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Psicologia ·

Psicologia Social

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Tema DESVENDANDO A COMPLEXIDADE DO ALZHEIMER UMA ANÁLISE NEUROCOGNITIVA DOS COMPORTAMENTOS ASSOCIADOS AO TRANSTORNO NEURODEGENERATIVO 1 INTRODUÇÃO A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva sendo um dos principais tipos de demência no mundo Sereniki Vital 2008 Caracterizada pela deterioração gradual da memória do pensamento e das habilidades cognitivas o Alzheimer impõe um impacto profundo não apenas nos indivíduos afetados mas também em suas famílias e na sociedade como um todo Segundo Ximenes Rico e Pedreira 2014 existe despreparo entre as pessoas para lidar com a responsabilidade e a carga de cuidar de um idoso com demência como o Alzheimer pois a maioria das pessoas não sabe como lidar com a doença como agir como entender a pessoa afetada e seus próprios sentimentos A longa duração do tratamento e da perda gradual das funções cognitivas do idoso proporciona ao cuidador e à família dificuldades e um esquecimento de si próprios visto que todo o cuidado é direcionado ao indivíduo com Alzheimer Estimativas recentes da Organização Mundial da Saúde OMS indicam que mais de 55 milhões de pessoas vivem com demência globalmente sendo a doença de Alzheimer responsável por cerca de 6070 desses casos OPAS 2021 Comisso o Alzheimer afeta a população mundial de maneira crescente refletindo o envelhecimento da população e a maior expectativa de vida Em países desenvolvidos e em desenvolvimento o aumento da prevalência da doença representa um desafio significativo para os sistemas de saúde Vidor Sakae Magajewski 2019 Além dos sintomas cognitivos os pacientes frequentemente exibem mudanças comportamentais e psicológicas incluindo agitação depressão ansiedade e agressividade que complicam ainda mais o manejo clínico e o cuidado diário Marins Hansel Silva 2016 Conforme a doença progride os pacientes perdem gradualmente a capacidade de realizar atividades diárias básicas tornandose totalmente dependentes de cuidadores e enfrentando uma redução significativa na qualidade de vida Marins Hansel Silva 2016 Esse declínio contínuo não só impõe um fardo emocional e físico substancial aos cuidadores mas também acarreta custos econômicos elevados para as famílias e para a sociedade devido às necessidades de cuidados médicos intensivos e de longo prazo Gutierrez et al 2014 Com isso compreender a complexidade neurocognitiva dos comportamentos associados ao Alzheimer é fundamental para o desenvolvimento de estratégias de intervenção mais eficazes e para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes Este trabalho busca explorar os mecanismos neurocognitivos subjacentes à doença de Alzheimer destacando as implicações comportamentais e as possíveis abordagens terapêuticas que possam mitigar os seus efeitos devastadores Especificamente este estudo pretende revisar a literatura científica atual sobre os comportamentos observados na doença de Alzheimer e suas bases neurocognitivas analisando os que abordam os mecanismos neurobiológicos relacionados aos comportamentos característicos da doença identificar os principais desafios na identificação e compreensão desses e propor estratégias e intervenções baseadas em evidências para o manejo eficaz dos comportamentos associados ao Alzheimer Este estudo tem sua importância e relevância uma vez que dada acrescente prevalência da doença e seu impacto devastador tanto em termos de saúde pública quanto de qualidade de vida é imprescindível avançar nosso conhecimento nesta área e compreender melhor os mecanismos neurocognitivos desta doença para desenvolver intervenções mais eficazesCom isso o estudo visa contribuir para o desenvolvimento de práticas clínicas mais informadas e auxiliar cuidadores e profissionais de saúde na implementação de estratégias que aprimorem o manejo dos sintomas e consequentemente a vida e bemestar dos pacientes com Alzheimer Apesar dos avanços na compreensão da doença de Alzheimer e de suas manifestações neurocognitivas ainda enfrentamos desafios significativos na identificação compreensão e manejo dos comportamentos associados a esse transtorno neurodegenerativo A questão central é como aprimorar a compreensão dos mecanismos neurocognitivos subjacentes aos comportamentos observados na doença de Alzheimer e desenvolver estratégias mais eficazes para lidar com essas manifestações com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de seus cuidadores O objetivo geral deste estudo é investigar os mecanismos neurocognitivos subjacentes aos comportamentos associados à doença de Alzheimer O intuito é aprimorar a compreensão dessas manifestações e desenvolver estratégias mais eficazes para o manejo desses sintomas com o propósito de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de seus cuidadores Entre os objetivos específicos buscase revisar a literatura científica atual sobre os comportamentos observados na doença de Alzheimer e suas bases neurocognitivas analisando estudos que abordam os mecanismos neurobiológicos relacionados a esses comportamentos característicos Além disso pretendese identificar os principais desafios na identificação e compreensão dos comportamentos associados à doença de Alzheimer tanto para os profissionais de saúde quanto para os cuidadores Também se busca propor estratégias e intervenções baseadas em evidências para o manejo eficaz dos comportamentos associados à doença de Alzheimer levando em consideração as necessidades específicas dos pacientes e de seus cuidadores A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativo que afeta milhões de pessoas em todo o mundo representando um desafio significativo não apenas para os pacientes mas também para seus familiares e cuidadores Os sintomas da doença vão além das manifestações típicas como a perda de memória e incluem uma ampla gama de comportamentos como agitação agressividade e apatia Embora tenham ocorrido avanços na literatura e no diagnóstico atual sobre os aspectos neurobiológicos e neurocognitivos da doença ainda existem lacunas na compreensão dos mecanismos relacionados aos comportamentos observados nesse transtorno neurodegenerativo Essa falta de compreensão completa dificulta a identificação precoce e um diagnóstico preciso impedindo o desenvolvimento de estratégias de manejo eficazes e impactando negativamente a qualidade de vida dos pacientes e de seus cuidadores A pesquisa proposta visa preencher essas lacunas ao focar na análise neurocognitiva dos comportamentos associados à doença de Alzheimer A investigação desses aspectos permitirá a proposição de estratégias de intervenção eficazes e adaptadas às necessidades específicas de cada paciente e de seus cuidadores Além disso uma melhor compreensão dos comportamentos contribuirá para a melhoria das práticas clínicas promovendo uma abordagem holística no tratamento dos pacientes com a doença de Alzheimer Portanto a pesquisa é de suma importância não apenas para avançar o conhecimento científico sobre a doença mas também para oferecer benefícios tangíveis aos pacientes cuidadores e profissionais de saúde promovendo uma melhor qualidade de vida e bemestar para todos os envolvidos no enfrentamento dessa condição devastadora Fundamentação CONCEITO Elaborar 2 pag HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DAS PESQUISAS elaborar 3 pag CARACTERISTICAS NEUROBIOLÓGICAS elaborar 2 pag 31 O ENVELHECIMENTO Foi com o início do século XX onde se foi evidenciado que nos países mais desenvolvidos os efeitos da transição demográfica já se apresentavam um certo envelhecimento de sua população porém já em países que estavam no processo de desenvolvimento ainda não era notável uma maior proporção de idosos De Melo et al 2017 apud Ubaldine Oliveira 2020 Mjeren Nunes e Giacomin 2023 p 8 representam o envelhecimento populacional com uma consequência da transição demográfica sendo o modelo padrão essa transição que se apresenta em três estágios No primeiro estágio da transição a mortalidade começa a diminuir entre a população mais nova e aumentam tanto o tamanho da população como a parcela de crianças na população No segundo estágio a fecundidade começa a declinar e enquanto a velocidade de crescimento populacional diminui a parcela da população em idade ativa cresce mais rapidamente do que a população total No terceiro estágio a mortalidade e a fecundidade se estabilizam em níveis baixos e o tamanho da população para de crescer ou em algumas situações decresce Com analises a estes estágios podemos associar que o crescimento na longevidade leva a um aumento da população idosa enquanto a baixa fecundidade diminui o crescimento da população em idade ativa Mjeren Nunes e Giacomin 2023 De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE 2020 o segmento populacional de idosos aumenta rapidamente na população brasileira com a perspectiva de atingir 415 milhões já para o ano de 2030 implicando em um crescimento de 4 anual Gráfico 1 Comparativo entre faixa etária no período de 1980 a 2022 Fonte Censo demográfico IBGE 2022 Conforme Mjeren Nunes e Giacomin 2023 a partir da queda das taxas de fecundidade e o aumento da expectativa de vida devido a melhorias nos espaços da saúde e nas condições socioeconômicas trouxeram população brasileiro um rápido envelhecimento esse fenômeno não aplicasse apenas ao país e mas sim reflete uma tendência mundial mas a transição demográfica no Brasil está ocorrendo de forma bastante acelerada A exemplo na França viuse sua proporção de idosos dobrar de 10 para 20 em 140 anos no Brasil esse processo deverá ocorrer em apenas 25 anos assim em 2060 o Brasil terá um quarto da população com mais de 60 anos Com aumento da expectativa de vida resultante do desenvolvimento socioeconômico e dos avanços médicos tem levado ao rápido envelhecimento populacional em todo o mundo o impacto desse processo na saúde é percebido no aumento das doenças crônicodegenerativas O transtorno neurodegenerativo é uma das mais graves pois causa uma perda progressiva de autonomia e independência tornandose um problema para os indivíduos suas famílias e a saúde pública Estimase que atualmente cerca de 50 milhões de pessoas vivam com os transtornos neurodegenerativos em todo o mundo e esse número pode triplicar até 2050 Agnollitto et al 2023 O envelhecimento é o principal fator de risco para DA mas pesquisadores estão estudando vários fatores demográficos que contribuem para o aumento da prevalência de DÁ nos países desenvolvidos Rawat et al 2023 No Brasil através da análise da base de dados do IBGE podese estimar que 12 milhões de pacientes sofram com a Doença de Alzheimer DA com cerca de 100 mil novos casos por ano Diego 2018 Denotase que p ara promoção de um o envelhecimento saudável de forma estruturada e sustentável no país é crucial que formuladores de políticas públicas compreendam o atual contexto e a sua evolução Mjeren Nunes Giacomin 2023 Figura 2 Número de internações no Distrito Federal por sexo e idade de 2012 a 2022 Fonte Nascimento Júnior et al 2023 p 5 Ao adentrar no tema focal podemos atribuir a base patofisiológica do progressivo declínio cognitivo está associada ao acúmulo de oligômeros neurotóxicos da proteína betaamiloide e da proteína tau A base de dados relacionada a estas proteínas e seu mecanismo patofisiológico tem estimulado diversos estudos voltados à diminuição dos níveis ou do acúmulo destas porém até o momento nenhum tratamento curativo encontrase disponível Abubakar et al 2022 Enquanto no Brasil a partir da década de 90 as três principais causas de morte eram doenças diarreicas mortes perinatais e infecções respiratórias a DA aparecia somente na trigésimasétima colocação em comparativo ao ano de 2015 a isquemia miocárdica violência interpessoal e doenças cerebrovasculares aparecem como principais causas enquanto a DA evoluiu para décima quinta maior causa desta forma e baseando nas projeções futuras a DA representa um grande desafio para o futuro do sistema de saúde nacional Alencar 2022 A doença de Alzheimer e Transtornos Neurodegenerativos Relacionadas DRDA são uma das principais causas de incapacidade e mortalidade no final da vida Alzheimers Association 2023 Como os tratamentos existentes são limitados aos sintomas de DRDA após sua ocorrência as intervenções que abordam o declínio cognitivo nas fases préclínicas iniciais são cruciais para retardar a progressão do declínio e retardar o início da deterioração cognitiva Prince et al 2019 32 O QUE SÃO TRANSTORNOS NEURODEGENERATIVOS elaborar mais 1 pag São doenças que são caracterizadas por uma progressiva degeneração das células do cérebro isto é as células neurodegenerativas As condições afetam a estrutura e o funcionamento dos neurônios levando a uma variedade de sintomas que podem incluir perda de memória dificuldades motoras e mudanças no comportamento De acordo com o DSM5 esses distúrbios são diagnosticados pelo declínio cognitivo significativo em domínios cognitivos um ou mais com relação à performance prévia e interferência na capacidade de realizar atividades diárias Associação Americana De Psiquiatria 2023 Entre os principais tipos de transtornos neurodegenerativos estão a Doença de Alzheimer a Doença de Parkinson Esclerose Lateral Amiotrófica ELA e doença de Huntington Cada uma dessas doenças tem mecanismos patológicos diferentes contudo todas elas compartilham da mesma característica da morte neuronal progressiva Por exemplo A Doença de Alzheimer é caracterizada pela formação de placas betaamiloides e emaranhados neurofibrilares ao passo que para a Doença Parkinson ocorre degeneração dos neurônios dopaminérgicos na substância negra do cérebro Armstrong 2013 O diagnóstico de transtornos neurodegenerativo é feito por meio de uma variedade de testes avaliação clínica exames neurológicos testes neuropsicológicos e técnicas de neuroimagem Os critérios diagnósticos no DSM5 também destacam a necessidade de um histórico clínico completo e inquérito sobre a exclusão de outras causas de declínio cognitivo O componente neuropsicológico do diagnóstico psicológico inclui testes para medir a extensão e a natureza do déficit cognitivo Associação Americana De Psiquiatria 2023 Hoje em dia nenhum dos transtornos Neurodegenerativos é curável embora haja tratamentos disponíveis visando o ajuste da manifestação dos sintomas vinculados à qualidade de vida do paciente A farmacoterapia é uma intervenção padrão comuns como a prescrição de inibidores de colinesterase para o Alzheimer e de levodopa e carbidopa para o Parkinson Uma segunda intervenção igualmente crítica inclui terapias não farmacológicas como fisioterapia terapia cognitivocomportamental e terapia ocupacional para ajudar os pacientes a manterem a função e a independência Cummings 2019 33 O QUE É A DOENÇA DE ALZHEIMER Conceituação 1pag Descrição 1pag A Doença de Alzheimer é uma enfermidade neurodegenerativa crônica que se manifesta principalmente em indivíduos idosos e é caracterizada pelo declínio progressivo das funções cognitivas Foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer que observou alterações neuropatológicas específicas em uma paciente que apresentava perda de memória desorientação e mudanças de comportamento Essas alterações incluíam a presença de placas senis extracelulares compostas por betaamiloide e emaranhados neurofibrilares intracelulares formados por proteína tau hiperfosforilada Alzheimer 1907 Selkoe 1991 A DA é uma doença neurodegenerativa progressiva e irreversível na qual há acúmulo extracelular do peptídeo betaamiloide Aβ e da proteína tau hiperfosforilada intracelular ptau nas células nervosas formando placas amiloides e emaranhados neurofibrilares respectivamente Faulin Estadella 2023 Atualmente defendese que a DA começa apenas quando uma reação celular patológica é identificada o que foi chamado de fase celular da doença de Alzheimer Strooper Karran 2016 A manifestação típica da doença é de natureza amnésica caracterizada por déficits na memória e na capacidade de aprendizado Variantes menos comuns como as afásicas visuoespaciais e logopênicas também podem ocorrer É relevante observar que uma parcela significativa de indivíduos provavelmente mais da metade apresenta sintomas comportamentais precedendo os sintomas cognitivos A presença de distúrbios comportamentais deve ser devidamente registrada utilizando os códigos especificadores apropriados Associação Americana De Psiquiatria 2023 A Doença de Alzheimer uma condição comum e uma preocupação de saúde pública principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil no qual estudos mostram uma prevalência de aproximadamente 12 na população acima de 65 anos o risco de se desenvolver a doença dobra a cada 5 anos confirmando que a idade é o principal fator de risco Silva et al 2021 Nos últimos cinco anos houve avanços na compreensão da fase celular da doença de Alzheimer Isso significa dizer que ocorreram mudanças principalmente na forma como as células da micróglia e da astróglia são vistas no âmbito dessa condição Essas células se mostraram capazes de determinar a progressão insidiosa da doença antes do comprometimento cognitivo ser observado Scheltens et al 2021 De acordo com a Associação Alzheimer Brasil 2023 a doença é a principal causa de demência em todo o mundo representando entre 60 a 70 dos casos de demência diagnosticados Mckhann et al 2011 complementa que a progressão da Doença de Alzheimer é gradual e os sintomas iniciais como lapsos de memória e confusão leve evoluem para um comprometimento severo da função cognitiva incluindo perda de capacidade de realizar atividades diárias desorientação no tempo e no espaço dificuldades na linguagem e comunicação e alterações de personalidade e comportamento A fisiopatologia da Doença de Alzheimer envolve além da deposição de placas de betaamiloide e emaranhados de tau a perda sináptica e neuronal especialmente nas regiões do córtex entorrinal e hipocampo áreas críticas para a memória e a navegação espacial Hampson et al 1999 Serrano et al 2011 Estudos também apontam para a contribuição de fatores genéticos como mutações nos genes APP PSEN1 e PSEN2 que estão associados à forma familiar precoce da doença Kamino et al 1992 Levy et al 1995 Conforme Norton et al 2014 embora a idade avançada seja o principal fator de risco fatores como histórico familiar baixa escolaridade sedentarismo hipertensão diabetes e obesidade também estão associados a um maior risco de desenvolvimento da doença A detecção precoce e o manejo adequado dos fatores de risco são fundamentais para atrasar o início e a progressão dos sintomas Atualmente não há cura para a Doença de Alzheimer e os tratamentos disponíveis focam em aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes As estratégias terapêuticas incluem o uso de medicamentos que aumentam os níveis de acetilcolina no cérebro como os inibidores da colinesterase e a memantina que regula a atividade do glutamato um neurotransmissor envolvido no aprendizado e memória Winblad et al 2016 35 O CÉREBRO A presença das placas senis e dos emaranhados neurofibrilares nas regiões cerebrais são os principais indicadores da presença de DA sendo as amídalas cerebelosas o hipocampo o córtex entorrinal do lóbulo temporal os locais mais afetados Falco Cukierman Rey 2015 A Figura 2 demonstra tais áreas do cérebro para melhor visualização Figura 2 Áreas cerebrais mais afetadas no Alzheimer destacadas em vermelho Fonte Falco Cukierman Rey 2015 p 2 Sendo assim podese dizer que devido à toda a degeneração neuronal supracitada os sulcos corticais do cérebro tornamse mais largos e ventrículos cerebrais maiores caracterizando a DA como um processo anormal de envelhecimento quando comparado a regiões cerebrais sem essa patologia Viana et al 2022 A doença de Alzheimer causa a morte das células nervosas e perda de tecido em todo o cérebro Com o passar do tempo o cérebro encolhe muito o que afeta quase todas as suas funções Alzheimers Association 2023 p 1 Sabendo disso é possível observar na figura 3 a representação do cérebro de um indivíduo com Alzheimer Figura 3 Cérebro normal esquerda Cérebro com Alzheimer direita Fonte Alzheimers Association 2023 p 1 Múltiplos fatores compõe a patogênese da DA dentre eles há as disfunções neuroquímicas e o desequilíbrio em específicos sistemas neurais sendo a acumulação de placas betaamiloide e a criação dos emaranhados neurofibrilares de tau no cérebro as principais causas citadas por estudos no âmbito neurobiológico Bezerra et al 2023 Com base nas informações supracitadas podese dizer que os neurônios em sua composição apresentam o corpo celular local no qual situamse as organelas e o núcleo celular mas também possuem prolongamentos os dendritos extensões curtas utilizadas na comunicação neuronal e o axônio prolongamento alongado que de forma geral quando revestido por bainha lipídica de mielina aumenta a velocidade de transmissão do impulso Schmidt Prosdómici 2014 Figura 4 Composição básica de um neurônio Fonte Bear 2017 p 26 Na DA os emaranhados neurofibrilares ocorrem no axônio dos neurônios e resultam de alterações nas proteínas fibrilares que unem a tubulina e formam os microtúbulos Dias 2022 A proteína responsável pela estabilização dos microtúbulos dos axônios neuronais é denominada TAU Vale Almeida Lima 2023 Segundo tais autores a proteína TAU estabiliza os microtúbulos dos axônios neuronais Após esta proteína sofrer fosforilação excessiva sua estrutura passa a ter um formato de hélice formando então os emaranhados neurofibrilares Vale Almeida Lima 2023 p7 De modo geral além de sua presença em outras células do organismo a proteína TAU desempenha um papel fundamental na constituição dos microtúbulos neurais Este polipeptídeo é alvo de processos de fosforilação e desfosforilação essenciais para a estabilidade e reorganização do citoesqueleto Koper et al 2020 Quando ocorre hiperfosforilação a proteína Tau adquire características de insolubilidade perdendo sua afinidade pelos microtúbulos o que compromete o transporte axonal devido à instabilidade dessas estruturas Após a hiperfosforilação a proteína Tau tende a se agregar em filamentos helicoidais emparelhados formando os emaranhados neurofibrilares intracelulares Querfurth Laferla 2010 O aumento da quantidade total de proteína Tau ou seja o acréscimo de todas as isoformas de Tau independentemente do seu estado de hiperfosforilação é observado em várias doenças neurodegenerativas No entanto o aumento de isoformas específicas caracteriza processos patológicos distintos Na Doença de Alzheimer por exemplo é observado o aumento de Tau fosforilada na treonina 181 pTau181 Tau fosforilada na treonina 217 Tau217 e Tau fosforilada na treonina 231 pTau231 Masters et al 2015 apud Dias 2022 O acúmulo de proteína Tau por sua vez precede os sintomas cognitivos ou seja à medida que a neurodegeneração associada à taupatia progride o desenvolvimento de sintomas clínicos pode ser observado Hanseeuw et al 2019 apud Dias 2022 Nesse sentido além do acúmulo de TAU há também as modificações que ocorrem nas proteínas precursoras amiloides APPs as quais se agrupam e formam as placas de proteína betaamiloide Aβ nas mais diversas regiões cerebrais culminando na neurodegeneração Rodrigues Soares 2022 As placas senis localizamse em toda a região do córtex cerebral e realizam a ativação das células da glia a micróglia e os astrócitos por exemplo responsáveis por fagocitar elementos intrusivos Guzen Cavalcanti 2012 Acerca disso pesquisas identificaram uma molécula precursora amiloide pertencente às membranas neuronais saudáveis que ao sofrerem a quebra em dois pontos por determinadas enzimas foram o peptídeo beta amilóide o qual se acumula exacerbadamente na DA Netto 2022 Os peptídeos beta amilóides facilitam a produção de oxiradicais podendo ser diretamente tóxicos para os neurônios e células da glia por agirem na peroxidação lipídica da membrana celular desregulando a homeostase do cálcio Guzen Cavalcanti 2012 p Para a explicação da sintomatologia do Alzheimer em relação às placas beta amilóides podese dizer que há duas hipóteses sendo a primeira denominada colinérgica e baseiase na degeneração de neurônios colinérgicos e consequentemente de colina acetiltransferase e de acetilcolinesterase fato que provoca prejuízos na memória e em outras funções cognitivas Machado Carvalho Sobrinho 2020 Santos Nunes e Bissaco 2023 afirmam a existência da hipótese cascata amiloide que leva a deterioração cognitiva a qual fundamentase na degradação da proteína PPA por meio de três secretases capazes de realizar a clivagem dessa proteína podendo ou não gerar o peptídeo βA De acordo com Netto 2022 p 3 t odos teremos algumas placas amiloides com o decorrer do envelhecimento mas na DA os depósitos amiloides são muito mais volumosos e atingem muitas áreas do cérebro Um estudo em modelos animais indica adicionalmente que as formas solúveis dos oligômeros de Aβ e de Tau podem manifestar uma toxicidade superior à de suas formas agregadas Esta neurotoxicidade resultaria em modificações morfológicas observadas na Doença de Alzheimer incluindo perda neuronal atrofia dendrítica redução da ramificação dendrítica e formação de emaranhados neurofibrilares consequentemente levando a perdas sinápticas Clinicamente tais alterações são inicialmente percebidas como comprometimento cognitivo Mielke et al 2021 A Doença de Alzheimer DA é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta principalmente idosos levando à perda gradual de funções cognitivas como memória linguagem e capacidade de realizar atividades cotidianas Nos últimos anos avanços significativos na pesquisa têm aprofundado nossa compreensão das complexas alterações patológicas que ocorrem no cérebro dos indivíduos afetados O acúmulo de betaamiloide Aβ no cérebro é um dos marcadores patológicos centrais da DA A betaamiloide é um fragmento de proteína derivado da clivagem da proteína precursora amiloide APP Quando mal processada essa proteína se agrega em oligômeros tóxicos que se depositam no espaço extracelular formando placas senis De acordo com Jack et al 2019 essas placas interferem na comunicação entre neurônios desencadeiam respostas inflamatórias e contribuem para a disfunção e morte celular A betaamiloide também tem sido associada a alterações no fluxo sanguíneo cerebral e na função de barreira hematoencefálica agravando a neurodegeneração Além das placas de betaamiloide a DA é caracterizada pela presença de emaranhados neurofibrilares intracelulares compostos pela proteína tau hiperfosforilada Normalmente a tau estabiliza os microtúbulos dentro dos neurônios que são essenciais para o transporte de nutrientes e outras moléculas No entanto em indivíduos com DA a tau se torna hiperfosforilada levando à formação de agregados tóxicos que interrompem a função neuronal e resultam na morte celular Wang Mandelkow 2020 Estudos recentes indicam que a propagação patológica de tau pode seguir um padrão específico nas diferentes regiões cerebrais correlacionandose com o estágio clínico da doença Khan et al 2020 A neuroinflamação desempenha um papel crítico na progressão da DA As células gliais particularmente as micróglias são ativadas em resposta ao acúmulo de betaamiloide e tau A ativação crônica das micróglias leva à liberação de citocinas próinflamatórias que exacerbam a neurodegeneração Ransom Zhang Zierath 2019 Além disso pesquisas recentes sugerem que a inflamação pode contribuir para a propagação patológica da tau no cérebro e para o comprometimento da função sináptica acelerando o declínio cognitivo Henry et al 2021 A perda sináptica é uma das primeiras e mais críticas alterações associadas à DA precedendo a morte neuronal e a atrofia cerebral Estudos recentes mostraram que o acúmulo de betaamiloide e tau está diretamente relacionado ao declínio das sinapses especialmente nas regiões do hipocampo e córtex entorrinal que são essenciais para a memória e aprendizagem Collins et al 2020 A disfunção sináptica contribui para o comprometimento das redes neurais e está correlacionada com os sintomas cognitivos observados nos estágios iniciais da doença Pesquisas recentes também têm focado nas mudanças funcionais nas redes neurais cerebrais associadas à DA Segundo Tijms et al 2018 o comprometimento das conexões sinápticas e a perda de neurônios levam à desintegração das redes neurais particularmente a rede de modo padrão default mode network que é fundamental para a memória autobiográfica e processos introspectivos Essas mudanças resultam em deterioração cognitiva progressiva com impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes