·

Design de Moda ·

Redação

Send your question to AI and receive an answer instantly

Ask Question

Preview text

Ciências Sociais Unisinos ISSN 15197050 periodicosunisinosbr Universidade do Vale do Rio dos Sinos Brasil de Oliveira Santos Heloisa Helena Moda e economia criativa políticas culturais no Brasil contemporâneo Ciências Sociais Unisinos vol 50 núm 3 septiembrediciembre 2014 pp 194205 Universidade do Vale do Rio dos Sinos São Leopoldo Brasil Disponível em httpwwwredalycorgarticulooaid93835316003 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina Caribe Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Ciências Sociais Unisinos 503194205 setembrodezembro 2014 2014 by Unisinos doi 104013csu201450302 Moda e economia criativa políticas culturais no Brasil contemporâneo Fashion and creative economy Cultural politics in contemporary Brazil 1 Doutoranda pela Pontifícia Universidade Católi ca do Rio de Janeiro Rua Marquês de São Vicente 225 Gávea 22451900 Rio de Janeiro RJ Brasil Heloisa Helena de Oliveira Santos1 heloisahosantosgmailcom Resumo Como demonstram alguns autores De Marchi 2013 Alves e Souza 2012 que refletem sobre as políticas culturais contemporâneas no Brasil o país se encontra em um momento único no que se refere à relação entre a cultura e o Estado Neste sentido encontramos um Ministério da Cultura MinC muito mais atuante e envolvido nas discussões sobre o desenvolvimento da sociedade brasileira Este papel adquirido pelo MinC é recente e está inserido dentro do programa mais amplo do governo petista iniciado em 2003 Como decorrência deste novo lugar assumido pelo ministério o mesmo se propôs a repensar não apenas sua atuação mas também as áreas que viriam compor seu escopo de atuação e que poderiam estar incluídas em seu projeto político Esta reflexão conduziu a uma aproximação com as discussões que ocorriam em nível internacional e especialmente supranacional centralmente nas agências associadas à ONU sobre a economia criativa a área ganha espaço no Brasil e setores que até aquele momento não eram considerados como parte das políticas culturais nacionais passam a sêlo Assim neste artigo pretendo fazer uma breve abordagem das apropriações realizadas pelo governo brasileiro das discussões realizadas pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento UNCTADONU assim como discutir como o MinC passa a compreender a moda neste contexto indicando ainda algumas das ações realizadas não apenas pelos líderes políticos mas também pelos agentes envolvidos com o setor para afirmar esta nova posição da moda como alvo das políticas culturais no Brasil Palavraschave moda economia criativa políticas culturais UNCTAD MinC Abstract As demonstrated by some authors who reflect on contemporary cultural policies in Brazil the country finds itself in a unique moment with regard to the relationship between cul ture and the state In this sense the Ministry of Culture MinC is much more active and involved in discussions about the development of Brazilian society This role acquired by MinC is recent and is inserted into the broader PT government program initiated in 2003 As a result of this new place assumed by this ministry it proposed to review not only its performance but also the areas that would compose its scope and could be included in its political project This reflection led to a rapprochement with the discussions taking place at the international and especially supranational level centrally in the agencies associated with the United Nations on the creative economy the area has gained ground in Brazil and sectors which hitherto were not considered as part of national cultural poli cies became part of them So in this article I want to briefly address the appropriations made by the Brazilian government of the discussions held by UNCTADUN as well as to discuss how MinC understands the fashion in this context further indicating some of the actions carried out not only by political leaders but also by the actors involved in the sector to affirm this new position of fashion as a target of cultural policies in Brazil Keywords fashion creative economy cultural policies UNCTAD Ministry of Culture MinC Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 195 Heloisa Helena de Oliveira Santos Introdução O seguinte artigo apresenta alguns dos resultados de mi nha tese de doutorado que atualmente se encontra em andamen to O tema de minha pesquisa são as recentes aproximações entre a moda brasileira como indústria de produtos de vestuário vol tada para o mercado de bens assim como os agentes nela envolvi dos e o Ministério da Cultura mais centralmente a Secretaria de Economia Criativa A análise na tese voltase para algumas das tomadas de posição dos agentes do campo da moda a fim de jus tificar sua entrada como um vetor cultural e mais como uma das áreas da economia criativa no país Como parte das análises são avaliadas ainda publicações de diferentes instituições que tratam da economia criativa no Brasil e internacionalmente Como principal objeto de análise da tese tomamos a publicação Economia e cultura da moda no Brasil publicada em 2011 em que são propostas as definições que fundamentam de acordo com estes agentes a concepção da moda brasileira como parte da economia criativa A fim de abordar as questões relativas à economia criativa em específico utilizo ainda como fonte de análise o Relatório de Economia Criativa da UNCTAD ONU sobre o tema A razão de este relatório ter sido escolhido é o fato de o mesmo ter sido utilizado como referência para a as definições sobre o tema não apenas no documento Economia e cultura da moda no Brasil mas em praticamente todas as publi cações realizadas sobre o assunto após sua edição O tema da economia criativa vem recebendo uma aten ção especial no Brasil o que pode ser verificado pela formaliza ção de uma secretaria de governo associada ao Ministério da Cultura MinC especialmente criada para se dedicar ao trata mento dos assuntos relativos ao tema a Secretaria de Econo mia Criativa SEC Como demonstram alguns autores De Mar chi 2013 Alves e Souza 2012 que refletem sobre as políticas culturais contemporâneas no Brasil o país se encontra em um momento único no que se refere à relação entre a cultura e o Estado Neste sentido encontramos um Ministério da Cultura MinC muito mais atuante e envolvido nas discussões sobre o desenvolvimento da sociedade brasileira Este papel adquirido pelo MinC é recente e está inserido dentro do programa mais amplo do governo petista iniciado em 2003 Como decorrência deste novo lugar assumido pelo ministério o mesmo se propôs a repensar não apenas sua atuação mas também as áreas que viriam compor seu escopo de atuação e que poderiam estar in cluídas em seu projeto político Esta reflexão conduziu a uma aproximação com as discussões que ocorriam em nível inter nacional e especialmente supranacional centralmente nas agências associadas à ONU sobre a economia criativa a área ganha espaço no Brasil e setores que até aquele momento não eram considerados como parte das políticas culturais nacionais passam a sêlo Assim neste artigo pretendo fazer uma breve abordagem das apropriações realizadas pelo governo brasileiro das discussões realizadas pela UNCTADONU assim como discu tir como o MinC passa a compreender a moda neste contexto indicando ainda algumas das ações realizadas não apenas pelos líderes políticos mas também pelos agentes envolvidos com o setor para afirmar esta nova posição da moda como alvo das políticas culturais no Brasil O papel das agências internacionais na definição de conceitos a economia criativa na leitura da UNCTAD O documento publicado em 2010 pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento UNCTAD sobre o tema da economia criativa consiste em uma revisão da primeira versão lançada em 2008 Este último foi o primeiro documento sobre o tema desenvolvido pela Organização das Nações Unidas ONU e tinha como uma de suas principais con clusões o fato de que as indústrias criativas estavam entre os setores mais dinâmicos da economia mundial UNCTAD 2010 p XV Nele são definidas noções interesses tipos de investi mento as possibilidades comerciais internacionais questões de propriedade intelectual estratégias de ação e a importância da participação do governo na forma de políticas públicas o po tencial de desenvolvimento social a partir do crescimento da área além da análise de alguns casos já existentes A revisão de 2010 teve por objetivo reafirmar o potencial da economia cria tiva como promotora de renda e empregos segundo o relatório mesmo com a crise que assolou o mundo no ano de 2008 o comércio de bens e serviços criativos se manteve estável sendo considerado desta maneira uma alternativa de investimento es tável para os governos que desejam diversificar suas economias especialmente para os países em desenvolvimento Já na apresentação do relatório podemos entender que a economia criativa é percebida como uma opção para o desen volvimento das nações especialmente aquelas mais pobres uma vez que os setores da economia criativa podem contribuir mui to para o crescimento e a prosperidade especialmente no caso dos países em desenvolvimento que estejam buscando diversi ficar suas economias e construir resiliência para futuras crises econômicas UNCTAD 2010 p XV É com esta perspectiva que todo o relatório é construído As noções são avaliadas desta ma neira por meio de uma perspectiva positiva cujo objetivo parece ser abrir uma nova possibilidade de atuação para as economias em desenvolvimento possibilidade esta que teria a cultura e a criatividade própria de qualquer atividade humana a seu serviço Como acentua o MinC As indústrias criativas são definidas pela Conferência das Na ções Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento UNCTAD como os ciclos de criação produção e distribuição de bens e serviços que usam a criatividade e o capital intelectual como principais insumos Elas compreendem um conjunto de ativi dades baseadas no conhecimento que produzem bens tangí veis e intangíveis intelectuais e artísticos com conteúdo cria tivo e valor econômico UNCTAD 2010 p XVI 196 Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 Moda e economia criativa políticas culturais no Brasil contemporâneo Como objetiva nortear as ações dos governos que buscam uma opção de desenvolvimento e neste sentido o relatório aponta algumas vezes os limites dos modelos econômicos atuais o texto é introduzido com uma seção conceitual que apre senta a compreensão da ONU sobre os variados pontos concer nentes ao tema com o fim central de harmonizar os pontos de vista estimular mais debates sobre pesquisa e políticas e refinar o conceito e suas aplicações UNCTAD 2010 p XIX Tal busca está diretamente relacionada com o fato de desde o início dos debates nos anos 1990 as diversas nações terem buscado defi nições próprias para determinar quais setores seriam incluídos dentro do escopo da economia criativa a fim de assim buscar os melhores meios de neles investir Por esta razão encontramos classificações distintas para as áreas criativas apenas para citar um exemplo há modelos que consideram o esporte como parte da economia criativa e outros que não o fazem A verdade é que o tema gera muitos debates Para come çar há a distinção mais básica que remete a uma discussão te órica anterior a diferença entre indústria cultural e indústria criativa Como é destacado no Relatório de Economia Criativa da UNCTAD REC o primeiro termo foi cunhado na Escola de Frank furt por Theodor Adorno e Max Horkheimer A noção buscava chamar a atenção para a massificação da cultura destacando que indústria e cultura não poderiam ser equiparadas senão com a morte da última que passaria a ser ditada pelas regras da pri meira ela seria serializada padronizada e produzida por meio da divisão de trabalho que caracteriza a alienação do operário Ocor re no documento contudo uma despolitização do conceito uma vez que se propõe que as indústrias culturais sejam simplesmen te percebidas como indústrias que produzem produtos e servi ços culturais UNCTAD 2010 p 5 uma produção que pode ser compreendida como um conjunto diversificado e contraditório de componentes industriais livro rádio cinema disco etc preci sos que ocupam um lugar determinado na economia Mattelart 2005 p 59 uma indústria de produtos culturais enfim Como decorrência desta definição a indústria criativa compreenderia a indústria cultural uma vez que embora a criatividade seja uma componente básica dos produtos e serviços culturais ela não é apenas encontrada neste tipo de bem Assim os produtos e serviços culturais podem ser vistos como um subconjunto de uma categoria maior que pode ser chama da de produtos e serviços criativos cuja produção exige um nível razoavelmente relevante de criatividade Sendo assim a categoria criativa vai além dos produtos e serviços cultu rais definidos acima incluindo por exemplo moda e software UNCTAD 2010 p 5 Podemos afirmar que esta alteração na concepção das indústrias culturais está alinhada com o objetivo da organização em desmistificar a noção de que a arte é um artefato não co mercializável Assim buscase desfazer a percepção romântica da arte pela arte construída no século XIX de modo a abrir a possibilidade de discutirse a produção dos objetos criativos com o fim de vendêlos o que é bastante coerente quando consi deramos que a Economia Criativa é percebida pela ONU como uma maneira de gerar renda e empregos neste sentido a ma nutenção de uma perspectiva que contraria a possibilidade de equiparação monetária dos objetos artísticos e culturais vai de encontro aos propósitos da instituição A desmistificação de tal percepção como podemos inferir do texto poderia trazer be nefícios aos pequenos produtores locais que muitas vezes se guiam por aquela visão romântica e acabam sendo consumidos por grandes organizações que não têm qualquer pudor no que se refere à precificação dos artigos culturais No entanto como destaca Friques 2013 a tradução para o português do termo industries gera alguns problemas uma vez que é frequentemente equiparado a indústrias O autor acentua que o termo mais adequado seria setores noção que ampliaria a definição para muito além do ramo industrial mais tradicional Ocorre que o REC traz a noção da Escola de Frankfurt que claramente trabalha com a noção de indústria para dentro do relatório sobre economia criativa o que acaba por gerar dúvi das sobre qual é o termo mais adequado especialmente quando sabemos que o objetivo das políticas propostas pelo relatório é atingir não as empresas do ramo industrial mas as populações mais pobres A importância da economia criativa para a população menos favorecida se dá de acordo com o texto na medida em que a transformação dos conhecimentos tradicionais em produtos e serviços criativos reflete os valores culturais de um país e de seu povo Estes conhecimentos são a base das indústrias criativas e os produtos deles derivados têm grande potencial econômico Desta maneira o recurso essencial das indústrias criativas que relacio na os conhecimentos tradicionais de um lado da cadeia de valor ao consumidor final na outra extremidade é a sua capacidade de servir os objetivos culturais e econômicos do processo de desen volvimento UNCTAD 2010 p 38 Imaginamos desta maneira que os setores criativos incluem a indústria cultural desenvolve dora dos artigos de massa mas também os setores culturais que segundo o REC estão restritos ao campo mais tradicional das artes e os produtores em geral de artefatos criativos Pensando desta maneira o termo mais apropriado seria setores criativos2 que in clui a produção industrial sem se limitar a ela Neste sentido os setores criativos comporiam aquilo que conhecemos como economia criativa sendo seu centro segundo o REC A economia criativa também é distinguida no relatório da economia da cultura esta última é definida como a aplicação da análise econômica a todas as artes criativas e cê nicas e às indústrias patrimoniais e culturais sejam de capital aberto ou fechado Ela se preocupa com a organização econô mica do setor cultural e com o comportamento dos produtores consumidores e governos nesse setor UNCTAD 2010 p 5 2 Vale destacar que a tradução do relatório da UNCTAD publicada na página oficial do Ministério da Cultura utiliza o termo indústria e não setor Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 197 Heloisa Helena de Oliveira Santos A economia criativa por sua vez envolveria a renda em pregos e ganhos gerados pelo grupo de áreas que tem a criati vidade como fundamento sendo composta pelo conjunto de atividades econômicas baseadas em conhecimento com uma dimensão de desenvolvimento e interligações cruzadas em ma cro e micro níveis para a economia em geral UNCTAD 2010 p 10 É interessante ressaltar contudo que embora de diferen cie criatividade e cultura ambos os termos não são precisamente definidos no documento Sobre o conceito de criatividade por exemplo o REC indica que não há um consenso sobre o en tendimento do mesmo e aponta formulações vagas como pro cesso pelo qual ideias são geradas conectadas e transformadas em coisas que podem ser valorizadas UNCTAD 2010 p 4 No entanto afirma que a criatividade não é exclusiva de nenhum setor da vida social em específico e que a mesma é uma capa cidade humana geral podendo ser estimulada em indivíduos ou em grupos Ademais distingue a criatividade da inovação com o intuito de apresentar sua percepção sobre esta última Baseado nas teorias de Paul Stoneman aponta que é preciso mencionar que a criatividade não é o mesmo que ino vação A originalidade significa criar algo a partir do nada ou re construir algo que já exista Atualmente o conceito de inovação foi ampliado para além de uma natureza funcional científica ou tecnológica a fim de refletir mudanças estéticas ou artísti cas Estudos recentes apontam para a distinção entre inovação leve e tecnológica embora reconheçam que elas sejam inter relacionadas Existem altas taxas de inovação leve nas indús trias criativas particularmente na música livros artes moda filmes e videogames O foco recai principalmente nos novos produtos ou serviços e não nos processos UNCTAD 2010 p 4 Após conhecermos alguns dos conceitos presentes no re latório apresentaremos a classificação proposta pela UNCTAD para as áreas criativas assim como a apropriação realizada pela indústria nacional A moda na classificação da UNCTAD função e indústria Considerando as definições acima apresentadas o REC traz sua classificação para os setores criativos dividindoos em quatro grupos Figura 1 a patrimônio aspectos culturais bási cos a identidade e os elementos simbólicos compõem a origem de todas as formas de arte atividades culturais além de produ tos e serviços patrimoniais b artes inclui os setores baseados puramente na arte e na cultura UNCTAD 2010 p 8 e que se inspiram no primeiro grupo c mídia setor que desenvolve conteúdo com o fim de se comunicar com o grande público e d criações funcionais área voltada para a produção de objetos e serviços com fins funcionais é nesta categoria que se encontra o design área que segundo a UNCTAD englobaria a moda A classificação desenvolvida pela organização se funda menta em uma perspectiva que entende a criatividade não ape Figura 1 Classificação da UNCTAD para as indústrias criativas Figure 1 Classification of UNCTAD for the creative industries Fonte UNCTAD 2010 p 8 198 Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 Moda e economia criativa políticas culturais no Brasil contemporâneo nas como um bem relacionado a áreas que possuem um compo nente artístico mas inclui todas as atividades econômicas que produzam produtos simbólicos que tenham direitos de proprie dade intelectual e que visem ao mercado Ademais distingue as atividades upstream das atividades downstream entre as primeiras as atividades culturais tradicionais como é o caso das artes visuais as segundas seriam aquelas que já possuem uma relação mais próxima com o mercado retirando seu valor comercial dos baixos custos de reprodução e da fácil trans ferência para outros domínios econômicos UNCTAD 2010 p 7 Buscase com esta última definição não hierarquizar as produções mas distinguilas segundo sua relação de pro ximidade com o mercado o design e a moda em razão do já estabelecido comércio de seus produtos no mundo são consi derados como um dos melhores exemplos do potencial da eco nomia criativa no mundo A moda possui ainda outro elemento valorativo por empregar em sua maioria mulheres contribui diretamente para a redução das desigualdades de gênero assim como para o aumento da renda familiar de um grande número de famílias que são chefiadas por mulheres Ademais por per mitir a produção doméstica a moda possibilita que as mulheres que são mães cuidem dos filhos pequenos contribuindo para sua autonomia A moda é considerada uma criação funcional porque sua produção destinase a uma função prática claramente definida qual seja vestir Ainda que ela possa ser utilizada para outros fins pelos usuários ostentação proteção religiosidades a criatividade envolvida no processo de criação destinase à pro dução de um objeto feito para ser utilizado como vestuário seja na forma de roupas calçados ou acessórios Esta diferenciação tem como objetivo distinguir estas criações daquelas que não possuem uma função prática tão clara este é o caso das artes visuais por exemplo Um quadro pode até ser utilizado para de coração de um ambiente mas não é explicitamente reconhecido um objetivo funcional em sua criação Segundo o relatório o design e por extensão a moda é uma das áreas mais dinâmicas da economia criativa estan do entre as mais importantes fontes de renda para os países em desenvolvimento só não gerando mais renda do que o ar tesanato Ainda que não se possam mensurar em detalhes os valores comerciais da moda3 grande parte do relatório está preocupada em discutir a dificuldade em se medir a economia criativa especialmente em razão da falta de dados e da ine xistência de parâmetros para o setor os números apontam que houve um crescimento contínuo nos fluxos comerciais na área Para a UNCTAD a moda tem um grande potencial comercial e por esta razão merece atenção dos governos de modo que as economias em desenvolvimento são incentivadas pela UNCTAD a explorar melhor as oportunidades comerciais nos mercados mundiais tendo em conta os mercados liberaliza dos para têxteis e vestuário que surgiram após a expiração do Acordo Multilateral em 2005 UNCTAD 2010 p 156 Como revela o documento no ano de 2008 as expor tações de produtos de moda das Américas excluindo os Esta dos Unidos somaram mais de 500 milhões de dólares havendo uma clara expansão já que esta soma foi de 393 milhões em 2002 e de 460 milhões em 2005 Assim o crescimento se revela contínuo Estes valores não incluem os setores relacionados ou seja aqueles que oferecem insumos para cada um dos setores ou ainda que se beneficiam das indústrias criativas indiretamente por exemplo para produzir um filme é necessária uma câmera e para assistir a ele em sua casa um usuário precisará de uma televisão Assim as indústrias de eletroeletrônicos se beneficiam da indústria criativa do cinema e são consideradas áreas relacio nadas a ela No caso da moda podemos pensar como indústrias relacionadas aquelas produtoras de tecidos ou de máquinas de costura por exemplo Considerando este elemento a moda assim como as demais áreas criativas é percebida como uma grande fonte de divisas não apenas para as suas indústrias dire tas mas também para as demais que a ela se relacionam É considerando estes benefícios às indústrias relaciona das que a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro FIRJAN publica em 2008 seu primeiro estudo sobre as indústrias cria tivas4 Neste documento é indicado o potencial de desenvolvi mento que pode ser proporcionado pela economia criativa no estado do Rio de Janeiro O estado já em 2008 possui a maior concentração de trabalhadores envolvidos nas áreas criativas do país O documento assinala que no Brasil as três áreas que mais se destacam dentro da cadeia são moda arquitetura e design ressaltando ainda que na capital do estado do Rio de Janeiro as áreas criativas contribuem com 4 do PIB A partir da definição proposta pelo Reino Unido um dos primeiros países a buscar definir os setores o documen to assinala haver 12 áreas nucleares na indústria criativa áreas estas que muito se assimilam àquelas propostas pela UNCTAD As indústrias como ramo da economia atuariam não direta mente neste setor mas como as áreas relacionadas envolven do segmentos de provisão direta de bens e serviços ao núcleo e compostos em grande parte por indústrias e empresas de servi ços fornecedoras de materiais e elementos fundamentais para o funcionamento do núcleo FIRJAN 2008 p 4 Como é possível perceber a indústria de transformação aquela que fornece os bens para as áreas criativas está atenta aos benefícios provenientes da economia criativa Esta situação é especialmente interessante quando sabemos que a moda é ela 3 Em razão de não haver registros de propriedade intelectual na moda e de ser muito difícil separar os dados referentes ao comércio de itens de design daqueles da produção em massa os dados no relatório se restringem ao ramo de acessórios 4 Talvez por se tratar de um documento produzido pela Federação das Indústrias o mesmo não utiliza em nenhum momento o termo economia criativa mas apenas indústrias criativas Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 199 Heloisa Helena de Oliveira Santos mesma uma das mais tradicionais indústrias brasileiras sendo muito anterior à noção de economia criativa No entanto a clas sificação da FIRJAN seguindo o exercício realizado pela UNC TAD e demais classificações recategoriza este setor dividindo a moda entre um núcleo criativo compreendendo as atividades de estilismo ou design e também a modelagem de vestuário e a indústria de têxteis confecção e maquinários como setores relacionados Tal leitura ocorre porque a moda passa a ser en tendida como um campo cujo principal insumo é a criatividade FIRJAN 2008 p 4 não incluindo as demais áreas que partici pam na produção de artigos de vestuário como é o caso do desenvolvimento industrial de tecidos dentro do escopo das áreas criativas Contudo como aponta Kontic 2007 p 6 grifos no original A economia da moda nas raras abordagens que recebeu entre nós está em geral circunscrita à indústria do vestuário e a parte de seu comércio Suas ramificações são entretanto mui to maiores abarcam uma parcela da indústria têxtil especia lizada em oferecer produtos diferenciados às fábricas de con fecção além de empresas produtoras de acessórios e calçados Sua distribuição comercial é altamente complexa pois envolve nichos de produto e público e exige inventividade nos canais de marketing e distribuição o que vem renovando os modelos e estratégias de comercialização Mas o ponto mais importante há uma forte interação com diversas áreas classificadas como serviços alguns ainda carentes de enquadramento na divisão atual como empresas dedicadas em prospectar tendências de comportamento e consumo estilistas fotógrafos agências de publicidade eventos modelos e mídia especializada Assim é possível perceber que a FIRJAN se apropria das noções provenientes do documento da UNCTAD e das publica ções desenvolvidas no Reino Unido e modifica a maneira como concebe a moda se a moda pode ser entendida como toda a cadeia de produção de roupas e demais acessórios a FIRJAN se para uma indústria nuclear de moda das demais indústrias que contribuem com ela O curioso desta mudança está em que a indústria de confecções que produz os artigos de vestuário e a indústria têxtil produtora de tecidos estão em clara deca dência no país desde os anos 1990 momento em que ocorreu a abertura do mercado nacional aos produtos estrangeiros Como docente em um dos maiores cursos de moda do Rio de Janeiro acompanho os frequentes relatos de demissão especialmente no setor de confecções O mesmo no entanto não está ocorrendo neste setor que hoje é definido como a área criativa da moda o desenvolvimento criativo de produtos está em larga expansão Este é apenas um dos exemplos das alterações que pas saram a se dar na concepção sobre a moda no país após o início das discussões internacionais sobre o tema da economia criativa Outra área em que também percebemos mudanças é no campo da formação dos profissionais do setor No início dos anos 2000 iniciouse um processo de aproximação entre a moda e o design Christo 2013 No final desta mesma década por orientação do MEC todos os cursos na área de moda bacharelados em moda estilismo produção de moda etc foram orientados a alte rar suas denominações para design de moda Assim passouse a compreender a moda como uma área do design de produtos de modo que os cursos passariam a utilizar uma metodologia simi lar àquela desenvolvida nos cursos de design No entanto nos últimos anos5 retomouse a discussão sobre a categorização dos cursos de moda algumas escolas encabeçadas pela Faculdade Santa Marcelina indicaram seu interesse em manter a nomina ção de bacharelado em moda sem a associação com o design indicando que a ênfase dos cursos estava nos aspectos criativos da moda e não centralmente na produção industrial de artigos de vestuário Esta concepção sobre o perfil do profissional não é nova quando Bergamo 2007 realizou sua pesquisa de mestrado no final dos anos 1990 tomou como um de seus objetos de análise a mencionada faculdade e pela descrição trazida pelo autor sobre o modo de conceber a atividade apresentada pelos alunos e pela coordenadora do curso percebemos que as funções criativas são aquelas mais exaltadas pelo curso Contudo como aponta Chris to 2013 uma ampla discussão foi realizada no Brasil sobre a moda ser ou não área do design de produtos havendo apoio da maioria dos profissionais e acadêmicos para que a moda passasse a fazer parte do design Como é possível perceber contudo a re cente valorização das áreas criativas alterou esta percepção de modo que atualmente retomase a discussão sobre a moda ser ou não parte do design a fim de aproximála das áreas criativas aparentemente é esta também a distinção que a FIRJAN ao se parar a moda das indústrias relacionadas parece ter realizado O mais curioso contudo é que como visto a UNCTAD sugeriu que a moda é uma área criativa integrante do grupo do design As demais classificações realizadas no exterior e ci tadas pelo relatório da UNCTAD por sua vez separam a moda do design Assim percebese que no Brasil as apropriações das discussões realizadas internacionalmente tomam rumos que se orientam pelas disputas internas e se relacionam com os interes ses dos agentes envolvidos Perspectivas globais e arranjos locais Outros pontos do relatório da UNCTAD merecem atenção um deles é a questão dos direitos autorais associados aos produtos de moda como o objetivo é gerar renda a UNCTAD entende que todos os produtos criativos devem receber lucros relacionados à criação especialmente para os bens provenientes dos países em desenvolvimento que tendem a ver suas criações tradicionais se rem apropriadas pelos grandes centros como inspirações Como aponta Michetti 2012 aos países do eixo Sul é dirigida a acusa ção de cópia quando um produto parecido com algum produzido 5 Essas informações se fundamentam em dados coletados pela própria autora em eventos do setor durante os anos de desenvolvimento de sua tese 200 Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 Moda e economia criativa políticas culturais no Brasil contemporâneo no eixo Norte é desenvolvido nestes locais Quando um estilista europeu ou norteamericano copia formas estampas ou outros elementos de paisagens e culturas africanas latinoamericanas ou asiáticas o processo é denominado inspiração Assim é fun damental que qualquer criação de moda que seja exportada dos países em desenvolvimento e que tenha um alto valor em design e inovação esteja relacionada a uma marca ou seja protegida por direitos de propriedade De acordo com o relatório A moda é uma indústria criativa que merece uma atenção es pecial dado o seu potencial comercial A indústria da moda mundial está em expansão ela vai além do haute couture que é diferente do prêtàporter pronto para vestir e de ar tigos de grife Hoje a indústria da moda abrange uma grande variedade de produtos incluindo joias perfumes e acessórios como cachecóis bolsas e cintos Uma criação exclusiva de uma peça de moda artesanal é bem diferente da moda produzida em escala industrial Portanto os produtos de design de moda deveriam ser protegidos por direitos autorais ou por marcas comerciais antes de ingressarem em mercados nacionais ou internacionais altamente competitivos Na verdade é a marca ou a etiqueta que garante o conteúdo criativo e a novidade dos produtos proporcionando assim um valor agregado e uma re ceita maior para os estilistas Essas e outras complexidades da indústria da moda global precisam ser mais bem compreendi das para que a indústria da moda possa obter um crescimento nos países em desenvolvimento UNCTAD 2010 p 156 O documento aponta ainda a importância das Semanas de Moda locais na promoção e divulgação de estilistas e de signers assim como para a circulação destes produtos em todo o mundo Como ressalta Michetti 2012 os centros produtores de moda tradicionais centralmente Paris Nova Iorque e Milão se abriram especialmente a partir dos anos 1990 às produ ções de moda de locais que até então eram percebidos como meros reprodutores de suas criações Para a autora esta altera ção está relacionada a um lento processo que se iniciou com o fim da Segunda Guerra Mundial e com a ascensão da noção de diversidade cultural especialmente após a criação da ONU que atribui grande importância à valorização e preservação das culturas não europeias Neste processo estas sociedades deixam de apenas receber passivamente as referências enviadas dos centros e passam elas mesmas a produzir conceitos que são difundidos em todo o mundo processo ampliado pela dissemi nação das tecnologias de informação Por outro lado a intensificação da globalização dos mer cados obrigou estes países sem um claro conceito de moda a se reorganizar a fim de competir com o grande volume de im portações que se barateavam e ameaçavam os negócios locais A noção de conceito foi apropriada por áreas como design marketing e moda para definir as características diferenciadas dos produtos que desenvolvem Como aponta Canclini 2012 p 123 estas áreas se apoderam da palavra conceito para no mear inovações que às vezes se reduzem ao novo modo de apresentar um produto No entanto o termo conceito não se refere apenas aos produtos dizse por exemplo que a moda brasileira possui um conceito um diferencial que a caracterizaria e que a distinguiria das demais modas feitas em outros locais Segundo Kontic 2007 o Brasil passou por este processo de desenvolvimento de seu diferencial se até os anos 1990 o país estava fechado para as importações e o comércio local pou co variava em termos de produto já que possuía um mercado garantido após a abertura do mercado o produto local teve de ser qualificado a fim de competir com o bem estrangeiro Assim para o autor assistimos no país à passagem de um produto de vestuário nos anos 1990 que apenas tomava como referência os elementos estrangeiros para um produto de moda já nos anos 2000 com alto valor agregado de estilo e design diferenciado com características brasileiras Como acentua ainda Kontic as Semanas de Moda especialmente o São Paulo Fashion Week foram fundamentais para que a indústria de moda brasileira se estabelecesse pois foram elas que permitiram uma sistematiza ção do setor com o estabelecimento de um calendário de moda e de um espaço de trocas entre os profissionais do setor a moda brasileira pôde finalmente se estabilizar Assim são estes eventos segundo o relatório da UNCTAD que permitem aos produtores locais e à moda como um todo se projetar internacionalmente cabendo aos governos investir nestes estilistas e designers que já possuem um lugar interna mente a fim de que eles sejam reconhecidos em outros países Este parece ter sido o tipo de movimento realizado pela ministra da Cultura Marta Suplicy quando aprovou a captação de recur sos no valor de mais de 2 milhões de reais para o estilista Pedro Lourenço no ano passado O objetivo era o desenvolvimento de coleção e produção de desfiles com temática brasileira a serem apresentados na Europa Como apontou a ministra o desfile am pliaria o softpower do Brasil a apresentação contribuiria deste modo para a valorização da moda brasileira como um todo e poderia como resultado influenciar os demais países a consu mir a moda brasileira e ampliar as negociações de seus produtos nas rotas comerciais internacionais além de como decorrên cia valorizálos para o consumidor local Como aponta Michetti 2012 o produto exportado recebe um aval de qualidade se gundo a autora é consenso entre consumidores e produtores que os itens vendidos no exterior são melhores já que o mercado externo é mais exigente Acreditase que apenas produtores de alto nível conseguem negociar seus produtos com clientes dos grandes centros de modo que como consequência as roupas eou acessórios destas marcas teriam mais qualidade do que as demais produzidas no país No entanto como aponta ainda Michetti 2012 os itens de moda não apenas divulgam a si mesmos Desta maneira pode mos afirmar que o que seria vendido junto com o desfile de Pedro Lourenço na França seria a criatividade brasileira Assim mais do que roupas feitas no Brasil seria comercializada a marca Brasil o nosso Made in que incorporaria não apenas os produtos de ves tuário mas toda a gama de produtos desenvolvidos no país Esta marca Brasil nosso conceito carregaria consigo as característi cas associadas ao nacional qualidades estas que segundo Michetti 2012 estão relacionadas à miscigenação ou melhor à diversi Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 201 Heloisa Helena de Oliveira Santos dade cultural decorrente da mistura entre as raças que segundo a autora está sendo negociada no exterior como uma qualidade única dos produtos brasileiros Deste modo o Made in Brasil teria como principal moeda de troca a criatividade resultante de nossa multiculturalidade Como informa Michetti 2012 a diversidade cultural se tornou uma característica exaltada desde a criação da ONU Neste sentido o Brasil se destacaria como uma das nações em que esta diversidade melhor se amalgamou tese que se alinha com a perspectiva de Gilberto Freyre e que produziu nosso mito da igualdade racial A diversidade cultural é desta maneira equipa rada à criatividade na medida em que é entendida como um fator de promoção desta última A venda de produtos dentro do Brasil também sairia be neficiada por esta marca Brasil Michetti 2012 indica ainda que o produto que é valorizado no exterior acaba por receber uma chancela também internamente uma vez que entendese que o item para vender fora do país precisa ter mais qualidade Esta perspectiva surge em outro material relacionado à SEC uma en trevista publicada na página do YouTube6 em junho de 2013 com duração de dois minutos e meio com a exsecretária de Economia Criativa Cláudia Souza Leitão7 No vídeo a secretá ria aponta que a moda é fundamental para a economia criativa brasileira indicando uma perspectiva de dez anos para que essa moda possa se tornar uma referência mundial no setor enten dendo que as políticas públicas são fundamentais para que haja um reconhecimento interno e externo da mesma Na continui dade da entrevista Cláudia Leitão aponta quatro desafios para que o desenvolvimento da cadeia produtiva da moda esteja ga rantido São eles i Pesquisa mapeamento das vocações da moda brasi leira indicando as figuras centrais do setor na cadeia produtiva e nos arranjos produtivos locais ii Formaçãoqualificação mapeamento dos cursos e da formação dos alunos com ênfase na formação não apenas de estilistas mas de técnicos e demais profis sionais iii Fomento linhas de investimentos para os pequenos empreendedores valorização dos produtores locais e fortalecimento do mercado interno iv Legislação criação dos marcos legais que vão balizar as políticas para a economia da moda no Brasil com foco na criação produção e especialmente distri buição comercialização exportação e difusão de produtos Dois eixos que merecem especial destaque são o terceiro e o quarto Ao discutir o fomento a secretária associa o forta lecimento do mercado interno às políticas públicas indicando que é necessário valorizar o produtor local injetandolhe auto estima Desta maneira o papel do governo como agente desta valorização é central aparecendo como um dos responsáveis por permitir uma modificação no modo como esta moda brasileira se entende e como passará a se perceber deste momento em dian te Ademais o mercado interno deveria se impor de maneira que os consumidores brasileiros reduzissem seu consumo induzido como ela denomina de moda estrangeira moda estaduniden se moda asiática moda europeia e passassem a apreciar uma moda amazônica uma moda do cerrado uma moda nordestina que caracterizam a diversidade cultural brasileira No que se refere à exportação e difusão a secretária destaca especialmente a promoção no exterior de uma marca Brasil o softpower poder de influência nacional como indica Segundo Claudia Leitão a moda brasileira não teria até aquele momento espaço garantido e apoio para se promover fora do país Caberia ao governo desta maneira criar meios para que o setor possa se destacar no mercado exterior por meio do desen volvimento e promoção destas características criativas próprias da sociedade brasileira Assim é possível perceber que as ações do MinC esta vam alinhadas às propostas do documento das Nações Unidas quando afirma a importância de os governos buscarem as áreas criativas com maior potencial de comercialização internacional para nelas investir não apenas neste caso mas já anteriormente quando a moda foi reconhecida como vetor cultural pelo mi nistério sendo nominalmente citada na nova edição do Plano Nacional de Cultura publicado ainda na gestão de Gilberto Gil e passou a receber atenção do mesmo no formato de polí ticas públicas e menções em editais voltados para a economia criativa Acreditamos que por esta razão a atual ministra da Cultura Marta Suplicy optou por não acatar a recomendação do conselho que recusou a proposta de Pedro Lourenço e optou por aprovar o projeto Ainda que mal recebido pela opinião pública duras críticas foram feitas à decisão da ministra a ponto de Pedro Lourenço desistir de seguir com o processo de captação de recursos para o desenvolvimento do desfile na Europa Figura 2 percebese a partir da avaliação das ações do Ministério da Cultura que as perspectivas apresentadas por uma organização internacional que visa impactar os mercados globais de fato são apropriadas pelos agentes locais e influenciam diretamente os rumos das ações dos mesmos Por fim é possível perceber que as discussões que se dão no campo da economia criativa estão influenciando dire tamente o modo como alguns setores produtivos se concebem ao posicionarem áreas como a moda entre os grupos criativos alteraram as fronteiras entre os campos que se entendiam como artísticos e aqueles que não Ainda que a moda não seja compre endida como uma arte tradicional ela foi aproximada a esta na medida em que a criatividade e como decorrência a função de criador passa a ser considerada parte central das atividades Assim fronteiras que antes pareciam mais estáveis especialmen 6 Disponível em httpwwwyoutubecomwatchv15zQS5iQP7c Acesso em 07102013 7 O atual secretário da Economia Criativa é Marcos André Carvalho 202 Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 Moda e economia criativa políticas culturais no Brasil contemporâneo te aquela em que a moda não é considerada parte dos campos artísticos passam a ser repensadas algumas exposições de ar tigos do vestuário já ocorrem no país com ênfase para aque la desenvolvida por Ronaldo Fraga e analisada por Rosa Júnior 2012 Como revela o autor Fraga em suas declarações busca constantemente associar seu trabalho como designer de moda com a produção de um artista no sentido mais tradicional do termo ou seja como um produtor de artefatos artísticos Assim Fraga distancia os resultados de seu investimento profissional daquela tarefa industrial de maneira a aproximarse dos traba lhos dos artistas Vale citar um trecho do artigo de Cipiniuk et al 2012 p 6 Na entrevista intitulada Nossa já fui longe demais realizada por Cristina Ramalho para o caderno Outlook do jornal Bra sil Econômico em 2010 o diálogo entre a jornalista e o en trevistado Ronaldo Fraga evidencia como a arte é tomada como referência para a compreensão da prática de produção de moda e como inclusive este fato supera a própria condição do objeto de ser roupa A jornalista diz que a gente vê sua de Ronaldo Fraga moda e entende que ela é arte não só roupa A isto Ronaldo Fraga complementa afirmando que a moda é só suporte Sempre foi isso para mim As pessoas que mais admiro na moda têm essa mesma relação com ela de que a roupa é detalhe o que importa é a arte as relações que ela faz Como podemos constatar a arte substitui na fala de Fraga o desenvolvimento de objetos do vestuário como ativi dade básica em sua produção Não se trata de um designer de moda cujos artefatos vão ser reproduzidos em escala industrial a fim de serem consumidos pelo mercado ainda que o sejam pois Fraga tem uma loja em que comercializa seus produtos e cuja grife leva seu nome mas de um artista que tem na roupa um suporte para sua criação A grife de Ronaldo Fraga embora tenha um grande reconhecimento por seu valor criativo não possui um alto número de vendas a ponto de atualmente o estilista possuir apenas duas lojas físicas O criador foi o primeiro brasileiro a desenvolver um tra balho similar ao de um artista tradicional no país submetendo para tal um projeto à Lei de Incentivo à Cultura sendo o pio neiro na área de moda este foi o primeiro projeto a ser apro vado na Lei Rouanet Em 2011 foi exibida em diversos estados a exposição Rio São Francisco navegado por Ronaldo Fraga com peças concebidas por ele e inspiradas na cultura popular das populações ribeirinhas sendo que a curadoria também foi do estilista Figura 3 Apenas em Belo Horizonte a exposição registrou a visita de cerca de 40 mil pessoas Se a exibição pode ser considerada um sucesso a relação do autor com o mercado não segue a mes ma direção já que possui uma série de complicações Desfilando no São Paulo Fashion Week há 17 anos o estilista enviou uma carta pública no ano de 2011 o mesmo da exposição em que aponta precisar parar para respirar para observar o entorno para investigar outros suportes para o pensar o expor o produ zir e o comercializar moda no Brasil Tolipan 2011 Envolvido em uma série de projetos não diretamente relacionados com a indústria Ronaldo Fraga é um dos principais entusiastas da moda criativa e participante do primeiro setorial de moda o criador optou por não desfilar sua coleção Inverno 2012 re tomando a produção na temporada seguinte A pausa visa pro duzir em outros suportes no caso um livro sobre sua atividade profissional Sua carta apresenta uma percepção da criação que se aproxima da perspectiva artística e não da industrial uma vez que demanda um período de reflexão produtiva que não pode acompanhar o ritmo semestral imposto pelo mercado Figura 4 As ações de Fraga podem ser consideradas de grande su cesso dentro de um conjunto de tomadas de posição que foram iniciadas com o lançamento do Plano Nacional de Cultura em 2010 na gestão de Gilberto Gil plano este em que pela primeira Figura 2 Manchete do jornal Folha de S Paulo sobre o caso de Pedro Lourenço Figure 2 Headline of the newspaper Folha de S Paulo on the case of Pedro Lourenço Fonte Folha de S Paulo 2013 Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 203 Heloisa Helena de Oliveira Santos vez a moda e o vestuário são inseridos como vetores culturais Após a publicação um setorial consultivo foi formado e um encontro foi realizado em Salvador no mesmo ano a fim de se discutir o plano setorial da moda em que seriam definidas as ações públicas para o setor e que ainda se encontra em desen volvimento Em 2012 contudo foi publicado o documento Eco nomia e cultura da moda no Brasil uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto das Indústrias Criativas organização social OS fundada em 2007 na cidade de São Paulo Seu objetivo básico é fornecer as bases para orientar as políticas na área da moda e foi um dos primeiros passos para a construção do plano setorial Vamos nos restringir aqui à análise dos objetivos do mesmo Ini ciativa Cultural 2012 p 7 grifos nossos A Pesquisa Economia e Cultura da Moda Perspectivas para o Setor foi organizada pelo Iniciativa Cultural Instituto das Indústrias Criativas e pelo Conselho Nacional de Políticas Cul turais CNPC juntamente com a Secretaria Executiva e a Se cretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura com o intuito de subsidiar a formulação de diretrizes e políticas para a ação pública no Setor da Moda no Brasil Entre os objetivos da pesquisa destacamse Fomentar o debate acerca do Setor da Moda no Brasil Contribuir para a inserção da moda na agenda nacional de políticas públicas de cultura e para a dinamização do setor no país como gerador de riqueza e renda Contribuir para a consolidação da moda dentro do Ministério da Cultura e de outras instâncias de poder nos níveis estadual e municipal Apoiar a institucionalização do Setor da Moda entre as polí ticas do Ministério da Cultura Construir um espaço legítimo de discussão para o setor ins titucionalizando o relacionamento do segmento da moda com o Ministério da Cultura por meio da criação de um Colegiado Setorial da Moda Como é possível perceber por este pequeno trecho o do cumento foi desenvolvido com o objetivo político de consolidar um espaço de discussões sobre a moda como parte das ações do Ministério da Cultura assim como na sociedade como um todo O documento se utiliza de referências teóricas consagradas no campo da moda como é o caso de Gilles Lipovetsky além de documentos oficiais como o já citado relatório da UNCTAD A moda passa a ser entendida como um interesse público como setor criativo é gerador de emprego e renda e seguindo as ins truções da UNCTAD merece o investimento do governo brasi leiro e o desenvolvimento de políticas públicas específicas que possam estimular o crescimento do setor O relatório aponta a moda e o design como setoreschave para a economia criativa e as ações ocorridas nos últimos anos especialmente o apoio fornecido pela ministra Marta Suplicy indicam grande valori zação do setor É relevante acentuar que a consolidação da moda como um campo sistematizado e com valores simbólicos próprios é muito recente no Brasil Como apontam Kontic 2007 e Bergamo 2007 o campo da moda brasileiro só se configura no final dos anos 1990 quando as primeiras Semanas de Moda são organiza das no país Com o avanço na produção destes eventos a moda segundo estes autores passa a ter uma organização que até aque le momento não havia com a consagração do São Paulo Fashion Week toda a cadeia da moda passa a se pautar no que se refere a seu calendário de produção pelo funcionamento do evento Por outro lado como revela Kontic 2007 são estes eventos que põem em contato uma série de atores que antes não tinham um espaço próprio para trocar e produzir informações sobre o setor Kontic 2007 assinala ainda que as mudanças ocorridas na indústria de produção de vestuário nacional estariam relacio nadas à abertura dos mercados aos produtos estrangeiros ocor rida no início da década de 1990 Para Michetti 2012 além deste processo é fundamental avaliar o lugar da moda brasileira em contextos mundializados especialmente considerando que apenas recentemente os centros de moda de referência como Paris Londres Nova Iorque e Milão abriram seus mercados para aquilo que denomina modasmundo como é o caso da moda produzida no Brasil Para a autora estes processos estão direta mente relacionados às alterações que ocorrem na própria visão sobre a diversidade cultural durante o século XX especialmente em decorrência dos trabalhos realizados por organizações inter nacionais como a ONU e suas agências Figura 3 Exposição realizada em 2011 autoria e curadoria de Ronaldo Fraga Figure 3 Exhibition held in 2011 authored and curated by Ronaldo Fraga Fonte UOL Mulher Moda 2011 204 Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 Moda e economia criativa políticas culturais no Brasil contemporâneo Estes novos espaços angariados na moda mundial assim como a relação estabelecida com as áreas criativas produzem uma série de efeitos dentro da moda Apenas para citar alguns deles está planejado para ser aberto na cidade do Rio de Ja neiro um museu totalmente dedicado ao vestuário no bairro de São Cristóvão composto por duas unidades um solar his tórico e um prédio anexo Os objetivos da pesquisa Economia e Cultura da Moda no Brasil apontam que a relação entre a moda e o MinC envolve interesses que se direcionam para a consolidação e ampliação do espaço da moda como cultura ou melhor como setor criativo do país mas esta discussão é longa e demanda um outro texto É relevante por ora destacar que moda e economia criativa estão sendo relacionadas no Brasil por meio das apropriações das discussões realizadas em nível global e estes debates estão alterando as relações dentro do país Acreditamos que ao longo dos próximos anos assistire mos aos resultados destas apropriações não apenas no campo da moda mas nas diversas áreas criativas que atualmente são alvo do Ministério da Cultura brasileiro Figura 4 Carta pública de Ronaldo Fraga Figure 4 Public letter of Ronaldo Fraga Fonte Tolipan 2011 Referências ALVES EPM SOUZA CA de C 2012 A economia criativa no Brasil o capitalismo cultural brasileiro contemporâneo Latitude 62119 173 Disponível em httpwwwseerufalbrindexphplatitudearticle view876572 Acesso em 11072014 BERGAMO A 2007 A experiência do status roupa e moda na trama social São Paulo Editora Unesp 232 p CANCLINI N 2012 A sociedade sem relato antropologia e estética da iminência São Paulo EDUSP CHRISTO DC 2013 Estrutura e funcionamento do campo de produção de objetos do vestuário no Brasil Rio de Janeiro RJ Tese de Doutorado Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 146 p CIPINIUK A ROSA Jr JD SANTOS H 2012 Moda e arte configuran do limites In Reunião Brasileira da Antropologia 28 São Paulo 2012 Anais São Paulo Disponível em httpwwwabantorgbrconteudo ANAISCDVirtual28RBAprogramacaogrupostrabalhoartigos gt13Heloisa20Helena20de20Oliveira20Santospdf Acessado em 30052014 Ciências Sociais Unisinos São Leopoldo Vol 50 N 3 p 194205 setdez 2014 205 Heloisa Helena de Oliveira Santos DE MARCHI L 2013 Construindo um conceito neodesenvolvimentisda de economia criativa no Brasil Política Cultural na era do novo MinC Novos Olhares São Paulo 223748 Disponível em wwwrevistasusp brnovosolharesarticleviewFile6982672486 Acesso em 10072014 FOLHA DE S PAULO 2013 Após polêmica da Lei Rouanet Pedro Louren ço cancela desfile de moda em Paris Disponível em httpwww1folha uolcombrilustrada2013091346635apospolemicadaleirouanet pedrolourencocanceladesfiledemodaemparisshtml Acesso em 31052014 FIRJAN 2008 A Cadeia da Indústria Criativa no Brasil Estudos para o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro n 2 Disponível em httpwwwfirjanorgbrlumisportalfilefileDownloadjspfileId2C90 8CE9215B0DC40121737B1C1407B2 Acesso em 23072014 FRIQUES MS 2013 O escopo da Economia Criativa no contexto bra sileiro Redige Revista de Design Inovação e Gestão Estratégica 41116 Disponível em httpwwwcetiqtsenaibreadredigeindex phpredigearticleview179233 Acesso em 12022014 INICIATIVA CULTURAL 2012 Economia e cultura da moda no Brasil São Paulo Inciativa Cultural Disponível em httpwwwiniciativacultural orgbrwpcontentuploads201101PesquisaEconomiaeCulturada Moda2012pdf Acesso em 07072014 KONTIC B 2007 Inovação e redes sociais a indústria da moda em São Paulo São Paulo SP Tese de Doutorado Universidade de São Paulo 157 p MATTELART A 2005 Diversidade cultural e mundialização São Paulo Parábola 168 p MICHETTI M 2012 Moda brasileira e mundialização mercado mundial e trocas simbólicas Campinas SP Tese de Doutorado Universidade Es tadual de Campinas 502 p ROSA JÚNIOR JD 2012 Design e memória a economia simbólica da produção de Ronaldo Fraga Rio de Janeiro RJ Dissertação de Mestra do Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 199 p TOLIPAN H 2011 Ronaldo Fraga fora da SPFW e a pergunta por onde correm os rios da moda Jornal do Brasil 13122011 Disponível em httpwwwjbcombrheloisatolipannoticias20111213ronaldofra gaforadaspfweaperguntaporondecorremosriosdamoda Acesso em 13082014 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA COMÉRCIO E DESENVOLVI MENTO UNCTAD 2010 Relatório de economia criativa 2010 Nações Unidas 392 p UOL Mulher Moda 2011 Exposição sobre o Rio São Francisco do es tilista Ronaldo Fraga chega ao RJ Disponível em httpmulheruol combrmodanoticiasredacao20111110exposicaosobreoriosao franciscodoestilistaronaldofragachegaaorjhtm Acesso em 30052014 Submetido 10092014 Aceito 30092014 RESUMO Moda e economia criativa políticas culturais no Brasil contemporâneo O artigo inicia abordando algumas temáticas relacionadas à moda brasileira Os eventos são apresentados em uma esfera cultural criativa entretanto por trás dessa imagem há uma economia capitalista A economia criativa tornouse um dos maiores setores de economia em âmbito mundial está intimamente ligada a produção de renda e empregos É uma estratégia interessante para suportar crises pois busca diversificar os tipos de economias já existentes O conceito economia criativa segue a partir de propostas de criação a partir de bens e capitais cujo objetivo é potencializar o valor econômico a partir de um conteúdo inusitado e artístico Um exemplo a partir da abordagem proposta é a utilização do esporte como eixo central Está envolvida tanto na economia micro e macro uma vez que seu conteúdo remete a transformação e valorização de ideias O artigo ressalva a diferença entre inovação e criatividade em que inovação é construir algo que nunca existiu antes por exemplo uma ideia A partir disso podemos caracterizar os setores criativos em quatro itens patrimônio artes mídia e criações funcionais Ao analisar tais itens podemos compreender que o meio artístico é ligado ao meio econômico e vice versa Em relação à moda é caracterizada em um tipo de criação funcional pois além de estar ligada a vestimenta pode ser relacionada a ostentação religiosidade e proteção É desenvolvida tanto visando questões estéticas como de autocuidado A partir disso a moda é uma das formas de economia criativa mais presentes em países em desenvolvimento ficando apenas atrás das artes voltadas ao artesanato Moda não remete apenas à forma de se vestir mas aos demais acessórios que compõem o mesmo Em relação à valores em 2008 as exportações alcançaram mais de 500 milhões de dólares ao comparar com 2002 393 milhões de dólares e 2005 406 milhões de dólares podemos compreender o avanço constante econômico nesse meio No Brasil as áreas que mais se destacam voltadas à moda são arquitetura e design e suas atuações contribuem com até 4 do PIB Produto Interno Bruto Interessante compreender como cada setor depende de outro setor e isso gera uma conexão entre todos eles por exemplo em relação ao cinema é preciso que haja uma câmera e pessoas trabalhando para utilizar essa câmera posteriormente para o público poder assistir e alcançar a filmagem são precisos diversos profissionais atuando de forma conjunta para que isso seja possibilitado e todo esse processo potencializa a economia mundial A partir desse cenário um dos objetivos específicos da moda dentro do setor econômico é potencializar lucros a partir da criatividade e inovação Entretanto quando há uma cópia de algo já existente é classificado como inspiração O capital inserido em algo inovador é diferente do que é desenvolvido a partir de uma inspiração Para que o êxito ocorra é preciso que alguns pontos sejam levados em consideração no âmbito da moda Pesquisa FormaçãoQualificação Fomento e Legislação A partir de uma pesquisa desenvolvida Economia e cultura da moda no Brasil 2007 é preciso que o debate sobre moda no Brasil aumente suas perspectivas afim de alcançar cada vez mais outras instancias bem como setores diversos do Ministério da Cultura Em uma análise crítica a partir do exposto acima podemos compreender como a moda está ligada fortemente aos setores de economia no Brasil sendo um deles a economia criativa Instigar o acesso a moda e suas vertentes se torna uma excelente estratégia quando se busca otimizar valores locais ou nacionais de uma determinada região ou nicho específico Isso pode ser abordado a partir de eventos por exemplo Compreender que a moda envolve diversos interesses é algo relevante pois isso potencializa a economia Aplicar suas vertentes em diversos contextos e para diversos públicos é um investimento seja através de formas inovadoras ou por inspiração O importante é se utilizar da criatividade e da satisfação das pessoas para contribuir e construir cada vez mais diversas formas de expor a moda só que para tal é preciso conhecer de forma aprofundada o conceito de moda e economia criativa