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3 APONTAMENTOS SOBRE AS NORMATIVAS QUE REGULAM O ENSINO DE ARTE 4 SENSO ESTÉTICO PRÁTICO FUNCIONAL PROBLEMATIZANDO DISCURSOS SOBRE ARTES INDÍGENAS BRASILEIRAS a inserção de artefatos indígenas no rol daquilo que classificamos como objetos de arte pode estar vinculada a uma tentativa de conferir valor positivo a produções indígenas e nesse caso o enquadramento atestaria a sua qualidade estética Contudo frequentemente os objetos indígenas passam a ser vistos como artísticos depois que são integrados aos nossos modelos de exposição de arte em museus em galerias em exposições instalações etc Por isso 144 argumenta que considerar as artes indígenas como arte sem maiores problematizações é um reducionismo simplista que esconde uma forma de colonização e domínio benevolente Com base nos argumentos apresentados afirmamos que a incorporação de um capítulo ou seção sobre arte indígena em um livro didático de Arte pode por um lado colaborar para tornar visíveis expressões estéticas variadas e por outro lado incorrer em simplificações e generalizações ou em enquadramentos de base eurocêntrica que não contribuem para uma formação crítica dos estudantes em qualquer nível de ensino 5 METODOLOGIA E ANÁLISE DE REPRESENTAÇÕES DAS ARTES DOS POVOS INDÍGENAS NOS LIVROS DIDÁTICOS SELECIONADOS A metodologia do presente estudo consistiu em uma análise das representações Representação é um conceito central na presente pesquisa e segundo Hall 1997b produz na relação entre as coisas os conceitos e os signos através da linguagem O significado surge não das coisas em si a realidade mas a partir dos jogos da linguagem e dos sistemas de classificação nos quais as coisas são inseridas O que consideramos fatos naturais são portanto também fenômenos discursivos HALL 1997a p 10 Em relação aos procedimentos metodológicos o exame dos livros didáticos nos conduziu à organização de tabelas para a sistematização das recorrências enunciativas Nessas tabelas foram reunidos fragmentos de textos e de imagens constantes nas duas obras e desse procedimento derivaram duas unidades de análise que são apresentadas e discutidas a seguir A primeira diz respeito à reiteração ou contestação de representações de base eurocêntrica e a segunda é concernente à incorporação de uma perspectiva multiculturalista por meio da qual se reforçam alguns discursos naturalizados mas também se contestam outros em especial os estereótipos sobre os povos indígenas 51 REITERAÇÃO OU CONTESTAÇÃO DAS REPRESENTAÇÕES EUROCÊNTRICAS ressaltamos que nos livros didáticos de Arte analisados as expressões artísticas indígenas estão enquadradas dentro das chamadas linguagens da Arte que dizem respeito às artes visuais às artes cênicas música e dança não sendo levadas em consideração as formas como elas são definidas ou classificadas no campo da Antropologia em modalidades como arte plumária cerâmica cestaria entre outras São inseridos nos livros fragmentos de textos e imagens descontextualizadas dentro de quadros de pensamento organizados a partir das referidas linguagens da Arte O caráter não fragmentado das práticas indígenas fica subsumido desse modo em categorias ocidentais de classificação e de enquadramento o que também colabora para a permanência da noção de que seriam simples ou pouco expressivas as artes desses povos Classificar é também uma estratégia de poder e de legitimação do saber No livro Por toda Parte há reverências históricas sobre o Brasil e são inseridas duas imagens do Monumento às Bandeiras de Victor Brecheret recorremos ao texto de Martins 1999 p 14 que afirma que o objetivo do monumento às Bandeiras era destacar a força o avanço da massa humana aos sertões às terras desconhecidas como se não fossem também humanos os que habitavam ancestralmente essas terras Além disso as entradas e bandeiras foram expedições financiadas pelo Governo brasileiro iniciandose por São Paulo para capturar indígenas submetêlos à cultura dos colonizadores e assim liberar as terras para empreendimentos de colonização dizimando coletivos inteiros ou tornandoos mão de obra escrava Apesar de o texto do livro não trazer referência explícita aos indígenas pois o foco são os lugares de criação de obras de arte a figura de indígenas integra o monumento colaborando para instituir certos sentidos e certos lugares sociais para esses sujeitos Aliás a figura indígena aparece de forma imponente no referido monumento o que poderia ser visto como elemento positivo mas é posicionada como aquele que aderiu ao projeto colonial que foi cristianizado e que contribui para a propagação de um modelo de integração e desenvolvimento nacional Monumento às Bandeiras 1954 de Victor Brecheret implantado na região do Ibirapuera Dentre outras ocorrências foi alvo no ano de 2013 de ações de protesto promovidas pelo grupo Pixo Manifesto Escrito contra a PEC 215 cuja proposta era a de transferir ao Congresso a decisão final sobre a demarcação das terras indígenas quilombolas e unidades de conservação no País A woman wearing a helmet and a transparent raincoat is cleaning red paint off a large stone statue of horses and human figures The paint appears to be splattered across the statue The background is cloudy and the person is using a tool that produces mist or spray for cleaning Another image shows a closeup of a different stone statue of four muscular human figures which has been sprayed with red paint that drips down the figures The background shows a blurred cityscape with buildings A partir da leitura do texto estabelecemos um entendimento bifurcado acerca da representatividade da arte de produção indígena Se por um lado ela pode servir como mecanismo de inclusão mostrando a relevância e habilidade dos povos originários de nosso país por outro as exposições cuja organização parte dos não nativos pode acabar resvalando em problemas significativos para o modo como observamos a cultura em questão Inevitavelmente lembramonos do processo de colonização que forçosamente propunha transformações radicais ao modo de vida indígena Tudo isso partia de uma visão de menosprezo em relação às acepções daquele povo sua visão de mundo era vaga as relações humanas animalescas e a arte demasiadamente simplória isso sucedia na mentalidade colonial Passado tanto tempo corremos o risco de reproduzir pelo menos em parte tal sentimento se as exposições de arte indígena protagonizadas pela sociedade civil ou governamental são novamente forçadas ao encaixe dentro das diretrizes artísticas eurocêntricas Estas são amarras passíveis de serem novamente içadas no presente Lembremos ainda de que há um esforço por parte do colonizador que consiste em domar os povos indígenas Pela história sabemos que a maioria das tribos resistiram às imposições como puderam em nome de guardarem as suas tradições e defenderem o seu povo e foi assim que tantos extermínios em massa irromperam Contudo se leválos à rendição não constitui tarefa fácil talvez outra estratégia seja a de representálos artisticamente como povo dócil e que de pronto concordou em mudar sua maneira de viver atendendo aos pedidos dos invasores Assim parece ter entendido o grupo Pixo Manifesto Escrito quando em 2013 atuou contra o Manifesto às Bandeiras que em sua semiótica poderia sugerir à impotente adesão indígena ao projeto colonizador
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outro lado incorrer em simplificações e generalizações ou em enquadramentos de base eurocêntrica que não contribuem para uma formação crítica dos estudantes em qualquer nível de ensino 5 METODOLOGIA E ANÁLISE DE REPRESENTAÇÕES DAS ARTES DOS POVOS INDÍGENAS NOS LIVROS DIDÁTICOS SELECIONADOS A metodologia do presente estudo consistiu em uma análise das representações Representação é um conceito central na presente pesquisa e segundo Hall 1997b produz na relação entre as coisas os conceitos e os signos através da linguagem O significado surge não das coisas em si a realidade mas a partir dos jogos da linguagem e dos sistemas de classificação nos quais as coisas são inseridas O que consideramos fatos naturais são portanto também fenômenos discursivos HALL 1997a p 10 Em relação aos procedimentos metodológicos o exame dos livros didáticos nos conduziu à organização de tabelas para a sistematização das recorrências enunciativas Nessas tabelas foram reunidos fragmentos de textos e de imagens 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organizados a partir das referidas linguagens da Arte O caráter não fragmentado das práticas indígenas fica subsumido desse modo em categorias ocidentais de classificação e de enquadramento o que também colabora para a permanência da noção de que seriam simples ou pouco expressivas as artes desses povos Classificar é também uma estratégia de poder e de legitimação do saber No livro Por toda Parte há reverências históricas sobre o Brasil e são inseridas duas imagens do Monumento às Bandeiras de Victor Brecheret recorremos ao texto de Martins 1999 p 14 que afirma que o objetivo do monumento às Bandeiras era destacar a força o avanço da massa humana aos sertões às terras desconhecidas como se não fossem também humanos os que habitavam ancestralmente essas terras Além disso as entradas e bandeiras foram expedições financiadas pelo Governo brasileiro iniciandose por São Paulo para capturar indígenas submetêlos à cultura dos colonizadores e assim liberar as terras para empreendimentos de colonização dizimando coletivos inteiros ou tornandoos mão de obra escrava Apesar de o texto do livro não trazer referência explícita aos indígenas pois o foco são os lugares de criação de obras de arte a figura de indígenas integra o monumento colaborando para instituir certos sentidos e certos lugares sociais para esses sujeitos Aliás a figura indígena aparece de forma imponente no referido monumento o que poderia ser visto como elemento positivo mas é posicionada como aquele que aderiu ao projeto colonial que foi cristianizado e que contribui para a propagação de um modelo de integração e desenvolvimento nacional Monumento às Bandeiras 1954 de Victor Brecheret implantado na região do Ibirapuera Dentre outras ocorrências foi alvo no ano de 2013 de ações de protesto promovidas pelo grupo Pixo Manifesto Escrito contra a PEC 215 cuja proposta era a de transferir ao Congresso a decisão final sobre a demarcação das terras indígenas quilombolas e unidades de conservação no País A woman 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radicais ao modo de vida indígena Tudo isso partia de uma visão de menosprezo em relação às acepções daquele povo sua visão de mundo era vaga as relações humanas animalescas e a arte demasiadamente simplória isso sucedia na mentalidade colonial Passado tanto tempo corremos o risco de reproduzir pelo menos em parte tal sentimento se as exposições de arte indígena protagonizadas pela sociedade civil ou governamental são novamente forçadas ao encaixe dentro das diretrizes artísticas eurocêntricas Estas são amarras passíveis de serem novamente içadas no presente Lembremos ainda de que há um esforço por parte do colonizador que consiste em domar os povos indígenas Pela história sabemos que a maioria das tribos resistiram às imposições como puderam em nome de guardarem as suas tradições e defenderem o seu povo e foi assim que tantos extermínios em massa irromperam Contudo se leválos à rendição não constitui tarefa fácil talvez outra estratégia seja a de representálos artisticamente como povo 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