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Parasitologia Humana

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FILARIOSE LINFATICA CID10 B740 DESCRICAO A filariose linfatica FL doenga parasitaria crénica uma das maiores causas mundiais de incapacidades permanentes ou de longo prazo Acomete principalmente os membros inferiores e o trato urogenital sendo as suas principais apresentagoes clinicas o linfedema e a hidrocele E também conhecida como bancroftose filariase de Bancrofti e quando da sua manifestagao crénica elefantiase AGENTE ETIOLOGICO Vermes nematoides das espécies Wuchereria bancrofti Brugia malayi e Brugia timori Nas Américas ena Africa apenas a espécie W bancrofti causa a filariose linfatica Os vermes adultos medem em torno de 4cm machos a até 10 cm fémeas e vivem nos vasos linfaticos dos individuos infectados RESERVATORIO O unico reservatorio do parasito o ser humano que apresenta microfilarias no sangue Pacientes com formas crénicas avangadas da doenga incluindo elefantiase vivendo em area de alta transmissibilidade raramente apresentam microfilaremia Desse modo na maioria das formas crénicas os individuos sao amicrofilarémicos portanto nao transmitem o parasito filarial VETOR No Brasil mosquitos da espécie Culex quinquefasciatus também conhecidos como pernilongo carapana ou murigoca sao os responsaveis pela transmissao da FL MODO DE TRANSMISSAO Ocorre unicamente por meio da picada da fémea do mosquito vetor com larvas infectantes do parasito Apés a penetracgao na pele lesada as larvas infectantes migram para os vasos linfaticos onde se desenvolvem até se tornarem vermes adultos Na presenga de vermes adultos machos e fémeas ha reprodugao e liberagao das primeiras microfilarias pelas fémeas que vao para o sangue periférico do hospedeiro humano o que propiciara a infecgao de novos mosquitos iniciandose um novo ciclo de transmissao No Brasil as microfilarias apresentam periodicidade noturna no sangue periférico com pico de microfilaremia ocorrendo entre 23h e 1h Durante o dia as microfilarias localizamse nos capilares profundos principalmente nos pulmées e durante a noite aparecem no sangue periférico com maior concentragao em torno da meianoite 931 c a S PERIODO DE INCUBACAO 3 Manifestagées alérgicas podem aparecer um més apds a infecgao As microfilarias em geral aparecem Fi no sangue periférico de 6 a 12 meses apdés a infecgao As manifestagdes crénicas podem aparecer a anos apdos a infeccao 2 PERIODO DE TRANSMISSIBILIDADE me i A capacidade de transmitir 0 parasito iniciase quando aparecem microfilarias na corrente sanguinea S do hospedeiro humano 0 que para a W bancrofti ocorre em um periodo de aproximadamente nove FE meses apos a picada infectante do mosquito A microfilaremia pode persistir por um tempo superior g a dez anos tempo de vida do verme adulto e durante esse perfodo a pessoa infectada podera transmitir o parasito A presenga de microfilarias na corrente sanguinea obedece a um ritmo diario SUSCETIBILIDADE VULNERABILIDADE E IMUNIDADE A susceptibilidade é universal Os casos graves incluindo a elefantiase ocorrem em areas com alto indice de infecgao linfatica vermes adultos e sanguinea microfilarias MANIFESTACOES CLINICAS Ha um perfodo prépatente entre a penetracao da larva infectante e 0 aparecimento de microfilarias na corrente sanguinea que em geral é assintomatico Seguese um perfodo patente assintomatico O individuo que apresenta microfilarias circulantes na sua grande maioria nado apresenta sintomatologia clinica Pode haver entretanto doenga subclinica com comprometimento dilatagao e tortuosidade dos vasos linfaticos O periodo agudo caracterizase pelo aparecimento de fendmenos inflamatorios entre os quais linfedema orquite e epididimite Finalmente pode haver cronificagao que ocorre em pequena proporcao dos casos 1 a 20 Nessa fase predominam os fenédmenos obstrutivos tempordarios com a morte dos vermes adultos que podem conduzir ao linfedema a hidrocele ou a outras formas deformantes e incapacitantes A evolugao para elefantiase esta associada a infecgdes secundarias bacterianas eou flingicas em individuos acometidos de linfedema ocorrendo também na expressao clinica de linfoescroto COMPLICACOES Obstrucao temporaria dos vasos linfaticos linfedema e hidrocele Infecgdes secundarias recorrentes em portadores de linfedema dermatolinfangioadenite aguda DLAA DIAGNOSTICO DIAGNOSTICO LABORATORIAL O teste de rotina é feito pela pesquisa da microfilaria no sangue periférico pelo método da gota espessa GE Uma caracteristica desse parasito 6 a periodicidade noturna das microfilarias no sangue periférico do hospedeiro humano O pico da parasitemia periférica coincide na maioria das regides com o horario preferencial de repasto sanguineo do vetor entre 23h e 1h da manha 932 fv 2 g Cc Durante o dia essas formas se localizam nos capilares profundos principalmente nos pulmées e durante a noite aparecerem no sangue periférico com maior concentragao em torno da meianoite 3 decrescendo novamente até o final da madrugada O volume de sangue correto aproximadamente 60 microlitros e o horario da coleta sao pontos importantes que devem ser respeitados para a obtengao de um diagnoéstico correto Para aumentar a sensibilidade dessa técnica recomendase preparar mais de uma lamina de um mesmo paciente A nado observagao dessas recomendagoes podera acarretar um resultado falsonegativo A filtragao de sangue em membrana de policarbonato com 3 ou 5 micrémetros de porosidade é uma alternativa para individuos com baixa microfilaremia ou no controle de cura pdstratamento parasitolégico Ainda no intuito de afastar ou confirmar a suspeita clinica filarial podemse utilizar outros testes diagndsticos pesquisas de antigeno circulante filarial utilizando testes rapidos ICTFTS qualitativos ou Og4C3ELISA quantitativo Podese ainda utilizar a pesquisa de anticorpos através de antigenos recombinantes como também a pesquisa de DNA do parasito em amostras bioldgicas Sangue e urina Todos os individuos microfilar6micos deverao realizar a confirmagao diagnéstica e a identificagao morfolégica do parasito classificagdo da espécie filarial antes do tratamento especifico Esse procedimento deve ser realizado por meio do encaminhamento de material biolégico para o Laboratorio do Servigo de Referéncia Nacional em Filarioses SRNFInstituto Aggeu Magalhaes IAMFiocruzPE ELETROFISIOLOGICO RADIOLOGICO OU OUTRO Diagnostico por imagem O exame de ultrassonografia tem a potencialidade de detectar individuos infectados com formas adultas vivas de W bancrofti em vaso linfatico particularmente em vasos intraescrotais do cordao espermatico Podemse encontrar durante todo o dia vermes adultos com movimentos ativos e ininterruptos o que se denomina sinal da danga das filarias mesmo que todos os testes laboratoriais supracitados sejam negativos sendo definidos esses casos como infecgao oculta DIAGNOSTICO DIFERENCIAL As formas crénicas de morbidade filarial devem ser distinguidas de outras patologias que cursam com edema de membros hidrocele ou quiluria Existem diversas manifestagées clinicas que coexistem nas areas endémicas destacandose entre elas artrites especialmente monoarticulares endomiocardiofibrose tenossinovites e tromboflebites No entanto enquanto estudos nao estabelecem tais relagdes essas manifestagées clinicas nado podem ser atribufdas a infecao filarial No tocante ao linfedema devemse afastar as doengas renais as cardiopatias e os problemas vasculares varizes 933 3 os is Os quadros de linfedema devem afastar a possibilidade de malformagées do sistema linfatico i linfedema congénito familiar e outras lesdes do sistema linfatico tais como cancer e seu tratamento radioterapiaesvaziamento de linfonodos etc Infecgdes bacterianas recorrentes DLAA podem 2 evoluir para linfedema cronico e até elefantiase independentemente da origem filarial e exceto por cS dado epidemioldgico claro e diagnéstico prévio de infecao filarial é dificil separar as duas entidades c 8 TRATAMENTO 3 ep se O medicamento de escolha no Brasil a dietilcarbamazina DEC cuja agao elimina as microfilarias e os vermes adultos A DEC 6 um derivado da piperazina com rapida absorgao e baixa toxicidade i Esse farmaco tem efeito micro e macrofilaricida com redugao rapida e significativa da densidade das microfilarias no sangue O esquemapadrao de tratamento recomendado pela Organizagao Mundial da Saude OMS 6 de 6 mgkgdia por 12 dias podendose dividir a dose total diaria em trés subdoses Devese evitar sua administragao em criangas com menos de 2 anos de idade gestantes mulheres no perfodo de lactagao e portadores de doengas crénicas cardiopatas e renais crénicos A DEC é disponibilizada pelo Sistema Unico de Saude SUS O tratamento com DEC nao esta indicado em quadros crénicos de linfedema ou hidrocele exceto em casos confirmados de infecgao deteccao de microfilarias eou vermes adultos Cabe destacar a importancia do manejo da morbidade e da prevengao de incapacidade MMPI com vistas a reducao do sofrimento e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes acometidos Para tanto 6 necessario prover acesso a cuidados basicos de saude de qualidade e adequados para esses pacientes No caso de hidrocele 0 tratamento cirurgico podera ser indicado Para o linfedema as medidas mais importantes sao 0 repouso do membro afetado com fisioterapia para drenagem linfatica a orientagdo quanto a postura que favoreca essa drenagem a instituigdo de habitos de higiene e cuidados com a epiderme das areas afetadas para evitar infecgdes microbianas oportunistas Se tais infecgdes ja estiverem presentes devese instituir terapia com antibidticos eou antifungicos na dependéncia de cada caso a fim de se evitar a recorréncia das linfangites reticulares que podem levar a forma grave de elefantfase VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA OBJETIVOS Alcangar a meta de eliminagao da filariose linfatica enquanto problema de satide publica Objetivos especificos e Interromper a transmissao da FL e Manter servicos de atencao a sauide dos portadores de morbidade filarial e Evitar a reintrodugdo da FL nas areas sob controle ou introducgao em areas indenes em virtude de migracgao interna e entre paises garantindose a investigacao e o tratamento de casos 934 fv 2 g S DEFINICAO DE CASO rm wn Re Confirmado individuo com presenga de microfiaria eou verme adulto detectado por i exames laboratoriais eou por imagem NOTIFICACAO A FL nao é uma doenga de notificagao compulséria em nivel nacional Porém necessario que os casos Suspeitos sejam informados ao Ministério da Saude pelo email doencasemeliminacao saudegovbr a fim de que seja promovida a confirmagao diagnéstica bem como sejam realizadas as devidas investigagdes epidemioldgicas INVESTIGACAO EPIDEMIOLOGICA O Brasil encontrase em fase de verificagao da eliminacao da transmissao e busca obter 0 certificado da eliminacao da doenga como problema de saude publica Atualmente nao ha municipio com transmissao sustentada para a FL no Pais Devido a FL estar em via de eliminagado quando ha a ocorréncia de um caso suspeito 6 necessario realizar a identificagao morfoldgica do parasito classificagdo da espécie e a investigagao sorolégica pesquisa de anticorpo e antigeno antes do tratamento especifico com DEC Para tal fazse necessaria a identificagao do paciente com comunicagao do caso ao servico de vigilancia epidemiolégica local Com o objetivo de confirmar ou descartar a suspeita diagnéstica devese realizar a coleta de dados clinicos e epidemioldgicos incluindo procedéncia do caso e coleta de dados para realizacao de diagnéstico diferencial O procedimento de identificagao morfoldgica do parasito se da por meio do encaminhamento de material bioldgico para o Laboratorio do Servigo de Referéncia Nacional em Filarioses SRNF do Instituto Aggeu Magalhaes IAMFiocruzPE Os dados devem ser analisados e 0 caso encerrado Além disso recomendado elaborar um relatdrio final descrevendo a investigacao epidemioldégica realizada VIGILANCIA ENTOMOLOGICA Tem como objetivo verificar a situagao de prevaléncia do inseto vetor no ambiente e instituir medidas de redugao da populagao de Culex mediante a eliminagdo de seus criadouros como recipientes com agua parada vasos pneus velhos reservatérios de agua e latrinas MEDIDAS DE PREVENCAO E CONTROLE Objetivo diminuir a transmissao a distribuigao e a ocorréncia da doenga na populagao e eliminar a FL como problema de satde publica Estratégia no Brasil como estratégia para se atingirem as metas de eliminacgao da FL como problema de saude publica foi adotada a administragao massiva de medicamentos mass drug administration MDA nas areas onde persistia a transmissao da doena 935 936 Ministério da Saúde Guia de Vigilância em Saúde Administrouse MDA com dose única anual de DEC à população em risco de infecção ou seja residente em área endêmica durante quatro a seis anos O MDA foi realizado nas áreas prioritárias que apresentaram prevalência 1 de microflaremia ou de antígeno flariais circulantes envolvendo tanto os casos positivos quanto a população sob risco de adquirir a infecção área endêmica Após o período de MDA foi implantada a metodologia de estudo da avaliação da transmissão transmission assessment survey TAS uma ferramenta que permite avaliar se houve redução da prevalência de infecção nas unidades de avaliação mesmo na ausência de MDA REFERÊNCIAS AGUIARSANTOS A M et al Filariasis In VERONESI R FOCACCIA R org Tratado de infectologia 6 ed São Paulo Atheneu 2020 v 5 p 22052234 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Ciência Tecnologia Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos Relação Nacional de Medicamentos Essenciais Rename 2020 Brasília DF MS 2020 217 p Disponível em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesrelacaomedicamentosrename2020pdf Acesso em 7 fev 2021 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica Filariose Linfática manual de coleta de amostras biológicas para diagnóstico de Filariose Linfática por Wuchereria bancrofti Brasília DF MS 2008 68 p Disponível em http bvsmssaudegovbrbvspublicacoesflarioselinfaticamanualpdf Acesso em 7 fev 2020 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica Guia de vigilância e eliminação da flariose linfática Brasília DF MS 2009 80 p Disponível em httpbvsmssaudegovbrbvspublicacoesguiavigilanciaflarioselinfatica pdf Acesso em 20 nov 2020 BRASIL Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis CoordenaçãoGeral de Hanseníase e Doenças em Eliminação Nota técnica nº 9 de 2 de julho de 2013 Orientações quanto à vigilância da flariose linfática Brasília DF MS 2013 Disponível em httpsantigosaudegovbrsaudedeazmicrocefalia publicacoes946saudedeaazflariose24290orientacoesquantoavigilanciadaflariose linfatica Acesso em 7 fev 2021 FONTES G ROCHA E M M Wuchereria bancrofti Filariose linfática In NEVES D P et al org Parasitologia Humana 13 ed Rio de Janeiro Editora Atheneu 2016 Cap 35 p 347357 NUNES L V et al Lymphatic flariasis Surveillance action among immigrants from endemic areas Acre State Brazilian Amazon Asian Pacifc Journal of Tropical Disease Singapura v 6 n 7 p 521526 2016 Disponível em httpsdoiorg101016S2222180816610812 Acesso em 1 jun 2017 WORLD HEALTH ORGANIZATION Monitoring and epidemiological assessment of mass drug administration in the global programme to eliminate lymphatic flariasis a manual for national elimination programmes Genebra WHO 2011 78 p Disponível em httpsappswhointiris handle1066544580 Acesso em 7 fev 2021