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Psicologia Social
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Arquivos Brasileiros de Psicologia ISSN 01008692 arquivosbrappsicologiaufrjbr Universidade Federal do Rio de Janeiro Brasil Dalbem Juliana Xavier Dalbosco DellAglio Débora Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia vol 57 núm 1 2005 pp 1224 Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Brasil Disponível em httpwwwredalycorgarticulooaid229017444003 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina Caribe Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 12 ARTIGO Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Attachment theory conceptual bases and the development of working models Juliana Xavier Dalbem Débora Dalbosco DellAglioI IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul Programa de Psicologia do Desenvolvimento da UFRGS ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 13 RESUMO Este artigo faz uma revisão da Teoria do Apego TA apresentando as idéias iniciais de Bowlby influências teóricas e conceituais principais contribuições e pesquisas clássicas que formaram a base da TA além das novas formulações e conceitualizações Os principais conceitos teóricos são explorados como apego comportamento de apego modelos internos de funcionamento e padrões de apego São abordados o processo de estabelecimento dos padrões de apego e suas manifestações durante o ciclo vital incluindo a mais tenra infância adolescência e vida adulta sendo discutida sua estabilidade ao longo do desenvolvimento assim como as hipóteses relativas a cada padrão Também são apresentadas considerações quanto à necessidade de pesquisas que enfoquem esse tema na realidade brasileira especialmente em adolescentes já que as pesquisas da TA no Brasil são praticamente restritas ao apego na infância diferentemente de outros países em que essa abordagem já é estudada em outras fases do desenvolvimento PalavraschaveApego Desenvolvimento Modelos internos ABSTRACT This article makes a revision of the Attachment Theory AT showing the initial ideas of Bowlby theoretical and conceptual influences principal contributions and classical researches which have formed the base of AT as well as new formulations and concepts The main concepts are examined such as attachment the attachment behaviour working models and patterns of attachment The building process of attachment patterns is examined as well as their manifestations in different phases of the life cycle including the very early childhood childhood adolescence and adult life The stability of the patterns during the development and the hypotheses related to each pattern are discussed too Since the Brazilian researches on this approach are practically restricted to attachment in childhood unlike others countries which are extending the AT to other phases of development considerations about the necessity of more researches in Brazil focusing the approach of AT mainly in adolescents are presented Keywords Attachment Development Working model ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 14 A TEORIA DO APEGO CONCEITOS BÁSICOS As observações sobre o cuidado inadequado na primeira infância e o desconforto e a ansiedade de crianças pequenas relativos à separação dos cuidadores levaram o psiquiatra especialista em psiquiatria infantil e psicanalista inglês John Bowlby 19071990 a estudar os efeitos do cuidado materno sobre as crianças em seus primeiros anos de vida Bowlby impressionouse com as evidências de efeitos adversos ao desenvolvimento atribuídos ao rompimento na interação com a figura materna na primeira infância AINSWORTH BOWLBY 1991 Os estudos iniciais de J Bowlby 1940 1944 além dos trabalhos de outros pesquisadores proeminentes que o influenciaram deram origem às primeiras formulações e aos pressupostos formais da Teoria do Apego TA Os conceitos de Bowlby foram construídos com base nos campos da psicanálise biologia evolucionária etologia psicologia do desenvolvimento ciências cognitivas e teoria dos sistemas de controle BOWLBY 1989 BRETHERTON 1992 Bowlby buscou alternativas embasadas cientificamente para se defender dos reducionismos teóricos dando ênfase aos mecanismos de adaptação ao mundo real assim como às competências humanas e à ação do indivíduo em seu ambiente WATERS HAMILTON WEINFIELD 2000 O estudo de Mary Ainsworth 1963 sobre o apego investigou fatores determinantes da proximidade intimidade expressa no comportamento de interação de crianças com suas mães Após a publicação do seu estudo realizado em Uganda houve uma grande colaboração intelectual entre Ainsworth e Bowlby Assim os trabalhos de M Ainsworth 1978 1985 sobre o desenvolvimento socioemocional durante os primeiros anos de vida evidenciaram que o modelo de apego que um indivíduo desenvolve durante a primeira infância é profundamente influenciado pela maneira como os cuidadores primários pais ou pessoas substitutas o tratam além de estar ligado a fatores temperamentais e genéticos M Cortina M Marrone 2003 consideram que a TA organiza o comportamento em termos de um sistema motivacional e que as idéias de Bowlby representaram o ponto de partida para o desenvolvimento de uma nova teoria da motivação humana que integra aspectos da biologia moderna e inclui afeto cognição sistemas de controle e de memória além dos aspectos envolvidos no desenvolvimento sustentação e provimento dos laços de apego Essa consideração se baseia no fato de que a proposta dessa teoria organiza o comportamento em termos de um sistema motivacional Além disso o movimento individual de uma pessoa em direção a múltiplas outras converge para que a TA também seja considerada uma teoria relacional das interações sociopsicológica Cortina Marrone 2003 salientam ainda que a TA contempla os processos normais de desenvolvimento e a psicopatologia humana além de abordar os prcessos de informação para a compreensão dos mecanismos psicológicos utilizados na vivência de um trauma ou uma perda ou ainda na experiência de negligência ou rejeição pelas figuras de apego Assim essa abordagem teórica oferece uma base para estudos sobre os afetos e as emoções dos seres humanos proporcionando um suporte empírico coerente para a compreensão dos processos de desenvolvimento normal e patológico ao integrar aspectos da biologia moderna ao embasamento de seus estudos Para J Crowell D Treboux 1995 as pesquisas sobre a TA vêm tomando diversas direções examinando por exemplo a relação entre as experiências de apego da infância e o comportamento parental a transmissão intergeneracional dos padrões de apego o impacto das experiências de apego da infância nos relacionamentos de adolescentes e adultos o papel do apego entre adultos tanto na parentalidade como nas relações românticas e em seus pensamentos percepções e comportamentos as relações entre o apego da infância e sua continuidade na adolescência o apego entre o bebê e seu cuidador e analogias com as patologias e suas evoluções Recentemente pesquisas baseadas na TA estão sendo desenvolvidas com interesse em eventos que ocorrem durante o ciclo vital e que podem mudar o estilo de apego de um indivíduo DAVILA BURGE HAMMEN 1997 J Bowlby 1989 considerou o apego como um mecanismo básico dos seres humanos Ou seja é um comportamento biologicamente programado como o mecanismo de alimentação e da sexualidade e é considerado como um sistema de controle homeostático que funciona dentro de um contexto de outros sistemas de controle comportamentais O papel do apego na vida dos seres humanos envolve o conhecimento de que uma figura de apego está disponível e oferece respostas proporcionando um sentimento de segurança que é fortificador da relação CASSIDY 1999 De acordo com J Bowlby 19731984 o relacionamento da criança com os pais é instaurado por um conjunto de sinais inatos do bebê que demandam proximidade Com o passar do tempo um verdadeiro vínculo afetivo se desenvolve garantido pelas capacidades cognitivas e emocionais da criança assim como pela consistência dos procedimentos de cuidado pela sensibilidade e responsividade dos cuidadores Por isso um dos pressupostos básicos da TA é de que as primeiras relações de apego estabelecidas na infância afetam o estilo de apego do indivíduo ao longo de sua vida BOWLBY 1989 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 15 Outro conceito fundamental da TA é o do comportamento de apego que se refere a ações de uma pessoa para alcançar ou manter proximidade com outro indivíduo claramente identificado e considerado como mais apto para lidar com o mundo BOWLBY 1989 CASSIDY 1999 A função principal atribuída a esse comportamento é biológica e corresponde a uma necessidade de proteção e segurança BOWLBY 19731984 B Golse 1998 ressalta que o comportamento de apego é instintivo evolui ao longo do ciclo da vida e não é herdado o que se herda é o seu potencial ou o tipo de código genético que permite à espécie desenvolver melhores resultados adaptativos caracterizando sua evolução e preservação Evidências de que as crianças também se apegam a figuras abusivas sugerem que o sistema do comportamento de apego não é conduzido apenas por simples associações de prazer Ou seja as crianças desenvolvem o comportamento quando seus cuidadores respondem às suas necessidades fisiológicas mas também quando não o fazem CASSIDY 1999 Contudo durante todo o ciclo vital o comportamento de apego está presente em variadas intensidades e formas Pode ter formas ativas como procurar ou seguir o cuidador formas aversivas como chorar ou pode ainda aparecer sob forma e sinais comportamentais que alertam o cuidador para o interesse de interação da criança como sorrir e verbalizar de modos diversos Todas essas formas são observadas em crianças adolescentes e adultos ao buscarem a aproximação com outras pessoas É o padrão desses comportamentos e não sua freqüência que revela algo acerca da força ou qualidade do apego AINSWORTH 1989 J Bowlby 19691990 distinguiu dois tipos de fatores que podem interferir na ativação do sistema de comportamento do apego aqueles relacionados às condições físicas e temperamentais da criança e os relacionados às condições do ambiente A interação desses dois fatores é complexa e depende de certa forma da estimulação do sistema de apego Além disso esse sistema tem função direta nas respostas afetivas e no desenvolvimento cognitivo já que envolve uma representação mental das figuras de apego de si mesmo e do ambiente sendo estas baseadas na experiência Modelos Internos de Funcionamento O sistema de comportamento de apego é complexo e com o desenvolvimento da criança passa a envolver uma habilidade de representação mental denominada modelo interno de funcionamento que se refere a representações das experiências da infância relacionadas às percepções do ambiente de si mesmo e das figuras de apego BOWLBY 19691990 19731980 De acordo com J Bowlby 1989 as experiências precoces com o cuidador primário iniciam o que depois se generalizará nas expectativas sobre si mesmo dos outros e do mundo em geral com implicações importantes na personalidade em desenvolvimento H Waters C Hamilton N Weinfield 2000 apontam que com a idade e o desenvolvimento cognitivo as representações sensóriomotoras das experiências de uma base segura na infância é que dão origem à representação mental por meio de um processo no qual a criança constrói representações cada vez mais complexas W Furman et al 2002 apontam que o termo working modelsmodelo de funcionamento foi usado por Bowlby para descrever as representações ou expectativas que guiam o comportamento próprio e que servem como uma base de predição e interpretação do comportamento de outras pessoas às quais se é apegado Os working models estão relacionados com os sentimentos de disponibilidade das figuras de apego com a probabilidade de recebimento de suporte emocional em momentos de estresse e de maneira geral com a forma de interação com essas figuras BOWLBY 1989 Outros autores BRETHERTON MUNHOLLAND 1999 COLLINS READ 1994 FONAGY TARGET 1997 têm descrito este conceito de forma similar usando os termos esquemas scripts protótipos representação mental modelo funcional ou estado mental J Bowlby 1989 descreveu o processo de construção dos modelos internos de funcionamento em termos de modelo de apego A criança constrói um modelo representacional interno de si mesma dependendo de como foi cuidada Mais tarde em sua vida esse modelo internalizado permite à criança quando o sentimento é de segurança em relação aos cuidadores acreditar em si própria tornarse independente e explorar sua liberdade Desse modo cada indivíduo forma um projeto interno a partir das primeiras experiências com as figuras de apego Embora essas representações tenham sua origem cedo no desenvolvimento elas continuam em uma lenta evolução sob o domínio sutil das experiências relacionadas ao apego da infância A imagem interna instaurada com os cuidadores primários é considerada a base para todos os relacionamentos íntimos futuros Sua influência aparece já nas primeiras interações com outras pessoas afora as figuras de apegp e expressase nos padrões de apego e de vinculação que o indivíduo apresentará em suas interações interpessoais significativas BRETHERTON MUNHOLLAND 1999 P Fonagy M Target 1997 sugerem que o processo ligado à construção dos working models capacita a habilidade de mentalização ou seja de representar o comportamento em termos de estado mental o qual é determinante da organização do self e é adquirido no contexto das primeiras relações sociais da ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 16 criança Logo a mentalização ou função reflexiva possibilita à criança compreender as atitudes dos outros e agir de maneira adaptada em contextos interacionais específicos Como os cuidadores primários diferem na forma de interagir com suas crianças essas por sua vez terão o desenvolvimento e as percepções de seus estados mentais e dos outros relacionados à observação que farão do mundo mental dos seus cuidadores FONAGY TARG 1997 Assim a mentalização organiza a experiência individual e o comportamento dos outros em termos de construtos do estado mental V Ramires 2003 ressalta a importância da cognição social na formação do modelo de funcionamento interno O conceito de cognição social inclui o pensar sobre o que as pessoas deveriam fazer como elas se sentem e a forma como um indivíduo pensa que pensa sobre os outros A cognição social reconhece a criança como ativa e interativa em seu mundo atribuindo a ela um papel construtivo no seu desenvolvimento Assim a criança possui um papel pensante no mundo das pessoas V Ramires 2003 argumenta que em função disso é necessário que se pense sobre como a criança percebe o que se faz a ela e não que apenas se dê atenção ao que lhe acontece As primeiras representações que formam o modelo interno de funcionamento são formadas e esquematizadas pela organização da memória em termos do que a criança demanda e é correspondida em obter segurança e conforto sendo que o reflexo disso será posto na experiência social real futuramente COLLINS READ 1994 Além disso por meio dos modelos internos de funcionamento ocorre uma tendência de recriação nas relações atuais do indivíduo do padrão de modelo interno de apego primário Assim os padrões de apego estabelecidos na infância são vistos como duradouros por intermédio das diversas fases do ciclo vital embora sejam menos evidentes em adolescentes e adultos BOWLBY 19731980 Estudos longitudinais diversos FONAGY 1999 têm demonstrado a estabilidade do apego sendo que as relações parentais e rupturas de vínculos primários por perda ou abandono têm um impacto transcendente ao desenvolvimento individual Em relação ao papel das figuras de apego na formação dos working models há uma estreita relação com a forma pela qual essas figuras percebem as indicações precoces de intencionalidade de suas crianças e o estado mental delas de modo a agirem de acordo com a demanda infantil Algumas figuras de apego podem ser extremamente desatentas ao estado mental da criança cujo senso de si mesma ainda em desenvolvimento pode sofrer deformações Nos casos de famílias abusivas a construção da representação mental infantil tende a se dar de forma rígida mal adaptada inapropriada e como conseqüência o desenvolvimento da função de mentalização poderá ser pobre ou aniquilado Nesses casos a confiança da criança de que outras pessoas podem compreender os outros por meio dos seus próprios sentimentos é destruída Aumentam também nesses casos as possibilidades de que a criança iniba sua capacidade de se envolver em relacionamentos de apego intensos FONAGY TARGET 1997 Desta forma o papel dos modelos internos de funcionamento é de grande importância na modelagem do comportamento ao longo do ciclo vital em uma ampla variedade de situações incluindo a seleção de um parceiro a formação de relacionamentos de amizade a escolha ocupacional a parentalidade a formação de expectativas e a imagem do self PIETROMONACO BARRETT 1997 Desenvolvimento do Apego ao longo do Ciclo Vital M Ainsworth 1978 desenvolveu um sistema de avaliação do relacionamento mãebebê a partir de observações naturalísticas desse tipo de interação chegando à identificação de dois grandes grupos de estilo de apego os seguros e os inseguros Enquanto as crianças seguras se mostravam confiantes na exploração do ambiente e usavam seus cuidadores como uma base segura de exploração as crianças categorizadas como inseguras tinham em comum baixa exploração do ambiente e pouca ou intensa interação com suas mães Para melhor investigar essas categorias M Ainsworth 1978 desenvolveu o método experimental denominado Situação Estranha em que as reações da criança na interação com seu cuidador são observadas em detalhe em uma situação de separação A Situação Estranha deu origem ao primeiro sistema de classificação do apego entre o cuidador e a criança sendo as categorias organizadas em padrão seguro padrão ambivalente ou resistente e padrão evitativo Os resultados deste estudo conhecido como Baltimore Project foram publicados por M Ainsworth 1978 no artigo Patterns of attachment M Main E Hesse 1990 expandindo o modelo de Ainsworth ainda chegaram a um quarto padrão de apego denominado desorganizado ou desorientado complementando as categorias com mais um padrão distinto de apego inseguro nas interações cuidadorcriança De acordo com M Ainsworth 1978 o padrão seguro corresponde ao relacionamento cuidadorcriança provido de uma base segura na qual a criança pode explorar seu ambiente de forma entusiasmada e motivada e quando estressadas mostra confiança em obter cuidado e proteção das figuras de apego que agem com responsividade As crianças seguras incomodamse quando separadas de seus cuidadores mas não se abatem de forma exagerada E Waters E Cummings 2000 salientam que as características da interação entre o cuidador e a criança nesse caso são de cooperação com instruções ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 17 seguras e monitoração por parte do cuidador ao mesmo tempo em que este encoraja a independência daquela Já o padrão resistente ou ambivalente é caracterizado pela criança que antes de ser separada dos cuidadores apresenta comportamento imaturo para sua idade e pouco interesse em explorar o ambiente voltando sua atenção aos cuidadores de maneira preocupada Após a separação fica bastante incomodada sem se aproximar de pessoas estranhas Quando os cuidadores retornam ela não se aproxima facilmente e alterna seu comportamento entre a procura por contato e a brabeza M Ainsworth 1978 sugere que em alguns momentos essa criança recebeu cuidados de acordo com suas demandas e em outros não obteve uma resposta de apoio o que pode ter provocado falta de confiança nos cuidadores em relação aos cuidados à disponibilidade e à responsividade O grupo de crianças pertencentes ao padrão evitativo brinca de forma tranqüila interage pouco com os cuidadores mostrase pouco inibido com estranhos e chega a se engajar em brincadeiras com pessoas desconhecidas durante a separação dos cuidadores Quando são reunidas aos cuidadores essas crianças mantêm distância e não os procuram para obter conforto M Ainsworth 1978 apontou que são crianças menos propensas a procurar o cuidado e a proteção das figuras de apego quando vivenciam estresse A partir de suas observações M Ainsworth 1967 também sugeriu que essas crianças deixam de procurar os cuidadores após terem sido rejeitadas de alguma maneira por eles Apesar de os cuidadores demonstrarem preocupação não correspondem aos sinais de necessidade quando a criança os indica A hipótese sugerida para a compreensão dessas crianças é de que tenham sido rejeitadas quando revelaram suas necessidades aprendendo a ocultálas em momentos relevantes CORTINA MARRONE 2003 Por fim o grupo categorizado como de padrão desorganizado ou desorientado é composto por crianças que tiveram experiências negativas para o desenvolvimento infantil adaptado Esse padrão identificado por M Main E Hesse 1990 referese a crianças que na Situação Estranha apresentavam comportamento contraditório eou estratégias de coping incoerentes para lidarem com a situação de separação Na presença dos cuidadores antes da separação essas crianças exibem um comportamento constante de impulsividade que envolve apreensão durante a interação expressa por brabeza ou confusão facial ou expressões de transe e perturbações No entendimento de M Main E Hesse 1990 elas vivenciam um conflito sem ter condições de manter um estratégia adequada para lidar com o que as assusta Esses casos aparecem em situações de abuso nas quais o cuidador pode significar uma fonte amedrontadora quando o abusador é externo e faz ameaças à criança ou quando o próprio cuidador é o abusador Assim o padrão desorganizado é associado a fatores de risco e aos maustratos infantil sendo que fatores adicionais podem ser incluídos na manifestação desse padrão como por exemplo transtorno bipolar nos pais ou uso parental de álcool CORTINA MARRONE 2003 A necessidade de figuras de apego que proporcionem uma base segura não se limita absolutamente às crianças BOWLBY 19792001 Contudo existe a prevalência da idéia de que os padrões de apego desenvolvidos na infância por meio dos modelos internos de funcionamento tendem a se manter e a ser reforçados nas interações com outros pois os indivíduos são propensos a se colocar em situações que reforçam os seus modelos precoces de funcionamento interno SPERLING BERMAN 1994 C George N Kaplan M Main 1985 criaram a Entrevista de Apego do Adulto em inglês Adult Attachment Interview AAI com a finalidade de analisar as representações dos modelos internos de apego nos adultos Essa entrevista explora de maneira minuciosa por intermédio de questões estruturadas a relação do indivíduo com os pais durante a infância e os efeitos dessas experiências em seu funcionamento atual Por meio de análise dos conteúdos das entrevistas foram formuladas as categorias de padrões de apego em adultos seguroautônomo desapegadoevitativo preocupadoansioso e desorganizadodesorientado sendo que cada uma corresponde a determinadas características de personalidade a formas de interação aos tipos de resposta social apresentados e ao surgimento de psicopatologias ATKINSON 1997 A AAI GEORGE KAPLAN MAIN 1985 tem sido muito importante nos estudos da TA sendo uma das técnicas de autorelato mais usadas nessa abordagem Contudo sua utilização é restrita pela necessidade de treinamento adequado para o levantamento dos escores e da codificação de suas escalas de avaliação dos relatos Além disso o protocolo da entrevista não está publicado assim como o sistema de escore e de codificação sendo disponibilizado parcialmente para utilização em pesquisas Por intermédio da descrição dos entrevistados de suas relações com seus cuidadores primários perdas significativas e relações atuais com os cuidadores primários o escore é focado na fluidez da fala dos indivíduos sobre suas experiências primárias e na coerência e plausibilidade de suas narrativas CROWELL et al 1996 Vários estudos BARTHOLOMEW MORETTI 2002 HUGHES HARDY KENDRICK 2000 JACOBVITZ CURRAN MOLLER 2002 utilizaram a AAI como instrumento demonstrando que esse é um método de acesso significativo para a organização do apego adaptando se a diversas culturas e que pode ser correlacionado com níveis de inteligência ajustamento social e adaptação individual CROWELL et al 1996 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 18 Em relação ao apego do adulto M Main 2001 distingueo em contraposição ao da criança Durante a primeira infância o apego caracterizase como um interesse insistente em manter proximidade com uma ou algumas pessoas selecionadas uma tendência a usar esses indivíduos como base segura de referência para a exploração do desconhecido e refúgio na figura de apego para busca de segurança em momentos de medo Assim na infância o apego é considerado seguro ou inseguro com relação à figura de apego Já a segurança em adolescentes e adultos não se identifica com nenhuma relação em particular ou seja com nenhuma figura de apego específica nem do passado nem do presente O que se investiga são as diferenças individuais do estado mental com respeito ave história global do apego A categoria seguraautônoma faz um paralelo com o grupo de crianças de apego seguro Nos adultos esse grupo apresenta um relato espontâneo e vívido das experiências de infância com lembranças positivas e uma descrição equilibrada de ocorrências infantis difíceis Os adultos que se enquadram na categoria de apego evitativo ou desapegado apresentam um relato idealizado da infância falha na reconstrução das memórias infantis e se dificuldades nessas experiências são relatadas seus efeitos são negados ou minimizados A categoria preocupadoansioso caracterizase por um relato que envolve experiências que podem ter sido confusas vagas ou tempestuosas e conflitantes apresentando inabilidade para se colocar nas situações infantis e apresentar um roteiro coerente dessas experiências Isso também acontece no relato de experiências difíceis da infância o que demonstra dificuldade de compreender as origens de suas emoções preocupantes A categoria de apego adulto desorganizadodesorientado está relacionada a relatos com sinais graves de desorientação e desorganização principalmente quando os entrevistados são questionados sobre eventos traumáticos ou perdas importantes CORTINA MARRONE 2003 Como os padrões de interação na adolescência têm sido identificados pelo modelo de categorização do apego em adultos proposto por M Main N Kaplan J Cassidy 1985 alguns pesquisadores aprimoraram esse modelo adequando os métodos de avaliação do apego ao uso com adolescentes M Ammaniti et al 2000 basearamse na AAI para criarem uma entrevista de medida da representação do apego na adolescência inicial e adolescência propriamente dita Attachment Interview for Childhood and Adolescence A intenção inicial desses autores era verificar a estabilidade do padrão de apego e os processos de mudança ocorridos no período da adolescência Foi observada uma tendência dos adolescentes para demonstrar maior rejeição aos pais nos primeiros quatro anos iniciais da adolescência dos 12 aos 15 anos o que sugere um maior uso de estratégias de apego evitativodesapegado em relação às figuras de apego primário nessa fase Isso foi compreendido como uma necessidade de manter distância das figuras parentais para que a aquisição de uma identidade pessoal seja alcançada As medidas de avaliação do apego em adolescentes de maneira geral são utilizadas de forma eficiente para identificar as estratégias mais utilizadas diante das circunstâncias que os sujeitos vivem ou viveram além de identificar a maneira como lidam consigo mesmos e com as pessoas significativas em suas vidas CRITTENDEN 2001 Entre os instrumentos mais utilizados P Crittenden 2001 cita a AAI GEORGE KAPLAN MAIN 1985 que permite uma compreensão da forma como o adolescente pensa sobre suas experiências de apego de maneira integrada e colaborativa Entretanto essa entrevista tem sido utilizada com adolescentes mais velhos já que o método de avaliação do relato foi construído a partir das experiências descritas por adultos Por isso os métodos de avaliação do apego em adolescentes têm sido objeto de estudo de diversos pesquisadores dada a necessidade de medidas confiáveis e adequadas a essa etapa do ciclo vital P Crittenden 2001 ressalta que na adolescência as relações com as figuras de apego sofrem mudanças que habilitam o adolescente para relacionamentos fora do seu círculo familiar sendo que todos os novos movimentos interpessoais são influenciados pela forma de interação moldada com os cuidadores na infância Assim o relacionamento com os cuidadores pode ser contingente de todas as ansiedades provenientes dessas modificações ou ser um fator de complicação para o desenvolvimento dessas mudanças De acordo com J Allen D Land 1999 na percepção de adolescentes o apego aos cuidadores primários é tratado como um vínculo de contenção e moderação e não exatamente como uma base de apoio e segurança já que a tarefa principal da adolescência é o desenvolvimento da autonomia Como as atividades dos adolescentes geralmente são distantes das figuras de apego há uma necessidade menor de dependência e respaldo dos cuidadores no que se refere à formação de uma concepção própria do mundo Nesse sentido o sistema de apego passa a ter um papel integrador para os desafios dessa fase havendo ainda uma chance de reformulações sobre a organização primária do apego Embora os adolescentes não consigam distinguir e reconhecer claramente as qualidades e defeitos implícitos nas suas relações primárias de apego esses aspectos parecem ser elucidados e moldados na adolescência ALLEN LAND 1999 Considerandose que as relações de apego são o resultado da interação entre uma base genética processos inatos e experiência modificados ao longo do tempo essas relações também se modificam Ou seja pessoas mais velhas formam relações mais complexas do que as da infância Por essa razão as relações na adolescência marcam um período de transição para a idade adulta quando as relações com os melhores amigos e as primeiras relações românticas por exemplo serão preditivas dos estilos de relacionamentos na idade adulta CRITTENDEN 2001 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 19 J Crowell D Treboux 1995 referem que a autonomia e a afinidade nas interações familiares de adolescentes de 14 anos de idade predizem o padrão de apego eou a coerência em seus discursos entre as idades de 24 e 25 anos Os adolescentes mais velhos classificados no padrão desorganizado são mais hostis em relação à figura materna do que os adolescentes classificados no padrão seguro Já os padrões preocupado e desorganizado em adolescentes são relacionados a interrelações confusas e restrições na autonomia na interação com a figura materna W Collins L A Sroufe 1999 ressaltam que na adolescência as experiências se caracterizam em uma rede social mais ampla que na infância Habitualmente os indivíduos nessa fase demonstram tendência a aumentar e estabilizar suas relações íntimas sendo a relação entre e com amigos um dos melhores exemplos de desenvolvimento continuado A continuidade nessas relações tem sido ligada às experiências precoces e relações correspondentes sugerindo que as competências sociais transcendem relacionamentos específicos SROUFE FLEESON 1986 Assim tanto as relações familiares primárias como as experiências entre pares são preditoras de diferenças individuais na adolescência COLLINS SROUFE 1999 M Harvey 2000 examinou a relação entre os padrões de apego em adolescentes e o funcionamento familiar apontando que adolescentes que percebem a si mesmos como integrantes de relações familiares coesas são considerados com um padrão de apego seguro sendo que os valores intelectuais e culturais familiares são adotados para si mesmos R Kobak 1993 constatou que adolescentes caracterizados pelo padrão de apego seguro são confiantes em seus relacionamentos generosos e tolerantes em relação a si mesmos e às suas figuras de apego e considerados como mais estáveis em suas relações românticas As relações com as figuras de apego são marcadas por uma interação de confiança e poucas dificuldades para o estabelecimento de autonomia emocional Já os adolescentes caracterizados como do estilo desapegadoevitativo demonstram não ter necessidade de confiar em outras pessoas e parecem realmente desapegados ou não influenciados pelas experiências de apego precoces Existe uma forte associação da predominância desse estilo de apego com índices elevados de transtornos alimentares KOBAK COLE 1994 Nos dados de M Harvey 2000 o padrão evitativo de adolescentes referiuse àqueles que se consideram pouco interessados nas relações familiares e apresentam sentimentos negativos em relação à família e ao seu funcionamento Por outro lado o padrão preocupadoansioso é caracterizado por adolescentes que têm geralmente relacionamentos frustrantes ou insatisfatórios além de demonstraremse angustiados ou confusos quanto a essas relações Para R Kobak 1993 esse padrão é fortemente associado à depressão principalmente em mulheres M Harvey 2000 sugere que o padrão ansiosoambivalente ou preocupadoansioso em adolescentes está relacionado a relatos de conflitos familiares alto grau de controle entre os membros da família e falta de compreensão da dinâmica do funcionamento familiar Além disso esses adolescentes sentem que a independência é desencorajada e evitam confrontos mantendo estratégias de coping passivas Apesar de existirem controvérsias sobre o aspecto da generalização dos padrões de interação primários para relações futuras durante o ciclo vital estudos longitudinais diversos FONAGY 1999 têm demonstrado a estabilidade do apego tanto na adolescência como na vida adulta E Waters et al 1991 enfatizam que a organização do apego ao longo da infância tem um papel direto no desenvolvimento da consciência pessoal na autoobservação na consistência do self em relações de apego assim como nos resultados sociais No entanto todas as pessoas são suscetíveis às influências variadas de experiências favoráveis ou desfavoráveis que podem alterar o desenvolvimento evolutivo e portanto os estados mentais ligados ao apego DAVILA BURGE HAMMEN 1997 Alguns dos fatores que influenciam a qualidade de cuidados e o padrão de apego em desenvolvimento nas relações primárias são a relação marital o contexto social o acesso a recursos a incidência de patologias mentais o divórcio as separações temporárias em períodos críticos como na primeira infância Todos estes têm relação direta com os padrões de apego e fazem parte do que se entende por fatores de risco social HALPERN 1990 Existe uma suposição geral de que crianças que experienciam separação da figura principal de apego se tornam mais sensíveis a outras experiências de separação as quais são vivenciadas de modo traumático Contudo não existem evidências seguras sobre este apontamento AINSWORTH 1967 O que se sabe é que a forma como é vivenciada essa primeira experiência vai influenciar as expectativas e a ação da criança em outros momentos de separação Fatores como idade tempo de separação temperamento tipo de interação estabelecida antes da separação ambiente onde a separação é vivida e quem está presente depois que esta acontece assim como a natureza das circunstâncias durante a separação são fatores influentes e modificadores na resposta da criança à separação e no significado e conseqüências desta em sua vida RUTTER 1972 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 20 Assim o que se compreende é que as relações de apego têm uma funçãochave na transmissão de características transgeneracionais em relacionamentos entre cuidadores e suas crianças Nesse sentido as relações parentais e rupturas de vínculos primários por perda ou abandono têm um impacto transcendente ao desenvolvimento individual pelo fato de que instauram um padrão internalizado de funcionamento e de interação FONAGY 1999 Nesses processos as rupturas de vínculos são inevitáveis mas segundo J Lewis 2000 a possibilidade de crescimento e a formação de novos laços afetivos dependerão de como essas experiências de ruptura foram vivenciadas e elaboradas CONSIDERAÇÕES FINAIS As noções propostas na TA pressupõem que os modelos internos desenvolvidos nas relações com as figuras de apego primárias tendem de maneira geral a ser estáveis e a se generalizar pararelações futuras BOWLBY 1989 A partir desse pressuposto observase uma tendência ao desenvolvimento de estudos sobre os padrões de apego em faixas etárias além da infância Contudo existem controvérsias quanto à generalização dos padrões de interação primários para relações futuras durante o ciclo vital Não obstante o amplo desenvolvimento da TA permanecem várias perguntas sem resposta como por exemplo o questionamento apontado por J Belsky 1999 sobre o que leva algumas crianças a desenvolverem apego seguro com seus cuidadores enquanto outras estabelecem um padrão de apego inseguro Outra questão é sobre por que algumas crianças desenvolvem apego seguro mesmo que os cuidadores não estejam tão próximos Ainda que esses questionamentos deixem uma margem sugestiva de lacunas nos conceitos da TA e demarquem a necessidade contínua de pesquisas para o enriquecimento dessa teoria os padrões de apego estabelecidos na infância têm sido compreendidos como duradouros e presentes nas diversas fases do ciclo vital embora menos evidentes em adolescentes e adultos BOWLBY 19731980 Considerando que as primeiras relações estabelecidas na infância afetam o padrão de apego do indivíduo ao longo de sua vida BOWLBY 1989 e que processos de rompimento de vínculos de apego tanto na infância e adolescência quanto na vida adulta acarretam transformações nas imagens do self entre outros fatores BAKER 2001 a TA representa um campo repleto de possibilidades de aplicações benéficas a áreas dedicadas à compreensão do desenvolvimento humano Além disso as pesquisas sobre a TA em relação aos aspectos ligados ao apego nas diversas fases do ciclo vital têm sido desenvolvidas em diversos países embora no Brasil a maioria delas ainda esteja restrita ao estudo do apego na infância Em relação às medidas de avaliação do apego de maneira geral os métodos já divulgados têm valor significativo por serem capazes de identificar o comportamento de apego ao longo do ciclo vital e sua ação sobre os relacionamentos que o indivíduo estabelece além de identificar aspectos da representação mental dessas relações e do funcionamento social CASSIDY 1999 A utilização desses instrumentos possibilita que os resultados obtidos sejam aproveitados para intervenções em âmbito clínico ou em programas sociais Sendo assim os métodos de avaliação do apego representam recursos valiosos para os profissionais da saúde mental que podem utilizálos em contextos diversos e em várias fases do ciclo vital No entanto os instrumentos de medida do apego nas diversas fases do desenvolvimento ainda não foram adaptados e validados para a população brasileira dificultando estudos com essa população e tornando necessário o desenvolvimento de métodos de avaliação para as diferentes faixas etárias no Brasil Nesse sentido parece ser fundamental para o avanço das idéias da TA no Brasil e contribuições gerais para essa teoria que as pesquisas brasileiras envolvam outras fases do ciclo vital além da infância e que procurem investigar a estabilidade dos padrões de apego ao longo do desenvolvimento Os questionamentos a essa perspectiva demonstram o quanto os conceitos da TA ainda precisam ser mais explorados e aprimorados por meio de mudanças nos métodos empregados nas pesquisas sobre o apego Embora alguns argumentos da TA sejam de cunho naturalista dada sua ênfase na biologia podese observar que os conceitos dessa teoria envolvem também aspectos de aprendizagem flexibilidade e adaptação possibilitando uma compreensão abrangente do desenvolvimento humano Assim apesar de existirem aspectos controversos na TA como por exemplo o determinismo implícito nas relações de apego precoce é inegável seu valor para a psicologia ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 21 REFERÊNCIAS AINSWORTH M 1963 The development of infantmother interaction among Ganda In FOSS B M Org Determinants of infant behavior New York Wiley pp 67104 1967 Infancy in Uganda Infant care and the growth of love Baltimore Johns Hopkins University Press 1978 Patterns of attachment A psychological study of the strange situation Hillsdale Erlbaum 1985 Attachments across the lifespan Bulletin of the New York Academy of Medicine vol 61 nº 9 pp 792812 1989 Attachments beyond the infancy American Psychologist vol 44 nº 4 pp 709716 BOWLBY J 1991 An ethological approach to personality development American Psychologist vol 46 nº 4 pp 333341 ALLEN J LAND D 1999 Attachment in adolescence In CASSIDY J SHAVER P Orgs Handbook of attachment Theory research and clinical applications London The Guildford Press pp 319335 AMMANITI M VANIJZENDOORN M SPERANZA A TAMBELLI R 2000 Internal working models of attachment during late childhood and early adolescence An exploration of stability and change Attachment and Human Development vol 2 nº 3 pp 328346 ATKINSON L 1997 Attachment and psychopathology From laboratory to clinic In ATKINSON L ZUCKER K J Orgs Attachment and psychopathology New York The Guildford Press pp 316 BAKER J 2001 Mourning and the transformation of object relationships Evidence for the persistence of internal attachment Psychoanalytic Psychology vol 18 nº 1 pp 5573 BARTHOLOMEW K MORETTI M 2002 The dynamics of measuring attachment Attachment and Human Development vol 4 nº 2 pp162165 BELSKY J 1999 Interactional and contextual determinants of attachment security In CASSIDY J SHAVER P Orgs Handbook of attachment Theory research and clinical applications London The Guildford Press pp 249264 BOWLBY J 1940 The influence of early environment in the development of neurosis and neurotic character International Journal of PsychoAnalysis vol 21 pp 125 1944 Fortyfour juvenile thieves Their characters and home life International Journal of PsychoAnalysis vol 25 pp 107127 19691990 Apego e perda Apego A natureza do vínculo São Paulo Martins Fontes vol 1 19731980 Apego e perda Tristeza e depressão São Paulo Martins Fontes vol 3 19731984 Apego e perda Separação São Paulo Martins Fontes vol 2 19792001 Formação e rompimento dos laços afetivos São Paulo Martins Fontes 1989 Uma base segura Aplicações clínicas da teoria do apego Porto Alegre Artes Médicas BRETHERTON I 1992 The origins of attachment theory John Bowlby and Mary Ainsworth Developmental Psychology vol 28 nº 5 pp 759775 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 22 MUNHOLLAND K 1999 Internal working models in attachment relationships A construct revisited In CASSIDY J SHAVER P Orgs Handbook of attachment Theory research and clinical applications London The Guildford Press pp 89114 CASSIDY J 1999 The nature of childs ties In CASSIDY J SHAVER P Orgs Handbook of attachment Theory research and clinical applications New York The Guilford Press pp 320 COLLINS N READ S 1994 Cognitive representations of attachment The structure and function of working models In PERLMAN D BARTHOLOMEW K Orgs Advances in personal relationships Attachment processes in adulthood Vol 5 London Jessica Kingsley Publishers Ltd pp 5390 COLLINS W SROUFE L A 1999 Capacity for intimate relationships A developmental construction In FURMAN W BROWN B B FEIRING C Orgs The development of romantic relationships in adolescence New York Cambridge University Press pp 125147 CORTINA M MARRONE M 2003 Attachment theory and the psychoanalytic process London Whurr Publishers CRITTENDEN P 2001 Transformation in attachment relationships in adolescence Adaptation versus need for psychotherapy Disponível em httpwwwsotonacukfripat3html Acessado em 2003 CROWELL J TREBOUX D 1995 A review of adult attachment measures Implications for theory and research Social Development vol 4 nº 3 pp 294327 WATERS E TREBOUX D OCONNOR E COLONDOWNS C FEIDER O GOLBY B POSADA G 1996 Discriminant validity of the adult attachment interview Child Development vol 67 nº 5 pp 25842599 DAVILA J BURGE D HAMMEN C 1997 Why does attachment style change Journal of Personality and Social Psychology vol 73 nº 4 pp 826838 FONAGY P 1999 Transgenerational consistencies of attachment A new theory Revista de Psicoanálisis vol 3 Disponível em httppsychematterscompapersfonagy2htm Acessado em 2005 TARGET M 1997 Attachment and reflective function Their role in selforganization Development and Psychopathology vol 9 nº 4 pp 679700 FURMAN W SIMON V SHAFFER L BOUCHEY H 2002 Adolescents working models and styles for relationships with parents friends and romantic partners Child Development vol 73 nº 1 pp 241 255 GEORGE C KAPLAN N MAIN M 1985 The adult attachment interview Departamento de Psicologia University of California Berkley Manuscrito GOLSE B 1998 O desenvolvimento afetivo e intelectual da criança Porto Alegre Artes Médicas HALPERN R 1990 Poverty and early childhood parenting Toward a framework for intervention American Journal of Orthopsychiatry vol 60 nº 1 pp 618 HARVEY M 2000 Relationships between adolescents attachment styles and family functioning Adolescence Disponível em httpwwwfindarticlescomparticlesmim2248is13835ai66171009 Acessado em 2003 HUGHES J HARDY G KENDRICK D 2000 Assessing adult attachment status with clinically orientated interviews A brief report British Journal of Medical Psychology vol 73 nº 2 pp 279283 JACOBVITZ D CURRAN M MOLLER N 2002 Measurement of adult attachment The place of self report and interview methodologies Attachment and Human Development vol 4 pp 207215 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 23 KOBAK R R 1993 Attachment and the problem of coherence Implications for treating disturbed adolescents Adolescent Psychiatry vol 19 pp 137149 COLE C 1994 Attachment and metamonitoring Implications for adolescent autonomy and psychopathology In CICHETTI D Org Disorders and dysfunctions of the self Rochester Symposium on Developmental Psychopathology New York University of Rochester Press pp 267297 LEWIS J 2000 Repairing the bond in important relationships A dynamic for personality maturation American Journal of Psychiatry vol 157 pp 13751378 MAIN M 2001 Las categorías organizadas del apego en el infante en el niño y en el adulto Atención flexible versus inflexible bajo estrés relacionado con el apego Revista de Psicoanálisis nº 8 Disponível em httpwwwaperturasorg Acessado em 2002 HESSE E 1990 Parents unresolved traumatic experiences are related to infant disorganized attachment status Is frightened andor frightening parental behavior the linking mechanism In GREENBERG M CICHETTI D CUMMINGS M Orgs Attachment in the preschool years Theory research and intervention Chicago University Press pp 161182 KAPLAN N CASSIDY J 1985 Security of infancy childhood and adulthood A move to the level of representation In BRETHERTON I WATERS E Orgs Growing points of attachment theory and research Chicago University of Chicago Press pp 66106 PIETROMONACO P BARRETT L 1997 Working models of attachment and daily social interactions Journal of Personality and Social Psychology vol 73 nº 6 pp 14091423 RAMIRES V 2003 Cognição social e teoria do apego Possíveis articulações Psicologia Reflexão e Crítica vol 16 nº 2 pp 403410 RUTTER M 1972 Maternal deprivation Baltimore Penguin Books SPERLING M BERMAN W 1994 Attachments in adults Clinical and development perspectives New York The Guilford Press SROUFE L A FLEESON J 1986 Attachment and the construction of relationships In HARTUP W RUBIN Z Orgs Relationships and development Hillsdale Erlbaum pp 239252 WATERS E CUMMINGS E M 2000 A secure base from which to explore close relationships Child Development Special Millenium Issue KONDOIKEMURA K POSADA G RICHTERS J 1991 Learning to love Milestones and mechanisms In GUNNER M SROUFE A Orgs The Minnesota Symposia on Child Psychology Self processes and development Vol 23 Hillsdale Lawrence Erlbaum pp 217255 HAMILTON C WEINFIELD N 2000 The stability of attachment security from infancy to adolescence and early adulthood General introduction Child Development vol 71 nº 3 pp 678683 WEST M ROSE S SPRENG S SHELDONKELLER A ADAM K 1998 Adolescent attachment questionnaire A brief assessment of attachment in adolescence Journal of Youth and Adolescence vol 27 nº 5 pp 661673 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 24 Endereço para correspondência Juliana Xavier Dalbem Email juxdalterracombr Débora Dalbosco DellAglio Email deboradellaglioufrgsbr Recebido em 080905 Revisado em 130706 Aprovado em 170606
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Arquivos Brasileiros de Psicologia ISSN 01008692 arquivosbrappsicologiaufrjbr Universidade Federal do Rio de Janeiro Brasil Dalbem Juliana Xavier Dalbosco DellAglio Débora Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia vol 57 núm 1 2005 pp 1224 Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro Brasil Disponível em httpwwwredalycorgarticulooaid229017444003 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina Caribe Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 12 ARTIGO Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Attachment theory conceptual bases and the development of working models Juliana Xavier Dalbem Débora Dalbosco DellAglioI IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul Programa de Psicologia do Desenvolvimento da UFRGS ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 13 RESUMO Este artigo faz uma revisão da Teoria do Apego TA apresentando as idéias iniciais de Bowlby influências teóricas e conceituais principais contribuições e pesquisas clássicas que formaram a base da TA além das novas formulações e conceitualizações Os principais conceitos teóricos são explorados como apego comportamento de apego modelos internos de funcionamento e padrões de apego São abordados o processo de estabelecimento dos padrões de apego e suas manifestações durante o ciclo vital incluindo a mais tenra infância adolescência e vida adulta sendo discutida sua estabilidade ao longo do desenvolvimento assim como as hipóteses relativas a cada padrão Também são apresentadas considerações quanto à necessidade de pesquisas que enfoquem esse tema na realidade brasileira especialmente em adolescentes já que as pesquisas da TA no Brasil são praticamente restritas ao apego na infância diferentemente de outros países em que essa abordagem já é estudada em outras fases do desenvolvimento PalavraschaveApego Desenvolvimento Modelos internos ABSTRACT This article makes a revision of the Attachment Theory AT showing the initial ideas of Bowlby theoretical and conceptual influences principal contributions and classical researches which have formed the base of AT as well as new formulations and concepts The main concepts are examined such as attachment the attachment behaviour working models and patterns of attachment The building process of attachment patterns is examined as well as their manifestations in different phases of the life cycle including the very early childhood childhood adolescence and adult life The stability of the patterns during the development and the hypotheses related to each pattern are discussed too Since the Brazilian researches on this approach are practically restricted to attachment in childhood unlike others countries which are extending the AT to other phases of development considerations about the necessity of more researches in Brazil focusing the approach of AT mainly in adolescents are presented Keywords Attachment Development Working model ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 14 A TEORIA DO APEGO CONCEITOS BÁSICOS As observações sobre o cuidado inadequado na primeira infância e o desconforto e a ansiedade de crianças pequenas relativos à separação dos cuidadores levaram o psiquiatra especialista em psiquiatria infantil e psicanalista inglês John Bowlby 19071990 a estudar os efeitos do cuidado materno sobre as crianças em seus primeiros anos de vida Bowlby impressionouse com as evidências de efeitos adversos ao desenvolvimento atribuídos ao rompimento na interação com a figura materna na primeira infância AINSWORTH BOWLBY 1991 Os estudos iniciais de J Bowlby 1940 1944 além dos trabalhos de outros pesquisadores proeminentes que o influenciaram deram origem às primeiras formulações e aos pressupostos formais da Teoria do Apego TA Os conceitos de Bowlby foram construídos com base nos campos da psicanálise biologia evolucionária etologia psicologia do desenvolvimento ciências cognitivas e teoria dos sistemas de controle BOWLBY 1989 BRETHERTON 1992 Bowlby buscou alternativas embasadas cientificamente para se defender dos reducionismos teóricos dando ênfase aos mecanismos de adaptação ao mundo real assim como às competências humanas e à ação do indivíduo em seu ambiente WATERS HAMILTON WEINFIELD 2000 O estudo de Mary Ainsworth 1963 sobre o apego investigou fatores determinantes da proximidade intimidade expressa no comportamento de interação de crianças com suas mães Após a publicação do seu estudo realizado em Uganda houve uma grande colaboração intelectual entre Ainsworth e Bowlby Assim os trabalhos de M Ainsworth 1978 1985 sobre o desenvolvimento socioemocional durante os primeiros anos de vida evidenciaram que o modelo de apego que um indivíduo desenvolve durante a primeira infância é profundamente influenciado pela maneira como os cuidadores primários pais ou pessoas substitutas o tratam além de estar ligado a fatores temperamentais e genéticos M Cortina M Marrone 2003 consideram que a TA organiza o comportamento em termos de um sistema motivacional e que as idéias de Bowlby representaram o ponto de partida para o desenvolvimento de uma nova teoria da motivação humana que integra aspectos da biologia moderna e inclui afeto cognição sistemas de controle e de memória além dos aspectos envolvidos no desenvolvimento sustentação e provimento dos laços de apego Essa consideração se baseia no fato de que a proposta dessa teoria organiza o comportamento em termos de um sistema motivacional Além disso o movimento individual de uma pessoa em direção a múltiplas outras converge para que a TA também seja considerada uma teoria relacional das interações sociopsicológica Cortina Marrone 2003 salientam ainda que a TA contempla os processos normais de desenvolvimento e a psicopatologia humana além de abordar os prcessos de informação para a compreensão dos mecanismos psicológicos utilizados na vivência de um trauma ou uma perda ou ainda na experiência de negligência ou rejeição pelas figuras de apego Assim essa abordagem teórica oferece uma base para estudos sobre os afetos e as emoções dos seres humanos proporcionando um suporte empírico coerente para a compreensão dos processos de desenvolvimento normal e patológico ao integrar aspectos da biologia moderna ao embasamento de seus estudos Para J Crowell D Treboux 1995 as pesquisas sobre a TA vêm tomando diversas direções examinando por exemplo a relação entre as experiências de apego da infância e o comportamento parental a transmissão intergeneracional dos padrões de apego o impacto das experiências de apego da infância nos relacionamentos de adolescentes e adultos o papel do apego entre adultos tanto na parentalidade como nas relações românticas e em seus pensamentos percepções e comportamentos as relações entre o apego da infância e sua continuidade na adolescência o apego entre o bebê e seu cuidador e analogias com as patologias e suas evoluções Recentemente pesquisas baseadas na TA estão sendo desenvolvidas com interesse em eventos que ocorrem durante o ciclo vital e que podem mudar o estilo de apego de um indivíduo DAVILA BURGE HAMMEN 1997 J Bowlby 1989 considerou o apego como um mecanismo básico dos seres humanos Ou seja é um comportamento biologicamente programado como o mecanismo de alimentação e da sexualidade e é considerado como um sistema de controle homeostático que funciona dentro de um contexto de outros sistemas de controle comportamentais O papel do apego na vida dos seres humanos envolve o conhecimento de que uma figura de apego está disponível e oferece respostas proporcionando um sentimento de segurança que é fortificador da relação CASSIDY 1999 De acordo com J Bowlby 19731984 o relacionamento da criança com os pais é instaurado por um conjunto de sinais inatos do bebê que demandam proximidade Com o passar do tempo um verdadeiro vínculo afetivo se desenvolve garantido pelas capacidades cognitivas e emocionais da criança assim como pela consistência dos procedimentos de cuidado pela sensibilidade e responsividade dos cuidadores Por isso um dos pressupostos básicos da TA é de que as primeiras relações de apego estabelecidas na infância afetam o estilo de apego do indivíduo ao longo de sua vida BOWLBY 1989 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 15 Outro conceito fundamental da TA é o do comportamento de apego que se refere a ações de uma pessoa para alcançar ou manter proximidade com outro indivíduo claramente identificado e considerado como mais apto para lidar com o mundo BOWLBY 1989 CASSIDY 1999 A função principal atribuída a esse comportamento é biológica e corresponde a uma necessidade de proteção e segurança BOWLBY 19731984 B Golse 1998 ressalta que o comportamento de apego é instintivo evolui ao longo do ciclo da vida e não é herdado o que se herda é o seu potencial ou o tipo de código genético que permite à espécie desenvolver melhores resultados adaptativos caracterizando sua evolução e preservação Evidências de que as crianças também se apegam a figuras abusivas sugerem que o sistema do comportamento de apego não é conduzido apenas por simples associações de prazer Ou seja as crianças desenvolvem o comportamento quando seus cuidadores respondem às suas necessidades fisiológicas mas também quando não o fazem CASSIDY 1999 Contudo durante todo o ciclo vital o comportamento de apego está presente em variadas intensidades e formas Pode ter formas ativas como procurar ou seguir o cuidador formas aversivas como chorar ou pode ainda aparecer sob forma e sinais comportamentais que alertam o cuidador para o interesse de interação da criança como sorrir e verbalizar de modos diversos Todas essas formas são observadas em crianças adolescentes e adultos ao buscarem a aproximação com outras pessoas É o padrão desses comportamentos e não sua freqüência que revela algo acerca da força ou qualidade do apego AINSWORTH 1989 J Bowlby 19691990 distinguiu dois tipos de fatores que podem interferir na ativação do sistema de comportamento do apego aqueles relacionados às condições físicas e temperamentais da criança e os relacionados às condições do ambiente A interação desses dois fatores é complexa e depende de certa forma da estimulação do sistema de apego Além disso esse sistema tem função direta nas respostas afetivas e no desenvolvimento cognitivo já que envolve uma representação mental das figuras de apego de si mesmo e do ambiente sendo estas baseadas na experiência Modelos Internos de Funcionamento O sistema de comportamento de apego é complexo e com o desenvolvimento da criança passa a envolver uma habilidade de representação mental denominada modelo interno de funcionamento que se refere a representações das experiências da infância relacionadas às percepções do ambiente de si mesmo e das figuras de apego BOWLBY 19691990 19731980 De acordo com J Bowlby 1989 as experiências precoces com o cuidador primário iniciam o que depois se generalizará nas expectativas sobre si mesmo dos outros e do mundo em geral com implicações importantes na personalidade em desenvolvimento H Waters C Hamilton N Weinfield 2000 apontam que com a idade e o desenvolvimento cognitivo as representações sensóriomotoras das experiências de uma base segura na infância é que dão origem à representação mental por meio de um processo no qual a criança constrói representações cada vez mais complexas W Furman et al 2002 apontam que o termo working modelsmodelo de funcionamento foi usado por Bowlby para descrever as representações ou expectativas que guiam o comportamento próprio e que servem como uma base de predição e interpretação do comportamento de outras pessoas às quais se é apegado Os working models estão relacionados com os sentimentos de disponibilidade das figuras de apego com a probabilidade de recebimento de suporte emocional em momentos de estresse e de maneira geral com a forma de interação com essas figuras BOWLBY 1989 Outros autores BRETHERTON MUNHOLLAND 1999 COLLINS READ 1994 FONAGY TARGET 1997 têm descrito este conceito de forma similar usando os termos esquemas scripts protótipos representação mental modelo funcional ou estado mental J Bowlby 1989 descreveu o processo de construção dos modelos internos de funcionamento em termos de modelo de apego A criança constrói um modelo representacional interno de si mesma dependendo de como foi cuidada Mais tarde em sua vida esse modelo internalizado permite à criança quando o sentimento é de segurança em relação aos cuidadores acreditar em si própria tornarse independente e explorar sua liberdade Desse modo cada indivíduo forma um projeto interno a partir das primeiras experiências com as figuras de apego Embora essas representações tenham sua origem cedo no desenvolvimento elas continuam em uma lenta evolução sob o domínio sutil das experiências relacionadas ao apego da infância A imagem interna instaurada com os cuidadores primários é considerada a base para todos os relacionamentos íntimos futuros Sua influência aparece já nas primeiras interações com outras pessoas afora as figuras de apegp e expressase nos padrões de apego e de vinculação que o indivíduo apresentará em suas interações interpessoais significativas BRETHERTON MUNHOLLAND 1999 P Fonagy M Target 1997 sugerem que o processo ligado à construção dos working models capacita a habilidade de mentalização ou seja de representar o comportamento em termos de estado mental o qual é determinante da organização do self e é adquirido no contexto das primeiras relações sociais da ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 16 criança Logo a mentalização ou função reflexiva possibilita à criança compreender as atitudes dos outros e agir de maneira adaptada em contextos interacionais específicos Como os cuidadores primários diferem na forma de interagir com suas crianças essas por sua vez terão o desenvolvimento e as percepções de seus estados mentais e dos outros relacionados à observação que farão do mundo mental dos seus cuidadores FONAGY TARG 1997 Assim a mentalização organiza a experiência individual e o comportamento dos outros em termos de construtos do estado mental V Ramires 2003 ressalta a importância da cognição social na formação do modelo de funcionamento interno O conceito de cognição social inclui o pensar sobre o que as pessoas deveriam fazer como elas se sentem e a forma como um indivíduo pensa que pensa sobre os outros A cognição social reconhece a criança como ativa e interativa em seu mundo atribuindo a ela um papel construtivo no seu desenvolvimento Assim a criança possui um papel pensante no mundo das pessoas V Ramires 2003 argumenta que em função disso é necessário que se pense sobre como a criança percebe o que se faz a ela e não que apenas se dê atenção ao que lhe acontece As primeiras representações que formam o modelo interno de funcionamento são formadas e esquematizadas pela organização da memória em termos do que a criança demanda e é correspondida em obter segurança e conforto sendo que o reflexo disso será posto na experiência social real futuramente COLLINS READ 1994 Além disso por meio dos modelos internos de funcionamento ocorre uma tendência de recriação nas relações atuais do indivíduo do padrão de modelo interno de apego primário Assim os padrões de apego estabelecidos na infância são vistos como duradouros por intermédio das diversas fases do ciclo vital embora sejam menos evidentes em adolescentes e adultos BOWLBY 19731980 Estudos longitudinais diversos FONAGY 1999 têm demonstrado a estabilidade do apego sendo que as relações parentais e rupturas de vínculos primários por perda ou abandono têm um impacto transcendente ao desenvolvimento individual Em relação ao papel das figuras de apego na formação dos working models há uma estreita relação com a forma pela qual essas figuras percebem as indicações precoces de intencionalidade de suas crianças e o estado mental delas de modo a agirem de acordo com a demanda infantil Algumas figuras de apego podem ser extremamente desatentas ao estado mental da criança cujo senso de si mesma ainda em desenvolvimento pode sofrer deformações Nos casos de famílias abusivas a construção da representação mental infantil tende a se dar de forma rígida mal adaptada inapropriada e como conseqüência o desenvolvimento da função de mentalização poderá ser pobre ou aniquilado Nesses casos a confiança da criança de que outras pessoas podem compreender os outros por meio dos seus próprios sentimentos é destruída Aumentam também nesses casos as possibilidades de que a criança iniba sua capacidade de se envolver em relacionamentos de apego intensos FONAGY TARGET 1997 Desta forma o papel dos modelos internos de funcionamento é de grande importância na modelagem do comportamento ao longo do ciclo vital em uma ampla variedade de situações incluindo a seleção de um parceiro a formação de relacionamentos de amizade a escolha ocupacional a parentalidade a formação de expectativas e a imagem do self PIETROMONACO BARRETT 1997 Desenvolvimento do Apego ao longo do Ciclo Vital M Ainsworth 1978 desenvolveu um sistema de avaliação do relacionamento mãebebê a partir de observações naturalísticas desse tipo de interação chegando à identificação de dois grandes grupos de estilo de apego os seguros e os inseguros Enquanto as crianças seguras se mostravam confiantes na exploração do ambiente e usavam seus cuidadores como uma base segura de exploração as crianças categorizadas como inseguras tinham em comum baixa exploração do ambiente e pouca ou intensa interação com suas mães Para melhor investigar essas categorias M Ainsworth 1978 desenvolveu o método experimental denominado Situação Estranha em que as reações da criança na interação com seu cuidador são observadas em detalhe em uma situação de separação A Situação Estranha deu origem ao primeiro sistema de classificação do apego entre o cuidador e a criança sendo as categorias organizadas em padrão seguro padrão ambivalente ou resistente e padrão evitativo Os resultados deste estudo conhecido como Baltimore Project foram publicados por M Ainsworth 1978 no artigo Patterns of attachment M Main E Hesse 1990 expandindo o modelo de Ainsworth ainda chegaram a um quarto padrão de apego denominado desorganizado ou desorientado complementando as categorias com mais um padrão distinto de apego inseguro nas interações cuidadorcriança De acordo com M Ainsworth 1978 o padrão seguro corresponde ao relacionamento cuidadorcriança provido de uma base segura na qual a criança pode explorar seu ambiente de forma entusiasmada e motivada e quando estressadas mostra confiança em obter cuidado e proteção das figuras de apego que agem com responsividade As crianças seguras incomodamse quando separadas de seus cuidadores mas não se abatem de forma exagerada E Waters E Cummings 2000 salientam que as características da interação entre o cuidador e a criança nesse caso são de cooperação com instruções ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 17 seguras e monitoração por parte do cuidador ao mesmo tempo em que este encoraja a independência daquela Já o padrão resistente ou ambivalente é caracterizado pela criança que antes de ser separada dos cuidadores apresenta comportamento imaturo para sua idade e pouco interesse em explorar o ambiente voltando sua atenção aos cuidadores de maneira preocupada Após a separação fica bastante incomodada sem se aproximar de pessoas estranhas Quando os cuidadores retornam ela não se aproxima facilmente e alterna seu comportamento entre a procura por contato e a brabeza M Ainsworth 1978 sugere que em alguns momentos essa criança recebeu cuidados de acordo com suas demandas e em outros não obteve uma resposta de apoio o que pode ter provocado falta de confiança nos cuidadores em relação aos cuidados à disponibilidade e à responsividade O grupo de crianças pertencentes ao padrão evitativo brinca de forma tranqüila interage pouco com os cuidadores mostrase pouco inibido com estranhos e chega a se engajar em brincadeiras com pessoas desconhecidas durante a separação dos cuidadores Quando são reunidas aos cuidadores essas crianças mantêm distância e não os procuram para obter conforto M Ainsworth 1978 apontou que são crianças menos propensas a procurar o cuidado e a proteção das figuras de apego quando vivenciam estresse A partir de suas observações M Ainsworth 1967 também sugeriu que essas crianças deixam de procurar os cuidadores após terem sido rejeitadas de alguma maneira por eles Apesar de os cuidadores demonstrarem preocupação não correspondem aos sinais de necessidade quando a criança os indica A hipótese sugerida para a compreensão dessas crianças é de que tenham sido rejeitadas quando revelaram suas necessidades aprendendo a ocultálas em momentos relevantes CORTINA MARRONE 2003 Por fim o grupo categorizado como de padrão desorganizado ou desorientado é composto por crianças que tiveram experiências negativas para o desenvolvimento infantil adaptado Esse padrão identificado por M Main E Hesse 1990 referese a crianças que na Situação Estranha apresentavam comportamento contraditório eou estratégias de coping incoerentes para lidarem com a situação de separação Na presença dos cuidadores antes da separação essas crianças exibem um comportamento constante de impulsividade que envolve apreensão durante a interação expressa por brabeza ou confusão facial ou expressões de transe e perturbações No entendimento de M Main E Hesse 1990 elas vivenciam um conflito sem ter condições de manter um estratégia adequada para lidar com o que as assusta Esses casos aparecem em situações de abuso nas quais o cuidador pode significar uma fonte amedrontadora quando o abusador é externo e faz ameaças à criança ou quando o próprio cuidador é o abusador Assim o padrão desorganizado é associado a fatores de risco e aos maustratos infantil sendo que fatores adicionais podem ser incluídos na manifestação desse padrão como por exemplo transtorno bipolar nos pais ou uso parental de álcool CORTINA MARRONE 2003 A necessidade de figuras de apego que proporcionem uma base segura não se limita absolutamente às crianças BOWLBY 19792001 Contudo existe a prevalência da idéia de que os padrões de apego desenvolvidos na infância por meio dos modelos internos de funcionamento tendem a se manter e a ser reforçados nas interações com outros pois os indivíduos são propensos a se colocar em situações que reforçam os seus modelos precoces de funcionamento interno SPERLING BERMAN 1994 C George N Kaplan M Main 1985 criaram a Entrevista de Apego do Adulto em inglês Adult Attachment Interview AAI com a finalidade de analisar as representações dos modelos internos de apego nos adultos Essa entrevista explora de maneira minuciosa por intermédio de questões estruturadas a relação do indivíduo com os pais durante a infância e os efeitos dessas experiências em seu funcionamento atual Por meio de análise dos conteúdos das entrevistas foram formuladas as categorias de padrões de apego em adultos seguroautônomo desapegadoevitativo preocupadoansioso e desorganizadodesorientado sendo que cada uma corresponde a determinadas características de personalidade a formas de interação aos tipos de resposta social apresentados e ao surgimento de psicopatologias ATKINSON 1997 A AAI GEORGE KAPLAN MAIN 1985 tem sido muito importante nos estudos da TA sendo uma das técnicas de autorelato mais usadas nessa abordagem Contudo sua utilização é restrita pela necessidade de treinamento adequado para o levantamento dos escores e da codificação de suas escalas de avaliação dos relatos Além disso o protocolo da entrevista não está publicado assim como o sistema de escore e de codificação sendo disponibilizado parcialmente para utilização em pesquisas Por intermédio da descrição dos entrevistados de suas relações com seus cuidadores primários perdas significativas e relações atuais com os cuidadores primários o escore é focado na fluidez da fala dos indivíduos sobre suas experiências primárias e na coerência e plausibilidade de suas narrativas CROWELL et al 1996 Vários estudos BARTHOLOMEW MORETTI 2002 HUGHES HARDY KENDRICK 2000 JACOBVITZ CURRAN MOLLER 2002 utilizaram a AAI como instrumento demonstrando que esse é um método de acesso significativo para a organização do apego adaptando se a diversas culturas e que pode ser correlacionado com níveis de inteligência ajustamento social e adaptação individual CROWELL et al 1996 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 18 Em relação ao apego do adulto M Main 2001 distingueo em contraposição ao da criança Durante a primeira infância o apego caracterizase como um interesse insistente em manter proximidade com uma ou algumas pessoas selecionadas uma tendência a usar esses indivíduos como base segura de referência para a exploração do desconhecido e refúgio na figura de apego para busca de segurança em momentos de medo Assim na infância o apego é considerado seguro ou inseguro com relação à figura de apego Já a segurança em adolescentes e adultos não se identifica com nenhuma relação em particular ou seja com nenhuma figura de apego específica nem do passado nem do presente O que se investiga são as diferenças individuais do estado mental com respeito ave história global do apego A categoria seguraautônoma faz um paralelo com o grupo de crianças de apego seguro Nos adultos esse grupo apresenta um relato espontâneo e vívido das experiências de infância com lembranças positivas e uma descrição equilibrada de ocorrências infantis difíceis Os adultos que se enquadram na categoria de apego evitativo ou desapegado apresentam um relato idealizado da infância falha na reconstrução das memórias infantis e se dificuldades nessas experiências são relatadas seus efeitos são negados ou minimizados A categoria preocupadoansioso caracterizase por um relato que envolve experiências que podem ter sido confusas vagas ou tempestuosas e conflitantes apresentando inabilidade para se colocar nas situações infantis e apresentar um roteiro coerente dessas experiências Isso também acontece no relato de experiências difíceis da infância o que demonstra dificuldade de compreender as origens de suas emoções preocupantes A categoria de apego adulto desorganizadodesorientado está relacionada a relatos com sinais graves de desorientação e desorganização principalmente quando os entrevistados são questionados sobre eventos traumáticos ou perdas importantes CORTINA MARRONE 2003 Como os padrões de interação na adolescência têm sido identificados pelo modelo de categorização do apego em adultos proposto por M Main N Kaplan J Cassidy 1985 alguns pesquisadores aprimoraram esse modelo adequando os métodos de avaliação do apego ao uso com adolescentes M Ammaniti et al 2000 basearamse na AAI para criarem uma entrevista de medida da representação do apego na adolescência inicial e adolescência propriamente dita Attachment Interview for Childhood and Adolescence A intenção inicial desses autores era verificar a estabilidade do padrão de apego e os processos de mudança ocorridos no período da adolescência Foi observada uma tendência dos adolescentes para demonstrar maior rejeição aos pais nos primeiros quatro anos iniciais da adolescência dos 12 aos 15 anos o que sugere um maior uso de estratégias de apego evitativodesapegado em relação às figuras de apego primário nessa fase Isso foi compreendido como uma necessidade de manter distância das figuras parentais para que a aquisição de uma identidade pessoal seja alcançada As medidas de avaliação do apego em adolescentes de maneira geral são utilizadas de forma eficiente para identificar as estratégias mais utilizadas diante das circunstâncias que os sujeitos vivem ou viveram além de identificar a maneira como lidam consigo mesmos e com as pessoas significativas em suas vidas CRITTENDEN 2001 Entre os instrumentos mais utilizados P Crittenden 2001 cita a AAI GEORGE KAPLAN MAIN 1985 que permite uma compreensão da forma como o adolescente pensa sobre suas experiências de apego de maneira integrada e colaborativa Entretanto essa entrevista tem sido utilizada com adolescentes mais velhos já que o método de avaliação do relato foi construído a partir das experiências descritas por adultos Por isso os métodos de avaliação do apego em adolescentes têm sido objeto de estudo de diversos pesquisadores dada a necessidade de medidas confiáveis e adequadas a essa etapa do ciclo vital P Crittenden 2001 ressalta que na adolescência as relações com as figuras de apego sofrem mudanças que habilitam o adolescente para relacionamentos fora do seu círculo familiar sendo que todos os novos movimentos interpessoais são influenciados pela forma de interação moldada com os cuidadores na infância Assim o relacionamento com os cuidadores pode ser contingente de todas as ansiedades provenientes dessas modificações ou ser um fator de complicação para o desenvolvimento dessas mudanças De acordo com J Allen D Land 1999 na percepção de adolescentes o apego aos cuidadores primários é tratado como um vínculo de contenção e moderação e não exatamente como uma base de apoio e segurança já que a tarefa principal da adolescência é o desenvolvimento da autonomia Como as atividades dos adolescentes geralmente são distantes das figuras de apego há uma necessidade menor de dependência e respaldo dos cuidadores no que se refere à formação de uma concepção própria do mundo Nesse sentido o sistema de apego passa a ter um papel integrador para os desafios dessa fase havendo ainda uma chance de reformulações sobre a organização primária do apego Embora os adolescentes não consigam distinguir e reconhecer claramente as qualidades e defeitos implícitos nas suas relações primárias de apego esses aspectos parecem ser elucidados e moldados na adolescência ALLEN LAND 1999 Considerandose que as relações de apego são o resultado da interação entre uma base genética processos inatos e experiência modificados ao longo do tempo essas relações também se modificam Ou seja pessoas mais velhas formam relações mais complexas do que as da infância Por essa razão as relações na adolescência marcam um período de transição para a idade adulta quando as relações com os melhores amigos e as primeiras relações românticas por exemplo serão preditivas dos estilos de relacionamentos na idade adulta CRITTENDEN 2001 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 19 J Crowell D Treboux 1995 referem que a autonomia e a afinidade nas interações familiares de adolescentes de 14 anos de idade predizem o padrão de apego eou a coerência em seus discursos entre as idades de 24 e 25 anos Os adolescentes mais velhos classificados no padrão desorganizado são mais hostis em relação à figura materna do que os adolescentes classificados no padrão seguro Já os padrões preocupado e desorganizado em adolescentes são relacionados a interrelações confusas e restrições na autonomia na interação com a figura materna W Collins L A Sroufe 1999 ressaltam que na adolescência as experiências se caracterizam em uma rede social mais ampla que na infância Habitualmente os indivíduos nessa fase demonstram tendência a aumentar e estabilizar suas relações íntimas sendo a relação entre e com amigos um dos melhores exemplos de desenvolvimento continuado A continuidade nessas relações tem sido ligada às experiências precoces e relações correspondentes sugerindo que as competências sociais transcendem relacionamentos específicos SROUFE FLEESON 1986 Assim tanto as relações familiares primárias como as experiências entre pares são preditoras de diferenças individuais na adolescência COLLINS SROUFE 1999 M Harvey 2000 examinou a relação entre os padrões de apego em adolescentes e o funcionamento familiar apontando que adolescentes que percebem a si mesmos como integrantes de relações familiares coesas são considerados com um padrão de apego seguro sendo que os valores intelectuais e culturais familiares são adotados para si mesmos R Kobak 1993 constatou que adolescentes caracterizados pelo padrão de apego seguro são confiantes em seus relacionamentos generosos e tolerantes em relação a si mesmos e às suas figuras de apego e considerados como mais estáveis em suas relações românticas As relações com as figuras de apego são marcadas por uma interação de confiança e poucas dificuldades para o estabelecimento de autonomia emocional Já os adolescentes caracterizados como do estilo desapegadoevitativo demonstram não ter necessidade de confiar em outras pessoas e parecem realmente desapegados ou não influenciados pelas experiências de apego precoces Existe uma forte associação da predominância desse estilo de apego com índices elevados de transtornos alimentares KOBAK COLE 1994 Nos dados de M Harvey 2000 o padrão evitativo de adolescentes referiuse àqueles que se consideram pouco interessados nas relações familiares e apresentam sentimentos negativos em relação à família e ao seu funcionamento Por outro lado o padrão preocupadoansioso é caracterizado por adolescentes que têm geralmente relacionamentos frustrantes ou insatisfatórios além de demonstraremse angustiados ou confusos quanto a essas relações Para R Kobak 1993 esse padrão é fortemente associado à depressão principalmente em mulheres M Harvey 2000 sugere que o padrão ansiosoambivalente ou preocupadoansioso em adolescentes está relacionado a relatos de conflitos familiares alto grau de controle entre os membros da família e falta de compreensão da dinâmica do funcionamento familiar Além disso esses adolescentes sentem que a independência é desencorajada e evitam confrontos mantendo estratégias de coping passivas Apesar de existirem controvérsias sobre o aspecto da generalização dos padrões de interação primários para relações futuras durante o ciclo vital estudos longitudinais diversos FONAGY 1999 têm demonstrado a estabilidade do apego tanto na adolescência como na vida adulta E Waters et al 1991 enfatizam que a organização do apego ao longo da infância tem um papel direto no desenvolvimento da consciência pessoal na autoobservação na consistência do self em relações de apego assim como nos resultados sociais No entanto todas as pessoas são suscetíveis às influências variadas de experiências favoráveis ou desfavoráveis que podem alterar o desenvolvimento evolutivo e portanto os estados mentais ligados ao apego DAVILA BURGE HAMMEN 1997 Alguns dos fatores que influenciam a qualidade de cuidados e o padrão de apego em desenvolvimento nas relações primárias são a relação marital o contexto social o acesso a recursos a incidência de patologias mentais o divórcio as separações temporárias em períodos críticos como na primeira infância Todos estes têm relação direta com os padrões de apego e fazem parte do que se entende por fatores de risco social HALPERN 1990 Existe uma suposição geral de que crianças que experienciam separação da figura principal de apego se tornam mais sensíveis a outras experiências de separação as quais são vivenciadas de modo traumático Contudo não existem evidências seguras sobre este apontamento AINSWORTH 1967 O que se sabe é que a forma como é vivenciada essa primeira experiência vai influenciar as expectativas e a ação da criança em outros momentos de separação Fatores como idade tempo de separação temperamento tipo de interação estabelecida antes da separação ambiente onde a separação é vivida e quem está presente depois que esta acontece assim como a natureza das circunstâncias durante a separação são fatores influentes e modificadores na resposta da criança à separação e no significado e conseqüências desta em sua vida RUTTER 1972 ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 20 Assim o que se compreende é que as relações de apego têm uma funçãochave na transmissão de características transgeneracionais em relacionamentos entre cuidadores e suas crianças Nesse sentido as relações parentais e rupturas de vínculos primários por perda ou abandono têm um impacto transcendente ao desenvolvimento individual pelo fato de que instauram um padrão internalizado de funcionamento e de interação FONAGY 1999 Nesses processos as rupturas de vínculos são inevitáveis mas segundo J Lewis 2000 a possibilidade de crescimento e a formação de novos laços afetivos dependerão de como essas experiências de ruptura foram vivenciadas e elaboradas CONSIDERAÇÕES FINAIS As noções propostas na TA pressupõem que os modelos internos desenvolvidos nas relações com as figuras de apego primárias tendem de maneira geral a ser estáveis e a se generalizar pararelações futuras BOWLBY 1989 A partir desse pressuposto observase uma tendência ao desenvolvimento de estudos sobre os padrões de apego em faixas etárias além da infância Contudo existem controvérsias quanto à generalização dos padrões de interação primários para relações futuras durante o ciclo vital Não obstante o amplo desenvolvimento da TA permanecem várias perguntas sem resposta como por exemplo o questionamento apontado por J Belsky 1999 sobre o que leva algumas crianças a desenvolverem apego seguro com seus cuidadores enquanto outras estabelecem um padrão de apego inseguro Outra questão é sobre por que algumas crianças desenvolvem apego seguro mesmo que os cuidadores não estejam tão próximos Ainda que esses questionamentos deixem uma margem sugestiva de lacunas nos conceitos da TA e demarquem a necessidade contínua de pesquisas para o enriquecimento dessa teoria os padrões de apego estabelecidos na infância têm sido compreendidos como duradouros e presentes nas diversas fases do ciclo vital embora menos evidentes em adolescentes e adultos BOWLBY 19731980 Considerando que as primeiras relações estabelecidas na infância afetam o padrão de apego do indivíduo ao longo de sua vida BOWLBY 1989 e que processos de rompimento de vínculos de apego tanto na infância e adolescência quanto na vida adulta acarretam transformações nas imagens do self entre outros fatores BAKER 2001 a TA representa um campo repleto de possibilidades de aplicações benéficas a áreas dedicadas à compreensão do desenvolvimento humano Além disso as pesquisas sobre a TA em relação aos aspectos ligados ao apego nas diversas fases do ciclo vital têm sido desenvolvidas em diversos países embora no Brasil a maioria delas ainda esteja restrita ao estudo do apego na infância Em relação às medidas de avaliação do apego de maneira geral os métodos já divulgados têm valor significativo por serem capazes de identificar o comportamento de apego ao longo do ciclo vital e sua ação sobre os relacionamentos que o indivíduo estabelece além de identificar aspectos da representação mental dessas relações e do funcionamento social CASSIDY 1999 A utilização desses instrumentos possibilita que os resultados obtidos sejam aproveitados para intervenções em âmbito clínico ou em programas sociais Sendo assim os métodos de avaliação do apego representam recursos valiosos para os profissionais da saúde mental que podem utilizálos em contextos diversos e em várias fases do ciclo vital No entanto os instrumentos de medida do apego nas diversas fases do desenvolvimento ainda não foram adaptados e validados para a população brasileira dificultando estudos com essa população e tornando necessário o desenvolvimento de métodos de avaliação para as diferentes faixas etárias no Brasil Nesse sentido parece ser fundamental para o avanço das idéias da TA no Brasil e contribuições gerais para essa teoria que as pesquisas brasileiras envolvam outras fases do ciclo vital além da infância e que procurem investigar a estabilidade dos padrões de apego ao longo do desenvolvimento Os questionamentos a essa perspectiva demonstram o quanto os conceitos da TA ainda precisam ser mais explorados e aprimorados por meio de mudanças nos métodos empregados nas pesquisas sobre o apego Embora alguns argumentos da TA sejam de cunho naturalista dada sua ênfase na biologia podese observar que os conceitos dessa teoria envolvem também aspectos de aprendizagem flexibilidade e adaptação possibilitando uma compreensão abrangente do desenvolvimento humano Assim apesar de existirem aspectos controversos na TA como por exemplo o determinismo implícito nas relações de apego precoce é inegável seu valor para a psicologia ARQUIVOS BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DALBEM J X DELLAGLIO D D Teoria do apego bases conceituais e desenvolvimento dos modelos internos de funcionamento Arquivos Brasileiros de Psicologia v 57 n 1 p 1224 2005 Retirado do World Wide Web httpwwwpsicologiaufrjbrabp 21 REFERÊNCIAS AINSWORTH M 1963 The development of infantmother interaction among Ganda In FOSS B M Org Determinants of infant behavior New York Wiley pp 67104 1967 Infancy in Uganda Infant care and the growth of love Baltimore Johns Hopkins University Press 1978 Patterns of attachment A psychological study of the strange situation Hillsdale Erlbaum 1985 Attachments 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