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Ciências Econômicas ·
História Econômica
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Texto de pré-visualização
HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância IORI Carla Fabiana de Andrade Gonçalves História Econômica Geral Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori MaringáPr UniCesumar 2018 Reimpresso em 2021 200 p Graduação EaD 1 História 2 Economia 3 EaD I Título ISBN 9788545911517 CDD 22 ed 3309 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Direção Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Operações Chrystiano Mincof Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Silvio Cesar de Castro Designer Educacional Bárbara Neves Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Victor Augusto Thomazini Qualidade Textual Estela Pereira dos Santos Ilustração Bruno Cesar Pardinho Figueiredo Marta Sayuri Kakitani Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportu nidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica con tribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competên cias e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá rios para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das dis cussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica CURRÍCULO Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE especialização em Gestão Financeira e Contábil Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Paranavaí FAFIPA e graduação pela Universidade Estadual de Maringá UEM em Ciências Econômicas Atua como professora de Economia na Unicesumar desde 2009 Foi instrutora de matemática financeira com utilização da calculadora financeira hp12c no SENAC De 2002 a 2011 atuou na instituição financeira HSBC Bank Brasil SA Banco Múltiplo como gerente de negócios Desenvolve pesquisas na área de Economia Política Para saber mais sobre esse currículo acesse httplattescnpq br9999135590410897 SEJA BEMVINDOA É uma imensa satisfação apresentar a você este material Ele é fruto do encontro viven ciado durante minha atividade estudantil e profissional Isso porque é uma temática que me encanta desde a graduação em Ciências Econômicas na Universidade Estadual de Maringá passando pela minha experiência em uma instituição financeira quando pude perceber que o mercado obedece à leis econômicas universais simultaneamente à carreira acadêmica ao observar que a história é a ferramenta explicativa de muitas realizações do presente Ao abrir este material é provável que você caroa alunoa tenha alguma expectati va quanto ao conteúdo Diante de projeções é sempre um desafio atender a contento Devo antecipar portanto que é possível elaborar diferentes histórias econômicas ge rais ainda que os processos históricos observados sejam os mesmos Assim é conve niente nesta apresentação demonstrar que meu compromisso é facilitar a compreen são da dinâmica histórica que envolve a descrição dos esforços que o homem fez ao longo dos séculos para satisfazer as necessidades materiais IGLESIAS 1959 p 27 apud SAES 2013 p 1 Para o desenvolvimento desse material fizemos uso de muitas obras que foram trans formando o modo de ver a economia da autora Contudo devo creditar principalmente dois manuais de História Econômica Geral que em muito contribuíram para que fosse possível essa compilação de assuntos História Econômica Geral do professor Cyro Re zende 2010 e o trabalho dos professores Flávio Azevedo Marques de Saes com Alexan dre Macchione Saes 2013 Ao estudar física ou química há possibilidades de estudar efeitos da causa x sobre o evento y isolando cuidadosamente a modificação de outras variáveis que poderiam eventualmente perturbála Na economia não há essa possibilidade Nas ciências na turais a descoberta de leis não modifica a natureza Por exemplo Newton formulou a Lei da gravitação universal e a constante gravitacional não sofreu alterações ao longo dos séculos A economia é uma área do conhecimento com uma peculiaridade bastante diferente das referidas acima Tratase de uma ciência social A natureza na economia é a sociedade humana Um agrupamento de indivíduos diferentes uns dos outros que reagem aos estímulos de formas diversas raciocinam têm diversas identidades e por assim dizer pertencem a culturas Formam um complexo sistema de interrelações que se modificam e se dinamizam durante o tempo E nesse panorama é fundamental o domínio da história que envolve processos pessoas sistemas atividades e costumes das épocas passadas para avaliar e refletir o presente O objeto da economia não muda O que vai variar é o comportamento da sociedade diante dos fatos históricos a sociedade muda à medida que ela se conhece É no intuito de aprender que a economia não tem relações estáveis e que estamos sempre em mu dança que o presente material se apresenta Temos portanto em mãos um trabalho de cunho exploratório e bibliográfico para atender a uma demanda de caráter didáticoin formativo APRESENTAÇÃO HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL Leis e normas humanas transformaram algumas pessoas em escravos e outras em senhores Destarte você será apresentado aos Primeiros Sistemas Econômicos de forma muito breve mas saberá que eles são a gênese do sistema atual Será uma viagem temporal que discorrerá sobre os marcos históricos econômicos principalmente a partir da centralização da análise no espaço europeu área privi legiada da assunção do sistema capitalista Para tanto é mister a abordagem da transição do feudalismo ao capitalismo O processo reflexivo acerca da relevância da Revolução Industrial também será mo tivo de trabalho Como um dos resultados dessa transformação será relevante en tender a alta dos preços e a Grande Depressão por volta dos anos 1873 Esse cenário está contextualizado com a Segunda Revolução Industrial e a questão do Capital Monopolista e Imperialismo O contexto de ampliação do espaço econômico culminará na Primeira Guerra Mun dial que impactará a década de 1920 O capitalismo passa por sucessivas crises e possivelmente a mais importante de sua história é a Grande Depressão de 1929 assunto entre outros da Unidade IV Por fim os mecanismos do capitalismo em sua fase tardia os quais enfatizam as profundas mudanças que a Terceira Revolução Industrial acarretaram ao sistema Por fim é um trabalho introdutório e simplificado diante da proporção que é de fato a História Econômica Geral nas suas mais diversas vertentes que não podemos abordar aqui por uma questão didática No entanto sem dúvida encontraremos nos nas aulas em formatos de vídeos como forma complementar a esse trabalho É certamente um trabalho realizado com muita dedicação e seriedade por parte da Unicesumar representada aqui pelo professor Silvio Castro coordenador do curso de Ciências Econômicas que confiou a mim este trabalho ao qual sou grata por ter a possibilidade de compartilhar meu conhecimento com vocês Bons estudos APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO 15 Introdução 16 A Relação Entre Economia e História 27 A Economia na Antiguidade 33 O Feudalismo 52 Considerações Finais 57 Referências 59 Gabarito UNIDADE II O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 63 Introdução 64 O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção 74 A Revolução Industrial 87 A Revolução Industrial e sua Amplitude 92 Considerações Finais 98 Referências 99 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES CAPITALISTAS 18701913 103 Introdução 104 A Grande Depressão do Século XIX 107 A Segunda Revolução Industrial 112 Uma Breve Contextualização Histórica do Capitalismo e seu Alargamento Geográfico 114 O Capital Monopolista 121 Imperialismo 126 Considerações Finais 131 Referências 132 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE IV A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 135 Introdução 136 A Primeira Guerra Mundial 147 O PósGuerra 153 A Economia Mundial e os Anos 20 156 A Grande Depressão 19291933 159 Considerações Finais 164 Referências 165 Gabarito SUMÁRIO 12 UNIDADE V A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS 169 Introdução 170 O Contexto da Segunda Guerra Mundial 172 A Dimensão da Segunda Guerra Mundial 177 O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças 187 Considerações Finais 194 Referências 195 Gabarito 196 CONCLUSÃO UNIDADE I Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Objetivos de Aprendizagem Refletir a relação entre economia e história Conhecer a Economia na Antiguidade Reconhecer o sistema feudal e apreender aspectos do mercantilismo Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A relação entre economia e história A Economia na Antiguidade O feudalismo INTRODUÇÃO Caroa alunoa o conteúdo que você encontrará nas próximas páginas foi minuciosamente construído no intuito de lograr a compreensão da íntima rela ção da economia e da história o nascimento da História Econômica o processo gestacional do capitalismo o feudalismo e o mercantilismo É por acreditar categoricamente na primordialidade da história como ferra menta de análise do momento presente principalmente no que tange às questões materiais de vivência que nos dedicamos na primeira parte do material a inves tir no tratamento da relação da história e da economia Destarte o foco de nosso estudo se volta à atividade humana diante da sua satisfação das necessidades materiais no decorrer do tempo Para discorrer sobre esse processo será necessário entender o nascimento da História Econômica Geral enquanto disciplina acadêmica ou seja enquanto área de estudo propriamente dita Para isso faremos uma abordagem econômica e historiográfica diante do amplo panorama dessa temática em caráter descri tivo de modo a situar algumas das principais correntes de estudo da História Econômica A Economia na Antiguidade é ponto chave na percepção de como nos sos antepassados viviam produziam e distribuiam os frutos de suas atividades produtivas Seremos apresentados à sociedade feudal como nos mostra Beaud 1987 que por volta do século XI concretizase em termos organizacionais no âmbito do senhorio constituídos pela servidão trabalho forçado corveia e extorsão do sobre trabalho sob a forma de prestação em trabalho do qual se beneficia o senhor proprietário eminente e detentor das prerrogativas políticas e jurisdicionais Por fim o grande comércio que a circunavegação proporcionará o período mercantilista A riqueza de uma nação estava associada ao montante de ouro e prata que ela possuía Alguns dos primeiros mercantilistas até mesmo acreditavam que esses metais preciosos eram o único tipo de riqueza que valia a pena alejar Sem dúvida uma viagem no tempo econômico Bons estudos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 A RELAÇÃO ENTRE ECONOMIA E HISTÓRIA Nessa caminhada que estamos iniciando caroa alunoa vamos conhecer datas pensadores e acontecimentos isto é vamos trilhar a história sob a pers pectiva econômica É relevante apresentar que conforme Harari 2015 a partir da dimensão temporal há 70 mil anos em que o Homo Sapiens começou a for mar estruturas elaboradas chamadas culturas é que pontuamos a história Há cerca de 135 bilhões de anos a matéria a energia o tempo e o espa ço surgiram naquilo que é conhecido como o Big Bang A história des sas características fundamentais do nosso universo é denominada físi ca Por volta de 300 mil anos após seu surgimento a matéria e a energia começaram a se aglutinar em estruturas complexas chamadas átomos que então se combinaram em moléculas A história dos átomos das moléculas e de suas interações é denominada química Há cerca de 38 bilhões de anos em um planeta chamado Terra certas moléculas se combinaram para formar estruturas particularmente grandes e com plexas chamadas organismos A história dos organismos é denominada biologia Há cerca de 70 mil anos os organismos pertencentes à espécie Homo sapiens começaram a formar estruturas ainda mais elaboradas chamadas culturas O desenvolvimento subsequente dessas culturas humanas é denominado história HARARI 2015 p11 Quadro 1 Cronologia ANOS ATRÁS 135 bilhões Surgem matéria e energia Começo da física Aparecem átomos e moléculas Começo da química 45 bilhões Formação do planeta Terra 38 bilhões Surgimento de organismos Começo da biologia 6 milhões Último ancestral em comum de humanos e chimpanzés A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 ANOS ATRÁS 25 milhões Evolução do gênero Homo na África Primeiras ferramentas de pedra 2 milhões Humanos se espalham da África para Eurásia Evolução de dife rentes espécies humanas 500 mil Surgem os neandertais na Europa e no Oriente Médio 300 mil Uso cotidiano do fogo 200 mil Surge o Homo sapiens na África Oriental 70 mil Revolução Cognitiva Surge a linguagem ficcional Começo da história Os sapiens se espalham a partir da África 45 mil Os sapiens povoam a Austrália Extinção da megafauna australiana 30 mil Extinção dos neandertais 16 mil Os sapiens povoam a América Extinção da megafauna americana 13 mil Extinção do Homo floresiensis 12 mil Revolução Agrícola Domesticação de plantas e animais Assentamentos permanentes 5 mil Primeiros reinos sistemas de escrita e dinheiro Religiões politeístas 425 mil Primeiro império o Império Acádio de Sargão 25 mil Invenção da moeda um dinheiro universal Império Persa uma ordem política universal em prol de todos os humanos Budismo na Índia uma verdade universal para libertar todos os seres do sofrimento 2 mil Império Han na China Império romano no Mediterrâneo Cristianismo 14 mil Islamismo 500 Revolução Científica A humanidade admite sua ignorância e começa a conquistar a América e os oceanos O planeta inteiro se torna um só palco histórico Ascensão do capitalismo 200 Revolução Industrial Família e comunidade são substituídas por Estado e mercado Extinção em massa de plantas e animais O presente Os humanos transcendem os limites do planeta Terra As armas nucleares ameaçam a sobrevivência da humanidade Cada vez mais os organismos são moldados por design inteligente e não por seleção natural O futuro O design inteligente se torna o princípio básico da vida O homo sapiens é substituído por superhumanos Fonte Harari 2015 p 8 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 O tratamento da palavra história em sua abordagem etimológica em todas as línguas românicas e em inglês vem do grego antigo historie Encaminhanos para a noção de testemunha daquele que vê o sentido de procurar Podemos ir além e em Heródoto considerado o Pai da História perceber o significado dessa ciência hoje ciência como procura das ações realizadas pelos homens Esta é a exposição das investigações de Heródoto de Halicarnasso para que os feitos dos homens não se desvaneçam com o tempo nem fiquem sem renome as grandes e maravilhosas empresas realizadas quer pelos Helenos quer pelos Bárbaros e sobretudo a razão porque entraram em guerra uns com os outros HERÓDOTO 1994 p 53 apud PRIORI MARTIN 2010 p 12 Em Le Goff 1995 p 17 Mas a história pode ter ainda um terceiro sentido o de narração Uma história é uma narração verdadeira ou falsa com base na realidade histórica ou puramente imaginária pode ser uma narração histórica ou uma fábula O inglês escapa a esta última confusão porque distingue entre history e story história e conto A partir da etimologia podemos entender que estamos tratando de uma busca de uma forma investigativa dentro de um recorte temporal a história está intrin secamente aliada ao tempo em que o humano enquanto ser social modifica desenvolvese e por assim dizer está inserido em uma cultura O tempo não o chronos cronológico estabelecido pelo desenvolvimento das culturas mas por aquele que conforme Elias 1998 p 13 Remete a esse relacionamento de posições ou segmentos pertencentes a duas ou mais sequências de acontecimentos em evolução contínua Se as sequências em si são perceptíveis relacionálas representa a ela boração dessas percepções pelo saber humano Isso encontra uma ex pressão num símbolo social comunicável a ideia de tempo a qual no interior de uma sociedade permite transmitir de um ser humano para outros imagens mnêmicas que dão lugar a uma experiência mas que não podem ser percebidas pelos sentidos não perceptivos Contudo o que é a história na sua forma clássica e como ela se relaciona com a História Econômica Marc Bloch 2001 p51 definiu a História como a ciência dos homens no tempo Em outras palavras conforme Saes e Saes 2013 é o estudo da atividade A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 humana em suas múltiplas dimensões na perspectiva da mudança ao longo do tempo Em termos do foco de nosso estudo a atividade humana voltada à satisfa ção das necessidades materiais Ainda podemos pensar que tratase dos esforços que o homem faz fez ao longo dos séculos para satisfazer suas necessidades materiais IGLÉSIAS 1959 p 27 apud SAES SAES 2013 p 1 Aquilo que con sideramos como essencial se modifica de acordo com cada época Em determinadas épocas e locais as necessidades materiais das pessoas podem ser supridas por seu próprio esforço numa comunidade estritamente rural aquele que cultiva a terra e cria alguns animais pode produzir tudo ou quase tudo o que necessita para sobrevivência levando em conta o que é considerado necessário naquele momento como alimento vestuário habitação Na socieda de atual as necessidades materiais comportam muito mais do que ali mentos vestuário e habitação pois bens duráveis como os eletrônicos meios de transporte lazer cultura etc passaram a fazer parte do dia a dia de grande parte da população SAES SAES 2013 p 2 Redes produtivas comerciais e financeiras compõem a interligação do com plexo sistema para obtenção desses produtos que se tornaram necessários no nosso cotidiano Por exemplo um operador financeiro no Brasil ao almoçar em um restaurante certamente está consumindo algum alimento produzido em outro país talvez da América Latina e cuja preparação exigiu o uso de uten sílios importados provavelmente da América do Norte da Europa ou da Ásia Assim da origem desses produtos à mesa do restaurante há um vasto conjunto de empresas e trabalhadores na maior parte das vezes desconhecidos daquele que é o consumidor final desses produtos A teoria contemporânea tem as cicatrizes dos problemas do passado agora resolvidos os erros do passado agora corrigidos e não poderá ser comple tamente entendida exceto como um legado do passado Mark Blaug A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 Caroa alunoa diante da sua possível expectativa acerca deste conteúdo é impor tante que seja esclarecido que estamos diante da Economia e da História duas atuais ciências que se relacionam para contribuir de maneira a procurar identifi car as formas pelas quais os homens satisfazem suas necessidades materiais como também de investigar de que maneira essas formas se alteram ao longo do tempo por meio de diferentes relações entre os homens que participam desse processo trabalhadores empresários consumidores e de técnicas em constante alteração SURGIMENTO DA HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL E a História Econômica Geral Como surgiu Enquanto disciplina acadêmica ela surgiu como uma reação às tendências dominantes nessas duas disciplinas Destarte é relevante a indicação das distintas perspectivas que definem as prin cipais correntes da História Econômica Isso se deve às implicações possíveis sobre a interpretação dos processos históricos No fim do século XIX predominava na Economia a corrente marginalista ver mais sobre a revolução marginalista no elemento textual leitura complementar A figura 1 procura elucidar esse cenário Na História prevalecia o positivismo e o historicismo enquanto a economia perpassava a Revolução Marginalista Figura 1 O Século XIX e as correntes predominantes na Economia e na História Fonte a autora A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 Segundo Saes e Saes 2013 Adam Smith via a história da economia como uma sequência de formas de atividade econômica caça coleta pastoreio agricul tura e comércio De modo que o pensador escocês preservava uma perspectiva histórica em suas reflexões Essa seria a ordem natural ou seja como deveria ter acontecido ou acontecer em cada sociedade De modo geral os economis tas clássicos mantiveram a preocupação em relação às mudanças da economia pontuadas em sua dimensão temporal O surgimento e o desenvolvimento do capitalismo para Karl Marx é expli cado por meio de sua vasta construção teórica Na Alemanha a Economia como disciplina esteve associada à chamada Escola Histórica Essa corrente de pen samento deu importância aos trabalhos históricos e de forma geral à descrição dos detalhes para ela este é o trabalho mais importante ou pelo menos o que em primeiro lugar se impõe às Ciências Sociais SCHUMPETER apud SAES SAES 2013 p 4 Ao apresentar o termo escola estamos tratando da noção que remete ao sentido de uma corrente de pensamento Pois entendese que sempre que ocorre um padrão ou programa mínimo perceptível no trabalho de grupo formado por um número significativo de praticantes de determinada ativi dade ou de produtores de certo tipo de conhecimento sendo ainda impor tante que haja uma certa intercomunicação entre estes praticantes a consti tuição de uma identidade em comum frequentemente também ocorrendo a consolidação de meios para a difusão das idéias do grupo como é o caso de revistas especializadas controladas por seus membros ou programas vei culados em mídias diversas Será importante entender ainda que as esco las podem apresentar uma referência sincrônica relacionada a autores ou praticantes de uma mesma época e uma referência diacrônica no sentido de que a escola pode se estender no tempo e abarcar sucessivas gerações ou ser por elas reivindicada Fonte autora A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 Na Economia Política nome da disciplina antes da revolução marginalista não havia nenhum historiador econômico propriamente Entretanto os pensadores da Economia Política demonstravam em suas obras elementos ou preocupações com o que viria a ser a História Econômica como disciplina O fato é que com a ascensão dos marginalistas corrente de pensamento a perspectiva política perde espaço para os assuntos que tratam da organização dos fatores produtivos Isso porque o foco do pensamento econômico como já adiantamos passa a ter uma abordagem estática Em outras palavras a preocupação com as transforma ções que ocorrem no tempo sob um caráter de evolução das relações materiais de produção assumem outra abordagem A atenção passa a ser para o entendi mento do processo de formação dos preços dos bens e a alocação dos recursos com base nas preferências dos indivíduos em determinado momento do tempo Na perspectiva dos marginalistas na Economia não havia espaço para a História aliás essa perspectiva foi formulada na polêmica sobre o Método entre os mar ginalistas em especial pelo austríaco Karl Menger e a Escola Histórica Alemã representada por G Schmoller SCHUMPETER 1968 p 177185 Saes e Saes 2013 apresentam que o afastamento entre Economia e a História não ocorreu apenas com os marginalistas pois esse foi um movimento mais geral que talvez contraditoriamente fortaleceu a História Econômica Sem espaço para integrar seus estudos à teoria econômica aqueles que de algum modo dedicavamse à análise da história de economias nacionais buscaram um espaço específico para sua atividade Daí o surgimento da História Econômica como disciplina acadêmica nos países anglosaxões no final do século XIX e no começo do século XX A primeira cadeira de História Econômica foi estabelecida nos Estados Uni dos em 1892 na Universidade de Harvard Assumiua o inglês William Ashley antigo professor de Oxford e autor de Introduction to English Economic History and Theory Fonte Harte 2001 apud SAES SAES 2013 p 5 A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 A HISTÓRIA ECONÔMICA E A ESCOLA DOS ANNALES Ainda dentro do panorama da afirmação da História Econômica como disciplina temos que na França o percurso que vai pautar o posicionamento da disciplina é diferente do apresentado com relação à GrãBretanha paí ses anglosaxões Na República Francesa a História Econômica emergiu em oposição às correntes dominantes nos estudos de História no século XIX a história positivista Podemos brevemente entrar na histó ria da história e verificar que o positivismo foi um movimento que passou a incorpo rar métodos próprios no estudo dos fatos históricos Nessa transformação alguns dos princípios do Iluminismo como a elabora ção de regras e leis foram fundamentais Um dos grandes representantes dessa tendência de historiadores cientistas foi o alemão Leopold Von Ranke 17951886 O Positivismo pregava a cientifização do pensamento e do estudo hu mano visando a obtenção de resultados claros objetivos e completa mente corretos Os seguidores desse movimento acreditavam num ide al de neutralidade isto é na separação entre o pesquisadorautor e sua obra esta em vez de mostrar as opiniões e julgamentos de seu criador retrataria de forma neutra e clara uma dada realidade a partir de seus fatos mas sem os analisar Os positivistas crêem que o conhecimento se explica por si mesmo necessitando apenas seu estudioso recuperálo e colocálo à mostra Não foram poucos os que seguiram a corrente positivista Auguste Comte na Filosofia Émile Durkheim na Sociolo gia Fustel de Coulanges na História entre outros contribuíram para fazer do Positivismo e da cientifização do saber um posicionamento poderoso no século XIX BIRARDI CASTELANI BELATTO 2018 online Figura 2 Revista Annales dHistoire Économique et Sociale dirigida por Lucien Febvre e Marc Bloch professores de Estraburgo Fonte Medievista 2014 online¹ A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 E qual de fato era a oposição ao positivismo Veja estamos tratando da primeira metade do século XX Nesse ponto cronológico historiadores franceses des contentes com os pressupostos teóricos e metodológicos aplicados pela Escola Positivista apresentam um espírito inovador com o objetivo de transformar radicalmente os conceitos as metodologias e as práticas aplicadas à produção histórica A Escola dos Annales surgiu aproximadamente em meados da década de 1920 Liderada inicialmente por Lucien Febvre e Marc Bloch Esse movi mento teve como direção principal se opor à História Positivista pois havia chegado a hora de passar a história dos tronos das dominações para o dos povos e das sociedades Quanto aos historiadores que ti vessem a fraqueza de ainda se interessar pelo político e praticar essa história superada fariam o papel de retardatários uma espécie em via de desaparecimento condenada à extinção na medida em que as novas orientações prevalecessem na pesquisa e no ensino RÉMOND 1996 p 1819 O que os historiadores mais jovens desejavam era antes de mais nada mudar o foco da história das elites para as massas para o trabalho para a produção e para as trocas Vários historiadores romperam com o domínio acadêmico do positivismo e produziram obras que incorporavam as novas preocupações con forme o quadro abaixo Quadro 2 Historiadores franceses que se opunham ao método positivista Jean Jaurés Histoire socialiste de la Révolution française História Socialista da Revolução Francesa 1901 1904 François Simiand La méthode positive en science économique Método histórico de Ciência Social 1903 Ernest Labrousse Esquisse du mouvement des prix et des revenus en France au XVIIIe Siècle Tese O movimento dos preços e das rendas na França do século XVIII 1933 Henri Berr Revue de Synthèse abrigava estudos de hitória que iam além do relato dos fatos Henri Pirenne Publicava estudos sobre a história econômica e social da Idade Média Fonte adaptado de Saes e Saes 2013 A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 Na revista Annales a proposta era deslocar a visão histórica concentrada nos fatos políticos para uma História Total Consolidando dessa maneira a insa tisfação latente entre historiadores e cientistas sociais das primeiras décadas do século XX em relação à historiografia dominante do século XIX Além de recusar a História acontecimental o mero relato de eventos Febvre e Bloch propunham a aproximação com as ciências sociais So ciologia Antropologia Geografia o que permitia a busca de explica ções para os processos históricos a partir da proposição de problemas SAES SAES 2013 p 6 HISTÓRIA ECONÔMICA E A PERSPECTIVA MARXISTA A História Econômica também perpassa a perspectiva marxista à medida que Karl Marx não apenas admite a presença da visão social de mundo na elabora ção da ciência econômica como também a revela inseparável desta O pensador alemão pretendeu explicitar as formas existentes em sua época da expressão das relações de produção e reprodução da vida como histórica e social mente determinadas diferentemente do que fizeram os economistas políticos clássicos que as naturalizaram As proposições de Marx para a História conforme Hobsbawm 1998 consideram que o fator econômico atua conjuntamente com Conforme Le Goff 1995 não é de se admirar que a criação da revista Annales dhistoire économique et sociale Anais da história econômica e social a qual deu vida ao movimento surgiu exatamente no ano da crise de 1929 Essa crise que atingiu em cheio Wall Street nos Estados Unidos desmoronou as economias capitalistas da América e da Europa e levou a humanidade a questionar a ideia de progresso arraigada há centenas de anos Essas trans formações segundo François Dosse 2003 p 34 foram observadas pelos Annales que mesmo tendo produzido a Revista em janeiro antes da crise em outubro responde inteiramente às questões de uma época que desloca o olhar dos aspectos políticos para os econômicos Fonte Rodrigues 2016 p 119 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 o fator social A ação desses dois elementos explica as transformações em suas contradições Isso porque uma característica essencial do pensamento histórico de Marx é a de não ser nem sociológico nem econômico mas ambos simulta neamente HOBSBAWM 1998 p 166167 Contudo como os fatores econômicos e sociais aparecem no paradigma historiográfico do Marxismo científico O fator econômico se revela nas for ças materiais de produção também denominadas de forças produtivas Essas são resultantes da atividade prática do homem a qual envolve meios materiais como matériasprimas e fontes de energia e intelectuais saberes técnicos e científicos de produção Marx desenvolveu um método próprio o materialismo histórico É a relação entre infra a soma das forças produtivas e das relações de produção e superes trutura envolve aspectos institucionais ligados ao Estado à justiça às formas de governo e às leis bem como ideológicos os quais se revelam mediante ideias dou trinas crenças moralidade e produções artísticas e culturais que permite explicar as ações as realizações e os pensamentos humanos no tempo Além desses dois conceitos outros se destacam no interior da teoria marxista e exercem na produ ção historiográfica reconhecida importância Dentre esses conceitos destacamos o modo de produção o de contradição e o de luta de classes RODRIGUES 2016 A HISTÓRIA ECONÔMICA A NEW ECONOMIC HISTORY E A HISTÓRIA ECONÔMICA INSTITUCIONAL Convém registrar ainda o surgimento a partir de 1960 de duas correntes cujo berço foi o ambiente universitário norteamericano a New Economic History mais tarde chamada também de Cliometria e a História Econômica Institucional A primeira nasceu com a elaboração de estudos históricos com forte utilização de noções de teoria econômica e estimações econométricas A segunda pode ser relacionada ao nome de Douglas North Tratase da História Econômica Institucional justamente por considerar que as instituições importam Sua vasta produção tem sido dedicada ao estudo da relação entre instituições e desenvol vimento em especial na perspectiva histórica A Economia na Antiguidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 A HISTÓRIA ECONÔMICA E A HISTÓRIA QUANTITATIVA Enfim podemos tratar de uma História Quantitativa Em alguma medida sem pre se fez uso de dados quantitativos em estudos de História Econômica A coleta e a elaboração sistemática desses dados é o elemento que poderia caracterizar a emergência de uma História Quantitativa Tratase propriamente de uma série de pesquisadores que se propuseram a tratar de temas de História Econômica por meio da elaboração de dados quantitativos de diversas ordens Realizamos até agora um amplo panorama de caráter descritivo de modo a situar algumas das principais correntes de estudo da História Econômica É che gado o momento de reconhecer o passado do homem em relação às formas de satisfazer suas necessidades materiais Não deixe de considerar que a proposta do nosso trabalho é restrita do ponto de vista cronológico Não conseguiremos abordar todo o passado do homem Assim sendo nosso objetivo central é o estudo das origens e do desenvolvi mento do capitalismo tendo em vista a compreensão de aspectos importantes da economia atual Desse modo o exame das formas de organização de siste mas anteriores ao capitalismo deve ser feito de modo a atender a esse objetivo A ECONOMIA NA ANTIGUIDADE Prezadoa alunoa em nosso modo de ver é de extrema importância estudar a economia na Antiguidade Por longos milênios a humanidade se compôs de grupos relativamente pequenos cuja cultura técnica apenas se igualava às cul turas dos mais atrasados selvagens contemporâneos ou nitidamente inferior As sociedades civilizadas e de complexa estrutura por outro lado não sur giram como Minerva da cabeça de Júpiter havendo chegado à sua organização atual por meio de mudanças e progressos obviamente experimentados a par tir dessas atrasadas aglomerações humanas Nesse sentido nosso interesse se A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 apresenta em como os nossos antepassados viviam produziam e distribuiam os frutos de suas atividades produtivas e ainda como tais técnicas e relações foram se aperfeiçoando ou modificando até atingirem fases econômicosociais mais adiantadas Figura 3 Descrição dos impérios na antiguidade Fonte a autora Se negligenciássemos o fato de que os grupos eram pequenos e que a sociedade é algo complexo possivelmente não lograríamos compreender a evolução dos processos de produção e distribuição das riquezas cujo conhecimento cons titui precisamente o objeto da História Econômica A figura 4 em destaque abaixo busca reconhecer os primeiros sistemas econômicos para que a partir disso possamos partir para o nosso interesse especial realizar a apresentação da sociedade feudal a fim de discutir como se processou a transição do feuda lismo ao capitalismo A Economia na Antiguidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS Primeiros Sistemas Econômicos As civilizações hidráulicas Mesopotâmia Egito As cidades fenícias Civilização Minóica de Creta As civilizações comerciais Figura 4 Primeiros sistemas econômicos Fonte a autora Há cerca de 10 mil anos quando os sapiens nome científico de nossa espécie humana começaram a dedicar quase todo o seu tempo e esforço para mani pular a vida de algumas espécies de plantas e animais apresentando dessa forma uma mudança radical em seu relacionamento com a natureza temos o que Harari 2015 chama de Revolução Agrícola Essa transformação impactou totalmente a história da humanidade pois o homem passa do caráter predató rio para produtor A existência em comunidades estáveis passa a tomar forma em detrimento do nomadismo Em Rezende Filho 2010 temos o nome de Revolução Neolítica Para nós o relevante é perceber que foi um ponto de infle xão para a humanidade de modo que a atividade agrícola sobretudo permitiu que o homem passasse a diminuir a atividade braçal e passasse a ter a noção de trabalho coletivo e regular A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 Paralelamente ao controle das fontes de alimentação que possibilitaram o crescimento demográfico deuse a diferenciação social do trabalho que permitiu o desenvolvimento de novas técnicas cerâmica tecelagem fabricação de ins trumentos de pedra polida ligando as comunidades por um sistemas de trocas Estabelecese aqui nosso marco precursor da atividade comercial A crescente liberação de braços da atividade básica de prover o sustento da comunidade aliada à progressiva diferenciação social do trabalho levou à formação de diferentes ritmos de produção e acumulação de bens econômicos o que acabou por produzir o conceito de proprieda de e diferenciar diversos segmentos dentro da comunidade de acordo com suas posses E a difusão do conceito de propriedade levou à neces sidade de se demarcar com precisão os limites dos lotes de terras de se registrar o tamanho dos rebanhos e de se mensurar o volume da pro dução agrícola o que induziu à invenção da escrita com a consequente passagem para a história REZENDE FILHO 2010 p13 Nesse sentido as civilizações hidráulicas representam um papel importante nos primórdios da História Econômica Geral por caracterizarem uma área em que o homem percebeu sua produtividade ou até mesmo por suas peculiaridades das cheias dos rios De tal modo que comunidades se fixaram dinamizando a região em torno dos vales dos rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia do Nilo no Egito do Ganges e do Indo na Índia e do Amarelo na China Veja a figura 5 Mesopotâmia Egito alta produtividade agrícola densamente habitada região cercada população hostil dependia do comércio exterior para matériasprimas como madeira pedras e metais surgimento dos bancos baseada na irrigação economia agrária considerada oásis alongado desertos protegiam a região de ameaças externas sociedade isolacionista e conservadora pouco dependente de comércio exterior Estado precocemente unifcado faraó Figura 5 Civilizações hidráulicas Fonte a autora A Economia na Antiguidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 31 Por conta de condições geoclimáticas desfavorecedoras ao desenvolvimento da agricultura algumas civilizações se voltaram para o exterior Diante do obje tivo de abasteceremse uma vez que não conseguiam produzir em quantidade suficiente A figura 6 busca representar o caso da Civilização Minóica de Creta e das Cidades Fenícias Civilização Minórica de Creta Cidades Fenícias rica em madeira primeira economia concentrada na produção artesanal para exportação produção de vinhos azeites e objetos de cerâmica Líbano atual relevo bastante acidentado pouco propensa para agricultura cultivo de vinhas e oliveiras culturas nada exigentes com relação à fertilidade do solo corante de púrpura intermediadores comercializando e transportando mercadorias provenientes de todo o mundo mediterrâneo Figura 6 As civilizações comerciais Fonte a autora Na intenção de maximizar as vantagens advindas da atividade comercial as cida des fenícias estabeleciam pontos de armazenamento de produtos localizados no litoral das regiões com as quais comerciavam Eram as feitorias Uma dessas fundada no século IX aC deu origem à cidade de Cartago a qual conforme Rezende Filho 2010 p 22 se transformou na potência econômica dominante do Mediterrâneo ocidental até ser derrotada por Roma após longas guerras em finais do século III aC A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 32 Destarte podemos apresentar as cidadesEstados gregas que pela primeira vez na história tornaram a escravidão absoluta na forma e dominante em extensãotransformandoa de forma de trabalho auxi liar e complementar em um sistemático modo de produção Alguns séculos mais tarde o Estado Romano dominando e unindo po lítica e economicamente o mundo civilizado da Antiguidade Clássica que se estendia ao redor do mar Mediterrâneo tendo como eixo a pe nínsula ltálica desenvolveu no limite o modo de produção escravista pioneiramente tomado preponderante pelas cidades gregas REZEN DE FILHO 2010 p 24 REPÚBLICA ROMANA No tocante à criação da República Romana II aC a V DC é esclarecedor que a pequena cidadeEstado em poucos séculos tornouse um Império De tal modo que conforme Rezende Filho 2010 p 33 Roma deu unidade políticoeconômica à Antiguidade Clássica E tor nou predominantemente um sistema econômico que tinha por carac terísticas a escravidão como forma de trabalho a monetarização como padrão de troca o comércio como atividade motora e a cidade como unidade produtiva sem no entanto jamais deixar de ter como base um substrato econômico rural O que vimos até agora nos encaminha para nosso objetivo de compreender aspectos importantes da economia atual De certo modo tratamos até então dos antepas sados do sistema capitalista de produção A partir de agora vamos acessar àquele que é propriamente o processo gestacional da economia capitalista o feudalismo As primeiras experiências da formação de Estados organizados juridicamen te e politicamente foram vistas na Mesopotâmia Situada no Crescente Fér til mais especificamente entre os Rios Tigre e Eufrates essa região abrigou três importantes civilizações os Assírios os Sumérios e os Babilônios Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 33 O FEUDALISMO Esse sistema passa a vigorar a partir do declínio do Império Romano Contudo primeiramente o que é feudalismo O que vem à sua mente ao ouvir essa palavra É possível que imagens de castelos medievais cavaleiros armaduras cenários e objetos lhe venham ao pensamento Isso procede De fato essas ima gens pertencem à cultura da época No entanto ainda assim não é uma descrição completa do feudalismo Em Ganshof 1968 p 141 encontramos que o feudo enquanto instituição jurídica tem um significado geral uma concessão feita gratuitamente por um senhor ao seu vassalo para que este último pudesse dispor de sustento legítimo e ficasse em condições de fornecer ao seu senhor o serviço exigido Dobb 1983 p 35 afirma que é necessário postular a definição de feudalismo que adotaremos daqui em diante A ênfase desta definição irá repousar não na relação jurídica entre vassalo e soberano nem na relação entre a produção e o destino do produto mas na relação entre o produtor direto que pode ser um artesão em uma oficina ou um camponês cultivando alguma terra e seu superior imediato ou senhor e no conteúdo sócioeconômico que os co necta esta definição irá caracterizar o feudalismo primordialmente como um modo de produção e isto formará a essência da nossa defini ção Deste modo será virtualmente idêntica ao que usualmente qualifi camos como servidão uma obrigação imposta ao produtor pela força e independentemente de suas vontade para preencher a demanda econô mica de um senhor quer esta demanda tome a forma de serviços a pres tar ou taxas a serem pagas em dinheiro ou em espécie em trabalho ou no que o Dr Neilson denominou presentes para a despensa do senhor A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 34 Podemos perceber que o autor aborda o feudalismo como um modo de produção cuja articulação fundamental é garantida pelas relações de servidão Para Paul Sweezy et al 2004 o conceito de feudalismo segundo Dobb é demasiadamente gené rico A contribuição de Ganshof 1968 p 1011 nesse sentido nos apresenta que o feudalismo pode ser definido como um conjunto de instituições que criam e regulam obrigações de obediência e de serviço sobretudo mi litar da parte de um homem livre chamado vassalo para com outro homem livre chamado senhor e obrigações de proteção e sustento da parte do senhor para com o vassalo Em Anderson 2016 p 20 como modo de produção o feudalismo se define por uma unidade orgâ nica entre economia e política paradoxalmente distribuída em uma ca deia de soberanias parcelares por toda a formação social A instituição da servidão como mecanismo de extração de excedente unia a exploração econômica com a coerção políticojurídica no nível molecular da aldeia São várias definições e todas são complementares de modo que não podemos eleger um conceito preciso O mais importante é que seja apreendida a concep ção de que para além da relação senhor feudal versus trabalhador que vive no feudo cuja condição social o define como um servo tratase ainda de uma esfera política caracterizada por uma forma de governo ou de dominação frag mentada do ponto de vista espacial Com a desagregação do Império Romano houve a constituição de vários Estados Bárbaros de dimensões menores cuja autoridade se viu progressivamente reduzida do ponto de vista geográfico Em contrapartida o feudo assumiu o papel de unidade política fundamental O feudalismo apresenta um Estado descentralizado O poder político passou a ser detido de forma privada nesse sentido a justiça é exercida pelo susera no sobre seus vassalos e pelo senhor sobre os camponeses Fonte autora O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 35 O feudalismo em torno do ano 1000 está estabelecido com base nos moldes apresentados anteriormente Nessa dimensão temporal a Europa Ocidental apresentava as características definidoras do sistema a relação suseranovas salo a fragmentação do poder e o estabelecimento da servidão como relação social fundamental no campo Em termos de organização econômica podemos considerar o feudo como uma área de terra comumente denominada senhorio distribuída de seguinte forma I Reserva Senhorial i Centro do domínio ii Terras cultiváveis II Lotes dos camponeses III Terras de uso comum A dinâmica dessa organização se dava no centro do domínio as atividades eram realizadas sob o controle do senhor diretamente ou representado por preposto e com o trabalho de servos e em certas épocas também de escravos que viviam no próprio centro do domí nio Eram os servos dedicados aos serviços domésticos e também aos outros ofícios ferreiros cervejeiros moageiros padeiros e outros ar tesãos Mais importante era a forma de cultivo das terras aráveis da reserva senhorial Na sua forma típica esse cultivo era realizado pelos campo neses obrigados a trabalhar nas terras do senhor em geral de dois a três dias por semana Essa obrigação denominada na França de cor veia era o elemento mais característico da servidão se originalmente um camponês livre podia ter trocado sua independência pela proteção do senhor diante do perigo da guerra daí as obrigações que ele assume em relação ao senhor em suma a servidão essas obrigações ao longo do tempo passaram a ser impostas aos camponeses pelo costume por normas legais ou simplesmente pela força dos senhores independen temente da necessidade de proteção ao camponês SAES SAES 2013 p 50 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 36 A lista de obrigações por parte do camponês em relação ao seu senhor ainda pode ser estendida para Banalidades para moer trigo para assar pão para fazer cerveja ou vinho o camponês tinha a obrigação de deixar metade do produto daquilo que havia levado para ser processado ao usar as instalações do centro do domínio Talha tributo imposto pelos senhores com base na obrigação de um vas salo sustentar seu chefe e que se estendia aos servos Captação pagamento anual justificado como doação aos senhores em troca de sua proteção cobrado por pessoa Mão morta quando da morte do servo seus herdeiros deviam entregar ao senhor o melhor animal que tivessem Nesse contexto a Igreja era muito forte e maior proprietária de terras O cená rio estava emoldurado em uma hierarquia feudal na qual o servo ou camponês era protegido pelos senhores feudais os quais por sua vez deviam fidelidade e eram protegidos por senhores mais poderosos Essa estrutura se estendia indo até o rei Os fortes protegiam os fracos HUNT 1989 p 29 mas o faziam por um alto preço Em troca de pagamento em moeda alimentos trabalho ou fide lidade militar os senhores garantiam o feudo a seus vassalos Como escora desse sistema estava o servo que cultivava a terra Portanto além das obrigações acima referidas tinha o dízimo para a Igreja pagamentos em troca de permissão para casar uma filha ou para um filho ingres sar em ordens religiosas Ah Vale muito expor aqui caroa alunoa o crescente poderio da Igreja do espaço temporal da Idade Média Esse crescimento se deve especialmente à expansão do cristianismo pela obra de evangelização dos povos realizada pelos padres nos territórios pertencentes ao poder de Roma e para além deles A partir do século XI as cruzadas deram força a uma marcante expansão do comércio Provavelmente você já conhece esse termo mas vale lembrar em breves linhas a relevância desse movimento na história A expressão cru zada não era conhecida por esse nome no período em que ocorria Os termos usados eram Guerra Santa e Peregrinação os quais faziam referência ao O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 37 movimento de tentativa de tomar a Terra Santa dos muçulmanos Tratavamse de tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade de acesso dos cristãos à Jerusalém Dessa maneira as Cruzadas não podem ser vistas como fator externo ou acidental no desenvolvimento da Europa Elas oportunizaram o renascimento do comércio na Europa Muitos cavaleiros ao retornarem do Oriente surrupiaram cidades e organizaram pequenas fei ras nas rotas comerciais Houve portanto um significativo reaquecimento da economia no Ocidente Anteriormente foi abordado que no tocante à política houve uma frag mentação do poder e da autoridade em uma infinidade de domínios que deram aos senhores feudais na Europa Ocidental Também na esfera social surgiu uma ordem rigidamente hierarquizada e desigual E por fim no campo espiri tual esse panorama era reconhecido e aceito como natural e justificado por uma determinação divina por meio dos ensinamentos dos Evangelhos dos primei ros teólogos e da filosofia clássica que era valorizada por oferecer um modelo sofisticado de articulação entre moral ética e análise econômica De acordo com Gennari e Oliveira 2009 p 18 sintetizamos que de camponeses ligada à terra e vinculada aos aristocratas pe las obrigações em espécie e em trabalho como contrapartida pela proteção produziu uma ordem social rigidamente hierarquizada e diferenciada Ao mesmo tempo as guerras os saques frequentes e a violência indiscriminada aceleravam a desarticulação do poder cen tral que até então ordenava a vida a justiça a produção e a troca compondo um quadro no qual o homem se via isolado impotente e frágil vítima fácil de circunstâncias sobre as quais não tinha o menor controle Até aqui nossa atenção estava centrada nos eventos que ocupam os séculos XI XII e XIII os quais caracterizam a fase de expansão feudal por meio do cres cimento da população da colonização de novas áreas e também pelo crescente volume de comércio No entanto em meados do século XIV a expansão foi interrompida e vários eventos indicam a emergência de uma crise do sistema feudal a qual também ocupa a primeira metade do século XV A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 38 Quadro 3 Características econômicas da Antiguidade até o Período Medieval PERÍODO CARACTERÍSTICAS CONSEQUÊNCIAS ALGUNS PENSADORES Antiguidade Clássica 1ª fase 4000 a 1000 aC Trabalho escravo ausência de moeda comércio incipiente regimes teocráticos Ausência de um pensamento econômico Não há Antiguidade Clássica 2ª fase 1000 aC ao ano 500 da era cristã Início da preocu pação pelos fatos econômicos Conceitos em brionários sobre a riqueza valor eco nômico e moeda Fase inicial da economia agrária seguida da econo mia urbana Gradativo desenvol vimento do comér cio internacional e embriões da empresa Queda do Império Romano do Ociden te surgimento do feudalismo e retorno à economia agrária Xenofonte 440 355 aC Platão 427 347 aC Aristóteles 384 322 aC Catão 234 149 aC Plínio o Antigo 23 79 dC Columela fl c 65 A D etc Idade Média 500 a 1500 dC Sistema feudal eco nomia artesanal e regime corporativo Regime da servidão economia fechada sistema feudal Perdurou até o século X Ressurgimento das cidades nascimen to do ofício traba lho ambulante A partir do século XIII início do regime corporativo Regulamentos rigo rosos sobre a produ ção e o consumo Predominância da doutrina canônica condenação ao empréstimo a juro e acumulação de riquezas Subordinação da economia à moral justo preço justo salário justo lucro Economia a serviço do homem comba te à escravidão Santo Tomás de Aquino 1225 1274 Oresmo 1328 1382 Alberto Magno Pennafort e outros Fonte Iori 2017 p 65 O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 39 Não há resposta conclusiva acerca de motivo especial para a crise do sistema feu dal Uma evidência é o esgotamento das áreas disponíveis para colonização Com o crescimento populacional novas áreas foram sendo incorporadas ao sistema feudal porém com o crescente risco de se caminhar para terras menos férteis e possivel mente aumentar excessivamente a densidade nas área mais antigas Desse modo as condições de subsistência do conjunto da população teriam se tornado precárias A população continuou a crescer e a produção caiu nas terras mar ginais ainda disponíveis para uma recuperação aos níveis da técnica existente e o solo deteriorava por causa da pressa e do mau uso O aumento da área plantada com cereais ainda por cima era atingido muitas vezes à custa de uma redução das pastagens em consequência a criação de animais sofria e com isto o abastecimento de esterco para a própria terra arável Assim o progresso da agricultura medieval incor ria agora em suas próprias perdas A derrubada de fl orestas e as terras desoladas não haviam sido acompanhadas de um cuidado comparável em sua conservação ANDERSON 1991 p 192 Associada a colheitas medíocres verifi couse entre 1315 e 1317 uma grande fome na Europa do Atlântico até a Rússia sintomática da crise Outro destaque aparece nas estimativas demográfi cas Houve um declínio populacional particularmente acentuado na Europa 1360 e 1371 Atribuise essa incapacidade para garan tir a reprodução de sua população aos efeitos destrutivos da peste negra e outras epidemias que se seguiram apresentando seus efeitos dele térios ao atingirem uma população debilitada por condições precárias de alimentação Figura 7 De triomf van de Doods do artista Pieter Brueghel Fonte Wikimedia Commons 2018 online² Povos medievais personifi cavam a Peste Negra como uma horrível força de moníaca que estava além do controle e da compreensão humanos A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 40 No tocante às epidemias não foram somente as camadas mais pobres da popu lação nem só a população rural que foram vitimadas As precárias condições de subsistência da época aceleram a disseminação impactando inclusive nos seg mentos mais ricos da sociedade A crise do século XIV marca o início de um enfraquecimento relativo da classe feudal Ao perder cerca de um terço de seus habitantes muitas áreas rurais européias foram despovoadas e cidades abandonadas A ação conjunta das crises agrária demográfica e monetária exemplificada no quadro 4 abaixo atuava sobre um sistema econômico que realizava contí nua expansão há três séculos O efeito foi provocar uma crise geral do sistema Quadro 4 Três motivos principais para a crise feudal CRISE AGRÁRIA Incidência cíclica de más colheitas surtos de fomes e epidemias populações subnutridas abate generalizado de animais domésticos retração demográ fica queda sistemática do preço dos cereais e destruições propositais de áreas cultivadas fizeram com que a economia rural européia passasse por uma prolongada crise que só apresentará sinais de recuperação durante o século XV graças à reconversão agrícola e uma mudança no regime de mãodeobra CRISE DEMOGRÁFICA A crise demográfica foi resultado de ciclos fomesepidemias bem como a ação de guerras constantes No entanto ao efeitos mais marcantes são os re lacionados à Peste Negra que só apresentou sinais de recuperação em 1470 Esse problema aprofundou a crise agrária e desorganizou toda a atividade produtivaadministrativa levando a um completo desequilíbrio entre oferta e demanda e entre preços e salários CRISE MONETÁRIA O período de retração da oferta e da demanda de elevação dos custos da mãodeobra e de uma alta sem precedentes nas despesas dos Estados as moedas em circulação tornaramse de valor intrínseco baixíssimo o que estimulou o entesouramento e pressionou os preços dos produtos agríco las ou manufaturados para baixo configurando uma época de depressão acentuada Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 41 Conforme Rezende Filho 2010 o resultado foi a desagregação do sistema eco nômico feudal o autor utiliza o termo funcional para abordar o sistema feudal não em sua característica acidental enquanto economia senhorial mas em sua característica essencial ou seja o critério de funcionalidade Houve sua substitui ção enquanto sistema econômico pela forma alternativa de extração do excedente econômico que sua própria expansão viabilizara DMD dinheiro para com pra mercadorias que são revendidas com lucro A partir de 1460 observase a retomada do crescimento populacional Essa dimensão temporal envolve uma nova dinâmica da economia europeia que se projeta para fora do seu espaço geográfico Saes e Saes 2013 p 62 apontam que a expansão comercial e marítima da Europa a partir de meados do século XV expressou a reação da sociedade europeia ao impacto da crise feudal do século XIV A desorganização do feudalismo foi determinantemente marcada pela Guerra dos Cem Anos 13371453 a peste bubônica 1348 a fome e as revoltas cam ponesas como consequência houve uma redução na esfera do poder privado da nobreza feudal um enfraquecimento dos laços de servidão a desurbaniza ção e a retração das atividades comerciais que vinham se desenvolvendo desde o século XI Esse conjunto de transformações estruturou uma nova esfera de poder que possibilitou uma nova linha de reflexão sobre os fenômenos da produção da distribuição e do consumo ou seja da atividade econômica Huberman 2016 p 14 apresenta que As Cruzadas contribuíram para o surgimento das cidades chegou o dia em que o comércio cresceu e cresceu tanto que afetou profundamente toda a vida da Idade Média O século XI viu o comércio evoluir a passos largos o século XII viu a Europa ocidental transfor marse em consequência disso As Cruzadas levaram novo ímpeto ao comércio Dezenas de milhares de europeus atravessaram o continente por terra e mar para arrebatar a Terra Prometida aos muçulmanos Necessitavam de provisões duran te todo o caminho e os mercadores os acompanhavam a fim de for necerlhes o que precisassem Os cruzados que regresssavam de suas jornadas ao Ocidente traziam com eles o gosto pelas comidas e roupas requintadas que tinham visto e experimentado Sua procura criou um mercado para esse produto A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 42 Algumas antigas cidades do Império Romano que não haviam desapa recido durante a Alta Idade Média atraíram novos elementos popu lacionais Maurice Dobb 1983 p 5556 avalia várias hipóteses sobre o surgimento das cidades entre elas a de que os próprios senhores feudais em algumas circunstâncias conce deram privilégios a comerciantes que se estabelecessem nos seus domínios para servir às necessidades do feudo Para Saes e Saes 2013 p 63 qualquer que seja a origem das cidades a maior parte delas se manteve durante algum tempo sob a jurisdição de um senhor pois as cidades haviam sido formadas em terras de domínio feudal Com o crescimento da população e da riqueza urbana as cida des puderam conquistar autonomia em relação à autoridade feudal O crescimento das cidades bem como consequência o comércio rompe as amarras do feudalismo A expansão comercial se deu de forma irregular mas contínua nos territórios europeus entre esses territórios e entre a Europa e o leste do Mediterrâneo Estamos nesse caso no tempo dos mercadores Podemos considerar que a partir da segunda metade do século XV aos meados do século XVIII estamos diante do capitalismo mercantil ou mercantilismo O mercanti lismo foi tudo menos um sistema foi primordialmente um produto das mentes de estadistas de altos funcionários públicos e líderes financeiros e comerciais da época GRAY 1948 apud GALBRAITH 1989 p 29 No ano 900 Veneza já comercializava com Constantinopla sede do Império Bizantino o Império Romano do Oriente que subsistira à queda de Roma Fonte autora O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 43 MERCANTILISMO Houve avanço significativo nos meios de navegação De modo que o comércio intraeuropeu antes apenas terrestre deslocouse para o Atlântico Por consequên cia dáse o estímulo fundamental para o desenvolvimento de centros comerciais em Portugal Espanha Inglaterra Holanda e França Agora na era dos mercadores houve um prodigioso crescimento do comércio tanto a nível local ou quando envolvendo grandes distâncias Navios traziam produtos de terras cada vez mais remotas Surgiam os bancos primeiro na Itália e depois no norte da Europa As casas de câmbio onde moedas de diferentes países podem ser pesadas e tro cadas tornaramse um traço comum da vida comercial O mercador despontou das trevas feudais para tornarse uma figura distintiva e se fosse suficientemente afluente e operasse numa escala apropriada bem vinda e prestigiada em sociedade Em toda a Europa a maior eminên cia social ainda pertencia às classes proprietárias aos descendentes dos barões feudais muitos dos quais ainda guardavam seu instinto peculiar para o conflito armado e para a autodestruição dele decorrente Até hoje a arquitetura urbana comercial e residencial mais admirada continua sendo a dos mercadores GALBRAITH 1989 p 30 Nas cidades mercantis os grandes mercadores não eram só influentes no governo eram o próprio governo E foram paulatinamente se tornando cada vez mais influentes nos novos Estados nacionais Nesse contexto de maneira generalizada com a nobreza feudal enfraquecida organizase uma nova forma de governar Apresentase a convergência de esferas de poder para a figura de um monarca expressão da unidade do reino O primeiro instrumento de afirmação da autori dade real caracterizase pela força militar permanente com poder suficiente para promover a ordem interna e a defesa dos domínios No entanto a população estava desacreditada em um poder que pudesse trazer uma nova coesão social Daí surge a ideia de forças mercenárias A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 44 Os exércitos não mais iriam lutar por uma ideologia e sim objetivando paga mento A necessidade de metais preciosos para remunerar as tropas que eram o sustentáculo do poder real da ordem interna e da defesa do reino é fundamental para compreender o conjunto das análises e práticas econômicas que surgiram nessa etapa inicial da organização do Estado Moderno GENNARI OLIVEIRA 2009 Algumas características são fundamentais a serem destacadas com rela ção ao novo formato de Estado 1 força militar permanente 2 sistemas centralizados de arrecadação 3 burocracia O suporte do Estado foi fundamental para a expansão comercial e marítima da Europa a partir de meados do século XV Isso em parte pelo apoio material a certos empreendimentos como o das coroas espanhola e portuguesa para as expedições de Colombo e de Cabral em direção ao Novo Mundo e para a expan são marítima em geral e também sobretudo pela adoção de medidas de política econômica que sustentaram a expansão das economias europeias rumo à cons tituição de uma economia mundial Figura 8 Padrão dos Descobrimentos Monument of the Discoveries em Lisboa Portugal O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 45 Com o Estado Nacional mais forte uma situação conflitante se apresenta conforme afirmam Gennari e Oliveira 2009 a moral cristã que é contra os juros por exemplo e o Estado tem sua demanda financeira Em síntese estamos diante de um processo no qual a influência dos va lores inspirados na moralidade cristã sobre a vida econômica começa va a ser ameaçada de forma irreversível pelos valores comprometidos com o fortalecimento de uma nova forma de poder o Estado moderno GENNARI OLIVEIRA 2009 p 33 Em termos econômicos propriamente a acumulação de moedas e de metais pre ciosos é o que vai definir a arte de governar no mercantilismo Em linhas gerais a finalidade básica do Estado no entender mercantilista deveria ser a de encontrar os meios necessários para que o respectivo país adquirisse a maior quantidade possível de ouro e prata Nesse caminho vários regulamentos foram estabeleci dos com o objetivo de disciplinar a indústria e o comércio impedindo ao máximo as importações e favorecendo as exportações A proposta dos mercantilistas era que a balança comercial exportações menos importações fosse sempre a mais favorável possível Isso porque para eles exportar mais que importar represen taria uma compensação em ouro e prata Figura 9 O papel do Estado Fonte autora A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 46 Para os mercantilistas a riqueza de uma nação estava associada ao montante de ouro e prata que ela possuía Alguns dos primeiros mercantilistas até mesmo acredita vam que esses metais preciosos eram o único tipo de riqueza que valia a pena alejar Todos eles valorizavam as barras de ouro e prata como maneira de atingir poder e riqueza Um excesso de exportação de um país era portanto necessário para gerar pagamentos em moeda forte Mesmo quando em guerra as nações exportariam bens para o inimigo desde que os produtos fossem pagos em ouro BRUE 2016 Figura 10 Período Mercantilista e Período Medieval Fonte Iori 2017 p 65 O mercantilismo prevaleceu até o início do século XVII quando ocorreu uma reação contra os excessos de absolutismo e das regulamentações Durante seu predomínio apresentouse como mercantilismo espanhol também conhecido por bulionismo mercantilismo inglês e o mercantilismo francês Conforme quadro abaixo Quadro 5 Características do mercantilismo FORMA CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO mercantilismo espanhol bulionismo bulionista Preconizava a proibição da expor tação de lingotes de ouro para incremento da riqueza mercantilismo inglês mercantilismo comercialista Preconizava o balanço mercantil favorável pelo incentivo às expor tações por meio de contratos de importações com cláusula obrigan do o país vendedor a adquirir certos volumes de mercadorias inglesas mercantilismo francês mercantilismo industrialista Preconiza estimular a indústria interna por meio de monopólios estatais Fonte a autora O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 47 O mercantilismo era um preceito e por consequência ação intervencionista que se dava entre os Estados Soberanos Além disso estendia essas relações aos seus respectivos domínios coloniais À essa relação de dominação políticoeconômica entre as metrópoles e suas respectivas colônias deuse o nome de sistema colo nial Essa organização das metrópoles européias tinha várias formas afinal os espanhóis portugueses ingleses ou franceses exerciam seus domínios de maneira peculiar De qualquer modo o objetivo principal de política mercantilista era a promoção do poder do Estado No sentido de que a colônia desempenhava o papel de complementar a economia metropolitana oferecendo metais preciosos ou produtos que reduzissem as importações e incrementassem as exportações para outras nações Em outras palavras exploravam os metais preciosos da colô nia para enriquecer a metrópole e a cidade central exercia monopólio sobre a colônia O sistema era organizado visando transferir a maior parte do lucro co mercial e do excedente econômico produzido na colônia para a metró pole potencializando a acumulação da burguesia mercantil e as receitas do Estado que patrocinava a reprodução do sistema O Estado e o in tervencionismo mercantilista constituíamse assim em pressupostos de uma política colonialista eficaz Entretanto como parte da acumula ção proporcionada pela exploração colonial era apropriada pelo Estado e empregada na ampliação dos dispositivos naval militar burocrático e fiscal o sistema contribuía para incrementar o poder e o intervencio nismo estatal integrandose plenamente aos objetivos estratégicos da política mercantilista GENNARI OLIVEIRA 2009 p 43 As políticas portuguesas voltadas para o Brasil nitidamente caracterizamse políticas mercantilistas É bastante claro para nós caroa leitora que o Bra sil colônia foi influenciado pelo mercantilismo o qual obrigava o comércio colonial exclusivamente por intermédio das metrópoles Com a chegada de D João VI ao Brasil foram eliminadas as restrições mercantilistas permitindo a instalação de indústrias nativas e o comércio direto com as demais nações Fonte autora A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 48 Ao examinar a história do capitalismo Dobb 1983 situa a fase inicial desse sistema no período da segunda metade do século XI e início do século XII na Inglaterra Apresentase nesse momento uma generalização do grande comércio Sua penetração combinou com o crescimento da produção local destinada ao mer cado com a progressiva substituição das oficinas confiadas aos servos na reserva senhorial para a fabricação de objetos de uso corrente pelas oficinas urbanas A sociedade medieval era predominantemente agrária A hierarquia social era baseada nos laços do indivíduo com a terra e a ordem social que na íntegra era agrícola No entanto os aumentos da produtividade agrícola constituíram o rompante para um encadeamento de profundas mudanças ocorridas ao longo de vários séculos e que resultaram na decomposição do feudalismo medieval e no início do capitalismo O mais importante avanço tecnológico da Idade Média foi a substitui ção do sistema de plantio de dois campos para o sistema de três cam pos Embora haja evidência de que o sistema de três campos tenha sido introduzido na Europa já no oitavo século seu uso não se generalizou antes do século XI O plantio anual da mesma área esgotava a terra e acabava por tornála inútil Assim no sistema de dois campos metade da terra era sempre deixada ociosa de modo que se recuperasse do plantio do ano anterior Com o sistema de três campos a terra arável era dividida em três partes iguais dessa mudança aparentemente simples na tecnologia agrícola resultou um dramático aumento do pro duto agrícola HUNT 1989 p 32 O espaço temporal do qual estamos falando envolve melhoramentos na agricul tura e por consequência crescimento do comércio O avanço das vilas e cidades conduziu ao desenvolvimento da especialização rural urbana Outro impor tante elemento é a ampliação do comércio de longa distância Iremos percorrer agora um cenário de estabelecimento de cidades industriais e comerciais para servir a essas transações O crescimento dessas cidades bem como seu crescente controle por capitalistas comerciantes provocou importantes mudanças tanto na agricultura quanto na indústria Cada uma dessas áreas particularmente a agricultura teve enfraquecidos e por fim rompidos seus laços com a estrutura econômica e social feudal Nessa trajetória do conhecimento histórico estima doa leitora a busca por aprender sobre a construção do homem e seu tempo está nos levando para um momento de expansão do comércio de longa distância O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 49 Em Hunt 1989 vemos que as indústrias que apareciam nas novas cidades eram basicamente indústrias de exportação nas quais o produtor estava distante do comprador final No sistema artesanal feudal o produtor o mestre artesão era também o vendedor eles vendiam seus produtos aos comerciantes que por sua vez os transportavam e revendiam Outra diferença importante é a de que o artesão feudal de modo geral era também fazendeiro O novo artesão das cidades desistiu da terra para se dedicar inteiramente ao trabalho com o qual ele poderia obter uma renda monetária que poderia ser usada para satisfazer suas outras necessidades Conforme o comércio se desenvolvia e se expandia aumentava a necessidade de manufaturados e mais confiança na oferta levava a um crescente controle do processo produtivo pelo capitalista comerciante Aproximadamente no século XVI o artesão que era proprietário de sua oficina de suas ferramentas e maté riasprimas e que funcionava como um pequeno produtor independente teve seu papel modificado pelo sistema de trabalho doméstico Nesse ponto predo minavam as indústrias de exportação em outras palavras o trabalhador já não vendia um produto acabado ao comerciante vendia somente seu próprio trabalho O trabalhador já não vendia um produto acabado ao comerciante Ven dia somente seu próprio trabalho As indústrias têxteis estavam entre as primeiras em que o sistema de trabalho doméstico se desenvolveu Te celões fiandeiros tintureiros se encontravam numa situação em que sua ocupação e portanto sua capacidade de sustentar a si mesmo e suas fa mílias dependia dos capitalistas comerciantes que tinham que vender o que os trabalhadores produziam a um preço suficientemente alto para pagar salários e outras contas e ainda obter lucro HUNT 1989 p 10 Dessa forma o controle capitalista se apresentava à medida que foi estendido ao processo de produção Simultaneamente foi criada uma força de trabalho que possuía pouco ou nenhum capital e nada tinha a vender a não ser sua força de trabalho Para Hunt 1989 essas duas características marcam o surgimento do sistema econômico do capitalismo Desse modo o Capitalismo não era apenas um sistema de produção de mercadorias mas um sistema de acordo com o qual a força de trabalho transformou a si própria em uma mercadoria e se vendia e comprava no mercado como qualquer outro objeto de troca É importante res saltar a particularidade especial da força de trabalho é a única mercadoria que cria outra mercadoria IORI 2014 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 50 Falar de capitalismo antigo ou medieval porque haviam financistas em Roma e mercadores em Veneza é um abuso de linguagem Esses personagens jamais dominaram a produção social de sua época asse gurada em Roma pelos escravos e na Idade Média pelos camponeses sob diversos estatutos da servidão VILAR 1975 p 40 O capital começou a penetrar na produção em escala considerável seja na forma de uma relação bem amadurecida entre capitalista e assalariados em que pese uma forma menos desenvolvida da subordinação dos artesãos domésticos que trabalhavam em seus próprios lares seja um capitalista próprio do assim cha mado sistemas de encomendas domiciliar IORI 2014 Com efeito a crise geral do feudalismo nos séculos XIV e XV deixa que flutuem algumas ilustres prosperidades urbanas e algumas brilhantes fortunas mercantis essa visão é mais uma aparência que uma realidade É o tempo do luxo das grandes construções e dos mecenas das artes Entretanto não é o auge produtivo As grandes burguesias enriquecidas vivem daí em diante de rendas ou compram terras feudais imitam os grandes senho res Podese observar que são elas que sustentam sempre os senhores quando se produzem as guerras camponesas No interior das comunidades as lutas de classe se agravam e os sistemas representativos que sempre foram oligárquicos transformamse Por último as cidades que haviam realizado as mais importantes repú blicas mercantis as do Mediterrâneo caem em decadência pelo menos relativa devido ao fato da conquista do Oriente pelos turcos e diante do pró ximo triunfo das rotas comerciais do Atlântico Será agora em Flandres na Inglaterra em Portugal e Espanha onde aparecerão as novidades decisivas para a transformação do Ocidente europeu De fato a primeira etapa da for mação do capitalismo depois da crise dos séculos XIV e XV não poderia ser fundada senão por um avanço das forças produtivas o que ocorreu entre mea dos do século XV e XVI Foi precisamente ao longo da crise geral do feudalismo que numerosas invenções vieram modificar o nível das forças de produção O uso da artilharia obrigou a impulsionar a produção de metal A difusão do pensamento humano com a invenção da imprensa os progressos da ciência e da navegação desem penharam um papel não menos importante Observase que pela primeira vez O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 51 as técnicas industriais e as técnicas de comunicação ultrapassam a técnica agrí cola É o começo de um processo que colocará a indústria no primeiro plano do progresso Apresentase um impulso econômico para o momento que será inter rompido pela injeção de riqueza externa oriunda da expansão marítima e colonial A circunavegação da África o descobrimento da rota das Índias por Vasco da Gama o da América por Colombo e a volta ao mundo por Magalhães eleva ram o nível científico e ampliaram a concepção do mundo na Europa O grande comércio de produtos exóticos de escravos e de metais preciosos voltava a ser aberto e extraordinariamente ampliado Uma nova era se abria para o capital mercantil mais fecunda que a das repúblicas mediterrâneas da Idade Média por que dessa vez constituíase um mercado mundial e seu impulso afetava todo o sistema produtivo europeu e porque grandes Estados e não mais simples cida des iriam aproveitar para a partir daí constituíremse VILAR 1975 Nesse sentido na próxima unidade vamos abordar a transformação que se deu no mundo econômico por meio desse processo possibilitado pela amplia ção de mundo Tratase do capitalismo na sua infância A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 52 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo dos séculos a forma pela qual os homens satisfazem suas necessidades materiais se altera assim como aquilo que é considerado necessário em cada época Destarte apresentamos nesta primeira unidade a relação da economia e história Portanto nosso intuito no primeiro tópico abordado é justamente demonstrar a estreita relação do estudo que tem como objeto o modo de pro duzir à luz do conceito de História apresentado por Bloch 2001 que a definiu como ciência dos homens no tempo Nessa dinâmica procuramos também expor que a História Econômica é uma área de pesquisa relativamente recente e que emergiu como disciplina acadêmica a partir do fim do século XIX No universo da História Econômica fomos apresentados aos fundamentos teóricos da Escola dos Annales a concep ção de história em Marx a New Economy History o papel de Douglas North a Economia Institucional e a História Quantitativa A Economia na Antiguidade foi um ponto muito relevante de conhecer e perceber a importância dos egípcios e hebreus para a sociedade atual E apren demos como eles viviam produziam e distribuiam os frutos de suas atividades produtivas Em destaque há a importância dos rios que eram motivo de ferti lidade do solo resultando em boa produção que por assim dizer resultava em aglomerado de pessoas em busca da satisfação de suas necessidades materiais A sociedade feudal tem extrema importância enquanto explicativa para o que viria a ser o capitalismo Conhecemos que o feudo incluía uma espécie de concessão por parte do rei aos cavaleiros uma parte de terras para ter seu sus tento e assim poder se dedicar à guerra A partir do século XIV avanços nos meios de navegação permitiram ultra passar o estreito de Gibraltar de modo que o comércio intraeuropeu antes apenas terrestre deslocouse em parte para o Atlântico Como efeito houve estímulo para o desenvolvimento de centros comerciais O mundo estava sendo descoberto 53 1 A economia da forma como a conhecemos carrega consigo os problemas e erros do passado agora corrigidos como afirmou Blaug 1985 no prefácio do seu livro Economic theory in retrospect Nesse sentido discorra sobre a rela ção da Economia com a História 2 Possa ele tornar os campos produtivos como o cultivador Possa ele multipli car os rebanhos como um pastor de confiança Sob seu reinado que haja plan tas e grãos Que no rio haja água de sobra Que no campo possa haver uma segunda colheita REZENDE 2010 p 12 Oração mesopotâmica do IIIº milênio aC para celebrar o ritual da união do rei com a deusa da Terra Com relação aos primeiros sistemas econômicos avalie as afirmativas a seguir I A área da Mesopotâmia e do Egito é dentro do contexto histórico denomi nada de Crescente Fértil II As civilizações hidráulicas representam um papel importante por caracteri zarem uma área produtiva por conta dos rios III Os bancos fizeram parte da vida econômica da Mesopotâmia caracterizan do uma economia bastante monetarizada É correto o que se afirma em a Apenas na afirmativa II b Apenas na afirmativa III c Apenas nas afirmativas I e II d Apenas nas afirmativas I e III e I II e III 54 3 Sob qualquer prisma que se olhe a história de Roma reflete um percurso único de pequena cidadeEstado de uma confederação de povos afins latinos em poucos séculos ela se toma capital de um Império que se estende por toda costa do mar Mediterrâneo REZENDE FILHO 2010 p 33 Nesse sentido o sistema econômico presente no Império Romano tinha por características a o modo servil como forma de trabalho b o modo assalariado como forma de trabalho c a monetarização como padrão de troca d o escambo como padrão de troca e a indústria como unidade produtiva 4 É usual colocar como sinônimos o uso de medieval e de feudal No entanto esses termos apresentam uma diferença importante Apresentea 5 A crise do século XIV marca o início de um enfraquecimento relativo da classe feudal Apresente os três principais motivos para a crise feudal 55 A História e a Ciência Econômica surgiram antes da História Econômica considerando esta propriamente uma área de pesquisa e disciplina de cursos universitários O Pai da Economia Política foi Adam Smith que em 1776 publicou A Riqueza das Nações Te mos nessa dimensão temporal o marco da Economia com o status de ciência No Século XIX uma vasta produção de estudos da então chamada Economia Política consolidoua como uma disciplina socialmente reconhecida Thomas Malthus David Ricardo Jean Baptiste Say John Stuart Mill são alguns dos chamados economistas clássicos aos quais se agrega em vertente distinta crítica Karl Marx A revolução marginalista trouxe a partir de 1870 uma mudança substancial no pensa mento econômico dominante o foco da análise econômica podemos destacar aqui o uso do método abstrato e dedutivo de modo que rejeitavam o método histórico Trata remos com mais detalhes adiante Foi tão representativa a transformação que deuse a troca do nome da disciplina de Economia Política para Economia o austríaco Karl Men ger o suíço Leon Walras e o inglês Stanley Jevons foram pioneiros dessa nova corrente que se consolidou como principal paradigma da teoria econômica e que ao menos em parte se mantém até hoje Já a História tem um longo passado há desde a Antiguidade registros que narram eventos relevantes como guerras feitos de seus reis e sacerdotes etc Desde então a História foi objeto dos escritos de cronistas que narravam fatos em geral a mando de seus superiores de filósofos que buscavam algum sentido na História mas também de escritores que se aproximavam do trabalho que seria mais tarde típico do historia dor ou seja com base em documentos No século XIX houve significativas mudanças que definiram de modo mais preciso o ofício de historiador Por um lado técnicas de pesquisa aprimoradas permitiram a crítica rigorosa das fontes fornecendo base empí rica mais sólida para os estudos históricos por outro o foco dos historiadores se tor nou por influência do positivismo e do historicismo o relato ou a narração cronológica dos fatos históricos em que predominava a história política e diplomática centrada nos grandes homens da época Entendida como o estudo do passado a história não pode ria aspirar à condição de ciência O objeto da História era constituído pelos fatos preté ritos estes eram únicos singulares não passíveis de repetição e experimentação Assim os fatos históricos não atendiam às condições necessárias para que se pudesse formular uma explicação científica Desse modo ao historiador cabia apenas relatar os fatos em sua ordem cronológica de modo que a explicação possível na História era dada pela simples sequência desses fatos no tempo como se no encadeamento deles o anterior fosse suficiente para explicar o seguinte Fonte adaptado de Brue 2016 MATERIAL COMPLEMENTAR Linhagens do Estado Absolutista Perry Anderson Editora Unesp Sinopse Essa obra traça o desenvolvimento dos Estados absolutistas no início do período moderno a partir de suas raízes no feudalismo europeu avaliando suas diversas trajetórias Ao abarcar uma variada gama de exemplos e cenários Perry Anderson coloca o desenvolvimento dos Estados europeus no cerne das discussões sobre uma história universal dando novo fôlego ao estudo das monarquias absolutistas e do modo de produção que gestou o sistema capitalista Cruzada Ano 2005 Sinopse Balian Orlando Bloom é um jovem ferreiro francês que guarda luto pela morte de sua esposa e fi lho Ele recebe a visita de Godfrey de Ibelin Liam Neeson seu pai que é também um conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua vida a manter a paz na Terra Santa Balian decide se dedicar também à esta meta mas após a morte de Godfrey ele herda terras e um título de nobreza em Jerusalém Determinado a manter seu juramento Balian decide permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado como cavaleiro Paralelamente ele se apaixona pela princesa Sibylla Eva Green a irmã do rei REFERÊNCIAS 57 ANDERSON P Linhagens do Estado Absolutista 1 ed São Paulo Unesp 2016 Passagens da antiguidade ao feudalismo 3 ed São Paulo Brasiliense 1991 BEAUD M História do Capitalismo de 1500 até nossos dias São Paulo Brasilien se 1987 BIRARDI A CASTELANI G R BELATTO L F B O Positivismo Os Annales e a Nova História Disponível em httpwwwklepsidranetklepsidra7annaleshtml Acesso em 6 mar 2018 BLAUG M Economic theory in retrospect 4 ed Londres Cambridge University Press 1985 BLOCH M Apologia da história ou o ofício do historiador Rio de Janeiro Zahar 2001 BRUE S História do Pensamento Econômico São Paulo Cengage Learning 2016 DOBB M H A evolução do capitalismo Rio de Janeiro Zahar 1983 DOSSE François A História em migalhas dos Annales à Nova História Bauru EDUSC 2003 ELIAS N Sobre o tempo Rio de Janeiro Zahar 1998 GALBRAITH J A O pensamento econômico em perspectiva São Paulo Universi dade de Brasília 1989 GANSHOF F L Que é feudalismo Lisboa Publicações EuropaAmérica 1968 GENNARI A M OLIVEIRA R História do Pensamento Econômico São Paulo Sarai va 2009 Disponível em httpsedisciplinasuspbrpluginfilephp1281153mod resourcecontent1HistC3B3ria20do20Pensamento20EconC3B4mi copdf Acesso em 7 mar 2018 HARARI Y N Sapiens uma breve história da humanidade 7 ed Porto Alegre LPM 2015 HOBSBAWM E Sobre 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outra a busca de apresentar descrever os esforços que o homem faz ao longo dos séculos para satisfazer suas necessidades materiais 2 Alternativa e 3 Alternativa c 4 A Idade Média foi assim denominada por ser o período intermediário entre a Antiguidade associada às civilizações clássicas de Grécia e de Roma e a Época Moderna cujas origens remontam às Grandes Navegações às Descobertas ao Renascimento O feudalismo se situa temporalmente dentro da Idade Média mas as características que envolvem o feudal apontam na direção de fenômenos políticos econômicos sociais jurídicos e culturais 5 Crise Agrária Crise demográfica e Crise monetária UNIDADE II Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Objetivos de Aprendizagem Apreender aspectos gerais do processo de formação do capitalismo Compreender o conceito de Revolução Industrial Refletir os impactos da Revolução Industrial Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção A Revolução Industrial A Revolução Industrial e sua Amplitude Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 63 INTRODUÇÃO Definir capitalismo caroa alunoa é uma ousadia diante de tão ampla circu lação na fala popular e na literatura clássica Tanto é que antes de apresentar como caráter introdutório do nosso trabalho devo dizer que não chegamos a tal definição propriamente Contudo buscamos demonstrar que o capitalismo recebeu reconhecimento autorizado como categoria histórica Nosso entender contempla portanto uma abordagem de capitalismo de acordo com seu desenvolvimento histórico A busca pela essência do capitalismo nessa perspectiva é o modo de produção Não no sentido de espírito empresa rial nem no uso da moeda para financiar uma série de trocas com o objetivo de ganho Por modo de produção entendemos não apenas no sentido da técnica mas podemos compreender também a relação entre a propriedade dos meios produtivos e as interações sociais entre os homens que resultavam de suas liga ções com o processo de produção É com o autor Pierre Vilar 1975 Maurice Dobb 1980 e de forma modesta o trabalho de Iori 2014 que vamos pautar nossa reflexão no que tange à acumu lação primitiva Essa dinâmica está intrinsecamente relacionada com a própria capacidade de trabalho que se tornara uma mercadoria como Marx denominou em sua obra O Capital e era comprada e vendida no mercado como qualquer outro objeto de troca Na carreira do capitalismo apresentase um segundo momento o da Revolução Industrial no final do século XVIII e a primeira metade do século XIX cuja importância foi essencialmente econômica com reflexo na esfera polí tica Ela se mostrou tão decisiva para todo o futuro da economia capitalista e tão radical como estrutura e organização da indústria que Dobb 1980 p 28 chega a relacionar como as dores de parto do capitalismo moderno e como momento mais decisivo no desenvolvimento econômico e social desde a Idade Média Bons estudos O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 64 O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CAPITALISTA DE PRODUÇÃO Para tratar da grande revolução que modificou a história do mundo a Revolução Industrial século XIX é preciso antes de mais nada apreender o modo capita lista de produzir como um sistema caracterizado pelo processo da concentração dos meios de produção Antes de caracterizarmos o momento histórico transfor mador da sociedade moderna vamos tratar de modo breve das características da organização econômica da sociedade dentro dessa dimensão temporal A FORMAÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA Em Iori 2014 encontramos a busca pela definição do termo capitalismo Vimos que este possui ampla circulação na linguagem escrita e falada popular e na obra histórica dos últimos tempos Para o presente estudo o significado inicialmente conferido por Karl Marx estrutura a essência do capitalismo em um determinado modo de produção Em relação ao modo de produção ele não se referia apenas ao estado da técnica o que chamou de forças produtivas mas ao modo pelo qual os meios de produção eram possuídos e às relações sociais entre os homens resultantes de suas ligações com o processo de produção conforme explicita Dobb 1980 Desse modo o Capitalismo não era apenas um sistema de produção de mercadorias mas um sistema de acordo com o qual a força de trabalho trans forma si própria em uma mercadoria e se vendia e comprava no mercado como qualquer outro objeto de troca É importante ressaltar a particularidade especial da força de trabalho é a única mercadoria que cria outra mercadoria O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 65 Ernest Mandel 1982 p 14 afirma que o modo de produção capitalista não se desenvolveu em meio a um vácuo mas no âmbito de uma estrutura sócioeconômi ca específica caracterizada por diferenças de grande importânciapor exemplo na Europa ocidental Europa oriental Ásia continental Amé rica do Norte América Latina e Japão As formações sócioeconômica específicas as sociedades burguesas e economias capitalistas que surgiram nessas diferentes áreas no decorrer dos séculos XVII XIX e XX como veremos adiante e que em sua unidade complexa junta mente com as sociedades da África e da Oceania abrangem o capi talismo concreto reproduzem em formas e proporções variáveis uma combinação de modos de produção passados e presentes ou mais pre cisamente de estágios variáveis passados e sucessivos do atual modo de produção O sistema mundial capitalista é em grau considerável precisamente uma função da validade universal da lei de desenvolvi mento desigual e combinado Caroa alunoa um requisito histórico era a concentração da propriedade dos meios de produção em mãos de uma classe consistindo em apenas uma parte pequena da sociedade e o aparecimento consequente de uma classe destituída de propriedade para a qual a venda de sua força de trabalho era a única fonte de subsistência conforme vimos na Unidade I Mandel 1982 p 29 descreve que o movimento efetivo do capital manifestamente começa a partir de relações não capitalistas feudalismo e prossegue dentro do quadro de referência de uma troca constante explora dora metabólica com esse meio não capitalista A atividade produtiva era por isso suprida por ela não em virtude de compulsão ou obrigação legal mas na base de um contrato salarial Tornase claro que tal definição exclui o sistema de produção artesanal independente no qual o artesão possuía seus próprios e modestos implementos de produção e empreendia a venda de seus próprios artigos O papel da propriedade é fundamental nessa relação pois para Dobb 1980 o capital para ser configurado nos moldes capitalistas tem de ser necessariamente usado na sujeição da força de trabalho à criação da maisva lia na produção O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 66 O sistema capitalista não se basta a partir da questão de classes burguesia e proletariado ou seja o que diferencia o uso dessa definição quanto às demais é que a existência do comércio e do empréstimo de dinheiro bem como a pre sença de uma classe especializada de comerciantes ou financistas ainda que fossem homens de posses não bastava para constituir uma sociedade capitalista Os homens de capital por mais aquisitivos não bastam É fundamental apreen der que o capital tem de ser usado na sujeição da força de trabalho à criação da maisvalia na produção DOBB 1980 Cada período histórico é modelado sob a influência preponderante de uma forma econômica única mais ou menos homogênea e deve ser caracterizado de acordo com a natureza desse tipo predominante de relação socioeconômica Ao buscar a definição de um sistema econômico Iori 2014 percebe portanto que cada etapa apresenta uma característica nas situações históricas que simultaneamente propicia a homogeneidade de configuração a qual quer tempo dado e torna os períodos de transição quando existe um equilíbrio de elementos discretos inerentemente instáveis Isto pois a sociedade se acha constituída de maneira que o conflito e interação de seus elementos principais ao invés do crescimento simples de algum único elemento formam o fator principal de movimento e mudança pelo menos no que diz respeito às transformações principais Se esse for o caso uma vez que o desenvolvimento tenha atingido certo nível e os diversos elementos que constituem aquela sociedade estejam dispos tos de certo modo os acontecimentos deverão marchar com rapidez incomum não apenas no sentido de crescimento quantitativo mas no de uma alteração de equilíbrio dos elementos constituintes resultando no aparecimento de composições novas e alterações ou mudanças mais ou menos abruptas na tessitura da sociedade É como se em certos ní veis de desenvolvimento fosse acionado algo como reação em cadeia IORI 2014 p 20 A força de trabalho produzindo um valor maior do que ela vale isto é uma maisvalia gerou o capital Fonte autora O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 A transformação da forma medieval de exploração do trabalho excedente para a moderna não foi um processo simples que pode ser apresentado como uma tabela genealógica de descendência direta No entanto ainda assim entre os redemoi nhos desse movimento podemos distinguir certas linhas de direção do fluxo Tais linhas incluem não apenas modificações na técnica e o aparecimento de novos instrumentos de produção que aumentaram grandemente a produtivi dade do trabalho como conheceremos adiante mas uma crescente divisão do trabalho e por consequência o desenvolvimento das trocas bem como uma crescente separação do produtor quanto à terra e aos meios de produção e seu aparecimento como um proletário Dessas tendências orientadoras na história dos cinco séculos passados Dobb 1980 assevera que uma importância especial se prende à última não só porque foi tradicionalmente atenuada e decentemente encoberta por fórmulas acerca da passagem de status para contrato mas porque no centro do palco histórico trouxe consigo uma forma de compulsão ao trabalho para outrem que se mostra pura mente econômica e objetiva lançando assim uma base para aquela forma peculiar e mistificadora pela qual uma classe ociosa pode explorar o trabalho excedente dos outros e que é a essência do sistema moderno o qual chamamos capitalismo A acumulação primitiva Ao examinar a história do capitalismo encontramos que a fase inicial desse sis tema dáse na Inglaterra no período da segunda metade do século XI e início do século XII Por uma série de fatores foi nesse país que a pequena propriedade e o gozo dos direitos contribuíram para desenvolver a partir do século XIV uma classe rural precocemente comprometida na produção artesanal e na comercia lização dos produtos Por essa mesma razão a diferenciação entre aldeões ricos e pobres e o incentivo de grandes lucros conseguidos sobre os campos de pasta gem devido à extensão da indústria de lã trouxeram como consequência uma expulsão em massa dos pequenos agricultores durante os séculos XV e XVI e uma apropriação sistemática de suas parcelas concomitantemente a das terras comunais área do feudo de uso coletivo como por exemplo os bosques flores tas e pastos pelos grandes proprietários O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 68 A legislação foi impotente contra esse movimento de apropriação Além disso a lei acabou voltando suas armas contra pobres desocupados e vagabundos formas como a lei enxergava na época as pessoas menos favorecidas que a lei acabou voltando suas armas A primeira lei dos pobres no reinado de Rainha Elizabeth I preparou sob o pretexto de ajuda obrigatória essas futuras casas de trabalho nas quais o pobre que não tinha onde cair morto seria colocado à dis posição do produtor industrial VILAR 1975 Expropriação e proletarização são os dois termos da acumulação primitiva no estado puro a perfeita separação mediante a violência legalizada do produtor com seus meios de produção Por isso Marx 1985 elegeu o exemplo inglês dos séculos XV e XVI como símbolo É no século XVIII que o processo é concluído e somente na Inglaterra se apresenta de uma maneira radical Vilar 1975 descreve que a colonização europeia em escala mundial determina outro aspecto da acumulação primitiva Ela se realiza por mecanismos bastante variados a saber os saques delicadas joias arrebatadas dos índios das ilhas imensos tesouros dos príncipes mexicanos e incas tudo foi diretamente transferido para a Europa É correto que os conquistadores espa nhóis e o imperador Carlos V dedicaram essencialmente esses primeiros lucros às suas empresas militares ou suntuárias mas o ouro passou às mãos dos mercado res e dos banqueiros que se converteram nos intermediários da aventura colonial É imaginável conforme Dobb 1980 que uma economia não pode ser base ada durante muito tempo no simples e puro saque tampouco devese crer que se tratou de um breve episódio Os holandeses que difundiram uma ver são das crueldades espanholas na América não foram menos cruéis nas ilhas do Extremo Oriente as quais ocuparam no século XVII Os ingleses na Índia século XVIII também usaram desse esquema pérfido Além do que desde o tempo da Rainha Elizabeth I uma das grandes fontes de enriquecimento da corte real inglesa foi a pirataria a pilhagem direta dos carregamentos espanhóis A essa economia de pilhagem a colonização acrescentou uma exploração con tínua e sistemática Historiadores constataram na Europa do século XVI uma chegada em massa de ouro e de prata o que desencadeou uma revolução nos pre ços O preço dos produtos europeus subiu e Dobb 1980 estima que o aumento foi na proporção de 1 para 4 Como os salários sobem muito menos produzse uma inflação de lucros isto é o primeiro grande episódio de criação capitalista O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 No século XVI a quantidade de ouro e prata em circulação na Europa aumentou por consequência do descobrimento das minas americanas mas ricas e fáceis de explorar O resultado foi que o valor do ouro e da prata diminui em relação ao de outros artigos de consumo Continu avase a pagar aos trabalhadores os mesmos salários por sua força de trabalho Seu saláriodinheiro mantevese estável mas seu salário di minuiu porque em troca da mesma quantidade de dinheiro recebiam uma quantidade menor de bens Este foi um dos fatores que favore ceu o crescimento do capital e o Ascenso da burguesia no século XVI DOBB 1980 p 80 Esse contexto representa apenas um dos fatores que favoreceu o avanço produ tivo no século XVI Sob a perspectiva marxista a quase totalidade da produção não é obtida sob o regime de assalariamento a economia é feudal ou artesanal É a alta dos preços que vai favorecer a instalação do assalariamento fase prepa ratória do capitalismo na acumulação primitiva Outra consideração é que o lucro capitalista é apenas facilitado não é medido pela distância que se estabelece entre preços e salários de pende com efeito do tempo de trabalho incorporado numa determi nada mercadoria comparado com o tempo de trabalho incorporado no salário do trabalhador que o produziu mas esse tempo de traba lho depende de condições muito complexas intensidade organização aparelhagem técnica e não somente de variações monetárias por úl timo os preços europeus não sobem no século XVI porque o ouro e a prata são mais abundantes sobem porque o preço de custo do ouro e da prata diminuem portanto os lucros são extraídos mais do trabalho dos mineiros americanos que da exploração crescente dos trabalhado res europeus IORI 2014 p 24 Vilar 1975 descreve que o trabalho na América em suas diferentes formas escravismo encomienda metas compromisso entre esse trabalho forçado e um salário foi extenuante os índios das ilhas São Domingos Cuba pereceram em massa a população do México por sua vez também caiu por isso a partir de 1600 o preço de custo do metal precioso aumentou e portanto o preço das demais mercadorias começou a baixar na Europa Os lucros eram então obti dos com menor facilidade e no século XVII a acumulação primitiva de capital foi menos intensa que no século XVI e voltou a subir no século XVIII quando o ascenso demográfico e a exploração colonial reorganizada permitiram novamente que fossem diminuídos os preços de custo da extração mineira ouro do Brasil O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 70 minas mexicanas Desse modo vemos que a intensidade da acumulação mone tária na Europa condição para a instalação do capitalismo dependeu do grau de exploração do trabalhador americano Isso não vale somente para as minas O ouro e a prata são mercadorias O açúcar o cacau o café as madeiras tintoriais podem provocar fenômenos análogos A acumulação primitiva do capital europeu dependeu tanto do escravo cubano quanto do mineiro dos Andes Nesse sentido O escravismo velado dos assalariados europeus não podia instalarse senão sobre o escravismo sem disfarce dos trabalhadores do Novo Mundo MARX 1985 p 91 Diante desse panorama contextualizase o capital usurário e o capital mercantil em que a acumulação monetária é obtida a princípio por meio do empréstimo usuário para o consumo no nível mais baixo em cada aldeia o homem que tem disponibilidades monetárias pode emprestar com juros muito elevados ao camponês que não tem do que viver o necessário para comprar a semente ou uma ferramenta ou para pagar o imposto no nível mais alto os grandes mercadores ou banqueiros emprestam aos grandes senhores ou aos príncipes é mais perigoso uma vez que pode haver falências confiscos mas ao mesmo tempo é remunerador Apresentase um aspecto dialético da relação do capital usurário e mercan til a acumulação primitiva de capital engendra sua própria destruição Em uma primeira fase a alta dos preços o aumento dos impostos reais e os empréstimos grandiosos estimulam os usurários mas no final em graus diferentes segundo países diversos as taxas médias de juros e dos lucros tendem a se igualar e a diminuir Então é necessário que o capital acumulado busque outro meio de se reproduzir É preciso que os homens de dinheiro que haviam se mantido relati vamente à margem da sociedade feudal invadam todo o corpo social e tomem o controle da produção IORI 2014 É no curso do século XVII menos favorável aos lucros extraídos das colô nias que os mercadores aproveitando as dificuldades do artesanato corporativo e o excesso de mão de obra existente no campo põemse a distribuir primeiro a matériaprima e logo após instrumentos de produção matérias têxteis tanto em domicílio entre os camponeses quanto às grandes oficinas em geral privi legiadas pelo Estado O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 Dobb 1980 considera a época da manufatura uma importante etapa em direção ao capitalismo e a classifica em três dimensões a saber primeiramente porque realiza na indústria a separação entre produtor e meio de produção concorre a duras penas com o artesanato corporativo por último organiza a divisão do trabalho que aumenta de modo considerável a produtividade do tra balho individual O domínio do capital mercantil corresponde na Europa Ocidental a uma nova estrutura do Estado Às vezes como na França esse Estado favorece dire tamente à manufatura Os impostos cuja importância aumenta são cobrados geralmente mediante o sistema de fermes ou seja por companhias de financistas privados que guardam para si grande parte dessas cobranças feitas a partir do produto nacional tratase de uma importante fonte de acumulação monetária A organização do crédito e o aparecimento dos primeiros bancos estatais fazem baixar as taxas de juros usurários e em contrapartida mobilizam o dinheiro dos capitalistas nas mãos de grupos restritos e poderosos Por último o Estado pro tege a produção nacional por intermédio das aduanas e da marinha nacional pelos atos de navegação que lhe reservam os transportes A finalidade de todas essas medidas mencionadas anteriormente é bastante consciente É expressa amiúde pelos economistas mercantilistas que repre sentavam como mostrou perfeitamente Marx a forma primitiva e ingênua do capitalismo a finalidade de qualquer atividade é fazer dinheiro a nação é rica se tem um saldo positivo de metais preciosos pouco importa como é distribu ído esse saldo confundem lucro nacional e lucro dos comerciantes que por sua vez se confundem com os industriais O país mais característico dessa fase é a Inglaterra do final do século XVII A evolução que sofreu desde o século XV concentração da propriedade agrária proletarização da mão de obra atividade marítima e colonial permitiulhe superar definitivamente os países dos pri meiros descobrimentos Espanha e Portugal paralisados pelo excessivo afluxo de dinheiro e o parasitismo das rendas e evoluir mais depressa que a Holanda privada de recursos industriais e a França onde a estrutura agrária resistiu ao movimento de concentração das propriedades e de cercamento das terras comunais O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 72 Foi também na Inglaterra que apareceram no curso do século XVIII as novi dades que caracterizam de forma decisiva a nova era a era capitalista A partir do aparecimento do maquinismo por volta de 1730 e sobretudo a partir de 1760 ocorre uma série de invenções que irão substituir a manufatura pela maquinofatura ou seja que permitirão por sua vez multiplicar a produtividade do trabalho humano reduzir este mes mo trabalho a um mecanismo cada vez mais abstrato cada vez menos unido ao objeto produtivo de forma contrária ao trabalho artesanal e por último utilizar uma mão de obra de força reduzida é a mobili zação maciça do trabalho de mulheres e crianças Estas invenções são as que concernem à metalurgia fundição do carvão e por último à máquina a vapor Este avanço das forças produtivas é necessário para subverter as estruturas econômicas e sociais Daí em diante a produ ção industrial em massa será a fonte essencial do capital pela distância estabelecida entre o valor produzido pelo operário e o valor que lhe é restituído sob a forma de salário por aqueles que dispõem dos novos meios de produção máquinas fábricas A era da acumulação primi tiva terminou Tudo irá tornarse mercadoria e as relações sociais se estabelecerão exclusivamente em termos de dinheiro Já não há mais feudalismo VILAR 1975 p 4748 As etapas finais da transformação desse período portanto abrangem o controle do capital mercantil sobre a produção industrial o papel dos primeiros Estados nacionais e a acumulação primitiva e por último o novo avanço das forças de produção produção industrial em massa e nova agricultura no século XVIII A exploração cada vez mais acentuada do trabalho humano é sua consequência e seu preço Por um lado o século XVIII é um século de alta geral dos preços e já falamos da fonte colonial desse fenômeno por outro lado é ainda o século das grandes fortunas edificadas sobre o ouro do Brasil da prata mexicana do açúcar e do rum das ilhas do algodão da América e da Índia tudo isso extra ído do trabalho dos povos colonizados Na Europa a alta dos preços tem como consequência uma diminuição do salário individual diário real do qual o capi tal tira proveito Iori 2014 constata contudo que o século XVIII especialmente nos paí ses mais avançados como a Inglaterra vê desaparecer se não a carestia e a falta de pão pelo menos as fomes mortais Como se explica isso Devese em pri meiro lugar ao fato de que os operários trabalharam mais mais dias ao ano O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 e as mulheres e crianças foram postas a trabalhar também O salário familiar aumenta até o mínimo de subsistência mas por uma quantidade de trabalho extraordinariamente maior A revolução agrícola e a liberdade do comércio de grão permitiram que fosse alimentado um maior número de homens e com maior regularidade Nos países mais adiantados era suprimido o pousio descanso destinado à terra cultivada interrompendo uma cultura até outra e eram plantadas mais leguminosas e tubér culos Isso fez com que diminuísse os antigos lucros da especulação quando se tirava proveito das crises de alimentação O capital mercantil de tipo antigo se ressente mas o capital industrial cada vez que pode diminuir o conteúdovalor da alimentação mínima do operário assegura um lucro sempre maior Caroa alunoa daí em diante o capitalismo industrial que nesse caso merece simplesmente o nome de capitalismo substitui as modalidades primitivas de formação do capital Contudo ainda nos países avançados como a Inglaterra a agricultura nas mãos dos capitalistas adaptase à produção em massa para a venda ou seja ao capitalismo Somente no século XIX o capitalismo industrial se propagará tal como havia nascido na Inglaterra a partir de 1760 Resta considerar que um regime social não está constituído exclusivamente por seus fundamentos econômicos A cada modo de produção corresponde não somente um sistema de relações de produção como também um sistema de direito de instituições e de formas de pensamento Um re gime social em decadência servese precisamente desse direito dessas instituições e desses pensamentos já adquiridos para oporse com to das as suas forças às inovações que ameaçam sua existência Isso pro voca a luta das novas classes das classes ascendentes contra as classes dirigentes que ainda achamse no poder e determina o caráter revo lucionário da ação e do pensamento que animam essas lutas IORI 2014 p 28 O regime feudal conforme Vilar 1975 não morreu sem se defender E o ata que que ele sofreu não começou somente com as formas mais desenvolvidas dos novos modos de produção Essas formas com efeito só puderam triunfar quando já tinham se liberado dos inconvenientes dos entraves que as institui ções de tipo feudal necessariamente opunham isto é a história das revoluções burguesas O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 74 É muito importante se atentar caroa alunoa para a relevância do século XVI para a História Européia Esse espaço cronológico representa a tênue linha divisória entre a ordem feudal decadente e o sistema capitalista que surgia Já sabemos que tratar de História Econômica Geral é fazer uma releitura da humanidade sobre a perspectiva de como a sociedade se organizou para satisfazer suas necessidades materiais Nesse sentido é interessante pensar que a histó ria apresenta três importantes revoluções Harari 2015 apresenta a Revolução Cognitiva como marco do processo histórico há cerca de 70 mil anos a Revolução Agrícola por volta de 12 mil anos atrás a Revolução Científica que começou há apenas 500 anos A última à medida em que propiciou a contestação de ver dades abriu espaço para outra transformação econômicasocial a Revolução Industrial Com o fim do feudalismo e o processo transitório do mercantilismo o modo de produção capitalista em ascendência passa a revelar claramente carac terísticas sócioeconômicas intrínsecas na Revolução Industrial A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Revolução Industrial conforme Iori 2014 é o segundo momento da carreira do capitalismo no final do século XVIII e primeira metade do século XIX Sua importância foi essencialmente econômica apresentando um reflexo dramá tico sobre a esfera política A Revolução Industrial é um marco histórico em que os limites para a produção de riquezas pelo homem foram implodidos e nunca mais deixaram de ser superados e expandidos Moraes 2017 p 46 afirma que o mundo como o conhecemos hoje é filho dessa transformação Em 1776 como não poderia deixar de ser a Inglaterra era o país mais efi ciente e poderoso do mundo Ela se beneficiou grandemente com o livre comércio internacional em face do início da Revolução Industrial Nessa época os empre sários foram se fortalecendo e não mais precisavam contar com a ajuda do governo com privilégios de monopólios e com a proteção tarifária Em conjunto A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 ao desenvolvimento das fábricas os artesãos perdiam sua vantagem competitiva Essa situação os levou ao mercado de trabalho como trabalhadores assalariados A alta taxa de natalidade bem como a taxa de mortalidade em queda aumenta ram a população e os trabalhadores infantis e os camponeses irlandeses falidos que chegavam à Inglaterra também aumentavam a oferta de mão de obra Essa circunstância gerou empatia por parte dos empresários em relação à doutrina laissezfaire Os salários estavam baixos por conta da oferta em demasia e o Governo não precisava intervir O marco temporal referido acima é ainda importante para nosso trabalho porque também apresenta uma mudança sistemática na ciência econômica Foi justamente em 1776 que Adam Smith publicou sua obra A riqueza das nações O pai da economia e seus contemporâneos que viveram durante os primeiros estágios da Revolução Industrial não puderam identificar de forma adequada a representatividade desse fenômeno e a direção que esse desenvolvimento toma ria ainda que em sua obra A riqueza das nações o pensador apresente o aumento da produtividade possível pela divisão do trabalho por meio do famoso exem plo da fábrica de alfinetes Tomemos pois um exemplo tirado de uma manufatura muito pequena mas na qual a divisão do trabalho muitas vezes tem sido notada a fabri cação de alfinetes Um operário não treinado para essa atividade que a divisão do trabalho transformou em uma indústria específica nem fami liarizado com a utilização das máquinas ali empregadas cuja invenção provavelmente também se deveu à mesma divisão do trabalho dificil mente poderia talvez fabricar um único alfinete em um dia empenhando o máximo de trabalho de qualquer forma certamente não conseguirá fabricar vinte Entretanto da forma como essa atividade é hoje executada não somente o trabalho todo constitui uma indústria específica mas ele está dividido em uma série de setores dos quais por sua vez a maior parte também constitui provavelmente um ofício especial Um operário desenrola o arame um outro o endireita um terceiro o corta um quarto faz as pontas um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete para fazer uma cabeça de alfinete requeremse 3 ou 4 ope rações diferentes montar a cabeça já é uma atividade diferente e alvejar os alfinetes é outra a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente Assim a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas as quais em algumas manufaturas são executadas por pessoas diferentes ao passo que em outras o mesmo operário às vezes executa 2 ou 3 delas O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 76 Vi uma pequena manufatura desse tipo com apenas 10 empregados e na qual alguns desses executavam 2 ou 3 operações diferentes Mas embo ra não fossem muito hábeis e portanto não estivessem particularmente treinados para o uso das máquinas conseguiam quando se esforçavam fabricar em torno de 12 libras de alfinetes por dia Ora 1 libra contém mais do que 4 mil alfinetes de tamanho médio Por conseguinte essas 10 pessoas conseguiam produzir entre elas mais do que 48 mil alfinetes por dia Assim já que cada pessoa conseguia fazer 110 de 48 mil alfinetes por dia podese considerar que cada uma produzia 4 800 alfinetes diariamen te Se porém tivessem trabalhado independentemente um do outro e sem que nenhum deles tivesse sido treinado para esse ramo de atividade certamente cada um deles não teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia e talvez nem mesmo 1 SMITH 1996 p 6566 Além de ilustrar o enorme aumento de produtividade possibilitado pela divisão do trabalho Smith 1996 também sugere que a invenção de máquinas se tornava viá vel pela própria divisão do trabalho como os processos manuais são subdivididos em grande número de operações cada vez mais simples também se torna mais fácil reproduzir essas operações simplificadas em um mecanismo Nesse sentido a divisão do trabalho na manufatura prepara a passagem para a grande indústria mecanizada No longo prazo a economia clássica Escola de pensamento fundada por Smith atendeu à toda sociedade porque a aplicação de suas teorias promovia o acúmulo de capital e o crescimento econômico Apresentase um novo tempo para os empresários Agora o status para os mercadores e industriais foi promo vido ao que Brue 2016 chama de promotores da riqueza da nação Eles estavam certos de que ao buscar o lucro estavam atendendo à sociedade Ainda em Brue 2016 percebemos que essas doutrinas privilegiaram materialmente os proprie tários e gerentes das empresas pois as ideias clássicas ajudaram a promover o clima político social e econômico que estimulou a indústria o comércio e o lucro A interpretação do mundo econômico do século XIX tem de ser essencial mente uma interpretação de sua transformação e movimento Maurice Dobb A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 77 ORIGENS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A definição de Revolução é imprecisa Sabese a princípio que não são meras mudanças Encontramos em Hannah Arendt 1990 que é inegável a questão social que envolve as revoluções E que a motivação econômica é a força motriz de toda luta política Figura 1 A primeira ponte de ferro fundido em Ironbridge local de nascimento de Shropshire da Revolução Industrial Contudo essa dinâmica transformadora não assume a mesma forma em todos os países em que ocorre Deane 1975 p 11 demonstra mudanças identificá veis nos métodos e características da organização econômica as quais tomadas como um todo constituem um desenvolvimento do tipo daquele que descre veríamos como uma Revolução Industrial Esta inclui as seguintes mudanças interrelacionadas 1 aplicação sistemática e generalizada do moderno conhecimento científico e empírico ao processo de produção para o mercado 2 especialização da atividade econômica dirigida no sentido da produ ção para os mercados nacional e internacional ao invés de sêlo para consumo familiar ou paroquial O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 78 3 migração da população das comunidades rurais para as urbanas 4 expansão e despersonalização da unidade típica de produção de modo que passa a ser baseada menos na família ou tribo do que na empresa pública ou privada 5 movimento da força de trabalho das atividades relacionadas com a produção de bens primários para a produção de bens manufaturados e serviços 6 uso extensivo e intensivo de recursos financeiros como um substitu to do esforço humano e como complemento deste 7 emergência de novas classes sociais e ocupacionais determinada pela propriedade dos meios de produção que não a terra ou pela relação dessas classes com os referidos meios de produção principalmente o capital Esse contexto de metamorfoses interrelacionadas ao ocorre rem simultaneamente constituem uma Revolução Industrial em que pese a associação de crescimento demográfico e aumento no volume anual de bens e serviços produzidos DEANE 1975 p 11 Percebemos já no primeiro item que o contexto científico tem um papel rele vante nessa transformação da sociedade À medida que as pessoas passaram a admitir que não conheciam as respostas para algumas perguntas muito impor tantes acharam necessário procurar conhecimentos completamente novos Essa busca objetivava a aplicabilidade desses saberes Em 1620 Francis Bacon publicou um manifesto científico intitulado Novum Organum Novo instrumento no qual afirmou que conhe cimento é poder A real prova de fogo do conhecimento não é se é verdadeiro mas se nos dá poder Os cientistas geralmente presumem que nenhuma teoria é 100 correta Em consequência a verdade não é um bom parâmetro de teste para o conhecimento O parâmetro real é sua utilidade Uma teoria que nos permite fazer novas coisas constitui conhecimento HARARI 2015 p 270 O mundo das ciências transformou a humanidade Por meio dele o homem adquiriu capacidades gigantescas investindo recursos em pesquisas Tratase de uma dinâmica que até o ano de 1500 os humanos do mundo inteiro duvi davam de sua aptidão para adquirir novas capacidades médicas militares e econômicas A descoberta da América foi o acontecimento fundacional da Revolução Científica A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 79 A maioria dos estudos científicos são financiados porque alguém acre dita que eles podem ajudar a alcançar algum objetivo político econô mico ou religioso Por exemplo no século XVI os reis e os banqueiros destinaram muitíssimos recursos para financiar expedições geográficas pelo mundo mas nem um centavo para estudar a psicologia infantil Isso porque os reis e os banqueiros supunham que a descoberta de no vos conhecimentos geográficos lhes permitiria conquistar novas terras e construir impérios comerciais ao passo que não conseguiam ver ne nhuma vantagem em entender a psicologia infantil HARARI 2015 p 282 Destarte o advento do sistema capitalista fez uma aliança com a indústria e a tecnologia refletidos na Revolução Industrial Depois de consolidada essa rela ção mudou o mundo de forma muita intensa e rápida A primeira fase da revolução industrial teve lugar na Inglaterra e oferece especial interesse pelo fato de ter ocorrido espontaneamente sem a assistência governamental a qual se tem constituído na tônica da maioria das revoluções industriais que se sucederam Conforme Iori 2014 a evolução que esse país passou desde o século XV concentração da propriedade agrária proletarização da mãodeobra atividade marítima e colonial permitiulhe superar definitiva mente os países dos primeiros descobrimentos Espanha e Portugal paralisados pelo excessivo afluxo de dinheiro e o parasitismo das rendas e evoluir mais depressa que a Holanda privada de recursos industriais e a França onde a estrutura agrária resistiu ao movimento de concentração das propriedades e de cercamento das terras comunais Marx expressou esse avanço da Inglaterra com a seguinte consideração Os diferentes métodos de acumulação primitiva que a era capitalista faz aparecer dividemse primeiro por ordem mais ou menos crono lógica entre Portugal Espanha Holanda França e Inglaterra até que esta última combinaos todos no último terço do século XVII num conjunto sistemático que inclui por sua vez o regime colonial o crédito público as finanças modernas e o sistema protecionista MARX 1974 p 41 De fato a primeira etapa da formação do capitalismo depois da crise dos sécu los XIV e XV não poderia fundarse senão por um avanço das forças produtivas o que ocorreu entre meados do século XV e XVI O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 80 O CARÁTER DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Revolução Industrial completou a transição do Feudalismo ao Capitalismo A partir dela finalizase o processo de expropriação dos produtores diretos O Modo de produção capitalista é então caracterizado pela introdução da maquinofatura e pelas relações sociais de produção assalariadas Destarte a separação definitiva entre capital e trabalho a industrialização é o reflexo dessa dinâmica De modo geral há grandes divergências em relação à representatividade dessa transformação social Carlo Cipolla historiador italiano atribui à Revolução Industrial um papel fundamental na história da humanidade entre 1780 e 1850 em menos de três gerações uma ampla revolução sem precedente na história da Humanidade mudou a face da Inglater ra Daí em diante o mundo não foi mais o mesmo Os historiadores frequentemente usaram e abusaram da palavra Revolução para signifi car uma mudança radical mas nenhuma revolução foi tão dramatica mente revolucionária quanto a Revolução Industrial exceto talvez a Revolução Neolítica Ambas mudaram o curso da história quer dizer cada uma provocou uma descontinuidade no processo histórico A Re volução Neolítica transformou a Humanidade de uma coleção dispersa de bandos selvagens de caçadores em uma coleção de sociedades agrícolas mais ou menos interdependentes A Revolução Industrial transformou o Homem de um agricultor em um manipulador de má quinas movidas por energia inanimada CIPOLLA 1973 p 7 apud SAES SAES 2013 p 141 Foi precisamente ao longo da crise geral do feudalismo que numerosas in venções vieram modificar o nível das forças de produção O uso da artilharia obrigou a impulsionar a produção de metal A difusão do pensamento hu mano com a invenção da imprensa e o progresso da ciência da navegação desempenharam um papel não menos importante Observase que pela primeira vez técnicas industriais e técnicas de comunicação ultrapassam a técnica agrícola É o começo de um processo que colocará a indústria no primeiro plano do progresso Fonte adaptado de Iori 2014 A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 81 É importante considerar que a transformação na estrutura da indústria a que se conferiu o título de Revolução Industrial não constituiu um acontecimento singular que se possa localizar entre as fronteiras de duas ou três décadas Para Dobb 1980 apresentase um período de desenvolvimento desigual em que não é possível localizar fronteira temporal de forma precisa A essência da transfor mação estava na mudança do caráter da produção que em geral associavase à utilização das máquinas movidas por energia não humana e não animal Marx 1985 p 302 afirmou que a transformação crucial foi na verdade a adaptação de uma ferramenta antes empunhada pela mão humana a um mecanismo quando o homem passa a atuar apenas como força motriz numa má quina ferramenta em vez de atuar com a ferramenta sobre o seu ob jeto de trabalho podem tomar seu lugar o vento a água o vapor etc e tornase acidental o emprego da força muscular humana como força motriz Essas mudanças dão origem a grandes modificações técnicas no mecanismo primitivamente construído apenas para ser impulsiona do pela força humana além disso a força humana é um instrumento muito imperfeito para produzir um movimento uniforme e contínuo As mudanças supracitadas por Marx modificaram profundamente as relações de trabalho em que pese um caráter coletivo ao processo de produção se ins taura expandindo a divisão do trabalho a um grau de complexidade jamais testemunhado Outra peculiaridade conforme Iori 2014 foi a necessidade crescente no sentido de que as atividades do produtor humano se conformas sem aos ritmos e movimentos do processo mecânico uma mudança técnica de equilíbrio que teve seu reflexo socioeconômico na crescente dependência do trabalho em relação ao capital e no papel cada vez maior desempenhado pelo capitalista como força disciplinadora e coautora do produtor humano em suas operações detalhadas E como era antes desse cenário produtivo Dobb 1980 p 261 nos demons tra que nos velhos tempos a produção era essencialmente uma atividade hu mana em geral individual em seu caráter no sentido de que o produtor trabalhava em seu próprio tempo e à sua própria maneira indepen dentemente dos outros enquanto as ferramentas ou os implementos simples que usava pouco mais eram do que uma extensão de seus pró prios dedos O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 82 A ferramenta característica desse período diz Mantoux 1957 p 193 era passiva na mão do trabalhador sua força muscular sua habilidade natural ou adquirida ou sua inteligência determinam a produção até o menor detalhe Na situação antiga antes do estágio da maquinofatura o pequeno mestre independente incor porando em si a unidade de instrumentos de produção humana e não humana Os elementos nãohumanos eram elementos modestos No contexto da Revolução Industrial o tamanho mínimo para um processo de produção unitário se tornara grande demais para o pequeno mestre contro lar Isso porque a relação entre os instrumentos humanos e mecânicos haviam se transformado Era necessário a partir de então capital para financiar o equi pamento complexo requerido pelo novo tipo de unidade de produção criarase um papel para um tipo novo de capitalista não mais ape nas como usurário ou comerciante em sua loja ou armazém mas como capitão de indústria organizador e planejador das operações da unida de de produção corporificação de uma disciplina autoritária sobre um exército de trabalhadores que destituídos de sua cidadania econômica tinham de ser coagidos ao cumprimento de seus deveres onerosos a serviço alheio pelo açoite alternado da fome e do supervisor do patrão DOBB 1980 p 262 Foi uma metamorfose ampla pois foi crucial em seus diversos aspectos que mereceu integralmente o nome de Revolução Econômica Essa foi a descrição clássica de Toynbee referenciada por Dobb 1980 O capitalismo prescinde totalmente da compulsão do trabalho Ele não ope ra sua extração de excedente econômico nem se apropriando do produtor como na escravidão nem do trabalho do produtor como na economia dominial Tampouco apropriase dos resultados do trabalho do produtor como na economia senhorial O capitalismo extrai excedente dentro do próprio processo de produção de um produtor livre através da diferença de valor que esse produtor recebe pela venda da mercadoria força de trabalho em relação às mercadorias que essa força de trabalho produz Fonte Rezende Filho 2010 p 138 A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 83 A Figura 2 logo a seguir apresenta as características dos velhos tempos Com o trabalho realizado empunhando as ferramentas e dando forma à matéria prima Na figura 3 por sua vez apresentamos o padrão de produção de forma em escala e padronizada ARTESÃO Trabalho realizado empunhando as ferramentas e dando forma à matériaprima o resultado da produção depende de sua habilidade no manuseio dessas fer ramentas e também de sua energia que define a força e a velocidade com que realiza as operações O produto artesanal resultado da combinação da habilidade e da energia do artesão com as ferramentas específicas de seu ofício Cada produto do artesão é uma obra única pois depende de características subjetivas Figura 2 O trabalho do artesão Fonte autora Arnold Joseph Toynbee nasceu em Londres no dia 14 de abril de 1889 e fa leceu em 22 de outubro de 1975 Foi um historiador britânico que tem como magnum opus a obra Um Estudo de História trad de A Study of History Nela examina em doze volumes o processo de nascimento crescimento e queda das civilizações sob uma perspectiva global Fonte a autora O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 84 MÁQUINA Transferese as ferramentas das mãos do artesão para um mecanismo que procu ra reproduzir os movimentos do artesão de forma automática e padronizada Pode ser movido pela energia humana embora com a Revolução Industrial seja mais típico o uso de energia não humana e não animal Figura 3 O trabalho da máquina Fonte autora Ao abordar a dinâmica máquinaartesão temos de necessariamente conside rar que tratase de processo longo cuja data inicial é difícil de estabelecer com precisão mas que seguramente remodelou primeiro o Reino Unido e a seguir grande parte do mundo O CONTEXTO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL No século XVIII a Inglaterra acompanhou a Holanda no comércio e ficou atrás da França na produção Nessa dimensão temporal a Inglaterra ganhou supremacia tanto no comércio como na indústria Entre 1700 e 1770 os mercados externos para os produtos ingleses cresceram mais rapidamente do que os mercados internos ingle ses Conforme Hunt 1989 entre 1700 e 1750 a produção das indústrias internas aumentou 7 enquanto a produção das indústrias de exportação aumentou 76 No período de 1750 a 1770 os respectivos aumentos foram de 7 e 80 Esse cres cimento acelerado sobre a demanda externa de produtos industrializados ingleses propiciou a Revolução Industrial Ela por sua vez determinou uma das trans formações mais fundamentais da História da vida humana HUNT 1989 p 60 A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 85 A sociedade inglesa que era predominantemente agrária e rural tornouse industrial e urbana Em 1801 por exemplo somente um quarto da população inglesa era urbana mas na metade do século XIX a Inglaterra liderava os paí ses do mundo em que a população estava concentrada nas cidades Os tecidos de algodão e lã produzidos nas fábricas construídas na cidade de Manchester e em outras partes do Norte da Inglaterra passaram a ser exportados para muitos países inclusive para o Brasil ao lado de facas garfos e outros utensílios de metal feitos em Birmingham e Sheffield duas cidades originalmente pequenas que se tornaram muito importantes no decorrer do século XIX A necessidade de ener gia a vapor para movimentar as máquinas aumentou a demanda por carvão o que por sua vez tornou a mineração outra indústria central E a necessidade de transportar os produtos encorajou o surgimento das estradas de ferro em 1825 que deram início a uma nova era BURKE 2016 p 35 O crescimento substancial da indústria alterou profundamente a vida das pessoas A introdução da máquina envolve conforme Saes e Saes 2013 p 150 a subordinação subsunção real do trabalho ao capital pois agora o capital materializado na máquina impõe pelo próprio processo de trabalho a sub missão do trabalhador ao ritmo determinado pelo capital O crescimento do comércio o aumento substancial da manufatura e das invenções além da divi são do trabalho caracterizaram a princípio a Inglaterra do século XVIII em uma economia de mercado bem desenvolvida Nessa conjuntura o preconceito tradicional contra o mercado capitalista em termos de atitudes e ideologia já estava muito enfraquecido Na Inglaterra daquela época maiores quantidades de produtos industriali zados a preços mais baixos significavam lucros sempre crescentes Deuse um surto de atividades inventivas pois à medida em que a procura externa crescia os empresários viram as possibilidades de maiores lucros e dessa maneira era necessário inovar tecnologicamente Nesse sentido Saes e Saes 2013 apresen tam que de modo amplo as transformações das técnicas produtivas não foram exclusividade da Revolução Industrial Em que pese estas mudanças são centrais para a compreensão do processo de transformação econômica e social As ino vações técnicas se concentraram em duas indústrias a de tecidos de algodão e a do ferro e envolveram uma nova fonte de energia o vapor O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 86 Em 1769 James Watt projetou um motor com especificações tão exatas que o simples movimento de um pistão podia ser transformado em movimento giratório Um fabricante de Birmingham chamado Boul ton associouse a Watt e com os recursos financeiros de Boulton eles conseguiram iniciar uma produção em larga escala de motores a va por No fim daquele século o vapor estava substituindo rapidamente a água como principal fonte de energia na indústria O desenvolvimento da energia a vapor levou a profundas mudanças econômicas e sociais HUNT 1989 p 62 Dobb 1980 p 263 apresenta a opinião de Toynbee sobre as inovações técnicas foram quatro grandes invenções o fator responsável pelo revo lucionamento da indústria algodoeira a máquina de fiar spinnin gjenny patenteada por Hargreaves em 1770 o filatório tocado a água inventado por Arkwright no ano anterior o filatório Cromp ton introduzido em 1779 e o filatório autônomo inventado pri meiramente por Kelly em 1792 embora nenhuma dessas por si só tivesse revolucionado a indústria não fosse o patenteamento da má quina a vapor por James Watt em 1769 e sua aplicação à manufatura algodoeira quinze anos depois A estas Toynbee acrescenta como elos cruciais no processo o tear mecânico de Cartwright de 1785 e afetando a siderurgia a invenção da redução do carvão na parte inicial do século XVIII e a aplicação em 1788 da máquina a vapor aos altosfornos A partir dessas invenções mencionadas iniciouse o estágio mais decisivo da Revolução Industrial Isso porque o vapor permitiu o abundante crescimento e desenvolvimento da indústria em larga escala visto que o vapor não dependia como o uso da água da localização geográfica das fábricas e dos recursos locais Sempre que pudesse comprar carvão a preço razoável poderia ser construído um motor a vapor Houve uma multiplicação de fábricas Originamse as escu ras cidades industriais HUNT 1989 Caroa alunoa você já deve ter se convencido da importância da ciên cia para o mundo tecnológico da época E os ingleses se sentiam orgulhosos pelas realizações econômicas tecnológicas e científicas desse período Não obstante o ufanismo dos ingleses o custo dessa revolução foi muito alto As condições de trabalho eram muito ruins para não dizer desumanas tanto nas fábricas quanto nas minas com longas horas corridas salários baixos e o uso considerável de trabalho infantil às vezes de crianças de 4 ou 5 anos de idade A Revolução Industrial e sua Amplitude Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 87 Somente em 1833 o Factory Act tornou ilegal o emprego de crianças abaixo de 9 anos de idade enquanto o Mines Act de 1842 proibiu o emprego nas minas de carvão de meninos com menos de 10 anos e de meninas e mulhe res em geral As condições de vida nas cidades industriais eram também bastante duras em consequência da superlotação da poluição industrial e da baixa qualidade das moradias Essas condições foram vividamente descritas por Friedrich Engels amigo de Karl Marx em um livro de 1845 A situação da classe trabalhadora na Inglaterra título original The Condition of the Working Class in England que se baseava em suas observações da favela de Manchester O escritor Charles Dickens ao lado de outros autores também considerava seu dever denunciar as brutali dades e as destruições que essa era pretensamente avançada causava É assim que em seus romances industriais as realidades sombrias do trabalho infantil da superpopulação urbana do domínio desumano das máquinas das doenças desigualdades injustiças e misérias que acompanhavam a Revolução Industrial eram vividamente colocadas diante dos olhos do público Podese dizer pois que o sacrifício de uma ou duas gerações foi o preço pago pelo rápido cresci mento industrial da Inglaterra A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SUA AMPLITUDE Tratamos anteriormente sobre as mudanças e características da organização econômica elencamos 7 itens do período que apresenta o contexto da revolu ção industrial Deane 1975 nos ensina que essas mudanças interrelacionadas caso ocorram simultaneamente e atinjam um nível suficiente constituem uma revolução industrial Ainda devemos nos atentar que sempre estiveram asso ciadas com um crescimento demográfico e com um aumento no volume anual de bens e serviços produzidos O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 88 Nesse sentido o trabalho da autora é fundamental Ela apresenta o ponto de partida desse processo revolucionário em que a Inglaterra mantinha uma posição mais favorável do que outros países Daí o fato dela ser o berço desse desenvolvimento Entretanto ainda aprendemos que no tocante à expansão demográfica parece razoável suporse que sem o aumento da produção que data a partir da década de 1740 o crescimento paralelo da população teria sido finalmente refreado por uma elevação na taxa de mortalidade devida aos padrões de vida em declínio Parece igualmente provável que sem o crescimento demográfico o qual ganhou impulso na se gunda metade do século XVIII a revolução industrial britânica teria sido retardada pela falta de mãodeobra Parece provável que sem a procura e preços crescentes os quais refletiam inter alia o crescimen to da população teria havido menos incentivo para os produtores britânicos se expandirem e inovarem e por conseguinte que se per deria parte do dinamismo que impulsionou a revolução industrial Parece igualmente provável que as oportunidades de emprego em expansão criadas pela revolução industrial animaram os indivíduos a se casarem e formar famílias numa idade mais jovem do que no passado e que aumentaram a expectativa média de vida DEANE 1975 p 48 A revolução agrícola foi também fundamental na dinâmica da revolução indus trial Tanto que a última não seria possível sem a primeira conforme Nurske 1953 apud Deane 1975 Dessa forma no que se relaciona à produção de bens e serviços podemos destacar os aspectos essenciais das novas técnicas de pro dução que caracterizaram a revolução agrária nos solos aráveis da Inglaterra plantio constante novas rotações de culturas e uma associação mais íntima entre as sagras e o estoque Outro ponto importante atribuído ao panorama agrícola é a mudança nas atitudes empresariais A modernidade é o transitório o efêmero o contingente é a metade da arte sendo a outra metade o eterno e o imutável Charles Baudelaire A Revolução Industrial e sua Amplitude Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 89 Temos aí um alagarmento dos horizontes econômicos tanto no tempo como no espaço de modo que os agricultores em geral se tornaram mais inte ressados em produzir para um mercado nacional ou internacional do que em fazêlo para fins de consumo regional ou doméstico e alguns deles começaram a aderir à programação de drenagem de terras e criação de gado programa ção essa que implicava um retorno de capital não imediato no sentido de na próxima colheita em uma época mais distante Outra mudança de atitude é o aumento na especialização econômica que refletiu no aparecimento do fazen deiro profissional ou do trabalhador não proprietário E ainda a aplicação do conhecimento científico e métodos experimentais a atividades que tinham sido anteriormente reguladas rigidamente pela tradição pela prática comunitária ou por métodos empíricos A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA O ritmo da modificação econômica no século XIX no que diz respeito à estru tura da indústria e das relações sociais ao volume de produção e à extensão e variedade do comércio mostrouse inteiramente anormal a julgar pelos padrões dos séculos anteriores tão anormal a ponto de transformar radical mente as ideias do homem sobre a sociedade por meio de uma concepção mais ou menos estática de um mundo onde de uma geração para outra os homens estavam fadados a permanecer na posição que lhes fora conferida ao nascer onde o rompimento com a tradição era contrário à natureza para uma con cepção do progresso como lei da vida e do aperfeiçoamento constante como estado normal de qualquer sociedade sadia A interpretação do mundo eco nômico do século XIX tem de ser essencialmente uma interpretação de sua transformação e movimento A cena econômica no século XIX nos proporciona uma combinação de cir cunstâncias excepcionalmente favoráveis para o florescimento de uma sociedade capitalista Uma era de transformação técnica que aumentava com rapidez a pro dutividade do trabalho testemunhou também um aumento natural anormalmente O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 90 rápido nas fileiras do proletariado junto com uma série de acontecimentos que ampliaram simultaneamente o campo do investimento e o mercado dos bens de consumo em grau sem precedente Nos séculos anteriores o crescimento da indústria capitalista foi dificultado pelo estreitamento do mercado e sua expan são foi ameaçada pela baixa produtividade impostas pelos métodos de produção do período sendo esses obstáculos reforçados de quando em vez pela escassez de trabalho Na Revolução Industrial essas barreiras foram simultaneamente banidas e em vez disso a acumulação e o investimento do capital se viram a cada ponto do quadrante econômico diante de horizontes cada vez mais amplos para incitálos Somente por um singular desconhecimento da história buscarseia na revolução industrial as origens do capitalismo Estas recuam à medida em que mais se as estuda elas são talvez mais antigas do que o comér cio e o numerário ou do que a distinção entre ricos e pobres O que pertence propriamente ao regime da grande indústria é a aplicação do capital na produção de mercadorias e a própria formação do capital no decorrer dessa produção é a existência de uma classe capitalista que é essencialmente uma classe industrial MANTOUX 1957 p 369 Diante dessa configuração industrializante o capitalismo alterou as relações internacionais caracterizouse um escoamento de capital A troca de merca dorias produzidas em condições de mais alta produtividade do trabalho por mercadorias produzidas em condições de mais baixa produtividade do traba lho era uma troca desigual isto é era uma troca de menos trabalho por mais trabalho A existência de grandes reservas de trabalho barato e terra em alguns países que ainda não haviam se industrializado resultou em uma acumulação de capital com uma composição orgânica de capital mais baixa do que nos pri meiros países que se industrializaram A composição orgânica do capital é a relação de valor entre capital constan te e capital variável A Revolução Industrial e sua Amplitude Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 91 Muito além da técnica per se a Revolução Industrial em discussão apresenta como traço notável pertencer a um capitalismo amadurecido visto que o progresso técnico é um elemento do mundo econômico Com a chegada da força a vapor foram abolidos os limites anteriores à complexidade e tama nho da maquinaria e magnitude das operações que esta podia executar Em certa medida essa revolução da técnica adquiriu até um ímpeto cumulativo próprio em que cada avanço da máquina tendia a trazer consequentemente uma especialização maior das unidades da equipe humana que a operava E a divisão do trabalho simplificando os movimentos individuais facilitava ainda outras invenções pelas quais esses movimentos simplificados eram imitados por uma máquina A Revolução Industrial se mostrou tão decisiva para todo o futuro da economia capitalista tão radical como transformação da estrutura e organi zação da indústria que levou alguns autores a considerála como as dores do parto do capitalismo moderno e portanto o momento decisivo no desenvol vimento econômico e social desde a Idade Média Não obstante conforme Dobb 1980 o conhecimento e juízo mais maduros de hoje indicam clara mente que aquilo que a Revolução Industrial representou foi a transição de um estágio inicial e ainda imaturo do capitalismo em que o modo de pro dução précapitalista fora penetrado pela influência do capital subordinado a este sistema despido de sua independência como forma econômica mas ainda não inteiramente transformado para um estágio no qual o capitalismo com base na transformação técnica atingira seu próprio processo específico de produção apoiado na unidade de produção em grande escala e coletiva da fábrica efetuando assim um divórcio final do produtor quanto à participa ção que ainda dispunha nos meios de produção e estabelecendo uma relação simples e direta entre capitalistas e assalariados DOBB 1980 Desse modo caroa alunoa ao analisar esse processo transformador da história econômica estamos habilitados a caminhar no entendimento da dinâ mica capitalista que se movimentará para o que conhecemos como Segunda Revolução Industrial motivo de aprendizado da nossa próxima unidade O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 92 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa nesta unidade refletimos acerca da essência do capitalismo pautada nas relações produtivas É possível apreender o tratamento do material histórico do capital que se reproduz e se acumula a partir das crises violências desequilíbrios bem como o apoderamento e usuras Essas tendências marcaram o fim do regime feudal e a expansão dos europeus através do mundo Encontramos em Vilar 1975 as duas principais modalidades da dinâmica para o processo de acumulação primitiva a saber a expropriação agrária e proletarização das mas sas rurais e o saque e exploração colonial O desenvolvimento do capitalismo se classifica em uma série de estágios caracterizados por níveis diversos de maturidade e cada qual reconhecível por traços bastante distintos No entanto buscamos apresentar que a segunda car reira desse sistema ocorre com a Revolução Industrial Essa dinâmica da evolução do sistema está representada por uma transição de um estágio inicial e ainda imaturo do capitalismo para outro baseado na transformação técnica Processo esse apoiado na unidade de produção em grande escala e coletiva da fábrica efe tuando assim o que Dobb 1980 p 28 chama de divórcio final do produtor quanto à participação que dispunha nos meios de produção de forma a estabe lecer uma relação simples e direta entre capitalistas e assalariado Essa transformação foi determinante na História Econômica Geral e por assim dizer para todo o futuro da economia capitalista Pois diante de uma nova configuração com a máquina como protagonista o capitalismo alterou as relações internacionais Modificouse o ritmo econômico por conta do volume de produção a partir de então possível e a variedade do comércio era anormal quando comparada aos padrões anteriores Destarte a metamorfose do mundo econômico do século XIX tem de ser essencialmente uma interpretação de sua transformação e movimento 93 1 Os historiadores frequentemente usaram e abusaram da palavra Revolução para significar uma mudança radical mas nenhuma revolução foi tão drama ticamente revolucionária quanto a Revolução Industrial exceto talvez a Re volução Neolítica Ambas mudaram o curso da história ou melhor cada uma provocou uma descontinuidade no processo histórico A Revolução Neolítica transformou a Humanidade de uma coleção dispersa de bandos selvagens de caçadores em uma coleção de sociedades agrícolas mais ou menos inter dependentes A Revolução Industrial transformou o Homem de um agricultor em um manipulador de máquinas movidas por energia inanimada CIPOLLA 1973 apud SAES SAES 2013 A respeito da Revolução Industrial avalie as afirmações a seguir I Embora a Revolução Industrial em perspectiva ampla não se limite às transformações das técnicas de produção estas mudanças são centrais para a compreensão desse processo II A Revolução Industrial foi um acontecimento que teve a Inglaterra como local inicial da sua dinâmica de desenvolvimento III A indústria têxtilalgodoeiro tem um importante papel no processo da re volução industrial IV As condições de vida nas cidades industriais eram também bastantes tran quilas com alta qualidade de vida principalmente pelo conforto das mora dias em geral É correto apenas o que se afirma em a I e IV b II e III c III e IV d I II e III e I II e IV 94 2 O artesanato urbano representava uma forma de produção mercantil simples de um tipo sem classes camponês em que os instrumentos utilizados eram de propriedade dos artesãos Com a Revolução Industrial a máquina assume papel central Na perspectiva da transformação da esfera de produção avalie as afirma ções a seguir como V para verdadeiras e F para falsas I Cada produto do artesão é uma obra única pois depende de característi cas subjetivas que não se repetem em outro momento nem pelas mãos do próprio artesão II O produto artesanal é o resultado da combinação da habilidade e da ener gia do artesão com as ferramentas específicas de seu ofício III O propósito da máquina consiste em um mecanismo que procura reprodu zir os movimentos do artesão de forma automática e padronizada IV A máquina característica da Revolução Industrial é movida por energia hu mana ou energia animal a V F V e F b F V F e V c V V V e F d F F F e V e F F V e F 3 O termo capitalismo possui ampla circulação na fala popular e na obra histó rica dos últimos tempos Sobre esse modo de produção assinale a alterna tiva correta a O requisito histórico sob a concepção marxista de sistema capitalista é a concentração da propriedade dos meios de produção nas mãos de uma classe b Um sistema que está pautado na produção artesanal independente em que o artesão possui o controle da atividade produtiva c Para que se caracterize um sistema capitalista é fundamental apenas a pre sença de uma classe especializada de comerciantes ou financistas ou seja homens de posse d A fase inicial do sistema capitalista se dá na Dinamarca por volta dos anos 1550 e O primeiro momento do capitalismo é a Revolução Industrial 95 4 Identificamos no decorrer da unidade mudanças perceptíveis nos métodos e características da organização econômica as quais tomadas como um todo constitui um desenvolvimento do tipo daquele que descreveríamos como uma revolução industrial Apresente essas mudanças 5 Máquinas multidões cidades o persistente trinômio do progresso do fascínio e do medo O estranhamento do ser humano em meio ao mundo em que vive a sensação de ter sua vida organizada em obediência a um imperativo exterior e transcendente a ele mesmo embora por ele produzido BRESCIANI 1984 p 24 Discorra sobre as perdas diversas que o homem sofreu diante do contexto do século XIX 96 REVOLUÇÃO INGLESA Qual o significado da Revolução Inglesa Tratouse efetivamente de uma Revolução Es sas questões nortearam o estudo do historiador inglês L Stone um dos integrantes do grupo de historiadores ingleses de orientação marxista que se propôs a discutir ques tionar e repensar o marxismo a partir da década de 50 O estudo em questão publicado na coletânea Revoluciones y rebeliones de La Europa Moderna analisa as causas remotas próximas e os elementos que contribuíram para desencadear o processo revolucionário inglês do século XVII No trecho selecionado conclusão do estudo o autor comenta as especificidades e o significado da Revolução Inglesa O que caracteriza a Revolução Inglesa é o conteúdo intelectual dos diversos programas e atuações da oposição depois de 1640 Pela primeira vez na história um rei ungido foi julgado por faltar à palavra dada a seus súditos e decapitado em público sendo seu cargo abolido Aboliuse a Igreja estabelecida suas propriedades foram confiscadas e se proclamou e inclusive se exigiu uma tolerância religiosa bastante ampla para todas as formas do protestantismo Por um breve espaço de tempo e provavelmente pela primeira vez apareceu no cenário da história um grupo de homens que falavam de li berdade não de liberdades de igualdade não de privilégios de fraternidade não de submissão Estas idéias haveriam de viver e reviver em outras sociedades e em outras épocas Em 1647 o puritano John Davenport predisse com misteriosa exatidão que a luz que acabava de ser descoberta na Inglaterra jamais se extinguirá por completo apesar de eu suspeitar que durante algum tempo prevalecerão idéias contrárias Ainda que a revolução fracassasse aparentemente sobreviveram ideias de tolerância religiosa limitações do poder executivo central a respeito da liberdade pessoal das clas ses proprietárias e uma política baseada no consentimento de um setor muito amplo da sociedade Essas idéias reaparecerão nos escritos de John Locke e se consolidarão no sistema político dos reinados de Guilherme III e Ana com organizações partidárias bem desenvolvidas com a transferência de amplos poderes ao Parlamento com um Bill of Rights e um Toleration Act e com a existência de um eleitorado assombrosamente nu meroso ativo e articulado É precisamente por estas razões que a crise inglesa do século XVII pode aspirar a ser a primeira Grande Revolução na história mundial e portanto um acontecimento de importância fundamental na evolução da civilização ocidental Fonte Stone 1981 p120121 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR A revolução industrial Phyllis Deane Editora Zahar Sinopse Sinopse um ponto importante que se coloca quando tratamos da Revolução Industrial é desvendar as suas origens O livro acima publicado pela carioca Zahar em 1969 aborda essa e outras questões Comentário para entender o processo de transformação social é importante se aprofundar nos estudos sobre o que vem a ser conhecido como revolução industrial A autora nos proporciona uma análise detalhada sobre esse movimento dinâmico de metamorfose da história econômica Tempos Modernos Ano 1936 Sinopse essa obraprima cômica encontra o icónico vagabundo empregado em uma fábrica onde as máquinas inevitável e completamente o dominam e vários percalços o levam para a prisão Entre suas passagens pela prisão ele conhece e faz amizade com uma garota órfã Ambos juntos e separados tentam lidar com as difi culdades da vida moderna o vagabundo trabalhando como garçom e eventualmente um artista REFERÊNCIAS BRESCIANI M S M Metrópoles A face do Monstro Urbano as cidades no século XIX In Revista Brasileira de História São Paulo v 5 n 8 e 9 p 3568 1985 BRUE S História do Pensamento Econômico São Paulo Cengage Learning 2016 BURKE P Os Ingleses São Paulo Contexto 2016 Coleção Povos e Civilizações DEANE P A Revolução Industrial Rio de Janeiro Zahar 1975 DOBB M A evolução do capitalismo Rio de Janeiro Zahar Editores 1980 ARENDT H Da Revolução 2 ed São Paulo Ática 1990 HARARI Y N Sapiens Uma breve história da humanidade 7 ed Porto Alegre LPM 2015 HUNT E História do Pensamento Econômico Rio de Janeiro Campus1989 IORI C F A G O sentido oculto do valor do trabalho e sua implicação no setor bancário um estudo de caso para a cidade de MaringáPr e sua região metropolita na em 2000 a 2010 2014 Dissertação 140 f Mestrado em Desenvolvimento Regio nal e Agronegócio Universidade Estadual do Oeste do Paraná Toledo Paraná Dis ponível em httptedeunioestebrhandletede2187 Acesso em 7 mar 2018 MANDEL E O capitalismo tardio São Paulo Abril cultural 1982 MANTOUX P A Revolução Industrial no Século XVIII estudo sobre os primórdios da grande indústria moderna na Inglaterra São Paulo Hucitec 1957 MARX K O Capital Crítica da economia política 2 ed São Paulo Nova Cultural 1985 Livro 1 volume 2 MARX K O Capital Crítica da economia política Rio de Janeiro Civilização 1974 Livro 3 volume 6 MARQUES A M BERUTTI F FARIA R História contemporânea através de textos 12 ed São Paulo Contexto 2012 Coleção Textos e Documentos volume 5 MORAES L E História contemporânea da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial São Paulo Contexto 2017 REZENDE FILHO C B História Econômica Geral 9 ed São Paulo Contexto 2010 SAES F A M SAES A M História econômica geral São Paulo Saraiva 2013 SMITH A A riqueza das nações investigação sobre sua natureza e suas causas São Paulo Abril Cultural 1996 STONE L La Revolución Inglesa In FORSTER R GREENE J P Revoluciones y Rebe liones de La Europa Moderna Madri Alianza 1981 VILAR P A transição do capitalismo ao feudalismo In SANTIAGO T Org Capitalis mo Transição São Paulo Mora 1975 GABARITO 99 1 Alternativa d 2 Alternativa c 3 Alternativa a 4 1 aplicação sistemática e generalizada do moderno conhecimento científico e empírico ao processo de produção para o mercado 2 especialização da atividade econômica dirigida no sentido da produção para os mercados nacional e internacional ao invés de sêlo para consumo familiar ou paroquial 3 migração da população das comunidades rurais para as urbanas 4 expansão e despersonalização da unidade típica de produção de modo que passa a ser baseada menos na família ou tribo do que na empresa pública ou privada 5 movimento da força de trabalho das atividades relacionadas com a produção de bens primários para a produção de bens manufaturados e serviços 6 uso extensivo e intensivo de recursos financeiros como um substituto do es forço humano e como complemento deste 7 emergência de novas classes sociais e ocupacionais determinada pela pro priedade dos meios de produção que não a terra ou pela relação dessas classes com os referidos meios de produção principalmente o capital Esse contexto de metamorfoses interrelacionadas ao ocorrer simultaneamente constituem uma Revolução Industrial em que pese a associação de crescimento demográfico e aumento no volume anual de bens e serviços produzidos 5 A autora apresenta que o contexto do século XIX nos moldes da Revolução In dustrial vai resultar em sentimento de perdas diversas para o homem O merca do passa a ser o senhor O homem vai se deparar com situações paradoxais A começar pelo tempo que passa a ser o tempo da máquina Perda que implica a imposição de uma nova concepção do tempo abstrato linear uniformemente dividido a partir de uma convenção entre os homens medida de valor relacio nada à atividade do comerciante e às longas distâncias Tempo a ser produtiva mente aplicado que se define como tempo do patrão tempo do trabalho cuja representação aparece como imposição de uma instância captada pelo intelec to porém presa a uma lógica própria exterior ao homem que o subjuga Outra perda é no que tange à atividade de trabalho pois o homem passa a ser uma das engrenagens do sistema Ainda esse trabalhador vai levar uma vida agressi va nas cidades que se dá de forma brusca O lugar é o lugar do trabalho não o lugar de morar GABARITO UNIDADE III Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES CAPITALISTAS 18701913 Objetivos de Aprendizagem Conhecer a Grande Depressão do Século XIX Refletir a importância da Segunda Revolução Industrial Analisar o contexto histórico do capitalismo do século XIX Aprender sobre o capital monopolista Identificar a noção de imperialismo Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A Grande Depressão do Século XIX A Segunda Revolução Industrial Uma breve contextualização histórica do capitalismo e seu alargamento geográfico O capital monopolista Imperialismo INTRODUÇÃO A história econômica é marcada por crises É interessante notar que há uma clara distinção entre aquelas surgidas antes do crescimento capitalista e as que apon taram depois do referido sistema Em um primeiro momento do nosso estudo vamos aprender sobre a Grande Depressão do século XIX Você caroa aluno a poderá perceber que antes do século XVIII o tipo mais comum de crise era provocado pelo fracasso das colheitas pelas guerras ou por algum aconte cimento anormal como a escassez de alimentos e outros artigos necessários cujos preços se elevavam A crise que vamos conhecer que começou a existir com o advento do sis tema capitalista a Grande Depressão de 1873 não é devida a fatos anormais parece parte e parcela de nosso sistema econômico É caracterizada não pela escassez mas pela superabundância Nela os preços em vez de subirem caíram O segundo momento do nosso trabalho aponta um caráter intrinsecamente associado ao primeiro As inovações tecnológicas implementadas à época intro duziram novos materiais ou novas formas de preparar velhos materiais novas fontes de energia e mesmo novos produtos Tratase da Segunda Revolução Industrial A vida da população foi substancialmente modificada diante da intro dução de itens que passaram a fazer parte da vida cotidiana destacamos aqui o papel da indústria química A dinâmica transformadora em termos de velocidade e ordenamento da produção foi também responsável por permitir o desenvolvimento da indústria pesada e de bens de consumo duráveis Essas mudanças vieram acompanhadas de uma tentativa sistemática de se racionalizar a produção adotando métodos científicos na organização do trabalho As novas técnicas somadas às fontes de energia assim como os novos mate riais e novos bens de consumo foram se consolidando à dinâmica capitalista paralelamente à concentração do capital Daí o capitalismo monopolista e o imperialismo temas que finalizarão esta unidade e que possibilitarão a noção do que Lênin chamou de estágio superior do capitalismo Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 103 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 104 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX Para avançarmos no nosso conhecimento sobre o aspecto econômico da his tória geral optamos aqui pela abordagem cronológica Temos portanto o ano de 1873 como marco de uma crise econômica conhecida pelos analistas como Grande Depressão Essa dinâmica instável se estenderá em dimensão tempo ral até 1895 quando é inaugurada a idade do imperialismo A história é pontuada pela sequência de episódios que vão se costurando ao longo do tempo Nesse sentido a Grande Depressão perfaz a soma de várias crises representadas pelo Krash palavra alemã que representa derrocada da Bolsa de Viena 1873 e Lyon 1882 o pânico das estradas de ferro nos Estados Unidos 1884 a falência da companhia encarregada da construção do canal do Panamá na França 1889 a crise do banco Baring e a depressão do setor têxtil na Inglaterra 1890 a super construção de estradas de ferro e amplo financia mento de ferrovias levaram a uma nova crise 1893 com uma série de falências de bancos O ponto de partida já referenciado acima é o ano de 1873 considerado o marco inicial da Grande Depressão do Século XIX Saes e Saes 2013 atribuíram a utilização desse termo Grande Depressão aos contemporâneos para expres sar de modo particular a situação da economia britânica Essencialmente sua manifestação foi o declínio do nível de preços a deflação Ocorreu tanto em rela ção aos bens industriais quanto às matériasprimas e aos produtos alimentícios Os índices de preços de atacado na GrãBretanha indicam claramente esse movi mento descendente durante cerca de duas décadas O quadro abaixo apresenta os índices de preços por atacado A Grande Depressão do Século XIX Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 105 Quadro 1 GrãBretanha índices de preços por atacado 18711875 100 CARVÃO E METAIS FIBRAS TÊXTEIS PRODUTOS ANIMAIS GRÃOS AÇÚCAR CHÁ FUMO CAFÉ E CACAU ÍNDICE TOTAL 18711875 100 100 100 100 100 100 18761880 667 854 954 1026 902 92 18811885 607 769 837 986 751 835 18861890 615 665 677 848 568 706 18911895 636 603 660 846 537 683 Fonte Saul 1968 p 14 apud SAES SAES 2013 p 213 Embora haja alguma divergência entre os movimentos dos preços por atacado dos grupos de produtos considerados o sentido geral é de acentuada queda indi cando em média uma redução de cerca de 30 nos preços entre 1873 pico dos preços por atacado desde 1940 e 1896 ano em que o índice inicia novo período de elevação A adesão de vários países ao padrãoouro como veremos adiante promoveu razoável solidariedade do movimento dos preços no plano internacio nal fazendo com que a Grande Depressão expressa pelo declínio generalizado dos preços se manifestasse de modo bastante amplo Redução do ritmo do crescimento do produto declínio da taxa de juros aumento dos salários reais e redução dos lucros são algumas das variáveis que acompanharam o declínio dos preços Toda fase de industrialização é feita de movimentos cíclicos prosperidades e quebras por crise Tratavase de um período de crise que por sua vez apresentou sua maior expressividade na GrãBretanha A taxa de crescimento da produção industrial britânica declinou da média anual de 32 entre 1847 e 1873 e para 17 entre 1873 e 1900 Nesses mesmos períodos o salário real teve aumento anual médio de 06 e de 12 índice referente aos trabalhadores de Londres ou de 11 para 13 englobando maior número de trabalhadores britânicos ROSTOW 1948 p 8 apud SAES SAES 2013 p 214 A conciliação do declí nio dos preços o aumento do salário real e paralelamente a redução do ritmo de crescimento da produção industrial impactou nos lucros de modo a ter uma participação menor na renda industrial e na renda nacional A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 106 Quadro 2 Lucros e renda industrialnacional LUCROSRENDA INDUSTRIAL LUCROSRENDA NACIONAL 18701874 477 294 18751879 443 261 18801884 426 257 18851889 422 252 18901894 378 227 Fonte Saul 1969 p 42 apud SAES SAES 2013 p 213 Os contornos gerais da Grande Depressão podem ser delineados a partir da apresentação da situação da GrãBretanha É relevante destacar que a produ ção apresentou um crescimento reduzido diante de seu comportamento prévio Em busca dos motivos dessa instabilidade em fins do século XIX verificouse uma crise com prolongado declínio dos preços Diferente do que se conhecia até então em que os desequilíbrios eram caracterizados por serem explosivos e menos duradouros causados principalmente por más colheitas e ausência de produtos no mercado gerando fome e miséria e canalizando o descontenta mento das massas Não há consenso sobre o motivo principal o que podemos concluir desse ponto da linha do tempo é que a Grande Depressão do século XIX representa um momento peculiar na história do capitalismo visto que revela alguns aspec tos importantes da dinâmica da economia capitalista que estão interligados 1 a crescente concentração das atividades produtivas em grandes unidades de pro dução que favoreceu a adoção de práticas monopolistas 2 a tendência anterior 1 foi reforçada pelas inovações tecnológicas implementadas à época no que se convencionou chamar de Segunda Revolução Industrial Na sequência vamos abordar este último aspecto como explicativa para o primeiro que merecerá uma abordagem mais detalhada A Segunda Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A força motriz carrega consigo o caráter verdadeiramente revolucionário do pro cesso apreendido acerca da revolução industrial A partir desse movimento o homem se tornou independente das forças da natureza para realizar suas tare fas produtivas A partir da segunda metade do século XIX inaugurouse uma dinâmica representada por um novo conjunto de inovações técnicas estendida a vários países Isso ampliou muito a área central da economiamundo e esta beleceu uma competição acirrada sobretudo entre a França Holanda Bélgica Itália e Alemanha Esse conjunto de inovações é denominado segundo Rezende Filho 2010 como Segunda Revolução Industrial O que foi propriamente a Segunda Revolução Industrial Por se tratar da segunda decidimos identificar e reiterar o que foi a primeira Como tratamos anteriormente uma nova forma de energia o vapor representou na primeira revolução industrial o rompimento das limitações físicas impostas pela energia humana e as restrições de localização impostas pela energia hidráulica dada a necessidade de a fábrica estar próxima ao curso dágua A produção da indús tria têxtil foi radicalmente modificada pelo vapor acoplado às máquinas Na sequência foi a energia utilizada para impulsionar as locomotivas das estra das de ferro O carvão como combustível para a produção de vapor e o ferro material crescentemente utilizado na fabricação de máquinas e equipamentos ferroviários caracterizaram de forma extremamente simplificada juntamente com a conjuntura apresentada o quadro da Primeira Revolução Industrial A Segunda Revolução Industrial apresentou novos bens de consumo que passa ram a fazer parte do dia a dia da sociedade A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 108 O movimento da Segunda Revolução Industrial trouxe profundas altera ções ao sistema econômico capitalista Rezende Filho 2010 p 145 analisa essa metamorfose como uma mudança estrutural e organizacional que leva a ordem do capital da infância para a adolescência Dos produtos dominantes durante a Revolução Industrial Inglesa apenas a estrada de ferro continuou recebendo um notável impulso ampliandose continuamente O ferro deixou de ser um produto indus trializado para se transformar em matériaprima para o aço O vapor de água foi substituído pela eletricidade e pelo petróleo como fonte de energia A indústria química permitiu a crescente independência in dustrial das matériasprimas naturais A fábrica conheceu seu apogeu com a introdução da linha de produção O capital concentrouse em es cala jamais imaginada A ciência tornouse matéria auxiliar da técnica E a administração dos negócios adquiriu caráter científico REZENDE FILHO 2010 p 145 Na Unidade II vimos que a introdução da máquina a vapor por James Watt propôs um novo mecanismo de propulsão que tinha auto nomia com relação à força humana ou à força dos animais Até aqui não há novidade No entanto muito além da técnica per se Revolução Industrial mencionada na Unidade II estamos diante de um traço notável de um capitalismo amadurecido Isso porque o progresso técnico é um elemento do mundo econômico e com a chegada da força a vapor foram abolidos os limites anteriores à complexidade e tamanho da maquinaria e magnitude das operações que esta podia executar Ainda assim se você caroa alunoa leu a unidade anterior deve estar se perguntando cadê a novidade Diferentes processos técnicos viabilizaram a produção comercial de aço material conhecido anteriormente mas que até então apresentava custo ele vado e qualidade insatisfatória O quadro 3 em destaque a seguir mostra alguns nomes importantes no setor produtivo da chamada Segunda Revolução Industrial A Segunda Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 Quadro 3 Alguns avanços da Segunda Revolução Industrial e seus responsáveis ALGUNS AVANÇOS DA SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SEUS RESPONSÁVEIS NO CIRCUITO DA PRODUÇÃO 1856 Henry Bessemer Por sua resistência e por seu baixo custo de produção o aço logo suplantou o ferro transformandose no me tal básico de confecção de instrumentos e utilitários 1864 SiemensMartin O processo de SiemensMartin também designado processo de soleira aberta consiste em um processo para a obtenção de aço idealizado pelo metalurgista francês Pierre Martin e desenvolvido pelo engenheiro e físico Wilhelm Siemens 18231883 Resultou da adaptação de um tipo de forno regenerativo a gás inventado pelo irmão de Wilhelm o também enge nheiro Friedrich Siemens 18261904 e utilizado na fabricação do vidro 1873 Gottieb Daimler Daimler se aliou a Wilhehm Maybach na Alemanha e depois de muitas pesquisas e estudos sobre o ciclo de motores de quatro tempos obteve em 1876 a primei ra patente européia para esse tipo de motor Já no ano seguinte esse modelo revolucionário de motor estava pronto e em funcionamento 1878 Thomas Gilchrist Em 1878 Sidney Gilchrist Thomas e Percy Gilchrist inventaram o Blaenavon Bessemer Basics ou proces so de Thomas que foi de importância mundial no pro cesso de licenciamento de minérios de ferro fosfórico para ser usado na produção de aço em massa A escala de produção expandida os produtos de ferro de Blaenavon e as qualificações da sua força de trabalho continuam a ser exportados em todo o mundo Gran de Pit foi afundado para servir os novos trabalhos e o novo assentamento de Forgeside foi construído A população da freguesia de Blaenavon que tinha sido minúscula antes da siderurgia ser construída tinha crescido para 11452 em 1891 1880 Gottieb Daimler e Karl Benz Ambos nascidos na Alemanha Daimler e Benz desen volveram o automóvel em paralelo sem nenhuma influência de um invento sobre o outro Fonte adaptado de Peinado e Graeml 2007 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 110 O aço substituiu o ferro em várias utilizações como na construção civil em tri lhos em máquinas etc A proporção dessa mudança implicou conforme Rezende Filho 2010 em um aumento da produção de aço entre 1880 e 1913 em quinze vezes na Alemanha e mais de dezessete vezes nos Estados Unidos e nesse caso a GrãBretanha perdeu a liderança A Segunda Revolução Industrial modificou o dia a dia das pessoas à medida que bens de consumo como telefone gramofone lâmpada elétrica bicicleta pneus máquina de escrever radiotelegrafia entre outros foram se tornando importantes Com o dinamismo econômico oriundo dessas invenções o tempo foi revelando que esses bens passaram a ser imprescindíveis na satisfação material da sociedade No que tange ao campo da energia a substituição do vapor pela eletrici dade e pelo petróleo representou avanço sem precedentes Cabe aqui a ênfase na transformação que a indústria química ocasionou na época A partir de sua instalação as matériasprimas puderam ser produzidas artificial e sinteticamente tornando o homem independente da natureza Países que não possuem jazidas de determinados produtos ou cuja condi ção geoclimática não permite o cultivo de plantas tintoriais podem agora graças à indústria química criar esses produtos artificialmente Anilinas ácidos tecidos e corantes sintéticos alcalóides explosivos essências me dicamentos e plásticos são produzidos em grandes volumes por essa nova indústria que imita a natureza REZENDE FILHO 2010 p 147 Em certa medida a revolução da técnica adquiriu até um ímpeto cumulativo próprio em que cada avanço da máquina tendia a trazer em consequência uma especializa ção maior das unidades da equipe humana que a operava E a divisão do trabalho simplificando os movimentos individuais facilitava ainda outras invenções pelas quais esses movimentos simplificados eram imitados por uma máquina IORI 2014 A modificação da vida das pessoas a partir da Segunda Revolução Industrial com a introdução de novos bens de consumo é em parte explicativa em relação às mudanças profundas na organização do sistema econômico principalmente na dimensão temporal dos anos 18701913 Outro elemento fundamental a ser reconhecido é a concentração de capital Rezende Filho 2010 atribui ao aparecimento da indústria química e a adoção da linha de montagem como pro vocadores de uma das principais características da Segunda Revolução Industrial a mudança na composição do capital A Segunda Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 Para que as grandes empresas se consolidassem eram necessários e são até hoje grandes aportes de capital Nesse contexto as novas indústrias encontra ram no setor bancário seu ponto de apoio Os custos envolvidos na implantação das indústrias químicas e das empresas com linha de montagem envolviam um longo tempo necessário para retorno do investimento De tal forma prolifera ram as sociedades anônimas com a associação de capitais Destarte as duas últimas décadas do século XIX encontram nos bancos o exercício do controle majoritário sobre vastos complexos industriais sem terem vínculos diretos com as atividades produtivas A esse novo tipo de empresa capi talista denominado holding somase também outra alteração na composição do capital que tende a se tornar cada vez mais monopolista A essa tendência cumulativa juntaramse duas outras a primeira no sentido de uma produtividade crescente da força de trabalho e portanto dada a esta bilidade ou pelo menos a nenhum aumento comparável de salários reais um fundo cada vez maior de maisvalia do qual se derivava uma nova acumulação de capital a segunda no sentido de uma concentração cada vez maior da pro dução e da propriedade do capital Esta última tendência filha da complexidade crescente do equipamento técnico é que preparou terreno para outra transfor mação crucial na estrutura da indústria capitalista e gerou o capitalismo de corporação monopolista em grande escala da era atual DOBB 1980 p 270 A Segunda revolução industrial foi acompanhada por uma tentativa de racio nalizar a produção para aumentar a produtividade Dessa forma as empresas passaram a adotar métodos científicos na organização do trabalho dentro da fábrica como o taylorismofordismo De maneira muito sucinta essa metodo logia visava acima de tudo ao maior controle sobre o operariado pois interferia diretamente no tempo de trabalho e na forma de organização Um ritmo intenso de trabalho que resulta na competitividade entre os trabalhadores As mudanças introduzidas por Taylor e Ford simbolizadas respectiva mente no cronômetro e na esteira rolante não foram meras inovações tecnológicas mas verdadeiras revoluções de ordem administrativa e gerencial pois colocou a ciência da administração a serviço não do aumento da produção e da produtividade mas sim do poder dos capi talistas SECCO 1998 p 55 apud CURSO NACIONAL 2018 online A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 112 As novas técnicas e fontes de energia bem como os novos materiais e novos bens de consumo caracterizados pela Segunda revolução industrial paralelamente à concentração do capital foram a base para o surgimento e consolidação de gran des empresas Precisamente dentro do período 18701913 ocorreram mudanças fundamentais no capitalismo que entendemos ser importante contextualizálas o que se dará na sequência UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO CAPITALISMO E SEU ALARGAMENTO GEOGRÁFICO O capitalismo ao longo de sua existência apresentou como constitutivos ele mentares a mobilidade e a transformação Em outras palavras o sistema se movimentou movimentase e se transformou transformase graças ao rápido e intenso desenvolvimento de forças produtivas que é a sua marca No curso do capitalismo o estágio inicial é representado pelo grupo social dos comerciantesmercadores Nesse movimento os grupos mercantis acumu laram grandes capitais comerciais Unidade I Na segunda metade do século XVIII o capitalismo ingressa em um novo estágio evolutivo Esse caminho está estreitamente relacionado com mudanças políticas e técnicas organizando a produção por meio da grande indústria que conforme Netto e Braz 2012 foi um processo que culminou na subsunção real do trabalho Se tomarmos como base a partir de 1780 temos a configuração do estágio do capitalismo conhecido por capitalismo concorrencial também chamado de liberal ou clássico que perdurou até o último terço do século XIX Essa distância temporal de cerca de cem anos consolidou o capitalismo nos principais países da Europa Ocidental O capitalismo concorrencial sustentado pela grande indústria criou o mer cado mundial os países mais avançados lembrese que a liderança estava com a Inglaterra nesse período buscaram matériasprimas nos rincões mais afastados do globo e inundaram todas as latitudes com as suas mercadorias produzidas em Uma Breve Contextualização Histórica do Capitalismo e seu Alargamento Geográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 113 larga escala Lobo 1973 considera que nos fins do século XIX poucas eram as nações ocidentais que não adotaram o regime representativo e que talvez não existia nenhuma em que a legislação não favorecesse amplamente a livre con corrência base e condição do capitalismo liberal A produção e a distribuição de riquezas por todo o planeta passaram a depen der estreitamente do que se sabe e se providencia nas concentrações comerciais mais ricas e nas regiões mais aparelhadas Com isso firmouse um dos aspectos que caracterizam a era capitalista a saber o mercado mundial isto é a interde pendência e o profundo entrosamento de todos os mercados com predomínio de organizações bem estruturadas de âmbito internacional e das nações mais desenvolvidas O alargamento da base geográfica da economia mundial se dá na fase mono polista demonstrando a expansão das relações capitalistas para novas áreas do globo na Europa América do Norte e Japão O poderio da Inglaterra se desva neceu como uma potência capitalista O cenário internacional do capitalismo se revelou pela conquista da hegemonia dos grandes grupos econômicos em seus respectivos Estados Daí um elemento contraditório que é o protecionismo visto que países como Estados Unidos Alemanha e Japão por exemplo passaram a adotar política interna garantindo a expansão de suas relações comerciais Neste período firmaramse no cenário internacional do capitalismo como novas grandes potências a ameaçar e a efetivamente provocar danos ao poderio imperialista inglês os Estados Unidos após a Guer ra de Secessão a Alemanha findas as lutas pela unificação e o Japão após a chamada Revolução Meiji processos históricos estes responsá veis pela conquista da hegemonia dos grandes grupos econômicos ca pitalistas em seus respectivos Estados levando tais países a adotarem internamente uma política econômica homogênea em todo o território nacional que garantia a expansão das relações capitalistas já na fase monopolista da produção CURSO NACIONAL 2018 online Aprendemos na unidade anterior que os processos revolucionários da história do capitalismo estiveram sempre associados a um crescimento demográfico e um aumento no volume anual de bens e serviços produzidos No processo das disputas imperialistas contados a partir de 1870 esse elemento também esteve presente paralelamente à significativa transformação na forma de organização da empresa capitalista como consequência do processo de concentração de capital A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 114 Você aprenderá mais sobre isso no próximo tópico mas podemos adiantar que o retraimento do mercado de livre concorrência deu origem a diferentes tipos de concentração e integração de empresas tais como consórcios cartéis trus tes e holdings De forma ampla a figura 1 nos apresenta o cenário da organização do capital Concorrência desenfreada entre as empresas associada às crises sucessivas e à pressão por melhores salários e condições de trabalho exercida pelo crescente movimento operário Absorção ou eliminação das indústrias pelas suas concorrentes mais fortes ou hábeis Monopolização e oligopolização do capital A concentração e a centralização do capital eram sinônimos de uma acumulação capitalista operada com um número cada vez menor de detentores de capital resultando ao mesmo tempo na diminuição do número de empresas e no aumento do tamanho médio das suas plantas Figura 1 Cenário da organização do capital Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 Para que possamos entender melhor esse movimento capitalista o tópico a seguir abordará de forma sistemática o tema do capital monopolista O CAPITAL MONOPOLISTA A história dos monopólios é caracterizada principalmente por três fases temporais considera os anos de 18001880 como ponto culminante do desenvolvimento da livre concorrência em que os monopólios são embriões dificilmente perceptíveis O Capital Monopolista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 115 após a crise de 1873 apresentase o desenvolvimento dos cartéis em que pese de forma excepcional com caráter transitório por fim a expansão do fim do século XIX e crise de 19001903 quando os cartéis se tornaram uma das bases de toda a vida econômica O capitalismo se transformou em imperialismo LÊNIN 1982 p 22 Desde as últimas décadas do século XIX o capitalismo vivenciou profun das transformações entrando no que Lênin designou como fase superior o imperialismo A fase superior do capitalismo se caracteriza por uma série de peculiaridades que só tomadas em conjunto podem dar a compreensão da essên cia do imperialismo O sistema capitalista potencializou sua expansão face à sua capacidade de aliar crescentemente a maisvalia absoluta e relativa O acentuado processo de concentração e centralização do capital favoreceu o surgimento da grande empresa e da estrutura oligopólica que iria tornar rígidos os mecanis mos de funcionamento dos mercados MATTOSO 1993 A propriedade capitalista sobre os meios de produção e como consequên cia a classe dos trabalhadores assalariados são elementos já reconhecidos por nós como constitutivos da base econômica da sociedade burguesa No entanto o imperialismo se apresenta como uma fase qualitativamente nova da forma socioeconômica capitalista Para Lênin 1982 a definição de imperialismo grosso modo está associada à fase monopolista do capitalismo Tratase de uma transformação pelo capital sobre as formas da propriedade e do modo de explo ração do trabalho O motivo dessa metamorfose é principalmente o progresso da ciência e da técnica O que mudou na transição do capitalismo de livre concorrência ao imperia lismo clássico foi a articulação específica das relações de produção e troca entre os países metropolitanos e as nações subdesenvolvidas Iori 2014 nos apresenta que a dominação do capital estrangeiro sobre a acumulação local de capital na maioria das vezes associada à dominação política passou a submeter o desenvol vimento econômico local aos interesses da burguesia nos países metropolitanos Não era mais a artilharia leve de mercadorias baratas que agora bombardeava os países subdesenvolvidos mas a artilharia pesada do controle das reservas de capital MANDEL 1982 p 37 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 116 Paralelamente à industrialização nos países mais avançados economicamente encontravase a abertura comercial das áreas subdesenvolvidas que modifica ram o mundo do final do século XIX em diante A futura Alemanha unificada em 1871 e os Estados Unidos logo se tornaram economias industriais compa ráveis à Inglaterra abrindo áreas como pradarias norteamericanas os pampas sulame ricanos e as estepes da Rússia para a agricultura quebrando com es quadras de guerra a objeção da China e do Japão ao comércio exterior Criavamse assim as condições para a formação de economias depen dentes do capital monopolista dedicadas centralmente à exportação de produtos minerais e agrícolas CURSO NACIONAL 2018 online A partir do desenvolvimento desigual da acumulação de capital da composição orgânica do capital da taxa de mais valia e da produtividade do trabalho conside rada em escala mundial formase a imagem de um sistema imperialista conforme Mandel 1982 Devido à dinâmica do desenvolvimento do capitalismo de livre concorrência em seu auge caracterizase uma fase particular do capitalismo A sofisticação tecnológica foi particularmente relevante pois somente as fábricas de grande porte se beneficiaram dos mais novos e eficientes métodos de produção Como consequência a concorrência foi eliminando as empresas menores Um caminho possível e efetivo pelos concorrentes mais poderosos em vez de exterminar uns aos outros era a formação de cartéis trustes ou a fusão para assegurar sobrevivência A era de ouro do capitalismo de livre concorrência foi caracterizada pela vertiginosa amplificação econômica em toda a Europa Assim como pelo fortalecimento da ordem burguesa nos principais Estados europeus A pau ta das exportações significativa participação dos bens de capital ingleses apresentava uma estatística de acréscimo de 11 para 22 como os produ tos carvão ferro e aço que experimentaram crescimento considerável Entre 1830 e 1850 a Inglaterra viveu a fase do boom ferroviário quando foram construídos cerca de dez mil quilômetros de estradas de ferro provocando aumento vertiginoso na produção e no consumo de ferro aço e carvão Fonte adaptado de Beaud 1987 O Capital Monopolista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 117 Dentro dessa abordagem é fundamental apresentar que o século XX marca o ponto de partida de mudança em que o antigo capitalismo deu lugar ao novo e que o domínio do capital financeiro substitui o domínio do capital em geral O processo que direcionou a livre concorrência para a concentração e centralização de capitais ocorreu tanto nas empresas industriais quanto nos bancos As pequenas instituições financeiras foram se integrando em fortes corporações financeiras Isso gerou impacto no capital industrial o qual pre cisou se associar com o capital bancário diante da necessidade de créditos e também objetivando a formação de sociedades anônimas por ações Temos aqui o formato do capital financeiro que passava a influir diretamente na vida das empresas comprando e vendendo ações promovendo fusões e associações entre os grupos empresariais e influenciando junto aos Estados nas diretri zes das políticas econômicas adotadas A fusão do capital bancário antes tipicamente um capital usurário voltado a conceder empréstimos para financiamentos com o capital produtivo propicia grande desen volvimento do sistema de crédito o que vem também a favorecer de forma extraordinária a exportação do capitaldinheiro em larga escala CURSO NACIONAL 2018 online Em outras palavras os bancos passaram a representar não mais um mero inter mediário figurante do sistema mas sim um capitalista detentor de capital industrial E a sociedade anônima por ações ou corporação revelouse um cami nho eficaz que proporcionava a uma organização financeira assumir controle sobre vultosas quantidades de capital Os cartéis caracterizam acordos sobre as condições de venda trocas etc Repartem os mercados entre si Determinam a quantidade dos produtos a fabricar Fixam os preços Os trustes referemse à estrutura empresarial em que várias empresas que já detêm a maior parte de um mercado se ajustam ou se fundem para assegurar o controle estabelecendo preços altos para obter maior margem de lucro Fonte adaptado de Lênin 1982 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 118 A combinação de concentração econômica e racionalização empresa rial ou na terminologia americana que agora começa a definir estilos globais trustes e administração científica Ambos eram tentativas de ampliar as margens de lucro comprimidos pela concorrência e pela queda de preços MANDEL 1982 p 232 Com a passagem para o capitalismo monopolista concretizase a plena expan são da interligação capitalista no campo A Europa continental já sentia que a antiga estrutura précapitalista pautada no atendimento às necessidades de con sumo dos produtores estava convergindo para a produção de mercadorias O objetivo é o lucro Essa é a essência do sistema E a produção passa a ter como foco a realização e a multiplicação dessa vantagem comercial Com a acumulação do capital e o desenvolvimento das forças produtivas esti mulada pela concorrência intercapitalista ampliouse a massa de riqueza nas mãos do capitalista e deuse o processo de concentração de capital Esse processo acu mulativo estimula e ao mesmo tempo é estimulado por inovações tecnológicas na medida em que estas permitem aos capitalistas a redução dos seus custos Netto e Braz 2012 sugerem que a inovação é um recurso do capitalista na concorrência com seus pares Propositadamente a dinâmica da acumulação e do desenvolvi mento tecnológico está intimamente relacionada à elevação orgânica do capital Grandes massas de capital são capazes de implementar empreendimentos que envolvem elevada composição orgânica de capital Destarte a tendência do capi tal em seu movimento digase excludente é de concentrarse A forma utilizada é redundante na ousadia de ser objetiva mais capital é necessário para produzir mais maisvalia Assim os grandes capitalistas acumulam uma massa de capi tal cada vez maior Isso é capitalismo magis do latim mais mais e sempre mais A centralização do capital é outra tendência da dinâmica da acumulação capitalista Tratase do aumento do capital pela fusão de vários outros capitais Realizase pela união de capitais já existentes Expressase pelos cartéis trustes e a formação de holdings Costa 1986 define o agrupamento de monopólios que produz mercadorias semelhantes como cartel Os proprietários desses monopólios estabelecem entre si um acordo de preços a partir de um patamar mínimo partilham os mercados de venda determinando as condições de contratação de força de trabalho etc O obje tivo é o lucro máximo para cada componente mantida a independência de produção O Capital Monopolista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 119 e comercialização das mercadorias Para o autor os trustes ao contrário dos cartéis perdem a independência da produção e comercialização das mercadorias passando a obedecer uma direção única uma companhia especial a holding Os donos das empresas que aderirem ao truste convertemse em acionistas deste com direitos proporcionais ao capital investido As grandes possibilidades financeiras permitem ao truste criar empresas industriais gigantescas que asseguram o monopólio da pro dução em todas as fases Um exemplo atual de holding é a Itaúsa Investimentos S A que até a finalização desse trabalho controlava empresas atuantes em diver sas áreas como os setores financeiros indústrias de química eletrônica painéis de madeira louças e metais sanitários Concentração e centralização operando em conjunto promovem os mono pólios Isso se dá tanto no âmbito da produção industrial quanto nos setores bancário e comercial O setor bancário de forma mais intensa do que no comércio responde pela constituição de um número reduzido de poderosíssimos banqueiros A relação entre os bancos e a indústria passou a apresentar um estreita mento provocado pelo acirramento da concorrência intercapitalista O crédito de capital passava a ser utilizado como poderosa arma na luta pela eliminação de concorrentes e para a centralização de capitais O crédito que em seus começos deslizavase e recatadamente insinuavase como tímido auxiliar da acumula ção atraindo e aglutinando em mãos de capitalistas individuais ou associados por meio de uma rede de fios invisíveis O dinheiro disseminado em grandes ou pequenas massas pela superfície da sociedade logo se revela como uma arma nova e temível no campo de batalha da concorrência e termina por se converter em um gigantesco mecanismo social de centralização de capitais IORI 2014 O resultado de foi uma alteração no impulso principal da tendência capita lista à expansão a exportação de bens de consumo para regiões précapitalistas deu lugar à exportação de capitais e de artigos comprados com esses capitais especialmente vias férreas locomotivas e instalações portuárias isto é aparelha mento infraestrutural para simplificar e baratear a exportação de matériasprimas produzidas com o capital metropolitano Pari passu a concentração cada vez maior do capital e a compreensão desse processo de crise fruto do próprio cres cimento estrutural do sistema apresentase como o que Lênin 1982 p 641 chamou de capitalismo monopolista A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 120 Nessa circunstância generalizase a formação da sociedade por ações que passariam a ser a forma dominante de organização das empresas nas áreas dos bancos da indústria da mineração dos transportes etc Assim as empresas indi viduais ou adotavam essa forma de organização ou iam sendo eliminadas na luta intercapitalista Conforme Oliveira 2003 nesse processo de centralização de capitais de fusões combinações entre outros os bancos passavam a assumir um papel central dada a sua posição estratégica de monopolizadores de crédito Essa noção é fundamental para o entendimento dos assuntos que estão por vir O processo de centralização de capitais permitia exigia o surgimento de plan tas produtivas gigantescas A disponibilidade concentrada de crédito de capital era condição para que as escalas de produção pudessem crescer celeremente e por sua vez as enormes plantas produtivas que surgiam constituíam poderosa arma para centralização de capitais pois com suas economias de escala podiam liquidar as empresas menores O progressivo aumento das escalas de produção exigiam gigantescos montantes de capitais centralizados para que novos inves timentos pudessem ser realizados e desse modo começava a tornar remota a possibilidade da formação de novos capitais individuais que concorressem com os capitais já em função IORI 2014 Esses fenômenos aos quais às vezes nos referimos como a Segunda Revolução Industrial já detalhado anteriormente eram parte integrante da guinada de um capitalismo caracterizado por pequenas unidades competitivas para outro em que a cena industrial e financeira é dominada por grandes concentrações de poderio econômico MAGDOFF 1978 p 27 A referência à Segunda Revolução Industrial por parte de Magdoff 1978 foi com base no desenvolvimento tecnológico e industrial que poucos países alcançaram como os EUA Japão e Alemanha Desses países o que apresentou a mais rápida monopolização das indústrias foi os EUA Até 1870 a indús tria NorteAmericana processava produtos agrícolas por meio de pequenas empresas que compravam matériaprima local e na mesma região vendiam sua produção Com o desenvolvimento da tecnologia no final do século XIX os grandes negócios foram incorporados na indústria e no comércio concentrando o capital nas mãos de corporações que cresceram pela junção de várias empre sas menores Essas corporações passaram a utilizar redes próprias para venda Imperialismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 121 e marketing elevando muito o ganho possibilitando a aquisição das fontes de matériasprimas Segundo o autor a economia dos negócios tornarase indus trial As indústrias mais importantes eram dominadas por algumas fi rmas que se haviam tornado imensas empresas centralizadas e verticalmente integradas MAGDOFF 1978 p 29 O processo de monopolização do capital não avançava na mesma velocidade e intensidade nos diferentes países já industrializados Na Alemanha os mono pólios bem como as diversas formas de associação industrial difundiramse mais rapidamente do que nos outros países europeus e os cartéis foram o prin cipal tipo de associação chegando a monopolizar no início do século XX todos os setores importantes da economia Conforme Beaud 1987 p 72 a indústria química foi dominada pelos sucessores do consórcio I G Farbenindustrie na indústria de construções mecânicas houve o do mínio dos consórcios Mannesmann e Klöckner na produção de aço dos trustes FlickTh yssen e outros Na indústria de guerra pontifi cou o consórcio metalúrgico Vickers na indústria química o truste quími co Imperial Chemical Industries eno monopólio do petróleo a Royal DutchShell Os grandes monopólios detinham igualmente o predo mínio nas fi nanças e no comércio IMPERIALISMO A noção de imperialismo conforme Saes e Saes 2013 apareceu no século XIX em conexão com a expansão territorial das principais potências europeias e em especial com o chamado neocolonia lismo o amplo movimento de conquista e criação de colônias em vastas áreas do mundo sobretudo na África e Ásia no fi nal do século Fonte Wikimedia Commons 2018 online¹ A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 122 O termo Imperialismo se fortaleceu no desfecho do século XIX A constitui ção de impérios era a política que predominava como ação de várias potências europeias e ainda dos Estados Unidos e Japão Destarte o modo de expressar essa política colonial consoante à forma de análises dessa realidade de forma crítica constituise em Imperialismo Nas palavras de Saes e Saes 2013 p 294 assim as noções de império e Imperialismo ficaram associadas à do minação que um Estado exerce sobre outro Estado ou nação Por isso o imperialismo foi identificado antes de mais nada com a expansão colonial do final do século XIX Uma síntese dos principais domínios coloniais e de sua abrangência pode ser visualizada no Quadro 4 a seguir Quadro 4 Impérios coloniais do mundo 1914 NÚMERO DE COLÔNIAS SUPERFICÍE MIL KM2 SUPERFÍCIE MIL KM2 POPULAÇÃO MILHARES POPULAÇÃO MILHARES Metrópoles Colônias Metrópoles Colônias Reino Unido 55 310 30901 46053 391583 França 29 532 10550 30602 62350 Alemanha 10 536 3158 64926 13075 Bélgica 1 28 2335 7571 15000 Portugal 8 90 2063 5960 9680 Holanda 8 33 1957 6102 37410 Itália 4 285 1516 32239 1396 EUA 6 7766 323 98781 10021 Fonte Friedlander e Oser 1957 apud SAES SAES 2013 p 296 Para Lênin revolucionário e chefe de Estado Russo o Imperialismo não se caracteriza apenas como a formação de impérios por meio de conquistas de colônias e sim como um novo e peculiar estágio de desenvolvimento do capitalismo Fonte Saes e Saes 2013 p 84 Imperialismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 123 Saes e Saes 2013 nos apresentam que a grande potência colonial era a Inglaterra que englobava tipos variados de territórios se a Índia era a jóia da coroa somando grande área e população as colônias brancas mas semiindepen dentes como Canadá Austrália e Nova Zelândia contavam com a enorme área do império colonial britânico A França como a GrãBretanha controlava um território colonial muito maior do que o da metrópole abrigando uma popula ção também bastante superior Já os extensos territórios coloniais alemães não comportavam população tão densa A Bélgica cujo território metropolitano é muito limitado tinha em sua única colônia o Congo área muito superior à área da metrópole e o dobro da população metropolitana A Holanda mantivera colônias bastante populosas na região asiática Já Portugal tinha na África em específico Angola e Moçambique suas principais áreas coloniais A Itália teve uma aventura colonial de pouco sucesso E para os Estados Unidos a área colo nial tinha reduzida expressão Cabe aqui uma reflexão quais foram as causas que teriam estimulado as principais nações industrializadas a promoverem a anexação de amplos terri tórios ultramarinos Nos países colonizadores foram apresentadas à época algumas justifi cativas para o domínio de povos atrasados Por exemplo atribuíase às nações desenvolvidas e brancas o dever de transmitir aos povos atrasados as conquistas da civilização europeia Sob uma aparência hu manitária estava implícito nesse dever a noção de que as raças bran cas europeias deveriam dominar os povos atrasados em razão de sua superioridade física intelectual e cultural Razões de ordem religio sa também foram levantadas levar o cristianismo aos povos da África e da Ásia era uma missão a ser cumprida pelos europeus Embora não se possa atribuir aos missionários uma pressão efetiva para a expansão colonial é inegável que a possibilidade de ampliar sua área de ação de pendia da conquista de novos territórios SAES SAES 2013 p 296 As transformações da produção industrial nas últimas décadas do século XIX criaram a necessidade de fontes de novas matériasprimas e insumos industriais muitos deles encontrados nas áreas que foram objeto de colonização ou em áreas formalmente livres porém fortemente ligadas às áreas industriais Por exemplo o petróleo embora explorado na época principalmente nos Estados Unidos e na Rússia já tinha um atrativo importante nas reservas do Oriente Médio A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 124 Temos aqui um possível fator explicativo da ordem econômica para entender o Imperialismo Consoante ao evidente desejo de vários países se afirmarem como potências mundiais davase a emergência e a consolidação no final do século XIX dos novos países industriais em condições de com petir com a GrãBretanha Este aspecto político do colonialismo no final do século XIX permite entender porque colônias que tinham muito pouco a oferecer em termos econômicos às metrópoles foram mantidas como tal por longos períodos Muito mais relevante era a conhecida prática de oferecer aos eleitores a glória muito mais que reformas onerosas e o que há de mais glorioso que conquistas de territórios exóticos e raças de pele escura sobretu do quando normalmente era barato dominálos De forma mais geral o imperialismo encorajou as massas e sobretudo as potencialmente descontentes a se identificarem ao Estado e à nação imperiais outor gando assim inconscientemente ao sistema político e social represen tado por esse Estado justificação e legitimidade HOBSBAWM 1988 p105106 A busca de campo de investimento em países independentes porém não industrializados sugere que o impulso para a expansão externa das principais potências industriais não se limitava à conquista de colônias Por isso a análise do Imperialismo na perspectiva econômica não deve se restringir ao colo nialismo é importante uma visão ampliada da economia mundial do período Nesse sentido é preciso investigar as razões econômicas que ao lado das outras ordens sustentaram a expansão externa das economias industrializadas do final do século XIX e início do século XX Nesse panorama é importante que você seja apresentado às polêmicas a res peito do Imperialismo entre os marxistas Podemos citar aqui Rosa Luxemburgo e Lênin Para eles o imperialismo expressava a crescente dificuldade do capitalismo em manter as condições para a acumulação de capital Para Rosa Luxemburgo as contradições do desenvolvimento do capitalismo levariam inevitavelmente à sua destruição Lênin mais propriamente via o Imperialismo como capita lismo de transição ou mais propriamente de capitalismo agonizante Lênin 1982 p 69 Imperialismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 125 As polêmicas em torno do Imperialismo refletem em grande medida em um momento crítico na história do capitalismo do qual a Primeira Guerra Mundial é expressão notória e no movimento socialista veja a Leitura Complementar Se de início a noção de imperialismo se associou à criação dos Impérios coloniais a seguir ganhou conotação mais ampla e polêmica procurou rela cionar o impulso para a expansão das grandes potências com as características mais gerais de sua economia e sociedade Nacionalismo protecionismo colo nialismo exportação de capitais e concentração do capital são elementos que de certo modo condicionaram as relações entre as potências europeias ao fim do século XIX em um ambiente de crescente conflito entre elas o que culmina na deflagração da Primeira Guerra Mundial Assunto da nossa próxima unidade As duas tentativas frustradas mas significativas de alternativa ao capitalis mo foram a de Bela Kun na Hungria em 191819 e a revolta spartakista ale mã em 1919 Desde então revoluções socialistas têm ocorrido apenas em áreas periféricas como China em 1949 Sudeste Asiático a partir de 1954 Cuba em 1959 e países africanos na década de 1970 Fonte Rezende Filho 2010 p 242 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 126 CONSIDERAÇÕES FINAIS O que se tornou conhecido como a Grande Depressão iniciada em 1873 caroa alunoa foi motivo do primeiro tópico do nosso trabalho Tratase de uma dimensão temporal que foi interrompida por surtos de recuperação e continu ada em meados da década de 1890 O relevante é que esse momento passou a ser encarado como um divisor de águas entre dois estágios do capitalismo aquele inicial e vigoroso próspero e cheio de otimismo aventureiro e o posterior mais embaraçado hesitante e obscuro A possibilidade de crise no capitalismo nasce da produção desordenada e do fato de que a extensão do consumo pressuposição necessária da acumulação capitalista entra em contradição com outra condição a da realização do lucro Tal contradição insanável fez com que o capital buscasse compensála por meio da expansão do campo externo da produção isto é da ampliação constante do mercado Mesmo tendo pois testemunhado o efeito drástico da concorrência na redu ção de preços e margens de lucro os homens de negócios mostravam simpatia cada maior por medidas pelas quais a concorrência pudesse ser restringida tal como o mercado protegido ou privilegiado e o acordo de preços e produção Essa maior preocupação com os perigos da concorrência sem barreiras veio em uma época na qual a crescente concentração da produção principalmente na indús tria pesada lançava os alicerces de uma centralização maior da propriedade e do controle da política dos negócios Essa indústria nascente estava totalmente pautada nas características da chamada Segunda Revolução Industrial Entendemos portanto que os últimos 20 anos do século XIX e o começo do século XX foram marcados por uma preocupação que faz lembrar o mercanti lismo dos séculos anteriores as esferas privilegiadas de investimento no exterior Consideramos essa apreensão como uma marca distintiva de um período que terá como traço dominante o capitalismo maduro impelido pela necessidade de encontrar novas extensões no campo de investimento 127 1 Os anos 18731896 foram caracterizados sob o ponto de vista da história eco nômica como o período da Grande Depressão Como se manifestou esse processo histórico 2 A possibilidade de transformação do capitalismo se assentou sobre uma nova onda de inovações tecnológicas conhecida como Segunda Revolução Indus trial Tratase de um novo conjunto de inovações que trouxe profundas altera ções ao sistema econômico mudando sua organização e es trutura Uma característica muito relevante da Segunda Revolução Industrial é o seu caráter Visto que a tornouse matéria au xiliar da técnica E a administração dos negócios adquiriu um caráter científico Ainda é necessário destacar o papel da indústria que produziu um forte impacto nas relações homemnatureza Diante do texto exposto na sequência preencha as lacunas com as palavras que melhor se adequam ao texto a socialista humanitário intuição petrolífera b feudal humano ciência armamentista c escravista impreciso sabedoria siderúrgica d capitalista científico ciência química e capitalista linear história madeireira 3 O capitalismo concorrencial sustentado pela grande indústria criará o merca do mundial Diante desse contexto discorra sobre a dinâmica do alarga mento da base geográfica dentro do sistema capitalista 128 4 Concentração do capital e Segunda Revolução Industrial novas técnicas e fon tes de energia novos materiais e novos bens de consumo foram a base para o surgimento e consolidação de grandes empresas muitas delas sobrevivem até hoje Sobre essa dinâmica avalie as afirmações a seguir I No período de 18701913 ocorreram mudanças fundamentais no capitalis mo entre elas o liberalismo econômico e a distribuição do capital no mer cado mundial II A introdução de inovações técnicas no processo produtivo nesse período desequilibrou a relação custo de produçãopreço de venda pelo aumento da produtividade III A concentração de capital já era visível no começo do século XIX a Segunda Revolução Industrial por sua vez reafirma esse processo É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c I e III apenas d II e III apenas e I II e III 5 Em um espaço de rivalidades nacionais a ação concreta do imperialismo se apresenta Discorra sobre a noção de Imperialismo 129 A partir de finais do século XVIII quando a segurança da velha economia artesã teve seu fim por conta da Revolução Industrial apareceram as primeiras críticas à atuação do então sistema capitalista Os ataques se dirigiram principalmente à exploração que a ordem econômica vigente submetia as classes operárias propondo algumas soluções alternativas baseadas na cooperação entre as classes Nesse sentido apresentamse aqueles que defendiam o socialismo Vamos omitir aqui muito do que pode fazer parte dessa temática para não corrermos o risco de adentrar na História do Pensamento Econômico É necessário contudo apresentar os diversos tipos de socialismo Socialismo utópico Socialismo de Estado Socialismo cristão Anarquis mo Comunismo Revisionismo Sindicalismo Socialismo da guilda Socialismo marxista Vamos nos deter brevemente na lógica marxista na qual a Revolução Socialista deveria ocorrer onde o capitalismo fosse mais desenvolvido onde suas contradições internas estivessem mais acirradas o que na época da elaboração teórica identificava a Ingla terra No entanto a primeira revolução socialista se deu no elo mais fraco da cadeia capitalista a Rússia conforme a definição de Lênin As implicações foram profundas em termos de sociedade de transição que veio a surgir A primeira Revolução Socialista ocorreu graças a um golpe político em uma área periférica pouco industrializada a Rússia houve a necessidade de se construir condições para o socialismo recorrendo inclusive ao reforço de certos elemen tos capitalistas Isto implicou uma readaptação teórica dos postulados marxistas que passaram a ser conhecidos como marxismo leninismo de Lênin nome de Guerra de Vladimir Ilitch Ulianov líder do Partido Comunista Russo de 1917 a 1924 REZENDE FILHO 2010 p 243 Tratar de História Econômica Geral é o trabalho constante de entender como os homens se organizaram materialmente ao longo do tempo isso já é sabido por nós Por entender que o modo capitalista de produção se dinamiza e também modificase mas que prevalece no nosso recorte temporal de estudo é que ousamos omitir muitas informações importantíssimas sobre a dimensão cronológica entre 19171949 em que a Rússia União Soviética a partir de 1922 foi o único país não capitalista do mundo Foi a Primeira Guerra Mundial que levou a economia russa ao colapso impondolhe uma demanda e ritmo que ela se mostrou incapaz de atender A tal ponto foi a situação russa que foi necessário fazer concessões ao sistema capitalista como disse Lênin dar um passo para trás para poder dar dois passos para frente Nesse caminhar vamos conhecer sobre o contexto mundial e a sua Primeira Guerra na próxima unidade Por razão da nossa limitação de apresentação didática fica o conselho para você caroa alunoa busque a leitura complementar ao contexto que envolve a Revolução Russa e a constituição da Economia Soviética Assista às aulas ao vivo e os vídeos complementares Certamente seu entendimento acerca do sistema capitalista será agregado com o conhecimento acerca dessa temática que foi chamada por Rezen de Filho 2010 de alternativa ao capitalismo Bons estudos MATERIAL COMPLEMENTAR Imperialismo Global teorias e consensos Flávio Bezerra de Farias Editora Cortez Sinopse Este livro critica as teorias do imperialismo global na sua confi guração atual Aborda essa experiência tanto para orientar a práxis de resistência quanto para encontrar uma alternativa àquela confi guração socioeconômica opressora como uma totalidade concreta O fi o condutor de uma iniciativa tão ampla e profunda reside em desmistifi car e superar as ideologias e as estratégias consensuais e integracionistas que erigiram autoritariamente um sistema positivista e naturalizado diante da dinâmica de autoemancipação das massas exploradas dominadas e humilhadas nos contextos nacionais continentais e globais O jardineiro fi el Ano 2005 Sinopse O reservado diplomata britânico Justin Quayle se muda para o Quênia com sua adorável jovem esposa Tessa uma ativista pela justiça social Quando Tessa é encontrada morta no deserto as circunstâncias apontam para seu amigo Dr Arnold Bluhm mas é logo esclarecido que ele não é o assassino De luto e zangado Justin se prepara para descobrir a verdade por trás do assassinato e no processo ele desenterra algumas revelações perturbadoras REFERÊNCIAS BEAUD M História do Capitalismo de 1500 até nossos dias São Paulo Brasilien se 1987 COSTA E Imperialismo São Paulo Global 1986 CURSO NACIONAL de Formação Política do Partido Comunista Brasileiro Disponível em httpwwwpcborgbrportaldocshistoria1apdf Acesso em 12 fev 2018 DOBB M H A evolução do capitalismo Rio de Janeiro Zahar 1980 HOBSBAWM E A Era dos Impérios 18751914 Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 IORI C F A G O sentido oculto do valor do trabalho e sua implicação no setor bancário um estudo de caso para a cidade de MaringáPr e sua região metropolita na em 2000 a 2010 2014 140 f Dissertação Mestrado em Desenvolvimento Regio nal e Agronegócio Universidade Estadual do Oeste do Paraná Toledo 2014 Dis ponível em httptedeunioestebrhandletede2187 Acesso em 12 mar 2018 LÊNIN V I Imperialismo fase superior do capitalismo São Paulo Global 1982 LOBO R H História econômica geral e do Brasil São Paulo Atlas 1973 MAGDOFF H A Era do Imperialismo São Paulo HUCITEC 1978 MANDEL E O Capitalismo Tardio São Paulo Abril Cultural 1982 MATTOSO J E Trabalho e Desigualdade Social no final do século XX 1993 Tese Doutorado em Economia Instituto de Economia Universidade Estadual de Cam pinas Campinas 1993 NETTO JP BRAZ M Economia política uma introdução crítica 8 ed São Paulo Cortez 2012 Coleção Biblioteca Básica de Serviço Social OLIVEIRA C A B Processo de industrialização do capitalismo originário ao atra sado São Paulo UNESP UNICAMP 2003 Disponível em httplivros01livrosgratis combrup000037pdf Acesso em 13 mar 2018 PEINADO J GRAEML A R Administração da produção operações industriais e de serviços Curitiba UnicenP 2007 REZENDE FILHO C B História Econômica Geral 9 ed São Paulo Contexto 2010 SAES F A M SAES A M História econômica geral São Paulo Saraiva 2013 REFERÊNCIA ONLINE ¹Em httpscommonswikimediaorgwikiFileIMGCDB82Caricaturasobrecon ferenciadeBerlC3ADn1885jpguselangptbr Acesso em 13 mar 2018 131 GABARITO GABARITO 1 Essencialmente a manifestação da Grande Depressão foi o declínio do nível de preços 2 Alternativa d 3 Os países mais avançados lembrese que nesse período a liderança estava com a Inglaterra buscaram matériasprimas nos rincões mais afastados do globo e inundaram todas as latitudes com as suas mercadorias produzidas em larga es cala Lobo 1973 considera que em fins do século XIX poucas eram as nações ocidentais em que não se adotara o regime representativo e talvez não existisse nenhuma em que a legislação não favorecesse amplamente a livre concorrência base e condição do capitalismo liberal A produção e a distribuição de riquezas por todo o planeta passaram a depender estreitamente do que se sabia e provi denciava nas concentrações comerciais mais ricas e nas regiões mais bem apare lhadas Com isso firmouse um dos aspectos que caracterizam a era capitalista a saber o mercado mundial isto é a interdependência e o profundo entrosamen to de todos os mercados com predomínio de bem estruturadas organizações de âmbito internacional e das nações mais desenvolvidas O alargamento da base geográfica da economia mundial se deu na fase monopolista demonstrando a expansão das relações capitalistas para novas áreas do globo na Europa Améri ca do Norte e Japão 4 Alternativa d 5 A noção de imperialismo conforme Saes e Saes 2013 apareceu no século XIX em conexão com a expansão territorial das principais potências europeias e em especial com o chamado neocolonialismo o amplo movimento de conquista e criação de colônias em vastas áreas do mundo sobretudo na África e Ásia no final do século UNIDADE IV Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Objetivos de Aprendizagem Conhecer os aspectos da Primeira Guerra Mundial Refletir sobre os impactos do pósguerra Aprender sobre o desempenho da economia na década de 1920 Aprender sobre a queda da bolsa de 1929 e a Grande Depressão Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A Primeira Guerra Mundial O pósguerra A Economia mundial e os anos 20 A Grande Depressão 19291933 INTRODUÇÃO Olá queridoa aluno a Você está lendo o material de forma sequencial Se por ventura você está conhecendo a História Econômica Geral de forma a contem plar pontos históricos diferentes não tem problema Saiba que nesta Unidade IV você vai conhecer as razões de ordem econômica que levaram à Primeira Guerra Mundial Se me permite um conselho eu diria para se atentar a alguns elementos da Unidade III Por quê A eclosão desse momento de lutas está intrin secamente relacionada com as questões do capital monopolista Assim na primeira parte desta unidade você será apresentado às questões que envolvem as disputas coloniais De modo que analisaremos a divisão da Europa em dois blocos opostos de grandes nações a GrãBretanha vai perce ber que o inimigo que apresentava tendência expansionista era na verdade a Alemanha e não a França e a Rússia Os Estados Unidos entraram na guerra em 1917 a fim de fornecer apoio aos aliados com reforço militar armamentista e financeiro Em quatro anos de guerra foram os norteamericanos os beneficiários em termos econômicos Muito embora você possa apreender que as vidas humanas perdidas bem como a incapacitação de outras tantas impactou não somente a natureza humana da sociedade mas também em termos econômicos diante da redução da força de trabalho no pósguerra Ainda será motivo do nosso estudo como se comportou a economia mundial na década seguinte a Primeira Guerra episódio que Hobsbawm 1995 considera como o primeiro evento da história em que efetivamente houve um conflito de extensão mundial Economicamente a Alemanha conheceu nesse tempo a des valorização da sua moeda de maneira assombrosa o período hiperinflacionário Por fim a queda da bolsa em 1929 e o sequente processo de Grande Depressão vieram assolar o mundo Ficará certamente evidente que nessa dimensão tem poral o mundo já está integrado pois a crise que começou em 1929 nos Estados Unidos impacta todo o globo negativamente Você é meu convidadoa especial nessa caminhada Bons estudos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 135 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 136 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL O nosso estudo está objetivado na atividade humana em suas múltiplas dimen sões na perspectiva da mudança ao longo do tempo Em outras palavras você está trilhando o caminho caroa leitora que discorre sobre os fatos sociais Até aqui você já deve ter percebido que estamos costurando os episódios e formando conjunturas gradativamente Isso exige muito cuidado e dedicação sobretudo neste ponto que chegamos Concordamos com Sondhaus 2013 que a Primeira Guerra Mundial e o acordo de paz que pôs fim a ela constituíram uma revolução global Foram questões além das relacionadas a fronteiras e ter ritórios Imperialismo tratado na unidade anterior A guerra também viria revolucionar as relações de poder dentro das sociedades europeias Não podemos perder de vista que o nosso trabalho envolve a descrição de como os homens se esforçaram e se esforçam ao longo dos séculos para satisfa zer as necessidades materiais conforme abordado na Unidade I Nesse sentido qual a perspectiva econômica da Primeira Guerra Mundial Para Rezende Filho 2010 p 188 embora haja uma série de motivos políticos ideológicos que tenham levado as nações européias à formação de dois blocos antagônicos de alianças militares as razões subjacentes da Primeira Guerra Mundial 19141918 foram de ordem econômica E implicaram em um impacto no sistema capita lista de forma brutal Mais especificamente a busca agressiva por mercados de investimentos privilegiados e o enorme crescimento econômico da Alemanha que ameaçava transformála na potência hegemônica europeia forneceram as razões primárias para o que Rezende 2010 denomina de guerra para uma redi visão de mercados em nível mundial A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 137 Você poderá ver no mapa logo a seguir o destaque para Belgrado capital da Sérvia Tratase do marco da Primeira Guerra Mundial oois na tarde de 28 de julho de 1914 a artilharia austrohúngara começou a bombardear Belgrado Estamos diante de um momento de instabilidade política que de todas as crises internacionais da história nenhuma foi alvo de escrutínio mais meticuloso ou de maior número de análises acadê micas do que a crise de julho de 1914 que começou com o assas sinato do arquiduque Francisco Ferdinando em Sarajevo em 28 de junho e culminou em um troca de declarações de guerra entre as grandes potências a partir de 1º de agosto Assim que o conflito teve início os governos de cada país buscaram reunir um registro das maquinações diplomáticas que defendiam ou justificavam suas ações e colocavam a culpa em outrem o Império AustroHúngaro contra a Sérvia a Rússia contra o Império AustroHúngaro a Alemanha con tra a Rússia a França e a GrãBretanha contra a Alemanha Por sua vez os historiadores começaram a analisar a Crise de Julho enquanto a guerra ainda estava em andamento desencadeando um longo de bate ainda em vigor mesmo no centenário do conflito Os volumes de documentos diplomáticos e os milhares de estudos publicados em dezenas de línguas ao longo das décadas seguintes contribuíram para a compreensão geral da deflagração da guerra mas ao mesmo tempo obscureceram alguns dos elementos centrais da Crise de Ju lho a guerra começou em primeiro lugar por causa da Sérvia um pequeno e ambicioso país que até certo ponto se tornara refém de elementos nocivos em suas forças armadas e que na busca de seus próprios objetivos nacionais inflamou todo o continente duas das potências mais fracas ÁustriaHungria e Rússia se comportaram com determinação pouco característica enraizada em suas próprias dúvidas acerca de seu futuro status como grandes potências os líde res austrohúngaros e alemães tinham noções incompatíveis sobre a guerra que desejavam os alemães fazendo e conseguindo o que queriam às custas de seus aliados e por fim os líderes franceses embora de início não desejassem a guerra viram a Crise de Julho se desdobrar de tal maneira que acabou propiciandolhes uma guerra sob as circunstâncias que consideravam as mais favoráveis SON DHAUS 2013 p 55 Essa narração dos fatos contribuem para nossa dimensão históricogeográ fica do momento vivido pelos europeus do início da Primeira Guerra Mundial A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 138 IMPÉRIO RUSSO AUSTRIA HUNGRIA ALEMANHA FRANÇA GRÃBRETANHA BÉLGICA Países bálticos BELGRADO Figura 1 Belgrado marco da Primeira Guerra Mundial Fonte adaptado de Sondhaus 2013 Para Hobsbawm 1995 p 31 a Primeira Guerra Mundial envolveu a totalidade das grandes potências Isso impactou na cotidianidade de milhares de vidas O fato é que por quatro anos as principais nações europeias se enfrentaram em uma guerra sem tréguas da qual participaram também o Japão e os Estados Unidos a partir de 1917 Todas as dependências coloniais se envolveram nesse enfrentamento que terminou com a distinção entre civis e militares além de ter provocado enormes perdas humanas Em Saes e Saes 2013 obtemos alguns números nesse sentido e aquilo que vai além das perdas humanas ocasionadas nos campos de batalha A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 139 Quadro 1 Números da Primeira Guerra Mundial PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL Aproximadamente 9 milhões entre civis e militares mortos Aproximadamente 7 milhões se tornaram incapacitados permanentemente Aproximadamente 15 milhões sofreram ferimentos de maior ou menor gravidade As mortes de civis em decorrência da guerra embo ra difíceis de determinar com precisão foram eleva das vítimas do conflito militar de fome e inanição ou de doenças também morreram aos milhões estimase cerca de 5 milhões para a Europa exclu sive a Rússia e um total de 16 milhões para a Rús sia incluindo militares e civis envolvidos na guerra na revolução e na guerra civil Adicionando a esses dados ainda a estimativa do déficit de nascimen tos decorrentes da guerra Saes e Saes atribuem à Aldcroft os dados em termos de perda populacio nal entre 1914 e 1921 incluindo mortes e redução da natalidade na ordem de 50 a 60 milhões ALD CROFT 2001 p 68 apud SAES SAES 2013 p 323 Fonte autora Além do sofrimento humano economicamente é fundamental apresentar a pers pectiva de Rezende Filho 2010 p 188 sobre a desorganização do comércio internacional Esta provocou destruição sem precedentes deslocou a área cen tral do sistema capitalista da Europa para os Estados Unidos e causou o colapso dos Impérios Russo onde se procura desde 1917 uma alternativa ao capitalismo e dos multirraciais AustroHúngaro e Otomano A Primeira Guerra Mundial foi um verdadeiro divisor de águas o mundo nunca mais será o mesmo depois dela e as raízes tanto da depressão da dé cada de 1930 quanto da Segunda Guerra Mundial podem ser encontradas na forma como os vencedores notadamente da Inglaterra e França impu seram a paz aos vencidos particularmente à Alemanha Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 140 Carlo alunoa as questões militares fogem ao escopo do nosso material Contudo o modo como o mundo se transformará economicamente está totalmente vin culado com a Primeira Guerra Mundial Portanto apresentaremos de forma esquemática uma configuração desse marco da história econômica geral Ao visualizar a figura 2 podemos observar a dinâmica da Primeira Guerra Mundial Primeira Guerra Mundial 1ª fase Guerra de Movimentos 2ª fase Guerra das Trincheiras Vitória dos aliados 3ª fase regresso à Guerra de Movimentos Novo Mapa Político Mundial Conferência de paz Tratado de Versalhes Sociedade das nações Supremacia americana Figura 2 Esquema da dinâmica da Primeira Guerra Mundial Fonte adaptado de Sondhaus 2013 A primeira fase 19141915 é caracterizada pela movimentação das tropas e expansão territorial do conflito A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 141 Figura 3 Multidão de alemães animados com a declaração da Primeira Guerra Mundial em agosto de 1914 em Berlim Na segunda fase da guerra 19151917 a Alemanha invadiu a Bélgica e ten tou invadir a França No entanto a França conteve o avanço dos alemães com ajuda da GrãBretanha Os alemães construíram trincheiras para aguardar uma nova oportunidade de ataque em setembro de 1915 Na terceira fase os Estados Unidos entraram na guerra após ter seus navios comerciais afundados pelos ale mães 1917 Além do que o país americano temia que a Inglaterra e a França perdessem a guerra e não pudessem pagar as dívidas assumidas Na figura 3 uma fotografia alemã de Berlim podemos observar que a alegria e o entusiasmo foram as marcas das manifestações nas capitais das grandes potências europeias após a declaração de guerra em agosto de 1914 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 142 Se o quadro 1 apresenta um esquema do conflito sob uma perspectiva tem poral a figura 4 visa demonstrar a abordagem econômica Primeira Guerra Mundial Origens da 1ª Guerra Mundial Fortes rivalidades internacionais Atentado de Saravejo 28 de junho de 2914 Novo Mapa Político Fim da Supremacia européia Eclosão da 1ª Guerra Mundial 19141918 Concorrência econômica Intensifcação dos nacionalismos Política de alianças Tríplice Aliança 1882 Alemanha Império AustroHúngaro e a Itália Tríplice Entente 1904 Inglaterra França e Rússia Figura 4 Abordagem econômica da Primeira Guerra Mundial Fonte autora O capital monopolista protagonizou em um cenário econômico anterior à Primeira Guerra Mundial juntamente com os trustes e cartéis como apresentamos na Unidade III no cenário europeu dos anos 1890 Isso porque novas tecnologias encareceram o processo produtivo E o Estado se tornou um aliado da inicia tiva privada com sua pesada intervenção na economia Embora já saibamos dessa conjuntura das últimas décadas do século XIX nessa contextualização podemos identificar o sentimento impregnado pelo nacionalismo e marcado A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 143 pela concorrência imperialista A figura 4 contribui para evidenciar as ori gens da guerra por conta da disputa de mercados em que a Alemanha se sentiu ameaçada por uma coalizão de potências que teria à frente da França O povo germânico representado por Bismarck estadista alemão referenciado por chan celer de ferro e feridos pela perda de AlsáciaLorena arquitetou isolar a França MORAES 2017 p 156 A combinação entre um vibrante nacionalismo e do darwinismosocial da época resultou em uma integração de ideologia de guerra em que a segurança da nação e sua sobrevivência não dependeriam mais de acordos e tratados que reintroduzissem o equilíbrio ou a estabilidade perdida A segurança só seria alcançada se o outro fosse reduzido à impotência absoluta ou mesmo eliminado MORAES 2017 p 160 Para demonstrar a política mundial na dimensão temporal da Primeira Guerra a figura 5 apresenta o mapa desse quadro institucional vigente no qual as rela ções entre os países era de tensão permanente e no qual blocos de alianças vão se consolidando e se expandindo Foi no século XIX que o mundo conheceu Charles Darwin por meio da sua Teoria da Seleção Natural A partir daí temos o darwinismo grupo social que dá vida ao darwinismo Hull chama de entidade histórica no sentido de ser entendida como a história de um sistema conceitual que se desen volve no espaço e no tempo os darwinistas A complexidade e a estrutura do trabalho é de tamanha significância científica que propagouse o Darwi nismo Social As ideias evolucionistas aplicadas como instrumento de aná lise social A partir dos princípios do social darwinismo ganhou força uma teoria política fundada na ideia de que a relação entre as nações é impulsio nada por sua luta pela sobrevivência em um mundo de recursos limitados Isso fez com que a preparação para a guerra fosse considerada o objetivo maior dos Estados Fonte adaptado de Moraes 2013 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 144 Figura 5 Europa em blocos Fonte Moraes 2017 p 163 É relevante expor o crescente papel que o Estado passa a desempenhar no orde namento da atividade econômica nesse contexto Os preparativos bélicos dos diversos países envolvidos estavam prati camente prontos Desde 1910 viviase na Europa uma situação de paz armada Os preparativos de ordem econômica no entanto eram ine xistentes pois pensavase que a guerra seria de curta duração Os alia dos Inglaterra França e Rússia esperavam que os recursos alemães logo se esgotariam enquanto estes e seus aliados ÁustriaHungria e Império Otomano apostavam em uma rápida vitória através de uma fulminante ofensiva contra a França Já em fi ns de 1914 no entanto o confl ito engolfara praticamente todos os continentes e transformarase em uma luta econômica entre os aliados e o bloco alemão obrigando o Estado a intervir na economia a fi m de assegurar alguma possibilidade de vitória REZENDE FILHO 2010 p 189 A paz armada pode ser entendida como o período de desenvolvimento da indústria bélica pelas grandes potências europeias à espera de uma guerra A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 145 A maximização da produtividade por meio da mobilização de todos os fatores produtivos nacionais era a estratégia predominante para o que Rezende Filho 2010 denomina de economia de guerra Sobretudo a partir de 1915 a artima nha utilizada pelos países aliados é sufocar o bloco alemão mediante um bloqueio total ao seu comércio exterior O caminho encontrado para a retaliação alemã é o bloqueio da Rússia nos mares Báltico e Negro e principalmente impedir o tráfico marítimo inglês por meio da guerra submarina Os países procuram se tornar autossuficientes fazendo com que se produza uma notável aceleração na produção em massa na mecanização industrial na centralização das empresas na emissão monetária e no controle do Estado sobre a economia como um todo Esse impacto no comércio exterior alemão apresentou uma queda nas expor tações de mais de 30 e as importações caíram além de 60 do que eram em 1913 Apesar de seu crescente intercâmbio com os países neutros como Holanda Dinamarca Suécia e Itália até 1915 quando se agrupa aos aliados o diri gismo estatal é precoce Em 1914 o país germânico efetuou uma política de direcionamento das matériasprimas para a indústria de armamentos organizou a exploração nos territórios ocupados incentivou a descoberta de novos méto dos produtivos e principalmente desenvolveu a utilização de substitutos para as matériasprimas mais raras apoiado na enorme indústria química alemã Harari 2015 p n351 descreve com clareza esse contexto Durante a Primeira Guerra Mundial a Alemanha foi submetida a um bloqueio e sofreu escassez severa de matériasprimas em particular o salitre um ingrediente essencial para a fabricação de pólvora e outros explosivos Os depósitos mais importantes de salitre ficavam no Chile e na Índia não havia nenhum na Alemanha É verdade o salitre podia ser substituído pela amônia mas esta também era cara de se produ zir Felizmente para os alemães um de seus concidadãos um químico judeu chamado Fritz Haber havia descoberto em 1908 um processo para produzir amônia literalmente do ar Quando a guerra eclodiu os alemães usaram a descoberta de Haber para começar a produção in dustrial de explosivos usando o ar como matériaprima Alguns acadê micos acreditam que se não fosse pela descoberta de Haber a Alema nha teria sido forçada a se render muito antes de novembro de 1918 A descoberta rendeu a Haber que durante a guerra também foi pioneiro no uso de gás venenoso em batalha um prêmio Nobel em 1918 De química e não da paz A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 146 O esforço de guerra tanto alemão quanto austríaco baseavase totalmente em suas próprias indústrias e capacidade tecnológica A Alemanha adaptou sua enorme indústria química e suas indústrias de engenharia para a produção de explosivos propulsores detonadores obuses munições e armamentos Os franceses e ingleses por sua vez viramse obrigados a expandir suas indústrias bélicas constataram que grande parte de seus recursos industriais estava obsoleta além de carecer de toda uma gama de indústrias mais moder nas Antes da guerra dependiam totalmente da Alemanha quanto aos produtos químicos De acordo com Rezende Filho 2010 produtos como anilinas dro gas sintéticas e materiais para processamento fotográficos exemplificam essa relação visto que justamente as fábricas que produziam esses produtos pode riam facilmente passar a produzir explosivos Destarte a Inglaterra teve de criar uma indústria química a partir do nada baseada em patentes alemãs apreen didas Também com relação a gêneros mais sofisticados da Segunda Revolução Industrial como rolamentos magnetos velas de ignição máquinas fotográfi cas e aparelhos ópticos Inglaterra e França eram parcialmente dependentes de importações alemãs Encontramos em Harari 2015 p 271 sobre o casamento da ciência e da guerra para atender a ordem do sistema econômico Quando a Primeira Guerra Mundial se transformou em uma guerra de trincheiras interminável ambos os lados convocaram cientistas para sair do impasse e salvar a nação Os homens de branco atenderam o chamado e dos laboratórios saiu um fluxo constante de novas superar mas aeronaves de combate gás venenoso tanques submarinos me tralhadoras peças de artilharia rifles e bombas cada vez mais eficazes Como efeito dessa necessidade material observase em relação à produção especializada da Suíça Suécia e principalmente dos Estados Unidos o elo de dependência cada vez maior por parte da Inglaterra e da França Galbraith 1988 p76 afirma que o próprio Ministério das Munições britânico reco nhece isso em duas passagens Durante a primeira parte de 1915 de fato os fornecedores ultramarinos assumiram uma posição de maior importância uma vez que o Ministério da Guerra se viu forçado a depender deles para o grosso dos suprimentos de obuses exigidos pela campanha de 1916 e A Grã Bretanha dependia praticamente dos Estados Unidos para obter material para fabricação de propulsores para uma vasta proporção de seu material explosivo O PósGuerra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 147 Dependia consideravelmente dos Estados Unidos para obter aço para obuses e outros tipos de aço para máquinasferramentas Em pouco tempo os Estados Unidos assumiram um caráter de importância vital para o esforço de guerra dos aliados Inverteram sua posição de tomadores de empréstimos de capital europeu para a posição de maiores credores da Europa e experimentaram um enorme impulso em sua produção industrial O PÓSGUERRA Neste ponto caro aluno a você está diante de um elemento crucial na his tória econômica o fato histórico em 1917 da entrada dos Estados Unidos no conflito A Europa perdera sua posição hegemônica para o país americano Em novembro de 1918 marcase a vitória da Entente forçando os países da Aliança a assinarem a rendição Os derrotados tiveram de assinar o Tratado de Versalhes A Alemanha sofreu grandes perdas de territórios e colônias AlsáciaLorena para a França e Prússia Ocidental e Posnânia para a Polônia além de ter de ressarcir todos os danos provocados pela guerra A contribuição de Rezende Filho 2010 é relevante para o entendimento do desen volvimento econômico mundial pois a forma como esses encargos foram impos tos à Alemanha marcaram toda a trajetória econômica da década de 1920 sendo a grande responsável pelo mais forte abalo que o capi talismo sofreu a depressão da década de 1930 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 148 O fim da Primeira Guerra Mundial em 1918 deixou como legado uma série de efeitos sobre a economia mundocapitalista conforme a figura a seguir apresenta Europa perdeu sua posição hegemônica para os Estados Unidos que se viam credores da incrível soma de mais de 4 bilhões de dólares Aldcroft 2001 p 68 apud Saes 2013 p 323 admite a perda total de população entre 1914 e 1921 incluindo mortes e redução da natalidade foi da ordem de 50 a 60 milhões O Japão foi um grande benefciário do confito acumulando uma reserva em ouro no valor de 183 milhões de libras esterlinas Sua produção industrial ocupou os mercados que os países europeus eram incapazes de suprir adequadamente Desorganização do comércio internacional face às enormes perdas das marinhas mercantes Vários países periféricos viramse obrigados a iniciar um processo incipiente de industrialização como o Brasil por exemplo com ênfase nos têxteis substituiva das importações A contribuição das colônias para o esforço de guerra aliado foi substancial o que levou suas elites à convicção de que alguma forma de autogoverno seria nelas permitido A Rússia desde novembro de 1917 estava sob o governo bolchevique que declarou nula todas as obrigações contraídas pelos governos anteriores empréstimos fnanciamentos etc Havia uma convicção geral entre os aliados de que as Potências Centrais particularmente a Alemanha pagariam pelos colossais danos que a guerra causara a fm de restaurar a antiga prosperidade européia Quando o mundo procurava recobrar fôlego para se dedicar à tarefa de sua re construção econômica ocorreu um surto epidêmico Foi provocado por um ví rus só identificado em 1933 denominado de gripe espanhola registrando mais vítimas fatais que a guerra de 19141918 Tendo seu auge em 1919 a epidemia alastrouse pelo mundo todo causando cerca de 27 milhões de mortes A maio ria delas ocorreu na África Índia e China e nas regiões européias muito devas tadas pela guerra que abrigavam populações carentes de alimentos e medica mentos no que foi chamado com propriedade as sobras da colheita da guerra Fonte Rezende Filho 2010 p 196 O PósGuerra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 149 Europa perdeu sua posição hegemônica para os Estados Unidos que se viam credores da incrível soma de mais de 4 bilhões de dólares Aldcroft 2001 p 68 apud Saes 2013 p 323 admite a perda total de população entre 1914 e 1921 incluindo mortes e redução da natalidade foi da ordem de 50 a 60 milhões O Japão foi um grande benefciário do confito acumulando uma reserva em ouro no valor de 183 milhões de libras esterlinas Sua produção industrial ocupou os mercados que os países europeus eram incapazes de suprir adequadamente Desorganização do comércio internacional face às enormes perdas das marinhas mercantes Vários países periféricos viramse obrigados a iniciar um processo incipiente de industrialização como o Brasil por exemplo com ênfase nos têxteis substituiva das importações A contribuição das colônias para o esforço de guerra aliado foi substancial o que levou suas elites à convicção de que alguma forma de autogoverno seria nelas permitido A Rússia desde novembro de 1917 estava sob o governo bolchevique que declarou nula todas as obrigações contraídas pelos governos anteriores empréstimos fnanciamentos etc Havia uma convicção geral entre os aliados de que as Potências Centrais particularmente a Alemanha pagariam pelos colossais danos que a guerra causara a fm de restaurar a antiga prosperidade européia Figura 6 Efeitos sobre a economia mundocapitalista Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 O limite temporal entre os anos de 1918 e 1929 são assinalados por Rezende Filho 2010 como o marco das mudanças estruturais pelas quais o sistema capitalista passava Tratase para o autor da crise sistêmica que reflete sua pas sagem da juventude para a idade madura Com seu espaço geográfico reduzido o capitalismo assistiu à luta de sua área central originária a Europa para reco brar sua antiga posição hegemônica sobre a economiamundo No entanto o novo centro os Estados Unidos atravessava notavelmente um período de prosperidade devido mais aos créditos acumulados no período da guerra junto aos países aliados do que a um real alargamento de seu mercado con sumidor interno Conforme Saes e Saes 2013 o período da guerra por concentrar a pro dução bélica criou uma demanda reprimida por muitos produtos não só os bens duráveis mas também de consumo corrente não disponíveis nos anos de conflito Além disso o financiamento da guerra se fez ainda que em pequena parte por meio de empréstimos do público aos governos por meio dos cha mados bônus de guerra ou seja uma parcela da população formou durante a guerra uma poupança que ao fim poderia ser gasta para satisfazer a demanda reprimida durante os anos de guerra Assim admitese que uma demanda represada por cerca de quatro anos foi liberada em 1919 e gerou impulso para a expansão da economia de alguns países Ainda para Saes e Saes 2013 o pósguerra demarcou na Europa Ocidental duas fases distintas A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 150 Quadro 2 Fases do pósguerra PRIMEIRA FASE Reconstrução das sociedades em um contexto complexo de destruição física e humana de desorganização do mercado mundial de endividamento público e de inflação SEGUNDA FASE Em meados dos anos 1920 temse recuperação econômica e reorganização das antigas estruturas econômicas Do outro lado do Atlântico os Estados Unidos gozavam de 1º grande prestígio financeiro em função dos empréstimos para a guerra e para a reconstrução européia com Nova Iorque se tornando um novo e importante centro financeiro 2º grande poder industrial e um exemplo desse contexto foi o sensacional desenvolvimento da indústria automobilística que ultrapassava de longe em volume industrial as outras potências Fonte adaptado de Saes e Saes 2013 Esse repentino crescimento da demanda teve outro forte impacto na economia uma abrupta elevação dos preços em parte potencializada por políticas monetá rias e fiscais expansionistas Destarte a tendência a elevar os preços já presente durante a Primeira Guerra acentuouse em 1919 e 1921 Foi generalizada a infla ção por toda a Europa O quadro 3 a seguir demonstra o índice de preços para o consumidor entre 1914 e 1920 Quadro 3 Índices de preços ao consumidor 19141920 1914 1918 1920 Alemanha 100 304 990 Áustria 100 1163 5115 Itália 100 289 467 França 100 213 371 Suécia 100 219 269 Holanda 100 162 194 GrãBretanha 100 200 248 Estados Unidos 100 203 249 Fontes Feinstein Temin e Toniolo 1997 p 39 apud SAES SAES 2013 p 326 e Arthmar 1997 p 94 apud SAES SAES 2013 p 326 Preços no atacado 1913100 1918jan1919 1920jun1920 O PósGuerra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 151 Se o crescimento da produção foi característico de alguns países tais como Estados Unidos GrãBretanha e Japão a infl ação se generalizou por toda a Europa ainda que em graus distintos Figura 7 Contas da dona de casa em 1914 Figura 8 Contas da dona de casa em 1918 Fonte Wikimedia Commons¹ Fonte Wikimedia Commons² Esse surto expansivo sofreu abrupta e profunda reversão a partir de meados de 1920 Essa reversão foi particularmente forte nos Estados Unidos Recessão e defl ação intensas nos Estados Unidos e na GrãBretanha atingiram outros países de forma variada Alguns também controlaram a infl ação depois de 1920 promovendo mesmo alguma defl ação foi o caso da Suíça Suécia Noruega Dinamarca e Holanda Outros como a França e a Itália continuaram a registrar algum grau moderado de infl ação Finalmente Alemanha Áustria e Hungria passaram por hipe rinfl ações em níveis inéditos na história econômica mundial FEINS TEIN TEMIN TONIOLO 1997 p 39 apud SAES SAES 2013 p 326 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 152 No que tange ao desempenho das economias na primeira metade dos anos 1920 podemos declarar que foi variado No caso dos Estados Unidos retomaram o rápido crescimento ao passo que a GrãBretanha em busca do padrãoouro mantevese estagnada O índice de atividade industrial apresentado em Saes e Saes 2013 reflete em grande medida a forma pela qual os países se envolve ram com a Primeira Guerra os mais afetados pela destruição e os que arcaram com as reparações de guerra tiveram grande dificuldade para ainda na primeira metade dos anos 1920 retomarem o crescimento econômico O Tratado de Versalhes assinado em junho de 1919 definiu que as repara ções de guerra eram devidas pela Alemanha para os vencedores GrãBretanha França Estados Unidos e Itália Os objetivos dos vencedores em síntese eram fortalecer os países eu ropeus para que não fossem levados pelo caminho da revolução russa vide leitura complementar redividir os territórios deixados em aber to pela queda dos grandes Impérios AustroHúngaro Russo Turco e Alemão enfraquecer a Alemanha que quase sozinha havia derrotado as tropas aliadas redifinir as políticas internas dos países vitoriosos e finalmente garantir um acordo de paz que impossibilitasse o surgi mento de uma nova guerra Para tanto foi criada a Liga das Nações que deveria agregar as principais potências mundiais a fim de solucio nar pacífica e democraticamente as questões diplomáticas entre os pa íses Contudo tanto o Tratado de Versalhes como a Liga das Nações se mostraram incapazes de instituir um equilíbrio de poder definitivo SAES SAES 2013 p 329 Rompeuse o conflito ficaram as severas punições aos que foram vencidos O Tratado entendia que a Alemanha era a culpada pela guerra e por esse motivo perdeu um total de 135 de seu território Teve de entregar sua frota naval para a GrãBretanha Foi privada de manter uma força áerea e tinha a permis são para um exército de apenas 100 mil homens E por fim foram repassadas todas as dívidas de guerra A Economia Mundial e os Anos 20 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 153 A ECONOMIA MUNDIAL E OS ANOS 20 Em um tratamento muito breve vamos abordar o contexto econômico mundial dos anos 20 É relevante a contextualização a ser apresentada uma vez que se trata do cenário da conhecida crise de 1929 a qual estudaremos adiante A retomada do padrãoouro era o que Rezende Filho 2010 considera como primeiro problema com que a GrãBretanha se deparou Na visão dos econo mistas clássicos o retorno ao padrãoouro era necessário para normalização das transações internacionais e para garantir a atuação livre dos mecanismos de mercado E assim esse sistema foi restabelecido Relacionado à moeda com las tro metálico estava o problema da Alemanha Embora em 1913 o ouro representasse apenas 10 da circulação monetária total contra 83 de títulos e depósitos bancários ele era ainda usado como referência básica para as taxas de câmbio O abandono do padrãoouro que as circunstâncias da guerra obrigaram levou os preços a variarem segundo as condições internas de cada país e a inflação passou a depender do balan ço de pagamentos Fonte Saes e Saes 2013 p 328 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 154 O país derrotado da Primeira Guerra Mundial viu sua economia arruinada por uma série de fatores A enorme quantidade de títulos públicos emitidos sem las tro durante a guerra aliada à perda de territórios de concentração industrial e de recursos naturais e a instabilidade política são fatores que representam esse contexto Conforme Rezende Filho 2010 em finais de 1922 a Alemanha se declarou incapaz de continuar com o pagamento das reparações o que levou a França que apostava todo seu futuro econômico nos pagamentos que adviriam dos germânicos a ocupar a região do Ruhr em 1923 para que o fornecimento de carvão garantisse o pagamento da dívida Os efeitos psicológicos da ocupação e a onda de greves dos mineiros que se seguiu tornaram a situação insustentável Em fins de 1923 entretanto o marco é abandonado por não valer mais nada e foi criado o rentenmark para substituílo Em nossa sucinta análise devemos apre sentar ainda sob a perspectiva econômica alemã a elaboração dos Plano Dawes por parte de uma comissão internacional Este estabeleceu novos valores anuais para o pagamento das reparações considerando o quanto a Alemanha poderia pagar e não quanto deveria pagar como culpada pela guerra Além disso garan tiu um empréstimo de 40 milhões de libras para auxiliar nesses pagamentos O outro pilar da economia europeia por seu lado também não se com portava mais como no préguerra A França é obrigada a manterse pela força militar em suas novas áreas da Síria e Líbano e na Indochina a década de 1920 pautase pelo renascimento do sentimento nacionalista vietnamita com uma série de greves passeatas de protestos e incipientes movimentos de rebeldia militar Em 1919 o Ocidente é sacudido pelas manifestações chinesas contra os acordos coloniais do Tratado de Versa lhes e a presença do Japão em seu território Na Índia após o massacre de Amritsar em 1919 quando 379 homens mulheres e crianças são mortos pelos ingleses durante manifestação pacífica a presença inglesa não será mais aceita consensualmente Surgem movimentos de aberta rebeldia e de resistência pacífica de Mahatma Gandhi A Inglaterra é obrigada a conceder independência a seus exdomínios do Canadá Austrália Nova Zelândia e África do Sul graças em grande parte ao auxílio que eles lhe prestaram durante a guerra reconhecendo que a ligação que mantinham entre si deviase apenas ao símbolo de uma coroa comum E mesmo os países sujeitos ao imperialismo informal vêem a presença econômica eu ropeia diminuir Argentina e Brasil por exemplo adquirem durante os anos 20 64 e 50 de suas importações na Europa contra 80 e 60 em 1913 Em resumo sem o afluxo de capitais norteamericanos a Europa é incapaz de aumentar tanto suas exportações como suas importações para equiparálas aos níveis de préguerra REZENDE FILHO 2010 p 201 A Economia Mundial e os Anos 20 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 155 Os Estados Unidos diferente da Europa adentraram a década de 1920 como a maior economia industrial e financeira no mundo Adotaram um posiciona mento isolacionista de um país praticamente autossuficiente Um exemplo disso é a defesa por parte do partido republicano em 1920 por uma plataforma de ações que dava prioridade para o mercado interno relegando a um plano secundário as considerações de ordem internacional Tanto é que o Congresso norteame ricano decidiu por não ratificar o Tratado de Versalhes No entanto seu gigantismo industrial comercial e financeiro revelou com o crash da bolsa de Nova Iorque em 1929 o quanto as diferentes partes da economia mundial estavam estreitamente conectadas com a econo mia norteamericana A evolução da economia norteamericana na dé cada de 1920 respondeu portanto a esses dois determinantes de um lado o isolacionismo de sua política de outro o peso de sua economia mundial SAES SAES 2013 p 334 Por fim o período de 19251929 teve como peculiaridade sua reconstrução a partir do padrãoouro em uma fase de expansão significativa e desenvolvimento da eco nomia mundial e com a incorporação das transformações da Segunda Revolução Industrial Aprendemos com Saes e Saes 2013 que se trata de um período de fra gilidade por conta da dependência mundial em relação às exportações de capital norteamericanas que se refletem em 1928 quando os Estados Unidos na ten tativa de segurar o boom em Wall Street elevou a taxa de juros Para compensar a queda da entrada de capitais dos Estados Unidos vários países retornaram às políticas protecionistas com o objetivo de ampliar as rendas das balanças comer ciais O impacto da crise de 1929 e da Grande Depressão evidenciou que as bases da economia mundial da década de 1920 eram frágeis e foram insuficientes para fazer frente aos problemas colocados pelos eventos do fim da década O Tratado de Paz não contém qualquer disposição orientada para a reabili tação econômica da Europa Fonte Keynes 2002 p 157 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 156 A GRANDE DEPRESSÃO 19291933 O período que segue à deflagração da Primeira Guerra Mundial marcou o início de uma série de eventos conjunturais que somados refletem uma fase de profun das rupturas na organização da economia internacional Direta ou indiretamente questionavase a partir da guerra a influência política dos países imperialistas e a divisão geográfica do mundo entre eles e ainda a organização do sistema econô mico internacional Para Rezende Filho 2010 p 187 tratase de uma dimensão temporal que reflete em uma crise de crescimento do sistema capitalista no qual acontece sua passagem da juventude para a idade adulta No sistema dos Estados Unidos otimismo e confiança eram sentimentos inerentes ao público em geral na época que antecedeu a queda da bolsa nova ior quina Até fevereiro de 1928 aproximadamente a alta do preço dos papéis seguiu assinalando o aumento dos lucros das empresas a partir dessa dimensão tempo ral conforme Rezende Filho 2010 ela foi sustentada pela onda especulativa Em meados de 1928 a construção civil foi abalada por um colapso Assim em 4 de dezembro de 1928 o presidente norteamericano Calvin Coolidge emitiu uma mensagem no intuito de restabelecer a credibilidade Galbraith 1988 p 3 nos apresenta a afirmação da autoridade americana nenhum Congresso deste país já se terá reunido para apreciar o estado da União diante de uma perspectiva mais agradável do que a que se apresen ta neste momento O cenário nacional é de tranquilidade e satisfação além de registrar o recorde absoluto de anos de prosperidade O cenário internacional apresenta a paz e a boa vontade próprias do entendimen to mútuo Afirmava o Presidente que juntamente com o país todos os legisladores podiam olhar o presente com satisfação e aguardar o futuro com otimismo As frágeis bases sobre as quais se assentava a era de prosperidade norteamericana são ainda mais fragilizadas pela corrida especulativa que fez de 1923 a 1926 as transações na Bolsa de Nova Iorque subirem de 236 para 451 milhões de títulos enquanto o preço médio de 25 títulos representativos subiu 54 A presença dos con sórcios de investimentos de grandes empresas e de bancos atuantes no mercado de ações como financiadores demonstrava a explosão de crédito que houve no final da década de 1920 para ser direcionado a ganhos financeiros por meio da especulação A Grande Depressão 19291933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 157 O dia 24 de outubro de 1929 ficou marcado na história como a Quintafeira negra considerado o dia decisivo para a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque Hobsbawm 1995 p 91 considera que sem esse episódio com certeza não teria havido Hitler Quase certamente não teria havido Roosevelt É muito improvável que o sistema soviético tivesse sido encarado como um sério rival econômico e uma alternativa pos sível ao capitalismo mundial As consequências da crise econômica no mundo não europeu ou não ocidental foram patentemente impres sionantes Em suma o mundo da segunda metade do século XX é in compreensível se não entendermos o impacto do colapso econômico Esse dia marcou a história econômica Rompeuse as condições artificiais do crescimento da economia norteamericana pois se chegou ao ponto em que os compradores não mais levavam em conta o valor intrínseco dos títulos procurando aumentar seu patrimônio pela simples posse de ações quaisquer Isso naturalmente supervalorizava todos os papéis Nessas condições mesmo as ações das empresas mais sólidas se encontravam megalorizadas enquanto que as empresas de segunda linha haviam atingido preços injustificáveis muito além do seu valor patrimonial ou de sua capacidade de remunerar por meio de dividendos os capitais aplicados A observação de Romer é extremamente pertinente nesse ponto pessoas que não são economistas geralmente vêem o crash da Bolsa de Valores de Nova York e a Grande Depressão como o mesmo evento O declínio no preço das ações em outubro de 1929 e o tremendo declínio na produção real entre 1929 e 1933 são simplesmente vistos como parte do mesmo declínio cataclísmico da economia americana Em contras te muitos economistas acreditam que os dois eventos estão mais tan gencialmente relacionados ROMER 1990 p 597 tradução nossa O impacto da depressão posterior à crise de 1929 se estendeu por longos anos de maneira que o PIB norteamericano apenas recuperou o valor referente ao período anterior ao colapso em 1937 Os eventos identificados com a Grande Depressão dessa forma foram muito mais traumáticos e graves do que o sim bolismo da quebra da bolsa Para aqueles que por definição não tinham controle ou acesso aos meios de produção a menos que pudessem voltar para uma família camponesa no interior ou seja os homens e mulheres contratados por salários a con sequência básica da Depressão foi o desemprego em escala inimaginável e sem precedentes e por mais tempo do que qualquer um já experimentara A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 158 No pior período da Depressão 19323 22 a 23 da força de trabalho britânica e belga 24 da sueca 27 da americana 29 da austríaca 31 da norueguesa 32 da dinamarquesa e nada menos que 44 da alemã não tinham emprego E o que é igualmente relevante mesmo a recuperação após 1933 não reduziu o desemprego médio da década de 1930 abaixo de 16 a 17 na GrãBretanha e Suécia ou 20 no resto da Escandinávia O único Estado ocidental que conseguiu eliminar o desemprego foi a Alema nha nazista entre 1933 e 1938 Não houvera nada semelhante a essa catás trofe econômica na vida dos trabalhadores até onde qualquer um pudesse lembrar HOBSBAWM 1995 p 91 A repercussão da Grande Depressão afetou o mundo na década de 1930 Houve revoluções sociais instauração de novas formas de governo e também criação de novas políticas econômicas Tal peculiaridade transformou o crash da Bolsa de Nova Iorque e a depressão dele decorrente em um dos grandes temas dentre os estudos e os debates econômicos A década de 1930 Grande Depressão pode ser pensada como mais um elemento desestabilizador no cenário de reorganização da economia mundial Esse ínterim foi marcado pela permanência das incertezas herdadas da década anterior A onda de falência dos bancos nos Estados Unidos o aumento do desemprego a deflação e a crise da agricultura resultaram em um projeto global bem definido para enfren tar essa conjuntura o New Deal Outro fato que merece destaque principalmente para os estudiosos da Economia foi a publicação da obra de Keynes Teoria geral do emprego do juro e da moeda em 1936 Ousamos omitir alguns elementos importan tes para a História Econômica Geral diante do convite caroa alunoa para que possa conhecer obras importantes e esclarecedoras do período estudado Galbraith Keynes Schumpeter Berle e Means entre outros Por questões didáticas encerraremos a Unidade IV aqui diante da expectativa de que o cenário apresentado tenha configu rado a Segunda Guerra Mundial protagonista da nossa próxima unidade Até breve A partir do contexto da queda da bolsa de 1929 e a Grande Depressão qual o papel do Estado na economia um estado mais intervencionista ou mais liberal Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 159 CONSIDERAÇÕES FINAIS Hobsbawm 1995 p 30 declarou que para os que cresceram antes de 1914 não havia continuidade pósguerra com relação ao passado Paz significava antes de 1914 depois disso veio algo que não mais merecia esse ano É sobre esse tempo infértil que estudamos na Unidade IV Sem fecundidade pois entendemos que a vida humana tem um valor que transcende à ordem eco nômica A Primeira Guerra Mundial foi o primeiro evento efetivamente que envolveu todas as Grandes Potências Milhões de mortos a nacionalidade deles não tem a menor relevância vidas que se foram para satisfazer os anseios das disputas coloniais A humanidade sobreviveu mas nunca mais foi a mesma Apresentamos o cenário histórico da Primeira Guerra composto pela Tríplice Aliança e pela Tríplice Entente O motivo era o de pontuar o contexto imperia lista vigente No entanto após a guerra a configuração mundial mudou Os Estados Unidos se beneficiam e passam a ser o novo centro da economiamundo Vimos que foi um notável período de prosperidade americana devido aos créditos acu mulados no período da guerra junto aos países aliados Contudo revelouse um crescimento artificial uma vez que o país do Tio Sam se percebeu impossi bilitado de continuar a sustentar níveis de consumo interno por uma absoluta escassez de capitais os quais haviam se transformado em estoques ou em inves timentos externos Por fim as frágeis bases sobre as quais se assentava a era de prosperidade norteamericana são ainda mais fragilizadas pela corrida especulativa que fez de 1923 a 1926 as transações na Bolsa de Nova Iorque subirem A presença dos consórcios de investimentos de grandes empresas e de bancos atuando no mer cado de ações como financiadores demonstrava a explosão de crédito que houve no final da década de 1920 para ser direcionado a ganhos financeiros por meio da especulação Em outubro de 1929 marcase a queda da bolsa de Nova Iorque E o período que sucede é de Depressão e os americanos passam a sentir sinais de recuperação apenas em 1937 De forma bastante generalizada são esses os nossos pontos abordados nesta Unidade IV 160 1 Da I Guerra em diante qualquer guerra do século XX envolve todos os cida dãos e mobiliza a maioria é travada com armamentos que exigem um desvio de toda a economia para a sua produção e são usados em quantidade inima gináveis produz indizível destruição e domina e transforma absolutamente a vida dos países envolvidos HOBSBAWM 1995 p 51 Sobre a Primeira Guerra Mundial avalie as afirmações a seguir I Nas relações entre os Estados europeus que se envolveram na Primeira Guerra Mundial estão totalmente ausentes as questões relacionadas às dis putas por expansão colonial II Em nenhum momento as razões da Primeira Guerra Mundial estão relacio nadas com questões econômicas III O evento que forneceu o pretexto para o início da I Guerra Mundial foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando de Habsburgo herdeiro do trono da ÁustriaHungria em junho de 1914 É correto o que se afirma em a Apenas I b Apenas III c Apenas I e III d Apenas II e III e I II e III 2 Aqui temos a oportunidade de refletir sobre a Primeira Guerra Mundial Diante do seu conhecimento escreva um pequeno texto que relacione o imperia lismo e o contexto internacional como elementos fundamentais para o conflito 3 A definição das bases para as relações entre vencedores e derrotados da Pri meira Guerra Mundial era um problema a ser resolvido no pósguerra Um dos Tratados de Paz foi o de Versalhes assinado em junho de 1919 Discorra sobre esse importante acordo 161 4 Durante a guerra ao se concentrar a produção na indústria criou se uma demanda reprimida por muitos produtos Além disso o financiamento da guerra se fez ainda que em pequena parte por meio de do público aos governos por meio dos chamados bônus de guerra ou seja uma parcela da população formou durante a guerra uma que ao fim pode ser gasta para satisfazer a demanda reprimida durante os anos de guerra Assim admitese que uma demanda represada por cerca de quatro anos foi liberada em 1919 e gerou o impulso para a da econo mia de alguns países a têxtil devolução dívida queda b têxtil empréstimos dívida deflação c madeireira restituição poupança inflexão d madeireira empréstimos poupança expansão e bélica empréstimos poupança expansão 5 O dia 24 de outubro de 1929 ficou marcado na história como a Quintafeira negra considerado o dia decisivo para a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque A quebra da bolsa está associada à pior crise econômica de toda a his tória norteamericana SAES SAES 2013 p 347 A partir do fragmento do texto apresentado avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas A crise de 1929 e a Grande Depressão dos anos 1930 não têm nenhuma cone xão com os eventos da década de 1920 porque O período de 19251929 foi caracterizado por uma fase de expansão e desen volvimento da economia mundial com a incorporação das transformações da Segunda Revolução Industrial A respeito dessas asserções assinale a opção correta a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa cor reta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justifica tiva correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 162 A REVOLUÇÃO MEIJI COMO BASE PARA OCIDENTALIZAÇÃO DO JAPÃO O Japão desenvolveu um sistema econômico próprio baseado na imposição de pesa dos encargos em espécie ao campesinato e na existência de oficinas e manufaturas es tatais Esse país viveu um rigoroso isolamento desde o século XVII tendo tido pouco rela cionamento com o Ocidente no período da expansão ultramarina européia No entanto em 31 de março de 1854 foi firmado o Tratado de Kanagawa Esse acordo provocou uma explosão de comércio entre Japão e Estados Unidos Digase de passagem essa abertura por parte da sociedade nipônica é resultado de uma imposição representada pelo Comodoro Perry um norteamericano que ancorou com sua frota na baía do Edo Tóquio com quatro grandes navios negros a vapor com os canhões em riste apontando para a cidade Conforme Rezende Filho 2010 o Japão foi a única nação afroasiática atingida pela nova onda colonizadora capitalista o imperialismo que conseguiu passar da área externa para a área central da economiamundo Com esse impacto ocidental sobre o Japão inaugurouse um período marcado pela grande influência das pressões externas sobre o comportamento japonês A presença ocidental era sentida como uma ameaça à segurança nacional e também como um estí mulo à transformação Com o marco do ano de 1868 deuse a Revolução Meiji Esse pro cesso foi a base para a construção de um Estado moderno de modelo ocidental Assim encerravase o isolamento japonês e a existência de característica feudal em que o país penetrará no mundo internacional como nação moderna No desejo de expandir sua esfera de influência na China e no Pacífico o Japão declarou Guerra à Alemanha em agosto de 1914 aliado ao Império Britânico Em 1918 a Alema nha celebrou um armistício pondo fim a mais de quatro anos de guerra Rezende Filho 2010 apresenta que os efeitos sobre a economiamundo capitalista era patentes Nesse contexto o Japão foi um dos beneficiários Acumulou uma reserva em ouro no valor de 183 milhões de libras esterlinas Apoderouse de todas as colônias alemãs do Pacífico com exceção do nordeste da Nova Guiné que foi para a Austrália Sua produção indus trial ocupou os mercados que os países europeus eram incapazes de suprir adequada mente os mercados da China da Indochina Francesa a demanda de material bélico da Rússia os mercados do Chile e Peru tradicionais clientes alemães os mercados da costa oeste americana a partir de 1917 Já na Segunda Guerra Mundial o Japão integrou com a Alemanha e a Itália o chama do Eixo o que sugere alguma identidade entre seus regimes políticos É certo que no Japão não encontramos algumas características do fascismo como se manifestou na Alemanha com Hitler e na Itália com Mussolini Não obstante esses países se asse melham por apresentar regimes cujas políticas principais eram a repressão no país e a expansão no estrangeiro Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR As consequências econômicas da paz J M Keynes Editora Universidade de Brasília Sinopse Sob o impacto das pesadas reparações de guerra impostas à Alemanha após a I Grande Guerra Mundial Keynes escreveu em 1919 o livro Consequências Econômicas da Paz um dos seus escritos Se os conselhos de Keynes para moderação das condições impostas aos perdedores tivessem sido ouvidos no Tratado de Versalhes os frutos da humilhação e dos desequilíbrios fi nanceiros talvez não fossem colhidos na hiperinfl ação alemã de 1923 no surgimento do Nazismo e na II Guerra Mundial Ouro Ano 2017 Sinopse Kenny Wells Matthew McConaughey é um homem americano que tem como sonho mudar de vida Filho de pai garimpeiro ele vê na busca pelo ouro a chance para mudar sua situação E é por isso que ele vai atrás de um geólogo picareta para juntos viajarem para Indonésia em busca desta pedra dourada Eles queriam encontrar grandes reservas do metal precioso O que não esperavam é que ao encontrarem o que procurava teriam de fugir de ferozes inimigos que querem barrar seus negócios REFERÊNCIAS GALBRAITH J K 1929 O Colapso da Bolsa São Paulo Pioneira 1988 HARARI Y N Sapiens uma breve história da humanidade 7 ed Porto Alegre LPM 2015 HOBSBAWM E A Era dos Extremos O Breve Século XX 19141991 São Paulo Companhia das Letras 1995 KEYNES J M As consequências econômicas da paz Brasília Universidade de Bra sília 2002 Disponível em httpfunaggovbrlojadownload42AsConsequen ciasEconomicasdaPazpdf Acesso em 14 mar 2018 MORAES L E História Contemporânea da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial São Paulo Contexto 2017 REZENDE FILHO C B História Econômica Geral 9 ed São Paulo Contexto 2010 ROMER C The Great Crash and the Onset of the Great Depression 19291933 The Quarterly Journal of Economics v 105 n 3 p 597624 1990 SAES F A M SAES A M História econômica geral São Paulo Saraiva 2013 SONDHAUS L A Primeira Guerra Mundial São Paulo Contexto 2013 REFERÊNCIAS ONLINE ¹Em httpscommonswikimediaorgwikiFileComptesdelamC3A9nag C3A8reen1914ArchivesnationlaesABXIX4012classeur3jpg Acesso em 14 mar 2018 ²Em httpscommonswikimediaorgwikiFileComptesdelamC3A9nag C3A8reen1918ArchivesnationalesABXIX4012classeur32jpg Acesso em 14 mar 2018 GABARITO 165 1 Alternativa b 2 Embora o crescente nacionalismo tenha estimulado o espírito bélico não havia entre os países em guerra divergências ideológicas significativas seja no plano político ou econômico Admitese que a deflagração da guerra não era esperada nem mesmo pelos estadistas envolvidos no conflito acreditavase numa solu ção pacífica para o problema No entanto o desenvolvimento de diversas eco nomias industriais em crescente competição com suas implicações em outras palavras o Imperialismo levou à guerra talvez até contra a vontade dos que a deflagraram o desenvolvimento do capitalismo empurrou o mundo inevita velmente em direção à uma rivalidade entre os Estados à expansão imperialista ao conflito e à guerra HOBSBAWM 1988 p 437 apud SAES SAES 2013 p 310 3 Em 1919 e 1920 foram estabelecidos tratados de paz separadamente com os países derrotados Alemanha Áustria Hungria Bulgária e Turquia O mais im portante desses Tratados foi o de Versalhes junho de 1919 que definia as repa rações de guerra devidas pela Alemanha aos vencedores GrãBretanha França Estados Unidos e Itália Os objetivos dos vencedores em síntese eram fortalecer os países europeus para que não fossem levados pelo caminho da Revolução Russa redividir os territórios deixados em aberto pela queda dos grandes Impé rios AustroHúngaro Russo Turco e Alemão enfraquecer a Alemanha que quase sozinha havia derrotado as tropas aliadas redefinir as políticas internas dos países vitoriosos por fim garantir um acordo de paz que impossibilitasse o surgimento de uma nova guerra 4 Alternativa e 5 Alternativa d GABARITO UNIDADE V Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Objetivos de Aprendizagem Analisar o contexto da Segunda Guerra Mundial Reconhecer a dimensão da Segunda Guerra Mundial Refletir a abordagem do capitalismo tardio Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O Contexto da Segunda Guerra Mundial A Dimensão da Segunda Guerra Mundial O capitalismo tardio e a financeirização do sistema as peças de um quebra cabeça INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta unidade vamos refletir sobre os aspectos que envolve ram a Segunda Guerra Mundial bem como a repercussão econômica em nível mundial Vamos conhecer portanto uma série de transformações institucionais no capitalismo tardio que vão desde o incentivo ao consumo ao regime de acu mulação predominantemente financeiro Reconheceremos o cenário responsável pela Segunda Guerra Mundial Dessa forma vamos identificar a tensão entre as relações internacionais que desde a década de 30 permeavam o contexto mundial Esse ínterim resultou em nações governadas por espécies de regimes totalitaristas o que modifica totalmente o rumo da história mundial Será motivo de nossa análise a proporção da atrocidade da Segunda Guerra Mundial O propósito dessa abordagem é despertar a reflexão para a caracterís tica do capital monopolista que ao longo do tempo demonstrou que o sistema mundial capitalista é em grau considerável precisamente uma função da validade universal da lei de desenvolvimento desigual e combinado MANDEL 1982 Vamos analisar o sistema de relações de produção e relação de trocas cor respondentes em uma escala internacional A partir disso encontraremos o caminho do entendimento para a conjuntura atual do sistema pautada em um regime de acumulação predominantemente financeiro A contextualização se dá dentro de um ambiente econômico muito instável e imprevisível Esta vulnerabilidade será reconhecida como resultado do aumento da aumento da concorrência intercapitalista com o processo de globalização e os ajustes estruturais que privilegiam o mercado como instrumento de regulação Veremos que para sobreviver nesse ambiente inovado as empresas passam a procurar maior flexibilidade e integração na sua forma de organização Nesse caminho de apreender sobre a configuração da economia mundial no século XXI só temos uma certeza ela reserva desafios para a humanidade Vamos lá Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 169 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 170 O CONTEXTO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Sob várias perspectivas a dimensão cronológica entre as duas Guerras Mundiais testemunhou a continuação daquelas tendências imanentes que modelaram o cenário econômico na primeira década do novo século É uma continuação em nível mais adiantado e em um ritmo acelerado Esses dois episódios mundiais podem ser definidos como guerras de redivisão de mercados e colônias no interior do sistema capitalista As relações internacionais estavam tensas ao longo da década de 30 Rezende Filho 2010 assinala a Segunda Guerra Mundial como a última tentativa de cer tos países da área central da economiamundo de recuperar suas economias pelo estabelecimento de relações imperialistas no estilo do século XIX e estrutural mente como a possibilidade de tirar o sistema capitalista da Grande Depressão O período entre guerras representou para o sistema capitalista um verdadeiro teste experimentando sua solidez e articulação interna através de duas guerras mundiais dois períodos de reconstrução eco nômica uma longa década de profunda depressão econômica geral e a diminuição de seu espaço geográfico pela implantação de soluções econômicas alternativas REZENDE FILHO 2010 p 187 Esse período marca também o fim da hegemonia europeia sobre a economia mundo com sua substituição pelos Estados Unidos E mais significativamente ainda marca o fracasso das tentativas de imposição de posições dominantes pela via do imperialismo encetadas pela Alemanha em 19141918 e em 19331945 pelo Japão em 19311945 e pela Inglaterra França e Itália durante as décadas de 19201930 Os movimentos autoritários e conservadores que surgiram no período entre guerras assumiram sua forma comumente conhecida como fascismo Rezende Filho 2010 apresenta quatro razões principais para esse tipo de movimento as quais estão apresentadas a seguir na figura 1 O Contexto da Segunda Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 171 A crise da reconversão do pósguerra que gerou uma enorme massa de desempregados entre os trabalhadores fez com que ideologias políticas radicais tivessem enorme difusão culpando a democracia pela existência das crises A proletarização das classes médias as quais passam a desejar um Estado forte de tendências militaristasnacionalistas A redução dos lucros da burguesia fnanceiraindustrial a qual quis se compensar aumentando a exploração dos trabalhadores A ascensão dos partidos de Esquerda principalmente após a revolução bolchevique de 1917 na União Soviética e a fundação do Comintern em 1919 que colocava em risco a existência do sistema capitalista fazia com que a luta de classes atingisse um ponto insuportável segundo a ótica da burguesia e das camadas médias Regimes autoriátios fascismo Itália nazismo Alemanha Expansionismo militarista Japão Franquismo Espanha Salazarismo Portugal Figura 1 Raízes do fascismo Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 Em mais de um sentido a política nacionalistaexpansionista dos Estados autoritá rios mais o preço da paz de 1918 desembocaram em um curso que fatalmente desencadearia um novo conflito de grandes proporções As forças alemãs invadiram a Polônia no dia 1º de setembro de 1939 e ocu param o país em poucas semanas no dia 03 de setembro Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha Naquele momento foi acionada toda a máquina de guerra que só seria desativada em 1945 com a derrota do Eixo A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 172 A DIMENSÃO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Às 5h29min45s da manhã de 16 de julho de 1945 ocorreu o momento mais notá vel e definidor dos últimos 500 anos Naquele exato segundo concretizavase a Experiência Trinity o primeiro teste nuclear da história O teste foi conduzido pelos Estados Unidos da América cientistas detonaram a bomba atômica em Alamogordo Novo México Conforme Harari 2015 p 259 desse ponto em diante a humanidade teve capacidade não só de mudar o curso da história como também de colocar um fim nela Figura 2 Alamogordo 16 de julho de 1945 O fascismo nasce oficialmente em 1919 quando Mussolini funda em Milão na Itália o movimento intitulado Fascio de Combatimento cujos integrantes os camisas pretas opõemse à classe liberal Fonte adaptado de Marques Berutti e Faria 2012 A Dimensão da Segunda Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 173 Não podemos no presente trabalho desviar dos aspectos econômicos do desen volvimento histórico No entanto entendemos como fundamental a sensibilização para os episódios que envolvem essa dimensão temporal Em 06 de agosto de 1945 a cidade de Hiroshima no Japão foi bombardeada Aquilo que havia sucedido por meio da Experiência Trinity foi aplicado pelo bombardeiro nor teamericano B29 apelidado de Enola Gay que portanto lançou a bomba atômica Little Boy sobre a cidade de Hiroshima sede do comando militar do Japão Imperial A explosão provocou a morte imediata de mais de 100 mil pes soas outras 35 mil ficaram feridas e pelo menos mais 60 mil pessoas faleceram em decorrência da radiação até o final daquele ano Em 6 de agosto de 1945 a Casa Branca comunicou o bombardeio de Hiroshima ao povo norteamericano acabamos de lançar sobre o Japão a força de onde o Sol tira o seu poder Nós conseguimos do mesticar a energia fundamental do universo O presidente Harry Truman declarou O mundo constata que a primeira bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima uma base militar nós ganhamos contra a Alemanha a corrida da sua descoberta Nós a utilizamos com a finalidade de reduzir a angústia da guerra e com o fim de salvar as vi das de milhares e milhares de jovens americanos Nós continuaremos a empregála até conseguirmos destruir completamente os recursos bélicos japoneses cf Truman 1955 Em 9 de agosto de 1945 às 11h2min uma segunda bomba nuclear a Fat man foi lançada por Charles Sweeney Frederick Ashworth e outros de um bombardeiro B29 sobre a cidade de Nagasaki O alvo foi trocado de Kokura para Nagasaki em virtude das más condições de visibilidade A explosão equivalente a 22 mil toneladas de TNT foi obtida usando 8 kg de plutônio 239 com uma bomba de 45 toneladas que provocaram a morte de mais de 70 mil civis Em 15 de agosto Hirohito Imperador do Japão anunciou a capitulação incondicional de seu país Ele tinha 46 anos quando se dirigiu pela primeira vez ao seu povo para comu nicar chorando em linguagem arcaica que o Japão perdera a guerra Alamogordo 16 de julho de 1945 52953 da manhã Oito segundos depois que a bomba atômica foi detonada O físico nuclear Robert Oppenheimer ao ver a explosão citou Bhagavad Gita Agora eu me torno a Morte a des truidora de mundos A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 174 O inimaginável tinha acontecido era necessário aceitar o inaceitável a rendição a ocupação a humilhação Acabara o Grande Império Em 2 de setembro de 1945 a rendição japonesa é assinada Assim estava terminada a Segunda Guerra Mundial que não acabou em 8 de maio com a capitulação do Terceiro Reich mas em 6 e 9 de agosto de 1945 com as duas bombas que deram início à guerra fria MOURÃO 2005 p 698 A partir desse cenário fica a sugestão da tamanha atrocidade que foi a Segunda Guerra Mundial Contudo ela não se saldou apenas por pavorosas perdas huma nas ou por uma alteração por vezes lamentável dos valores morais geralmente admitidos e que mal ou bem reagiam às relações entre os indivíduos e às vezes entre as nações Também houve um balanço econômico cuja amplitude atingiu dimensões desconhecidas Foi na verdadeira acepção da palavra uma guerra total que utilizou recursos até o seu limite e que se traduziu por consequências igualmente capitais e diversificadas O quadro 1 a seguir ajuda a explicitar sobre aspectos como a dívida pública o nível de vida das pessoas o controle gover namental e a variação da produção industrial Quadro 1 Aspectos da Segunda Guerra Mundial DÍVIDA PÚBLICA Aumento geral da dívida pública e em proporções frequentemente catastrófi cas A guerra custou à França o equivalente a 35 mil milhões de dólares à Ingla terra 50 mil milhões para fazer face a este enorme déficit a GrãBretanha teve de liquidar a terça parte dos seus bens no estrangeiro e endividarse em relação aos Estados Unidos e aos seus próprios domínios a dívida interna passou de 7 mil milhões de libras em 1939 para 22 milhões a libra desvalorizouse 38 em relação ao dólar A dívida pública dos Estados Unidos passou de 46 para 263 mil milhões de dólares NÍVEL DE VIDA Abaixamento do nível de vida das populações racionamento de bens alimenta res desaparecimento por vezes total dos bens de consumo julgados indispen sáveis manutenção das senhas de racionamentos até cerca de 1950 CONTROLE GOVERNAMENTAL Estabelecimento de um controle governamental energético controle dos preços e da moeda das matériasprimas orientação da produção controle das trocas para tentar reduzir a fuga de capitais A Dimensão da Segunda Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 175 VARIAÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL Variação da produção industrial Em França em Maio de 1944 o índice da produção industrial baixou para 44 contra 100 em 1938 a França perdeu mais de 15 das suas locomotivas 23 de vagões mas de 34 de embarcações mer cantes Verificase a mesma baixa e por vezes em maiores proporções em Itália Países Baixos Alemanha Japão Pelo contrário a América anglosaxônica surge como beneficiária Os Estados Unidos que gastaram na guerra 300 mil milhões de dólares aumentaram consideravelmente as suas reservas monetárias a sua produção industrial aumentou 75 a cultura do trigo aumentou 25 O Cana dá por seu turno tornado um verdadeiro arsenal para as nações aliadas deu um forte impulso à sua indústria aeronáutica e automobilística aos seus estaleiros navais à sua indústria química E o papel destes dois países será capital para o fornecimento de alimentos e equipamento indispensável aos países arruinados e devastados Fonte adaptado de Marques et al 2012 Terminada a Segunda Guerra Mundial as nações não entraram como esperavam alguns idealistas em período de entendimento mútuo e de trabalho precipua mente pacífico Dois Estados saíram muito fortalecidos da luta os Estados Unidos e a União Soviética Em torno deles não demoraram a se agrupar quase todas as demais nações constituindo grandes blocos econômicos chamados respec tivamente de Ocidental e Oriental Muito embora o mundo estivesse dividido entre capitalismo e comunismo estava acentuada a partir da guerra a superioridade econômica dos Estados Unidos Por outro lado a União Soviética apesar da destruição que sofrera durante o conflito ostentava o mérito de ter derrotado a Alemanha na campanha do Leste Europeu fator decisivo da vitória dos Aliados sobre os exércitos de Hitler Saes e Saes 2013 destacam que embora EUA e URSS estivessem do mesmo lado durante a guerra Nos países europeus nos anos imediatamente após a guerra o capital era o ingrediente que faltava Isso podia ser fornecido e o foi pelo Plano Marshall Fonte Galbraith 1979 p 225 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 176 compondo as forças dos Aliados junto com a GrãBretanha França e outros países depois da vitória seus governos se afastaram dando início a um conflito potencial que em uma ocasião quase se tornou efetivo A concentração dos recursos na indústria pesada e nos transportes em detri mento dos bens de consumo permitiu uma rápida recuperação dos níveis de produção Em 1950 o Produto Nacional Bruto da União Soviética era inferior apenas ao dos Estados Unidos embora seu produto per capita ainda fosse infe rior ao do Reino Unido da França e da Alemanha Ocidental conforme podemos observar a seguir Tabela 1 Produto Nacional Bruto e per capita em 1950 valores em dólares de 1950 PNB TOTAL PNB PER CAPITA Estados Unidos 381 bilhões 2536 URSS 126 bilhões 699 Reino Unido 71 bilhões 1393 França 50 bilhões 1172 Alemanha Ocidental 48 bilhões 1001 Japão 32 bilhões 382 Itália 29 bilhões 626 Fonte Kennedy 1989 p 353 apud SAES SAES 2013 p 503 O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 177 Depois de 1950 a diferença entre o Produto Bruto norteamericano e o soviético se estreitou entre 1950 e 1973 a taxa média de crescimento do PIB dos Estados Unidos foi de 39 ao ano e o da URSS foi de 48 MADDISON 1995 p 8083 apud SAES SAES 2013 p 503 Esse desempenho da economia soviética pas sou a preocupar os norteamericanos temerosos de perderem a liderança na economia e na política mundial Contudo a Segunda Guerra Mundial a reconstrução e o período de prosperi dade que a seguiu a descolonização a internacionalização do capital bem como a nova industrialização do Terceiro Mundo marcaram um novo surto do capi talismo em escala mundial BEAUD 1987 p 301 O CAPITALISMO TARDIO E A FINANCEIRIZAÇÃO DO SISTEMA AS PEÇAS DE UM QUEBRACABEÇAS A imagem que se forma é a de um sistema mundial imperialista construído a par tir do desenvolvimento desigual da acumulação de capital composição orgânica do capital taxa de maisvalia e produtividade do trabalho elementos conside rados em escala mundial O que levou a Revolução Industrial a ter início no Ocidente foi o fato de ali ter sido acumulado nos trezentos anos precedentes o Ao fim da Segunda Guerra Mundial havia um enorme contraste entre as con tradições econômicas dos Estados Unidos e as dos países mais diretamente envolvidos na guerra seja do lado vencedor dos Aliados principalmente França e Reino Unido ou do perdedor o Eixo Alemanha Itália e Japão Fonte Saes e Saes 2013 p 325 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 178 capital monetário e as reservas de ouro e pratas internacionais em resultado da pilhagem sistemática do resto do mundo por meio das conquistas e do comércio colonial Isso resultou na concentração internacional de capital em uns poucos pontos do globo nas áreas predominantemente industriais da Europa Ocidental e pouco tempo depois da América do Norte No entanto o capital industrial que surgia nessas áreas não tinha meios de impedir o processo interno de acu mulação primitiva de capital pelas classes dominantes dos países mais atrasados Ele podia na melhor das hipóteses diminuir o ritmo do processo Com certas diferenças de tempo e de produtividade ligadas ao monopólio britânico sobre os níveis mais altos de produtividade industrial o processo de industrialização se estendeu pouco a pouco na era do capitalismo de livre concorrência a um número cada vez maior de países Com a exportação em massa de capital para os países subdesenvolvidos para a organização da produção capitalista de matériasprimas nessas áreas a dife rença quantitativa na acumulação de capital e no nível de produtividade entre os países metropolitanos e os economicamente atrasados foi subitamente transfor mada em uma diferença qualitativa Esses países se tornaram dependentes além de atrasados A dominação do capital estrangeiro sobre a acumulação de capital sufocou o processo de acumulação primitiva de capital e a defasagem industrial em relação às áreas metropolitanas alargouse regularmente Além disso como a produção de matériasprimas ainda era préindustrial ou apenas rudimentar mente industrial visto que os baixos custos da força de trabalho desestimulavam a constante modernização da maquinaria essa defasagem industrial deu origem a um abismo crescente nos respectivos níveis de produtividade que tanto expres sava quanto perpetuava o real subdesenvolvimento Do ponto de vista marxista isto é a partir de uma teoria consistente do valor do trabalho subdesenvolvi mento é sempre em última análise subemprego quantitativamente desemprego em massa e qualitativamente baixa produtividade do trabalho É verdade que as mercadorias capitalistas criaram e conquistaram o mercado mundial capitalista isto é levaram aos limites extremos do mundo a domina ção da circulação capitalista de mercadorias e o predomínio das mercadorias produzidas em grande escala na moderna indústria capitalista Entretanto ao mesmo tempo a expansão internacional não implantou por toda a parte o modo O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 179 de produção capitalista Ao contrário nos chamados países periféricos criou e consolidou uma mistura específica de relações de produção précapitalistas e capitalistas o que impediu nessas áreas a generalização do modo de produção capitalista e especialmente da indústria capitalista em grande escala Aí reside a causa principal da permanente crise prérevolucionária nos países dependen tes por cerca de meio século a razão básica pela qual esses países provaram ser até agora os elos mais fracos no sistema mundial imperialista A penetração em massa do capital na produção de matériasprimas tornou possível a interrupção radical após 1873 da prolongada tendência ao aumento dos preços desses materiais O resultado não foi apenas o colapso notório no preço dos artigos agrícolas e a grande crise da agricultura européia mas tam bém uma rápida queda no preço relativo dos minérios em comparação ao preço dos produtos na indústria capitalista de bens acabados Em longo prazo entre tanto essa tendência estava destinada a ser invertida devido aos baixos custos de reprodução da força de trabalho nos países subdesenvolvidos em decorrência da escala maciça de subemprego e do baixo grau de produtividade do trabalho os quais alargavam constantemente a diferença no nível de produtividade entre esses países e os da metrópole Com a estagnação da produtividade nos países dependentes e simultaneamente com um rápido aumento na produtividade do trabalho nos países industrializados era apenas uma questão de tempo antes que o preço das matériasprimas começasse a aumentar A alta começou a se manifestar durante a Primeira Guerra Mundial Para certas matériasprimas a alta continuou durante os anos 20 até a crise econô mica mundial de 19291932 As consequências dessa crise acarretaram uma súbita interrupção do processo que entretanto abriu novamente caminho com o surto armamentista internacional nos anos 40 atingindo seu apogeu em 1950 no início da Guerra da Coréia A estrutura específica que o final do século XIX havia gravado sobre a economia mundial tornavase agora um obstáculo adi cional à valorização do capital ou mais precisamente um fator adicional para o declínio da taxa média de lucro Assim a lógica interna do capital ocasionou uma repartição do processo que já ocorrera nas décadas de 1950 e 1960 do século anterior Naquele momento quando o preço relativo das matériasprimas começou a subir rapidamente a A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 180 sua produção com métodos de trabalho e relações de produção précapitalistas deixaram de ser uma fonte de superlucros por meio da exploração de força de trabalho barata e se tornou em vez disso um obstáculo à ulterior expansão do capital Nos dias atuais análogo à produção de matériasprimas por métodos que datavam do período de capitalismo manufatureiro ou do início da industriali zação deixa de ser uma fonte de superlucros coloniais tornandose um freio à acumulação de capital em escala mundial Na fase de transição do capitalismo de livre concorrência à era do imperialismo o capital respondera àquele desafio com uma penetração maciça no campo das matériasprimas Quando o impe rialismo clássico deu lugar ao capitalismo tardio o capital respondeu com uma penetração em massa ainda mais profunda A partir dos anos 30 e particular mente na década de 40 do século anterior essa penetração maciça na esfera das matériasprimas conduziu exatamente como se passara no último quarto do século XIX a uma revolução fundamental na tecnologia organização do tra balho e relações de produção No final do século XIX tinha sido uma questão de substituir uma organização primitiva do trabalho précapitalista por méto dos organizacionais adequados ao capitalismo manufatureiro ou à fase inicial da industrialização Os resultados desse rearranjo na estrutura da economia mundial no período de transição do imperialismo clássico ao capitalismo tardio foram numero sos mas de natureza bastante contraditória Entre outros aspectos esse novo período foi caracterizado pelo fato de que paralelamente aos bens de consumo industriais feitos por máquinas surgidos no início do século XIX deparamonos com matériasprimas e gêneros alimentícios produzidos por máquinas Longe de corresponder a uma sociedade pós industrial o capitalismo tardio aparece assim como o período em que pela primeira vez todos os ramos da economia se encontram plenamente industrializados ao que ainda seria possível acrescen tar a mecanização crescente da esfera da circulação excetuados os serviços de simples conserto e a mecanização crescente da superestrutura Portanto os traços básicos do capitalismo tardio já podem ser derivados das leis de movimento do capital A origem imediata da terceira revolução tec nológica pode ser referida a quatro objetivos principais do capital nos anos 30 e 40 do século XX O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 181 A aplicação produtiva dessa nova tecnologia começou nos setores da indús tria química para os quais a força impulsionadora decisiva é o barateamento do capital constante circulante Do início dos anos 50 ela se difundiu gradativa mente por um número crescente de esferas cujo objetivo principal era a redução radical dos custos salariais diretos isto é a eliminação do trabalho vivo do pro cesso de produção Aqui chegamos ao limite interior absoluto do modo de produção capitalista Tal limite não reside na penetração capitalista completa no mercado mundial isto é na eliminação das esferas não capitalistas de produção prendese ao fato de que a própria massa de maisvalia diminui necessariamente em resultado da eliminação do trabalho vivo do processo de produção no decorrer do estágio final de meca nização e automação O capitalismo é incompatível com a produção plenamente automatizada na totalidade da indústria e da agricultura porque essa situação não mais permite a criação de maisvalia ou a valorização do capital Consequentemente é impossível que a automação conquiste a totalidade das esferas de produção na época do capitalismo tardio Por motivos de sua autopreservação o capital jamais poderia transformar todos os trabalhadores em cientistas assim como jamais poderia automatizar a totalidade da produção material MANDEL 1982 p 146 A marca distintiva do imperialismo e de sua segunda fase o capitalismo tardio não é um declínio nas forças de produção mas um acréscimo no parasitismo e nos desperdícios paralelos ou subjacentes a esse crescimento A incapacidade ine rente ao capitalismo tardio de generalizar as vastas potencialidades da terceira revolução tecnológica ou da automação constitui uma expressão tão forte dessa tendência quanto à sua dilapidação de forças produtivas transformadas em for ças de destruição desenvolvimento armamentista permanente alastramento da fome nas semicolônias cuja produtividade média do trabalho se viu restrita a um nível inteiramente sem relação ao que é hoje possível em termos técnicos e cientí fico contaminação da atmosfera e das águas ruptura do equilíbrio ecológico etc A pior forma de desperdício inerente ao capitalismo tardio jaz no mau uso das forças de produção humanas e materiais existentes Em vez de serem usadas para o desenvolvimento de homens e mulheres livres são cada vez mais empregadas na produção de coisas inúteis e perniciosas Todas as contradições históricas do capita lismo estão concentradas no caráter duplo da automação Por um lado ela representa A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 182 o desenvolvimento aperfeiçoado das forças materiais de produção que poderiam em si mesmas libertar a humanidade da obrigação de realizar um trabalho mecâ nico repetitivo enfadonho e alienante Por outro representa uma nova ameaça para o emprego e o rendimento uma nova intensificação da ansiedade a insegurança o retorno crônico do desemprego em massa as perdas periódicas no consumo e na renda o empobrecimento moral e intelectual A automação capitalista um desenvolvimento maciço tanto das forças produtivas do trabalho quanto das for ças alienantes e destrutivas da mercadoria e do capital tornouse dessa maneira a quintessência objetivada das antinomias inerentes ao modo de produção capitalista Alves 2007 nos alerta que diante das condições de mundialização do capital na época da produção destrutiva ou ainda no período de passagem para uma nova modalidade de acumulação capitalista acumulação flexível que o insaci ável movimento do capital em processo assume um caráter plenamente inovador dado pela constituição dos circuitos globais do dinheiro que projeta a nível glo bal essa caça apaixonada pelo valor MARX 1989 p184 Nesse sentido Alves 2007 p 20 aponta que O surgimento de um único mercado mundial de dinheiro e de crédito é parte intrínseca da plena posição do capital enquanto sujeito da alta modernidade ou da exacerbação da modernidade com seus impactos decisivos nas esferas da cultura da economia e da política Além disso a constituição do mercado mundial de dinheiro e de cré dito e da financeirização dominante principalmente a partir de mea dos da década de 70 está ligada intrinsecamente a nova modalidade de acumulação capitalista de caráter flexível e a própria crise do for dismo A cidadania global do capital tornouse efetiva com o notável desenvolvimento do capital financeiro rumo à internacionalização dos mercados monetários e financeiros e da própria supremacia do capital financeiro internacional Nasce a partir de meados dos anos 70 um sistema financeiro global altamente integrado coordenado pelas telecomunicações instantâneas que instaura um mercado de ações global um mercado de futuro de mercadorias e até de dívidas globais Mais do que nunca propagase de Tóquio a Londres de Nova York a São Paulo os denominados em preendimentos com papéis maneiras alternativas de obter lucros que não se restringe à produção pura e simples de mercadorias Ou seja lucros estritamente financeiros sem dar importância à produção real O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 183 A maior autonomia do sistema bancário e financeiro o fortalecimento do capital financeiro destruiu em grande parte os mecanismos de regulação do período fordista tendo em vista que limitaram o poder do Estado A Tríade Estados Unidos União Européia e Japão na acepção de Chesnais 1996 buscava recuperar seus crescentes poderes de coordenação por meio do poder de orga nismos internacionais tais como FMI o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial longe do controle democrático circunscrito à nação Estado Nessa economia com grande concentração de capital fixo e dominância dos bancos na intermediação financeira a dinâmica de longo prazo está fun dada na busca do aumento da produtividade social do trabalho o que por sua vez impulsiona a competição pela inovação tecnológica incorporada nas mais diversas categorias Essa possibilidade da acumulação decorre da capacidade dos bancos de emprestar e participar dos empreendimentos diversificando o risco apostando na estabilidade dos seus passivos os depósitos à vista escritu rados em seus registros BELUZZO 2013 O regime do capital em sua forma plenamente constituída ou seja já ancorada nas forças produtivas propriamente capitalistas incorporou à sua dinâmica os elementos históricos que precederam e prepararam sua consti tuição o comércio e o crédito O império da acumulação capitalista impôs suas regras e desregramentos aos elementos da era mercantil aqueles que se incumbiram da dissolução da economia feudal cujos capítulos mais dramáti cos foram escritos pela chamada acumulação primitiva pela expansão colonial e pela reinvenção da escravidão Na esteira do doloroso e violento processo de mercantilização da força de trabalho leiase da expropriação dos produtores diretos dos meios de produção o regime do capital acelerou a uma velo cidade impressionante a produção e reprodução dos elementos materiais da riqueza BELLUZO 2013 Temse destarte a financeirização através do movimento contraditório de centralização e abertura do capital individual com a sociedade anônima Esta supõe necessariamente a transferência de poder do capital industrial para o capital financeiro eis que ousadamente atribuímos a isso o grande nascer do Senhor dos Anéis O banco como representante do capital financeiro a forma superior de controle das decisões A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 184 Durante a chamada era dourada 19471973 a expansão do comér cio envolvia sobretudo o intercâmbio de bens finais de consumo e de capital entre os parceiros do Atlântico Norte Foi um período de expansão mundial sob hegemonia norteamericana Esse panorama mudou a divisão internacio nal do trabalho e o esquema centroperiferia até então hegemonia inglesa O espaço econômico internacional na posteridade da Segunda Guerra Mundial foi construído a partir do projeto de integração entre as econo mias nacionais proposto pelo Estado norteamericano e por sua economia Fazse necessário saber que nesse ínterim a economia mundial estava sob a égide de Bretton Woods o poder do dólar conversível foi sustentáculo do que Belluzo 2013 entende como processos simultâneos o déficit na conta de capi tais produto da expansão da grande empresa norteamericana a reconstrução dos sistemas industriais da Europa e do Japão a industrialização de muitos paí ses da periferia impulsionada pelo investimento produtivo direto em conjugação com políticas de desenvolvimento nacional Os desequilíbrios crescentes do balanço norteamericano de pagamentos leva ram à derrocada o sistema de conversibilidade e taxas fixas de Bretton Woods ao impor a desvinculação do dólar em relação ao ouro em 1971 e a introdução das taxas de câmbio flutuantes em 1973 A continuada desvalorização do dólar nos anos 60 colocou em situação complicada a economia mundial A partir do início dos anos 80 intensificouse o movimento de migração manufatureira para as regiões nas quais prevalecia uma relação câmbiosalários mais competitiva e ampliaramse os desequilíbrios nos balanços de pagamentos entre os Estados Unidos a Ásia e a Europa Em 1944 autoridades de 44 países se reuniram em Bretton Woods para se assegurarem de que os erros em relação ao ouro e às reparações de guerra sobre os quais Keynes havia se tornado famoso não se repetiria Fonte Galbraith 1979 p 224 O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 185 O fortalecimento do dólar no período seguinte contribuiu para que os Estados Unidos promovessem políticas de abertura comercial e impusessem a liberaliza ção financeira Dessa forma suas empresas encontraram o caminho mais rápido e desimpedido para a migração produtiva enquanto seus bancos foram investidos plenamente na função de gestores da finança e da moeda universais Isso signi fica que os bancos norteamericanos estavam habilitados a 1 administrar em escala global a transformação da rede de relações débitocrédito fazendo avançar o processo de securitização 2 comandar a circulação de capitais entre as praças financeiras e portanto afetar a formação das taxas de câmbio 3 promover as mudanças na estrutura da propriedade ou seja organizar o jogo da concentração patrimonial e produtiva 4 dar fluidez ao sistema de pagamentos em escala global Nos últimos quarenta anos a desregulamentação dos mercados e a crescente liberalização dos movimentos de capitais alteraram profundamente o jogo das regras A partir de 1973 os regimes cambiais caminharam na direção de um sistema de taxas flutuantes Tratavase diziam de escapar das aporias da trindade impos sível ou seja da convivência entre taxas fixas mobilidade de capitais e autonomia da política monetária doméstica As palavras de ordem no novo consenso procla mavam as virtudes da abertura comercial da liberalização das contas de capital da desregulamentação e da descompressão dos sistemas financeiros domésticos Um após o outro os países de moeda não conversível promoveram a abertura financeira Nos países centrais a desregulamentação financeira rompeu os diques de segurança erigidos depois da crise dos anos 1930 As restrições às finanças pro curavam impedir que os bancos comerciais se envolvessem no financiamento de posições especulativas nos mercados de riqueza ações e imóveis com consequên cias indesejáveis para a solidez dos sistemas bancários O aumento da concorrência intercapitalista com o processo de globalização e os ajustes estruturais que privile giam o mercado como instrumento de regulação criou um ambiente econômico muito mais instável e imprevisível Para sobreviver nesse ambiente as empresas procuram ter maior flexibilidade e integração na sua forma de organização A revolução tecnológica possibilitou maior flexibilidade e integração entre os diversos setores da empresa e desta com os fornecedores e consumidores Da mesma forma as novas tecnologias oportunizaram aos grupos transnacionais a organização do seu processo de internacionalização O elementochave do novo A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 186 padrão tecnológico é a informática que tornou possível armazenar e processar informações em uma velocidade sem precedente na história da humanidade Essa revolução tecnológica é uma força inovadora que parece não ter limi tes Conhecida como a terceira revolução industrial e em contraste com as duas anteriores ela aumentou a produtividade especialmente com a revolu ção da microeletrônica mas não criou novos bens e serviços de consumo que revolucionassem o padrão de vida das grandes massas humanas A maioria dos novos produtos é originária da segunda revolução industrial sobretudo o que se refere ao campo eletrônico A terceira revolução industrial tem um viés antiemprego e antissindical Por um lado não houve redução da jornada de trabalho acompanhando os ganhos de produtividade como aconteceu historicamente nas duas primeiras revoluções industriais Por outro lado atingiu o movimento sindical enfra quecendoo de forma fundamental ao promover o desemprego industrial Isso porque o movimento sindical tem cultura industrial secundária e não terciária A chamada terceira revolução industrial se desenvolveu dentro do contexto de mundialização financeira Nesse cenário o movimento sindical estava enfra quecido e com muitas dificuldades de interferir no processo em curso Diferente do que aconteceu na segunda revolução industrial quando o sindicalismo teve ascensão e contribuiu para constituição do Estado de Bemestar Social O cenário da mundialização financeira juntamente com a terceira Revolução Industrial desencadeou uma profunda transformação do sistema econômico tanto no plano nacional quanto no internacional A razão podemos encontrar em sua rápida expansão pois os ativos financeiros viajam em ritmo mais veloz do que o produto ou o comércio Entendemos que a esfera financeira ganhou autonomia em relação à economia real Em outras palavras a partir desse momento a acumulação de capital tinha como núcleo a esfera financeira não mais a produtiva Em um trabalho dessa natureza não há espaço para uma abordagem completa e uma conclusão formal Ainda teríamos muito mais a conversar como exemplo tratar da abertura do mercado norteamericano e do comércio mundial aos produtos chineses que potencializou o efeito das refor mas econômicas Diante dessa nossa limitação fica a reflexão teria o capitalismo ingressado em uma nova fase Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 187 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa Nesta unidade refletimos sobre os aspectos que envolveram a Segunda Guerra Mundial De modo que caminhamos no conhecimentoreconhe cimento das profundas transformações a partir da concretização de um cenário do sistema capitalista de produção pautado por um forte crescimento tecnoló gico A luta armada entre as nações possibilitou um aumento brutal da produção industrial superior à capacidade global de consumo o que exigiu a instauração de sistemas de planejamento meticuloso e a longo prazo e também às técnicas de marketing e publicidade a fim de aumentar o consumo com a predomi nância do setor de bens e serviços sobre a atividade econômica como um todo Esse aumento brutal da capacidade produtiva e predominância do setor terciá rio correspondeu à instalação das denominadas sociedades de Bemestar Social Diante desse panorama entendemos que o sistema capitalista possui uma dinâmica peculiar de se ressignificar diante dos seus ciclos A partir da segunda metade da década de 1950 compensase a estabilização europeia por meio da crescente exploração das áreas periféricas mascarada pela mudança no padrão das exportações dos países industrializados Analisamos o impacto das mudanças no sistema capitalista maduro carac terizado pela concentração de capital em nível monopolista e sujeito aos efeitos de uma Terceira Revolução Industrial Nesse panorama está na constituição a partir de 1970 o regime de acumulação predominantemente financeiro Entendase que as finanças passam ao foco da acumulação de capital ou seja as instituições financeiras passaram a atrair os lucros não reinvestidos e as pou panças privadas com a proposta de promover sua valorização em um circuito que aparentemente tornavase autônomo da esfera produtiva Em concordância com Belluzzo 2013 a Segunda Guerra e o contexto atual da organização econômica refletem no fato de que a mediação e a garan tia do Estado são precárias pois a soberania é um frágil compromisso entre a natureza e a razão o direito e a violência E a violência é resultado da imposi ção seja por força física ou coação moral o seu próprio julgamento impostado como verdade máxima 188 1 A Segunda Guerra Mundial do mesmo modo que sua predecessora levou a Europa e as vastas parcelas da Ásia à exaustão e à destruição A capacidade de destruição se desenvolveuse em um nível sem precedentes sem que isso levasse ao encurtamento da guerra Rezende Filho 2010 p 229 Sobre a Segunda Guerra Mundial avalie as afirmações a seguir I A Inglaterra e Alemanha se uniram contra a França e Estados Unidos pela luta do território da Polônia II A Segunda Guerra Mundial dizimou a vida de muitas pessoas no entanto no que concerne à questões econômicas não impactou em prejuízos III A política nacionalistaexpansionista dos Estados autoritários somados ao resultado do acordo do fim da Primeira Guerra são além de outros elemen tos fatores explicativos da Segunda Guerra Mundial É correto o que se afirma em a Apenas I b Apenas III c Apenas I e I d Apenas II e III e I II e III 189 2 Sob muitos aspectos mas não todos os vinte anos que separaram a Primeira da Segunda Guerra Mundial testemunharam a continuação daquelas tendên cias imanentes que modelaram o cenário econômico na primeira década do novo século DOBB 1980 p 321 I Os movimentos autoritários e conservadores surgiram no período entre guerras II Esse período marca também o fim da hegemonia europeia sobre a econo miamundo com sua substituição pelos Estados Unidos III Não houve nenhum tipo de tensão nas relações internacionais principal mente ao longo da década de 1930 em que as barreiras protecionistas eram nulas É correto o que se afirma em a Apenas I b Apenas III c Apenas I e II d Apenas II e III e I II e III 3 A marca distintiva do imperialismo e de sua segunda fase o capitalismo tardio não é um declínio nas forças de produção mas um acréscimo no parasitismo e nos desperdícios paralelos ou subjacentes a esse crescimento Discorra sobre a pior forma de desperdício do capitalismo tardio 190 4 Alguns pilares da Era de Ouro foram colocados em xeque durante a década de 1970 o sistema monetário internacional com taxas de câmbio fixas estrutura do em Bretton Woods a política keynesiana de manutenção do pleno empre go o chamado fordismo ou seja a capacidade de gerar por meio de ganhos de produtividade a elevação dos salários reais e taxas de lucro satisfatórias simultaneamente a relação salarial o Estado do Bemestar Considerando o texto apresentado avalie as afirmações a seguir acerca das mudanças do capitalismo a partir de 1973 I O elementochave do novo padrão tecnológico é a informática que tornou possível armazenar e processar informações em uma velocidade sem prece dente na história da humanidade II A terceira revolução industrial se desenvolve dentro do contexto de mun dialização financeira III Dáse a volta do padrãoouro no que tange à conversibilidade do dólar IV A maioria dos novos produtos é originária da segunda revolução industrial sobretudo aqueles que são do campo eletrônico É correto apenas o que se afirma em a I e IV b II e III c III e IV d I II e III e I II e IV 5 Há inúmeras propostas de entender a história do capitalismo a partir de algu mas categorias gerais o como capitalismo mercantil o capitalismo industrial o capitalismo financeiro ou ainda o capitalismo concorrencial e capitalismo mo nopolistaimperialismo Nessas e em outras propostas similares há a noção de que o capitalismo caminha ao longo da história por fases sucessivas nas quais algumas características prévias são superadas por novas SAES SAES 2013 A partir dessas informações redija um texto dissertativo sobre seu entendi mento da história do capitalismo 191 PAZGUERRA No atual estado da técnica militar precisase de uma centena de viaturas e mais de cem toneladas de obuses para romper de modo certeiro a resistência oferecida em um único quilômetro por um único batalhão bem entrincheirado e com cobertura de arame Nas fronteiras restritas como as da Europa muito estreitas para os efetivos enormes do recrutamento geral metralhados pela defesa das fortificações permanentes pouca esperança pode haver de suplantar as posições adversárias A decisão só poderá ser tomada depois do sucesso de numerosas ações ofensivas portanto ao preço de um es forço gigantesco que pressupõe uma superioridade numérica e industrial considerável Se não fosse assim o conflito só poderia ser resolvido pelo desgaste moral e material de um dos dois beligerantes Nos dois casos a luta tomaria a forma de uma luta de morte com tantas perdas e ruínas que as condições de paz por mais vantajosas que fossem jamais poderiam compensálas O conceito clássico da guerra conduz portanto a uma forma de conflito que não corres ponde às possibilidades e às necessidades da Europa atualmente A Europa na verdade não se refez ainda dos inconvenientes de todo tipo provocados pela Grande Guerra Pre cisa de paz para se refazer e reorganizar sua economia em função dos meios modernos de produção Por outro lado a opinião pública na maior parte das nações europeias recusase instintivamente a aceitar a ideia da guerra Essa convicção é um fato capital peculiar da nossa época Sendo assim como resolver os conflitos entre as nações Impõese novos métodos O problema continua sem solução consiste em forçar um Estado a subscrever obrigações que lhe são impostas em uma palavra a capitular A guerra pode mudar sua forma mas o objetivo essencial permanece o mesmo Incapaz de subjugar de um só golpe o adversário a nova guerra terá como objetivo convencêlo a capitular em vez de continuar a luta A ação radical é substituída por uma ação persuasiva da força Masa política só dispunha antigamente de uma margem de pressão muito fraca o menor erro de manobra o menor excesso podiam provo car a guerra A política era portanto exercida como um jogo variado de combinações e compromissos Hoje a situação é completamente diferente o espectro sempre pre sente da guerra total e o temor que ela inspira fazem com que seja vista como uma solução desesperada à qual se recorrerá somente em último caso A impotência da ação militar torna quase insensível a epiderme das nações Anschluss Sudetos intervenção na Espanha combate russojaponês de KuangTcheuFeng poderíamos multiplicar os exemplos de paciência espantosa das nações comparada ao seu nervosismo anterior Assim essa repugnância pela guerra total por uma transformação surpreendente auto riza o emprego da violência que ultrapassa nitidamente as regras da tradição diplomáti ca Já não é a paz e ainda não é a guerra que conhecíamos mas um estado intermediá rio que chamaremos de pazguerra 192 A pazguerra repousa na ideia de aproveitar o temor da guerracatástrofe para exer cer pressões mais enérgicas do que antigamente evitando criar uma tensão suficiente para levar o inimigo à guerra total O primeiro elemento de toda combinação consistirá portanto em avaliar o ponto crítico além do qual o adversário preferirá a guerra total à capitulação Fonte SARTRE sd p 97 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR História Contemporânea através de textos Adhemar Marques Flávio Berutti Ricardo Faria Editora Contexto Sinopse Aborda os processos históricos que ocorreram entre as revoluções burguesas e a Segunda Guerra Mundial por meio de textos e documentos cuidadosamente selecionados Para sua escolha levouse em consideração um programa de leituras essenciais a um curso de História Contemporânea e a sua adequação tanto no conteúdo quanto na forma às reais condições de ensino e aprendizagem das salas de aula São 72 textos que tratam entre outros temas da Revolução Industrial do movimento operário do século XIX das Revoluções liberais do nacionalismo do imperialismo da Revolução Russa dos fascismos e da Crise de 29 Pearl Harbor Ano 2001 Sinopse Pouco antes do bombardeio japonês em Pearl Harbor dois amigos que são como irmãos um para o outro se envolvem de maneira distinta nos eventos que fazem com que os Estados Unidos entrem na 2ª Guerra Mundial Enquanto que Rafe Ben Affl eck se apaixona pela enfermeira Evelyn Kate Beckinsale e decide se alistar na força americana que lutará na 2ª Guerra Mundial em Londres Danny Josh Hartnett tornase piloto da Força Aérea dos Estados Unidos e permanece no país Após a notícia de que Rafe morrera em um dos combates que travava contra os alemães Danny e Evelyn se aproximam e terminam se apaixonando REFERÊNCIAS ALVES G Dimensões da Reestruturação Produtiva ensaios de sociologia do tra balho 2 ed Londrina Praxis 2007 BEAUD M História do Capitalismo de 1500 até nossos dias São Paulo Brasilien se 1987 BELLUZZO L G O Capital e suas metamorfoses São Paulo UNESP 2013 CHESNAIS F A Mundialização do Capital São Paulo Editora Xamã 1996 DOBB M H A evolução do capitalismo Rio de Janeiro Zahar 1980 GALBRAITH J K A Era da incerteza São Paulo Pioneira 1979 HARARI Y N Sapiens uma breve história da humanidade 7 ed Porto Alegre LPM 2015 MANDEL E O Capitalismo Tardio São Paulo Abril Cultural 1982 MARQUES A BERUTTI F FARIA R Org História Contemporânea através de tex tos 12 ed São Paulo Contexto 2012 Coleção Textos e Documentos v 5 MARX K O Capital Crítica da economia política 30 ed Rio de Janeiro Civilização Brasileira 1989 Livro 1 volume 1 MOURÃO R R F Hiroshima e Nagasaki razões para experimentar a nova arma Re vista Scientiae Studia São Paulo v 3 n 4 p 683710 2005 REZENDE FILHO C B História Econômica Geral 9 ed São Paulo Contexto 2010 SAES F A M SAES A M História Econômica Geral São Paulo Saraiva 2013 SARTRE J P Diário de uma guerra estranha São Paulo Círculo do Livro sd REFERÊNCIAS GABARITO 195 1 Alternativa d 2 Alternativa c 3 A pior forma de desperdício inerente ao capitalismo tardio jaz no mau uso das forças de produção humanas e materiais existentes Em vez de serem usadas para o desenvolvimento de homens e mulheres livres são cada vez mais empre gadas na produção de coisas inúteis e perniciosas 4 Alternativa e 5 Reflexão particular GABARITO CONCLUSÃO Ao sentir uma dor você sente a necessidade de ir ao médico Marca a consulta possivelmente espera alguns dias organiza seu horário e chegando a data enca minhase para o consultório Ao obedecer ao procedimento de consulta médica o profissional faz algumas perguntas É muito comum que ele faça questionamentos sobre seu histórico familiar Alguém na família com diabetes Alguém na família com problemas cardíacos Alguém na família com histórico de problemas renais para entender a dor ou seja para analisar o seu problema o profissional faz uso entre outros elementos da análise histórica no caso familiar Sem ela tudo fica mais difícil Grosso modo esse exemplo nos remete à relevância do conhecimento da história para tomar decisões diante da conjuntura econômica É preciso conhecer os Primei ros Sistemas Econômicos o processo de transição do feudalismo ao capitalismo as crises o período entre Guerras a dinâmica do século XX aos dias atuais para enten der a lógica da mundialização financeira E este trabalho foi elaborado tendo em vista um duplo objetivo apresentar a rele vância da história para a ciência econômica e servir de apoio para o entendimento do processo histórico ao longo do tempo de modo a entender como os homens se organizaram para realizar a sua produção e por consequência a satisfação das suas necessidades materiais A perspectiva temporal serve como ponto de referência mas em nenhum momento devemos ser rigorosos imaginando que a história consiga ser exata nesse sentido Afinal a história da humanidade é construída a partir de um movimento desigual e desencontrado em muitos pontos Fica registrado aqui nossa gratidão à você motivadora central deste trabalho Nos sos sinceros votos de agradecimento E que possamos contribuir para que a ciência econômica seja atuante na transformação gradual de uma sociedade que busca se conhecer para ser melhor Até a próxima CONCLUSÃO ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES
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HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori GRADUAÇÃO Unicesumar C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação a Distância IORI Carla Fabiana de Andrade Gonçalves História Econômica Geral Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori MaringáPr UniCesumar 2018 Reimpresso em 2021 200 p Graduação EaD 1 História 2 Economia 3 EaD I Título ISBN 9788545911517 CDD 22 ed 3309 CIP NBR 12899 AACR2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza CRB8 6828 Impresso por Reitor Wilson de Matos Silva ViceReitor Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho PróReitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD Núcleo de Educação a Distância Direção Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Direção Operacional de Ensino Kátia Coelho Direção de Operações Chrystiano Mincof Direção de Polos Próprios James Prestes Direção de Desenvolvimento Dayane Almeida Direção de Relacionamento Alessandra Baron Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Silvio Cesar de Castro Designer Educacional Bárbara Neves Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Editoração Victor Augusto Thomazini Qualidade Textual Estela Pereira dos Santos Ilustração Bruno Cesar Pardinho Figueiredo Marta Sayuri Kakitani Em um mundo global e dinâmico nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo não so mente para oferecer uma educação de qualidade mas acima de tudo para gerar uma conversão in tegral das pessoas ao conhecimento Baseamonos em 4 pilares intelectual profissional emocional e espiritual Iniciamos a Unicesumar em 1990 com dois cursos de graduação e 180 alunos Hoje temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil nos quatro campi presenciais Maringá Curitiba Ponta Grossa e Londrina e em mais de 300 polos EAD no país com dezenas de cursos de graduação e pósgraduação Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência com IGC 4 em 7 anos consecutivos Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil A rapidez do mundo moderno exige dos educa dores soluções inteligentes para as necessidades de todos Para continuar relevante a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes inovação coragem e compromisso com a quali dade Por isso desenvolvemos para os cursos de Engenharia metodologias ativas as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária Vamos juntos Seja bemvindoa caroa acadêmicoa Você está iniciando um processo de transformação pois quando investimos em nossa formação seja ela pessoal ou profissional nos transformamos e consequentemente transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos De que forma o fazemos Criando oportu nidades eou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância oa acompanhará durante todo este processo pois conforme Freire 1996 Os homens se educam juntos na transformação do mundo Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontramse integrados à proposta pedagógica con tribuindo no processo educacional complementando sua formação profissional desenvolvendo competên cias e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade de maneira a inserilo no mercado de trabalho Ou seja estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá rios para a sua formação pessoal e profissional Portanto nossa distância nesse processo de cresci mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita Ou seja acesse regularmente o Studeo que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem interaja nos fóruns e enquetes assista às aulas ao vivo e participe das dis cussões Além disso lembrese que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliáloa em seu processo de aprendizagem possibilitandolhe trilhar com tranqui lidade e segurança sua trajetória acadêmica CURRÍCULO Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegócio Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE especialização em Gestão Financeira e Contábil Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Paranavaí FAFIPA e graduação pela Universidade Estadual de Maringá UEM em Ciências Econômicas Atua como professora de Economia na Unicesumar desde 2009 Foi instrutora de matemática financeira com utilização da calculadora financeira hp12c no SENAC De 2002 a 2011 atuou na instituição financeira HSBC Bank Brasil SA Banco Múltiplo como gerente de negócios Desenvolve pesquisas na área de Economia Política Para saber mais sobre esse currículo acesse httplattescnpq br9999135590410897 SEJA BEMVINDOA É uma imensa satisfação apresentar a você este material Ele é fruto do encontro viven ciado durante minha atividade estudantil e profissional Isso porque é uma temática que me encanta desde a graduação em Ciências Econômicas na Universidade Estadual de Maringá passando pela minha experiência em uma instituição financeira quando pude perceber que o mercado obedece à leis econômicas universais simultaneamente à carreira acadêmica ao observar que a história é a ferramenta explicativa de muitas realizações do presente Ao abrir este material é provável que você caroa alunoa tenha alguma expectati va quanto ao conteúdo Diante de projeções é sempre um desafio atender a contento Devo antecipar portanto que é possível elaborar diferentes histórias econômicas ge rais ainda que os processos históricos observados sejam os mesmos Assim é conve niente nesta apresentação demonstrar que meu compromisso é facilitar a compreen são da dinâmica histórica que envolve a descrição dos esforços que o homem fez ao longo dos séculos para satisfazer as necessidades materiais IGLESIAS 1959 p 27 apud SAES 2013 p 1 Para o desenvolvimento desse material fizemos uso de muitas obras que foram trans formando o modo de ver a economia da autora Contudo devo creditar principalmente dois manuais de História Econômica Geral que em muito contribuíram para que fosse possível essa compilação de assuntos História Econômica Geral do professor Cyro Re zende 2010 e o trabalho dos professores Flávio Azevedo Marques de Saes com Alexan dre Macchione Saes 2013 Ao estudar física ou química há possibilidades de estudar efeitos da causa x sobre o evento y isolando cuidadosamente a modificação de outras variáveis que poderiam eventualmente perturbála Na economia não há essa possibilidade Nas ciências na turais a descoberta de leis não modifica a natureza Por exemplo Newton formulou a Lei da gravitação universal e a constante gravitacional não sofreu alterações ao longo dos séculos A economia é uma área do conhecimento com uma peculiaridade bastante diferente das referidas acima Tratase de uma ciência social A natureza na economia é a sociedade humana Um agrupamento de indivíduos diferentes uns dos outros que reagem aos estímulos de formas diversas raciocinam têm diversas identidades e por assim dizer pertencem a culturas Formam um complexo sistema de interrelações que se modificam e se dinamizam durante o tempo E nesse panorama é fundamental o domínio da história que envolve processos pessoas sistemas atividades e costumes das épocas passadas para avaliar e refletir o presente O objeto da economia não muda O que vai variar é o comportamento da sociedade diante dos fatos históricos a sociedade muda à medida que ela se conhece É no intuito de aprender que a economia não tem relações estáveis e que estamos sempre em mu dança que o presente material se apresenta Temos portanto em mãos um trabalho de cunho exploratório e bibliográfico para atender a uma demanda de caráter didáticoin formativo APRESENTAÇÃO HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL Leis e normas humanas transformaram algumas pessoas em escravos e outras em senhores Destarte você será apresentado aos Primeiros Sistemas Econômicos de forma muito breve mas saberá que eles são a gênese do sistema atual Será uma viagem temporal que discorrerá sobre os marcos históricos econômicos principalmente a partir da centralização da análise no espaço europeu área privi legiada da assunção do sistema capitalista Para tanto é mister a abordagem da transição do feudalismo ao capitalismo O processo reflexivo acerca da relevância da Revolução Industrial também será mo tivo de trabalho Como um dos resultados dessa transformação será relevante en tender a alta dos preços e a Grande Depressão por volta dos anos 1873 Esse cenário está contextualizado com a Segunda Revolução Industrial e a questão do Capital Monopolista e Imperialismo O contexto de ampliação do espaço econômico culminará na Primeira Guerra Mun dial que impactará a década de 1920 O capitalismo passa por sucessivas crises e possivelmente a mais importante de sua história é a Grande Depressão de 1929 assunto entre outros da Unidade IV Por fim os mecanismos do capitalismo em sua fase tardia os quais enfatizam as profundas mudanças que a Terceira Revolução Industrial acarretaram ao sistema Por fim é um trabalho introdutório e simplificado diante da proporção que é de fato a História Econômica Geral nas suas mais diversas vertentes que não podemos abordar aqui por uma questão didática No entanto sem dúvida encontraremos nos nas aulas em formatos de vídeos como forma complementar a esse trabalho É certamente um trabalho realizado com muita dedicação e seriedade por parte da Unicesumar representada aqui pelo professor Silvio Castro coordenador do curso de Ciências Econômicas que confiou a mim este trabalho ao qual sou grata por ter a possibilidade de compartilhar meu conhecimento com vocês Bons estudos APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO 15 Introdução 16 A Relação Entre Economia e História 27 A Economia na Antiguidade 33 O Feudalismo 52 Considerações Finais 57 Referências 59 Gabarito UNIDADE II O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 63 Introdução 64 O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção 74 A Revolução Industrial 87 A Revolução Industrial e sua Amplitude 92 Considerações Finais 98 Referências 99 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES CAPITALISTAS 18701913 103 Introdução 104 A Grande Depressão do Século XIX 107 A Segunda Revolução Industrial 112 Uma Breve Contextualização Histórica do Capitalismo e seu Alargamento Geográfico 114 O Capital Monopolista 121 Imperialismo 126 Considerações Finais 131 Referências 132 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE IV A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 135 Introdução 136 A Primeira Guerra Mundial 147 O PósGuerra 153 A Economia Mundial e os Anos 20 156 A Grande Depressão 19291933 159 Considerações Finais 164 Referências 165 Gabarito SUMÁRIO 12 UNIDADE V A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS 169 Introdução 170 O Contexto da Segunda Guerra Mundial 172 A Dimensão da Segunda Guerra Mundial 177 O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças 187 Considerações Finais 194 Referências 195 Gabarito 196 CONCLUSÃO UNIDADE I Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Objetivos de Aprendizagem Refletir a relação entre economia e história Conhecer a Economia na Antiguidade Reconhecer o sistema feudal e apreender aspectos do mercantilismo Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A relação entre economia e história A Economia na Antiguidade O feudalismo INTRODUÇÃO Caroa alunoa o conteúdo que você encontrará nas próximas páginas foi minuciosamente construído no intuito de lograr a compreensão da íntima rela ção da economia e da história o nascimento da História Econômica o processo gestacional do capitalismo o feudalismo e o mercantilismo É por acreditar categoricamente na primordialidade da história como ferra menta de análise do momento presente principalmente no que tange às questões materiais de vivência que nos dedicamos na primeira parte do material a inves tir no tratamento da relação da história e da economia Destarte o foco de nosso estudo se volta à atividade humana diante da sua satisfação das necessidades materiais no decorrer do tempo Para discorrer sobre esse processo será necessário entender o nascimento da História Econômica Geral enquanto disciplina acadêmica ou seja enquanto área de estudo propriamente dita Para isso faremos uma abordagem econômica e historiográfica diante do amplo panorama dessa temática em caráter descri tivo de modo a situar algumas das principais correntes de estudo da História Econômica A Economia na Antiguidade é ponto chave na percepção de como nos sos antepassados viviam produziam e distribuiam os frutos de suas atividades produtivas Seremos apresentados à sociedade feudal como nos mostra Beaud 1987 que por volta do século XI concretizase em termos organizacionais no âmbito do senhorio constituídos pela servidão trabalho forçado corveia e extorsão do sobre trabalho sob a forma de prestação em trabalho do qual se beneficia o senhor proprietário eminente e detentor das prerrogativas políticas e jurisdicionais Por fim o grande comércio que a circunavegação proporcionará o período mercantilista A riqueza de uma nação estava associada ao montante de ouro e prata que ela possuía Alguns dos primeiros mercantilistas até mesmo acreditavam que esses metais preciosos eram o único tipo de riqueza que valia a pena alejar Sem dúvida uma viagem no tempo econômico Bons estudos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 15 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 16 A RELAÇÃO ENTRE ECONOMIA E HISTÓRIA Nessa caminhada que estamos iniciando caroa alunoa vamos conhecer datas pensadores e acontecimentos isto é vamos trilhar a história sob a pers pectiva econômica É relevante apresentar que conforme Harari 2015 a partir da dimensão temporal há 70 mil anos em que o Homo Sapiens começou a for mar estruturas elaboradas chamadas culturas é que pontuamos a história Há cerca de 135 bilhões de anos a matéria a energia o tempo e o espa ço surgiram naquilo que é conhecido como o Big Bang A história des sas características fundamentais do nosso universo é denominada físi ca Por volta de 300 mil anos após seu surgimento a matéria e a energia começaram a se aglutinar em estruturas complexas chamadas átomos que então se combinaram em moléculas A história dos átomos das moléculas e de suas interações é denominada química Há cerca de 38 bilhões de anos em um planeta chamado Terra certas moléculas se combinaram para formar estruturas particularmente grandes e com plexas chamadas organismos A história dos organismos é denominada biologia Há cerca de 70 mil anos os organismos pertencentes à espécie Homo sapiens começaram a formar estruturas ainda mais elaboradas chamadas culturas O desenvolvimento subsequente dessas culturas humanas é denominado história HARARI 2015 p11 Quadro 1 Cronologia ANOS ATRÁS 135 bilhões Surgem matéria e energia Começo da física Aparecem átomos e moléculas Começo da química 45 bilhões Formação do planeta Terra 38 bilhões Surgimento de organismos Começo da biologia 6 milhões Último ancestral em comum de humanos e chimpanzés A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 17 ANOS ATRÁS 25 milhões Evolução do gênero Homo na África Primeiras ferramentas de pedra 2 milhões Humanos se espalham da África para Eurásia Evolução de dife rentes espécies humanas 500 mil Surgem os neandertais na Europa e no Oriente Médio 300 mil Uso cotidiano do fogo 200 mil Surge o Homo sapiens na África Oriental 70 mil Revolução Cognitiva Surge a linguagem ficcional Começo da história Os sapiens se espalham a partir da África 45 mil Os sapiens povoam a Austrália Extinção da megafauna australiana 30 mil Extinção dos neandertais 16 mil Os sapiens povoam a América Extinção da megafauna americana 13 mil Extinção do Homo floresiensis 12 mil Revolução Agrícola Domesticação de plantas e animais Assentamentos permanentes 5 mil Primeiros reinos sistemas de escrita e dinheiro Religiões politeístas 425 mil Primeiro império o Império Acádio de Sargão 25 mil Invenção da moeda um dinheiro universal Império Persa uma ordem política universal em prol de todos os humanos Budismo na Índia uma verdade universal para libertar todos os seres do sofrimento 2 mil Império Han na China Império romano no Mediterrâneo Cristianismo 14 mil Islamismo 500 Revolução Científica A humanidade admite sua ignorância e começa a conquistar a América e os oceanos O planeta inteiro se torna um só palco histórico Ascensão do capitalismo 200 Revolução Industrial Família e comunidade são substituídas por Estado e mercado Extinção em massa de plantas e animais O presente Os humanos transcendem os limites do planeta Terra As armas nucleares ameaçam a sobrevivência da humanidade Cada vez mais os organismos são moldados por design inteligente e não por seleção natural O futuro O design inteligente se torna o princípio básico da vida O homo sapiens é substituído por superhumanos Fonte Harari 2015 p 8 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 18 O tratamento da palavra história em sua abordagem etimológica em todas as línguas românicas e em inglês vem do grego antigo historie Encaminhanos para a noção de testemunha daquele que vê o sentido de procurar Podemos ir além e em Heródoto considerado o Pai da História perceber o significado dessa ciência hoje ciência como procura das ações realizadas pelos homens Esta é a exposição das investigações de Heródoto de Halicarnasso para que os feitos dos homens não se desvaneçam com o tempo nem fiquem sem renome as grandes e maravilhosas empresas realizadas quer pelos Helenos quer pelos Bárbaros e sobretudo a razão porque entraram em guerra uns com os outros HERÓDOTO 1994 p 53 apud PRIORI MARTIN 2010 p 12 Em Le Goff 1995 p 17 Mas a história pode ter ainda um terceiro sentido o de narração Uma história é uma narração verdadeira ou falsa com base na realidade histórica ou puramente imaginária pode ser uma narração histórica ou uma fábula O inglês escapa a esta última confusão porque distingue entre history e story história e conto A partir da etimologia podemos entender que estamos tratando de uma busca de uma forma investigativa dentro de um recorte temporal a história está intrin secamente aliada ao tempo em que o humano enquanto ser social modifica desenvolvese e por assim dizer está inserido em uma cultura O tempo não o chronos cronológico estabelecido pelo desenvolvimento das culturas mas por aquele que conforme Elias 1998 p 13 Remete a esse relacionamento de posições ou segmentos pertencentes a duas ou mais sequências de acontecimentos em evolução contínua Se as sequências em si são perceptíveis relacionálas representa a ela boração dessas percepções pelo saber humano Isso encontra uma ex pressão num símbolo social comunicável a ideia de tempo a qual no interior de uma sociedade permite transmitir de um ser humano para outros imagens mnêmicas que dão lugar a uma experiência mas que não podem ser percebidas pelos sentidos não perceptivos Contudo o que é a história na sua forma clássica e como ela se relaciona com a História Econômica Marc Bloch 2001 p51 definiu a História como a ciência dos homens no tempo Em outras palavras conforme Saes e Saes 2013 é o estudo da atividade A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 19 humana em suas múltiplas dimensões na perspectiva da mudança ao longo do tempo Em termos do foco de nosso estudo a atividade humana voltada à satisfa ção das necessidades materiais Ainda podemos pensar que tratase dos esforços que o homem faz fez ao longo dos séculos para satisfazer suas necessidades materiais IGLÉSIAS 1959 p 27 apud SAES SAES 2013 p 1 Aquilo que con sideramos como essencial se modifica de acordo com cada época Em determinadas épocas e locais as necessidades materiais das pessoas podem ser supridas por seu próprio esforço numa comunidade estritamente rural aquele que cultiva a terra e cria alguns animais pode produzir tudo ou quase tudo o que necessita para sobrevivência levando em conta o que é considerado necessário naquele momento como alimento vestuário habitação Na socieda de atual as necessidades materiais comportam muito mais do que ali mentos vestuário e habitação pois bens duráveis como os eletrônicos meios de transporte lazer cultura etc passaram a fazer parte do dia a dia de grande parte da população SAES SAES 2013 p 2 Redes produtivas comerciais e financeiras compõem a interligação do com plexo sistema para obtenção desses produtos que se tornaram necessários no nosso cotidiano Por exemplo um operador financeiro no Brasil ao almoçar em um restaurante certamente está consumindo algum alimento produzido em outro país talvez da América Latina e cuja preparação exigiu o uso de uten sílios importados provavelmente da América do Norte da Europa ou da Ásia Assim da origem desses produtos à mesa do restaurante há um vasto conjunto de empresas e trabalhadores na maior parte das vezes desconhecidos daquele que é o consumidor final desses produtos A teoria contemporânea tem as cicatrizes dos problemas do passado agora resolvidos os erros do passado agora corrigidos e não poderá ser comple tamente entendida exceto como um legado do passado Mark Blaug A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 20 Caroa alunoa diante da sua possível expectativa acerca deste conteúdo é impor tante que seja esclarecido que estamos diante da Economia e da História duas atuais ciências que se relacionam para contribuir de maneira a procurar identifi car as formas pelas quais os homens satisfazem suas necessidades materiais como também de investigar de que maneira essas formas se alteram ao longo do tempo por meio de diferentes relações entre os homens que participam desse processo trabalhadores empresários consumidores e de técnicas em constante alteração SURGIMENTO DA HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL E a História Econômica Geral Como surgiu Enquanto disciplina acadêmica ela surgiu como uma reação às tendências dominantes nessas duas disciplinas Destarte é relevante a indicação das distintas perspectivas que definem as prin cipais correntes da História Econômica Isso se deve às implicações possíveis sobre a interpretação dos processos históricos No fim do século XIX predominava na Economia a corrente marginalista ver mais sobre a revolução marginalista no elemento textual leitura complementar A figura 1 procura elucidar esse cenário Na História prevalecia o positivismo e o historicismo enquanto a economia perpassava a Revolução Marginalista Figura 1 O Século XIX e as correntes predominantes na Economia e na História Fonte a autora A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 21 Segundo Saes e Saes 2013 Adam Smith via a história da economia como uma sequência de formas de atividade econômica caça coleta pastoreio agricul tura e comércio De modo que o pensador escocês preservava uma perspectiva histórica em suas reflexões Essa seria a ordem natural ou seja como deveria ter acontecido ou acontecer em cada sociedade De modo geral os economis tas clássicos mantiveram a preocupação em relação às mudanças da economia pontuadas em sua dimensão temporal O surgimento e o desenvolvimento do capitalismo para Karl Marx é expli cado por meio de sua vasta construção teórica Na Alemanha a Economia como disciplina esteve associada à chamada Escola Histórica Essa corrente de pen samento deu importância aos trabalhos históricos e de forma geral à descrição dos detalhes para ela este é o trabalho mais importante ou pelo menos o que em primeiro lugar se impõe às Ciências Sociais SCHUMPETER apud SAES SAES 2013 p 4 Ao apresentar o termo escola estamos tratando da noção que remete ao sentido de uma corrente de pensamento Pois entendese que sempre que ocorre um padrão ou programa mínimo perceptível no trabalho de grupo formado por um número significativo de praticantes de determinada ativi dade ou de produtores de certo tipo de conhecimento sendo ainda impor tante que haja uma certa intercomunicação entre estes praticantes a consti tuição de uma identidade em comum frequentemente também ocorrendo a consolidação de meios para a difusão das idéias do grupo como é o caso de revistas especializadas controladas por seus membros ou programas vei culados em mídias diversas Será importante entender ainda que as esco las podem apresentar uma referência sincrônica relacionada a autores ou praticantes de uma mesma época e uma referência diacrônica no sentido de que a escola pode se estender no tempo e abarcar sucessivas gerações ou ser por elas reivindicada Fonte autora A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 22 Na Economia Política nome da disciplina antes da revolução marginalista não havia nenhum historiador econômico propriamente Entretanto os pensadores da Economia Política demonstravam em suas obras elementos ou preocupações com o que viria a ser a História Econômica como disciplina O fato é que com a ascensão dos marginalistas corrente de pensamento a perspectiva política perde espaço para os assuntos que tratam da organização dos fatores produtivos Isso porque o foco do pensamento econômico como já adiantamos passa a ter uma abordagem estática Em outras palavras a preocupação com as transforma ções que ocorrem no tempo sob um caráter de evolução das relações materiais de produção assumem outra abordagem A atenção passa a ser para o entendi mento do processo de formação dos preços dos bens e a alocação dos recursos com base nas preferências dos indivíduos em determinado momento do tempo Na perspectiva dos marginalistas na Economia não havia espaço para a História aliás essa perspectiva foi formulada na polêmica sobre o Método entre os mar ginalistas em especial pelo austríaco Karl Menger e a Escola Histórica Alemã representada por G Schmoller SCHUMPETER 1968 p 177185 Saes e Saes 2013 apresentam que o afastamento entre Economia e a História não ocorreu apenas com os marginalistas pois esse foi um movimento mais geral que talvez contraditoriamente fortaleceu a História Econômica Sem espaço para integrar seus estudos à teoria econômica aqueles que de algum modo dedicavamse à análise da história de economias nacionais buscaram um espaço específico para sua atividade Daí o surgimento da História Econômica como disciplina acadêmica nos países anglosaxões no final do século XIX e no começo do século XX A primeira cadeira de História Econômica foi estabelecida nos Estados Uni dos em 1892 na Universidade de Harvard Assumiua o inglês William Ashley antigo professor de Oxford e autor de Introduction to English Economic History and Theory Fonte Harte 2001 apud SAES SAES 2013 p 5 A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 23 A HISTÓRIA ECONÔMICA E A ESCOLA DOS ANNALES Ainda dentro do panorama da afirmação da História Econômica como disciplina temos que na França o percurso que vai pautar o posicionamento da disciplina é diferente do apresentado com relação à GrãBretanha paí ses anglosaxões Na República Francesa a História Econômica emergiu em oposição às correntes dominantes nos estudos de História no século XIX a história positivista Podemos brevemente entrar na histó ria da história e verificar que o positivismo foi um movimento que passou a incorpo rar métodos próprios no estudo dos fatos históricos Nessa transformação alguns dos princípios do Iluminismo como a elabora ção de regras e leis foram fundamentais Um dos grandes representantes dessa tendência de historiadores cientistas foi o alemão Leopold Von Ranke 17951886 O Positivismo pregava a cientifização do pensamento e do estudo hu mano visando a obtenção de resultados claros objetivos e completa mente corretos Os seguidores desse movimento acreditavam num ide al de neutralidade isto é na separação entre o pesquisadorautor e sua obra esta em vez de mostrar as opiniões e julgamentos de seu criador retrataria de forma neutra e clara uma dada realidade a partir de seus fatos mas sem os analisar Os positivistas crêem que o conhecimento se explica por si mesmo necessitando apenas seu estudioso recuperálo e colocálo à mostra Não foram poucos os que seguiram a corrente positivista Auguste Comte na Filosofia Émile Durkheim na Sociolo gia Fustel de Coulanges na História entre outros contribuíram para fazer do Positivismo e da cientifização do saber um posicionamento poderoso no século XIX BIRARDI CASTELANI BELATTO 2018 online Figura 2 Revista Annales dHistoire Économique et Sociale dirigida por Lucien Febvre e Marc Bloch professores de Estraburgo Fonte Medievista 2014 online¹ A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 24 E qual de fato era a oposição ao positivismo Veja estamos tratando da primeira metade do século XX Nesse ponto cronológico historiadores franceses des contentes com os pressupostos teóricos e metodológicos aplicados pela Escola Positivista apresentam um espírito inovador com o objetivo de transformar radicalmente os conceitos as metodologias e as práticas aplicadas à produção histórica A Escola dos Annales surgiu aproximadamente em meados da década de 1920 Liderada inicialmente por Lucien Febvre e Marc Bloch Esse movi mento teve como direção principal se opor à História Positivista pois havia chegado a hora de passar a história dos tronos das dominações para o dos povos e das sociedades Quanto aos historiadores que ti vessem a fraqueza de ainda se interessar pelo político e praticar essa história superada fariam o papel de retardatários uma espécie em via de desaparecimento condenada à extinção na medida em que as novas orientações prevalecessem na pesquisa e no ensino RÉMOND 1996 p 1819 O que os historiadores mais jovens desejavam era antes de mais nada mudar o foco da história das elites para as massas para o trabalho para a produção e para as trocas Vários historiadores romperam com o domínio acadêmico do positivismo e produziram obras que incorporavam as novas preocupações con forme o quadro abaixo Quadro 2 Historiadores franceses que se opunham ao método positivista Jean Jaurés Histoire socialiste de la Révolution française História Socialista da Revolução Francesa 1901 1904 François Simiand La méthode positive en science économique Método histórico de Ciência Social 1903 Ernest Labrousse Esquisse du mouvement des prix et des revenus en France au XVIIIe Siècle Tese O movimento dos preços e das rendas na França do século XVIII 1933 Henri Berr Revue de Synthèse abrigava estudos de hitória que iam além do relato dos fatos Henri Pirenne Publicava estudos sobre a história econômica e social da Idade Média Fonte adaptado de Saes e Saes 2013 A Relação Entre Economia e História Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 25 Na revista Annales a proposta era deslocar a visão histórica concentrada nos fatos políticos para uma História Total Consolidando dessa maneira a insa tisfação latente entre historiadores e cientistas sociais das primeiras décadas do século XX em relação à historiografia dominante do século XIX Além de recusar a História acontecimental o mero relato de eventos Febvre e Bloch propunham a aproximação com as ciências sociais So ciologia Antropologia Geografia o que permitia a busca de explica ções para os processos históricos a partir da proposição de problemas SAES SAES 2013 p 6 HISTÓRIA ECONÔMICA E A PERSPECTIVA MARXISTA A História Econômica também perpassa a perspectiva marxista à medida que Karl Marx não apenas admite a presença da visão social de mundo na elabora ção da ciência econômica como também a revela inseparável desta O pensador alemão pretendeu explicitar as formas existentes em sua época da expressão das relações de produção e reprodução da vida como histórica e social mente determinadas diferentemente do que fizeram os economistas políticos clássicos que as naturalizaram As proposições de Marx para a História conforme Hobsbawm 1998 consideram que o fator econômico atua conjuntamente com Conforme Le Goff 1995 não é de se admirar que a criação da revista Annales dhistoire économique et sociale Anais da história econômica e social a qual deu vida ao movimento surgiu exatamente no ano da crise de 1929 Essa crise que atingiu em cheio Wall Street nos Estados Unidos desmoronou as economias capitalistas da América e da Europa e levou a humanidade a questionar a ideia de progresso arraigada há centenas de anos Essas trans formações segundo François Dosse 2003 p 34 foram observadas pelos Annales que mesmo tendo produzido a Revista em janeiro antes da crise em outubro responde inteiramente às questões de uma época que desloca o olhar dos aspectos políticos para os econômicos Fonte Rodrigues 2016 p 119 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 26 o fator social A ação desses dois elementos explica as transformações em suas contradições Isso porque uma característica essencial do pensamento histórico de Marx é a de não ser nem sociológico nem econômico mas ambos simulta neamente HOBSBAWM 1998 p 166167 Contudo como os fatores econômicos e sociais aparecem no paradigma historiográfico do Marxismo científico O fator econômico se revela nas for ças materiais de produção também denominadas de forças produtivas Essas são resultantes da atividade prática do homem a qual envolve meios materiais como matériasprimas e fontes de energia e intelectuais saberes técnicos e científicos de produção Marx desenvolveu um método próprio o materialismo histórico É a relação entre infra a soma das forças produtivas e das relações de produção e superes trutura envolve aspectos institucionais ligados ao Estado à justiça às formas de governo e às leis bem como ideológicos os quais se revelam mediante ideias dou trinas crenças moralidade e produções artísticas e culturais que permite explicar as ações as realizações e os pensamentos humanos no tempo Além desses dois conceitos outros se destacam no interior da teoria marxista e exercem na produ ção historiográfica reconhecida importância Dentre esses conceitos destacamos o modo de produção o de contradição e o de luta de classes RODRIGUES 2016 A HISTÓRIA ECONÔMICA A NEW ECONOMIC HISTORY E A HISTÓRIA ECONÔMICA INSTITUCIONAL Convém registrar ainda o surgimento a partir de 1960 de duas correntes cujo berço foi o ambiente universitário norteamericano a New Economic History mais tarde chamada também de Cliometria e a História Econômica Institucional A primeira nasceu com a elaboração de estudos históricos com forte utilização de noções de teoria econômica e estimações econométricas A segunda pode ser relacionada ao nome de Douglas North Tratase da História Econômica Institucional justamente por considerar que as instituições importam Sua vasta produção tem sido dedicada ao estudo da relação entre instituições e desenvol vimento em especial na perspectiva histórica A Economia na Antiguidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 27 A HISTÓRIA ECONÔMICA E A HISTÓRIA QUANTITATIVA Enfim podemos tratar de uma História Quantitativa Em alguma medida sem pre se fez uso de dados quantitativos em estudos de História Econômica A coleta e a elaboração sistemática desses dados é o elemento que poderia caracterizar a emergência de uma História Quantitativa Tratase propriamente de uma série de pesquisadores que se propuseram a tratar de temas de História Econômica por meio da elaboração de dados quantitativos de diversas ordens Realizamos até agora um amplo panorama de caráter descritivo de modo a situar algumas das principais correntes de estudo da História Econômica É che gado o momento de reconhecer o passado do homem em relação às formas de satisfazer suas necessidades materiais Não deixe de considerar que a proposta do nosso trabalho é restrita do ponto de vista cronológico Não conseguiremos abordar todo o passado do homem Assim sendo nosso objetivo central é o estudo das origens e do desenvolvi mento do capitalismo tendo em vista a compreensão de aspectos importantes da economia atual Desse modo o exame das formas de organização de siste mas anteriores ao capitalismo deve ser feito de modo a atender a esse objetivo A ECONOMIA NA ANTIGUIDADE Prezadoa alunoa em nosso modo de ver é de extrema importância estudar a economia na Antiguidade Por longos milênios a humanidade se compôs de grupos relativamente pequenos cuja cultura técnica apenas se igualava às cul turas dos mais atrasados selvagens contemporâneos ou nitidamente inferior As sociedades civilizadas e de complexa estrutura por outro lado não sur giram como Minerva da cabeça de Júpiter havendo chegado à sua organização atual por meio de mudanças e progressos obviamente experimentados a par tir dessas atrasadas aglomerações humanas Nesse sentido nosso interesse se A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 28 apresenta em como os nossos antepassados viviam produziam e distribuiam os frutos de suas atividades produtivas e ainda como tais técnicas e relações foram se aperfeiçoando ou modificando até atingirem fases econômicosociais mais adiantadas Figura 3 Descrição dos impérios na antiguidade Fonte a autora Se negligenciássemos o fato de que os grupos eram pequenos e que a sociedade é algo complexo possivelmente não lograríamos compreender a evolução dos processos de produção e distribuição das riquezas cujo conhecimento cons titui precisamente o objeto da História Econômica A figura 4 em destaque abaixo busca reconhecer os primeiros sistemas econômicos para que a partir disso possamos partir para o nosso interesse especial realizar a apresentação da sociedade feudal a fim de discutir como se processou a transição do feuda lismo ao capitalismo A Economia na Antiguidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 29 PRIMEIROS SISTEMAS ECONÔMICOS Primeiros Sistemas Econômicos As civilizações hidráulicas Mesopotâmia Egito As cidades fenícias Civilização Minóica de Creta As civilizações comerciais Figura 4 Primeiros sistemas econômicos Fonte a autora Há cerca de 10 mil anos quando os sapiens nome científico de nossa espécie humana começaram a dedicar quase todo o seu tempo e esforço para mani pular a vida de algumas espécies de plantas e animais apresentando dessa forma uma mudança radical em seu relacionamento com a natureza temos o que Harari 2015 chama de Revolução Agrícola Essa transformação impactou totalmente a história da humanidade pois o homem passa do caráter predató rio para produtor A existência em comunidades estáveis passa a tomar forma em detrimento do nomadismo Em Rezende Filho 2010 temos o nome de Revolução Neolítica Para nós o relevante é perceber que foi um ponto de infle xão para a humanidade de modo que a atividade agrícola sobretudo permitiu que o homem passasse a diminuir a atividade braçal e passasse a ter a noção de trabalho coletivo e regular A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 30 Paralelamente ao controle das fontes de alimentação que possibilitaram o crescimento demográfico deuse a diferenciação social do trabalho que permitiu o desenvolvimento de novas técnicas cerâmica tecelagem fabricação de ins trumentos de pedra polida ligando as comunidades por um sistemas de trocas Estabelecese aqui nosso marco precursor da atividade comercial A crescente liberação de braços da atividade básica de prover o sustento da comunidade aliada à progressiva diferenciação social do trabalho levou à formação de diferentes ritmos de produção e acumulação de bens econômicos o que acabou por produzir o conceito de proprieda de e diferenciar diversos segmentos dentro da comunidade de acordo com suas posses E a difusão do conceito de propriedade levou à neces sidade de se demarcar com precisão os limites dos lotes de terras de se registrar o tamanho dos rebanhos e de se mensurar o volume da pro dução agrícola o que induziu à invenção da escrita com a consequente passagem para a história REZENDE FILHO 2010 p13 Nesse sentido as civilizações hidráulicas representam um papel importante nos primórdios da História Econômica Geral por caracterizarem uma área em que o homem percebeu sua produtividade ou até mesmo por suas peculiaridades das cheias dos rios De tal modo que comunidades se fixaram dinamizando a região em torno dos vales dos rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia do Nilo no Egito do Ganges e do Indo na Índia e do Amarelo na China Veja a figura 5 Mesopotâmia Egito alta produtividade agrícola densamente habitada região cercada população hostil dependia do comércio exterior para matériasprimas como madeira pedras e metais surgimento dos bancos baseada na irrigação economia agrária considerada oásis alongado desertos protegiam a região de ameaças externas sociedade isolacionista e conservadora pouco dependente de comércio exterior Estado precocemente unifcado faraó Figura 5 Civilizações hidráulicas Fonte a autora A Economia na Antiguidade Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 31 Por conta de condições geoclimáticas desfavorecedoras ao desenvolvimento da agricultura algumas civilizações se voltaram para o exterior Diante do obje tivo de abasteceremse uma vez que não conseguiam produzir em quantidade suficiente A figura 6 busca representar o caso da Civilização Minóica de Creta e das Cidades Fenícias Civilização Minórica de Creta Cidades Fenícias rica em madeira primeira economia concentrada na produção artesanal para exportação produção de vinhos azeites e objetos de cerâmica Líbano atual relevo bastante acidentado pouco propensa para agricultura cultivo de vinhas e oliveiras culturas nada exigentes com relação à fertilidade do solo corante de púrpura intermediadores comercializando e transportando mercadorias provenientes de todo o mundo mediterrâneo Figura 6 As civilizações comerciais Fonte a autora Na intenção de maximizar as vantagens advindas da atividade comercial as cida des fenícias estabeleciam pontos de armazenamento de produtos localizados no litoral das regiões com as quais comerciavam Eram as feitorias Uma dessas fundada no século IX aC deu origem à cidade de Cartago a qual conforme Rezende Filho 2010 p 22 se transformou na potência econômica dominante do Mediterrâneo ocidental até ser derrotada por Roma após longas guerras em finais do século III aC A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 32 Destarte podemos apresentar as cidadesEstados gregas que pela primeira vez na história tornaram a escravidão absoluta na forma e dominante em extensãotransformandoa de forma de trabalho auxi liar e complementar em um sistemático modo de produção Alguns séculos mais tarde o Estado Romano dominando e unindo po lítica e economicamente o mundo civilizado da Antiguidade Clássica que se estendia ao redor do mar Mediterrâneo tendo como eixo a pe nínsula ltálica desenvolveu no limite o modo de produção escravista pioneiramente tomado preponderante pelas cidades gregas REZEN DE FILHO 2010 p 24 REPÚBLICA ROMANA No tocante à criação da República Romana II aC a V DC é esclarecedor que a pequena cidadeEstado em poucos séculos tornouse um Império De tal modo que conforme Rezende Filho 2010 p 33 Roma deu unidade políticoeconômica à Antiguidade Clássica E tor nou predominantemente um sistema econômico que tinha por carac terísticas a escravidão como forma de trabalho a monetarização como padrão de troca o comércio como atividade motora e a cidade como unidade produtiva sem no entanto jamais deixar de ter como base um substrato econômico rural O que vimos até agora nos encaminha para nosso objetivo de compreender aspectos importantes da economia atual De certo modo tratamos até então dos antepas sados do sistema capitalista de produção A partir de agora vamos acessar àquele que é propriamente o processo gestacional da economia capitalista o feudalismo As primeiras experiências da formação de Estados organizados juridicamen te e politicamente foram vistas na Mesopotâmia Situada no Crescente Fér til mais especificamente entre os Rios Tigre e Eufrates essa região abrigou três importantes civilizações os Assírios os Sumérios e os Babilônios Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 33 O FEUDALISMO Esse sistema passa a vigorar a partir do declínio do Império Romano Contudo primeiramente o que é feudalismo O que vem à sua mente ao ouvir essa palavra É possível que imagens de castelos medievais cavaleiros armaduras cenários e objetos lhe venham ao pensamento Isso procede De fato essas ima gens pertencem à cultura da época No entanto ainda assim não é uma descrição completa do feudalismo Em Ganshof 1968 p 141 encontramos que o feudo enquanto instituição jurídica tem um significado geral uma concessão feita gratuitamente por um senhor ao seu vassalo para que este último pudesse dispor de sustento legítimo e ficasse em condições de fornecer ao seu senhor o serviço exigido Dobb 1983 p 35 afirma que é necessário postular a definição de feudalismo que adotaremos daqui em diante A ênfase desta definição irá repousar não na relação jurídica entre vassalo e soberano nem na relação entre a produção e o destino do produto mas na relação entre o produtor direto que pode ser um artesão em uma oficina ou um camponês cultivando alguma terra e seu superior imediato ou senhor e no conteúdo sócioeconômico que os co necta esta definição irá caracterizar o feudalismo primordialmente como um modo de produção e isto formará a essência da nossa defini ção Deste modo será virtualmente idêntica ao que usualmente qualifi camos como servidão uma obrigação imposta ao produtor pela força e independentemente de suas vontade para preencher a demanda econô mica de um senhor quer esta demanda tome a forma de serviços a pres tar ou taxas a serem pagas em dinheiro ou em espécie em trabalho ou no que o Dr Neilson denominou presentes para a despensa do senhor A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 34 Podemos perceber que o autor aborda o feudalismo como um modo de produção cuja articulação fundamental é garantida pelas relações de servidão Para Paul Sweezy et al 2004 o conceito de feudalismo segundo Dobb é demasiadamente gené rico A contribuição de Ganshof 1968 p 1011 nesse sentido nos apresenta que o feudalismo pode ser definido como um conjunto de instituições que criam e regulam obrigações de obediência e de serviço sobretudo mi litar da parte de um homem livre chamado vassalo para com outro homem livre chamado senhor e obrigações de proteção e sustento da parte do senhor para com o vassalo Em Anderson 2016 p 20 como modo de produção o feudalismo se define por uma unidade orgâ nica entre economia e política paradoxalmente distribuída em uma ca deia de soberanias parcelares por toda a formação social A instituição da servidão como mecanismo de extração de excedente unia a exploração econômica com a coerção políticojurídica no nível molecular da aldeia São várias definições e todas são complementares de modo que não podemos eleger um conceito preciso O mais importante é que seja apreendida a concep ção de que para além da relação senhor feudal versus trabalhador que vive no feudo cuja condição social o define como um servo tratase ainda de uma esfera política caracterizada por uma forma de governo ou de dominação frag mentada do ponto de vista espacial Com a desagregação do Império Romano houve a constituição de vários Estados Bárbaros de dimensões menores cuja autoridade se viu progressivamente reduzida do ponto de vista geográfico Em contrapartida o feudo assumiu o papel de unidade política fundamental O feudalismo apresenta um Estado descentralizado O poder político passou a ser detido de forma privada nesse sentido a justiça é exercida pelo susera no sobre seus vassalos e pelo senhor sobre os camponeses Fonte autora O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 35 O feudalismo em torno do ano 1000 está estabelecido com base nos moldes apresentados anteriormente Nessa dimensão temporal a Europa Ocidental apresentava as características definidoras do sistema a relação suseranovas salo a fragmentação do poder e o estabelecimento da servidão como relação social fundamental no campo Em termos de organização econômica podemos considerar o feudo como uma área de terra comumente denominada senhorio distribuída de seguinte forma I Reserva Senhorial i Centro do domínio ii Terras cultiváveis II Lotes dos camponeses III Terras de uso comum A dinâmica dessa organização se dava no centro do domínio as atividades eram realizadas sob o controle do senhor diretamente ou representado por preposto e com o trabalho de servos e em certas épocas também de escravos que viviam no próprio centro do domí nio Eram os servos dedicados aos serviços domésticos e também aos outros ofícios ferreiros cervejeiros moageiros padeiros e outros ar tesãos Mais importante era a forma de cultivo das terras aráveis da reserva senhorial Na sua forma típica esse cultivo era realizado pelos campo neses obrigados a trabalhar nas terras do senhor em geral de dois a três dias por semana Essa obrigação denominada na França de cor veia era o elemento mais característico da servidão se originalmente um camponês livre podia ter trocado sua independência pela proteção do senhor diante do perigo da guerra daí as obrigações que ele assume em relação ao senhor em suma a servidão essas obrigações ao longo do tempo passaram a ser impostas aos camponeses pelo costume por normas legais ou simplesmente pela força dos senhores independen temente da necessidade de proteção ao camponês SAES SAES 2013 p 50 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 36 A lista de obrigações por parte do camponês em relação ao seu senhor ainda pode ser estendida para Banalidades para moer trigo para assar pão para fazer cerveja ou vinho o camponês tinha a obrigação de deixar metade do produto daquilo que havia levado para ser processado ao usar as instalações do centro do domínio Talha tributo imposto pelos senhores com base na obrigação de um vas salo sustentar seu chefe e que se estendia aos servos Captação pagamento anual justificado como doação aos senhores em troca de sua proteção cobrado por pessoa Mão morta quando da morte do servo seus herdeiros deviam entregar ao senhor o melhor animal que tivessem Nesse contexto a Igreja era muito forte e maior proprietária de terras O cená rio estava emoldurado em uma hierarquia feudal na qual o servo ou camponês era protegido pelos senhores feudais os quais por sua vez deviam fidelidade e eram protegidos por senhores mais poderosos Essa estrutura se estendia indo até o rei Os fortes protegiam os fracos HUNT 1989 p 29 mas o faziam por um alto preço Em troca de pagamento em moeda alimentos trabalho ou fide lidade militar os senhores garantiam o feudo a seus vassalos Como escora desse sistema estava o servo que cultivava a terra Portanto além das obrigações acima referidas tinha o dízimo para a Igreja pagamentos em troca de permissão para casar uma filha ou para um filho ingres sar em ordens religiosas Ah Vale muito expor aqui caroa alunoa o crescente poderio da Igreja do espaço temporal da Idade Média Esse crescimento se deve especialmente à expansão do cristianismo pela obra de evangelização dos povos realizada pelos padres nos territórios pertencentes ao poder de Roma e para além deles A partir do século XI as cruzadas deram força a uma marcante expansão do comércio Provavelmente você já conhece esse termo mas vale lembrar em breves linhas a relevância desse movimento na história A expressão cru zada não era conhecida por esse nome no período em que ocorria Os termos usados eram Guerra Santa e Peregrinação os quais faziam referência ao O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 37 movimento de tentativa de tomar a Terra Santa dos muçulmanos Tratavamse de tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade de acesso dos cristãos à Jerusalém Dessa maneira as Cruzadas não podem ser vistas como fator externo ou acidental no desenvolvimento da Europa Elas oportunizaram o renascimento do comércio na Europa Muitos cavaleiros ao retornarem do Oriente surrupiaram cidades e organizaram pequenas fei ras nas rotas comerciais Houve portanto um significativo reaquecimento da economia no Ocidente Anteriormente foi abordado que no tocante à política houve uma frag mentação do poder e da autoridade em uma infinidade de domínios que deram aos senhores feudais na Europa Ocidental Também na esfera social surgiu uma ordem rigidamente hierarquizada e desigual E por fim no campo espiri tual esse panorama era reconhecido e aceito como natural e justificado por uma determinação divina por meio dos ensinamentos dos Evangelhos dos primei ros teólogos e da filosofia clássica que era valorizada por oferecer um modelo sofisticado de articulação entre moral ética e análise econômica De acordo com Gennari e Oliveira 2009 p 18 sintetizamos que de camponeses ligada à terra e vinculada aos aristocratas pe las obrigações em espécie e em trabalho como contrapartida pela proteção produziu uma ordem social rigidamente hierarquizada e diferenciada Ao mesmo tempo as guerras os saques frequentes e a violência indiscriminada aceleravam a desarticulação do poder cen tral que até então ordenava a vida a justiça a produção e a troca compondo um quadro no qual o homem se via isolado impotente e frágil vítima fácil de circunstâncias sobre as quais não tinha o menor controle Até aqui nossa atenção estava centrada nos eventos que ocupam os séculos XI XII e XIII os quais caracterizam a fase de expansão feudal por meio do cres cimento da população da colonização de novas áreas e também pelo crescente volume de comércio No entanto em meados do século XIV a expansão foi interrompida e vários eventos indicam a emergência de uma crise do sistema feudal a qual também ocupa a primeira metade do século XV A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 38 Quadro 3 Características econômicas da Antiguidade até o Período Medieval PERÍODO CARACTERÍSTICAS CONSEQUÊNCIAS ALGUNS PENSADORES Antiguidade Clássica 1ª fase 4000 a 1000 aC Trabalho escravo ausência de moeda comércio incipiente regimes teocráticos Ausência de um pensamento econômico Não há Antiguidade Clássica 2ª fase 1000 aC ao ano 500 da era cristã Início da preocu pação pelos fatos econômicos Conceitos em brionários sobre a riqueza valor eco nômico e moeda Fase inicial da economia agrária seguida da econo mia urbana Gradativo desenvol vimento do comér cio internacional e embriões da empresa Queda do Império Romano do Ociden te surgimento do feudalismo e retorno à economia agrária Xenofonte 440 355 aC Platão 427 347 aC Aristóteles 384 322 aC Catão 234 149 aC Plínio o Antigo 23 79 dC Columela fl c 65 A D etc Idade Média 500 a 1500 dC Sistema feudal eco nomia artesanal e regime corporativo Regime da servidão economia fechada sistema feudal Perdurou até o século X Ressurgimento das cidades nascimen to do ofício traba lho ambulante A partir do século XIII início do regime corporativo Regulamentos rigo rosos sobre a produ ção e o consumo Predominância da doutrina canônica condenação ao empréstimo a juro e acumulação de riquezas Subordinação da economia à moral justo preço justo salário justo lucro Economia a serviço do homem comba te à escravidão Santo Tomás de Aquino 1225 1274 Oresmo 1328 1382 Alberto Magno Pennafort e outros Fonte Iori 2017 p 65 O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 39 Não há resposta conclusiva acerca de motivo especial para a crise do sistema feu dal Uma evidência é o esgotamento das áreas disponíveis para colonização Com o crescimento populacional novas áreas foram sendo incorporadas ao sistema feudal porém com o crescente risco de se caminhar para terras menos férteis e possivel mente aumentar excessivamente a densidade nas área mais antigas Desse modo as condições de subsistência do conjunto da população teriam se tornado precárias A população continuou a crescer e a produção caiu nas terras mar ginais ainda disponíveis para uma recuperação aos níveis da técnica existente e o solo deteriorava por causa da pressa e do mau uso O aumento da área plantada com cereais ainda por cima era atingido muitas vezes à custa de uma redução das pastagens em consequência a criação de animais sofria e com isto o abastecimento de esterco para a própria terra arável Assim o progresso da agricultura medieval incor ria agora em suas próprias perdas A derrubada de fl orestas e as terras desoladas não haviam sido acompanhadas de um cuidado comparável em sua conservação ANDERSON 1991 p 192 Associada a colheitas medíocres verifi couse entre 1315 e 1317 uma grande fome na Europa do Atlântico até a Rússia sintomática da crise Outro destaque aparece nas estimativas demográfi cas Houve um declínio populacional particularmente acentuado na Europa 1360 e 1371 Atribuise essa incapacidade para garan tir a reprodução de sua população aos efeitos destrutivos da peste negra e outras epidemias que se seguiram apresentando seus efeitos dele térios ao atingirem uma população debilitada por condições precárias de alimentação Figura 7 De triomf van de Doods do artista Pieter Brueghel Fonte Wikimedia Commons 2018 online² Povos medievais personifi cavam a Peste Negra como uma horrível força de moníaca que estava além do controle e da compreensão humanos A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 40 No tocante às epidemias não foram somente as camadas mais pobres da popu lação nem só a população rural que foram vitimadas As precárias condições de subsistência da época aceleram a disseminação impactando inclusive nos seg mentos mais ricos da sociedade A crise do século XIV marca o início de um enfraquecimento relativo da classe feudal Ao perder cerca de um terço de seus habitantes muitas áreas rurais européias foram despovoadas e cidades abandonadas A ação conjunta das crises agrária demográfica e monetária exemplificada no quadro 4 abaixo atuava sobre um sistema econômico que realizava contí nua expansão há três séculos O efeito foi provocar uma crise geral do sistema Quadro 4 Três motivos principais para a crise feudal CRISE AGRÁRIA Incidência cíclica de más colheitas surtos de fomes e epidemias populações subnutridas abate generalizado de animais domésticos retração demográ fica queda sistemática do preço dos cereais e destruições propositais de áreas cultivadas fizeram com que a economia rural européia passasse por uma prolongada crise que só apresentará sinais de recuperação durante o século XV graças à reconversão agrícola e uma mudança no regime de mãodeobra CRISE DEMOGRÁFICA A crise demográfica foi resultado de ciclos fomesepidemias bem como a ação de guerras constantes No entanto ao efeitos mais marcantes são os re lacionados à Peste Negra que só apresentou sinais de recuperação em 1470 Esse problema aprofundou a crise agrária e desorganizou toda a atividade produtivaadministrativa levando a um completo desequilíbrio entre oferta e demanda e entre preços e salários CRISE MONETÁRIA O período de retração da oferta e da demanda de elevação dos custos da mãodeobra e de uma alta sem precedentes nas despesas dos Estados as moedas em circulação tornaramse de valor intrínseco baixíssimo o que estimulou o entesouramento e pressionou os preços dos produtos agríco las ou manufaturados para baixo configurando uma época de depressão acentuada Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 41 Conforme Rezende Filho 2010 o resultado foi a desagregação do sistema eco nômico feudal o autor utiliza o termo funcional para abordar o sistema feudal não em sua característica acidental enquanto economia senhorial mas em sua característica essencial ou seja o critério de funcionalidade Houve sua substitui ção enquanto sistema econômico pela forma alternativa de extração do excedente econômico que sua própria expansão viabilizara DMD dinheiro para com pra mercadorias que são revendidas com lucro A partir de 1460 observase a retomada do crescimento populacional Essa dimensão temporal envolve uma nova dinâmica da economia europeia que se projeta para fora do seu espaço geográfico Saes e Saes 2013 p 62 apontam que a expansão comercial e marítima da Europa a partir de meados do século XV expressou a reação da sociedade europeia ao impacto da crise feudal do século XIV A desorganização do feudalismo foi determinantemente marcada pela Guerra dos Cem Anos 13371453 a peste bubônica 1348 a fome e as revoltas cam ponesas como consequência houve uma redução na esfera do poder privado da nobreza feudal um enfraquecimento dos laços de servidão a desurbaniza ção e a retração das atividades comerciais que vinham se desenvolvendo desde o século XI Esse conjunto de transformações estruturou uma nova esfera de poder que possibilitou uma nova linha de reflexão sobre os fenômenos da produção da distribuição e do consumo ou seja da atividade econômica Huberman 2016 p 14 apresenta que As Cruzadas contribuíram para o surgimento das cidades chegou o dia em que o comércio cresceu e cresceu tanto que afetou profundamente toda a vida da Idade Média O século XI viu o comércio evoluir a passos largos o século XII viu a Europa ocidental transfor marse em consequência disso As Cruzadas levaram novo ímpeto ao comércio Dezenas de milhares de europeus atravessaram o continente por terra e mar para arrebatar a Terra Prometida aos muçulmanos Necessitavam de provisões duran te todo o caminho e os mercadores os acompanhavam a fim de for necerlhes o que precisassem Os cruzados que regresssavam de suas jornadas ao Ocidente traziam com eles o gosto pelas comidas e roupas requintadas que tinham visto e experimentado Sua procura criou um mercado para esse produto A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 42 Algumas antigas cidades do Império Romano que não haviam desapa recido durante a Alta Idade Média atraíram novos elementos popu lacionais Maurice Dobb 1983 p 5556 avalia várias hipóteses sobre o surgimento das cidades entre elas a de que os próprios senhores feudais em algumas circunstâncias conce deram privilégios a comerciantes que se estabelecessem nos seus domínios para servir às necessidades do feudo Para Saes e Saes 2013 p 63 qualquer que seja a origem das cidades a maior parte delas se manteve durante algum tempo sob a jurisdição de um senhor pois as cidades haviam sido formadas em terras de domínio feudal Com o crescimento da população e da riqueza urbana as cida des puderam conquistar autonomia em relação à autoridade feudal O crescimento das cidades bem como consequência o comércio rompe as amarras do feudalismo A expansão comercial se deu de forma irregular mas contínua nos territórios europeus entre esses territórios e entre a Europa e o leste do Mediterrâneo Estamos nesse caso no tempo dos mercadores Podemos considerar que a partir da segunda metade do século XV aos meados do século XVIII estamos diante do capitalismo mercantil ou mercantilismo O mercanti lismo foi tudo menos um sistema foi primordialmente um produto das mentes de estadistas de altos funcionários públicos e líderes financeiros e comerciais da época GRAY 1948 apud GALBRAITH 1989 p 29 No ano 900 Veneza já comercializava com Constantinopla sede do Império Bizantino o Império Romano do Oriente que subsistira à queda de Roma Fonte autora O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 43 MERCANTILISMO Houve avanço significativo nos meios de navegação De modo que o comércio intraeuropeu antes apenas terrestre deslocouse para o Atlântico Por consequên cia dáse o estímulo fundamental para o desenvolvimento de centros comerciais em Portugal Espanha Inglaterra Holanda e França Agora na era dos mercadores houve um prodigioso crescimento do comércio tanto a nível local ou quando envolvendo grandes distâncias Navios traziam produtos de terras cada vez mais remotas Surgiam os bancos primeiro na Itália e depois no norte da Europa As casas de câmbio onde moedas de diferentes países podem ser pesadas e tro cadas tornaramse um traço comum da vida comercial O mercador despontou das trevas feudais para tornarse uma figura distintiva e se fosse suficientemente afluente e operasse numa escala apropriada bem vinda e prestigiada em sociedade Em toda a Europa a maior eminên cia social ainda pertencia às classes proprietárias aos descendentes dos barões feudais muitos dos quais ainda guardavam seu instinto peculiar para o conflito armado e para a autodestruição dele decorrente Até hoje a arquitetura urbana comercial e residencial mais admirada continua sendo a dos mercadores GALBRAITH 1989 p 30 Nas cidades mercantis os grandes mercadores não eram só influentes no governo eram o próprio governo E foram paulatinamente se tornando cada vez mais influentes nos novos Estados nacionais Nesse contexto de maneira generalizada com a nobreza feudal enfraquecida organizase uma nova forma de governar Apresentase a convergência de esferas de poder para a figura de um monarca expressão da unidade do reino O primeiro instrumento de afirmação da autori dade real caracterizase pela força militar permanente com poder suficiente para promover a ordem interna e a defesa dos domínios No entanto a população estava desacreditada em um poder que pudesse trazer uma nova coesão social Daí surge a ideia de forças mercenárias A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 44 Os exércitos não mais iriam lutar por uma ideologia e sim objetivando paga mento A necessidade de metais preciosos para remunerar as tropas que eram o sustentáculo do poder real da ordem interna e da defesa do reino é fundamental para compreender o conjunto das análises e práticas econômicas que surgiram nessa etapa inicial da organização do Estado Moderno GENNARI OLIVEIRA 2009 Algumas características são fundamentais a serem destacadas com rela ção ao novo formato de Estado 1 força militar permanente 2 sistemas centralizados de arrecadação 3 burocracia O suporte do Estado foi fundamental para a expansão comercial e marítima da Europa a partir de meados do século XV Isso em parte pelo apoio material a certos empreendimentos como o das coroas espanhola e portuguesa para as expedições de Colombo e de Cabral em direção ao Novo Mundo e para a expan são marítima em geral e também sobretudo pela adoção de medidas de política econômica que sustentaram a expansão das economias europeias rumo à cons tituição de uma economia mundial Figura 8 Padrão dos Descobrimentos Monument of the Discoveries em Lisboa Portugal O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 45 Com o Estado Nacional mais forte uma situação conflitante se apresenta conforme afirmam Gennari e Oliveira 2009 a moral cristã que é contra os juros por exemplo e o Estado tem sua demanda financeira Em síntese estamos diante de um processo no qual a influência dos va lores inspirados na moralidade cristã sobre a vida econômica começa va a ser ameaçada de forma irreversível pelos valores comprometidos com o fortalecimento de uma nova forma de poder o Estado moderno GENNARI OLIVEIRA 2009 p 33 Em termos econômicos propriamente a acumulação de moedas e de metais pre ciosos é o que vai definir a arte de governar no mercantilismo Em linhas gerais a finalidade básica do Estado no entender mercantilista deveria ser a de encontrar os meios necessários para que o respectivo país adquirisse a maior quantidade possível de ouro e prata Nesse caminho vários regulamentos foram estabeleci dos com o objetivo de disciplinar a indústria e o comércio impedindo ao máximo as importações e favorecendo as exportações A proposta dos mercantilistas era que a balança comercial exportações menos importações fosse sempre a mais favorável possível Isso porque para eles exportar mais que importar represen taria uma compensação em ouro e prata Figura 9 O papel do Estado Fonte autora A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 46 Para os mercantilistas a riqueza de uma nação estava associada ao montante de ouro e prata que ela possuía Alguns dos primeiros mercantilistas até mesmo acredita vam que esses metais preciosos eram o único tipo de riqueza que valia a pena alejar Todos eles valorizavam as barras de ouro e prata como maneira de atingir poder e riqueza Um excesso de exportação de um país era portanto necessário para gerar pagamentos em moeda forte Mesmo quando em guerra as nações exportariam bens para o inimigo desde que os produtos fossem pagos em ouro BRUE 2016 Figura 10 Período Mercantilista e Período Medieval Fonte Iori 2017 p 65 O mercantilismo prevaleceu até o início do século XVII quando ocorreu uma reação contra os excessos de absolutismo e das regulamentações Durante seu predomínio apresentouse como mercantilismo espanhol também conhecido por bulionismo mercantilismo inglês e o mercantilismo francês Conforme quadro abaixo Quadro 5 Características do mercantilismo FORMA CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO mercantilismo espanhol bulionismo bulionista Preconizava a proibição da expor tação de lingotes de ouro para incremento da riqueza mercantilismo inglês mercantilismo comercialista Preconizava o balanço mercantil favorável pelo incentivo às expor tações por meio de contratos de importações com cláusula obrigan do o país vendedor a adquirir certos volumes de mercadorias inglesas mercantilismo francês mercantilismo industrialista Preconiza estimular a indústria interna por meio de monopólios estatais Fonte a autora O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 47 O mercantilismo era um preceito e por consequência ação intervencionista que se dava entre os Estados Soberanos Além disso estendia essas relações aos seus respectivos domínios coloniais À essa relação de dominação políticoeconômica entre as metrópoles e suas respectivas colônias deuse o nome de sistema colo nial Essa organização das metrópoles européias tinha várias formas afinal os espanhóis portugueses ingleses ou franceses exerciam seus domínios de maneira peculiar De qualquer modo o objetivo principal de política mercantilista era a promoção do poder do Estado No sentido de que a colônia desempenhava o papel de complementar a economia metropolitana oferecendo metais preciosos ou produtos que reduzissem as importações e incrementassem as exportações para outras nações Em outras palavras exploravam os metais preciosos da colô nia para enriquecer a metrópole e a cidade central exercia monopólio sobre a colônia O sistema era organizado visando transferir a maior parte do lucro co mercial e do excedente econômico produzido na colônia para a metró pole potencializando a acumulação da burguesia mercantil e as receitas do Estado que patrocinava a reprodução do sistema O Estado e o in tervencionismo mercantilista constituíamse assim em pressupostos de uma política colonialista eficaz Entretanto como parte da acumula ção proporcionada pela exploração colonial era apropriada pelo Estado e empregada na ampliação dos dispositivos naval militar burocrático e fiscal o sistema contribuía para incrementar o poder e o intervencio nismo estatal integrandose plenamente aos objetivos estratégicos da política mercantilista GENNARI OLIVEIRA 2009 p 43 As políticas portuguesas voltadas para o Brasil nitidamente caracterizamse políticas mercantilistas É bastante claro para nós caroa leitora que o Bra sil colônia foi influenciado pelo mercantilismo o qual obrigava o comércio colonial exclusivamente por intermédio das metrópoles Com a chegada de D João VI ao Brasil foram eliminadas as restrições mercantilistas permitindo a instalação de indústrias nativas e o comércio direto com as demais nações Fonte autora A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 48 Ao examinar a história do capitalismo Dobb 1983 situa a fase inicial desse sistema no período da segunda metade do século XI e início do século XII na Inglaterra Apresentase nesse momento uma generalização do grande comércio Sua penetração combinou com o crescimento da produção local destinada ao mer cado com a progressiva substituição das oficinas confiadas aos servos na reserva senhorial para a fabricação de objetos de uso corrente pelas oficinas urbanas A sociedade medieval era predominantemente agrária A hierarquia social era baseada nos laços do indivíduo com a terra e a ordem social que na íntegra era agrícola No entanto os aumentos da produtividade agrícola constituíram o rompante para um encadeamento de profundas mudanças ocorridas ao longo de vários séculos e que resultaram na decomposição do feudalismo medieval e no início do capitalismo O mais importante avanço tecnológico da Idade Média foi a substitui ção do sistema de plantio de dois campos para o sistema de três cam pos Embora haja evidência de que o sistema de três campos tenha sido introduzido na Europa já no oitavo século seu uso não se generalizou antes do século XI O plantio anual da mesma área esgotava a terra e acabava por tornála inútil Assim no sistema de dois campos metade da terra era sempre deixada ociosa de modo que se recuperasse do plantio do ano anterior Com o sistema de três campos a terra arável era dividida em três partes iguais dessa mudança aparentemente simples na tecnologia agrícola resultou um dramático aumento do pro duto agrícola HUNT 1989 p 32 O espaço temporal do qual estamos falando envolve melhoramentos na agricul tura e por consequência crescimento do comércio O avanço das vilas e cidades conduziu ao desenvolvimento da especialização rural urbana Outro impor tante elemento é a ampliação do comércio de longa distância Iremos percorrer agora um cenário de estabelecimento de cidades industriais e comerciais para servir a essas transações O crescimento dessas cidades bem como seu crescente controle por capitalistas comerciantes provocou importantes mudanças tanto na agricultura quanto na indústria Cada uma dessas áreas particularmente a agricultura teve enfraquecidos e por fim rompidos seus laços com a estrutura econômica e social feudal Nessa trajetória do conhecimento histórico estima doa leitora a busca por aprender sobre a construção do homem e seu tempo está nos levando para um momento de expansão do comércio de longa distância O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 49 Em Hunt 1989 vemos que as indústrias que apareciam nas novas cidades eram basicamente indústrias de exportação nas quais o produtor estava distante do comprador final No sistema artesanal feudal o produtor o mestre artesão era também o vendedor eles vendiam seus produtos aos comerciantes que por sua vez os transportavam e revendiam Outra diferença importante é a de que o artesão feudal de modo geral era também fazendeiro O novo artesão das cidades desistiu da terra para se dedicar inteiramente ao trabalho com o qual ele poderia obter uma renda monetária que poderia ser usada para satisfazer suas outras necessidades Conforme o comércio se desenvolvia e se expandia aumentava a necessidade de manufaturados e mais confiança na oferta levava a um crescente controle do processo produtivo pelo capitalista comerciante Aproximadamente no século XVI o artesão que era proprietário de sua oficina de suas ferramentas e maté riasprimas e que funcionava como um pequeno produtor independente teve seu papel modificado pelo sistema de trabalho doméstico Nesse ponto predo minavam as indústrias de exportação em outras palavras o trabalhador já não vendia um produto acabado ao comerciante vendia somente seu próprio trabalho O trabalhador já não vendia um produto acabado ao comerciante Ven dia somente seu próprio trabalho As indústrias têxteis estavam entre as primeiras em que o sistema de trabalho doméstico se desenvolveu Te celões fiandeiros tintureiros se encontravam numa situação em que sua ocupação e portanto sua capacidade de sustentar a si mesmo e suas fa mílias dependia dos capitalistas comerciantes que tinham que vender o que os trabalhadores produziam a um preço suficientemente alto para pagar salários e outras contas e ainda obter lucro HUNT 1989 p 10 Dessa forma o controle capitalista se apresentava à medida que foi estendido ao processo de produção Simultaneamente foi criada uma força de trabalho que possuía pouco ou nenhum capital e nada tinha a vender a não ser sua força de trabalho Para Hunt 1989 essas duas características marcam o surgimento do sistema econômico do capitalismo Desse modo o Capitalismo não era apenas um sistema de produção de mercadorias mas um sistema de acordo com o qual a força de trabalho transformou a si própria em uma mercadoria e se vendia e comprava no mercado como qualquer outro objeto de troca É importante res saltar a particularidade especial da força de trabalho é a única mercadoria que cria outra mercadoria IORI 2014 A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 50 Falar de capitalismo antigo ou medieval porque haviam financistas em Roma e mercadores em Veneza é um abuso de linguagem Esses personagens jamais dominaram a produção social de sua época asse gurada em Roma pelos escravos e na Idade Média pelos camponeses sob diversos estatutos da servidão VILAR 1975 p 40 O capital começou a penetrar na produção em escala considerável seja na forma de uma relação bem amadurecida entre capitalista e assalariados em que pese uma forma menos desenvolvida da subordinação dos artesãos domésticos que trabalhavam em seus próprios lares seja um capitalista próprio do assim cha mado sistemas de encomendas domiciliar IORI 2014 Com efeito a crise geral do feudalismo nos séculos XIV e XV deixa que flutuem algumas ilustres prosperidades urbanas e algumas brilhantes fortunas mercantis essa visão é mais uma aparência que uma realidade É o tempo do luxo das grandes construções e dos mecenas das artes Entretanto não é o auge produtivo As grandes burguesias enriquecidas vivem daí em diante de rendas ou compram terras feudais imitam os grandes senho res Podese observar que são elas que sustentam sempre os senhores quando se produzem as guerras camponesas No interior das comunidades as lutas de classe se agravam e os sistemas representativos que sempre foram oligárquicos transformamse Por último as cidades que haviam realizado as mais importantes repú blicas mercantis as do Mediterrâneo caem em decadência pelo menos relativa devido ao fato da conquista do Oriente pelos turcos e diante do pró ximo triunfo das rotas comerciais do Atlântico Será agora em Flandres na Inglaterra em Portugal e Espanha onde aparecerão as novidades decisivas para a transformação do Ocidente europeu De fato a primeira etapa da for mação do capitalismo depois da crise dos séculos XIV e XV não poderia ser fundada senão por um avanço das forças produtivas o que ocorreu entre mea dos do século XV e XVI Foi precisamente ao longo da crise geral do feudalismo que numerosas invenções vieram modificar o nível das forças de produção O uso da artilharia obrigou a impulsionar a produção de metal A difusão do pensamento humano com a invenção da imprensa os progressos da ciência e da navegação desem penharam um papel não menos importante Observase que pela primeira vez O Feudalismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 51 as técnicas industriais e as técnicas de comunicação ultrapassam a técnica agrí cola É o começo de um processo que colocará a indústria no primeiro plano do progresso Apresentase um impulso econômico para o momento que será inter rompido pela injeção de riqueza externa oriunda da expansão marítima e colonial A circunavegação da África o descobrimento da rota das Índias por Vasco da Gama o da América por Colombo e a volta ao mundo por Magalhães eleva ram o nível científico e ampliaram a concepção do mundo na Europa O grande comércio de produtos exóticos de escravos e de metais preciosos voltava a ser aberto e extraordinariamente ampliado Uma nova era se abria para o capital mercantil mais fecunda que a das repúblicas mediterrâneas da Idade Média por que dessa vez constituíase um mercado mundial e seu impulso afetava todo o sistema produtivo europeu e porque grandes Estados e não mais simples cida des iriam aproveitar para a partir daí constituíremse VILAR 1975 Nesse sentido na próxima unidade vamos abordar a transformação que se deu no mundo econômico por meio desse processo possibilitado pela amplia ção de mundo Tratase do capitalismo na sua infância A HISTÓRIA ECONÔMICA E OS ASPECTOS DO FEUDALISMO Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 I U N I D A D E 52 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo dos séculos a forma pela qual os homens satisfazem suas necessidades materiais se altera assim como aquilo que é considerado necessário em cada época Destarte apresentamos nesta primeira unidade a relação da economia e história Portanto nosso intuito no primeiro tópico abordado é justamente demonstrar a estreita relação do estudo que tem como objeto o modo de pro duzir à luz do conceito de História apresentado por Bloch 2001 que a definiu como ciência dos homens no tempo Nessa dinâmica procuramos também expor que a História Econômica é uma área de pesquisa relativamente recente e que emergiu como disciplina acadêmica a partir do fim do século XIX No universo da História Econômica fomos apresentados aos fundamentos teóricos da Escola dos Annales a concep ção de história em Marx a New Economy History o papel de Douglas North a Economia Institucional e a História Quantitativa A Economia na Antiguidade foi um ponto muito relevante de conhecer e perceber a importância dos egípcios e hebreus para a sociedade atual E apren demos como eles viviam produziam e distribuiam os frutos de suas atividades produtivas Em destaque há a importância dos rios que eram motivo de ferti lidade do solo resultando em boa produção que por assim dizer resultava em aglomerado de pessoas em busca da satisfação de suas necessidades materiais A sociedade feudal tem extrema importância enquanto explicativa para o que viria a ser o capitalismo Conhecemos que o feudo incluía uma espécie de concessão por parte do rei aos cavaleiros uma parte de terras para ter seu sus tento e assim poder se dedicar à guerra A partir do século XIV avanços nos meios de navegação permitiram ultra passar o estreito de Gibraltar de modo que o comércio intraeuropeu antes apenas terrestre deslocouse em parte para o Atlântico Como efeito houve estímulo para o desenvolvimento de centros comerciais O mundo estava sendo descoberto 53 1 A economia da forma como a conhecemos carrega consigo os problemas e erros do passado agora corrigidos como afirmou Blaug 1985 no prefácio do seu livro Economic theory in retrospect Nesse sentido discorra sobre a rela ção da Economia com a História 2 Possa ele tornar os campos produtivos como o cultivador Possa ele multipli car os rebanhos como um pastor de confiança Sob seu reinado que haja plan tas e grãos Que no rio haja água de sobra Que no campo possa haver uma segunda colheita REZENDE 2010 p 12 Oração mesopotâmica do IIIº milênio aC para celebrar o ritual da união do rei com a deusa da Terra Com relação aos primeiros sistemas econômicos avalie as afirmativas a seguir I A área da Mesopotâmia e do Egito é dentro do contexto histórico denomi nada de Crescente Fértil II As civilizações hidráulicas representam um papel importante por caracteri zarem uma área produtiva por conta dos rios III Os bancos fizeram parte da vida econômica da Mesopotâmia caracterizan do uma economia bastante monetarizada É correto o que se afirma em a Apenas na afirmativa II b Apenas na afirmativa III c Apenas nas afirmativas I e II d Apenas nas afirmativas I e III e I II e III 54 3 Sob qualquer prisma que se olhe a história de Roma reflete um percurso único de pequena cidadeEstado de uma confederação de povos afins latinos em poucos séculos ela se toma capital de um Império que se estende por toda costa do mar Mediterrâneo REZENDE FILHO 2010 p 33 Nesse sentido o sistema econômico presente no Império Romano tinha por características a o modo servil como forma de trabalho b o modo assalariado como forma de trabalho c a monetarização como padrão de troca d o escambo como padrão de troca e a indústria como unidade produtiva 4 É usual colocar como sinônimos o uso de medieval e de feudal No entanto esses termos apresentam uma diferença importante Apresentea 5 A crise do século XIV marca o início de um enfraquecimento relativo da classe feudal Apresente os três principais motivos para a crise feudal 55 A História e a Ciência Econômica surgiram antes da História Econômica considerando esta propriamente uma área de pesquisa e disciplina de cursos universitários O Pai da Economia Política foi Adam Smith que em 1776 publicou A Riqueza das Nações Te mos nessa dimensão temporal o marco da Economia com o status de ciência No Século XIX uma vasta produção de estudos da então chamada Economia Política consolidoua como uma disciplina socialmente reconhecida Thomas Malthus David Ricardo Jean Baptiste Say John Stuart Mill são alguns dos chamados economistas clássicos aos quais se agrega em vertente distinta crítica Karl Marx A revolução marginalista trouxe a partir de 1870 uma mudança substancial no pensa mento econômico dominante o foco da análise econômica podemos destacar aqui o uso do método abstrato e dedutivo de modo que rejeitavam o método histórico Trata remos com mais detalhes adiante Foi tão representativa a transformação que deuse a troca do nome da disciplina de Economia Política para Economia o austríaco Karl Men ger o suíço Leon Walras e o inglês Stanley Jevons foram pioneiros dessa nova corrente que se consolidou como principal paradigma da teoria econômica e que ao menos em parte se mantém até hoje Já a História tem um longo passado há desde a Antiguidade registros que narram eventos relevantes como guerras feitos de seus reis e sacerdotes etc Desde então a História foi objeto dos escritos de cronistas que narravam fatos em geral a mando de seus superiores de filósofos que buscavam algum sentido na História mas também de escritores que se aproximavam do trabalho que seria mais tarde típico do historia dor ou seja com base em documentos No século XIX houve significativas mudanças que definiram de modo mais preciso o ofício de historiador Por um lado técnicas de pesquisa aprimoradas permitiram a crítica rigorosa das fontes fornecendo base empí rica mais sólida para os estudos históricos por outro o foco dos historiadores se tor nou por influência do positivismo e do historicismo o relato ou a narração cronológica dos fatos históricos em que predominava a história política e diplomática centrada nos grandes homens da época Entendida como o estudo do passado a história não pode ria aspirar à condição de ciência O objeto da História era constituído pelos fatos preté ritos estes eram únicos singulares não passíveis de repetição e experimentação Assim os fatos históricos não atendiam às condições necessárias para que se pudesse formular uma explicação científica Desse modo ao historiador cabia apenas relatar os fatos em sua ordem cronológica de modo que a explicação possível na História era dada pela simples sequência desses fatos no tempo como se no encadeamento deles o anterior fosse suficiente para explicar o seguinte Fonte adaptado de Brue 2016 MATERIAL COMPLEMENTAR Linhagens do Estado Absolutista Perry Anderson Editora Unesp Sinopse Essa obra traça o desenvolvimento dos Estados absolutistas no início do período moderno a partir de suas raízes no feudalismo europeu avaliando suas diversas trajetórias Ao abarcar uma variada gama de exemplos e cenários Perry Anderson coloca o desenvolvimento dos Estados europeus no cerne das discussões sobre uma história universal dando novo fôlego ao estudo das monarquias absolutistas e do modo de produção que gestou o sistema capitalista Cruzada Ano 2005 Sinopse Balian Orlando Bloom é um jovem ferreiro francês que guarda luto pela morte de sua esposa e fi lho Ele recebe a visita de Godfrey de Ibelin Liam Neeson seu pai que é também um conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua vida a manter a paz na Terra Santa Balian decide se dedicar também à esta meta mas após a morte de Godfrey ele herda terras e um título de nobreza em Jerusalém Determinado a manter seu juramento Balian decide permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado como cavaleiro Paralelamente ele se apaixona pela princesa Sibylla Eva Green a irmã do rei REFERÊNCIAS 57 ANDERSON P Linhagens do Estado Absolutista 1 ed São Paulo Unesp 2016 Passagens da antiguidade ao feudalismo 3 ed São Paulo Brasiliense 1991 BEAUD M História do Capitalismo de 1500 até nossos dias São Paulo Brasilien se 1987 BIRARDI A CASTELANI G R BELATTO L F B O Positivismo Os Annales e a Nova História Disponível em httpwwwklepsidranetklepsidra7annaleshtml Acesso em 6 mar 2018 BLAUG M Economic theory in retrospect 4 ed Londres Cambridge University Press 1985 BLOCH M Apologia da história ou o ofício do historiador Rio de Janeiro Zahar 2001 BRUE S História do Pensamento Econômico São Paulo Cengage Learning 2016 DOBB M H A evolução do capitalismo Rio de Janeiro Zahar 1983 DOSSE François A História em migalhas dos Annales à Nova História Bauru EDUSC 2003 ELIAS N Sobre o tempo Rio de Janeiro Zahar 1998 GALBRAITH J A O pensamento econômico em perspectiva São Paulo Universi dade de Brasília 1989 GANSHOF F L Que é feudalismo Lisboa Publicações EuropaAmérica 1968 GENNARI A M OLIVEIRA R História do Pensamento Econômico São Paulo Sarai va 2009 Disponível em httpsedisciplinasuspbrpluginfilephp1281153mod resourcecontent1HistC3B3ria20do20Pensamento20EconC3B4mi copdf Acesso em 7 mar 2018 HARARI Y N Sapiens uma breve história da humanidade 7 ed Porto Alegre LPM 2015 HOBSBAWM E Sobre História São Paulo Companhia das Letras 1998 HUBERMAN L História da riqueza do homem 22 ed Rio de Janeiro LTC 2016 HUNT E História do Pensamento Econômico 7 ed Rio de Janeiro Campus 1989 IORI C F A G História do Pensamento Econômico MaringáPr Unicesumar 2017 O sentido oculto do valor do trabalho e sua implicação no setor bancá rio um estudo de caso para a cidade de MaringáPr e sua região metropolitana em 2000 a 2010 2014 Dissertação Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agrone gócio Universidade Estadual do Oeste do Paraná Toledo Paraná Disponível em httptedeunioestebrhandletede2187 Acesso em 7 mar 2018 REFERÊNCIAS LE GOFF J História e memória Campinas Editora da Unicamp 1995 PRIORI A MARTIN A M Marx e a história In PRIORI A Introdução aos estudos históricos MaringáPr Eduem 2010 RÉMOND R Org Por uma história política Rio de Janeiro Editora UFRJFunda ção Getúlio Vargas 1996 REZENDE FILHO C B História Econômica Geral 9 ed São Paulo Contexto 2010 RODRIGUES G Teorias da História MaringáPr UniCesumar 2016 SAES F A M SAES A M História econômica geral São Paulo Saraiva 2013 SCHUMPETER J Fundamentos do pensamento econômico Rio de Janeiro Zahar 1968 SWEEZY P DOBB M TAKAHASHI K HILTON R HILL C LEFEBVRE G PROCACCI G HOBSBAWM E MERRINGTON J A transição do Feudalismo para o Capitalis mo Um debate 5ª ed Rio de Janeiro Paz e Terra 2004 Disponível em httped mundomontecombrwpcontentuploads201502ATransiC3A7C3A3o doFeudalismoparaoCapitalismoMauriceDobbypdf Acesso em 7 mar 2018 VILAR P A transição do capitalismo ao feudalismo In SANTIAGO T Org Capitalis mo Transição São Paulo Mora 1975 REFERÊNCIAS ONLINE ¹Em httpwwwmedievistait20140604lesannales Acesso em 6 mar 2018 ²Em httpscommonswikimediaorgwikiFilePieterBruegeltheElderThe TriumphofDeathdetail1JPG Acesso em 7 mar 2018 GABARITO 59 GABARITO 1 A história é na abordagem apresentada a ciência dos homens no tempo e a economia tem como objeto de trabalho a satisfação das necessidades materiais do homem Dessa forma uma ciência encontra na outra a busca de apresentar descrever os esforços que o homem faz ao longo dos séculos para satisfazer suas necessidades materiais 2 Alternativa e 3 Alternativa c 4 A Idade Média foi assim denominada por ser o período intermediário entre a Antiguidade associada às civilizações clássicas de Grécia e de Roma e a Época Moderna cujas origens remontam às Grandes Navegações às Descobertas ao Renascimento O feudalismo se situa temporalmente dentro da Idade Média mas as características que envolvem o feudal apontam na direção de fenômenos políticos econômicos sociais jurídicos e culturais 5 Crise Agrária Crise demográfica e Crise monetária UNIDADE II Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Objetivos de Aprendizagem Apreender aspectos gerais do processo de formação do capitalismo Compreender o conceito de Revolução Industrial Refletir os impactos da Revolução Industrial Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção A Revolução Industrial A Revolução Industrial e sua Amplitude Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 63 INTRODUÇÃO Definir capitalismo caroa alunoa é uma ousadia diante de tão ampla circu lação na fala popular e na literatura clássica Tanto é que antes de apresentar como caráter introdutório do nosso trabalho devo dizer que não chegamos a tal definição propriamente Contudo buscamos demonstrar que o capitalismo recebeu reconhecimento autorizado como categoria histórica Nosso entender contempla portanto uma abordagem de capitalismo de acordo com seu desenvolvimento histórico A busca pela essência do capitalismo nessa perspectiva é o modo de produção Não no sentido de espírito empresa rial nem no uso da moeda para financiar uma série de trocas com o objetivo de ganho Por modo de produção entendemos não apenas no sentido da técnica mas podemos compreender também a relação entre a propriedade dos meios produtivos e as interações sociais entre os homens que resultavam de suas liga ções com o processo de produção É com o autor Pierre Vilar 1975 Maurice Dobb 1980 e de forma modesta o trabalho de Iori 2014 que vamos pautar nossa reflexão no que tange à acumu lação primitiva Essa dinâmica está intrinsecamente relacionada com a própria capacidade de trabalho que se tornara uma mercadoria como Marx denominou em sua obra O Capital e era comprada e vendida no mercado como qualquer outro objeto de troca Na carreira do capitalismo apresentase um segundo momento o da Revolução Industrial no final do século XVIII e a primeira metade do século XIX cuja importância foi essencialmente econômica com reflexo na esfera polí tica Ela se mostrou tão decisiva para todo o futuro da economia capitalista e tão radical como estrutura e organização da indústria que Dobb 1980 p 28 chega a relacionar como as dores de parto do capitalismo moderno e como momento mais decisivo no desenvolvimento econômico e social desde a Idade Média Bons estudos O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 64 O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CAPITALISTA DE PRODUÇÃO Para tratar da grande revolução que modificou a história do mundo a Revolução Industrial século XIX é preciso antes de mais nada apreender o modo capita lista de produzir como um sistema caracterizado pelo processo da concentração dos meios de produção Antes de caracterizarmos o momento histórico transfor mador da sociedade moderna vamos tratar de modo breve das características da organização econômica da sociedade dentro dessa dimensão temporal A FORMAÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA Em Iori 2014 encontramos a busca pela definição do termo capitalismo Vimos que este possui ampla circulação na linguagem escrita e falada popular e na obra histórica dos últimos tempos Para o presente estudo o significado inicialmente conferido por Karl Marx estrutura a essência do capitalismo em um determinado modo de produção Em relação ao modo de produção ele não se referia apenas ao estado da técnica o que chamou de forças produtivas mas ao modo pelo qual os meios de produção eram possuídos e às relações sociais entre os homens resultantes de suas ligações com o processo de produção conforme explicita Dobb 1980 Desse modo o Capitalismo não era apenas um sistema de produção de mercadorias mas um sistema de acordo com o qual a força de trabalho trans forma si própria em uma mercadoria e se vendia e comprava no mercado como qualquer outro objeto de troca É importante ressaltar a particularidade especial da força de trabalho é a única mercadoria que cria outra mercadoria O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 65 Ernest Mandel 1982 p 14 afirma que o modo de produção capitalista não se desenvolveu em meio a um vácuo mas no âmbito de uma estrutura sócioeconômi ca específica caracterizada por diferenças de grande importânciapor exemplo na Europa ocidental Europa oriental Ásia continental Amé rica do Norte América Latina e Japão As formações sócioeconômica específicas as sociedades burguesas e economias capitalistas que surgiram nessas diferentes áreas no decorrer dos séculos XVII XIX e XX como veremos adiante e que em sua unidade complexa junta mente com as sociedades da África e da Oceania abrangem o capi talismo concreto reproduzem em formas e proporções variáveis uma combinação de modos de produção passados e presentes ou mais pre cisamente de estágios variáveis passados e sucessivos do atual modo de produção O sistema mundial capitalista é em grau considerável precisamente uma função da validade universal da lei de desenvolvi mento desigual e combinado Caroa alunoa um requisito histórico era a concentração da propriedade dos meios de produção em mãos de uma classe consistindo em apenas uma parte pequena da sociedade e o aparecimento consequente de uma classe destituída de propriedade para a qual a venda de sua força de trabalho era a única fonte de subsistência conforme vimos na Unidade I Mandel 1982 p 29 descreve que o movimento efetivo do capital manifestamente começa a partir de relações não capitalistas feudalismo e prossegue dentro do quadro de referência de uma troca constante explora dora metabólica com esse meio não capitalista A atividade produtiva era por isso suprida por ela não em virtude de compulsão ou obrigação legal mas na base de um contrato salarial Tornase claro que tal definição exclui o sistema de produção artesanal independente no qual o artesão possuía seus próprios e modestos implementos de produção e empreendia a venda de seus próprios artigos O papel da propriedade é fundamental nessa relação pois para Dobb 1980 o capital para ser configurado nos moldes capitalistas tem de ser necessariamente usado na sujeição da força de trabalho à criação da maisva lia na produção O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 66 O sistema capitalista não se basta a partir da questão de classes burguesia e proletariado ou seja o que diferencia o uso dessa definição quanto às demais é que a existência do comércio e do empréstimo de dinheiro bem como a pre sença de uma classe especializada de comerciantes ou financistas ainda que fossem homens de posses não bastava para constituir uma sociedade capitalista Os homens de capital por mais aquisitivos não bastam É fundamental apreen der que o capital tem de ser usado na sujeição da força de trabalho à criação da maisvalia na produção DOBB 1980 Cada período histórico é modelado sob a influência preponderante de uma forma econômica única mais ou menos homogênea e deve ser caracterizado de acordo com a natureza desse tipo predominante de relação socioeconômica Ao buscar a definição de um sistema econômico Iori 2014 percebe portanto que cada etapa apresenta uma característica nas situações históricas que simultaneamente propicia a homogeneidade de configuração a qual quer tempo dado e torna os períodos de transição quando existe um equilíbrio de elementos discretos inerentemente instáveis Isto pois a sociedade se acha constituída de maneira que o conflito e interação de seus elementos principais ao invés do crescimento simples de algum único elemento formam o fator principal de movimento e mudança pelo menos no que diz respeito às transformações principais Se esse for o caso uma vez que o desenvolvimento tenha atingido certo nível e os diversos elementos que constituem aquela sociedade estejam dispos tos de certo modo os acontecimentos deverão marchar com rapidez incomum não apenas no sentido de crescimento quantitativo mas no de uma alteração de equilíbrio dos elementos constituintes resultando no aparecimento de composições novas e alterações ou mudanças mais ou menos abruptas na tessitura da sociedade É como se em certos ní veis de desenvolvimento fosse acionado algo como reação em cadeia IORI 2014 p 20 A força de trabalho produzindo um valor maior do que ela vale isto é uma maisvalia gerou o capital Fonte autora O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 67 A transformação da forma medieval de exploração do trabalho excedente para a moderna não foi um processo simples que pode ser apresentado como uma tabela genealógica de descendência direta No entanto ainda assim entre os redemoi nhos desse movimento podemos distinguir certas linhas de direção do fluxo Tais linhas incluem não apenas modificações na técnica e o aparecimento de novos instrumentos de produção que aumentaram grandemente a produtivi dade do trabalho como conheceremos adiante mas uma crescente divisão do trabalho e por consequência o desenvolvimento das trocas bem como uma crescente separação do produtor quanto à terra e aos meios de produção e seu aparecimento como um proletário Dessas tendências orientadoras na história dos cinco séculos passados Dobb 1980 assevera que uma importância especial se prende à última não só porque foi tradicionalmente atenuada e decentemente encoberta por fórmulas acerca da passagem de status para contrato mas porque no centro do palco histórico trouxe consigo uma forma de compulsão ao trabalho para outrem que se mostra pura mente econômica e objetiva lançando assim uma base para aquela forma peculiar e mistificadora pela qual uma classe ociosa pode explorar o trabalho excedente dos outros e que é a essência do sistema moderno o qual chamamos capitalismo A acumulação primitiva Ao examinar a história do capitalismo encontramos que a fase inicial desse sis tema dáse na Inglaterra no período da segunda metade do século XI e início do século XII Por uma série de fatores foi nesse país que a pequena propriedade e o gozo dos direitos contribuíram para desenvolver a partir do século XIV uma classe rural precocemente comprometida na produção artesanal e na comercia lização dos produtos Por essa mesma razão a diferenciação entre aldeões ricos e pobres e o incentivo de grandes lucros conseguidos sobre os campos de pasta gem devido à extensão da indústria de lã trouxeram como consequência uma expulsão em massa dos pequenos agricultores durante os séculos XV e XVI e uma apropriação sistemática de suas parcelas concomitantemente a das terras comunais área do feudo de uso coletivo como por exemplo os bosques flores tas e pastos pelos grandes proprietários O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 68 A legislação foi impotente contra esse movimento de apropriação Além disso a lei acabou voltando suas armas contra pobres desocupados e vagabundos formas como a lei enxergava na época as pessoas menos favorecidas que a lei acabou voltando suas armas A primeira lei dos pobres no reinado de Rainha Elizabeth I preparou sob o pretexto de ajuda obrigatória essas futuras casas de trabalho nas quais o pobre que não tinha onde cair morto seria colocado à dis posição do produtor industrial VILAR 1975 Expropriação e proletarização são os dois termos da acumulação primitiva no estado puro a perfeita separação mediante a violência legalizada do produtor com seus meios de produção Por isso Marx 1985 elegeu o exemplo inglês dos séculos XV e XVI como símbolo É no século XVIII que o processo é concluído e somente na Inglaterra se apresenta de uma maneira radical Vilar 1975 descreve que a colonização europeia em escala mundial determina outro aspecto da acumulação primitiva Ela se realiza por mecanismos bastante variados a saber os saques delicadas joias arrebatadas dos índios das ilhas imensos tesouros dos príncipes mexicanos e incas tudo foi diretamente transferido para a Europa É correto que os conquistadores espa nhóis e o imperador Carlos V dedicaram essencialmente esses primeiros lucros às suas empresas militares ou suntuárias mas o ouro passou às mãos dos mercado res e dos banqueiros que se converteram nos intermediários da aventura colonial É imaginável conforme Dobb 1980 que uma economia não pode ser base ada durante muito tempo no simples e puro saque tampouco devese crer que se tratou de um breve episódio Os holandeses que difundiram uma ver são das crueldades espanholas na América não foram menos cruéis nas ilhas do Extremo Oriente as quais ocuparam no século XVII Os ingleses na Índia século XVIII também usaram desse esquema pérfido Além do que desde o tempo da Rainha Elizabeth I uma das grandes fontes de enriquecimento da corte real inglesa foi a pirataria a pilhagem direta dos carregamentos espanhóis A essa economia de pilhagem a colonização acrescentou uma exploração con tínua e sistemática Historiadores constataram na Europa do século XVI uma chegada em massa de ouro e de prata o que desencadeou uma revolução nos pre ços O preço dos produtos europeus subiu e Dobb 1980 estima que o aumento foi na proporção de 1 para 4 Como os salários sobem muito menos produzse uma inflação de lucros isto é o primeiro grande episódio de criação capitalista O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 69 No século XVI a quantidade de ouro e prata em circulação na Europa aumentou por consequência do descobrimento das minas americanas mas ricas e fáceis de explorar O resultado foi que o valor do ouro e da prata diminui em relação ao de outros artigos de consumo Continu avase a pagar aos trabalhadores os mesmos salários por sua força de trabalho Seu saláriodinheiro mantevese estável mas seu salário di minuiu porque em troca da mesma quantidade de dinheiro recebiam uma quantidade menor de bens Este foi um dos fatores que favore ceu o crescimento do capital e o Ascenso da burguesia no século XVI DOBB 1980 p 80 Esse contexto representa apenas um dos fatores que favoreceu o avanço produ tivo no século XVI Sob a perspectiva marxista a quase totalidade da produção não é obtida sob o regime de assalariamento a economia é feudal ou artesanal É a alta dos preços que vai favorecer a instalação do assalariamento fase prepa ratória do capitalismo na acumulação primitiva Outra consideração é que o lucro capitalista é apenas facilitado não é medido pela distância que se estabelece entre preços e salários de pende com efeito do tempo de trabalho incorporado numa determi nada mercadoria comparado com o tempo de trabalho incorporado no salário do trabalhador que o produziu mas esse tempo de traba lho depende de condições muito complexas intensidade organização aparelhagem técnica e não somente de variações monetárias por úl timo os preços europeus não sobem no século XVI porque o ouro e a prata são mais abundantes sobem porque o preço de custo do ouro e da prata diminuem portanto os lucros são extraídos mais do trabalho dos mineiros americanos que da exploração crescente dos trabalhado res europeus IORI 2014 p 24 Vilar 1975 descreve que o trabalho na América em suas diferentes formas escravismo encomienda metas compromisso entre esse trabalho forçado e um salário foi extenuante os índios das ilhas São Domingos Cuba pereceram em massa a população do México por sua vez também caiu por isso a partir de 1600 o preço de custo do metal precioso aumentou e portanto o preço das demais mercadorias começou a baixar na Europa Os lucros eram então obti dos com menor facilidade e no século XVII a acumulação primitiva de capital foi menos intensa que no século XVI e voltou a subir no século XVIII quando o ascenso demográfico e a exploração colonial reorganizada permitiram novamente que fossem diminuídos os preços de custo da extração mineira ouro do Brasil O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 70 minas mexicanas Desse modo vemos que a intensidade da acumulação mone tária na Europa condição para a instalação do capitalismo dependeu do grau de exploração do trabalhador americano Isso não vale somente para as minas O ouro e a prata são mercadorias O açúcar o cacau o café as madeiras tintoriais podem provocar fenômenos análogos A acumulação primitiva do capital europeu dependeu tanto do escravo cubano quanto do mineiro dos Andes Nesse sentido O escravismo velado dos assalariados europeus não podia instalarse senão sobre o escravismo sem disfarce dos trabalhadores do Novo Mundo MARX 1985 p 91 Diante desse panorama contextualizase o capital usurário e o capital mercantil em que a acumulação monetária é obtida a princípio por meio do empréstimo usuário para o consumo no nível mais baixo em cada aldeia o homem que tem disponibilidades monetárias pode emprestar com juros muito elevados ao camponês que não tem do que viver o necessário para comprar a semente ou uma ferramenta ou para pagar o imposto no nível mais alto os grandes mercadores ou banqueiros emprestam aos grandes senhores ou aos príncipes é mais perigoso uma vez que pode haver falências confiscos mas ao mesmo tempo é remunerador Apresentase um aspecto dialético da relação do capital usurário e mercan til a acumulação primitiva de capital engendra sua própria destruição Em uma primeira fase a alta dos preços o aumento dos impostos reais e os empréstimos grandiosos estimulam os usurários mas no final em graus diferentes segundo países diversos as taxas médias de juros e dos lucros tendem a se igualar e a diminuir Então é necessário que o capital acumulado busque outro meio de se reproduzir É preciso que os homens de dinheiro que haviam se mantido relati vamente à margem da sociedade feudal invadam todo o corpo social e tomem o controle da produção IORI 2014 É no curso do século XVII menos favorável aos lucros extraídos das colô nias que os mercadores aproveitando as dificuldades do artesanato corporativo e o excesso de mão de obra existente no campo põemse a distribuir primeiro a matériaprima e logo após instrumentos de produção matérias têxteis tanto em domicílio entre os camponeses quanto às grandes oficinas em geral privi legiadas pelo Estado O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 71 Dobb 1980 considera a época da manufatura uma importante etapa em direção ao capitalismo e a classifica em três dimensões a saber primeiramente porque realiza na indústria a separação entre produtor e meio de produção concorre a duras penas com o artesanato corporativo por último organiza a divisão do trabalho que aumenta de modo considerável a produtividade do tra balho individual O domínio do capital mercantil corresponde na Europa Ocidental a uma nova estrutura do Estado Às vezes como na França esse Estado favorece dire tamente à manufatura Os impostos cuja importância aumenta são cobrados geralmente mediante o sistema de fermes ou seja por companhias de financistas privados que guardam para si grande parte dessas cobranças feitas a partir do produto nacional tratase de uma importante fonte de acumulação monetária A organização do crédito e o aparecimento dos primeiros bancos estatais fazem baixar as taxas de juros usurários e em contrapartida mobilizam o dinheiro dos capitalistas nas mãos de grupos restritos e poderosos Por último o Estado pro tege a produção nacional por intermédio das aduanas e da marinha nacional pelos atos de navegação que lhe reservam os transportes A finalidade de todas essas medidas mencionadas anteriormente é bastante consciente É expressa amiúde pelos economistas mercantilistas que repre sentavam como mostrou perfeitamente Marx a forma primitiva e ingênua do capitalismo a finalidade de qualquer atividade é fazer dinheiro a nação é rica se tem um saldo positivo de metais preciosos pouco importa como é distribu ído esse saldo confundem lucro nacional e lucro dos comerciantes que por sua vez se confundem com os industriais O país mais característico dessa fase é a Inglaterra do final do século XVII A evolução que sofreu desde o século XV concentração da propriedade agrária proletarização da mão de obra atividade marítima e colonial permitiulhe superar definitivamente os países dos pri meiros descobrimentos Espanha e Portugal paralisados pelo excessivo afluxo de dinheiro e o parasitismo das rendas e evoluir mais depressa que a Holanda privada de recursos industriais e a França onde a estrutura agrária resistiu ao movimento de concentração das propriedades e de cercamento das terras comunais O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 72 Foi também na Inglaterra que apareceram no curso do século XVIII as novi dades que caracterizam de forma decisiva a nova era a era capitalista A partir do aparecimento do maquinismo por volta de 1730 e sobretudo a partir de 1760 ocorre uma série de invenções que irão substituir a manufatura pela maquinofatura ou seja que permitirão por sua vez multiplicar a produtividade do trabalho humano reduzir este mes mo trabalho a um mecanismo cada vez mais abstrato cada vez menos unido ao objeto produtivo de forma contrária ao trabalho artesanal e por último utilizar uma mão de obra de força reduzida é a mobili zação maciça do trabalho de mulheres e crianças Estas invenções são as que concernem à metalurgia fundição do carvão e por último à máquina a vapor Este avanço das forças produtivas é necessário para subverter as estruturas econômicas e sociais Daí em diante a produ ção industrial em massa será a fonte essencial do capital pela distância estabelecida entre o valor produzido pelo operário e o valor que lhe é restituído sob a forma de salário por aqueles que dispõem dos novos meios de produção máquinas fábricas A era da acumulação primi tiva terminou Tudo irá tornarse mercadoria e as relações sociais se estabelecerão exclusivamente em termos de dinheiro Já não há mais feudalismo VILAR 1975 p 4748 As etapas finais da transformação desse período portanto abrangem o controle do capital mercantil sobre a produção industrial o papel dos primeiros Estados nacionais e a acumulação primitiva e por último o novo avanço das forças de produção produção industrial em massa e nova agricultura no século XVIII A exploração cada vez mais acentuada do trabalho humano é sua consequência e seu preço Por um lado o século XVIII é um século de alta geral dos preços e já falamos da fonte colonial desse fenômeno por outro lado é ainda o século das grandes fortunas edificadas sobre o ouro do Brasil da prata mexicana do açúcar e do rum das ilhas do algodão da América e da Índia tudo isso extra ído do trabalho dos povos colonizados Na Europa a alta dos preços tem como consequência uma diminuição do salário individual diário real do qual o capi tal tira proveito Iori 2014 constata contudo que o século XVIII especialmente nos paí ses mais avançados como a Inglaterra vê desaparecer se não a carestia e a falta de pão pelo menos as fomes mortais Como se explica isso Devese em pri meiro lugar ao fato de que os operários trabalharam mais mais dias ao ano O Desenvolvimento do Processo Capitalista de Produção Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 73 e as mulheres e crianças foram postas a trabalhar também O salário familiar aumenta até o mínimo de subsistência mas por uma quantidade de trabalho extraordinariamente maior A revolução agrícola e a liberdade do comércio de grão permitiram que fosse alimentado um maior número de homens e com maior regularidade Nos países mais adiantados era suprimido o pousio descanso destinado à terra cultivada interrompendo uma cultura até outra e eram plantadas mais leguminosas e tubér culos Isso fez com que diminuísse os antigos lucros da especulação quando se tirava proveito das crises de alimentação O capital mercantil de tipo antigo se ressente mas o capital industrial cada vez que pode diminuir o conteúdovalor da alimentação mínima do operário assegura um lucro sempre maior Caroa alunoa daí em diante o capitalismo industrial que nesse caso merece simplesmente o nome de capitalismo substitui as modalidades primitivas de formação do capital Contudo ainda nos países avançados como a Inglaterra a agricultura nas mãos dos capitalistas adaptase à produção em massa para a venda ou seja ao capitalismo Somente no século XIX o capitalismo industrial se propagará tal como havia nascido na Inglaterra a partir de 1760 Resta considerar que um regime social não está constituído exclusivamente por seus fundamentos econômicos A cada modo de produção corresponde não somente um sistema de relações de produção como também um sistema de direito de instituições e de formas de pensamento Um re gime social em decadência servese precisamente desse direito dessas instituições e desses pensamentos já adquiridos para oporse com to das as suas forças às inovações que ameaçam sua existência Isso pro voca a luta das novas classes das classes ascendentes contra as classes dirigentes que ainda achamse no poder e determina o caráter revo lucionário da ação e do pensamento que animam essas lutas IORI 2014 p 28 O regime feudal conforme Vilar 1975 não morreu sem se defender E o ata que que ele sofreu não começou somente com as formas mais desenvolvidas dos novos modos de produção Essas formas com efeito só puderam triunfar quando já tinham se liberado dos inconvenientes dos entraves que as institui ções de tipo feudal necessariamente opunham isto é a história das revoluções burguesas O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 74 É muito importante se atentar caroa alunoa para a relevância do século XVI para a História Européia Esse espaço cronológico representa a tênue linha divisória entre a ordem feudal decadente e o sistema capitalista que surgia Já sabemos que tratar de História Econômica Geral é fazer uma releitura da humanidade sobre a perspectiva de como a sociedade se organizou para satisfazer suas necessidades materiais Nesse sentido é interessante pensar que a histó ria apresenta três importantes revoluções Harari 2015 apresenta a Revolução Cognitiva como marco do processo histórico há cerca de 70 mil anos a Revolução Agrícola por volta de 12 mil anos atrás a Revolução Científica que começou há apenas 500 anos A última à medida em que propiciou a contestação de ver dades abriu espaço para outra transformação econômicasocial a Revolução Industrial Com o fim do feudalismo e o processo transitório do mercantilismo o modo de produção capitalista em ascendência passa a revelar claramente carac terísticas sócioeconômicas intrínsecas na Revolução Industrial A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Revolução Industrial conforme Iori 2014 é o segundo momento da carreira do capitalismo no final do século XVIII e primeira metade do século XIX Sua importância foi essencialmente econômica apresentando um reflexo dramá tico sobre a esfera política A Revolução Industrial é um marco histórico em que os limites para a produção de riquezas pelo homem foram implodidos e nunca mais deixaram de ser superados e expandidos Moraes 2017 p 46 afirma que o mundo como o conhecemos hoje é filho dessa transformação Em 1776 como não poderia deixar de ser a Inglaterra era o país mais efi ciente e poderoso do mundo Ela se beneficiou grandemente com o livre comércio internacional em face do início da Revolução Industrial Nessa época os empre sários foram se fortalecendo e não mais precisavam contar com a ajuda do governo com privilégios de monopólios e com a proteção tarifária Em conjunto A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 75 ao desenvolvimento das fábricas os artesãos perdiam sua vantagem competitiva Essa situação os levou ao mercado de trabalho como trabalhadores assalariados A alta taxa de natalidade bem como a taxa de mortalidade em queda aumenta ram a população e os trabalhadores infantis e os camponeses irlandeses falidos que chegavam à Inglaterra também aumentavam a oferta de mão de obra Essa circunstância gerou empatia por parte dos empresários em relação à doutrina laissezfaire Os salários estavam baixos por conta da oferta em demasia e o Governo não precisava intervir O marco temporal referido acima é ainda importante para nosso trabalho porque também apresenta uma mudança sistemática na ciência econômica Foi justamente em 1776 que Adam Smith publicou sua obra A riqueza das nações O pai da economia e seus contemporâneos que viveram durante os primeiros estágios da Revolução Industrial não puderam identificar de forma adequada a representatividade desse fenômeno e a direção que esse desenvolvimento toma ria ainda que em sua obra A riqueza das nações o pensador apresente o aumento da produtividade possível pela divisão do trabalho por meio do famoso exem plo da fábrica de alfinetes Tomemos pois um exemplo tirado de uma manufatura muito pequena mas na qual a divisão do trabalho muitas vezes tem sido notada a fabri cação de alfinetes Um operário não treinado para essa atividade que a divisão do trabalho transformou em uma indústria específica nem fami liarizado com a utilização das máquinas ali empregadas cuja invenção provavelmente também se deveu à mesma divisão do trabalho dificil mente poderia talvez fabricar um único alfinete em um dia empenhando o máximo de trabalho de qualquer forma certamente não conseguirá fabricar vinte Entretanto da forma como essa atividade é hoje executada não somente o trabalho todo constitui uma indústria específica mas ele está dividido em uma série de setores dos quais por sua vez a maior parte também constitui provavelmente um ofício especial Um operário desenrola o arame um outro o endireita um terceiro o corta um quarto faz as pontas um quinto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete para fazer uma cabeça de alfinete requeremse 3 ou 4 ope rações diferentes montar a cabeça já é uma atividade diferente e alvejar os alfinetes é outra a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente Assim a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em aproximadamente 18 operações distintas as quais em algumas manufaturas são executadas por pessoas diferentes ao passo que em outras o mesmo operário às vezes executa 2 ou 3 delas O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 76 Vi uma pequena manufatura desse tipo com apenas 10 empregados e na qual alguns desses executavam 2 ou 3 operações diferentes Mas embo ra não fossem muito hábeis e portanto não estivessem particularmente treinados para o uso das máquinas conseguiam quando se esforçavam fabricar em torno de 12 libras de alfinetes por dia Ora 1 libra contém mais do que 4 mil alfinetes de tamanho médio Por conseguinte essas 10 pessoas conseguiam produzir entre elas mais do que 48 mil alfinetes por dia Assim já que cada pessoa conseguia fazer 110 de 48 mil alfinetes por dia podese considerar que cada uma produzia 4 800 alfinetes diariamen te Se porém tivessem trabalhado independentemente um do outro e sem que nenhum deles tivesse sido treinado para esse ramo de atividade certamente cada um deles não teria conseguido fabricar 20 alfinetes por dia e talvez nem mesmo 1 SMITH 1996 p 6566 Além de ilustrar o enorme aumento de produtividade possibilitado pela divisão do trabalho Smith 1996 também sugere que a invenção de máquinas se tornava viá vel pela própria divisão do trabalho como os processos manuais são subdivididos em grande número de operações cada vez mais simples também se torna mais fácil reproduzir essas operações simplificadas em um mecanismo Nesse sentido a divisão do trabalho na manufatura prepara a passagem para a grande indústria mecanizada No longo prazo a economia clássica Escola de pensamento fundada por Smith atendeu à toda sociedade porque a aplicação de suas teorias promovia o acúmulo de capital e o crescimento econômico Apresentase um novo tempo para os empresários Agora o status para os mercadores e industriais foi promo vido ao que Brue 2016 chama de promotores da riqueza da nação Eles estavam certos de que ao buscar o lucro estavam atendendo à sociedade Ainda em Brue 2016 percebemos que essas doutrinas privilegiaram materialmente os proprie tários e gerentes das empresas pois as ideias clássicas ajudaram a promover o clima político social e econômico que estimulou a indústria o comércio e o lucro A interpretação do mundo econômico do século XIX tem de ser essencial mente uma interpretação de sua transformação e movimento Maurice Dobb A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 77 ORIGENS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A definição de Revolução é imprecisa Sabese a princípio que não são meras mudanças Encontramos em Hannah Arendt 1990 que é inegável a questão social que envolve as revoluções E que a motivação econômica é a força motriz de toda luta política Figura 1 A primeira ponte de ferro fundido em Ironbridge local de nascimento de Shropshire da Revolução Industrial Contudo essa dinâmica transformadora não assume a mesma forma em todos os países em que ocorre Deane 1975 p 11 demonstra mudanças identificá veis nos métodos e características da organização econômica as quais tomadas como um todo constituem um desenvolvimento do tipo daquele que descre veríamos como uma Revolução Industrial Esta inclui as seguintes mudanças interrelacionadas 1 aplicação sistemática e generalizada do moderno conhecimento científico e empírico ao processo de produção para o mercado 2 especialização da atividade econômica dirigida no sentido da produ ção para os mercados nacional e internacional ao invés de sêlo para consumo familiar ou paroquial O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 78 3 migração da população das comunidades rurais para as urbanas 4 expansão e despersonalização da unidade típica de produção de modo que passa a ser baseada menos na família ou tribo do que na empresa pública ou privada 5 movimento da força de trabalho das atividades relacionadas com a produção de bens primários para a produção de bens manufaturados e serviços 6 uso extensivo e intensivo de recursos financeiros como um substitu to do esforço humano e como complemento deste 7 emergência de novas classes sociais e ocupacionais determinada pela propriedade dos meios de produção que não a terra ou pela relação dessas classes com os referidos meios de produção principalmente o capital Esse contexto de metamorfoses interrelacionadas ao ocorre rem simultaneamente constituem uma Revolução Industrial em que pese a associação de crescimento demográfico e aumento no volume anual de bens e serviços produzidos DEANE 1975 p 11 Percebemos já no primeiro item que o contexto científico tem um papel rele vante nessa transformação da sociedade À medida que as pessoas passaram a admitir que não conheciam as respostas para algumas perguntas muito impor tantes acharam necessário procurar conhecimentos completamente novos Essa busca objetivava a aplicabilidade desses saberes Em 1620 Francis Bacon publicou um manifesto científico intitulado Novum Organum Novo instrumento no qual afirmou que conhe cimento é poder A real prova de fogo do conhecimento não é se é verdadeiro mas se nos dá poder Os cientistas geralmente presumem que nenhuma teoria é 100 correta Em consequência a verdade não é um bom parâmetro de teste para o conhecimento O parâmetro real é sua utilidade Uma teoria que nos permite fazer novas coisas constitui conhecimento HARARI 2015 p 270 O mundo das ciências transformou a humanidade Por meio dele o homem adquiriu capacidades gigantescas investindo recursos em pesquisas Tratase de uma dinâmica que até o ano de 1500 os humanos do mundo inteiro duvi davam de sua aptidão para adquirir novas capacidades médicas militares e econômicas A descoberta da América foi o acontecimento fundacional da Revolução Científica A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 79 A maioria dos estudos científicos são financiados porque alguém acre dita que eles podem ajudar a alcançar algum objetivo político econô mico ou religioso Por exemplo no século XVI os reis e os banqueiros destinaram muitíssimos recursos para financiar expedições geográficas pelo mundo mas nem um centavo para estudar a psicologia infantil Isso porque os reis e os banqueiros supunham que a descoberta de no vos conhecimentos geográficos lhes permitiria conquistar novas terras e construir impérios comerciais ao passo que não conseguiam ver ne nhuma vantagem em entender a psicologia infantil HARARI 2015 p 282 Destarte o advento do sistema capitalista fez uma aliança com a indústria e a tecnologia refletidos na Revolução Industrial Depois de consolidada essa rela ção mudou o mundo de forma muita intensa e rápida A primeira fase da revolução industrial teve lugar na Inglaterra e oferece especial interesse pelo fato de ter ocorrido espontaneamente sem a assistência governamental a qual se tem constituído na tônica da maioria das revoluções industriais que se sucederam Conforme Iori 2014 a evolução que esse país passou desde o século XV concentração da propriedade agrária proletarização da mãodeobra atividade marítima e colonial permitiulhe superar definitiva mente os países dos primeiros descobrimentos Espanha e Portugal paralisados pelo excessivo afluxo de dinheiro e o parasitismo das rendas e evoluir mais depressa que a Holanda privada de recursos industriais e a França onde a estrutura agrária resistiu ao movimento de concentração das propriedades e de cercamento das terras comunais Marx expressou esse avanço da Inglaterra com a seguinte consideração Os diferentes métodos de acumulação primitiva que a era capitalista faz aparecer dividemse primeiro por ordem mais ou menos crono lógica entre Portugal Espanha Holanda França e Inglaterra até que esta última combinaos todos no último terço do século XVII num conjunto sistemático que inclui por sua vez o regime colonial o crédito público as finanças modernas e o sistema protecionista MARX 1974 p 41 De fato a primeira etapa da formação do capitalismo depois da crise dos sécu los XIV e XV não poderia fundarse senão por um avanço das forças produtivas o que ocorreu entre meados do século XV e XVI O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 80 O CARÁTER DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A Revolução Industrial completou a transição do Feudalismo ao Capitalismo A partir dela finalizase o processo de expropriação dos produtores diretos O Modo de produção capitalista é então caracterizado pela introdução da maquinofatura e pelas relações sociais de produção assalariadas Destarte a separação definitiva entre capital e trabalho a industrialização é o reflexo dessa dinâmica De modo geral há grandes divergências em relação à representatividade dessa transformação social Carlo Cipolla historiador italiano atribui à Revolução Industrial um papel fundamental na história da humanidade entre 1780 e 1850 em menos de três gerações uma ampla revolução sem precedente na história da Humanidade mudou a face da Inglater ra Daí em diante o mundo não foi mais o mesmo Os historiadores frequentemente usaram e abusaram da palavra Revolução para signifi car uma mudança radical mas nenhuma revolução foi tão dramatica mente revolucionária quanto a Revolução Industrial exceto talvez a Revolução Neolítica Ambas mudaram o curso da história quer dizer cada uma provocou uma descontinuidade no processo histórico A Re volução Neolítica transformou a Humanidade de uma coleção dispersa de bandos selvagens de caçadores em uma coleção de sociedades agrícolas mais ou menos interdependentes A Revolução Industrial transformou o Homem de um agricultor em um manipulador de má quinas movidas por energia inanimada CIPOLLA 1973 p 7 apud SAES SAES 2013 p 141 Foi precisamente ao longo da crise geral do feudalismo que numerosas in venções vieram modificar o nível das forças de produção O uso da artilharia obrigou a impulsionar a produção de metal A difusão do pensamento hu mano com a invenção da imprensa e o progresso da ciência da navegação desempenharam um papel não menos importante Observase que pela primeira vez técnicas industriais e técnicas de comunicação ultrapassam a técnica agrícola É o começo de um processo que colocará a indústria no primeiro plano do progresso Fonte adaptado de Iori 2014 A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 81 É importante considerar que a transformação na estrutura da indústria a que se conferiu o título de Revolução Industrial não constituiu um acontecimento singular que se possa localizar entre as fronteiras de duas ou três décadas Para Dobb 1980 apresentase um período de desenvolvimento desigual em que não é possível localizar fronteira temporal de forma precisa A essência da transfor mação estava na mudança do caráter da produção que em geral associavase à utilização das máquinas movidas por energia não humana e não animal Marx 1985 p 302 afirmou que a transformação crucial foi na verdade a adaptação de uma ferramenta antes empunhada pela mão humana a um mecanismo quando o homem passa a atuar apenas como força motriz numa má quina ferramenta em vez de atuar com a ferramenta sobre o seu ob jeto de trabalho podem tomar seu lugar o vento a água o vapor etc e tornase acidental o emprego da força muscular humana como força motriz Essas mudanças dão origem a grandes modificações técnicas no mecanismo primitivamente construído apenas para ser impulsiona do pela força humana além disso a força humana é um instrumento muito imperfeito para produzir um movimento uniforme e contínuo As mudanças supracitadas por Marx modificaram profundamente as relações de trabalho em que pese um caráter coletivo ao processo de produção se ins taura expandindo a divisão do trabalho a um grau de complexidade jamais testemunhado Outra peculiaridade conforme Iori 2014 foi a necessidade crescente no sentido de que as atividades do produtor humano se conformas sem aos ritmos e movimentos do processo mecânico uma mudança técnica de equilíbrio que teve seu reflexo socioeconômico na crescente dependência do trabalho em relação ao capital e no papel cada vez maior desempenhado pelo capitalista como força disciplinadora e coautora do produtor humano em suas operações detalhadas E como era antes desse cenário produtivo Dobb 1980 p 261 nos demons tra que nos velhos tempos a produção era essencialmente uma atividade hu mana em geral individual em seu caráter no sentido de que o produtor trabalhava em seu próprio tempo e à sua própria maneira indepen dentemente dos outros enquanto as ferramentas ou os implementos simples que usava pouco mais eram do que uma extensão de seus pró prios dedos O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 82 A ferramenta característica desse período diz Mantoux 1957 p 193 era passiva na mão do trabalhador sua força muscular sua habilidade natural ou adquirida ou sua inteligência determinam a produção até o menor detalhe Na situação antiga antes do estágio da maquinofatura o pequeno mestre independente incor porando em si a unidade de instrumentos de produção humana e não humana Os elementos nãohumanos eram elementos modestos No contexto da Revolução Industrial o tamanho mínimo para um processo de produção unitário se tornara grande demais para o pequeno mestre contro lar Isso porque a relação entre os instrumentos humanos e mecânicos haviam se transformado Era necessário a partir de então capital para financiar o equi pamento complexo requerido pelo novo tipo de unidade de produção criarase um papel para um tipo novo de capitalista não mais ape nas como usurário ou comerciante em sua loja ou armazém mas como capitão de indústria organizador e planejador das operações da unida de de produção corporificação de uma disciplina autoritária sobre um exército de trabalhadores que destituídos de sua cidadania econômica tinham de ser coagidos ao cumprimento de seus deveres onerosos a serviço alheio pelo açoite alternado da fome e do supervisor do patrão DOBB 1980 p 262 Foi uma metamorfose ampla pois foi crucial em seus diversos aspectos que mereceu integralmente o nome de Revolução Econômica Essa foi a descrição clássica de Toynbee referenciada por Dobb 1980 O capitalismo prescinde totalmente da compulsão do trabalho Ele não ope ra sua extração de excedente econômico nem se apropriando do produtor como na escravidão nem do trabalho do produtor como na economia dominial Tampouco apropriase dos resultados do trabalho do produtor como na economia senhorial O capitalismo extrai excedente dentro do próprio processo de produção de um produtor livre através da diferença de valor que esse produtor recebe pela venda da mercadoria força de trabalho em relação às mercadorias que essa força de trabalho produz Fonte Rezende Filho 2010 p 138 A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 83 A Figura 2 logo a seguir apresenta as características dos velhos tempos Com o trabalho realizado empunhando as ferramentas e dando forma à matéria prima Na figura 3 por sua vez apresentamos o padrão de produção de forma em escala e padronizada ARTESÃO Trabalho realizado empunhando as ferramentas e dando forma à matériaprima o resultado da produção depende de sua habilidade no manuseio dessas fer ramentas e também de sua energia que define a força e a velocidade com que realiza as operações O produto artesanal resultado da combinação da habilidade e da energia do artesão com as ferramentas específicas de seu ofício Cada produto do artesão é uma obra única pois depende de características subjetivas Figura 2 O trabalho do artesão Fonte autora Arnold Joseph Toynbee nasceu em Londres no dia 14 de abril de 1889 e fa leceu em 22 de outubro de 1975 Foi um historiador britânico que tem como magnum opus a obra Um Estudo de História trad de A Study of History Nela examina em doze volumes o processo de nascimento crescimento e queda das civilizações sob uma perspectiva global Fonte a autora O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 84 MÁQUINA Transferese as ferramentas das mãos do artesão para um mecanismo que procu ra reproduzir os movimentos do artesão de forma automática e padronizada Pode ser movido pela energia humana embora com a Revolução Industrial seja mais típico o uso de energia não humana e não animal Figura 3 O trabalho da máquina Fonte autora Ao abordar a dinâmica máquinaartesão temos de necessariamente conside rar que tratase de processo longo cuja data inicial é difícil de estabelecer com precisão mas que seguramente remodelou primeiro o Reino Unido e a seguir grande parte do mundo O CONTEXTO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL No século XVIII a Inglaterra acompanhou a Holanda no comércio e ficou atrás da França na produção Nessa dimensão temporal a Inglaterra ganhou supremacia tanto no comércio como na indústria Entre 1700 e 1770 os mercados externos para os produtos ingleses cresceram mais rapidamente do que os mercados internos ingle ses Conforme Hunt 1989 entre 1700 e 1750 a produção das indústrias internas aumentou 7 enquanto a produção das indústrias de exportação aumentou 76 No período de 1750 a 1770 os respectivos aumentos foram de 7 e 80 Esse cres cimento acelerado sobre a demanda externa de produtos industrializados ingleses propiciou a Revolução Industrial Ela por sua vez determinou uma das trans formações mais fundamentais da História da vida humana HUNT 1989 p 60 A Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 85 A sociedade inglesa que era predominantemente agrária e rural tornouse industrial e urbana Em 1801 por exemplo somente um quarto da população inglesa era urbana mas na metade do século XIX a Inglaterra liderava os paí ses do mundo em que a população estava concentrada nas cidades Os tecidos de algodão e lã produzidos nas fábricas construídas na cidade de Manchester e em outras partes do Norte da Inglaterra passaram a ser exportados para muitos países inclusive para o Brasil ao lado de facas garfos e outros utensílios de metal feitos em Birmingham e Sheffield duas cidades originalmente pequenas que se tornaram muito importantes no decorrer do século XIX A necessidade de ener gia a vapor para movimentar as máquinas aumentou a demanda por carvão o que por sua vez tornou a mineração outra indústria central E a necessidade de transportar os produtos encorajou o surgimento das estradas de ferro em 1825 que deram início a uma nova era BURKE 2016 p 35 O crescimento substancial da indústria alterou profundamente a vida das pessoas A introdução da máquina envolve conforme Saes e Saes 2013 p 150 a subordinação subsunção real do trabalho ao capital pois agora o capital materializado na máquina impõe pelo próprio processo de trabalho a sub missão do trabalhador ao ritmo determinado pelo capital O crescimento do comércio o aumento substancial da manufatura e das invenções além da divi são do trabalho caracterizaram a princípio a Inglaterra do século XVIII em uma economia de mercado bem desenvolvida Nessa conjuntura o preconceito tradicional contra o mercado capitalista em termos de atitudes e ideologia já estava muito enfraquecido Na Inglaterra daquela época maiores quantidades de produtos industriali zados a preços mais baixos significavam lucros sempre crescentes Deuse um surto de atividades inventivas pois à medida em que a procura externa crescia os empresários viram as possibilidades de maiores lucros e dessa maneira era necessário inovar tecnologicamente Nesse sentido Saes e Saes 2013 apresen tam que de modo amplo as transformações das técnicas produtivas não foram exclusividade da Revolução Industrial Em que pese estas mudanças são centrais para a compreensão do processo de transformação econômica e social As ino vações técnicas se concentraram em duas indústrias a de tecidos de algodão e a do ferro e envolveram uma nova fonte de energia o vapor O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 86 Em 1769 James Watt projetou um motor com especificações tão exatas que o simples movimento de um pistão podia ser transformado em movimento giratório Um fabricante de Birmingham chamado Boul ton associouse a Watt e com os recursos financeiros de Boulton eles conseguiram iniciar uma produção em larga escala de motores a va por No fim daquele século o vapor estava substituindo rapidamente a água como principal fonte de energia na indústria O desenvolvimento da energia a vapor levou a profundas mudanças econômicas e sociais HUNT 1989 p 62 Dobb 1980 p 263 apresenta a opinião de Toynbee sobre as inovações técnicas foram quatro grandes invenções o fator responsável pelo revo lucionamento da indústria algodoeira a máquina de fiar spinnin gjenny patenteada por Hargreaves em 1770 o filatório tocado a água inventado por Arkwright no ano anterior o filatório Cromp ton introduzido em 1779 e o filatório autônomo inventado pri meiramente por Kelly em 1792 embora nenhuma dessas por si só tivesse revolucionado a indústria não fosse o patenteamento da má quina a vapor por James Watt em 1769 e sua aplicação à manufatura algodoeira quinze anos depois A estas Toynbee acrescenta como elos cruciais no processo o tear mecânico de Cartwright de 1785 e afetando a siderurgia a invenção da redução do carvão na parte inicial do século XVIII e a aplicação em 1788 da máquina a vapor aos altosfornos A partir dessas invenções mencionadas iniciouse o estágio mais decisivo da Revolução Industrial Isso porque o vapor permitiu o abundante crescimento e desenvolvimento da indústria em larga escala visto que o vapor não dependia como o uso da água da localização geográfica das fábricas e dos recursos locais Sempre que pudesse comprar carvão a preço razoável poderia ser construído um motor a vapor Houve uma multiplicação de fábricas Originamse as escu ras cidades industriais HUNT 1989 Caroa alunoa você já deve ter se convencido da importância da ciên cia para o mundo tecnológico da época E os ingleses se sentiam orgulhosos pelas realizações econômicas tecnológicas e científicas desse período Não obstante o ufanismo dos ingleses o custo dessa revolução foi muito alto As condições de trabalho eram muito ruins para não dizer desumanas tanto nas fábricas quanto nas minas com longas horas corridas salários baixos e o uso considerável de trabalho infantil às vezes de crianças de 4 ou 5 anos de idade A Revolução Industrial e sua Amplitude Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 87 Somente em 1833 o Factory Act tornou ilegal o emprego de crianças abaixo de 9 anos de idade enquanto o Mines Act de 1842 proibiu o emprego nas minas de carvão de meninos com menos de 10 anos e de meninas e mulhe res em geral As condições de vida nas cidades industriais eram também bastante duras em consequência da superlotação da poluição industrial e da baixa qualidade das moradias Essas condições foram vividamente descritas por Friedrich Engels amigo de Karl Marx em um livro de 1845 A situação da classe trabalhadora na Inglaterra título original The Condition of the Working Class in England que se baseava em suas observações da favela de Manchester O escritor Charles Dickens ao lado de outros autores também considerava seu dever denunciar as brutali dades e as destruições que essa era pretensamente avançada causava É assim que em seus romances industriais as realidades sombrias do trabalho infantil da superpopulação urbana do domínio desumano das máquinas das doenças desigualdades injustiças e misérias que acompanhavam a Revolução Industrial eram vividamente colocadas diante dos olhos do público Podese dizer pois que o sacrifício de uma ou duas gerações foi o preço pago pelo rápido cresci mento industrial da Inglaterra A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SUA AMPLITUDE Tratamos anteriormente sobre as mudanças e características da organização econômica elencamos 7 itens do período que apresenta o contexto da revolu ção industrial Deane 1975 nos ensina que essas mudanças interrelacionadas caso ocorram simultaneamente e atinjam um nível suficiente constituem uma revolução industrial Ainda devemos nos atentar que sempre estiveram asso ciadas com um crescimento demográfico e com um aumento no volume anual de bens e serviços produzidos O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 88 Nesse sentido o trabalho da autora é fundamental Ela apresenta o ponto de partida desse processo revolucionário em que a Inglaterra mantinha uma posição mais favorável do que outros países Daí o fato dela ser o berço desse desenvolvimento Entretanto ainda aprendemos que no tocante à expansão demográfica parece razoável suporse que sem o aumento da produção que data a partir da década de 1740 o crescimento paralelo da população teria sido finalmente refreado por uma elevação na taxa de mortalidade devida aos padrões de vida em declínio Parece igualmente provável que sem o crescimento demográfico o qual ganhou impulso na se gunda metade do século XVIII a revolução industrial britânica teria sido retardada pela falta de mãodeobra Parece provável que sem a procura e preços crescentes os quais refletiam inter alia o crescimen to da população teria havido menos incentivo para os produtores britânicos se expandirem e inovarem e por conseguinte que se per deria parte do dinamismo que impulsionou a revolução industrial Parece igualmente provável que as oportunidades de emprego em expansão criadas pela revolução industrial animaram os indivíduos a se casarem e formar famílias numa idade mais jovem do que no passado e que aumentaram a expectativa média de vida DEANE 1975 p 48 A revolução agrícola foi também fundamental na dinâmica da revolução indus trial Tanto que a última não seria possível sem a primeira conforme Nurske 1953 apud Deane 1975 Dessa forma no que se relaciona à produção de bens e serviços podemos destacar os aspectos essenciais das novas técnicas de pro dução que caracterizaram a revolução agrária nos solos aráveis da Inglaterra plantio constante novas rotações de culturas e uma associação mais íntima entre as sagras e o estoque Outro ponto importante atribuído ao panorama agrícola é a mudança nas atitudes empresariais A modernidade é o transitório o efêmero o contingente é a metade da arte sendo a outra metade o eterno e o imutável Charles Baudelaire A Revolução Industrial e sua Amplitude Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 89 Temos aí um alagarmento dos horizontes econômicos tanto no tempo como no espaço de modo que os agricultores em geral se tornaram mais inte ressados em produzir para um mercado nacional ou internacional do que em fazêlo para fins de consumo regional ou doméstico e alguns deles começaram a aderir à programação de drenagem de terras e criação de gado programa ção essa que implicava um retorno de capital não imediato no sentido de na próxima colheita em uma época mais distante Outra mudança de atitude é o aumento na especialização econômica que refletiu no aparecimento do fazen deiro profissional ou do trabalhador não proprietário E ainda a aplicação do conhecimento científico e métodos experimentais a atividades que tinham sido anteriormente reguladas rigidamente pela tradição pela prática comunitária ou por métodos empíricos A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA O ritmo da modificação econômica no século XIX no que diz respeito à estru tura da indústria e das relações sociais ao volume de produção e à extensão e variedade do comércio mostrouse inteiramente anormal a julgar pelos padrões dos séculos anteriores tão anormal a ponto de transformar radical mente as ideias do homem sobre a sociedade por meio de uma concepção mais ou menos estática de um mundo onde de uma geração para outra os homens estavam fadados a permanecer na posição que lhes fora conferida ao nascer onde o rompimento com a tradição era contrário à natureza para uma con cepção do progresso como lei da vida e do aperfeiçoamento constante como estado normal de qualquer sociedade sadia A interpretação do mundo eco nômico do século XIX tem de ser essencialmente uma interpretação de sua transformação e movimento A cena econômica no século XIX nos proporciona uma combinação de cir cunstâncias excepcionalmente favoráveis para o florescimento de uma sociedade capitalista Uma era de transformação técnica que aumentava com rapidez a pro dutividade do trabalho testemunhou também um aumento natural anormalmente O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 90 rápido nas fileiras do proletariado junto com uma série de acontecimentos que ampliaram simultaneamente o campo do investimento e o mercado dos bens de consumo em grau sem precedente Nos séculos anteriores o crescimento da indústria capitalista foi dificultado pelo estreitamento do mercado e sua expan são foi ameaçada pela baixa produtividade impostas pelos métodos de produção do período sendo esses obstáculos reforçados de quando em vez pela escassez de trabalho Na Revolução Industrial essas barreiras foram simultaneamente banidas e em vez disso a acumulação e o investimento do capital se viram a cada ponto do quadrante econômico diante de horizontes cada vez mais amplos para incitálos Somente por um singular desconhecimento da história buscarseia na revolução industrial as origens do capitalismo Estas recuam à medida em que mais se as estuda elas são talvez mais antigas do que o comér cio e o numerário ou do que a distinção entre ricos e pobres O que pertence propriamente ao regime da grande indústria é a aplicação do capital na produção de mercadorias e a própria formação do capital no decorrer dessa produção é a existência de uma classe capitalista que é essencialmente uma classe industrial MANTOUX 1957 p 369 Diante dessa configuração industrializante o capitalismo alterou as relações internacionais caracterizouse um escoamento de capital A troca de merca dorias produzidas em condições de mais alta produtividade do trabalho por mercadorias produzidas em condições de mais baixa produtividade do traba lho era uma troca desigual isto é era uma troca de menos trabalho por mais trabalho A existência de grandes reservas de trabalho barato e terra em alguns países que ainda não haviam se industrializado resultou em uma acumulação de capital com uma composição orgânica de capital mais baixa do que nos pri meiros países que se industrializaram A composição orgânica do capital é a relação de valor entre capital constan te e capital variável A Revolução Industrial e sua Amplitude Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 91 Muito além da técnica per se a Revolução Industrial em discussão apresenta como traço notável pertencer a um capitalismo amadurecido visto que o progresso técnico é um elemento do mundo econômico Com a chegada da força a vapor foram abolidos os limites anteriores à complexidade e tama nho da maquinaria e magnitude das operações que esta podia executar Em certa medida essa revolução da técnica adquiriu até um ímpeto cumulativo próprio em que cada avanço da máquina tendia a trazer consequentemente uma especialização maior das unidades da equipe humana que a operava E a divisão do trabalho simplificando os movimentos individuais facilitava ainda outras invenções pelas quais esses movimentos simplificados eram imitados por uma máquina A Revolução Industrial se mostrou tão decisiva para todo o futuro da economia capitalista tão radical como transformação da estrutura e organi zação da indústria que levou alguns autores a considerála como as dores do parto do capitalismo moderno e portanto o momento decisivo no desenvol vimento econômico e social desde a Idade Média Não obstante conforme Dobb 1980 o conhecimento e juízo mais maduros de hoje indicam clara mente que aquilo que a Revolução Industrial representou foi a transição de um estágio inicial e ainda imaturo do capitalismo em que o modo de pro dução précapitalista fora penetrado pela influência do capital subordinado a este sistema despido de sua independência como forma econômica mas ainda não inteiramente transformado para um estágio no qual o capitalismo com base na transformação técnica atingira seu próprio processo específico de produção apoiado na unidade de produção em grande escala e coletiva da fábrica efetuando assim um divórcio final do produtor quanto à participa ção que ainda dispunha nos meios de produção e estabelecendo uma relação simples e direta entre capitalistas e assalariados DOBB 1980 Desse modo caroa alunoa ao analisar esse processo transformador da história econômica estamos habilitados a caminhar no entendimento da dinâ mica capitalista que se movimentará para o que conhecemos como Segunda Revolução Industrial motivo de aprendizado da nossa próxima unidade O CAPITALISMO E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 17601870 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 II U N I D A D E 92 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa nesta unidade refletimos acerca da essência do capitalismo pautada nas relações produtivas É possível apreender o tratamento do material histórico do capital que se reproduz e se acumula a partir das crises violências desequilíbrios bem como o apoderamento e usuras Essas tendências marcaram o fim do regime feudal e a expansão dos europeus através do mundo Encontramos em Vilar 1975 as duas principais modalidades da dinâmica para o processo de acumulação primitiva a saber a expropriação agrária e proletarização das mas sas rurais e o saque e exploração colonial O desenvolvimento do capitalismo se classifica em uma série de estágios caracterizados por níveis diversos de maturidade e cada qual reconhecível por traços bastante distintos No entanto buscamos apresentar que a segunda car reira desse sistema ocorre com a Revolução Industrial Essa dinâmica da evolução do sistema está representada por uma transição de um estágio inicial e ainda imaturo do capitalismo para outro baseado na transformação técnica Processo esse apoiado na unidade de produção em grande escala e coletiva da fábrica efe tuando assim o que Dobb 1980 p 28 chama de divórcio final do produtor quanto à participação que dispunha nos meios de produção de forma a estabe lecer uma relação simples e direta entre capitalistas e assalariado Essa transformação foi determinante na História Econômica Geral e por assim dizer para todo o futuro da economia capitalista Pois diante de uma nova configuração com a máquina como protagonista o capitalismo alterou as relações internacionais Modificouse o ritmo econômico por conta do volume de produção a partir de então possível e a variedade do comércio era anormal quando comparada aos padrões anteriores Destarte a metamorfose do mundo econômico do século XIX tem de ser essencialmente uma interpretação de sua transformação e movimento 93 1 Os historiadores frequentemente usaram e abusaram da palavra Revolução para significar uma mudança radical mas nenhuma revolução foi tão drama ticamente revolucionária quanto a Revolução Industrial exceto talvez a Re volução Neolítica Ambas mudaram o curso da história ou melhor cada uma provocou uma descontinuidade no processo histórico A Revolução Neolítica transformou a Humanidade de uma coleção dispersa de bandos selvagens de caçadores em uma coleção de sociedades agrícolas mais ou menos inter dependentes A Revolução Industrial transformou o Homem de um agricultor em um manipulador de máquinas movidas por energia inanimada CIPOLLA 1973 apud SAES SAES 2013 A respeito da Revolução Industrial avalie as afirmações a seguir I Embora a Revolução Industrial em perspectiva ampla não se limite às transformações das técnicas de produção estas mudanças são centrais para a compreensão desse processo II A Revolução Industrial foi um acontecimento que teve a Inglaterra como local inicial da sua dinâmica de desenvolvimento III A indústria têxtilalgodoeiro tem um importante papel no processo da re volução industrial IV As condições de vida nas cidades industriais eram também bastantes tran quilas com alta qualidade de vida principalmente pelo conforto das mora dias em geral É correto apenas o que se afirma em a I e IV b II e III c III e IV d I II e III e I II e IV 94 2 O artesanato urbano representava uma forma de produção mercantil simples de um tipo sem classes camponês em que os instrumentos utilizados eram de propriedade dos artesãos Com a Revolução Industrial a máquina assume papel central Na perspectiva da transformação da esfera de produção avalie as afirma ções a seguir como V para verdadeiras e F para falsas I Cada produto do artesão é uma obra única pois depende de característi cas subjetivas que não se repetem em outro momento nem pelas mãos do próprio artesão II O produto artesanal é o resultado da combinação da habilidade e da ener gia do artesão com as ferramentas específicas de seu ofício III O propósito da máquina consiste em um mecanismo que procura reprodu zir os movimentos do artesão de forma automática e padronizada IV A máquina característica da Revolução Industrial é movida por energia hu mana ou energia animal a V F V e F b F V F e V c V V V e F d F F F e V e F F V e F 3 O termo capitalismo possui ampla circulação na fala popular e na obra histó rica dos últimos tempos Sobre esse modo de produção assinale a alterna tiva correta a O requisito histórico sob a concepção marxista de sistema capitalista é a concentração da propriedade dos meios de produção nas mãos de uma classe b Um sistema que está pautado na produção artesanal independente em que o artesão possui o controle da atividade produtiva c Para que se caracterize um sistema capitalista é fundamental apenas a pre sença de uma classe especializada de comerciantes ou financistas ou seja homens de posse d A fase inicial do sistema capitalista se dá na Dinamarca por volta dos anos 1550 e O primeiro momento do capitalismo é a Revolução Industrial 95 4 Identificamos no decorrer da unidade mudanças perceptíveis nos métodos e características da organização econômica as quais tomadas como um todo constitui um desenvolvimento do tipo daquele que descreveríamos como uma revolução industrial Apresente essas mudanças 5 Máquinas multidões cidades o persistente trinômio do progresso do fascínio e do medo O estranhamento do ser humano em meio ao mundo em que vive a sensação de ter sua vida organizada em obediência a um imperativo exterior e transcendente a ele mesmo embora por ele produzido BRESCIANI 1984 p 24 Discorra sobre as perdas diversas que o homem sofreu diante do contexto do século XIX 96 REVOLUÇÃO INGLESA Qual o significado da Revolução Inglesa Tratouse efetivamente de uma Revolução Es sas questões nortearam o estudo do historiador inglês L Stone um dos integrantes do grupo de historiadores ingleses de orientação marxista que se propôs a discutir ques tionar e repensar o marxismo a partir da década de 50 O estudo em questão publicado na coletânea Revoluciones y rebeliones de La Europa Moderna analisa as causas remotas próximas e os elementos que contribuíram para desencadear o processo revolucionário inglês do século XVII No trecho selecionado conclusão do estudo o autor comenta as especificidades e o significado da Revolução Inglesa O que caracteriza a Revolução Inglesa é o conteúdo intelectual dos diversos programas e atuações da oposição depois de 1640 Pela primeira vez na história um rei ungido foi julgado por faltar à palavra dada a seus súditos e decapitado em público sendo seu cargo abolido Aboliuse a Igreja estabelecida suas propriedades foram confiscadas e se proclamou e inclusive se exigiu uma tolerância religiosa bastante ampla para todas as formas do protestantismo Por um breve espaço de tempo e provavelmente pela primeira vez apareceu no cenário da história um grupo de homens que falavam de li berdade não de liberdades de igualdade não de privilégios de fraternidade não de submissão Estas idéias haveriam de viver e reviver em outras sociedades e em outras épocas Em 1647 o puritano John Davenport predisse com misteriosa exatidão que a luz que acabava de ser descoberta na Inglaterra jamais se extinguirá por completo apesar de eu suspeitar que durante algum tempo prevalecerão idéias contrárias Ainda que a revolução fracassasse aparentemente sobreviveram ideias de tolerância religiosa limitações do poder executivo central a respeito da liberdade pessoal das clas ses proprietárias e uma política baseada no consentimento de um setor muito amplo da sociedade Essas idéias reaparecerão nos escritos de John Locke e se consolidarão no sistema político dos reinados de Guilherme III e Ana com organizações partidárias bem desenvolvidas com a transferência de amplos poderes ao Parlamento com um Bill of Rights e um Toleration Act e com a existência de um eleitorado assombrosamente nu meroso ativo e articulado É precisamente por estas razões que a crise inglesa do século XVII pode aspirar a ser a primeira Grande Revolução na história mundial e portanto um acontecimento de importância fundamental na evolução da civilização ocidental Fonte Stone 1981 p120121 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR A revolução industrial Phyllis Deane Editora Zahar Sinopse Sinopse um ponto importante que se coloca quando tratamos da Revolução Industrial é desvendar as suas origens O livro acima publicado pela carioca Zahar em 1969 aborda essa e outras questões Comentário para entender o processo de transformação social é importante se aprofundar nos estudos sobre o que vem a ser conhecido como revolução industrial A autora nos proporciona uma análise detalhada sobre esse movimento dinâmico de metamorfose da história econômica Tempos Modernos Ano 1936 Sinopse essa obraprima cômica encontra o icónico vagabundo empregado em uma fábrica onde as máquinas inevitável e completamente o dominam e vários percalços o levam para a prisão Entre suas passagens pela prisão ele conhece e faz amizade com uma garota órfã Ambos juntos e separados tentam lidar com as difi culdades da vida moderna o vagabundo trabalhando como garçom e eventualmente um artista REFERÊNCIAS BRESCIANI M S M Metrópoles A face do Monstro Urbano as cidades no século XIX In Revista Brasileira de História São Paulo v 5 n 8 e 9 p 3568 1985 BRUE S História do Pensamento Econômico São Paulo Cengage Learning 2016 BURKE P Os Ingleses São Paulo Contexto 2016 Coleção Povos e Civilizações DEANE P A Revolução Industrial Rio de Janeiro Zahar 1975 DOBB M A evolução do capitalismo Rio de Janeiro Zahar Editores 1980 ARENDT H Da Revolução 2 ed São Paulo Ática 1990 HARARI Y N Sapiens Uma breve história da humanidade 7 ed Porto Alegre LPM 2015 HUNT E História do Pensamento Econômico Rio de Janeiro Campus1989 IORI C F A G O sentido oculto do valor do trabalho e sua implicação no setor bancário um estudo de caso para a cidade de MaringáPr e sua região metropolita na em 2000 a 2010 2014 Dissertação 140 f Mestrado em Desenvolvimento Regio nal e Agronegócio Universidade Estadual do Oeste do Paraná Toledo Paraná Dis ponível em httptedeunioestebrhandletede2187 Acesso em 7 mar 2018 MANDEL E O capitalismo tardio São Paulo Abril cultural 1982 MANTOUX P A Revolução Industrial no Século XVIII estudo sobre os primórdios da grande indústria moderna na Inglaterra São Paulo Hucitec 1957 MARX K O Capital Crítica da economia política 2 ed São Paulo Nova Cultural 1985 Livro 1 volume 2 MARX K O Capital Crítica da economia política Rio de Janeiro Civilização 1974 Livro 3 volume 6 MARQUES A M BERUTTI F FARIA R História contemporânea através de textos 12 ed São Paulo Contexto 2012 Coleção Textos e Documentos volume 5 MORAES L E História contemporânea da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial São Paulo Contexto 2017 REZENDE FILHO C B História Econômica Geral 9 ed São Paulo Contexto 2010 SAES F A M SAES A M História econômica geral São Paulo Saraiva 2013 SMITH A A riqueza das nações investigação sobre sua natureza e suas causas São Paulo Abril Cultural 1996 STONE L La Revolución Inglesa In FORSTER R GREENE J P Revoluciones y Rebe liones de La Europa Moderna Madri Alianza 1981 VILAR P A transição do capitalismo ao feudalismo In SANTIAGO T Org Capitalis mo Transição São Paulo Mora 1975 GABARITO 99 1 Alternativa d 2 Alternativa c 3 Alternativa a 4 1 aplicação sistemática e generalizada do moderno conhecimento científico e empírico ao processo de produção para o mercado 2 especialização da atividade econômica dirigida no sentido da produção para os mercados nacional e internacional ao invés de sêlo para consumo familiar ou paroquial 3 migração da população das comunidades rurais para as urbanas 4 expansão e despersonalização da unidade típica de produção de modo que passa a ser baseada menos na família ou tribo do que na empresa pública ou privada 5 movimento da força de trabalho das atividades relacionadas com a produção de bens primários para a produção de bens manufaturados e serviços 6 uso extensivo e intensivo de recursos financeiros como um substituto do es forço humano e como complemento deste 7 emergência de novas classes sociais e ocupacionais determinada pela pro priedade dos meios de produção que não a terra ou pela relação dessas classes com os referidos meios de produção principalmente o capital Esse contexto de metamorfoses interrelacionadas ao ocorrer simultaneamente constituem uma Revolução Industrial em que pese a associação de crescimento demográfico e aumento no volume anual de bens e serviços produzidos 5 A autora apresenta que o contexto do século XIX nos moldes da Revolução In dustrial vai resultar em sentimento de perdas diversas para o homem O merca do passa a ser o senhor O homem vai se deparar com situações paradoxais A começar pelo tempo que passa a ser o tempo da máquina Perda que implica a imposição de uma nova concepção do tempo abstrato linear uniformemente dividido a partir de uma convenção entre os homens medida de valor relacio nada à atividade do comerciante e às longas distâncias Tempo a ser produtiva mente aplicado que se define como tempo do patrão tempo do trabalho cuja representação aparece como imposição de uma instância captada pelo intelec to porém presa a uma lógica própria exterior ao homem que o subjuga Outra perda é no que tange à atividade de trabalho pois o homem passa a ser uma das engrenagens do sistema Ainda esse trabalhador vai levar uma vida agressi va nas cidades que se dá de forma brusca O lugar é o lugar do trabalho não o lugar de morar GABARITO UNIDADE III Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES CAPITALISTAS 18701913 Objetivos de Aprendizagem Conhecer a Grande Depressão do Século XIX Refletir a importância da Segunda Revolução Industrial Analisar o contexto histórico do capitalismo do século XIX Aprender sobre o capital monopolista Identificar a noção de imperialismo Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A Grande Depressão do Século XIX A Segunda Revolução Industrial Uma breve contextualização histórica do capitalismo e seu alargamento geográfico O capital monopolista Imperialismo INTRODUÇÃO A história econômica é marcada por crises É interessante notar que há uma clara distinção entre aquelas surgidas antes do crescimento capitalista e as que apon taram depois do referido sistema Em um primeiro momento do nosso estudo vamos aprender sobre a Grande Depressão do século XIX Você caroa aluno a poderá perceber que antes do século XVIII o tipo mais comum de crise era provocado pelo fracasso das colheitas pelas guerras ou por algum aconte cimento anormal como a escassez de alimentos e outros artigos necessários cujos preços se elevavam A crise que vamos conhecer que começou a existir com o advento do sis tema capitalista a Grande Depressão de 1873 não é devida a fatos anormais parece parte e parcela de nosso sistema econômico É caracterizada não pela escassez mas pela superabundância Nela os preços em vez de subirem caíram O segundo momento do nosso trabalho aponta um caráter intrinsecamente associado ao primeiro As inovações tecnológicas implementadas à época intro duziram novos materiais ou novas formas de preparar velhos materiais novas fontes de energia e mesmo novos produtos Tratase da Segunda Revolução Industrial A vida da população foi substancialmente modificada diante da intro dução de itens que passaram a fazer parte da vida cotidiana destacamos aqui o papel da indústria química A dinâmica transformadora em termos de velocidade e ordenamento da produção foi também responsável por permitir o desenvolvimento da indústria pesada e de bens de consumo duráveis Essas mudanças vieram acompanhadas de uma tentativa sistemática de se racionalizar a produção adotando métodos científicos na organização do trabalho As novas técnicas somadas às fontes de energia assim como os novos mate riais e novos bens de consumo foram se consolidando à dinâmica capitalista paralelamente à concentração do capital Daí o capitalismo monopolista e o imperialismo temas que finalizarão esta unidade e que possibilitarão a noção do que Lênin chamou de estágio superior do capitalismo Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 103 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 104 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX Para avançarmos no nosso conhecimento sobre o aspecto econômico da his tória geral optamos aqui pela abordagem cronológica Temos portanto o ano de 1873 como marco de uma crise econômica conhecida pelos analistas como Grande Depressão Essa dinâmica instável se estenderá em dimensão tempo ral até 1895 quando é inaugurada a idade do imperialismo A história é pontuada pela sequência de episódios que vão se costurando ao longo do tempo Nesse sentido a Grande Depressão perfaz a soma de várias crises representadas pelo Krash palavra alemã que representa derrocada da Bolsa de Viena 1873 e Lyon 1882 o pânico das estradas de ferro nos Estados Unidos 1884 a falência da companhia encarregada da construção do canal do Panamá na França 1889 a crise do banco Baring e a depressão do setor têxtil na Inglaterra 1890 a super construção de estradas de ferro e amplo financia mento de ferrovias levaram a uma nova crise 1893 com uma série de falências de bancos O ponto de partida já referenciado acima é o ano de 1873 considerado o marco inicial da Grande Depressão do Século XIX Saes e Saes 2013 atribuíram a utilização desse termo Grande Depressão aos contemporâneos para expres sar de modo particular a situação da economia britânica Essencialmente sua manifestação foi o declínio do nível de preços a deflação Ocorreu tanto em rela ção aos bens industriais quanto às matériasprimas e aos produtos alimentícios Os índices de preços de atacado na GrãBretanha indicam claramente esse movi mento descendente durante cerca de duas décadas O quadro abaixo apresenta os índices de preços por atacado A Grande Depressão do Século XIX Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 105 Quadro 1 GrãBretanha índices de preços por atacado 18711875 100 CARVÃO E METAIS FIBRAS TÊXTEIS PRODUTOS ANIMAIS GRÃOS AÇÚCAR CHÁ FUMO CAFÉ E CACAU ÍNDICE TOTAL 18711875 100 100 100 100 100 100 18761880 667 854 954 1026 902 92 18811885 607 769 837 986 751 835 18861890 615 665 677 848 568 706 18911895 636 603 660 846 537 683 Fonte Saul 1968 p 14 apud SAES SAES 2013 p 213 Embora haja alguma divergência entre os movimentos dos preços por atacado dos grupos de produtos considerados o sentido geral é de acentuada queda indi cando em média uma redução de cerca de 30 nos preços entre 1873 pico dos preços por atacado desde 1940 e 1896 ano em que o índice inicia novo período de elevação A adesão de vários países ao padrãoouro como veremos adiante promoveu razoável solidariedade do movimento dos preços no plano internacio nal fazendo com que a Grande Depressão expressa pelo declínio generalizado dos preços se manifestasse de modo bastante amplo Redução do ritmo do crescimento do produto declínio da taxa de juros aumento dos salários reais e redução dos lucros são algumas das variáveis que acompanharam o declínio dos preços Toda fase de industrialização é feita de movimentos cíclicos prosperidades e quebras por crise Tratavase de um período de crise que por sua vez apresentou sua maior expressividade na GrãBretanha A taxa de crescimento da produção industrial britânica declinou da média anual de 32 entre 1847 e 1873 e para 17 entre 1873 e 1900 Nesses mesmos períodos o salário real teve aumento anual médio de 06 e de 12 índice referente aos trabalhadores de Londres ou de 11 para 13 englobando maior número de trabalhadores britânicos ROSTOW 1948 p 8 apud SAES SAES 2013 p 214 A conciliação do declí nio dos preços o aumento do salário real e paralelamente a redução do ritmo de crescimento da produção industrial impactou nos lucros de modo a ter uma participação menor na renda industrial e na renda nacional A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 106 Quadro 2 Lucros e renda industrialnacional LUCROSRENDA INDUSTRIAL LUCROSRENDA NACIONAL 18701874 477 294 18751879 443 261 18801884 426 257 18851889 422 252 18901894 378 227 Fonte Saul 1969 p 42 apud SAES SAES 2013 p 213 Os contornos gerais da Grande Depressão podem ser delineados a partir da apresentação da situação da GrãBretanha É relevante destacar que a produ ção apresentou um crescimento reduzido diante de seu comportamento prévio Em busca dos motivos dessa instabilidade em fins do século XIX verificouse uma crise com prolongado declínio dos preços Diferente do que se conhecia até então em que os desequilíbrios eram caracterizados por serem explosivos e menos duradouros causados principalmente por más colheitas e ausência de produtos no mercado gerando fome e miséria e canalizando o descontenta mento das massas Não há consenso sobre o motivo principal o que podemos concluir desse ponto da linha do tempo é que a Grande Depressão do século XIX representa um momento peculiar na história do capitalismo visto que revela alguns aspec tos importantes da dinâmica da economia capitalista que estão interligados 1 a crescente concentração das atividades produtivas em grandes unidades de pro dução que favoreceu a adoção de práticas monopolistas 2 a tendência anterior 1 foi reforçada pelas inovações tecnológicas implementadas à época no que se convencionou chamar de Segunda Revolução Industrial Na sequência vamos abordar este último aspecto como explicativa para o primeiro que merecerá uma abordagem mais detalhada A Segunda Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 107 A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A força motriz carrega consigo o caráter verdadeiramente revolucionário do pro cesso apreendido acerca da revolução industrial A partir desse movimento o homem se tornou independente das forças da natureza para realizar suas tare fas produtivas A partir da segunda metade do século XIX inaugurouse uma dinâmica representada por um novo conjunto de inovações técnicas estendida a vários países Isso ampliou muito a área central da economiamundo e esta beleceu uma competição acirrada sobretudo entre a França Holanda Bélgica Itália e Alemanha Esse conjunto de inovações é denominado segundo Rezende Filho 2010 como Segunda Revolução Industrial O que foi propriamente a Segunda Revolução Industrial Por se tratar da segunda decidimos identificar e reiterar o que foi a primeira Como tratamos anteriormente uma nova forma de energia o vapor representou na primeira revolução industrial o rompimento das limitações físicas impostas pela energia humana e as restrições de localização impostas pela energia hidráulica dada a necessidade de a fábrica estar próxima ao curso dágua A produção da indús tria têxtil foi radicalmente modificada pelo vapor acoplado às máquinas Na sequência foi a energia utilizada para impulsionar as locomotivas das estra das de ferro O carvão como combustível para a produção de vapor e o ferro material crescentemente utilizado na fabricação de máquinas e equipamentos ferroviários caracterizaram de forma extremamente simplificada juntamente com a conjuntura apresentada o quadro da Primeira Revolução Industrial A Segunda Revolução Industrial apresentou novos bens de consumo que passa ram a fazer parte do dia a dia da sociedade A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 108 O movimento da Segunda Revolução Industrial trouxe profundas altera ções ao sistema econômico capitalista Rezende Filho 2010 p 145 analisa essa metamorfose como uma mudança estrutural e organizacional que leva a ordem do capital da infância para a adolescência Dos produtos dominantes durante a Revolução Industrial Inglesa apenas a estrada de ferro continuou recebendo um notável impulso ampliandose continuamente O ferro deixou de ser um produto indus trializado para se transformar em matériaprima para o aço O vapor de água foi substituído pela eletricidade e pelo petróleo como fonte de energia A indústria química permitiu a crescente independência in dustrial das matériasprimas naturais A fábrica conheceu seu apogeu com a introdução da linha de produção O capital concentrouse em es cala jamais imaginada A ciência tornouse matéria auxiliar da técnica E a administração dos negócios adquiriu caráter científico REZENDE FILHO 2010 p 145 Na Unidade II vimos que a introdução da máquina a vapor por James Watt propôs um novo mecanismo de propulsão que tinha auto nomia com relação à força humana ou à força dos animais Até aqui não há novidade No entanto muito além da técnica per se Revolução Industrial mencionada na Unidade II estamos diante de um traço notável de um capitalismo amadurecido Isso porque o progresso técnico é um elemento do mundo econômico e com a chegada da força a vapor foram abolidos os limites anteriores à complexidade e tamanho da maquinaria e magnitude das operações que esta podia executar Ainda assim se você caroa alunoa leu a unidade anterior deve estar se perguntando cadê a novidade Diferentes processos técnicos viabilizaram a produção comercial de aço material conhecido anteriormente mas que até então apresentava custo ele vado e qualidade insatisfatória O quadro 3 em destaque a seguir mostra alguns nomes importantes no setor produtivo da chamada Segunda Revolução Industrial A Segunda Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 109 Quadro 3 Alguns avanços da Segunda Revolução Industrial e seus responsáveis ALGUNS AVANÇOS DA SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SEUS RESPONSÁVEIS NO CIRCUITO DA PRODUÇÃO 1856 Henry Bessemer Por sua resistência e por seu baixo custo de produção o aço logo suplantou o ferro transformandose no me tal básico de confecção de instrumentos e utilitários 1864 SiemensMartin O processo de SiemensMartin também designado processo de soleira aberta consiste em um processo para a obtenção de aço idealizado pelo metalurgista francês Pierre Martin e desenvolvido pelo engenheiro e físico Wilhelm Siemens 18231883 Resultou da adaptação de um tipo de forno regenerativo a gás inventado pelo irmão de Wilhelm o também enge nheiro Friedrich Siemens 18261904 e utilizado na fabricação do vidro 1873 Gottieb Daimler Daimler se aliou a Wilhehm Maybach na Alemanha e depois de muitas pesquisas e estudos sobre o ciclo de motores de quatro tempos obteve em 1876 a primei ra patente européia para esse tipo de motor Já no ano seguinte esse modelo revolucionário de motor estava pronto e em funcionamento 1878 Thomas Gilchrist Em 1878 Sidney Gilchrist Thomas e Percy Gilchrist inventaram o Blaenavon Bessemer Basics ou proces so de Thomas que foi de importância mundial no pro cesso de licenciamento de minérios de ferro fosfórico para ser usado na produção de aço em massa A escala de produção expandida os produtos de ferro de Blaenavon e as qualificações da sua força de trabalho continuam a ser exportados em todo o mundo Gran de Pit foi afundado para servir os novos trabalhos e o novo assentamento de Forgeside foi construído A população da freguesia de Blaenavon que tinha sido minúscula antes da siderurgia ser construída tinha crescido para 11452 em 1891 1880 Gottieb Daimler e Karl Benz Ambos nascidos na Alemanha Daimler e Benz desen volveram o automóvel em paralelo sem nenhuma influência de um invento sobre o outro Fonte adaptado de Peinado e Graeml 2007 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 110 O aço substituiu o ferro em várias utilizações como na construção civil em tri lhos em máquinas etc A proporção dessa mudança implicou conforme Rezende Filho 2010 em um aumento da produção de aço entre 1880 e 1913 em quinze vezes na Alemanha e mais de dezessete vezes nos Estados Unidos e nesse caso a GrãBretanha perdeu a liderança A Segunda Revolução Industrial modificou o dia a dia das pessoas à medida que bens de consumo como telefone gramofone lâmpada elétrica bicicleta pneus máquina de escrever radiotelegrafia entre outros foram se tornando importantes Com o dinamismo econômico oriundo dessas invenções o tempo foi revelando que esses bens passaram a ser imprescindíveis na satisfação material da sociedade No que tange ao campo da energia a substituição do vapor pela eletrici dade e pelo petróleo representou avanço sem precedentes Cabe aqui a ênfase na transformação que a indústria química ocasionou na época A partir de sua instalação as matériasprimas puderam ser produzidas artificial e sinteticamente tornando o homem independente da natureza Países que não possuem jazidas de determinados produtos ou cuja condi ção geoclimática não permite o cultivo de plantas tintoriais podem agora graças à indústria química criar esses produtos artificialmente Anilinas ácidos tecidos e corantes sintéticos alcalóides explosivos essências me dicamentos e plásticos são produzidos em grandes volumes por essa nova indústria que imita a natureza REZENDE FILHO 2010 p 147 Em certa medida a revolução da técnica adquiriu até um ímpeto cumulativo próprio em que cada avanço da máquina tendia a trazer em consequência uma especializa ção maior das unidades da equipe humana que a operava E a divisão do trabalho simplificando os movimentos individuais facilitava ainda outras invenções pelas quais esses movimentos simplificados eram imitados por uma máquina IORI 2014 A modificação da vida das pessoas a partir da Segunda Revolução Industrial com a introdução de novos bens de consumo é em parte explicativa em relação às mudanças profundas na organização do sistema econômico principalmente na dimensão temporal dos anos 18701913 Outro elemento fundamental a ser reconhecido é a concentração de capital Rezende Filho 2010 atribui ao aparecimento da indústria química e a adoção da linha de montagem como pro vocadores de uma das principais características da Segunda Revolução Industrial a mudança na composição do capital A Segunda Revolução Industrial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 111 Para que as grandes empresas se consolidassem eram necessários e são até hoje grandes aportes de capital Nesse contexto as novas indústrias encontra ram no setor bancário seu ponto de apoio Os custos envolvidos na implantação das indústrias químicas e das empresas com linha de montagem envolviam um longo tempo necessário para retorno do investimento De tal forma prolifera ram as sociedades anônimas com a associação de capitais Destarte as duas últimas décadas do século XIX encontram nos bancos o exercício do controle majoritário sobre vastos complexos industriais sem terem vínculos diretos com as atividades produtivas A esse novo tipo de empresa capi talista denominado holding somase também outra alteração na composição do capital que tende a se tornar cada vez mais monopolista A essa tendência cumulativa juntaramse duas outras a primeira no sentido de uma produtividade crescente da força de trabalho e portanto dada a esta bilidade ou pelo menos a nenhum aumento comparável de salários reais um fundo cada vez maior de maisvalia do qual se derivava uma nova acumulação de capital a segunda no sentido de uma concentração cada vez maior da pro dução e da propriedade do capital Esta última tendência filha da complexidade crescente do equipamento técnico é que preparou terreno para outra transfor mação crucial na estrutura da indústria capitalista e gerou o capitalismo de corporação monopolista em grande escala da era atual DOBB 1980 p 270 A Segunda revolução industrial foi acompanhada por uma tentativa de racio nalizar a produção para aumentar a produtividade Dessa forma as empresas passaram a adotar métodos científicos na organização do trabalho dentro da fábrica como o taylorismofordismo De maneira muito sucinta essa metodo logia visava acima de tudo ao maior controle sobre o operariado pois interferia diretamente no tempo de trabalho e na forma de organização Um ritmo intenso de trabalho que resulta na competitividade entre os trabalhadores As mudanças introduzidas por Taylor e Ford simbolizadas respectiva mente no cronômetro e na esteira rolante não foram meras inovações tecnológicas mas verdadeiras revoluções de ordem administrativa e gerencial pois colocou a ciência da administração a serviço não do aumento da produção e da produtividade mas sim do poder dos capi talistas SECCO 1998 p 55 apud CURSO NACIONAL 2018 online A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 112 As novas técnicas e fontes de energia bem como os novos materiais e novos bens de consumo caracterizados pela Segunda revolução industrial paralelamente à concentração do capital foram a base para o surgimento e consolidação de gran des empresas Precisamente dentro do período 18701913 ocorreram mudanças fundamentais no capitalismo que entendemos ser importante contextualizálas o que se dará na sequência UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO CAPITALISMO E SEU ALARGAMENTO GEOGRÁFICO O capitalismo ao longo de sua existência apresentou como constitutivos ele mentares a mobilidade e a transformação Em outras palavras o sistema se movimentou movimentase e se transformou transformase graças ao rápido e intenso desenvolvimento de forças produtivas que é a sua marca No curso do capitalismo o estágio inicial é representado pelo grupo social dos comerciantesmercadores Nesse movimento os grupos mercantis acumu laram grandes capitais comerciais Unidade I Na segunda metade do século XVIII o capitalismo ingressa em um novo estágio evolutivo Esse caminho está estreitamente relacionado com mudanças políticas e técnicas organizando a produção por meio da grande indústria que conforme Netto e Braz 2012 foi um processo que culminou na subsunção real do trabalho Se tomarmos como base a partir de 1780 temos a configuração do estágio do capitalismo conhecido por capitalismo concorrencial também chamado de liberal ou clássico que perdurou até o último terço do século XIX Essa distância temporal de cerca de cem anos consolidou o capitalismo nos principais países da Europa Ocidental O capitalismo concorrencial sustentado pela grande indústria criou o mer cado mundial os países mais avançados lembrese que a liderança estava com a Inglaterra nesse período buscaram matériasprimas nos rincões mais afastados do globo e inundaram todas as latitudes com as suas mercadorias produzidas em Uma Breve Contextualização Histórica do Capitalismo e seu Alargamento Geográfico Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 113 larga escala Lobo 1973 considera que nos fins do século XIX poucas eram as nações ocidentais que não adotaram o regime representativo e que talvez não existia nenhuma em que a legislação não favorecesse amplamente a livre con corrência base e condição do capitalismo liberal A produção e a distribuição de riquezas por todo o planeta passaram a depen der estreitamente do que se sabe e se providencia nas concentrações comerciais mais ricas e nas regiões mais aparelhadas Com isso firmouse um dos aspectos que caracterizam a era capitalista a saber o mercado mundial isto é a interde pendência e o profundo entrosamento de todos os mercados com predomínio de organizações bem estruturadas de âmbito internacional e das nações mais desenvolvidas O alargamento da base geográfica da economia mundial se dá na fase mono polista demonstrando a expansão das relações capitalistas para novas áreas do globo na Europa América do Norte e Japão O poderio da Inglaterra se desva neceu como uma potência capitalista O cenário internacional do capitalismo se revelou pela conquista da hegemonia dos grandes grupos econômicos em seus respectivos Estados Daí um elemento contraditório que é o protecionismo visto que países como Estados Unidos Alemanha e Japão por exemplo passaram a adotar política interna garantindo a expansão de suas relações comerciais Neste período firmaramse no cenário internacional do capitalismo como novas grandes potências a ameaçar e a efetivamente provocar danos ao poderio imperialista inglês os Estados Unidos após a Guer ra de Secessão a Alemanha findas as lutas pela unificação e o Japão após a chamada Revolução Meiji processos históricos estes responsá veis pela conquista da hegemonia dos grandes grupos econômicos ca pitalistas em seus respectivos Estados levando tais países a adotarem internamente uma política econômica homogênea em todo o território nacional que garantia a expansão das relações capitalistas já na fase monopolista da produção CURSO NACIONAL 2018 online Aprendemos na unidade anterior que os processos revolucionários da história do capitalismo estiveram sempre associados a um crescimento demográfico e um aumento no volume anual de bens e serviços produzidos No processo das disputas imperialistas contados a partir de 1870 esse elemento também esteve presente paralelamente à significativa transformação na forma de organização da empresa capitalista como consequência do processo de concentração de capital A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 114 Você aprenderá mais sobre isso no próximo tópico mas podemos adiantar que o retraimento do mercado de livre concorrência deu origem a diferentes tipos de concentração e integração de empresas tais como consórcios cartéis trus tes e holdings De forma ampla a figura 1 nos apresenta o cenário da organização do capital Concorrência desenfreada entre as empresas associada às crises sucessivas e à pressão por melhores salários e condições de trabalho exercida pelo crescente movimento operário Absorção ou eliminação das indústrias pelas suas concorrentes mais fortes ou hábeis Monopolização e oligopolização do capital A concentração e a centralização do capital eram sinônimos de uma acumulação capitalista operada com um número cada vez menor de detentores de capital resultando ao mesmo tempo na diminuição do número de empresas e no aumento do tamanho médio das suas plantas Figura 1 Cenário da organização do capital Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 Para que possamos entender melhor esse movimento capitalista o tópico a seguir abordará de forma sistemática o tema do capital monopolista O CAPITAL MONOPOLISTA A história dos monopólios é caracterizada principalmente por três fases temporais considera os anos de 18001880 como ponto culminante do desenvolvimento da livre concorrência em que os monopólios são embriões dificilmente perceptíveis O Capital Monopolista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 115 após a crise de 1873 apresentase o desenvolvimento dos cartéis em que pese de forma excepcional com caráter transitório por fim a expansão do fim do século XIX e crise de 19001903 quando os cartéis se tornaram uma das bases de toda a vida econômica O capitalismo se transformou em imperialismo LÊNIN 1982 p 22 Desde as últimas décadas do século XIX o capitalismo vivenciou profun das transformações entrando no que Lênin designou como fase superior o imperialismo A fase superior do capitalismo se caracteriza por uma série de peculiaridades que só tomadas em conjunto podem dar a compreensão da essên cia do imperialismo O sistema capitalista potencializou sua expansão face à sua capacidade de aliar crescentemente a maisvalia absoluta e relativa O acentuado processo de concentração e centralização do capital favoreceu o surgimento da grande empresa e da estrutura oligopólica que iria tornar rígidos os mecanis mos de funcionamento dos mercados MATTOSO 1993 A propriedade capitalista sobre os meios de produção e como consequên cia a classe dos trabalhadores assalariados são elementos já reconhecidos por nós como constitutivos da base econômica da sociedade burguesa No entanto o imperialismo se apresenta como uma fase qualitativamente nova da forma socioeconômica capitalista Para Lênin 1982 a definição de imperialismo grosso modo está associada à fase monopolista do capitalismo Tratase de uma transformação pelo capital sobre as formas da propriedade e do modo de explo ração do trabalho O motivo dessa metamorfose é principalmente o progresso da ciência e da técnica O que mudou na transição do capitalismo de livre concorrência ao imperia lismo clássico foi a articulação específica das relações de produção e troca entre os países metropolitanos e as nações subdesenvolvidas Iori 2014 nos apresenta que a dominação do capital estrangeiro sobre a acumulação local de capital na maioria das vezes associada à dominação política passou a submeter o desenvol vimento econômico local aos interesses da burguesia nos países metropolitanos Não era mais a artilharia leve de mercadorias baratas que agora bombardeava os países subdesenvolvidos mas a artilharia pesada do controle das reservas de capital MANDEL 1982 p 37 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 116 Paralelamente à industrialização nos países mais avançados economicamente encontravase a abertura comercial das áreas subdesenvolvidas que modifica ram o mundo do final do século XIX em diante A futura Alemanha unificada em 1871 e os Estados Unidos logo se tornaram economias industriais compa ráveis à Inglaterra abrindo áreas como pradarias norteamericanas os pampas sulame ricanos e as estepes da Rússia para a agricultura quebrando com es quadras de guerra a objeção da China e do Japão ao comércio exterior Criavamse assim as condições para a formação de economias depen dentes do capital monopolista dedicadas centralmente à exportação de produtos minerais e agrícolas CURSO NACIONAL 2018 online A partir do desenvolvimento desigual da acumulação de capital da composição orgânica do capital da taxa de mais valia e da produtividade do trabalho conside rada em escala mundial formase a imagem de um sistema imperialista conforme Mandel 1982 Devido à dinâmica do desenvolvimento do capitalismo de livre concorrência em seu auge caracterizase uma fase particular do capitalismo A sofisticação tecnológica foi particularmente relevante pois somente as fábricas de grande porte se beneficiaram dos mais novos e eficientes métodos de produção Como consequência a concorrência foi eliminando as empresas menores Um caminho possível e efetivo pelos concorrentes mais poderosos em vez de exterminar uns aos outros era a formação de cartéis trustes ou a fusão para assegurar sobrevivência A era de ouro do capitalismo de livre concorrência foi caracterizada pela vertiginosa amplificação econômica em toda a Europa Assim como pelo fortalecimento da ordem burguesa nos principais Estados europeus A pau ta das exportações significativa participação dos bens de capital ingleses apresentava uma estatística de acréscimo de 11 para 22 como os produ tos carvão ferro e aço que experimentaram crescimento considerável Entre 1830 e 1850 a Inglaterra viveu a fase do boom ferroviário quando foram construídos cerca de dez mil quilômetros de estradas de ferro provocando aumento vertiginoso na produção e no consumo de ferro aço e carvão Fonte adaptado de Beaud 1987 O Capital Monopolista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 117 Dentro dessa abordagem é fundamental apresentar que o século XX marca o ponto de partida de mudança em que o antigo capitalismo deu lugar ao novo e que o domínio do capital financeiro substitui o domínio do capital em geral O processo que direcionou a livre concorrência para a concentração e centralização de capitais ocorreu tanto nas empresas industriais quanto nos bancos As pequenas instituições financeiras foram se integrando em fortes corporações financeiras Isso gerou impacto no capital industrial o qual pre cisou se associar com o capital bancário diante da necessidade de créditos e também objetivando a formação de sociedades anônimas por ações Temos aqui o formato do capital financeiro que passava a influir diretamente na vida das empresas comprando e vendendo ações promovendo fusões e associações entre os grupos empresariais e influenciando junto aos Estados nas diretri zes das políticas econômicas adotadas A fusão do capital bancário antes tipicamente um capital usurário voltado a conceder empréstimos para financiamentos com o capital produtivo propicia grande desen volvimento do sistema de crédito o que vem também a favorecer de forma extraordinária a exportação do capitaldinheiro em larga escala CURSO NACIONAL 2018 online Em outras palavras os bancos passaram a representar não mais um mero inter mediário figurante do sistema mas sim um capitalista detentor de capital industrial E a sociedade anônima por ações ou corporação revelouse um cami nho eficaz que proporcionava a uma organização financeira assumir controle sobre vultosas quantidades de capital Os cartéis caracterizam acordos sobre as condições de venda trocas etc Repartem os mercados entre si Determinam a quantidade dos produtos a fabricar Fixam os preços Os trustes referemse à estrutura empresarial em que várias empresas que já detêm a maior parte de um mercado se ajustam ou se fundem para assegurar o controle estabelecendo preços altos para obter maior margem de lucro Fonte adaptado de Lênin 1982 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 118 A combinação de concentração econômica e racionalização empresa rial ou na terminologia americana que agora começa a definir estilos globais trustes e administração científica Ambos eram tentativas de ampliar as margens de lucro comprimidos pela concorrência e pela queda de preços MANDEL 1982 p 232 Com a passagem para o capitalismo monopolista concretizase a plena expan são da interligação capitalista no campo A Europa continental já sentia que a antiga estrutura précapitalista pautada no atendimento às necessidades de con sumo dos produtores estava convergindo para a produção de mercadorias O objetivo é o lucro Essa é a essência do sistema E a produção passa a ter como foco a realização e a multiplicação dessa vantagem comercial Com a acumulação do capital e o desenvolvimento das forças produtivas esti mulada pela concorrência intercapitalista ampliouse a massa de riqueza nas mãos do capitalista e deuse o processo de concentração de capital Esse processo acu mulativo estimula e ao mesmo tempo é estimulado por inovações tecnológicas na medida em que estas permitem aos capitalistas a redução dos seus custos Netto e Braz 2012 sugerem que a inovação é um recurso do capitalista na concorrência com seus pares Propositadamente a dinâmica da acumulação e do desenvolvi mento tecnológico está intimamente relacionada à elevação orgânica do capital Grandes massas de capital são capazes de implementar empreendimentos que envolvem elevada composição orgânica de capital Destarte a tendência do capi tal em seu movimento digase excludente é de concentrarse A forma utilizada é redundante na ousadia de ser objetiva mais capital é necessário para produzir mais maisvalia Assim os grandes capitalistas acumulam uma massa de capi tal cada vez maior Isso é capitalismo magis do latim mais mais e sempre mais A centralização do capital é outra tendência da dinâmica da acumulação capitalista Tratase do aumento do capital pela fusão de vários outros capitais Realizase pela união de capitais já existentes Expressase pelos cartéis trustes e a formação de holdings Costa 1986 define o agrupamento de monopólios que produz mercadorias semelhantes como cartel Os proprietários desses monopólios estabelecem entre si um acordo de preços a partir de um patamar mínimo partilham os mercados de venda determinando as condições de contratação de força de trabalho etc O obje tivo é o lucro máximo para cada componente mantida a independência de produção O Capital Monopolista Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 119 e comercialização das mercadorias Para o autor os trustes ao contrário dos cartéis perdem a independência da produção e comercialização das mercadorias passando a obedecer uma direção única uma companhia especial a holding Os donos das empresas que aderirem ao truste convertemse em acionistas deste com direitos proporcionais ao capital investido As grandes possibilidades financeiras permitem ao truste criar empresas industriais gigantescas que asseguram o monopólio da pro dução em todas as fases Um exemplo atual de holding é a Itaúsa Investimentos S A que até a finalização desse trabalho controlava empresas atuantes em diver sas áreas como os setores financeiros indústrias de química eletrônica painéis de madeira louças e metais sanitários Concentração e centralização operando em conjunto promovem os mono pólios Isso se dá tanto no âmbito da produção industrial quanto nos setores bancário e comercial O setor bancário de forma mais intensa do que no comércio responde pela constituição de um número reduzido de poderosíssimos banqueiros A relação entre os bancos e a indústria passou a apresentar um estreita mento provocado pelo acirramento da concorrência intercapitalista O crédito de capital passava a ser utilizado como poderosa arma na luta pela eliminação de concorrentes e para a centralização de capitais O crédito que em seus começos deslizavase e recatadamente insinuavase como tímido auxiliar da acumula ção atraindo e aglutinando em mãos de capitalistas individuais ou associados por meio de uma rede de fios invisíveis O dinheiro disseminado em grandes ou pequenas massas pela superfície da sociedade logo se revela como uma arma nova e temível no campo de batalha da concorrência e termina por se converter em um gigantesco mecanismo social de centralização de capitais IORI 2014 O resultado de foi uma alteração no impulso principal da tendência capita lista à expansão a exportação de bens de consumo para regiões précapitalistas deu lugar à exportação de capitais e de artigos comprados com esses capitais especialmente vias férreas locomotivas e instalações portuárias isto é aparelha mento infraestrutural para simplificar e baratear a exportação de matériasprimas produzidas com o capital metropolitano Pari passu a concentração cada vez maior do capital e a compreensão desse processo de crise fruto do próprio cres cimento estrutural do sistema apresentase como o que Lênin 1982 p 641 chamou de capitalismo monopolista A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 120 Nessa circunstância generalizase a formação da sociedade por ações que passariam a ser a forma dominante de organização das empresas nas áreas dos bancos da indústria da mineração dos transportes etc Assim as empresas indi viduais ou adotavam essa forma de organização ou iam sendo eliminadas na luta intercapitalista Conforme Oliveira 2003 nesse processo de centralização de capitais de fusões combinações entre outros os bancos passavam a assumir um papel central dada a sua posição estratégica de monopolizadores de crédito Essa noção é fundamental para o entendimento dos assuntos que estão por vir O processo de centralização de capitais permitia exigia o surgimento de plan tas produtivas gigantescas A disponibilidade concentrada de crédito de capital era condição para que as escalas de produção pudessem crescer celeremente e por sua vez as enormes plantas produtivas que surgiam constituíam poderosa arma para centralização de capitais pois com suas economias de escala podiam liquidar as empresas menores O progressivo aumento das escalas de produção exigiam gigantescos montantes de capitais centralizados para que novos inves timentos pudessem ser realizados e desse modo começava a tornar remota a possibilidade da formação de novos capitais individuais que concorressem com os capitais já em função IORI 2014 Esses fenômenos aos quais às vezes nos referimos como a Segunda Revolução Industrial já detalhado anteriormente eram parte integrante da guinada de um capitalismo caracterizado por pequenas unidades competitivas para outro em que a cena industrial e financeira é dominada por grandes concentrações de poderio econômico MAGDOFF 1978 p 27 A referência à Segunda Revolução Industrial por parte de Magdoff 1978 foi com base no desenvolvimento tecnológico e industrial que poucos países alcançaram como os EUA Japão e Alemanha Desses países o que apresentou a mais rápida monopolização das indústrias foi os EUA Até 1870 a indús tria NorteAmericana processava produtos agrícolas por meio de pequenas empresas que compravam matériaprima local e na mesma região vendiam sua produção Com o desenvolvimento da tecnologia no final do século XIX os grandes negócios foram incorporados na indústria e no comércio concentrando o capital nas mãos de corporações que cresceram pela junção de várias empre sas menores Essas corporações passaram a utilizar redes próprias para venda Imperialismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 121 e marketing elevando muito o ganho possibilitando a aquisição das fontes de matériasprimas Segundo o autor a economia dos negócios tornarase indus trial As indústrias mais importantes eram dominadas por algumas fi rmas que se haviam tornado imensas empresas centralizadas e verticalmente integradas MAGDOFF 1978 p 29 O processo de monopolização do capital não avançava na mesma velocidade e intensidade nos diferentes países já industrializados Na Alemanha os mono pólios bem como as diversas formas de associação industrial difundiramse mais rapidamente do que nos outros países europeus e os cartéis foram o prin cipal tipo de associação chegando a monopolizar no início do século XX todos os setores importantes da economia Conforme Beaud 1987 p 72 a indústria química foi dominada pelos sucessores do consórcio I G Farbenindustrie na indústria de construções mecânicas houve o do mínio dos consórcios Mannesmann e Klöckner na produção de aço dos trustes FlickTh yssen e outros Na indústria de guerra pontifi cou o consórcio metalúrgico Vickers na indústria química o truste quími co Imperial Chemical Industries eno monopólio do petróleo a Royal DutchShell Os grandes monopólios detinham igualmente o predo mínio nas fi nanças e no comércio IMPERIALISMO A noção de imperialismo conforme Saes e Saes 2013 apareceu no século XIX em conexão com a expansão territorial das principais potências europeias e em especial com o chamado neocolonia lismo o amplo movimento de conquista e criação de colônias em vastas áreas do mundo sobretudo na África e Ásia no fi nal do século Fonte Wikimedia Commons 2018 online¹ A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 122 O termo Imperialismo se fortaleceu no desfecho do século XIX A constitui ção de impérios era a política que predominava como ação de várias potências europeias e ainda dos Estados Unidos e Japão Destarte o modo de expressar essa política colonial consoante à forma de análises dessa realidade de forma crítica constituise em Imperialismo Nas palavras de Saes e Saes 2013 p 294 assim as noções de império e Imperialismo ficaram associadas à do minação que um Estado exerce sobre outro Estado ou nação Por isso o imperialismo foi identificado antes de mais nada com a expansão colonial do final do século XIX Uma síntese dos principais domínios coloniais e de sua abrangência pode ser visualizada no Quadro 4 a seguir Quadro 4 Impérios coloniais do mundo 1914 NÚMERO DE COLÔNIAS SUPERFICÍE MIL KM2 SUPERFÍCIE MIL KM2 POPULAÇÃO MILHARES POPULAÇÃO MILHARES Metrópoles Colônias Metrópoles Colônias Reino Unido 55 310 30901 46053 391583 França 29 532 10550 30602 62350 Alemanha 10 536 3158 64926 13075 Bélgica 1 28 2335 7571 15000 Portugal 8 90 2063 5960 9680 Holanda 8 33 1957 6102 37410 Itália 4 285 1516 32239 1396 EUA 6 7766 323 98781 10021 Fonte Friedlander e Oser 1957 apud SAES SAES 2013 p 296 Para Lênin revolucionário e chefe de Estado Russo o Imperialismo não se caracteriza apenas como a formação de impérios por meio de conquistas de colônias e sim como um novo e peculiar estágio de desenvolvimento do capitalismo Fonte Saes e Saes 2013 p 84 Imperialismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 123 Saes e Saes 2013 nos apresentam que a grande potência colonial era a Inglaterra que englobava tipos variados de territórios se a Índia era a jóia da coroa somando grande área e população as colônias brancas mas semiindepen dentes como Canadá Austrália e Nova Zelândia contavam com a enorme área do império colonial britânico A França como a GrãBretanha controlava um território colonial muito maior do que o da metrópole abrigando uma popula ção também bastante superior Já os extensos territórios coloniais alemães não comportavam população tão densa A Bélgica cujo território metropolitano é muito limitado tinha em sua única colônia o Congo área muito superior à área da metrópole e o dobro da população metropolitana A Holanda mantivera colônias bastante populosas na região asiática Já Portugal tinha na África em específico Angola e Moçambique suas principais áreas coloniais A Itália teve uma aventura colonial de pouco sucesso E para os Estados Unidos a área colo nial tinha reduzida expressão Cabe aqui uma reflexão quais foram as causas que teriam estimulado as principais nações industrializadas a promoverem a anexação de amplos terri tórios ultramarinos Nos países colonizadores foram apresentadas à época algumas justifi cativas para o domínio de povos atrasados Por exemplo atribuíase às nações desenvolvidas e brancas o dever de transmitir aos povos atrasados as conquistas da civilização europeia Sob uma aparência hu manitária estava implícito nesse dever a noção de que as raças bran cas europeias deveriam dominar os povos atrasados em razão de sua superioridade física intelectual e cultural Razões de ordem religio sa também foram levantadas levar o cristianismo aos povos da África e da Ásia era uma missão a ser cumprida pelos europeus Embora não se possa atribuir aos missionários uma pressão efetiva para a expansão colonial é inegável que a possibilidade de ampliar sua área de ação de pendia da conquista de novos territórios SAES SAES 2013 p 296 As transformações da produção industrial nas últimas décadas do século XIX criaram a necessidade de fontes de novas matériasprimas e insumos industriais muitos deles encontrados nas áreas que foram objeto de colonização ou em áreas formalmente livres porém fortemente ligadas às áreas industriais Por exemplo o petróleo embora explorado na época principalmente nos Estados Unidos e na Rússia já tinha um atrativo importante nas reservas do Oriente Médio A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 124 Temos aqui um possível fator explicativo da ordem econômica para entender o Imperialismo Consoante ao evidente desejo de vários países se afirmarem como potências mundiais davase a emergência e a consolidação no final do século XIX dos novos países industriais em condições de com petir com a GrãBretanha Este aspecto político do colonialismo no final do século XIX permite entender porque colônias que tinham muito pouco a oferecer em termos econômicos às metrópoles foram mantidas como tal por longos períodos Muito mais relevante era a conhecida prática de oferecer aos eleitores a glória muito mais que reformas onerosas e o que há de mais glorioso que conquistas de territórios exóticos e raças de pele escura sobretu do quando normalmente era barato dominálos De forma mais geral o imperialismo encorajou as massas e sobretudo as potencialmente descontentes a se identificarem ao Estado e à nação imperiais outor gando assim inconscientemente ao sistema político e social represen tado por esse Estado justificação e legitimidade HOBSBAWM 1988 p105106 A busca de campo de investimento em países independentes porém não industrializados sugere que o impulso para a expansão externa das principais potências industriais não se limitava à conquista de colônias Por isso a análise do Imperialismo na perspectiva econômica não deve se restringir ao colo nialismo é importante uma visão ampliada da economia mundial do período Nesse sentido é preciso investigar as razões econômicas que ao lado das outras ordens sustentaram a expansão externa das economias industrializadas do final do século XIX e início do século XX Nesse panorama é importante que você seja apresentado às polêmicas a res peito do Imperialismo entre os marxistas Podemos citar aqui Rosa Luxemburgo e Lênin Para eles o imperialismo expressava a crescente dificuldade do capitalismo em manter as condições para a acumulação de capital Para Rosa Luxemburgo as contradições do desenvolvimento do capitalismo levariam inevitavelmente à sua destruição Lênin mais propriamente via o Imperialismo como capita lismo de transição ou mais propriamente de capitalismo agonizante Lênin 1982 p 69 Imperialismo Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 125 As polêmicas em torno do Imperialismo refletem em grande medida em um momento crítico na história do capitalismo do qual a Primeira Guerra Mundial é expressão notória e no movimento socialista veja a Leitura Complementar Se de início a noção de imperialismo se associou à criação dos Impérios coloniais a seguir ganhou conotação mais ampla e polêmica procurou rela cionar o impulso para a expansão das grandes potências com as características mais gerais de sua economia e sociedade Nacionalismo protecionismo colo nialismo exportação de capitais e concentração do capital são elementos que de certo modo condicionaram as relações entre as potências europeias ao fim do século XIX em um ambiente de crescente conflito entre elas o que culmina na deflagração da Primeira Guerra Mundial Assunto da nossa próxima unidade As duas tentativas frustradas mas significativas de alternativa ao capitalis mo foram a de Bela Kun na Hungria em 191819 e a revolta spartakista ale mã em 1919 Desde então revoluções socialistas têm ocorrido apenas em áreas periféricas como China em 1949 Sudeste Asiático a partir de 1954 Cuba em 1959 e países africanos na década de 1970 Fonte Rezende Filho 2010 p 242 A GRANDE DEPRESSÃO DO SÉCULO XIX A SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 III U N I D A D E 126 CONSIDERAÇÕES FINAIS O que se tornou conhecido como a Grande Depressão iniciada em 1873 caroa alunoa foi motivo do primeiro tópico do nosso trabalho Tratase de uma dimensão temporal que foi interrompida por surtos de recuperação e continu ada em meados da década de 1890 O relevante é que esse momento passou a ser encarado como um divisor de águas entre dois estágios do capitalismo aquele inicial e vigoroso próspero e cheio de otimismo aventureiro e o posterior mais embaraçado hesitante e obscuro A possibilidade de crise no capitalismo nasce da produção desordenada e do fato de que a extensão do consumo pressuposição necessária da acumulação capitalista entra em contradição com outra condição a da realização do lucro Tal contradição insanável fez com que o capital buscasse compensála por meio da expansão do campo externo da produção isto é da ampliação constante do mercado Mesmo tendo pois testemunhado o efeito drástico da concorrência na redu ção de preços e margens de lucro os homens de negócios mostravam simpatia cada maior por medidas pelas quais a concorrência pudesse ser restringida tal como o mercado protegido ou privilegiado e o acordo de preços e produção Essa maior preocupação com os perigos da concorrência sem barreiras veio em uma época na qual a crescente concentração da produção principalmente na indús tria pesada lançava os alicerces de uma centralização maior da propriedade e do controle da política dos negócios Essa indústria nascente estava totalmente pautada nas características da chamada Segunda Revolução Industrial Entendemos portanto que os últimos 20 anos do século XIX e o começo do século XX foram marcados por uma preocupação que faz lembrar o mercanti lismo dos séculos anteriores as esferas privilegiadas de investimento no exterior Consideramos essa apreensão como uma marca distintiva de um período que terá como traço dominante o capitalismo maduro impelido pela necessidade de encontrar novas extensões no campo de investimento 127 1 Os anos 18731896 foram caracterizados sob o ponto de vista da história eco nômica como o período da Grande Depressão Como se manifestou esse processo histórico 2 A possibilidade de transformação do capitalismo se assentou sobre uma nova onda de inovações tecnológicas conhecida como Segunda Revolução Indus trial Tratase de um novo conjunto de inovações que trouxe profundas altera ções ao sistema econômico mudando sua organização e es trutura Uma característica muito relevante da Segunda Revolução Industrial é o seu caráter Visto que a tornouse matéria au xiliar da técnica E a administração dos negócios adquiriu um caráter científico Ainda é necessário destacar o papel da indústria que produziu um forte impacto nas relações homemnatureza Diante do texto exposto na sequência preencha as lacunas com as palavras que melhor se adequam ao texto a socialista humanitário intuição petrolífera b feudal humano ciência armamentista c escravista impreciso sabedoria siderúrgica d capitalista científico ciência química e capitalista linear história madeireira 3 O capitalismo concorrencial sustentado pela grande indústria criará o merca do mundial Diante desse contexto discorra sobre a dinâmica do alarga mento da base geográfica dentro do sistema capitalista 128 4 Concentração do capital e Segunda Revolução Industrial novas técnicas e fon tes de energia novos materiais e novos bens de consumo foram a base para o surgimento e consolidação de grandes empresas muitas delas sobrevivem até hoje Sobre essa dinâmica avalie as afirmações a seguir I No período de 18701913 ocorreram mudanças fundamentais no capitalis mo entre elas o liberalismo econômico e a distribuição do capital no mer cado mundial II A introdução de inovações técnicas no processo produtivo nesse período desequilibrou a relação custo de produçãopreço de venda pelo aumento da produtividade III A concentração de capital já era visível no começo do século XIX a Segunda Revolução Industrial por sua vez reafirma esse processo É correto o que se afirma em a I apenas b II apenas c I e III apenas d II e III apenas e I II e III 5 Em um espaço de rivalidades nacionais a ação concreta do imperialismo se apresenta Discorra sobre a noção de Imperialismo 129 A partir de finais do século XVIII quando a segurança da velha economia artesã teve seu fim por conta da Revolução Industrial apareceram as primeiras críticas à atuação do então sistema capitalista Os ataques se dirigiram principalmente à exploração que a ordem econômica vigente submetia as classes operárias propondo algumas soluções alternativas baseadas na cooperação entre as classes Nesse sentido apresentamse aqueles que defendiam o socialismo Vamos omitir aqui muito do que pode fazer parte dessa temática para não corrermos o risco de adentrar na História do Pensamento Econômico É necessário contudo apresentar os diversos tipos de socialismo Socialismo utópico Socialismo de Estado Socialismo cristão Anarquis mo Comunismo Revisionismo Sindicalismo Socialismo da guilda Socialismo marxista Vamos nos deter brevemente na lógica marxista na qual a Revolução Socialista deveria ocorrer onde o capitalismo fosse mais desenvolvido onde suas contradições internas estivessem mais acirradas o que na época da elaboração teórica identificava a Ingla terra No entanto a primeira revolução socialista se deu no elo mais fraco da cadeia capitalista a Rússia conforme a definição de Lênin As implicações foram profundas em termos de sociedade de transição que veio a surgir A primeira Revolução Socialista ocorreu graças a um golpe político em uma área periférica pouco industrializada a Rússia houve a necessidade de se construir condições para o socialismo recorrendo inclusive ao reforço de certos elemen tos capitalistas Isto implicou uma readaptação teórica dos postulados marxistas que passaram a ser conhecidos como marxismo leninismo de Lênin nome de Guerra de Vladimir Ilitch Ulianov líder do Partido Comunista Russo de 1917 a 1924 REZENDE FILHO 2010 p 243 Tratar de História Econômica Geral é o trabalho constante de entender como os homens se organizaram materialmente ao longo do tempo isso já é sabido por nós Por entender que o modo capitalista de produção se dinamiza e também modificase mas que prevalece no nosso recorte temporal de estudo é que ousamos omitir muitas informações importantíssimas sobre a dimensão cronológica entre 19171949 em que a Rússia União Soviética a partir de 1922 foi o único país não capitalista do mundo Foi a Primeira Guerra Mundial que levou a economia russa ao colapso impondolhe uma demanda e ritmo que ela se mostrou incapaz de atender A tal ponto foi a situação russa que foi necessário fazer concessões ao sistema capitalista como disse Lênin dar um passo para trás para poder dar dois passos para frente Nesse caminhar vamos conhecer sobre o contexto mundial e a sua Primeira Guerra na próxima unidade Por razão da nossa limitação de apresentação didática fica o conselho para você caroa alunoa busque a leitura complementar ao contexto que envolve a Revolução Russa e a constituição da Economia Soviética Assista às aulas ao vivo e os vídeos complementares Certamente seu entendimento acerca do sistema capitalista será agregado com o conhecimento acerca dessa temática que foi chamada por Rezen de Filho 2010 de alternativa ao capitalismo Bons estudos MATERIAL COMPLEMENTAR Imperialismo Global teorias e consensos Flávio Bezerra de Farias Editora Cortez Sinopse Este livro critica as teorias do imperialismo global na sua confi guração atual Aborda essa experiência tanto para orientar a práxis de resistência quanto para encontrar uma alternativa àquela confi guração socioeconômica opressora como uma totalidade concreta O fi o condutor de uma iniciativa tão ampla e profunda reside em desmistifi car e superar as ideologias e as estratégias consensuais e integracionistas que erigiram autoritariamente um sistema positivista e naturalizado diante da dinâmica de autoemancipação das massas exploradas dominadas e humilhadas nos contextos nacionais continentais e globais O jardineiro fi el Ano 2005 Sinopse O reservado diplomata britânico Justin Quayle se muda para o Quênia com sua adorável jovem esposa Tessa uma ativista pela justiça social Quando Tessa é encontrada morta no deserto as circunstâncias apontam para seu amigo Dr Arnold Bluhm mas é logo esclarecido que ele não é o assassino De luto e zangado Justin se prepara para descobrir a verdade por trás do assassinato e no processo ele desenterra algumas revelações perturbadoras REFERÊNCIAS BEAUD M História do Capitalismo de 1500 até nossos dias São Paulo Brasilien se 1987 COSTA E Imperialismo São Paulo Global 1986 CURSO NACIONAL de Formação Política do Partido Comunista Brasileiro Disponível em httpwwwpcborgbrportaldocshistoria1apdf Acesso em 12 fev 2018 DOBB M H A evolução do capitalismo Rio de Janeiro Zahar 1980 HOBSBAWM E A Era dos Impérios 18751914 Rio de Janeiro Paz e Terra 1988 IORI C F A G O sentido oculto do valor do trabalho e sua implicação no setor bancário um estudo de caso para a cidade de MaringáPr e sua região metropolita na em 2000 a 2010 2014 140 f Dissertação Mestrado em Desenvolvimento Regio nal e Agronegócio Universidade Estadual do Oeste do Paraná Toledo 2014 Dis ponível em httptedeunioestebrhandletede2187 Acesso em 12 mar 2018 LÊNIN V I Imperialismo fase superior do capitalismo São Paulo Global 1982 LOBO R H História econômica geral e do Brasil São Paulo Atlas 1973 MAGDOFF H A Era do Imperialismo São Paulo HUCITEC 1978 MANDEL E O Capitalismo Tardio São Paulo Abril Cultural 1982 MATTOSO J E Trabalho e Desigualdade Social no final do século XX 1993 Tese Doutorado em Economia Instituto de Economia Universidade Estadual de Cam pinas Campinas 1993 NETTO JP BRAZ M Economia política uma introdução crítica 8 ed São Paulo Cortez 2012 Coleção Biblioteca Básica de Serviço Social OLIVEIRA C A B Processo de industrialização do capitalismo originário ao atra sado São Paulo UNESP UNICAMP 2003 Disponível em httplivros01livrosgratis combrup000037pdf Acesso em 13 mar 2018 PEINADO J GRAEML A R Administração da produção operações industriais e de serviços Curitiba UnicenP 2007 REZENDE FILHO C B História Econômica Geral 9 ed São Paulo Contexto 2010 SAES F A M SAES A M História econômica geral São Paulo Saraiva 2013 REFERÊNCIA ONLINE ¹Em httpscommonswikimediaorgwikiFileIMGCDB82Caricaturasobrecon ferenciadeBerlC3ADn1885jpguselangptbr Acesso em 13 mar 2018 131 GABARITO GABARITO 1 Essencialmente a manifestação da Grande Depressão foi o declínio do nível de preços 2 Alternativa d 3 Os países mais avançados lembrese que nesse período a liderança estava com a Inglaterra buscaram matériasprimas nos rincões mais afastados do globo e inundaram todas as latitudes com as suas mercadorias produzidas em larga es cala Lobo 1973 considera que em fins do século XIX poucas eram as nações ocidentais em que não se adotara o regime representativo e talvez não existisse nenhuma em que a legislação não favorecesse amplamente a livre concorrência base e condição do capitalismo liberal A produção e a distribuição de riquezas por todo o planeta passaram a depender estreitamente do que se sabia e provi denciava nas concentrações comerciais mais ricas e nas regiões mais bem apare lhadas Com isso firmouse um dos aspectos que caracterizam a era capitalista a saber o mercado mundial isto é a interdependência e o profundo entrosamen to de todos os mercados com predomínio de bem estruturadas organizações de âmbito internacional e das nações mais desenvolvidas O alargamento da base geográfica da economia mundial se deu na fase monopolista demonstrando a expansão das relações capitalistas para novas áreas do globo na Europa Améri ca do Norte e Japão 4 Alternativa d 5 A noção de imperialismo conforme Saes e Saes 2013 apareceu no século XIX em conexão com a expansão territorial das principais potências europeias e em especial com o chamado neocolonialismo o amplo movimento de conquista e criação de colônias em vastas áreas do mundo sobretudo na África e Ásia no final do século UNIDADE IV Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Objetivos de Aprendizagem Conhecer os aspectos da Primeira Guerra Mundial Refletir sobre os impactos do pósguerra Aprender sobre o desempenho da economia na década de 1920 Aprender sobre a queda da bolsa de 1929 e a Grande Depressão Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade A Primeira Guerra Mundial O pósguerra A Economia mundial e os anos 20 A Grande Depressão 19291933 INTRODUÇÃO Olá queridoa aluno a Você está lendo o material de forma sequencial Se por ventura você está conhecendo a História Econômica Geral de forma a contem plar pontos históricos diferentes não tem problema Saiba que nesta Unidade IV você vai conhecer as razões de ordem econômica que levaram à Primeira Guerra Mundial Se me permite um conselho eu diria para se atentar a alguns elementos da Unidade III Por quê A eclosão desse momento de lutas está intrin secamente relacionada com as questões do capital monopolista Assim na primeira parte desta unidade você será apresentado às questões que envolvem as disputas coloniais De modo que analisaremos a divisão da Europa em dois blocos opostos de grandes nações a GrãBretanha vai perce ber que o inimigo que apresentava tendência expansionista era na verdade a Alemanha e não a França e a Rússia Os Estados Unidos entraram na guerra em 1917 a fim de fornecer apoio aos aliados com reforço militar armamentista e financeiro Em quatro anos de guerra foram os norteamericanos os beneficiários em termos econômicos Muito embora você possa apreender que as vidas humanas perdidas bem como a incapacitação de outras tantas impactou não somente a natureza humana da sociedade mas também em termos econômicos diante da redução da força de trabalho no pósguerra Ainda será motivo do nosso estudo como se comportou a economia mundial na década seguinte a Primeira Guerra episódio que Hobsbawm 1995 considera como o primeiro evento da história em que efetivamente houve um conflito de extensão mundial Economicamente a Alemanha conheceu nesse tempo a des valorização da sua moeda de maneira assombrosa o período hiperinflacionário Por fim a queda da bolsa em 1929 e o sequente processo de Grande Depressão vieram assolar o mundo Ficará certamente evidente que nessa dimensão tem poral o mundo já está integrado pois a crise que começou em 1929 nos Estados Unidos impacta todo o globo negativamente Você é meu convidadoa especial nessa caminhada Bons estudos Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 135 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 136 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL O nosso estudo está objetivado na atividade humana em suas múltiplas dimen sões na perspectiva da mudança ao longo do tempo Em outras palavras você está trilhando o caminho caroa leitora que discorre sobre os fatos sociais Até aqui você já deve ter percebido que estamos costurando os episódios e formando conjunturas gradativamente Isso exige muito cuidado e dedicação sobretudo neste ponto que chegamos Concordamos com Sondhaus 2013 que a Primeira Guerra Mundial e o acordo de paz que pôs fim a ela constituíram uma revolução global Foram questões além das relacionadas a fronteiras e ter ritórios Imperialismo tratado na unidade anterior A guerra também viria revolucionar as relações de poder dentro das sociedades europeias Não podemos perder de vista que o nosso trabalho envolve a descrição de como os homens se esforçaram e se esforçam ao longo dos séculos para satisfa zer as necessidades materiais conforme abordado na Unidade I Nesse sentido qual a perspectiva econômica da Primeira Guerra Mundial Para Rezende Filho 2010 p 188 embora haja uma série de motivos políticos ideológicos que tenham levado as nações européias à formação de dois blocos antagônicos de alianças militares as razões subjacentes da Primeira Guerra Mundial 19141918 foram de ordem econômica E implicaram em um impacto no sistema capita lista de forma brutal Mais especificamente a busca agressiva por mercados de investimentos privilegiados e o enorme crescimento econômico da Alemanha que ameaçava transformála na potência hegemônica europeia forneceram as razões primárias para o que Rezende 2010 denomina de guerra para uma redi visão de mercados em nível mundial A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 137 Você poderá ver no mapa logo a seguir o destaque para Belgrado capital da Sérvia Tratase do marco da Primeira Guerra Mundial oois na tarde de 28 de julho de 1914 a artilharia austrohúngara começou a bombardear Belgrado Estamos diante de um momento de instabilidade política que de todas as crises internacionais da história nenhuma foi alvo de escrutínio mais meticuloso ou de maior número de análises acadê micas do que a crise de julho de 1914 que começou com o assas sinato do arquiduque Francisco Ferdinando em Sarajevo em 28 de junho e culminou em um troca de declarações de guerra entre as grandes potências a partir de 1º de agosto Assim que o conflito teve início os governos de cada país buscaram reunir um registro das maquinações diplomáticas que defendiam ou justificavam suas ações e colocavam a culpa em outrem o Império AustroHúngaro contra a Sérvia a Rússia contra o Império AustroHúngaro a Alemanha con tra a Rússia a França e a GrãBretanha contra a Alemanha Por sua vez os historiadores começaram a analisar a Crise de Julho enquanto a guerra ainda estava em andamento desencadeando um longo de bate ainda em vigor mesmo no centenário do conflito Os volumes de documentos diplomáticos e os milhares de estudos publicados em dezenas de línguas ao longo das décadas seguintes contribuíram para a compreensão geral da deflagração da guerra mas ao mesmo tempo obscureceram alguns dos elementos centrais da Crise de Ju lho a guerra começou em primeiro lugar por causa da Sérvia um pequeno e ambicioso país que até certo ponto se tornara refém de elementos nocivos em suas forças armadas e que na busca de seus próprios objetivos nacionais inflamou todo o continente duas das potências mais fracas ÁustriaHungria e Rússia se comportaram com determinação pouco característica enraizada em suas próprias dúvidas acerca de seu futuro status como grandes potências os líde res austrohúngaros e alemães tinham noções incompatíveis sobre a guerra que desejavam os alemães fazendo e conseguindo o que queriam às custas de seus aliados e por fim os líderes franceses embora de início não desejassem a guerra viram a Crise de Julho se desdobrar de tal maneira que acabou propiciandolhes uma guerra sob as circunstâncias que consideravam as mais favoráveis SON DHAUS 2013 p 55 Essa narração dos fatos contribuem para nossa dimensão históricogeográ fica do momento vivido pelos europeus do início da Primeira Guerra Mundial A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 138 IMPÉRIO RUSSO AUSTRIA HUNGRIA ALEMANHA FRANÇA GRÃBRETANHA BÉLGICA Países bálticos BELGRADO Figura 1 Belgrado marco da Primeira Guerra Mundial Fonte adaptado de Sondhaus 2013 Para Hobsbawm 1995 p 31 a Primeira Guerra Mundial envolveu a totalidade das grandes potências Isso impactou na cotidianidade de milhares de vidas O fato é que por quatro anos as principais nações europeias se enfrentaram em uma guerra sem tréguas da qual participaram também o Japão e os Estados Unidos a partir de 1917 Todas as dependências coloniais se envolveram nesse enfrentamento que terminou com a distinção entre civis e militares além de ter provocado enormes perdas humanas Em Saes e Saes 2013 obtemos alguns números nesse sentido e aquilo que vai além das perdas humanas ocasionadas nos campos de batalha A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 139 Quadro 1 Números da Primeira Guerra Mundial PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL Aproximadamente 9 milhões entre civis e militares mortos Aproximadamente 7 milhões se tornaram incapacitados permanentemente Aproximadamente 15 milhões sofreram ferimentos de maior ou menor gravidade As mortes de civis em decorrência da guerra embo ra difíceis de determinar com precisão foram eleva das vítimas do conflito militar de fome e inanição ou de doenças também morreram aos milhões estimase cerca de 5 milhões para a Europa exclu sive a Rússia e um total de 16 milhões para a Rús sia incluindo militares e civis envolvidos na guerra na revolução e na guerra civil Adicionando a esses dados ainda a estimativa do déficit de nascimen tos decorrentes da guerra Saes e Saes atribuem à Aldcroft os dados em termos de perda populacio nal entre 1914 e 1921 incluindo mortes e redução da natalidade na ordem de 50 a 60 milhões ALD CROFT 2001 p 68 apud SAES SAES 2013 p 323 Fonte autora Além do sofrimento humano economicamente é fundamental apresentar a pers pectiva de Rezende Filho 2010 p 188 sobre a desorganização do comércio internacional Esta provocou destruição sem precedentes deslocou a área cen tral do sistema capitalista da Europa para os Estados Unidos e causou o colapso dos Impérios Russo onde se procura desde 1917 uma alternativa ao capitalismo e dos multirraciais AustroHúngaro e Otomano A Primeira Guerra Mundial foi um verdadeiro divisor de águas o mundo nunca mais será o mesmo depois dela e as raízes tanto da depressão da dé cada de 1930 quanto da Segunda Guerra Mundial podem ser encontradas na forma como os vencedores notadamente da Inglaterra e França impu seram a paz aos vencidos particularmente à Alemanha Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 140 Carlo alunoa as questões militares fogem ao escopo do nosso material Contudo o modo como o mundo se transformará economicamente está totalmente vin culado com a Primeira Guerra Mundial Portanto apresentaremos de forma esquemática uma configuração desse marco da história econômica geral Ao visualizar a figura 2 podemos observar a dinâmica da Primeira Guerra Mundial Primeira Guerra Mundial 1ª fase Guerra de Movimentos 2ª fase Guerra das Trincheiras Vitória dos aliados 3ª fase regresso à Guerra de Movimentos Novo Mapa Político Mundial Conferência de paz Tratado de Versalhes Sociedade das nações Supremacia americana Figura 2 Esquema da dinâmica da Primeira Guerra Mundial Fonte adaptado de Sondhaus 2013 A primeira fase 19141915 é caracterizada pela movimentação das tropas e expansão territorial do conflito A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 141 Figura 3 Multidão de alemães animados com a declaração da Primeira Guerra Mundial em agosto de 1914 em Berlim Na segunda fase da guerra 19151917 a Alemanha invadiu a Bélgica e ten tou invadir a França No entanto a França conteve o avanço dos alemães com ajuda da GrãBretanha Os alemães construíram trincheiras para aguardar uma nova oportunidade de ataque em setembro de 1915 Na terceira fase os Estados Unidos entraram na guerra após ter seus navios comerciais afundados pelos ale mães 1917 Além do que o país americano temia que a Inglaterra e a França perdessem a guerra e não pudessem pagar as dívidas assumidas Na figura 3 uma fotografia alemã de Berlim podemos observar que a alegria e o entusiasmo foram as marcas das manifestações nas capitais das grandes potências europeias após a declaração de guerra em agosto de 1914 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 142 Se o quadro 1 apresenta um esquema do conflito sob uma perspectiva tem poral a figura 4 visa demonstrar a abordagem econômica Primeira Guerra Mundial Origens da 1ª Guerra Mundial Fortes rivalidades internacionais Atentado de Saravejo 28 de junho de 2914 Novo Mapa Político Fim da Supremacia européia Eclosão da 1ª Guerra Mundial 19141918 Concorrência econômica Intensifcação dos nacionalismos Política de alianças Tríplice Aliança 1882 Alemanha Império AustroHúngaro e a Itália Tríplice Entente 1904 Inglaterra França e Rússia Figura 4 Abordagem econômica da Primeira Guerra Mundial Fonte autora O capital monopolista protagonizou em um cenário econômico anterior à Primeira Guerra Mundial juntamente com os trustes e cartéis como apresentamos na Unidade III no cenário europeu dos anos 1890 Isso porque novas tecnologias encareceram o processo produtivo E o Estado se tornou um aliado da inicia tiva privada com sua pesada intervenção na economia Embora já saibamos dessa conjuntura das últimas décadas do século XIX nessa contextualização podemos identificar o sentimento impregnado pelo nacionalismo e marcado A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 143 pela concorrência imperialista A figura 4 contribui para evidenciar as ori gens da guerra por conta da disputa de mercados em que a Alemanha se sentiu ameaçada por uma coalizão de potências que teria à frente da França O povo germânico representado por Bismarck estadista alemão referenciado por chan celer de ferro e feridos pela perda de AlsáciaLorena arquitetou isolar a França MORAES 2017 p 156 A combinação entre um vibrante nacionalismo e do darwinismosocial da época resultou em uma integração de ideologia de guerra em que a segurança da nação e sua sobrevivência não dependeriam mais de acordos e tratados que reintroduzissem o equilíbrio ou a estabilidade perdida A segurança só seria alcançada se o outro fosse reduzido à impotência absoluta ou mesmo eliminado MORAES 2017 p 160 Para demonstrar a política mundial na dimensão temporal da Primeira Guerra a figura 5 apresenta o mapa desse quadro institucional vigente no qual as rela ções entre os países era de tensão permanente e no qual blocos de alianças vão se consolidando e se expandindo Foi no século XIX que o mundo conheceu Charles Darwin por meio da sua Teoria da Seleção Natural A partir daí temos o darwinismo grupo social que dá vida ao darwinismo Hull chama de entidade histórica no sentido de ser entendida como a história de um sistema conceitual que se desen volve no espaço e no tempo os darwinistas A complexidade e a estrutura do trabalho é de tamanha significância científica que propagouse o Darwi nismo Social As ideias evolucionistas aplicadas como instrumento de aná lise social A partir dos princípios do social darwinismo ganhou força uma teoria política fundada na ideia de que a relação entre as nações é impulsio nada por sua luta pela sobrevivência em um mundo de recursos limitados Isso fez com que a preparação para a guerra fosse considerada o objetivo maior dos Estados Fonte adaptado de Moraes 2013 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 144 Figura 5 Europa em blocos Fonte Moraes 2017 p 163 É relevante expor o crescente papel que o Estado passa a desempenhar no orde namento da atividade econômica nesse contexto Os preparativos bélicos dos diversos países envolvidos estavam prati camente prontos Desde 1910 viviase na Europa uma situação de paz armada Os preparativos de ordem econômica no entanto eram ine xistentes pois pensavase que a guerra seria de curta duração Os alia dos Inglaterra França e Rússia esperavam que os recursos alemães logo se esgotariam enquanto estes e seus aliados ÁustriaHungria e Império Otomano apostavam em uma rápida vitória através de uma fulminante ofensiva contra a França Já em fi ns de 1914 no entanto o confl ito engolfara praticamente todos os continentes e transformarase em uma luta econômica entre os aliados e o bloco alemão obrigando o Estado a intervir na economia a fi m de assegurar alguma possibilidade de vitória REZENDE FILHO 2010 p 189 A paz armada pode ser entendida como o período de desenvolvimento da indústria bélica pelas grandes potências europeias à espera de uma guerra A Primeira Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 145 A maximização da produtividade por meio da mobilização de todos os fatores produtivos nacionais era a estratégia predominante para o que Rezende Filho 2010 denomina de economia de guerra Sobretudo a partir de 1915 a artima nha utilizada pelos países aliados é sufocar o bloco alemão mediante um bloqueio total ao seu comércio exterior O caminho encontrado para a retaliação alemã é o bloqueio da Rússia nos mares Báltico e Negro e principalmente impedir o tráfico marítimo inglês por meio da guerra submarina Os países procuram se tornar autossuficientes fazendo com que se produza uma notável aceleração na produção em massa na mecanização industrial na centralização das empresas na emissão monetária e no controle do Estado sobre a economia como um todo Esse impacto no comércio exterior alemão apresentou uma queda nas expor tações de mais de 30 e as importações caíram além de 60 do que eram em 1913 Apesar de seu crescente intercâmbio com os países neutros como Holanda Dinamarca Suécia e Itália até 1915 quando se agrupa aos aliados o diri gismo estatal é precoce Em 1914 o país germânico efetuou uma política de direcionamento das matériasprimas para a indústria de armamentos organizou a exploração nos territórios ocupados incentivou a descoberta de novos méto dos produtivos e principalmente desenvolveu a utilização de substitutos para as matériasprimas mais raras apoiado na enorme indústria química alemã Harari 2015 p n351 descreve com clareza esse contexto Durante a Primeira Guerra Mundial a Alemanha foi submetida a um bloqueio e sofreu escassez severa de matériasprimas em particular o salitre um ingrediente essencial para a fabricação de pólvora e outros explosivos Os depósitos mais importantes de salitre ficavam no Chile e na Índia não havia nenhum na Alemanha É verdade o salitre podia ser substituído pela amônia mas esta também era cara de se produ zir Felizmente para os alemães um de seus concidadãos um químico judeu chamado Fritz Haber havia descoberto em 1908 um processo para produzir amônia literalmente do ar Quando a guerra eclodiu os alemães usaram a descoberta de Haber para começar a produção in dustrial de explosivos usando o ar como matériaprima Alguns acadê micos acreditam que se não fosse pela descoberta de Haber a Alema nha teria sido forçada a se render muito antes de novembro de 1918 A descoberta rendeu a Haber que durante a guerra também foi pioneiro no uso de gás venenoso em batalha um prêmio Nobel em 1918 De química e não da paz A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 146 O esforço de guerra tanto alemão quanto austríaco baseavase totalmente em suas próprias indústrias e capacidade tecnológica A Alemanha adaptou sua enorme indústria química e suas indústrias de engenharia para a produção de explosivos propulsores detonadores obuses munições e armamentos Os franceses e ingleses por sua vez viramse obrigados a expandir suas indústrias bélicas constataram que grande parte de seus recursos industriais estava obsoleta além de carecer de toda uma gama de indústrias mais moder nas Antes da guerra dependiam totalmente da Alemanha quanto aos produtos químicos De acordo com Rezende Filho 2010 produtos como anilinas dro gas sintéticas e materiais para processamento fotográficos exemplificam essa relação visto que justamente as fábricas que produziam esses produtos pode riam facilmente passar a produzir explosivos Destarte a Inglaterra teve de criar uma indústria química a partir do nada baseada em patentes alemãs apreen didas Também com relação a gêneros mais sofisticados da Segunda Revolução Industrial como rolamentos magnetos velas de ignição máquinas fotográfi cas e aparelhos ópticos Inglaterra e França eram parcialmente dependentes de importações alemãs Encontramos em Harari 2015 p 271 sobre o casamento da ciência e da guerra para atender a ordem do sistema econômico Quando a Primeira Guerra Mundial se transformou em uma guerra de trincheiras interminável ambos os lados convocaram cientistas para sair do impasse e salvar a nação Os homens de branco atenderam o chamado e dos laboratórios saiu um fluxo constante de novas superar mas aeronaves de combate gás venenoso tanques submarinos me tralhadoras peças de artilharia rifles e bombas cada vez mais eficazes Como efeito dessa necessidade material observase em relação à produção especializada da Suíça Suécia e principalmente dos Estados Unidos o elo de dependência cada vez maior por parte da Inglaterra e da França Galbraith 1988 p76 afirma que o próprio Ministério das Munições britânico reco nhece isso em duas passagens Durante a primeira parte de 1915 de fato os fornecedores ultramarinos assumiram uma posição de maior importância uma vez que o Ministério da Guerra se viu forçado a depender deles para o grosso dos suprimentos de obuses exigidos pela campanha de 1916 e A Grã Bretanha dependia praticamente dos Estados Unidos para obter material para fabricação de propulsores para uma vasta proporção de seu material explosivo O PósGuerra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 147 Dependia consideravelmente dos Estados Unidos para obter aço para obuses e outros tipos de aço para máquinasferramentas Em pouco tempo os Estados Unidos assumiram um caráter de importância vital para o esforço de guerra dos aliados Inverteram sua posição de tomadores de empréstimos de capital europeu para a posição de maiores credores da Europa e experimentaram um enorme impulso em sua produção industrial O PÓSGUERRA Neste ponto caro aluno a você está diante de um elemento crucial na his tória econômica o fato histórico em 1917 da entrada dos Estados Unidos no conflito A Europa perdera sua posição hegemônica para o país americano Em novembro de 1918 marcase a vitória da Entente forçando os países da Aliança a assinarem a rendição Os derrotados tiveram de assinar o Tratado de Versalhes A Alemanha sofreu grandes perdas de territórios e colônias AlsáciaLorena para a França e Prússia Ocidental e Posnânia para a Polônia além de ter de ressarcir todos os danos provocados pela guerra A contribuição de Rezende Filho 2010 é relevante para o entendimento do desen volvimento econômico mundial pois a forma como esses encargos foram impos tos à Alemanha marcaram toda a trajetória econômica da década de 1920 sendo a grande responsável pelo mais forte abalo que o capi talismo sofreu a depressão da década de 1930 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 148 O fim da Primeira Guerra Mundial em 1918 deixou como legado uma série de efeitos sobre a economia mundocapitalista conforme a figura a seguir apresenta Europa perdeu sua posição hegemônica para os Estados Unidos que se viam credores da incrível soma de mais de 4 bilhões de dólares Aldcroft 2001 p 68 apud Saes 2013 p 323 admite a perda total de população entre 1914 e 1921 incluindo mortes e redução da natalidade foi da ordem de 50 a 60 milhões O Japão foi um grande benefciário do confito acumulando uma reserva em ouro no valor de 183 milhões de libras esterlinas Sua produção industrial ocupou os mercados que os países europeus eram incapazes de suprir adequadamente Desorganização do comércio internacional face às enormes perdas das marinhas mercantes Vários países periféricos viramse obrigados a iniciar um processo incipiente de industrialização como o Brasil por exemplo com ênfase nos têxteis substituiva das importações A contribuição das colônias para o esforço de guerra aliado foi substancial o que levou suas elites à convicção de que alguma forma de autogoverno seria nelas permitido A Rússia desde novembro de 1917 estava sob o governo bolchevique que declarou nula todas as obrigações contraídas pelos governos anteriores empréstimos fnanciamentos etc Havia uma convicção geral entre os aliados de que as Potências Centrais particularmente a Alemanha pagariam pelos colossais danos que a guerra causara a fm de restaurar a antiga prosperidade européia Quando o mundo procurava recobrar fôlego para se dedicar à tarefa de sua re construção econômica ocorreu um surto epidêmico Foi provocado por um ví rus só identificado em 1933 denominado de gripe espanhola registrando mais vítimas fatais que a guerra de 19141918 Tendo seu auge em 1919 a epidemia alastrouse pelo mundo todo causando cerca de 27 milhões de mortes A maio ria delas ocorreu na África Índia e China e nas regiões européias muito devas tadas pela guerra que abrigavam populações carentes de alimentos e medica mentos no que foi chamado com propriedade as sobras da colheita da guerra Fonte Rezende Filho 2010 p 196 O PósGuerra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 149 Europa perdeu sua posição hegemônica para os Estados Unidos que se viam credores da incrível soma de mais de 4 bilhões de dólares Aldcroft 2001 p 68 apud Saes 2013 p 323 admite a perda total de população entre 1914 e 1921 incluindo mortes e redução da natalidade foi da ordem de 50 a 60 milhões O Japão foi um grande benefciário do confito acumulando uma reserva em ouro no valor de 183 milhões de libras esterlinas Sua produção industrial ocupou os mercados que os países europeus eram incapazes de suprir adequadamente Desorganização do comércio internacional face às enormes perdas das marinhas mercantes Vários países periféricos viramse obrigados a iniciar um processo incipiente de industrialização como o Brasil por exemplo com ênfase nos têxteis substituiva das importações A contribuição das colônias para o esforço de guerra aliado foi substancial o que levou suas elites à convicção de que alguma forma de autogoverno seria nelas permitido A Rússia desde novembro de 1917 estava sob o governo bolchevique que declarou nula todas as obrigações contraídas pelos governos anteriores empréstimos fnanciamentos etc Havia uma convicção geral entre os aliados de que as Potências Centrais particularmente a Alemanha pagariam pelos colossais danos que a guerra causara a fm de restaurar a antiga prosperidade européia Figura 6 Efeitos sobre a economia mundocapitalista Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 O limite temporal entre os anos de 1918 e 1929 são assinalados por Rezende Filho 2010 como o marco das mudanças estruturais pelas quais o sistema capitalista passava Tratase para o autor da crise sistêmica que reflete sua pas sagem da juventude para a idade madura Com seu espaço geográfico reduzido o capitalismo assistiu à luta de sua área central originária a Europa para reco brar sua antiga posição hegemônica sobre a economiamundo No entanto o novo centro os Estados Unidos atravessava notavelmente um período de prosperidade devido mais aos créditos acumulados no período da guerra junto aos países aliados do que a um real alargamento de seu mercado con sumidor interno Conforme Saes e Saes 2013 o período da guerra por concentrar a pro dução bélica criou uma demanda reprimida por muitos produtos não só os bens duráveis mas também de consumo corrente não disponíveis nos anos de conflito Além disso o financiamento da guerra se fez ainda que em pequena parte por meio de empréstimos do público aos governos por meio dos cha mados bônus de guerra ou seja uma parcela da população formou durante a guerra uma poupança que ao fim poderia ser gasta para satisfazer a demanda reprimida durante os anos de guerra Assim admitese que uma demanda represada por cerca de quatro anos foi liberada em 1919 e gerou impulso para a expansão da economia de alguns países Ainda para Saes e Saes 2013 o pósguerra demarcou na Europa Ocidental duas fases distintas A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 150 Quadro 2 Fases do pósguerra PRIMEIRA FASE Reconstrução das sociedades em um contexto complexo de destruição física e humana de desorganização do mercado mundial de endividamento público e de inflação SEGUNDA FASE Em meados dos anos 1920 temse recuperação econômica e reorganização das antigas estruturas econômicas Do outro lado do Atlântico os Estados Unidos gozavam de 1º grande prestígio financeiro em função dos empréstimos para a guerra e para a reconstrução européia com Nova Iorque se tornando um novo e importante centro financeiro 2º grande poder industrial e um exemplo desse contexto foi o sensacional desenvolvimento da indústria automobilística que ultrapassava de longe em volume industrial as outras potências Fonte adaptado de Saes e Saes 2013 Esse repentino crescimento da demanda teve outro forte impacto na economia uma abrupta elevação dos preços em parte potencializada por políticas monetá rias e fiscais expansionistas Destarte a tendência a elevar os preços já presente durante a Primeira Guerra acentuouse em 1919 e 1921 Foi generalizada a infla ção por toda a Europa O quadro 3 a seguir demonstra o índice de preços para o consumidor entre 1914 e 1920 Quadro 3 Índices de preços ao consumidor 19141920 1914 1918 1920 Alemanha 100 304 990 Áustria 100 1163 5115 Itália 100 289 467 França 100 213 371 Suécia 100 219 269 Holanda 100 162 194 GrãBretanha 100 200 248 Estados Unidos 100 203 249 Fontes Feinstein Temin e Toniolo 1997 p 39 apud SAES SAES 2013 p 326 e Arthmar 1997 p 94 apud SAES SAES 2013 p 326 Preços no atacado 1913100 1918jan1919 1920jun1920 O PósGuerra Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 151 Se o crescimento da produção foi característico de alguns países tais como Estados Unidos GrãBretanha e Japão a infl ação se generalizou por toda a Europa ainda que em graus distintos Figura 7 Contas da dona de casa em 1914 Figura 8 Contas da dona de casa em 1918 Fonte Wikimedia Commons¹ Fonte Wikimedia Commons² Esse surto expansivo sofreu abrupta e profunda reversão a partir de meados de 1920 Essa reversão foi particularmente forte nos Estados Unidos Recessão e defl ação intensas nos Estados Unidos e na GrãBretanha atingiram outros países de forma variada Alguns também controlaram a infl ação depois de 1920 promovendo mesmo alguma defl ação foi o caso da Suíça Suécia Noruega Dinamarca e Holanda Outros como a França e a Itália continuaram a registrar algum grau moderado de infl ação Finalmente Alemanha Áustria e Hungria passaram por hipe rinfl ações em níveis inéditos na história econômica mundial FEINS TEIN TEMIN TONIOLO 1997 p 39 apud SAES SAES 2013 p 326 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 152 No que tange ao desempenho das economias na primeira metade dos anos 1920 podemos declarar que foi variado No caso dos Estados Unidos retomaram o rápido crescimento ao passo que a GrãBretanha em busca do padrãoouro mantevese estagnada O índice de atividade industrial apresentado em Saes e Saes 2013 reflete em grande medida a forma pela qual os países se envolve ram com a Primeira Guerra os mais afetados pela destruição e os que arcaram com as reparações de guerra tiveram grande dificuldade para ainda na primeira metade dos anos 1920 retomarem o crescimento econômico O Tratado de Versalhes assinado em junho de 1919 definiu que as repara ções de guerra eram devidas pela Alemanha para os vencedores GrãBretanha França Estados Unidos e Itália Os objetivos dos vencedores em síntese eram fortalecer os países eu ropeus para que não fossem levados pelo caminho da revolução russa vide leitura complementar redividir os territórios deixados em aber to pela queda dos grandes Impérios AustroHúngaro Russo Turco e Alemão enfraquecer a Alemanha que quase sozinha havia derrotado as tropas aliadas redifinir as políticas internas dos países vitoriosos e finalmente garantir um acordo de paz que impossibilitasse o surgi mento de uma nova guerra Para tanto foi criada a Liga das Nações que deveria agregar as principais potências mundiais a fim de solucio nar pacífica e democraticamente as questões diplomáticas entre os pa íses Contudo tanto o Tratado de Versalhes como a Liga das Nações se mostraram incapazes de instituir um equilíbrio de poder definitivo SAES SAES 2013 p 329 Rompeuse o conflito ficaram as severas punições aos que foram vencidos O Tratado entendia que a Alemanha era a culpada pela guerra e por esse motivo perdeu um total de 135 de seu território Teve de entregar sua frota naval para a GrãBretanha Foi privada de manter uma força áerea e tinha a permis são para um exército de apenas 100 mil homens E por fim foram repassadas todas as dívidas de guerra A Economia Mundial e os Anos 20 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 153 A ECONOMIA MUNDIAL E OS ANOS 20 Em um tratamento muito breve vamos abordar o contexto econômico mundial dos anos 20 É relevante a contextualização a ser apresentada uma vez que se trata do cenário da conhecida crise de 1929 a qual estudaremos adiante A retomada do padrãoouro era o que Rezende Filho 2010 considera como primeiro problema com que a GrãBretanha se deparou Na visão dos econo mistas clássicos o retorno ao padrãoouro era necessário para normalização das transações internacionais e para garantir a atuação livre dos mecanismos de mercado E assim esse sistema foi restabelecido Relacionado à moeda com las tro metálico estava o problema da Alemanha Embora em 1913 o ouro representasse apenas 10 da circulação monetária total contra 83 de títulos e depósitos bancários ele era ainda usado como referência básica para as taxas de câmbio O abandono do padrãoouro que as circunstâncias da guerra obrigaram levou os preços a variarem segundo as condições internas de cada país e a inflação passou a depender do balan ço de pagamentos Fonte Saes e Saes 2013 p 328 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 154 O país derrotado da Primeira Guerra Mundial viu sua economia arruinada por uma série de fatores A enorme quantidade de títulos públicos emitidos sem las tro durante a guerra aliada à perda de territórios de concentração industrial e de recursos naturais e a instabilidade política são fatores que representam esse contexto Conforme Rezende Filho 2010 em finais de 1922 a Alemanha se declarou incapaz de continuar com o pagamento das reparações o que levou a França que apostava todo seu futuro econômico nos pagamentos que adviriam dos germânicos a ocupar a região do Ruhr em 1923 para que o fornecimento de carvão garantisse o pagamento da dívida Os efeitos psicológicos da ocupação e a onda de greves dos mineiros que se seguiu tornaram a situação insustentável Em fins de 1923 entretanto o marco é abandonado por não valer mais nada e foi criado o rentenmark para substituílo Em nossa sucinta análise devemos apre sentar ainda sob a perspectiva econômica alemã a elaboração dos Plano Dawes por parte de uma comissão internacional Este estabeleceu novos valores anuais para o pagamento das reparações considerando o quanto a Alemanha poderia pagar e não quanto deveria pagar como culpada pela guerra Além disso garan tiu um empréstimo de 40 milhões de libras para auxiliar nesses pagamentos O outro pilar da economia europeia por seu lado também não se com portava mais como no préguerra A França é obrigada a manterse pela força militar em suas novas áreas da Síria e Líbano e na Indochina a década de 1920 pautase pelo renascimento do sentimento nacionalista vietnamita com uma série de greves passeatas de protestos e incipientes movimentos de rebeldia militar Em 1919 o Ocidente é sacudido pelas manifestações chinesas contra os acordos coloniais do Tratado de Versa lhes e a presença do Japão em seu território Na Índia após o massacre de Amritsar em 1919 quando 379 homens mulheres e crianças são mortos pelos ingleses durante manifestação pacífica a presença inglesa não será mais aceita consensualmente Surgem movimentos de aberta rebeldia e de resistência pacífica de Mahatma Gandhi A Inglaterra é obrigada a conceder independência a seus exdomínios do Canadá Austrália Nova Zelândia e África do Sul graças em grande parte ao auxílio que eles lhe prestaram durante a guerra reconhecendo que a ligação que mantinham entre si deviase apenas ao símbolo de uma coroa comum E mesmo os países sujeitos ao imperialismo informal vêem a presença econômica eu ropeia diminuir Argentina e Brasil por exemplo adquirem durante os anos 20 64 e 50 de suas importações na Europa contra 80 e 60 em 1913 Em resumo sem o afluxo de capitais norteamericanos a Europa é incapaz de aumentar tanto suas exportações como suas importações para equiparálas aos níveis de préguerra REZENDE FILHO 2010 p 201 A Economia Mundial e os Anos 20 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 155 Os Estados Unidos diferente da Europa adentraram a década de 1920 como a maior economia industrial e financeira no mundo Adotaram um posiciona mento isolacionista de um país praticamente autossuficiente Um exemplo disso é a defesa por parte do partido republicano em 1920 por uma plataforma de ações que dava prioridade para o mercado interno relegando a um plano secundário as considerações de ordem internacional Tanto é que o Congresso norteame ricano decidiu por não ratificar o Tratado de Versalhes No entanto seu gigantismo industrial comercial e financeiro revelou com o crash da bolsa de Nova Iorque em 1929 o quanto as diferentes partes da economia mundial estavam estreitamente conectadas com a econo mia norteamericana A evolução da economia norteamericana na dé cada de 1920 respondeu portanto a esses dois determinantes de um lado o isolacionismo de sua política de outro o peso de sua economia mundial SAES SAES 2013 p 334 Por fim o período de 19251929 teve como peculiaridade sua reconstrução a partir do padrãoouro em uma fase de expansão significativa e desenvolvimento da eco nomia mundial e com a incorporação das transformações da Segunda Revolução Industrial Aprendemos com Saes e Saes 2013 que se trata de um período de fra gilidade por conta da dependência mundial em relação às exportações de capital norteamericanas que se refletem em 1928 quando os Estados Unidos na ten tativa de segurar o boom em Wall Street elevou a taxa de juros Para compensar a queda da entrada de capitais dos Estados Unidos vários países retornaram às políticas protecionistas com o objetivo de ampliar as rendas das balanças comer ciais O impacto da crise de 1929 e da Grande Depressão evidenciou que as bases da economia mundial da década de 1920 eram frágeis e foram insuficientes para fazer frente aos problemas colocados pelos eventos do fim da década O Tratado de Paz não contém qualquer disposição orientada para a reabili tação econômica da Europa Fonte Keynes 2002 p 157 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 156 A GRANDE DEPRESSÃO 19291933 O período que segue à deflagração da Primeira Guerra Mundial marcou o início de uma série de eventos conjunturais que somados refletem uma fase de profun das rupturas na organização da economia internacional Direta ou indiretamente questionavase a partir da guerra a influência política dos países imperialistas e a divisão geográfica do mundo entre eles e ainda a organização do sistema econô mico internacional Para Rezende Filho 2010 p 187 tratase de uma dimensão temporal que reflete em uma crise de crescimento do sistema capitalista no qual acontece sua passagem da juventude para a idade adulta No sistema dos Estados Unidos otimismo e confiança eram sentimentos inerentes ao público em geral na época que antecedeu a queda da bolsa nova ior quina Até fevereiro de 1928 aproximadamente a alta do preço dos papéis seguiu assinalando o aumento dos lucros das empresas a partir dessa dimensão tempo ral conforme Rezende Filho 2010 ela foi sustentada pela onda especulativa Em meados de 1928 a construção civil foi abalada por um colapso Assim em 4 de dezembro de 1928 o presidente norteamericano Calvin Coolidge emitiu uma mensagem no intuito de restabelecer a credibilidade Galbraith 1988 p 3 nos apresenta a afirmação da autoridade americana nenhum Congresso deste país já se terá reunido para apreciar o estado da União diante de uma perspectiva mais agradável do que a que se apresen ta neste momento O cenário nacional é de tranquilidade e satisfação além de registrar o recorde absoluto de anos de prosperidade O cenário internacional apresenta a paz e a boa vontade próprias do entendimen to mútuo Afirmava o Presidente que juntamente com o país todos os legisladores podiam olhar o presente com satisfação e aguardar o futuro com otimismo As frágeis bases sobre as quais se assentava a era de prosperidade norteamericana são ainda mais fragilizadas pela corrida especulativa que fez de 1923 a 1926 as transações na Bolsa de Nova Iorque subirem de 236 para 451 milhões de títulos enquanto o preço médio de 25 títulos representativos subiu 54 A presença dos con sórcios de investimentos de grandes empresas e de bancos atuantes no mercado de ações como financiadores demonstrava a explosão de crédito que houve no final da década de 1920 para ser direcionado a ganhos financeiros por meio da especulação A Grande Depressão 19291933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 157 O dia 24 de outubro de 1929 ficou marcado na história como a Quintafeira negra considerado o dia decisivo para a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque Hobsbawm 1995 p 91 considera que sem esse episódio com certeza não teria havido Hitler Quase certamente não teria havido Roosevelt É muito improvável que o sistema soviético tivesse sido encarado como um sério rival econômico e uma alternativa pos sível ao capitalismo mundial As consequências da crise econômica no mundo não europeu ou não ocidental foram patentemente impres sionantes Em suma o mundo da segunda metade do século XX é in compreensível se não entendermos o impacto do colapso econômico Esse dia marcou a história econômica Rompeuse as condições artificiais do crescimento da economia norteamericana pois se chegou ao ponto em que os compradores não mais levavam em conta o valor intrínseco dos títulos procurando aumentar seu patrimônio pela simples posse de ações quaisquer Isso naturalmente supervalorizava todos os papéis Nessas condições mesmo as ações das empresas mais sólidas se encontravam megalorizadas enquanto que as empresas de segunda linha haviam atingido preços injustificáveis muito além do seu valor patrimonial ou de sua capacidade de remunerar por meio de dividendos os capitais aplicados A observação de Romer é extremamente pertinente nesse ponto pessoas que não são economistas geralmente vêem o crash da Bolsa de Valores de Nova York e a Grande Depressão como o mesmo evento O declínio no preço das ações em outubro de 1929 e o tremendo declínio na produção real entre 1929 e 1933 são simplesmente vistos como parte do mesmo declínio cataclísmico da economia americana Em contras te muitos economistas acreditam que os dois eventos estão mais tan gencialmente relacionados ROMER 1990 p 597 tradução nossa O impacto da depressão posterior à crise de 1929 se estendeu por longos anos de maneira que o PIB norteamericano apenas recuperou o valor referente ao período anterior ao colapso em 1937 Os eventos identificados com a Grande Depressão dessa forma foram muito mais traumáticos e graves do que o sim bolismo da quebra da bolsa Para aqueles que por definição não tinham controle ou acesso aos meios de produção a menos que pudessem voltar para uma família camponesa no interior ou seja os homens e mulheres contratados por salários a con sequência básica da Depressão foi o desemprego em escala inimaginável e sem precedentes e por mais tempo do que qualquer um já experimentara A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL À GRANDE DEPRESSÃO 19141933 Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 IV U N I D A D E 158 No pior período da Depressão 19323 22 a 23 da força de trabalho britânica e belga 24 da sueca 27 da americana 29 da austríaca 31 da norueguesa 32 da dinamarquesa e nada menos que 44 da alemã não tinham emprego E o que é igualmente relevante mesmo a recuperação após 1933 não reduziu o desemprego médio da década de 1930 abaixo de 16 a 17 na GrãBretanha e Suécia ou 20 no resto da Escandinávia O único Estado ocidental que conseguiu eliminar o desemprego foi a Alema nha nazista entre 1933 e 1938 Não houvera nada semelhante a essa catás trofe econômica na vida dos trabalhadores até onde qualquer um pudesse lembrar HOBSBAWM 1995 p 91 A repercussão da Grande Depressão afetou o mundo na década de 1930 Houve revoluções sociais instauração de novas formas de governo e também criação de novas políticas econômicas Tal peculiaridade transformou o crash da Bolsa de Nova Iorque e a depressão dele decorrente em um dos grandes temas dentre os estudos e os debates econômicos A década de 1930 Grande Depressão pode ser pensada como mais um elemento desestabilizador no cenário de reorganização da economia mundial Esse ínterim foi marcado pela permanência das incertezas herdadas da década anterior A onda de falência dos bancos nos Estados Unidos o aumento do desemprego a deflação e a crise da agricultura resultaram em um projeto global bem definido para enfren tar essa conjuntura o New Deal Outro fato que merece destaque principalmente para os estudiosos da Economia foi a publicação da obra de Keynes Teoria geral do emprego do juro e da moeda em 1936 Ousamos omitir alguns elementos importan tes para a História Econômica Geral diante do convite caroa alunoa para que possa conhecer obras importantes e esclarecedoras do período estudado Galbraith Keynes Schumpeter Berle e Means entre outros Por questões didáticas encerraremos a Unidade IV aqui diante da expectativa de que o cenário apresentado tenha configu rado a Segunda Guerra Mundial protagonista da nossa próxima unidade Até breve A partir do contexto da queda da bolsa de 1929 e a Grande Depressão qual o papel do Estado na economia um estado mais intervencionista ou mais liberal Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 159 CONSIDERAÇÕES FINAIS Hobsbawm 1995 p 30 declarou que para os que cresceram antes de 1914 não havia continuidade pósguerra com relação ao passado Paz significava antes de 1914 depois disso veio algo que não mais merecia esse ano É sobre esse tempo infértil que estudamos na Unidade IV Sem fecundidade pois entendemos que a vida humana tem um valor que transcende à ordem eco nômica A Primeira Guerra Mundial foi o primeiro evento efetivamente que envolveu todas as Grandes Potências Milhões de mortos a nacionalidade deles não tem a menor relevância vidas que se foram para satisfazer os anseios das disputas coloniais A humanidade sobreviveu mas nunca mais foi a mesma Apresentamos o cenário histórico da Primeira Guerra composto pela Tríplice Aliança e pela Tríplice Entente O motivo era o de pontuar o contexto imperia lista vigente No entanto após a guerra a configuração mundial mudou Os Estados Unidos se beneficiam e passam a ser o novo centro da economiamundo Vimos que foi um notável período de prosperidade americana devido aos créditos acu mulados no período da guerra junto aos países aliados Contudo revelouse um crescimento artificial uma vez que o país do Tio Sam se percebeu impossi bilitado de continuar a sustentar níveis de consumo interno por uma absoluta escassez de capitais os quais haviam se transformado em estoques ou em inves timentos externos Por fim as frágeis bases sobre as quais se assentava a era de prosperidade norteamericana são ainda mais fragilizadas pela corrida especulativa que fez de 1923 a 1926 as transações na Bolsa de Nova Iorque subirem A presença dos consórcios de investimentos de grandes empresas e de bancos atuando no mer cado de ações como financiadores demonstrava a explosão de crédito que houve no final da década de 1920 para ser direcionado a ganhos financeiros por meio da especulação Em outubro de 1929 marcase a queda da bolsa de Nova Iorque E o período que sucede é de Depressão e os americanos passam a sentir sinais de recuperação apenas em 1937 De forma bastante generalizada são esses os nossos pontos abordados nesta Unidade IV 160 1 Da I Guerra em diante qualquer guerra do século XX envolve todos os cida dãos e mobiliza a maioria é travada com armamentos que exigem um desvio de toda a economia para a sua produção e são usados em quantidade inima gináveis produz indizível destruição e domina e transforma absolutamente a vida dos países envolvidos HOBSBAWM 1995 p 51 Sobre a Primeira Guerra Mundial avalie as afirmações a seguir I Nas relações entre os Estados europeus que se envolveram na Primeira Guerra Mundial estão totalmente ausentes as questões relacionadas às dis putas por expansão colonial II Em nenhum momento as razões da Primeira Guerra Mundial estão relacio nadas com questões econômicas III O evento que forneceu o pretexto para o início da I Guerra Mundial foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando de Habsburgo herdeiro do trono da ÁustriaHungria em junho de 1914 É correto o que se afirma em a Apenas I b Apenas III c Apenas I e III d Apenas II e III e I II e III 2 Aqui temos a oportunidade de refletir sobre a Primeira Guerra Mundial Diante do seu conhecimento escreva um pequeno texto que relacione o imperia lismo e o contexto internacional como elementos fundamentais para o conflito 3 A definição das bases para as relações entre vencedores e derrotados da Pri meira Guerra Mundial era um problema a ser resolvido no pósguerra Um dos Tratados de Paz foi o de Versalhes assinado em junho de 1919 Discorra sobre esse importante acordo 161 4 Durante a guerra ao se concentrar a produção na indústria criou se uma demanda reprimida por muitos produtos Além disso o financiamento da guerra se fez ainda que em pequena parte por meio de do público aos governos por meio dos chamados bônus de guerra ou seja uma parcela da população formou durante a guerra uma que ao fim pode ser gasta para satisfazer a demanda reprimida durante os anos de guerra Assim admitese que uma demanda represada por cerca de quatro anos foi liberada em 1919 e gerou o impulso para a da econo mia de alguns países a têxtil devolução dívida queda b têxtil empréstimos dívida deflação c madeireira restituição poupança inflexão d madeireira empréstimos poupança expansão e bélica empréstimos poupança expansão 5 O dia 24 de outubro de 1929 ficou marcado na história como a Quintafeira negra considerado o dia decisivo para a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque A quebra da bolsa está associada à pior crise econômica de toda a his tória norteamericana SAES SAES 2013 p 347 A partir do fragmento do texto apresentado avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas A crise de 1929 e a Grande Depressão dos anos 1930 não têm nenhuma cone xão com os eventos da década de 1920 porque O período de 19251929 foi caracterizado por uma fase de expansão e desen volvimento da economia mundial com a incorporação das transformações da Segunda Revolução Industrial A respeito dessas asserções assinale a opção correta a As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa cor reta da I b As asserções I e II são proposições verdadeiras mas a II não é uma justifica tiva correta da I c A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa d A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira e As asserções I e II são proposições falsas 162 A REVOLUÇÃO MEIJI COMO BASE PARA OCIDENTALIZAÇÃO DO JAPÃO O Japão desenvolveu um sistema econômico próprio baseado na imposição de pesa dos encargos em espécie ao campesinato e na existência de oficinas e manufaturas es tatais Esse país viveu um rigoroso isolamento desde o século XVII tendo tido pouco rela cionamento com o Ocidente no período da expansão ultramarina européia No entanto em 31 de março de 1854 foi firmado o Tratado de Kanagawa Esse acordo provocou uma explosão de comércio entre Japão e Estados Unidos Digase de passagem essa abertura por parte da sociedade nipônica é resultado de uma imposição representada pelo Comodoro Perry um norteamericano que ancorou com sua frota na baía do Edo Tóquio com quatro grandes navios negros a vapor com os canhões em riste apontando para a cidade Conforme Rezende Filho 2010 o Japão foi a única nação afroasiática atingida pela nova onda colonizadora capitalista o imperialismo que conseguiu passar da área externa para a área central da economiamundo Com esse impacto ocidental sobre o Japão inaugurouse um período marcado pela grande influência das pressões externas sobre o comportamento japonês A presença ocidental era sentida como uma ameaça à segurança nacional e também como um estí mulo à transformação Com o marco do ano de 1868 deuse a Revolução Meiji Esse pro cesso foi a base para a construção de um Estado moderno de modelo ocidental Assim encerravase o isolamento japonês e a existência de característica feudal em que o país penetrará no mundo internacional como nação moderna No desejo de expandir sua esfera de influência na China e no Pacífico o Japão declarou Guerra à Alemanha em agosto de 1914 aliado ao Império Britânico Em 1918 a Alema nha celebrou um armistício pondo fim a mais de quatro anos de guerra Rezende Filho 2010 apresenta que os efeitos sobre a economiamundo capitalista era patentes Nesse contexto o Japão foi um dos beneficiários Acumulou uma reserva em ouro no valor de 183 milhões de libras esterlinas Apoderouse de todas as colônias alemãs do Pacífico com exceção do nordeste da Nova Guiné que foi para a Austrália Sua produção indus trial ocupou os mercados que os países europeus eram incapazes de suprir adequada mente os mercados da China da Indochina Francesa a demanda de material bélico da Rússia os mercados do Chile e Peru tradicionais clientes alemães os mercados da costa oeste americana a partir de 1917 Já na Segunda Guerra Mundial o Japão integrou com a Alemanha e a Itália o chama do Eixo o que sugere alguma identidade entre seus regimes políticos É certo que no Japão não encontramos algumas características do fascismo como se manifestou na Alemanha com Hitler e na Itália com Mussolini Não obstante esses países se asse melham por apresentar regimes cujas políticas principais eram a repressão no país e a expansão no estrangeiro Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR As consequências econômicas da paz J M Keynes Editora Universidade de Brasília Sinopse Sob o impacto das pesadas reparações de guerra impostas à Alemanha após a I Grande Guerra Mundial Keynes escreveu em 1919 o livro Consequências Econômicas da Paz um dos seus escritos Se os conselhos de Keynes para moderação das condições impostas aos perdedores tivessem sido ouvidos no Tratado de Versalhes os frutos da humilhação e dos desequilíbrios fi nanceiros talvez não fossem colhidos na hiperinfl ação alemã de 1923 no surgimento do Nazismo e na II Guerra Mundial Ouro Ano 2017 Sinopse Kenny Wells Matthew McConaughey é um homem americano que tem como sonho mudar de vida Filho de pai garimpeiro ele vê na busca pelo ouro a chance para mudar sua situação E é por isso que ele vai atrás de um geólogo picareta para juntos viajarem para Indonésia em busca desta pedra dourada Eles queriam encontrar grandes reservas do metal precioso O que não esperavam é que ao encontrarem o que procurava teriam de fugir de ferozes inimigos que querem barrar seus negócios REFERÊNCIAS GALBRAITH J K 1929 O Colapso da Bolsa São Paulo Pioneira 1988 HARARI Y N Sapiens uma breve história da humanidade 7 ed Porto Alegre LPM 2015 HOBSBAWM E A Era dos Extremos O Breve Século XX 19141991 São Paulo Companhia das Letras 1995 KEYNES J M As consequências econômicas da paz Brasília Universidade de Bra sília 2002 Disponível em httpfunaggovbrlojadownload42AsConsequen ciasEconomicasdaPazpdf Acesso em 14 mar 2018 MORAES L E História Contemporânea da Revolução Francesa à Primeira Guerra Mundial São Paulo Contexto 2017 REZENDE FILHO C B História Econômica Geral 9 ed São Paulo Contexto 2010 ROMER C The Great Crash and the Onset of the Great Depression 19291933 The Quarterly Journal of Economics v 105 n 3 p 597624 1990 SAES F A M SAES A M História econômica geral São Paulo Saraiva 2013 SONDHAUS L A Primeira Guerra Mundial São Paulo Contexto 2013 REFERÊNCIAS ONLINE ¹Em httpscommonswikimediaorgwikiFileComptesdelamC3A9nag C3A8reen1914ArchivesnationlaesABXIX4012classeur3jpg Acesso em 14 mar 2018 ²Em httpscommonswikimediaorgwikiFileComptesdelamC3A9nag C3A8reen1918ArchivesnationalesABXIX4012classeur32jpg Acesso em 14 mar 2018 GABARITO 165 1 Alternativa b 2 Embora o crescente nacionalismo tenha estimulado o espírito bélico não havia entre os países em guerra divergências ideológicas significativas seja no plano político ou econômico Admitese que a deflagração da guerra não era esperada nem mesmo pelos estadistas envolvidos no conflito acreditavase numa solu ção pacífica para o problema No entanto o desenvolvimento de diversas eco nomias industriais em crescente competição com suas implicações em outras palavras o Imperialismo levou à guerra talvez até contra a vontade dos que a deflagraram o desenvolvimento do capitalismo empurrou o mundo inevita velmente em direção à uma rivalidade entre os Estados à expansão imperialista ao conflito e à guerra HOBSBAWM 1988 p 437 apud SAES SAES 2013 p 310 3 Em 1919 e 1920 foram estabelecidos tratados de paz separadamente com os países derrotados Alemanha Áustria Hungria Bulgária e Turquia O mais im portante desses Tratados foi o de Versalhes junho de 1919 que definia as repa rações de guerra devidas pela Alemanha aos vencedores GrãBretanha França Estados Unidos e Itália Os objetivos dos vencedores em síntese eram fortalecer os países europeus para que não fossem levados pelo caminho da Revolução Russa redividir os territórios deixados em aberto pela queda dos grandes Impé rios AustroHúngaro Russo Turco e Alemão enfraquecer a Alemanha que quase sozinha havia derrotado as tropas aliadas redefinir as políticas internas dos países vitoriosos por fim garantir um acordo de paz que impossibilitasse o surgimento de uma nova guerra 4 Alternativa e 5 Alternativa d GABARITO UNIDADE V Professora Me Carla Fabiana de Andrade Gonçalves Iori A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Objetivos de Aprendizagem Analisar o contexto da Segunda Guerra Mundial Reconhecer a dimensão da Segunda Guerra Mundial Refletir a abordagem do capitalismo tardio Plano de Estudo A seguir apresentamse os tópicos que você estudará nesta unidade O Contexto da Segunda Guerra Mundial A Dimensão da Segunda Guerra Mundial O capitalismo tardio e a financeirização do sistema as peças de um quebra cabeça INTRODUÇÃO Caroa alunoa nesta unidade vamos refletir sobre os aspectos que envolve ram a Segunda Guerra Mundial bem como a repercussão econômica em nível mundial Vamos conhecer portanto uma série de transformações institucionais no capitalismo tardio que vão desde o incentivo ao consumo ao regime de acu mulação predominantemente financeiro Reconheceremos o cenário responsável pela Segunda Guerra Mundial Dessa forma vamos identificar a tensão entre as relações internacionais que desde a década de 30 permeavam o contexto mundial Esse ínterim resultou em nações governadas por espécies de regimes totalitaristas o que modifica totalmente o rumo da história mundial Será motivo de nossa análise a proporção da atrocidade da Segunda Guerra Mundial O propósito dessa abordagem é despertar a reflexão para a caracterís tica do capital monopolista que ao longo do tempo demonstrou que o sistema mundial capitalista é em grau considerável precisamente uma função da validade universal da lei de desenvolvimento desigual e combinado MANDEL 1982 Vamos analisar o sistema de relações de produção e relação de trocas cor respondentes em uma escala internacional A partir disso encontraremos o caminho do entendimento para a conjuntura atual do sistema pautada em um regime de acumulação predominantemente financeiro A contextualização se dá dentro de um ambiente econômico muito instável e imprevisível Esta vulnerabilidade será reconhecida como resultado do aumento da aumento da concorrência intercapitalista com o processo de globalização e os ajustes estruturais que privilegiam o mercado como instrumento de regulação Veremos que para sobreviver nesse ambiente inovado as empresas passam a procurar maior flexibilidade e integração na sua forma de organização Nesse caminho de apreender sobre a configuração da economia mundial no século XXI só temos uma certeza ela reserva desafios para a humanidade Vamos lá Introdução Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 169 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 170 O CONTEXTO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Sob várias perspectivas a dimensão cronológica entre as duas Guerras Mundiais testemunhou a continuação daquelas tendências imanentes que modelaram o cenário econômico na primeira década do novo século É uma continuação em nível mais adiantado e em um ritmo acelerado Esses dois episódios mundiais podem ser definidos como guerras de redivisão de mercados e colônias no interior do sistema capitalista As relações internacionais estavam tensas ao longo da década de 30 Rezende Filho 2010 assinala a Segunda Guerra Mundial como a última tentativa de cer tos países da área central da economiamundo de recuperar suas economias pelo estabelecimento de relações imperialistas no estilo do século XIX e estrutural mente como a possibilidade de tirar o sistema capitalista da Grande Depressão O período entre guerras representou para o sistema capitalista um verdadeiro teste experimentando sua solidez e articulação interna através de duas guerras mundiais dois períodos de reconstrução eco nômica uma longa década de profunda depressão econômica geral e a diminuição de seu espaço geográfico pela implantação de soluções econômicas alternativas REZENDE FILHO 2010 p 187 Esse período marca também o fim da hegemonia europeia sobre a economia mundo com sua substituição pelos Estados Unidos E mais significativamente ainda marca o fracasso das tentativas de imposição de posições dominantes pela via do imperialismo encetadas pela Alemanha em 19141918 e em 19331945 pelo Japão em 19311945 e pela Inglaterra França e Itália durante as décadas de 19201930 Os movimentos autoritários e conservadores que surgiram no período entre guerras assumiram sua forma comumente conhecida como fascismo Rezende Filho 2010 apresenta quatro razões principais para esse tipo de movimento as quais estão apresentadas a seguir na figura 1 O Contexto da Segunda Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 171 A crise da reconversão do pósguerra que gerou uma enorme massa de desempregados entre os trabalhadores fez com que ideologias políticas radicais tivessem enorme difusão culpando a democracia pela existência das crises A proletarização das classes médias as quais passam a desejar um Estado forte de tendências militaristasnacionalistas A redução dos lucros da burguesia fnanceiraindustrial a qual quis se compensar aumentando a exploração dos trabalhadores A ascensão dos partidos de Esquerda principalmente após a revolução bolchevique de 1917 na União Soviética e a fundação do Comintern em 1919 que colocava em risco a existência do sistema capitalista fazia com que a luta de classes atingisse um ponto insuportável segundo a ótica da burguesia e das camadas médias Regimes autoriátios fascismo Itália nazismo Alemanha Expansionismo militarista Japão Franquismo Espanha Salazarismo Portugal Figura 1 Raízes do fascismo Fonte adaptado de Rezende Filho 2010 Em mais de um sentido a política nacionalistaexpansionista dos Estados autoritá rios mais o preço da paz de 1918 desembocaram em um curso que fatalmente desencadearia um novo conflito de grandes proporções As forças alemãs invadiram a Polônia no dia 1º de setembro de 1939 e ocu param o país em poucas semanas no dia 03 de setembro Inglaterra e França declararam guerra à Alemanha Naquele momento foi acionada toda a máquina de guerra que só seria desativada em 1945 com a derrota do Eixo A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 172 A DIMENSÃO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Às 5h29min45s da manhã de 16 de julho de 1945 ocorreu o momento mais notá vel e definidor dos últimos 500 anos Naquele exato segundo concretizavase a Experiência Trinity o primeiro teste nuclear da história O teste foi conduzido pelos Estados Unidos da América cientistas detonaram a bomba atômica em Alamogordo Novo México Conforme Harari 2015 p 259 desse ponto em diante a humanidade teve capacidade não só de mudar o curso da história como também de colocar um fim nela Figura 2 Alamogordo 16 de julho de 1945 O fascismo nasce oficialmente em 1919 quando Mussolini funda em Milão na Itália o movimento intitulado Fascio de Combatimento cujos integrantes os camisas pretas opõemse à classe liberal Fonte adaptado de Marques Berutti e Faria 2012 A Dimensão da Segunda Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 173 Não podemos no presente trabalho desviar dos aspectos econômicos do desen volvimento histórico No entanto entendemos como fundamental a sensibilização para os episódios que envolvem essa dimensão temporal Em 06 de agosto de 1945 a cidade de Hiroshima no Japão foi bombardeada Aquilo que havia sucedido por meio da Experiência Trinity foi aplicado pelo bombardeiro nor teamericano B29 apelidado de Enola Gay que portanto lançou a bomba atômica Little Boy sobre a cidade de Hiroshima sede do comando militar do Japão Imperial A explosão provocou a morte imediata de mais de 100 mil pes soas outras 35 mil ficaram feridas e pelo menos mais 60 mil pessoas faleceram em decorrência da radiação até o final daquele ano Em 6 de agosto de 1945 a Casa Branca comunicou o bombardeio de Hiroshima ao povo norteamericano acabamos de lançar sobre o Japão a força de onde o Sol tira o seu poder Nós conseguimos do mesticar a energia fundamental do universo O presidente Harry Truman declarou O mundo constata que a primeira bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima uma base militar nós ganhamos contra a Alemanha a corrida da sua descoberta Nós a utilizamos com a finalidade de reduzir a angústia da guerra e com o fim de salvar as vi das de milhares e milhares de jovens americanos Nós continuaremos a empregála até conseguirmos destruir completamente os recursos bélicos japoneses cf Truman 1955 Em 9 de agosto de 1945 às 11h2min uma segunda bomba nuclear a Fat man foi lançada por Charles Sweeney Frederick Ashworth e outros de um bombardeiro B29 sobre a cidade de Nagasaki O alvo foi trocado de Kokura para Nagasaki em virtude das más condições de visibilidade A explosão equivalente a 22 mil toneladas de TNT foi obtida usando 8 kg de plutônio 239 com uma bomba de 45 toneladas que provocaram a morte de mais de 70 mil civis Em 15 de agosto Hirohito Imperador do Japão anunciou a capitulação incondicional de seu país Ele tinha 46 anos quando se dirigiu pela primeira vez ao seu povo para comu nicar chorando em linguagem arcaica que o Japão perdera a guerra Alamogordo 16 de julho de 1945 52953 da manhã Oito segundos depois que a bomba atômica foi detonada O físico nuclear Robert Oppenheimer ao ver a explosão citou Bhagavad Gita Agora eu me torno a Morte a des truidora de mundos A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 174 O inimaginável tinha acontecido era necessário aceitar o inaceitável a rendição a ocupação a humilhação Acabara o Grande Império Em 2 de setembro de 1945 a rendição japonesa é assinada Assim estava terminada a Segunda Guerra Mundial que não acabou em 8 de maio com a capitulação do Terceiro Reich mas em 6 e 9 de agosto de 1945 com as duas bombas que deram início à guerra fria MOURÃO 2005 p 698 A partir desse cenário fica a sugestão da tamanha atrocidade que foi a Segunda Guerra Mundial Contudo ela não se saldou apenas por pavorosas perdas huma nas ou por uma alteração por vezes lamentável dos valores morais geralmente admitidos e que mal ou bem reagiam às relações entre os indivíduos e às vezes entre as nações Também houve um balanço econômico cuja amplitude atingiu dimensões desconhecidas Foi na verdadeira acepção da palavra uma guerra total que utilizou recursos até o seu limite e que se traduziu por consequências igualmente capitais e diversificadas O quadro 1 a seguir ajuda a explicitar sobre aspectos como a dívida pública o nível de vida das pessoas o controle gover namental e a variação da produção industrial Quadro 1 Aspectos da Segunda Guerra Mundial DÍVIDA PÚBLICA Aumento geral da dívida pública e em proporções frequentemente catastrófi cas A guerra custou à França o equivalente a 35 mil milhões de dólares à Ingla terra 50 mil milhões para fazer face a este enorme déficit a GrãBretanha teve de liquidar a terça parte dos seus bens no estrangeiro e endividarse em relação aos Estados Unidos e aos seus próprios domínios a dívida interna passou de 7 mil milhões de libras em 1939 para 22 milhões a libra desvalorizouse 38 em relação ao dólar A dívida pública dos Estados Unidos passou de 46 para 263 mil milhões de dólares NÍVEL DE VIDA Abaixamento do nível de vida das populações racionamento de bens alimenta res desaparecimento por vezes total dos bens de consumo julgados indispen sáveis manutenção das senhas de racionamentos até cerca de 1950 CONTROLE GOVERNAMENTAL Estabelecimento de um controle governamental energético controle dos preços e da moeda das matériasprimas orientação da produção controle das trocas para tentar reduzir a fuga de capitais A Dimensão da Segunda Guerra Mundial Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 175 VARIAÇÃO DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL Variação da produção industrial Em França em Maio de 1944 o índice da produção industrial baixou para 44 contra 100 em 1938 a França perdeu mais de 15 das suas locomotivas 23 de vagões mas de 34 de embarcações mer cantes Verificase a mesma baixa e por vezes em maiores proporções em Itália Países Baixos Alemanha Japão Pelo contrário a América anglosaxônica surge como beneficiária Os Estados Unidos que gastaram na guerra 300 mil milhões de dólares aumentaram consideravelmente as suas reservas monetárias a sua produção industrial aumentou 75 a cultura do trigo aumentou 25 O Cana dá por seu turno tornado um verdadeiro arsenal para as nações aliadas deu um forte impulso à sua indústria aeronáutica e automobilística aos seus estaleiros navais à sua indústria química E o papel destes dois países será capital para o fornecimento de alimentos e equipamento indispensável aos países arruinados e devastados Fonte adaptado de Marques et al 2012 Terminada a Segunda Guerra Mundial as nações não entraram como esperavam alguns idealistas em período de entendimento mútuo e de trabalho precipua mente pacífico Dois Estados saíram muito fortalecidos da luta os Estados Unidos e a União Soviética Em torno deles não demoraram a se agrupar quase todas as demais nações constituindo grandes blocos econômicos chamados respec tivamente de Ocidental e Oriental Muito embora o mundo estivesse dividido entre capitalismo e comunismo estava acentuada a partir da guerra a superioridade econômica dos Estados Unidos Por outro lado a União Soviética apesar da destruição que sofrera durante o conflito ostentava o mérito de ter derrotado a Alemanha na campanha do Leste Europeu fator decisivo da vitória dos Aliados sobre os exércitos de Hitler Saes e Saes 2013 destacam que embora EUA e URSS estivessem do mesmo lado durante a guerra Nos países europeus nos anos imediatamente após a guerra o capital era o ingrediente que faltava Isso podia ser fornecido e o foi pelo Plano Marshall Fonte Galbraith 1979 p 225 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 176 compondo as forças dos Aliados junto com a GrãBretanha França e outros países depois da vitória seus governos se afastaram dando início a um conflito potencial que em uma ocasião quase se tornou efetivo A concentração dos recursos na indústria pesada e nos transportes em detri mento dos bens de consumo permitiu uma rápida recuperação dos níveis de produção Em 1950 o Produto Nacional Bruto da União Soviética era inferior apenas ao dos Estados Unidos embora seu produto per capita ainda fosse infe rior ao do Reino Unido da França e da Alemanha Ocidental conforme podemos observar a seguir Tabela 1 Produto Nacional Bruto e per capita em 1950 valores em dólares de 1950 PNB TOTAL PNB PER CAPITA Estados Unidos 381 bilhões 2536 URSS 126 bilhões 699 Reino Unido 71 bilhões 1393 França 50 bilhões 1172 Alemanha Ocidental 48 bilhões 1001 Japão 32 bilhões 382 Itália 29 bilhões 626 Fonte Kennedy 1989 p 353 apud SAES SAES 2013 p 503 O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 177 Depois de 1950 a diferença entre o Produto Bruto norteamericano e o soviético se estreitou entre 1950 e 1973 a taxa média de crescimento do PIB dos Estados Unidos foi de 39 ao ano e o da URSS foi de 48 MADDISON 1995 p 8083 apud SAES SAES 2013 p 503 Esse desempenho da economia soviética pas sou a preocupar os norteamericanos temerosos de perderem a liderança na economia e na política mundial Contudo a Segunda Guerra Mundial a reconstrução e o período de prosperi dade que a seguiu a descolonização a internacionalização do capital bem como a nova industrialização do Terceiro Mundo marcaram um novo surto do capi talismo em escala mundial BEAUD 1987 p 301 O CAPITALISMO TARDIO E A FINANCEIRIZAÇÃO DO SISTEMA AS PEÇAS DE UM QUEBRACABEÇAS A imagem que se forma é a de um sistema mundial imperialista construído a par tir do desenvolvimento desigual da acumulação de capital composição orgânica do capital taxa de maisvalia e produtividade do trabalho elementos conside rados em escala mundial O que levou a Revolução Industrial a ter início no Ocidente foi o fato de ali ter sido acumulado nos trezentos anos precedentes o Ao fim da Segunda Guerra Mundial havia um enorme contraste entre as con tradições econômicas dos Estados Unidos e as dos países mais diretamente envolvidos na guerra seja do lado vencedor dos Aliados principalmente França e Reino Unido ou do perdedor o Eixo Alemanha Itália e Japão Fonte Saes e Saes 2013 p 325 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 178 capital monetário e as reservas de ouro e pratas internacionais em resultado da pilhagem sistemática do resto do mundo por meio das conquistas e do comércio colonial Isso resultou na concentração internacional de capital em uns poucos pontos do globo nas áreas predominantemente industriais da Europa Ocidental e pouco tempo depois da América do Norte No entanto o capital industrial que surgia nessas áreas não tinha meios de impedir o processo interno de acu mulação primitiva de capital pelas classes dominantes dos países mais atrasados Ele podia na melhor das hipóteses diminuir o ritmo do processo Com certas diferenças de tempo e de produtividade ligadas ao monopólio britânico sobre os níveis mais altos de produtividade industrial o processo de industrialização se estendeu pouco a pouco na era do capitalismo de livre concorrência a um número cada vez maior de países Com a exportação em massa de capital para os países subdesenvolvidos para a organização da produção capitalista de matériasprimas nessas áreas a dife rença quantitativa na acumulação de capital e no nível de produtividade entre os países metropolitanos e os economicamente atrasados foi subitamente transfor mada em uma diferença qualitativa Esses países se tornaram dependentes além de atrasados A dominação do capital estrangeiro sobre a acumulação de capital sufocou o processo de acumulação primitiva de capital e a defasagem industrial em relação às áreas metropolitanas alargouse regularmente Além disso como a produção de matériasprimas ainda era préindustrial ou apenas rudimentar mente industrial visto que os baixos custos da força de trabalho desestimulavam a constante modernização da maquinaria essa defasagem industrial deu origem a um abismo crescente nos respectivos níveis de produtividade que tanto expres sava quanto perpetuava o real subdesenvolvimento Do ponto de vista marxista isto é a partir de uma teoria consistente do valor do trabalho subdesenvolvi mento é sempre em última análise subemprego quantitativamente desemprego em massa e qualitativamente baixa produtividade do trabalho É verdade que as mercadorias capitalistas criaram e conquistaram o mercado mundial capitalista isto é levaram aos limites extremos do mundo a domina ção da circulação capitalista de mercadorias e o predomínio das mercadorias produzidas em grande escala na moderna indústria capitalista Entretanto ao mesmo tempo a expansão internacional não implantou por toda a parte o modo O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 179 de produção capitalista Ao contrário nos chamados países periféricos criou e consolidou uma mistura específica de relações de produção précapitalistas e capitalistas o que impediu nessas áreas a generalização do modo de produção capitalista e especialmente da indústria capitalista em grande escala Aí reside a causa principal da permanente crise prérevolucionária nos países dependen tes por cerca de meio século a razão básica pela qual esses países provaram ser até agora os elos mais fracos no sistema mundial imperialista A penetração em massa do capital na produção de matériasprimas tornou possível a interrupção radical após 1873 da prolongada tendência ao aumento dos preços desses materiais O resultado não foi apenas o colapso notório no preço dos artigos agrícolas e a grande crise da agricultura européia mas tam bém uma rápida queda no preço relativo dos minérios em comparação ao preço dos produtos na indústria capitalista de bens acabados Em longo prazo entre tanto essa tendência estava destinada a ser invertida devido aos baixos custos de reprodução da força de trabalho nos países subdesenvolvidos em decorrência da escala maciça de subemprego e do baixo grau de produtividade do trabalho os quais alargavam constantemente a diferença no nível de produtividade entre esses países e os da metrópole Com a estagnação da produtividade nos países dependentes e simultaneamente com um rápido aumento na produtividade do trabalho nos países industrializados era apenas uma questão de tempo antes que o preço das matériasprimas começasse a aumentar A alta começou a se manifestar durante a Primeira Guerra Mundial Para certas matériasprimas a alta continuou durante os anos 20 até a crise econô mica mundial de 19291932 As consequências dessa crise acarretaram uma súbita interrupção do processo que entretanto abriu novamente caminho com o surto armamentista internacional nos anos 40 atingindo seu apogeu em 1950 no início da Guerra da Coréia A estrutura específica que o final do século XIX havia gravado sobre a economia mundial tornavase agora um obstáculo adi cional à valorização do capital ou mais precisamente um fator adicional para o declínio da taxa média de lucro Assim a lógica interna do capital ocasionou uma repartição do processo que já ocorrera nas décadas de 1950 e 1960 do século anterior Naquele momento quando o preço relativo das matériasprimas começou a subir rapidamente a A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 180 sua produção com métodos de trabalho e relações de produção précapitalistas deixaram de ser uma fonte de superlucros por meio da exploração de força de trabalho barata e se tornou em vez disso um obstáculo à ulterior expansão do capital Nos dias atuais análogo à produção de matériasprimas por métodos que datavam do período de capitalismo manufatureiro ou do início da industriali zação deixa de ser uma fonte de superlucros coloniais tornandose um freio à acumulação de capital em escala mundial Na fase de transição do capitalismo de livre concorrência à era do imperialismo o capital respondera àquele desafio com uma penetração maciça no campo das matériasprimas Quando o impe rialismo clássico deu lugar ao capitalismo tardio o capital respondeu com uma penetração em massa ainda mais profunda A partir dos anos 30 e particular mente na década de 40 do século anterior essa penetração maciça na esfera das matériasprimas conduziu exatamente como se passara no último quarto do século XIX a uma revolução fundamental na tecnologia organização do tra balho e relações de produção No final do século XIX tinha sido uma questão de substituir uma organização primitiva do trabalho précapitalista por méto dos organizacionais adequados ao capitalismo manufatureiro ou à fase inicial da industrialização Os resultados desse rearranjo na estrutura da economia mundial no período de transição do imperialismo clássico ao capitalismo tardio foram numero sos mas de natureza bastante contraditória Entre outros aspectos esse novo período foi caracterizado pelo fato de que paralelamente aos bens de consumo industriais feitos por máquinas surgidos no início do século XIX deparamonos com matériasprimas e gêneros alimentícios produzidos por máquinas Longe de corresponder a uma sociedade pós industrial o capitalismo tardio aparece assim como o período em que pela primeira vez todos os ramos da economia se encontram plenamente industrializados ao que ainda seria possível acrescen tar a mecanização crescente da esfera da circulação excetuados os serviços de simples conserto e a mecanização crescente da superestrutura Portanto os traços básicos do capitalismo tardio já podem ser derivados das leis de movimento do capital A origem imediata da terceira revolução tec nológica pode ser referida a quatro objetivos principais do capital nos anos 30 e 40 do século XX O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 181 A aplicação produtiva dessa nova tecnologia começou nos setores da indús tria química para os quais a força impulsionadora decisiva é o barateamento do capital constante circulante Do início dos anos 50 ela se difundiu gradativa mente por um número crescente de esferas cujo objetivo principal era a redução radical dos custos salariais diretos isto é a eliminação do trabalho vivo do pro cesso de produção Aqui chegamos ao limite interior absoluto do modo de produção capitalista Tal limite não reside na penetração capitalista completa no mercado mundial isto é na eliminação das esferas não capitalistas de produção prendese ao fato de que a própria massa de maisvalia diminui necessariamente em resultado da eliminação do trabalho vivo do processo de produção no decorrer do estágio final de meca nização e automação O capitalismo é incompatível com a produção plenamente automatizada na totalidade da indústria e da agricultura porque essa situação não mais permite a criação de maisvalia ou a valorização do capital Consequentemente é impossível que a automação conquiste a totalidade das esferas de produção na época do capitalismo tardio Por motivos de sua autopreservação o capital jamais poderia transformar todos os trabalhadores em cientistas assim como jamais poderia automatizar a totalidade da produção material MANDEL 1982 p 146 A marca distintiva do imperialismo e de sua segunda fase o capitalismo tardio não é um declínio nas forças de produção mas um acréscimo no parasitismo e nos desperdícios paralelos ou subjacentes a esse crescimento A incapacidade ine rente ao capitalismo tardio de generalizar as vastas potencialidades da terceira revolução tecnológica ou da automação constitui uma expressão tão forte dessa tendência quanto à sua dilapidação de forças produtivas transformadas em for ças de destruição desenvolvimento armamentista permanente alastramento da fome nas semicolônias cuja produtividade média do trabalho se viu restrita a um nível inteiramente sem relação ao que é hoje possível em termos técnicos e cientí fico contaminação da atmosfera e das águas ruptura do equilíbrio ecológico etc A pior forma de desperdício inerente ao capitalismo tardio jaz no mau uso das forças de produção humanas e materiais existentes Em vez de serem usadas para o desenvolvimento de homens e mulheres livres são cada vez mais empregadas na produção de coisas inúteis e perniciosas Todas as contradições históricas do capita lismo estão concentradas no caráter duplo da automação Por um lado ela representa A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 182 o desenvolvimento aperfeiçoado das forças materiais de produção que poderiam em si mesmas libertar a humanidade da obrigação de realizar um trabalho mecâ nico repetitivo enfadonho e alienante Por outro representa uma nova ameaça para o emprego e o rendimento uma nova intensificação da ansiedade a insegurança o retorno crônico do desemprego em massa as perdas periódicas no consumo e na renda o empobrecimento moral e intelectual A automação capitalista um desenvolvimento maciço tanto das forças produtivas do trabalho quanto das for ças alienantes e destrutivas da mercadoria e do capital tornouse dessa maneira a quintessência objetivada das antinomias inerentes ao modo de produção capitalista Alves 2007 nos alerta que diante das condições de mundialização do capital na época da produção destrutiva ou ainda no período de passagem para uma nova modalidade de acumulação capitalista acumulação flexível que o insaci ável movimento do capital em processo assume um caráter plenamente inovador dado pela constituição dos circuitos globais do dinheiro que projeta a nível glo bal essa caça apaixonada pelo valor MARX 1989 p184 Nesse sentido Alves 2007 p 20 aponta que O surgimento de um único mercado mundial de dinheiro e de crédito é parte intrínseca da plena posição do capital enquanto sujeito da alta modernidade ou da exacerbação da modernidade com seus impactos decisivos nas esferas da cultura da economia e da política Além disso a constituição do mercado mundial de dinheiro e de cré dito e da financeirização dominante principalmente a partir de mea dos da década de 70 está ligada intrinsecamente a nova modalidade de acumulação capitalista de caráter flexível e a própria crise do for dismo A cidadania global do capital tornouse efetiva com o notável desenvolvimento do capital financeiro rumo à internacionalização dos mercados monetários e financeiros e da própria supremacia do capital financeiro internacional Nasce a partir de meados dos anos 70 um sistema financeiro global altamente integrado coordenado pelas telecomunicações instantâneas que instaura um mercado de ações global um mercado de futuro de mercadorias e até de dívidas globais Mais do que nunca propagase de Tóquio a Londres de Nova York a São Paulo os denominados em preendimentos com papéis maneiras alternativas de obter lucros que não se restringe à produção pura e simples de mercadorias Ou seja lucros estritamente financeiros sem dar importância à produção real O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 183 A maior autonomia do sistema bancário e financeiro o fortalecimento do capital financeiro destruiu em grande parte os mecanismos de regulação do período fordista tendo em vista que limitaram o poder do Estado A Tríade Estados Unidos União Européia e Japão na acepção de Chesnais 1996 buscava recuperar seus crescentes poderes de coordenação por meio do poder de orga nismos internacionais tais como FMI o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial longe do controle democrático circunscrito à nação Estado Nessa economia com grande concentração de capital fixo e dominância dos bancos na intermediação financeira a dinâmica de longo prazo está fun dada na busca do aumento da produtividade social do trabalho o que por sua vez impulsiona a competição pela inovação tecnológica incorporada nas mais diversas categorias Essa possibilidade da acumulação decorre da capacidade dos bancos de emprestar e participar dos empreendimentos diversificando o risco apostando na estabilidade dos seus passivos os depósitos à vista escritu rados em seus registros BELUZZO 2013 O regime do capital em sua forma plenamente constituída ou seja já ancorada nas forças produtivas propriamente capitalistas incorporou à sua dinâmica os elementos históricos que precederam e prepararam sua consti tuição o comércio e o crédito O império da acumulação capitalista impôs suas regras e desregramentos aos elementos da era mercantil aqueles que se incumbiram da dissolução da economia feudal cujos capítulos mais dramáti cos foram escritos pela chamada acumulação primitiva pela expansão colonial e pela reinvenção da escravidão Na esteira do doloroso e violento processo de mercantilização da força de trabalho leiase da expropriação dos produtores diretos dos meios de produção o regime do capital acelerou a uma velo cidade impressionante a produção e reprodução dos elementos materiais da riqueza BELLUZO 2013 Temse destarte a financeirização através do movimento contraditório de centralização e abertura do capital individual com a sociedade anônima Esta supõe necessariamente a transferência de poder do capital industrial para o capital financeiro eis que ousadamente atribuímos a isso o grande nascer do Senhor dos Anéis O banco como representante do capital financeiro a forma superior de controle das decisões A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 184 Durante a chamada era dourada 19471973 a expansão do comér cio envolvia sobretudo o intercâmbio de bens finais de consumo e de capital entre os parceiros do Atlântico Norte Foi um período de expansão mundial sob hegemonia norteamericana Esse panorama mudou a divisão internacio nal do trabalho e o esquema centroperiferia até então hegemonia inglesa O espaço econômico internacional na posteridade da Segunda Guerra Mundial foi construído a partir do projeto de integração entre as econo mias nacionais proposto pelo Estado norteamericano e por sua economia Fazse necessário saber que nesse ínterim a economia mundial estava sob a égide de Bretton Woods o poder do dólar conversível foi sustentáculo do que Belluzo 2013 entende como processos simultâneos o déficit na conta de capi tais produto da expansão da grande empresa norteamericana a reconstrução dos sistemas industriais da Europa e do Japão a industrialização de muitos paí ses da periferia impulsionada pelo investimento produtivo direto em conjugação com políticas de desenvolvimento nacional Os desequilíbrios crescentes do balanço norteamericano de pagamentos leva ram à derrocada o sistema de conversibilidade e taxas fixas de Bretton Woods ao impor a desvinculação do dólar em relação ao ouro em 1971 e a introdução das taxas de câmbio flutuantes em 1973 A continuada desvalorização do dólar nos anos 60 colocou em situação complicada a economia mundial A partir do início dos anos 80 intensificouse o movimento de migração manufatureira para as regiões nas quais prevalecia uma relação câmbiosalários mais competitiva e ampliaramse os desequilíbrios nos balanços de pagamentos entre os Estados Unidos a Ásia e a Europa Em 1944 autoridades de 44 países se reuniram em Bretton Woods para se assegurarem de que os erros em relação ao ouro e às reparações de guerra sobre os quais Keynes havia se tornado famoso não se repetiria Fonte Galbraith 1979 p 224 O Capitalismo Tardio e a Financeirização do Sistema as Peças de um Quebracabeças Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 185 O fortalecimento do dólar no período seguinte contribuiu para que os Estados Unidos promovessem políticas de abertura comercial e impusessem a liberaliza ção financeira Dessa forma suas empresas encontraram o caminho mais rápido e desimpedido para a migração produtiva enquanto seus bancos foram investidos plenamente na função de gestores da finança e da moeda universais Isso signi fica que os bancos norteamericanos estavam habilitados a 1 administrar em escala global a transformação da rede de relações débitocrédito fazendo avançar o processo de securitização 2 comandar a circulação de capitais entre as praças financeiras e portanto afetar a formação das taxas de câmbio 3 promover as mudanças na estrutura da propriedade ou seja organizar o jogo da concentração patrimonial e produtiva 4 dar fluidez ao sistema de pagamentos em escala global Nos últimos quarenta anos a desregulamentação dos mercados e a crescente liberalização dos movimentos de capitais alteraram profundamente o jogo das regras A partir de 1973 os regimes cambiais caminharam na direção de um sistema de taxas flutuantes Tratavase diziam de escapar das aporias da trindade impos sível ou seja da convivência entre taxas fixas mobilidade de capitais e autonomia da política monetária doméstica As palavras de ordem no novo consenso procla mavam as virtudes da abertura comercial da liberalização das contas de capital da desregulamentação e da descompressão dos sistemas financeiros domésticos Um após o outro os países de moeda não conversível promoveram a abertura financeira Nos países centrais a desregulamentação financeira rompeu os diques de segurança erigidos depois da crise dos anos 1930 As restrições às finanças pro curavam impedir que os bancos comerciais se envolvessem no financiamento de posições especulativas nos mercados de riqueza ações e imóveis com consequên cias indesejáveis para a solidez dos sistemas bancários O aumento da concorrência intercapitalista com o processo de globalização e os ajustes estruturais que privile giam o mercado como instrumento de regulação criou um ambiente econômico muito mais instável e imprevisível Para sobreviver nesse ambiente as empresas procuram ter maior flexibilidade e integração na sua forma de organização A revolução tecnológica possibilitou maior flexibilidade e integração entre os diversos setores da empresa e desta com os fornecedores e consumidores Da mesma forma as novas tecnologias oportunizaram aos grupos transnacionais a organização do seu processo de internacionalização O elementochave do novo A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E AS PERSPECTIVAS DO CAPITALISMO TARDIO 1933 DIAS ATUAIS Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 V U N I D A D E 186 padrão tecnológico é a informática que tornou possível armazenar e processar informações em uma velocidade sem precedente na história da humanidade Essa revolução tecnológica é uma força inovadora que parece não ter limi tes Conhecida como a terceira revolução industrial e em contraste com as duas anteriores ela aumentou a produtividade especialmente com a revolu ção da microeletrônica mas não criou novos bens e serviços de consumo que revolucionassem o padrão de vida das grandes massas humanas A maioria dos novos produtos é originária da segunda revolução industrial sobretudo o que se refere ao campo eletrônico A terceira revolução industrial tem um viés antiemprego e antissindical Por um lado não houve redução da jornada de trabalho acompanhando os ganhos de produtividade como aconteceu historicamente nas duas primeiras revoluções industriais Por outro lado atingiu o movimento sindical enfra quecendoo de forma fundamental ao promover o desemprego industrial Isso porque o movimento sindical tem cultura industrial secundária e não terciária A chamada terceira revolução industrial se desenvolveu dentro do contexto de mundialização financeira Nesse cenário o movimento sindical estava enfra quecido e com muitas dificuldades de interferir no processo em curso Diferente do que aconteceu na segunda revolução industrial quando o sindicalismo teve ascensão e contribuiu para constituição do Estado de Bemestar Social O cenário da mundialização financeira juntamente com a terceira Revolução Industrial desencadeou uma profunda transformação do sistema econômico tanto no plano nacional quanto no internacional A razão podemos encontrar em sua rápida expansão pois os ativos financeiros viajam em ritmo mais veloz do que o produto ou o comércio Entendemos que a esfera financeira ganhou autonomia em relação à economia real Em outras palavras a partir desse momento a acumulação de capital tinha como núcleo a esfera financeira não mais a produtiva Em um trabalho dessa natureza não há espaço para uma abordagem completa e uma conclusão formal Ainda teríamos muito mais a conversar como exemplo tratar da abertura do mercado norteamericano e do comércio mundial aos produtos chineses que potencializou o efeito das refor mas econômicas Diante dessa nossa limitação fica a reflexão teria o capitalismo ingressado em uma nova fase Considerações Finais Reprodução proibida Art 184 do Código Penal e Lei 9610 de 19 de fevereiro de 1998 187 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caroa alunoa Nesta unidade refletimos sobre os aspectos que envolveram a Segunda Guerra Mundial De modo que caminhamos no conhecimentoreconhe cimento das profundas transformações a partir da concretização de um cenário do sistema capitalista de produção pautado por um forte crescimento tecnoló gico A luta armada entre as nações possibilitou um aumento brutal da produção industrial superior à capacidade global de consumo o que exigiu a instauração de sistemas de planejamento meticuloso e a longo prazo e também às técnicas de marketing e publicidade a fim de aumentar o consumo com a predomi nância do setor de bens e serviços sobre a atividade econômica como um todo Esse aumento brutal da capacidade produtiva e predominância do setor terciá rio correspondeu à instalação das denominadas sociedades de Bemestar Social Diante desse panorama entendemos que o sistema capitalista possui uma dinâmica peculiar de se ressignificar diante dos seus ciclos A partir da segunda metade da década de 1950 compensase a estabilização europeia por meio da crescente exploração das áreas periféricas mascarada pela mudança no padrão das exportações dos países industrializados Analisamos o impacto das mudanças no sistema capitalista maduro carac terizado pela concentração de capital em nível monopolista e sujeito aos efeitos de uma Terceira Revolução Industrial Nesse panorama está na constituição a partir de 1970 o regime de acumulação predominantemente financeiro Entendase que as finanças passam ao foco da acumulação de capital ou seja as instituições financeiras passaram a atrair os lucros não reinvestidos e as pou panças privadas com a proposta de promover sua valorização em um circuito que aparentemente tornavase autônomo da esfera produtiva Em concordância com Belluzzo 2013 a Segunda Guerra e o contexto atual da organização econômica refletem no fato de que a mediação e a garan tia do Estado são precárias pois a soberania é um frágil compromisso entre a natureza e a razão o direito e a violência E a violência é resultado da imposi ção seja por força física ou coação moral o seu próprio julgamento impostado como verdade máxima 188 1 A Segunda Guerra Mundial do mesmo modo que sua predecessora levou a Europa e as vastas parcelas da Ásia à exaustão e à destruição A capacidade de destruição se desenvolveuse em um nível sem precedentes sem que isso levasse ao encurtamento da guerra Rezende Filho 2010 p 229 Sobre a Segunda Guerra Mundial avalie as afirmações a seguir I A Inglaterra e Alemanha se uniram contra a França e Estados Unidos pela luta do território da Polônia II A Segunda Guerra Mundial dizimou a vida de muitas pessoas no entanto no que concerne à questões econômicas não impactou em prejuízos III A política nacionalistaexpansionista dos Estados autoritários somados ao resultado do acordo do fim da Primeira Guerra são além de outros elemen tos fatores explicativos da Segunda Guerra Mundial É correto o que se afirma em a Apenas I b Apenas III c Apenas I e I d Apenas II e III e I II e III 189 2 Sob muitos aspectos mas não todos os vinte anos que separaram a Primeira da Segunda Guerra Mundial testemunharam a continuação daquelas tendên cias imanentes que modelaram o cenário econômico na primeira década do novo século DOBB 1980 p 321 I Os movimentos autoritários e conservadores surgiram no período entre guerras II Esse período marca também o fim da hegemonia europeia sobre a econo miamundo com sua substituição pelos Estados Unidos III Não houve nenhum tipo de tensão nas relações internacionais principal mente ao longo da década de 1930 em que as barreiras protecionistas eram nulas É correto o que se afirma em a Apenas I b Apenas III c Apenas I e II d Apenas II e III e I II e III 3 A marca distintiva do imperialismo e de sua segunda fase o capitalismo tardio não é um declínio nas forças de produção mas um acréscimo no parasitismo e nos desperdícios paralelos ou subjacentes a esse crescimento Discorra sobre a pior forma de desperdício do capitalismo tardio 190 4 Alguns pilares da Era de Ouro foram colocados em xeque durante a década de 1970 o sistema monetário internacional com taxas de câmbio fixas estrutura do em Bretton Woods a política keynesiana de manutenção do pleno empre go o chamado fordismo ou seja a capacidade de gerar por meio de ganhos de produtividade a elevação dos salários reais e taxas de lucro satisfatórias simultaneamente a relação salarial o Estado do Bemestar Considerando o texto apresentado avalie as afirmações a seguir acerca das mudanças do capitalismo a partir de 1973 I O elementochave do novo padrão tecnológico é a informática que tornou possível armazenar e processar informações em uma velocidade sem prece dente na história da humanidade II A terceira revolução industrial se desenvolve dentro do contexto de mun dialização financeira III Dáse a volta do padrãoouro no que tange à conversibilidade do dólar IV A maioria dos novos produtos é originária da segunda revolução industrial sobretudo aqueles que são do campo eletrônico É correto apenas o que se afirma em a I e IV b II e III c III e IV d I II e III e I II e IV 5 Há inúmeras propostas de entender a história do capitalismo a partir de algu mas categorias gerais o como capitalismo mercantil o capitalismo industrial o capitalismo financeiro ou ainda o capitalismo concorrencial e capitalismo mo nopolistaimperialismo Nessas e em outras propostas similares há a noção de que o capitalismo caminha ao longo da história por fases sucessivas nas quais algumas características prévias são superadas por novas SAES SAES 2013 A partir dessas informações redija um texto dissertativo sobre seu entendi mento da história do capitalismo 191 PAZGUERRA No atual estado da técnica militar precisase de uma centena de viaturas e mais de cem toneladas de obuses para romper de modo certeiro a resistência oferecida em um único quilômetro por um único batalhão bem entrincheirado e com cobertura de arame Nas fronteiras restritas como as da Europa muito estreitas para os efetivos enormes do recrutamento geral metralhados pela defesa das fortificações permanentes pouca esperança pode haver de suplantar as posições adversárias A decisão só poderá ser tomada depois do sucesso de numerosas ações ofensivas portanto ao preço de um es forço gigantesco que pressupõe uma superioridade numérica e industrial considerável Se não fosse assim o conflito só poderia ser resolvido pelo desgaste moral e material de um dos dois beligerantes Nos dois casos a luta tomaria a forma de uma luta de morte com tantas perdas e ruínas que as condições de paz por mais vantajosas que fossem jamais poderiam compensálas O conceito clássico da guerra conduz portanto a uma forma de conflito que não corres ponde às possibilidades e às necessidades da Europa atualmente A Europa na verdade não se refez ainda dos inconvenientes de todo tipo provocados pela Grande Guerra Pre cisa de paz para se refazer e reorganizar sua economia em função dos meios modernos de produção Por outro lado a opinião pública na maior parte das nações europeias recusase instintivamente a aceitar a ideia da guerra Essa convicção é um fato capital peculiar da nossa época Sendo assim como resolver os conflitos entre as nações Impõese novos métodos O problema continua sem solução consiste em forçar um Estado a subscrever obrigações que lhe são impostas em uma palavra a capitular A guerra pode mudar sua forma mas o objetivo essencial permanece o mesmo Incapaz de subjugar de um só golpe o adversário a nova guerra terá como objetivo convencêlo a capitular em vez de continuar a luta A ação radical é substituída por uma ação persuasiva da força Masa política só dispunha antigamente de uma margem de pressão muito fraca o menor erro de manobra o menor excesso podiam provo car a guerra A política era portanto exercida como um jogo variado de combinações e compromissos Hoje a situação é completamente diferente o espectro sempre pre sente da guerra total e o temor que ela inspira fazem com que seja vista como uma solução desesperada à qual se recorrerá somente em último caso A impotência da ação militar torna quase insensível a epiderme das nações Anschluss Sudetos intervenção na Espanha combate russojaponês de KuangTcheuFeng poderíamos multiplicar os exemplos de paciência espantosa das nações comparada ao seu nervosismo anterior Assim essa repugnância pela guerra total por uma transformação surpreendente auto riza o emprego da violência que ultrapassa nitidamente as regras da tradição diplomáti ca Já não é a paz e ainda não é a guerra que conhecíamos mas um estado intermediá rio que chamaremos de pazguerra 192 A pazguerra repousa na ideia de aproveitar o temor da guerracatástrofe para exer cer pressões mais enérgicas do que antigamente evitando criar uma tensão suficiente para levar o inimigo à guerra total O primeiro elemento de toda combinação consistirá portanto em avaliar o ponto crítico além do qual o adversário preferirá a guerra total à capitulação Fonte SARTRE sd p 97 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR História Contemporânea através de textos Adhemar Marques Flávio Berutti Ricardo Faria Editora Contexto Sinopse Aborda os processos históricos que ocorreram entre as revoluções burguesas e a Segunda Guerra Mundial por meio de textos e documentos cuidadosamente selecionados Para sua escolha levouse em consideração um programa de leituras essenciais a um curso de História Contemporânea e a sua adequação tanto no conteúdo quanto na forma às reais condições de ensino e aprendizagem das salas de aula São 72 textos que tratam entre outros temas da Revolução Industrial do movimento operário do século XIX das Revoluções liberais do nacionalismo do imperialismo da Revolução Russa dos fascismos e da Crise de 29 Pearl Harbor Ano 2001 Sinopse Pouco antes do bombardeio japonês em Pearl Harbor dois amigos que são como irmãos um para o outro se envolvem de maneira distinta nos eventos que fazem com que os Estados Unidos entrem na 2ª Guerra Mundial Enquanto que Rafe Ben Affl eck se apaixona pela enfermeira Evelyn Kate Beckinsale e decide se alistar na força americana que lutará na 2ª Guerra Mundial em Londres Danny Josh Hartnett tornase piloto da Força Aérea dos Estados Unidos e permanece no país Após a notícia de que Rafe morrera em um dos combates que travava contra os alemães Danny e Evelyn se aproximam e terminam se apaixonando REFERÊNCIAS ALVES G Dimensões da Reestruturação Produtiva ensaios de sociologia do tra balho 2 ed Londrina Praxis 2007 BEAUD M História do Capitalismo de 1500 até nossos dias São Paulo Brasilien se 1987 BELLUZZO L G O Capital e suas metamorfoses São Paulo UNESP 2013 CHESNAIS F A Mundialização do Capital São Paulo Editora Xamã 1996 DOBB M H A evolução do capitalismo Rio de Janeiro Zahar 1980 GALBRAITH J K A Era da incerteza São Paulo Pioneira 1979 HARARI Y N Sapiens uma breve história da humanidade 7 ed Porto Alegre LPM 2015 MANDEL E O Capitalismo Tardio São Paulo Abril Cultural 1982 MARQUES A BERUTTI F FARIA R Org História Contemporânea através de tex tos 12 ed São Paulo Contexto 2012 Coleção Textos e Documentos v 5 MARX K O Capital Crítica da economia política 30 ed Rio de Janeiro Civilização Brasileira 1989 Livro 1 volume 1 MOURÃO R R F Hiroshima e Nagasaki razões para experimentar a nova arma Re vista Scientiae Studia São Paulo v 3 n 4 p 683710 2005 REZENDE FILHO C B História Econômica Geral 9 ed São Paulo Contexto 2010 SAES F A M SAES A M História Econômica Geral São Paulo Saraiva 2013 SARTRE J P Diário de uma guerra estranha São Paulo Círculo do Livro sd REFERÊNCIAS GABARITO 195 1 Alternativa d 2 Alternativa c 3 A pior forma de desperdício inerente ao capitalismo tardio jaz no mau uso das forças de produção humanas e materiais existentes Em vez de serem usadas para o desenvolvimento de homens e mulheres livres são cada vez mais empre gadas na produção de coisas inúteis e perniciosas 4 Alternativa e 5 Reflexão particular GABARITO CONCLUSÃO Ao sentir uma dor você sente a necessidade de ir ao médico Marca a consulta possivelmente espera alguns dias organiza seu horário e chegando a data enca minhase para o consultório Ao obedecer ao procedimento de consulta médica o profissional faz algumas perguntas É muito comum que ele faça questionamentos sobre seu histórico familiar Alguém na família com diabetes Alguém na família com problemas cardíacos Alguém na família com histórico de problemas renais para entender a dor ou seja para analisar o seu problema o profissional faz uso entre outros elementos da análise histórica no caso familiar Sem ela tudo fica mais difícil Grosso modo esse exemplo nos remete à relevância do conhecimento da história para tomar decisões diante da conjuntura econômica É preciso conhecer os Primei ros Sistemas Econômicos o processo de transição do feudalismo ao capitalismo as crises o período entre Guerras a dinâmica do século XX aos dias atuais para enten der a lógica da mundialização financeira E este trabalho foi elaborado tendo em vista um duplo objetivo apresentar a rele vância da história para a ciência econômica e servir de apoio para o entendimento do processo histórico ao longo do tempo de modo a entender como os homens se organizaram para realizar a sua produção e por consequência a satisfação das suas necessidades materiais A perspectiva temporal serve como ponto de referência mas em nenhum momento devemos ser rigorosos imaginando que a história consiga ser exata nesse sentido Afinal a história da humanidade é construída a partir de um movimento desigual e desencontrado em muitos pontos Fica registrado aqui nossa gratidão à você motivadora central deste trabalho Nos sos sinceros votos de agradecimento E que possamos contribuir para que a ciência econômica seja atuante na transformação gradual de uma sociedade que busca se conhecer para ser melhor Até a próxima CONCLUSÃO ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES