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Relações Internacionais ·
Antropologia Social
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ESAMC Antropologia Cultural ESAMC Módulos MÓDULO DE ABERTURA Apresentação MÓDULO A A evolução da ciência antropológica e o conceito de Antropologia Cultural MÓDULO B Modernidade PósModernidade Globalização e Nacionalismos MÓDULO C Identidade Cultural Diversidade e Multiculturalismo MÓDULO D Estudo de Caso A Constituição da Sociedade Brasileira Módulo A ESAMC ANTROPOLOGIA FÍSICA Estuda o homem na sua dimensão físicogeográfica CULTURAL Dimensão da ação criativa FILOSÓFICA Estuda o homem na sua constituição essencialTotalidade Corpo psíquicomente espírito quem é qual o sentido Arqueologia Etnografia Etnologia Social Arqueologia Estuda as culturas extintas e as culturas atuais na sua fase préletrada valendose de testemunhos culturais não escritos cerâmica arte plástica desenhos e pinturas ferramentas Etnografia estuda descritivamente uma determinada cultura Etnologia Faz estudo comparativo entre as culturas Social Estuda as estruturas das relações sociais econômicas políticas jurídicas simbólica ritual rural urbana etc CIÊNCIAS HUMANASSociologia Psicologia Economia História Geografia Medicina ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA O ser humano na relação com o transcendente Termos importantes para a compreensão da Antropologia Etno grego éthnos exprime a ideia de povo gente ou nação grupo social Etnia Grupo social que compartilha uma mesma cultura ou língua ou ainda as mesmas características físicas hereditárias Em Antropologia o conceito de etnia tem sido muito discutido pois as características que determinam se um indivíduo pertence a um ou outro grupo ou comunidade geram um quadro de questões relevantes para a área Termos importantes para a compreensão da Antropologia Étnico Relativo a comunidade de traços linguísticos culturais ou físicos dos membros de um grupo como produto de sua tradição eou hereditariedade comuns grupo específico que tem laços linguísticos culturais ou raciais comuns ou que se origina de tais laços Etnologia Estudo analítico e comparativo das culturas Designa ainda a escola francesa de pesquisa na área sendo que naquele país muitos dentre os pesquisadores consideramse etnólogos Acervo FunaiIrmãos Villas Boas Termos importantes para a compreensão da Antropologia Etnocentrismo Tendência do homem para menosprezar sociedades ou povos cujos costumes divergem dos da sua própria sociedade ou povo disposição habitual de julgar povos ou grupos estrangeiros pelos padrões e práticas de sua própria cultura ou grupo étnico Etnocêntrico Inclinação a considerar a sua própria etnia ou grupo social como centro da cultura Antropocêntrico Que considera o homem como fato central ou mais significativo do universo ou ainda como objetivo último do universo Membros do grupo supremacista norteamericano Ku Klux Klan A EVOLUÇÃO DA ANTROPOLOGIA Formação de uma literatura etnográfica sobre a diversidade cultural Período Séculos XVIXIX Características Relatos de viagens Cartas Diários Relatórios etc feitos por missionários viajantes comerciantes exploradores militares administradores coloniais etc Temas e Conceitos Descrições das terras Fauna Flora Topografia e dos povos descobertos Hábitos e CrençasPrimeiros relatos sobre a Alteridade Formação de uma literatura etnográfica sobre a diversidade cultural Alguns Representantes e obras de referência oPero Vaz Caminha Carta do Descobrimento do Brasil séc XVI oHans Staden Duas Viagens ao Brasil séc XVI oJean de Léry Viagem a Terra do Brasil séc XVI oJean Baptiste Debret Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil séc XIX Evolucionismo Social ou Antropologia Evolucionista No fim do século XIX surge o Evolucionismo Social também chamado de Racismo Científico por inserir o conceito de raça superior ou inferior ou Darwinismo Social É desenvolvido o conceito de que as sociedades evoluem de um estado mais primitivo para outro mais civilizado sendo as sociedades europeias o modelo de máximo desenvolvimento humano em todas as dimensões cultural religiosa técnica social etc Nessa perspectiva todos os povos estariam trilhando uma mesma história um mesmo caminho Os que já chegaram ao final do caminho impõem a classificação de todos os demais que ainda se encontram espalhados ao longo de uma única linha de evolução Temas e Conceitos Unidade psíquica do homem busca das origens Perspectiva diacrônica estudos de parentesco religião e organização social Evolucionismo Social ou Antropologia Evolucionista Os principais nomes dessa linha antropológica são Edward Tylor Cultura Primitiva de 1871 Lewis Morgan Sociedade Antiga de 1877 e James Frazer O Ramo de Ouro de 1890 Todas essas obras trazem uma abordagem etnocentrista em seus conteúdos ainda que esses autores sejam considerados por muitos como os pais fundadores da Antropologia Século XX No início do século XX o estudo das características sociais e culturais dos povos ganha corpo assim como a Antropologia enquanto ciência A Escola Funcionalista Na década de 20 é a vez da corrente teórica do Funcionalismo segundo a qual os valores sociais e culturais devem ser compreendidos Os pesquisadores associados a esta linha caracterizamse por defenderem uma perspectiva não historicista que se manifestava numa ênfase não nas reconstruções históricas mas na busca do funcionamento da sociedade a partir das relações entre suas partes ou de suas instituições sociais É nesta fase que predomina a ênfase no trabalho de campo Observação Participante Temas e Conceitos Cultura como totalidade Interesse pelas Instituições e suas Funções para a manutenção da totalidade cultural no interior de uma sociedade Ênfase na Sincronia x Diacronia que caracterizava os Evolucionistas Os principais nomes dessa linha são Bronislaw Malinowski Argonautas do Pacífico Ocidental de 1922 e Radcliffe Brown Estrutura e Função na Sociedade Primitiva de 1952 Outras linhas Estruturalismo Antropologia Interpretativa Antropologia PósModerna ou Crítica A antropologia cultural Franz Boas O alemão Franz Boas é considerado o pai da Antropologia Cultural Sua concepção de cultura era uma rejeição ao evolucionismo unilateral e difusionista Em consequência não adotava explicações de estágios ou fases culturais assim como o conceito de raça Procurava leis de evolução das culturas e leis de funcionamento das sociedades através do método indutivo ver ouvir falar escrever e intensivo de campo Priorizou o estudo da relação de parentesco Boas acreditava na autonomia das Culturas relativismo cultural e que cada cultura possui uma singularidade cultural algo único Segundo ele a cultura se manifesta pelos costumes Entre 18831884 participou de uma expedição a Baffin no Canadá como geógrafo Lá realizou estudos sobre os Esquimós onde percebeu que a organização social era determinada mais pela cultura do que pelo meio ambiente Boas tomou como objeto de estudo a particularidade de cada cultura Apresentavase como a contraposição ao evolucionismo do século XIX e foi o precursor da antropologia cultural norte americana O Nascimento da Antropologia Cultural O século XX para a Antropologia Cultural começou de fato em 1896 quando Franz Boas publicou o seu artigo The Limitation of Comparative Method in Anthropology As limitações do método comparativo em Antropologia no qual refutou o método evolucionista e defendeu a necessidade do estudo histórico do desenvolvimento de cada sociedade Com isso formulou as bases de uma abordagem teórica que foi denominada de particularismo histórico que caracterizou a chamada Escola Cultural Americana segundo a qual cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que enfrentou Tal pensamento avesso a qualquer tipo de hierarquização das sociedades humanas foi extremamente coerente com o seu posicionamento político Franz Boas se notabilizou por uma ferrenha disposição de lutar contra qualquer forma de racismo Já no início dos anos 1930 iniciou uma forte campanha contra o nascente nazismo Na Antropologia Cultural as diferenças culturais passam a ser a chave para o entendimento da grande diversidade das sociedades humanas Tornamse obsoletos os instrumentos dos frenólogos dos craniometristas Não é mais a diversidade óssea que pode explicar por que os homens são diferentes mas sim os seus costumes as suas muitas maneiras de ver o mundo Na Antropologia Cultural Desaparece o conceito de raça Surgem os conceitos de etnia e diversidade étnica Culturalismo NorteAmericano Características Método comparativo Busca de leis no desenvolvimento das culturas Relação entre cultura e personalidade Temas e Conceitos Ênfase na construção e identificação de padrões culturais patterns of culture ou estilos de cultura ethos Alguns Representantes e obras de referência Franz Boas Os objetivos da Etnologia de 1888 Raça Língua e Cultura de 1940 Margaret Mead Sexo e Temperamento em Três Sociedades Primitivas de 1935 Ruth Benedict Padrões de Cultura de 1934 O Crisântemo e a Espada de 1946 Alguns Representantes e obras de referência Franz Boas Os objetivos da Etnologia de 1888 Raça Língua e Cultura de 1940 Margaret Mead Sexo e Temperamento em Três Sociedades Primitivas de 1935 Ruth Benedict Padrões de Cultura de 1934 O Crisântemo e a Espada de 1946 O conceito estruturante de ALTERIDADE Alteridade do latim alteritas outro é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo ser humano social interage e interdepende do outro Assim como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam a existência do euindividual só é permitida mediante um contato com o outro que em uma visão expandida se torna o Outro ou seja a própria sociedade diferente do indivíduo Assim pode também se dizer que a Alteridade é a capacidade de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal relação com grupos família trabalho lazer e a relação que temos com os outros etc com consideração identificação e dialogar com o outro Por fim alteridade não significa que tenha de haver uma concordância mas sim uma aceitação de ambas as partes Alteridade Relações entre Indivíduos Indivíduos Culturas Culturas Indivíduos Culturas Culturas Meioambiente O Conceito Antropológico de Cultura Cultura consiste num conjunto de valores crenças costumes ideologias códigos morais hábitos etc que são transmitidos e aprendidos no interior de um grupo ou uma sociedade humana São esses valores socialmente transmitidos que vão configurar o comportamento e a visão de mundo dos indivíduos de determinado grupo ou sociedade O Conceito Antropológico de Cultura Toda cultura tem uma lógica interna e o antropólogo quer descobrila e entendêla A cultura é dinâmica isto é os valores e os comportamentos dos grupossociedades mudam uns mais facilmente outros menos Cultura como conjunto de símbolos Símbolo é qualquer objeto ato ou acontecimento que serve como significado de alguma coisa Clifford Geertz Elementos simbólicos são formas tangíveis ou visíveis de ideias atitudes valores e crenças Estamos falando de símbolo no seu sentido mais amplo qualquer coisa que tenha um significado para um grupo ou sociedade humana Cultura como conjunto de símbolos Os símbolos são coletivos e são aprendidos Os símbolos podem sofrer transformações adquirindo novos significados Acima a reprodução de antiquíssimo relevo persa em que o criador de mundos deus Ahura Mazda enfrenta a criatura demoníaca Ahriman Um símbolo que pode ser interpretado por exemplo como a luta entre o bem e o mal Etnocentrismo x Relativismo Cultural Etnocentrismo é a tendência de aplicar valores que são típicos do nosso grupo a outros É a postura de tomar o próprio grupo social como medida de referência e se reflete na repulsa às maneiras de viver de crer e de pensar que nos são estranhas O etnocentrismo parte de um estranhamento diante do outro do diferente Em geral vemos o nosso modo de vida como o mais correto o melhor mas a atitude etnocêntrica pode no limite extremo levarnos a achar que há uma superioridade de nossa cultura frente a outras Etnocentrismo x Relativismo Cultural Relativismo Cultural é o princípio metodológico que postula que todo o conjunto cultural tende à coerência e a uma certa autonomia simbólica que lhe confere seu caráter singular Ter uma postura relativista é ter em mente que não se pode analisar um traço cultural independentemente do sistema cultural ao qual pertence e que lhe dá sentido Em outras palavras um dado comportamento social só pode ser entendido se for analisado no contexto cultural no qual ocorre Relativizar é pensar que uma cultura deve ser compreendida dentro de seus padrões e universos simbólicos Relativizar é contextualizar Módulo A Item 16 Momento PBL Módulo B ESAMC A Modernidade A ideia de modernidade evoluiu na Europa entre os século XVII e XVIII Dois ícones de sua consolidação foram a Revolução Francesa e seus valores iluministas e a Revolução Industrial A partir do seu advento os fenômenos da natureza a legitimidade da ordem social do mundo humano e os sentidos da história passaram a ser explicados à luz de princípios racionais e não míticos e religiosos A Modernidade Coube à razão dar conta de uma tarefa outrora atribuída ao mito à religião e à metafísica clássica a saber assegurar a unidade e a estabilidade do mundo humano fundamentar a ordem buscar e garantir um sentido e uma verdade para a vida e a própria história humanas Esse processo será chamado pelo sociólogo alemão Max Weber de desencantamento do mundo Fatores da Modernidade É a partir da consolidação da era moderna no século XIX que teremos um novo ordenamento da ideia de nação de organização política social da forma econômica e de inúmeras outras questões que somadas darão um novo sentido ao mundo Fatores da Modernidade Será a partir dos desenvolvimentos tecnológicos e econômicos proporcionados pela revolução industrial e da ordem capitalista que teremos o desenvolvimento da noção de compressão do espaçotempo Fator fundamental para o posterior avanço da globalização As novas tecnologias que surgiam no limiar e ao longo do século XIX proporcionariam uma integração das diversas regiões do mundo como nunca havia acontecido até então na história da humanidade A compressão do espaçotempo 15001840 A melhor média de velocidde das carruagens e dos barcos a vela era de 16 kmh 18501930 As locomotivas a vapor alcançavam em média 100 kmh os barcos a vapor 57 kmh Anos 1950 Aviões a propulsão 480640 kmh Anos 1960 Jatos de passageiros 8001100 kmh Adaptado de D HARVEY A conciliação pósmoderna Edições Loyola p 220 1993 O Indivíduo na Modernidade No século XIX o indivíduo passa a ser visto como localizado e definido no interior das estruturas econômicas e sociais que se consolidavam no período Através do mundo social o indivíduo passa a ser compreendido como aquele que internaliza os valores construídos em torno dos crescentes centros urbanos das novidades tecnológicas e do sentido de nacionalidade reforçados naquele momento histórico Nações e Nacionalismos A identidade nacional é uma criação da Modernidade Segundo Stuart Hall no mundo moderno as culturas nacionais em que nascemos se constituem em uma das principais fontes de identidade cultural As culturas nacionais são uma forma distintivamente moderna A lealdade e a identificação que numa era pré moderna ou em sociedades mais tradicionais eram dadas à tribo ao povo à religião e à região foram transferidas gradualmente nas sociedades ocidentais à cultural nacional Nações e Nacionalismos As culturas nacionais são compostas por símbolos e representações São sempre o produto de um discurso As culturas nacionais ao produzir sentidos sobre a nação constroem identidades A noção do nacional é construída pelas histórias narradas símbolos eventos e rituais nacionais O quadro O Grito do Ipiranga pintado por Pedro Américo foi produzido sob encomenda do governo brasileiro em 1888 A imagem retratada apresenta uma série de idealizações míticas executadas propositalmente Por exemplo na época dos eventos 1822 viagens longas eram feitas sobre mulas e não cavalos como vemos na pintura E os viajantes usavam roupas de couro cru para protegerse da poeira e não roupas de gala Tratase de um bom exemplo de fabricação de um mito fundador da nação PósModernidade e Globalização No último quartel do século XX dois fenômenos complementares se aceleraram o avanço da globalização e as transformações de valores da modernidade que passou a ser classificada por alguns pensadores como modernidade tardia ou pósmodernidade Globalização Em relação à globalização podemos dizer que ela se caracteriza pela compressão intensa do espaçotempo Com as novas tecnologias comunicacionais e de transporte o mundo tornouse um lugar menor Com o avanço das grandes corporações e disseminação de padrões de consumo ditados pela indústria alimentícia de vestuário ou cultural temos também a manifestação de outros aspectos que levam ao surgimento de valores globalizados PósModernidade Em relação ao que definiria os parâmetros de uma suposta pós modernidade questões relativas à sexualidade à autonomia à liberdade à diversidade à democracia à pluralidade adquirem visibilidade e colocam na ordem do dia a necessidade de estudo do cotidiano do fragmento do particular das diferenças em contraposição às questões tidas como gerais ou às concepções homogenizadoras acerca dos sujeitos da modernidade PósModernidade O pensamento pósmoderno ao contrário da lógica cartesiana presente na ciência moderna busca levantar a problemática da diferença da imaginação do imponderável da heterogeneidade da pluralidade Os autores pósmodernos costumam desconfiar do universalismo da modernidade e de suas generalizações principalmente porque estas foram construídas a partir de um etnocentrismo que tem o Ocidente como centro Global x Local GLOBAL As relações entre global e local na leitura antropológica contemporânea envolvem o campo da cultura gerando dois movimentos contrapostos O primeiro deles é o movimento de globalização no qual surge uma rede planetária de processos industriais tecnológicos e culturais entre outras características que coloca em contato sujeitos diferentes em dimensões espaciais diversas locais através de bens simbólicos A oferta de tais bens se mostra homogeneizadora de hábitos de consumo à medida que ignora fronteiras geográficas atraindo diferentes segmentos consumidores LOCAL Paralelo a esse movimento globalizador surge o movimento de localização da cultura Neste caso ocorre uma retomada das tradições locais num processo de busca por traços culturais capazes de marcar a diferença entre os povos e o pertencimento destes a seus territórios de origem Essa retomada funcionaria como uma resposta aos efeitos da globalização nos espaços locais Global Segundo Stuart Hall no mundo globalizado quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos lugares e imagens pelas viagens internacionais pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados mais as identidades se tornam desvinculadas desalojadas de tempos lugares histórias e tradições específicos e parecem flutuar livremente Local No nível local o mundo mais precisamente o fenômeno horizontal que coincide com o sistema de sociedade não leva mais em consideração o aspecto da globalização per se e sim outro aspecto Essa noção necessariamente transmite uma diferença de comportamento e coordenação social As pessoas não pensam e reagem mais às mesmas coisas Acima de tudo as pessoas não falam mais de globalização ou ainda elas não a veem como a realidade na qual já vivem e sim como uma força alienígena vinda de longe Nesse sentido com relação ao que é local precisamos distinguir duas perspectivas uma externa e uma interna Esse título só pode ser dado a partir da perspectiva externa Da perspectiva interna o local não é local e sim uma visão completa de mundo e com isso um mundo em si mesmo O local é delineado pela integração social ou seja a interação faceaface ou a interação entre indivíduos presentes fisicamente e simultaneamente O local encerra as noções de auto referência Nacionalismo e Etnicidade na Era da Globalização Segundo Manuel Castells a era da globalização é também a era do ressurgimento do nacionalismo manifestado tanto pelo desafio que impõe a EstadosNação estabelecidos como pela ampla reconstrução da identidade com base na nacionalidade invariavelmente definida por oposição ao estrangeiro Ainda de acordo com o autor o nacionalismo contemporâneo tende a ser mais reativo do que ativo Mais cultural do que político Funciona como a defesa de uma cultura já institucionalizada Nacionalismo e Etnicidade na Era da Globalização Esse sentimento de nacionalismo renovado aflorou com muita força já no final do século XX com diversos movimentos separatistas como os ocorridos na Europa Oriental por exemplo Esses movimentos recorreram invariavelmente ao caráter étnico da noção de nacional Etnicidade na Era da Globalização A ideia de etnicidade deriva do conceito de Grupo Étnico que pode ser definido como um grupo de pessoas que se identificam umas com as outras ou são identificadas como tal por terceiros com base em semelhanças culturais ou biológicas ou ambas reais ou presumidas Grupo Étnico é uma coletividade que se diferencia por suas especificidades cultura religião língua modos de agir etc e que possui a mesma origem e história Etnicidade na Era da Globalização Os grupos étnicos atuam no interior de um mesmo espaço social político e territorial A etnicidade é essencialmente a forma de interação entre grupos culturais que operam dentro de contextos sociais comuns O sentimento de etnicidade em muitos lugares aflora como uma resposta à globalização Módulo B Item 26 Momento PBL Módulo C ESAMC Identidade Cultural A identidade seja ela social pessoal ou cultural é sempre uma relação social construída com outros jamais algo ou alguma coisa com a qual nascemos ou herdamos através de nossos genes Identidade portanto nada tem a ver com os genes que herdamos A identidade é definida historicamente e não biologicamente Identidade Cultural As instituições grupos espaços ou termos sociais aos quais nos vinculamos são fundamentais à constituição da pessoa social É através dela que qualquer pessoa se percebe como pertencendo a algum grupo sociedade cultura ou território Sentirse parte do grupo de uma comunidade de uma sociedade e de uma cultura sentirse integrada a outros sujeitos com os quais compartilham de uma mesma herança cultural de um mesmo código simbólico das mesmas ideias eis o quanto é fundamental a identidade para qualquer pessoa Identidade e Diferença As relações sociais já não se limitam mais aos indivíduos que vivem no contexto desta ou daquela cultura elas se apresentam cada vez mais como desterritorializadas isto é como realidades mundializadas Identidade e Diferença O sentimento que domina o mundo moderno é o da supressão física da distância dando nos a sensação de que nenhum lugar é longe demais Com a globalização dos últimos 50 anos a experiência social se modificou de tal maneira que o que há de mais íntimo e de mais distante estão agora de súbito diretamente conectados Como o objeto da Antropologia é o estudo das especificidades culturais cabe a ela compreender o fenômeno da persistência das diferenças culturais em um mundo cada vez mais global Identidade e Diferença Segundo Stuart Hall no mundo contemporâneo a identidade plenamente unificada completa segura e coerente é uma fantasia Ao invés disso à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis com cada uma das quais poderíamos nos identificar ao menos temporariamente Identidade e Diferença Em outras palavras uma mesma pessoa reúne em si diversas possibilidades de identidade e auto identificação Sua identidade estará relacionada à sua ascendência étnica gostos musicais orientação sexual nível socioeconômico local de moradia e uma série de outras situações que isoladamente não servirão para definila de maneira específica Identidade e Diferença As identidades se forjam no sentido da domesticação das diferenças e das particularidades o que levou a Antropologia a abandonar progressivamente uma compreensão essencialista de identidade para concebêla como relacional Os estudos sobre identidades se voltam para a compreensão do modo como as pessoas se auto atribuem identificações processo simbólico de auto designação de traços culturais Identidade e Diferença O que está em jogo na questão das Identidades Há consequências políticas da fragmentação ou pulverização de identidades As identidades podem ser contraditórias As contradições estão presentes tanto no indivíduo quanto na sociedade Não existe uma identidade mestra Emergência de novas identidades e coexistência de diferentes identidades A identificação não é automática Diversidade e Multiculturalis mo A ideia de Diversidade Podese dizer que o termo diversidade se aplica de forma indiferenciada a fenômenos de naturezas diversas Diversidade se refere aos atributos que as pessoas usam para se confirmar em relação aos outros essa pessoa é diferente de mim Esses atributos incluem fatores demográficos como etnia sexo e idade bem como valores e normas culturais A Diversidade Aplicase primeiro a tipos de formações sociais radicalmente distintas tribos indígenas etnias civilizações passadas e nações Civilizações etnias tribos indígenas não são um anacronismo algo fora do tempo A não ser que acreditemos numa ideologia do progresso na vulgata popularizada pelo pensamento evolucionista do século XIX Mundo islâmico sociedades indígenas grupos étnicos na África ou na Europa central não são testemunho de atraso ou sinais de barbárie Tratase de formações sociais plenamente inseridas na atualidade A Diversidade Aplicase segundo enquanto diferenciação intrínseca à própria modernidademundo indivíduo movimento feminino homossexual negro crise de identidades etc O Multiculturalismo Multiculturalismo é o fenômeno da interrelação entre várias culturas em um mesmo espaço É um fenômeno que pode ser associado à globalização e às sociedades pósmodernas O multiculturalismo também pode ser chamado de pluralismo cultural Em resumo a base do multiculturalismo é a noção de que as culturas são diversas e devem ser respeitadas na sua essência sem existir um certo ou errado nos costumes A alteridade O Multiculturalismo Contudo a imagem de que o mundo seria multicultural constituído por um conjunto de vozes muito empregada por organismos multilaterais como a UNESCO é ainda insuficiente diante dos desafios existentes O lema da unidade na diversidade hoje comum entre aqueles que falam da Comunidade Europeia por exemplo pode ser um lenitivo quando enfrentamos problemas para os quais as respostas são limitadas Como temos visto desafios como o racismo a xenofobia o nacionalismo entre outros permanecem vivos e ativos na sociedade global Diversidade e Multiculturalismo As interações entre as diversidades não são arbitrárias Elas se organizam de acordo com as relações de forças manifestas nas situações históricas Existem ordem e hierarquia Se as diferenças são produzidas socialmente isso significa que à revelia de seus sentidos simbólicos elas serão marcadas pelos interesses e pelos conflitos definidos fora do âmbito de seu círculo interno A diversidade cultural é diferente e desigual porque as instâncias e as instituições que as constroem possuem distintas posições de poder e de legitimidade países fortes x países fracos transnacionais x governos nacionais civilização ocidental x mundo islâmico Estado nacional x grupos indígenas Módulo C Item 34 Momento PBL Módulo D ESAMC O Brasil enquanto sociedade multiétnica e multicultural O Brasil é no mundo uma das maiores experiências de sociedade multiétnica e multicultural O antropólogo Darcy Ribeiro em sua obra clássica O Povo Brasileiro procurou mapear sob a perspectiva da Antropologia Cultural as contribuições de diversos grupos étnicos que compõem o mosaico multicultural do país O Brasil enquanto sociedade multiétnica e multicultural Durante muito tempo a partir de um discurso oficial o Brasil se apresentou para o mundo e a si mesmo como uma sociedade plural tolerante e desprovida de preconceitos Em anos recentes esse discurso tem sido confrontado com a realidade Apesar de ser um país multiétnico a matriz europeia de colonização sempre foi mais valorizada diante das demais tratadas apenas como folclóricas Já a autoimagem de tolerante entra em choque por vezes violento com a diversidade presente no cotidiano O Brasil enquanto sociedade multiétnica e multicultural Em sua obra Ribeiro procura traçar sob o ponto de vista antropológico as contribuições das 3 principais matrizes étnicas formadoras do povo brasileiro suas derivações e influências no presente Ao discutir a figura do Zé Ninguém o tipo brasileiro que tem a sua identidade negada ou subestimada Ribeiro aponta a importância do debate do multiculturalismo ainda que não empregue esta expressão e o quanto ele é decisivo para a construção de uma identidade brasileira plural e capaz de verdadeiramente mostrar ao mundo como uma sociedade assim pode potencialmente funcionar e apontar caminhos para a humanidade Raiz Indígena No primeiro momento de nossa formação étnica temos a visão do Brasil milenar da constituição dos povos indígenas que aqui habitavam sua visão de mundo e sua interrelação com o meio Informações estas fundamentais para compreendermos as expressões culturais Nos idos de 1500 o principal grupo humano espalhado pelo que viria a ser no futuro o território brasileiro eram os tupis Naquele período eles avançavam na revolução agrícola domesticando e cultivando a mandioca o milho a batata doce o feijão o cará o amendoim e uma série de outros alimentos que estão vivamente presentes em nossa dieta atualmente Raiz Indígena Segundo Ribeiro para os índios a vida era uma tranquila fruição da existência num mundo dadivoso e numa sociedade solidária Claro que tinham suas lutas suas guerras Um guerreiro lutava bravo para fazer prisioneiros pela glória de alcançar um novo nome e uma marca tatuada cativando inimigos Também servia para ofertálo numa festança em que centenas de pessoas o comeriam convertido em paçoca num ato solene de comunhão para absorver sua valentia que nos seus corpos continuaria viva Raiz Indígena Além do apresamento escravização e mortes em massa por conflitos e doenças contagiosas o elemento indígena foi assimilado em meio à nascente população brasileira pelo instituto do cunhadismo É que os índios entendiam que quando uma mulher do grupo se unia com um homem de outro grupo os portugueses por exemplo seus filhos passavam a ser filhos da tribo não havendo distinção Esse processo facilitou o surgimento dos mamelucos filhos de índios com brancos que em pouco tempo começaram a se tornar muito numerosos país afora Uma vez assimilada a raiz indígena deixou muitos traços em nosso cotidiano muito além da dieta alimentar Talvez os mais visíveis estejam na língua o tupi principalmente na toponímia Tietê Itu Paraíba Caraguatatuba Ubatuba Tamanduateí Tatuapé Iperó Atibaia Jundiaí Japi Jaraguá Jaguaré Pirituba Ipanema Uberaba Itanhaém Mongaguá Peruíbe Parati Juquitiba Anhanguera Puruba Itororó Curitiba Iguaçu Paraná etc Raiz Lusitana Os portugueses que chegaram ao Brasil no início do século XVImovidos pelo espírito mercantilista e de disseminação da fé católica traziam também em sua bagagem séculos de influência árabe e judia na Península Ibérica Ainda que por definição fossem europeus e cristãos tinham no sangue e na cultura traços do Oriente Médio e do Magreb norte da África E em tempos mais remotos de Celtas Fenícios e Romanos Raiz Lusitana Como descreve Ribeiro em contraste com as etnias tribais os indígenas que sobreviveram algum tempo a seu lado a sociedade colonial nascente bizarra e precária era e atuava como um rebento ultramarino da civilização europeia em sua versão portuguesa Vale dizer era já uma sociedade bipartida em uma condição rural e outra urbana estratificada em classes servida por uma cultura erudita e letrada e integrada na economia de âmbito internacional que a navegação possibilitara Raiz Lusitana Tendo se imposto como grupo dominante em função de seu avanço técnico os portugueses moldarão o Brasil e os brasileiros fazendo de sua língua a oficial de sua organização política e social a hegemônica e de sua religião a mais disseminada pelo território Raiz Africana Aqui também é preciso fazer uma leitura da África como um continente dotado de civilizações milenares multiculturais e multiétnicas A verdadeira África encontrada pelos europeus muito antes mesmo das grandes navegações foge ao estereótipo holywoodiano de feras e indígenas semibárbaros Tratase de um continente que pelo seu gigantismo experimentava diversos aspectos evolucionários Raiz Africana Diferentemente do que acredita o senso comum os tipos humanos existentes na África são muito variados Para o Brasil foram trazidos seres humanos escravizados de 3 grandes troncos culturais da porção ocidental daquele continente os yorubas os malês e os bantos Raiz Africana Como afirma Ribeiro a diversidade linguística e cultural dos contingentes negros introduzidos no Brasil somada à política de evitar a concentração de escravos oriundos de uma mesma etnia nas mesmas propriedades e até nos mesmos navios negreiros impediu a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano Esse quadro fez com que os negros escravizados precisassem se reinventar no Brasil Uma reinvenção que se deu através da música da fé da culinária e de outros elementos presentes na cultura brasileira contemporânea A exemplo dos indígenas mas de forma ainda mais brutal através muitas vezes do estupro os filhos mestiços das mulheres negras violentadas contribuirão para engrossar as fileiras desse tipo brasileiro que Ribeiro classifica como Zé Ninguém O Brasil Moderno Nos séculos XIX e XX o Brasil receberia significativos contingentes de imigrantes provenientes da Europa principalmente italianos espanhóis alemães e portugueses do Oriente Médio e do extremo Oriente principalmente japoneses Espalhados pelas diversas regiões do país esses imigrantes serão integrados à realidade local por vezes de maneira amigável e por outras nem tanto assim e contribuirão para formatar uma sociedade multicultural e multiétnica no território brasileiro No século XXI o país apresenta uma sociedade urbanizada integrada ao mundo globalizado via tecnologia bens de consumo valores e produtos culturais mas enfrenta internamente os desafios de lidar de forma digna com as diferenças praticando o princípio central da Antropologia Cultural o exercício da alteridade O Brasil Moderno Segundo dados da ONU em 2016 das 162 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil 708 eram afrobrasileiras Somos o 5º país mais violento para mulheres no mundo a cada 11 minutos uma mulher é estuprada segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública FBSP divulgados em 2015 De acordo com um estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial publicado em 2016 no ritmo atual seriam necessários 95 anos para que mulheres e homens atingissem situação de plena igualdade socioeconômica no Brasil De acordo com dados do Disque 100 serviço de proteção dos direitos humanos somente no primeiro semestre de 2019 foram registradas 354 denúncias de ataques motivados por intolerância religiosa no Brasil ou seja um aumento de 677 ao comparar com o mesmo período do ano anterior A maior parte dos relatos foi feita por praticantes de religiões de matriz africana A cada hora um gay é vítima de violência física no Brasil e a cada 26 horas um gay é morto Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República2011 Em 2018 foram assassinados 135 indígenas Segundo o relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil do Conselho Indigenista Missionário Cimi em três décadas foram 1119 casos de assassinatos de indígenas no país A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado Apenas 6 dos negros têm diploma universitário Mapa da Violência Apesar do discurso de tolerância a sociedade brasileira é extremamente preconceituosa injusta e muitas vezes cruel Os dados estatísticos comprovam isso A Antropologia Cultural nos fornece as ferramentas para a construção de um mundo mais tolerante e de respeito à diversidade Módulo D Item 44 Momento PBL
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ESAMC Antropologia Cultural ESAMC Módulos MÓDULO DE ABERTURA Apresentação MÓDULO A A evolução da ciência antropológica e o conceito de Antropologia Cultural MÓDULO B Modernidade PósModernidade Globalização e Nacionalismos MÓDULO C Identidade Cultural Diversidade e Multiculturalismo MÓDULO D Estudo de Caso A Constituição da Sociedade Brasileira Módulo A ESAMC ANTROPOLOGIA FÍSICA Estuda o homem na sua dimensão físicogeográfica CULTURAL Dimensão da ação criativa FILOSÓFICA Estuda o homem na sua constituição essencialTotalidade Corpo psíquicomente espírito quem é qual o sentido Arqueologia Etnografia Etnologia Social Arqueologia Estuda as culturas extintas e as culturas atuais na sua fase préletrada valendose de testemunhos culturais não escritos cerâmica arte plástica desenhos e pinturas ferramentas Etnografia estuda descritivamente uma determinada cultura Etnologia Faz estudo comparativo entre as culturas Social Estuda as estruturas das relações sociais econômicas políticas jurídicas simbólica ritual rural urbana etc CIÊNCIAS HUMANASSociologia Psicologia Economia História Geografia Medicina ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA O ser humano na relação com o transcendente Termos importantes para a compreensão da Antropologia Etno grego éthnos exprime a ideia de povo gente ou nação grupo social Etnia Grupo social que compartilha uma mesma cultura ou língua ou ainda as mesmas características físicas hereditárias Em Antropologia o conceito de etnia tem sido muito discutido pois as características que determinam se um indivíduo pertence a um ou outro grupo ou comunidade geram um quadro de questões relevantes para a área Termos importantes para a compreensão da Antropologia Étnico Relativo a comunidade de traços linguísticos culturais ou físicos dos membros de um grupo como produto de sua tradição eou hereditariedade comuns grupo específico que tem laços linguísticos culturais ou raciais comuns ou que se origina de tais laços Etnologia Estudo analítico e comparativo das culturas Designa ainda a escola francesa de pesquisa na área sendo que naquele país muitos dentre os pesquisadores consideramse etnólogos Acervo FunaiIrmãos Villas Boas Termos importantes para a compreensão da Antropologia Etnocentrismo Tendência do homem para menosprezar sociedades ou povos cujos costumes divergem dos da sua própria sociedade ou povo disposição habitual de julgar povos ou grupos estrangeiros pelos padrões e práticas de sua própria cultura ou grupo étnico Etnocêntrico Inclinação a considerar a sua própria etnia ou grupo social como centro da cultura Antropocêntrico Que considera o homem como fato central ou mais significativo do universo ou ainda como objetivo último do universo Membros do grupo supremacista norteamericano Ku Klux Klan A EVOLUÇÃO DA ANTROPOLOGIA Formação de uma literatura etnográfica sobre a diversidade cultural Período Séculos XVIXIX Características Relatos de viagens Cartas Diários Relatórios etc feitos por missionários viajantes comerciantes exploradores militares administradores coloniais etc Temas e Conceitos Descrições das terras Fauna Flora Topografia e dos povos descobertos Hábitos e CrençasPrimeiros relatos sobre a Alteridade Formação de uma literatura etnográfica sobre a diversidade cultural Alguns Representantes e obras de referência oPero Vaz Caminha Carta do Descobrimento do Brasil séc XVI oHans Staden Duas Viagens ao Brasil séc XVI oJean de Léry Viagem a Terra do Brasil séc XVI oJean Baptiste Debret Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil séc XIX Evolucionismo Social ou Antropologia Evolucionista No fim do século XIX surge o Evolucionismo Social também chamado de Racismo Científico por inserir o conceito de raça superior ou inferior ou Darwinismo Social É desenvolvido o conceito de que as sociedades evoluem de um estado mais primitivo para outro mais civilizado sendo as sociedades europeias o modelo de máximo desenvolvimento humano em todas as dimensões cultural religiosa técnica social etc Nessa perspectiva todos os povos estariam trilhando uma mesma história um mesmo caminho Os que já chegaram ao final do caminho impõem a classificação de todos os demais que ainda se encontram espalhados ao longo de uma única linha de evolução Temas e Conceitos Unidade psíquica do homem busca das origens Perspectiva diacrônica estudos de parentesco religião e organização social Evolucionismo Social ou Antropologia Evolucionista Os principais nomes dessa linha antropológica são Edward Tylor Cultura Primitiva de 1871 Lewis Morgan Sociedade Antiga de 1877 e James Frazer O Ramo de Ouro de 1890 Todas essas obras trazem uma abordagem etnocentrista em seus conteúdos ainda que esses autores sejam considerados por muitos como os pais fundadores da Antropologia Século XX No início do século XX o estudo das características sociais e culturais dos povos ganha corpo assim como a Antropologia enquanto ciência A Escola Funcionalista Na década de 20 é a vez da corrente teórica do Funcionalismo segundo a qual os valores sociais e culturais devem ser compreendidos Os pesquisadores associados a esta linha caracterizamse por defenderem uma perspectiva não historicista que se manifestava numa ênfase não nas reconstruções históricas mas na busca do funcionamento da sociedade a partir das relações entre suas partes ou de suas instituições sociais É nesta fase que predomina a ênfase no trabalho de campo Observação Participante Temas e Conceitos Cultura como totalidade Interesse pelas Instituições e suas Funções para a manutenção da totalidade cultural no interior de uma sociedade Ênfase na Sincronia x Diacronia que caracterizava os Evolucionistas Os principais nomes dessa linha são Bronislaw Malinowski Argonautas do Pacífico Ocidental de 1922 e Radcliffe Brown Estrutura e Função na Sociedade Primitiva de 1952 Outras linhas Estruturalismo Antropologia Interpretativa Antropologia PósModerna ou Crítica A antropologia cultural Franz Boas O alemão Franz Boas é considerado o pai da Antropologia Cultural Sua concepção de cultura era uma rejeição ao evolucionismo unilateral e difusionista Em consequência não adotava explicações de estágios ou fases culturais assim como o conceito de raça Procurava leis de evolução das culturas e leis de funcionamento das sociedades através do método indutivo ver ouvir falar escrever e intensivo de campo Priorizou o estudo da relação de parentesco Boas acreditava na autonomia das Culturas relativismo cultural e que cada cultura possui uma singularidade cultural algo único Segundo ele a cultura se manifesta pelos costumes Entre 18831884 participou de uma expedição a Baffin no Canadá como geógrafo Lá realizou estudos sobre os Esquimós onde percebeu que a organização social era determinada mais pela cultura do que pelo meio ambiente Boas tomou como objeto de estudo a particularidade de cada cultura Apresentavase como a contraposição ao evolucionismo do século XIX e foi o precursor da antropologia cultural norte americana O Nascimento da Antropologia Cultural O século XX para a Antropologia Cultural começou de fato em 1896 quando Franz Boas publicou o seu artigo The Limitation of Comparative Method in Anthropology As limitações do método comparativo em Antropologia no qual refutou o método evolucionista e defendeu a necessidade do estudo histórico do desenvolvimento de cada sociedade Com isso formulou as bases de uma abordagem teórica que foi denominada de particularismo histórico que caracterizou a chamada Escola Cultural Americana segundo a qual cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que enfrentou Tal pensamento avesso a qualquer tipo de hierarquização das sociedades humanas foi extremamente coerente com o seu posicionamento político Franz Boas se notabilizou por uma ferrenha disposição de lutar contra qualquer forma de racismo Já no início dos anos 1930 iniciou uma forte campanha contra o nascente nazismo Na Antropologia Cultural as diferenças culturais passam a ser a chave para o entendimento da grande diversidade das sociedades humanas Tornamse obsoletos os instrumentos dos frenólogos dos craniometristas Não é mais a diversidade óssea que pode explicar por que os homens são diferentes mas sim os seus costumes as suas muitas maneiras de ver o mundo Na Antropologia Cultural Desaparece o conceito de raça Surgem os conceitos de etnia e diversidade étnica Culturalismo NorteAmericano Características Método comparativo Busca de leis no desenvolvimento das culturas Relação entre cultura e personalidade Temas e Conceitos Ênfase na construção e identificação de padrões culturais patterns of culture ou estilos de cultura ethos Alguns Representantes e obras de referência Franz Boas Os objetivos da Etnologia de 1888 Raça Língua e Cultura de 1940 Margaret Mead Sexo e Temperamento em Três Sociedades Primitivas de 1935 Ruth Benedict Padrões de Cultura de 1934 O Crisântemo e a Espada de 1946 Alguns Representantes e obras de referência Franz Boas Os objetivos da Etnologia de 1888 Raça Língua e Cultura de 1940 Margaret Mead Sexo e Temperamento em Três Sociedades Primitivas de 1935 Ruth Benedict Padrões de Cultura de 1934 O Crisântemo e a Espada de 1946 O conceito estruturante de ALTERIDADE Alteridade do latim alteritas outro é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo ser humano social interage e interdepende do outro Assim como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam a existência do euindividual só é permitida mediante um contato com o outro que em uma visão expandida se torna o Outro ou seja a própria sociedade diferente do indivíduo Assim pode também se dizer que a Alteridade é a capacidade de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal relação com grupos família trabalho lazer e a relação que temos com os outros etc com consideração identificação e dialogar com o outro Por fim alteridade não significa que tenha de haver uma concordância mas sim uma aceitação de ambas as partes Alteridade Relações entre Indivíduos Indivíduos Culturas Culturas Indivíduos Culturas Culturas Meioambiente O Conceito Antropológico de Cultura Cultura consiste num conjunto de valores crenças costumes ideologias códigos morais hábitos etc que são transmitidos e aprendidos no interior de um grupo ou uma sociedade humana São esses valores socialmente transmitidos que vão configurar o comportamento e a visão de mundo dos indivíduos de determinado grupo ou sociedade O Conceito Antropológico de Cultura Toda cultura tem uma lógica interna e o antropólogo quer descobrila e entendêla A cultura é dinâmica isto é os valores e os comportamentos dos grupossociedades mudam uns mais facilmente outros menos Cultura como conjunto de símbolos Símbolo é qualquer objeto ato ou acontecimento que serve como significado de alguma coisa Clifford Geertz Elementos simbólicos são formas tangíveis ou visíveis de ideias atitudes valores e crenças Estamos falando de símbolo no seu sentido mais amplo qualquer coisa que tenha um significado para um grupo ou sociedade humana Cultura como conjunto de símbolos Os símbolos são coletivos e são aprendidos Os símbolos podem sofrer transformações adquirindo novos significados Acima a reprodução de antiquíssimo relevo persa em que o criador de mundos deus Ahura Mazda enfrenta a criatura demoníaca Ahriman Um símbolo que pode ser interpretado por exemplo como a luta entre o bem e o mal Etnocentrismo x Relativismo Cultural Etnocentrismo é a tendência de aplicar valores que são típicos do nosso grupo a outros É a postura de tomar o próprio grupo social como medida de referência e se reflete na repulsa às maneiras de viver de crer e de pensar que nos são estranhas O etnocentrismo parte de um estranhamento diante do outro do diferente Em geral vemos o nosso modo de vida como o mais correto o melhor mas a atitude etnocêntrica pode no limite extremo levarnos a achar que há uma superioridade de nossa cultura frente a outras Etnocentrismo x Relativismo Cultural Relativismo Cultural é o princípio metodológico que postula que todo o conjunto cultural tende à coerência e a uma certa autonomia simbólica que lhe confere seu caráter singular Ter uma postura relativista é ter em mente que não se pode analisar um traço cultural independentemente do sistema cultural ao qual pertence e que lhe dá sentido Em outras palavras um dado comportamento social só pode ser entendido se for analisado no contexto cultural no qual ocorre Relativizar é pensar que uma cultura deve ser compreendida dentro de seus padrões e universos simbólicos Relativizar é contextualizar Módulo A Item 16 Momento PBL Módulo B ESAMC A Modernidade A ideia de modernidade evoluiu na Europa entre os século XVII e XVIII Dois ícones de sua consolidação foram a Revolução Francesa e seus valores iluministas e a Revolução Industrial A partir do seu advento os fenômenos da natureza a legitimidade da ordem social do mundo humano e os sentidos da história passaram a ser explicados à luz de princípios racionais e não míticos e religiosos A Modernidade Coube à razão dar conta de uma tarefa outrora atribuída ao mito à religião e à metafísica clássica a saber assegurar a unidade e a estabilidade do mundo humano fundamentar a ordem buscar e garantir um sentido e uma verdade para a vida e a própria história humanas Esse processo será chamado pelo sociólogo alemão Max Weber de desencantamento do mundo Fatores da Modernidade É a partir da consolidação da era moderna no século XIX que teremos um novo ordenamento da ideia de nação de organização política social da forma econômica e de inúmeras outras questões que somadas darão um novo sentido ao mundo Fatores da Modernidade Será a partir dos desenvolvimentos tecnológicos e econômicos proporcionados pela revolução industrial e da ordem capitalista que teremos o desenvolvimento da noção de compressão do espaçotempo Fator fundamental para o posterior avanço da globalização As novas tecnologias que surgiam no limiar e ao longo do século XIX proporcionariam uma integração das diversas regiões do mundo como nunca havia acontecido até então na história da humanidade A compressão do espaçotempo 15001840 A melhor média de velocidde das carruagens e dos barcos a vela era de 16 kmh 18501930 As locomotivas a vapor alcançavam em média 100 kmh os barcos a vapor 57 kmh Anos 1950 Aviões a propulsão 480640 kmh Anos 1960 Jatos de passageiros 8001100 kmh Adaptado de D HARVEY A conciliação pósmoderna Edições Loyola p 220 1993 O Indivíduo na Modernidade No século XIX o indivíduo passa a ser visto como localizado e definido no interior das estruturas econômicas e sociais que se consolidavam no período Através do mundo social o indivíduo passa a ser compreendido como aquele que internaliza os valores construídos em torno dos crescentes centros urbanos das novidades tecnológicas e do sentido de nacionalidade reforçados naquele momento histórico Nações e Nacionalismos A identidade nacional é uma criação da Modernidade Segundo Stuart Hall no mundo moderno as culturas nacionais em que nascemos se constituem em uma das principais fontes de identidade cultural As culturas nacionais são uma forma distintivamente moderna A lealdade e a identificação que numa era pré moderna ou em sociedades mais tradicionais eram dadas à tribo ao povo à religião e à região foram transferidas gradualmente nas sociedades ocidentais à cultural nacional Nações e Nacionalismos As culturas nacionais são compostas por símbolos e representações São sempre o produto de um discurso As culturas nacionais ao produzir sentidos sobre a nação constroem identidades A noção do nacional é construída pelas histórias narradas símbolos eventos e rituais nacionais O quadro O Grito do Ipiranga pintado por Pedro Américo foi produzido sob encomenda do governo brasileiro em 1888 A imagem retratada apresenta uma série de idealizações míticas executadas propositalmente Por exemplo na época dos eventos 1822 viagens longas eram feitas sobre mulas e não cavalos como vemos na pintura E os viajantes usavam roupas de couro cru para protegerse da poeira e não roupas de gala Tratase de um bom exemplo de fabricação de um mito fundador da nação PósModernidade e Globalização No último quartel do século XX dois fenômenos complementares se aceleraram o avanço da globalização e as transformações de valores da modernidade que passou a ser classificada por alguns pensadores como modernidade tardia ou pósmodernidade Globalização Em relação à globalização podemos dizer que ela se caracteriza pela compressão intensa do espaçotempo Com as novas tecnologias comunicacionais e de transporte o mundo tornouse um lugar menor Com o avanço das grandes corporações e disseminação de padrões de consumo ditados pela indústria alimentícia de vestuário ou cultural temos também a manifestação de outros aspectos que levam ao surgimento de valores globalizados PósModernidade Em relação ao que definiria os parâmetros de uma suposta pós modernidade questões relativas à sexualidade à autonomia à liberdade à diversidade à democracia à pluralidade adquirem visibilidade e colocam na ordem do dia a necessidade de estudo do cotidiano do fragmento do particular das diferenças em contraposição às questões tidas como gerais ou às concepções homogenizadoras acerca dos sujeitos da modernidade PósModernidade O pensamento pósmoderno ao contrário da lógica cartesiana presente na ciência moderna busca levantar a problemática da diferença da imaginação do imponderável da heterogeneidade da pluralidade Os autores pósmodernos costumam desconfiar do universalismo da modernidade e de suas generalizações principalmente porque estas foram construídas a partir de um etnocentrismo que tem o Ocidente como centro Global x Local GLOBAL As relações entre global e local na leitura antropológica contemporânea envolvem o campo da cultura gerando dois movimentos contrapostos O primeiro deles é o movimento de globalização no qual surge uma rede planetária de processos industriais tecnológicos e culturais entre outras características que coloca em contato sujeitos diferentes em dimensões espaciais diversas locais através de bens simbólicos A oferta de tais bens se mostra homogeneizadora de hábitos de consumo à medida que ignora fronteiras geográficas atraindo diferentes segmentos consumidores LOCAL Paralelo a esse movimento globalizador surge o movimento de localização da cultura Neste caso ocorre uma retomada das tradições locais num processo de busca por traços culturais capazes de marcar a diferença entre os povos e o pertencimento destes a seus territórios de origem Essa retomada funcionaria como uma resposta aos efeitos da globalização nos espaços locais Global Segundo Stuart Hall no mundo globalizado quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos lugares e imagens pelas viagens internacionais pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente interligados mais as identidades se tornam desvinculadas desalojadas de tempos lugares histórias e tradições específicos e parecem flutuar livremente Local No nível local o mundo mais precisamente o fenômeno horizontal que coincide com o sistema de sociedade não leva mais em consideração o aspecto da globalização per se e sim outro aspecto Essa noção necessariamente transmite uma diferença de comportamento e coordenação social As pessoas não pensam e reagem mais às mesmas coisas Acima de tudo as pessoas não falam mais de globalização ou ainda elas não a veem como a realidade na qual já vivem e sim como uma força alienígena vinda de longe Nesse sentido com relação ao que é local precisamos distinguir duas perspectivas uma externa e uma interna Esse título só pode ser dado a partir da perspectiva externa Da perspectiva interna o local não é local e sim uma visão completa de mundo e com isso um mundo em si mesmo O local é delineado pela integração social ou seja a interação faceaface ou a interação entre indivíduos presentes fisicamente e simultaneamente O local encerra as noções de auto referência Nacionalismo e Etnicidade na Era da Globalização Segundo Manuel Castells a era da globalização é também a era do ressurgimento do nacionalismo manifestado tanto pelo desafio que impõe a EstadosNação estabelecidos como pela ampla reconstrução da identidade com base na nacionalidade invariavelmente definida por oposição ao estrangeiro Ainda de acordo com o autor o nacionalismo contemporâneo tende a ser mais reativo do que ativo Mais cultural do que político Funciona como a defesa de uma cultura já institucionalizada Nacionalismo e Etnicidade na Era da Globalização Esse sentimento de nacionalismo renovado aflorou com muita força já no final do século XX com diversos movimentos separatistas como os ocorridos na Europa Oriental por exemplo Esses movimentos recorreram invariavelmente ao caráter étnico da noção de nacional Etnicidade na Era da Globalização A ideia de etnicidade deriva do conceito de Grupo Étnico que pode ser definido como um grupo de pessoas que se identificam umas com as outras ou são identificadas como tal por terceiros com base em semelhanças culturais ou biológicas ou ambas reais ou presumidas Grupo Étnico é uma coletividade que se diferencia por suas especificidades cultura religião língua modos de agir etc e que possui a mesma origem e história Etnicidade na Era da Globalização Os grupos étnicos atuam no interior de um mesmo espaço social político e territorial A etnicidade é essencialmente a forma de interação entre grupos culturais que operam dentro de contextos sociais comuns O sentimento de etnicidade em muitos lugares aflora como uma resposta à globalização Módulo B Item 26 Momento PBL Módulo C ESAMC Identidade Cultural A identidade seja ela social pessoal ou cultural é sempre uma relação social construída com outros jamais algo ou alguma coisa com a qual nascemos ou herdamos através de nossos genes Identidade portanto nada tem a ver com os genes que herdamos A identidade é definida historicamente e não biologicamente Identidade Cultural As instituições grupos espaços ou termos sociais aos quais nos vinculamos são fundamentais à constituição da pessoa social É através dela que qualquer pessoa se percebe como pertencendo a algum grupo sociedade cultura ou território Sentirse parte do grupo de uma comunidade de uma sociedade e de uma cultura sentirse integrada a outros sujeitos com os quais compartilham de uma mesma herança cultural de um mesmo código simbólico das mesmas ideias eis o quanto é fundamental a identidade para qualquer pessoa Identidade e Diferença As relações sociais já não se limitam mais aos indivíduos que vivem no contexto desta ou daquela cultura elas se apresentam cada vez mais como desterritorializadas isto é como realidades mundializadas Identidade e Diferença O sentimento que domina o mundo moderno é o da supressão física da distância dando nos a sensação de que nenhum lugar é longe demais Com a globalização dos últimos 50 anos a experiência social se modificou de tal maneira que o que há de mais íntimo e de mais distante estão agora de súbito diretamente conectados Como o objeto da Antropologia é o estudo das especificidades culturais cabe a ela compreender o fenômeno da persistência das diferenças culturais em um mundo cada vez mais global Identidade e Diferença Segundo Stuart Hall no mundo contemporâneo a identidade plenamente unificada completa segura e coerente é uma fantasia Ao invés disso à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis com cada uma das quais poderíamos nos identificar ao menos temporariamente Identidade e Diferença Em outras palavras uma mesma pessoa reúne em si diversas possibilidades de identidade e auto identificação Sua identidade estará relacionada à sua ascendência étnica gostos musicais orientação sexual nível socioeconômico local de moradia e uma série de outras situações que isoladamente não servirão para definila de maneira específica Identidade e Diferença As identidades se forjam no sentido da domesticação das diferenças e das particularidades o que levou a Antropologia a abandonar progressivamente uma compreensão essencialista de identidade para concebêla como relacional Os estudos sobre identidades se voltam para a compreensão do modo como as pessoas se auto atribuem identificações processo simbólico de auto designação de traços culturais Identidade e Diferença O que está em jogo na questão das Identidades Há consequências políticas da fragmentação ou pulverização de identidades As identidades podem ser contraditórias As contradições estão presentes tanto no indivíduo quanto na sociedade Não existe uma identidade mestra Emergência de novas identidades e coexistência de diferentes identidades A identificação não é automática Diversidade e Multiculturalis mo A ideia de Diversidade Podese dizer que o termo diversidade se aplica de forma indiferenciada a fenômenos de naturezas diversas Diversidade se refere aos atributos que as pessoas usam para se confirmar em relação aos outros essa pessoa é diferente de mim Esses atributos incluem fatores demográficos como etnia sexo e idade bem como valores e normas culturais A Diversidade Aplicase primeiro a tipos de formações sociais radicalmente distintas tribos indígenas etnias civilizações passadas e nações Civilizações etnias tribos indígenas não são um anacronismo algo fora do tempo A não ser que acreditemos numa ideologia do progresso na vulgata popularizada pelo pensamento evolucionista do século XIX Mundo islâmico sociedades indígenas grupos étnicos na África ou na Europa central não são testemunho de atraso ou sinais de barbárie Tratase de formações sociais plenamente inseridas na atualidade A Diversidade Aplicase segundo enquanto diferenciação intrínseca à própria modernidademundo indivíduo movimento feminino homossexual negro crise de identidades etc O Multiculturalismo Multiculturalismo é o fenômeno da interrelação entre várias culturas em um mesmo espaço É um fenômeno que pode ser associado à globalização e às sociedades pósmodernas O multiculturalismo também pode ser chamado de pluralismo cultural Em resumo a base do multiculturalismo é a noção de que as culturas são diversas e devem ser respeitadas na sua essência sem existir um certo ou errado nos costumes A alteridade O Multiculturalismo Contudo a imagem de que o mundo seria multicultural constituído por um conjunto de vozes muito empregada por organismos multilaterais como a UNESCO é ainda insuficiente diante dos desafios existentes O lema da unidade na diversidade hoje comum entre aqueles que falam da Comunidade Europeia por exemplo pode ser um lenitivo quando enfrentamos problemas para os quais as respostas são limitadas Como temos visto desafios como o racismo a xenofobia o nacionalismo entre outros permanecem vivos e ativos na sociedade global Diversidade e Multiculturalismo As interações entre as diversidades não são arbitrárias Elas se organizam de acordo com as relações de forças manifestas nas situações históricas Existem ordem e hierarquia Se as diferenças são produzidas socialmente isso significa que à revelia de seus sentidos simbólicos elas serão marcadas pelos interesses e pelos conflitos definidos fora do âmbito de seu círculo interno A diversidade cultural é diferente e desigual porque as instâncias e as instituições que as constroem possuem distintas posições de poder e de legitimidade países fortes x países fracos transnacionais x governos nacionais civilização ocidental x mundo islâmico Estado nacional x grupos indígenas Módulo C Item 34 Momento PBL Módulo D ESAMC O Brasil enquanto sociedade multiétnica e multicultural O Brasil é no mundo uma das maiores experiências de sociedade multiétnica e multicultural O antropólogo Darcy Ribeiro em sua obra clássica O Povo Brasileiro procurou mapear sob a perspectiva da Antropologia Cultural as contribuições de diversos grupos étnicos que compõem o mosaico multicultural do país O Brasil enquanto sociedade multiétnica e multicultural Durante muito tempo a partir de um discurso oficial o Brasil se apresentou para o mundo e a si mesmo como uma sociedade plural tolerante e desprovida de preconceitos Em anos recentes esse discurso tem sido confrontado com a realidade Apesar de ser um país multiétnico a matriz europeia de colonização sempre foi mais valorizada diante das demais tratadas apenas como folclóricas Já a autoimagem de tolerante entra em choque por vezes violento com a diversidade presente no cotidiano O Brasil enquanto sociedade multiétnica e multicultural Em sua obra Ribeiro procura traçar sob o ponto de vista antropológico as contribuições das 3 principais matrizes étnicas formadoras do povo brasileiro suas derivações e influências no presente Ao discutir a figura do Zé Ninguém o tipo brasileiro que tem a sua identidade negada ou subestimada Ribeiro aponta a importância do debate do multiculturalismo ainda que não empregue esta expressão e o quanto ele é decisivo para a construção de uma identidade brasileira plural e capaz de verdadeiramente mostrar ao mundo como uma sociedade assim pode potencialmente funcionar e apontar caminhos para a humanidade Raiz Indígena No primeiro momento de nossa formação étnica temos a visão do Brasil milenar da constituição dos povos indígenas que aqui habitavam sua visão de mundo e sua interrelação com o meio Informações estas fundamentais para compreendermos as expressões culturais Nos idos de 1500 o principal grupo humano espalhado pelo que viria a ser no futuro o território brasileiro eram os tupis Naquele período eles avançavam na revolução agrícola domesticando e cultivando a mandioca o milho a batata doce o feijão o cará o amendoim e uma série de outros alimentos que estão vivamente presentes em nossa dieta atualmente Raiz Indígena Segundo Ribeiro para os índios a vida era uma tranquila fruição da existência num mundo dadivoso e numa sociedade solidária Claro que tinham suas lutas suas guerras Um guerreiro lutava bravo para fazer prisioneiros pela glória de alcançar um novo nome e uma marca tatuada cativando inimigos Também servia para ofertálo numa festança em que centenas de pessoas o comeriam convertido em paçoca num ato solene de comunhão para absorver sua valentia que nos seus corpos continuaria viva Raiz Indígena Além do apresamento escravização e mortes em massa por conflitos e doenças contagiosas o elemento indígena foi assimilado em meio à nascente população brasileira pelo instituto do cunhadismo É que os índios entendiam que quando uma mulher do grupo se unia com um homem de outro grupo os portugueses por exemplo seus filhos passavam a ser filhos da tribo não havendo distinção Esse processo facilitou o surgimento dos mamelucos filhos de índios com brancos que em pouco tempo começaram a se tornar muito numerosos país afora Uma vez assimilada a raiz indígena deixou muitos traços em nosso cotidiano muito além da dieta alimentar Talvez os mais visíveis estejam na língua o tupi principalmente na toponímia Tietê Itu Paraíba Caraguatatuba Ubatuba Tamanduateí Tatuapé Iperó Atibaia Jundiaí Japi Jaraguá Jaguaré Pirituba Ipanema Uberaba Itanhaém Mongaguá Peruíbe Parati Juquitiba Anhanguera Puruba Itororó Curitiba Iguaçu Paraná etc Raiz Lusitana Os portugueses que chegaram ao Brasil no início do século XVImovidos pelo espírito mercantilista e de disseminação da fé católica traziam também em sua bagagem séculos de influência árabe e judia na Península Ibérica Ainda que por definição fossem europeus e cristãos tinham no sangue e na cultura traços do Oriente Médio e do Magreb norte da África E em tempos mais remotos de Celtas Fenícios e Romanos Raiz Lusitana Como descreve Ribeiro em contraste com as etnias tribais os indígenas que sobreviveram algum tempo a seu lado a sociedade colonial nascente bizarra e precária era e atuava como um rebento ultramarino da civilização europeia em sua versão portuguesa Vale dizer era já uma sociedade bipartida em uma condição rural e outra urbana estratificada em classes servida por uma cultura erudita e letrada e integrada na economia de âmbito internacional que a navegação possibilitara Raiz Lusitana Tendo se imposto como grupo dominante em função de seu avanço técnico os portugueses moldarão o Brasil e os brasileiros fazendo de sua língua a oficial de sua organização política e social a hegemônica e de sua religião a mais disseminada pelo território Raiz Africana Aqui também é preciso fazer uma leitura da África como um continente dotado de civilizações milenares multiculturais e multiétnicas A verdadeira África encontrada pelos europeus muito antes mesmo das grandes navegações foge ao estereótipo holywoodiano de feras e indígenas semibárbaros Tratase de um continente que pelo seu gigantismo experimentava diversos aspectos evolucionários Raiz Africana Diferentemente do que acredita o senso comum os tipos humanos existentes na África são muito variados Para o Brasil foram trazidos seres humanos escravizados de 3 grandes troncos culturais da porção ocidental daquele continente os yorubas os malês e os bantos Raiz Africana Como afirma Ribeiro a diversidade linguística e cultural dos contingentes negros introduzidos no Brasil somada à política de evitar a concentração de escravos oriundos de uma mesma etnia nas mesmas propriedades e até nos mesmos navios negreiros impediu a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano Esse quadro fez com que os negros escravizados precisassem se reinventar no Brasil Uma reinvenção que se deu através da música da fé da culinária e de outros elementos presentes na cultura brasileira contemporânea A exemplo dos indígenas mas de forma ainda mais brutal através muitas vezes do estupro os filhos mestiços das mulheres negras violentadas contribuirão para engrossar as fileiras desse tipo brasileiro que Ribeiro classifica como Zé Ninguém O Brasil Moderno Nos séculos XIX e XX o Brasil receberia significativos contingentes de imigrantes provenientes da Europa principalmente italianos espanhóis alemães e portugueses do Oriente Médio e do extremo Oriente principalmente japoneses Espalhados pelas diversas regiões do país esses imigrantes serão integrados à realidade local por vezes de maneira amigável e por outras nem tanto assim e contribuirão para formatar uma sociedade multicultural e multiétnica no território brasileiro No século XXI o país apresenta uma sociedade urbanizada integrada ao mundo globalizado via tecnologia bens de consumo valores e produtos culturais mas enfrenta internamente os desafios de lidar de forma digna com as diferenças praticando o princípio central da Antropologia Cultural o exercício da alteridade O Brasil Moderno Segundo dados da ONU em 2016 das 162 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no Brasil 708 eram afrobrasileiras Somos o 5º país mais violento para mulheres no mundo a cada 11 minutos uma mulher é estuprada segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública FBSP divulgados em 2015 De acordo com um estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial publicado em 2016 no ritmo atual seriam necessários 95 anos para que mulheres e homens atingissem situação de plena igualdade socioeconômica no Brasil De acordo com dados do Disque 100 serviço de proteção dos direitos humanos somente no primeiro semestre de 2019 foram registradas 354 denúncias de ataques motivados por intolerância religiosa no Brasil ou seja um aumento de 677 ao comparar com o mesmo período do ano anterior A maior parte dos relatos foi feita por praticantes de religiões de matriz africana A cada hora um gay é vítima de violência física no Brasil e a cada 26 horas um gay é morto Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República2011 Em 2018 foram assassinados 135 indígenas Segundo o relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil do Conselho Indigenista Missionário Cimi em três décadas foram 1119 casos de assassinatos de indígenas no país A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado Apenas 6 dos negros têm diploma universitário Mapa da Violência Apesar do discurso de tolerância a sociedade brasileira é extremamente preconceituosa injusta e muitas vezes cruel Os dados estatísticos comprovam isso A Antropologia Cultural nos fornece as ferramentas para a construção de um mundo mais tolerante e de respeito à diversidade Módulo D Item 44 Momento PBL