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O Navio Negreiro de Castro Alves Texto proveniente de A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro httpwwwbibvirtfuturouspbr A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo Permitido o uso apenas para fins educacionais Textobase digitalizado por Jornal da Poesia httpwwwenetcombrsegespoesiahtml Este material pode ser redistribuído livremente desde que não seja alterado e que as informações acima sejam mantidas Para maiores informações escreva para bibvirtfuturouspbr Estamos em busca de patrocinadores e voluntários para nos ajudar a manter este projeto Se você quer ajudar de alguma forma mande um email para parceirosfuturouspbr ou voluntariofuturouspbr O NAVIO NEGREIRO Castro Alves I Stamos em pleno mar Doudo no espaço Brinca o luar dourada borboleta E as vagas após ele correm cansam Como turba de infantes inquieta Stamos em pleno mar Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro O mar em troca acende as ardentias Constelações do líquido tesouro Stamos em pleno mar Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano Azuis dourados plácidos sublimes Qual dos dous é o céu qual o oceano Stamos em pleno mar Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas Veleiro brigue corre à flor dos mares Como roçam na vaga as andorinhas Donde vem onde vai Das naus errantes Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço Neste saara os corcéis o pó levantam Galopam voam mas não deixam traço Bem feliz quem ali pode nesthora Sentir deste painel a majestade Embaixo o mar em cima o firmamento E no mar e no céu a imensidade Oh que doce harmonia trazme a brisa Que música suave ao longe soa Meu Deus como é sublime um canto ardente Pelas vagas sem fim boiando à toa Homens do mar ó rudes marinheiros Tostados pelo sol dos quatro mundos Crianças que a procela acalentara No berço destes pélagos profundos Esperai esperai deixai que eu beba Esta selvagem livre poesia Orquestra é o mar que ruge pela proa E o vento que nas cordas assobia Por que foges assim barco ligeiro Por que foges do pávido poeta Oh quem me dera acompanharte a esteira Que semelha no mar doudo cometa Albatroz Albatroz águia do oceano Tu que dormes das nuvens entre as gazas Sacode as penas Leviathan do espaço Albatroz Albatroz dáme estas asas II Que importa do nauta o berço Donde é filho qual seu lar Ama a cadência do verso Que lhe ensina o velho mar Cantai que a morte é divina Resvala o brigue à bolina Como golfinho veloz Presa ao mastro da mezena Saudosa bandeira acena As vagas que deixa após Do Espanhol as cantilenas Requebradas de langor Lembram as moças morenas As andaluzas em flor Da Itália o filho indolente Canta Veneza dormente Terra de amor e traição Ou do golfo no regaço Relembra os versos de Tasso Junto às lavas do vulcão O Inglês marinheiro frio Que ao nascer no mar se achou Porque a Inglaterra é um navio Que Deus na Mancha ancorou Rijo entoa pátrias glórias Lembrando orgulhoso histórias De Nelson e de Aboukir O Francês predestinado Canta os louros do passado E os loureiros do porvir Os marinheiros Helenos Que a vaga jônia criou Belos piratas morenos Do mar que Ulisses cortou Homens que Fídias talhara Vão cantando em noite clara Versos que Homero gemeu Nautas de todas as plagas Vós sabeis achar nas vagas As melodias do céu III Desce do espaço imenso ó águia do oceano Desce mais inda mais não pode olhar humano Como o teu mergulhar no brigue voador Mas que vejo eu aí Que quadro damarguras É canto funeral Que tétricas figuras Que cena infame e vil Meu Deus Meu Deus Que horror IV Era um sonho dantesco o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho Em sangue a se banhar Tinir de ferros estalar de açoite Legiões de homens negros como a noite Horrendos a dançar Negras mulheres suspendendo às tetas Magras crianças cujas bocas pretas Rega o sangue das mães Outras moças mas nuas e espantadas No turbilhão de espectros arrastadas Em ânsia e mágoa vãs E rise a orquestra irônica estridente E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais Se o velho arqueja se no chão resvala Ouvemse gritos o chicote estala E voam mais e mais Presa nos elos de uma só cadeia A multidão faminta cambaleia E chora e dança ali Um de raiva delira outro enlouquece Outro que martírios embrutece Cantando geme e ri No entanto o capitão manda a manobra E após fitando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar Diz do fumo entre os densos nevoeiros Vibrai rijo o chicote marinheiros Fazeios mais dançar E rise a orquestra irônica estridente E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais Qual um sonho dantesco as sombras voam Gritos ais maldições preces ressoam E rise Satanás V Senhor Deus dos desgraçados Dizeime vós Senhor Deus Se é loucura se é verdade Tanto horror perante os céus Ó mar por que não apagas Coa esponja de tuas vagas De teu manto este borrão Astros noites tempestades Rolai das imensidades Varrei os mares tufão Quem são estes desgraçados Que não encontram em vós Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz Quem são Se a estrela se cala Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz Perante a noite confusa Dizeo tu severa Musa Musa libérrima audaz São os filhos do deserto Onde a terra esposa a luz Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus São os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão Ontem simples fortes bravos Hoje míseros escravos Sem luz sem ar sem razão São mulheres desgraçadas Como Agar o foi também Que sedentas alquebradas De longe bem longe vêm Trazendo com tíbios passos Filhos e algemas nos braços Nalma lágrimas e fel Como Agar sofrendo tanto Que nem o leite de pranto Têm que dar para Ismael Lá nas areias infindas Das palmeiras no país Nasceram crianças lindas Viveram moças gentis Passa um dia a caravana Quando a virgem na cabana Cisma da noite nos véus Adeus ó choça do monte Adeus palmeiras da fonte Adeus amores adeus Depois o areal extenso Depois o oceano de pó Depois no horizonte imenso Desertos desertos só E a fome o cansaço a sede Ai quanto infeliz que cede E cai pra não mais serguer Vaga um lugar na cadeia Mas o chacal sobre a areia Acha um corpo que roer Ontem a Serra Leoa A guerra a caça ao leão O sono dormido à toa Sob as tendas damplidão Hoje o porão negro fundo Infecto apertado imundo Tendo a peste por jaguar E o sono sempre cortado Pelo arranco de um finado E o baque de um corpo ao mar Ontem plena liberdade A vontade por poder Hoje cúmlo de maldade Nem são livres pra morrer Prendeos a mesma corrente Férrea lúgubre serpente Nas roscas da escravidão E assim zombando da morte Dança a lúgubre coorte Ao som do açoute Irrisão Senhor Deus dos desgraçados Dizeime vós Senhor Deus Se eu deliro ou se é verdade Tanto horror perante os céus Ó mar por que não apagas Coa esponja de tuas vagas Do teu manto este borrão Astros noites tempestades Rolai das imensidades Varrei os mares tufão VI Existe um povo que a bandeira empresta Pra cobrir tanta infâmia e cobardia E deixaa transformarse nessa festa Em manto impuro de bacante fria Meu Deus meu Deus mas que bandeira é esta Que impudente na gávea tripudia Silêncio Musa chora e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto Auriverde pendão de minha terra Que a brisa do Brasil beija e balança Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança Tu que da liberdade após a guerra Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha Que servires a um povo de mortalha Fatalidade atroz que a mente esmaga Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas Como um íris no pélago profundo Mas é infâmia demais Da etérea plaga Levantaivos heróis do Novo Mundo Andrada arranca esse pendão dos ares Colombo fecha a porta dos teus mares
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poeta Oh quem me dera acompanharte a esteira Que semelha no mar doudo cometa Albatroz Albatroz águia do oceano Tu que dormes das nuvens entre as gazas Sacode as penas Leviathan do espaço Albatroz Albatroz dáme estas asas II Que importa do nauta o berço Donde é filho qual seu lar Ama a cadência do verso Que lhe ensina o velho mar Cantai que a morte é divina Resvala o brigue à bolina Como golfinho veloz Presa ao mastro da mezena Saudosa bandeira acena As vagas que deixa após Do Espanhol as cantilenas Requebradas de langor Lembram as moças morenas As andaluzas em flor Da Itália o filho indolente Canta Veneza dormente Terra de amor e traição Ou do golfo no regaço Relembra os versos de Tasso Junto às lavas do vulcão O Inglês marinheiro frio Que ao nascer no mar se achou Porque a Inglaterra é um navio Que Deus na Mancha ancorou Rijo entoa pátrias glórias Lembrando orgulhoso histórias De Nelson e de Aboukir O Francês predestinado Canta os louros do passado E os loureiros do porvir Os 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