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HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL Flávio Azevedo Marques de Saes Alexandre Macchione Saes Editora Saraiva Capítulo 17 A HEGEMONIA AMERICANA E A RECONSTRUÇÃO DA PROSPERIDADE DA EUROPA OCIDENTAL E DO JAPÃO 19451973 171 O PÓSGUERRA 19451950 Ao fim da Segunda Guerra Mundial havia um enorme contraste entre as condições econômicas dos Estados Unidos e as dos países mais diretamente envolvidos na guerra seja do lado vencedor dos Aliados principalmente França e Reino Unido ou do perdedor o Eixo Alemanha Itália e Japão Embora os Estados Unidos tenham sofrido perdas humanas relativamente elevadas pois 12 milhões de soldados americanos ingressaram nas forças armadas e cerca de 300 mil morreram em combate do ponto de vista material não houve destruição significativa Ao contrário sua economia recuperouse da depressão dos anos 1930 o esforço produtivo para a guerra absorveu de 9 a 10 milhões de desempregados e ainda incorporou novos contingentes à força de trabalho em especial cerca de 6 milhões de mulheres Ao fim da guerra o temor de um retorno à recessão não se confirmou apesar da redução dos gastos bélicos do governo outros componentes da demanda permitiram sustentar o crescimento da economia Houve aumento das exportações para os países europeus em reconstrução aumento do consumo pessoal em parte com a poupança acumulada durante os anos do conflito com pagamentos do governo aos veteranos de guerra e ainda com o resgate dos bônus emitidos para financiar os gastos do governo os investimentos das empresas foram retomados com os lucros retidos durante a guerra Tudo isso contribuiu para que a economia se mantivesse aquecida Os índices do Produto Nacional Bruto americano registram esse crescimento VAN DER WEE 1987 p30 1938100 1948165 1950179 449 Com o fim do controle de preços exercido durante a guerra houve um impacto inflacionário inicial que não se tornou permanente Em suma a economia americana manteve depois de 1945 o ritmo de expansão que a havia caracterizado no período bélico No caso dos países europeus que participaram da guerra assim como do Japão a situação no imediato pósguerra era completamente distinta As perdas humanas haviam sido enormes estimase em 40 milhões o número de mortos na Europa entre civis e militares incluindose aqui a União Soviética que sozinha sofreu a perda de 20 milhões de pessoas Além disso havia feridos doentes e incapacitados em número também elevado no caso do Japão 2 milhões de mortos e também 4 milhões que apresentavam alguma sequela da guerra Além do drama inerente ao fato em si mortos e inválidos representavam uma substancial redução da força de trabalho desses países A isso se somava a destruição material infraestrutura seriamente danificada pontes destruídas impedindo o tráfego em ferrovias e rodovias material rodante das ferrovias sem condições de uso frota mercante europeia afetada pela guerra submarina alemã portos inutilizados ou só parcialmente em condições de uso quase desaparecimento de veículos motorizados particulares destruição de casas e outros edifícios na Alemanha 40 das habitações destruídas ou inabitáveis na GrãBretanha 30 no Japão 25 e 2 milhões de pessoas sem teto redução dos plantéis de gado escassez de fertilizantes devastação de terras agrícolas Em suma ao fim da guerra a Europa e o Japão enfrentavam escassez de meios de produção e de força de trabalho para iniciar o processo de recuperação1 Por isso esta se fez lentamente e impôs severos ônus à população escassez de produtos inclusive alimentos fome e até mortes por falta de meios de subsistência a escassez de carvão além do impacto sobre a produção também dificultava o aquecimento doméstico essencial na época do inverno Estas dificuldades se refletem nos índices do Produto Interno Bruto Tabela 171 Em 1948 três anos após o final da guerra Alemanha Japão e em menor grau Itália ainda registravam substanciais reduções do PIB em relação ao nível de 1938 e França Reino Unido e União Soviética apenas tinham retornado ao nível de 1938 ou um pouco mais Só em 1950 a recuperação se mostra mais nítida na França no Reino Unido e na União Soviética e apenas modesta na Itália Japão e Alemanha ainda sentiam o impacto da destruição provocada pela derrota no conflito mundial TABELA 171 Produto Interno Bruto 19381950 1938 100 450 1938 1948 1950 França 100 100 121 Itália 100 92 104 Reino Unido 100 106 114 Alemanha Ocidental 100 45 64 Japão 100 63 72 União Soviética 100 105 128 Fonte VAN DER WEE 1987 p30 Essa recuperação no imediato pósguerra não foi fruto da simples ação do mercado apesar de modesta ela envolveu ações deliberadas no sentido de promover a reconstrução das economias mais seriamente atingidas pela guerra Os eventos posteriores ao fim da Primeira Guerra Mundial ainda eram lembrados e era preciso evitar a repetição das ações que haviam conduzido àqueles eventos hiperinflações desemprego ascensão de movimentos autoritários e nacionalistas Diversamente do que se decidira no Tratado de Versalhes em 1919 ao fim da Segunda Guerra não foram impostas aos países derrotados reparações sob a forma de pagamentos em dinheiro ou espécie O território alemão foi partilhado entre os vencedores mas deu origem algum tempo depois à República Federal Alemã que englobou os territórios atribuídos aos Estados Unidos à GrãBretanha e à França e a República Democrática Alemã vinculada ao bloco soviético A não exigência de reparações era insuficiente para garantir a recuperação dos países derrotados porém evitava o peso de encargos que economias profundamente afetadas pela guerra não teriam condições de arcar Por outro lado o esforço de guerra dos Aliados europeus exigira o apoio material e financeiro norteamericano Em março de 1941 o Congresso americano aprovara a Lei de Empréstimos e Arrendamentos Lend and lease pela qual o presidente dos Estados Unidos poderia ceder recursos e materiais para os países cuja defesa fosse vital para a América do Norte Os recursos correspondentes a esses materiais deveriam ser reembolsados aos Estados Unidos A GrãBretanha foi o principal beneficiário do Lend and lease no entanto ao fim da guerra sua capacidade de pagamento era limitada de modo que a efetiva restituição dos recursos foi mínima Como nota Galbraith nunca se estabeleceu uma distinção entre empréstimo e arrendamento e quando se tratou da devolução dos recursos ou dos materiais emprestados ou arrendados esta transação perdeuse nos recessos fugidios da memória pública 451 GALBRAITH 1994 p94 Ainda durante a guerra os países Aliados contaram com outro tipo de ajuda em novembro de 1943 foi criada a Administração das Nações Unidas para a Ajuda e Reabilitação conhecida pela sigla UNRRA iniciais do nome da instituição em inglês cujo objetivo era fornecer ajuda aos povos libertados do domínio nazista inclusive da Europa Oriental especialmente para a importação de alimentos roupas medicamentos para uma população muitas vezes faminta e também materiais para a reconstrução industrial e agrícola Cada país associado à UNRRA devia contribuir para esse fundo de assistência porém a maior parte dos recursos também proveio do governo norteamericano Ao fim da guerra tornavase cada vez mais evidente que nem os países conseguiriam restituir os recursos referentes ao Lend and lease nem a UNRRA seria suficiente para promover a efetiva recuperação europeia Diante desse quadro ao qual se somava uma nova configuração política internacional foi proposto um esquema de ajuda conhecido como Plano Marshall Em junho de 1947 em discurso pronunciado na Universidade de Harvard o general George C Marshall então secretário de Estado dos Estados Unidos apresentou um programa para a recuperação das economias europeias que nesse momento passavam por grandes dificuldades econômicas dependentes de importações para recompor as perdas sofridas durante a guerra enfrentavam ainda a escassez de alimentos decorrentes de uma má colheita Como resultado incorriam em grandes déficits comerciais cobertos por empréstimos norteamericanos de curto prazo O crescimento dessa dívida indicava a impossibilidade de saldála em qualquer prazo razoável Como nota Van der Wee O Plano Marshall propôs que em relação à recuperação europeia deveria se promover uma suspensão temporária dos princípios da economia mundial liberal e do sistema existente de empréstimos de curto prazo Em seu lugar um programa maciço de emergência deveria tornar a economia europeia autossustentável num período de quatro anos VAN DER WEE 1987 p353 Embora o plano fosse justificado por razões humanitárias grande parte da população dos países afetados pela guerra tinha precárias condições de sobrevivência havia outros motivos para tal iniciativa De um lado esperavase que esses recursos retornassem à economia americana sob a forma de exportações para os países europeus de modo a estimular a atividade econômica nos Estados Unidos De outro e talvez mais importante havia uma razão de ordem política esta fica clara quando se lembra que em março de 1947 o presidente norteamericano Harry Truman enviou ao Congresso uma mensagem em que se formulava aquilo que ficou conhecido como Doutrina 452 Truman O presidente americano afirmava que era chegada a hora de bloquear a expansão soviética por meio de uma estratégia de contenção O Plano Marshall se inseria nessa estratégia antissoviética pois os recursos concedidos aos países europeus deviam permitir sua recuperação e consolidar naqueles países uma economia capitalista de modo a evitar a possível adesão ao comunismo É particularmente importante a inversão da postura dos vencedores em relação à Alemanha no imediato pósguerra havia a proposta de pastorização da Alemanha ou seja a limitação das atividades industriais a fim de impedir que a sua indústria sustentasse uma eventual tentativa de recuperação do poder bélico perdido durante a guerra2 Mas a pastorização também seria responsável pela redução do bemestar de parcelas da população alemã as quais poderiam se sentir atraídas pelas propostas soviéticas Além disso uma Alemanha forte econômica e militarmente seria uma barreira à expansão soviética para o Ocidente Assim na implementação do Plano Marshall a proposta de pastorização da economia alemã foi abandonada Pelo contrário a noção de recuperação da indústria europeia era central no plano modernização da infraestrutura aumento acelerado da produção em especial de aço e de energia distribuição mais equilibrada da indústria pesada com menor concentração na região do Ruhr racionalização da produção agrícola e manufatureira e mecanismos para assegurar a estabilidade monetária e financeira estavam entre os principais objetivos do plano3 Embora cada país devesse formular seu programa de investimentos aos Estados Unidos cabia não só o fornecimento dos recursos financeiros a maior parte sob a forma de doações mas também de apoio sob a forma de assessores para a execução do programa Mais do que isso como sugere o historiador francês Maurice Crouzet a vigilância dos EUA na utilização de fundos que lhes confere a lei de ajuda ao estrangeiro permite às autoridades americanas controlar os planos industriais julgar de sua oportunidade e de sua amplitude o Plano Monnet teve que sofrer seu exame eles intervém em todo investimento efetuado com fundos públicos e podem se opor à criação de empresas que prejudiquem as de seus compatriotas Seu controle estendese não só à política econômica mas também aos orçamentos do Estado isto é à política financeira ele lhes possibilita portanto uma intervenção permanente na política geral dos Estados auxiliados Sendo as liberalidades revogáveis no caso em que a assistência não seja mais compatível com o interesse nacional dos Estados Unidos estas dependem da docilidade dos governos CROUZET 1958 p113 Os recursos do Plano Marshall foram também oferecidos à União Soviética e aos países que vinham caindo sob sua influência Stalin recusou os recursos oferecidos à União Soviética e impediu que os demais países do bloco os aceitassem Assim ao fim de 1947 a Europa estava claramente cindida em dois blocos Na Europa Ocidental dezesseis países haviam aderido ao Plano Marshall e 453 aceitavam coordenar suas políticas por meio da Comissão Econômica para a Europa estabelecida em 1947 Em 1948 foi constituída a Organização para a Cooperação Econômica Europeia que mais tarde se transformou na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE com o ingresso dos Estados Unidos e do Canadá A recuperação das economias deste bloco da Europa Ocidental aliado dos Estados Unidos era vista como o elemento central para a contenção do avanço soviético na Europa Com esta mesma preocupação formouse em 1949 a Organização do Tratado do Atlântico Norte OTAN que reunia Estados Unidos Canadá Grã Bretanha França Bélgica Holanda Luxemburgo Dinamarca Noruega Portugal Islândia e Itália tratavase de um acordo de natureza militar cujo objetivo básico era também a contenção do avanço soviético Do outro lado sob a liderança da União Soviética constituiuse o Cominform que agrupava os países da Europa Oriental aliados da União Soviética A definição destes dois blocos marcava de certo modo o início da chamada Guerra Fria entre o Leste e o Oeste mais especificamente entre Estados Unidos e União Soviética noção central à política mundial até a década de 1980 O Plano Marshall doou recursos para os países da Europa Ocidental num montante de US 13 bilhões entre 1948 e 1952 que corresponderiam a cerca de US 130 bilhões do começo do século XXI realizado o ajuste pela inflação desse longo período Os principais beneficiários foram o Reino Unido a França e a Alemanha Ocidental a República Federal Alemã Holanda e Itália KENWOOD LOUGHEED 1992 p242 Mais de metade desses recursos foram gastos com produtos primários alimentos e matériasprimas industriais 17 combustíveis 17 máquinas e 7 com custos de transporte GALBRAITH 1994 p110 dado que indica a penúria de elementos básicos em que se encontrava a economia europeia Há um razoável consenso sobre os resultados econômicos do Plano Marshall nas palavras de Galbraith O efeito foi tudo o que mais se poderia esperar nos três anos e meio de operações do Plano Marshall o Produto Nacional Bruto dos países assistidos cresceu 25 a produção industrial subiu 64 e a produção agrícola 24 É claro que uma parte desse crescimento teria ocorrido no curso normal dos eventos não obstante as dificuldades mas como a recuperação coincidiu com o trabalho da Economic Cooperation Administration e a sua impressionante distribuição de talentos o Plano Marshall inevitavelmente recebeu a maior parte do crédito GALBRAITH 1994 p1104 Embora os gastos do Plano Marshall tenham ocorrido apenas durante cerca de quatro anos os estímulos da economia americana sobre a economia europeia não se esgotaram nesse período A presença americana no território europeu por exemplo por meio da OTAN continuou a exercer algum efeito sobre a atividade econômica Mais importante foi a ação americana na Ásia 454 com o início da Guerra da Coreia a economia japonesa não incluída no Plano Marshall também recebeu recursos norteamericanos por meio de gastos realizados no território japonês Mais do que isso o avanço do comunismo na Ásia na China a revolução liderada por Mao Tsétung assumiu o poder em 1949 parecia uma ameaça tão séria quanto a da União Soviética O envolvimento norteamericano na Guerra da Coreia e mais tarde na Guerra do Vietnã se inserem no mesmo quadro geral de contenção da expansão comunista no mundo E indiretamente tiveram efeitos econômicos sobre aquelas economias que foram objeto da atenção norteamericana Em suma nos anos do pósguerra foi definida a conformação que a economia mundial teria nas décadas seguintes de um lado a hegemonia norteamericana secundada pelas economias da Europa Ocidental e do Japão em expansão a partir de 1950 de outro a União Soviética e o bloco de países do Leste Europeu a ela vinculados finalmente o Terceiro Mundo um amplo conjunto de países na América na Ásia e na África sobre os quais Estados Unidos e União Soviética procuravam estabelecer sua influência Desse modo a polarização Estados UnidosUnião Soviética ou capitalismocomunismo aparece não só por meio da oposição de dois sistemas políticos e econômicos distintos mas também nas relações econômicas entre os países inseridos nos dois blocos já que as relações entre os blocos eram bastante limitadas 172 ESTADOS UNIDOS EUROPA E JAPÃO NA ERA DE OURO 19501973 A supremacia americana ao fim da Segunda Guerra Mundial era incontestável tanto do ponto de vista econômico como do militar Essa supremacia garantiu a posição hegemônica dos Estados Unidos na esfera mundial durante a Era de Ouro No entanto ao longo do período a distância entre os Estados Unidos e os principais países europeus se reduziu Nas palavras de Hobsbawm Para os EUA que dominaram a economia do mundo após a Segunda Guerra Mundial ela a Era de Ouro não foi tão revolucionária assim Simplesmente continuou a expansão dos anos de guerra que foram singularmente bondosos com aquele país Na verdade para os EUA essa foi econômica e tecnologicamente uma época mais de relativo retardo do que de avanço A distância entre eles e outros países medida em produtividade por homemhora diminuiu HOBSBAWM 1995 p254 Alguns dados permitem identificar essa redução da distância entre os Estados Unidos e alguns países da Europa Ocidental Tabela 172 TABELA 172 Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per capita 1950 1973 taxas de crescimento anuais médias 455 PIB PIB PER CAPITA Estados Unidos 39 24 Reino Unido 30 25 Alemanha Ocidental 60 50 França 50 40 Itália 56 50 Europa Ocidental Média 46 38 Fonte MADDISON 1995 p83 O crescimento do produto norteamericano foi inferior ao da média da Europa Ocidental e ao dos principais países da região exceto o Reino Unido Daí a redução das diferenças entre os produtos desses países Por exemplo em 1950 o PIB da França correspondia a 132 do norteamericano e o PIB per capita a 45 em 1970 o PIB francês já equivalia a 186 do americano e o PIB per capita a 74 no caso da Alemanha em 1950 essas relações eram de 12 e de 36 em 1970 passaram para 212 e 74 e o Japão cujo PIB em 1950 correspondia a 85 do norteamericano em 1970 tinha um produto equivalente a 308 do americano e um PIB per capita igual a 61 VAN DER WEE 1987 p51 Apesar do crescimento mais lento da economia norteamericana em relação à europeia não se trata de um período de estagnação tratase efetivamente de anos dourados também para a economia norteamericana Quais os fundamentos dessa era de prosperidade A resposta exige a exploração de algumas características da economia da época É usual associarse fases de expansão das economias às inovações tecnológicas É certo que não houve na Era de Ouro uma revolução técnica semelhante à da Primeira ou à da Segunda Revolução Industrial que introduzisse por exemplo uma nova fonte de energia O computador cuja utilização se expandiu nesses anos ainda tinha impacto restrito seja na esfera produtiva seja como bem durável de consumo No entanto não é difícil arrolar um amplo conjunto de bens cujo uso se generalizou durante a Era de Ouro motor a jato helicóptero locomotiva diesel microscópio eletrônico radar gravador de fita televisão lâmpada fluorescente discos de vinil long playing transistor nylon celofane plásticos em geral derivados do petróleo penicilina estreptomicina caneta esferográfica xerografia Estes são alguns exemplos de inovações que apareceram em geral nos anos 1930 e durante a Segunda Guerra e cuja aplicação comercial se difundiu nos anos 1950 Por um lado a introdução de novos produtos estimulava o crescimento 456 da economia pelo surgimento de novas linhas de produção por outro esses novos produtos e alguns mais antigos promoviam uma verdadeira transformação da vida quotidiana dos países desenvolvidos e de parcelas da população de países atrasados O automóvel que já fazia parte do padrão de vida norteamericano pelo menos de uma parcela da população ganhou espaço na Europa HOBSBAWM 1995 p2595 como se observa na Tabela 173 TABELA 173 Número de automóveis em circulação em milhões Fonte BEAUD 2004 p319 Em 1975 nos Estados Unidos havia 500 automóveis por 1000 habitantes na Europa esse número era de 255 na GrãBretanha 290 na França e 289 na Alemanha Ocidental no Japão havia 154 automóveis por 1000 habitantes Ainda assim o crescimento do número de automóveis indicava a enorme ampliação do mercado para esse bem de consumo durável num período de tempo relativamente curto O mesmo se verificou em relação a outros bens duráveis Aparelhos eletrodomésticos como geladeira e lavadoras de roupa e telefones antes de acesso restrito a pequena parcela da população também se tornaram produtos de consumo em massa Herman Van der Wee assim caracteriza esse novo padrão de consumo que se generalizou nos países capitalistas desenvolvidos nos anos 1950 e que penetra nos círculos mais ricos dos países capitalistas atrasados A moderna economia de consumo era fundada na introdução em massa de todo tipo de bens duráveis de consumo na rápida expansão das indústrias do lazer e da moda na expansão e no melhoramento das habitações no desenvolvimento da infraestrutura existente na criação de novos serviços públicos e na demanda fortemente crescente para serviços financeiros transporte pessoal e turismo VAN DER WEE 1987 p243 Se o aumento da renda das famílias nos Estados Unidos desde o imediato pósguerra na Europa a partir dos anos 1950 criava a demanda para essa infinidade de bens e serviços por outro lado as próprias empresas estimulavam essa demanda por meio da introdução de novos produtos e pela intensa propaganda facilitada pela ampliação dos meios de comunicação em especial a televisão O modelo dessa economia de consumo era o mercado 457 americano o chamado american way of life pois ali estavam as matrizes das grandes empresas que forneciam o objeto os produtos e o estímulo a propaganda para a intensificação e diversificação do consumo Nessas grandes empresas se realizava crescentemente a pesquisa da qual derivavam os novos produtos É certo que elas se beneficiavam da pesquisa realizada por conta do governo norteamericano a guerra a corrida armamentista e a espacial exigiam vultosos investimentos em pesquisa científica cujos frutos podiam ser depois apropriados pelas empresas por meio do desenvolvimento de novos produtos Evidentemente apenas empresas de grandes dimensões poderiam manter setores de pesquisa adequados para a geração de novos produtos o que era inviável em empresas familiares ou de pequeno porte Essas grandes empresas que se consolidaram nos anos 1950 também passaram por outras mudanças importantes em especial quanto à relação entre propriedade e gestão Nas grandes corporações ou sociedades anônimas se verifica a crescente separação entre propriedade acionistas e gestão diretores gerentes esse fenômeno já era observado antes da década de 19506 John Kenneth Galbraith em O Novo Estado Industrial obra publicada em 1967 procurou mostrar as implicações da separação entre propriedade e gestão esta agora realizada por meio de dirigentes profissionais que constituem a chamada tecnoestrutura Diversamente do modelo concorrencial típico da teoria econômica essas grandes empresas adquirem razoável controle do mercado seja em termos de preços seja em relação ao volume das vendas Não se trata apenas de poder de monopólio e sim da capacidade de gerar constantemente novos produtos de produzir sua diferenciação e de usar a propaganda como instrumento de indução ao consumo GALBRAITH 1985 Portanto a expansão da economia americana e de certo modo também a europeia conjugava o crescimento da renda das famílias com a oferta de novos bens derivados da inovação e uma estrutura empresarial que oferecia esses novos bens e induzia seu consumo por meio de intensa propaganda Porém o longo período de expansão também contou com outro fundamento as diferentes formas de presença do Estado na economia após a Segunda Guerra Mundial As origens dessa presença se situam nos anos 1930 como bem caracteriza Van der Wee Após a Primeira Guerra Mundial a Europa tentou restabelecer com fé o capitalismo liberal do século XIX Mas o velho paradigma logo se mostrou totalmente inadequado para as novas circunstâncias econômicas do período entre as guerras As receitas ortodoxas da economia clássica não conseguiam definir qualquer mecanismo econômico de autocorreção seja nacional seja internacionalmente Taxas de câmbio fixas e o padrão ouro não mais garantiam preços mundiais 458 estáveis porque os países não seguiam políticas idênticas a fim de assegurar o equilíbrio no balanço de pagamentos Os países achavam que o trágico problema do desemprego não podia mais ser resolvido por orçamentos equilibrados e por deflação porque o movimento sindical era capaz de restringir a flexibilidade dos salários para baixo Durante os desastrosos anos da crise da década de 1930 a crença na economia liberal evaporou e seus instrumentos eram crescentemente vistos como irrelevantes e mesmo irracionais Em contraste o sucesso da Alemanha Nazista com sua extensa intervenção do estado e o progresso da União Soviética devido aos seus planos quinquenais produziram uma grande impressão Laissez faire laissez passer como uma doutrina guia estava morta VAN DER WEE 1987 p32 Se a intervenção do Estado era vista como uma alternativa à economia liberal no mundo ocidental pós Segunda Guerra a experiência nazista e a soviética não eram admitidas como exemplos para legitimar a intervenção estatal No entanto nos anos 1930 era possível encontrar tanto uma experiência concreta como o aparato intelectual para justificar uma nova postura do Estado em relação à economia o New Deal do Presidente F D Roosevelt e a Teoria Geral de J M Keynes Embora o final da guerra ao reduzir a necessidade imperiosa de ação dos governos para garantir o esforço bélico pudesse estimular propostas liberais de retração do Estado o medo do retorno da recessão fez prevalecer o compromisso dos governos com a busca do pleno emprego Se esse era o compromisso fundamental a ele se agregaram outras formas de intervenção do Estado que em cada país respondiam a fortes demandas sociais O caso dos Estados Unidos é típico dessas pressões opostas O setor empresarial dos Estados Unidos opôsse fortemente ao empenho explícito do governo a favor do pleno emprego argumentando que isso poderia destruir a empresa privada Uma proposta de Lei do Pleno Emprego Full Employment Bill foi diluída para se tornar a Lei do Emprego Employment Act de 1946 O direito ao emprego útil remunerador regular e de tempo integral se tornou a responsabilidade do governo federal de promover a livre empresa sob a qual serão fornecidos empregos úteis para aqueles que desejam e procuram trabalho ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 p1314 Ou seja a lei aprovada indicava uma espécie de compromisso entre o setor empresarial preocupado com a dimensão do governo e seu custo em termos de tributos e amplos segmentos da população cujas demandas eram pela garantia do emprego Além da Lei do Emprego foi criado o Conselho de Assessores Econômicos do Presidente que atribuía a economistas a função de orientar a política econômica Apesar da oposição empresarial o Conselho tendia a seguir as políticas de cunho keynesiano pois a política fiscal assumia papel central diante de uma demanda insuficiente para manter o pleno emprego o governo devia aumentar seus gastos incorrendo em déficits se necessário no caso contrário de uma demanda acima do nível de pleno 459 emprego o Estado reduziria seus gastos a fim de evitar o efeito inflacionário do excesso de demanda Se o lado conservador não pôde impedir totalmente a adoção de medidas favoráveis ao pleno emprego conseguiu aprovar em 1947 a Lei TaftHartley LaborManagement Relations Act que impunha medidas restritivas à ação dos sindicatos de trabalhadores de modo a evitar pressões para a elevação dos salários Mas além do objetivo de manter o pleno emprego o governo americano foi levado ao longo dos anos 1950 e 1960 a realizar gastos elevados que contribuíram para manter altos níveis de emprego a Guerra Fria ao induzir despesas com armamentos e a corrida espacial absorveram enormes recursos do governo mas gastos de caráter social também se impuseram aos governos americanos dessas décadas como nota Van der Wee O setor governamental dos Estados Unidos cresceu muito e é claro que este crescimento não se deveu exclusivamente ao rearmamento e ao programa espacial Nos Estados Unidos assim como em outros países ocidentais havia um acordo de que o governo tinha certas responsabilidades em relação ao bemestar social VAN DER WEE 1987 p304 Apesar disso há um claro contraste entre o papel do governo nos Estados Unidos e na Europa na Era de Ouro pois a presença do Estado nos países europeus era qualitativa e quantitativamente bem mais intensa Na França o avanço do Estado já ocorrera antes da Segunda Guerra alguns setores como as ferrovias já haviam sido nacionalizados este era o termo utilizado para definir a estatização de empresas privadas Também havia empresas mistas com capital estatal e privado Ao fim da Segunda Guerra iniciouse nova onda de estatizações o governo do General De Gaulle um dos líderes da resistência contra a ocupação nazista7 tinha a participação do Partido Socialista e do Comunista os quais defendiam a nacionalização de empresas privadas Isso efetivamente ocorreu nos ramos de energia eletricidade gás carvão seguros 32 companhias estatizadas bancários os 4 maiores bancos comerciais diversas empresas industriais como Renault Berliet Air France Cerca de 20 da produção industrial total passou a ser controlada pelo Estado Com a saída do Partido Comunista do governo em 1947 e do Partido Socialista em 1949 não houve continuidade no processo de nacionalização de empresas privadas No entanto não houve um retorno ao livre mercado a presença do estado ganhou outra forma por meio do planejamento O primeiro plano com início em 1946 se estendeu até 1952 e teve sequência com a instituição de um Comissariado de Planejamento que agia em articulação com outros órgãos do governo e com o setor privado O objetivo principal do planejamento era o de estimular o crescimento da economia em adição às políticas anticíclicas tipicamente keynesianas O 460 planejamento francês se fundava na definição de setoreschave em que o investimento seria concentrado ou estimulado admitindo que a expansão da capacidade produtiva nesses setores induziria o crescimento do conjunto da economia Carvão aço cimento eletricidade transporte insumos agrícolas e petróleo foram os principais setores objeto do planejamento francês Este pressupunha a utilização das matrizes de insumoproduto uma técnica desenvolvida pelo economista Wassily Leontief e já utilizada nos planos quinquenais soviéticos No entanto não se tratava de um plano impositivo mas apenas indicativo Na GrãBretanha também houve substancial avanço na intervenção do Estado sem adesão à proposta de planejamento econômico Ali a aplicação dos princípios keynesianos também se fez de forma sistemática agregandose a essa política substancial nacionalização de empresas privadas durante o governo trabalhista do pósguerra 19451951 energia transporte carvão aço infraestrutura companhias de aviação aeroportos transporte rodoviário e mais de 20 da indústria passaram ao controle do Estado O Estado também adquiriu participação acionária em empresas como RollsRoyce e British Petroleum No governo dos conservadores 19511964 houve alguma redução da presença do Estado por exemplo desnacionalizando parte da produção de aço e o transporte rodoviário porém sem pretender um retorno ao livre mercado A Itália é outro exemplo de forte presença estatal na economia As origens dessa intervenção datam do governo fascista de Benito Mussolini em 1933 foi criado o IRI Istituto per la Ricostruzione Industriale cujo objetivo foi o de salvar bancos que haviam comprado ações de empresas industriais por imposição do governo e estavam em situação falimentar O IRI nasceu assim como uma holding estatal de empresas industriais e adquiriu o controle sobre cerca de 120 empresas empregando em torno de 280000 trabalhadores No pósguerra o IRI participou do esforço de reconstrução da economia italiana ampliando sua presença de modo a se tornar o maior empregador do país Reinvestimento dos lucros emissão de títulos e subsídios governamentais garantiram a expansão das atividades do IRI que embora fosse uma holding com participação em muitas empresas influía na gestão das empresas induzindo certos padrões de desenvolvimento para a economia italiana Em adição ao IRI foi criada em 1953 a ENI Ente Nazionali Idrocarburi outra empresa estatal esta ligada ao fornecimento de gás e petróleo para a industrialização italiana Também uma holding a ENI controlava em 1960 cerca de 200 empresas desses ramos Esse não foi fora da Europa o caso do Japão aí o setor produtivo estatal não teve maior expressão porém por meio de intervenção e planejamento a 461 influência do governo sobre o desenvolvimento da economia foi fundamental Ao fim da guerra o Japão derrotado e ocupado pelos vencedores teve sua política definida pelo Comando Supremo dos Poderes Aliados Sua ação no sentido de enfraquecer o poder militar japonês dirigiuse à desorganização dos zaibatsu os grandes conglomerados industriais e à promoção de uma reforma agrária que reduziu a área controlada pelos grandes proprietários Quando readquiriu sua autonomia o governo japonês encontrou menor resistência da parte de grupos anteriormente fortes A recuperação da economia japonesa difícil nos primeiros anos do pósguerra pela destruição que sofrera e pela escassez de recursos pôde ser acelerada com a Guerra da Coreia os Estados Unidos preocupados com a ameaça comunista da Coreia do Norte e também da China passaram a considerar a recuperação japonesa nos moldes capitalistas fundamental para evitar o avanço comunista na região Além disso o Japão serviu como ponto de apoio para as operações da guerra da Coreia o que lhe trouxe recursos externos Em 1955 o governo japonês estabeleceu a Agência de Desenvolvimento Econômico que desse ano até 1977 elaborou sete planos Sem contar com empresas estatais o governo japonês incentivou a produção privada em alguns ramos estratégicos de início aço química metais não ferrosos petróleo e construção naval e mais adiante petroquímica Estimulou as exportações e para obter economias de escala incentivou fusões e cartéis Por meio do MITI Ministério da Indústria e do Comércio Internacional definiu uma política de pesquisa e inovação industrial fundamental para o sucesso das exportações em setores dinâmicos Nesse processo acabou por promover a reconstituição dos zaibatsu alguns grupos preexistentes recobraram sua dimensão de grandes conglomerados como Mitsubishi Mitsui e Sumitomo outros nasceram nessa nova fase de expansão da economia japonesa como Honda e Sony Tratase portanto de outro modelo de intervenção estatal em grande parte responsável pelo rápido desenvolvimento da economia japonesa nos anos 1950 e 1960 O caso da Alemanha é exemplar da importância da intervenção do Estado nos anos 1950 e 1960 Ao fim da Segunda Guerra os Aliados promoveram a ocupação do território alemão Uma parte foi incorporada à Polônia e outra à União Soviética O restante foi dividido entre os quatro aliados que ocupariam militarmente e administrariam esses territórios durante alguns anos e a cidade de Berlim foi dividida entre os quatro vencedores No território ocupado pela União Soviética constituiuse mais tarde a República Democrática Alemã ou Alemanha Oriental a administração dos territórios ocupados por Estados Unidos Reino Unido e França foi unificada e em 1949 com uma nova constituição formouse a República Federal Alemã ou Alemanha Ocidental Já durante a ocupação da Alemanha Ocidental por Estados Unidos Reino 462 Unido e França foram tomadas medidas no sentido de reduzir a participação do Estado na economia Essa tendência foi reafirmada após a constituição da República Federal Alemã ao ministro da Economia Ludwig Erhard foi atribuída a proposta de uma economia social de mercado na prática esta política consistiu na quebra dos cartéis e na desnacionalização ou desestatização de setores da economia Por exemplo os grandes bancos foram divididos em bancos regionais de menor porte os principais grupos industriais foram desmembrados como o maior produtor de aço que respondia por 40 da produção total que foi fragmentado em treze empresas produtoras de aço e nove mineradoras Outro aspecto da política de Erhard diz respeito à participação dos trabalhadores na gestão das empresas por meio de representantes que tinham assento no conselho de administração e na diretoria Empresas desnacionalizadas ofereceram ações para os trabalhadores caso da Volkswagen em 1961 Apesar dessas medidas desestatizantes o peso do Estado na economia alemã continuou muito elevado nos anos 1960 o governo federal ainda tinha 40 do setor de carvão e minério de ferro 62 da produção de energia elétrica 72 da indústria de alumínio e 62 das instituições bancárias além do banco central Mais importante a necessidade de consolidar a nova economia alemã em especial no contexto da formação do Mercado Comum Europeu levou ao abandono da política contrária à concentração tanto na esfera industrial como na bancária Em suma a Alemanha Ocidental abandonou pelo menos nos anos 1960 a proposta de constituição de uma economia mais próxima do livre mercado Paralelamente também no plano conjuntural houve um claro deslocamento desde a reforma monetária de 1948 a política econômica fundouse na ortodoxia monetarista em 1958 em meio à recessão o ministro Erhard adotou medidas anticíclicas tipicamente keynesianas em 1967 com o ministro Karl Schiller foi aprovada a Lei para a Promoção da Estabilidade e do Crescimento da Economia e instituído o Conselho para a Política Anticíclica Desse modo podese afirmar que a Alemanha Ocidental aproximouse dos principais países europeus que associavam políticas keynesianas à intensa presença do Estado na economia Nos demais países europeus fora da órbita soviética também estiveram presentes essas tendências gerais embora marcadas por particularidades Para Van der Wee uma característica comum a alguns países europeus menores por exemplo Suécia Holanda Áustria e Bélgica foi a existência de um sistema de consulta central que estabelecia mecanismos de negociação entre governo empresas e trabalhadores A participação do Estado na economia não era muito elevada porém políticas anticíclicas formavam parte dos instrumentos da política econômica desses governos Admitese que a Suécia já praticava políticas anticíclicas antes mesmo da Teoria Geral de Keynes8 463 Em suma podese afirmar que com pequenas variações os países da Europa não comunista caracterizaramse por elevada participação do Estado na economia e pela adoção de políticas econômicas de caráter keynesiano com objetivo de evitar tanto a recessão como a inflação Ou seja a economia europeia na Era de Ouro afastouse radicalmente do modelo liberal de livre mercado que ainda era defendido por influentes segmentos das sociedades9 Tão ou mais expressivo desse afastamento do modelo liberal foi a constituição do chamado Estado do BemEstar 173 O ESTADO DO BEMESTAR Até aqui ressaltamos o caráter keynesiano do Estado na Era de Ouro tratase da ação dos governos para manter o nível da atividade econômica próximo do pleno emprego por meio da política fiscal No entanto o Estado principalmente na Europa Ocidental foi mais além o Estado do BemEstar Welfare State também procura garantir para toda a população adequadas condições de existência e de segurança no futuro Asa Briggs assim caracteriza o Estado do BemEstar Um estado do bemestar é um estado no qual o poder organizado é deliberadamente usado por meio da política e da administração em um esforço para modificar o jogo das forças de mercado em pelo menos três direções primeira garantindo às famílias e aos indivíduos uma renda mínima independente do valor de mercado de seu trabalho ou de sua propriedade segundo reduzindo a amplitude da insegurança capacitando indivíduos e famílias para enfrentar certas contingências sociais por exemplo doença velhice e desemprego que levariam outrossim indivíduos ou famílias a situações de crise e terceiro assegurando que a todos os cidadãos sem distinção de status ou classe sejam oferecidos os melhores padrões disponíveis com relação a certo conjunto acordado de serviços sociais BRIGGS 1961 p228 Em cada país a proteção social oferecida pelo Estado envolve uma gama específica de garantias e serviços aposentadoria por idade seguro desemprego serviços de saúde e de educação gratuitos subsídios para habitações ou construção de moradia para locação a preços reduzidos são algumas das formas dessa proteção social Certamente nem tudo surge após a Segunda Guerra Mundial admitese que foi na Alemanha em 1880 sob a inspiração do ministro Otto von Bismarck que se introduziu a noção de seguro social em grande escala cobrindo doença acidentes e pensões por velhice Ao lado da intenção de prover o bemestar dos trabalhadores essas medidas eram também uma reação ao avanço dos socialdemocratas um partido socialista com intensa atividade na Alemanha No Reino Unido uma pequena pensão independente de contribuição foi instituída em 1908 e o segurosaúde e o segurodesemprego em 1911 na 464 França medidas semelhantes se verificaram nos anos 1930 ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 p137 Ou seja a noção de seguro social não era desconhecida em 1945 o que ocorre de novo é a enorme expansão desses direitos o que permite a muitos autores situar o Estado do BemEstar como algo característico da Era de Ouro A parcela da população coberta pelo seguro social de início apenas os trabalhadores industriais se ampliou de modo a incluir os trabalhadores por conta própria os agrícolas e os domésticos paralelamente houve também substancial aumento dos gastos sociais Alguns autores sugerem que esses gastos alcançavam cerca de 20 do PIB dos países europeus continentais 17 a 18 nos Estados Unidos e no Reino Unido e 10 no Japão no início dos anos 1970 Apesar disso a pobreza não foi eliminada de acordo com os padrões usuais à mesma época 3 dos alemães 75 dos britânicos 13 dos norteamericanos e 16 dos franceses viviam em situação de pobreza ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 p1381139 Ao analisar o Estado do BemEstar do século XX Asa Briggs encontra cinco fatores em sua determinação 1 uma transformação fundamental na atitude em relação à pobreza que tornou impraticáveis nas sociedades democráticas do século XX as leis dos pobres típicas dos séculos anteriores 2 as investigações mais minuciosas sobre as contingências sociais que dirigiram sua atenção para a necessidade de políticas sociais particulares 3 a forte associação entre desemprego e política de bemestar 4 o desenvolvimento dentro do próprio capitalismo de mercado da filosofia e das práticas de bemestar 5 a influência das pressões da classe trabalhadora sobre o conteúdo e o tom da legislação sobre o bemestar BRIGGS 1961 p252 Os eventos da primeira metade do século XX foram decisivos para a mudança de atitude em relação à pobreza e ao desemprego O impacto da Primeira Guerra sobre a população europeia os efeitos da Grande Depressão e a repetição ampliada das misérias da guerra entre 1940 e 1945 foram suficientemente fortes para que a pobreza a miséria a fome o desemprego fossem vistos não como fruto de patologias individuais mas como contingências sociais Nesse sentido o combate à pobreza deixava de ser um ato de caridade individual de determinados grupos ou instituições ou mesmo do Estado e passava a ser encarado como inerente à solidariedade nacional ou seja a comunidade nacional deveria assegurar o bemestar de todos Mais importante à medida que as economias se recuperavam e se mostravam prósperas e a noção de democracia se consolidava o conteúdo desejável do bemestar foi se movendo do mínimo para o ótimo ao menos em relação a certos serviços específicos e isso fez com que o paternalismo residual parecesse completamente inadequado e crescentemente 465 arcaico BRIGGS 1961 p257 A questão do bemestar também se colocava ao nível das empresas aparecendo por exemplo nos estudos de relações humanas e de psicologia industrial e do trabalho Nas grandes empresas características da Era de Ouro procurouse criar incentivos aos trabalhadores evitar disputas assegurar a produção contínua e obter ganhos de produtividade pela inovação técnica Por outro lado os trabalhadores também viam a questão do bemestar sob a sua perspectiva a qual apresentou características peculiares em cada país Nos Estados Unidos um forte sindicalismo mostrou pouco interesse no socialismo dedicandose a barganhar benefícios ao nível da empresa Na Grã Bretanha os trabalhadores em parte vinculados ao Partido Trabalhista exerceram pressões no sentido de maior intervenção do Estado nas relações de trabalho e na garantia de direitos típicos do Estado do BemEstar Na França os trabalhadores liderados por confederações sindicais vincularamse aos partidos de esquerda Comunista e Socialista buscando conquistas por meio da pressão sobre o Estado No caso da Alemanha a presença de representantes dos trabalhadores nos conselhos e diretorias das empresas muitas vezes com pouca eficácia amenizou as tensões inerentes à relação capitaltrabalho ao mesmo tempo que fazia dos sindicatos entidades economicamente fortes mas politicamente pouco ativas Porém é inegável que essas diferentes formas de pressão foram cruciais para nas palavras de Briggs definir o conteúdo e o tom da legislação sobre o bemestar em cada país No entanto não podemos ignorar outro fator importante para a construção do Estado do BemEstar após a segunda Guerra voltamos novamente à polarização do mundo entre Estados Unidos e União Soviética Assim como o Plano Marshall foi uma estratégia de recuperação das economias europeias com o objetivo de conter o avanço soviético na Europa o Estado do Bem Estar pode ser entendido com o mesmo sentido o consenso em torno dos benefícios concedidos pelo Welfare State espelhavam a preocupação de que trabalhadores mantidos em condições de vida precárias poderiam ser atraídos pelas promessas do comunismo e em consequência aderir a propostas revolucionárias Ao fim deste capítulo em que vários aspectos da Era de Ouro foram levantados cabe buscar uma síntese explicativa para esse quarto de século de prosperidade da economia mundial ou mais propriamente das economias capitalistas desenvolvidas Como nota Hobsbawm não se trata de tarefa simples pois Na verdade não há explicações satisfatórias para a enorme escala desse Grande Salto Adiante da economia mundial capitalista e portanto para suas consequências sociais sem precedentes HOBSBAWM 1995 p263264 Apesar disso o autor procura articular alguns argumentos para a 466 explicação da prosperidade da Era de Ouro Hobsbawm entende que as inovações tecnológicas do período apesar de numerosas não são suficientes para explicar a longa fase de expansão A inovação criou novos produtos cuja demanda estimulou o crescimento porém era preciso que houvesse renda para consumilos a mecanização e a automação de processos produtivos aumentaram a produtividade do trabalho com técnicas intensivas em capital porém era preciso que a produção crescesse muito rapidamente para não gerar desemprego tecnológico e assim evitasse a queda da renda dos trabalhadores e da demanda dessa classe Portanto o impacto positivo da inovação tecnológica dependia de condições que não lhe eram inerentes Para Hobsbawm essas condições decorreram de duas transformações da economia na Era de Ouro A primeira produziu uma economia mista que ao mesmo tempo tornou mais fácil aos Estados planejar e administrar a modernização econômica e aumentou enormemente a demanda HOBSBAWM 1995 p264 Ou seja o compromisso dos governos com uma política keynesiana de pleno emprego e com o Estado do BemEstar ao criar uma expectativa de manutenção do emprego e alguma distribuição de renda ampliou o mercado para bens de consumo principalmente os duráveis que até então eram vistos como bens de luxo caso dos automóveis eletroeletrônicos etc Esse mercado absorveu as constantes inovações tecnológicas sob a forma de novos produtos A segunda transformação se deu na esfera da economia internacional depois de vinte anos de depressão guerra e reconstrução da economia europeia houve um movimento no sentido da internacionalização da economia embora esta ocorresse apenas entre os países que compunham o capitalismo ocidental10 Ainda assim seu impacto sobre o crescimento por meio da ampliação da divisão internacional do trabalho foi expressivo por exemplo o comércio de manufaturas entre os países industrializados cresceu mais de dez vezes de 1953 a 1973 HOBSBAWM 1995 p264 Desse modo para Hobsbawm a reestruturação do capitalismo rumo a uma economia mista e a internacionalização da economia foram fundamentais para a prosperidade da Era de Ouro Seu resultado foi a incomum combinação keynesiana de crescimento econômico numa economia capitalista baseada no consumo de massa de uma força de trabalho plenamente empregada e cada vez mais bem paga e protegida HOBSBAWM 1995 p276 Essa combinação não foi o resultado da livre ação do mercado foi uma construção política que envolveu primeiro um consenso entre a direita e a esquerda dos países ocidentais Adicionalmente exigiu um consenso entre 467 patrões e organizações trabalhistas para atender as reivindicações dos trabalhadores Estas deveriam ser mantidas dentro de limites que não afetassem os lucros correntes nem as expectativas futuras de lucro de modo a garantir os investimentos que geravam o aumento da produtividade do trabalho Além de patrões e empregados esse pacto também envolvia os governos que formal ou informalmente mediavam as negociações entre capital e trabalho Assim salários elevados e altos lucros permitiam conciliar interesses em princípio opostos de capital e trabalho salários elevados garantiam a demanda para os bens de consumo que geravam os lucros para as empresas E uma economia em crescimento permitia a crescente arrecadação de impostos que permitia aos governos cumprir com seus compromissos nesse pacto triangular No início da década de 1970 manifestaramse sinais de que as bases desse pacto passaram a ser colocadas em questão Uma expressão da crise que levaria ao fim a Era de Ouro apareceu no sistema monetário internacional com o fim da conversibilidade do dólar em ouro a qual fora estabelecida ao fim da Segunda Guerra A evolução do sistema monetário internacional nessa época é o objeto do próximo capítulo REFERÊNCIAS ALDCROFT D 2001 The European Economy 19141990 London Routledge ARMSTRONG P GLYN A HARRISON J 1991 Capitalism since 1945 Oxford UK Cambridge USA Blackwell BEAUD M 2004 História do Capitalismo De 1500 aos Nossos Dias São Paulo Brasiliense BERLE A A MEANS G C 1987 A Moderna Sociedade Anônima e a Propriedade Privada São Paulo Nova Cultural BLOCK F L 1977 The Origins of International Disorder Berkeley University of California Press BRIGGS A 1961 The Welfare State in Historical Perspective Archives Européenes de Sociologie Tome II n 2 CROUZET M 1958 História Geral das Civilizações Tomo VII A Época Contemporânea 2a Volume O Mundo Dividido São Paulo Difusão Europeia do Livro GALBRAITH J K 1985 O Novo Estado Industrial 2a ed São Paulo Nova Cultural GALBRAITH J K 1994 Uma Viagem pelo Tempo Econômico São Paulo Pioneira HOBSBAWM E J 1995 A Era dos Extremos O Breve Século XX 19141991 São Paulo Companhia das Letras KENWOOD A G LOUGHEED A L 1992 The Growth of the Internacional Economy 1820 1990 An Introductory Text London New York Routledge MADDISON A 1995 Monitoring the World Economy 18201992 Paris Development CentreOCDE VAN DER WEE H 1987 Prosperity and Upheaval The World Economy 19451980 Harmondsworth Eng Penguin Books 468 1 Embora não neguem os efeitos deletérios da guerra estudos recentes têm relativizado o impacto do conflito sobre a capacidade produtiva dos países europeus Admitese que apesar de mortos e feridos nenhum dos países capitalistas avançados acabou a guerra com uma força de trabalho significativamente menor do que em seu início e ainda que a capacidade produtiva da maior parte dos países capitalistas era igual ou maior no fim da guerra do que no seu início ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 p7 Reconhecem no entanto a existência de sérios gargalos para a produção pela escassez de alimentos para os trabalhadores de combustível para as fábricas para o transporte e para o aquecimento doméstico e ainda pela destruição parcial do sistema de transportes linhas férreas pontes locomotivas veículos automotores etc Também admitem que os danos provocados pela guerra distribuíramse desigualmente pelos diferentes países de qualquer modo esses estudos sugerem que as perdas foram menos sérias do que a imagem de destruição em especial pela guerra aérea poderia sugerir ALDCROFT 2001 p105 108 2 O principal defensor da pastorização da Alemanha era Henry Morgenthau secretário do Tesouro norteamericano mas a proposta enfrentava a oposição de outros setores dentro do governo como do Departamento de Estado BLOCK 1977 p4142 3 Nas palavras de Van der Wee Quando os poderes aliados ocidentais decidiram unilateralmente restaurar a economia da Alemanha ocidental usando o Plano Marshall para esse propósito a Guerra Fria começou VAN DER WEE 1987 p355 O Plano Marshall é o complemento lógico da Doutrina Truman como instrumento para a contenção da expansão soviética e portanto para o início da Guerra Fria 4 Aldcroft também atribui a recuperação europeia em parte à ajuda externa e indica outros fatores importantes Em síntese a Europa ocidental produziu uma recuperação notável no período de 19451950 embora sua posição externa permanecesse frágil Esse desempenho contrasta de forma aguda com a triste experiência posterior à Primeira Guerra Mundial O progresso econômico fundouse no alcance e manutenção de altos níveis de emprego e investimento no grande influxo de ajuda externa e em fortes pressões da demanda que nunca ficaram fora de controle ALDCROFT 2001 p122 A questão da fragilidade externa grandes déficits na balança comercial e em contas correntes será tratada no próximo capítulo 5 É interessante notar também o diferente padrão dos veículos produzidos nos Estados Unidos e na Europa os americanos caracterizavamse por grandes e crescentes dimensões numa clara ostentação de riqueza na Europa mesmo as fábricas americanas como a Ford e a GM produziam carros de pequeno porte acessíveis a uma população cujo nível médio de renda era inferior ao norteamericano 6 Adolf A Berle e Gardiner C Means já haviam registrado e analisado essa mudança em livro publicado originalmente em 1932 The Modern Corporation and Private Property traduzido para o português A Moderna Sociedade Anônima e a Propriedade Privada São Paulo Nova Cultural 1987 7 Charles de Gaulle foi eleito presidente da Quarta República francesa em novembro de 1945 porém renunciou alguns meses mais tarde diante de divergências no interior do governo Em 1959 após séria crise política teve início a Quinta República e novamente de Gaulle foi eleito presidente cargo em que permaneceu até 1969 8 Um ataque menor à depressão política e socialmente muito mais benigno foi aquele ocorrido na Suécia Tive também a oportunidade de acompanhálo em primeira mão pois conheci um grupo notável de economistas suecos Gunnar Myrdal Bertil G Ohlin Erik R Lindhal Erik Lundberg e Dag Hammarskjöld que haviam rompido com a tradição conservadora e concluído que a miséria e o desemprego da depressão só poderiam ser reduzidos através de ações positivas do governo Este programa foi posto em prática no início da década de 30 muito antes das propostas de Keynes Em um mundo justo haveríamos de nos referir não à revolução keynesiana mas sim à sueca GALBRAITH 1994 p84 9 Análises minuciosas da economia dos Estados Unidos e da Europa Ocidental na Era de Ouro são apresentadas por ALDCROFT 2001 Cap 5 ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 Parte 693 II e VAN DER WEE 1987 Cap II e VII 10 Os países do Terceiro Mundo tenderam a fechar suas economias buscando por meio da industrialização nacional substituir as importações e o bloco socialista manteve relações comerciais quase exclusivamente no interior do próprio bloco 694 História Econômica do Século XX 012024 Fichamentos da Unidade 3 FICHAMENTO 1 OBRIGATÓRIO ALTERNATIVO SAES F SAES A M História econômica geral São Paulo Saraiva 2013 cap17 1 Objetivos do texto 2 Argumentos desenvolvidos no texto 3 Impressões do estudante sobre o texto 4 Trechos que por alguma razão você queira destacar com indicação de página História Econômica do Século XX 082024 Fichamentos da Unidade 2 FICHAMENTO Referência SAES Flávio Azevedo Marques de SAES Alexandre Macchione História econômica geral 2013 Editora Saraiva Capítulo 17 A HEGEMONIA AMERICANA E A RECONSTRUÇÃO DA PROSPERIDADE DA EUROPA OCIDENTAL E DO JAPÃO 19451973 1 Objetivos do texto O texto tem como objetivos principais trazer uma visão geral do desenvolvimento econômico global no período pósSegunda Guerra Mundial e compreender as diferenças e semelhanças nas trajetórias de crescimento entre os EUA Europa e Japão Após a guerra os EUA com sua economia menos afetada experimentaram um crescimento robusto Em contraste a Europa e o Japão enfrentaram desafios significativos na reconstrução de suas economias e infraestruturas Na Era de Ouro os EUA se destacaram economicamente e militarmente enquanto a recuperação e o crescimento na Europa e no Japão foram impulsionados pelo Estado do BemEstar e por avanços tecnológicos A análise também visa ilustrar como essas trajetórias contribuíram para a redução da distância econômica entre essas regiões ao longo do tempo 2 Argumentos desenvolvidos no texto Os principais argumentos dos autores abordam o impacto significativo das políticas econômicas e sociais na reconstrução e crescimento global após a Segunda Guerra Mundial Eles argumentam que a recuperação econômica dos Estados Unidos foi impulsionada por uma combinação de inovação tecnológica uma economia interna sólida e políticas que favoreceram o crescimento Essa posição de liderança permitiu aos EUA estabeleceremse como a principal potência econômica mundial Por outro lado a reconstrução na Europa e no Japão apresentou desafios consideráveis mas esses países conseguiram superar essas dificuldades por meio de políticas de reconstrução eficazes assistência externa e reformas estruturais Os autores destacam que durante a Era de Ouro do Capitalismo 19451973 essas estratégias contribuíram para um crescimento econômico robusto e uma significativa redução das desigualdades A Europa ocidental com o Plano Marshall e outras iniciativas e o Japão com reformas econômicas e industriais foram capazes de se recuperar rapidamente e estabilizar suas economias O texto argumenta que as políticas de bemestar social e investimentos em infraestrutura foram fundamentais para o sucesso econômico desses países Essas políticas não apenas apoiaram a recuperação imediata mas também estabeleceram bases sólidas para o crescimento contínuo e a estabilidade econômica a longo prazo Os autores enfatizam que as diferentes abordagens e estratégias adotadas por cada região foram cruciais para entender a dinâmica da recuperação econômica global e as variações no sucesso de cada região 3 Impressões do estudante sobre o texto o texto ilustra as estratégias bemsucedidas de reconstrução na Europa e no Japão demonstrando a importância de políticas de assistência reformas estruturais e investimentos em infraestrutura A análise evidencia como essas políticas não apenas resolveram problemas imediatos mas também ajudaram a criar uma base sólida para o crescimento sustentável e a redução das desigualdades A impressão pessoal é a de que o texto oferece uma compreensão clara e abrangente das diferentes abordagens adotadas pelas nações em recuperação e dos fatores que influenciaram seu sucesso A discussão das políticas de bemestar social e o papel dos investimentos em infraestrutura seriam particularmente impactantes revelando a complexidade e a importância das estratégias econômicas na construção de uma base econômica robusta para o futuro 4 Trechos que por alguma razão você queira destacar com indicação de página Embora os Estados Unidos tenham sofrido perdas humanas relativamente elevadas pois 12 milhões de soldados americanos ingressaram nas forças armadas e cerca de 300 mil morreram em combate do ponto de vista material não houve destruição significativa Ao contrário sua economia recuperouse da depressão dos anos 1930 o esforço produtivo para a guerra absorveu de 9 a 10 milhões de desempregados e ainda incorporou novos contingentes à força de trabalho em especial cerca de 6 milhões de mulheres p 449 A ausência de destruição física e a capacidade de manter a infraestrutura intacta foram fatores fundamentais para o papel dos EUA como uma potência econômica e política global no período pósguerra No caso dos países europeus que participaram da guerra assim como do Japão a situação no imediato pósguerra era completamente distinta As perdas humanas haviam sido enormes estimase em 40 milhões o número de mortos na Europa entre civis e militares incluindose aqui a União Soviética que sozinha sofreu a perda de 20 milhões de pessoas Além disso havia feridos doentes e incapacitados em número também elevado no caso do Japão 2 milhões de mortos e também 4 milhões que apresentavam alguma sequela da guerra p 450 Enquanto os EUA conseguiram utilizar a guerra como um catalisador para o crescimento econômico e social os países europeus e o Japão tiveram que lidar com as consequências devastadoras da guerra o que exigiu um esforço hercúleo para superar a destruição e as perdas imensas Essa recuperação no imediato pósguerra não foi fruto da simples ação do mercado apesar de modesta ela envolveu ações deliberadas no sentido de promover a reconstrução das economias mais seriamente atingidas pela guerra Os eventos posteriores ao fim da Primeira Guerra Mundial ainda eram lembrados e era preciso evitar a repetição das ações que haviam conduzido àqueles eventos hiperinflações desemprego ascensão de movimentos autoritários e nacionalistas p 451 O objetivo foi construir uma base sólida para a paz e a prosperidade a longo prazo aprendendo com os erros do passado e implementando estratégias que pudessem mitigar os riscos de crises semelhantes no futuro Por outro lado o esforço de guerra dos Aliados europeus exigira o apoio material e financeiro norte americano Em março de 1941 o Congresso americano aprovara a Lei de Empréstimos e Arrendamentos Lend and lease pela qual o presidente dos Estados Unidos poderia ceder recursos e materiais para os países cuja defesa fosse vital para a América do Norte p 451 Essa estratégia não apenas ajudou a assegurar a vitória dos Aliados mas também estabeleceu os EUA como um líder emergente na ordem mundial pósguerra moldando o cenário político e econômico global nas décadas seguintes Ao fim da guerra tornavase cada vez mais evidente que nem os países conseguiriam restituir os recursos referentes ao Lend and lease nem a UNRRA seria suficiente para promover a efetiva recuperação europeia Diante desse quadro ao qual se somava uma nova configuração política internacional foi proposto um esquema de ajuda conhecido como Plano Marshall p 452 O Plano Marshall representou uma resposta estratégica para os desafios econômicos e políticos do pósguerra e foi um componente essencial na reconstrução da Europa e na definição da geopolítica global no final do século XX Assim na implementação do Plano Marshall a proposta de pastorização da economia alemã foi abandonada Pelo contrário a noção de recuperação da indústria europeia era central no plano modernização da infraestrutura aumento acelerado da produção em especial de aço e de energia distribuição mais equilibrada da indústria pesada com menor concentração na região do Ruhr racionalização da produção agrícola e manufatureira e mecanismos para assegurar a estabilidade monetária e financeira estavam entre os principais objetivos do plano3 Embora cada país devesse formular seu programa de investimentos aos Estados Unidos cabia não só o fornecimento dos recursos financeiros a maior parte sob a forma de doações mas também de apoio sob a forma de assessores para a execução do programa p 453 O plano representou uma abordagem abrangente e coordenada para a recuperação da Europa reconhecendo a necessidade de reconstruir a capacidade econômica e promover a estabilidade regional A implementação bemsucedida do plano foi crucial para a recuperação econômica da Europa e para a formação da ordem econômica e política do pós guerra Na França o avanço do Estado já ocorrera antes da Segunda Guerra alguns setores como as ferrovias já haviam sido nacionalizados este era o termo utilizado para definir a estatização de empresas privadas Também havia empresas mistas com capital estatal e privado Ao fim da Segunda Guerra iniciouse nova onda de estatizações o governo do General De Gaulle um dos líderes da resistência contra a ocupação nazista7 tinha a participação do Partido Socialista e do Comunista os quais defendiam a nacionalização de empresas privadas Isso efetivamente ocorreu nos ramos de energia eletricidade gás carvão seguros 32 companhias estatizadas bancários os 4 maiores bancos comerciais diversas empresas industriais como Renault Berliet Air France p 460 Essas nacionalizações foram um aspecto importante da reconstrução e reestruturação da economia francesa no pósguerra moldando a trajetória econômica e política do país na segunda metade do século XX O caso da Alemanha é exemplar da importância da intervenção do Estado nos anos 1950 e 1960 Ao fim da Segunda Guerra os Aliados promoveram a ocupação do território alemão Uma parte foi incorporada à Polônia e outra à União Soviética O restante foi dividido entre os quatro aliados que ocupariam militarmente e administrariam esses territórios durante alguns anos e a cidade de Berlim foi dividida entre os quatro vencedores p 462 Esses eventos e políticas moldaram profundamente a trajetória da Alemanha no pósguerra influenciando sua recuperação econômica sua estrutura política e sua posição no cenário internacional durante a Guerra Fria Em cada país a proteção social oferecida pelo Estado envolve uma gama específica de garantias e serviços aposentadoria por idade segurodesemprego serviços de saúde e de educação gratuitos subsídios para habitações ou construção de moradia para locação a preços reduzidos são algumas das formas dessa proteção social p 464 A forma como cada país implementa e financia esses serviços pode refletir suas prioridades políticas e econômicas bem como a evolução das necessidades sociais e econômicas ao longo do tempo Hobsbawm entende que as inovações tecnológicas do período apesar de numerosas não são suficientes para explicar a longa fase de expansão A inovação criou novos produtos cuja demanda estimulou o crescimento porém era preciso que houvesse renda para consumilos a mecanização e a automação de processos produtivos aumentaram a produtividade do trabalho com técnicas intensivas em capital porém era preciso que a produção crescesse muito rapidamente para não gerar desemprego tecnológico e assim evitasse a queda da renda dos trabalhadores e da demanda dessa classe Portanto o impacto positivo da inovação tecnológica dependia de condições que não lhe eram inerentes Para Hobsbawm essas condições decorreram de duas transformações da economia na Era de Ourop 467 Primeiro a expansão dos estados de bemestar social aumentou a renda disponível das classes trabalhadoras e médias impulsionando a demanda por bens e serviços e garantindo estabilidade econômica Em segundo lugar a integração e expansão do mercado global com a redução das barreiras comerciais e o aumento do comércio internacional proporcionaram novos mercados e oportunidades promovendo crescimento econômico e inovação Essas transformações criaram condições favoráveis para que as inovações tecnológicas tivessem um impacto positivo mais amplo e sustentado Além de patrões e empregados esse pacto também envolvia os governos que formal ou informalmente mediavam as negociações entre capital e trabalho Assim salários elevados e altos lucros permitiam conciliar interesses em princípio opostos de capital e trabalho salários elevados garantiam a demanda para os bens de consumo que geravam os lucros para as empresas E uma economia em crescimento permitia a crescente arrecadação de impostos que permitia aos governos cumprir com seus compromissos nesse pacto triangular p 468 Esse modelo de pacto social ajudou a criar um ambiente econômico estável e próspero durante a Era de Ouro refletindo uma época em que a cooperação entre diferentes setores e a intervenção governamental foram fundamentais para o sucesso e a equidade econômica

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HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL Flávio Azevedo Marques de Saes Alexandre Macchione Saes Editora Saraiva Capítulo 17 A HEGEMONIA AMERICANA E A RECONSTRUÇÃO DA PROSPERIDADE DA EUROPA OCIDENTAL E DO JAPÃO 19451973 171 O PÓSGUERRA 19451950 Ao fim da Segunda Guerra Mundial havia um enorme contraste entre as condições econômicas dos Estados Unidos e as dos países mais diretamente envolvidos na guerra seja do lado vencedor dos Aliados principalmente França e Reino Unido ou do perdedor o Eixo Alemanha Itália e Japão Embora os Estados Unidos tenham sofrido perdas humanas relativamente elevadas pois 12 milhões de soldados americanos ingressaram nas forças armadas e cerca de 300 mil morreram em combate do ponto de vista material não houve destruição significativa Ao contrário sua economia recuperouse da depressão dos anos 1930 o esforço produtivo para a guerra absorveu de 9 a 10 milhões de desempregados e ainda incorporou novos contingentes à força de trabalho em especial cerca de 6 milhões de mulheres Ao fim da guerra o temor de um retorno à recessão não se confirmou apesar da redução dos gastos bélicos do governo outros componentes da demanda permitiram sustentar o crescimento da economia Houve aumento das exportações para os países europeus em reconstrução aumento do consumo pessoal em parte com a poupança acumulada durante os anos do conflito com pagamentos do governo aos veteranos de guerra e ainda com o resgate dos bônus emitidos para financiar os gastos do governo os investimentos das empresas foram retomados com os lucros retidos durante a guerra Tudo isso contribuiu para que a economia se mantivesse aquecida Os índices do Produto Nacional Bruto americano registram esse crescimento VAN DER WEE 1987 p30 1938100 1948165 1950179 449 Com o fim do controle de preços exercido durante a guerra houve um impacto inflacionário inicial que não se tornou permanente Em suma a economia americana manteve depois de 1945 o ritmo de expansão que a havia caracterizado no período bélico No caso dos países europeus que participaram da guerra assim como do Japão a situação no imediato pósguerra era completamente distinta As perdas humanas haviam sido enormes estimase em 40 milhões o número de mortos na Europa entre civis e militares incluindose aqui a União Soviética que sozinha sofreu a perda de 20 milhões de pessoas Além disso havia feridos doentes e incapacitados em número também elevado no caso do Japão 2 milhões de mortos e também 4 milhões que apresentavam alguma sequela da guerra Além do drama inerente ao fato em si mortos e inválidos representavam uma substancial redução da força de trabalho desses países A isso se somava a destruição material infraestrutura seriamente danificada pontes destruídas impedindo o tráfego em ferrovias e rodovias material rodante das ferrovias sem condições de uso frota mercante europeia afetada pela guerra submarina alemã portos inutilizados ou só parcialmente em condições de uso quase desaparecimento de veículos motorizados particulares destruição de casas e outros edifícios na Alemanha 40 das habitações destruídas ou inabitáveis na GrãBretanha 30 no Japão 25 e 2 milhões de pessoas sem teto redução dos plantéis de gado escassez de fertilizantes devastação de terras agrícolas Em suma ao fim da guerra a Europa e o Japão enfrentavam escassez de meios de produção e de força de trabalho para iniciar o processo de recuperação1 Por isso esta se fez lentamente e impôs severos ônus à população escassez de produtos inclusive alimentos fome e até mortes por falta de meios de subsistência a escassez de carvão além do impacto sobre a produção também dificultava o aquecimento doméstico essencial na época do inverno Estas dificuldades se refletem nos índices do Produto Interno Bruto Tabela 171 Em 1948 três anos após o final da guerra Alemanha Japão e em menor grau Itália ainda registravam substanciais reduções do PIB em relação ao nível de 1938 e França Reino Unido e União Soviética apenas tinham retornado ao nível de 1938 ou um pouco mais Só em 1950 a recuperação se mostra mais nítida na França no Reino Unido e na União Soviética e apenas modesta na Itália Japão e Alemanha ainda sentiam o impacto da destruição provocada pela derrota no conflito mundial TABELA 171 Produto Interno Bruto 19381950 1938 100 450 1938 1948 1950 França 100 100 121 Itália 100 92 104 Reino Unido 100 106 114 Alemanha Ocidental 100 45 64 Japão 100 63 72 União Soviética 100 105 128 Fonte VAN DER WEE 1987 p30 Essa recuperação no imediato pósguerra não foi fruto da simples ação do mercado apesar de modesta ela envolveu ações deliberadas no sentido de promover a reconstrução das economias mais seriamente atingidas pela guerra Os eventos posteriores ao fim da Primeira Guerra Mundial ainda eram lembrados e era preciso evitar a repetição das ações que haviam conduzido àqueles eventos hiperinflações desemprego ascensão de movimentos autoritários e nacionalistas Diversamente do que se decidira no Tratado de Versalhes em 1919 ao fim da Segunda Guerra não foram impostas aos países derrotados reparações sob a forma de pagamentos em dinheiro ou espécie O território alemão foi partilhado entre os vencedores mas deu origem algum tempo depois à República Federal Alemã que englobou os territórios atribuídos aos Estados Unidos à GrãBretanha e à França e a República Democrática Alemã vinculada ao bloco soviético A não exigência de reparações era insuficiente para garantir a recuperação dos países derrotados porém evitava o peso de encargos que economias profundamente afetadas pela guerra não teriam condições de arcar Por outro lado o esforço de guerra dos Aliados europeus exigira o apoio material e financeiro norteamericano Em março de 1941 o Congresso americano aprovara a Lei de Empréstimos e Arrendamentos Lend and lease pela qual o presidente dos Estados Unidos poderia ceder recursos e materiais para os países cuja defesa fosse vital para a América do Norte Os recursos correspondentes a esses materiais deveriam ser reembolsados aos Estados Unidos A GrãBretanha foi o principal beneficiário do Lend and lease no entanto ao fim da guerra sua capacidade de pagamento era limitada de modo que a efetiva restituição dos recursos foi mínima Como nota Galbraith nunca se estabeleceu uma distinção entre empréstimo e arrendamento e quando se tratou da devolução dos recursos ou dos materiais emprestados ou arrendados esta transação perdeuse nos recessos fugidios da memória pública 451 GALBRAITH 1994 p94 Ainda durante a guerra os países Aliados contaram com outro tipo de ajuda em novembro de 1943 foi criada a Administração das Nações Unidas para a Ajuda e Reabilitação conhecida pela sigla UNRRA iniciais do nome da instituição em inglês cujo objetivo era fornecer ajuda aos povos libertados do domínio nazista inclusive da Europa Oriental especialmente para a importação de alimentos roupas medicamentos para uma população muitas vezes faminta e também materiais para a reconstrução industrial e agrícola Cada país associado à UNRRA devia contribuir para esse fundo de assistência porém a maior parte dos recursos também proveio do governo norteamericano Ao fim da guerra tornavase cada vez mais evidente que nem os países conseguiriam restituir os recursos referentes ao Lend and lease nem a UNRRA seria suficiente para promover a efetiva recuperação europeia Diante desse quadro ao qual se somava uma nova configuração política internacional foi proposto um esquema de ajuda conhecido como Plano Marshall Em junho de 1947 em discurso pronunciado na Universidade de Harvard o general George C Marshall então secretário de Estado dos Estados Unidos apresentou um programa para a recuperação das economias europeias que nesse momento passavam por grandes dificuldades econômicas dependentes de importações para recompor as perdas sofridas durante a guerra enfrentavam ainda a escassez de alimentos decorrentes de uma má colheita Como resultado incorriam em grandes déficits comerciais cobertos por empréstimos norteamericanos de curto prazo O crescimento dessa dívida indicava a impossibilidade de saldála em qualquer prazo razoável Como nota Van der Wee O Plano Marshall propôs que em relação à recuperação europeia deveria se promover uma suspensão temporária dos princípios da economia mundial liberal e do sistema existente de empréstimos de curto prazo Em seu lugar um programa maciço de emergência deveria tornar a economia europeia autossustentável num período de quatro anos VAN DER WEE 1987 p353 Embora o plano fosse justificado por razões humanitárias grande parte da população dos países afetados pela guerra tinha precárias condições de sobrevivência havia outros motivos para tal iniciativa De um lado esperavase que esses recursos retornassem à economia americana sob a forma de exportações para os países europeus de modo a estimular a atividade econômica nos Estados Unidos De outro e talvez mais importante havia uma razão de ordem política esta fica clara quando se lembra que em março de 1947 o presidente norteamericano Harry Truman enviou ao Congresso uma mensagem em que se formulava aquilo que ficou conhecido como Doutrina 452 Truman O presidente americano afirmava que era chegada a hora de bloquear a expansão soviética por meio de uma estratégia de contenção O Plano Marshall se inseria nessa estratégia antissoviética pois os recursos concedidos aos países europeus deviam permitir sua recuperação e consolidar naqueles países uma economia capitalista de modo a evitar a possível adesão ao comunismo É particularmente importante a inversão da postura dos vencedores em relação à Alemanha no imediato pósguerra havia a proposta de pastorização da Alemanha ou seja a limitação das atividades industriais a fim de impedir que a sua indústria sustentasse uma eventual tentativa de recuperação do poder bélico perdido durante a guerra2 Mas a pastorização também seria responsável pela redução do bemestar de parcelas da população alemã as quais poderiam se sentir atraídas pelas propostas soviéticas Além disso uma Alemanha forte econômica e militarmente seria uma barreira à expansão soviética para o Ocidente Assim na implementação do Plano Marshall a proposta de pastorização da economia alemã foi abandonada Pelo contrário a noção de recuperação da indústria europeia era central no plano modernização da infraestrutura aumento acelerado da produção em especial de aço e de energia distribuição mais equilibrada da indústria pesada com menor concentração na região do Ruhr racionalização da produção agrícola e manufatureira e mecanismos para assegurar a estabilidade monetária e financeira estavam entre os principais objetivos do plano3 Embora cada país devesse formular seu programa de investimentos aos Estados Unidos cabia não só o fornecimento dos recursos financeiros a maior parte sob a forma de doações mas também de apoio sob a forma de assessores para a execução do programa Mais do que isso como sugere o historiador francês Maurice Crouzet a vigilância dos EUA na utilização de fundos que lhes confere a lei de ajuda ao estrangeiro permite às autoridades americanas controlar os planos industriais julgar de sua oportunidade e de sua amplitude o Plano Monnet teve que sofrer seu exame eles intervém em todo investimento efetuado com fundos públicos e podem se opor à criação de empresas que prejudiquem as de seus compatriotas Seu controle estendese não só à política econômica mas também aos orçamentos do Estado isto é à política financeira ele lhes possibilita portanto uma intervenção permanente na política geral dos Estados auxiliados Sendo as liberalidades revogáveis no caso em que a assistência não seja mais compatível com o interesse nacional dos Estados Unidos estas dependem da docilidade dos governos CROUZET 1958 p113 Os recursos do Plano Marshall foram também oferecidos à União Soviética e aos países que vinham caindo sob sua influência Stalin recusou os recursos oferecidos à União Soviética e impediu que os demais países do bloco os aceitassem Assim ao fim de 1947 a Europa estava claramente cindida em dois blocos Na Europa Ocidental dezesseis países haviam aderido ao Plano Marshall e 453 aceitavam coordenar suas políticas por meio da Comissão Econômica para a Europa estabelecida em 1947 Em 1948 foi constituída a Organização para a Cooperação Econômica Europeia que mais tarde se transformou na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCDE com o ingresso dos Estados Unidos e do Canadá A recuperação das economias deste bloco da Europa Ocidental aliado dos Estados Unidos era vista como o elemento central para a contenção do avanço soviético na Europa Com esta mesma preocupação formouse em 1949 a Organização do Tratado do Atlântico Norte OTAN que reunia Estados Unidos Canadá Grã Bretanha França Bélgica Holanda Luxemburgo Dinamarca Noruega Portugal Islândia e Itália tratavase de um acordo de natureza militar cujo objetivo básico era também a contenção do avanço soviético Do outro lado sob a liderança da União Soviética constituiuse o Cominform que agrupava os países da Europa Oriental aliados da União Soviética A definição destes dois blocos marcava de certo modo o início da chamada Guerra Fria entre o Leste e o Oeste mais especificamente entre Estados Unidos e União Soviética noção central à política mundial até a década de 1980 O Plano Marshall doou recursos para os países da Europa Ocidental num montante de US 13 bilhões entre 1948 e 1952 que corresponderiam a cerca de US 130 bilhões do começo do século XXI realizado o ajuste pela inflação desse longo período Os principais beneficiários foram o Reino Unido a França e a Alemanha Ocidental a República Federal Alemã Holanda e Itália KENWOOD LOUGHEED 1992 p242 Mais de metade desses recursos foram gastos com produtos primários alimentos e matériasprimas industriais 17 combustíveis 17 máquinas e 7 com custos de transporte GALBRAITH 1994 p110 dado que indica a penúria de elementos básicos em que se encontrava a economia europeia Há um razoável consenso sobre os resultados econômicos do Plano Marshall nas palavras de Galbraith O efeito foi tudo o que mais se poderia esperar nos três anos e meio de operações do Plano Marshall o Produto Nacional Bruto dos países assistidos cresceu 25 a produção industrial subiu 64 e a produção agrícola 24 É claro que uma parte desse crescimento teria ocorrido no curso normal dos eventos não obstante as dificuldades mas como a recuperação coincidiu com o trabalho da Economic Cooperation Administration e a sua impressionante distribuição de talentos o Plano Marshall inevitavelmente recebeu a maior parte do crédito GALBRAITH 1994 p1104 Embora os gastos do Plano Marshall tenham ocorrido apenas durante cerca de quatro anos os estímulos da economia americana sobre a economia europeia não se esgotaram nesse período A presença americana no território europeu por exemplo por meio da OTAN continuou a exercer algum efeito sobre a atividade econômica Mais importante foi a ação americana na Ásia 454 com o início da Guerra da Coreia a economia japonesa não incluída no Plano Marshall também recebeu recursos norteamericanos por meio de gastos realizados no território japonês Mais do que isso o avanço do comunismo na Ásia na China a revolução liderada por Mao Tsétung assumiu o poder em 1949 parecia uma ameaça tão séria quanto a da União Soviética O envolvimento norteamericano na Guerra da Coreia e mais tarde na Guerra do Vietnã se inserem no mesmo quadro geral de contenção da expansão comunista no mundo E indiretamente tiveram efeitos econômicos sobre aquelas economias que foram objeto da atenção norteamericana Em suma nos anos do pósguerra foi definida a conformação que a economia mundial teria nas décadas seguintes de um lado a hegemonia norteamericana secundada pelas economias da Europa Ocidental e do Japão em expansão a partir de 1950 de outro a União Soviética e o bloco de países do Leste Europeu a ela vinculados finalmente o Terceiro Mundo um amplo conjunto de países na América na Ásia e na África sobre os quais Estados Unidos e União Soviética procuravam estabelecer sua influência Desse modo a polarização Estados UnidosUnião Soviética ou capitalismocomunismo aparece não só por meio da oposição de dois sistemas políticos e econômicos distintos mas também nas relações econômicas entre os países inseridos nos dois blocos já que as relações entre os blocos eram bastante limitadas 172 ESTADOS UNIDOS EUROPA E JAPÃO NA ERA DE OURO 19501973 A supremacia americana ao fim da Segunda Guerra Mundial era incontestável tanto do ponto de vista econômico como do militar Essa supremacia garantiu a posição hegemônica dos Estados Unidos na esfera mundial durante a Era de Ouro No entanto ao longo do período a distância entre os Estados Unidos e os principais países europeus se reduziu Nas palavras de Hobsbawm Para os EUA que dominaram a economia do mundo após a Segunda Guerra Mundial ela a Era de Ouro não foi tão revolucionária assim Simplesmente continuou a expansão dos anos de guerra que foram singularmente bondosos com aquele país Na verdade para os EUA essa foi econômica e tecnologicamente uma época mais de relativo retardo do que de avanço A distância entre eles e outros países medida em produtividade por homemhora diminuiu HOBSBAWM 1995 p254 Alguns dados permitem identificar essa redução da distância entre os Estados Unidos e alguns países da Europa Ocidental Tabela 172 TABELA 172 Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per capita 1950 1973 taxas de crescimento anuais médias 455 PIB PIB PER CAPITA Estados Unidos 39 24 Reino Unido 30 25 Alemanha Ocidental 60 50 França 50 40 Itália 56 50 Europa Ocidental Média 46 38 Fonte MADDISON 1995 p83 O crescimento do produto norteamericano foi inferior ao da média da Europa Ocidental e ao dos principais países da região exceto o Reino Unido Daí a redução das diferenças entre os produtos desses países Por exemplo em 1950 o PIB da França correspondia a 132 do norteamericano e o PIB per capita a 45 em 1970 o PIB francês já equivalia a 186 do americano e o PIB per capita a 74 no caso da Alemanha em 1950 essas relações eram de 12 e de 36 em 1970 passaram para 212 e 74 e o Japão cujo PIB em 1950 correspondia a 85 do norteamericano em 1970 tinha um produto equivalente a 308 do americano e um PIB per capita igual a 61 VAN DER WEE 1987 p51 Apesar do crescimento mais lento da economia norteamericana em relação à europeia não se trata de um período de estagnação tratase efetivamente de anos dourados também para a economia norteamericana Quais os fundamentos dessa era de prosperidade A resposta exige a exploração de algumas características da economia da época É usual associarse fases de expansão das economias às inovações tecnológicas É certo que não houve na Era de Ouro uma revolução técnica semelhante à da Primeira ou à da Segunda Revolução Industrial que introduzisse por exemplo uma nova fonte de energia O computador cuja utilização se expandiu nesses anos ainda tinha impacto restrito seja na esfera produtiva seja como bem durável de consumo No entanto não é difícil arrolar um amplo conjunto de bens cujo uso se generalizou durante a Era de Ouro motor a jato helicóptero locomotiva diesel microscópio eletrônico radar gravador de fita televisão lâmpada fluorescente discos de vinil long playing transistor nylon celofane plásticos em geral derivados do petróleo penicilina estreptomicina caneta esferográfica xerografia Estes são alguns exemplos de inovações que apareceram em geral nos anos 1930 e durante a Segunda Guerra e cuja aplicação comercial se difundiu nos anos 1950 Por um lado a introdução de novos produtos estimulava o crescimento 456 da economia pelo surgimento de novas linhas de produção por outro esses novos produtos e alguns mais antigos promoviam uma verdadeira transformação da vida quotidiana dos países desenvolvidos e de parcelas da população de países atrasados O automóvel que já fazia parte do padrão de vida norteamericano pelo menos de uma parcela da população ganhou espaço na Europa HOBSBAWM 1995 p2595 como se observa na Tabela 173 TABELA 173 Número de automóveis em circulação em milhões Fonte BEAUD 2004 p319 Em 1975 nos Estados Unidos havia 500 automóveis por 1000 habitantes na Europa esse número era de 255 na GrãBretanha 290 na França e 289 na Alemanha Ocidental no Japão havia 154 automóveis por 1000 habitantes Ainda assim o crescimento do número de automóveis indicava a enorme ampliação do mercado para esse bem de consumo durável num período de tempo relativamente curto O mesmo se verificou em relação a outros bens duráveis Aparelhos eletrodomésticos como geladeira e lavadoras de roupa e telefones antes de acesso restrito a pequena parcela da população também se tornaram produtos de consumo em massa Herman Van der Wee assim caracteriza esse novo padrão de consumo que se generalizou nos países capitalistas desenvolvidos nos anos 1950 e que penetra nos círculos mais ricos dos países capitalistas atrasados A moderna economia de consumo era fundada na introdução em massa de todo tipo de bens duráveis de consumo na rápida expansão das indústrias do lazer e da moda na expansão e no melhoramento das habitações no desenvolvimento da infraestrutura existente na criação de novos serviços públicos e na demanda fortemente crescente para serviços financeiros transporte pessoal e turismo VAN DER WEE 1987 p243 Se o aumento da renda das famílias nos Estados Unidos desde o imediato pósguerra na Europa a partir dos anos 1950 criava a demanda para essa infinidade de bens e serviços por outro lado as próprias empresas estimulavam essa demanda por meio da introdução de novos produtos e pela intensa propaganda facilitada pela ampliação dos meios de comunicação em especial a televisão O modelo dessa economia de consumo era o mercado 457 americano o chamado american way of life pois ali estavam as matrizes das grandes empresas que forneciam o objeto os produtos e o estímulo a propaganda para a intensificação e diversificação do consumo Nessas grandes empresas se realizava crescentemente a pesquisa da qual derivavam os novos produtos É certo que elas se beneficiavam da pesquisa realizada por conta do governo norteamericano a guerra a corrida armamentista e a espacial exigiam vultosos investimentos em pesquisa científica cujos frutos podiam ser depois apropriados pelas empresas por meio do desenvolvimento de novos produtos Evidentemente apenas empresas de grandes dimensões poderiam manter setores de pesquisa adequados para a geração de novos produtos o que era inviável em empresas familiares ou de pequeno porte Essas grandes empresas que se consolidaram nos anos 1950 também passaram por outras mudanças importantes em especial quanto à relação entre propriedade e gestão Nas grandes corporações ou sociedades anônimas se verifica a crescente separação entre propriedade acionistas e gestão diretores gerentes esse fenômeno já era observado antes da década de 19506 John Kenneth Galbraith em O Novo Estado Industrial obra publicada em 1967 procurou mostrar as implicações da separação entre propriedade e gestão esta agora realizada por meio de dirigentes profissionais que constituem a chamada tecnoestrutura Diversamente do modelo concorrencial típico da teoria econômica essas grandes empresas adquirem razoável controle do mercado seja em termos de preços seja em relação ao volume das vendas Não se trata apenas de poder de monopólio e sim da capacidade de gerar constantemente novos produtos de produzir sua diferenciação e de usar a propaganda como instrumento de indução ao consumo GALBRAITH 1985 Portanto a expansão da economia americana e de certo modo também a europeia conjugava o crescimento da renda das famílias com a oferta de novos bens derivados da inovação e uma estrutura empresarial que oferecia esses novos bens e induzia seu consumo por meio de intensa propaganda Porém o longo período de expansão também contou com outro fundamento as diferentes formas de presença do Estado na economia após a Segunda Guerra Mundial As origens dessa presença se situam nos anos 1930 como bem caracteriza Van der Wee Após a Primeira Guerra Mundial a Europa tentou restabelecer com fé o capitalismo liberal do século XIX Mas o velho paradigma logo se mostrou totalmente inadequado para as novas circunstâncias econômicas do período entre as guerras As receitas ortodoxas da economia clássica não conseguiam definir qualquer mecanismo econômico de autocorreção seja nacional seja internacionalmente Taxas de câmbio fixas e o padrão ouro não mais garantiam preços mundiais 458 estáveis porque os países não seguiam políticas idênticas a fim de assegurar o equilíbrio no balanço de pagamentos Os países achavam que o trágico problema do desemprego não podia mais ser resolvido por orçamentos equilibrados e por deflação porque o movimento sindical era capaz de restringir a flexibilidade dos salários para baixo Durante os desastrosos anos da crise da década de 1930 a crença na economia liberal evaporou e seus instrumentos eram crescentemente vistos como irrelevantes e mesmo irracionais Em contraste o sucesso da Alemanha Nazista com sua extensa intervenção do estado e o progresso da União Soviética devido aos seus planos quinquenais produziram uma grande impressão Laissez faire laissez passer como uma doutrina guia estava morta VAN DER WEE 1987 p32 Se a intervenção do Estado era vista como uma alternativa à economia liberal no mundo ocidental pós Segunda Guerra a experiência nazista e a soviética não eram admitidas como exemplos para legitimar a intervenção estatal No entanto nos anos 1930 era possível encontrar tanto uma experiência concreta como o aparato intelectual para justificar uma nova postura do Estado em relação à economia o New Deal do Presidente F D Roosevelt e a Teoria Geral de J M Keynes Embora o final da guerra ao reduzir a necessidade imperiosa de ação dos governos para garantir o esforço bélico pudesse estimular propostas liberais de retração do Estado o medo do retorno da recessão fez prevalecer o compromisso dos governos com a busca do pleno emprego Se esse era o compromisso fundamental a ele se agregaram outras formas de intervenção do Estado que em cada país respondiam a fortes demandas sociais O caso dos Estados Unidos é típico dessas pressões opostas O setor empresarial dos Estados Unidos opôsse fortemente ao empenho explícito do governo a favor do pleno emprego argumentando que isso poderia destruir a empresa privada Uma proposta de Lei do Pleno Emprego Full Employment Bill foi diluída para se tornar a Lei do Emprego Employment Act de 1946 O direito ao emprego útil remunerador regular e de tempo integral se tornou a responsabilidade do governo federal de promover a livre empresa sob a qual serão fornecidos empregos úteis para aqueles que desejam e procuram trabalho ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 p1314 Ou seja a lei aprovada indicava uma espécie de compromisso entre o setor empresarial preocupado com a dimensão do governo e seu custo em termos de tributos e amplos segmentos da população cujas demandas eram pela garantia do emprego Além da Lei do Emprego foi criado o Conselho de Assessores Econômicos do Presidente que atribuía a economistas a função de orientar a política econômica Apesar da oposição empresarial o Conselho tendia a seguir as políticas de cunho keynesiano pois a política fiscal assumia papel central diante de uma demanda insuficiente para manter o pleno emprego o governo devia aumentar seus gastos incorrendo em déficits se necessário no caso contrário de uma demanda acima do nível de pleno 459 emprego o Estado reduziria seus gastos a fim de evitar o efeito inflacionário do excesso de demanda Se o lado conservador não pôde impedir totalmente a adoção de medidas favoráveis ao pleno emprego conseguiu aprovar em 1947 a Lei TaftHartley LaborManagement Relations Act que impunha medidas restritivas à ação dos sindicatos de trabalhadores de modo a evitar pressões para a elevação dos salários Mas além do objetivo de manter o pleno emprego o governo americano foi levado ao longo dos anos 1950 e 1960 a realizar gastos elevados que contribuíram para manter altos níveis de emprego a Guerra Fria ao induzir despesas com armamentos e a corrida espacial absorveram enormes recursos do governo mas gastos de caráter social também se impuseram aos governos americanos dessas décadas como nota Van der Wee O setor governamental dos Estados Unidos cresceu muito e é claro que este crescimento não se deveu exclusivamente ao rearmamento e ao programa espacial Nos Estados Unidos assim como em outros países ocidentais havia um acordo de que o governo tinha certas responsabilidades em relação ao bemestar social VAN DER WEE 1987 p304 Apesar disso há um claro contraste entre o papel do governo nos Estados Unidos e na Europa na Era de Ouro pois a presença do Estado nos países europeus era qualitativa e quantitativamente bem mais intensa Na França o avanço do Estado já ocorrera antes da Segunda Guerra alguns setores como as ferrovias já haviam sido nacionalizados este era o termo utilizado para definir a estatização de empresas privadas Também havia empresas mistas com capital estatal e privado Ao fim da Segunda Guerra iniciouse nova onda de estatizações o governo do General De Gaulle um dos líderes da resistência contra a ocupação nazista7 tinha a participação do Partido Socialista e do Comunista os quais defendiam a nacionalização de empresas privadas Isso efetivamente ocorreu nos ramos de energia eletricidade gás carvão seguros 32 companhias estatizadas bancários os 4 maiores bancos comerciais diversas empresas industriais como Renault Berliet Air France Cerca de 20 da produção industrial total passou a ser controlada pelo Estado Com a saída do Partido Comunista do governo em 1947 e do Partido Socialista em 1949 não houve continuidade no processo de nacionalização de empresas privadas No entanto não houve um retorno ao livre mercado a presença do estado ganhou outra forma por meio do planejamento O primeiro plano com início em 1946 se estendeu até 1952 e teve sequência com a instituição de um Comissariado de Planejamento que agia em articulação com outros órgãos do governo e com o setor privado O objetivo principal do planejamento era o de estimular o crescimento da economia em adição às políticas anticíclicas tipicamente keynesianas O 460 planejamento francês se fundava na definição de setoreschave em que o investimento seria concentrado ou estimulado admitindo que a expansão da capacidade produtiva nesses setores induziria o crescimento do conjunto da economia Carvão aço cimento eletricidade transporte insumos agrícolas e petróleo foram os principais setores objeto do planejamento francês Este pressupunha a utilização das matrizes de insumoproduto uma técnica desenvolvida pelo economista Wassily Leontief e já utilizada nos planos quinquenais soviéticos No entanto não se tratava de um plano impositivo mas apenas indicativo Na GrãBretanha também houve substancial avanço na intervenção do Estado sem adesão à proposta de planejamento econômico Ali a aplicação dos princípios keynesianos também se fez de forma sistemática agregandose a essa política substancial nacionalização de empresas privadas durante o governo trabalhista do pósguerra 19451951 energia transporte carvão aço infraestrutura companhias de aviação aeroportos transporte rodoviário e mais de 20 da indústria passaram ao controle do Estado O Estado também adquiriu participação acionária em empresas como RollsRoyce e British Petroleum No governo dos conservadores 19511964 houve alguma redução da presença do Estado por exemplo desnacionalizando parte da produção de aço e o transporte rodoviário porém sem pretender um retorno ao livre mercado A Itália é outro exemplo de forte presença estatal na economia As origens dessa intervenção datam do governo fascista de Benito Mussolini em 1933 foi criado o IRI Istituto per la Ricostruzione Industriale cujo objetivo foi o de salvar bancos que haviam comprado ações de empresas industriais por imposição do governo e estavam em situação falimentar O IRI nasceu assim como uma holding estatal de empresas industriais e adquiriu o controle sobre cerca de 120 empresas empregando em torno de 280000 trabalhadores No pósguerra o IRI participou do esforço de reconstrução da economia italiana ampliando sua presença de modo a se tornar o maior empregador do país Reinvestimento dos lucros emissão de títulos e subsídios governamentais garantiram a expansão das atividades do IRI que embora fosse uma holding com participação em muitas empresas influía na gestão das empresas induzindo certos padrões de desenvolvimento para a economia italiana Em adição ao IRI foi criada em 1953 a ENI Ente Nazionali Idrocarburi outra empresa estatal esta ligada ao fornecimento de gás e petróleo para a industrialização italiana Também uma holding a ENI controlava em 1960 cerca de 200 empresas desses ramos Esse não foi fora da Europa o caso do Japão aí o setor produtivo estatal não teve maior expressão porém por meio de intervenção e planejamento a 461 influência do governo sobre o desenvolvimento da economia foi fundamental Ao fim da guerra o Japão derrotado e ocupado pelos vencedores teve sua política definida pelo Comando Supremo dos Poderes Aliados Sua ação no sentido de enfraquecer o poder militar japonês dirigiuse à desorganização dos zaibatsu os grandes conglomerados industriais e à promoção de uma reforma agrária que reduziu a área controlada pelos grandes proprietários Quando readquiriu sua autonomia o governo japonês encontrou menor resistência da parte de grupos anteriormente fortes A recuperação da economia japonesa difícil nos primeiros anos do pósguerra pela destruição que sofrera e pela escassez de recursos pôde ser acelerada com a Guerra da Coreia os Estados Unidos preocupados com a ameaça comunista da Coreia do Norte e também da China passaram a considerar a recuperação japonesa nos moldes capitalistas fundamental para evitar o avanço comunista na região Além disso o Japão serviu como ponto de apoio para as operações da guerra da Coreia o que lhe trouxe recursos externos Em 1955 o governo japonês estabeleceu a Agência de Desenvolvimento Econômico que desse ano até 1977 elaborou sete planos Sem contar com empresas estatais o governo japonês incentivou a produção privada em alguns ramos estratégicos de início aço química metais não ferrosos petróleo e construção naval e mais adiante petroquímica Estimulou as exportações e para obter economias de escala incentivou fusões e cartéis Por meio do MITI Ministério da Indústria e do Comércio Internacional definiu uma política de pesquisa e inovação industrial fundamental para o sucesso das exportações em setores dinâmicos Nesse processo acabou por promover a reconstituição dos zaibatsu alguns grupos preexistentes recobraram sua dimensão de grandes conglomerados como Mitsubishi Mitsui e Sumitomo outros nasceram nessa nova fase de expansão da economia japonesa como Honda e Sony Tratase portanto de outro modelo de intervenção estatal em grande parte responsável pelo rápido desenvolvimento da economia japonesa nos anos 1950 e 1960 O caso da Alemanha é exemplar da importância da intervenção do Estado nos anos 1950 e 1960 Ao fim da Segunda Guerra os Aliados promoveram a ocupação do território alemão Uma parte foi incorporada à Polônia e outra à União Soviética O restante foi dividido entre os quatro aliados que ocupariam militarmente e administrariam esses territórios durante alguns anos e a cidade de Berlim foi dividida entre os quatro vencedores No território ocupado pela União Soviética constituiuse mais tarde a República Democrática Alemã ou Alemanha Oriental a administração dos territórios ocupados por Estados Unidos Reino Unido e França foi unificada e em 1949 com uma nova constituição formouse a República Federal Alemã ou Alemanha Ocidental Já durante a ocupação da Alemanha Ocidental por Estados Unidos Reino 462 Unido e França foram tomadas medidas no sentido de reduzir a participação do Estado na economia Essa tendência foi reafirmada após a constituição da República Federal Alemã ao ministro da Economia Ludwig Erhard foi atribuída a proposta de uma economia social de mercado na prática esta política consistiu na quebra dos cartéis e na desnacionalização ou desestatização de setores da economia Por exemplo os grandes bancos foram divididos em bancos regionais de menor porte os principais grupos industriais foram desmembrados como o maior produtor de aço que respondia por 40 da produção total que foi fragmentado em treze empresas produtoras de aço e nove mineradoras Outro aspecto da política de Erhard diz respeito à participação dos trabalhadores na gestão das empresas por meio de representantes que tinham assento no conselho de administração e na diretoria Empresas desnacionalizadas ofereceram ações para os trabalhadores caso da Volkswagen em 1961 Apesar dessas medidas desestatizantes o peso do Estado na economia alemã continuou muito elevado nos anos 1960 o governo federal ainda tinha 40 do setor de carvão e minério de ferro 62 da produção de energia elétrica 72 da indústria de alumínio e 62 das instituições bancárias além do banco central Mais importante a necessidade de consolidar a nova economia alemã em especial no contexto da formação do Mercado Comum Europeu levou ao abandono da política contrária à concentração tanto na esfera industrial como na bancária Em suma a Alemanha Ocidental abandonou pelo menos nos anos 1960 a proposta de constituição de uma economia mais próxima do livre mercado Paralelamente também no plano conjuntural houve um claro deslocamento desde a reforma monetária de 1948 a política econômica fundouse na ortodoxia monetarista em 1958 em meio à recessão o ministro Erhard adotou medidas anticíclicas tipicamente keynesianas em 1967 com o ministro Karl Schiller foi aprovada a Lei para a Promoção da Estabilidade e do Crescimento da Economia e instituído o Conselho para a Política Anticíclica Desse modo podese afirmar que a Alemanha Ocidental aproximouse dos principais países europeus que associavam políticas keynesianas à intensa presença do Estado na economia Nos demais países europeus fora da órbita soviética também estiveram presentes essas tendências gerais embora marcadas por particularidades Para Van der Wee uma característica comum a alguns países europeus menores por exemplo Suécia Holanda Áustria e Bélgica foi a existência de um sistema de consulta central que estabelecia mecanismos de negociação entre governo empresas e trabalhadores A participação do Estado na economia não era muito elevada porém políticas anticíclicas formavam parte dos instrumentos da política econômica desses governos Admitese que a Suécia já praticava políticas anticíclicas antes mesmo da Teoria Geral de Keynes8 463 Em suma podese afirmar que com pequenas variações os países da Europa não comunista caracterizaramse por elevada participação do Estado na economia e pela adoção de políticas econômicas de caráter keynesiano com objetivo de evitar tanto a recessão como a inflação Ou seja a economia europeia na Era de Ouro afastouse radicalmente do modelo liberal de livre mercado que ainda era defendido por influentes segmentos das sociedades9 Tão ou mais expressivo desse afastamento do modelo liberal foi a constituição do chamado Estado do BemEstar 173 O ESTADO DO BEMESTAR Até aqui ressaltamos o caráter keynesiano do Estado na Era de Ouro tratase da ação dos governos para manter o nível da atividade econômica próximo do pleno emprego por meio da política fiscal No entanto o Estado principalmente na Europa Ocidental foi mais além o Estado do BemEstar Welfare State também procura garantir para toda a população adequadas condições de existência e de segurança no futuro Asa Briggs assim caracteriza o Estado do BemEstar Um estado do bemestar é um estado no qual o poder organizado é deliberadamente usado por meio da política e da administração em um esforço para modificar o jogo das forças de mercado em pelo menos três direções primeira garantindo às famílias e aos indivíduos uma renda mínima independente do valor de mercado de seu trabalho ou de sua propriedade segundo reduzindo a amplitude da insegurança capacitando indivíduos e famílias para enfrentar certas contingências sociais por exemplo doença velhice e desemprego que levariam outrossim indivíduos ou famílias a situações de crise e terceiro assegurando que a todos os cidadãos sem distinção de status ou classe sejam oferecidos os melhores padrões disponíveis com relação a certo conjunto acordado de serviços sociais BRIGGS 1961 p228 Em cada país a proteção social oferecida pelo Estado envolve uma gama específica de garantias e serviços aposentadoria por idade seguro desemprego serviços de saúde e de educação gratuitos subsídios para habitações ou construção de moradia para locação a preços reduzidos são algumas das formas dessa proteção social Certamente nem tudo surge após a Segunda Guerra Mundial admitese que foi na Alemanha em 1880 sob a inspiração do ministro Otto von Bismarck que se introduziu a noção de seguro social em grande escala cobrindo doença acidentes e pensões por velhice Ao lado da intenção de prover o bemestar dos trabalhadores essas medidas eram também uma reação ao avanço dos socialdemocratas um partido socialista com intensa atividade na Alemanha No Reino Unido uma pequena pensão independente de contribuição foi instituída em 1908 e o segurosaúde e o segurodesemprego em 1911 na 464 França medidas semelhantes se verificaram nos anos 1930 ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 p137 Ou seja a noção de seguro social não era desconhecida em 1945 o que ocorre de novo é a enorme expansão desses direitos o que permite a muitos autores situar o Estado do BemEstar como algo característico da Era de Ouro A parcela da população coberta pelo seguro social de início apenas os trabalhadores industriais se ampliou de modo a incluir os trabalhadores por conta própria os agrícolas e os domésticos paralelamente houve também substancial aumento dos gastos sociais Alguns autores sugerem que esses gastos alcançavam cerca de 20 do PIB dos países europeus continentais 17 a 18 nos Estados Unidos e no Reino Unido e 10 no Japão no início dos anos 1970 Apesar disso a pobreza não foi eliminada de acordo com os padrões usuais à mesma época 3 dos alemães 75 dos britânicos 13 dos norteamericanos e 16 dos franceses viviam em situação de pobreza ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 p1381139 Ao analisar o Estado do BemEstar do século XX Asa Briggs encontra cinco fatores em sua determinação 1 uma transformação fundamental na atitude em relação à pobreza que tornou impraticáveis nas sociedades democráticas do século XX as leis dos pobres típicas dos séculos anteriores 2 as investigações mais minuciosas sobre as contingências sociais que dirigiram sua atenção para a necessidade de políticas sociais particulares 3 a forte associação entre desemprego e política de bemestar 4 o desenvolvimento dentro do próprio capitalismo de mercado da filosofia e das práticas de bemestar 5 a influência das pressões da classe trabalhadora sobre o conteúdo e o tom da legislação sobre o bemestar BRIGGS 1961 p252 Os eventos da primeira metade do século XX foram decisivos para a mudança de atitude em relação à pobreza e ao desemprego O impacto da Primeira Guerra sobre a população europeia os efeitos da Grande Depressão e a repetição ampliada das misérias da guerra entre 1940 e 1945 foram suficientemente fortes para que a pobreza a miséria a fome o desemprego fossem vistos não como fruto de patologias individuais mas como contingências sociais Nesse sentido o combate à pobreza deixava de ser um ato de caridade individual de determinados grupos ou instituições ou mesmo do Estado e passava a ser encarado como inerente à solidariedade nacional ou seja a comunidade nacional deveria assegurar o bemestar de todos Mais importante à medida que as economias se recuperavam e se mostravam prósperas e a noção de democracia se consolidava o conteúdo desejável do bemestar foi se movendo do mínimo para o ótimo ao menos em relação a certos serviços específicos e isso fez com que o paternalismo residual parecesse completamente inadequado e crescentemente 465 arcaico BRIGGS 1961 p257 A questão do bemestar também se colocava ao nível das empresas aparecendo por exemplo nos estudos de relações humanas e de psicologia industrial e do trabalho Nas grandes empresas características da Era de Ouro procurouse criar incentivos aos trabalhadores evitar disputas assegurar a produção contínua e obter ganhos de produtividade pela inovação técnica Por outro lado os trabalhadores também viam a questão do bemestar sob a sua perspectiva a qual apresentou características peculiares em cada país Nos Estados Unidos um forte sindicalismo mostrou pouco interesse no socialismo dedicandose a barganhar benefícios ao nível da empresa Na Grã Bretanha os trabalhadores em parte vinculados ao Partido Trabalhista exerceram pressões no sentido de maior intervenção do Estado nas relações de trabalho e na garantia de direitos típicos do Estado do BemEstar Na França os trabalhadores liderados por confederações sindicais vincularamse aos partidos de esquerda Comunista e Socialista buscando conquistas por meio da pressão sobre o Estado No caso da Alemanha a presença de representantes dos trabalhadores nos conselhos e diretorias das empresas muitas vezes com pouca eficácia amenizou as tensões inerentes à relação capitaltrabalho ao mesmo tempo que fazia dos sindicatos entidades economicamente fortes mas politicamente pouco ativas Porém é inegável que essas diferentes formas de pressão foram cruciais para nas palavras de Briggs definir o conteúdo e o tom da legislação sobre o bemestar em cada país No entanto não podemos ignorar outro fator importante para a construção do Estado do BemEstar após a segunda Guerra voltamos novamente à polarização do mundo entre Estados Unidos e União Soviética Assim como o Plano Marshall foi uma estratégia de recuperação das economias europeias com o objetivo de conter o avanço soviético na Europa o Estado do Bem Estar pode ser entendido com o mesmo sentido o consenso em torno dos benefícios concedidos pelo Welfare State espelhavam a preocupação de que trabalhadores mantidos em condições de vida precárias poderiam ser atraídos pelas promessas do comunismo e em consequência aderir a propostas revolucionárias Ao fim deste capítulo em que vários aspectos da Era de Ouro foram levantados cabe buscar uma síntese explicativa para esse quarto de século de prosperidade da economia mundial ou mais propriamente das economias capitalistas desenvolvidas Como nota Hobsbawm não se trata de tarefa simples pois Na verdade não há explicações satisfatórias para a enorme escala desse Grande Salto Adiante da economia mundial capitalista e portanto para suas consequências sociais sem precedentes HOBSBAWM 1995 p263264 Apesar disso o autor procura articular alguns argumentos para a 466 explicação da prosperidade da Era de Ouro Hobsbawm entende que as inovações tecnológicas do período apesar de numerosas não são suficientes para explicar a longa fase de expansão A inovação criou novos produtos cuja demanda estimulou o crescimento porém era preciso que houvesse renda para consumilos a mecanização e a automação de processos produtivos aumentaram a produtividade do trabalho com técnicas intensivas em capital porém era preciso que a produção crescesse muito rapidamente para não gerar desemprego tecnológico e assim evitasse a queda da renda dos trabalhadores e da demanda dessa classe Portanto o impacto positivo da inovação tecnológica dependia de condições que não lhe eram inerentes Para Hobsbawm essas condições decorreram de duas transformações da economia na Era de Ouro A primeira produziu uma economia mista que ao mesmo tempo tornou mais fácil aos Estados planejar e administrar a modernização econômica e aumentou enormemente a demanda HOBSBAWM 1995 p264 Ou seja o compromisso dos governos com uma política keynesiana de pleno emprego e com o Estado do BemEstar ao criar uma expectativa de manutenção do emprego e alguma distribuição de renda ampliou o mercado para bens de consumo principalmente os duráveis que até então eram vistos como bens de luxo caso dos automóveis eletroeletrônicos etc Esse mercado absorveu as constantes inovações tecnológicas sob a forma de novos produtos A segunda transformação se deu na esfera da economia internacional depois de vinte anos de depressão guerra e reconstrução da economia europeia houve um movimento no sentido da internacionalização da economia embora esta ocorresse apenas entre os países que compunham o capitalismo ocidental10 Ainda assim seu impacto sobre o crescimento por meio da ampliação da divisão internacional do trabalho foi expressivo por exemplo o comércio de manufaturas entre os países industrializados cresceu mais de dez vezes de 1953 a 1973 HOBSBAWM 1995 p264 Desse modo para Hobsbawm a reestruturação do capitalismo rumo a uma economia mista e a internacionalização da economia foram fundamentais para a prosperidade da Era de Ouro Seu resultado foi a incomum combinação keynesiana de crescimento econômico numa economia capitalista baseada no consumo de massa de uma força de trabalho plenamente empregada e cada vez mais bem paga e protegida HOBSBAWM 1995 p276 Essa combinação não foi o resultado da livre ação do mercado foi uma construção política que envolveu primeiro um consenso entre a direita e a esquerda dos países ocidentais Adicionalmente exigiu um consenso entre 467 patrões e organizações trabalhistas para atender as reivindicações dos trabalhadores Estas deveriam ser mantidas dentro de limites que não afetassem os lucros correntes nem as expectativas futuras de lucro de modo a garantir os investimentos que geravam o aumento da produtividade do trabalho Além de patrões e empregados esse pacto também envolvia os governos que formal ou informalmente mediavam as negociações entre capital e trabalho Assim salários elevados e altos lucros permitiam conciliar interesses em princípio opostos de capital e trabalho salários elevados garantiam a demanda para os bens de consumo que geravam os lucros para as empresas E uma economia em crescimento permitia a crescente arrecadação de impostos que permitia aos governos cumprir com seus compromissos nesse pacto triangular No início da década de 1970 manifestaramse sinais de que as bases desse pacto passaram a ser colocadas em questão Uma expressão da crise que levaria ao fim a Era de Ouro apareceu no sistema monetário internacional com o fim da conversibilidade do dólar em ouro a qual fora estabelecida ao fim da Segunda Guerra A evolução do sistema monetário internacional nessa época é o objeto do próximo capítulo REFERÊNCIAS ALDCROFT D 2001 The European Economy 19141990 London Routledge ARMSTRONG P GLYN A HARRISON J 1991 Capitalism since 1945 Oxford UK Cambridge USA Blackwell BEAUD M 2004 História do Capitalismo De 1500 aos Nossos Dias São Paulo Brasiliense BERLE A A MEANS G C 1987 A Moderna Sociedade Anônima e a Propriedade Privada São Paulo Nova Cultural BLOCK F L 1977 The Origins of International Disorder Berkeley University of California Press BRIGGS A 1961 The Welfare State in Historical Perspective Archives Européenes de Sociologie Tome II n 2 CROUZET M 1958 História Geral das Civilizações Tomo VII A Época Contemporânea 2a Volume O Mundo Dividido São Paulo Difusão Europeia do Livro GALBRAITH J K 1985 O Novo Estado Industrial 2a ed São Paulo Nova Cultural GALBRAITH J K 1994 Uma Viagem pelo Tempo Econômico São Paulo Pioneira HOBSBAWM E J 1995 A Era dos Extremos O Breve Século XX 19141991 São Paulo Companhia das Letras KENWOOD A G LOUGHEED A L 1992 The Growth of the Internacional Economy 1820 1990 An Introductory Text London New York Routledge MADDISON A 1995 Monitoring the World Economy 18201992 Paris Development CentreOCDE VAN DER WEE H 1987 Prosperity and Upheaval The World Economy 19451980 Harmondsworth Eng Penguin Books 468 1 Embora não neguem os efeitos deletérios da guerra estudos recentes têm relativizado o impacto do conflito sobre a capacidade produtiva dos países europeus Admitese que apesar de mortos e feridos nenhum dos países capitalistas avançados acabou a guerra com uma força de trabalho significativamente menor do que em seu início e ainda que a capacidade produtiva da maior parte dos países capitalistas era igual ou maior no fim da guerra do que no seu início ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 p7 Reconhecem no entanto a existência de sérios gargalos para a produção pela escassez de alimentos para os trabalhadores de combustível para as fábricas para o transporte e para o aquecimento doméstico e ainda pela destruição parcial do sistema de transportes linhas férreas pontes locomotivas veículos automotores etc Também admitem que os danos provocados pela guerra distribuíramse desigualmente pelos diferentes países de qualquer modo esses estudos sugerem que as perdas foram menos sérias do que a imagem de destruição em especial pela guerra aérea poderia sugerir ALDCROFT 2001 p105 108 2 O principal defensor da pastorização da Alemanha era Henry Morgenthau secretário do Tesouro norteamericano mas a proposta enfrentava a oposição de outros setores dentro do governo como do Departamento de Estado BLOCK 1977 p4142 3 Nas palavras de Van der Wee Quando os poderes aliados ocidentais decidiram unilateralmente restaurar a economia da Alemanha ocidental usando o Plano Marshall para esse propósito a Guerra Fria começou VAN DER WEE 1987 p355 O Plano Marshall é o complemento lógico da Doutrina Truman como instrumento para a contenção da expansão soviética e portanto para o início da Guerra Fria 4 Aldcroft também atribui a recuperação europeia em parte à ajuda externa e indica outros fatores importantes Em síntese a Europa ocidental produziu uma recuperação notável no período de 19451950 embora sua posição externa permanecesse frágil Esse desempenho contrasta de forma aguda com a triste experiência posterior à Primeira Guerra Mundial O progresso econômico fundouse no alcance e manutenção de altos níveis de emprego e investimento no grande influxo de ajuda externa e em fortes pressões da demanda que nunca ficaram fora de controle ALDCROFT 2001 p122 A questão da fragilidade externa grandes déficits na balança comercial e em contas correntes será tratada no próximo capítulo 5 É interessante notar também o diferente padrão dos veículos produzidos nos Estados Unidos e na Europa os americanos caracterizavamse por grandes e crescentes dimensões numa clara ostentação de riqueza na Europa mesmo as fábricas americanas como a Ford e a GM produziam carros de pequeno porte acessíveis a uma população cujo nível médio de renda era inferior ao norteamericano 6 Adolf A Berle e Gardiner C Means já haviam registrado e analisado essa mudança em livro publicado originalmente em 1932 The Modern Corporation and Private Property traduzido para o português A Moderna Sociedade Anônima e a Propriedade Privada São Paulo Nova Cultural 1987 7 Charles de Gaulle foi eleito presidente da Quarta República francesa em novembro de 1945 porém renunciou alguns meses mais tarde diante de divergências no interior do governo Em 1959 após séria crise política teve início a Quinta República e novamente de Gaulle foi eleito presidente cargo em que permaneceu até 1969 8 Um ataque menor à depressão política e socialmente muito mais benigno foi aquele ocorrido na Suécia Tive também a oportunidade de acompanhálo em primeira mão pois conheci um grupo notável de economistas suecos Gunnar Myrdal Bertil G Ohlin Erik R Lindhal Erik Lundberg e Dag Hammarskjöld que haviam rompido com a tradição conservadora e concluído que a miséria e o desemprego da depressão só poderiam ser reduzidos através de ações positivas do governo Este programa foi posto em prática no início da década de 30 muito antes das propostas de Keynes Em um mundo justo haveríamos de nos referir não à revolução keynesiana mas sim à sueca GALBRAITH 1994 p84 9 Análises minuciosas da economia dos Estados Unidos e da Europa Ocidental na Era de Ouro são apresentadas por ALDCROFT 2001 Cap 5 ARMSTRONG GLYN HARRISON 1991 Parte 693 II e VAN DER WEE 1987 Cap II e VII 10 Os países do Terceiro Mundo tenderam a fechar suas economias buscando por meio da industrialização nacional substituir as importações e o bloco socialista manteve relações comerciais quase exclusivamente no interior do próprio bloco 694 História Econômica do Século XX 012024 Fichamentos da Unidade 3 FICHAMENTO 1 OBRIGATÓRIO ALTERNATIVO SAES F SAES A M História econômica geral São Paulo Saraiva 2013 cap17 1 Objetivos do texto 2 Argumentos desenvolvidos no texto 3 Impressões do estudante sobre o texto 4 Trechos que por alguma razão você queira destacar com indicação de página História Econômica do Século XX 082024 Fichamentos da Unidade 2 FICHAMENTO Referência SAES Flávio Azevedo Marques de SAES Alexandre Macchione História econômica geral 2013 Editora Saraiva Capítulo 17 A HEGEMONIA AMERICANA E A RECONSTRUÇÃO DA PROSPERIDADE DA EUROPA OCIDENTAL E DO JAPÃO 19451973 1 Objetivos do texto O texto tem como objetivos principais trazer uma visão geral do desenvolvimento econômico global no período pósSegunda Guerra Mundial e compreender as diferenças e semelhanças nas trajetórias de crescimento entre os EUA Europa e Japão Após a guerra os EUA com sua economia menos afetada experimentaram um crescimento robusto Em contraste a Europa e o Japão enfrentaram desafios significativos na reconstrução de suas economias e infraestruturas Na Era de Ouro os EUA se destacaram economicamente e militarmente enquanto a recuperação e o crescimento na Europa e no Japão foram impulsionados pelo Estado do BemEstar e por avanços tecnológicos A análise também visa ilustrar como essas trajetórias contribuíram para a redução da distância econômica entre essas regiões ao longo do tempo 2 Argumentos desenvolvidos no texto Os principais argumentos dos autores abordam o impacto significativo das políticas econômicas e sociais na reconstrução e crescimento global após a Segunda Guerra Mundial Eles argumentam que a recuperação econômica dos Estados Unidos foi impulsionada por uma combinação de inovação tecnológica uma economia interna sólida e políticas que favoreceram o crescimento Essa posição de liderança permitiu aos EUA estabeleceremse como a principal potência econômica mundial Por outro lado a reconstrução na Europa e no Japão apresentou desafios consideráveis mas esses países conseguiram superar essas dificuldades por meio de políticas de reconstrução eficazes assistência externa e reformas estruturais Os autores destacam que durante a Era de Ouro do Capitalismo 19451973 essas estratégias contribuíram para um crescimento econômico robusto e uma significativa redução das desigualdades A Europa ocidental com o Plano Marshall e outras iniciativas e o Japão com reformas econômicas e industriais foram capazes de se recuperar rapidamente e estabilizar suas economias O texto argumenta que as políticas de bemestar social e investimentos em infraestrutura foram fundamentais para o sucesso econômico desses países Essas políticas não apenas apoiaram a recuperação imediata mas também estabeleceram bases sólidas para o crescimento contínuo e a estabilidade econômica a longo prazo Os autores enfatizam que as diferentes abordagens e estratégias adotadas por cada região foram cruciais para entender a dinâmica da recuperação econômica global e as variações no sucesso de cada região 3 Impressões do estudante sobre o texto o texto ilustra as estratégias bemsucedidas de reconstrução na Europa e no Japão demonstrando a importância de políticas de assistência reformas estruturais e investimentos em infraestrutura A análise evidencia como essas políticas não apenas resolveram problemas imediatos mas também ajudaram a criar uma base sólida para o crescimento sustentável e a redução das desigualdades A impressão pessoal é a de que o texto oferece uma compreensão clara e abrangente das diferentes abordagens adotadas pelas nações em recuperação e dos fatores que influenciaram seu sucesso A discussão das políticas de bemestar social e o papel dos investimentos em infraestrutura seriam particularmente impactantes revelando a complexidade e a importância das estratégias econômicas na construção de uma base econômica robusta para o futuro 4 Trechos que por alguma razão você queira destacar com indicação de página Embora os Estados Unidos tenham sofrido perdas humanas relativamente elevadas pois 12 milhões de soldados americanos ingressaram nas forças armadas e cerca de 300 mil morreram em combate do ponto de vista material não houve destruição significativa Ao contrário sua economia recuperouse da depressão dos anos 1930 o esforço produtivo para a guerra absorveu de 9 a 10 milhões de desempregados e ainda incorporou novos contingentes à força de trabalho em especial cerca de 6 milhões de mulheres p 449 A ausência de destruição física e a capacidade de manter a infraestrutura intacta foram fatores fundamentais para o papel dos EUA como uma potência econômica e política global no período pósguerra No caso dos países europeus que participaram da guerra assim como do Japão a situação no imediato pósguerra era completamente distinta As perdas humanas haviam sido enormes estimase em 40 milhões o número de mortos na Europa entre civis e militares incluindose aqui a União Soviética que sozinha sofreu a perda de 20 milhões de pessoas Além disso havia feridos doentes e incapacitados em número também elevado no caso do Japão 2 milhões de mortos e também 4 milhões que apresentavam alguma sequela da guerra p 450 Enquanto os EUA conseguiram utilizar a guerra como um catalisador para o crescimento econômico e social os países europeus e o Japão tiveram que lidar com as consequências devastadoras da guerra o que exigiu um esforço hercúleo para superar a destruição e as perdas imensas Essa recuperação no imediato pósguerra não foi fruto da simples ação do mercado apesar de modesta ela envolveu ações deliberadas no sentido de promover a reconstrução das economias mais seriamente atingidas pela guerra Os eventos posteriores ao fim da Primeira Guerra Mundial ainda eram lembrados e era preciso evitar a repetição das ações que haviam conduzido àqueles eventos hiperinflações desemprego ascensão de movimentos autoritários e nacionalistas p 451 O objetivo foi construir uma base sólida para a paz e a prosperidade a longo prazo aprendendo com os erros do passado e implementando estratégias que pudessem mitigar os riscos de crises semelhantes no futuro Por outro lado o esforço de guerra dos Aliados europeus exigira o apoio material e financeiro norte americano Em março de 1941 o Congresso americano aprovara a Lei de Empréstimos e Arrendamentos Lend and lease pela qual o presidente dos Estados Unidos poderia ceder recursos e materiais para os países cuja defesa fosse vital para a América do Norte p 451 Essa estratégia não apenas ajudou a assegurar a vitória dos Aliados mas também estabeleceu os EUA como um líder emergente na ordem mundial pósguerra moldando o cenário político e econômico global nas décadas seguintes Ao fim da guerra tornavase cada vez mais evidente que nem os países conseguiriam restituir os recursos referentes ao Lend and lease nem a UNRRA seria suficiente para promover a efetiva recuperação europeia Diante desse quadro ao qual se somava uma nova configuração política internacional foi proposto um esquema de ajuda conhecido como Plano Marshall p 452 O Plano Marshall representou uma resposta estratégica para os desafios econômicos e políticos do pósguerra e foi um componente essencial na reconstrução da Europa e na definição da geopolítica global no final do século XX Assim na implementação do Plano Marshall a proposta de pastorização da economia alemã foi abandonada Pelo contrário a noção de recuperação da indústria europeia era central no plano modernização da infraestrutura aumento acelerado da produção em especial de aço e de energia distribuição mais equilibrada da indústria pesada com menor concentração na região do Ruhr racionalização da produção agrícola e manufatureira e mecanismos para assegurar a estabilidade monetária e financeira estavam entre os principais objetivos do plano3 Embora cada país devesse formular seu programa de investimentos aos Estados Unidos cabia não só o fornecimento dos recursos financeiros a maior parte sob a forma de doações mas também de apoio sob a forma de assessores para a execução do programa p 453 O plano representou uma abordagem abrangente e coordenada para a recuperação da Europa reconhecendo a necessidade de reconstruir a capacidade econômica e promover a estabilidade regional A implementação bemsucedida do plano foi crucial para a recuperação econômica da Europa e para a formação da ordem econômica e política do pós guerra Na França o avanço do Estado já ocorrera antes da Segunda Guerra alguns setores como as ferrovias já haviam sido nacionalizados este era o termo utilizado para definir a estatização de empresas privadas Também havia empresas mistas com capital estatal e privado Ao fim da Segunda Guerra iniciouse nova onda de estatizações o governo do General De Gaulle um dos líderes da resistência contra a ocupação nazista7 tinha a participação do Partido Socialista e do Comunista os quais defendiam a nacionalização de empresas privadas Isso efetivamente ocorreu nos ramos de energia eletricidade gás carvão seguros 32 companhias estatizadas bancários os 4 maiores bancos comerciais diversas empresas industriais como Renault Berliet Air France p 460 Essas nacionalizações foram um aspecto importante da reconstrução e reestruturação da economia francesa no pósguerra moldando a trajetória econômica e política do país na segunda metade do século XX O caso da Alemanha é exemplar da importância da intervenção do Estado nos anos 1950 e 1960 Ao fim da Segunda Guerra os Aliados promoveram a ocupação do território alemão Uma parte foi incorporada à Polônia e outra à União Soviética O restante foi dividido entre os quatro aliados que ocupariam militarmente e administrariam esses territórios durante alguns anos e a cidade de Berlim foi dividida entre os quatro vencedores p 462 Esses eventos e políticas moldaram profundamente a trajetória da Alemanha no pósguerra influenciando sua recuperação econômica sua estrutura política e sua posição no cenário internacional durante a Guerra Fria Em cada país a proteção social oferecida pelo Estado envolve uma gama específica de garantias e serviços aposentadoria por idade segurodesemprego serviços de saúde e de educação gratuitos subsídios para habitações ou construção de moradia para locação a preços reduzidos são algumas das formas dessa proteção social p 464 A forma como cada país implementa e financia esses serviços pode refletir suas prioridades políticas e econômicas bem como a evolução das necessidades sociais e econômicas ao longo do tempo Hobsbawm entende que as inovações tecnológicas do período apesar de numerosas não são suficientes para explicar a longa fase de expansão A inovação criou novos produtos cuja demanda estimulou o crescimento porém era preciso que houvesse renda para consumilos a mecanização e a automação de processos produtivos aumentaram a produtividade do trabalho com técnicas intensivas em capital porém era preciso que a produção crescesse muito rapidamente para não gerar desemprego tecnológico e assim evitasse a queda da renda dos trabalhadores e da demanda dessa classe Portanto o impacto positivo da inovação tecnológica dependia de condições que não lhe eram inerentes Para Hobsbawm essas condições decorreram de duas transformações da economia na Era de Ourop 467 Primeiro a expansão dos estados de bemestar social aumentou a renda disponível das classes trabalhadoras e médias impulsionando a demanda por bens e serviços e garantindo estabilidade econômica Em segundo lugar a integração e expansão do mercado global com a redução das barreiras comerciais e o aumento do comércio internacional proporcionaram novos mercados e oportunidades promovendo crescimento econômico e inovação Essas transformações criaram condições favoráveis para que as inovações tecnológicas tivessem um impacto positivo mais amplo e sustentado Além de patrões e empregados esse pacto também envolvia os governos que formal ou informalmente mediavam as negociações entre capital e trabalho Assim salários elevados e altos lucros permitiam conciliar interesses em princípio opostos de capital e trabalho salários elevados garantiam a demanda para os bens de consumo que geravam os lucros para as empresas E uma economia em crescimento permitia a crescente arrecadação de impostos que permitia aos governos cumprir com seus compromissos nesse pacto triangular p 468 Esse modelo de pacto social ajudou a criar um ambiente econômico estável e próspero durante a Era de Ouro refletindo uma época em que a cooperação entre diferentes setores e a intervenção governamental foram fundamentais para o sucesso e a equidade econômica

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