie um grande sofrimento e se desestabilize emocionalmente Freud opôsse à tendência dominante em sua época de expli car os fenômenos psíquicos apenas pelos fatos que o indivíduo tem na consciência em um determinado momento Ele não via nos processos conscientes a essência da vida psíquica Ao contrário na determinação do psiquismo os processos cons cientes se somariam aos préconscientes e aos inconscientes CÓriAsABiNi 1986 p 92 O fato de que nosso aparelho psíquico trabalha de modo a esconder de nós mes mos certos conteúdos não significa que eles não nos afetem Por mais que sejam descritos de forma estática o consciente o préconsciente e o inconsciente são processos dinâmicos e em constante relação iNTErATividAdE acesse o link httpswwwyoutubecom watchviP65aLkk1GM para assistir ao vídeo O que é recalque de Franklin Leopoldo e Silva pelo canal Casa do Saber 2 pré consciente inconsciente consciente licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 19 122 Id Ego e Superego Ao longo de seus estudos Freud identificou que o aparelho psíquico era mais com plexo do que supunha anteriormente ao propor as três dimensões da mente cons ciente préconsciente e inconsciente Introduziu então a hipótese da existência de outras três instâncias psíquicas id ego e superego que não anulam suas ideias anteriores do contrário as complementam Násio 1999 sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 Id é a instância pulsional a fonte de energia psíquica É regido pelo Princípio do Prazer ou seja seu objetivo é a obtenção de prazer e a evitação da dor e de modo imediato É constituído principalmente por aspectos inatos não conhece ética moral ou valores É egoísta impulsivo irracional e agressivo a parte animal da nossa personalidade Em um primeiro momento o id pode parecer algo nega tivo que deveria ser eliminado Mas esta não é uma realidade Pensemos no iní cio da vida o bebê chora grita e esperneia quando está com fome ou tem algum desconforto Ele não para até que sua necessidade seja atendida e isso garante sua sobrevivência No entanto a importância do id se estende para além da primeira infância como veremos mais adiante Ego é a instância responsável pelo contato com a realidade Seu objetivo é satisfazer as demandas dos instintos primitivos id de modo adequado ao am biente em que vive É regido pelo Princípio da Realidade que se configura pelo adiamento da gratificação obtenção do prazer e evitação da dor Representante do equilíbrio psíquico tem função mediadora e integradora entre as pulsões do id e as exigências do superego Tem componentes conscientes préconscientes e inconscientes Se desenvolve a partir do id já nos primeiros anos de vida por meio das interações sociais do indivíduo Superego é a instância da moralidade Se funda a partir do ego e tem como objetivo suprimir os impulsos inaceitáveis do id de modo a possibilitar a convi vência civilizada É responsável pelo senso de certo e errado pois compreende os valores morais e culturais do indivíduo e seu grupo É portanto o responsável pelos sentimentos de vergonha culpa e remorso Assim como o ego ele também tem componentes conscientes préconscientes e inconscientes Para Freud o su perego se desenvolve por volta dos cinco anos Como é possível imaginar a relação entre estas três forças nem sempre é pací fica As demandas do id muitas vezes são conflitantes com as exigências do su perego e colocam o ego em uma posição difícil Tanto que baseandose na teoria psicanalítica podemos dizer que uma pessoa tem saúde mental se há um equilí brio entre tais instâncias Nesta perspectiva o ego adquire o papel fundamental de realizar parcialmente os desejos e impulsos do id ao mesmo tempo em que respei ta os princípios do superego além de considerar os aspectos da realidade externa Como ilustração da relação dinâmica entre id ego e superego segue o exem plo abaixo 20 Neste exemplo por questões didáticas os conceitos estão bem delimitados Mas é importante esclarecer que tais instâncias não têm as bordas claramente de finidas ou seja não é fácil e talvez nem possível determinar com precisão o que é manifestação do id do ego ou do superego Elas se misturam e até se confundem O que é fundamental entender é que a residem em nós forças conflitantes forças que tendem à união e à boa con vivência e forças que são destrutivas e b desconhecemos grande parte delas por estarem no inconsciente Em fun ção disso nem sempre sabemos o que queremos ou compreendemos os moti vos de nossos sofrimentos Há situações em que o ego se sente ameaçado seja pela existência de con flitos entre ele e a realidade entre o id e o superego ou mesmo entre o id e a realidade Quando isso acontece surge a ansiedade A ansiedade causa descon forto no indivíduo e gera tensão que precisa ser aliviada Para que isso aconteça o ego pode utilizar diversas estratégias dentre elas os mecanismos de defesa sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 Os mecanismos de defesa do ego são inconscientes ou seja a pessoa não se dá conta de que os está utilizando De modo geral podemos dizer que eles servem para proteger o indivíduo de verdades ameaçadoras e que causariam um sofri mento que ele considera intenso demais para lidar São várias as estratégias in Mariana está no 7º ano do ensino fundamental é bastante dedicada aos estu dos e leva os compromissos com responsabilidade O professor de determi nada disciplina orientou que a turma se dividisse em duplas para realização de um trabalho Mariana fez dupla com Natália O trabalho era para ser feito de modo coletivo mas elas optaram por separar a tarefa e cada uma fazer uma parte Mariana ficou a responsável por finalizar o trabalho imprimilo e entregálo No entanto Natália não fez sua parte como combinado e o traba lho foi entregue incompleto Mariana ficou com muita raiva sua vontade era xingar a colega na frente da turma e lhe dar uns quantos tapas id Ela estava mesmo furiosa Mas sabia que um comportamento desses lhe traria proble mas e que provavelmente se arrependeria disso depois ela não aprovava a violência como forma de resolver os problemas superego Por outro lado percebia que precisava fazer alguma coisa com sua raiva se sentia injustiça da Pensou então que uma forma adequada de lidar com a situação era con versar com a colega e explicar o quanto se incomodou com o ocorrido pois valorizava muito um bom desempenho escolar Além disso decidiu sugerir que ambas conversassem com o professor e pedissem um prazo para refazer o trabalho ego E foi o que fizeram Mariana ficou satisfeita consigo mesma Ela conseguiu atender suas necessidades demonstrar sua raiva id sem ir contra seus princípios de não violência superego e de modo a resolver seu problema de maneira apropriada ego licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 21 conscientes empregadas pelo ego optamos por listar algumas apenas para que você compreenda melhor como funcionam Negação como o próprio nome sugere envolve a negação de uma realidade difícil de suportar Pense no caso dos pais de uma criança que acabaram de re ceber a notícia de que o filho está com uma grave doença É comum que num primeiro momento eles se autoenganem agindo como se não fosse verdade Projeção ocorre quando atribuímos a outra pessoa algo que consideramos negativo em nós mesmos Pense num rapaz que acusa a namorada de estar lhe traindo quando na verdade quem está desejando cometer a traição é ele Racionalização compreende a criação de uma explicação racional e convin cente a fim de encobrir sentimentosemoções dolorosas Pense em um estudan te que reprovou de ano e passa a dizer que foi muito melhor assim pois terá a oportunidade de aprender os conteúdos novamente quando na verdade está se sentindo fracassado e triste Defender que há em nós seres humanos aspectos de nossa mente que não co nhecemos e não controlamos por completo foi o que tornou a teoria de Freud tão inovadora No entanto para muitos de sua época suas ideias eram uma afronta Tais resistências não impediram que ele seguisse com suas descobertas e conti nuasse escandalizando os mais conservadores Se afirmar a existência de um in consciente já causou furor imagina basear grande parte de sua teoria na sexuali dade Não esqueça que estamos falando do final do século XiX início do século XX 123 A sexualidade em Freud Ao longo de seus estudos Freud defendeu que estava na infância a principal causa dos problemas psíquicos dos adultos e que grande parte deles giravam em torno de conflitos de cunho sexual Contrariando os pensadores da época ele argumen tou a existência de uma sexualidade humana desde o nascimento Nesse sentido é importante esclarecer que para a Psicanálise a sexualidade vai muito além da genitalidade da relação sexual e da reprodução O conceito psicanalítico de sexualidade proposto por Freud traz uma identidade específica e diferente de tudo aquilo que até então já se havia falado sobre o tema Freud elabora seu conceito no qual a sexualidade aparece como força ou seja sexo é energia Essa energia vital está ligada precisamente aos instintos que por sua vez possuem um papel importan te na estrutura orgânica dos seres humanos atuando tanto no meio interno como no externo da vida do homem silvA BrÍgido 2016 p 126 22 Compreendendo a sexualidade como parte fundamental da personalidade humana e considerando que ela está presente desde o nascimento até a morte Freud elabo rou a teoria do desenvolvimento psicossexual que compreende cinco fases oral anal fálica latência e genital Em seu entendimento os aspectos cruciais da perso nalidade se formam até o quinto ano de vida e as fases psicossexuais acompanham o desenvolvimento biológico da criança Em cada uma delas há o predomínio do investimento libidinal em determinada área do corpo denominada zona erógena Fase orAl se estende do nascimento até cerca de 1 ano A principal zona erógena é a boca e o prazer é obtido por meio da sucção e da mordida após o nas cimento dos dentes É possível perceber neste período que o bebê tende a levar tudo à boca é por meio dela que ele explora o seu ambiente Fase ANAl se estende de 1 a 3 anos Tem como zona erógena o ânus Nesta época a criança começa a ter o controle da função excretora se inicia portanto o treinamento dos hábitos de higiene É uma fase marcada pelas birras pois a criança percebe que tem certo controle sobre seu próprio corpo e consequente mente sobre os pais Fase FáliCA se estende dos 4 aos 5 anos A libido se organiza em torno dos genitais É comum a curiosidade pelo corpo do outro meninos têm curiosidade de saber como é o corpo da menina e viceversa e a manipulação dos genitais masturbação Nesta fase é que ocorre o Complexo de Édipo e se instaura o Su perego A criança que antes não tinha vergonha de mostrar seus genitais passa a desenvolvêla Período de lATÊNCiA se estende dos 5 anos até a puberdade Marcado pelo abrandamento dos impulsos sexuais e um investimento na exploração do mun do conhecimento Intensificamse as preocupações com as relações sociais e as atividades intelectuais A fase de latência coincide com o início da escolariza ção da criança Fase gENiTAl se estende da adolescência até o fim da vida Marcada por mu danças biológicas significativas Desponta o interesse sexual voltado ao outro que pode ser do sexo oposto heterossexualidade ou do mesmo sexo homossexuali dade O desenvolvimento adequado desta fase possibilita o estabelecimento de relacionamentos amorosos maduros A passagem de uma fase à outra pode se dar de distintas maneiras O modo como o indivíduo vivencia uma fase irá impactar o desenvolvimento das poste riores Em cada uma delas há conflitos que devem ser resolvidos e a fase mais complexa em se tratando disso é a fálica É quando acontece o Complexo de Édi TErmo do glossário libidinal referese a libido termo utilizado na psicanálise para designar a energia proveniente 4dos instintos sexuais e de sobrevivência licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 23 po termo criado por Freud para descrever a disputa inconsciente que a criança estabelece com seu progenitor de mesmo sexo e pelo amor do progenitor do sexo oposto CÓriAsABiNi 1986 sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 Você já foi surpreendido por alguma criança com perguntas sobre sexosexua lidade Como você se sentiu Como reagiu Compreender a sexualidade infantil contribui para a tomada de decisão diante de situações em que a criança manifesta dúvidas e curiosidades em relação ao tema É importante que ela seja escutada e que as respostas sejam as mais ver dadeiras possíveis dentro de sua capacidade de compreensão É indicado que se responda exatamente o que foi perguntado sem omitir ou entrar em detalhes des necessários partindo dos conhecimentos prévios das crianças Muitas vezes pais e educadores se assustam ou ficam constrangidos dian te das perguntas feitas e preferem desviar do assunto É compreensível que isso aconteça pois o tema da sexualidade ainda é tabu em nossa sociedade e muitos adultos preferem negar a existência da sexualidade infantil inclusive por terem bloqueios em relação à própria vivência sexual PErEs 2002 No entanto deixar de responder os questionamentos da criança pode gerar ideias distorcidas e fan tasiosas além de despertar inseguranças medos e a sensação de que não se pode confiar no adulto que deveria lhe ajudar a compreender o mundo Além da expressão da curiosidade por meio de perguntas ou comentários a criança pode manifestála a partir de comportamentos É comum ouvirmos relatos de pais ou educadores que presenciaram a criança manipulando os pró prios genitais de modo a obter prazer masturbação ou explorando o corpo de um amiguinho como forma de conhecer as diferenças entre os sexos Nestes casos é recomendado que se converse com a criança mas nunca com o objetivo de repreendêla O essencial é ajudála a entender suas vontades e curiosidades e a desenvolver o senso de intimidade privacidade É importante que ela com preenda que há comportamentos que não devem ocorrer na frente dos outros como a exibição ou manipulação dos genitais Ao mesmo tempo em que os adultos apresentam dificuldades para lidar com as manifestações sexuais das crianças é comum que façam perguntas do tipo Quem é ao tuateu namoradinhao Esse tipo de comentário pode confundir a criança e incentivar comportamentos ou preocupações para as quais ela não está preparada Falas como essa são tão comuns que a Secretaria de Assistência Social do Amazonas lançou a campanha Criança não namora Figura 2 A ação teve grande repercussão nas redes sociais e contou com o apoio do Conselho Na cional de Justiça e outras entidades 24 FigUrA 2 Campanha Criança não namora FoNTE Secretaria de Estado de Assistência Social do Amazonas Disponível em httprevistacres cerglobocomVoceprecisasabernoticia201704criancanaonamoracampanhadiscuteerotiza caoprecocehtml Acesso em 13092018 Ao finalizarmos esta breve apresentação dos fundamentos da Psicanálise po demos afirmar que o objeto de estudo desta teoria psicológica é o inconscien te Freud foi o fundador da Psicanálise e teve muitos seguidores Wilfred Bion Melanie Klein Carl Gustav Jung Donald Winnicott Jacques Lacan e vários ou tros alguns ampliaram ou aprofundaram suas teorias outros as questionaram e propuseram novos conceitos mas todos eles têm o inconsciente como aspecto fundamental da personalidade licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 25 Estudamos anteriormente a Psicanálise que propõe um modo próprio de entender o psiquismo Veremos a partir de agora um outro modelo de compreensão do ser humano que toma como fenômeno central e objeto de estudo o comportamento O termo Behaviorismo que significa comportamentalismo em inglês foi ins tituído pelo norteamericano John B Watson no início do século XX Em oposição ao mentalismo ênfase nos aspectos mentais e ao método da introspecção Wat son propunha estudar aquilo que fosse possível observar e examinar por meio de procedimentos objetivos característicos da ciência Dentre os vários estudiosos que influenciaram as ideias de Watson podemos citar o fisiologista russo Ivan Pe trovich Pavlov 18491936 que criou a teoria do Condicionamento Clássico 131 Condicionamento Clássico ou Respondente Utilizando um equipamento adaptado ao seu estudo Figura 3 Pavlov analisou o processo de salivação dos cães Descobriu que era possível fazer com que um estímulo antes neutro um som por exemplo provocasse salivação ao ser asso ciado a um estímulo que gerava naturalmente essa reação a comida CAmPos 2014 mATos 1993 figUrA 3 O experimento de Pavlov FoNTE NTE UFsm BEHAVIORISMO OU COMPORTAMENTALISMO 13 26 Pavlov postulou ao longo de seus estudos leis do condicionamento Sobre uma delas Campos 2014 refere que Determinado estímulo natural ou incondicionado que provo que resposta específica atuando simultaneamente com um estímulo neutro ou inespecífico para a resposta em questão poderá ser substituído por este a fim de provocar idêntica rea ção CAmPos 2014 p 186 Com isso podese entender que por meio do pareamento de estímulos é pos sível promover a mudança comportamental O estímulo natural ou incondi cionado é aquele que provoca determinada reação naturalmente de forma au tomática No experimento de Pavlov o estímulo incondicionado é a comida ou o seu cheiro Por outro lado o estímulo condicionado é aquele anteriormente neutro mas que passa a provocar uma resposta em função da associação com um estímulo incondicionado No caso do experimento de Pavlov o estímulo condicionado era o som que após algum tempo de associação com a comida passou a desencadear a salivação no cão Em relação às leis do condicionamento também é importante ressaltar que o caminho inverso é possível ou seja se um estímulo condicionado for apresentado diversas vezes sem o pareamento com o estímulo incondicionado poderá ao longo do tempo perder a capacidade de provocar a reação aprendida A respeito disso Campos 2014 p186 diz Determinado estímulo condicionado desde que atue seguidamente por algum tempo sem que haja uma nova atuação conjunta com o estímulo natural perderá sua capacidade de produzir a reação condicionada Como um exemplo de Condicionamento Clássico podemos citar uma pessoa que iremos chamar de Pedro que tem o comportamento de fumar sempre após as refeições tomando um cafezinho Pedro por problemas de saúde decide parar com o uso de cigarros e inicia um acompanhamento na Unidade Básica de Saúde No entanto ele tem tido grande dificuldade de manterse abstinente e chegou a pensar que precisa parar de tomar café pois todas as vezes que ingere a bebida sente grande vontade de fumar Outras bebidas como refrigerante ou sucos não provocam a mesma reação Nesse caso é possível considerar que houve a associa ção entre dois estímulos o cigarro e o café Antes de associar as duas substâncias provavelmente Pedro não sentia vontade de fumar ao beber café Mas depois de usálas juntas por um longo período passou a fazer tal associação de modo invo luntário Provavelmente se Pedro seguir tomando café sem fumar o condiciona mento irá se enfraquecer até que ele não associe mais o café com o cigarro iNTErATividAdE nesse link httpswwwyoutubecom watchvYhYZJLNi7U você poderá assistir ao vídeo O Cão de Pavlov que apresenta um fragmento dos experimentos pavlovianos 2 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 27 Baseandose nas ideias de Pavlov Watson despendeu esforços para tornar a Psicolo gia uma ciência rechaçou o estudo de tudo que não pudesse ser observável como o inconsciente os pensamentos etc equiparando o ser humano a uma caixapre ta sobre a qual nada se pode afirmar Segundo ele o objeto de estudo da Psicologia deveria ser o comportamento Quanto à definição de comportamento considerava aquilo que pode ser registrado e quantificado O comportamento era para ele re sultante de estímulos do ambiente Em função disso o Behaviorismo ficou conhe cido pela sua lógica Er EstímuloResposta ou em inglês sr À teoria de Watson deuse o nome de Behaviorismo Metodológico BAUm 2006 CUNHA 2002 O Behaviorismo Metodológico provocou repercussões e muitos seguidores O mais conhecido de todos é Burrhus Frederic Skinner 19041990 que seguindo al gumas ideias de Watson e abandonando outras propôs o Behaviorismo Radical que tem como cerne o condicionamento operante 132 Condicionamento Operante Enquanto Watson se dedicou ao estudo dos comportamentos respondentes ou re flexos Skinner estava interessado em compreender o processo de aprendizagem associado ao comportamento operante Quanto às diferenças entre ambos cabe explanar que O comportamento respondente ou reflexo é aquele que usualmente chamamos de não voluntário e inclui as respostas que são eliciadas ou produ zidas por estímulos antecedentes do ambiente BoCK TEiXEirA FUrTAdo 2008 p 59 Pode ser inato ou aprendido É o caso da salivação diante de um alimento ATENção no exemplo utilizado foi enfatizado apenas um aspecto da questão comportamental que envolve o tabagismo Além dos comportamentais fatores psicológicos e orgânicos também seriam levados em consideração em uma situação verídica iNTErATividAdE no link httpswwwyoutubecom watchvJouMo26Bu9o você poderá assistir a um trecho do seriado Two And a Half Men de Chuck Lorre e Lee Aronsohn que apresenta de maneira caricatural um exemplo de condicionamento clássico sAiBA mAis no cinema um dos maiores clássicos acerca da temática do condicionamento é o filme Laranja Mecânica de Stanley Kubrick que narra uma história de violência e uma proposta de tratamento baseada no condicionamento para a mudança comportamental Observe a classificação indicativa do filme ou seja a faixa etária a partir do qual é recomendada pois contém cenas de sexo e violência 1 2 3 28 da tosse ao sentir um objeto na garganta ou do sobressalto instantâneo mediante um som muito alto e repentino O comportamento operante é aquele comportamento emitido espontânea ou voluntariamente que atua no ambiente para modificálo além disso a natu reza e a frequência do comportamento operante serão determinadas ou modifi cadas pelo reforço que acompanha o comportamento sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 p 313 Como exemplos de comportamentos operantes podemos citar falar ler escovar os dentes entre outros Ao estudar esta segunda classe de comportamentos Skinner formulou a teoria do Condicionamento Operante E podemos garantir que mesmo sem conhecêla você faz uso dela cotidianamente Segundo a referida teoria a ocorrência ou não de certo comportamento é determinada pelas suas consequências que são cha madas de reforçadoras ou punidoras aversivas As reforçadoras são aquelas que aumentam a frequência da ocorrência do comportamento que as produziu Em contrapartida as punidoras ou aversivas são aquelas que diminuem a frequ ência de tal comportamento BoCK TEiXEirA FUrTAdo 2008 Você lembra que comentamos no início desta unidade que é comum que o conhecimento do senso comum se aproprie dos saberes da ciência As ideias de Skinner são um exemplo disso Os termos reforço e punição são frequentemente utilizados quando se trata da mudança comportamental Só temos que ter cuida do pois é corriqueiro que haja uma confusão em relação aos termos principal mente quando se fala em reforço negativo Uma consequência pode ser reforçadora aumentar a probabilidade de ocor rência do comportamento por representar algo agradável Ou pode ser reforça dora por significar a retirada de algo desagradável No primeiro caso estamos fa lando de reforço positivo no segundo de reforço negativo É comum que as pessoas confundam reforço negativo com punição Mas lem brese o reforço é aquilo que aumenta a probabilidade de ocorrência do compor tamento que o causou e a punição diminui tal probabilidade A punição também pode ser positiva ou negativa A punição positiva ocorre quando algo desagradá vel acontece em função de determinado comportamento o que acaba fazendo com ele ocorra cada vez menos Já a punição negativa se caracteriza pela retirada de algo agradável como forma de reduzir a ocorrência do comportamento sAiBA mAis a teoria de Skinner teve grande influência dos estudos e da Lei do Efeito proposta pelo psicólogo americano Edward Lee Thorndike 18741949 Para conhecer um pouco das ideias de Thorndike assista ao vídeo Thorndike Puzzle Box acessando o link https wwwyoutubecomwatchvygLYDJji8J4 3 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 29 Exemplos Na Figura 4 você pode visualizar um esquema acerca dos conceitos FigUrA 4 Reforço e punição FoNTE Adaptado de Psico Edu Disponível em httpwwwpsicoeducombr Acesso em 17092018 Reforço positivo um estudante que costuma se dedicar pouco às ativida des apresenta um trabalho demonstrando grande esforço e empenho e o professor mostrase satisfeito e o parabeniza Tende a aumentar a ocor rência do comportamento pela apresentação de um estímulo agradável Reforço negativo um presidiário que mantém um bom comportamento para que sua pena seja reduzida Tende a aumentar a ocorrência do com portamento pela retirada de um estímulo desagradável Punição positiva um motorista que dirige acima do limite de velocidade e recebe uma multa Tende a diminuir a ocorrência do comportamento pela apresentação de um estímulo desagradável Punição negativa os pais proíbem o filho de jogar videogame pois ele não estudou para a prova Tende a diminuir a ocorrência do comportamento pela retirada de um estímulo agradável 30 1321 Tipos de estímulos reforçadores Não é possível definir a priori se um estímulo é reforçador ou não Isso porque depende de características individuais e sociais Não se sabe por exemplo qual o efeito que a competitividade pode ter sobre cada um Ao estimular a competição entre a turma o professor pode estar incentivando alguns estudantes a se dedi carem mais ao mesmo tempo em que pode estar contribuindo para que outros evitem o estudo e vejam a escola como um ambiente aversivo O que se quer dizer com isso é que o efeito da consequência de um comporta mento é variável dependendo de cada indivíduo Apesar disso considerase que alguns estímulos são propensos a serem reforçadores para todos os seres de uma espécie A água o alimento ruídos muito fortes e odores desagradáveis são al guns exemplos Esses são denominados de estímulos reforçadores primários Já os estímulos reforçadores secundários são aqueles que antes neutros passam a ter o caráter reforçador por estarem associados a reforçadores primários Para exemplificar pense no hábito de dar flores Flores não tendem a ser naturalmente reforçadoras mas ao estarem associadas à expressão de afeto reforçador primá rio passam a apresentar um potencial reforçador Por fim há os reforçadores ge neralizados Assim chamados porque estão associados a vários reforçadores pri mários Um exemplo é o dinheiro ele está associado à obtenção de vários outros reforçadores E é como os secundários aprendido 133 O Behaviorismo e a educação Ao elucidar os princípios que regem a aquisição de comportamentos aprendidos bem como os elementos necessários à mudança do repertório comportamental o Behaviorismo se tornou bastante conhecido e aplicado na área da educação Apre sentamos a seguir no quadro 2 algumas das principais contribuições desta abor dagem para as práticas educacionais a maioria delas relacionadas à proposta da instrução programada CAmPos 2014 CÓriAsABiNi 1986 HENKlAiN CArmo 2013 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 31 QUAdro 2 Contribuições do Behaviorismo à educação Fonte Autoras 2018 Skinner acreditava que do modo como a escola está estruturada em nossa socie dade com turmas numerosas seria inviável que um professor colocasse em práti ca seu método de ensino Ele propôs então o uso de máquinas de ensinar Essas máquinas são equipamentos que fornecem as informações necessárias exigem as respostas dos alunos e corrigemnas imediatamente reforçandoas quando corretas ou indicando o erro com oferecimento de informações complementares CÓriAsABiNi 1986 p 13 Quando Skinner fez esta proposição a tecnologia não era tão avançada como nos dias de hoje Observe a Figura 5 e veja uma das primei ras máquinas de ensinar apresentada em 1954 Atualmente muitas escolas fazem uso de computadores com uma proposta semelhante à do autor O conteúdo a ser ensinado deve ser subdivido em pequenas partes dis tribuídas em uma sequência lógica que possibilite a passagem gradual de uma etapa à outra É importante o uso de reforçadores ao longo de todo processo e não apenas no final O uso de reforçadores é de grande importância para o processo de apren dizagem escolar mas devese ter cuidado com o excesso de punição pois tende a levar à esquiva evitação Cada estudante tem seu próprio ritmo de aprendizagem e esse deve ser respeitado O ensino deve ser pensado de modo que apresente conhecimentos futuros úteis Para Skinner educar é estabelecer comportamentos que serão vanta josos para o indivíduo e para os outros no futuro CÓriAsABiNi 1986 p 12 O planejamento é uma etapa muito importante no processo de ensinar O professor precisa ter clareza a respeito do que deve ser ensinado quais re forços poderá utilizar e de que forma empregálos quais os comportamen tos prévios são necessários para o alcance dos objetivos ou seja o que o aluno já precisa saber para poder seguir adiante A avaliação é um elemento muito útil por alguns motivos o erro indica ao professor que o seu procedimento de ensino não está sendo efetivo e que algo em seu planejamento de ensino precisa ser revisto HENKlAiN CArmo 2013 p 716 além disso uma sucessão de erros pode desestimular o aluno se você se dedicar estudar prestar atenção e ainda assim errar vai ter mo tivação para seguir estudando O professor deve estimular uma atitude ativa por parte do estudante ou seja que o estudante participe das atividades e não seja um mero receptor de informações Isso permite que o professor perceba se o aluno está apren dendo e quais suas dificuldades e também possibilita o uso de reforçadores Mas lembrese reforçar não é sinônimo de elogiar Podese reforçar positi vamente por exemplo dedicando atenção ao aluno mostrandose interes se por suas opiniões 32 FigUrA 5 A máquina de ensinar de Skinner FoNTE NTEUFsm O uso de equipamentos na visão de Skinner não tira a importância e nem substi tui o professor O psicólogo via muitas vantagens no uso de máquinas de ensinar dentre elas o estímulo ao papel mais ativo por parte do estudante a possibilidade de cada indivíduo seguir seu ritmo de aprendizado a utilização de reforços ime diatos a facilidade no uso de reforços individualizados a facilidade em conhecer os erros e acertos de cada um entre outros CAmPos 2014 Assim como a Psicanálise o Behaviorismo também gerou e ainda gera mui tas controvérsias Há aqueles que o acusam de conceber o ser humano de modo mecanicista reducionista e determinista além de rebaixar os seres humanos por ter se utilizado de estudos com animais Por outro lado seus defensores alegam que esses argumentos são frutos do desconhecimento aprofundado das teorias Determinar quem está certo não nos cabe O que podemos afirmar com certeza é que Skinner e seus seguidores têm tido ao longo da história grande influência sobre as práticas escolares iNTErATividAdE para saber mais a respeito das contribuições de Skinner à educação assista ao vídeo Skinner Coleção Grandes Educadores no link httpswwwyoutubecom watchvLiDJPI99Q iNTErATividAdE assista ao vídeo Skinner fala sobre a máquina de ensinar no link httpswwwyoutubecom watchvvmRmBgKQq20 2 2 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 33 14 Psicologia Humanista Entre o final da década de 50 início dos anos 60 um grupo de psicólogos insa tisfeitos com as abordagens psicológicas dominantes na época a Psicanálise e o Behaviorismo deu início à estruturação do que hoje se considera uma das prin cipais teorias psicológicas a Psicologia Humanista Dentre os seus principais ex poentes podemos citar Abraham Maslow 19081970 e Carl Rogers 19021987 141 Abraham Maslow a hierarquia das necessidades Maslow fez críticas ferrenhas à Psicanálise e ao Behaviorismo Alegava que a pri meira se dedicava somente ao estudo de pessoas com transtornos psíquicos e ig norava os aspectos saudáveis e positivos da mente Quanto ao segundo entendia que a mente era muito mais complexa do que se podia compreender a partir de es tudos com animais Propôs então o estudo do homem a partir de uma visão holís tica e que considerasse a tendência inata à satisfação de determinadas necessida des que levam o indivíduo a crescer se desenvolver e realizar todo seu potencial Para Maslow as necessidades humanas são 5 e estão organizadas de modo hie rárquico como você pode ver na figura 6 abaixo FigUrA 6 A Pirâmide das Necessidades de Maslow FoNTE NTEUFsm fisiológicas fisiológicas segurança segurança afiliação e amor afiliação e amor estima estima autor realização autor realização 34 Necessidades fisiológicas são as mais básicas e de maior força quando não realizadas pois representam a sobrevivência do indivíduo No entanto quando satisfeitas perdem seu poder motivador São exemplos de necessidades fisiológi cas a respiração a alimentação o sono etc Necessidades de segurança se caracterizam pela importância de um am biente seguro e protegido sem ameaças que representem algum perigo para a pessoa Como exemplo podemos citar um ambiente limpo e organizado Necessidades de afiliação e amor também chamadas de necessidades so ciais estas dizem respeito à tendência de nos vincularmos a outras pessoas seja por meio de um relacionamento amoroso ou pela presença de amigos próximos Fazer parte de um grupo e sentirse amado é uma necessidade que tem grande impacto na saúde emocional das pessoas Necessidades de estima tendo sido satisfeitas mesmo que parcialmente as necessidades de afiliação e amor tendemos a ambicionar por reconhecimento e sucesso social Além disso há a necessidade de autovalorização ou seja da estima por nós mesmos autoestima Ambas nos ajudam a desenvolver um senso de autoconfiança que é essencial para o enfrentamento dos desafios e dificuldades de modo saudável Necessidade de autorrealização é a mais elevada na hierarquia sendo de di fícil alcance Configurase no desenvolvimento máximo dos potenciais talentos e capacidades individuais A autorrealização é de difícil obtenção por várias razões É a menos potente então se as anteriores não forem minimamente satisfeitas sua aquisição estará comprometida Sobre as necessidades é importante esclarecer que a são inatas instintivas mas sofrem influências do meio que pode potencializálas ou anulálas b é in dispensável que as necessidades mais básicas sejam pelo menos parcialmente atendidas para que as superiores se tornem motivadoras e c as fisiológicas e de segurança se manifestam na infância enquanto as de afiliação e de estima surgem na adolescência e as de autorrealização na meiaidade Maslow propôs ainda a existência de um outro conjunto de necessidades as necessidades cognitivas que incluem o conhecer e o entender Elas estão fora da hierarquia das necessi dades pirâmide e se manifestam no final da primeira infância por volta dos 6 anos caracterizandose como uma curiosidade natural e inata mas que precisa ser facilitada pelos adultos sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 142 Carl Rogers a teoria da autoatualização Carl Rogers 19021987 foi um psicólogo norteamericano considerado um dos principais expoentes da abordagem humanista tendo suas ideias bastante difun didas e utilizadas em diversos contextos Sua teoria foi elaborada a partir da ex licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 35 periência clínica e em oposição aos princípios psicanalíticos e behavioristas Para Rogers o homem é um ser em movimento em constante mudança não podendo ser esquematizado de modo reducionista ou determinista Possui uma natureza essencialmente positiva e curiosa além de nascer dotado da capacidade de supe ração das adversidades 1421 Tendência atualizante Rogers considerava que o ser humano possui uma motivação única a realiza ção de seus potenciais Ela é inata e objetiva à manutenção e ao aprimoramento do self abrangendo tanto as necessidades fisiológicas quanto as psicológicas A essa característica Rogers deu o nome de tendência atualizante rogErs 2001 sCHUlZ sCHUlTZ 2015 Por mais que a tendência atualizante tenha um caráter intrínseco o ser humano não é imune à influência dos aspectos ambientais de modo que as experiências sociais e a aprendizagem podem reprimila ou favorecêla Nesse sentido Rogers apontou algumas condições facilitadoras para que o potencial humano de auto atualização aconteça de modo satisfatório abordaremos três delas consideração positiva compreensão empática e congruência ArAÚJo viEirA 2013 dUArTE 2004 sCHUlTZ sCHUlTZ 2015 Consideração positiva engloba a aceitação o amor e a aprovação recebidos por outras pessoas Quando a aceitação independe dos comportamentos da pes soa é chamada de consideração positiva incondicional Pense na relação entre mãe e filho muitas vezes o amor dela é incondicional ou seja não depende das atitudes dele Isso não significa a ausência de limites mas o respeito por suas opi niões sentimentos e necessidades Compreensão empática é a capacidade de temporariamente desprenderse de suas próprias opiniões sentimentos e julgamentos para colocarse no lugar do outro buscando enxergar as coisas sob seu ponto de vista por meio de uma escuta verdadeiramente atenta Congruência consiste na atitude autêntica diante do outro ou seja na capa cidade de estabelecer uma relação sem máscaras genuína e espontânea Para que isso seja possível é necessário que o indivíduo seja congruente consigo mesmo TErmo do glossário Self muitas teorias psicológicas utilizam o conceito de self Baseandose na concepção de Rogers este pode ser encarado como uma condição consciente e reflexiva de si que possui e fornece significados com os quais a pessoa identificase e a partir dos quais percebe a realidademAiA gErmANo moUrA Jr 2009 p 37 é portanto equivalente ao autoconceito 4 36 de modo que a percepção que tem de si seja coerente com as experiências As pessoas que apresentam um bom grau de congruência tendem a aceitar melhor as situações da realidade por não a considerarem tão ameaçadoras Conseguem assim se desenvolver de modo mais saudável Elas conhecem e aceitam a si mes mas não tendo a necessidade de distorcer a realidade para se protegerem Para resumir podemos dizer que você só será verdadeiro com os outros se conseguir ser verdadeiro consigo mesmo Rogers 2001 acreditava profundamente no potencial humano Segundo ele cada pessoa tem as respostas e os direcionamentos necessários para conduzir a própria vida Ele desenvolveu sua teoria de modo mais aprofundado no contexto da psicoterapia Todavia ela é útil para pensarmos as diversas relações humanas No ambiente escolar por exemplo é inegável a influência do professor no que se refere à forma como a criança vai enxergar a si mesma Além disso o comportamento do estudante dependerá em grande parte do comportamento do professor Se o edu cando se sente respeitado e percebe que o professor é autêntico com ele tenderá a agir de maneira semelhante e tornar a relação mais enriquecedora para ambos 1422 Abordagem Centrada da Pessoa Os conceitos acima abordados somados a outras concepções apresentadas por Rogers fundamentaram a proposição da Abordagem Centrada da Pessoa A par tir dela é possível mencionar diversas contribuições no contexto educacional O autor defendeu a importância de que o aluno seja visto de forma global tendo seus sentimentos e emoções valorizados e respeitados O ambiente escolar deve favorecer a manifestação das três condições facilitadoras descritas anteriormente a fim de auxiliar o aluno no desenvolvimento pleno de suas capacidades Acreditase que a qualidade do processo de aprendizagem passa por um lado pela construção de uma relação pedagó gica com base na aceitação e compreensão da pessoa do aluno e por outro pelo pressuposto de que o aluno contém em si po tencialidades para aprender e como tal terá motivação para o fazer o papel do professor facilitador será o de estimular e desenvolver as potencialidades do aluno e simultaneamente manter a motivação necessária ao seu crescimento e desenvol vimento pessoal ArAÚJo viEirA 2013 p99 Ao longo de sua carreira Rogers dedicouse em diversos momentos a temas relacionados à educação No texto Freedom to Learn Rogers 1969 p 114 apud ZimriNg 2010 p 2021 apresentou os 10 princípios da aprendizagem listados a seguir pelo Quadro 3 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 37 QUAdro 3 Dez princípios da aprendizagem segundo Carl Rogers FoNTE Rogers 1969 p 114 apud ZimriNg 2010 p 2021 1 O ser humano possui aptidões naturais para aprender 2 A aprendizagem autêntica supõe que o assunto seja percebido pelo estu dante como pertinente em relação aos seus objetivos Esta aprendizagem se efetiva mais rapidamente quando o indivíduo busca uma finalidade precisa e quando ele julga os materiais didáticos que lhe são apresentados como capa zes de lhe permitir atingila mais depressa 3 A aprendizagem que implica uma modificação da própria organização pessoal da percepção de si representa uma ameaça e o aluno tende a resistir a ela 4 Aprendizagem que constitui uma ameaça para alguém é mais facilmente adquirida e assimilada quando as ameaças externas são minimizadas 5 Quando o sujeito se sente pouco ameaçado a experiência pode ser percebi da de maneira diferente e o processo de aprendizagem pode se efetivar 6 A verdadeira aprendizagem ocorre em grande parte através da ação 7 A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa do processo 8 A aprendizagem espontânea que envolve a personalidade do aluno em sua totalidade sentimentos e intelecto imbricados é a mais profunda e duradoura 9 Independência criatividade e autonomia são facilitadas quando a autocrítica e autoavaliação são privilegiadas em relação à avaliação feita por terceiros 10 No mundo moderno a aprendizagem mais importante do ponto de vista social é aquela que consiste em conhecer bem como ele funciona e que per mite ao sujeito estar constantemente disposto a experimentar e a assimilar o processo de mudança iNTErATividAdE saiba mais sobre as ideias de Carl Rogers assistindo o vídeo Série Educadores Carl Rogers no link 2httpswwwyoutubecomwatchvSy9mkjM1zMMt375s 38 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 Para explicar a primeira estrutura da mente proposta por Freud utilizase a metáfora do Iceberg No que consiste tal metáfora 2 Uma das principais contribuições de Freud à compreensão do desenvolvimento psíquico foi a teoria do desenvolvimento psicossexual que aborda as fases oral anal fálica latência e genital Descreva as principais características de cada uma delas bem como a faixa etária em que costumam acontecer 3 Baseandose na teoria do Condicionamento Operante descreva Reforço Positivo Reforço Negativo Punição Positiva Punição Negativa 4 O Behaviorismo foi e ainda é amplamente utilizado na área educacional Escolha 3 contribuições desta teoria à educação e expliqueas Se possível utilize exemplos 5 Um dos principais conceitos da teoria de Rogers é o de Tendência Atualizante Descreva tal conceito e explique qual a sua contribuição para a compreensão das relações escolares e para o processo de aprendizagem licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 41 INTRODUÇÃO A Psicologia do Desenvolvimento é o campo de conhecimento que estuda as constâncias e as variações pelas quais os indivíduos passam no decorrer da vida abordando o desenvolvimento das diversas funções psíquicas que integram a mente as emoções as relações interpessoais entre outros PAPAliA olds FEldmAN 2006 Para Biaggio 2009 a especificidade da psicologia do de senvolvimento humano está em investigar os fatores externos e internos que con tribuem para as mudanças no comportamento em períodos de transição rápida Bock Furtado e Teixeira 2008 afirmam que o estudo do desenvolvimento hu mano é uma condição para tentar responder condutas e comportamentos das diversas fases do desenvolvimento Assim podemos definir o desenvolvimento como um processo contínuo e ininterrupto em que os aspectos biológicos físicos sociais e culturais se ligam se influenciam e produzem indivíduos com modos de pensar sentir e agir diferentes uns dos outros Dessa forma a Psicologia do Desenvolvimento pode ser definida como a área que estuda o desenvolvimento humano em todos os seus aspectos físicomotor intelectual afetivoemocional e social compreendendo desde o nascimento até o fim da vida BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 Para facilitar a aprendizagem dividimos este capítulo em dois momentos o primeiro trata de uma forma geral sobre o desenvolvimento humano e os prin cipais aspectos que interagem e influenciam o desenvolver de cada sujeito e no segundo momento apresentamos as diferentes fases do desenvolvimento humano dando ênfase à infância e à adolescência 42 ASPECTOS CULTURAIS DO DESENVOLVIMENTO 21 Conforme Bock Furtado e Teixeira 2008 o desenvolvimento humano compreende o desenvolvimento mental e o crescimento orgânico O desenvolvimento mental é considerado uma construção contínua caracterizado pelo surgimento de estrutu ras mentais gradativamente as quais organizam a atividade mental e se aperfeiço am e se solidificam até desenvolveremse completamente gerando um estado de equilíbrio referente aos aspectos da inteligência afetividade e socialização O estudo do desenvolvimento humano compreende conhecer as característi cas comuns nas diferentes faixas etárias da vida humana A compreensão destes aspectos para a educação se torna importante na medida em que o planejamento do ensino implica em conhecer quem é e como se desenvolve nosso aluno Nesse sentido a Psicologia do Desenvolvimento utilizase de métodos de observação e experimentação dentre os quais dois métodos se destacam o longitudinal e o transversal BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 conforme Quadro 4 QUAdro 4 Métodos de observação da Psicologia do Desenvolvimento FoNTE Autoras 2018 Estudar este campo de conhecimento nos leva à compreensão do indivíduo por meio da interação de diversos fatores que influenciam o desenvolvimento huma no Conforme Bock Furtado e Teixeira 2008 esses fatores podem ser descritos da seguinte maneira OBSERVAÇÕES LONGITUDINAIS OBSERVAÇÕES TRANSVERSAIS Efetuadas por um longo período de tempo empregando sempre os mesmos sujeitos Exemplo estudo do desenvolvimento da atenção As mesmas crianças são submetidas a testes adequados semestralmente desde 3 até 8 10 anos A observação dos resultados desses testes possibilitaria ao pesquisador conhecer o desenvolvimento da capacidade de atenção de crianças dentro dessa faixa etária Efetuadas durante um tempo menor empregando sujeitos de diferentes idades Exemplo estudar o desenvolvimento da atenção sendo submetidas crianças de idades variadas de 4 a 10 anos a testes adequados a cada faixa etária A observação dos resultados desses testes permitiria ao pesquisador conhecer o desenvolvimento da capacidade de atenção licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 43 a Hereditariedade definida como a carga genética do indivíduo b Crescimento orgânico é o processo do aumento do tamanho corporal c Maturação neurofisiológica é o que determinada certos padrões compor tamentais d Meio consiste no conjunto de influências e estimulações ambientais que podem modificar certos padrões comportamentais do indivíduo O estudo do desenvolvimento humano compreende o sujeito em sua globa lidade em seus aspectos físicomotor afetivoemocional intelectual e social BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 a Aspecto físicomotor constituise no crescimento orgânico na maturação neurofisiológica na capacidade de manipulação de objetos e no exercício do pró prio corpo b Aspecto afetivoemocional é a forma como cada um integra as suas experi ências é o sentir c Aspecto intelectual consiste na capacidade de pensamento de raciocínio d Aspecto social é o modo com que o indivíduo reage frente a situações que envolvem outras pessoas Diversos estudos apontam que o desenvolvimento humano parte do pressuposto de que esses quatro aspectos são indissociáveis embora possam evidenciar dife rentes características BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 Papalia Olds e Feldman 2006 descrevem o desenvolvimento humano como a área de estudo que se dedica a entender os modos como as pessoas se modificam e também como ficam iguais ao longo do tempo desde a concepção até a morte Essas mudanças estão presentes durante toda a vida sendo mais visíveis durante a infância Conforme os autores as mudanças do desenvolvimento se distinguem em mudanças quantitativas e mu danças qualitativas As mudanças quantitativas correspondem a alterações no nú mero ou quantidade como exemplo o aumento de peso da altura e do vocabulário Já a qualitativa trata de mudanças de tipo estrutura ou organização por exemplo um bebê nãoverbal para uma criança que fala e compreende uma língua sAiBA mAis para ampliar seus conhecimentos sobre esse assunto leia Coll C mArCHEsi A PAlACios J et al Desenvolvimento Psicológico e Educação Psicologia da educação escolar v 2 Tradução Fátima Murad 2 ed Porto Alegre Artmed 2004 3 ATENção crescimento x desenvolvimento crescimento pode ser definido como o processo responsável pelas mudanças em tamanho e sujeito às modificações que dependem da maturação Já o desenvolvimento é caracterizado como as mudanças em complexidade ou o plano geral das mudanças do organismo por meio das influências do processo maturacional ambiental e da aprendizagem PiNHEiro 1997 sp 1 44 As mudanças que ocorrem ao longo da vida estão relacionadas à idade média de cada faixa etária para a ocorrência de certos fenômenos Geralmente as pessoas passam pelas mesmas sequências de desenvolvimento embora exista uma ampla gama de diferenças individuais Dessa forma Papalia Olds e Feldman 2006 clas sificam oito períodos de ciclo vital conforme a Tabela 1 abaixo TABElA 1 Oito principais períodos do ciclo vital Faixa Etária Desenvolvimento Físicos Desenvolvimento Cognitivos Desenvolvimentos Psicossociais Período Prénatal concepção ao nascimento Primeira Infância nascimento aos 3 anos Segunda Infância 3 aos 6 anos Terceira Infância 6 aos 11 anos Ocorre a concepção A dotação genética interage com as influências ambientais desde o início Formamse as estruturas e os órgãos corporais básicos Iniciase o crescimento cerebral O crescimento físico é o mais rápido de todo o ciclo vital O feto ouve e responde a estímulos sensórios A vulnerabilidade a influências ambientais é grande Todos os sentidos funcionam no nascimento em graus variados O cérebro aumenta de complexidade e é altamente sensível à influência ambiental O crescimento e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são rápidos As capacidades de aprender e lembrar estão presentes durante a etapa fetal As capacidades de aprender e lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvemse ao final do segundo ano de vida A compreensão e o uso da linguagem desenvolvemse rapidamente O pensamento é um pouco egocêntrico mas a compreensão do ponto de vista das outras pessoas aumenta A imaturidade cognitiva leva a algumas ideias ilógicas sobre o mundo A memória e a linguagem se aperfeiçoam A inteligência tornase mais previsível O egocentrismo diminui As crianças começam a pensar com lógica mas da maneira concreta As habilidades de memória e linguagem aumentam Os desenvolvimentos cognitivos permitem que as crianças beneficiemse com a educação escolar Algumas crianças apresentam necessidades e talentos educacionais especiais O crescimento é constante o corpo fica mais delgado e as proporções mais semelhantes às de um adulto O apetite diminui e os problemas de sono são comuns A preferência pelo uso de uma das mãos aparece as habilidades motoras finas e gerais e força aumentam O crescimento diminui Força e habilidades atléticas aumentam Doenças respiratórias são comuns mas a saúde geralmente é melhor do que em qualquer outro período do ciclo vital O feto responde à voz da mãe e desenvolve uma preferência por ela Desenvolvese um apego a pais e a outras pessoas Desenvolvese a autoconsciência Ocorre uma mudança da dependência para a autonomia Aumenta o interesse por outras crianças O autoconceito e a compreensão das emoções tornamse mais complexos a autoestima é global Aumentam a independência a iniciativa o autocontrole e os cuidados consigo mesmo Desenvolvese a identidade de gênero O brincar tornase mais imaginativo mais complexo e mais social Altruísmo agressão e temores são comuns A família ainda é o foco da vida social mas as outras crianças tornamse mais importantes Frequentar a préescola é comum O autoconceito tornase mais complexo influenciando a autoestima A coregulação reflete a transferência gradual de controle dos pais para a criança Os amigos assumem importância central Adolescência 11 aos aproximandamente 20 anos Jovem Adulto 20 aos 40 anos Desenvolvese a capacidade de pensar em termos abstratos e utilizar o raciocínio científico O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e em alguns comportamentos A educação se concentra na preparação para a faculdade ou para a vida profissional O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas Ocorre maturidade reprodutiva Questões comportamentais como transtornos alimentares e abuso de drogas trazem importantes riscos à saúde Busca de identidade incluindo a identidade sexual tornase central Relacionamentos com os pais são em geral bons Os grupos de amigos ajudam a desenvolver e testar o autoconceito mas também podem exercer uma influência antisocial As capacidades cognitivas e os julgamentos morais assumem maior complexidade Escolhas educacionais e profissionais são feitas A condição física atinge o máximo depois diminui ligeiramente As escolhas de estilo de vida influenciam a saúde Os traços e estilos de personalidade tornamse relativamente estáveis mas as mudanças na personalidade podem ser inflenciadas pelas etapas e pelos eventos de vida Tomamse decisões sobre os relacionamentos íntimos e os estilos de vida pessoais A maioria das pessoas casase e tem filhos Meiaidade 40 aos 65 anos A maioria das capacidades mentais atinge o máximo a perícia e as capacidades de resolução de problemas práticos são acentuadas O rendimento criativo pode diminuir mas melhorar em qualidade Para alguns o êxito na carreira e o susseco financeiro alcançam o máximo para outros podem ocorrer esgotamento total ou mudança profissional Pode ocorrer alguma deterioração das capacidades sensórias da saúde do vigor e da destreza Para as mulheres chega a menopausa O senso de identidade continua se desenvolvendo pode ocorrer uma transição de meiaidade estressante A dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse A saída dos filhos deixa o ninho vazio Terceira idade 65 anos em diante A maioria das pessoas é mentalmente alerta Embora a inteligência e a memória possam se deteriorar em algumas áreas a maioria das pessoas encontra formas de compensação A maioria das pessoas é saudável e ativa embora a saúde e as capacidades físicas diminuam um pouco O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos do funcionamento A aposentadoria pode oferecer novas opções para a utilização do tempo As pessoas precisam enfrentar as perdas pessoais e a morte iminente Os relacionamentos com a família e com os amigos íntimos pode oferecer apoio importante A busca de significado na vida assume importância central licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 45 Faixa Etária Desenvolvimento Físicos Desenvolvimento Cognitivos Desenvolvimentos Psicossociais Período Prénatal concepção ao nascimento Primeira Infância nascimento aos 3 anos Segunda Infância 3 aos 6 anos Terceira Infância 6 aos 11 anos Ocorre a concepção A dotação genética interage com as influências ambientais desde o início Formamse as estruturas e os órgãos corporais básicos Iniciase o crescimento cerebral O crescimento físico é o mais rápido de todo o ciclo vital O feto ouve e responde a estímulos sensórios A vulnerabilidade a influências ambientais é grande Todos os sentidos funcionam no nascimento em graus variados O cérebro aumenta de complexidade e é altamente sensível à influência ambiental O crescimento e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são rápidos As capacidades de aprender e lembrar estão presentes durante a etapa fetal As capacidades de aprender e lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvemse ao final do segundo ano de vida A compreensão e o uso da linguagem desenvolvemse rapidamente O pensamento é um pouco egocêntrico mas a compreensão do ponto de vista das outras pessoas aumenta A imaturidade cognitiva leva a algumas ideias ilógicas sobre o mundo A memória e a linguagem se aperfeiçoam A inteligência tornase mais previsível O egocentrismo diminui As crianças começam a pensar com lógica mas da maneira concreta As habilidades de memória e linguagem aumentam Os desenvolvimentos cognitivos permitem que as crianças beneficiemse com a educação escolar Algumas crianças apresentam necessidades e talentos educacionais especiais O crescimento é constante o corpo fica mais delgado e as proporções mais semelhantes às de um adulto O apetite diminui e os problemas de sono são comuns A preferência pelo uso de uma das mãos aparece as habilidades motoras finas e gerais e força aumentam O crescimento diminui Força e habilidades atléticas aumentam Doenças respiratórias são comuns mas a saúde geralmente é melhor do que em qualquer outro período do ciclo vital O feto responde à voz da mãe e desenvolve uma preferência por ela Desenvolvese um apego a pais e a outras pessoas Desenvolvese a autoconsciência Ocorre uma mudança da dependência para a autonomia Aumenta o interesse por outras crianças O autoconceito e a compreensão das emoções tornamse mais complexos a autoestima é global Aumentam a independência a iniciativa o autocontrole e os cuidados consigo mesmo Desenvolvese a identidade de gênero O brincar tornase mais imaginativo mais complexo e mais social Altruísmo agressão e temores são comuns A família ainda é o foco da vida social mas as outras crianças tornamse mais importantes Frequentar a préescola é comum O autoconceito tornase mais complexo influenciando a autoestima A coregulação reflete a transferência gradual de controle dos pais para a criança Os amigos assumem importância central Adolescência 11 aos aproximandamente 20 anos Jovem Adulto 20 aos 40 anos Desenvolvese a capacidade de pensar em termos abstratos e utilizar o raciocínio científico O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e em alguns comportamentos A educação se concentra na preparação para a faculdade ou para a vida profissional O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas Ocorre maturidade reprodutiva Questões comportamentais como transtornos alimentares e abuso de drogas trazem importantes riscos à saúde Busca de identidade incluindo a identidade sexual tornase central Relacionamentos com os pais são em geral bons Os grupos de amigos ajudam a desenvolver e testar o autoconceito mas também podem exercer uma influência antisocial As capacidades cognitivas e os julgamentos morais assumem maior complexidade Escolhas educacionais e profissionais são feitas A condição física atinge o máximo depois diminui ligeiramente As escolhas de estilo de vida influenciam a saúde Os traços e estilos de personalidade tornamse relativamente estáveis mas as mudanças na personalidade podem ser inflenciadas pelas etapas e pelos eventos de vida Tomamse decisões sobre os relacionamentos íntimos e os estilos de vida pessoais A maioria das pessoas casase e tem filhos Meiaidade 40 aos 65 anos A maioria das capacidades mentais atinge o máximo a perícia e as capacidades de resolução de problemas práticos são acentuadas O rendimento criativo pode diminuir mas melhorar em qualidade Para alguns o êxito na carreira e o susseco financeiro alcançam o máximo para outros podem ocorrer esgotamento total ou mudança profissional Pode ocorrer alguma deterioração das capacidades sensórias da saúde do vigor e da destreza Para as mulheres chega a menopausa O senso de identidade continua se desenvolvendo pode ocorrer uma transição de meiaidade estressante A dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse A saída dos filhos deixa o ninho vazio Terceira idade 65 anos em diante A maioria das pessoas é mentalmente alerta Embora a inteligência e a memória possam se deteriorar em algumas áreas a maioria das pessoas encontra formas de compensação A maioria das pessoas é saudável e ativa embora a saúde e as capacidades físicas diminuam um pouco O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos do funcionamento A aposentadoria pode oferecer novas opções para a utilização do tempo As pessoas precisam enfrentar as perdas pessoais e a morte iminente Os relacionamentos com a família e com os amigos íntimos pode oferecer apoio importante A busca de significado na vida assume importância central 46 FoNTE PAPAliA olds FEldmAN 2006 p 5253 A mudança e a estabilidade do desenvolvimento humano ocorrem por meio de diversos aspectos da pessoa ou seja por meio do desenvolvimento físico cogniti vo e psicossocial Esses aspetos estão interligados cada um influenciando o outro no decorrer da vida Para auxiliar a compreensão e fixação veja a Tabela 2 TABElA 2 Noções sobre o desenvolvimento humano FoNTE Adaptado de PAPAliA olds FEldmAN 2006 Faixa Etária Desenvolvimento Físicos Desenvolvimento Cognitivos Desenvolvimentos Psicossociais Período Prénatal concepção ao nascimento Primeira Infância nascimento aos 3 anos Segunda Infância 3 aos 6 anos Terceira Infância 6 aos 11 anos Ocorre a concepção A dotação genética interage com as influências ambientais desde o início Formamse as estruturas e os órgãos corporais básicos Iniciase o crescimento cerebral O crescimento físico é o mais rápido de todo o ciclo vital O feto ouve e responde a estímulos sensórios A vulnerabilidade a influências ambientais é grande Todos os sentidos funcionam no nascimento em graus variados O cérebro aumenta de complexidade e é altamente sensível à influência ambiental O crescimento e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são rápidos As capacidades de aprender e lembrar estão presentes durante a etapa fetal As capacidades de aprender e lembrar estão presentes mesmo nas primeiras semanas O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvemse ao final do segundo ano de vida A compreensão e o uso da linguagem desenvolvemse rapidamente O pensamento é um pouco egocêntrico mas a compreensão do ponto de vista das outras pessoas aumenta A imaturidade cognitiva leva a algumas ideias ilógicas sobre o mundo A memória e a linguagem se aperfeiçoam A inteligência tornase mais previsível O egocentrismo diminui As crianças começam a pensar com lógica mas da maneira concreta As habilidades de memória e linguagem aumentam Os desenvolvimentos cognitivos permitem que as crianças beneficiemse com a educação escolar Algumas crianças apresentam necessidades e talentos educacionais especiais O crescimento é constante o corpo fica mais delgado e as proporções mais semelhantes às de um adulto O apetite diminui e os problemas de sono são comuns A preferência pelo uso de uma das mãos aparece as habilidades motoras finas e gerais e força aumentam O crescimento diminui Força e habilidades atléticas aumentam Doenças respiratórias são comuns mas a saúde geralmente é melhor do que em qualquer outro período do ciclo vital O feto responde à voz da mãe e desenvolve uma preferência por ela Desenvolvese um apego a pais e a outras pessoas Desenvolvese a autoconsciência Ocorre uma mudança da dependência para a autonomia Aumenta o interesse por outras crianças O autoconceito e a compreensão das emoções tornamse mais complexos a autoestima é global Aumentam a independência a iniciativa o autocontrole e os cuidados consigo mesmo Desenvolvese a identidade de gênero O brincar tornase mais imaginativo mais complexo e mais social Altruísmo agressão e temores são comuns A família ainda é o foco da vida social mas as outras crianças tornamse mais importantes Frequentar a préescola é comum O autoconceito tornase mais complexo influenciando a autoestima A coregulação reflete a transferência gradual de controle dos pais para a criança Os amigos assumem importância central Adolescência 11 aos aproximandamente 20 anos Jovem Adulto 20 aos 40 anos Desenvolvese a capacidade de pensar em termos abstratos e utilizar o raciocínio científico O pensamento imaturo persiste em algumas atitudes e em alguns comportamentos A educação se concentra na preparação para a faculdade ou para a vida profissional O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas Ocorre maturidade reprodutiva Questões comportamentais como transtornos alimentares e abuso de drogas trazem importantes riscos à saúde Busca de identidade incluindo a identidade sexual tornase central Relacionamentos com os pais são em geral bons Os grupos de amigos ajudam a desenvolver e testar o autoconceito mas também podem exercer uma influência antisocial As capacidades cognitivas e os julgamentos morais assumem maior complexidade Escolhas educacionais e profissionais são feitas A condição física atinge o máximo depois diminui ligeiramente As escolhas de estilo de vida influenciam a saúde Os traços e estilos de personalidade tornamse relativamente estáveis mas as mudanças na personalidade podem ser inflenciadas pelas etapas e pelos eventos de vida Tomamse decisões sobre os relacionamentos íntimos e os estilos de vida pessoais A maioria das pessoas casase e tem filhos Meiaidade 40 aos 65 anos A maioria das capacidades mentais atinge o máximo a perícia e as capacidades de resolução de problemas práticos são acentuadas O rendimento criativo pode diminuir mas melhorar em qualidade Para alguns o êxito na carreira e o susseco financeiro alcançam o máximo para outros podem ocorrer esgotamento total ou mudança profissional Pode ocorrer alguma deterioração das capacidades sensórias da saúde do vigor e da destreza Para as mulheres chega a menopausa O senso de identidade continua se desenvolvendo pode ocorrer uma transição de meiaidade estressante A dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse A saída dos filhos deixa o ninho vazio Terceira idade 65 anos em diante A maioria das pessoas é mentalmente alerta Embora a inteligência e a memória possam se deteriorar em algumas áreas a maioria das pessoas encontra formas de compensação A maioria das pessoas é saudável e ativa embora a saúde e as capacidades físicas diminuam um pouco O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos do funcionamento A aposentadoria pode oferecer novas opções para a utilização do tempo As pessoas precisam enfrentar as perdas pessoais e a morte iminente Os relacionamentos com a família e com os amigos íntimos pode oferecer apoio importante A busca de significado na vida assume importância central O desenvolvimento consiste em um processo contínuo e ordenado O ser humano se desenvolve a partir de uma sequência regular e contínua ou seja a etapa anterior do desenvolvimento influencia a etapa posterior e não é possível ocorrer saltos entre as fases O desenvolvimento ocorre pelas sequências cefalocaudal e próximodistal estudaremos os termos a seguir O desenvolvimento progride de respostas gerais para respostas específicas Cada parte do organismo possui um ritmo próprio de desenvolvimento O ritmo de desenvolvimento de cada indivíduo é constante O desenvolvimento é complexo e os seus aspectos estão interrelacionados A sequência cefalocaudal afirma que o desenvolvimento progride da cabeça para as extremidades e a sequência próximodistal indica que o desenvolvimento progride do centro do corpo para a periferia Quanto mais se desenvolve mais o sujeito se torna capaz de responder de forma específica para cada demanda Cada parte se desenvolve em determinado período o qual possibilita o seu crescimento e a sua maturação Cada um tem seu próprio ritmo de desenvolvimento uns se desenvolvem mais depressa e outros mais devagar mas isso é completamente normal O ser humano desenvolvese como um todo Não é possível separar os aspectos físico intelectual emocional e social a não ser para fins de estudo Os níveis fisiológico psicológico e social estão em constante interação licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 47 FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO Cada período do ciclo da vida é influenciado pelo que ocorreu antes e irá afetar o que virá depois PAPAliA olds 2000 p 31 Assim compreendemos que o de senvolvimento é um processo contínuo no decorrer da vida e cada parte do ciclo apresenta suas próprias características Dessa forma este item está subdivido em duas grandes fases do ciclo vital humano e as principais características do desen volvimento de cada fase infância e adolescência 221 Infância Ariès 1981 expõe que até o século XVII não existia a noção de infância as crianças eram vistas como adultos em miniaturas mais fracos e menos inteligentes Foi somente no século XIX que abriuse caminhos para o estudo científico do desen volvimento infantil É comum que se subdivida a infância em períodos menores de modo a aprofun dar sua compreensão Nesse item abordaremos o desenvolvimento infantil con forme três etapas primeira infância segunda infância e terceira infância 2211 Primeira Infância A primeira infância compreende o período entre o nascimento até os três primei ros anos de idade O crescimento físico e o desenvolvimento motor ocorrem con forme dois princípios cefalocaudal o desenvolvimento avança da cabeça para as partes inferiores e próximodistal o desenvolvimento avança do centro do corpo para as partes externas gAllAHUE oZmUN 2005 Estes princípios do desenvolvi mento podem ser visualizados na figura 7 22 iNTErATividAdE para saber mais assista ao vídeo não existiam crianças antes do século XX do historiador brasileiro Leandro Karnal no link httpswwwyoutube comwatchv7muGDWAkY90 2 48 FigUrA 7 Princípios do desenvolvimento cefalocaudal e próximodistal FoNTE Autoras 2018 O crescimento mais evidente do corpo se dá no primeiro ano embora o cres cimento continue rápido durante os três primeiros anos de vida da criança As capacidades sensoriais presentes desde o nascimento desenvolvemse rapida mente nesse período além de ganharem controle sobre o movimento de seu corpo durantes os três primeiros meses de vida As habilidades motoras desen volvemse em sequências definidas e a autolocomoção apresentase como um evento determinante gerando mudanças em todas as áreas do desenvolvimen to Porém padrões ambientais e culturais podem influenciar o ritmo do desen volvimento motor PAPAliA olds 2000 Cognitivamente as crianças nessa fase desenvolvem a fala prélinguística ou seja aquela que precede a primeira palavra incluindo o choro arrulhos balbucio e a imitação de sons aos seis meses a criança já aprendeu os sons básicos da lín gua Anterior à pronúncia da primeira palavra as crianças utilizam gestos para se comunicarem estes consistem em apontar gestos sociais representacionais e sim bólicos Em torno dos nove a 10 meses a criança começa a compreender a fala com significado e no segundo ano de vida já consegue falar a língua da cultura na qual está inserida as primeiras palavras geralmente aparecem entre os 10 e 14 meses dando início à fala linguística que diferentemente da fala prélinguística não está mais relacionada à idade cronológica Por volta dos três anos de idade a criança já desenvolveu razoavelmente a gramática e a sintaxe e a fala é caracterizada pela sim plificação restrição e ampliação do significado das palavras PAPAliA olds 2000 Já o desenvolvimento psicossocial enfatiza os padrões de temperamento da criança nessa fase os quais são vistos como inatos e podem ser influenciados por mudanças ambientais significativas Neste período a criança começa a for mar vínculos fortes com os pais ou cuidadores Há também o início da per cepção de si mesmo autoreconhecimento e autoconsciência e o interesse por outras crianças PAPAliA olds 2000 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 49 Segundo a teoria de Erik Erikson o bebê 0 a 1 ano está no estágio de confian ça básica versus desconfiança básica Neste estágio a principal tarefa é aprender a confiar na uniformidade e na continuidade dos provedores externos mãe cui dadores e em sua própria capacidade de fazer com que as coisas aconteçam O bebê aprende a confiar nos adultos e também a confiar em si mesmo elemento chave para um vínculo inicial seguro HAll liNdZEY CAmPBEll 2007 No segundo estágio autonomia versus dúvida que ocorre no segundo e terceiro ano de vida novas habilidades físicas levam à livre escolha a criança aprende a controlar os esfíncteres a falar a comer sozinha Mas pode desenvolver vergonha se não manejar adequadamente a situação A criança está em processo de separa ção e individuação ou seja ela se percebe cada vez mais como alguém diferente dos pais o que desperta ansiedade Neste estágio o desafio é tornarse alguém separado HAll liNdZEY CAmPBEll 2007 2212 Segunda Infância Dos três aos seis anos de vida as crianças vivenciam a segunda infância tam bém conhecida como os anos préescolares Nessa fase a aparência da criança muda suas habilidades motoras e mentais desenvolvemse amplamente e a sua personalidade passa a ser mais complexa Na medida em que a criança passa a ter maior controle de seus músculos consegue administrar melhor suas necessidades pessoais higienizarse vestirse entre outros e sua autonomia em vestirse Ad quire assim maior independência e autonomia PAPAliA olds 2000 Em relação aos aspectos do desenvolvimento físico nessa fase o crescimento aumenta consideravelmente porém é mais lento que o período anterior Geral mente os meninos são mais altos e pesados que as meninas Os sistemas muscular nervoso respiratório circulatório e imunológico estão em processo de amadure cimento e todos os dentes já estão presentes Também nesse período o desenvol vimento motor avança rapidamente sendo que as crianças progridem em suas habilidades motoras gerais e refinadas e na coordenação entre olhos e mãos A pre ferência pelo uso das mãos é evidente a partir do terceiro ano PAPAliA olds 2000 Os aspectos do desenvolvimento cognitivo compreendem o aumento do voca sAiBA mAis Erik Erikson foi um psicanalista responsável pelo desenvolvimento da Teoria do Desenvolvimento Psicossocial Para ele o desenvolvimento ocorre a partir de oito estágios sequenciais Os primeiros quatro ocorrem durante a infância um na adolescência e os três últimos na vida adulta e velhice sAiBA mAis documentário Babies 2010 do cineasta francês Thomas Balmès o qual aborda o primeiro ano de vida de quatro crianças com culturas e ambientes diferenciados Namíbia Tóquio Mongólia e São Francisco 3 3 50 bulário da gramática e da sintaxe Nesta fase a fala da criança é privada ou seja a conversa se dá em voz alta para consigo mesma o que a auxilia na aquisição do controle sobre as suas ações A fala privada tende a desaparecer em torno dos nove ou dez anos A recordação o reconhecimento e a memória aumentam nesse período geralmente aos quatro anos de idade e podem estar relacionadas ao de senvolvimento da linguagem PAPAliA olds 2000 Acerca dos aspectos psicossociais é nessa fase que diversos estudos apon tam para o desenvolvimento do eu ou seja é entre os quatro e doze anos de idade que as crianças desenvolvem gradualmente uma compreensão sobre suas emoções PAPAliA olds 2000 A criança já é capaz de manifestar sentimentos mais complexos como a infelici dade o ciúme e a inveja Sente a necessidade de aprovação e aceitação das pessoas com quem convive e confia Segundo Erikson nesta fase a criança está vivenciando o terceiro estágio iniciativa versus culpa Neste estágio a criança está mais organi zada física e mentalmente A iniciativa e autonomia possibilitam a organização de atividades em torno de uma tarefa ou meta Demonstra crescente responsabilidade O perigo desse estágio é o sentimento de culpa que pode ob cecar a criança por uma busca muito entusiasmada de metas incluindo fantasias genitais e o uso de meios agressivos e ma nipulativos para chegar a essas metas A criança está ansiosa para aprender e aprende bem nessa idade ela desenvolve seu senso de obrigação e de desempenho HAll liNdZEY CAm PBEll 2007 p 166167 A principal atividade da criança nessa fase é o brincar As brincadeiras estão re lacionadas ao desenvolvimento social emocional cognitivo variando de cultura para cultura e sendo influenciadas pelos ambientes criados pelos adultos Atra vés do brincar a criança explora o mundo imita se coloca no lugar dos adultos e aprende qual é o propósito dos fatos PAPAliA olds 2000 A Figura 8 provoca uma reflexão sobre a crescente inserção das crianças em atividades estruturadas formais o que acarreta muitas vezes na falta de um espaço para o livre brincar FigUrA 8 Ser criança FoNTE Autoras 2018 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 51 Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvi mento da identidade e da autonomia O fato de a criança des de muito cedo poder se comunicar por meio de gestos sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importan tes tais como a atenção a imitação a memória a imaginação Amadurecem também algumas capacidades de socialização por meio da interação e da utilização e experimentação de re gras e papéis sociais BrAsil 1998 p22 2213 Terceira Infância A terceira infância compreende a faixa etária dos seis aos doze anos de idade co nhecida também como anos escolares pois a escola nessa fase consiste na expe riência central tornandose focal no desenvolvimento físico cognitivo e social Nesse período as crianças desenvolvem maiores competências em todos os cam pos No físico adquirem maiores habilidades físicas necessárias para participa rem de jogos e esportes organizados ficam mais altas mais pesadas e mais fortes É um processo mais lento que os períodos anteriores Geralmente os meninos são maiores que as meninas no início dessa fase ao mesmo tempo em que as meninas passarão pelo surto do crescimento da adolescência mais cedo tendendo a serem maiores do que os meninos no final dessa fase Além disso o desenvolvimento motor permite às crianças na idade escolar participarem de uma ampla gama de atividades as diferenças nas habilidades motoras entre os gêneros aumentam até a puberdade principalmente em função da maior força dos meninos e das expec tativas e experiências culturais PAPAliA olds 2000 Os aspectos cognitivos envolvem avanços no pensamento lógico e criativo no juízo na moral na memória na leitura e na escrita Nessa fase a memória se aperfeiçoa devido o tempo de processamento de informações diminuir e a capa cidade de atenção e memória de curto prazo aumentarem assim as crianças se tornam mais aptas ao uso de estratégias mnemônicas Além disso a compreen são da sintaxe se torna cada vez mais complexa o entendimento dos processos de comunicação se aperfeiçoam e a interação entre colegas na escola auxilia no desenvolvimento da alfabetização A criança desenvolve a noção de autoconceito possibilitando a formação de sistemas representacionais mais equilibrados e rea listas PAPAliA olds 2000 sAiBA mAis em Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil 2010 Disponível em httpndiufsc brfiles201202DiretrizesCurricularesparaaEIpdf 3 ATENção no Brasil conforme o Estatuto da Criança e da Adolescência ECA a adolescência é definida como uma etapa 1da vida entre os 12 e 18 anos BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 52 Em relação aos aspectos psicossociais a autoestima liga os aspectos cogniti vos emocionais e sociais da personalidade assim a autoestima ou o valor pró prio dependem do quanto a criança acredita ser competente e do apoio social que recebe Nessa fase a cultura é forte fonte de influência nos relacionamentos da criança e nos papéis familiares Embora a criança nesse período passe menos tempo com os pais e mais com os seus pares o relacionamento com seus pais continua a ser o mais importante Os grupos de pares geralmente consistem em crianças da mesma idade e sexo e desempenham diversas funções como o desen volvimento das habilidades sociais a noção de pertencimento e o fortalecimento do autoconceito PAPAliA olds 2000 Nesta fase intensificamse os laços afetivos com amigos vizinhos e colegas Formamse grupos distintos meninos de um lado e meninas de outro E um mo mento sensível a críticas e avaliações por qualquer motivo a criança pode se sen tir comprometida em sua capacidade de aprender EiZiriK BAssols 2001 Segundo Eriskon nesta fase as crianças 612 anos estão vivenciando o es tágio diligência versus inferioridade O brincar cede espaço aos interesses para novas aquisições como usar e conhecer instrumentos máquinas que a prepa rem para o mundo adulto As fantasias diminuem e passam a dedicaremse à educação formal O perigo desse estágio é a criança desenvolver um senso de inferioridade se for ou fizerem com que se sinta incapaz de dominar as tarefas que inicia ou que lhe são dadas pelos professores e pelos pais HAll liNdZEY CAmPBEll 2007 p 168 222 Adolescência A adolescência pode ser definida como a transição no desenvolvimento entre a in fância e a idade adulta Começa aproximadamente aos 12 anos e dura até o início dos 20 anos Os autores divergem na questão da idade em que inicia e termina a adolescência e por isso não podemos afirmar que existe um ponto claro para seu início e para seu fim Os autores concordam porém em considerar que a adoles cência se inicia com a puberdade A puberdade consiste no processo de matura ção sexual ou seja a capacidade de reprodução PAPAliA olds 2000 As mudanças biológicas decorrentes da puberdade resultam em um rápido au mento da altura e do peso em alterações nas formas e proporções do corpo e na maturação sexual Tanto nos meninos quanto nas meninas a puberdade inicia quando a glândula pituitária na base do cérebro envia uma mensagem às glându las sexuais para o aumento da secreção de hormônios Nas meninas esse proces so resulta em os ovários aumentarem a produção de estrogênio hormônio femi nino o qual estimula o crescimento dos genitais femininos e o desenvolvimento dos seios Já nos meninos os testículos aumentam a produção de andrógenos especialmente a testosterona os quais são responsáveis pelo estímulo do cresci mento dos genitais e dos pêlos corporais Assim os principais sinais da maturida de sexual são a menstruação nas meninas e a produção de espermatozoides nos meninos PAPAliA olds 2000 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 53 As características da adolescência reforçam a importância de compreender esta etapa do desenvolvimento que se configura em um período de inúmeras transformações em que estão presentes modificações emocionais sociais físicas e cognitivas Essas por sua vez são fundamentais na construção do autoconceito nos adolescentes EiZiriK 2001 ABErAsTUrY KNoBEl 1992 Cordioli 1998 pon tua que é neste período que o adolescente começa a definir sua maneira de ser di ferenciandose dos demais que o rodeiam Este reconhecimento que compreende valores crenças gostos entre outros resulta da intercessão das vivências primá rias e das experiências atuais É no contexto grupal que o sujeito se identifica e se diferencia e é a partir do olhar do outro que o sujeito se reconhece Em relação ao desenvolvimento cognitivo os adolescentes passam a pensar de forma abstrata sendo capazes de raciocinar de modo hipotéticodedutivo Além disso podem pensar em termos de possibilidades testar hipóteses e lidar de forma flexível com os problemas PAPAliA olds 2000 CóriaSabini 1986 comenta que a primeira impressão frente a estas mudanças é a ampliação da classificação e da seriação que passam agora a incluir conceitos abstratos como justiça verdade moralidade perspectiva e conceitos geométricos Em seguida visualizase o desligamento da realidade física permitindo ao adolescente ra ciocinar com acontecimentos reais ou abstratos considerando não apenas seus aspectos imediatos e limitantes mas hipotetizar as possíveis consequências de cada uma das soluções propostas Além disso Barros 2008 afirma que durante esse período de busca e inde cisão o adolescente caracterizase pela introversão voltarse para dentro pois está constantemente ocupado com seus próprios sentimentos tendendo a se en tregar facilmente ao devaneio e se interessar por narrativas sendo comum a sua identificação com os heróis que dela fazem parte Socialmente os adolescentes vivenciam a questão central da busca pela iden tidade por meio de componentes ocupacionais sexuais e de valores A sexualida de nesse sentido assume importante papel na formação da identidade e a orien tação sexual está diretamente influenciada pela interação de fatores biológicos e ambientais Em relação aos seus relacionamentos os adolescentes costumam não possuir uma relação muito harmônica com seus pais ou seja ocorre o processo de individualização dos pais Passam a maior parte do tempo com seus amigos os quais desempenham importante papel no seu desenvolvimento tornandose mais íntimos além da tendência à formação de grupos e o início das relações se xuais PAPAliA olds 2000 EiZiriK 2001 Todos nós temos a necessidade de pertencer a um grupo Para o adolescente essa necessidade costuma ser ainda maior Ele quer se ver e se mostrar diferente dos pais mas ainda precisa de uma referência externa que acaba na maioria das vezes sendo o grupo de amigos A figura 9 retrata uma manifestação ado lescente muito comum a de querer ser igual a todo mundo do seu grupo e ao mesmo tempo singular 54 FigUrA 9 Processo de individualização FoNTE Autoras 2018 O adolescente reflete sobre o mundo social e constrói conceitos a respeito dele o que lhe permite integrarse no mundo profissional político e social do adulto Suas reflexões acerca das ideologias dos adultos possibilitam construir a sua concepção de mundo CÓriAsABiBi 1986 A partir de suas posições ideológicas o adolescen te encontra a sua autonomia moral o que definirá os seus princípios éticos Segundo a teoria do desenvolvimento psicossocial de Erikson o estágio vi venciado nesta época é identidade versus confusão de identidade Nesta fase a pessoa se torna consciente das características individuais inerentes de situações pessoas e objetos dos quais gosta ou não de metas futuras HAll liNdZEY CAm PBEll 2007 p173 É uma época marcada por escolha ocupacional busca de no vos valores em que se atinge a identidade sexual adulta Devido à difícil transição da infância à idade adulta por um lado e à sensibilidade à mudança social e histórica por outro o adolescente durante o estágio da formação da identidade tende a sofrer mais profundamente do que nunca em virtude da confusão de papéis ou da confusão de identidade Esse es tado pode fazer com que ele se sinta isolado vazio ansioso e indeciso O adolescente sente que precisa tomar decisões im portantes mas é incapaz de fazer isso Ele pode sentir que a so ciedade o pressiona para tomar decisões assim ele fica ainda mais resistente HAll liNdZEY CAmPBEll 2007 p173 Não é raro ouvirmos adultos falando da adolescência de modo negativo desvalo rizando as problemáticas enfrentadas pelos adolescentes e minimizando as tare fas que essa fase da vida impõe ao sujeito em nossa sociedade Ao final da adoles cência às vezes muito antes disso os adultos exigem certos direcionamentos e respostas Já tem uma namoradinhoa e Já sabe que profissão quer ter são as perguntas corriqueiras e o adolescente que não estiver bem resolvido com tais questões pode vivenciar grande sofrimento O adolescente se sente às vezes criança às vezes adulto e é assim também que os outros lhe tratam A fim de explicar esse período complexo e tão importante do desenvolvimento Aberastury e Knobel 1981 propuseram 10 características da adolescência conforme segue licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 55 1 Busca de si mesmo e da identidade 2 Tendência grupal 3 Necessidade de intelectualizar e fantasiar 4 Crises religiosas 5 Descolamento temporal 6 Evolução sexual do autoerotismo à heterossexualidade 7 Atitude social reivindicatória 8 Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta 9 Separação progressiva dos pais 10 Constantes flutuações do humor ATENção os adolescentes contraem menos doenças agudas do que as crianças mas mortes por acidentes são mais presentes sendo o suicídio e os transtornos alimentares os mais frequentes ganhando destaque a bulimia e a anorexia Bulimia Transtorno alimentar caracterizado pelo ciclo formado por uma etapa de grande ingestão de alimentos e outra de compensação ou purgação forçase o vômito ou ingerese laxantes eou diuréticos para eliminar a comida Anorexia Transtorno alimentar caracterizado por um grande temor de ganhar peso ainda que o paciente esteja muito abaixo do peso ideal Ele se impõe então uma rígida dieta de restrição alimentar As causas 70 dos casos há predisposição genética Contribuem ainda a chamada cultura da beleza magra e o estímulo à busca do corpo ideal CArrAro 2015 p 112 iNTErATividAdE sobre a adolescência leia a reportagem Os desafios da adolescência de Wagner Ranña no link httpwww2uolcombrvivermentereportagensos desafiosdaadolescenciahtml sAiBA mAis para maiores informações acerca das 10 características da adolescência sugerimos o livro de Arminda Aberastury e Maurício Knobel Adolescência normal enfoque psicanalítico 1 2 3 56 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 Conceitue desenvolvimento humano 2 São os fatores que influenciam o desenvolvimento humano 3 Os quatros aspectos básicos do desenvolvimento humano 4 Descreva os principais aspectos físico cognitivo e psicossocial das fases do desenvolvimento humano infância e adolescência licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 59 INTRODUÇÃO A preocupação e interesse em desvendar os mistérios da aprendizagem hu mana surgiram ainda na antiguidade No século XIX o desenvolvimento das disciplinas científicas entre elas a Psicologia fortaleceu estudos que resultaram no desenvolvimento de diferentes teorias acerca dos processos de construção do conhecimento No século XX diversas pesquisas ancoradas em observações e experimentos colaboraram para a abertura de um campo de estu dos que posteriormente iria se estruturar em torno de diferentes teorias cogni tivas ou teorias de aprendizagem decisivas para a compreensão das diferentes variáveis envolvidas nos processos de construção e desenvolvimento do conhe cimento e sua relação com o sujeito que aprende Você já percebeu que tudo o que fazemos ou construímos é resultado das nossas aprendizagens Aprender é uma condição essencial à existência humana Desde o nascimento o ser humano tem seu desenvolvimento pautado pela aprendizagem que ocorre de diferentes maneiras Das atividades mais elementares como um bebê chorar para chamar sua mãe para ser alimentado passando pelas aprendizagens moto ras comportamentais desenvolvimento da linguagem das relações até chegar a sofisticadas elaborações mentais O processo de aprendizagem é complexo envolve fatores internos de natureza biológica e psicológica que interagem entre si e com o meio externo Abrange hábi tos que vão sendo formados pelo sujeito em compasso com a assimilação de valo res sociais e culturais a que tem acesso no decorrer de seu processo de socialização Deste modo envolve o enfrentamento de exigências externas de natureza social as quais mobilizam o sujeito para que este desenvolva respostas que possam aten der a tais exigências satisfatoriamente Ao relacionarse com as pessoas e com os objetos o ser humano constitui vín culos e vai desenvolvendo distintas formas de conhecer e aprender baseadas tanto nas experiências individuais quanto nas experiências coletivas Tais experiências possibilitam a construção de modelos de aprendizagem que se elaboram e se mo dificam conforme as interações que se estabelecem com os objetos do conheci mento com os outros e consigo mesmo Há que se considerar que embora os processos de aprendizagem não se restrin jam apenas aos que ocorrem em contexto escolar a escola é um ambiente formal de aprendizagem Isso põe em evidência o caráter individual da aprendizagem e a necessidade permanente de revisão e avaliação dos processos de ensinar e apren der desenvolvidos no contexto escolar Também há que se reconhecer que cada pessoa aprende de maneira singular o que denota a existência de diferentes estilos de aprendizagem os quais demandam um adequado planejamento e utilização de estratégias de ensino que contemplem tal diversidade Nesta perspectiva a presente unidade irá abordar a conceituação caracteriza ção dimensões e fatores associados à aprendizagem 60 CONCEITUANDO APRENDIZAGEM 31 Consideramos importante pensar no significado da terminologia O termo aprendizagem deriva do verbo aprender de ad prehendere cujo sentido é le var para junto de si Segundo o dicionário de filosofia Nicola Abbagnano 2007 p 75 o termo aprendizado ou aprendizagem significa aquisição de uma técnica qualquer simbólica emotiva ou de comportamento ou seja mudança nas respostas de um organismo ao ambiente que melhore tais respostas com vistas à conserva ção e ao desenvolvimento do próprio organismo O dicionário Houaiss da língua portuguesa 2009 p165 atribui para o termo aprendizado ou aprendizagem a seguinte significação ato processo ou efeito de aprender duração desse processo experiência inicial do que se aprendeu prática experiência Para Fernández 2001 p 124 a aprendizagem é uma construção singular que cada sujeito vai fazendo a partir de seu saber para ir transformando as informa ções em conhecimento Num sentido amplo a aprendizagem pode ser entendi da como a capacidade que o sujeito apresenta de dar respostas que se adaptam às solicitações e desafios surgidos na sua interação com o meio Toda aprendizagem gera mudanças no comportamento do aprendiz Por meio dos processos de aprendizagem os homens se apropriam dos recursos criados para a vida em sociedade e se inserem no processo histórico da humanidade De acordo com Vygotsky 1998 a aprendizagem está relacionada ao desen volvimento desde o início da vida humana iniciando muito antes da entrada da criança na escola É um processo permanente e contínuo que ocorre em diferen tes espaços sejam formais como é o caso da escola ou informais A aprendiza gem possibilita que sejam despertados processos internos de desenvolvimento em que as relações estabelecidas influenciam intensamente estes processos O que quer dizer que embora haja um percurso de desenvolvimento definido in dividualmente pelo processo de maturação de cada organismo é por meio da aprendizagem que tais processos são impulsionados Oliveira 2002 a partir das formulações de Vygotsky define aprendizagem ou aprendizado como Processo pelo qual o indivíduo adquire informações habili dades atitudes valores etc a partir de seu contato com a re alidade o meio ambiente as outras pessoas É um processo que se diferencia dos fatores inatos a capacidade de digestão por exemplo que já nasce com o indivíduo e dos processos de maturação do organismo independentes da informação do ambiente a maturação sexual por exemplo Em Vygotsky licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 61 justamente por sua ênfase nos processos sóciohistóricos a ideia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo olivEirA 2002 p 57 Vygotsky defende que aprender exige que o ser humano relacione processos psi cológicos com aspectos culturais históricos e instrumentais destacando o papel fundamental da linguagem 62 CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM 32 A aprendizagem é um processo permanente e contínuo que se reflete em todas as nossas ações Explicar o mecanismo da aprendizagem é esclarecer a maneira pela qual o ser humano se desenvolve toma conhecimento do mundo em que vive organiza sua conduta e se ajusta no meio físico e social CAmPos 2014 p 16 A afirmação de Campos conduz a alguns questionamentos afinal o que é aprendizagem Como aprendemos Existem diferentes tipos de aprendizagem Campos 2014 apresenta algumas características da aprendizagem resultan tes da contribuição das diferentes teorias Veja no Quadro 5 QUAdro 5 Características da aprendizagem FoNTE Adaptado de CAmPos 2014 1 Processo dinâmico a aprendizagem envolve a participação ativa do indivíduo 2 Processo contínuo a aprendizagem está presente desde o nascimento até o fecha mento de nosso ciclo vital Aprendemos de maneiras diferentes de acordo com nossa faixa etária nível de desenvolvimento contexto em que estamos inseridos sejam estes formais ou informais 3 Processo global por provocar mudanças no comportamento o processo de apren dizagem requer a participação total do indivíduo em seus aspectos físicos intelectuais emocionais e sociais O desenvolvimento humano ocorre de maneira global em que todos os aspectos que o constituem evoluem gradativa e concomitantemente necessi tando um completo envolvimento do indivíduo no ato de aprender 4 Processo pessoal a aprendizagem é uma experiência individual ninguém pode aprender por nós tampouco podemos aprender por outrem Cada indivíduo tem uma maneira de aprender e um ritmo de aprendizagem o que lhe confere um caráter pessoal e intrasferível 5 Processo gradativo a aprendizagem se desenvolve de modo gradativo em que as ope rações realizadas vão se tornando cada vez mais complexas Uma nova aprendizagem sempre agrega elementos às aprendizagens anteriores aumentando sua complexidade 6 Processo cumulativo as aprendizagens somamse umas às outras de modo que va mos acumulando experiências O acúmulo de experiências provoca a organização de novos padrões de comportamento que quando incorporados pelo indivíduo geram mudanças no seu próprio repertório comportamental Quanto mais experiências são vivenciadas maiores são as possibilidades de aprender licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 63 Conforme apresentado anteriormente a aprendizagem não é a mera repetição da informação e não resulta unicamente do processo de memorização Para que ela ocorra estão envolvidos o uso e o desenvolvimento de todos os poderes ca pacidades potencialidades do homem tanto física quanto mentais e afetivas CAmPos 2014 p 33 Nesta perspectiva a tirinha abaixo Figura 10 ilustra uma crítica quanto à compreensão da aprendizagem como mera repetição e à posição do aluno como sujeito passivo FigUrA 10 Crítica ao modelo educacional que tem o aluno como sujeito passivo FoNTE Autoras 2018 Para que a aprendizagem ocorra de maneira satisfatória além de outros aspectos devese considerar que cada estudante apresenta uma inclinação à aquisição do conhecimento por diferentes canais sensoriais A estas diferentes tendências de aprendizado dáse o nome de estilos de aprendizagem Para Campbell Campbell e Dickinson 2000 p 161 Os estilos de aprendizagem referemse às diferenças indivi duais na maneira como a informação é compreendida processada e comunicada A respeito dos estilos de aprendizagem várias são as teorias que buscam defi nilos e classificálos Dentre elas merece destaque a desenvolvida por Fernald e Keller e OrtonGilingham que propõe o modelo vAC visUAl AUdiTivo E CiNEsTÉ siCo Este modelo é baseado nos sentidos e compreende três estilos Estilo visual o indivíduo tem inclinação ao aprendizado utilizando estímu los visuais estabelece relações entre ideias e conceitos a partir de imagens O uso de fotos vídeos demonstrações e outros recursos visuais é indicado A observa ção e a leitura podem ser métodos de estudo interessantes para estes estudantes Estilo Auditivo o indivíduo tem inclinação ao aprendizado utilizando es tímulos auditivos estabelece relações entre ideias e conceitos a partir de sons especialmente da linguagem falada O estudo deve priorizar o ouvir e o falar O aluno pode ler em voz alta utilizar recursos audiovisuais Em sala de aula a expli cação do professor é de grande importância 64 Estilo Cinestésico o indivíduo tem inclinação ao aprendizado por meio dos movimentos corporais O uso de experiências que envolvem tocar sentir e explo rar é de grande relevância Indicase o uso de atividades práticas pois o tocar e o fazer são importantes para estes alunos É comum haver um estilo de aprendizagem dominante Cabe no entanto sa lientar que todos os canais sensoriais são importantes para a aquisição do conhe cimento Além disso em uma sala de aula a diversidade entre os alunos exige o uso de uma abordagem multissensorial O reconhecimento de que há uma característica individual no modo com que cada pessoa aprende estilo de aprendizagem e a identificação de que há diferenças básicas nas formas de apreender e relacionar os dados da realidade estilo cognitivo implica forçosamente na revisão e atualização dos processos de ensinar e aprender NATEl TArCiA sigUlEm 2013 p 146 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 65 DIMENSÕES DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Aprendizagem e desenvolvimento são processos interligados e dependem tanto de elementos intrínsecos internos quanto extrínsecos externos do ser huma no Os fatores internos abrangem três aspectos que se interrelacionam o corpo enquanto um instrumento responsável pelos automatismos coordenações e arti culações cujo organismo representa a infraestrutura que possibilita ao indivíduo perceber registrar reconhecer e gravar os diferentes estímulos que o cercam as estruturas cognitivas responsáveis por organizar os estímulos transformandoos em conhecimento representam o que está na base da inteligência a dinâmica do comportamento que diz respeito à capacidade do indivíduo atuar de modo dinâmico sobre a realidade que o cerca produzindo mudanças em seu comporta mento Os fatores externos são aqueles que dependem das condições oferecidas pelo meio no qual o indivíduo está inserido PAÍN 1985 A referida autora inscreve o processo de aprendizagem na dinâmica da trans missão da cultura ampliando o sentido da palavra educação Ressalta que a edu cação possui quatro funções a mantenedoraconservadora reproduz as normas que regem as ações ga rantindo a continuidade da espécie humana transmissão da cultura b socializadora por meio da língua da cultura do meio transforma o indi víduo em sujeito que se identifica com o grupo e passa a internalizar seu conjunto de normas c repressora utilizase de meios para garantir a manutenção do sistema que rege a sociedade conservando e reproduzindo as limitações existentes d transformadora quando as contradições do sistema são percebidas e re conhecidas e os sujeitos adotam uma postura de enfrentamento dessas contradi ções em que a aprendizagem se torna uma possibilidade libertadora Neste sentido a autora observa que o conhecimento é uma elaboração conjunta de quem ensina e de quem aprende é construção e produção humana Os proces sos de aprendizagem envolvem muitas variáveis necessitando de um olhar mais amplo e atento a todos os fatores que os constituem São complexos pois envolvem questões cognitivas psicológicas materiais e humanas que são indissociáveis De acordo com Paín a aprendizagem não constitui uma estrutura mas um lugar de articulação de esquemas Não ocorre de modo isolado é abrangente por envolver um momento histórico um organismo uma etapa genética da inteli gência e um sujeito associado a outras estruturas teóricas que constituem ma terial de estudo do materialismo histórico à teoria piagetiana da inteligência e à teoria psicanalítica de Freud PAÍN 1985 pág 15 Assim a autora apresenta qua tro dimensões que envolvem os processos de aprendizagem conforme Figura 11 33 66 FigUrA 11 Aprendizagem e as quatro dimensões propostas por Paín FoNTE Autoras 2018 A dimensão biológica é o organismo suas especificidades e a possibilidade de aprendizagem e construção de esquemas de ação sobre o mundo bem como instrumentalidade para agir sobre ele A dimensão cognitiva a partir de uma estrutura orgânica inicial o sujeito constrói conhecimento referese mais às construções da própria pessoa A dimensão social é composta pelo par ensinoaprendizagem em contextos específicos para cada sujeito compreendendo todos os comportamentos destina dos à transmissão cultural A dimensão de aprendizagem como função do eu que trata da constituição do sujeito PAÍN 1985 De que maneira cada uma delas pode influenciar a aprendizagem A dimensão biológica do processo de aprendizagem referese ao organismo suas especificidades e a possibilidade de aprendizagem e construção de esque mas de ação sobre o mundo bem como instrumentalidade para agir sobre ele Sobre este aspecto Piaget aponta a existência de duas funções que são comuns à vida e ao conhecimento conservação da informação e antecipação A conservação da informação está relacionada à memória Num primeiro mo mento ocorre a aquisição de um determinado conhecimento para posteriormen te ocorrer a conservação da aprendizagem adquirida Piaget afirma que as informações adquiridas a partir do exterior ocorrem em função de algum marco ou esquema interno do indivíduo podendo ser mais estruturado ou menos estruturado Tal processo ocorre tanto para as aprendi zagens mais complexas como para as mais elementares Desse modo por meio de um comportamento exploratório espontâneo que lhe é vital o indivíduo cria condições para adaptarse adequadamente às novas situações conservando os esquemas anteriormente construídos Piaget destaca que toda aprendizagem humana resulta de uma construção As estruturas do conhecimento apresentam a característica específica de serem construídas motivo pelo qual não podem ser consideradas inatas apesar do Dimensão Biológica Dimensão Cognitiva Dimensão Social Função do Eu Aprendizagem licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 67 caráter hereditário da inteligência como aptidão do ser humano PAÍN 1985 p 16 Essa construção necessita da experiência ou manipulação do ambiente e do funcionamento interno do sujeito os quais conduzem à gradual estruturação da coordenação de suas ações Paín 1985 propõe a existência de três tipos de conhecimento que compreen dem a dimensão biológica Conhecimento das formas hereditárias une as informações hereditárias do sujeito com as informações referentes ao meio no qual este sujeito atuará Conhecimento das formas lógicomatemáticas construído progressiva mente de acordo com as fases de equilibração crescente e por organização pro gressiva das ações realizadas com os objetos porém dispensandoos como tais Conhecimento das formas adquiridas as experiências que o sujeito realiza sobre o objeto lhe fornecem informações sobre suas características e propriedades O conhecimento das formas lógicomatemáticas e das formas adquiridas inte gram o funcionamento do conhecimento das formas hereditárias e complemen tamse mutuamente já que se por um lado toda ação é ação sobre um objeto por outro lado esta ação se desdobra com certa organização impressa no marco das es truturas lógicas que permitem uma correta leitura da experiência PAÍN 1985 p16 Com base nos padrões biológicos e na epistemologia genética de Piaget que será abordada na unidade 4 é possível perceber a existência de uma aprendiza gem em sentido mais amplo gerada pelo desdobramento funcional de uma ativi dade estruturante que constrói de modo definitivo estruturas operatórias esque matizadas durante tal atividade Também a existência de uma aprendizagem mais restrita que possibilita o conhecimento das propriedades e das leis de cada objeto particularmente por meio da assimilação de tais estruturas que permitem uma organização compreensível do real A dimensão cognitiva do processo de aprendizagem alude especificamente às questões psicológicas da aprendizagem Referenciando P Gréco no Volume VII do Tratado de Psicologia Experimental Paín diferencia 3 tipos de aprendizagem O primeiro tipo de aprendizagem diz respeito aquele em que o indivíduo ad quire um comportamento novo adaptado às novas situações a que se expõe e corroborado pela experiência trazida a partir da tentativa e erro frente a uma situ ação até então desconhecida A tentativa e erro não são ocasionais mas dirigidas de modo que cada experiência seja favorável ao sujeito e conduza a uma aprendi zagem independentemente de ter alcançado êxito ou não No segundo tipo há uma aprendizagem da regulação que conduz as trans formações dos objetos e suas relações recíprocas A experiência tem por função confirmar ou ajustar as hipóteses ou antecipações internas construídas pelo su jeito a partir da manipulação dos objetos O terceiro tipo é a aprendizagem estrutural que está vinculada ao surgimen to das estruturas lógicas do pensamento as quais permitem ao sujeito organi zar uma realidade compreensível e cada vez mais equilibrada Tais estruturas vão sendo construídas no decorrer de todo processo de aprendizagem tendo a expe 68 riência a função de reavaliação permanente dos esquemas já construídos e inefi cientes para determinadas transformações Paín 1985 utiliza como exemplo a experiência da conservação da quantidade de líquido para demonstrar como se processa a compensação intuitiva na crian ça considerando que as respostas que a satisfazem aos cinco anos já não a satis fazem aos seis anos em decorrência das experiências que vivência as quais lhe possibilitam modificar esquemas construídos e construir esquemas novos Assim as experiências promovem a aplicação da estrutura já construída à realidade e ao mesmo tempo cria novos esquemas que de maneira coordenada permitem ao sujeito compreender sua realidade e possibilidades de transformação A dimensão social do processo de aprendizagem é tida como um dos polos que compõe o par ensinoaprendizagem do qual decorre o processo educativo Pro cesso este que abarca os diferentes comportamentos necessários à transmissão da cultura sejam os realizados nas instituições formais ou nas outras instituições que promovem a educação entre elas a família Por meio da aprendizagem o sujeito histórico exercita apropriase e incorpora a cultura do grupo social a que perten ce demonstrada em comportamentos como falar cumprimentar usar utensílios fabricar artefatos rezar conforme a modalidade própria do seu grupo Ou seja adquire e desenvolve conhecimentos e comportamentos relativos às relações e convenções sociais vigentes no contexto do grupo não apenas como produto das relações estabelecidas com os objetos e outras pessoas mas como consequência de seu pertencimento a determinados grupos sociais PAÍN 1985 PoZo 2002 Nesse sentido educar significa ensinar indicando estabelecendo sinais e marcando comportamentos permitidos nesses grupos Desse modo o sujeito aprende como se comportar a partir de ações que desenvolvem e que reprimem adequandose às normas e às necessidades do grupo Nesse movimento do cons truir desconstruir modificar evoluir a educação garante a continuidade do pro cesso histórico e da sociedade Sob esta perspectiva as aprendizagens humanas são consideradas aprendiza gens sociais visto que se originam em contextos de interação social e são cultu ralmente mediadas quando se utilizam da transmissão da cultura Todavia apesar do caráter social e coletivo a assimilação e interiorização da cultura é um proces so individual de cada aprendiz O processo de aprendizagem como função do eu Os processos de aprendi zagem também influenciam a constituição do sujeito A educação permite ao ser humano manter a pulsão sob controle permitindo empregarmos sua força em obras culturais Aos poucos a criança aprende a controlar a pressão dos impul iNTErATividAdE para saber mais sobre a experiência da conservação de líquidos assista Vídeo 1 A criança ainda não atingiu o estágio de conservação httpswwwyoutubecomwatchvsoi4ZNtfcs Vídeo 2 A criança atingiu o estágio de conservação httpswwwyoutubecomwatchv1UkLxwqjhFs 2 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 69 sos por meio de formas de satisfação substitutivas que possibilitem intercalar a necessidade e o desejo Aprende a organizar informações sensoriais transforman doas em elementos utilizáveis que podem ser pensados recordados e sonhados Tais elementos agrupamse de modo a formar uma barreira que protege a emoção da realidade e a realidade da emoção Paín 1985 p19 aponta para dois tipos de elementos os elementos alfa são captados em uma experiência emocional e integrados ao conhecimento como partes da pessoa e os elementos beta que entrariam no sujeito como coisas nãodigeridas e como tal formando uma base sem utilidade para imaginação e inteligência Estes elementos formalizam a diferença entre o préconsciente de representações e de objetos inconscientes não verbalizados A função mediadora do ego permite a aceitação da realidade diante do prin cípio do prazer vide unidade 1 pois sua capacidade de pensar possibilita dis cernir entre o que convém e o que não convém em cada situação evitando de maneira racional a necessidade de reprimir A capacidade de entender e memo rizar da inteligência humana também é fundamental para que o homem possa deter sua demanda impulsiva A aprendizagem integra a educação e o pensamento em um só processo uma vez que ambos se viabilizam na efetivação do princípio de realidade Desen volver a capacidade de resignação e de frustração é fundamental considerando que conhecer também implica um desconhecer É preciso prestar atenção ao reverso da aprendizagem isto é ao que se oculta quando se ensina ao que se desprende quando se aprende PAÍN 1985 p 19 Considerando os diferentes níveis de interpretação da realidade compreen der a aprendizagem como objeto único e científico é muito difícil já que a sínte se não se dá no nível teórico mas no fenômeno O sujeito aprende que pertence a um grupo social particular dotado de um equipamento mental determinado pela genética e cumprindo uma continuidade biológica funcional e tudo isso para que consiga cumprir o destino de outro Todavia ainda permanece um ser inacabado em constante construção 70 FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Após esta breve explanação sobre as dimensões da aprendizagem surgem ou tros questionamentos que fatores influenciam a aprendizagem Algum deles se sobressai Ou são complementares no processo de aprendizagem Qual a relevân cia dos aspectos orgânicos emocionais e sociais A respeito disso Paín 1985 entende que a aprendizagem está relacionada a quatro fatores orgânicos específicos psicógenos e ambientais a partir dos quais podese compreender os problemas de aprendizagem Fatores orgânicos Referemse ao funcionamento anatômico como o funcionamento dos órgãos dos sentidos e do Sistema Nervoso Central Quando sadio o sistema nervoso apre senta ritmo plasticidade e equilíbrio garantindo um funcionamento harmonioso Porém havendo lesões ou desordens corticais a aprendizagem fica comprometida Por exemplo lesões neurológicas deficiência auditiva deficiência visual po dem trazer como consequência problemas cognitivos com maior ou menor gra vidade Apesar de por si sós não caracterizarem um problema de aprendizagem tais problemas podem comprometer a aprendizagem Fatores específicos Referemse à adequação perceptivomotora São desordens específicas liga das a determinadas áreas cerebrais também específicas que abrangem questões cognitivasperceptivas e motoras mas sem possibilidade de verificação de sua origem orgânica Citamos como exemplo a dislexia O aluno com dislexia não possui nenhuma lesão na estrutura anatômica cerebral mas uma desordem no funcionamento do cérebro específica da área de leitura e escrita Tal desordem dificulta a decodifica ção dos símbolos gráficos registrados pelo cérebro não havendo uma constância na construção mental daquele símbolo que se expressa na dificuldade de leitura e escrita O aluno com dislexia não tem deficiência intelectual mas há casos em que as dificuldades são tão expressivas que podem gerar confusão no diagnóstico O caso da dislexia será abordado de maneira mais aprofundada na unidade 5 Fatores psicógenos Estão relacionados a traumas e conflitos internos onde o nãoaprender se constitui como inibição restrição da capacidade ou como sintoma defesa medo de relembrar ou viver novamente alguma situação traumática O olhar do profissional não deve estar voltado para o problema de aprendizagem em si mas para o que ele representa Tomemos como exemplo crianças que não conseguem lidar com frustrações 34 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 71 seja quando contrariadas ou diante de erros cometidos elas podem evitar a tentati va da aprendizagem pelo medo do fracasso Outro exemplo são os erros ortográficos que a criança pode apresentar em função da dificuldade de atribuir significado à aprendizagem ou a atribuição inadequada de significados à aprendizagem escolar Fatores ambientais Dizem respeito ao ambiente concreto do sujeito às possibilidades reais que o meio lhe fornece à quantidade à qualidade à frequência e à abundância dos estímulos que constituem seu campo de aprendizagem habitual PAÍN 1995 p 33 Incluemse as condições de moradia trabalho acesso ao lazer esportes aos bens culturais ao grau de consciência e participação social Como exemplo podemos citar um aluno de 10 anos que chega à escola com um vocabulário restrito e rudimentar aprendido dos irmãos mais velhos demons trando dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita Os estímulos ambien tais não tiveram a qualidade necessária para garantir que ele se apropriasse das estruturas linguísticas necessárias ao domínio da língua podendo ser a causa das dificuldades de aprendizagem que tem apresentado Os fatores elencados nos apontam caminhos para compreender com mais propriedade as dificuldades de aprendizagem permitindo um olhar atento no sentido de identificar as causas que impedem ou atrapalham o adequado desen volvimento da aprendizagem E a partir dessa identificação adequar e direcionar as estratégias de ensino para superar tal problemática sAiBA mAis filme Escritores da Liberdade direção de Richard Lagravenese baseado em uma história real aborda de maneira comovente os desafios da educação 3 iNTErATividAdE assista ao vídeo Sonia Parente entrevista Sara Paín sobre processos de aprendizagem e cultura no 2 link httpswwwyoutubecomwatchvYqCZg3Y0M3w 72 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 A aprendizagem é um processo complexo que acompanha o indivíduo em to das as etapas da sua vida Pesquise sobre quais são os tipos de aprendizagem e de que maneira eles podem influenciar o comportamento do indivíduo 2 Sara Paín 1985 apresenta quatro dimensões que envolvem o processo de aprendizagem a dimensão biológica b dimensão cognitiva c dimensão social d aprendizagem como função do eu Comente cada uma delas 3 A partir da sua experiência pessoal de aprendizagem acadêmica descreva as condições que você considera fundamentais para o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem 4 Considerando que a aprendizagem de cada indivíduo é influenciada por fa tores internos e externos expresse sua opinião sobre qual postura o professor deveria ter ao trabalhar um conteúdo em sala de aula 4 TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUAS IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 75 INTRODUÇÃO A busca por compreender a aprendizagem humana data de muitos anos Es tudos e pesquisas têm sido desenvolvidos por diversos pesquisadores ten tando compreender e explicar a aprendizagem e as variáveis envolvidas em seu desenvolvimento Desses estudos surgiram diferentes concepções que bus cam compreender como o ser humano constitui seus processos de aprendizagem Uma breve distinção entre três grandes correntes do pensamento que expli cam o desenvolvimento humano se faz necessária para melhor compreendermos as teorias da aprendizagem abordadas nessa unidade São elas racionalismo em pirismo e construtivismo O precursor do racionalismo foi Platão 428348 aC filósofo grego conside rado um dos principais pensadores da história da filosofia De acordo o raciona lismo o conhecimento é inato e o ser humano somente alcançará a verdade por meio de seus pensamentos As fontes do saber estão na razão e não na experiên cia sendo os sentidos sempre fontes de erros De acordo com Pozo 2002 p42 no racionalismo clássico de Platão a apren dizagem tem uma função muito limitada na realidade não aprendemos nada re almente novo a única coisa que podemos fazer é refletir usar a razão para desco brir estes conhecimentos inatos que jazem dentro de nós sem sabermos O pensamento racionalista deu origem ao Inatismo perspectiva que sustenta que as pessoas naturalmente carregam certas aptidões habilidades conceitos conhecimentos e qualidades em sua bagagem hereditária Assim a aprendiza gem seria determinada pelo fator biológico e o meio externo exerceria pouca influência sobre ela Tal concepção motivou um tipo de ensino que acredita que o educador deve interferir o mínimo possível apenas trazendo o saber à consciência e organizan doo pois a aprendizagem é responsabilidade do indivíduo Contrária a esta teoria está o empirismo cujo precursor foi Aristóteles 384 322 aC outro grande filósofo grego e discípulo de Platão De acordo com esta teoria a aprendizagem não é determinada pelo fator genético mas sim pelas experiências vividas ao longo da vida Nesse contexto o conhecimento é só o reflexo da estrutura do ambiente e o aprender é reproduzir a informação que recebemos PoZo 2002 p48 O conhecimento está na realidade exterior e é absorvido por nossos sentidos O professor é quem detém o saber O aprendizado é obtido por meio da cópia seguida de memorização É nesta teoria que baseiamse muitas das correntes pe dagógicas que conhecemos entre elas o behaviorismo O construtivismo teoria desenvolvida por Jean Piaget 18961980 considera no processo de aprendizagem tanto os fatores orgânicos quanto os ambientais O conhecimento é construído na interação entre o sujeito e o objeto O sujeito tem potencialidades e características próprias mas o meio precisa favorecer esse 76 desenvolvimento para que elas se concretizem A presença ativa do sujeito diante do conteúdo é essencial portanto não basta somente ter contato com o conhe cimento para adquirilo É preciso agir sobre o objeto e transformálo Pela concepção construtivista o professor deve criar contextos conceber ações e desafiar os alunos para que a aprendizagem ocorra O conhecimento não é incorporado diretamente pelo sujeito pressupõe uma atividade por parte de quem aprende que organize e integre os novos conhecimentos aos já existentes A capacidade de aprender é desenvolvida e construída nas ações do sujeito por meio do contato ativo com o conhecimento que é facilitado pelo professor A partir do exposto destacaremos as teorias do desenvolvimento cognitivo elaboradas por de Jean Piaget 18961980 Lev Vygotsky 18961934 Henri Wallon 18791962 e David Ausubel 19182008 dada a importância de suas proposições para a educação bem como pelas suas influências nas práticas escolares caracte rizandoas com elementos que permitem sua compreensão Também serão teci das considerações acerca dos mapas conceituais enquanto instrumentos facilita dores para uma aprendizagem significativa e as influências da relação professor e aluno no desenvolvimento do processo de aprendizagem licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 77 EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE JEAN PIAGET 18961980 Jean Piaget foi um biólogo psicólogo e epistemólogo suíço considerado um dos mais importantes pensadores do século XX Em seus estudos Piaget não teve como propósito desenvolver uma teoria de aprendizagem mas uma teoria do desenvol vimento Sua preocupação central era o sujeito epistêmico ou seja o estudo dos processos de pensamentos presentes desde a infância inicial até a idade adulta Definida como Epistemologia Genética a teoria de Jean Piaget estuda os meca nismos e processos que conduzem o sujeito de um estado de menor conhecimen to para estados de conhecimento mais avançados Suas pesquisas sobre desenvol vimento cognitivo tinham a perspectiva de maturação biológica com ênfase na experiência como elemento essencial ao desenvolvimento da aprendizagem Piaget debruçouse a explicar a evolução cognitiva da criança por meio da ob servação e do estudo da evolução das diferentes estratégias que ela utiliza para resolver situações problemas Com base nos resultados obtidos comprova que a lógica de funcionamento mental da criança difere qualitativamente da lógica de funcionamento mental do adulto CÓriAsABiNi 1986 Para ele o conhecimento não pode ser concebido como algo inato tampouco como resultado do simples registro de percepções e informações Mas é o resultado das ações e interações do sujeito com o ambiente onde vive Embora o funciona mento da inteligência seja herdado as estruturas da mente vão sendo construídas a partir da organização sucessiva das ações do sujeito sobre os objetos Sendo o co nhecimento resultado da interação do sujeito com o objeto por meio da ação que realiza sobre ele o sujeito conheceo transformao compreendendo o processo dessa transformação e como resultado entendendo como o objeto foi construído Nisso reside um dos conceitos da teoria piagetiana a hereditariedade Tal conceito diz que o sujeito herda estruturas biológicas que predispõem o apare cimento de estruturas mentais Mas o surgimento das estruturas mentais neces sita da interação do sujeito com o ambiente tanto nos aspectos físicos como nos sociais O aspecto físico proporciona à criança a possibilidade de manipulação dos objetos exploração de lugares observação de fenômenos que ocorrem na natureza entre outros Socialmente a criança tem a oportunidade de interagir com seus pares adquirindo e desenvolvendo competências indispensáveis ao seu pleno desenvolvimento Para Piaget a lógica do desenvolvimento é a busca do equilíbrio que ocorre por meio de mecanismos de adaptação do indivíduo ao meio Assimilação e acomoda ção são processos complementares diretamente ligados ao processo de adaptação No processo de assimilação elementos do meio são incorporados à estrutura cognitiva do sujeito Na acomodação há uma modificação nas estruturas do su jeito para que se adapte às modificações do meio Para ilustrar tal processo pensemos na seguinte situação uma criança se de 41 78 para com uma nova situação tenta assimilála buscando compreendêla com base nos esquemas que já possui em sua mente este processo é chamado de assimilação Porém se esta experiência não coincidir com um esquema existen te ela necessita modificar o esquema ampliando seu conhecimento de mundo este movimento é denominado acomodação A Figura 12 demonstra a relação entre assimilação acomodação e adaptação FigUrA 12 Processo de assimilação e acomodação FoNTE Autoras 2018 Segundo Piaget 1971 haveria aprendizagem somente quando o esquema de assi milação sofre acomodação Nesse sentido o sujeito vai construindo teorias acerca do funcionamento do meio físico e social O desenvolvimento cognitivo constitui um processo de sucessivas mudanças nas estruturas cognitivas de construção e reconstrução contínuas de esquemas prévios os quais aos poucos transformam bases inatas e reflexas em representações mentais conduzindo ao equilíbrio O equilíbrio entre os dois processos possibilita uma adaptação cada vez mais ade quada do sujeito ao mundo e consequentemente sua organização mental Todavia quando este equilíbrio é rompido por experiências ainda não assimila das a mente se reorganiza para construir novos esquemas de assimilação e nova mente atingir o equilíbrio Este processo de reequilíbrio é denominado equilibra ção majorante e é o responsável pelo desenvolvimento mental do sujeito A partir da abordagem piagetiana é fundamental provocar o desequilíbrio na mente da criança para que ela ao buscar o reequilíbrio se reorganize cognitivamente e consi ga aprender Ou seja quando o equilíbrio é desestabilizado a criança tem a oportu nidade de crescer e se desenvolver Sob esta ótica é imprescindível que o professor desafie o aluno provocando constante desequilíbrio em seus esquemas mentais Para compreender melhor esse processo tomemos como exemplo a Figura 13 TErmo do glossário de acordo com Piaget esquemas são estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e organizam o meio 4 Assimilação Acomodação Adaptação com o meio Processo de integração dos dados da experiência nas estruturas do sujeito Modificação das estruturas do sujeito para se adaptar aos novos elementos oriundos do meio licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 79 FigUrA 13 Cavalo ou cachorro FoNTE NTEUFsm Na imagem podemos ver dois animais um cavalo e um cachorro Pensemos numa criança que começa a reconhecer os animais e até o momento conhece apenas o cachorro Então a representação mental que possui de animais foi construí da com base nas características do cachorro Quando vê outro animal com ca racterísticas semelhantes vai utilizar o esquema que já construiu para identificar este animal Assim ao olhar o cavalo inicialmente pensará que ele também é um cachorro ambos possuem quatro patas um rabo pescoço nariz molhado duas orelhas etc Nesta etapa ocorre a assimilação a semelhança entre o cavalo e o cachorro apesar da diferença de tamanho faz com que um cavalo passe por um cachorro A quantidade de informações acumuladas pela criança ainda não é su ficiente para que ela diferencie os dois animais A diferenciação do cavalo para o cachorro deverá ocorrer após a intervenção de alguém que vai lhe explicar que se trata de um cavalo e ela poderá diferenciálos construindo um novo esquema conceito Terá assim dois conceitos diferentes um para o cachorro e outro para o cavalo podendo diferenciálos É quando ocorre o processo de acomodação Piaget nomina como esquemas as estruturas cognitivas que são modificadas por meio dos processos de assimilação e acomodação Os esquemas estão em contínuo movimento e permitem ao indivíduo melhor adaptarse a uma realida de que ele próprio vai percebendo mais complexa e abrangente exigindo formas de pensamento e comportamento mais evoluídas 411 Estágios do Desenvolvimento segundo Piaget Piaget sistematiza que o desenvolvimento cognitivo é marcado por períodos com características bem definidas as quais expõem uma estrutura qualitativamente diferente da que a precedera e das que a sucederão e concomitantemente pre param o indivíduo para o estágio seguinte CÓriAsABiNi 1986 goUlArT 2003 Ao dividir o desenvolvimento da criança em estágios Piaget buscou explicar as principais características de cada etapa ressaltando que habilidades adquiridas 80 em estágios anteriores são essenciais para o domínio de estágios posteriores As sim os estágios representam o desenvolvimento da inteligência que não ocorre de forma linear nem por acúmulo de informações Ele se dá por saltos por ruptu ras modificandose com as experiências Estágio sensório motor do nascimento aos 2 anos de idade Período em que os atos inteligentes da criança compreendem as ações motoras como resposta aos diversos estímulos que afetam os seus sentidos A partir da inteligência prática dos reflexos neurológicos básicos a criança inicia a construção de esquemas de ação para a assimilação do meio Porém ainda não dispõe de uma estrutura re presentativa que permita internalizar os objetos de modo que possa agir apenas no plano mental Por meio da imitação a criança realiza diferentes experiências e aprende mas é indispensável a presença do objeto visto que ele é próprio modelo de imitação Culmina com o aparecimento da linguagem No estágio préoperatório entre 2 e 7 anos de idade ocorre a transição entre a inteligência sensóriomotora e a inteligência simbólica A função simbólica na criança é responsável pela capacidade de substituição do objeto por sua represen tação possibilitandolhe tratar os objetos como símbolos Esta capacidade pos sibilita aquisição dos significados sociais presentes no contexto em que ela vive criando as condições para a aquisição e desenvolvimento da linguagem Ao final deste estágio o pensamento da criança começa a assumir a forma de operações concretas quando surgem as noções temporais espaciais de velocida de e ordem A criança já tem condições de compreender o ponto de vista da outra pessoa e de conceituar algumas relações Nessa fase são constituídas as bases para o pensamento lógico característico do final do desenvolvimento cognitivo No terceiro estágio operatório concreto de 7 a 11 anos a criança é capaz de realizar operações a partir de materiais concretos desenvolve noções espaciais e a capacidade de raciocinar o mundo de maneira mais lógica e adulta Adquire a reversibilidade lógica que configura uma propriedade das ações da criança au xiliando na construção das noções de conservação de comprimento distâncias quantidades discretas e contínuas e quantidades físicas Também desenvolve a capacidade de aplicar um mesmo tipo de pensamento em situaçõesproblema diferentes De acordo com Papalia e Olds 2000 crianças na faixa etária das opera ções concretas tendem a ser menos egocêntricas e mais eficientes em tarefas que demandam raciocínio lógico como relações espaciais causalidade categoriza ção raciocínio indutivo e dedutivo e conservação E é isso que diferencia a criança em idade escolar de crianças menores Já no estágio operatório formal a partir dos 12 anos de idade a criança con segue pensar de forma abstrata e hipotética é capaz de estabelecer relações possíveis respeitando determinada lógica testa hipóteses em busca de solução para problemas Atinge um nível mais elevado de desenvolvimento podendo resolver situações através do raciocínio lógico e explicar fatos observáveis uti lizandose de suposições Neste estágio o indivíduo inicia sua transição para o licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 81 modo adulto de pensar O Quadro 6 apresenta as principais características de cada estágio proposto por Piaget QUAdro 6 Estágios do Desenvolvimento de Piaget Sensóriomotor ou Inteligência prática 0 2 anos Faz uso das percepções e ações para se relacionar Sua inteligência é prática em ação não verbal e não representativa Desenvolvimento físico acelerado No início desta fase apresenta indissociação entre o eu e o outro Não é possível falar em real socialização da inteligência A criança é essencialmente individual As noções de espaço e tempo são construídas pela ação Exemplo desviar de um objeto para não bater nele Ao final do primeiro ano de vida a criança adquire a noção de permanência do objeto Passa a compreender que um objeto permanece existindo mesmo que não esteja mais no seu campo visual Ao final desta fase a criança passa premeditar a ação aplicando meios conhecidos às novas situações Estágio préoperatório 2 aos 7 anos Aparecimento da linguagem Conceito essencial representação capacidade de pensar um objeto através de um outro objeto Ex casa som objeto casa É a entrada no mundo das representações brincar de fazdeconta imitação o reconhecimento no espelho o desenho Entrada da criança no mundo da moralidade dos valores das regras do certo e errado Exemplo Se você contar a uma criança que uma pessoa quebrou 10 copos sem querer e outra quebrou 1 copo mas querendo E perguntar qual é a mais culpada A maioria das crianças nesta fase responderá a que quebrou 10 copos pois avaliam pelo tamanho do estranho e não a intencionalidade Egocentrismo A criança ainda tem dificuldade em perceber o ponto de vista do outro Incapacidade de descentração a criança se fixa apenas num aspecto da realidade geralmente o que mais lhe interessa Estágio Operatório concreto 7 aos 12 anos Conquista do período organização lógica do pensamento Capacidade de considerar pontos de vista diferentes Desenvolvimento da noção de reversibilidade a possibilidade de pensar a ação e sua anulação Exemplo capacidade de a criança compreender que se da cidade A até a B são 100 km então da cidade B até a A também serão 100km Outro exemplo é a compreensão que se 2 vezes 5 é 10 5 vezes 2 dará o mesmo resultado Consolidação das noções de Classificação capacidade de separar objetos pessoas fatos ou ideias a partir das características comuns Seriação capacidade de ordenar elementos de acordo com grandezas crescentes e decrescentes do menor para o maior e viceversa Conservação compreende que alterações da forma de um objeto não causam alteração da quantidade peso ou volume Característica essencial distinção entre o real e o possível Pensamento abstrato raciocínio sobre as hipóteses e não sobre objetos apenas Intercambio entre o eu e o outro Sentimentos interindividuais sentimentos e ideias coletivas Capacidade de discutir conceitos abstratos liberdade justiça felicidade Estágio das Operações Formais a partir de 12 anos iNTErATividAdE assista ao vídeo httpswwwyoutube 2 comwatchvyLJNYHNN7vw 82 FoNTE Autoras 2018 Por serem sucessivos cada um dos estágios tem como ponto principal o apare cimento de uma etapa de equilíbrio ou seja uma fase de organização das ações e das operações do sujeito descrita mediante uma estrutura lógicomatemática Para Coll e Martí 1996 quando se considera a ação educativa a passagem de um estado de menos conhecimento para um estado de conhecimento mais avan çado encontra explicação nos estudos de Piaget A aprendizagem escolar não é uma recepção passiva do conhecimento transmitido mas sim um processo ativo de ela boração no qual a interação múltipla entre os alunos e os conteúdos que eles têm de aprender deve ser favorecida Assim por meio das ações efetivas ou mentais que realiza sobre o conteúdo de aprendizagem o aluno constrói o conhecimento Sensóriomotor ou Inteligência prática 0 2 anos Faz uso das percepções e ações para se relacionar Sua inteligência é prática em ação não verbal e não representativa Desenvolvimento físico acelerado No início desta fase apresenta indissociação entre o eu e o outro Não é possível falar em real socialização da inteligência A criança é essencialmente individual As noções de espaço e tempo são construídas pela ação Exemplo desviar de um objeto para não bater nele Ao final do primeiro ano de vida a criança adquire a noção de permanência do objeto Passa a compreender que um objeto permanece existindo mesmo que não esteja mais no seu campo visual Ao final desta fase a criança passa premeditar a ação aplicando meios conhecidos às novas situações Estágio préoperatório 2 aos 7 anos Aparecimento da linguagem Conceito essencial representação capacidade de pensar um objeto através de um outro objeto Ex casa som objeto casa É a entrada no mundo das representações brincar de fazdeconta imitação o reconhecimento no espelho o desenho Entrada da criança no mundo da moralidade dos valores das regras do certo e errado Exemplo Se você contar a uma criança que uma pessoa quebrou 10 copos sem querer e outra quebrou 1 copo mas querendo E perguntar qual é a mais culpada A maioria das crianças nesta fase responderá a que quebrou 10 copos pois avaliam pelo tamanho do estranho e não a intencionalidade Egocentrismo A criança ainda tem dificuldade em perceber o ponto de vista do outro Incapacidade de descentração a criança se fixa apenas num aspecto da realidade geralmente o que mais lhe interessa Estágio Operatório concreto 7 aos 12 anos Conquista do período organização lógica do pensamento Capacidade de considerar pontos de vista diferentes Desenvolvimento da noção de reversibilidade a possibilidade de pensar a ação e sua anulação Exemplo capacidade de a criança compreender que se da cidade A até a B são 100 km então da cidade B até a A também serão 100km Outro exemplo é a compreensão que se 2 vezes 5 é 10 5 vezes 2 dará o mesmo resultado Consolidação das noções de Classificação capacidade de separar objetos pessoas fatos ou ideias a partir das características comuns Seriação capacidade de ordenar elementos de acordo com grandezas crescentes e decrescentes do menor para o maior e viceversa Conservação compreende que alterações da forma de um objeto não causam alteração da quantidade peso ou volume Característica essencial distinção entre o real e o possível Pensamento abstrato raciocínio sobre as hipóteses e não sobre objetos apenas Intercambio entre o eu e o outro Sentimentos interindividuais sentimentos e ideias coletivas Capacidade de discutir conceitos abstratos liberdade justiça felicidade Estágio das Operações Formais a partir de 12 anos iNTErATividAdE para saber mais sobre as implicações nas práticas escolares acesse o vídeo Piaget 3 construtivismo na escola disponível no link httpswwwyoutubecom watchvzFfrQLVyN8 2 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 83 TEORIA SOCIOINTERACIONISTA DE VYGOSTKY Lev Semenovich Vygotsky 18961934 foi um psicólogo bielorusso que reali zou diversas pesquisas na área do desenvolvimento da aprendizagem e do papel preponderante das relações sociais nesse processo as quais originaram a pers pectiva sociointeracionista da aprendizagem As formulações de Vygotsky possibilitaram uma maior compreensão do pensa mento enquanto função cerebral valorizando o processo de apropriação dos sabe res culturais pelas crianças Seus estudos remetem à discussão das relações entre pensamento e linguagem à questão da mediação cultural no processo de constru ção de significados por parte do indivíduo ao processo de internalização e ao papel da escola na transmissão de conhecimentos exercendo forte influência em pesqui sas sobre a linguagem a mente a cognição a cultura e o pensamento humano Um dos pressupostos básicos de Vygotsky é a ideia de que o ser humano constituise como tal na sua relação com o outro social lA TAillE et al 1992 p 24 Para Vygotsky o desenvolvimento cognitivo ocorre por meio da interação do sujeito com o meio social Assim o homem é um ser ativo histórico e social que através de interações constrói e modifica o ambiente Em Vygotsky a cultura tornase parte da natureza humana num processo histórico que ao longo do de senvolvimento da espécie e do indivíduo molda o funcionamento psicológico do homem lA TAillE et al 1992 p24 Vygotsky dedicouse ao estudo das funções psicológicas superiores que con templam os processos que envolvem memória atenção imaginação planeja mento ação intencional representação simbólica pensamento abstrato ca pacidade de solucionar problemas formação de conceitos linguagem dentre outros Tais funções humanas têm origem nas relações do indivíduo em seu con texto social e cultural No decorrer deste processo o homem também forma sua personalidade As funções psicológicas superiores do ser humano surgem da interação dos fatores biológicos que são parte da constituição física do Homo sapiens com fatores culturais que evoluíram através de dezenas de milhares de anos de história humana lUriA 1992 p 60 Vygotsky 2007 p 76 também afirma que as características específicas do ser humano não são inatas mas desenvolvemse ao longo da vida Para ele a in ternalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas constitui o aspecto característico da psicologia humana Até agora conhecese ape nas um esboço desse processo De acordo com Vygotsky Luria e Leontiev 2003 Vygotsky concluiu que as origens das formas superiores de comportamento consciente deveriam ser achadas nas relações sociais que o indivíduo mantém com o mundo exterior Mas o 42 84 homem não é apenas um produto de seu ambiente é também um agente ativo no processo de criação deste meio lUriA lE oNTiEv 2003 p 25 Neste sentido destaca que o aprendizado humano pressupõe uma natureza so cial específica e um processo através do qual as crianças penetram na vida inte lectual daqueles que as cercam vYgoTsKY 2007 p100 As formulações de Vygot sky permitem observar a existência de duas características diferentes na educação formal a sistematização dos conhecimentos e a interação com os pares Nesse aspecto um dos grandes legados de Vygotsky para a educação está nos conceitos de Zona de Desenvolvimento Real Zona de Desenvolvimento Proximal e Zona de Desenvolvimento Potencial A partir de tais conceitos é possível concluir que a inserção social do sujeito sua interação com o outro interfere significativamente no desenvolvimento intelectual o qual está estreitamente ligado à aprendizagem Segundo Vygotsky 2007 a Zona de Desenvolvimento Real referese ao ní vel de desenvolvimento das funções mentais da criança que se estabelecem como resultado de certos ciclos de desenvolvimento já completados p 9596 Nisso reside a importância de além das características do desenvolvimento a escola considerar o conhecimento que a criança já possui A Zona de Desenvol vimento Potencial referese ao que o sujeito pode aprender com o outro cuja aprendizagem encontrase num nível mais elevado A Zona de Desenvolvimen to Proximal alude ao espaço entre o que a criança já possui e o que ela precisa construir ou seja as funções que ainda estão em processo de maturação É um domínio psicológico em constante transformação em que a criança se desen volve com o auxílio de outras crianças e adultos mais experientes Em síntese a Zona de Desenvolvimento Proximal é a distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução independente de pro blemas e o nível de desenvolvimento potencial determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adul to ou em colaboração com companheiros mais capazes vY goTsKY 2007 p97 O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal mostra que com auxílio do outro a criança tem possibilidade de produzir mais do que produziria sozinha Aponta o potencial da criança frente às possibilidades ainda não realizadas e des taca a importância da mediação tanto para a construção de conhecimentos como para o desenvolvimento das relações sociais licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 85 FigUrA 14 Zona de Desenvolvimento Proximal FoNTE Autoras 2018 A imagem auxilia a clarear tais conceitos Como vemos na Zona de Desenvol vimento Real está o saber atual isto é todas as aprendizagens que a criança já construiu tudo aquilo que ela é capaz de fazer sem necessitar da ajuda de outras pessoas Por exemplo amarrar os sapatos vestir a roupa andar subir e descer escadas andar de bicicleta montar um quebracabeça escrever desenhar entre outras atividades realizadas sem a intervenção de outra pessoa No centro da figura está a Zona de Desenvolvimento Proximal onde a ponte indica um caminho a ser percorrido É o lugar das aprendizagens que estão sendo construídas de tudo aquilo que a criança ainda não sabe mas que pode apren der com o auxílio de pessoas mais experientes Por isso é um lugar de mediação de interação de trocas com o professor com os colegas com outras pessoas que podem auxiliar a criança aprender Existem tarefas que a criança ainda não con segue realizar sozinha mas se torna capaz de realizar se alguém lhe der um exem plo uma instrução de como fazer fornecer pistas ou auxiliar na execução da ta refa para que entenda o processo Por exemplo para uma criança que ainda não consegue andar sozinha para aprender a andar precisa que um adulto a segure pela mão e a ensine mas ela precisa estar num determinado nível de desenvolvi mento por volta de um ano de idade Uma criança de dois ou três meses mesmo com a ajuda de um adulto não é capaz de andar Posterior à Zona de Desenvolvimento Proximal está a Zona de Desenvolvimen to Potencial que é o saber a ser alcançado ou seja conhecimentos que a criança ainda não construiu aquilo que ainda não sabe que não consegue fazer sozinha nem com a ajuda de outras pessoas É importante dizer que cada nova aprendizagem que a criança consegue realizar se torna um saber atual e vai aumentando sua capacidade de aprender coisas novas Assim aquilo que a criança não conseguiria realizar mesmo que recebesse ajuda de 86 outra pessoa vai se tornando mais acessível à sua capacidade e ela passa a conseguir realizar com auxílio até a aprendizagem se tornar completa e ela realizar sozinha Nessa perspectiva o professor desempenha uma função fundamental para o desenvolvimento da criança na medida em que pode possibilitar diferentes maneiras de interação e construção do conhecimento Vygotsky 2007 critica o aprendizado orientado para os níveis de desenvolvimento que já foram alcança dos pelas crianças pois torna o trabalho educativo ineficaz do ponto de vista do desenvolvimento global da criança Acrescenta que a noção de Zona de Desen volvimento Proximal propõe que o bom aprendizado é aquele que se adianta ao desenvolvimento p 102 Segundo o autor aprendizado não é desenvolvimento entretanto o apren dizado adequadamente organizado resulta em desenvolvi mento mental e põe em movimento vários processos de de senvolvimento que de outra forma seriam impossíveis de acontecer Assim o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psi cológicas culturalmente organizadas e especificamente hu manas VYGOTSKY 2007 p 103 Assim fazse necessária uma compreensão de desenvolvimento a partir de um processo dinâmico de aprendizagem constituído por idas e vindas elaborações e reelaborações em que a aprendizagem estimula o processo de desenvolvimento que por sua vez incita processos internos que ao serem internalizados tornamse aquisições independentes da criança dAiNÊZ 2009 Outro aspecto importante na teoria de Vygotsky é a ideia de mediação As rela ções sociais dos seres humanos são mediadas por instrumentos e símbolos desen volvidos culturalmente pelo próprio homem O desenvolvimento da linguagem instrumento de comunicação e síntese do conhecimento marca qualitativamen te a evolução da espécie e do indivíduo lA TAillE et al1992 A mediação ocorre tanto nos processos de representação mental de natureza simbólica em que o ser humano é capaz de estabelecer relações mentais na ausência de referências concretas como no aspecto social com a internalização de formas de comportamento culturalmente estabelecidas num processo que transforma as atividades externas funções interpessoais em atividades inter nas intrapsicológicas No que refere à intervenção pedagógica La Taille et al 1992 afirmam que ela provoca avanços na aprendizagem que não ocorreriam espontaneamente A im portância da intervenção deliberada de um indivíduo sobre outro com o intuito de promover desenvolvimento articulase como a ideia de Vygotsky de que a apren dizagem é fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento da criança É importante ressaltar que para este teórico a aprendizagem começa muito antes de a criança entrar na escola Mas é na escola que o aluno entra em contato com saberes formalizados diferentes dos saberes do senso comum licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 87 iNTErATividAdE sobre as contribuições de Vygostky para a educação assista aos vídeos Lev Vigotski Desenvolvimento da linguagem Link https wwwyoutubecomwatchvBZtQf5NcvE Vigotski 3 implicações pedagógicas zona de desenvolvimento proximal Link httpswwwyoutube comwatchvvUX3XJVPlWo 2 88 TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DE HENRI WALLON 18791962 Henri Wallon nasceu na França em 1879 Viveu toda sua vida em Paris onde mor reu em 1962 Filósofo médico e psicólogo marcou sua vida por intensa produção intelectual e ativa participação social e política Seus estudos resultaram na construção da teoria que por sua abrangência e profundidade é denominada como psicogênese da pessoa completa Nela pro põe que o desenvolvimento seja estudado de maneira integrada englobando a afe tividade a motricidade e a inteligência enquanto campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil bem como os diferentes momentos de sua evolução psíquica estágios do desenvolvimento numa perspectiva abrangente e global As proposições de Wallon demandam que se estude o desenvolvimento in fantil tomando a própria criança como ponto de partida buscando compreender cada uma de suas manifestações no conjunto de suas possibilidades sem a prévia censura da lógica adulta gAlvão 1995 Assim a teoria de Wallon indica que no desenvolvimento humano é possível identificar a existência de etapas diferenciadas que se caracterizam por um con junto de necessidades e de interesses que lhe asseguram lógica e coesão O estudo da criança contextualizada possibilita que se per ceba que entre os seus recursos e os de seu meio instalase uma dinâmica de determinações recíprocas a cada idade estabelecese um tipo particular de interações entre o sujei to e seu ambiente Os aspectos físicos do espaço as pessoas próximas a linguagem e os conhecimentos próprios a cada cultura formam o contexto do desenvolvimento Conforme as disponibilidades da idade a criança interage mais fortemen te com um ou outro aspecto de seu contexto retirando dele os recursos para o seu desenvolvimento Com base nas suas competências e necessidades a criança tem sempre a esco lha do campo sobre o qual aplicar suas condutas O meio não é portanto uma entidade estática e homogênea mas trans formase juntamente com a criança gAlvão 1995 p 3940 Esse processo é influenciado por fatores orgânicos e sociais Os fatores orgâni cos são os responsáveis pela sequência fixa que se estabelece entre as etapas do desenvolvimento porém não asseguram uma homogeneidade no seu tempo de duração haja vista a interferência das circunstâncias sociais O simples ama durecimento do sistema nervoso não garante o desenvolvimento de habilidades intelectuais mais complexas Para que se desenvolvam precisam interagir com 43 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 89 alimento cultural isto é linguagem e conhecimento gAlvão 1995 p 40 A passagem dos estágios de desenvolvimento não ocorre de maneira linear mas num ritmo descontínuo marcado por rupturas retrocessos e reviravoltas provocando importantes mudanças em cada fase vivida pela criança Consiste num processo de contínua reformulação marcado por crises que afetam a con duta da criança No processo de desenvolvimento infantil surgem inúmeros conflitos o que conduz Wallon a manter um olhar atento a este aspecto Todavia não os vê como problemas na vida da criança e sim como propulsores do desenvolvimento Sobre a origem dos conflitos Galvão esclarece Conflitos de origem exógena quando resultantes dos desen contros entre as ações da criança e o ambiente exterior es truturado pelos adultos e pela cultura De natureza endóge na quando gerados pelos efeitos da maturação nervosa Até que se integrem aos centros responsáveis por seu controle as funções recentes ficam sujeitas a aparecimentos intermi tentes e entregues a exercícios de si mesmas em atividades desajustadas das circunstâncias exteriores Isso desorganiza conturba as formas de conduta que já tinham atingido certa estabilidade na relação com o meio gAlvão 1995 p 42 Nesse contexto o desenvolvimento do sujeito é visto como uma construção pro gressiva com fases sucessivas em que o predomínio dos aspectos afetivos e cog nitivos se alterna Wallon denomina essa tendência ao predomínio de um aspec to sobre o outro de predominância funcional Tal predomínio é orientado pelo princípio de alternância funcional isto é as formas de atividade se alternam em cada fase em função do interesse da criança estando ligadas aos recursos que a criança dispõe para interagir com o ambiente Apesar de alternarem a dominância afetividade e cognição não se mantém como funções exteriores uma à outra Cada uma ao reaparecer como atividade predominante num dado estágio incorpora as conquistas realizadas pela outra no está gio anterior construindose reciprocamente num permanen te processo de integração e diferenciação gAlvão 1995 p 46 Com base em Galvão 1995 são apresentadas as características principais de cada um dos cinco estágios propostos pela psicogenética walloniana No estágio impulsivoemocional que abrange o primeiro ano de vida a emo ção é o instrumento privilegiado de interação da criança com o meio No estágio sensóriomotor e projetivo que vai até o terceiro ano a criança di reciona seu interesse para a exploração sensóriomotora do mundo físico em que predominam as relações cognitivas com o meio O desenvolvimento da função 90 simbólica e da linguagem são marcos importantes desta fase No estágio do personalismo na idade dos três aos seis anos a tarefa central é o desenvolvimento da personalidade A construção da consciência de si que ocorre pelas interações sociais reorienta o interesse da criança para as pessoas Retorna o predomínio das relações afetivas Aos seis anos tem início o estágio categorial que por conta da consolidação da função simbólica e da diferenciação da personalidade realizadas no estágio ante rior traz importantes avanços no plano da inteligência Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para o conhecimento e conquista do mundo a sua volta Predomínio do aspecto cognitivo No estágio da adolescência a crise pubertária impõe a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade em virtude das mudanças cor porais Movimento que traz à tona questões pessoais morais e existenciais reto mando a predominância da afetividade Assim ao estudar o ser humano em sua integralidade a psicogenética wallo niana identifica a existência de campos que reúnem a diversidade das funções psíquicas A efetividade o ato motor a inteligência são campos funcionais en tre os quais se distribui a atividade infantil diferenciandose gradativamente A pessoa é o todo que integra esses vários campos e é ela própria um outro campo funcional gAlvão 2015 p 48 A figura 15 expressa a ideia de interrelação e continuidade presente nos quatro campos funcionais FigUrA 15 Quatro Campos Funcionais de Wallon FoNTE Autoras 2018 No decorrer do desenvolvimento incidem entre os campos funcionais e no inte rior de cada um sucessivas diferenciações mudanças A ideia de diferenciação é fundamental na psicogenética walloniana e numa perspectiva mais ampla orienta o processo de formação da personalidade Outro aspecto a ser ressaltado na teoria de Wallon é o papel da emoção Para ele a emoção encontrase na origem da consciência regulando a passagem do mundo orgânico para o social do plano fisiológico para o psíquico Diferencia emoção de afetividade sendo a emoção uma manifestação da vida afetiva e a Pessoa Emoções Inteligência Movimento Campos funcionais licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 91 afetividade um conceito mais abrangente As emoções se diferenciam de outras manifestações afetivas e se manifestam acompanhadas de alterações orgânicas aceleração dos batimentos cardíacos da respiração etc provocando alterações na expressão facial na postura na maneira como os gestos são executados De fende ainda que as emoções são reações organizadas e que se exercem reguladas pelo sistema nervoso central cujos comandos próprios estão situados na região subcortical Contudo salienta que é somente com a aquisição da linguagem que as possibilidades de expressar as emoções se diversificam como também os mo tivos que as originam A motricidade ocupa lugar especial na teoria walloniana é simultânea e se quencial à primeira estrutura de relação e correlação tanto com o meio quanto com os outros e com os objetos posteriormente mENdEs 2002 É pelo ato mo tor que nos relacionamos com o mundo físico motricidade de realização ten do o movimento um papel fundamental na afetividade e também na cognição Um dos traços originais desta perspectiva teórica consiste na ênfase que dá à motricidade expressiva isto é à dimensão afetiva do movimento gAlvão 1995 p69 Por meio do movimento as pessoas são mobilizadas para posteriormente agirem sobre o mundo físico A psicogenética walloniana também atribui muitas significações ao tônus muscular enquanto componente corporal que se modifica ao manifestar emo ções Esclarece que o músculo mesmo em repouso possui um estado permanen te de tensão que é conhecido como tono ou tônus muscular Ele está presente em todas as funções motrizes do organismo como o equilíbrio a coordenação e o movimento O tônus muscular é diretamente moldado pelas emoções Nesse sentido não é possível selecionar um único aspecto da criança para ser trabalhado pois o desenvolvimento acontece nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil afetivo cognitivo e motor O campo afetivo oferece as funções responsáveis pelas emoções pelos sentimentos e pelo desejo O campo cognitivo oferece um conjunto de funções que permite a aquisição e a manutenção do conhecimento por meio de imagens noções ideias e representa ções É ele que permite ainda registrar e rever o passado fixar e analisar o presente e projetar futuros possíveis e imaginários O campo motor oferece a possibilidade de deslocamento do corpo no tempo e no espaço as reações posturais que garan tem o equilíbrio corporal bem como o apoio tônico para as emoções e sentimen tos se expressarem WAlloN 2007 A psicologia genética de Wallon por sua abrangência e dinamicidade serve de base para direcionar muitas ações no campo educacional O maior objetivo da educação no contexto de sua psicologia genética estaria posto no desenvolvimen to da pessoa e não em seu desenvolvimento intelectual A inteligência é uma parte do todo em que o sujeito se constitui Neste sentido a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon é centrada na psicogênese da pessoa completa dANTAs 1990 Suas proposições pedagógicas indicam a necessidade de reformulação no con texto escolar no sentido de superar a dicotomia entre indivíduo e sociedade a partir de um processo de reflexão da própria escola acerca de suas dimensões só ciopolíticas e de seu papel no movimento de transformações da sociedade 92 iNTErATividAdE sobre o assunto assista o vídeo de Izabel Galvão Henri Wallon e o papel da escola 2httpswwwyoutubecomwatchvIR9k4WE2oEo licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 93 TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE DAVID AUSUBEL 19182008 David Ausubel psicólogo norteamericano propõe uma teoria de aprendizagem cujo conceito central é a Aprendizagem Significativa De acordo com Ausubel et al 1980 a aprendizagem é significativa quando uma nova informação adquire significado para o aluno por meio de uma anco ragem em aspectos relevantes já existentes na estrutura cognitiva do indivíduo Nesse processo a nova informação interage com uma estrutura de conhecimen to específica presente na estrutura cognitiva de quem aprende a qual Ausubel denomina subsunçor Os subsunçores servem de ancoradouro para cada nova informação recebida pelo sujeito Na aprendizagem significativa há uma interação entre a nova informação e o conhecimento já existente na qual ambos se modificam Deste modo como o conhecimento precedente ancora a atribuição de significados à nova informa ção ele também se modifica ou seja os subsunçores vão ganhando novos signi ficados tornandose mais estáveis implicando na aquisição de novos conceitos Ausubel propõe distinguir dois tipos diferentes de aprendizagem aprendiza gem significativa e aprendizagem memorística ou mecânica Para que a aprendizagem seja significativa são necessárias duas condições A primeira é que o aluno precisa ter uma disposição para aprender e a segunda é que o conteúdo escolar a ser aprendido seja potencialmente significativo lógi ca e psicologicamente O significado lógico diz respeito à natureza do conteúdo enquanto o significado psicológico referese à experiência que cada pessoa tem Cada indivíduo processa os conteúdos de maneira particular selecionando os conteúdos que têm significado ou não para si próprio É um processo dinâmico que em função da formação e interação de novos subsunçores possibilita que a estrutura cognitiva se reestruture constantemente Aprender significativamente implica atribuir significados e eles têm sempre componentes pessoais A apren dizagem sem atribuição de significados pessoais sem relação com o conhecimen to preexistente é mecânica não é significativa Ao ingressar na escola a criança já possui um conjunto de ideias genéricas Essas ideias têm muita importância pois contemplam o conhecimento prévio que constitui a base para a aprendizagem significativa quando os novos concei tos serão assimilados compreendidos e fixados As situações vivenciadas pelos alunos potencializam o processo de reflexão teórica transformando as informa ções em conhecimento De acordo com Ausubel a mente humana armazena as informações de modo altamente organizado com uma hierarquia conceitual na qual elementos mais específicos de conhecimento são atrelados a conceitos ideias hipóteses mais ge rais e inclusivas 44 94 Contrapondo a aprendizagem significativa Ausubel define aprendizagem me morística ou mecânica na qual o novo conhecimento é armazenado de maneira arbitrária e literal na mente do indivíduo não interagindo com a estrutura cogni tiva já existente desta forma não adquirindo significados Por certo período de tempo a pessoa é capaz de reproduzir mecanicamente o que aprendeu mas sem a significação de um conhecimento construído As ilustrações abaixo Figura 16 e Figura 17 provocam reflexões acerca da aprendizagem descontextualizada e mecânica que não contribui para a constru ção do conhecimento FigUrA 16 Atividades contextualizadas FoNTE Autoras 2018 FigUrA 17 Professor qual é mesmo a música da fotossíntese FoNTE Autoras 2018 441 Mapas conceituais Baseados na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel e partindo do prin cípio que aprendemos com mais facilidade a partir de ideias mais gerais e inclusi vas em meados da década de setenta Joseph Novak e seus colaboradores criaram os mapas conceituais para servir como estratégia facilitadora de ensino Para eles os mapas conceituais valorizam o processo de construção e reestruturação licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 95 do conhecimento pelo próprio sujeito pois enfatizam o sentido de unidade ar ticulação subordinação e hierarquização dos conhecimentos sobre determinado tema permitindo uma visão integrada e abrangente dos diversos saberes discipli nares bem como as suas interrelações NovAK goWiN1984 De acordo com os autores os mapas conceituais têm por objetivo representar relações significativas entre conceitos na forma de proposições Uma proposição consiste em dois ou mais termos conceptuais ligados por palavras de modo a for mar uma unidade semântica NovAK goWiN1984 p 31 Nesse sentido um mapa conceitual é uma figura esquemática que representa um conjunto de significados conceituais inseridos numa estrutura de proposi ções Eles servem para tornar claras tanto aos professores como aos alunos as ideias chave em que devem se focar para uma tarefa de aprendizagem específica Quando concluída a tarefa os mapas conceituais possibilitam visualizar um resu mo esquemático do que foi aprendido Por constituírem uma representação clara e definida dos conceitos e propo sições que o indivíduo possui os mapas conceituais permitem aos professores e alunos modificar os seus pontos de vista sobre a validade de uma determinada ligação preposicional ou perceber a falta de ligações entre conceitos Novak e Gowin 1984 esclarecem que na construção de um mapa conceitual os conceitos devem ser organizados de forma hierárquica em que os conceitos mais gerais e mais inclusivos situamse no topo do mapa e os conceitos mais específi cos e menos inclusivos organizados sucessivamente debaixo deles Todavia não há regras gerais fixas para o traçado de mapas conceituais Mas sempre deve ficar claro no mapa quais os conceitos mais importantes e quais os secundários ou específicos Setas podem ser utilizadas para dar um sentido de direção às relações conceituais Os mapas podem ser utilizados como recursos em todas as etapas tanto no desenvolvimento de novos conhecimentos como na avaliação da apren dizagem O indivíduo que fez o mapa deve ser capaz de explicar os significados das relações que se estabelecem entre os conceitos Vejamos alguns exemplos de mapas conceituais figura 18 figura 19 figura 20 figura 21 figura 22 e figura 23 que abordam as teorias estudadas anteriormente 96 FigUrA 18 Síntese do conteúdo sobre mapa conceitual FoNTE Software CMap Tools Disponível em httpskatihmcusrid11454980773321499956177 1118Mapa20Conceitual20Rosiane20e20Elietecmap Acesso em 17092018 FigUrA 19 Modelo de mapa conceitual para educação à distância FoNTE Software CMap Tools Disponível em httpeducacaoadistancianobrasilpieblogspotcom brpmapaconceitualhtml Acesso em 17092018 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 97 FigUrA 20 Mapa conceitual que mostra a teoria de Piaget FoNTE Software CMap Tools Disponível em httpalunosdeletrasuerjblogspotcombr201209 esquemadepiagetevygotskyhtml Acesso em 17092018 FigUrA 21 Mapa conceitual que mostra a teoria de Vygotsky FoNTE Software CMap Tools Disponível em httpalunosdeletrasuerjblogspotcombr201209 esquemadepiagetevygotskyhtml Acesso em 17092018 98 FigUrA 22 Mapa conceitual Ausubel FoNTE Autoras 2018 FigUrA 23 Mapa conceitual elaborado por alunos do ensino fundamental FoNTE Adaptado de NovAK J d e goWiN d B Aprender a aprender Trad Carla Valadares Lisboa Plátano Edições Técnicas1984 Os exemplos acima mostram que os mapas conceituais podem ser elaborados com diferentes graus de complexidade em relação aos conteúdos Contudo sem pre devem manter a clareza e a organização das ideias para que a aprendizagem significativa ocorra de fato Mapas de conceitos são valiosos para a construção de significados na aprendi zagem sendo sua análise essencialmente qualitativa Mas são pouco utilizados no contexto escolar que continua atribuindo grande valor à aprendizagem memorís tica na qual os alunos estão acostumados a memorizar os conteúdos e reprodu licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 99 zilos nas avaliações e muitos professores ainda preferem a segurança de ensinar conteúdos sem muita margem para interpretações pessoais Os mapas conceitu ais demandam um enfoque de ensino e aprendizagem diferenciado em direção oposta ao ensino mecânico Um enfoque que promova consistentes modificações na maneira de ensinar de avaliar e de aprender sAiBA mAis site para informações httpwww mapasconceituaiscombrpesquisapublicacoes Há aplicativos especialmente desenhados para a construção de mapas conceituais O mais conhecido deles é o Cmap Tools httpcmapihmcus Para saber mais sobre mapas conceituais recomenda se a leitura do livro aprender a aprender dos autores Joseph Novak e Bob Gowin Disponível em pdf para download em httpwwwfaatensinocombrwp contentuploads201404APrENdErAAPrENdErpdf 3 100 AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM E A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO O ser humano é um ser de relações Como vimos nos tópicos anteriores desde o nascimento a pessoa estabelece relações afetivas e sociais inicialmente para sua sobrevivência depois para interagir socialmente desenvolver sua aprendizagem construirse um sujeito capaz de ser estar produzir desenvolverse no contexto social histórico e cultural em que habita Desse modo o ser humano busca permanentemente estabelecer relações nos diversos espaços em que transita E a escola é um espaço singular de construção de relações desenvolvimento e aprendizagem Tão importante que por vezes de fine os caminhos que serão trilhados pelo sujeito para toda sua vida As relações que perpassam o contexto escolar especialmente as estabelecidas entre professor e aluno exercem forte influência no processo ensinoaprendiza gem Nesse contexto destacamos novamente conforme formulações de Ausubel 1980 duas condições necessárias para que a aprendizagem escolar seja significa tiva A primeira é que o conteúdo deve ser potencialmente significativo e a segun da que o aluno deve ter uma atitude favorável para aprender significativamente Tais proposições evidenciam a responsabilidade tanto do professor quanto do aluno para com o processo de aprendizagem e a necessidade de engajamento mútuo nas ações a serem desenvolvidas Para que um conteúdo seja potencialmente significativo deve despertar o in teresse do aluno pela aprendizagem mas para isso é necessário que o professor possua um olhar atento e sensível aos interesses e necessidades do aluno Isso não é tarefa fácil diante de turmas com número elevado de alunos e muitas outras peculiaridades Contudo é preciso ter clareza que a aprendizagem é um processo individual e por isso não ocorre da mesma maneira para todos os alunos Naturalmente ao ensinar o professor tem a intenção de fazer com que o aluno adquira significados que são pertinentes no contexto da matéria estudada e a par tir desses significados construa conhecimentos e busque a aplicabilidade desse co nhecimento em sua vida sAlvAdor 1994 Assim a utilização de diferentes recursos didáticos e metodológicos favorece potencialmente a aprendizagem do aluno visto que ele pode acessar as informações pela via sensorial que lhe é mais favorável au ditiva visual tátil etc Quanto mais diversificadas as estratégias de ensino utiliza das pelo professor tanto maior será a compreensão do conteúdo pelos alunos O trabalho em sala de aula se diferencia quando o aluno é instigado a ampliar seu conhecimento a partir de textos fundamentados em dados e pesquisas e de safiado a atribuir significado aos mesmos relacionandoos com sua prática Ao contextualizar o saber produzido compreende sua dimensão social bem como sua aplicabilidade em prol do bem comum Todavia o empenho e a competência do professor não são suficientes para garantir a aprendizagem do aluno É fundamental que este tenha uma atitude 45 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 101 favorável para aprender significativamente o que implica atenção e esforço autodisciplina perseverança nos estudos e trabalhos escolares soUZA 1998 p105 Ao observarmos o caráter individual e intransferível da aprendizagem sa lientamos a necessidade de o aluno criar bons hábitos de estudos e compreen der que é sujeito ativo no processo de aprender Entretanto embora a aprendizagem seja um processo individual a construção do conhecimento se dá coletivamente E neste contexto a relação professoraluno não deve ser uma relação de imposição mas sim de cooperação e de respeito me diada pelo diálogo e pelo afeto Ao aluno compete ser ativo e interativo no seu pro cesso de construção do conhecimento Ao professor por sua vez cabe ser o me diador desse processo facilitando o acesso aos diferentes instrumentos culturais e a construção e apropriação de significados acerca dos mesmos vYgoTsKY 2007 Cognição e afetividade são aspectos inseparáveis presentes em qualquer ati vidade humana O afeto influencia o modo como se constrói o conhecimento Quando as relações construídas em sala de aula são mediadas pelo afeto positi vo e saudável a empatia entre os sujeitos do processo de aprendizagem poderá ser o fio condutor no desenvolvimento de todas as ações necessárias ao sucesso da aprendizagem gAlvão 1995 102 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 Assimilação acomodação e adaptação são conceitos fundamentais na teoria psicogenética de Piaget Comente estes conceitos relacionandoos a uma experi ência de aprendizagem 2 Explique como o conceito de mediação apresentado por Vygotsky pode contri buir para o desenvolvimento da aprendizagem 3 A partir das ideias de Wallon discorra sobre o papel das emoções no desenvol vimento da aprendizagem 4 Com base nas proposições de Ausubel estabeleça as diferenças entre aprendiza gem significativa e aprendizagem memorística 5 TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 105 INTRODUÇÃO Ninguém ignora tudo Ninguém sabe tudo Todos nós sabemos alguma coisa Todos nós ignoramos alguma coisa Por isso aprendemos sempre Paulo Freire A aprendizagem ocorre durante toda a nossa vida é uma atividade contínua iniciandose nos primeiros minutos da vida e estendendose ao longo dela Mas será que ela ocorre da mesma forma para todos Não Como visto em unidades anteriores a aprendizagem depende de vários fatores e é um fenômeno individual Há aqueles indivíduos que aprendem com facilidade enquanto outros necessitam de maior esforço e dedicação Mas o que faz com que um aluno tenha dificuldades para aprender Compreender que o processo de aprendizagem abar ca vários aspectos que se interrelacionam é o primeiro passo Nesta perspectiva a presente unidade alicerçada nos conhecimentos apre sentados nas unidades anteriores se propõe a refletir sobre os Transtornos Espe cíficos de Aprendizagem especialmente no que tange a definição caracterização e recomendações acerca da Dislexia da Disortografia da Discalculia e do Trans torno de Déficit de AtençãoHiperatividade Discussões alusivas a estas temáticas se justificam à medida que reconhece mos a importância do profissional de educação a alta ocorrência de transtornos de aprendizagem e a carência de conhecimentos sobre a temática no contexto escolar Outrossim os professores geralmente são os primeiros a observar as dificul dades do aluno é essencial que eles conheçam os sinais dos transtornos a fim de que possam realizar os encaminhamentos pertinentes e adotar estratégias e recursos que vão ao encontro das necessidades destes educandos e possibilitem o enfrentamento das dificuldades O professor ao ser desafiado pelo aluno que apresenta déficits na aprendizagem necessita compreender os processos envolvi dos de modo a oportunizar a todos condições para aprenderem Proporcionar um sistema educacional que possibilite a educação de qualidade pautada no respeito às diferenças é um desafio que precisa ser debatido Espera mos que as contribuições desta unidade possam colaborar com a construção de saberes e possibilitem excelentes reflexões 106 DIFICULDADES DISTÚRBIOS E TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM Aprender demanda tanto recursos internos quanto externos Portanto quando fala mos em dificuldades de aprendizagem elas podem estar relacionadas a problemas psicopedagógicos sociais culturais motivacionais familiares eou neurológicos Neste ponto é importante esclarecer a diferença entre três termos que co mumente são usados de forma aleatória na literatura e nos espaços escolares dificuldade transtorno e distúrbio de aprendizagem Para alguns teóricos essa distinção não é necessária mas compartilhamos da compreensão daqueles mooJEN 1999 rUBiNsTEiN 1999 CorsiNi 1998 CiAsCA rossiNi 2000 que con sideram que se tratam de condições distintas e que dada a sua importância na educação merecem esclarecimentos a Dificuldade de Aprendizagem Referese a problemas de ordem psicopedagógica social cultural eou emo cional Nas palavras de Ciasca e Rossini 2000 p 13 dificuldade de aprendizagem é qualquer tipo de dificuldade apresentada durante o processo de aprender em decorrência de fatores variados que vão desde causas endógenas e exógenas Distúrbio de Aprendizagem Para Fonseca 1995 o distúrbio de aprendizagem está ligado a um grupo de dificuldades pontuais e particulares caracterizadas pela presença de uma dis função do sistema nervoso central resultando em prejuízos na aquisição e pro cessamento da informação Ciasca e Rossini 2000 acrescentam que o distúrbio é uma perturbação no ato de aprender caracterizado por alterações nos padrões de aquisição assimilação utilização e armazenamento da informação resultantes de uma disfunção neurológica Hammill 1990 p77 apud gimENEZ 2005 p79 define distúrbio como um ter mo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades na aquisição e no uso da audição fala escrita e raciocínio ma temático O autor acrescenta que alterações no sistema nervoso central são as causas prováveis do distúrbio e que problemas emocionais psicogênicos familia res sociais deficiências sensoriais e intelectuais podem coexistir com o distúrbio porém não são a sua causa 51 TErmo do glossário endógenas que se origina no interior do organismo do sistema ou por fatores internos exógenas fatores determinantes que dizem respeito ao ambiente Tem origem no exterior 4 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 107 b Transtorno de Aprendizagem Quanto à definição de transtornos de aprendizagem a National Joint Comitte Of Learning Disabilities define como é um termo global que diz respeito a um grupo de dificul dades referentes à aquisição e uso de habilidades acadêmicas como leitura escrita e matemática Os transtornos de aprendi zagem são decorrentes de disfunções do sistema nervoso cen tral e relacionados a uma falha no processo de aquisição e processamento da informação diferindo das dificuldades de aprendizagem pois este último quadro decorre de questões relacionadas a problemas de ordem pedagógica emocional ou sociocultural ou a quadros neurológicos rUBiNsTEiN 1999 A partir das definições percebese que os termos distúrbio e transtorno de apren dizagem resultam de condições neurológicas diferentemente das dificuldades que geralmente estão relacionadas a inadequações no método de ensino na re lação professoraluno além de fatores pedagógicos emocionais motivacionais sociais e familiares BridiFilHo Bridi 2016 CiAsCA rossiNi 2000 Porém como citado anteriormente esta diferenciação não é unânime ainda são necessários avanços quanto às formas de nomear e classificar esse campo que é tão vasto Neste contexto é importante esclarecer que a presente unidade se debruçará so bre os transtornos e distúrbios de aprendizagem especialmente a Dislexia a Discal culia a Disortografia e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TdAH 108 TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais dsm 5 2014 os Transtornos Específicos de Aprendizagem estão dentro de uma cate goria mais geral chamada Transtornos do Neurodesenvolvimento Os Trans tornos do Neurodesenvolvimento referemse a transtornos que se manifestam desde muito cedo e se caracterizam por déficits no funcionamento pessoal social ou acadêmico que afetam a capacidade da criança de ter um desempenho seme lhante ao de outras crianças em diversas áreas do cotidiano Dentre os transtornos do neurodesenvolvimento estão o Transtorno do Espectro Autista o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade a Deficiência Intelectual e os Transtornos Específicos da Aprendizagem relacionados à leitura escrita e matemática disle xia disortografia e discalculia Os Transtornos Específicos da Aprendizagem não são raros eles apresentam uma prevalência estimada de 5 a 15 das crianças em idade escolar dsm5 2014 Porém apesar da alta incidência estes transtornos são subdiagnosticados no Brasil AlTrEidEr 2016 Um transtorno da aprendizagem pode ser específico quando o aluno apresen ta dificuldade em apenas alguns aspectos particulares do seu funcionamento ou seja pode ter dificuldade específica de matemática mas vai bem na leitura e vice versa ou pode envolver dificuldades em duas ou mais áreas concomitantemente Os Transtornos Específicos da Aprendizagem manifestamse durante os anos de escolaridade formal e caracterizamse por dificuldades persistentes que acar retam em prejuízos na aquisição das habilidades básicas acadêmicas de leitura escrita eou matemática dsm 5 2014 É importante esclarecer que apesar das dificuldades acadêmicas as pessoas com Transtornos Específicos de Aprendizagem possuem bom nível de inteligên cia apresentando uma condição distinta da deficiência intelectual O desempenho do indivíduo está aquém do esperado para sua idade mesmo sen do ofertadas condições de aprendizagens apropriadas Apesar das dificuldades não há déficit cognitivo o nível intelectual a inteligência não está comprome tida ou seja o aluno com um transtorno de aprendizagem tem o seu Quociente 52 TErmo do glossário a American Association on Intelectual and Developmental Disabilities AAidd define deficiência intelectual como Incapacidade caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo e está expresso nas habilidades práticas sociais e conceituais originandose antes dos dezoito anos de idade 4 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 109 de Inteligência Qi dentro do esperado porém os recursos e estratégias internas do indivíduo não são suficientes para realizar as demandas acadêmicas que en volvem a leitura escrita eou matemática 110 TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM COM PREJUÍZO NA LEITURA DISLEXIA A dislexia é o transtorno específico de aprendizagem mais comum e está presente em todos os lugares do mundo apresentando diferentes estimativas de prevalên cia No Brasil a estimativa é de 5 na Itália de 3 nos Estados Unidos entre 5 e 6 e no Japão que tem o menor índice 1 AlTrEidEr 2016 Apesar da alta ocorrência a dislexia é subdiagnosticada no Brasil ou seja acre ditase que muitas pessoas possuem o transtorno mas não receberam o diagnós tico portanto desconhecem sua condição Isso se deve ao limitado conhecimen to acerca de seus sintomas e manifestações clínicas Este cenário contribui para que muitos alunos sejam rotulados de preguiçosos burros e inaptos ceifando assim suas oportunidades de aprendizagem Mas afinal o que é a dislexia A partir do texto acima você conseguiria definir o que é a dislexia Possivelmente você teve dificuldades para compreendêlo Para algumas pes soas com dislexia é assim que as letras aparecem e é assim que eles escreveriam Vejamos o que diz o trecho acima Agora vamos compreender um pouco mais esse transtorno A International Dyslexia Association 2013 apud rodrigUEs e CiAsCA 2013 define dislexia como um transtorno específico de aprendizagem de origem neu rológica Acomete pessoas de todas as origens e nível intelectu al e caracterizase por dificuldade na precisão eou fluência no reconhecimento de palavras e baixa capacidade de deco 53 ATENção A dislɛξɩA tRansro Apnezgem qui cratErisa opr dificl na ltra scrIta e sool trassão Nao é₂ssa doenssa tratase dum funci onⱱαto paculiar do celbro pra o prossesameto dA lincuagi ATENção a dislexia é um transtorno de aprendizagem que se caracteriza por dificuldades na leitura escrita e soletração Não é uma doença tratase de um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem 1 1 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 111 dificação e de soletração Essas dificuldades são resultados de déficit no processamento fonológico que normalmente está abaixo do esperado em relação a outras habilidades cognitivas IDA 2013 apud RODRIGUES CIASCA 2016 p 87 A dislexia caracterizase por um prejuízo na capacidade para processar informa ções de forma eficaz e precisa É marcada por dificuldades na aprendizagem e no uso de habilidades acadêmicas que estão abaixo do esperado para a idade crono lógica o que interfere no desempenho do indivíduo seja em sua vida acadêmica ou profissional Segundo o dsm5 2014 p67 pode ser definida como um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades de aprendizagem caracterizado por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras problemas de decodificação e dificuldades de ortografia De acordo com o referido Manual o diagnóstico da dislexia requer a identifica ção de pelo menos um dos seguintes sintomas 1 Leitura de palavras é feita de forma imprecisa ou lenta de mandando muito esforço A criança pode por exemplo ler palavras isoladas em voz alta de forma incorreta ou lenta e hesitante frequentemente tenta adivinhar as palavras e tem dificuldade para soletrálas 2 Dificuldade para compreender o sentido do que é lido Pode realizar leitura com precisão porém não compreende a sequ ência as relações as inferências ou os sentidos mais profun dos do que é lido 3 Dificuldade na ortografia sendo identificado por exemplo adição omissão ou substituição de vogais eou consoantes 4 Dificuldade com a expressão escrita podendo ser identifi cados múltiplos erros de gramática ou pontuação nas frases emprego ou organização inadequada de parágrafos expressão escrita das ideias sem clareza dsm5 2014 p 66 Todavia a simples presença de um ou mais sintomas não é suficiente para o diag nóstico de dislexia uma vez que estas dificuldades podem ser decorrentes de ou tras condições como deficiência intelectual e sensorial síndromes neurológicas transtornos psiquiátricos e fatores de ordem socioambiental e emocionais Sendo assim na avaliação dos sintomas de dislexia devese atentar para os se guintes critérios dsm5 2014 As dificuldades devem estar presentes há pelo menos seis meses e persisti TErmo do glossário deficiência sensorial se caracteriza pelo nãofuncionamento total ou parcial de algum dos cinco sentidos A surdez e a cegueira são os exemplos mais comuns de deficiência sensorial 4 112 rem apesar de intervenção dirigida As habilidades acadêmicas estão qualitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica o que deve ser avaliado através de testes individuais e avaliação clínica As dificuldades iniciamse durante os anos escolares mas podem não se ma nifestar completamente até que as exigências acadêmicas excedam a capa cidade limitada do indivíduo Devese descartar outras possíveis causas para as dificuldades como defi ciências transtornos neurológicos e psiquiátricos instrução acadêmica ina dequada ou falta de proficiência na língua de instrução acadêmica Exemplo um aluno que residia na Argentina e se muda para o Brasil poderá ter dificul dades em ler e escrever em português por não dominar a nossa língua 531 Características da dislexia Embora a dislexia se caracterize por dificuldade de leitura escrita e ortografia in dicada por um desempenho em letramento abaixo do esperado para a idade a sua manifestação não é homogênea Nem todos os indivíduos terão as mesmas carac terísticas e a mesma gravidade dos sintomas Portanto é essencial um olhar atento à singularidade de cada um para que não incorramos no erro de generalizações Algumas características da dislexia são comuns e aparecem com mais frequ ência conhecêlas é fundamental Especialmente ao considerar que geralmente o professor é o primeiro a suspeitar do transtorno Diante disso seguem algumas manifestações que PODEM estar presentes nos indivíduos com dislexia FArrEll 2015 rodrigUEs CiAsCA 2016 AlTrEidEr 2016 dsm5 2014 dificuldade acentuada em fazer a correspondência entre letra e som confusão de letras que possuem formas semelhantes exemplo u e n dificuldade acentuada em ler palavras mesmo que simples inversão total ou parcial de palavras e números exemplo sol los substituição de palavras por outras de estrutura similar ou criação de pala vras com significado diferente exemplo travessa atravessava dificuldade em diferenciar letras que possuem um ponto de articulação co mum e cujos sons são acusticamente próximos exemplo d t confusão de letras com grafia similar mas com diferente orientação no espa ço exemplo b e d ajuda aduja dificuldade para separar e sequenciar sons exemplo p a t o omissão ou adição de letras e sílabas exemplo bata em vez de batata ocar ro em vez de carro dificuldade para perceber a diferença entre p q d b o que se deve a pre juízos na percepção e orientação espacial erros de leitura sem conexão entre fonemasgrafemas exemplo ler pa nela em vez boneca leitura silábica hesitante e com erros licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 113 dificuldade em compreender o que leu dificuldade para copiar do quadro e ter mais facilidade em copiar de mate riais que estejam mais próximos ortografia muito ruim pronúncia ruim ou supressão de partes de palavras longas e multissilábicas exemplo tempo em vez de tempestade e confusão entre palavras com sons semelhantes exemplo comestível e combustível dificuldade para lembrar datas nomes e números de telefone dificuldade na organização do tempo exemplo concluir uma prova temas de casa ou testes lê a primeira parte de uma palavra e depois tenta adivinhar o restante exem plo lê cama quando a palavra é caminhão tendência à recusa em situações de leitura Importante destacar que apesar das manifestações acadêmicas acima citadas se rem os sintomas mais aparentes e portanto fáceis de serem reconhecidos por pais e educadores há outros aspectos que costumam estar presentes nos indiví duos com dislexia como comprometimento da linguagem desatenção dificul dade na coordenação motora prejuízo das funções executivas entre outros CAr roll 2005 limA AZoNi CiAsCA 2015 Nem todas essas características acima citadas estarão presentes e com a mesma intensidade em todos os indivíduos com o transtorno Além disso no processo de alfabetização algumas dessas dificuldades poderão estar presentes o que se deve à aquisição da leitura e escrita e não necessariamente à ocorrência do transtorno 532 Diagnóstico O diagnóstico da dislexia não é tarefa fácil exige uma avaliação abrangente com profissionais qualificados e só pode ser feito após o início da educação formal dsm5 2014 Para Altreider 2016 até o 3º ano do ensino fundamental só falamos em hipótese diagnóstica O diagnóstico é essencialmente clínico e envolve TErmo do glossário fonema são as unidades soNorAs empregadas para formar e distinguir palavras Grafema São as letras e demais sÍmBolos gráFiCos que constituem um sistema de escrita TErmo do glossário as funções executivas são habilidades que integradas capacitam o indivíduo a tomar decisões avaliar e adequar seus comportamentos e estratégias buscando a resolução de um problema Bridi FilHo Bridi 2016 4 4 114 investigação da história familiar pois o fator hereditário associado ao transtorno acarreta maior prevalência entre membros da mesma família investigação da trajetória educacional do aluno dificuldades atuais e pre gressas habilidades progressos alterações no desempenho mudanças de escola relação com colegas e professores etc investigação do desenvolvimento neuropsicomotor informações da gesta ção idade que caminhou surgimento da linguagem etc avaliações e testes padronizados aplicação de testes de avaliação cognitiva e psicopedagógica Sendo assim uma única fonte de informação não é suficiente Neste contex to o relato dos professores é essencial e indispensável uma vez que é ele que acompanha o aluno conhece suas dificuldades e sua trajetória acadêmica dsm 5 2014 AlTrEidEr 2016 Para fins de diagnóstico devese descartar problemas sensoriais como de audição e de visão deficiência intelectual transtornos neurológicos falta de proficiência na língua ou demais aspectos psicossociais que possam interferir na aquisição das habilidades de leitura escrita e soletração Somente a partir de uma avaliação extensiva é que o diagnóstico da dislexia é possível pois como visto an teriormente dificuldades na leitura e escrita podem estar relacionadas a muitos fatores e nem sempre se devem a um transtorno de aprendizagem Um aspecto a ser considerado no diagnóstico da dislexia é a alta presença de comorbidades A associação com transtornos de ansiedade depressão TdAH discalculia entre outros é frequente o que implica na necessidade de um olhar integral ao aluno Ademais a presença da dislexia tem repercussões na escola na família e nos relacionamentos interpessoais que precisam ser reconhecidos e considerados limA sAlgAdo CiAsCA 2011 533 Adaptações e recomendações em sala de aula Rodrigues e Ciasca 2016 imbuídos da proposta da International Dyslexia Asso ciation sugerem adaptações no contexto escolar com vistas a facilitar a condução adequada do processo de ensinoaprendizagem de alunos com dislexia Dentre elas destacamse Oferecer instruções curtas e simples destacando as partes palavras ou in formações mais importantes para o aluno TErmo do glossário presença ou associação de uma ou mais doenças numa mesma pessoa 4 iNTErATividAdE assista a vários depoimentos de pessoas com dislexia acessando o link httpswwwyoutubecom 2watchvV7J4U9pz6Qw licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 115 Repetir as instruções e orientações Caso o aluno tenha dificuldades em se guir instruções podese solicitar que ele repita com suas palavras o que ele compreendeu Quando uma instrução tiver várias etapas sugerese dividi las ou apresentálas uma de cada vez Priorizar textos mais curtos Se a atividade for extensa dividir em tarefas menores Ajustar os conteúdos a serem trabalhados num nível crescente de dificuldade Escrever no início da aula palavraschave no quadro ou desenhar breves esquemas visuais a fim de organizar e apresentar o conteudo que será ex planado Disponibilizar tempo extra para o aluno concluir a tarefa Incentivar e se necessário ensinar o aluno a utilizar agendas calendários e or ganizadores para que fique atento a datas e prazos de atividades acadêmicas Auxiliar na organização da carteira e das tarefas Adequar trabalhos e pesquisas de acordo com a demanda do aluno Utilizar dispositivos que auxiliem na memorização das informações Combinar informação verbal e visual Não trabalhar somente com o texto como fonte de informação Escrever claro e espaçado no quadro delimitando as partes da lousa duas ou três partes no máximo com uma linha divisória vertical bem forte Utili zar cores de gizpincel diferentes para delimitar Utilizar recursos eletrônicos tablets leitores eletrônicos dicionários audiolivros calculadoras papéis quadriculados para atividades matemá ticas entre outros Oportunizar que o aluno faça gravações da aula para que se necessário pos sa reproduzir o áudio em casa com o objetivo de esclarecer dúvidas Proporcionar atividades em grupo em pares e individuais Possibilitar ao aluno experiências práticas acerca do conteúdo abordado Organizar e manter rotinas diárias Muitos alunos têm dificuldade em orga nizarse com autonomia Posicionar o aluno próximo ao professor Para aqueles com dificuldades de atenção evitar lugares com muitos estímulos exemplo janelas porta Investigar e valorizar os conhecimentos prévios que o aluno tem sobre o assunto da aula e estimular que faça inferências e ligações com o conteúdo Avaliar o aluno contemplando diferentes estratégias apresentações orais discussões avaliações escritas provas com múltipla escolha entre outras Valorizar respostas orais uma vez que a emissão oral é comparativamente muito melhor do que a escrita Cuidar para não expor o aluno muitos terão dificuldades em ler em voz alta Salientamos que estas recomendações precisam ser avaliadas considerando a singularidade de cada aluno Outrossim tais adaptações não são para privilegiar o aluno com dislexia mas são essenciais por se compreender que suas dificulda des são reais Assim é importante que o professor atente para as necessidades do aluno que oriente os pais quanto à melhor maneira de auxiliar em casa e que atue em parceria com outros profissionais que atendem o aluno 116 No Quadro 7 são apresentadas algumas pessoas famosas que têm dislexia e depoimentos acerca das dificuldades vivenciadas demonstrando que apesar dos desafios o transtorno não é um limitador da capacidade de autorrealização QUAdro 7 Pessoas famosas com dislexia FoNTE Autoras 2018 sAiBA mAis assista ao filme indiano Como Estrelas na Terra toda criança é especial dirigido por Amir Khan que conta a história de um menino de nove anos com dislexia 3 A atriz e cantora Whoopi Goldberg Patrick Dempsey ator norteamericano Walt Disney Steve Jobs Carl Philip Edmund Bernadotte príncipe Sueco Tom Cruise ator Cher atriz e cantora Sou uma disléxica típica Para quem não sabe dislexia é uma dificuldade na leitura que faz com que a pessoa não consiga assimilar facilmente a relação entre o que está escrito símbolos gráficos e o que é falado fonemas Atualmente aprendi a conviver bem com isso mas não foi sempre assim quando eu era criança o diagnóstico era quase inexistente e meu processo de alfabetização foi difícil Eu era a aluna problema desafiadora Rasgava as provas na cara dos professores brigava com todos os colegas era a ferinha de toas as escolas pelas quais passei Até porque eu era sempre a mais velha da turma Já que repeti de ano três vezes Hoje luto junto à Associação de Amigos de Disléxicos APAD onde sou umas das diretoras para que crianças disléxicas não sejam mais chamadas de preguiçosas ou muito menos de burras Danny Glover ator As crianças faziam piada de mim por causa da minha pele negra de meu nariz grande e porque eu era disléxico Já como ator demorou um longo tempo para que eu pudesse entender por que as palavras pareciam misturadas em minha mente e eu as pronunciava de maneira diferente licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 117 TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM COM PREJUÍZO NA ESCRITA A DISORTOGRAFIA A disortografia referese a prejuízos na expressão da escrita e pode ser definida como Perturbação que afeta as aptidões da escrita e que se traduz por dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da criança em compor textos escritos As dificuldades centramse na organização estruturação e composição de textos escritos a construção frásica é pobre e geralmente curta observase a presença de múltiplos erros ortográficos e por vezes má qua lidade gráfica PErEirA 2009 p 9 Na disortografia são as aptidões da expressão escrita que estão comprometidas o que não se explica por déficit intelectual visual ou auditivo nem por escolari zação insuficiente gArCÍA 1998 A quinta versão do dsm dsm5 2014 traz como critério para a disortografia a presença de déficits na precisão ortográfica na pre cisão gramatical e pontuação e na clareza ou organização da escrita Os déficits presentes na disortografia podem se manifestar a partir das seguin tes características falta de interesse para escrever produção de textos muito curtos com organização pobre e pontuação ina dequada numerosos erros ortográficos de natureza diversa inversões de sílabas exemplo pipoca picoca omissões de letras ou de sílabas exemplo cadeira cadera branco baco adições de letras de sílabas ou de palavras exemplo telelevisão troca de grafemas que se parecem sonoramente exemplo facavaca chinelo jinelo substituição de letras que se diferenciam pela sua posição no espaço exem plo dado dabo confusão entre fonemas que apresentam dupla grafia exemplo cháxá omissão da letra h por não ter correspondência fonêmica exemplo omem dificuldades na associação entre fonemas e grafemas trocando letras sem qualquer sentido erros na separação de sequências gráficas pertencentes a uma dada sucessão fónica ou seja une palavras exemplo ocarro em vez de o carro ou junta sílabas pertencentes a duas palavras exemplo no diaseguinte em vez de 54 118 no dia seguinte erros referentes às regras de ortografia exemplo não coloca m antes de b ou p desconsideração das regras de pontuação início de frases com letra minúscula desconhecimento da forma correta de separação das palavras na mudança de linha a sua divisão silábica a utilização do hífen exemplo casa A partir dessas características talvez você tenha se perguntado Qual é a diferença entre disortografia e dislexia As características da disortografia estão presentes no quadro da dislexia Na dis lexia também há um déficit no sistema fonológico presente na disortografia caracterizado por dificuldades na conversão grafemafonema ocasionando leitura e escrita lenta confusão entre palavras similares e prejuízos na compreensão da leitura e escrita Todavia a dislexia referese a prejuízos na leitura e a escrita en quanto a disortografia é um déficit específico da escrita FErNáNdEZ et al 2010 Sendo assim um aluno com disortografia guiase pelo aspecto fonético som da palavra os erros seguem um critério lógico há uma regularidade no erro Na escrita não percebe os erros mas na leitura quando o erro interfere no som per cebe Por exemplo se o aluno escreveu no texto a palavra caza ao fazer a leitura não perceberá o erro pois ele não altera o som já se ele escreveu bado em vez de dado ao ler perceberá o erro O aluno com dislexia provavelmente não perceberá Apesar de serem condições diferentes com frequência a disortografia aparece associada à dislexia ou a outros transtornos de aprendizagem Sua ocorrência iso lada é rara FErNáNdEZ et al 2010 541 Adaptações e recomendações em sala de aula As estratégias a serem adotadas em sala de aula não seguem um único mode lo Devem ser consideradas estratégias variadas que contemplem a correção dos erros ortográficos a percepção auditiva visual e espaçotemporal e a memória ATENção algumas dificuldades presentes na disortografia fazem parte do processo de apropriação do sistema ortográfico da língua Porém os alunos sem o transtorno superarão as dificuldades ao longo da escolarização Para aqueles que apresentam a disortografia as dificuldades persistirão mesmo com a progressão da escolaridade Também é preciso considerar que alguns alunos poderão permanecer com as dificuldades em decorrência do frágil ensino recebido Estes aspectos reforçam a importância de uma avaliação criteriosa e cuidadosa dos alunos com suspeita de um transtorno de aprendizagem 1 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 119 auditiva e visual Para definir o que priorizar com o aluno com disortografia é in dispensável que o professor o conheça compreenda suas maiores dificuldades e potencialidades FErNANdEZ et al 2010 Nesta perspectiva seguem possíveis estratégias e recomendações Evitar a mera memorização de regras uma vez que não garante a correta escrita ortográfica Oportunizar tempo extra para a realização das atividades escritas Explicar ao aluno como a escrita e a ortografia funcionam Podese utilizar a produção espontânea da própria criança palavras e histórias de poucas linhas para explicar o que ocorreu com a escrita e em seguida promover a escrita ortográfica Diferenciar os erros de ortografia das falhas de compreensão Indicar ao aluno os seus erros e por que precisa corrigilos Valorizar o empenho do aluno e não somente o desempenho Usar provas orais como um recurso extra se a escrita estiver muito compro metida Fazer a correção da ortografia sempre não permitindo que o aluno grave a forma incorreta de escrita Porém é importante ter critério para a correção dos textos sem cometer borrões e rabiscos com canetas coloridas Assinalar com pequenas marcas os erros ortográficos e solicitar que o aluno procure a grafia correta Privilegiar a expressão oral Orientar os pais que ajudem nas tarefas escolares de acordo com a necessi dade do aluno Além da disortografia um outro transtorno que afeta a expressão da escrita é a disgrafia A disgrafia configurase por uma escrita que destoa em relação à normapa drão Caracterizase por problemas de execução gráfica da escrita da palavra Se gundo a Associação Portuguesa de Pessoas com Dificuldades de Aprendizagem Específicas APPdAE 2011 tratase de uma caligrafia deficiente com letras pouco diferenciadas mal elaboradas e mal proporcionadas é popularmente cha mada de letra feia Nas palavras de Torres e Fernández 2001 p 127 consiste em uma perturbação de tipo funcional que afeta a qualidade da escrita do sujeito no que se refere ao seu traçado ou à grafia São características frequentes da disgrafia linhas flutuantes espaço irregular entre as palavras mistura de letras maiúsculas e minúsculas letras retocadas e ilegíveis movimentos bruscos traços irregulares muito fortes que chegam a marcar o papel ou muito leves desorganização geral na folha por não possuir orientação espacial não ob servação da margem parando muito antes ou ultrapassandoa amontoado 120 de letras na borda da folha irregularidade de dimensões e formas mal elaboradas postura gráfica incorreta Abaixo você pode visualizar um exemplo de escrita disgráfica Figura 24 FigUrA 24 exemplo de escrita disgráfica FoNTE Autoras 2018 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 121 TRANSTORNO ESPECÍFICO DE APRENDIZAGEM COM PREJUÍZO NA MATEMÁTICA A DISCALCULIA A discalculia do desenvolvimento é um transtorno que afeta as habilidades ma temáticas e caracterizase por dificuldades na realização de operações matemáti cas tendo como provável causa disfunções cerebrais específicas PAiN 1985 Nas palavras de Garcia a discalculia é um distúrbio neurológico que afeta a habi lidade com números É um problema de aprendizado inde pendente mas pode estar também associado à dislexia Tal distúrbio faz com que a pessoa se confunda em operações ma temáticas fórmulas sequência numérica ao realizar contagem sinais numéricos e até na utilização da matemática no diaadia GARCIA 1998 p 37 O dsm5 2014 p 66 define discalculia como um termo alternativo usado em referência a um padrão de dificuldades caracterizado por problemas no processa mento de informações numéricas aprendizagem de fatos aritméticos e realização de cálculos precisos ou fluentes As dificuldades podem ser no senso numérico memorização de fatos numéricos precisão ou fluência de cálculo eou precisão no raciocínio matemático Segundo o referido manual os critérios diagnósticos são 5 Dificuldades para dominar o senso numérico fatos numéri cos ou cálculo p ex entende números sua magnitude e rela ções de forma insatisfatória conta com os dedos para adicio nar números de um dígito em vez de lembrar o fato aritmético como fazem os colegas perdese no meio de cálculos aritméti cos e pode trocar as operações 6 Dificuldades no raciocínio p ex tem grave dificuldade em aplicar conceitos fatos ou operações matemáticas para solu cionar problemas quantitativos dsm5 2014 p 66 Assim como a dislexia e a disortografia a discalculia afeta pessoas com inte ligência dentro do esperado e sua provável causa é neurológica Portanto as di ficuldades não se devem a comprometimento cognitivo deficiência intelectual nem a aspectos emocionais pedagógicos e socioculturais 55 122 551 Características da discalculia A discalculia também não tem uma apresentação única sua manifestação não é uniforme Cada aluno pode apresentar diferentes dificuldades com variados ní veis de gravidade Nesta perspectiva seguem algumas características que podem estar presentes nos indivíduos com o transtorno FArrEll 2015 Dificuldade para aprender a contar Problemas associados à compreensão de números Dificuldades em realizar cálculos simples como adição Inversão de números exemplo 6 por 9 Dificuldade na leitura de números com muitos dígitos Dificuldade com conceitos relativos exemplo maismenos Inversão na escrita dos numerais exemplo ɛ em vez de 3 Alinhar mal os símbolos exemplo aluno deseja escrever 112 mas escreve 112 Nomear ler e escrever incorretamente símbolos matemáticos Errar sinais das operações exemplo 30 10 40 Confusão de símbolos semelhantes mas possuem orientação diferente exemplo e x Dificuldades em associar um número com uma situação da vida real exem plo vincular o número 2 à possibilidade de ter 2 balas 2 livros 2 pratos Repetir um ou mais números numa série numérica exemplo 1 2 4 4 5 6 7 7 8 9 Intercalar um ou mais números não pertencentes à série exemplo listar nú meros pares 2 4 5 6 8 9 10 Problemas na associação do número e seu conceito exemplo incapacidade para associar o número 5 ao conceito de cinco Inversão na posição dos algarismos exemplo 37 por 73 Dificuldades para reconhecer e discriminar figuras geométricas exemplo triângulo quadrado Falha na ordenação de colunas para montar o algoritmo conforme figura 25 FigUrA 25 falha na ordenação de colunas FoNTE Autoras 2018 Além destas características o indivíduo com discalculia também pode apresentar em variados níveis dificuldades em diferenciar direita e esquerda em cima e em 48 1 48 58 1 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 123 baixo problemas com orientação espacial e dificuldade em lidar com grande quan tidade de informação Também pode haver problemas de atenção o que intensifica as dificuldades A desatenção pode ser em decorrência da presença concomitante do TdAH ou resultar da ansiedade despertada ante as limitações percebidas A matemática faz parte do nosso cotidiano Talvez você já tenha escutado alguém dizer vou fazer tal curso porque não tem matemática mas você já se deu conta de que ela está presente em vários momentos de nossa vida independente do que es tudamos Fazer compras calcular o valor dos produtos conferir o troco calcular o tempo que levamos até chegar na escola saber as medidas para fazer um bolo entre tantas outras atividades corriqueiras requerem habilidades matemáticas 552 Adaptações e recomendações em sala de aula A fim de diminuir o impacto das dificuldades apresentadas pelo estudante com discalculia bem como explorar seus potenciais seguem sugestões de adaptações e recomendações possíveis de serem adotadas em sala de aula Usar papel quadriculado especialmente com alunos que tenham dificulda de com o espaçamento entre os números e em organizar as colunas de cálcu los permitindo que cada número esteja em um quadrado diferente Orientar o aluno sobre a direção do cálculo utilizando de flechas Incentivar o aluno a ler em voz alta os problemas matemáticos mesmo que não sejam problemas verbais exemplo 45 quatro mais cinco igual a Apresentar os problemas matemáticos de forma prática utilizando exem plos do cotidiano Oportunizar o uso de material concreto que possa ser manipulado exemplo material dourado ábaco Possibilitar o uso da calculadora Abordar de diferentes maneiras os fatos aritméticos exemplo não estimular apenas a memorização da tabuada Explicar ideias e problemas de forma clara e objetiva incentivando o aluno a questionar Priorizar um lugar tranquilo com poucas distrações Comumente a atenção do aluno com discalculia está prejudicada Oferecer tempo extra para a realização das tarefas Valorizar o raciocínio matemático mais que a realização do cálculo em si Introduzir os conteúdos de acordo com os conhecimentos do aluno espe cialmente ao considerar que a matemática tem natureza cumulativa portan to não é recomendado avançar para problemas mais complexos enquanto habilidades mais básicas não forem adquiridas Oferecer materiais de referência exemplo tabuadas fórmulas e calcula dora principalmente na realização de tarefas avaliativas cujos problemas exijam a realização de vários passos sequenciais para se chegar à resposta 124 dando oportunidade para que o aluno demonstre ter entendido a atividade mesmo que tenha dificuldades com os cálculos Dividir as explicações e atividades em etapas menores cuidando para que o aluno compreenda o quadro global da tarefa Utilizar abordagens multissensoriais visuais auditivas e cinestésicas Caso o professor identifique o canal sensorial preferido do aluno assegurar que esse seja mais utilizado e estimulado Utilizar jogos que ajudam a reduzir a ansiedade e auxiliam na concentração e atenção Quando o aluno apresentar dificuldades com a orientação dos números como confusão entre 6 e 9 2 e 5 utilizar abordagens cinestésicas exemplo escrever o número em um recipiente de areia construir o número com mas sa de modelar PrEvAlÊNCiA É difícil estimar a prevalência da discalculia pois ela nem sem pre é vista como uma condição isolada Com frequência as dificuldades matemá ticas aparecem associadas à dislexia e à dispraxia e as intervenções precisam ser planejadas nesse contexto TErmo do glossário praxia é a capacidade de realizar um ato motor mais ou menos complexo anteriormente aprendido de forma voluntária lEoNHArdT ForNEr p 292 2016 e a dispraxia é o comprometimento do planejamento da função motora 4 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 125 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃOHIPERATIVIDADE TDAH É muito provável que você já tenha ouvido falar no Transtorno de Déficit de Aten ção Hiperatividade É um tema bastante comentado nas mídias digitais escolas e comunidade em geral e provoca opiniões muitas vezes divergentes e distorci das Há aqueles que dizem ser uma invenção que não passa de falta de limites e interesses médicos e da indústria farmacêutica Outros acreditam que estamos vivendo uma epidemia do transtorno Essas duas compreensões estão equivocadas O TdAH não é uma invenção Trata se de um transtorno reconhecido oficialmente pela Organização Mundial da Saúde oms tendo as primeiras referências com outra nomenclatura datadas da meta de do século XiX roHdE et al 2000 Também não há uma epidemia o que ocorre é que devido ao maior conhecimento acerca do transtorno verificamse mais diag nósticos Sendo este atualmente o transtorno mais comum entre os transtornos neuropsiquiátricos de início na infância A prevalência estimada é de 5 das crian ças e 25 dos adultos sendo mais comum no sexo masculino dsm5 2014 Mas afinal o que é o TDAH Caracterizase pela presença persistente de sintomas de desatenção eou hi peratividadeimpulsividade que interferem no funcionamento do indivíduo e seu desenvolvimento impactando negativamente as atividades sociais acadêmicas eou profissionais dsm5 2014 A presença e a intensidade dos sintomas de desatenção eou hiperatividade impulsividade variam em maior ou menor grau de modo que o transtorno pode apresentar três subtipos quais sejam apresentação predominantemente desa tenta apresentação predominantemente hiperativaimpulsiva e apresentação combinada desatenta e hiperativaimpulsiva conforme Quadro 8 QUAdro 8 Subtipos do TdAH Fonte Adaptado de dsm5 2014 56 SUBTIPOS Apresentação combinada Apresentação predominantemente desatenta Apresentação predominantemente hiperativaimpulsiva Estão presentes sintomas da desatenção e hiperatividadeimpulsividade Estão presentes somente sintomas da desatenção Estão presentes somente sintomas da hiperatividadeimpulsividade 126 Para o diagnóstico do TdAH os sintomas desatenção eou hiperatividadeimpul sividade devem estar presentes antes dos 12 anos de idade devem se manifestar ao menos em dois ambientes distintos exemplo escola e casa devem acarretar prejuízos no funcionamento social acadêmico ou profissional e não podem ser causados por outras condições psiquiátricas como transtorno psicótico de humor de ansiedade intoxicação ou abstinência de substância entre outros dsm5 2014 Serão explanadas a seguir as principais características deste transtorno De vese considerar que elas podem estar presentes em todas as pessoas O que vai sugerir a ocorrência do transtorno é a intensidade a frequência e o prejuízo que causam na vida do indivíduo Provavelmente em diversos momentos você já de sejou ter mais atenção ser menos inquieto já esqueceu onde colocou objetos já ficou impaciente ao esperar em uma fila Isso não quer dizer que você tenha o TdAH o diagnóstico é complexo e deve ser feito por profissionais qualificados São características comuns na DESATENÇÃO dsm5 2014 Apresenta dificuldade em prestar atenção a detalhes o que contribui para que ocorram erros por descuido Apresenta dificuldade para manter o foco da atenção em atividades lúdicas ou conversas mais longas não responde quando chamado parece estar no mundo da lua mesmo não havendo nenhuma distração aparente Esquece compromissos material escolar etc Perde materiais escolares e de uso pessoal Não consegue manter materiais e objetos pessoais organizados Distraise com facilidade Demonstra falta de persistência nas atividades não seguindo instruções até o fim e não concluindo no prazo Apresenta dificuldade em gerenciar o tempo Evita tarefas que exijam esforço mental prolongado É importante destacar que a atenção é uma função cognitiva essencial para a aprendizagem uma vez que permite que as informações disponíveis em nossos órgãos dos sentidos sejam assimiladas organizadas e memorizadas BridiFilHo Bridi sAlgUEiro 2016 São características comuns na HIPERATIVIDADEIMPULSIVIDADE dsm5 2014 A hiperatividade caracterizase por uma atividade motora excessiva em que podem estar presentes manifestações como Remexer na cadeira batendo as mãos ou os pés Ter dificuldade em permanecer sentado levantandose com frequência Correr saltitar e subir em situações e locais inapropriados Ter dificuldade em envolverse forma calma e silenciosa em atividades de lazer e brincadeiras Apresentar dificuldade em parar parece estar sempre a mil Falar bastante e sem parar licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 127 A impulsividade referese a ações precipitadas que ocorrem sem premedita ção é o agir sem pensar São manifestações frequentes Ter dificuldade em aguardar a sua vez Responder antes que a pergunta tenha sido concluída Interromper ou intrometerse em conversas e atividades dos outros Além dos prejuízos na aprendizagem um sintoma frequente é a dificuldade de socialização pois seus portadores não cooperam em atividades de grupo e seu comportamento é considerado difícil não só pelos adultos mas pelas outras crianças o que resulta na carência de amigos CosENZA gUErrA 2011 p 136 561 Adaptações e recomendações em sala de aula Como visto o TdAH pode se apresentar de diferentes maneiras e é essencial que o professor observe o seu aluno identifique quais suas principais dificuldades o que mais prejudica o seu desempenho e quais são os seus interesses A partir disso pode eleger algumas adaptações em sala de aula de modo a favorecer o pro cesso de ensinoaprendizagem Abaixo seguem algumas estratégias Utilizar recursos organizadores como lembretes em agendas eou cadernos listas de tarefas anotações em provas e trabalhos quadro de avisos e crono gramas Estabelecer regras e rotinas de preferência junto com os alunos Evitar instruções muito extensas e parágrafos muitos longos Dar preferência para mais tarefas com menos tempo de execução Priorizar que atividades que exijam maior atenção sejam feitas no início da aula Associar o assunto da aula com situações do contexto do aluno ou que tenha alguma aplicação prática Utilizar recursos audiovisuais ou sensoriais Proporcionar pequenos intervalos entre as atividades Fazer combinações sobre saídas Permitir que o aluno se movimente criar momentos específicos para isso exemplo peça um favor dê a ele uma tarefa que o faça se movimentar Permitir que o aluno manipule objetos silenciosos na sua carteira exemplo bolas macias para apertar Não punir o aluno deixandoo sem intervalorecreio O aluno com TdAH ne sAiBA mAis acesse os vídeos Mitos e Verdades sobre o TDAH Luis Rohde TEDxUFRGS disponível em httpswww youtubecomwatchv6Xzha28mfV0 PoderRS com Luis A Rohde Pres da Fed Mundial de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade Disponível em httpswwwyoutubecomwatchv1SGgzwKzv0 3 128 sAiBA mAis A prova do EXAmE NACioNAl do ENsiNo mÉdio ENEm prevê Atendimento Especializado para pessoas com baixa visão cegueira visão monocular deficiência física deficiência auditiva surdez deficiência intelectual surdocegueira transtorno do espectro autista dislexia déficit de atenção e discalculia Esse atendimento era destinado somente a pessoas com deficiência Atualmente após a comprovação do diagnóstico o aluno pode solicitar o recurso de acessibilidade que necessitar dentre eles o auxílio para leitura tempo adicional e auxílio para transcrição Na correção da redação dos participantes com dislexia são adotados mecanismos de avaliação que consideram as características linguísticas desse transtorno específico 3 cessita de intervalos e pausas Utilizar estratégias de ensino ativo que incorporem a atividade física com o processo de aprendizagem Priorizar provas com questões curtas objetivas e claras O aluno com TdAH comete erros por descuido É importante destacar negritar palavras impor tantes exemplo Assinale a alternativa INCORRETA Alguns se organizam melhor quando o professor lê a prova antes de iniciála Oportunizar outras formas de avaliação como trabalhos em grupo teatro experiências etc Solicitar ao aluno que repita a instrução de uma determinada atividade Al ternar entre os alunos favorece a atenção de toda a turma Evitar lugares com muitas distrações Deixe o aluno próximo ao professor Valorizar progressos sucessivos ao invés de esperar pelo comportamento perfeito Oferecer diferentes formas de estudos até que seja encontrada a mais ade quada para aquele aluno Alternar o tipo de atividades em sala de aula não ficar apenas com o texto e a cópia Manter contato frequente com os pais e outros profissionais que possam acompanhar o aluno Importante notar que estas recomendações auxiliarão a todos os alunos e não somente aqueles que tenham algum transtorno de aprendizagem ou TdAH Quan to ao aluno com TdAH é comum que necessite fazer uso de medicação e realizar acompanhamento psicológico eou psicopedagógico E lembrese muitos destes alunos podem ter estabelecido uma relação ne gativa com a aprendizagem significando o contexto escolar como um espaço de fracasso e inadequação Diante disso é fundamental que se desperte ou se resgate no aluno o desejo e o prazer em aprender licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 129 ASPECTOS EMOCIONAIS DOS TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM A aprendizagem ocupa lugar central em nossa vida O não aprender é visto como um fracasso uma falha O sentimento de insuficiência de não correspon der às expectativas dos pais e professores aliado à exposição diante dos colegas reflete na maneira como o indivíduo irá se reconhecer se relacionar e se compor tar CordiÉ 1996 sCorsATo 2005 soUZA 2002 Nós nos reconhecemos a partir do olhar do outro e quando esse reconhecimen to vem através de mensagens ou olhares de incapacidade Quando mesmo após estudar se esforçar se dedicar não se consegue aprender como os colegas Essa é a realidade de muitos alunos com transtornos de aprendizagem especialmente ao considerar que grande parte desconhece o diagnóstico sendo considerados pre guiçosos e burros Neste cenário o processo de aprender pode vir acompanhado de sofrimento e malestar contribuindo para a construção de uma autoimagem pre judicada influenciando o entendimento que o sujeito faz de si bem como a ma neira como se relaciona com outras pessoas em seu convívio social soUZA 2002 As dificuldades podem minar a crença do indivíduo quanto a sua capacidade e possibilidade de avançar BridiFilHo Bridi 2016 Após tantas tentativas sem êxito o aluno pode desacreditar em si e a mensagem implícita ou explicita de que ele é incapaz passa a ser considerada como verdade Essa situação pode ser exemplificada pela tirinha abaixo Figura 26 FigUrA 26 A influência do professor no autoconceito do aluno FoNTE Autoras 2018 57 130 As dificuldades de aprendizagem frequentemente contribuem para o apareci mento de sintomas de ansiedade irritabilidade desinteresse falta de motivação e baixa autoestima refletindo no comportamento do aluno que pode se tornar desafiador introvertido indiferente entre outros Neste sentido aos profissionais e aos professores compete fornecer um espaço que transcenda essa crença de im possibilidade e incapacidade a fim de possibilitar que o aluno ressignifique sua relação com o aprender e com o espaço escolar Lembrese Um diagnóstico não define quem é o indivíduo É preciso sim consi derálo negar o transtorno é negligenciar o cuidado Mas reduzir o indivíduo a um diagnóstico é tirarlhe o que mais nos caracteriza como humanos nossas diferen ças E acima de tudo a educação precisa respeitar e aprender com as diferenças A figura 27 provoca uma reflexão acerca da necessidade de respeitar às diferenças FigUrA 27 O respeito às diferenças FoNTE NTEUFsm 2018 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 131 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 Descreva as principais características da dislexia 2 Segundo a Associação Brasileira de Dislexia a dislexia é o transtorno de apren dizagem de maior incidência nas salas de aula Ao considerar as características desse transtorno aponte algumas estratégias que devem ser empregadas pelos professores para trabalhar com um aluno com dislexia em sala de aula 3 Descreva algumas sugestõesorientações que podem auxiliar na aprendiza gem de um aluno com discalculia 4 Com base na Figura 26 discorra sobre a influência do professor no autocon ceito do aluno licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 133 134 INTRODUÇÃO A função da escola concebida como instituição especificamen te configurada para desenvolver o processo de socialização das novas gerações aparece puramente conservadora garantir a reprodução social e cultural como requisito para a sobrevivên cia mesma da sociedade Por outro lado a escola não é a única instância social que cumpre com esta função reprodutora a família os grupos sociais os meios de comunicação são ins tâncias primárias de convivência e intercâmbios que exercem de modo direto a influência reprodutor da comunidade social No entanto a escola ainda que cumpra esta função de forma delegada especializase precisamente no exercício exclusivo e cada vez mais complexo e sutil de tal função A escola por seus conteúdos por suas formas e por seus sistemas de organiza ção introduz nos alunosas paulatina mas progressivamen te as ideias os conhecimentos as concepções as disposições e os modos de conduta que a sociedade adulta requer Des sa forma contribui decisivamente para a interiorização das ideias dos valores e das normas da comunidade de maneira que mediante este processo de socialização prolongado a so ciedade industrial possa substituir os mecanismos de controle externo da conduta por disposições mais ou menos aceitas de autocontrole PÉrEZ gÓmEZ 1998 p 2 A escola apresentou diferentes funções ao longo da história decorrentes das de mandas sociais existentes em cada época Assim o processo de socialização das novas gerações não pode ser caracterizado de forma linear pois a tendência con servadora ainda está presente na sociedade e nas escolas reproduzindo compor tamentos valores e ideias O equilíbrio para a convivência em sociedade ainda requer a conservação de alguns aspectos porém exige a mudança em outros A primeira parte desse material aborda a constituição da escola e suas funções sociais no decorrer da história a partir de diferentes conceitos enfatizando a ideia de cinco autores Pierre Bourdieu e a noção de escola conservadora Pérez Gómez e o conceito de escola conservadora reprodutora e transformadora Demerval Saviani e a ideia de escola promotora do homem Antônio Gramsci e a noção de escola unitária e desinteressada e por fim as ideias de Gilberto Luís Alves e as atu ais funções da escola Esses cinco autores permitem visualizar as alterações das funções sociais da escola no decorrer de diferentes tempos Esta unidade tem como objetivo historicizar a construção das instituições de ensino como espaços de formação de consciência e construção do conhecimento licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 135 e problematizar os diversos sentidos da educação e as funções sociais assumidas pela escola ao longo dos anos A segunda parte trata da relação entre família e escola como instituições so cializadoras com objetivos comuns e divergentes mas que não podem ser vistas e atuar de forma independente uma da outra E a terceira parte trata das pro blemáticas atuais da escola apresentando um breve histórico de como a escola visualizava tais questões culpabilizando inicialmente o próprio sujeito e poste riormente a família pelo fracasso escolar E por fim discute aspectos do uso das tecnologias na educação como dispositivos de aprendizagem 136 INSTITUIÇÕES DE ENSINO ESPAÇO COMPARTILHADO DA FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO Você sabe como surgiram as primeiras escolas e para qual finalidade No decorrer da história a escola apresentou diversas funções até chegar a sua atual função Na antiguidade o conhecimento dispensava a existência de uma instituição educativa pois o mesmo era adquirido por meio da convivência com as pessoas de mais idade Com o advento do capitalismo surge a necessidade de alfabetizar os sujeitos tornandoos capazes de ler e calcular resultando em uma maior institucionalização da escola que se desenvolveu a partir do século Xvii no formato em que a conhecemos hoje CoimBrA 1989 Nesse período a escola apresentava além da função de educar a função de socializar a classe trabalhadora e moldar valores hábitos normas e ideologias nestes sujeitos conforme interesse da classe burguesa A escola nesse sentido ocupava a função de fazer com que os indivíduos entendessem qual era o seu lugar na sociedade CoimBrA 1989 Desde o início a função da escola é acompanhada pelo desenvolvimento eco nômico funcionando como uma espécie de máquina que cria e molda sujeitos para conviverem de acordo com os padrões desejáveis pela sociedade Assim hábitos e costumes são criados no interior das escolas definindo jeitos de falar escrever e se comportar nenhum aluno questiona a estrutura de poder que existe nas salas de aulas apenas submetese a elas Podemos mencionar alguns exem plos desta condição o lugar que o aluno deve sentar na sala de aula e o lugar que pertence ao professor o aluno ao sentar em sua carteira deve abrir seus cadernos e reproduzir aquilo que lhe é passado que é dito ou escrito no quadro pelo pro fessor deve entrar na sala de aula ao tocar o sinal caso contrário será advertido Essas ações prescritas pela escola sobre os alunos são consideradas relações de controle as quais em diversas situações não são percebidas por quem as pra tica e nem por quem se submete a elas É importante enquanto futuros profes sores que possamos perceber as relações de poder presentes no cotidiano das escolas e articulálas de maneira que favoreçam a construção do conhecimento Foucault 2014 coloca a escola na mesma categoria de instituições como hos pitais quartéis e prisões ao afirmar que todas essas apresentam modelos do apa relhamento disciplinar Para o autor a função da escola é a disciplina a qual se faz presente em aspectos como a distribuição corporal a rigidez acerca dos horários a homogeneização dos alunos sob o olhar do professor entre outros Essas ações descaracterizam a subjetividade dos alunos moldandoos conforme determina dos aspectos que a sociedade necessita por meio das relações de poder 61 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 137 Não somente as questões físicas podem ser fatores que indicam um controle atra vés da disciplina mas também os exames avaliações FErrEiriNHA rAiTZ 2010 O exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza É um controle normalizante uma vi gilância que permite qualificar classificar e punir É por isso que em todos os dispositivos de disciplina o exame é al tamente ritualizado Nele vêmse reunir a cerimônia do poder e a forma da experiência a demonstração da força e o estabe lecimento da verdade FoUCAUlT 2014 p 154 Assim a função da escola tem sido ao longo dos anos questionada e bastan te criticada por diversos autores Para Dubet 2006 a escola não pode somente ser compreendida como uma instituição de socialização pois isto a torna uma simples transformadora de valores e normas em ações sociais que estruturam a personalidade do sujeito Dessa forma o autor apresenta a escola a partir de três funções seleção socialização e educação A função da seleção envolve o processo de a escola desenvolver determinadas habilidades que possuem alguma função social preservando certos cargos status eou posições aos que detêm formações específicas Mesmo que aos alunos do ensino médio tenham sido apresentados os conteúdos de física eles nunca terão o status de Físico pois apesar de aprenderem física os conteúdos somente foram selecionados com a finalidade de desenvolver alguma habilidade específica que tem algum valor social não para formálos ou graduálos nessa área A função de socialização tem como objetivo produzir um sujeito adaptado à realidade enquanto a função educativa objetiva transformar a realidade dos alu nos Assim o sujeito é socializado na escola para se adaptar a um conjunto de regras ao mesmo tempo em que é transformado pela educação dUBET 2006 Como podemos observar as instituições escolares sempre estiveram atreladas a aspectos sociais voltados aos modos e formas de conviver em sociedade Para compreendermos as funções sociais da escola vamos nos debruçar sobre cinco autores conforme Figura 28 FigUrA 28 A função social da escola conforme cinco autores FoNTE Autoras 2018 Pierre Bordieu Escola conservadora Pérez Gomez Escola conservadora reprodutora e transformadora Antônio Gramsci Escola unitária e desinteressada Gilberto Luis Alves Atuais funções da escola Demerval Saviani Escola promotora do homem 138 611 Pierre Bordieu a escola conservadora Pierre Bourdieu sociólogo francês defende a ideia de que os mecanismos obje tivos são aqueles que determinam a função social da escola ou seja estes meca nismos conservam as desigualdades e reproduzem as classes sociais Para o autor o sistema escolar é um dos fatores mais eficazes de conservação social pois for nece a aparência de legitimidade às desigualdades sociais e sanciona a herança cultural e o dom social tratado como natural BoUrdiEU 1999 p 41 Nesse sentido a herança cultural é a responsável inicial pela primeira diferen ça da criança na escola visto que a família transmite a seus descendentes certo capital cultural e certos valores os quais contribuem para definir as atitudes do sujeito frente ao capital cultural e a instituição escolar BoUrdiEU 1999 Assim quanto mais elevada a categoria socioprofissional e o nível cultural da família pais e avós maior é a probabilidade de êxito escolar da criança Ainda Bourdieu 1999 afirma que as crianças herdam além dos saberes gostos e bom gosto prá ticas e conhecimentos culturais como o teatro o museu a pintura a música entre outros conforme mais elevada for a sua origem social A escola pelas desigualdades de seleção e pela ação homogeneizante reduz minimamente essas diferenças contribuindo para a reprodução da estrutura das relações de classe ao reproduzir a desigual distribuição entre as classes do capital cultural BoUrdiEU 1975 p 198 Assim a escola ao conferir aos sujeitos expec tativas de escolarização pela sua posição social opera uma seleção que sanciona ao mesmo tempo que consagra as desigualdades reais contribuindo com a per petuação e a legitimação destas Nessa linha de pensamento a herança social advinda da posição social do su jeito influencia a taxa de êxito escolar do sujeito bem como a continuidade do ensino enquanto escolha do destino Porém essa situação não deve ser conside rada como um dom natural ou um destino prédeterminado mas resultante de desigualdades sociais que originam as desigualdades culturais BordiEU 1999 Assim é a atitude familiar acerca da escola que determinará o prosseguimento ou não dos estudos As vantagens e desvantagens sociais são progressivamente convertidas em vantagens e desvantagens escolares Ao tratar todos os educandos como iguais em direitos e deveres a escola sanciona as desigualdades iniciais frente à cultura e consegue tão mais facilmente convencer os deserdados que eles devem seu destino escolar e social à sua ausência de dons e de méritos BoUrdiEU 1975 p218 Dessa forma podemos considerar que a padronização presente nas práticas peda gógicas oculta a indiferença frente às desigualdades reais dirigindose somente aos alunos que possuem uma herança cultural em consonância com as exigências cul turais da escola BordiEU 1999 Cardoso e Lara 2009 afirmam que isso ocorre de vido a cultura escolar aproximarse da cultura da elite a qual os alunos das classes populares raramente conseguirão adquirir salvo por muito esforço Assim a função licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 139 da escola é a organização do culto de uma cultura que pode ser proposta a todos mas está reservada somente àqueles das classes as quais pertence a cultura cultua da ou seja a escola assume a função de conservar os valores da ordem dominante A escola ocupa o lugar de transmissão do saber que recebe e trata os alunos como iguais a despeito das diferenças culturais sancionando desigualdades as quais somente ela poderia reduzir CArdoso lArA 2009 Nesse sentido Bourdieu 1999 analisa a função reprodutivista da escola que além de conservar as desigual dades e reproduzir as classes sociais poderia configurarse como um espaço de so cialização ao oferecer às classes populares certo capital cultural que não herdaram 612 Pérez Gómez a escola conservadora reprodutora e transformadora O ser humano elabora mecanismos de sobrevivência desde as suas origens que são transmitidos às novas gerações Este processo de aquisição por parte das novas gerações das conquistas sociais processo de socialização costuma deno minarse genericamente como processo de educação PÉrEZ gÓmEZ 1998 p 13 A educação nesse sentido assume a função de socialização de humanização Na sociedade contemporânea a educação assume a responsabilidade de preparação das novas gerações ou seja preparar novas gerações para sua participação no mundo do trabalho e na vida pública ibidem A escola compreendida como instância socializadora das novas gerações desempenha uma função conservadora isto é garante a reprodução social e cultural como condição para a sobrevivência em sociedade Pérez Gómez 1998 aponta que a tendência conservadora choca com outra tendência a da transfor mação dos caracteres sociais principalmente aqueles que são desfavoráveis a alguns grupos Nesse sentido destacamse dois objetivos da escola ao cumprir a sua função socializadora a Preparar os alunos para o ingresso no mercado de trabalho b Formar o cidadão para sua intervenção na vida social A intencionalidade da escola em formar sujeitos para intervirem na vida pú blica implica em desenvolver determinados conhecimentos atitudes e ideias que permitam a sua participação na vida política e social esferas consideradas por di reito como iguais a todos os cidadãos PÉrEZ gÓmEZ 1998 Porém nessa mesma sociedade a esfera econômica não se encontra como uma condição igualitária a todos mas sim sob a condição de submissão de disciplina e de aceitação das diferenças sociais Nessa esfera a contradição agravase a escola deve formar os alunos para sua futura incorporação em que mercado de trabalho Do trabalho assalariado que requer submissão e disciplina Ou do trabalho autônomo que ao contrário requer atividade e criatividade CArdoso lArA 2009 p 1317 Pérez Gómez 1998 p 16 defende a ideia de que a escola possui uma ideologia flexível frouxa e eclética valorizando o individualismo a competitividade a falta 140 de solidariedade a igualdade formal de oportunidades e a desigualdade natu ral de resultados em função de capacidades e esforços individuais assumindo a imagem de que a escola é igualitária a todos e que o êxito de cada um se encontra até aonde a sua capacidade e o trabalho pessoal lhe permitem chegar Nesse senti do a escola reproduz a arbitrariedade cultural e estimula a competitividade desde o início do processo de aprendizagem escolar dada essa condição como natural A incoerência entre a tendência conservadora e a tendência renovadora ocorre de formas distintas nas instituições de ensino Esta última impulsiona a transforma ção podendo quebrar a tendência conservadora frente ao uso do conhecimento social e historicamente construído da experiência e da reflexão como instrumentos de compreensão da sociedade e da ideologia dominante CArdoso lArA 2009 O grande desafio da escola é fazer com que sua função educati va assuma um caráter compensatório isto é atenda às diferen ças de origem oportunizando o acesso à cultura provocando e facilitando a reconstrução dos conhecimentos das disposições e das pautas de conduta que a criança assimila em sua vida pa ralela e anterior à escola CArdoso lArA 2009 p 1318 Pérez Gómez 1998 comenta que a escola não pode extinguir as desigualdades socioeconômicas mas pode minimizar seus efeitos Dessa forma o autor concor da com Bourdieu ao afirmar que a escola desempenha a função reprodutora de culturas e conservadora social mas acredita em espaços de autonomia que por meio de resistências geram transformações 613 Demerval Saviani escola promotora do homem Demerval Saviani 1980 afirma que a função das instituições educativas é or denar e sistematizar as relações homemmeio para criar as condições ótimas de desenvolvimento das novas gerações p 51 Nesse sentido a educação tem como finalidade o próprio homem a sua promoção Para Saviani 1980 p 52 promover o homem implica tornálo cada vez mais capaz de conhecer os ele mentos de sua situação a fim de poder intervir nela transformandoa no sentido da ampliação da liberdade comunicação e colaboração entre os homens Ou seja os objetivos da educação são educar para a sobrevivência para a liberdade para a comunicação e para a transformação O autor expõe sua preocupação com a instituição escolar no sentido de esta ser um instrumento de reprodução das relações da sociedade capitalista reprodu zindo a dominação e a exploração Para tanto Saviani 1983 aponta que é preciso superar essa função por meio das lutas dos professores na busca do exercício de um poder real embora limitado Assim cabe aos cursos de formação instrumen talizar os educadores com uma fundamentação teórica sólida e uma ampla refle licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 141 xão filosófica e a estes cabe muniremse de conhecimentos que lhes permitam transformar a educação como fundamento e compreender a realidade humana Além disso se torna imprescindível garantir aos trabalhadores um ensino de melhor qualidade Tratase portanto da promoção do homem de oferecer à classe trabalhadora condições necessárias para compreender a sociedade Para tanto é preciso que a escola possua métodos eficazes de ensino CArdoso lArA 2009 a atividade e a iniciativa dos alunos sem abrir mão porém da iniciativa do professor favorecerá o diálogo dos alunos en tre si e com o professor mas sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente levará em conta os interesses dos alunos os ritmos de aprendizagem e o desen volvimento psicológico mas sem perder de vista a sistematiza ção lógica dos conhecimentos sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissãoassimilação dos conteúdos cognitivos sAviANi 1983 p 7273 Nessa perspectiva considerase que a escola é determinada socialmente e que a sociedade é fundada em preceitos capitalistas dividida por classes com diferentes interesses A escola em meio a essa disparidade caracterizase como conserva dora característica possível de ser superada através de lutas contra a seletividade a discriminação e o rebaixamento do ensino das classes populares garantindo lhes acesso ao conhecimento 614 Antonio Gramsci escola unitária e desinteressada Gramsci 1979 criticou o dualismo da escola clássica e profissionalizante afir mando que tal divisão prejudicava a classe trabalhadora pois este formato de es cola não oferecia a esta oportunidade de desenvolver o trabalho intelectual Para acabar com tal dualidade o autor propôs a invenção de um tipo único de escola preparatória que conduzisse o jovem até os umbrais da escolha profissional for mandoo entrementes como pessoa capaz de pensar de estudar de dirigir ou de controlar quem dirige grAmsCi 1979 p 136 Ademais o desenvolvimento industrial originou um novo formato de inte lectual urbano e uma nova linha a ser percorrida pela escola ou seja uma Escola única inicial de cultura geral humanista formativa que equilibre equanimemente o desenvolvimento da capacidade de trabalhar manualmente tecnicamente industrialmente e o desenvolvimento das capacidades de trabalho intelectual Deste tipo de escola única através de repetidas experiências de orientação profissional passarseá a uma das escolas especia lizadas ou ao trabalho produtivo grAmsCi 1979 p 118 142 A escola unitária nessa concepção assume a função de inserir jovens em ativida des sociais após adquirirem certo grau de maturidade e capacidade para a criação intelectual e a autonomia em iniciativas e orientações grAmsCi 1979 Para que esta escola seja implantada é necessária a reorganização dos conteúdos dos mé todos e da distribuição dos graus da carreira escolar A idade escolar dependeria das condições econômicas gerais já que estas poderiam obrigar os jovens a certa colaboração produtiva imediata O corpo docente deveria ser aumentado CAr doso lArA 2009 p 1321 A escola unitária criaria condições para minimizar as diferenças culturais entre os alunos de diferentes classes sociais A sua primeira ação voltarseia à discipli na e ao nivelamento obtendo certa uniformidade Em segundo criaria valores fundamentais do humanismo a autodisciplina intelectual e a autonomia moral necessárias para uma posterior especialização grAmsCi 1979 Esse formato de escola promoveria o nivelamento cultural entre os alunos no primeiro momento e após contribuiria para o desenvolvimento da responsabili dade autônoma tornandose uma escola criadora pois a aprendizagem ocorreria em razão do esforço espontâneo e autônomo do aluno que teria o professor como um guia amigável Nessa escola o ensino se daria de forma desinteressada habitu ando o aluno a estudar de determinadas maneiras a analisar um campo histórico a abstrair e a raciocinar no intuito de visualizar em cada fato conceitos individua lidades generalizações e especificações grAmsCi 1970 CArdoso lArA 2009 615 Gilberto Luis Alves as atuais funções da escola pública Alves 2001 p 146 afirma que o processo de produção material da escola pública constituise como elemento revelador de sua natureza e das funções sociais que essa instituição vem assumindo ao longo da história O autor comenta que por muito tempo a função da escola era simplesmente suplementar e preparatória à educação que se fazia predominantemente no lar e na vida da comunidade A necessidade pois de a escola tomar em grande parte a si as funções da família e do meio social corresponde a uma verdadeira premência dos nossos tempos AlvEs 2001 p 150 Por um longo período mulheres e crianças trabalharam no chão das fábri cas mas foi somente com o desenvolvimento industrial e com a incorporação de avanços tecnológicos que ocorreu a expulsão das crianças das indústrias Con forme Alves 2001 essa expulsão originou o desemprego infantil ao mesmo tem po em que o desenvolvimento tecnológico determinava uma nova ordem social a criação de novas instituições que absorvessem as novas funções atreladas ao atendimento das recém necessidades sociais produzidas Dessa forma a criança do chão de fábrica se torna a criança da escola Alves 2001 alega que a nova escola foi criada também para atender a essa nova demanda tornandose uma alternativa para preencher o tempo da excriança de fábrica É neste momento em que a escola não é mais somente destinada às licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 143 crianças burguesas que essa instituição se universaliza e passa a ser caracterizada por uma nova forma de ensino a partir das unidades de conteúdos na busca de superar a escola dualista ou seja o currículo Por tornarse universal a escola se encontra fragilizada e secundarizada frente à sua função pedagógica de disseminar a cultura e formar cidadãos Para Alves 2001 a manufatura originou o aniquilamento da unidade entre teoria e prática por força da divisão do trabalho determinando a objetivação e a simplificação do trabalho A expropriação ocorreu sob a forma de especialização profis sional transformando o trabalhador tão somente em capaci dade de trabalho Não havendo mais a necessidade de desen volver no trabalhador habilidades especiais e complexas para o mercado de trabalho a escola teve descaracterizada uma de suas funções no processo de socialização que era preparar o aluno para o mercado de trabalho Com a descaracterização da função profissionalizante a escola de educação geral tornou se única mas permaneceu como um ramo sobrevivente da escola dualista privilegiando os filhos das classes dirigentes Quando a escola burguesa chegou aos trabalhadores o estudo dos clássicos desapareceu das salas de aula sendo introduzi dos os manuais didáticos Essa substituição determinou tanto a simplificação do trabalho do professor quanto o generaliza do aviltamento do conteúdo de ensino Tal aviltamento gerou a perda da possibilidade de formar o cidadão uma vez que tal formação pauta a compreensão de si mesmo de seus direitos de seus deveres e de seu fazer pela compreensão da sociedade Ficou secundarizada a função educativa da escola CArdoso lArA 2009 p 1322 1323 Frente a esse cenário a escola pública se expandiu no decorrer do século XX em razão de que na fase monopolista do capitalismo se estabeleceu o domínio do capi tal financeiro caracterizado pelo caráter parasitário do capitalismo Para assegurar a existência parasitária e manter o equilíbrio social o Estado oportunizou trabalhos que viabilizassem o investimento em atividades improdutivas No interior dessas atividades a escola pública se desenvolveu tornandose um dispositivo essencial para a manutenção do equilíbrio da sociedade capitalista CArdoso lArA 2009 A escola não abandonou suas funções pedagógicas mas assumiu novas fun ções advindas da expansão escolar econômica e de alocação de trabalhadores excluídos Criaramse condições materiais para as escolas assumirem certas fun ções complementares como o controle dos níveis de desemprego por meio da extensão do período de escolarização prolongando o tempo do aluno na escola TErmo do glossário Escola dualista termo que remete a divisão da escola em duas grandes redes a escola dos burgueses 4e a escola do proletariado BAUdElT EsTABlET 1971 144 a liberação da mulher para o mercado de trabalho ao criar creches e escolas para seus filhos permanecerem no período em que trabalham a criação do serviço de refeitório nas escolas assegurando a alimentação dos alunos tornandose objeti vo vital da escola pública contemporânea a oferta de serviços gratuitos aos edu candos como assistência médica e odontológica materiais didáticos e uniformes e por tornarse um local de lazer e convivência social para os alunos AlvEs 2001 A partir das novas funções da escola e da secundarização da função pedagógi ca Alves 2001 propôs uma nova didática a incorporação de um conhecimento cultural e significativo que circule em diferentes espaços da sociedade e a ruptura do trabalho docente enquanto mero transmissor de conhecimento possibilitando uma maior autonomia do aluno Além disso Alves 2001 aponta a necessidade de superar o manual didático e incorporar tecnologias mais avançadas a importância de transformações na relação educativa na atuação coletiva e combinada de espe cialistas e educadores que coloquem a educação no centro de suas preocupações Ainda sugere repensar o espaço físico a gestão escolar e a formação docente iNTErATividAdE assista ao vídeo Qual é o papel da escola do filosofo e educador Mario Sérgio Cortella no link 2httpswwwyoutubecomwatchvn97RXpgXJ40 licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 145 RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA Como se dá a interação entre a escola e a família Quais os desafios que per meiam essa interação Qual a importância da relação familiar no desenvolvi mento intelectual do aluno no ambiente escolar A família constituise como a primeira instituição em que o sujeito encontra um espaço natural para o seu desenvolvimento A noção de família tem se modi ficado no decorrer dos anos e a cada período histórico Até um tempo atrás não faz muito o modelo de família con sistia em pai mãe prole Esse modelo de estrutura familiar era considerado ideal pelo modo dominante de pensar na so ciedade e por isso bastante usado para classificar todos os ou tros como desestruturados desorganizados e problemáticos BoCK FUrTAdo TEiXEirA 2008 p 236 Atualmente existem configurações familiares distintas que se assemelham por sua função social Os autores supracitados afirmam que o grupo familiar pos sui como uma de suas funções determinada a partir das necessidades sociais o dever de prover seus membros para que estes possam exercer atividades produti vas além do dever de educálos para que tenham uma moral e valores em conso nância com a cultura a qual pertencem Oliveira 2002 compreende a função familiar como a de educar moralmente ou seja de transmitir valores e costumes de determinadas épocas A educação pri mária constituída pelo modelo de papéis apresentados à criança e o desempenho de seus papéis sociais é de responsabilidade familiar uma vez que a família tem a função de orientar o desenvolvimento e a aquisição de comportamentos ade quados dentro de alguns padrões sociais de determinada cultura Sobre a família Polonia e Dessen 2005 p 304 afirmam que um dos seus papéis principais é a socialização da criança isto é sua inclusão no mundo cultural mediante o ensino da língua materna dos símbolos e regras de convivência em grupo englobando a educação geral e parte da formal em colaboração com a escola À escola compete a função de socialização do saber sistematizado do conhe cimento já elaborado pela criança e da cultura erudita Saviani 2005 compreende que a escola está relacionada com a ciência e não com o senso comum contri buindo para a aquisição de instrumentos que possibilitem o saber elaborado e as bases desse saber Assim família e escola não podem ser vistas como instituições independentes embora possuam objetivos distintos Tais instituições se interpe netram e compartilham a função de preparar crianças e jovens para a sua inserção e participação na sociedade 62 146 Ambas são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado modificando as for mas de funcionamento psicológico de acordo com as expecta tivas de cada ambiente Portanto a família e a escola emergem como duas instituições fundamentais para desencadear os processos evolutivos das pessoas atuando como propulsoras ou inibidoras do seu crescimento físico intelectual emocional e social dEssEN PoloNiA 2007 p 22 Ao considerar que família e escola compartilham funções fica evidente a neces sidade destas instituições manterem relações próximas A comunicação pais e ou responsáveis e professores é fundamental Estreitar os laços é peça chave para o processo de aprendizagem do aluno Todavia apesar de se reconhecer a impor tância dos pais na escolarização dos filhos e a necessidade dos professores conhe cerem a realidade de seus alunos isso nem sempre ocorre O que comumente se observa é um distanciamento das escolas e da família Com o objetivo de refletir esse cenário Oliveira e MarinhoAraújo 2010 tra zem algumas ponderações Muitos professores desconhecem a realidade familiar de seus alunos Isso contribui para que muitos atribuam características negativas à família culpabilizando os pais pelas dificuldades ou comportamentos dos alu nos Também para alguns professores a aproximação dos pais pode atemorizar por se sentirem questionados na sua competência e função de ensinar Além dis so é comum que a comunicação entre a família e a escola se intensifique nas situ ações de mal comportamento ou dificuldades na aprendizagem o que corrobora para que essa relação seja associada a situações desagradáveis No que se refere à percepção dos pais os autores relatam que muitos relacionam a sua participação na escola com o comparecimento a reuniões e em datas comemorativas o que revela um vínculo superficial iNTErATividAdE assista ao vídeo Parceria família e escola no link httpswwwyoutubecomwatchvOlQPJRHoX3A 2 sAiBA mAis sugestão de filme Sociedade dos Poetas Mortos 3filme norteamericano de 1989 dirigido por Peter Weir licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 147 PROBLEMÁTICAS DA ESCOLA ATUAL Pensar a escola requer a reflexão acerca das relações indissociáveis entre esta ins tituição e a sociedade não há como analisála de modo independente da socie dade na qual está inserida O que ocorre no interior das escolas é uma repetição de situações sociais que ocorrem no cotidiano e diante das quais muitas vezes a escola não sabe como lidar A sociedade mudou mas a estrutura de ensino não e é neste ponto que encon tramos divergências que são as principais causas das problemáticas atuais das es colas Há diversas discussões acerca dessa temática no decorrer dos anos as quais tem se modificado conforme o avanço da ciência e dos modos de vida da sociedade Na década de 60 os problemas presentes nas escolas eram vistos como indivi duais e subjetivos de cada aluno Orgânicos ou não faziam parte da constituição do sujeito centrando no aluno todas as causas do seu próprio fracasso As difi culdades apresentadas pelos alunos eram nomeadas e o professor pressupunha uma incapacidade quase inata do sujeito mediante as disciplinas escolares e por certas vezes se desinteressava pelo aprendizado daquele aluno CAldAs 2005 Já na década de 80 os problemas escolares começaram a considerar também os determinismos sociais e as relações familiares e sociais estabelecidas pelos alu nos A culpa do fracasso escolar agora recai sobre o ambiente familiar em que o sujeito está inserido O aluno passa de culpado por seu fracasso na escola à vítima de uma família desestruturada de um ambiente carente de cultura ausente de perspectivas ou investimentos em um projeto que envolva a educação escolar Para Caldas 2005 não se trata de negar a existência de dificuldades familiares problemas emocionais conflitos entre outros mas sim de não estabelecer uma relação causal linear entre estes fatores e a capacidade de aprendizagem buscan do refletir sobre a rede de agentes produtores de incapacidades Além disso nesse período buscouse explicações acerca dos problemas es colares apontando para a ideologia presente nas instituições educativas A críti ca se encontra ligada às diferenças de classes e sustenta a ideia de que o modelo escolar privilegia as classes sociais mais altas Nesse cenário os alunos das clas ses populares sofreriam um certo choque cultural ao se depararem com conteú dos materiais e condutas já estabelecidos dentro das escolas e distantes de sua realidade social CAldAs 2005 A problemática se instaura tanto na escola elitista quanto nas desigualdades de renda elucidando as maneiras dos estudos em alterar a realidade numa vertente so cioeconômica As intervenções aqui fundadas ficaram ainda restritas a denúncias leituras e apontamentos dos déficits com a prática pois faltava um novo embasa mento teórico que abrangesse um novo método uma nova prática CAldAs 2005 63 148 sAiBA mAis Na lista dos grandes desafios a serem encarados hoje dentro da escola constam também a indisciplina as dificuldades de aprendizagem os problemas psicológicos e comportamentais gAZETA do Povo 2009 Disponível em httpwwwgazetadopovocom breducacaoprofessoreseosdesafiosdentrodasala deaulabsmeehc611tmnmdyxmr5jrjny 3 Assim as problemáticas enfrentadas pelas escolas foram assumindo diferentes posições e diferentes causas para suas explicações Hoje existe a ideia centrada nas escolas e nos professores por meio de um discurso pautado no baixo inves timento direcionado às escolas públicas no despreparo dos profissionais para lidarem com os alunos na falta de estrutura para um ensino de qualidade na ausência de instituições suficientes para todos que precisam e baixos salários recebidos pelos professores O problema escolar é focado como resultado da in competência estatal para lidar com questões relacionadas à educação de boa qualidade olivEirA soUZA rEgo 2002 Diversas são as causas das problemáticas atuais nas escolas um aluno pode apresentar problemas orgânicos que prejudiquem seu aprendizado ser membro de uma família com problemas que influenciem suas emoções estar em relaciona mentos que desestimulem sua participação na escola fazer parte de uma institui ção que tenha seus próprios problemas estruturais ou profissionais Ainda assim nenhum destes fatores é o único determinante dos problemas escolares Sendo multifacetados os problemas presentes nas escolas não apresentam uma única so lução mas sim uma junção de pseudosoluções complementares CAldAs 2005 Para Caldas 2005 é preciso pensar a escola em movimento As queixas a inteligência a subjetividade as relações devem estar em movimento Levar em conta o contexto sóciohistórico como pano de fundo para a compreensão dos processos escolares Entender a queixa e o fracasso escolar como uma circunstância como um momento que poderá alterarse e não precisará ser sempre do modo como está hoje conduz a uma possibilidade de pensar alterações a partir de um processo de transformação CALDAS 2005 p 32 Repensar novas propostas considerando o conjunto de determinantes que inter ferem no processo escolar se faz necessário na busca da compreensão e superação das atuais problemáticas escolares 631 A educação e as tecnologias As crianças e adolescentes dos dias de hoje estão imersos em um mundo tecnoló gico Notebooks tablets e smartphones com a sua realidade virtual representam toda uma dimensão na qual elas se sentem à vontade e possibilitam o acelera licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 149 mento de diversos processos evolutivos do indivíduo O ensino tradicional tem tentado adaptarse a essa nova era digital embora ainda apresente certas resistências frente às mudanças A não adaptação do ensino às tecnologias configurase como causa de muitos alunos desinteressaremse pelos estudos e não se conectarem com a escola FisCHEr 2000 Para tanto alguns estu dos apontam a necessidade de algumas mudanças na educação atual a O ensino tradicional coloca o professor no centro do aprendizado a maior mudança pedagógica decorrente das novas tecnologias é que o centro do proces so de ensino e aprendizagem passou do professor para o aluno Anteriormente o professor era o detentor do saber transmitindo às novas gerações o conheci mento advindo dos livros didáticos Com o surgimento da internet as informa ções tornaramse de fácil acesso a qualquer pessoa Assim nesse novo cenário o professor deixa de ser o centro da informação para atuar a favor do conhecimen to tornandose um facilitador entre o conhecimento e o aluno rATNEr 2004 A problemática atual da escola está em negar essa realidade não possibilitando que os alunos desenvolvam uma relação saudável com a internet pensando nela so mente como fonte de entretenimento e não como ferramenta educativa b A recusa em abrir caminho para as novas tecnologias muitas escolas princi palmente as tradicionalistas têm se recusado a implantar as tecnologias digitais como metodologias de ensino Tablets smartphones entre outros podem se tor nar grandes aliados do processo de aprendizagem É preciso observar que a crian ça que não tiver uma educação digital possivelmente terá dificuldades Rezende 2000 salienta que o uso da tecnologia digital nas escolas é uma re alidade cada vez mais presente Atualmente já não se questiona se ela deve ou não estar nesses espaços mas sim como utilizála em prol da educação como incorporar as tecnologias para proporcionar práticas educativas motivadoras e estimulantes para a aprendizagem dos alunos Todavia é essencial atentar que o uso das tecnologias não resolve as problemáticas da educação É essencial que aliado ao uso dessa ferramenta a noção de conhecimento de professor e de aluno sejam repensadas Nas palavras da autora Sabemos entretanto que os meios por si sós não são capazes de trazer contribuições para a área educacional e que eles são ineficientes se usados como o ingrediente mais importante do processo educativo ou sem a reflexão humana rEZENdE 2000 p71 iNTErATividAdE Como usar as Novas Tecnologias na Educação sala de aula deve ser ambiente de criação no link 2 httpswwwyoutubecomwatchvZge9v2jIhRA 150 ATIVIDADES DE REFLEXÃO OU FIXAÇÃO 1 A escola passou por diversas transformações no decorrer da história assumin do diferentes posições e funções Podemos compreender as funções sociais da escola a partir de cinco conceitos a Escola Conservadora b Escola conservadora reprodutora e transformadora c Escola promotora do homem d Escola unitária e desinteressada e Atuais funções da escola Comente acerca de cada conceito 2 Uma das problemáticas atuais que as escolas têm enfrentando é em saber uti lizar as tecnologias digitais como dispositivos de aprendizagem Descreva acerca dessa temática expondo sua opinião licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 151 CONSIDERAÇÕES FINAIS E ste livro teve como objetivo apresentar noções sobre a ciência psicológica de modo a possibilitar o entendimento acerca do funcionamento psíquico humano em especial no que se refere aos aspectos ligados à aprendiza gem e ao desenvolvimento Para que tal estudo fosse possível fezse necessária uma explanação inicial acerca da Psicologia enquanto ciência e sua distinção do conjunto de saberes populares denominado conhecimento do senso comum A seguir foram apresentados os conceitos básicos de 3 importantes abordagens psicológicas Psicanálise Behaviorismo e Humanismo O estudo dos aspectos gerais do desenvolvimento humano com ênfase na infância e adolescência sub sidiou as unidades posteriores que enfatizaram a compreensão da aprendizagem enquanto fenômeno complexo e multifatorial Com a abordagem dos transtor nos de aprendizagem buscouse capacitar o estudante no sentido da identifica ção dos casos que podem exigir uma atenção especial e possíveis adaptações Por fim a discussão sobre os aspectos sociais envolvendo a escola viabilizaram a reflexão acerca de temas atuais importantes como a função social da escola as relações família e escola entre outros Ao discorrermos sobre tais temáticas procuramos disponibilizar a você prezadoa estudante as bases necessárias para a compreensão do desenvolvi mento humano e dos processos de aprendizagem tão importantes na sua futura atuação profissional Esperamos que as reflexões propostas ao longo do texto tenham despertado em você a curiosidade e o interesse necessários para que sigas procurando ampliar os seus conhecimentos acerca da Psicologia do De senvolvimento e da Aprendizagem A formação de um profissional comprometido com a educação de qualidade requer o aperfeiçoamento contínuo Para que a escola cumpra com o seu papel de educar contemplando a todos é essencial que o profissional docente com preenda e respeite as diferenças humanas Considerar que cada indivíduo apesar das influências do meio do coletivo aprende à sua maneira de acordo com suas condições e no seu tempo é essencial Neste contexto o desafio do professor está em proporcionar aos alunos con dições e oportunidades para que eles se tornem protagonistas do processo da aprendizagem sujeitos ativos e produtores de saberes e não meros repetidores de informações Ensinar não é transferir conhecimento mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção Paulo Freire 152 REFERÊNCIAS ABBAgNANo N Dicionário de Filosofia 5ª ed São Paulo Martins Fontes 2007 ABErAsTUrY A KNoBEl m Adolescência normal Um enfoque psicanalítico Por to Alegre Artmed 1981 Acesso em 28 jan 2018 AlTrEidEr A Dislexia varlendo contra o vento In roTTA N T FilHo C A B Bri di F r s Neurologia e Aprendizagem Abordagem 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Volpato et al Psicoterapias Abordagens atuais 2a ed Porto Alegre Artes Médicas 1998 CÓriAsABiNi m A Psicologia aplicada à educação São Paulo EPU 1986 CorsiNi C F Dificuldade de aprendizagem representações sociais de professo res e alunos 1998 Dissertação Mestrado em Educação Pontifícia Universidade Católica de Campinas Instituto de Psicologia e Fonoaudiologia Campinas sP1998 CosENZA r m gUErrA l B Neurociência e Educação Como o cérebro aprende Porto Alegre Artmed 2011 CUNHA m v Pavlov Watson e Skinner Comportamentalismo e Educação In Psi cologia da Educação dPlA Rio de Janeiro 2002 dAiNÊZ d A inclusão escolar de crianças com Deficiência mental focalizando a noção de compensação na abordagem históricocultural 2009 148 p Disserta ção Mestrado em Educação Universidade Metodista de Piracicaba Piracicaba licenciatura em computação Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem 155 São Paulo 2009 dANTAs H A infância da razão Uma introdução a Psicologia da Inteligência de Henri Wallon São 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161 APRESENTAÇÃO DAS PROFESSORAS RESPONSÁVEIS PELA ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO Josieli Piovesan Mestra em Envelhecimento Humano Universidade de Passo Fundo Especiali zação em Educação Especial ênfase em deficiências Múltiplas pela UriFW Uni versidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus Frederico Westphalen Bacharel em Psicologia pela UriFW Atualmente é professora do Departamento de Ciências Humanas na UriFW Juliana Cerutti Otonelli Doutoranda em Educação no Programa de Pósgraduação da UNisiNos Mestra em Educação pela UriFW Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus Frederico Westphalen Especialização em Psicologia Organiza cional e do Trabalho pela Universidade Regional de BlumenauFUrB Bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário FranciscanoUNiFrA Atualmente é professo ra do Departamento de Ciências Humanas na UriFW e psicóloga municipal em Frederico Westphalen Jussania Basso Bordin Mestra em Educação pela UriFW Universidade Regional Integrada do Alto Uru guai e das Missões campus Frederico Westphalen Especialização em Educação Especial ênfase em Deficiências Múltiplas e em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela UriFW Licenciatura em Pedagogia pela UriFW Atualmente é pro fessora na Escola de Educação Especial APAE de Frederico Westphalen e atua como psicopedagoga Laís Piovesan Especialização em Saúde da Família pela Universidade Federal de Santa Catari na Residência Multiprofissional em Saúde Mental Coletiva pela Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul Bacharel em Psicologia pela UriFW Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus Frederico Westpha len Atualmente é psicóloga da Universidade Federal de Santa Maria Campus Frederico Westphalen