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objetivos Meta da aula Meta da aula Apresentar algumas abordagens possíveis dos conhecimentos que envolvem a História do Brasil Colônia sob a ótica dos PCN Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de refl etir sobre termos usualmente utilizados para o processo de conquista e colonização identifi car alguns atores do processo de colonização refl etindo sobre os papéis históricos a eles imputados reconhecer o caráter destrutivo da ocupação da terra para os diferentes ecossistemas destacandose o caso da Mata Atlântica História do Brasil Colônia 2 12 A U L A Prérequisito Prérequisito Para um melhor acompanhamento desta aula você deve retornar à Aula 11 que trata dos conhecimentos históricos básicos para o período colonial brasileiro a fi m de conectálos com o ensino de História História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 8 C E D E R J INTRODUÇÃO Nomear é uma ação impregnada de signifi cados Não existe neutralidade nessa tarefa pois ela embute sentimentos valores sentidos posicionamentos sociais políticos e econômicos Será que os islâmicos ortodoxos se vêem sentemse e se posicionam como fundamentalistas Claro que não Esse é um olhar que a cultura ocidental dominante lança sobre eles Nesse sentido um importante debate deve estar presente no ensino de História para as Séries Iniciais a desmistifi cação do descobrimento O registro da chegada dos portugueses na América do Sul como um feito de descoberta traduz uma perspectiva eurocêntrica isto é interpreta a História a partir das vivências e signifi cados dos europeus A idéia de descobrimento portanto além de exaltar o feito português procura apagar uma constatação óbvia as terras da América só não eram conhecidas pelos europeus pois inúmeros povos muitos séculos antes das Grandes Navegações já as tinham descoberto e desbravado Essa desvalorização da presença secular dos povos indígenas nas Américas desdobrase na crença nos direitos de propriedade domínio e colonização dos europeus sobre o Novo Mundo Notase que esse processo foi como já vimos impregnado pelas justifi cativas de caráter religioso e civilizatório isto é ao europeu cabia dominar para converter os nativos ao cristianismo católico ou protestante e para ensinar os valores padrões costumes e práticas civilizadas Em busca de uma nova perspectiva histórica de abordagem passouse a utilizar a expressão encontro de culturas com a fi nalidade de designar esse momento no qual os navegantes europeus se confrontaram com as sociedades indígenas Essa abordagem entretanto não fi cou livre igualmente de críticas as quais demarcaram o quanto a expressão encobre a violência da tomada de posse e de colonização dos europeus sobre as terras americanas Fica claro que as terminologias usualmente utilizadas não dão conta da com plexidade do processo histórico Se por um lado a chegada dos europeus ao continente desconhecido traduz efetivamente um feito épico por outro sob a ótica das sociedades indígenas das Américas é inegável que esse processo foi de invasão conquista e dominação No contexto das Séries Iniciais é preciso imenso cuidado para que a grandiosi dade do feito europeu não ofusque a percepção de que concomitantemente se processou uma invasão Dessa maneira devemos ter atenção com a visão civilizatória da colonização incutida na nossa própria cultura que inferioriza as ricas culturas dos povos indígenas C E D E R J 9 AULA 12 A colonização não pode ser entendida como um direito europeu não pode ser naturalizada Deve se dar espaço para a percepção da violência do processo de ocupação européia que além da terra roubou muitas vezes a identidade e aniquilou milhares de vidas 1 Leia atentamente o texto de Manoela Carneiro da Cunha Povos e povos indígenas desapareceram da face da terra como conseqüência do que hoje se chama num eufemismo envergonhado o encontro de sociedades do antigo Europa e do Novo Mundo AméricaCUNHA apud VAINFAS 1995 p 7 Identifi que no texto a expressão que demarca a visão crítica da autora quanto ao uso da expressão encontro de culturas para designar o processo de conquista e colonização da América pelos europeus RESPOSTA COMENTADA A expressão eufemismo envergonhado é identifi cada como uma forma de suavizar a violência do processo As marcas discursivas dos textos devem ser trabalhadas em sala de aula Embora a autora não esteja diretamente discutindo o conceito de encontro de culturas ela se posiciona em relação a ele Observe que se retirássemos o trecho em evidência do parágrafo não haveria prejuízo da idéia central discutida por Manuela Carneiro da Cunha mas não teríamos condições de discutir seu posicionamento quanto ao uso do conceito de encontro de culturas Lembrese sempre pequenas marcas no texto podem dizer muito ATIVIDADE BANDIDOS E MOCINHOS DA COLONIZAÇÃO UMA VISÃO A SE SUPERAR NO ENSINO Os indígenas A consolidação da colonização necessitou obviamente de colonos Nesse momento identifi couse um primeiro movimento de imigração de portugueses para o Brasil A oportunidade de enriquecimento a História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 10 C E D E R J nomeação para um cargo pelo rei o degredo a fuga de perseguições religiosas dentre outras foram motivações que trouxeram imigrantes para as terras americanas Nem todos vieram com família Havia portanto uma imensa desproporcionalidade entre homens e mulheres de origem européia As difi culdades de adaptação ao clima e as doenças locais não eram pequenas e além disso a constância dos confrontos com os indígenas também provocavam um aumento na mortalidade Os indígenas não diferenciavam portugueses ou franceses Alia vamse aos invasores que lhes apresentassem mais vantagens mesmo que momentâneas Os tupinambás por exemplo foram aliados dos franceses contra os portugueses que por seu turno eram apoiados pelos temiminós na disputa pelo controle da baía de Guanabara Martim Afonso de Sousa instalou em 1531 uma casa forte na desem bocadura do rio Carioca Abandonada a área foi tomada pelos fran ceses em 1555 Mem de Sá em 1560 expulsou os franceses e deixou a região Franceses e tupinambás se reorganizaram construindo fortalezas UruçuMirim na região da Carioca e Paranapuam na ILHA DO GATO A Coroa portuguesa decidiu então fixarse na região fundando a cidade do Rio de Janeiro 1 de março de 1565 Após mais de uma década os franceses foram defi nitivamente expulsos 1567 mas os tupinambás formaram aldeias na região de Niterói e continuaram a atacar os portugueses e seus aliados Em 1575 desferiram um ataque que detonou uma forte reação portuguesa Uma tropa com cerca de 400 homens brancos e 700 índios amigos promoveu a destruição dos redutos tupinambás de Niterói até Cabo Frio Mais de mil índios foram mortos Refl etir sobre a construção histórica dos papéis de bandido e mocinho dever ser uma preocupação do ensino de História Os indígenas tiveram de acordo com o papel desenvolvido tratamento diferenciado Os tupinambás foram tratados como traidores pelos portugueses porque se aliaram aos franceses Por outro lado hoje em frente ao ancoradouro das barcas em Niterói a estátua de Arariboia homenageia o chefe dos temiminós que lutaram ao lado dos colonizadores portugueses contra os franceses e tupinambás Claro que se os franceses tivessem vencido a disputa os bandidos e mocinhos seriam outros A ILHA DO GATO foi chamada posteriormente de ilha do Governador C E D E R J 11 AULA 12 Os bandeirantes A vila de São Paulo de Piratininga foi fundada em 1554 e se caracterizou como um núcleo pobre e sem recursos Nesse sentido a prática de expedições para o sertão tornouse comum Era no interior que os paulistas iam buscar mãodeobra escravos indígenas e procuravam encontrar metais e pedras preciosas Nesse cenário de restrições surgiu a fi gura dos bandeirantes líderes expedicionários Na literatura didática tradicional os bandeirantes aparecem como heróis do desbravamento do sertão São representados como homens determinados e corajosos que atuaram para o crescimento do controle territorial português na América Na verdade as difi culdades econômicas que experimentavam foram de fato as maiores motivações para que esses homens se embrenhassem nas matas subissem e descessem rios enfrentassem animais indígenas e doenças Era portanto a necessidade de sobrevivência e não alguma espécie de outro sentimento nobre que os movia Sem dúvida coube aos vicentinos paulistas a proeza de descortinar os caminhos para o sertão reconhecendo e dominando territórios Suas expedições foram deixando em seus rastros lugarejos e vilas que serviam de base para reabastecimentos das tropas Essas incursões ao interior portanto colaboraram para a ampliação dos territórios lusos na América ao estender a presença colonial para além do litoral e do planalto de São Vicente No entanto nada disso justifi ca que pensemos nos bandeirantes como heróis da formação de uma colônia unifi cada Não era essa a motivação dos bandeirantes eles não estavam ligados aos interesses da Coroa portuguesa E isso fi ca bastante visível durante o episódio da descoberta do ouro na região das Minas Gerais Após descobrirem o ouro os bandeirantes não aceitaram pacifi camente o controle administrativo da metrópole e a onda migratória que se seguiu à divulgação da notícia O descontentamento foi tanto que gerou a Guerra dos Emboabas na qual paulistas e portugueses se confrontaram pelo controle da exploração do ouro e do comércio local História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 12 C E D E R J Em 1693 foram descobertas os primeiros focos de ouro A notícia da existência de metal precioso na região de Minas Gerais gerou uma corrida avassaladora de homens em busca de enriquecimento Esses migrantes vindos do litoral e imigrantes vindos da metrópole chegaram às centenas numa região sem qualquer infraestrutura Os primeiros anos da mineração foram marcados por carestia e desordem Vilas surgiam e desapareciam seguindo o ritmo de produção dos veios de ouro encontrados A produção de alimentos na região era precária estimulando o surgimento de propriedades voltadas para o abastecimento e o estabelecimento de um comércio de longa distância Com o passar do tempo feijão milho e marmelada vinham de São Paulo o gado de corte vinha da Bahia as bestas e mulas eram enviadas do Sul e os produtos portugueses e escravos africanos chegavam do Rio de Janeiro A desmistifi cação da imagem do bandeirante precisa ser trabalhada nas Séries Iniciais O papel de bandido e mocinho sempre se constrói a partir de um lugar social de uma posição histórica logo é preciso fazer que o estudante refl ita sobre as visões maniqueístas que no passado e no presente se constroem Os bandeirantes devem portanto ser analisados de forma não romântica Atuaram na História a serviço dos interesses de sua sobrevivência não para a grandeza da colonização portuguesa Por outro lado desbravaram o sertão a custa da escravidão indígena legalmente proibida desde 1639 exterminando milhares de nativos com a realização das expedições e com o trabalho escravo Os jesuítas O processo de ocupação do território brasileiro foi acompanhado desde cedo pelos jesuítas em 1549 os primeiros membros da ordem chegaram ao Brasil que tinham como missão básica converter os gen tios Com esse objetivo os jesuítas montaram aldeamentos e missões Esses redutos permitiam a cristianização dos indígenas e sua utilização como mãodeobra Na prática todas as ordens religiosas especialmente a Companhia de Jesus tornaramse grandes proprietárias de terras produtoras de arti gos para a exportação e senhoras de escravos africanos Defenderam em oposição a não escravização do indígena o que gerou imensos confl itos com colonizadores e colonos C E D E R J 13 AULA 12 A Companhia de Jesus e outras ordens construíram aldeias e missões onde as comunidades indígenas pacificadas eram ensinadas convertidas e organizadas de acordo com os valores europeus O trabalho nessas comunidades era coletivo sendo teoricamente realizado para prover a subsistência Na realidade uma imensa disponibilidade de mãodeobra livre mas gratuita ficava sob o domínio das Ordens que a utilizava para produção inclusive de artigos de exportação Nesse sentido a escravidão indígena não era interessante Na vila de São Paulo de Piratininga colonos e inacianos divergiram intensamente sobre o apresamento e a escravização dos indígenas Em 1640 os jesuítas chegaram a ser expulsos retornando em 1643 sob a proteção de um alvará do rei D João IV As desavenças entre as partes contudo perduraram por mais uma década No Rio de Janeiro houve confl ito entre os colonizadores e os inacianos pelo controle do território A Companhia de Jesus reivindicou de 42 da sesmaria da Câmara a partir de 1643 Só em 1754 os limites das sesmarias foram demarcados mas a Câmara perdeu boa parte das terras públicas Outro conflito no qual se envolveram os jesuítas foi o da preservação dos manguezais da cidade Movido tanto pelos interesses de não verem suas terras invadidas e pelo conhecimento da importância do ecossistema para a reprodução de peixes e crustáceos os inacianos se colocaram contra diversos seguimentos de colonos lenhadores donos de curtumes produtores de cal carvoeiros e catadores de caranguejos e proibiram o uso dos manguezais contíguos às suas propriedades A Companhia de Jesus era no Rio de Janeiro proprietária de engenhos lavouras olarias madeireiras imóveis urbanos e rurais o que gerava um grande descontentamento na população local A eliminação do poder político e econômico da Companhia de Jesus ocorreu com sua expulsão do reino de Portugal e suas colônias em 1759 quando suas propriedades foram confi scadas pela Coroa História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 14 C E D E R J Os abusos e o enriquecimento dessas ordens podem ser o ponto de partida para a discussão do papel das instituições religiosas na sociedade assim como podem oportunizar a percepção do poder de controle que a religiosidade pode desenvolver em nome da evangelização e da pregação de uma visão de mundo única e indiscutível Essas temáticas são caras para a Educação em um momento crescente de movimento religioso ortodoxos e de fundamentalismos 2 Em 1760 o exjesuíta Bento Pinheiro dOrta da Silva Capeda em de poimento ao Bispado do Rio de Janeiro por ocorrência da aplicação da Reforma da Companhia de Jesus afi rmava A Companhia Exmo Sr estava já hoje neste Brasil como um esqueleto do Instituto e hediondo cadáver da verdadeira observância acabou o espírito com que Santo Inácio fundou esta Religião porque com horrorosa metamorfose aquele zelo da salvação de almas aquela profunda humildade se trocou em espírito de torpe ambição e monstruosa soberba Se mudou em soltura escandalosa de língua e lastimosa devassidão de costumes apud CAVALCANTI 2004 p 71 a Identifi que as práticas dos jesuítas que justifi caram a caracterização negativa apresentada no depoimento b Comente a linguagem que o depoente utilizou para dar ênfase ao seu repúdio pela deturpação da Companhia de Jesus RESPOSTA COMENTADA A interferência nos assuntos políticos o poder econômico acentuado e utilização da mãodeobra indígena foram alguns dos aspectos que desgastaram a imagem da Companhia na metrópole e na colônia Numa perspectiva interdisciplinar é importante analisar a linguagem utilizada pelo depoente como um recurso de força argu mentativa Observe que o os adjetivos pesados e extremamente negativos estão antecedendo os substantivos dando eloqüência ao discurso ATIVIDADE C E D E R J 15 AULA 12 A DEVASTAÇÃO DO PARAÍSO Uma outra questão que pode ser trabalhada nesse processo de ocupação do litoral é a da devastação da Mata Atlântica Essa temática merece bastante atenção porque os PCN apresentam o Meio Ambiente como um de seus eixos temáticos transversais No ano de 1500 esse ecossistema cobria cerca de 97 do território do atual Estado do Rio de Janeiro Observe os mapas comparativos que seguem A Mata Atlântica é o ecossistema de fl oresta da encosta da Serra do Mar brasileira considerado o mais rico do mundo em biodiversidade Era a segunda maior fl oresta tropical úmida do Brasil só comparável à fl oresta Amazônica Originalmente estendiase do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e ocupava 13 milhão de km2 Hoje restam apenas cerca de 5 de sua extensão original A Mata Atlântica é composta por formações bem distintas a floresta do litoral composta por Floresta de Planície e de Encosta Serra do Mar a floresta de planalto que acompanham as serras costeiras Floresta Semidecídua e os ecossistemas associados a floresta mista com araucária os campos de altitudes os manguezais as restingas Formações pioneiras Flore semi aia Figura 121 Perfi l topográfi co das diversas formações da Mata Atlântica Floresta Ombrófi la Densa Floresta Estacional Semidecidual Área Urbana Mata Domínio da Mata Atlântica História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 16 C E D E R J No período colonial a Mata Atlântica foi devastada pelo extra tivismo descontrolado pela prática das queimadas pelo desmatamento para a formação de fazendas pelo crescimento das cidades dentre outros fatores Mas é importante que você tenha em mente que a devastação continuou mesmo após a independência o fi m do escravismo e a pro clamação da República No caso do Rio de Janeiro por exemplo o crescimento da lavoura do café no século XIX provocou estragos imensos no vale do rio Paraíba do Sul Dados publicados pela Fundação SOS Mata Atlântica demonstraram que em 1990 restavam cerca de 928858 hectares de fl orestas no Estado do Rio de Janeiro o que correspondia a 211 da superfície da unidade federativa Entre 19901995 e 19952000 foram perdidos respectivamente 140372 hectares e 3773 hectares Embora seja possível observar um declínio signifi cativo da devastação no último qüinqüênio retratado o estado de conservação das fl orestas ainda é crítico Ao longo de 500 anos de exploração a Mata Atlântica foi sendo reduzida a pequenas manchas verdes a redutos ao longo da costa Além da evidente perda da biodiversidade várias espécies endógenas que só ocorrem nesse ecossistema desapareceram ou correm risco de desaparecer A redução das áreas fl orestais e a ausência de contato entre um bolsão verde e outro compromete a diversidade genética das espécies existentes O desaparecimento de uma espécie pode comprometer outras que dela dependem ou dela se alimentam A perda da cobertura vegetal empobrece o solo permite a erosão e afeta os mananciais de água O exemplo da Floresta Atlântica pode servir de ponto de partida para a refl exão sobre a destruição de outros ecossistemas ao longo do tempo Constantemente ouvimos os alertas em relação à Floresta Amazônica deteriorada pelo avanço da fronteira agrícola e pelo garimpo Entretanto na atualidade talvez seja o cerrado o ecossistema mais agredido especialmente a partir da expansão do cultivo de soja voltado para a exportação na região CentroOeste do país Não podemos também mitifi car a relação das populações indígenas com a Natureza As comunidades agrícolas que habitavam os domínios da Mata Atlântica desenvolviam ações de interferência no ecossistema Não havia portanto uma Mata Atlântica integralmente virgem por oca sião da chegada dos europeus nem tampouco uma relação harmoniosa C E D E R J 17 AULA 12 indígenasNatureza sem nenhum tipo de impacto ambiental Essa percepção crítica do mito do bom selvagem pode ajudar na refl exão de questões contemporâneas como a constante presença de notícias do envolvimento das comunidades indígenas com exploração de madeira garimpo ilegal tráfi co de animais etc ações muitas vezes implementadas nas reservas indígenas É fundamental que a Educação contemporânea refl ita sobre a relação do homem com a Natureza É importantíssimo que recuperemos a percepção da dimensão da espécie animal na qual estamos incluídos Como qualquer outra espécie estamos inseridos em ecossistemas dos quais retiramos a sobrevivência Urge portanto que se redimensione o signifi cado de riqueza e os interesses que movem a ação humana Caso a espécie humana não seja capaz de rever e redefi nir seu posicionamento frente ao universo abdicando de uma visão utilitarista consumista e depredadora a pena pode ser cedo ou tarde a nossa própria extinção 3 Texto 1 não fará prejuízo e água da dita Carioca antes a terá limpa como se requer e não permitirá coisa alguma assim de roça como bananais e legumes e as mais coisas que se plantam Ao longo do dito Rio fi carão cobertas de mato virgem o qual não derrubará nem se cortará de maneira que esteja sempre em pé e quando servise do dito Rio com sua água assim para beber e lavar roupa fará na parte e lugar para isso Carta de sesmaria 1611 apud CAVALCANTI 2004 p 35 Texto 2 Vaise estendendo a agricultura nas bordas dos rios no interior do país mas com um método que com o tempo será muito prejudicial Queimados estes bosques semeiam por dois ou três anos enquanto dura a fertilidade produzida pelas cinzas a qual diminuindo deixam inculto este terreno e queimam outros bosques Domenico Vandelli Memória sobre algumas produções naturais deste reino 1789 apud PÁDUA 2004 42 Texto 3 Mas como se acham hoje todas as antigas povoações Como corpos desanimados Porque os lavradores circunvizinhos que por meio da agricultura lhes forneciam os gêneros de primeira necessidade depois de reduzirem a cinza todas as árvores depois de privarem a terra da sua ATIVIDADE História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 18 C E D E R J CONCLUSÃO A abordagem do conhecimento histórico nas Séries Iniciais não deve priorizar conteúdos É importante que o estudante tenha dimensão da violência do processo de colonização quer pela eliminação física quer pela destruição das identidades das populações indígenas e africanas É igualmente importante que o aluno seja capaz de refl etir sobre a imagem que se construiu sobre cada agente histórico Perceber que outras histórias são contadas que os bandidos para uns foram os heróis de outros Por fi m não podemos deixar de refl etir sobre as perdas de vidas saberes e culturas ocorridas no contexto do processo de colonização mais vigorosa substância a deixaram coberta de sape e samambaias e abandonando as suas casas com todos os seus engenhos ofi cinas e abegoarias se foram estabelecer em novos terrenos José Gregório de Moraes Navarro Discurso sobre o melhoramento da economia rústica no Brasil 1799 apud PÁDUA 2004 p 34 Proponha formas de abordagem dos três textos de época no contexto do ensino de História nas Séries Iniciais utilizando os PCN como norteadores metodológicos RESPOSTA COMENTADA Diversas são as opções possíveis Os textos poderiam ser trabalhados juntamente com imagens de época e atuais Neste caso caberia ao docente estimular a identifi cação de continuidades e descontinuidades Poderiam também ser confrontados com textos atuais que retratam situações semelhantes propiciando a refl exão sobre a permanência de atitudes e valores Além disso poderiam ser o mote para a discussão da destruição em áreas de ocupação recente que tem no processo de exploração econômica sua justifi cativa básica O importante é que as abordagens sejam pensadas para promover novos valores na relação homemNatureza que abdiquem de uma visão utilitarista C E D E R J 19 AULA 12 ATIVIDADE FINAL Evidências seguras da existência de caçadorescoletores na região da Mata Atlântica datam de 11 mil anos Já a imigração crescente de europeus se deu a partir de 1492 intensifi candose nos séculos XVI e XVII Leia o texto de Leonardo Boff que segue Em toda as partes da Terra existem povos originários que vivem a dimensão do sagrado e da religação com todas as coisas São aqueles que embora vivam em nosso tempo sincronia não se encontram no mesmo nível evolucionário que nós contemporaneidade Em sua grande maioria se encontram no mesmo nível evolucionário das vilas do Neolítico Mas são portadores de um signifi cado importante para a crise ecológica e para animar alternativas ao tipo de relação que nós estabelecemos para com a natureza BOFF1995 p 190 Estabeleça uma ligação entre a informação do enunciado e o texto de Boff RESPOSTA COMENTADA A refl exão de Boff para a contemporaneidade pode ser facilmente relacionada com o contexto da colonização pois o homem branco civilizado racional e cristão promoveu em 500 anos a devastação que os moradores milenares não foram capazes de promover Sem dúvida temos muito a aprender por meio do conhecimento desses povos e de suas formas de se relacionar com a Natureza Discutiramse as terminologias utilizadas para designar o momento da chegada dos europeus à América Posteriormente trabalhouse criticamente os papéis históricos de certos atores sociais do processo questionando a imagem de bandidos e mocinhos imputados a eles Por fi m estabeleceuse uma análise do processo de destruição dos ecossistemas provocado pela colonização a partir do caso da Mata Atlântica R E S U M O História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 20 C E D E R J LEITURAS RECOMENDADAS ASSUNÇÃO Paulo de Os jesuítas no Brasil Colonial São Paulo Atual 2003 COELHO Maria Célia Nunes A ocupação da Amazônia e a presença militar São Paulo Atual 1998 PAIVA Eduardo França O ouro e as transformações na sociedade colonial São Paulo Atual 1998 SCATAMACCHIA Maria Cristina Mineiro O encontro entre culturas São Paulo Atual 1994 SILVEIRA Marco Antônio Os arraiais e as vilas de Minas Gerais São Paulo Atual 1996 SOUSA Avanete Pereira Salvador capital da colônia São Paulo Atual 1995 Essas obras são da Coleção A vida no tempo da editora Atual e dão acesso fácil a várias informações sobre o período colonial A série está voltada para os 3 e 4 ciclos do Ensino Fundamental portanto seus volumes não são passíveis de serem adotados como paradidáticos No entanto por serem ricos em textos e ilustrações podem ser utilizados como referência para a produção de material didático CAVALCANTI Nireu O Rio de Janeiro Setecentista a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da Corte Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2004 Essa obra traz relevantes informações sobre a cidade do Rio de Janeiro da origem até o início do século XIX TONHASCA JR Athayde Ecologia e História Natural da Mata Atlântica Rio de Janeiro Interciência 2005 DEAN Warren A ferro e fogo a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira São Paulo Companhia das Letras 1996 DUARTE Regina Horta História e Natureza Belo Horizonte Autêntica 2005 Considerando que os PCN apresentam o Meio Ambiente como um dos eixos temáticos transversais a serem desenvolvidos e o predomínio original da Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro essas obras são de caráter obrigatório C E D E R J 21 AULA 12 Hans Staden Brava Gente Brasileira e Desmundo são produções ecentes que merecem ser vistas As reconstituições de época são primorosas Os fi lmes dão dimensão do estranhamento entre as diferentes sociedades e rudeza do processo de colonização A minissérie A muralha produzida pela Rede Globo é outra boa oportunidade de analisar o período colonial Alerto entretanto que as produções não são adequadas para utilização m sala de aula no contexto das Séries Iniciais sendo úteis para a formação do docente ou para uso de fragmentos selecionados MOMENTO PIPOCA objetivos Meta da aula Apresentar os aspectos políticos econômicos sociais e culturais do Império brasileiro Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de reconhecer as estruturas políticas sociais econômicas e culturais do Império brasileiro compreender as transformações principais pelas quais pas sou a sociedade brasileira no século XIX O Império brasileiro 18221889 13 A U L A História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 24 C E D E R J C E D E R J 25 AULA 13 INTRODUÇÃO Rei Pelé rei momo rainha da bateria de escola de samba Há quem defenda que no Brasil temos o hábito de nomear reis e rainhas a todos os que queremos homenagear por conta do nosso passado monárquico terminado com a proclamação da República em 1889 Para estes a popularidade do Império brasileiro era tão grande que mesmo mais de cem anos após seu fim ainda continuamos nos referindo a ele Realmente hoje em dia não é raro assistirmos na televisão e nos cinemas a novelas minisséries e filmes que têm o século XIX como tema como por exemplo Quinto dos Infernos Sinhá Moça Força de um Desejo e Carlota Joaquina E você O que lhe vem à cabeça quando pensa no Império do Brasil Se pensou naquela imagem de D João VI comendo coxinhas de galinha em vez de governar talvez você esteja precisando ver menos televisão Vamos lá o Brasil do século XIX foi a época de D João VI de D Pedro I de D Pedro II e da Princesa Isabel das fofocas e bailes da Corte mas também foi a época da independência do país do uso em larga escala do trabalho escravo e de sua abolição Foi a época em que as primeiras instituições brasileiras foram criadas as cidades cresceram a eletricidade chegou às ruas e a fotografia foi inventada Mas também foi o século do crescimento das grandes propriedades rurais do trabalho forçado das torturas e castigos para aqueles que se negavam a fazêlo Não pretendemos nesta aula dar conta de todo o período imperial brasileiro porque essa seria uma tarefa impossível Pretendemos apresentar em linhas gerais as principais características dessa época para que você possa depois aprofundar seus conhecimentos por conta própria a partir da bibliografia indicada Antes de começar porém é importante que você saiba como esse período é comumente dividido pelos historiadores Primeiro Reinado 18221831 da Independência à Abdicação de D Pedro I Regência 18311840 da Abdicação de D Pedro I à Maioridade posse de D Pedro II Segundo Reinado 18401889 da Maioridade de D Pedro II à proclamação da República É possível fazer outras periodizações Levandose em conta os marcos políticos do século XIX Outra possibilidade por exemplo seria demarcar o período de acordo com as mudanças na economia na cultura etc História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 24 C E D E R J C E D E R J 25 AULA 13 A FUGA DOS REIS DE PORTUGAL Nossa história tem início com a vinda da Corte portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro em 1808 Esse acontecimento foi único na história dos impérios coloniais europeus Imagine a situação a família real e toda a sua bagagem baús com roupas malas obras de arte obje tos de museus as jóias da Coroa todo o dinheiro do Tesouro a Biblioteca Real com mais de 60 mil livros cavalos bois vacas porcos e galinhas e mais dez mil pessoas todas embarcadas às pressas em um dia de chuva pouco antes de as tropas de Napoleão invadirem Portugal Napoleão e o Bloqueio Continental Napoleão Bonaparte imperador francês desde 1804 para conseguir colocar em prática seus planos de dominar toda a Europa precisava vencer a supremacia inglesa Para isso decretou o Bloqueio Continen tal fechando todos os portos de todos os países europeus ao comércio inglês Como aliado do governo inglês Portugal não aderiu ao decreto francês Por isso foi invadido pelas tropas francesas daí a fuga da Corte portuguesa para o Brasil A vinda da família real provocou mudanças profundas no co tidiano brasileiro principalmente na cidade do Rio de Janeiro agora transformada em Corte e sede do Império Português Seus habitantes passaram a conviver com vários estrangeiros entre viajantes e artistas que chegavam em várias missões culturais ganharam hábitos refinados e passaram a se vestir e a se comportar como os europeus que aqui che gavam O Rio de Janeiro mudou muito A família real e os súditos por tugueses se adaptaram tão bem ao Brasil que mesmo depois da derrota de Napoleão na Europa em 1814 que possibilitou às monarquias por ele depostas reassumirem seus tronos a maioria não quis voltar para lá Foi então que em 1815 a capital do Império Português que ainda era Lisboa mudouse para o Rio de Janeiro que passou então a ser sede do Reino Unido Portugal Algarves e Brasil Se esta medida atendeu aos interesses dos habitantes do Brasil provocou grandes insatisfações entre aqueles que haviam permanecido em Portugal Imaginem só a situação primeiro eles assistiram à fuga da família real que os deixou abandonados às tropas de Napoleão depois ao invés de retornarem assim que podiam não só continuaram na colônia brasileira como ainda resolveram definitivamente mudar a sede do governo História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 26 C E D E R J C E D E R J 27 AULA 13 Alguns anos depois em 1821 estas insatisfações tornaramse maiores Os portugueses pretendiam que o Brasil voltasse a se subor dinar a Portugal A pressão foi tão forte que D João VI voltou para lá Mas ao mesmo tempo a idéia da independência começou a ganhar força com a recusa do prínciperegente que mais tarde seria aclamado D Pedro I em retornar a Portugal Apesar de a independência não ter sido aceita por todas as províncias onde militares e comerciantes por tugueses não gostavam da idéia a independência acabou proclamada no dia 7 de setembro de 1822 O PRIMEIRO REINADO 18221831 Se você fosse um monarca de um país que acaba de se tornar in dependente qual seria sua primeira providência Acertou se respondeu que iria buscar reconhecimento externo De nada adianta a independência de um país se os outros não o reconhecem como tal A independência do Brasil foi imediatamente reconhecida pelos Estados Unidos e pelas nações sulamericanas todas recémindependentes A Inglaterra reconheceu a independência ao conseguir que Portugal também o fizesse respeitando os antigos tratados comerciais que envolviam os três países Podemos dizer que as principais características do Primeiro Reinado governado por D Pedro I entre 1822 e 1831 foram os conflitos de interesses entre o grupo de D Pedro I que pretendia aumentar seu próprio poder por meio da instituição do Poder Moderador e o grupo de brasileiros que pretendia preservar as estruturas socioeconômicas já existentes A Constituição de 1824 e o Poder Moderador Outorgada por D Pedro I no início de 1824 a Constituição Imperial ficou em vigor durante todo o período imperial até ser substituída em 1891 pela primeira constituição republicana Ela estabeleceu as bases da estru tura política e do funcionamento do Império brasileiro e de suas principais instituições como a adoção da forma de governo monárquica heredi tária e constitucional a divisão políticoadministrativa do território em províncias e a separação do poder político em quatro instâncias Poder Executivo exercido pelo Imperador e seus ministros de Estado Poder Legislativo composto por senadores e deputados gerais e provinciais Poder Judiciário formado pelos juízes e tribunais e Poder Moderador exercido pelo Imperador História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 26 C E D E R J C E D E R J 27 AULA 13 Como você pode imaginar D Pedro I não era uma pessoa popular Além de uma forte crise econômica e fi nanceira sua política autoritária não o ajudava a governar Debaixo de forte oposição na imprensa e na Câmara dos Deputados D Pedro I abdicou na madrugada do dia 7 de abril de 1831 deixando o trono para seu fi lho D Pedro de Alcântara então com apenas cinco anos 1 Leia o trecho abaixo retirado da Constituição Imperial de 1824 A partir da leitura analise a importância política do Poder Moderador e sua posição em relação aos demais poderes Você levará cerca de vinte minutos para realizar esta atividade TITIULO 5º Do Imperador CAPITULO I Do Poder Moderador Art 98 O Poder Moderador é a chave de toda a organisação Politica e é delegado privativamente ao Imperador como Chefe Supremo da Nação e seu Primeiro Representante para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independencia equilibrio e harmonia dos mais Poderes Politicos Art 99 A Pessoa do Imperador é inviolavel e Sagrada Art 100 Os seus Titulos são Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brazil e tem o Tratamento de Magestade Imperial Art 101 O Imperador exerce o Poder Moderador I Nomeando os Senadores na fórma do Art 43 II Convocando a Assembléa Geral extraordinariamente nos intervallos das Sessões quando assim o pede o bem do Imperio III Sanccionando os Decretos e Resoluções da Assembléa Geral para que tenham força de Lei Art 62 IV Approvando e suspendendo interinamente as Resoluções dos Con selhos Provinciaes Arts 86 e 87 V Prorogando ou adiando a Assembléa Geral e dissolvendo a Camara dos Deputados nos casos em que o exigir a salvação do Estado con vocando immediatamente outra que a substitua VI Nomeando e demittindo livremente os Ministros de Estado VII Suspendendo os Magistrados nos casos do Art 154 ATIVIDADE História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 28 C E D E R J C E D E R J 29 AULA 13 VIII Perdoando e moderando as penas impostas e os Réos condem nados por Sentença IX Concedendo Amnistia em caso urgente e que assim aconselhem a humanidade e bem do Estado Fonte Constituição Política do Império do Brasil 1824 RESPOSTA COMENTADA O Poder Moderador exercido pelo Imperador é considerado a chave mestra da organização política imperial brasileira porque ele é superior aos demais A ele cabe manter a harmonia dos demais poderes legislativo executivo e judiciário e a ele cabe também exercer as principais atividades necessárias ao exercício político da nação como nomear senadores e os magistrados convocar a assembléia legislativa etc A REGÊNCIA 18311840 O período da regência foi marcado por muitas crises Como o país não tinha um governante forte as diversas forças políticas das províncias competiam pelo poder Da mesma forma as reivindicações populares por melhores condições de vida aumentavam em vários pontos do país como Pará Maranhão e Rio Grande do Sul Embora durante esses anos a crise econômica e financeira bra sileira ainda fosse grande foi nesta época que ocorreu a expansão do plantio do café no Vale do Paraíba A cultura cafeeira trouxe à baila dois História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 28 C E D E R J C E D E R J 29 AULA 13 importantes grupos sociais do Brasil no século XIX o dos barões do café e o dos escravos responsáveis por todo o trabalho braçal realizado no período Justamente por isso apesar de os ingleses já pressionarem pelo fi m do tráfi co atlântico de escravos a manutenção da escravidão era tão importante Vamos analisar a situação do Brasil neste período com atenção os revoltosos eram muitos e os motivos para revolta também Os proprietá rios de escravos tinham medo de que as revoltas de escravos e homens livres e pobres que ocorriam nas províncias levassem o Império à desintegra ção Todos os membros da elite política concordavam que era importante manter a unidade nacional e o controle da nação e que só uma pessoa poderia fazer isso D Pedro II que não passava de uma criança Mesmo com sua pouca idade a solução na época encontrada foi a antecipação da maioridade do Príncipe que permitiu que um adoles cente de 14 anos assumisse o trono passando a se chamar a partir de então D Pedro II 2 As imagens abaixo foram feitas por Henry Chamberlain inglês que vi veu no Brasil na primeira metade do século XIX Juntas elas representam alguns dos segmentos sociais mais importantes da sociedade brasileira no período imperial Explique por que ressaltando as diferenças visíveis entre os homens retratados Você levará cerca de vinte minutos para realizar a atividade ATIVIDADE Figura 131 Henry Chamberlain Brasileiro em traje de Corte e brasileiro vestido de dignatário da Igreja 1ª metade século XIX História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 30 C E D E R J C E D E R J 31 AULA 13 RESPOSTA COMENTADA As ilustrações mostram os dois extremos da sociedade brasileira no século XIX a alta sociedade ou a sociedade de Corte representada pelo nobre 1ª imagem Figura 131 e por membros da Igreja 2ª imagem Figura 131 e os escravos Figura 132 Entre as diferenças que podem ser ressaltadas estão as vestimentas luxuosas no caso das imagens da Figura 131 pobres e rasgadas no caso da Figura 132 os sapatos sinais de prestígio social presentes na Figura 131 e ausentes na Figura 132 e a representação de situações de trabalho manual ausente na Figura 131 e presente na Figura 132 Figura 132 Henry Chamberlain Escravos brasileiros 1ª metade do século XIX História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 30 C E D E R J C E D E R J 31 AULA 13 O SEGUNDO REINADO 18401889 O reinado de D Pedro II além de ter sido o mais longo da história do Brasil foi também o da consolidação do Império Com o imperador assumindo pessoalmente o governo e com os proprietários de terras e escravos guiando a economia o Brasil conheceu um período de expansão econômica através do incremento no cultivo do café que passou a ser o principal produto de exportação brasileiro O crescimento do cultivo do café veio acompanhado de outra crise a da mãodeobra Desde meados do século XIX a Inglaterra pressionava pelo fi m do tráfi co de escravos Como no entanto o café dependia da mãodeobra escrava interromper o tráfi co signifi cava con trariar os interesses dos grandes proprietários dos vendedores de café e dos trafi cantes que à época vendiam escravos Como o Brasil dependia da Inglaterra principalmente para obter créditos e fi nanciamentos exter nos foi impossível resistir à pressão embora ela tenha causado muitos incômodos no país Assim o ano de 1850 marcou a proibição do tráfi co africano embora hoje em dia os historiadores saibam que africanos foram trazidos ilegalmente para o país como escravos até 1857 Como essa crise ocorreu justamente na fase de abolição do tráfi co atlântico ela estimulou a política imigrantista responsável por incentivar a vinda de imigrantes europeus para o Brasil O fi m do tráfi co e a vinda de imigrantes aliados à grande insatisfação de escravos que resistiam à escravidão de todas as formas que podiam fi zeram com que o regime de trabalho escravo fosse aos poucos entrando em sua crise fi nal Decisivas para o fi m da escravidão foram a Guerra do Paraguai e a Lei do Ventre Livre Esta última estabeleceu que nenhum recémnascido seria escravo no Brasil A partir dela a escravidão embora tenha durado mais de vinte anos estava com os dias contados 3 Analise o gráfi co a seguir sobre o número de africanos trazidos como escravos para o Brasil ao longo do século XIX Com os elementos fornecidos no gráfi co explique por que o ano de 1850 foi um divisor de águas na história do Brasil Você levará cerca de quinze minutos para realizar a atividade ATIVIDADE História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 32 C E D E R J C E D E R J 33 AULA 13 RESPOSTA COMENTADA O objetivo desta atividade é que você possa visualizar a partir da análise de gráficos as informações recentemente apreendidas sobre os efeitos do fim do tráfico de escravos africanos para o Brasil O gráfico mostra uma queda vertiginosa no número de africanos trazidos para o Brasil na década de 1850 O número cai de 378400 pessoas escravizadas entre 1840 e 1850 para 6400 na década seguinte por conta da lei Euzébio de Queiroz que proibiu definitivamente a importação de africanos A partir desta lei passaram a ter mais vigor tanto o movimento pelo incentivo à vinda de imigrantes europeus para o Brasil quanto os debates em torno da abolição da escravidão no país 500000 450000 400000 350000 300000 250000 200000 150000 100000 50000 0 18111820 18211830 18311840 18411850 18511860 18611870 Linha1 327700 431400 334300 378400 6400 0 Fonte questão 39 Fuvest 2004 1ª Fase Intervalos de anos Números absolutos História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 32 C E D E R J C E D E R J 33 AULA 13 A Guerra do Paraguai A Guerra do Paraguai 186470 foi o conflito militar mais importante e sangrento dentre todos os ocorridos na América Latina no século XIX Morreram em combate cerca de 150 a 300 mil soldados A guerra envolveu a aliança entre o Brasil a Argentina e o Uruguai todos unidos contra o Paraguai desde 1862 governado por Francisco Solano Lopez A guerra mudou a história do Brasil imperial ao evidenciar a fragilidade do exército e o atraso que a manutenção da escravidão representava em relação aos outros países latinoamericanos que já tinham abolido a escravidão e proclamado suas repúblicas Depois do fim da guerra do Paraguai o crescimento do abolicionismo e do movimento republicano demonstraram que também o Império estava com os dias contados A abolição da escravidão assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888 foi o estopim para que os proprietários de terras passassem a apoiar os republicanos Pouco mais de um ano depois em 15 de novembro de 1889 um golpe militar poria fim ao Império brasileiro ATIVIDADE FINAL A maioria dos historiadores se guia pelos marcos políticos para demarcar as grandes mudanças do século XIX no Brasil Neste caso os acontecimentos principais são a Independência a abdicação de D Pedro I a Maioridade de D Pedro II e a proclamação da República No entanto essa é apenas uma opção Quando escolhemos quais são os acontecimentos que irão guiar nossa visão sobre um período estamos querendo dizer que para nós aqueles acontecimentos são os mais importantes Com esta atividade pretendemos justamente que você aja como um historiador fazendo um exercício de elaboração de periodizações Leia com atenção a cronologia abaixo Nela incluímos os principais acontecimentos segundo nossa seleção ocorridos no Brasil do século XIX Caso você não conheça algum dos fatos elencados a seguir é uma boa oportunidade para se informar e aprofundar seus conhecimentos sobre a história do Brasil imperial Depois elabore uma periodização para o período imperial brasileiro de acordo com os principais acontecimentos relativos à escravidão Agora que você aprendeu a elaborar uma História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 34 C E D E R J C E D E R J 35 AULA 13 periodização pense a respeito da cronologia apresentada Para você quais seriam os principais marcos para definir o Brasil do século XIX Justifique 1822 Independência do Brasil 1824 Outorga da Constituição 1826 Morre em Portugal D João VI 1831 D Pedro I abdica o trono brasileiro em favor de seu filho Pedro de Alcântara 1834 D Pedro I morre em Portugal 1835 Início da Regência Una do padre Feijó Início da Cabanagem no Pará e da Farroupilha no Rio Grande do Sul 1837 O Regente Feijó renuncia ao cargo Início da Regência Una de Araújo Lima Início da Sabinada na Bahia 1838 Início da Balaiada no Maranhão 1840 Termina o Período Regencial com a decretação da maioridade de D Pedro II Início do Segundo Reinado 1842 Revolta dos liberais em São Paulo e Minas Gerais 1847 Chegada dos primeiros imigrantes para a fazenda de café Ibicaba 1848 Início da Revolução Praieira 1850 Fim do tráfico de escravos no Brasil 1854 Inauguração da primeira estrada de ferro do Brasil 1865 Início da Guerra do Paraguai 1870 Fim da Guerra do Paraguai Publicação do Manifesto Republicano 1871 Lei do Ventre Livre 1886 Lei dos Sexagenários 1888 Lei Áurea declarando extinta a escravidão no Brasil 1889 Fim do Império e proclamação da República História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 34 C E D E R J C E D E R J 35 AULA 13 RESPOSTA COMENTADA A periodização baseada nos principais acontecimentos relativos à escravidão ocorridos no Brasil Imperial teria como marcos principais 1831 1ª Lei que extinguiu o tráfi co atlântico de escravos 1850 Lei Euzébio de Queiroz que extinguiu de fato o tráfi co atlântico de escravos 1871 Lei do Ventre Livre que estabeleceu que a partir de então todos os escravos nascidos no Brasil seriam livres 1888 Abolição da escravidão Você percebeu como podemos fazer periodizações diferentes de acordo com os acontecimentos que consideramos importantes Por isso não há resposta certa para a segunda parte da questão relativa à sua própria periodização O importante é que você estabeleça quais são os critérios que considera importantes ao analisar um período O período compreendido entre a vinda da Corte portuguesa para o Brasil e a proclamação da República embora curto não chega a um século é crucial para a compreensão da história brasileira Nele o Brasil se torna independente o café o principal produto exportador de todos os tempos passa a ser produzido ocorre a maior guerra já enfrentada pelo país e são introduzidas modifi cações fundamentais no regime de trabalho que de escravo passa a livre Esta última mudança provoca mudanças substanciais na composição demográfi ca da população brasileira com o fi m da importação de africanos e o início da vinda de imigrantes europeus R E S U M O Infelizmente não existe a tradição de realizar fi lmes sobre o período imperial brasileiro Mas vale a pena assistir a dois fi lmes Mauá o Imperador e o Rei e O Xangô de Baker Street Mauá o Imperador e o Rei Brasil 1999 Direção Sérgio Resende Duração 134 minutos imperial brasileiro Mas vale a pena assistir a dois fi lmes e o Rei MOMENTO PIPOCA História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 36 C E D E R J Sinopse O filme mostra a infância o enriquecimento e a falência de Irineu Evangelista de Souza 18131889 o empreendedor gaúcho mais conhecido como barão de Mauá considerado o primeiro grande empresário brasileiro responsável por uma série de iniciativas modernizadoras para economia nacional ao longo do século XlX O Xangô de Baker Street Brasil 2001 Direção Miguel Faria Jr Duração 118 minutos Sinopse Embora seja uma obra de ficção baseada no livro homônimo de Jô Soares que conta as desventuras de Sherlock Holmes nos trópicos o filme traz uma boa ambientação da cidade do Rio de Janeiro na década de 1880 Só por isso já vale a pena assistir E ainda diverte LEITURA RECOMENDADA Para aqueles interessados em aprofundar seus estudos sobre a História do Brasil no século XIX recomendo a consulta de duas obras de referência recentemente publicadas o Dicionário do Brasil Imperial organizado por Ronaldo Vainfas e publicado pela editora Objetiva e O Império do Brasil de Lucia Maria Bastos Pereira das Neves e Humberto Fernandes Machado editado pela Nova Fronteira No entanto para se deleitar com o século XIX brasileiro principalmente em relação à vida cotidiana na Corte recomendo a leitura de Machado de Assis Qualquer livro dele vale a pena Ou melhor leia todos SITES RECOMENDADOS Centro de Informações História do Brasil httpwwwmultiriorjgovbrhistoriaindexhtml Site da MULTIRIO Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro dedicado à História do Brasil colonial e imperial Machado de Assis Página do Espaço Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras Nele podem ser encontradas informações sobre as obras de Machado de Assis livros e artigos escritos sobre ele e obras disponíveis para download wwwmachadodeassiscombr objetivos Meta da aula Apresentar algumas abordagens dos conhecimentos que envolvem a História do Brasil Império sob a ótica dos PCN Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de descrever a economia do período imperial planejar atividades para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental de acordo com as orientações dos PCN identificar as principais mudanças políticas econômicas e sociais ocorridas na segunda metade do século XIX interrelacionar as mudanças ocorridas na segunda metade do século XIX com o processo de desenvolvimento do próprio sistema capitalista O Império brasileiro 2 14 A U L A Prérequisitos A Aula 13 apresenta subsídios gerais para a compreensão desta aula História na Educação 2 O Império brasileiro 2 58 C E D E R J C E D E R J 59 AULA 14 INTRODUÇÃO No Brasil as primeiras décadas do século XIX foram marcadas pelas dificuldades econômicas A retração do comércio e a redução dos preços do açúcar e do algodão se somaram à decadência do ouro A chegada da Família Real como você viu suavizou em parte a situação abrindo o comércio da colônia à livre negociação contudo não podia resolver a questão dos preços dos principais produtos de exportação Em contrapartida a abertura dos portos propiciou a penetração econômica inglesa sem controle afetando os negócios nacionais O Rio de Janeiro passou a ser a corte sede do Império português experimentando uma atividade comercial e um crescimento urbano sem precedentes Verificouse também nessa época o surgimento e o estímulo de uma economia de abastecimento ao seu redor Com a independência política na década de 1820 surgiu na província do Rio de Janeiro uma nova cultura com um mercado externo em franca expansão o café CAFÉ CAFÉ CAFÉ Conhecido antigo dos habitantes da colônia o café era mais utilizado como planta ornamental ou produzido em pequena escala não recebendo até então um tratamento de produto comercial de exportação Observe a Tabela 141 182130 183140 184150 185160 186170 187180 188190 Açúcar 301 240 267 212 123 118 99 Algodão 206 108 75 62 183 95 42 Café 184 438 414 488 455 566 615 Vamos analisar a tabela para perceber as alternativas de utilização das informações estatísticas na sala de aula Como você pode perceber todos os produtos de exportação integram o setor primário Em grande parte os artigos são agrícolas podendo ser associados à estrutura agrária latifundiária à produção em larga escala à monocultura e ao uso de grandes contingentes de mãode Tabela 141 Principais produtos brasileiros no comércio internacional Fonte CIVITA 1985 p 13 História na Educação 2 O Império brasileiro 2 58 C E D E R J C E D E R J 59 AULA 14 obra Desta forma como você pode concluir o Brasil se inseriu na divisão internacional do trabalho como produtor de produtos primários Em sala de aula é possível analisar a tabela recorrendo à formulação de questões que permitam ao aluno transformar as informações em conhecimento significativo Veja alguns exemplos de questões orientadoras da observação Em que década a importância do açúcar começou a diminuir É a mesma do declínio do algodão Quando o café tornouse o produto de exportação mais importante Vocês sabem o que estava acontecendo no Brasil nesse momento Naturalmente você poderia acrescentar outras questões a essa lista Experimente As informações podem ser simplificadas eliminando por exemplo os decimais por meio de aproximação ou selecionando apenas algumas décadas para análise Considerando que o texto da tabela apresenta os percentuais o docente estaria livre para adaptar a informação realizando estudos de fração por exemplo Aproximações e simplificações dos dados poderiam também ser utilizadas no processo de elaboração de atividades a fim de favorecer a manipulação da informação pelo aluno Você pode também utilizar os gráficos do tipo torta ou pizza abdicando inclusive do uso dos números Nesse caso estaria se trabalhando as proporções por meio da percepção visual Observe o efeito da comparação entre períodos da história econômica do Brasil nesse tipo de gráfico Outros Açúcar Algodão Café Fonte CIVITA 1985 p13 Produtos de Exportação 1821 Produtos de Exportação 1831 Outros Café Açúcar Algodão História na Educação 2 O Império brasileiro 2 60 C E D E R J C E D E R J 61 AULA 14 Essa apresentação é mais acessível para os alunos de menor faixa etária porque a mudança é mais observável mais concreta Os gráficos de linha entretanto permitem a análise da evolução do processo e são bastante úteis também Observe Os dados são os mesmos mas as apresentações possibilitam aos alunos uma melhor visualização das informações Por exemplo o gráfico tipo torta viabiliza o trabalho comparativo no interior da década enquanto o de linha permite a análise do processo Se o gráfico fosse analisado com um mapa da expansão da produção do café por período seria possível associar as fases de crescimento da exportação com as fases de expansão agrícola do produto Observe o mapa da Figura 141 Fonte CIVITA 1985 p 13 Figura 141 Etapas da expansão cafeeira Vale do Paraíba século XIX Piracicaba Oeste paulista séc XX Novo Oeste e frentes pioneiras Campinas Bragança Jundiaí Santos São Paulo Jacareí Botucatu Avaré Ourinhos Presidente Epitácio Marília Piratininga Bauru Jaú São Carlos Araraquara Lins Araçatuba Jupiá Rio Preto Jaboticabal Ribeirão Preto Franca Uberaba Bebedouro Amparo Pindamonhangaba Barra Mansa Cruzeiro Rio de Janeiro Minas Gerais Mato Grosso do Sul Paraná Oceano Atlântico Itararé Itapetininga Centronorte de São Paulo segunda metade do século XIX e 1930 Velho Oeste 182130 60 50 40 30 20 0 10 183140 184150185160186170 187180188190 70 Açúcar Algodão Café Décadas Fonte Sua majestade o café p 34 História na Educação 2 O Império brasileiro 2 60 C E D E R J C E D E R J 61 AULA 14 Dessa forma o aluno poderia perceber que a primeira fase de crescimento 1830 a 1870 esteve associada à expansão do cultivo do café no entorno da cidade do Rio de Janeiro Estácio Serras da Tijuca e Gávea Jacarepaguá Campo Grande e no Vale do rio Paraíba do Sul Resende Barra Mansa Vassouras Valença Piraí Paraíba do Sul Cantagalo núcleos do Rio de Janeiro e Guaratinguetá Roseira Taubaté São José dos Campos núcleos de São Paulo Visualize os municípios no mapa da Figura 142 abaixo A região do vale possuía solo pobre relevo acidentado clima tropical úmido sendo o café plantado com a utilização de técnicas agrícolas arcaicas associadas a um baixo nível tecnológico A esse quadro somavase a presença de uma aristocracia escravocrata e conservadora Esses fatores foram decisivos para a estagnação e o declínio da região ao longo do século XIX A segunda grande fase de expansão esteve vinculada à chegada do café a partir da década de 1880 no chamado Velho Oeste Paulista Campinas Rio Claro São Carlos Amparo Botucatu Limeira e sua posterior propagação na virada do século pelo Novo Oeste Paulista São Simão Ribeirão Preto Jaú São José do Rio Preto Marília Bauru Assis Você pode identificar a maioria desses municípios na Figura 141 Figura 142 O Vale do Paraíba e o café Minas Gerais Oceano Atlântico São Paulo Caçapava São José dos Campos Pindamonhangaba Taubaté Guaratinguetá Areias Roseira São José do Barreiro Bananal Resende Barra Mansa Barra do Piraí Vassouras Valença Cantagalo Rio de Janeiro Ilha de São Sebastião Mangaratiba Rio de Janeiro Angra dos Reis Ilha Grande Fonte O trabalho nas fazendas de café p 6 História na Educação 2 O Império brasileiro 2 62 C E D E R J C E D E R J 63 AULA 14 A região do Oeste Paulista possuía condições naturais mais adequadas ao plantio em grande escala O solo era caracterizado pela presença do massapé e da terra roxa que permitiam maior longevidade do cultivo O relevo de planalto e o clima também favoreciam o plantio do café Por outro lado em função do período de expansão a região não pôde contar por muito tempo com a mãodeobra escrava investindo na atração de imigrantes e na adoção de técnicas mais modernas de beneficiamento máquinas de despolpar peneirar descascar polir e selecionar os grãos por tipo e tamanho e transporte ferrovia A instalação de ferrovias nessa região esteve intimamente ligada ao plantio de café No caso do Novo Oeste Paulista a ferrovia foi precursora do cultivo do café Café e trilhos tiveram suas histórias portanto entrelaçadas Junto com a melhoria do processamento a transformação do transporte foi responsável pelo barateamento do custo de produção e pela melhoria da qualidade do produto que escoava pelo porto de Santos valorizando o café brasileiro no mercado internacional No âmbito do Rio de Janeiro a cultura do café pode representar também um ponto de partida para a discussão de questões ligadas ao meio ambiente A cafeicultura como foi praticada alterou a paisagem e promoveu o empobrecimento do solo Após a decadência do cultivo algumas regiões especialmente as do Vale do Paraíba do Sul passaram por dificuldades para se recuperarem Em alguns casos certas alternativas econômicas agravaram ainda mais os problemas ambientais ocasionados pela longa prática da monocultura do café Note que algum aluno ao analisar o gráfico poderia perceber que a exportação do algodão sofreu uma recuperação na década de 1860 Esta poderia representar boa oportunidade para salientar que os mercados mundiais tornaramse a partir da industrialização cada vez mais integrados Assim uma crise conjuntural em um determinado país abre espaço para o crescimento de outro No exemplo sabemos que entre 1860 e 1865 ocorreu a Guerra de Secessão nos EUA que devastou os campos produtores de algodão do estados sulistas Sabemos também que na primeira fase da industrialização a produção têxtil se destacou Havia portanto mercado consumidor para o produto O declínio da produção de um importante produtor criou uma oportunidade Essa brecha foi aproveitada pelos plantadores de algodão do Brasil Com o fim da guerra civil assim que História na Educação 2 O Império brasileiro 2 62 C E D E R J C E D E R J 63 AULA 14 houve a reorganização da produção norteamericana novamente o algodão brasileiro perdeu terreno no mercado externo Um outro aspecto que pode ser tratado é o papel que a cafeicultura brasileira assumiu no contexto internacional Já sabemos que a economia cafeeira tornouse sustentáculo da monarquia no Segundo Reinado e também na Primeira República O que nos interessa agora é destacar que o Brasil passou a ser responsável por boa parte da produção mundial de café a partir da década de 1840 chegando a plantar na década de 1880 5663 do café de todo o mundo No século XX a concorrência gerou graves problemas para a economia brasileira Além de perder mercados para outros países o aumento da oferta ocasionou uma baixa acentuada dos preços do café o que gerou instabilidade econômica no Brasil especialmente com a crise de 1929 No século XX sugiram novos produtores de café como México El Salvador Guatemala Costa Rica Colômbia Costa do Marfim Angola Uganda Etiópia Quênia Congo etc Destacase entretanto o café colombiano cuja qualidade é hoje uma referência internacional pelo aroma e sabor Observe a tabela Exportação de café do Brasil e da Colômbia em bilhões de dólares 1985 1986 1987 1988 1989 1990 Brasil 268 233 217 222 178 131 Colômbia 179 305 169 169 153 140 Fonte Folha de SPaulo 27 de maio de 1991 O café ainda controlava em 1929 70 das exportações brasileiras justificando o abalo que sofremos com a crise mas em 1992 esse percentual era de apenas 6 Essas informações podem servir de base para discutir o papel da soja hoje na balança de exportações brasileiras assim como para refletir sobre o próprio cultivo da canadeaçúcar História na Educação 2 O Império brasileiro 2 64 C E D E R J C E D E R J 65 AULA 14 A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX O ano de 1850 foi o marco histórico do início do processo de mudanças sociais políticas e econômicas sendo aprovadas a Lei de Terras e a Lei Eusébio de Queiroz A Lei de Terras colocava fi m nos mecanismos de acesso à terra do período colonial Até então a terra concebida como simples domínio da Coroa era doada principalmente como recompensa por serviços prestados a esta transformavase em domínio público tornandose desse modo acessível somente àqueles que pudessem explorála lucrativamente A terra transformavase assim em mercadoria aprofundando a tradição de acesso limitado à propriedade da terra Agora não importava a origem fi dalga mas o poder aquisitivo Assim a maior parte dos brasileiros continuava a ter remotas possibilidades de ser proprietária das terras como aliás até hoje A lei que proibia o tráfi co transatlântico de escravos Lei Eusébio de Queiroz é decisiva para compreendermos o incentivo à imigração na segunda metade do século XIX e a crise do escravismo Como já vimos embora nascessem escravos no território brasileiro as altas taxa de mortalidade dessa população impediam o seu crescimento sem a 1 Identifi que dois problemas que podem ser gerados pela excessiva dependência de um país à exportação de um produto primário como o café e a soja RESPOSTA COMENTADA Em primeiro lugar os produtos primários possuem preços baixos se comparados aos produtos industrializados Por outro lado se o produto for vendido sem nenhum tipo de processamento pode haver uma perda signifi cativa da riqueza explorada Não podemos esquecer entretanto que toda e qualquer mudança do mercado externo queda de consumo queda de preços aumento da concorrência pode causar uma grande crise interna ATIVIDADE História na Educação 2 O Império brasileiro 2 64 C E D E R J C E D E R J 65 AULA 14 existência da importação crescente de africanos pelo trafico atlântico Assim o fim do tráfico condenava em longo prazo o sistema escravista exigindo a utilização de mãodeobra alternativa Em primeiro lugar foi possível observar um deslocamento interno da população escrava De fato o fim do comércio internacional de escravos estimulou o comércio entre as províncias tráfico interprovincial As regiões economicamente decadentes e já não tão dependentes da mão deobra escrava passaram a vender seus cativos para as províncias em expansão Em Pernambuco por exemplo em 1884 75 da mãodeobra utilizada era livre Nesse sentido os últimos anos da escravidão foram de crescente concentração dos cativos do Sudeste Em segundo lugar o declínio da mãodeobra cativa estimulou a imigração notadamente européia a partir da década de 1880 A maior parte dos imigrantes que chegaram ao Brasil se dirigia para a província de São Paulo que vivenciava no final do século XIX a expansão da agricultura cafeeira O gráfico abaixo pode orientálo na compreensão desse fato Observe a quantidade de imigrantes que chegaram ao Brasil e a São Paulo nos diferentes períodos do final do século XIX e início do século XX Que relações você pode estabelecer a partir desses dados A importância da imigração nos períodos assinalados no gráfico pode ser explorada de acordo com a orientação dos PCN que enfatiza o estudo da movimentação das populações Seria possível identificar quais nacionalidades se destacam no processo de imigração de europeus particularmente portugueses italianos espanhóis e alemães levantando as motivações para a imigração e as regiões para onde foram Imigração 18841920 1500000 1000000 500000 0 18841887 18881890 18911900 19011920 Brasil São Paulo História na Educação 2 O Império brasileiro 2 66 C E D E R J C E D E R J 67 AULA 14 Mas a imigração não foi pensada apenas no momento da substituição da mãodeobra escrava Na primeira metade do século XIX o governo incentivou a imigração européia a ocupar regiões inexploradas Sem apoio contínuo do governo e com a difi culdade de colocar seus produtos no mercado essas colônias tenderam a concentrar ao longo do tempo suas atividades na lavoura de subsistência e no comércio local desenvolvendose com uma certa autonomia É o caso por exemplo da fi xação de suíços na região serrana do Rio de Janeiro que propiciou posteriormente o surgimento de Nova Friburgo O tema abre espaço para que se trabalhe igualmente infl uências que a cultura brasileira sofreu especialmente em algumas regiões com o encontro de culturas diferentes A culinária por exemplo pode ser o ponto de partida para a abordagem do tema Nas localidades onde a fi xação de imigrantes está intimamente ligada à história local esse estudo merece ser aprofundado e valorizado já que estará fortemente relacionado à formação da identidade da comunidade 2 Os dois textos se referem a áreas de produção do café no século XIX A partir das características mencionadas identifi que as áreas e justifi que as diferenças As matas virgens faziam parte do processo de renovação da propriedade A possibilidade de sua aquisição difi cultava quaisquer tentativas de recuperação do solo através de fertilizantes ou métodos de adubação pois enquanto os limites fossem móveis os proprietários adotariam técnicas predatórias de cultivo evitando segundo eles despesas desnecessárias NEVES e MACHADO 1999 p 151 As grandes mudanças ocorreram no benefi ciamento do café com a utilização mais acentuada de máquinas como despolpadores ventiladores separadores etc Elas permitiram que o produto tivesse uma qualidade superior alcançando preço mais elevado do que o café feito pelos processos antiquados além de diminuir os custos de produção em torno de 10 NEVES e MACHADO 1999 p 1623 ATIVIDADE História na Educação 2 O Império brasileiro 2 66 C E D E R J C E D E R J 67 AULA 14 RESPOSTA COMENTADA O primeiro texto se refere ao Vale do Paraíba e o segundo ao Oeste paulista A expansão da cafeicultura nas duas regiões se deu em momentos históricos bem distintos No primeiro caso o desenvolvimento da cafeicultura ocorreu na primeira metade do século quando a abundância de mãodeobra escrava supria as demandas de todo tipo de trabalho e ainda se processava a consolidação de novas relações comerciais com o incremento do processo de industrialização na Europa e EUA No segundo caso além da crise do escravismo estar em curso já havia um demanda por produtos beneficiados assim como pela introdução de equipamentos não produzidos no Brasil Assim a cafeicultura no Vale do Paraíba se desenvolveu sob a ótica econômica colonial enquanto a do Oeste paulista já se processava no contexto da consolidação e internacionalização do sistema capitalista CONCLUSÃO Os brasileiros da segunda metade do século assistiram ainda a outras transformações Modernidades davam um ar de progresso principalmente às capitais As ferrovias se multiplicavam O telégrafo passou a ser mais utilizado Os bancos se tornaram instituições importantíssimas Urbanizaramse as grandes capitais A mecanização da produção recebia apoio A indústria aparecia ao lado da economia agrária de exportação muitas vezes ligada à própria agricultura Essas mudanças denotavam novas relações econômicas sociais e culturais desenvolvendose e consolidandose no contexto da própria expansão do capitalismo mas também evidenciaram a forte resistência a transformações estruturais Foi dessa forma que o Brasil deixou de ser escravista e até monárquico mas manteve a estrutura agrário exportadora e a ordem social excludente História na Educação 2 O Império brasileiro 2 68 C E D E R J C E D E R J 69 AULA 14 12000 1864 10000 8000 6000 4000 2000 0 1867 1870 1875 1883 1887 1888 1889 Km ATIVIDADE FINAL Observe os gráficos A partir da análise dos gráficos é possível identificar o momento histórico em que o processo de modernização se acelerou no Brasil Indique esse momento justificando sua resposta Km 1864 15000 10000 5000 0 1867 1870 Anos Telégrafo Estradas de Ferro Anos História na Educação 2 O Império brasileiro 2 68 C E D E R J C E D E R J 69 AULA 14 RESPOSTA COMENTADA Observase que em ambos os gráficos a década de 1870 foi o momento de introdução de uma nova tendência A construção de meios de comunicação modernos se acentuou rapidamente Lembro que com a crise de 1873 crise de superprodução típica do sistema capitalista houve um crescimento dos investimentos externos dos países industrializados No nosso caso a Inglaterra esteve em grande parte envolvida por meio de empréstimos venda de equipamentos e atuação de empresas na implementação dessa modernização Tratouse do cenário econômico do Império dando ênfase ao desenvolvimento da cafeicultura Destacaramse as principais mudanças ocorridas na segunda metade do século XIX com especial atenção à problemática da imigração Evidenciouse que apesar das mudanças longas continuidades foram mantidas inclusive pela República R E S U M O História na Educação 2 O Império brasileiro 2 70 C E D E R J LEITURAS RECOMENDADAS NEVES Lúcia Maria Bastos Pereira das e MACHADO Humberto Fernandes O Império do Brasil Rio de Janeiro Nova Fronteira 1999 A proposta da obra de fazer uma síntese abrangente rigorosa e atualizada sobre o Império justifica a indicação como leitura obrigatória já que permitiu ao leitor uma visão panorâmica do período e o acesso a uma bibliografia acadêmica atualizada Chamo ainda atenção para os livros de três coleções A primeira é a coleção Descobrindo o Brasil editada pela Jorge Zahar Editora A coleção tem por objetivo dar acesso a temas da História e da cultura brasileiras ao público em geral Apresentando formato de livro de bolso fornece uma síntese de diversas temáticas importantes com atualização historiográfica e em linguagem acessível São exemplares indicados para aprofundamento dos conhecimentos desta aula A proclamação da República Celso Castro A belle époque amazônica Ana Maria Daou Escravidão e cidadania no Brasil monárquico Hebe Maria Mattos A independência do Brasil Iara Lis C Souza Vida e morte da mata atlântica José August Dummond Símbolos e rituais da monarquia brasileira Lílian Schwarcz e O tráfico negreiro Luis Felipe de Alencastro As outras duas coleções interessantes são paradidáticas A Vida no Tempo da Editora Atual e Que História É Esta da Editora Saraiva Seus livros são ricos em imagens e apresentam sugestões de leitura filmes sites e de locais para visitação museus fazendas etc Pesquise na internet os exemplares das coleções que interessam para esta e outras aulas wwweditorasaraivacombr e wwweditora atualcombr objetivos Meta da aula Meta da aula Apresentar um quadro geral dos acontecimentos mais marcantes da História do Brasil colonial Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de identifi car as principais transformações econômicas e políticas ocorridas no Brasil colonial reconhecer os momentos fundadores da História do Brasil identifi car as relações entre os fenômenos culturais políticos e econômicos do período colonial História do Brasil colonial 11 A U L A Prérequisitos Prérequisitos Com esta aula você estará iniciando mais uma etapa dos seus estudos de História Concentre sua atenção na formação histórica do Brasil É uma oportunidade muito rica de compreender momentos importantes da construção da nação brasileira e a sua inserção no contexto internacional na História Moderna História na Educação 2 História do Brasil colonial 8 C E D E R J INTRODUÇÃO Com esta aula você iniciará mais uma etapa dos seus estudos de História Concentre sua atenção na formação histórica do Brasil É uma oportunidade muito rica de compreender momentos importantes da construção da nação brasileira e a sua inserção no contexto internacional na História Moderna COMO TUDO COMEÇOU Você estudou na Aula 7 deste curso a Idade Moderna Naquela ocasião aprendeu os fundamentos de algumas das mais importantes manifestações políticas culturais sociais e econômicas que caracterizaram esse período Renascimento Humanismo Mercantilismo e Absolutismo Agora vamos transpor tudo isso para Portugal nas vésperas do descobrimento do Brasil Assim você poderá compreender melhor por que vias aquela pequena nação conseguiu lançarse em uma aventura de dimensões sem precedentes na História dominando mares descobrindo novas terras estabelecendo comércio com nações longínquas e conseqüentemente aprenderá muito sobre como o Brasil entrou no cenário internacional quando era colônia de Portugal O fi nal da Idade Média foi marcado dentre outros fenômenos pela recuperação econômica baseada no comércio Daí a ênfase no Mercantilismo Porém essa recuperação não se deu apenas pelo aquecimento das antigas rotas comerciais tradicionalmente dominadas pelos italianos que levavam os produtos do Oriente até a Europa Os caminhos terrestres que atravessavam desertos e territórios dominados por nações inimigas tornavam se cada vez mais perigosos Era importante estabelecer novas vias de acesso às terras das especiarias para baratear os custos das negociações e escapar do monopólio italiano Para as nações modernas que se queriam poderosas e tentavam fortalecer o poder dos monarcas encontrar novos recursos econômicos que trouxessem mais dinheiro para os cofres reais era muito importante Portugal era um pequeno país apertado entre a poderosa Espanha e o desconhecido e temido Atlântico Era relativamente pobre em recursos naturais com um artesanato incipiente e uma população que não ultrapassava um milhão e meio de habitantes Embora tenha sido a primeira nação moderna da Europa o considerável avanço político carecia de iniciativas que a mantivesse autônoma e a colocasse no concerto das novas tendências econômicas Havia à custa de sangrentas C E D E R J 9 AULA 11 e longas batalhas conquistado a autonomia política em relação à Espanha da qual fora apenas um condado Mas precisava consolidar esta importante conquista criando recursos e saídas para o seu precário equilíbrio econômico Enfrentar a poderosa exsenhora e vizinha Espanha não parecia ser uma atitude prudente Então restava aos portugueses a vastidão do mar O mar tenebroso lendário por suas criaturas estranhas e desconhecidas famoso pelos seus perigos reconhecido como o limite do mundo E é nessa vastidão que se lança Portugal De uma hora para outra Não Foi um processo paulatino marcado por duas tendências por um lado a prática pesqueira por outro a rota comercial Mediterrâneomar do Norte Com uma costa considerável a atividade pesqueira em Portugal foi naturalmente cultivada E quem pesca navega Mesmo que timidamente fi cando a princípio nas proximidades da praia os pescadores foram dominando cada vez mais as técnicas de navegação a leitura das estrelas o conhecimento do regime dos ventos e das marés Esse conhecimento permitia que fossem cada vez mais longe em busca de melhores pescarias E quanto mais longe se ia mais se aprendia sobre os mistérios desse mar tenebroso que durante séculos representou uma barreira instransponível para a expansão portuguesa e por que não dizer européia Os produtos que chegavam à Itália do Oriente para serem depois distribuídos pela Europa eram transportados por mar e por terra Atingiam as regiões mais setentrionais por longos caminhos que cortavam o continente Mas esses percursos eram caros e perigosos No fi nal da Idade Média e princípio da Idade Moderna a rota marítima apresentava vantagens sobre a terrestre Era mais barata porque transportava maior quantidade de carga Então os barcos mercantes saíam do Mediterrâneo e passavam em Portugal para chegar ao mar do Norte Lisboa cresceu como um entreposto comercial Seu porto era cada vez mais freqüentado por navegadores de várias procedências Muitos navegadores e muitas informações sobre a arte de navegar Isso somado à experiência acumulada na atividade pesqueira foi transformando Portugal em um importante centro de navegação Você certamente já ouviu falar no infante Dom Henrique 1394 1460 ele foi um grande incentivador da navegação em Portugal e da expansão marítima e comercial Ao perceber que o mar era a melhor História na Educação 2 História do Brasil colonial 10 C E D E R J alternativa para as limitações portuguesas Foi hábil o bastante para conjugar a experiência da pesca com a movimentação de navegadores e explorar um futuro promissor Financiou pesquisas na área da navegação contratou marinheiros experientes enfi m fez de Portugal um centro de referência na arte de navegar MARCOS DA EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA Em 1415 as embarcações da pequena nação portuguesa atravessavam o estreito de Gibraltar e conquistavam Ceuta Foi o marco da expansão marítima O século XV foi dedicado ao périplo africano navegar pela costa da África até encontrar o caminho marítimo que levasse ao oceano Índico às terras das valiosas especiarias Portugal pretendia um lance ousado abrir uma nova via de comércio que não dependesse dos italianos nem dos lentos caminhos terrestres Queria descobrir um caminho marítimo que o colocasse diretamente em contato com os fornecedores das tão cobiçadas especiarias O reinaldo do infante Dom Henrique é um marco na história da expansão marítima e comercial de Portugal Entender um pouco mais as suas iniciativas pode contribuir bastante para você ampliar seus conhecimentos sobre este magnífico evento Visite o site httpwwwsobiografiashpgigcombr InfHenrihtml Em 1488 Bartolomeu Dias contornou o cabo das Tormentas que ou foi rebatizado pelo rei D João cognominado o Príncipe Perfeito de cabo da Boa Esperança Era o caminho para se chegar às Índias e começar a fazer vantajosas trocas comerciais que transformariam o pequeno reino de Portugal em um gigante dos mares e do comércio mundial E O BRASIL Depois de descoberto o caminho que levaria os portugueses às Índias e travados os primeiros contatos o rei de Portugal armou uma grande expedição comercial composta de treze navios que deveriam voltar ao reino abarrotados de valiosas especiarias No comando estava Pedro Álvares Cabral fi dalgo e navegador Sob seu comando mais de C E D E R J 11 AULA 11 mil e quinhentos homens dentre funcionários soldados e comerciantes Em 9 de março de 1500 partiram de Lisboa Muito se discute até hoje sobre os rumos tomados pela expedição e sobre os seus objetivos O fato é que embora apenas preparados para uma viagem de comércio em 22 de abril daquele mesmo ano Pedro Álvares Cabral e seus homens descobriram o Brasil Na esquadra de Cabral encontravase um escrivão Ele fora nomeado para assumir cargo em Calicute na Índia É de sua autoria o primeiro documento que fala explicitamente das novas terras descobertas e das pessoas que nela habitavam Tratase da famosa Carta de Caminha que para alguns representa a certidão de nascimento do Brasil É uma carta extremamente interessante e muito saborosa Nela o escrivão narra ao rei de Portugal a viagem do reino até a descoberta da Terra de Santa Cruz os primeiros contados com os nativos e as impressões sobre as suas potencialidades Recebem grande destaque na Carta de Caminha os índios que viviam no litoral naquele momento do primeiro encontro Para ele tratavase de gente de boa constituição física e aparentemente de boa índole indivíduos que traziam os corpos desnudos e pintados e disso não tinham nenhuma vergonha viviam em inocência e eram ao mesmo tempo desconfi ados e curiosos 1 Você acabou de conhecer alguns acontecimentos históricos que levaram um pequeno país a construir uma saída para sua situação política e econômica A construção dessa saída só foi possível na medida em que Portugal rompeu com alguns cânones do saber ocidental da época Faça uma pequena pesquisa e refl ita sobre a relação entre educação e inovação na época dos descobrimentos Você pode também recorrer à Aula 7 ATIVIDADE História na Educação 2 História do Brasil colonial 12 C E D E R J RESPOSTA COMENTADA Se você destacou a necessidade de romper com as idéias antigas sobre o formato do mundo como uma inovação e ruptura a sua atividade foi bem desenvolvida E QUEM ERAM OS ÍNDIOS Quando os portugueses chegaram nas terras que futuramente seriam o Brasil não as encontraram desabitadas Muito pelo contrário o extenso território era povoado e bem povoado digase de passagem Estimase que viviam aqui cerca de três milhões e meio de índios divididos em quatro principais troncos lingüísticos que se desdobravam em incontáveis dialetos O principal grupo com o qual os descobridores fi zeram contatos em abril de 1500 foi o tupiguarani tronco constituído por várias nações que habitavam o litoral depois de terem expulsado para o interior as tribos que não eram tupis De modo geral podemos dizer que se organizavam em núcleos menores as tribos e desconheciam a propriedade privada Tanto a terra como os produtos dela tirados e o resultado das caçadas e das pescarias pertenciam à coletividade Conheciam a agricultura embora esta fosse rudimentar Plantavam principalmente mandioca além de milho feijão amendoim e abóbora Completavam a dieta alimentar com a caça e a pesca no que eram muito hábeis e com a coleta de frutos silvestres Na tribo destacavamse duas figuras a do sacerdote que comandava os cultos e cuidava das doenças e a do guerreiro que conduzia os seus nas constantes batalhas que travavam com outras tribos pelo domínio territorial de caça e pesca e para vingar ofensas Embora seja possível apontar as duas fi guras principais da tribo como você acabou de ler devese ressaltar que entre eles não havia aquilo que conhecemos como classe social A educação dos meninos e das meninas ocorria num clima harmonioso por meio do qual eram inseridos progressivamente na vida da comunidade As crianças acompanhavam os adultos nas atividades cotidianas e pouco a pouco aprendiam Os contatos entre os índios e os portugueses nem sempre foram hostis mas também nem sempre foram pacífi cos Eles variaram segundo C E D E R J 13 AULA 11 os interesses e os comportamentos de ambos Ao longo da colonização de forma geral podese dizer que os portugueses assumiram uma postura arrogante diante dos índios Sentiamse superiores a eles e esforçaramse para escravizálos e submetêlos à lógica do trabalho forçado fundamental para tirar das terras conquistadas as riquezas cobiçadas Movidos pela ganância e pela necessidade os descobridores perpetraram verdadeiros massacres reduzindo a população nativa a um número insignifi cante comparado ao ano de 1500 OCUPAR PARA NÃO PERDER Depois de reconhecida apenas uma pequena parcela do que viria a ser o Brasil a frota de Cabral segue o seu destino E por quê Simplesmente porque seu objetivo e destino não estavam aqui A esquadra de Cabral estava bem aparelhada para o comércio e fazer comércio transoceânico foi o principal objetivo da expansão marítima européia As Índias representavam um sonho de riqueza abundância e exotismos e para lá seguiam as naves portuguesas Mas abandonar o território descoberto seria o mesmo que perdêlo outras nações pretendiam conquistar colônias e elas não deixariam de ocupar um imenso território com potencialidade para produzir riquezas Na verdade você está conhecendo agora um dilema vivido pelos portugueses Eles estavam preparados para comercializar mas nem tanto para colonizar ou seja transformar aquele imenso território por meio de exploração e trabalho sistemático em produtor de riqueza O SÉCULO XVI A FIXAÇÃO LITORÂNEA Em 1627 frei Vicente do Salvador colocava um ponto fi nal na primeira História do Brasil escrita por um homem que nasceu e viveu a maior parte da vida aqui no Brasil É um livro muito rico que nos deixou informações preciosas sobre o primeiro século da presença portuguesa Dentre as muitas tiradas originais há uma muitas vezes citada quando se escreve sobre o Brasil no século XVI os portugueses andam arranhando a costa como caranguejos O nosso autor fazia uma crítica à ocupação portuguesa que segundo ele descuidou do interior e fi xou pontos de povoamento e colonização apenas no litoral História na Educação 2 História do Brasil colonial 14 C E D E R J E ele tinha razão Por falta de homens e recursos por medo e ignorância das coisas do sertão pela necessidade de estar próximo da costa de onde se partia para o reino e dele se recebiam notícias e mercadorias a colonização ao longo do século XVI teimou em fi xar se no litoral É claro que não queremos dizer com isso que o interior denominado então sertão em contraposição ao litoral terras próximas ao mar era totalmente desconhecido Mas podemos afi rmar que a experiência da colonização transcorreu na faixa de terra próxima ao mar Primeiro ela começou com a extração do paubrasil madeira que dará nome à nova terra Uma árvore muito comum que existia em abundância ao longo da costa nas fl orestas de Mata Atlântica Para essa exploração não foi preciso montar um sistema de colonização Usavam se as feitorias espécie de pequenas e rústicas fortalezas comerciais onde se armazenava a madeira abatida que fi cava à espera de navios que a levassem para o reino Os índios tratavam de abater as árvores e transportálas para as feitorias e depois para os navios Recebiam como forma de pagamento produtos manufaturados principalmente instrumentos metálicos A atividade de extração do paubrasil gerou renda signifi cativa para a Coroa que não dispunha de muitos recursos fi nanceiros nem humanos para povoar e defender de possíveis invasores as terras descobertas Mas sua importância da extração do paubrasil não se limitava a aspectos comerciais Você deve levar em conta que os portugueses ao descobrirem o Brasil não sabiam praticamente nada a respeito da terra e de seus habitantes Desconheciam a língua aqui falada e não sabiam como era o interior Este período inicial serviu como um laboratório Os homens que aqui fi cavam aprendiam como lidar com os nativos reconheciam a terra aprendiam a língua e iam pouco a pouco facilitando os contatos futuros Sistema de colonização ou sistema colonial mercantilista séculos XVI XVII XVIII é um conjunto de procedimentos colocados em prática pelas potências marítimas visando a tornar suas colônias fontes de enriquecimento Podemos destacar dentre esses procedimentos aqueles mais comuns que caracterizaram o sistema colonial mercantilista a Colônia deveria ser um mercado consumidor uma fornecedora de produtos comerciais deveria fazer comércio apenas com a metrópole e respeitar os monopólios Nesse sentido a Colônia era entendida como uma produtora de riqueza para a metrópole C E D E R J 15 AULA 11 Em 1532 Martim Afonso de Souza fundou São Vicente a primeira vila no Brasil próxima à atual cidade de Santos Foi um discreto mas importante passo rumo a uma nova estratégia de ocupação A vila foi fundada sob ordens reais o que signifi ca que a Coroa portuguesa assumia a intenção de colonizar o Brasil Na frota do fundador vieram algumas famílias animais ferramentas profi ssionais da construção e técnicos de engenho Plantouse cana e trigo e deuse início à colonização programada No entanto diante da imensidão da costa brasileira São Vicente signifi cava apenas um ponto diminuto e isolado Parecia necessário criar uma estratégia mais ousada que imprimisse mais velocidade à ocupação territorial Pensando nisso no mesmo ano de 1532 a Coroa decide dividir a terra em porções e doálas a homens ricos de Portugal São as chamadas CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Os donatários aqueles que recebiam uma capitania hereditária enfrentavam várias difi culdades Tratavase de uma empresa cara e perigosa Imagine um grupo de homens chegando com suas ferramentas e mantimentos sem poder contar com nenhuma forma de socorro tendo de construir as suas moradias defenderse dos ataques dos índios derrubar a mata e preparar o solo para cultivo tudo isso numa região desconhecida Esse era o desafi o e a maioria dos donatários não conseguiu superálo Aliás muitos sequer tentaram Um outro problema enfrentado pelos donatários foi a difi culdade e demora na comunicação com Lisboa Estavam distantes de Portugal e não contavam com um ponto de apoio para a resolução de problemas de justiça e segurança O donatário tornavase uma espécie de juiz e governador das suas terras acumulando muitos poderes Esse fato aliado ao malogro de algumas capitanias fez com que a Coroa repensasse os seus planos Em 1549 chegou ao Brasil o primeiro governadorgeral Tomé de Souza Ele vinha com a tarefa de construir uma cidade para sediar a nova administração A Coroa fi ncava em terras brasileiras um representante direto A partir daquele momento as questões de justiça de cobrança de impostos e de segurança estariam a cargo do governadorgeral Ele tinha autoridade para resolver as questões que anteriormente só encontravam solução em Portugal Tomé de Souza trazia consigo além de obreiros para a construção da cidade do Salvador e colonos para a ocupação da terra um ouvidor CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Entre 1534 e 1536 o rei de Portugal D João III doou as terras do atual litoral brasileiro Cada donatário recebia uma vasta porção de terra e direitos para exercer amplos domínios sobre os colonos que nela fossem viver Foi uma tentativa de ocupar a terra sem grandes despesas Catorze foram os lotes distribuídos a doze donatários História na Educação 2 História do Brasil colonial 16 C E D E R J mor justiça um provedormor fazenda e um capitãomor segurança além de alguns jesuítas que deram início ao trabalho sistemático de conversão dos índios e de vigilância moral dos portugueses Você já teve ter ouvido falar em Manuel da Nóbrega Ele é um dos mais conhecidos jesuítas que estiveram aqui no primeiro século da colonização Foi trabalhador aguerrido tanto no sentido de converter os índios quanto na tentativa de moralizar os portugueses e impedir os abusos praticados por muitos senhores na escravização dos índios A vida religiosa na Colônia era bastante movimentada Povos de cultura e origem distintas conviviam no mesmo espaço gerando um verdadeiro caldeirão de crenças e comportamentos que se misturavam e confl itavam dependendo da fl exibilidade e da conveniência dos agentes históricos Isso numa época em que a tolerância religiosa não estava na pauta do dia Hoje sabemos respeitar as crenças de outras pessoas e de outros povos mas para os europeus do século XVI e seguintes isso não era viável A fé provocava guerras e a submissão dos seguidores de outras religiões Os índios como você leu anteriormente foram importantes reservas de mãodeobra para os portugueses que tentavam tornar o Brasil uma exploração viável e lucrativa Em muitas ocasiões eles foram simplesmente caçados e escravizados mas esse procedimento criava muitos atritos e afastava as tribos das proximidades dos centros de povoamento dos portugueses gerando ataques destruidores e falta de mãodeobra Os jesuítas e outras ordens religiosas que estavam presentes no Brasil tentavam com a catequese e a conversão amenizar esses confl itos criando uma frente de contato mais branda com os índios e às vezes até mais lúdica Nóbrega entendeu que a maneira mais efi ciente de aproximação seria por meio da educação Por isso ele criou a escola de crianças Concluiu que os adultos já estavam arraigados demais aos seus princípios religiosos para ceder ao discurso do cristianismo mas com as crianças poderia ser diferente Elas eram alfabetizadas com o catecismo E você sabe quando se entra numa religião entrase também numa cultura Assim quanto mais cristianizados mais bem adaptados aos preceitos de vida dos europeus Além disso os jesuítas se preocupavam com os portugueses que se indianizavam Muitos colonos degredados marinheiros e fugitivos abandonavam a vida entre os portugueses e assumiam os hábitos e o estilo de vida dos índios Casavam com várias mulheres viviam nas aldeias e faziam guerra contra os portugueses C E D E R J 17 AULA 11 2 Em muitas ocasiões ouvimos juízos depreciativos a respeito dos índios nas relações com os colonizadores Você acha que eles realmente foram inocentes e se comportaram como bobinhos diante da esperteza dos portugueses Justifi que a sua resposta a partir do que você aprendeu até agora RESPOSTA COMENTADA Os índios trocaram com os portugueses aquilo que eles consideravam interessante e raro E os portugueses fi zeram o mesmo ATIVIDADE A CANADEAÇÚCAR Produzir para gerar riquezas Baseandose nas experiências de produção do açúcar nas ilhas atlânticas e na confi ança de que o produto teria uma boa aceitação no mercado Portugal transforma o Brasil em pólo de produção Não mais o simples extrativismo embora ele tenha permanecido como um importante item de exportação mas a montagem de um complexo sistema de produção em larga escala a monocultura da cana Ela só era viável na medida em que se dispunha de grandes extensões de terra e mãodeobra escrava E aqui estão dois elementos importantes para se compreender o Brasil não só do ponto de vista econômico mas do social também A monocultura necessita de grandes extensões de terras sob o controle de um único proprietário Assim embora o critério de distribuição de terras fosse aparentemente aberto poucos podiam transformar a terra inculta em propriedade produtiva o que tornou a posse de terras em critério de distinção social Com a monocultura a necessidade de escravos aumenta E logo os proprietários de terra e de escravos tornaramse os senhores uma distinção social que perdurou ao longo de todo o período colonial adentrando inclusive nas sucessivas fases da História do Brasil Você certamente já ouviu a expressão senhor de engenho Ela se refere a um homem que é o proprietário de uma extensa faixa de terra e que produz açúcar por meio da exploração do trabalho escravo Essa descrição serve também para defi nir o grande produtor de cana Para ser História na Educação 2 História do Brasil colonial 18 C E D E R J realmente um senhor era preciso ter em suas terras um engenho uma estação de transformação da cana em açúcar O engenho era muito caro o seu perfeito funcionamento exigia a presença de técnicos especializados e a sua manutenção também era bastante custosa Assim ser senhor de engenho era o ápice da hierarquia social na Colônia Os senhores formavam um tipo de nobreza da terra No fi nal do século XVI o açúcar era o principal produto de exportação do Brasil Além de gerar riqueza ele participou diretamente no desenho das características da sociedade colonial e de sua hierarquização Na parte superior da pirâmide social estavam os burocratas os grandes comerciantes e os senhores de engenho Na base dessa pirâmide os escravos africanos e indígenas Entre os extremos trabalhadores livres pequenos comerciantes pequenos plantadores escravos libertos e aventureiros Além de desenhar a hierarquia social a atividade canavieira também incidiu diretamente na ocupação territorial As zonas próximas ao litoral foram as preferidas para o estabelecimento das fazendas de cana A fi xação litorânea processo caracterizador da colonização no século XVI teve na cana na extração do paubrasil na fundação de vilas e cidades e no comércio com o exterior os seus pontos de apoio 3 Enumere três estratégias de ocupação do território e comente aquela que você considera a mais importante e que deixou marcas mais profundas na História do Brasil RESPOSTA COMENTADA A feitoria as capitanias hereditárias o governo geral e a monocultura da canadeaçúcar podem ser apontados como estratégias de ocupação A mais importante é a cana pois deixou marcas na estrutura social bem como na nossa economia ATIVIDADE C E D E R J 19 AULA 11 SÉCULO XVII A EXPANSÃO Nesta parte da aula você estudará a expansão territorial ocorrida ao longo do século XVII e com ela a variedade de atividades econômicas e administrativas Em 1580 Portugal perdeu a coroa para o rei da Espanha É o cume de um processo longo que manteve as duas casas reais ligadas através de casamentos Com a morte de Dom Sebastião em 1578 a Coroa portuguesa fi cou vacante e passou a ser disputada por vários pretendentes mas o rei Filipe de Espanha levou a melhor Deuse então a União Ibérica que perdurou até 1640 Portugal saiu arrasado dessa união forçada Os espanhóis estavam em confl ito com outras nações européias e por conta da união das duas Coroas as inimizades foram ampliadas também para o lado português As principais possessões orientais foram perdidas nesse período A partir de 1640 o Brasil emerge como a mais importante Colônia de Portugal e a única esperança de sobreviver às milionárias dívidas contraídas para libertarse da dominação espanhola Algumas colônias também perduraram na África mas elas acabaram sendo transformadas em fornecedoras de escravos para as lavouras e a mineração no Brasil Enquanto Portugal debatiase para sobreviver e escapar do domínio espanhol o processo colonizador não parou Pelo contrário ganhou consistência e conquistou novos espaços A cultura da cana ia muito bem O século XVII marcou o pleno estabelecimento do cultivo da cana e do refi no de açúcar Vários novos engenhos foram erguidos e terras doadas e ocupadas Outras culturas também foram implantadas O tabaco ganhou força e o Brasil passou a exportar principalmente para a África farinha de mandioca e aguardente E o interior continuava abandonado e desconhecido Não esta situação mudou signifi cativamente ao longo do século XVII Não seria correto afi rmar que ao longo do século XVI o interior chamado à época de sertão repousou no total desconhecimento Foram principalmente os paulistas com as suas bandeiras os primeiros desbravadores das parcelas incógnitas do imenso território brasileiro Eles iam ao sertão em busca de índios para escravizar e de metais e pedras preciosas Como não encontravam as pedras voltavam com as peças como se chamavam então História na Educação 2 História do Brasil colonial 20 C E D E R J os escravos Dessas bandeiras nasceu uma cultura algumas informações preciosas sobre o sertão e a técnica de adentrar no território No século XVII essa penetração se fez sentir mais nitidamente A procura de índios para a lavoura intensifi cavase à medida que as plantações se expandiam Mesmo que a preferência recaísse sobre o escravo negro os índios representavam uma estratégica reserva de mãodeobra mais barata inclusive O grande entrave eram as proibições da Coroa que apostava na escravização do africano por questões estratégicas e econômicas tirava dos colonos o acesso direto à mãodeobra necessária ao cultivo de suas terras aumentando assim a dependência em relação à Coroa Esta ganhava com os impostos cobrados sobre o comércio dos africanos Mas a despeito das proibições e de uma nítida política de valorização da escravidão africana os colonos não abriam mão integralmente do trabalho dos índios Os metais e as pedras também exerciam um grande fascínio sobre os colonos Era comum pensarse que o Brasil continha em seu subsolo imensas riquezas minerais que ainda não haviam sido encontradas Portanto buscálas era uma atividade alimentada previamente por uma crença bastante forte e arraigada Assim a necessidade de mãodeobra indígena e a esperança de encontrar minérios valiosos fi zeram com que os limites estabelecidos no TRATADO DE TORDESILHAS fossem empurrados para o interior O Brasil foi crescendo em direção ao Oeste Mas nem só de índios e esperanças se fez a expansão territorial O século XVII marcou a expansão da pecuária As fazendas de gado mais baratas e mais fáceis de administrar foram ocupando as terras vazias do sertão Para começar bastavam algumas cabeças de gado uma sede rústica um pequeno curral lavoura de subsistência e um vaqueiro e seus auxiliares Aqui a mãodeobra era preferencialmente livre Os vaqueiros cuidavam do gado e viajavam pelo sertão em busca de bons pastos O gado se multiplicava Depois voltavam para a fazenda onde se abatiam os animais e preparavam o charque modo como a carne era conservada para ser exportada para os centros consumidores da Colônia Além da carne o couro era um produto de boa aceitação nos mercados interno e externo As fazendas localizavamse na proximidade dos rios e era o percurso dos rios que sinalizava os caminhos dos vaqueiros e de seus rebanhos O rio São Francisco cumpriu um papel fundamental a sua porção nordestina foi o berço da colonização do interior Ao fi ndar o TRATADO DE TORDESILHAS Foi celebrado entre Portugal e Espanha em 1494 Ele defi nia as áreas de domínio extraeuropeu ou seja estipulava como o mundo novo seria dividido entre as duas potências marítimas e descobridoras Por esse tratado Portugal tinha a posse somente de uma pequena parte do Brasil C E D E R J 21 AULA 11 século XVII o interior da Bahia ligavase ao interior do Rio Grande do Norte pelos caminhos do gado E mais ao norte do Brasil o interior também era desbravado A região amazônica foi sendo paulatinamente explorada pelos índios aldeados aqueles que estavam sob a tutela das ordens religiosas Era uma região muito pobre que encontrou nas chamadas drogas do sertão produtos da fl oresta que encontravam valor no comércio internacional seus fatores de sobrevivência Explorar e ocupar o Norte do Brasil fazia parte de uma estratégia de manutenção da Amazônia uma forma de controlar a ligação do Atlântico com o interior do continente rico produtor de metais preciosos Assim mesmo diante de muitas difi culdades encontradas pelos colonos situados ao norte insistiuse na permanência de sua presença Era uma maneira de controlar a desembocadura do rio Amazonas Assim como também se insistiu na permanência de uma colônia no extremo sul do continente a Colônia do Sacramento Ela foi fundada na margem esquerda do Prata por onde eram escoadas as riquezas produzidas na América espanhola Parece que os colonos brasileiros estavam bastante interessados em manter um ponto de comércio avançado com os espanhóis afi nal a prata do Peru circulava entre nós e na maioria das vezes como fruto de um intenso comércio ilegal Podemos dizer que ao fi ndar o século XVII todo litoral do atual Brasil estava sob o domínio português O sertão não era mais apenas o vazio desconhecido e ameaçador Ele já acomodava importantes iniciativas econômicas e contribuía para o comércio internacional A região do Amazonas embora escassamente povoada como a maior parte do território brasileiro estava pontilhada por colonos que com difi culdade mantinhamse atuantes na faina de cultivar e extrair riquezas da fl oresta marcando a posse de Portugal sobre os vastos domínios amazônicos Durante o século XVII o açúcar permaneceu como o principal produto de exportação Os holandeses invadiram Pernambuco em 1630 e lá permaneceram até 1654 quando foram expulsos Depois desta data tem início a crise do açúcar Os holandeses criaram plantações e engenhos nas Antilhas e passaram a produzir um açúcar de boa qualidade e com preços competitivos no mercado Além dessas vantagens eles dominavam a distribuição do produto na Europa o que acarretou grandes difi culdades para os produtores brasileiros História na Educação 2 História do Brasil colonial 22 C E D E R J Para saber mais sobre este importante momento da história do Brasil colonial momento marcado por conflitos internacionais e reviravoltas internas visite o seguinte site httpwwwculturabrasilprobrholandahtm 4 O século XVII foi profundamente marcado pela expansão territorial e pela diversifi cação da economia Faça uma lista com os principais produtos que entraram na cena econômica no século XVII e que até hoje são importantes para o Brasil RESPOSTA COMENTADA O gado a mineração e as drogas do sertão são produtos que ainda hoje compõem o nosso cenário de produção de riquezas ATIVIDADE O SÉCULO XVIII OURO E REFORMAS Em 1695 foi fi nalmente encontrado ouro no Brasil em quantidade signifi cativa primeiro em Minas Gerais depois em regiões mais afastadas como Goiás Primeiro o ouro depois as pedras preciosas E veja bem essas tão sonhadas e procuradas riquezas não foram encontradas no litoral e sim no sertão fato que mudou o eixo de poder e de riqueza da colônia Se durante os dois primeiros séculos da colonização a sede do governo geral esteve em Salvador no Nordeste bem próximo aos principais centros de produção de riqueza no século XVIII ela se transfere para o Rio de Janeiro por onde saíam o ouro e as pedras preciosas arrancadas ao subsolo O Sudeste tornouse então a região mais povoada e vigiada da Colônia Assim que a notícia das novas descobertas se espalhou pela Colônia e metrópole assistiuse a uma corrida de aventureiros Gentes de todas as partes afl uíam em direção à região das minas com a esperança de tomar parte na descoberta de riquezas Essa afl uência foi tão radical C E D E R J 23 AULA 11 que a região padeceu sérios problemas de abastecimento Muitos homens chegavam de repente numa região vazia sem população estabelecida e portanto sem nenhum sistema atuante de produção de alimentos Assim a carestia se fez sentir rapidamente Com ela os saques e a violência A Coroa não tardou a estender os seus longos tentáculos sobre a nova região Ela precisava vigiar administrar e cobrar impostos sobre as preciosidades recémdescobertas Todos os veios auríferos pertenciam à Coroa mas ela não tinha como explorálos diretamente A solução encontrada foi doar aos descobridores uma parcela do terreno aurífero e leiloar em lotes chamados datas os que a ela pertenciam por direito Muitos homens disputavam as datas mas para concorrer a uma era necessário apresentar condições de explorála e estas condições estavam diretamente ligadas ao fato de possuírem escravos e dinheiro Todo ouro deveria ser quintado ou seja um quinto dele fi cava como pagamento de impostos à Coroa Na medida em que o ouro era arrancado ao solo intensifi cavase o processo de povoamento da região Agora uma parcela do sertão ganhava relevo social As vilas nasceram e cresceram e pela primeira vez no Brasil colonial apresentavam alto índice de desenvolvimento sociocultural Você certamente já ouviu falar e já viu fotos de cidades como Mariana Sabará São João Del Rei e Ouro Preto São cidades históricas mineiras que guardam um verdadeiro e rico patrimônio cultural erguido à época da mineração Dessa densa sociabilidade emergiram os mais famosos e poderosos movimentos artísticos e de contestação colonial o Barroco mineiro e a Inconfi dência mineira A descoberta das minas foi fundamental para Portugal Ao iniciar o século XVIII a situação fi nanceira da metrópole era extremamente delicada As dívidas eram enormes e como você já aprendeu muitas possessões foram perdidas como conseqüência da União Ibérica Nesse contexto o Brasil situase como a mais importante Colônia de Portugal Mas o século XVIII não foi apenas marcado por crises econômicas e da colonização Ele foi também tremendamente marcado por alterações no cenário político e administrativo E um nome ganha destaque ímpar nesse contexto o marquês de Pombal Nomeado ministro de D José I Pombal fi gura entre as mais destacadas personagens da Europa no século XVIII um déspota esclarecido O que vem a ser isto Bom déspota você sabe o que é Tratase de uma pessoa que exerce autoridade arbitrária e até História na Educação 2 História do Brasil colonial 24 C E D E R J absoluta E esclarecido é aquele que tem luz conhecimento informação e consciência de suas atitudes autoritárias São fi guras políticas típicas do Iluminismo quando se acreditava que apenas o conhecimento e a educação poderiam levar um povo ao estado de civilização avançada Pombal representou em Portugal e nas suas Colônias essa fi gura Ele criou uma importante reforma O seu objetivo era baratear a administração e centralizar o poder nas mãos do monarca Tentou tornar o aparelho de poder da Coroa o mais efi ciente possível E o refl exo de suas atitudes fi zeramse sentir aqui no Brasil Implementou companhias de comércio para otimizar a economia colonial proibiu a discriminação racial e religiosa abrindo as portas para o retorno do capital dos judeus proibiu o uso da língua geral e permitiu aos descendentes de índios a ocupação de cargos administrativos Uma de suas mais drásticas decisões foi a de expulsar os jesuítas do Brasil a mais importante e poderosa ordem religiosa aqui estabelecida Foi uma tentativa de intimidar o crescente poder exercido pelos jesuítas em vários setores da vida colonial O resultado foi um duro golpe na educação pois eles controlavam todas as fases do ensino no Brasil Pombal tentou substituílos com a criação das chamadas AULAS RÉGIAS proferidas por professores não centrados em instituições de ensino O resultado foi uma maior elitização do saber e uma desestruturação da educação em geral Ao fi ndar o século XVIII o Brasil já apresentava a sua forma continental Embora com uma densidade populacional ainda rala os vários pontos de seu vasto território estavam interligados A mineração interiorizou a Colônia A administração ganhou uma arquitetura mais funcional Já se falava em brasileiro não só aqueles que trabalhavam com o paubrasil mas como a população que habitava estas terras O sentimento nativista começa a despontar e a ganhar relevo nas discussões políticas Em 1808 a família real transferese para o Brasil que passa a ser a sede da monarquia Estava dado um passo importante para o processo da Independência do Brasil que poria fi m ao período colonial AULAS RÉGIAS Assim chamavamse as aulas instituídas por Pombal depois da expulsão dos jesuítas Um professor era nomeado e tornavase o dono de uma aula leiase uma matéria Latim Retórica Grego Cada aula era independente e não se articulava às demais Não havia um sistema educacional C E D E R J 25 AULA 11 ATIVIDADE FINAL O século XVIII apresentase como um período de consolidação e de reforma Baseandose no que você aprendeu trace uma relação entre o século XVIII e a atualidade brasileira dando destaque às idéias de consolidação e reforma RESPOSTA COMENTADA Diversos são os caminhos que você pode trilhar para resolver essa atividade Se você levou em consideração que mudanças administrativas e educacionais foram implementadas como uma estratégia que serviu ao mesmo tempo para consolidar a colonização e reformar os pontos fracos da dominação você seguiu um bom caminho O Brasil entrou no cenário internacional a partir da expansão comercial que inaugurou a Idade Moderna Portugal objetivava negociar especiarias entre o Oriente e a Europa Neste processo de expansão o Brasil foi descoberto e passou paulatinamente a compor o cenário do Mercantilismo até transformarse já no século XVII na mais importante Colônia de Portugal Ao elevarse a esta destacada categoria começou a construir por diversos caminhos uma identidade que cada vez mais o distinguia da metrópole Na passagem do século XVIII para o XIX o Brasil apresentava os sintomas de querer ser Brasil R E S U M O História na Educação 2 História do Brasil colonial 26 C E D E R J LEITURA RECOMENDADA Quer ampliar os seus conhecimentos sobre os índios e os primeiros contatos com os europeus Quer fazer isso lendo um livro muito bem escrito sobre uma belíssima história que mistura aventura navegação descobrimento e compromisso ético Então leia o muito bem pesquisado e escrito livro de Leyla PerroneMoisés Vinte luas Viagem de Paulmier de Gonneville ao Brasil 15031505 São Paulo Companhia das Letras 1992 Tratase de uma ótima obra que retraça a história de um navegador francês que vem ao Brasil na região Sul no começo do século XVI e leva consigo o fi lho do chefe de uma tribo mediante a promessa de que o traria de volta em vinte luas Uma leitura instigante e informativa SITE RECOMENDADO E A prefeitura do Rio de Janeiro junto com a MultiRio empresa ligada à Secretaria de Educação desenvolveu um site muito bemfeito com amplo material e de fácil consulta sobre o Brasil colonial É uma ótima fonte de pesquisa com textos simples e corretos e boas ilustrações httpwwwmultiriorjgovbrhistoriaindexhtml Vou indicar um fi lme que considero bastante interessante e ilustrativo do viver na Colônia no século XVI Chamase Desmundo Baseado no romance histórico homônimo da escritora Ana Miranda o fi lme conta a história de uma moça órfã que foi enviada ao Brasil para se casar com um homem que escolhesse tirandoa assim da situação de penúria e abandono que vivia m Portugal Mas ela não gosta nem um pouco daquele que a escolheu e sua ida tornase um tormento O fi lme foi dirigido por Alain Fresnot lançado em 2003 pela Columbia Pictures do Brasil MOMENTO PIPOCA O que é história local e do cotidiano O que é É o eixo em que são trabalhados conteúdos com base na relação do aluno com seu espaço no seu e em outros tempos O estudo da história local e do cotidiano faz com que as crianças das séries iniciais se percebam como parte integrante da História por meio das vivências pessoais com sua comunidade Com a reflexão sobre o desenvolvimento da sua região e a comparação com os grupos antigos que lá viviam o aluno é capaz de entender que a História que está nos livros é construída pela ação de diversos povos e classes sociais Ao conhecer a história da sua localidade os alunos não estudam a disciplina apenas como um acumulado de datas e fatos As aulas fazem parte de um processo de formação de sujeitos mais conscientes e críticos preparados para a experiência e a prática da cidadania Há menos de uma geração as aulas eram resumidas à memorização de episódios e à apreciação das figuras heroicas que estampavam os livros didáticos O conteúdo trabalhado em sala seguia o calendário cívico de feriados nacionais e datas comemorativas o que mantinha as aulas restritas a um passado descontextualizado Até hoje no entanto muitas escolas usam essa abordagem que além de desestimular faz com que a turma não se sinta parte desse processo histórico Como resultado disso o que se vê muitas vezes são alunos com grandes dificuldades em ligar os ideais de vida coletiva e em sociedade ao seu papel cidadão Para Daniel Helene coordenador pedagógico do Centro de Estudar Acaia Sagarana em São Paulo é importante sim tratar de temas do cotidiano e dos hábitos mas sem abandonar a perspectiva histórica de como eles se relacionam e se encadeiam em panoramas mais gerais Estudar a história de como as pessoas se sentavam à mesa ou se alimentavam no século 18 tem sua importância mas não é equivalente e nem substitui o estudo de grandes temas da História como a Revolução Francesa ou a Inconfidência Mineira diz o educador Por que ensinar Por meio da observação da realidade local a turma pode entrar em contato com os primeiros conceitos históricos e aprender a construir ligações entre o cotidiano e os aspectos mais amplos da vida social Desde pequenas as crianças recebem um grande número de informações sobre as relações sociais e coletivas Mas muitas dessas reflexões são sustentadas por ideias que vêm do senso comum Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de História cabe à escola interferir nas concepções de mundo dos alunos para que desenvolvam uma observação atenta do seu entorno No decorrer da vida escolar os estudantes aprofundam o modo como observam e compreendem a sociedade em que vivem Coletando por meio de depoimentos a história dos moradores do seu bairro por exemplo as crianças começam a estabelecer as primeiras noções de diferenças e semelhanças É assim que elas passam a compreender as ideias do eu e também do outro que compartilha com elas o mesmo tempo e espaço formando então a noção do nós Com esse sentimento criamse as concepções de grupo que se estendem da sala de aula que dividem ao bairro ao país ou até em comunidades globais Os conhecimentos relacionados ao eixo estão próximos da realidade dos alunos sobretudo nas séries iniciais quando estão começando a aprendizagem dos conceitos históricos Ao estudar a cidade onde vivem e tecer junto dela a sua história as crianças descobrem seus encantos e problemas e aprendem a propor soluções defender e pensar com embasamento as questões do lugar onde vivem Localidade Quando o aluno procura as conexões entre a História e a vida de sua comunidade o conteúdo sai dos livros e passa a repercutir em sua vida É por meio da localidade que os assuntos historiográficos ganham sentido no dia a dia do aluno É uma ferramenta potente de ensino diz Daniel Helene coordenador pedagógico do Centro de Estudar Acaia Sagarana E é fundamental ressaltar a sua importância nesse trabalho É você quem faz o papel de articulador entre a história local e um contexto mais amplo Segundo as Orientações Curriculares da Prefeitura de São Paulo pensar sobre a localidade é uma aprendizagem significativa que vai além dos aspectos cognitivos dos envolvidos no processo mas está intimamente ligada a suas referências pessoais sociais e afetivas Relacionar a história cotidiana a outros períodos é uma ótima opção para trabalhar a localidade Por meio de mapas antigos ou mesmo de fotografias de diferentes épocas os alunos das séries iniciais podem comparar as alterações feitas na cidade ao longo do tempo o que pode ser feito por meio de antigos mapas e mesmo fotografias de diferentes períodos históricos do município No caso dos mapas uma análise comparativa das principais transformações pode estimular a garotada a distinguir e dar nome aos espaços com termos como rural e urbano explica Dora Martins Dias e Silva autora de livros didáticos A visualização dessas transformações também pode auxiliar na compreensão mais abstrata dos conceitos de mudança e permanência Neste link você encontra imagens da construção de Brasília e como ela está hoje que podem ser usadas para a observação das mudanças O ideal é que os estudantes estejam em contato com a maior diversidade de materiais possível fotografias pinturas esculturas filmes Mas o trabalho não deve se esgotar somente na observação Por meio dessas fontes históricas os alunos aprendem também a tirar conclusões e questionar os dados fornecidos Qual a relação entre os personagens retratados Que lugar é retratado Como esse lugar se encontra nos dias atuais Quem é o autor De que época ele é Essas são perguntas que ajudam a turma a analisar e confrontar o passado e o presente e não apenas vêlos sob uma ótica cronológica Para estimular o espírito crítico da criançada é importante refletir sobre os conteúdos dos livros didáticos e apresentálos como uma das muitas formas de se contar a História seja do tempo presente ou passado No vídeo que complementa este texto você conhece o projeto da vencedora do Prêmio Victor Civita 2011 Elaine Adriana Rodrigues de Paula de Catas Altas a 142 quilômetros de Belo Horizonte Para estudar com o 3º ano a história local e seus costumes a professora propôs à turma uma pesquisa sobre objetos antigos como utensílios domésticos e instrumentos de trabalho que permanecem guardados nas casas Na sequência os alunos entrevistaram familiares visitaram um museu da cidade e leram artigos históricos Depois de produzir e revisar muitos textos as crianças fizeram desenhos de observação dos objetos estudados e reuniram tudo em um livro Fonte httprevistaescolaabrilcombrfundamental1roteirodidaticohistorialocal cotidiano123anosshtml640515shtmlpage0 Visitado em 30072013 Vídeo httpyoutubeRxLFmwmUbdc UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO UERJ DISCIPLINA HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO 2 ALUNOA MARIZA ISABEL MAGALHÃES POLO PARACAMBI MATRICULA 24112080400 AD2 DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO 2 20251 PROPOSTA DE ATIVIDADE Ano 4º ano do Ensino Fundamental Componente Curricular História Duração 2 aulas Tema Como a produção do café influenciou a história do Brasil e da minha cidade Quem são as pessoas que ajudaram a construir o lugar onde vivemos Objetivos Compreender a importância do café para a economia brasileira do século XIX Relacionar os acontecimentos do Império com a história local e familiar dos alunos Estimular a percepção de mudança e permanência no espaço onde vivem Desenvolver habilidades de pesquisa observação escuta e representação gráfica Habilidades EF04HI03 EF04HI06 1 Metodologia Exploração Inicial sala de aula Apresentar de forma lúdica com imagens e mapas como o café foi importante na economia do Brasil no século XIX Conectar com a ideia de que a história também está onde vivemos Nosso bairro tem história O que mudou desde a época dos nossos avós Atividade de Produção sala de aula Formar grupos para construir uma linha do tempo em cartolina que relacione dois eixos a A história do Brasil Império e o ciclo do café b As mudanças percebidas no bairro ou cidade com base em relatos familiares Após a produção cada grupo apresentará sua linha do tempo Após a apresentação levantaremos discussões com algumas perguntas como Onde era plantado o café na nossa região Algum antepassado seu trabalhou em fazendas Como eram as ruas e casas no tempo dos seus avós 2 Atividade de pesquisa Tema da Pesquisa Histórias e Memórias do Meu Bairro Orientações Entrevistar um familiar ou morador mais velho da comunidade com perguntas orientadoras como Como era o bairro quando você era criança Existiam plantações trilhos de trem pontos históricos importantes Há alguma história sobre fazendas ou produção agrícola na região O que mais mudou e o que continua igual Produto Esperado Cada aluno deverá entregar um pequeno relato escrito ou desenhado se preferir com base na entrevista podendo incluir fotos ou desenhos Esse material será apresentado em sala e poderá compor um mural coletivo Nosso bairro nossa história 3 Resultados esperados Aproximação dos alunos com a História de forma significativa e concreta Ampliação do repertório crítico dos estudantes sobre o Brasil Império e sua continuidade nos dias atuais Valorização da história oral e local como fonte de conhecimento Participação ativa da família no processo de aprendizagem 4 Referências Aula 13 O Império brasileiro 18221889 Aula 14 O Império brasileiro 2 BRASIL Ministério da Educação Base Nacional Comum Curricular Brasília 2018 O que é história local e do cotidiano Disponível em httprevistaescolaabrilcombrfundamental1roteirodidaticohistorialocalcotidiano 123anosshtml640515shtmlpage0 Exercício Ligue as duas colunas Tema Aula 12 A cidade do Rio de Janeiro nos períodos colonial e imperial Instrução Ligue os elementos da coluna da esquerda com os seus significados ou acontecimentos na coluna da direita Coluna A 1 Rio de Janeiro no período colonial 2 Chegada da família real portuguesa 1808 3 Porto do Rio de Janeiro 4 Criação da Imprensa Régia 5 Rio como capital do Império Coluna B Virou a sede do poder do Brasil e passou a crescer muito Recebia produtos do Brasil e de outros países Cidade com importância comercial e militar Trouxe muitos avanços culturais e econômicos Começo das publicações de jornais no Brasil Gabarito 1 C Cidade com importância comercial e militar 2 D Trouxe muitos avanços culturais e econômicos 3 B Recebia produtos do Brasil e de outros países 4 E Começo das publicações de jornais no Brasil 5 A Virou a sede do poder do Brasil e passou a crescer muito Exercício 2 Tema Aula 13 História Contemporânea A Ascensão da Burguesia Instrução Leia as frases abaixo e marque V se forem verdadeiras ou F se forem falsas 1 A burguesia surgiu como um grupo que defendia os reis e o poder absoluto 2 Os burgueses eram comerciantes donos de fábricas e queriam liberdade para produzir e vender 3 Com a Revolução Industrial a burguesia passou a ter mais poder político e econômico 4 A burguesia queria o fim dos privilégios da nobreza e do clero 5 Os burgueses acreditavam que todos deveriam seguir apenas uma religião Gabarito 1 F 2 V 3 V 4 V 5 F
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objetivos Meta da aula Meta da aula Apresentar algumas abordagens possíveis dos conhecimentos que envolvem a História do Brasil Colônia sob a ótica dos PCN Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de refl etir sobre termos usualmente utilizados para o processo de conquista e colonização identifi car alguns atores do processo de colonização refl etindo sobre os papéis históricos a eles imputados reconhecer o caráter destrutivo da ocupação da terra para os diferentes ecossistemas destacandose o caso da Mata Atlântica História do Brasil Colônia 2 12 A U L A Prérequisito Prérequisito Para um melhor acompanhamento desta aula você deve retornar à Aula 11 que trata dos conhecimentos históricos básicos para o período colonial brasileiro a fi m de conectálos com o ensino de História História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 8 C E D E R J INTRODUÇÃO Nomear é uma ação impregnada de signifi cados Não existe neutralidade nessa tarefa pois ela embute sentimentos valores sentidos posicionamentos sociais políticos e econômicos Será que os islâmicos ortodoxos se vêem sentemse e se posicionam como fundamentalistas Claro que não Esse é um olhar que a cultura ocidental dominante lança sobre eles Nesse sentido um importante debate deve estar presente no ensino de História para as Séries Iniciais a desmistifi cação do descobrimento O registro da chegada dos portugueses na América do Sul como um feito de descoberta traduz uma perspectiva eurocêntrica isto é interpreta a História a partir das vivências e signifi cados dos europeus A idéia de descobrimento portanto além de exaltar o feito português procura apagar uma constatação óbvia as terras da América só não eram conhecidas pelos europeus pois inúmeros povos muitos séculos antes das Grandes Navegações já as tinham descoberto e desbravado Essa desvalorização da presença secular dos povos indígenas nas Américas desdobrase na crença nos direitos de propriedade domínio e colonização dos europeus sobre o Novo Mundo Notase que esse processo foi como já vimos impregnado pelas justifi cativas de caráter religioso e civilizatório isto é ao europeu cabia dominar para converter os nativos ao cristianismo católico ou protestante e para ensinar os valores padrões costumes e práticas civilizadas Em busca de uma nova perspectiva histórica de abordagem passouse a utilizar a expressão encontro de culturas com a fi nalidade de designar esse momento no qual os navegantes europeus se confrontaram com as sociedades indígenas Essa abordagem entretanto não fi cou livre igualmente de críticas as quais demarcaram o quanto a expressão encobre a violência da tomada de posse e de colonização dos europeus sobre as terras americanas Fica claro que as terminologias usualmente utilizadas não dão conta da com plexidade do processo histórico Se por um lado a chegada dos europeus ao continente desconhecido traduz efetivamente um feito épico por outro sob a ótica das sociedades indígenas das Américas é inegável que esse processo foi de invasão conquista e dominação No contexto das Séries Iniciais é preciso imenso cuidado para que a grandiosi dade do feito europeu não ofusque a percepção de que concomitantemente se processou uma invasão Dessa maneira devemos ter atenção com a visão civilizatória da colonização incutida na nossa própria cultura que inferioriza as ricas culturas dos povos indígenas C E D E R J 9 AULA 12 A colonização não pode ser entendida como um direito europeu não pode ser naturalizada Deve se dar espaço para a percepção da violência do processo de ocupação européia que além da terra roubou muitas vezes a identidade e aniquilou milhares de vidas 1 Leia atentamente o texto de Manoela Carneiro da Cunha Povos e povos indígenas desapareceram da face da terra como conseqüência do que hoje se chama num eufemismo envergonhado o encontro de sociedades do antigo Europa e do Novo Mundo AméricaCUNHA apud VAINFAS 1995 p 7 Identifi que no texto a expressão que demarca a visão crítica da autora quanto ao uso da expressão encontro de culturas para designar o processo de conquista e colonização da América pelos europeus RESPOSTA COMENTADA A expressão eufemismo envergonhado é identifi cada como uma forma de suavizar a violência do processo As marcas discursivas dos textos devem ser trabalhadas em sala de aula Embora a autora não esteja diretamente discutindo o conceito de encontro de culturas ela se posiciona em relação a ele Observe que se retirássemos o trecho em evidência do parágrafo não haveria prejuízo da idéia central discutida por Manuela Carneiro da Cunha mas não teríamos condições de discutir seu posicionamento quanto ao uso do conceito de encontro de culturas Lembrese sempre pequenas marcas no texto podem dizer muito ATIVIDADE BANDIDOS E MOCINHOS DA COLONIZAÇÃO UMA VISÃO A SE SUPERAR NO ENSINO Os indígenas A consolidação da colonização necessitou obviamente de colonos Nesse momento identifi couse um primeiro movimento de imigração de portugueses para o Brasil A oportunidade de enriquecimento a História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 10 C E D E R J nomeação para um cargo pelo rei o degredo a fuga de perseguições religiosas dentre outras foram motivações que trouxeram imigrantes para as terras americanas Nem todos vieram com família Havia portanto uma imensa desproporcionalidade entre homens e mulheres de origem européia As difi culdades de adaptação ao clima e as doenças locais não eram pequenas e além disso a constância dos confrontos com os indígenas também provocavam um aumento na mortalidade Os indígenas não diferenciavam portugueses ou franceses Alia vamse aos invasores que lhes apresentassem mais vantagens mesmo que momentâneas Os tupinambás por exemplo foram aliados dos franceses contra os portugueses que por seu turno eram apoiados pelos temiminós na disputa pelo controle da baía de Guanabara Martim Afonso de Sousa instalou em 1531 uma casa forte na desem bocadura do rio Carioca Abandonada a área foi tomada pelos fran ceses em 1555 Mem de Sá em 1560 expulsou os franceses e deixou a região Franceses e tupinambás se reorganizaram construindo fortalezas UruçuMirim na região da Carioca e Paranapuam na ILHA DO GATO A Coroa portuguesa decidiu então fixarse na região fundando a cidade do Rio de Janeiro 1 de março de 1565 Após mais de uma década os franceses foram defi nitivamente expulsos 1567 mas os tupinambás formaram aldeias na região de Niterói e continuaram a atacar os portugueses e seus aliados Em 1575 desferiram um ataque que detonou uma forte reação portuguesa Uma tropa com cerca de 400 homens brancos e 700 índios amigos promoveu a destruição dos redutos tupinambás de Niterói até Cabo Frio Mais de mil índios foram mortos Refl etir sobre a construção histórica dos papéis de bandido e mocinho dever ser uma preocupação do ensino de História Os indígenas tiveram de acordo com o papel desenvolvido tratamento diferenciado Os tupinambás foram tratados como traidores pelos portugueses porque se aliaram aos franceses Por outro lado hoje em frente ao ancoradouro das barcas em Niterói a estátua de Arariboia homenageia o chefe dos temiminós que lutaram ao lado dos colonizadores portugueses contra os franceses e tupinambás Claro que se os franceses tivessem vencido a disputa os bandidos e mocinhos seriam outros A ILHA DO GATO foi chamada posteriormente de ilha do Governador C E D E R J 11 AULA 12 Os bandeirantes A vila de São Paulo de Piratininga foi fundada em 1554 e se caracterizou como um núcleo pobre e sem recursos Nesse sentido a prática de expedições para o sertão tornouse comum Era no interior que os paulistas iam buscar mãodeobra escravos indígenas e procuravam encontrar metais e pedras preciosas Nesse cenário de restrições surgiu a fi gura dos bandeirantes líderes expedicionários Na literatura didática tradicional os bandeirantes aparecem como heróis do desbravamento do sertão São representados como homens determinados e corajosos que atuaram para o crescimento do controle territorial português na América Na verdade as difi culdades econômicas que experimentavam foram de fato as maiores motivações para que esses homens se embrenhassem nas matas subissem e descessem rios enfrentassem animais indígenas e doenças Era portanto a necessidade de sobrevivência e não alguma espécie de outro sentimento nobre que os movia Sem dúvida coube aos vicentinos paulistas a proeza de descortinar os caminhos para o sertão reconhecendo e dominando territórios Suas expedições foram deixando em seus rastros lugarejos e vilas que serviam de base para reabastecimentos das tropas Essas incursões ao interior portanto colaboraram para a ampliação dos territórios lusos na América ao estender a presença colonial para além do litoral e do planalto de São Vicente No entanto nada disso justifi ca que pensemos nos bandeirantes como heróis da formação de uma colônia unifi cada Não era essa a motivação dos bandeirantes eles não estavam ligados aos interesses da Coroa portuguesa E isso fi ca bastante visível durante o episódio da descoberta do ouro na região das Minas Gerais Após descobrirem o ouro os bandeirantes não aceitaram pacifi camente o controle administrativo da metrópole e a onda migratória que se seguiu à divulgação da notícia O descontentamento foi tanto que gerou a Guerra dos Emboabas na qual paulistas e portugueses se confrontaram pelo controle da exploração do ouro e do comércio local História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 12 C E D E R J Em 1693 foram descobertas os primeiros focos de ouro A notícia da existência de metal precioso na região de Minas Gerais gerou uma corrida avassaladora de homens em busca de enriquecimento Esses migrantes vindos do litoral e imigrantes vindos da metrópole chegaram às centenas numa região sem qualquer infraestrutura Os primeiros anos da mineração foram marcados por carestia e desordem Vilas surgiam e desapareciam seguindo o ritmo de produção dos veios de ouro encontrados A produção de alimentos na região era precária estimulando o surgimento de propriedades voltadas para o abastecimento e o estabelecimento de um comércio de longa distância Com o passar do tempo feijão milho e marmelada vinham de São Paulo o gado de corte vinha da Bahia as bestas e mulas eram enviadas do Sul e os produtos portugueses e escravos africanos chegavam do Rio de Janeiro A desmistifi cação da imagem do bandeirante precisa ser trabalhada nas Séries Iniciais O papel de bandido e mocinho sempre se constrói a partir de um lugar social de uma posição histórica logo é preciso fazer que o estudante refl ita sobre as visões maniqueístas que no passado e no presente se constroem Os bandeirantes devem portanto ser analisados de forma não romântica Atuaram na História a serviço dos interesses de sua sobrevivência não para a grandeza da colonização portuguesa Por outro lado desbravaram o sertão a custa da escravidão indígena legalmente proibida desde 1639 exterminando milhares de nativos com a realização das expedições e com o trabalho escravo Os jesuítas O processo de ocupação do território brasileiro foi acompanhado desde cedo pelos jesuítas em 1549 os primeiros membros da ordem chegaram ao Brasil que tinham como missão básica converter os gen tios Com esse objetivo os jesuítas montaram aldeamentos e missões Esses redutos permitiam a cristianização dos indígenas e sua utilização como mãodeobra Na prática todas as ordens religiosas especialmente a Companhia de Jesus tornaramse grandes proprietárias de terras produtoras de arti gos para a exportação e senhoras de escravos africanos Defenderam em oposição a não escravização do indígena o que gerou imensos confl itos com colonizadores e colonos C E D E R J 13 AULA 12 A Companhia de Jesus e outras ordens construíram aldeias e missões onde as comunidades indígenas pacificadas eram ensinadas convertidas e organizadas de acordo com os valores europeus O trabalho nessas comunidades era coletivo sendo teoricamente realizado para prover a subsistência Na realidade uma imensa disponibilidade de mãodeobra livre mas gratuita ficava sob o domínio das Ordens que a utilizava para produção inclusive de artigos de exportação Nesse sentido a escravidão indígena não era interessante Na vila de São Paulo de Piratininga colonos e inacianos divergiram intensamente sobre o apresamento e a escravização dos indígenas Em 1640 os jesuítas chegaram a ser expulsos retornando em 1643 sob a proteção de um alvará do rei D João IV As desavenças entre as partes contudo perduraram por mais uma década No Rio de Janeiro houve confl ito entre os colonizadores e os inacianos pelo controle do território A Companhia de Jesus reivindicou de 42 da sesmaria da Câmara a partir de 1643 Só em 1754 os limites das sesmarias foram demarcados mas a Câmara perdeu boa parte das terras públicas Outro conflito no qual se envolveram os jesuítas foi o da preservação dos manguezais da cidade Movido tanto pelos interesses de não verem suas terras invadidas e pelo conhecimento da importância do ecossistema para a reprodução de peixes e crustáceos os inacianos se colocaram contra diversos seguimentos de colonos lenhadores donos de curtumes produtores de cal carvoeiros e catadores de caranguejos e proibiram o uso dos manguezais contíguos às suas propriedades A Companhia de Jesus era no Rio de Janeiro proprietária de engenhos lavouras olarias madeireiras imóveis urbanos e rurais o que gerava um grande descontentamento na população local A eliminação do poder político e econômico da Companhia de Jesus ocorreu com sua expulsão do reino de Portugal e suas colônias em 1759 quando suas propriedades foram confi scadas pela Coroa História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 14 C E D E R J Os abusos e o enriquecimento dessas ordens podem ser o ponto de partida para a discussão do papel das instituições religiosas na sociedade assim como podem oportunizar a percepção do poder de controle que a religiosidade pode desenvolver em nome da evangelização e da pregação de uma visão de mundo única e indiscutível Essas temáticas são caras para a Educação em um momento crescente de movimento religioso ortodoxos e de fundamentalismos 2 Em 1760 o exjesuíta Bento Pinheiro dOrta da Silva Capeda em de poimento ao Bispado do Rio de Janeiro por ocorrência da aplicação da Reforma da Companhia de Jesus afi rmava A Companhia Exmo Sr estava já hoje neste Brasil como um esqueleto do Instituto e hediondo cadáver da verdadeira observância acabou o espírito com que Santo Inácio fundou esta Religião porque com horrorosa metamorfose aquele zelo da salvação de almas aquela profunda humildade se trocou em espírito de torpe ambição e monstruosa soberba Se mudou em soltura escandalosa de língua e lastimosa devassidão de costumes apud CAVALCANTI 2004 p 71 a Identifi que as práticas dos jesuítas que justifi caram a caracterização negativa apresentada no depoimento b Comente a linguagem que o depoente utilizou para dar ênfase ao seu repúdio pela deturpação da Companhia de Jesus RESPOSTA COMENTADA A interferência nos assuntos políticos o poder econômico acentuado e utilização da mãodeobra indígena foram alguns dos aspectos que desgastaram a imagem da Companhia na metrópole e na colônia Numa perspectiva interdisciplinar é importante analisar a linguagem utilizada pelo depoente como um recurso de força argu mentativa Observe que o os adjetivos pesados e extremamente negativos estão antecedendo os substantivos dando eloqüência ao discurso ATIVIDADE C E D E R J 15 AULA 12 A DEVASTAÇÃO DO PARAÍSO Uma outra questão que pode ser trabalhada nesse processo de ocupação do litoral é a da devastação da Mata Atlântica Essa temática merece bastante atenção porque os PCN apresentam o Meio Ambiente como um de seus eixos temáticos transversais No ano de 1500 esse ecossistema cobria cerca de 97 do território do atual Estado do Rio de Janeiro Observe os mapas comparativos que seguem A Mata Atlântica é o ecossistema de fl oresta da encosta da Serra do Mar brasileira considerado o mais rico do mundo em biodiversidade Era a segunda maior fl oresta tropical úmida do Brasil só comparável à fl oresta Amazônica Originalmente estendiase do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e ocupava 13 milhão de km2 Hoje restam apenas cerca de 5 de sua extensão original A Mata Atlântica é composta por formações bem distintas a floresta do litoral composta por Floresta de Planície e de Encosta Serra do Mar a floresta de planalto que acompanham as serras costeiras Floresta Semidecídua e os ecossistemas associados a floresta mista com araucária os campos de altitudes os manguezais as restingas Formações pioneiras Flore semi aia Figura 121 Perfi l topográfi co das diversas formações da Mata Atlântica Floresta Ombrófi la Densa Floresta Estacional Semidecidual Área Urbana Mata Domínio da Mata Atlântica História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 16 C E D E R J No período colonial a Mata Atlântica foi devastada pelo extra tivismo descontrolado pela prática das queimadas pelo desmatamento para a formação de fazendas pelo crescimento das cidades dentre outros fatores Mas é importante que você tenha em mente que a devastação continuou mesmo após a independência o fi m do escravismo e a pro clamação da República No caso do Rio de Janeiro por exemplo o crescimento da lavoura do café no século XIX provocou estragos imensos no vale do rio Paraíba do Sul Dados publicados pela Fundação SOS Mata Atlântica demonstraram que em 1990 restavam cerca de 928858 hectares de fl orestas no Estado do Rio de Janeiro o que correspondia a 211 da superfície da unidade federativa Entre 19901995 e 19952000 foram perdidos respectivamente 140372 hectares e 3773 hectares Embora seja possível observar um declínio signifi cativo da devastação no último qüinqüênio retratado o estado de conservação das fl orestas ainda é crítico Ao longo de 500 anos de exploração a Mata Atlântica foi sendo reduzida a pequenas manchas verdes a redutos ao longo da costa Além da evidente perda da biodiversidade várias espécies endógenas que só ocorrem nesse ecossistema desapareceram ou correm risco de desaparecer A redução das áreas fl orestais e a ausência de contato entre um bolsão verde e outro compromete a diversidade genética das espécies existentes O desaparecimento de uma espécie pode comprometer outras que dela dependem ou dela se alimentam A perda da cobertura vegetal empobrece o solo permite a erosão e afeta os mananciais de água O exemplo da Floresta Atlântica pode servir de ponto de partida para a refl exão sobre a destruição de outros ecossistemas ao longo do tempo Constantemente ouvimos os alertas em relação à Floresta Amazônica deteriorada pelo avanço da fronteira agrícola e pelo garimpo Entretanto na atualidade talvez seja o cerrado o ecossistema mais agredido especialmente a partir da expansão do cultivo de soja voltado para a exportação na região CentroOeste do país Não podemos também mitifi car a relação das populações indígenas com a Natureza As comunidades agrícolas que habitavam os domínios da Mata Atlântica desenvolviam ações de interferência no ecossistema Não havia portanto uma Mata Atlântica integralmente virgem por oca sião da chegada dos europeus nem tampouco uma relação harmoniosa C E D E R J 17 AULA 12 indígenasNatureza sem nenhum tipo de impacto ambiental Essa percepção crítica do mito do bom selvagem pode ajudar na refl exão de questões contemporâneas como a constante presença de notícias do envolvimento das comunidades indígenas com exploração de madeira garimpo ilegal tráfi co de animais etc ações muitas vezes implementadas nas reservas indígenas É fundamental que a Educação contemporânea refl ita sobre a relação do homem com a Natureza É importantíssimo que recuperemos a percepção da dimensão da espécie animal na qual estamos incluídos Como qualquer outra espécie estamos inseridos em ecossistemas dos quais retiramos a sobrevivência Urge portanto que se redimensione o signifi cado de riqueza e os interesses que movem a ação humana Caso a espécie humana não seja capaz de rever e redefi nir seu posicionamento frente ao universo abdicando de uma visão utilitarista consumista e depredadora a pena pode ser cedo ou tarde a nossa própria extinção 3 Texto 1 não fará prejuízo e água da dita Carioca antes a terá limpa como se requer e não permitirá coisa alguma assim de roça como bananais e legumes e as mais coisas que se plantam Ao longo do dito Rio fi carão cobertas de mato virgem o qual não derrubará nem se cortará de maneira que esteja sempre em pé e quando servise do dito Rio com sua água assim para beber e lavar roupa fará na parte e lugar para isso Carta de sesmaria 1611 apud CAVALCANTI 2004 p 35 Texto 2 Vaise estendendo a agricultura nas bordas dos rios no interior do país mas com um método que com o tempo será muito prejudicial Queimados estes bosques semeiam por dois ou três anos enquanto dura a fertilidade produzida pelas cinzas a qual diminuindo deixam inculto este terreno e queimam outros bosques Domenico Vandelli Memória sobre algumas produções naturais deste reino 1789 apud PÁDUA 2004 42 Texto 3 Mas como se acham hoje todas as antigas povoações Como corpos desanimados Porque os lavradores circunvizinhos que por meio da agricultura lhes forneciam os gêneros de primeira necessidade depois de reduzirem a cinza todas as árvores depois de privarem a terra da sua ATIVIDADE História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 18 C E D E R J CONCLUSÃO A abordagem do conhecimento histórico nas Séries Iniciais não deve priorizar conteúdos É importante que o estudante tenha dimensão da violência do processo de colonização quer pela eliminação física quer pela destruição das identidades das populações indígenas e africanas É igualmente importante que o aluno seja capaz de refl etir sobre a imagem que se construiu sobre cada agente histórico Perceber que outras histórias são contadas que os bandidos para uns foram os heróis de outros Por fi m não podemos deixar de refl etir sobre as perdas de vidas saberes e culturas ocorridas no contexto do processo de colonização mais vigorosa substância a deixaram coberta de sape e samambaias e abandonando as suas casas com todos os seus engenhos ofi cinas e abegoarias se foram estabelecer em novos terrenos José Gregório de Moraes Navarro Discurso sobre o melhoramento da economia rústica no Brasil 1799 apud PÁDUA 2004 p 34 Proponha formas de abordagem dos três textos de época no contexto do ensino de História nas Séries Iniciais utilizando os PCN como norteadores metodológicos RESPOSTA COMENTADA Diversas são as opções possíveis Os textos poderiam ser trabalhados juntamente com imagens de época e atuais Neste caso caberia ao docente estimular a identifi cação de continuidades e descontinuidades Poderiam também ser confrontados com textos atuais que retratam situações semelhantes propiciando a refl exão sobre a permanência de atitudes e valores Além disso poderiam ser o mote para a discussão da destruição em áreas de ocupação recente que tem no processo de exploração econômica sua justifi cativa básica O importante é que as abordagens sejam pensadas para promover novos valores na relação homemNatureza que abdiquem de uma visão utilitarista C E D E R J 19 AULA 12 ATIVIDADE FINAL Evidências seguras da existência de caçadorescoletores na região da Mata Atlântica datam de 11 mil anos Já a imigração crescente de europeus se deu a partir de 1492 intensifi candose nos séculos XVI e XVII Leia o texto de Leonardo Boff que segue Em toda as partes da Terra existem povos originários que vivem a dimensão do sagrado e da religação com todas as coisas São aqueles que embora vivam em nosso tempo sincronia não se encontram no mesmo nível evolucionário que nós contemporaneidade Em sua grande maioria se encontram no mesmo nível evolucionário das vilas do Neolítico Mas são portadores de um signifi cado importante para a crise ecológica e para animar alternativas ao tipo de relação que nós estabelecemos para com a natureza BOFF1995 p 190 Estabeleça uma ligação entre a informação do enunciado e o texto de Boff RESPOSTA COMENTADA A refl exão de Boff para a contemporaneidade pode ser facilmente relacionada com o contexto da colonização pois o homem branco civilizado racional e cristão promoveu em 500 anos a devastação que os moradores milenares não foram capazes de promover Sem dúvida temos muito a aprender por meio do conhecimento desses povos e de suas formas de se relacionar com a Natureza Discutiramse as terminologias utilizadas para designar o momento da chegada dos europeus à América Posteriormente trabalhouse criticamente os papéis históricos de certos atores sociais do processo questionando a imagem de bandidos e mocinhos imputados a eles Por fi m estabeleceuse uma análise do processo de destruição dos ecossistemas provocado pela colonização a partir do caso da Mata Atlântica R E S U M O História na Educação 2 História do Brasil Colônia 2 20 C E D E R J LEITURAS RECOMENDADAS ASSUNÇÃO Paulo de Os jesuítas no Brasil Colonial São Paulo Atual 2003 COELHO Maria Célia Nunes A ocupação da Amazônia e a presença militar São Paulo Atual 1998 PAIVA Eduardo França O ouro e as transformações na sociedade colonial São Paulo Atual 1998 SCATAMACCHIA Maria Cristina Mineiro O encontro entre culturas São Paulo Atual 1994 SILVEIRA Marco Antônio Os arraiais e as vilas de Minas Gerais São Paulo Atual 1996 SOUSA Avanete Pereira Salvador capital da colônia São Paulo Atual 1995 Essas obras são da Coleção A vida no tempo da editora Atual e dão acesso fácil a várias informações sobre o período colonial A série está voltada para os 3 e 4 ciclos do Ensino Fundamental portanto seus volumes não são passíveis de serem adotados como paradidáticos No entanto por serem ricos em textos e ilustrações podem ser utilizados como referência para a produção de material didático CAVALCANTI Nireu O Rio de Janeiro Setecentista a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da Corte Rio de Janeiro Jorge Zahar Editor 2004 Essa obra traz relevantes informações sobre a cidade do Rio de Janeiro da origem até o início do século XIX TONHASCA JR Athayde Ecologia e História Natural da Mata Atlântica Rio de Janeiro Interciência 2005 DEAN Warren A ferro e fogo a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira São Paulo Companhia das Letras 1996 DUARTE Regina Horta História e Natureza Belo Horizonte Autêntica 2005 Considerando que os PCN apresentam o Meio Ambiente como um dos eixos temáticos transversais a serem desenvolvidos e o predomínio original da Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro essas obras são de caráter obrigatório C E D E R J 21 AULA 12 Hans Staden Brava Gente Brasileira e Desmundo são produções ecentes que merecem ser vistas As reconstituições de época são primorosas Os fi lmes dão dimensão do estranhamento entre as diferentes sociedades e rudeza do processo de colonização A minissérie A muralha produzida pela Rede Globo é outra boa oportunidade de analisar o período colonial Alerto entretanto que as produções não são adequadas para utilização m sala de aula no contexto das Séries Iniciais sendo úteis para a formação do docente ou para uso de fragmentos selecionados MOMENTO PIPOCA objetivos Meta da aula Apresentar os aspectos políticos econômicos sociais e culturais do Império brasileiro Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de reconhecer as estruturas políticas sociais econômicas e culturais do Império brasileiro compreender as transformações principais pelas quais pas sou a sociedade brasileira no século XIX O Império brasileiro 18221889 13 A U L A História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 24 C E D E R J C E D E R J 25 AULA 13 INTRODUÇÃO Rei Pelé rei momo rainha da bateria de escola de samba Há quem defenda que no Brasil temos o hábito de nomear reis e rainhas a todos os que queremos homenagear por conta do nosso passado monárquico terminado com a proclamação da República em 1889 Para estes a popularidade do Império brasileiro era tão grande que mesmo mais de cem anos após seu fim ainda continuamos nos referindo a ele Realmente hoje em dia não é raro assistirmos na televisão e nos cinemas a novelas minisséries e filmes que têm o século XIX como tema como por exemplo Quinto dos Infernos Sinhá Moça Força de um Desejo e Carlota Joaquina E você O que lhe vem à cabeça quando pensa no Império do Brasil Se pensou naquela imagem de D João VI comendo coxinhas de galinha em vez de governar talvez você esteja precisando ver menos televisão Vamos lá o Brasil do século XIX foi a época de D João VI de D Pedro I de D Pedro II e da Princesa Isabel das fofocas e bailes da Corte mas também foi a época da independência do país do uso em larga escala do trabalho escravo e de sua abolição Foi a época em que as primeiras instituições brasileiras foram criadas as cidades cresceram a eletricidade chegou às ruas e a fotografia foi inventada Mas também foi o século do crescimento das grandes propriedades rurais do trabalho forçado das torturas e castigos para aqueles que se negavam a fazêlo Não pretendemos nesta aula dar conta de todo o período imperial brasileiro porque essa seria uma tarefa impossível Pretendemos apresentar em linhas gerais as principais características dessa época para que você possa depois aprofundar seus conhecimentos por conta própria a partir da bibliografia indicada Antes de começar porém é importante que você saiba como esse período é comumente dividido pelos historiadores Primeiro Reinado 18221831 da Independência à Abdicação de D Pedro I Regência 18311840 da Abdicação de D Pedro I à Maioridade posse de D Pedro II Segundo Reinado 18401889 da Maioridade de D Pedro II à proclamação da República É possível fazer outras periodizações Levandose em conta os marcos políticos do século XIX Outra possibilidade por exemplo seria demarcar o período de acordo com as mudanças na economia na cultura etc História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 24 C E D E R J C E D E R J 25 AULA 13 A FUGA DOS REIS DE PORTUGAL Nossa história tem início com a vinda da Corte portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro em 1808 Esse acontecimento foi único na história dos impérios coloniais europeus Imagine a situação a família real e toda a sua bagagem baús com roupas malas obras de arte obje tos de museus as jóias da Coroa todo o dinheiro do Tesouro a Biblioteca Real com mais de 60 mil livros cavalos bois vacas porcos e galinhas e mais dez mil pessoas todas embarcadas às pressas em um dia de chuva pouco antes de as tropas de Napoleão invadirem Portugal Napoleão e o Bloqueio Continental Napoleão Bonaparte imperador francês desde 1804 para conseguir colocar em prática seus planos de dominar toda a Europa precisava vencer a supremacia inglesa Para isso decretou o Bloqueio Continen tal fechando todos os portos de todos os países europeus ao comércio inglês Como aliado do governo inglês Portugal não aderiu ao decreto francês Por isso foi invadido pelas tropas francesas daí a fuga da Corte portuguesa para o Brasil A vinda da família real provocou mudanças profundas no co tidiano brasileiro principalmente na cidade do Rio de Janeiro agora transformada em Corte e sede do Império Português Seus habitantes passaram a conviver com vários estrangeiros entre viajantes e artistas que chegavam em várias missões culturais ganharam hábitos refinados e passaram a se vestir e a se comportar como os europeus que aqui che gavam O Rio de Janeiro mudou muito A família real e os súditos por tugueses se adaptaram tão bem ao Brasil que mesmo depois da derrota de Napoleão na Europa em 1814 que possibilitou às monarquias por ele depostas reassumirem seus tronos a maioria não quis voltar para lá Foi então que em 1815 a capital do Império Português que ainda era Lisboa mudouse para o Rio de Janeiro que passou então a ser sede do Reino Unido Portugal Algarves e Brasil Se esta medida atendeu aos interesses dos habitantes do Brasil provocou grandes insatisfações entre aqueles que haviam permanecido em Portugal Imaginem só a situação primeiro eles assistiram à fuga da família real que os deixou abandonados às tropas de Napoleão depois ao invés de retornarem assim que podiam não só continuaram na colônia brasileira como ainda resolveram definitivamente mudar a sede do governo História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 26 C E D E R J C E D E R J 27 AULA 13 Alguns anos depois em 1821 estas insatisfações tornaramse maiores Os portugueses pretendiam que o Brasil voltasse a se subor dinar a Portugal A pressão foi tão forte que D João VI voltou para lá Mas ao mesmo tempo a idéia da independência começou a ganhar força com a recusa do prínciperegente que mais tarde seria aclamado D Pedro I em retornar a Portugal Apesar de a independência não ter sido aceita por todas as províncias onde militares e comerciantes por tugueses não gostavam da idéia a independência acabou proclamada no dia 7 de setembro de 1822 O PRIMEIRO REINADO 18221831 Se você fosse um monarca de um país que acaba de se tornar in dependente qual seria sua primeira providência Acertou se respondeu que iria buscar reconhecimento externo De nada adianta a independência de um país se os outros não o reconhecem como tal A independência do Brasil foi imediatamente reconhecida pelos Estados Unidos e pelas nações sulamericanas todas recémindependentes A Inglaterra reconheceu a independência ao conseguir que Portugal também o fizesse respeitando os antigos tratados comerciais que envolviam os três países Podemos dizer que as principais características do Primeiro Reinado governado por D Pedro I entre 1822 e 1831 foram os conflitos de interesses entre o grupo de D Pedro I que pretendia aumentar seu próprio poder por meio da instituição do Poder Moderador e o grupo de brasileiros que pretendia preservar as estruturas socioeconômicas já existentes A Constituição de 1824 e o Poder Moderador Outorgada por D Pedro I no início de 1824 a Constituição Imperial ficou em vigor durante todo o período imperial até ser substituída em 1891 pela primeira constituição republicana Ela estabeleceu as bases da estru tura política e do funcionamento do Império brasileiro e de suas principais instituições como a adoção da forma de governo monárquica heredi tária e constitucional a divisão políticoadministrativa do território em províncias e a separação do poder político em quatro instâncias Poder Executivo exercido pelo Imperador e seus ministros de Estado Poder Legislativo composto por senadores e deputados gerais e provinciais Poder Judiciário formado pelos juízes e tribunais e Poder Moderador exercido pelo Imperador História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 26 C E D E R J C E D E R J 27 AULA 13 Como você pode imaginar D Pedro I não era uma pessoa popular Além de uma forte crise econômica e fi nanceira sua política autoritária não o ajudava a governar Debaixo de forte oposição na imprensa e na Câmara dos Deputados D Pedro I abdicou na madrugada do dia 7 de abril de 1831 deixando o trono para seu fi lho D Pedro de Alcântara então com apenas cinco anos 1 Leia o trecho abaixo retirado da Constituição Imperial de 1824 A partir da leitura analise a importância política do Poder Moderador e sua posição em relação aos demais poderes Você levará cerca de vinte minutos para realizar esta atividade TITIULO 5º Do Imperador CAPITULO I Do Poder Moderador Art 98 O Poder Moderador é a chave de toda a organisação Politica e é delegado privativamente ao Imperador como Chefe Supremo da Nação e seu Primeiro Representante para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independencia equilibrio e harmonia dos mais Poderes Politicos Art 99 A Pessoa do Imperador é inviolavel e Sagrada Art 100 Os seus Titulos são Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brazil e tem o Tratamento de Magestade Imperial Art 101 O Imperador exerce o Poder Moderador I Nomeando os Senadores na fórma do Art 43 II Convocando a Assembléa Geral extraordinariamente nos intervallos das Sessões quando assim o pede o bem do Imperio III Sanccionando os Decretos e Resoluções da Assembléa Geral para que tenham força de Lei Art 62 IV Approvando e suspendendo interinamente as Resoluções dos Con selhos Provinciaes Arts 86 e 87 V Prorogando ou adiando a Assembléa Geral e dissolvendo a Camara dos Deputados nos casos em que o exigir a salvação do Estado con vocando immediatamente outra que a substitua VI Nomeando e demittindo livremente os Ministros de Estado VII Suspendendo os Magistrados nos casos do Art 154 ATIVIDADE História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 28 C E D E R J C E D E R J 29 AULA 13 VIII Perdoando e moderando as penas impostas e os Réos condem nados por Sentença IX Concedendo Amnistia em caso urgente e que assim aconselhem a humanidade e bem do Estado Fonte Constituição Política do Império do Brasil 1824 RESPOSTA COMENTADA O Poder Moderador exercido pelo Imperador é considerado a chave mestra da organização política imperial brasileira porque ele é superior aos demais A ele cabe manter a harmonia dos demais poderes legislativo executivo e judiciário e a ele cabe também exercer as principais atividades necessárias ao exercício político da nação como nomear senadores e os magistrados convocar a assembléia legislativa etc A REGÊNCIA 18311840 O período da regência foi marcado por muitas crises Como o país não tinha um governante forte as diversas forças políticas das províncias competiam pelo poder Da mesma forma as reivindicações populares por melhores condições de vida aumentavam em vários pontos do país como Pará Maranhão e Rio Grande do Sul Embora durante esses anos a crise econômica e financeira bra sileira ainda fosse grande foi nesta época que ocorreu a expansão do plantio do café no Vale do Paraíba A cultura cafeeira trouxe à baila dois História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 28 C E D E R J C E D E R J 29 AULA 13 importantes grupos sociais do Brasil no século XIX o dos barões do café e o dos escravos responsáveis por todo o trabalho braçal realizado no período Justamente por isso apesar de os ingleses já pressionarem pelo fi m do tráfi co atlântico de escravos a manutenção da escravidão era tão importante Vamos analisar a situação do Brasil neste período com atenção os revoltosos eram muitos e os motivos para revolta também Os proprietá rios de escravos tinham medo de que as revoltas de escravos e homens livres e pobres que ocorriam nas províncias levassem o Império à desintegra ção Todos os membros da elite política concordavam que era importante manter a unidade nacional e o controle da nação e que só uma pessoa poderia fazer isso D Pedro II que não passava de uma criança Mesmo com sua pouca idade a solução na época encontrada foi a antecipação da maioridade do Príncipe que permitiu que um adoles cente de 14 anos assumisse o trono passando a se chamar a partir de então D Pedro II 2 As imagens abaixo foram feitas por Henry Chamberlain inglês que vi veu no Brasil na primeira metade do século XIX Juntas elas representam alguns dos segmentos sociais mais importantes da sociedade brasileira no período imperial Explique por que ressaltando as diferenças visíveis entre os homens retratados Você levará cerca de vinte minutos para realizar a atividade ATIVIDADE Figura 131 Henry Chamberlain Brasileiro em traje de Corte e brasileiro vestido de dignatário da Igreja 1ª metade século XIX História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 30 C E D E R J C E D E R J 31 AULA 13 RESPOSTA COMENTADA As ilustrações mostram os dois extremos da sociedade brasileira no século XIX a alta sociedade ou a sociedade de Corte representada pelo nobre 1ª imagem Figura 131 e por membros da Igreja 2ª imagem Figura 131 e os escravos Figura 132 Entre as diferenças que podem ser ressaltadas estão as vestimentas luxuosas no caso das imagens da Figura 131 pobres e rasgadas no caso da Figura 132 os sapatos sinais de prestígio social presentes na Figura 131 e ausentes na Figura 132 e a representação de situações de trabalho manual ausente na Figura 131 e presente na Figura 132 Figura 132 Henry Chamberlain Escravos brasileiros 1ª metade do século XIX História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 30 C E D E R J C E D E R J 31 AULA 13 O SEGUNDO REINADO 18401889 O reinado de D Pedro II além de ter sido o mais longo da história do Brasil foi também o da consolidação do Império Com o imperador assumindo pessoalmente o governo e com os proprietários de terras e escravos guiando a economia o Brasil conheceu um período de expansão econômica através do incremento no cultivo do café que passou a ser o principal produto de exportação brasileiro O crescimento do cultivo do café veio acompanhado de outra crise a da mãodeobra Desde meados do século XIX a Inglaterra pressionava pelo fi m do tráfi co de escravos Como no entanto o café dependia da mãodeobra escrava interromper o tráfi co signifi cava con trariar os interesses dos grandes proprietários dos vendedores de café e dos trafi cantes que à época vendiam escravos Como o Brasil dependia da Inglaterra principalmente para obter créditos e fi nanciamentos exter nos foi impossível resistir à pressão embora ela tenha causado muitos incômodos no país Assim o ano de 1850 marcou a proibição do tráfi co africano embora hoje em dia os historiadores saibam que africanos foram trazidos ilegalmente para o país como escravos até 1857 Como essa crise ocorreu justamente na fase de abolição do tráfi co atlântico ela estimulou a política imigrantista responsável por incentivar a vinda de imigrantes europeus para o Brasil O fi m do tráfi co e a vinda de imigrantes aliados à grande insatisfação de escravos que resistiam à escravidão de todas as formas que podiam fi zeram com que o regime de trabalho escravo fosse aos poucos entrando em sua crise fi nal Decisivas para o fi m da escravidão foram a Guerra do Paraguai e a Lei do Ventre Livre Esta última estabeleceu que nenhum recémnascido seria escravo no Brasil A partir dela a escravidão embora tenha durado mais de vinte anos estava com os dias contados 3 Analise o gráfi co a seguir sobre o número de africanos trazidos como escravos para o Brasil ao longo do século XIX Com os elementos fornecidos no gráfi co explique por que o ano de 1850 foi um divisor de águas na história do Brasil Você levará cerca de quinze minutos para realizar a atividade ATIVIDADE História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 32 C E D E R J C E D E R J 33 AULA 13 RESPOSTA COMENTADA O objetivo desta atividade é que você possa visualizar a partir da análise de gráficos as informações recentemente apreendidas sobre os efeitos do fim do tráfico de escravos africanos para o Brasil O gráfico mostra uma queda vertiginosa no número de africanos trazidos para o Brasil na década de 1850 O número cai de 378400 pessoas escravizadas entre 1840 e 1850 para 6400 na década seguinte por conta da lei Euzébio de Queiroz que proibiu definitivamente a importação de africanos A partir desta lei passaram a ter mais vigor tanto o movimento pelo incentivo à vinda de imigrantes europeus para o Brasil quanto os debates em torno da abolição da escravidão no país 500000 450000 400000 350000 300000 250000 200000 150000 100000 50000 0 18111820 18211830 18311840 18411850 18511860 18611870 Linha1 327700 431400 334300 378400 6400 0 Fonte questão 39 Fuvest 2004 1ª Fase Intervalos de anos Números absolutos História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 32 C E D E R J C E D E R J 33 AULA 13 A Guerra do Paraguai A Guerra do Paraguai 186470 foi o conflito militar mais importante e sangrento dentre todos os ocorridos na América Latina no século XIX Morreram em combate cerca de 150 a 300 mil soldados A guerra envolveu a aliança entre o Brasil a Argentina e o Uruguai todos unidos contra o Paraguai desde 1862 governado por Francisco Solano Lopez A guerra mudou a história do Brasil imperial ao evidenciar a fragilidade do exército e o atraso que a manutenção da escravidão representava em relação aos outros países latinoamericanos que já tinham abolido a escravidão e proclamado suas repúblicas Depois do fim da guerra do Paraguai o crescimento do abolicionismo e do movimento republicano demonstraram que também o Império estava com os dias contados A abolição da escravidão assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888 foi o estopim para que os proprietários de terras passassem a apoiar os republicanos Pouco mais de um ano depois em 15 de novembro de 1889 um golpe militar poria fim ao Império brasileiro ATIVIDADE FINAL A maioria dos historiadores se guia pelos marcos políticos para demarcar as grandes mudanças do século XIX no Brasil Neste caso os acontecimentos principais são a Independência a abdicação de D Pedro I a Maioridade de D Pedro II e a proclamação da República No entanto essa é apenas uma opção Quando escolhemos quais são os acontecimentos que irão guiar nossa visão sobre um período estamos querendo dizer que para nós aqueles acontecimentos são os mais importantes Com esta atividade pretendemos justamente que você aja como um historiador fazendo um exercício de elaboração de periodizações Leia com atenção a cronologia abaixo Nela incluímos os principais acontecimentos segundo nossa seleção ocorridos no Brasil do século XIX Caso você não conheça algum dos fatos elencados a seguir é uma boa oportunidade para se informar e aprofundar seus conhecimentos sobre a história do Brasil imperial Depois elabore uma periodização para o período imperial brasileiro de acordo com os principais acontecimentos relativos à escravidão Agora que você aprendeu a elaborar uma História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 34 C E D E R J C E D E R J 35 AULA 13 periodização pense a respeito da cronologia apresentada Para você quais seriam os principais marcos para definir o Brasil do século XIX Justifique 1822 Independência do Brasil 1824 Outorga da Constituição 1826 Morre em Portugal D João VI 1831 D Pedro I abdica o trono brasileiro em favor de seu filho Pedro de Alcântara 1834 D Pedro I morre em Portugal 1835 Início da Regência Una do padre Feijó Início da Cabanagem no Pará e da Farroupilha no Rio Grande do Sul 1837 O Regente Feijó renuncia ao cargo Início da Regência Una de Araújo Lima Início da Sabinada na Bahia 1838 Início da Balaiada no Maranhão 1840 Termina o Período Regencial com a decretação da maioridade de D Pedro II Início do Segundo Reinado 1842 Revolta dos liberais em São Paulo e Minas Gerais 1847 Chegada dos primeiros imigrantes para a fazenda de café Ibicaba 1848 Início da Revolução Praieira 1850 Fim do tráfico de escravos no Brasil 1854 Inauguração da primeira estrada de ferro do Brasil 1865 Início da Guerra do Paraguai 1870 Fim da Guerra do Paraguai Publicação do Manifesto Republicano 1871 Lei do Ventre Livre 1886 Lei dos Sexagenários 1888 Lei Áurea declarando extinta a escravidão no Brasil 1889 Fim do Império e proclamação da República História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 34 C E D E R J C E D E R J 35 AULA 13 RESPOSTA COMENTADA A periodização baseada nos principais acontecimentos relativos à escravidão ocorridos no Brasil Imperial teria como marcos principais 1831 1ª Lei que extinguiu o tráfi co atlântico de escravos 1850 Lei Euzébio de Queiroz que extinguiu de fato o tráfi co atlântico de escravos 1871 Lei do Ventre Livre que estabeleceu que a partir de então todos os escravos nascidos no Brasil seriam livres 1888 Abolição da escravidão Você percebeu como podemos fazer periodizações diferentes de acordo com os acontecimentos que consideramos importantes Por isso não há resposta certa para a segunda parte da questão relativa à sua própria periodização O importante é que você estabeleça quais são os critérios que considera importantes ao analisar um período O período compreendido entre a vinda da Corte portuguesa para o Brasil e a proclamação da República embora curto não chega a um século é crucial para a compreensão da história brasileira Nele o Brasil se torna independente o café o principal produto exportador de todos os tempos passa a ser produzido ocorre a maior guerra já enfrentada pelo país e são introduzidas modifi cações fundamentais no regime de trabalho que de escravo passa a livre Esta última mudança provoca mudanças substanciais na composição demográfi ca da população brasileira com o fi m da importação de africanos e o início da vinda de imigrantes europeus R E S U M O Infelizmente não existe a tradição de realizar fi lmes sobre o período imperial brasileiro Mas vale a pena assistir a dois fi lmes Mauá o Imperador e o Rei e O Xangô de Baker Street Mauá o Imperador e o Rei Brasil 1999 Direção Sérgio Resende Duração 134 minutos imperial brasileiro Mas vale a pena assistir a dois fi lmes e o Rei MOMENTO PIPOCA História na Educação 2 O Império brasileiro 18221889 36 C E D E R J Sinopse O filme mostra a infância o enriquecimento e a falência de Irineu Evangelista de Souza 18131889 o empreendedor gaúcho mais conhecido como barão de Mauá considerado o primeiro grande empresário brasileiro responsável por uma série de iniciativas modernizadoras para economia nacional ao longo do século XlX O Xangô de Baker Street Brasil 2001 Direção Miguel Faria Jr Duração 118 minutos Sinopse Embora seja uma obra de ficção baseada no livro homônimo de Jô Soares que conta as desventuras de Sherlock Holmes nos trópicos o filme traz uma boa ambientação da cidade do Rio de Janeiro na década de 1880 Só por isso já vale a pena assistir E ainda diverte LEITURA RECOMENDADA Para aqueles interessados em aprofundar seus estudos sobre a História do Brasil no século XIX recomendo a consulta de duas obras de referência recentemente publicadas o Dicionário do Brasil Imperial organizado por Ronaldo Vainfas e publicado pela editora Objetiva e O Império do Brasil de Lucia Maria Bastos Pereira das Neves e Humberto Fernandes Machado editado pela Nova Fronteira No entanto para se deleitar com o século XIX brasileiro principalmente em relação à vida cotidiana na Corte recomendo a leitura de Machado de Assis Qualquer livro dele vale a pena Ou melhor leia todos SITES RECOMENDADOS Centro de Informações História do Brasil httpwwwmultiriorjgovbrhistoriaindexhtml Site da MULTIRIO Empresa Municipal de Multimeios da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro dedicado à História do Brasil colonial e imperial Machado de Assis Página do Espaço Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras Nele podem ser encontradas informações sobre as obras de Machado de Assis livros e artigos escritos sobre ele e obras disponíveis para download wwwmachadodeassiscombr objetivos Meta da aula Apresentar algumas abordagens dos conhecimentos que envolvem a História do Brasil Império sob a ótica dos PCN Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de descrever a economia do período imperial planejar atividades para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental de acordo com as orientações dos PCN identificar as principais mudanças políticas econômicas e sociais ocorridas na segunda metade do século XIX interrelacionar as mudanças ocorridas na segunda metade do século XIX com o processo de desenvolvimento do próprio sistema capitalista O Império brasileiro 2 14 A U L A Prérequisitos A Aula 13 apresenta subsídios gerais para a compreensão desta aula História na Educação 2 O Império brasileiro 2 58 C E D E R J C E D E R J 59 AULA 14 INTRODUÇÃO No Brasil as primeiras décadas do século XIX foram marcadas pelas dificuldades econômicas A retração do comércio e a redução dos preços do açúcar e do algodão se somaram à decadência do ouro A chegada da Família Real como você viu suavizou em parte a situação abrindo o comércio da colônia à livre negociação contudo não podia resolver a questão dos preços dos principais produtos de exportação Em contrapartida a abertura dos portos propiciou a penetração econômica inglesa sem controle afetando os negócios nacionais O Rio de Janeiro passou a ser a corte sede do Império português experimentando uma atividade comercial e um crescimento urbano sem precedentes Verificouse também nessa época o surgimento e o estímulo de uma economia de abastecimento ao seu redor Com a independência política na década de 1820 surgiu na província do Rio de Janeiro uma nova cultura com um mercado externo em franca expansão o café CAFÉ CAFÉ CAFÉ Conhecido antigo dos habitantes da colônia o café era mais utilizado como planta ornamental ou produzido em pequena escala não recebendo até então um tratamento de produto comercial de exportação Observe a Tabela 141 182130 183140 184150 185160 186170 187180 188190 Açúcar 301 240 267 212 123 118 99 Algodão 206 108 75 62 183 95 42 Café 184 438 414 488 455 566 615 Vamos analisar a tabela para perceber as alternativas de utilização das informações estatísticas na sala de aula Como você pode perceber todos os produtos de exportação integram o setor primário Em grande parte os artigos são agrícolas podendo ser associados à estrutura agrária latifundiária à produção em larga escala à monocultura e ao uso de grandes contingentes de mãode Tabela 141 Principais produtos brasileiros no comércio internacional Fonte CIVITA 1985 p 13 História na Educação 2 O Império brasileiro 2 58 C E D E R J C E D E R J 59 AULA 14 obra Desta forma como você pode concluir o Brasil se inseriu na divisão internacional do trabalho como produtor de produtos primários Em sala de aula é possível analisar a tabela recorrendo à formulação de questões que permitam ao aluno transformar as informações em conhecimento significativo Veja alguns exemplos de questões orientadoras da observação Em que década a importância do açúcar começou a diminuir É a mesma do declínio do algodão Quando o café tornouse o produto de exportação mais importante Vocês sabem o que estava acontecendo no Brasil nesse momento Naturalmente você poderia acrescentar outras questões a essa lista Experimente As informações podem ser simplificadas eliminando por exemplo os decimais por meio de aproximação ou selecionando apenas algumas décadas para análise Considerando que o texto da tabela apresenta os percentuais o docente estaria livre para adaptar a informação realizando estudos de fração por exemplo Aproximações e simplificações dos dados poderiam também ser utilizadas no processo de elaboração de atividades a fim de favorecer a manipulação da informação pelo aluno Você pode também utilizar os gráficos do tipo torta ou pizza abdicando inclusive do uso dos números Nesse caso estaria se trabalhando as proporções por meio da percepção visual Observe o efeito da comparação entre períodos da história econômica do Brasil nesse tipo de gráfico Outros Açúcar Algodão Café Fonte CIVITA 1985 p13 Produtos de Exportação 1821 Produtos de Exportação 1831 Outros Café Açúcar Algodão História na Educação 2 O Império brasileiro 2 60 C E D E R J C E D E R J 61 AULA 14 Essa apresentação é mais acessível para os alunos de menor faixa etária porque a mudança é mais observável mais concreta Os gráficos de linha entretanto permitem a análise da evolução do processo e são bastante úteis também Observe Os dados são os mesmos mas as apresentações possibilitam aos alunos uma melhor visualização das informações Por exemplo o gráfico tipo torta viabiliza o trabalho comparativo no interior da década enquanto o de linha permite a análise do processo Se o gráfico fosse analisado com um mapa da expansão da produção do café por período seria possível associar as fases de crescimento da exportação com as fases de expansão agrícola do produto Observe o mapa da Figura 141 Fonte CIVITA 1985 p 13 Figura 141 Etapas da expansão cafeeira Vale do Paraíba século XIX Piracicaba Oeste paulista séc XX Novo Oeste e frentes pioneiras Campinas Bragança Jundiaí Santos São Paulo Jacareí Botucatu Avaré Ourinhos Presidente Epitácio Marília Piratininga Bauru Jaú São Carlos Araraquara Lins Araçatuba Jupiá Rio Preto Jaboticabal Ribeirão Preto Franca Uberaba Bebedouro Amparo Pindamonhangaba Barra Mansa Cruzeiro Rio de Janeiro Minas Gerais Mato Grosso do Sul Paraná Oceano Atlântico Itararé Itapetininga Centronorte de São Paulo segunda metade do século XIX e 1930 Velho Oeste 182130 60 50 40 30 20 0 10 183140 184150185160186170 187180188190 70 Açúcar Algodão Café Décadas Fonte Sua majestade o café p 34 História na Educação 2 O Império brasileiro 2 60 C E D E R J C E D E R J 61 AULA 14 Dessa forma o aluno poderia perceber que a primeira fase de crescimento 1830 a 1870 esteve associada à expansão do cultivo do café no entorno da cidade do Rio de Janeiro Estácio Serras da Tijuca e Gávea Jacarepaguá Campo Grande e no Vale do rio Paraíba do Sul Resende Barra Mansa Vassouras Valença Piraí Paraíba do Sul Cantagalo núcleos do Rio de Janeiro e Guaratinguetá Roseira Taubaté São José dos Campos núcleos de São Paulo Visualize os municípios no mapa da Figura 142 abaixo A região do vale possuía solo pobre relevo acidentado clima tropical úmido sendo o café plantado com a utilização de técnicas agrícolas arcaicas associadas a um baixo nível tecnológico A esse quadro somavase a presença de uma aristocracia escravocrata e conservadora Esses fatores foram decisivos para a estagnação e o declínio da região ao longo do século XIX A segunda grande fase de expansão esteve vinculada à chegada do café a partir da década de 1880 no chamado Velho Oeste Paulista Campinas Rio Claro São Carlos Amparo Botucatu Limeira e sua posterior propagação na virada do século pelo Novo Oeste Paulista São Simão Ribeirão Preto Jaú São José do Rio Preto Marília Bauru Assis Você pode identificar a maioria desses municípios na Figura 141 Figura 142 O Vale do Paraíba e o café Minas Gerais Oceano Atlântico São Paulo Caçapava São José dos Campos Pindamonhangaba Taubaté Guaratinguetá Areias Roseira São José do Barreiro Bananal Resende Barra Mansa Barra do Piraí Vassouras Valença Cantagalo Rio de Janeiro Ilha de São Sebastião Mangaratiba Rio de Janeiro Angra dos Reis Ilha Grande Fonte O trabalho nas fazendas de café p 6 História na Educação 2 O Império brasileiro 2 62 C E D E R J C E D E R J 63 AULA 14 A região do Oeste Paulista possuía condições naturais mais adequadas ao plantio em grande escala O solo era caracterizado pela presença do massapé e da terra roxa que permitiam maior longevidade do cultivo O relevo de planalto e o clima também favoreciam o plantio do café Por outro lado em função do período de expansão a região não pôde contar por muito tempo com a mãodeobra escrava investindo na atração de imigrantes e na adoção de técnicas mais modernas de beneficiamento máquinas de despolpar peneirar descascar polir e selecionar os grãos por tipo e tamanho e transporte ferrovia A instalação de ferrovias nessa região esteve intimamente ligada ao plantio de café No caso do Novo Oeste Paulista a ferrovia foi precursora do cultivo do café Café e trilhos tiveram suas histórias portanto entrelaçadas Junto com a melhoria do processamento a transformação do transporte foi responsável pelo barateamento do custo de produção e pela melhoria da qualidade do produto que escoava pelo porto de Santos valorizando o café brasileiro no mercado internacional No âmbito do Rio de Janeiro a cultura do café pode representar também um ponto de partida para a discussão de questões ligadas ao meio ambiente A cafeicultura como foi praticada alterou a paisagem e promoveu o empobrecimento do solo Após a decadência do cultivo algumas regiões especialmente as do Vale do Paraíba do Sul passaram por dificuldades para se recuperarem Em alguns casos certas alternativas econômicas agravaram ainda mais os problemas ambientais ocasionados pela longa prática da monocultura do café Note que algum aluno ao analisar o gráfico poderia perceber que a exportação do algodão sofreu uma recuperação na década de 1860 Esta poderia representar boa oportunidade para salientar que os mercados mundiais tornaramse a partir da industrialização cada vez mais integrados Assim uma crise conjuntural em um determinado país abre espaço para o crescimento de outro No exemplo sabemos que entre 1860 e 1865 ocorreu a Guerra de Secessão nos EUA que devastou os campos produtores de algodão do estados sulistas Sabemos também que na primeira fase da industrialização a produção têxtil se destacou Havia portanto mercado consumidor para o produto O declínio da produção de um importante produtor criou uma oportunidade Essa brecha foi aproveitada pelos plantadores de algodão do Brasil Com o fim da guerra civil assim que História na Educação 2 O Império brasileiro 2 62 C E D E R J C E D E R J 63 AULA 14 houve a reorganização da produção norteamericana novamente o algodão brasileiro perdeu terreno no mercado externo Um outro aspecto que pode ser tratado é o papel que a cafeicultura brasileira assumiu no contexto internacional Já sabemos que a economia cafeeira tornouse sustentáculo da monarquia no Segundo Reinado e também na Primeira República O que nos interessa agora é destacar que o Brasil passou a ser responsável por boa parte da produção mundial de café a partir da década de 1840 chegando a plantar na década de 1880 5663 do café de todo o mundo No século XX a concorrência gerou graves problemas para a economia brasileira Além de perder mercados para outros países o aumento da oferta ocasionou uma baixa acentuada dos preços do café o que gerou instabilidade econômica no Brasil especialmente com a crise de 1929 No século XX sugiram novos produtores de café como México El Salvador Guatemala Costa Rica Colômbia Costa do Marfim Angola Uganda Etiópia Quênia Congo etc Destacase entretanto o café colombiano cuja qualidade é hoje uma referência internacional pelo aroma e sabor Observe a tabela Exportação de café do Brasil e da Colômbia em bilhões de dólares 1985 1986 1987 1988 1989 1990 Brasil 268 233 217 222 178 131 Colômbia 179 305 169 169 153 140 Fonte Folha de SPaulo 27 de maio de 1991 O café ainda controlava em 1929 70 das exportações brasileiras justificando o abalo que sofremos com a crise mas em 1992 esse percentual era de apenas 6 Essas informações podem servir de base para discutir o papel da soja hoje na balança de exportações brasileiras assim como para refletir sobre o próprio cultivo da canadeaçúcar História na Educação 2 O Império brasileiro 2 64 C E D E R J C E D E R J 65 AULA 14 A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX O ano de 1850 foi o marco histórico do início do processo de mudanças sociais políticas e econômicas sendo aprovadas a Lei de Terras e a Lei Eusébio de Queiroz A Lei de Terras colocava fi m nos mecanismos de acesso à terra do período colonial Até então a terra concebida como simples domínio da Coroa era doada principalmente como recompensa por serviços prestados a esta transformavase em domínio público tornandose desse modo acessível somente àqueles que pudessem explorála lucrativamente A terra transformavase assim em mercadoria aprofundando a tradição de acesso limitado à propriedade da terra Agora não importava a origem fi dalga mas o poder aquisitivo Assim a maior parte dos brasileiros continuava a ter remotas possibilidades de ser proprietária das terras como aliás até hoje A lei que proibia o tráfi co transatlântico de escravos Lei Eusébio de Queiroz é decisiva para compreendermos o incentivo à imigração na segunda metade do século XIX e a crise do escravismo Como já vimos embora nascessem escravos no território brasileiro as altas taxa de mortalidade dessa população impediam o seu crescimento sem a 1 Identifi que dois problemas que podem ser gerados pela excessiva dependência de um país à exportação de um produto primário como o café e a soja RESPOSTA COMENTADA Em primeiro lugar os produtos primários possuem preços baixos se comparados aos produtos industrializados Por outro lado se o produto for vendido sem nenhum tipo de processamento pode haver uma perda signifi cativa da riqueza explorada Não podemos esquecer entretanto que toda e qualquer mudança do mercado externo queda de consumo queda de preços aumento da concorrência pode causar uma grande crise interna ATIVIDADE História na Educação 2 O Império brasileiro 2 64 C E D E R J C E D E R J 65 AULA 14 existência da importação crescente de africanos pelo trafico atlântico Assim o fim do tráfico condenava em longo prazo o sistema escravista exigindo a utilização de mãodeobra alternativa Em primeiro lugar foi possível observar um deslocamento interno da população escrava De fato o fim do comércio internacional de escravos estimulou o comércio entre as províncias tráfico interprovincial As regiões economicamente decadentes e já não tão dependentes da mão deobra escrava passaram a vender seus cativos para as províncias em expansão Em Pernambuco por exemplo em 1884 75 da mãodeobra utilizada era livre Nesse sentido os últimos anos da escravidão foram de crescente concentração dos cativos do Sudeste Em segundo lugar o declínio da mãodeobra cativa estimulou a imigração notadamente européia a partir da década de 1880 A maior parte dos imigrantes que chegaram ao Brasil se dirigia para a província de São Paulo que vivenciava no final do século XIX a expansão da agricultura cafeeira O gráfico abaixo pode orientálo na compreensão desse fato Observe a quantidade de imigrantes que chegaram ao Brasil e a São Paulo nos diferentes períodos do final do século XIX e início do século XX Que relações você pode estabelecer a partir desses dados A importância da imigração nos períodos assinalados no gráfico pode ser explorada de acordo com a orientação dos PCN que enfatiza o estudo da movimentação das populações Seria possível identificar quais nacionalidades se destacam no processo de imigração de europeus particularmente portugueses italianos espanhóis e alemães levantando as motivações para a imigração e as regiões para onde foram Imigração 18841920 1500000 1000000 500000 0 18841887 18881890 18911900 19011920 Brasil São Paulo História na Educação 2 O Império brasileiro 2 66 C E D E R J C E D E R J 67 AULA 14 Mas a imigração não foi pensada apenas no momento da substituição da mãodeobra escrava Na primeira metade do século XIX o governo incentivou a imigração européia a ocupar regiões inexploradas Sem apoio contínuo do governo e com a difi culdade de colocar seus produtos no mercado essas colônias tenderam a concentrar ao longo do tempo suas atividades na lavoura de subsistência e no comércio local desenvolvendose com uma certa autonomia É o caso por exemplo da fi xação de suíços na região serrana do Rio de Janeiro que propiciou posteriormente o surgimento de Nova Friburgo O tema abre espaço para que se trabalhe igualmente infl uências que a cultura brasileira sofreu especialmente em algumas regiões com o encontro de culturas diferentes A culinária por exemplo pode ser o ponto de partida para a abordagem do tema Nas localidades onde a fi xação de imigrantes está intimamente ligada à história local esse estudo merece ser aprofundado e valorizado já que estará fortemente relacionado à formação da identidade da comunidade 2 Os dois textos se referem a áreas de produção do café no século XIX A partir das características mencionadas identifi que as áreas e justifi que as diferenças As matas virgens faziam parte do processo de renovação da propriedade A possibilidade de sua aquisição difi cultava quaisquer tentativas de recuperação do solo através de fertilizantes ou métodos de adubação pois enquanto os limites fossem móveis os proprietários adotariam técnicas predatórias de cultivo evitando segundo eles despesas desnecessárias NEVES e MACHADO 1999 p 151 As grandes mudanças ocorreram no benefi ciamento do café com a utilização mais acentuada de máquinas como despolpadores ventiladores separadores etc Elas permitiram que o produto tivesse uma qualidade superior alcançando preço mais elevado do que o café feito pelos processos antiquados além de diminuir os custos de produção em torno de 10 NEVES e MACHADO 1999 p 1623 ATIVIDADE História na Educação 2 O Império brasileiro 2 66 C E D E R J C E D E R J 67 AULA 14 RESPOSTA COMENTADA O primeiro texto se refere ao Vale do Paraíba e o segundo ao Oeste paulista A expansão da cafeicultura nas duas regiões se deu em momentos históricos bem distintos No primeiro caso o desenvolvimento da cafeicultura ocorreu na primeira metade do século quando a abundância de mãodeobra escrava supria as demandas de todo tipo de trabalho e ainda se processava a consolidação de novas relações comerciais com o incremento do processo de industrialização na Europa e EUA No segundo caso além da crise do escravismo estar em curso já havia um demanda por produtos beneficiados assim como pela introdução de equipamentos não produzidos no Brasil Assim a cafeicultura no Vale do Paraíba se desenvolveu sob a ótica econômica colonial enquanto a do Oeste paulista já se processava no contexto da consolidação e internacionalização do sistema capitalista CONCLUSÃO Os brasileiros da segunda metade do século assistiram ainda a outras transformações Modernidades davam um ar de progresso principalmente às capitais As ferrovias se multiplicavam O telégrafo passou a ser mais utilizado Os bancos se tornaram instituições importantíssimas Urbanizaramse as grandes capitais A mecanização da produção recebia apoio A indústria aparecia ao lado da economia agrária de exportação muitas vezes ligada à própria agricultura Essas mudanças denotavam novas relações econômicas sociais e culturais desenvolvendose e consolidandose no contexto da própria expansão do capitalismo mas também evidenciaram a forte resistência a transformações estruturais Foi dessa forma que o Brasil deixou de ser escravista e até monárquico mas manteve a estrutura agrário exportadora e a ordem social excludente História na Educação 2 O Império brasileiro 2 68 C E D E R J C E D E R J 69 AULA 14 12000 1864 10000 8000 6000 4000 2000 0 1867 1870 1875 1883 1887 1888 1889 Km ATIVIDADE FINAL Observe os gráficos A partir da análise dos gráficos é possível identificar o momento histórico em que o processo de modernização se acelerou no Brasil Indique esse momento justificando sua resposta Km 1864 15000 10000 5000 0 1867 1870 Anos Telégrafo Estradas de Ferro Anos História na Educação 2 O Império brasileiro 2 68 C E D E R J C E D E R J 69 AULA 14 RESPOSTA COMENTADA Observase que em ambos os gráficos a década de 1870 foi o momento de introdução de uma nova tendência A construção de meios de comunicação modernos se acentuou rapidamente Lembro que com a crise de 1873 crise de superprodução típica do sistema capitalista houve um crescimento dos investimentos externos dos países industrializados No nosso caso a Inglaterra esteve em grande parte envolvida por meio de empréstimos venda de equipamentos e atuação de empresas na implementação dessa modernização Tratouse do cenário econômico do Império dando ênfase ao desenvolvimento da cafeicultura Destacaramse as principais mudanças ocorridas na segunda metade do século XIX com especial atenção à problemática da imigração Evidenciouse que apesar das mudanças longas continuidades foram mantidas inclusive pela República R E S U M O História na Educação 2 O Império brasileiro 2 70 C E D E R J LEITURAS RECOMENDADAS NEVES Lúcia Maria Bastos Pereira das e MACHADO Humberto Fernandes O Império do Brasil Rio de Janeiro Nova Fronteira 1999 A proposta da obra de fazer uma síntese abrangente rigorosa e atualizada sobre o Império justifica a indicação como leitura obrigatória já que permitiu ao leitor uma visão panorâmica do período e o acesso a uma bibliografia acadêmica atualizada Chamo ainda atenção para os livros de três coleções A primeira é a coleção Descobrindo o Brasil editada pela Jorge Zahar Editora A coleção tem por objetivo dar acesso a temas da História e da cultura brasileiras ao público em geral Apresentando formato de livro de bolso fornece uma síntese de diversas temáticas importantes com atualização historiográfica e em linguagem acessível São exemplares indicados para aprofundamento dos conhecimentos desta aula A proclamação da República Celso Castro A belle époque amazônica Ana Maria Daou Escravidão e cidadania no Brasil monárquico Hebe Maria Mattos A independência do Brasil Iara Lis C Souza Vida e morte da mata atlântica José August Dummond Símbolos e rituais da monarquia brasileira Lílian Schwarcz e O tráfico negreiro Luis Felipe de Alencastro As outras duas coleções interessantes são paradidáticas A Vida no Tempo da Editora Atual e Que História É Esta da Editora Saraiva Seus livros são ricos em imagens e apresentam sugestões de leitura filmes sites e de locais para visitação museus fazendas etc Pesquise na internet os exemplares das coleções que interessam para esta e outras aulas wwweditorasaraivacombr e wwweditora atualcombr objetivos Meta da aula Meta da aula Apresentar um quadro geral dos acontecimentos mais marcantes da História do Brasil colonial Esperamos que após o estudo do conteúdo desta aula você seja capaz de identifi car as principais transformações econômicas e políticas ocorridas no Brasil colonial reconhecer os momentos fundadores da História do Brasil identifi car as relações entre os fenômenos culturais políticos e econômicos do período colonial História do Brasil colonial 11 A U L A Prérequisitos Prérequisitos Com esta aula você estará iniciando mais uma etapa dos seus estudos de História Concentre sua atenção na formação histórica do Brasil É uma oportunidade muito rica de compreender momentos importantes da construção da nação brasileira e a sua inserção no contexto internacional na História Moderna História na Educação 2 História do Brasil colonial 8 C E D E R J INTRODUÇÃO Com esta aula você iniciará mais uma etapa dos seus estudos de História Concentre sua atenção na formação histórica do Brasil É uma oportunidade muito rica de compreender momentos importantes da construção da nação brasileira e a sua inserção no contexto internacional na História Moderna COMO TUDO COMEÇOU Você estudou na Aula 7 deste curso a Idade Moderna Naquela ocasião aprendeu os fundamentos de algumas das mais importantes manifestações políticas culturais sociais e econômicas que caracterizaram esse período Renascimento Humanismo Mercantilismo e Absolutismo Agora vamos transpor tudo isso para Portugal nas vésperas do descobrimento do Brasil Assim você poderá compreender melhor por que vias aquela pequena nação conseguiu lançarse em uma aventura de dimensões sem precedentes na História dominando mares descobrindo novas terras estabelecendo comércio com nações longínquas e conseqüentemente aprenderá muito sobre como o Brasil entrou no cenário internacional quando era colônia de Portugal O fi nal da Idade Média foi marcado dentre outros fenômenos pela recuperação econômica baseada no comércio Daí a ênfase no Mercantilismo Porém essa recuperação não se deu apenas pelo aquecimento das antigas rotas comerciais tradicionalmente dominadas pelos italianos que levavam os produtos do Oriente até a Europa Os caminhos terrestres que atravessavam desertos e territórios dominados por nações inimigas tornavam se cada vez mais perigosos Era importante estabelecer novas vias de acesso às terras das especiarias para baratear os custos das negociações e escapar do monopólio italiano Para as nações modernas que se queriam poderosas e tentavam fortalecer o poder dos monarcas encontrar novos recursos econômicos que trouxessem mais dinheiro para os cofres reais era muito importante Portugal era um pequeno país apertado entre a poderosa Espanha e o desconhecido e temido Atlântico Era relativamente pobre em recursos naturais com um artesanato incipiente e uma população que não ultrapassava um milhão e meio de habitantes Embora tenha sido a primeira nação moderna da Europa o considerável avanço político carecia de iniciativas que a mantivesse autônoma e a colocasse no concerto das novas tendências econômicas Havia à custa de sangrentas C E D E R J 9 AULA 11 e longas batalhas conquistado a autonomia política em relação à Espanha da qual fora apenas um condado Mas precisava consolidar esta importante conquista criando recursos e saídas para o seu precário equilíbrio econômico Enfrentar a poderosa exsenhora e vizinha Espanha não parecia ser uma atitude prudente Então restava aos portugueses a vastidão do mar O mar tenebroso lendário por suas criaturas estranhas e desconhecidas famoso pelos seus perigos reconhecido como o limite do mundo E é nessa vastidão que se lança Portugal De uma hora para outra Não Foi um processo paulatino marcado por duas tendências por um lado a prática pesqueira por outro a rota comercial Mediterrâneomar do Norte Com uma costa considerável a atividade pesqueira em Portugal foi naturalmente cultivada E quem pesca navega Mesmo que timidamente fi cando a princípio nas proximidades da praia os pescadores foram dominando cada vez mais as técnicas de navegação a leitura das estrelas o conhecimento do regime dos ventos e das marés Esse conhecimento permitia que fossem cada vez mais longe em busca de melhores pescarias E quanto mais longe se ia mais se aprendia sobre os mistérios desse mar tenebroso que durante séculos representou uma barreira instransponível para a expansão portuguesa e por que não dizer européia Os produtos que chegavam à Itália do Oriente para serem depois distribuídos pela Europa eram transportados por mar e por terra Atingiam as regiões mais setentrionais por longos caminhos que cortavam o continente Mas esses percursos eram caros e perigosos No fi nal da Idade Média e princípio da Idade Moderna a rota marítima apresentava vantagens sobre a terrestre Era mais barata porque transportava maior quantidade de carga Então os barcos mercantes saíam do Mediterrâneo e passavam em Portugal para chegar ao mar do Norte Lisboa cresceu como um entreposto comercial Seu porto era cada vez mais freqüentado por navegadores de várias procedências Muitos navegadores e muitas informações sobre a arte de navegar Isso somado à experiência acumulada na atividade pesqueira foi transformando Portugal em um importante centro de navegação Você certamente já ouviu falar no infante Dom Henrique 1394 1460 ele foi um grande incentivador da navegação em Portugal e da expansão marítima e comercial Ao perceber que o mar era a melhor História na Educação 2 História do Brasil colonial 10 C E D E R J alternativa para as limitações portuguesas Foi hábil o bastante para conjugar a experiência da pesca com a movimentação de navegadores e explorar um futuro promissor Financiou pesquisas na área da navegação contratou marinheiros experientes enfi m fez de Portugal um centro de referência na arte de navegar MARCOS DA EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA Em 1415 as embarcações da pequena nação portuguesa atravessavam o estreito de Gibraltar e conquistavam Ceuta Foi o marco da expansão marítima O século XV foi dedicado ao périplo africano navegar pela costa da África até encontrar o caminho marítimo que levasse ao oceano Índico às terras das valiosas especiarias Portugal pretendia um lance ousado abrir uma nova via de comércio que não dependesse dos italianos nem dos lentos caminhos terrestres Queria descobrir um caminho marítimo que o colocasse diretamente em contato com os fornecedores das tão cobiçadas especiarias O reinaldo do infante Dom Henrique é um marco na história da expansão marítima e comercial de Portugal Entender um pouco mais as suas iniciativas pode contribuir bastante para você ampliar seus conhecimentos sobre este magnífico evento Visite o site httpwwwsobiografiashpgigcombr InfHenrihtml Em 1488 Bartolomeu Dias contornou o cabo das Tormentas que ou foi rebatizado pelo rei D João cognominado o Príncipe Perfeito de cabo da Boa Esperança Era o caminho para se chegar às Índias e começar a fazer vantajosas trocas comerciais que transformariam o pequeno reino de Portugal em um gigante dos mares e do comércio mundial E O BRASIL Depois de descoberto o caminho que levaria os portugueses às Índias e travados os primeiros contatos o rei de Portugal armou uma grande expedição comercial composta de treze navios que deveriam voltar ao reino abarrotados de valiosas especiarias No comando estava Pedro Álvares Cabral fi dalgo e navegador Sob seu comando mais de C E D E R J 11 AULA 11 mil e quinhentos homens dentre funcionários soldados e comerciantes Em 9 de março de 1500 partiram de Lisboa Muito se discute até hoje sobre os rumos tomados pela expedição e sobre os seus objetivos O fato é que embora apenas preparados para uma viagem de comércio em 22 de abril daquele mesmo ano Pedro Álvares Cabral e seus homens descobriram o Brasil Na esquadra de Cabral encontravase um escrivão Ele fora nomeado para assumir cargo em Calicute na Índia É de sua autoria o primeiro documento que fala explicitamente das novas terras descobertas e das pessoas que nela habitavam Tratase da famosa Carta de Caminha que para alguns representa a certidão de nascimento do Brasil É uma carta extremamente interessante e muito saborosa Nela o escrivão narra ao rei de Portugal a viagem do reino até a descoberta da Terra de Santa Cruz os primeiros contados com os nativos e as impressões sobre as suas potencialidades Recebem grande destaque na Carta de Caminha os índios que viviam no litoral naquele momento do primeiro encontro Para ele tratavase de gente de boa constituição física e aparentemente de boa índole indivíduos que traziam os corpos desnudos e pintados e disso não tinham nenhuma vergonha viviam em inocência e eram ao mesmo tempo desconfi ados e curiosos 1 Você acabou de conhecer alguns acontecimentos históricos que levaram um pequeno país a construir uma saída para sua situação política e econômica A construção dessa saída só foi possível na medida em que Portugal rompeu com alguns cânones do saber ocidental da época Faça uma pequena pesquisa e refl ita sobre a relação entre educação e inovação na época dos descobrimentos Você pode também recorrer à Aula 7 ATIVIDADE História na Educação 2 História do Brasil colonial 12 C E D E R J RESPOSTA COMENTADA Se você destacou a necessidade de romper com as idéias antigas sobre o formato do mundo como uma inovação e ruptura a sua atividade foi bem desenvolvida E QUEM ERAM OS ÍNDIOS Quando os portugueses chegaram nas terras que futuramente seriam o Brasil não as encontraram desabitadas Muito pelo contrário o extenso território era povoado e bem povoado digase de passagem Estimase que viviam aqui cerca de três milhões e meio de índios divididos em quatro principais troncos lingüísticos que se desdobravam em incontáveis dialetos O principal grupo com o qual os descobridores fi zeram contatos em abril de 1500 foi o tupiguarani tronco constituído por várias nações que habitavam o litoral depois de terem expulsado para o interior as tribos que não eram tupis De modo geral podemos dizer que se organizavam em núcleos menores as tribos e desconheciam a propriedade privada Tanto a terra como os produtos dela tirados e o resultado das caçadas e das pescarias pertenciam à coletividade Conheciam a agricultura embora esta fosse rudimentar Plantavam principalmente mandioca além de milho feijão amendoim e abóbora Completavam a dieta alimentar com a caça e a pesca no que eram muito hábeis e com a coleta de frutos silvestres Na tribo destacavamse duas figuras a do sacerdote que comandava os cultos e cuidava das doenças e a do guerreiro que conduzia os seus nas constantes batalhas que travavam com outras tribos pelo domínio territorial de caça e pesca e para vingar ofensas Embora seja possível apontar as duas fi guras principais da tribo como você acabou de ler devese ressaltar que entre eles não havia aquilo que conhecemos como classe social A educação dos meninos e das meninas ocorria num clima harmonioso por meio do qual eram inseridos progressivamente na vida da comunidade As crianças acompanhavam os adultos nas atividades cotidianas e pouco a pouco aprendiam Os contatos entre os índios e os portugueses nem sempre foram hostis mas também nem sempre foram pacífi cos Eles variaram segundo C E D E R J 13 AULA 11 os interesses e os comportamentos de ambos Ao longo da colonização de forma geral podese dizer que os portugueses assumiram uma postura arrogante diante dos índios Sentiamse superiores a eles e esforçaramse para escravizálos e submetêlos à lógica do trabalho forçado fundamental para tirar das terras conquistadas as riquezas cobiçadas Movidos pela ganância e pela necessidade os descobridores perpetraram verdadeiros massacres reduzindo a população nativa a um número insignifi cante comparado ao ano de 1500 OCUPAR PARA NÃO PERDER Depois de reconhecida apenas uma pequena parcela do que viria a ser o Brasil a frota de Cabral segue o seu destino E por quê Simplesmente porque seu objetivo e destino não estavam aqui A esquadra de Cabral estava bem aparelhada para o comércio e fazer comércio transoceânico foi o principal objetivo da expansão marítima européia As Índias representavam um sonho de riqueza abundância e exotismos e para lá seguiam as naves portuguesas Mas abandonar o território descoberto seria o mesmo que perdêlo outras nações pretendiam conquistar colônias e elas não deixariam de ocupar um imenso território com potencialidade para produzir riquezas Na verdade você está conhecendo agora um dilema vivido pelos portugueses Eles estavam preparados para comercializar mas nem tanto para colonizar ou seja transformar aquele imenso território por meio de exploração e trabalho sistemático em produtor de riqueza O SÉCULO XVI A FIXAÇÃO LITORÂNEA Em 1627 frei Vicente do Salvador colocava um ponto fi nal na primeira História do Brasil escrita por um homem que nasceu e viveu a maior parte da vida aqui no Brasil É um livro muito rico que nos deixou informações preciosas sobre o primeiro século da presença portuguesa Dentre as muitas tiradas originais há uma muitas vezes citada quando se escreve sobre o Brasil no século XVI os portugueses andam arranhando a costa como caranguejos O nosso autor fazia uma crítica à ocupação portuguesa que segundo ele descuidou do interior e fi xou pontos de povoamento e colonização apenas no litoral História na Educação 2 História do Brasil colonial 14 C E D E R J E ele tinha razão Por falta de homens e recursos por medo e ignorância das coisas do sertão pela necessidade de estar próximo da costa de onde se partia para o reino e dele se recebiam notícias e mercadorias a colonização ao longo do século XVI teimou em fi xar se no litoral É claro que não queremos dizer com isso que o interior denominado então sertão em contraposição ao litoral terras próximas ao mar era totalmente desconhecido Mas podemos afi rmar que a experiência da colonização transcorreu na faixa de terra próxima ao mar Primeiro ela começou com a extração do paubrasil madeira que dará nome à nova terra Uma árvore muito comum que existia em abundância ao longo da costa nas fl orestas de Mata Atlântica Para essa exploração não foi preciso montar um sistema de colonização Usavam se as feitorias espécie de pequenas e rústicas fortalezas comerciais onde se armazenava a madeira abatida que fi cava à espera de navios que a levassem para o reino Os índios tratavam de abater as árvores e transportálas para as feitorias e depois para os navios Recebiam como forma de pagamento produtos manufaturados principalmente instrumentos metálicos A atividade de extração do paubrasil gerou renda signifi cativa para a Coroa que não dispunha de muitos recursos fi nanceiros nem humanos para povoar e defender de possíveis invasores as terras descobertas Mas sua importância da extração do paubrasil não se limitava a aspectos comerciais Você deve levar em conta que os portugueses ao descobrirem o Brasil não sabiam praticamente nada a respeito da terra e de seus habitantes Desconheciam a língua aqui falada e não sabiam como era o interior Este período inicial serviu como um laboratório Os homens que aqui fi cavam aprendiam como lidar com os nativos reconheciam a terra aprendiam a língua e iam pouco a pouco facilitando os contatos futuros Sistema de colonização ou sistema colonial mercantilista séculos XVI XVII XVIII é um conjunto de procedimentos colocados em prática pelas potências marítimas visando a tornar suas colônias fontes de enriquecimento Podemos destacar dentre esses procedimentos aqueles mais comuns que caracterizaram o sistema colonial mercantilista a Colônia deveria ser um mercado consumidor uma fornecedora de produtos comerciais deveria fazer comércio apenas com a metrópole e respeitar os monopólios Nesse sentido a Colônia era entendida como uma produtora de riqueza para a metrópole C E D E R J 15 AULA 11 Em 1532 Martim Afonso de Souza fundou São Vicente a primeira vila no Brasil próxima à atual cidade de Santos Foi um discreto mas importante passo rumo a uma nova estratégia de ocupação A vila foi fundada sob ordens reais o que signifi ca que a Coroa portuguesa assumia a intenção de colonizar o Brasil Na frota do fundador vieram algumas famílias animais ferramentas profi ssionais da construção e técnicos de engenho Plantouse cana e trigo e deuse início à colonização programada No entanto diante da imensidão da costa brasileira São Vicente signifi cava apenas um ponto diminuto e isolado Parecia necessário criar uma estratégia mais ousada que imprimisse mais velocidade à ocupação territorial Pensando nisso no mesmo ano de 1532 a Coroa decide dividir a terra em porções e doálas a homens ricos de Portugal São as chamadas CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Os donatários aqueles que recebiam uma capitania hereditária enfrentavam várias difi culdades Tratavase de uma empresa cara e perigosa Imagine um grupo de homens chegando com suas ferramentas e mantimentos sem poder contar com nenhuma forma de socorro tendo de construir as suas moradias defenderse dos ataques dos índios derrubar a mata e preparar o solo para cultivo tudo isso numa região desconhecida Esse era o desafi o e a maioria dos donatários não conseguiu superálo Aliás muitos sequer tentaram Um outro problema enfrentado pelos donatários foi a difi culdade e demora na comunicação com Lisboa Estavam distantes de Portugal e não contavam com um ponto de apoio para a resolução de problemas de justiça e segurança O donatário tornavase uma espécie de juiz e governador das suas terras acumulando muitos poderes Esse fato aliado ao malogro de algumas capitanias fez com que a Coroa repensasse os seus planos Em 1549 chegou ao Brasil o primeiro governadorgeral Tomé de Souza Ele vinha com a tarefa de construir uma cidade para sediar a nova administração A Coroa fi ncava em terras brasileiras um representante direto A partir daquele momento as questões de justiça de cobrança de impostos e de segurança estariam a cargo do governadorgeral Ele tinha autoridade para resolver as questões que anteriormente só encontravam solução em Portugal Tomé de Souza trazia consigo além de obreiros para a construção da cidade do Salvador e colonos para a ocupação da terra um ouvidor CAPITANIAS HEREDITÁRIAS Entre 1534 e 1536 o rei de Portugal D João III doou as terras do atual litoral brasileiro Cada donatário recebia uma vasta porção de terra e direitos para exercer amplos domínios sobre os colonos que nela fossem viver Foi uma tentativa de ocupar a terra sem grandes despesas Catorze foram os lotes distribuídos a doze donatários História na Educação 2 História do Brasil colonial 16 C E D E R J mor justiça um provedormor fazenda e um capitãomor segurança além de alguns jesuítas que deram início ao trabalho sistemático de conversão dos índios e de vigilância moral dos portugueses Você já teve ter ouvido falar em Manuel da Nóbrega Ele é um dos mais conhecidos jesuítas que estiveram aqui no primeiro século da colonização Foi trabalhador aguerrido tanto no sentido de converter os índios quanto na tentativa de moralizar os portugueses e impedir os abusos praticados por muitos senhores na escravização dos índios A vida religiosa na Colônia era bastante movimentada Povos de cultura e origem distintas conviviam no mesmo espaço gerando um verdadeiro caldeirão de crenças e comportamentos que se misturavam e confl itavam dependendo da fl exibilidade e da conveniência dos agentes históricos Isso numa época em que a tolerância religiosa não estava na pauta do dia Hoje sabemos respeitar as crenças de outras pessoas e de outros povos mas para os europeus do século XVI e seguintes isso não era viável A fé provocava guerras e a submissão dos seguidores de outras religiões Os índios como você leu anteriormente foram importantes reservas de mãodeobra para os portugueses que tentavam tornar o Brasil uma exploração viável e lucrativa Em muitas ocasiões eles foram simplesmente caçados e escravizados mas esse procedimento criava muitos atritos e afastava as tribos das proximidades dos centros de povoamento dos portugueses gerando ataques destruidores e falta de mãodeobra Os jesuítas e outras ordens religiosas que estavam presentes no Brasil tentavam com a catequese e a conversão amenizar esses confl itos criando uma frente de contato mais branda com os índios e às vezes até mais lúdica Nóbrega entendeu que a maneira mais efi ciente de aproximação seria por meio da educação Por isso ele criou a escola de crianças Concluiu que os adultos já estavam arraigados demais aos seus princípios religiosos para ceder ao discurso do cristianismo mas com as crianças poderia ser diferente Elas eram alfabetizadas com o catecismo E você sabe quando se entra numa religião entrase também numa cultura Assim quanto mais cristianizados mais bem adaptados aos preceitos de vida dos europeus Além disso os jesuítas se preocupavam com os portugueses que se indianizavam Muitos colonos degredados marinheiros e fugitivos abandonavam a vida entre os portugueses e assumiam os hábitos e o estilo de vida dos índios Casavam com várias mulheres viviam nas aldeias e faziam guerra contra os portugueses C E D E R J 17 AULA 11 2 Em muitas ocasiões ouvimos juízos depreciativos a respeito dos índios nas relações com os colonizadores Você acha que eles realmente foram inocentes e se comportaram como bobinhos diante da esperteza dos portugueses Justifi que a sua resposta a partir do que você aprendeu até agora RESPOSTA COMENTADA Os índios trocaram com os portugueses aquilo que eles consideravam interessante e raro E os portugueses fi zeram o mesmo ATIVIDADE A CANADEAÇÚCAR Produzir para gerar riquezas Baseandose nas experiências de produção do açúcar nas ilhas atlânticas e na confi ança de que o produto teria uma boa aceitação no mercado Portugal transforma o Brasil em pólo de produção Não mais o simples extrativismo embora ele tenha permanecido como um importante item de exportação mas a montagem de um complexo sistema de produção em larga escala a monocultura da cana Ela só era viável na medida em que se dispunha de grandes extensões de terra e mãodeobra escrava E aqui estão dois elementos importantes para se compreender o Brasil não só do ponto de vista econômico mas do social também A monocultura necessita de grandes extensões de terras sob o controle de um único proprietário Assim embora o critério de distribuição de terras fosse aparentemente aberto poucos podiam transformar a terra inculta em propriedade produtiva o que tornou a posse de terras em critério de distinção social Com a monocultura a necessidade de escravos aumenta E logo os proprietários de terra e de escravos tornaramse os senhores uma distinção social que perdurou ao longo de todo o período colonial adentrando inclusive nas sucessivas fases da História do Brasil Você certamente já ouviu a expressão senhor de engenho Ela se refere a um homem que é o proprietário de uma extensa faixa de terra e que produz açúcar por meio da exploração do trabalho escravo Essa descrição serve também para defi nir o grande produtor de cana Para ser História na Educação 2 História do Brasil colonial 18 C E D E R J realmente um senhor era preciso ter em suas terras um engenho uma estação de transformação da cana em açúcar O engenho era muito caro o seu perfeito funcionamento exigia a presença de técnicos especializados e a sua manutenção também era bastante custosa Assim ser senhor de engenho era o ápice da hierarquia social na Colônia Os senhores formavam um tipo de nobreza da terra No fi nal do século XVI o açúcar era o principal produto de exportação do Brasil Além de gerar riqueza ele participou diretamente no desenho das características da sociedade colonial e de sua hierarquização Na parte superior da pirâmide social estavam os burocratas os grandes comerciantes e os senhores de engenho Na base dessa pirâmide os escravos africanos e indígenas Entre os extremos trabalhadores livres pequenos comerciantes pequenos plantadores escravos libertos e aventureiros Além de desenhar a hierarquia social a atividade canavieira também incidiu diretamente na ocupação territorial As zonas próximas ao litoral foram as preferidas para o estabelecimento das fazendas de cana A fi xação litorânea processo caracterizador da colonização no século XVI teve na cana na extração do paubrasil na fundação de vilas e cidades e no comércio com o exterior os seus pontos de apoio 3 Enumere três estratégias de ocupação do território e comente aquela que você considera a mais importante e que deixou marcas mais profundas na História do Brasil RESPOSTA COMENTADA A feitoria as capitanias hereditárias o governo geral e a monocultura da canadeaçúcar podem ser apontados como estratégias de ocupação A mais importante é a cana pois deixou marcas na estrutura social bem como na nossa economia ATIVIDADE C E D E R J 19 AULA 11 SÉCULO XVII A EXPANSÃO Nesta parte da aula você estudará a expansão territorial ocorrida ao longo do século XVII e com ela a variedade de atividades econômicas e administrativas Em 1580 Portugal perdeu a coroa para o rei da Espanha É o cume de um processo longo que manteve as duas casas reais ligadas através de casamentos Com a morte de Dom Sebastião em 1578 a Coroa portuguesa fi cou vacante e passou a ser disputada por vários pretendentes mas o rei Filipe de Espanha levou a melhor Deuse então a União Ibérica que perdurou até 1640 Portugal saiu arrasado dessa união forçada Os espanhóis estavam em confl ito com outras nações européias e por conta da união das duas Coroas as inimizades foram ampliadas também para o lado português As principais possessões orientais foram perdidas nesse período A partir de 1640 o Brasil emerge como a mais importante Colônia de Portugal e a única esperança de sobreviver às milionárias dívidas contraídas para libertarse da dominação espanhola Algumas colônias também perduraram na África mas elas acabaram sendo transformadas em fornecedoras de escravos para as lavouras e a mineração no Brasil Enquanto Portugal debatiase para sobreviver e escapar do domínio espanhol o processo colonizador não parou Pelo contrário ganhou consistência e conquistou novos espaços A cultura da cana ia muito bem O século XVII marcou o pleno estabelecimento do cultivo da cana e do refi no de açúcar Vários novos engenhos foram erguidos e terras doadas e ocupadas Outras culturas também foram implantadas O tabaco ganhou força e o Brasil passou a exportar principalmente para a África farinha de mandioca e aguardente E o interior continuava abandonado e desconhecido Não esta situação mudou signifi cativamente ao longo do século XVII Não seria correto afi rmar que ao longo do século XVI o interior chamado à época de sertão repousou no total desconhecimento Foram principalmente os paulistas com as suas bandeiras os primeiros desbravadores das parcelas incógnitas do imenso território brasileiro Eles iam ao sertão em busca de índios para escravizar e de metais e pedras preciosas Como não encontravam as pedras voltavam com as peças como se chamavam então História na Educação 2 História do Brasil colonial 20 C E D E R J os escravos Dessas bandeiras nasceu uma cultura algumas informações preciosas sobre o sertão e a técnica de adentrar no território No século XVII essa penetração se fez sentir mais nitidamente A procura de índios para a lavoura intensifi cavase à medida que as plantações se expandiam Mesmo que a preferência recaísse sobre o escravo negro os índios representavam uma estratégica reserva de mãodeobra mais barata inclusive O grande entrave eram as proibições da Coroa que apostava na escravização do africano por questões estratégicas e econômicas tirava dos colonos o acesso direto à mãodeobra necessária ao cultivo de suas terras aumentando assim a dependência em relação à Coroa Esta ganhava com os impostos cobrados sobre o comércio dos africanos Mas a despeito das proibições e de uma nítida política de valorização da escravidão africana os colonos não abriam mão integralmente do trabalho dos índios Os metais e as pedras também exerciam um grande fascínio sobre os colonos Era comum pensarse que o Brasil continha em seu subsolo imensas riquezas minerais que ainda não haviam sido encontradas Portanto buscálas era uma atividade alimentada previamente por uma crença bastante forte e arraigada Assim a necessidade de mãodeobra indígena e a esperança de encontrar minérios valiosos fi zeram com que os limites estabelecidos no TRATADO DE TORDESILHAS fossem empurrados para o interior O Brasil foi crescendo em direção ao Oeste Mas nem só de índios e esperanças se fez a expansão territorial O século XVII marcou a expansão da pecuária As fazendas de gado mais baratas e mais fáceis de administrar foram ocupando as terras vazias do sertão Para começar bastavam algumas cabeças de gado uma sede rústica um pequeno curral lavoura de subsistência e um vaqueiro e seus auxiliares Aqui a mãodeobra era preferencialmente livre Os vaqueiros cuidavam do gado e viajavam pelo sertão em busca de bons pastos O gado se multiplicava Depois voltavam para a fazenda onde se abatiam os animais e preparavam o charque modo como a carne era conservada para ser exportada para os centros consumidores da Colônia Além da carne o couro era um produto de boa aceitação nos mercados interno e externo As fazendas localizavamse na proximidade dos rios e era o percurso dos rios que sinalizava os caminhos dos vaqueiros e de seus rebanhos O rio São Francisco cumpriu um papel fundamental a sua porção nordestina foi o berço da colonização do interior Ao fi ndar o TRATADO DE TORDESILHAS Foi celebrado entre Portugal e Espanha em 1494 Ele defi nia as áreas de domínio extraeuropeu ou seja estipulava como o mundo novo seria dividido entre as duas potências marítimas e descobridoras Por esse tratado Portugal tinha a posse somente de uma pequena parte do Brasil C E D E R J 21 AULA 11 século XVII o interior da Bahia ligavase ao interior do Rio Grande do Norte pelos caminhos do gado E mais ao norte do Brasil o interior também era desbravado A região amazônica foi sendo paulatinamente explorada pelos índios aldeados aqueles que estavam sob a tutela das ordens religiosas Era uma região muito pobre que encontrou nas chamadas drogas do sertão produtos da fl oresta que encontravam valor no comércio internacional seus fatores de sobrevivência Explorar e ocupar o Norte do Brasil fazia parte de uma estratégia de manutenção da Amazônia uma forma de controlar a ligação do Atlântico com o interior do continente rico produtor de metais preciosos Assim mesmo diante de muitas difi culdades encontradas pelos colonos situados ao norte insistiuse na permanência de sua presença Era uma maneira de controlar a desembocadura do rio Amazonas Assim como também se insistiu na permanência de uma colônia no extremo sul do continente a Colônia do Sacramento Ela foi fundada na margem esquerda do Prata por onde eram escoadas as riquezas produzidas na América espanhola Parece que os colonos brasileiros estavam bastante interessados em manter um ponto de comércio avançado com os espanhóis afi nal a prata do Peru circulava entre nós e na maioria das vezes como fruto de um intenso comércio ilegal Podemos dizer que ao fi ndar o século XVII todo litoral do atual Brasil estava sob o domínio português O sertão não era mais apenas o vazio desconhecido e ameaçador Ele já acomodava importantes iniciativas econômicas e contribuía para o comércio internacional A região do Amazonas embora escassamente povoada como a maior parte do território brasileiro estava pontilhada por colonos que com difi culdade mantinhamse atuantes na faina de cultivar e extrair riquezas da fl oresta marcando a posse de Portugal sobre os vastos domínios amazônicos Durante o século XVII o açúcar permaneceu como o principal produto de exportação Os holandeses invadiram Pernambuco em 1630 e lá permaneceram até 1654 quando foram expulsos Depois desta data tem início a crise do açúcar Os holandeses criaram plantações e engenhos nas Antilhas e passaram a produzir um açúcar de boa qualidade e com preços competitivos no mercado Além dessas vantagens eles dominavam a distribuição do produto na Europa o que acarretou grandes difi culdades para os produtores brasileiros História na Educação 2 História do Brasil colonial 22 C E D E R J Para saber mais sobre este importante momento da história do Brasil colonial momento marcado por conflitos internacionais e reviravoltas internas visite o seguinte site httpwwwculturabrasilprobrholandahtm 4 O século XVII foi profundamente marcado pela expansão territorial e pela diversifi cação da economia Faça uma lista com os principais produtos que entraram na cena econômica no século XVII e que até hoje são importantes para o Brasil RESPOSTA COMENTADA O gado a mineração e as drogas do sertão são produtos que ainda hoje compõem o nosso cenário de produção de riquezas ATIVIDADE O SÉCULO XVIII OURO E REFORMAS Em 1695 foi fi nalmente encontrado ouro no Brasil em quantidade signifi cativa primeiro em Minas Gerais depois em regiões mais afastadas como Goiás Primeiro o ouro depois as pedras preciosas E veja bem essas tão sonhadas e procuradas riquezas não foram encontradas no litoral e sim no sertão fato que mudou o eixo de poder e de riqueza da colônia Se durante os dois primeiros séculos da colonização a sede do governo geral esteve em Salvador no Nordeste bem próximo aos principais centros de produção de riqueza no século XVIII ela se transfere para o Rio de Janeiro por onde saíam o ouro e as pedras preciosas arrancadas ao subsolo O Sudeste tornouse então a região mais povoada e vigiada da Colônia Assim que a notícia das novas descobertas se espalhou pela Colônia e metrópole assistiuse a uma corrida de aventureiros Gentes de todas as partes afl uíam em direção à região das minas com a esperança de tomar parte na descoberta de riquezas Essa afl uência foi tão radical C E D E R J 23 AULA 11 que a região padeceu sérios problemas de abastecimento Muitos homens chegavam de repente numa região vazia sem população estabelecida e portanto sem nenhum sistema atuante de produção de alimentos Assim a carestia se fez sentir rapidamente Com ela os saques e a violência A Coroa não tardou a estender os seus longos tentáculos sobre a nova região Ela precisava vigiar administrar e cobrar impostos sobre as preciosidades recémdescobertas Todos os veios auríferos pertenciam à Coroa mas ela não tinha como explorálos diretamente A solução encontrada foi doar aos descobridores uma parcela do terreno aurífero e leiloar em lotes chamados datas os que a ela pertenciam por direito Muitos homens disputavam as datas mas para concorrer a uma era necessário apresentar condições de explorála e estas condições estavam diretamente ligadas ao fato de possuírem escravos e dinheiro Todo ouro deveria ser quintado ou seja um quinto dele fi cava como pagamento de impostos à Coroa Na medida em que o ouro era arrancado ao solo intensifi cavase o processo de povoamento da região Agora uma parcela do sertão ganhava relevo social As vilas nasceram e cresceram e pela primeira vez no Brasil colonial apresentavam alto índice de desenvolvimento sociocultural Você certamente já ouviu falar e já viu fotos de cidades como Mariana Sabará São João Del Rei e Ouro Preto São cidades históricas mineiras que guardam um verdadeiro e rico patrimônio cultural erguido à época da mineração Dessa densa sociabilidade emergiram os mais famosos e poderosos movimentos artísticos e de contestação colonial o Barroco mineiro e a Inconfi dência mineira A descoberta das minas foi fundamental para Portugal Ao iniciar o século XVIII a situação fi nanceira da metrópole era extremamente delicada As dívidas eram enormes e como você já aprendeu muitas possessões foram perdidas como conseqüência da União Ibérica Nesse contexto o Brasil situase como a mais importante Colônia de Portugal Mas o século XVIII não foi apenas marcado por crises econômicas e da colonização Ele foi também tremendamente marcado por alterações no cenário político e administrativo E um nome ganha destaque ímpar nesse contexto o marquês de Pombal Nomeado ministro de D José I Pombal fi gura entre as mais destacadas personagens da Europa no século XVIII um déspota esclarecido O que vem a ser isto Bom déspota você sabe o que é Tratase de uma pessoa que exerce autoridade arbitrária e até História na Educação 2 História do Brasil colonial 24 C E D E R J absoluta E esclarecido é aquele que tem luz conhecimento informação e consciência de suas atitudes autoritárias São fi guras políticas típicas do Iluminismo quando se acreditava que apenas o conhecimento e a educação poderiam levar um povo ao estado de civilização avançada Pombal representou em Portugal e nas suas Colônias essa fi gura Ele criou uma importante reforma O seu objetivo era baratear a administração e centralizar o poder nas mãos do monarca Tentou tornar o aparelho de poder da Coroa o mais efi ciente possível E o refl exo de suas atitudes fi zeramse sentir aqui no Brasil Implementou companhias de comércio para otimizar a economia colonial proibiu a discriminação racial e religiosa abrindo as portas para o retorno do capital dos judeus proibiu o uso da língua geral e permitiu aos descendentes de índios a ocupação de cargos administrativos Uma de suas mais drásticas decisões foi a de expulsar os jesuítas do Brasil a mais importante e poderosa ordem religiosa aqui estabelecida Foi uma tentativa de intimidar o crescente poder exercido pelos jesuítas em vários setores da vida colonial O resultado foi um duro golpe na educação pois eles controlavam todas as fases do ensino no Brasil Pombal tentou substituílos com a criação das chamadas AULAS RÉGIAS proferidas por professores não centrados em instituições de ensino O resultado foi uma maior elitização do saber e uma desestruturação da educação em geral Ao fi ndar o século XVIII o Brasil já apresentava a sua forma continental Embora com uma densidade populacional ainda rala os vários pontos de seu vasto território estavam interligados A mineração interiorizou a Colônia A administração ganhou uma arquitetura mais funcional Já se falava em brasileiro não só aqueles que trabalhavam com o paubrasil mas como a população que habitava estas terras O sentimento nativista começa a despontar e a ganhar relevo nas discussões políticas Em 1808 a família real transferese para o Brasil que passa a ser a sede da monarquia Estava dado um passo importante para o processo da Independência do Brasil que poria fi m ao período colonial AULAS RÉGIAS Assim chamavamse as aulas instituídas por Pombal depois da expulsão dos jesuítas Um professor era nomeado e tornavase o dono de uma aula leiase uma matéria Latim Retórica Grego Cada aula era independente e não se articulava às demais Não havia um sistema educacional C E D E R J 25 AULA 11 ATIVIDADE FINAL O século XVIII apresentase como um período de consolidação e de reforma Baseandose no que você aprendeu trace uma relação entre o século XVIII e a atualidade brasileira dando destaque às idéias de consolidação e reforma RESPOSTA COMENTADA Diversos são os caminhos que você pode trilhar para resolver essa atividade Se você levou em consideração que mudanças administrativas e educacionais foram implementadas como uma estratégia que serviu ao mesmo tempo para consolidar a colonização e reformar os pontos fracos da dominação você seguiu um bom caminho O Brasil entrou no cenário internacional a partir da expansão comercial que inaugurou a Idade Moderna Portugal objetivava negociar especiarias entre o Oriente e a Europa Neste processo de expansão o Brasil foi descoberto e passou paulatinamente a compor o cenário do Mercantilismo até transformarse já no século XVII na mais importante Colônia de Portugal Ao elevarse a esta destacada categoria começou a construir por diversos caminhos uma identidade que cada vez mais o distinguia da metrópole Na passagem do século XVIII para o XIX o Brasil apresentava os sintomas de querer ser Brasil R E S U M O História na Educação 2 História do Brasil colonial 26 C E D E R J LEITURA RECOMENDADA Quer ampliar os seus conhecimentos sobre os índios e os primeiros contatos com os europeus Quer fazer isso lendo um livro muito bem escrito sobre uma belíssima história que mistura aventura navegação descobrimento e compromisso ético Então leia o muito bem pesquisado e escrito livro de Leyla PerroneMoisés Vinte luas Viagem de Paulmier de Gonneville ao Brasil 15031505 São Paulo Companhia das Letras 1992 Tratase de uma ótima obra que retraça a história de um navegador francês que vem ao Brasil na região Sul no começo do século XVI e leva consigo o fi lho do chefe de uma tribo mediante a promessa de que o traria de volta em vinte luas Uma leitura instigante e informativa SITE RECOMENDADO E A prefeitura do Rio de Janeiro junto com a MultiRio empresa ligada à Secretaria de Educação desenvolveu um site muito bemfeito com amplo material e de fácil consulta sobre o Brasil colonial É uma ótima fonte de pesquisa com textos simples e corretos e boas ilustrações httpwwwmultiriorjgovbrhistoriaindexhtml Vou indicar um fi lme que considero bastante interessante e ilustrativo do viver na Colônia no século XVI Chamase Desmundo Baseado no romance histórico homônimo da escritora Ana Miranda o fi lme conta a história de uma moça órfã que foi enviada ao Brasil para se casar com um homem que escolhesse tirandoa assim da situação de penúria e abandono que vivia m Portugal Mas ela não gosta nem um pouco daquele que a escolheu e sua ida tornase um tormento O fi lme foi dirigido por Alain Fresnot lançado em 2003 pela Columbia Pictures do Brasil MOMENTO PIPOCA O que é história local e do cotidiano O que é É o eixo em que são trabalhados conteúdos com base na relação do aluno com seu espaço no seu e em outros tempos O estudo da história local e do cotidiano faz com que as crianças das séries iniciais se percebam como parte integrante da História por meio das vivências pessoais com sua comunidade Com a reflexão sobre o desenvolvimento da sua região e a comparação com os grupos antigos que lá viviam o aluno é capaz de entender que a História que está nos livros é construída pela ação de diversos povos e classes sociais Ao conhecer a história da sua localidade os alunos não estudam a disciplina apenas como um acumulado de datas e fatos As aulas fazem parte de um processo de formação de sujeitos mais conscientes e críticos preparados para a experiência e a prática da cidadania Há menos de uma geração as aulas eram resumidas à memorização de episódios e à apreciação das figuras heroicas que estampavam os livros didáticos O conteúdo trabalhado em sala seguia o calendário cívico de feriados nacionais e datas comemorativas o que mantinha as aulas restritas a um passado descontextualizado Até hoje no entanto muitas escolas usam essa abordagem que além de desestimular faz com que a turma não se sinta parte desse processo histórico Como resultado disso o que se vê muitas vezes são alunos com grandes dificuldades em ligar os ideais de vida coletiva e em sociedade ao seu papel cidadão Para Daniel Helene coordenador pedagógico do Centro de Estudar Acaia Sagarana em São Paulo é importante sim tratar de temas do cotidiano e dos hábitos mas sem abandonar a perspectiva histórica de como eles se relacionam e se encadeiam em panoramas mais gerais Estudar a história de como as pessoas se sentavam à mesa ou se alimentavam no século 18 tem sua importância mas não é equivalente e nem substitui o estudo de grandes temas da História como a Revolução Francesa ou a Inconfidência Mineira diz o educador Por que ensinar Por meio da observação da realidade local a turma pode entrar em contato com os primeiros conceitos históricos e aprender a construir ligações entre o cotidiano e os aspectos mais amplos da vida social Desde pequenas as crianças recebem um grande número de informações sobre as relações sociais e coletivas Mas muitas dessas reflexões são sustentadas por ideias que vêm do senso comum Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de História cabe à escola interferir nas concepções de mundo dos alunos para que desenvolvam uma observação atenta do seu entorno No decorrer da vida escolar os estudantes aprofundam o modo como observam e compreendem a sociedade em que vivem Coletando por meio de depoimentos a história dos moradores do seu bairro por exemplo as crianças começam a estabelecer as primeiras noções de diferenças e semelhanças É assim que elas passam a compreender as ideias do eu e também do outro que compartilha com elas o mesmo tempo e espaço formando então a noção do nós Com esse sentimento criamse as concepções de grupo que se estendem da sala de aula que dividem ao bairro ao país ou até em comunidades globais Os conhecimentos relacionados ao eixo estão próximos da realidade dos alunos sobretudo nas séries iniciais quando estão começando a aprendizagem dos conceitos históricos Ao estudar a cidade onde vivem e tecer junto dela a sua história as crianças descobrem seus encantos e problemas e aprendem a propor soluções defender e pensar com embasamento as questões do lugar onde vivem Localidade Quando o aluno procura as conexões entre a História e a vida de sua comunidade o conteúdo sai dos livros e passa a repercutir em sua vida É por meio da localidade que os assuntos historiográficos ganham sentido no dia a dia do aluno É uma ferramenta potente de ensino diz Daniel Helene coordenador pedagógico do Centro de Estudar Acaia Sagarana E é fundamental ressaltar a sua importância nesse trabalho É você quem faz o papel de articulador entre a história local e um contexto mais amplo Segundo as Orientações Curriculares da Prefeitura de São Paulo pensar sobre a localidade é uma aprendizagem significativa que vai além dos aspectos cognitivos dos envolvidos no processo mas está intimamente ligada a suas referências pessoais sociais e afetivas Relacionar a história cotidiana a outros períodos é uma ótima opção para trabalhar a localidade Por meio de mapas antigos ou mesmo de fotografias de diferentes épocas os alunos das séries iniciais podem comparar as alterações feitas na cidade ao longo do tempo o que pode ser feito por meio de antigos mapas e mesmo fotografias de diferentes períodos históricos do município No caso dos mapas uma análise comparativa das principais transformações pode estimular a garotada a distinguir e dar nome aos espaços com termos como rural e urbano explica Dora Martins Dias e Silva autora de livros didáticos A visualização dessas transformações também pode auxiliar na compreensão mais abstrata dos conceitos de mudança e permanência Neste link você encontra imagens da construção de Brasília e como ela está hoje que podem ser usadas para a observação das mudanças O ideal é que os estudantes estejam em contato com a maior diversidade de materiais possível fotografias pinturas esculturas filmes Mas o trabalho não deve se esgotar somente na observação Por meio dessas fontes históricas os alunos aprendem também a tirar conclusões e questionar os dados fornecidos Qual a relação entre os personagens retratados Que lugar é retratado Como esse lugar se encontra nos dias atuais Quem é o autor De que época ele é Essas são perguntas que ajudam a turma a analisar e confrontar o passado e o presente e não apenas vêlos sob uma ótica cronológica Para estimular o espírito crítico da criançada é importante refletir sobre os conteúdos dos livros didáticos e apresentálos como uma das muitas formas de se contar a História seja do tempo presente ou passado No vídeo que complementa este texto você conhece o projeto da vencedora do Prêmio Victor Civita 2011 Elaine Adriana Rodrigues de Paula de Catas Altas a 142 quilômetros de Belo Horizonte Para estudar com o 3º ano a história local e seus costumes a professora propôs à turma uma pesquisa sobre objetos antigos como utensílios domésticos e instrumentos de trabalho que permanecem guardados nas casas Na sequência os alunos entrevistaram familiares visitaram um museu da cidade e leram artigos históricos Depois de produzir e revisar muitos textos as crianças fizeram desenhos de observação dos objetos estudados e reuniram tudo em um livro Fonte httprevistaescolaabrilcombrfundamental1roteirodidaticohistorialocal cotidiano123anosshtml640515shtmlpage0 Visitado em 30072013 Vídeo httpyoutubeRxLFmwmUbdc UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO UERJ DISCIPLINA HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO 2 ALUNOA MARIZA ISABEL MAGALHÃES POLO PARACAMBI MATRICULA 24112080400 AD2 DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO 2 20251 PROPOSTA DE ATIVIDADE Ano 4º ano do Ensino Fundamental Componente Curricular História Duração 2 aulas Tema Como a produção do café influenciou a história do Brasil e da minha cidade Quem são as pessoas que ajudaram a construir o lugar onde vivemos Objetivos Compreender a importância do café para a economia brasileira do século XIX Relacionar os acontecimentos do Império com a história local e familiar dos alunos Estimular a percepção de mudança e permanência no espaço onde vivem Desenvolver habilidades de pesquisa observação escuta e representação gráfica Habilidades EF04HI03 EF04HI06 1 Metodologia Exploração Inicial sala de aula Apresentar de forma lúdica com imagens e mapas como o café foi importante na economia do Brasil no século XIX Conectar com a ideia de que a história também está onde vivemos Nosso bairro tem história O que mudou desde a época dos nossos avós Atividade de Produção sala de aula Formar grupos para construir uma linha do tempo em cartolina que relacione dois eixos a A história do Brasil Império e o ciclo do café b As mudanças percebidas no bairro ou cidade com base em relatos familiares Após a produção cada grupo apresentará sua linha do tempo Após a apresentação levantaremos discussões com algumas perguntas como Onde era plantado o café na nossa região Algum antepassado seu trabalhou em fazendas Como eram as ruas e casas no tempo dos seus avós 2 Atividade de pesquisa Tema da Pesquisa Histórias e Memórias do Meu Bairro Orientações Entrevistar um familiar ou morador mais velho da comunidade com perguntas orientadoras como Como era o bairro quando você era criança Existiam plantações trilhos de trem pontos históricos importantes Há alguma história sobre fazendas ou produção agrícola na região O que mais mudou e o que continua igual Produto Esperado Cada aluno deverá entregar um pequeno relato escrito ou desenhado se preferir com base na entrevista podendo incluir fotos ou desenhos Esse material será apresentado em sala e poderá compor um mural coletivo Nosso bairro nossa história 3 Resultados esperados Aproximação dos alunos com a História de forma significativa e concreta Ampliação do repertório crítico dos estudantes sobre o Brasil Império e sua continuidade nos dias atuais Valorização da história oral e local como fonte de conhecimento Participação ativa da família no processo de aprendizagem 4 Referências Aula 13 O Império brasileiro 18221889 Aula 14 O Império brasileiro 2 BRASIL Ministério da Educação Base Nacional Comum Curricular Brasília 2018 O que é história local e do cotidiano Disponível em httprevistaescolaabrilcombrfundamental1roteirodidaticohistorialocalcotidiano 123anosshtml640515shtmlpage0 Exercício Ligue as duas colunas Tema Aula 12 A cidade do Rio de Janeiro nos períodos colonial e imperial Instrução Ligue os elementos da coluna da esquerda com os seus significados ou acontecimentos na coluna da direita Coluna A 1 Rio de Janeiro no período colonial 2 Chegada da família real portuguesa 1808 3 Porto do Rio de Janeiro 4 Criação da Imprensa Régia 5 Rio como capital do Império Coluna B Virou a sede do poder do Brasil e passou a crescer muito Recebia produtos do Brasil e de outros países Cidade com importância comercial e militar Trouxe muitos avanços culturais e econômicos Começo das publicações de jornais no Brasil Gabarito 1 C Cidade com importância comercial e militar 2 D Trouxe muitos avanços culturais e econômicos 3 B Recebia produtos do Brasil e de outros países 4 E Começo das publicações de jornais no Brasil 5 A Virou a sede do poder do Brasil e passou a crescer muito Exercício 2 Tema Aula 13 História Contemporânea A Ascensão da Burguesia Instrução Leia as frases abaixo e marque V se forem verdadeiras ou F se forem falsas 1 A burguesia surgiu como um grupo que defendia os reis e o poder absoluto 2 Os burgueses eram comerciantes donos de fábricas e queriam liberdade para produzir e vender 3 Com a Revolução Industrial a burguesia passou a ter mais poder político e econômico 4 A burguesia queria o fim dos privilégios da nobreza e do clero 5 Os burgueses acreditavam que todos deveriam seguir apenas uma religião Gabarito 1 F 2 V 3 V 4 V 5 F