Análise Situacional de Saúde

ANÁLISE SITUACIONAL EM SAÚDE E FATORES SOCIAIS E DEMOGRÁFICOS QUE AFETAM A QUALIDADE DA SAÚDE Análise de Situação de Saúde Asis se caracteriza como um processo analíticosintético com o objetivo de caracterizar medir e explicar o perfil de saúdedoença de uma população incluindo os danos ou problemas de saúde seus determinantes facilitando a identificação de necessidades e prioridades em saúde as possibilidades de intervenções e de programas apropriados e a avaliação de seu impacto A Asis é uma prática relevante para os diversos níveis de decisão serviço de saúde comunidade município estado e federação de modo a integrar as informações e os conhecimentos produzidos nas atividades de planejamento definição de prioridades alocação de recursos avaliação dos programas de saúde implementados entre outras A Asis possui alguns aspectos que devem ser seguidos são processos continuos já que apresentam aproximações sucessivas e contínuas dos objetos de análise Isso é necessário principalmente porque também é dinâmico o processo de saúdedoençaatenção Deve ser um processo estratégico na medida em que auxilia na análise da realidade e na busca dos meios para o alcance dos objetivos institucionais Para isso a informação e o conhecimento criados pela Asis devem ter o potencial para auxiliar na mobilização de recursos de toda ordem incluindo recursos humanos recursos financeiros e a decisão política para alcançar os objetivos que interessam ao setor Saúde Para atender a demanda da estratégia a Asis deve ser realizada em tempo local e momento oportuno A Asis deve ser analítica em suas averiguações dos problemas mas ao mesmo tempo deve ser capaz de ser sintetizada para a reunião de elementos concretos ou abstratos em um todo através de fusão ou composição Realizar a análise do contexto temporal geográfico social incluindo o cultural econômico ecológico e biológico em que se relaciona com a saúde ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E SOCIAIS E SUAS IMPLICAÇÕES COM A SAÚDE Nas últimas quatro décadas o Brasil vem experimentando grandes transformações econômicas sociais e demográficas com significativas repercussões nas condições de vida e trabalho da população e consequentemente em sua situação de saúde Tais processos podem ser divididos e seus pesos avaliados Urbanização o processo que ganhou força após a década de 1960 levou à redistribuição da população economicamente ativa PEA que migrou do campo com dedicação à agricultura para as cidades setores secundário e terciário O processo de urbanização foi acelerado demandando às cidades uma maior carga de infraestrutura e serviços o que não pôde ser observado na prática assim dados demográficos de 1980 demonstravam que 382 milhões de pessoas eram de moradores de domicílios urbanos inadequados a população absoluta do país na época era de 119002706 habitantes sendo 80921836 em áreas urbanas Moradias inadequadas correspondem a 75 dos níveis de mortalidade infantil assim servindo como um fator de risco Observase que a urbanização não ocorreu de maneira igual em todo o país sendo a região sudeste a pioneira e as regiões norte e nordeste ainda em processo de crescimento da urbanização Transição demográfica a urbanização acabou ocasionando mudanças nos padrões de fecundidade da população Atualmente a taxa média de fecundidade no país é inferior a 2 filhos por mulher muito diferente da década de 1960 onde era 6 filhos por mulher A taxa de fecundidade varia com a escolaridade da mulher mulher com mais de oito anos ou mais de estudo possuem uma taxa de fecundidade de 15 filho enquanto mulheres com três 3 de estudo possuíam taxa de 4 filhos em média A taxa para as mulheres que vivem em domicílios com renda per capita até um quarto do salário mínimo é mais de quatro vezes maior do que as que vivem em domicílios com cinco ou mais salários mínimos per capita As mudanças na estrutura etária da maneira acelerada como vem ocorrendo no Brasil em que se observa o crescimento rápido do peso relativo dos idosos têm um impacto importante na economia e na sociedade obrigando a definição de políticas públicas que possam fazer frente a esse fenômeno sem paralelo na experiência mundial Saneamento básico em 2018 a população que contava com água tratada era de 836 Já com relação a coleta de esgoto foi de 532 no mesmo ano Tais dados se diferem quando se avalia por região sendo as regiões norte e nordeste as que mais sofrem com a falta de tratamento de esgoto A importância do saneamento básico está principalmente na incidência de doenças diarréicas em crianças e parasitas FATORES ECONÔMICOS E CULTURAIS QUE AFETAM A QUALIDADE DA SAÚDE Crescimento econômico e distribuição de renda Nos anos 60 o PIB per capita era de 2060 dólares e em 2020 sendo de US 11 mil O índice de Gini é um medida de desigualdade na distribuição de renda aponta que no ano de 2019 o Brasil apresentou um índice de Gini de 533100 sendo um dos 10 maiores países em distribuição desigual de renda A maioria das famílias de baixa renda se encontra nas regiões norte e nordeste sendo a maioria do grupo étnico preto ou pardo estas famílias vivem com renda per capita menor que um salário mínimo Condições de emprego e trabalho O desemprego o trabalho informal e a exclusão do mercado de trabalho estão associados uma pior condição de saúde entre adultos brasileiros Além disso a deterioração das condições de trabalho está relacionada n a maior incidência de acidentes laborais doenças profissionais e doenças relacionadas ao trabalho A existência de formas tradicionais e novas na organização do trabalho levam a um perfil misto de doenças laborais onde se verifica a presença de algumas doenças já controladas em países desenvolvidos como a silicose e outras pneumoconioses envenenamento por chumbo asbestose mesotelioma relacionado com o asbesto ao lado de outras novas doenças relacionadas ao trabalho como afecções musculoesqueléticas doenças dermatológicas causadas por compostos químicos além dos sintomas e desordens mentais relacionadas ao stress como a síndrome do burnout Educação A taxa de analfabetismo no ano de 2019 registrou 66 representando grandes mudanças na educação Com relação às regiões do país a região nordeste é a que mais apresenta analfabetos 139 enquanto as regiões sul e sudeste representam 33 As taxas de analfabetismo estão diretamente relacionadas à renda familiar Apesar da maior quantidade de analfabetos se concentrar em pessoas de 60 anos ou mais com taxas de 34 observase que jovens de 10 a 19 anos representam uma taxa de analfabetismo de 74 No meio rural brasileiro a taxa de analfabetismo é três vezes superior à população urbana 287 e 95 respectivamente As diferenças em escolaridade sofrem diferenças de acordo com a cor da pele a taxa de analfabetismo e analfabetismo funcional de pretos e pardos é o dobro da observada nos brancos Com relação ao ensino superior houve o aumento de 11 na década de 60 para 21 em 2019 Já com relação à pósgraduação apenas 08 das pessoas de 25 a 64 anos no Brasil concluíram o mestrado e 02 o doutorado funcionamento dos sistemas de saúde tornando as desigualdades permeáveis às políticas setoriais Os determinantes da utilit de serviços de saúde estão relacionados às necessidades de saúde aos usuários aos prestadores de serviços à organização da oferta e à política do sistema de saúde Atividade extra Indicação de documentário Herança social de Christian Jafas Disponível em httpsportalfiocruzbrvideoherancasocial Referência Bibliográfica CUNHA N V CAVALCANTI M L T COSTA A J L Diagnóstico situacional da descentralização do controle da tuberculose para a Estratégia Saúde da Família em Jardim Catarina São Gonçalo RJ 2010 Cad saúde coletRio J 2012 DE OLIVEIRA CABRAL S A A Análise situacional da atenção à saúde do idoso no município de Cajazeiras Informativo Técnico do Semiarido v 9 n 1 p 7785 2015 KURGCANT P CIAMPONE M H T MELLIEIRO M M O planejamento nas organizações de saúde análise da visão sistêmica Revista gaúcha de enfermagem v 27 n 3 p 351 2006 PEREIRA G T et al Perfil epidemiológico da mortalidade materna por hipertensão análise situacional de um estado nordestino entre 20042013 Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online v 9 n 3 p 653658 2017 ROCHA J S Y LAPREGA M R Os determinantes sociais da saúde Ibañez N Elias P Seixas P organizadores Política e Gestão Pública e FATORES COMPORTAMENTAIS QUE AFETAM A QUALIDADE DA SAÚDE Alimentação e nutrição o acesso e a qualidade da alimentação são influenciados pelos fatores socioeconômicos comportamentais e culturais logo é um importante DSS A mudança nos padrões alimentares é uma das causas do aumento do sobrepeso e obesidade que contribuem para o aparecimento de doenças crônicas e incapacidades tais como a osteoartrite dificuldades respiratórias problemas músculoesqueléticos problemas de pele e infertilidade até condições graves como doença coronariana diabetes tipo 2 e certos tipos de câncer A análise por sexo ajustada por idade mostra que entre os homens tem havido aumento de obesidade em todas as faixas de renda quanto maior a renda maior a prevalência Já no caso das mulheres o incremento da obesidade foi mais acentuado nas faixas mais baixas de renda com uma tendência à queda na maior faixa de renda Ambiente e saúde Os processos de urbanização o crescimento do transporte e das indústrias e expansão da fronteira agrícola criaram as condições para uma permanente exposição de cada vez maiores quantitativos populacionais à poluição atmosférica e dos corpos hídricos Outra questão de relevância é a conversão de ecossistemas para dar lugar ao avanço da fronteira de colonização ou seja o desmatamento As queimadas afetam principalmente crianças e idosos causando problemas respiratórios Outra consequência do desmatamento é a reemergência de zoonoses como a malária Acesso aos serviços de saúde Apesar da magnitude do sistema de saúde ainda se observam importantes desigualdades na oferta de recursos e serviços assim como uma forte influência da posição social dos indivíduos no acesso utilização e qualidade dos serviços de saúde As desigualdades sociais no acesso e na utilização dos serviços de saúde estão relacionadas com a estrutura Saúde São Paulo Hucitec p 21941 2011 VIEIRA F S Avanços e desafios do planejamento no Sistema de Saúde Ciência Saúde Coletiva v 14 p 15651577 2009 Ir para questão