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Economia ·

Formação Econômica do Brasil

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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Descrever as regiões agrícolas brasileiras Relacionar o agronegócio com a agricultura familiar no Brasil Analisar os impactos ambientais do agronegócio no Brasil Introdução A agricultura brasileira passou por diversas transformações ao longo dos séculos Ela se iniciou com culturas agrícolas voltadas exclusivamente para a exportação e o benefício da metrópole passando posteriormente ao estabelecimento de culturas que geraram riqueza e renda para o País Todo esse processo repercutiu na organização agrícola do Brasil determinando políticas públicas e o estabele cimento do agronegócio em detrimento da agricultura familiar A agricultura familiar foi perdendo espaço à medida que aumentaram os interesses de inserção do Brasil no mercado global Isso permitiu e motivou a instalação de empreendimentos agrícolas multinacionais que desejavam mo dernizar a agricultura e aproveitar os benefícios naturais do Brasil como as extensas áreas de terra O apoio estatal a essas empresas reduziu os incentivos à agricultura familiar enfraquecendo e empobrecendo muitas áreas rurais do Brasil Além disso a expansão e a modernização da agricultura ocasionaram e ainda ocasionam muitos impactos ambientais reduzindo a qualidade do meio ambiente como um todo O agronegócio brasileiro Aline Carneiro Silverol Neste capítulo você vai examinar as principais características da agricultura de cada região brasileira articulando essas informações com o histórico de ocu pação e o desenvolvimento da agricultura no País Você também vai ler sobre o surgimento do agronegócio no Brasil e a sua relação com a desvalorização da agricultura familiar Além disso vai analisar os principais impactos ambientais gerados pelo agronegócio no Brasil bem como suas consequências ambientais Regiões agrícolas brasileiras Ao longo da história a agricultura brasileira passou por diversas transformações e ciclos que foram iniciados pela economia canavieira pautada pela produção de canadeaçúcar durante o período colonial Esse ciclo foi seguido pelo ciclo do café e mais recentemente pelo ciclo da soja Houve também outros ciclos de menor magnitude territorial mas de importância regional como o do algodão e o do cacau Atualmente ainda ocorrem essas transformações que se intensificaram a partir do século XX com o aumento da demanda de alimentos e commodities e a maior inserção do Brasil no mercado global A modernização da agricultura no Brasil iniciouse juntamente ao processo de industrialização ocorrido no País a partir da década de 1940 e intensificado entre os anos de 1960 e 1970 devido ao acelerado processo de urbanização No entanto o desenvolvimento urbano não estava articulado com o setor rural do País Assim enquanto as cidades evoluíam o campo em decorrência da baixa mecanização e por conseguinte da baixa produtividade perma necia estagnado Além disso a produção familiar não era incentivada o que aumentava a migração de pessoas do campo para as cidades ampliando ainda mais a demanda por produtos agrícolas e as desigualdades entre o meio rural e o urbano Para garantir a segurança alimentar da população crescente e reduzir os preços dos alimentos já que os insumos faltantes eram importados o governo brasileiro passou a instituir políticas com o objetivo de aumentar a produção Os programas governamentais atuavam com investimentos em infraestrutura incentivo à expansão das fronteiras agrícolas extensão rural crédito rural subsidiado e Pesquisa e Desenvolvimento PD No entanto as políticas públicas beneficiaram em sua maioria grandes proprietários rurais e produtores de commodities o que lhes garantiu um rápido desenvolvimento e um grande aumento de produtividade elevando a sua lucratividade Por outro lado a agricultura familiar e as pequenas pro priedades rurais foram pouco beneficiadas por essas políticas especialmente no que tange ao aumento da produção O agronegócio brasileiro 2 À medida que os empreendimentos agrícolas foram se consolidando o Brasil transformouse em um grande player no negócio agrícola global Entre 1977 e 2017 a produção de grãos passou de 47 milhões de toneladas para 237 milhões o que representa um aumento de cinco vezes em 40 anos Entretanto o maior incremento da produtividade agrícola ocorreu a partir de 1990 devido ao crescimento das exportações com a inserção do Brasil na economia globalizada A organização e o intenso processo de modernização das cadeias produ tivas transformaram a agricultura brasileira em agronegócio E toda a cadeia associada à produção agrícola como a produção de insumos o processamento e a distribuição tornouse ainda mais importante com presença marcante no Produto Interno Bruto PIB A evolução da agricultura promoveu ao longo das décadas uma recon figuração no espaço geográfico e na divisão territorial do Brasil As regiões brasileiras de acordo com as suas características históricas socioeconômicas e ambientais associadas aos interesses políticos e econômicos passaram a abrigar complexos agrícolas muito desenvolvidos Cada região de acordo com o seu processo histórico ambiental político e socioeconômico apresenta um ou vários complexos agrícolas que por sua vez compõem o agronegócio brasileiro Em um primeiro momento a agricultura era subordinada à urbaniza ção ou seja os complexos agrícolas se localizavam mais próximos das áreas desenvolvidas em função da maior acessibilidade aos recursos e também aos mecanismos de escoamento da produção Atualmente também há áreas urbanas que são dependentes das atividades agrícolas pois a presença de complexos agrícolas importantes torna a economia muito ativa Região Sul A história agrícola da Região Sul está associada à forma de ocupação do território e ao ciclo da mineração que se iniciou nas Regiões Sudeste e Centro Oeste nos atuais estados de Minas Gerais Goiás e Mato Grosso a partir do século XVII A ocupação da Região Sul do Brasil foi feita majoritariamente por imigrantes europeus vindos inicialmente graças aos programas estatais para o povoa mento Essa característica foi decisiva já que tais imigrantes se estabeleceram O agronegócio brasileiro 3 em regime de pequenas propriedades rurais e agricultura familiar desde o início da ocupação E ela repercute até os dias atuais refletindose em uma estrutura agrária menos concentrada ou seja os agricultores familiares estão espalhados por todo o território movimentando o agronegócio CASTRO 2014d Região Sudeste As atividades agropecuárias no decorrer da história desempenharam um importante papel no desenvolvimento da Região Sudeste Essa é uma região de colonização antiga assim como o Nordeste e as atividades agrícolas foram um setor de peso para o desenvolvimento da economia regional a partir do século XIX com a expansão das lavouras cafeeiras por toda a região Considerando a própria história de ocupação dessa região e a implan tação da cultura de café os estabelecimentos agrícolas constituíamse em latifúndios voltados para a exploração de poucos produtos agrícolas Essa organização implantada a partir do século XIX se perpetuou até os dias atuais pois somente 19 da área dos estabelecimentos agropecuários na região Sudeste é ocupada por agricultores familiares CASTRO 2014c Região CentroOeste A Região CentroOeste compõe junto às Regiões Sul e Sudeste a área onde o agronegócio apresenta a maior rentabilidade de produção O seu sucesso agrícola é devido ao processo de ocupação ocorrido na região por meio de fluxos de pessoas que saíram da Região Sul em busca de novas fronteiras agrícolas e também por incentivo estatal a partir da década de 1970 para a ocupação da região Boa parte das propriedades disponíveis foi ocupada por grandes agricultores pois eles detinham os recursos necessários para desbravar a região e iniciar a produção agrícola O padrão de ocupação se reflete na representatividade da posse da terra que é bastante concentrada Apesar de haver mais estabelecimentos de agri cultura familiar do que estabelecimentos agropecuários na região a área destes é muito superior à área ocupada pela agricultura familiar CASTRO 2014a Região Nordeste A ocupação agrícola da Região Nordeste iniciouse poucos anos após o des cobrimento do Brasil com o desenvolvimento da primeira cultura para expor tação a canadeaçúcar em meados do século XVI Tal cultura movimentou O agronegócio brasileiro 4 grande quantidade de capital entre a colônia e a metrópole E como esse tipo de cultura agrícola demandava grandes áreas para plantio além da construção de engenhos e de todo o aparato necessário para o seu funcionamento houve a difusão da atividade ao longo do litoral com grande concentração agrária Com a crise do comércio de açúcar no século XVII essas atividades foram interrompidas ao mesmo tempo em que outras regiões do País mostraram outras potencialidades a serem exploradas Os problemas enfrentados pelo Nordeste a partir do século XVIII que o afastaram da dinâmica que estava em expansão em outras partes do território refletiramse em todo o seu processo de desenvolvimento À medida que a Região Sudeste se consolidou como polo de atração a partir da concentração das formas produtivas e da acumulação de capital os fluxos de capitais serviços e mercadorias passaram a sair dessa região em direção às demais Os primeiros fluxos saíram do Sudeste em direção ao Sul do País e depois ao CentroOeste e ao estado da Bahia O Nordeste passou a ser reintegrado ao contexto econômico brasileiro a partir do crescimento de pontos importantes do território em que o agrone gócio estava em ascensão e não como um fenômeno generalizado Estados como a Bahia em função da pecuária e o Maranhão com a cultura do algodão permitiram o reestabelecimento dos fluxos entre o Sudeste desenvolvido e o Nordeste Além disso o desenvolvimento das cidades litorâneas e a expansão da urbanização também criaram alguns fluxos entre as regiões mas pouco significativos Nessa segunda etapa de desenvolvimento o agronegócio se estabeleceu para atender às demandas externas sendo que muitos empre endimentos foram financiados pelo Estado Da mesma maneira que ocorre na região CentroOeste o padrão de ocu pação também se reflete na representatividade da posse da terra que é bastante concentrada Apesar de haver mais estabelecimentos de agricultura familiar do que estabelecimentos agropecuários na região a área destes é muito superior à área ocupada pela agricultura familiar CASTRO 2014a Região Norte A Região Norte foi uma das últimas a se desenvolver e a integrar a cadeia de agronegócio brasileira Sua ocupação se deu a partir do século XVII com o objetivo de expansão territorial e povoamento Naquele momento esta beleceuse a base da agricultura familiar que permanece até os dias atuais há mais ocupação territorial familiar do que empreendimentos agrícolas CASTRO 2014b O agronegócio brasileiro 5 As atividades agrícolas praticadas nessa região ainda são de caráter extensivo com baixa mecanização e pouco uso de tecnologias com a ma nutenção de uma pecuária primitiva e do extrativismo vegetal No entanto a pecuária e a produção de soja bem como de outros produtos importantes para o agronegócio encontramse em expansão Os entraves do desenvolvimento agrícola da Região Norte estão associados à presença de grandes áreas de proteção ambiental Embora ações clandestinas tentem expandir o uso do solo nessa região os órgãos ambientais e a legislação mesmo que incipientes e com baixo rigor ainda protegem essas áreas O agronegócio e a agricultura familiar no Brasil Agronegócio é um termo de origem norteamericana agribusiness Ele designa um conjunto de ações que regem os negócios relacionados à pecuária e à agricultura vinculados a atividades agropecuárias desenvolvidas em grandes extensões de terra e em grande escala SAUER 2008 Para que as atividades em larga escala do agronegócio pudessem ser desenvolvidas incluindo toda a cadeia de negócios associada como os produ tores rurais a indústria de insumos agrícolas e a comercialização da produção era necessária uma grande transformação na estrutura vigente no País E essa transformação estaria associada aos modos de produção à tecnificação à produção em larga escala e à competitividade no mercado global Nesse sentido a partir da década de 1990 com a inserção de grandes empresas multinacionais no mercado agropecuário brasileiro surgiram os grandes e modernos empreendimentos agrícolas Mas para que a moderniza ção ocorresse era necessário reduzir a participação de produtores conside rados menos eficientes e pouco competitivos representados pelas pequenas propriedades rurais ligadas à agricultura familiar e pelos latifúndios usados como reserva de valor SAUER 2008 Para isso foi inserido todo o aparato tecnológico da Revolução Verde nos empreendimentos agrícolas ligados às grandes empresas multinacionais Os espaços menos produtivos como os latifúndios e as pequenas propriedades rurais não foram capazes de acompanhar a evolução tecnológica O agronegócio brasileiro 6 A Revolução Verde ou Segunda Revolução Agrícola Contemporânea teve como princípio o aumento da industrialização na agricultura Isso se deu por meio da quantidade e da especialização das maquinarias de melhorias genéticas para a padronização do cultivo e dos produtos e da quimi ficação com o desenvolvimento e a adoção de insumos agrícolas As características estruturais da agricultura familiar não permitiram a adequação às tecnologias pois as terras além da sua baixa qualidade não eram tão extensas para a utilização de maquinários Além disso a necessidade de múltiplas culturas a grande quantidade de mão de obra empregada a falta de recursos financeiros por parte do agricultor e a ausência de incentivo do Estado dificultaram o acesso às tecnologias Percebese que o Brasil na busca por sua inserção no mercado global incentivado pelo neoliberalismo e com a prerrogativa da necessidade do aumento da produção para a alimentação de uma população cada vez mais numerosa permitiu que as leis de mercado reduzissem a participação da agricultura familiar no País Além das imposições do mercado internacional para a modernização da agricultura o próprio Estado por meio de políticas públicas de subsídios diversos para os grandes empreendimentos agrícolas colaborou para a redução da agricultura familiar Assim houve uma imposição do aparato tecnológico mesmo sabendose que as pequenas propriedades rurais não participariam dessa modernização por motivos estruturais já citados Justificouse que elas eram propriedades pouco produtivas e eficientes SAUER 2008 A agricultura familiar no contexto do agronegócio A agricultura familiar pode ser definida como uma forma de produção em que há interação entre gestão e trabalho São os próprios agricultoresproprie tários de pequenas propriedades rurais que dirigem o processo produtivo Esse tipo de agricultura trabalha com a diversificação de produtos e usa prioritariamente o trabalho familiar eventualmente complementando a mão de obra com o trabalho assalariado Portanto a agricultura familiar é diferente de um empreendimento agrí cola que extrai sua produção por meio do trabalho assalariado e que tem por objetivo a maximização da produção e dos lucros A produção familiar é orientada para a satisfação das necessidades e para a reprodução da família O agronegócio brasileiro 7 Nesse sentido a decisão sobre o aumento da produção ou a expansão de determinada atividade deve em primeiro lugar considerar o bemestar da família e depois o lucro Considerando esses conceitos perceba que os interesses da agricultura familiar são opostos aos interesses dos grandes empreendimentos agrícolas Nesse sentido o Estado ao desejar sua inserção no mercado global atuou e ainda atua no enfraquecimento das pequenas propriedades rurais pois além de produzirem em menor escala elas não produzem commodities Ao fomentar os empreendimentos agrícolas com subsídios e todo o aparato de infraestrutura como rodovias portos e ferrovias o Estado também atua em benefício de grandes grupos multinacionais que não se limitam à agricultura mas também investem em toda a cadeia de proces samento dos produtos agrícolas Assim o sistema alimentar brasileiro é baseado em produtos multinacionais superprocessados e padronizados e o papel das pequenas propriedades rurais no fornecimento de alimentos é desvalorizado Impactos ambientais do agronegócio no Brasil Para compreender os impactos ambientais do agronegócio no meio am biente você deve considerar o meio ambiente como um sistema A visão sistêmica baseada na teoria dos sistemas no holismo e no materialismo dialético considera o meio ambiente como um grande sistema Tal sistema tem por objetivo a manutenção e o desenvolvimento da vida bem como a regulação dos processos que ocorrem nas relações naturezanatureza naturezasociedade e sociedadesociedade determinadas pelo nível de desenvolvimento da produção material das diferentes culturas COSTA PIMENTA CONCEIÇÃO 2018 Nesse contexto podese caracterizar o meio ambiente rural como um sistema que atua entre as escalas local e regional considerando que os problemas e impactos ocorridos nos sistemas rurais também impactam os sistemas naturais e os sistemas urbanos Assim os principais impactos ambientais associados ao agronegócio e relacionados às atividades humanas predominantes no espaço rural são queimadas desmatamento erosão assoreamento lixiviação laterização pisoteio salinização desertificação e poluição COSTA PIMENTA CONCEIÇÃO 2018 A seguir você vai conhecer melhor esses impactos O agronegócio brasileiro 8 Queimadas A queimada é uma prática rural primitiva Ela tem por objetivo remover de forma rápida a vegetação do terreno para a posterior prática da agricultura ou pecuária extensiva Esse tipo de manejo pode ser realizado de forma controlada ou não controlada A queimada controlada pode oferecer alguns benefícios como a redução de material combustível no terreno a indução do surgimento de um sub bosque auxiliando o equilíbrio ecológico e o controle do desenvolvimento de espécies indesejáveis parasitas e doenças prejudiciais ao cultivo ao pastoreio e às populações No entanto a queimada não controlada é responsável por uma série de grandes impactos Com a expansão do agronegócio e por conseguinte da necessidade de terras as queimadas são realizadas sem nenhum cuidado desconsiderando estações mais secas e com baixo índice pluviométrico além de áreas de proteção Além disso as queimadas causam o aumento da emissão de gases do efeito estufa a fragmentação de remanescentes florestais prejudicando a fauna a diminuição da biodiversidade a alteração no regime de chuvas a deterioração das funções do solo etc O manejo inadequado nas áreas rurais também provoca impactos nas áreas urbanas como o aumento da incidência de doenças respiratórias devido à poluição do ar a destruição da rede elétrica e acidentes de trânsito pela perda de visibilidade e a redução da qualidade de vida De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE as queimadas no Pantanal que ocorreram até setembro de 2020 atingiram a marca de 15756 focos de incêndio Mas só na primeira quinzena de setembro foram registrados 5603 pontos o que representou a maior taxa histórica para o mês desde 1998 quando o monitoramento foi iniciado BRONZE 2020 Desmatamento O desmatamento ou desflorestamento consiste na remoção permanente da cobertura vegetal por atividades humanas A expansão do agronegócio está intimamente associada ao alto índice de desmatamento já que existe uma cultura que relaciona uma maior produtividade a maiores extensões de terra plantada O agronegócio brasileiro 9 O desmatamento se trata de uma técnica mais barata de aumento da produtividade quando comparada a investimentos em pesquisa tecnologia e insumos já que é menos custosa do que a otimização do uso do solo Assim o desmatamento acaba sendo mais utilizado pelos empreendimentos agropecuários É importante salientar também que devido à reduzida fiscalização por parte dos órgãos ambientais e ao baixo rigor da legislação ambiental o desmatamento continua sendo realizado em áreas importantes e de grande relevância ambiental do País como a Amazônia Os principais impactos relacionados ao desmatamento são a redução da fauna e da flora devido à alteração do ecossistema local e regional o aumento dos processos erosivos o assoreamento dos corpos hídricos próximos a redução da evapotranspiração que interfere no ciclo da água e consequentemente nos índices pluviométricos o rebaixamento do nível de lençóis freáticos e aquíferos e o aumento da desertificação Erosão A erosão é um processo que envolve o destacamento da partícula o seu transporte por agentes naturais como a água o vento o gelo e as marés e a sua deposição Esse processo pode apresentar como motivadores agentes naturais e agentes antrópicos As atividades relacionadas ao agronegócio como o desmatamento e as queimadas podem causar e também acelerar os processos erosivos A retirada e a queima da vegetação deixam a cobertura pedológica mais exposta aos agentes erosivos permitindo a remoção rápida das partículas de solos e de materiais de alteração A perda de solo por processos erosivos provoca a degradação do solo já que a erosão além de transportar a camada fértil o horizonte A também lixivia os elementos químicos presentes no solo Todo esse processo promove a perda econômica do solo agricultável enquanto capital produtivo já que sua produtividade é sensivelmente reduzida Outras consequências associadas à erosão dos solos são o transporte de partículas para os corpos dágua promovendo o assoreamento e o aumento da frequência e da intensidade de inundações e enchentes e a remoção das partículas pela erosão que fragiliza o relevo mais acidentado facilitando o movimento de massa O agronegócio brasileiro 10 Assoreamento O assoreamento consiste na obstrução de canais e leitos de rios e na deposição de materiais em lagos ocasionadas pelo aumento do aporte de partículas de solos rochas e materiais de alteração provenientes dos processos erosivos Ele é um processo natural já que a erosão atua constantemente no relevo removendo e depositando o material ao longo do tempo No entanto as ações antrópicas especialmente na agricultura têm aumentado a frequência e a intensidade do processo de assoreamento Como consequências do assoreamento podese citar a redução da fauna e da flora subaquática a redução da qualidade e da potabilidade da água para uso humano e animal a contaminação dos mananciais a perda da capacidade de navegação a diminuição da velocidade de vazão e o aumento de eventos relacionados a enchentes e inundações Lixiviação A lixiviação consiste em um processo físico de lavagem do solo no qual a água da precipitação se infiltra no solo carregando sedimentos e elementos químicos mais solúveis e empobrecendo os horizontes superiores horizontes O e A Os elementos menos solúveis como o alumínio são mais resistentes à lixiviação e permanecem no solo interagindo com os outros elementos ocasionando problemas como o desequilíbrio do pH mais ácido e a toxidade do solo No caso do agronegócio o excesso de irrigação associado ao desma tamento e a outros manejos inadequados do solo pode incrementar os processos de lixiviação dos solos tornandoos menos férteis ao longo do tempo Muitas vezes essas áreas quando a produtividade é reduzida são abandonadas transformandose em solos degradados e dificultando o rees tabelecimento de qualquer ecossistema Isso é especialmente preocupante em áreas de clima tropical como no caso do Brasil onde a alta pluviosidade associada ao manejo incorreto da irrigação em solos desmatados e despro tegidos torna os solos ainda mais propícios à lixiviação Laterização A laterização é um processo associado à lixiviação já que com a lavagem do solo pela irrigação e pela ação da precipitação nos solos desprotegidos os elementos menos solúveis como ferro e alumínio permanecem nas camadas O agronegócio brasileiro 11 superficiais A alta concentração desses elementos forma uma crosta ferru ginosa no horizonte mais superficial dificultando a penetração das raízes e inviabilizando o crescimento das plantas Os solos transformados por esse processo são chamados de solos lateríticos As crostas que formam materiais muito consolidados como rocha são chamadas de lateritas Algumas lateritas são muito ricas em alumínio cujas jazidas formadas pela laterização constituem importantes depósitos de bauxita Compactação do solo A compactação do solo é um processo em que a densidade do solo é au mentada Isso promove o aumento da resistência do solo e a redução da porosidade da permeabilidade e da disponibilidade de nutrientes e água As atividades relacionadas ao agronegócio contribuem para a compactação do solo devido ao manejo do solo e das lavouras por meio do tráfego de maquinário pesado e ao trânsito de animais durante o pastoreiro O peso do maquinário e dos animais promove a redução dos poros presentes no solo aumentando a densidade do solo e causando uma série de impactos Entre tais impactos destacamse a diminuição das taxas de infiltração da água no solo o aumento do escoamento superficial elevando as taxas de erosão do solo e a redução da produtividade devido à dificuldade de desenvolvimento do sistema radicular das plantas Salinização A salinidade consiste na presença de sais solúveis no solo Quando a con centração de sais ultrapassa determinado padrão na solução do solo este é classificado como solo salinizado O processo de salinização geralmente ocorre em solos localizados em regiões de baixa precipitação pluviométrica e com lençol freático próximo da superfície Nas regiões de baixa pluviosidade a prática de irrigação é indispensável para a manutenção da produtividade agrícola No entanto se os solos não apresentarem boa drenagem e se a irrigação for feita de maneira incorreta a água pode se acumular no solo e com a sua evaporação os sais presentes na água e os sais já existentes nos solos e no lençol freático se acumulam atrapalhando o desenvolvimento das culturas agrícolas O agronegócio brasileiro 12 A salinização é de certa forma um subproduto da irrigação Consi dere por exemplo uma lâmina de 100 mm de água com concentração de sais de 05 gl aplicada a 1 hectare Ela deposita naquela área 500 kg de sais Daí a importância da eficiência dos sistemas de irrigação quanto mais eficiente for o sistema menores serão a lâmina de água aplicada e também a quantidade de sais conduzida para a área irrigada Desertificação A desertificação é um processo relacionado à degradação dos solos em áreas áridas semiáridas e subúmidas secas Ela pode resultar tanto de fatores naturais e climáticos como de atividades humanas Nesse sentido a deser tificação pode ser definida ainda como a redução da produtividade biológica ou econômica das terras devido à interação complexa de fatores físicos biológicos políticos sociais culturais e econômicos As ações necessárias ao desenvolvimento do agronegócio como o desma tamento e a degradação do solo pelos processos erosivos e pela lixiviação deterioram o solo originando áreas de solos rasos e com limitações quími cas e físicas Essas consequências reduzem a produção e a renda além de deteriorarem as condições sociais Poluição A poluição pode ser definida de forma geral como o lançamento ou a adição de qualquer substância matéria ou forma de energia como luz calor e som ao meio ambiente em quantidades que resultem em concentrações maiores do que as encontradas naturalmente na natureza CERRI NETO FERREIRA 2009 As alterações promovidas pelo agronegócio como a degradação dos solos por meio da erosão da lixiviação da laterização e da compactação além do próprio manejo agrícola inadequado como irrigação e fertilização liberam uma grande quantidade de elementos químicos e sedimentos que alteram o equilíbrio dos sistemas naturais Dessa forma além dos impactos causados pelo agronegócio no campo também há repercussões diretas e indiretas em outros sistemas sejam eles antrópicos como as cidades ou outros sistemas naturais do entorno No caso dos sistemas urbanos a qualidade do ar e da água pode ser afetada pelo avanço das atividades agrícolas O agronegócio brasileiro 13 Já nos sistemas naturais a inserção de elementos químicos e sais e a redução da qualidade do solo como um todo afetam o funcionamento dos ecossistemas alterando o seu equilibro biogeoquímico e prejudicando a fauna e a flora Referências BRONZE G Pantanal tem setembro com mais queimadas na história do bioma São Paulo CNN Brasil 2020 Disponível em httpswwwcnnbrasilcombrnacional20200917 pantanaltemsetembrocommaisqueimadasnahistoriadobioma Acesso em 2 jan 2021 CASTRO C N A agropecuária na região centrooeste limitações e desafios futuros Rio de Janeiro Ipea 2014a CASTRO C N A agropecuária na região norte limitações e desafios futuros Rio de Janeiro Ipea 2014b CASTRO C N A agropecuária na região sudeste limitações e desafios futuros Rio de Janeiro Ipea 2014c CASTRO C N A agropecuária na região sul limitações e desafios futuros Rio de Janeiro Ipea 2014d CERRI NETO M FERREIRA G C Poluição incompatibilidades entre conceitos legal e técnico Geociências São Paulo v 28 n 2 p 165180 abrmaio 2009 COSTA A J S T PIMENTA J R S CONCEIÇÃO R S Geografia meio ambiente e sociedade Rio de Janeiro Fundação Cecierj 2018 SAUER S Agricultura familiar versus agronegócio a dinâmica sociopolítica no campo brasileiro Brasília DF Embrapa Informação Tecnológica 2008 Leituras recomendadas CASTRO C N A agropecuária na região nordeste limitações e desafios futuros Rio de Janeiro Ipea 2014 ROSS J L S Org Geografia do Brasil São Paulo Edusp 2011 SANTOS M A Poluição do meio ambiente Rio de Janeiro LTC 2017 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material No entanto a rede é extremamente dinâmica suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo Assim os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade precisão ou integralidade das informações referidas em tais links O agronegócio brasileiro 14