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Bioquímica
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Nutrição MaternoInfantil Cruzeiro do Sul Virtual Educação a distância Responsável pelo Conteúdo Profª Me Fernanda Trigo Costa Revisão Textual Profª Me Sandra Regina Fonseca Moreira Aspectos Fisiológicos da Gestação Aspectos Fisiológicos da Gestação Conhecer as características epidemiológicas sociais e fisiológicas da gestação bem como os fato res de risco para compreensão da determinação das necessidades e intervenções nutricionais OBJETIVO DE APRENDIZADO Conceitos de Nutrição MaternoInfantil Histórico de Saúde Materna e da Criança até Dois Anos Conceituação e Rotina do PréNatal Fisiologia da Gestação Fatores de Risco Suplementação de Nutrientes Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional siga algumas recomendações básicas Determine um horário fixo para estudar Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias Isso amplia a aprendizagem Aproveite as indicações de Material Complementar Conserve seu material e local de estudos sempre organizados Mantenha o foco Evite se distrair com as redes sociais Seja original Nunca plagie trabalhos Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado Assim Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina Por exemplo você poderá determinar um dia e horário fixos como seu momento do estudo Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar lembrese de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo No material de cada Unidade há leituras indicadas e entre elas artigos científicos livros vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade Além disso você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados Após o contato com o conteúdo proposto participe dos debates mediados em fóruns de discussão pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento além de propiciar o contato com seus colegas e tutores o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem no text to extract UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação Conceitos de Nutrição MaternoInfantil Nutrição MaternoInfantil é uma das áreas mais importantes da Nutrição e da atenção básica à saúde de uma maneira geral Embora muito técnica e específica se pudéssemos parafrasear a expressão popular De médico e de louco todo mundo tem um pouco no contexto dessa área da nutrição estendida a outras áreas da nutrição também poderia ser De nutricionista e de palpiteiro todo mundo tem um pouco Basta uma mulher comentar que está tentando engravidar que já começam os con selhos dicas e relatos de experiências bem sucedidas ou não seja antes durante ou após a gestação Entre tantas recomendações de senso comum inclusive por terem sido vivenciadas e muitas vezes constatadas empiricamente pelas pessoas fica difícil desmistificar algumas crenças costumes e hábitos consolidados A nutrição maternoinfantil consegue dar assistência a três períodos diferentes da vida da mulher desde o momento em que está planejando a gravidez durante a gestação e após o parto cuidando da mãe e do bebê Embora seja algo natural tornarse mãe é um momento intenso novo e repleto de dúvidas Ter profissionais para auxiliar adequadamente nessa fase é essencial acolhedor e pode ser decisivo para a saúde da criança até a vida adulta Em relação à alimentação até os dois anos de idade atualmente contamos com um material muito rico e que deve ser utilizado para orientações alimentares que é o Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos BRASIL 2019 Acesse o Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos e acompanhe esse material durante as unidades desta disciplina disponível em httpsbitly2Nwurxb Porém antes de adentrarmos nas necessidades nutricionais da gestante e bebê é importante que haja um aprofundamento nas questões epidemiológicas e fisiológicas da gestação o que será trabalhado nesta unidade Assim as principais questões são quais são as mudanças no corpo feminino durante a gestação Como o feto se desenvolve O que isso impacta na saúde da gestante e do feto Há riscos nutricionais durante a gestação Histórico de Saúde Materna e da Criança até Dois Anos No Brasil a razão de mortalidade materna é de cerca de 50 a 58 mulheres em cada 100 mil nascidos vivos Esse valor é três vezes maior do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde OMS que é de 20 mulheres TSUNECHIRO et al 2018 CUNHA et al 2019 8 9 Estudos observacionais têm demonstrado que o número insuficiente de con sultas prénatal é fator de risco para mortalidade tanto fetal como neonatal e que a falta de intervenções no momento apropriado da gravidez pode ocasionar o nasci mento prematuro O Programa de Humanização no Prénatal e Nascimento PHPN criado desde os anos 2000 tem como objetivo estipular um protocolo mínimo de ações a serem desenvolvidas durante o período da gestação que oriente um fluxo de atendimento próprio e contribua para a redução da morbimortalidade materna e fetal Porém muitos estudos têm demonstrado que esse conteúdo mínimo não está sendo reali zado satisfatoriamente para a grande maioria das gestantes em diversos lugares do Brasil o que tem se refletido nos indicadores já que a taxa de mortalidade neonatal tem diminuído pouco e a mortalidade materna tem se mantido estável desde 1996 MARTINELLI et al 2014 Leia Humanização do parto Humanização no Prénatal e nascimento Disponível em httpsbitly3eraaon Dados do IBGE 2019 demonstram que a taxa de mortalidade infantil no Brasil número de mortes antes de completar um ano de idade foi de 124mil nascidos vivos em 2018 abaixo da taxa de 128 do ano anterior Já a taxa de mortalidade na infância probabilidade de um recémnascido não completar os cinco anos de idade em 2017 era de 149 criançasmil nascidas vivas em 2018 a taxa foi de 144 por mil Embora seja possível observar melhoras nos indicadores fica claro que a gestante e a criança necessitam de assistência qualificada onde se insere o acompanhamento prénatal potencializando o nascimento de uma criança saudável a garantia do bem estar materno e neonatal PEIXOTO et al 2001 e a continuidade dessa assistência através dos exames durante o puerpério e também da cobertura de vacinação e atendimento pediátrico O puerpério é conhecido como o período do resguardo fase pósparto em que a mulher vivencia modificações físicas e psíquicas repleto de grande significação cultural Dura cerca de quarenta dias e é considerado o tempo necessário para que órgãos reprodutores voltem à condição antes da gestação BAIAO DESLANDES 2006 Conceituação e Rotina do PréNatal A inadequação das ações do prénatal está associada a efeitos negativos como prematuridade e baixo peso ao nascer além do aumento do risco de morte fetal e materna internações em unidades de terapia intensiva depressão e ansiedade no pósparto e gestações sucessivas em curto espaço de tempo CUNHA et al 2014 9 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação A atenção ao prénatal compreende ações de educação em saúde identificação de riscos prevenção e tratamento de complicações e agravos demandando planejamento e estruturação para garantir acesso e continuidade do cuidado com efetiva integralidade da assistência visando promover saúde da mãe e da criança BRASIL 2018 Em relação ao adequado acompanhamento prénatal e assistência à gestante e à puérpera deverão ser realizadas as seguintes atividades BRASIL 2002 Realizar a primeira consulta de prénatal até o quarto mês de gestação Garantir a realização de no mínimo seis consultas de acompanhamento pré natal sendo preferencialmente uma no primeiro trimestre duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre da gestação Realização de uma consulta no puerpério até quarenta e dois dias após o nascimento Realização de exames laboratoriais ABORh VDRL Urina Glicemia de jejum HBHt Testagem antiHIV Aplicação de vacina antitetânica dose imunizante Realização de atividades educativas Classificação de risco gestacional na primeira consulta e nas consultas subsequentes Garantir às gestantes classificadas como de risco atendimento ou acesso à uni dade de referência para atendimento ambulatorial eou hospitalar à gestação de alto risco O Ministério da Saúde tem um canal no YouTube onde veicula uma série chamada Gerando uma vida São dez episódios contando a evolução sintomas e sentimentos de um casal que espera um bebê Disponível em httpsbitly311zH3L Fisiologia da Gestação No decorrer da gestação as alterações fisiológicas que interferem no sistema or gânico da mãe bem como nas vias metabólicas são decorrentes de adaptações necessárias para a formação do feto Isso explica por que os parâmetros dos exames laboratoriais bioquímicos das gestantes têm diferenças em relação à mulher não grá vida Os níveis elevados de estrogênio e progesterona somados ao aumento de 50 no volume do plasma e 20 na hemoglobina são os fatores fisiológicos que mais interferem nessas alterações O hormônio gonadotrofina coriônica humana hCG tem papel fundamental no início da gestação Ele é o responsável por produzir progesterona e estrogênio sufi cientes para o desenvolvimento do feto pois a placenta não consegue desenvolver essa função Entretanto por volta da sétima semana de desenvolvimento a placenta assume a produção de progesterona e o pico de produção deste hormônio pela 10 11 placenta ocorre aos três meses de desenvolvimento e depois diminui Além disso o HCG também estimula a produção de testosterona pelo testículo em desenvolvimento em fetos masculinos SILVERTHORN 2017 O período gestacional é constituído por 40 semanas agrupadas em três trimes tres sendo que cada um deles tem características diferentes em seus aspectos fisio lógicos metabólicos e nutricionais No primeiro trimestre podemos observar diversas modificações biológicas por conta da intensa divisão celular Nessa fase a saúde do embrião depende totalmente da saúde e da condição prégestacional materna não apenas às reservas energé ticas mas também de micronutrientes Um inadequado aporte energético da gestante pode levar a uma competição entre a mãe e o feto limitando a disponibilidade dos nutrientes necessários ao adequado crescimento fetal FREITAS et al 2010 É importante ressaltar que o desenvolvimento fetal passa por três períodos desde o momento da concepção até a formação do feto propriamente dito O primeiro período de desenvolvimento fetal préembrionário iniciase na fertilização e tem a duração de três semanas Nesse período ocorre a implantação do ovo a divisão das células e o início do processo da diferenciação desenvolvendo a placenta e o embrião O segundo período embrionário começa na quarta semana quando o embrião toma formas cilíndricas aumentando de tamanho nas próximas quatro semanas Nesse período continua o processo da diferenciação e organização celular sendo que cada camada celular é responsável pela formação dos tecidos e órgãos específi cos do embrião Já no terceiro período fetal que tem início na oitava semana e se estende até a 40ª semana é quando os órgãos fetais começam a funcionar e a atender às necessi dades do feto Nessa fase a placenta continua em desenvolvimento e é responsável por nutrir o feto até o seu nascimento SANTOS 2012 Durante o segundo e terceiro trimestres da gestação o meio externo vai exercer maior influência na condição de crescimento e desenvolvimento do feto sendo esse nciais que a ingestão de energia e nutrientes fatores emocionais e o estilo de vida sejam adequados para que o feto e a evolução da gestação aconteçam dentro da normalidade A Tabela 1 traz informações sobre diferenciação celular conforme o período gesta cional É possível verificar que a velocidade de aumento de peso do feto é muito dife rente entre os trimestres sendo que até a 28ª semana o feto ganha cerca de 1kg e cerca de mais 05kg até a 30ª semana Nas 10 semanas seguintes o feto chegará aos 3kg ou seja o do dobro de peso em relação ao que tinha na 30ª semana Tabela 1 Diferenciação celular de acordo com o período gestacional Idade Gestacional Tipo de crescimento Velocidade Peso médio do feto 1º Trimestre 12 semanas Hiperplasia aumento na quantidade de células Lenta 12ª semana Aproximadamente 300g 11 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação Idade Gestacional Tipo de crescimento Velocidade Peso médio do feto 2º Trimestre 13 a 27 semanas Hiperplasia e hipertrofia aumento na quan tidade e no tamanho das células Acelerada 27ª semana Aproximadamente 1000g 3º Trimestre mais de 28 semanas Hipertrofia aumento no tamanho das células Máxima 38ª semana Aproximadamente 3000g Fonte Adaptado de VITOLO 2015 Para uma melhor compreensão de como acontece o desenvolvimento fetal também é possível visualizar através da Figura 1 as diferenças no tamanho do feto dentro do útero nos três trimestres Figura 1 Etapas de crescimento fetal Fonte Getty Images No processo de adaptação do organismo materno para as necessidades de cada trimestre há um grande impacto sobre os níveis de lipídeos colesterol vitamina E caroteno e fatores de coagulação sanguínea O aumento do plasma alcança o pico de 50 entre a 30ª e 34ª semana e a quantidade de células vermelhas aumenta 18 sem suplementação de ferro e chega a um aumento de 30 com suplementação Considerando o aumento plasmático ocorre uma diluição dos componentes sanguí neos 20 na hemoglobina e 15 no hematócrito mesmo havendo um aumento das células vermelhas No entanto em pacientes não anêmicas o VCM volume corpus cular médio e o HCM hemoglobina corpuscular média permanecem inalterados 12 13 Importante O VCM medido pelo hemograma representa o tamanho médio da hemácia Já o HCM representa a quantidade de hemoglobina na hemácia Se há um aumento no plasma da gestante provocando uma diluição dos componentes san guíneos porque o VCM e o HCM permanecem inalterados em pacientes não anêmicas Em relação ao débito cardíaco há um aumento de até 50 desde o início da gestação decorrente do plasma aumentado e da ação dos hormônios À medida que a gestação avança o fluxo sanguíneo aumenta no útero rins e pele Na metade da gestação a pressão arterial pode diminuir por conta do aumento da vasodilatação peri férica Essas mudanças cardíacas também ocorrem em função da intensa circulação placentária que chega a 625mL de sangue por minuto nas fases finais da gestação A placenta é um órgão complexo metabolicamente caracterizado por uma estru tura esponjosa oval de diâmetro entre 15 e 17cm e que chega a 500g na gestação a termo aumenta proporcionalmente conforme o período gestacional A placenta é responsável em produzir hormônios necessários para a manutenção regulação e o desenvolvimento de todo o complexo gestacional materno e fetal HGC estróge no progesterona e lactogênio placentário O transporte de oxigênio e nutrientes da mãe para o feto é feito pela placenta com o objetivo de garantir a demanda necessária bem como eliminar os produtos originários do metabolismo fetal Níveis alterados de citocinas e hormônios durante a gestação podem interferir no transporte placentário e consequentemente afetar o crescimento fetal retardando ou acelerando o processo O metabolismo passa por diversos ajustes em relação aos nutrientes para ga rantir que o feto receba todos os suprimentos necessários Tabela 2 Além disso o metabolismo basal no final da gestação está 15 a 20 maior decorrente do aumento de peso maior demanda de oxigênio e maior produção hormonal Tabela 2 Distribuição das calorias e de nutrientes para atender às necessidades fetais Nutriente calórico Glicose 50 a 70 das calorias Aminoácidos 20 das calorias Lipídeos 20 das calorias Fonte Adaptado de VITOLO 2015 Quando os níveis glicêmicos maternos caem a principal fonte energética passam a ser os lipídeos o que explica o maior acúmulo de triglicerídeos no último trimestre da gestação principalmente na região das coxas e subescapular para reserva ime diata em períodos de jejum As gestantes têm resposta normal de insulina no início 13 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação da gestação mas à medida que a o período gestacional avança é necessário ter mais insulina para o transporte da mesma quantidade de glicose O aumento da glicose necessária para o feto sobrecarrega o sistema de forma a deixar a insulina menos eficiente no final da gestação Os níveis glicêmicos de je jum tendem as ser menos elevados mas os níveis pósprandiais tendem a ser mais elevados principalmente naquelas gestantes em que não há aumento adequado da produção de insulina Por que a maioria das mulheres que apresentam diabetes gestacional tem seus níveis de glicemia normalizados cerca de 6 a 8 semanas após o parto O hormônio progesterona age durante a gestação no relaxamento da muscula tura lisa do útero mas acaba interferindo em outros órgão também como no intes tino diminuindo a motilidade Embora seja uma das causas de queixas de consti pação intestinal esse processo permite uma melhor absorção dos nutrientes Esse hormônio também favorece a deposição de gordura e aumenta a excreção de sódio Já o estrógeno aumenta a elasticidade da parede uterina e do canal cervical decorrente da alteração no tecido conjuntivo tornandoo mais hidroscópico Também atua na redução de proteínas séricas e afeta a função tireoidiana Junto com a pro gesterona interfere no metabolismo de ácido fólico e participa da mamogênese Ambos aumentam a sensibilidade progesterona e vascularização estrogênio dos centros respiratórios promovendo hiperventilação para suprir as necessidades aumentadas de oxigênio Ao final da gestação a respiração torácica substitui a abdo minal com menor movimento do diafragma devido ao aumento do útero sendo necessário que o diafragma se movimente mais vezes com menor profundidade caracterizando a respiração ofegante da gestante A função renal também sofre alterações com aumento de cerca de 70 do fluxo plasmático e de 50 na filtração glomerular Com esse aumento a concentração de creatinina e e ureia diminuem no sangue Ainda há um aumento da reabsorção de cálcio e uma eliminação mais eficiente de creatinina ureia e ácido úrico produtos decorrentes do metabolismo proteico materno e fetal Considerando o aumento plasmático e a consequente diluição dos compostos sanguíneos associados às adaptações fisiológicas da gestação como podemos explicar a eliminação mais eficiente de creatinina ureia e ácido úrico No que diz respeito às modificações gastrointestinais há uma diminuição do tônus e motilidade do estômago redução na produção de ácido clorídrico HCl e esvaziamento gastrico mais lento o que explica sintomas como azia e indigestão e já citado anteriormente menor motilidade intestinal 14 15 As alterações hormonais especialmente no primeiro trimestre iterferem no paladar e olfato sendo a maior capacidade olfativa a responsável pelas náuseas e vômitos muito comuns nessa fase Também há algumas evidências de que essas alterações levam a gestante a consumir eletrólitos em quantidade adequada para o incremento do volume plasmático do mesmo modo que faz com que haja aversão ao gosto amargo protegendo o feto de intoxicações Um outro hormônio importante é o hormônio lactogê nio placentário hPL que tem ação antagônica à insulina e ação semelhante ao hormônio do crescimento auxiliando a deposição de proteínas nos tecidos e com intensa função anabólica e de lipólise quebra de lipídeos Há estudos que descrevam uma ação de auxílio no pro cesso de início na produção de leite e no desenvolvimento das glândulas mamárias VITOLO 2015 Fatores de Risco A evolução normal da gestação pode sofrer interferências de diversas condições sejam epidemiológicas ou patológicas de forma que quanto mais fatores inadequados existirem pior será o prognóstico Essas condições adversas ou fatores de risco estão relacionadas à idade paridade peso tabagismo consumo de álcool ou complicações como anemia obesidade hipertensão arterial diabetes entre outras situações Obesidade A obesidade na gestação é atualmente um importante desafio no cui dado maternoinfantil principalmente por sua prevalência estar aumentando de forma considerável no Brasil e em outros países O impacto negativo da obesidade na gestação começa antes da concepção uma vez que pode estar associada a uma redução da fertilidade Além disso em mulheres obesas há risco aumentado de abortamento espontâneo e de repetição risco elevado de gestações compli cadas por defeitos do tubo neural hidrocefalia problemas cardiovasculares e de má formação Neste quadro há risco aumentado de doença cardíaca doenças hepáticas diabetes melito gestacional préeclâmpsia e aumento de 40 na inci dência de morte fetal no nascimento Outro fator preocupante é que a obesidade na gravidez está associada com o término precoce do aleitamento a anemia pósparto e a depressão MONTENEGRO 2016 Em relação à paridade há estudos que demonstram que as multíparas ou seja que tiveram mais de um parto têm maiores chances de maior ganho de peso e aumento da adiposidade VÍTOLO 2015 A préeclâmpsia é caracterizada por pressão arterial elevada proteína na urina inchaços de pernas e retenção de líquidos Normalmente começa após 20 semanas de gestação em mulheres com pressão arterial normal Pode acarretar complicações graves até mesmo fatais para a mãe e o bebê CASTELLI FERNANDEZ 2019 15 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação Hipertensão Grandes taxas de incidência no Brasil e no mundo de hipertensão arterial sistêmica HAS em gestantes estão constatadas A HAS manifestase em gestantes de todas as idades e é a maior causa de morte materna Mas por que tamanha preocupação Há um controle rigoroso da pressão arterial durante a gestação pois as complicações da hipertensão são principalmente abortamento parto prematuro restrição do crescimento fetal descolamento da placenta sofri mento fetal e afecções em órgãos vitais após o nascimento A situação mais grave como já mencionado nesta unidade é quando a doença evolui para préeclâmp sia eclâmpsia seguimento ou agravo da préeclâmpsia elevação de enzimas he páticas e baixa contagem de plaquetas comprometendo diversas funções vitais SOUZA et al 2020 A hipertensão arterial sistêmica HAS é uma condição clínica caracterizada por níveis persis tentes de pressão arterial sistólica 140mmHg e diastólica 90mmHg confirmadas em duas aferições no membro superior direito com o paciente em repouso sentado em inter valos de 4 a 6 horas por um período mínimo de 2 semanas Diabetes O diabetes gestacional é definido como qualquer grau de redução da tolerância à glicose cujo início ou detecção ocorre durante a gravidez No Brasil em torno de 7 das gestações são complicadas pela hiperglicemia gestacional O risco de desfechos adversos maternos fetais e neonatais aumenta de forma contínua com a elevação da glicemia materna As complicações mais frequen temente associadas ao diabetes gestacional são a préeclâmpsia e a necessidade de cesariana para a mãe e a prematuridade a macrossomia a distorcia de ombro a hipoglicemia e a morte perinatal para o bebê WEINERT et al 2011 Gestação na Adolescência considerando que a adolescência engloba jovens de 10 a 19 anos de idade e que esse período é marcado por intensas mudanças sociais psicológicas e biológicas que trazem vulnerabilidade a esse grupo a gestação na adolescência pode ser um período crítico e de prejuízos para as adolescentes e seus filhos A consequência que mais ocorre nos partos de mães adolescentes é o nascimento de um bebê com baixo peso o que requer super visão médica especial Mas também a prematuridade anemia e complicações no parto por desproporção anatômica entre mãe e bebê são pontos a serem observados Outra questão está relacionada à morbimortalidade maternoinfantil associada à gravidez da adolescente o que mais se relacionada às desigualdades sociais e à pobreza ou seja a um ambiente desfavorável do que à idade da ges tante Fatores como desnutrição tabagismo escolaridade e instabilidade emo cional são os que realmente determinam as principais complicações na adoles cência VALLE MELCHIORI 2010 VÍTOLO 2015 Tabagismo e consumo de álcool Existe uma forte evidência de que o tabagismo materno está associado a um aumento do risco de complicações na gravidez incluindo baixo peso ao nascimento aborto espontâneo morte perinatal e parto prétermo MOUTINHO ALEXANDRA 2013 O tabagismo promove constrição de vasos sanguíneos o que reduz o fluxo sanguíneo na placenta 16 17 e gera prejuízo no transporte de nutrientes VÍTOLO 2015 O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação promove várias repercussões diretas para o feto sendo a mais conhecida e mais grave delas a síndrome alcoólica fetal que se caracteriza por danos ao sistema nervoso central que provocam anomalias neurológicas craniofaciais deficiência no crescimento pré e pósnatal disfun ções comportamentais e malformações associadas Para a mãe a exposição ao álcool também traz agravos à saúde como doenças cardiovasculares câncer depressão e distúrbios neurológicos Também está associada ao ganho de peso gestacional insuficiente menor número de consultas no prénatal e aumento do risco de utilização de outras drogas FREIRE PADILHA SAUNDERS 2013 Idade materna acima de 35 anos A gestação em idade avançada é um fator de risco para infertilidade baixo peso ao nascer anomalias fetais natimortos e complicações obstétricas Embora esse consenso seja baseado em observações realizadas há séculos atualmente as mulheres cada vez mais vêm postergando as gestações por conta da carreira estudos e outras conquistas pessoais Ges tantes acima de 35 anos apresentam maiores chances de desenvolver doenças crônicas especialmente obesidade hipertensão e diabetes melito A mortalidade materna aumenta consideravelmente após os 35 anos e drasticamente após os 40 As mortes estão mais associadas às doenças cardiovasculares problemas placentários e complicações durante o parto SAUER 2015 Importante As evidências relacionadas aos riscos da gestação em idade avançada não demonstram uma impossibilidade de que a gestação ocorra dentro da normalidade porém é impor tante uma atenção especial de todos os profissionais envolvidos para que os riscos sejam controlados e as complicações evitadas Suplementação de Nutrientes A alimentação da mãe durante a gestação é um dos principais determinantes externos da saúde maternofetal As necessidades energéticas bem como de micro nutrientes estão aumentadas e uma alimentação deficiente está relacionada à pré eclâmpsia partos prematuros e crescimento uterino prejudicado baixo peso ao nascer e malformações congênitas VÍTOLO 2015 Embora comumente haja a indicação de polivitamínicos para gestantes bem como outros medicamentos para a suplementação de nutrientes a dieta é sempre a base de uma alimentação adequada e os suplementos não substituem os alimentos O uso do suplemento de forma consciente e segura vai tentar reduzir ao máximo qualquer alteração decorrente de alguma deficiência mas não é garantia de que vai funcionar pois temos que analisar caso a caso e identificar quais são as necessidades de suplementação diante do estilo de vida e características da gestante 17 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação A partir de agora vamos tratar de alguns micronutrientes muito importantes du rante a gestação e que precisam ser analisados com cautela através de exames bio químicos e sinais clínicos GARCÍA ORTEGA LOMBÁN 2013 Ferro estimase que mais de 40 das mulheres grávidas sofram de anemia ferropriva sendo este um microelemento comumente suplementado A defi ciência de ferro durante a gestação está relacionada à prematuridade baixo peso ao nascer enfermidades infecciosas e aumento da mortalidade perinatal A suplementação deve ser realizada com cautela pois há efeitos negativos rela cionados ao excesso de ferro como a hiper viscosidade sanguínea e diminuição da perfusão placentária podendo levar a alterações neurológicas e esqueléticas fetais e préeclâmpsia Exames relacionados não somente à hemoglobina sérica mas principalmente à quantidade de ferritina sérica devem ser realizados e ana lisados previamente fundamentando a necessidade ou não de suplementação Folato B9 participa da síntese de ácidos nucleicos metilação de lipídeos pro teínas produção de metionina entre outras reações metabólicas Sua defici ência está relacionada com defeitos no tubo neural lábio leporino cardiopatia congênita abortos espontâneos descolamento de placenta e préeclâmpsia A suplementação deste micronutriente é essencial e realizada até mesmo antes da fecundação quando a paciente está tentando engravidar Além do folato é necessário que haja quantidades suficientes de vitaminas B12 e B6 para que as reações metabólicas aconteçam adequadamente Vitamina D a deficiência de vitamina D está relacionada com raquitismo pré eclâmpsia diabetes gestacional e parto prematuro Atualmente sua deficiência é muito comum entre as mulheres inclusive gestantes o que tem tornado a su plementação muito comum e a atenção a este nutriente essencial Porém con siderando que a vitamina D pode ser tóxica é imprescindível que seja realizada a dosagem sanguínea deste micronutriente para que a suplementação seja indi vidualizada e conforme a exposição solar e consumo alimentar Na suplementa ção a vitamina D deve ser consumida diariamente acompanhada de alimentos gordurosos Níveis adequados auxiliam na manutenção do sistema imunológico e desenvolvimento ósseo do feto A dose diária varia conforme cada organismo de acordo com a dosagem no sangue Cálcio as necessidades de cálcio estão aumentadas durante a gestação e sua deficiência pode estar associada à prematuridade baixo peso ao nascer mine ralização óssea deficiente e préeclâmpsia Considerando que a absorção está aumentada em 40 por conta das alterações fisiológicas recomendase a su plementação apenas para gestantes que não consomem quantidades adequadas deste mineral provenientes da alimentação Por que a suplementação de vitamina D é essencial e a de cálcio depende do consu mo alimentar 18 19 Iodo indispensável na síntese dos hormônios da tireoide necessários para o desenvolvimento cerebral e mental adequado assim como a maturação óssea pulmonar e cardíaca durante a gestação e fase neonatal O feto depende dos hormônios maternos e a mãe tem sua necessidade aumentada principalmen te nas primeiras 10 a 12 semanas de gestação Embora com as necessidades aumentadas a suplementação de origem alimentar é pouco praticada O mais comum é a prática da reposição hormonal caso a gestante apresente alguma patologia relacionada à glândula tireoide e à produção hormonal Vitamina A a deficiência desta vitamina está relacionada com problemas de formação ocular e funcionamento orgânico da visão parto prematuro e des colamento de placenta A suplementação não pode ser indiscriminada pois o excesso de retinol está relacionado a efeitos teratogênicos interferindo do desenvolvimento do sistema nervoso central e anomalias cardiovasculares A suple mentação deve ser realizada após a dosagem sérica para ter efeito assertivo e não prejudicial No caso de a gestante manter o consumo de vísceras frequente ex cerca de 150g de fígado ou outras vísceras por semana não há necessidade de realizar suplementação Ômega3 os ácidos graxos do tipo ômega3 o DHA docosahexaenoico em particular e o EPA ácido eicosapentaenoico são importantes para a saúde materna Esses dois ácidos graxos são essenciais com funções diferentes o EPA auxilia na função cardíaca no funcionamento do sistema imunológico e na resposta inflamatória O DHA atua nas funções do cérebro olhos e sistema nervoso central e isso explica sua importância durante a gestação e lactação Mães com adequada ingestão de DHA dão luz a bebês com maiores níveis de DHA sanguíneos e com melhor função visual além de estudos recentes indica rem efeitos protetores relacionados a doenças crônicas BELUSKATURKAN et al 2019 Leia Recomendações da OMS sobre cuidados prénatais para uma experiência positiva na gravidez Disponível em httpsbitly314UC5L Nesta Unidade vimos como os cuidados com a saúde incluindo os aspectos nutricionais são importantes durante a gestação e como um acompanhamento pré natal adequado auxilia na evolução normal e sadia das 40 semanas gestacionais Também estudamos as alterações fisiológicas neste período e os fatores de risco que podem prejudicar o desenvolvimento fetal e colocar a vida materna em perigo Por isso é de extrema importância um olhar individualizado para que as recomen dações e intervenções possam ser assertivas e contribuam para saúde da mamãe e do bebê 19 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade Vídeos Viva Mais SUS Saúde da Mulher Gestantes httpsyoutubeAl22sEickw Filmes O Começo da Vida httpsyoutubelxw7pV3I2SU Leitura Humanização do parto Humanização no Prénatal e nascimento httpsbitly3eraaon Gravidez o que é sintomas complicações tipos e prevenção httpsbitly312PTSg 20 21 Referências BAIAO M R DESLANDES S F Alimentação na gestação e puerpério Rev Nutr Campinas v 19 n 2 p 245253 2006 Disponível em httpwwwscielo brscielophpscriptsciarttextpidS141552732006000200011lngennrm iso Acesso em 26012020 BELUSKATURKAN K et al Nutritional Gaps and Supplementation in the First 1000 Days Nutrients 2019 11 2891 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança orientações para implementação Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Brasília Ministério da Saúde 2018 CASTELLI J FERNANDEZ A Preeclampsia como desencadenante de crisis tirotóxica reporte de caso Rev Urug Cardiol 2019 vol 34 n 2 p 215226 Epub 01Ago2019 CUNHA A J L A LEITE A J M ALMEIDA I S Atuação do pediatra nos primeiros mil dias da criança a busca pela nutrição e desenvolvimento saudáveis J Pediatr Rio J Porto Alegre v 91 n 6 supl 1 p S44S51 Dec 2015 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS0021 75572015000800006lngennrmiso Acesso em 26012020 CUNHA A C LACERDA J T ALCAUZA M T R NATAL Sônia Avaliação da atenção ao prénatal na Atenção Básica no Brasil Rev Bras Saúde Mater Infant Recife 19 2 459470 abrjun 2019 Disponível em httpsorcidorg0000 000161554785 FREIRE K PADILHA P C SAUNDERS C Fatores associados ao uso de álcool e cigarro na gestação Rev Bras Ginecol Obstet Rio de Janeiro v 31 n 7 p 335 341 July 2009 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttext pidS010072032009000700003lngennrmiso Acesso em 31012020 FREITAS E S DAL BOSCO S M SIPPE C et al Recomendações Nutricionais na Gestação Revista Destaques Acadêmicos Ano 2 n 3 2010 CCBSUnivates GARCÍA R M M ORTEGA A I J LOMBÁN B N Suplementos en gestación últimas recomendaciones Supplements in pregnancy the latest recommendations Nutr Hosp 2016 33 Supl 437 MARTINELLI K G SANTOS N E T GAMA S G N OLIVEIRA A E Adequação do processo da assistência prénatal segundo os critérios do Programa de Humanização do Prénatal e Nascimento e Rede Cegonha Rev Bras Ginecol Obstet 2014 3625664 MONTENEGRO C A B R Obstetrícia Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2016 21 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação MOUTINHO A ALEXANDRA D Parto prétermo tabagismo e outros fatores de risco um estudo casocontrolo Rev Port Med Geral Fam online 2013 vol 29 n 2 p 107112 PEIXOTO C R et al O PréNatal na Atenção Primária o ponto de partida para reorganização da assistência obstétrica antenatal Rev enferm UERJ Rio de Janeiro 2011 abrjun 19228691 SANTOS N C M Assistência de enfermagem maternoinfantil 3 ed São Paulo Iátria 2012 SAUER M V Reproduction at an advanced maternal age and maternal health Fertil Steril 2015 1035113643 Disponível em httpwwwfertstertorgarticle S0015028215002034fulltext SILVERTHORN D U Fisiologia humana uma abordagem integrada Porto Alegre ArtMed 2017 SOUSA M G et al Epidemiology of artherial hypertension in pregnants Einstein São Paulo São Paulo v 18 eAO4682 2020 Disponível em httpwwwscielo brscielophpscriptsciarttextpidS167945082020000100209lngennrm iso Acesso em 29012020 TSUNECHIRO M A et al Avaliação da assistência prénatal conforme o Programa de Humanização do Prénatal e Nascimento Rev Bras Saúde Mater Infant Recife 18 4 781790 outdez 2018 VALLE TGM MELCHIORI LE orgs Saúde e desenvolvimento humano online São Paulo Editora UNESP São Paulo Cultura Acadêmica 2010 257 p Disponível em httpbooksscieloorg VITOLO M R Nutrição da gestação ao envelhecimento 2 ed Rio de Janeiro Rubio 2015 WEINERT L S et al Diabetes gestacional um algoritmo de tratamento multidisciplinar Arq Bras Endocrinol Metab São Paulo v 55 n 7 p 435445 Oct 2011 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpid S000427302011000700002lngennrmiso Acesso em 29012020 22 no text to extract Cruzeiro do Sul Educacional
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Nutrição MaternoInfantil Cruzeiro do Sul Virtual Educação a distância Responsável pelo Conteúdo Profª Me Fernanda Trigo Costa Revisão Textual Profª Me Sandra Regina Fonseca Moreira Aspectos Fisiológicos da Gestação Aspectos Fisiológicos da Gestação Conhecer as características epidemiológicas sociais e fisiológicas da gestação bem como os fato res de risco para compreensão da determinação das necessidades e intervenções nutricionais OBJETIVO DE APRENDIZADO Conceitos de Nutrição MaternoInfantil Histórico de Saúde Materna e da Criança até Dois Anos Conceituação e Rotina do PréNatal Fisiologia da Gestação Fatores de Risco Suplementação de Nutrientes Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional siga algumas recomendações básicas Determine um horário fixo para estudar Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias Isso amplia a aprendizagem Aproveite as indicações de Material Complementar Conserve seu material e local de estudos sempre organizados Mantenha o foco Evite se distrair com as redes sociais Seja original Nunca plagie trabalhos Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado Assim Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina Por exemplo você poderá determinar um dia e horário fixos como seu momento do estudo Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar lembrese de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo No material de cada Unidade há leituras indicadas e entre elas artigos científicos livros vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade Além disso você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados Após o contato com o conteúdo proposto participe dos debates mediados em fóruns de discussão pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento além de propiciar o contato com seus colegas e tutores o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem no text to extract UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação Conceitos de Nutrição MaternoInfantil Nutrição MaternoInfantil é uma das áreas mais importantes da Nutrição e da atenção básica à saúde de uma maneira geral Embora muito técnica e específica se pudéssemos parafrasear a expressão popular De médico e de louco todo mundo tem um pouco no contexto dessa área da nutrição estendida a outras áreas da nutrição também poderia ser De nutricionista e de palpiteiro todo mundo tem um pouco Basta uma mulher comentar que está tentando engravidar que já começam os con selhos dicas e relatos de experiências bem sucedidas ou não seja antes durante ou após a gestação Entre tantas recomendações de senso comum inclusive por terem sido vivenciadas e muitas vezes constatadas empiricamente pelas pessoas fica difícil desmistificar algumas crenças costumes e hábitos consolidados A nutrição maternoinfantil consegue dar assistência a três períodos diferentes da vida da mulher desde o momento em que está planejando a gravidez durante a gestação e após o parto cuidando da mãe e do bebê Embora seja algo natural tornarse mãe é um momento intenso novo e repleto de dúvidas Ter profissionais para auxiliar adequadamente nessa fase é essencial acolhedor e pode ser decisivo para a saúde da criança até a vida adulta Em relação à alimentação até os dois anos de idade atualmente contamos com um material muito rico e que deve ser utilizado para orientações alimentares que é o Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos BRASIL 2019 Acesse o Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos e acompanhe esse material durante as unidades desta disciplina disponível em httpsbitly2Nwurxb Porém antes de adentrarmos nas necessidades nutricionais da gestante e bebê é importante que haja um aprofundamento nas questões epidemiológicas e fisiológicas da gestação o que será trabalhado nesta unidade Assim as principais questões são quais são as mudanças no corpo feminino durante a gestação Como o feto se desenvolve O que isso impacta na saúde da gestante e do feto Há riscos nutricionais durante a gestação Histórico de Saúde Materna e da Criança até Dois Anos No Brasil a razão de mortalidade materna é de cerca de 50 a 58 mulheres em cada 100 mil nascidos vivos Esse valor é três vezes maior do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde OMS que é de 20 mulheres TSUNECHIRO et al 2018 CUNHA et al 2019 8 9 Estudos observacionais têm demonstrado que o número insuficiente de con sultas prénatal é fator de risco para mortalidade tanto fetal como neonatal e que a falta de intervenções no momento apropriado da gravidez pode ocasionar o nasci mento prematuro O Programa de Humanização no Prénatal e Nascimento PHPN criado desde os anos 2000 tem como objetivo estipular um protocolo mínimo de ações a serem desenvolvidas durante o período da gestação que oriente um fluxo de atendimento próprio e contribua para a redução da morbimortalidade materna e fetal Porém muitos estudos têm demonstrado que esse conteúdo mínimo não está sendo reali zado satisfatoriamente para a grande maioria das gestantes em diversos lugares do Brasil o que tem se refletido nos indicadores já que a taxa de mortalidade neonatal tem diminuído pouco e a mortalidade materna tem se mantido estável desde 1996 MARTINELLI et al 2014 Leia Humanização do parto Humanização no Prénatal e nascimento Disponível em httpsbitly3eraaon Dados do IBGE 2019 demonstram que a taxa de mortalidade infantil no Brasil número de mortes antes de completar um ano de idade foi de 124mil nascidos vivos em 2018 abaixo da taxa de 128 do ano anterior Já a taxa de mortalidade na infância probabilidade de um recémnascido não completar os cinco anos de idade em 2017 era de 149 criançasmil nascidas vivas em 2018 a taxa foi de 144 por mil Embora seja possível observar melhoras nos indicadores fica claro que a gestante e a criança necessitam de assistência qualificada onde se insere o acompanhamento prénatal potencializando o nascimento de uma criança saudável a garantia do bem estar materno e neonatal PEIXOTO et al 2001 e a continuidade dessa assistência através dos exames durante o puerpério e também da cobertura de vacinação e atendimento pediátrico O puerpério é conhecido como o período do resguardo fase pósparto em que a mulher vivencia modificações físicas e psíquicas repleto de grande significação cultural Dura cerca de quarenta dias e é considerado o tempo necessário para que órgãos reprodutores voltem à condição antes da gestação BAIAO DESLANDES 2006 Conceituação e Rotina do PréNatal A inadequação das ações do prénatal está associada a efeitos negativos como prematuridade e baixo peso ao nascer além do aumento do risco de morte fetal e materna internações em unidades de terapia intensiva depressão e ansiedade no pósparto e gestações sucessivas em curto espaço de tempo CUNHA et al 2014 9 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação A atenção ao prénatal compreende ações de educação em saúde identificação de riscos prevenção e tratamento de complicações e agravos demandando planejamento e estruturação para garantir acesso e continuidade do cuidado com efetiva integralidade da assistência visando promover saúde da mãe e da criança BRASIL 2018 Em relação ao adequado acompanhamento prénatal e assistência à gestante e à puérpera deverão ser realizadas as seguintes atividades BRASIL 2002 Realizar a primeira consulta de prénatal até o quarto mês de gestação Garantir a realização de no mínimo seis consultas de acompanhamento pré natal sendo preferencialmente uma no primeiro trimestre duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre da gestação Realização de uma consulta no puerpério até quarenta e dois dias após o nascimento Realização de exames laboratoriais ABORh VDRL Urina Glicemia de jejum HBHt Testagem antiHIV Aplicação de vacina antitetânica dose imunizante Realização de atividades educativas Classificação de risco gestacional na primeira consulta e nas consultas subsequentes Garantir às gestantes classificadas como de risco atendimento ou acesso à uni dade de referência para atendimento ambulatorial eou hospitalar à gestação de alto risco O Ministério da Saúde tem um canal no YouTube onde veicula uma série chamada Gerando uma vida São dez episódios contando a evolução sintomas e sentimentos de um casal que espera um bebê Disponível em httpsbitly311zH3L Fisiologia da Gestação No decorrer da gestação as alterações fisiológicas que interferem no sistema or gânico da mãe bem como nas vias metabólicas são decorrentes de adaptações necessárias para a formação do feto Isso explica por que os parâmetros dos exames laboratoriais bioquímicos das gestantes têm diferenças em relação à mulher não grá vida Os níveis elevados de estrogênio e progesterona somados ao aumento de 50 no volume do plasma e 20 na hemoglobina são os fatores fisiológicos que mais interferem nessas alterações O hormônio gonadotrofina coriônica humana hCG tem papel fundamental no início da gestação Ele é o responsável por produzir progesterona e estrogênio sufi cientes para o desenvolvimento do feto pois a placenta não consegue desenvolver essa função Entretanto por volta da sétima semana de desenvolvimento a placenta assume a produção de progesterona e o pico de produção deste hormônio pela 10 11 placenta ocorre aos três meses de desenvolvimento e depois diminui Além disso o HCG também estimula a produção de testosterona pelo testículo em desenvolvimento em fetos masculinos SILVERTHORN 2017 O período gestacional é constituído por 40 semanas agrupadas em três trimes tres sendo que cada um deles tem características diferentes em seus aspectos fisio lógicos metabólicos e nutricionais No primeiro trimestre podemos observar diversas modificações biológicas por conta da intensa divisão celular Nessa fase a saúde do embrião depende totalmente da saúde e da condição prégestacional materna não apenas às reservas energé ticas mas também de micronutrientes Um inadequado aporte energético da gestante pode levar a uma competição entre a mãe e o feto limitando a disponibilidade dos nutrientes necessários ao adequado crescimento fetal FREITAS et al 2010 É importante ressaltar que o desenvolvimento fetal passa por três períodos desde o momento da concepção até a formação do feto propriamente dito O primeiro período de desenvolvimento fetal préembrionário iniciase na fertilização e tem a duração de três semanas Nesse período ocorre a implantação do ovo a divisão das células e o início do processo da diferenciação desenvolvendo a placenta e o embrião O segundo período embrionário começa na quarta semana quando o embrião toma formas cilíndricas aumentando de tamanho nas próximas quatro semanas Nesse período continua o processo da diferenciação e organização celular sendo que cada camada celular é responsável pela formação dos tecidos e órgãos específi cos do embrião Já no terceiro período fetal que tem início na oitava semana e se estende até a 40ª semana é quando os órgãos fetais começam a funcionar e a atender às necessi dades do feto Nessa fase a placenta continua em desenvolvimento e é responsável por nutrir o feto até o seu nascimento SANTOS 2012 Durante o segundo e terceiro trimestres da gestação o meio externo vai exercer maior influência na condição de crescimento e desenvolvimento do feto sendo esse nciais que a ingestão de energia e nutrientes fatores emocionais e o estilo de vida sejam adequados para que o feto e a evolução da gestação aconteçam dentro da normalidade A Tabela 1 traz informações sobre diferenciação celular conforme o período gesta cional É possível verificar que a velocidade de aumento de peso do feto é muito dife rente entre os trimestres sendo que até a 28ª semana o feto ganha cerca de 1kg e cerca de mais 05kg até a 30ª semana Nas 10 semanas seguintes o feto chegará aos 3kg ou seja o do dobro de peso em relação ao que tinha na 30ª semana Tabela 1 Diferenciação celular de acordo com o período gestacional Idade Gestacional Tipo de crescimento Velocidade Peso médio do feto 1º Trimestre 12 semanas Hiperplasia aumento na quantidade de células Lenta 12ª semana Aproximadamente 300g 11 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação Idade Gestacional Tipo de crescimento Velocidade Peso médio do feto 2º Trimestre 13 a 27 semanas Hiperplasia e hipertrofia aumento na quan tidade e no tamanho das células Acelerada 27ª semana Aproximadamente 1000g 3º Trimestre mais de 28 semanas Hipertrofia aumento no tamanho das células Máxima 38ª semana Aproximadamente 3000g Fonte Adaptado de VITOLO 2015 Para uma melhor compreensão de como acontece o desenvolvimento fetal também é possível visualizar através da Figura 1 as diferenças no tamanho do feto dentro do útero nos três trimestres Figura 1 Etapas de crescimento fetal Fonte Getty Images No processo de adaptação do organismo materno para as necessidades de cada trimestre há um grande impacto sobre os níveis de lipídeos colesterol vitamina E caroteno e fatores de coagulação sanguínea O aumento do plasma alcança o pico de 50 entre a 30ª e 34ª semana e a quantidade de células vermelhas aumenta 18 sem suplementação de ferro e chega a um aumento de 30 com suplementação Considerando o aumento plasmático ocorre uma diluição dos componentes sanguí neos 20 na hemoglobina e 15 no hematócrito mesmo havendo um aumento das células vermelhas No entanto em pacientes não anêmicas o VCM volume corpus cular médio e o HCM hemoglobina corpuscular média permanecem inalterados 12 13 Importante O VCM medido pelo hemograma representa o tamanho médio da hemácia Já o HCM representa a quantidade de hemoglobina na hemácia Se há um aumento no plasma da gestante provocando uma diluição dos componentes san guíneos porque o VCM e o HCM permanecem inalterados em pacientes não anêmicas Em relação ao débito cardíaco há um aumento de até 50 desde o início da gestação decorrente do plasma aumentado e da ação dos hormônios À medida que a gestação avança o fluxo sanguíneo aumenta no útero rins e pele Na metade da gestação a pressão arterial pode diminuir por conta do aumento da vasodilatação peri férica Essas mudanças cardíacas também ocorrem em função da intensa circulação placentária que chega a 625mL de sangue por minuto nas fases finais da gestação A placenta é um órgão complexo metabolicamente caracterizado por uma estru tura esponjosa oval de diâmetro entre 15 e 17cm e que chega a 500g na gestação a termo aumenta proporcionalmente conforme o período gestacional A placenta é responsável em produzir hormônios necessários para a manutenção regulação e o desenvolvimento de todo o complexo gestacional materno e fetal HGC estróge no progesterona e lactogênio placentário O transporte de oxigênio e nutrientes da mãe para o feto é feito pela placenta com o objetivo de garantir a demanda necessária bem como eliminar os produtos originários do metabolismo fetal Níveis alterados de citocinas e hormônios durante a gestação podem interferir no transporte placentário e consequentemente afetar o crescimento fetal retardando ou acelerando o processo O metabolismo passa por diversos ajustes em relação aos nutrientes para ga rantir que o feto receba todos os suprimentos necessários Tabela 2 Além disso o metabolismo basal no final da gestação está 15 a 20 maior decorrente do aumento de peso maior demanda de oxigênio e maior produção hormonal Tabela 2 Distribuição das calorias e de nutrientes para atender às necessidades fetais Nutriente calórico Glicose 50 a 70 das calorias Aminoácidos 20 das calorias Lipídeos 20 das calorias Fonte Adaptado de VITOLO 2015 Quando os níveis glicêmicos maternos caem a principal fonte energética passam a ser os lipídeos o que explica o maior acúmulo de triglicerídeos no último trimestre da gestação principalmente na região das coxas e subescapular para reserva ime diata em períodos de jejum As gestantes têm resposta normal de insulina no início 13 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação da gestação mas à medida que a o período gestacional avança é necessário ter mais insulina para o transporte da mesma quantidade de glicose O aumento da glicose necessária para o feto sobrecarrega o sistema de forma a deixar a insulina menos eficiente no final da gestação Os níveis glicêmicos de je jum tendem as ser menos elevados mas os níveis pósprandiais tendem a ser mais elevados principalmente naquelas gestantes em que não há aumento adequado da produção de insulina Por que a maioria das mulheres que apresentam diabetes gestacional tem seus níveis de glicemia normalizados cerca de 6 a 8 semanas após o parto O hormônio progesterona age durante a gestação no relaxamento da muscula tura lisa do útero mas acaba interferindo em outros órgão também como no intes tino diminuindo a motilidade Embora seja uma das causas de queixas de consti pação intestinal esse processo permite uma melhor absorção dos nutrientes Esse hormônio também favorece a deposição de gordura e aumenta a excreção de sódio Já o estrógeno aumenta a elasticidade da parede uterina e do canal cervical decorrente da alteração no tecido conjuntivo tornandoo mais hidroscópico Também atua na redução de proteínas séricas e afeta a função tireoidiana Junto com a pro gesterona interfere no metabolismo de ácido fólico e participa da mamogênese Ambos aumentam a sensibilidade progesterona e vascularização estrogênio dos centros respiratórios promovendo hiperventilação para suprir as necessidades aumentadas de oxigênio Ao final da gestação a respiração torácica substitui a abdo minal com menor movimento do diafragma devido ao aumento do útero sendo necessário que o diafragma se movimente mais vezes com menor profundidade caracterizando a respiração ofegante da gestante A função renal também sofre alterações com aumento de cerca de 70 do fluxo plasmático e de 50 na filtração glomerular Com esse aumento a concentração de creatinina e e ureia diminuem no sangue Ainda há um aumento da reabsorção de cálcio e uma eliminação mais eficiente de creatinina ureia e ácido úrico produtos decorrentes do metabolismo proteico materno e fetal Considerando o aumento plasmático e a consequente diluição dos compostos sanguíneos associados às adaptações fisiológicas da gestação como podemos explicar a eliminação mais eficiente de creatinina ureia e ácido úrico No que diz respeito às modificações gastrointestinais há uma diminuição do tônus e motilidade do estômago redução na produção de ácido clorídrico HCl e esvaziamento gastrico mais lento o que explica sintomas como azia e indigestão e já citado anteriormente menor motilidade intestinal 14 15 As alterações hormonais especialmente no primeiro trimestre iterferem no paladar e olfato sendo a maior capacidade olfativa a responsável pelas náuseas e vômitos muito comuns nessa fase Também há algumas evidências de que essas alterações levam a gestante a consumir eletrólitos em quantidade adequada para o incremento do volume plasmático do mesmo modo que faz com que haja aversão ao gosto amargo protegendo o feto de intoxicações Um outro hormônio importante é o hormônio lactogê nio placentário hPL que tem ação antagônica à insulina e ação semelhante ao hormônio do crescimento auxiliando a deposição de proteínas nos tecidos e com intensa função anabólica e de lipólise quebra de lipídeos Há estudos que descrevam uma ação de auxílio no pro cesso de início na produção de leite e no desenvolvimento das glândulas mamárias VITOLO 2015 Fatores de Risco A evolução normal da gestação pode sofrer interferências de diversas condições sejam epidemiológicas ou patológicas de forma que quanto mais fatores inadequados existirem pior será o prognóstico Essas condições adversas ou fatores de risco estão relacionadas à idade paridade peso tabagismo consumo de álcool ou complicações como anemia obesidade hipertensão arterial diabetes entre outras situações Obesidade A obesidade na gestação é atualmente um importante desafio no cui dado maternoinfantil principalmente por sua prevalência estar aumentando de forma considerável no Brasil e em outros países O impacto negativo da obesidade na gestação começa antes da concepção uma vez que pode estar associada a uma redução da fertilidade Além disso em mulheres obesas há risco aumentado de abortamento espontâneo e de repetição risco elevado de gestações compli cadas por defeitos do tubo neural hidrocefalia problemas cardiovasculares e de má formação Neste quadro há risco aumentado de doença cardíaca doenças hepáticas diabetes melito gestacional préeclâmpsia e aumento de 40 na inci dência de morte fetal no nascimento Outro fator preocupante é que a obesidade na gravidez está associada com o término precoce do aleitamento a anemia pósparto e a depressão MONTENEGRO 2016 Em relação à paridade há estudos que demonstram que as multíparas ou seja que tiveram mais de um parto têm maiores chances de maior ganho de peso e aumento da adiposidade VÍTOLO 2015 A préeclâmpsia é caracterizada por pressão arterial elevada proteína na urina inchaços de pernas e retenção de líquidos Normalmente começa após 20 semanas de gestação em mulheres com pressão arterial normal Pode acarretar complicações graves até mesmo fatais para a mãe e o bebê CASTELLI FERNANDEZ 2019 15 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação Hipertensão Grandes taxas de incidência no Brasil e no mundo de hipertensão arterial sistêmica HAS em gestantes estão constatadas A HAS manifestase em gestantes de todas as idades e é a maior causa de morte materna Mas por que tamanha preocupação Há um controle rigoroso da pressão arterial durante a gestação pois as complicações da hipertensão são principalmente abortamento parto prematuro restrição do crescimento fetal descolamento da placenta sofri mento fetal e afecções em órgãos vitais após o nascimento A situação mais grave como já mencionado nesta unidade é quando a doença evolui para préeclâmp sia eclâmpsia seguimento ou agravo da préeclâmpsia elevação de enzimas he páticas e baixa contagem de plaquetas comprometendo diversas funções vitais SOUZA et al 2020 A hipertensão arterial sistêmica HAS é uma condição clínica caracterizada por níveis persis tentes de pressão arterial sistólica 140mmHg e diastólica 90mmHg confirmadas em duas aferições no membro superior direito com o paciente em repouso sentado em inter valos de 4 a 6 horas por um período mínimo de 2 semanas Diabetes O diabetes gestacional é definido como qualquer grau de redução da tolerância à glicose cujo início ou detecção ocorre durante a gravidez No Brasil em torno de 7 das gestações são complicadas pela hiperglicemia gestacional O risco de desfechos adversos maternos fetais e neonatais aumenta de forma contínua com a elevação da glicemia materna As complicações mais frequen temente associadas ao diabetes gestacional são a préeclâmpsia e a necessidade de cesariana para a mãe e a prematuridade a macrossomia a distorcia de ombro a hipoglicemia e a morte perinatal para o bebê WEINERT et al 2011 Gestação na Adolescência considerando que a adolescência engloba jovens de 10 a 19 anos de idade e que esse período é marcado por intensas mudanças sociais psicológicas e biológicas que trazem vulnerabilidade a esse grupo a gestação na adolescência pode ser um período crítico e de prejuízos para as adolescentes e seus filhos A consequência que mais ocorre nos partos de mães adolescentes é o nascimento de um bebê com baixo peso o que requer super visão médica especial Mas também a prematuridade anemia e complicações no parto por desproporção anatômica entre mãe e bebê são pontos a serem observados Outra questão está relacionada à morbimortalidade maternoinfantil associada à gravidez da adolescente o que mais se relacionada às desigualdades sociais e à pobreza ou seja a um ambiente desfavorável do que à idade da ges tante Fatores como desnutrição tabagismo escolaridade e instabilidade emo cional são os que realmente determinam as principais complicações na adoles cência VALLE MELCHIORI 2010 VÍTOLO 2015 Tabagismo e consumo de álcool Existe uma forte evidência de que o tabagismo materno está associado a um aumento do risco de complicações na gravidez incluindo baixo peso ao nascimento aborto espontâneo morte perinatal e parto prétermo MOUTINHO ALEXANDRA 2013 O tabagismo promove constrição de vasos sanguíneos o que reduz o fluxo sanguíneo na placenta 16 17 e gera prejuízo no transporte de nutrientes VÍTOLO 2015 O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação promove várias repercussões diretas para o feto sendo a mais conhecida e mais grave delas a síndrome alcoólica fetal que se caracteriza por danos ao sistema nervoso central que provocam anomalias neurológicas craniofaciais deficiência no crescimento pré e pósnatal disfun ções comportamentais e malformações associadas Para a mãe a exposição ao álcool também traz agravos à saúde como doenças cardiovasculares câncer depressão e distúrbios neurológicos Também está associada ao ganho de peso gestacional insuficiente menor número de consultas no prénatal e aumento do risco de utilização de outras drogas FREIRE PADILHA SAUNDERS 2013 Idade materna acima de 35 anos A gestação em idade avançada é um fator de risco para infertilidade baixo peso ao nascer anomalias fetais natimortos e complicações obstétricas Embora esse consenso seja baseado em observações realizadas há séculos atualmente as mulheres cada vez mais vêm postergando as gestações por conta da carreira estudos e outras conquistas pessoais Ges tantes acima de 35 anos apresentam maiores chances de desenvolver doenças crônicas especialmente obesidade hipertensão e diabetes melito A mortalidade materna aumenta consideravelmente após os 35 anos e drasticamente após os 40 As mortes estão mais associadas às doenças cardiovasculares problemas placentários e complicações durante o parto SAUER 2015 Importante As evidências relacionadas aos riscos da gestação em idade avançada não demonstram uma impossibilidade de que a gestação ocorra dentro da normalidade porém é impor tante uma atenção especial de todos os profissionais envolvidos para que os riscos sejam controlados e as complicações evitadas Suplementação de Nutrientes A alimentação da mãe durante a gestação é um dos principais determinantes externos da saúde maternofetal As necessidades energéticas bem como de micro nutrientes estão aumentadas e uma alimentação deficiente está relacionada à pré eclâmpsia partos prematuros e crescimento uterino prejudicado baixo peso ao nascer e malformações congênitas VÍTOLO 2015 Embora comumente haja a indicação de polivitamínicos para gestantes bem como outros medicamentos para a suplementação de nutrientes a dieta é sempre a base de uma alimentação adequada e os suplementos não substituem os alimentos O uso do suplemento de forma consciente e segura vai tentar reduzir ao máximo qualquer alteração decorrente de alguma deficiência mas não é garantia de que vai funcionar pois temos que analisar caso a caso e identificar quais são as necessidades de suplementação diante do estilo de vida e características da gestante 17 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação A partir de agora vamos tratar de alguns micronutrientes muito importantes du rante a gestação e que precisam ser analisados com cautela através de exames bio químicos e sinais clínicos GARCÍA ORTEGA LOMBÁN 2013 Ferro estimase que mais de 40 das mulheres grávidas sofram de anemia ferropriva sendo este um microelemento comumente suplementado A defi ciência de ferro durante a gestação está relacionada à prematuridade baixo peso ao nascer enfermidades infecciosas e aumento da mortalidade perinatal A suplementação deve ser realizada com cautela pois há efeitos negativos rela cionados ao excesso de ferro como a hiper viscosidade sanguínea e diminuição da perfusão placentária podendo levar a alterações neurológicas e esqueléticas fetais e préeclâmpsia Exames relacionados não somente à hemoglobina sérica mas principalmente à quantidade de ferritina sérica devem ser realizados e ana lisados previamente fundamentando a necessidade ou não de suplementação Folato B9 participa da síntese de ácidos nucleicos metilação de lipídeos pro teínas produção de metionina entre outras reações metabólicas Sua defici ência está relacionada com defeitos no tubo neural lábio leporino cardiopatia congênita abortos espontâneos descolamento de placenta e préeclâmpsia A suplementação deste micronutriente é essencial e realizada até mesmo antes da fecundação quando a paciente está tentando engravidar Além do folato é necessário que haja quantidades suficientes de vitaminas B12 e B6 para que as reações metabólicas aconteçam adequadamente Vitamina D a deficiência de vitamina D está relacionada com raquitismo pré eclâmpsia diabetes gestacional e parto prematuro Atualmente sua deficiência é muito comum entre as mulheres inclusive gestantes o que tem tornado a su plementação muito comum e a atenção a este nutriente essencial Porém con siderando que a vitamina D pode ser tóxica é imprescindível que seja realizada a dosagem sanguínea deste micronutriente para que a suplementação seja indi vidualizada e conforme a exposição solar e consumo alimentar Na suplementa ção a vitamina D deve ser consumida diariamente acompanhada de alimentos gordurosos Níveis adequados auxiliam na manutenção do sistema imunológico e desenvolvimento ósseo do feto A dose diária varia conforme cada organismo de acordo com a dosagem no sangue Cálcio as necessidades de cálcio estão aumentadas durante a gestação e sua deficiência pode estar associada à prematuridade baixo peso ao nascer mine ralização óssea deficiente e préeclâmpsia Considerando que a absorção está aumentada em 40 por conta das alterações fisiológicas recomendase a su plementação apenas para gestantes que não consomem quantidades adequadas deste mineral provenientes da alimentação Por que a suplementação de vitamina D é essencial e a de cálcio depende do consu mo alimentar 18 19 Iodo indispensável na síntese dos hormônios da tireoide necessários para o desenvolvimento cerebral e mental adequado assim como a maturação óssea pulmonar e cardíaca durante a gestação e fase neonatal O feto depende dos hormônios maternos e a mãe tem sua necessidade aumentada principalmen te nas primeiras 10 a 12 semanas de gestação Embora com as necessidades aumentadas a suplementação de origem alimentar é pouco praticada O mais comum é a prática da reposição hormonal caso a gestante apresente alguma patologia relacionada à glândula tireoide e à produção hormonal Vitamina A a deficiência desta vitamina está relacionada com problemas de formação ocular e funcionamento orgânico da visão parto prematuro e des colamento de placenta A suplementação não pode ser indiscriminada pois o excesso de retinol está relacionado a efeitos teratogênicos interferindo do desenvolvimento do sistema nervoso central e anomalias cardiovasculares A suple mentação deve ser realizada após a dosagem sérica para ter efeito assertivo e não prejudicial No caso de a gestante manter o consumo de vísceras frequente ex cerca de 150g de fígado ou outras vísceras por semana não há necessidade de realizar suplementação Ômega3 os ácidos graxos do tipo ômega3 o DHA docosahexaenoico em particular e o EPA ácido eicosapentaenoico são importantes para a saúde materna Esses dois ácidos graxos são essenciais com funções diferentes o EPA auxilia na função cardíaca no funcionamento do sistema imunológico e na resposta inflamatória O DHA atua nas funções do cérebro olhos e sistema nervoso central e isso explica sua importância durante a gestação e lactação Mães com adequada ingestão de DHA dão luz a bebês com maiores níveis de DHA sanguíneos e com melhor função visual além de estudos recentes indica rem efeitos protetores relacionados a doenças crônicas BELUSKATURKAN et al 2019 Leia Recomendações da OMS sobre cuidados prénatais para uma experiência positiva na gravidez Disponível em httpsbitly314UC5L Nesta Unidade vimos como os cuidados com a saúde incluindo os aspectos nutricionais são importantes durante a gestação e como um acompanhamento pré natal adequado auxilia na evolução normal e sadia das 40 semanas gestacionais Também estudamos as alterações fisiológicas neste período e os fatores de risco que podem prejudicar o desenvolvimento fetal e colocar a vida materna em perigo Por isso é de extrema importância um olhar individualizado para que as recomen dações e intervenções possam ser assertivas e contribuam para saúde da mamãe e do bebê 19 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade Vídeos Viva Mais SUS Saúde da Mulher Gestantes httpsyoutubeAl22sEickw Filmes O Começo da Vida httpsyoutubelxw7pV3I2SU Leitura Humanização do parto Humanização no Prénatal e nascimento httpsbitly3eraaon Gravidez o que é sintomas complicações tipos e prevenção httpsbitly312PTSg 20 21 Referências BAIAO M R DESLANDES S F Alimentação na gestação e puerpério Rev Nutr Campinas v 19 n 2 p 245253 2006 Disponível em httpwwwscielo brscielophpscriptsciarttextpidS141552732006000200011lngennrm iso Acesso em 26012020 BELUSKATURKAN K et al Nutritional Gaps and Supplementation in the First 1000 Days Nutrients 2019 11 2891 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança orientações para implementação Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Brasília Ministério da Saúde 2018 CASTELLI J FERNANDEZ A Preeclampsia como desencadenante de crisis tirotóxica reporte de caso Rev Urug Cardiol 2019 vol 34 n 2 p 215226 Epub 01Ago2019 CUNHA A J L A LEITE A J M ALMEIDA I S Atuação do pediatra nos primeiros mil dias da criança a busca pela nutrição e desenvolvimento saudáveis J Pediatr Rio J Porto Alegre v 91 n 6 supl 1 p S44S51 Dec 2015 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpidS0021 75572015000800006lngennrmiso Acesso em 26012020 CUNHA A C LACERDA J T ALCAUZA M T R NATAL Sônia Avaliação da atenção ao prénatal na Atenção Básica no Brasil Rev Bras Saúde Mater Infant Recife 19 2 459470 abrjun 2019 Disponível em httpsorcidorg0000 000161554785 FREIRE K PADILHA P C SAUNDERS C Fatores associados ao uso de álcool e cigarro na gestação Rev Bras Ginecol Obstet Rio de Janeiro v 31 n 7 p 335 341 July 2009 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttext pidS010072032009000700003lngennrmiso Acesso em 31012020 FREITAS E S DAL BOSCO S M SIPPE C et al Recomendações Nutricionais na Gestação Revista Destaques Acadêmicos Ano 2 n 3 2010 CCBSUnivates GARCÍA R M M ORTEGA A I J LOMBÁN B N Suplementos en gestación últimas recomendaciones Supplements in pregnancy the latest recommendations Nutr Hosp 2016 33 Supl 437 MARTINELLI K G SANTOS N E T GAMA S G N OLIVEIRA A E Adequação do processo da assistência prénatal segundo os critérios do Programa de Humanização do Prénatal e Nascimento e Rede Cegonha Rev Bras Ginecol Obstet 2014 3625664 MONTENEGRO C A B R Obstetrícia Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2016 21 UNIDADE Aspectos Fisiológicos da Gestação MOUTINHO A ALEXANDRA D Parto prétermo tabagismo e outros fatores de risco um estudo casocontrolo Rev Port Med Geral Fam online 2013 vol 29 n 2 p 107112 PEIXOTO C R et al O PréNatal na Atenção Primária o ponto de partida para reorganização da assistência obstétrica antenatal Rev enferm UERJ Rio de Janeiro 2011 abrjun 19228691 SANTOS N C M Assistência de enfermagem maternoinfantil 3 ed São Paulo Iátria 2012 SAUER M V Reproduction at an advanced maternal age and maternal health Fertil Steril 2015 1035113643 Disponível em httpwwwfertstertorgarticle S0015028215002034fulltext SILVERTHORN D U Fisiologia humana uma abordagem integrada Porto Alegre ArtMed 2017 SOUSA M G et al Epidemiology of artherial hypertension in pregnants Einstein São Paulo São Paulo v 18 eAO4682 2020 Disponível em httpwwwscielo brscielophpscriptsciarttextpidS167945082020000100209lngennrm iso Acesso em 29012020 TSUNECHIRO M A et al Avaliação da assistência prénatal conforme o Programa de Humanização do Prénatal e Nascimento Rev Bras Saúde Mater Infant Recife 18 4 781790 outdez 2018 VALLE TGM MELCHIORI LE orgs Saúde e desenvolvimento humano online São Paulo Editora UNESP São Paulo Cultura Acadêmica 2010 257 p Disponível em httpbooksscieloorg VITOLO M R Nutrição da gestação ao envelhecimento 2 ed Rio de Janeiro Rubio 2015 WEINERT L S et al Diabetes gestacional um algoritmo de tratamento multidisciplinar Arq Bras Endocrinol Metab São Paulo v 55 n 7 p 435445 Oct 2011 Disponível em httpwwwscielobrscielophpscriptsciarttextpid S000427302011000700002lngennrmiso Acesso em 29012020 22 no text to extract Cruzeiro do Sul Educacional